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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL APLICABILIDADE DE TÉCNICAS DE DRENAGEM DE BAIXO IMPACTO NO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DAVID LUERSEN MOREIRA Santa Maria, RS, Brasil 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

APLICABILIDADE DE TÉCNICAS DE DRENAGEM DE

BAIXO IMPACTO NO CAMPUS DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DE SANTA MARIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

DAVID LUERSEN MOREIRA

Santa Maria, RS, Brasil

2016

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APLICABILIDADE DE TÉCNICAS DE DRENAGEM DE BAIXO

IMPACTO NO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE

SANTA MARIA

David Luersen Moreira

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em

Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria(UFSM,RS) como

requisito parcial para a obtenção do grau de

Engenheiro Civil

Orientadora: Profª. Drª. Rutinéia Tassi

Santa Maria, RS, Brasil

2016

Universidade Federal de Santa Maria

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Centro de Tecnologia

Curso de Engenharia Civil

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,

aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

APLICABILIDADE DE TÉCNICAS DE DRENAGEM DE BAIXO

IMPACTO NO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA

MARIA

elaborado por

David Luersen Moreira

Como requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro Civil

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________

Rutinéia Tassi, Drª

(Presidenta/Orientadora)

______________________

Francisco Lorenzini Neto, Msc. (UFSM)

______________________

Jean Ricardo Favaretto, Msc. (UFSM)

Santa Maria, 13 de dezembro de 2016

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à minha mãe Suzan, a quem eu simplesmente devo tudo que sou.

À minha irmã Natália, por ser a referência do que procuro ser como pessoa.

Á minha família, pelo apoio incondicional em todos os momentos.

À Prof. Drᵃ. Rutinéia Tassi, por toda orientação, atenção e paciência durante um período

que se estende muito além do tempo de realização deste trabalho, fazendo meus sinceros

agradecimentos parecerem pequenos frente a toda ajuda prestada.

A todos meus amigos, irmãos e irmãs que a vida me deu. Em especial aos amigos Felipe

Gravina, Guilherme Quevedo, João Eduardo Azevedo e Raul Todeschini que foram técnica e

motivacionalmente indispensáveis para a realização deste trabalho.

À UFSM e a todo corpo de professores, por terem sido fundamentais na minha formação

profissional.

Finalmente, agradeço a todos que participaram de alguma da minha trajetória durante a

graduação. Namastê!

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EPÍGRAFE

“Todo o mundo é um bolo de aniversário,

você pode pegar um pedaço,

mas não muito.”

George Harrison

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RESUMO

APLICABILIDADE DE TÉCNICAS DE DRENAGEM DE BAIXO IMPACTO NO

CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

AUTOR: David Luersen Moreira

ORIENTADORA: Rutinéia Tassi

A urbanização é um processo que resulta em uma grande alteração no ciclo hidrológico natural por

implicar em mudanças como a impermeabilização do terreno e afetar processos naturais da água

como a evaporação, precipitação, infiltração e evapotranspiração das plantas. Estas alterações

causam o aumento dos picos e vazões de escoamento, efeitos que são contornados através do uso

de dispositivos de drenagem que visam minimizar os efeitos da água no ambiente urbano, evitando

problemas locais. Entretanto, tal drenagem é convencionalmente feita a partir de métodos que

propõem apenas a remoção da água rapidamente, causando problemas a jusante como inundações

e a contaminação dos corpos hídricos receptores. Assim, foram desenvolvidos métodos alternativos

de drenagem que fazem uso de diferentes conjuntos de técnicas que promovem um comportamento

do escoamento mais próximo ao natural, tratando a água mais como um recurso do que como um

problema a ser resolvido. Dentro destes conjuntos está o Desenvolvimento Urbano de Baixo

Impacto – LID. Dentro deste contexto, este trabalho compara através do modelo SWMM os

volumes de escoamento gerados no campus sede da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

atualmente, fazendo uso das técnicas convencionais de drenagem, com um cenário idealizado onde

estão sendo utilizadas as técnicas de drenagem de baixo impacto – LID. Foram utilizadas as

técnicas de pavimentos permeáveis, trincheiras de infiltração, células de biorretenção e cisternas.

Atestou-se de modo geral a efetividade das técnicas de LID na redução do volume de escoamento

superficial gerado. Destaca-se o desempenho dos pavimentos permeáveis e trincheiras de

infiltração, e salienta-se o baixo desempenho das células de biorretenção e cisternas nesta

configuração.

Palavras-chave: LID. SWMM. Escoamento Superficial.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Coeficientes de extravasamento dos pavimentos permeáveis, células de biorretenção e

trincheiras de infiltração nas sub-bacias..........................................................................................50

Tabela 2 – Volumes totais de escoamento na bacia diferentes para condições de umidade

antecedente.....................................................................................................................................55

Tabela 3 – Coeficientes de extravasamento das células de biorretenção com área total equivalente

a 4% da área total a ser drenada.......................................................................................................59

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Hidrograma resultante da urbanização...........................................................................14

Figura 2 –Célula de biorretenção em São Francisco, Califórnia.....................................................22

Figura 3 – Estrutura de uma célula de biorretenção........................................................................23

Figura 4 –Trincheira de infiltração em San Diego, Califórnia........................................................24

Figura 5 – Estrutura de uma trincheira de infiltração......................................................................25

Figura 6 – Exemplo de pavimentos permeáveis no Reino Unido...................................................26

Figura 7 – Cisterna em um shopping do estado de Michigan, Estados Unidos................................28

Figura 8 –Contorno da área do campus sede da UFSM em março de 2016......................................30

Figura 9 – Hietograma de uma chuva de projeto com duração de 2 horas........................................32

Figura 10 – Mapa de Grupos hidrológicos do Solo nas imediações da UFSM...............................34

Figura 11 – Representação das Sub-bacias 1,5 e 6...........................................................................40

Figura 12 – Representação das Sub-bacias 2, 3 e 4..........................................................................41

Figura 13 – Representação das Sub-bacias 7, 8, 9, 10 e 11.............................................................41

Figura 14 – Representação das Sub-bacias 12, 13, 14 e 15.............................................................42

Figura 15 – Representação das Sub-bacias 16, 17, 18 e 19............................................................42

Figura 16 – Representação da Sub-bacia 11 com aplicação das técnicas LID................................44

Figura 17 – Hidrograma da bacia para uma chuva de projeto com duração de 2 horas e TR – 2

anos.................................................................................................................................................46

Figura 18 – Hidrograma da bacia para uma chuva de projeto com duração de 2 horas e TR – 5

anos.................................................................................................................................................46

Figura 19 – Hidrograma da bacia para uma chuva de projeto com duração de 2 horas e TR – 10

anos.................................................................................................................................................47

Figura 20 – Gráfico dos volumes de escoamento gerados na bacia com chuvas de projeto com

duração de 2 horas...........................................................................................................................48

Figura 21 – Gráfico com as amplitudes do Coeficiente de Escoamento das Sub-bacias com chuvas

de projeto com duração de 2 horas..................................................................................................49

Figura 22 – Hidrograma da bacia para uma chuva de projeto com duração de 24 horas e TR – 2

anos.................................................................................................................................................51

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Figura 23 - Hidrograma da bacia para uma chuva de projeto com duração de 24 horas e TR – 5

anos.................................................................................................................................................52

Figura 24 - Hidrograma da bacia para uma chuva de projeto com duração de 24 horas e TR – 10

anos.................................................................................................................................................52

Figura 25 – Gráfico dos volumes de escoamento acumulados da bacia para uma chuva de projeto

com duração de 24 horas.................................................................................................................53

Figura 26 – Hidrograma da bacia com diferentes AMC de uma chuva com tempo de duração de 2

horas e TR de 2 anos........................................................................................................................56

Figura 27 – Hidrograma da bacia com diferentes AMC de uma chuva com tempo de duração de 2

horas e TR de 5 anos........................................................................................................................56

Figura 28 – Hidrograma da bacia com diferentes AMC de uma chuva com tempo de duração de 2

horas e TR de 10 anos......................................................................................................................57

Figura 29 – Volumes de escoamento acumulado de toda a área de estudo para diferentes

configurações das células de biorretenção.......................................................................................60

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 13

2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 13

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 13

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 14

3.1 EFEITOS HIDROLÓGICOS DO CRESCIMENTO URBANO E DA URBANIZAÇÃO

14

3.2 SISTEMAS DE DRENAGEM ....................................................................................... 16

3.2.1 Drenagem convencional: conceito Sanitário – Higienista .................................. 16

3.2.2 Drenagem alternativa, seguindo um enfoque Ambiental .................................. 17

3.2.3 Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto – LID ............................................ 18

3.3 SOFTWARE DE MODELAGEM COMPUTACIONAL SWMM ................................ 19

3.4 TÉCNICAS DE LID UTILIZADAS NESTE ESTUDO ................................................ 21

3.4.1 Células de Biorretenção ........................................................................................ 22

3.4.2 Trincheiras de Infiltração ..................................................................................... 24

3.4.3 Pavimentos Permeáveis ......................................................................................... 25

3.4.4 Barris de chuva e cisternas ................................................................................... 27

4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 29

4.1 LOCAL DE ESTUDO .................................................................................................... 29

4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS SUB-BACIAS UTILIZADAS NO SWMM ..................... 30

4.2.1 Características físicas gerais das sub-bacias ....................................................... 31

4.2.2 Chuvas de Projeto .................................................................................................. 31

4.2.3 Método de Infiltração – SCS Curve Number (CN) - USDA .............................. 32

4.2.4 Escoamento e Armazenamento em depressões ................................................... 35

4.2.5 Caracterização das técnicas de LID ..................................................................... 35

4.2.5.1 Camada de Superfície .......................................................................................... 36

4.2.5.2 Camada de Solo ................................................................................................... 37

4.2.5.3 Camada de Armazenamento ................................................................................ 37

4.2.5.4 Camada de Pavimento ......................................................................................... 38

4.3 CENÁRIOS DE SIMULAÇÃO ..................................................................................... 38

5 RESULTADOS ..................................................................................................................... 40

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5.1 DIVISÃO DA ÁREA EM SUB-BACIAS ...................................................................... 40

5.2 CONFIGURAÇÃO DAS TÉCNICAS DE LID DENTRO DAS SUB-BACIAS .......... 43

5.3 RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES ........................................................................... 45

5.3.1 Chuva de projeto com duração de 2 horas (TR 2, 5 e 10 anos) ......................... 45

5.3.2 Chuva de projeto com duração de 24 horas (TR 2, 5 e 10 anos) ....................... 50

5.3.3 Influência da condição de umidade antecedente do solo (AMC) ...................... 54

5.3.4 Eficiência dos dispositivos de LID ........................................................................ 57

6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 61

7 RECOMENDAÇÕES .......................................................................................................... 63

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 64

APÊNDICES ................................................................................................................................ 67

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1 INTRODUÇÃO

As mudanças sociais e econômicas vividas pelo Brasil no último século resultaram em

inúmeras mudanças no modo de viver da população. Muitas destas mudanças foram ocasionadas

pela intensificação do processo de industrialização vivido pelo país na década de 1950. Tal

processo gerou um aumento significativo da parcela da população residindo nas áreas urbanas

devido à necessidade de mão de obra no setor industrial. Atualmente, estima-se que mais de 80%

da população brasileira resida nos centros urbanos (IBGE, 2010).

A formação destes centros urbanos foi incitada por um processo chamado urbanização, que

pode ser definido como o conjunto de técnicas e de obras que permitem dotar uma cidade, ou área

de uma cidade, de condições de infraestrutura, planejamento, organização administrativa e

embelezamento conformes aos princípios do urbanismo.

A urbanização resulta em um processo de impermeabilização do terreno, causado pela

substituição de áreas que previamente estavam ocupadas pela vegetação natural por estruturas

diversas que são componentes da estrutura urbana, como ruas, calçadas e edificações. A presença

destas estruturas altera o ciclo hidrológico natural que mantém seu balanço através dos processos

de evaporação, precipitação, infiltração e a evapotranspiração das plantas (CIRIA, 2015).

Qualquer alteração do ciclo hidrológico natural traz consigo consequências, como, por

exemplo, o aumento dos picos e vazões de escoamento em locais onde ocorre a impermeabilização

da sua superfície (NETO, 2010). Atualmente vivemos em um cenário de constante ampliação das

áreas urbanas, onde estima-se que a taxa de aumento das áreas impermeáveis no mundo tenha

excedido o crescimento populacional em 500% nos últimos 40 anos (UACDC, 2010). Esta

combinação entre a rapidez de ampliação das áreas urbanas e seus efeitos no ciclo hidrológico pode

ocasionar efeitos desastrosos de grande escala.

Historicamente, as mudanças no balanço hidrológico em centros urbanos são contornadas

com a construção de sistemas de drenagem que conduzem a água para fora das áreas de maior

interesse social e econômico, as regiões urbanizadas, com a maior rapidez possível (CIRIA, 2015).

Entretanto, tais medidas convencionais são apenas mitigadoras pelo fato de não solucionarem

efetivamente o problema, mas sim, o transferirem para regiões a jusante, de tal forma que possam

causar inundações e a contaminação dos corpos hídricos receptores (TUCCI, 1995).

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Estes fatores foram determinantes para expor a necessidade de novas alternativas no âmbito

da drenagem urbana. Desta forma, foram desenvolvidas técnicas que procuram simular as

condições hidrológicas de pré-desenvolvimento das áreas urbanas, ampliando seus espaços verdes

e reduzindo suas áreas impermeáveis, constituindo assim um conceito de drenagem sustentável.

Esta evolução conceitual na drenagem urbana começou a ocorrer no mundo mais

efetivamente nas décadas de 1980 e 1990 (FLETCHER et al., 2014). Entretanto, no Brasil ainda

vivemos um cenário onde a implantação de qualquer conceito de drenagem torna-se difícil por

existirem fatores como a urbanização acelerada e desordenada, criação de um mosaico de

ocupações (favelas desassistidas vizinhas a bairros equipados) e nível de educação ambiental

deficiente (arroios e bocas-de-lobo vistos por grande parte da população como locais de destino de

dejetos de lixo) (SILVEIRA, 2002).

Tem-se, portanto, a necessidade de meios que ressaltem a importância de serem implantadas

as novas técnicas de drenagem, para o entendimento e conscientização da população como um

todo. Dentro deste contexto, este trabalho visa verificar a efetividade destas novas alternativas de

drenagem em escala regional, sendo as mesmas aplicadas primeiramente em um cenário hipotético

no campus sede da UFSM, para serem melhor compreendidas e aceitas. Após isto, espera-se que

este trabalho possa servir de incentivo para que a aplicação destas técnicas possa ser difundida para

nossas casas e cidades.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Comparar os volumes de escoamento superficial atualmente gerados no campus sede da

Universidade Federal de Santa Maria - UFSM com os volumes gerados em um cenário idealizado

que conta com a utilização de técnicas de Desenvolvimento de Baixo Impacto – LID, por meio de

modelagem matemática com o modelo SWMM.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) analisar os efeitos das diferentes técnicas de LID em relação à redução do volume de

escoamento gerado;

b) avaliar a viabilidade técnica e construtiva das técnicas de LID a serem utilizadas na

UFSM;

c) aproximar ao máximo as características hidrológicas atuais do campus às de pré-

desenvolvimento;

d) analisar a capacidade do SWMM de representar as soluções propostas.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 EFEITOS HIDROLÓGICOS DO CRESCIMENTO URBANO E DA URBANIZAÇÃO

É sabido que diferentes ocupações do solo acarretam em alterações significativas no

comportamento das bacias hidrográficas. Segundo Leopold (1968), existem quatro efeitos

independentes, porém interrelacionados originários da mudança na ocupação do solo em uma bacia

hidrográfica, sendo eles: mudanças nos picos e vazões de escoamento, na qualidade da água e na

chamada amenidade hidrológica, que é definida como a aparência ou a impressão que um corpo

hídrico passa para o observador. Invariavelmente, destaca-se que dentre todos os tipos de ocupação

do solo o de efeitos mais prejudiciais ao ambiente é a urbanização (LEOPOLD, 1968). A Figura 1

mostra os hidrogramas hipotéticos de uma bacia hidrológica nas situações urbanizada e não

urbanizada.

Figura 1 – Hidrograma resultante da urbanização

Fonte: (TUCCI, 1995)

Inicialmente, no processo de implantação de um aglomerado urbano já ocorrem alterações

hidrológicas em razão da remoção da vegetação natural, que proporciona a interceptação e a

evapotranspiração da água, além de deixar o escoamento superficial lento por impor barreiras

naturais ao fluxo do mesmo. Sequencialmente, tem-se a exposição do solo natural, deixando-o

sujeito a processos erosivos (NETO, 2010). Posteriormente, a construção de edificações e redes

viárias resulta no aumento da parcela impermeável da bacia, causando um aumento nos picos e

vazões de escoamento, pelo fato de a água que anteriormente estaria infiltrando no solo natural

seguindo os processos naturais do ciclo hidrológico, estar agora sendo conduzida através de canais

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artificiais de drenagem (TUCCI, 1995). Destaca-se também que, segundo Neto (2010), a redução

na infiltração da água aliada ao aumento de águas servidas resulta numa diminuição da recarga

subterrânea, restringindo as vazões básicas dos cursos receptores das águas pluviais, o que pode

comprometer a qualidade das mesmas.

Tem-se também como fruto do crescimento urbano a possível incidência de inundações, de

severas consequências econômicas e sociais. Segundo Tucci (1995), estas inundações são

decorrentes de dois processos que ocorrem isoladamente ou de forma integrada, sendo eles: a

urbanização e as inundações de áreas ribeirinhas. A causa básica das inundações ocasionadas pela

urbanização é o sobrecarregamento dos dispositivos básicos de drenagem, resultado da forma como

ocorre a ocupação das cidades, que se dá geralmente de jusante para montante, devido às condições

do relevo. Desta forma, caso não exista um planejamento e uma regulamentação prévia do

crescimento urbano, as áreas mais antigas, a jusante, estarão passíveis de serem inundadas devido

ao aumento da geração de escoamento nas áreas a montante. Já nas áreas ribeirinhas as inundações

são caracterizadas como um processo natural, porém o assoreamento dos corpos hídricos

ocasionado pelo aumento de detritos e sedimentos transportados pelo sistema pluvial de drenagem

torna estas mais frequentes, de tal forma que um planejamento prévio para ocupação destas áreas

também é indispensável para evitar prejuízos (TUCCI, 1995).

Outro fator acarretado pela urbanização é a deterioração da qualidade da água dos corpos

hídricos receptores devido à lavagem das ruas, transporte de material sólido e as ligações

clandestinas de esgoto cloacal e pluvial (TUCCI, 1997). Dentro deste contexto, ressalta-se que,

segundo Campbell e Ogden (1999), em muitos casos a primeira descarga da água da chuva em um

ambiente urbano possui um nível de contaminação muito maior do que o presente no esgoto

cloacal, caso recorrente de grandes centros urbanos.

De forma geral identifica-se que todos os efeitos decorrentes das alterações hidrológicas

nos centros urbanos podem ser atenuados ou contornados através de um devido planejamento e

regulamentação (TUCCI, 1995). No entanto, Villanueva et al. (2011) relatam que atualmente no

Brasil muito do trabalho de drenagem urbana está orientado a solucionar problemas em áreas que

já estão total ou parcialmente urbanizadas, limitando muito o leque de medidas disponíveis, seja

por questões físicas (onde não há espaço para medidas que proporcionem a infiltração ou o

armazenamento da água), legais (onde o direito adquirido impede de modificar o já existente) ou

sociais (onde os moradores não gostam de algumas soluções propostas). Tucci (1995) reforça a

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gravidade do problema relatando que a falta de planejamento e regulamentação é sentida em

praticamente todas as cidades de médio a grande porte do Brasil.

3.2 SISTEMAS DE DRENAGEM

3.2.1 Drenagem convencional: conceito Sanitário – Higienista

Devido ao crescimento das cidades, aliado à evolução nas áreas médicas referentes a

microbiologia e epidemiologia no século XIX, constatou-se que a água pluvial tem atuação como

transmissora de doenças (SOUZA; CRUZ; TUCCI, 2012). Com o intuito de evitar a proliferação

destas doenças na população a concepção das relações entre águas urbanas e urbanismo teve de ser

revista. Nasceu então a ideia de livrar-se da água nas cidades, seja ela de origem cloacal ou pluvial,

da forma mais rápida possível, levando ao desenvolvimento do conceito sanitário - higienista de

drenagem (TUCCI, 2008).

Segundo Silveira (2002) o conceito de drenagem sanitário – higienista pode ser resumido

pelo princípio de que toda água circulante deve ir rapidamente para o esgoto, evitando

insalubridades e desconfortos, nas casas e nas ruas. Contudo, Baptista et al. (2005) destacam que

por meio desta abordagem ocorre a transferência do problema para áreas a jusante, resultando em

novas obras de ampliação do sistema com custos incrementais crescentes. Também dá ênfase ao

fato desse conceito dar uma falsa sensação de segurança na população com respeito às inundações,

culminando em grandes prejuízos à sociedade, além da limitação de outros usos presentes ou

futuros da água no meio urbano.

Tucci e Orsini (2005) afirmam que os sistemas sanitários-higienistas de drenagem estão

presentes em boa parte das municipalidades brasileiras. Entretanto, a exemplo de outros países em

desenvolvimento, há um agravante de o conceito ser erroneamente aplicado, seja pela falta de

recursos, mau dimensionamento, má execução ou por manutenção deficiente (SILVEIRA, 2002).

Finalmente, Silveira (2002) ressalta que o conceito sanitário-higienista está muito enraizado

na nossa sociedade, tornando-se quase um senso comum. Porém deve ser referido como antigo,

para enfatizar o seu caráter ultrapassado.

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3.2.2 Drenagem alternativa, seguindo um enfoque Ambiental

O sistema de drenagem alternativo preocupa-se com a recuperação e manutenção de

ambientes saudáveis interna e externamente à área urbana, ao invés de só procurar sanear o interior

da cidade, segundo preceitos meramente sanitaristas (SILVEIRA, 1999). Ambos conceitos,

convencional e alternativo têm, portanto, como objetivo principal o benefício à saúde das

comunidades; o conceito alternativo, no entanto, apresenta uma extensão ao meio ambiente.

Segundo Tucci e Genz (1995) a drenagem moderna deve seguir os seguintes princípios:

não transferir impactos para jusante;

não ampliar cheias naturais;

propor medidas de controle para o conjunto da bacia;

legislação e Planos de Drenagem para controle e orientação;

constante atualização de planejamento por estudo de horizontes de expansão;

controle permanente do uso do solo e áreas de risco;

competência técnico-administrativa dos órgãos públicos gestores;

educação ambiental qualificada para o poder público, população e meio técnico.

Dentro deste contexto vieram sendo estudadas e desenvolvidas técnicas capazes de captar,

armazenar e utilizar a água da chuva dentro da bacia hidrológica ao invés de construir grandes

estruturas de drenagem (BURIAN; EDWARDS, 2002). Em virtude disso, houve o surgimento de

diversos conjuntos de técnicas como as Melhores Práticas de Gestão (Best Management Practices

– BMPs), Sistemas de Drenagem Sustentável (Sustainable Drainage Systems – SuDS),

Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto (Low Impact Development – LID), entre outros.

Tais conjuntos de técnicas visam aplicar os conceitos da drenagem alternativa, porém se

desenvolveram sob características e em regiões distintas apresentando, portanto, certas diferenças

que se devem à sua abordagem. Fletcher et al. (2014) ressaltam que é sempre importante ser

explícito ao exemplificar o conjunto a ser utilizado, porque caso contrário até mesmo as técnicas

particulares (muitas vezes comuns aos diferentes grupos) correm o risco de serem aplicadas sem

estar claramente relacionadas aos objetivos ambientais, econômicos e sociais que elas visam

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satisfazer. Neste trabalho tem-se a utilização de tais técnicas sob a ideologia do Desenvolvimento

Urbano de Baixo Impacto - LID.

3.2.3 Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto – LID

Segundo a agência americana de proteção ambiental (US EPA, 2015) o termo

Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto (Low Impact Development – LID) se refere à sistemas

e práticas que utilizam ou simulam processos naturais que resultam em infiltração,

evapotranspiração ou utilizam a água da chuva para preservar a qualidade da água e seus ambientes

aquáticos associados.

Por utilizar conjuntamente uma gama de processos naturais, o LID surgiu como uma

alternativa aos processos convencionais de drenagem, incluindo as Melhores Práticas de Gestão

(BMP – Best Management Practices), utilizadas comumente para somente diminuir os efeitos do

escoamento superficial (CITY OF SAN DIEGO STORM WATER DIVISION, 2011). UACDC

(2010) reforça este ponto dizendo que as BMPs são focadas mais em engenharia do que

propriamente em planejamento.

Em escala regional e local a utilização do LID visa preservar, restaurar e criar espaços

verdes com a utilização do solo, vegetação e mecanismos de reaproveitamento de água. O LID é

uma abordagem para o desenvolvimento urbano que faz uso de aspectos naturais para gerenciar a

água da chuva o mais próximo possível da sua fonte (CITY OF SAN DIEGO STORM WATER

DIVISION, 2011). Essa metodologia também emprega princípios tais como a preservação e a

recriação de paisagens naturais, minimizando assim a impermeabilidade da área e criando sistemas

de drenagem que tratam a água da chuva muito mais como recurso do que como um problema a

ser resolvido (US EPA, 2015).

Para implementar os princípios do LID existem muitas práticas que vem sendo utilizadas, tais como

células de bioretenção, jardins de chuva, telhados verdes, sistemas de reaproveitamento de água da

chuva e pavimentos permeáveis. Em efeito da implementação dos princípios e práticas de LID a

água pode ser tratada de uma forma que reduza o impacto de áreas construídas e promova o

comportamento natural da água dentro de um ecossistema ou bacia hidrográfica. Tais técnicas

oferecem uma grande versatilidade na parte de projeto, podendo ser incorporadas em novas áreas

urbanas, em áreas urbanas já existentes e em redes viárias com relativa facilidade (CITY OF SAN

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DIEGO STORM WATER DIVISION, 2011). US EPA (2015) cita ainda que em maior escala a

utilização de LID pode até mesmo manter ou restaurar as funções hidrológicas naturais de uma

bacia ou de um ecossistema. Aplicações de LID são encontradas em muitas regiões da América do

Norte e Europa, sendo capazes de atender aos critérios estabelecidos em certificações ambientais

para edificações quando devidamente empregadas (SOUZA; CRUZ; TUCCI, 2012).

3.3 SOFTWARE DE MODELAGEM COMPUTACIONAL SWMM

Segundo US EPA (2015), o EPA Storm Water Management Model (SWMM) é um modelo

dinâmico de simulação de chuva-escoamento utilizado para simular e mensurar a quantidade e a

qualidade do escoamento superficial, principalmente, de áreas urbanas. Tais simulações podem ser

feitas de forma contínua ou para um evento único.

O componente do SWMM relacionado ao escoamento opera sob um esquema de sub-bacias

que recebem precipitação gerando escoamento superficial e acúmulo de poluentes. A porção de

transporte do SWMM é responsável por transportar esse escoamento por um sistema de dutos,

canais, dispositivos de armazenamento e tratamento, bombas e reguladores. No SWMM o

acompanhamento da quantidade e da qualidade do escoamento gerado é feito dentro de cada sub-

bacia. Este processo é realizado durante o período de simulação, que é composto de múltiplos

intervalos de tempo.

O SWMM possui a capacidade de simular diferentes processos hidrológicos que

contribuem para a geração de escoamento nas áreas urbanas, como a infiltração da água em

camadas não saturadas de solo, percolação da água infiltrada para camadas de águas subterrâneas

e a captura e a retenção da chuva e do escoamento superficial através de diferentes práticas de LID.

A variabilidade espacial destes diferentes processos hidrológicos é obtida subdividindo a área de

estudo em sub-bacias homogêneas e menores, cada qual possuindo suas características particulares

de declividade, distância do ponto mais distante onde exista escoamento até o exutório, parcela de

impermeabilização do terreno, valores de rugosidade de Manning, quantidade de armazenamento

de água nas depressões e características do solo a partir da metodologia de infiltração escolhida

pelo usuário. Além disso, o modelo também é capaz de encaminhar o escoamento superficial

através do sistema de drenagem e estimar a produção de poluentes associada ao mesmo.

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Dentro do SWMM as técnicas de LID são representadas como uma combinação de camadas

verticais cujas características são definidas por unidade de área. Isso possibilita práticas de LID

com um mesmo dimensionamento, mas com áreas diferentes, serem aplicadas facilmente dentro

de diferentes sub-bacias. Durante uma simulação é feito um balanço entre as camadas e é medida

a quantidade de água que fica armazenada ou infiltra em cada uma delas. Os controladores de LID

são considerados como propriedades de uma dada sub-bacia, tais como são considerados o pacote

de neve e os aquíferos dentro do modelo. O SWMM pode modelar oito tipos diferentes de técnicas

de LID, apresentadas a seguir:

Células de Biorrentenção: são depressões que contém vegetação cultivada em uma

mistura dimensionada de solo posicionada sobre uma camada drenante de material

britado. Elas proporcionam armazenamento, infiltração e evaporação para água da

chuva como também para o escoamento superficial advindo das áreas vizinhas.

Jardins de Chuva: são um tipo de célula de biorretenção que consiste somente de

uma mistura dimensionada de solo sem possuir uma camada drenante de material

britado.

Telhados Verdes: são outra variação de uma célula de biorretenção que possui uma

camada de solo posicionada sobre um material especial de drenagem que direciona

o excesso de água da chuva percolada para fora do telhado.

Trincheiras de infiltração: são estreitas valas preenchidas com material britado que

interceptam o escoamento superficial de áreas impermeáveis de cota superior. Tais

mecanismos proporcionam volume de armazenamento e um tempo adicional para o

escoamento superficial capturado percolar no solo natural.

Pavimentos Permeáveis: são áreas escavadas preenchidas com material britado e

pavimentadas com concreto poroso ou uma mistura asfáltica. Normalmente toda

água da chuva passa imediatamente através do pavimento para a camada drenante

de material britado onde esta pode infiltrar sob taxas naturais para o solo adjacente.

Também pode ser constituída de um sistema de blocos intertravados que consiste

de blocos impermeáveis assentados em uma camada de material britado ou areia

posicionada sobre uma camada drenante de cascalho. Nesta última configuração a

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água da chuva é capturada pelos espaços entre os blocos e direcionada para a

camada drenante inferior.

Barris de chuva ou Cisternas: são recipientes que coletam o escoamento superficial

advindo do telhado durante eventos de chuva. Esta água pode tanto ser liberada

quanto utilizada durante períodos não chuvosos.

Desconexão das Calhas do Telhado: é uma configuração que faz com que o

escoamento superficial advindo do telhado seja despejado em áreas permeáveis ou

gramadas ao invés de no sistema de coleta pluvial.

Valos de infiltração: são canais ou depressões com taludes cobertos com grama ou

outra vegetação qualquer. Eles retardam o escoamento e proporcionam mais tempo

para que o escoamento no solo natural.

O software permite que células de biorretenção, trincheiras de infiltração e pavimentos

permeáveis possuam um sistema de drenagem opcional na sua camada drenante de material britado

para direcionar o excesso de escoamento superficial capturado para fora da sub-bacia, evitando

assim a inundação do controlador. Além disso, podem possuir uma superfície impermeável que

impossibilita qualquer infiltração para o solo adjacente. Trincheiras de infiltração, pavimentos

permeáveis e células de biorretenção podem também ser sujeitos a uma diminuição da

condutividade hidráulica devido à colmatação (US EPA, 2015).

3.4 TÉCNICAS DE LID UTILIZADAS NESTE ESTUDO

Esta seção destina-se a explicar de forma mais detalhada e esquematizada as técnicas de

LID que serão efetivamente empregadas na modelagem neste trabalho, visto que todas as técnicas

disponíveis foram descritas na seção anterior. Dados próprios do dimensionamento utilizado no

modelo, como características e espessuras de cada camada das diferentes técnicas utilizadas, serão

discutidos na seção referente à Metodologia.

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3.4.1 Células de Biorretenção

Como citado anteriormente na seção 3.3 as células de biorretenção são depressões rasas e

cultivadas, efetivas na redução da taxa e volume do escoamento superficial através dos processos

de armazenamento, evaporação e infiltração. Além dessas características, elas também podem

contribuir com um aumento na biodiversidade local, promover um refrescamento do microclima

local através da evapotranspiração de seus componentes vegetais e atuar como sistemas naturais

de bela aparência, autônomos no que se deve a fertilização e irrigação (CIRIA, 2015).

Figura 2 –Célula de biorretenção em São Francisco, Califórnia

Fonte: City & County of San Francisco, 2015.

Tais técnicas são usualmente utilizadas para armazenar e tratar a água da chuva resultante

de eventos chuvosos mais frequentes em pequenas áreas de contribuição (CITY OF SAN DIEGO

STORM WATER DIVISION, 2011). Onde eventos com maior tempo de retorno são direcionados

para o sistema é necessário considerar o uso de outros sistemas de controle de cheias

conjuntamente, ou então direcionar o volume de água diretamente para os canais regulares de

drenagem a jusante. Segundo Ciria (2015), os sistemas não vão funcionar apropriadamente caso

tenham que drenar grandes áreas de contribuição que desaguam dentro do sistema em um único

ponto sem o controle de vazão.

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Recomenda-se que a dimensão máxima de uma célula de biorretenção seja de 800 m², com

uma largura máxima de 40 m e que possua de 2% a 4% do tamanho da área impermeável a ser

drenada para ela, para evitar a distribuição desigual de água no sistema (CIRIA, 2015). Na prática

o valor de 800 m² é dito como irreal, visto que a maioria dos projetos executados no mundo

possuem áreas muito inferiores a esta e são integradas ao relevo natural como pequenos recursos

locais. Desta forma, utilizam-se esses valores de área e largura como limitantes do

dimensionamento deste tipo de técnica no presente trabalho. Além disso, Davis (2008) recomenda

que a área máxima a ser drenada para uma célula de biorretenção seja de no máximo 8000 m².

Outro ponto determinante do dimensionamento de células de biorretenção é a questão do

seu posicionamento no espaço. Sua distância ao nível do lençol freático não deve ser inferior a 1

m, caso seja permitida a infiltração através da sua camada drenante (CIRIA, 2015). Da mesma

forma, as células de biorretenção devem ser posicionadas a pelo menos 3 m de construções

existentes para evitar a percolação de água nas fundações (UACDC, 2010).

Na Figura 3 estão representadas as camadas componentes do sistema de uma célula de

biorretenção genérica:

Figura 3 – Estrutura de uma célula de biorretenção

Fonte: CRIA Arquitetura, 2012.

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3.4.2 Trincheiras de Infiltração

Como descritas anteriormente, as trincheiras de infiltração servem predominantemente

como armazenadoras da água captada, reduzindo sua energia de escoamento e proporcionando

mais tempo para que ocorra a infiltração no solo natural (CITY OF SAN DIEGO STORM WATER

DIVISION, 2011). Podem estar cobertas, descobertas ou com um revestimento permeável, de

modo que se adeque melhor ao ambiente urbano. São dispositivos lineares e devem idealmente

receber o escoamento lateralmente das áreas impermeáveis, porém fluxos pontuais ainda são

aceitáveis (SUSDRAIN, 2012).

Ao contrário de inúmeras técnicas de LID, as trincheiras de infiltração são geralmente

dimensionadas para comportar volumes de chuva de altos períodos de recorrência, estes variando

de 30 até 100 anos (CIRIA, 2015). São dispositivos ideais para serem utilizados em canteiros

centrais e laterais de rodovias, assim como em áreas confinadas que não ofereçam muito espaço,

como exemplificado na Figura 4. Não há um limitante para os valores de área, porém recomenda-

se utilizar valores entre 0,6 m até 2,4 m para sua largura, atendendo parâmetros de viabilidade

construtiva (UACDC, 2010).

Figura 4 –Trincheira de Infiltração em San Diego, Califórnia

Fonte: (CITY OF SAN DIEGO STORM WATER DIVISION, 2011)

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É de entendimento geral que a atuação das trincheiras de infiltração deve ser feita em

conjunto com dispositivos filtrantes, como por exemplo faixas gramadas, para potencializar sua

efetividade devido ao fato de limitar o volume de detritos que entram no sistema, diminuindo assim

os riscos de colmatação do mesmo (SEMCOG, 2008). Também salienta-se que fluxos com alta

carga de poluentes não devem chegar até a trincheira, devido a sua incapacidade de tratar o efluente

por meio da infiltração no solo, podendo resultar em contaminação das águas subterrâneas

(SILVEIRA, 2002).

Figura 5 – Estrutura de uma trincheira de infiltração

Fonte: Adaptado de Silveira (2002 apud SCHUELER, 1987).

3.4.3 Pavimentos Permeáveis

Com base na descrição da seção 3.3, verifica-se que os pavimentos permeáveis constituem um

terreno que permite o tráfego de pedestres e veículos ao mesmo tempo que permite a infiltração da

água na sua superfície e nas suas camadas estruturais. Estes sistemas agem normalmente no

controle de pico e volume do escoamento superficial, no controle da poluição difusa e, quando

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permitem a infiltração da água no solo, promovem a recarga das águas subterrâneas (SILVEIRA,

2002).

Suas principais aplicações encontram-se no uso em estacionamentos, vias particulares,

rodovias com baixo volume de tráfego e calçadas. Entretanto, CIRIA (2015) ressalta que alguns

tipos específicos de pavimento podem até mesmo ser empregados em portos, áreas multiesportivas

e playgrounds. No entanto, locais onde materiais tóxicos ou com alta carga poluente forem

carregados, descarregados ou estocados sua utilização não é permitida (CITY OF SAN DIEGO

STORM WATER DIVISION, 2011). A Figura 6 apresenta alguns exemplos de pavimentos

permeáveis modulares.

Figura 6 – Exemplo de pavimentos permeáveis no Reino Unido

Fonte: (CIRIA, 2015)

Os pavimentos permeáveis devem ser dimensionados de modo que a taxa de infiltração da

sua superfície exceda significantemente a intensidade da chuva de projeto para evitar alagamentos.

Porém este fator não é um limitante para seu uso, alagamentos causados por eventos extremos

devem ser levados em conta no projeto, assim como a profundidade da lâmina de água permitida

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em superfície e o tempo apropriado para ela permanecer na mesma (CIRIA, 2015). A Divisão de

Águas Pluviais da cidade de San Diego (2011) alerta que medidas para evitar o acúmulo de

sedimentos nos pavimentos permeáveis devem ser tomadas para evitar a colmatação dos poros, o

que resulta na perda de funcionalidade do mesmo. Este fator é de tal importância que CIRIA (2015)

recomenda um fator de segurança 10 para os valores de infiltração superficial.

Outro fator construtivo importante é a necessidade de serem instalados drenos em sua

camada de armazenamento em caso de solos naturais com baixa permeabilidade. Outra medida a

ser tomada neste caso é a impermeabilização total do dispositivo, também utilizada em casos onde

a água captada é pretendida para ser reutilizada, em que área está contaminada e, onde o

espalhamento de poluentes deve ser minimizado ou o lençol freático se encontra a uma distância

menor que um metro da base do dispositivo (CIRIA, 2015).

3.4.4 Barris de chuva e cisternas

Estas técnicas LID apresentam um vasto campo de aplicações, podendo ser inseridas nos

meios doméstico, comercial, industrial e institucional (SEMCOG, 2008). Segundo CIRIA (2015),

estas técnicas fornecem três benefícios-chave:

podem fornecer parte da demanda de água requerida pelo prédio onde estão

inseridas, criando um ambiente mais sustentável;

podem ajudar a reduzir o volume de escoamento superficial da área onde estão

inseridas;

podem reduzir o volume do reservatório de atenuação do local, quando o mesmo

existe.

A diferenciação entre barris de chuva e cisternas é dada basicamente pelo volume de

armazenamento de água fornecido. A Divisão de Águas Pluviais da cidade de San Diego (2011)

caracteriza como barris de chuva os dispositivos que possam armazenar até aproximadamente 380

litros de água. Desta forma, sua aplicabilidade é restringida ao uso doméstico, para usos como a

irrigação de áreas verdes (SEMCOG, 2008).

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As cisternas, no entanto, podem armazenar volumes variando em um intervalo de 380 até

38.000 litros, deixando suas oportunidades de uso muito mais variadas (SEMCOG, 2008). Além

disso, as cisternas podem ser posicionadas abaixo do nível do solo, tornando-se ideais para locais

onde outras técnicas LID não podem ser aplicadas por limitações de área, fato recorrente em

grandes centros urbanos (CITY OF SAN DIEGO STORM WATER DIVISION, 2011).

CIRIA (2015) ressalta que por não fornecerem nenhum tipo de tratamento para a água

captada, estes dispositivos devem ter seu uso primário destinado a finalidades não-potáveis, pois

raramente fornecem água potável nos meios onde estão inseridos.

Como limitação principal, os barris de chuva e as cisternas apresentam baixa efetividade

individual em eventos chuvosos extremos, devendo ser utilizados em conjunto com outras técnicas

de LID. Caso não possam ser utilizados em conjunto com outras técnicas de LID, devem ter seu

extravasor ligado diretamente à rede de drenagem pluvial (SEMCOG, 2008). A Figura 7 ilustra

uma cisterna inserida no meio urbano, tendo seu extravasor conectado a um dispositivo de

infiltração.

Figura 7 – Cisterna em um shopping do estado de Michigan, Estados Unidos

Fonte: (SEMCOG, 2008)

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4 METODOLOGIA

Neste trabalho como área de estudo foi escolhida o campus sede da UFSM, localizado em

Santa Maria – RS. No local, foram quantificados os volumes de escoamento superficial gerados no

contexto atual e comparados com uma situação planejada utilizando-se técnicas de LID. A

modelagem hidrológica da área foi executada utilizando-se do software SWMM.

As quantificações e medições do local de estudo foram realizadas a partir de imagens de

satélite obtidas por meio do software Google Earth, datadas de março de 2016, e georreferenciadas

com ajuda de sistemas de Informação Geográfica (SIG). A partir destas imagens já processadas,

foram utilizados softwares de desenho assistido por computador (Computer-aided design – CAD)

que permitiram as medições realizadas dentro da área, assim como a subdivisão desta em diferentes

sub-bacias. Este conjunto de processos permitiu idealizar a aplicação de técnicas de LID no espaço,

que culminou na criação dos diferentes cenários de simulação, descritos mais adiante na seção 4.3.

Finalmente, com o estabelecimento dos diferentes cenários, foi realizada a modelagem numérica

através do software SWMM.

Não foi realizado qualquer estudo de campo para obtenção de dados físicos utilizados no

modelo.

Para tanto, esta seção descreve detalhadamente o local de estudo e todos os parâmetros

utilizados no SWMM para a execução das simulações.

4.1 LOCAL DE ESTUDO

O campus sede da Universidade Federal de Santa Maria está localizado no bairro Camobi,

na cidade de Santa Maria-RS, e possui uma área total de aproximadamente 1128,6 ha. Entretanto,

o campus pode ser dividido em duas diferentes bacias hidrográficas, de modo que a parte que

especificamente contém a cidade universitária possui uma área de cerca de 558,3 ha e está

representada na Figura 8.

Esta área específica foi dividida em sub-bacias, sendo as mesmas delimitadas basicamente

seguindo o traçado das ruas e avenidas que, segundo Neto (2010), constituem caminhos artificiais

de drenagem e fazem com que o escoamento superficial se comporte de modo diferente ao da bacia

original, e pelas fronteiras do campus. Em alguns casos, por razões topográficas ou de pequena

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parcela imperméavel, o traçado das ruas não foi respeitado para a delimitação das sub-bacias.

Tomou-se o cuidado também de serem escolhidas somente áreas que pertencessem ao projeto

idealizado do campus, já possuindo, ou em vias de possuir, acesso à rede de drenagem pluvial.

Figura 8 – Contorno da área do campus sede da UFSM em março de 2016. Sem Escala.

Fonte: Adaptado de Google Earth.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS SUB-BACIAS UTILIZADAS NO SWMM

Nesta seção são apresentadas todas as propriedades utilizadas no modelo SWMM que

caracterizam as sub-bacias que foram criadas para a simulação da área de estudo. Desta forma,

nesta seção encontram-se também as configurações das técnicas de LID utilizadas, pelo fato das

mesmas serem consideradas como propriedade das sub-bacias pelo modelo.

Ressalta-se que, com exceção dos dispositivos de LID, todas as propriedades aqui descritas

são necessárias para a execução das simulações em todos os cenários de simulação.

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4.2.1 Características físicas gerais das sub-bacias

Definiu-se como características físicas gerais de cada sub-bacia os parâmetros de área,

largura, inclinação e impermeabilidade.

A área de cada sub-bacia, cuja unidade de entrada no SWMM é hectare, foi obtida a partir

da análise de imagens de satélite georreferenciadas obedecendo os contornos estabelecidos,

conforme a seção 3.1.

A largura, cuja unidade de entrada no SWMM é o metro, define-se como a área total

dividida pelo comprimento do caminho mais longo que possa ser percorrido pela água dentro de

uma sub-bacia até chegar ao seu exutório. Esta propriedade é explicada pelo fato do SWMM

considerar qualquer sub-bacia como uma forma retangular, independente do seu formato real. Para

a obtenção destes valores foram utilizadas imagens georreferenciadas de satélite em conjunto com

o mapa das curvas de nível do terreno, cedido pela Pró-Reitoria de Infraestrutura da UFSM

(PROINFRA).

Para os valores de inclinação do terreno das sub-bacias, dado em percentagem dentro do

SWMM, foram utilizadas imagens georreferenciadas de satélite em conjunto com o mapa das

curvas de nível do terreno, a exemplo do processo utilizado para obtenção dos valores de largura.

Como as sub-bacias não apresentam um valor único de inclinação, US EPA (2015) sugere a

aplicação da média ponderada entre todos os valores, método que foi utilizado neste trabalho.

A impermeabilidade é o valor que se refere à parcela da área que está ocupada por artifícios

que não promovam a infiltração direta da água ao solo natural, podendo-se citar as edificações e

estradas. Seu valor é dado em percentagem e foi também obtido por intermédio de imagens de

satélite georreferenciadas.

4.2.2 Chuvas de Projeto

Foram utilizadas nas simulações chuvas de projeto com tempos de retorno de 2, 5 e 10 anos

e duração de 2 e 24 horas. Para definir estas chuvas de projeto foi utilizada a equação Intensidade

– Duração – Frequência (IDF) desenvolvida por Roman (2015), por ser a equação mais atualizada

disponível para a região de Santa Maria (Equação 1):

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𝑖 =870,289×𝑇𝑟0,1632

(𝑡+8,76)0,7258 (1)

sendo i a intensidade em mm/hr, Tr o tempo de retorno em anos e t a duração do evento em minutos.

A distribuição temporal dos eventos de projeto foi feita a partir do Método dos Blocos

Alternados, com intervalos de tempo de 5 minutos e com a posição do pico de chuva em 50% da

duração do evento. A Figura 9 apresenta o hietograma referente às chuvas de projeto com duração

de 2 horas utilizadas no trabalho.

As chuvas de projeto são inseridas no software SWMM a partir de uma estação

pluviométrica (Rain Gage) que atua de forma uniforme nas sub-bacias.

Figura 9 – Hietograma de uma chuva de projeto com duração de 2 horas

Fonte: Autor.

4.2.3 Método de Infiltração – SCS Curve Number (CN) - USDA

O método de infiltração escolhido para ser utilizado nas simulações foi o método do SCS,

desenvolvido pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América (USDA), que

pode ser definido como um método empiríco que permite estimar o volume e a distribuição

temporal do escoamento superficial (SARTORI; GENOVEZ; NETO, 2005). A chuva excedente,

ou não infiltrada, é estimada através da Equação 2:

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

10

0

10

5

11

0

11

5

12

0

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

Duração (min)

TR 2

TR 5

TR 10

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33

𝑄 =(𝑃−0,2.𝑆)2

𝑃+0,8.𝑆 (2)

sendo que Q representa o volume de escoamento superficial ou chuva excedente em mm, P a

precipitação expressa em mm, e S o potencial máximo de retenção, também em mm. O termo 0,2.S

representa a abstração inicial, ou seja, as perdas iniciais por interceptação, infiltração e retenção

superficial. Têm-se também para a Equação 2 que Q = 0 para valores de 0,2.S maiores que P

(NRCS, 2004).

O parâmetro S é função do número da curva de escoamento superficial (CN), dado pela

Equação 3:

𝑆 = 25400

𝐶𝑁− 254 (3)

O valor de CN varia de acordo com o grupo hidrológico do solo e com seu tipo de ocupação.

Isto deve-se ao fato destes dois fatores implicarem em diferenças na geração de escoamento

superficial da área (NRCS, 2009). Os 4 tipos de grupos hidrológicos de solo são:

Grupo A: Apresenta baixo potencial de geração de escoamento superficial e a água

é transmitida livremente através do solo;

Grupo B: Apresenta um potencial de geração de escoamento superficial

moderadamente baixo e a água é transmitida através do solo de maneira

desimpedida;

Grupo C: Apresenta um potencial de geração de escoamento superficial

moderadamente alto e a água é transmitida de uma maneira um pouco restrita

através do solo;

Grupo D: Apresenta um alto potencial de geração de escoamento superficial e a

água é transmitida através do solo de maneira restrita ou muito restrita.

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Como tipo de ocupação de solo considerou-se toda a área do campus como uma área urbana

totalmente desenvolvida, com vegetação já estabilizada e características de espaços abertos

possuindo vegetação majoritariamente rasteira.

A partir desses dados, utilizou-se o mapa dos grupos hidrológicos do solo da região da

cidade de Santa Maria –RS onde está localizado o campus sede da UFSM, representado na Figura

10, e foi possível extrair os valores de CN utilizados de NCRS (1986).

Outro fator que provoca alteração nos valores de CN é a condição de umidade antecedente

do solo (AMC). Existem três AMC diferentes, definidas por Sartori; Genovez; Neto (2005) como:

AMC I: Condição em que os solos de uma bacia estão secos, mas não o suficiente

para o ponto de murcha das plantas;

AMC II: Condição em que os solos se encontram na “umidade ideal”, isto é, nas

condições que precederam uma enchente máxima anual;

AMC III: Condição em que os solos de uma bacia encontram-se quase saturados,

quando da ocorrência de chuvas fortes ou fracas durante cinco dias anteriores a uma

determinada chuva.

Figura 10 – Mapa de Grupos hidrológicos de solo nas imediações da UFSM.

Fonte: Adaptado de Roman (2015 apud ALVES et al. 2011)

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35

4.2.4 Escoamento e Armazenamento em depressões

As equações utilizadas pelo modelo SWMM para o cálculo de escoamento foram as

equações do Balanço Hídrico e a Equação de Manning. Para a determinação do coeficiente de

rugosidade de Manning final das áreas permeáveis e impermeáveis das sub-bacias utilizou-se o

artifício de média ponderada a partir dos valores referentes a cada tipo de ocupação, sendo os

coeficientes utilizados extraídos de Chow (1969).

Outra propriedade característica das sub-bacias é o armazenamento de água em suas

depressões (Depression Storage), em ambas porções permeável e impermeável. Tais valores foram

obtidos, também, a partir do artifício de médias ponderadas considerando as áreas referentes a cada

tipo de ocupação dentro das sub-bacias. Os valores foram extraídos de US EPA (2015 apud ASCE,

1992, p. 181).

A propriedade das sub-bacias referente à percentagem da área impermeável sem

armazenamento de água em suas depressões foi fixada em 25% para todas as sub-bacias, seguindo

a recomendação de US EPA (2009). Essa porção representa as áreas da sub-bacia que não permitem

o alagamento, como as parcelas das ruas próximas às sarjetas, pavimentos novos, telhados que

drenem diretamente para as sarjetas, etc.

No apêndice A estão apresentados todos os dados particulares utilizados no SWMM de

cada sub-bacia.

4.2.5 Caracterização das técnicas de LID

Como citado na seção 2.3, dentro do SWMM as técnicas de LID são representadas como

uma sobreposição de camadas verticais, cujas características são definidas por unidade de área.

Sendo assim, esta seção dedica-se a especificar cada camada constituinte de cada uma das

diferentes técnicas utilizadas. As camadas constituintes de cada técnica de LID na forma como

foram utilizadas no SWMM, apresentadas na direção do topo ao fundo, são:

Célula de biorretenção: Camada de superfície, Camada de solo e Camada de

armazenamento;

Trincheira de infiltração: Camada de superfície e Camada de armazenamento;

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Cisterna: Camada de armazenamento;

Pavimento Permeável: Camada de Superfície, Camada de pavimento, Camada de

armazenamento.

Por estar sendo considerado nas sub-bacias apenas o volume de escoamento superficial

gerado e não o seu encaminhamento, a camada destinada a conter o dispositivo de drenagem não

está sendo considerada.

O tipo de pavimento permeável utilizado neste trabalho foi o construído com blocos

modulares, e a trincheira de infiltração foi considerada sem nenhuma vegetação em sua superfície.

Cada camada possui diferentes parâmetros que regem seu comportamento, sendo estas

definidas nas sub-seções a seguir.

4.2.5.1 Camada de Superfície

Esta camada é utilizada nas células de biorretenção, trincheiras de infiltração e pavimentos

permeáveis. Ela é a camada superior de qualquer dispositivo de LID. Ela constitui o padrão

superficial dos dispositivos através de 4 parâmetros diferentes.

O primeiro destes parâmetros é chamado “altura de berma” e define a altura que água

poderá ocupar acima do dispositivo antes de extravasar. Esta altura juntamente com a área do

superficial dispositivo representam o volume total de água que poderá estar sujeito à infiltração

para as camadas inferiores do dispositivo. Os valores deste parâmetro foram obtidos através da

análise de dispositivos existentes conjuntamente com os valores sugeridos por US EPA (2015).

Outro parâmetro utilizado é chamado de “fração do volume de vegetação do dispositivo”,

que representa o volume de galhos e folhas sobre o mesmo, e não sua cobertura vegetal. Este

parâmetro constitui um fator de impedimento à infiltração da água para as camadas inferiores, pois

reduz a área em que o solo pode absorver o escoamento livremente. Este parâmetro mantém-se 0

para dispositivos que não estejam em contato com algum tipo de vegetação, e a US EPA (2015)

sugere valores da ordem de 0,1 a 0,2 para volumes de vegetação muito densos.

Os últimos dois parâmetros utilizados na constituição de uma camada de superfície de um

dispositivo de LID no SWMM são o coeficiente de rugosidade de Manning e a inclinação da

superfície. Estes parâmetros são utilizados somente nos pavimentos permeáveis, por ser assumida

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a possibilidade do estabelecimento de um regime de fluxo de escoamento superficial sobre o

mesmo após sua perda de funcionalidade.

4.2.5.2 Camada de Solo

Representa as características do solo utilizado nas técnicas de LID onde se estabelece a

vegetação. Para este trabalho assumiu-se que a camada é constituída por areia pura, apesar de

existirem trabalhos que forneçam dados específicos de camadas reais. Esta escolha foi feita a partir

da disponibilidade de dados deste tipo de solo em US EPA (2015) e por possuir uma condutividade

hidráulica com um valor entre 100 e 300 mm/h, valores que constituem o intervalo que deve ser

respeitado na execução de um projeto segundo CIRIA (2015). Ressalta-se, porém, que em

execuções reais esta camada de solo geralmente é constituída por uma mistura de solo

convenientemente planejada, possuindo todas as condições hidrológicas necessárias, além de

fornecer nutrientes para o crescimento da vegetação. Esta camada de solo é parte integrante apenas

das células de biorretenção no presente estudo, por ser a única a apresentar cobertura vegetal.

Entretanto, pode ser incorporada também nos pavimentos permeáveis, em casos onde este seja

constituído, por exemplo, por uma superfície gramada.

4.2.5.3 Camada de Armazenamento

É a camada através da qual os dispositivos realizam a retenção efetiva da água captada e

infiltrada pelas camadas superiores, e promovem a sua infiltração ao solo natural adjacente. É

composta comumente por material britado em razão do seu elevado volume de vazios, fornecendo

grande volume de armazenamento e garantindo facilidade no movimento da água dentro da

camada.

A espessura da camada foi definida com a altura padrão de 500 mm para as células de biorretenção

e pavimentos permeáveis (CIRIA, 2015), e com a altura padrão de 1500 mm para as trincheiras de

infiltração (UACDC, 2010). O índice de vazios utilizado foi de 0,3, que é apresentado como um

valor mínimo para material britado (DAS, 2007). A taxa de infiltração mínima de um solo

pertencente ao grupo B, que é o grupo de solo predominante na área de estudo, pode variar de 3,81

mm/hr até 7,62 mm/hr (NCRS, 1986), sendo assim, foi escolhido o valor de 5,72 mm/hr por se

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tratar da média entre os dois valores extremos. O fator de colmatação não foi considerado nas

presentes simulações pelas mesmas serem constituídas apenas de eventos únicos.

Nas cisternas esta camada constitui a altura do dispositivo, considerada 2000 mm.

4.2.5.4 Camada de Pavimento

Exclusiva dos dispositivos de pavimento permeável, esta camada é configurada de forma

diferente de acordo com o tipo de pavimento utilizado.

Como neste trabalho foi considerada a utilização da técnica com blocos modulares, os

parâmetros adequam-se à realidade do pavimento. Os blocos modulares são impermeáveis,

portanto em um pavimento permeável desta natureza a água infiltra através das juntas, executadas

com areia. A espessura considerada foi de 100 mm, padrão de blocos intertravados. O índice de

vazios nesta situação refere-se ao material das juntas, que como executadas com areia possui o

valor mínimo de 0,6 (DAS, 2007). A fração de superfície impermeável é bastante alta devido à

natureza impermeável dos blocos, tendo sido utilizado o valor de 0,85. A permeabilidade é também

referente à areia, tendo o valor de 120,396 mm/h (US EPA, 2015). Novamente, o fator de

colmatação não foi considerado.

No apêndice B é apresentada a tabela resumo de todos os valores de dimensionamento

utilizados nas diferentes camadas das técnicas de LID.

4.3 CENÁRIOS DE SIMULAÇÃO

Neste trabalho foram considerados dois grandes cenários de simulação.

O primeiro cenário é referente à configuração atual do campus sede da UFSM, onde foi

considerado que todo escoamento superficial gerado é direcionado diretamente à rede de drenagem

pluvial existente. Neste cenário foi desconsiderada qualquer possibilidade de existência de

dispositivos que já pudessem atuar na retenção do escoamento superficial.

O segundo cenário se refere a uma configuração idealizada da área de estudo, onde foram utilizadas

técnicas de LID para o manejo do escoamento superficial. Nesta situação, dentro do SWMM, a

única diferença entre as propriedades de uma mesma sub-bacia, no primeiro e no segundo cenário,

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é a própria existência das técnicas de LID no espaço, não alterando, por exemplo, o parâmetro de

impermeabilidade da bacia.

A partir destes dois cenários foram criadas situações simulando o comportamento das sub-

bacias em função de diferentes chuvas de projeto, para que assim pudessem ser comparadas as

diferenças na geração de escoamento superficial entre ambos.

Além disso, para o segundo cenário foram criadas situações que considerassem os efeitos,

na geração de escoamento superficial, ocasionados pela mudança na condição de umidade

antecedente do solo (AMC). Para estas simulações, foram utilizadas chuvas de projeto com duração

de 2 horas e tempos de retorno de 2, 5 e 10 anos.

No total foram realizadas 19 simulações diferentes, sendo 6 referentes ao primeiro cenário

e 13 referentes ao segundo cenário.

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40

5 RESULTADOS

5.1 DIVISÃO DA ÁREA EM SUB-BACIAS

A partir do uso do método para divisão da área total do campus em sub-bacias apresentado

na seção 3.1, foram criadas 19 sub-bacias diferentes a fim de se obter uma satisfatória discretização

da área de estudo. As Figuras 11, 12, 13, 14 e 15 apresentam como ficaram divididas as sub-bacias

dentro da área de estudo.

Figura 11 – Representação das Sub-bacias 1,5 e 6. Sem escala.

Fonte: Adaptado de Google Earth.

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Figura 12 – Representação das Sub-bacias 2, 3 e 4. Sem escala.

Fonte: Adaptado de Google Earth.

Figura 13 – Representação das Sub-bacias 7, 8, 9, 10 e 11. Sem escala.

Fonte: Adaptado de Google Earth.

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Figura 14 – Representação das Sub-bacias 12, 13, 14 e 15. Sem escala.

Fonte: Adaptado de Google Earth.

Figura 15 – Representação das Sub-bacias 16, 17, 18 e 19. Sem escala.

Fonte: Adaptado de Google Earth.

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5.2 CONFIGURAÇÃO DAS TÉCNICAS DE LID DENTRO DAS SUB-BACIAS

As técnicas de LID e seu posicionamento no espaço de cada sub-bacia não apresentaram

qualquer compromisso arquitetônico pelo fato de não existir uma documentação detalhada de como

serão utilizados os setores do campus que se encontram atualmente desocupados. A partir disto, as

escolhas de posicionamento de cada técnica procuraram ser feitas de maneira lógica seguindo uma

metodologia semelhante. Assim, todos os prédios das sub-bacias tiveram seu escoamento

superficial direcionado a uma célula de biorretenção, de acordo com a disponibilidade de área. As

trincheiras de infiltração foram posicionadas ao longo das vias de tráfego que não possuíssem

pavimentos permeáveis e existisse a possibilidade física das mesmas serem executadas. Os

pavimentos permeáveis foram utilizados apenas em estacionamentos, em vista da possibilidade do

tráfego de caminhões pesados nas vias principais do campus.

As cisternas tiveram seu uso restrito à sub-bacia número 15 pelo fato da mesma ter sido

assumida como totalmente composta de solo pertencente ao grupo hidrológico D, fato que será

descrito mais adiante na seção 5.3.3.

A Figura 16 apresenta um exemplo de como foram posicionadas as técnicas de LID no

espaço das sub-bacias.

Ressalta-se novamente o fato do SWMM considerar as técnicas de LID apenas como

propriedade das sub-bacias, não levando em conta seu posicionamento no espaço. Isto é utilizado

para justificar o fato de cada técnica específica estar sendo considerada como uma única porção de

área no processo de modelagem, representando o somatório de todas as áreas de uma mesma

técnica de uma referida sub-bacia. No apêndice C estão apresentadas em forma de quadro as áreas

das técnicas de LID aplicadas em cada sub-bacia, sendo Área o parâmetro que se refere à área de

superfície do dispositivo e Área de Contribuição o parâmetro referente à área impermeável a ser

drenada para o dispositivo.

A área das cisternas foi considerada como o valor padrão de 2,5 m², de forma que possua

um volume de armazenamento de 5000 l, seguindo padrões comerciais. Os dispositivos

biorretenção tiveram seu tamanho igualado a 2% de toda área impermeável a ser drenada para eles,

podendo assim compor de maneira harmônica o espaço onde estão inseridos (CIRIA, 2015). As

áreas das trincheiras de infiltração e pavimentos permeáveis apresentam variabilidade de acordo

com o seu posicionamento nas sub-bacias.

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O número de unidades foi especificado apenas para as cisternas, e constitui o número de

prédios que possuem o sistema de captação dentro da bacia.

Figura 16 – Representação da Sub-bacia 11 com aplicação das técnicas LID – Sem Escala

Fonte: Adaptado de Google Earth.

A largura de superfície foi adotada como 10 m para as células de biorretenção (CIRIA,

2015) e 1,5m para as trincheiras de infiltração (UACDC, 2010).

A porção inicialmente saturada de cada técnica de LID foi assumida como sendo 0% .

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5.3 RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES

Segundo US EPA (2015), a utilização de LID procura reduzir o escoamento superficial de

uma sub-bacia urbanizada, ou desenvolvida, de forma que esta apresente um comportamento

hidrológico semelhante ao de pré-desenvolvimento. A Figura 1, presente na seção 3.1, apresentou

os hidrogramas referentes à ambas situações.

Assim, mesmo que no presente trabalho as técnicas de LID utilizadas tiveram como

objetivo somente a retenção da água da chuva, proporcionando sua infiltração ao solo natural ou

sendo destinada para o consumo diretamente, esperou-se que os hidrogramas gerados nas

simulações não apresentassem um formato semelhante ao de uma bacia urbanizada, mas que

possuíssem a forma abaulada de um hidrograma de uma bacia na condição de pré-desenvolvimento.

Entretanto, um fato que pode ter causado diferenças no formato esperado dos hidrogramas

é o de não estar sendo levado em consideração o encaminhamento do escoamento dentro do

SWMM, de forma que a vazão apresentada não seja equivalente à vazão no exutório ou em um

ponto qualquer da bacia, mas sim, correspondente à soma das vazões no exutório de cada sub-bacia

em um determinado momento.

Todas as simulações foram realizadas utilizando parâmetros de solo com condição de

umidade antecedente II (AMC II), exceto quando indicado.

Esta seção apresenta o resultado das simulações obtidas para todos os cenários e situações

descritas na seção 4.3.

5.3.1 Chuva de projeto com duração de 2 horas (TR 2, 5 e 10 anos)

Os resultados obtidos a partir das simulações realizadas para a bacia com chuvas de projeto

com duração de 2 horas e tempos de retorno de 2, 5 e 10 anos, estão apresentados nos hidrogramas

presentes nas Figuras 17, 18 e 19. Nas Figuras o primeiro cenário foi nomeado somente pelo tempo

de retorno e o segundo cenário foi nomeado pelo período de retorno mais a palavra LID.

Através da análise dos hidrogramas verificou-se, como esperado a partir da IDF desenvolvida por

Roman (2015), um aumento gradual nos volumes de escoamento com o crescimento dos tempos

de retorno utilizados. Da mesma forma, o emprego das técnicas de LID reduziu de maneira

considerável as vazões de escoamento. No entanto, esperavam-se aumentos razoáveis nos valores

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de infiltração da água ao solo natural com a utilização de técnicas de LID, fato que não foi

verificado através dos resultados obtidos.

Figura 17 – Hidrograma da bacia para uma chuva de projeto com duração de 2 horas e TR – 2 anos

Fonte: Autor.

Figura 18 – Hidrograma da bacia para uma chuva de projeto com duração de 2 horas e TR – 5 anos

Fonte: Autor.

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Para um tempo de retorno de 2 anos foram verificados para o primeiro e o segundo cenário

volumes totais de escoamento da ordem de 37720 m³ e 26340 m³, respectivamente, apresentando

uma redução na ordem de 30% do volume gerado inicialmente.

Figura 19 – Hidrograma da bacia para uma chuva de projeto com duração de 2 horas e TR– 10 anos

Fonte: Autor.

Para o tempo de retorno de 5 anos os volumes de escoamento obtidos foram da ordem de

46260 m³ e 33760 m³, apresentando uma redução de 27% e, para um tempo de retorno de 10 anos,

os volumes de escoamento gerados foram de 54010 m³ e 40700 m³, fornecendo uma redução no

volume gerado de 24,6%. Na Figura 20 é apresentado um gráfico com os volumes de escoamento

acumulados para ambos cenários, em todas as situações simuladas.

Os valores das reduções nos volumes de escoamento gerados verificaram o fato de as

técnicas LID apresentarem uma diminuição gradual na eficiência de gerir o escoamento superficial,

com o aumento do tempo de retorno dos eventos chuvosos dentro de um mesmo cenário de

simulação (CIRIA, 2015). O SWMM faz uso do coeficiente de escoamento para a estimar a

efetividade de cada sub-bacia em relação ao volume de escoamento gerado.

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Figura 20 – Gráfico dos volumes de escoamento acumulados da bacia para chuvas de projeto com

duração de 2 horas

Fonte: Autor.

A partir deste coeficiente foram calculadas as amplitudes entre os coeficientes de

escoamento entre o primeiro e o segundo cenário com o intuito de representar o quão efetivas foram

as técnicas LID na redução do escoamento em cada sub-bacia. A partir dessas amplitudes foi

montado o gráfico apresentado na Figura 21.

Utilizando-se também os coeficientes de escoamento foram estimadas as efetividades das

técnicas LID em cada sub-bacia. No entanto, para o uso nas técnicas LID este coeficiente foi

referido como coeficiente de extravasamento, que representa o volume de escoamento que não

consegue mais entrar no dispositivo, em razão da saturação do mesmo, e acaba por ser extravasado.

A Tabela 1 apresenta o coeficiente de extravasamento de acordo com o tipo de dispositivo LID

utilizado.

Os valores da amplitude entre os coeficientes de escoamento demonstraram que as maiores

reduções entre ambos os cenários ocorreram em sub-bacias onde a maior parcela da área era

impermeável e o escoamento de grande parte desta área foi direcionado a dispositivos de pavimento

permeável. As sub-bacias onde foram utilizados os sistemas de biorretenção como técnica principal

de manejo do escoamento apresentaram valores reduzidos de amplitude, assim como a sub-bacia

número 15 que fez uso apenas de cisternas.

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Figura 21 – Gráfico com as amplitudes do Coeficiente de Escoamento das sub-bacias com chuvas

de projeto com duração de 2 horas

Fonte: Autor.

Verificou-se também a alta efetividade das trincheiras de infiltração quando utilizadas para

chuvas com os períodos de retorno simulados, sendo capazes de drenar todo o escoamento a elas

direcionado. Ressalta-se, porém, que por medidas construtivas elas puderam ser utilizadas em larga

escala somente em bacias que apresentavam áreas de grande parcela permeável, não sendo assim

demonstrada sua efetividade através do gráfico de amplitude do coeficiente de escoamento.

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Tabela 1 – Coeficientes de extravasamento dos pavimentos permeáveis, células de biorretenção e

trincheiras de infiltração nas sub-bacias

Sub-

Bacia

Pavimentos Permeáveis Biorretenção Trincheiras de Infiltração

TR 2 TR5 TR 10 TR 2 TR5 TR 10 TR 2 TR5 TR 10

1 0.06 0.11 0.14 0.76 0.79 0.82 0.00 0.00 0.00

2 0.06 0.10 0.14 0.80 0.82 0.84 0.00 0.00 0.00

3 x x x 0.82 0.84 0.86 0.00 0.00 0.00

4 0.08 0.13 0.16 0.80 0.83 0.85 0.00 0.00 0.00

5 0.04 0.08 0.11 0.78 0.81 0.83 0.00 0.00 0.00

6 0.02 0.04 0.07 0.76 0.79 0.81 x x x

7 0.03 0.06 0.09 0.81 0.84 0.85 x x x

8 x x x 0.81 0.84 0.85 0.00 0.00 0.00

9 0.07 0.11 0.14 0.79 0.82 0.84 0.00 0.00 0.00

10 0.05 0.09 0.13 0.79 0.82 0.84 x x x

11 0.10 0.15 0.18 0.81 0.84 0.85 0.00 0.00 0.00

12 x x x 0.81 0.83 0.85 0.00 0.00 0.00

13 x x x 0.81 0.84 0.85 0.00 0.00 0.00

14 0.05 0.09 0.12 0.79 0.82 0.84 x x x

15 x x x x x x x x x

16 x x x 0.81 0.84 0.86 0.00 0.00 0.00

17 0.07 0.12 0.15 0.81 0.83 0.85 0.00 0.00 0.00

18 0.03 0.07 0.13 0.80 0.82 0.84 x x x

19 x x x 0.81 0.84 0.85 0.00 0.00 0.00 Fonte: Autor.

5.3.2 Chuva de projeto com duração de 24 horas (TR 2, 5 e 10 anos)

Analisaram-se as chuvas de projeto de duração de 24 horas da mesma forma que foi feito

para as chuvas com tempo de duração de 2 horas. Os hidrogramas gerados para os tempos de

retorno de 2, 5 e 10 anos estão representados nas Figuras 22, 23 e 24.

Como previsto, o aumento do tempo de duração da chuva de projeto implicou em grandes aumentos

nos volumes precipitados e, consequentemente, nos volumes de escoamento gerado. Para um

tempo de retorno de 2 anos os volumes totais de escoamento para o primeiro e o segundo cenário

foram respectivamente de 109620 m³ e 87380 m³, representando uma redução na ordem de 20%.

Para um tempo de retorno de 5 anos, os volumes totais de escoamento foram de 13264 m³ e 10958

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m³, com redução de 17,4%. E utilizando-se o tempo de retorno de 10 anos, obtiveram-se os valores

de 153000 m³ e 129420 m³, apresentando uma redução de 15,4%. Na Figura 25 estão apresentados

os valores de volume acumulado para cada situação simulada.

Foi possível identificar que o aumento da duração implicou em uma diminuição

significativa da eficiência dos dispositivos de LID em reter o escoamento para um mesmo tempo

de retorno. Esta diminuição fica explicitada nas baixas taxas de redução do volume de escoamento

entre ambos os cenários, e ainda mais evidente quando comparadas as de uma chuva de projeto

com duração de 2 horas.

Figura 22 - Hidrograma da bacia para uma chuva de projeto com duração de 24 horas e TR – 2

anos

Fonte: Autor.

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Figura 23 - Hidrograma da bacia para uma chuva de projeto com duração de 24 horas e TR – 5

anos

Fonte: Autor.

Figura 24 - Hidrograma da bacia para uma chuva de projeto com duração de 24 horas e TR – 10

anos

Fonte: Autor.

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Figura 25 – Gráfico dos volumes de escoamento acumulados da bacia para chuvas de projeto com

duração de 24 horas

Fonte: Autor.

Os sistemas de biorretenção com as dimensões simuladas se mostraram ineficientes para

estas situações de projeto, tendo um coeficiente de extravasamento mínimo de 0,85, dentre todos

os apresentados. Os pavimentos permeáveis atuaram de forma satisfatória, apresentando apenas

um pequeno aumento de seus coeficientes de extravasamento se comparados aos encontrados para

uma chuva com duração de 2 horas. Houveram também, para o tempo de retorno de 2 anos, algumas

sub-bacias onde os pavimentos atuaram de forma mais eficiente para uma chuva com duração de

24 horas do que para uma com duração de 2 horas, fato cuja ocorrência não era esperada.

Entretanto, a maior diferença entre as efetividades das técnicas de LID, no que se refere à

mudança no tempo de retorno, aconteceu nas trincheiras de infiltração. As mesmas apresentaram

coeficientes de extravasamento médio entre todas as sub-bacias, para os períodos de retorno de 2,

5 e 10 anos, com valores de 0,19 , 0,29 e 0,36 respectivamente. Estes valores diferiram muito dos

relativos às chuvas com duração de 2 horas, que não apresentaram extravasamento.

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5.3.3 Influência da condição de umidade antecedente do solo (AMC)

Conforme a Figura 10, apresentada na seção 4.2.3, verificou-se que a área de estudo é

composta basicamente por solos dos grupos hidrológicos B e D. Existem também algumas

pequenas regiões onde é possível identificar a presença de solos do grupo hidrológico C, mas que

devido a sua pouca representatividade no espaço não foram levadas em consideração.

Como já citado anteriormente, assumiu-se para este trabalho que a sub-bacia número 15

possuísse toda sua área composta por solos do grupo hidrológico D. A justificativa desta escolha

foi a de analisar o comportamento de dispositivos de LID que atuam no controle do volume de

escoamento, mas que não promovam a infiltração da água ao solo natural.

De acordo com a seção 4.2.3, os solos pertencentes ao grupo hidrológico B possuem um

potencial moderadamente baixo de gerar escoamento superficial quando completamente saturados

e a transmissão de água através do solo é desimpedida. Estes solos são tipicamente compostos por

uma parcela de 10% a 20% de argila e uma parcela variando entre 50% e 90% de areia, possuindo

características de areia argilosa ou argila arenosa. A taxa mínima de infiltração deste grupo

hidrológico de solo varia entre 3,81 mm/h a 7,62 mm/h (NCRS, 1986). Desta forma, solos deste

grupo são adequados para a utilização de técnicas que proporcionem a infiltração da água para o

solo, permitindo a utilização de todas as técnicas de LID selecionadas para o presente trabalho.

Entretanto, os solos pertencentes ao grupo hidrológico D possuem um alto potencial de

gerar escoamento superficial quando completamente saturados e a transmissão de água através do

mesmo é restrita ou, em certos casos, muito restrita. Tipicamente possuem uma parcela maior que

40% de argila e uma parcela menor que 50% de areia, possuindo características argilosas. Sua taxa

mínima de infiltração tem valores inferiores a 1,27 mm/h (NCRS, 1986). Devido a estas

características, os solos deste grupo não são recomendados a possuir técnicas de LID que

promovam a infiltração da água no solo natural (SEMCOG, 2008). Por este motivo, no presente

estudo foi utilizada apenas a técnica de LID de cisternas na sub-bacia número 15.

Também a partir da seção 4.2.3 verifica-se que os valores de CN utilizados no presente

trabalho seguem os valores uma área urbana totalmente desenvolvida, com vegetação já

estabilizada e características de espaços abertos possuindo vegetação majoritariamente rasteira.

Para condições médias onde a grama cobre de 50% a 70% da área total, os valores de CN dos

grupos B e D são respectivamente, 69 e 84. Ressalta-se que estes valores de CN são

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correspondentes a uma condição de umidade antecedente II (AMC II), onde os solos encontram-se

na umidade ideal. NCRS (2004) apresenta uma tabela de conversão da AMC II para as AMC I e

AMC III. Desta forma, os valores na condição de AMC I dos grupos hidrológicos B e D são

respectivamente, 50 e 68. E para a condição AMC III, os valores de B e D são respectivamente 84

e 93.

Apesar da mudança no CN devido à condição de umidade antecedente do solo, o valor da

taxa de infiltração da água no solo natural foi mantida constante na camada de armazenamento dos

dispositivos de LID. Justificou-se isto pela falta de bibliografias que relacionassem diretamente as

alterações da AMC com os valores de CN. Sendo assim, as técnicas de LID atuaram com mesmo

desempenho para um mesmo tempo de retorno independentemente da condição de umidade

antecedente do solo.

Os hidrogramas gerados estão apresentados nas Figuras 26, 27 e 28, e representam a área

de estudo no segundo cenário, submetida à chuvas de projeto com tempo de duração de 2 horas e

tempos de retorno de 2, 5 e 10 anos.

Os hidrogramas apresentaram formatos semelhantes, apresentando, contudo, diferenças

significativas na sua magnitude. Consequentemente, pôde-se notar o crescimento notável dos

volumes de escoamento ocasionados pela mudança da condição de umidade antecedente do solo.

Os volumes totais de escoamento gerados na bacia para as diferentes configurações estão

apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 – Volumes totais de escoamento na bacia para diferentes condições de umidade

antecedente

TR (anos) Volume de Escoamento (m³)

AMC I AMC II AMC III

2 22.03 26.34 35.52

5 27.51 33.76 45.10

10 32.72 40.70 53.86

Fonte: Autor.

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Figura 26 –Hidrograma da bacia com diferentes AMC de uma chuva com tempo de duração de 2

horas e TR de 2 anos

Fonte: Autor.

Figura 27 – Hidrograma da bacia com diferentes AMC de uma chuva com tempo de duração de 2

horas e TR de 5 anos

Fonte: Autor.

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Figura 28 – Hidrograma da bacia com diferentes AMC de uma chuva com tempo de duração de 2

horas e TR de 10 anos

Fonte: Autor.

Verificou-se o determinante papel da condição de umidade antecedente da bacia ao serem

comparados os volumes totais de escoamento gerados por uma chuva de projeto com tempo de

retorno de 2 anos e AMC III e uma com um tempo de retorno de 10 anos e AMC I. Este cenário

implicou que, apesar da chuva com tempo de retorno de 10 anos apresentar um pico de vazão maior

em um determinado momento, esta produziu um volume de escoamento menor que a chuva com

tempo de retorno de 2 anos e AMC III.

5.3.4 Eficiência dos dispositivos de LID

A partir da análise dos coeficientes de escoamento apresentados nas seções anteriores, foi

possível quantificar a efetividade das técnicas de LID para as situações simuladas.

Os pavimentos permeáveis apresentaram significativa eficiência na redução do volume de

escoamento. Sua menor parcela de redução do escoamento aconteceu para uma chuva de projeto

com duração de 24 horas e tempo de retorno de 10 anos na sub-bacia 18, onde o dispositivo foi

capaz de drenar 77,7 % do volume de escoamento a ele submetido. O desempenho desta técnica de

LID se mostrou determinante na área total de estudo em razão destes altos índices de redução de

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escoamento, aliados às grandes áreas ocupadas pela mesma dentro de cada sub-bacia, situação

possibilitada pelo fato dos pavimentos permeáveis possuírem a função dupla de atuar como

pavimento e como dispositivo drenante conjuntamente.

As trincheiras de infiltração para as chuvas de duração de 2 horas se comportaram como o

esperado, e foram capazes de drenar todo o escoamento que para elas foi direcionado. Entretanto,

para o tempo de duração de 24 horas as trincheiras apresentaram uma grande queda na capacidade

de drenar o escoamento, chegando a apresentar até mesmo um valor máximo de 0,4 no coeficiente

de extravasamento, o que representa a absorção de 60% do volume escoado.

Para as cisternas, não era esperado que fosse apresentada uma diminuição significativa no

volume de escoamento da sub-bacia onde foi inserida, o que foi, de fato, verificado. Seus

coeficientes de extravasamento apresentaram valores variando no intervalo de 0,89 a 0,96.

Entretanto, pelo fato de o volume de armazenamento ter sido mantido constante, e não variável em

relação à área de contribuição, conclui-se que esses coeficientes de extravasamento podem

apresentar variações positivas se usados para áreas de contribuição menores.

Porém, a situação mais crítica identificada foi a das células de biorretenção. Estas, mesmo

para tempos de retorno de 2 anos, apresentaram altos índices de extravasamento. O valor mínimo

do coeficiente de extravasamento encontrado entre todas as situações simuladas foi de 0,76, para

uma chuva com duração de 2 horas e tempo de retorno de 2 anos. Desta forma, não se pôde

considerar satisfatório o desempenho das mesmas quando relacionadas à redução no volume de

escoamento superficial.

CIRIA (2015) recomenda que as áreas superficiais das células de biorrentenção sejam da

ordem de 2% a 4% da área total a ser drenada pelas mesmas, para evitar que rapidamente ocorra a

sua colmatação.

As simulações foram todas executadas com as áreas de dispositivo na ordem de 2% da área

total a ser drenada para eles, no entanto, como foi identificado o seu não funcionamento efetivo

para a drenagem das chuvas de projeto utilizadas, verificou-se também o desempenho das células

de biorretenção como possuindo uma área igual a 4% da área total a ser drenada, para chuvas de

projeto com duração de 2 horas. Os coeficientes de extravasamento obtidos estão mostrados na

Tabela 3.

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Tabela 3 – Coeficientes de extravasamento nas sub-bacias das células de biorretenção com área

total equivalente a 4% da área total a ser drenada

Biorretenção

Sub-bacia TR 2 TR 5 TR 10

1 0.57 0.62 0.66

2 0.63 0.67 0.71

3 0.67 0.71 0.74

4 0.64 0.69 0.72

5 0.60 0.65 0.68

6 0.57 0.62 0.66

7 0.58 0.63 0.67

8 0.66 0.70 0.73

9 0.61 0.66 0.69

10 0.62 0.67 0.70

11 0.65 0.70 0.73

12 0.66 0.70 0.73

13 0.66 0.70 0.73

14 0.62 0.66 0.70

16 0.65 0.70 0.73

17 0.64 0.69 0.72

18 0.63 0.68 0.71

19 0.65 0.70 0.73

Fonte: Autor.

Como mostram os resultados, o aumento na área de superfície dos dispositivos de

biorretenção acarretou em uma razoável redução nos coeficientes de extravasamento, apresentando

uma amplitude média entre os coeficientes das duas situações no valor de 0,15. O volume total de

escoamento gerado na bacia nesta nova configuração foi de 24350 m³, apresentando considerável

mudança. A Figura 29 traz um comparativo entre os volumes totais de escoamento acumulado para

ambas situações com uma chuva de projeto de duração de 2 horas e com um tempo de retorno de

2 anos.

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Figura 29 – Volumes de escoamento acumulado da área de estudo para diferentes configurações

das células de biorretenção

Fonte: Autor.

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6 CONCLUSÕES

Por meio deste estudo realizou-se uma breve análise dos possíveis efeitos da implantação

de técnicas de Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto (LID) no volume de escoamento

superficial gerado no campus sede da Universidade Federal de Santa Maria. A área de estudo foi

dividida em sub-bacias hidrológicas para uma melhor discretização da variabilidade de dados

apresentada no local.

Os resultados encontrados referentes à diminuição do volume e da vazão de escoamento

superficial gerado em toda área de estudo foram satisfatórios, porém devem ser analisados com

ressalvas. O fato da análise da área ter sido executada unicamente através de imagens de satélite

implica no fato de os dados, apesar de razoavelmente condizentes com a realidade, não serem

suficientemente precisos para aplicações em um projeto real de engenharia. Ressalta-se também

que, o fato de ter sido ignorada a existência de mecanismos que se utilizem da água pluvial no

campus pode ter superestimado os valores obtidos.

Sobre a utilização do modelo de simulação SWMM notou-se a dificuldade de trabalhar com

áreas que apresentam grande variabilidade topográfica. O fato do modelo considerar as sub-bacias

somente como uma porção de terreno de mesma largura e inclinação pode implicar em muitas sub-

divisões de uma mesma área para a obtenção de dados precisos, tornando a sua aplicação um tanto

quanto trabalhosa.

O fato de terem sido aplicadas técnicas de LID dentro de áreas já desenvolvidas reduziu o

número de possibilidades de aplicação, tendo de ser descartadas, por exemplo, os valos de

infiltração. Entende-se que a aplicação das técnicas selecionadas, em certos locais escolhidos,

acarretaria em trabalho e custos excessivos tornando-as inviáveis, porém esta análise não foi levada

em consideração no presente estudo. O modelo SWMM foi tido também como um limitante para

o número de técnicas de LID utilizadas nas simulações. Previamente tinham sido também

consideradas as utilizações de jardins de chuva e desconexões das calhas do telhado nas sub-bacias,

porém estas tiveram de ser descartadas devido aos altos índices de erro acumulado ocorridos dentro

do modelo.

A efetividade das técnicas de LID como um todo foi inferior ao que estava sendo planejado. Todas

as bibliografias consultadas indicavam células de biorretenção como uma grande alternativa no

tratamento de chuvas frequentes. Porém, seguindo os parâmetros construtivos sugeridos para as

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mesmas, estas não foram capazes de drenar satisfatoriamente nem mesmo a chuva de projeto de

menor intensidade simulada, para as configurações utilizadas. As trincheiras de infiltração

apresentaram-se como boas alternativas para as chuvas de durações reduzidas, porém, acabaram

perdendo um pouco da sua efetividade para eventos de durações maiores. Os dispositivos de

pavimento permeável e cisternas apresentaram o comportamento mais satisfatório dentre todas as

técnicas simuladas, estando condizentes com a previsão inicial.

Entende-se que, pelo fato da imensa maioria do material consultado para a aplicação de

técnicas de LID ser de origem estrangeira, e os critérios de dimensionamento serem diretamente

relacionados ao regime local de chuvas, existiriam disparidades entre os resultados esperado e

ocorrido. Acredita-se que, este fato foi um limitante para a efetividade das técnicas de LID

utilizadas neste trabalho, mas, que em um cenário real, tais critérios poderiam ser reavaliados.

Explicita-se também que para cenários simulados, procuraram-se utilizar parâmetros

mínimos de dimensionamento e em um caráter puramente de engenharia. O desenvolvimento dos

cenários juntamente com projetos arquitetônicos e biológicos detalhados resultaria em resultados

muito mais efetivos.

Notou-se também através do SWMM um comportamento não usual na capacidade de

infiltração da água no solo natural das sub-bacias após a aplicação das técnicas de LID. Este fato

pode ser justificado pelo baixo valor da taxa de infiltração no solo natural utilizado, da ordem de

5,72 mm/horas, e pelo mesmo ter sido mantido constante mesmo para condições de umidade

antecedente do solo (AMC) diferentes. Como o SWMM não permite um acesso direto à sua linha

de comando, não foi possível configurar o parâmetro de taxa de infiltração ao solo natural das

práticas de LID diretamente com o parâmetro CN utilizado. Acredita-se também que este fato tenha

sido o maior responsável pela baixa efetividade dos dispositivos de LID no modelo.

De maneira geral, crê-se que a análise da efetividade de técnicas LID somente no âmbito

da redução dos volumes de escoamento é um tanto quanto injusta, pelo fato de esta compor apenas

uma pequena parcela dos benefícios que os diferentes dispositivos proporcionam ao local onde

estão inseridos. Para um estudo significativo sobre sua real aplicabilidade, um balanço total entre

seu custo e efetividade multidisciplinar deveria ser executado.

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7 RECOMENDAÇÕES

Como citado na seção 6, para estudos futuros é interessante que sejam realizadas análises

mais abrangentes da aplicação das técnicas de LID. Uma possível análise é a de custo-benefício

em escala local, realizando um balanço entre o custo estimado de implantação das técnicas de LID

com a economia provocada pela possibilidade de diminuição do tamanho dos dispositivos de

drenagem convencional.

Como seguimento do presente estudo, poderiam ser alteradas as características das camadas

das técnicas de LID utilizadas no SWMM, fazendo a comparação entre ambos desempenhos e,

posteriormente, relacionar os custos adicionais. Aliado a isto, poderiam também ser realizadas

simulações contínuas na mesma área de estudo, visto que foram realizadas somente simulações

para eventos únicos.

Como refinamento do presente estudo, poderiam ser alterados os métodos de obtenção dos

dados utilizados, sendo recomendável a realização de estudos de campo para a obtenção de

dimensões precisas do local, assim como, estudos de campo para obtenção das características reais

do solo. A utilização de áreas menores para uma maior discretização do problema também é válida.

Outro estudo possível seria, utilizando-se da porção de transporte do SWMM, estimar a

redução do risco de inundação dos corpos hídricos receptores do campus sede da UFSM, ou de

outra localidade, fazendo-se uso de dispositivos de LID. Neste estudo seria também cabível a

utilização de técnicas que promovam somente a detenção do escoamento, fato que não foi levado

em consideração no presente estudo. Poderiam ser considerados eventos chuvosos de diversos

tempos de retorno e serem feitas diversas configurações diferentes da aplicação dos dispositivos

de LID, visando maior eficiência.

Em um caráter mais arquitetônico e urbanístico, poderia ser realizado, em trabalho conjunto

com a Pró-Reitoria de Infraestrutura da UFSM, a aplicação de dispositivos de LID nas áreas de

expansão do campus sede da UFSM, assim como um desenvolvimento de uma política de

drenagem alternativa no campus, passível de ser inserida em seu plano diretor.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Quadro de dados das sub- bacias

MER

O D

A S

UB

-BA

CIA

12

34

56

78

910

1112

1314

1516

1718

19

ÁR

EA (

ha

)4

.27

6.3

99

.33

3.8

65

.01

6.8

14

.33

5.6

62

.15

4.2

72

.99

5.8

78

.55

4.8

25

.65

8.0

85

.26

36

.26

14

.01

MA

IOR

DIS

TÂN

CIA

DE

ESC

OA

MEN

TO (

m)

30

4.0

02

43

.00

28

2.0

02

90

.00

26

8.0

02

45

.00

30

2.0

02

40

.00

18

5.0

02

74

.00

15

2.0

08

6.0

02

77

.00

17

2.0

03

67

.00

38

8.0

02

73

.00

32

1.0

02

13

.00

INC

LIN

ÃO

(%

)2

.12

2.4

32

.48

2.3

42

.24

3.7

81

.65

3.6

13

.74

3.4

75

.40

1.0

83

.79

5.5

32

.09

2.6

13

.67

2.2

32

.96

IMP

ERM

EAB

ILID

AD

E (%

)4

4.2

55

8.9

63

0.5

07

4.0

04

1.4

28

1.9

77

6.6

45

9.3

06

7.0

37

4.8

73

6.6

91

5.9

64

7.3

86

0.4

53

3.8

72

0.3

54

3.7

82

3.0

11

8.4

8

CO

EFIC

IEN

TE D

E R

UG

OSI

DA

DE

"n"

IMP

.0

.01

0.0

10

.01

0.0

10

.01

0.0

10

.01

0.0

10

.01

0.0

10

.01

0.0

10

.01

0.0

10

.01

0.0

10

.01

0.0

10

.01

CO

EFIC

IEN

TE D

E R

UG

OSI

DA

DE

"n"

PER

M.

0.2

50

.31

0.3

80

.26

0.1

50

.34

0.1

90

.39

0.1

50

.24

0.2

10

.22

0.1

90

.22

0.2

00

.18

0.2

60

.22

0.1

6

AR

MA

ZEN

AM

ENTO

DE

DEP

RES

SÃO

PER

M.(

mm

)4

.57

5.8

87

.27

4.8

72

.54

6.5

03

.30

7.4

32

.54

4.3

33

.80

3.9

23

.41

3.8

63

.59

3.2

44

.86

3.9

92

.54

AR

MA

ZEN

AM

ENTO

DE

DEP

RES

SÃO

IMP

.(m

m)

1.2

71

.27

1.2

71

.27

1.2

71

.27

1.2

71

.27

1.2

71

.27

1.2

71

.27

1.2

71

.27

1.2

71

.27

1.2

71

.27

1.2

7

% IM

P. S

EM A

RM

AZE

NA

MEN

TO D

E D

EPR

ESSÃ

O (

%)

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

25

.00

CN

GR

UP

O H

IDR

OLÓ

GIC

OB

BB

BB

BB

BB

BB

BB

BD

BB

BB

AR

C I

5050

5050

5050

5050

5050

5050

5050

6850

5050

50

AR

C II

6969

6969

6969

6969

6969

6969

6969

8469

6969

69

AR

C II

I84

8484

8484

8484

8484

8484

8484

8493

8484

8484

Page 69: APLICABILIDADE DE TÉCNICAS DE DRENAGEM DE BAIXO …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_DAVID LUERSEN MOREIRA.pdf · A urbanização resulta em um processo de impermeabilização

68

APÊNDICE B – Tabela referente às configurações das LID utilizadas no SWMM

Cam

ada

Par

âmet

roB

iorr

eten

ção

Pav

imen

to P

erm

eável

Tri

nch

eira

Cis

tern

as

Super

fíci

eA

ltura

de

ber

ma

(mm

)150

050

x

Veg

etaç

ão (

fraç

ão)

0,1

00

x

Rugo

sidad

e de

Man

nin

g ("

n")

00,0

15

0x

Incl

inaç

ão d

a su

per

fíci

e(%

)0

20

x

Solo

Esp

essu

ra(m

m)

750

0x

x

Poro

sidad

e (f

raçã

o d

o v

olu

me)

0,4

37

0x

x

Cap

acid

ade

de

cam

po (

fraç

ão)

0,0

62

0x

x

Ponto

de

murc

ha

(fra

ção)

0,0

24

0x

x

Condutivid

ade(

mm

/hr)

120,3

96

0x

x

Curv

a de

Condutivid

ade

48

0x

x

Car

ga p

osi

tiva

de

sucç

ão(m

m)

49,0

22

0x

x

Arm

azen

amen

toE

spes

sura

/Altura

da

cist

erna(

mm

) 400

400

1500

2000

Índic

e de

vaz

ios

(Vvaz

ios/

Vsó

lidos)

0,3

50,3

50,3

5x

Tax

a de

infi

ltra

ção(m

m/h

r)14,4

72

14,4

72

14,4

72

x

Fat

or

de

colm

ataç

ão0

00

x

Pav

imen

toE

spes

sura

(mm

)x

100

xx

Índic

e de

vaz

ios

(Vvaz

ios/

Vsó

lidos)

x0,6

xx

Fra

ção d

e su

per

fíci

e im

per

meá

vel

x0,8

5x

x

Per

mea

bili

dad

e(m

m/h

r)x

120,3

96

xx

Fat

or

de

colm

ataç

ãox

0x

x

Page 70: APLICABILIDADE DE TÉCNICAS DE DRENAGEM DE BAIXO …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_DAVID LUERSEN MOREIRA.pdf · A urbanização resulta em um processo de impermeabilização

69

APÊNDICE C – Quadors com os valores das áreas das técnicas LID em cada sub-bacia

12

34

56

78

910

Áre

a do

Dis

posi

tivo

(m²)

352

140

602

220

1769

xx

671

140

x

Áre

a de

Co

ntri

buiç

ão (m

²)25

8310

1115

8211

2042

90x

x34

9359

0x

Áre

a do

Dis

posi

tivo

(m²)

104.

1633

5.14

162.

2615

9.74

173.

2247

5.88

276.

321

5.18

133.

3435

8.12

Áre

a de

Co

ntri

buiç

ão (m

²)52

0816

757

8113

7987

8661

2379

413

815

1075

966

6717

906

Áre

a do

Dis

posi

tivo

(m²)

6732

6221

x27

8275

7117

079

1014

1x

3400

5923

Áre

a de

Co

ntri

buiç

ão (m

²)67

3262

21x

2782

7571

1707

910

141

x34

0059

23

Sub-

baci

a

Trin

che

ira

Bio

rre

tenç

ão

Pavi

me

nto

Pe

rme

áve

l

1112

1314

1516

1718

19

Áre

a do

Dis

posi

tivo

(m²)

720

1209

570

xx

1358

430

x96

1

Áre

a de

Co

ntri

buiç

ão (m

²)23

1162

2521

25x

x96

1530

98x

5132

Áre

a do

Dis

posi

tivo

(m²)

149.

1630

.337

8.94

265.

32x

77.9

428

4.52

711.

6835

4.6

Áre

a de

Co

ntri

buiç

ão (m

²)74

5815

1518

947

1326

6x

3897

1422

635

584

1773

0

Áre

a do

Dis

posi

tivo

(m²)

1205

xx

6569

xx

3913

1270

7x

Áre

a de

Co

ntri

buiç

ão (m

²)12

05x

x65

69x

x39

1312

707

x

Áre

a do

Dis

posi

tivo

(m²)

xx

xx

37.5

xx

xx

Áre

a de

Co

ntri

buiç

ão (m

²)x

xx

x12

000

xx

xx

Sub-

baci

a

Pavi

men

to P

erm

eáve

l

Cis

tern

as

Trin

chei

ra

Bio

rret

ençã

o