aua 02 teoria do negócio jurídico

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Aual 2 negocio juridico 2014

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Direito Civil II

Direito Civil IIProf. Juliana FiglioliaEmail [email protected] dos Negcios JurdicosNascida em XVIII desenvolvida pelos juristas alemes.Savigny espcie de fatos jurdicos que no so apenas aes livres, mas em que a vontade dos sujeitos se dirige imediatamente constituio ou extino de uma relao jurdica.Negcio jurdico como figura autnoma Cdigo Alemo (BGB). Posteriormente passou para a doutrina italiana, espanhola e para a portuguesa.No Brasil, no Cdigo de 1916 seguiu a doutrina francesa, no distinguindo o negcio jurdico do ato jurdico.Orlando Gomes afirma a predominncia da concepo dualista pela qual a expresso atos jurdicos compreende duas categorias de fatos jurdicos lato sensu, a dos negcios jurdicos e a dos atos jurdicos stricto sensu ou atos no negociais, assinalando, ainda que dessa corrente doutrinria no se afastam quantos continuam a denominar atos jurdicos os negcios jurdicos, conceituando-os como os elementos caractersticos desta subespcie dos atos jurdicos lato sensu.O CC 2002 adota a posio dualista referncia expressa aos negcios jurdicos e aos atos jurdicos lcitos.No negcio jurdico existe uma composio de interesses, um regramento bilateral de condutas, como ocorre na celebrao de contratos. A manifestao de vontade tem finalidade negocial, que em geral criar, adquirir, transferir, modificar, extinguir direitos.Negcios Jurdicos Unilaterais exceo, aperfeioam-se com a manifestao de vontade de apenas uma das partes. Ex.: testamento, a instituio de fundao, a renncia herana, a procurao, a confisso de dvida entre outros.O testamento alm de dispor sobre bens, pode o testador, por ex. reconhecer filho havido fora do matrimnio, nomear tutor para o filho menor, reabilitar indigno, nomear testamenteiro, destinar verbas para o sufrgio de sua alma, etc.A doao um contrato e portanto somente se aperfeioa com a aceitao da outra parte. No negcio jurdico unilateral, embora por vezes a doutrina classifique como contrato unilateral quanto aos seus efeitos, por geral obrigaes somente para o doador, quando pura.Negcios unilaterais, so os que aperfeioam-se apenas uma nica declarao/manifestao de vontade.Classificao dos NegciosDivergncias na doutrina quanto classificao. Em geral consideram-se:Nmero de declarantesVantagens para as partesMomento de produo dos efeitosModo de existnciaFormalidades a observarNmero de atos necessriosModificaes que podem produzirModo de obteno do resultadoOs negcios podem enquadrar-se em mais de uma categoria, sem que haja incompatibilidade. Ex.: compra e venda (negcio bilateral e oneroso, podendo ser solene, conforme o objeto, e principal em relao ao acessrio).Unilaterais/bilaterais/plurilateraisQuanto ao nmero de declarantes ou manifestaes de vontade necessrias ao seu aperfeioamento, os negcios jurdicos.Unilaterais apenas uma nica manifestao de vontade (ex. Renncia de direitos, testamento, confisso de dvida, etc.). Dividem-se em: receptcios so aqueles que a declarao tem de se tornar conhecida do destinatrio para produo de efeitos (ex. Revogao de mandato, denncia ou resilio de contrato). No receptcio so os que no se faz necessrio o conhecimento pela outra parte para que surjam os efeitos (ex. Testamento, confisso de dvida).Bilaterais so os que se perfazem com duas manifestaes de vontade coincidentes sobre o objeto. Necessrio portanto o consentimento mtuo ou acordo de vontades que se verifica nos contratos em geral. Subdividem-se em: bilaterais simples: aqueles que somente uma das partes aufere vantagem, enquanto a outra arca com nus (doao, comodato, etc.)Os sinalagmticos: so aqueles que conferem reciprocidade de direitos e obrigaes entre as partes (ex. Compra e venda).

Plurilaterais - so os contratos que envolvem mais de duas partes, como o contrato de sociedade com mais de dois scios e os consrcios de bens mveis e imveis. As deliberaes nestes casos no decorrem de um intercmbio de declaraes convergentes, de unanimidade de manifestaes, mas da soma de sufrgios, ou seja, de decises da maioria, como sucede nas deliberaes societrias, nas resultantes de assembleia geral de acionistas, por exemplo.Gratuitos/onerosos/neutros/bifrontesQuanto s vantagens patrimoniais que possam produzir.Gratuitos so os que apenas uma das partes aufere vantagem ou benefcio (ex. Doao).Onerosos so os que ambos os contratantes auferem vantagens, s quais, todavia, so correspondentes a uma contraprestao. Impem nus e bnus para ambas as partes (ex. Locao). Subdividem-se em: Comutativos: prestaes certas e determinadas (partes de antemo sabem quais sero as vantagens e nus do negcio).Aleatrios: caracterizam-se pela incerteza, para as duas partes, sobre vantagens e nus. O risco inerente a este tipo de negcio. (ex. Jogo e aposta).

E o contrato de seguro?Se diz que o contrato de seguro comutativo, porque o segurado o celebra para acobertar contra qualquer risco. No entanto, para a seguradora ser sempre aleatrio, pois o pagamento ou no de indenizao depende de um fato eventual.Todo negcio oneroso bilateral, porque a prestao de uma das partes envolve uma contraprestao por parte da outra.Nem todo ato bilateral oneroso. Pois a doao negcio bilateral (depende da aceitao do donatrio) porm gratuito, gerando benefcio (acrscimo patrimonial somente para uma das partes).Neutros: so negcios que nem so onerosos nem so gratuitos, pois lhe faltam atribuio patrimonial, caracterizando-se pela destinao de bens. (vinculao de bem por meio de clusula de incomunicabilidade ou inalienabilidade).Bifrontes: so contratos que podem ser onerosos ou gratuitos dependendo da vontade das partes, como por ex. O mtuo, o mandato, o depsito, sendo que somente podem transformar um contrato por lei definido como gratuito em oneroso (e no ao contrrio), mas nem todos os contratos gratuitos podem ser convertidos em contratos onerosos, pois por ex o comodato e a doao se transformarem-se em onerosos seriam locao e venda.Inter vivos/causa mortisQuanto ao momento da produo de seus efeitos.Inter vivos: negcios celebrados entre os vivos destinam-se a produo de efeitos desde logo, isto , estando as partes ainda vivas.Mortis causa: destinados a produzir efeitos aps a morte do agente (testamento, codicilo) a morte pressuposto necessrio de eficcia do negcio.* Seguro de vida negcio inter vivos, em que o evento morte funciona como termo. que a morte somente torna mortis causa o negcio jurdico quando compe o seu suporte ftico como elemento integrativo, mas no quando constitui simples fator implementador de condio ou de termo (assim tambm: doao sob condio de premorincia do doador ao donatrio).Os negcios jurdicos mortis causa so tpicos, sendo que ningum pode celebrar seno os definidos na lei e pelo modo como os regula.Principais/acessrios. Negcios DerivadosQuanto ao modo de existncia.Principais: so os que tem existncia independente de qualquer outro.Acessrios: so os que tm sua existncia subordinada do contrato principal, como ex. a clusula penal, a fiana, o penhor, a hipoteca. Sempre seguem o destino do principal, salvo havendo estipulao em contrrio na conveno ou na lei. Possuem a mesma natureza.Negcios Derivados ou subcontratos: so os que tm por objeto direitos estabelecidos em outro contrato, denominado bsico ou principal (sublocao e subempreitada). Tm em comum com os acessrios o fato de que ambos so dependentes de outro contrato. Diferem pois pela circunstncia de o derivado participar da prpria natureza do direito versado no contrato-base.Nos subcontratos um dos contratantes transfere a terceiros (sem se desvincular) a utilidade de sua posio contratual.Solenes(formais)/no solenes (forma livre)Quanto as formalidades a observar-se.Solenes: de forma prevista na lei. Devem obedecer forma prescrita em lei para se aperfeioarem. A forma exigida como condio de validade solene/formal (escritura pblica na alienao de imvel).Formalidade ad probationem tantum quando a formalidade necessria apenas para provar a existncia do ato. (lavratura do assento do casamento no livro de registro art 1536 CC).No solenes ou no formais ou de forma livre: basta o consentimento para a sua formao, sendo que a lei no reclama qualquer formalidade para o aperfeioamento. So celebrados por qualquer forma, inclusive a verbal (locao, comodato).A regra de que os contratos tem forma livre, salvo expressas excees artigo 107 CC "A validade da declarao de vontade no depender de forma especial, seno quando a lei expressamente a exigir.Interpretar o negcio jurdico precisar o sentido e alcance do contedo da declarao de vontade das partes, buscando-se apurar a vontade concreta, no a vontade interna, psicolgica, mas a vontade objetiva, o contedo, as normas que nascem da sua declarao.Nem sempre o contrato traduz a exata vontade das partes. Redao obscura e ambgua.Nos negcios escritos, a anlise do texto conduz, em regra, descoberta da inteno dos pactuantes. Partindo-se da declarao escrita para se chegar vontade dos contratantes.Art. 112 CC. Nas declaraes de vontade se atender mais inteno nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.Dizemos que no se pode afirmar todavia que a alterao (trazida pelo CC02) representa a adoo da teoria da declarao, mas sim de que a teoria da vontade e da declarao atuam conjuntamente, visto que se apresentam como duas faces de um mesmo fenmeno. Partimos da declarao, que a forma de exteriorizao da vontade, para se apurar real inteno das partes.Art. 113. Os negcios jurdicos devem ser interpretados conforme a boa-f e os usos do lugar de sua celebrao.

Art. 114. Os negcios jurdicos benficos e a renncia interpretam-se estritamente.

O CC 2002 critrios gerais de interpretao do negcio jurdico, no os restringindo aos contratos, como fazia artigo 1090 do CC 16. Refere-se a todos os negcios benficos, introduz a renncia dentre os que ficam submetidos a uma interpretao restritiva.Outros artigos que dispe sobre intepretao.Art. 423. Quando houver no contrato de adeso clusulas ambguas ou contraditrias, dever-se- adotar a interpretao mais favorvel ao aderente.Art. 843. A transao interpreta-se restritivamente, e por ela no se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos.Art. 819. A fiana dar-se- por escrito, e no admite interpretao extensiva.Art. 1.899. Quando a clusula testamentria for suscetvel de interpretaes diferentes, prevalecer a que melhor assegure a observncia da vontade do testador.

Art. 47 do Cdigo de Defesa do Consumidor - As clusulas contratuais sero interpretadas de maneira mais favorvel ao consumidor.

A excepcionalidade decorre de previso do artigo 5, XXXII, combinado com o artigo 170, V da CF.

Regras prticas interpretao de contratosA) a melhor maneira de apurar a inteno dos contratantes verificar o modo pelo qual o vinham executando, de comum acordo;B) deve-se interpretar o contrato, na dvida, da maneira menos onerosa para o devedor (in duviis quod minimum est squimur)C) as clusulas contratuais no devem ser interpretadas isoladamente, mas em conjunto com as demais.D) qualquer obscuridade imputada a quem redigiu a estipulao, pois no sendo claro, no o foi (ambiguitas contra stipulatorem est);E) na clusula suscetvel de dois significados, interpretar-se- em ateno ao que pode ser exequvel (princpio do aproveitamento).