40
O que se faz em políticas públicas de alfabetização no Brasil? 1 Paulo Henrique Nogueira da Fonseca 2 Marilene Tavares Cortez 3 Resumo: Esse artigo visa investigar a relação entre as políticas públicas educacionais no Brasil pós Constituição de 1988 até o ano de 2013 com os principais problemas apontados no processo de alfabetização. Trata-se aqui de uma pesquisa qualitativa do tipo exploratório na forma de revisão bibliográfica. Foi realizado levantamento de artigos eletrônicos e livros que tinham como tema políticas de educação e políticas de alfabetização. Para efeito dessa pesquisa optou-se por artigos científicos de autores brasileiros publicados entre 2000 e 2013. O critério de inclusão dos artigos para pesquisa levou em consideração se os trabalhos haviam sido submetidos à avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES). Foi acrescentada a pesquisa em livros e em sites de entidades públicas de educação. Para análise dos dados, usou-se a técnica de análise de conteúdo e análise reflexiva. A constatação é de que após a Constituição de 1988, com o quadro de fragmentação do sistema educacional e da falta de cooperação técnica e financeira do Governo Federal, não se consegue fazer políticas de educação apropriadas. Verifica-se que novos conhecimentos das ciências cognitivas da leitura são ignorados, e persiste-se com a adoção de diretrizes ineficazes para alfabetização. 1 Artigo apresentada ao curso de Psicologia do Instituto de Ensino Superior e Pesquisa (INESP) da Fundação Educacional de Divinópolis (FUNEDI), como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Psicologia. 2 Graduando em Psicologia pela Fundação Educacional de Divinópolis – FUNEDI/UEMG. 3 Mestra em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e doutoranda pela UFMG. Professora da Fundação Educacional de Divinópolis – FUNEDI/UEMG.

artigo TCC

Embed Size (px)

Citation preview

2 2 O que se faz em polticas pblicas de alfabetizao no Brasil?[footnoteRef:4] [4: Artigo apresentada ao curso de Psicologia do Instituto de Ensino Superior e Pesquisa (INESP) da Fundao Educacional de Divinpolis (FUNEDI), como requisito parcial obteno do ttulo de Bacharel em Psicologia. ]

Paulo Henrique Nogueira da Fonseca[footnoteRef:5] [5: Graduando em Psicologia pela Fundao Educacional de Divinpolis FUNEDI/UEMG. ]

Marilene Tavares Cortez[footnoteRef:6] [6: Mestra em Estudos Lingusticos pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG e doutoranda pela UFMG. Professora da Fundao Educacional de Divinpolis FUNEDI/UEMG. ]

Resumo: Esse artigo visa investigar a relao entre as polticas pblicas educacionais no Brasil ps Constituio de 1988 at o ano de 2013 com os principais problemas apontados no processo de alfabetizao. Trata-se aqui de uma pesquisa qualitativa do tipo exploratrio na forma de reviso bibliogrfica. Foi realizado levantamento de artigos eletrnicos e livros que tinham como tema polticas de educao e polticas de alfabetizao. Para efeito dessa pesquisa optou-se por artigos cientficos de autores brasileiros publicados entre 2000 e 2013. O critrio de incluso dos artigos para pesquisa levou em considerao se os trabalhos haviam sido submetidos avaliao da Coordenao de Aperfeioamento Pessoal de Nvel Superior (CAPES). Foi acrescentada a pesquisa em livros e em sites de entidades pblicas de educao. Para anlise dos dados, usou-se a tcnica de anlise de contedo e anlise reflexiva. A constatao de que aps a Constituio de 1988, com o quadro de fragmentao do sistema educacional e da falta de cooperao tcnica e financeira do Governo Federal, no se consegue fazer polticas de educao apropriadas. Verifica-se que novos conhecimentos das cincias cognitivas da leitura so ignorados, e persiste-se com a adoo de diretrizes ineficazes para alfabetizao. Palavras-chave: alfabetizao, educao, polticas pblicas. O que se faz em polticas pblicas de alfabetizao no Brasil? What has been done about public policies literacy in Brazil? Resumo: Esse artigo visa investigar a relao entre as polticas pblicas educacionais no Brasil ps Constituio de 1988 at o ano de 2013 com os principais problemas apontados no processo de alfabetizao. Trata-se aqui de uma pesquisa qualitativa do tipo exploratrio na forma de reviso bibliogrfica. Foi realizado levantamento de artigos eletrnicos e livros que tinham como tema polticas de educao e polticas de alfabetizao. Para efeito dessa pesquisa optou-se por artigos cientficos de autores brasileiros publicados entre 2000 e 2013. O critrio de incluso dos artigos para pesquisa levou em considerao se os trabalhos haviam sido submetidos avaliao da Coordenao de Aperfeioamento Pessoal de Nvel Superior (CAPES). Foi acrescentada a pesquisa em livros e em sites de entidades pblicas de educao. Para anlise dos dados, usou-se a tcnica de anlise de contedo e anlise reflexiva. A constatao de que aps a Constituio de 1988, com o quadro de fragmentao do sistema educacional e da falta de cooperao tcnica e financeira do Governo Federal, no se consegue fazer polticas de educao apropriadas. Verifica-se que novos conhecimentos das cincias cognitivas da leitura so ignorados, e persiste-se com a adoo de diretrizes ineficazes para alfabetizao. Palavras-chave: alfabetizao, educao, polticas pblicas. Abstract: This essay tries to investigate the relation between the Educational public policies in Brazil after the 1988 Constitution until the year 2013 with the main problems pointed in the process of literacy. This is a study of a research qualitative kind of exploratory in the form of bibliographic revision. It was conducted by a survey of electronics products and books that had theme of education policy and literacy policy. For the purpose of this research was an opted scientific article from Brazilians authors published between 2000 and 2013.The criterion of inclusion from the articles for the research took in consideration whether the work have been made by Coordenao de Aperfeioamento Pessoal do Nvel Superior (CAPES). It has been added the research in books and Educational Public Entities sites. For the analyzing data, it was used the analyses techniques content and reflective analyses. The finding is that after the 1988 Constitution, according to framework fragmentation of the education system and the lack of the technique cooperation and financial from the Federal Government it is impossible to work with education policies. It can be seen new cognitive science knowledge of the reading are ignored, and persist with adopt ineffective guidelines for literacy. Key words: literacy, education, public policies. Nada mais do que uns redondos, umas pontezinhas... Mas, que de repente e para sempre deixaram de ser eles mesmos, de serem nada, para se tornarem essa presena, essa voz, esse perfume, essa mo, esse corpo, essa infinidade de detalhes, esse todo, to intimamente absoluto e to absolutamente estranho ao que est ali traado, sobre os trilhos da pgina, entre as quatro paredes da sala... A pedra filosofal. Nem mais, nem menos. Ele acaba de descobrir a pedra filosofal! Daniel Penac Introduo O cenrio do Ensino Fundamental nas redes de escolas pblicas do Brasil aponta para o baixo nvel de desempenho dos alunos, situao que vem sendo distinguida por indicadores oficiais desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (INEP), como o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF), o Sistema Educacional Brasileiro (Saeb), o ndice de Desenvolvimento de Educao Bsica (IDEB) e a Prova Brasil (Mortatti, 2013). Esses indicadores assinalam um quadro preocupante em se tratando do domnio das habilidades de leitura, escrita e matemtica por parte de estudantes brasileiros. No meio internacional, o Brasil passou a participar do Programa Internacional de Avaliao de Estudantes (PISA), coordenado pela Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) e realizado a cada trs anos desde 2000. Entre os pases participantes do PISA, o Brasil figura como um dos ltimos em proficincia de leitura, cincias e matemtica. Os ltimos dados divulgados pelo Inep, relativos ao ano de 2009, constam que o Brasil no avanou em relao s divulgaes anteriores (Inep, 2009). Se a criao dos ndices sinaliza para avanos em relao educao, o mesmo no se pode dizer com relao ao investimento em polticas pblicas voltadas para a soluo dos problemas. Isso constatado sumamente nos dados obtidos e lanados pelo INAF referentes a 2011: [...] o percentual da populao alfabetizada funcionalmente foi de 61% em 2001 para 73% em 2011, mas apenas um em cada quatro brasileiros domina plenamente as habilidades de leitura, escrita e matemtica (INAF, 2011). Nessa perspectiva, cabe questionar o que tem sido feito atravs das polticas pblicas em prol da Educao no Brasil. No s em financiamentos, mas tambm nas formas de planos e programas educacionais. Os planos [...] definem as prioridades do financiamento governamental, as quais, por sua vez, podem influenciar as decises em diferentes esferas administrativas do sistema. Os planos, portanto, fixam valores e diretrizes (Fonseca, 2009, p. 155). Ao longo do processo de redemocratizao de 1988, ficaram estabelecidas vrias atribuies ao poder pblico para garantir o acesso da populao educao de qualidade atravs de polticas de financiamento e participao coletiva (Arelaro, 2007). Atualmente, em 2013, por lei, fica determinada a educao obrigatria e gratuita para crianas e adolescentes dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade (Lei n 12.796, 2013, Art. 4, I), alm de acesso pblico e gratuito aos ensinos fundamental e mdio para todos os que no os concluram na idade prpria (Lei n 12.796, 2013, Art. 4.IV). A responsabilidade pelo cumprimento dividida entre Unio, os Estados e os Municpios (Lei n 9.394, 1996). Porm, neste artifcio, [...] principalmente pelos efeitos da poltica de vinculao do gasto, a oferta de servios educacionais foi afetada fortemente pela lgica da descentralizao fiscal do Estado brasileiro (Rodriguez, 2001, p. 43). E se a oferta de servios afetada pelo arranjo das polticas pblicas, cabe investigar os equvocos oriundos das mesmas. Nesse sentido, esse trabalho visa explorar a relao entre as polticas pblicas de educao e os principais problemas apontados na alfabetizao do pas. O perodo delimitado de 1988 (ano da promulgao da Constituio Federal vigente) at o presente ano de 2013. A metodologia utilizada baseia-se na pesquisa bibliogrfica de carter exploratrio seguido de anlise reflexiva. A eleio do assunto trazido nesse artigo fundamenta-se em estudos precedidos ao longo do curso de Psicologia atravs da abordagem cognitiva por meio dos estgios e pesquisas realizados na rea da educao. A Psicologia Cognitiva tem fornecido avanos para o desenvolvimento do conhecimento cientfico acerca da aprendizagem da leitura e escrita, elucidando os aspectos cognitivos e os processos mentais envolvidos (Carvalho, 2012). A participao em trabalhos produzidos durante a graduao oportunizou verificar que o contexto escolar est marcado pela psicologizao e medicalizao de crianas que no aprendem ou so tidas como problemticas (Cortez, Carazza, Arruda, & Oliveira, 2011a, 2011b). Contudo, evidenciou-se a necessidade de se criar polticas para sanar vrios fatores que comprometem o bom rendimento dos alunos. Esse estudo aponta especialmente para a negligncia das polticas educacionais com relao adoo de estratgias didticas e pedaggicas baseadas no conhecimento das cincias cognitivas e neurolgicas no processo de alfabetizao. Metodologia Trata-se aqui de uma pesquisa qualitativa do tipo exploratrio na forma de reviso bibliogrfica. A pesquisa exploratria tem como objetivo [...] obter maior familiaridade com o problema para torn-lo explcito ou a construir hipteses, assumindo a forma de pesquisas bibliogrfica ou estudo de caso (Siena, 2007, p. 65). Na forma de pesquisa bibliogrfica desenvolvida atravs de trabalhos j publicados em livros, artigos de peridicos e tambm disponibilizados na Internet. Os procedimentos de pesquisa bibliogrfica [...] permitem ao pesquisador a cobertura de amplo leque de acontecimentos e de grandes faixas territoriais (Siena, 2007, p. 66). Percorreu-se o seguinte itinerrio para realizao da pesquisa bibliogrfica: escolha do tema; estabelecimento dos objetivos; estabelecimento dos critrios de incluso e excluso dos materiais bibliogrficos; definio das informaes a serem observadas nos materiais selecionados; busca dos materiais; anlise dos dados e concluses. Com o objetivo de investigar a relao entre as polticas pblicas de educao no Brasil com os principais problemas apontados na alfabetizao, foi realizado levantamento de artigos eletrnicos que tinham como tema polticas de educao e polticas de alfabetizao. Quanto aos artigos eletrnicos, o critrio de incluso levou em considerao se os trabalhos haviam sido submetidos avaliao da Coordenao de Aperfeioamento Pessoal de Nvel Superior (CAPES). Os descritores escolhidos foram: polticas pblicas, educao, alfabetizao, problemas de leitura e escrita e fracasso escolar. Para efeito dessa pesquisa optou-se por artigos cientficos de autores brasileiros publicados entre 2000 e 2013. A leitura de livros e investigao em sites de rgos pblicos de educao tambm foi acrescida pesquisa, levando tambm em considerao a publicao entre 2000 e 2013. Para anlise dos dados, usou-se a tcnica de anlise de contedo e posteriormente anlise reflexiva. A tcnica de anlise de contedo acompanha todo o processo de pesquisa e se divide em trs fases: a) definio de tcnicas para organizao do material de pesquisa; b) estudo, classificao, categorizao e seleo do material; c) estabelecimento das relaes entre os dados encontrados e os objetivos da pesquisa e anlise com base na interpretao referencial (Siena, 2007). Polticas pblicas de educao ps Constituio de 1988 A funo de uma poltica pblica garantir que a partir dos recursos arrecadados pelo governo sejam implementadas propostas e aes em reas especficas e que beneficiem a populao de forma geral. Para alcanar esse objetivo, as polticas pblicas precisam apresentar um grau timo de qualidade em relao ao custo-benefcio (Mortatti, 2010). Dentre os vrios aspectos envolvidos no processo de educao, que est [...] associada a fatores governamentais, econmicos, sociais, culturais e outros [...] (Freitas, 2011, p.60) as polticas pblicas tm fundamental importncia, j que norteiam o que deve ou no ser apreciado no planejamento e execuo de metas no setor da Educao. No Brasil, assim como a tendncia no mundo contemporneo, as polticas pblicas tm buscado embasamento acadmico, como sugere Mortatti. Hoje j esto consolidadas [...] polticas pblicas caracterizadas pela subsuno do discurso acadmico-cientfico no discurso oficial, constatveis, por exemplo, na autoria institucional de documentos oficiais, nos quais os docentes pesquisadores das universidades pblicas figuram como elaboradores do documento, mas no autores de polticas pblicas e propostas didtico-pedaggicas encomendadas pelo Estado (Mortatti, 2010, p. 337). Acontece que, mesmo com o discurso acadmico-cientfico aproximado do discurso poltico, no Brasil, com o movimento de redemocratizao do pas a partir da Constituio de 1988, o poder pblico no conseguiu avanar na promoo de qualidade na escola. So apontados vrios fatores para a precariedade geral das escolas, e dentre eles esto as polticas pblicas. Se as polticas pblicas falham no combate pobreza, criminalidade, desemprego e demais situaes de ordem socioeconmica, o que por si s j afetam o sistema escolar, a negligncia na poltica educacional faz ser ainda mais nefasto o efeito. Demo (2008) assinala que no Brasil as polticas educacionais so ineptas e perversas, chegando a questionar a real existncia das mesmas, tal como determina o conceito. Como as escolas [...] se restringem a ser massa de manobra da gesto [...] (Demo, 2008, p. 23) o problema no somente a falta de recursos, mas tambm [...] a m utilizao e corrupo [...] j que parte dos recursos no chega escola, que, quase sempre est mal equipada, mal conservada [...] condio incompatvel com a educao pblica (Demo, 2008, p. 24). Para o autor, alm da falta de investimento, de liberao de recursos, das disputas administrativas, o contexto das polticas pblicas afetado pelo contexto neoliberal. Demo (2008, p.28) adverte que [...] uma coisa reconhecer a relevncia irrecusvel do mercado na vida das pessoas. Outra coisa atrelar a educao to ciosamente ao mercado. Seguindo o mesmo discurso, mas tendo como primeira referncia o capitalismo, Ioschpe (2004, s/p) observa que [...] quando o sistema neoliberal prioriza a educao, o faz em funo do mercado. A Constituio Federal de 1988 alterou significativamente a forma de governo no Brasil. Optando por mecanismos de participao popular, a descentralizao foi a alternativa de gesto poltica adotada. Esperava-se que com a descentralizao, a unio e o fortalecimento dos entes federados diminussem a efetivao de polticas do governo federal. Porm observou-se que esse continuou tendo que intervir devido fragilidade de organizao entre os governos subnacionais (Oliveira, D. 2011). Analisando as polticas educacionais do perodo da Constituio de 1988 at o final do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), ano de 2002, o que se observou foi uma orientao de governo na contramo do que se pode considerar um sistema, ou seja, uma organizao da educao nacional. As reformas educacionais dos anos de 1990, no Brasil, tiveram como grande foco a gesto, e buscaram a descentralizao administrativa, financeira e pedaggica (Oliveira, 2011, p. 326). O problema, segundo Sadek (2000) que o processo de descentralizao abarcou uma corrida de interesses dos distintos atores polticos, principalmente entre representantes municipais e estaduais, tendo frente prefeitos e governadores respectivamente na tentativa de influenciar as bancadas dos deputados, redefinindo o tradicional clientelismo aos moldes democrticos. O autor aponta que isso na educao resultou em vrios programas sociais e educativos pelo vis da disperso de polticas temporrias (Sadek, 2000). Tentando estabelecer coeso no sistema educacional, em 1997 o Ministrio da Educao (MEC) divulgou sua proposta de estabelecer planejamento decenal ao instituir o Plano Nacional de Educao PNE (Brasil, 1997). O PNE, segundo Aguiar (2010), mesmo na pretenso de ser um projeto cunhado pela sociedade foi enfraquecido pelos vetos de FHC (Aguiar, 2010). O Plano provocou retrocessos em relao ao previsto na Constituio de 1988 Ao final, o texto aprovado resultou em atrasos em relao a conquistas importantes j inscritas na educao brasileira e foi bastante criticado como limitado pelos setores organizados da sociedade em defesa da educao pblica, tendo recebido muitos vetos pelo ento presidente FHC, que acabaram por comprometer suas metas e objetivos (Oliveira, D. 2011, p. 330). O PNE constituiu-se no plano poltico como um marco de objetivos e metas estabelecido para o perodo de 2001-2011, porm no cotidiano das escolas no se concretizaram as melhorias previstas (Aguiar, 2010; Capovilla & Capovilla, 2007; Castaon, 2011; Demo, 2008; Oliveira, D. 2011). Enquanto isso, com a pretenso de acabarem com a cultura da repetncia, alguns Estados passaram a adotar o sistema de ciclos nas escolas, tidos como programas de Progresso Continuada que basicamente automatiza a aprovao (Bertagna, 2008). A referncia do desempenho dos alunos passou a ser desconsiderada, levando ao esvaziamento inclusive das prticas avaliativas nas escolas. A partir de 2003, no primeiro mandato da presidncia de Lula, predominaram as polticas assistenciais e compensatrias atravs de programas sociais promovidos para pblico-alvo (Oliveira, D. 2011). Na rea da Educao [...] observou-se a mesma fragmentao e descontinuidade da dcada passada (Oliveira, D. 2011, p. 327). Contudo buscando uma reorientao para os rumos da educao, o Ministrio da Educao buscou reunir programas de governo e atribuir orientao, integrao e estabilidade organizao da educao nacional. A direo ento passou a dar nfase s polticas de Estado e no de Governo. Isso significava a tentativa do governo de recuperar a direo e a autonomia do controle sobre a educao e oferecer suporte aos Estados e municpios, devido o quadro fragmentado entre os entes federados (Oliveira, D. 2011). O MEC, seguindo as orientaes internacionais, instituiu indicadores nacionais desenvolvidos e coordenados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (INEP). Passou a ser prioridade chegar aos ndices sobre a qualidade da educao e desempenho do sistema escolar. O INEP criou o ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (IDEB) e incrementou a regulao das polticas de avaliao por meio dos seguintes exames padronizados: a Provinha Brasil, a Avaliao nacional de rendimento escolar (Anresc Prova Brasil), a Avaliao Nacional da Educao Bsica (Aneb Saeb), o Exame Nacional do Ensino Mdio (Enem) e o Exame Nacional para Certificao de Jovens e Adultos (Encceja). Estabeleceram-se para parmetros a fim de comparao, indicadores internacionais, como por exemplo, o Programa Internacional de Avaliao Comparada (PISA) [footnoteRef:7] (Maus, 2010). [7: Programme for International Student Assessment (Pisa). Iniciativa internacional de avaliao comparada na rea da educao coordenado pela Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) (INEP, 2011). ]

Com base nos ndices o MEC passou a instituir metas e formular programas em vista da melhoria da educao pblica. As aes passaram a se organizar atravs de novos programas como o Plano de Desenvolvimento da Educao (PDE) e o Programa de Aes Articuladas (PAR) (Maus, 2010). O PDE, com 52 aes em todos os nveis da educao, recebeu crticas j que [...] a grande maioria das aes elencadas j existia e estava sendo executada [...] e pela ignorncia de um Plano Nacional de Educao (Maus, 2010, p. 718). Ou seja, o PDE veio a repetir o que j era contemplado pelo PNE. Atravs do PDE foram implementados mecanismos de controle das aes e termos de compromisso junto aos municpios para assegurar direitos assistncia tcnica e financeira, bem como na criao do Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da Educao Bsica (FUNDEB), sendo este um fundo de financiamento destinado educao bsica (Oliveira, D. 2011). Essa poltica assegura a regulao do governo junto aos entes federados em relao educao bsica. Aps dois mandatos de Lula (2003-2010), a sucessora, Dilma Rousseff, de mesmo partido poltico daquele, no provocou alteraes na agenda educacional. Com isso, acumularam-se atrasos de muitas ordens. A comear pelo novo PNE, que dessa vez elaborado a partir das discusses realizadas atravs da Conferncia Nacional de Educao (CONAE), ficou para ser[footnoteRef:8] aprovado no Senado Federal trs anos aps o previsto e com muitas lacunas (Mortatti, 2013; Oliveira, D. 2011). Com o desconforto da situao da educao no pas, em 2012 foram realizadas sete audincias no Senado que tiveram como proposta a federalizao das escolas. Essas audincias tiveram frente o senador Cristvam Buarque, que defende a proposta de que o governo federal assuma a responsabilidade pela Educao, ao invs de deixar nas mos e sobrecarregar estados e municpios (Comisso de Educao, Cultura e Esporte, 2012, vdeo). [8: At a data da ltima verso desse artigo, 21/11/2013, a confirmao da data da votao para aprovao do novo PNE no Senado estava prevista para a ltima semana de novembro de 2013. ]

O efeito provocado pela continuidade em programas que no deram certo e na falta de polticas voltadas para a resoluo dos problemas refletem no atual panorama da educao no Brasil. Acumulam-se dados nacionais e internacionais que apontam a precria situao da Educao no pas. Mesmo o pas entrando para o bloco dos pases desenvolvidos em relao ao Produto Interno Bruto (PIB) [...] no informe de desenvolvimento humano do ano 2011, o Brasil figura com um ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0.718, na posio 84 entre 187 pases avaliados (Carneiro, Franco Netto, Corvalan, Freitas e Sales, 2012, p. 1421). O histrico do Brasil no IDH marcado por ficar atrs de pases como Granada, Cazaquisto, Cuba, Israel, Chipre, Equador, Peru, Venezuela, Albnia e outros pases que h dcadas vem passando por instabilidades polticas, sociais e econmicas (Steiner, 2006). Com relao Educao, que inclusive um dos fatores avaliados no (IDH), o Brasil ficou com a 53 posio em leitura e cincias e 57 em matemtica no ranking do PISA 2009 entre sessenta e cinco pas avaliados (Soares & Nascimento, 2012). Aqui tambm o pas fica atrs de pases com situaes instveis internamente como a Colmbia, Trinidade e Tobago, Litunia, Srvia, entre outros (INEP, 2011). Em contrapartida, governantes e atores polticos de pases que se constrangeram com a divulgao dos primeiros indicadores internacionais sobre o nvel da educao, promoveram avanos significativos a partir de programas que tomam como base dados cientficos, sobretudo da Psicologia Cognitiva e das neurocincias (Aguiar, 2010; Capovilla & Capovilla, 2007; Castaon, 2011; Demo, 2008; Oliveira, D. 2011). Portanto, observa-se que no perodo ps Constituio de 1988 no houve polticas para melhorar a qualidade da educao no Brasil. O foco se limitou praticamente a garantir o ingresso de todos e todas na escola (Demo, 2008). Essa medida que a princpio vem obtendo xito, torna-se superficial sem a garantia de uma educao eficaz, j que sofre o impacto da distoro idade/srie e da evaso escolar (Aguiar, 2010). Basear-se na obrigatoriedade escolar e no jargo educao para todos como meta pouco para alcanar xitos, a no ser que sejam estabelecidas tambm metas qualitativas para a educao. E mais do que levar alunos para a sala de aula, e mais do que evitar a frustrao com a repetncia, necessrio garantir autonomia para o acesso ao conhecimento. Para que haja polticas pblicas eficientes, necessrio compreender como se apresenta atualmente o processo de ensinoaprendizagem nas escolas, das condies oferecidas a professores e alunos, da formao dos profissionais e dos mtodos pedaggicos difundidos pelos Parmetros Curriculares Nacionais. esse contexto que ser apresentado na sequncia. Sala de aula, Pedagogia, mtodos... A no alfabetizao no Brasil O processo de aprendizagem tem sido cada vez mais diagnosticado como problemtico e catico, e a responsabilidade tem recado em quem ensina e quem aprende, sobre a nfase de ensinar mal e aprender pouco (Carvalho, Crenite & Ciasca, 2007, p. 230). A escola, mediadora do processo de ensino, atribui os desajustes escolares aos problemas de aprendizagem, e encaminha casos desse tipo aos servios psicolgicos. Com isto [...] o que talvez se esteja constatando seja uma espcie de psicologizao do fracasso escolar [...] (Silva, 1994, p. 39) e um nmero excessivo de crianas com diagnstico mdico ou neurolgico baseado a partir da narrativa dos professores e dos pais, sem o preenchimento de critrios adequados no exame clnico (Cortez, Carazza, Arruda & Oliveira, 2011a). A aprendizagem pode ser entendida como um processo de aquisio individual, evolutiva e constante, que rene caractersticas tanto orgnicas e cognitivas assim como a partir da influencia do meio em que se vive. Em caso de problemas de aprendizagem, necessrio saber se algumas dessas reas esto afetadas, ou ainda, se a metodologia em sala de aula favorece ao aluno aprender (Carvalho, Crenite & Ciasca, 2007). Mediante os casos de alunos que no conseguem aprender, so inmeras as tentativas de definir dificuldades de aprendizagem e distrbios de aprendizagem devido ao grande nmero de categorias profissionais envolvidas. preciso considerar que diagnosticar problemas de aprendizagem um procedimento extremamente complexo, j que vrios fatores esto envolvidos. Atribuir o desempenho dos alunos a causas orgnicas e psicolgicas fora a pensar na necessidade de se oferecer capacitao para os professores diagnosticarem a natureza dos problemas que privam o aluno de aprender, e deveria ser considerado pelos cursos formadores dos profissionais. Entretanto, estudos apontam que h desconhecimento dos professores quanto ao assunto distrbio e dificuldade de aprendizagem e conhecimento diagnstico (Carvalho, Crenite & Ciasca, 2007; Cortez, Carazza, Arruda & Oliveira, 2011b). Constata-se que uma gama de conhecimentos no veiculados nos cursos de Pedagogia poderia ajudar no entendimento dos professores. Os avanos das cincias cognitivas em relao leitura e escrita ampliaram a compreenso dessas habilidades cognitivas humanas. Como postula Dehaene (2012) a neurocincia da aprendizagem se torna possvel e nos permite enfim, progredir numa problemtica frequentemente muito ideologizada! Nos ltimos 20 anos nasceu uma autntica cincia da leitura. Os progressos da neurocincia e da psicologia cognitiva conduziram a uma decodificao dos mecanismos neuronais do ato de ler (Carvalho, 2012, p. 96). Apesar da importncia comprovada dos progressos das cincias cognitivas e neurolgicas na rea da aprendizagem, e apesar dessas constataes terem sido divulgadas em relatrio encomendado pela cmara dos deputados (Brasil 2003), os Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs) continuam ignorando esses avanos (Carvalho, 2012), assim tambm como os cursos responsveis pela formao dos professores. Castaon (2011, p.127) questiona se nos cursos de Pedagogia [...] entre as disciplinas tericas acaso estariam Psicologia Cognitiva, Psicopatologia, Neurocincia?. Alm disso, constata-se que nos casos encaminhados aos servios de sade [...] os problemas devem-se quase que exclusivamente dificuldade de carter pedaggico, caracterizada como inadequao ao mtodo e ao sistema de ensino (Carvalho, Crenite & Ciasca, 2007, p. 230). Quando essa inadequao no investigada, ocorre o aumento de diagnsticos imprprios que culminam com medicao indevida, como tem sido verificado em pesquisas sobre o Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade (TDAH) (Cortez, Carazza, Arruda & Oliveira, 2011a). Ao observar a inadequao do sistema de ensino no Brasil, uma das maiores preocupaes diz respeito alfabetizao. A discusso se volta principalmente para os mtodos de ensino nas escolas e para as diretrizes construtivistas sobre alfabetizao propostas pelos PCNs. Fazendo parte desse contexto, tem-se questionado tambm a funcionalidade das grades curriculares das faculdades de Pedagogia brasileiras. O nvel dos cursos de Pedagogia no Brasil, segundo Castaon, fazendo referncia pesquisa de Bernadete Gatti (2008), no se tem dado mais importncia s formas de ensinar. Chama a ateno o fato de que, na mdia, apenas 3,4% das disciplinas dos currculos de pedagogia brasileiros referem-se Didtica Geral. O grupo de disciplinas responsvel pela prtica pedaggica propriamente dita, que ensinaria como ensinar (o de Didticas Especficas, Metodologias e Prticas de Ensino), representa 20,7% do conjunto, e apenas 7,5% das disciplinas so destinadas aos contedos a serem ensinados nas sries iniciais do ensino fundamental (Castaon, 2011, p. 127). No que concerne s propostas de alfabetizao difundidas nos cursos de Pedagogia, uma das principais crticas que se faz tem relao com a adeso das propostas construtivistas e adoo do mtodo global ou ideovisual no ensino de leitura e escrita. Capovilla e Capovilla (2007) apresentam uma vasta literatura que contesta a eficincia do mtodo global. Em compensao indica os avanos obtidos pelos pases que aderiram ao mtodo fnico na alfabetizao. Vale lembrar que a consolidao que se d por meio dos cursos de Pedagogia das propostas construtivistas corroborada pelas polticas em educao que acompanham os PCNs do pas (Freitas, 2011). Dehaene (2012, como citado em Carvalho, 2012) aponta a autonomia como um benefcio oferecido aos alunos pelo sistema educacional que dispe de programas iniciais de aprendizagem fonolgica em alfabetizao, ao invs do mtodo global. A escola da liberdade no aquela que deixa a criana escolher o que quer aprender, mas sim aquela que ensina rapidamente a cada criana a decodificar o nico mtodo que permitir aprender por si s as palavras novas, adquirir sua autonomia e se abrir para todos os campos do saber (Dehaene, 2012, como citado em Carvalho, 2012, p. 93) Quanto utilizao de diferentes mtodos de alfabetizao, preciso entender o contexto histrico em torno deles. Apesar de mtodo fnico e mtodo global serem derivaes dos mtodos sinttico e analtico respectivamente (Gonalves, 2011) o debate atual no cenrio terico da alfabetizao coloca em confronto aqueles dois primeiros. Isso acontece, diz Morais, devido [...] importao direta e inadequada da guerra entre partidrios dos mtodos whole language e phonics em outros pases (Morais, 2006, p. 6). Convm lembrar que os mtodos de alfabetizao que atualmente so confrontados no so propostas atuais, e alternaram a hegemonia no decorrer no tempo entre os alfabetizadores no mundo e no Brasil. Da Antiguidade ao sculo XVIII, predominaram os mtodos de fundamentao sinttica, que podem ser concebidos como Alfabtico, Silbico e Fontico. Nos trs, o processo se inicia das menores unidades da palavra, ou seja, h progresso da parte para o todo; o que muda em cada um deles o desencadeamento do processo por meio de grafemas, de slabas ou de fonemas respectivamente. J do sculo XVIII ao sculo XIX, parece ter havido prevalncia do mtodo Analtico ou Global. [...] Ao contrrio dos mtodos sintticos, esse parte de unidades significativas da lngua: a palavra, a frase e o texto, cujos componentes unidades constitutivas mnimas so focalizados em contextos de sentido. Apesar de prevalecerem em determinados perodos, as duas tendncias metodolgicas se entrecruzam na Histria (MORTATTI, 2006) e persistem at a atualidade, hoje perpassadas por olhares voltados para o conceito de letramento, concebido como uso social da escrita (Gonalves, 2011, p. 22). Mas como esse paradigma construtivista entrou em cena no Brasil? Segundo Gonalves (2011), ele surge a partir do processo de redemocratizao do pas na dcada de 1980, em meio aos debates sobre o fracasso escolar, em que [...] novssimos estudos puderam fazer parte do quadro terico das academias e escolas do pas, como foi o caso do construtivismo de Emilia Ferreiro (Gonalves, 2011, p. 57). Outro terico que tambm lembrado ao se fazer referncia aos mtodos pedaggicos dos PCNs na contemporaneidade de base construtivista Paulo Freire. Quanto a esse, a determinao de que se aplique um mtodo global ou outro especfico no se sustenta: incorreto afirmar que Paulo Freire criou um mtodo de alfabetizao. incorreto referir-se a um mtodo Paulo Freire de alfabetizao. Alis, ele mesmo que ao descrever sua proposta de alfabetizao, no captulo 4 de Educao como prtica de liberdade, apresenta em nota de rodap, classificao de mtodos de alfabetizao e se inclui entre aqueles que propem um mtodo ecltico que abarca [...] a sntese e a anlise, propiciando o analtico-sinttico. E mais, no fim desse mesmo captulo, novamente em nota de rodap, declara: nunca nos doeu nem di quando se afirmava e afirma que [...] no fomos o inventor do dilogo, nem do mtodo analtico-sinttico, como se alguma vez tivssemos feito afirmao to irresponsvel (Soares, 2004, pp. 118-119). O fato que com o construtivismo que foi ganhando fora atravs das polticas educacionais ps Constituio de 1988, a discusso sobre alfabetizao [...] deslocada para o processo de aprendizagem do sujeito cognoscente e ativo, em detrimento dos mtodos de alfabetizao e da relevncia do papel da escola e do professor nesse processo (Mortatti, 2000, pp. 253-254). Percebe-se que, com a proposta do construtivismo, no fica determinada a discusso sobre como alfabetizar, mas sim, como se aprende. Com isso, a responsabilidade pelo fracasso escolar cai no aluno. Com o mtodo passando a ter importncia secundria, fica esvaziado o discurso da aprendizagem como estratgia (Mortatti, 2010). Consta-se que na falta de um mtodo coerente de alfabetizao pelo construtivismo, os alfabetizadores ficaram desprovidos de uma didtica. Do ponto de vista da histria da alfabetizao no Brasil, desse modelo terico [construtivismo] decorre o que denomino desmetodizao da alfabetizao [...] no h nem pode haver, de um ponto de vista terico rigoroso, uma didtica construtivista nem um mtodo construtivista de alfabetizao (Mortatti, 2010, pp. 232-333). Seguindo essa perspectiva, voltamos s crticas de Castaon, que questiona os cursos de Pedagogia. Segundo ele, os cursos de Pedagogia no Brasil vm formando docentes que vo exercer suas prticas sem o domnio de tcnicas, somente com o discurso do sociologismo e relativismo (Castaon, 2011). O autor faz crticas grade curricular dos atuais cursos de Pedagogia: Tcnicas de ensino e uso de novas tecnologias para a aquisio de habilidades como a leitura (que uma tcnica), so rotuladas de tecnicismo, receita de bolo e desvalorizadas como instrumentos de destruio do senso crtico e da criatividade. Diagnstico psicolgico de dificuldades de aprendizado demonizado como processo de estigmatizao. Conhecimento cientfico psicolgico bsico sobre processos cognitivos (aprendizagem, memria, linguagem, percepo, pensamento) est ausente dos currculos por ser considerado instrumento de perpetuao da ideia de indivduo e de natureza humana. Conhecimento neurocientfico ignorado por implicar prova da existncia de capacidades inatas e condicionantes biolgicas no sociais (Castaon, 2011, p. 126). Para o autor, no se tem privilegiado na formao dos professores nem mesmo as aplicaes tericas decorrentes dos principais marcos que norteiam as grades curriculares. Alguns conhecidos rgos de imprensa acusam s vezes, sem maiores anlises, o construtivismo pedaggico, o marxismo e a pedagogia de Paulo Freire como responsveis pela tragdia educacional brasileira. Mas o que esses acusadores aparentam no saber que nos contedos das faculdades de Pedagogia no resta quase nada de Piaget, nem do realismo marxista, e de Freire, s a reverncia (Castaon, 2011, p. 126). No se trata somente de tecer crtica sobre o processo de formao profissional dos cursos de Pedagogia. Trata-se de questionar a responsabilidade das polticas educacionais, j que da responsabilidade do governo federal atravs do Ministrio da Educao garantir formao pedaggica de qualidade, mesmo na articulao entre as esferas pblica e privada (Dourado, 2007). Observando o cenrio apresentado acima, cabe questionar por que as polticas em educao no aderem a estratgias que visem diferentes alternativas na alfabetizao, e no consideram as novidades trazidas principalmente no campo da neurocincia, como tem acontecido em vrios pases. Evidentemente, espera-se que questes de ordens estruturais nas escolas, socioeconmicas, socioculturais e afins sejam avaliadas. Mas se por um lado transformaes nessas reas sugerem quase que inviabilidade a curto e mdio prazo, no campo especfico da educao h solues mais imediatas, como ocorreu em outros pases. O Brasil no se meteu nesse fosso sozinho, mas que permanece nele simplesmente porque ainda ignora, de modo obtuso, como outros pases fizeram para sair dele, e recuperar a competncia de sua populao escolar (Capovilla, Ribeiro & Capovilla, 2004, p. 31). A relao entre as polticas pblicas e alfabetizao ps Constituio de 1988 Observamos acima que com a desregulamentao e descentralizao da administrao federal e com a implementao de gesto democrtica pela Constituio de 1988, as polticas pblicas passaram a ser articuladas entre as esferas de governo federal, estadual e municipal. Especificamente na rea da educao os resultados no se mostraram eficientes e as dificuldades se arrastam at os dias atuais (Oliveira, J. 2011). A fragmentao do sistema educacional (Oliveira, J. 2011), a falta de polticas pblicas de cooperao tcnica e financeira por parte do governo federal (Aguiar 2010), as polticas ineficazes na formulao de programas educacionais e formao docente (Demo, 2008) e as propostas pedaggicas construtivistas dos PCNs que rejeitam os novos conhecimentos das cincias cognitivas e neurocincias (Capovilla, 2007) so alguns dos fatores apontados na relao entre polticas ineficazes com o quadro precrio da educao. Esses fatores de ordem poltica afetam tambm a alfabetizao, j que essa uma rea especfica no bojo da educao. E por ser rea especfica, possvel perceber problemas especficos que poderiam ser sanados. Os PCNs se tornaram os melhores indicadores das polticas de alfabetizao, orientando as estratgias do Ministrio da Educao, as secretarias municipais e estaduais em educao, as grades curriculares dos cursos de licenciatura, e os projetos didticos, pedaggicos e afins (Oliveira, J. 2011). Contudo, os prprios PCNs passaram a ser alvo de crticas devido nfase s propostas construtivistas que ganharam fora a partir da dcada de 1990. Conceitos como Alfabetismo Funcional e Letramento foram incorporados ao escopo da alfabetizao sem demarcar os limites conceituais, gerando confuso terica que culminaram na prtica. Por exemplo, [...] os PCNs no apresentam uma definio de alfabetizao e associam a definio de alfabetizao com letramento (Oliveira, J. 2011, p. 77). Isso um equvoco no sentido de que a perspectiva de alfabetizar vem de uma epistemologia universal e tradicional, enquanto que o conceito de letramento surgiu h algumas dcadas e tem sido influenciado pelo paradigma recente da Educao no Brasil. Como [...] o texto dos PCNs no define as competncias da alfabetizao, menciona de passagem a decodificao e ignora totalmente questes relacionadas com mtodo e com fluncia de leitura (Oliveira, J. 2011, p. 77). Assim, diante do cenrio traado, entende-se que desde a constituio de 1988, o que se faz atravs das polticas pblicas na educao no Brasil investir mais no que est errado. Numa analogia muito simples, seria como se para uma pessoa desnutrida por somente comer po e gua, a soluo recomendada em relao desnutrio abarcasse apenas o aumento na quantidade de po e gua a serem ingeridos. A partir da dcada de 1990, as Leis das Diretrizes e Bases, guiadas pelos PCNs, confundindo aula com aprendizagem, preocuparam-se em aumentar a carga horria dos estudantes (Demo, 2008). J que [...] sempre que se pretende melhorar o desempenho escolar, a ideia mais assumida dar mais aulas[...] (Demo, P. 2008, p. 4) no Brasil no foram adotadas as mesmas polticas de diversos pases no que concerne alfabetizao. Pases que, impulsionados pelos ndices dos indicadores internacionais da educao, e tambm incentivados pela temtica da dcada da alfabetizao promovida pela Organizao das Naes Unidas (ONU) entre 2003 e 2012, fizeram provocar debates internos e estratgias para elevar o nvel da alfabetizao (Mortatti, 2013). O Brasil, a se notar pelos dados internacionais, no figurara entre os que avanaram, fazendo parte do grupo que no se move para solucionar de fato os problemas. No contexto poltico e econmico em que foram definidas e implementadas as iniciativas que culminaram na Dcada das Naes Unidas para a Alfabetizao (2003-2012), podem-se distinguir: por um lado, os pases que lideram a denncia da vergonha do analfabetismo e a convocao para reunio de esforos, visando a avanos na garantia do direito alfabetizao; e, por outro lado, os pases responsveis pela perpetuao do analfabetismo, pela persistente dificuldade em avanarem (apesar dos esforos daqueles), no alcance da garantia do direito de todos alfabetizao e, em decorrncia, pela resistncia que impem ao alcance das metas globais de desenvolvimento econmico, social e poltico (Mortatti, 2013, p. 29). Mas o que aconteceu de errado se vrios programas foram implantados desde os primeiros anos aps a Constituio de 1988, com estratgias a curto e longo prazo? Demo (2008) conclui que as polticas pblicas no implementaram novas propostas de aprendizagem. Segundo o autor [...] os dados reforam que as prticas escolares no pas no garantem a aprendizagem. Ao contrrio. Por isso, podem at fazer o aluno progredir[footnoteRef:9], mas no aprender (Demo, 2008, p. 77). [9: O autor usa o termo progredir em aluso proposta de progresso continuada, que consiste na passagem de srie automtica dos alunos, mesmo com desempenho insatisfatrio. ]

Enquanto no Brasil no se investe em estratgias para a prtica de alfabetizao que realmente se baseiem em dados cientficos, ignora-se ou h resistncia acerca do que tem sido produzido na literatura que diz do processo de aquisio de leitura e escrita. Principalmente os estudos que contemplam os processos cognitivos, as confirmaes das cincias neurolgicas e das pesquisas sobre a rota de funcionamento do crebro, que apontam para a importncia da conscincia fonolgica como estratgia de facilitao e automatizao no processo de aprendizagem da leitura e escrita (Capovilla, 2003; Capovilla, Ribeiro & Capovilla, 2004; 2007; Cardoso-Martins, 2008; Conzenza & Guerra, 2011; Oliveira, 2011; Silva, 2009). Apesar de aqui no se pretender simplificar a discusso, o fato que, se existe um caminho que facilita a apreenso da leitura e escrita e que se baseia no funcionamento cerebral, porque no levar isso em considerao? No Brasil, embora j comecem a serem difundidas atividades que privilegiam a conscincia fonmica, no se consolidam estratgias (Silva, 2009). Uma das metas estabelecidas no recente Plano Nacional de alfabetizao na Idade Certa[footnoteRef:10] preparar o professor para [...] entender as relaes entre conscincia fonolgica e alfabetizao, analisando e planejando atividades de reflexo fonolgica e grfica de palavras, utilizando materiais distribudos pelo MEC (Brasil, 2012b, s/p). Entretanto, no h orientao para os professores quanto aos conhecimentos sobre neurocincia, funes do sistema nervoso, funes cognitivas, psicologia voltada para a aprendizagem, diagnstico preliminar para dificuldades e transtornos de aprendizagem e outros temas dessa ordem (Castaon, 2011). Ou seja, mais um programa implantado visando avanos, mas pode se mostrar limitado pela no adoo de novas estratgias pedaggicas e por no ser acompanhado de investimentos para melhorar as condies nas escolas. Retrata assim a continuidade das polticas pblicas ineficientes aps a Constituio de 1988. [10: O Pacto Nacional pela Alfabetizao na Idade Certa um programa do governo federal, no mbito do MEC que, um compromisso assumido pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municpios de assegurar que todas as crianas estejam alfabetizadas at os oito anos de idade, ao final do 3 ano do ensino fundamental. (BRASIL, p.11, 2012b). Ele destinado formao continuada de professores alfabetizadores, que atuam nas turmas de 1, 2 e 3 anos do ensino fundamental. O programa governamental tem durao prevista de dois anos e tem como guia o Programa Pr-Letramento(BRASIL, 2012b). ]

Consideraes Finais Percebe-se que so enormes as dificuldades para superar os problemas da educao no Brasil, sobretudo por haver padres referenciais norteadores das polticas pblicas e dos sistemas educativos que fazem perpetuar o esvaziamento da aprendizagem e a incompreenso sobre o que envolve o ensinar. Tomando como eixo principal para anlise a situao da alfabetizao, o engessamento metodolgico de base construtivista e medidas decididas de cima para baixo acerca do processo de ensino constituem-se em barreiras especficas para avanos significativos. Enquanto isso se observa o descaso das polticas pblicas de alfabetizao ao se afastarem do paradigma cientfico das neurocincias e das matrizes cognitivas de leitura, das quais tm feito outros pases avanarem no processo de alfabetizao e no nvel da educao da populao. Enquanto as polticas pblicas no garantem o sucesso do ensino, especialmente da alfabetizao, programas so criados para escolarizar, o que no o mesmo que aprender. O baixo investimento em polticas e propostas que contemplem novidades cientficas eficazes no processo de alfabetizao tem no seu extremo o alto investimento em programas pedaggicos a partir de matrizes epistemolgicas ineficientes. O proposto pelos PCNs faz perpetuar o fracasso escolar. Programas que encurtam a trajetria na escola dos alunos que no aprendem sugerem uma sada superficial para superao do fracasso escolar, e no resolve o problema da evaso escolar. No equivale dizer que apenas num determinado contexto reside o mal da educao no Brasil. Condies socioeconmicas e sociais da populao, condies de diversas naturezas na estrutura das escolas, na formao dos professores, na abertura para o ingresso de outros profissionais no contexto escolar e outros fatores devem ser apreciados a mdio e longo prazo. Contudo, esse trabalho elegeu a ausncia do conhecimento das cincias cognitivas e das neurocincias enquanto promotoras dos avanos no processo de alfabetizao como uma necessidade a ser contemplada pelas polticas publicas. Ademais, se coloca como uma ao de perspectiva vivel a curto e mdio prazo. preciso incorporar o debate terico que traz luz os equvocos no campo da educao s prticas existentes no cotidiano da escola. Principalmente em relao alfabetizao, cabe responsabilidade aos profissionais do campo da educao assim como de toda a sociedade civil em cobrar polticas pblicas que considerem solues j postas cientificamente. Isso no ser possvel sem o investimento do Estado. necessrio tambm apresentar reformulaes envolvendo o planejamento dos cursos de Pedagogia quanto didtica e ao currculo propostos pelas grades curriculares. E quanto s polticas voltadas para o cotidiano das escolas, devem ser repensadas acerca da disparidade entre os conceitos de quantidade ou qualidade, progredir ou aprender, prestigiar ou avaliar, distanciar ou mediar, orientar ou ensinar. O medo de tirar a autonomia do aluno no pode ser justificativa para o medo de ensinar. O medo de tirar a autonomia do aluno no pode ser prerrogativa para o abandono do mesmo, em um processo em que, para que a sua eficincia seja alcanada, como demonstram vrias pesquisas sobre a alfabetizao, fundamental o emprego de estratgias de ensino. Referncias Aguiar, M. A. (2010). Avaliao do Plano Nacional de Educao 2001-2009: questes para reflexo. Educao e Sociedade, 31(112), 707-727. Recuperado em 7 de maro, 2013, de http://www.scielo.br/pdf/es/v31n112/04 Arelaro, Lisete R.G. (2007). Formulao e implementao das polticas pblicas em educao e as parcerias pblico-privadas: impasse democrtico ou mistificao poltica? Educao & Sociedade, 28(100), 899-919. Recuperado em 7 de maro, 2013, de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302007000300013&lng=en&tlng=pt. 10.1590/S0101-73302007000300013. Bertagna, Regiane Helena. (2008). Ciclos, progresso continuada e aprovao automtica: contribuies para a discusso. Educao: teoria e prtica, 18 (31), 73-86. Recuperado em 19 de maio, 2013, de http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/educacao/article/view/2203/1928 Brasil. (1997). Ministrio da Educao. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) (48 p.). Subsdios para a elaborao do Plano Nacional de Educao: roteiros e metas para o debate. Braslia, (Documental Estudos de Polticas Governamentais). DF: MEC/INEP. Brasil. (2003). Relatrio Final do Grupo de Trabalho Alfabetizao Infantil: os novos caminhos. Seminrio "O Poder Legislativo e a Alfabetizao Infantil: Novos Caminhos" em 15 de setembro de 2003. Comisso de Cultura e Educao da Cmara dos Deputados. Recuperado em 21 de setembro, 2013, de http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoespermanentes/cec/documentos-1/relatorio-de-atividades/Relat_Final.pdf Brasil. (2012a). Pacto nacional pela alfabetizao na idade certa: a heterogeneidade em sala de aula e a diversificao das atividades. (48 p.). Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Bsica, Diretoria de Apoio Gesto Educacional. Braslia: MEC, SEB. Brasil.(2012b). Manual do pacto: Pacto pela Alfabetizao na Idade Certa: o Brasil do futuro com o comeo que ele merece (42 p.). Ministrio da Educao. Braslia: MEC, SEB. Capovilla, Alessandra G. S. & Capovilla, Fernando Csar. (2007). Problemas de leitura e ecrita. Como identificar, prevenir e remediar numa abordagem fnica (5 Ed.). So Paulo: Memnon. Capovilla, Alessandra G. S. Capovilla, Fernando C. (2004). Alfabetizao: mtodo fnico (3 Ed.). So Paulo: Memnon. Capovilla, F. C., Ribeiro do Valle, L. E., & Capovilla, A. G. S. (2004). Compreendendo o fracasso escolar no Brasil na dcada 1995-2004: PCNs na contramo da Histria, 89% a 96% de fracasso do ensino fundamental segundo Saeb, e recorde mundial de incompetncia de leitura segundo OCDE. In L. E. Ribeiro do Valle & F. C. Capovilla (Orgs.). Temas multidisciplinares de neuropsicologia e aprendizagem (23-69). So Paulo: Tecmedd e Sociedade Brasileira de Neuropsicologia. Cardoso-Martins, C. (2008). Desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. In D. L. Fuentes, C. H. Malloy-Diniz & R. M. Cosenzal (pp. 335 - 355 ). Neuropsicologia: teoria e prtica. Porto Alegre: Artmed. Carvalho, D. K. S. S. (2012). Fonologia e alfabetizao: Efeitos de um programa de interveno para recuperao de alunos com atrasos na aprendizagem da linguagem escrita. Dissertao (Mestrado em Educao (Psicologia da Educao)) - Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico. Recuperado em 23 de Julho, 2013, de http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=15104 Carvalho, F. B., Crenitte, P. A. P., & Ciasca, S. M. (2007). Distrbios de aprendizagem na viso do professor. Rev. Psicopedag 24 (75). Recuperado em 29 de maro, 2013, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010384862007000300003&lng=pt&nrm=iso. Castaon, G. A. (2011). O papel do ensino universitrio na falta de ensino bsico. Boletim Interfaces da Psicologia da UFRuralRJ, 4, 121-32. Recuperado em 25 de Julho, 2013, de http://www.ufrrj.br/seminariopsi/2011/boletim2011-2/gustavo.pdf Comisso de Educao, Cultura e Esporte CE (Produo). (2012). Educao Bsica: Responsabilidade do Governo Federal? Ciclo de Audincias Pblicas Educao e Federalismo. Senado Federal - Secretaria Tcnica de Eletrnica. DVD. Color. Son. Conzenza, R. M. & Guerra, L.B. (2011). Neurocincia e Educao: como o crebro aprende. Porto Alegre: Artmed. Cortez, M. T., Carazza, C. L., Arruda, L. M. S., & Oliveira, M. P. A. (2011a). O diagnstico da criana com Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade na sade pblica. In M. L. Oliveira (Org.). Anais do VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento (LT04-837) 539-541. Braslia. Associao Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento. Recuperado em 27 de novembro, 2013, de http://www.abpd.psc.br/WebContent/26_01_12_Livro_VIII_Congresso_de_Psicologia.pdf Cortez, M. T., Carazza, C. L., Arruda, L. M. S., & Oliveira, M. P. A., (2011b). O Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade e o conhecimento das professoras da rede municipal do ensino fundamental sobre esse transtorno. In M. L. Oliveira (Org.). Anais do VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Desenvolvimento (LT04-835) 1182-1183. Braslia. Associao Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento. Recuperado em 27 de novembro, 2013, de http://www.abpd.psc.br/WebContent/26_01_12_Livro_VIII_Congresso_de_Psicologia.pdf Demo, P. (2008). Aprender bem/mal: Aprendizagem, polticas pblicas, avaliao (3 Ed.). Campinas. Autores Associados. Dourado, L. F. (2007, outubro). Polticas e gesto da educao bsica no Brasil: limites e perspectivas. Educao & Sociedade, 28 (100), 921-946. Recuperado em 25 de setembro, 2013, de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302007000300014&lng=en&tlng=. 10.1590/S0101-73302007000300014. Fonseca. (2009). Polticas pblicas para a qualidade da educao brasileira: entre o utilitarismo econmico e a responsabilidade social. Cadernos CEDES, 29(78), 153-177. Recuperado em 22 de agosto, 2013, de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010132622009000200002&lng=en&tlng=pt. 10.1590/S0101-32622009000200002. Freitas, P. G. (2011). Um olhar sobre o mtodo fnico. Trabalho de Concluso de Curso (Graduao em Pedagogia) pp 57 Universidade Estadual de Londrina Londrina. Recuperado em 29 de maro, 2013, de http://www.uel.br/ceca/pedagogia/pages/arquivos/patricia%20gomes%20de%20freitas.pdf Gatti, B. (2008). Formao de professores para o ensino fundamental: instituies formadoras e seus currculos; relatrio de pesquisa 2(6). So Paulo: Fundao Carlos Chagas, 2v. Gatti, B. (2010). Formao de professores no Brasil: caractersticas e problemas. In Educ. Soc 31(113) 1355-1379. Campinas. Gonalves, F. C. (2011). Alfabetizao sob o olhar dos alfabetizadores: um estudo sobre essencialidades, valoraes, fundamentos e aes no ensino da escrita na escola. (Dissertao de Mestrado pelo Programa de Ps-graduao em Lingustica da Universidade Federal de Santa Catarina). Florianpolis. Recuperado em 29 de maro, 2013, de http://portal.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/06_12_2011_9.47.02.02868b4521d1d932652a47d 9095da505.pdf Indicador de Alfabetismo Funcional. ( INAF, 2011). Instituto Paulo Montenegro e Ao Educativa mostram a evoluo do alfabetismo funcional na ltima dcada. So Paulo. Recuperado em 12 de setembro, 2013 de http://www.ipm.org.br/ipmb_pagina.php?mpg=4.02.01.00.00&ver=por&ver=por. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (INEP, 2011). Programa Internacional de Avaliao de Alunos (PISA). Pisa. Braslia. Recuperado em 21 de setembro, 2013, de http://portal.inep.gov.br/pisa-programa-internacional-de-avaliacao-de-alunos Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (INEP, 2009). Programa Internacional de Avaliao de Alunos (PISA). Resultados nacionais Pisa 2009. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Braslia: O instituto. Recuperado em 19 de setembro, 2013, de http://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/documentos/2012/relatorio_nacional_pisa_2 009.pdf Ioschep, G. (2004). A ignorncia custa um mundo: o valor da educao no desenvolvimento do Brasil. So Paulo, Francis. Lei n 12.796, de 4 de abril de 2013. (2013). Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, para dispor sobre a formao dos profissionais da educao e dar outras providncias. Presidncia da Repblica. Casa Civil: Subchefia para Assuntos Jurdicos. Recuperado em 19 de novembro, 2013, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996. (1996). Estabelece as diretrizes e bases da educao nacional. Presidncia da Repblica. Casa Civil: Subchefia para Assuntos Jurdicos. Recuperado em 19 de novembro, 2013, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Maus, O. C. (2010). A avaliao e a regulao. O professor e a responsabilizao dos resultados. In A. I. L. F. Dalben. (Org.), Coleo Didtica e Prtica de Ensino. Polticas Educacionais: convergncias e tenses no campo e do trabalho docente (pp. 703-730). Belo Horizonte: Autntica. Morais, A. G. (2006). Concepes e metodologias de alfabetizao: Por que preciso ir alm da discusso sobre velhos mtodos? Braslia, DF: Secretaria de Educao Bsica. Trabalho apresentado no Seminrio Alfabetizao e Letramento em Debate. Recuperado em 25 de Julho, 2013, de http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/alf_moarisconcpmetodalf.pdf. Mortatti, M. R. L. (2000). Os sentidos da alfabetizao. So Paulo: Editora UNESP: CONPED. Mortatti, M. R. L. (2010). Alfabetizao no Brasil: conjecturas sobre as relaes entre polticas pblicas e seus sujeitos privados. Rev. Bras. Educ., 15(44) 329-341. Recuperado em 25 de Julho, 2013, de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782010000200009&lng=en&nrm=iso Mortatti, M. R. L. (2013). Um balano crtico da dcada da alfabetizao no Brasil. Cad. Cedes 33(89) 15-34. Campinas. Recuperado em 23 de agosto, 2013, de http://www.cedes.unicamp.br Mortatti, Maria do Rosrio Longo. (2006). Histria dos mtodos de alfabetizao no Brasil. Conferncia realizada no Seminrio de Alfabetizao e letramento em debate. Braslia. Recuperado em 19 de setembro, 2013, de http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/alf_mortattihisttextalfbbr.pdf Oliveira, D. A. (2011). Das polticas de governo poltica de estado: reflexes sobre a atual agenda educacional brasileira. Educ. Soc. 32(115), 323-337. Campinas. Recuperado em 29 de maro, 2013, de http://www.scielo.br/pdf/es/v32n115/v32n115a05.pdf. Oliveira, J. B. A. (2011). Alfabetizao, fracasso escolar e polticas pblicas. Instituto Alfa e Beto apresentado no IV Congresso Multidisciplinar de transtornos de aprendizagem e reabilitao na UNIFMU So Paulo. Recuperado em 18 de agosto, 2013, de http://www.alfaebeto.org.br/wpcontent/uploads/2013/09/Alfabetiza%C3%A7%C3%A3o_fracasso_pol%C3%ADticasp%C3%BAblicas.pdf Rodriguez, V. (2001). Financiamento da educao e polticas pblicas: o Fundef e a poltica de descentralizao.Cadernos CEDES, 21(55), 42-57. Recuperado em 29 de maro, 2013, de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622001000300004&lng=en&tlng=pt. 10.1590/S0101-32622001000300004. Sadek, M.T. (2000). O pacto federativo em questo. Revista Brasileira de Cincias Sociais, 15(42) 153-154. So Paulo. Sebra, A. G., & Dias, N. M. (2011). Mtodos de alfabetizao: delimitao de procedimentos e consideraes para uma prtica eficaz. Rev. psicopedag. 28 (87) 133-143. So Paulo. Recuperado em 23 de Julho, 2013, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010384862011000300011&lng=pt&nrm=iso>. Siena, O. (2007). Metodologia da pesquisa cientfica: elementos para elaborao e apresentao de trabalhos acadmico. Porto Velho: Unir. Silva, C. P. (2009). Desenvolvimento da leitura e da escrita atravs do programa alfabetizao na idade certa PAIC. Revista de Psicologia. 3(10) 1981-1179. So Paulo. Soares, M. (2004). Alfabetizao e letramento. (2 Ed.). So Paulo: Contexto. Soares, S. S. D. & Nascimento, P. A. M. (2012). Evoluo do desempenho cognitivo dos jovens brasileiros no Pisa. Cad. Pesqui. 42(145), 68-87. So Paulo. Recuperado em 21 de setembro, 2013, de http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742012000100006&lng=pt&nrm=iso Steiner, J. E. (2006). Conhecimento: gargalos para um Brasil no futuro. Estudos Avanados, 20(56), 75-90. Recuperado em 23 de novembro, 2013, de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142006000100007&lng=en&tlng=pt. 10.1590/S0103-40142006000100007.