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Aula 00 - Português para TRE/MA. - Teoria e Exercícios - Professor: José Maria C. Torres

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AULA 00: Compreensão de Textos

Sumário

1. Apresentação. ................................................................................................................................. 5

1.1. A Banca. ...................................................................................................................................... 5

1.2. Metodologia das aulas. ............................................................................................................... 5

2. Conteúdo programático e planejamento das aulas (Cronograma). ............................................. 6

3. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. .................................................... 6

3.1. ... identificar o tema principal do texto. ..................................................................................... 8

3.2. ... identificar o objetivo principal do texto................................................................................ 11

3.3. ... identificar as informações explícitas e implícitas em um texto. ........................................... 14

3.4. ... converter linguagem conotativa em denotativa................................................................... 19

3.5. ... parafrasear o texto de forma resumida. ............................................................................... 20

4. Questões Comentadas ................................................................................................................. 24

5. Considerações Finais .................................................................................................................... 36

Olá concurseiros,

É com enorme prazer que me apresento a vocês. Sou José Maria, professor de Língua

Portuguesa, da fascinante Língua Portuguesa, da instigante Língua Portuguesa, da disciplina

que hoje (na verdade, não é de hoje, né?) é uma das mais importantes em qualquer

concurso.

Fui com enorme satisfação que recebi o convite do grande mestre e amigo Gabriel

Pacheco para integrar esta excelente equipe de professores do Método Concursos. Conheci

o Pacheco pelo também grande mestre Walter Cunha, colega meu da época de ITA

(Instituto Tecnológico de Aeronáutica), saudosa escola em que me graduei engenheiro

eletrônico em 2004.

Ué, ITA? Aquela famosa escola de Engenharia? Espera um pouco, professor, até

onde eu sei, o ITA forma engenheiros (óbvio, né?), e Engenharia enfatiza as ciências exatas,

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não é isso? Aí o senhor se apresenta como professor de Língua Portuguesa??? Tem alguma

coisa errada aí!

Gente, esse é um ponto bastante curioso do meu currículo. E bota curioso nisso!

Sempre gostei de ler, escrever, enfim, sempre tive apreço pela nossa língua. Vem do berço

talvez, pois minha mãe foi uma excelente professora de Português. Ao ingressar no ITA em

2000, esse gosto encontrou na sala de aula uma oportunidade para se manifestar com mais

ênfase. Comecei por hobby a dar aulas, sempre de Português. Era uma espécie de “válvula

de escape” para a dura realidade do aluno de Engenharia, cercado de fórmulas e abstrações

por todos os lados. Dava aulas para um curso assistencial em São José dos Campos, cujos

professores e diretores eram alunos da graduação do próprio ITA. O legal dessa história:

todos eram voluntários! Na época, precisavam de um professor de Português. Era difícil

achar um numa escola de Engenharia, né? Eu me candidatei, passei no concurso seletivo, e

minha vida começou a mudar.

O que era passatempo foi ficando sério, muito sério. Passei a ver de uma forma mais

direta como a educação é capaz de transformar as pessoas. Vocês, por exemplo, em breve,

terão suas vidas transformadas com a aprovação em um concurso público, já pararam para

pensar nisso? Aquilo começou a me motivar de uma forma, que não conseguia mais largar.

Do hobby veio uma profissão.

Professor, e a Engenharia? Meus caros, tive que escolher: sala de aula ou a lida de

engenheiro? Moçada, parece ter sido uma decisão difícil, mas juro para vocês que não foi.

Hoje faço o que gosto e gosto do que faço. Essa combinação, galera, é muito rara. Não que a

vida de um professor seja uma maravilha. De forma alguma, ela é muito difícil e cansativa às

vezes. Mas compensa! Pelo menos, para mim, sinto que essa profissão me faz muito bem. O

fato de você estar me lendo agora já é um prêmio para mim, sem dúvidas!

Mas por que estou falando isso tudo? Dou esse depoimento, moçada, para dizer

para você o quanto importante é buscar fazer aquilo que gosta. Às vezes pomos o dinheiro

acima de tudo, isso está errado. Você pode ganhar muito bem, mas se aquilo que você faz

não lhe fizer se sentir bem, recompensado ou motivado, meu amigo, em pouco tempo a

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bela grana que você ganha vai passar a valer pouco. Você vai adoecer, vai ficar mal-

humorado, “reclamão”. Vai por mim: a maneira mais fácil e sadia de ganhar dinheiro é

fazendo o que gosta. Reflita nisso, ok?

Feita a reflexão, é hora de dosar disciplina, moçada! Concurseiro precisa ser, antes

de tudo, um cara disciplinado e focado no resultado. É esse o espírito que quero alimentar

neste curso: foco e disciplina! Preparo turmas para diversos concursos, gravo dezenas de

vídeo-aulas durante a semana, escrevo materiais feito um maluco. Sem contar a atenção

que devo dar a minha família, minha futura esposa, aos meus amigos. Como você consegue,

professor? Disciplina e foco, meu caro! Quando estou mergulhado num objetivo – seja ele

passar em algum concurso, seja ele construir a casa dos sonhos, seja ele ter um filho ;) -, vou

até o fim e não desanimo.

Moçada, já falei demais, eu tenho esse problema. Vamos à luta. O que nos espera

neste curso, professor?

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1. Apresentação.

1.1. A Banca.

A banca prevista para o concurso do TRE/MA é a IESES. Não há grande histórico de

questões anteriores dessa banca, mas é possível, pela análise do edital, concluir que se trata

de uma organizadora conteudista. Isso significa que o candidato deve estar preparado para

responder aos mais diversos testes relativos à interpretação de textos e às normas

gramaticais.

1.2. Metodologia das aulas.

a) Meu objetivo é prover a vocês aulas expositivas, descritivas e descontraídas, como se

fosse uma conversa face a face. Obviamente, não estou aí com você. É duro ter que

estudar sozinho, não é mesmo? Mas, ao ler minhas aulas, procure imaginar um amigo

conversando com você, dando boas dicas e, muitas vezes, chamando a atenção. Sei

quando exatamente você vai cansar. Será nesse momento que vou “puxar sua orelha”

e vou pedir para que você redobre a atenção.

b) Todas as aulas terão uma abordagem inicial teórica. Vale frisar que essa teoria sempre

será exemplificada, não ficaremos presos em uma teoria abstrata e sem aplicação.

Depois da tratativa teórica, seguirá uma bateria de exercícios comentados. Vá se

acostumando com meu método, meu amigo: a melhor forma de aprender é fazendo

você mesmo.

c) Fique atento às minhas dicas. Acredite em mim, o estudo para concursos pode parecer

um terreno pantanoso, mas ele possui atalhos muito interessantes, que, se bem

utilizados, podem poupar demais seu esforço e, o mais importante, maximizar seu

resultado.

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2. Conteúdo programático e planejamento das aulas (Cronograma).

O conteúdo a ser ministrado está abaixo descrito. Galera, é essencial manter o foco e

a disciplina. Construiremos esse curso juntos e, portanto, temos de andar juntos. Organize

seu horário. Marque na sua agenda os dias de lançamentos das próximas aulas, não deixe

acumular muita coisa, siga uma rotina! Vamos cobrir com essas aulas todo o conteúdo

programático previsto para o concurso do TRE/MA.

Aula Conteúdo a ser trabalhado

Aula Demonstrativa 15/06/2015

� Compreensão de Textos

Aula 1 22/06/2015

� Convenções de Escrita (Ortografia, Acentuação e Crase)

Aula 2 29/06/2015

� Processo de Formação de Palavras

� Noções de classes de palavras (ênfase em verbos e pronomes)

Aula 3 06/07/2015

� Sintaxe do Período Simples

� Sintaxe do Período Composto

Aula 4 13/07/2015

� Pontuação

Aula 5 20/07/2015

� Concordância verbal e nominal

� Regência verbal e nominal

� Colocação dos pronomes átonos.

Aula 6 27/07/2015

� Tipos e Gêneros Textuais

� Coesão

� Equivalência e transformação de estruturas

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3. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados.

Gente, se há um assunto hoje carro-chefe na Língua Portuguesa, esse assunto é

interpretação de textos. Tudo - eu disse tudo – em Língua Portuguesa gira em torno da

leitura e do correto entendimento de textos. Até mesmo questões de gramática são

tratadas dentro do ambiente texto. Portanto, é de suma importância adquirir o que nós

chamamos de habilidade leitora. Mas ai surge a pergunta: como? Há, professor, alguma

técnica?

O que digo para os meus alunos é o seguinte: existem uma série dessas técnicas, que

ajudam sim a entender os mais variados tipos de textos. Mas essas técnicas somente serão

assimiladas pelo aluno com muito treino, não tem jeito. É como cobrar faltas: há uma

técnica correta de “encaixar” o chute, de imprimir uma “curva” na bola, de enquadrar a bola

num ângulo fora do alcance do goleiro, etc. Mas tudo isso só é adquirido se houver muito

treino, mas muito mesmo.

O que farei, então, nesta aula demonstrativa?

Apresentarei para você algumas técnicas, nada muito prolixo ou cansativo. Você vai

entender, principalmente, com os exemplos que vou apresentar. Na sequência, moçada,

vem uma bateria de exercícios comentados. Vou apresentá-los de cinco em cinco, para que

você possa treinar, tentando fazer você mesmo, sem ser induzido pelo meu comentário. Fez

os cinco primeiros testes? Ok, na sequência vem o gabarito comentado desses testes para

você conferir; depois, mais cinco testes e, na sequência, o gabarito comentado; mais cinco

testes e o gabarito, e assim por diante.

Vamos à luta, então!

Os tópicos que serão apresentados na sequência são as tais das estratégias. Para

entendê-las bem, vamos completar o seguinte enunciado:

Para compreender e interpretar corretamente textos, devemos...

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3.1. ... identificar o tema principal do texto.

Explicando de forma bem sucinta, devemos entender sobre o que o texto fala.

Agora, veja bem, ele pode falar sobre muita coisa. Assim, devemos nos ater àquilo que é o

principal ponto, o norte do texto, ou seja, o seu tema principal. Os outros itens presentes no

texto serão apenas subtemas dentro de um tema mais abrangente.

Vamos dar uma olhada no seguinte texto:

***************************************************************************

A eterna juventude

Conforme a lenda, haveria em algum lugar a Fonte da Juventude, cujas águas

garantiriam pleno rejuvenescimento a quem delas bebesse. A tal fonte nunca foi encontrada,

mas os homens estão dando um jeito de promover a expansão dos anos de "juventude" para

limites jamais vistos. A adolescência começa mais cedo - veja-se o comportamento de

"mocinhos" e "mocinhas" de dez ou onze anos - e promete não terminar nunca. Num

comercial de TV, uma vovó fala com desenvoltura a gíria de um surfista. As academias e as

clínicas de cirurgia plástica nunca fizeram tanto sucesso. Muitos velhos fazem questão de se

proclamar jovens, e uma tintura de cabelo é indicada aos homens encanecidos como um

meio de fazer voltar a "cor natural".

Esse obsessivo culto da juventude não se explica por uma razão única, mas tem nas

leis do mercado um sólido esteio. Tornou-se um produto rentável, que se multiplica

incalculavelmente e vai da moda à indústria química, dos hábitos de consumo à cultura de

entretenimento, dos salões de beleza à lipoaspiração, das editoras às farmácias. Resulta daí

uma espécie de código comportamental, uma ética subliminar, um jeito novo de viver. O

mercado, sempre oportunista, torna-se extraordinariamente amplo, quando os

consumidores das mais diferentes idades são abrangidos pelo denominador comum do "ser

jovem". A juventude não é mais uma fase da vida: é um tempo que se imagina poder

prolongar indefinidamente.

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São várias as consequências dessa idolatria: a decantada "experiência dos mais

velhos" vai para o baú de inutilidades, os que se recusam a aderir ao padrão triunfante da

mocidade são estigmatizados e excluídos, a velhice se torna sinônimo de improdutividade e

objeto de caricatura. Prefere-se a máscara grotesca do botox às rugas que os anos

trouxeram, o motociclista sessentão se faz passar por jovem, metido no capacete

espetacular e na roupa de couro com tachas de metal.

É natural que se tenha medo de envelhecer, de adoecer, de definhar, de morrer. Mas

não é natural que reajamos à lei da natureza com tamanha carga de artifícios. Diziam os

antigos gregos que uma forma sábia de vida está na permanente preparação para a morte,

pois só assim se valoriza de fato o presente que se vive. Pode-se perguntar se, vivendo nesta

ilusão da eterna juventude, os homens não estão se esquecendo de experimentar a plenitude

própria de cada momento de sua existência, a dinâmica natural de sua vida interior.

***************************************************************************

Viu, que história é essa? Está tentando pular etapas? Volte e leia tudo, não podemos

ter preguiça não! Moçada, é sério, a preguiça mata qualquer possibilidade de sucesso em

questões de interpretação, principalmente de concursos. Não podemos ser reféns dela não,

ok?

Pronto, agora que você leu tudo, vamos discutir de forma bem objetiva. Se fosse

para citar o tema principal desse texto, o que você me diria?

Vamos lá...

O texto em questões, intitulado “A eterna juventude” – já é uma pista – fala sobre

muitas coisas. Por exemplo, ele começa o 1º parágrafo referenciando a lenda da Fonte da

Eterna Juventude. No 2º parágrafo, fala da indústria da beleza, e como está conseguindo

tirar bastante proveito (lucro) do culto obsessivo pela juventude (opa, tá ficando quente!). O

3º parágrafo assume uma postura mais crítica no que se refere ao artificialismo daqueles

que tentam imitar os mais jovens. No 4º parágrafo, fala-se do medo de envelhecer, como

motivador para a manutenção de uma aparência jovem.

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Essas informações que listamos estão a serviço de um tema mais abrangente: como

podemos defini-lo? Vamos sintetizar da seguinte maneira: o culto obsessivo da juventude.

Esse é o norte do texto. As informações que foram mencionadas parágrafo a

parágrafo são desdobramentos desse tema central, portanto.

A menção à lenda da Fonte da Juventude é apenas um ensejo para a tratativa do

tema; a menção à indústria da beleza é para evidenciar uma consequência desse culto

exagerado da juventude; a crítica ao artificialismo da juventude é uma constatação do tema

central; por fim, o medo de envelhecer é uma das causas para a juventude ser tão cultuada.

Veja só, todas as informações giram em torno do tema central.

Moçada, o que fica claro? Para dar o pontapé no entendimento do texto,

necessitamos entender do que ele fala, ou melhor, precisamos identificar o se norte, o seu

tema principal. Não podemos perder esse norte, sob pena de chegarmos a conclusões

precipitadas.

Você já iniciou uma conversa entre amigos e aquele assunto inicial foi se perdendo

ao longo do caminho? Quando você percebeu, estavam falando de coisas completamente

diferentes do assunto inicial da conversa. Pois é, na leitura do texto, não podemos perder o

norte da conversa.

Vamos identificando as informações e constatando: essa está dentro dessa, que está

dentro dessa, que está dentro daquela. Descubra, assim, no texto qual o seu hub principal,

ok?

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3.2. ... identificar o objetivo principal do texto.

Muito bem, você já identificou o tema do texto. Falta agora entender qual a intenção

dele, ou melhor, do autor dele. Sim, porque todo e qualquer texto apresenta uma intenção,

que tem que ser captada pelo leitor. Aliás, o sucesso de um texto é medido pela

aceitabilidade por parte dos leitores.

Professor, mas que objetivos podem ser esses? Moçada, os mais variados possíveis.

Vamos explicar por meio de alguns verbos, ok? O objetivo pode ser informar, convencer,

explicar, relatar, comover, expor, orientar, criticar, etc.

Comece pela identificação do verbo, depois você vai em busca do conteúdo. Como

assim? Você entende que o objetivo principal do texto é informar? Então, diga-me: informar

o quê? Você entende que o objetivo principal do texto é convencer. Então, diga-me:

convencer quem de quê? E por aí vai.

Fique atento também para o seguinte: um texto, muitas vezes, informa, relata,

induz, orienta, etc. Tudo ao mesmo tempo. Isso significa que você vai identificar várias

intenções presentes nos fragmentos do texto lido. Assim sendo, cabe a você identificar qual

dessas intenções identificadas tem maior peso na leitura global do texto. Como assim? O

texto informa, relata, orienta, mas o objetivo principal dele mesmo é convencer, por

exemplo. Um outro exemplo é uma notícia de jornal, cujo conteúdo até pode dar a entender

uma determinada opinião, apresentando, assim, objetivo persuasivo (relativo a

convencimento). Mas para ser notícia, sua preocupação principal deve ser relatar um fato

ocorrido.

Vamos ver na prática? Dê uma olhadinha no texto a seguir, do saudoso Carlos

Drummond de Andrade:

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Brasileiro cem-milhões

Carlos Drummond de Andrade

Telefonei para a maternidade indagando se havia nascido o bebê nº 100.000.000, e

não souberam informar-me:

–De zero hora até este momento nasceram oito, mas nenhum foi etiquetado com

esse número.

É uma falha do nosso registro civil: as crianças não recebem número ao nascer. Dão -

lhes apenas um nome, às vezes surrealista, que as acompanhará por toda a vida como

pesadelo, quando a numeração pura e simples viria garantir identidade insofismável,

poupando ainda o vexame de carregar certos antropônimos. Centenas de milhares nascem

João ou José, mas o homem ou a mulher 25.786.439 seria uma única pessoa viva, muito

mais fácil de cadastrar no fichário do Imposto de Renda e nos 10 mil outros fichários com

que é policiada a nossa existência.

Passei por baixo do viaduto, onde costumam nascer filhos do vento, e reinava uma

paz de latas enferrujadas e grama sem problemas. Ninguém nascera ali depois da meia -

noite. O dia 21 de agosto, marcado para advento do brasileiro cem -milhões, transcorria sem

que sinal algum, na terra ou no ar, registrasse o acontecimento.

Costumo acreditar nos bancos, principalmente nos oficiais, e se o Banco Nacional de

Habitação, através da Serfhau, garantiu que nessa segunda- feira o Brasil atingiria a cifra

redonda de 100 milhões de habitantes, é porque uma parturiente adrede orientada estaria

de plantão para perfazer esse número.

Verdade seja que o IBGE, pelo Centro Brasileiro de Estudos Demográficos, julgou

prematura a declaração, e só para o trimestre de outubro/dezembro nos promete o

brasileiro em questão. Não ponho em dúvida sua autoridade técnica, mas um banco é um

banco, ainda mais se agência governamental, e a esta hora deve ter recolhido nosso

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centésimo milionésimo compatrício em berço especial da casa própria, botando-lhe à

cabeceira um cofre de caderneta de poupança.

É que me custa admitir o nascimento desse garoto, ou garota, sem o amparo de

nossas leis sociais, condenado a ser menos que número - uma dessas crianças mendicantes,

que não conhecerão as almofadas da felicidade. Não queria que a televisão lhe desse um

carnê e uma viagem à Grécia, nem era preciso que Manchete lhe dedicasse 10 páginas

coloridas sob o patrocínio do melhor leite em pó. Mas gostaria que viesse ao mundo com um

mínimo de garantia contra as compulsões da miséria e da injustiça, e de algum modo

representasse situação idêntica de milhões de outras crianças que recebessem – estou

pedindo muito? –não somente o dom da vida, mas oportunidades de vivê-la.

Seria vaidade irrisória proclamar- se ele o 100.000.000º brasileiro, membro eufórico

da geração dos 100 milhões, e saber- se apenas mais um marginalizado, que só por artifício

de média ganha sua fatia no bolo do Produto Nacional Bruto.

Não o desejo herói de monumento nem mártir anônimo.

Prefiro vê-lo como um ser capaz de fazer alguma coisa de normal numa sociedade

razoavelmente suportável, em que a vida não seja obrigação estúpida, sem pausa para fruir

a graça das coisas naturais e o que lhes acrescentou a imaginação humana.

Olho para esse brasileiro cem-milhões, nascido ontem ou por nascer daqui a algumas

semanas, como se ele fosse o meu neto... bisneto, talvez. Pois quando me dei conta de mim,

isso aí era um país de 20 milhões de pessoas, diluídas num território quase só mistério, que

aos poucos se foi desbravando, mantendo ainda bolsões de sombra. Vi crescer a terra e

lutarem os homens, entre desajustes e sofrimentos. Os maiorais que dirigiam o processo lá

se foram todos. Vieram outros e outros, e encontro nessa geração o novo rosto da vida, que

se interroga.

Há muita ingenuidade, também muita coragem, e os problemas se multiplicaram

com o crescimento desordenado. Somos mais ricos... e também mais pobres.

Meu querido e desconhecido irmão nº 100.000.000, onde quer que estejas nascendo,

fica de olho no futuro, presta atenção nas coisas para que não façam de ti subproduto de

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consumo, e boa viagem pelo século XXI adentro.

ANDRADE, Carlos Drummond de. De notícias e não-notícias faz-se a crônica. 6. ed. Rio de Janeiro:Record, 1993.

pág. 11-3

***************************************************************************

Muito bem, pessoal! Vejo que você está mais atento à leitura. Perder a preguiça,

moçada, é essencial! Veja bem, meu caro! Qual a intenção principal de Carlos Drummond,

ao redigir esse texto? Será que é apenas relatar a aventura do autor na busca pelo brasileiro

nº 100.000.000? Será que o objetivo principal é sugerir nomes para o brasileiro nº

100.000.000?

Note que o texto vai além. O nascimento do brasileiro cem milhões é só um pretexto

usado pelo autor para criticar a situação em que os brasileiros viviam à época, marcada

sobretudo pela desigualdade. Podemos até dizer que parte desse quadro ainda persiste

entre nós, brasileiros. O trecho “Somos mais ricos... e também mais pobres.” Ilustra bem a

crítica social presente no texto.

Viu como é importante? Não basta decifrar qual assunto está sendo tratado, é

preciso identificar a principal intenção presente.

3.3. ... identificar as informações explícitas e implícitas em um texto.

Muitos costumam questionar certas interpretações de textos, pois julgam ser algo

de cunho muito pessoal. Aquilo que foi interpretado por mim de uma maneira talvez não

seja interpretado da mesma forma por você. Pois bem, o que acontece é que nem sempre a

subjetividade prevalece. Digo até mais, em grande parte das vezes ela não prevalece, pois a

interpretação nesses casos é inquestionável.

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Gente, devemos entender o seguinte: interpretar é decodificar aquilo que está

implícito. Mas veja bem, eu falei implícito, não invisível. Essa habilidade de identificar

informações implícitas é o que denominamos de inferência.

A capacidade de inferir, portanto, não é um dom. Não, não é nada disso! A correta

inferência, moçada, é conseguida por meio de pistas, evidências. Não é aleatório não!

Vamos a um exemplo?

Observe a seguinte frase:

Fiz faculdade, mas aprendi alguma coisa.

Alguém pode dizer que essa frase está incorreta. Outros podem afirmar que ela está

esquisita. Na verdade, essa frase está plenamente adequada. Mas aí alguém pode insistir:

“Não ficaria mais adequado se, em vez de ‘mas’, tivéssemos a conjunção ‘pois’?”

Gente, esse “mas” diz muita coisa. Ele é tal da pista para que identifiquemos os

implícitos. Mas calma! Vamos primeiramente identificar as informações explícitas. Todos

vão concordar que o sujeito fez faculdade e que ele aprendeu alguma coisa. Ninguém vai

discordar disso. O que está explícito, pessoal, não precisa ser interpretado, somente precisa

ser lido. O que precisa ser interpretado é aquilo que está implícito. Esse é o grande desafio

da compreensão textual.

Voltemos ao exemplo. O conector “mas” é adversativo (calma, que veremos isso aí

em morfologia, não se preocupe), isto é, ele conecta termos de conteúdo oposto. Sendo

assim, estamos opondo na frase o fato de fazer faculdade ao fato de o enunciador da frase

ter aprendido alguma coisa. Ora, dá a entender que “não é comum” alguém que faça

faculdade aprender alguma coisa. E pode?

Moçada, o que podemos inferir é que a frase acima tem conteúdo irônico, criticando

a ineficácia do ensino superior, cuja conclusão não é garantia alguma de aquisição de

conhecimentos. Pronto, interpretamos!

Ok, professor, entendi. Mas o senhor falou em “conteúdo irônico”. Sempre tive

curiosidade para entender o que de fato significa ironia. Gente, a ironia está muito presente

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em todos os tipos de texto. Trata-se de uma mensagem implícita que desmerece o próprio

conteúdo, não o levando a sério. Como assim? O enunciador disse que fez faculdade, mas

não podemos levar isso a sério, pois ele desprestigia essa conquista. Ironizar, portanto,

moçada, pode ser resumido como “fazer pouco caso”, “não levar a sério”.

Voltemos no texto Brasileiro cem-milhões. Observe o trecho:

“É uma falha do nosso registro civil: as crianças não recebem número ao nascer. Dão - lhes

apenas um nome, às vezes surrealista, que as acompanhará por toda a vida como pesadelo,

quando a numeração pura e simples viria garantir identidade insofismável, poupando ainda

o vexame de carregar certos antropônimos. Centenas de milhares nascem João ou José, mas

o homem ou a mulher 25.786.439 seria uma única pessoa viva, muito mais fácil de

cadastrar no fichário do Imposto de Renda e nos 10 mil outros fichários com que é

policiada a nossa existência.”

Nele há um conteúdo implícito. Por meio de uma ironia, o autor propõe que as

pessoas sejam identificadas por um número, e não pelos seus respectivos nome, alguns

ridículos até. Obviamente, não podemos levar a sério essa proposta, pois o que o autor quer

mesmo é expressar seu descontentamento e sua crítica com o excesso de controles a que

somos submetidos diariamente.

Tente você agora identificar algum conteúdo irônico no texto a seguir. Faça um

esforço. Em que trecho, temos a presença de informações que não podem ser levadas a

sério?

***************************************************************************

“Recentemente, diversos jornais divulgaram a notícia de que o Ministério Público Federal

entrou com uma ação judicial para retirar de circulação o dicionário Houaiss, alegando que a

obra contém "referências preconceituosas" e "racistas" contra ciganos. Sobre essa medida,

o jornalista Sérgio Rodrigues escreveu no Blog da revista Veja:

Supor que dicionários inventem os sentidos das palavras, em vez de simplesmente registrar

com o maior rigor possível os usos decididos coletivamente por uma comunidade de falantes

ao longo de sua história, é uma crença obscurantista e autoritária. Sua origem deve ser

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buscada no cruzamento entre a velha ignorância e uma doença intelectual mais recente: a

ilusão politicamente correta de que, para consertar as injustiças do mundo, basta submeter

a linguagem à censura prévia. A ação partiu de Uberlândia, no Triângulo Mineiro (...) Não

deve ficar nisso. O Brasil é um país vasto, e, como se sabe, tem poucos problemas

verdadeiros, o que deixa ao MPF tempo de sobra para garimpar outros verbetes insultuosos

no melhor, mais completo e mais rigoroso dicionário da língua portuguesa.

(http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/curiosidades-etimologicas/ciganos-xhouaiss-

depois-virao-judeus-baianos-japoneses/)

***************************************************************************

E aí, pessoal? Conseguiram?

Será que o autor está sendo irônico no trecho “no melhor, mais completo e mais

rigoroso dicionário da língua portuguesa”? Não, aqui ele fala sério. De fato, o autor

considera o dicionário Houaiss uma excelente obra.

Agora, observe em “O Brasil é um país vasto, e, como se sabe, tem poucos

problemas verdadeiros”. Dizer que o Brasil é um país que tem poucos problemas

seguramente não pode ser levado a sério. Eis um trecho de caráter irônico, que nos permite

inferir que o autor considera descabida a ação do MPF de retirar de circulação o dicionário

Houaiss. O autor não concorda com a alegação de que o dicionário traz referências racistas

e preconceituosas.

Estou dando bastante destaque ao conteúdo irônico. Mas as informações implícitas

não se resumem a ela, ok? Apenas dei destaque, pelo fato de ser bastante comum o seu

emprego no dia a dia.

Faça o seguinte: julgue a seguir se procedem as inferências, ok?

a) Veja: uma revista tão boa que as notícias nem precisam ser ruins.”

Inferência: O leitor lê Veja porque a revista não traz notícias ruins.

b) “Sem alarde, a Internet deixou de ser novidade e 5 milhões de brasileiros já não

podem mais viver sem computador.”

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Inferência: Antes a Internet era novidade e somente 5 milhões de brasileiros

podiam viver sem computador.

c) “A dupla jeans e camiseta e roupa feita em série acabaram com a elegância do

povo.”

Inferência: Quando usava outros tipos de vestimentas, que não os mencionados, o

povo era elegante.

Observe que a inferência da letra A está equivocada. O leitor lê Veja porque seu

conteúdo é bom, diferenciado, é isso que pode concluir. Outra inferência possível é que

revistas consideradas boas geralmente trazem notícias ruins. Moçada, cuidado com o jogo

de palavras que os concursos teimam em fazer. Cuidado!

Na letra B, também há um equívoco, mas devido a um detalhe muito discreto.

Realmente, a internet se deixou de ser novidade, é porque antes o era, essa parte está ok.

Agora, dizer que SOMENTE 5 milhões podiam viver sem computador não é correto. Dizer 5

milhões não podem viver hoje não quer dizer que somente esses citados não podiam viver

sem. Outros podiam viver e ainda hoje vivem sem. Viu o errinho? O detalhe? Cuidado,

pessoal! Se, em vez de SOMENTE, puséssemos PELO MENOS, a inferência seria coerente

(Antes a Internet era novidade e pelo menos 5 milhões de brasileiros podiam viver sem

computador.).

Por último, a letra C. Esta sim contém uma inferência correta. Se essas vestimentas

acabaram com a elegância, de fato antes delas havia elegância.

Eu diria, moçada, que a decodificação dos implícitos por meio das inferências é uma

das mais importantes habilidades. Desenvolva isso por meio de muitos exercícios, ok?

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3.4. ... converter linguagem conotativa em denotativa

Moçada, é essencial que saibamos do que se trata a linguagem denotativa e a

conotativa. São conceitos essenciais para quem quer ser hábil na interpretação textual. Mas

é o que eu sempre digo: conhecer um conceito, e não saber como aplicá-lo, serve para quê?

É necessário treinar a conversão de uma linguagem na outra. É essencial!

Vamos primeiro ao conceito: a linguagem denotativa expressa o sentido literal, ou

seja, o sentido dicionário dos termos e expressões; já a linguagem conotativa expressa o

sentido figurado, ou seja, o sentido que vai além do literal. Vamos ver alguns exemplos para

perceber melhor essa diferença?

I) Choveu bastante nesta madrugada!

II) Choveram denúncias contra o deputado.

São exemplos simples, é fato! Mas calma, daqui a pouco começamos a complicar ;).

Sabemos bem qual o sentido literal (ao pé da letra) de “chuva”. E sabemos bem que não

chove denúncia lá do céu. Dessa forma, podemos facilmente associar o sentido denotativo a

“chover” na frase I; e conotativo a “chover” na frase II.

Vamos a um exemplo mais elaborado. Leia o seguinte fragmento e me diga o que

exatamente você entendeu, ok?

Se você quer construir um navio, não peça as pessoas que consigam madeira, não

dê a elas tarefas e trabalhos. Fale, antes, a elas, longamente, sobre a grandeza e a

imensidão do mar. (Saint-Exupéry)

Vem cá, a menção ao navio, à madeira, ao mar, pode ser levada ao pé da letra? É isso

mesmo? Será que o ditado acima reproduzido não nos quer dizer algo a mais? Olhe bem,

para que falar sobre a grandeza e imensidão do mar? E longamente. Qual o propósito?

Professor, eu penso que, se a pessoa se conscientiza do desafio que é navegar por um mar

imenso e misterioso, ela se sente bem mais motivada e inspirada a construir suas

embarcações. Seria isso? Vamos mais a fundo e resuma com uma única palavra o que esse

ditado quer nos dizer. Deixe-me ajuda-lo. A palavra que buscamos é ... MOTIVAÇÃO.

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Vamos traduzir da linguagem conotativa para a denotativa? Fica assim: primeiro

devemos motivar as pessoas para o trabalho, e não simplesmente passar tarefas sem um

propósito bem claro para quem vai as executar.

Uma maneira excelente de se treinar a habilidade de conversão da linguagem

conotativa em denotativa é traduzir alguns dos ditados populares, alguns mais conhecidos,

outros nem tanto. Vejamos:

Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

= A persistência leva à superação dos obstáculos.

Antes de se matar a onça não se faz negócio com o couro.

= O indivíduo não deve tomar decisões baseadas na pressuposição daquilo que ainda

não ocorreu.

3.5. ... parafrasear o texto de forma resumida.

Professor, o que significa parafrasear? Parafrasear é reproduzir o conteúdo original

empregando suas próprias palavras. Meus amigos, eu só me convenço de que entendi um

texto quando eu consigo reproduzir com as minhas próprias palavras o que foi dito pelo

autor.

Tente fazer isso, não na forma escrita obviamente, pois tomará muito tempo seu,

mas na forma oral e mental, para você mesmo, entende? A técnica da paráfrase de forma

resumida é muito eficiente, pois mostra que você foi capaz de identificar as principais

informações presentes no texto.

O que necessariamente deve estar presente em seu resumo?

i) o tema principal (vide o item 3.1);

ii) a intenção principal (vide o item 3.2);

iii) os fatos, os dados ou os argumentos principais;

iv) a conclusão, se houver

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Vejamos um exemplo de como isso pode ser feito. Leia o texto a seguir, por favor!

Vamos lá, moçada, sem preguiça! Está cansado? Então para um pouco e depois continua,

meu amigo! Vamos lá, tenhamos persistência!

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Você está conectado?

Alguns anos atrás, a palavra "conectividade" dormia em paz, em desuso, nos

dicionários, lembrando vagamente algo como ligação, conexão. Agora, na era da

informática e de todas as mídias, a palavra pulou para dentro da cena e ninguém mais

admite viver sem estar conectado. Desconfio que seja este o paradigma dominante dos

últimos e dos próximos anos, em nossa aldeia global: o primado das conexões.

No ônibus de viagem, de que me valho regularmente, sou quase uma ilha em meio às

mais variadas conexões: do vizinho da direita vaza a chiadeira de um fone de ouvido

bastante ineficaz; do rapazinho à esquerda chega a viva conversa que mantém há quinze

minutos com a mãe, pelo celular; logo à frente um senhor desliza os dedos no laptop no colo,

e se eu erguer um pouquinho os olhos dou com o vídeo − um filme de ação − que passa nos

quatro monitores estrategicamente posicionados no ônibus. Celulares tocam e são atendidos

regularmente, as falas se cruzam, e eu nunca mais consegui me distrair com o lento e mudo

crepúsculo, na janela do ônibus.

Não senhor, não são inocentes e efêmeros hábitos modernos: a conectividade

irrestrita veio para ficar e conduzir a humanidade a não sabemos qual destino. As crianças e

os jovens nem conseguem imaginar um mundo que não seja movido pela fusão das mídias e

surgimento de novos suportes digitais. Tanta movimentação faz crer que, enfim, os homens

estreitaram de vez os laços da comunicação.

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Que nada. Olhe bem para o conectado ao seu lado. Fixe-se nele sem receio, ele nem

reparará que está sendo observado. Está absorto em sua conexão, no paraíso artificial onde

o som e a imagem valem por si mesmos, linguagens prontas em que mergulha para uma

travessia solitária. A conectividade é, de longe, o maior disfarce que a solidão humana

encontrou. É disfarce tão eficaz que os próprios disfarçados não se reconhecem como tais.

Emitimos e cruzamos frenéticos sinais de vida por todo o planeta: seria esse, Dr. Freud, o

sintoma maior de nossas carências permanentes?

(Coriolano Vidal, inédito)

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Será que eu entendi corretamente o texto? Vamos conferir! Respondamos às

perguntas:

i) Qual o tema principal?

Resposta:

O texto fala sobre a conectividade, palavra que adquiriu um significado mais amplo

nos dias atuais, associada à comunicação irrestrita.

ii) Qual a intenção principal do texto?

Resposta:

Evidenciar a contradição entre o fato de estarmos mais conectados do que nunca e

de, mesmo assim, sentirmo-nos sós.

iii) Quais os fatos, os dados ou os argumentos principais presentes no texto?

Resposta:

O autor cita exemplos do dia a dia, como numa viagem de ônibus, em que

praticamente todos os passageiros estão fazendo uso de algum equipamento

eletroeletrônico, concentrados num mundo virtual com regras e linguagens próprias.

iv) Qual a conclusão?

Resposta:

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A conectividade é um eficiente disfarce utilizado pela solidão humana.

Eis o nosso resumo:

O texto fala sobre a conectividade, palavra que adquiriu um significado mais amplo

nos dias atuais, associada à comunicação irrestrita. Sua principal intenção é evidenciar a

contradição entre o fato de estarmos mais conectados do que nunca e de, mesmo assim,

sentirmo-nos sós. O autor cita exemplos do dia a dia, como numa viagem de ônibus, em que

praticamente todos os passageiros estão fazendo uso de algum equipamento

eletroeletrônico, concentrados num mundo virtual com regras e linguagens próprias. A

conectividade é, portanto, um eficiente disfarce da solidão humana.

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4. Questões Comentadas

Texto para as questões 01 a 04

WikiLeaks contra o Império

A diplomacia americana levará tempo para se recuperar da pancada que levou da WikiLeaks. Tudo indica que 250 mil documentos secretos foram copiados por um jovem soldado em um CD enquanto fingia ouvir Lady Gaga. Um vexame para um país que gasta US$ 75 bilhões anuais com sistema de segurança que agrupa repartições e emprega mais de 1 milhão de pessoas, das quais 854 mil têm acesso a informações sigilosas.

A WikiLeaks não obteve documentos que circulam nas camadas mais secretas da máquina, mas produziu aquilo que o historiador e jornalista Timothy Garton Ash considerou "sonho dos pesquisadores, pesadelo para os diplomatas". As mensagens mostram que mesmo coisas conhecidas têm aspectos escandalosos.

A conexão corrupta e narcotraficante do governo do Afeganistão já é antiga, mas ninguém imaginaria que o presidente Karzai chegasse a Washington com um assessor carregando US$ 52 milhões na bagagem. A falta de modos dos homens da Casa de Windsor é proverbial, mas o príncipe Edward dizendo bobagens para estranhos no Quirguistão incomodou a embaixadora americana.

O trabalho da WikiLeaks teve virtudes. Expôs a dimensão do perigo representado pelos estoques de urânio enriquecido nas mãos de governos e governantes instáveis. Se aos 68 anos o líbio Muammar Gaddafi faz-se escoltar por uma "voluptuosa" ucraniana, parabéns. O perigo está na quantidade de material nuclear que ele guarda consigo. Os telegramas relacionados com o Brasil revelaram a boa qualidade dos relatórios dos diplomatas americanos. O embaixador Clifford Sobel narrou a inconfidência do ministro Nelson Jobim a respeito de um tumor na cabeça do presidente boliviano Evo Morales. Seu papel era comunicar. O de Jobim era não contar.

A vergonha americana pede que se relembre o trabalho de 10 mil ingleses, entre eles alguns dos maiores matemáticos do século, que trabalharam em Bletchley Park durante a Segunda Guerra, quebrando os códigos alemães. O serviço dessa turma influenciou a ocasião do desembarque na Normandia e permitiu o êxito dos soviéticos na batalha de Kursk.

Terminada a guerra, Winston Churchill mandou apagar todos os vestígios da operação, mantendo o episódio sob um manto de segredo. Ele só foi quebrado, oficialmente, nos anos 70. Com a palavra Catherine Caughey, que tinha 20 anos quando trabalhou em Bletchley Park: "Minha grande tristeza foi ver que meu amado marido morreu em 1975 sem saber o

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que eu fiz durante a guerra". Alan Turing, um dos matemáticos do parque, matou-se em 1954. Mesmo condenado pela Justiça por conta de sua homossexualidade, nunca falou do caso. (Ele comeu uma maçã envenenada. Conta a lenda que, em sua homenagem, esse é o símbolo da Apple.)

(Elio Gaspari, WikiLeaks contra o Império. Folha de S.Paulo. Adaptado)

01) Segundo o texto, é correto afirmar que

a) a falta de modos do príncipe Edward foi ignorada pela embaixadora americana.

b) o governo do Afeganistão é sabidamente corrupto e está envolvido com o tráfico de

drogas.

c) Karzai, o presidente afegão, é muito respeitado em Washington e está acima de qualquer

suspeita.

d) a embaixadora americana no Quirguistão ficou honrada com a divulgação dos

documentos sigilosos.

e) o presidente Karzai, em viagem aos Estados Unidos, retirou US$ 52 milhões de um banco

em Washington.

Resposta: Letra B

Letra A - ERRADO - O texto afirma que a embaixada americana se sentiu incomodada com

as declarações do príncipe Edwards.

Letra B - CERTO - O texto afirma já ser sabida (conhecida) a ligação do governo do

Afeganistão com a corrupção e o narcotráfico.

Letra C - ERRADO - Karzai, presidente do Afeganistão, tem ligações já conhecidas com

corrupção e narcotráfico.

Letra D - ERRADO - Ao contrário, a divulgação do teor das conversas do príncipe Edwards

causou incômodos na embaixada americana.

Letra E - ERRADO - Ele chegou a Washington com 52 milhões de dólares, carregados por um

assessor em uma mala.

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02) A palavra que resume a ação do jovem soldado em relação à sua pátria, ao copiar

documentos secretos e divulgá-los, é

a) deslealdade.

b) afeição.

c) honestidade.

d) bondade.

e) fanatismo.

Resposta: Letra A

Ao furtar dados confidenciais do governo americano, o jovem soldado cometeu uma

infração gravíssima. Sua atitude, portanto, aos olhos das leis americana, foi desonesta,

desleal e criminosa.

03) Quanto ao vazamento de informações da WikiLeaks, o autor o considera

a) positivo, prova disso é ter considerado acertado o envenenamento de Alan Turing.

b) negativo, pois comprometeu o trabalho realizado pelos matemáticos em Bletchley Park.

c) indiferente, tendo em vista que as informações divulgadas não eram secretas.

d) negativo, prova disso é a exposição do material nuclear em poder de Muammar Gaddafi.

e) positivo, pois trouxe à luz expressivas informações que comprometem a diplomacia

americana.

Resposta: Letra E

Letra A - ERRADO - O autor não mostra um posicionamento favorável ao envenenamento

de Alan Turing. Limita-se a apenas relatar o episódio.

Letra B - ERRADO - O trabalho não foi em nada comprometido, até porque esses

acontecimentos ocorreram muito antes do Wikileaks.

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Letra C - ERRADO - O autor considera que o Wikileaks teve virtudes, ou seja, ele considera

que o site trouxe benefícios para o mundo.

Letra D - ERRADO - A exposição do material nuclear em posse de Muammar Gaddafi é um

dos exemplos positivos trazidos pelo Wikileaks.

Letra E - CERTO - A exposição das informações sigilosas serviu para revelar escândalos e

situações constrangedoras antes escondidos da opinião pública.

04) A expressão "sonho dos pesquisadores, pesadelo para os diplomatas" (2.º parágrafo),

revela acerca do texto que informações menos importantes

a) podem ser constrangedoras para os serviços diplomáticos e interessantes para pesquisas.

b) constituem um acervo que deve ficar restrito aos serviços diplomáticos.

c) tornam-se um problema, se não são das camadas mais secretas da diplomacia.

d) devem ser tratadas como fatos escandalosos por diplomatas e historiadores.

e) são facilmente descartadas por historiadores e diplomatas por sua inexpressividade.

Resposta: Letra A

O texto afirma que, mesmo sendo conhecidos, alguns fatos podem gerar constrangimentos entre os diplomatas pelo teor escandaloso que esses documentos produzem.

Letra A – CERTO

Letra B - ERRADO - Tais informações não ficaram restritas aos órgãos diplomáticos, e sim foram divulgadas para a opinião pública.

Letra C - ERRADO - Se forem provenientes das camadas mais secretas da diplomacia, essas informações podem gerar problemas até maiores.

Letra D - ERRADO - Elas são tratadas como escândalos pela opinião pública em geral, e não necessariamente pelos historiadores ou pelos diplomatas.

Letra E - ERRADO - São consideradas "sonhos" para os historiadores e "pesadelos" para os diplomatas, ou seja, não podem ser consideradas irrelevantes (inexpressivas).

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05) Considere a história em quadrinhos para responder à questão.

Acerca da mensagem apresentada nos quadrinhos, é correto afirmar que

a) a menina é avessa à liberdade de imprensa por esta permitir a publicação de receitas que ela considera deliciosas. b) a liberdade de imprensa prejudica o direito das crianças no que diz respeito à alimentação saudável. c) a receita é recortada do jornal como forma de censura e protesto. d) a mãe apoia a supressão da liberdade de imprensa por concordar com a filha. e) a liberdade de imprensa nem sempre agrada a todos.

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Resposta: Letra E

É possível inferir que a garota não gosta de sopa de peixe. Ela, de forma ingênua, culpa a

liberdade de imprensa pela divulgação dessa receita que não lhe é nem um pouco atrativa.

A liberdade de imprensa não consegue, portanto, agradar a garotinha. É a exploração dessa

ingenuidade que confere um tom de humor a esses quadrinhos.

Texto para as questões 06 e 07

Leia o texto para responder à questão.

São Paulo recicla menos de 1% do lixo doméstico, e questão chega à Justiça

Com seus dois principais aterros esgotados ou próximos do esgotamento completo, São Paulo exporta, hoje, para cidades vizinhas, a maior parte das 15 mil toneladas de lixo doméstico produzidas diariamente na capital. Desse total, menos de 1% é devidamente reciclado.

Segundo especialistas, a taxa de reciclagem poderia chegar a 30%. Mas, como resultado dessa discrepância, aterros sanitários comuns estão recebendo diariamente toneladas de material que poderia ser reutilizado e que nem chega a ser triado nas insuficientes estações que preparam o material destinado à reciclagem. Estudo da ONG Instituto Pólis mostra que, infelizmente, sem o tratamento e a destinação corretos, 35% do lixo reciclável separado em casas e condomínios é despejado em aterros.

A situação insustentável do lixo da capital chegou à Justiça. No início do ano, uma decisão de primeira instância determinou que a Prefeitura de São Paulo implante, no prazo máximo de um ano, coleta seletiva para toda a cidade. Além disso, também exige que a administração pública fomente a formação de cooperativas de catadores.

A prefeitura resolveu contra-atacar recorrendo da decisão e afirmando que a implantação se dará até 2012. As concessionárias que fazem a coleta pedem prazo até 2015 para ampliar o serviço.

Segundo a prefeitura, 103 toneladas de lixo reciclável são coletadas diariamente. Há hoje 16 centrais de triagem em São Paulo, mas seriam precisos 31 centros para cobrir toda a cidade.

(Cadernos Sesc de Cidadania. Dia Mundial do Meio Ambiente. Adaptado)

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06) Assinale a alternativa que contém informações verdadeiras, de acordo com o exposto no texto.

a) Na cidade de São Paulo, apenas 1% do lixo é reciclado, enquanto o restante é encaminhado para cooperativas de catadores que ficam em municípios vizinhos.

b) A taxa de reciclagem do lixo doméstico vai chegar a 30% em um ano.

c) Uma considerável parte do lixo reciclável separado em casas e condomínios acaba tendo como destino os aterros.

d) A prefeitura de São Paulo tem prazo da Justiça para implantar 31 centrais de triagem até 2015.

e) Como não há aterros sanitários na cidade de São Paulo, todo o lixo produzido na capital é exportado para cidades vizinhas.

Resposta: Letra C

Letra A - ERRADO - O texto afirma que menos de 1% do lixo é reciclado, e não exatamente

1%.

Letra B - ERRADO - O texto não afirma categoricamente que a taxa de reciclagem irá chegar

a 30%. Levanta apenas uma possibilidade: "a taxa de reciclagem poderia chegar a 30%.".

Letra C - CERTO - O texto afirma que 35% do lixo reciclável separado em casas e

condomínios acabam tendo como destino final aterros sanitários.

Letra D - ERRADO - A Justiça deu um prazo de no máximo um ano para a Prefeitura de São

Paulo coletar seletivamente todo o lixo da cidade. 2015 é o prazo considerado factível pelas

concessionárias que fazem coleta, não o imposto pela Justiça.

Letra E - ERRADO - Há aterros sim na cidade de São Paulo, porém com dois dos principais já

saturados, o que faz grande parte do lixo (e não todo o lixo, como se afirma) ser exportada

para cidades vizinhas.

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07) Leia as afirmações.

I. A questão do lixo é um problema que envolve tanto a prefeitura de São Paulo quanto as concessionárias responsáveis pela coleta e cooperativas de catadores.

II. A prefeitura de São Paulo recorreu da decisão da Justiça por não ser capaz de realizar a coleta seletiva de lixo sem o apoio da própria Justiça.

III. O Instituto Pólis é responsável pela triagem nas estações que preparam o material destinado à reciclagem e informou que 35% do lixo reciclado é despejado em aterros.

De acordo com o texto, está correto apenas o contido em

a) I.

b) III.

c) I e II.

d) I e III.

e) II e III.

Resposta: Letra A

I - CERTO - Como afirmado no texto, é necessário que o Poder Público fomente a criação de

cooperativas de catadores de lixo. Além disso, as concessionárias de coleta têm papel

importantíssimo.

II - ERRADO - A Prefeitura de São Paulo recorreu da decisão da Justiça devido ao prazo

exíguo que esta lhe impôs.

III - ERRADO - O Instituto Pólis é apenas uma ONG e não está sob sua alçada o controle

sobre a triagem nas estações.

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Texto para as questões 08 a 09

Leia o texto para responder à questão.

Com a criação da Secretaria Estadual de Saúde paulista, em 1947, instituiu-se a recomendação de que os centros de saúde contassem com um "Serviço de Higiene Bucodentária". Desde então, sucessivos arranjos institucionais marcaram a organização da assistência odontológica pública, tanto em São Paulo como em outras unidades federativas.

Embora os profissionais buscassem desenvolver ações educativas, sua prática clínica reproduzia, essencialmente, o que faziam os dentistas nos consultórios particulares. A abordagem era individual e não se lograva realizar um diagnóstico de situação em termos populacionais e, menos ainda, se utilizava qualquer tecnologia de programação resultante de processos de planejamento que considerassem a saúde bucal da população como um todo.

Tal cenário mudou radicalmente quando, em 1952, o SESP – Serviço Especial de Saúde Pública – implementou os primeiros programas de odontologia sanitária, inicialmente em Aimorés, MG, e em seguida em vários municípios do Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil. O alvo principal desses programas era a população em idade escolar, tida como epidemiologicamente mais vulnerável e, ao mesmo tempo, a mais sensível às intervenções de saúde pública. Assim, métodos e técnicas de planejamento e programação em saúde passaram a fazer parte do cotidiano de dezenas de profissionais de odontologia em várias regiões do País.

A odontologia de mercado seguia absolutamente majoritária, mas deixou de ser a única modalidade assistencial neste segmento do setor saúde.

(NARVAI, P.C. "Saúde bucal coletiva: caminhos da odontologia sanitária à bucalidade". Com adaptações. Revista de Saúde Pública, v. 40, São Paulo, ago. 2006. Disponível em: www.scielosp.org/pdf/rsp/v40nspe/30633.pdf)

08) As ações educativas, no período relativo ao contexto da criação da Secretaria Estadual

de Saúde paulista, eram

a) organizadas e assinalavam o desejo do poder público para se diminuir a abordagem

individual.

b) incipientes e ainda estavam distantes de considerar a saúde bucal da população em sua

totalidade.

c) inexistentes, e a população tinha de recorrer às orientações dos profissionais nos

consultórios particulares.

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d) previstas no serviço público e no particular, que privilegiavam a conscientização da

população como um todo.

e) exclusivas dos profissionais de consultórios particulares, a quem cabia o trabalho de

prevenção.

Resposta: Letra B

De acordo com o texto, quando da criação da Secretaria Estadual de Saúde paulista, não

havia uma organização das ações educativas voltadas para a população. Essas ações,

embora fossem tencionadas pelos profissionais envolvidos, não diferiam muito da

abordagem individualizada praticada nos consultórios particulares, que não levavam em

consideração políticas de planejamento da saúde populacional.

Para validar esse pensamento, o texto foca sua atenção no exemplo da saúde bucal.

Dessa forma, desconsideramos as letras A, C, D e E, por irem de encontro ao que foi exposto

anteriormente.

A letra B é, portanto, a que melhor resume as ideias trabalhadas no texto: as ações

educativas eram incipientes (iniciantes, embrionárias, amadoras) e não abrangiam na sua

completude a população.

09) Segundo o texto, o que justificava a escolha da população em idade escolar como alvo

das ações dos programas de odontologia sanitária era

a) a impossibilidade dos indivíduos de entenderem essas ações, o que decorria da ausência

de problemas de saúde bucal.

b) a falta de acesso a esse tipo de ação, o que tornava os indivíduos menos propensos aos

problemas de saúde bucal.

c) a tendência natural dos indivíduos aos problemas de saúde bucal e, concomitantemente,

a recusa por ações preventivas.

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d) a fragilidade dos indivíduos, vítimas de problemas bucais, e, ao mesmo tempo, a tradição

das ações sanitárias.

e) a suscetibilidade dos indivíduos aos problemas de saúde bucal e, simultaneamente, a

forma como reagiam a essas ações.

Resposta: Letra E

De acordo com o texto "O alvo principal desses programas era a população em idade

escolar, tida como epidemiologicamente mais vulnerável e, ao mesmo tempo, a mais

sensível às intervenções de saúde pública.".

Isso quer dizer que esse público-alvo se mostrava mais suscetível aos problemas de saúde

bucal e respondia mais facilmente às intervenções do poder público nessa área.

Isso é plenamente traduzido na letra E.

Não se menciona no texto que esses indivíduos se mostravam resistentes a esses

tratamentos ou que não entendiam o propósito das ações. Também não se menciona o

acesso restritivo a esses tratamentos como justificativa para a escolha do público-alvo em

questão.

A questão refere-se ao texto que segue.

A odontologia de mercado jamais perdeu a hegemonia no sistema de saúde brasileiro. Em linhas gerais, sua concepção de prática centrada na assistência odontológica ao indivíduo doente, realizada com exclusividade por um sujeito individual no restrito ambiente clínico-cirúrgico, não apenas predomina no setor privado, como segue exercendo poderosa influência sobre os serviços públicos. A essência da odontologia de mercado está na base biológica e individual sobre a qual constrói seu fazer clínico e em sua organicidade ao modo de produção capitalista, com a transformação dos cuidados de saúde em mercadorias, solapando a saúde como bem comum sem valor de troca, e impondo-lhes as deformações mercantilistas e éticas sobejamente conhecidas.

Neste início do século XXI, a maioria dos serviços públicos odontológicos brasileiros reproduz, mecânica e acriticamente, os elementos nucleares do modelo de prática odontológica do setor privado de prestação de serviços.

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(NARVAI, P.C. "Saúde bucal coletiva: caminhos da odontologia sanitária à bucalidade". Com adaptações. Revista de Saúde Pública, v. 40, São Paulo, ago. 2006. Disponível em:

www.scielosp.org/pdf/rsp/v40nspe/30633.pdf)

10) Conforme as informações apresentadas no texto, entende-se que

a) há uma crítica ao sistema de saúde brasileiro, que ignora a odontologia de mercado e deixa a população sem o devido atendimento.

b) a lógica da odontologia de mercado, com a transformação da saúde em mercadoria, impõe-se no serviço público de forma inovadora e crítica.

c) há explicitamente uma crítica à odontologia de mercado, pois esta compromete a qualidade da saúde da população brasileira.

d) se faz apologia à essência da odontologia de mercado, que minimiza as práticas que reproduzem o mecanicismo e a acriticidade.

e) a odontologia dos serviços públicos do início do século XXI apresenta encaminhamentos diversos do que se postula no sistema capitalista.

Resposta: Letra C

Letra A - ERRADO - O sistema de saúde brasileiro é adepto da odontologia de mercado e, por isso, é criticado.

Letra B - ERRADO - A odontologia de mercado também está presente no setor privado, não se constituindo, assim, uma prática inovadora, e sim contestável.

Letra C – CERTO

Letra D - ERRADO - Fazem-se críticas à odontologia de mercado, e não apologia (elogio).

Letra E - ERRADO - A odontologia de mercado está ancorada nas práticas regidas pela lógica capitalista.

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5. Considerações Finais

Moçada, começamos! Essa foi nossa primeira aula e espero encontrá-los nos

próximos módulos firmes e fortes!

Lembre-se do que falei na apresentação: foco + disciplina = sucesso.

Um grande abraço e até a próxima!