Apostila de Filosofia 20121

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    ndice

    Aula 1Conceito e Objetivo da Filosofia........................................... 041.1 As Conotaes Essenciais da Filosofia Antiga........................ 041.2 O Contedo da Filosofia.......................................................... 04

    1.3 O Mtodo da Filosofia............................................................. 051.4 O Objetivo da Filosofia............................................................. 051.5 A Filosofia como Necessidade Primria do Esprito Humano.. 061.6 Concluses sobre o Conceito Grego de Filosofar.................... 06

    Aula 2 Arthur Schopenhauer ......................................................... 082.1 Vida e Obra ............................................................................. 082.2 Pensamento Schopenhauer..................................................... 092.3 O mundo como Vontade e Representao.............................. 112.4 Teoria do Conhecimento (o mundo como representao) ..... 112.5 Filosofiada Natureza (o mundo como vontade)....................... 12

    2.6 A metafsica do Belo (objeto da arte)....................................... 12

    2.7 A tica (afirmao ou negao da vontade).............................. 13 Aula 3 Scrates................................................................................ 153.1 Vida e Obra .............................................................................. 153.2 Pensamento Scrates ............................................................. 17 Aula 4 As Formas da Vida Grega que Prepararam o NascimentoFilosofia.........................................................................................

    21

    4.1 Os Poemas Homricos e os Poetas Gnmicos..................... 224.2 A Questo do Orfismo........................................................... 24

    4.3 Concluso Mundo Grego......................................................... 25 Aula 5 Plato ................................................................................ 275.1 Vida e Obra ............................................................................. 275.2 Pensamento Plato ................................................................ 285.3 Plato e a Metafsica .............................................................. 295.4 Os Nveis da Realidade .......................................................... 305.5 O Mito da Caverna.................................................................. 30 Aula 6 Aristteles .......................................................................... 336.1 Vida e Obra ............................................................................. 336.2 Pensamento Aristteles .......................................................... 346.3 Conceitos de Lgica e tica..................................................... 37

    Aula 7 Karl Marx.............................................................................. 417.1 Vida e Obra............................................................................... 417.2 O Marxismo...............................................................................7.3 Uma Rpida Passagem Pelas Lutas de Classes......................

    4648

    7.4 A Questo da Mais Valia........................................................... 497.5 Marx e a Burguesia................................................................... 508 Bibliografia..................................................................................... 54

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Naturezahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Belezahttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89ticahttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89ticahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Belezahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Naturezahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia
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    1 Conceito e Objetivo da Filosofia Antiga

    A filisofia ( = amor pela sabedoria) tem por objetivo a totalidade das coisas (toda arealidade, o todo) e nisto confina com a religio; usa um mtodo racional, e nisto temcontatos com a cincia (com a qual por certo se identifica); alm disso, tem como escopo

    a pura contemplao da verdade, ou seja, o conhecimento da verdade enquanto tal, enisto se diferencia das artes, que tem intuito prevalentemente prtico.

    A contemplao da verdade, que aspirao natural do homem, vista comofundamento da moral e tambm da vida poltica no seu mais alto sentido, e os filsofosconsideram-na o momento supremo da vida do homem, fonte da verdadeira felicidade.

    1.1 As Conotaes Essenciais da Filosofia Antiga

    Conforme a tradio, o criador do termo filo-sofia, foi Pitgoras, o que, embora

    no sendo historicamente seguro, no entanto verossmil (verdadeiro). O termocertamente foi marcado por um esprito religioso, que presuponha ser possvel s aosdeuses uma sofia (sabedoria), ou seja, a posse certa e total do verdadeiro, enquantoreserva ao homem apenas mais uma tendncia sofia, uma contnua aproximao doverdadeiro, um amor ao saber nunca totalmente saciado, de onde, justamente, o nomefilosofia, ou seja, amor a sabedoria?

    Desde seu nascimento, a filosofia apresentou trs conotaes, referentes:

    a) Ao seu contedo;

    b) Ao seu mtodo;

    c) Ao seu objeto.

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    1.2 O Contedo da Filosofia

    No que se refere ao contedo, a filosofia quer explicar a totalidade das coisas , ouseja, toda a realidade , sem excluso de partes ou momentos dela. A filosofia, por tanto, sedistingue das cincias particulares, que assim se chamam exatamente porque se limitam aexplicar partes ou setores da realidade, grupos de coisas ou de fenmenos. E a perguntadaquele que foi considerado como o principio dos filsofos, qual o princ pio de todasas coisas?, mostra a perfeita conscincia desse ponto. A filosofia, por tanto, prope -secomo objeto a totalidade da realidade e do ser. E, como veremos alcana a totalidade darealidade e do ser precisamente descobrindo a natureza do primeiro princpio, isto , oprimeiro por que das coisas.

    1.3 O Mtodo da Filosofia

    No que se refere ao mtodo, filosofia procura ser explicao puramenteracional daquela totalidade que tem por objeto. O que vale em filosofia o argumentoda razo, a motivao lgica, o logos. No basta filosofia constatar, determinar dados defato ou reunir experincias: ela deve ir alm do fato e das experincias, para encontrar acausa ou as causas apenas com a razo. justamente este o carter que conferecientificidade filosofia. Pode-se dizer que tal carter comum tambm s outrascincias, que enquanto tais, nunca so mera constatao emprica, mas so semprepesquisas de causas e de razes. A diferena, porm, est no fato de que, enquanto ascincias particulares so pesquisas racionais de realidades e setores particulares, afilosofia, pesquisa racional de toda a realidade (do princpio ou dos princpios de todarealidade).

    Com isso, fica esclarecida a diferena entre filosofia, arte e religio. A grande arte eas grandes regies tambm visam a captar o sentido da totalidade do real, mas elas ofazem, respectivamente, uma, com o mito e a fantasia, outra, com crena e a f, ao passoque a filosofia procura a explicao da totalidade do real precisamente em nvel de logos.

    1.4 O Objetivo da Filosofia

    O escopo ou fim da filosofia esta no puro desejo de conhecer e contemplara verdade. Em suma, a filosofia grega desinteressada pelo amor pela verdade.

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    Conforme escreve Aristteles, os homens, ao filosofar, buscam o conhecera fim de saber e no para conseguir alguma utilidade prtica . Com efeito, a filosofianasceu apenas depois que os homens resolveram os problemas fundamentais dasubsistncia e se libertaram das necessidades matrias mais urgentes.

    E Aristteles conclui: Portanto, vidente que ns no buscamos a filosofiapor nenhuma vantagem a ela estranha. Ao contrrio, vidente que, como consideramoshomem livre aquele que fim para si mesmo, sem este submetido a outros, da mesmaforma, entre todas as outras cincias, s a esta consideramos livres, pois s ela fim a simesma.

    fim a si mesma porque tem por objetivo a verdade, procurada,contemplada e desfrutada como tal. Compreendemos, portanto, a afirmao deAristteles: Todas as outras cincias no sero mais necessrias do que esta, mas

    nenhuma ser superior. Uma afirmao que todo o helenismo tornou prpria.1.5 A Filosofia comoNecessidade Primria do Esprito Humano

    Algum poder perguntar: por que o homem sentiu a necessidade defilosofar? Os antigos respondiam que tal necessidade se enraza estruturalmente naprpria natureza do homem. Escreve Aristteles: Por natureza todos os homens aspiramao saber. E ainda: Exercita a sabedoria e o conhecimento por si mesmo desejvel aoshomens: com efeitos, no possvel viver como homens sem es sas coisas.

    E os homens tendem, a saber, ao por que se sentem cheios de espanto oude maravilha mento. Diz Aristteles: Os homens comearam a filosofar, como agoraquanto na origem, por causa do maravilhamento: no princpio, ficavam maravilhadosdiante das dificuldades mais simples; em seguida, progredindo pouco a pouco, chegaram ase colocar problemas maiores, como os relativos aos fenmenos da lua, do sol e dosastros e, depois, os problemas relativos origem de todo o universo .

    Assim, a raiz da filosofia precisamente esse maravilhar -se, surgido nohomem que se defronta com o Todo (a totalidade). Por essas razes, portanto, podemosrepetir, com Aristteles, que no apenas na origem, mas tambm agora e sempre, a

    antiga pergunta sobre o todo sentido ter sentido enquanto o homem se maravilhardiante do ser das coisas e adiante do seu prprio ser.

    1.6 Concluses sobre o Conceito Grego de Filosofar

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    Impe-se aqui uma reflexo. A contemplao, peculiar filosofia grega,no um otium vazio. Embora no se submeta a objetivos utilitaristas, ela possuirelevncia moral e tambm poltica de primeira ordem. Com efeito, evidente que, ao secontemplar o todo, mudam necessariamente todas as perspectivas usuais, muda a visodo significado da vida do homem, e uma nova hierarquia de valores se impe.

    Em resumo, a verdade contemplada infunde enorme energia moral. E, com baseprecisamente nessa energia moral Plato quis construir seu Estado ideal.

    Entretanto, resultou evidente a absoluta, originalidade dessa criao grega.Os povos orientais tambm tiveram uma sabedoria que tentava interpretar o sentido detodas as coisas (o sentido do todo), mas no submeteram a objetivos pragmticos. Talsabedoria, porm, esta permeava de representaes mticas o que levava para a esfera daarte, da poesia ou da religio. Ter tentado essa aproximao com o todo fazendo uso

    apenas da razo (do logos) e do mtodo racional, pois, podemos concluir, a grandedescoberta da filo -sofia grega. Uma descoberta que, estrutural mente e de modoirreversvel, condicionou todo o Ocidente.

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    2 Arthur Schopenhauer

    2.1 Vida e Obra

    Schopenhauer nasceu em Danzig, 22 de fevereiro de 1788, cidade consideradalivre, e morreu em Frankfurt, 21 de setembro de 1860. Seu pensamento caracterizadopor no se encaixar em nenhum dos grandes sistemas de sua poca, est entre as maismagnficas na lngua alem, um filosofo do sculo XIX. Sua filosofia conhecida pelopessimismo, o oposto de Hegel, a quem desprezava.

    Filho de um rico comerciante, Heinrich Schopenhauer, homem de grande

    integridade moral (embora seu filho discordasse) que era tambm banqueiro, conselheiroda corte e queria que o filho seguisse a carreira do comrcio por isso tratou de coloc-lopara estudar francs, na casa de um amigo comerciante que morava na Frana. Nessafase, diz Schoupenhauer, vivi a parte mais feliz de minha infncia. Aprendeu francs a

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    ponto de esquecer sua lngua nativa. Mais tarde, tambm aprendeu ingls quando passouum tempo em Londres. Schoupenhauer no queria ser comerciante. Sentia uma fortetendncia para a filosofia, que considerava a cincia dos verdadeiros sbios.

    Estudou em colgios de padres; depois desistiu dos estudos e economia e, antes

    da morte de seu pai, viajou por vrios pases da Europa, aprendendo nesta ocasio oingls. H indcio de que o pai de Schoupenhauer tenha se suicidado, pois seu corpo foiencontrado num canal de Hamburgo. A me de Schopenhauer se chamava Joana. Eraescritora popular e romancista e realizava reunies literrias na casa da famlia. No serelacionava muito bem com seu esposo. Depois da morte de seu pai, mudou-se com ame para Weimar, com quem sempre se desentendia. Tinha certa repugnncia pelosfilsofos que vendiam suas ideias. importante salientar que Shoupenhauer tinhatemperamento forte. Nas oportunidades de sua vida, tentou estudar medicina, masdesistiu do curso e dedicou-se filosofia. Teve forte influncia das ideias de Kant (filosfo

    do racionalismo) e Plato. Alm disso, foi aluno de alguns dos grandes pensadores de seutempo: Wolf, Ficher e Schlecermarcher, este ltimo ardentemente hegeliano. A tese dedoutorado de Sc houpenhauer foi sobre a Raiz Quadrada do Princpio da RazoSuficiente. Ela foi tema de interesse de Goethe que, a partir de ento, tornou-se grandeamigo de Schoupenhauer essa amizade foi rompida posteriormente. Ambosencontravam-se continuamente para discutir sobre o tema das cores.

    A principal obra desse filsofo foi O Mundo Como Vontade e Representao foiescrita em 1819, mas s foi editada, com a ajuda de um amigo, no ano de 1848. Ele foi oprimeiro filsofo a introduzir o Budismo (religio e filosofia oriental que busca a superaodo sofrimento humano) e o pensamento indiano na metafsica alem. Lecionando emBerlim, as aulas de Shoupenhauer eram pouco prestigiadas pelos alunos, ao contrrio dasaulas de Hegel que eram lotadas. Coisa que provocava inveja por parte deShoupenhauer. Ao fim de sua vida, esse filsofo viveu recluso e em extrema solido nacidade de Frankfurt, sem muitos amigos. Alis, durante toda sua vida teve poucos amigos,pois no cultivava muito suas amizades.

    2.2 Pensamentos Schopenhauer

    Para compreender a antropologia (noo de homem) schopenhauriana necessrio entender sua noo de mundo. Em sua obra, Schoupenhauer afirma que omundo um fenmeno (acontecimento), uma representao, portanto, uma aparnciaque pode conduzir ao engano. Aqui se encontram algumas influncias da filosofia

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    kantiana. As formas do mundo so espao, tempo e causalidade. Tal como na concepode Kant (exceto a noo de causalidade), essas formas ordenam e elaboram as sensaes. dessa maneira que se apreende o mundo. Mas importante entender que no mundoexistem objetos (orgnicos e inorgnicos) e, cada um desses objetos, inclusive o homem,se manifesta como vontade de ser .

    Schopenhauer identifica a vontade como uma fora impessoal que controla todasas coisas, inclusive ns. Enquanto que no mundo em que vivemos, as coisas nos aparecemde forma diversa, h uma pluralidade, a vontade a fora nica que est por trs de tudoo que vemos e ela nos rege (controla). O Universo , portanto, um grande impulsocsmico para a existncia manifestada em seres conscientes particulares, isto , nssomos manifestao da vontade inconsciente que rege todo o Universo. A vontade produzdesejos nunca totalmente saciveis, e como estamos sujeitos ao seu controle, no temosdomnio sobre nossas prprias vidas, da o famoso pessimismo de Schopenhauer. Dessaforma, os obje tos do mundo so, por assim dizer, uma objetivao da vontade de ser .Sendo assim, o homem, como objeto no mundo, tambm se apresenta como vontade deviver. Essa vontade ilimitada e apreendida pela intuio. Mas, conveniente salientarque, por ser ilimitada, a vontade tambm insacivel, por isso gera sofrimento, por issoSchopenhauer diz que: A vida um processo de contnuo sofrimento para o qual a artepode ser uma trgua temporria. A nica coisa que alivia a dor da vontade parece ser oprazer. Mas este momentneo e consiste numa cessao da dor. Destas brevesconsideraes sobre o homem, o mundo e a vontade, a nica concluso que se pode tiraracerca da vida que ela sofrimento. A soluo para acabar com a dor de viver ,

    segundo Schoupenhauer, a anulao da vontade. Porm, para que isso ocorra necessrio que o homem tenha conscincia da realidade, do joguete que a existncia lheimpe, para, somente depois de tomar conscincia, se preparar para a ascese (conjuntode exerccios de meditao religiosa ou melhoria corporal) que, s possvel atravs decinco maneiras.

    1) Arte ou da Experincia Esttica: Tendo como base a msica. Para Schoupenhauera arte faz com que a vontade torne-se objetiva. Trata-se de uma materializao oucoisificao do querer que possibilita a transformao da vontade em algo

    objetivado.

    2) Noo de justia : entendida como o reconhecimento da vontade dos outros seres.Atravs da justia possvel haver igualdade entre os seres. Quando isso acontece,avana-se para a terceira etapa:

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    um intermedirio, o qual Schopenhauer identifica com a "idia platnica". A ideia a "objetivao adequada da vontade" em determinado grau de objetivao. Esses grauscrescem em complexidade, cada um objetivando a vontade de forma mais completa edetalhada. Mas a totalidade do mundo como representao, a qual o "espelho davontade" s existe na manifestao concomitante e recproca das diferentes ideias, asquais disputam a matria escassa para manifestarem suas respectivas caractersticas.

    2.5 Filosofia da Natureza (o mundo como vontade)

    As formas superiores assimilam as inferiores e as subjugam ("assimilao pordominao"), at que elas prprias so vencidas pela resistncia das inferiores esucumbem (eis a morte), devolvendo a elas a matria delas retirada e permitindo-lhesexpressar as suas caractersticas a seu prprio servio (eis o ciclo da natureza). Entre todasas ideias, e portanto, entre todas as formas de vida e foras naturais, mantm-se "guerra

    eterna". Devido a essa eterna luta, os objetos nunca conseguem expressar suasrespectivas ideias de forma perfeita, eles apresentam-se sempre com um certo"turvamento" (perda da transparncia), por isso que apenas as ideias so objetividadesadequadas da vontade.

    Schopenhauer utiliza a palavra representao para designar a ideia ou imagemmental de qualquer objeto vivenciado como externo mente.

    2.6 Ametafsica do Belo (objeto da arte)

    No terceiro livro estuda-se a arte, a qual permite o conhecimento darepresentao independentemente do princpio de razo. No momento da contemplaoesttica o objeto preenche completamente a conscincia do sujeito. A consequnciaobjetiva o conhecimento completamente objetivo do objeto, o qual passa a categoria deideia (objetividade adequada da vontade); a consequncia subjetiva o autoesquecimento do indivduo, o qual passa a categoria de pura faculdade cognitiva (purosujeito do conhecimento), da (desse auto esquecimento, quando o conhecimento libertao indivduo de sua vontade) provm a satisfao proporcionada pela contemplaoesttica. Quanto mais belo for um objeto mais prximo ele est de expressar a suarespectiva ideia, livre de turvamentos. O filosofo estuda diversas formas de arte,buscando demonstrar que todas elas buscam permitir o conhecimento das objetividadesadequadas da vontade (ideias, no sentido platnico, no kantiano), das mais simples smais complexas.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Naturezahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Belezahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Belezahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Naturezahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia
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    2.7 Atica (afirmao ou negao da vontade)

    no quarto livro que Schopenhauer revelar uma fonte para o existencialismo epara o Niilismo(reduo ao nada). A questo aqui " a grande questo " j levantada pelofamoso verso de Hamlet: ser ou no ser? O filsofo comea investigando a vida e a mortee como uma anula a outra por meio da procriao, garantindo a sobrevivncia da espcie(e a continuao da expresso da ideia). Depois estuda a liberdade; conclui que a mesma,no sentido rigoroso do termo (liberdade da causalidade), restringe-se coisa em si (avontade) e que todo fenmeno, sempre submetido ao princpio de razo, no livre. apenas em um caso que a liberdade da vontade penetra no fenmeno: quando este senega, chega a renncia asctica (negao da vontade). Antes de descrever melhor o que "afirmao da vontade" e "negao da vontade" o autor escreveu aquelas clebrespginas em que tenta demonstrar que "a dor no se interrompe" e que "toda vida sofrimento". A afirmao da vontade ocorre quando o conhecimento do mundo torna-seum motivo para se fazer de forma mais intensiva o que j se fazia naturalmente. No casoda negao o conhecimento do mundo torna-se um "quietivo" da vontade, levando-a, nocaso extremo, renncia asctica ( abnegao e santidade). Ele estuda como asdiferentes relaes entre vontade, conhecimento e sofrimento (quer conhecido quersentido) podem levar aos diferentes carteres: cruel, mal, egosta (que o natural,aqueles que todos possuem conforme a natureza), justo, bom, e santo. Por fim,Schopenhauer faz uma apologia da santidade como o nico caminho para libertar a vidade suas dores e levar " redeno do mundo ".

    Frases

    A nossa felicidade depende mais do que temos na cabea, do que nos nossosbolsos

    Quanto menos inteligente um homem , menos misteriosa lhe parece aexistncia

    O amor compensao da morte

    A msica exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razo nocompreende

    Sentimos a dor mas no a sua ausncia

    http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89ticahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Existencialismohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Niilismohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Hamlethttp://pt.wikipedia.org/wiki/Causalidadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Apologiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Apologiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Causalidadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Hamlethttp://pt.wikipedia.org/wiki/Niilismohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Existencialismohttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica
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    O destino baralha as cartas, e ns jogamos

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    3.1 Vida e ObraScrates nasceu em Atenas, em 470/469 a.C. e morreu em 399 a.C., aps

    condenao por impiedade (foi acusado de no crer nos deuses da cidade e decorromper os jovens; mas, por trs de tais acusaes,, escondia-se ressentimentosde vrios tipos e manobras polticas). Era filho de um escultor e uma obstetra. Nofundou uma escola como os outros filsofos, realizando seus ensinamentos emlocais pblicos (nos ginsios, praas pblicas etc.), como uma espcie de pregadorleigo, exercendo imenso fascnio nos s sobre os jovens, o que lhe custouinmeras averses e inimizades.

    Parece sempre mais claro que se devam distinguir duas fases na vida deScrates. Na primeira fase, ele esteve prximo dos Fsicos. Sofrendo a influnciaSofstica, tornou prprios seus problemas, embora polemizando firmementecontra as solues dos mesmos, dadas pelos maiores Sofistas.

    Scrates nada escreveu, considerando que a sua mensagem eratransmissvel pela palavra viva, atravs do dilogo e da oralidade dialtica . Namaior parte de seus dilogos, Plato idealiza Scrates e o torna porta-voz tambm

    de suas prprias doutrinas: desse modo, dificlimo estabelecer o que efetivamente de Scrates nesses textos e o que, ao contrrio, representarepensamentos e reelaboraes de Plato.

    Em seus escritos socrticos, Xerofonte apresenta um Socrtes de

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    dimenses reduzidas, com traos que as vezes beiram at mesmo a banalidade(certamente, seria impossvel que os atenienses tivessem motivos para condenar morte um homem como o Scrates descrito por Xerofonte).

    Aristteles fala de Scrates ocasionalmente. Entretanto, suas afirmaesso consideradas mais objetivas. Mas Aristteles no foi contemporneo deScrates. Pde ter-se documentado sobre o que registra, mas faltou-lhe o contatodireto com o personagem, contato que, no caso de Scrates, revela-seinsubstituvel.

    Por fim, os vrios Socrticos, fundadores das assim chamadas Escolassocrticas menores, deixaram pouco, e esse pouco lana luz apenas sobre umaspecto parcial de Scrates. Desse modo, alguns chegaram a sustentar a tese daimpossibilidade de reconstruir a figura histrica e o pensamento efetivo de

    Scrates. Por alguns lustros as pesquisas socrticas caram em sria crise. Mas hojeest abrindo caminho, no o critrio da escolha entre as vrias fontes ou de suacombinao ecltica, mas sim o critrio do antes e depois de Scrates.

    A partir do momento em que Scrates atua em Atenas, pode-se constatarque a literatura em geral, e particularmente a filosfica, registram uma srie denovidades de porte bastante considervel, que depois no mbito do helnismo,permaneceriam como aquisies irreversveis e pontos de referncia constates.

    As fontes a que nos referimos (e tambm outras fontes, alm dasmencionadas) concordam na indicao de Scrates como o autor de taisnovidades, seja de modo explcito, seja implcito. Assim podemos creditar aScrates, com elevado grau de probabilidade, as doutrinas que a cultura gregarecebeu no momento em que Scrates atuava em Atenas.

    3.2 Pensamentos Scrates

    A filosofia socrtica limita-se gnosiologia (ramo da filosofia que sepreocupa com a utilidade do conhecimento em funo do sujeito cognoscente, isto

    , aquele que conhece o objeto) e tica, e rejeita a metafsica. Scrates foiinovador em tudo: no seu mtodo, nos tpicos que abordou. Sua contribuio filosofia ocidental foi principalmente de carter tico. Seus ensinamentos visavamo entendimento integral de conceitos como justia, amor e virtude, procurando

    http://www.mundociencia.com.br/filosofia/platao.htm#Bhttp://www.mundociencia.com.br/filosofia/platao.htm#B
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    definies para essas ideias. Ele acreditava que o vcio era o resultado daignorncia e que as pessoas no so ms por escolha. Que a virtude vem doconhecimento; segundo ele, aqueles que tm conhecimento tm virtude e,portanto, agem corretamente. As pessoas que no agem eticamente, o fazem porfalta de conhecimento. De acordo com sua teoria, se uma pessoa sabe que algoest tica ou moralmente errado, no o faz, por saber que sua ao s trazprejuzo, a ele prprio e aos semelhantes. Scrates acreditava que virtude igual aconhecimento, e que portanto, a virtude poderia ser ensinada.

    Scrates se concentrou no problema do homem, buscando respostas para aorigem da essncia humana. Chegou concluso de que o homem a sua alma, ouseja, o seu consciente; isso que o distingue como homem. O homem a suarazo, seu intelecto, seus conceitos ticos, sua personalidade intelectual e moral,e, principalmente, sua conscincia.

    Apesar de diferir dos primeiros religiosos no mtodo, a finalidade deScrates era a mesma de seus antecessores: ele focava sua busca em como viveruma vida correta. Ele no explorou reas da filosofia como a natureza e a origemdo universo ou da vida como os Sufistas. Perguntava aos que abordavam taisdilemas se o seu conhecimento do ser humano j era to profundo e completo,para que eles pudessem procurar novos campos ou novas perguntas para seremexplorados. Dizia que aqueles que estudavam primeiro a si mesmos, estes sim,poderiam aplicar seus conhecimentos para uma auto melhora e assim promover

    melhoras para todos. Mas que no se entenda esta premissa como egosmo; longedisso, a meta maior de Scrates sempre foi o servio ao prximo e sociedade.

    O objeto da cincia o inteligvel, o que pode ser compreendido, oconceito que se exprime pela definio. Este conceito obtm-se por um processodialtico (dialogando) que Scrates chamou " induo" e que consiste em compararvrios indivduos e eliminar-lhes as diferenas individuais e as qualidades mutveis,e reter os elementos comuns, estveis, permanentes em todos - a essncia do ser.A induo socrtica no tem o carter demonstrativo do atual processo lgico, mas um meio de generalizao, que remonta do indivduo ao universal.

    Scrates, portanto, adotava sempre o dilogo nas suas pesquisas pessoais,que ele desenvolvia conforme seu interlocutor. Opera uma revoluo notradicional quadro de valores. Os verdadeiros valores no so os ligados s coisas

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    exteriores, como riqueza, o poder, a fama, e to pouco os ligados ao corpo, como avida, o vigor, a sade fsica e a beleza, mas somente os valores da alma, que seresumem, todos, no conhecimento. Naturalmente, isso no significa que todosos valores tradicionais tornam- se necessariamente desvalores, significa,simplesmente, que em si mesmos no tem valor. Tornando -se ou no valoressomente se forem usados como o conhecimento exige, ou seja, em funo daalma e de sua aret (virtude em grego), em si mesmos, nem uns nem outros tmvalor.

    A introspeco , talvez, a maior caracterstica da filosofia de Scrates.Ficou expressa para a posteridade no famoso lema " Conhece-te a ti mesmo", operfeito conhecimento do homem o objetivo de todas as suas especulaes,assim como a moral o centro para o qual convergem todas as partes da filosofia.Em psicologia, Scrates professa a espiritualidade e imortalidade da alma,distingue as duas ordens de conhecimento - sensitivo e intelectual - mas nodefine o livre arbtrio, identificando a vontade com a inteligncia.

    Na "Teodicia" (ramo da filosofia que estuda racionalmente a existncia eos atributos de Deus usando a razo humana), Scrates estabelece a existncia deDeus:

    1) Argumento teolgico, formulando claramente o princpio: "Tudo o que adaptado a um fim efeito de uma inteligncia" (concluso to simples quantobrilhante);

    2) Argumento da "Causa Eficiente": "Se o homem inteligente, tambminteligente deve ser a causa que o produziu";

    3) Argumento moral: a lei natural supe um Ser superior ao homem, umlegislador, que a promulgou e sancionou. Deus no s existe, mas tambmProvidncia, governa o mundo com sabedoria e o homem pode propici-lo comsacrifcio e orao.

    Mas apesar destas doutrinas elevadas, Scrates ainda aceitava muitos dospreconceitos da mitologia de sua poca, que ele aspirava reformar.

    O ponto culminante da filosofia de Scrates est no ensino da moral: "Bempensar para bem viver". O nico meio para se alcanar a felicidade ou a

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    semelhana com Deus (para ele, essas duas coisas so uma s, e representam afinalidade suprema do homem), a prtica da Virtude. A virtude adquiri-se com aSabedoria, e com ela se identifica. Essa uma das doutrinas mais caractersticas damoral socrtica. Grandeza moral = penetrao especulativa. Virtude = cincia.Ignorncia = vcio.

    "Se msico o que sabe msica, e pedreiro o que sabe edificar, justo ser oque sabe a justia." Scrates.

    Scrates sugere quase sempre a utilidade como o motivo e o estmulo davirtude. Ele reconhece tambm, acima das leis mutveis e escritas, a existncia deuma Lei Natural, independente do arbtrio humano, universal, a Fonte primordialde todo direito positivo: a expresso da Vontade Divina, promulgada pela vozinterna da conscincia humana.

    Como os sofistas, visa cumprir e desembaraar o esprito dosconhecimentos errados, dos preconceitos, opinies equivocadas. E isto ele faziausando da ironia, isto , da crtica. Scrates ctico a respeito da cosmologia e dametafsica. A nica cincia possvel e til a cincia da prtica, mas dirigida para osvalores universais, no particulares. Para Scrates, o agir, e o conhecimentohumanos - se baseiam em normas objetivas e transcendentes experincia. " O fimda filosofia a moral . No entanto, para realizar o prprio fim, preciso conhec-lo.

    Scrates no elaborou um sistema filosfico acabado; no entanto,descobriu o mtodo. Por isso, dele depende, direta ou indiretamente, toda aespeculao grega que se seguiu, a qual desenvolveu-se em sistemas vrios. Istoaparece imediatamente nas escolas socrticas. Estas, mesmo diferenciando-sebastante entre si, concordam pelo menos em que o maior bem do homem asabedoria. A escola socrtica maior a platnica, que culmina em Aristteles, ovrtice e a concluso da grande metafsica grega. Fora desta desenvolveram-setambm as chamadas " Escolas Socrticas Menores".

    Frases

    Uma vida sem desafios no vale a pena ser vivida

    O verdadeiro conhecimento vem de dentro.

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    O que deve caracterizar a juventude a modstia, o pudor, o amor, amoderao, a dedicao, a diligncia, a justia, a educao. So estas as virtudesque devem formar o seu carcter

    Sbio aquele que conhece os limites da prpria ignorncia

    O ideal no casamento que a mulher seja cega e o homem surdo

    S sei que nada sei

    Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorncia.

    4 As Formas da Vida Grega que Prepararam o Nascimento da

    Filosofia

    A filosofia surgiu na Grcia porque justamente na Grcia formou-se umatemperatura espiritual particular e um clima cultural e poltico favorvel.

    As fontes das quais derivou a filosofia helnica foram:

    1) A Poesia: que antecipou o gosto pela harmonia, pela proporo e pela justa medida (Homero, os Lricos) e um modo particular de fornecer explicaesremontando s causas, mesmo que em nvel fantstico-potico (em particular com

    a Teologia de Hesodo).

    2) A Religio: a religio grega se distinguiu em religio pblica (inspiradaem Homero e Hesodo) e em religio dos mistrios, em partida a rfica. A religiopbica considera os deuses como foras naturais ampliadas na dimenso dodivino, ou como aspectos caractersticos do homem sublimados. A religio rficaconsidera o homem de modo dualista: como alma imortal, concebida comodemnio, que por uma culpa originria foi condenada a viver em um corpo,entendido como tumba ou priso. Do Orfismo deriva a moral que pe limites

    preciosos a algumas tendncias irracionais do homem. O que agrupa essas duasformas de religio a ausncia de dogmas fixos e vinculantes em sentido absoluto,de textos sagrados revelados e de inrpretes e guardies desta revelao (ou seja,sacerdotes preparados para essas tarefas precisas). Por tal motivo, o pensamento

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    filosfico gozou, desde incio, de ampla liberdade de expresso, com poucasexcees.

    3) Condies Sociopolticas adequadas : favoreceram o nascimento dafilosofia na Grcia, com suas caractersticas peculiares. Com efeito, os gregosalcanaram certo bem estar e notvel liberdade poltica, a comear das colnias doOriente e do Ocidente. Alm disso, desenvolveu-se forte senso de pertena cidade, at o ponto de identificar o indivduo com o cidado, e de ligarestreitamente a tica com a poltica.

    4.1 Os Poemas Homricos e os Poetas Gnmicos

    Os estudiosos esto de acordo ao afirmar que, para poder compreender afilosofia de um povo e de uma civilizao, necessrio fazer referncia: 1) a arte;

    2) religio; 3) s condies sociopolticas do povo em questo.

    1) Com efeito, a grande arte, de modo mtico e fantstico, ou seja,mediante a intuio e a imaginao, tende a alcanar objetivos que tambm soprprios da filosofia.

    2) Analogamente, por meio da f, a religio tende a alcanar certosobjetivos que a filosofia procura atingir com os conceitos e com a razo.

    3) No menos importante (e hoje se insiste muito nesse ponto) so as

    condies socioeconmicas e polticas, que frequentemente condicionam onascimento de determinadas ideias e que, de modo particular no mundo grego, aocriar primeiras formas de liberdade institucionalizada e de democracia, tornarampossvel precisamente o nascimento da filosofia, que se alimenta essencialmenteda liberdade.

    Antes do nascimento da filosofia, os poetas tinham importnciaextraordinria na educao e na formao espiritual do homem grego, muito maisdo que tiveram entre outros povos. O helenismo inicial buscou alimento espiritualde modo predominante nos poemas homricos, ou seja, na Ilada e na Odisseia(que exerceram nos gregos influncia anloga que a Bblia exerceu entre oshebreus, uma vez que no havia textos sagrados na Grcia), em Hesodo e nospoetas gnmicos dos sculos VII e VI a.C.

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    Os poemas homricos apresentam algumas peculiaridades que osdiferenciam de poemas que se encontram na origem da civilizao de outrospovos, pois j contm algumas das caractersticas do esprito grego que resultaroessenciais para a criao da filosofia.

    1) Com efeito, Homero tem grande senso da harmonia, da produo, dolimite e da medida;

    2) No se limita a narrar uma de fatos, mas tambm pesquisa suas causas erazes (ainda que em nvel mtico-fantstico);

    3) Procura de diversos modos apresentar em sua inteireza, ainda de queforma mtica (deuses e homens, cu e terra, guerra e paz, bem e mal, alegria e dor,totalidade dos valores que regem a vida do homem).

    Para os gregos tambm foi muito importante Hesodo com sua Teogonia,que relata o nascimento de todos os deuses. E, como muitos deuses coincidemcom partes do universo e com fenmeno do cosmo, a teologia torna-se tambmcosmogonia, ou seja, explicao mtico potica e fantstica da gnese do universoe dos fenmenos csmicos, a partir do Caos originrio, quer foi o primeiro a segerar. Esse poema abriu o caminho para a posterior cosmologia filosfica, que, aoinvs de usar a fantasi a, buscar com a razo o princpio primeiro do qual tudose gerou. O prprio Hesodo, com seu outro poema As obras e os Dias, massobre tudo os poetas posteriores, imprimiram na mentalidade grega algunsprincpios que seriam de grande importncia para a constituio da tica filosficae do pensamento filosfico antigo em geral. A justia exaltada como valorsupremo em muitos poetas e se tornar at conceito ontolgico (referente ao ser,isto , fundamental), alm de moral e poltico, em muitos filsofos emespecialmente em Plato.

    Os poetas lricos fixaram de modo estvel outro conceito a noo de limite,ou seja, a ideia de nem demasiadamente muito nem demasiadamente pouco, isto, o conceito da justa medida, que constitui a conotao mais peculiar do espirito

    grego o centro de pensamento filosfico clssico.

    H uma sentena, atribuda a um dos antigos sbios e gravada nofrontispcio do templo de Delfos, consagrado a Apolo: Conhece a ti mesmo. Essa

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    sentena, muito famosa entre os gregos, tornar-se-ia inclusive no apenas o motedo pensamento de Scrates, mas tambm o princpio basilar do saber filosficogrego at os ltimos Neoplatnicos.

    4.2 A Questo do Orfismo

    Contudo, nem todos os gregos consideravam suficiente a religio pblica e, porisso, em crculos restritos, desenvolveram- se os mistrios, com as prprias crenasespecficas (Embora inseridas no quadro geral do politesmo) e com prprias prticas.Entre os mistrios, porm, os que mais influenciaram a filosofia grega foram os mistriosrficos, e destes devemos dizer brevemente algumas coisas.

    O Orfismo e os rficos derivam o seu nome do poeta Trcio Orfeu, seu suposto,seu suposto fundador, cujos traos histricos so inteiramente cobertos pela nvoa domito.

    O Orfeismo particularmente importante porque, como os estudiosos modernosreconheceram. Introduz na civilizao grega um novo esquema de crenas e novainterpretao da existncia humana. Efetivamente, enquanto a percepo gregatradicional, a partir de Homero, considerava o homem como mortal, pondo na morte ofim total, de sua existncia, o Orfeismo proclama a imortalidade da alma e concebe aohomem conforme o esquema dualista que contrape o corpo alma.

    O ncleo das crenas rficas pode ser resumido que:

    1) No homem hospeda-se um princpio divino, um demnio (alma) que caiu em umcorpo por causa de uma culpa originaria.

    2) Esse demnio no apenas pr existe ao corpo, mas tambm no morre com ocorpo, pois esta destinado a reencarnar-se em corpos sucessivos, a fim de expiar aquelaculpa originaria.

    3) Com seus ritos e prticas, a vida rfica a nica em grau de por fim ao ciclo dereencarnaes e de, assim, liberta a alma do corpo.

    4) Para quem se purificou (os iniciados no mistrios rficos) h um premio no alm(da mesma forma que h punies para os no iniciados).

    Em algumas lminas rficas encontradas nos sepulcros de seguidores dessa seita,entre outras coisas, leem-se estas palavras, que resumem o ncleo central da doutrina:Alegra-te, tu que sofreste a paixo: antes, no havias sofrido. De homem, nascesteDeus, Feliz e bem aventurado, sers Deus ao invs de mortal; De homem nasceras

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    Deus, pois derivas do divino. Isso significa que o destino ultimo do homem o de voltara estar junto aos deuses. Com esse novo esquema de crenas, o homem via pela primeiravez a contraposio em si de dois princpios em contraste e luta: a alma (demnio) e ocorpo (como tumba ou lugar de expiao da alma). Rompe-se assim a viso naturalista, ohomem compreende que algumas tendncias ligadas ao corpo devem ser reprimidas, aopasso que a purificao do elemento divino em relao ao elemento corpreo torna-se oobjeto do viver.

    Uma coisa deve-se se presente: sem o Orfismo no se explicaria Pitgoras, emHerclito, nem Empdocles e, sobretudo, no se explicaria uma parte essencial dopensamento de Plato e, depois, de toda a tradio que deveria de Plato, ou seja, no seexplicaria grande parte da filosofia antiga.

    4.3 Concluso Mundo Grego

    A filosofia tem umahistria de mais de dois mil e quinhentos anos. Foi naGrcia Antiga que esta cincia surgiu e tomou as primeiras propores. Emboravivessem em cidades-naes distintas e rivais entre si, os gregos conseguiramdesenvolver uma comunidade nica de lngua, religio e cultura, que foiresponsvel pelo grande avano da cincia na Idade Antiga. A genialidade grega foiresponsvel pelo avano de diversas reas desconhecidas, como arte, literatura, msica e filosofia.

    Afilosofiagrega pode ser dividida em trs fases: perodo pr-socrtico,

    socrtico e helenstico. No perodo pr-socrtico, a Filosofia foi utilizada paraexplicar a origem do mundo e das coisas ao redor. Os pr-socrticos buscavam umprincpio que deveria ser presente em todos os momentos da existncia de tudo.Os principais filsofos dessa fase foram: Tales de Mileto, Herclito, Anaximandro,Xenfanes e Parmnides.

    O perodo socrtico foi caracterizado pela mudana em relao ao objetode estudo da filosofia, passando da metafsica para o homem em si. Esse carterantropolgico se deu atravs dos trs principais filsofos gregos: Scrates, Plato eAristteles.

    O perodo helenstico compreende desde o final do Sculo III a.C at o Sc.II d.C. Essa fase foi marcada pela associao da viso crist filosofia, passando acrer mais em solues individuais que coletivas. Entre os filsofos deste perodo,

    http://www.mundoeducacao.com.br/filosofia/filosofia-grega.htmhttp://www.mundoeducacao.com.br/filosofia/filosofia-grega.htmhttp://www.mundoeducacao.com.br/filosofia/filosofia-grega.htmhttp://www.mundoeducacao.com.br/filosofia/filosofia-grega.htmhttp://www.mundoeducacao.com.br/filosofia/filosofia-grega.htmhttp://www.mundoeducacao.com.br/filosofia/filosofia-grega.htm
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    podemos citar: Marco Aurlio, Sneca, Epteto, Lucano, Pirro de Elis, Antstenes,Digenes de Snope, etc.

    5 Plato

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    5.1 Vida e Obra

    Plato Nasceu em Atenas, em 428/427 a.C. e morreu em 347 a.C. Seu verdadeironome era Arstocles. Plato apelido que derivou de sua amplitude, extenso de suafronte (em grego, platos significa largueza).

    Filho de uma famlia de aristocratas, comeou seus trabalhos filosficos apsestabelecer contato com outro importante pensador grego: Scrates. Plato torna-seseguidor e discpulo de Scrates. Aristteles relata-nos que Plato foi inicialmentediscpulo de Crtilo, seguidor de Herclito e, posteriormente, de Scrates. O encontro dePlato com Scrates deu-se provavelmente quando Plato tinha aproximadamente vinteanos. certo, porm, que Plato frequentou o crculo de Scrates com o mesmo objetivoda maior parte dos outros jovens, ou seja, no para fazer da filosofia a finalidade daprpria vida, mas para melhor se preparar, pela filosofia, para a vida poltica. Entre tanto,os acontecimentos orientaram a vida de Plato para outra direo.

    Plato teve seu primeiro contato direto com a vida poltica em 404/403 a.C.,quando a aristocracia assumiu o poder e dois parentes seus, Crmides e Crtias, tiveramimportante participao no governo oligrquico. Uma experincia amarga, pois mtodosviolentos eram utilizados por aqueles que tiveram depositado sua confiana. Com essedesgosto com o mtodo da poltica praticada em Atenas, e com a condenao de Scrates

    morte, pelos democratas (que haviam retomado o poder). Assim, Plato convenceu-sede que para ele, naquele momento, era bom manter-se afastado da politica militante.

    Em 387 a.C, fundou a Academia (em um ginsio situado no parque dedicado ao

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    heri Academos, de onde o nome academia) uma escola de filosofia com o propsito derecuperar e desenvolver as ideias e pensamentos socrticos. Convidado pelo rei Dionsio,passa um bom tempo em Siracusa, ensinando filosofia na corte.

    Ao voltar para Atenas, passa a administrar e comandar a Academia, destinandomais energia no estudo e na pesquisa em diversas reas do conhecimento: cincias,matemtica, retrica (arte de falar em pblico), alm da filosofia. Suas obras maisimportantes e conhecidas so: Apologia de Scrates, em que valoriza os pensamentos domestre; O Banquete, fala sobre o amor de uma forma dialtica; e A Repblica, em queanalisa a poltica grega, a tica, o funcionamento das cidades, a cidadania e questessobre a imortalidade da alma. O Mito da Caverna muito conhecido e polemico no podedeixar de ser citado.

    considerado um dos principais pensadores gregos, pois influenciou

    profundamente a filosofiaocidental. Suas ideias baseiam-se na diferenciao do mundoentre as coisas sensveis (mundo das ideias e a inteligncia) e as coisas visveis (seres vivose a matria).

    5.2 Pensamento Plato

    Plato considerado um dos maiores filsofos de todos os tempos. Pode serconsiderado o mestre da filosofia grega, seu modo de escrever e o domnio que tinha daspalavras faz desse filsofo um imortal. Suas obras so at hoje de grande importncia paraa literatura universal, de modo que fundamental conhecer a vida e obra dessepersonagem histrico. Plato em suas obras sempre estava em busca da verdade, semprecontestando o comportamento dos indivduos, a poltica dos atenienses e a sociedade emque vivia. Suas preocupaes e seus questionamentos estavam, sem dvida alguma,muito frente de seu tempo: No toa que o filsofo grego uma das bases dopensamento jurdico-poltico ocidental atual.

    Uma das maiores contribuies de Plato foi a criao do mtodo idealista, que, apartir do sc. XVI, passou a ser chamado de racionalista. Neste mtodo, o filosoforaciocina sobre o que seria ideal para o mundo em que vive e, a partir deste ideal

    racionalmente criado, analisa o mundo no qual vive. Alm disso, outro elemento tericofundamental para o pensamento platnico a distino que ele fez entre o mundo ideal eo mundo material. O mundo material , por definio, imperfeito, e corresponde aomundo fsico no qual vivemos. Esse mundo imperfeito porque tudo nele criado pelo

    http://www.suapesquisa.com/greciahttp://www.suapesquisa.com/o_que_e/etica_conceito.htmhttp://www.suapesquisa.com/filosofiahttp://www.suapesquisa.com/filosofiahttp://www.suapesquisa.com/o_que_e/etica_conceito.htmhttp://www.suapesquisa.com/grecia
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    Esfera dos Intermedirios - (entre sensvel e supra-sensvel).Compreende osnmeros, os entes geomtricos, a alma. Estas realidades denominam-se intermediriasporque tm ao mesmo ideal e relaes com o mundo sensvel.

    Cosmo Sensvel - um vivente inteligente dotado de alma e corpo.

    5.5 O Mito da Caverna

    No centro da Repblica encontramos um clebre mito, chamado da caverna. Omito foi interpretado sucessivamente como expediente utilizado por Plato parasimbolizar a metafsica, a anosiplogia, a dialtica e at mesmo a tica e mstica platnicas. o mito que expressa Plato na sua totalidade, e com ele, portanto, pretendemosconcluir.

    Imaginemos homens que vivem numa caverna, cuja entrada se abre para a luz emtoda a sua largura, com amplo saguo de acesso. Imaginemos que os habitantes dessacaverna tenha as pernas e o pescoo amarrados de tal modo que no possam mudar deposio e tenham de olhar apenas para o fundo da caverna. Imaginemos ainda que,imediatamente fora da caverna, exista um pequeno muro da altura de um homem e que,por trs desse muro e. Portanto, inteiramente escondidos por ele, se movam homenscarregado sobre os ombros esttuas trabalhadas em pedra e em madeira, representandoos mais diversos tipos de coisas. Imaginemos tambm que, por trs desses homens, estejaacesa uma grande fogueira e que, no alto, brilhe o sol. Finalmente, imaginemos que acaverna produza eco e que os homens que passam por trs do muro esteiam falando demodo que suas vozes ecoem no fundo da caverna.

    Se isso acontecesse, os prisioneiros da caverna nada poderiam ver alm dassombras das pequenas esttuas projetadas no fundo da caverna e ouviriam apenas o ecodas vozes. Entretanto, acreditariam, por nunca terem visto coisa diferente, que aquelassombras eram a nica e verdadeira realidade e que o eco das vozes representasse asvozes emitidas por aquelas sombras. Suponhamos, agora, que um daqueles prisioneirosconsiga desvencilhar-se dos grilhes que o aprisionam. Com dificuldade, ele se habituaria nova ciso que lhe apareceria. Habituando-se porm, veria as estatuetas se moverem

    por sobre o muro e compreenderia que elas so muito mais verdadeiras do que as coisasque antes via e que agora lhe parecem sombras. Suponhamos que algum traga nossoprisioneiro para fora da caverna e do outro lado do muro. Pois bem, primeiramente eleficaria ofuscado pelo excesso de luz; depois, habituando-se, veria as coisas em si mesmas;

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    por ltimo veria, inicialmente de forma reflexa e posteriormente em si mesma, a prprialuz do sol. Compreenderia, ento, que estas e somente estas so as realidades verdadeirase que o sol a causa de todas as outras coisas visveis.

    Plato sintetizou o prprio pensamento nas suas mltipla dimenses no clebremito da caverna, que se pode inter pretar ao menos em quatro nveis:

    1) Em nvel ontolgico, segundo o qual aquilo que est dentro da caverna seria omundo material e aquilo que est fora o mundo supra-sensvel;

    2) Em nvel gnosiolgico, segundo o qual o interior da caverna representaria oconhecimento sensvel (opinio) e o exterior da caverna o conhecimento das ideias;

    3) Em nvel mstico teolgico, segundo o qual o interior e o exterior representariamrespectivamente a esfera mundana material e a espiritual;

    4) Em nvel poltico, porque implica um retorno caverna de quem tinhaconquistado sua liberdade, por solidariedade com os companheiros ainda prisioneiros, ecom a finalidade de difundir a verdade.

    Frases

    "O amor uma perigosa doena mental".

    "O que mais vale no viver, mas viver bem".

    "Teme a velhice, pois ela nunca vem s".

    Todo homem poeta quando est apaixonado

    Voc pode descobrir mais sobre uma pessoa em uma hora de brincadeira do queem um no de conversa

    De todos os animais selvagens, o homem jovem o mais difcil de domar

    No h nada bom nem mau a no ser estas duas coisas: a sabedoria que umbem e a ignorncia que um mal

    A coisa mais indispensvel a um homem reconhecer o uso que deve fazer doseu prprio conhecimento

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    6 Aristteles

    6.1 Vida e Obra

    Aristteles nasceu em Estagira, nasceu em 384.C. e morreu em 322 a.C., no norteda Grcia. Tinha ligaes com a famlia real da Macednia, seu pai sendo mdico do reiFilipe. Aos 17 anos foi enviado para estudar na Academia de Plato, em Atenas.Permaneceu ali por 20 anos at a morte de Plato, passa trs anos em Assos, na siaMenor, e muda-se para a Ilha de Lesbos.

    Em 343 a.C. chamado para ser professor do prncipe Alexandre, da Macednia.Dois grandes personagens, um iria revolucionar a histria grega e que estava ento com

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    treze anos. Quando Alexandre, o Grande assume o trono, em meados de 336 a.C. voltapara Atenas com 49 anos e, em 335 a.C., organiza sua prpria escola, o Liceu. Ao contrrioda Academia de Plato, interessada apenas na Matemtica, o Liceu voltado pesquisadas Cincias Naturais. Aristteles desenvolve a um sistema filosfico baseado numaconcepo rigorosa do Universo. De orientao realista, defende a busca da realidade pelaexperincia. Para ele, deve- se procurar o conhecimento por meio do intelecto ativo,como chama a inteligncia. A respeito do carter de Aristteles, inteiramente recolhido naelaborao crtica do seu sistema filosfico, sem se deixar distrair por motivos prticos ousentimentais, temos naturalmente muito menos a revelar do que em torno do carter dePlato, em que, ao contrrio, os motivos polticos, ticos, estticos e msticos tiveramgrande influncia. Do diferente carter dos dois filsofos, dependem tambm asvicissitudes exteriores das duas vidas, mais uniforme e linear a de Aristteles, variada eromanesca a de Plato. Aristteles foi essencialmente um homem de cultura, de estudo,de pesquisas, de pensamento, que se foi isolando da vida prtica, social e poltica, para sededicar investigao cientfica.

    Suas principais obras so: Metafsica; tica a Nicmaco; Poltica; Tratado da Alma.Todas as suas obras se perderam, salvo Constituio de Atenas. O pensamento aristotlicofoi preservado por seus discpulos e atinge vrias reas do conhecimento, como Lgica,tica, Poltica, Teologia, Metafsica, Potica, Retrica, Antropologia, Psicologia, Fsica eBiologia. Seus escritos lgicos esto reunidos no livro Organon.

    Como Scrates, porm, foi acusado de impiedade. Fugiu para no permitir que os

    atenienses "pecassem duas vezes contra a filosofia", mas morreu um ano depois de umadoena estomacal.

    6.2 Pensamento Aristteles

    A simples extenso da obra de Aristteles assombrosa, e as disciplinas e termosque utilizou esto presentes at hoje: tica, lgica, metafsica, meteorologia, fsica,economia e psicologia. H mais de 2000 anos sua influncia sobre o pensamento europeutem sido profunda. Aristteles desconfiava das ideias de Plato com respeito ao mundodos sentidos, sua busca teve um carter mais emprico e valoriza as investigaesgradativas do cientista. Para ele o conhecimento deve se fundar no que podemosexperimentar, portanto, o seu ponto de partida contrrio ao de Plato que valorizava o"mundo das ideias", para ele, o ponto de partida deve ser os sentidos, o mundo daexperincia, ir alm disso se perder no misticismo.

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    Aristteles definia as coisas em termos das finalidades que elas tinham. Assim, noexiste algo como a rvore ideal, distinta daquelas que crescem nossa volta. As coisas ou"substncias" consistem no s em matria fsica bruta, mas tambm na forma queassumem. O que torna uma planta ou animal o que ele no a matria de que composto, mas o modo como esta se organiza. Diferentes rvores so a mesma coisa no

    por se assemelharem a ideia de rvore como pensava Plato, mas por possurem umaestrutura comum.

    Aristteles nos v fundamentalmente como seres sociais, e o governo umainstituio para nos ajudar a alcanar uma boa vida na sociedade. Como seu papel facilitar e no impor, ele rejeita a ideia do Estado de Plato governado por filsofos, julgando a democracia mais apta a alcanar essa meta.

    importante reafirmar a importncia da obra de Aristteles e sua imensa

    influncia sobre a cultura ocidental. O grande pensador grego foi, durante toda a IdadeMdia, considerado o mais importante filsofo, e sua doutrina tida como verdadeinatacvel. Foi com base na obra aristotlica que Santo Toms de Aquino buscou, em seusescritos, harmonizar razo e f. Na Era Moderna, que reabilitou o matematicismopitagrico-platnico, o pensamento aristotlico permaneceu, mesmo muitas vezesrejeitado, servindo como contraponto.

    A primeira obra includa entre as obras ticas do estagirita, ao lado da tica a

    Eudemo e da Grande Moral (Magna Moralia). A segunda, entre as lgicas, constantes dorganon aristotlico, composto de mais cinco obras, alm dos Tpicos: as Categorias, o DaInterpretao, os Analticos (Primeiro e Segundo) e os Argumentos Sofsticos.

    Aristteles, diferentemente de seu mestre Plato (de ndole essencialmenteidealista), foi ideologicamente mais conservador, dando maior nfase s condies reaisdo homem e de suas instituies, discordando, inclusive, da teoria das formas ou ideias dePlato, por consider-la desnecessria para os fins da cincia.

    O mundo concebido por Aristteles de forma finalista, onde cada coisa temuma atividade determinada por seu fim. O bem a plenitude da essncia, aquilo a quetodas as coisas tendem. O bem, portanto, a finalidade de uma coisa (ou de uma cincia,

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    ou arte). Assim, a finalidade da medicina a sade, e a da estratgia a vitria. Dentretodos os bens, contudo, h um que supremo, que deve ser buscado como fim ltimoda plis. Esse bem a felicidade, entendida no como um estado, mas como um processo,uma atividade atravs da qual o ser humano desenvolve da melhor maneira possvel suasaptides.

    Os meios para se atingir a felicidade so as virtudes (formas de excelncia),discutidas por Aristteles na tica a Nicmaco. As virtudes so disposies de carter cujafinalidade a realizao da perfeio do homem, enquanto ser racional. A virtude consisteem um meio-termo entre dois extremos, entre dois atos viciosos, um caracterizado peloexcesso e outro pela falta, pela carncia.

    Aristteles divide as virtudes em dianoticas (ou intelectuais), s quais se chega

    pelo ensinamento, e ticas (ou morais), s quais se chega pelo exerccio, pelo hbito. Asvirtudes ticas, enquanto virtudes do saber prtico, no se destinam ao conhecer, comoas dianoticas, mas ao. Para sua aquisio o conhecimento tem pouca ou nenhumaimportncia.

    Das virtudes dianoticas, a de maior importncia a phrnesis (prudncia),capacidade de deliberar sobre o que bom ou mal, correto ou incorreto. Das virtudesticas, a mais importante a justia.

    A obra "Tpicos", na revalorizao do pensamento aristotlico, inicialmente foiconsiderada uma obra de juventude, tentativa frustrada de se estabelecer um tratado delgica, o que s teria sido conseguido por Aristteles posteriormente, com os Analticos.W. D. Ross, inclusive, em sua obra "Aristteles", de 1923, a considerava como um modode pensamento do passado, que no merecia maiores apreciaes. O prprio Aristteles,contudo, concedia s provas dialticas (expostas nos Tpicos) um papel especfico,impossvel de ser cumprido por meio das provas analticas.

    Nos Analticos, Aristteles estabelece as bases do que posteriormentedenominou-se lgica formal, expondo os raciocnios analticos, que tm por base osilogismo dedutivo. O silogismo de Aristteles pode ser definido assim: um trio determos, no qual o ltimo, que a concluso, contm uma verdade qual se chega

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    obrigatoriamente, atravs dos outros dois. A lgica formal aristotlica, essencialmentedemonstrativa, embora tendo sofrido diversas crticas, atravessou os sculospraticamente sem ser alterada e predominou sobremaneira sobre sua lgica dialtica.

    6.3 Conceitos de Lgica e tica

    Enquanto Plato utilizava-se apenas da razo para entender o mundo, Aristtelesusou tambm os sentidos, a observao. Ao contrrio de Plato, que chegou a conclusoque as ideias eram inatas, Aristteles chegou a concluso que a RAZO inata. A idiaprecisa da realidade para se desenvolver.

    A realidade formada pela SUBSTNCIA e pela FORMA. Onde FORMA so ascaractersticas fsicas e biolgicas. SUBSTNCIA tudo o que um ser nico, entre todos daespcie.Aristteles queria por ordem nas coisas, para isso ele iniciou a LGICA, enquantocincia. Lgica uma parte da filosofia que estuda o fundamento, as estruturas e asexpresses humanas do conhecimento. A lgica foi criada por Aristteles no sculo IV a.C.para estudar o pensamento humano e distinguir interferncias e argumentos certos eerrados.

    Aristteles estabeleceu um conjunto de regras rgidas para que conclusespudessem ser aceitas como vlidas: o emprego da lgica leva a uma linha de raciocniobaseado em premissas e concluses. Por exemplo: se for observado que "todo ser vivo mortal", a seguir constatado que "Joo um ser vivo", como concluso temos que "Joo mortal".

    A Lgica ao mesmo tempo em que define as leis ideais do pensamento,estabelece as regras do pensamento correto, cujo conjunto constitui uma arte de pensar.Define-se tambm que a lgica a cincia do raciocnio correto. Em outras palavras, lgica arte que nos faz pensar e agir, com ordem, facilmente e sem erro, um ato prprio darazo.

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    prpria sociedade. A Moral tem carter obrigatrio

    QUAL A DIFERENA ENTRE MORAL E TICA? Enquanto a moral tem carter prtico,imediato, restrito, histrico, relativo, a tica a reflexo filosfica sobre a moral, procura justificativas, um guia para uma ao futura, a orientao para a vida e o conviver.Cada vez mais necessrio uma tica aplicada, uma tica que coexista com o quotidianodas pessoas. A tica tambm especfica, dividida em ramos, para melhorar e analisarcada situao, sendo um bom exemplo disso os cdigos ticos para as diferentesprofisses. Isto acontece porque as pessoas tm que entender que as suas aes tmconsequncias no s para si mas tambm para os outros, e que estas no podem serencaradas s de um ponto de vista

    Partindo como Plato do mesmo problema acerca do valor objetivo dosconceitos, mas abandonando a soluo do mestre, Aristteles constri um sistemainteiramente original. Os caracteres desta grande sntese so:

    1) Observao fiel da natureza: Plato, idealista, rejeitara a experincia comofonte de conhecimento certo. Aristteles, mais positivo, toma sempre o fato como pontode partida de suas teorias, buscando na realidade um apoio slido s suas mais elevadasespeculaes metafsicas.

    2) Rigor no mtodo : Depois de estudar as leis do pensamento, o processodedutivo e indutivo aplica-os, com rara habilidade, em todas as suas obras, substituindo linguagem imaginosa e figurada de Plato, em estilo lapidar e conciso e criando umaterminologia filosfica de preciso admirvel. Pode considerar-se como o autor dametodologia e tecnologia cientficas. Geralmente, no estudo de uma questo, Aristtelesprocede por partes: a) comea a definir-lhe o objeto; b) passa a enumerar-lhes as solueshistricas; c) prope depois as dvidas; d) indica, em seguida, a prpria soluo; e) refuta,por ltimo, as sentenas contrrias.

    Frases

    O homem solitrio uma besta ou um deus

    O sbio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz

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    O ignorante afirma, o sbio duvida, o sensato reflete

    A dvida o princpio da sabedoria

    Nunca existiu uma grande inteligncia sem uma veia de loucura

    A educao tem razes amargas, mas os seus frutos so doces

    Que vantagem tm os mentirosos? A de no serem acreditados quando dizem averdade

    7 Karl Marx

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    7.1 Vida e Obra

    O economista, filsofo e socialista alemo, Karl Marx revolucionou o pensamentode sua poca e, at hoje, continua influenciando o nosso modo de pensar. Seu nomecompleto era Heinrich Karl Marx, nasceu em 5 de maio de 1818, em Trier, no sul daAlemanha. A me Judia holandesa, descendia de velho tronco de rabinos. O pai foiintelectual liberal e advogado famoso que teve de aceitar o cristianismo, quando Karlcompletou seis anos, porque no era permitido aos judeus exercer a advocacia nostribunais superiores. Karl, o mais velho dos filhos vares e o segundo filho de uma famlianumerosa, que se desenvolveram em meio de ampla srie de contradies. Apesar de seressencialmente homem de ao, passou praticamente a vida inteira dentro das

    bibliotecas. De sua juventude no se sabe nada de significativo, porm o interessante nomximo ressaltar que o futuro atesta fantico tenha escrito um ensaio de concluso docurso secundrio sobre o tema "A Unificao dos Crentes em Cristo". Depois, quandosegue para a universidade de Bonn (com dezessete anos em 1835), a fim de estudarDireito, encontra notoriamente dificuldades em lidar com as coisas exteriores e seusinteresses no se voltam para a advocacia mas sim para o filosofo Georg Wilhelm Hegel(onde aumenta a cada dia sua admirao).

    As condies sob as quais Marx conduz seus estudos so tudo menos ordeiras.Chegou a ser encarcerado por perturbar a ordem com alarido noturno e bebedeira. Foiindiciado por porte ilegal de arma e acumula dvida sobre dvida. Dois anos antes deatingir a maior idade apaixonou-se por sua vizinha, uma companheira de brincadeiras deinfncia, Jenny, filha do Baro Von Westphallen. Jenny era uma moa de rara beleza e degrande carter. S se casaram em 1843, pela forte e clara oposio das duas famlias e

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    sem nenhum apoio financeiro. Jenny ajudava seu marido a transcrever os manuscritos,enfrentou uma vida de extrema misria e dificuldades em expatriao em Bruxelas, Paris eLondres, que nesta jornada teve a infelicidade de ver morrer grande parte dos sete filhos.

    Aps Marx passar um ano em Bonn (onde no obteve grande sucesso), em 1836foi para a universidade de Berlim. Ainda continuou, durante algum tempo, a estudarJurisprudncia, mas a convico cada vez mais firme de que a advocacia era profisso deparasitas levou-o ao estudo da Histria da Filosofia. Marx assistiu poucas aulas, e mesmoessas antes do mbito da Filosofia e da Histria do que do mbito do Direito. Porsemestres inteiros quase no freqentou a universidade. De qualquer modo, formou-seaos vinte trs anos com um trabalho sobre um tema filosfico. Doutorou-se em Filosofiado Direito, em 1841, na Universidade de Lena, com a Tese Diferenas entre a filosofia danatureza de Dem crito e Epicuro (publicada postumamente). Para Marx, o maisimportante pertencer ao "Clube do Doutor", um grupo de jovens discpulos de Hegel, el discutir dia e noite. Seus amigos atestam que ele um "arsenal de pensamentos", uma"alma-danada de ideias". Ao mesmo tempo escreve "um novo sistema metafsicofundamental". Naturalmente, quer se tornar professor; mas desiste quando v que seusamigos, os hegelianos de esquerda, quase sem exceo naufragavam no governoreacionrio. Grande parte de sua vida subsequente foi dedicada ao estudo da histria e daeconomia poltica. Via-se cada vez mais abismado com o raciocnio frio de Hegel.

    Hegel sustentava que a razo (ou a lgica pura) no s concebe as coisas comotambm lhes d origem, provocando a ao; que no existe linha divisria entre o

    conhecimento filsofo e a sua aplicao para a compreenso do fato cientifico; que a vidamuda constantemente como resultado e uma luta dialtica de ideias opostas, nas quais oscontrrios resultam em uma sntese, somente para engendrar suas prprias contradies.

    Nesta poca, o hegelianismo era o pensamento predominante em Berlim, umaespcie de doutrina oficial prussiana, que marcou a vida de Marx. Observando a realidadeem sua volta e a linha de raciocnio dominante no momento, percebeu que o sistema deconceitos no era racional, o que era um erro, devia transforma-se em um sistema que ofosse. Como no mundo hegeliano, sustentado que a forma de vida contm em si mesmasua prpria morte, Marx afirma que as ideias filosficas so aplicveis s instituieseconmicas. Mesmo antes de dedicar-se a analisar todos esses dados, escreveu trscadernos de poemas dedicados a Jenny.

    Sua fama de pensador perigoso j se espalhara na Europa, e nenhuma escola o

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    aceitava como professor. Deu-se conta que um filsofo sem emprego podia ganhar a vidae divulgar suas ideias como jornalista. Iniciou sua careira escrevendo para pequenasrevistas, seus pensamentos foram ganhando fora e mais tarde os dirios radicaistomaram o seu cargo a publicao deles. Aos vinte e cinco anos. Marx torna-se redatorchefe da Primeira Gazeta Renana (1842), de tendncia liberal, publicado em Colnia.Essa atividade o forou a se ocupar com problemas concretos de natureza poltica eeconmica.

    Depois de ter-se casado com sua noiva de longos anos, Marx dirigi-se para Paris,onde edita juntamente com seu amigo Arnold Ruge os Anurios Franco-Germnicos. Porum tempo, vive juntamente com a famlia Ruge em uma "comunidade comunista", pormlogo se desagregou, devido incompatibilidade de gnios.

    Em Paris, Marx conheceu Friedrich Engels, nascido na Westflia, que se rebelou a

    classe que vivia da riqueza, herdada e ps-se ao lado dos pobres. Filho de um calvinista1alemo fabricante de tecidos era estudante de economia. Possua um intelecto bemdotado e era escritor brilhante, seguiu a marca de Marx no desenvolvimento da teoria domaterialismo histrico. Sendo dois anos mais jovens que Marx, tornou-se seu seguidor emais tarde seria seu editor de obra pstuma. Engels foi um feliz encontro na vida de Marx,uma amizade de quarenta anos e uma das mais famosas parcerias intelectuais da histriado pensamento.

    Os trabalhadores estavam sofrendo uma opresso por parte de seus governantes.Ao lado de Engels, Marx compreende uma grande crtica esquerda hegeliana,demonstrada em 1845 quando escreve a obra A Sagrada Famlia juntamente com Engels,e em sequncia A Ideologia Alem e outras concepes filosficas, a histria no era adialtica do esprito, como pensava Hegel, a histria toda da humanidade a histria daluta de classes, como mostrado no Manifesto Comunista, desenvolvido por Marx eEngels, onde eles afirmam que o mundo tem que ser transformado e no simplesmenteinterpretado como at ento os filsofos s tinham feito. Essa foi a primeira declaraopblica de socialismo internacional. Marx transforma o idealismo hegeliano para omaterialismo dialtico ainda jovem (1844-5), publicado postumamente. Os dois elementosprincipais do marxismo so o materialismo dialtico, no qual a natureza, a vida e aconscincia se constituem de matria em movimento e evoluo permanente, e omaterialismo histrico, para o qual o modo de produo a base determinante dos

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    fenmenos histricos e sociais, inclusive as instituies jurdicas e polticas a moralidade, areligio e as artes. Em Paris, Marx entra em contato com Heine e com socialistasfranceses. Mas tambm sua permanncia nesta cidade no muito longa. A pedido dogoverno prussiano expulso da Frana e estabelece-se provisoriamente em Bruxelas em1847, onde funda o primeiro partido comunista do mundo (com 17 membros).

    Sua vida pessoal no foi menos movimentada, ao mesmo tempo que publicou suaprimeira obra importante, Misria da Filosofia (1847), que se refere concepoproudhoniana da propriedade, denuncia sua abstrao e afirma a incapacidade deProudhon em compreender a sua origem econmica. Nasce sua primeira filha. Marxpermaneceu por pouco tempo em Bruxelas onde se torna redat or da Gazeta Alem deBruxelas (1847), viveu em situaes muito limitadas com uma famlia que se multiplicacom rapidez. Freqentemente, padeciam de necessidades e a fundao de um jornalfracassou. Marx tem de levar a vida em grande parte por meio de donativos, sobretudo deseu amigo Friedrich Engels. As condies de moradia so, na maioria das vezes,catastrficas; ocasionalmente, at a moblia era penhorada. Ocorre inclusive de Marx nemsequer poder sair de casa por sua roupa estar penhorada. S havia uma vantagem diantedesta situao toda, sua residncia localizava-se perto do Museu Britnico, aonde iadiariamente e passava boa parte do seu dia. Pressionado por dvidas, Marx pensa emdeclarar falncia; apenas o fiel amigo Engels consegue impedir esse ato extremo. Trs deseus filhos morrem na juventude. Acresce que Marx se envolve em um caso amoroso coma empregada domstica, que no fica sem conseqncias e prejudica sensivelmente oclima domstico j afetado pela misria financeira. Os grupos socialistas foram obrigados

    pela elite a praticar a clandestinidade, Marx acabou sendo preso, acusado de traio, foiprocessado em Colnia e apesar de ter sido absolvido foi proibido de permanecer emqualquer territrio da Prssia, o que o forou a retornar a Paris. Acabou sendo expulso deParis tambm, pois ningum queria um agitador de massas. Refugiou -se em Londrescom a famlia, onde permaneceu pelo resto de sua vida, dedicando-se ao estudo daeconomia e histria. Apesar de Engels (que estava na Inglaterra se dedicando aosnegcios), o ajudasse, Marx passava por dificuldades em Bloomsbury.

    Aos trinta anos, Marx era homem de rugas e em seus olhos refletia angustia.

    O Dezoito Brumrio de Lus Bonaparte (1852 em jornais; 1869 como livro), umaobra historiogrfica onde Marx analisa, pela perspectiva do materialismo histrico, ogolpe de Estado do Dezoito Brumrio, do qual se inicia a luta de classes na Frana (1850).A grande obra de Marx O Capital (o livro I foi publicado em 1867, os demais

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    postumamente), trata-se de uma obra analtica, sinttica, crtica, descritiva, cientifica,filosfica, etc. Onde Marx apresenta sua teoria sobre o valor e a mais valia, seus estudossobre a acumulao originria do capital. Resumidamente, essa obra uma anlise radicalda realidade que est submetido, s assim poder se desviar da ideologia dominante (aideologia dominante sempre da classe dominante), como poder obter uma baseconcreta para sua poltica.

    Em Bruxelas, j havia uma associao de operrios e em 1864 Marx fundou aAssociao Internacional dos Trabalhadores, sua inteno era alertar a massa para ogrande engano. Sua luta era contra o capitalismo. Tambm fez parte da fundao doPartido Social Democrata Alemo, em 1875.

    Passando dos sessenta anos de idade, sua sade piorava a cada dia e suasdiscusses constantes com Jenny agravavam esse quadro e, em dezembro de 1881, Jenny

    morre de cncer, e Marx sofria um ataque de pleurisia, a morte da esposa deixou ofilosofo muito abatido. E em 14 de maro de 1883, em Londres, falece Marx com sessentae trs anos de idade. Marx tem sido considerado como o Revelador da Verdade econdenado como Pai das Mentiras, considerado o messias dos trabalhadores e oAnticristo. E a misso de continuar e divulgar as obras do grande pensador erevolucionrio fica pra Engels que no funeral do amigo disse: Seu nome viver atravsdos sculos, e com ele a sua obra. De fato, seus pensamentos permanecem vivos at hojee sendo tema de debate e base para muitos, que assim como Marx contribui para ummundo mais justo.

    7.2 O Marxismo

    A filosofia marxista sustenta que a questo mais importante no compreender asleis do mundo objetivo e poder, por isso, explic-lo, mas sim utilizar o conhecimentodessas leis para transformar ativamente o mundo, mostrando sua importncia eindispensabilidade dentro da histria que afeta a humanidade dentro do contexto socialno qual Marx estava inserido diretamente devido a vida difcil que o pensador levou at ofinal de seu dias.

    Este grande filsofo sentiu na pele a desigualdade social, sofreu com o descaso e apresso da burguesia. Indignou-se com a forma que a elite faz para se manter no poder.

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    Por ter passado por tudo isso, Marx pode relatar com veracidade o sofrimento da massa esua constante luta para sobreviver dentro de um sistema opressor.

    Para Marx o Estado o instrumento na qual uma classe domina e explora outraclasse. O Estado seria necessrio a proteger a propriedade e adotaria qualquer poltica de

    interesse da burguesia, seria o comit executivo da burguesia. No manifesto comunista,Marx e Engels, explicitam que o poder poltico, adequadamente assim denominado, meramente o poder organizado de uma classe para oprimir a outra. Assim veremos que ateoria de Estado elaborada por Marx, derivada do que Marx teorizava como classessociais, onde para este autor, a luta entre as mais variadas classes o configura a histriade toda sociedade, uma histria construda por grupos de interesse organizados, asclasses sociais. Classes que so egostas, no lhe importam os interesses nacionais, seusinteresses esto acima do nacional, muito menos as classes opositoras.

    Para Marx as classes no seriam somente um grupo de que compartilha de um

    certo status social, mas definida em relaes de propriedade. Para ele havia aqueles quepossuam o capital produtivo, com o qual expropriavam a mais-valia, constituindo assim aclasse exploradora, de outro lado estava os assalariados, os quais no possuam apropriedade, constituindo assim o proletariado. Desta maneira Marx definiu a classe, aoinvs de relacionada com a posio social ou do prestigio de seus membros, relacionouesta com a propriedade produtiva, ou seja detentores de capital ou no. Isto porque sefossem relacionadas como a posio social, as classes de renda distintas no comungariamdos mesmos interesses.

    Numa sociedade capitalista os membros desta, ou as classes sociais, perdem ou

    ganham, a partir do momento em que os preos e salrios se alteram, assim seusinteresses estariam ligados a estas perdas e ganhos, reunindo desta forma nesteinteresses de uma classe. Interesses estes que seriam econmicos, e que para suasuperao em relao a outra classe so usados todos os mtodos, inclusive a violncia,que poderia ser usada na revolta dos explorados contra os exploradores que controlam aexpropriao da mais-valia.

    Marx desprezava qualquer grupo que considerava a natureza do homem comosendo benevolente, pois se a classe egosta o individuo tambm , que era atribudosegundo Marx, a ideologia burguesa e ao sistema capitalista, pois A burguesia *...+ no

    deixou que restasse nenhum outro nexo entre homem e homem alm de um cru interesseindividual, de um invisvel pagamento vista. As ideologias mascaravam todo o processode explorao, onde por exemplo se levava a evangelizao, que por sua veztransformaria o brbaro em trabalhador disciplinado, e submisso queles que Deusaprovou em colocar acima dos explorados. Em sntese, Marx via os indivduos agindo para

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    satisfazer seus interesses, pois estes teriam interesses prprios egostas, mas muitoscrticos acreditam que muitas pessoas no se interessam com classe, e nem sabem quaisso os interesses de sua classe.

    Para um membro da burguesia, o importante era concentrar-se em interesses

    pessoais, pois um nico burgus no poderia escolher o governo, por isso devia-se ignorareste processo, e se beneficiar do governo que agiria de acordo com o interesse de suaclasse, mas onde no cabia ao prprio burgus lutar para a constituio deste governo. Damesma forma um proletrio, que por sua fez se achasse beneficiado pelo governo, no serevoltaria contra o burgus. Isto porque se beneficiaria, tanto se participasse de revoltas,como se beneficiaria se no participasse. Assim a ao de classe, nos padres marxista,seria o compromisso de qualquer grande grupo latente que busca atingir seus objetivoscoletivos. A classe nesses padres seriam um grande grupo de indivduos que decorreriamda posse ou no da propriedade produtiva ou capital. Onde cada individuo acha benefciosprprios, portanto um tipo de legislao de classe, no oferece incentivos para que os

    indivduos ajam com conscincia de classe, pois, esta favoreceria mais a classe como umtodo, do que indivduos dentro desta classe. Nestas anlises vemos que Marx oferece,uma teoria baseada no comportamento individual racional e utilitrio. Para Marx incoerente em sua teoria, pois difcil segundo o filosofo, acreditar que umcomportamento irracional poderia promover a fora para todas as mudanas sociais, quese simpatiza com viso de Joseph Schumpeter, de que a teoria marxista das classes sociaisseria uma irm alei jada de sua mais abrangente Inter pretao Econmica da Histria, porque segundo Marx no tinha uma ao de classe irracional e no-econmica em suamente.

    7.3 Uma Rpida Passagem Pelas Lutas de Classes

    O conceito de lutas de classes que em nvel da conjuntura poltica as classes sociaiss podem ser originadas como grupos de interesses opostos o que consequentementetomam o, carter de lutas de classes.

    justamente esse paradigma (luta de classes) realizado dentro dos limitesestabelecidos pela estrutura social que nas sociedades de classe constitui o motor dahistria; Engels fala o seguinte: Marx foi precisamente o primeiro que descobriu a grandelei que rege a marcha da histria, a qual todas as lutas histricas que se desenvolvam noterreno poltico, religioso, filosfico ou ideolgico qualquer, no so, em realidade, aexpresso, mais ou menos, de lutas entre classes sociais e que os choques destas classes

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    esto condicionadas pelo grau de desenvolvimento da situao econmica. Essa lei... tempara a histria a mesma importncia que a lei da transformao da energia para ascincias naturais...

    No sentido restrito chama-se luta de classes ao confronto que se produz entreduas classes antagnicas quando lutarem por seus interesses de classes. Isto acontecequando uma classe se ope a outra em ao, e portanto, s aparece em determinadomomento do desenvolvimento de uma sociedade.

    Pois bem, dito isso j podemos identificar que a luta de classses se d em trsnveis ou estruturas que fazem parte do sistema social global que so: Lutas de classes :econmicas, ideolgicas e polticas.

    Luta econmica que o confronto que se origina entre as classes ou sistemas

    opostos no nvel econmico, este confronto se d pela resistncia que as classesexploradoras opem, a este nvel, as classes exploradas.

    A luta ideolgica manifesta-se da mesma forma que a econmica, mas, nosentido ideolgico da classe explorada contra a classe exploradora. Na sociedadecapitalista esta luta ocorre entre a ideologia burguesa em todas as suas formas demanifestao contra a ideologia proletria baseada na teoria marxista da histria.

    J a luta poltica ataque frontal que se produz entre as classes em sua luta pelopoder poltico, isto , na luta em querer dominar ou apoderar-se do Estado . Tomamos de

    exemplo o que diz Lnine: Toda luta de classe uma luta poltica... e o liberalismo estadisposto a aceitar tambm a luta de classes no terreno poltico, com a unica condio deque aquela no teme a organizao do poder do Estado. fcil compreender quais so osinteresses da classe burguesa que originam esta deformao liberal do conceito de lutasde classes. A histria de toda sociedade passado a histria da luta de classes.

    7.4 A Questo da Mais Valia

    No sculo XIX, o desenvolvimento daeconomia capitalista foi capaz de determinaruma curiosa situao. Mesmo produzindo riquezas em um patamar astronmico, ocapitalismo ainda estava cercado por desigualdades que indicavam a diferena social eeconmica das classes burguesa e operria. Com isso, observamos que muitos intelectuaisresponderam a essa contradio com explicaes ou propostas que resolveriam taldiscrepncia.

    http://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/teoria-mais-valia.htmhttp://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/teoria-mais-valia.htm
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    Entre esses intelectuais, o filsofo alemo Karl Marx apontou que esse abismosocioeconmico poderia ser explicado pela teoria da mais-valia. Segundo esse pensador, amisria se perpetuava no mundo capitalista mediante os baixos salrios oferecidos aosoperrios como um todo. Mais do que uma simples opo, o baixo salrio era parteintegrante dos instrumentos que garantiam os lucros almejados pela empresa.

    Sendo assim, Marx indicou que o salrio destinado a um trabalhador poderia serpago com as riquezas que ele produz, por exemplo, ao longo de dez dias de um ms.Contudo, segundo o contrato de trabalho, o operrio seria obrigado a cumprir os demaisvinte dias restantes para receber o seu salrio de forma integral. Dessa forma, o donoda empresa pagaria o valor equivalente a dez dias trabalhados e receberia gratuitamentea riqueza produzida nos vinte dias restantes.

    Essa modalidade de mais-valia era reconhecida pelo pensamento econmico

    marxista como a mais-valia absoluta. Paralelo a esse tipo de explorao, ocorria a mais -valia relativa, instalada pelo processo de modernizao tecnolgico do ambiente fabril.Nesse caso, o trabalhador adequava o exerccio de suas funes ao uso de um novomaquinrio capaz de produzir mais riquezas em um perodo de tempo cada vez menor.

    Nesse caso, o trabalhador recebia o mesmo salrio para desempenhar uma funoanloga ou, em alguns casos, ainda mais simples. Graas nova mquina ou tcnica deproduo utilizada, o dono da empresa necessitava de um nmero de dias ainda menorpara cobrir o custo com o salrio do trabalhador. Assim, ficava sendo necessrios, porexemplo, apenas cinco dias trabalhados para que ele pudesse pagar pelo mesmo salriomensal que devia ao seu empregado.

    A exposio dessa teoria foi um dos meios pelos quais Karl Marx provou que asrelaes de trabalho no mundo capitalista tinham carter exploratrio. Dessa forma, elecondensava mais um argumento favorvel oposio de interesses existentes na relaoentre burguesia e proletariado. Alm disso, essa mesma tese serviu de base para quevrios operrios lutassem pela obteno de melhores salrios e condies mais dignas detrabalho.

    7.5 Marx e a Burguesia

    O debate em torno da revoluo burguesa no interior do marxismo bastanteantigo. Marx e Engels foram os primeiros a introduzi-lo. Antes mesmo que a revoluo

    http://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/teoria-mais-valia.htmhttp://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/teoria-mais-valia.htmhttp://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/teoria-mais-valia.htmhttp://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/teoria-mais-valia.htmhttp://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/teoria-mais-valia.htmhttp://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/teoria-mais-valia.htm
  • 7/27/2019 Apostila de Filosofia 20121

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    Prof Thaisy Souza Santos

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    parisiense de fevereiro de 1848 pudesse dar incio primavera dos povos, elesexpressaram suas esperanas numa possvel revoluo democrtica burguesa na sua terranatal: a Alemanha. No Manifesto do Partido Comunista escreveram: para a Alemanha,sobretudo, que o