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CAPI'rU LO 111 As Experiôncias na AI .. d. Saúda do Trabalhador do SU05-R d. Ribeirão Preto Neiry Primo Alessi Pr ofessor-Assistente do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP Sandra de Azevedo Pinheiro Preofessora-Assistente do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP o relato das experiências em curso na área de Saúde do Trabalhador em Ribeirão Preto será apre- sentado em duas partes. A primeira parte refere.-se, em linhas gerais, ao pr ocesso de elaboração da proposta de programa para a área de Saúde do Trabalhador do SUOS-R de Ribei- rão Preto, visando a tornar manifesto os seus princi- pais fundamentos, características básicas, funciona- mento e condições para a sua implementação. A segunda parte diz respeito ao processo de constituição e desenvolvimento do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde do Trabalhador do Departamen· to de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ambas as partes integram uma única totalidade direcionada no sentido da produção de conhecimen· tos e de práticas que possibilitem a consolidação e o avanço da área de Saúde do Trabalhador_ Nesse sentido, as atividades desenvolvidas e aquelas em desenvolvimento, quer através do Progra· ma de Saúde do Trabalhador do SUDS-R de Ribeirão Preto e/ ou do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saú- de do Trabalhador do Departamento de Medicina So- cial, constituem, na realidade, atividades de pesquisa, de ensino e de extensão de serviços à sociedade. importante destacar o caráter inter institue ia· nal e transdisciplinar das experiências aqui relatadas, as quais têm sido viabilizadas graças aos esforços e com prometimento das pessoas envolvidas no projeto e c ontando com limitados recursos provenientes da Secretaria de Estado da Saúde e da Universidade de São Paulo_ Introdução As conseqüências sobre a saúde do trabalhador, decorrentes de sua atividade têm sido tratadas como uma das áreas prioritárias da Saúde Pública, merece"· do lugar de destaque nos diferentes sistemas de assis- tência médica. Ninguém desconhece, e muito menos discorda, que a categoria trabalho sempre esteve e continua presente entre os mais destacados dos fato- res determinantes de doenças. A pr6pria Organização Internacional do Traba- lho, desde sua fundação, vem desempenhando esfor- ços crescentes, gestionando junto a todos os pa(ses signatários de seus propósitos e diretrizes para que es- tes elaborem programas de prevenção e de assistência à saúde de seus trabalhadores. visando a humanizar e adaptar o trabalho às condições psicossomáticas e so· ciais do trabalhador_ No Brasil, a preocupação com a saúde do traba- lhador, decorrente das relações sociais e técnicas de trabalho a que o trabalhador está submetido, intensi- . fica-se a partir da década de 70 , do século atual, mo- mento em que o Brasil passa a liderar a lista dos paí- ses campeões em acidentes do trabalho. Entretanto, as várias propostas oficiais Que surgiram, tanto em nível federal como estadual, e direcionadas para o enfrentamento destas questões, foram inviabilizadas, na sua grande maioria, devido à inexistência de condi- ções sociais e políticas necessárias e suficientes para implementação das mesmas. A partir da década de 80, retoma-se a problemá- tica Saúde do Trabalhador num contexto de intensas mudanças sociais por que passa a sociedade brasileira. O estado de São Paulo surge como um dos esta- dos líderes na implantação de práticas na área de Saúde do Trabalhador, destacando-se a implantação de programas pioneiros nas regiões de Camp-inas, Vale do Ribeira e Cubatão, entre outras. Essas experiências caracterizam-se pelo seu comprometimentc? com a classe trabalhadora, cujo nível de abrangência mani- festa·se n,a sua preocupação em temat izar não apenas questões relacionadas às doenças adquiridas no pro- cesso de produção, mas também aquelas decorrentes da poluição ambiental. Na região de Ribeirão Preto, a implantação de um programa na área de Saúde do Trabalhador tem sido objeto de preocupação de docentes da Faculdade de Medicina e de profissionais da rede dos serviços públicos de Saúde, principalmente a partir de 1984_ No entanto, dificuldades de natureza técnica e política determinaram uma limitação no desenvolvi- mento de programas regionais, que ficaram inicial· mente restritos à categoria dos trabalhadores rurais. A partir de meados de 1986, as ações de saúde i m- plementadas pelo referido Programa foram mais di- recionadas à categoria de trabalhadores vinculados ao setor de hortigranjeiros, em decorrência da exposi· ção desses trabalhadores a diferentes grupos de agro- tóxicos nas suas atividades. No bojo desse programa *, constitui-se um grupo de coordenação multiprofissio' nal e interinstitucional encarregado de ações como rastreamento no campo, vigilância epidemiológica e atendimento ao trabalhador intoxicado. Essas ações também tiveram como suportes um serviço de aten- dimento ambulatorial e a realização de exames labo- ratoriais complementares no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, servi- ços esses em funcionamento rotineiro atualmente. As características dessa experiência manifesta· ram, desde o início, a preocupação do grupo com a importância e a necessidade do caráter multiprofissio- 17

As AI .. à - IESC / UFRJ · de ensino e de extensão de serviços à sociedade. ... adaptar o trabalho às condições psicossomáticas e so· ... Na região de Ribeirão Preto,

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CAPI'rU LO 111

As Experiôncias na AI .. d. Saúda do Trabalhador do SU05-R d. Ribeirão Preto

Neiry Primo Alessi Professor-Assistente do Departamento de Medicina Social da Facu ldade de Medicina de Ribeirão Preto - USP

Sandra de Azevedo Pinheiro Preofessora-Assistente do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP

o relato das experiências em curso na área de Saúde do Trabalhador em Ribeirão Preto será apre­sentado em duas partes.

A primeira parte refere.-se, em linhas gerais, ao processo de elaboração da proposta de programa para a área de Saúde do Trabalhador do SUOS-R de Ribei­rão Preto, visando a tornar manifesto os seus princi­pais fundamentos, características básicas, funciona­mento e condições para a sua implementação.

A segunda parte diz respeito ao processo de constituição e desenvolvimento do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde do Trabalhador do Departamen· to de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Ambas as partes integram uma única totalidade d irecionada no sentido da produção de conhecimen· tos e de práticas que possibilitem a consolidação e o avanço da área de Saúde do Trabalhador_

Nesse sentido, as atividades desenvolvidas e aquelas em desenvolvimento, quer através do Progra· ma de Saúde do Trabalhador do SUDS-R de Ribeirão Preto e/ou do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saú­de do Trabalhador do Departamento de Medicina So­cia l, constituem, na realidade, atividades de pesquisa, de ensino e de extensão de serviços à sociedade.

~ importante destacar o caráter inter institue ia· nal e transdisciplinar das experiências aqui relatadas, as quais têm sido viabilizadas graças aos esforços e comprometimento das pessoas envolvidas no projeto e contando com limitados recursos provenientes da Secretaria de Estado da Saúde e da Universidade de São Paulo_

Introdução

As conseqüências sobre a saúde do trabalhador, decorrentes de sua atividade têm sido tratadas como uma das áreas prioritárias da Saúde Pública, merece"· do lugar de destaque nos diferentes sistemas de assis­tência médica. Ninguém desconhece, e muito menos d iscorda, que a categoria trabalho sempre esteve e continua presente entre os mais destacados dos fato­res determinantes de doenças.

A pr6pria Organização Internacional do Traba­lho, desde sua fundação, vem desempenhando esfor­ços crescentes, gestionando junto a todos os pa(ses signatários de seus propósitos e diretrizes para que es­tes elaborem programas de prevenção e de assistência à saúde de seus trabalhadores. visando a humanizar e adaptar o trabalho às condições psicossomáticas e so· ciais do trabalhador_

No Brasil, a preocupação com a saúde do traba­lhador, decorrente das relações sociais e técnicas de trabalho a que o trabalhador está submetido, intensi­

. fica-se a partir da década de 70, do século atual, mo-mento em que o Brasil passa a liderar a lista dos paí­ses campeões em acidentes do trabalho. Entretanto, as várias propostas oficiais Que surgiram, tanto em nível federal como estadual, e direcionadas para o enfrentamento destas questões, foram inviabilizadas, na sua grande maioria, devido à inexistência de condi­ções sociais e políticas necessárias e suficientes para implementação das mesmas.

A partir da década de 80, retoma-se a problemá­tica Saúde do Trabalhador num contexto de intensas mudanças sociais por que passa a sociedade brasileira.

O estado de São Paulo surge como um dos esta­dos líderes na implantação de práticas na área de Saúde do Trabalhador, destacando-se a implantação de programas pioneiros nas regiões de Camp-inas, Vale do Ribeira e Cubatão, entre outras. Essas experiências caracterizam-se pelo seu comprometimentc? com a classe trabalhadora, cujo nível de abrangência mani­festa·se n,a sua preocupação em tematizar não apenas questões relacionadas às doenças adquiridas no pro­cesso de produção, mas também aquelas decorrentes da poluição ambiental.

Na região de Ribeirão Preto, a implantação de um programa na área de Saúde do Trabalhador tem sido objeto de preocupação de docentes da Faculdade de Medicina e de profissionais da rede dos serviços públicos de Saúde, principalmente a partir de 1984_

No entanto, dificuldades de natureza técnica e política determinaram uma limitação no desenvolvi­mento de programas regionais, que ficaram inicial· mente restritos à categoria dos trabalhadores rurais. A partir de meados de 1986, as ações de saúde im­plementadas pelo referido Programa foram mais di­recionadas à categoria de trabalhadores vinculados ao setor de hortigranjeiros, em decorrência da exposi· ção desses trabalhadores a diferentes grupos de agro­tóxicos nas suas atividades. No bojo desse programa *, constitui-se um grupo de coordenação multiprofissio ' nal e interinstitucional encarregado de ações como rastreamento no campo , vigilância epidemiológica e atendimento ao trabalhador intox icado . Essas ações também t iveram como suportes um serviço de aten­dimento ambulatorial e a realização de exames labo­ratoriais complementares no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, servi­ços esses em funcionamento rotineiro atualmente.

As características dessa experiência manifesta· ram, desde o início, a preocupação do grupo com a importância e a necessidade do caráter multiprofissio-

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nal e interinstitucional na elaboração de toda e qual· quer proposta para a área de Saúde do Trabalhador.

As experiências adquiridas por este grupo inicial e o crescente envolvimento de profissionais no Progra­ma encontraram. a partir de 1987. a expressão de uma vontade pol ítica do atual Governo do Estado de São Paulo que elegeu a área de Saúde do Trabalhador como um dos três programas prioritários a serem im­plantados na rede de serv iços públicos. Esses fatores, al iados a experiências em andamento, principalmente na região do A8C. Santos. Cubatão. Campinas e ou· tras, determinaram uma redefinição dos programas, objetivos e metas até o momento existentes em nJ'vel estadual, regional e municipal.

No SUDS·R de Ribeirão Preto constituiu .... em outubro de 1987. um grupo de trabalho (Grupo de Saúde do Trabalho - GSTl, com caráter interdiscipli· nar e interinstitucional, sob a coordenação do Dr. Antonio Palocei Filho e composto por profissionais do SUDS regional e docentes do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribei· rão Preto da USP. F undamentados na proposta de Programa de Saúde do Trabalhador. da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. a preocupação inicial do Grupo constituiu-se em firmar alguns pontos bási ­cos para a elaboração de uma proposta para a área de Saúde do Trabalhador a ser implementada em n,·vel

regional . Após várias reuniões emergiu a necessidade, no

Grupo, de sistematizar, inicialmente, algumas caracte­ríst icas sócio-econômicas da região do SUOS-R de Ribeirão Preto, posto que as mesmas passariam a dire­cionar, em parte, o estabelecimento de pontos básicos sob os quais a proposta para a área de Saúde do Tra­balhador deveria assentar-se.

A região do SUOS-R de Ribeirão Preto· ·, cria­da pelo Decreto Governamental de 06.09.1986. é composta por 22 municípios, a saber: Altinópolis, Barrinha, Cajuru, Brodosqui, Cravinhos, Cássia dos Coqueiros, Oumont, Guariba, Jaboticabal, Jardinópo­lis, Luís Antonio, Monte Alto, Paradópolis, Pintaguej­ras , Pontal, Ribeirão Preto, Santa Rosa de Viterbo, São Simão, Santo Antonio da Alegria , Sertãozinho, Serra Azul e Serrana.

Para o ano de 1987, a região contava com uma população estimada de 812.812 habitantes. com a maioria composta de residentes na zona urbana, sen­do que nos municípios de Guariba, Jaboticabal , Mon­te Alto, Ribeirão Preto, Sertãozinho e Serrana estão concentrados 75% da população regional. Destes mu· nic l'pios destaca-se Ribeirão Preto, com uma popula­ção estimada em 410.798 habitantes para o ano de 1987.

A referida região desfruta de importante posi­ção, do ponto de vista do desenvolvimento econômi­co-social, em nlvel regional, estadual e nacional.

Sua importãncia manifesta-se desde sua posi­ção de pó lo de atração de expressivas migrações sa­zonais de populações vindas sobretudo das regiões brasileiras Centro-Oeste, Norte e Nordeste até a pre· sença dos setores primário , secundário e terciário ,

desempenhando destacado papel no desenvolvimento econômico regional e estadual.

Do ponto de vista do setor prim.ário, a região caracteriza-se pelo predomínio das agroindústrias, principalmente nos ramos da população de açúcar, óleos vegetais, carnes em conservas e sucos, concen­

trando 19% das principais agroindústrias, 50% das principais usinas-destilarias e 21 % das usinas benef i­ciadoras de algodão existentes na 6~ Região Adm inis­trativa do Estado. Esses ramos da produção desenvol­vem-se em detr imento do plantio de gêneros de pr i­meira necessidade e estão fundados num processo crescente de concentração da terra, caracterizando-se a região pela presença de grandes latifúndios e pela uso sazonal do trabalho assalariado volante. No ano de 1980. o setor primário absorveu 24% da população économicamente ativa (PEA) da região.

00 ponto de vista do setor secundário, a re­gião conta com um desenvolvimento industrial bas­tante expressivo e que se manifesta na concentração de um grande contingente de operários que, em 1980, absorvia 27.3% da PEA regional. Predominam. na re· gião, as indústrias de transformação, principalmente nos setores da mecânica, metalurgia e transformação de produtos minerais não-metálicos. O desenvolv i­mento desses ramos industriais tem se dado de modo satelizado, posto que os mesmos se prestam ao aten­dimento de necessidades ditadas pelas agroindústr ias regionais. Ao lado desses setores industriais, é tam­bém bastante significativa a presença de ramos indus­triais tradicionais, destacando-se o alimentar, mobiliá­rio e madeireiro. Tanto os ramos industriais trad icio· nais como os modernos estão concentrados basica· mente nos munidpios de Jaboticabal, Monte Alto, Ribeirão Preto e Sertãozinho, municípios estes que concentram mais de 74% da mão-de-obra industr ial da região.

O setor terciário constitui o setor de maior ex­pressividade em termos de desenvolvimento econômi­co regional. No ano de 1980 ele absorveu 48.7% da PEA regional , porcentagem esta que cor responde a 129.616 pessoas ligadas aos seus setores componentes e, na sua grande maioria, concentrada nos setores de prestação de serviços e de comércio de mercadorias. No entanto, é preciso destacar o peso e a concentra­ção do setor terciário no munidpio de R ibeirâo Preto que, no ano de 1980, concentrava 52% dos estabeleci­mentos de prestação de serviços do total ex istente na região.

Se se comparam os três setores de at ividades econômicas, não há dúvida sobre a hegemonia do se­tor terc iário. Entretanto, é preciso enfat izar que esta característica não minimiza o peso e a importância dos setores primário e secundário em n(vel regional e municipal. Por exemplo, no ano de 1980, enquanto no município de Sertãozinho 41 % da PEA concentra­va-se no setor secundário , nos mun ic ípios de Pitan­gueiras e Pontal encontravam-se 62,7% da PEA con­centrada no setor primário, respectivamente.

Estas características da reg ião constituíram o ponto de partida para a elaboração do Programa de Saúde do Trabalhador do SUDS·R de Ribeirão Preto.

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assentado nas seguintes premissas: 1~ - deve abarcar os trabalhadores envolvidos

nos três setores da atividade econômica regional - o primário, o secundário e o terciário;

2~ - deve conter, além de aspectos assistenciais à Saúde do Trabalhador, o conhecimento dos praces--50 S de trabal~o aos quais os trabalhadores estão vin­culados, posto que todo processo assistencial suas características e vias de realização, concretiza-se a

partir do conhecimento prévio dos processos de traba­lho em termos de relações técnicas e sociais de produ­ção, numa sociedade concreta;

3~ - deve nortear-se pelo entendimento da saú­de-doença como processo social, o Que significa dar conta das suas determinações sociais e assumir que a d icotomia saúde-doença física e saúde-doença mental é falsa, e que ambos aspectos devem ser vistos como integrantes de uma única totalidade;

4~ - na necessidade da articulação de profissio· nais da área de Saúde. associações representativas de trabalhadores e de funcionários da rede de serviços para a implantação e o gerenciamento do Programa na área de Saúde do Trabalhador.

Objetivo.

o Programa SaÚde do Trabalhador do SUDS·R de R ibeirão Preto tem como objetivos:

- apreender as características sócio-econômi· cas da região do SUDS·regional;

- implantar metodologia para construção de mapas de risco e elaboração de roteiros de inspeção para avaliação de ambitmtes de trabalho;

- conhecer e delinear o mapeamento de áreas de risco, através de levantamento das atividades dos setores primário, secundário e terciário e dos indica­do res de saúde da população trabalhadora. em nlvel regional;

- elaborar um plano regional para o controle das situações de risco e das doenças mais prevalentes e ma is incapacitantes da população trabalhadora ;

- organizar um sistema de atendimento à sau­de do trabalhador, nos serviços públicos de Saúde, em nivel do SUoS-regional;

- divulgar a proposta e as ações desenvolvidas pelo programa junto à população do SUoS·regional;

- capacitar pessoal para oferecer orientação previdenciária e encaminhamentos periciais;

- prestar atendimento aos trabalhadores para prevenir, diagnosticar e tratar doenças decorrentes de seu trabalho;

- supervisionar e avaliar? atendimento médico oferecido pelos serviços e empresas conveniados na área da Saúde do Trabalhador;

- organizar, implementar e manter ações de Vigilância Sanitária e Epidemiológica artiruladamente com os Sindicatos de Trabalhadores, CETES8 , SE RT, oRT e INAMPS;

- definir e desenvolver programas educativos para os grupos de trabalho e usuários do Programa .

Metodologia

o primeiro passo, conforme referido na intro· dução, foi a constituição <!o Grupo de Saúde do Tra· balhador, a convite do SUDS-R de Ribeirão Preto, com a tarefa de elaborar e coordenar o Programa de Saúde do Trabalhador, passando a integrá-lo os se­guintes profissionais:

o Or. Antônio Palocci Filho - Supervisor da Vigilância Sanitária do SUoS·R de Ribeirão Preto e atual Coordenador Regional do Programa de Saúde do Trabalhador .

Or~ Neiry Primo Alessi - Socióloga do De· partamento de Medicina Social da Faculdade de Medi · cina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

o Or~ Sandra de Azevedo Pinheiro - Médica Sanitarista do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Univer· sidade de São Paulo.

Or. Antonio Ribeiro Franco - Médico do Trabalho do Departamento de Medicina Social da Fa­culdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universida· de de São Paulo.

• or" Tany Maria Soares 8iondi - Médica-Re­sidente em Medicina Social do Departamento de Me· dicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

o Maria Conceição da Silva - Enfermeira da Secretaria de Estado da Saúde.

o Or~ Maria Elizabeth Monteiro - Médica Sa­nitarista e Diretora da Unidade Distrital de Saúde Re· gional.

Maria de Lourdes Gonçalves - Enfermeira da Secretaria de Estado da Saúde.

Or~ Margareth Rose Watanabe - Médica Sa­nitarista da Vigilância Sanitária do SUOS-R de Ribei· rão Preto.

o Terezinha Riolo Gonçalves - Engenheira de Segurança da SUCEN - Superintendência de Contro­le de Endemias - Ribeirão Preto .

Da composição do Grupo de Saúde do Trabalha­dor depreende-se o seu caráter inter inst itucional e transdisciplinar, traço este que manifesta um dos as­pectos da integração docente-assistencial que caracte­riza o Programa de Saúde do Trabalhador do SUoS·R de R ibeirão Preto.

Após a constituição do Grupo de Saúde do Tra­balhador, este passou a realizar freqüentes reuniões, ora na Vigilância Sanitária do SUDS-R de Ribeirão Preto . ora no Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Univer· sidade de São Paulo, visando a desencadear discussões que resultassem na elaboração de uma proposta de Programa de Saúde do Trabalhador a ser implementa­do em n Ivel regional.

O ponto de partida consistiu, inicialmente. no conhecimento prévio de algumas características da região (1) e, posteriormente, a reflexão sobre a deter­minação social do processo saúde·doença. tendo em vista a eleicão de um referencial teórico-metodológico

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para o entendimento das questões de saúde-doença da cla .. e trabalhadora. Optou .. e pelo referencial teórico­·metodológico da Epidemiologia Social (2, '3, 4, 5, 6, 7) , o qual passou a nortear o entendimento do objeto saúde-doença e a elaboração da proposta de programa para a área de Saúde do Trabalhador. A escolha deste referencial decorreu do fato de o mesmo tematizar questões referentes ãs enfermidades da cla .. e traba­lhadora diretamente relacionadas aos seus verdadeiros interesses e necessidades.

O Programa Saúde do Trabalhador do SUDS-R de Ribeirão Preto (8) insere-se no contexto da Re­forma Sanitár ia e, desse modo, a sua implementação processa-se no interior do Sistema Unificado e Des­cent ralizado de Saúde em fase de implementação na região.

Esta característica do Programa determinou que o Grupo de Saúde do Trabalhador tivesse maior fami ­liaridape com a organização do SUDS-R de Ribeirão Preto, tarefa esta que foi realizada e bastante facilita­da pelo fato de dois membros do Grupo integrarem também a Secretaria Técnica da Comissão Interinsti­tuc ional e Municipal de Saúde (CIMS) de Ribeirão Preto.

O passo seguinte consistiu no estabelecimento de algumas estratégias que assegurassem, em parte, a viab ilização do Programa do SUDS-regional. As estra­tégias def inidas foram as seguintes:

a) deli mitar as características, sede, retaguarda e o sistema de referência e contra-referência para um sistema regional de Saúde do Traba­lhador;

b) estabelecer formas de integração do SUDS­regional com instituições que, direta ou in­diretamente, atuam na área de Saúde do Tra­balhador, quer desenvolvendo práticas rela­cionadas ao meio ambiente em geral, quer nos ambientes de trabalho, ou ainda em n í­vel de desencadeamento de ações de cunho legal para o cumprimento de le is trabalhistas: CETESB, SERT, DRT, DIRA, INPS; Minis­tér io Público, Universidade e outros ;

cl desenvolver as ações do Programa d.e Saúde do Trabalhador con juntamente com as ações da Vigilância Sanitária e Epidemiológica , vi­sando a institucionalizar a notificação com­pulsória de doenças do trabalho mais preva­lentes na região, e desencadear ações de fis­cal ização pert inentes à competência da Vigi­lância Sanitária integrando, fundamental­mente, a participação de representantes dos trabalhadores no conjunto dessas práticas ;

d) discutir a viabilidade da introdução de um turno de trabalho na rede de serviços públi­cos de Saúde ;

e) encaminhar à Secretaria de Estado de Saúde os recursos mater iais e humanos necessários à implantação do Programa e assegurar os meios indispensáveis à sua continuidade.

Isto posto, o Grupo de Saúde do Trabalhador passou a sistematizar uma proposta de assistência ao

trabalhador na rede pública dos serviços de Saúde, a ser implantada em três momentos. No primeiro mo­mento, o Programa destina-se à população trabalha­dora de R ibeirão Preto, tendo_como entrada no siste­ma as mesmas Unidades Básicas de Saúde (UBS) já em funcionamento no munidpio e contando com os recursos humanos e materiais existentes, uma vez que

a compreensão e a atuação sobre as relações existentes entre saúde e processo de trabalho não requerem re­cursos vu ltosos, mas sim, e principalmente, a introdu­ção de uma rotação de perspectiva no modo tradicio­nal como o processo saúde-enfermidade tem sido con­cebido pela área da Saúde.

Esta caracterl'stica evidenciou. a necessidade de planejar cursos de tre inamento e de educação conti­nuada nas Unidades Básicas de Saúde, de modo a capacitar e instrumentalizar os seus profissionais no sentido de indagar e atuar , em nível primário , em Saú­de do Trabalhador, bem como encaminhar aos ambu­latórios de referência secundária os casos não solucio­nados.

As equ ipes das Unidades Básicas de Saúde tam­bém deverão introduzir, na sua atividade de rotina , a notificação de doenças do trabalho diagnosticadas, bem como identificar locais insalubres e -de riscos ocupacionais a serem abordados por ações de Vigi lân­cia Epidemiológica e Sanitária (9, 10, 11) denotando, desse modo, que o Programa prioriza mais ações de vigilância e de inspeção de locais de trabalho do que as ações assistenciais.

O Programa prevê o funcionamento de dois am­bulatórios de referência secundária, situados no Cen· tro de Saúde de Referência Distrital de R ibeiráo Preto e no Centro de Saúde-Escola da Faculdade de Medici­na de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Nesses ambulatórios, uma equipe multiprofissional, composta por médico, enfermeiro, assistente social e agente sindical de saúde deverá atuar no atendimento de rotina e, periooicamente, em at ividades de inspe­ção de locais de trabalho juntamente com os mem­bros do Grupo de Saúde do Trabalhador.

Tendo em vista a necessária articulação que deve existir nas várias instâncias de atuação , quais se-­jam, Unidades Básicas de Saúde, Ambulatórios de Saúde do Trabalhador e SUDS, o Grupo de Saúde do Trabalhador elaborou a lguns instrumentos visando a implantação de um Sistema de Informações em Saúde do Trabalhador (9) .

Este sistema gerará , desde as Unidades Básicas _ de Saúde até os serviços conveniados com O SUDS, in­

formações necessár ias para traçar perf is epidemio lógi­cos de doenças do t rabalho, mapas de risco, estat íst i­cas de prevalência de saúde-enfermidade do trabalho , informações essas necessár ias e fundamentais para a eleição de prioridades de atuação, avaliação e red ire­cionamento do programa em funcionamento (12) .

O Grupo de Saúde do Trabalhador elaborou os seguintes instrumentos: história do trabalho, ficha epidemiológica e boletins de produção, instrumentos esses que, presentemente, estão em fase de teste.

Num segundo momento, o Programa de Saúde do Trabalhador será estendido para a região de Ribei-

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rão Preto, com as mesmas caracter(stic8S até o mo­mento apresentadas. A única especificidade dessa fase é que o Pronto Atendimento Médico (PAM) do INAMPS de Ribeirão Preto será organizado para fun­cionar como ambulatório de referência serundária para prestar assistência aos trabalhadores da região.

O Ambulatório de Toxicologia e o Labor~tório (Centro de Controle de Intoxicações) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP estão sen­do reorganizados para funcionarem como referência terciária para o Programa como um todo. Da mesma forma, o Laboratório do Instituto Adolfo Lutz está procurando aparelhar-se para oferecer a retaguarda laboratorial necessár ia ao funcionamento do Pro­grama.

Num terceiro momento, o setor de acidentes de trabalho e de perícia médica do INPS desenvolverá suas atividades diretamente coordenado pelo Grupo de Sa úde do Trabalhador.

a passo seguinte consistiu no encaminhamento da proposta do Programa de Saúde do Trabalhador para a Comissão Regional Interinstitucional de Saúde (CRIS) e para a Comissão Interinstitucional Municipal de Saúde (CIMS) do SUDS-regional_

Após a aprovação do Programa, em seu mérito, pelas referidas Comissões, o Grupo de Saúde do Traba­lhador passou a divulgá-lo junto aos sindicatos da re­gião de Ribeirão Preto e trabalhadores da Saúde do Município com o objetivo de convocar esses setores para a discussão de proposta de programa a ser elabo­rada através da realização de um Seminário de Saúde do Trabalhador.

Em setembro de 1988 foi realizado, na sede do SUDS de Ribeirão Preto, o 10 Seminário de Saúde do Trabalhador com a finalidade de promover a apresen­tação e discussão pÚblica do Programa de Saúde do Trabalhador do SUDS-regional submetendo-<l, desse modo, às críticas e sugestões junto aos setores direta­mente envolvidos : os trabalhadores da Saúde e os usuários do programa.

Na plenária de conclusões do Seminário o Pro­grama foi aprovado, tendo incorporado algumas críti­cas e sugestões para correções. A partir do Seminário , o Grupo de Saúde do Trabalhador, responsável pela implantação e coordenação do Programa, passou a contar com a participação de representantes dos tra­balhadores do Municfpio e da região, e por eles indi­cados, através de suas centrais sindicais e da União dos Sindicatos Independentes.

No presente momento, o Grupo de Saúde do Trabalhador aguarda a liberação de recursos para ini· cia r o processo de formação, reciclagem e/ou treina­mento dos profissionais da Saúde, bem como a contra­tação de profissionais para comporem a equipe multi­prof issional para atuar nos ambulatórios de referência secu ndária.

Finalizando, o Grupo de Saúde do Trabalhador do SUDS-R de Ribeirão Preto entende que a elabora­ção de um programa para a área não constitui garantia de sua realização.

Na verdade, o sucesso ou a falência da implan­tação de um programa que venha atender aos reais

intere"'" e necessidadn da cla ... trabalhadora depen­de da vontade política dos governantes e da capaci­dade organizativa dos trabalhadores em concretizar o preceito const itucional da "saúde como um direito do cidadão e dever do Estado".

Atividades Realizadas

Elaboração do Programa de Saúde do Trabalhador do SUm;-R de Ribeirão Preto. Ações de Vigilância Sanitária em pensões , hospe­darias e alojamentos de trabalhadores rurais das agroindústr ias canavieiras da região. Ações de Vigi lância Sanitária em indústrias de agrotóxicos da região e em indústrias alimentares de Ribeirão Preto. Seminários sobre Saúde do Trabalhador visando ao entendimento da categoria trabalho como fator de determinação da saúde-enfermidade e as formas mais prevalentes que têm acometido a classe traba­lhadora_ Elaboração e teste de instrumentos para o exercí­cio de ações de vigilância epidemiológica, sanitária e de assistência na área de Saúde do Trabalhador. Participação de membros do Grupo de Saúde do Trabalhador, em cursos de Toxicologia, Acidentes de Trabalho e Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana.

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5. GARCIA. J.c. - " Medicina e sociedade : as correnteS de pensamento no campo da saúde". IN : NUNES, E.D. (org. l. Medicina soc"l : aspectos hist6ricol e t8ÓricoL S.P., Global , 1983.

6. MENDES. R. - MediciM do trabalho e doença. profis. SiOMiL s.P. , Sarvier. 1980.

7. RIBEIRO. H.P., et al ii - De que ado..:em e mo,rem OI

trabalhador ... s.P., DIESAT/ IMSPE. 1985.

8. Proposta de Programa para a área de Saúde do Traba-lhador para o SUOS- R de Ribeirfo Preto. 1988. mi­meo, p. 1-36.

9. Instrumental elaborados pelo Grupo de Saúde do Tra-balhador : História do Trabalho; Ficha epidemioló­gica; Roteiro para fiscalização de locais de trabalho. Esses instrumentos encontram·se em fase de teste.

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2:1

10. BRANDÃO C.R. (org.1 - R_ndo. _uito por. ticiPlntL s.P .• Brasiliense. 1985.

11. THIDLLENT, M. - _odologio d. _u .... oção. s.P. , Cortez, 1986.

12. OOOONE. L, et alii - Ambiente d. trlbalho. A luta dOI tr.tNilhadof'ft pela .úd • . s.P., Hucitec. 1986.

2'! PARTE - Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saú· de do Trabalhador

Introdução

o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde do Trabalhador foi oficialmente constituído no Departa­mento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, em fevereiro de 1988, com o objet ivo de ampliar e conso­lidar as áreas temáticas em Saúde Coletiva existentes no Departamento.

O eixo norteador da constituição do referido Núcleo consistiu na necessidade de desenvolver co­nhecimentos na área de Saúde do Trabalhador, tendo como ponto de partida o desvendamento das relações dos processos sociais, econômicos, culturais e políti­cos da região de R ibeirão Preto no contexto de desen­volvimento da sociedade brasileira. Este processo re­quereu, e continua requerendo, o concurso de rela­ções inter institucionais e de práticas interdisciplina­res, objetivando caminhar em direção ao processo de avanço do conhecimento na área de Saúde do Traba­lhador.

Integra o referido Núcleo uma equipe multipro­fissional, cuja atual composição é a seguinte:

Prof~ D~ Neiry Primo Alessi - Socióloga do De· partamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo ; Prof~ Assistente Sandra de Azevedo Pinheiro -Médica Sanitarista do DMS da FMRP·USP; Prof~ Dra Graciette Borges da Silva - Socióloga do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ri­beirão Preto da Universidade de São Paulo ; Prof. Dr. Antonio Ribeiro Franco - Médico do Trabalho do DMS da FMRP·USP; Dr~ Tany Maria Soares 8iondi - Residente em Me­dicina Social (R·2) do DMS da FMRP·USP.

Objetivos

o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde do Trabalhador tem como principais objetivos : - consolidar o processo de integração docente-assis­

tencial com os profissionais da rede de serviços pú­blicos de Saúde através da implantação do Progra­ma de Saúde do Trabalhador no Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde da região de Ribeirão Preto (SUDS·R de Ribeirão Pretol ;

participar do processo de formação, atualização e reciclagem de futuros profissionais, para a área de Saúde do Trabalhador, através do oferecimento de disciplinas, no curso médico, em n(val de gradua­ção e de pós-graduação latu sansu; realizar seminéirios e cursos de treinamento e de reciclagem para os membros do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde do Trabalhador, bem como para os profissionais da rede de serviços públicos de Saúde do SUOS·R de Ribeirão Preto ; desenvolver investigações que apreendam as especi­ficidades e as mediações existentes entre Processo de Trabalho e Processo Saúde-Doença, visualizadas aquelas no contexto de desenvolvimento da socie­dade brasileira;

coordenar os serviços de assistência ao trabalhador integrado ao sistema de referência e contra-referên­cia do SUD5-R de R ibeirão Preto.

Metodologia

o referencial te6rico-metodolágico que norteia as atividades do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde do T~abalhador é o Materialismo Histórico e, do ponto de vista da invest igação, o Núcleo tem tra­balhado com a metodologia das "encuestas coletivas", desenvolvidas pelo grupo mexicano.

Atividades desenvolvMtas e em desenvolvimento

1 - Em relação ao processo de integração do­

cente-assistl!ncial destacam-se as seguintes ativi­dades: Os membros do Núcleo de Estudos e Pesqu isas em Saúde do Trabalhador, do Departamento de Medi· cina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, integrando o Grupo de Saúde do Trabalhador do SUDS·R de Ribeirão Preto, e con· juntamente com ele, elaboram a proposta de Pro ­grama de Saúde do Trabalhador para o SUDS·R de Ribeirão Preto. A referida proposta foi aprovada pelo atual coordenador do Grupo de Estudos e Programas em Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado da Saúde e, atualmente, encontra-se em fase inicial de implantação. Organização do I Seminário de Saúde do Trabalha­dor. real izado nos dias 02 e 03 de setembro de 1988, em Ribeirão Preto. Participaram do Seminá­rio 140 pessoas distribuídas entre profissionais da

rede de serviços públicos de Saúde e sindicalistas da região de Ribeirão Preto. A programação desen­volvida foi a seguinte:

Dia 02/09/1988 Estruturas e Funcionamento da Saúde no SUD5-R de Ribeirão Preto. Discussão do Programa de Saúde do Trabalhador do SUOS·R de Ribeirão Preto. Palavra ãs instituições participantes e às centrais sindicais.

Dia 03/<lI11988 Grupos de disaJssão : perspectivas e propostas para a implantação do Programa de Saúde do Trabalha· dor no SUDS·R de Ribeirão Preto. Plenária de conclusões.

2 - Em relação à disciplina na área de Saúde do T rabalhador, o Núcleo vem desenvolvendo as seguin­

tes temáticas : a saúde-doença como processo social. Módulo te­mático da disciplina Medicina Social no JO ano do curso médico;-

a saúde do trabalhador : aspectos conceituais , cI í· nicos e epidemiológicos e a situação da classe tra­balhadora brasi leira . Módulo temát ico da disciplina Medicina Preventiva no 49 ano do curso médico;

a interpretação sociológica da saúde como fenô­meno co letivo - disciplina da Residência Médica em Medicina Social ;

processo de trabalho e processo saúde-doença. Dis­ciplina da Res idência Médica em Medicina Social ; saúde ambiental - disciplina de Residência Médica em Medicina Social.

No momento atual, o Núcleo tem realizado dis­

cussões visando à elaboração de uma proposta de im·

plantação da área de Especialização em Saúde do Tra­

balhador para a Residência em Medicina Social.

3 - Quanto ao processo de formação e recicla·

gem de profissionais, preocupados com a saúde do

trabalhador, o Núcleo vem realizando, no transcorrer

do ano de 1988, seminários referentes aos seguintes

temas:

processo de trabalho e processo saúde-doença;

patologias do trabalho: aspectos clínicos e epide­

miológicos;

a produção acadêmica na área de Saúde do Traba·

Ihador; metodologia para a identificação de condições in·

salubres e fatores de desgastes inerentes às atívida·

des de trabalho.

Esses seminários têm sido coordenados pelos

membros do Núcleo e por especialistas da área cil'nica

e dirigidos aos componentes do Núcleo e do Grupo

do Trabalhador do SUDS·R de Ribeirão Preto. a Núcleo elaborou e encaminhou à direção do

SUDS· R de Ribeirão Preto um programa de Educação Continuada a ser desenvolvido junto às categorias pro­

fi ssionais da rede de serviços públicos de Saúde do

SUDS-A de Ribeirão Preto com o objet ivo de desen· cadear o processo de tre inamento básico necessário à implantação do Programa de Saúde do Trabalhador,

Os temas a serem enfocados nesse Programa de Edu·

cação Continuada serão:

processo de trabalho e processo saúde-doença ;

as doenças do trabalho : aspectos cHnicos e epide·

miolÓQicos; condições de trabalho e acidentes de trabalho;

a legislação na área de Saúde do Trabalhador no Brasil ;

ações de vigilância epidemiológica e sanitária nos

ambientes de trabalho. I mportância e necessidade de ações interinstitucionais ;

implantação e desenvolvimento do Programa de Saúde do Trabalhador no SUDS·R de Ribeirão Preto_

Estão previstas, para o ano de 1989, a part icipa­

ção de membros do Núcleo em cursos de aperfeiçoa­

mento e estágios em V igilância Epidemiológica e Sani­

tária em Saúde do Trabalhador no Centro de Vigilãn· eia Epidemiológica e Sanitária da Secretaria de Estado

da Saúde, bem como a rea lização de dois "Seminários

de Saúde do Trabalhador" para avaliação e redirecio-­

"amento das ações em curso no Programa de Saúde

do Trabalhador do SUDS· R de Ribeirão Preto.

Produção Acadêmica

DUrante os anos de 1987 e 1988 o Núcleo vem desenvolvendo os seguintes projetos :

ALESSI, N.P. & AZEVEDO, S.P. - ··Caracteriza· ção sócio-econômica da região de Ribeirão Pre­

to". 1987. mimeo, 31 p.

ALESSI , N.P. ; Biondi., T.M.S.; Pinheiro , S.A.; Pa· lacci, A. Filho & Franco, A.R. - "Saúde do Trabalhador: a vigrlância sanitária e as condi­

ções de moradia de trabalhadores do complexo

agroindustrial canavieiro", Ribeirão Preto, 1988,

24 p. (encaminhado .para publicação) . ALESSI , N.P. - '"Processo de trabalho e processo

saúde-doença em trabalhadores da área agrícola

do complexo agroindustrial eanavie iro " , O pre­

sente trabalho está sendo desenvolvido no Sin ·

dicato de T rabalhadores Rurais do Município

de Santa Rosa de Viterbo. PINHEIRO, S.A. - '"Estudo do processo saúde-do·

ença dos trabalhadores da indústria e fabricação

do álcool de Ribeirão Preto". Trabalho em fase de desenvolvimento.

FRANCO, A.R. - "Elaboração de mapas de riscos ocupacionais nas destilarias de álcool da região

de Ribeirão Preto" , Trabalho em fase de desen­

volvimento.

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