Apostila de Segurança Do Trabalho - Pos Graduação Unp

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Segurança do Trabalho

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    APOSTILA DE DIREITO APLICADO SEGURANA E SADE DO TRABALHO LEGISLAO E NORMAS TCNICAS

    Por: Cndida Estefnia Vieira de Melo Oliveira

    Antes de adentrarmos no assunto faz por bem explanarmos o que vm a ser o Direito, seus princpios, fontes, bem como estudar o ramo do Direito do Trabalho.

    O QUE DIREITO?

    O direito um sistema de normas de conduta imposta por um conjunto de instituies para regular as relaes sociais: entre autor e ru, entre Estado e cidado, entre empregado e empregador, entre credor e devedor e assim por diante.

    O direito tradicionalmente dividido em ramos, como o direito civil, direito penal, direito comercial, direito constitucional, direito administrativo e outros cada um destes responsveis por regular as relaes interpessoais nos diversos aspectos da vida em sociedade.

    O direito constitui, assim, um conjunto de normas de conduta estabelecidas para regular as relaes sociais e garantidas pela interveno do poder pblico (isto , a sano que a autoridade central - no mundo moderno, o Estado - impe). , pois, da natureza da norma de direito a existncia de uma ameaa pelo seu no cumprimento (sano) e a sua imposio por uma autoridade pblica (modernamente, o Estado) com o objetivo de atender ao interesse geral (o bem comum, a paz e a organizao social). Alguns juristas, entretanto, discordam da nfase conferida sano para explicar a natureza da norma jurdica.

    As normas jurdicas tm por objetivo criar direitos e obrigaes para pessoas, quer sejam pessoas naturais, quer pessoas jurdicas.

    Tradicionalmente, consideram-se fontes do direito as seguintes:

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    Lei: entendida como o conjunto de textos editados pela autoridade superior (em geral, o poder Legislativo ou a Administrao pblica), formulados por escrito e segundo procedimentos especficos. Costuma-se incluir aqui os regulamentos administrativos.

    Costume: regra no escrita que se forma pela repetio reiterada de um comportamento e pela convico geral de que tal comportamento obrigatrio (isto , constitui uma norma do direito) e necessrio.

    Jurisprudncia: conjunto de interpretaes das normas do direito proferidas pelo poder Judicirio.

    Princpios gerais de direito: so os princpios mais gerais de tica social, direito natural ou axiologia jurdica, deduzidos pela razo humana, baseados na natureza racional e livre do homem e que constituem o fundamento de todo o sistema jurdico.

    Doutrina: a opinio dos juristas sobre uma matria concreta do direito.

    DIREITO OBJETIVO X DIREITO SUBJETIVO

    O Direito objetivo o conjunto de normas que o Estado mantm em vigor. Essas normas vm atravs de sua fonte formal: a lei.

    J o Direito subjetivo a vantagem conferida ao sujeito de relao jurdica, em decorrncia da incidncia da norma jurdica ao fato jurdico gerador por ela considerado (suporte ftico).

    DIREITO PBLICO X DIREITO PRIVADO

    O direito pblico o ramo do direito que dispe sobre interesses ou utilidades imediatas da comunidade (direito constitucional ou poltico, direito administrativo, direito criminal ou penal, direito judicirio ou processual).

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    Sob perspectiva da cidadania, como conjunto de normas de proteo contra o abuso do poder de governo, o direito pblico tambm denominado direito do estado (em contraposio a direito do governo).

    Outro ponto distintivo do Direito Pblico o princpio que o rege: o Princpio da Supremacia do interesse pblico em face do interesse individual. Com isto ser sempre priorizado o interesse geral em detrimento do interesse individual de cada pessoa, devendo este submeter-se quele.

    O direito privado o conjunto dos preceitos e normas que regulam a condio civil dos indivduos e das coletividades organizadas (pessoas jurdicas), inclusive o Estado e as autarquias, e bem assim os modos pelos quais se adquirem, conservam, desfrutam e transmitem os bens e tambm as relaes de famlia e as sucesses.

    O direito privado regulamenta, principalmente, a situao jurdica e as relaes entre particulares, onde verificamos a primazia da liberdade individual, igualdade entre os sujeitos que participam das relaes. Protege esses direitos pessoais, isto , interesses exclusivamente do titular do direito: interesses do proprietrio, do locador, do comprador, etc. So ramos:

    Direito Civil: regulamenta a capacidade e o estado dos sujeitos de direito, bem como suas relaes jurdicas, sobretudo nos aspectos patrimoniais e familiares.

    Direito do Trabalho: disciplina as relaes de trabalho subordinado, regulamentando as condies de trabalho, a remunerao e a representao coletiva dos empregados e empregadores.

    PRINCPIOS GERAIS DO DIREITO

    Os princpios gerais do Direito, classificados como princpios monovalentes segundo Miguel Reale em seu livro Lies preliminares de Direito so enunciaes normativas de valor genrico, que condicionam e orientam a compreenso do ordenamento jurdico em sua aplicao e integrao ou mesmo para a elaborao de novas normas.

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    Os princpios gerais do direito so os alicerces do ordenamento jurdico, no esto definidos em nenhuma norma legal.

    So eles:

    Falar e no provar o mesmo que no falar;

    Ningum pode causar dano e quem causar ter que indenizar; Ningum deve ser punido por seus pensamentos; Ningum obrigado a citar os dispositivos legais nos quais ampara sua

    pretenso, pois se presume que o juz os conhea; Ningum est obrigado ao impossvel; No h crime sem lei anterior que o descreva.

    ALGUNS PRINCPIOS DO DIREITO:

    Princpio da Igualdade:

    Trata-se de um princpio jurdico disposto pela Constituio da Repblica Federativa do Brasil que diz que "todos so iguais perante a lei", independentemente da riqueza ou prestgio destes. O princpio informa a todos os ramos do direito.

    Princpio da Legalidade:

    O princpio da legalidade, ou princpio da anterioridade da lei penal, ou ainda princpio da reserva legal um princpio jurdico fundamental que estabelece no existir delito fora da definio da norma escrita na lei e nem se pode impor uma pena que nessa mesma lei no esteja j definida.

    Princpio do Contraditrio e da ampla defesa:

    O Princpio do Contraditrio e da Ampla Defesa assegurado pelo artigo 5, inciso LV da Constituio Federal, mas pode ser definido tambm pela expresso audiatur et altera pars, que significa oua-se tambm a outra parte.

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    O QUE JUSTIA?

    O termo justia, de maneira simples, diz respeito igualdade de todos os cidados. o princpio bsico de um acordo que objetiva manter a ordem social atravs da preservao dos direitos em sua forma legal (constitucionalidade das leis) ou na sua aplicao a casos especficos (litgio).

    NORMA JURDICA

    A norma jurdica toda e qualquer proposio juridicamente vlida e, com efeito, necessariamente integrante de um ordenamento jurdico. A compreenso da norma jurdica somente possvel a partir da noo de ordenamento jurdico isto porque a eficcia da norma e a institucionalizao da sano dependem da pr-existncia de um ordenamento jurdico. Tal fato nos obriga a concluir que no existe nenhuma norma juridicamente vlida sem a existncia de um ordenamento jurdico correspondente, apesar de ser possvel a discusso acerca da possibilidade da norma jurdica ser ou no ser justa ou eficaz independente da sua validade. Apesar de uma grande divergncia de um conceito final entre os tericos, a norma jurdica diz respeitar a "atos que os indivduos devem ou no devem praticar" como um imperativo de conduta humana ou tratar sobre as prprias normas tendo em vista o fundamento e o processo.

    Toda norma jurdica pode ser submetida a trs valoraes distintas, e que so independentes: justa, vlida e eficaz.

    Caractersticas da norma jurdica

    Bilateralidade: A norma jurdica vincula duas ou mais pessoas, atribuindo poder a uma parte e impondo dever outra. Apresenta dois lados, um representado pelo direito subjetivo, de quem titular o sujeito ativo, e outro pelo dever jurdico, imposto ao sujeito passivo.

    Generalidade: Dirige-se a todos que se acham em igual situao jurdica, indistintamente, e no a pessoas determinadas.

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    Abstratividade: Preceitua em tese e no para um determinado caso concreto, visando atingir o maior nmero possvel de situaes.

    Imperatividade: Preceito nela contido obrigatrio, representa imposio de vontade e no mero aconselhamento.

    Coercibilidade: Possibilidade de uso da coao. Possui dois elementos: o psicolgico (intimidao) e o material (fora propriamente dita, acionada quando o destinatrio da regra no a cumpre espontaneamente).

    DIREITO DO TRABALHO:

    O Direito do trabalho, ou direito laboral, o conjunto de normas jurdicas que regem as relaes entre empregados e empregadores, e os direitos resultantes da condio jurdica dos trabalhadores. Estas normas, no Brasil, esto regidas pela CLT (Consolidao das Leis do Trabalho), Constituio Federal e vrias Leis Esparsas (como a lei que define o trabalho do estagirio, dentre outras).

    Sendo assim o direito do trabalho o conjunto de normas jurdicas que regulam as relaes de trabalho, sua preparao, desenvolvimento, consequncias e instituies complementares dos elementos pessoais que nelas intervm. No apenas o conjunto de leis, mas de normas jurdicas, entre as quais os contratos coletivos, e no regula apenas as relaes entre empregados e empregadores num contrato de trabalho, mas vai desde a sua preparao com a aprendizagem at as consequncias complementares, como por exemplo, a organizao profissional.

    FONTES DO DIREITO DO TRABALHO

    So os meios de onde provem as normas que compem o ordenamento jurdico trabalhista. Classificao:

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    Fontes Materiais:

    o conjunto de fatores sociais, culturais, histricos a partir dos quais se busca a criao de um ordenamento jurdico capaz de satisfazer s necessidades coletivas.

    Fontes Formais:

    So aquelas que conferem regra jurdica o carter de direito positivo, tendo como exemplo:

    A CONTITUIO; A CLT;

    AS LEIS ORDINRIAS E COMPLEMENTARES; OS DECRETOS;

    OS ACORDOS E CONVENES COLETIVAS; SENTENAS NORMATIVAS DA JUSTIA DO TRABALHO; OS REGULAMENTOS DAS EMPRESAS;

    CONVNIOS E RECOMENDAES INTERNACIONAIS

    HIERARQUIA DAS NORMAS TRABALHISTAS

    O Direito do Trabalho no segue as mesmas regras rgidas dos demais ramos do direito (Constituio, Lei complementar, Lei Ordinria etc). Prevalecendo sempre a aplicao da norma mais favorvel ao empregado, independentemente de seu grau hierrquico.

    DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

    a parte do Direito do Trabalho que disciplina as relaes pacficas e conflitantes entre o empregado e seu empregador, tendo como objeto a relao de emprego.

    RELAES DE TRABALHO

    So as relaes que se estabelecem entre duas ou mais pessoas pela prestao de servio de uma a outra de forma individual ou coletiva.

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    O direito brasileiro reconhece vrias formas de relaes de trabalho, dentre as quais destacamos: Relaes de Emprego (contrato de trabalho), prestao de servios autnomos, empreitada, trabalho temporrio, trabalho voluntrio, cooperativismo e locao de mo de obra (terceirizao).

    RELAO DE EMPREGO

    a relao jurdica que se estabelece pela prestao de servio subordinado por uma pessoa fsica a outra pessoa fsica ou jurdica, de forma contnua, onerosa, com prestao pessoal e alteridade.

    Empregado:

    Empregado a pessoa contratada para prestar servios para um empregador, numa carga horria definida, mediante salrio. O servio necessariamente tem de ser subordinado, qual seja, o empregado no tem autonomia para escolher a maneira como realizar o trabalho, estando sujeito s determinaes do empregador. O conceito de empregado encontra-se previsto no art. 3. da Consolidao das Leis do Trabalho. A relao entre o empregado e o empregador denominada relao de emprego.

    Empregador:

    O empregador aquele que contrata o trabalhador aos seus servios de forma remunerada, e tendo em contrapartida deste a prestao de trabalho.

    O empregador pode ser pessoa fsica ou pessoa jurdica, ou mesmo entidades no dotadas de personalidade, como a massa falida, o condomnio no registrado, entre outros.

    O artigo 2 da CLT: Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva que, assumindo os riscos da atividade econmica, admite, assalaria e dirige a prestao pessoal de servios.

    A principal caracterstica do empregador o poder hierrquico (de comando) garantido por fora do contrato de trabalho e reconhecido pela nossa legislao, o que lhe atribui tambm o poder diretivo e o poder disciplinar.

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    Na relao de emprego o trabalhador est subordinado ao poder de direo do empregador.

    O poder de direo se subdivide em:

    Poder de organizao - Cabe ao empregador organizar a atividade, eis que o empresrio fundamentalmente um organizador.

    Poder de controle - O empregador pode fiscalizar as atividades profissionais de seus empregados.

    Poder disciplinar - O empregador pode impor sanes aos seus empregados.

    Estes poderes dizem respeito apenas relao de emprego, nos servios prestados pelo empregado, no local de trabalho, e em conformidade com a legislao.

    PRINCPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

    Princpio da Liberdade de Trabalho: o princpio atravs do qual o Estado criar normas que visem coibir regras coativas destinadas ao constrangimento do trabalhador, especialmente em trabalhar ou permanecer trabalhando para outrem contra sua vontade. Ex: Trabalho escravo.

    Princpios das garantias mnimas do trabalhador: O Estado estabelecer normas pelas quais sero fixadas as condies mnimas de trabalho e salrio, de modo a tornar o trabalho uma atividade digna e provedora da subsistncia do trabalhador. Ex: Salrio mnimo, jornada de 8 horas.

    Princpio da Justa Remunerao: Este princpio estabelece que a fixao da retribuio do empregado dever ser estipulada levando-se em considerao a natureza da atividade, o grau de complexidade das tarefas executadas e a capacidade tcnica exigida para o desenvolvimento.

    Princpio do Direito ao Descanso: De acordo com este princpio, tem-se que devero ser adotadas normas que assegurem a obrigatoriedade de descanso nas prestaes de servios pelo empregado ao empregador, de modo a preserva-lhe a

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    sade e o convvio scio familiar. Ex: Intervalos na jornada, frias, repouso semanal remunerado.

    Princpio da igualdade salarial: Por tal principio, para todo trabalho igual dever corresponder mesma remunerao, independente de nacionalidade, cor, sexo, religio ou idade. Ex: Art. XXIII da Declarao Universal dos Direitos dos Homens.

    Princpio da plurinormatividade: Este princpio estabelece que o Direito do Trabalho reger-se- no s por normas advindas do Estado (Leis, Decretos, etc), mas tambm por normas de origem privada, oriundas das negociaes entre sindicatos (de empregados e de empregadores) e pela regulamentao interna das empresas. Ex: CLT, Acordos Coletivos, Convenes Coletivas, Sentenas Normativas).

    Princpio da Organizao sindical: Assegura aos empregados e empregadores, desde que para fins pacficos, o livre direito de organizar-se em entidades sindicais para defesa dos interesses da categoria que congrega.

    Princpio Protetor: o princpio pelo qual o direito do trabalho trata de forma desigual os economicamente desiguais (hipossuficiente = empregado hipersuficiente = empregador), buscando, assim, o equilbrio nas relaes de emprego que se estabelece entre o capital e o trabalho (empregador e empregado). Ex: Ao fiscalizadora do Ministrio do Trabalho.

    Princpio da Previdncia Social: Ao Estado compete dotar a sociedade de um sistema previdencirio (pblico ou privado) destinado proteo e ao amparo do trabalhador ante aos riscos do exerccio de sua atividade profissional, de um sinistro ou da velhice, como forma de preservar a dignidade daqueles que contriburam ou contribuem para o desenvolvimento da sociedade.

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    Princpio da Irredutibilidade do Salrio: Os salrios no podem ser reduzidos, salvo quando a sua reduo advm de Acordo ou Conveno Coletiva, ou em decorrncia de reduo proporcional da jornada de trabalho a pedido do empregado.

    Princpio da Intangibilidade do Salrio: Os salrios possuem natureza alimentar e se constituem em um patrimnio familiar, como tal no podero sofrer descontos ou confiscos salvo mediante expressa autorizao do empregado.

    Princpio da Continuidade da relao de emprego: Este princpio impe como regra que os contratos de trabalho sero celebrados por prazo indeterminado, constituindo-se em exceo a contratao por prazo determinado.

    O DIREITO DO TRABALHO NA CONSTUIO FEDERAL

    Fundamentao Jurdica

    A Constituio (ou Carta Magna), o conjunto de normas (regras e princpios) supremas do ordenamento jurdico de um pas. A Constituio limita o poder, organiza o Estado e define direitos e garantias fundamentais. Sendo assim, a Constituio Federal tambm regula as normas referentes ao Direito do Trabalho.

    Art. 7 CF/ 1988: So direito dos trabalhadores urbanos e rurais alm de outros que visem melhoria de sua condio social: XXII reduo dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de sade, higiene e segurana.

    Art. 200 CF/1988: Ao Sistema nico de Sade (SUS), compete:

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    II Executar as aes de vigilncia sanitria e epidemiolgica, bem como as de sade do trabalhador

    O trabalho um dos elementos que mais interferem nas condies e qualidade de vida do homem e, portanto, na sua sade. Muitas das lutas travadas por direitos trabalhistas que ocorreram no ltimo sculo esto ligadas s demandas dos trabalhadores por um ambiente de trabalho saudvel, e a prpria existncia de doenas profissionais, isto , de enfermidades ligadas atividade produtiva j era reconhecida pela Organizao Internacional do Trabalho desde o incio do sculo XX.

    No Brasil, a Constituio Federal de 1988 retirou o assunto Sade do Trabalhador do campo do Direito do Trabalho e o inseriu no campo do Direito Sanitrio, isto porque existe um entendimento de que a sade um direito que no pode ser negociado e deve ser garantido integralmente.

    O SUS vem assumindo as questes relacionadas sade do trabalhador por meio das Secretarias de Sade que so responsveis tanto por programas preventivos, quanto pelo atendimento de pacientes com danos decorrentes da atividade produtiva. Tais danos sade do trabalhador incluem acidentes de trabalho, doenas e agravos (leso ou funo do corpo prejudicada) que o trabalhador sofra, adquira ou desenvolva no local de trabalho, trajeto entre a residncia e o local de trabalho ou na prestao de servio para o empregador, independente de ter ou no carteira assinada e do local onde o dano sade ocorreu.

    A Sade do Trabalhador uma rea da Sade Pblica que prev o estudo, a preveno, a assistncia e a vigilncia aos agravos sade relacionados ao trabalho.

    Segurana e Sade do Trabalho na CLT

    Art. 168 CLT:

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    Ser obrigatrio exame mdico, por conta do empregador, nas condies estabelecidas neste artigo e nas instrues complementares a serem expedidas pelo Ministrio do Trabalho: I na admisso II na demisso III periodicamente 1 O Ministrio do Trabalho baixar instrues relativas aos casos em que sero exigveis exames:

    a) por ocasio de demisso; b) complementares. 2 Outros exames complementares podero ser exigidos, a critrio mdico, para apurao da capacidade ou aptido fsica e mental do empregado para a funo que deva exercer. 3 O Ministrio do Trabalho estabelecer, de acordo com o risco da atividade e o tempo de exposio, a periodicidade dos exames mdicos. 4 O empregador manter, no estabelecimento, o material necessrio prestao de primeiros socorros mdicos, de acordo com o risco da atividade. 5 O resultado dos exames mdicos, inclusive o exame complementar, ser comunicado ao trabalhador, observados os preceitos da tica mdica.

    Art. 168: Ser obrigatria a notificao das doenas profissionais e das produzidas em virtude de condies especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instrues expedidas pelo Ministrio do Trabalho.

    A sade enquanto patrimnio do trabalhador condio essencial e fundamental para o convvio social, indissocivel do trabalho, ferramenta primeira no desenvolvimento das relaes de produo.

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    Segurana do trabalho no direito previdencirio

    O Direito Previdencirio diz respeito ao recolhimento de contribuio do INSS, bem como garante ao empregado aposentadoria por tempo de servio ou por invalidez causada por acidente de trabalho.

    Lei n 8.213 de 24 de Julho de 1991: Art. 19 Acidente do trabalho o que ocorre pelo exerccio do trabalho a servio da empresa ou pelo exerccio do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause a morte ou a perda ou reduo, permanente ou temporria, da capacidade para o trabalho. 1 A empresa responsvel pela adoo e uso das medidas coletivas e individuais de proteo e segurana da sade do trabalhador. 2 Constitui contraveno penal, punvel com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurana e higiene do trabalho. 3 dever da empresa prestar informaes pormenorizadas sobre os riscos da operao a executar e do produto a manipular. 4 O Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social fiscalizar e os sindicatos e entidades representativas de classe acompanharo o fiel cumprimento do disposto nos pargrafos anteriores, conforme dispuser o Regulamento.

    Art. 20 Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior as seguintes entidades mrbidas:

    I - doena profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exerccio do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relao elaborada pelo Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social;

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    II - doena do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em funo de condies especiais em que o trabalho realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relao mencionada no inciso I.

    1 No so consideradas como doena do trabalho: a) a doena degenerativa;

    b) a inerente a grupo etrio; c) a que no produza incapacidade laborativa; d) a doena endmica adquirida por segurado habitante de regio em que ela se desenvolva, salvo comprovao de que resultante de exposio ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. 2 Em caso excepcional, constatando-se que a doena no includa na relao prevista nos inciso I e II deste artigo resultou das condies especiais em que o trabalho executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdncia Social deve consider-la acidente do trabalho. Art. 21. Equiparam-se tambm ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora no tenha sido a causa nica, haja contribudo diretamente para a morte do segurado, para reduo ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido leso que exija ateno mdica para a sua recuperao;

    II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horrio do trabalho, em consequncia de: a) ato de agresso, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa fsica intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudncia, de negligncia ou de impercia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razo;

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    e) desabamento, inundao, incndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de fora maior; III - a doena proveniente de contaminao acidental do empregado no exerccio de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horrio de trabalho: a) na execuo de ordem ou na realizao de servio sob a autoridade da empresa; b) na prestao espontnea de qualquer servio empresa para lhe evitar prejuzo ou proporcionar proveito; c) em viagem a servio da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitao da mo-de-obra, independentemente do meio de locomoo utilizado, inclusive veculo de propriedade do segurado; d) no percurso da residncia para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoo, inclusive veculo de propriedade do segurado. 1 Nos perodos destinados a refeio ou descanso, ou por ocasio da satisfao de outras necessidades fisiolgicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado considerado no exerccio do trabalho. 2 No considerada agravao ou complicao de acidente do trabalho a leso que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha s consequncias

    do anterior. Art. 21-A. A percia mdica do INSS considerar caracterizada a natureza acidentria da incapacidade quando constatar ocorrncia de nexo tcnico epidemiolgico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relao entre a atividade da empresa e a entidade mrbida motivadora da incapacidade elencada na Classificao Internacional de Doenas - CID, em conformidade com o que dispuser o regulamento.

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    1o A percia mdica do INSS deixar de aplicar o disposto neste artigo quando demonstrada a inexistncia do nexo de que trata o caput deste artigo. 2o A empresa poder requerer a no aplicao do nexo tcnico epidemiolgico, de cuja deciso caber recurso com efeito suspensivo, da empresa ou do segurado, ao Conselho de Recursos da Previdncia Social. Art. 22. A empresa dever comunicar o acidente do trabalho Previdncia Social at o 1 (primeiro) dia til seguinte ao da ocorrncia e, em caso de morte, de imediato, autoridade competente, sob pena de multa varivel entre o limite mnimo e o limite mximo do salrio-de-contribuio, sucessivamente aumentada nas reincidncias, aplicada e cobrada pela Previdncia Social. 1 Da comunicao a que se refere este artigo recebero cpia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria. 2 Na falta de comunicao por parte da empresa, podem formaliz-la o prprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o mdico que o assistiu ou qualquer autoridade pblica, no prevalecendo nestes casos o prazo previsto neste artigo.

    3 A comunicao a que se refere o 2 no exime a empresa de responsabilidade pela falta do cumprimento do disposto neste artigo. 4 Os sindicatos e entidades representativas de classe podero acompanhar a cobrana, pela Previdncia Social, das multas previstas neste artigo. 5o A multa de que trata este artigo no se aplica na hiptese do caput do art. 21-A. Art. 23. Considera-se como dia do acidente, no caso de doena profissional ou do trabalho, a data do incio da incapacidade laborativa para o exerccio da atividade habitual, ou o dia da segregao compulsria, ou o dia em

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    que for realizado o diagnstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.

    Segurana do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que so adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenas ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador.

    A Segurana do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introduo Segurana, Higiene e Medicina do Trabalho, Preveno e Controle de Riscos em Mquinas, Equipamentos e Instalaes, Psicologia na Engenharia de Segurana, Comunicao e Treinamento, Administrao aplicada Engenharia de Segurana, O Ambiente e as Doenas do Trabalho, Higiene do Trabalho, Metodologia de Pesquisa, Legislao, Normas Tcnicas, Responsabilidade Civil e Criminal, Percias, Proteo do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminao, Proteo contra Incndios e Exploses e Gerncia de Riscos.

    O quadro de Segurana do Trabalho de uma empresa compe-se de uma equipe multidisciplinar composta por Tcnico de Segurana do Trabalho, Engenheiro de Segurana do Trabalho, Mdico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Estes profissionais formam o que chamamos de SESMT - Servio Especializado em Engenharia de Segurana e Medicina do Trabalho. Tambm os empregados da empresa constituem a CIPA - Comisso Interna de Preveno de Acidentes, que tem como objetivo a preveno de acidentes e doenas decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatvel permanentemente o trabalho com a preservao da vida e a promoo da sade do trabalhador.

    A Segurana do Trabalho definida por normas e leis. No Brasil a Legislao de Segurana do Trabalho compe-se de Normas Regulamentadoras, Normas Regulamentadoras Rurais, outras leis complementares, como portarias e decretos e tambm as convenes Internacionais da Organizao Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil.

    O objetivo do Programa Segurana e Sade no Trabalho proteger a vida, promover a segurana e sade do trabalhador.

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    LEGISLAO PREVIDENCIRIA (RESPONSABILIDADE INDENIZAO)

    O art. 19, da Lei n 8.213/91, que dispe sobre os Planos de Benefcios da Previdncia Social, define o acidente de trabalho como sendo aquele que ocorre pelo exerccio do trabalho a servio da empresa ou pelo exerccio do trabalho dos segurados referidos no inciso VII, do art. 11, desta lei, provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause a morte ou a perda ou reduo, permanente ou temporria, da capacidade para o trabalho.

    Os artigos 20 e 21, da referida lei previdenciria, tambm especificam as demais hipteses que podem configurar acidente de trabalho, como, por exemplo, doenas ocupacionais, doena do trabalho ou acidente sofrido ainda que fora do local e horrio de trabalho, etc. Da em diante identifica-se dois tipos de responsabilidades que podem surgir a partir da ocorrncia de um acidente do trabalho.

    A responsabilidade securitria, decorrente da concesso do benefcio previdencirio do seguro de acidente de trabalho, financiado pelo empregador, mas adimplido pela Previdncia Social e que independe da comprovao de dolo ou culpa, ex vi do artigo 86, da Lei n 8.213/91:

    Art. 86. O auxlio-acidente ser concedido, como indenizao, ao segurado quando, aps a consolidao das leses decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem reduo da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

    A responsabilidade de natureza contratual, pela incidncia de dolo ou culpa do empregador, pela no observncia das obrigaes contidas no artigo 157, da CLT:

    I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurana e medicina do trabalho; II - instruir os empregados, atravs de ordens de servio, quanto s precaues a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenas ocupacionais;

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    III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo rgo regional competente;

    IV - facilitar o exerccio da fiscalizao pela autoridade competente.

    Frise-se que essa responsabilidade contratual do empregador pode ensejar reparao de danos materiais e morais com base na regra prevista na parte final do inciso XXVIII, do art. 7, da CF de 1988 que garante:

    XXVIII. seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenizao a que este est obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.

    Faz por bem distinguir a responsabilidade subjetiva da objetiva. Na primeira, a vtima deve provar que o agente causador do dano agiu com dolo ou culpa; enquanto que na segunda, basta que a vtima prove a ligao entre a causa e o efeito (o dano), sem necessidade de provar se o agente atuou com dolo ou culpa.

    A responsabilidade securitria objetiva, uma vez que independe da comprovao do dolo ou culpa do empregador pelo acidente. Consumado o acidente a indenizao devida pela Previdncia Social, da porque ela satisfeita com recursos oriundos do seguro obrigatrio, custeado pelos empregadores, e que se destina exatamente a fazer face aos riscos normais da atividade econmica no que respeita ao infortnio laboral.

    Com relao responsabilidade civil do empregador, decorrente da relao contratual, existe delimitao constitucional ela subjetiva e estar sempre subordinada comprovao do dolo ou culpa daquele. Assim, para que o trabalhador tenha eventual direito ao ressarcimento de prejuzos moral e material em virtude de acidente ocorrido no local de trabalho (independentemente do recebimento da indenizao securitria), dever provar a conduta culposa.

    Hoje, ponto pacfico a possibilidade de cumulao entre a responsabilidade acidentria e a responsabilidade civil, de direito comum.

    Entretanto, aps o advento da Lei n 10.406/2002, que instituiu o Novo Cdigo Civil (CC), passou-se a discutir a possibilidade da aplicao da responsabilidade

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    objetiva ao empregador, por fora do potencial risco de determinada atividade por ele explorada, bastando que seu empregado, na eventualidade de sofrer algum dano, tenha direito ao ressarcimento sem discutir se houve dolo ou culpa.

    Tal posicionamento parte da premissa de que pela interpretao do pargrafo nico do artigo 927, do CC, o empregado conseguiria a condenao da empresa ao pagamento de indenizao sem nenhuma exigncia de provar a culpa ou o dolo do empregador. Vejamos:

    Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo.

    Pargrafo nico. Haver obrigao de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

    A argumentao utilizada de que a nova redao do pargrafo nico, do art. 927, do CC, teria estabelecido a responsabilidade objetiva para o empregador, independentemente da ressalva em contrrio da norma constitucional, na hiptese de a empresa desenvolver atividade cuja natureza por si s oferea ou exponha a risco seus trabalhadores. Assim, ficaria automaticamente obrigado a indenizar sem nenhum direito de provar que no agiu com culpa ou dolo, para a ocorrncia do acidente.

    A situao , salvo melhor juzo, contraditria, na medida em que criaria responsabilidades distintas para um mesmo fato acidente de trabalho. Explica-se: caso ocorra acidente de trabalho em empresa cuja atividade no oferea ou exponha algum risco ao trabalhador, a responsabilidade seria subjetiva, mediante comprovao de dolo ou culpa (Art. 7, XXVIII CF). De outra feita, se o infortnio ocorrer em empresa cuja atividade oferea ou exponha risco ao trabalhador, a responsabilidade seria objetiva (Pargrafo nico do art. 927 CC), havendo, portanto, supremacia da norma infraconstitucional sobre a norma constitucional.

    Isto porque a norma hierarquicamente inferior (Cdigo Civil) que deve ser confrontada com a norma constitucional, e no o contrrio aquela deve ser interpretada conforme a Constituio que, no caso, possui interpretao clara no

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    sentido de que a responsabilidade do empregador por acidentes do trabalho por culpa ou dolo, ou seja, subjetiva.

    Sendo assim, conclui-se que a ao de indenizao promovida por trabalhador vtima de acidente de trabalho, por norma expressa prevista na CF (art. 7, XXVII), condiciona a comprovao do dolo ou culpa do empregador. A responsabilidade objetiva (sem culpa) somente incide em se tratando de reparao acidentria devida pelo rgo previdencirio.

    ESTABILIDADE PROVISRIA DO ACIDENTADO

    O empregado que sofre acidente do trabalho, ao retornar as suas atividades laborais na mesma funo ou readaptado em outra, passa a ter estabilidade no emprego pelos 12 meses subsequentes ao retorno Art. 118 da Lei 8.213/91 e Art. 494 CLT.

    Art. 118 O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mnimo de doze meses, a manuteno do seu contrato de trabalho na empresa, aps a cessao do auxlio-doena acidentrio, independentemente da percepo do auxilio-acidente.

    A referida estabilidade esta diretamente vinculada a percepo do beneficio auxilio doena acidentrio. Dessa forma, pela regra previdenciria a estabilidade somente seria alcanada se o empregado, em razo do acidente, permanecer afastado do servio por mais de 15 dias. A ocorrncia de acidente do trabalho exige a comunicao imediata, porm a falta da CAT Comunicao de Acidente do Trabalho pela empresa, mas no retira do trabalhador o direito estabilidade.

    Nos acidentes de trabalho em que no se configurar a invalidez do empregado, mas apenas a reduo de sua capacidade laboral para determinadas funes, dever o empregador promover a readaptao profissional do mesmo, em funo compatvel com suas limitaes, sem prejuzo dos salrios percebidos no cargo anterior ao auxilio acidente de que trata o Art. 86 da Lei 8.213/91, quando se verificar a hiptese.

    No caso de haver dificuldades de reintegrao de empregado estvel, quando essa reintegrao for desaconselhvel, em especial quando se tratar de empregador

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    pessoa fsica, o Tribunal do Trabalho poder acatar a resciso do contrato de trabalho, pagando ao empregado em dobro a indenizao devida pela resciso, na forma do disposto no Art. 496 e 497 da CLT.

    ACIDENTES DE TRABALHO X CULPA EXCLUSIVA DA VITIMA

    Quando sucedem-se acidentes no ambiente de trabalho, as pessoas tm uma tendncia natural, e at certo ponto compreensvel, de imputar a responsabilidade ao empregador, inocentando inteiramente o funcionrio acidentado. uma caracterstica inerente prpria natureza humana, de solidarizar-se com a dor e o com sofrimento da vtima, a despeito da averiguao da culpa.

    Entretanto, essa uma concluso no s precipitada como irrefletida, pois a vtima pode ter agido de modo to temerrio, to arriscado e to imprudente, que a responsabilidade do empregador se torna inexistente, desde que ele, obviamente, tenha fornecido condies de segurana apropriadas ao desempenho da atividade.

    O ponto nodal do problema consiste na verificao da culpa, se recai sobre a empresa ou sobre o funcionrio acidentado. Sendo da empresa, dever esta arcar com o pagamento das indenizaes pleiteadas na Justia; sendo do funcionrio, fica a empresa eximida de qualquer responsabilidade.

    ASSDIO MORAL

    Assdio Moral a exposio dos trabalhadores e trabalhadoras a situaes humilhantes e constrangedoras durante a jornada de trabalho e no exerccio de suas funes, sendo mais comuns em relaes hierrquicas, em que predominam condutas negativas, relaes desumanas, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relao da vtima com o ambiente de trabalho e a organizao, forando-o a desistir do emprego.

    Caracteriza-se pela degradao deliberada das condies de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relao a seus subordinados, constituindo uma experincia subjetiva que acarreta prejuzos prticos e emocionais para o trabalhador e a organizao.

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    Observe: um ato isolado de humilhao no assdio moral. Este, pressupe:

    1. repetio sistemtica

    2. intencionalidade (forar o outro a abrir mo do emprego) 3. direcionalidade (uma pessoa do grupo escolhida como bode expiatrio) 4. temporalidade (durante a jornada, por dias e meses) 5. degradao deliberada das condies de trabalho

    No mbito federal, o Brasil ainda no possui regulamentao jurdica especfica, mas o assdio moral pode ser julgado por condutas previstas no artigo 483 da CLT.

    Art. 483 O empregado poder considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenizao quando:

    b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierrquicos com rigor excessivo;

    Na prtica, os tribunais trabalhistas reconhecem o assdio quando caracterizado e comprovado por testemunhas, levando aos empregadores a pagarem indenizaes por dano moral causado.

    As condutas mais comuns, dentre outras, so:

    instrues confusas e imprecisas ao() trabalhador(a); dificultar o trabalho;

    atribuir erros imaginrios ao() trabalhador(a); exigir, sem necessidade, trabalhos urgentes;

    sobrecarga de tarefas;

    ignorar a presena do(a) trabalhador(a), ou no cumpriment- lo(a) ou, ainda, no lhe dirigir a palavra na frente dos outros, deliberadamente;

    fazer crticas ou brincadeiras de mau gosto ao() trabalhador(a) em pblico; impor horrios injustificados; retirar-lhe, injustificadamente, os instrumentos de trabalho; agresso fsica ou verbal, quando esto ss o(a) assediador(a) e a vtima;

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    revista vexatria;

    restrio ao uso de sanitrios;

    ameaas;

    insultos;

    isolamento.

    As empresas precisam se precaver, mediante orientao s chefias dos procedimentos para evitar quaisquer atitudes que possam caracterizar o assdio moral. Treinamento e conscientizao so as principais armas contra este mal, alm, claro, do respeito constante aos trabalhadores.

    Dentre as inmeras medidas que o empregador poder tomar para evitar ou coibir tais situaes, citamos algumas:

    criar um Regulamento Interno sobre tica que proba todas as formas de discriminao e de assdio moral, que promova a dignidade e cidadania do empregado, proporcionando entre empresa e empregado laos de confiana.

    diagnosticar o assdio, identificando o agressor, investigando seu objetivo e ouvindo testemunhas.

    avaliar a situao atravs de ao integrada entre as reas de Recursos Humanos, CIPA e SESMT.

    buscar modificar a situao, reeducando o agressor;

    no sendo possvel, devero ser adotadas medidas disciplinares contra o agressor, inclusive sua demisso, se necessrio.

    oferecer apoio mdico e psicolgico ao empregado assediado;

    exige-se da empresa, em caso de abalos sade fsica e/ou psicolgica do empregado, decorrentes do assdio, a emisso da CAT - Comunicao de Acidente de Trabalho.

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    NR- DISPOSIES GERAIS

    As Normas Regulamentadoras, relativas segurana e medicina do trabalho, so de observncia obrigatria pelas empresas privadas e pblicas e pelos rgos pblicos da administrao direta e indireta, bem como pelos rgos dos Poderes Legislativo e Judicirio, que possuam empregados regidos pela Consolidao das Leis do Trabalho - CLT.

    As disposies contidas nas Normas Regulamentadoras aplicam-se, no que couber, aos trabalhadores avulsos, s entidades ou empresas que lhes tomem o servio e aos sindicatos representativos das respectivas categorias profissionais.

    A observncia das Normas Regulamentadoras no desobriga as empresas do cumprimento de outras disposies que, com relao matria, sejam includas em cdigos de obras ou regulamentos sanitrios dos Estados ou Municpios, e outras, oriundas de convenes e acordos coletivos de trabalho.

    A Secretaria de Segurana e Sade no Trabalho - SSST o rgo de mbito nacional competente para coordenar, orientar, controlar e supervisionar as atividades relacionadas com a segurana e medicina do trabalho, inclusive a Campanha Nacional de Preveno de Acidentes do Trabalho - CANPAT, o Programa de Alimentao do Trabalhador - PAT e ainda a fiscalizao do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurana e medicina do trabalho em todo o territrio nacional.

    Compete, ainda, Secretaria de Segurana e Sade no Trabalho - SSST conhecer, em ltima instncia, dos recursos voluntrios ou de ofcio, das decises proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em matria de segurana e sade no trabalho.

    A Delegacia Regional do Trabalho - DRT, nos limites de sua jurisdio, o rgo regional competente para executar as atividades relacionadas com a segurana e medicina do trabalho, inclusive a Campanha Nacional de Preveno dos Acidentes do Trabalho - CANPAT, o Programa de Alimentao do Trabalhador - PAT e ainda a

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    fiscalizao do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurana e medicina do trabalho.

    Compete, ainda, Delegacia Regional do Trabalho - DRT: a) adotar medidas necessrias fiel observncia dos preceitos legais e regulamentares sobre segurana e medicina do trabalho; b) impor as penalidades cabveis por descumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurana e medicina do trabalho; c) embargar obra, interditar estabelecimento, setor de servio, canteiro de obra, frente de trabalho, locais de trabalho, mquinas e equipamentos; d) notificar as empresas, estipulando prazos, para eliminao e/ou neutralizao de insalubridade; e) atender requisies judiciais para realizao de percias sobre segurana e medicina do trabalho nas localidades onde no houver Mdico do Trabalho ou Engenheiro de Segurana do Trabalho registrado no MT (Ministrio do Trabalho).

    Podem ser delegadas a outros rgos federais, estaduais e municipais, mediante convnio autorizado pelo Ministro do Trabalho, atribuies de fiscalizao e/ou orientao s empresas, quanto ao cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurana e medicina do trabalho.

    Para fins de aplicao das Normas Regulamentadoras, considera-se:

    a) empregador, a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econmica, admite, assalaria e dirige a prestao pessoal de servios. Equiparam-se ao empregador os profissionais liberais, as instituies de beneficncia, as associaes recreativas ou outras instituies sem fins lucrativos, que admitem trabalhadores como empregados;

    b) empregado, a pessoa fsica que presta servios de natureza no eventual a empregador, sob a dependncia deste e mediante salrio;

    c) empresa, o estabelecimento ou o conjunto de estabelecimentos, canteiros de obra, frente de trabalho, locais de trabalho e outras, constituindo a organizao de que se utiliza o empregador para atingir seus objetivos;

    d) estabelecimento, cada uma das unidades da empresa, funcionando em lugares diferentes, tais como: fbrica, refinaria, usina, escritrio, loja, oficina, depsito, laboratrio;

  • 28

    e) setor de servio, a menor unidade administrativa ou operacional compreendida no mesmo estabelecimento;

    f) canteiro de obra, a rea do trabalho fixa e temporria, onde se desenvolvem operaes de apoio e execuo construo, demolio ou reparo de uma obra;

    g) frente de trabalho, a rea de trabalho mvel e temporria, onde se desenvolvem operaes de apoio e execuo construo, demolio ou reparo de uma obra;

    h) local de trabalho, a rea onde so executados os trabalhos.

    Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurdica prpria, estiverem sob direo, controle ou administrao de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econmica, sero, para efeito de aplicao das Normas Regulamentadoras, solidariamente responsveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.

    Para efeito de aplicao das Normas Regulamentadoras, a obra de engenharia, compreendendo ou no canteiro de obra ou frentes de trabalho, ser considerada como um estabelecimento, a menos que se disponha, de forma diferente, em NR especfica.

    Cabe ao empregador: a) cumprir e fazer cumprir as disposies legais e regulamentares sobre

    segurana e medicina do trabalho; b) elaborar ordens de servio sobre segurana e medicina do trabalho, dando

    cincia aos empregados, com os seguintes objetivos: I. prevenir atos inseguros no desempenho do trabalho;

    II. divulgar as obrigaes e proibies que os empregados devam conhecer e cumprir;

    III. dar conhecimento aos empregados de que sero passveis de punio, pelo descumprimento das ordens de servio expedidas;

    IV. determinar os procedimentos que devero ser adotados em caso de acidente do trabalho e doenas profissionais ou do trabalho;

    V. adotar medidas determinadas pelo MT;

  • 29

    VI. adotar medidas para eliminar ou neutralizar a insalubridade e as condies inseguras de trabalho.

    c) informar aos trabalhadores:

    I. os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho; II. os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela

    empresa;

    III. os resultados dos exames mdicos e de exames complementares de diagnstico aos quais os prprios trabalhadores forem submetidos;

    IV. os resultados das avaliaes ambientais realizadas nos locais de trabalho. d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalizao dos

    preceitos legais e regulamentares sobre segurana e medicina do trabalho.

    Cabe ao empregado: a) cumprir as disposies legais e regulamentares sobre segurana e medicina do

    trabalho, inclusive as ordens de servio expedidas pelo empregador; b) usar o EPI fornecido pelo empregador; c) submeter-se aos exames mdicos previstos nas Normas Regulamentadoras; d) colaborar com a empresa na aplicao das Normas Regulamentadoras;

    Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao cumprimento do disposto no item anterior.

    O no-cumprimento das disposies legais e regulamentares sobre segurana e medicina do trabalho acarretar ao empregador a aplicao das penalidades previstas na legislao pertinente.

    As dvidas suscitadas e os casos omissos verificados na execuo das Normas Regulamentadoras, sero decididos pela Secretaria de Segurana e Medicina do Trabalho - SSMT.

  • 30

    INSPEO PRVIA

    A) INCIO DE ATIVIDADES

    Todo estabelecimento novo, antes de iniciar suas atividades, dever solicitar aprovao de suas instalaes ao rgo Regional do MTE.

    O rgo Regional do MTE, aps realizar a inspeo prvia, emitir o Certificado de Aprovao de Instalaes CAI.

    B) IMPOSSIBILIDADE DE INSPEO PRVIA

    A empresa poder encaminhar ao rgo Regional do MTE uma declarao das instalaes do estabelecimento novo, que poder ser aceita pelo referido rgo, para fins de fiscalizao, quando no for possvel realizar a inspeo prvia antes do estabelecimento iniciar suas atividades.

    C) MODIFICAES SUBSTANCIAIS APROVAO

    A empresa dever comunicar e solicitar a aprovao do rgo Regional do MTE, quando ocorrer modificaes substanciais nas instalaes e/ou nos equipamentos de seu (s) estabelecimentos (s).

    facultado s empresas submeter apreciao prvia do rgo Regional do MTE os projetos de construo e respectivas instalaes.

    D) GARANTIA DE INCIO DE ATIVIDADES

    A inspeo prvia e a declarao de instalaes, constituem os elementos capazes de assegurar que o novo estabelecimento inicie suas atividades livre de riscos de acidentes e/ou doenas do trabalho, razo pela qual o estabelecimento que no atender ao disposto naqueles itens fica sujeito ao impedimento de seu funcionamento, conforme estabelece o artigo 160 da CLT, at que seja cumprida a exigncia.

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    SESMT

    O Servio Especializado em Engenharia de Segurana e Medicina do Trabalho - SESMT uma equipe de profissionais, a servio das empresas, com a finalidade de promover a sade e proteger a integridade fsica dos trabalhadores.

    O SESMT est estabelecido no artigo 162 da Consolidao das Leis do Trabalho e regulamentado pela Norma Regulamentadora 04 (NR-4).

    Dependendo da quantidade de empregados e da natureza das atividades, o servio pode incluir os seguintes profissionais:

    mdico do trabalho; enfermeiro do trabalho; tcnico de enfermagem do trabalho; engenheiro de segurana do trabalho tcnico de segurana do trabalho

    Estabelece a obrigatoriedade das empresas pblicas e privadas, que possuam empregados regidos pela CLT, de organizarem e manterem em funcionamento da SESMT.

    O SESMT consiste no conjunto permanente de aes, medidas e programas, previstos em normas e regulamentos, alm daqueles desenvolvidos por livre iniciativa da empresa, tendo como objetivo a preveno de acidentes e doenas, de modo a tornar compatvel permanentemente o trabalho com a preservao da vida, a promoo da sade do trabalhador e do meio ambiente de trabalho; objetivando garantir, permanentemente, um nvel mais eficaz de segurana e sade a todos os trabalhadores, observando como princpios bsicos:

    a integrao da atividade preventiva ao processo produtivo, abrangendo todos os aspectos relacionados ao trabalho;

    o planejamento das aes de preveno, atravs da implementao dos programas de gesto da segurana e sade do trabalhador;

  • 32

    a participao dos trabalhadores no planejamento, execuo e avaliao das medidas adotadas pela empresa;

    o emprego de tcnicas atualizadas de preveno;

    CIPA

    A participao dos trabalhadores fundamental para a implementao de medidas que visem a antecipar, reconhecer, quantificar e tomar as medidas de segurana cabveis.

    A CIPA Comisso Interna de Preveno de Acidentes de Trabalho tem um papel primordial.

    A instituio da CIPA paritria, devem ter representantes dos empregados e dos empregadores.

    Os membros eleitos pelos empregados, para a CIPA, gozam de estabilidade, da data do registro de sua candidatura, e se eleitos, at um ano aos o trmino de seu mandato como preceitua o Art. 165 CLT .

    importante frisar que pacfico o entendimento doutrinrio de que a garantia do emprego dos membros da CIPA no os protege contra a resciso contratual decorrente do fechamento da empresa, sem o pagamento de qualquer multa ou indenizao, pois o fechamento da empresa estaria nas hipteses de motivao econmica ou financeira previstas no Art. 165 da CLT. Neste sentido se manifestou a Smula n 339, II TST.

    EPI

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    Equipamentos de Proteo Individual ou EPIs so quaisquer meios ou dispositivos destinados a ser utilizados por uma pessoa contra possveis riscos ameaadores da sua sade ou segurana durante o exerccio de uma determinada atividade. Um equipamento de proteo individual pode ser constitudo por vrios meios ou dispositivos associados de forma a proteger o seu utilizador contra um ou vrios riscos simultneos. O uso deste tipo de equipamentos s dever ser contemplado quando no for possvel tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se desenvolve a atividade.

    O uso do equipamento que elimina a intensidade do agente torna indevido o adicional (Smula 80/TST).

    A) OBRIGATORIEDADE:

    A empresa obrigada:

    Fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco;

    Em perfeito estado de conservao e funcionamento;

    Nas seguintes circusntncias:

    Sempre que as medidas de proteo coletiva forem tecnicamente inviveis ou no oferecerem completa proteo contra os riscos de acidentes de trabalho e/ou de doenas profissionais e do trabalho;

    Enquanto as medidas de proteo coletiva tiverem sendo implantadas;

    Para atender as circusntncias de emergncia;

    Principais EPIs:

    Calados de segurana;

    Luvas de segurana;

    Cintos de segurana;

    Capacetes, Capuz;

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    Protetor auditivo;

    Protetor facial;

    Creme protetor;

    Protetor respiratrio;

    culos; Vestimenta;

    Dispositivo trava-quedas;

    B) LEGALIDADE:

    CLT Consolidao das Leis do Trabalho / Captulo V da segurana e medicina do trabalho / Seo IV do equipamento de proteo individual.

    Art. 166 A empresa obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteo individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservao e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral no ofeream completa proteo contra os riscos de acidentes e danos sade dos empregados.

    Art. 167 O equipamento de proteo s poder ser posto venda ou utilizado com a indicao do Certificado de Aprovao do Ministrio do Trabalho.

    B) DE RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR:

    Adquirir o adequado ao risco de cada atividade;

    Exigir seu uso;

    Fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo orgo nacional competente em matria de segurana e sade no trabalho;

    Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservao;

    Substituir imediantamente, quando danificado ou extraviado;

    Responzabilizar-se pela higienizao e manuteno peridica; e,

  • 35

    Comunicar ao MTE (Ministrio do Trabalho e Emprego) qualquer irregularidade observada.

    C) DE RESPONSABILIDADE DO EMPREGADO:

    Usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;

    Responsabilizar-se pela guarda e conservao;

    Comunicar ao empregador qualquer alterao que o torne imprprio para o uso; e,

    Cumprir as determinaes do empregador sobre o uso adequado.

    D) RESPONSABILIDADE DA DRTE (Delegacia Regional do Trabalho e Emprego):

    Fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e a qualidade do EPI;

    Recolher amostras de EPI; e,

    Aplicar na sua esfera de competncia, as penalidades cabveis pelo descumprimento da NR-6.

    Se o empregado se recusar a usar o EPI de forma injustificada enseja a demisso por justa causa.

    PCMSO

    PCMSO o Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional, conhecido como NR7, sua implantao visa preveno da Sade do Trabalhador.

    Os exames clnicos ou avaliao mdica so aqueles realizados pelo mdico no consultrio e os exames complementares so os realizados em laboratrios, ou por outros profissionais, com o objetivo de prevenir doenas ocupacionais.

    Estes exames complementares so todos os exames que exigem equipamentos especficos e que so realizados para complementar o atendimento mdico - Exemplo: Audiometrias, exames de sangue, urina, etc.

  • 36

    As atividades previstas para o PCMSO so: Avaliao Mdica Admissional; Avaliao Mdica Peridica; Avaliao Mdica por Mudana de Funo; Avaliao Mdica para o Retorno ao Trabalho; Avaliao Mdica Demissional; Fornecimento de Atestados de Sade Ocupacional (ASO); Relatrios Estatistcos; Arquivos de Exames.

    O PCMSO um documento escrito que nortear as aes prticas do programa. A NR-7 tem um conjunto de instrues ou indicaes para se tratar e levar a termo o Programa que ela manda instituir e executar: so as suas diretrizes. Deve tambm estar articulada com as demais NRs.

    O PCMSO obrigao de todas as pessoas, fsicas ou jurdicas, que admitirem trabalhadores como empregados, regidos pela CLT.

    Mesmo que o empregador possua um nico empregado o PCMSO exigido obrigatoriamente.

    Uma das conseqncias quando no existe o PCMSO devidamente elaborado e/ou quando, mesmo que exista, no esteja sendo implementado (executado devidamente) a multa que pode ser estabelecida pelo fiscal do trabalho (Agente de Inspeo do Trabalho) da DRT (Delegacia Regional do Trabalho). Alm disso, a sade do trabalhador pode ficar exposta desnecessariamente e o empregador pode expor-se, tambm desnecessariamente a procedimentos criminais e de indenizao civil.

    O custeio de todo PCMSO por conta do empregador.

    A cada ano de vigncia do PCMSO, o medico do trabalho dever fazer um relatrio anual de trabalho.

    PPRA

    O Programa de Preveno de Riscos Ambientais ou PPRA um programa estabelecido pela Norma Regulamentadora NR-9, da Secretaria de Segurana e Sade do Trabalho, do Ministrio do Trabalho.

  • 37

    Este programa tem por objetivo, definir uma metodologia de ao que garanta a preservao da sade e integridade dos trabalhadores face aos riscos existentes nos ambientes de trabalho.

    A legislao de segurana do trabalho brasileira considera como riscos ambientais, agentes fsicos, qumicos e biolgicos. Para que sejam considerados fatores de riscos ambientais estes agentes precisam estar presentes no ambiente de trabalho em determinadas concentraes ou intensidade, e o tempo mximo de exposio do trabalhador a eles determinado por limites pr-estabelecidos.

    A) AGENTES DE RISCO

    Agentes fsicos: so aqueles decorrentes de processos e equipamentos produtivos podem ser:

    Rudos e Vibraes;

    Presses anormais em relao presso atmosfrica;

    Temperaturas extremas (altas e baixas);

    Radiaes ionizantes e radiaes no ionizantes.

    Agentes qumicos: so aquelas decorrentes da manipulao e processamento de matrias primas e destacam-se:

    Poeiras e fumos;

    Nvoas e neblinas;

    Gases e vapores.

    Agentes biolgicos: so aqueles oriundos da manipulao, transformao e modificao de seres vivos microscpicos, dentre eles:

    Genes, bactrias, fungos, bacilos, parasitas, protozorios, vrus, e outros.

  • 38

    B) OBJETIVOS DO PROGRAMA (PPRA)

    O objetivo primordial e final evitar acidentes que possam vir a causar danos sade do trabalhador, entretanto existem objetivos intermedirios que asseguraro a consecuo da meta final.

    Objetivos intermedirios:

    Criar mentalidade preventiva em trabalhadores e empresrios;

    Reduzir ou eliminar improvisaes e a "criatividade do jeitinho";

    Promover a conscientizao em relao a riscos e agentes existentes no ambiente do trabalho;

    Desenvolver uma metodologia de abordagem e anlise das diferentes situaes (presente e futuras) do ambiente do trabalho;

    Treinar e educar trabalhadores para a utilizao da metodologia;

    C) METODOLOGIA

    O Programa de Preveno de Riscos Ambientais dever incluir as seguintes etapas:

    Antecipao e reconhecimento dos riscos;

    Estabelecimento de prioridades e metas de avaliao e controle;

    Avaliao dos riscos e da exposio dos trabalhadores;

    Implantao de medidas de controle e avaliao de sua eficcia;

    Monitoramento da exposio aos riscos;

    Registro e divulgao dos dados.

    D) OBRIGATORIEDADE DA IMPLANTAO DO PPRA

  • 39

    A Legislao muito ampla em relao ao PPRA, as atividades e o nmero de estabelecimentos sujeitos a implementao deste programa so to grandes que torna impossvel a ao da fiscalizao e em decorrncia disto muitas empresas simplesmente ignoram a obrigatoriedade do mesmo.

    A lei define que todos empregadores e instituies que admitem trabalhadores como empregados so obrigadas a implementar o PPRA.

    Em outras palavras, isto significa que praticamente toda atividade laboral onde haja vinculo empregatcio est obrigada a implementar o programa ou seja : indstrias; fornecedores de servios; hotis; condomnios; drogarias; escolas; supermercados; hospitais; clubes; transportadoras; magazines etc.

    Aqueles que no cumprirem as exigncias desta norma estaro sujeitos a penalidades que variam de multas e at interdies.

    Evidentemente que o PPRA tem de ser desenvolvido especificamente para cada tipo de atividade, sendo assim, torna-se claro que o programa de uma drogaria deve diferir do programa de uma indstria qumica.

    Fundamentalmente o PPRA visa preservar a sade e a integridade dos trabalhadores por meio da preveno de riscos, e isto significa:

    antecipar; reconhecer; avaliar e controlar riscos existentes e que venham a ser

    introduzidos no ambiente do trabalho.

    E) OPES DE IMPLEMENTAO DO PROGRAMA

    Para uma grande indstria que possui um organizado Servio Especializado de Segurana, a elaborao do programa no constitui nenhum problema, para um supermercado ou uma oficina de mdio porte, que por lei no necessitam manter um SESMT, isto poder vir a ser um problema.

    As opes para elaborao, desenvolvimento, implementao do PPRA so :

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    Empresas com SESMT - neste caso o pessoal especializado do SESMT ser responsvel pelas diversas etapas do programa em conjunto com a direo da empresa.

    Empresas que no possuem SESMT - nesta situao a empresa dever contratar uma firma especializada ou um Engenheiro de Segurana do Trabalho para desenvolvimento das diversas etapas do programa em conjunto com a direo da empresa.

    F) PRECAUES E CUIDADOS

    A principal preocupao evitar que o programa transforme-se no principal

    objetivo e a proteo ao trabalhador transforme-se em um objetivo secundrio.

    Algumas empresas de pequeno e mdio porte, no possuindo pessoas especializadas em seus quadros, contratam servios de terceiros que aproveitam a oportunidade para vender sofisticaes tecnolgicas teis para algumas situaes e absolutamente desnecessrias para outras.

    O PPRA um instrumento dinmico que visa proteger a sade do trabalhador e, portanto deve ser simples prtico, objetivo e acima de tudo facilmente compreendido e utilizado.

    ATIVIDADES E OPERAES INSALUBRES

    adicional pago aos empregados que trabalham em atividade insalubre Art. 189 CLT, assim entendida, aquela em que expe o empregador a agentes nocivos sua sade, ou seja, coloca-o em contato direto ou exposto a agentes transmissores de doenas infecto-contagiosas, produtos txicos, rudo excessivo, poeira, calor ou frios excessivo dentre outros.

    Seu pagamento condicionado ao exerccio da atividade insalubre catalogada pelo Ministrio do Trabalho e Emprego, atravs da NR-15, e depende de laudo pericial que ateste essa condio, como preceitua o 2 do Art. 195 da CLT.

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    Todavia, para o deferimento do adicional no basta a constatao da insalubridade, urge que a atividade esteja classificada como tal pela legislao.

    O trabalhador ainda que trabalhe apenas parte do dia em ambiente nocivo sade ter direito ao adicional de insalubridade (Smula 47- TST).

    A eliminao ou a neutralizao da insalubridade ocorrer com a adoo de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerncia e com a utilizao de equipamentos de proteo individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerncia ( Art. 191 da CLT).

    Todo adicional s devido mediante a ocorrncia da causa, quando cessar a causa, cessa o adicional, sem ferir o direito adquirido, ou seja, havendo alterao nos critrios de classificao ou reclassificao das atividades insalubres, o adicional ser suprimido, no havendo nessa hiptese ofensa alguma ao prncipio do direito adquirido. (Smula 248-TST).

    Entende-se por Limite de Tolerncia a concentrao ou intensidade mxima ou mnima, relacionada com a natureza e o tempo de exposio ao agente, que no causar dano sade do trabalhador, durante a sua vida laboral.

    A insalubridade classificada Art. 192CLT, por meio do laudo pericial exarado por um mdico ou engenheiro do trabalho, em trs graus, qual sejam, graus mnimo, mdio e mximo, o que reflete diretamente no valor do adicional, que ser, respectivamente, equivalente a 10%, 20% e 40% do salrio mnino vigente no pas ou salrio mnimo profissional, quando se tratar de profisso regulamentadas, cuja norma o tenha fixado, como preceituam as Smulas n 17 e 228- TST.

    ATIVIDADES E OPERAES PERIGOSAS

    o adicional pago aos empregados que trabalham em rea de risco, ou seja, em contato ou exposio a produtos inflamveis, explosivos, radiao ionizante (raio X) e energia eltrica em condies de risco acentuado Art. 193, 1 CLT.

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    Seu pagamento condicionado ao exerccio de uma das atividades catalogadas pelo Ministrio do Trabalho e Emprego atravs da NR- 16 como periculosa, e depende de laudo pericial que ateste essa condio.

    O laudo de que trata a legislao dever ser feito pela empresa atravs de tcnico habilitado. passvel de nulidade a sentena, que, mesmo aplicando a revelia e/ou confisso, deferir o adicional de periculosidade sem laudo pericial, visto que o laudo condio essencial para o seu deferimento, como dispe o 2 do Art. 195 da CLT.

    Se a empresa se negar ou simplesmente se omitir a realizar o laudo pericial que apure a periculosidade ou insalubridade, o empregado poder, diretamente ou atravs de seu sindicato, requer-lo ao Ministrio do Trabalho e Emprego na forma do que estabelece o 1 do Art. 195.

    Seu valor ser equivalente a 30% do salrio base, no se inserindo outras parcelas, tais como gratificaes, prmios e participaes nos lucros e resultados, exceto quando se tratar de eletricitrios.

    O adicional de periculosidade sofre incidncia de INSS e Imposto de Renda e integra a base de clculo do FGTS, da hora extra, do 13 Salrio, das Frias e do Aviso Prvio.

    No depende da atividade, depende da rea de risco que deve ser demarcada por percia. Por exemplo, um estabelecimento prximo um posto de gasolina rea de risco, sendo assim este estabelecimento deve seus empregados adicional de periculosidade, no entanto no cabe ao regressiva contra o posto de gasolina.

    importante frisar que o adicional de insalubridade e periculosidade no se cumulam, o empregador tem que optar por um ou outro adicional. Na prtica, essa opo no existe, pois dever ser pago aquele que mais benfico for ao empregado (maior valor), j que se trata de direito indisponvel.

    Frise-se ainda que o Art. 7, Inciso XXXIII, da CF/1988 probe o trabalho noturno, perigoso ou insalubre ao menor de 18 anos e de qualquer trabalho ao menor de 16 anos, salvo na condio de aprendiz, a partir dos 14 anos.

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    FISCALIZAO E PENALIDADES

    A norma regulamentadora n 28 estabelece os critrios a serem adotados pela fiscalizao do trabalho quando da aplicao de penalidades pecunirias (multas), critrios que devem ser aplicados durante a visita do agente fiscal do trabalho (prazos, por exemplo) e a interdio de locais de trabalho ou estabelecimentos.

    Os valores mnimos e mximo na aplicao de penalidade pecunirias em detrimento do no cumprimento das normas de segurana e medicina do trabalho tambm esto previstas nesta norma.

    A importncia do conhecimento total desta norma est na oportunidade de impedir abusos por parte da autoridade fiscalizadora e a possibilidade de se obter mais prazo para o cumprimento dos dispositivos das normas regulamentadoras.

    FISCALIZAO

    A fiscalizao do cumprimento das disposies legais e/ou regulamentares sobre segurana e sade do trabalhador ser efetuada obedecendo ao disposto nos Decretos n 55.841, de 15/03/65, e n 97.995, de 26/07/89, no Ttulo VII da CLT e no 3 do art. 6 da Lei n 7.855, de 24/10/89, e nesta Norma Regulamentadora - NR.

    Aos processos resultantes da ao fiscalizadora facultado anexar quaisquer documentos, quer de pormenorizao de fatos circunstanciais, quer comprobatrios, podendo, no exerccio das funes de inspeo do trabalho, o agente de inspeo do trabalho usar de todos os meios, inclusive audiovisuais, necessrios comprovao da infrao.

    O agente da inspeo do trabalho dever lavrar o respectivo auto de infrao vista de descumprimento dos preceitos legais e/ou regulamentares contidos nas Normas Regulamentadoras Urbanas e Rurais, considerando o critrio da dupla visita, elencados no Decreto n 55.841, de 15/03/65, no Ttulo VII da CLT e no 3 do art. 6 da Lei n 7.855, de 24/10/89.

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    O agente da inspeo do trabalho, com base em critrios tcnicos, poder notificar os empregadores concedendo prazos para a correo das irregularidades encontradas.

    O prazo para cumprimento dos itens notificados dever ser limitado a, no mximo, 60 (sessenta) dias.

    A autoridade regional competente, diante de solicitao escrita do notificado, acompanhada de exposio de motivos relevantes, apresentada no prazo de 10 (dez) dias do recebimento da notificao, poder prorrogar por 120 (cento e vinte) dias, contados da data do Termo de Notificao, o prazo para seu cumprimento.

    A concesso de prazos superiores a 120 (cento e vinte) dias fica condicionada prvia negociao entre o notificado e o sindicato representante da categoria dos empregados, com a presena da autoridade regional competente.

    A empresa poder recorrer ou solicitar prorrogao de prazo de cada item notificado at no mximo 10 (dez) dias a contar da data de emisso da notificao.

    Podero ainda os agentes da inspeo do trabalho lavrar auto de infrao pelo descumprimento dos preceitos legais e/ou regulamentares sobre segurana e sade do trabalhador, vista de laudo tcnico emitido por engenheiro de segurana do trabalho ou mdico do trabalho, devidamente habilitado.

    EMBARGO OU INTERDIO

    Quando o agente da inspeo do trabalho constatar situao de grave e iminente risco sade e/ou integridade fsica do trabalhador, com base em critrios tcnicos, dever propor de imediato autoridade regional competente a interdio do estabelecimento, setor de servio, mquina ou equipamento, ou o embargo parcial ou total da obra, determinando as medidas que devero ser adotadas para a correo das situaes de risco.

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    A autoridade regional competente, vista de novo laudo tcnico do agente da inspeo do trabalho, proceder suspenso ou no da interdio ou embargo.

    A autoridade regional competente, vista de relatrio circunstanciado, elaborado por agente da inspeo do trabalho que comprove o descumprimento reiterado das disposies legais e/ou regulamentares sobre segurana e sade do trabalhador, poder convocar representante legal da empresa para apurar o motivo da irregularidade e propor soluo para corrigir as situaes que estejam em desacordo com exigncias legais.

    Entende -se por descumprimento reiterado a lavratura do auto de infrao por 3 (trs) vezes no tocante ao descumprimento do mesmo item de norma regulamentadora ou a negligncia do empregador em cumprir as disposies legais e/ou regulamentares sobre segurana e sade do trabalhador, violando-as reiteradamente, deixando de atender s advertncias, intimaes ou sanes e sob reiterada ao fiscal por parte dos agentes da inspeo do trabalho.

    PENALIDADES

    As infraes aos preceitos legais e/ou regulamentadores sobre segurana e sade do trabalhador tero as penalidades aplicadas conforme o disposto no quadro de gradao de multas, obedecendo s infraes previstas no quadro de classificao das infraes desta Norma.

    Em caso de reincidncia ou resistncia fiscalizao ou ainda em caso de emprego de simulao com o objetivo de fraudar a lei, a multa ser aplicada na forma do art. 201, pargrafo nico, da CLT (valor mximo).