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OlharCristão MAR/ABR/2015 1 Olhar Cristão PERNAMBUCO Ano 2- nº 11 - Out/Nov 2015 - www.revistaolharcristao.com.br R$ 8,00 Cenário de insatisfação política e desequilíbrio econômico bate na porta das igrejas e demanda amparo aos fiéis COMO A IGREJA ENFRENTA A CRISE Conheça a trajetória do reverendo Jerônimo Gueiros MEMÓRIA

Ano 2- nº 11 - Out/Nov 2015 - ...revistaalgomais.com.br/edicaodigital/Olharcristao11/...OlharCristão MAR /ABR /2015 1 Olhar Cristão pernambuco Ano 2- nº 11 - Out/Nov 2015 - R$

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OlharCristão • mar/abr/2015 1

OlharCristão

pernambuco

Ano 2- nº 11 - Out/Nov 2015 - www.revistaolharcristao.com.br

R$ 8,00

Cenário de insatisfação política e desequilíbrio econômico bate na porta das igrejas e demanda amparo aos fiéis

COMO A IGREJA ENFRENTA A CRISE

Conheça a trajetória do reverendo Jerônimo Gueiros

MEMÓRIA

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2 OlharCristão • mar/abr/2015

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OlharCristão • mar/abr/2015 3

Rafael Dantas

Passamos a partir desta edição a ter a Olhar Cristão com uma circulação exclusivamente digital. Seguimos com a nosso perfil de tratar de temas referentes ao Cristianismo e com um “sotaque local”. Sem as restrições que o envio impresso possuía, você que é nosso leitor po-derá compartilhar a nossa publicação para quem desejar. O site oferece a oportunidade de leitura no modo flip, mas também permite que você faça o download de nossos conteúdos.

A Revista Olhar Cristão retoma suas atividades abordando o tema mais quente de 2015: a crise. O que muda na rotina e no discurso dos cristãos e igrejas em um tem-po desses? As consequências desse cenário de desacreditação das instituições tem um impacto no sustento e na vida emocional de milhares de famílias. Um quadro que não pode ser desprezado pelas comunidades de fé. Além do apoio emocional e também material às vitimas desse momento de instabilidade econômica do Brasil, uma opinião compartilhada pelos especialistas entrevistados é que a igreja precisa fazer uma crítica do momento atual e uma autocrítica da postura política que as diferentes denominações tomaram nos últimos anos. Sobre esse assunto, contamos ainda com um artigo do pas-tor Abner Assis, que propõe usar a criatividade para a superação da crise.

A música, literatura e cinema cristãos ganham destaque nas páginas desta edição. O jornalista Wanderley Andrade traz uma crítica do badalado filme “Você Acredita?”. O lon-ga-metragem, dos mesmos autores de “Deus não está morto” tem lotou salas em todo o Brasil. Na seção Música Cristã, que se propõe a trazer um perfil de bandas do universo gospel de pernambuco, conta um pouco da breve história dos Jovens Mcs, que se aven-turam no rap com letras evangelísticas há cinco anos.

Continuamos nessa versão digital e nas redes sociais com o Momento A2, assina-do pelo casal Darrell e Márcia Marinho (que são apresentadores do canal do YouTube #TvA2). Eles trazem uma reflexão sobre como evitar o divórcio. Segue também como nosso colaborador o pastor e historiador José Roberto de Souza, que está se doutorando em Ciências da Religião na Unicap. Ele escreve com muita dedicação o espaço Memória Cristã, que nessa edição conta a história do reverendo Jerônimo Gueiros.

Duas novidades da edição digital são a coluna Palavra Sagrada, que passa a ser assinada pelo professor do Seminário Congregacional do Nordeste, Thomas Magnum, e a publicação da Char-ge Cristã, produzida pelo cartonista Michael Waters, e cedida gentilmente para nossa revista.

Boa leitura!

nestaediçãocartadoeditorA Olhar Cristão agora é digital

DIRETORIA EXECUTIVASérgio Moury FernandesRicardo de AlmeidaLuciano Moura

REDAÇÃOFone: (81) 3327.3944/4348Fax: (81) [email protected]

EDITOR-GERALRafael Dantas

EDITORIA DE ARTERivaldo NetoCaroline Rocha

[email protected]: (81) 3126.8161

PUBLICIDADEEngenho de Mídia Comunicação Ltda.Fone/Fax: (81) [email protected]

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Pesquisa indica que a confiança dos brasileiros nas igrejas está em alta

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SeçõesArtigo - Abner Assis .........................................

Palavra Sagrada ................................................

MomentoA2 - Darrell & Márcia .......................

Memória Cristã .................................................

Olhar Cultural ...................................................

Charge Cristã ......................................................

Uma publicação da SMF- TGI EDITORA Av. Domingos Ferreira, 890, sala 805 Boa Viagem | 51110-050 | Recife/PE - Fone: (81) 3126.8181

Revista Olhar CristãoEdição: 11 Outubro/Novembro/2015Capa: Rivaldo Neto

Os artigos publicados são de inteira e única responsabilidade de seus respectivos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião da revista.

Um intelectual a serviço de Deus

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ONG Diaconia lança nova campanha "Ser Criança"

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4 OlharCristão • mar/abr/2015

Por mais de uma década o Brasil viveu um período mais acelera-do de crescimento econômico e de distribuição de renda. Muitos,

senão a maioria, da chamada “nova clas-se C” eram integrantes das centenas de denominações evangélicas brasileiras. De acordo com o Instituto Data Popu-lar, 90% dos jovens que integram esse segmento da população brasileira têm os pais evangélicos. No entanto, o mo-mento de crise econômica brasileira, os analistas apontam que essa classe ascen-dente é a maior afetada, cujos principais sintomas são o desemprego e a redução do poder aquisitivo, com a inflação. Um

novo cenário, de vulnerabilidade social e de desequilíbrio emocional, que traz desafios para as igrejas e cristãos. Além dos fatores econômicos, a crise política recoloca a moral no centro das discus-sões do País.

Se há alguns anos se usava a expres-são “a classe C vai ao paraíso”, hoje ela está saindo dele. Não do paraíso prega-do nos púlpitos, mas no do consumo. A recessão econômica e os ajustes fiscais criaram ao menos um contexto de medo. Um estudo da consultoria Consumoteca com essa classe, que tem em sua maio-ria evangélicos de origem pentecostal e neopentecostal, 76% declaram ter ami-

gos ou parentes desempregados. O Data Popular identificou ainda os maiores te-mores da classe C são a alta da inflação (79%), a estagnação salarial (49%) e as dificuldades para conseguir emprego (55%). Atualmente, 47% dos brasileiros se dizem pessimistas em relação ao futu-ro, segundo estudo do Ibope, realizado no final do primeiro semestre de 2015. Na região Nordeste, esse índice salta para 51%. Frente a esse quadro de pessi-mismo e desesperança, qual o discurso e a postura a ser adotado pela igreja evan-gélica brasileira?

Para a psicóloga Quézia Cordeiro, que integra o Instituto Solidare, a igreja

RAFAEL DANTAS

MOMENTO CRIA NOVOS DESAFIOS PARA A IGREJA BRASILEIRA, QUE DE UM LADO DEVE ASSISTIR OS FIÉIS EM SUAS NECESSIDADES MAIS BÁSICAS E POR OUTRO CONSTRUIR UM DISCURSO DE ESPERANÇA

CAPA

A fé, a crise e a corrupção no Brasil

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OlharCristão • mar/abr/2015 5

{ "Pois tu és a minha esperança, Senhor, Deus; tu és a minha confiança desde a minha mocidade." SALMOS 71.5

possui um grande potencial terapêutico para aqueles que são vítimas dessa crise e que estão sofrendo com esse momento. Ela aponta que os momentos de comu-nhão e partilha vividos pelas comunida-des de pessoas que comungam da mes-ma fé podem fomentar resignificação e "cura" das mais variadas dores humanas. “Os relacionamentos interpessoais são importantes no processo de constituição dos indivíduos como também fornecem amparo em momentos de crise, seja esta existencial, profissional, familiar, econô-mica ou política. As crises implicam em questionamentos, desafios, mudanças e com isso também evocam medo, ansie-dade e insegurança”, aponta.

Além do discurso, a psicóloga defen-de que as igrejas vivam uma fé prática, entendendo e respondendo as necessi-dades do momento social em que suas cidades e seu País atravessam. “Neste contexto, é relevante que as comunida-des se dediquem ao acolhimento. O cui-dado mútuo promove aos seus membros condições mais favoráveis ao enfrenta-mento de crises. A certeza de que se per-tence ao grupo e estar alicerçado numa mesma fé pode contribuir de modo sig-nificativo para o surgimento de estraté-gias para superação de crises”

O amparo social e emocional é uma necessidade que deve andar lado a lado

com as reflexões e críticas acerca das raízes dessa crise. O reverendo Sérgio Andrade, da Catedral da Santíssima Trin-dade, da Diocese Anglicana do Recife, avalia que alguns elementos que ali-mentam o quadro de corrupção no País também estão presentes na vida prática

das comunidades religiosas e que pre-cisam ser combatidos. “A intensa crise política e econômica presente em nosso País requer de diferentes comunidades evangélicas posturas coerentes com o Evangelho de Jesus. Neste sentido, deve-ríamos trilhar em primeiro lugar o bom e

cuidadoso caminho da autocrítica, con-siderando que parte importante da pa-tologia política do País está relacionada com um modelo de gestão e articulação caracterizado pelo fisiologismo e conser-vadorismo, que são características tam-bém do universo evangélico brasileiro. Assim, cabe às igrejas elaborar reflexões e práticas que procurem, inicialmente, denunciar sua própria contradição: in-tegrar e alimentar um modelo político doentio, repleto de corrupção e enfra-quecedor dos pressupostos democrá-

Comunhão da igreja pode ofere-cer cura para "dores" humanas

ATUALMENTE, 51% DOS NORDESTINOS ESTÃO PESSIMISTAS COM O FUTURO. UM CENÁRIO DE DESESPERANÇA QUE CHEGA AOS BANCOS DAS IGREJAS

Rev. Sérgio sugere autocrítica da igreja

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6 OlharCristão • mar/abr/2015

{ " E agora digo: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção."

1 CORÍNTIOS 15.50

ticos”, afirma.Para o especialista em ciência política

e membro da Igreja Evangélica Livre, Thia-go Oliveira, em tempos de crise a mensa-gem da igreja não deve ser outra: Jesus é a luz do mundo e nele depositamos a nossa esperança. E a postura deve ser de com-bate à corrupção que levou o País a esse momento. “A crise é um contexto propício para provar a nossa fé e nos fazer perse-verar. Parafraseando C.S. Lewis, ela pode ser usada como o megafone de Deus para despertar a igreja brasileira. Que a nossa mensagem permaneça imutável e siga-mos apontando para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ao mesmo tempo, devemos agir com prudência, orando por nossos governantes, tal como

Em seu artigo "O que fazer em tempo de crise", o reverendo presbiteriano Hernandes Dias Lopes aponta alguns aspectos que precisam ser considerados a par-tir da mensagem do livro do profeta Isaías. Ele defende que na crise precisamos olhar para fora e ouvir o desa-fio de Deus e ver a necessidade da sociedade. “O Deus que salva, é o mesmo que chama para o serviço. Deus não nos salvou para a indolência, mas para o serviço. Somos todos membros do corpo. Somos todos minis-tros da reconciliação. Não fecha os ouvidos. Não endu-reça seu coração. Isaías denunciou o pecado. Apontou com firmeza os desmandos do rei Acaz. Atacou a explo-ração dos pobres. Denunciou a ganância insaciável dos ricos. Denunciou a religião sem vida”.

O reverendo presbiteriano defende que em meio ao caos, precisamos compreender que Deus permane-ce no trono, no controle da vida. “As nossas crises não

apanham Deus de surpresa”, afirma. Ele faz ainda uma comparação entre a crise econômica vivida pelo reino de Judá, nos tempos do profeta Isaías. “Judá entrou em crise por causa dos impostos abusivos, por causa dos tributos escorchantes que nação pagava aos reis estrangeiros. O povo trabalhava, mas os lucros fugiam--lhes das mãos. Isso trouxe uma riqueza para uma mi-noria. O poder legislativo de Judá decretava leis injustas para negar justiça aos pobres e para arrebatar o direito dos aflitos. (…) Nós também convivemos com a trágica realidade dos mensalões, dos milhões desviados para paraísos fiscais, do enriquecimento rápido e imoral de um bando de homens perversos e inescrupulosos que vendam a alma da nação, enquanto os impostos são abusivos, os salários são achatados, os lucros para os trabalhadores são minguados e as grandes instituições financeiras nadam em lucros estratosféricos”.

a Bíblia nos exorta, mas, atuando também na reflexão política e econômica de nosso país, votando melhor e fazendo política para além das redes sociais. Ser cidadão na terra não exclui nossa cidadania no céu, só não podemos inverter a ordem, aqui somos peregrinos, lá herdeiros eter-namente”, declarou.

Acolher os desamparados e denun-ciar a corrupção são missões que estão na raiz da igreja cristã, mas que em tem-pos de desânimo e de desconfiança ga-nham uma relevância maior. Isso porque em meio à dor social, é nos bancos dos templos – e no seio das comunidades de fé – que se assentam aqueles que estão buscando uma fagulha de inspiração para recomeçar a caminhada.

Um olhar bíblico das crises

Thiago: "Crise é um con-texto para provar a fé"

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OlharCristão • mar/abr/2015 7

artigo

Na crise, corte o “s”

É fato que estamos vivendo um momento de recessão em nosso País. Uns tentam negá-lo, quem sabe, na tentativa de defender o

governo, por fazer parte do mesmo. Hoje mesmo eu vi um ministro que apesar de admitir a crise, afirmava que ela é passa-geira. Bem ao contrário do ministro, o re-presentante da instituição que rebaixou o Brasil, colocando-o na situação de um país mau pagador, ter afirmado que a cri-se é mais profunda do que gostaríamos que fosse. Contra fatos não há argumen-tos: basta ver o orçamento para 2016, que a equipe econômica mandou para o Congresso com um déficit de R$30 bi-lhões, sem falar nos constantes aumen-tos dos combustíveis, de energia elétrica, alto preço dos alimentos e a quantidade enorme de demissões que está havendo em quase todos os setores da economia, para assim termos um claro atestado da crise econômica do nosso País.

Levando isso em consideração, como vencer a crise?

Primeiro princípio: admiti-la. Enquan-to “a ficha não cair” que estamos vivendo um momento de crise, não vamos sair dela. É triste ver pessoas cometendo erros e, quando aconselhadas, não admiti-los. “O pior cego é aquele que não quer ver”. Precisamos ter os nossos olhos e os pés no chão, ter humildade e a capacidade de fa-zer um autoexame em momentos de cri-se. Esse é o primeiro passo para vencê-la.

Segundo princípio: ore. Coloque a crise aos pés de Deus através da oração. Peça a sabedoria de Deus para ajudá-lo a vencê-la. Não podemos nos esquecer das palavras do Senhor Jesus, quando disse que o impossível para o homem, é possível para Deus. Deus tem prazer em fazer milagres, essa é a especialidade dEle. Mas, para isso acontecer, as pessoas

precisam ter fé nEle. Deus honra a fé dos seus filhos e filhas. Eu tenho apren-dido que nos meus momentos de crise, é quando eu tenho colhido as maiores vitórias e aprendido as melhores lições, portanto, “tende fé em Deus”.

Terceiro princípio: corte gastos des-necessários. Quem sabe a crise vem para nos ensinar a mudar hábitos, a viver uma vida mais simples e assim buscarmos mais a Deus. Para ter, é preciso apren-der também, a não ter. Fazer dívidas comprando no cartão, pedir dinheiro emprestado, deve ser a última coisa que devemos fazer em momentos de crise. Levar a nossa crise aos pés de Deus é a primeira atitude que devemos tomar. É triste ver os servos e servas de Deus de-vendo. Quando isso acontece, nega-se a fé, criam-se escândalos e quase sempre a pessoa perde a sua reputação.

Quarto princípio: na crise, crie. Cor-

ABNER ASSIS*

*Abner Assis é pastor presbiteriano jubilado, diretor de expansão e patrimônio da ACBV, plantador de igrejas e de vários ministérios

tando o “s” da crise, você pode começar a pensar com a orientação de Deus e assim poderá vencê-la. Muitos têm encontrado na crise lições e soluções que em outro momento não teria pensado nelas. Te-mos como exemplo o apóstolo Paulo, o qual teve que enfrentar muitas crises em sua vida e ministério. Com a sabedoria de Deus e as experiências adquiridas, ele deu este grande testemunho: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situa-ção. Tanto sei estar humilhado como tam-bém ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abun-dâncias como de escassez” (Filipenses 4.11-12). Deus nos criou com a capacidade de sermos Seus cooperadores e cocriadores. Portanto, “crie na crise” e assim a enfren-te como uma grande oportunidade de aprendizagem e serviço a Deus.

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8 OlharCristão • mar/abr/2015

Pesquisa realizada pela CNT/MDA aponta uma grande disparidade entre a confiança que os brasi-leiros depositam na Igreja em

relação às demais instituições. O estudo indicou que 43% da população confiam sempre na Igreja e apenas 11,7% disse-ram que não confiam nunca. Enquan-to que em segundo lugar aparecem as Forças Armadas, que possuem 19,2% de confiabilidade, contra 21,2% dos que não confiam de forma alguma. Nesse ranking, quem está na situação mais de-sacreditada são os partidos políticos, que têm rejeição de 73,4% dos entrevistados.

No rastro das denúncias de corrup-ção, o índice de aprovação dos gover-nantes e do Congresso Nacional está bastante abalado. Enquanto 56,2% dos entrevistados afirmaram não confiar nunca no poder executivo, a descon-fiança dos parlamentares também ultra-passou a metade da população, 51,6%. Cenários que só não foram piores que o dos partidos políticos, que fornecem os quadros para ocupar esses cargos.

A imprensa e a justiça, que têm pa-péis estratégicos no atual contexto de crise, também estão na berlinda da opi-nião pública. Apenas 13,2% afirmaram confiar nos veículos de comunicação. Um índice ainda mais baixo de confiabi-lidade plena foi conferido ao judiciário, com apenas 10,5%.

Questionados sobre a corrupção, 37,1% dos entrevistados pela CNT/MDA afirmaram se tratar do principal problema a ser enfrentado pela sociedade brasileira. Outros 53,4% apontaram que se trata de um dos principais problemas do País.

Foram entrevistadas 2.002 pessoas, em 137 municípios de 25 Unidades Fe-derativas, das cinco regiões. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais com 95% de nível de confiança. Os questioná-rios foram aplicados no mês de julho.

pesquisa

Confiança em queda no poder público brasileiro e em ascensão nas igrejas

Confiança nas instituições

43,0% confiam sempre na igreja

19,2% confiam sempre nas Forças Armadas

13,2% confiam sempre na imprensa

10,5% confiam sempre na justiça

8,9% confiam sempre na polícia

2% confiam sempre no governo

1,6% confia sempre no Congresso Nacional

1% confia sempre nos partidos políticos

Qual a Instituição que você mais confia?

1º - Igreja (53,5%)

2º - Forças Armadas (15,5%)

3º - Justiça (10,1%)

4º - Polícia (5,0%)

5º - Imprensa (4,8%)

6º - Governo (1,1%)

7º - Congresso Nacional (0,8%)

8º - Partidos políticos (0,1%)

Avaliação das instituições

Font

e: C

NT/

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A

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OlharCristão • mar/abr/2015 9

olharpolítico

ESTATUTO DA FAMÍLIA PASSOU PELA COMISSÃO

De autoria do deputado federal pernambucano Anderson Ferreira, o Estatuto da Família (PL 6583/13) foi aprovado na Comissão Especial na Câmara dos Deputados em outubro. O grande entrave desse projeto de lei é a continuidade do con-ceito de família, composto por homem e mulher, tal como está na Constituição Federal de 1988. Na votação, parlamen-tares do PT e PSOL tentaram modificar o texto do estatuto, sem sucesso. Ainda distante de alcançar unanimidade, o pro-jeto será encaminhado para apreciação do Senado Federal.

ANGELA MERKEL

Filha de pastor, a presidente alemã Angela Merkel su-geriu que os ale-mães tenham co-ragem de voltar à igreja e à bíblia. A declaração acon-teceu em palestra recente na Univer-sidade de Berna, Suíça, quando foi indagada sobre os riscos de receber milhares de imigrantes de países islâmicos. Em seu discurso, ela pontuou que a melhor resposta dos euro-peus é "a coragem de ser cristãos, de fomentar o diálogo (com os muçulmanos), de voltar à Igreja, de se aprofundar de novo na Bíblia". Só em 2015, o País deverá receber 800 mil refugiados.

DEPUTADO EVANGÉLICO NA BERLINDA

Uma das peças mais influentes na queda de braço entre o Congresso Nacional e a presidente Dilma Rousseff é o depu-tado federal Eduardo Cunha, membro da bancada evangéli-ca do Rio de Janeiro. Articulado, Cunha está imprimindo vá-rias derrotas ao poder executivo. No entanto, os tempos do membro da Assembleia de Deus da Madureira podem estar com os dias contados. Isso porque foram descobertas pelo Ministério Público da Suíça contas bancárias do parlamentar no País europeu. As investigações identificaram quatro con-tas com valores milionários. Parte desse valor teria origem em propinas pagas pela Petrobras, numa transação com uma empresa africana, do Benin.

BANDIDO BOM...

"Marginal que troca bala com a polícia é para estar morto. (...) Bandido tem que levar bala na cara mesmo", afirmou o parlamentar evangélico pernambucano Joel da Harpa. A declaração polêmica, que não é a primeira do deputado, gerou repúdio de parlamentares na Assembleia Legislativa e estranhamento por parte das igrejas.

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10 OlharCristão • mar/abr/2015

palavrasagrada

José e a Providência Divina

Ao lermos as histórias bíblicas não podemos incorrer em erro e desfocar o que de fato está sendo ensinado na Revelação

de Deus. Deus é o ponto focal da Escritu-ra, por isso a Bíblia é a revelação de Deus. Ao lermos nas Escrituras as narrativas do Antigo Testamento é importante que saibamos que essas narrativas revelam a Deus e o glorificam.

No livro do Gênesis a partir do capí-tulo 37 temos a narrativa da história de José. Talvez muitos acreditem que a figu-ra central da narrativa é José, mas não é. Como disse o teólogo R.C. Sproul: ali es-tava operando a mão invisível de Deus. Deus é a figura central na história. Vemos que a Escritura mostra de forma clara a doutrina da providência.

A Bíblia é a Palavra de Deus porque ele se revela em suas páginas, Deus se mostra a nós na Escritura. A providência é o emprego histórico dos decretos di-vinos. A providência é o decreto sendo encarnado na história, por isso devemos compreender que Deus dirige a história. O mundo não está entregue a Satanás ou aos homens completamente. Se crermos que Deus não dirige o curso da história es-tamos afirmando que Deus não é Deus ou que existem fatores ou forças maiores que Deus e que ele não consegue cumprir sua vontade, isso é uma grave heresia e pode-mos incorrer no deísmo ou teísmo aberto.

A história de José diz que ele era um dos filhos de Jacó e que havia uma pre-ferência de Jacó por ele e isso acarretava ciúmes em seus irmãos. Depois de José ganhar uma túnica de seu pai, seus ir-mãos ficaram enciumados e depois que José revela seu sonho de que seus irmãos e seu pai se prostrariam diante dele a si-tuação piorou. A Bíblia nos diz que seus irmãos o venderam aos mercadores mi-dianitas (Gn 37.28). Como conhecemos

a história, José foi levado para a casa de Potifar, um homem importante no Egi-to. Ali José foi assediado pela esposa de Potifar e acusado injustamente por essa mulher de que ele é que a assediara. José foi preso e na cadeia interpreta sonhos do copeiro-chefe e do padeiro-chefe que estavam com ele na prisão. Veja como a história se desenvolve, José vendido in-justamente por seus irmãos, acusado in-justamente pela esposa de Potifar, mas, ainda assim, Deus o estava dando graça na prisão, perante o carcereiro. A graça de Deus mesmo em meio à dor e sofri-mento estava com José. O padeiro-chefe fora morto, no entanto, o copeiro voltou à casa de Faraó e depois de um sonho do rei, lembrou-se de José e que ele tinha interpretado seu sonho com precisão. Uma das formas que Deus usava para revelar-se era por sonhos. José é levado à casa de Faraó e interpreta o sonho do rei e acha graça diante dele. Uma gran-de fome invade a terra de seus parentes e seus irmãos vão ao Egito para comprar comida, num cumprimento claro do so-nho das vacas que Faraó tivera. José, no entanto era primeiro ministro do Egito.

Ao lermos o capítulo 42 do Gênesis vemos o comovente relato do reencontro entre José e seus irmãos e de como tudo ocorreu e como José se mostrou a seus parentes. O que chama a nossa atenção aqui é uma fala de José: Agora, não se afli-

THOMAS MAGNUM FELIX DE ALMEIDA*

*Thomas Magnum é professor do Se-minário Congregacional do Nordeste e mestrando em teologia

jam nem se recriminem por terem me ven-dido para cá, pois foi para salvar vidas que Deus me enviou adiante de vocês. Já houve dois anos de fome na terra, e nos próximos cinco anos não haverá cultivo nem colhei-ta. Mas Deus me enviou à frente de vocês para lhes preservar um remanescente nesta terra e para salvar-lhes as vidas com gran-de livramento. Assim, não foram vocês que me mandaram para cá, mas sim o próprio Deus. Ele me tornou ministro do faraó, e me fez administrador de todo o palácio e go-vernador de todo o Egito,( Gênesis 45:5-8). Aqui vemos claramente a providência di-vina sendo revelada. José não era o herói da história. Deus é o herói.

Diante de tão maravilhosa narrativa Bíblica, não podemos negar que Deus dirige o curso da história dos homens e isso não está somente em Gênesis, está em toda a Palavra de Deus. Em Gênesis podemos ver Deus fazendo um pacto com Noé e dizendo que haveria um di-lúvio e aqui precisamos entender algo importante, Deus não previu o diluvio, Deus causou o diluvio. Vemos que Deus disse que destruiria Sodoma e Gomorra, vemos que Deus guiou Abraão e a his-tória dos patriarcas. O livro do Gênesis termina com as narrativas sobre José, mostrando que Deus é um Deus presen-te. Que seus decretos não podem ser im-pedidos e que eles são empregados na história por sua soberana providência.

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OlharCristão • mar/abr/2015 11

Diga Não ao Divórcio

momentoA2*Darrell e Márcia Marinho traba-lham com ministério de casais e são apresentadores da #TvA2

Muitas vezes encontramos ca-sais que reclamam que estão atolados de problemas em seu casamento, outros nem

tem mais esperança numa vida feliz den-tro de casa e, em alguns casos, buscam fora a tal felicidade. Ainda tem uma tur-ma que entra e sai do casamento sem ne-nhum constrangimento. Casam-se para se divorciar e divorciam-se para se casar.

Afinal de contas, o casamento é uma instituição falida? Com certeza não. O ca-samento é um plano de Deus para a nos-sa vida, ele foi planejado por Deus, desde Gênesis e feito para durar a vida toda. O as-sunto casamento deveria ser muito mais trabalhado e comentado na nossa socie-dade e igreja, pois ele é urgente e vital. Se destruirmos esse fundamento, toda estrutura familiar começa a ruir, sem um casamento forte uma família perece, isso abala os cônjuges e muito mais os filhos.

O cotidiano agitado das pessoas, aliado à grande facilidade de se obter o divórcio, tem diminuído a duração das uniões matrimoniais, que se acentuam com a agitação de um mundo conecta-do, onde em muitas vezes dedicamos mais tempo às redes sociais do que ao nosso próprio casamento. O que era para

valorizarmos, muitas vezes esquecemos.Acreditamos que, em função das

dificuldades que a vida moderna nos impõe, temos atualmente uma inter-ferência maior dos fatores externos em nosso casamento, do que na ge-ração de nossos pais. Por isso, se faz necessário uma atenção maior de nos-sa parte para que essa união dê certo.

Certa vez, alguém já disse que casa-mento não vem pronto ele se constrói e para isso, precisam construir um pouco dia a dia, como um edifício, an-dar por andar, pacientemen-te, com a parti-cipação de am-bos os cônjuges.

Vocês precisam dedicar um tempo para o casal, precisam conversar mais, serem ver-dadeiros amigos, coloquem as cartas na mesa do que incomoda e falem também do que faz bem para um e para o outro. Talvez um dos dois precise liberar aquele perdão tão necessário para

que possa haver libertação e entender que um precisa do outro para ser feliz.

Um casamento realmente feliz e for-te para enfrentar as tempestades precisa ter o elo mais importante e poderoso: Deus. Com Ele ao nosso lado, consegui-mos vencer os obstáculos do dia a dia e ter forças para continuar seguindo o caminho que foi preparado para nós. Numa vida A2, sou eu e ela, uma só car-ne, e a outra parte Jesus Cristo. Isso faz

muita diferença no seu casamento.

Caso você se decida não entrar para as estatísticas do divórcio,

lembre-se: Para proteger sua

família, você pre-cisa conversar mais

sobre casamento, ler mais sobre o assunto ,

ir em palestras, assistir ví-deos e chamar esse assunto

para o cotidiano do casal. Esse é um assunto que vocês precisam con-

versar. Só não se esqueça, em todas as conversas, de dizer: ”Eu te Amo''.

QUE TAL?

Cuidar da sua grama.....Dizem que a grama do vizinho é sempre mais bonita, será? Que tal cuidar da sua grama?

Então.....Já pensou em surpreender seu amor com bilhetes espalha-dos por toda a casa? É isso mesmo, na carteira dele, na bolsa dela, no porta maquiagem, na gaveta do WC, na cômoda, embaixo do travesseiro e em qualquer lugar, que de forma inesperada você posssa lembrar o quanto ele(a) é importante para você. Não economiza, espalha em todo lugar.

COMIGO, NÃO!

Segundo o IBGE o número de casamentos supera em três vezes o de divórcios no Brasil. Ao todo foram 1.052.477 casamentos, contra 324.921 divórcio em 2013 (último dado levantado). Comparando com 2012, houve uma diminuição de 4,9% no total de divórcios, bom? Claro, mas mesmo as-sim, mais de 300 mil casamentos desfeitos por ano, não tem graça não. Separação? Comigo não!

REFLETINDO A2

"Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe." (Mateus 19:6)

http://www.youtube.com/momentoA2

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12 OlharCristão • mar/abr/2015

memóriacristã

Jerônimo Gueiros, nas-ceu numa família de 12 filhos, sendo o filho homem mais novo, do

casal Francisco de Carvalho Silva Gueiros e Rita Francisca Barbosa da Silva. Nasceu no dia 30 de setembro de 1880, dia esse, dedicado a “São Je-rônimo”, na localidade de Queimadas de Santo Antônio (Jurema), município de Qui-papá (PE). O pai de Jerônimo descendia de uma antiga fa-mília pernambucana com raí-zes na região de Garanhuns. O avô de Francisco, Manoel da Silva Gueiros, foi o primeiro a ter esse sobrenome, uma pos-sível corruptela de Queiros. Je-rônimo assim como todos da família não teve uma vida fácil, pelo con-trário, os filhos mais novos de Francisco de Carvalho Silva Gueiros, após a abolição da escravatura, e a perda da mão-de-obra fa-miliar, foram obrigados a trabalhar como marceneiros, para o sustento da família.

Jerônimo também trabalhou de cigar-reiro, chegando a fabricar 1,2 mil cigarros em um só dia. Além das condições humil-des, Jerônimo assim como os seus irmãos, eram adeptos entusiastas das farras sema-nais e das bebidas alcoólicas. Na realida-de, Jerônimo já no início da adolescência, tinha uma vida desregrada, entregando-se à bebida e aos jogos de azar. O historiador David Vieira lembrando dessa época, diz que, “sua frustração com a vida que leva-

Um intelectual pernambucano a serviço do Reino de Deus

JOSÉ ROBERTO DE SOUZA

DE UMA INFÂNCIA DIFÍCIL NO INTERIOR DO ESTADO, A VIDA DE JERÔNIMO GUEIROS FOI TRANSFORMADA A PARTIR DA CONVERSÃO AO EVANGELHO E DO APRENDIZADO DA LÍNGUA INGLESA COM OS MISSIONÁRIOS

va, foi provavelmente o que levou ao vício das bebidas alcoólicas e a jogatina, tendo se tornado um jogador profissional, aos 13 anos de idade. Todavia, Jerônimo conver-teu-se ao Protestantismo, através dos esfor-ços do trabalho realizado pelo Rev. George W. Butler e da sua esposa, Rena Butler, um casal de missionários norte-americano, os quais chegou em Garanhuns no final do século dezenove, mas especificamente, no ano de 1895. Na realidade, esses foram a primeira grande influência que Jerônimo Gueiros teve em sua vida, de evangélico e de intelectual. Após a sua conversão, Jerô-nimo passou a ter gosto pelos estudos e, foi aos pés dos Butlers que ele começou a sua carreira acadêmica.

Vieira lembra que: “Nos três primeiros anos que estudou com D. Rena Butler, de 1895 a 1898, entre outras matérias, aprendeu o inglês. Isto o habi-litou a consultar livros naquela língua, que lhe abriram um am-plo leque de informações, não disponíveis a alguém que fosse apenas monoglota, especial-mente em um Brasil daquela época, tão carente de livros di-dáticos, e de literatura erudita de todos os tipos. [...] Mrs Butler recordava como Jerônimo, ain-da menino e estudando com ela, constantemente vinha buscar auxílio na leitura dos textos em inglês, perguntando: Mama Butler, o que quer dizer isso? Em seguida, continuou os

seus estudos na primeira escola paroquial, criada pelo pastor Martinho de Oliveira [...].”

A ordenação para o ministério pasto-ral, aconteceu no dia 15 de setembro de 1901, pelo presbitério de Pernambuco, como pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil. Dr. Butler em uma de suas corres-pondências chega a mencionar a aparên-cia física do seu discípulo e da sua postura no púlpito, pois, segundo ele, Jerônimo era “alto, esbelto, de pele alva, de maneira autoritária no púlpito, porém humilde”.

Devido a sua importância no mundo acadêmico, bem como, o seu destaque no âmbito ministerial, Jerônimo, por esses motivos, passou a ganhar alguns adjetivos que refletiam o seu perfil. Esses adjetivos

Jerônimo foi destaque na igreja e na sociedade

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OlharCristão • mar/abr/2015 13

dependiam da localização geográfica, por exemplo, entre os evangélicos do Norte era conhecido como A Águia do Norte. En-tre os do Sul, talvez por ser pernambuca-no, era conhecido como O Leão do Norte. Ambas essas denominações sublinhavam o grande poder de suas palavras, como pregador e orador, jornalista e polemista.

Devido a sua grande influência e capa-cidade não tardou para que naturalmente, Jerônimo se destacasse e chamasse a aten-ção até mesmo do governador pernam-bucano. Em 1920, o então governador de Pernambuco, o Dr. José Bezerra Cavalcanti, o convida para dirigir a Escola Normal Ofi-cial do Estado, da qual, além de diretor, foi docente de História da Civilização.

Quando eleito para ocupar uma das cadeiras na Academia Pernambucana de Letras, ocupada anteriormente pelo patro-no, o general Abreu e Lima, Jerônimo, no seu discurso de posse, demonstra ter total consciência da relevância do seu papel so-cial, relembra as suas origens, mas, não se furta de externar publicamente a sua mis-são primordial, que segundo ele mesmo, era pregar o Evangelho: “[...] Senhores aca-dêmicos: Há alguma coisa que nos irmana e nos vincula nesta oficina de luz. Somos todos sonhadores de alguma coisa além da vida com seus pendores subalternos. Vivemos do ideal com que sonhamos. Pelo menos, minha vida tem sido uma urdidura de sonhos em que sobressai minha tendên-cia associativa com escopo superior. E todos os meus sonhos objetivaram-se em doces realidades, tanto quanto o permitiram a contingência e relatividade das cousas hu-manas. Sonhei, primeiro, na obscuridade da minha vida sertaneja, no meio da pobreza extrema de rude operário, com ilustrar-me para fazer-me afanoso obreiro espiritual, de modo a poder levar a minha gente o influxo

do Livro que inspirou a civilização das maio-res potências do Velho e Novo Mundo. E o sonho foi realidade. Através de trinta anos, desdobro, ininterruptamente, minha ativi-dade espiritual com a profunda convicção que me levará ao seio de Deus e com esse entusiasmo crescente e insopitável que a fé inspira e me faz exclamar com o apostolo dos gentios: “Ai de mim, se eu não evangelizar!”.

Jerônimo Gueiros morrera no dia 07 de abril de 1953. A morte do Reverendo Jerônimo Gueiros foi sentida no meio in-telectual pernambucano, não só porque pertencia à Academia Pernambucana de Letras, ao Instituto Arqueológico, Históri-co e Geográfico de Pernambuco, além de várias associações culturais brasileiras e estrangeiras e, assim, conseguira firmar, com sua personalidade, o caminho de uma obra literária de grande valor e que, vale salientar, expressava forte teor humanista.

Após a notícia da sua morte, não cus-tou para que todos os jornais locais, e ain-da outros, até mesmo fora do estado de Pernambuco, lamentassem a sua triste partida. No Diário da Noite, datado em 7 de abril de 1953, encontramos a seguinte afirmação: “A sociedade do Recife está de luto. Faleceu o professor Jerônimo Guei-ros, respeitável figura de homem de bem, espécie de patriarca austero, fundador de uma família ilustre e numerosa. Dizemos fundador no sentido da projeção social, porque o professor Jerônimo Gueiros teve uma origem humílima, que ele não escon-dia, mas de que falava com orgulho.”

Pinho Borges e Mirian Machado relem-bram em poucas palavras, quem foi Jerôni-mo Gueiros e as homenagens que lhe foram feitas: “[...] foi administrador, ativista, confe-rencista, contista, cronista, docente, educa-dor, escritor, ensaísta, ficcionista, filólogo, jornalista, literato, memorialista, orador, pas-

tor presbiteriano, pensador, pesquisador, poeta, polemista, produtor cultural, e tem seu nome mencionado no Dicionário Biblio-gráfico de Poetas Pernambucanos, de La-martine Morais e no Dicionário Bibliográfico Regional do Brasil, de Mário Ribeiro Martins. O reverendo Jerônimo fez história e, como gratidão, a história reverencia o seu nome em instituições educacionais e vias públicas como: Escola Professor Jerônimo Gueiros lo-calizada em Garanhuns (PE); Escola Profes-sor Jerônimo Gueiros, em São José, também em Garanhuns; o Instituto Presbiteriano Jerônimo Gueiros; Grupo Escolar Jerônimo Gueiros, em Jagubarro Vermelho em Natal (RN); Escola Estadual Jerônimo Gueiros, em Natal (RN). Tanto em Pernambuco quanto no Rio Grande do Norte, logradouros pú-blicos receberam o seu nome, como a Rua Jerônimo Gueiros, na Encruzilhada, em Recife; na Região Metropolitana do Recife, encontramos a Rua Jerônimo Gueiros, na cidade de Abreu e Lima; Rua Pastor Jerôni-mo Gueiros, em Tirol, na capital potiguar; e o Edifício Jerônimo Gueiros, anexo a Igreja Presbiteriana da Boa Vista.”

Durante meio século o Reverendo Jeronimo não foi apenas um exímio pre-gador, mas exerceu marcante e decisi-va influência na vida cultural e social de Pernambuco, quer como professor, quer como diretor da Escola Normal, quer como presidente da Academia Pernambucana de Letras, quer como intelectual dos mais primorosos e destacados.

* José Roberto de Souza é professor e coordena-dor do Departamento de História da Igreja no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN)

Gueiros ocupou a cadeira do General Abreu e Lima na APL

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14 OlharCristão • mar/abr/2015

SOM DA PERIFERIA PRODUZIDO POR FELIPE JÚLIO E JANDERSON É USADO PARA EVANGELIZAÇÃO NAS IGREJAS E EM EVENTOS

Jovens Mcs e o rap gospel no Recife

músicacristã

Felipe Júlio, 21, e Janderson, 22, há cinco anos tocaram as primei-ras rimas musicadas pelos Jovens Mcs. Nascidos na periferia da zona

norte do Recife e criados ouvindo os louvores das igrejas onde frequentaram, eles inovaram ao criar um ministério que se propõe evangelizar usando o rap com músicas cristãs. Com o primeiro CD gra-vado de forma independente e o segun-do fechando detalhes para o lançamen-to, as canções da dupla vão ganhando espaço e somando num segmento em que não estão sozinhos.

Nas igrejas onde levam seu testemu-nho e seus raps, FJ e Mampe, como são conhecidos, anunciam as verdades do Evangelho de Cristo com a linguagem das ruas. As gírias podem até assustar os mais tradicionais, mas chegam forte na juven-tude. Do primeiro álbum (Sonhar e Acre-ditar), a música “Sabedoria” já é conhecida

na maioria dos eventos ou cultos em que são convidados. Dessa primeira iniciativa, nasceu também o clip com a faixa “Jesus Cristo não despreza”, que circula nas redes sociais desde agosto.

A maioria das canções trazem um pouco do cenário opressor vivido pelos jovens das periferias, sempre apresentan-do o caminho do Evangelho como uma alternativa. A maioria das músicas é es-crita pelo FJ, que apesar de ter apenas 11 gravações, já fez dezenas de composições. Dessa inspiração, a dupla está finalizando o segundo álbum, que deve ser lançado ainda em 2015. Eles já selecionaram tam-bém as faixas do terceiro CD.

“Sempre gostei muito do rap. Depois que me converti, em um acampamento do Palavra da Vida, sabia que tinha em mente essa ideia de levar a mensagem do evan-gelho a todas as quebradas e lugares. Deus colocou no meu coração e nas minhas

mãos esse projeto”, afirma Felipe Júlio. Além das igrejas e pequenos eventos

undergrounds em que participam, como o Rapcife Cristão, que aconteceu em se-tembro, os Jovens Mcs já começaram a fre-quentar shows de maior porte. Nesse ano subiram ao palco do Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, no Recife Sem Drogas, da Associação Oásis da Liberdade. A quarta edição do evento reuniu milhares de per-nambucanos, tendo como principais atra-ções os cantores Sérgio Lopes e PG.

Esse movimento do rap dentro do seg-mento gospel está ganhando novos adep-tos. De acordo com Felipe, apenas no Rapcife Gospel são cerca de 40 Mcs envolvidos.

CONHEÇA O TRABALHO DO MINISTÉRIO JOVENS MCSNa fanpage: www.facebook.com/Jovens-Mcs-491660874224361 Contato para eventos: (81) 99647-8995 | 98788-4619

Cidade tem pelo menos 40 cristãos no grupo Rapcife

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15OlharCristão • mar/abr/2015

Você Acredita? - Crítica

cinecristão

Fé, arrependimento e redenção. Essa é a base sobre a qual está firmado o filme Você Acredita? (2015), que chegou aos cinemas

no último dia 3. Ele conta a história de doze pessoas que terão suas vidas trans-formadas pela mensagem da cruz. Esta é a nova aposta dos produtores de Deus não Está Morto (2014), longa que, ano passado, só nas bilheterias norte-ameri-canas, arrecadou mais de US$ 60 milhões e no Brasil alcançou a marca de mais de 290 mil espectadores.

Você Acredita? tem como tema a fé rela-cionada às obras. O texto “A fé sem obras é morta”, de Tiago 2:17, exibido logo no início do longa, aponta o caminho por onde a tra-ma seguirá. Em Deus Não Está Morto o foco é a existência de Deus. Já em Você Acredita?, é a fé na cruz de Cristo, que traz como conse-quência o perdão e a redenção.

O filme tem no elenco nomes de peso do cinema mundial, como Mira Sorvino, ganhadora do Oscar por Poderosa Afrodi-te (1995) de Woody Allen, Sean Astin, co-

WANDERLEY ANDRADE - ESPECIAL PARA OLHAR CRISTÃO

Filme gospel bateu recorde de salas em exibição no Brasil

nhecido por sua atuação em Os Goonies (1985) e na trilogia O Senhor dos Anéis e Cybill Shepherd, da série A Gata e o Rato e de filmes de sucesso como A Última Ses-são de Cinema (1971) e Taxi Driver (1976).

A grande a quantidade de personagens é o ponto que cria dificuldades no desen-volver do trama. O tempo é pequeno para

explorar as nuances de suas personalidades. Alguns recebem mais atenção que outros, como Samantha, uma viúva que passa a viver em abrigos com a filha Lily. Persona-gens estereotipados também compõem o filme: o soldado traumatizado pela guerra, o médico cético e a filha abandonada. As his-tórias de cada um se cruzam, mas de forma forçada e artificial em alguns momentos.

A grata surpresa está na trilha sonora. A canção “We Believe” do grupo Newsboys, ga-nhou uma versão em português para as có-pias exibidas no Brasil. “Acredito”, interpreta-da pelo cantor Leonardo Gonçalves já teve mais de 980.000 visualizações no Youtube.

Difícil não comparar Você Acredita? a Deus Não Está Morto. Resta saber se a pro-dução alcançará o mesmo sucesso. Só o tempo dirá. Ao menos nos cinemas, o nú-mero de salas em exibição bateu recorde entre os filmes evangélicos no Brasil. Não são poucas as igrejas que divulgaram a película nos templos e que até fecharam sessões inteiras para seus membros e con-vidados com objetivo evangelístico.

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16 OlharCristão • mar/abr/2015

olharcultural

CDS

FERNANDINHO

O álbum Galileu, gravado em maio com apoio de vários corais e do projeto Cristolândia, é o novo lan-çamento do cantor Fernandinho. O CD conta com a participação do guitarrista Juninho Afran.

BAZAR

Conferência Missão na Integra no Recife

O Recife será a sede da Conferência Missão na Íntegra, que acontece entre os dias 2 e 6 de novembro. Com o tema "Justiça, o futuro do universo", o evento se propõe a reunir pastores, líderes e ir-mãos que estão lutando para que a Igre-ja se torne relevante no país, assumindo um papel de agente de transformação da sociedade. Entre os palestrantes confir-

coordenador do Ministério Sal da Terra), Ziel Machado (Historiador e pastor), Ri-cardo Agreste (Teólogo, filósofo e escri-tor), Fábio Silva, empreendedor social, entre outros.

A conferência terá como sede a Cate-dral da Reconciliação da Igreja Episcopal Carismática (localizada na Rua Alfredo Marcondes, 499 – Imbiribeira).

As inscrições podem ser realizadas por diária (R$ 60 por dia) ou para o even-to inteiro, através do site: www.missao-naintegra.com.br/cmi/inscricoes.

mados estão os pastores Ed René Kivitz, da Igreja Batista em Água Branca (SP), e Ariovaldo Ramos, que é presidente da Vi-são Mundial e idealizador do congresso.

O tema proposto para as palestras do evento faz uma leitura da igreja sob a ótica da Teologia da Missão Integral. A conferência é uma iniciativa do Minis-tério Missão na Íntegra, que se propõe a ser uma resposta ao chamado cristão para levar a mensagem de que todas as dimensões da vida precisam ser san-tificadas, isto é, desenvolvidas e experi-mentadas de modo a se conformarem ao caráter e aos propósitos de Deus.

Também serão palestrantes da con-ferência Paulo Júnior (Fundadores e

SERVIÇO:Conferência Missão na Íntegra acontece entre os dias 2 e 6 de novembro, na Catedral da Reconciliação

Ed René Kivitz e Ariovaldo Ramos (ao lado) são palestrantes

PREGADOR LUO

Um dos maiores rappers do gospel nacional, o Pregador Luo, lança "Testemunhe" pela sua nova gravadora, a Universal Music Christian Group.

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OlharCristão • mar/abr/2015 17

LIVROS

EU ESCOLHI ESPERAR

Lançamento da Mundo Cristão, escrito pelo pastor Nelson Júnior, idealizador da campanha "Eu escolhi esperar". O livro trata sobre a vida sexual do jovem brasileiro sob um olhar do cristianismo.

UM ANO COM JESUS

Do pastor e escritor Eugene Petersonn, autor da bíblia A Mensagem, o devocional a cada dia do ano meditações através das histórias e palavras de Jesus nos evangelhos. O lançamento é da Editora Ultimato.

MINISTÉRIO: VOCAÇÃO OU PROFISSÃO?

Livro lançado pela Editora Hagnos, do pastor Justo González, trata do preparo para o ministério e faz uma discussão sobre as instituições de preparo teológico.

Conferência Vox acontece em novembro

A Conferência Vox 2015, que é o maior evento sobre empreendedorismo social do Nordeste, acontecerá no dia 14 de novembro, no Recife. Com o objetivo de inspirar a sociedade a compartilhar e desenvolver práticas do bem, o congres-so, que está sendo realizado pela ONG Novo Jeito e pelo grupo Padrão Carva-lheira, espera receber 800 pessoas. A grande expectativa dessa edição é para a vinda do senador Cristóvão Buarque, um dos principais nomes do País na defesa da educação. O evento receberá tam-bém o pastor Sérgio Queiroz, fundador do projeto Cidade Viva, de João Pessoa.

Oito profissionais voltados para as áreas de voluntariado, direitos humanos, esportes, cultura, corporativa, espiritual, tecnologia e inclusão social vão dividir experiências e mostrar como suas inicia-tivas em cada área de atuação têm con-tribuído com um mundo melhor. Entre os palestrantes estarão o CEO da multi-nacional finlandesa Wärtsilä Brasil, Rob-son Campos; a cineasta pernambucana Maria Clara; e o deputador estadual de São Paulo, Carlos Bezerra Júnior.

O público é formado por pessoas de todas as idades, mas, principalmente, jo-vens adultos, de 25 a 35 anos. No local do evento também haverá demonstração de atividades de ONGs locais e alimentação, para que o participante tenha toda a estru-tura necessária para permanecer no even-to das 9h às 19h. A ideia é compartilhar experiências para inspirar novos projetos.

“Teremos aqui pessoas de idades diferentes, áreas de atuação diferentes e classes sociais diferentes, mas com as mesmas perspectivas: mudar o mun-do com as ferramentas que temos nas mãos. As experiências que veremos aqui podem ser adaptadas e transformadas a muitas outras realidades para levar espe-rança a novas pessoas. Nosso objetivo é

criar uma onda do bem”, afirma Fábio Sil-va, idealizador da ONG Novo Jeito.

Como o evento tem a proposta de inspirar novos projetos, os organizado-res já mapearam algumas iniciativas que tiveram o berço no Vox. Fábio Silva lem-bra que na primeira conferência surgiu a proposta de criar um voluntariômetro no Recife. Uma ideia que já ganhou corpo através do programa Recife Transforma, da Prefeitura Municipal do Recife.

SERVIÇO:Conferência VOX 2015Dia 14 de novembro, as 9h às 19hLocal: Espaço Carvalheira - Rua Manoel Didier, 53 – Imbiribeira (Recife)Ingressos e informações: www.conferenciavox.com.br

Vox é o maior evento de empreendedorismo social do NE

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18 OlharCristão • mar/abr/2015

OS PROJETOS CASA ESPERANÇA VIR-A-SER (EM IGARASSU), LER MELHOR (EM AFOGADOS DA INGAZEIRA) E O CEPAC (UMARIZAL-RN) SERÃO BENEFICIADOS PELOS RECURSOS MOBILIZADOS PELA ONG

Diaconia lança nova edição da Campanha Ser Criança

cidadania

A partir deste mês de ou-tubro, a ONG Diaconia dá a largada para a terceira edição da Campanha Ser

Criança, uma iniciativa que mobi-liza e destina recursos a projetos comprometidos em garantir uma infância plena, digna e feliz a crian-ças em situação de vulnerabilidade social. Duas iniciativas apoiadas nos sertões de Pernambuco e do Rio Grande do Norte continuam a ser apoiadas. A novidade este ano é a inclusão, no rol de projetos benefi-ciados, da Casa Esperança Vir-a-Ser, organização localizada em Igarassu (Região Metropolitana do Recife).

O espaço, localizado no Lotea-mento Nossa Senhora da Conceição, atende 50 crianças e adolescentes com aulas de violão, teclado, flauta doce e canto. As oficinas são realizadas três vezes por semana com ajuda de edu-cadores voluntários. “O apoio ao projeto se dará, principalmente, através da com-pra de instrumentos musicais adequados à idade das crianças atendidas, além de outras iniciativas que contribuam para a sustentabilidade do projeto”, explica a coordenadora da Diaconia na Região Me-tropolitana do Recife, Gleizy Gueiros. Além da Casa Esperança, a campanha Ser Crian-ça também oferece suporte a outros dois projetos: o Centro Presbiteriano de Apoio a Criança (Cepac), em Umarizal (RN); e o Ler Melhor, em Afogados da Ingazeira (PE).

Administrado pela Igreja Presbiteriana de Umarizal, no sertão potiguar, o Centro Presbiteriano de Apoio à Criança (Cepac)

é uma segunda casa para 60 crianças e adolescentes contemplados com oficinas de dança, leitura, arte-cultura, reciclagem e formação cristã, além orientação acom-panhamento nutricional. Já o projeto “Ler Melhor”, desenvolvido pela Igreja Evangé-lica Livre, beneficia 40 crianças do bairro de Sobreira, município de Afogados da In-gazeira (PE), através de atividades de com-plementação escolar, com foco na leitura. Os recursos arrecadados são destinados à aquisição de material didático, recreativo e esportivo, alimentos, fardamento e o cus-teio de salários das educadoras.

A realidade das comunidades foi con-textualizada a partir de diagnósticos reali-zados com crianças, mães e pais e o apoio da equipe da Diaconia. Dentre as questões

levantadas, as famílias apontaram a ausência de espaços de lazer e de aprendizado nos períodos fora da es-cola, além da poluição ambiental e so-nora e a violência doméstica e social, fatores que trazem riscos ao desenvol-vimento das crianças. O analfabetis-mo funcional (dificuldade de leitura e interpretação de texto mesmo após a alfabetização) também foi apontado como desafio nas comunidades.

“Devemos partilhar a graça que recebemos de Deus. Com certeza, aquele que doa ganha mais do que aquele que recebe a doação, pois o ato de doar enobrece o homem e a mulher”, destacou o diretor execu-tivo da Diaconia, pastor Armindo Klumb, acrescentando que a campa-nha “nos estimula a semear a semen-te do bem e a ajudar a transformar

vidas de crianças, contribuindo para a defesa e promoção dos seus direitos”.Doações. uma série de atividades públi-cas estão planejadas para chamar atenção e engajar a sociedade na iniciativa, como mobilizações nas igrejas, ruas, parques e sinais, além do site e das redes sociais da Diaconia. Pessoas voluntárias também podem ajudar na divulgação das ações e na mobilização de recursos junto a ami-gos, familiares, igrejas, escolas e casas comerciais. As doações podem ser feitas diretamente na conta corrente 10.927-4, agência 3234-4, Banco do Brasil. Mais in-formações pelo telefone (81) 3221.0508, pelo e-mail [email protected] ou na fanpage da Diaconia no Face-book: facebook.com/diaconiabr.

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OlharCristão • mar/abr/2015 19

cristã

CHAR

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