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8/8/2019 Artigo " A docência nos laboratórios de informática e com computadores conectados"
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A DOCÊNCIA NOS LABORATÓRIOS DE INFORMÁTICA E COM
COMPUTADORES CONECTADOS1
Gabriela Gonçalves Ozório - UERJ2
Contexto e Metodologia de Pesquisa
Diante das mudanças na sociedade proporcionadas pelo surgimento dos computadores
caseiros e da Internet, a escola vem incluindo novas práticas pedagógicas que dêem conta da
incorporação das tecnologias digitais no currículo e no cotidiano. Esta necessidade ocorreu de
maneiras diversas e complementares ao longo do tempo. Santos sintetizou este processo em
quatro fases: o uso instrumental, a Informática Educativa, a Internet na Educação e a Web 2.0
na Educação.
Sabendo que refletir sobre as possibilidades educacionais do computador conectado é uma das
maiores desafios do século XXI. Este trabalho tem como objetivos investigar como são
utilizados os laboratórios de informática e os computadores conectados na Escola Básica e
realizar apontamentos sobre as mudanças provocadas pelo surgimento dos Softwares Sociais3
nas práticas pedagógicas.
Para tal, convidamos os estudantes interessados do curso de Pedagogia à distância (CEDERJ4)
para realizarem entrevistas em suas localidades. Os estudantes utilizaram um roteiro de
atividade que propunha a observação da prática pedagógica de um laboratório de informática
(aspectos físicos, comunicacionais e pedagógicos) e uma entrevista com a coordenação da
escola ou com um docente, a fim de coletar o máximo de informações necessárias.
Para o presente trabalho, foram analisados apenas os aspectos comunicacionais e
pedagógicos, a fim de mapear os etnométodos5 desses professores. As entrevistas foram
1. Este estudo é parte integrante da pesquisa “Docência na Cibercultura: laboratórios de informática,computadores móveis e educação online” - Faculdade de Educação da UERJ – coordenada pela Professora Dra.Edméa Oliveira dos Santos.2. Graduanda do Curso de Pedagogia pela UERJ. Bolsista de Iniciação Científica FAPERJ.33. Programas que favorecem a criação de redes de relacionamentos através de espaços onde o usuário pode juntar pessoas do seu círculo de amizades e conhecer outras que compartilhem interesses. Por exemplo: Orkut,
Facebook, Twitter, etc.44. O CEDERJ é um consórcio entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro e seis universidades públicas(UERJ, UENF, UNIRIO, UFRJ, UFF e UFRRJ), que tem como um dos seus objetivos contribuir para a
interiorização do ensino superior público, gratuito e de qualidade no Estado do Rio de Janeiro.5. Modos, jeitos, maneiras de compreender e resolver interativamente as questões da vida, para todos os fins
práticos (MACEDO, 2009:82).
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analisadas através de uma leitura interpretativa das informações reunidas no Google Docs. Os
significados, acontecimentos e recorrências constituíram as noções subsunçoras6 , apresentadas
aqui como categorias representativas destes usos.
Os usos dos laboratórios/computadores conectados
Do total de 141 entrevistas realizadas, apenas 101 professores afirmaram realizar atividades
no laboratório, os demais 39 professores não o utilizam. Perante estas categorias, surgiram as
seguintes noções:
Falta de formação do professor para uso da tecnologia
Na formação inicial não foram contempladas as discussões práticas e teóricas sobre o trabalho
com as tecnologias, atrelada à falta de formação continuada.
Os professores ainda receberão uma capacitação para trabalhar com osalunos.
Ainda não fazem, os mesmos aguardam uma capacitação oferecida pelomunicípio.
Situação agravada pelo fato de que seus alunos são crianças e adolescentes que já nasceram
nesta sociedade do conhecimento, cercados pelas tecnologias digitais, ou seja, pertencem à
geração dos nativos digitais7 e vivenciam a cultura digital com autoria, ao contrário de seus
professores, imigrantes digitais, que na maioria das vezes são mais resistentes e tradicionais ao
trabalho com tecnologia.
Falta de pertencimento ao trabalho realizado no laboratório de informática
Os docentes da escola ainda não freqüentam o laboratório para uso em
suas aulas. As aulas no laboratório são feitas com um professor específico.
O discurso enfatiza a presença de profissionais que, em sua maioria, não possuem formação
pedagógica, chamados de instrutores ou orientadores tecnológicos. A presença destes , e sua
6. São as categorias analíticas que abrigam sistematicamente os sub-conjuntos de informações e interpretações,
dando-lhes feição mais organizada em termos de um corpus interpretativo escrito de forma os mais clara
possível (MACEDO,2009: 99).77. Para maiores informações, acesse os artigos http://www.marcprensky.com/writing/
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representação como o detentor do saber a respeito do computador, induzem o docente a
sentir-se ameaçado e a bloquear ou recuar diante de qualquer proposta para utilização dos
laboratórios (ALMEIDA, 1996:14).
Assim, o professor não utiliza o laboratório, deixando todo o trabalho a ser realizado pelo
instrutor. De acordo com Santos, demarca-se o problema da qualidade, pois por não
possuírem formação pedagógica, estes não sabem articular o uso do computador com os
conhecimentos do cotidiano e do currículo escolar . Deste modo, a informática é trabalhada
como mais uma disciplina, uma especialidade, desenvolvida através do treinamento
específico de hardware e software, em sua maioria, voltado para a necessidade de uso destes
conhecimentos no mercado de trabalho. (SANTOS, 2010:109)
Falta da Infraestrutura Tecnológica
O laboratório ainda não está aberto para atividades.Os computadores foram instalados no laboratório há um mês, no momentoeles ainda não estão utilizando o laboratório.
Escolas cujo laboratório de informática foi instalado recentemente ou que ainda não está
disponível para atividades revelam a fragilidade do nosso sistema de educacional em relação
às demandas do século XXI. Decerto somente melhorar os aspectos físicos não garante uma
melhora no aspecto educacional, porém esta melhoria na infraestrutura já é um passo para o
desenvolvimento de novas práticas pedagógicas.
Informatização dos métodos de ensino tradicionais
Os professores podem utilizar o espaço para aulas práticas, demonstraçãode vídeos, de slides e de filmes.
Utilizam para aulas dinâmicas e aulas expositivas com materiais previamente preparados.
Estes relatos expõem que os professores utilizam as tecnologias como instrumento do seu
fazer, como mais um recurso didático para aprimoramento das aulas. Deste modo, o
computador é utilizado para transmitir um conceito ou uma teoria ao aluno. De fato, certas
características e programas do computador, contribuem para que ele seja usado desta forma.
Entretanto, os professores não devem limitar seu trabalho nestas funções, eles devem explorar
todos os recursos de um computador conectado, a fim de potencializar o processo deaprendizagem.
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Subutilização do computador conectado
55 %29 %
4%
12 %
Realizam pesquisas na Internet;
Softw ares A pl icativos (Word, Excel,
Pow er Point);
Softw ares Sociais (Blogs, Redes So
MSN);
Utilzam jogos educ ativos.
Gráfico 1 – Atividades utilizando o computador conectado com os alunos
Conforme o gráfico, percebemos que a entrada dos Softwares Sociais (4%) e da Web 2.0 nas
escolas de ensino básico ainda não ocorreu de forma significativa. O computador conectado é
utilizado, na sua maioria, para pesquisas na internet (55%). O que reduz suas potencialidades
a um grande repositório de informações. (SANTOS, 2010:118)
Dentro desta perspectiva, concordamos com Freitas que o computador e Internet não abrem
apenas novas possibilidades de aprendizagem por permitirem o acesso a uma infinidade de
informações, mas também novas formas de pensamento, de aprender e de ensinar
multimidiáticas. Sendo assim, limitar a este uso significa perder a oportunidade de realizar
experiências de colaboração, interatividade e hipertextualidade na construção do
conhecimento. (FREITAS, s. a: 12)
Algumas considerações
Diante dos dados levantados a partir dos depoimentos dos professores foram identificadas
noções subsunçoras, apresentadas aqui como categorias representativas destes usos. São elas:
falta de formação, falta de pertencimento, falta da infraestrutura, informatização dos métodos
tradicionais de ensino e subutilização do computador conectado.
A exposição dos usos dos laboratórios de Informática e dos computadores conectado na
Educação é valiosa, no sentido que demonstra a necessidade um processo formativoenvolvendo não apenas a instrumentalização dos docentes, mais também um processo que
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incentive a reformulação de alguns aspectos de seu fazer pedagógico e de sua prática
profissional.
Sendo assim, concordamos que se faz necessário um processo que leve em conta toda
a prática pedagógica, o saber do professor, à sua história profissional e devida, à realidade da escola, ao sistema de relações existente, bem como ahumildade de reconhecer que não é possível impor repentinamente umanova concepção. (ALMEIDA, 2000:135)
Para tal, convidaremos os professores para realizar junto aos pesquisadores e estudantes da
graduação, uma etapa de formação dialógica e colaborativa, que agregue o potencial
comunicacional e interativo das tecnologias digitais as práticas pedagógicas.
Referência bibliográfica
ALMEIDA, M. E. B. de. O computador na Escola: Contextualizando a formação de
professores – Praticar a teoria, refletir a prática. São Paulo: PUC, 2000. Tese – Doutorado
em Educação.
_____, M. E. B. de. Informática e Educação: Diretrizes para uma formação reflexiva de
professores. São Paulo: PUC, 1996. Dissertação – Mestrado em Educação.
FREITAS, Maria Teresa de Assunção. Janela sobre a utopia: computador e Internet a partir
do olhar da abordagem histórico-cultural. Disponível em:
http://www.anped.org.br/reunioes/32ra/arquivos/trabalhos/GT16-5857--Int.pdf Acesso:
18/06/2010
MACEDO, Roberto Sidnei. Outras Luzes: Um rigor intercrítico para uma etnopesquisa
política. In: MACEDO, Roberto Sidnei; GALEFFI, Dante; PIMENTEL, Álamo. Um rigor
outro sobre a qualidade na pesquisa qualitativa: Educação e Ciências Humanas. Salvador:
EDUFBA, 2009.
SANTOS, Edméa. A informática na educação antes e depois da Web 2.0: relatos de uma
docente-pesquisadora . In: RANGEL, Mary; FREIRE, Wendel. Ensino-Aprendizagem e
Comunicação. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2010, p.107-129.
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