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CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL P/ ANALISTAS – TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA – 01 Olá caro aluno futuro analista do TJDFT, Primeiramente gostaria de agradecer-lhe pelo privilégio de tê-lo como meu aluno nessa preparação para esse importantíssimo e tão esperado certame do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios!! Hoje iniciaremos nossa caminhada estudando uma das mais importantes normas não só para o seu concurso, mas principalmente, para o seu futuro dia-a-dia como Analista Judiciário. Pois bem, o advento da Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006, provocou um rebuliço no mundo jurídico. Promulgada na tentativa de solucionar o problema causado pela legislação antitóxicos anterior, a nova Lei de Drogas suscitou polêmicas e divergência doutrinária por inovar em determinados aspectos. Pode-se citar, com vimos na aula passada, a discussão sobre a descriminalização ou não descriminalização do uso de drogas, que envolve o artigo 28 da nova Lei. Polêmicas à parte, o nosso intuito aqui será focar ao máximo seu estudo nos aspectos mais importantes e mais cobrados dessa lei, principalmente na forma como o CESPE/UNB (provável banca de seu concurso) tem cobrado em suas provas. Decerto, precisaríamos de várias aulas e de vários debates sobre as mais diversas nuances dessa norma, mas, para concursos públicos, essa abordagem torna-se deveras ineficaz. O objetivo aqui é acertar questões de prova e, para isso, precisamos ser bastante objetivos. Tenho certeza que objetivando ao máximo seu estudo, teremos condições de proporcionar-lhe o sucesso nas questões de sua prova. Iremos direto ao assunto: estudaremos alguns conceitos básicos iniciais, analisaremos crime por crime, jurisprudências quando necessárias (para provas) e o respectivo processo criminal trazido pelo referido diploma legal. Concentração total, foco e objetivo!! Esse será o direcionamento do estudo dessa importante e não menos polêmica lei!! Vamos em frente!!

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Legislação Especial para Analistas do TJDFT

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AULA – 01

Olá caro aluno futuro analista do TJDFT,

Primeiramente gostaria de agradecer-lhe pelo privilégio de tê-lo como meu aluno nessa preparação para esse importantíssimo e tão esperado certame do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios!!

Hoje iniciaremos nossa caminhada estudando uma das mais importantes normas não só para o seu concurso, mas principalmente, para o seu futuro dia-a-dia como Analista Judiciário.

Pois bem, o advento da Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006, provocou um rebuliço no mundo jurídico. Promulgada na tentativa de solucionar o problema causado pela legislação antitóxicos anterior, a nova Lei de Drogas suscitou polêmicas e divergência doutrinária por inovar em determinados aspectos.

Pode-se citar, com vimos na aula passada, a discussão sobre a descriminalização ou não descriminalização do uso de drogas, que envolve o artigo 28 da nova Lei. Polêmicas à parte, o nosso intuito aqui será focar ao máximo seu estudo nos aspectos mais importantes e mais cobrados dessa lei, principalmente na forma como o CESPE/UNB (provável banca de seu concurso) tem cobrado em suas provas.

Decerto, precisaríamos de várias aulas e de vários debates sobre as mais diversas nuances dessa norma, mas, para concursos públicos, essa abordagem torna-se deveras ineficaz. O objetivo aqui é acertar questões de prova e, para isso, precisamos ser bastante objetivos. Tenho certeza que objetivando ao máximo seu estudo, teremos condições de proporcionar-lhe o sucesso nas questões de sua prova.

Iremos direto ao assunto: estudaremos alguns conceitos básicos iniciais, analisaremos crime por crime, jurisprudências quando necessárias (para provas) e o respectivo processo criminal trazido pelo referido diploma legal.

Concentração total, foco e objetivo!! Esse será o direcionamento do estudo dessa importante e não menos polêmica lei!!

Vamos em frente!!

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I – LEI 11.343/06 – CONCEITOS INICIAIS

Caracterizada por ser um diploma legal inovador, a nova Lei de Drogas apresenta características distintas das que a antecederam. Tal diploma inova em vários dispositivos que têm sido objeto de calorosas discussões no campo jurídico-penal.

Quanto a seus objetivos há que se destacar que são em determinados aspectos inovadores, mormente no tocante ao usuário de drogas conforme se pretende demonstrar.

Introduziremos o estudo dessa norma com três conceitos importantíssimos.

1.1. O SISNAD

A Lei 11.343/06 instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad. O Sisnad é composto por órgãos e entidades da Administração Pública que, em atuação conjunta, têm a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades relacionadas com a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas, bem como as atividades de repressão ao uso, ao tráfico e à produção ilegal de drogas.

Para a realização dessas finalidades, o Sisnad deve agir pautado por uma série de princípios elencados no art. 4º dessa lei. Esses princípios constituem importantes instrumentos de efetivação das políticas públicas. Sugiro a você, caro aluno, que dê uma lida no supracitado artigo e veja quais são esses princípios. O estudo deles não será nosso foco, mas é importante que você os conheça.

A Lei de Drogas, em seu art. 5º, dá continuidade à disposição sobre as diretrizes norteadoras das atividades do Sisnad, dispondo sobre os objetivos básicos desse Sistema, todos eles referentes à prevenção e à repressão das drogas.

São estes os objetivos do Sisnad:

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� contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos correlacionados;

� promover a construção e a socialização do conhecimento sobre drogas no país;

� promover a integração entre as políticas de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União, Distrito Federal, Estados e Municípios;

� assegurar as condições para a coordenação, a integração e a articulação das atividades de sua competência.

Sobre o Sisnad é isso que você precisa saber, caro aluno. As provas não costumam trazer questões específicas sobre esse sistema de órgãos, mas, pela sua importância no contexto do estudo da Lei de Drogas, eu não poderia deixar de falar sobre ele.

Comecemos então nossa maratona de questões da aula de hoje!!

01. [CEV/UECE – AGENTE PENITENCIÁRIO – SEJUS/CE – 2011] A Lei 11.343/06, prescrevendo medidas para prevenção do uso indevido de drogas, instituiu o SISNAD.

Questão 01 – Exatamente!! A Lei 11.343/06 instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad. Trata-se de um sistema composto por órgãos e entidades da Administração Pública que, em atuação conjunta, têm a finalidade de articular, integrar, organizar E COORDENAR AS ATIVIDADES RELACIONADAS COM A PREVENÇÃO do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas, BEM COMO AS ATIVIDADES DE REPRESSÃO AO USO, ao tráfico e à produção ilegal de drogas.

Gabarito: CERTO

02. [CESPE – INSPETOR DE POLÍCIA – POLICIA CIVIL/CE – 2012] As ações do SISNAD limitam-se ao plano interno, ou seja, aos limites do território nacional, razão pela qual esse sistema não comporta a integração de estratégias internacionais de prevenção do uso indevido de drogas.

Questão 02 – Para a realização de suas finalidades, o Sisnad deve agir pautado por uma série de princípios elencados no art. 4º da Lei 11.343/06. Esses

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princípios constituem importantes instrumentos de efetivação das políticas públicas.

Bom, se você deu uma lida nesses princípios constatará que um deles vem elencado no inciso VII do mencionado art. 4º e que assim dispõe:

Art. 4º. São princípios do SISNAD

(...)

VII - a integração das estratégias nacionais e internacionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito;

A assertiva afirma que as ações do SISNAD limitam-se ao plano interno, ou seja, aos limites do território nacional. Até aí podemos considerar, mas isso não significa que o SISNAD não possa ser adotar a integração de estratégias internacionais de prevenção do uso indevido de drogas. Afirmar isso é ir contra o disposto no inciso acima citado.

Gabarito: ERRADO

1.2. O CONCEITO DE DROGAS

A Lei nº 11.343/06 (a nossa Lei de Drogas) traz o seguinte conceito de DROGAS:

DROGAS

� SUBSTÂNCIAS (ou PRODUTOS) entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial capazes de causar DEPENDÊNCIA, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.

Guarde esse conceito!!

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1.3. LEI DE DROGAS - REGRA DE OURO

Todas as condutas ilícitas e crimes tipificados na Lei de Drogas têm como premissa uma regra fundamental que aqui chamamos de REGRA DE OURO e é a seguinte:

Ficam PROIBIDAS, EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL, AS DROGAS, bem como o PLANTIO, a CULTURA, a COLHEITA e a EXPLORAÇÃO de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.

Apesar de ser uma regra basilar, NÃO É absoluta!!

A Lei de Drogas estabelece, no entanto, que a União pode autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais acima mencionados, EXCLUSIVAMENTE para fins medicinais ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas supramencionadas.

Pois bem, a partir desses conceitos introdutórios podemos destacar os eixos centrais da Lei de Drogas que são:

� pretensão de se introduzir no Brasil uma sólida política de prevenção ao uso de drogas, de assistência e de reinserção social do USUÁRIO;

� eliminação da pena de prisão ao USUÁRIO;

� rigor punitivo contra o TRAFICANTE e o FINANCIADOR do tráfico;

� louvável clareza na configuração do rito procedimental e;

� inequívoco intuito de que sejam apreendidos, arrecadados e, quando o caso, leiloado os bens e vantagens obtidos com os delitos de drogas.

Ao citar os eixos centrais da Lei de Drogas, destaquei as palavras USUÁRIO, TRAFICANTE e FINANCIADOR.

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Mais por que professor?

Porque é exatamente nessas palavras que residem as inovações (e também as polêmicas) em torno da regulamentação trazida pela Lei nº 11.343/06 a qual passaremos a estudar a partir de agora.

Quem é considerado usuário? A quem posso chamar de traficante? A figura de traficante se confunde com a de financiador? Qual o tratamento que a lei dá a esses personagens?

Bom, são respostas que tentaremos dar nesta aula tomando como base, repito, aquilo que for de fato relevante para a sua prova.

Caro aluno, para começar, saiba que um dos objetivos da Lei 11.343/06 é, justamente, o de estabelecer a distinção entre o USUÁRIO DE DROGAS e o TRAFICANTE. Para atingir esse fim, a Lei 11.343/06 estabelece tratamento diferenciado para cada um, dispondo sobre o usuário e sobre o traficante em capítulos distintos.

No próximo tópico abordaremos o tratamento que a Lei dá ao USUÁRIO de drogas. Peço sua especial atenção para este tópico, pois é sempre GRANDE alvo de questões em provas de concurso!!

II – CRIME DE POSSE DE DROGA PARA O USO PESSOAL

2.1. O USUÁRIO DE DROGAS

Ao adotar uma postura preventiva em relação ao uso de drogas, a Lei de Drogas trouxe profundas e importantes inovações acerca do tratamento dispensado ao USUÁRIO.

Primeiramente, é de fundamental importância definir quem é o usuário, em que consiste ser usuário.

USUÁRIO DE DROGAS – IMPORTANTÍSSIMO!!

� Quem ADQUIRE, GUARDA, TEM EM DEPÓSITO, TRANSPORTA OU TRAZ CONSIGO, PARA CONSUMO PESSOAL, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.

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Quem pratica, portanto, qualquer uma das condutas acima citadas, comete o crime de posse de drogas para COMSUMO PESSOAL tipificado no art. 28 da Lei de Drogas.

Antes de ver as penas previstas para esse crime, vamos entender um pouco mais sobre as condutas acima descritas:

ADQUIRIR significa obter para si, seja mediante compra, troca, a título gratuito, ou ainda por qualquer outro meio. Adquirir é alcançar a posse de determinada coisa.

GUARDAR significa a ocultação pura e simples da droga, de modo permanente ou precário. Exprime a conduta de ocultar, de não revelar a posse da droga publicamente.

TER EM DEPÓSITO é reter a coisa à sua disposição, sob seu domínio, em condições de pronto alcance e disponibilidade.

Professor, qual a diferença entre guardar e ter em depósito?

Confesso que essa diferenciação é um tanto quanto confusa e que traz uma série de controvérsias doutrinárias. Não é objeto de nosso estudo adentrar a fundo em tais controvérsias. Em termos doutrinários, podemos considerar a lição do professor Vicente Greco de que “ter em depósito” significa a retenção provisória e possibilidade de deslocamento rápido da droga de um lugar para outro, enquanto “guardar” se conceitua como a mera ocultação da droga. Para que se enquadrem na cominação do crime em estudo, tanto a conduta de guardar, como a de ter em depósito, devem configurar a retenção da droga para consumo próprio.

TRANSPORTAR evidencia a idéia de deslocamento, ou seja, significa levar a droga de um local para outro mediante a utilização de algum meio de transporte que não a própria pessoa, pois, nesse último caso estaria sendo caracterizada a conduta de trazer consigo.

TRAZER CONSIGO é transportar a droga junto ao corpo, sem auxílio de outro meio de locomoção, ou ainda, portar a droga consigo, acondicionada em qualquer compartimento que esteja ao alcance imediato do agente. A idéia principal aqui é a disponibilidade de acesso, de uso da droga.

No caso do crime em estudo, o delito se consuma com a prática de qualquer uma das condutas descritas no tipo sem que seja necessária a ocorrência de nenhum resultado. Observe, no entanto, que as condutas que consistem em guardar, ter em depósito e trazer consigo são permanentes e, desta forma, retratam um delito permanente, que se protrai no tempo. Já as condutas de adquirir e transportar são instantâneos, ou seja, traduzem delitos

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instantâneos, cuja consumação ocorre em momento específico, sem se prolongar pelo tempo.

Visto isso, temos que a Lei de Drogas prevê as seguintes penas (ou medidas educativas) para o USUÁRIO DE DROGAS, ou seja, para quem adquire, guarda, tem em depósito, transporta ou traz consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

ADVERTÊNCIA SOBRE OS EFEITOS DAS DROGAS;

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE;

MEDIDA EDUCATIVA DE COMPARECIMENTO A PROGRAMA OU CURSO EDUCATIVO.

IMPORTANTE

� Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, SEMEIA, CULTIVA ou COLHE plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.

SEMEAR é espalhar sementes, lançar sementes ao solo para que germinem.

CULTIVAR significa propiciar condições para que a planta se desenvolva, cultivando o solo e cuidando da plantação.

COLHER é recolher o que a planta produz, recolher o que foi produzido pela terra, pelo solo.

Assim, estas outras três condutas típicas, quando destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica, caracterizam o plantio para consumo pessoal.

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IMPORTANTE

� Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, O JUIZ atenderá:

• à natureza e à quantidade da substância apreendida;

• ao local e às condições em que se desenvolveu a ação;

• às circunstâncias sociais e pessoais e;

• à conduta e aos antecedentes do agente.

Pois bem, voltando às penas previstas para essas condutas típicas, perceba que não mais existe a previsão da pena privativa de liberdade para o usuário. De acordo com a nova lei não há qualquer possibilidade de imposição de pena privativa de liberdade para aquele que adquire, guarda, traz consigo, transporta ou tem em depósito droga para consumo pessoal ou para aquele que pratica a conduta equiparada (§ 1.º do art. 28).

Preste bem atenção: mesmo que não seja mais previsto pena restritiva de liberdade para o crime em tela, não se pode dizer que houve a descriminalização da conduta. O fato continua a ter a natureza de crime, na medida em que a própria lei o inseriu no capítulo relativo aos crimes e às penas (Capítulo III); além do que as sanções só podem ser aplicadas por Juiz criminal, e não por autoridade administrativa, e mediante o devido processo legal (veremos mais adiante o procedimento criminal específico para este caso).

A advertência não é uma repressão moral ou religiosa, mas sim jurídica, ou seja, preza-se uma sanção legal. Em contrapartida, abordam-se os efeitos prejudiciais da droga, para o próprio usuário, família, etc. Essa medida pode ocorrer no próprio Juizado Criminal. Ainda, pode ser aplicada isolada ou cumulativamente com as outras medidas, como também, ser substituída a qualquer tempo, sendo vedada a conversão em pena privativa de liberdade. O magistrado pode ainda valer-se de diferentes profissionais, tais como, psicólogos, médicos, assistentes sociais, etc, para eventual auxílio.

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ATENÇÃO

� As penas de PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE e de MEDIDA EDUCATIVA DE COMPARECIMENTO A PROGRAMA OU CURSO EDUCATIVO serão aplicadas pelo prazo máximo de 05 meses.

� Em caso de reincidência nessas penas o prazo máximo a elas aplicado será de 10 meses.

Estabelece a Lei de Drogas que a prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.

Atenção: a Lei prevê ainda que o juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. Essa medida também poderá ser fixada isolada ou cumulativamente com as demais medidas alternativas.

Cabe ao julgador fazer a diferenciação do mero usuário, ou dependente de drogas, distinção esta que será fundamental na escolha da medida educativa mais adequada ao caso concreto. Quanto às medidas educativas de comparecimento a programas ou cursos educativos, caberá ao juiz fixá-las, bem como as freqüências a serem feitas. Desta forma, se não constar na sentença, caberá ao juiz de execuções delimitá-las.

E aí você me pergunta: professor, já que não há penas restritivas de liberdade, o que acontece se a pessoa que cometeu esse crime recusar-se a cumprir qualquer uma dessas penas previstas?

Bom, caso haja a recusa INJUSTIFICADA do agente em cumprir tais penas, também chamadas de medidas educativas, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:

� admoestação verbal e

� multa

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Entenda que essas providências serão sucessivas, ou seja, primeiramente o juiz irá admoestar verbalmente o agente e, caso essa admoestação não traga o resultado esperado, ele aplicará a multa.

A admoestação é uma repreensão, o juiz advertirá o agente sobre as conseqüências de sua desídia delituosa. Assim, haverá intimação do magistrado para que o agente compareça à audiência admonitória designada, onde será feita a advertência oral.

Na imposição da multa, o juiz, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, EM QUANTIDADE NUNCA INFERIOR A 40 (QUARENTA) NEM SUPERIOR A 100 (CEM), atribuindo depois a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo.

Os valores decorrentes da imposição da multa serão creditados à conta do FUNDO NACIONAL ANTIDROGAS.

IMPORTANTE

� Prescrevem em 02 ANOS a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.

Bom, antes de finalizamos, é preciso destacar que a Lei de Drogas reserva capítulo especial para garantir que o Poder Público possibilite ao USUÁRIO e ao DEPENDENTE DE DROGAS o direito de serem atendidos por meio de atividades de atenção e reinserção social.

Constituem atividades de atenção ao usuário e dependente de drogas e respectivos familiares aquelas que visem à melhoria da qualidade de vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso de drogas.

Constituem atividades de reinserção social do usuário ou do dependente de drogas e respectivos familiares aquelas direcionadas para sua integração ou reintegração em redes sociais.

As atividades de atenção e as de reinserção social do usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares devem observar uma série de princípios e diretrizes, todos elencados no art. 22 da lei em comento.

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IMPORTANTE

� O usuário e o dependente de drogas que, em razão da prática de infração penal, estiverem cumprindo pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de segurança, TÊM GARANTIDOS OS SERVIÇOS DE ATENÇÃO À SUA SAÚDE, definidos pelo respectivo sistema penitenciário.

É mais ou menos o seguinte: uma pessoa, condenado por crime de posse ilegal de drogas para consumo próprio, já vinha em pleno cumprimento de uma das medidas de segurança previstas pelo art. 28 da Lei de Drogas recebendo, inclusive, o benefício do direito a serviços de atenção a saúde. Suponhamos que nesse ínterim ela comete outra infração penal que prevê PENA RESTRITIVA DE LIBERDADE. Ao ser condenada pelo novo crime continuará, portanto, gozando ainda do direito de atenção à saúde que antes já tinha.

Veja como foi cobrado:

03. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2011] A conduta de porte de drogas para consumo pessoal possui a natureza de infração sui generis, porquanto o fato deixou de ser rotulado como crime tanto do ponto de vista formal quanto material.

04. [CEV/UECE – AGENTE PENITENCIÁRIO – SEJUS/CE – 2011] A conduta de quem traz consigo, para uso próprio, substância tida como entorpecente é fato tipificado como crime.

05. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Em decorrência da nova política criminal adotada pela legislação de tóxicos, a conduta do usuário foi descriminalizada, porquanto, segundo o que institui a parte geral do Código Penal, não se considera crime a conduta à qual a lei não comina pena de reclusão ou detenção.

06. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STJ – 2008] Quem tiver em depósito, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar poderá ser submetido a prestação de serviços à comunidade, a qual, em prol da dignidade da pessoa humana, a fim de não causar situação vexatória ao autor do fato, não poderá ser cumprida em entidades que se destinem à recuperação de usuários e dependentes de drogas.

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07. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008] A Lei 11.343/06 extinguiu o crime de posse de pequena quantidade de drogas para consumo pessoal, recomendando apenas o encaminhamento do usuário para programas de tratamento de saúde.

08. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STF – 2008] A legislação descriminalizou a conduta de quem adquire, guarda, tem em depósito, transporta ou traz consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Atualmente, o usuário de drogas será isento da aplicação de pena e submetido a tratamento para recuperação e reinserção social.

09. [FUNCAB – AGENTE PENITENCIÁRIO – SEJUS/RO – 2010] Considerando que um usuário com 20 anos seja flagrado trazendo consigo, para uso próprio, pequena quantidade de droga, segundo o Art. 28 da referida Lei, este poderá ser submetido à pena de prisão simples, de seis meses a um, dois anos.

10. [FGV – ADVOGADO – SENADO FEDERAL – 2008] Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar só poderá ser submetido às seguintes penas: advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade ou medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

11. [CESPE – INSPETOR DE POLÍCIA – POLICIA CIVIL/CE – 2012] O usuário e o dependente de drogas que, em razão da prática de infração penal, estiverem submetidos a medida de segurança terão garantidos os mesmos serviços de atenção à sua saúde que tinham antes do início do cumprimento de pena privativa de liberdade, independentemente da posição do respectivo sistema penitenciário.

Questão 03 – Acabamos de estudar que mesmo que não seja mais prevista pena restritiva de liberdade para o crime de posse ou porte de drogas para consumo pessoal, este não foi descriminalizado. O fato continua a ter a natureza de crime, na medida em que a própria lei o inseriu no capítulo relativo aos crimes e às penas além de suas sanções só poderem ser aplicadas por Juiz criminal e não por autoridade administrativa.

Essa questão é traz uma ferida ainda aberta nas discussões doutrinárias e tem a ver com uma verdadeira batalha doutrinária. Essa batalha passa pela seguinte pergunta: A posse de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei de Drogas) representa uma descriminalização ou despenalização de uma conduta antes tipificada como crime?

Bom, essa é uma resposta que ainda vai suscitar muitos debates. Alguns doutrinadores entendem que houve uma descriminalização, ou seja, a conduta deixou de ser crime por não prever nenhuma pena restritiva de direito,

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havendo então o chamado "abolitio criminis". Para essa corrente, o fato deixou de ser legalmente considerado "crime" (embora continue sendo um ilícito sui generis, um ato contrário ao direito). Houve, portanto, descriminalização formal, mas não a legalização da droga (ou descriminalização substancial, ou material).

Já outra corrente, um tanto majoritária, entende que não houve a descriminalização e, sim, a despenalização, ou seja, a conduta continua criminosa, contudo as penas restritivas de liberdade previamente previstas na lei anterior foram substituídas pelas restritivas de direito. E assim entende os Tribunais Superiores.

No HC 116.531/SP, relatado pela Min. Laurita VAZ, o STJ aplicando entendimento proveniente do STF, entendeu não ocorrer “abolitio criminis” na conduta prevista no art. 28 da Lei nº 11.343/2006, como demonstrado na transcrição a seguir ‘O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento de Questão de Ordem suscitada nos autos do RE 430105 QO/RJ , rejeitou as teses de abolitio criminis e infração penal sui generis para o crime previsto no art. 28 da Lei 11.343 /06, afirmando a natureza de crime da conduta perpetrada pelo usuário de drogas, não obstante a despenalização’.

E é esse entendimento o que vem sendo seguido pelo CESPE e, por isso, considerou a questão ERRADA. No STF também há outra decisão que segue a mesma linha. É a do julgamento do RE 430.105, Rel. Min. Sepúlveda Pertence. Se puder, entre no site do STF e veja o conteúdo dessa decisão, ok?

Gabarito: ERRADO

Questão 04 – Foi o que acabamos de comentar na questão anterior!! Caro aluno, você perceberá que são muito comuns em provas questões que cobram do candidato o conhecimento sobre se é ou não crime a conduta de posse ou porte de drogas para consumo pessoal. Vamos repetir e não esqueça nunca mais: TAL CONDUTA É SIM CRIME TIPIFICADO PELA LEI DE DROGAS!!

Gabarito: CORRETO

Questão 05 – Agora fica fácil, não é mesmo? Perceba que a banca faz um floreado para mostrar o porquê que a conduta do usuário foi descriminalizada, tentando induzi-lo ao erro. Ora, você já sabe que essa conduta não foi descriminalizada!! Essa, já disse, é uma afirmação equivocada, recorrente e séria candidata a estar em sua prova!!

Ademais, quanto ao conceito de crime, o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal nos trouxe somente um critério para que, analisando o tipo penal incriminador, pudéssemos fazer a distinção entre crime e contravenção.

Hoje, o conceito atribuído ao crime é eminentemente jurídico, pois não existe um conceito de crime propriamente dito fornecido pelo legislador. Segundo o

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ilustre promotor Fernando Capez, o conceito formal de crime resulta da mera subsunção da conduta ao tipo legal e, portanto, considera-se infração penal tudo aquilo que o legislador descrever como tal, pouco importando seu conteúdo. O crime, sob este aspecto é, portanto, toda ação ou omissão que se adapta à conduta descrita por uma norma penal incriminadora emanada do Estado.

Gabarito: ERRADO

Questão 06 – Questãozinha bem simples. Ela erra ao afirmar que a pena de prestação de serviços à comunidade não poderá ser cumprida em entidades que se destinem à recuperação de usuários e dependentes de drogas. Muito pelo contrário!! Deve ser realizada preferencialmente nesses lugares (art. 28, § 5º).

Gabarito: ERRADO

Questão 07 – Mas uma que erra ao afirmar que o crime de posse ou porte de drogas para o consumo pessoal foi extinto pela Lei 11.343/06, a nossa Lei de Drogas (ou Lei de Tóxicos, como queira). Outro erro é afirmar que recomenda-se nesse caso apenas o encaminhamento do usuário para programas de tratamento de saúde. De forma alguma!! Você estudou que as penas previstas para quem comete esse crime são: advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e a medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. É preciso lembrar também que, segundo a Lei, o juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde preferencialmente ambulatorial para tratamento especializado. Isso não é uma recomendação e sim uma determinação legal!!

Gabarito: ERRADO

Questão 08 – Estou sendo repetitivo nas questões porque o próprio CESPE também assim o faz!! Não se espante se na sua prova cair uma questão muito semelhante. Tenho certeza que você a resolveu num piscar de olhos, não é verdade?? Não adianta mais o CESPE tentar lhe enganar afirmando que a conduta de uso de drogas para consumo pessoal está descriminalizada pela Lei 11.343/06. Você já está cansado de saber que não!!

Gabarito: ERRADO

Questão 09 – Se o usuário tem 20 anos, é penalmente imputável. Se é penalmente imputável e estava trazendo consigo, para uso próprio pequena quantidade de drogas, certamente ele comete o crime de posse (ou porte) de drogas para consumo pessoal. Se comete esse crime, incorrerá em uma das seguintes penas: advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade a medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

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Gabarito: ERRADO

Questão 10 – Perfeito!! Veja que muda a organizadora, mas a abordagem é exatamente a mesma!! Essas são de fato as penas previstas para quem comete o CRIME de posse ou porte de drogas para COMSUMO PESSOAL.

Gabarito: CERTO

Questão 11 – Veja como o CESPE em recentíssima questão baseou-se quase que completamente na literalidade da lei!! Aqui temos praticamente copiadas as disposições do art. 26 da Lei de Drogas. Veja:

Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em razão da prática de infração penal, estiverem cumprindo pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de segurança, têm garantidos os serviços de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo sistema previdenciário.

Gabarito: CERTO

2.2. O PROCEDIMENTO PENAL

O crime de posse de drogas para o consumo pessoal, por não ser a ele previsto pena restritiva de liberdade, é considerado um crime de menor potencial ofensivo.

Se é um crime de menor potencial ofensivo e não fora cometido em concursos com os demais crimes previstos na Lei de Drogas (os quais estudaremos mais adiante), quem o comete estará sujeito ao procedimento da Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais – Lei n. 9.099/95 (arts. 60 e ss.).

Para refrescar um pouco sua memória, vamos relembrar o conteúdo desse artigo:

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Lei nº 9.099/95

Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.

Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da TRANSAÇÃO PENAL e da COMPOSIÇÃO DOS DANOS CIVIS.

Fiz um destaque especial para esses dois institutos da Lei de Juizados Especiais: a TRANSAÇÃO PENAL e a COMPOSIÇÃO DE DANOS CIVIS.

A TRANSAÇÃO PENAL trata-se da possibilidade do Ministério Público negociar com o acusado sua pena. Ou seja, é um “bem bolado” entre a acusação e a defesa pra evitar que o processo corra, poupando o réu (e o Estado também) de todas as cargas consequentes (sociais, psicológicas, financeiras etc.).

As propostas podem abranger só duas espécies de pena: a multa e a restritiva de direitos. A primeira é obviamente pecuniária, a segunda pode ser prestação de serviços à comunidade, impedimento de comparecer a certos lugares, proibição de gozo do fim de semana etc., depende da criatividade dos promotores (que atualmente só conhecem o pagamento de cesta básica).

Lembro-lhe que o autor da proposta de transação é o Ministério Público, isto porque, a ação para o crime de posse de drogas é pública e incondicionada.

Já a COMPOSIÇÃO DE DANOS CIVIS consiste se da possibilidade de acordo homologado por juiz entre vítima e réu, tendo esse acordo eficácia de título a ser executado e também acarretando, portanto, a renúncia ao direito de queixa ou representação.

Pois bem, voltando ao crime de posse (pode vir na questão também “porte”) de drogas para consumo pessoal, o agente que for enquadrado nesse crime terá o direito, dentre outros, às prerrogativas acima revisadas.

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IMPORTANTÍSSIMO!!

� Tratando-se do CRIME DE POSSE DE DROGAS PARA O CONSUMO PESSOAL, NÃO SE IMPORÁ PRISÃO EM FLAGRANTE, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, NA FALTA DESTE, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários.

� Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas acima serão tomadas de imediato pela autoridade policial, no local em que se encontrar, VEDADA A DETENÇÃO DO AGENTE.

Para que fique bem claro, tal determinação funciona da seguinte forma:

A autoridade policial que encontrar um usuário em situação de flagrância deverá tomar as seguintes atitudes:

a) se houver Juízo, conduzi-lo coercitivamente para que a Secretaria do Juizado elabore o Termo Circunstanciado;

b) na falta do Juízo, abrem-se-lhe duas possibilidades:

� elaborar o termo circunstanciado no local dos fatos ou;

� encaminhar o agente para a Delegacia de Polícia, na qual será lavrado termo circunstanciado ou auto de prisão em flagrante, caso o Delegado entenda tratar-se ou não de usuário.

A legislação afastou a atuação policial nos casos de usuários e dependentes de drogas, ou seja, ele deve ser levado, preferencialmente, ao juiz. Portanto, somente na falta deste é que deve ser encaminhado à Delegacia de Polícia para elaboração do termo circunstanciado.

IMPORTANTE

� A vedação da prisão em flagrante para esse crime (se cometido sem o concurso de outros) é ABSOLUTA, não estando condicionada à aceitação do agente em cooperar com a Justiça. Não será possível a prisão em flagrante, nem mesmo se houver recusa do agente em comparecer em juízo.

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Concluídos os procedimentos acima, o agente será submetido a exame de corpo de delito - se o requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender conveniente -, e em seguida LIBERADO.

IMPORTANTE

� Todo o procedimento acima também se aplica ao semeador ou cultivador de planta tóxica com o fito de consumo próprio.

Veja como o CESPE cobrou:

12. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] No caso de porte de substância entorpecente para uso próprio, não se impõe prisão em flagrante, devendo o autor de fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer.

Questão 12 - A questão nos pede o conhecimento do processo penal para quem comete o crime de posse de drogas para o consumo pessoal. Vimos que, em se tratando desse tipo de crime, não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente. Repetindo para não esquecer: a vedação da prisão em flagrante para esse crime (se cometido sem o concurso de outros, é claro) é absoluta, não estando condicionada à aceitação do agente em cooperar com a Justiça. Não será possível a prisão em flagrante, nem mesmo se houver recusa do agente em comparecer em juízo.

Gabarito: CERTO

III – A REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA DE DROGAS

A Lei 11.343/06, a nossa Lei de Drogas, determina que é indispensável a licença prévia da autoridade competente para produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar,

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ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua preparação, observadas as demais exigências legais.

As plantações ilícitas serão IMEDIATAMENTE destruídas pelas autoridades de polícia judiciária, que recolherão quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova.

IMPORTANTE

� A destruição de drogas será feita POR INCINERAÇÃO, no prazo MÁXIMO DE 30 DIAS, guardando-se as amostras necessárias à preservação da prova.

� As glebas (terrenos) de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão IMEDIATAMENTE EXPROPRIADAS e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. (art. 32, § 4º, Lei 11.343/03 c/c art. 243, CF/88)

Versa ainda a Lei que a incineração será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público, e executada pela autoridade de polícia judiciária competente, na presença de representante do Ministério Público e da autoridade sanitária competente, mediante auto circunstanciado e após a perícia realizada no local da incineração.

Mais questões:

13. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STF – 2008] É atípica a conduta do agente que semeia plantas que constituam matéria-prima para a preparação de drogas, ainda que sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.

14. [FGV – ADVOGADO – SENADO FEDERAL – 2008] As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição Federal, de acordo com a legislação em vigor.

[CESPE – INSPETOR DE POLÍCIA – POLICIA CIVIL/CE – 2012] A respeito das normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, julgue os itens subsequentes.

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15. As plantações ilícitas deverão ser imediatamente destruídas pelas autoridades de polícia judiciária, que recolherão quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova.

16. No território nacional, é expressamente proibido produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua preparação, não havendo previsão de licença pública para tal fim.

17. As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão desapropriadas por interesse público, mediante indenização ao proprietário por meio de títulos da dívida pública resgatáveis apenas após a comprovação de que as plantações ilícitas foram eliminadas da propriedade.

Questão 13 - A Lei 11.343/06 determina que é indispensável a licença prévia da autoridade competente para produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua preparação, observadas as demais exigências legais. Ao estudar o crime de posse de drogas para CONSUMO PESSOAL você viu também que às mesmas penas submete-se quem, para seu consumo pessoal, SEMEIA, CULTIVA ou COLHE plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. Logo, por ser um tipo penal previsto na Lei 11.343/06, a afirmação de que essa conduta é atípica torna a questão errada.

Gabarito: ERRADO

Questão 14 – Essa questão pasme, para cargo de Advogado do Senado Federal, traz bem certinha a literalidade do art. 32, § 4º da Lei de Drogas!!

Gabarito: CERTO

Questão 15 – Estamos diante de um “copiar-colar” de nossa estimada banca CESPE!! Ela também faz isso, viu?? A assertiva traz a literalidade pura e fiel do art. 32 da Lei de Drogas o qual acabamos de estudar. Confira:

Lei 11.343/06:

Art.32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelas autoridades de polícia judiciária, que recolherão quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova.

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Não temos mais nem o que comentar...

Gabarito: CERTO

Questão 16 – Acabamos de ver também que a Lei 11.343/06 determina, em seu art. 31, que é indispensável a licença prévia da autoridade competente para produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua preparação, observadas as demais exigências legais.

A questão erra, portanto, ao afirmar que não há previsão de licença pública para os fins acima citados.

Gabarito: ERRADO

Questão 17 – Agora a banca deu uma viajada muito doida!! A Lei de Drogas, respeitando expressa determinação constitucional, regulamenta que as glebas (terrenos) de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

O elaborador da questão só podia estar meio doidão ao fazer a afirmação de que, nesses casos, há indenização ao proprietário e que ela é feita por meio de títulos da dívida pública resgatáveis apenas após a comprovação de que as plantações ilícitas foram eliminadas da propriedade. Foi longe demais!!

Gabarito: ERRADO

Pois bem, tratado o assunto, vamos a partir de agora estudar os demais crimes previstos na Lei de Drogas e o respectivo procedimento penal previsto para quem os comete.

IV – O TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS

Faremos agora um passeio pelos importantes - e bastante cobrados - artigos 33 (caput e § 1º) a 36 da Lei de Drogas. São dispositivos que regulamentam o tratamento a ser dado para quem comete crime de tráfico ilícito de drogas e outros crimes assemelhados. Vamos em frente!!

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4.1. O TIPO PENAL PRINCIPAL

� Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão de 05 a 15 anos + pagamento de 500 a 1.500 dias-multa.

Quero aqui em primeira mão destacar a expressão "ainda que gratuitamente" que vem descrita após a série de verbos. Significa que todas as ações descritas acima recebem a marca da tipicidade penal e devem ser consideradas como crime de tráfico ilícito, mesmo quando praticadas sem o objetivo de lucro.

IMPORTANTE

� O essencial nesse crime é que o agente ATUE COM A FINALIDADE de transferir para outro a droga ilícita.

4.2. CRIMES EQUIPARADOS AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS

Antes de mais nada, preciso lhe dizer que a classificação de crimes em EQUIPARADOS e SUBJACENTES ao crime de tráfico de drogas é uma concepção doutrinária que usaremos para didaticamente agrupar os crimes tipificados na Lei 11.343/06, já que nela não há uma ordenação tão didática.

Dessa forma fizemos a seguinte divisão:

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� CRIMES EQUIPARADOS AO TRÁFICO:

- Os que incorrem na mesma pena que o crime de tráfico de drogas: 05 a 15 anos. (os crimes do art. 33, §1º, incisos I a III) e;

- Os que têm relação direta com o tráfico de drogas (arts. 34 a 37)

� CRIMES SUBJACENTES AO TRÁFICO:

- Aqueles que não possuem relação direta com o tráfico, estando num patamar inferior e secundário do rol de atividades envolvidas na difusão de drogas.

Vamos então começar por aqueles chamados de EQUIPARADOS!!

A mesma pena prevista para o autor do crime de tráfico ilícito de drogas, descrita no tópico acima, é também cominada para sancionar outras formas típicas previstas na Lei de Drogas. Assim, incorre também na pena de reclusão de 05 a 15 anos, quem:

� importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, AINDA QUE GRATUITAMENTE, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;

� semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;

� utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, AINDA QUE GRATUITAMENTE, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.

Sobre as condutas acima, a banca pode cobrará o conhecimento das condutas (expressas pelos verbos acima) e também que, assim como o crime típico de tráfico de drogas, basta que o agente ATUE COM A FINALIDADE de transferir para outro matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas. Os crimes estarão consumados mesmo que não haja a obtenção do lucro.

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Agora muita atenção pois:

IMPORTANTE (Art. 33, § 4º)

� Nos crimes equiparados ao tráfico, definidos neste tópico, as penas PODERÃO SER REDUZIDAS de 1/6 a 2/3, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que CUMULATIVAMENTE:

� o agente seja PRIMÁRIO;

� de BONS ANTECEDENTES e;

� NÃO SE DEDIQUE às atividades criminosas NEM INTEGRE organização criminosa.

Perceba que a norma criou uma causa de redução de pena – de um sexto a dois terços – para beneficiar o delinqüente do primeiro crime e distingui-lo do traficante reincidente e integrante de quadrilhas ou organizações criminosas. Assim sendo, a lei garante ao primário e de bons antecedentes um incentivo penal para abandonar a prática do tráfico.

Acontece que em fevereiro passado, o Senado Federal, através da Resolução nº 05/2012, de 15/02/2012, resolveu que fica suspensa a execução da expressão "vedada a conversão em penas restritivas de direitos" do § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal nos autos do Habeas Corpus nº 97.256/RS de 02/02/09.

Com isso, temos a confirmação, através do Poder Legislativo, de uma decisão até então não vinculante, prolatada pelo Judiciário!! Tal Resolução vincula, portanto, a permissão (não vedação) de conversão em penas restritiva de direitos, para os todos os casos em que os agentes infratores se encaixem nas condições trazidas pelo art. 33, § 4º (o agente seja primário + de bons antecedentes + não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa). Não se esqueça: é preciso que o agente infrator se encaixe perfeitamente nessas condições para ter o direito à conversão das penas restritivas de liberdade em penas restritivas de direito.

É preciso destacar que, apesar de não prever as mesmas penas dos crimes acima citados, o tipo penal a seguir tem íntima relação com o tráfico, sendo considerado, portanto, também um crime equiparado ao de tráfico ilícito de drogas.

Continuemos:

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� Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, AINDA QUE GRATUITAMENTE, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à FABRICAÇÃO, PREPARAÇÃO, PRODUÇÃO ou TRANSFORMAÇÃO de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão, de 03 a 10 anos, + pagamento de 1.200 a 2.000 dias-multa.

Sobre a prática dos crimes do quadro acima ainda podem recair os seguintes:

� FINANCIAR ou CUSTEAR a prática de qualquer dos crimes previstos neste tópico:

Pena - reclusão, de 08 a 20 anos + pagamento de 1.500 a 4.000 dias-multa.

Deste último quadro temos o crime de financiamento do tráfico de drogas, que visa à punição daquele que abona dinheiro para um empreendimento vinculado ao tráfico de drogas. O legislador, por excesso de prudência, tipificou duas condutas: financiar e custear. Todavia, no nosso entender esses dois verbos convergem para a mesma direção, pois aquele que financia, está custeando, e vise-versa. Tanto é que o Dicionário Aurélio traz como sinônimo de financiar o verbo custear.

Esse crime (o de financiamento) possui uma das sanções mais altas do nosso ordenamento penal. Para ele o legislador fixou a pena de 08 a 20 anos de reclusão, mais pagamento de 1.500 a 4.000 dias-multa. Tenta-se combater a mola propulsora do crime organizado que se esconde por de trás dos traficantes, ou seja, quer punir aquele que faz do tráfico sua empresa, injetando dinheiro a procura de lucros.

E temos mais:

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� Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, REITERADAMENTE OU NÃO, qualquer dos crimes previstos neste tópico:

Pena - reclusão, de 03 a 10 anos + pagamento de 700 a 1.200 dias-multa.

IMPORTANTE

� Nas mesmas penas (reclusão, de 03 a 10 anos + pagamento de 700 a 1.200 dias-multa) incorre quem se associa para a prática reiterada de financiamento ou custeio do tráfico ilícito de drogas.

Em outras palavras:

De acordo com o visto até aqui, se duas ou mais pessoas se associarem com o fim de praticar o crime de tráfico de drogas (art. 33, caput), ou o crime de tráfico de matéria-prima (art. 33, § 1º, i), ou o crime de cultivo de plantas destinadas à preparação da droga (art. 33, § 1º, ii), ou crime de utilização ou consentimento de local para a prática de tráfico (art. 33, § 1º, iii), ou o crime de tráfico de maquinários de drogas (art. 34), ou, ainda, o crime de financiamento do tráfico de drogas (art. 36), poderá ser punido com pena de reclusão de 3 a 10 anos, mais pagamento de 700 a 1.200 dias multa.

Mais uma informação de grande relevância para a sua prova:

ATENÇÃO!! (Art. 44)

� Todos os crimes estudados nesse tópico (o de tráfico e os equiparados) são INAFIANÇÁVEIS e INSUSCETÍVEIS de SURSIS, GRAÇA, INDULTO, ANISTIA e (LIBERDADE PROVISÓRIA**), vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.

� Nestes crimes dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento DE DOIS TERÇOS DA PENA, vedada sua concessão ao reincidente específico.

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Fazendo uma revisão básica no Direito Penal, em relação à algumas expressões usadas no quadro acima, temos que:

A SURSIS ou SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA é um instituto de direito penal com a finalidade de permitir que o condenado não se sujeite à execução de pena privativa de liberdade de pequena duração, ou seja, permite que, mesmo condenada, uma pessoa não fique na cadeia.

A GRAÇA é o modo de extinção da punibilidade consistente no perdão concedido pelo Presidente da República à determinada pessoa. A graça poderá ser total, quando alcançar todas as sanções impostas ao condenado, ou parcial, quando atingir apenas alguns aspectos da condenação (comutação). A graça pressupõe sentença transitada em julgado e atinge apenas os efeitos executórios da condenação.

A ANISTIA penal extingue a responsabilidade penal para determinados fatos criminosos. Consiste na decisão do Estado de não punir as pessoas já condenadas ou que podem vir a ser condenadas por certos atos praticados, que são tipificados penalmente.

O INDULTO é forma de extinção da punibilidade, conforme o Art. 107, II, CP. Só pode ser concedido pelo Presidente da República, mas ele pode delegar a atribuição a Ministro de Estado, ao Procurador-Geral da República e ao Advogado-Geral da União, não sendo necessário pedido dos interessados. O indulto apenas extingue a punibilidade, persistindo os efeitos do crime, de modo que o condenado que o recebe não retorna à condição de primário.

Perceba que mais uma vez destaquei em vermelho a expressão “vedada a conversão das penas em restritivas de direito.” Fiz novamente o destaque, porque aqui o entendimento é um tanto diferente daquele de quando falamos a respeito da Resolução n. 05/12 do Senado Federal.

Já vimos que com a publicação da referida Resolução deixa de haver a vedação abstrata de penas alternativas para condenados por tráfico na forma do artigo 33, parágrafo 4º, da Lei de Drogas, não é mesmo?

Mas essa vedação é para todos? Claro que não. Lembre-se que estamos falando daqueles que cometeram o delito, mas que têm bons antecedentes, não se dediquem a atividades criminosas e não integram organização criminosa. Vimos que essas pessoas podem agora ter suas penas convertidas em penas restritivas de direito.

O artigo 44 da Lei de Drogas, citado no quadro acima, também contém a expressão “vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos”. Aí você deve ter o seguinte entendimento:

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� se o agente que tiver cometido o crime de tráfico (e os a ele equiparados) se enquadrar nas hipóteses de causa de diminuição de pena do art. 33 §4º (bons antecedentes + não se dedique a atividades criminosas + não integra organização criminosa), ele poderá ter suas pena reastritiva de liberdade convertida em pena retritiva de direito;

� se não se enquadrar em tais hipóteses, preserva-se a proibição do artigo 44.

Para fecharmos o assunto, vou repetir: a condenação na forma do artigo 33, parágrafo 4º, da Lei de Drogas pressupõe que o réu tenha sido comprovadamente considerado primário, de bons antecedentes, que não se dedique às atividades criminosas e nem integre organização criminosa. Preenchidos tais requisitos, terá indubitavelmente tanto o direito à aplicação da causa de diminuição da pena quanto o direito à substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

Agora, os reincidentes, membros estáveis ou esporádicos de quadrilhas ou facções e indivíduos comprovadamente inseridos no organograma de organizações criminosas não farão jus ao benefício, como nunca fizeram.

Volte ao quadro do art. 44 e perceba que também coloquei dois asteriscos em vermelho ao lado da expressão LIBERDADE PROVISÓRIA.

Por que isso professor??

Bom, porque precisamos explicar um detalhe importantíssimo no que se refere à insuscepitibilidade da liberdade provisória regrada por esse dispositivo.

A Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/90), a ser estudada em detalhes em aula futura, em sua redação original, proibia a concessão de liberdade provisória para os crimes hediondos e equiparados e o delito de tráfico de drogas sempre foi considerado equiparado a hediondo. Tal proibição, você já sabe, foi reiterada na Lei 11.343/2006 (art.44).

Pois bem, no entanto esse cenário foi completamente alterado com o advento da Lei 11.464/2007. Esta norma suprimiu a proibição da liberdade provisória nos crimes hediondos e equiparados prevista no art. 2º, inciso II, da Lei 8.072/90. Com o advento da nova lei só a fiança permaneceu proibida!!

Resumindo: desapareceu do ordenamento jurídico brasileiro a vedação da liberdade provisória para tais crimes.

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Você verá na nossa aula sobre o Estatuto do Desarmamento que o dispositivo que proibia a concessão da liberdade provisória aos crimes nele previstos foi também declarado inconstitucional pelo STF (ADI nº 3.112).

Para finalizarmos a análise dos crimes equiparados ao crime de TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS temos ainda a seguinte conduta:

� Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática dos crimes de crime de tráfico de drogas, de tráfico de matéria-prima de cultivo de plantas destinadas à preparação da droga, de utilização ou consentimento de local para a prática de tráfico, de tráfico de maquinários de drogas, ou, ainda, do crime de financiamento do tráfico de drogas:

Pena - reclusão, de 02 a 06 anos + pagamento de 300 a 700 dias-multa.

Para falar bem a verdade, essa foi uma inovação trazida pela Lei de Drogas na medida em que tipificou a conduta do agente que participa do tráfico de drogas como informante colaborador de grupos, organizações ou associações. A intenção foi e é a de punir toda conduta que incentive e auxilie a prática do tráfico de drogas, ainda que essa conduta não seja de muita importância.

Vamos então a uma bateria de questões!!

18. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Considere que determinado cidadão guardasse, em sua residência, cerca de 21 kg de cocaína, em depósito, para fins de mercancia e que, durante uma busca realizada por ordem judicial em sua casa, a droga tenha sido encontrada e os fatos tenham sido imediatamente apresentados à autoridade policial competente. Nessa situação, esse cidadão não pode ser preso em flagrante, pois, no momento da abordagem, ele não praticava nenhum ato típico da traficância.

19. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2011] Considere a seguinte situação hipotética. Cláudio, penalmente responsável, foi flagrado fazendo uso de um cigarro artesanal de maconha, sendo que em seu poder ainda foi encontrada quantidade significativa da mesma droga, acondicionada em pequenas trouxinhas, com preços distintos afixados em cada uma delas, bem como constatou-se que Cláudio, mesmo desempregado, trazia consigo anotações e valores que o ligavam, indubitavelmente, ao tráfico de drogas.

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Nessa situação hipotética, Cláudio responderá pelo crime de tráfico de entorpecentes e, mesmo que remanescente o crime de uso indevido de drogas, estarão excluídos os benefícios da lei atinente aos juizados especiais.

20. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Se um indivíduo, imputável, ao regressar de uma viagem realizada a trabalho na Argentina, for flagrado na fiscalização alfandegária trazendo consigo 259 frascos da substância denominada lança-perfume e, indagado a respeito do material, alegar que desconhece as propriedades toxicológicas da substância e sua proibição no Brasil em face do uso frequente nos bailes carnavalescos, onde pretende comercializar o produto, nessa situação, a alegação de desconhecimento das propriedades da substância e ignorância da lei será inescusável, não se configurando erro de proibição.

21. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] O agente que infringe o tipo penal da lei de drogas na modalidade de importar substância entorpecente será também responsabilizado pelo crime de contrabando, visto que a droga, de qualquer natureza, é também considerada produto de importação proibida.

22. [CESPE - POLICIA RODOVIARIA FEDERAL – 2008 – ADAP.] A legislação em vigor acerca do tráfico ilícito de entorpecente possibilita ao condenado por tráfico ilícito de entorpecente, desde que seja réu primário, com bons antecedentes e que não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa, a redução de um sexto a dois terços de sua pena, bem como a conversão desta em penas restritivas de direitos, desde que cumpridos os mesmos requisitos exigidos para a redução da pena.

23. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/TO – 2007] A nova Lei de Tóxicos, Lei n.º 11.343/2006, não veda a conversão da pena imposta ao condenado por tráfico ilícito de entorpecentes em pena restritiva de direitos.

24. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] É vedada a progressão de regime do réu condenado por tráfico de drogas, devendo aquele cumprir a totalidade da pena em regime fechado.

25. [CEV/UECE – AGENTE PENITENCIÁRIO – SEJUS/CE – 2011] Para que se configure o crime de Associação para o Tráfico, previsto no art. 35 da Lei 11.343/06, é necessária a associação de, no mínimo, três pessoas.

[CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008] Acerca das disposições da Lei n.º 11.343/2006, que estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, julgue o item a seguir.

26. A vedação expressa pela referida lei do benefício da liberdade provisória na hipótese de crimes de tráfico ilícito de entorpecentes é, por si só, motivo suficiente para impedir a concessão dessa benesse ao réu preso em flagrante.

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27. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2009] É atípica, por falta de previsão na legislação pertinente ao assunto, a conduta do agente que simplesmente colabora, como informante, com grupo ou associação destinada ao tráfico ilícito de entorpecentes.

28. [FGV – ADVOGADO – SENADO FEDERAL – 2008] É crime a associação de duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 da Lei 11.343/2006.

29. [FGV – DELEGADO DE POLICIA – SEAD/AP – 2010] O crime de tráfico de drogas (art. 33, da Lei 11.343/2006) é inafiançável, insuscetível de graça, indulto, anistia, liberdade provisória e livramento condicional.

30. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/TO – 2007] A Lei n.º 11.343/2006 possibilita o livramento condicional ao condenado por tráfico ilícito de entorpecente após o cumprimento de três quintos da pena de condenação, em caso de réu primário, e dois terços, em caso de réu reincidente, ainda que específico.

31. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] O condenado por tráfico ilícito de entorpecentes não pode receber indulto, mas pode ser beneficiado por anistia.

Questão 18 – A questão afirma que determinado cidadão guarda em depósito, dentro de sua casa, cerca de 21 kg de cocaína. Ora, caro aluno, temos uma primeira observação a ser feita: a quantidade de drogas é bastante significativa!! Diante disso, já não poderíamos enquadrá-lo no crime de posse de drogas para consumo pessoal.

Em seguida o item afirma que ele usa essa droga para fins de mercancia, ou seja, para venda. Se você der mais uma lida na redação do crime de tráfico ilícito de drogas, você constatará que uma das 18 condutas ali tipificadas é exatamente a de “guardar” drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. E se a finalidade dele é a de vender a droga, aí é que o delito estará mesmo consumado. Nem tratamos ainda de como se dá a prisão para esse tipo de crime, mas esse detalhe é irrelevante frente à informação equivocada de que ele não praticava nenhum tipo de traficância. Lembre-se que o crime também estaria consumado se guardasse a droga apenas com o intuito de fornecê-la GRATUITAMENTE.

Gabarito: ERRADO

Questão 19 – Perfeito!! Se Cláudio estivesse sido flagrado fazendo simplesmente o uso de um cigarro artesanal de maconha, ele apenas responderia pelo crime de posse de drogas para o consumo pessoal. como esse crime é de menor potencial ofensivo ele seria beneficiado pelos benefícios da Lei de Juizados Especiais, dentre eles, o de transação penal e o de composição de danos civis. O problema é que ao portar quantidade significativa da mesma

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droga, acondicionada em pequenas trouxinhas, com preços distintos afixados em cada uma delas e ter consigo anotações e valores, Claúdio cometera o crime de tráfico ilícito de drogas. Esse crime, por prever a pena de reclusão de 05 a 15 anos, é um delito de maior potencial ofensivo e, nesse caso, Claúdio perde os benefícios da Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais).

Gabarito: CERTO

Questão 20 – Caro aluno, você que estuda o Direito Penal sabe que no erro de proibição o sujeito sabe o que faz, mas entende lícito quando, na verdade, é ilícito. O fato de um indivíduo alegar desconhecer as propriedades toxicológicas da substância e a proibição de sua comercialização no Brasil não é uma justificativa plausível para trazer consigo 259 frascos de lança-perfume e ainda afirmar que irá comercializá-los!! Para esse caso não há que se falar em erro de proibição.

Gabarito: CERTO

Questão 21 – O agente que importa substância entorpecente poderá sim cometer o tipo penal de tráfico ilícito de drogas e será, nesse caso, de fato, responsabilizado pelo crime de contrabando. O erro do item está em afirmar que a importação de droga de qualquer natureza é configurada contrabando. Não é bem assim!! Há drogas regularizadas que podem ser importadas para o nosso país, desde que sejam respeitados os trâmites legais.

Gabarito: ERRADO

Questão 22 – Há de fato a possibilidade dada pela Lei de Drogas de o condenado ao tráfico ilícito de entorpecentes ter reduzida de um terço a dois sextos sua pena desde que seja réu primário, de bons antecedentes e que não se dedique a atividades criminosas e nem a quadrilhas. Isso você não tem dúvidas, não é mesmo??

Quanto à afirmação de que é possível a conversão da pena em penas restritivas de direitos, a questão está, para os dias atuais, corretíssima também!! Isso porque a publicação da Resolução do Senado Federal nº 05/12, modificou redação do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas excluindo a vedação, antes existente, às penas restritivas de direito para aqueles que se enquadre nas condições acima.

Para sua prova, não se esqueça: vale a nova redação do referido artigo que assim ficou:

“§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012)”

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Uma boa dica para o CESPE elaborar uma questãozinha a respeito para a prova do seu concurso!!

Gabarito: CERTO

Questão 23 – Mais uma vez vamos lá: atualmente a Lei de Drogas, após a publicação da Resolução do Senado nº 05/12, permite a conversão da pena em penas restritivas de direitos para aqueles que são réus primários, de bons antecedentes e que não se dediquem a atividades criminosas ou não integrem organização criminosa. Para esses réus de fato não há mais a vedação. Agora, se esse réu não se tiver tais características, a ele será terminantemente vedada a conversão de pena de que trata a assertiva. A questão erra ao generalizar e englobar TODOS os condenados na possibilidade de ter suas penas convertidas em penas restritivas de direito.

Gabarito: ERRADO

Questão 24 – Não se espante com essa assertiva, pois ela reporta-se a mais uma novidade trazida pela Lei 11.464/07 (aquela que modificou a Lei de Crimes Hediondos, lembra?). Você já estudou aqui que a partir da vigência da Lei de Drogas o tráfico ilícito passou a ser considerado apenas um crime equiparado ao hediondo.

Pois bem, até antes da publicação da Lei 11.464/07, os condenados a crimes hediondos (ou equiparados) tinham que cumprir toda a pena em regime fechado sem direito à progressão. Importante: a partir de sua vigência, os condenados a esses crimes passaram a gozar do direito à progressão de 2/5 da pena se primários e 3/5 se reincidentes. Não se esqueça!!

Gabarito: ERRADO

Questão 25 – Para que seja caracterizado o crime de associação para o tráfico, tipificado no art. 35 da Lei 11.343/06, basta que duas pessoas se associem para a sua prática.

Gabarito: ERRADO

Questão 26 – Caro aluno, atente bem para o enunciado da questão: “acerca das disposições da Lei n.º 11.343/06, que estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, assinale a opção correta.”

Sabemos que a Lei 11.464/07 suprimiu a proibição da liberdade provisória nos crimes hediondos e equiparados atingindo por consequência o crime de tráfico ilícito de drogas. Mesmo assim o art. 44 não foi ainda revogado o que pode causar certa confusão.

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Mas não tenha dúvidas: hoje há sim a previsão de liberdade provisória para esses casos e, em havendo tal previsão, é claro que o réu preso em flagrante poderá ser sim com ela (a liberdade provisória) ser beneficiado.

Na época a banca deu como certo o gabarito, pois a assertiva, datada de 2008, muito provavelmente ainda não tinha adotado o entendimento mais atual. Para nosso estudo vamos considerá-la ERRADA, ok?

Gabarito: ERRADO

Questão 27 – A assertiva está uma molezinha, pois já vimos que a Lei de Drogas tipificou sim a conduta de colaborar, como informante, com grupo ou associação destinada ao tráfico ilícito de entorpecentes. Quem assim o faz está sujeito às penas de reclusão, de 02 a 06 anos e pagamento de 300 a 700 dias-multa. É, portanto, uma conduta típica.

Gabarito: ERRADO

Questão 28 – Isso mesmo!! Mais uma questão que traz a redação literal da normas em estudo, mais precisamente de seu art. 35. É o crime de associação para o tráfico de drogas!!

Gabarito: CORRETO

Questão 29 – Dois erros nesse item: o primeiro é considerar que o crime de tráfico de drogas é insuscetível de liberdade provisória. Mesmo que o art. 44 ainda mantenha sua redação original, já sabemos que hoje é possível sim a liberdade provisória nos casos por ele previstos. Mas mesmo que a banca considerasse ainda a literalidade do artigo, o erro maior estar em afirmar que há insuscepitibilidade também de livramento condicional.

Pelo contrário!! Há nesse dispositivo a previsão expressa do direito ao livramento condicional desde que cumpridos 2/3 da pena. A vedação ao livramento condicional só se dará se sujeito ativo for reincidente específico.

Gabarito: ERRADO

Questão 30 – Estamos diante de uma afirmativa bem simples cobrada em para um cargo de alto nível, o de Juiz Substituto!! Para você, meu aluno do Ponto, tenho certeza que foi de fácil solução!! Acabamos de comentar que há sim a previsão de livramento condicional depois de cumpridos 2/3 da pena. E só para réus primários, pois se o réu for reincidente ESPECÍFICO, não há o que falar dessa possibilidade.

Gabarito: ERRADO

Questão 31 – Os condenados por tráfico ilícito de drogas não têm direito a fiança, nem a SURSIS, GRAÇA, INDULTO ou ANISTIA. A liberdade provisória, no entanto, apesar de ainda aparecer na literalidade do art. 44, já é possível

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para os condenados a esse crime. Aproveito para lembrar-lhe há ainda a vedação a conversão de suas penas em restritivas de direitos caso não tenham bons antecedentes ou pertençam à quadrilha ou a grupo organizado.

Gabarito: ERRADO

4.3. CRIMES SUBJACENTES AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS

São considerados crimes subjacentes à infração penal de tráfico de drogas as condutas previstas nos arts. 33 (§§ 2º e 3º), 38 e 39 da Lei de Drogas.

Denominam-se subjacentes em razão de serem condutas que não possuem relação direta com o tráfico, estando num patamar inferior e secundária do rol de atividades envolvidas na difusão das drogas. São, na verdade, condutas intermediárias.

Vamos analisá-las:

� INDUZIR, INSTIGAR ou AUXILIAR alguém ao uso indevido de droga:

Pena - detenção, de 01 a 03 anos + multa de 100 a 300 dias-multa.

A intenção do legislador nesse crime foi o de corrigir uma desproporcionalidade, pois não se pode punir com as mesmas reprimendas aquele que fomenta o tráfico, vendendo as drogas, e aquele que induz ao uso. Necessário se faz a devida distinção, para efeito de aplicação da sanção penal. Daí resultou a diminuição da pena para esse crime de forma que o induzimento ao uso prevê apenas detenção de 01 a 03 anos.

� OFERECER droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, PARA JUNTOS A CONSUMIREM:

Pena - detenção, de 06 MESES a 01 ano + pagamento de 700 a 1.500 dias-multa sem prejuízo das mesmas penas previstas para quem comete o crime de posse de drogas para CONSUMO PESSOAL.

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Esses são aqueles casos em que um sujeito adquire a droga e a reparte com um amigo, ou amigos, para junto consumirem. A Lei de Drogas instituiu para tal conduta tipificação própria com pena mais branda. O crime em questão prevê pena de 6 meses a 1 ano de detenção para aquele que oferece droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem.

ATENÇÃO!!!

� Perceba que a droga deve ser oferecida DE MANEIRA EVENTUAL E SEM OBJETIVO DE LUCRO, para uma pessoa PRÓXIMA ao agente. Do contrário, teremos o enquadramento no crime de tráfico ilícito de drogas!!!

� PRESCREVER ou MINISTRAR, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou FAZÊ-LO EM DOSES EXCESSIVAS ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - detenção, de 06 MESES a 02 anos + pagamento de 50 a 200 dias-multa.

Caro aluno, note que o legislador não especificou o médico, o dentista, o farmacêutico ou o profissional de enfermagem como sujeitos ativos desse crime. Assim, é possível entender que qualquer pessoa pode cometer tal crime, já que não há a descrição do sujeito ativo no tipo penal. Deixa, então, de ser crime próprio ou especial.

O falso médico que receita culposamente medicamentos que causem dependência física ou psíquica a determinado paciente poderá responder por esse crime. No entanto, essa conclusão não nos parece reinar de forma absoluta. Mesmo com a retirada dos sujeitos ativos, pode-se entender que o crime continua a ser próprio, ou seja, só pode ser cometido por médico, dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem.

Primeiro porque prescrever e ministrar são competências inerentes a esses profissionais; segundo, porque o legislador incluiu no tipo penal o sujeito passivo - o paciente - que acaba por vincular os mencionados sujeitos ativos. E por fim, o seu parágrafo único que determina que o juiz comunicará a condenação ao conselho federal da categoria profissional a que pertença o agente.

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Além dessa modificação, é preciso que você entenda que o médico não será punido somente se culposamente prescrever ou ministrar ao paciente dose evidentemente maior que a necessária ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Será punido também caso prescreva ou ministre, culposamente, drogas sem que o paciente necessite.

Por último temos:

� CONDUZIR embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a DANO POTENCIAL a incolumidade de outrem:

Pena - detenção, de 06 MESES a 03 anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada + pagamento de 200 a 400 dias-multa.

Se a embarcação ou aeronave servir como transporte coletivo de passageiros, o crime passa a ser qualificado e, devido a isso, serão aplicadas cumulativamente com as demais penas, as penas de prisão de 04 a 06 anos e de multa de 400 600 dias-multa.

Veja como foi cobrado!!

32. [FGV – DELEGADO DE POLICIA – SEAD/AP – 2010] O oferecimento da substância entorpecente Cannabis sativa L. (popularmente conhecida como maconha) a outrem sem objetivo de lucro e para consumo conjunto constitui conduta equiparada ao crime de tráfico de drogas (art. 33, §3º, da Lei 11.343/2006) punido com pena de detenção seis meses a um ano, pagamento de 700 (setecentos) a 1.500(mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas de advertência, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

33. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Se Y, imputável, oferecer droga a Z, imputável, sem objetivo de lucro, para juntos a consumirem, a conduta de Y se enquadrará à figura do uso e não da traficância.

34. [CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – STJ – 2012] O médico que, por imprudência, prescrever a determinado paciente dose excessiva de medicamento que causa dependência química estará sujeito à pena de advertência, e o juiz que apreciar o caso deverá comunicar o fato ao Conselho Federal de Medicina.

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Questão 32 – Estamos diante de uma questão simples que cobra de você apenas o conhecimento de um dos crimes subjacentes ao de tráfico de drogas aqui estudados: o de oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem. Para esse crime a Lei 11.343/06 prevê as penas de detenção, de 06 meses a 01 ano e pagamento de 700 a 1.500 dias-multa sem prejuízo das penas de advertência, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo (art. 33, § 3º). Pasme, questão para DELEGADO DE POLÍCIA!!

A banca, contrariando a maioria doutrinária, usa a expressão "crime equiparado ao tráfico de drogas" para o tipo descrito na questão. Apesar de diferente do que expomos, para a banca a expressão não deixou a questão errada.

Gabarito: CERTO

Questão 33 – Ao oferecer droga a Z, sem objetivo de lucro, para juntos a consumirem, a conduta de Y se enquadrará de fato à figura do uso. Tanto é que as penas para esse crime são mais brandas do que as previstas para o de tráfico de drogas.

Bom, o fato é que estamos diante de uma questão polêmica. Doutrinariamente há discussões e não está bem pacificado que esse crime seja entendido como equiparado aos de traficância (art. 33 caput e § 1º), mesmo inserido no Título IV (Da Repressão à Produção não Autorizada e ao Tráfico ilícito de Drogas) da lei em comento. Boa parte dos doutrinadores entendem que tal conduta está mais próxima à de uso pessoal do crime do art. 28. Apesar de ter sido alvo de recursos, parece ser também esse o entendimento do CESPE ao não alterar o gabarito do item. Guarde essa informação!!

Outra coisa: nesse item e no anterior não há uma afirmação expressa de que as pessoas para a qual os sujeitos ativos fornecem as drogas são de seu relacionamento. E foram consideradas corretas!! Como podem estar certas?

Os dois itens, confesso, poderiam ter sido melhor formulados!! As bancas concentraram a base de suas respostas no dolo específico "para juntos a consumirem" e omitiram a informação de que as pessoas eram ou não de relacionamento dos agentes. No caso específico da questão CESPE, banca foco de nosso estudo, não temos a certeza de que Y é pessoa de relacionamento de X. Mas também não podemos afirmar que não seja, concorda? Esse fato foi também motivo de chuva de recursos os quais também não foram suficientes para provocar mudanças no gabarito. Fica mais uma clara lição de que temos que, além dos conteúdos, estudar também o seu "modo de ser e de pensar" da nossa querida banca. Coisas de concursos!! Lições para questões futuras!!

Gabarito: CERTO

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Questão 34 – O médico que, por imprudência, prescrever a determinado paciente dose excessiva de medicamento que causa dependência química cometerá crime e estará sujeito à pena de detenção, de 06 meses a 02 anos e pagamento de 50 a 200 dias-multa. Não há previsão de pena de advertência para esses casos. Esse é o erro do item!!

Gabarito: ERRADO

4.4. AS CAUSAS AUMENTATIVAS DE PENA

A Lei de Drogas regulamenta 07 causas de aumento de pena. Antes de analisarmos uma a uma, é preciso que eu lhe diga que não são todos os crimes previstos na Lei de Drogas que terão suas penas aumentadas por uma destas causas. Somente aos seguintes tipos penais, poderão incidir as causa aumentativas de pena:

� Crime de tráfico de drogas;

� Crime de tráfico de matéria prima;

� Crime de cultivo de plantas destinadas ao preparo da droga;

� Crime de utilização ou consentimento de local para a prática de tráfico;

� Crime de induzimento ao uso de drogas;

� Crime de consumo de drogas em conjunto;

� Crime de tráfico de maquinários de drogas;

� Crime de associação ao tráfico;

� Crime de financiamento do tráfico de droga;

� Crime do informante colaborador do tráfico de drogas.

Pois bem, os supracitados crimes terão suas penas aumentadas de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços) se:

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� a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a TRANSNACIONALIDADE do delito;

Aqui não se pune somente o imediato tráfego das drogas entre países, como no exemplo do agente que está em vias de exportar ou importar a droga; mas também nos casos em que o agente, mesmo tendo importado a droga há tempos, é surpreendido na posse visando o tráfico.

Se nesse caso a característica da droga demonstrar sua procedência internacional, pode restar configurada a causa de aumento.

� o agente praticar o crime prevalecendo-se de FUNÇÃO PÚBLICA ou no DESEMPENHO de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;

A função pública não mais precisa estar relacionada com a repressão à criminalidade; qualquer função exercida com vínculo estatal poderá ocasionar o aumento da pena.

Estudaremos na próxima aula os conceitos de guarda e de poder familiar. Para essa aula saiba que o educador ou a pessoa que exerce o comando familiar, a guarda ou a vigilância, também estão sujeitos ao aumento da pena.

� a infração tiver sido cometida nas DEPENDÊNCIAS ou IMEDIAÇÕES de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;

Nesses locais, a droga consegue se difundir com maior facilidade, duplicando sua potencialidade lesiva ao corpo social. Esses locais são mais suscetíveis para a propagação de tóxico, além de ser alto o grau de vulnerabilidade das pessoas reunidas em determinados grupos.

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� o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;

Você está cansado de presenciar cenas reproduzidas pelos meios de comunicações demonstrando que a prática de tráfico ilícito de entorpecente, em muitos casos, ocorre com arma em punho, vozes de comando e intimidação. Caracterizada qualquer dessas formas violentas, ameaçadoras, intimidadoras para a prática da difusão da droga, deve-se aplicar o aumento de pena.

� caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;

Essa causa de aumento pune o tráfico interestadual. Para sua caracterização é imprescindível prova cabal de que a droga estava trafegando de um Estado para o outro, ou que estava em vias de passar as divisas dos Estados.

� sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;

A proteção abrange a criança (até 12 anos) e o adolescente (entre 12 a 18 anos) assim como também as pessoas com deficiência mental.

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IMPORTANTE - NÃO ESQUEÇA!!

� É ISENTO DE PENA o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, AO TEMPO DA AÇÃO OU DA OMISSÃO, QUALQUER QUE TENHA SIDO A INFRAÇÃO PENAL PRATICADA, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

� As penas podem ser REDUZIDAS DE UM TERÇO A DOIS TERÇOS se, por força das circunstâncias acima previstas, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Ou seja:

* AGENTE INTEIRAMENTE INCAPAZ � isento de pena

* AGENTE COM CAPACIDADE REDUZIDA � pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3

� o agente financiar ou custear a prática do crime

A referida causa de aumento consigna as mesmas condutas tipificadas e aqui já estudadas de “financiar ou custear a prática de qualquer crime...”.

Como não é permitida a dupla punição pelo mesmo fato (proibição do bis in idem), o agente responderá pelo crime de financiamento, no caso de financiamento ou custeio dos crimes de tráfico e seus assemelhados (arts. 33 caput e § 1º, e 34), não havendo que se falar na incidência dessa causa de aumento. Em tese, ela poderá ocorrer quando o financiamento ou custeio se direcionar para os crimes subjacentes ao crime de tráfico.

Pois bem, falamos sobre as causas aumentativas de pena.

Aí você me pergunta: professor, e só existem causas aumentativas de pena? Não será possível alguém que cometeu um dos crimes aqui estudados ter algum outro benefício de redução de pena?

Resposta: claro que sim!! A Lei de Drogas prevê essa situação e estabelece que o indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do

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produto do crime, no caso de condenação, terá pena REDUZIDA DE UM TERÇO A DOIS TERÇOS.

Vamos exercitar!!

35. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2009] Nos crimes de tráfico de substâncias entorpecentes, é isento de pena o agente que, em razão da dependência ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

36. [CEV/UECE – AGENTE PENITENCIÁRIO – SEJUS/CE – 2011] Conforme determinação do art. 41 da Lei 11.343/06, o indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e com o processo criminal na identificação dos demais coautores e partícipes do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de 1/6(um sexto) a 2/6 (dois sextos).

[CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008] Acerca das disposições da Lei n.º 11.343/2006, que estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, julgue os itens a seguir.

37. Essa lei trouxe nova previsão de concurso eventual de agentes como causa de aumento de pena, razão pela qual não é ilegal a condenação do réu pelo delito de tráfico com a pena acrescida dessa majorante.

38. Terá a pena reduzida de um a dois terços o agente que, em razão da dependência de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AL – 2008] Acerca do processo e julgamento dos crimes de tráfico e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, julgue o item abaixo.

39. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, poderá ser beneficiado com o perdão judicial.

40. [CESPE – INSPETOR DE POLÍCIA – POLICIA CIVIL/CE – 2012] As penas cominadas ao delito de tráfico de drogas serão aumentadas de um sexto a dois terços se o agente tiver utilizado transporte público com grande aglomeração de pessoas para passar despercebido, sendo irrelevante se ofereceu ou tentou disponibilizar a substância entorpecente para os outros passageiros.

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Questão 35 – Perfeito!! Se nas circunstâncias apresentadas na assertiva, o agente for inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, ele será isento da pena. Mas não se esqueça: se nas mesmas circunstâncias, ele estiver apenas com sua capacidade reduzida, não haverá isenção de pena e, sim, a redução dela de um a dois terços.

Gabarito: CERTO

Questão 36 – Assim como a Lei de Drogas prevê as causas aumentativas de pena, temos também a previsão de redução de pena de 1/3 a 2/3 caso o indiciado ou acusado colabore voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação. A questão equivoca-se ao afirmar que a pena será reduzida de 1/6 a 2/6.

Gabarito: ERRADO

Questão 37 – Ainda nesse tópico listamos e comentamos as causas aumentativas de pena e, você pode conferir, não há previsão de concurso eventual de agentes como uma dessas causas. O que há na verdade é um crime tipificado para quem se associa com duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes equiparados ao de tráfico de drogas previstos na Lei 11.343/06. Quem assim o fizer incorrerá nas penas de reclusão, de 03 a 10 anos e de pagamento de 700 a 1.200 dias-multa.

Gabarito: ERRADO

Questão 38 – Esse item é uma daquelas pegadinhas maldosas da banca. Vamos repetir para exercitar o seu cérebro e você nunca mais se esquecer: se na prática do crime, conforme conduta descrita no item, o agente for inteiramente incapaz ele será isento de pena. Se tiver sua plena capacidade reduzida, sua pena pode ser reduzida de um terço a dois terços. A questão troca uma situação pela outra ao afirmar que estando inteiramente incapaz terá sua pena reduzida, quando o certo seria dizer que será ISENTO de pena.

Gabarito: ERRADO

Questão 39 – Você deve ter percebido que não falamos até agora em perdão judicial!! Não falamos exatamente porque não há previsão dele na Lei de Drogas e, muito menos, para aquele indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime. O direito a ele previsto será o de redução de pena de um a dois terços.

Gabarito: ERRADO

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Questão 40 – A Lei de Drogas regulamenta sete causas de aumento de pena. Não se esqueça, caro aluno, que não são todos os crimes previstos na referida lei que terão suas penas aumentadas por uma destas causas.

Só aos seguintes tipos penais, poderão incidir as causa aumentativas de pena:

� Crime de tráfico de drogas;

� Crime de tráfico de matéria prima;

� Crime de cultivo de plantas destinadas ao preparo da droga;

� Crime de utilização ou consentimento de local para a prática de tráfico;

� Crime de induzimento ao uso de drogas;

� Crime de consumo de drogas em conjunto;

� Crime de tráfico de maquinários de drogas;

� Crime de associação ao tráfico;

� Crime de financiamento do tráfico de droga;

� Crime do informante colaborador do tráfico de drogas.

Pois bem, esses crimes terão suas penas aumentadas de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços) se algumas condutas específicas forem praticadas. Dentre elas temos a seguinte:

� a infração tiver sido cometida nas DEPENDÊNCIAS ou IMEDIAÇÕES de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;

Cometer um dos crimes acima estando em transporte público, como você pode observar, é uma causa aumentativa de pena. Dito isso, é realmente irrelevante se o agente narrado no item ofereceu ou tentou disponibilizar a substância entorpecente para os outros passageiros.

Gabarito: CERTO

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4.5. O PROCEDIMENTO PENAL PARA O TRÁFICO ILÍCITO E SEUS EQUIPARADOS E SUBJACENTES

Já estudamos o procedimento penal para o crime de posse de drogas para o uso de consumo pessoal. Vimos que é um rito bastante rápido e que tende a facilitar a vida do usuário de drogas.

Agora, estudaremos o procedimento penal - à luz das disposições trazidas pela Lei de Drogas - referente aos crimes de tráfico de drogas, seus assemelhados e subjacentes. Para isso temos a primeira regra básica:

IMPORTANTE

� Serão aplicadas, subsidiariamente, ao procedimento aqui estudado, as disposições do Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal.

O procedimento penal se divide em duas fases: a investigação e a instrução criminal.

� A Investigação

A Lei de Drogas estabelece que, ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente remetendo-lhe cópia do auto lavrado do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas.

IMPORTANTE

� Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é SUFICIENTE o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.

O inquérito policial será concluído nos seguintes prazos:

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� 30 dias, se o indiciado estiver preso

� 90 dias, quando solto.

Atenção: Os prazos acima poderão ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.

Terminados os prazos acima citados, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo procederá com UMA DAS DUAS CONDUTAS a seguir:

� Ou ele relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente;

� Ou requererá sua devolução para a realização de diligências necessárias.

A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de diligências complementares.

IMPORTANTÍSSIMO!!!

� Em QUALQUER FASE DA PERSECUÇÃO CRIMINAL relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:

a INFILTRAÇÃO POR AGENTES DE POLÍCIA, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes;

A NÃO-ATUAÇÃO POLICIAL sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.

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Professor, mas o que significa essa não-atuação policial? Não consegui entendê-la!!

É simples: em uma investigação, por exemplo, alguns policiais descobrem o portador ou os portadores da droga, alvos da investigação em curso. Já possuem também provas para enquadrá-lo no crime de tráfico de drogas, porém acham por bem não prendê-lo ainda e continuar observando-o com o intuito de descobrir quem mais está envolvido ou tem relação com esse crime.

Nesse caso, os policiais já poderiam enquadrá-lo e prendê-lo em flagrante delito, mas abrem mão dessa prerrogativa para “esperar mais um pouco” e pegar mais gente na surdina. Praticaram, assim, a não-atuação prevista pela Lei 11.343/06.

Mas tem um detalhe também relevante:

A Lei de Drogas versa que na hipótese da não-atuação, a autorização será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.

Veja como o assunto foi cobrado:

41. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Caso um indivíduo, imputável, seja abordado em uma blitz policial portando expressiva quantidade de maconha, sobre a qual alegue ser destinada a consumo pessoal, e, apresentado o caso à autoridade policial, esta defina a conduta como tráfico de drogas, considerando, exclusivamente, na ocasião, a quantidade de droga em poder do agente, agirá corretamente a autoridade policial, pois a quantidade de droga apreendida é o único dado a ser levado em consideração na ocasião da lavratura da prisão em flagrante.

42. [FGV – DELEGADO DE POLICIA – SEAD/AP – 2010] Uma vez encerrado o prazo do inquérito, e não havendo diligências necessárias pendentes de realização, a autoridade de polícia judiciária relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente.

43. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Suponha que policiais civis, investigando a conduta de Carlos, imputável, suspeito de tráfico internacional de drogas, tenham-no observado no momento da obtenção de grande quantidade de cocaína, acompanhando veladamente a guarda e o depósito do entorpecente, antes de sua destinação ao exterior. Buscando obter maiores informações sobre o propósito de Carlos quanto à

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destinação da droga, mantiveram o cidadão sob vigilância por vários dias e lograram a apreensão da droga, em pleno transporte, ainda em território nacional. A ação da polícia resultou na prisão em flagrante de Carlos e de outros componentes da quadrilha por tráfico de drogas. Nessa situação, ficou evidenciada a hipótese de flagrante provocado, inadmissível na legislação brasileira.

44. [FGV – DELEGADO DE POLICIA – SEAD/AP – 2010] Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos na Lei de Drogas, é permitida a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, mediante autorização do Ministério Público.

45. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] É legalmente vedada a não-atuação policial aos portadores de drogas, a seus precursores químicos ou a outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro.

46. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Para a lavratura do auto de prisão em flagrante, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, o qual será necessariamente firmado por perito oficial.

[CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Acerca do tráfico ilícito e do uso indevido de substâncias entorpecentes, com base na legislação respectiva julgue o item a seguir.

47. O IP relativo a indiciado preso deve ser concluído no prazo de 30 dias, não havendo possibilidade de prorrogação do prazo. A autoridade policial pode, todavia, realizar diligências complementares e remetê-las posteriormente ao juízo competente.

48. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/TO – 2007] A respeito do crime de tráfico ilícito de entorpecentes, o inquérito policial deve ser concluído no prazo de 30 dias, caso o indiciado esteja preso, e no de 60 dias, caso este esteja solto.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AL – 2008] Acerca do processo e julgamento dos crimes de tráfico e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, julgue os itens abaixo.

49. Para a lavratura do auto de prisão em flagrante, não se faz necessário laudo de constatação da natureza e quantidade da droga.

50. Os prazos de conclusão do inquérito policial podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o MP, mediante pedido justificado da autoridade policial.

51. Em qualquer fase da persecução criminal, é permitida, mediante autorização judicial e ouvido o MP, a não-atuação policial sobre os portadores de drogas que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de

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identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, ainda que não haja conhecimento sobre a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.

52. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Findo o prazo para conclusão do inquérito, a autoridade policial remete os autos ao juízo competente, relatando sumariamente as circunstâncias do fato, sendo-lhe vedado justificar as razões que a levaram à classificação do delito.

53. [CESPE – INSPETOR DE POLÍCIA – POLICIA CIVIL/CE – 2012] O inquérito policial instaurado para a apuração da prática de tráfico de drogas deverá ser concluído no prazo de trinta dias, se o indiciado estiver preso, e de noventa dias, quando solto, sendo certo que tais prazos poderão ser duplicados pelo juiz, ouvido o MP, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.

Questão 41 – Para que a lavratura da prisão em flagrante e o estabelecimento da materialidade do delito obedeçam ao estabelecido pelo art. 50, §1º, da Lei 11.343/06, não só a QUANTIDADE, mas a NATUREZA da droga, devem constar de laudo expedido por perito oficial ou pessoa idônea.

A questão cita "exclusivamente" a quantidade da droga. Outro erro: regra geral, quem determina se a quantidade de droga apreendida caracteriza ou não o crime de tráfico é a autoridade judiciária e não a autoridade policial. E para tanto o juiz, além da quantidade, levará em consideração também a natureza desta droga, o local e às condições em que se desenvolveu a ação, as circunstâncias sociais e pessoais e a conduta e aos antecedentes do agente.

Gabarito: ERRADO

Questão 42 – A questão traz de forma correta um dos procedimentos por nós aqui estudados a ser adotado pela autoridade judiciária policial e que é a redação literal do art. 52, inciso I da Lei 11.343/06.

Gabarito: CERTO

Questão 43 – O flagrante provocado ocorre quando o autor é incitado à prática delituosa – geralmente através de um policial – e, estando monitorado e sendo acompanhado pela autoridade policial, resulta totalmente impossível a consumação do crime para o qual foi estimulado, caracterizando, assim, o chamado crime impossível. Isso não tem absolutamente nada a ver com a conduta dos policiais civis na situação hipotética em análise. Nesse caso, o que acontece é que os policiais civis usaram da prerrogativa da não-atuação policial que, como vimos, é prevista como legal (mediante autorização, é claro) pela Lei de Drogas.

Gabarito: ERRADO

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Questão 44 – De fato, como vimos, em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos na lei de drogas é permitida a infiltração por agentes de polícia em tarefas de investigação, mas não mediante autorização do Ministério Público. O Ministério Público será ouvido, mas a autorização será da autoridade judicial.

Gabarito: ERRADO

Questão 45 – Já comentamos que há previsão na Lei 11.343/06 da não-atuação policial aos portadores de drogas, aos seus precursores químicos ou a outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, desde que autorizada e que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.

Gabarito: ERRADO

Questão 46 – A assertiva está toda quase certinha, mas erra ao seu final quando afirma que o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga será NECESSARIAMENTE firmado por perito oficial. O art. 50, em seu § 1º, afirma que uma pessoa idônea também poderá firmar o referido laudo.

Gabarito: ERRADO

Questão 47 – Afirmar que o inquérito policial relativo a indiciado preso deva ser concluído no prazo de 30 dias, sem possibilidade de prorrogação desse prazo, é um erro bobo da assertiva. Estudamos nesta aula que o inquérito policial será concluído no prazo de 30 dias, se o indiciado estiver preso e de 90 dias, quando solto e que esses prazos poderão ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.

Gabarito: ERRADO

Questão 48 – No comentário da questão anterior vimos que o inquérito policial será concluído no prazo de 30 dias, se o indiciado estiver PRESO e de 90 dias (não de 60), quando SOLTO.

Gabarito: ERRADO

Questão 49 – Brincadeira, não é mesmo?? É claro que para a lavratura do auto de prisão em flagrante é necessário laudo de constatação da natureza e quantidade da droga.

Gabarito: ERRADO

Questão 50 – Perfeito!! Foi o que você estudou e é o que rege o parágrafo único do art. 51 da Lei 11.343/06.

Gabarito: CERTO

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Questão 51 – A não atuação é permitida pela Lei, mas desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores. A questão equivoca-se ao usar a expressão “ainda que não haja conhecimento sobre a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.”

Gabarito: ERRADO

Questão 52 - De forma alguma!! Ao enviar os autos ao juízo competente, a autoridade policial, além de relatar sumariamente as circunstâncias do fato, deverá sim justificar as razões que a levaram à classificação do delito.

Gabarito: ERRADO

Questão 53 – Certinha, tal qual consta da lei!!

Repetindo para que você não mais esqueça: o inquérito policial será concluído em

� 30 dias, se o indiciado estiver preso

� 90 dias, quando solto.

Os prazos acima poderão ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.

Gabarito: CERTO

� A Instrução Criminal

� O OFERECIMENTO da denúncia

Terminada a fase de investigação e concluído o inquérito, segue-se, agora, a fase de instrução criminal. Vamos entender como ela funciona. Acompanhe-me!!

Bom, recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de informação, dar-se-á vista ao Ministério Público.

O Ministério Público terá o prazo de 10 dias para adotar UMA das seguintes providências:

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requerer o ARQUIVAMENTO do inquérito;

requisitar as diligências CASO ENTENDA necessárias;

oferecer denúncia, arrolar até 05 testemunhas e requerer as demais provas que entender pertinentes.

Passados os 10 dias e oferecida pelo Ministério Público a denúncia ao juiz, este ordenará a NOTIFICAÇÃO DO ACUSADO para oferecer DEFESA PRÉVIA, por escrito, no prazo de 10 dias.

IMPORTANTE

� Na resposta, consistente em defesa PRELIMINAR e exceções, o acusado poderá:

� argüir preliminares e invocar todas as razões de defesa;

� oferecer documentos e justificações;

� especificar as provas que pretende produzir e;

� arrolar até no máximo 05 testemunhas.

� Se a resposta não for apresentada nesse prazo de 10 dias, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em 10 dias, concedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.

Pronto!! Bem simples!! A partir da data da apresentação da defesa, o juiz decidirá, em 05 dias, se recebe ou não a denúncia.

Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de 10 dias, também contados a partir da apresentação da defesa, determinará a apresentação do preso, realização de diligências, exames e perícias.

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ATENÇÃO!!

� Perceba que não estamos falando ainda em sentença condenatória!!

� Os prazos e procedimento até aqui estudados referem-se tão somente ao oferecimento da denúncia por parte do Ministério Público e o seu recebimento ou não pela autoridade judiciária.

� O RECEBIMENTO da denúncia

Pois bem, recebida a denúncia, o juiz:

� designará dia e hora para a audiência de instrução e julgamento;

� ordenará a citação pessoal do acusado;

� a intimação do Ministério Público, do assistente, se for o caso, e;

� requisitará os laudos periciais.

IMPORTANTE PARA VOCÊ FUTURO SERVIDOR PÚBLICO!!

� Se o denunciado for funcionário público e a(s) conduta(s) tipificada(s) for a de crime de tráfico de drogas, de tráfico de matéria prima, de cultivo de plantas destinadas ao preparo da droga, de utilização ou consentimento de local para a prática de tráfico, de tráfico de maquinários de drogas ou do informante colaborador do tráfico de drogas, o juiz poderá decretar o afastamento cautelar do denunciado de suas atividades, comunicando ao órgão respectivo.

Professor, mas a Lei remete-se a FUNCIONÁRIO público e não a SERVIDOR público. E agora?

Caro aluno, para fins do disposto na regra acima, entende-se como funcionário público servidores públicos e empregados públicos, inclusive os temporários contratados na forma da Lei nº 9.849/99.

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Voltando à audiência de instrução e julgamento, esta será realizada, regra geral, dentro dos 30 dias seguintes ao recebimento da denúncia. Essa regra NÃO É absoluta, pois se for determinada a realização de avaliação para atestar dependência de drogas, a audiência se realizará em 90 dias. Preste atenção, ok??

� A AUDIÊNCIA de instrução e julgamento

Na audiência de instrução e julgamento, após o interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério Público e ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 minutos para cada um, prorrogável por mais 10, A CRITÉRIO DO JUIZ.

Finalizado o interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de imediato, ou o fará em 10 dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos.

Ao proferir sentença, o juiz, não tendo havido controvérsia, no curso do processo, sobre a natureza ou quantidade da substância ou do produto, ou sobre a regularidade do respectivo laudo, determinará que se proceda à destruição das drogas por incineração, no prazo máximo de 30 dias, preservando-se, para eventual contraprova, a fração que fixar.

IMPORTANTE

� O juiz, na fixação das penas, considerará, COM PREPONDERÂNCIA sobre o previsto no art. 59 do Código Penal:

� a natureza e a quantidade da substância ou do produto e;

� a personalidade e a conduta social do agente.

Para que você entenda melhor, vamos revisar o que diz o art. 59 do Código Penal, abaixo transcrito:

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Código Penal

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:

I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;

II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;

III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;

IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

Pois bem, saiba que para a fixação das penas previstas nos crimes tipificados na Lei de Drogas, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente terão PREPONDERÂNCIA, ou seja, supremacia, ao serem aplicadas pelo juiz as disposições do art. 59 acima.

Por fim, decretada a sentença é importante ressalta que nos crimes previstos na Lei de Drogas – com exceção dos crimes de posse de drogas e cultivo de plantas para o uso pessoal, o crime de prescrição indevida de medicamento e o de condução de embarcação ou aeronave após consumo de drogas - o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, salvo se for PRIMÁRIO E DE BONS ANTECEDENTES, assim reconhecido na sentença condenatória.

Exercitemos:

54. [FGV – ADVOGADO – SENADO FEDERAL – 2008] O juiz, na fixação das penas dos crimes previstos na Lei 11.343/2006, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente.

55. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Em se tratando de crime de tráfico de drogas, não se consideram, para a fixação da pena, com

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preponderância sobre o previsto no art. 59 do CP, a natureza e a quantidade da substância entorpecente.

Questão 54 - Isso mesmo!! Foi o que acabamos de estudar!! É a redação do art. 42 da Lei 11.343/06.

Gabarito: CERTO

Questão 55 - Questão recentíssima para JUIZ, pasme!! A essa altura do campeonato você já está cansado de saber que a natureza e a quantidade da substância entorpecente serão consideradas com preponderância para a fixação da pena. O item afirma o contrário!!

Gabarito: ERRADO

Caro aluno, praticamente finalizamos o nosso estudo da Lei 11.343/06. Tenho absoluta certeza que 99% das questões de sua prova sobre essa norma sairão de um dos assuntos até aqui cobrados. No entanto, para que você possa enfrentar sua prova devidamente “blindado” e, também, para não dizer que não falei de flores, citarei no próximo tópico outras importantes e “boas de prova” regras da norma em estudo.

Sinceramente não acredito que o CESPE cobrará de você alguns desses dispositivos (o que vimos até então já é um prato cheio e bem rico para questões), mas, como infelizmente não serei eu o elaborador, vou trazê-los a seguir. Vamos lá!!

V – OUTROS DISPOSITIVOS “BONS DE PROVA” DA LEI DE DROGAS

Art. 60. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade de polícia judiciária, ouvido o Ministério Público, havendo indícios suficientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias relacionadas aos bens móveis e imóveis ou valores consistentes em produtos dos crimes previstos nesta Lei, ou que constituam proveito auferido com sua prática, procedendo-se na forma dos arts. 125 a 144 do Código de Processo Penal.

Art. 61. NÃO HAVENDO PREJUÍZO para a produção da prova dos fatos e comprovado o interesse público ou social, ressalvado o disposto no art. 62 desta Lei, mediante autorização do juízo competente, ouvido o Ministério

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Público e cientificada a Senad, os BENS APREENDIDOS poderão ser utilizados pelos órgãos ou pelas entidades que atuam na prevenção do uso indevido, na atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e na repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, exclusivamente no interesse dessas atividades.

Parágrafo único. Recaindo a autorização sobre veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório de registro e licenciamento, em favor da instituição à qual tenha deferido o uso, ficando esta livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, ATÉ O TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO QUE DECRETAR O SEU PERDIMENTO EM FAVOR DA UNIÃO.

Art. 62. Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte, os maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza, utilizados para a prática dos crimes definidos na Lei de Drogas, após a sua regular apreensão, ficarão sob custódia da autoridade de polícia judiciária, excetuadas as armas, que serão recolhidas na forma de legislação específica.

(...)

§ 11. (...) recaindo a autorização sobre veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório de registro e licenciamento, em favor da autoridade de polícia judiciária ou órgão aos quais tenha deferido o uso, ficando estes livres do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado da decisão que decretar o seu perdimento em favor da União.

Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos na Lei - com exceção dos crimes de prescrição indevida de medicamento e o de condução de embarcação ou aeronave após consumo de drogas -, se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.

Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara federal serão processados e julgados NA VARA FEDERAL DA CIRCUNSCRIÇÃO RESPECTIVA.

Chegamos ao final de nosso conteúdo!! Antes de concluirmos em definitivo, vamos revisar com mais algumas questões de nossa estimada banca!!

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56. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2006] O delito de tráfico ilícito de entorpecentes refere-se a norma penal em branco estando seu complemento contido em norma de outra instância legislativa. Nos crimes tipificados na lei antitóxicos, a complementação está expressa em Portaria do Ministério da Saúde.

57. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2011] Considere a seguinte situação hipotética. O comerciante Ronaldo mantém em estoque e frequentemente vende para menores em situação de risco (meninos de rua) produto industrial conhecido como cola de sapateiro. Flagrado pela polícia ao vender uma lata do produto para uma adolescente, o comerciante foi apresentado à autoridade policial competente.

Nessa situação hipotética, caberá ao delegado de polícia a autuação em flagrante de Ronaldo, por conduta definida como tráfico de substância entorpecente.

[CESPE – JUIZ FEDERAL – TRF 2ª – 2011] Juan, cidadão espanhol, pretendendo transportar 3.500 g de substância entorpecente conhecida como cocaína para a Espanha, no interior de um aparelho de ar condicionado portátil, adquiriu passagens aéreas de Brasília-DF para Barcelona, com conexão no Rio de Janeiro-RJ. Ao chegar ao aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, para a conexão internacional, após passar pelo aparelho de raios X, mostrou-se muito nervoso, o que chamou a atenção dos agentes policiais. Após entrevista com Juan, a polícia encontrou a substância entorpecente. Juan foi preso em flagrante delito por tráfico de drogas. No momento da autuação, o estrangeiro, primário e sem antecedentes criminais, espontaneamente confessou a prática do crime e declarou-se dependente químico, alegando que o motivara à conduta delituosa a necessidade de dinheiro para pagar dívidas com traficantes no seu país de origem. Juan colaborou com a investigação policial do tráfico, identificou as pessoas que o haviam aliciado e apontou outros integrantes da organização, que conhecera por ocasião do aliciamento, o que resultou em prisões no Brasil e no exterior, e na apreensão de significativa quantidade de drogas, dinheiro, veículos, embarcações, móveis e apetrechos para preparação e embalagem de drogas.

Considerando a aplicação de pena, elementares e circunstâncias, julgue os itens com base nessa situação hipotética e na Lei de Entorpecentes.

58. A legislação que disciplina o crime de tráfico de drogas autoriza expressamente o perdão judicial em casos de efetiva e voluntária colaboração do réu, desde que as informações e declarações prestadas sejam relevantes e contribuam, de fato, com as investigações ou o processo, seja na identificação dos demais corréus e partícipes, seja na recuperação total ou parcial do produto do crime, como na situação em tela.

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59. A espécie e a quantidade da droga apreendida com Juan, o tráfico interestadual por meio de transporte público e o conhecimento dos integrantes e do funcionamento da organização criminosa obstam a aplicação da causa especial de diminuição de pena prevista na legislação e nomeada pela doutrina como tráfico privilegiado.

60. Demonstrada por perícia a dependência toxicológica de Juan e comprometida, de forma plena ou parcial, a compreensão do caráter ilícito do fato, poderá ele ser isento de pena ou ser esta reduzida, impondo a lei, em qualquer dos casos, a compulsória medida de segurança de internamento em hospital de custódia e tratamento.

Questão 56 - A Lei nº 11.343/06 (a nossa Lei de Drogas) traz o seguinte conceito de DROGAS:

� SUBSTÂNCIAS (ou PRODUTOS) entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial capazes de causar DEPENDÊNCIA, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.

Com esse conceito vou te explicar o que a questão quer de você: normas penais em branco são aquelas em que há uma necessidade de complementação para que se possa compreender o âmbito da aplicação de seu preceito primário. Pois bem, para que alguém seja condenado por um dos delitos previstos na Lei de Drogas, é preciso que se saiba se a substância com ele encontrada é de fato caracterizada como droga segundo regulamentação do Ministério da Saúde.

O art. 66 da citada lei estabelece que para os fins nela dispostos, até que seja atualizada a terminologia da lista mencionada no preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, constantes na Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998. diante do exposto, tem-se que o delito de tráfico ilícito de entorpecentes refere-se realmente à norma penal em branco estando seu complemento contido em norma de outra instância legislativa.

Gabarito: CERTO

Questão 57 - Essa questão é bem inteligente e, sobretudo, perigosa!! Para respondê-la com segurança, você precisaria ter o entendimento de que o tráfico ilícito de drogas é uma norma penal em branco (conforme discutido na questão anterior) e saber também que a “cola de sapateiro”, apesar de causar dependência física ou química que dela se utilize indevidamente, não é considerada pela Portaria SVAS/MS/ nº 344/98 como droga ilícita. Se não é considerada droga ilícita, Ronaldo não pode responder pelo crime de tráfico de drogas tipificado na Lei 11.343/06. Se vendeu a cola para meninos de rua, Ronaldo será de fato preso em flagrante, mas por ter cometido outro crime: o estabelecido no art. 243 do Estatuto da Criança e do Adolescente (estudaremos em aulas posteriores) que versa o seguinte:

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Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida:

Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.

Gabarito: ERRADO

Questão 58 – Já falamos em comentário anterior que não há essa previsão de PERDÃO JUDICIAL na Lei 11.343/06 em casos de efetiva e voluntária colaboração do réu. O que há, e você já sabe, é a previsão de redução de pena de um 1/3 a 2/3 para esses casos.

Gabarito: ERRADO

Questão 59 – O tráfico privilegiado nada mais é que o crime de tráfico de drogas cometido por agente primário, de bons antecedentes e que não se dedica às atividades criminosas nem integre organização criminosa. Esse é o caso de Juan, o traficante da situação hipotética em análise. Pois bem, a espécie e a quantidade da droga apreendida com Juan, o tráfico interestadual por meio de transporte público e o conhecimento dos integrantes e do funcionamento da organização criminosa não são óbices para a aplicação da causa especial de diminuição de pena prevista na Lei. É só você reler o § 4º do art. 33 que você constatará que não há nele tais óbices.

Gabarito: ERRADO

Questão 60 – Falamos aqui de alguma previsão na lei 11.343/06 de medida compulsória de internamento em hospital de custódia e tratamento para quem comete o crime de tráfico de drogas?? Claro que não!!

Gabarito: ERRADO

***

Caro aluno, finalizamos nossa primeira aula!! Espero sinceramente que tenha gostado da metodologia aqui APLICADA.

Sempre que puder, faça uma revisão a fim de consolidar ainda mais seu aprendizado. Estarei à disposição para tirar suas dúvidas em nosso fórum e peço que, sempre que precisar, conte com minha ajuda. Acompanhe também o Quadro de Avisos de seu curso, pois aqui e acolá postamos informes e avisos importantes.

Bons estudos e até a próxima aula!!

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QUESTÕES DE SUA AULA

01. [CEV/UECE – AGENTE PENITENCIÁRIO – SEJUS/CE – 2011] A Lei 11.343/06, prescrevendo medidas para prevenção do uso indevido de drogas, instituiu o SISNAD.

02. [CESPE – INSPETOR DE POLÍCIA – POLICIA CIVIL/CE – 2012] As ações do SISNAD limitam-se ao plano interno, ou seja, aos limites do território nacional, razão pela qual esse sistema não comporta a integração de estratégias internacionais de prevenção do uso indevido de drogas.

03. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2011] A conduta de porte de drogas para consumo pessoal possui a natureza de infração sui generis, porquanto o fato deixou de ser rotulado como crime tanto do ponto de vista formal quanto material.

04. [CEV/UECE – AGENTE PENITENCIÁRIO – SEJUS/CE – 2011] A conduta de quem traz consigo, para uso próprio, substância tida como entorpecente é fato tipificado como crime.

05. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Em decorrência da nova política criminal adotada pela legislação de tóxicos, a conduta do usuário foi descriminalizada, porquanto, segundo o que institui a parte geral do Código Penal, não se considera crime a conduta à qual a lei não comina pena de reclusão ou detenção.

06. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STJ – 2008] Quem tiver em depósito, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar poderá ser submetido a prestação de serviços à comunidade, a qual, em prol da dignidade da pessoa humana, a fim de não causar situação vexatória ao autor do fato, não poderá ser cumprida em entidades que se destinem à recuperação de usuários e dependentes de drogas.

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07. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008] A Lei 11.343/06 extinguiu o crime de posse de pequena quantidade de drogas para consumo pessoal, recomendando apenas o encaminhamento do usuário para programas de tratamento de saúde.

08. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STF – 2008] A legislação descriminalizou a conduta de quem adquire, guarda, tem em depósito, transporta ou traz consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Atualmente, o usuário de drogas será isento da aplicação de pena e submetido a tratamento para recuperação e reinserção social.

09. [FUNCAB – AGENTE PENITENCIÁRIO – SEJUS/RO – 2010] Considerando que um usuário com 20 anos seja flagrado trazendo consigo, para uso próprio, pequena quantidade de droga, segundo o Art. 28 da referida Lei, este poderá ser submetido à pena de prisão simples, de seis meses a um, dois anos.

10. [FGV – ADVOGADO – SENADO FEDERAL – 2008] Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar só poderá ser submetido às seguintes penas: advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade ou medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

11. [CESPE – INSPETOR DE POLÍCIA – POLICIA CIVIL/CE – 2012] O usuário e o dependente de drogas que, em razão da prática de infração penal, estiverem submetidos a medida de segurança terão garantidos os mesmos serviços de atenção à sua saúde que tinham antes do início do cumprimento de pena privativa de liberdade, independentemente da posição do respectivo sistema penitenciário.

12. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] No caso de porte de substância entorpecente para uso próprio, não se impõe prisão em flagrante, devendo o autor de fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer.

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13. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STF – 2008] É atípica a conduta do agente que semeia plantas que constituam matéria-prima para a preparação de drogas, ainda que sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.

14. [FGV – ADVOGADO – SENADO FEDERAL – 2008] As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição Federal, de acordo com a legislação em vigor.

[CESPE – INSPETOR DE POLÍCIA – POLICIA CIVIL/CE – 2012] A respeito das normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, julgue os itens subsequentes.

15. As plantações ilícitas deverão ser imediatamente destruídas pelas autoridades de polícia judiciária, que recolherão quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova.

16. No território nacional, é expressamente proibido produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua preparação, não havendo previsão de licença pública para tal fim.

17. As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão desapropriadas por interesse público, mediante indenização ao proprietário por meio de títulos da dívida pública resgatáveis apenas após a comprovação de que as plantações ilícitas foram eliminadas da propriedade.

18. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Considere que determinado cidadão guardasse, em sua residência, cerca de 21 kg de cocaína, em depósito, para fins de mercancia e que, durante uma busca realizada por ordem judicial em sua casa, a droga tenha sido encontrada e os fatos tenham sido imediatamente apresentados à autoridade policial competente. Nessa situação, esse cidadão não pode ser preso em flagrante, pois, no momento da abordagem, ele não praticava nenhum ato típico da traficância.

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19. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2011] Considere a seguinte situação hipotética. Cláudio, penalmente responsável, foi flagrado fazendo uso de um cigarro artesanal de maconha, sendo que em seu poder ainda foi encontrada quantidade significativa da mesma droga, acondicionada em pequenas trouxinhas, com preços distintos afixados em cada uma delas, bem como constatou-se que Cláudio, mesmo desempregado, trazia consigo anotações e valores que o ligavam, indubitavelmente, ao tráfico de drogas.

Nessa situação hipotética, Cláudio responderá pelo crime de tráfico de entorpecentes e, mesmo que remanescente o crime de uso indevido de drogas, estarão excluídos os benefícios da lei atinente aos juizados especiais.

20. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Se um indivíduo, imputável, ao regressar de uma viagem realizada a trabalho na Argentina, for flagrado na fiscalização alfandegária trazendo consigo 259 frascos da substância denominada lança-perfume e, indagado a respeito do material, alegar que desconhece as propriedades toxicológicas da substância e sua proibição no Brasil em face do uso frequente nos bailes carnavalescos, onde pretende comercializar o produto, nessa situação, a alegação de desconhecimento das propriedades da substância e ignorância da lei será inescusável, não se configurando erro de proibição.

21. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] O agente que infringe o tipo penal da lei de drogas na modalidade de importar substância entorpecente será também responsabilizado pelo crime de contrabando, visto que a droga, de qualquer natureza, é também considerada produto de importação proibida.

22. [CESPE - POLICIA RODOVIARIA FEDERAL – 2008 – ADAP.] A legislação em vigor acerca do tráfico ilícito de entorpecente possibilita ao condenado por tráfico ilícito de entorpecente, desde que seja réu primário, com bons antecedentes e que não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa, a redução de um sexto a dois terços de sua pena, bem como a conversão desta em penas restritivas de direitos, desde que cumpridos os mesmos requisitos exigidos para a redução da pena.

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23. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/TO – 2007] A nova Lei de Tóxicos, Lei n.º 11.343/2006, não veda a conversão da pena imposta ao condenado por tráfico ilícito de entorpecentes em pena restritiva de direitos.

24. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] É vedada a progressão de regime do réu condenado por tráfico de drogas, devendo aquele cumprir a totalidade da pena em regime fechado.

25. [CEV/UECE – AGENTE PENITENCIÁRIO – SEJUS/CE – 2011] Para que se configure o crime de Associação para o Tráfico, previsto no art. 35 da Lei 11.343/06, é necessária a associação de, no mínimo, três pessoas.

[CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008] Acerca das disposições da Lei n.º 11.343/2006, que estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, julgue o item a seguir.

26. A vedação expressa pela referida lei do benefício da liberdade provisória na hipótese de crimes de tráfico ilícito de entorpecentes é, por si só, motivo suficiente para impedir a concessão dessa benesse ao réu preso em flagrante.

27. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2009] É atípica, por falta de previsão na legislação pertinente ao assunto, a conduta do agente que simplesmente colabora, como informante, com grupo ou associação destinada ao tráfico ilícito de entorpecentes.

28. [FGV – ADVOGADO – SENADO FEDERAL – 2008] É crime a associação de duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 da Lei 11.343/2006.

29. [FGV – DELEGADO DE POLICIA – SEAD/AP – 2010] O crime de tráfico de drogas (art. 33, da Lei 11.343/2006) é inafiançável, insuscetível de graça, indulto, anistia, liberdade provisória e livramento condicional.

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30. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/TO – 2007] A Lei n.º 11.343/2006 possibilita o livramento condicional ao condenado por tráfico ilícito de entorpecente após o cumprimento de três quintos da pena de condenação, em caso de réu primário, e dois terços, em caso de réu reincidente, ainda que específico.

31. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] O condenado por tráfico ilícito de entorpecentes não pode receber indulto, mas pode ser beneficiado por anistia.

32. [FGV – DELEGADO DE POLICIA – SEAD/AP – 2010] O oferecimento da substância entorpecente Cannabis sativa L. (popularmente conhecida como maconha) a outrem sem objetivo de lucro e para consumo conjunto constitui conduta equiparada ao crime de tráfico de drogas (art. 33, §3º, da Lei 11.343/2006) punido com pena de detenção seis meses a um ano, pagamento de 700 (setecentos) a 1.500(mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas de advertência, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

33. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Se Y, imputável, oferecer droga a Z, imputável, sem objetivo de lucro, para juntos a consumirem, a conduta de Y se enquadrará à figura do uso e não da traficância.

34. [CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – STJ – 2012] O médico que, por imprudência, prescrever a determinado paciente dose excessiva de medicamento que causa dependência química estará sujeito à pena de advertência, e o juiz que apreciar o caso deverá comunicar o fato ao Conselho Federal de Medicina.

35. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2009] Nos crimes de tráfico de substâncias entorpecentes, é isento de pena o agente que, em razão da dependência ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

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36. [CEV/UECE – AGENTE PENITENCIÁRIO – SEJUS/CE – 2011] Conforme determinação do art. 41 da Lei 11.343/06, o indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e com o processo criminal na identificação dos demais coautores e partícipes do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de 1/6(um sexto) a 2/6 (dois sextos).

[CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008] Acerca das disposições da Lei n.º 11.343/2006, que estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, julgue os itens a seguir.

37. Essa lei trouxe nova previsão de concurso eventual de agentes como causa de aumento de pena, razão pela qual não é ilegal a condenação do réu pelo delito de tráfico com a pena acrescida dessa majorante.

38. Terá a pena reduzida de um a dois terços o agente que, em razão da dependência de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AL – 2008] Acerca do processo e julgamento dos crimes de tráfico e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, julgue o item abaixo.

39. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, poderá ser beneficiado com o perdão judicial.

40. [CESPE – INSPETOR DE POLÍCIA – POLICIA CIVIL/CE – 2012] As penas cominadas ao delito de tráfico de drogas serão aumentadas de um sexto a dois terços se o agente tiver utilizado transporte público com grande aglomeração de pessoas para passar despercebido, sendo irrelevante se ofereceu ou tentou disponibilizar a substância entorpecente para os outros passageiros.

41. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Caso um indivíduo, imputável, seja abordado em uma blitz policial portando expressiva quantidade de maconha, sobre a qual alegue ser destinada a consumo pessoal, e, apresentado o caso à autoridade policial, esta defina a conduta como tráfico de drogas, considerando, exclusivamente, na ocasião, a

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quantidade de droga em poder do agente, agirá corretamente a autoridade policial, pois a quantidade de droga apreendida é o único dado a ser levado em consideração na ocasião da lavratura da prisão em flagrante.

42. [FGV – DELEGADO DE POLICIA – SEAD/AP – 2010] Uma vez encerrado o prazo do inquérito, e não havendo diligências necessárias pendentes de realização, a autoridade de polícia judiciária relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente.

43. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/ES – 2009] Suponha que policiais civis, investigando a conduta de Carlos, imputável, suspeito de tráfico internacional de drogas, tenham-no observado no momento da obtenção de grande quantidade de cocaína, acompanhando veladamente a guarda e o depósito do entorpecente, antes de sua destinação ao exterior. Buscando obter maiores informações sobre o propósito de Carlos quanto à destinação da droga, mantiveram o cidadão sob vigilância por vários dias e lograram a apreensão da droga, em pleno transporte, ainda em território nacional. A ação da polícia resultou na prisão em flagrante de Carlos e de outros componentes da quadrilha por tráfico de drogas. Nessa situação, ficou evidenciada a hipótese de flagrante provocado, inadmissível na legislação brasileira.

44. [FGV – DELEGADO DE POLICIA – SEAD/AP – 2010] Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos na Lei de Drogas, é permitida a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, mediante autorização do Ministério Público.

45. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] É legalmente vedada a não-atuação policial aos portadores de drogas, a seus precursores químicos ou a outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro.

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46. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Para a lavratura do auto de prisão em flagrante, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, o qual será necessariamente firmado por perito oficial.

[CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Acerca do tráfico ilícito e do uso indevido de substâncias entorpecentes, com base na legislação respectiva julgue o item a seguir.

47. O IP relativo a indiciado preso deve ser concluído no prazo de 30 dias, não havendo possibilidade de prorrogação do prazo. A autoridade policial pode, todavia, realizar diligências complementares e remetê-las posteriormente ao juízo competente.

48. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/TO – 2007] A respeito do crime de tráfico ilícito de entorpecentes, o inquérito policial deve ser concluído no prazo de 30 dias, caso o indiciado esteja preso, e no de 60 dias, caso este esteja solto.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AL – 2008] Acerca do processo e julgamento dos crimes de tráfico e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, julgue os itens abaixo.

49. Para a lavratura do auto de prisão em flagrante, não se faz necessário laudo de constatação da natureza e quantidade da droga.

50. Os prazos de conclusão do inquérito policial podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o MP, mediante pedido justificado da autoridade policial.

51. Em qualquer fase da persecução criminal, é permitida, mediante autorização judicial e ouvido o MP, a não-atuação policial sobre os portadores de drogas que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, ainda que não haja conhecimento sobre a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.

52. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Findo o prazo para conclusão do inquérito, a autoridade policial remete os autos ao juízo competente, relatando sumariamente as circunstâncias do fato, sendo-lhe vedado justificar as razões que a levaram à classificação do delito.

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53. [CESPE – INSPETOR DE POLÍCIA – POLICIA CIVIL/CE – 2012] O inquérito policial instaurado para a apuração da prática de tráfico de drogas deverá ser concluído no prazo de trinta dias, se o indiciado estiver preso, e de noventa dias, quando solto, sendo certo que tais prazos poderão ser duplicados pelo juiz, ouvido o MP, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.

54. [FGV – ADVOGADO – SENADO FEDERAL – 2008] O juiz, na fixação das penas dos crimes previstos na Lei 11.343/2006, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente.

55. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Em se tratando de crime de tráfico de drogas, não se consideram, para a fixação da pena, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do CP, a natureza e a quantidade da substância entorpecente.

56. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2006] O delito de tráfico ilícito de entorpecentes refere-se a norma penal em branco estando seu complemento contido em norma de outra instância legislativa. Nos crimes tipificados na lei antitóxicos, a complementação está expressa em Portaria do Ministério da Saúde.

57. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2011] Considere a seguinte situação hipotética. O comerciante Ronaldo mantém em estoque e frequentemente vende para menores em situação de risco (meninos de rua) produto industrial conhecido como cola de sapateiro. Flagrado pela polícia ao vender uma lata do produto para uma adolescente, o comerciante foi apresentado à autoridade policial competente.

Nessa situação hipotética, caberá ao delegado de polícia a autuação em flagrante de Ronaldo, por conduta definida como tráfico de substância entorpecente.

[CESPE – JUIZ FEDERAL – TRF 2ª – 2011] Juan, cidadão espanhol, pretendendo transportar 3.500 g de substância entorpecente conhecida como cocaína para a Espanha, no interior de um aparelho de ar condicionado portátil, adquiriu passagens aéreas de Brasília-DF para Barcelona, com

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conexão no Rio de Janeiro-RJ. Ao chegar ao aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, para a conexão internacional, após passar pelo aparelho de raios X, mostrou-se muito nervoso, o que chamou a atenção dos agentes policiais. Após entrevista com Juan, a polícia encontrou a substância entorpecente. Juan foi preso em flagrante delito por tráfico de drogas. No momento da autuação, o estrangeiro, primário e sem antecedentes criminais, espontaneamente confessou a prática do crime e declarou-se dependente químico, alegando que o motivara à conduta delituosa a necessidade de dinheiro para pagar dívidas com traficantes no seu país de origem. Juan colaborou com a investigação policial do tráfico, identificou as pessoas que o haviam aliciado e apontou outros integrantes da organização, que conhecera por ocasião do aliciamento, o que resultou em prisões no Brasil e no exterior, e na apreensão de significativa quantidade de drogas, dinheiro, veículos, embarcações, móveis e apetrechos para preparação e embalagem de drogas.

Considerando a aplicação de pena, elementares e circunstâncias, julgue os itens com base nessa situação hipotética e na Lei de Entorpecentes.

58. A legislação que disciplina o crime de tráfico de drogas autoriza expressamente o perdão judicial em casos de efetiva e voluntária colaboração do réu, desde que as informações e declarações prestadas sejam relevantes e contribuam, de fato, com as investigações ou o processo, seja na identificação dos demais corréus e partícipes, seja na recuperação total ou parcial do produto do crime, como na situação em tela.

59. A espécie e a quantidade da droga apreendida com Juan, o tráfico interestadual por meio de transporte público e o conhecimento dos integrantes e do funcionamento da organização criminosa obstam a aplicação da causa especial de diminuição de pena prevista na legislação e nomeada pela doutrina como tráfico privilegiado.

60. Demonstrada por perícia a dependência toxicológica de Juan e comprometida, de forma plena ou parcial, a compreensão do caráter ilícito do fato, poderá ele ser isento de pena ou ser esta reduzida, impondo a lei, em qualquer dos casos, a compulsória medida de segurança de internamento em hospital de custódia e tratamento.

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GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 C E E C E E E E E 10 11 12 13 14 15 16 17 18 C C C E C C E E E 19 20 21 22 23 24 25 26 27 C C E C E E E E E 28 29 30 31 32 33 34 35 36 C E E E C C E C E 37 38 39 40 41 42 43 44 45 E E E C E C E E E 46 47 48 49 50 51 52 53 54 E E E E C E E C C 55 56 57 58 59 60 E C E E E E