Apostila hidrologia Alunos

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UNIVALE Universidade Vale do Rio Doce Meteorologia e Climatologia

APOSTILA DE HIDROLOGIAProf. Fabrcio Serro Contin

Governador Valadares - MG

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1. Introduo

1.1 Conceito: a cincia que trata da gua na terra, sua ocorrncia, circulao e distribuio, suas propriedades fsicas e qumicas e sua reao com o meio ambiente, incluindo sua relao com as formas vivas. 1.2 Algumas reas da hidrologia:-

Hidrometeorologia: a parte da cincia que trata da gua na atmosfera. Limonologia: refere-se ao estudo dos lagos e reservatrios. Potamologia: trata do estudo dos arroios e rios. Glaciologia: a rea da cincia relacionada com a neve e o gelo na natureza. Hidrogeologia: o campo cientfico que trata das guas subterrneas.

1.3 Aplicaes da Hidrologia Em seguida so enumerados alguns exemplos nos quais a hidrologia exerce grande influncia na Engenharia: a) Escolha de fontes de abastecimento de gua para uso domstico ou industrial; b) Projeto e construo de obras hidrulicas: b.1) Fixao das dimenses hidrulicas de obras de arte, tais como pontes, bueiros etc.; b.2) Projetos de barragens: localizao e escolha do tipo de barragem, de fundao e de extravasor; dimensionamento; b.3) Estabelecimento do mtodo de construo; c) Drenagem: c.1) Estudo das caractersticas do lenol fretico; c.2) Exame das condies de alimentao e de escoamento natural do lenol: precipitaes, bacia de contribuio e nvel dgua nos cursos dgua. d) Irrigao: d.1) Problema de escolha do manancial; d.2) Estudo de evaporao e infiltrao. e) Regularizao de cursos dgua e controle de inundaes: e.1) Estudo das variaes de vazo; previso de vazes mximas; e.2) Exame das oscilaes de nvel e das reas de inundao. f) Controle da Poluio: anlise da capacidade de recebimento de corpos receptores dos efluentes de sistemas de esgoto: vazes mnimas de cursos dgua, capacidade de reaerao e velocidade de escoamento. g) Controle da eroso:2

h) i)

j) k) l)

g.1) Anlise de intensidade e freqncia das precipitaes mximas, determinao de coeficiente de escoamento superficial; g.2) Estudo da ao erosiva das guas e da proteo por meio de vegetao e outros recursos. Navegao: obteno de dados e estudos sobre construo e manuteno de canais nagevveis; Aproveitamento hidreltrico: i.1) Previso de vazes mximas, mnimas e mdias dos cursos dgua para o estudo econmico e o dimensionamento das instalaes de aproveitamento; i.2) Verificao da necessidade de reservatrio de acumulao; determinao dos elementos necessrios ao projeto e construo do mesmo: bacias hidrogrficas, volumes armazenveis, perdas por evaporao e infiltrao. Operao de sistemas hidrulicos complexos; Recreao e preservao do meio ambiente; e Preservao e desenvolvimento da vida aqutica.

1.3 Distribuio dos recursos hdricos no planeta De todo volume de gua no planeta: cerca de 97% gua salgada e 3% gua doce. Dos 3% de gua doce existente no planeta: 0,3% gua doce aproveitvel e 2,7% gua doce sem aproveitamento (gua presente como neve, gelo ou lenol subterrneo abaixo de 800 m de profundidade). Dos 0,3%, cerca de 0,01% proveniente de fontes de superfcie (rios e lagos) e 0,29% de fontes subterrneas (poos rasos e nascentes).

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2. 2.1 Introduo

CICLO HIDROLGICO

O ciclo hidrolgico o fenmeno global de circulao fechada da gua entre a superfcie terrestre e a atmosfera, impulsionado fundamentalmente pela energia solar associada gravidade e rotao terrestre. A superfcie terrestre abrange os continentes e os oceanos, participando do ciclo hidrolgico a camada porosa que recobre os continentes (solos, rochas) e o reservatrio formado pelos oceanos. Parte do ciclo hidrolgico constituda pela circulao da gua na prpria superfcie terrestre, isto : a circulao de gua no interior e na superfcie dos solos e rochas, nos oceanos e nos seres vivos. A atmosfera tambm possui uma diversidade de condies fsicas importante. Entretanto, a maioria dos fenmenos meteorolgicos acontece na fina camada inferior da atmosfera com 8 a 16 km de espessura, chamada de troposfera, onde est contida a quase totalidade da umidade atmosfrica, cerca de 90%. Logo acima da troposfera3

est situada a estratosfera, com espessura entre 40 e 70km, cuja importncia reside no fato de conter a camada de oznio que reguladora da radiao solar que atinge a superfcie terrestre, principal fonte de energia do ciclo hidrolgico. A gua que circula no interior da atmosfera constitui-se numa fase do ciclo hidrolgico. Este processo devido s correntes areas, deslocando-se tanto no estado de vapor como tambm nos estados lquido e slido. A umidade no estado de vapor invisvel, sendo as nuvens um conjunto de aerossis visveis de microgotculas de gua, mais umidade, e, dependendo da regio e estao do ano, partculas de gelo. O intercmbio entre as circulaes da superfcie terrestre e da atmosfera, fechando o ciclo hidrolgico, ocorre em dois sentidos: a) no sentido superfcieatmosfera, onde o fluxo de gua ocorre fundamentalmente na forma de vapor, como decorrncia dos fenmenos de evaporao e de transpirao, este ltimo um fenmeno biolgico; b) no sentido atmosfera-superfcie, onde a transferncia de gua ocorre em qualquer estado fsico, sendo mais significativas, em termos mundiais, as precipitaes de chuva e neve. O ciclo hidrolgico s fechado em nvel global. Os volumes evaporados em um determinado local do planeta no precipitam necessariamente no mesmo local, porque h movimentos contnuos, com dinmicas diferentes, na atmosfera, e tambm na superfcie terrestre. Da precipitao que ocorre nos continentes, por exemplo, somente parte a evaporada, com o restante escoando para os oceanos. medida que se considere reas menores de drenagem, fica mais caracterizado o ciclo hidrolgico como um ciclo aberto ao nvel local. Entre os fatores que contribuem para que haja uma grande variabilidade nas manifestaes do ciclo hidrolgico, nos diferentes pontos do globo terrestre, pode-se enumerar: a desuniformidade com que a energia solar atinge os diversos locais, o diferente comportamento trmico dos continentes em relao aos oceanos, a quantidade de vapor de gua, CO2 e oznio na atmosfera, a variabilidade espacial de solos e coberturas vegetais, e a influncia da rotao e inclinao do eixo terrestre na circulao atmosfrica, sendo esta ltima a razo da existncia das estaes do ano. 2.2 Descrio geral do ciclo hidrolgico Pode-se comear a descrever o ciclo hidrolgico a partir do vapor de gua presente na atmosfera que, sob determinadas condies meteorolgicas, condensa-se, formando microgotculas de gua que se mantm suspensas no ar devido turbulncia natural. O agrupamento das microgotculas, que so visveis com o vapor de gua, que invisvel, mais eventuais partculas de poeira e gelo, formam um aerossol que chamado de nuvem ou de nevoeiro, quando o aerossol forma-se junto ao solo. Atravs da dinmica das massas de ar, acontece a principal transferncia de gua da atmosfera para a superfcie terrestre que a precipitao. A precipitao, na sua forma mais comum que a chuva, ocorre quando complexos fenmenos de aglutinao e crescimento das microgotculas, em nuvens com4

presena significativa de umidade (vapor de gua) e ncleos de condensao (poeira ou gelo), formam uma grande quantidade de gotas com tamanho e peso suficientes para que a fora da gravidade supere a turbulncia normal ou movimentos ascendentes do meio atmosfrico. Quando o vapor de gua transforma-se diretamente em cristais de gelo e estes atingem tamanho e peso suficientes, a precipitao pode ocorrer na forma de neve ou granizo. No trajeto em direo superfcie terrestre a precipitao j sofre evaporao. Em algumas regies esta evaporao pode ser significativa, existindo casos em que a precipitao totalmente vaporizada. Caindo sobre um solo com cobertura vegetal, parte do volume precipitado sofre interceptao em folhas e caules, de onde evapora. Excedendo a capacidade de armazenar gua na superfcie dos vegetais, ou por ao dos ventos, a gua interceptada pode-se reprecipitar para o solo. A interceptao um fenmeno que ocorre tanto com a chuva como com a neve. A gua que atinge o solo segue diversos caminhos. Como o solo um meio poroso, h infiltrao de toda precipitao que chega ao solo, enquanto a superfcie do solo no se satura. A partir do momento da saturao superficial, medida que o solo vai sendo saturado a maiores profundidades, a infiltrao decresce at uma taxa residual, com o excesso no infiltrado da precipitao gerando escoamento superficial. A infiltrao e a percolao no interior do solo so comandadas pelas tenses capilares nos poros e pela gravidade. A umidade do solo realimentada pela infiltrao aproveitada em parte pelos vegetais, que a absorvem pelas razes e a devolvem, quase toda, atmosfera por transpirao, na forma de vapor de gua. O que os vegetais no aproveitam, percola para o lenol fretico que normalmente contribui para o escoamento de base dos rios. O escoamento superficial impulsionado pela gravidade para as cotas mais baixas, vencendo principalmente o atrito com a superfcie do solo. O escoamento superficial manifesta-se inicialmente na forma de pequenos filetes de gua que se moldam ao microrrelevo do solo. A eroso de partculas de solo pelos filetes em seus trajetos, aliada topografia preexistente, molda, por sua vez, uma microrrede de drenagem efmera que converge para a rede de cursos de gua mais estvel, formada por arroios e rios. A presena de vegetao na superfcie do solo contribui para obstaculizar o escoamento superficial, favorecendo a infiltrao em percurso. A vegetao tambm reduz a energia cintica de impacto das gotas de chuva no solo, minimizando a eroso. Com raras excees, a gua escoada pela rede de drenagem mais estvel destina-se ao oceano. Nos oceanos a circulao das guas regida por uma complexa combinao de fenmenos fsicos e meteorolgicos, destacando-se a rotao terrestre, os ventos de superfcie, variao espacial e temporal da energia solar absorvida e as mars. Em qualquer tempo e local por onde circula a gua na superfcie terrestre, seja nos continentes ou nos oceanos, h evaporao para a atmosfera, fenmeno que fecha o ciclo hidrolgico ora descrito. Naturalmente, por cobrir a maior parte da superfcie terrestre, cerca de 70%, a contribuio maior a dos oceanos. Entretanto o interesse5

maior, por estar intimamente ligada a maioria das atividades humanas, reside na gua doce dos continentes, onde importante o conhecimento da evaporao dos mananciais superficiais lquidos e dos solos, assim como da transpirao vegetal. A evapotranspirao, que a soma da evaporao e da transpirao, depende da radiao solar, das tenses de vapor do ar e dos ventos. Na Figura 1 pode-se visualizar um corte esquemtico do continente com as diversas fases do ciclo hidrolgico. Em certas regies da Terra o ciclo hidrolgico manifesta-se de forma bastante peculiar. Por exemplo, nas calotas polares ocorre pouca precipitao e a evaporao direta das geleiras. Nos grandes desertos tambm so raras as precipitaes, havendo gua permanentemente disponvel somente a grande profundidade, sem trocas significativas com a atmosfera, tendo sido estocada provavelmente em tempos remotos. A energia calorfica do Sol, fundamental ao ciclo hidrolgico, somente aproveitada devido ao efeito estufa natural causado pelo vapor de gua e CO 2, que impede a perda total do calor emitido pela Terra originado pela radiao solar (ondas curtas) recebida. Assim a atmosfera mantm-se aquecida, possibilitando a evaporao e transpirao naturais. Como cerca da metade do CO2 natural absorvido no processo de fotossntese das algas nos oceanos, verifica-se que bastante importante a interao entre oceanos e atmosfera para a estabilidade do clima e do ciclo hidrolgico.

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Figura 1 Ciclo hidrolgico

3. CHUVA 3.1 Introduo Nas regies tropicais, a chuva, ou precipitao pluvial, a forma principal pela qual a gua retorna da atmosfera para a superfcie terrestre aps os processos de evaporao e condensao, complementando, assim, o ciclo hidrolgico. A quantidade e a distribuio de chuvas que ocorrem anualmente em uma regio determinam o tipo de vegetao natural e tambm o tipo de explorao agrcola possvel. 3.2 Condensao na atmosfera Para que haja condensao do vapor dgua na atmosfera necessrio a presena de ncleos de condensao, em torno dos quais so formadas as gotculas que constituiro as nuvens. Os ncleos de condensao so partculas higroscpicas, entre as quais o NaCl, de origem martima, o mais abundante, visto que dois teros da superfcie terrestre coberta por oceanos. Alm da presena de ncleos de7

condensao, o vapor dgua na atmosfera condensa-se quando as condies tendem saturao, o que pode ocorrer de duas maneiras: a) pelo aumento da presso de vapor dgua devido evaporao e transpirao e b) por resfriamento do ar. Na realidade esses dois processos podem ocorrer simultaneamente, mas na natureza, o segundo bastante efetivo em promover a formao de orvalho e de nuvens. No caso dessas ltimas, a formao ocorre quando parcelas de ar mido sobem e se resfriam adiabaticamente, devido expanso interna causada pela diminuio da presso atmosfrica. 3.3 Formao da chuva O processo de condensao por si s no capaz de promover a precipitao, pois so formadas gotculas muito pequenas, denominadas de elementos de nuvem, que permanecem em suspenso sustentada pela fora de flutuao trmica. Para que haja precipitao, deve haver a formao de gotas maiores (elementos de precipitao), e isto ocorre por coalescncia das pequenas gotas, de forma que a ao da gravidade supere a fora de sustentao promovendo a precipitao. A coalescncia o resultado de diferenas de temperatura, tamanho, cargas eltricas, e de movimentos turbulentos dentro da nuvem. Quanto mais intensa for a movimentao dentro da nuvem, maior ser a probabilidade de choque entre as gotas, resultando em gotas sempre maiores. 3.4 Tipos de chuva Os tipos de chuvas se caracterizam pela sua origem. Assim, existem chuvas geradas por passagem de frentes, por conveco local, e por efeitos orogrficoas (montanhas). a) Chuvas frontais So originrias de nuvens formadas a partir do encontro de massas de ar frio e quente. A massa quente e mida (mais leve) tende a se elevar, resfriando-se adiabaticamente, isto, sem troca de calor com o meio adjacente (Figura 2). Nesse processo forado de subida da massa mida ocorre a condensao. As chuvas frontais caracterizam-se por: intensidade moderada a fraca, longa durao (dias), e sem horrio predominante para sua ocorrncia.

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Figura 2 Chuvas frontais b) Chuvas convectivas Originam-se de nuvens formadas a partir de correntes convectivas (trmicas) que se resfriam adiabaticamente ao se elevarem, resultando em nuvens de grande desenvolvimento vertical (cumuliformes), como pode ser visto na Figura 3. As chuvas convectivas se caracterizam por forte intensidade, mas curta durao, podem ocorrer descargas eltricas, trovoadas, ventos fortes e granizo, predominando no perodo da tarde e noite, quando a fora gravitacional supera a fora de sustentao trmica.

Figura 3 Chuvas convectivas. As chuvas convectivas, tambm conhecidas como chuvas de vero , por terem maior intensidade, apresentam grande potencial de danos, especialmente no aspecto de conservao do solo, visto que muitas vezes sua intensidade supera a velocidade de infiltrao da gua no solo. Isto gera escoamento superficial (enxurrada), que ganhando momento (quantidade de movimento), poder causar eroso do solo, desde que outros fatores como cobertura do solo, umidade, e declividade tambm contribuam para isso. c) Chuvas orogrficas As chuvas orogrficas (Figura 4) ocorrem em regies montanhosas, onde o relevo fora a subida da massa de ar mido. Essa subida forada equivalente ao9

processo de conveco livre, resultando nos mesmos fenmenos atmosfricos. Devido aos ventos, o ar sobe pela encosta resfriando-se adiabaticamente, com condensao e formao de nuvens tanto cumuliformes como estratiformes. Nessa situao, um lado da montanha, geralmente, mais chuvoso que o outro resultando na chamada Sombra de Chuva.

Figura 4 Chuvas orogrficas 3.5 Medida de chuva Um ndice de medida de chuva a altura pluviomtrica, que a altura de gua precipitada, expressa em milmetros (mm). Essa altura pluviomtrica (h) definida como sendo o volume precipitado por unidade de rea horizontal do terreno, ou seja: h = 1 litro de gua/1 m2 de terreno = 1000 cm3/10000 cm2 = 0,1 cm = 1 mm Outro ndice de expresso da chuva a sua intensidade (i), definida como a altura pluviomtrica por unidade de tempo: I = mm/hora Podendo i ser expresso tambm em mm/min. Esse ndice tem aplicao em dimensionamento de sistemas de drenagem e conservao do solo, tanto para a agricultura como construo civil. O equipamento bsico de medio da chuva o pluvimetro, que constitudo de uma rea de captao (> 100 cm2) e de um resevatrio onde a gua da chuva armazenada at o momento da leitura. Se o pluvimetro tiver um sistema de registro contnuo da quantidade e da hora de ocorrncia das chuvas, ento ele denominado de pluvigrafo.

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4.INFILTRAO DA GUA NO SOLO

4.1

Introduo

A infiltrao o processo pelo qual a gua atravessa a superfcie do solo. A modelagem deste processo de grande importncia prtica, pois a taxa de infiltrao da gua no solo um dos fatores que mais influencia o escoamento superficial, responsvel por processos indesejveis, como a eroso e as inundaes. A infiltrao determina o balano de gua na zona radicular e, por isso, o conhecimento deste processo e suas relaes com as propriedades do solo de fundamental importncia para o eficiente manejo do solo e da gua. O conhecimento do processo de infiltrao tambm fornece subsdios para o dimensionamento de reservatrios, estruturas de controle de eroso e de inundao, canais e sistemas de irrigao e drenagem. 4.2 Fatores que Intervm na Infiltrao

A infiltrao um processo que depende, em maior ou menor grau, de diversos fatores, os quais so descritos subseqentemente. a) Caractersticas do Solo A textura e a estrutura so caractersticas que influenciam expressivamente a movimentao da gua no solo, uma vez que determinam a quantidade de macroporos presentes em seu perfil, os quais so de extrema importncia na condutividade hidrulica do solo. Tambm interferem expressivamente na infiltrao a forma dos poros e a sua continuidade. Solos de textura grossa, ou seja, arenosos, possuem maior quantidade de macroporos que os de textura fina (argilosos) e, conseqentemente, apresentam maiores condutividade hidrulica e taxa de infiltrao. J os solos argilosos bem estruturados, ou com estrutura estvel, podem mostrar maiores taxas de infiltrao do que os com estrutura instvel, que sofrem disperso quando umedecidos ou submetidos a algum agente desagregador. A estabilidade dos agregados determinada pelos chamados agentes cimentantes, que so representados principalmente pela matria orgnica e pelos xidos de Fe e AI. Dessa forma, medida que aumentam estes compostos solo, maior a possibilidade de ele apresentar estrutura mais estvel. Solos mais intemperizados so caracterizados pela presena predominante de xidos de Fe e Al em relao s argilas silicatadas. Assim, em diversos trabalhos realizados em solos formados sob condies de clima tropical, como freqente no cerrado brasileiro, tem sido demonstrado que mesmo em solos com altos teores de11

argila podem-se ter elevadas taxas de infiltrao, o que justificado pelo alto grau de desenvolvimento da estrutura destes. Portanto, para as condies brasileiras, a estrutura do solo pode exercer influncia muito mais expressiva na taxa de infiltrao do que a textura. Rawls et al. (1996) apresentam valores indicativos da taxa de infiltrao para solos de diferentes classes texturais sob condies de cultivo e pastagem (Quadro 1). Quadro 1 - Taxas de infiltrao estvel para solos de diferentes classes texturais Taxa de infiltrao estvel (mm h-1) Textura do solo Cultivo Patagem Areia franca 38,1 94,0 38,1 111,8 Franco-arenoso 17,8 30,5 30,5 38,1 Franco 10,2 27,9 25,4 63,5 Franco-siltoso 5,1 48,3 10,2 91,4 Franco-argiloso 10,2 25,4 15,2 25,4 Franco-argilo-siltoso 7,6 33,0 7,6 33,0 Argila 5,1 27,9 Fonte: North Central Regional Committee 40, citado por Rawls et al. (1996)

b) Tipo de Cobertura do Solo A natureza da superfcie fator determinante no processo de infiltrao. reas urbanizadas apresentam menores taxas de infiltrao que reas agrcolas, por terem altas percentagens de impermeabilizao da superfcie do solo, o que limita a sua capacidade de infiltrao. Alm disso, o sistema radicular das plantas cria caminhos preferenciais que favorecem o movimento da gua. Tem-se ressaltado em vrias pesquisas a importncia de prticas como a manuteno de cobertura vegetal para a conservao do solo. A cobertura vegetal responsvel pelo aumento da macroporosidade da camada superficial e protege os agregados do impacto direto das gotas de chuva e, conseqentemente, capaz de manter altas taxas de infiltrao e diminuir consideravelmente as perdas de gua e solo. Duley (1939) verificou que solos descobertos apresentaram redues da taxa de infiltrao de at 85% em relao queles protegidos por palha. Silva e Kato (1998), avaliando a taxa de infiltrao estvel (ou taxa de infiltrao bsica) em solos de cenado (Latossolo Vermelho-Amarelo argiloso), usando simulador de chuvas (com intensidade de aplicao de aproximadamente 90 mm/h), encontraram valor para os solos sem cobertura igual a 61,3 mm/h, enquanto para os solos com cobertura morta este valor foi de 76,3 mm h. Os autores atriburam esta diferena formao de encrostamento superficial nos solos desprovidos de cobertura vegetal.

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Oliveira (2000) avaliou a taxa de infiltrao da gua em um solo com diferentes tipos de cobertura utilizando um simulador de chuva com intensidade de aplicao de 70 mm/h (Quadro 2). Ao analisar os dados do Quadro 2 fica evidente que os maiores valores foram observados para as condies com cobertura vegetal, com destaque para as parcelas com mucuna e vegetao espontnea. O autor atribuiu esse comportamento s caractersticas do sistema radicular da mucuna e da vegetao espontnea predominante (caruru-de-porco). Durante o crescimento das razes, criaram-se canais que favoreceram o movimento da gua no perfil. O autor ressalta tambm que o nmero de plantas nas unidades experimentais com vegetao espontnea era consideravelmente superior ao daquelas com mucuna. Em conseqncia, pode ter existido maior quantidade de canais biolgicos, responsveis pela grande taxa de infiltrao neste tratamento. Quadro 2 - Taxa de infiltrao estvel de acordo com o tipo de cobertura do solo Cobertura Sem cobertura Vegetao espontnea Mucuna Milho Fonte: Oliveira (2000) Taxa de infiltrao estvel (mm/h) 27,5 47,6 45,7 32,5

c) Tipo de Preparo e Manejo do Solo

Em geral, quando se prepara o solo, a capacidade de infiltrao tende a aumentar, em razo da quebra da estrutura da camada superficial. No entanto, se as condies de preparo e manejo forem inadequadas, sua capacidade de infiltrao poder tomar-se inferior de um solo sem preparo, principalmente se a cobertura vegetal for removida. Uma vez formado o selamento superficial e, em muitos casos, este estabelecido muito rapidamente aps as primeiras precipitaes, a taxa de infiltrao da gua no solo consideravelmente reduzida (Pruski et al., 1997a). Silva e Kato (1997) avaliaram a infiltrao em um Latossolo Vermelho-Amarelo argiloso sujeito a trs condies diferentes de manejo: sistema de cultivo tradicional, plantio direto e cerrado virgem e verificaram que os parmetros fsicos-hdricos que mais influenciam a infiltrao (macroporosidade e condutividade hidrulica) foram bem maiores no local onde prevalecia a cobertura natural do cerrado virgem. No Quadro 3 apresentada a mdia dos resultados encontrados pelos autores.

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Quadro 3 Valores mdios das principais caractersticas fsico-hdricas dos solos relacionadas infiltrao Densidade Porosidade (cm3/cm3) Condutividade Tipo de cobertura do solo Total Micro Macro hidrulica (g/cm3) Cerrado virgem 0,66 0,69 0,30 0,39 26,7 Plantio direto 0,92 0,60 0,40 0,20 1,3 Manejo 0,84 0,63 0,39 0,24 8,2 convencional Alves e Cabeda (1999) avaliaram a infiltrao em um Pdzlico Vermelho-escuro sob preparo convencional e plantio direto, usando chuvas simuladas com intensidades mdias constantes de 63,0 e 87,0 mm/h, e verificaram que a taxa de infiltrao estvel foi maior no plantio direto que no convencional e no plantio direto no houve diferena na taxa de infiltrao para as duas intensidades. No entanto, para o preparo convencional, a taxa foi menor sob chuva de maior intensidade (Quadro 4). O trfego intenso de mquinas sobre a superfcie do solo, principalmente quando se utiliza o sistema convencional de preparo, produz uma camada compactada que reduz a capacidade de infiltrao da gua no solo. Solos situados em reas de pastoreio tambm sofrem intensa compactao, ocasionada pelas patas dos animais (Pruski et al., 1997). Quadro 4 Taxas de infiltrao estvel para preparo convencional e plantio direto sob duas intensidades de precipitao Intensidade de precipitao Taxa de infiltrao estvel (mm/h) (mm/h) Convencional Plantio direto 63 27,5 46,6 87 17,3 47,2

d) Encrostamento Superficial O encrostamento superficial causado pelo impacto das gotas de chuva de ocorrncia comum, particularmente em solos intensivamente cultivados, como mencionado anteriormente. A superfcie do solo apresenta-se compacta e, embora a espessura da camada de encrostamento superficial possa ser pequena, seu efeito sobre as propriedades fsicas do solo influencia, acentuadamente, as condies de infiltrao.

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A seqncia de eventos envolvidos no processo de formao do encrostamento superficial apresentada em muitos trabalhos e, resumidamente, pode-se descrev-la da seguinte forma: quebra dos agregados de solo pelo impacto das gotas de chuva; movimento das partculas finas e dispersas ao longo de poucos centmetros abaixo da superfcie e sua deposio nos poros do solo; compactao da camada superficial do solo pelo impacto da gotas dgua, produzindo uma camada delgada de solo expressiva mente adensada; e deposio do material fino em suspenso, com a conseqente orientao das partculas de argila. A ocorrncia de encrostamento no solo no depende somente das caractersticas de sua superfcie, como textura, estrutura e presena de cobertura vegetal, mas tambm das caractersticas da chuva. Dentre estas, as mais utilizadas para caracterizar o encrostamento so a intensidade da chuva, o dimetro mdio e a velocidade final da gota. 4.3 Mtodos de Determinao da Infiltrao

a) Infiltrmetro de Anel Consiste de dois anis que so posicionados de forma concntrica no solo. O interno deve apresentar dimetro da ordem de 300 mm e o externo, dimetro de 600 mm, com altura de aproximadamente 300 mm. Os anis, cujas bordas devem ser bizeladas, so cravados verticalmente no solo, deixando-se uma borda livre ligeiramente superior a 150 mm. O anel externo tem como finalidade reduzir o efeito da disperso lateral da gua infiltrada do anel interno. Assim, a gua do anel interno infiltra no perfil do solo em uma direo predominantemente vertical, o que evita superestimativa da taxa de infiltrao.

Figura 5 Disposio dos anis para a determinao da TIE no solo. Durante a realizao do ensaio deve-se manter uma lmina de 30 a 50 mm no cilindro interno, sendo a altura da lmina dgua medida com uma rgua colocada verticalmente dentro do anel interno. No anel externo, a lmina dgua deve ser mantida apenas para assegurar que o processo de infiltrao no sofra interrupo e, conseqentemente, ocorra disperso lateral da gua infiltrada a partir do anel interno. O ensaio deve ser realizado at que a taxa de infiltrao, observada no anel15

interno, torne-se aproximadamente constante com o tempo. Normalmente, a taxa de infiltrao considerada constante quando o valor da leitura da lmina infiltrada no anel interno se repete pelo menos trs vezes. Os dados obtidos em um ensaio realizado com infiltrmetro de anel podem ser tabulados conforme no Quadro 5. Quadro 5 Exemplo de planilha para coleta de dados de testes com infiltrmetro de anel. Rgua (cm) Tempo acumulado Infiltrao acumulada Hora (min) (cm) Leitura Diferena 13:00 0 5 13:04 4 3,5/5 1,5 1,5 13:09 9 3,8/5 1,2 2,7 13:14 14 4,0/5 1,0 3,7 13:19 19 3,9/5 1,1 4,8 13:24 24 4,2/5 0,8 5,6 13:29 29 4,0/5 1,0 6,6 13:34 34 4,0/5 1,0 7,6 13:39 39 4,0/5 1,0 8,6 13:44 44 4,2/5 0,8 9,4 13:54 54 3,4/5 1,6 11,0 14:04 64 3,1/5 1,9 12,9 14:14 74 3,5/5 1,5 14,4 14:24 84 3,2/5 1,8 16,2 14:34 94 3,4/5 1,6 17,8 14:44 104 3,4/5 1,6 19,4 14:54 114 3,5/5 1,5 20,9 15:04 124 3,4/5 1,6 22,5 15:14 134 3,5/5 1,5 24,0 15:24 144 3,5/5 1,5 25,5 15:34 154 3,7/5 1,3 26,8 15:44 164 3,4/5 1,6 28,4 15:54 174 3,4/5 1,6 30,0 16:04 184 3,4/5 1,6 31,6 16:14 194 3,4/5 1,6 33,2 16:24 204 3,4/5 1,6 34,8 b) Simuladores de Chuva Os simuladores de chuva so equipamentos nos quais a gua aplicada por asperso com uma intensidade de aplicao superior capacidade de infiltrao do solo, exceto para um curto intervalo de tempo, logo aps o incio da precipitao. A rea de aplicao de gua delimitada por placas metlicas, sendo a taxa de16

infiltrao obtida pela diferena entre a intensidade de precipitao e a taxa de escoamento superficial resultante (Pruski et al., 1997a). Os dados obtidos em ensaio realizado com simulador de chuvas podem ser tabulados conforme mostrado no Quadro 6, no qual so apresentadas as informaes relativas a um teste feito em um Latossolo-Roxo distrfico (Pruski et al.. 1997b). A parcela sobre a qual foi aplicada a chuva simulada era de 90 cm de comprimento e 90 cm de largura, enquanto a caixa de coleta do escoamento superficial tinha 100 cm de comprimento, 70 cm de largura e 30 cm de altura. A cada intervalo de cinco minutos eram feitas leituras da altura de gua dentro da caixa de coleta. O simulador de chuvas operou com intensidade de precipitao (Ip) constante de 67,5 mm/h. Os simuladores de chuva foram desenvolvidos para simular condies tpicas de chuvas naturais, como velocidade de impacto e distribuio do tamanho das gotas da chuva, intensidade de precipitao, ngulo de impacto das gotas e capacidade de reproduzir a intensidade e a durao das chuvas intensas (Meyer, citado por Rawls et al., 1996). Quadro 6 Exemplo de planilha para coleta de dados chuvas T (min) t (min) HES (mm) VolES (cm3) 5 5 1,2 840 10 5 1,9 1330 15 5 2,2 1540 20 5 2,5 1750 25 5 2,6 1820 30 5 2,8 1960 35 5 2,9 2030 40 5 3,0 2100 45 5 3,1 2170 50 5 3,1 2170 55 5 3,2 2240 60 5 3,3 2310 65 5 3,3 2310 70 5 3,4 2380 75 5 3,4 2380 80 5 3,4 2380 de testes com simulador de TES (mm/h) 12,4 19,7 22,8 25,9 27,0 29,0 30,1 31,1 32,1 32,1 33,2 34,2 34,2 35,3 35,3 35,3 Ti (mm/h) 55,1 47,8 44,7 41,6 40,5 38,5 37,4 36,4 35,5 35,4 34,3 33,3 33,3 32,2 32,2 32,2

4.4

Comparao dos mtodos de determinao da infiltrao

O infiltrmetro de anel superestima a taxa de infiltrao em relao ao simulador de chuvas devido ao encrostamento da superfcie do solo sob chuva simulada, enquanto no infiltrmetro de anel isso no ocorre, uma vez que no existe o impacto das gotas de precipitao contra a superfcie do solo. Outro fator que contribui para que as taxas de infiltrao obtidas com infiltrmetro de anel sejam17

maiores que as conseguidas com o simulador de chuvas que no infiltrmetro de anel existe uma lmina de gua sobre a superfcie do solo, que proporciona maior potencial para se conseguir a infiltrao.

5.ESCOAMENTO SUPERFICIAL 5.1 Introduo O escoamento superficial corresponde ao segmento do ciclo hidrolgico relacionado ao deslocamento das guas sobre a superfcie do solo. O conhecimento deste segmento de fundamental importncia para o projeto de obras de engenharia, pois a maioria dos estudos hidrolgicos est ligada ao aproveitamento da gua superficial e proteo contra os fenmenos provocados pelo seu deslocamento. 5.2.Fatores que intervm no escoamento superficial Todos os fatores que influenciam a taxa de infiltrao da gua no solo interferem, tambm, no escoamento superficial resultante. a) Agroclimticos O escoamento superficial tende a crescer com o aumento da intensidade e a durao da precipitao e da rea abrangida pela precipitao, a qual constitui a principal forma de entrada de gua no ciclo hidrolgico. A cobertura e os tipos de uso do solo, alm de seus efeitos sobre as condies de infiltrao da gua no solo, exercem importante influncia na interceptao da gua advinda da precipitao. Quanto maior a porcentagem de cobertura vegetal e rugosidade da superfcie do solo, menor o escoamento superficial. A evapotranspirao tambm representa importante fator para retirada de gua do solo. Portanto, quanto maior a evapotranspirao, menor ser a umidade do solo quando da ocorrncia de precipitao e, conseqentemente, maior ser a taxa de infiltrao e menor o escoamento superficial. b) Fisiogrficos Quanto maior a rea e a declividade da bacia, maior dever ser a vazo mxima de escoamento superficial que ocorrer na seo de desge da bacia e quanto mais a forma da bacia aproximar-se do formato circular, mais rpida dever ser a concentrao do escoamento superficial e, conseqentemente, maior dever ser a sua vazo mxima.18

Quanto s condies de superfcie, dentre os fatores que mais influenciam o escoamento superficial, podem-se citar: tipo de solo: interfere diretamente na taxa de infiltrao da gua no solo e na capacidade de reteno de gua sobre sua superfcie; topografia: alm de influenciar a velocidade de escoamento da gua sobre o solo, interfere tambm na capacidade de armazenamento de gua sobre este, sendo as reas mais declivosas geralmente com menor capacidade de armazenamento superficial do que as mais planas; rede de drenagem: rede de drenagem muito densa e ramificada permite a rpida concentrao do escoamento superficial, favorecendo, conseqentemente, a ocorrncia de elevadas vazes sobre a superfcie do solo; e obras hidrulicas presentes na bacia: enquanto as obras destinadas drenagem ocasionam aumento da velocidade de escoamento da gua na bacia, as obras destinadas conteno do escoamento superficial resultam em reduo da vazo mxima em uma bacia. 5.3 Prticas de controle da eroso e do escoamento superficial

Reduzindo-se a eroso, os cursos dgua, lagos e represas ficam mais protegidos contra o rpido assoreamento. Mantendo-se os sedimentos fora da gua, evita-se o incremento de nutrientes nela, reduzindo-se os efeitos indesejveis do desenvolvimento excessivo de algas e outros vegetais, Os poluentes presos s partculas de solo devem ser mantidos fora da gua pela conservao do solo na gleba. O controle das fontes de poluio dgua , portanto, tambm concernente conservao do solo. a) Preparo do solo Visando a minimizar os riscos de deteriorao do solo, devido excessiva mecanizao, as operaes de preparo (araes, gradagens, cultivos, etc.) devem ser reduzidas ao mnimo necessrio. A menos que a rea seja plana, o preparo do solo deve ser conduzido sempre em contorno, para que sejam evitadas maiores perdas por eroso. b) Plantio em contorno prtica conservacionista fundamental, devendo fazer parte integrante dos sistemas de controle eroso (Figura 6). Quando utilizado isoladamente, seu uso restringido s reas de at 3 a 4% de declive, porm no sujeitas a chuvas muito intensas que possam causar grandes enxurradas. medida que o declive aumenta, sua eficincia diminui, e, em reas com declives superiores aos mencionados ou ainda

19

dependendo do comprimento de rampa, dever ser associada a outras prticas como terraceamento, faixas de reteno, etc. Nesse mtodo, cada linha de plantas atua como pequena barreira retardando o livre escoamento das guas pluviais e favorecendo a sua infiltrao. Vrios estudos demonstram que o plantio em contorno pode reduzir em at 50% as perdas de solo e diminuir tambm as perdas de gua por escoamento superficial, alm de elevar a produo.

Figura 6 Plantio em contorno Para se instalar o plantio em contorno como prtica conservacionista isolada, so demarcadas no terreno curvas de nvel, espaadas horizontalmente de 40 a 50 m; o plantio executado dispondo-se as linhas de plantas paralelamente quelas curvas de nvel, denominadas niveladas bsicas. c) Culturas em faixas Essa prtica consiste em alternar o sistema de rotao com faixas de culturas de crescimento denso e faixas de outras culturas que oferecem menor proteo ao solo, dispostas sempre no sentido transversal ao declive, ou seja, em contorno. As faixas de crescimento denso amortecem a velocidade da enxurrada que escoa das faixas adjacentes, provocando a deposio do solo que vinha sendo transportado. Essa prtica, quando utilizada isoladamente, recomendada a terrenos com declives de cerca de 3 a 5%, dependendo da suscetibilidade do solo eroso, do regime de chuvas e do tipo de cultura. Em reas com declives maiores que os citados, deve-se intercalar, entre as faixas das culturas, faixas de reteno vegetativa ou mesmo terraos, de acordo com as condies locais. d) Faixas de reteno vegetativa

20

Essa prtica consiste na formao de faixas de vegetao de alta densidade, dispostas em nvel e em espaos regulares sobre o terreno (Figura 7). A sua finalidade principal de reduzir a velocidade de escoamento das guas de chuva sobre o solo, diminuindo, assim, a quantidade de terra arrastada pelas enxurradas. As plantas utilizadas na formao das faixas de reteno devem apresentar as seguintes caractersticas principais: ciclo vegetativo longo; grande densidade de razes; desenvolvimento rpido da parte area; no serem invasoras e tambm que se prestem a algum aproveitamento. As mais indicadas so a cana-de-acar, o capimnapier, a erva-cidreira, etc. Em determinadas ocasies, a faixa de reteno pode ser formada utilizando-se da vegetao natural do terreno.

Figura 7 Faixas de reteno vegetativa e) Rotao de culturas Consiste em alternar, em seqncia definida numa gleba, culturas com exigncias diferentes e sistemas radiculares diferentes. Baseia-se, portanto, em no se repetir durante muito tempo uma mesma cultura num mesmo local. Basicamente os fundamentos que regem a rotao de culturas, visam cultivos alternados de culturas, com exigncias diferentes de fertilidade e tipos diferentes de razes, alternncia de culturas susceptveis a doenas e pragas e cultivares resistentes, culturas que esgotam o solo e culturas que melhoram a sua fertilidade ou protejam-no e culturas com diferentes necessidades de mo de obra, maquinas e equipamentos, gua, tipo de preparo do solo, etc, em pocas diferentes do ano. Alm de contribuir para manter ou restaurar a fertilidade do solo, ajuda tambm no controle de pragas, doenas e plantas daninhas em reas anteriormente ocupadas por apenas uma cultura. Recomendaes especficas a planos de rotao de culturas iro depender das particularidades de cada regio, como: condies climticas, aspectos de mercado, tipo de explorao agropecuria, convenincias do agricultor, etc.21

cultura.

Para tanto, as tabelas abaixo apresentam alguns exemplos de rotao de Primeiro Ano Vero Inverno Soja Tremoo Estao Vero Inverno Primeiro ano Milho Aveia preta Segundo Ano Vero Inverno Milho Trigo Segundo ano Soja Trigo Terceiro ano Soja Tremoo

f) Culturas de cobertura As culturas de cobertura so utilizadas na proteo do solo e manuteno de sua fertilidade. O termo cultura de cobertura quase sinnimo de adubao verde. So empregadas entre os perodos de colheita da cultura comercial e o prximo plantio, ocasio em que so incorporadas ao solo. So ainda utilizadas na proteo e na recuperao de reas degradadas e tambm intercaladas com culturas permanentes. Dentre outras, apresentam as seguintes vantagens: - protegem o solo contra a eroso pela reduo do impacto das gotas de chuva e da velocidade das enxurradas; - asseguram a manuteno de nveis adequados de matria orgnica; - melhoram a estrutura e aerao do solo; - quando se utilizar de leguminosas, elas podem contribuir significativamente na elevao dos teores de nitrognio do solo. g) Adubao verde A Adubao verde consiste em cultivar plantas para enterr-las no solo ainda imaturas (antes da florao), pois o material jovem e suculento decompe-se mais rapidamente que os resduos de plantas completamente maduras. As plantas mais indicadas so as pertencentes famlia das leguminosas, devido possibilidade de aproveitamento do nitrognio do ar atmosfrico, que fixado por meio de bactrias do gnero Rhizobium, que vivem em simbiose no sistema radicular dessas espcies. Alm disso, as leguminosas apresentam normalmente grande rendimento de massa verde por unidade de rea e possuem sistema radicular bastante ramificado e profundo, o que permite extrair nutrientes minerais nas camadas subsuperficiais do solo. A adubao verde melhora o teor de matria orgnica do solo, sua estrutura e permeabilidade, alm de proporcionar boa cobertura, protegendo o terreno do impacto direto das gotas de chuva.22

h) Cobertura morta A cobertura morta, tambm conhecida por mulch (Figura 8), uma tcnica que consiste em distribuir sobre a superfcie do solo uma camada de palhas ou outros resduos vegetais, que so distribudos entre as linhas das culturas ou apenas at a projeo da copa das plantas, dependendo da disponibilidade de material. Utilizar de palhas de capim, de arroz, de caf, sabugos de milho, etc. Em determinadas ocasies, as prprias plantas daninhas podem ser utilizadas como cobertura morta pela aplicao de herbicidas de contato, como ocorre nas lavouras permanentes, sobretudo no caso do caf. Alm de ser uma eficiente prtica para a conservao do solo e da gua, contribui para amenizar a temperatura do solo, controla plantas daninhas, serve tambm como adubo orgnico pela decomposio do material utilizado em cobertura, alm de contribuir para o aumento da produo das lavouras.

Figura 8 Cobertura morta i) Controle de capinas O controle de capinas, durante o perodo chuvoso, prtica muito eficiente para evitar a eroso nas reas de lavouras permanentes, como: cafezais, pomares; etc. Uma das maneiras de executar essa prtica consiste em capinar, alternadamente, no sentido transversal ao declive, as ruas de uma cultura, ou seja, uma rua sim outra no, mantendo-se com vegetao a metade da rea que estaria descoberta se fossem capinadas ao mesmo tempo todas as ruas; numa segunda etapa, so capinadas as ruas que no foram capinadas anteriormente. j) Adubao orgnica A incorporao de matria orgnica na forma de composto ou esterco, em complementao s adubaes minerais, prtica de grande relevncia na conservao23

do solo e da gua, pois, alm de elevar a produo, reduz consideravelmente as perdas de solo e gua. A elevao da produo deve-se ao fato de que a matria orgnica, alm de melhorar as propriedades fsicas e biolgicas do solo, tambm uma fonte de elementos minerais liberados pela sua decomposio, especialmente micronutrientes. Prticas de carter mecnico As prticas de carter mecnico mais usuais para a proteo das terras cultivadas envolvem trs componentes bsicos, quais sejam: Construo de terraos As guas que caem nas terras de cultivo so captadas pelos terraos. Os terraos podero desaguar numa via de drenagem natural, caso exista. Quando isso no possvel, dever ser construdo um canal escoadouro vegetado. O terrao o conjunto formado pela combinao de um canal com um camalho ou dique de terra, construdo com intervalos apropriados, no sentido transversal ao declive do terreno, destinado a conter as enxurradas, forando a infiltrao da gua pelo solo ou a drenagem lenta e segura do excesso dgua. O terraceamento uma prtica eficiente para o controle da eroso, desde que seja criteriosamente planejado, executado e mantido. Conteno de voorocas Obras de interceptao do fluxo de sedimentos que escoa por ravinas abertas na paisagem causadas pela concentrao, em um s ponto, de guas superficiais com grande volume e velocidade, aliadas baixa capacidade de resistncia de alguns solos. c) Construo de pequenas barragens Confeco de pequenas estruturas de acmulo de gua localizadas em pontos estrategicamente selecionados dentro da bacia de drenagem. Estas represas tero finalidade vrias tais como: reteno de gua em poca de chuvas, controle de vazo de pico de chuvas, piscicultura, consumo humano ou animal, recreao e embelezamento. Construo de bacias de acumulao de gua e reteno de sedimentos Locao e construo de pequenas bacias, lateralmente e ao longo de estradas em declive. Tais bacias so ligadas ao sistema de drenagem do leito virio e tm a funo24

de captar as enxurradas, acumulando-as por algum tempo, de modo a propiciar a infiltrao lenta destas guas no solo, diminuindo os efeitos da eroso e melhorando a recarga dos aqferos subterrneos. O que so: So estruturas construdas nos terrenos em forma de bacias, com a finalidade de armazenar, por algum tempo, e infiltrar guas de chuvas. Como fazer: So feitas com trator de esteiras, retroescavadeira ou p carregadeira e at manualmente. Funo: Essas bacias recebem a gua de enxurradas, o que evita o carreamento de solos. Com isso diminui a eroso, evitando o assoreamento dos rios e promovendo a recarga dos lenis que iro abastecer as nascentes de gua. Dimenses e formas: As bacias retangulares variam de 3x6m a 6xl0m, profundidade 0,8 m at 2m. Podem ter forma arredondada, variando de 3m dimetro a 15m. Precisam ser dimensionadas de modo a comportar o volume de gua captado. Podem ter formas arredondadas, meia-lua, retangular, quadradas, indefinidas. O importante evitar o escoamento das guas por meio das enxurradas na superfcie do solo, o que causaria eroso laminar e outros.

6.GUAS SUBTERRNEAS

6.1

Introduo

A maior parte da gua doce disponvel na Terra encontra-se no subsolo, sendo que metade dessa gua encontra-se a profundidades que excedem um quilmetro. medida que vamos nos aprofundando no solo, sob a camada inicial de solo mido, a camada seguinte encontrada a zona de aerao ou insaturada, onde as partculas de solo esto cobertas com um filme de gua, mas existe ar entre as partculas. maior profundidade, est a zona saturada, em que a gua deslocou todo o ar. O nome dado gua doce na zona saturada lenol de gua subterrneo; ele constitui 0,6% do suprimento total de gua. A principal fonte das guas subterrneas so as chuvas que caem sobre a superfcie, uma pequena parte das quais infiltra-se at atingir a zona saturada. 6.2 Vantangens das guas subterrneas em relao s guas superficiais

Aponta-se as seguintes vantagens das guas subterrneas em relao s guas superficiais:

25

Pelo fato de ocorrerem no subsolo sob uma zona de material rochoso nosaturado ou camadas rochosas pouco permeveis, as guas subterrneas encontram-se relativamente melhor protegidas contra agentes potenciais ou efetivos de poluio. Quando captadas de forma adequada, na sua utilizao, geralmente, no se tem custos de clarificao, tratamento ou purificao; os processos de filtrao e biogeoqumicos de depurao do subsolo proporcionam um alto nvel de purificao e potabilidade das guas subterrneas. O custo de sua captao e distribuio muito mais barato. A captao pode ser prxima da rea consumidora, o que torna mais barato o processo de distribuio; Permitem um planejamento modular na oferta de gua populao, isto , mais poos podem ser perfurados medida que aumente a necessidade, dispensando grandes investimentos de capital de uma nica vez. Os prazos de execuo das obras de captao so relativamente curtos, da ordem de dias at alguns meses. Os investimentos em geral so relativamente pequenos, variando entre dezenas a centenas de milhares de reais. Os aqferos no sofrem processos de assoreamento, nem perdem grandes volumes de gua por evaporao.

Obviamente que a gua subterrnea, apesar de muito importante, no suficiente para abastecer grandes centros populacionais, situados em reas de aqferos pobres, como o caso do Rio de Janeiro. No entanto, um complemento importante gua superficial. Poucos sabem, mas, mesmo na cidade do Rio de Janeiro, h muitas indstrias que s usam gua subterrnea. Nas duas ltimas dcadas houve um grande crescimento do uso deste recurso no Brasil, mas estamos longe dos nveis de uso e gerenciamento alcanados pelos pases da Europa e os Estados Unidos.

6.3

Ocorrncia de gua subterrnea

A gua da chuva pode ter vrios destinos aps atingir a superfcie da Terra. Inicialmente uma parte se infiltra. Quando o solo atinge seu ponto de saturao, ficando encharcado, a gua passa a escoar sobre a superfcie em direo aos vales. Dependendo da temperatura ambiente, uma parte da chuva volta atmosfera na forma de vapor. Em pases frios, ou em grandes altitudes, a gua se acumula na superfcie na forma de neve ou gelo, ali podendo ficar por muito tempo. A parcela da gua que se infiltra vai dar origem gua subterrnea. A taxa de infiltrao de gua no solo depende de muitos fatores:26

1-Sua porosidade: A presena de argila no solo contribui com o aumento da microporosidade, no permitindo uma grande infiltrao. 2-Cobertura vegetal: Um solo coberto por vegetao mais permevel do que um solo desmatado. 3-Inclinao do terreno: em declividades acentuadas a gua escorre mais rapidamente, diminuindo o tempo de infiltrao. 4- Tipo de chuva: Chuvas intensas saturam rapidamente o solo, ao passo que chuvas finas e demoradas tm mais tempo para se infiltrarem. 6.4 Importncia das guas subterrneas

No Brasil, em geral, as guas subterrneas abastecem rios e lagos. Por isso, mesmo na poca seca, a maioria dos nossos rios perene; Os usos mltiplos das guas subterrneas so crescentes: abastecimento, irrigao, calefao, balneoterapia, engarrafamento de guas minerais e potveis de mesa e outros; De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE (Recursos Naturais e Meio Ambiente, 1998) estima-se que 51% do suprimento de gua potvel seja originado dos recursos hdricos subterrneos; Os aqferos, ao reterem as guas das chuvas, desempenham papel fundamental no controle das cheias; As guas subterrneas tm grande alcance social pois os poos, quando bem construdos e protegidos, garantem a sade da populao.

6.5 O caminho subterrneo da gua O conceito de ciclo hidrolgico est ligado ao movimento e circulao de gua nos seus diferentes estados fsicos, entre os oceanos, as calotas de gelo, as guas superficiais, as guas subterrneas e a atmosfera. Este movimento permanente devese ao Sol, que fornece a energia para elevar a gua da superfcie terrestre para a atmosfera (evaporao), e gravidade, que faz com que a gua condensada caia (precipitao) e que, uma vez na superfcie, circule atravs de linhas de gua que se renem em rios at atingir os oceanos (escoamento superficial) ou se infiltre nos solos e nas rochas, atravs dos seus poros, fissuras e fraturas (escoamento subterrneo). Na Figura 9 esto apresentados dois esquemas de solos com poros e fraturas de formaes rochosas.

27

Figura 9 Poros e fraturas de formaes rochosas. Nem toda a gua precipitada alcana a superfcie terrestre, j que uma parte, na sua queda, volta a evaporar-se. A gua que se infiltra no solo sujeita a evaporao direta para a atmosfera e retida pela vegetao, que atravs da transpirao, a devolve atmosfera. Este processo chamado evapotranspirao ocorre no topo da zona no saturada, ou seja, na zona onde os espaos entre as partculas de solo contm tanto ar como gua. A gua que continua a infiltrar-se e atinge a zona saturada das rochas, entra na circulao subterrnea e contribui para um aumento da gua armazenada (recarga dos aquferos). Conforme pode ser visto na Figura 10, na zona saturada (aqufero), os poros ou fraturas das formaes rochosas esto completamente preenchidos por gua (saturados). O topo da zona saturada corresponde ao nvel fretico.

Figura 10 corte esquemtico do solo, com as zonas no saturada e saturada.

28

A gua subterrnea pode ressurgir superfcie (nascentes) e alimentar as linhas de gua ou ser descarregada diretamente no oceano.

6.6 Zonas de ocorrncia da gua no solo de um aqfero fretico 6.6.1) Zona de aerao: a parte do solo que est parcialmente preenchida por gua. Nesta zona a gua ocorre na forma de pelculas aderidas aos gros do solo. Solos de textura mais fina tendem a ter mais umidade do que os mais grosseiros, pois h mais superfcies de gros onde a gua pode ficar retida por adeso. Na zona de aerao podemos distinguir trs regies, como pode ser visto na Figura 11: - Zona de umidade do solo: a parte mais superficial, onde a perda de gua para a atmosfera intensa. Em alguns casos muito grande a quantidade de sais que se precipitam na superfcie do solo aps a evaporao desta gua, dando origem a solos salinizados. - Franja de capilaridade: a regio mais prxima ao nvel dgua do lenol fretico, onde a umidade maior devido presena da zona saturada logo abaixo. Zona intermediria: regio compreendida entre as duas anteriores e com umidade menor do que na franja capilar e maior do que na zona superficial do solo. Como j foi dito, a capilaridade maior em terrenos cuja granulometria muito fina. Em reas onde o nvel fretico est prximo da superfcie, a zona intermediria pode no existir, pois a franja capilar atinge a superfcie do solo. So brejos e alagadios, onde h uma intensa evaporao da gua subterrnea.

Figura 11 - Zonas de ocorrncia da gua no solo de um aqfero fretico29

6.6.2 Zona de Saturao a regio abaixo nvel fretico onde os poros ou fraturas da rocha esto totalmente preenchidos por gua. Observa-se que em um poo escavado num aqfero deste tipo, a gua o estar preenchendo at o nvel fretico (Figura 11). Em aqferos freticos o nvel da gua varia segundo a quantidade de chuva. Em pocas de chuva, o nvel fretico sobe e em pocas em que chove pouco, o nvel fretico desce. Um poo perfurado no vero poder ficar seco caso sua penetrao na zona saturada for menor do que esta variao do nvel dgua. 6.7 Classificao dos aqferos segundo a presso da gua a) Aqferos Livres ou Freticos A presso da gua na superfcie da zona saturada est em equilbrio com a presso atmosfrica, com a qual se comunica livremente. A Figura 12 esquematiza um aqfero deste tipo. So os aqferos mais comuns e mais explorados pela populao. So tambm os que apresentam maiores problemas de contaminao. b) Aqferos Artesianos Nestes aqferos a camada saturada est confinada entre duas camadas impermeveis ou semipermeveis, de forma que a presso da gua no topo da zona saturada maior do que a presso atmosfrica naquele ponto, o que faz com que a gua suba no poo para alm da zona aqfera. Se a presso for suficientemente forte a gua poder jorrar espontaneamente pela boca do poo. Neste caso diz-se que temos um poo jorrante. H muitas possibilidades geolgicas em que a situao de confinamento pode ocorrer. A figura abaixo (Figura 12) mostra o modelo mais clssico, mais comum e mais importante.

Figura 12 - Esquema de um poo fretico e artesiano30

6.8 Classificao segundo a geologia do material saturado a) Aqferos Porosos Ocorrem em rochas sedimentares consolidadas, sedimentos inconsolidados e solos arenosos. Constituem os mais importantes aqferos, pelo grande volume de gua que armazenam, e por sua ocorrncia em grandes reas. Estes aqferos ocorrem nas bacias sedimentares e em todas as vrzeas onde se acumularam sedimentos arenosos. Uma particularidade deste tipo de aqfero sua porosidade quase sempre homogeneamente distribuda, permitindo que a gua flua para qualquer direo, em funo to somente dos diferenciais de presso hidrosttica ali existentes. Poos perfurados nestes aqferos podem fornecer at 500 m3/hora de gua de boa qualidade. b) Aqferos fraturados ou fissurados Ocorrem em rochas gneas e metamrficas. A capacidade destas rochas em acumularem gua est relacionada quantidade de fraturas, suas aberturas e intercomunicao. Poos perfurados nestas rochas fornecem poucos metros cbicos de gua por hora. A possibilidade de se ter um poo produtivo depender, to somente, de o mesmo interceptar fraturas capazes de conduzir a gua. H caso em que, de dois poos situados a pouca distncia um do outro, somente um venha a fornecer gua, sendo o outro seco. Para minimizar o fracasso da perfurao nestes terrenos, faz-se necessrio que a locao do poo seja bem estudada por profissional competente. Nestes aqferos a gua s pode fluir onde houver fraturas, que, quase sempre, tendem a ter orientaes preferenciais. Um caso particular de aqfero fraturado representado pelos derrames de rochas gneas vulcnicas baslticas, das grandes bacias sedimentares brasileiras. Estas rochas, apesar de gneas, so capazes de fornecer volumes de gua at dez vezes maiores do que a maioria das rochas gneas e metamrficas. c) Aqferos crsticos So os aqferos formados em rochas carbonticas. Constituem um tipo peculiar de aqfero fraturado, onde as fraturas, devido dissoluo do carbonato pela gua, podem atingir aberturas muito grandes, criando, neste caso, verdadeiros rios subterrneos. comum em regies com grutas calcrias, ocorrendo em vrias partes do Brasil. Na Figura 13, esto esquematizados os trs tipos de aqferos segundo a geologia do material saturado.

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Figura 13 - Circulao de gua nos meios porosos, fraturados e crsticos.

6.9 POLUIAO DE GUAS SUBTERRNEAS

A gua um excelente solvente e pode conter inmeras substncias dissolvidas. Ao longo do seu percurso a gua vai interagindo com o solo e formaes geolgicas, dissolvendo e incorporando substncias. Por esta razo a gua subterrnea mais mineralizada (tem mais minerais) que a gua de superfcie. Apesar do solo e da zona no saturada apresentarem excelentes mecanismos de filtragem podendo reter inmeras partculas e bactrias patognicas, existem substncias e gases dissolvidos que dificilmente deixaro a gua subterrnea podendo ser responsveis pela sua poluio. Uma gua est poluda quando a sua composio foi alterada de tal maneira que a torna imprpria para um determinado fim. A deteriorao da qualidade da gua subterrnea pode ser provocada de maneira direta ou indireta, por atividades humanas ou por processos naturais, sendo mais frequente a ao combinada de ambos os fatores (Figura 14). Inmeras atividades do homem introduzem ao meio ambiente substncias ou caractersticas fsicas que ali no existiam antes, ou que existiam em quantidades diferentes. A este processo chamamos de poluio. Assim, como as atividades desenvolvidas pela humanidade so muito variveis, tambm so as formas e nveis de poluio. Estas mudanas de caractersticas do meio fsico podero refletir de formas diferentes sobre a biota local, podendo ser prejudicial a algumas espcies e no a outras. De qualquer forma, considerando as interdependncias das vrias espcies, estas modificaes levam sempre a desequilbrios ecolgicos. Resta saber quo intenso este desequilbrio e se possvel ser assimilado sem conseqncias catastrficas.32

Figura 14 - Poluio da gua subterrnea com diferentes origens. De um modo geral, os depsitos de gua subterrnea so bem mais resistentes aos processos poluidores dos que os de gua superficial, pois a camada de solo sobrejacente atua como filtro fsico e qumico. A facilidade de um poluente atingir a gua subterrnea depender dos seguintes fatores: a) Tipo de aqfero Os aqferos freticos so mais vulnerveis do que os confinados ou semiconfinados. b) Profundidade do nvel esttico: (espessura da zona de aerao) Como esta zona atua como um reator fsico-qumico, sua espessura tem papel importante. Espessuras maiores permitiro maior tempo de filtragem, alm do que aumentaro o tempo de exposio do poluente aos agentes oxidantes e adsorventes presentes na zona de aerao. c) Permeabilidade da zona de aerao e do aqfero.

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A permeabilidade da zona de aerao fundamental quando se pensa em poluio. Uma zona de aerao impermevel ou pouco permevel uma barreira penetrao de poluentes no aqfero. Aqferos extensos podem estar parcialmente recobertos por camadas impermeveis em algumas reas enquanto em outras acontece o inverso. Estas reas de maior permeabilidade atuam como zona de recarga e tm uma importncia fundamental em seu gerenciamento. Por outro lado, alta permeabilidade (transmissividade) permitem uma rpida difuso da poluio. O avano da mancha poluidora poder ser acelerado pela explorao do aqfero, na medida que aumenta a velocidade do fluxo subterrneo em direo s reas onde est havendo a retirada de gua. No caso de aqferos litorneos, a superexplorao poder levar ruptura do frgil equilbrio existente entre gua doce e gua salgada, produzindo o que se convencionou chamar de intruso de gua salgada. Na Figura 15, esto esquematizados materiais com alta e baixa permeabilidade.

Figura 15 Permeabilidade em diferentes materiais. d) Contedo de matria orgnica existente sobre o solo A matria orgnica tem grande capacidade de adsorver uma gama variada de metais pesados e molculas orgnicas. Estudos no Estado do Paran, onde est muito difundida a tcnica do plantio direto, tm mostrado que o aumento do teor de matria orgnica no solo tem sido responsvel por uma razovel diinuio do impacto ambiental34

da agricultura. Segundo os tcnicos estaduais, isto tem modificado o prprio aspecto da gua da represa de Itaipu. e)Tipo dos xidos e minerais de argila existentes no solo. Sabe-se que estes compostos, por suas cargas qumicas superficiais, tm grande capacidade de reter uma srie de elementos e compostos. A mobilidade dos ons nitrato muito dependente do balano de cargas. Solos com balano positivo de cargas suportam mais nitrato. Neste particular, de se notar que nos solos tropicais, cujos minerais predominantes so xidos de ferro e alumnio e a caulinita, que possuem significantes quantidade de cargas positivas, permitem interao do tipo on-on (interao forte) com uma gama variada de produtos que devem sua atividade pesticida a grupos moleculares inicos e polares. Um poluente aps atingir o solo, poder passar por uma srie reaes qumicas, bioqumicas, fotoqumicas e inter-relaes fsicas com os constituintes do solo antes de atingir a gua subterrnea. Estas reaes podero neutralizar, modificar ou retardar a ao poluente. Em muitas situaes a biotransformao e a decomposio ambiental dos compostos fitossanitrios pode conduzir formao de produtos com uma ao txica aguda mais intensa ou, ento, possuidores de efeitos injuriosos no caracterizados nas molculas precursoras. Exemplos: Dimetoato, um organofosforado, degrada-se em dimetoxon, cerca de 75 a 100 vezes mais txico. O malation produz, por decomposio, o trimetilfosforotioato, que apresenta uma ao direta extremamente injuriosa no sistema nervoso central e nos pulmes, provocando hipotermia e queda no ritmo respiratrio. A poluio capaz de atingir as guas subterrneas pode ter origem variada. Considerando que os aqferos so corpos tridimensionais, em geral extensos e profundos, diferentemente portanto, dos cursos dgua, a forma da fonte poluidora tem importncia fundamental nos estudos de impacto ambiental: Fontes pontuais de poluio: so as que atingem o aqfero atravs de um ponto. Exemplos: sumidouros de esgotos domsticos, comuns em comunidades rurais, aterros sanitrios, vazamentos de depsitos de produtos qumicos, vazamentos de dutos transportadores de esgotos domsticos ou produtos qumicos. Fontes lineares de poluio: so as provocadas pela infiltrao de guas superficiais de rios e canais contaminados. A possibilidade desta poluio ocorrer depender do sentido de fluxo hidrulico existente entre o curso dgua e o aqfero subjacente. necessrio enfatizar que, ao longo de um mesmo curso, h lugares onde o fluxo ocorre do aqfero para o talvegue e outros onde se passa o inverso, isto , as guas do rio se infiltram em direo ao aqfero. Fontes difusas de poluio: so as que contaminam reas extensas. Normalmente so poluentes transportados por correntes areas, chuva e pela35

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atividade agrcola. Em aglomerados urbanos, onde no haja rede de esgoto sanitrio, as fossas spticas e sumidouros esto de tal forma regularmente espaadas que o conjunto acaba por ser uma fonte difusa de poluio. A poluio proveniente das fontes difusas se caracterizam por ser de baixa concentrao e atingir grande reas. As causas fundamentais da poluio de guas subterrneas ocasionadas pela atividade humana podem agrupar-se em quatro grupos dependendo da atividade humana que as originou e que seguidamente esto descritas. 1) Poluio urbana e domstica provocada pela descarga de efluentes domsticos no tratados na rede hidrogrfica, fossas spticas e lixes. Os efluentes domsticos contm sais minerais, matria orgnica, restos de compostos no biodegradveis, vrus e microrganismos fecais. O chorume dos lixes, resultantes da decomposio dos materiais orgnicos, so altamente redutores e enriquecidos em amnio, ferro ferroso, mangans e zinco, alm de apresentarem valores elevados da dureza, concentrao de cloreto, sulfato, bicarbonato, sdio, potssio, clcio e magnsio. A decomposio da matria orgnica no lixo origina a produo de gases como o dixido de carbono e o metano. Este tipo de poluio ao atingir o aqufero origina o aparecimento de cor, sabor e odor desagradveis. 2) Poluio Agrcola Este tipo de poluio, consequncia das prticas agrcolas, a mais generalizada e importante na deteriorao da gua subterrnea (Figura 16). A diferena entre este tipo de poluio e outros o fato de apresentar um carter difuso, sendo responsvel pela poluio a partir da superfcie de extensas reas, ao passo que os outros tipos correspondem a focos pontuais de poluio. Os contaminantes potencialmente mais significativos neste campo so os fertilizantes e pesticidas. Outros contaminantes de menor significado mas por vezes muito importantes so os associados s atividades pecurias, sendo a sua poluio semelhante domstica. Os fertilizantes inorgnicos como o sulfato de amnio, nitrato de amnio e carbonato de amnio e os orgnicos, como a uria, so os responsveis pelo incremento de nitrato, nitrito e amnio nas guas subterrneas. Isto deve-se ao fato da quantidade de fertilizantes aplicada ser superior quantidade necessria para o desenvolvimento das plantas. O incremento de sulfatos, cloretos e fsforo nas guas subterrneas um problema menos importante que o dos compostos nitrogenados e est relacionado com

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a aplicao de fertilizantes como o sulfato de amnio, cloreto de potssio, carbonato de potssio e compostos de fsforo.

Figura 16 agricultura: fonte difusa de poluio para guas subterrneas Dentro dos pesticidas e produtos fitossanitrios, os pesticidas organoclorados o DDT so os mais perigosos devido sua persistncia e elevada toxicidade. Resumindo, os principais problemas de poluio por atividades agrcolas so: A utilizao inadequada de fertilizantes nitrogenados e fosforados em zonas de irrigao com solos permeveis e aquferos livres, traduzindo em aumentos considerveis de nitratos no aqufero; Lanamento indiscriminado de resduos animais sobre o solo em zonas vulnerveis; Utilizao incorreta ou exagerada de pesticidas em solos muito permeveis com escassa capacidade de adsoro.

como

3.Poluio Industrial A poluio industrial apresenta um carter tipicamente pontual e est relacionada com a eliminao de resduos de produo atravs da atmosfera, do solo, das guas superficiais e subterrneas e de derrames durante o seu armazenamento e transporte (Figura 17). As principais indstrias poluentes so as indstrias alimentares, metalrgicas, petroqumicas, nucleares, farmacuticas, eletroqumicas, de fabricao de pesticidas e inseticidas etc.

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Figura 17 Lanamentos de efluentes industriais 4.Intruso salina A intruso salina um fenmeno que ocorre em regies costeiras onde os aquferos esto em contato com a gua do mar. Este fenmeno pode acentuar-se e ser acelerado, com consequncias graves, quando, nas proximidades da linha de costa, a extrao de grandes volumes de gua doce subterrnea provoca o avano da gua salgada no interior do aqufero e a consequente salinizao da gua dos poos ou dos furos que nele captem gua, como pode ser visto pela Figura 18.

Figura 18 Intruso salina38

gua Subterrnea e o Meio Ambiente As guas subterrneas e as superficiais so partes integrantes do ciclo hidrolgico e do meio ambiente. Freqentemente, as reas de descarga da gua subterrnea localizam-se em brejos, lagos ou rios, alimentando seus nveis de base e ecossistemas aquticos. Os corpos d'gua superficiais muitas vezes variam sazonalmente: durante a estao chuvosa, a gua flui dos corpos d'gua superficiais para a gua subterrnea, enquanto na estiagem a direo do fluxo se inverte. Problemas ambientais com as guas subterrneas so comuns, variando quanto ao tipo e grau de gravidade. Podem ser agrupados em duas principais categorias: os causados por contaminao e aqueles causados por superexplotao.

Poluio

A poluio das guas subterrneas geralmente difcil de detectar, de monitoramento dispendioso e muito prolongado. Na maioria das vezes, a contaminao s descoberta no momento em que substncias nocivas aparecem nos reservatrios de gua potvel, quando a poluio j se espalhou sobre uma grande rea. A despoluio da gua subterrnea particularmente demorada e cara, atravs de sofisticadas tecnologias. Os Estados Unidos possuem um fundo estimado de 20 a 100 bilhes de dlares para aes nesse setor. Hoje torna-se evidente que as fontes de poluio da gua subterrnea so muito mais disseminadas e relacionadas a uma variedade muito maior de atividades. A poluio em reas no industrializadas pode ser atribuda a origens diversas tais como fertilizantes, pesticidas, fossas spticas, drenagens urbanas e poluio do ar e das guas de superfcie. O nico mtodo eficaz de controle desse tipo de poluio o manejo integrado dos usos do solo e da gua.

Superexplorao

A gua subterrnea sempre foi vista como uma fonte inesgotvel de abastecimento. Embora seja um recurso renovvel, poucos aqferos podem suportar enormes e indefinidas taxas de extrao, na maior parte do mundo. Para assegurar suprimentos de gua subterrnea para as geraes futuras, a filosofia do desenvolvimento sustentvel preconiza que a extrao de gua de um aqfero nunca deve exceder sua recarga. Quando a extrao de gua subterrnea ultrapassa a recarga natural, por longos perodos, os aqferos sofrem depleo e o lenol fretico comea a baixar. Nessa situao, os seguintes problemas so ocasionados: poos rasos, usados para abastecimentos locais e irrigaes, secam; poos de produo devero ser perfurados a profundidades cada vez maiores, necessitando de mais energia para bombeamento; aqferos litorneos podem sofrer contaminao por intruso da gua do mar; e39

tombamentos de terrenos.

Alguns desses problemas podem ser controlados ou revertidos pela reduo das extraes, mas, a contaminao pela gua do mar persiste por muitos anos, enquanto os tombamentos de terrenos costumam ser irreversveis. A soluo mais eficaz e menos onerosa o estabelecimento de um programa de proteo das guas subterrneas. Riscos de Longo Prazo A poluio e a superexplorao de gua subterrnea podem ter srias conseqncias: racionamentos de gua - a contaminao ou perda de reservas de gua subterrnea pode levar a drsticos racionamentos e medidas emergenciais; ameaa sade - contaminao de reservas de gua potvel coloca a sade pblica em risco pela exposio a uma srie de organismos patognicos e substncias cancergenas e txicas, entre outras; danos aos ecossistemas - devido interao entre guas subterrneas e guas superficiais, certos ecossistemas aquticos podem sofrer graves danos. Por exemplo: (a) o florescimento de algas ou outros efeitos de eutrofizao causados pela descarga de guas subterrneas ricas em nutrientes em lagoas: (b) aporte de metais pesados e compostos orgnicos na cadeia alimentar, atingindo nveis txicos; e (c) rebaixamento do espelho d'gua de lagoas, desaparecimento de brejos causados pela reduo do fluxo de base de rios, devido superexplotao de gua subterrnea; danos estrutura das casas - a subsidncia (tombamento) de terrenos pode danificar as fundaes de prdios; prejuzos financeiros: a depleo de um aqfero pode levar perda de produtividade agrcola ou industrial. 7. EVAPOTRANSPIRAAO 7.1 Definies a) Evaporao (E): o processo pelo qual um lquido passa para o estado gasoso. A evaporao de gua na atmosfera ocorre de oceanos, lagos, rios, do solo, e da vegetao mida (evaporao de orvalho e da chuva interceptada) b) Transpiraao (T): a perda na forma de vapor pelas plantas, predominantemente atravs das folhas, embora em plantas lenhosas possa tambm ocorrer pequena perda pelas lenticelas da casca do tronco. Nas folhas, a evaporao ocorre a partir das paredes celulares em direo aos espaos intercelulares de ar, ocorrendo ento difuso, atravs dos estmatos, para a atmosfera. O estmato atua como regulador fundamental40

da taxa de transpirao, juntamente com a camada de ar adjacente folha. Um caminho alternativo aos estmatos a cutcula foliar, mas em boas condies de disponibilidade hdrica, a via preferencial a estomtica. c) Evapotranspiraao (ET): o processo simultneo de transferncia de gua para a atmosfera por evaporao da gua do solo e por transpiraaqo das plantas.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR RECOMENDADA PEREIRA, A. R.; ANGELOCCI, L. R.; SENTELHAS, P. C. Agrometeorologia fundamentos e aplicaes prticas. Guaba: Agropecuria, 2002. 478p. BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservao do solo. So Paulo: cone, 5 ed., 2005. 355p. BRANDAO, V. S.; PRUSKI, F. F.; SILVA, D. D. Infiltrao da gua no solo. Viosa: UFV, 2003. 98p. PRUSKI, F. F. Conservao de solo e gua prticas mecnicas para o controle de eroso hdrica. Viosa: UFV, 2006. 240p. PRUSKI, F. F.; BRANDAO, V. S.; SILVA, D. D. Escoamento superficial. Viosa:UFV, 2003. 88p. TUCCI, C. E. M. Hidrologia Cincia e aplicao. Porto Alegre: Editora da UFRGS/ABRH, 3 ed., 2002. 943p.

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