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1 Algomais DEZEMBRO/2015 R$ 10,00 Ano 10 - nº 117 - dezembro 2015 - www. revistaalgomais.com.br

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Dezembro chegou e mais uma vez nos colocamos na tarefa de fazer a lista de ações para o próximo ano. Missão difícil diante da crise que o País atravessa. A dica preciosa é encabeçar essa “pauta de intenções” com a disposição de priorizar a criatividade ao longo de 2016. Como lembrou o consultor Francisco Cunha, citando Albert Einstein: “só a imaginação é mais importante que o conhecimento num momento de crise.”Um pensamento que permeou a apresentação do consultor no evento Agenda TGI. Neste número da Algomais trazemos a análise de Cunha e também, com exclusividade, a pesquisa feita com empresários sobre suas perspectivas para 2016. Ouvimos outros analistas como Tania Bacelar, que salientou ser a hora de pensar no longo prazo sobre os destinos do País quando passar a crise. E ficar de olho nas oportunidades.Seguindo a linha dos consultores, nesta edição trazemos exemplos de empresas e pessoas que lançam mão da criatividade para driblar a crise. A FriSabor vai aproveitar a alta do dólar para exportar seus sorvetes para os EUA. A Prefeitura do Recife decidiu realizar a pesquisa Origem e Destino (sobre como o recifense se locomove de casa para o trabalho ou à escola) fazendo a entrevista com o cidadão pela web. Sai muito mais barato para os cofres públicos, uma vantagem e tanto nestes tempos bicudos. Até mesmo o antigo ramo dos sebos entrou na onda online e hoje o leitor pode adquirir um livro com click no seu mouse. Mesmo a atividade econômica pioneira de Pernambuco, a cana-de-açúcar também se renova, experimentando modelos inovadores de gestão como o cooperativismo. Mostramos inovações até no conflito que atinge os refugiados sírios. Pernambucanos, sensibilizados com as dramáticas imagens das pessoas fugindo da guerra e do Estado Islâmico, resolveram agir de forma pra lá de criativa para ajudá-las. São ações que vão desde o estímulo à doação de milhas aéreas para adquirir passagens até a realização de um jantar árabe para arrecadar fundos para a causa.E é neste clima de inovação que presenteamos o leitor com a capa desta edição produzida pelo artista plástico Ferreira. Sua arte cheia de cores, bem-humorada, inovadora e muito pernambucana é a imagem ideal para desejarmos a você um feliz Natal e um 2016 com muita criatividade.

editorial Desejamos um 2016 cheio de criatividade o

DIRETORIA EXECUTIVASérgio Moury [email protected] de [email protected]

DIRETORIA COMERCIALLuciano [email protected]

CONSELHO EDITORIALAlexandre Santos, Armando Vasconcelos, Doryan Bessa, Luciano Moura, Mariana de Melo, Raymundo de Almeida, Ricardo de Almeida, Sérgio Moury Fernandes e Teresa Sales.

Uma publicação da SMF- TGI EDITORA Av. Domingos Ferreira, 890, sala 805 Boa Viagem | 51110-050 | Recife/PE - Fone: (81) 3126.8181 . www.revistaalgomais.com.br

REDAÇÃOFone: (81) 3126.8156/Fax: (81) [email protected]

EDITORIA GERALCláudia Santos (Editora)Roberto Tavares (Consultor Editorial)

REPORTAGENSCláudia Santos Rafael DantasCamila Moura (Estagiária)

EDITORIA DE ARTERivaldo Neto (Editor)Caroline Rocha (Estagiária)

FOTOGRAFIAJuarez Ventura

[email protected]: (81) [email protected]

PUBLICIDADEEngenho de Mídia Comunicação Ltda.Av. Domingos Ferreira, 890, sala 808Boa Viagem 51110-050 | Recife/PEFone/Fax: (81) [email protected]

Cláudia Santos - Editora [email protected]

Edição 117 - 11/12/2015 - Tiragem 12.000 exemplares Capa: Ferreira

facebook.com/revistaalgomais@revistaalgomais

EDIÇÃO 117

E MAIS Entrevista 8

Economia /Jorge Jatobá 22

Arruando pelo Recife e Olinda 50

Baião de Tudo / Geraldo Freire 52

João Alberto 62

Memória Pernambucana 64

Última Página/ Francisco Cunha 66

Nossa MissãoProver, com pautas ousadas, inovadoras e imparciais, informações de qualidade para os leitores, sempre priorizando os interesses, fatos e personagens relevantes de Pernambuco, sem louvações descabidas nem afiliações de qualquer natureza, com garantia do contraditório, pontualidade de circulação e identificação inequívoca dos conteúdos editorial e comercial publicados.

CAPA

Perspectivas 2016Consultor Francisco Cunha aponta caminhos para atravessar a crise. 12

POLÍTICA

Jovem EleitorMenos interessados nos partidos, mas engajados em causas sociais. 26

ECONOMIA

Cana-de-AçúcarSetor sucroalcooleiro ganha força com criação de cooperativas e com alta na procura por etanol. 20

ALGOMAIS VISITA

ItambéChargista Humberto conta as histórias e apresenta os atrativos culturais da sua cidade natal. 38

AUDITADA POR

Os artigos publicados são de inteira e única responsabilidade de seus respectivos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião da revista.

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cartasESCREVA [email protected] www.revistaalgomais.com.br

ONLINE Congratulo-me com Algomais pela série de excelentes

reportagens sobre Pernambuco.Leinad Monte

ProfessorParabenizo essa bela revista pelos bons textos publicados. Mas um me chamou mais a atenção. O de Mozart Neves sobre a valorização do profes-sor. Trabalhei com ele à época em que foi secretário de Educação em Per-nambuco. Já naquela época já ocorria a escassez de professores de que fala hoje Mozart. Comecei a ensinar bio-logia em 1973 no IEP. Naquela épo-ca os professores do Estado tinham um salário razoável. Mas, a partir de meados da década de 70, teve início uma desvalorização dos professores a nível nacional como uma política disfarçada de Estado. Isso porque, sob o pretexto oculto da universalização do ensino fundamental e em conse-quência o aumento dos custos, o Es-tado não poderia mais arcar com os custos dos salários dos professores e teve início ao que se chamou de arro-cho salarial. Fazia eu um curso no Rio

com o diretor do Curso de Formação de Profes-sores de Paris. Fiz então uma pergunta: “o que leva o jovem francês a escolher o magistério?” Respondeu-me: “Pri-meiro, ele não escolhe; é escolhido, selecionado os melhores de cada área depois que terminam

seus respectivos cursos; segundo, o salário e terceiro, o status social, o respeito da sociedade para com os professores."Então, a partir de um certo tempo, os alunos que não tinham competência para superar os vestibulares de me-dicina, física, engenharia e química, começaram a se aventurar nos cursos de magistério, em que a concorrên-cia já era bem menor e "mais fácil" de acompanhar. Isso denota claramen-te o esvaziamento de exigências de conteúdos didático-pedagógicos. E vale lembrar que os melhores cursos superiores ainda estão nas universi-dades federais e gratuitos; onde seus alunos, ironicamente, são oriundos de escolas particulares, o que denota o descaso para com uma escola pú-blica de qualidade. O que podemos concluir que ser professor neste País é por idealismo ou por necessidade.

Tadeu Colares - Recife

Marieta BorgesParabéns pela entrevista com a pesqui-sadora Marieta Borges sobre Fernando de Noronha. A revista continua pri-mando pela apresentação, variedade e leveza dos assuntos abordados.

Renato Carneiro Leal – Recife

AlgomaisCongratulo-me com Algomais pela série de excelentes reportagens sobre Pernambuco. Tenho pesquisado bas-tante sobre “O Leão do Norte” (não confundam com o Sport) e encon-trado muitas respostas nesta revis-ta. Infelizmente não moro no Brasil para ter em mãos, mensalmente, um exemplar. Sigam em frente! Não se desviem desse alvo.Saudações “Yankees”

Leinad Monte – Nova Iorque

ErramosNa matéria publicada na edição nº 6 da Algomais Saúde, sobre o pediatra Fernando Azevedo, informamos que a música Frevo do Galo seria do referido médico. Na verdade, além de Azeve-do, a canção foi composta também por Fernando Gama e Fernanda Aguiar.

SF 010 14 af_an_rodapé.pdf 1 06/10/14 06:49 PM

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8 Algomais • Dezembro/2015

“SOU UM RADICAL DE CENTRO”

Entrevista a Cláudia Santos e Rafael Dantas

entrevista

que é mais atual e é uma querida amiga.

Quando se formou em direito?Em 1970, aos 22 anos. Meu pai era ad-vogado. Eram três irmãos e 10 irmãs. Naquela época meu avô não dispunha de recursos para todos estudarem. Só podia fazer um doutor, que vinha para o Recife fazer os preparatórios. Meu pai foi prefeito de Macaparana, cidade dele, e deputado estadual.

Como foi sua entrada na política?Posso dizer que foi na minha casa. Nas-ci em 1948, meu pai foi constituinte de 1946 e fundador do PSD. Quando fiz 18 anos, Nilo Coelho, que tinha sido cons-tituinte com meu pai, foi governador e me convidou para ser oficial de gabine-te. Depois fui secretário do Trabalho no governo de Moura Cavalcanti, que era primo de meu pai. Dos 18 aos 62 anos tive atividade política permanente, como secretário do trabalho, como diretor do Incra, como oficial de ga-binete do governador, ou como coor-denador da campanha de Roberto Magalhães, que foi bastante renhida. Na época havia o programa de deba-tes A Marcha das Apurações na rádio Clube, comandado por Geraldo Frei-re. Tinha o maior índice de audiência da rádio de Pernambuco. Era primeira eleição depois de anos. Como a apura-ção demorava naquela época, ficamos

14 dias debatendo durante duas horas de programa. No final ganhamos por 89 mil votos. Depois fui prefeito do Recife, depois deputado constituinte, depois fui prefeito de novo, em segui-da governador e deputado.

Como constituinte em que área tra-balhou?Em desenvolvimento urbano. Fui vice-presidente da Comissão de Re-forma Urbana. No capítulo da família, defendi o planejamento familiar.

Por que?Entendia que naquela época precisáva-mos ter critérios para que não explo-disse a população. Só que havia contra isso os militares que defendiam a tese: homens sem terra para ir para terra sem homens, que era a Amazônia, o Mato Grosso. O que não era o melhor cami-nho porque são áreas de preservação. Hoje as classes A, B, C, D estão com um nível próximo à taxa de reposição. Mas a classe E ainda apresenta taxa maior. O planejamento familiar tem que ser feito, às vezes, com estímulo à dimi-nuição do número de filhos, outras ve-zes, para estimular casais a terem mais filhos, como estão fazendo alguns países da Europa. As pessoas enten-diam que o planejamento familiar era vasectomia, laqueadura de trompa, política dos países desenvolvidos para

JOAQUIM FRANCISCO Ex-governador segue com gosto pela política e defende pacto por governabilidade

Há cinco anos sem exercer cargo pú-blico, Joaquim Francisco, hoje atua como advogado. Mas não abandonou a política. Participa de debates sobre o cenário político em rádios pernam-bucanas e alega não estar totalmente descartada uma candidatura em 2018. Nesta entrevista, ele fala de como se dedica a hobbies como a música e co-menta fatos dos quais participou e que marcaram a história recente do País.

Como foi sua infância?Nasci no Recife, onde vivi a infância, com fins de semana no interior. Meu pai tinha propriedade rural em Maca-parana, Mata Norte. Quando eu tinha 12 anos ele arrendou uma propriedade de João Santos, em Goiana, aí passei anos indo para lá. Minha vida sempre foi urbana e rural. Hoje tenho um sítio pequeno, de dois hectares, em Grava-tá. Tenho uma vaca, um garrote e dois cavalos. O segundo lazer é a música, toco de ouvido, mau, e faço aula de canto no Conservatório de Música.

Que instrumento o senhor toca?Acordeão, violão, bateria e pandeiro. Mas só para consumo interno. Meu es-tilo é baião, músicas italianas e brega: Aracy de Almeida, Núbia Lafayette, Alcione, Nelson Gonçalves, Lupicínio Rodrigues. Nesse campo não me mo-dernizei. Também gosto de Valesca,

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9Algomais • Dezembro/2015

A campanha de 1986 foi renhida. Participamos do programa de debates A Marcha das Apurações, de Geraldo Freire, durante 14 dias,com 2 horas de duração"

expulsando a mão de obra.

Qual a diferença das campanhas ante-riores para as atuais? Estávamos 20 anos sem eleições, houve uma euforia pelo retorno delas. Parti-cipei de alguns atos da campanha das Diretas Já, verdadeiras apoteoses. Você queria o direito de votar e de trans-formar o País. Hoje o eleitor está cho-cado, não acreditando. A gente nem sabe para aonde vão coisas. Uma hora é reforma política – que não foi feita – outra hora é reforma econômica, uma visão de que se teria que fomentar o emprego e o crédito, do outro lado, tem que cortar e fazer o ajuste fiscal.

O senhor concorda com o ajuste?Sem dúvida. Gastou-se muito pelo me-nos nos três últimos anos. Todos os pro-

gramas estouraram o orçamento, como Fies, subsídios do BNDES, incentivos fiscais. O Estado brasileiro não cabe mais no PIB. Tem que fazer redução, melhorar a eficiência e promover cortes transitórios. As previsões antes eram de que 2015 teria um semestre de corte e no outro começaria o crescimento. Mas já engoliu 2015 com previsão de redução de – 3% no PIB e vai entrar 2016 com -2% . Acho que o Brasil nunca preci-sou tanto de centralidade, radicalizar o centro. Eu sou radical de centro. Pejo-rativamente o centro é visto como quem está em cima do muro. Não é isso. Exis-tem experiências exitosas numa área em sistemas socialistas, outras, em países de economia puramente capitalista. Um país que está se desenvolvendo pode buscar o que Aristóteles buscou: a vir-tude está no meio. O Brasil só sai desse impasse com entendimento, como foi feito com Itamar.

Existe algum personagem político que possa hoje fazer esse papel?Não. Está todo mundo ferido, infla-mado, os partidos são uma multidão: 37 partidos! O leitor sem acreditar que é possível sair da crise. Mas o País vai sair da crise por causa da vivência de tantas crises. Você tem as institui-ções funcionando, tem resposta em alguns setores, então dá para fazer alguma coisa. Mas não sem trauma.

segurar o desenvolvimento dos demais países. Mas a visão era ter 1,8 a 2 filhos por casal, que seria taxa de reposição, quando se conseguisse o equilíbrio. O Brasil está terminando a fase do bônus demográfico, temos ainda 8 anos, ou seja, ter uma grande população jovem sustentando uma população velha que está aumentando. Em 2023 atingire-mos 9 milhões de pessoas com mais de 80 anos, 14 milhões entre 70 e 80 anos e fora do trabalho, e o número de jovens estagnou. Talvez lá para 2040 faremos o que países da Europa fazem. Se tivés-semos feito o dever de casa nessa área teríamos uma situação mais confortá-vel, nossa população teria se estabiliza-do em torno dos 160 milhões e não dos 204 milhões. Porque, ao mesmo tempo em que se tinha esse processo, tinha a tecnologia vindo atrás, cada dia mais

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10 Algomais • Dezembro/2015

Pela primeria vez Pernambuco teve um ministro da Fazenda, Gustavo Krause, que foi eu que indiquei"

indicar.” Aí indiquei o meu secretário da Fazenda, Gustavo Krause, que foi ministro durante três meses.

Está nos seus planos se candidatar?No momento não. Quando decidi sair do PSB, a primeira pessoa que comu-niquei foi o governador. Entreguei uma carta e disse que possivelmente iria passar um período sabático sem filia-ção partidária. Depois imaginei: sou motorista, gosto de dirigir, tenho uma carteira de motorista. Gosto de viajar para o exterior, tenho um passaporte. E se de repente eu quiser ser candida-to, por que vou ficar sem partido? Mas não é meu plano, sobretudo em 2016. Para 2018 eu poderei voltar a ser candi-dato. Mas não tenho a pressa que ani-quila o verso. Já tenho a sedimentação da tranquilidade. Ocupei praticamente quase todos os cargos da República. Mas não posso dizer que estou fora por-que tenho espírito público. Acho que agora é que estou no ponto, se fosse um doce de goiaba, estava saindo do tacho: maduro, experiente e com reconheci-mento nos círculos onde caminho.

Na família tem alguém que segue os passos da política?Não. Não sou muito favorável a não ser que isso brote de alguma vocação efetiva. Tenho duas filhas que, como eu, são advogadas, uma trabalha co-migo e a outra em Brasília. E tenho outra que é engenheira civil. Quise-ram lançar a candidatura de minha mulher uma vez, mas ela não quis. Dizem que o senhor conhece muitos “causos” da política. Lembra-se de algum?Num debate na TV, na eleição para governador de 1986, José Múcio tinha 42 anos e disse que ele representava o novo contra o velho, que era Arraes, com 76. Perguntaram a Arraes o que achava da comparação. Ele disse: "gosto de referências: Nero incendiou Roma com 33 anos, e Adenauer sal-vou a Alemanha com 84". Imagine chamou José Múcio de Nero e ele de Adenauer! Foi uma campanha be-líssima para nós que apoiávamos Zé Múcio, porque o pessoal trabalhava motivado, e para os que apoiavam Arraes, que tinha saído do palácio preso e ia voltar.

entrevista JOAQUIM FRANCISCO

O senhor foi governador numa época turbulenta. Como vê o cenário atual?Iniciei o governo e durante dois anos Collor era presidente, depois veio um ano e meio com Itamar e seis meses de Fernando Henrique Cardoso. Então tive três presidentes, seis presidentes do Banco Central, seis ministros da economia. Tudo isso num governo. A avaliação que fiz: fui eleito com 51% dos votos no primeiro turno, ganhei a eleição para Jarbas Vasconcelos. Saí do governo com 57% de aprovação. Até pouco tempo, ter 57% não era uma coisa boa, mas ter 88% de apro-vação. Eu andava no interior onde havia um prefeito com 94% de apro-vação. Então fiquei calado, não tinha o que dizer. Agora Dilma chegou em 8%, aí agora eu é que sou herói (ri-sos). Nada como o tempo, não é? O ideal não era se situar entre os 60%? Mas as pessoas são gulosas. No fim é 8 ou 80. Não é melhor ficar no meio?

E como chegar a esse caminho do meio?É preciso acabar com esse impasse na Câmara, no Senado e no Executivo. Há turbulência em todos os setores: na área fiscal, na área política (porque é até difícil fazer uma reunião para discutir com 37 partidos). Eu votei e achei que ia ser um capítulo encerrado da história política do Brasil a cláusula de barreira para limitar a criação de partidos que não tivessem pelo menos 5% dos votos em 10 Esta-dos. Foi aprovada essa lei. Recorreram e o Supremo revogou. Teríamos hoje 6 a 7 partidos. Seria um universo ótimo.

Falando em partido, o senhor era do PSB e agora filiou-se ao PSDB, por que?Achei que concluí a minha missão no PSB. O governador Eduardo Campos me convidou para um projeto que tinha um longo prazo de execução, que passava por reformas de insti-tuições, reformas no PSB, que ainda está em dívida com a memória de Eduardo, tem que fazer a reforma. As coisas mudaram, o mundo mudou, o partido precisa se modernizar, fazer alianças, etc. Só que eu perdi o ânimo com a saída de Eduardo.

E por que o PSDB?Porque eu fiquei num ambiente onde sempre estive. Eu votei em cinco can-didatos à Presidência da República

anos e aí veio Itamar, que já o conhe-cia. Ele me deu uma posição de muita aproximação, tanto que pela primeira vez na história Pernambuco teve um ministro da Fazenda que fui eu que fiz, que foi Gustavo Krause. Itamar Fran-co me chamou e disse: “o Quércia está me pressionando para dar a ele o Mi-nistério da Fazenda. Eu não dou por-que São Paulo já tem muito poder eco-nômico. Não dou a Minas Gerais que já tem a mim. Vou fazer uma experiência nova, vou entregar a chave do cofre a uma pessoa que eu confio que é você”. Disse que eu não teria condições de ser ministro da Fazenda, por não ter sufi-ciente conhecimento nem iria renun-ciar ao governo para ser ministro. Ele disse: “não, estou dizendo para você

do PSDB. Em 1986 fui convidado por Mário Covas para fundar o PSDB, que seria um partido à esquerda do PMDB. Mas por causa das disputadas locais não pude entrar no partido. Logo de-pois saiu como candidato a vice de Mário Covas, Roberto Magalhães. Aí nova briga, o PSB daqui vetou Rober-to, porque diziam que era candidato da direita e não podia ser candidato do PSDB. Aí apoiei Color que ficou dois

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11Algomais • Dezembro/2015

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12 Algomais • Dezembro/2015

Os cenários socioeconômi-co e político são nebulosos para o Brasil. Mas há uma expectativa de encontrar

uma luz no fim do túnel dessa con-juntura que combinou em 2015 a falta de crescimento associada à alta infla-ção e baixo investimento. Na palestra de lançamento da Agenda TGI 2016, o consultor Francisco Cunha fez uma análise crítica do atual momento e fez projeções sobre as saídas da crise. Afinal, qual o dever de casa dos bra-sileiros e pernambucanos para sobre-viver às turbulências do contexto e chegar no final do próximo ano com um horizonte mais otimista?

Francisco Cunha classificou o con-texto atual como o pior desde o Gover-no Collor e apontou o momento como de ruptura do ciclo econômico (anco-rado no consumo interno e na expor-tação de commodities) e político. Ele lembrou que o Brasil conquistou avan-ços relevantes nas últimas décadas: a

SAÍDAS PARA CRISEFrancisco Cunha afirma que resolver o impasse político é a premissa para repensar futuro do País. Às empresas recomenda investir em inovação

agenda tgi

Rafael Dantas

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13Algomais • Dezembro/2015

solina, transporte. Esse ciclo não vai se repetir, porque já absorvemos esse im-pacto em 2015. O segundo foi a desvalo-rização do real, também uma tendência antiga. Houve uma valorização muito forte do dólar. Dois componentes com alto impacto e que não tendem a se re-petir”, explica.

Para construir um cenário mais fértil para o investimento, ela acredita que a inflação menor poderá induzir o governo a reduzir as taxas de juros. “Se a inflação se atenua, a justificativa para o aumento dos juros perde força. Isso é positivo por duas razões, quando a taxa de juros cai tem um impacto no gover-no, já que diminui as despesas financei-ras do Estado. E pode estimular os in-vestimentos também do setor privado”, sugeriu a economista.

Apesar desse panorama traçado pela economista, as expectativas dos entre-vistados na pesquisa com empresários da Agenda TGI não é das melhores. Apenas 22% acreditam num 2016 me-lhor, enquanto que 43% estão pessi-mistas com o ano que se aproxima.

O economista e ex-diretor do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Apli-cada), Gustavo Maia Gomes, também vê com ceticismo o desempenho econômi-co no curto prazo. “Ficamos quatro anos seguidos numa trajetória insustentável de gastos públicos, sempre com a infla-ção acima da meta. Uma receita de de-sastre. No meio desse cenário houve uma paralisia. O governo federal anunciava o desejo de fazer cortes, mas ao mesmo

tempo dizia que não se podia cortar. Uma postura contraditória que foi soma-da a um congresso que ainda promovia medidas para aumentar os gastos. E, evi-dentemente, fazer nada quando a coisa está ruim, só piora. Não me surpreen-deria se o desempenho da economia do próximo ano seja pior do que este. Não vejo nada melhorando para acreditar que será apenas 1% negativo, como sinali-zam algumas pesquisas”.

O economista acredita que apenas uma mudança de governo poderia abrir uma janela de oportunidade para a reto-mada de crescimento do País. Ele julga que a ascensão de outro presidente da República teria o potencial de melho-rar o humor do investimento privado no Brasil. “Se houver impeachment ou renúncia vai haver um momento em que o País terá uma nova chance. A de-pender de como isso ocorrer você pode começar a reverter uma trajetória nega-tiva, mas definitivamente não salvará o próximo ano. No entanto, teria a capa-cidade de gerar uma visão menos pes-simista, enquanto as coisas começam a se arrumar, atraindo investimentos que seriam muito relevantes para a dinami-zação da nossa economia”.

A pesquisa com empresários apon-tou que 58% dos entrevistados acredita que Dilma Rousseff não terminará o seu segundo mandato presidencial. Qua-se 90% acreditam que as dificuldades políticas deste segundo governo serão maiores que as do primeiro. Na palestra, Francisco Cunha afirmou que é jus-

reimplantação da democracia, como um legado do PMDB; a década da estabiliza-ção econômica, pelas mãos do PSDB; e o período de inclusão social, promovido pelo PT. Conquistas que tendem ficar parcialmente em xeque, com a crise de representatividade política, retração do PIB, além da alta do desemprego e descontrole inflacionário, que pode de-volver para pobreza parte da população que ascendeu socialmente nos últimos anos. “As crises econômica e política geram uma crise de confiança, que tem um efeito paralisante no País, já que cria uma tendência de reduzir o consumo e os investimentos”, afirma.

Apesar da conjuntura de crise, a economista e sócia da Ceplan Tania Ba-celar aposta em um 2016 melhor. Ela ressalta que alguns fatores determinan-tes para os indicadores negativos de 2015 não se repetirão no próximo ano. “Tive-mos uma inflação muito alta, por causa dos preços administrados, que em 2014 estavam represados, como energia, ga-

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14 Algomais • Dezembro/2015

tamente a vertente política da crise que lança mais incerteza sobre a retomada do crescimento. O governo não conse-gue promover o ajuste fiscal conjuntural indispensável e não dispõe de capital político para fazer mudanças estruturais necessárias para a retomada sustentada do crescimento.

SOLUÇÕES. Se o cenário político é de-terminante para mudar o desânimo do País, há uma necessidade de modificar as estratégicas econômicas, na opinião de Tânia Bacelar. Diferente da última década, quando o consumo interno foi o fator que impulsionou o dinamismo da economia brasileira, ela defende que o momento é de apostar em dois outros pilares: aumento das exportações e dos investimentos. “O Brasil precisa combi-nar melhor esses três grandes compo-nentes do crescimento. Fizemos uma aposta muito forte do consumo interno na década passada. Isso chegou num certo limite. Podemos fazer do limão uma limonada, fazer do nosso déficit de infraestrutura uma oportunidade e frente de expansão econômica estimu-lando o investimento privado com juros mais baixos. O peso das exportações é pequeno, mas caso seja dinamizado será importante para o País”, avalia.

Sobre as exportações, Bacelar apon-ta um cenário positivo, com um câm-bio favorável e uma atuação ousada do ministro Armando Monteiro Neto. “A mexida do dólar favoreceu a nossa ba-lança comercial. Não é algo que teremos que mudar, mas surfar nessa direção já construída. Armando Monteiro Neto se destacou pois, apesar da crise, foi um dos poucos ministros que olhavam para frente, enquanto o governo ficou preso numa agenda de curto prazo. Para mu-dar a dinâmica, é preciso sinalizar para onde a gente vai. Sem expectativa posi-tiva, a economia continua patinando”.

Projetando um cenário para o setor empresarial, Francisco Cunha lembrou dos ideogramas chineses que compõem o nome crise: perigo e oportunidade. Ao mesmo tempo em que as empresas cor-rem riscos até a crise passar pelas atuais turbulências, o consultor acredita que essas empresas sairão desse momento mais enxutas, mais eficientes e compe-titivas; e menos perdulárias. “A questão crucial, então, é fazer o que for preciso para sobreviver e usufruir dos benefícios

da crise”. Nesse sentido, 80% dos em-presários que responderam à pesquisa afirmam que enfrentam esse momento do mercado com redução das despesas, enquanto que 20% apostam no aumen-to das receitas.

Ao estimular o comportamento inovador dos empresários, o consultor ainda apresentou a receita da Matriz de Ansoff, que aponta a diversificação da atuação como sua variável mais desa-fiadora. “É essencial buscar a inovação com o atendimento a novos clientes e

o desenvolvimento de novos produtos para gerar receita adicional não con-taminada pela retração do mercado tradicional”, destacou Cunha.

O consultor considera que o ciclo negativo vivido pelo País terá um efei-to em V ou U (ver gráfico acima). Ele considera que o País chegou neste ano no seu ponto mais baixo e que terá um 2016 ainda de recessão. As expectativas traçadas para o País são de uma variação do PIB zerada em 2017 e uma retomada do crescimento em 2018.

RETOMADA. TANIA DEFENDE QUE SAÍDA SERÁ PELOS INVESTIMENTOS E EXPORTAÇÕES

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15Algomais • Dezembro/2015

Cenários para PE e para o Recife

O desempenho econômico de Pernambuco superou o do Brasil nos últimos sete anos. Os investimentos que chegaram ao Estado - cerca de R$ 110 bilhões, segundo a Ceplan – trouxeram novos segmentos produti-vos e reavivaram alguns que estavam em baixa devido ao longo processo de desindustrialização sofrido na déca-da de 90. Com a crise que se instalou no País, há duas opiniões sobre o ce-nário nos próximos anos.

Para o economista Gustavo Maia Gomes, os problemas da conjuntura nacional afetam mais fortemente o Estado. Com os escândalos de corrup-ção da Lava Jato batendo na Petrobras, várias das grandes âncoras da nova indústria pernambucana podem per-der a força. “Pernambuco se tornou mais dependente da empresa que os demais da região. Essa parceria gerou benefícios nos últimos anos, mas foi uma prosperidade resultante de um programa de investimento da Petro-bras desconectado da realidade”.

Além da Refinaria Abreu e Lima, ele lembra que os estaleiros foram construídos com a garantia de forne-cer navios para a Transpetro e que o complexo petroquímico também está

associado à Petrobras. Se o cenário traçado pelo economista para o Polo de Suape são pessimistas, ele acredita que a perspectiva é positiva para as exportações de açúcar e frutas.

O consultores Francisco Cunha e Tania Bacelar avaliam que apesar da conjuntura negativa, que foi agravada pelo fim das obras da construção civil em Suape, o Estado tem uma econo-mia muito mais robusta para enfren-tar a crise que em outros momentos.

“Estamos muito melhor preparados para olhar para frente do que no final do século 20. Infelizmente a crise ba-teu aqui com força. Mas, construímos novos pilares que nos permitem olhar para o futuro. A indústria criativa, a instalação de institutos de pesquisa no Estado e a interiorização do ensino superior são alguns sinais que nos in-dicam estarmos melhor posicionados para uma retomada. Aposto muito na vitalidade das cidades médias, que mudaram muito nos últimos anos”, argumenta Tania.

RECIFE. Para Francisco Cunha, um elemento importante para traçar um cenário futuro para a capital per-nambucana é a aposta da Prefeitura do Recife num planejamento de lon-go prazo, quando destacou o proje-to Parque Capibaribe e o Recife 500 anos. “O Recife tem jeito e o jeito é o Capibaribe. O rio é a possibilidade de redenção urbana para os próximos 20 anos. O parque é uma hipótese utó-pica, mas a utopia de hoje é carne e osso da cidade amanhã. É possível transformar o lugar que vivemos no lugar em que gostaríamos de viver. Falta as pessoas compreenderem esse caminho proposto e aceitarem que é possível”, afirma Francisco Cunha.

Na pesquisa com empresários, 67% afirmaram que já tinha conheci-mento do projeto e 63% o consideram de alta importância para a cidade. O projeto Recife 500 anos também já é conhecido por 60% dos entrevistados na sondagem.

LONGO PRAZO. PROJETOS PARQUE CAPIBARIBE E RECIFE 500 ANOS SÃO DIFERENCIAIS DA CIDADE NUMA PERSPECTIVA PÓS-CRISE

ESTADO. GUSTAVO MAIA PREVÊ DIFICULDADES

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16 Algomais • Dezembro/2015

Se no Brasil a perspectiva é en-contrar saídas para a crise, nos paí-ses desenvolvidos, o clima é de lenta recuperação dos efeitos das turbulên-cias finaceiras de 2008. Os Estados Unidos seguem ostentando a maior economia do mundo de US$ 18 tri-lhões e a projeção do Fundo Mone-tário Internacional (FMI) é de que o país apresente um crescimento em 2015 de 2,6%. “O restabelecimento dos EUA aconteceu em razão das me-didas adotadas na gestão Obama para resgatar bancos e montadoras. Houve um grande pacote de injeção finan-ceira nos mercados”, analisa Thales Castro, professor de relações interna-cionais da Universidade Católica e da Faculdade Damas e cônsul de Malta.

Com essa normalização, a expec-tativa é de que os juros norte-ameri-canos voltem a subir. “Desde 2009 os EUA praticam uma política monetá-ria frouxa e, por conta da melhora na economia, o Federal Reserve (Banco Central americano) sinalizou com a alta das taxas”, explica Francisco Cunha.

Essa movimentação na área fi-nanceira norte-americana vem sen-do acompanhada com apreensão pelo governo brasileiro. “A medida vai atrair mais ainda os investidores para os T-Bonds (títulos do tesouro norte-

-americano)”, explica Castro. Com o fluxo de capitais caminhando para a Terra do Tio Sam, complica-se ainda mais a situação do Brasil, que já teve sua nota de risco de investimento re-baixada pela agência Fitch. “Haverá também escassez de dólares e a con-sequente depreciação do real”, prevê o professor da Unicap.

Outra fonte de dor de cabeça para o Brasil é o freio na economia chine-sa. Até então atuando como a grande locomotiva do crescimento econô-mico mundial, com PIB subindo a taxas de dois dígitos, a China deverá crescer 6,8% neste ano e 6,3% em 2016. “Essa desaceleração está mais

relacionada às decisões do governo chinês do que com a crise”, explica Tania Bacelar. “Em contrapartida o preços das commodities vêm numa trajetória de queda vertiginosa e isso bate forte no Brasil, que é exportador delas, e essa situação joga contra a retomada do crescimento brasileiro”, adverte a economista.

Em recuperação ainda mais lenta que os EUA, segue a economia eu-ropeia, mesmo tendo enfrentado as problemas da Grécia, os atentados do Estado Islâmico e a chegada dos re-fugiados. Para 2015, o FMI prevê um crescimento de 1,5% no PIB da zona do euro e em 2016 uma pequena ele-vação para 1,7%.

Enquanto o mundo ainda se con-valesce da crise financeira de 2008, chama a atenção a performance da Índia, que ultrapassou o Brasil e deve chegar em 2015 como a sétima maior economia do mundo, apresentando um PIB de US$ 2,3 trilhões, segundo previsão do FMI. A instituição projeta ainda que o país do Taj Mahal deverá crescer 7,5% repetindo essa mesma boa performance em 2016. Um de-sempenho e tanto se comparado ao crescimento da economia mundial previsto em 3,1% em 2015 e 3,6% em 2016. “A Índia é a bola da vez”, anun-cia Thales Castro.(C.S.)

De olho no custo do dólarA recuperação da economia americana ocorreu em razão de medidas adotadas na gestão Obama. Agora a expectativa é de que o FED aumente as taxas de juros

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17Algomais • Dezembro/2015

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18 Algomais • Dezembro/2015

GESTÃO MAISTGI CONSULTORIA EM GESTÃO

www.tgi.com.br

Desatando o nó da inovação

O final de ano chegou e a crise continua a ator-mentar. PIB negativo, escândalos políticos, inflação, recessão...

Sentimentos negativos atormentam o empresariado que navega na incerte-za em relação ao que fazer. Um mo-mento delicado de cortes, redução de despesas e outros malabarismos para tentar, ao menos, fechar o ano “em-patando” as contas.

Como já foi visto, aqui mesmo no Gestão Mais, quatro cuidados básicos são necessários para o enfrentamento da situação adversa:

(1) cuidado com o caixa, represen-tando atenção máxima com os gastos e com a preservação da capacidade de fa-zer frente aos compromissos financeiros assumidos;

(2) cuidado com as pessoas, ou seja, com os empregados, considerando que se for preciso reduzir o quadro, que seja com todo o respeito, preservando ainda um ambiente saudável para quem fica;

(3) atenção à comunicação trans-parente é algo de muita relevância, pro-curando deixar a equipe ciente do que está acontecendo e não escondendo in-formações; e

(4) inovação, seja de produtos/ser-viços, seja de mercado.

No que diz respeito especifica-mente à inovação, sua importância deve-se ao fato de que não se pode deixar que a crise tome conta da pau-ta concentrando todo o esforço ape-nas no corte de despesas, reduzindo o tamanho da empresa e comprome-tendo a sua capacidade de competir quando a crise se for. Daí que é fun-damental buscar a inovação merca-

dológica, indo atrás de novos clientes para os produtos e serviços atuais, e/ou a inovação de produtos/serviços para atuais e novos clientes, gerando receita adicional não contaminada pela retra-ção do mercado tradicional atendido.

Para isso, indispensável se faz um esforço determinado de desatar o nó da inovação, o que, de fato, não é uma coisa fácil, justamente porque o hábi-to do “cachimbo” do atendimento ao cliente tradicional faz a “boca torta” e leva à acomodação mental. Para romper esse ciclo vicioso, ajuda mui-

to reunir várias pessoas com capaci-dade de imaginação para o exercício de procurar novas alternativas mer-cadológicas e/ou de produtos/servi-ços. Depois de um momento inicial de espanto e resistência, o tratamen-to conjunto das alternativas, termina invariavelmente produzindo “fios” de saída. Depois, é seguir em frente testando as hipóteses. O importante neste aspecto é não ficar parado e co-locar a imaginação para funcionar na formulação e na execução das inova-ções necessárias.

“Em momentos de crise, só a imaginação é mais importante que o conhecimento.”

Albert Einstein (1879-1955)

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19Algomais • Dezembro/2015

Criatividade

Resultados

INOVAÇÃO

Cultura

ProtagonismoSOLIDARIEDADE

DIGITAL

AcolhimentoAUTONOMIA

www.equipe-recife.com.br

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20 Algomais • Dezembro/2015

Novos ares para o setor canavieiroAumento da demanda de etanol, criação de cooperativas e reabertura de usinas aquecem o segmento

economia

A cana-de-açúcar já foi o ouro branco da economia pernambucana e um dos principais produtos do País.

Os tempos mudaram e ela perdeu sua importância na fatia de exportações e dava sinais de encolhimento nos úl-timos anos, com o fechamento de al-gumas usinas. No entanto, os ventos voltaram a soprar a favor do setor su-croalcooleiro. O aumento da deman-da por etanol - provocado pela subida do preço da gasolina - e a reativação de três usinas movimentaram esse mercado. Outra novidade é o surgi-mento das primeiras cooperativas de produtores no Estado. Um panorama que de um lado sinaliza a retomada de crescimento, mesmo em meio à cri-se, mas por outro convive com uma

ameaça natural: a seca.As vendas de etanol no País subi-

ram em 42,5% nos 10 primeiros me-ses do ano. Em Pernambuco, o salto no consumo foi ainda maior, 86,4%. Esses dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombus-tíveis (ANP) revelaram o maior con-

sumo do combustível desde 2010. O preço da tonelada de açúcar também cresceu no ano. Em outubro chegou a R$ 82,85, com estimativa de ter che-gado a R$ 90,20 em novembro, se-gundo a Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco. No mesmo período de 2014 o valor variava entre R$ 61 e R$ 62.

Foram esses números de consumo e preço que semearam as esperanças do setor sucroalcooleiro no Estado. Após uma década de redução do nú-mero de players - com o fechamento médio de uma usina por ano - o seg-mento produtivo mais tradicional do Estado comemorou em 2015 a rea-bertura de três usinas: Cruangi, a Pu-maty e a Pedroza. As duas primeiras sendo administradas por um serviço

Consumo de etanol subiu 86,4%, em Pernambuco, nos 10 primeiros meses do ano, segundo ANP

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21Algomais • Dezembro/2015

de cooperativismo. Um modelo novo em Pernambuco, mas que já era pra-ticado há nove anos no Rio de Janeiro.

"Esse é um movimento constru-tivo, que agrega valor à atividade da indústria da cana-de-açúcar em Pernambuco e que se une aos demais modelos de sociedades anônimas existentes, beneficiando a renda de vários municípios, movimentando o mercado interno e contribuindo para as exportações", afirma Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE).

Além do momento do mercado favorável, a organização das coo-perativas foi impulsionada por uma redução tributária por parte do Go-verno do Estado. Para estimular os produtores, foi instituído por lei o

Estamos qualificando o parque industrial das usinas para moer mais matéria-prima nas próximas safras"

ALEXANDRE ANDRADEcrédito presumido no ICMS de 6,5% sobre a produção de etanol nas usinas que trabalham nessa modalidade. Ao todo, essas cooperativas de agricul-tores terão um crédito total de 18,5% no ICMS estadual, visto que o Estado já disponilizara anteriormente uma redução de 12% do ICMS para todos as usinas em funcionamento.

De acordo com presidente da As-sociação dos Fornecedores de Cana--de-Açúcar de Pernambuco e da Coo-perativa dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, Alexandre Andrade Lima, 600 cooperados reativaram a Cruangi. A usina, que funciona em Timbaúba, na Zona da Mata Norte, de-verá gerar quatro mil empregos dire-tos na região. O insumo para proces-samento da Cruangi é cultivado nos municípios de Nazaré da Mata, Alian-ça, Condado, Itambé, Ferreiros, Tra-cunhaém, Vicência e Macaparana. Os investimentos para reativação da usi-na foram em torno de R$ 2,7 milhões.

"Recomeçamos agora a produção na Cruangi. Estamos num período de investimento. O primeiro ano é muito dificil, sendo agravado pela escassez de chuvas. Tivemos sorte com o momen-to do preço, que nos últimos 5 anos era muito ruim. Estamos qualificando o parque industrial para moer mais ma-téria-prima nas próximas safras e tam-bém iniciamos o plantio em algumas novas áreas", diz Alexandre Andrade. Para 2015, a usina deverá processar 400 mil toneladas de cana, tendo a capaci-dade de gerar no futuro uma produção de 1,5 milhão para açúcar e etanol.

EMPREGO. Localizada na cidade de Joaquim Nabuco, na Zona da Mata Sul, a usina Pumaty é administrada pela Cooperativa do Agronegócio da Cana -de- Açúcar (Agrocan). Menos impactada pela seca, após proces-sar mais de 500 mil toneladas no ano passado, as expectativas de moagem da Pumaty para a safra atual são de 700 mil toneladas. Para alcançar es-ses números de produção, a usina recebe cana de 10 municípios do seu entorno. A previsão de geração de empregos é de 4 mil postos de traba-lho. Os investimentos nessa reativa-ção são em torno de R$ 10 milhões.

A terceira usina que foi reativada, a Pedroza, opera no município de Cor-

tês, também na Zona da Mata Sul. Ela foi arrendada pela empresa à Coper-sul, dos empresários Gerson Carneiro Leão e Reginaldo Moraes, e recebeu investimentos iniciais de R$ 3 milhões. Também há uma estimativa de 4 mil empregos para a safra 2015/2016. A produtividade estimada para o período é de 400 mil toneladas de cana.

A reativação dessas empresas e o início da safra foram os responsáveis pela melhora nos números do merca-do de trabalho em Pernambuco. Em setembro, as contratações de carteira assinada no Estado se aceleraram no setor devido à sazonalidade da safra. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), elaborado pelo Ministério do Trabalho e Em-prego, anotou uma expansão de 5.818 postos devido às atividades de cultivo da cana-de-açúcar e 2.061 postos nas atividades de fabricação de açú-car em bruto e refinado.

Apesar dos investimentos, do au-mento da demanda e geração de em-pregos, a tendência observada pelo setor é de redução da safra. A seca na região promete encolher a produção em 12%.(R.D.)

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22 Algomais • Dezembro/2015

ECONOMIA JORGE JATOBÁ

Economista

Recife desigual

Pobreza e desigualdade são di-mensões distintas do status socioeconômico de uma ci-dade. A pobreza tem caído no Recife tanto como resultado do

crescimento econômico que aumentou, em termos reais, a massa salarial, quanto pela ação de políticas públicas que trans-feriram renda para pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade. Todavia, a pobreza pode cair sem ser acompanhada por um declínio na desigualdade de ren-da. Em tese uma sociedade pode reduzir a pobreza absoluta, mas aumentar a desi-gualdade. Esse é o caso do Recife.

De fato, a desigualdade de renda medida pelo Índice de Gini -que va-ria entre zero e a unidade sendo tanto maior quanto mais próximo de 1 - cres-ceu discretamente durante o período 1991-2010 (de 0,67 para 0,68), cons-tituindo-se, no último ano, em índice superior à média brasileira (0,60), à da própria Região Metropolitana-RMR (0,64) e às de Salvador (0,63) e Forta-leza (0,61). Na verdade, o Recife foi na contramão da tendência nacional que vem reduzindo a desigualdade desde 1995, especialmente devido aos ga-nhos derivados da educação e da esta-bilidade do nível de preços.

A proporção de renda apropriada por frações da população ocupada é outro indicador de desigualdade. Cal-

domicílios que não tinha ninguém com o ensino fundamental comple-to foi de 22,7%. Esse número revela que além dos problemas correntes que afetam a escola, o ambiente familiar não oferece estímulos para uma edu-cação de boa qualidade. A tendência, nessas condições, é para a falta de educação se tornar um instrumento de transmissão intergeracional da de-sigualdade, mecanismo que o bolsa--família – se atendidas eficazmente as condicionalidades- objetiva suprimir.

Uma das características do Recife é a informalidade, estando presente em várias das dimensões da cidade, do mercado de trabalho aos negócios pas-sando pela habitação. A informalidade, um dos determinantes da desigualdade e entendida como exclusão de pessoas da rede de proteção social, situava-se, em 2010, no Recife, em 34%.

A pobreza é um conceito absoluto e a desigualdade relativo. A desigualda-de coloca lado a lado a afluência com a carência. É duro ser pobre, mas é pior ser profundamente desigual com o seu vizinho. E Recife é uma cidade onde pobreza e riqueza convivem proxima-mente. Em média, uma favela não está a mais de 1 km de uma área afluente da cidade. A alta e crescente desigualda-de é uma marca indesejável do Recife. Eis um desafio!

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cula-se o percentual de apropriação da renda pelos 20% mais ricos e pelos 40% mais pobres. Esses números para o Recife, em 2010, foram, respectiva-mente 72,5%, e 6,2%. Ambos cresce-ram durante o período 1991-2010.

Neste último ano, o percentual do Recife de renda apropriada pelos 20% mais ricos foi o maior quando compa-rado com o do País, da RMR e das ou-tras duas maiores cidades do Nordeste, como já referido acima, enquanto que, para os 40% mais pobres, foi o menor.

Entre os fatores que afetam a desi-gualdade, a educação é um dos prin-cipais, mas destacam-se outros tais como as oportunidades de acesso ao mercado de trabalho e a forma como se dá essa inserção. No caso brasileiro, as diferenças educacionais respondem por cerca de 40% das diferenças de renda. O Recife tem, ao mesmo tem-po, um percentual elevado de pessoas que concluíram o curso superior –em comparação com outras cidades nor-destinas e a média do País- mas acu-mula, ao mesmo tempo, resultados insatisfatórios no ensino fundamen-tal, além de deficiências graves de co-bertura na educação infantil.

Existe também um mecanismo perverso de reprodução da desigual-dade. Neste sentido, observe-se que, em 2010, o percentual de crianças em

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23Algomais • Dezembro/2015

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24 Algomais • Dezembro/2015

Tradicional empresa pernambucana, FriSabor, enfrenta a crise, aproveitando a alta do dólar para exportar para os EUA

negócios

Em meio à alta do dólar, algumas empresas per-nambucanas começam a vislumbrar a con-

quista de novos mercados no exterior. É a crise garantindo ao mundo empresarial a oportuni-dade de crescimento por cami-nhos ainda não explorados. É o caso da FriSabor, tradicional fabricante de sorvetes, que pla-neja até o primeiro trimestre de 2016 exportar seu primeiro lote de produtos para os EUA.

“Pesquisas mostram que o consumidor norte-americano tem grande receptividade às frutas tropicais e os nossos sorvetes são co-nhecidos por terem uma formulação natural, pois são produzidos com 100% de frutas”, explicou Marce-lo Mayer, sócio-diretor da FriSabor, durante palestra realizada na reunião do Ibef (Instituto Brasileiro de Execu-tivos de Finanças) no Recife.

O empresário, no entanto, não informou o volume da exportação, nem a perspectiva de vendas para o mercado do Tio Sam. Mas adiantou que a empresa projeta para 2017 cres-cer seu faturamento 50% em relação a 2015 graças a uma série de medidas, entre elas a entrada no mercado nor-te-americano. Nos planos da FriSa-bor está ainda o lançamento de nova linhas de produtos denominadas Mais Fruta e Zero Açúcar, com sorvetes de até 50 calorias.

Essas inovações foram incorpo-radas ao plano de modernização da

empresa iniciado em 2008, quando a sorveteria fundada por José de Matos foi adquirida pelas empresárias Graça e Eduarda Petribú e que teve conti-nuação com a entrada na sociedade de Marcelo Mayer, até então executivo da Coca-Cola. A ideia era modernizar a empresa, mas sem perder suas carac-terísticas que desde 1957, quando foi criada, são familiares ao consumidor pernambucano.

Exemplo disso é a sua produção que ganhou escala. “Nossa fábrica em Paulista aumentou em dez vezes a sua capacidade produtiva, passando de 500 mil litros por ano para 5 milhões de litros/ano. Mas o sorvete continua com qualidade de um produto artesa-nal”, afirma Mayer.

O plano dos gestores também in-cluiu a ampliação dos pontos de venda, que vão desde a comercialização em redes do varejo, como supermercados e padarias, até sorveterias próprias em

diferentes formatos. “Temos des-de uma loja conceito com 600m², lojas de shoppings em formato menor, até unidades que dividi-mos com a Subway (rede de fast--food)”, especifica o empresário. A expansão tomou impulso ain-da maior em 2013 quando a sor-veteria partiu para a abertura de franquias. “Passaremos de 450 para 1000 pontos de varejo em 2017”, acrescenta.

Modificações também fo-ram feitas na logística, na cria-ção de novas embalagens e na profissionalização da gestão.

Tudo isso requereu investimentos que alcançaram R$ 18,7 milhões em 2015, sendo 65% de recursos próprios, 10% Finame e o restante Banco do Nordes-te. Até 2017 o total será de R$ 24,4 mi-lhões investidos.

São ações que visam não apenas a atuação da empresa no mercado exter-no, mas principalmente na ampliação do mercado consumidor brasileiro. Se-gundo Mayer, o País consome 6,4 litros de sorvete por ano por habitante, quan-tidade pequena quando comparada aos EUA que chegam a consumir 22 litros. Mas as perspectivas são de que essa delícia gelada estará mais presente no cardápio do brasileiro. Só no Nordeste, o setor cresce 8% ao ano. Atuando em cinco Estados da região, a FriSabor sente os reflexos desse desempenho, pois sua receita cresce 41% ao ano desde 2009. Por isso, a empresa se mantém de olho no mercado nordestino. “Temos planos de atuar na Bahia”, planeja Meyer.

Sorvete made in PE para o Tio Sam

NORDESTE. MAYER: DE OLHO TAMBÉM NO MERCADO DA REGIÃO

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25Algomais • Dezembro/2015

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26 Algomais • Dezembro/2015

Número de jovens eleitores dos 16 aos 18 anos está caindo a cada eleição. Mas aumenta o interesse da juventude por outras formas de participação política

comportamento

O desinteresse do jovem bra-sileiro com a política apa-receu forte nas últimas eleições. Entre 2012 e 2014,

a quantidade de eleitores com 16 ou 17 anos – que não são obrigados a votar – caiu em 42,7%, em Pernambuco. Os números revelados pelo Tribunal Superior Eleitoral são uma sinaliza-ção de apatia que pode se repetir no processo eleitoral no próximo ano, frente à intensa agenda negativa dos parlamentares e dos poderes executi-vos no País. Um cenário de desvalo-rização da democracia brasileira, que vive uma crise de representatividade, que preocupa os tribunais eleitorais.

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27Algomais • Dezembro/2015

sas manifestações que tem um com-portamento prejudicial à democracia brasileira, que pedem inclusive a volta dos militares. “É necessário separar o joio do trigo, sob pena de colocar em um mesmo plano aqueles que desejam ampliar os mecanismos e instrumen-tos de participação política da demo-cracia e aqueles que apostam em um retrocesso ao autoritarismo”.

EDUCAÇÃO POLÍTICA. De olho nesse sentimento de desinteresse dos jovens no processo político, a Escola Judi-ciária Eleitoral de Pernambuco tem desenvolvido o projeto Eleitor do Fu-turo. Com a meta de contribuir para a conscientização política dos pernam-bucanos em idade escolar (dos 7 aos 17 anos), a iniciativa já alcançou apro-ximadamente 9,5 mil alunos só neste ano. “O eleitor precisa compreender que ele é o ator principal do processo político. Tudo depende do voto dele. É preciso ter sempre esperança. Votar é um ato de esperança. Nosso papel é incentivar e apoiar o jovem eleitor, declarou o presidente do TRE-PE, An-tônio Carlos Alves da Silva.

O projeto leva palestras de edu-cação política para escolas públicas e privadas, realiza eleições com a urna eletrônica com os alunos (sejam de representantes de classe, grêmio estu-dantil ou apenas simuladas) e se pro-põe também a estimular o cadastra-mento eleitoral do eleitor facultativo. “Para melhorar o País, a educação é uma chave. Procuramos fazer com que

Para o cientista político Túlio Ve-lho Barreto, pesquisador da Fundaj, o cenário de crise política pode, sim, contribuir para a queda do interesse do eleitorado mais jovem nas próximas eleições. “É importante frisar que a cri-se política, que é também ou sobretudo uma crise de representação, atinge os atores políticos de modo geral, e não apenas os governantes ou representan-tes nas casas legislativas. Os partidos políticos estão extremamente desgas-tados e afastados dos chamados nati-vos digitais, ou seja, aquelas pessoas que constituem a geração nascida após 1990, 1992, quando a internet se popu-larizou de fato, mas, sobretudo, aque-les que cresceram sob as diversas redes sociais. Os atores políticos, quer sejam indivíduos ou partidos, não têm tido respostas para esse segmento”, avalia.

Se a quantidade de eleitores nes-sa faixa etária não é tão significativa para a definição dos pleitos ao poder executivo, para as eleições propor-cionais significa muito. Nas últimas eleições municipais, 177 mil jovens de 16 e 17 anos votaram. Os especialistas acreditam que a redução desse eleito-rado pode reduzir a representação de vereadores jovens nas bancadas elei-tas no próximo ano.

A descrença desses mais jovens, no entanto, não significa uma nega-ção ou neutralidade política. A rejei-ção da juventude está mais associada ao modelo de representação partidá-ria e não a uma alienação acerca da sua participação política. Segundo dados do TSE, a quantidade de jovens (16 a 24 anos) filiados nos cinco maiores partidos do Brasil reduziram em 56% nos últimos 7 anos. Um raio-x oposto ao que é visto nas manifestações de protestos desde junho de 2013, bem como na participação dessa parcela da população nos movimentos sociais e ONGs como voluntários.

“É importante reconhecer que tem havido, sim, crescimento de novas formas de participação política, mais direta, envolvendo jovens que não desejam se envolver tão diretamen-te com os partidos, embora isso não signifique que estes não tenham cons-ciência que, assim mesmo, estão tam-bém fazendo política”, diz o cientista político. No entanto, ele avalia que há uma parcela da população dentro des-

os alunos experimentem o voto, con-versamos com eles sobre democracia, sobre o que foi a ditadura militar. De-sejamos fomentar um eleitorado mais consciente para o futuro. Nesses con-tatos buscamos também entender a ideia deles sobre política”, explicou Eduardo Japiassu, secretário da Escola Judiciária Eleitoral de Pernambuco.

Uma das percepções dos servi-dores que trabalham na Escola Judi-ciária Eleitoral é que os jovens estão assustados com o atual momento econômico do País. Os profissionais identificam também um maior en-gajamento político dos alunos do in-terior em relação aos estudantes da capital e região metropolitana.

O projeto Eleitor do Futuro, que nasceu em 2006, está em processo de expansão. Recentemente foram fecha-das parcerias com a Unicef, IFPE e com a Secretaria de Educação de Pernambu-co, que deverão impulsionar o número de visitas às escolas das redes munici-pais e estaduais de ensino, bem como com os alunos do instituto técnico.

Em 2015, houve o lançamento do Sistema de Solicitação de Palestras e da Revista Coquetel, o qual contou com a participação do senador Cristovam Buarque. Outra novidade foi a cria-ção do Fórum Permanente de Estudos Políticos, dentro do Projeto Eleitor do Futuro no município de Ibirajuba pelo multiplicador e chefe de Cartório da 138ª ZE Álvaro Pastor. Atualmente cer-ca de 500 jovens integram o fórum no Agreste pernambucano.

INCENTIVO. ANTONIO SILVA: TRE LANÇOU PROJETO PARA MOSTRAR A IMPORTÂNCIA DO VOTO

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28 Algomais • Dezembro/2015

A origem do fanatismoTragédia dos refugiados decorre de interesses políticos e territoriais e da interpretação autoritária da religião

mundo

O islamismo não pode ser res-ponsabilizado pela barbá-rie do Estado Islâmico nem pelo atentado fanático ao

Bataclan em Paris, mesmo quando os terroristas sigam preceitos de líderes religiosos de algumas das suas seitas. O cristianismo não pode ser identificado com a histeria da Inquisição que, du-rante séculos e com a orientação oficial da Igreja (católica mas também protes-tante), torturou e matou milhares de infiéis in nomini Dei. Da mesma forma, não se pode culpar o marxismo pelos massacres de Stalin e seus seguidores em nome de uma doutrina política.

Na sua origem, as religiões se es-truturam em um conjunto de normas e princípios morais ou filosóficos que orientam o comportamento e a convi-vência social com base na compaixão, na solidariedade e no respeito à vida. Da mesma forma, o marxismo nasceu como uma crítica dura às mazelas de uma sociedade desigual e injusta e com uma proposta de uma sociedade iguali-tária. Os princípios éticos das religiões e doutrinas tiveram grande importância na história da incorporação na socieda-de dos valores humanistas. Com o tem-po, contudo, essas doutrinas religiosas e políticas geraram e justificaram o fana-tismo, a intolerância e a violência, como decorrência direta de uma característica comum: cada uma com a sua verdade

Sérgio C. Buarque*

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29Algomais • Dezembro/2015

única e absoluta, com um salvacionis-mo arrogante e autoritário que conde-na os que não seguem suas diretrizes e propostas. Assumindo-se como porta-dores de uma verdade – decorrente do seu Deus ou do determinismo histórico – islamismo, cristianismo e marxismo carregam um gérmen de totalitarismo.

O combate à heresia, entendida como todo pensamento ou comporta-mento diferente da doutrina dominan-te, tem sido a marca dessas três verten-tes religiosas (o marxismo virou uma religião) que divide a humanidade entre nós e eles, bons e maus. Na perseguição à heresia, essas religiões criaram, em diferentes lugares e momentos da his-tória, um clima de medo e terror muitas vezes traduzido em efetiva perseguição aos hereges. Além de se agredirem mu-tuamente como porta-vozes da heresia e atacarem as seitas internas, cada uma tentando afirmar sua leitura verdadei-

ra e definitiva das “escrituras” contra todos os “desvios”, manifestam o fa-natismo contra todos os que pensam e agem diferentes. A inquisição, as Cru-zadas, a Jihad e os Processos de Moscou são símbolos desse terror salvacionista das doutrinas, como agora os atentados em Paris, Beirute e Egito. O Estado Islâ-mico é dominado por uma seita muçul-mana que odeia e ataca as outras seitas que devem ser destruídas pela sua ver-dade, da mesma forma que o stalinis-mo tentou destruir o trotskismo, per-seguindo o movimento e assassinando todos os grandes líderes da Revolução de Outubro, incluindo Leon Trotsky.

Mas as disputas religiosas ou doutri-nárias escondem, quase sempre, inte-resses e conflitos políticos e territoriais que vão muito além de diferenças na visão de mundo e na interpretação dos livros sagrados. O Estado Islâmico é um movimento fanático de inspiração reli-

giosa que utiliza o fanatismo para atrair e mobilizar milhares de jovens nessa guerra insana e nos atentados desuma-nos para ocupar territórios da Síria e do Iraque. O ódio aos hereges de todos os matizes tem uma forte carga emocional e mística que alimenta e justifica perante Alá a insana violência dos terroristas. As religiões, é certo, não são, necessaria-mente, violentas mas têm o gérmen do fanatismo que pode e tem levado, his-toricamente, à intolerância e à violência como as guerras de Maomé contra os idólatras, as Cruzadas e a Inquisição, os massacres entre seitas cristãs, como a Noite de São Bartolomeu, e os processos de Moscou, explorando o ódio contra ad-versários e os subterfúgios doutrinários legitimadores da violência fanática.

* Sérgio C. Buarque é economista e mestre em sociologia. O conteúdo deste artigo é extraído da Revista Será (www.revistasera.info)

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30 Algomais • Dezembro/2015

Pernambucanos em prol dos síriosPessoas se unem para auxiliar refugiados. Após abrigar um casal, pretendem trazer mais indvíduos em perigo

solidariedade

Nesta época quando se ressalta o espírito natalino, chama a atenção os esforços que um grupo de pernambucanos

tem feito para ajudar os refugiados sírios que sofrem com guerras e as ameaças do Estado Islâmico. Nada mais compatível com a filosofia do Natal. Afinal, o Me-nino Jesus e seus pais também podem ser classificados como refugiados, por terem partido para o Egito, fugindo das ameaças do rei Herodes.

A iniciativa para auxiliar os sírios foi da bancária Bruna Guedes, que acolheu em sua casa, em Igarassu, o casal Mouammar e Mermin e filho Ameer, de menos de um ano. “Como sou espirita, sempre busquei ajudar as pessoas”, conta Bruna. “Estava acom-panhando no noticiário a triste situa-ção dos refugiados, com aquelas ima-gens chocantes e quando vi o menino Aylan morto fiquei angustiada, porque lembrei do meu filho”, recorda-se.

A partir do impacto dessas ce-nas, ela decidiu que ajudaria de al-guma forma essas pessoas. “Havia um quarto sobrando na minha casa e pensei que poderia acolher alguns sí-rios que fugiam da guerra”, justificou. A partir do contato com uma refugia-da em São Paulo, ela soube da situa-ção de Mouammar e sua família. Em outubro eles ficaram na residência de Bruna e hoje já estão instalados num apartamento no Recife. De lá para cá,

formou-se uma rede de solidariedade em torno deles. A ponto de hoje essas pessoas planejarem a criação de uma ONG chamada Mãos Unidas.

Ao saber da iniciativa de Bruna, sua amiga Dani Lins, proprietária da Casa Mecane, uma escola de artes, ofereceu a Mouammar a oportunidade de dar aulas de violão no local. “Ele é professor de música”, explica Bruna. As imagens dos refugiados na mídia também sensibilizaram Dani a ponto de querer fazer algo em prol dos sírios. “Acredito que é uma questão de hu-manidade”, fundamenta Dani. “Como eu não podia recebê-lo em minha casa essa foi a forma de ajudar”. Dois alunos já se matricularam para receber as aulas de violão que são realizadas uma vez por

semana a um custo de R$ 130 por mês. Essa rede de solidariedade conta ain-

da com a participação do revisor de tex-to Victor Souza, que está dando aula de português para o casal. “Você não pre-cisa estar no front de guerra para ajudar. O importante é entender o nosso papel, porque se nos esquivarmos da realidade, contribuímos para que se perpetue esse tipo de violência”, defende Victor.

Nesse acolhimento dos sírios tem ocorrido uma interessante troca de conhecimentos culturais e muitos preconceitos têm sido derrubados. Bruna, por exemplo, está encantada com a relação de respeito e carinho do casal, em que Mouammar muitas ve-zes toma conta do filho. Uma imagem distante do estereótipo do árabe ma-

AÇÕES. BRUNA ACOLHEU UMA FAMÍLIA EM SUA CASA E BRENO FARÁ JANTAR PARA ARRECADAR FUNDOS

CLÁUDIA SANTOS

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31Algomais • Dezembro/2015

chista. “É uma união bem-sucedida e sincera", constata Bruna. "Por outro lado, eles acham que as mulheres aqui sofrem e trabalham muito”, coloca Bruna, que é uma figura feminina mui-to diferente de muitas muçulmanas, já que tem cabelos curtos e é mãe solteira. “Na cultura deles uma mãe não pode registrar o filho sem o nome do pai”, compara a bancária.

Já Victor é gay assumido. “Apesar

de serem muçulmanos, isso nunca os incomodou. Acho que há mais pre-conceito por parte de muitos brasilei-ros”, considera o professor. Opinião compartilhada por Bruna que vem recebendo mensagens agressivas nas redes sociais por estar ajudando os re-fugiados. “Outro dia uma pessoa me abordou dizendo que eu estava colo-cando minha vida em risco por abrigar terroristas”, conta Bruna, indignada.

O grupo volta-se, agora, para am-pliar a ajuda a outros sírios que precisam de asilo. Algumas pessoas se dispuse-ram a oferecer a casa para acolhê-los. Porém não há recursos para comprar as passagens de avião para trazê-los. In-teressados em ajudar podem transferir milhas aéreas. “São necessárias 80 mil milhas” informa Bruna.

Para os que apreciam a comida ára-be, existe uma outra forma, digamos, saborosa de auxílio. Breno Melo, que fez cursos de gastronomia na Argentina, no Peru e em São Paulo, uniu-se à rede de solidariedade e promoveum jantar típico na Casa 12, um espaço que ele está montando no bairro de Casa For-te. “Haverá show de dança do ventre e

música”, planeja Breno. A intenção dele é fazer um evento

beneficente que divulgasse o nome da casa. “Precisamos ter paixão pelo que fazemos e ajudar é algo muito motivador”, constata o chef, que já tem novos planos para a Casa 12. “Em fevereiro devemos fazer um curso de extensão de técnicas básicas de cozi-nha junto com a Unicap para refugia-dos senegaleses. A ideia é ajudá-los a conseguir o primeiro emprego”. Em meio a tantos conflitos e preconcei-tos mundo à fora, é bom saber que existem pessoas que pensam de for-ma solidária e não apenas no período do Natal.

COMO AJUDAR

1. Você pode doar milhas para passagens aé-reas no cartão Smiles, da Gol, nº 442897372 em nome de Bruna Guedes. Tel.97312-3677

2. Receber aulas de violão do sírio Mouammar na Casa Mecane: Av. Suassuna, 340, Boa Vista. Tel.:  3038-0543

ARTE. DANI OFERECEU EMPREGO A REFUGIADO

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32 Algomais • Dezembro/2015

Uma recente decisão do Su-premo Tribunal Federal (STF) ganhou destaque nas redes sociais e jogou luz

sobre uma antiga discussão: tatua-gem pode ser um eliminador na hora de assumir um emprego público? Por maioria, em outubro, a Corte deci-diu que o tema merece ser analisado, e, por enquanto, aguarda votação. O debate envolve, no entanto, não apenas o mundo dos concursos, mas abrange o mercado de trabalho como um todo. Afinal, o desenho corpo-ral pode desclassificar um candidato para uma vaga de emprego?

Segundo a sócia da ÁgilisRH e da TGI Consultoria, Eline Nascimento, não do ponto de vista legal. A tatua-gem não deve ser o foco. “Os indica-tivos devem ser o desempenho, as ha-bilidades, a atitude frente ao ambiente de trabalho e o cuidado que o candi-dato tem com a sua apresentação.” O adorno, entretanto, ainda sofre re-sistência em locais mais tradicionais, como escritórios de advocacia e enti-dades médicas. É preciso, então, que o profissional tome alguns cuidados. Fazer tatuagens em locais discretos,

Enquanto o STF não decide a questão, especialistas orientam profissionais

recursos humanos

além de utilizar roupas e adereços para cobri-las são alguns deles.

Apesar de a escola particular onde trabalha permitir o uso das pinturas, a professora de biologia, Taynara Araújo, 24 anos, prefere esconde--las com anéis, pulseiras e camisas de manga. “Eu evito mostrar, porque sei que há pais que ainda não aceitam muito bem. Tem gente que não en-tende que a tatuagem não influencia em nada. Muitas pessoas nem ima-ginam que tenho tantas e quando me encontram em outros lugares, até se surpreendem”, revela.

Taynara sabe também que o adorno pode dificultar na hora da contratação. “Minha tia trabalha em um colégio mais tradicional. Recentemente fui enviar um currículo para essa instituição e ela me disse que se eu fosse chamada, te-ria que ir cobrindo todas as tatuagens, porque lá eles não aceitam de jei-to nenhum”, conta. Aliás, algumas dicas podem ser seguidas para uma entrevista de emprego. “A nossa reco-mendação é

Camila Moura

Com ou sem tatuagem no trabalho?

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33Algomais • Dezembro/2015

que não deixe a tatuagem exposta, que tire o piercing, além de perguntar ao entrevistador se há algum problema da empresa com relação a essa ques-tão”, aconselha Eline.

Como se pode notar, mesmo que o preconceito com a pintu-ra tenha diminuído em relação a décadas passadas, a rejeição ain-da existe. Isso se deve ao estilo de vida de um povo. Presente na história da humanidade, a tatua-gem recebeu valores diferentes ao longo do tempo. No Antigo Egito, por exemplo, os cidadãos já ostentavam os adornos na pele. Aceito por algumas sociedades, a pintura foi, associada a pessoas marginalizadas, por outras. “Há países em que tatuagens estão relacionadas a um padrão de be-leza. Então, cada cultura vai ter uma forma diferente de ver a es-tética”, avalia Eline.

O mesmo ocorre quando se leva em consideração o ambien-te de trabalho. De acordo com a consultora, é preciso avaliar os valores da empresa no momento em que se escolhe se candida-tar. “Apresentação pessoal pode ter uma interferência para aque-le segmento de trabalho. Essa é uma questão que passa pela his-tória, pela cultura e pelo produto que uma empresa vende. Afinal, a imagem do profissional, também é a imagem do serviço que ela ofere-ce.” Então, se para alguns exibir as tatuagens não é aconselhável, para outros pode ser um diferencial.

É o que nota a jornalista Rebe-ca Tavares, 29 anos. Dona de uma agência, ela acredita que o dese-nho gravado no corpo em deter-minadas situações pode colabo-

rar. “Eu trabalho com a cena cultural e a tatuagem não é um problema, na verdade, ela até ajuda, porque você fica com um ar mais des-

colado”, acredita. As duas tatuagens que

possui ficam em locais mais

discretos. Uma na costela e outra no

cóccix. Na época, a escolha da loca-lização levou em consideração o fu-turo profissional ainda incerto. “Acho que o preconceito contra a tatuagem é algo que ficou no passado. A última que fiz tem 7 anos. Acho que se tivesse sido há uns 2 anos, teria sido em um local mais visível.” Tanto que Rebeca já marcou as próximas sessões para uma nova tatuagem, agora, no braço.

Independente do ambiente de tra-balho, algo é certo: um candidato não pode ser excluído de um processo sele-tivo ou demitido por ter uma tatuagem. “Uma empresa que, por exemplo, res-trinja tatuados ou um funcionário que se tatuou posteriormente, nessa situa-ção, sim, cabe uma ação posterior por danos morais, tendo em vista que pode ser considerado preconceito”, esclare-ce o advogado Cristiano Lopes.

O advogado, que também é pro-fessor do cursinho espaço Heber Viei-ra, é contrário à restrição de tatuagens existente nos editais de certos concur-sos, como por exemplo, para polícia. “O candidato faz o concurso, passa por todas as etapas de formação e de-pois faz uma tatuagem. Então, existe certa hipocrisia.” Para ele, a proibição vai de encontro aos direitos constitu-cionais. “Isso fere, inclusive, o con-ceito da dignidade da pessoa humana. A própria Constituição estabelece que não possa haver distinção em razão do sexo, da idade, da cor, da raça, das preferências sexuais ou qualquer outra forma de discriminação.”

Enquanto o STF não toma sua de-cisão, um conselho é bem-vindo: “Se você não se sente seguro, não faça, embora, isso não deve ser requisito para se ingressar na carreira públi-ca”, coloca Cristiano. Ele inclusive tem várias tatuagens espalhadas pelo corpo e acredita que elas não inter-ferem em sua vida profissional. “Nas ações não é que eu esconda, mas como eu estou de mangas compridas elas realmente não aparecem. Já em aulas, quando eu vou com camisas de manga curta, eu não sinto nenhum tipo de constrangimento. Embora, perceba que ainda há preconceito.”

Eline, por sua vez, observa que esse cenário vem mudando e cada vez mais a tatuagem é aceita. “As pessoas têm se posicionado mais e discutido mais essas questões abertamente hoje.”

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34 Algomais • Dezembro/2015

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35Algomais • Dezembro/2015

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36 Algomais • Dezembro/2015

PENSANDO BEM SYLVIA LEMOS HINRICHSEN *

[email protected]

Em 1903, no Rio de Janeiro, várias doenças contagiosas atingiam seus habitantes, o que motivou o sanitarista Oswaldo Gonçalves Cruz a

ser convidado pelo então presiden-te Rodrigues Alves, a assumir o cargo que hoje corresponderia ao de Ministro da Saúde. Sua missão era desenvolver um plano de combate à febre amare-la, doença viral transmitida ao homem por mosquitos, como o Aedes aegypti, que chegara ao País no século 17 em navios que vinham da África, e, casos de doenças humana datam de 1675, no Recife e de 1692, em Salvador (BA).

Já se vive há algum tempo com a dengue, uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que passou, nos últimos anos, a ser considerada um problema de saúde cotidiano em várias localidades do País. Sua preven-ção tem sido feita de forma sistemática em campanhas, mas os resultados não têm se mostrado eficazes, pois também exige mudanças de hábitos de toda a população no País, para evitar que o mosquito sobreviva, e assim a sua transmissibilidade seja erradicada.

Após a introdução desses vírus, no Brasil, com Aedes aegypti, e com casos de dengue surgindo de forma endêmica, observaram-se pessoas relatando sinais e sintomas seme-lhantes à dengue, mas, que tinham características diferentes, o que cau-sou estranheza nos diagnósticos clí-nicos, mas, sem confirmações labo-ratoriais que pudessem dar respostas ao que poderia estar acontecendo e ou acontecer a partir de então. Tra-tava-se do zika vírus, primeiramen-te identificado em 1947 em macacos rhesus na floresta de Zika, perto de Entebbe, Uganda. Ao longo dos anos há relatos da ocorrência esporádica de casos de zika na África e Sudeste da Ásia. Entretanto, talvez devido à combinação de viagens aéreas e lo-cais com alta densidade do mosquito

Aedes aegypti garantiu a transmis-são rápida do vírus nos últimos anos quando observadas epidemias da doença zika na ilha Yap na Microne-sia (2007), Polinésia Francesa (2013), New Caledonia (2014), Cook Islands (2014), Vanatu (2015), Esater Island, Chile (2014), Colômbia (2015), Suri-name (2015) e no Brasil(2015).

Combater a zika, mas sem pânico

monitorar geograficamente a expan-são da doença, identificando casos suspeitos e ou complicações autoimu-nes e neurológicas. Pede-se ainda que casos confirmados de zika, síndromes neurológicas e microcefalia sejam no-tificados à OMS e à OPAS (Organiza-ção Panamericana de Saúde). O docu-mento da OMS define como suspeitos os casos em que os pacientes apresen-tem sintomas como febre baixa, dor

muscular ou nas articula-ções, conjuntivite, dor de cabeça ou mal-estar.

Portanto, estamos diante de um fato novo, uma doença nova, com várias perguntas sem respostas e com poten-cialidades de dissemina-ção entre pessoas que se movimentam através de

viagens para áreas onde existem mos-quitos, sem esquecer outras formas de transmissão que já foram relatadas. Sempre que algo novo surge na vida das pessoas vem repleto de incertezas as quais, na maioria das vezes, podem gerar medos e até pânico. Mas, a melhor forma de combater o que não se conhece e pode afetar a saúde, pri-meiro, é ter calma, além de paciência para esperar que a ciência responda às inquietações da novidade. No caso da zika, será importante, de imedia-to, combater ostensivamente o Aedes aegypti, o causador de doenças, que além da zika também incluem den-gue e chikungunya. Será fundamental proteger-se do mosquito, com repe-lentes, identificar os casos suspeitos de doença, diagnosticando-os clínica e laboratorialmente, mantendo-se sempre vigilante e lembrando que "O medo pode roubar sonhos".

*Sylvia Lemos Hinrichsen é infectologista, articulista da Algomais Saúde membro do Comitê Saúde Viajante da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora da UFPE

Deve-se proteger contra o mosquito e ter paciência para esperar que a ciência responda às inquietações da novidade mosquito

Também observou-se relações desse vírus com alterações neuroló-gicas (malformações) e a Síndrome de Guillain- Barré (surto na Poliné-sia Francesa) e de microcefalia em recém-nascidos, estes identificados especialmente no Nordeste do Brasil, particularmente em Pernambuco. Há também estudos realizados na Paraí-ba que detectou zika vírus no líquido amniótico de dois fetos diagnosti-cados com a malformação e ainda o relatório das autoridades de saúde da Polinésia Francesa que detectou mi-crocefalia em fetos e recém-nascidos em 2014 e 2015, depois que a região passou por uma epidemia de zika.

Ainda não existe tratamento an-tiviral ou vacina específicos contra a zika, apenas ataque a sintomas como febre ou coceira devido às erupções na pele. Ao paciente com zika, a reco-mendação é que evite ser picado pelo mosquito na primeira semana da in-fecção, usando cortinados, telas nas janelas, repelente ou roupas longas.

Nos países onde o vírus está cir-culando, as entidades recomendam

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37Algomais • Dezembro/2015

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38 Algomais • Dezembro/2015

Aqui, Pernambuco e Paraíba se unem por uma ruaItambé reúne episódios de revoltas do passado a uma rica diversidade cultural no seu presente

algomais visita

Wanessa Campos, especial para Algomais - Fotos: Humberto Araújo

Do lado esquerdo é Pernam-buco, do lado direito é Pa-raíba. Olhe, no meio da rua, as pedras foram colo-

cadas invertidas como divisória entre os dois Estados. No fim da Rua De-sembargador Vieira de Melo com a Januário Filizola, vê-se a Igreja Nossa Senhora da Conceição, pertencente ao Estado vizinho.” Quem chama atenção para o importante detalhe é Humberto Araújo, itambeense que vai nos mostrar sua cidade, localizada na Mata Norte, a 96 km do Recife.

Na mesma artéria, ou melhor, nas artérias, de mais de 1 km – uma vez que elas se abraçam como se uma só rua fossem – convivem pacificamen-

te as duas câmaras de vereadores e uma prefeitura, além do comércio diversificado das cidades. Os impos-tos e tributos nunca foram motivo de contendas. O adágio “a união faz a força” existe aqui.

Itambé, na língua tupi, significa pedra de fogo. O nome sugestivo re-vela uma das regiões mais ricas em história de Pernambuco, sendo palco de episódios marcantes com movi-mentos revolucionários, pioneiris-mos, folclore e personagens ilustres. “Fica até difícil começar a falar da minha cidade diante de tantos fa-tos” - diz Humberto - “mas vamos optar pela Maçonaria”. Na cidade foi erguida a primeira loja maçônica do

Brasil, em 1797, por Manuel de Arru-da Câmara, um ex-frade que estudou na França e pregava os ideais da Re-volução Francesa: liberdade, igualda-de e fraternidade.

O Aerópago (tribunal de julga-mento), construído por ele, está na Rua Doutor Vieira de Melo. Uma placa de bronze confirma o acontecimento. A Maçonaria no Brasil visava à inde-pendência do País na época do Impé-rio. Em reconhecimento à sua luta, um grupo escolar recebeu o nome de Ar-ruda Câmara, bem no centro da cidade.

Agora, vamos falar da Revolução de 1817, quando Itambé teve im-portante participação. Era um mo-vimento social forte, que buscava a

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independência do Brasil. A insatis-fação popular era grande, devido à cobrança de impostos e tributos al-tos, criados por Dom João VI (período colonial). Isso gerou uma crise eco-nômica na região, agravada diante do declínio da exportação do açúcar, a grande potência da Mata Norte. E vie-ram a fome, a seca e a pobreza. Era o governo de Caetano Pinto de Miranda Montenegro. Ele mandou prender os revoltosos, mas houve resistência e foi instalado um governo provisório pelos revoltosos, com duração de 75 dias.

Itambé tem mais uma história, adianta nosso cicerone de um dia na sua cidade. Agora é a vez de falar sobre o Quebra-quilos, também um movimento de revolta ocorrido em 1874, e que durou um ano. Um novo sistema de pesos e medidas nas feiras livres gerou conflito. Uma nova lei concedeu o prazo de dez anos para o sistema decimal substituir as medidas antigas, como cuias, palmos, arrobas, onças, jardas, libras e outras. Quem não obedecesse seria punido com multa alta ou até prisão. A troca não foi pacífica. O governo não teve o cui-dado de divulgar ou explicar melhor a novidade, e poucos entenderam. A maioria achou que estava sendo en-ganada, e o comerciante ainda tinha que alugar as balanças, além arcar com os novos impostos.

A indignação foi tão grande, que os feirantes revidaram a ação da po-lícia (que foi chamada para conter os ânimos) gritando, jogando rapaduras nos policiais como se fossem tijolos. Houve prisões, inclusive de padres. O movimento teve início na Paraíba, mas Itambé, devido à proximidade, repetiu tudo e ficou na história. Obe-liscos estão em toda parte marcando seu passado de rebeliões. Mas existem marcos religiosos, também, como Dom Vital, Júlio Maria, o Cristo Re-dentor, e a Imaculada Conceição, que são pontos atrativos.

Deixando a bela

pois pelos portugueses. Itambé rece-beu esse nome, devido à quantidade de pedras vermelhas que, quando atritadas, expeliam faíscas. Surgiu depois que André Vital de Negrei-ros, um dos heróis da expulsão dos holandeses, construiu uma capela dedicada à Nossa Senhora do Des-terro. Em torno dela, casinhas foram construídas e, assim, veio o povoado, depois vila e, finalmente, município desmembrado de Goiana, em 1892.Nessa cidade nasceram famosos ilus-tres, como Dom Vital de Oliveira, que foi ordenado capuchinho com o nome de frei Vital Maria, e virou santo. Ele se envolveu numa luta contra a Ma-çonaria, que na época era fortemen-te combatida pela Igreja Católica. O escritor e professor Manoel de Souza Barros, outra figura importante.

Hoje, Itambé conta com 36 mil habitantes, tem sua economia cen-trada na cana-de-açúcar, e foi o

maior produtor de abacaxi e fumo do Estado,

história do passado, vamos agora mergulhar na parte atual e alegre: os maracatus, caboclos de lança, cavalos-marinho, as características maiores de Itambé, que se localiza em área canavieira. Esses folguedos animam a cidade durante os três dias de folia. Um deles, o Maracatu Leão da Fronteira, conta com 80 figurantes que desfilam garbosamente durante o Carnaval.

PEDRAS DE FOGO. Sabe-se que a ocu-pação da cidade aconteceu ainda no século 16, pelos índios cariris, e de-

FOLIA. MARACATU LEÃO DA FRONTEIRA EXIBE TODA A SUA BELEZA DURANTE O CARNAVAL

MÁRMOREDETALHE DA CASA PAROQUIAL

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além de grande exportador de pedras que eram trans-

formadas em lâminas ou ar-mas.

Em pleno canavial está instalada uma das maiores

confecções de roupas do Nor-deste, a Marie Merciê. São mais de 30 mil peças produzidas por

mês e importadas para a Europa, feita pelas mulheres da redonde-

za. A grife, chiquérrima, fica no Engenho Pangauá, em plena PE -75.

A história de Itambé é tão entrelaçada com a “gê-

mea” paraibana Pedras de Fogo, que foram envolvi-das numa polêmica sobre o nome. Tudo começou

quando Mário Melo, jorna-lista famoso por suas con-

testações, achou que o nome Itambé deveria ser mudado para També, sob a justifica-tiva de que existia outra ci-dade com esse nome. Por um tempo foi alterado, mas os moradores das duas cidades não aceitaram pacificamente e, em represália, começa-ram a chamar Mário Melo de Ário Elo, e També voltou a ser Itambé a partir de 1975. A paraibana ficou para sem-pre Pedras de Fogo.

A cidade se presta mui-

to bem para quem aprecia o turis-mo histórico, recomendada para um passeio dominical. Os obeliscos, mo-numentos e placas estão espalhados pelas ruas repassando a sua história. Come-se bem nos restaurantes Ca-sablanca, Nova Esperança ou Palho-ça do Ivo. Para o pernoite, a Pousada Cruzeiro é indicada.

O acesso para Itambé, saindo do Recife, é feito pela BR- 101 Norte até Goiana, e depois pela PE-75. Uma viagem/passeio agradável, devido aos canaviais que contornam as estradas.

Encerrando nosso passeio, nos-so cicerone lembra os tempos de sua meninice, brincando nas ruas des-preocupadamente, jogando bola, ou acompanhando dona Saduba, uma filha de escravos que vendia bolinhos vestindo uma roupa branca impecá-vel. Tinha um fino trato para com as pessoas. Uma personagem que mar-cou a cidade nos anos 70.

DATA HISTÓRICA. Humberto Araújo é pernambucano desde 1960, nas-cido em Itambé no dia 15 de no-vembro, na Rua 15 de novembro. Estudou no Grupo Escolar Arruda Câmara, onde começou a dar seus primeiros rabiscos desenhados, para depois, já na capital, cursar arquitetura e jornalismo.

Nas redações dos jornais encon-trou ambiente ideal para continuar desenhando seu caminho, fazendo

charges, caricaturas e ilustrações, no Diário de Pernambuco, onde co-meçou em 1976, depois no Jornal do Commercio e, recentemente, na Re-vista Algomais. Publicou livros como Na Boca do Gol (1983); A Nova Repu-blicada (1986); Brasil na Real (1999); Cartuns Postais (2009) e , neste ano, De Lá Pra Cá – A História com Humor, edição comemorativa dos seus 40 anos desenhando humor, pela Edi-ções Bagaço. Humberto também tra-balha com fotografia e arte gráfica. É vencedor, em cinco edições, do Prê-mio Cristina Tavares do Jornalismo Pernambucano.

ARQUITETURA. PREFEITURA (ACIMA) E OBELISCO DO CRISTO (ABAIXO, À ESQUERDA)AERÓPAGO. MARCO DA1ª LOJA MAÇÔNICA

CICERONE. HUMBERTO, CHARGISTA PREMIADO

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U m e s p e t á c u l o d e n at a l p a ra t o d a a fa m í l i a .

19,20,24,25,26 e 27 de Dezembro.No Parque Santana Ariano Suassuna.

PatrocínioRealização

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Ir aonde o povo estáConservatório Pernambucano de Música comemora seus 85 anos com projetos que o aproximam da população

música

O Conservatório Pernam-bucano de Música (CPM) chega aos seus 85 anos com mais de 2 mil alunos e

desenvolvendo uma série de projetos educativos e culturais. Uma evolu-ção e tanto para a instituição que foi fundada em 1930 com 30 estudantes. E o interesse só aumenta entre os amantes da música, seja erudita ou popular, que almejam frequentar as aulas: a cada semestre o número de candidatos é quatro vezes maior que a oferta de vagas. Para comemorar es-sas mais de 8 décadas de existência, a instituição lançará dois livros e vem realizando uma série de consertos e apresentações especiais.

A fundação do Conservatório Per-nambucano foi iniciativa do maestro Ernane Braga que, ao lado de outros grandes nomes da música na época, não se conformava com o fato de uma cidade com uma vida cultural tão ati-va, como o Recife, não possuísse um estabelecimento de educação musi-cal. Toda essa tradição fez a institui-ção ficar conhecida pela formação em música clássica, mas, há 7 anos, o CPM abraçou a música popular. “So-mos os guardiões da música erudita, mas abrimos espaço para toda boa música, com conteúdo, harmonia e performance”, afirma a gerente geral Roseane Hazin. São oferecidos atual-mente mais de 20 cursos que vão do violino e piano até a bateria e demais instrumentos de percussão.

O trabalho de formação musical do CPM também ultrapassa os mu-ros do seu prédio na Avenida João de Barros, por meio do projeto so-cial Orquestrando Pernambuco. “Os

que mais se destacarem são trazidos para a instituição para complemen-tar os seus estudos”, explica Hazin. Esse trabalho de extensão do CPM funciona nos bairros do Alto do Pas-coal, Poço da Panela e Santo Amaro.

Outra iniciativa com a propos-ta de interiorizar as ações da ins-tituição é o Bandas de PE, projeto através do qual professores do CPM visitam bandas filarmônicas do

ABERTURANA INSTITUIÇÃO MAIS DE 2 MIL ALUNOS APRENDEM MÚSICA CLÁSSICA E HÁ 7 ANOS, O CPM ABRAÇOU A MÚSICA POPULAR

professores do conservatório levam cursos para comunidades carentes, com aulas de teoria, canto, coral e instrumentos de cordas, como vio-lino, violoncelo e viola. Os alunos

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gastado com os mais de 40 anos de uso. Através do patrocínio de um advogado amante da música, o instrumento mu-sical foi para São Paulo, onde passou por uma restauração, que durou sete me-ses, recebendo novas peças importa-das da Alemanha. “Esse é um objeto de desejo de todos os pianistas. É a Ferrari dos pianos”, mensura a gerente geral. A reinauguração aconteceu num reci-tal com os pianistas Eduardo Monteiro,

vice-diretor da Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo (USP), e Elyanna Caldas, ex-diretora do CPM e ex-professora da UFPE.

Ainda em agosto, as comemorações chegaram ao Teatro Santa Isabel, que recebeu apresentações de dois grupos musicais representativos do trabalho desenvolvido pelo CPM: o SaGrama – com convidados renomados na cena cultural pernambucana, como Spok, Maciel Melo, Silvério Pessoa e Beto Ortiz - e a Orquestra Retratos – que contou com a participação de An-tônio Nóbrega. Encerrando o mês, o palco foi o Marco Zero, com a propos-ta de atingir um público maior e mais popular.

Até o final do ano a agenda dos músicos e docentes do CPM está lo-tada. A proposta de unir o erudito ao popular ganhou corpo no mês de no-vembro, na Semana de Música pro-movida anualmente pelo CPM, entre os dias 16 e 20 de novembro. No dia 19, o Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, foi o palco da Orquestra de

Agreste, Sertão e Zona da Mata do Estado. Além de capacitação e de uma exibição conjunta – dos pro-fessores com os músicos desses gru-pos – esse projeto auxilia na edito-ração musical das partituras dessas bandas.

FESTEJANDO. Em agosto passado, quando o CPM completou a marca dos 85 anos, um dos presentes que a insti-tuição entregou para seus alunos e para os pernambucanos foi a reinauguração do seu piano Steinway, adquirido na década de 70, mas que havia se des-

CONHEÇA A PROGRAMAÇÃO DO CPM

DEZEMBRO

Dia 16 (19h30) LANÇAMENTO DE LI-VROS sobre a história do CPM e do livro de partituras da Orquestra Armorial de Câmara de PernambucoLocal: Conservatório Pernambucano de Música

Dia 20 (18h) - CANTATA NATALINALocal: Sacadas do Palácio, Escadarias do Teatro de Santa Isabel e Escadarias do TJPE.

Mais Informações no site:www.conservatorio.pe.gov.br

Rock, que é a união de uma orques-tra clássica da instituição com a ban-da de rock paulista The Beat Beatles, trazendo um repertório do melhor do rock internacional.

Em dezembro, entraram na agen-da uma cantata natalina (no último dia 6) e o lançamento de dois livros contando a história da instituição. Editados pela Cepe, as publicações Conservatório Pernambucano de Músi-ca, 85 anos: Uma apreciação e Orques-tra Armorial de Câmara de Pernambu-co: 45 anos, são de autoria do maestro Sérgio Barza, supervisor do Núcleo de Pesquisa da instituição.

Além dos eventos especiais, duas apresentações acontecem semanal-mente no auditório do CPM, as Quar-tas Musicais (que é um espaço para a música erudita) e a Cesta de Música (voltada para música popular). Outro projeto permanente que nasce nesse período de celebrações é o Música no Palácio. A iniciativa tem como pro-posta levar uma apresentação musical por mês ao hall do Palácio do Campo das Princesas, aproveitando o movi-mento turístico das visitações ao pré-dio e o fluxo de pessoas de bike ou a pé gerado pelo Recife Antigo de Cora-ção no bairro. “Todas essas iniciativas tem também por objetivo divulgar o trabalho do Conservatório Pernam-bucano, que é muito significativo, mas ainda é desconhecido por gran-de parte da população, apesar dos 85 anos de funcionamento”, afirma Ro-seane Hazin.

Nossos professores levam cursos a comunidades carentes. Os alunos que se destacam vêm para o conservatório”

ROSEANE HAZIN

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Casa de Paulo Freire será um memorialAlém de mostrar a trajetória do educador pernambucano, o projeto prevê a realização de vários cursos no espaço

educação

Um laboratório de observa-ção das desigualdades so-ciais, o qual daria origem, anos mais tarde, a um mé-

todo de ensino assumidamente polí-tico. Talvez possa ser definida assim a modesta casa onde Paulo Freire morou durante parte da sua infância e juven-tude em Jaboatão dos Guararapes e que deve se transformar em um memorial da vida e obra do educador brasileiro. “Jaboatão era um lugar muito espe-cial para Paulo, porque foi lá que ele começou a pensar nas diferenças das classes sociais no Brasil e foi nessa casa onde ele começou a entender a dinâ-mica da sociedade, a ambição dos po-derosos e o maltrato dos oprimidos”, conta a viúva do pernambucano, Ana Maria Araújo Freire.

O relato da esposa de Freire, conhe-cida como Nita Freire, revela a influência daquele espaço na formação do patrono da educação brasileira. Foi justamente no sobe e desce de ladeiras no Morro da Saúde (onde o imóvel fica localizado) que ele teve o contado com as camadas mais pobres. Menino de classe média, nascido no Recife, ele vai morar no mu-nicípio vizinho em 1931, quando tinha 10 anos, e por lá permanece por mais 10. “Quando a família de Paulo perdeu tudo, eles decidiram ir para uma cidade mais pobre, em busca de uma vida me-lhor”, conta Nita. Mas não foi bem isso que aconteceu. Aos 13 anos, ele perdeu o

próximo ano e deve ter as portas aber-tas à população em meados de 2016. Um passo que representa não apenas a preservação da memória de um dos principais pensadores da pedagogia, mas também da história da própria educação e do País. Afinal, além de ter revolucionado com seu método de alfabetização e ensino, Freire é o brasileiro com mais títulos de dou-tor honoris causa. São 41, ao todo.

pai e coube a sua mãe a responsabilidade de sustentar todos os 4 filhos. Passagem relevante da trajetória do filósofo e que foi retrata em seu livro Cartas a Cristina: reflexões sobre minha vida e minha práxis. Outros momentos de seu percurso em Jaboatão também aparecem na obra Pe-dagogia da Esperança.

Por anos esquecida pelo poder público, a propriedade, enfim, deve começar a ser restaurada no início do

REGISTRO. FREIRE RETRATOU EM LIVROS ALGUNS MOMENTOS VIVIDOS EM JABOATÃO

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A N O S

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Apesar de ser um ícone mundial, Nita acredita que a importância de Paulo Freire ainda é pouco reconhecida em seu Estado de origem. A perspectiva da construção do memorial chega, então, como uma boa notícia. “É uma oportunidade para que as pessoas que admiram Paulo possam ter acesso à obra dele”, afirma Nita.

Atualmente a edificação está ocu-pada, mas a Prefeitura de Jaboatão negocia a aquisição do espaço. “Inicia-mos o processo de tombamento muni-cipal da casa e, até que ele seja concluí-do, ela não pode ser alterada”, afirma o secretário executivo de Cultura do mu-nicípio, Isaac Luna. Um pedido para o tombamento estadual da edificação também foi protocolada na Fundação de Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

O projeto de recuperação do imó-vel foi elaborado por professores e alunos do curso de arquitetura da Fa-culdade Guararapes (FG). “Eles vão ter o cuidado de preservar os elemen-tos da época, trazer os aspectos his-tóricos e acompanhar a execução dos trabalhos de restauro”, explica a di-retora acadêmica da instituição, Va-nessa Piasson. Em maio, a FG assinou

um termo de cooperação com a gestão municipal para desenvolver as coor-denadas do memorial. A parceria, no entanto, não se restringe às interven-ções arquitetônicas na casa, mas tam-bém inclui a transformação do espaço em um lugar de pesquisa e produção de conhecimento. Assim, o imóvel deve abrigar um ambiente memorial (com os objetos de Paulo Freire), uma biblioteca, cursos de formação, além de ter a colaboração de mediadores para contar a história do educador.

A ideia é, então, que os estu-dantes da faculdade colaborem no desenvolvimento das atividades do museu. Assim, as graduações como a de pedagogia, turismo, gestão am-biental estarão envolvidas. Ainda está prevista a participação dos alunos da área de tecnologia, através da elabo-ração de aplicativos que auxiliem os visitantes. “Nós esperamos que esse seja um espaço de aprendizado para os nossos estudantes e um local de cidadania, onde eles possam ter uma atuação profissional que realmente contribua para o município”, coloca Piasson. Ainda segundo ela, a ideia é que no futuro as tarefas ultrapas-sem os muros da antiga casa de Paulo

Freire, promovendo a interação com a comunidade local. “Pensamos em projetos interdisciplinares em parce-ria com escolas do entorno.”

A proposta da prefeitura é que população tenha acesso a essas ati-vidades gratuitamente. Planos que seguem os ideais de Freire, um peda-gogo que propagou uma metodologia de ensino voltada aos mais pobres. Obras e partes do acervo também devem estar disponíveis à popula-ção. Para tanto, eles devem contar com a colaboração de Nita. É neces-sário, no entanto, que a prefeitura garanta a preservação e uso educati-vo das peças. “A casa deve funcionar como um museu moderno e esses objetos não devem servir apenas de enfeite, mas devem ser debatidos”, espera Nita.

A prefeitura ainda pretende bus-car outras parcerias para manutenção do espaço. A Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) é uma delas. De acordo com Isaac Luna, representan-tes da instituição já demonstraram interesse pelo projeto e aguardam o início do funcionamento do memo-rial para se posicionarem.

INÍCIO. FOI NA CASA SITUADA EM JABOATÃO DOS GUARARAPES QUE O PEDAGOGO COMEÇOU A REFLETIR SOBRE AS DESIGUALDADES SOCIAIS

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Como você circula pela cidade?Pesquisa Origem e Destino procura mapear as formas de deslocamento da população da RMR para o trabalho e escola

pesquisa

RecifeemPauta

A Prefeitura do Recife lan-çou recentemente a pes-quisa virtual de Origem e Destino, com o objetivo de

mapear como acontece o desloca-mento habitual dos recifenses, prin-cipalmente para o trabalho ou escola. Se o trânsito é um problema atual e que atinge toda a população, as in-formações sobre a mobilidade dos trabalhadores e estudantes da região

metropolitana são antigas, de 18 anos atrás. Quando pronto, esse estudo servirá como base para a elaboração do Plano Municipal de Mobilidade Urbana da capital pernambucana.

Para coletar os dados dos reci-fenses e moradores das cidades que compõem a sua região metropolita-na, o Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS) disponibilizou um for-mulário digital, que pode ser preen-

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chido em poucos minutos. A pesquisa é anônima, demandando de poucas informações pessoais e dos endereços de origem e destino, tipos de deslo-camento (carro, ônibus, a pé, metrô, entre outros) e os horários em que os trajetos são percorridos. Os inter-nautas podem fazer seu cadastro pelo computador, celular ou tablet através do endereço: pesquisademobilidade.recife.pe.gov.br. Como sair de casa para o trabalho ou escola representa 80% das viagens realizadas pelos mo-radores dos centros urbanos, esse tipo de deslocamento será o principal alvo dessa análise.

A expectativa dos coordenadores da pesquisa é que o banco de dados do site seja alimentado com até 200 mil respostas até o final de janeiro. Uma amostragem muito superior à das pesquisas tradicionais por domicílio, realizadas anteriormente. A última feita na Região Metropolitana do Re-cife, por exemplo, ouviu cerca de 10 mil pessoas.

Para impulsionar o número de res-postas está em tramitação na Câmara Municipal o projeto de Lei da Informa-ção da Mobilidade, que permitirá que a prefeitura possa requerer essas in-formações diretamente dos principais causadores de impacto na mobilidade, como instituições de ensino e empre-sas de forma geral. Com a aprovação da lei, esses agentes terão o papel de mo-bilizar seus públicos a responderem a pesquisa e fornecer essas informações para o IPS. “Antes mesmo desse pro-jeto ir para a Câmara dos Vereadores, nós iniciamos um trabalho de cons-cientização junto as redes municipais e estaduais de ensino e com o sindicato das escolas particulares, além de algu-mas universidades, para que eles co-meçassem a incorporar essa filosofia de cumprir a lei”, informa o secretário de planejamento territorial do ICPS, Sideney Schreiner. Para o segmento educativo, por exemplo, essas infor-mações poderão ser usadas pelo poder municipal na orientação do transporte escolar e sobre a implantação ou rea-locação de novas escolas.

Os dados desse estudo terão gran-de relevância para o planejamento urbano da RMR, já que desde a últi-ma pesquisa o território sofreu mui-tas mudanças com grande impacto no

deslocamento. A construção do Plano Municipal de Mobilidade busca aten-der às diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, regida pela Lei Federal 12.587, como: acessibilidade; desenvolvimento da sustentabilidade da cidade; segurança de pedestres e ciclistas; eficiência, eficácia e efeti-vidade da circulação urbana, entre outros.

Em 1997, ano do último levan-tamento, não existia, por exemplo, o Porto Digital, o Pólo de Suape, a Fábrica da Jeep Chrisler, Arena Per-nambuco, nem a maioria dos shop-pings em operação. Sobre as estrutu-ras públicas de transporte, não havia também a Linha Sul do Metrorec, os BRTs e mesmo os terminais integra-dos eram muito restritos. Após toda essa transformação não foi realiza-da uma análise científica com essa amplitude que colaboresse para dar orientações ao poder público sobre o ordenamento da cidade.

“Não se faz planejamento sem in-formação. Desejamos com essa ferra-menta criar uma cultura de construir esse banco de dados na cidade, mes-mo antes da obrigatoriedade da lei. Queremos trazer essa pesquisa para a rotina da cidade”, afirma o presi-dente do Instituto Pelópidas Silveira, João Domingos. Além desse estudo, que já está em operação pela internet, estão nos planos do IPS outros levan-

tamentos, como a pesquisa Origem e Destino de cargas, a realização de contagens de tráfego e o mapeamen-to da percepção de qualidade da mo-bilidade dos passageiros, motoristas, ciclistas ou pedestres.

Com essa plataforma digital e com a aprovação da lei, o levantamento de informações sobre origem e destino das viagens urbanas realizadas pela população da RMR não aguardará mais tanto tempo para ser atualizada. A expectativa dos coordenadores é que a cada ano o poder público tenha um diagnóstico de como as pessoas estão circulando pela cidade.

SOLUÇÃO. Uma novidade dessa pes-quisa é que não foi contratado um instituto externo, mas todo o traba-lho técnico foi desenvolvido por pro-fissionais que integram os quadros da prefeitura e que foram mobilizados para pensar essa ferramenta de apoio à gestão do espaço público da cidade. Além do caráter inovador desse es-tudo – que é mais abrangente que os demais, sem perder o caráter científi-co – esse trabalho sinaliza uma drás-tica redução de custos para os cofres municipais. Uma pesquisa seme-lhante, recém-contratada pela cida-de de Curitiba, custou aos cofres pú-blicos R$ 6 milhões e só ficará pronta em 18 meses, com uma amostragem de 16 mil entrevistas.

OBJETIVO. DOMINGOS: "NÃO SE FAZ PLANEJAMENTO SEM INFORMAÇÃO. DESEJAMOS CONSTRUIR ESSE BANCO DE DADOS NA CIDADE".

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Chegada do membro da Inquisição às terras olindenses traz à tona estórias de adultério e de outras "heresias"

arruando pelo Recife por Olinda

No tempo do Inquisidor (Parte 1)

Leonardo Dantas Silva

Tem verdágua e não se sabe,/A não ser quando se sai./Não porque antes se vis-se,/Mas porque não se vê mais.

Carlos Pena Filho

PECADO. A MANDO DA IGREJA, INQUISIDOR INVESTIGOU CASOS DE FILHOS BASTARDOS DE PESSOAS COMO JERÔNIMO DE ALBUQUERQUE

No século 16, a Vila de Ma-rim, como era chamada nos seus primeiros anos a Vila de Olinda, encontrava-se

entre os mais importantes aglomera-dos urbanos da América Portuguesa. Com seu belo casario branco em pe-dra e cal, situada sobre cinco coli-nas (montes moderados no dizer de

Loreto Couto), com as torres de suas igrejas e mirantes de seus sobrados sobressaindo-se do arvoredo, era um verdadeiro espetáculo aos olhos do mais frio observador.

No dizer de Rodolfo Garcia, “um deslumbramento, uma miragem en-cantadora que jamais se apagará da me-mória de quem um dia logrou a ventura

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51Algomais • Dezembro/2015

de presenciá-la – a vista do mar”.Até mesmo um circunspecto na-

turalista alemão, o professor Konrad Guenther, que por uma temporada foi hóspede do Mosteiro de São Ben-to, descrevia o mar de Olinda seme-lhante a uma pedra preciosa multi-facetada. “O mar muda de colorido conforme os reflexos da luz: uma orla violeta debrua o horizonte, listas da mesma cor riscam o espelho verde, aqui cintilações rubras, ali azuis – pa-rece que todas as cores do arco-íris se d e r ra m a m sobre o ho-rizonte”.

T e r i a sido essa p r i m e i r a imagem que o visitador Heitor Furtado de Men-doça (sic) vislum-brou de Pernambuco, quando de sua chegada em se-tembro de 1593. Mas o “olhar” de-vassador da Inquisição não estaria tão somente saciado com as cores do ar-co-íris, que tomavam de encanto os horizontes de Olinda, mas procurava por recantos mais obscuros da alma humana, o lusco-fusco do comporta-mento das pessoas, a intimidade das alcovas, o silêncio dos lares, os pe-cados cometidos nas mais recônditas camarinhas.

Assim surgem do interior dos lares daquela pacata sociedade elementos reveladores da origem das imensas proles de filhos, legítimos e naturais, gerados nas alcovas ou mesmo nas senzalas, muitos deles a céu aberto, naquele ambiente luxuriante, po-voado por mulheres brancas, negras seminuas e índias nos trajes que vie-ram ao mundo. Um paraíso onde não existia a noção do fruto proibido, ou, como justificava Caspar van Baerle (1647): ltra aequimocialem no pecari. Melhor traduzindo: Não existe peca-do abaixo do Equador.

Assim era o comum em todos os lares, e com mais intensidade, nas famílias de maior destaque, o pecado da carne. A poligamia tomava conta

(Leia na próxima edição de Algomais a continuação deste artigo)

RITUAIS. PRÁTICAS JUDAICAS ERAM DENUNCIADAS E OS PRATICANTES ERAM TORTURADOS

da sociedade, somente o cunhado do primeiro donatário, Jerônimo de Al-buquerque, falecido em 1593, aparece nos autos das Denunciações como pai de 26 filhos, dos quais apenas 11 eram originários de sua mulher legítima.

O exemplo do Adão Pernambuca-no, como veio a ser tornar conhecido, é seguido por outros povoadores do

seu tempo, que assim contribuíram para o crescente número

de mamelucos, ori-ginários de uniões

com as índias da terra, e até mu-

latos filhos de suas escra-vas. Nas De-nunciações a p a r e c e m os filhos na-turais de D.

Filipe Moura, que fora gover-

nador da capi-tania (1593-1595),

Rodrigo Lins e o pró-prio Jorge de Albuquerque

Coelho, terceiro donatário da ca-pitania, aparece como pai de Manuel d’ Oliveira.

Em depoimento prestado por Ma-nuel Álvares, um criado da casa da viúva de Duarte Coelho, D. Brites Al-buquerque, aparece ele como sendo

um “mameluco que dizem ser filho bastardo de Jorge de Albuquerque com uma índia mestiça deste Brasil” (15.11.1593).

No dizer de Francis Dutra a in-discriminada atividade sexual dos portugueses com índias nativas e até com escravas da África, já denun-ciada nas cartas jesuíticas, permitiu concluir que, desde o filho mais novo do primeiro donatário ao mais insig-nificante degredado, os portugueses foram pais de gerações de mestiços.

Preocupou-se também o primei-ro inquisidor com a constatação de ritos e práticas judaicas, que viriam denunciar a presença de judeus em nossa sociedade colonial. Dos vários depoimentos surgem os nomes de Branca Dias e de seu marido Diogo Fernandes, proprietários do engenho Camaragibe, ambos falecidos antes da Visitação. Tinham eles em suas terras uma sinagoga familiar, na qual festejavam as principais festas do ca-lendário judaico, como o Iom Kipur e o Roshashaná, ou seja, o Dia do Per-dão e o Ano Novo Judaico.

Era Branca Dias professora de meni-nas, a quem ensinava ler, bordar e ou-tros ofícios do lar, sendo elas, já adultas, as suas principais denunciantes.

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52 Algomais • Dezembro/2015

baião de [email protected] Freire

NIEMEYER E O CORTE

Contou-me o humorista João Cláu-dio, que estava em Brasília quando Oscar Niemeyer completava 100 anos: ele, que também é arquiteto, tinha como sonho falar com Nie-meyer e pedir algumas dicas de ar-quitetura. Telefonou para a casa do famoso arquiteto e foi ele mesmo quem atendeu. João Cláudio per-guntou: - “Quem está falando?” A outra voz respondeu: -“Oscar, o imbecil que desenhou Brasília.” João, de voz trêmula, pediu a dica: “O que é mais importante na ar-quitetura?” Niemeyer mansamente explicou: - “Nada é mais importan-te do que o corte. O arquiteto que desenvolver um bom corte passa para a história. O melhor exem-plo de perfeição é a boceta. Aquele corte maravilhoso resiste a tudo que inventaram desde o começo da hu-manidade.” O arquiteto aprendiz agradeceu pela dica e passou a con-tar pra todo mundo a boa aula que recebeu de Oscar Niemeyer.

QUE FRIO!

A mulher que trabalha em escritório sente mais frio do que o homem que atua no mesmo ambiente. Sabe o mo-tivo? A temperatura nos ambientes de trabalho é adequada ao metabolismo de homens de 40 anos. Esse modelo foi definido por um grupo de engenheiros americanos nos anos 1960 e não mudou mais. Como geralmente as mulheres são menores e têm mais tecido adiposo, seu metabolismo é mais lento. É aí que está a razão para sentir mais frio.

E TOME PERNA

A americana Holly Burt, 20 anos de ida-de, diz que se tornou irresistível para os homens quando começou a exibir suas gigantescas pernas de 1 metro e 26 centímetros de comprimento. Ela tem 1 metro e 98 centímetros de altura. Essa é a mulher ideal pra dar chute na bunda de cabra ruim, sem nem precisar chegar muito perto.

ALUGUEL

Pode ter quem não se espante com isso, mas eu, como diz

um amigo de Limoeiro, fico “incrí-vel”. O aluguel de um apartamento num condomínio fodão de São Pau-lo está valendo R$ 150 mil por mês. Lembre-se: eu disse aluguel! Se lhe interessar procure a imobiliária An-glo Americana, que é especializada em imóveis de alto padrão.

OS RICOS DE PERNAMBUCO

Na última relação da revista Forbes Brasil, Pernambuco apresentou quatro bi-lionários. Pela ordem de fortuna: Ricardo Brennand, Queiroz Galvão, Janguiê Diniz e Paulo Sérgio Macedo.

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53Algomais • Dezembro/2015

BIODIVERSIDADE DA CAATINGA SENDO RECUPERADAMais de 100 mil animais resgatados e devolvidos à natureza. Distribuição de sementes de plantas nativas para reflorestar a caatinga.

I n t e g r a ç ã o q u e t r a n s f o r m a v i d a s

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Água, desenvolvimento e preservação ambiental. Esse compromisso também é seu e de todos os brasileiros. Para dara sua opinião, se informar e conhecer as ações sociais e ambientais do Projeto São Francisco, acesse integracao.gov.br.

O Projeto São Francisco está acontecendoe transformando vidas.

REVITALIZANDO O RIO SÃO FRANCISCODAS NASCENTES À FOZ754 projetos de saneamento, controle de erosão e recuperação de nascentes e matas ciliares. Repovoamento do rio com peixes nativos.

JÁ TEM ÁGUA AVANÇANDO SERTÃO ADENTROMais de 80% das obras concluídas. Estações de bombeamento funcionando e enchendo reservatórios.

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54 Algomais • Dezembro/2015

Aprenda PernambucoRio que corta o Estado de Pernambuco, cuja nas-cente encontra-se na Serra da Canastra (MG):

(A) Rio Capibaribe(B) Rio São Francisco(C) Rio Pajeú

Personagem da Música Popular Brasileira nascido no Sertão de Pernambuco em 13 de dezembro de 1912. Nos anos 1940, cantou nas noites cariocas e em diversas emissoras de rádio.

(A) Geraldo Azevedo(B) Chico Science (C) Luiz Gonzaga

Expressão cultural que percorre as ruas na madruga-da de 23 para 24 de junho ou dias próximos à noite de São João em algumas cidades de Pernambuco:

(A) Procissão do fogaréu (B) Acorda Povo(C) Pastoril

Ponto turístico do Recife conhecido por abrigar um conjunto arquitetônico com igreja secular e casario em estilo colonial de porta e janela.

(A) Pátio do Carmo(B) Marco Zero(C) Pátio de São Pedro

Evento de repercussão nacional vivenciado na cida-de de Garanhuns no mês de julho.

(A) Festa do Estudante(B) Festival de Inverno(C) Romaria de São Severino dos Ramos

Cerimônia religiosa em homenagem aos antepas-sados afro-brasileiros realizada na segunda-feira de Carnaval no Pátio do Terço atraindo milhares de pessoas.

(A) Noite dos Tambores Silenciosos(B) Homem da Meia Noite(C) Cortejo dos Afoxés

Nome popular da tradiconal Festa de Nossa Se-nhora dos Prazeres realizada no Parque Histórico Nacional dos Guararapes.

(A) Festa da Pitomba (B) Festa da uva(C) Festa do Estudante

Respostas: 1.(B) Rio São Francisco • 2.(C) Luiz Gonzaga • 3.(B) Acorda Povo • 4.(C) Pátio de São Pedro • 5.(B) Festival de Inverno • 6.(A) Noite dos Tambores Silenciosos • 7.(A) Festa da Pitomba • 8.(C) Ilha do Rodeadouro

Por Carlos André Moura e Mário Ribeiro

Ponto turístico de Petrolina localizado no centro do leito do Rio São Francisco, próximo à Ilha do Massangano com grande concentração de bares e restaurantes.

(A) Bodódromo(B) Ilha do Fogo(C) Ilha do Rodeadouro

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56 Algomais • Dezembro/2015

prazer!

Sebos ganham força onlineEconomia de mais de 80% e a diversificação de títulos atraem leitores

Em tempos tecnológicos, comprar pela internet se transformou em uma ótima opção para quem busca como-didade e economia. Dentro da “lista online” dos consumidores, os livros também estão presentes. Se antes os sebos eram o destino certo para os que desejavam procurar obras literárias mais baratas e raras, nos últimos anos, os “endereços eletrônicos” especia-lizados na venda de títulos vêm am-pliando essas possibilidades. Com sites que congregam livrarias de todo o País, o leitor tem a apenas um click milhares de exemplares disponíveis. Mais facili-dade, então, para achar aquela publi-cação esgotada e gastar menos.

Uma economia que pode chegar a 84%, segundo o principal site do se-tor no Brasil, o Estante Virtual (EV). Com aproximadamente 1.350 sebos e mais de um milhão de títulos dispo-níveis em sua página, o maior acer-

INFORMAÇÃO E SERVIÇO PARA

CURTIR O QUE A VIDA TEM DE MELHOR

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57Algomais • Dezembro/2015

maisprazer!vo do mundo em língua portuguesa, revela o poder que o e-commerce de livros vem ganhado. No último tri-mestre, foi registrado um aumento de 19% nas vendas e, em janeiro, 13.544 obras foram vendidas em apenas 24 horas. Com números como esses, fi-cou difícil até mesmo para os livreiros mais tradicionais dizerem não à in-ternet. “Primeiro, entraram os sebos mais tecnológicos, que há muito tem-po estavam querendo um site como o nosso. Aos poucos, foram entrando os outros e, por último, até os mais des-confiados aderiram a essa forma de venda”, conta o fundador do Estante Virtual, André Garcia.

Formado em administração, An-dré resolveu abandonar o emprego e seguir carreira acadêmica. Foi esse o "start" para criar a E.V .“Eu lia cerca de cem livros por ano e tinha muita dificuldade em encontrar alguns de-les, pois apenas seis sebos estavam com seu acervo disponível na inter-net”, lembra

O EV começou a funcionar em 2005 e o livreiro Amauri Mapa foi o responsável pela primeira venda do site. Paulista, ele havia acabado de transferir o sebo da agitada Vila Ma-riana, em São Paulo, para o bairro da Torre, no Recife, e viu na plataforma uma maneira de conseguir clientes mesmo estando longe do centro da cidade. “Desde que eu decidi sair de São Paulo, eu tinha a intenção de de-senvolver um site para poder fazer as vendas, mas era algo complexo. Foi quando o Estante Virtual surgiu”, diz. Hoje, a página é responsável por 50% das vendas do empresário e Amauri comemora sua ida diária aos Correios para enviar os livros aos mais varia-dos destinos do Brasil.

Antes mesmo do “boom” dos si-tes de livros, um dos sebos mais tra-dicionais da capital pernambucana, a Livraria Brandão, já apostava na venda à distância. Se antes os catá-

logos foram responsáveis por tornar o estabelecimento conhecido na-cionalmente, hoje portais ajudam no faturamento das lojas da marca. “Por causa da falta de tempo e dificuldade de estacionamento, muitas pessoas preferem comprar online. Às vezes, tem gente que paga frete para man-dar livro aqui mesmo para a Boa Vista (bairro onde a loja fica localizada)”, conta Martha Brandão.

Para quem pesquisa pelas “prate-leiras onlines", comprar pela internet pode sair uma verdadeira “pechin-cha”. “Tem livro que você encontra por R$3”, afirma a dona de brechó Ana Lúcia Cavalcanti, 68 anos. Ela é o que se pode chamar de uma de-voradora de livros. São pelo menos 6 por mês. “O que mais gosto de fazer é comprar livros. Eu não sei viver sem ler.” As páginas de venda de obras literárias foram, então, uma desco-berta valiosa para Dona Ana. Depois de procurar nos sebos físicos e não encontrar, recebeu, então, a dica de pesquisar na web. Menos de dois anos se passaram e mais de 100 títu-los já chegaram à correspondência da casa dela.

Se os ambientes virtuais que reú-nem sebos geralmente são associados à venda de livros usados, isso não

PIONEIROANDRÉ GARCIA (FOTO ABAIXO) CRIOU O SITE ESTANTE VIRTUAL, QUE REÚNE 1350 SEBOS. ANA CAVALCANTI (FOTO AO LADO) É CONSUMIDORA ASSÍDUA DAS LOJAS ONLINE

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58 Algomais • Dezembro/2015

significa que não se possa encontrar exemplares novos.

Depois de passar por uma refor-mulação em 2014, o Estante Virtual oficializou a entrada no mercado de livros novos. “Há muitos anos, as li-vrarias convencionais estão se con-centrando nos títulos mais vendidos. Isso cria uma demanda não atendida dos livros de catálogo”, coloca André.

Cliente antigo dos endereços ele-trônicos de exemplares usados, o fotógrafo Eduardo Queiroga, agora também aproveita a web para en-contrar obras recentes. “Mesmo que eu veja uma obra na livraria, eu pre-firo comprar em sites especializados, porque eu acredito que eles ajudam a evitar o desaparecimento e até cola-boram com o surgimento de outros sebos", reflete.

MAIS OPÇÕES. Se o Estante Virtual foi pioneiro, já não está mais so-zinho nesse nicho do mercado. O Livronauta é um dos mais antigos concorrentes e, ao longo dos anos, as opções para os consumires vem crescendo. Motivado tanto pelos ín-dices positivos do segmento como pela insatisfação de clientes e ven-dedores com os sites até então exis-tentes, o ex-livreiro do Estante, Julio Daio Borges, resolveu colocar no ar o Portal dos Livreiros.

Com apenas 6 meses de funcio-namento, a página já apresenta nú-meros expressivos. São cerca de 7 mil exemplares disponíveis e só no mês de setembro, foram mais de 200 mil acessos. O portal ainda não cobra mensalidade, apenas um percentual de 10% sobre a venda (incluindo a taxa da forma de pagamento). En-quanto, segundo ele, no Estante, os livreiros chegam a pagar 20% sobre o que vendem. “Os livros tendem, então, a ficar mais baratos, no Por-tal dos Livreiros, para o consumidor final.”

No endereço online, o leitor ainda pode vender ou trocar os livros que têm em casa e não usa mais. “Nós es-tamos abertos a esse tipo de vende-dor, bem como a autores, pequenos editores e até pequenas livrarias”, completa Julio.

Outra alternativa para os amantes da literatura é o Sebos Online. Ativa-

da desde 2007, a página foi formu-lada pelo analista de sistemas Alcir Teodoro apenas como um comple-mento de um software para livrarias desenvolvido por sua empresa. Nele, os livreiros expõem gratuitamente suas obras. “O site foi pensado como algo a mais para os nossos clientes, porque queríamos auxiliar nas ven-das”, explica Alcir.

Se comparado a concorrentes como o Estante Virtual, o Sebos On-line possui uma estrutura mais defa-sada, o que não deve continuar assim por muito tempo. Depois de notar as boas perspectivas para o comércio de exemplares no ambiente virtual, Alcir também resolveu entrar de vez no segmento. O site passará por um

Serviço:Sites: www.estantevirtual.com.brwww.livronauta.com.brwww.portaldoslivreiros.com.brSebos: Livraria Brandão: R. da Matriz, 22 - Boa VistaSebo da Torre: R. José Bonifácio, 674 -Torre

“upgrade” e sua nova versão deve ser lançada no próximo ano, juntamente com uma comissão sobre a venda dos livros.

Um diferencial da página, que conta com cerca de 6 milhões de itens no acervo, é poder encontrar além das obras literárias, discos de vinil, VHS, DVDs e CDs.

DISTÂNCIA. MARTHA DIZ QUE O BRANDÃO APOSTAVA NOS CATÁLOGOS, ANTES DA WEB

SEBO DA TORRE. AMAURI MAPA AFIRMA QUE METADE DAS VENDAS VEM DA INTERNET

Com tantas espeCialidades,gostoso é fazer uma refeição a Cada três horas.

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59Algomais • Dezembro/2015

Com tantas espeCialidades,gostoso é fazer uma refeição a Cada três horas.

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60 Algomais • Dezembro/2015

maisprazer!

Os encantos do baile natalino com sotaque de PernambucoEspetáculo que encena a história cristã com uma linguagem regional completa 12 anos no Marco Zero

A encenação O Baile do Menino Deus - Uma brincadeira de Natal é uma verdadeira obra popular que conta uma das histórias mais conhecidas do mundo ocidental, mas com uma liturgia que abriga o sotaque e os rit-mos pernambucanos. Com 32 anos em cartaz, o espetáculo - que reúne de forma harmônica a dança, o tea-tro e a música - completa 12 anos de apresentação gratuita no Marco Zero. Contrariando o período de crise, que tem cancelado ou diminuído uma série de festividades, o autor e dire-tor, Ronaldo Correia de Brito, afirma que o baile segue em ascensão e com muitas novidades para a edição des-te ano. "O espetáculo sempre cresce. Este ano, com toda a crise, será muito rico. Quem for ver não se arrepende-rá", garante.

O evento, que já é um dos impor-tantes elementos do calendário nata-lino da cidade do Recife, acontecerá entre os dias 23 e 25 de dezembro, a partir das 20h. São esperados cerca de 60 mil espectadores para as apre-sentações, que lotam o Recife Anti-go de famílias pernambucanas e de turistas de todo o País. "Só o Recife tem essa combinação de ritmos, lin-guagem cênica e corporal e figurinos, que tornam esse espetáculo tão ori-ginal e popular. Só a capital pernam-

bucana tem uma encenação natalina com uma concepção cênica dessa na-tureza. Essa originalidade é que tor-na o interesse turístico bem elevado", considera o autor.

Com realização da Relicário Produ-ções, sob o comando da produtora Car-la Valença, com assistência de direção de Quiercles Santana, "Baile do Meni-no Deus – Uma Brincadeira de Natal” é daqueles espetáculos que todo mundo já conhece, mas sempre surpreende pela renovação constante. Para esta edição, a direção promete novidades no cenário e em algumas canções.

No enredo da encenação, os dois Mateus (palhaços populares da re-gião), se unem a um grupo de crian-ças e tentam abrir uma porta para celebrar o nascimento do Menino Je-sus, com o consentimento de Maria e José. A dramatização traz à cena a aparição de personagens populares como o Anjo Bom, o monstro Jara-guá, a Burrinha Zabilin, a Ciganinha, o Sol, a Lua e a Estrela. Na narração dessa poética história em forma de cantata cênica, não surgem alguns elementos típicos do Natal, como o Papai Noel, pinheirinho enfeita-do, renas, trenó ou boneco de neve, mas, sim, personagens do universo popular nordestino. Todos eles con-vidados para louvar o nascimento de

Jesus.Essa jornada pela imaginação

infantil se torna ainda mais intri-gante e complicada porque a casa onde nasceu o menino é difícil de ser achada. Depois disso ainda é preci-so convencer José e Maria, pais do bebê, que a festa precisa ser feita como um grande baile que celebre a vida e a alegria. Com texto de Ro-naldo Correia de Brito e Assis Lima, e trilha sonora de Antônio Madureira, a produção de teatro, dança e música tem um formato para agradar a to-das as famílias e, principalmente, a criançada.

Outro ponto de originalidade do espetáculo é a opção pela composição de um elemento bem pernambucano. "Temos no Estado artistas de muito talento, que inclusive são exportados para o restante do País. Formamos junto ao baile um time de artistas que temos mantido por conta da qualida-

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maisprazer!

de", destaca Ronaldo. A montagem traz no elenco principal Arilson Lopes (Mateus 1), Sóstenes Vidal (Mateus 2), Zé Barbosa (José), Isadora Melo (Ma-ria); um grupo de 11 bailarinos; além dos cantores solistas Silvério Pessoa, Surama Ramos, Jadiel Gomes e Virgí-nia Cavalcanti.

No elenco, além de atores, bailari-nos e músicos profissionais, 12 crian-ças participam cantando. São elas que ajudam os dois Mateus da trama a encontrar a porta de uma casa es-pecial, onde nasceu Jesus, o Menino Deus. Tudo para festejar o Natal de

um jeito bem brasileiro.No total, contando com a equipe

técnica, cerca de 200 pessoas traba-lham na montagem do espetáculo. O evento, neste ano, teve o patrocínio da Prefeitura do Recife e da empresa Rede (que atua no mercado de paga-mento eletrônico), além de co-patro-cínio do Governo do Estado.

Serviço:12º Baile do Menino Deus – Uma Brincadeira de NatalDe 23 a 25 de dezembro de 2015, às 20h, na pra-ça do Marco Zero, no Bairro do Recife. A entrada é gratuita.

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62 Algomais • Dezembro/2015

João Alberto [email protected]

GLORINHA AGUIAR

TÂNIA KONRAD EMERENCIANO

MAURÍCIO RANDS E ALEXANDRE RANDS

RESIDÊNCIA

O Recife ficou fora da primeira fase do processo seletivo para residência médica no Hospital Sírio-Libanês. Tere-mos provas em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Belém.

CAMPANHA

A eleição municipal do próximo ano será muito difícil, finan-ceiramente falando, para os candidato em razão da proibição de doações empresas e da crise financeira que impedirá mui-tas pessoas físicas de contribuir com as campanhas.

O DESAFIO DA R2

Os irmãos Alexandre e Maurício Rands assumiram o desa-fio de comandar o Diario de Pernambuco, jornal que aca-ba de completar 190 anos. E chegam com muito entusias-mo para a tarefa, com a experiência de Alexandre no setor empresarial, com a Datamétrica, e Maurício, com carreira vitoriosa na advocacia, magistério e política e que agora dedica tempo integral ao DP e às aulas como professor da Faculdade de Direito. A equipe tem também Guilherme Machado, como vice-presidente executivo.

BRILHO FEMININO

Glorinha Aguiar é uma legenda no nosso mundo empre-sarial. Sua Glorinha Boutique acaba de comemorar 50 anos de marcante presença no setor da moda feminina, uma marca que atualmente poucas empresas conseguem atingir. Além disso, tem lojas de outras grifes e atua no turismo, através da Sevagtur e não perde uma chance de viajar pelo mundo. Dona de um grande círculo de amiza-des, tem também destacada atuação no Rotary, sendo a vice-presidente do Rotary Casa Amarela. E está sempre muito elegante nos principais eventos sociais. A CASA DE TÂNIA

Tânia Konrad Emerenciano, que sempre atuou nos restau-rantes do seu pai, Julião Konrad, está fazendo sucesso no mundo do comércio. Criou a Casa, loja de artigos finos e ex-clusivos para casas, que começou no RioMar e agora ocupa um belo espaço na entrada do Shopping Recife, que tem in-clusive um charmoso café

CONSTRUÇÃO

A rede internacional de materiais de construção, a Leroy Merlin, que tem 33 lojas no Brasil, faz prospecção para abrir uma filial no Recife, uma das três que projeta para nossa região.

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63Algomais • Dezembro/2015

João Alberto

SÉRGIO MOURY FERNANDES, PAULO CARNEIRO E LUCIANO MOURA

O que secomenta...

... por aí

QUE Carlos Augusto Lira será o respon-sável, mais uma vez, pela decoração do Carnaval do Recife.

QUE em função da crise muitos espaços da cidade desistiram de fazer festa de réveillon.

QUE Drayton Nejaim Filho vem fazendo um bom trabalho à frente do Lide Per-nambuco.

QUE Antônio Campos trabalha intensa-mente nos bastidores para consolidar sua candidatura à Prefeitura de Olinda.

QUE Marcelo Mayer tem um ousado plano de expansão da Frisabor, com franquias em vários Estados do Nordeste.

APESCE

Durante o almoço de confraternização da Associação Pernambucana de Shoppings Centers (Apesce), no Mingus, Sérgio Moury e Luciano Moura, diretores da revista Algomais, assistiram à apresentação do presidente da associação Paulo Carneiro sobre o balanço do setor

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memória pernambucana

O pai de todos. Ou quaseJerônimo de Albuquerque, além de auxiliar Duarte Coelho na administração da capitania, deixou mais de 30 filhos

Marcelo Alcoforado

Genghis Khan, o guerreiro que conduziu os mongóis na conquista da maior ex-tensão contínua de terras da

história da humanidade, não foi só o homem que há cerca de 1,2 mil anos fazia o mundo tremer ante o tropel do seu exército. A partir do que hoje se conhece como a Mongólia, ele sub-jugou povos e festejou suas vitórias com golpes de aríete em cidadelas mais aconchegantes. Explica-se: nas campanhas militares daqueles tem-pos, o produto dos saques era divi-dido igualmente entre soldados e co-mandantes, porém todas as mulheres – mulheres jovens, bem entendido – eram, obrigatoriamente, pertencen-tes a Genghis Khan. Travavam-se, então, após as batalhas banhadas de sangue e sofrimento, as refregas pra-zerosas do sexo. O resultado é que, de tanto guerrear, o líder mongol espermatizou tantas mulheres – isso sem contar as esposas oficiais –, que, mais do que os muitos e magníficos feitos militares, ele realizou uma fa-çanha reprodutiva sem precedentes na história humana. Espalhou em uma área abrangendo do Pacífico ao

Cáspio descendentes que represen-tam 8% dos homens que vivem nas fronteiras do antigo Império Mongol. São nada menos do que 12 milhões de pessoas, caso as estimativas dos estu-diosos estejam corretas. A família há de ter contribuído para o feito, é bem provável, já que Kublai Khan, neto do conquistador, tinha, na qualidade de

imperador da China, a prerrogativa de manter milhares de concubinas...

Foram séculos de poder e apode-ramento de despojos de guerra, bas-tando dizer que o último descendente de Genghis Khan a governar um rei-no, Shahin Girai, imperador da Cri-meia, morreu em 1783. Durante cerca

de quinhentos anos, pois, o clã deteve com uma intensidade sem preceden-tes o poder e as mulheres de um con-tinente inteiro, isso sem se levar em conta que, ao menos por enquanto, é difícil dizer se Genghis Khan deixou descendentes também entre os rus-sos, que viveram por séculos sob do-mínio mongol. Para simplificar, um em cada 200 homens existentes na Terra descende dessa linhagem, afir-mam os pesquisadores.

Você sabia que o Brasil, ou mais especificamente Pernambuco, tam-bém teve um inseminador, embora bem longe dos padrões exuberantes de Genghis Khan?

Quer saber quem foi ele? Acom-panhe a história.

Quando o primeiro donatário Duarte Coelho e sua mulher Brites de Albuquerque chegaram à capitania de Pernambuco, em 1535, trouxeram com eles o jovem Jerônimo de Al-buquerque, irmão dela. O donatário precisava de ajuda para administrar aquela área tão grande, que abran-gia os atuais Estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Nor-te, Ceará e parte da Bahia.

Como o líder mongol, Genghis Khan, o português viveu uma história de muitos amores em PE

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Encontraram um ambiente hostil, tanto que, tão logo chegou, envolvi-do numa das lutas que teve que travar contra os índios tabajaras, ele recebeu uma flechada que o levou a perder um dos olhos, ficando conhecido pelo apelido de Torto. Ferido, tornou-se prisioneiro dos índios, foi condenado à morte, mas como acontece nas mais doces histórias de amor, Tabira, a fi-lha do cacique, se apaixonou por ele e o quis como marido. O casamento selou a paz entre os tabajaras e os co-lonizadores portugueses, e Jerônimo de Albuquerque passou a se mostrar um competente soldado das batalhas amorosas.

Da união de Jerônimo de Albu-querque e Tabira, depois batizada como Maria do Espírito Santo Arco Verde, em homenagem à festa de Pentecostes que se celebrava no dia do batismo, nasceram oito filhos. O primogênito, Jerônimo de Albuquer-que Maranhão, anos mais tarde lutou contra a invasão francesa no Mara-nhão, e foi também um dos fundado-res da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. Vieram em seguida Manuel, André, Catarina, que se casou com o fidalgo florentino Filipe Cavalcanti; Isabel, Joana, Antônio e Brites. Je-rônimo de Albuquerque teve ainda – sem necessidade de guerras – mais cinco filhos, todos por ele reconhe-cidos, com outras mulheres brancas, índias e africanas. Entendeu de onde vem a nossa miscigenação?

Acontece que naqueles tempos – corria o ano de 1562 – casamento não era decisão dos apaixonados. Assim, em obediência a uma carta-intima-ção de Catarina da Áustria, rainha de Portugal, ele deveria casar-se com Felipa de Mello, filha do nobre Cristó-vão de Mello. Para a rainha Catarina, sendo ele sobrinho de Afonso de Al-buquerque, um descendente de reis, não deveria seguir a lei de Moisés, ou seja, não deveria manter trezentas concubinas! O que diria ela de Kublai Khan, o imperador da China, que ti-nha milhares delas...

Do casamento com Felipa de Mel-lo nasceram mais onze filhos: João, Afonso, Cristóvão, Duarte, Jerônimo, Cosme, Felipe, Isabel, Maria, além de dois que morreram logo após o nascimento. Assim, Jerônimo de Al-

buquerque teve 35 filhos, entre legí-timos e legitimados, o que lhe valeu o apelido entre os historiadores bra-sileiros de o "Adão Pernambucano".

Por uma questão de justiça, po-rém, reconheça-se que ele fez mais do que filhos.

Como administrador da capita-nia de Pernambuco, auxiliou Duarte Coelho na pacificação dos índios, na expulsão dos invasores e no desenvol-vimento econômico e social pernam-bucano. Em 1554, indo a Lisboa, Duar-te Coelho deixou no governo a esposa, Brites de Albuquerque, e seu irmão Jerônimo de Albuquerque. Acontece que ali Duarte Coelho veio a falecer, permanecendo ambos no comando da capitania até a maioridade de seus filhos, Jorge de Albuquerque Coelho e Duarte de Albuquerque Coelho que, na época, estudavam na Europa.

Em 1560, então, Duarte de Albu-querque Coelho atingiu a maioridade, vindo assumir o governo da capitania. Acontece, no entanto, que os irmãos

Duarte e Jorge de Albuquerque pou-co ajudavam na administração. Em 1565, pois, Jorge retornou a Portugal e Duarte decidiu voltar em 1572, fa-lecendo em 1578, em Alcácer-Quibir.

O fato concreto é que auxiliando Duarte Coelho, quer como substituto do capitão-mor, quer como sucessor do donatário, ou ainda como povoa-dor do Brasil, Jerônimo de Albuquer-que muito contribuiu para o nosso desenvolvimento. Em suas terras, nas proximidades de Olinda, fundou o primeiro engenho de açúcar de Per-nambuco, o Engenho Nossa Senho-ra da Ajuda, depois denominado de Forno da Cal. Convém observar que naquela quadra da vida brasileira a implantação de um engenho de açú-car era um marco de desenvolvimen-to. Equivalia a implantar, hoje, uma grande indústria em um local ermo.

Foi assim a vida de Jerônimo de Al-buquerque em Pernambuco. Ele nasceu em Lisboa, mas aqui ficou para sempre. Desde 1584 repousa em Olinda.

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Ao encerrar a palestra deste ano que fiz para os quase 700 clientes e amigos da TGI no evento de lança-mento da Agenda TGI 2016, no tea-tro do RioMar, dia 30 de novem-

bro (ver matéria nesta edição), coloquei para tocar o samba canção Estão Voltando as Flores, de Paulo Soledade, com a finalidade de ilustrar uma sequência de fotos minhas tiradas de flores na cidade do Recife.

Com isso, quis potencializar a metáfora da breve primavera (que vai oficialmente até 21 de dezembro) e do verão (22 de dezembro a 20 de março) recifenses, período mais seco da nossa cidade, em que explodem as cores das flores nos espaços públicos ou vistas deles. Ipês (paus d’arco) amarelo e roxo, flamboyants, bugan-vílias, jasmins-vapor, pau brasil (flor amare-la belíssima!) e outras flores de que não sei o nome, são vistas em todos os lugares como, por exemplo, no canteiro da Avenida Agamenon Magalhães, e nos jardins públicos e de inúmeros edifícios e residências.

Conta a lenda que Paulo Soledade (1919-1999), paranaense radicado no Rio de Janeiro, compôs a música na cama do hospital em que, convalescente, recebeu do médico a notícia de que tinha finalmente conseguido superar a gra-ve doença de que fora acometido. Daí, a exal-tação à vida que encontramos nos versos: “Vê, estão voltando as flores! / Vê, nessa manhã tão linda! / Vê, como é bonita a vida! / Vê, há espe-rança ainda!”.

Estão voltando as flores no Recife

Consultore arquiteto

que falam os economistas.O mesmo faço para os leitores aqui nes-

te último artigo do ano: vamos olhar as flores do Recife! Elas estão por aí nos surpreendendo quase que a cada esquina. Com a sua visão po-demos suportar melhor a secura e as tempera-turas mais altas, bem como os efeitos da crise, renovando a energia para o trabalho duro que precisaremos continuar fazendo para sobrevi-ver a ela.

Como compôs Paulo Soledade, 2016 não está perdido como dizem por aí: “Há espe-rança ainda!”. A esperança da superação pelo trabalho e pela visão das flores. Vamos sobre-viver! Bom 2016!

[email protected]

Elas estão por aí nos surpreendendo quase que a cada esquina.

Com as flores e a música, convidei os pre-sentes a, mesmo no período mas seco e mais quente da cidade, apreciarem como compen-sação o que a natureza oferece em troca na for-ma de delicadeza e cores, fazendo analogia com a crise que acomete o País e o Estado, pois deve ser justamente no primeiro trimestre do próxi-mo ano que ela se apresentará mais dura. Deve ser o “fundo do poço” ou o “vale” da crise de

FRANCISCO CUNHAúltima página

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