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Csar Augusto Tibrcio Silva
ContabilidadeContabilidade
Copyright 2007. Todos os direitos desta edio reservados ao DEPTO. DE CINCIAS DA ADMINISTRAO (CAD/CSE/UFSC).
Nenhuma parte deste material poder ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrnico, por fotocpia e outros, sem
a prvia autorizao, por escrito, do autor.
S586c Silva, Csar Augusto TibrcioContabilidade / Csar Augusto Tibrcio Silva. Florianpolis :
Departamento de Cincias da Administrao /UFSC, 2007.264p.
Inclui bibliografiaCurso de Graduao em Administrao a distncia
1. Contabilidade. 2. Contabilidade gerencial. 3. Estoques.4. Fluxo de caixa. 5. Educao a distncia. I. Ttulo.
CDU: 657.14
Catalogao na publicao por: Onlia Silva Guimares CRB-14/071
PRESIDENTE DA REPBLICA
Luiz Incio Lula da Silva
MINISTRO DA EDUCAO
Fernando Haddad
SECRETRIO DE EDUCAO A DISTNCIA
Carlos Eduardo Bielschowsky
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE POLTICAS EM EDUCAO A DISTNCIA DPEAD
Hlio Chaves Filho
SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
REITOR
Lcio Jos Botelho
VICE-REITOR
Ariovaldo Bolzan
PR-REITOR DE ENSINO DE GRADUAO
Marcos Lafim
DIRETORA DE EDUCAO A DISTNCIA
Araci Hack Catapan
CENTRO SOCIOECONMICO
DIRETOR
Maurcio Fernandes Pereira
VICE-DIRETOR
Altair Borguet
DEPARTAMENTO DE CINCIAS DA ADMINISTRAO
CHEFE DO DEPARTAMENTO
Joo Nilo Linhares
SUBCHEFE DO DEPARTAMENTO
Raimundo Nonato de Oliveira Lima
COORDENADOR DE CURSO
Alexandre Marino Costa
COMISSO DE PLANEJAMENTO, ORGANIZAO E FUNCIONAMENTO
Alexandre Marino Costa Presidente
Gilberto de Oliveira Moritz
Joo Nilo Linhares
Luiz Salgado Klaes
Marcos Baptista Lopez Dalmau
Maurcio Fernandes Pereira
Raimundo Nonato de Oliveira Lima
CONSELHO CIENTFICO
Profa. Liane Carli Hermes Zanella
Prof. Luis Moretto Neto
Prof. Luiz Salgado Klaes
Prof. Raimundo Nonato de Oliveira Lima
CONSELHO TCNICO
Prof. Maurcio Fernandes Pereira
Profa. Alessandra de Linhares Jacobsen
METODOLOGIA PARA EDUCAO A DISTNCIA
Denise Aparecida Bunn
Adriana Novelli
Rafael Pereira Ocampo Mor
PROJETO GRFICO
Annye Cristiny Tessaro
Mariana Lorenzetti
DIAGRAMAO
Annye Cristiny Tessaro
Victor Emmanuel Carlson
REVISO DE PORTUGUS
Renato Tapado
ORGANIZAO DE CONTEDO
Csar Augusto Tibrcio Silva
Apresentao
Prezado Estudante,
Iniciaremos o contedo de Contabilidade Geral e de Custos.
Conforme voc vai notar, este contedo muito importante para o
Administrador, pois a informao financeira produzida pela Conta-
bilidade. Esta informao ser usada no processo decisrio da empre-
sa. Para o administrador necessrio conhecer o significado da infor-
mao e como pode ajudar a melhorar seu desempenho.
Voc vai notar que o foco de nosso estudo o administrador.
Por este motivo, a metodologia de aprendizado est voltada para o
usurio da informao, e no para o responsvel por sua elaborao e
sistematizao. Um aprofundamento pode ser obtido nas referncias
indicadas ao final da disciplina.
O correto entendimento deste contedo ser importante para o
administrador nas decises que possuem impacto sobre as finanas de
uma empresa.
Bom estudo.
Professor Csar Augusto Tibrcio Silva
Sumrio
UNIDADE 1 Introduo s demonstraes financeiras
Introduo s demonstraes financeiras....................................................11
Resumo.......................................................................................................38
Atividade de aprendizagem........................................................................39
UNIDADE 2 Analisando as demonstraes financeiras
Analisando as demonstraes financeiras...................................................43
Resumo.......................................................................................................69
Atividade de aprendizagem.......................................................................71
UNIDADE 3 Sistema de informao contbil
Sistema de informao contbil...................................................................75
Resumo......................................................................................................101
Atividade de aprendizagem......................................................................102
UNIDADE 4 Caixa e controle interno
Caixa e controle interno...........................................................................105
Resumo......................................................................................................131
Atividade de aprendizagem......................................................................133
UNIDADE 5 Operaes com mercadorias
Operaes com mercadorias.......................................................................137
Resumo......................................................................................................159
Atividade de aprendizagem......................................................................160
UNIDADE 6 Introduo Contabilidade Gerencial
Introduo Contabilidade Gerencial.........................................................163
Resumo......................................................................................................186
Atividade de aprendizagem......................................................................188
UNIDADE 7 Custos em decises
Custos em decises...................................................................................191
Resumo......................................................................................................213
Atividade de aprendizagem......................................................................215
UNIDADE 8 Apurando o custo unitrio
Apurando o custo unitrio........................................................................219
Resumo......................................................................................................238
Atividade de aprendizagem......................................................................239
UNIDADE 9 Avaliao de desempenho, preos detransferncia e descentralizao
Avaliao de desempenho, preos de transferncia e
descentralizao.................................................................................243
Resumo......................................................................................................261
Atividade de aprendizagem......................................................................262
Referncias.....................................................................................263
Minicurrculo.....................................................................................264
Introduo s demonstraesfinanceiras
Introduo s demonstraesfinanceiras
UNIDADE
1
10
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Objetivo
Nesta Unidade, voc conhecer os usurios das informaes contbeis,
as atividades exercidas por uma entidade e o contedo das
demonstraes financeiras mais relevantes, bem como os princpios
fundamentais da Contabilidade.
Mdulo 3
11
Introduo sdemonstraes financeiras
Caro estudante!
Ser um prazer poder interagir com voc durante a discipli-na de Contabilidade. Queremos mostrar que a informaocontbil importante para ser utilizada nas decises dosgestores. A forma mais usual como uma informao contbil apresentada por meio das demonstraes financeiras,tambm denominadas de demonstraes contbeis. A Uni-dade 1 vai mostrar quem so os usurios da contabilidade eque tipo de perguntas pode ser respondido por meio dela.As demonstraes financeiras usuais sero conhecidas aseguir. Finalizando, vamos estudar os princpios fundamen-tais da Contabilidade.
No esquea de fazer as atividades sugeridas ao final daUnidade. Vamos estar com voc, com muita alegria, esti-mulando a aprendizagem e auxiliando na soluo das dvi-das. Ento, no percamos tempo, vamos comear nossosestudos!
O segundo semestre de 2001 est associado ao ataque terrorista ao
World Trade Center. Entretanto, para o mundo dos negcios, outro even-
to tambm chamou bastante a ateno: os problemas da empresa Enron.
Essa empresa atuava no setor de energia e era considerada um
modelo de gesto com o uso de instrumentos financeiros inovadores.
At alguns dias antes de os problemas da empresa serem conhecidos
pelo mercado, acreditava-se que a Enron fosse uma empresa saud-
vel. No era.
O impacto do problema da Enron foi to significativo que pro-
vocou uma discusso no congresso norte-americano e no mercado
mundial sobre assuntos como tica, papel da informao contbil ecredibilidade. Como resposta crise de confiana que ocorreu aps o
escndalo da Enron, o Congresso dos EUA aprovou uma legislao
12
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
que tentava evitar que no futuro situaes como esta voltassem a ocor-
rer. Esta legislao ficou conhecida como Sarbox*.Um dos pontos importantes da Sarbox afetava as demonstraes
financeiras das empresas com aes negociadas na bolsa de valores.
Determinava que constasse nas demonstraes financeiras a assinatura
do dirigente da empresa, provando que ele confirmava as informaes.
Em outras palavras, o administrador passou a ser tambm responsvel
pelas informaes das empresas que so divulgadas para o usurio.
Os usurios e as informaes contbeis
A principal finalidade da contabilidade* preparar informaesque sero utilizadas pelo usurio no seu processo decisrio. Para isso, a
contabilidade identifica, mensura e comunica os eventos econmicos
de uma entidade.
Geralmente, os usurios so classificados como:
internos: so as pessoas internas entidade, como o casodo gerente e do diretor. Os usurios internos usam a contabi-lidade para ajudar no seu processo de tomada de deciso.Entre as diferentes situaes em que possvel utilizar a con-tabilidade, citamos a situao na qual o administrador estestudando a viabilidade de uma filial. Por meio da mensuraodo seu resultado pela contabilidade, ser possvel determinaro fechamento desta filial ou no. O Quadro 1 apresenta exem-plos de questes que so de interesse do usurio interno eque podem ser respondidas pela contabilidade;
externos: so as pessoas que utilizam as informaes contbeispara seu processo decisrio. Entretanto, ao contrrio dos usu-rios internos, o acesso s informaes mais limitado, porpossuir uma menor possibilidade de obter informaes sobre aentidade. Um instrumento importante para estes usurios soas demonstraes financeiras, que permitem responder algu-mas das questes exemplificadas no Quadro 2.
GLOSSRIO*Sarbox Legisla-o norte-americanacriada aps os es-cndalos contbeis.
GLOSSRIO*Contabilidade sistema de informa-o responsvelpela identificao,mensurao e co-municao de even-tos econmicos deuma entidade paraseus usurios.
Mdulo 3
13
Apresentamos alguns dos usurios externos das demonstraes
financeiras.
Fisco: representado pela Secretaria da Receita Federal, nonvel federal, e pelas secretarias da fazenda nos Estados, Dis-trito Federal e municpios. Para o fisco, a informao contbil importante para a arrecadao de tributos.
Investidores: aplicam ou aplicaro seus recursos na empre-sa. Estes usurios tm interesse em investir na empresa pormeio de emprstimos ou pela compra de parte do capital.Nesta situao, as demonstraes financeiras permitiro ana-lisar, por exemplo, o nvel de risco da entidade.
Fornecedores e clientes: fazem negcios com a entidade.Ambos compem a denominada cadeia de valor do negcio
Quadro 1: Questes do usurio internoFonte: figuras retiradas da internet e estrutura elaborada pelo autor
Quadro 2: Questes do usurio externoFonte: figuras retiradas da internet e estrutura elaborada pelo autor
14
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
em que a entidade atua. Para esses usurios, a informaocontbil pode ser importante para determinar o nvel e a pro-fundidade no relacionamento comercial.
rgos reguladores do governo: devem exercer um papelna regulao da relao entre as empresas, e entre as empre-sas e os clientes. Em alguns setores, existem rgos regula-dores especficos (Banco Central, para as instituies finan-ceiras; Anatel, para o setor de telecomunicaes; Procon, paraa proteo dos direitos do consumidor; etc.). Para estes r-gos reguladores, a informao contbil pode ser importantena discusso de tarifas de servios, apreciao de concorrn-cia predatria entre as empresas, entre outros assuntos.
Assim como na administrao, importante a questo tica na
contabilidade. As informaes so preparadas com esta preocupao,
e o profissional responsvel por isto, o contador atua dentro de um
cdigo de tica da profisso. Esta preocupao com a tica na conta-
bilidade para fazer com que as demonstraes financeiras expressem
a realidade econmica da entidade.
Atividades da entidade
As entidades desenvolvem diferentes atividades no seu dia-a-
dia. Para fins da contabilidade, classificamos todas estas atividades
em trs grupos:
financiamento;
investimento; e
operaes.
Essa classificao permite melhor viso do desempenho da enti-
dade. Considere, a ttulo de exemplo, uma empresa de consultoria de
Recursos Humanos. Para que esta empresa possa funcionar, so ne-
Mdulo 3
15
cessrios recursos financeiros, que so aportados por seus acionistas
ou por instituies financeiras. As atividades relacionadas captao
de recursos so denominadas de financiamento. Com os recursos obti-
dos, a empresa pode comprar computadores, mveis e terrenos. Estas
atividades relacionadas com a obteno de bens utilizados para pro-
duo se denominam investimento. Finalmente, com os recursos oriun-
dos dos investimentos, a empresa vai prestar servios para seus clien-
tes e pagar suas despesas operacionais (salrios dos funcionrios, ma-
nuteno dos computadores, impostos prediais, etc.). Estas atividades
esto vinculadas operao da empresa.
A partir desta classificao das atividades de uma entidade, po-
demos ter um rico painel do seu desempenho. Vamos detalhar, a se-
guir, essa classificao.
Atividades de financiamento
Conforme comentado anteriormente, as atividades de financia-
mento dizem respeito obteno de recursos financeiros. Existem duas
fontes em que uma entidade pode obter recursos:
por meio dos acionistas: podem colocar dinheiro na entida-de aumentando seu capital; ou
por meio de terceiros: no possuem participao acionria.
Quando o financiador no possui vnculo acionrio com a enti-
dade, esta fonte de recurso recebe o nome de passivo. Uma entidade
tpica possui diferentes tipos de passivo. Os emprstimos referem-se aos
recursos que a entidade capta numa instituio financeira. J fornecedo-
res correspondem aquisio de servios ou produtos que so usados
nas suas operaes. Os salrios a pagar dizem respeito folha de paga-
mento da entidade que ainda no foi paga numa determinada data.
E obrigaes tributrias correspondem a obrigaes com o governo.
16
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
importante destacar que os nomes utilizados podem va-riar de entidade para entidade. No existe uma padroniza-o para todas as entidades na denominao utilizada pelacontabilidade.
Outra fonte de recursos so os acionistas. Na contabilidade, es-
tes recursos recebem a denominao de patrimnio lquido. Os acio-
nistas podem investir numa entidade de duas maneiras: aportando mais
capital ou no fazendo a distribuio do resultado.
Tanto o acionista quanto a instituio financeira que concede
um emprstimo esperam ser remunerados por investir na entidade.
Quando um acionista que investe numa entidade, a remunerao para
estes recursos investidos ocorre por meio da distribuio dos dividen-dos*. J para uma instituio financeira que concedeu um emprstimopara a empresa, a remunerao ocorre por meio dos juros que sero
pagos por este emprstimo.
Os outros passivos relacionados com os funcionrios (como o
caso de salrios a pagar) e ao governo (as obrigaes tributrias, por
exemplo) no possuem remunerao quando pagos pontualmente.
Atividades de investimento
Todas as transaes ocorridas na entidade que dizem respeito
aos itens utilizados para a produo econmica da prpria entidade,
tais como mquinas, equipamentos, mveis, utenslios, computadores
e terrenos, fazem parte das atividades de investimento. A finalidade
destas atividades montar uma infra-estrutura necessria para a ope-
rao da entidade.
Os recursos que so usados para trazer riqueza futura para a en-
tidade recebem a denominao de ativo. Os ativos* vinculados a estainfra-estrutura so denominados de ativo permanente.
Geralmente, as atividades de investimento so resultantes das
decises estratgicas da entidade: entrar num novo negcio, abrir uma
GLOSSRIO*Dividendos dis-tribuio do resulta-do da entidade paraos acionistas.
GLOSSRIO*Ativos lado es-querdo do balanopatrimonial. Corres-pondem aos itensque vo trazer bene-fcios futuros para aentidade.
Mdulo 3
17
filial, expandir a linha de produo, modernizar os computadores, etc.
De onde a empresa consegue os recursos para estes investimentos?
A resposta : das atividades de financiamento.
Atividades operacionais
Com os investimentos realizados, a entidade pode fazer suas ati-
vidades operacionais. Estas atividades esto ligadas obteno de re-
ceita, e todo esforo vinculado diretamente a isso deve ser considera-
do neste grupo. Usualmente, denominamos a receita conforme o modo
como foi obtida: receita de prestao de servio, receita financeira,
receita de doao e receita de venda.
No processo de gerao de receita, a entidade usa e consome
ativo. Esse consumo de ativo recebe a denominao de despesa. Para
permitir uma melhor anlise do desempenho de uma entidade, separa-
mos as despesas em diferentes tipos. Quando uma empresa comercial
vende um produto para seu cliente, o valor da venda considerado
como a receita obtida na transao. A quantidade que a empresa pa-
gou pelo produto quando comprou do fornecedor considerada uma
despesa, que recebe a denominao de custo da mercadoria vendida.
Numa empresa industrial, este custo recebe a denominao de custo
do produto vendido. Numa empresa prestadora de servio, a denomi-
nao usual custo do servio prestado.
Alm do custo da mercadoria, existem outras despesas que ocorrem
que ajudam a empresa a obter receitas. Estas despesas geralmente so:
despesas de vendas: como comisso e salrio de vendedores;
de publicidade e propaganda: como o anncio num classifi-cado de um jornal;
administrativa: despesa de telefone da diretoria, por exem-plo; e
18
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
financeira: juros dos emprstimos obtidos junto s institui-es financeiras.
Quando se comparam as receitas obtidas num determinado pero-
do com todas as despesas, incluindo aqui o custo da mercadoria ven-
dida/custo do produto vendido/custo do servio prestado, tem-se o re-
sultado do perodo. Caso o resultado seja positivo, ou seja, a receita
seja maior que a despesa, a entidade obteve um lucro*. Na situaoinversa, quando a receita menor que a despesa, ocorreu um prejuzo.
Comunicao com usurios
O desempenho de uma entidade precisa ser comunicado aos seus
usurios. Para tanto, a contabilidade utiliza as demonstraes finan-
ceiras que apresentam um resumo deste desempenho. As principais
demonstraes financeiras so:
balano patrimonial*: apresenta os ativos, os passivos e opatrimnio lquido numa determinada data;
demonstrao do resultado: permite ao usurio verificar seo resultado foi positivo (lucro) ou negativo (prejuzo);
demonstrao das mutaes do patrimnio lquido: deta-lha como o patrimnio lquido mudou entre um perodo eoutro, incluindo aqui o resultado do perodo;
demonstrao dos fluxos de caixa: apresenta umdetalhamento das movimentaes ocorridas no caixa da enti-dade, indicando a origem e a aplicao desses recursos.
Para mostrar essas demonstraes, apresentamos a seguir o exem-
plo da Business Ltda.
GLOSSRIO*Lucro resultadopositivo da entidade.Ocorre quando asoma das receitas superior s despesas.
GLOSSRIO*Balano patrimo-nial demonstraofinanceira que mos-tra os ativos, os pas-sivos e o patrimniolquido numa deter-minada data.
Mdulo 3
19
Demonstrao do resultado
A demonstrao do resultado informa se uma entidade apresen-
tou um resultado positivo ou no durante um determinado perodo. Ela
tambm conhecida como DRE.
A demonstrao do resultado apresenta se uma entidade obteve
resultado ou no de maneira dedutiva. Assim, em primeiro lugar, apre-
senta-se a receita derivada dos principais negcios da entidade; depois,
o esforo realizado pela entidade para obteno desta receita, que co-
nhecido, na linguagem contbil, como despesa. Deste modo, a despesa
de salrios refere-se ao pagamento de salrios aos funcionrios da enti-
dade. A despesa de aluguel est associada utilizao de um imvel de
terceiros pela entidade. A despesa de telefone e energia est relacionada
com a utilizao desses servios. J a despesa financeira so os juros
dos emprstimos que a entidade possui.
O Quadro 3 apresenta a demonstrao do resultado da Business.
No perodo de 2006, a empresa apresentou uma receita de R$ 230 mil
para uma despesa de R$ 203 mil. A demonstrao do resultado permite
verificar que a entidade tem como maior despesa os salrios, no valor de
R$ 104 mil.
Quadro 3: Demonstrao do resultado da BusinessFonte: elaborado pelo autor
20
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Ao comparar a receita de servios da empresa com as despesas,
tem-se que a entidade apresentou um resultado positivo, ou um lucro
lquido, de R$ 27 mil.
A demonstrao do resultado e a apurao se uma entidade obte-
ve ou no lucro so importantes para o usurio. Uma entidade que con-
segue obter lucros adequados sinal de entidade em condies de obter
um bom crescimento, conquistar mercado, cumprir seus compromissos
em dia e remunerar seus acionistas com dividendos.
Demonstrao das mutaes dopatrimnio lquido (DMPL)
O usurio sabe, com a demonstrao do resultado, se uma em-
presa obteve ou no lucro. A demonstrao das mutaes do patrim-
nio lquido mostra o que ocorreu com os recursos investidos pelo acio-
nista na entidade. Isto inclui a destinao do lucro obtido no perodo.
Quando a entidade decide no fazer a distribuio do seu resulta-
do, esses valores ficam acumulados. O Quadro 5 apresenta o exemplo
da demonstrao das mutaes do patrimnio lquido da Business Ltda.
Quadro 4: Analisando a informao contbil: demonstrao do resultadoFonte: elaborado pelo autor
Informao
Demonstrao
do Resultado.
O que significa?
A entidade tem lucro
se receitas so
maiores que as
despesas.
Como analisar?
necessrio
verificar se o lucro
que a entidade est
obtendo compat-
vel com sua
histria e com
entidades do
mesmo porte e
setor.
Questo
A entidade
lucrativa?
V L q
Mdulo 3
21
Conforme pode ser notado, a primeira linha da demonstrao
refere-se ao saldo existente no incio do perodo. As linhas seguintes
mostram os eventos que ocorreram no ano de 2006 que afetaram o pa-
trimnio lquido da empresa. No exemplo da Business, so trs eventos:
primeiro evento: o aumento do capital da empresa por meiodas reservas e dos lucros acumulados;
segundo evento: diz respeito distribuio do lucro da em-presa, sob a forma de dividendos. A distribuio do lucropara os acionistas vai depender da poltica de distribuio dedividendos da entidade. Como regra geral, uma entidade quepretende crescer evita distribuir dividendo, uma vez que aexistncia de recursos importante para investimentos futu-ros; e
terceiro evento: a incorporao do lucro do exerccio daempresa, no valor de R$ 27 mil. Observe que este valorcorresponde ao resultado apresentado no Quadro 3. Isto no uma mera coincidncia.
Quadro 5: Demonstrao das mutaes do patrimnio lquidoFonte: elaborado pelo autor
22
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Balano patrimonial
O balano patrimonial uma demonstrao que mostra os itens
que vo ajudar a gerar riqueza para entidade num futuro prximo, de-
nominado de ativo na terminologia contbil, e as obrigaes de uma
entidade numa determinada data. As obrigaes so agrupadas em
passivo, que so as obrigaes de uma entidade para com terceiros, e
patrimnio lquido, que so as obrigaes da entidade para com os
acionistas. A relao entre os ativos e as obrigaes de uma entidade
est representada no Quadro 7, que trata da equao contbil bsica
que relaciona o ativo com o passivo e patrimnio lquido.
Quadro 6: Analisando a informao contbil: demonstraes das
mutaes do patrimnio lquidoFonte: elaborado pelo autor
Informao
Demonstrao
das mutaes
do patrimnio
lquido.
O que significa?
Verificar como a
entidade est
aumentando ou
diminuindo seu
patrimnio lquido
(distribuio de
dividendos, reteno
de lucros, etc.).
Como analisar?
Entidades com
possibilidades de
crescimento devem
evitar a distribuio
de dividendos.
Questo
O que ocorreu
com o
patrimnio
lquido da
entidade?
V L q
Quadro 7: Equao contbil bsicaFonte: elaborado pelo autor
Mdulo 3
23
A equao contbil bsica significa, em termos prticos, que, em
uma determinada entidade, o valor do ativo dever ser igual soma do
seu passivo e do seu patrimnio lquido. E isso ser verdadeiro para todas
as entidades, pois, em caso contrrio, a contabilidade estar errada.
O Quadro 8 apresenta o exemplo do balano patrimonial da
Business Ltda. A primeira constatao possvel de que a equao
contbil bsica funciona para essa entidade. De um lado, temos um
total de ativo de R$ 391 mil. Do outro lado do balano, o lado direito,
h um passivo de R$ 134 mil e um patrimnio lquido de R$ 257 mil.
Outro aspecto importante que os valores do patrimnio lquido
so aqueles que j foram mostrados na demonstrao do patrimnio
lquido (Quadro 5). Compare e comprove voc mesmo.
Anlises diversas so possveis de serem feitas a partir do balan-
o patrimonial. Podemos, por exemplo, verificar a composio do ati-
vo de uma entidade. No exemplo apresentado, podemos notar que a
Business tem seu ativo concentrado em terrenos e mquinas, que so
itens que geralmente so utilizados no processo produtivo. Alm dis-
to, existem valores a receber, geralmente de clientes, estoques, aplica-
es financeiras e caixa, que correspondem moeda corrente. Do lado
das obrigaes, temos que a maior parte so obrigaes com os acio-
nistas ou patrimnio lquido. Mas possvel observar que a entidade
Quadro 8: Balano patrimonial da BusinessFonte: elaborado pelo autor
24
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
possui tambm uma dvida com uma instituio financeira, que
corresponde ao valor dos emprstimos. Geralmente, este tipo de dvi-
da produz despesa financeira, e isto pode ser notado na demonstrao
do resultado (veja o Quadro 3).
Finalmente, importante observar que o balano patrimonial diz
respeito a uma data especfica no tempo, ao contrrio, por exemplo,
da demonstrao do resultado.
Quadro 9: Analisando a informao contbil: balano patrimonialFonte: elaborado pelo autor
Informao
Balano
patrimonial.
O que significa?
A resposta dessa
pergunta se refere ao
nvel de
endividamento da
entidade.
Como analisar?
Entidades
endividadas
possuem um risco
maior. Baixo
endividamento pode
significar dificulda-
de de acesso s
fontes de recursos.
Questo
Onde a
entidade est
buscando os
recursos para
financiar suas
operaes?
V L q
Demonstrao dos fluxos de caixa
A demonstrao dos fluxos de caixa vai detalhar o que ocorreu
com o caixa da entidade num determinado perodo. Em outras pala-
vras, esta demonstrao mostra os pagamentos e recebimentos da en-
tidade. Esta demonstrao incorpora os valores monetrios que a empre-
sa detm no caixa (moeda corrente), os valores nas contas bancrias e
as aplicaes financeiras.
Para melhor entender a movimentao do caixa de uma entida-
de, os pagamentos e recebimentos so usualmente divididos em trs
grupos, conforme as atividades executadas:
Mdulo 3
25
fluxos de caixa provenientes das atividades operacionais;
fluxos de caixa provenientes das atividades de investimento; e
fluxos de caixa provenientes das atividades de financiamen-to. Esta classificao permite que o usurio possa saber deonde a entidade est obtendo recursos e como estes recursosesto sendo aplicados.
Alm desses trs grupos, a demonstrao dos fluxos de caixa
tambm apresenta o valor inicial do caixa, o valor final e a variao no
perodo, e esta variao a soma dos trs grupos.
A demonstrao dos fluxos de caixa da Business encontra-se no
Quadro 10. Durante o ano de 2006, a entidade apresentou um caixa
positivo das atividades operacionais de R$ 78 mil, resultante do rece-
bimento de clientes (R$ 250 mil) e dos pagamentos de salrios, alu-
guel, telefone e energia. As atividades de investimento consumiram
R$ 23.400 do caixa da entidade em razo da compra de terrenos e
mquinas. A empresa remunerou suas fontes de financiamento no to-
tal de R$ 39 mil, com pagamento de dividendos para os acionistas (R$
15 mil) e o pagamento de emprstimos (R$ 24 mil).
A soma destes trs grupos de fluxos de caixa resulta um total de
R$ 15.600, ou seja, R$ 78.000 R$ 23.400 R$ 39.000. Uma vez
que o caixa inicial era de R$ 30.800, o saldo final do caixa da entida-
de ser de R$ 46.400, ou R$ 15.600 + R$ 30.800. O valor do saldo
final do caixa igual quele que consta do balano patrimonial da
entidade. Volte e verifique o Quadro 8.
26
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
O que podemos obter com a demonstrao dos fluxos de caixa
encontra-se no Quadro 11.
Quadro 10: Demonstrao dos fluxos de caixa da BusinessFonte: elaborado pelo autor
Quadro 11: Analisando a informao contbil: demonstrao
dos fluxos de caixaFonte: elaborado pelo autor
Informao
Demonstrao
dos fluxos de
caixa.
O que significa?
A entidade est
gerando caixa nas
operaes. Quando
isto no ocorre,
preciso obter recursos
com terceiros ou
vendendo seus ativos.
Como analisar?
O fluxo das
atividades
operacionais deve
ser positivo.
Questo
A entidade est
conseguindo
gerar recursos
nas suas
atividades
operacionais?
V L q
Mdulo 3
27
Vnculo entre as demonstraes
Conforme voc j deve ter percebido, as demonstraes finan-
ceiras esto relacionadas entre si. O lucro lquido obtido na demons-
trao do resultado (Quadro 3) aparece na demonstrao das muta-
es do patrimnio lquido (Quadro 5). Este patrimnio lquido tam-
bm aparece no balano patrimonial (Quadro 8). A composio do
caixa, que tambm aparece no balano patrimonial, est detalhada na
demonstrao dos fluxos de caixa (Quadro 10).
Demonstraes financeiras de uma empresa real
O exemplo apresentado anteriormente tambm pode ser encon-
trado numa empresa real. As grandes empresas, que possuem aes
negociadas na bolsa de valores, divulgam suas demonstraes finan-
ceiras para os potenciais investidores. Para mostrar um exemplo real,
utilizamos as demonstraes da empresa Brasil Telecom (BrT a partir
de agora), do setor de comunicaes. Os valores apresentados a se-
guir esto em R$ milhes, e as demonstraes foram simplificadas
para fins didticos.
Demonstrao do resultado
Pode ser notado na Quadro 12 que a BrT apresentou um lucro
lquido em 2004, mas no ano anterior esta empresa teve um prejuzo.
Em outras palavras, neste aspecto o desempenho da empresa melhorou.
Este resultado explicado pelo aumento da receita da empresa.
A maior parte dos custos e despesas da empresa tambm teve aumen-
to, exceto o item outras despesas.
28
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Demonstrao das mutaesdo patrimnio lquido
J sabemos que o resultado da empresa melhorou em 2004. En-
tretanto, o valor dos lucros acumulados diminuiu no perodo, e o Qua-
dro 13 mostra a razo disto. Observe que, nos dois anos, a empresa
props a distribuio de dividendos para seus acionistas no valor de
246 milhes e 445 milhes de reais. Observe que o valor do preju-zo* de 2003 e o lucro de 2004 constam desta demonstrao.
GLOSSRIO*Prejuzo resulta-do negativo. Ocorrequando a receita inferior s despesas.
Quadro 12: Questes do usurio internoFonte: CVM
Quadro 13: Demonstraes das mutaes do patrimnio lquido da BrTFonte: CVM
Mdulo 3
29
Balano patrimonial
O balano patrimonial da Brasil Telecom encontra-se apresenta-
do, de forma resumida, no Quadro 14. Observe que a BrT aumentou
os investimentos, o que, por sua vez, aumentou o ativo total. Ocorreu
uma reduo no patrimnio lquido, devido conta de lucros acumu-
lados, conforme visto anteriormente. J o passivo cresceu no perodo,
em razo do valor de emprstimos e financiamentos.
Demonstrao dos fluxos de caixa
O Quadro 15 apresenta esta demonstrao da empresa de forma
simplificada. Note que a empresa tem apresentado um fluxo positivo e
crescente no perodo das atividades operacionais. Com este dinheiro,
a empresa tem realizado investimentos (compra de equipamentos, ter-
renos, entre outros) e remunerado seus investidores (por exemplo, pa-
gamento de emprstimos e de dividendos).
Outro aspecto importante a ser notado na ilustrao 15 que o
saldo final corresponde ao valor existente no balano patrimonial (Qua-
dro 14). Compare e comprove!
Quadro 14: Balano patrimonial da BrTFonte: CVM
30
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
GLOSSRIO*Notas explicativas parte das demons-traes financeiras.Sua finalidade de-talhar as contas ouos critrios usados,principalmente nobalano patrimoniale na demonstraodo resultado.
Outras informaes dasdemonstraes financeiras
Alm das demonstraes financeiras, aqui apresentadas nos
Quadros 12 a 15, uma empresa pode divulgar outras informaes para
seu usurio. Teceremos algumas consideraes sobre as informaes
mais usuais que so o relatrio de administrao, as notas explicativas*e o parecer dos auditores.
O relatrio de administrao um texto redigido pelos gestores
da entidade com observaes sobre o seu desempenho. No existe um
padro de texto, o que significa dizer que cada entidade escolhe o seu
contedo. O mais usual que a administrao da entidade comente o
desempenho no perodo, podendo comentar como a economia (infla-
o, atuao do governo, etc.) e outras variveis afetaram este desem-
penho. Em algumas empresas, esse relatrio pode conter dezenas de
pginas de textos, tabelas e ilustrao.
O Quadro 16 apresenta um pequeno trecho do relatrio de ad-
ministrao da BrT. Nesse trecho, a administrao da empresa relata
o desempenho no setor de telefonia fixa. Note que a empresa apre-
senta sua justificativa para o baixo crescimento do nmero de linhas
nesse setor.
Quadro 15: Demonstrao dos fluxos de caixa da BrTFonte: CVM
Mdulo 3
31
As notas explicativas so partes integrantes das demonstraes
financeiras. Sua finalidade explicar melhor algum detalhe dessas
demonstraes ou como os valores foram obtidos. Existe uma tendn-
cia no Brasil de as demonstraes financeiras serem mais resumidas,
ficando os detalhes para as notas explicativas. Nas grandes empresas, as
notas explicativas podem ter dezenas de pginas. O Quadro 17 apresenta
um pequeno exemplo de notas explicativas da BrT, que nas demonstra-
es financeiras encerradas em 31/12/2004 continham 41 pginas.
GLOSSRIO*Parecer dos audi-tores independentes opinio sobre aentidade feita poruma empresa de au-ditoria, contratadapara verificar se asdemonstraes fi-nanceiras expres-sam o desempenhoda entidade.
Quadro 16: Trecho do relatrio de administrao da BrT do
exerccio de 2004Fonte: CVM
Quadro 17: Trecho das notas explicativas da BrTFonte: CVM
Apesar do nmero de pginas, a leitura das notas explicativas
importante para analisar o desempenho de uma empresa como a BrT.
Finalmente, e no menos importante, temos o parecer dos auditores
independentes, que corresponde a uma opinio de uma empresa de audi-
toria. Esta auditoria foi especialmente contratada para verificar se as de-
monstraes financeiras apresentam o real desempenho. Ao contrrio das
notas explicativas e do relatrio de administrao, o parecer dos audito-res independentes* pequeno, ocupando cerca de uma pgina.
32
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
O Quadro 18 apresenta um trecho do parecer para a empresa BrT.
Conhea mais sobre o
Conselho Federal de
Contabilidade no site:
www.cfc.org.br
Quadro 18: Trecho do parecer dos auditores independentes da BrTFonte: CVM
Princpios fundamentais de contabilidade
O responsvel pela elaborao das demonstraes financeiras, o
contador, necessita ter algumas regras para a execuo do seu traba-
lho. Existem regras especficas, que podem ser criadas por um rgo
que regula um setor no caso da BrT, seria a Anatel. Alm disto,
existem regras gerais que so muito teis de conhecer, inclusive para
quem vai utilizar essas informaes para tomar decises. Essas regras
gerais so denominadas de princpios fundamentais de contabilidade e
so vlidas para qualquer tipo de entidade.
No Brasil, os princpios foram propostos pelo Conselho Federal
de Contabilidade, um rgo que rene a classe contbil. Em 1993,
Mdulo 3
33
esse conselho aprovou uma resoluo que apresentava sete princpios
fundamentais, conforme ser detalhado a seguir.
Entidade
Pelo princpio da entidade, temos que o patrimnio o objeto da
contabilidade. Para isto, necessrio que exista uma separao dos
diversos patrimnios. Em termos prticos, o princpio da entidade sig-
nifica que o patrimnio de uma entidade deve estar separado do patri-
mnio dos seus scios.
Em pequenas empresas, observa-se que o seu proprietrio usa
os recursos da conta-corrente da empresa para efetuar pagamentos
pessoais. Isto corresponde a um desrespeito ao princpio da entidade,
pois existem dois patrimnios envolvidos: o da empresa e o do propriet-
rio. O certo seria que a conta-corrente da empresa s realizasse paga-
mentos da empresa.
Nas empresas com aes negociadas em bolsa de valores, ne-
cessrio que o princpio da entidade tambm seja observado. Caso
contrrio, haveria problemas legais e ticos. Uma situao em que isso
pode ocorrer quando o scio, que tambm o administrador da em-
presa, usar os recursos da entidade em benefcio prprio. Isto prejudi-
ca os outros acionistas, uma vez que aumenta as despesas, reduz os
lucros e diminui os dividendos.
Continuidade
Quando as demonstraes financeiras so preparadas, devemos
supor a continuidade no futuro da entidade. Se existir a possibilidade
de que a entidade encerre suas operaes em data prxima, isto pode
afetar a forma como alguns ativos e passivos so apresentados ou ava-
liados pela contabilidade.
34
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Um exemplo disto ocorre com certos tipos de financiamento de
longo prazo captados em instituies financeiras. Em alguns destes
contratos, existe uma clusula exigindo que este financiamento seja
quitado o mais rpido possvel diante da possibilidade de a entidade
no existir. Outra situao ocorre com alguns ativos, que s existem
caso a empresa tenha continuidade no futuro. o caso dos chamados
impostos a compensar*. Pela legislao fiscal, uma entidade que ti-ver prejuzo num determinado perodo pode reduzir a carga tributria
do imposto de renda no futuro. Entretanto, esta reduo de carga tri-
butria s possvel caso a empresa exista no futuro.
Oportunidade
Para a contabilidade, um evento deve ser reconhecido assim que
ele ocorra. Este o conceito de oportunidade, que indica a necessida-
de de registrar os eventos no momento adequado.
Se um incndio ocorrer num imvel da entidade, o prejuzo deve
ser considerado no momento do sinistro. Considere o caso de um fun-
cionrio que entra com processo na Justia Trabalhista contra a em-
presa. A entidade precisa estudar a situao para verificar se oportu-
no considerar este processo nas demonstraes financeiras em razo
das possibilidades de perder ou ganhar o processo. Se for constatada a
chance de a empresa perder o processo, o evento deve ser registrado
imediatamente.
Registro pelo valor original
O princpio do registro pelo valor original ajuda a dar valor aos
eventos que ocorrem na entidade. E este valor pelo montante de
aquisio. Quando uma entidade adquire um terreno, a contabilidade
GLOSSRIO*Impostos a com-pensar direito queuma entidade temde reduzir sua cargatributria no futuro.
Mdulo 3
35
vai considerar no registro o valor que foi pago. E este valor no deve
ser alterado no tempo.
Alm disto, e em decorrncia deste princpio, a contabilidade
deve ser feita em moeda nacional.
Em geral, os pases possuem suas prprias normas de con-tabilidade. Um dos maiores desafios da contabilidade nomundo de hoje buscar a harmonizao destas normas.Mesmo os princpios fundamentais podem variar de paspara pas, e um exemplo disto o princpio do registropelo valor original. Em alguns pases, isto est mudando.As diferenas dos princpios podem conduzir a valores di-ferentes, conforme a norma adotada por uma empresa comatuao mundial.
Atualizao monetria
A experincia com a elevada inflao no Brasil, e em especial
nos anos de 1970 a 1995, afetou os resultados das entidades. O princ-
pio da atualizao monetria considera a necessidade de considerar na
contabilidade o efeito da inflao. Assim, um terreno que foi adquiri-
do no passado deve ser devidamente corrigido para considerar a infla-
o do perodo.
Competncia
J sabemos que a contabilidade deve considerar um evento que
ocorreu na entidade no momento oportuno. o princpio da oportuni-
dade, estudado anteriormente. O princpio da competncia ajuda a es-
tabelecer tambm quando a contabilidade deve registrar uma receita*
GLOSSRIO*Receita resultadoda venda de produ-to ou servio.
36
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
e uma despesa. A competncia informa que ambas devem ser conside-
radas na demonstrao do resultado no momento que ocorrem, e no
no pagamento ou recebimento.
Uma situao na qual se aplica o princpio da competncia ocor-
re quando uma empresa presta uma servio a prazo para um cliente.
O registro da receita deve ser feito no momento da prestao do servi-
o, e no no seu recebimento. Outra situao quando a empresa tem
uma despesa, como o aluguel de um imvel. O registro desta despesa
deve ocorrer quando do uso do imvel, e no no seu pagamento.
Prudncia
Este princpio tambm conhecido como conservadorismo. Por
este princpio, entre duas alternativas contbeis vlidas, deve-se ado-
tar aquela mais prudente (ou conservadora). E o que significaria a pru-
dncia na prtica? Seria a escolha que conduziria ao menor ativo, menor
receita, maior despesa ou maior passivo.
Considere uma situao de um processo judicial contra a entida-
de. A entidade sabe que ser condenada, mas desconhece os valores
finais da ao. Diante das incertezas, a entidade deve ser prudente,
utilizando aquele maior.
O Quadro 19 apresenta um resumo do que estudamos at o mo-
mento.
Mdulo 3
37
Quadro 19: Analisando a informao contbilFonte: elaborado pelo autor
Informao
Demonstrao
do resultado.
Demonstrao
das mutaes
do patrimnio
lquido.
Balano
patrimonial.
Demonstrao
dos fluxos de
caixa.
O que significa?
A entidade tem lucro
se receitas so
maiores que as
despesas.
Verificar como a
entidade est
aumentando ou
diminuindo seu
patrimnio lquido
(distribuio de
dividendos, reteno
de lucros, etc.).
A resposta dessa
pergunta se refere ao
nvel de
endividamento da
entidade.
A entidade est
gerando caixa nas
operaes. Quando
isto no ocorre,
preciso obter recursos
com terceiros ou
vendendo seus ativos.
Como analisar?
necessrio
verificar se o lucro
que a entidade est
obtendo compat-
vel com sua histria
e com entidades do
mesmo porte e setor.
Entidades com
possibilidades de
crescimento devem
evitar a distribuio
de dividendos.
Entidades
endividadas
possuem um risco
maior. Baixo
endividamento pode
significar dificulda-
de de acesso s
fontes de recursos.
O fluxo das
atividades
operacionais deve
ser positivo.
Questo
A entidade
lucrativa?
O que ocorreu
com o
patrimnio
lquido da
entidade?
Onde a
entidade est
buscando os
recursos para
financiar suas
operaes?
A entidade est
conseguindo
gerar recursos
em suas
atividades
operacionais?
V L q
38
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Saiba mais...
Uma narrativa interessante sobre os primrdios da Contabilida-de e seu vnculo com a mensurao e a Matemtica pode ser encon-trado no livro Histria universal dos algarismos, de George Ifrah,nas pginas 203 e seguintes. O aluno poder obter demonstraesfinanceiras nos sites de cada empresa. Geralmente, uma grandeempresa disponibiliza suas demonstraes para o pblico externo.
No site da Comisso de Valores Imobilirios (www.cvm.gov.br), possvel obter demonstraes de empresas com aes negociadas nabolsa de valores. Para baixar essas demonstraes, necessrio terinstalado no computador um programa de leitura, que pode ser obtidogratuitamente pela rede, como, por exemplo, o Yahoo Finanas(http://br.financas.yahoo.com/).
Quanto aos princpios fundamentais de Contabilidade, recomen-damos o site do Conselho Federal de Contabilidade (www.cfc.org.br)e do Comit de Pronunciamentos Contbeis (http://www.cpc.org.br),
rgo criado recentemente para padronizar a Contabilidade no Brasil.
RESUMO
Nesta Unidade, mostramos as principais demonstraes
financeiras produzidas pela comunidade. Esperamos que voc
tenha compreendido como os princpios fundamentais de Con-
tabilidade auxiliam na elaborao das demonstraes
contbeis. Sugerimos ao aluno que pense na Contabilidade
como uma importante ferramenta para o administrador. O ad-
ministrador vai precisar dessas informaes em suas decises.
Por essa razo, o texto enfatizou essa questo, incluindo os
quadros-resumo. Alguns dos assuntos tratados nesses captu-
los sero relacionados ao longo do curso, mas importante
que o aluno tenha compreendido os principais conceitos apre-
sentados aqui.
Mdulo 3
39
Atividades de aprendizagem
1. Quais so os usurios da informao?
2. Quais as atividades desenvolvidas por uma entidade?
3. O que so: ativo, passivo, receita, despesa e lucro?
4. Quais so as demonstraes financeiras?
5. Apresente a finalidade de cada uma das demonstraes.
6. Como as demonstraes financeiras esto vinculadas?
7. Qual o contedo do relatrio de administrao?
8. Qual a finalidade das notas explicativas?
9. Quem responsvel pelo parecer de auditoria? O que esse pare-cer contm?
10. Cite os princpios fundamentais de Contabilidade.
Analisando asdemonstraes financeiras
Analisando asdemonstraes financeiras
UNIDADE
2
42
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Objetivo
Esta Unidade apresenta as caractersticas de uma
informao til para o usurio e as demonstraes financeiras
de uma entidade. Voc vai conhecer ainda os ndices que so
utilizados para analisar uma entidade.
Mdulo 3
43
Introduo
Caro estudante!
Na Unidade 1, mostramos as principais demonstraes fi-nanceiras. Sabemos que estas informaes podem ser teisnas decises dos administradores, inclusive para fazeremnegcios com certos fornecedores, investir em outras em-presas, analisar a perspectiva da empresa em relao a seusconcorrentes, entre outras situaes.
Para ajudar neste processo, necessitamos conhecer quaisas caractersticas que fazem com que a informao contbilseja til para o usurio e como este deve analisar estasinformaes. Voc j deve ter observado a importnciaque o usurio tem neste processo. Realmente, as demons-traes financeiras so preparadas para que sejam teis paraos usurios e melhore seu processo decisrio.
Nesta Unidade, vamos detalhar algumas destas questes.
As informaes divulgadas de uma empresa de capital aberto po-
dem estar contidas em dezenas e dezenas de pginas. Os nmeros das
demonstraes financeiras esto extensamente detalhados nas notas
explicativas.
Para o administrador, fica uma questo: a partir desta grande quan-
tidade de informaes, como sintetizar o desempenho da entidade?
Infelizmente, no existe uma regra simples e infalvel para res-
ponder a esta questo. A experincia em utilizar as demonstraes fi-
nanceiras ajuda em saber se uma entidade est bem ou mal. Um
instrumento mais tcnico so os ndices. Estes ndices representam rela-es obtidas a partir das demonstraes financeiras. A vantagem a
possibilidade de fazer comparaes com outras empresas e avaliar a
evoluo ao longo do tempo.
O nmero possvel de ndices que podem ser utilizados enorme.
Estudaremos aqui os mais importantes e conhecidos dos ndices.
44
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Objetivo das demonstraes financeiras
O termo demonstrao financeira usado pela legislao brasi-
leira, compreendendo as informaes financeiras divulgadas pela enti-
dade. A elaborao e a divulgao destas demonstraes tm por finali-
dade fornecer informaes para ajudar os administradores da entidade e
os usurios externos no processo de deciso financeira. Para que a de-
monstrao financeira seja til no processo decisrio, existem algumas
caractersticas necessrias, que passaremos a estudar a seguir.
Atributos da informao contbil
Sabendo que a informao contbil deve atender a diferentes usu-
rios, mesmo que seus interesses sejam tambm diferentes, podemos
afirmar que, inicialmente, esta informao no deve privilegiar nenhum
deles. Em outras palavras, a informao contbil deve ser eqitativa.
Para que isso seja possvel, devemos imaginar que a informao
contbil deve fazer as revelaes necessrias e suficientes sobre a enti-
dade. Se a finalidade o usurio, a informao contbil deve atender
aos propsitos destes, possuindo os seguintes atributos:
confiabilidade*: torna a informao aceita pelo usurio epossvel de ser utilizada nas decises. Para existir a confiabi-lidade, necessrio que a informao no contenha erros (sejaveraz), que abranja todos os aspectos importantes da entida-de (seja completa) e que o contedo seja coerente com a de-nominao a que se prope (seja pertinente);
tempestividade: diz respeito ao fato de que a informaocontbil deve estar disponvel para o usurio em tempo hbilpara ser utilizada. Assim, as demonstraes financeiras deum determinado ano devem ser divulgadas no incio do anoseguinte. Alm disto, a entidade deve ter uma preocupaode manter a periodicidade na sua divulgao;
GLOSSRIO*Confiabilidade caracterstica da in-formao contbilque permite a acei-tao por parte dousurio. Para existira confiabilidade, necessrio que a in-formao no con-tenha erros (seja ve-raz), que abranja to-dos os aspectos im-portantes da entida-de (seja completa) eque o contedo sejacoerente com a de-nominao a que seprope (seja perti-nente).
Mdulo 3
45
compreensibilidade: a preocupao de que a informaocontbil seja entendida pelo usurio, incluindo aqui a possi-bilidade de usar recursos como grficos e tabelas para facili-tar o entendimento. Para que isso seja possvel, necessrioque a informao divulgada seja clara e objetiva, devendoser expressa em lngua portuguesa. O usurio deve ter umconhecimento de contabilidade e das atividades da prpriaentidade, alm de tempo necessrio para fazer a sua leitura eanlise. Mesmo que exista um usurio com dificuldade deentendimento das informaes, isto no uma justificativapara sua no divulgao;
comparabilidade: permite ao usurio avaliar a evoluo dainformao no tempo. Uma situao em que a compara-bilidade importante ocorre quando a entidade divulga suasdemonstraes, devendo apresentar, para fins comparativos,as informaes do perodo anterior. Verifique isto nos qua-dros apresentados da Brasil Telecom na Unidade 1. Uma res-salva importante que a comparabilidade no deve impedira evoluo da divulgao contbil.
Demonstraes financeiras
Apresentamos na Unidade 1 quatro demonstraes financeiras:
balano patrimonial, demonstrao das mutaes do patrimnio lqui-
do, demonstrao do resultado e demonstrao dos fluxos de caixa. Vamos
aqui rever este ponto e fazer um melhor detalhamento destas informa-
es. Comearemos com o balano patrimonial.
46
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Balano patrimonial
A demonstrao financeira*: do balano patrimonial apresen-tada para uma determinada data no tempo. Deste modo, o balano de
uma entidade est geralmente associado a um dia especfico no tempo.
Os diversos itens de um balano patrimonial de uma entidade so
agrupados para facilitar a anlise do usurio. O Quadro 20 apresenta
um exemplo da empresa Simo Consultores S.A. Esta empresa foi cria-
da pelo administrador Simo para prestar assessoria a empresas no setor
agropecurio do seu Estado.
Vamos descrever cada um dos grupos que aparece neste balano
patrimonial.
GLOSSRIO*Demonstrao fi-nanceira informa-es financeirasapresentadas poruma entidade.
Quadro 20: Balano patrimonial da Simo ConsultoresFonte: elaborado pelo autor
Mdulo 3
47
Ativo circulante
O ativo circulante* engloba os ativos que so convertidos emmoeda corrente ou que sero utilizados nos negcios dentro de um pero-
do de um ano. So os ativos mais lquidos, ou seja, que sero mais rapi-
damente convertidos em moeda corrente. Para o nosso exemplo da Si-
mo Consultores, apresentado no Quadro 20, pode-se observar a pre-
sena de bancos, aplicaes financeiras, clientes, material de consumo e
outros itens. A denominao das contas auto-explicativa. A conta ban-
cos representa os recursos existentes em conta-corrente em cada uma
das datas. As aplicaes financeiras so inverses feitas pela empresa
em fundos de investimentos e outras aplicaes, geralmente realizadas
nas agncias bancrias em que a empresa possui sua conta-corrente. O
item clientes corresponde a valores que a empresa tem a receber de
seus clientes por servios que foram prestados, mas ainda no recebi-
dos. Material de consumo engloba papel, cartucho para impressora,
canetas, etc.
Ativo realizvel em longo prazo
O ativo realizvel em longo prazo agrupa os direitos que a entida-
de possui e que sero convertidos em moeda corrente aps doze meses.
Estes direitos so basicamente os mesmos listados no ativo circulante
como clientes.
Voltemos novamente ao balano patrimonial da Simo Consulto-
res. So listados dois itens no realizvel em longo prazo: clientes e ou-
tros itens. Conforme j comentamos anteriormente, o item clientes diz
respeito a valores que a empresa tem a receber dos seus clientes por
servios j prestados. No dia 31 de dezembro de 2006, a Simo possua
R$ 35.760 a receber em curto prazo e R$ 28.800 em longo prazo. Isto
significa dizer que a empresa dever receber R$ 35.760 at o final do
GLOSSRIO*Ativo circulante valores de uma em-presa que esto inves-tidos em estoques, emcrditos de curto pra-zo, em investimentosfinanceiros e em va-lores disponveis.Fonte: Lacombe(2004).
48
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Se o valor de investi-
mentos for elevado,
necessrio estudar esse
item com detalhes.
prximo perodo contbil, tambm denominado de exerccio social. Em
outras palavras, este valor dever ser recebido pela empresa at o final
do ano de 2007. J R$ 28.800 s sero recebidos pela empresa aps o
final de 2007, e por isto esto classificados como de longo prazo.
Ativo permanente
O ativo permanente composto de trs subgrupos: investimentos,
imobilizado* e diferido.No subgrupo de investimentos, encontram-se os recursos aportados
em outras entidades sob a forma de participao no capital de longo
prazo. Devem possuir a caracterstica de serem permanentes, tendo o
perfil de longo prazo. As aplicaes em fundos de aes ou em peque-
nas quantidades de aes, sem a caracterstica de longo prazo, devem
ser consideradas no ativo circulante.
O imobilizado inclui ativos como terrenos, mquinas, equipamen-
tos, computadores, mveis, instalaes e prdios. a infra-estrutura que
a entidade possui para usar no processo de produo.
O ativo diferido so os valores aplicados com a finalidade de aju-
dar a formar o resultado em mais de um perodo futuro. Um exemplo de
ativo diferido uma pesquisa feita pela entidade para desenvolver um
produto futuro. Os montantes gastos com esta pesquisa devem constar
do diferido, j que se espera que essa pesquisa possa influenciar os re-
sultados da entidade nos prximos anos. Outro exemplo de uma enti-
dade que est abrindo uma filial. Os gastos de implantao dessa filial
so considerados como ativo diferido.
Passivo circulante
O passivo circulante engloba as obrigaes da entidade com ter-
ceiros que devem ser quitadas at o final do prximo exerccio social.
GLOSSRIO*Imobilizado subgrupo do ativopermanente que in-clui terrenos, mqui-nas, equipamentos,computadores, m-veis, instalaes eprdios. Representa ainfra-estrutura que aentidade utiliza no seuprocesso produtivo.
Mdulo 3
49
Se o circulante aumen-
ta e o exigvel diminui,
isso pode ser uma
reclassificao.
Correspondem s obrigaes de curto prazo da entidade, que devem ser
quitadas rapidamente.
Em geral, o passivo circulante composto de emprstimos e fi-
nanciamentos a pagar, fornecedores, tributos, salrios e encargos, divi-
dendos e outros itens a pagar. Considere, a ttulo de exemplo, os forne-
cedores da Simo (Quadro 20). No dia 31 de dezembro de 2006, a em-
presa possua um valor de fornecedores de R$ 15.360. Isto corresponde
a dvidas com fornecedores de insumos que a empresa dever quitar at
o final de 2007.
Por representar obrigaes que devero ser quitadas no curto pra-
zo, o usurio deve estar atento capacidade da entidade em quit-las.
Caso isto no ocorra, a entidade torna-se insolvente, colocando em ris-
co sua continuidade.
Passivo exigvel em longo prazo
A grande diferena entre o passivo circulante e o passivo exigvel
em longo prazo refere-se ao prazo do vencimento da obrigao. A obri-
gao classificada no passivo exigvel em longo prazo dever ser paga
aps o final do prximo exerccio social.
Uma dvida de uma entidade que esteja atualmente inserida nesse
grupo poder ser classificada como circulante no prximo balano soci-
al, caso seu vencimento passe a ser de curto prazo.
Resultados de exerccios futuros
O grupo de resultados de exerccios futuros corresponde a valores
que a entidade recebeu de forma antecipada e que vo corresponder, no
futuro, a uma receita. Esses montantes correspondem a receitas deduzidas
das despesas associadas.
50
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Quando o patrimnio
lquido fica negativo,
esse grupo apresen-
tado do lado esquerdo
do balano.
GLOSSRIO*Reservas sub-grupo do patrimniolquido. Refere-se avalores que so dei-xados na entidadepara uma eventualnecessidade.
*Capital social re-cursos aplicados naentidade pelos acio-nistas.
Esse grupo foi criado pela legislao brasileira e tem causado po-
lmica desde ento. Existe uma tendncia de no utilizao desse grupo
por parte das entidades, devendo desaparecer numa reforma da legisla-
o brasileira. Para fins de anlise, comum somar os valores deste
grupo com os do patrimnio lquido.
Patrimnio lquido
So os recursos dos acionistas e por esta razo tambm recebem a
denominao de capital prprio. composto do capital social, das re-servas* e do lucro (prejuzo) acumulados.
O capital social* diz respeito ao montante que foi aplicado naentidade pelos acionistas. Estes recursos aplicados podem ter sido em
dinheiro ou outro ativo, mediante a compra de aes, ou por meio da
reteno de lucros e transformao em capital.
As reservas, conforme o nome j indica, referem-se a recursos
que se deixam na entidade para uma eventual necessidade. Existe uma
legislao que detalha como e quando se tem uma reserva numa entidade.
A conta de lucro (prejuzo) acumulado so os valores que a enti-
dade teve como resultado, apurado na demonstrao do resultado dos
ltimos exerccios, e que ainda no tm uma definio do seu destino.
Os valores desta conta podem ser distribudos (so os dividendos) ou
aplicados na prpria entidade (capital social ou reservas). Na denomi-
nao, tambm aparece a palavra prejuzo, entre parnteses, indican-
do que o valor pode ser negativo.
Utilizando as demonstraes financeiras
Vamos agora nos concentrar na anlise das demonstraes finan-
ceiras. Geralmente, a anlise realizada com auxlio de ndices.
Mdulo 3
51
Anlise de ndices
ndices ou indicadores so relaes entre dois ou mais itens das
demonstraes financeiras. Os mais conhecidos ndices so estabeleci-
dos na literatura especializada, mas isto no impede que novos ndices
sejam criados e usados regularmente pelos especialistas.
Para mostrar a importncia da utilizao de ndices na anlise,
considere o ativo circulante. Fazem parte deste grupo do balano
patrimonial itens que sero transformados em moeda corrente at o final
do prximo exerccio social. Um analista, quando observa um balano
de uma entidade, deseja saber se os montantes do ativo circulante so
razoveis ou no.
Suponha o caso da Simo Consultores, que possua um ativo
circulante de R$ 102 mil no final de 2006 (vide no Quadro 20). Uma
possibilidade de saber se este montante de ativo adequado ou no
comparar com as dvidas de curto prazo, ou seja, o passivo circulante.
No caso da Simo Consultores, o valor do passivo circulante de R$
68.880. Podemos perceber que o total do ativo circulante maior que o
passivo circulante. Para que a comparao seja mais adequada, usamos
dividir o ativo circulante pelo passivo circulante, resultando num ndice
denominado de liquidez corrente. Fazendo as contas para a Simo, te-
mos: R$ 102.000/68.880 1,48. Isso significa que o valor do ativo
circulante representa 1,48 vezes mais que o passivo circulante.
A vantagem de usar ndices para analisar uma entidade decorre da
possibilidade de fazer uma comparao com outras entidades, comparar
o desempenho da entidade com valores mdios de entidades de um de-
terminado setor e permitir uma comparao do ndice ao longo do tem-
po. Observe que o ndice de liquidez corrente* permite analisar o ativocirculante e o passivo circulante por meio de uma medida relativa de
comparao (o nmero 1,48 no possui uma unidade que o representa).
Vamos estudar alguns dos ndices mais comuns que so obtidos a
partir das demonstraes financeiras. Em virtude da grande quantidade
de ndices possveis de serem obtidos, a anlise aqui apresentada ser
limitada a um estudo mais abrangente da entidade. Usaremos, para
exemplificar nossa explicao, o caso da Simo Consultores.
GLOSSRIO*Liquidez corrente ndice calculadopela diviso do ati-vo circulante pelopassivo circulante.Mede a relao deativos de curto pra-zo com as obriga-es que a entidadedeve honrar at o fi-nal do prximoexerccio social.
52
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Como uma entidade decide o que apresentar para o usu-rio? Qual o formato da informao? Como deve ser amensurao? Para responder a estas perguntas, so neces-srias regras contbeis. No mundo, o organismo respons-vel pela formulao das normas contbeis o InternationalAccounting Standards Board (IASB). Fazem parte do IASBos mais importantes pases, inclusive o Brasil.
Utilizando a demonstrao do resultado
A demonstrao do resultado mostra se uma entidade est obten-
do lucro ou no. Sabendo que, provavelmente, uma das finalidades da
empresa Simo gerar resultado positivo para os seus investidores, a
anlise dessa demonstrao pode ser til. Ela pode ser feita se for estu-
dada a evoluo do desempenho no tempo. O Quadro 21 mostra essa
demonstrao no nosso exemplo.
Quadro 21: Demonstrao do resultado da Simo ConsultoresFonte: elaborado pelo autor
Mdulo 3
53
Para analisar esta demonstrao, comecemos pelo lucro lquido
da empresa. possvel verificar que ele aumentou no perodo. As ra-
zes deste fato podem estar na receita e/ou nas despesas. Observe que a
receita da empresa aumentou no perodo em 25%. Tambm possvel
observar que as despesas aumentaram no perodo, mas a uma taxa de
22%. Obviamente, nem todas as despesas aumentaram nesta proporo,
e o custo dos servios prestados e as despesas com impostos aumenta-
ram, e as despesas operacionais diminuram.
Alm desta anlise, podemos calcular alguns ndices para a em-
presa. Como a demonstrao do resultado apresenta o desempenho da
empresa, os ndices obtidos a partir dessa demonstrao so denomina-
dos ndices de rentabilidade. Vamos calcular dois destes ndices: a mar-
gem lquida e o giro do ativo.
Margem lquida: um ndice que relaciona o resultado daentidade com a sua receita. Em geral, este ndice apresenta-do em percentagem e mensura quanto a entidade gerou deresultado para cada unidade de receita obtida. O valor finaldesse indicador varia de acordo com o setor de atuao daentidade. Por esta razo, interessante fazer uma compara-o do desempenho da entidade com o de outras do mesmosetor. O Quadro 22 apresenta o clculo da margem lquidapara os dois perodos (2005 e 2006).
Podemos observar que a margem lquida da Simo foi de 4,61%
em 2006. Isto significa que, de cada R$ 100 de receita, a empresa gerou
R$ 4,61 de lucro para os acionistas. O valor do ltimo ano superior ao
do ano anterior, quando a margem foi de 2,25%.
Quadro 22: Margem lquida da SimoFonte: elaborado pelo autor
54
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
O Quadro 23 apresenta a margem lquida de algumas empresas
brasileiras de diferentes setores. Observe que o desempenho bastante
variado entre as empresas, com casos de alta rentabilidade (Vale do Rio
Doce, Petrobrs, Votorantim, Embraer e Cosern) e casos de empresas
que apresentam um desempenho ruim (especialmente Hopi Hari, com
prejuzo em todos os anos).
GLOSSRIO*Giro do ativo n-dice que relaciona areceita pelo ativo.Mede a capacidadeda entidade detransformar o lucrolquido em caixa.
Quadro 23: Margem lquida de algumas empresas brasileirasFonte: CVM
Giro do ativo: este ndice mensura a capacidade da empresaem gerar receita com os ativos que possui. Para obter essevalor, basta dividir a receita pelo ativo no final do perodo.O nmero final indica quantas vezes o ativo da entidade con-seguiu gerar de receitas. Quando uma entidade trabalha comcapacidade ociosa ou no utiliza seus ativos de forma eficien-te, este ndice tende a ser menor. O Quadro 24 mostra o girodo ativo* para a empresa Simo.
Quadro 24: Giro do ativo da SimoFonte: elaborado pelo autor
Mdulo 3
55
Observe que o aumento da receita da empresa, que comentamos
anteriormente, fez com que o giro tambm aumentasse. Para cada uni-
dade monetria que tem investida em ativo, a Simo foi capaz de gerar
R$ 0,88 de receita. Este valor superior ao que foi obtido no ano ante-
rior, de R$ 0,74.
O Quadro 25 mostra o clculo do giro do ativo para algumas em-
presas brasileiras. Observe que o valor desse ndice varia de empresas
com baixo giro (Hopi Hari, Votorantim e Vale) para empresas com giro
mais elevado (Cia. Brasileira de Distribuio).
Quadro 25: Giro do ativo de algumas empresas brasileirasFonte: CVM
O clculo do giro do ativo mais controverso do que o damargem lquida. Alguns autores sugerem utilizar o ativomdio do perodo, geralmente obtido por meio da mdiasimples do ativo inicial e do ativo final. Outros propemtrabalhar somente com o ativo inicial. Optamos por utilizaro ativo final por uma questo de simplicidade nos clculos.De igual modo, alguns autores substituem o ativo pelo per-manente. Outros trabalham com o ativo menos certo itensdo passivo. A opo adotada aqui a mais usada.
O Quadro 26 apresenta um resumo do que estudamos at o mo-
mento nesta Unidade.
56
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Usando a demonstrao das mutaesdo patrimnio lquido
A demonstrao das mutaes do patrimnio lquido evidencia as
alteraes ocorridas no patrimnio lquido da entidade. Entre as altera-
es, destacam-se a destinao dos resultados do perodo, integralizao
do capital e aumento ou diminuio das reservas.
O resultado do perodo, informao obtida na demonstrao do
resultado, pode ser usado para aumentar o capital da entidade, aumentar
as reservas ou simplesmente distribuir aos acionistas.
O aumento de capital pode ser feito por meio da aquisio de aes
da entidade, em troca de recursos financeiros, ou por meio dos recursos
j existentes. Nesse caso, a entidade pode usar os lucros acumulados ou
as reservas, diminuindo esses e aumentando o capital social.
Quadro 26: Analisando a informao contbil:
demonstrao do resultadoFonte: elaborado pelo autor
Informao
Margem
lquida.
Giro do ativo.
O que significa?
Lucro lquido
dividido pela receita
lquida e multiplicado
por cem.
Receita sobre ativo.
Como analisar?
Qual o lucro para
cada unidade de
receita? Maiores
margens indicam
maiores rentabilidade.
Quanto est sendo
gerado de receita
para cada ativo
existente na
empresa? Valores
reduzidos pode ser
sinal de baixa
utilizao dos
ativos.
Questo
O resultado
obtido
adequado?
A entidade est
usando seus
ativos?
V L q
Mdulo 3
57
As reservas numa entidade devem ser feitas de acordo com o que
determina a legislao societria brasileira. Existem diferentes tipos de
reservas.
O Quadro 27 mostra esta demonstrao para a Simo Consulto-
res. Observe que so trs colunas que correspondem as trs grandes
contas do patrimnio lquido da empresa. Os valores apresentados so
coerentes com aqueles apresentados no Quadro 20. Podemos, inclusi-
ve, afirmar que a demonstrao das mutaes um detalhamento da
movimentao ocorrida no patrimnio lquido de uma entidade.
Do final de 2004 at o final de 2005, o patrimnio lquido da
Simo aumentou devido, principalmente, ao aumento de capital. J no
perodo seguinte, a movimentao do patrimnio ocorreu devido a trs
eventos: o resultado do perodo (confira que o valor est coerente com o
Quadro 21, a realizao de reservas e a distribuio de dividendos.
Observe que, num perodo de dois anos, a empresa distribuiu quase R$
10.000,00.
Quadro 27: Demonstrao das mutaes do patrimnio
lquido da SimoFonte: elaborado pelo autor
58
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Quando s apresenta-
mos a coluna
dos lucros acumula-
dos, temos a demons-
trao dos lucros
acumulados.
No Brasil, os montantes das contas de reservas so expres-sivos. Isso talvez ocorra devido existncia de certas nor-mas legais que exigem a criao de reservas ou as questesculturais. Em outros pases, em especial os de cultura an-glo-saxnica, a demonstrao das mutaes resume a mo-vimentao do capital e de lucros acumulados.
Usando o balano patrimonial
O Quadro 20 apresentou o balano da Simo Consultores S.A.
para duas datas: 31/12/2006 e 31/12/2005. Vamos analisar esse balano
e tambm fazer algumas relaes com a demonstrao do resultado sob
a tica da liquidez e do endividamento.
Liquidez
Obtm-se a liquidez corrente pela diviso entre o ativo circulante e
o passivo circulante. um ndice muito usado na anlise por relacionar os
ativos de curto prazo e os passivos de curto prazo. Tradicionalmente, a
liquidez corrente tem sido considerada uma medida de risco de uma enti-
dade. Um valor abaixo da unidade para este ndice significa que o volume
de obrigaes de curto prazo superior aos ativos de curto prazo.
Quadro 28: Liquidez corrente da SimoFonte: elaborado pelo autor
Mdulo 3
59
Conforme pode ser observado no Quadro 28, a liquidez da em-
presa aumentou no perodo de 0,93 para 1,48. No final de 2005, a em-
presa possua dvidas de curto prazo superiores aos ativos de curto pra-
zo. Um ano depois, as dvidas diminuram, e o ativo circulante aumen-
tou, o que levou a uma melhoria na liquidez corrente.
O Quadro 29 apresenta o clculo da liquidez corrente para algu-
mas empresas brasileiras. Duas empresas possuam uma liquidez redu-
zida: a Vale do Rio Doce e a Hopi Hari. A primeira empresa tem apre-
sentado uma elevada lucratividade (volte no Quadro 23 e confira). J a
Hopi Hari motivo de preocupao, pois uma empresa que tem apre-
sentado prejuzo (volte novamente ao Quadro 23 e verifique).
Quadro 29: Liquidez corrente de algumas empresas brasileirasFonte: CVM
Atividades
Alguns autores defendem que uma entidade deva possuir umaliquidez elevada para reduzir o risco. Chegam at a defender umaliquidez de 2. Baseado nos exemplos prticos apresentados, vocconsidera esta posio razovel?
60
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
possvel tambm
utilizar dvida sobre
patrimnio lquido.
Quanto maior o resul-
tado, maior o
endividamento.
Assim como os demais ndices anteriormente apresentados, a
liquidez corrente precisa ser considerada com cautela na anlise. Ape-
sar de uma elevada liquidez ser tida como adequada para uma entida-
de, muitas vezes pode tambm ser considerada um sinal negativo.
Liquidez elevada numa empresa comercial pode ser decorrente de ex-
cesso de estoque.
Endividamento
A anlise do endividamento uma observao detalhada do pas-
sivo da entidade. Em outras palavras, procuramos saber como a entida-
de est sendo financiada: recursos dos acionistas ou recursos obtidos
com terceiros (instituies financeiras, fornecedores, etc.); recursos de
longo prazo (passivo exigvel em longo prazo e patrimnio lquido) ou
curto prazo (passivo circulante). Ao usarmos os ndices de endividamento,
estamos interessados em saber da capacidade que a entidade tem em
cumprir suas obrigaes com terceiros. Por essa razo, os ndices de
endividamento tambm so conhecidos como ndices de solvncia.
Dvida sobre ativo total
O ndice da dvida sobre ativo total calculado dividindo a soma
do passivo circulante e do exigvel em longo prazo (obrigaes da enti-
dade com terceiros) pelo ativo total. Com esse ndice, analisamos quan-
to de recursos de terceiros a entidade est usando para financiar seus
ativos. Geralmente, expressamos esse ndice em percentagem. Resulta-
dos maiores indicariam maiores endividamentos, podendo significar
maior nvel de risco.
O Quadro 30 apresenta o clculo desse ndice para a Simo Con-
sultores S.A. Como pode ser notado, o nvel de endividamento da em-
Mdulo 3
61
presa no se alterou de forma expressiva nas duas datas. Cerca de meta-
de do ativo financiado com recursos de terceiros.
Quadro 30: Dvida sobre ativo da SimoFonte: elaborado pelo autor
Como podemos saber se a empresa est endividada ou no? Uma
alternativa buscar resposta nas outras empresas. O Quadro 31 apre-
senta o resultado de algumas empresas selecionadas. Como pode ser
observado, a maior parte das empresas possuem uma dvida sobre ativo
acima de 50%. Em algumas, esse ndice reduziu nos ltimos anos
(Petrobrs, por exemplo), e em outras, o ndice aumentou (Votorantim).
O valor do ndice para a empresa Hopi Hari ultrapassa a 100%.
Isto sinal de que essa empresa tem patrimnio lquido negativo, co-
nhecido tecnicamente como passivo a descoberto. Isto pode ocorrer
quando a empresa no est gerando lucro nos ltimos anos, fazendo
com que o sinal de lucros (prejuzos) acumulados seja negativo.
Quadro 31: Dvida sobre ativo de algumas empresas brasileirasFonte: CVM
62
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Observe como um
ndice complementa a
anlise feita por outro.
Ao fazer a anlise desse ndice, devemos considerar outras vari-
veis que podem afetar o resultado. Uma empresa que possui acesso fcil
ao sistema financeiro pode apresentar um ndice maior. J uma empresa
que atua num setor instvel deveria ter uma dvida sobre ativo menor.
Perfil da dvida
O ndice do perfil da dvida* analisa a composio doendividamento da entidade. Obtemos este ndice por meio da diviso do
passivo circulante pelo exigvel em longo prazo, ou seja, as obrigaes
de curto prazo pelas obrigaes de longo prazo. Quanto maior o ndice,
maior a utilizao de obrigaes de curto prazo. Nesse caso, o risco
tende a aumentar, j que a entidade deve quitar as obrigaes de curto
prazo em data prxima.
GLOSSRIO*Perfil da dvida ndice que mede a re-lao entre passivocirculante e exigvelem longo prazo. Indi-ca quanto a entidadepossui de dvida decurto prazo (passivocirculante) para cadaR$ 1 de exigvel emlongo prazo.
Quadro 32: Perfil da dvida da SimoFonte: elaborado pelo autor
O Quadro 32 mostra o clculo do ndice para a Simo Consulto-
res S.A. Observe como a anlise ficou mais rica. Pelo ndice anterior,
conclumos que o nvel de endividamento da empresa no tinha sofrido
grande alterao. Entretanto, quando se compara com o perfil da dvida,
percebemos que ocorreu uma grande transformao. No final de 2005,
a dvida estava concentrada no curto prazo. Um ano depois, a situao
mudou com a reduo do passivo circulante e o aumento do exigvel em
longo prazo. Em outras palavras, apesar de o endividamento no ter se
alterado, melhorou o perfil da dvida.
Mdulo 3
63
O Quadro 33 apresenta o perfil da dvida para algumas empresas
brasileiras. A maioria das empresas possui uma dvida concentrada no
longo prazo (o ndice menor que a unidade). Ao final de 2006, a nica
exceo era a Embraer. No entanto, observando o comportamento des-
se ndice para a Embraer, possvel notar uma evoluo no sentido de
melhoria no perfil da dvida.
Em geral, desejvel que o perfil da dvida seja o menor possvel,
pois isso tende a reduzir o risco. No entanto, isso deve ser analisado em
conjunto com outros fatores, como o caso do custo de captao dos
recursos. Caso o custo dos recursos de curto prazo (passivo circulante)
seja menor que o de longo prazo (exigvel em longo prazo), um perfil da
dvida maior pode ser uma alternativa adequada.
O Quadro 34 apresenta os trs ndices do balano patrimonial que
estudamos na Unidade.
Quadro 33: Perfil da dvida de algumas empresas brasileirasFonte: CVM
64
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Usando a demonstrao dos fluxos de caixa
A demonstrao dos fluxos de caixa uma importante fonte de
informao de uma entidade. Com essa informao, os usurios passam
a conhecer o que ocorreu com o caixa da entidade. importante salien-
tar o significado do termo caixa. Ele aqui usado de forma abrangente,
compreendendo os recursos da entidade em moeda corrente (o dinheiro
existente na caixa registradora), os valores na conta-corrente da entida-
de e aquelas aplicaes financeiras de curto prazo (fundos, CDBs, entre
outras). Representa os recursos que a entidade pode dispor de imediato
e por esta razo tambm denominado de disponibilidade.
A legislao brasileira determina que alguns tipos de em-presas so obrigadas a preparar uma demonstrao deno-minada de Demonstraes das Origens e Aplicaes de
Quadro 34: Analisando a informao contbil: balano patrimonialFonte: elaborado pelo autor
Informao
Liquidez corrente
= ativo circulante/
passivo circulante.
Dvida sobre
ativo = (passivo
circulante +
exigvel em longo
prazo)/ativo.
Perfil da dvida =
passivo
circulante/
exigvel em
longo prazo.
O que significa?
Quanto possui de
ativo circulante em
relao ao passivo de
curto prazo.
Quanto do ativo est
sendo financiado por
capital de terceiros.
Qual a proporo de
capital de terceiros de
curto prazo em
relao ao capital de
longo prazo.
Como analisar?
Maiores valores
indicam maior
liquidez.
Quanto maior o
ndice, maior o
nvel de
endividamento.
Quanto maior o
ndice, maior o uso
de capital de
terceiros de curto
prazo.
Questo
Como est a
liquidez da
entidade?
A entidade est
muito
endividada?
Qual o perfil
da dvida da
entidade?
V L q
Mdulo 3
65
Recursos (DOAR). A qualidade das informaes contidasnas DOAR , em geral, baixa. Alm disso, existe um con-senso de que a lei brasileira deve ser alterada, substituindoas DOAR pela demonstrao dos fluxos de caixa.
Para uma anlise mais adequada, costume separar os pagamen-
tos e recebimentos em trs grandes grupos:
atividades operacionais: esto diretamente vinculadas ao re-cebimento e pagamento relacionado com as operaes daentidade: salrios, aluguel, seguros, fornecedores, vendas,entre outros itens. Representa a movimentao financeira dasoperaes de uma entidade;
atividades de financiamento: esto vinculadas captao derecursos junto a instituies financeiras e acionistas, e a re-munerao desses recursos (dividendos e juros, principalmen-te). Os recursos que a entidade obtm nas suas operaes eno seu financiamento so usados para investimentos* daentidade; e
atividades de investimento: geram conseqncias para a enti-dade por mais de um perodo e incluem transaes envolven-do prdios, terrenos, equipamentos, entre outros.
O Quadro 35 contm a demonstrao dos fluxos de caixa para a
Simo Consultores S.A. A linha mais importante dessa demonstrao
o fluxo das atividades operacionais. Os usurios esperam que uma
entidade possa gerar caixa (dinheiro) com suas operaes, pelo menos
em mdio e longo prazos. Caso isso no ocorra, a entidade precisar
de financiamentos, vender seus investimentos ou queimar a reservar
existente de caixa. Geralmente, uma entidade deve conseguir em m-
dio e longo prazos gerar caixa com suas atividades operacionais. Des-
sa forma, a parte da anlise dessa demonstrao se concentra nessa
linha. Observe esta linha da empresa Simo e comprove se a entidade
gerou caixa positivo.
GLOSSRIO*Investimentos subgrupo do ativopermanente. Recur-sos que a entidadeaportou em outrasentidades que pos-suem perfil de longoprazo, sem caracte-rstica especulativa.
66
Curso de Graduao em Administrao a Distncia
Existem situaes em que razovel supor um fluxo negativo
das atividades operacionais. Uma delas quando a entidade est co-
meando suas atividades; nesse caso, muito difcil gerar caixa com
suas operaes, sendo necessrio buscar recursos de financiamentos
ou dos acionistas.
Voltemos ao caso da Simo Consultores S.A. No ano de 2005, o
fluxo de financiamento foi negativo e relativamente reduzido. No ano
seguinte, a empresa teve um fluxo positivo, influenciado pela obten-
o de novos emprstimos. Em ambos os anos, a empresa fez investi-
mentos permanentes, o que razovel.
Quadro 35: Demonstrao do fluxo de caixa da Simo ConsultoresFonte: elaborado pelo autor
Vamos apresentar dois ndices para anlise dessa demonstrao.
Cobertura de dvidas: obtida pela relao entre o fluxodas atividades operacionais e o passivo circulante da entida-de. Seu uso tem por finalidade verificar se os recursos prove-nientes das atividades so suficientes para quitar as dvidasda entidade. O interesse verificar se a entidade possui ca-pacidade de quitar suas dvidas somente com o caixa geradonas operaes.
Mdulo 3
67
Observe que o fluxo de caixa das atividades operacionaispode tanto apresentar um valor positivo quanto um valor ne-gativo. Quando o valor negativo, o ndice de cobertura dedvidas* pode ser substitudo pelo ndice queima do caixa.Esse ndice relaciona o fluxo negativo com o saldo final decaixa e busca mostrar at quando a enti