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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA ENGENHARIA CIVIL ESTUDO DE CASO: APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS BASIC METHODWARE A UM EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Leonardo Moreira Fabrin Santa Maria, RS, Brasil 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

ENGENHARIA CIVIL

ESTUDO DE CASO: APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE

GERENCIAMENTO DE PROJETOS BASIC METHODWARE A

UM EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Leonardo Moreira Fabrin

Santa Maria, RS, Brasil

2016

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ESTUDO DE CASO: APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO DE

PROJETOS BASIC METHODWARE A UM EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO

Leonardo Moreira Fabrin

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de

Santa Maria, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Joaquim Cesar Pizzutti dos Santos

Santa Maria, RS, Brasil

2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

ENGENHARIA CIVIL

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

ESTUDO DE CASO: APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO DE

PROJETOS BASIC METHODWARE A UM EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO

elaborado por

Leonardo Moreira Fabrin

como requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro Civil

COMISSÃO EXAMINADORA:

_______________________________________________________

Joaquim Cesar Pizzutti dos Santos, Dr.

(Presidente/Orientador)

_______________________________________________________

Juliana Pippi Antoniazzi, Me. (UFSM)

_______________________________________________________

Rogério Cattelan Antocheves de Lima, Dr. (UFSM)

Santa Maria, 6 de julho de 2016.

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Dedico este trabalho aos

meus pais, André e Sandra.

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AGRADECIMENTOS

Pensando neste trabalho e, principalmente, nos anos dedicados à vida acadêmica, agradeço aos meus pais,

André e Sandra, por terem sido sempre a bússola mais confiável e a fundação mais forte, e ao meu irmão

André pelos conselhos.

Agradeço à minha parceira de vida Natália pelo incentivo, pela paciência e pelo interesse constantes, e

também por compartilhar planos e aspirações.

Aos meus amigos, familiares e colegas que dividiram comigo vitórias e derrotas.

Ao meu orientador, professor Eng. Joaquim Pizzutti, por incentivar a realização deste trabalho e por fomentar

a abordagem do gerenciamento de obras no curso de Engenharia Civil, e também a todos os outros

professores que compartilharam tempo e conhecimento, especialmente Eng. Talles Araújo, Eng. Bernardete

Trindade, Eng. Jaime Freiberger Jr., Eng. Antônio Gastaldini, Eng. Gihad Mohamad, Eng. João Kaminski Jr., Eng.

Carlos Félix Kümmel, Eng. Magnos Barone, Eng. Larissa Kirchhof, Eng. Deividi Pereira e Eng. Denise Saad.

E, finalmente, aos profissionais que ajudaram a inserir a engenharia na minha vida, entre eles Eng. Anderson

de Melo, Eng. Daniel Barbieri, Eng. Andrigo Zanella, Eng. Maisson Tasca, Eduardo Pagliarin, Eng. Maria Elaine

Pagliarin, José Augusto Vargas de Oliveira e Eng. Ivon Scherer.

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Hay hombres que de su ciencia

tienen la cabeza llena;

hay sabios de todas menas,

mas digo sin ser muy ducho –

Es mejor que aprender mucho

el aprender cosas buenas”

José Hernandez em “Martin Fierro”

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RESUMO

ESTUDO DE CASO: APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO DE

PROJETOS BASIC METHODWARE A UM EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO

AUTOR: LEONARDO MOREIRA FABRIN

ORIENTADOR: JOAQUIM PIZZUTTI DOS SANTOS

O gerenciamento de projetos é uma parte do gerenciamento de obras, que ainda se vale do gerenciamento

da produção e do gerenciamento técnico. Este trabalho de conclusão de curso tem por finalidade estudar,

aplicar em ambiente empresarial e analisar técnicas de gerenciamento de projetos aplicadas a

empreendimentos imobiliários. O desenvolvimento da pesquisa baseia-se no estudo dos fundamentos do

PMBOK (Project Management Body Of Knowledge), guia de referência de boas práticas de gerenciamento

de projetos internacionalmente reconhecido, e posterior estudo e aplicação da metodologia Basic

Methodware, uma série de processos baseada no ciclo PDCA (planejar, fazer, checar e agir) e no PMBOK e

aplicada ao gerenciamento de projetos de construção civil. Os processos da Basic Methodware englobam,

por exemplo, planejamento de escopo, custos, tempo, riscos e aquisições, visando o equilíbrio de todas as

restrições. O estudo de caso, culminando na aplicação desta metodologia em um empreendimento

residencial multifamiliar, permite a observação e a análise da mesma, bem como de suas principais

potencialidades e também de suas limitações. A partir do estudo, conclui-se que a utilidade e a

aplicabilidade do gerenciamento de projetos, como um primeiro passo das organizações no sentido do

melhor gerenciamento das obras, pode levar a melhores desempenhos globais dos empreendimentos.

Palavras-chave: Gerenciamento de projetos; Gerenciamento de obras; Construção civil.

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ABSTRACT

Trabalho de Conclusão de Curso

Engenharia Civil

Universidade Federal de Santa Maria

CASE STUDY: APPLICATION OF PROJECT MANAGEMENT METHODOLOGY

BASIC METHODWARE TO REAL ESTATE DEVELOPMENT

AUTOR: LEONARDO MOREIRA FABRIN

ORIENTADOR: JOAQUIM PIZZUTTI DOS SANTOS

Project management is part of construction management, which also contains production management and

technical management. This undergraduate conclusion work intends to study, apply in an enterprise

environment and analyze project management techniques in construction. The development of the research

has its basis on a PMBOK (Project Management Body Of Knowledge, an internationally known set of standard

terminology and guidelines for project management) study, followed by the study and the application of

Basic Methodware, a thirteen processes series based on the PDCA (plan, do, check, act) cycle and on PMBOK,

and related do construction. Basic Methodware processes includes, for example, scope, cost, time, risk, and

procurement planning, willing to balance the constraints. The case study, culminating on this methodology

application for a multi-family residential building, allows its observation and analysis, such as its main

potentials and limitations. From the study comes that the utility and applicability of project management, as

a construction management first step for organizations, can get to higher performances.

Keywords: Project management; Construction management; Real estate development.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Evolução do mercado imobiliário em Porto Alegre: vendas. ............................................................................ 12

Figura 2 – Modelo do método PDCA. .............................................................................................................................................. 17

Figura 3 - Cubo de gestão. .................................................................................................................................................................... 19

Figura 4 - Cronograma de Gantt. ....................................................................................................................................................... 21

Figura 5 - Caminho crítico. .................................................................................................................................................................... 21

Figura 6 - Níveis típicos de custo e pessoal em toda a estrutura genérica do ciclo de vida de um projeto. . 23

Figura 7 - Impacto da variável com base no tempo decorrido do projeto. .................................................................... 23

Figura 8 - Mapa de processos da metodologia Basic Methodware. .................................................................................. 31

Figura 9 - Comparação entre as áreas do conhecimento do PMBOK e os processos da Basic Methodware. 32

Figura 10 - Visão esquemática do empreendimento. ................................................................................................................ 44

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Os 47 processos do PMBOK. ........................................................................................................................................ 25

Quadro 2 - Estudo de caso: processo I - Autorizar o início do projeto............................................................................ 45

Quadro 3 - Estudo de caso: processo P1 - Identificar os stakeholders. ............................................................................ 46

Quadro 4 - Estudo de caso: processo P2 - Planejar o escopo e a qualidade. ............................................................... 47

Quadro 5 - Estudo de caso: processo P3 - Planejar respostas aos riscos. ....................................................................... 51

Quadro 6 - Estudo de caso: processo P4 - Planejar as comunicações. ............................................................................. 52

Quadro 7 - Estudo de caso: processo P5 - Planejar o tempo e os recursos. ................................................................. 53

Quadro 8 - Estudo de caso: processo P6 - Planejar as aquisições. ..................................................................................... 55

Quadro 9 - Estudo de caso: processo P7 - Planejar o custo. ................................................................................................ 56

Quadro 10 - Estudo de caso: processo P8 - Aprovar o Plano do Projeto. ...................................................................... 57

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 11

1.1. Justificativa .............................................................................................................................................................................. 13 1.2. Objetivos .................................................................................................................................................................................. 14 1.3. Metodologia ........................................................................................................................................................................... 15

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................................. 16 2.1. Gestão de organizações .................................................................................................................................................... 16 2.2. Gerenciamento de obras .................................................................................................................................................. 18 2.3. Gerenciamento de projetos ............................................................................................................................................. 20 2.4. Project Management Body Of Knowledge (PMBOK) ........................................................................................... 24 2.5. Basic Methodware ............................................................................................................................................................... 31

3. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................... 43 3.1. A organização e o empreendimento .......................................................................................................................... 43 3.2. Gerenciamento do projeto............................................................................................................................................... 44

4. CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 58

5. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................. 60

ANEXO A – MODELO DE PLANO DE PROJETO PARA EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS .... 62

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1. INTRODUÇÃO

“Ao longo de seus quase três mil anos de história, a Universidade representou o conhecimento como

propriedade específica dos alunos em salas de aula ou bibliotecas, transmitido por professores ou por livros.

Hoje, o conhecimento é algo que está no ar, alcançando pessoas de todos os tipos, por toda parte, pelos

canais os mais diversos. A universidade é apenas um desses canais, lado a lado com a internet, a televisão

educativa, revistas especializadas, empresas, laboratórios e instituições privadas”. (BUARQUE, 2003)

A colocação do engenheiro, economista, educador e político brasileiro Cristovam Buarque remete à relação

de mutualismo necessária entre as instituições de ensino e o ambiente a elas externo. Nestes tempos em que

o acesso à informação se dá de forma extremamente dinâmica, o conhecimento não reside na detenção da

informação, mas na capacidade de manuseá-la corretamente em busca de objetivos específicos.

É interessante, portanto, que nesse ponto da história se possa desconstruir a imagem da engenharia como

ciência exata. Para Holtzapple (2006), o engenheiro é mais do que um indivíduo que combina conhecimentos

da ciência, da matemática e da economia para solucionar problemas técnicos com os quais a sociedade se

depara. O engenheiro americano Arthur M. Wellington, que viveu no século XIX, teria descrito a engenharia

como a arte de fazer com um dólar o que qualquer outro pode fazer com dois.

Com base nessa visão, este trabalho busca a potencialidade do engenheiro civil além dos conhecimentos

específicos oriundos da bagagem acadêmica, valorizando acima de tudo sua capacidade de solucionar

problemas com melhores desempenhos em cenários adversos.

O cenário pessimista da construção civil no Brasil, com repetidas quedas nos índices de vendas e de

lançamentos de edificações, vem obrigando as empresas do setor a rever suas estratégias, e o foco que antes

era na máxima produção hoje volta-se à melhora da produtividade e à redução de desperdícios, ou seja, à

maximização do desempenho global do empreendimento. Isso justifica a crescente valorização das técnicas

de gerenciamento de projetos e de obras, que deixam de ser diferenciais competitivos para tornarem-se

requisitos básicos para construtoras e empreiteiras.

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Em todo o país, os números disponibilizados pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (SINDUSCON)

através das análises estatísticas da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), como mostra a Figura

1, denunciam a desaceleração da demanda e obrigam novas ênfases, sobretudo nos estudos de viabilidade

dos projetos de engenharia. Em Porto Alegre, assim como na maioria das capitais, a tendência do mercado

preocupa e evidencia a necessidade de se aumentar a eficiência da construção para manter a viabilidade dos

empreendimentos. A própria CBIC (2012) reconhece custo e prazo, além de insegurança jurídica, como os

principais gargalos no setor.

Figura 1 - Evolução do mercado imobiliário em Porto Alegre: vendas.

Adaptado de SINDUSCON-RS.

Porém, é necessário observar que fatores conjunturais externos, como o desaquecimento do mercado

imobiliário descrito acima, não são de competência direta dos engenheiros civis ou dos empresários

responsáveis pelas iniciativas no setor. É preciso compensar o cenário negativo com a potencialização

das forças internas. Logo, compreender e explorar potenciais avanços como o aumento do

desempenho global dos empreendimentos, desde sua concepção até sua manutenção, pode ser a

chave para o sucesso das construções.

A CBIC (2012), em seu Estudo Completo da Produtividade da Construção Civil Brasileira, indica que a

produtividade total da construção decaiu 0,4% entre 2007 e 2012, com piores resultados nos últimos

dois anos. Isto é, enquanto a indústria da construção manteve-se aquecida, a eficiência diminuiu, mesmo

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com os avanços tecnológicos e com a melhora do nível educacional da mão de obra, defendida por

dados apresentados no mesmo estudo.

Nesse+ cenário, surge a necessidade de uma melhor compreensão global dos empreendimentos imobiliários.

Antes de investir em produtividade ou soluções inovadoras, é preciso que os gestores da construção civil

vislumbrem o ambiente em que sua construção está inserida, e para isso as técnicas de gerenciamento de

projetos podem ser de grande valia. A cultura da construção é, notoriamente, reconhecida por seu atraso se

comparada a culturas de trabalho existentes em indústrias relacionadas a tecnologias de ponta. Os conceitos

de qualidade e produtividade, tão difundidos na indústria automobilística, ainda estão distantes da realidade

da construção. Esse estudo, portanto, visa reduzir tal disparidade cultural, aproximando da realidade da

construção civil as técnicas mais aclamadas de gerenciamento de projetos.

1.1. JUSTIFICATIVA

O estudo do gerenciamento da construção civil, especificamente no que diz respeito ao gerenciamento de

projetos, se faz necessário devido ao atraso da cultura de trabalho nesse setor frente às culturas de outras

indústrias, e também devido às restrições causadas pela crise financeira, que demandam maiores níveis de

eficiência e desempenho aos empreendimentos imobiliários. Empresários, construtores e técnicos precisam

adaptar-se a uma nova realidade e fazer proveito dos métodos de gerenciamento.

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1.2. OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Estudar, aplicar e avaliar a metodologia de gerenciamento de projetos Basic Methodware, dirigida às

necessidades de um empreendimento imobiliário residencial multifamiliar em Santa Maria, buscando uma

visão ampla, além da construção civil, e fomentando assim o gerenciamento desses empreendimentos como

um processo sistemático.

1.2.2 Objetivos específicos

Estudar e apresentar conceitos, técnicas e ferramentas de gerenciamento de projetos aplicados à

construção civil em empreendimentos imobiliários;

Estudar, aplicar e avaliar a metodologia de gerenciamento de projetos Basic Methodware em

um empreendimento imobiliário;

Verificar possíveis restrições do ambiente empresarial da construção civil frente à implementação de

uma metodologia de gerenciamento de projetos.

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1.3. METODOLOGIA

O trabalho está distribuído em quatro etapas:

1. Introdução, com considerações acerca do trabalho e de seu tema.

2. Revisão bibliográfica, desde gestão de organizações até uma metodologia específica de gerenciamento

de projetos aplicada à construção civil, passando por gerenciamento de obras e de projetos.

3. Estudo de caso, com a aplicação da metodologia de gerenciamento de projetos Basic Methodware em

um empreendimento imobiliário real. Essa aplicação será realizada de forma conjunta a um estágio

extracurricular de engenharia civil, atendendo diretamente às necessidades do corpo técnico da empresa.

4. Conclusão, com avaliação da metodologia empregada e verificação dos principais resultados, condições

e restrições observados.

Ao final, o Anexo A traz um documento-modelo em branco para a metodologia proposta, contemplando um

Plano de Projeto como elemento de gerenciamento de projetos para empreendimentos imobiliários.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES

Segundo Lobato (2012), “o atual ambiente de negócios vive mudanças cada vez mais imprevisíveis, provocadas

por diversos fatores. Nos últimos anos, essas transformações aceleraram-se, num cenário de nova ordem

social, política e econômica mais complexa e competitiva, que tende a absorver novas ideias”. Em tal ambiente,

é interessante vincular à maturidade do gerenciamento de obras e empreendimentos imobiliários a

capacidade de gestão da própria organização. O gerenciamento de projetos, tema deste trabalho, está situado

entre o gerenciamento das obras e a gestão da organização.

Nesse contexto, pode-se afirmar que “a vitória de uma organização, seja ela uma escola, um hospital, uma

prefeitura, uma empresa ou até mesmo o Governo Federal, é algo desejado por todos e, quando acontece,

é uma grande fonte de alegria e satisfação” (FALCONI, 2013), estando sempre associada a alcançar bons

resultados. Segundo o próprio Falconi (2013), falha-se ao gerir uma organização porque:

Não são colocadas as metas certas, ou não são identificados corretamente os problemas;

Não são feitos planos de ação, seja por falta de métodos de análise ou por falta de

conhecimento técnico;

Não são executados completamente e a tempo os planos de ação;

Podem ocorrer circunstâncias fora do controle.

O gerenciamento, de modo geral, é “focado nos fins e, portanto, na missão geral de qualquer organização,

que é satisfazer necessidades de seres humanos” (FALCONI, 2013). Este conceito refere-se a quatro tipos de

seres humanos, chamados de stakeholders ou partes interessadas: clientes, empregados, sociedade e

acionistas. O sucesso de uma organização no longo prazo depende do atendimento às necessidades desses

quatros tipos de stakeholders, que podem ser conflitantes. Portanto, todo o gerenciamento, seja de uma

organização ou de um projeto, deve controlar as expectativas e percepções de todos os envolvidos.

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Um gerente ou gestor, segundo Falconi (2013) possui duas responsabilidades básicas:

Consistência: garantir que os processos que apoiam suas operações sejam estáveis e confiáveis;

Melhoria contínua: levantar, priorizar e resolver problemas de sua área de responsabilidade.

Ao abordar a solução de problemas na ótica da melhoria contínua, é fundamental explicitar o conceito do

ciclo PDCA (plan/planejar – do/fazer – check/avaliar – act/agir), representado pela Figura 2. Esse método de

solução de problemas é a alma do Sistema Toyota de Produção, clássico modelo de gestão japonês. Embora

pareça simples, o PDCA atinge altos níveis de complexidade à medida que permeia uma organização.

Figura 2 – Modelo do método PDCA.

ACT PLAN

CHECK DO

Sua utilização, segundo Falconi (2013), permite, entre outras vantagens:

Participação de todas as pessoas da empresa no gerenciamento;

Uniformização da linguagem e melhoria da comunicação;

Melhoria da absorção das melhores práticas empresariais;

Aprendizado contínuo.

Geralmente, a utilização desse modelo leva a um processo de melhoria contínua. A cada fechamento do ciclo,

os padrões da organização referentes à atividade em questão se elevam e se atualizam, permitindo o início

de um novo ciclo de aperfeiçoamento. Pode-se dizer que a maioria das teorias de gerenciamento têm sido

desenvolvidos à luz do ciclo PDCA. Com o gerenciamento de projetos, não é diferente.

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2.2. GERENCIAMENTO DE OBRAS

Assim como para qualquer iniciativa formal através da qual visa-se alcançar um objetivo, o gerenciamento é

fundamental para uma construção. De modo geral, o gerenciamento de obras em uma organização deve

fazer parte de um sistema superior de gestão, assim como outras áreas como recursos humanos, finanças,

contabilidade e vendas, por exemplo. Dessa forma, pode-se dizer que o gerenciamento de obras jamais deve

ser desvinculado da gestão da organização, já que o sucesso de um empreendimento de construção depende,

além do gerenciamento da obra em si, da gestão de todo esse sistema.

Polito (2015) afirma que “a maioria dos problemas encontrados em nossos canteiros de obra, e que

impactam nosso resultado, não são de ordem técnica e sim gerencial”. O gerenciamento de obras ou

gerenciamento da construção civil, segundo o mesmo autor, pode ser entendido como um conjunto de

estratégias utilizadas para otimizar os resultados de um empreendimento, reduzindo custos, aumentando

lucros e garantindo qualidade. Nesse campo, seu estudo classifica três principais vieses, sendo o primeiro

deles o tema deste trabalho:

Gerenciamento do trabalho (gerenciamento do projeto), que enfatiza a evolução do

empreendimento e pode ser fundamentado pelo Project Management Body Of Knowledge

(PMBOK, em português Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos);

Gerenciamento técnico (gerenciamento do produto), que foca na própria edificação, como

produto e também como processo, com seus projetos, detalhes, características e interferências;

Gerenciamento da produção, que busca otimizar o processo produtivo da construção em si e

encaixa os princípios da construção enxuta (lean construction) e de programação e controle da

produção (PCP), bem como a gestão logística.

Essas definições são expressas pelo “cubo de gestão”, do mesmo autor, e representado pela Figura 3.

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Figura 3 - Cubo de gestão.

GERENCIAMENTO TÉCNICO

GERENCIAMENTO DA PRODUÇÃO

GERENCIAMENTO DO TRABALHO

PROJETOS BÁSICOSPROJETOS EXECUTIVOS

PÓS-OBRA

CONTROLE DO DESPERDÍCIOGESTÃO LOGÍSTICAPCPPADRONIZAÇÃO

PROJETO DO EMPREENDIMENTOPMBOK

Adaptado de Polito, 2015.

Abordagem principal deste estudo, o gerenciamento de projetos ou do trabalho é, portanto, apenas um dos

enfoques do gerenciamento de obras. A seguir, busca-se definir melhor os outros dois.

2.2.1 Gerenciamento técnico

O gerenciamento técnico trata da integração de projetos de engenharia e de sua associação à gestão do

trabalho e à gestão da produção, com foco no produto. Seu objetivo é garantir que o produto atenda a

todos os requisitos e apresente um desempenho adequado.

“A complexidade dos projetos e a evolução tecnológica têm levado a uma crescente especialização e

consequente fracionamento por especialidades” (POLITO, 2015). Essa constatação reflete a realidade dos

empreendimentos de construção civil de pequeno, médio e grande porte, onde múltiplos intervenientes são

responsáveis por trabalhos que se completam. Os projetos básicos, executivos e complementares, por

exemplo, costumam passar pelas mãos de diversos profissionais. Portanto, é necessário que o gerenciamento

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técnico do empreendimento avalie sua construtibilidade, os padrões e requisitos de desempenho e a

compatibilidade entre os projetos.

Esse segmento do gerenciamento de obras demanda conhecimentos e experiências próprios da engenharia

civil, sendo que todo o empreendimento depende de decisões estratégicas de engenharia relativas a sistemas

construtivos, construtibilidade, planos de ataque e projetos em geral.

2.2.2 Gerenciamento da produção

Segundo Polito (2015), programar, produzir e controlar o resultado de um empreendimento são funções do

gerenciamento da produção, buscando reduzir interrupções, comparando o previsto com o realizado e

promovendo ações para correções de rumo. A visão dessa parte do gerenciamento é diretamente ligada ao

canteiro de obras e a suas variáveis.

Enquanto o gerenciamento do trabalho e o gerenciamento técnico definem o que será feito, de que forma e

com que recursos, o gerenciamento da produção visa utilizar os recursos da forma mais eficiente possível

para cumprir os objetivos do empreendimento. Os principais enfoques estão em produtividade, redução das

perdas, logísticas, programação e controle da produção e padronização de processos.

2.3. GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Ao abordar o tema “gerenciamento de projetos”, tratado anteriormente também como “gerenciamento do

trabalho”, é importante esclarecer o conceito de projeto, que nessa esfera refere-se a um empreendimento

ímpar. Difere, portanto, do projeto de engenharia ou arquitetura com o qual habitua-se lidar no dia-a-dia da

construção. Dessa forma, o gerenciamento do projeto de um empreendimento de construção civil equivale ao

gerenciamento do empreendimento como um todo, sendo responsável por seu sucesso.

Inúmeras técnicas de gerenciamento de projetos de todos os tipos foram, provavelmente, empregadas ao

longo da história da humanidade. No entanto, pode-se identificar na história ocidental recente o início do

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planejamento de projetos com o “gráfico de Gantt”, demonstrado na Figura 4, que foi criado no início do

século XX e correlaciona tarefas com suas durações estimadas e com seus vínculos de interdependência.

Figura 4 - Cronograma de Gantt.

Adaptado de Mattos, 2010.

Mais tarde, durante a 2ª Guerra Mundial, segundo Codas (1987), a complexidade de operações militares exigiu

o desenvolvimento de métodos de planejamento mais efetivos, já que tais operações, por seu grande porte,

envolviam conjuntamente marinha, exército e forças áreas de diversos países. Em decorrência dessa demanda

surgiram, ainda no período pós-guerra, os métodos clássicos de análise de redes, como o Método do Caminho

Crítico (CPM, do inglês Critical Path Method), que como sugere a Figura 5 identifica o caminho mais crítico em

uma série de tarefas, e o Program Evaluation Review Technique (Técnica de revisão de avaliação de programação)

ou PERT. Na mesma época, ainda segundo Codas (1987), surgiu a definição de projeto como um sistema que

interliga objetivos, prazos e custos, e também os primeiros escopos de projeto diagramados na forma de

Estrutura Analítica do Projeto (EAP), que será abordada adiante.

Figura 5 - Caminho crítico.

Adaptado de Mattos, 2010.

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Ainda na década de 60, na Pensilvânia, Estados Unidos, um grupo de profissionais de gerenciamento de

empresas fundou o Project Management Institute (PMI, Instituto de Gerenciamento de Projetos), com o

objetivo de promover e desenvolver as técnicas de gerenciamento de projetos (CODAS, 1987). Essa

organização mantém, desde então, simpósios anuais com o tema, que resultaram no PMBOK (Um Guia do

Conhecimento em Gerenciamento de Projetos), guia de referência em gerenciamento de projetos que

atualmente tem publicada sua 5ª edição e tornou-se o maior expoente do assunto.

Atualmente, pode-se definir projeto, no âmbito do gerenciamento de projetos, como um “esforço

temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo” (PMI, 2013). Tal definição

evidencia o caráter temporário e exclusivo de um projeto. Um empreendimento imobiliário, por exemplo,

tem início e fim bem definidos e, mesmo quando baseado em projetos executivos já utilizados em outros

empreendimentos, nunca acontece em um mesmo cenário, pois seu sucesso está vinculado a fatores

humanos, climáticos e sociais que não se repetem.

Em uma construção, o gerenciamento do trabalho ou do projeto diz respeito, segundo Polito (2015), ao esforço

e aos recursos necessários para se obter o produto, atendendo a limites de custos, prazos, recursos humanos,

qualidade, expectativas e riscos, entre outros. Como visto, pode-se correlacionar “gerenciamento do trabalho”

na construção civil com o “gerenciamento de projetos” proposto pelo Project Management Body Of Knowledge.

Sob tal premissa, considera-se uma obra de construção civil como um projeto. É essencial discorrer sobre essa

definição para que não se confunda projeto, no âmbito do empreendimento, com um projeto arquitetônico ou

estrutural, por exemplo, que são apenas partes integrantes do projeto do empreendimento.

No universo do gerenciamento de projetos, o guia PMBOK é reconhecido como a principal fonte de

diretrizes e conceitos, descrevendo formalmente normas, métodos, processos e práticas estabelecidos.

Além disso, procura acompanhar o ciclo de vida de um projeto individual de qualquer natureza,

equilibrando restrições como escopo, qualidade, cronograma, orçamento e riscos. Esse ciclo de vida,

representado pela Figura 6, está dividido em fases de iniciação, planejamento, execução e encerramento,

sendo que o monitoramento ainda permeia as anteriores.

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Figura 6 - Níveis típicos de custo e pessoal em toda a estrutura genérica do ciclo de vida de um projeto.

Adaptado de PMI, 2013.

A compreensão do ciclo de vida é interessante não apenas para a segmentação dos processos, mas

também para uma visão de alto nível do empreendimento. Isto é, o gestor deve ser capaz de visualizar

as diferentes fases da obra para dominá-la globalmente. Tal situação fica evidente na reflexão trazida

pela Figura 7, que prega a importância de se investir recursos nas fases de iniciação e planejamento,

enquanto as mudanças tendem a ser mais viáveis.

Figura 7 - Impacto da variável com base no tempo decorrido do projeto.

Adaptado de PMI, 2013.

Nos próximos tópicos, estudam-se a estrutura do guia PMBOK e, posteriormente, a metodologia de

gerenciamento de projetos Basic Methodware aplicada ao gerenciamento de obras. Esta metodologia tem

seus fundamentos no PMBOK e traz meios práticos para aplicação do gerenciamento de projetos a

empreendimentos imobiliários.

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2.4. PROJECT MANAGEMENT BODY OF KNOWLEDGE (PMBOK)

Entre as três esferas do gerenciamento de obras abordadas anteriormente, o gerenciamento de projetos está

intimamente ligado ao gerenciamento do trabalho, tratando portanto dos esforços e recursos necessários ao

atendimento dos requisitos de um empreendimento. Percebe-se na literatura do tema, inclusive nas

publicações nacionais, uma certa unanimidade em relação ao PMBOK ao tratar de atividades práticas de

gerenciamento de projetos. Isso ocorre em grande parte porque essa publicação apresenta um sistema

organizado e flexível de processos para o gerenciamento de projetos. São, ao todo, 47 processos em 10

“áreas do conhecimento”, distribuídos ao longo do ciclo de vida de um projeto genérico.

Anteriormente, foi posto que o ciclo de vida de um projeto, segundo o PMBOK, é dividido em processos de

iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle e encerramento. A matriz que engloba os 47

processos do guia, representada pelo quadro 1, utiliza essa classificação em um eixo e, no outro, explora 10

áreas do conhecimento. Essas divisões baseiam-se em diferentes enfoques presentes em projetos de todos os

tipos, e são tão bem difundidas que a maioria dos cursos de especialização em gerenciamento de projetos das

principais instituições de ensino do Brasil distribui seus módulos, basicamente, em função de tais áreas. São elas:

Gerenciamento da integração do projeto;

Gerenciamento do escopo do projeto;

Gerenciamento do tempo do projeto;

Gerenciamento dos custos do projeto;

Gerenciamento da qualidade do projeto;

Gerenciamento dos recursos humanos do

projeto;

Gerenciamento dos recursos de

comunicações do projeto;

Gerenciamento dos riscos do projeto;

Gerenciamento das aquisições do projeto;

Gerenciamento das partes interessadas do

projeto.

Após o quadro com os 47 processos do PMBOK, discorre-se a respeito de cada uma dessas áreas.

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Quadro 1 - Os 47 processos do PMBOK.

ÁREAS DO

CONHECIMENTO

GRUPOS DE PROCESSOS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Grupo de processos

de iniciação

Grupo de processos

de planejamento

Grupo de processos

de execução

Grupo de processos

de monitoramento

e controle

Grupo de processos

de encerramento

Gerenciamento da

integração do projeto

Desenvolver o termo de

abertura do projeto.

Desenvolver o plano de

gerenciamento do

projeto.

Orientar e gerenciar o

trabalho do projeto.

Monitorar e controlar o

trabalho do projeto;

Realizar o controle

integrado de mudanças.

Encerrar o projeto ou

fase.

Gerenciamento do

escopo do projeto

Planejar o gerenciamento

do escopo;

Coletar os requisitos;

Definir o escopo;

Criar a EAP.

Validar o escopo;

Controlar o escopo.

Gerenciamento do

tempo do projeto

Planejar o gerenciamento

do cronograma;

Definir as atividades;

Sequenciar as atividades;

Estimar os recursos das

atividades;

Estimar as durações das

atividades;

Desenvolver o

cronograma.

Controlar o cronograma.

Gerenciamento dos

custos do projeto

Planejar o gerenciamento

dos custos;

Estimar os custos;

Determinar o orçamento.

Controlar os custos.

Gerenciamento da

qualidade do projeto

Planejar o gerenciamento

da qualidade.

Realizar a garantia da

qualidade.

Controlar a qualidade.

Gerenciamento dos

recursos humanos do

projeto

Planejar o gerenciamento

dos recursos humanos.

Mobilizar a equipe do

projeto;

Desenvolver a equipe do

projeto;

Gerenciar a equipe do

projeto.

Gerenciamento dos

recursos de

comunicações do

projeto

Planejar o gerenciamento

das comunicações.

Gerenciar as

comunicações.

Controlar as

comunicações.

Gerenciamento dos

riscos do projeto

Planejar o gerenciamento

dos riscos;

Identificar os riscos;

Realizar a análise

qualitativa dos riscos;

Realizar a análise

quantitativa dos riscos;

Planejar as respostas aos

riscos.

Controlar os riscos.

Gerenciamento das

aquisições do projeto

Planejar o gerenciamento

das aquisições.

Conduzir as aquisições. Controlar as aquisições. Encerrar as aquisições.

Gerenciamento das

partes interessadas no

projeto

Identificar as partes

interessadas.

Planejar o gerenciamento

das partes interessadas.

Gerenciar o engajamento

das partes interessadas.

Controlar o engajamento

das partes interessadas.

Adaptado de PMI, 2013.

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2.4.1 Gerenciamento da integração do projeto

A complexidade de um empreendimento de engenharia, assim como de outros tipos de projetos, obriga à

boa interação entre diversos temas gerenciados. Por exemplo, ao adicionar um novo risco a um projeto, pode

ser necessário reconsiderar custos, tempo, escopo ou outros fatores. Por isso, o PMBOK prevê um grupo de

processos que visa integrar as diversas dimensões do projeto com seus diferentes requisitos, permitindo ao

gerente de projetos uma visão integrada de todo o sistema.

Os processos de gerenciamento da integração de um projeto previstos pelo PMBOK são:

Desenvolver o termo de abertura do projeto;

Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto;

Orientar e gerenciar o trabalho do projeto;

Monitorar e controlar o trabalho do projeto;

Realizar o controle integrado de mudanças;

Encerrar o projeto ou fase.

2.4.2 Gerenciamento do escopo do projeto

O objetivo de se gerenciar o escopo é “assegurar que o projeto inclui todo o trabalho necessário, e apenas

o necessário, para terminar o projeto com sucesso” (PMI, 2013). Em qualquer tipo de projeto, é comum que

sejam incluídos inúmeros pacotes de trabalho, mas a identificação e análise destes deve ser feita de forma

organizada, evitando excesso ou falta de itens. Equívocos na definição e no controle do escopo são fatores

comuns de insucesso em projetos, quer seja pela insatisfação das partes interessadas, quer seja pelo

comprometimento dos requisitos de prazo e custo.

Os processos de gerenciamento do escopo de um projeto previstos pelo PMBOK são:

Planejar o gerenciamento do escopo;

Coletar os requisitos;

Definir o escopo;

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Criar a Estrutura Analítica do Projeto (EAP);

Validar o escopo;

Controlar o escopo.

2.4.3 Gerenciamento do tempo do projeto

Terminar o projeto pontualmente, sem atrasos ou antecipações que interfiram em outros aspectos do

empreendimento, é fundamental. Para isso, deve-se gerenciar o tempo nos projetos. O maior expoente do

gerenciamento do tempo é o cronograma, feito a partir do sequenciamento das atividades do escopo e das

estimativas de seus recursos e durações.

Os processos de gerenciamento do tempo de um projeto previstos pelo PMBOK são:

Planejar o gerenciamento do cronograma;

Definir as atividades;

Sequenciar as atividades;

Estimar os recursos das atividades;

Estimar as durações das atividades;

Desenvolver o cronograma;

Controlar o cronograma.

2.4.4 Gerenciamento dos custos do projeto

Considerando que todo e qualquer projeto apresenta restrições econômicas, gerenciar os custos é

indispensável. A elaboração e a aprovação de um orçamento devem acontecer de forma ordenada,

considerando todo o escopo, e ser respeitadas ao longo do período do projeto. O sucesso de um

empreendimento depende diretamente dos custos praticados.

Os processos de gerenciamento dos custos de um projeto previstos pelo PMBOK são:

Planejar o gerenciamento dos custos;

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Estimar os custos;

Determinar o orçamento;

Controlar os custos.

2.4.5 Gerenciamento da qualidade do projeto

Gerenciar a qualidade de um projeto, segundo o guia PMBOK, significa garantir que os requisitos do projeto,

incluindo os requisitos do produto, sejam cumpridos e validados. Políticas de qualidade, objetivos e

responsabilidades são itens do gerenciamento da qualidade, que visa manter melhorias contínuas nos

processos do empreendimento e da organização.

Os processos de gerenciamento da qualidade de um projeto previstos pelo PMBOK são:

Planejar o gerenciamento da qualidade;

Realizar a garantia da qualidade;

Realizar o controle da qualidade.

2.4.6 Gerenciamento dos recursos humanos do projeto

Visando o cumprimento de todo o trabalho do projeto, é necessário gerenciar a gama de recursos humanos

envolvida em seu desenvolvimento. A equipe do projeto pode ter pessoas ou grupos com papéis,

responsabilidades e regimes de trabalho muito diferentes, e sua participação nas etapas de planejamento

pode contribuir muito para a maturidade do gerenciamento.

Os processos de gerenciamento dos recursos humanos de um projeto previstos pelo PMBOK são:

Desenvolver o plano dos recursos humanos;

Mobilizar a equipe do projeto;

Desenvolver a equipe do projeto;

Gerenciar a equipe do projeto.

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2.4.7 Gerenciamento das comunicações do projeto

Os processos de gerenciamento das comunicações devem garantir que as informações do projeto sejam

“planejadas, coletadas, criadas, distribuídas, armazenadas, recuperadas, gerenciadas, controladas, monitoradas

e dispostas de maneira apropriada” (PMI, 2013). Um gerente de projeto tem o desafio de ligar as diversas

partes interessadas em seus diferentes interesses e perspectivas.

Os processos de gerenciamento das comunicações de um projeto previstos pelo PMBOK são:

Planejar o gerenciamento das comunicações;

Gerenciar as comunicações;

Controlar as comunicações.

2.4.8 Gerenciamento dos riscos do projeto

Conhecer e preparar-se para os riscos em um empreendimento pode ser decisivo para o seu sucesso, uma

vez que riscos desconsiderados podem afetar diretamente escopos, orçamentos e cronogramas. O gerente

de projetos deve maximizar a probabilidade e o impacto dos eventos positivos e minimizar a probabilidade

e o impacto dos negativos.

Os processos de gerenciamento dos riscos de um projeto previstos pelo PMBOK são:

Planejar o gerenciamento dos riscos;

Identificar os riscos;

Realizar a análise qualitativa dos riscos;

Realizar a análise quantitativa dos riscos;

Planejar as respostas aos riscos;

Controlar os riscos.

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2.4.9 Gerenciamento das aquisições do projeto

Essa parte do gerenciamento do projeto trata dos processos necessários para aquisições de produtos, serviços

ou resultados externos à equipe, sendo que a organização pode ter papel de comprador ou de vendedor.

Incluem-se nesses processos o gerenciamento de contratos, os pedidos internos e o controle de mudanças.

Os processos do gerenciamento das aquisições de um projeto previstos pelo PMBOK são:

Planejar o gerenciamento das aquisições;

Conduzir as aquisições;

Controlar as aquisições;

Encerrar as aquisições.

2.4.10 Gerenciamento das partes interessadas do projeto

As partes interessadas em um projeto, também conhecidas como stakeholders, são “todas as pessoas,

grupos ou organizações que podem impactar ou ser impactados pelo projeto” (PMI, 2013), desde os

investidores até a sociedade, passando pelos colaboradores e pelos órgãos públicos. Devem ser

identificadas e ter suas expectativas, muitas vezes conflitantes, atendidas, pois estão certamente atreladas

ao sucesso do empreendimento.

Os processos do gerenciamento das partes interessadas de um projeto previstos pelo PMBOK são:

Identificar as partes interessadas;

Planejar o gerenciamento das partes interessadas;

Gerenciar o engajamento das partes interessadas;

Controlar o engajamento das partes interessadas.

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2.5. BASIC METHODWARE

Como já elucidado, o PMBOK, por definição, não é uma metodologia, e sim um guia de referência para boas

práticas de gerenciamento de projetos. Com fundamentação nas premissas desse guia, e também no ciclo

PDCA, os especialistas da empresa brasileira Beware Consultoria Empresarial desenvolveram uma premiada

metodologia de gerenciamento de projetos chamada Methodware, lançando mão de métodos para iniciar,

planejar, executar, controlar e fechar projetos. Posteriormente, a mesma organização desenvolveu a Basic

Methodware, uma metodologia adaptada da primeira e dessa vez “de utilização prática, para gerentes de

pequenos e médios projetos, que vão verificar que é possível gerenciar sem burocratizar o trabalho, trazendo

como benefício uma maior previsibilidade do projeto, aumentando a chance de sucesso” (XAVIER, 2014).

Tal metodologia foi abordada por seus autores no livro Gerenciamento de Projetos de Construção Civil, tendo base

nos fundamentos do PMBOK e sendo refinada para a utilização em pequenos e médios projetos de construção.

Para os fins desse trabalho, essa metodologia demonstrou-se efetivamente empregável, uma vez alinhada com as

necessidades da construção civil e de moderada complexidade. Esta última característica é especialmente necessária

em um cenário nacional com cultura pouco voltada ao gerenciamento formal de projetos.

Os processos da metodologia, apresentados na Figura 8, estão distribuídos em grupos em uma adaptação

do ciclo PDCA, incluindo “planejar”, “executar” e “monitorar e controlar”, além de “iniciar” e “encerrar”.

Figura 8 - Mapa de processos da metodologia Basic Methodware.

Adaptado de Xavier, 2014.

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Nos próximos tópicos, discorre-se sobre cada um dos treze processos dessa metodologia. A Figura 9 mostra

uma comparação entre os processos da metodologia Basic Methodware e as áreas do conhecimento do

PMBOK, que a fundamentam.

Figura 9 - Comparação entre as áreas do conhecimento do PMBOK e os processos da Basic Methodware.

2.5.1 Autorizar o início do projeto (I)

Autorizar o início do projeto representa a sua iniciação (I), abrindo seu ciclo de vida. A organização, a partir

deste processo, reconhece formalmente o início do projeto e permite a alocação de recursos para sua

execução (XAVIER, 2014). As principais tarefas desse processo são:

Identificar as necessidades do negócio;

Determinar os objetivos do projeto;

Elaborar a Proposta de Projeto;

Obter a aprovação da proposta;

Escolher o gerente do projeto;

Áreas do conhecimento do PMBOK

• Integração

•Escopo

•Tempo

•Custos

•Qualidade

•Recursos humanos

•Recursos de comunicações

•Riscos

•Aquisições

•Partes interessadas

Processos da Basic Methodware

•Autorizar o início do projeto

•Planejar stakeholders

•Planejar escopo

•Planejar riscos

•Planejar comunicações

•Planejar tempo e recursos

•Planejar aquisições

•Planejar custo

•Plano do Projeto

•Gerenciar a execução

•Checar o trabalho

•Corrigir distorções

•Encerrar o projeto

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Elaborar o Termo de Abertura do Projeto.

Embora a literatura considere uma mensagem por correio eletrônico como meio suficiente para formalizar

essa autorização, Xavier (2014) cita o Termo de Abertura do Projeto (TAP) ou Project Charter como documento

base para o processo. Um TAP deve conter informações relevantes como a finalidade do projeto, objetivos

mensuráveis, requisitos, premissas, restrições, escopo, riscos, partes interessadas, resumo de cronograma e

orçamento, entre outras.

É importante que, nessa fase do projeto, seja definido o gerente do projeto, isto é, o responsável direto pelo

seu desenvolvimento. No entanto, a autorização do início é feita por um “patrocinador” (sponsor), ou seja,

um agente interno em posição hierárquica superior à do gerente do projeto, com a potencialidade de

endossar suas decisões e de dar respaldo ao seu trabalho.

2.5.2 Identificar os stakeholders (P1)

Como visto anteriormente, o termo stakeholders, do inglês, refere-se a toda e qualquer parte interessada

no projeto em questão. É necessário que o gerenciamento do projeto, de acordo com Xavier (2014),

entenda as necessidades e expectativas de cada stakeholder, afim de assegurar o sucesso do projeto.

Portanto, não se deve limitar a atenção apenas aos interesses dos envolvidos mais próximos, como a

equipe, os clientes e os fornecedores. É importante observar também o que pode-se chamar de

“stakeholders secundários”, como órgãos públicos, familiares, sindicatos e a comunidade em geral. Em

obras de construção civil urbana, por exemplo, é comum a inobservância da maneira com que a vizinhança

do canteiro de obras é por esta afetada, e tal erro pode gerar diversos transtornos para um

empreendimento.

Identificar os stakeholders é o primeiro processo de planejamento (P) da metodologia, que sugere uma

planilha com uma relação dos envolvidos, seus cargos, contatos e tipos de envolvimento. No entanto, pode-

se ir mais além, pesquisando na fase de planejamento quais são as principais expectativas de cada envolvido

e que tipo de influência ele é capaz de exercer sobre o projeto.

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2.5.3 Planejar o escopo e a qualidade (P2)

Neste processo, o objetivo é esclarecer o trabalho do projeto, isto é, a gama de entregas que deverão ser

realizadas para que o projeto atinja seus objetivos. É comum delimitar, mesmo que preliminarmente, os

principais itens do escopo ainda na fase de iniciação, através do Termo de Abertura do Projeto. No entanto,

é necessário que na fase de planejamento (P) o escopo seja detalhado a ponto de demonstrar todas as

entregas necessárias, permitindo maior precisão nas análises de custos e riscos, por exemplo. Por isso, a

participação do máximo de envolvidos, especialmente os clientes – internos ou externos –, se faz fundamental.

É interessante observar que, na metodologia Basic Methodware, a qualidade está em segundo plano frente

ao escopo. O processo está dividido em alguns subitens:

Descrição do escopo (visão do cliente). Segundo Xavier (2014), “o primeiro passo na definição

do escopo é elaborar uma descrição do escopo do projeto, deixando claro, se necessário, o

que não faz parte desse escopo”, com o objetivo de limitar o trabalho a ser realizado. A

descrição pode ser feita textualmente, embora seja comum que empresas do ramo da

engenharia utilizem formulários para coletar as informações relevantes do ponto de vista do

cliente, também chamadas de briefing.

Estratégia de condução do projeto. Com a descrição das principais informações relevantes

validadas pelo cliente, os stakeholders envolvidos diretamente na realização do projeto devem

reunir-se para definir como será sua condução. É importante, por exemplo, definir quais são as

fases do ciclo de vida do projeto, a fim de classificar todas as entregas. Essa estratégia pode

ser resumida em forma de texto ou lista, apresentando o que for planejado em termos de

estratégias de condução do projeto.

Estrutura analítica do projeto (EAP). O detalhamento do escopo é representado pelo que

pode-se chamar de Estrutura Analítica do Projeto (EAP), do inglês Work Breakdown Structure

(WBS). Trata-se de uma estrutura hierárquica, geralmente ilustrada por um organograma, e traz

as principais entregas do projeto distribuídas em suas respectivas fases. Elaborar a EAP é

amplamente importante para o posterior desenvolvimento do cronograma, que distribui suas

entregas atribuindo a elas tempos de duração e vínculos de dependência. Dependendo da

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complexidade do projeto, é possível que se torne necessário detalhar algum pacote de trabalho

em outra EAP. Por exemplo, a construção de um edifício resulta em uma EAP complexa, mas

pode ser apenas um pacote de trabalho inserida em uma EAP representativa do escopo de

todo o empreendimento, com suas questões legais, comerciais e financeiras.

Descrição das entregas (produtos e serviços). Todos os itens dos níveis mais baixos da EAP,

chamados de pacotes de trabalho, devem ser descritos de forma detalhada. Para isso,

paralelamente à representação gráfica, o escopo deve ser traduzido em uma lista de entregas

devidamente classificadas, cada uma com uma especificação e um responsável.

Planejar a qualidade. Considerando que a Basic Methodware é uma metodologia sintética,

voltada para empreendimentos de pequeno e médio porte, a qualidade é abordada junto ao

escopo e não separadamente. Nessa realidade, a metodologia sugere que o desenvolvimento

do escopo inclua pacotes de trabalho como, por exemplo, inspeção da unidade através de

checklist ou “teste das instalações”, exemplificando a projeção de atividades de controle de

qualidade, que visam atender às especificações de cada entrega citada no item anterior.

2.5.4 Planejar as respostas aos riscos (P3)

Os riscos, segundo o PMBOK, são eventos ou condições incertas que, ocorrendo, têm efeito em pelo menos

um objetivo do projeto. Geralmente, “o risco vem da nossa falta de habilidade de prever o futuro e indica o

grau de incerteza para que se possa tomar conhecimento de sua existência” (XAVIER, 2014), e seu impacto

pode ser negativo ou positivo. Esse processo leva o gestor a identificar os riscos e antecipar suas respostas,

criando mecanismos de defesa. O planejamento (P) das respostas aos riscos previsto pela Basic Methodware

divide-se em três etapas:

Identificar os riscos. Os principais stakeholders devem reunir-se e gerar, juntos, uma lista com

o maior número possível de riscos, sem julgá-los inicialmente. É comum, nessa etapa, perceber

que itens do escopo precisam ser revistos.

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Analisar os riscos. Existem diversas formas de se analisar riscos. A metodologia sugere uma

“matriz qualitativa de exposição ao risco”, que analisa qualitativamente os riscos levantados.

Deve-se atribuir, para cada um, valores de 1 a 3 representando probabilidade e impacto. O

produto dos dois valores resulta na “exposição ao risco”, cujo valor varia de 1 a 9 e permite ao

gestor relacionar os riscos em ordem decrescente de importância para planejar as respostas.

Probabilidade × Impacto = Exposição ao risco

1 ≤ Probabilidade ≤ 3

1 ≤ Impacto ≤ 3

Definir respostas aos riscos. Com os riscos identificados e analisados qualitativamente, deve-

se planejar ações e operações que permitam “reduzir as ameaças e aproveitar as oportunidades

descobertas durante o processo de análise de risco” (XAVIER, 2014). Isto é, considerando que

alguns riscos podem converter-se em resultados positivos, o objetivo da definição de respostas

é maximizar a probabilidade e o impacto dos riscos desejáveis e minimizar a probabilidade e o

impacto dos riscos indesejáveis, gerando um documento com as estratégias para ambos.

2.5.5 Planejar as comunicações (P4)

Uma complexa rede é formada pelas informações relevantes em um empreendimento, envolvendo diferentes

partes interessadas e, portanto, diferentes necessidades e expectativas. Logo, “o gerente de projeto precisa

identificar os requisitos de comunicação dos stakeholders, determinando quais informações são realmente

necessárias” (XAVIER, 2014). Na fase de planejamento (P), deve ser elaborado um “mapa das comunicações”,

elencando as atividades relacionadas às comunicações no projeto. As principais delas são as reuniões e os

relatórios, e cada um deve ter devidamente pré-estabelecidos um padrão, uma periodicidade, um método,

um responsável e um rol de envolvidos.

Além disso, do ponto de vista gerencial, é importante que os relatórios sejam gerados mediante necessidade,

como forma de auxílio às tomadas de decisão. As reuniões, por sua vez, devem ser planejadas com

antecedência e registradas em atas de reunião, de forma a serem produtivas e eficazes.

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2.5.6 Planejar o tempo e os recursos (P5)

Reconhecido como um dos principais elementos do planejamento (P) de obras, o cronograma faz parte do

gerenciamento de um projeto e é diretamente ligado ao escopo. Por isso, a representação da EAP deve estar

bem amadurecida quando da elaboração do cronograma, que será mais fidedigno ao passo que a EAP é

detalhada corretamente. Dessa forma, a primeira ação para a elaboração de um cronograma é o

desmembramento do escopo em forma de lista de pacotes de trabalho. Esse processo é dividido em etapas:

Identificar atividades e marcos. As entregas apresentadas no escopo podem, eventualmente,

precisar de decomposição em atividades e marcos. Atividades são tarefas a serem realizadas,

enquanto marcos são pontos significativos do andamento do projeto, geralmente utilizados

para controlar o processo global e gerar indicadores. Por exemplo: o pacote de trabalho

“construção” pode ser decomposto em inúmeras atividades, e ao fim de determinados grupos

de atividades, como aqueles referentes a uma estrutura de concreto armado, podem ser

definidos marcos como “concretagem da primeira laje”.

Identificar as dependências entre entregas, atividades e marcos. Entregas, atividades ou

marcos, quando representam o nível mais inferior da EAP, serão aqui tratados como “tarefas”.

Nessa etapa, cabe a “identificação do relacionamento lógico do trabalho do projeto” (XAVIER,

2014), permitindo o sequenciamento das tarefas. Cada tarefa pode vincular-se a outras com

relacionamentos dos tipos “término para início”, “início para início”, “término para término” ou

“início para término”.

Levantamento dos recursos necessários e estimativa da duração das atividades. A cada

tarefa deve ser atribuído um tempo de duração e recursos necessários, geralmente por unidade

de tempo. Os principais recursos são tempo, mão-de-obra, materiais e equipamentos.

Gerar o cronograma. Após o lançamento das tarefas, de suas dependências e de seus recursos,

há uma rede de relacionamentos que permeiam todo o escopo. O conjunto desses

relacionamentos gera uma rede de sucessão e precedência que permite o cálculo do tempo do

projeto. Geralmente, esse cálculo é feito em softwares de gestão de tempo em projetos, como

o Microsoft Project e o Primavera Construction.

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2.5.7 Planejar as aquisições (P6)

“A exemplo da tradução oficial do PMBOK, utilizaremos nessa metodologia o termo ‘aquisição’ como

tradução de ‘procurement’, significando a compra ou contratação de produtos, serviços ou resultados para

atender às necessidades do projeto” (XAVIER, 2014). A Basic Methodware encara o processo de

planejamento (P) de aquisições como um planejamento de recursos materiais, vinculando ao escopo as

aquisições necessárias no decorrer do projeto. Ela sugere um “mapa das aquisições”, listando todos os

itens a se adquirir, com quantidade, fornecedores, orçamento, prazo e referência na EAP. No entanto,

podem ser incluídos nesse mapa serviços terceirizados como projetos de engenharia, por exemplo. Além

disso, é preciso considerar que um mesmo insumo do processo construtivo pode ter diferentes quantidades

demandadas em diferentes períodos da obra.

2.5.8 Planejar o custo (P7)

Esse processo “desenvolve uma estimativa dos custos dos recursos necessários para a implementação das

atividades do projeto” (XAVIER, 2014). O resultado é um orçamento que engloba todos os pacotes de trabalho,

ou seja, esse processo de planejamento (P) também é diretamente ligado ao detalhamento do escopo.

A metodologia sugere que, inicialmente, seja elaborada uma relação de recursos (mão-de-obra, materiais e

equipamentos) com suas unidades de medida (horas, metros, etc.) e o custo estimado, baseado em propostas

de fornecedores, dados históricos ou projetos similares. Durante o curso do projeto, é normal que tais

estimativas sejam refinadas de forma iterativa, aumentando a precisão progressivamente.

Em seguida, deve-se elaborar o orçamento do empreendimento como um todo, seguindo a EAP. Os pacotes

de trabalho mais complexos, como por exemplo “construção” em um empreendimento imobiliário, devem

ser detalhados separadamente. Logo, espera-se que um empreendimento de construção tenha um orçamento

global e um orçamento de obra.

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2.5.9 Aprovar o Plano do Projeto (P8)

“O Plano do Projeto, algumas vezes chamado de Plano de Gerenciamento do Projeto, Plano Integrado do

Projeto, Plano Geral do Projeto ou Plano Global do Projeto, é o documento formal que consolida todo o

planejamento, servindo como base para a sua gerência” (XAVIER, 2014). O conteúdo desse plano depende da

complexidade do projeto e de sua área de aplicação. Esse processo tem o poder de integrar todo o planejamento

(P) realizado, verificando as relações entre tudo o que foi levantado até o processo P7. Ao analisar o que foi

planejado, pode-se verificar que um risco cria uma nova demanda no escopo e reflete nas aquisições, por

exemplo. Com isso, procede-se a aprovação do Plano do Projeto por parte do cliente ou sponsor.

Depois de aprovado, o Plano do Projeto torna-se a primeira linha de base do projeto, servindo como

referência inicial para o controle do projeto. No que se refere a cronograma e orçamento, por exemplo, essa

linha de base permite fazer comparações entre previsto e realizado e criar indicadores gerenciais.

2.5.10 Gerenciar a execução do Plano do Projeto (D)

Saindo da esfera do planejamento (P), encontra-se o segundo enfoque do ciclo PDCA: do/fazer (D). Nesse

processo, o objetivo é colocar em prática o que foi planejado e está exposto no Plano do Projeto. “A maior

parte dos recursos (pessoas, materiais e equipamentos) estará dedicada a este processo, que será concluído

após terem sido entregues todos os produtos e serviços planejados para o projeto” (XAVIER, 2014).

Gerenciar a execução do Plano do Projeto envolve, segundo a metodologia, as seguintes ações:

Mobilizar a equipe do projeto. Deve ser mobilizada a equipe de execução conforme

planejado no processo P5. Os recursos humanos devem ser alocados inicialmente

considerando ciclos mensais, de acordo com as atividades que serão desenvolvidas, sem

considerar os serviços terceirizados.

Autorizar a execução do trabalho. Uma autorização para o início das primeiras tarefas deve

ser emitida pelo gerente do projeto.

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Comunicar-se com os principais envolvidos. Segundo Xavier (2014), problemas de comunicação

são uma das principais fontes de insucesso em projetos, e cerca de 90% do tempo do gerente é

gasto em comunicação com a equipe, com clientes e outros envolvidos. Por isso, deve-se comunicar

com qualidade as informações relevantes, através dos meios de comunicação adequados.

Obter o aceite dos produtos e serviços do projeto. Deve-se inspecionar as entregas e validar

sua verificação junto ao cliente, ou seja, documentar a aceitação por parte do cliente do que

está sendo entregue. Essa inspeção deve ocorrer de forma global e não amostral, e o uso de

checklists é comum nesse processo.

2.5.11 Checar o trabalho do projeto (C)

Comparar o que foi planejado com o que está sendo realizado é estrategicamente indispensável no

gerenciamento de um projeto, especialmente na construção. Esse processo representa a terceira fase do ciclo

PDCA, o check/checar (C). Desde a iniciação até o encerramento do projeto, ações preventivas ou corretivas

são fundamentais para sua condução ao sucesso. Segundo o PMBOK, o monitoramento e o controle dos

trabalhos do projeto envolvem:

Relatórios comparativos do desempenho real do projeto com o plano de gerenciamento;

Análises do desempenho dos trabalhos do projeto para determinar se ações preventivas ou

corretivas são recomendadas;

Acompanhamento e monitoramento dos riscos do projeto para garantir que sejam identificados

e que, se necessário, planos de resposta aos riscos possam ser executados;

Manutenção da base de informações relativas ao projeto e sua documentação associada em

todo o ciclo de vida do projeto;

Monitoramento, documentação e implementação das solicitações de mudanças aprovadas;

Reporte das informações para dar suporte a relatórios de medições de progresso e de previsões

às partes interessadas durante o ciclo de vida do projeto;

Fornecimento de previsões para atualizar o custo atual e as informações sobre o cronograma atual.

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Segundo Xavier (2014), o principal instrumento de representação do resultado do monitoramento de um

projeto é o Relatório de Desempenho, e sua periodicidade pode variar de acordo com o contexto de cada

projeto. Tal documento é composto, basicamente, por:

Atividades realizadas. Informações sobre as atividades concluídas desde o relatório anterior,

fazendo menção aos itens da EAP e com todos os detalhes relevantes;

Atividades pendentes. Informações sobre as atividades que deveriam estar concluídas mas não

estão, também com todos os detalhes relevantes;

Pontos de atenção. Lista com pontos de atenção e explicações sobre cada item;

Atividades em andamento. Atividades que estarão em foco no próximo período de

acompanhamento, com seus detalhes relevantes;

Posicionamento em relação ao cronograma planejado. Indicadores de tempo, geralmente

através de softwares de gerenciamento do tempo;

Razão dos desvios e sugestões de ações corretivas. Prováveis causas para os desvios em

relação ao programado e sugestões de ações corretivas a serem implementadas;

Previsão de término do projeto. Prognóstico atualizado de custo e prazo para o término do projeto.

2.5.12 Agir para corrigir distorções (A)

Representando o fechamento do ciclo PDCA, act/agir (A). Esse processo é a resposta às análises da fase

anterior. Trata-se de agir para corrigir distorções e controlar mudanças evidenciadas pelo monitoramento e

pelo controle. São parte desse processo:

Corrigir as distorções. Uma distorção no projeto, segundo Xavier (2014), é um desvio em

relação ao planejado em termos de escopo, tempo, custo, recursos, qualidade, comunicação,

riscos ou integração. Sempre que uma distorção compromete os objetivos do projeto, deve-se

reexaminar os fatores que a influenciam, tomar ações corretivas e documentar as lições

aprendidas, amadurecendo a visão da empresa para os futuros empreendimentos.

Normalmente, as decisões acerca dos desvios são tomadas em reuniões periódicas de

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acompanhamento, onde apresentam-se informações referentes ao acompanhamento da obra

como, por exemplo, o Relatório de Desempenho citado no processo C (check/checar).

Controlar as mudanças. Toda a mudança é capaz de alterar o cenário do projeto

negativamente ou positivamente. Segundo Xavier (2014), é fundamental que as mudanças sejam

identificadas, adequadamente avaliadas quanto ao impacto sobre objetivos e restrições, e ainda

formalmente autorizadas ou não. Pode-se utilizar um formulário de requisição de mudança,

para que o stakeholder possa lançar uma proposta de mudança e solicitar autorização do

gerente do projeto com o aval de todas as outras partes interessadas. De modo geral, uma

mudança pode criar a necessidade de revisões de escopo, cronograma, orçamento e outros

itens do Plano do Projeto. Do ponto de vista do gerenciamento de projetos, quanto mais cedo

acontecer uma mudança, melhor será seu impacto sobre o projeto como um todo.

2.5.13 Encerrar o projeto (E)

Após concluídos os pacotes de trabalho contidos, pode-se encerrar (E) o projeto ou uma fase dele. Esse

processo de encerramento visa obter os registros do projeto e disseminar as informações para formalizar a

aceitação final do produto, serviço ou resultado do projeto (XAVIER, 2014), e está dividido em duas partes:

Solicitar ao cliente o aceite final e a avaliação do projeto. Ao término do projeto, deve-se

formalizar junto ao cliente sua aceitação com relação ao trabalho entregue. Na construção,

utiliza-se basicamente dois documentos: o Termo de Vistoria, contendo falhas detectadas e

eventuais serviços a serem executados, e o Termo de Recebimento do imóvel, confirmando a

entrega final do projeto. Além disso, pode-se aproveitar a ocasião para coletar feedback junto

ao cliente sobre sua satisfação em relação à organização, e ainda documentar as lições

aprendidas ao longo do projeto com o intuito de aprimorar os trabalhos futuros.

Fechar o projeto. Após o término de todas as etapas e pendência, deve-se proceder com o

encerramento administrativo e contábil do projeto.

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3. ESTUDO DE CASO

Esse trabalho traz, como proposta prática, o estudo de caso de um empreendimento real e a aplicação da

metodologia Basic Methodware, explorada no capítulo anterior. Serão desenvolvidos para o “Empreendimento

X”, especificamente, o processo de iniciação e os 8 processos de planejamento. Na realidade, o gerenciamento

de um projeto deve acontecer de forma contínua ao longo de seu ciclo de vida, e por isso este trabalho

limita-se às principais informações de cada processo, de forma a demonstrar a estrutura do gerenciamento

e observar seu impacto no ambiente do empreendimento.

3.1. A ORGANIZAÇÃO E O EMPREENDIMENTO

A “Empresa A”, organização que serviu de base para a implementação das técnicas de gerenciamento de

obras propostas por este trabalho, é uma empresa privada, sediada em Santa Maria, Rio Grande do Sul. A

empresa, que atua no mercado da construção predial desde 2011, está executando seu quarto

empreendimento residencial de concreto armado, tendo entregue até julho de 2016 três edifícios. O quinto

empreendimento da Empresa A, o Empreendimento X, em fase de planejamento, é o foco deste estudo de

caso. O corpo técnico interno da empresa é constituído por um engenheiro civil e um arquiteto e urbanista,

auxiliados por estagiários de Engenharia Civil e de Arquitetura. As decisões estratégicas, inclusive muitas das

relacionadas às obras, são tomadas pelo diretor executivo, que tem formação em administração de empresas.

A empresa empregava diretamente, durante o desenvolvimento deste estudo, cerca de 30 pessoas.

Todo o presente estudo é voltado para o quinto empreendimento da Empresa A, o “Empreendimento X”,

retratado de forma esquemática na Figura 10. Trata-se de um edifício residencial a ser construído sobre um

terreno de 1200 m², e composto por 8 pavimentos além do ático, sendo os dois primeiros com acessos e

garagens, o oitavo com áreas comuns e os cinco intermediários com 40 unidades autônomas. Entre suas

principais características técnicas, destacam-se o uso de lajes nervuradas com blocos de EPS, o escoramento

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metálico e os painéis modulares de madeira, além da alvenaria de blocos de concreto celular auto clavado. É

importante citar ainda a utilização de uma grua de torre fixa no transporte interno.

Figura 10 - Visão esquemática do empreendimento.

3.2. GERENCIAMENTO DO PROJETO

Como formulado anteriormente, o gerenciamento do projeto do Empreendimento X, para estudo de caso,

seguiu a metodologia Basic Methodware. Nas páginas a seguir, está o desenvolvimento dos processos de

iniciação e planejamento desse empreendimento, culminando na aprovação do Plano do Projeto. Os

processos de execução, controle, correção e encerramento não foram preenchidos para o estudo de caso,

uma vez que só haveria informações para perfazê-los no decorrer da obra. É importante esclarecer que, em

nenhum momento, foi feito julgamento do conteúdo do gerenciamento do empreendimento. O enfoque é,

exclusivamente, na estrutura do Plano do Projeto e em suas interferências.

Para o processo de autorização do início do projeto (processo I), foi desenvolvido um Termo de Abertura de

Projeto, em reunião dos sócios com o diretor executivo da empresa. Foram identificadas as principais

informações que basearam os processos seguintes.

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Quadro 2 - Estudo de caso: processo I - Autorizar o início do projeto.

I AUTORIZAR O INÍCIO DO PROJETO

Project Charter – Termo de Abertura do Projeto

Nome do projeto Empreendimento X

Início 01/07/2016

Gerente do projeto João da Silva (nome fictício)

Sponsor do projeto Sócios da Empresa A

Justificativa

Manter o nível de trabalho da Empresa A, a partir de suas projeções financeiras e com

aproveitamento da mão-de-obra atual. Além disso, ampliar o pool de empreendimentos

dentro do nicho de mercado “estudantes de classe média e média-alta”, maximizando a

potencial capacidade de vendas.

Objetivos/metas

Finalização do empreendimento dentro do prazo estipulado no Plano do Projeto;

Venda de 70% das unidades até a data da entrega;

Ampliação da marca da construtora na região de Santa Maria.

Escopo preliminar

O Empreendimento X será um edifício residencial de 8 pavimentos, sendo dois de garagens,

cinco de apartamentos e um de áreas comuns, a ser construído em terreno com área total

de 1200 m² na Rua Y, n° 500, no município de Santa Maria, RS.

O foco principal será em unidades autônomas de 1 e 2 dormitórios, preferencialmente com

sacada e churrasqueira. A cobertura terá um Espaço Gourmet e um Espaço Fitness, ambos

mobiliados na entrega.

Riscos

Cenário econômico desfavorável gerando dificuldades nas vendas

Atraso na liberação do COMAER

Atraso na liberação da licença de construção

Novos concorrentes nas proximidades

Aumento do custo da construção

Incompatibilidade de projetos devido ao novo sistema construtivo

Prazo Entrega final até dezembro de 2018

Custo Custo global até R$ 6.000.000,00, além do valor já investido no terreno

Autorização do início

Em nome da Empresa A, autorizo o início do projeto em 01/07/2016.

_________________________________ _________________________________

Sócio 1 Sócio 2

Santa Maria, 02 de maio de 2016.

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Em seguida, na mesma reunião, foram identificadas as partes interessadas do projeto (processo P1). Espera-

se que, ao longo do desenrolar do empreendimento, novos stakeholders sejam identificados. A manutenção

desse processo, portanto, é indispensável.

Quadro 3 - Estudo de caso: processo P1 - Identificar os stakeholders.

P1 IDENTIFICAR OS STAKEHOLDERS

Relação dos envolvidos no projeto

Nome Cargo Telefone/e-mail Envolvimento

João da Silva Diretor executivo e sócio

proprietário (55) 5555-5555 Gerente do projeto

Nome 1 Diretor de engenharia e

sócia proprietária (55) 5555-5555 Equipe de engenharia

Nome 2 Sócio proprietário (55) 5555-5555 Sponsor

Nome 3 Arquiteto responsável (55) 5555-5555 Equipe de engenharia

Nome 4 Mestre de obras (55) 5555-5555 Equipe de obra

Nome 5 Estagiário (55) 5555-5555 Equipe de engenharia

Nome 6 Estagiário (55) 5555-5555 Equipe de engenharia

Equipe de obra Equipe de obra – Equipe de obra

Nome 7 Arquiteto terceirizado (55) 5555-5555 Parceiro

Escritório de estruturas 1 – (55) 5555-5555 Projetista estrutural

Escritório de arquitetura 1 – (55) 5555-5555 Projetos de fachada e

plantas humanizadas

Agência 1 – (55) 5555-5555 Agência de publicidade

Prefeitura Municipal de

Santa Maria – (55) 5555-5555 Regulador externo

Potenciais compradores – (55) 5555-5555 Clientes

Imobiliária 1 – (55) 5555-5555 Parceiro de vendas

Imobiliária 2 – (55) 5555-5555 Parceiro de vendas

Vizinhança – – Potenciais afetados pelo

processo construtivo

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Seguindo a metodologia, foi desenvolvido o detalhamento do escopo e a estratégia de condução do projeto

(processo P2). Nessa etapa, a participação do mestre de obras e do corpo técnico é fundamental, pois começa

a ser planejado o processo construtivo e os planos de ataque. A partir do detalhamento do escopo elaborado,

foi desenvolvida a representação desse escopo através da estrutura analítica do projeto. O resultado, em

forma de organograma, mostra as principais entregas esperadas no empreendimento, classificadas nas seis

fases previstas pela estratégia de condução. Por último, há uma relação descritiva de todas as entregas,

embasando processos posteriores.

Quadro 4 - Estudo de caso: processo P2 - Planejar o escopo e a qualidade.

(continua)

P2 PLANEJAR O ESCOPO E A QUALIDADE

Descrição do escopo

O Empreendimento X será um edifício residencial de 8 pavimentos, sendo dois de garagens, cinco de apartamentos e

um de áreas comuns, a ser construído em terreno com área total de 1200 m² na Rua Y, n° 500, no município de Santa

Maria, RS.

Arquitetonicamente, cada um dos cinco pavimentos de apartamentos terá oito unidades autônomas, totalizando 40.

Serão 20 apartamentos com dois dormitórios e 20 com um, sendo todas as unidades com sacada e churrasqueira.

A cobertura terá um Espaço Gourmet e um Espaço Fitness, ambos mobiliados na entrega. Ambos os ambientes comuns

terão tratamento acústico entre a laje e o contrapiso.

A infraestrutura do edifício incluirá sistema de gás central e água quente, hidrômetros individuais, esperas para ar

condicionado tipo split e lareira a gás e sistema de compartilhamento de bicicletas, sendo esse um diferencial

característico da Empresa A, a exemplo do empreendimento anterior. Haverá um elevador de última geração.

Será empregado o mesmo sistema construtivo do último empreendimento, com lajes nervuradas e escoramento

metálico, contando com uma grua ascensional para transporte vertical. Os blocos de vedação serão de concreto

celular autoclavado para maior produtividade e melhores desempenhos térmico e acústico.

Estratégia de condução do projeto

O ciclo de vida do projeto será composto por seis fases: estudo de viabilidade, projetos, licenciamento, construção,

marketing e encerramento.

O estudo de viabilidade determinará se o empreendimento deve ou não ser executado, trazendo indicadores

como a área máxima construída, o número de unidades, a distribuição dos tipos de unidades, o número de vagas

de garagem e a área destinada a espaços de uso comum.

Os projetos arquitetônico, hidrossanitário, elétrico, de gás e de prevenção e combate a incêndio serão

desenvolvidos internamente pelo arquiteto contratado. O projeto estrutural, por ter como característica o sistema

de lajes planas nervuradas, será desenvolvido por projetista estrutural especializado. O projeto de fachada e as

plantas humanizadas serão desenvolvidos por um escritório de arquitetura parceiro, podendo haver ainda a

contratação de um serviço especializado para geração dos principais renders.

Os licenciamentos junto à prefeitura e ao COMAER serão de responsabilidade do arquiteto contratado.

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(continua)

A construção se dará entre janeiro de 2017 e dezembro de 2018, e o responsável pela equipe de obra será o

mestre de obras. A equipe mobilizada será composta pelos funcionários já contratados, e será feita uma transição

a partir da desmobilização da obra do empreendimento anterior. Serviços como revestimentos em gesso,

revestimentos externos, instalações de gás, instalações de ar condicionado, funilaria, serralheria e pintura serão

terceirizados. Durante a construção, os planos de ataque serão definidos nas reuniões de acompanhamento.

Para o marketing do empreendimento, é previsto um serviço terceirizado, prestado por uma agência de

publicidade, incluindo o estudo do nome e da marca do empreendimento, além de geração de material publicitário

como folders, imagens, vídeos e áudios. Será realizado um coquetel para o lançamento das vendas do

empreendimento, contando com a presença dos principais corretores parceiros.

O encerramento terá a desmobilização das equipes e a regularização do imóvel.

Estrutura analítica do projeto (EAP)

Empreendimento X

Estudo de

viabilidade

Anteprojeto

Viabilidade

financeira

Projetos

Projeto

arquitetônico

Projeto

estrutural

Projeto

hidrossanitário

Projeto elétrico

Projeto de gás

PPCI

Projeto de

fachada

Plantas

humanizadas

Rendering

Licenciamento

Alvará de

construção

Aprovação do

projeto no CB

Registro de

incorporação

Construção

Serviços iniciais

Infraestrutura

Supraestrutura

Paredes e

painéis

Coberturas e

proteções

Revestimentos

e outros

Pavimentações

Instalações e

aparelhos

Complement.

da obra

Marketing

Naming e

marca

Material

publicitário

Coquetel

Encerramento

Regularização

do imóvel

Fechamento

contábil

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49

(continua)

Descrição das entregas

EAP Entrega Especificação Responsável

1 Estudo de viabilidade

1.1 Anteprojeto Estudo arquitetônico preliminar, levando a uma projeção de

metros a construir e possível distribuição dos apartamentos. Arquiteto contratado

1.2 Viabilidade financeira

Projeções financeiras a partir do anteprojeto, comparando

indicadores para fluxos de caixas em cenários pessimista,

otimista e mais provável.

Diretor executivo

2 Projetos

2.1 Projeto arquitetônico

Projeto arquitetônico para execução, incluindo plantas

baixas, cortes, fachadas e memorial descritivo. Deve ser

atualizado após entrega do projeto estrutural.

Arquiteto contratado

2.2 Projeto estrutural Projeto estrutural, a partir do arquitetônico, considerando o

sistema de lajes nervuradas. Escritório de estruturas 1

2.3 Projeto hidrossanitário Projeto de instalações prediais de água, esgoto e drenagem

pluvial. Deve ser revisado em conjunto com os outros. Arquiteto contratado

2.4 Projeto elétrico Projeto de instalações elétricas. Deve ser revisado em

conjunto com os outros. Arquiteto contratado

2.5 Projeto de gás Projeto de instalações de gás. Deve ser revisado em

conjunto com os outros. Arquiteto contratado

2.6 PPCI

Projeto de proteção e prevenção contra incêndio,

respeitando as normas vigentes. Deve ser revisado em

conjunto com os outros.

Arquiteto contratado

2.7 Projeto de fachada Projeto de detalhes e revestimentos da fachada, incluindo a

área externa junto à rua, a partir do arquitetônico. Escritório de arquitetura 1

2.8 Plantas humanizadas Plantas humanizadas de cada tipo de unidade, em conjunto

e separadamente, de garagens e das áreas comuns. Escritório de arquitetura 1

2.9 Rendering

Rendering externo de todas as fachadas, três renders internos

de cada tipo de unidade autônoma, dois renders de cada área

comum e, para os principais materiais publicitários, um render

com qualidade superior para a fachada principal.

Escritório de arquitetura 1

3 Licenciamento

3.1 Alvará de construção da

prefeitura

Expedido pela prefeitura deferindo aprovação do projeto

arquitetônico para o Licenciamento Prévio da Construção. Arquiteto contratado

3.2 Aprovação do Corpo de

Bombeiros

Verificação de que todas as medidas de segurança contra

incêndio exigidas para a construção foram contempladas no

projeto arquitetônico.

Arquiteto contratado

3.3 Registo de incorporação

imobiliária

Documento expedido pelo Cartório de Registro de Imóveis

que garante ao consumidor que o projeto está aprovado e

em conformidade com as exigências legais, além de

discriminar as unidades imobiliárias.

Arquiteto contratado

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(conclusão)

4 Construção

4.1 Serviços iniciais Limpeza do terreno, tapumes, muros, instalações provisórias de

água e luz, almoxarifado, refeitórios, banheiros e vestiário. Diretor de engenharia

4.2 Infraestrutura Movimentação de terra e execução das fundações. Diretor de engenharia

4.3 Supraestrutura

Execução da estrutura de concreto armado de cada

pavimento, incluindo formas e concretagem de pilares e

lajes. Os pilares serão concretados em grupos de até 15.

Diretor de engenharia

4.4 Paredes e painéis

Alvenaria de vedação com blocos de concreto celular

autoclavado, aberturas internas e externas, portas corta-

fogo.

Diretor de engenharia

4.5 Coberturas e proteções Telhados e coberturas. Diretor de engenharia

4.6 Revestimentos e outros

Revestimentos internos em gesso, revestimentos externos

em argamassa, azulejos, pastilhas, pintura, grades,

corrimãos, peitoris, funilaria, churrasqueiras.

Diretor de engenharia

4.7 Pavimentações

Contrapiso, porcelanato, pisos flutuantes, rodapés e soleiras

na área interna. Pavimentos de concreto e blocos

intertravados de concreto na área externa.

Diretor de engenharia

4.8 Instalações e aparelhos

Execução das instalações elétricas, hidrossanitárias, de

lógica, de interfone, de ar condicionado, de gás, de

proteção e prevenção contra incêndio, de proteção contra

descargas elétricas; instalação de bacias e lavatórios;

instalação do elevador.

Diretor de engenharia

4.9 Complementação da obra Limpeza final, jardinagem, mobília e decoração das áreas

comuns, cerca elétrica. Diretor de engenharia

5 Marketing

5.1 Naming e marca

Definição do nome do empreendimento a partir do público-

alvo estabelecido, e desenvolvimento da marca gráfica e da

identidade visual.

Agência de publicidade

5.2 Material publicitário Desenvolvimento de impressos, imagens, vídeos e áudios. Agência de publicidade

5.3 Coquetel

Realização de coquetel de lançamento das vendas do

empreendimento e apresentação formal do imóvel,

contando com a presença de corretores imobiliários da

cidade; divulgação das bonificações para as vendas.

Agência de publicidade

6 Encerramento

6.1 Regularização do imóvel

Regularização do imóvel junto à Prefeitura Municipal de

Santa Maria (Habite-se), junto ao Corpo de Bombeiros

(alvará), junto à Receita Federal e junto ao Cartório de

Registro de Imóveis.

Diretor executivo

6.2 Fechamento contábil Fechamento contábil e verificação de contas a pagar. Diretor executivo

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51

Com uma visão geral do empreendimento fundamentada pela EAP, foi realizado um levantamento dos

principais riscos potenciais que podem influenciar o sucesso do empreendimento (processo P3). Essa relação

de riscos foi ranqueada pelo método de análise quantitativa de forma decrescente. Para os riscos identificados,

foram discutidas prováveis respostas de forma antecipada.

Quadro 5 - Estudo de caso: processo P3 - Planejar respostas aos riscos.

P3 PLANEJAR RESPOSTAS AOS RISCOS

Registro de riscos

Risco P I P x I Resposta

Mão de obra pouco

produtiva 3 3 9

Estímulo à produtividade através de bonificações em dinheiro e

cestas básicas; reuniões motivacionais; treinamentos.

Aumento dos custos 2 3 6 Incentivar redução de desperdícios planejar compras com maior

antecedência.

Chuvas e intempéries 3 2 6 Analisar cronograma e antecipar plano de ataque alternativo em

caso de chuvas constantes.

Atraso na liberação do

COMAER 1 3 3 Antecipar-se aos processos e prazos.

Atraso na liberação da

licença de construção 1 3 3 Antecipar-se aos processos e prazos.

Incompatibilidade

de projetos 1 3 3

Aumentar rigor para compatibilização virtual dos projetos,

gerando relatório de possíveis interferências.

Em seguida, foi feito o planejamento das comunicações (processo P4). Neste processo, foram relacionadas as

principais formas de comunicação previstas para o decorrer do empreendimento. Entre elas, reuniões de

acompanhamento com relatório de acompanhamento, por exemplo. Uma reunião especialmente interessante,

e que surgiu a partir da discussão deste processo, é a “reunião de análise preliminar do projeto”. Nessa

reunião, deverá ser feita uma avaliação do anteprojeto contando com uma verificação de um checklist

contendo o histórico de erros e interferências de projetos passados, do ponto de vista do produto como

edifício residencial e também do ponto de vista do processo construtivo.

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52

Quadro 6 - Estudo de caso: processo P4 - Planejar as comunicações.

P4 PLANEJAR AS COMUNICAÇÕES

Mapa das comunicações

Evento Frequência Documento Meio Responsável Envolvidos

Reunião de partida Uma vez Ata Reunião Gerente do

projeto

Sócios, Diretor de

engenharia

Reunião de análise

preliminar do projeto Uma vez Ata Reunião

Gerente do

projeto

Diretor de engenharia,

mestre de obras, arquiteto

responsável, estagiários

Reuniões de

acompanhamento Semanal

Relatório de

acompanhamento Reunião

Gerente do

projeto

Diretor de engenharia,

mestre de obras, arquiteto

responsável, estagiários

Análise, aprovação

e compatibilização

de projetos

Eventual Checklist Reunião Gerente do

projeto

Diretor de engenharia,

arquiteto responsável,

estagiários

Análise de viabilidade

financeira do

empreendimento

Uma vez

Relatório de

viabilidade

financeira

Reunião Gerente do

projeto

Sócios, Diretor de

engenharia

O planejamento de tempo e recursos (processo P5) foi feito a partir dos itens da estrutura analítica, com o

auxílio do software Microsoft Project. Para cada item, foram atribuídos vínculos de precedência e duração

estimada. Dessa forma, obteve-se um gráfico de Gantt que permite uma visão geral do projeto no tempo e

ainda a avaliação das tarefas críticas. É fundamental observar que o cronograma gerado contempla apenas o

empreendimento do ponto de vista global. A construção, item 4 da EAP, deve ser detalhado à parte em

tarefas operacionais, gerando um cronograma de execução.

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53

Quadro 7 - Estudo de caso: processo P5 - Planejar o tempo e os recursos.

(continua)

P5 PLANEJAR O TEMPO E OS RECURSOS

Dependências entre entregas, atividades e marcos e suas durações

EAP Tarefas Predecessora Duração (dias)

1 Estudo de viabilidade

1.1 Anteprojeto – 10

1.2 Viabilidade financeira 1.1 10

2 Projetos

2.1 Projeto arquitetônico 1.2 60

2.2 Projeto estrutural 2.1 30

2.3 Projeto hidrossanitário 2.1 30

2.4 Projeto elétrico 2.1 30

2.5 Projeto de gás 2.1 30

2.6 PPCI 2.1 30

2.7 Projeto de fachada 2.1 15

2.8 Plantas humanizadas 2.1 15

2.9 Rendering 2.7 15

3 Licenciamento

3.1 Alvará de construção da prefeitura 2.1 90

3.2 Aprovação do Corpo de Bombeiros 2.1; 2.6 90

3.3 Registo de incorporação imobiliária 4.9 30

4 Construção

4.1 Serviços iniciais 3.1 30

4.2 Infraestrutura 4.1 60

4.3 Supraestrutura 4.2 240

4.4 Paredes e painéis 4.3II+30 240

4.5 Coberturas e proteções 4.3 60

4.6 Revestimentos e outros 4.8II+30 360

4.7 Pavimentações 4.5 90

4.8 Instalações e aparelhos 4.4II+30 330

4.9 Complementação da obra 4.6 90

5 Marketing

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(conclusão)

5.1 Naming e marca 2.1 60

5.2 Material publicitário 5.1 30

5.3 Coquetel 4.3; 5.2 30

6 Encerramento

6.1 Regularização do imóvel 4.9 60

6.2 Fechamento contábil 4.9 60

Cronograma do projeto

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Também a partir da estrutura analítica, foram determinadas as entregas que representam serviços passíveis

de orçamento. Elas foram dispostas junto a seus fornecedores, preços estimados e prazos.

Quadro 8 - Estudo de caso: processo P6 - Planejar as aquisições.

P6 PLANEJAR AS AQUISIÇÕES

Mapa das aquisições

Item Quant. EAP Fornecedores Orçamento Prazo

Terreno 1 4.1 – R$ 1.200.000 31/10/2016

Projeto arquitetônico 1 2.1 Arquiteto contratado R$ 15.000 31/12/2017

Projeto estrutural 1 2.2 Escritório de estruturas 1 R$ 15.000 31/01/2017

Projeto hidrossanitário 1 2.3 Arquiteto contratado R$ 5.000 31/01/2017

Projeto elétrico 1 2.4 Arquiteto contratado R$ 5.000 31/01/2017

Projeto de gás 1 2.5 Arquiteto contratado R$ 2.000 31/01/2017

PPCI 1 2.6 Arquiteto contratado R$ 2.000 31/01/2017

Projeto de fachada 1 2.7 Escritório de arquitetura 1 R$ 10.000 31/01/2017

Plantas humanizadas 12 2.8 Escritório de arquitetura 1 R$ 7.000 31/10/2017

Rendering 8 2.9 Escritório de arquitetura 1 R$ 3.000 31/10/2017

Naming e marca 1 5.1 Agência de publicidade R$ 2.000 31/06/2017

Material publicitário 1 5.2 Agência de publicidade R$ 6.000 31/06/2017

Coquetel 1 5.3 Agência de publicidade R$ 3.000 31/06/2017

As aquisições acima são do empreendimento. Todas as aquisições da construção (item 4 da EAP) devem estar

dispostas em um mapa à parte, em uma fase de planejamento da construção.

Para o planejar o custo do projeto (processo P7), foram feitas estimativas de custos básicos e um orçamento.

O custo da mão de obra, exemplificado na primeira etapa do processo, serve de base para que o Microsoft

Project projete custos para as tarefas da construção. Nesse ponto, observa-se que a metodologia não atende

às necessidades de planejamento de custos de forma mais efetiva que os cronogramas tradicionais. O

orçamento da fase “construção” foi baseado nos orçamentos dos empreendimentos anteriores.

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56

Quadro 9 - Estudo de caso: processo P7 - Planejar o custo.

(continua)

P7 PLANEJAR O CUSTO

Estimativas de custos

Recurso Unidade Custo

Mestre de obras Mês R$ 7.000

Pedreiro Mês R$ 4.000

Carpinteiro Mês R$ 4.000

Servente Mês R$ 2.000

Encanador Mês R$ 4.000

Orçamento do projeto

Atividades Duração Custo

Estudo de viabilidade – –

Anteprojeto 10 –

Viabilidade financeira 10 –

Projetos – R$ 64.000

Projeto arquitetônico 60 R$ 15.000

Projeto estrutural 30 R$ 15.000

Projeto hidrossanitário 30 R$ 5.000

Projeto elétrico 30 R$ 5.000

Projeto de gás 30 R$ 2.000

PPCI 30 R$ 2.000

Projeto de fachada 15 R$ 10.000

Plantas humanizadas 15 R$ 7.000

Rendering 15 R$ 3.000

Licenciamento – R$ 10.000

Alvará de construção da prefeitura 90 –

Aprovação do Corpo de Bombeiros 90 –

Registo de incorporação imobiliária 30 R$ 10.000

Construção – R$ 5.490.000

Serviços iniciais 30 R$ 300.000

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(conclusão)

Infraestrutura 60 R$ 80.000

Supraestrutura 240 R$ 1.000.000

Paredes e painéis 240 R$ 950.000

Coberturas e proteções 60 R$ 60.000

Revestimentos e outros 360 R$ 1.600.000

Pavimentações 90 R$ 400.000

Instalações e aparelhos 330 R$ 800.000

Complementação da obra 90 R$ 300.000

Marketing – R$ 11.000

Naming e marca 60 R$ 2.000

Material publicitário 30 R$ 6.000

Coquetel 30 R$ 3.000

Encerramento – –

Regularização do imóvel 60 –

Fechamento contábil 60 –

Custo total estimado R$ 5.575.000

Por fim, as fases de iniciação (I) e planejamento (P) da metodologia Basic Methodware culminam na aprovação

do plano do projeto (processo P8). Essa aprovação determinou que todas as informações estipuladas até este

ponto representam a principal linha de base do empreendimento.

Quadro 10 - Estudo de caso: processo P8 - Aprovar o Plano do Projeto.

P8 APROVAR O PLANO DO PROJETO

Aprovação do Plano do Projeto

A partir das informações expostas nos processos de I a P7, fica aprovado o Plano do Projeto do Empreendimento X,

em sua revisão 01.

_________________________________ _________________________________

Sócio 1 Sócio 2

Santa Maria, ______ de __________________________ de ___________

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58

4. CONCLUSÃO

Com base nos estudos da metodologia empregada e de sua fundamentação, foi possível aplicar ao

empreendimento do estudo de caso uma série de técnicas de gerenciamento de projetos com sucesso. Tal

aplicação permitiu a avaliação da metodologia, o amadurecimento do conhecimento e algumas observações.

Do ponto de vista da empresa, foi possível criar uma visão ampla e, principalmente, antecipada do

empreendimento. Em cada processo de planejamento, desde a identificação das partes interessadas até a

aprovação do Plano do Projeto, foi possível observar que a discussão e a formalização das informações

permitiram a evolução da visão da equipe envolvida em relação aos desafios do empreendimento. Em outras

palavras, conquistou-se um planejamento mais completo e preciso, que provavelmente restará em um melhor

desempenho global do empreendimento. Paralelamente, pode-se observar que a metodologia Basic

Methodware é passível de melhorias e adaptações visando maior efetividade dentro de cada cenário. Em uma

visão de longo prazo, espera-se que a cada novo empreendimento a organização aproveite os resultados do

gerenciamento do anterior, corrija as distorções percebidas e maximize seus resultados positivos. Portanto,

tanto do ponto de vista da empresa quanto do ponto de vista da metodologia, pode-se inferir que a

formalização dos processos de gerenciamento de projetos de forma iterativa é capaz de trazer melhorias de

forma contínua, confirmando a teoria do ciclo PDCA que fundamentou este trabalho.

A metodologia Basic Methodware e os fundamentos do PMBOK podem ser considerados aplicáveis e

relevantes para o gerenciamento de empreendimentos imobiliários e de sua construção. No entanto, é

interessante elencar alguns temas que poderiam enriquecer a metodologia e são sugestivos para novos

estudos na mesma linha:

Gerenciamento da geração de resíduos. Os resíduos gerados na construção civil, embora

sejam parte do gerenciamento da produção, podem impactar de forma relevante no

desempenho do empreendimento. Portanto, incluir o planejamento e o controle da geração de

resíduos nos mecanismos de gerenciamento de projetos seria valoroso.

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59

Gerenciamento da segurança do trabalho. Por ser a construção civil um ambiente de grande

exposição a riscos relacionados à segurança dos trabalhadores, e também pela complexidade

operacional da implantação dos sistemas de proteção e atendimento às normas, a antecipação

aos desafios de segurança poderia ser atrelada aos processos.

Gerenciamento de contratos. Juntamente com o gerenciamento das aquisições e diretamente

relacionada ao gerenciamento dos stakeholders, seria interessante uma análise dos possíveis

caminhos contratuais e de suas implicações.

Gerenciamento jurídico. Questões jurídicas, especialmente as trabalhistas, poderiam ser

também programadas em função de seus riscos e interferências.

Em resposta às sugestões acima, convém citar o Construction Extension, publicação do Project Management

Institute que complementa as áreas do conhecimento com outras quatro, não abordadas pela Basic

Methodware: gerenciamento da segurança do projeto, gerenciamento ambiental do projeto, gerenciamento

financeiro do projeto e gerenciamento de claims do projeto.

Além disso, pode-se considerar o processo P7 (planejar o custo) como um ponto fraco da metodologia,

especialmente por ser a elaboração orçamentária uma premissa básica para um bom projeto de engenharia.

Um empreendimento imobiliário, mesmo que de pequeno ou médio porte, deve ter seus custos e suas

despesas gerenciados de forma madura.

Finalmente, em relação às restrições do ambiente empresarial e da construção civil, pode-se afirmar que

o gerenciamento de projetos, se comparado a ações de gerenciamento da produção ou de

gerenciamento técnico, tem implementação provavelmente mais fácil. Isso deve-se a seu caráter

predominantemente gerencial, com demanda especial do envolvimento e engajamento dos cargos de

maior nível hierárquico, enquanto ações de aumento de desempenho operacional, vide produtividade,

necessitam da colaboração direta de todos os tipos de colaboradores. Dessa forma, conclui-se que o

gerenciamento de projetos pode ser visto como uma das primeiras etapas para a criação de uma cultura

de trabalho mais madura e efetiva no ambiente da construção civil.

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60

5. BIBLIOGRAFIA

BUARQUE, Cristovam. A universidade numa encruzilhada. Paris: UNESCO, 2003. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/palestra6.pdf. Acesso em 5 de junho de 2016.

CBIC. Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Balanço Nacional da Indústria da Construção. Disponível

em: http://www.cbicdados.com.br/menu/estudos-especificos-da-construcao-civil/balanco-nacional-da-

industria-da-construcao. Acesso em 19 de março de 2016.

CBIC. Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Estudo Completo da Produtividade da Construção Civil

Brasileira. Disponível em: http://www.cbicdados.com.br/menu/estudos-especificos-da-construcao-

civil/produtividade-da-construcao-civil-brasileira. Acesso em 19 de março de 2016.

CODAS, M. Benitez. Gerência de projetos – uma reflexão histórica. Revista de Administração de Empresas

Vol. 27. São Paulo, 1987.

FALCONI, Vicente. O verdadeiro poder: práticas de gestão que conduzem a resultados revolucionários. 2ª

edição. Nova Lima: Editora Falconi, 2013.

HOLTZAPPLE, Mark T.; REECE, W. Dan. Introdução à engenharia. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

LOBATO, David M. Gestão estratégica. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012.

MATTOS, Aldo Dórea. Planejamento e controle de obras. São Paulo: Pini, 2010.

POLITO, Giulliano. Gerenciamento de projetos na construção civil predial – uma proposta de modelo de

gestão integrada. 13º Seminário Internacional de Gerenciamento de Projetos. Project Management Institute.

São Paulo, 2013.

POLITO, Giulliano. Gerenciamento de obras: boas práticas para a melhoria da qualidade e da

produtividade. São Paulo: Pini, 2015.

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61

PMI. Project Management Institute. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos (Guia

PMBOK) – Quinta edição. Pensilvânia, Estados Unidos da América: Project Management Institute, 2013.

SINDUSCON-RS. Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Sul. Evolução do mercado

imobiliário: ofertas, vendas, lançamentos e velocidade de vendas. Disponível em: http://www.cbicdados.com.br-

/menu/mercado-imobiliario/mercado-imobiliario. Acesso em 19 de março de 2016.

XAVIER, Carlos M. da S.; XAVIER, Luiz F. da S.; MELO, Maury. Gerenciamento de projetos de construção civil:

uma adaptação da metodologia Basic Methodware. Rio de Janeiro: Brasport, 2014.

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ANEXO A – MODELO DE PLANO DE PROJETO PARA

EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS

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63

I AUTORIZAR O INÍCIO DO PROJETO

Project Charter – Termo de Abertura do Projeto

Nome do projeto

Início

Gerente do projeto

Sponsor do projeto

Justificativa

Objetivos/metas

Escopo

Riscos

Prazo

Custo

Autorização do início

Em nome da ____________________________, autorizo o início do projeto em __________________.

_________________________________

Nome do sponsor

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P1 IDENTIFICAR OS STAKEHOLDERS

Relação dos envolvidos no projeto

Nome Cargo Telefone/e-mail Envolvimento

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65

P2 PLANEJAR O ESCOPO E A QUALIDADE

Descrição do escopo

Estratégia de condução do projeto

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Estrutura analítica do projeto (EAP)

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67

Descrição das entregas

EAP Entrega Especificação Responsável

1

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

...

2

2.1

2.2

2.3

2.4

2.5

...

3

3.1

3.2

3.3

3.4

3.5

...

4

4.1

4.2

4.3

4.4

4.5

...

...

...

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P3 PLANEJAR RESPOSTAS AOS RISCOS

Registro de riscos

Risco P I P x I Resposta

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69

P4 PLANEJAR AS COMUNICAÇÕES

Mapa das comunicações

Evento Frequência Documento Meio Responsável Envolvidos

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70

P5 PLANEJAR O TEMPO E OS RECURSOS

Dependências entre entregas, atividades e marcos e suas durações

EAP Tarefas Predecessora Duração (dias)

1

1.1

1.2

1.4

1.5

...

2

2.1

2.2

2.3

2.4

2.5

3

3.1

3.2

3.4

3.5

...

4

4.1

4.2

4.3

4.4

4.5

...

...

...

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Cronograma do projeto

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P6 PLANEJAR AS AQUISIÇÕES

Mapa das aquisições

Item Quant. EAP Fornecedores Orçamento Prazo

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P7 PLANEJAR O CUSTO

Estimativas de custos

Recurso Unidade Custo

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Orçamento do projeto

Atividades Duração Custo

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75

P8 APROVAR O PLANO DO PROJETO

Aprovação do Plano do Projeto