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ANDREZZA SOSSAI RODRIGUES DE CARVALHO EFEITO DA ATIVIDADE FÍSICA EM UM MODELO EXPERIMENTAL DE MIASTENIA GRAVE EM RATOS SÃO PAULO 2004 Monografia apresentada a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de medicina para a obtenção do título de Especialista em Intervenções Fisioterapêuticas em Doenças Neuromusculares

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ANDREZZA SOSSAI RODRIGUES DE CARVALHO

EFEITO DA ATIVIDADE FÍSICA EM UM MODELO EXPERIMENTA L DE MIASTENIA GRAVE EM RATOS

SÃO PAULO 2004

Monografia apresentada a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de medicina para a obtenção do título de Especialista em Intervenções Fisioterapêuticas em Doenças Neuromusculares

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ANDREZZA SOSSAI RODRIGUES DE CARVALHO

EFEITO DA ATIVIDADE FÍSICA EM UM MODELO EXPERIMENTA L DE MIASTENIA GRAVE EM RATOS

SÃO PAULO 2004

Monografia apresentada a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina para a obtenção do título de Especialista em Intervenções Fisioterapêuticas em Doenças Neuromusculares

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CARVALHO, Andrezza Sossai Rodrigues de.

Efeito da atividade física em um modelo exp erimental de miastenia grave

em ratos/ Andrezza Sossai Rodrigues de Carvalho – São Paulo, 2004.

x, 36f.

Monografia (Especialização) – Universidade Federal de São Paulo – Escola

Paulista de Medicina. Programa de pós-graduação em Intervenção

Fisioterapêutica em Doenças Neuromusculares.

Título em inglês: The effects of physical activity in an experimental model the

myasthenia gravis in rats.

1. Miastenia Grave. 2. Modelo experimental. 3. Atividade Física.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA/NEUROCIRURGIA

CHEFE DO DEPARTAMENTO: Profa Dra. Débora Amado Scerni

COORDENADORES DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM INTERVE NÇÕES

FISIOTERAPÊUTICAS NAS DOENÇAS NEUROMUSCULARES:

Prof. Dr. Acary Souza Bulle de Oliveira, Ms. Francis Meire Fávero Ortensis

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ANDREZZA SOSSAI RODRIGUES DE CARVALHO

EFEITO DA ATIVIDADE FÍSICA EM UM MODELO EXPERIMENTA L DE

MIASTENIA GRAVE EM RATOS

PRESIDENTE DA BANCA: Prof. Dr. Alexandre Valotta da Silva

BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Mario Mariano

Ms. Francis Meire Fávero Ortensis

APROVADA EM: ____/___/___.

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DEDICATÓRIA

Ao meu tão querido e amado pai Décio, por todo esforço e amor dedicados a mim todos os dias de minha vida. A minha amada mãe Marcelina (in memória), pelo exemplo de mulher que levarei por toda minha vida e por todas as lembranças e ensinamentos deixados por ela.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pela saúde, tranqüilidade e perseverança

concedidas a mim para a realização deste trabalho e por ser minha fortaleza

nos momentos de dificuldade.

Ao tão paciente Mestre, Dr. Alexandre Valotta da Silva, pelos ensinamentos,

dedicação e entusiasmo durante a realização deste trabalho.

A todos do Laboratório de Neurologia Experimental da UNIFESP, por terem

me recebido e, cada qual, cooperado para meu aprendizado frente a um novo

desafio.

Aos professores Mario Mariano e José Daniel Lopes, Laboratório de

Imunologia UNIFESP, por sempre estarem dispostos a me auxiliar durante toda a

realização do projeto.

A professora Maria Aparecida Juliano, Laboratório Biofísica da UNIFESP, e a

Juliana Carlota, Laboratório de Psicobiologia da UNIFESP, pelo auxilio e

colaboração prestados a mim.

Ao instituto Carlo Besta Milão, pela tão importante e grande colaboração.

Aos queridos amigos que fizeram parte, mesmo que indiretamente, de todo o

trabalho; sempre interessados e confiantes de que tudo daria certo.

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA..........................................................................................................vi

AGRADECIMENTO..................................................................................................vii

LISTA.........................................................................................................................ix

RESUMO...................................................................................................................x

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................1

1.1. Definição e Histórico...........................................................................................1

1.2. História natural e fisiopatologia da miastenia grave...........................................4

1.3. Procedimentos diagnósticos...............................................................................9

1.4. Formas de classificação da miastenia grave....................................................11

1.5. Terapêutica para a miastenia grave.................................................................13

1.6. Terapias complementares.................................................................................15

1.7. Miastenia grave experimental...........................................................................18

2. OBJETIVOS.........................................................................................................24

2.1 Objetivos gerais.................................................................................................24

2.2 Objetivos específicos.........................................................................................24

3. MATERIAL E MÉTODO.......................................................................................25

4. RESULTADOS PRELIMINARES E PERSPECTIVAS.........................................28

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................29

ABSTRACT..............................................................................................................35

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LISTA DE ABREVIATURAS

ACF adjuvante completo de Freud

ACh acetilcolina

AChE acetilcolinesterase

AChR receptor de acetilcolina

JNM junção neuromuscular

MG miastenia grave

MGAE miastenia grave autoimune experimental

TAChR receptor de acetilcolina purificado do órgão elétrico da enguia

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RESUMO A Miastenia Grave é caracterizada por uma alteração na transmissão nervo-

músculo, decorrente da deficiência de receptores de acetilcolina na junção

neuromuscular. A terapia medicamentosa para a miastenia grave auto-imune

proporciona apenas alívio sintomático, que raramente é completo, não alterando a

evolução da doença. O presente projeto de pesquisa tem por objetivo estudar os

efeitos da atividade física, como uma terapia adjuvante, sobre a sintomatologia e a

evolução da miastenia grave através da utilização de um modelo experimental em

ratos da linhagem Lewis. Para tanto, os animais do grupo experimental serão

imunizados através da injeção subcutânea de uma emulsão contendo o receptor

de acetilcolina purificado (TAChR) ou um peptídeo sintético com a seqüência

imunogênica da molécula do receptor. Após a imunização, os animais serão

pesados e avaliados do ponto de vista motor (teste de campo aberto) a cada sete

dias. Decorridos 30 dias da imunização, os animais serão submetidos a atividade

física em esteira rolante por trinta minutos durante trinta dias consecutivos. Como

controles, serão utilizados ratos não imunizados e ratos imunizados não

submetidos ao programa de atividade física. Estamos certos de que a utilização de

um modelo experimental de MG trará uma grande contribuição ao

desenvolvimento da fisioterapia aplicada às doenças neuromusculares.

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1. INTRODUÇÃO

1.1. DEFINIÇÃO E HISTÓRICO

Muitas doenças interrompem a transmissão entre os neurônios e suas

células-alvo, sendo a miastenia grave (MG) uma delas. A MG é caracterizada

por uma alteração na transmissão nervo-músculo, decorrente da deficiência de

receptores de acetilcolina (AChR) na junção neuromuscular (JNM) (1-2).

O primeiro caso de miastenia foi descrito em 1877 por Wilks, entretanto, já

em 1672, Willis relatou uma doença que apresentava características

semelhantes às da MG (1- 2).

Durante muito tempo, a doença ficou conhecida como síndrome de Erb-

Goldflam. Apenas em 1895, Jolly empregou o termo MG, juntamente com o

termo “pseudoparalítico”; que demonstrava a ausência de lesão estrutural à

necropsia, sendo o primeiro a provar que a estimulação farádica repetida do

nervo motor poderia diminuir a fraqueza muscular e ainda, curiosamente,

sugeriu o uso da fisostigmina como forma de tratamento. Mais tarde Reman

(1932) e Walker (1934) demonstraram o valor deste fármaco na MG (1-3).

Por volta de 1900, alguns neurologistas descreveram características

clínico-patológicas importantes da doença, como a relação entre a MG e a

glândula do timo, e a proposta de que algum agente causava fraqueza

muscular. Nessa época, ainda não se considerava a existência de uma base

auto-imune para a doença, apesar da observação de infiltrados linfocitários nos

músculos em exames póst-mortem (1, 4).

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Em 1905, Buzzard demonstrou que a fraqueza muscular, os infiltrados

linfocitários e as lesões tímicas eram causadas por um agente tóxico,

estabelecendo uma relação entre a MG e as doenças de Graves e Addison (1).

Por volta da metade da década de 1930, duas descobertas ajudaram a

identificar a MG como uma doença da transmissão neuromuscular. Walker

descobriu que inibidores da acetilcolinesterase (AChE) revertem os sintomas da

MG e Dale, Feldberg e Vogt demonstraram que a transmissão na JNM se dá

através de um mediador químico que foi denominado acetilcolina (ACh) (5, 6).

Ainda nessa época, houve o reconhecimento de que aproximadamente 15%

dos pacientes adultos com MG apresentavam um tumor benigno no timo, sendo

Blalock (1939) (7) o primeiro a afirmar que os sintomas dos pacientes miastênicos

melhoravam após a remoção do timoma. Após esse achado, Blalock e Harvey

(1950) descobriram que a remoção do timo era benéfica também para pacientes

miastênicos que não apresentavam timoma (4).

Entre 1940 e 1960, Harvey e colaboradores (8) descreveram

detalhadamente as bases fisiológicas da doença. Descobriu-se que na MG a

amplitude dos potenciais de ação compostos provocados diminuem

rapidamente, diferentemente do músculo humano normal. Essa anormalidade

na amplitude dos potenciais de ação assemelha-se ao padrão induzido pela d-

tubocurarina (curare) em músculo normal, onde há bloqueio dos receptores

colinérgicos e conseqüentemente inibição da ação da Ach na JNM.

A concepção de que a MG é decorrente de um transtorno imunológico foi

proposta em 1960 por Simpson, seu argumento baseava-se na presença de

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anormalidades tímicas nos pacientes miastênicos e a associação da MG com

outras doenças auto-imunes, tais como artrite reumatóide, lupus eritematoso

sistêmico ou hipertireoidismo. Também sugeriu que os anticorpos competiam

diretamente com o AChR, bloqueando a transmissão neuromuscular (9, 2).

A descoberta crucial surgiu com Chang e Lee (1966) (10), que isolaram e

caracterizaram o AChR. Esses químicos estavam preocupados com um

problema de saúde pública local em Taiwan – as picadas de cobras venenosas

– e descobriram que uma das toxinas que eles isolaram do veneno, a alfa-

bungarotoxina, causava paralisia por se ligar, de maneira irreversível, aos

AChR na placa motora.

Em 1973 e nos anos seguintes, a natureza auto-imune da doença foi

estabelecida especificamente por Fambrough e Drachman (11), que usaram alfa-

bungarotoxina radioativa para marcar AChR em placas motoras humanas e

encontraram menos sítios de ligação no músculo miastênico do que nos controles.

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1.2. HISTÓRIA NATURAL E FISIOPATOLOGIA DA MIASTENIA GRAVE

A MG pode ser considerada uma doença rara, porém tem se observado um

aumento na sua prevalência, que pode ser atribuído a uma maior acurácia

diagnóstica. Atualmente, a prevalência da MG é cerca de 20 casos por 100.000

habitantes nos Estados Unidos da América, sendo que a expectativa de vida dos

pacientes é quase normal. Esta doença manifesta-se em qualquer raça, idade e

sexo, sendo que os casos familiares são raros. A doença apresenta um pico de

incidência entre 20-30 anos para mulheres e entre 60-70 para homens. Assim,

antes dos 40 anos, a MG é três vezes mais freqüente no sexo feminino, enquanto

que na velhice a incidência é maior no sexo masculino. Como citado

anteriormente, 15% dos pacientes adultos com MG apresentam tumor benigno do

timo, predominando, dentre estes, indivíduos do sexo masculino de meia idade (12-

13) .

Há diferentes formas clínicas de MG. A miastenia do recém-nascido ,

decorrente da passagem transplacentária de anticorpos contra AChR, é

caracterizada por déficit na sucção, choro fraco, flacidez dos membros e, em

alguns casos, insuficiência respiratória. Esses sintomas duram dias ou semanas,

mas as crianças recuperam suas funções após esse período. A miastenia

congênita é uma forma heterogênea e não auto-imune. Pesquisadores da

miastenia grave congênita descobriram que, neste tipo de miastenia, há (1)

deficiência de AChE na placa motora; (2) liberação reduzida de ACh pelos

terminais; (3) capacidade alterada dos AChR de interagirem com a mesma ou (4)

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número reduzido de AChR. Há ainda a miastenia de origem medicamentosa ,

como aquela observada nos pacientes que recebem d-penicilamina para

tratamento de artrite reumatóide, cuja manifestação clínica desaparece logo que a

medicação é suspensa. A forma mais comum é a miastenia auto-imune , na qual

há a ação de anticorpos contra os AChR na JNM. A maneira como se inicia a

produção de anticorpos contra os AChR ainda é desconhecida. Uma possibilidade

é que a ocorrência de uma infecção viral poderia alterar as propriedades da

superfície da placa motora, tornando-a imunogênica; outra possibilidade é que

antígenos virais ou bacterianos compartilhem epítopos com o AChR, de modo

que, quando uma pessoa é infectada, os anticorpos gerados contra o organismo

estranho também podem reconhecer o AChR (2, 4, 13-14).

Apesar de não ter sido comprovada a maneira como se inicia a produção de

anticorpos, estes parecem interferir na interação da ACh com seus receptores. Na

MG, os anticorpos ligam-se aos AChR induzindo sua internalização e degradação.

Assim, quando a ACh é liberada na JNM, a chance da molécula de ACh encontrar

um receptor antes de ser hidrolisada pela AChE torna-se menor visto que a

densidade de AChR está reduzida (4, 14). Além disso, algumas mudanças

morfológicas, tais como a alteração na geometria da placa motora, a redução das

dobras juncionais e o alargamento da fenda sináptica, levam à difusão da ACh

para longe da fenda e diminuem ainda mais a probabilidade da ACh interagir com

receptores funcionais ainda presentes. Todas essas mudanças interferem na

transmissão nervo-músculo, já que a ACh torna-se menos eficaz na estimulação

da placa motora e, como resultado, o músculo esquelético enfraquece (4, 15).

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O início da doença costuma ser insidioso, mas há casos de evolução

razoavelmente rápida, que pode ser desencadeada por distúrbios emocionais ou

infecciosos, geralmente de origem respiratória. A ocorrência de casos agudos

pode também ser observada na gravidez, puerpério ou ainda durante

procedimentos anestésicos (1-2).

A fraqueza da MG quase sempre afeta músculos cranianos, sendo que 50%

dos indivíduos apresentam diplopia transitória e ptose assimétrica por fraqueza

dos músculos extraoculares (2, 14, 16).

Outros sintomas comuns estão relacionados à fraqueza dos músculos da

face, levando a um aspecto inexpressivo da mímica, impossibilidade de soprar ou

assobiar e queda da mandíbula (14, 16).

Fraqueza muscular decorrente do comprometimento bulbar é comum e pode

produzir regurgitação nasal de líquidos, engasgo com alimentos e secreções,

disfagia e um som anasalado da voz (17). A fraqueza dos músculos laríngeos pode

causar abdução anormal das cordas vocais e, após conversação prolongada, a

voz desaparece gradualmente. Esses músculos são acometidos em 80% dos

casos, mas em apenas 5 a 10% dos pacientes são os primeiros ou únicos

músculos envolvidos (18).

A fraqueza dos músculos tensores do tímpano pode fazer com que os tons

fiquem abafados, bem como a debilidade do estapédio pode causar hiperacusia

(18-19)

A fraqueza da musculatura cervical faz com que a manutenção da cabeça

seja cansativa. Dentre os músculos do tronco, os sacroespinhais são os mais

acometidos. Freqüentemente há fraqueza dos músculos proximais dos membros

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produzindo dificuldade, por exemplo, para subir escadas e levantar os braços. Os

membros quase nunca são afetados isoladamente (18-19).

Nos casos mais avançados, todos os músculos são afetados inclusive o

diafragma, os músculos abdominais e intercostais, bem como os esfíncteres

externos da bexiga e do intestino. Quando há envolvimento dos músculos

respiratórios a ponto de provocar uma ventilação inadequada, diz-se que o

paciente está “em crise”. Tais crises podem ser provocadas por infecção

respiratória, procedimento cirúrgico ou mesmo sem motivo aparente. A fraqueza

dos músculos respiratórios nos pacientes com MG normalmente é sintomática,

dependendo da gravidade da doença, pode variar desde uma dispnéia em

repouso até uma dispnéia decorrente de esforço intenso. Em pacientes com MG, o

volume corrente normalmente é baixo devido à redução da capacidade inspiratória

e do volume de reserva expiratória. Com esta alteração do volume pulmonar, pode

haver áreas de atelectasia que mudam a relação ventilação-perfusão e levam a

uma conseqüente hipoxemia. A hipercapnia também pode ocorrer como resultado

da hipoventilação secundária à fadiga dos músculos inspiratórios, resultando em

um aumento do trabalho respiratório (20). A fraqueza dos músculos expiratórios

resulta em debilidade do reflexo da tosse com conseqüente comprometimento da

retirada eficaz de secreções (21).

Os músculos enfraquecidos na MG sofrem atrofia, mas os reflexos

tendinosos estão geralmente preservados. Estes músculos podem ficar doloridos,

em especial os músculos dos olhos e da região cervical, mas raramente a dor é

uma queixa importante (1 ).

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Segundo Chaudlhuri e Behan (2004) (22) e Rowland (2003) (4), outro sinal

clínico importante é a fadiga anormal decorrente da estimulação repetitiva dos

nervos, que produz uma resposta decrescente do potencial de ação motor

provocado. A atividade repetida ou persistente de um grupo muscular influencia

em seu poder de contração conduzindo-o a uma paresia progressiva, sendo que o

repouso restaura, parcialmente, a força muscular. Porém, a percepção de fadiga é

subjetiva, devido à sobreposição entre a noção leiga de cansaço e o sintoma

clínico relevante da fadiga. Assim, os pacientes com MG geralmente queixam-se

de fraqueza e não de fadiga no sentido de cansaço ou falta de energia.

Remissões espontâneas podem ocorrer, mas, remissões longas e completas

são raras. As remissões espontâneas, que são significativas, ocorrem durante os

primeiros três anos da doença (2).

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1.3. PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS

O diagnóstico da MG geralmente é clínico, a partir dos sinais e sintomas da

doença. Entretanto, em pacientes que apresentam fraqueza focal de certos grupos

musculares, o diagnóstico pode ser difícil. Por este motivo é realizado um teste

farmacológico com uma droga anticolinesterásica (piridostigmina) que, por inibir a

AChE, aumenta a probabilidade de ligação da ACh com os AChR remanescentes,

produzindo melhora da força muscular. O teste Tensilon é realizado através da

injeção intravenosa de cloreto de endorfônio. Inicialmente, cerca de 1 a 2mg da

substância são injetados durante 15 segundos, se ocorrer melhora dos sinais

clínicos, o teste é considerado positivo. Caso não ocorra melhora em 30

segundos, o paciente recebe uma dose adicional de 8 a 9mg e....?????. A

resposta à aplicação é avaliada a partir de um ou mais parâmetros como (1) o

grau de ptose, (2) os movimentos oculares, e (3) a força de aperto manual. Os

possíveis efeitos colaterais colinérgicos da substância incluem fasciculação, rubor,

lacrimejamento, náuseas, vômito, cólicas abdominais e diarréia (15-16, 23). O

eletrodiagnóstico pode revelar características anormais nos pacientes com MG.

Em uma transmissão neuromuscular normal, a amplitude do potencial de ação não

sofre mudança ?????, mas na MG a redução na amplitude da resposta é rápida e

maior que 10 a 15%. O teste é positivo em quase todos os pacientes, desde que

dois ou mais músculos distais e proximais sejam examinados. A medicação

anticolinesterásica deve ser suspensa pelo menos seis horas antes do teste. Os

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choques elétricos são feitos em uma freqüência de 3-5Hz e os potenciais de ação

dos músculos são registrados (14, 16).

Anticorpos contra os AChR podem ser detectados no soro de

aproximadamente 80% dos pacientes miastênicos através do método Elisa

(Enzyme-Linked Immunosorbent Assay). Entretanto, o nível medido de anticorpos

contra os AChR, não se correlaciona com a intensidade da doença em muitos dos

pacientes (2, 14, 23).

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1.4. FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO DA MIASTENIA GRAVE

Em 1958, Osserman propôs a primeira classificação clínica da MG e em

1971, separou a MG do adulto da MG pediátrica, dividindo a classificação do

adulto em quatro grupos (15, 24).

Grupo I: fatigabilidade e debilidade nos músculos o culares externos .

Estes pacientes apresentam um alto risco de desenvolver a MG tardia (40%). De

acordo com Engel (1994) (2) a incidência deste grupo é de 15-20%.

Grupo IIA: MG de forma generalizada e pouco intensa . Há o

comprometimento dos músculos cranianos, das extremidades inferiores e do

tronco poupando-se os músculos respiratórios. Os sintomas normalmente

respondem aos anticolonesterásicos e a mortalidade é baixa. Segundo Engel

(1994) (2) sua incidência é de 30%.

Grupo IIB: MG de forma generalizada e moderadamente intensa . Há a

presença de diplopia, ptose palpebral, disartria, disfagia, dificuldade para soprar,

debilidade dos músculos das extremidades e intolerância aos exercícios. Sua

incidência, de acordo com Engel (1994) (2), é de 20%.

Grupo III: MG aguda e fulminante . Inicia-se bruscamente alcançando sua

maior gravidade antes de seis meses. Apresenta grande afecção bulbar e

alteração dos músculos respiratórios o que pode levar a necessidade de

ventilação mecânica. Não apresenta resposta muito eficaz aos

anticolinesterásicos. Os pacientes apresentam várias crises e alta mortalidade. A

presença de timoma pode eventualmente ser observada. Sua incidência, segundo

Engel (1994) (2), é de 11%.

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Grupo IV: MG tardia . A doença torna-se generalizada no primeiro ou

segundo ano após o estabelecimento do quadro. A presença de timoma é mais

freqüente neste grupo e o prognóstico é pior. Segundo Engel (1994) (2) é

observado em 9% dos casos.

Outros autores tais como Compston e colaboradores (1980) (25) e Limburg e

colaboradores (1983) (26) classificam a MG de acordo com a presença ou ausência

de timoma:

Tipo I: presença de timoma , sem relação com sexo. A MG usualmente é

intensa.

Tipo II: não há presença de timoma e ocorre predominantemente em

mulheres antes dos 40 anos.

Tipo III: não há presença de timoma e ocorre predominantemente em

homens após os 40 anos.

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1.5. TERAPÊUTICA PARA A MIASTENIA GRAVE

A terapia atual para a MG auto-imune proporciona algum benefício, mas não

é ideal. As drogas anticolinesterásicas são usadas para o alívio sintomático, que

raramente é completo, não alterando a evolução da doença. Essas drogas

permitem à ACh uma disponibilidade maior na fenda sináptica e

conseqüentemente uma maior probabilidade de se fixarem aos receptores

remanescentes, levando a uma duração maior do impulso nervoso. O ajuste da

dosagem e da freqüência deve ser adequado às necessidades do paciente ao

longo do dia. Por exemplo, os pacientes com fraqueza dos músculos da

mastigação e deglutição, podem beneficiar-se tomando a medicação antes das

refeições, de modo que a melhora da força coincida com o horário da refeição. A

dosagem excessiva pode provocar aumento da fraqueza e efeitos colaterais como

diarréia, cólicas abdominais, náusea e salivação (14, 19). Corticosteróides podem

ainda ser utilizados quando os pacientes não apresentam boas respostas ao uso

dos anticolinesterásicos. O mecanismo de ação dos corticóides na MG não é

conhecido, entretanto sabe-se que essas drogas reduzem a produção linfocitária e

diminuem o tamanho do timo. Nas primeiras duas semanas da terapia com

corticosteróides, os pacientes tendem a piorar e correm o risco de apresentar

insuficiência respiratória grave, devendo estar em ambiente hospitalar. A melhora

aparece após a segunda semana de terapia (14, 27).

A plasmaferese tem sido usada terapeuticamente em pacientes com MG

auto-imune. O plasma, que contém os anticorpos patogênicos, é mecanicamente

separado das células sangüíneas. Após este processo, as células sangüíneas

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retornam ao paciente em um meio líquido adequado. Essa técnica não está isenta

de efeitos colaterais, que incluem mal estar geral, alterações no sistema

cardiovascular e suscetibilidade aumentada às infecções. Apresenta grande valia

quando utilizada para preparar o paciente para a timectomia, por produzir uma

redução, em curto prazo, nos anticorpos contra os AChR, ou no tratamento de

episódios mais graves (crises) (14, 27). Ainda não é claro porque a timectomia é

benéfica. Cerca de 75% dos pacientes com MG apresentam anormalidades no

timo; sendo 65% hiperplasia e 10-15% timoma epitelial. A remoção cirúrgica de

timoma e a timectomia são dois procedimentos distintos que devem ser

diferenciados. No caso de timoma, a remoção cirúrgica é necessária devido à

possibilidade de disseminação. Na ausência de um tumor, há evidência de que até

85% dos pacientes melhoram após a timectomia e 35% podem ter remissão,

mesmo sem drogas, mas essa melhora pode começar após um período de 1 a 10

anos. A timectomia está recomendada para pacientes com MG generalizada

desde a época da puberdade até, pelo menos, os 55 anos, porém há

controvérsias se a timectomia deve ser recomendada como regra para crianças,

adultos acima de 55 anos e pacientes com fraqueza limitada dos músculos

oculares (2, 14).

Esses tratamentos têm permitido uma melhoria no prognóstico para os

pacientes com MG. Em alguns casos, a remissão da doença pode ocorrer, mas a

estabilização ou a progressão é o resultado mais freqüente (4).

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1.6. TERAPIAS COMPLEMENTARES

Alguns trabalhos propõem o treinamento da musculatura respiratória como

tratamento coadjuvante da MG. Keenan e colaboradores (1995) (28) realizaram um

estudo com dezessete pacientes (nove homens e oito mulheres) com o objetivo de

avaliar a força dos músculos respiratórios (pressão inspiratória e expiratória

máxima), resistência e espirometria, antes e vinte minutos após a administração

de neostigmina, comparando os pacientes a indivíduos normais (grupo controle).

Quatro dos pacientes apresentava apenas envolvimento ocular e os treze

restantes apresentavam graus variados de MG generalizada. Os autores não

encontram diferenças, nos parâmetros avaliados, entre os indivíduos com

envolvimento isolado da musculatura ocular e o grupo controle, mesmo após a

administração de neostigmina. Os pacientes com MG generalizada apresentavam

redução da força (pressão inspiratória e expiratória máxima) e da resistência dos

músculos respiratórios quando comparado ao grupo controle e após a

administração da neostigmina, foi observado um aumento significativo da pressão

inspiratória máxima e tendência para aumentar a pressão expiratória máxima nos

pacientes com MG generalizada. Não foi observada mudança em relação a

resistência dos músculos respiratórios, após a aplicação de neostigmina, quando

comparada ao grupo controle. Os autores concluíram que pacientes com

envolvimento isolado da musculatura ocular apresentavam força normal dos

músculos respiratórios e os pacientes com MG generalizada apresentavam

redução da força e da resistência dos músculos respiratórios, sendo que com a

administração da neostigmina houve um aumento significativo da pressão

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inspiratória máxima nesses pacientes, significando que o treinamento da

musculatura respiratória, principalmente dos músculos inspiratórios, em

associação à neostigmina melhora a força desses músculos. Em um outro estudo,

Weiner e colaboradores (1998) (20) buscaram determinar os efeitos do treinamento

dos músculos respiratórios através de espirometria e classificação da dispnéia em

pacientes com MG generalizada. Dezoito pacientes foram divididos em dois

grupos. O grupo A incluiu dez pacientes com MG moderada que treinaram tanto a

musculatura inspiratória quanto a expiratória. O grupo B incluiu oito pacientes com

MG intensa que treinaram apenas a musculatura inspiratória. A conclusão desse

estudo foi que o treino isolado da musculatura inspiratória ou combinado com o

treino da musculatura expiratória melhora a força e a resistência dos músculos

respiratórios em pacientes com MG. Esta melhora da performance da musculatura

respiratória está associada com a melhora da função pulmonar e redução da

dispnéia.

Um estudo realizado por Eva-Lena e colaboradores (1993) (29) teve o objetivo

de determinar se pacientes com MG leve poderiam aumentar sua força muscular

ou resistência a fadiga com o treinamento físico. Para isso, onze pacientes foram

selecionados aleatoriamente, sendo dez mulheres e um homem. Realizaram

exercícios de contração muscular isométrica máxima repetida, com duração de

dois a quatro segundos e dez segundos de descanso nos membros superior e

inferior, usando como controle os membros superior e inferior contralaterais. Para

o teste de fadiga, os pacientes foram submetidos a contrações máximas com

duração de três segundos e dois segundos de descanso. Os testes foram

realizados em três grupos musculares, (1) extensores do joelho; (2) flexores do

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cotovelo e (3) extensores do cotovelo. Todos os pacientes relataram que

ganharam melhor força e resistência à fadiga durante o período de treinamento e

dois pacientes disseram melhorar sua disposição para as atividades de vida diária,

relatando que suas distâncias de caminhadas tinham aumentado, porém, esses

resultados não foram acompanhados pelos autores. A medida de força muscular

máxima mostrou que a extensão do joelho aumentou em relação ao lado não

treinado, enquanto a força muscular máxima na flexão e extensão do cotovelo,

mostrou apenas pequenas mudanças. A variação da fatigabilidade em cada

paciente impediu conclusões adicionais e, quando comparada com o lado não

treinado, mostrou apenas pequenas diferenças. Os autores concluíram que o

treinamento muscular isométrico pode ser executado seguramente na MG leve

produzindo certa melhora na força muscular sem efeitos colaterais negativos.

Esses estudos mostram que tanto o treinamento da musculatura respiratória

quanto o treinamento isométrico de determinados grupos musculares do corpo,

como terapia complementar, podem ser benéfico para pacientes com MG por

reduzir os sintomas da dispnéia, retardar as crises respiratórias, a necessidade de

ventilação mecânica e por produzir certa melhora na força muscular dos grupos

treinados. Porém a relação entre o exercício físico e a evolução da MG ainda não

está clara devido a subjetividade das informação e a carência de parâmetros mais

objetivos e uniformes para a avaliação dos pacientes.

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1.7. MIASTENIA GRAVE EXPERIMENTAL

Considerando as dificuldades e limitações do estudo envolvendo seres

humanos, alguns autores têm descrito modelos experimentais de MG em animais

de laboratório. Tais modelos tem sido utilizados, principalmente, na investigação

de novas terapias medicamentosas para a MG. Em 1959, Nachmanson∗ teve a

idéia de usar o órgão elétrico do peixe (Torpedo californica), como uma rica fonte

de AChR, mas naquela época não havia métodos específicos para sua

purificação, marcação ou avaliação de sua atividade (30). A partir da década de 70,

a estrutura bioquímica, a localização e a quantificação dos AChR passou a ser

investigada (31).

As variações estruturais dos AChR são, razoavelmente, pequenas entre as

espécies. Os AChR fazem parte de uma grande família de canais iônicos,

portões-ligantes de neurotransmissores. O poro do canal por onde os íons fluem e

os sítios ligantes para a ACh, que regulam a abertura do poro, são todos formados

por uma única macromolécula. Estudos bioquímicos indicam que o AChR é uma

glicoproteina de membrana formada por cinco subunidades: duas subunidades

alfa, uma beta, uma gama e uma delta. A ACh apresenta grande afinidade ao

terminal amino da subunidade alfa do receptor. O terminal amino de cada

subunidade fica exposto na superfície extracelular da membrana (30, 35). Karlin e

Akabas (1995) (36), demonstraram a presença de dois sítios ligantes para a ACh

em cada canal. Esses sítios encontram-se entre as subunidades alfa-gama e alfa-

delta e, para que o canal se abra de forma eficaz, uma molécula de ACh deve se ∗ Nachmanson, D. Chemical and molecular basis of nerve activity. New York: Academic Press, 1959

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ligar a cada um esses sítios permitindo, assim, o influxo de sódio, potássio e

cálcio. As variações estruturais dos AChR são, razoavelmente, pequenas entre as

espécies, portanto, sendo as subunidades alfa aquelas que reconhecem e se

ligam a ACh, na MGAE a indução acontecerá nestes sítios de ligação (desenho 1).

Em 1973, Patrick e Lindstron (32) injetaram AChR purificados do órgão

elétrico do peixe Torpedo californica, que está relacionado ao músculo esquelético

de vertebrados superiores, em coelhos, para a obtenção de anticorpos para o

estudo das propriedades dos AChR. Surpreendentemente, a produção de

anticorpos, pelos coelhos, foi acompanhada pelo surgimento de sintomas

parecidos com os da MG, sendo a fraqueza revertida com a aplicação de AChE.

Lennon e colaboradores (33) descreveram um modelo de MG em ratos e

porcos da índia e observaram que a MGAE é similar à doença humana nas

manifestações clínicas, imunopatológica e histológica. Essas características

compreendem (1) a redução da amplitude dos potenciais da placa motora; (2) a

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redução das dobras juncionais; (3) a perda dos AChR e (4) a deposição de

anticorpos nos locais pós-juncionais onde houve a perda dos AChR.

Além da indução por meio dos AChR purificados do órgão elétrico da enguia

(TAChR), anticorpos humanos também causam sintomas da MG. Linfócitos-B de

pacientes com MG mantidos em cultura produzem anticorpos para os AChR e ao

injetando-se repetidamente o soro de pacientes em camundongos, é possível

reproduzir as anormalidades eletrofisiológicas nos animais (4, 34).

Devido a MGAE ser similar à doença humana nas manifestações clínicas e

imunopatológicas (quadro 1), representa um modelo muito usado para a

observação de sua evolução clínica e para a investigação de novas imunoterapias

(37-39).

As características da MGAE podem variar (1) entre as espécies; (2) entre as

cepas estudadas; (3) de acordo com a origem do AChR e (4) a depender do uso

de adjuvantes mas o modelo foi claramente estabelecido e o uso de AChR

sintetizados produzem anticorpos contra os AChR da JNM (2, 30).

Mesmo sendo possível utilizar diferentes animais para a indução de MGAE,

melhores respostas são observadas quando se utiliza o modelo em ratos da cepa

Lewis (quadro 2), mais especificamente em fêmeas. Esses animais são

imunizados com idade entre 6-8 semanas de vida, através da aplicação na pata

traseira de uma emulsão contendo TAChR purificado ou peptídeo sintético com a

seqüência de aminoácidos imunogênica (DGDFAIVKFTKVLLDYTGHI).

Nesse modelo três fases da MGAE têm sido observadas em ratos Lewis:

aguda, latente e crônica. Após a imunização, os ratos passam por duas fases de

fraqueza muscular. A primeira, transitória, é a fase aguda , com fraqueza iniciando

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entre 7 e 11 dias após a indução, com recuperação após três ou quatro dias. Esta

fraqueza afeta, predominantemente, os membros superiores, cabeça, pescoço e

músculos laríngeos e respiratórios. Os animais adotam uma postura onde a

cabeça tende voltar-se para baixo e muitas vezes o queixo e o cotovelo ficam

sobre o chão; há presença de giba no dorso do animal e as coxas ficam

parcialmente abduzidas. Ocorre também incontinência urinária e dificuldade para

engolir. Quando há tentativa de deambulação, movimentos espásticos da cabeça

e dos quatro membros são observados (30, 33, 39).

O uso do adjuvante completo de Freud (ACF), favorece a indução da fase

aguda na MGAE, mas, pode ser que a mesma não ocorra (30, 33, 39).

Na fase latente é observada uma estabilização tanto do quadro de fraqueza

quanto das posturas adotadas na fase aguda. Apresenta uma duração que vai

desde o término da fase aguda até o início da fase crônica. Ambas as fases,

aguda e latente, são caracterizadas por desintegração das dobras juncionais e

invasão de macrófagos para a remoção dos fragmentos. A fagocitose, realizada

pelos macrófagos, aumenta os efeitos da destruição dos AChR pelos anticorpos.

Com o término da fase aguda, os macrófagos deixam a JNM e, após dois a três

dias, gradualmente há regeneração das dobras juncionais e a concentração dos

AChR aumenta.(40-41).

A fase crônica , progressiva, é a segunda fase de fraqueza muscular e inicia

entre 28 e 30 dias após a imunização, sendo normalmente precedida, um ou dois

dias, por perda de peso e sinal de doença respiratória crônica que piora com o

tempo (33, 40). Os anticorpos estão presentes na membrana pós-sináptica em

grandes quantidades, iguais às observadas nas fases aguda e passiva. Mesmo os

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macrófagos não sendo atraídos ou ativados observa-se a degeneração

progressiva das dobras juncionais. O conteúdo muscular de AChR diminui e

aproximadamente 70% dos receptores remanescentes estão ligados a anticorpos

(40-41). Esses aspectos da fase crônica são semelhantes àqueles observados na

MG humana crônica (42).

Baggi e colaboradores (2003) (37) determinaram a intensidade da doença em

ratos através de uma escala para a mensuração da fraqueza muscular. Nessa

escala a pontuação clínica foi baseada na presença de (1) espasmos, (2) giba na

região dorsal, (3) força muscular e (4) fatigabilidade. Para a avaliação da

fatigabilidade muscular, os animais são colocados sobre a grade da gaiola, o

examinador puxa o animal pela cauda e pontua a preensão das patas. Essa

pontuação pode variar do nível 0 ao nível 4, sendo que no nível 0 a força é normal,

no nível 1 há um médio decréscimo da força, no nível 2 há um início de fraqueza,

no nível 3 o animal encontra-se em estado agonizante e no nível 4 o animal evolui

para o óbito. Do ponto de vista laboratorial, a MGAE pode ser confirmada através

do teste de cloreto de endorfônio e da estimulação repetitiva do nervo (EMG).

Como já citado, os estudos experimentais apenas buscam a descoberta de

novas estratégias imunoterapêuticas, observando assim a necessidade do

desenvolvimento de um modelo experimental que nos traga respostas quanto os

efeitos da atividade física sobre a fraqueza e a fadiga muscular.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente projeto de pesquisa tem por objetivo estudar os efeitos da

atividade física sobre a sintomatologia e a evolução da MG através da utilização

de um modelo experimental em ratos da cepa Lewis.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

2.2.1 Verificar se a atividade física aeróbia, em solo, influencia as

manifestações e o curso da doença;

2.2.2 Verificar se a atividade física aeróbia, em meio aquático, influencia as

manifestações e o curso da doença;

2.2.3 Verificar se há diferenças entre os efeitos da atividade física aeróbia

em solo e em meio aquático;

2.2.4 Verificar se a atividade física modifica a suscetibilidade ao modelo

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Animais e antígenos: para o experimento, serão utilizados ratos

Lewis entre 8-9 semanas de vida, sendo 8 machos e 6 fêmeas. Os animais serão

obtidos do biotério da Universidade de Campinas (UNICAMP) e mantidos no

biotério da disciplina de neurologia experimental da Universidade Federal de São

Paulo. O TAChR (T97-116 - ) será enviado pelo Instituto Neurológico Carlo Besta,

Milão – Itália.

3.2 Protocolo de imunização: duas amostras, contendo 450 microgramas

de TAChR serão dissolvidas, cada uma, em 1.25 mililitros de água destilada. Será

preparada uma emulsão acrescentando a esta mistura 1.75 mililitros de ACF.

Antes da aplicação, os animais serão anestesiados, de forma intraperitonial, com

1.5 mililitros de dopalem e 3.0 mililitros de rompum. A aplicação será realizada em

quatro locais diferentes do dorso, dois proximais as patas dianteiras e dois

proximais as patas traseiras, com uma quantia de 0.2 mililitros por animal.

3.3 Evolução clínica: os animais poderão apresentar três fases distintas

de evolução clínica: aguda, crônica e passiva. Poderão não desenvolver a fase

aguda, apresentando somente a fase crônica da doença.

3.4 Avaliação da atividade motora: será realizada, a cada sete dias,

através do teste de campo aberto, Open Field, precedendo a atividade física. Este

é um teste que avalia a atividade exploratória do animal, ou seja, todas as

atividades relacionadas à obtenção de informação acerca do ambiente, estas

abrangem tanto as respostas reflexas imediatas, que estão relacionadas com

atenção, quanto as respostas voluntárias típicas.(43) Este tipo de aparelho foi

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originalmente descrito por Hall (1941)∗ como uma arena circular para testar a

emocionalidade do rato frente a um ambiente não familiar. A medida do estado

emocional, geralmente, tinha como parâmetro as taxas de ambulação e

defecação. A taxa de ambulação é obtida a partir do número de setores

desenhados no chão do aparelho que são ultrapassados pelo animal. O registro

pode ser realizado de forma manual (com uma folha quadriculada que produz o

trajeto que o animal percorre) ou através de programas de computadores. Os

tempos de imobilidade, autolimpeza e o comportamento de levantar-se nas patas

traseiras; podem ser obtidos por registro em um cronômetro manual simples.

3.5 Treinamento físico: será realizado no inicio da fase crônica, trinta

dias após a indução. A atividade será feita em esteira rolante durante trinta

minutos, por trinta dias consecutivos.

3.6 A pesquisa bibliográfica foi realizada, tanto no acervo da

UNIFESP quanto em acervo próprio. Os artigos foram pesquisados usando as

bases (1) Literatura científica Latino-America e do Caribe em Ciências da Saúde

(LILACS); Literatura internacional em Ciências da Saúde – 1966-2004 (MEDLINE);

Scientific Electronic Library OnLine (SciELO) e Pubmed .

∗ Hall, CS. Temperament: A survey of animal studies. Psychol. Bull. 1941; 38:909-943.

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4. RESULTADOS PRELIMINARES E PERSPECTIVAS

Até o presente momento, vinte ratos da linhagem Lewis foram adquiridos do

biotério da Unicamp, sendo que 14 foram imunizados com TAChR (cortesia Dr.

Fúlvio baggi). Nenhum dos animais desenvolveu os sinais característicos da fase

aguda e não houve ainda manifestações da fase crônica do modelo. O Início do

programa de atividade física está previsto para o mês de dezembro.

Apesar da descrição clássica do modelo incluir as fases agudas, latente e

crônica, é descrito que os animais poderão, eventualmente, não desenvolver a

fase aguda, apresentando somente a fase crônica da doença (27, 32, 36).

Durante a execução do projeto, alguns pontos merecerão atenção especial,

dentre eles: (1) possível reação infalmatória nas patas decorrente da injeção; (2)

possível variação na resposta imunológica conforme o local de injeção (patas X

dorso); (3) possível utilização de vias alternativas para imunização (p. ex. injeção

diretamente no baço); (4) possível necessidade de adequar o protocolo de

atividade física conforme a evolução e gravidade da doença; e (5) possíveis

manifestações ainda não descritas na literatura.

Apesar das dificuldades inerentes ao desenvolvimento de um modelo

inédito no país, acreditamos que a rede de colaboradores de altíssimo nível com

quem temos tido o privilégio de trabalhar, propiciará o bom êxito de nosso projeto.

Além disso, estamos certos de que a utilização de um modelo experimental de MG

trará uma grande contribuição ao desenvolvimento da fisioterapia aplicada às

doenças neuromusculares.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ABSTRACT

Myasthenia Gravis is caracterized by na alteration in nerve-muscle transmission,

deriving from acetilcolina receptors deficiency in the neuromuscular junction. The

medicine terapy for autoimmune myasthenia gravis provides just symptomatic

relief, witch rarely is complete, do not changing disease’s evolution. The present

research project has the goal to study the effects of physical activity, like an

adjunctive therapy, on the symptoms and the myasthenia gravis evolution through

the use of a experimental model in rats of Lewis lineage. To this, the animals of

experimental group will be immunizes through an emulsion subcutaneous injection

containing the purified acetilcoline receptor (TAChR) or a synthetic peptide with the

receptor molecule immunogenic sequence. After the immunization, the animal will

be weighted and evalued under the motor point or view (open fied test) each seven

days. Elapsed 30 days from immunization, the animals will be sumitted to physical

activity in a rolling mat for thirty minutes during thirty consecutive days. Like

controls, wil be used not immunized rats and not submitted to the physical activity

program. We are right that the utilization of a experimental myasthenia gravis

model will bring a great contribution to development of physiotherapy applied to

neuromuscular diseases.