14
89 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017 AS VIRTUDES MILITARES NA PÓS-MODERNIDADE Igor Sidhartha Boëchat * Mark Imbeault ** RESUMO Este trabalho objeva realizar uma análise dos Valores Militares e sua relevância para a atualidade. Para tanto, descreverá as caracteríscas do mundo Pós-Moderno. A seguir, idenfica as virtudes militares clássicas presentes no universo helênico e romano, a fim de poder confrontá-las com as virtudes tradicionalmente cultuadas pelos Exércitos. Ao fim, invesga se as virtudes militares estão em sintonia com seu tempo. Instuições precisam de crenças, de valores e convicções para funcionarem. Neste contexto, os Exércitos precisam que seus soldados acreditem e culvem valores para que combatam, pois só estarão dispostos a dar suas vidas, se acreditarem em valores maiores e mais importantes. O presente trabalho busca trazer ao debate estas questões e especular sobre quais valores ainda poderiam fazer sendo no mundo pós-moderno. A experiência pessoal do autor, que ingressou em uma escola militar brasileira aos quinze anos de idade, trará uma percepção não apenas acadêmica ao trabalho. Palavras-chave: Pós-Modernidade. Valores Militares. Mudanças Globais. THE MILITARY VIRTUES IN POSTMODERNITY ABSTRACT This work perform an objecve analysis of military values and their relevance for today. To do so, describe the characteriscs of the Post-Modern World. The following idenfies the classic military virtues present in the Hellenisc and Roman world, in order to confront them with the virtues tradionally worshiped by the Armies. At the end, it invesgates the military virtues are in tune with their me. Instuons need to beliefs, values and beliefs to work. In this context, the hosts need to believe that their soldiers and culvate values for that fight, because they will only be willing to give their lives, if they believe in bigger and more important values. This paper seeks to bring these issues to debate and speculate about what values could sll make sense in the postmodern world. The author’s personal experience, that joined in a Brazilian military school at the age of 15 years old, will bring more than an academic point of view. Keywords: Post Modernity. Military Values. Brazilian Army . ____________________ * O Autor é Coronel do Exército, serviu no Comando Militar do Sudeste, Curso de Altos Estudos de Políca e Estratégia da Escola Superior de Guerra (ESG), Bacharel e Pós-Graduado em Filosofia. Contato: <[email protected]> ** Orientador canadense, PhD em Filosofia do Colégio Militar de Saint Jean, Canadá. Contato: <[email protected]> https://doi.org/10.21826/01021788326404

As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

89Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

AS VIRTUDES MILITARES NA PÓS-MODERNIDADE

Igor Sidhartha Boëchat*

Mark Imbeault**

RESUMO Este trabalho objetiva realizar uma análise dos Valores Militares e sua relevância para a atualidade. Para tanto, descreverá as características do mundo Pós-Moderno. A seguir, identifica as virtudes militares clássicas presentes no universo helênico e romano, a fim de poder confrontá-las com as virtudes tradicionalmente cultuadas pelos Exércitos. Ao fim, investiga se as virtudes militares estão em sintonia com seu tempo. Instituições precisam de crenças, de valores e convicções para funcionarem. Neste contexto, os Exércitos precisam que seus soldados acreditem e cultivem valores para que combatam, pois só estarão dispostos a dar suas vidas, se acreditarem em valores maiores e mais importantes. O presente trabalho busca trazer ao debate estas questões e especular sobre quais valores ainda poderiam fazer sentido no mundo pós-moderno. A experiência pessoal do autor, que ingressou em uma escola militar brasileira aos quinze anos de idade, trará uma percepção não apenas acadêmica ao trabalho. Palavras-chave: Pós-Modernidade. Valores Militares. Mudanças Globais.

THE MILITARY VIRTUES IN POSTMODERNITYABStRACt This work perform an objective analysis of military values and their relevance for today. To do so, describe the characteristics of the Post-Modern World. The following identifies the classic military virtues present in the Hellenistic and Roman world, in order to confront them with the virtues traditionally worshiped by the Armies. At the end, it investigates the military virtues are in tune with their time. Institutions need to beliefs, values and beliefs to work. In this context, the hosts need to believe that their soldiers and cultivate values for that fight, because they will only be willing to give their lives, if they believe in bigger and more important values. This paper seeks to bring these issues to debate and speculate about what values could still make sense in the postmodern world. The author’s personal experience, that joined in a Brazilian military school at the age of 15 years old, will bring more than an academic point of view. Keywords: Post Modernity. Military Values. Brazilian Army .____________________* O Autor é Coronel do Exército, serviu no Comando Militar do Sudeste, Curso de Altos Estudos de

Política e Estratégia da Escola Superior de Guerra (ESG), Bacharel e Pós-Graduado em Filosofia.Contato: <[email protected]>

** Orientador canadense, PhD em Filosofia do Colégio Militar de Saint Jean, Canadá. Contato: < [email protected] >

https://doi.org/10.21826/01021788326404

Page 2: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

90 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

Igor Sidhartha Boëchat / Mark Imbeault

LAS VIRTUDES MILITARES EN LA POSMODERNIDAD

RESUMENEste trabajo tiene como objetivo realizar un análisis de los Valores Militares y su relevancia para la actualidad. Para ello, describirá las características del mundo Post-Moderno. A continuación, identifica las virtudes militares clásicas presentes en el universo helénico y romano, a fin de poder confrontarlas con las virtudes tradicionalmente cultuadas por los ejércitos. Al fin, investiga si las virtudes militares están en sintonía con su tiempo. Las instituciones necesitan creencias, valores y convicciones para funcionar. En este contexto, los Ejércitos necesitan que sus soldados crean y cultivan valores para que combatan, pues sólo estarán dispuestos a dar sus vidas, si creen en valores más grandes y más importantes. El presente trabajo busca traer al debate estas cuestiones y especular sobre qué valores todavía podrían tener sentido en el mundo posmoderno. La experiencia personal del autor, que ingresó en una escuela militar brasileña a los quince años de edad, traerá una percepción no sólo académica al trabajo.Palabras claves: Posmodernidad. Valores Militares. Cambios Globales.

1 INtRODUÇÃO

Não existe nenhum fenômeno humano que altere, de maneira tão profunda, as sociedades quanto a guerra. De fato, a guerra traz impactos profundos para as nações. Estes impactos acontecem em praticamente todos os campos do poder nacional: no político, no econômico, no psicossocial, no militar e no científico-tecnológico. Isto é fato. A sorte de uma sociedade, para o bem ou para o mal, em algum momento foi ou será decidida em combate. Segundo Bergo (2013, p.17), a guerra é companheira constante do gênero humano, em sua aventura por este planeta. Agostinho afirmava que a imperfeição dos homens é a causa das guerras. Por sermos imperfeitos não conseguimos conviver em harmonia, não conseguimos conviver em paz. Assim, para o filósofo, nunca atingiremos a paz perpétua, a não ser que o próprio homem se transforme em ser perfeito. Este é o motivo pelo qual as nações investem enormes recursos em suas forças armadas: sempre houve guerras entre os países e, infelizmente, sempre haverá guerras. As sociedades, que lograrem vencê-las, permanecerão. As que forem derrotas serão subjugadas ou desaparecerão. Com sorte e com a aquiescência do vitorioso, poderão se recuperar, mas não sem enormes sacrifícios.

Se for verdade que as guerras são determinantes para as mudanças na esfera internacional e se for verdade que as nações vencedoras ficarão em situação de dominância, cabe a pergunta: o que uma nação precisa para vencer uma guerra? A questão não é simples e creio que, caso se faça esta mesma pergunta a diferentes pessoas, cada uma delas oferecerá uma resposta diferente. Percebem-se três

Page 3: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

91Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

os fatores que mais contribuem para que um país saia vitorioso em uma guerra: liderança, tecnologia de defesa e os valores militares de suas Forças Armadas.

Atualmente, as Forças Armadas dos países ocidentais estão enfrentando um grande desafio: como manter os valores militares em um mundo cada vez mais mutável e com uma sociedade cujos valores tradicionais estão sendo contestados diariamente? Alguns filósofos chamam esta fase de contestação, de desalento com o futuro da humanidade, de “Pós-Modernidade”.

O interesse pelo tema iniciou-se bem cedo, nas escolas militares brasileiras. Eu completara, na época, quinze anos e tinha sido admitido, por concurso público, em uma escola militar, no estado de São Paulo. Durante as instruções, os oficiais falavam de certos valores que, antes, nunca tinha atentado para seus significados. Conceitos como honra, coragem, responsabilidade, verdade, camaradagem, sacrifício, etc., passaram a fazer parte da rotina dos alunos. Comecei a considerar que eu e meus companheiros éramos diferentes dos outros jovens, pois estávamos dispostos a dar nossa própria vida por nosso país. Não via nos demais rapazes da minha idade o mesmo compromisso, pelo contrário, eles nem se interessavam por estes assuntos.

Infelizmente, as mudanças implantadas pelo Exército Brasileiro, há alguns anos nesta escola, não permitem mais que os jovens tenham contato com estes valores na mesma idade que iniciei. Agora, os alunos passam por lá apenas um ano, e não três anos. Ingressam já com mais de 18 anos, em sua maioria, ou seja, com o caráter mais consolidado. Tomara que este seja o rumo correto.

Muito tempo depois, durante o curso de Filosofia, estudei algumas correntes do pensamento ocidental. Interessei-me, desde cedo, pelos clássicos, pois ali estava uma das primeiras abordagens sobre a definição dos Valores Humanos, da busca da Virtude. Estudei, também, as correntes que questionam os valores tradicionais, como o Niilismo, e os teóricos da pós-modernidade. O questionamento dos valores militares não era um fenômeno isolado brasileiro, mas estava enquadrado em um quadro mais amplo, que atinge toda a cultura ocidental. Na pós-modernidade, vive-se o questionamento de todos os valores tradicionais, não apenas os valores militares.

Em 2014, abordei o tema no trabalho que fiz como aluno da Escola Superior de Guerra. Para meu espanto, era a primeira vez que se tratou do tema por lá, em trabalho acadêmico, nos sessenta e cinco anos de existência da Escola. Tal fato não deixa de ser surpreendente, uma vez que os valores militares são um dos principais fatores de sucesso para uma nação em guerra.

O presente artigo tem a pretensão de especular sobre como os valores militares serão afetados com o fenômeno da pós-modernidade. Poderão os soldados do mundo ocidental pós-moderno manterem suas convicções? Estarão nossos soldados melhor preparados para a guerra do que os terroristas do Estado Islâmico, por exemplo?

Page 4: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

92 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

Igor Sidhartha Boëchat / Mark Imbeault

2 UM MUNDO EM tRANSFORMAÇÃO RÁPIDA

Vivemos em um mundo imprevisível. Esta imprevisibilidade sempre existiu, mas, no passado até a época em que éramos crianças, na casa de nossos pais, algumas instituições, por serem aparentemente sólidas, davam-nos a sensação de segurança e perenidade, como é o caso da Igreja, das Instituições Políticas e da Organização das Nações Unidas (ONU). Tal arranjo emergiu após a Segunda Guerra Mundial, quando duas nações vitoriosas, os Estados Unidos e a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), transformaram-se em superpotências econômicas, militares e tecnológicas, tornando-se grandes polos de influência. Restou, aos demais países, a opção de se alinharem ou com uma, ou com outra superpotência, formando grandes blocos: o bloco ocidental, composto principalmente pelos EUA, países da Europa ocidental e Japão e o bloco socialista, composto pela antiga URSS e por países da Europa Oriental. Como estes dois grandes blocos tinham poder equivalente e não havia interesse em confronto militar direto, o mundo experimentou um período de relativa estabilidade. O período de disputa entre estes dois grandes blocos pelo aumento de suas respectivas áreas de influência sem, contudo, haver um conflito armado entre eles, ficou conhecido como “Guerra Fria”.

A extinção da antiga União Soviética, com a consequente fragmentação do Bloco Soviético, a partir de 1989, trouxe grandes alterações para a humanidade. No início, pensou-se que estaríamos entrando em uma fase ainda mais estável, uma vez que só havia restado uma única superpotência, os EUA. Ao invés disto, ingressamos em um mundo muito mais imprevisível e inseguro, pois outros atores passaram a buscar aumentar seu nível de influência global. Assim, entramos em uma era multipolar.

Em paralelo com estas mudanças no cenário mundial, a ciência fez emergir novas tecnologias que alteraram profundamente nossa concepção de mundo. Cito as três mais importantes: a codificação do genoma humano, a internet e a interconexão humana. Cada uma destas tecnologias mereceria, de per si, uma análise mais aprofundada sobre seus impactos, mas não há exageros em dizer que elas contribuem de maneira importante para um novo arranjo social e político. Observa-se que as mudanças no mundo contemporâneo não ocorrem de forma lenta e gradual, mas por saltos, de acordo com o surgimento de novas descobertas científicas e tecnológicas.

Quando se pensa em mudanças, verifica-se que a guerra é o fenômeno humano que mais gera mudanças radicais, rápidas e amplas no mundo. Assim, as nações que pretenderem buscar algum tipo de protagonismo, neste planeta em transformação, devem estar preparadas para vencer as guerras. Para isto, deverão buscar lideranças políticas e militares capazes de conduzi-las em períodos difíceis. Outro ponto importante é desenvolver e manter tecnologias capazes de lhes dar vantagens estratégicas, sem a necessidade de ajuda externa. Finalmente, suas

Page 5: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

93Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

Forças Armadas devem ser formadas por militares que sejam capazes de vencer os combates e, ao mesmo tempo, que não representem perigo para os demais cidadãos, que lhes confiaram as armas. Isto se consegue com o desenvolvimento dos valores militares.

Uma questão que se impõe é: como manter os valores militares em uma época de transformações cada vez mais rápidas, que alguns pensadores definem como pós-modernidade? Para buscar esta resposta, passaremos a analisar o mundo pós-moderno.

3 O MUNDO PÓS-MODERNO

O tema da Pós-Modernidade é controverso, pois ele ainda não é consenso na Academia. Muitos defendem que ainda estamos vivendo a Modernidade, uma vez que a Ciência ainda predomina e domina o “ideal” de futuro da maioria das pessoas, que acreditam que ela nos levará a um destino melhor, onde todos terão condições de serem mais longevos, saudáveis e bem alimentados. No entanto, durante o século XX, a humanidade se deu conta que a Ciência, sozinha, não é garantia de futuro melhor: ela nos trouxe a bomba atômica e a degradação ambiental. A promessa de que poderíamos controlar a Natureza não se confirmou e hoje se vivenciam alterações climáticas que têm trazido fome e morte. Este é o desencanto pós-moderno: trocamos ‘Deus’ pela ‘ciência’ na esperança de dias melhores e agora não temos mais a ‘Deus’ e não confiamos mais na ‘ciência’. Este momento é descrito por Lipovestky como um “deserto” em que o homem, desamparado, tenta atravessar:

[...] o desenraizamento sistemático das populações rurais, depois urbanas, langores românticos, o spleen dandy, Oradour, os genocídios e etnocídios, Hiroshima devastada em dez quilômetros quadrados, com 75 mil mortos e 62 mil construções destruídas, os milhões de toneladas de bombas jogadas sobre o Vietnã e a guerra ecológica com produtos herbicidas, a escalada do estoque mundial de armas nucleares, Phnom Penh espoliada pelos Khmers vermelhos, as figuras do niilismo europeu, os personagens mortos vivos de Beckett, a angústia e a desolação interior de Antonioni, Messidor de A. Tanner, o acidente de Harrisburg... com certeza a lista se alongaria desmesuradamente se quiséssemos inventar todos os nomes do deserto. (LIPOVETSKY, 2005, p. 17).

Neste ambiente de mutação e desencanto, alguns novos valores emergem no Ocidente. Podem ser citados os mais característicos: a instantaneidade, o individualismo, o hedonismo e o narcisismo, novos arranjos familiares e falta de representação política.

Page 6: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

94 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

Igor Sidhartha Boëchat / Mark Imbeault

A Instantaneidade surge com as mudanças mundiais que, em ritmo cada vez mais acelerado terminaram por produzir um fenômeno de descontinuidade nas instituições. Atualmente, por conta da transmissão de ideias, instantaneamente, para um grande número de pessoas, sem a necessidade de se passar pelo “filtro” dos chamados meios intermediários: políticos, mídia, etc., levou-nos a uma situação em que as pessoas passaram a poder exercer influência direta sobre um grande número de indivíduos. Tal fato, segundo Bauman (1991), tem gerado uma perda de solidez e perenidade nas instituições. Para se ter uma ideia de comparação, a descoberta do Brasil demorou semanas para ser informada ao Rei Dom João, o Venturoso e, talvez meses para ser difundida para a maior parte do povo português. Hoje, sabemos instantaneamente o que ocorreu no Natal em Sidney, na Austrália. Observem que o mundo para aquele agricultor português, do século XVI, que não ficou sabendo da grande descoberta, o mundo era muito mais estável, “sólido” e previsível.

Hoje, por meio das mídias sociais, blogs e vbloggers etc., a realidade é constantemente atualizada e, portanto, alterada. Em paralelo, a mídia tradicional, como os canais abertos de TV, o rádio e os jornais têm visto seu poder de influência diminuir. As eleições americanas, no ano de 2016, comprovam este fato. A dita mídia tradicional, institutos de pesquisa e analistas políticos de todos os matizes afirmaram que a vitória seria da candidata democrata. O resultado contrariou todas as previsões.

Durante as marchas populares, ocorridas no Brasil em 2013, os manifestantes não queriam a presença da imprensa, pois segundo eles, as matérias distorciam seus objetivos. Durante um destes atos populares, um repórter argumentou com um manifestante que seria bom para a causa que a imprensa difundisse o que estava ocorrendo, para que a sociedade tomasse ciência e, eventualmente, mais simpatizantes aderissem ao movimento. A resposta do manifestante expressa bem o que está ocorrendo: “Não precisamos de vocês para isto.”

A profusão de informação, agora sem a exclusividade da mídia tradicional, no campo político trouxe um sentimento de “falta de representação política”. As pessoas estão muito melhor informadas e percebem que seus representantes, muitas vezes, atuam em benefício de grupos econômicos, sem considerar o interesse público. Cabe lembrar que nosso sistema político foi inspirado no concebido por Montesquieu, no século XVIII.

A descrença em Deus e na capacidade da Ciência gerou um sentimento de vazio existencial no homem moderno. Na tentativa de preencher este sentimento de vazio o indivíduo voltou-se para si mesmo. Assim, os valores do individualismo, hedonismo e narcisismo começam a superar os valores que privilegiam o coletivo. As mídias sociais também reforçam estes valores, quando a aparência de felicidade torna-se mais importante do que a Felicidade em si.

Novos valores para um novo mundo. Seremos melhores homens? Seremos mais felizes? Nossos soldados permanecerão virtuosos?

Page 7: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

95Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

1.1 Virtude

O que é “virtude”? Segundo a definição do Dicionário Aurélio da Língua portuguesa, seria “1 Disposição constante do espírito que nos induz a exercer o bem e evitar o mal” ou “2 O conjunto de todas ou qualquer das boas qualidades morais”. Para Aristóteles, a Virtude (Aretê) não seria uma habilidade inata, mas uma qualidade adquirida pelo homem. As virtudes dividem-se em virtudes intelectuais, aquelas adquiridas pelo estudo e pelo esforço mental, e as virtudes morais, adquiridas pela repetição de comportamentos, ditados pela razão, que com o tempo se tornem hábitos (ARISTÓTELES, 1985). Temos, assim, duas possibilidades para surgimento da virtude: ou ela nos é inata, como nos diz a definição do dicionário, ou ela é adquirida, como defende o filósofo estagirista. No caso das virtudes militares, a tese é que os exércitos procuraram manter e valorizar os comportamentos humanos que possibilitaram vencer as guerras. Acreditavam que, ao manter determinado comportamento vencedor, estariam os guerreiros melhor preparados para os combates futuros. Se esta tese for verdadeira, é possível que os valores militares tenham sido mantidos, ao longo dos séculos. A fim de verificarmos a assertiva acima, apresentaremos as virtudes militares clássicas e as compararemos com as virtudes militares contemporâneas.

1.1.1 Virtudes Militares Clássicas

A leitura de alguns textos clássicos permite levantar quais seriam as virtudes militares existentes no passado. Todos os povos antigos que relataram suas guerras são fontes importantes de dados. Para esta pesquisa, serão consideradas as virtudes militares transmitidas pelos gregos e romanos.

Iniciaremos nossa investigação com o livro de A República, de Platão. No texto, Platão narra um dos célebres discursos de Sócrates com seus discípulos. O tema seria a criação de uma cidade (“polis”) perfeita. O filósofo ateniense argumentava que, para uma cidade ser perfeita, deveria ter as quatro virtudes cardeais: sabedoria, representada pelo governo de filósofos; a temperança, pelo povo que deveria evitar os excessos; a justiça, pela distribuição das funções e dos bens pelos cidadãos, de modo que cada um tivesse o que é seu por direito; e a coragem, que era a virtude que representava os defensores da cidade, os guerreiros. Ao ser arguido sobre o que deveria ser feito para evitar que os guerreiros tomassem para si todo o ouro e toda a prata da cidade, por serem os mais poderosos, assim respondeu Sócrates:

Quanto à alimentação necessária a atletas guerreiros sóbrios e corajosos, recebê-la-ão dos outros cidadãos, como salário da guarda que asseguram, em quantidade suficiente para um ano, de modo a não sobrar e a não faltar; tomarão as refeições juntos

Page 8: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

96 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

Igor Sidhartha Boëchat / Mark Imbeault

e viverão em comum, como soldados em campanha. Quanto ao ouro e à prata, dir-lhes-emos que têm sempre na alma os metais que receberam dos deuses, que não têm necessidade dos metais dos homens e que é ímpio macular a posse do ouro divino acrescentando-lhe o ouro mortal, porque muitos crimes foram cometidos pelo metal em forma de moeda do vulgo, ao passo que o deles é puro. (PLATÃO, 2004, p.111).

Logo, Sócrates afirma que, para que os guerreiros não se tornem exploradores da riqueza da cidade que devem proteger, eles devem ser convencidos de que os deuses já colocaram ouro e prata em suas almas. Este “ouro e prata” na alma são as virtudes militares.

O texto, também, cita uma série de virtudes que deveriam ser características dos defensores da cidade: Sobriedade, Coragem, Temperança, Higidez Física. Cabe aqui relembrar que, para Sócrates a virtude que mais caracterizava o guerreiro era a Coragem. Destaco que o filósofo ateniense era da infantaria pesada e defendeu sua cidade com bravura em diversas ocasiões, segundo relatos da época.

Aristóteles, também, cita virtudes gerais, não apenas para os militares, mas para todo cidadão. Como os cidadãos gregos eram, também, os soldados em época de guerra (diferente, por exemplo, dos persas que usavam grande número de escravos e de povos conquistados), as virtudes dos cidadãos eram as virtudes dos soldados. Assim temos o Justo Orgulho, a Modéstia, a Justiça e a Responsabilidade: “O homem é princípio e genitor de seus atos como o é de seus filhos” (ARISTÓTELES, 1985).

O exemplo maior da virtude militar da Disciplina, que o mundo já testemunhou, foi o que nos foi deixado por Esparta. O jovem espartano, a partir dos 7 anos de idade, deveria superar a dor e o medo. Para isto, era submetido a espancamentos pelos meninos mais velhos, quando eram comuns algumas fraturas ósseas. Aos 12 anos, era expulso da cidade, devendo buscar a própria sobrevivência. Nesta idade, já tomava parte em exercícios militares nos pelotões auxiliares, participando de extenuantes manobras, mas ainda não tinha permissão para retornar ao interior da cidade. Aos vinte anos, era-lhe permitido casar e integrar uma falange (unidade militar grega), todavia deveria sempre dormir acampado, ao relento, utilizando somente uma manta como proteção. Suas esposas poderiam acompanhar seus maridos nos acampamentos. Neste caso, também, ficavam ao relento. Somente aos trinta poderiam retornar a Esparta, na condição de cidadão pleno. O serviço militar, no entanto, iria até a idade de sessenta anos. Para um espartano, pode-se dizer que a Disciplina significava superar própria fraqueza e as necessidades físicas. Todo este treinamento fez surgir um soldado extremamente disciplinado e combativo, temido em toda a Grécia antiga. Esparta ostentava um justo orgulho do seu modo de vida e, de certa forma, julgava-se superior às demais polis. Tal sentimento pode ser sintetizado

Page 9: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

97Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

por este velho provérbio: “Outras cidades produzem monumentos e poemas. Esparta produz homens.”

Segundo Lendon (2000, p.34), Roma empregava a Disciplina juntamente com a Virtu. Virtu era uma virtude militar romana que pode ser entendida como “coragem agressiva”. Assim, os legionários deveriam desenvolver a agressividade e, para controlá-la e empregá-la somente quando os comandantes militares julgassem conveniente, a virtude da Disciplina era utilizada. Logo, para os romanos Disciplina e Virtu eram virtudes complementares e não antagônicas.

No Brasil, talvez por conta dos acontecimentos políticos do século XX, com intervenções militares no campo político e pela pequena probabilidade de um conflito armado, tem-se priorizado o desenvolvimento da Disciplina nas tropas combatentes. A Virtu não tem sido devidamente desenvolvida. Os romanos ensinaram-nos que se deve buscar o equilíbrio entre estas duas virtudes para se ter um Exército vitorioso.

Falemos, agora, de outra virtude fundamental para uma Força Armada: a hierarquia, que seria o escalonamento dos militares em postos e graduações. Tal procedimento facilita o controle e a transmissão de ordens, além de definir, claramente, as responsabilidades pelas ações. É evidente que a Hierarquia sempre existiu nos Exércitos, uma vez que, por mais rudimentares que sejam as forças militares consideradas, sempre existiram comandantes e comandados. Em vários países da antiguidade, a autoridade militar confundia-se com a autoridade política ou com a autoridade religiosa, como era o caso dos judeus e dos egípcios.

Na Grécia e, especialmente em Roma, passou-se a considerar, com maior frequência, o desempenho em combate como meio de promover os mais valorosos em combate para postos de maior relevância.

A Honra era outra virtude cultuada na antiguidade. Sócrates dizia que temia mais a desonra do que a morte. Como exemplo extremo desta assertiva, ficou famoso o caso do filho do General romano Marco Escauro, que foi proibido de se apresentar a seu pai, pois sua unidade teria fugido em presença do inimigo, no desfiladeiro Tridentino. Não suportando o peso da desonra, o jovem termina por se suicidar (FRONTINO, 2005 p. 42).

O Espírito de Corpo, como nós o entendemos hoje, iniciou-se com os legionários romanos. Ao passarem longo tempo em campanha, servindo na mesma Legião, os militares passavam a ter um sentimento de amor e pertencimento à sua Unidade Militar.

Qualquer pesquisa sumária nos valores cultuados pelas atuais Forças Armadas poderá demonstrar que os valores militares clássicos permaneceram válidos no mundo contemporâneo. Sou de opinião que, quando um Exército vence um conflito, procura-se manter aquilo que deu certo e que tenha contribuído para a vitória. De igual modo, as atitudes que contribuíram para a derrota não são transmitidas aos novos soldados, a não ser como exemplo negativo. Assim, verificamos que, mesmo

Page 10: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

98 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

Igor Sidhartha Boëchat / Mark Imbeault

com o passar dos séculos, os valores militares permaneceram, pois eles deram certo no combate e favoreceram a vitória. Cultuá-los transforma um aglomerado de homens armados em uma tropa de soldados. Nietsche assim se expressou ao verificar que os valores permaneceram ao passar do tempo:

Quando há madeiras estendidas sobre a água, quando há pontes e parapeitos pelo rio, não se dá crédito a ninguém que diga “tudo corre”. Pelo contrário, até os imbecis o contradizem “Que!”, exclamam. “Tudo corre? então as madeiras e os parapeitos que estão sobre o rio”? (NIETZSCHE, 2005, p. 156).

A comparação acima, feita pelo autor de “O Crepúsculo dos Ídolos”, demonstra que apesar de ter havido muitas mudanças na sociedade com o passar do tempo, semelhante às águas que correm em um rio, os valores permaneceram imutáveis, tais como as pontes que se estendem sobre as águas. A questão que atualmente tento responder é se estes valores, particularmente os militares, resistirão às águas da Pós-Modernidade.

1.1.2 Impactos da Pós-Modernidade nos valores militares

A Pós-Modernidade traz impactos nas relações pessoais e nos valores tradicionais. Para os militares, as características que mais são afetadas são aquelas ligadas ao Patriotismo, Civismo, Espírito de Corpo e à Coragem.

Inicialmente, analisaremos como são afetados os valores Civismo e o Patriotismo. A característica pós-moderna que mais afeta estes valores é a Instantaneidade. Isto acontece porque os valores cívicos estão baseados em vultos históricos ou conquistas militares do passado, que são cultuados como exemplo pelos soldados. Estes marcos históricos, assim como as instituições que representam eram muito mais estáveis. Esta estabilidade era reforçada pelo fato de se ter uma “versão oficial” que não era contestada. Se fosse, esta contestação não atingia um grande número de pessoas que fosse capaz de abalar o alicerce estabelecido. A instantaneidade pós-moderna, por meio das tecnologias de comunicação em rede, deu o poder de permitir que qualquer um possa emitir sua opinião, sem filtros, e espalhá-la por um grande número de pessoas. Isto faz com que tenhamos a sensação de que vivemos em um mundo menos estável e mais imprevisível. É evidente que a versão oficial dos vultos e fatos históricos não será mais a única. Isto leva ao enfraquecimento dos valores cívicos e patrióticos.

As Forças Armadas devem procurar manter os valores cívicos e patrióticos, principalmente com comemorações de datas que relembrem vitórias militares. A difusão de fatos históricos deve ser feita sem ufanismos e levando-se em

Page 11: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

99Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

conta que o soldado contemporâneo é muito melhor informado do que o do passado.

A Hierarquia deverá ser reforçada, cada vez mais, pelo exemplo. Os mais graduados deverão ser, também, os mais capazes para a liderança ou para o combate, se possível para ambos. O sistema de promoções deverá refletir esta necessidade. Os exércitos que se basearem na Hierarquia formal estarão sujeitos ao fracasso, no campo de batalha pós-moderno, onde as tradições são constantemente atacadas. Logo, agora muito mais do que antes, é importante que os mais capazes liderem.

Da mesma forma, não se imagina uma liderança pelo exemplo, sem respeito às regras democráticas. Será preciso conduzir a tropa para a vitória, dentro dos valores ocidentais de respeito aos direitos humanos. Isto se tornará muito desafiador, quando o inimigo possui outro sistema de valores, como é o caso do Estado Islâmico, por exemplo.

O justo orgulho de um militar pertencer a uma tropa e se preocupar, primeiramente, com seus camaradas é chamado de “Espírito de Corpo”, ou seja, apesar de ser formada por vários indivíduos, a tropa age como fosse um só corpo. Tal valor militar está sendo afetado pelas características pós-modernas do Individualismo e do Hedonismo. O mundo contemporâneo tende a buscar mais a satisfação pessoal do que a do grupo social. Acontece que, em combate, deve-se, primeiro, buscara segurança coletiva. Como exemplo, digo que, caso a sentinela durma durante seu turno, todo o pelotão pode perecer. Para se reverter este quadro nas Forças Armadas, é necessário que a instrução militar crie situações que demonstrem que o erro individual pode prejudicar todo o grupamento. Assim, devem-se priorizar competições entre as frações de tropa, em detrimento das competições individuais.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalmente, passarei a tratar do valor que, para Sócrates, era a principal característica do Guerreiro: a Coragem. Verifica-se que este valor tem sido cada vez mais relativizado no mundo contemporâneo. Tal fato se deve às características pós-modernas do Hedonismo e Individualismo, que fazem com que as pessoas evitem situações em que possam colocar sua integridade física em perigo, como, também, pela prevalência, cada vez maior no campo de batalha da Alta Tecnologia. De fato, de nada adianta ter uma tropa corajosa se ela for empregada contra outra, que tenha maior nível tecnológico. Os exemplos são vários. Na Guerra das Malvinas os soldados argentinos foram praticamente usados como alvos humanos, durante a noite, pela tropa britânica que utilizava equipamentos de visão noturna. Neste mesmo conflito, a Armada Argentina nem saiu dos portos (e fez muito bem!), pois a marinha inimiga contava com um submarino nuclear. Atualmente, surgiu um tipo

Page 12: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

100 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

Igor Sidhartha Boëchat / Mark Imbeault

de guerreiro que não tem necessidade de ter coragem. Refiro-me aos pilotos dos VARP. Eles têm-se mostrado altamente letais, mas como operam remotamente, não vivenciam o perigo. Assim, pela primeira vez na história, a tecnologia militar permitiu o surgimento de um tipo de guerreiro que não tem necessidade do valor da Coragem.

A coragem, no entanto, deve continuar a ser estimulada, pois continua importante na maioria dos combates e se torna cada vez mais necessária, quando o nível tecnológico entre os contendores for semelhante.

A civilização ocidental está passando por um período de reordenamento de valores. Este processo foi acelerado com a Pós-Modernidade. Ainda é cedo para se ter uma ideia clara se novos valores serão estabelecidos na sociedade. No Brasil, por exemplo, tem-se verificado que os valores tradicionais vêm, a cada ano, ganhando terreno com a proliferação das igrejas evangélicas.

No Campo Militar, a mudança de Valores Tradicionais é particularmente preocupante, uma vez que os valores militares foram estabelecidos em combate, ou seja, eles ajudaram a vencer as guerras. Por isto foram mantidos. Nada garante que novos valores, em substituição aos existentes, possam nos garantir a vitória, que é, afinal, a principal razão da existência de uma Força Armada.

Assim, caberá às Nações que pretendem estar entre as que deterão o Poder Militar estimular os valores militares tradicionais. Para isto, é necessário atuar nas escolas de formação, no sistema de promoção e, principalmente, na legislação, de modo a permitir que suas Forças Armadas tenham militares que lideram pelo exemplo e que sirvam de proteção para a sociedade. Os valores militares, consolidados no caráter dos militares, evitam que os soldados se convertam em ameaça para a sociedade que lhe confiou à posse de armas. Como diria Sócrates, é necessário que os guerreiros tenham “ouro e prata na alma”.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Maria do Rosário Guimarães (Org.). Manual para elaboração de trabalho científico. São Luís: UFMA, 2002. 42 p.

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

APRESENTAÇÃO de resumos: norma brasileira registrada n. 6028. Caderno de Pesquisa, São Luís, v. 13, n. 1, p.9-13, jan./jun. 2002.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução do grego, introdução e notas de Mário da Gama Kury. São Paulo: Matin Claret, 2002.

Page 13: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

101Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Tradução de Plínio Augusto de Souza. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BAVARESCO, Agemir. A crise do Estado-Nação e a Teoria da Soberania em Hegel. Sociedade em Debate, Pelotas, v. 7, n. 3, p. 77-110, dez. 2001.

BERGO, Marcio Tadeu Bettega. Explicando a guerra. Rio de Janeiro: CEPHMEx, 2013.

BRASIL. Ministério da Defesa. Comando do Exército. Portaria nº 156, de 23 de abril de 2002, que aprova o Vade-Mecum de Cerimonial Militar do Exército – Valores, Deveres e Ética (VM 10). Brasília, DF: EGGCF. 2002.

CAVALCANTE, Márcio Balbino. O conceito de pós-modernidade na sociedade atual. Brasil Escola, [s. l.], [20--?]. Disponível em: <http://meuartigo.brasilescola.com/geografia/o-conceito-posmodernidade-na-sociedade-atual.htm>. Acesso em: 18 jul. 2014.

ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (Brasil). Manual para elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso: monografia. Rio de Janeiro, 2012.

ESPERÂNDIO, Mary Rute Gomes. Para entender a pós-modernidade. São Leopoldo: Sindoval, 2007.

FERREIRA, Bruno Pereira. Napoleão Bonaparte: estratégias e manobras de guerras e a formação militar do seu grande exército. História Total, [s. l.], 2011. Disponível em: <http://historiabruno.blogspot.com/p/meu-trabalho-de-conclusao-de-curso-tcc.html#ixzz37OaDS700>. Acesso em: 13 jul. 2014.

FRONTINO, Sexto Julio. Estratagemas. Tradução de Miguel Mata. Lisboa: Sílabo, 2005.

KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: O que é esclarecimento? In: Textos Seletos. Trad. Floriano de Souza Fernandes. Petrópolis (RJ): Ed. Vozes, 1974.

LAPUENTE, Rafael. Peste negra. História lecionada, [s. l.], 12 maio 2012. Disponível em: <http://historialecionada.blogspot.com.br/2012/05/peste-negra-na-historia-medieval.html>. Acesso em: 4 jun. 2014.

LEGIÃO romana. In: Wikipedia: a enciclopédia livre. Estados Unidos: Fundação Wikimedia, 2011. Disponível em: <http://www.wikipedia.org/wiki/Legião_romana>. Acesso em: 13 jul. 2014.

Page 14: As Virtudes Militares na Pós-Modernidade

102 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 89-102, jan./abr. 2017

Igor Sidhartha Boëchat / Mark Imbeault

LENDON, J. E. Empire of Honour. Oxford: University Press, 2000.

LIPOVETSKY, Gilles. A era do vazio. Tradução de Paulo Ferreira. Valerio Barueri, SP: Manole, 2005.

NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratrusta. Tradução notas e posfácio de Paulo César de Souza São Paulo: Martin Claret, 2005. PLATÃO. A República. Tradução de Maria Manuela Rocheta dos Santos. São Paulo: Martin Claret, 2004.

ROSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. Tradução de Rolando Roque da Silva. São Paulo: Martin Claret, 2005.SANTOS, Boaventura de Souza. Pela mão de Alice. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

Recebido em: 14 fev. 2017Aceito em: 18 abr 2017