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CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – AFRFB PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS Prof. Rafael Encinas www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 03 Olá, Pessoal! Essa é a terceira aula de Administração Pública para AFRFB. Nela veremos os seguintes itens: Aula 03 – 14/03: 3. Experiências de reformas administrativas. 4. O processo de modernização da Administração Pública. Boa Aula! Sumário 1. ESTRUTURAÇÃO DA ADM. PÚBLICA NO BRASIL ................................................... 2 2. PATRIMONIALISMO ............................................................................................. 2 3. MODELO BUROCRÁTICO ....................................................................................... 6 3.1. A REVOLUÇÃO DE 1930 E A CONSTITUIÇÃO DE 1934. ..................................................... 7 3.2. REDEMOCRATIZAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DE 1946 . ........................................................ 12 3.3. JK E A ADMINISTRAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO . .................................................... 14 3.4. INSTABILIDADE POLÍTICA NA DÉCADA DE 1960 . .......................................................... 18 4. ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL ............................................................................ 20 4.1. DECRETO-LEI 200/1967 . ................................................................................... 20 4.2. PROGRAMA NACIONAL DE DESBUROCRATIZAÇÃO . ........................................................ 26 4.3. RETROCESSO BUROCRÁTICO NA CF88 . .................................................................... 28 4.4. PLANO DIRETOR DE REFORMA DO APARELHO DO ESTADO . .............................................. 32 4.5. GOVERNO LULA . ............................................................................................... 37 5. PONTOS IMPORTANTES DA AULA....................................................................... 40 6. QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................... 41 6.1. LISTA DAS QUESTÕES . ....................................................................................... 84 6.2. GABARITO . .................................................................................................... 101 7. LEITURA SUGERIDA ......................................................................................... 101

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Aula 03

Olá, Pessoal!

Essa é a terceira aula de Administração Pública para AFRFB. Nela veremos os seguintes itens:

Aula 03 – 14/03: 3. Experiências de reformas administrativas. 4. O processo de modernização da Administração Pública.

Boa Aula!

Sumário

1. ESTRUTURAÇÃO DA ADM. PÚBLICA NO BRASIL ................................................... 2

2. PATRIMONIALISMO ............................................................................................. 2

3. MODELO BUROCRÁTICO ....................................................................................... 6

3.1. A REVOLUÇÃO DE 1930 E A CONSTITUIÇÃO DE 1934 . ..................................................... 7

3.2. REDEMOCRATIZAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DE 1946 . ........................................................ 12

3.3. JK E A ADMINISTRAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO . .................................................... 14

3.4. INSTABILIDADE POLÍTICA NA DÉCADA DE 1960 . .......................................................... 18

4. ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL ............................................................................ 20

4.1. DECRETO-LEI 200/1967 . ................................................................................... 20

4.2. PROGRAMA NACIONAL DE DESBUROCRATIZAÇÃO . ........................................................ 26

4.3. RETROCESSO BUROCRÁTICO NA CF88 . .................................................................... 28

4.4. PLANO DIRETOR DE REFORMA DO APARELHO DO ESTADO . .............................................. 32

4.5. GOVERNO LULA . ............................................................................................... 37

5. PONTOS IMPORTANTES DA AULA ....................................................................... 40

6. QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................... 41

6.1. LISTA DAS QUESTÕES . ....................................................................................... 84

6.2. GABARITO . .................................................................................................... 101

7. LEITURA SUGERIDA ......................................................................................... 101

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11.. EEssttrruuttuurraaççããoo ddaa AAddmm.. PPúúbblliiccaa nnoo BBrraassiill Vamos ver como o Bresser Pereira traça um panorama geral da evolução da administração público no Brasil. O autor montou a seguinte tabela:

1821-1930 1930 - 1985 1985 -

Sociedade Mercantil-Senhorial Capitalista-Industrial Pós-Industrial

Estado (política) Oligárquico Autoritário Democrático (1985)

Estado (adm) Patrimonial Burocrático Gerencial (1995)

De 1821 a 1930, a sociedade brasileira era baseada na produção agrícola des-tinada ao comércio internacional (café, algodão, borracha) e era dirigida por uma oligarquia patrimonialista, ou seja, por um pequeno grupo que se aprovei-tava do Estado para conquistar vantagens pessoais.

A partir de 1930 a economia se volta para a industrialização e o governo passa a ser comandado a mãos de ferro por Getúlio Vargas no Estado Novo, durante o qual se implantou no país a administração burocrática. Após a saída de Var-gas em 1945 há um período democrático, mas em 1964 os militares retornam ao poder, colocando o país novamente sob os mandos de uma ditadura.

Em 1985 ocorre a redemocratização, a economia entra numa era pós-industrial, em que os serviços e a tecnologia da informação ganham extrema importância. Na administração, em 1995 é lançado o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, que implantaria a reforma gerencial no Brasil. No en-tanto, aqui cabe uma observação. O próprio Bresser Pereira afirmou nesse mesmo texto que o Decreto-Lei n° 200 de 1967 pode ser considerado como o primeiro momento da administração gerencial no Brasil. Veremos isso mais adiante.

22.. PPaattrriimmoonniiaalliissmmoo No Brasil, o patrimonialismo perdurou até a década de 1930 como a forma de dominação predominante. Não podemos dizer que ele está totalmente supera-do. Quando um ministro confunde seu cartão de crédito pessoal com o cartão corporativo do governo federal na hora de comprar uma tapioca, está claro que o patrimonialismo ainda está bastante presente em nossa cultura, já que per-manece a confusão entre o patrimônio público e privado. Mas é a partir da década de 1930 que o país passa a adotar uma administração burocrática. Segundo Bresser:

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O Estado brasileiro, no início do século XX, era um Estado oligárquico e pa-trimonial, no seio de uma economia agrícola mercantil e de uma sociedade de classes mal saída do escravismo.

Portanto, vamos ver aqui um pouco da administração pública brasileira nesse período anterior a 1930, da administração colonial até a República Velha. No último concurso do MPOG eles cobraram alguns itens sobre isso.

Apesar de na época já existir no Brasil uma administração relativamente apa-relhada, é com a transferência da sede do reino para o Brasil que se criam as condições necessárias para constituição de um Estado Nacional.

Antes, prevalecia a enorme distância entre a colônia e a metrópole, que, jun-tamente com a lentidão na troca de mensagens, criavam um vazio de autori-dade legal. Somente com a chegada da coroa portuguesa ao Brasil em 1808 que começará a ser formada uma verdadeira administração pública no Brasil. Segundo Frederico Lustosa:

A transferência da corte e mais tarde a elevação do Brasil a parte integrante do Reino Unido de Portugal constituíram as bases do Estado nacional, com todo o aparato necessário à afirmação da soberania e ao funcionamento do autogoverno. A elevação à condição de corte de um império transcontinen-tal fez da nova administração brasileira, agora devidamente aparelhada, a expressão do poder de um Estado nacional.

No patrimonialismo, o Estado brasileiro era governado por uma oligarquia, palavra que significa “governo de poucos”. A este pequeno grupo que controla-va o governo, Raymundo Faoro deu o nome de “estamento burocrático”. Um ponto importante aqui é não confundir o uso do termo “burocracia” sempre como uma referência ao modelo burocrático de administração defendido por Max Weber. O termo “burocracia” surgiu da junção da palavra francesa bure-au, que significa escritório, com a palavra grega kratos, que significa poder. Desde o XVII já se falava em “burocracia” para se referir à repartição pública e aos grupos que administravam o governo. Assim, quando a questão falar em estamento burocrático, não devemos associá-lo ao modelo racional-legal, mas sim ao grupo de burocratas que controlava o Estado durante o período patri-monialista.

Já vimos que o estamento se diferencia da classe social porque, nessa, o crité-rio de pertencimento é o econômico, enquanto no estamento é social, de sta-tus, prestígios. Uma das diferenças principais entre os estamentos e as classes sociais é a mobilidade social. Nas classes, a mobilidade é alta, já que as pesso-as podem mudar de classe adquirindo renda. Nos estamentos há baixa mobili-dade. Trata-se de grupos isolados, que se diferenciam pelo status que possuem.

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O instrumento de poder do estamento é o controle patrimonialista do Estado, traduzido em um Estado centralizador e administrado em prol da camada polí-tico-social que lhe infunde vida. O patrimonialismo é intrinsecamente persona-lista, tendendo a desprezar a distinção entre as esferas pública e privada. Vale muito mais o poder particular e o privilégio, em detrimento do universalismo de procedimentos e da igualdade formal-legal. O distanciamento do Estado dos interesses da nação reflete o distanciamento do estamento dos interesses do restante da sociedade

A expressão estamento burocrático foi usada por Faoro para designar o grupo aristocrático-burocrático de juristas, letrados, e militares, que derivavam seu poder e sua renda do próprio Estado. Para o autor, o país não era domina-do por uma oligarquia de senhores de terra. A literatura clássica defende que essas oligarquias, juntamente com a burguesia mercantil, constituíam as clas-ses sociais dominantes. Faoro não as nega, mas afirma que foi reproduzida no país a lógica do sistema montado em Portugal do século XIV: um estamento patrimonial, originalmente aristocrático, formado pela nobreza decadente que perde as rendas da terra, e, depois, vai se tornando cada vez mais burocrático, sem perder, todavia, seu caráter aristocrático.

Este estamento não é mais senhorial, uma vez que a sua renda não é proveni-ente da terra. É patrimonial porque ela é retirada do patrimônio do Estado, que em parte se confunde com o patrimônio de cada um de seus membros. Os impostos são arrecadados das classes, particularmente da burguesia mercantil, e são usados para sustentar o estamento dominante e o grande corpo de fun-cionários de nível médio a ele ligados.

São utilizados os termos “sinecura” e “prebenda” para descrever os empre-gos públicos, já que significam ocupação rendosa de pouco trabalho. “Sinecu-ra” significa “sem cuidado”, ou seja, não se tem muito esforço num cargo público. “Prebenda” também traz o conceito de “ocupação rendosa e de pouco trabalho”. É justamente isso o que ocorre no patrimonialismo brasileiro, em que os ocupantes de cargos públicos recebem os cargos como “presentes”. É tradicional a ideia de que uma função fundamental do Estado nessa época era garantir empregos para a classe média pobre ligada por laços de família ou de agregação aos proprietários rurais.

Enquanto os senhores de terra e os grandes comerciantes e traficantes de escravos se ocupavam da economia, este estamento dominava com relativa autonomia o Estado e a política. Havia ali uma nova classe média, uma classe burocrática, em formação, mas naquele momento tratava-se antes de um es-tamento de políticos e burocratas patrimonialistas, apropriando-se do exceden-te econômico no seio do próprio Estado, e não diretamente através da atividade econômica.

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Faoro é bastante radical em afirmar que a burocracia patrimonialista detinha ampla autonomia, que era isolada dos demais grupos da sociedade, governan-do com ampla arbitrariedade. José Murilo de Carvalho discorda dele, defen-dendo que faltava à elite política patrimonialista brasileira do Império poder para governar sozinha. Haveria uma aliança do estamento patrimonialista com burguesia mercantil de senhores de terra e grandes comerciantes. Tivemos assim um Estado Patrimonial-Mercantil no Império, que se estenderá ainda pela Primeira República.

A elite patrimonialista imperial, embora tivesse origem principalmente nas famílias proprietárias de terra, vai ganhando aos poucos autonomia na sua própria reprodução. O que a caracteriza é o saber jurídico formal, transforma-do em ferramenta de trabalho e instrumento de poder. São todos burocratas porque sua renda deriva essencialmente do Estado; são patrimonialistas por-que os critérios de sua escolha não são racional-legais, e porque constroem um complexo sistema de agregados e clientes em torno de si, sustentado pelo Estado, confundindo o patrimônio privado com o estatal. Os critérios adminis-trativos eram pessoais, e a preocupação com a eficiência da máquina estatal, nula. Segundo Bresser:

É essa elite política letrada e conservadora que manda de forma autoritária ou oligárquica. Não há democracia. As eleições são uma farsa. A distância educacional e social entre a elite política e o restante da população, imensa. E no meio dela temos uma camada de funcionários públicos, donos antes de sinecuras do que de funções, dada a função do Estado patrimonial de lhes garantir emprego e sobrevivência.

A proclamação da República em 1889 não alterou profundamente as estruturas socioeconômicas do Brasil imperial. A riqueza nacional continuou concentrada na economia agrícola de exportação, baseada na monocultura e no latifúndio. O que se acentuou foi a transferência de seu centro dinâmico para a cafeicultu-ra e a consequente mudança no polo dominante da política brasileira das anti-gas elites cariocas e nordestinas para os grandes cafeicultores paulistas.

A Constituição de 1891, bastante inspirada na Constituição dos EUA de 1787, consagrou a República, instituiu o federalismo e inaugurou o regime presiden-cialista. A separação de poderes ficou mais nítida. O Legislativo continuava bicameral, sendo agora formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, cujos membros passaram a ser eleitos para mandado de duração certa. Ampli-ou-se a autonomia do Judiciário. Foi criado o Tribunal de Contas para fiscalizar a realização da despesa pública. As províncias, transformadas em estados, cujos presidentes (ou governadores) passaram a ser eleitos, ganharam grande autonomia e substantiva arrecadação própria. Suas assembleias podiam legis-lar sobre grande número de matérias.

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A República Velha durou cerca de 40 anos. Nesse período, não houve grandes alterações na conformação do Estado nem na estrutura do governo. Aos pou-cos, foi se tornando disfuncional ao Brasil que se transformava, pela diversifi-cação da economia, pelo primeiro ciclo de industrialização, pela urbanização e pela organização política das camadas urbanas. Surgiam novos conflitos de interesse dentro dos setores dominantes, entre as classes sociais e entre as regiões, o que dificultava o pacto oligárquico. Além disso, desde a guerra con-tra o Paraguai (1864-70), o Exército passou a ser um ator político cada vez mais importante, como arena de revoltas ou sujeito de ações determinantes, perseguindo ideais modernizadores ou salvacionistas.

Com o tempo, o estamento passa a ser infiltrado por grupos externos, de ori-gem social mais baixa, como os militares do Exército. Não podemos mais falar com precisão de um “estamento patrimonial” já que, como vimos, uma carac-terística dos estamentos é a sua pequena permeabilidade. Aqui começa a nas-cer a administração pública burocrática, juntamente com o autoritarismo burocrático-capitalista que está emergindo através principalmente dos milita-res e das revoluções que promovem em nome de uma abstrata “razão”.

Vimos que o modelo burocrático surgiu no mundo em virtude da maior com-plexidade da sociedade decorrente do capitalismo e da democracia. Contudo, no Brasil temos uma situação diferente. O modelo burocrático não se desen-volve em um momento democrático, pelo contrário, ele nasce durante o Esta-do Novo, uma ditadura.

33.. MMooddeelloo BBuurrooccrrááttiiccoo A crise da bolsa de Nova York em 1929 e a recessão que se alastrou pelo mundo obrigaram o Brasil a buscar novas formas de desenvolvimento, já que não havia mercado para o café, sobre o qual estava baseada quase toda nossa economia. Como a recessão prejudicou também as exportações dos outros países para o Brasil, o mercado interno, que havia se constituído após o fim da escravidão e início da imigração, e que se abastecia em grande medida pelas importações, se mostrou uma saída, principalmente como propulsor de uma industrialização incipiente.

Dentro deste contexto, Getúlio Vargas comanda um movimento revolucionário que vai marcar a reformulação completa do Estado brasileiro, abrindo caminho para um amplo processo de modernização social e industrial, que resultou na incorporação da classe trabalhadora, de setores médios urbanos e da incipiente burguesia nacional. Este processo será comandado com mão de ferro pelo ditador, especialmente depois de 1937 com a implantação do Estado Novo.

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A administração burocrática surgiu no quadro da aceleração da industrialização brasileira, em que o Estado assume papel decisivo, intervindo pesadamente no setor produtivo de bens e serviços. Segundo o Plano Diretor:

A implantação da administração pública burocrática é uma consequência clara da emergência de um capitalismo moderno no país.

33..11.. AA rreevvoolluuççããoo ddee 11993300 ee aa ccoonnssttiittuuiiççããoo ddee 11993344

Apesar de ser chamado de Revolução de 1930, o movimento não representou mudanças drásticas no sistema social, representando apenas um novo arranjo político nas esferas de poder. Com efeito, depois de 1930 as oligarquias não perderam a liderança política e a questão agrária manteve-se inalterada.

A reforma administrativa, ou “civil service reform”, dá início a implantação do modelo racional-legal no Brasil, através de um grande esforço de Vargas para normatizar e padronizar os principais procedimentos da administração pública, sob grande influência da administração científica. Busca-se racionalizar os pro-cessos administrativos, principalmente em três áreas consideradas o tripé da administração burocrática no país:

Tripé da implantação da administração burocrática no Brasil

��� Administração de materiais

��� Administração de Pessoal

��� Administração Financeira:

A primeira perna do tripé, a administração de materiais, deu seu primeiro pas-so com a criação da Comissão Permanente de Padronização em 1930 e da Co-missão Permanente de Compras em 1931.

Antes da Constituição de 1934, algumas carreiras já eram organizadas com base em ingresso mediante concurso público. Este era o caso dos militares, da diplomacia e do Banco do Brasil. No entanto, a generalização das propostas weberianas como modelo de organização do serviço civil federal deu-se a partir da Constituição de 1934, que determinou:

Art. 170 - O Poder Legislativo votará o Estatuto dos Funcionários Públicos, obedecendo às seguintes normas, desde já em vigor: 2º) a primeira investidura nos postos de carreira das repartições adminis-trativas, e nos demais que a lei determinar, efetuar-se-á depois de exame de sanidade e concurso de provas ou títulos;

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A década de 1930, período pós Crise de 1929, assistiu ao abandono do liberalismo e de aumento do intervencionismo em todo o mundo, inclusive no Brasil. Contudo, enquanto na maioria dos países, como nos Estados Unidos e na Europa, significava um mecanismo de defesa contra a depressão, no Brasil, o intervencionismo estatal representou uma forma de levar adiante uma estratégia nacional de desenvolvimento.

Era preciso aumentar o tamanho do Estado, sua participação na economia. Assim, entre 1930 e 1945 houve um aumento da Administração Direta considerável e um exemplo deste fato foi o surgimento de três Ministérios: de Educação e Saúde, de 1930, do Trabalho, Indústria e Comércio, de 1931 e da Aeronáutica, de 1941.

Contudo, em setembro de 1937 é divulgado nos jornais que o Estado-Maior do exército havia “descoberto” um plano comunista de tomada violenta do poder: o “Plano Cohen”. Em 10 de novembro de 1937 as portas do Senado e da Câmara foram fechadas e guardadas por soldados, que impediam a entrada dos parlamentares. O golpe de Estado estava dado. Nessa mesma manhã entrou em vigor a Constituição de 1937, mais uma constituição outorgada. Foi chamada de “polaca” por ter sido inspirada na Constituição do regime autoritário vigente na Polônia.

Na administração pública, segundo Bresser, a reforma burocrática brasileira inicia-se de fato em 1936 quando é criado o criado o Conselho Federal do Ser-viço Público Civil, que teria responsabilidade sobre a segunda perna do tripé. Já em 1938 tal Conselho foi transformado no Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP).

O DASP passou a ser o órgão executor e, também, formulador da nova forma de pensar e organizar a administração pública. O DASP foi criado no início do Estado N ovo, um momento em que o autoritarismo brasileiro ganhava força, com o objetivo de realizar a revolução modernizadora do país, industrializá-lo, e valorizar a competência técnica. Representou, assim, no plano administrat-ivo, a afirmação dos princípios centralizadores e hierárquicos da burocracia clássica. Entre as principais realizações do DASP, são citadas:

��� Ingresso no serviço público por concurso;

��� Critérios gerais e uniformes de classificação de cargos;

��� Organização dos serviços de pessoal e seu aperfeiçoamento sistemático;

��� Administração orçamentária;

��� Padronização das compras do Estado;

��� Racionalização geral de métodos.

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O DASP ficou responsável pelas três pernas do tripé de que falamos acima. Na administração dos recursos humanos, o DASP tentou formar uma burocracia nos moldes weberianos, baseada no princípio do mérito profissional.

Em 1939 entrou em vigor o “Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da Uni-ão”, por meio do Decreto-Lei 1.713. Os cargos foram agrupados em classes e estruturados em carreiras e o concurso passou a ser utilizado para o provimen-to dos cargos. Contudo, não é da noite para o dia que se consegue implantar o concurso para todos os cargos. Segundo Luciano Martins, a profissionalização da administração pública a partir da criação do DASP deu origem um duplo padrão:

Para os altos escalões da burocracia, foram adotados acessos mediante concurso, carreiras, promoção baseada em critérios de mérito e salários adequados. Para os níveis médio e inferior, a norma era a admissão por in-dicação clientelista; as carreiras eram estabelecidas de forma imprecisa; o critério de promoção baseava-se no tempo de serviço e não no mérito; e a erosão dos salários tornou-se intermitente.

Segundo o Plano Diretor:

No que diz respeito à administração dos recursos humanos, o DASP repre-sentou a tentativa de formação da burocracia nos moldes weberianos, ba-seada no princípio do mérito profissional. Entretanto, embora tenham sido valorizados instrumentos importantes à época, tais como o instituto do con-curso público e do treinamento, não se chegou a adotar consistentemente uma política de recursos humanos que respondesse às necessidades do Es-tado. O patrimonialismo (contra o qual a administração pública burocrática se instalara), embora em processo de transformação, mantinha ainda sua própria força no quadro político brasileiro. O coronelismo dava lugar ao cli-entelismo e ao fisiologismo.

A terceira perna do tripé que vimos acima é a administração financeira. O DASP também teve entre as suas atribuições a elaboração da proposta do or-çamento federal e a fiscalização orçamentária. Antes da reforma burocrática da década de 1930, o orçamento era visto como uma mera enumeração de recei-tas e despesas. Foi a implantação do modelo racional-legal que permitiu que o orçamento fosse visto como um instrumento de planejamento.

O DASP tinha um caráter eminentemente burocrático e era encarregado de supervisionar os interventores. Também foi criado o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), grande arma ideológica do Estado Novo que, além de ser órgão de censura, planejava a propaganda do governo e controlava a opi-nião pública. Sua atuação incluiu a implantação da Hora do Brasil. Todas as lojas, restaurantes e outros locais de negócios deviam exibir a fotografia de Vargas.

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Outro aspecto importante da Era Vargas, que irá permanecer até o golpe mili-tar de 1964, é o populismo. A característica política mais marcante do perío-do entre 1930 e 1964 foi a presença efetiva das camadas urbanas no processo político nacional. Não era mais possível que os políticos tomassem qualquer decisão se considerar a opinião pública.

De forma geral, o populismo é conceituado como uma política do Estado que buscou satisfazer as necessidades mais imediatas das camadas populares, mantendo inalterada a estrutura de poder dominante. Segundo Bóris Fausto:

O populismo foi um comportamento político, um estilo de política, uma ori-entação de política pela qual o Estado, sobretudo, promoveu uma tentativa, no plano econômico, de desenvolvimento nacional autônomo, reunindo em torno de si diferentes classes sociais – em alguns casos especialmente a classe operária.

A principal característica do relacionamento do Estado com as camadas urba-nas foi a manipulação. O Estado aparecia perante as camadas populares na figura de um líder carismático e paternalista, capaz de seduzir e empolgar a grande massa. Ficaram famosos líderes populistas como Getúlio Vargas, Jânio Quadros, Adhemar de Barros, Carlos Lacerda e Leonel Brizola.

Ao satisfazer necessidades imediatas das camadas sociais e atuando em orga-nizações como os sindicatos e associações de bairros, o chefe populista conse-guia manobrar a massa. Podemos então dizer que o populismo tinha um caráter ambíguo, já que constituía um mecanismo de manipulação, mas ao mesmo tempo satisfazia as camadas populares.

Segundo Francisco Weffort, o populismo acabou por:

Obscurecer a consciência social dessas classes, impedindo assim que parti-cipassem da vida em sociedade com independência e autonomia de estraté-gia política.

Uma vez que a participação popular no período popular ocorria dentro dos limites colocados pelo líder populista, ela era relativa e limitada. Contudo, para a grande massa populacional, as vantagens materiais proporcionavam uma sensação de ter alcançado a esfera das decisões políticas.

A década de 1930, período pós Crise de 1929, assistiu ao abandono do libera-lismo e de aumento do intervencionismo em todo o mundo, inclusive no Brasil. Contudo, enquanto na maioria dos países, como nos Estados Unidos e na Eu-ropa, significava um mecanismo de defesa contra a depressão, no Brasil, o intervencionismo estatal representou uma forma de levar adiante uma estraté-gia nacional de desenvolvimento.

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Era preciso aumentar o tamanho do Estado, sua participação na economia. Assim, entre 1930 e 1945 houve um aumento da Administração Direta consi-derável e um exemplo deste fato foi o surgimento de três Ministérios: de Edu-cação e Saúde, de 1930, do Trabalho, Indústria e Comércio, de 1931 e da Aeronáutica, de 1941. No entanto, também houve a criação de agências esta-tais descentralizadas, o que chamamos hoje de administração indireta. A maior parte destas agências foi criada para a área econômica. Bresser observa que:

Já em 1938, temos um primeiro sinal da administração pública gerencial, com a criação da primeira autarquia, a partir da ideia de descentralização na prestação de serviços públicos para a administração indireta, que estaria li-berada de obedecer a certos requisitos burocráticos da administração direta.

Assim, a burocracia pública teria ainda, no primeiro governo Vargas, um papel importante ao participar da criação das primeiras empresas de economia mista que teriam um papel decisivo no desenvolvimento do país. O país passava agora a contar com dois tipos de burocracia pública moderna: a burocracia de Estado e a burocracia das empresas estatais – dois grupos que teriam entre si seus conflitos, mas que seriam principalmente solidários na busca, de um lado, de maior poder e prestígio, e, de outro, de êxito no projeto de desenvolvimen-to nacional em curso.

O ambiente cultural encontrado pela reforma modernizadora pretendida com a criação do DASP foi o mais adverso possível, corroído e dominado por práticas patrimonialistas amplamente arraigadas. Para se proteger deste patrimonia-lismo, o DASP nasceu como uma instituição insulada, que deveria contrapor-se à lógica do clientelismo e o personalismo no serviço público e na administração do estado brasileiro. Já vimos o conceito de insulamento burocrático, que cor-responde ao isolamento das entidades burocráticas, que deixam de ouvir os políticos e a sociedade e trabalham de forma auto-referida.

No entanto, com o crescimento do poder, o DASP passou a ser usado como um instrumento político na tarefa de garantir a sustentação do poder ditatorial de Vargas. O DASP passou a apresentar um alto grau de engolfamento social, que pode ser entendido como a influência externa exercida pela instituição. Segun-do Edson Nunes:

O DASP era um organismo paradoxal, porque combinava insulamento buro-crático com tentativas de institucionalização do universalismo de procedi-mentos. Criado para racionalizar a administração pública e o serviço público, o departamento preocupava-se com o universalismo de procedi-mentos em assuntos relacionados com a contratação e a promoção dos fun-cionários públicos. Nesse aspecto o DASP representava a fração moderna dos administradores profissionais, das classes médias e dos militares, tor-nando-se um agente crucial para a modernização da administração pública.

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Embora jamais tenha completado sua missão, o DASP deu inúmeros passos positivos para a modernização do aparelho de Estado e para a reforma ad-ministrativa.

Mas o DASP possuía uma outra face: o papel de conceber e analisar critica-mente o regime autoritário. Como tal, implementou o insulamento burocrá-tico e desempenhou várias funções antagônicas ao universalismo de procedimentos que ele próprio defendia, como agente de modernização.

O insulamento burocrático esteve presente em toda a evolução da nossa admi-nistração pública. Veremos que o mesmo ocorreu no governo JK e na Ditadura de 1964.

Ao longo do Estado Novo, o DASP foi ganhando cada vez mais funções e poder, o que resultou na sua hipertrofia no contexto do Estado, extrapolando a função de órgão central da administração, assumindo características de agência cen-tral de governo com poderes legislativos, que abrigaria, de fato, a infraestrutu-ra decisória do regime do Estado Novo.

Falei acima em hipertrofia. Muitos alunos confundem este termo com diminui-ção, pois o associam com o termo atrofia. Mas tomem cuidado, porque ele significa justamente o inverso. “Trofia” significa “ação de alimentar”, represen-ta o desenvolvimento de um corpo, órgão, tecido ou membro. O prefixo “a”, antes de trofia, significa negação, ou seja, um não crescimento. Já o prefixo “hiper” significa “superiormente, muito, demais, para lá de”, ou seja, trata-se de um crescimento desordenado, exagerado.

Foi isso que aconteceu com o DASP. Ele cresceu demais e se distanciou da sua missão mais importante, que era modernizar a administração pública brasilei-ra. O DASP só veio a ser extinto em 1986, com o Decreto 93.211, que criou a Secretaria de Administração Pública. Contudo, com a saída de Getúlio em 1945, o DASP perdeu grande parte de suas atribuições.

33..22.. RReeddeemmooccrraattiizzaaççããoo ee CCoonnssttiittuuiiççããoo ddee 11994466

O ano de 1943 marca o início do declínio do Estado Novo. Eram cada vez maio-res as manifestações pró-democracia. Foram influenciadas em parte pela vitó-ria dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, ou seja, a vitória das democracias contra os governos fascistas.

Vargas renunciou e decidiu apoiar Eurico Gaspar Dutra nas eleições, que saiu vitorioso e o parlamentar que recebeu o maior número de votos foi Getúlio Vargas. Tinha início um novo período na história brasileira, marcado pelo po-pulismo e pelo liberalismo.

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Na questão federativa, pela primeira vez em nossa história tivemos um equilí-brio maior entre as esferas de governo. Os municípios ganharam importância com uma maior participação na cobrança e recebimento de tributos, aumen-tando assim sua autonomia.

Na administração pública, o fim do Estado Novo permitiu que houvesse um retorno dos velhos componentes patrimonialistas e clientelistas. A reforma de 1936 havia sido imposta de cima para baixo, contrariando muitos interesses. Com a deposição de Vargas, faltava à Reforma Burocrática o respaldo que o regime autoritário lhe conferia.

Vimos que a burocracia se desenvolve em virtude do capitalismo e da demo-cracia, que precisavam de uma administração racional. No Brasil, o capitalismo foi o propulsor da burocracia, mas a democracia não. Ela foi implantada por um governo autoritário. Na realidade, no Brasil, a democracia sempre cami-nhou em sentido contrário à burocracia. Segundo Humberto Falcão Martins:

Sobretudo, dada a peculiaridade do nosso processo histórico de construção nacional, a construção da ordem burocrática se chocou com a construção da ordem democrática. Só conseguimos fortalecer de forma mais significativa o universalismo de procedimentos e a capacidade de realização da burocracia governamental em regimes autoritários, ao arrepio da democracia

Tanto em 1945, com a saída de Vargas e o fim do Estado Novo, quanto em 1985, com o fim da ditadura, o retorno da democracia foi marcado por uma acentuação das práticas patrimonialistas. Por um lado a redemocratização permitiu que Administração ficasse mais responsável perante o Congresso Na-cional. Por outro, os mesmos instrumentos foram distorcidos e utilizados para fins clientelistas. Nos cinco anos seguintes a queda de Vargas, a reforma ad-ministrativa seria conduzida como uma ação governamental rotineira e sem importância, enquanto práticas clientelistas ganhavam novo alento dentro do Estado brasileiro.

Em 1951 Vargas é eleito para um segundo mandato, o que permitiu uma rea-ção da burocracia a este retorno do clientelismo. Com a volta de Vargas ao poder (1951-54), inicia-se uma fase de “novas tentativas de retomada do ím-peto inicial”. Dentro desta reação ocorreu a promulgação da Lei nº 1.711 de 1951, que trazia o segundo “Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da Uni-ão”. Tal estatuto veio a ser revogado apenas pela Lei 8.112 de 1990, que dis-põe do regime jurídico dos servidores civis da União.

Porém, a eleição de Vargas desagradou grande parte da burguesia industrial e outros setores políticos. Em três anos de governo Vargas tomou medidas po-lêmicas: reajustou o salário mínimo, criou a Petrobrás e a Eletrobrás, enviou ao Congresso a Lei dos Lucros Extraordinários. Ao limitar o investimento de

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capitais externos e se aproximar das massas populares, surgiram protestos de grupos nacionais ligados ao capital estrangeiro, empresários temerosos da ascensão do proletariado, latifundiários descontentes com o contínuo fluxo de trabalhadores rurais para as cidades, setores militares vinculados à orientação da Escola Superior de Guerra e elementos da classe média, defensores de uma política mais conservadora. Todos viam em Vargas um inimigo comum.

As forças que atuavam contra o prosseguimento da reforma burocrática não eram mais apenas as do patrimonialismo e do clientelismo, mas também as forças comprometidas com o desenvolvimento econômico, que já estavam presentes no próprio governo Vargas, teriam continuidade com Kubitschek (1956-60) e se reorganizariam no regime militar (1964-84), uma vez que elas viam o formalismo burocrático como incompatível com as necessidades do país.

33..33.. JJKK ee aa AAddmmiinniissttrraaççããoo ppaarraa oo DDeesseennvvoollvviimmeennttoo

Depois da queda de Vargas, o país viveu em constante instabilidade política. A eleição de Juscelino Kubitschek para presidente, com João Goulart como vice, gerou enorme insatisfação em alguns grupos antigetulistas. Piorava ainda mais a situação o fato de a chapa vencedora ter recebido apenas 36% dos votos. Os três meses antes da posse, que ocorreria em 31 de janeiro de 1936, forma marcados por várias tentativas de anulação das eleições. Os militares se dividi-ram entre aqueles que queriam acatar as eleições e manter a ordem constitu-cional e os que pretendiam a anulação da eleição e a exigência de maioria absoluta.

JK tomou posse na data marcada prometendo “cinquenta anos de progresso em cinco anos”. Realmente, durante este período ocorreu a mais ampla e pro-funda transformação econômica do país, marcada por acelerada expansão industrial. Enquanto Vargas adotava uma postura de desenvolvimento naciona-lista, JK optou pelo desenvolvimentismo, isto é, uma política de desenvolvi-mento dependente do capital externo. Outro aspecto importante desse período foi o fortalecimento do Executivo, que se tornou proprietário e empresários dos transportes e da produção e refino do petróleo, o principal produtor de energia elétrica, o grande exportador de minério de ferro, o regulador do câmbio e o maior banqueiro do país.

JK buscou implantar no Brasil a “Administração para o Desenvolvimento”, con-substanciada no Plano de Metas. A administração para o desenvolvimento foi um conjunto de ideias que surgiu a partir da década de 1950 que buscava discutir os meios administrativos necessários para alcançar as metas do de-senvolvimento político, econômico e social. Defendia que era necessário refor-

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mar o sistema administrativo para transformá-lo em instrumento de moderni-zação da sociedade. A ideia básica é a de que a administração pública deve adaptar-se às tarefas estatais com o propósito de servir eficientemente o de-senvolvimento do país.

Outro princípio desta corrente era a necessidade de planejar o desenvolvimen-to, visando estabelecer prioridades de investimento de recursos escassos para utilizá-los da melhor forma possível. Assim, a ação do governo deveria estar intimamente relacionada com o planejamento. Segundo Humberto Falcão Mar-tins:

A velha Administração para o Desenvolvimento se baseava em uma ideia nacionalista, xenófoba e autóctone de desenvolvimento a partir da qual se buscava a independência econômica da nação. Dicotomizava desenvolvi-mento econômico (primordialmente relacionado à industrialização e cresci-mento do produto interno bruto) e desenvolvimento social (associado à distribuição da renda). O modelo preconizava um crescimento centralizado, com ênfase na composição das indústrias nacionais. Considerava o Estado como grande motriz do desenvolvimento, mas atuando como produtor dire-to inclusive de bens privados.

JK adotou a administração para o desenvolvimento, que foi mantida pela Dita-dura. No entanto, temos que ter em mente que JK não se inseria neste aspecto de aversão ao capital internacional. Ele atraiu para o país grandes empresas, como as montadoras de automóveis Ford, Volkswagen, Willys e General Mo-tors.

A aplicação da administração para o desenvolvimento no Brasil resultou, tanto no governo de JK quanto na ditadura, no crescimento (inclusive desordenado, hipertrofia) da administração indireta. Como se defendia a adequação da ad-ministração pública às necessidades desenvolvimentistas do país, eram neces-sárias estruturas administrativas mais flexíveis do que a rigidez do modelo burocrático implantado pelo DASP.

Durante a primeira reunião de seu ministério, realizada no dia 1º de fevereiro de 1956, Juscelino expôs seu plano de governo por meio do Programa de Me-tas e instituiu o Conselho de Desenvolvimento, órgão controlador da economia, diretamente subordinado à Presidência, designando para integrá-lo os minis-tros de Estado, os chefes dos gabinetes Civil e Militar e os presidentes do Ban-co do Brasil (BB) e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE). A criação do Conselho foi a primeira medida tomada no contexto da reorgani-zação administrativa voltada para a preparação e a implementação do Progra-ma de Metas. Sua atuação se dava através dos grupos executivos, que funcionavam como braços do Conselho.

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Quando, JK decide por um ambicioso Programa de Metas que, principalmente por meio da indústria automobilística, completará a Revolução Industrial brasi-leira iniciada por Vargas, um obstáculo se coloca a sua frente: a rigidez de nossa burocracia que o DASP havia instituído. O governo JK diagnosticou a incompatibilidade entre a estrutura burocrática vigente e o novo projeto nacio-nal. Além da sobrevivência de valores tradicionais no núcleo da burocracia, a implementação do Programa de Metas exigia estruturas flexíveis, não burocrá-ticas e uma capacidade de coordenação dos esforços de planejamento.

JK não era uma pessoa que “batia de frente”, ele tinha a tendência a evitar conflitos, a te mesmo por causa da falta de apoio político em alguns setores. JK raramente tentara abolir ou alterar radicalmente as instituições administra-tivas existentes. Preferiu uma atitude mais prática, como a de criar um novo órgão para solucionar um novo problema.

A estratégia de JK direciona-se então para as estruturas “paralelas”, dotadas de maior autonomia. Esta dicotomia entre dois setores da burocracia – estatu-tário e “paralelo – já vinha de antes. Como vimos acima, em 1938 temos a criação da primeira autarquia, dentro da ideia de que deveriam haver estrutu-ras com maior autonomia e flexibilidade voltadas para a prestação de determi-nado serviço. Foi dentro dessa lógica que se estruturaram as empresas públicas e a aplicação do desenvolvimentismo no Brasil. Assim, se por um la-do, a administração pública brasileira progredia, estimando-se que o número de servidores selecionados segundo o mérito tenha subido de 4% em 1943 para 9% em 1952, o grande desenvolvimento da burocracia brasileira estava realizando-se paralelamente, por meio das empresas estatais, de organizações como a FGV ou autarquias como o BNDES.

A via paralela revela-se mais flexível e mais rápida. Ganha vulto a “aurtarqui-zação” de órgãos da administração direta, mediante a criação de várias autar-quias e sociedades de economia mista, mecanismos mais ágeis e flexíveis. A administração do Plano de Metas de JK foi executada, em grande parte, fora dos órgãos administrativos convencionais. Considerando-se os setores essenci-ais do plano de desenvolvimento (energia, transportes, alimentação, indústrias de base e educação), apenas 5,1% dos recursos previstos foram alocados na administração direta.

Dentro desta lógica da administração paralela, era necessária uma coordena-ção dos esforços de planejamento. Esta coordenação política das ações se fazia através de grupos executivos nomeados diretamente pelo Presidente da Repú-blica. Eles funcionavam como braços do Conselho de Desenvolvimento e for-mulavam as políticas públicas para determinados setores da economia. São exemplos o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA) e o Grupo Executivo da Indústria de Construção Naval (Geicon).

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Empregava-se nessas estruturas paralelas uma burocracia pública não estatu-tária, mas competente, recrutada segundo critérios de mérito. Segundo Bres-ser, “é a burocracia gerencial que está surgindo, nem mal havia-se formalizado a weberiana”. Segundo Celso Lafer:

Os auxiliares diretos de Kubitschek para a implementação do Programa de Metas eram todos técnicos de alto nível, experimentados não apenas nas tentativas anteriores de planejamento como também em cargos políticos re-levantes.

Os grupos executivos, na sua maioria, eram ocupados por pessoas ligadas aos grupos multinacionais, juntamente com a burocracia “gerencial”, que iriam pensar a implementação do Plano de Metas. Faziam parte também dos grupos executivos representantes dos órgãos responsáveis pela concessão de subsí-dio. O objetivo era facilitar o acesso da indústria aos recursos governamentais. Foi formada uma administração paralela que coexistia com o Executivo formal e permitia que os interesses multinacionais ignorassem os canais tradicionais de formação de decisão, contornando assim as estruturas de representação do regime populista.

Por confrontar o modelo do DASP, dos órgãos de uma administração direta burocrática, e por JK não ter apoio de muitos setores, essas entidades parale-las tiveram que se isolar, constituindo mais um caso de insulamento. Como eram entidades bastante qualificadas, em virtude de seus quadros serem tra-zidos da iniciativa privada, passaram a ser consideradas “ilhas de excelência”.

Com o tempo, o governo JK foi perdendo poder, fazendo com que essas estru-turas paralelas perdessem sua proteção. O resultado foi a sua absorção pela administração direta, pela administração burocrática. Contudo, apesar desta incorporação das estruturas paralelas à burocracia governamental, instalara-se em diversos setores da administração a convicção de que a utilização dos prin-cípios rígidos da administração pública burocrática constituía-se em um empe-cilho ao desenvolvimento do país. Como o país apresentava um desenvolvimento econômico acelerado, permitia que as soluções encontradas para contornar o problema conseguissem empurrar o problema com a barriga. No momento, entretanto, em que a crise se desencadeia, no início dos anos 60, a questão retorna

Os efeitos negativos do desenvolvimentismo foram sentidos ainda no final do governo JK. A ênfase na industrialização provocou o gradativo abandono da agricultura, a expansão desordenada do crédito e a desvalorização da moeda. A inflação aumentou, elevando também os preços e os custos. Nem todas as regiões foram beneficiadas da mesma forma, contribuindo para acentuar os desequilíbrios já existentes. O início da década de 1960 será marcado pela crise econômica.

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33..44.. IInnssttaabbiilliiddaaddee ppoollííttiiccaa nnaa ddééccaaddaa ddee 11996600

Nas eleições de 1960, Jânio Quadros recebeu quase metade dos votos do país e tomou posse em 31 de janeiro de 1961. Nem sete meses depois, em 25 de agosto, ele renuncia ao cargo, surpreendendo a todos. Nesse curto período de tempo, ele tomou várias medidas para combater a crise, aplicando um rigoroso programa anti-inflacionário, restringindo o crédito, aumentando impostos, con-gelando salários e reduzindo os vencimentos e vantagens dos militares. Apesar das medidas terem repercutido bem no exterior, principalmente junto ao FMI, internamente gerou reclamações de pequenos e médios empresários, das oli-garquias tradicionais e das classes trabalhadoras.

Mas suas medidas mais polêmicas foram no plano internacional. Ele procurou adotar uma política externa independente, ou seja, sem seguir as regras pró-EUA. Primeiro firmou acordos comerciais com países como Bulgária, Hungria, Romênia, Albânia. Restabeleceu a validade dos passaportes para esses países, mais URSS, China e Vietnã do Norte. Por fim, concedeu a Che Guevara a con-decoração da Ordem do Cruzeiro do Sul.

Sua renúncia veio depois que Carlos Lacerda afirmou que Jânio planejava um golpe com o objetivo de reforçar seu poder. Muitos acreditam que Jânio renun-ciou para tentar conquistar o apoio popular e retornar ao poder ainda mais forte. Em 1992, ele mesmo confessou que sua renúncia foi um blefe, que ele não acreditava que iriam aceitar sua renúncia.

O vice de Jânio era João Goulart, que estava viajando na China. Nesse meio tempo, o exército colocou as tropas de prontidão em todo o país e cercou o palácio presidencial com tanques. A posse de Goulart causava muita inquieta-ção, pois desde a campanha ele defendia a necessidade de mudanças constitu-cionais e uma série de reformas. Contra ele estavam congressistas, ministros militares, a cúpula da Igreja Católica, além de outros setores conservadores. Os militares aguardavam Goulart nos aeroportos.

Os ministros militares encaminharam uma mensagem ao Congresso para que vetasse a posse de Jango. O Congresso negou-se. A solução encontrada foi a aprovação de uma Emenda Constitucional que instalava o regime parlamenta-rista no Brasil. Jango assumiria a presidência sem poderes para elaborar leis, orientar a política externa ou fazer propostas de orçamento. Deveria dividir o Poder Executivo com o Conselho de Ministros.

A emenda trazia ainda a previsão de um plebiscito para decidir se seria manti-do o parlamentarismo ou o retorno do presidencialismo. O plebiscito acerca do sistema de governo foi realizado em 6 de janeiro de 1963. O presidencialismo ganhou de longe. Assim, Goulart reassumiu plenamente os poderes presidenci-ais presentes na Constituição de 1946 e teria ainda três anos de governo.

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Quando Jango tem seus poderes restabelecidos, o país vivia um de seus mo-mentos mais críticos: crise econômica, agitações no campo, greves nas cida-des, cisões partidárias e radicalização política. O presidente pregava a realização das chamadas Reformas de Base, uma ampla proposta de reformu-lação das estruturas administrativa, bancária, fiscal e agrária.

Na administração pública, ele nomeou, em 1963, o Deputado Federal Amaral Peixoto como Ministro Extraordinário para a Reforma Administrativa, com a incumbência de dirigir diversos grupos de estudos, encarregados da formula-ção de projetos de reforma.

A Comissão Amaral Peixoto apresentou, ao final de 1963, quatro projetos im-portantes, tendo em vista uma reorganização ampla e geral da estrutura e das atividades do governo. Contudo, com o início da ditadura, o governo Castello Branco retirou do Congresso todos os projetos de Goulart, inclusive estes da Comissão.

Apesar disso, as bases para uma reforma ampla da administração pública es-tavam lançadas, e o governo militar iria seguir o direcionamento da Comissão na reforma do Decreto-Lei 200 de 1967.

A importância da Comissão Amaral Peixoto não decorre nem de sua produção imediata nem da implementação de medidas específicas, que, na verdade, não houve. Decorreram dos diagnósticos propostas e medidas idealizadas que pas-saram, desde então, a fazer parte do acervo científico-administrativo brasilei-ro. A partir daquele momento esse acervo é, com frequência, utilizado pelos governantes e, pelo menos em parte, posto em prática.

Outra medida importante do governo João Goulart, principalmente para o pes-soal que quer passar no concurso do MPOG, é a criação, em 1962, do cargo de Ministro Extraordinário responsável pelo Planejamento do país, ocupado por Celso Furtado, então o primeiro Ministro do Planejamento. Antes, só existia na estrutura governamental o Conselho de Desenvolvimento, que detinha atribui-ções de coordenação e planejamento da política econômica, que passou a ser subordinado ao Ministério recém-criado

A mais polêmica de todas as reformas era a agrária. O Legislativo era compos-to por representantes dos latifúndios, sendo contrário a qualquer mudança constitucional que permitisse a reforma. Eles acusavam Jango de tentar instau-rar o comunismo no país. A emenda constitucional que daria início à reforma foi rejeitada.

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44.. AAddmmiinniissttrraaççããoo GGeerreenncciiaall Segundo Bresser Pereira:

Em síntese o Decreto-Lei 200 foi uma tentativa de superação da rigidez bu-rocrática, podendo ser considerado como um primeiro momento da admi-nistração gerencial no Brasil.

Assim, apesar de ter sido uma tentativa (não deu certo), o DL200 é considera-do como o início da administração gerencial no país. O objetivo da reforma era substituir o modelo burocrático por um mais flexível, até mesmo antecipando muito do que viria com o NPM. Vejam o que diz o Bresser Pereira:

Reconhecendo que as formas burocráticas rígidas constituíam um obstáculo ao desenvolvimento quase tão grande quanto as distorções patrimonialistas e populistas, a reforma procurou substituir a administração pública burocrá-tica por uma “administração para o desenvolvimento”: distinguiu com clare-za a administração direta da administração indireta, garantiu-se às autarquias e fundações deste segundo setor, e também às empresas esta-tais, uma autonomia de gestão muito maior do que possuíam anteriormen-te, fortaleceu e flexibilizou o sistema do mérito, tornou menos burocrático o sistema de compras do Estado.

A reforma tinha um caráter nitidamente descentralizador e buscava modernizar a administração pública através da utilização de instrumentos gerenciais de gestão utilizados pela iniciativa privada.

44..11.. DDeeccrreettoo--LLeeii 220000//11996677

Ainda em 1964 o governo militar cria a Comissão Especial de Estudos da Re-forma Administrativa (Comestra), tendo Hélio Beltrão como seu presidente e principal inspirador das inovações.

A administração para o desenvolvimento, adotada por JK, continuará na Dita-dura, tanto Essa reforma ficou conhecida “reforma desenvolvimentista” porque ela foi realizada no quadro do nacional-desenvolvimentismo, quando todos os esforços do país voltavam a centrar-se na industrialização depois da crise da primeira metade dos anos 1960, e porque vinha, de alguma forma, chancelar e dar mais coerência à experiência de descentralização e de montagem de uma administração paralela que caracterizara esse desenvolvimento no plano admi-nistrativo. Segundo Bresser:

Duas ideias são centrais: a distinção entre a administração direta e indireta e, nesta, a criação de fundações públicas que passam a poder contratar empregados regidos pela legislação aplicada às empresas privadas.

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Além de normatizar e padronizar procedimentos na áreas de pessoal, compras e orçamentária (o mesmo tripé da implantação da administração burocrática no governo Vargas), o decreto estabelece cinco princípios fundamentais que irão estruturar a administração pública:

Princípios do DL200

��� Planejamento,

��� Descentralização,

��� Delegação de autoridade,

��� Coordenação e

��� Controle.

Segundo o DL 200:

Art. 7º A ação governamental obedecerá a planejamento que vise a promover o desenvolvimento econômico-social do País e a segurança nacional, nortean-do-se segundo planos e programas elaborados, na forma do Título III, e com-preenderá a elaboração e atualização dos seguintes instrumentos básicos:

a) plano geral de govêrno;

b) programas gerais, setoriais e regionais, de duração plurianual;

c) orçamento-programa anual;

d) programação financeira de desembôlso.

O princípio do planejamento, que determina que sejam elaborados o plano geral de governo, programas gerais, setoriais e regionais de duração plurianu-al, o orçamento-programa anual e, por fim, a programação financeira de de-sembolso.

Art. 8º As atividades da Administração Federal e, especialmente, a execução dos planos e programas de govêrno, serão objeto de permanente coordenação

§ 1º A coordenação será exercida em todos os níveis da administração, medi-ante a atuação das chefias individuais, a realização sistemática de reuniões com a participação das chefias subordinadas e a instituição e funcionamento de comissões de coordenação em cada nível administrativo.

O princípio da coordenação buscava integrar os diversos ministérios e as ativi-dades que se relacionam com determinado projeto. No nível superior, a coor-denação seria assegurada com reuniões do Ministério, reuniões de Ministros de Estado responsáveis por áreas afins, atribuição de incumbência coordenadora a um dos Ministros de Estado, funcionamento das Secretarias Gerais e coordena-ção central dos sistemas de atividades auxiliares.

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O princípio da descentralização seria implantado em três aspectos:

Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal deverá ser amplamente descentralizada.

§ 1º A descentralização será posta em prática em três planos principais:

a) dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-se claramente o nível de direção do de execução;

b) da Administração Federal para a das unidades federadas, quando este-jam devidamente aparelhadas e mediante convênio;

c) da Administração Federal para a órbita privada, mediante contratos ou concessões.

Neste último aspecto, como o setor privado não estava preparado para receber muitas das incumbências do Estado, o resultado foi o crescimento da adminis-tração indireta.

Aqui temos um ponto que devemos tomar cuidado, que é uma confusão que ocorre entre descentralização e centralização. O DL200 promoveu uma ampla descentralização administrativa. Foram criadas inúmeras entidades da admi-nistração indireta, com elevada autonomia. Só não podemos confundir a des-centralização administrativa com a política. A primeira ocorreu em grande proporção. Contudo, não houve descentralização política para estados e muni-cípios. O DL200 até fala que faria isso, dentro do princípio da descentralização, mas o que houve na prática foi uma ampla centralização na União, retirando dos entes subnacionais qualquer autonomia.

Assim, durante a ditadura, tivemos uma ampla CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA, em que estados e municípios não possuíam a autonomia característica de Estados federados. Vamos ver algumas questões para diferenciar isso bem:

1. (FCC/MPE-SE/2009) A Reforma Administrativa de 1967, implementada pelo Decre-

to-lei federal nº 200, retomou o processo de centralização da atuação administrativa.

Questão errada, houve descentralização administrativa.

2. (FCC/MPE-SE/2009) A Reforma Administrativa de 1967, implementada pelo Decre-

to-lei federal nº 200, desencadeou um movimento de descentralização da atuação es-

tatal, com a transferência de atividades a autarquias, fundações, empresas públicas e

sociedades de economia mista.

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Questão certa, houve ampla descentralização administrativa para as entidades da administração indireta.

3. (ESAF/APO-MPOG/2010) A reforma trazida pelo Decreto-Lei n. 200/67 propugnou

pela descentralização funcional do aparelho do Estado mediante delegação de autori-

dade aos órgãos da administração indireta para a consecução de muitas das funções e

metas do governo.

Questão certa. A descentralização funcional é a descentralização administrativa para entidades da administração indireta.

4. (ESAF/AFT/2010) A implantação do DASP e a expedição do Decreto-Lei n. 200/67

são exemplos de processos democráticos de reformismo baseados no debate, na ne-

gociação e em um modelo decisório menos concentrador.

Questão errada, copiada de Fernando Luís Abrúcio:

Um segundo aspecto que influenciou o debate foi o histórico das reformas administrativas no Brasil. Tivemos duas grandes ações neste sentido, ambas em períodos autoritários: o modelo daspiano e o Decreto-Lei nº 200. De tal forma que não tínhamos uma experiência democrática de reformismo, base-ado no debate, na negociação e num processo decisório menos concentrador.

5. (ESAF/AFC/2002) A exaustão do modelo de planejamento governamental centrali-

zado e o insulamento de estruturas da administração indireta são fatores disfuncionais

das reformas administrativas do regime militar entre 1964 e 1995.

A questão é certa. O planejamento governamental era centralizado, principal-mente na União e na Secretaria de Planejamento (SEPLAN), mas havia descen-tralização administrativa, insulamento das entidades da administração indireta.

6. (CESPE/MPS/2009) A reforma administrativa materializada pelo Decreto-lei n.º

200/1967 é associada à primeira experiência de implementação da administração ge-

rencial no país. Adotada em pleno período ditatorial, reforçou a centralização funcio-

nal e promoveu a criação das carreiras da administração pública de alto nível.

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Questão errada, houve descentralização funcional.

7. (CESPE/TCU/2008) A estruturação da máquina administrativa no Brasil reflete a

forte tradição municipalista do país, cujo ímpeto descentralizante se manifesta, na

Constituição de 1988, reforçado pela longa duração do período transcorrido entre

1964 e 1985, marcadamente caracterizado pela associação entre autoritarismo e cen-

tralização.

Questão certa, fala em centralização política na Ditadura.

8. (ESAF/EPPGG/2009) durante o regime militar, principalmente a partir da Consti-

tuição de 1967, ocorreu um processo de centralização do poder e dos recursos.

Questão certa. Esta não deixa tão claro se é centralização política ou adminis-trativa, mas podemos saber pelo uso do termo “poder”. Quando falamos em poder, estamos nos referindo à política. Alguns justamente definem política como a luta pelo poder.

Um exemplo de centralização política é a edição do Ato Institucional N.º 8, de abril de 1969, que determinou a implantação pelos governos estaduais e muni-cipais de reformas administrativas pautadas nos mesmos princípios da reforma já dinamizada no Executivo federal.

Art. 11. A delegação de competência será utilizada como instrumento de descentralização administrativa, com o objetivo de assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-as na proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a atender.

A delegação de competências tinha como objetivo aproximar os tomadores de decisão das situações que ensejam uma deliberação do poder público, liberan-do a direção para as tarefas de controle, formulação e normatização.

Art. 13 O contrôle das atividades da Administração Federal deverá exercer-se em todos os níveis e em todos os órgãos, compreendendo, particular-mente: a) o contrôle, pela chefia competente, da execução dos programas e da ob-servância das normas que governam a atividade específica do órgão contro-lado; b) o contrôle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da observância das normas gerais que regulam o exercício das atividades auxiliares;

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c) o contrôle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos bens da União pelos órgãos próprios do sistema de contabilidade e auditoria. Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado mediante simplificação de processos e supressão de contrôles que se evidenciarem como puramen-te formais ou cujo custo seja evidentemente superior ao risco.

Por fim, o controle seria exercido pelas chefias e órgãos responsáveis em todos os níveis e repartições da administração pública, sendo facilitado pela busca da simplificação dos processos e pelo abandono dos controles que se mostrem puramente formais. Com relação à administração indireta fica estabelecida a necessidade de supervisão ministerial. Segundo Bresser:

O aspecto mais marcante da Reforma Desenvolvimentista de 1967 foi a desconcentração para a administração indireta, particularmente para as fundações de direito privado criadas pelo Estado, as empresas públicas e as empresas de economia mista, além das autarquias, que já existiam desde 1938.

Bresser fala em “desconcentração para a administração indireta”, mas o cor-reto seria “descentralização”. O Estado brasileiro passou a ser representado por quatro pilares básicos: Administração Direta, Autarquias, Empresas Públi-cas e Sociedades de Economia Mista. Daí decorre a distinção entre administra-ção direta e indireta, prevalecente até os nossos dias. A primeira é integrada pelos ministérios e órgãos da Presidência da República, inclusive os autôno-mos; a segunda, pelas autarquias, empresas públicas e sociedades de econo-mia mista. Posteriormente, as fundações (que não pertenciam nem à administração direta, nem à indireta) foram incluídas na administração indire-ta, por força do que dispôs a Lei 7.596/87.

A estratégia de descentralização do governo autoritário possuía semelhança com a criação da administração paralela de JK. A criação e expansão da admi-nistração indireta foi uma tentativa de escapar dos órgãos centralizados para que se instalassem novos princípios de uma nova onda de eficiência no setor público, evitando-se, deste modo, o enfrentamento de conflitos advindos de um possível reforma do sistema central.

As entidades da administração indireta foram dotadas de elevado grau de au-tonomia. Novamente aqui ocorrerá o crescimento desordenado, a hipertrofia da administração indireta, o que tornaria virtualmente impossível a retomada do controle governamental, quer mediante o regime de supervisão ministerial, quer mediante a instituição de mecanismos de controle econômico-financeiro atrelados às políticas sucessivas de ajuste macroeconômico.

A estratégia de descentralização adotada pela reforma de 1967, predominan-temente identificada com a criação da administração indireta, decorreu a ex-pansão da intervenção estatal, que requereu a adoção de padrões de mercado

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concorrendo para a seleção e recrutamento de pessoal dotado de habilidades específicas e, deste modo, ajudando a consolidar um segmento de tecnocratas de importância estratégica no âmbito da administração descentralizada. Se-gundo o Decreto-Lei 200:

Art. 124. O pessoal técnico especializado destinado a funções de assesso-ramento superior da Administração Civil será recrutado no setor público e no setor privado, selecionado segundo critérios específicos, submetido a contínuo treinamento e aperfeiçoamento que assegurem o conhecimento e utilização das técnicas e instrumentos modernos de administração, e ficará sujeito ao regime da Legislação Trabalhista.

Deste modo, a tecnocracia moderna passou a coexistir com a forma tradicional da burocracia central. Esse padrão perdurou até os anos 90.

44..22.. PPrrooggrraammaa NNaacciioonnaall ddee DDeessbbuurrooccrraattiizzaaççããoo

A emergência do processo de abertura política no final da década de 70 foi acompanhada da mobilização de segmentos fortes do setor privado contrários à centralização burocrática que, apesar da ênfase na administração indireta, se acentuou na sequência dos governos autoritários. Por força dessas pressões, em 1979, durante o governo do Presidente Figueiredo tenta dar uma resposta para a sociedade.

Segundo Bresser:

Apesar de todos os avanços em termos de flexibilização, o núcleo estratégi-co do Estado foi, na verdade, enfraquecido indevidamente através da estra-tégia oportunista ou ad hoc do regime militar de contratar os escalões superiores da administração através das empresas estatais. Desta maneira, a reforma administrativa prevista no DL 200 ficou prejudicada, especial-mente pelo seu pragmatismo. Faltavam-lhe alguns elementos essenciais pa-ra que houvesse se transformado em uma reforma gerencial do Estado brasileiro, como a clara distinção entre as atividades exclusivas de estado e as não-exclusivas, o uso sistemático do planejamento estratégico ao nível de cada organização e seu controle através de contratos de gestão e de competição administrada. Faltava-lhe também uma clara definição da im-portância de fortalecer o núcleo estratégico do Estado.

De 1979 a 1982 a administração pública federal, embora enfrentando proble-mas crônicos, abre duas novas frentes de atuação: a desburocratização e a desestatização. No início dos anos 80 registrou-se uma nova tentativa de re-formar a burocracia e orientá-la na direção da administração pública gerencial, com a criação do Ministério da Desburocratização e do Programa Nacional de

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Desburocratização (PrND), cujos objetivos eram a revitalização e agilização das organizações do Estado, a descentralização da autoridade, a melhoria e simpli-ficação dos processos administrativos e a promoção da eficiência.

Hélio Beltrão, ministro da desburocratização, propõe uma administração pública voltada para o cidadão. Seu Programa Nacional de Desburocratização foi por ele definido como uma proposta política visando, pela administração pública, a “retirar o usuário da condição colonial de súdito para investi-lo na de cidadão, destinatário de toda a atividade do Estado”. Portanto, a importância da criação do Ministério é grande, na medida em que busca ressaltar que o contribuinte não é um súdito do Estado, mas um cliente com direito a uma boa prestação de serviços públicos.

Tânia Keinert afirma que a Administração Pública no Brasil passou por dois paradigmas. De 1937 a 1979 o paradigma era o do “Público como estatal”. Era uma visão centrada no aparelho do Estado de maneira unilateral, numa situ-ação de inexistência ou negação da sociedade civil. A partir de 1979, com a crise do Estado, é que as atenções se voltam para a sociedade e o público passa a ser entendido como “interesse público”.

As ações do PrND voltaram-se inicialmente para o combate à burocratização dos procedimentos. Posteriormente, foram dirigidas para o desenvolvimento do Programa Nacional de Desestatização, num esforço para conter os excessos da expansão da administração descentralizada, estimulada pelo DL 200. A criação do Ministério da Desburocratização pode ser considerada com um dos raros movimentos de modernização do regime militar direcionados para a adminis-tração direta.

O PrND, juntamente com mudanças promovidas pela área econômica do governo, fez parte dos esforços de reforma para recuperação da credibilidade do regime autoritário. Havia muitas críticas à autonomia excessiva da adminis-tração indireta e possíveis práticas de corrupção. Neste contexto, ressalta-se como relevante a criação, em maio de 1979, da Secretaria de Controle das Empresas Estatais (SEST), que efetivou o rompimento com a natureza empreendedora, autônoma e descentralizadora das estatais promovida pela reforma de 1967.

Portanto, podemos afirmar que esta nova reforma de 1979 apresentava três principais linhas:

��� Desburocratização da administração direta;

��� Desestatização: papel suplementar do Estado no campo da iniciativa privada

��� Maior controle das empresas estatais.

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Vamos ver uma questão da ESAF:

9. (ESAF/MPOG/2009) Ao privilegiar o usuário do serviço público, o Programa Nacio-

nal de Desburocratização marcou pelo ineditismo, já que nenhum outro antes dele fo-

ra dotado de caráter social e político.

A questão é CERTA. Foi tirada de Frederico Lustosa:

Diferentemente dos outros programas, o da desburocratização privilegiava o usuário do serviço público. Daí o seu ineditismo, porque nenhum outro pro-grama antes era dotado de caráter social e político. Mas, ele também incluía entre seus objetivos o enxugamento da máquina estatal, já que recomen-dava a eliminação de órgãos pouco úteis ou cuidava para impedir a prolife-ração de entidades com tarefas pouco definidas ou já desempenhadas em outras instituições da administração direta e indireta.

44..33.. RReettrroocceessssoo BBuurrooccrrááttiiccoo nnaa CCFF8888

Com a redemocratização do país em 1985, o governo da transição assumiu tendo sob seu comando uma burocracia estruturada sob bases autoritárias e forte intervencionismo econômico e social. A reforma administrativa foi incluída na agenda das reformas a serem promovidas pelo governo para o restabeleci-mento da nova ordem democrática.

No entanto, embora representasse uma grande vitória da sociedade, a rede-mocratização do país trouxe consigo o loteamento dos cargos públicos. Segun-do Bresser Pereira: da administração indireta e das delegacias dos ministérios nos Estados para os políticos dos partidos vitoriosos. Um novo populismo pa-trimonialista surgia no país. Segundo Humberto Falcão Martins:

Os desafios de resgatar a capacidade da burocracia pública em formular e implementar políticas sociais e direcionar a administração pública para a democracia foram sobrepostos pelo imperativo em tornar a administração pública um instrumento de governabilidade, loteando áreas e cargos em busca do apoio político necessário à superação das dificuldades da instabili-dade política da transição.

O processo de expansão da administração indireta decorrente da descentrali-zação implementada pelo Decreto-Lei 200/67 fora diagnosticado como danoso ao Estado, que teria perdido o controle operacional da máquina pública por excesso de flexibilidade administrativa. A autonomia da administração indireta foi considerada excessiva e responsável pelo enfraquecimento dos mecanismos

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de controle administrativo. Deste modo, em 1986, o governo Sarney constituiu grupo de estudo para reforma administrativa federal, tendo como objetivo central o fortalecimento da administração direta, por meio do restabelecimento de mecanismos de controle burocrático.

Extinto o DASP em 1986, o governo Sarney criou, no mesmo ano, a Secretaria de Administração Pública da Presidência da República (Sedap), diretamente ligada ao Presidente e que ficou encarregada dos esforços de modernização e racionalização da administração pública federal. Foi criada a carreira de gestor governamental, o órgão de treinamento do governo federal, a FUNCEP, foi transformado na Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e foi criado o Cadastro Nacional do Pessoal Civil, precursor do atual SIAPE.

Como reação ao loteamento de cargos após a redemocratização e por consid-erar que o excesso de flexibilização concedido à administração indireta era uma das causas da crise do Estado, a Constituição de 1988 dá um passo atrás na caminhada rumo à administração gerencial, representando um retrocesso, já que traz de volta a rigidez burocrática.

O regime militar ao invés de consolidar uma burocracia profissional no país, através da redefinição das carreiras e de um processo sistemático de abertura de concursos públicos para a alta administração, preferiu o caminho mais curto do recrutamento de administradores através das empresas estatais. Com a CF/88, se salta para o extremo oposto e a administração pública brasileira passa a sofrer do enrijecimento burocrático extremo. Segundo Bresser Pereira:

A Constituição irá sacramentar os princípios de uma administração pública arcaica, burocrática ao extremo. Uma administração pública altamente centralizada, hierárquica e rígida, em que toda a prioridade será dada à administração direta ao invés da indireta.

Segundo Fernando Luiz Abrúcio, para combater o legado do regime militar, as mudanças mais profundas vieram com a Constituição de 1988. Os constituintes mexeram em várias questões atinentes à administração pública. Entre estas, três conjuntos de mudanças podem ser destacados:

��� Em primeiro lugar, a democratização do Estado, que foi favorecida com o fortalecimento do controle externo da administração pública, com destaque, entre outras mudanças, para o novo papel conferido ao Ministério Público (MP). N este aspecto está, também, o reforço dos princípios da legalidade e da publicidade;

��� A descentralização foi outra demanda construída nos anos de luta contra o autoritarismo e que ganhou enorme relevância na Constituição de 1988. Após 20 anos de centralismo político, financeiro e administrativo, o

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processo descentralizador abriu oportunidades para maior participação cidadã e para inovações no campo da gestão pública, levando em conta a realidade e as potencialidades locais. Impulsionadas por esta mudança, várias políticas públicas foram reinventadas e disseminadas pelo país;

��� Propôs-se, ainda, completar a chamada reforma do serviço civil, por meio da profissionalização da burocracia. Nesta linha, houve ações importantes, como o princípio da seleção meritocrática e universal, consubstanciada pelo concurso público. Em consonância com este movimento, o Executivo federal criou, em 1986, a Escola Nacional de Administração Pública.

Bresser é muito crítico desse terceiro aspecto, ele entende que era errado o diagnóstico de que era necessário primeiro combater o patrimonialismo por meio do fortalecimento de uma administração burocrática.

Como resultado, a CF88 irá fortalecer a administração direta pela extensão das mesmas regras previstas e estipuladas na Constituição para todos os ramos da administração, inclusive e principalmente para a administração indireta, que perde boa parte de sua agilidade e autonomia, principalmente em duas áreas: na gestão de pessoas e nos procedimentos de compras públicas. Vamos ver uma questão do CESPE:

10. (CESPE/IBAMA/2003) A Constituição de 1988 acertou ao subordinar os entes des-

centralizados às mesmas regras de controle formal da administração central, visto que

nesses os níveis de corrupção são historicamente mais elevados.

O termo “acertou” é bastante opinativo. A questão é ERRADA porque as ban-cas seguem a linha do Bresser Pereira, entendendo que foi um erro a CF/88 subordinar a administração indireta às mesmas regras da direta. Estas entida-des da administração indireta são criadas justamente para dar maior flexibili-dade e autonomia à gestão dos serviços públicos.

No que se refere à gestão de pessoas, a administração indireta foi obrigada a adotar integralmente todos os procedimentos que regem a realização dos con-cursos públicos, perdendo liberdade de contratar e demitir que o regime celeti-sta anteriormente utilizado propiciava, instaurando o “regime jurídico único”.

Quanto às compras, o processo licitatório instituído pela Lei 8.666/93 deverá também ser observado por toda a administração indireta, apesar de algumas exceções concedidas às sociedades de economia mista e empresas públicas.

Apesar deste retrocesso, a CF/88 também trouxe coisas boas, uma delas foi a descentralização política. Vamos dar uma olhada em uma questão.

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11. (CESPE/TCU/2008) A estruturação da máquina administrativa no Brasil reflete a

forte tradição municipalista do país, cujo ímpeto descentralizante se manifesta, na

Constituição de 1988, reforçado pela longa duração do período transcorrido entre

1964 e 1985, marcadamente caracterizado pela associação entre autoritarismo e cen-

tralização.

Não acho correto afirmar que o país tenha uma forte tradição municipalista, mas a questão é CERTA. Na realidade, ao longo de nossa história se alterna-ram períodos de descentralização, como na Constituição de 1891, a redemo-cratização em 1945 e em 1988; com outros de centralização, como o Estado Novo e a Ditadura de 1964. No entanto, segundo o Plano Diretor:

Visando maior racionalização no uso de recursos, a Constituição de 1988 as-segurou como princípio administrativo a descentralização da execução dos serviços sociais e de infraestrutura, bem como dos recursos orçamentários para os estados e municípios. Consequentemente, estes últimos aumentaram sua participação na repartição da carga tributária. Entretanto, os avanços no sentido de conceder maior autonomia na execução de serviços e de favorecer as unidades subnacionais caminham lentamente, menos por falta de defini-ção legal do problema, e mais pela crença arraigada na cultura política brasi-leira de que cabe à União promover diretamente o desenvolvimento social do país. Esta crença está em contradição com a profunda tradição municipalista brasileira, que vem do período colonial, e aos poucos vai sendo abandonada, à medida em que os municípios, melhor dotados de recursos financeiros, vêm assumindo crescentes responsabilidades na área social.

Assim, a CF/88 representou um movimento contrário à centralização que per-durou durante o período ditatorial. O Brasil é o único país em que os Municípios são considerados entes da federação. Abrucio afirma que:

Pela primeira vez na história, os municípios transformaram-se em entes fe-derativos, constitucionalmente com o mesmo status jurídico que os estados e a União. Não obstante essa autonomia, os governos locais respeitam uma li-nha hierárquica quanto à sua capacidade jurídica – a Lei Orgânica, por exemplo, não pode contrariar frontalmente a Constituição estadual –, e são, no mais das vezes, muito dependentes dos níveis superiores de governo no que tange às questões políticas, financeiras e administrativas.

Contudo, as conquistas da descentralização não apagam os problemas dos governos locais brasileiros. Apesar de ter ocorrido a descentralização dos re-cursos orçamentários, muitos municípios ainda não apresentam capacidade técnica, de recursos humanos ou de gestão para conseguirem desempenhar adequadamente as tarefas complexas que lhes foram impostas.

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44..44.. PPllaannoo DDiirreettoorr ddee RReeffoorrmmaa ddoo AAppaarreellhhoo ddoo EEssttaaddoo

Em 1995, Fernando Henrique Cardoso assume a Presidência da República. Ele convoca então Luiz Carlos Bresser Gonçalves Pereira para assumir o Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, que, no mesmo ano, viria a propor uma reforma gerencial para a administração pública brasileira, o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE).

O Plano Diretor buscou traçar um panorama da administração pública para, a partir daí, identificar as mudanças necessárias. O primeiro ponto apontado é que o resultado do retrocesso burocrático de 1988 foi um encarecimento signi-ficativo do custeio da máquina administrativa, tanto no que se refere a gastos com pessoal quanto bens e serviços, e um enorme aumento da ineficiência dos serviços públicos.

O Plano entendia que a modernização da gestão se daria através da superação da administração burocrática e dos traços de patrimonialismo existentes no setor público com a introdução da administração gerencial, contemplando:

Medidas da Administração Gerencial no PDRAE

��� Descentralização e autonomia gerencial com flexibilidade de gestão;

��� Atingimento de resultados sob a ótica da eficiência, eficácia e efetividade com a reorientação dos mecanismos de controle, no caso, de procedimentos para resultado;

��� Foco no cidadão, ao invés de auto-referida;

��� Controle social com a introdução de mecanismos e instrumentos que garantam a transparência, assim como a participação e controle por parte do cidadão.

O PDRAE adota muitos dos princípios das reformas gerenciais, entre eles o de que o Estado deve transferir serviços para a iniciativa privada. Segundo o do-cumento:

A reforma do Estado deve ser entendida dentro do contexto da redefinição do papel do Estado, que deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvi-mento econômico e social pela via da produção de bens e serviços, para for-talecer-se na função de promotor e regulador desse desenvolvimento. No plano econômico o Estado é essencialmente um instrumento de transferên-cias de renda, que se torna necessário dada a existência de bens públicos e de economias externas, que limitam a capacidade de alocação de recursos do mercado.

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Para por em prática essa nova visão acerca do papel do Estado, o documento separou quatro segmentos de organização do Estado, formas de relacionamen-to com a sociedade, no que concerne à distribuição de responsabilidades:

Setores de Atuação do Estado segundo o PDRAE

��� Núcleo Estratégico: Corresponde ao governo, em sentido lato. É o setor que define as leis e as políticas públicas, e cobra o seu cumprimento. É, portanto, o setor onde as decisões estratégicas são tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério Público e, no poder executivo, ao Presidente da República, aos ministros e aos seus auxiliares e assessores diretos, responsáveis pelo planejamento e formulação das políticas públicas. Aqui, as decisões devem ser as melhores, atender ao interesse nacional e ter efetividade. O regime de propriedade deve ser necessariamente estatal.

��� Atividades Exclusivas: É o setor em que são prestados serviços que só o Estado pode realizar. São serviços em que se exerce o poder extroverso do Estado – o poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar. Como exemplos, temos: a cobrança e fiscalização dos impostos, a polícia, a previdência social básica, o serviço de desemprego, a fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, o serviço de trânsito, a compra de serviços de saúde pelo Estado, o controle do meio ambiente, o subsídio à educação básica, o serviço de emissão de passaportes, etc. A propriedade só pode ser também estatal.

��� Atividades Não exclusivas: Corresponde ao setor onde o Estado atua simultaneamente com outras organizações públicas não estatais e privadas. As instituições desse setor não possuem o poder de Estado. Este, entretanto, está presente porque os serviços envolvem direitos humanos fundamentais, como os da educação e da saúde, ou porque possuem “economias externas” relevantes, na medida em que produzem ganhos que não podem ser apropriados por esses serviços através do mercado. As economias produzidas imediatamente se espalham para o resto da sociedade, não podendo ser transformadas em lucros. São exemplos deste setor: as universidades, os hospitais, os centros de pesquisa e os museus. A situação ideal de propriedade é, nesse caso, a pública não estatal.

��� Produção de Bens e Serviços para o Mercado: Corresponde à área de atuação das empresas. É caracterizado pelas atividades econômicas voltadas para o lucro que ainda permanecem no aparelho do Estado como, por exemplo, as do setor de infraestrutura. Estão no Estado seja porque faltou capital ao setor privado para realizar o investimento, seja porque são atividades naturalmente monopolistas, nas quais o controle via mercado não é possível, tornando-se necessário no caso de privatização, a regulamentação rígida. Aqui a propriedade privada é a regra.

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O PDRAE não defendia que a administração burocrática deveria ser totalmente eliminada. Segundo o Bresser Pereira:

Por outro lado, a combinação de princípios gerenciais e burocráticos deverá variar de acordo com o setor. A grande qualidade da administração pública burocrática é a sua segurança e efetividade. Por isso, no núcleo estratégico, onde essas características são muito importantes, ela deverá estar ainda presente, em conjunto com a administração pública gerencial. Já nos demais setores, onde o requisito de eficiência é fundamental dado o grande número de servidores e de cidadãos-clientes ou usuários envolvidos, o peso da administração pública burocrática deverá ir diminuindo até praticamente desaparecer no setor das empresas estatais.

Portanto, teríamos ainda presente no núcleo estratégico um misto de adminis-tração burocrática com gerencial. Conforme vamos descendo nos setores, o peso da administração burocrática vai diminuindo e o da gerencial aumentando

Para pôr em prática as reformas necessárias, o Plano foi pensado então em três projetos básicos:

��� O Projeto Avaliação Estrutural, que teria como objetivo “analisar as missões dos órgãos e entidades governamentais, identificando superposições, inadequação de funções e possibilidades de descentralização, visando dotar o Estado de uma estrutura organizacional moderna e ágil e permeável à participação popular”. Com base na avaliação, ocorreria a proposta de extinção, privatização, publicização e descentralização de órgãos, e também de incorporação e criação de órgãos.

��� O Projeto Agências Autônomas tinha como objetivo a transformação de autarquias e de fundações que exerçam atividades exclusivas do Estado, em agências autônomas, com foco na modernização da gestão. As agências autônomas são chamadas hoje de Agências Executivas. Aqui temos novamente a gestão por resultados, que se caracteriza pela responsabilização por resultados em troca da maior autonomia de gestão. O instrumento utilizado é o contrato de gestão. O plano não falava ainda em agências executivas, mas sim em agências autônomas.

��� O Projeto Organizações Sociais e Publicização permitiria a “publicização” dos serviços não exclusivos do Estado, ou seja, sua transferência do setor estatal para o público não-estatal, onde assumiriam a forma de “organizações sociais”. Tinha como objetivo permitir a descentralização de atividades no setor de prestação de serviços não exclusivos, a partir do pressuposto que esses serviços serão mais eficientemente realizados se, mantendo o financiamento do Estado,

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forem realizados pelo setor público não-estatal. Entende-se por “organizações sociais” as entidades de direito privado que, por iniciativa do Poder Executivo, obtêm autorização legislativa para celebrar contrato de gestão com esse poder, e assim ter direito à dotação orçamentária. Novamente aqui temos a gestão por resultados, já que as entidades que obtivessem a qualidade de organizações sociais gozariam de maior autonomia administrativa, e, em compensação, seus dirigentes teriam maior responsabilidade pelo seu destino, utilizando-se também do contrato de gestão.

O PDRAE previa que as atividades não exclusivas deixassem de ser de proprie-dade estatal, sendo transferidas para a propriedade pública não-estatal. Vamos ver uma definição do Bresser para setor público não-estatal:

O setor produtivo público não-estatal é também conhecido por “terceiro se-tor”, “setor não-governamental”, ou “setor sem fins lucrativos”. Por outro lado, o espaço público não-estatal é também o espaço da democracia parti-cipativa ou direta, ou seja, é relativo à participação cidadã nos assuntos pú-blicos. Neste trabalho se utilizará a expressão “público não-estatal” que define com maior precisão do que se trata: são organizações ou formas de controle “públicas” porque estão voltadas ao interesse geral; são “não-estatais” porque não fazem parte do aparato do Estado, seja porque não utilizam servidores públicos ou porque não coincidem com os agentes políti-cos tradicionais.

Esta transferência seria feita através de um programa de publicização, onde assumiriam a forma de “organizações sociais”. O objetivo permitir a descentra-lização de atividades no setor de prestação de serviços não exclusivos, nos quais não existe o exercício do poder de Estado, a partir do pressuposto que esses serviços serão mais eficientemente realizados se, mantendo o financia-mento do Estado, forem realizados pelo setor público não-estatal. Entende-se por “organizações sociais” as entidades de direito privado que, por iniciativa do Poder Executivo, obtêm autorização legislativa para celebrar contrato de ges-tão com esse poder, e assim ter direito à dotação orçamentária. Para Bresser:

As novas entidades receberão por cessão precária os bens da entidade ex-tinta. Os atuais servidores da entidade transformar-se-ão em uma categoria em extinção e ficarão à disposição da nova entidade. O orçamento da orga-nização social será global; a contratação de novos empregados será pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho; as compras deverão estar su-bordinadas aos princípios da licitação pública, mas poderão ter regime pró-prio. O controle dos recursos estatais postos à disposição da organização social será feito através de contrato de gestão, além de estar submetido à supervisão do órgão de controle interno e do Tribunal de Contas.

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A publicização pode ser definida como o processo de descentralização para o setor público não-estatal da execução de serviços que não envolvem o exercí-cio do poder de Estado, mas devem ser subsidiados pelo Estado, como é o caso dos serviços de educação, saúde, cultura e pesquisa científica. Por exem-plo, o Estado extingue uma fundação que administrava uma universidade pú-blica e os bens desta universidade são transferidos para a gestão de uma entidade privada, uma organização social. O mesmo ocorre com os servidores, que continuam sendo pagos pelo Estado, e os recursos orçamentários a ela destinados.

Os serviços não exclusivos são aque-les que, embora não envolvendo po-der de Estado, o Estado realiza e/ou subsidia porque os considera de alta relevância para os direitos humanos, ou porque envolvem economias ex-ternas, não podendo ser adequada-mente recompensados no mercado através da cobrança dos serviços. Segundo Bresser Pereira:

No setor dos serviços não exclusivos de Estado, a propriedade deverá ser em princípio pública não-estatal. Não deve ser estatal porque não envolve o uso do poder-de-Estado. E não deve ser privada porque pressupõe transferências do Estado. Deve ser pública para justificar os subsídios recebidos do Estado. O fato de ser pública não-estatal, por sua vez, implicará na necessidade da atividade ser controlada de forma mista pelo mercado e pelo Estado.

A transformação dos serviços não exclusivos estatais em organizações sociais se daria de forma voluntária, a partir da iniciativa dos respectivos ministros, através de um Programa Nacional de Publicização. Teriam prioridade os hospi-tais, as universidades e escolas técnicas, os centros de pesquisa, as bibliotecas e os museus. Segundo Maria Sylvia:

Embora o Plano Diretor fale em publicização e a própria Lei nº 9.637/98, logo na ementa, fale em Programa Nacional de Publicização para definir a forma como se substituirá uma entidade pública por uma entidade privada qualifi-cada como organização social, não há qualquer dúvida quanto a tratar-se de um dos muitos instrumentos de privatização de que o Governo vem se utili-zando para diminuir o tamanho do aparelhamento da Administração Pública.

Contudo, nas provas, está errada a afirmação que diga que os bens serão transferidos para as OS por meio de privatização. Os bens são cedidos, e não vendidos ou doados, retornando para o Estado caso haja a desqualificação da OS. Portanto, temos que diferenciar publicização de privatização.

Economias Externas: são os efeitos gerados

por determinada atividade que beneficiam

pessoas ou empresas que não o executor de

tal atividade. Por exemplo, a despoluição de

um rio beneficia todos os municípios que se

situam abaixo do ponto escolhido. Estes

benefícios não resultam em maiores lucros

para aquele que realiza a despoluição.

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44..55.. GGoovveerrnnoo LLuullaa

Em seu primeiro ano de mandato, o governo Lula lançou o Plano “Gestão pública para um país de todos”. Tal documento partiu do pressuposto de que “tanto os desafios contextuais quanto as condições de funcionamento dos Estados — principalmente aqueles em desenvolvimento —, exigem ações no sentido de se buscar seu fortalecimento institucional”. Além disso:

“O quadro de desigualdades clama por um Estado ativista, promotor da justiça social; o de escassez clama por esforços de otimização; o quadro global competitivo requer um Estado regulador e uma gestão econômica consistente; e a conquista da democracia exige um novo padrão de deliberação que considere o cidadão como o foco da ação pública”.

O Plano tinha como objetivo principal fortalecer o Estado através de:

��� Redução do “déficit institucional”, definido como a ausência do Estado onde ele deveria estar atuando,

��� Aumento da governança, que significaria promover a capacidade do governo em formular e implementar políticas públicas e em decidir, entre diversas opções, qual a mais adequada.

��� Aumento da eficiência, otimizando recursos;

��� Transparência e participação, assegurando, dessa forma, o comprometimento da sociedade e a legitimação do processo.

A expressão “déficit institucional” é bastante usada pelo Governo Lula para se referir “ausência do Estado onde este deveria estar atuando”. Ele “é resultado de um processo histórico de construção nacional, que produziu um Estado incompleto, cujas lacunas vão sendo progressivamente preenchidas pelo “não-Estado” — desde o crime organizado, que afronta a cidadania, ao mercado, que ignora a equidade”. O déficit se manifesta tanto na amplitude do atendimento dado pelas instituições públicas, quanto na qualidade desse atendimento. Tal documento partiu do pressuposto de que “tanto os desafios contextuais quanto as condições de funcionamento dos Estados — principal-mente aqueles em desenvolvimento —, exigem ações no sentido de se buscar seu fortalecimento institucional”. Além disso:

O quadro de desigualdades clama por um Estado ativista, promotor da justiça social; o de escassez clama por esforços de otimização; o quadro global competitivo requer um Estado regulador e uma gestão econômica consistente; e a conquista da democracia exige um novo padrão de de-liberação que considere o cidadão como o foco da ação pública.

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A construção do novo modelo de gestão pública deveria pautar-se nos seguintes princípios ou premissas orientadoras:

��� O Estado como parte essencial da solução, voltado à redução das desigualdades e à promoção do desenvolvimento;

��� O cidadão como beneficiário principal. Trata-se de considerá-lo membro de uma comunidade cívica, organizada e plena de direitos e deveres, ampliando-se a consciência cidadã, recriando-se a solidariedade e definindo-se critérios de justiça social; o cidadão não é um mero consumidor de bens ou serviços públicos;

��� O Plano de Gestão Pública como uma definição de Governo, supraministerial, independentemente da origem das proposições iniciais, das modificações, das exclusões e das inclusões incorporadas durante o processo de discussão. A proposta de gestão pública deve ser construída coletivamente, sendo o Presidente da República o seu empreendedor máximo;

��� Integração do Plano de Gestão Pública às demais políticas de Governo.. Será um instrumento de geração de resultados, flexível para permitir soluções específicas para as diversas áreas da ação governamental, ao mesmo tempo em que impede a fragmentação e a coexistência de políticas, projetos, e programas concorrentes e/ou contraditórios;

��� Envolvimento, mobilização, incentivo e participação dos servidores e demais atores envolvidos são fundamentais. A definição de estratégias de intervenção ou indução de processos de mudança deve ser baseada na adesão das organizações e setores, na capacitação e na motivação intensivas, além da troca constante de informações. Superam-se, assim, as transformações baseadas predominantemente no caráter legalista e coercitivo, em favor de uma abordagem que resgate a formulação de políticas de gestão baseadas em incentivos institucionais e pessoais;

��� Problemas em busca de soluções. O Plano de Gestão Pública será formulado a partir de diagnóstico abrangente e sistemático, que identifique problemas e suas causas e não apenas seus sintomas. Abrangente, para permitir a identificação de problemas sistêmicos e transversais; e contínuo, para dotar de maior racionalidade as decisões estratégicas sobre objetivos e ações;

��� Pluralismo de instrumentos, ferramentas e metodologias. A escolha será feita em função dos problemas identificados no diagnóstico ao invés da adoção, a priori, de modismos gerenciais que possam induzir à transplantação acrítica de ideias e soluções.

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Na Estruturação da Administração Pública Federal seriam realizadas intervenções no curto e no longo prazos, no sentido de se proceder, entre outras medidas:

��� Recomposição da força de trabalho do setor público, segundo as necessidades e requisitos identificados, além do redesenho dos sistemas de cargos, carreiras, benefícios e concursos;

��� Realinhamento de salários, de carreiras, posições e condições gerenciais da burocracia;

��� Redefinição de marcos regulatórios e à consequente redefinição do papel das agencias reguladoras;

��� Simplificação administrativa, reduzindo-se os requisitos de formalidades processuais e tornando as decisões mais ágeis e próximas dos interessados;

��� Estabelecimento de altos padrões de conduta ética e de transparência no trato de questões públicas.

No campo da recomposição da força de trabalho, todos nós vimos como aumentou a quantidade de concursos públicos durante o Governo Lula. Os salários também foram reajustados de forma significativa.

Quanto às Agências Reguladoras, Lula era muito crítico da independência que elas obtiveram e afirma que elas estão formulando políticas no lugar dos Minis-térios. O projeto de lei busca trazer para estes novamente as funções de relacionadas com as concessões de serviços públicos. Segundo o Governo:

Uma das principais distorções do papel das Agências detectadas foi o exer-cício de competências de governo pelas Agências Reguladoras, como a ab-sorção da atividade de formulação de políticas públicas e do poder de outorgar e conceder serviços públicos.

Assim, ainda em 2003 foi encaminhado ao Congresso a Lei Geral das Agências Reguladoras, que ainda não foi votado. Entre as medidas propostas, estão:

��� Transferência do poder de celebrar contratos de outorga de concessões, permissões e autorizações de serviços públicos das agências reguladoras para os ministérios.

��� Contrato de Gestão anual com o ministério supervisor.

��� Nomeação de um ouvidor pelo Presidente da República.

��� Consultas públicas para propostas de alterações de normas legais, atos normativos e decisões.

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O Governo entendia que muitas proposições exigiriam o aperfeiçoamento do quadro legal, tais como a edição da Lei Orgânica da Administração Pública, da Lei de Simplificação Administrativa e da Lei de Diretrizes de Cargos e Carrei-ras. Nenhuma ainda se concretizou.

O Plano Gestão Pública para um País de Todos foi então inserido no PPA 2004-2007 como um programa orçamentário. No entanto, ainda em 2004, o Secre-tário de Gestão do Ministério do Planejamento, Humberto Falcão Martins, prin-cipal responsável pela elaboração do Plano, pediu exoneração em virtude de desapontamento com a falta de apoio ao Plano por parte da cúpula do gover-no. Na sua carta de exoneração ele afirmou que a Secretaria Executiva do Mi-nistério do Planejamento anunciou que o Plano de Gestão seria "desconstruído" e que se deveriam focar apenas dois ângulos: a eficiência (porque eficácia e efetividade já haviam sido solucionados) e a atuação sobre sistemas adminis-trativos centrais (compra, pessoal, sistemas).

Após o período de vigência do Plano, podemos observar algumas medidas que foram adotadas. Uma das ações da estruturação da administração pública fe-deral era a recomposição da força de trabalho do setor público, segundo as necessidades, e o realinhamento de salários, de carreiras, posições e condições gerenciais da burocracia. Realmente houve um aumento no número de servi-dores; contudo, esse incremento, que atende à diretriz de recomposição da força de trabalho no setor público, ainda não foi suficientemente vigoroso a ponto de repor os que se aposentaram no período.

55.. PPoonnttooss IImmppoorrttaanntteess ddaa AAuullaa ��� Patrimonialismo: centralização, falta de diferenciação funcional, o estamento burocrático seria dotado de elevada autonomia em relação ao restante da sociedade e administrava o país de forma patrimonialista. Com o fortalecimento do Exército, os militares começam a defender uma maior racionalização.

��� Vargas e o modelo burocrático: dentro de um Estado autoritário e com o desenvolvimento do capitalismo, é iniciado um processo de modernização da adm. Pública, capitaneado pelo DASP. O Estado cresce, passa a intervir na economia, e passa a criar uma série de estatutos e normas principalmente em três áreas: administração de materiais, de pessoal e financeira.

��� Governo JK: os grupos contrários a burocratização são vários, entre eles aqueles que buscavam o desenvolvimentismo. JK irá implantar a Administração Para o Desenvolvimento, buscando modernizar o aparelho do Estado por meio da administração paralela na adm. Indireta e nos grupos executivos.

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��� Ditadura de 1964: o Decreto-lei 200 pode ser considerado o início da administração gerencial no Brasil, vai continuar a administração para o desenvolvimento, fortalecendo e dando ampla autonomia para a adm. indireta. Haverá grande descentralização administrativa, mas uma forte centralização política. O Programa Nacional de Desburocratização de 1979 volta suas atenções para a adm. Direta, buscando simplificar procedimentos, dando atenção ao usuário dos serviços públicos, e se volta também para a desestatização, reduzindo a hipertrofia da adm. Indireta ocorrida no período anterior.

��� CF88: A Constituição irá representar um retrocesso burocrático, restringindo significativamente a flexibilidade da adm.indireta, que terá que seguir as mesmas regras de pessoal e compras que a adm. Direta. Realiza uma ampla descentralização política, fortalecendo os municípios.

��� Plano Diretor (1995): Contrário a esta burocratização da CF88, irá tentar reverter algumas de suas mudanças. Irá diferenciar quatro setores de atuação do Estado. Para as atividades exclusivas cria o projeto Agências Autônomas (atuais agências executivas); para os serviços não-exclusivos o projeto Publicização e Organizações Sociais; e para a produção de bens e serviços para o mercado promove as privatizaçãoes.

��� Governo Lula: critica a redução das atividades estatais, afirma que gerou-se um “déficit institucional” que se manifesta tanto na forma de qualidade quanto quantidade de serviços públicos. Propõe a recomposição da força de trabalho do setor público, o realinhamento de salários, de carreiras, posições e condições gerenciais da burocracia, e a redefinição de marcos regulatórios e à conseqüente redefinição do papel das agencias reguladoras.

66.. QQuueessttõõeess CCoommeennttaaddaass

1. (ESAF/DNIT/2013) A reforma do aparelho do Estado no Brasil, que substituiu o modelo de administração burocrático e adotou o modelo de ad-ministração gerencial, foi marcada por uma diferença que é considerada fundamental. Essa diferença fundamental está

a) na forma de controle, que deixa de basear-se nos resultados para focar nos processos.

b) na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para focar nos resultados.

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c) na rigorosa profissionalização da administração pública que deixa de ser um princípio fundamental.

d) na forma de controle, que passa a basear-se unicamente nos processos.

e) na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos e na profissionalização da administração pública para focar nos resultados.

Segundo o Plano Diretor, conforme vimos no início da Aula Demonstrativa:

A administração pública gerencial constitui um avanço e até um certo ponto um rompimento com a administração pública burocrática. Isto não significa, entretanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a adminis-tração pública gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desem-penho, o treinamento sistemático. A diferença fundamental está na for-ma de controle, que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa profissionalização da administração públi-ca, que continua um princípio fundamental.

Gabarito: B.

2. (ESAF/CGU/2012) Acerca das experiências de reforma da máquina pú-blica havidas em nosso país, é correto afirmar que:

a) ao contrário da proposta bresseriana, as principais experiências de refor-ma anteriores – o modelo daspiano e o Decreto-Lei 200 – deram-se em um ambiente democrático, baseado no debate e na negociação, a despeito de um processo decisório mais concentrador.

b) originariamente pensadas desde a edição do Plano de Metas, as parcerias público-privadas (PPPs) não se constituem, por isso mesmo, uma inovação do atual modelo administrativo, apesar de seu grande sucesso e proliferação nos níveis federal e subnacionais.

c) o melhor exemplo de um bem sucedido resultado da Reforma Bresser é o caso das agências regulatórias, montadas de forma homogênea calcada na visão mais geral do modelo regulador, condição básica ao que viria a substi-tuir o padrão varguista de intervenção estatal.

d) mesmo sem atingir todos os seus objetivos, a proposta bresseriana de reforma deu causa a um "choque cultural", tendo se espraiado pelos gover-

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nos subnacionais no qual, facilmente, percebe-se a sua influência na atuação dos gestores públicos e em uma série de inovações governamentais.

e) a atual proposta de reforma, também calcada na gestão por resultados – porém não mais tachada de "neoliberal" –, aposta seu sucesso em duas frentes: a quebra da estabilidade, com o reforço do emprego público, e a redução da administração indireta, com o aprofundamento das privatizações.

A letra “A” é errada, as reformas anteriores ocorreram em períodos ditatoriais: Estado Novo e Ditadura de 1964.

A letra “B” é errada, as PPP foram criadas no Governo de Margareth Thatcher, na Inglaterra, na década de 1980, e trazidas para o Brasil em 2005.

A letra “C” é errada. Segundo Fernando Luiz Abrucio:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122007000700005

Nesse contexto, o Mare não teve a capacidade de coordenar o conjunto do pro-cesso de reforma do Estado. O melhor exemplo de um tema que escapou ao al-cance da reforma Bresser foi o das agências regulatórias, montadas de forma completamente fragmentada e sem uma visão mais geral do modelo regulador que substituiria o padrão varguista de intervenção estatal. O fracasso desta es-tratégia ficou claro, por exemplo, no episódio do "apagão", que teve grande re-lação com a gênese mal resolvida do marco regulatório no setor elétrico.

A letra “D” é certa. Segundo Abrucio:

Bresser se apoiou numa ideia mobilizadora: a de uma administração voltada para resultados, ou modelo gerencial, como era chamado à época. A despeito de muitas mudanças institucionais requeridas para se chegar a este paradigma não terem sido feitas, houve um "choque cultural". Os conceitos subjacentes a esta visão foram espalhados por todo o país e, observando as ações de vários governos subnacionais, percebe-se facilmente a influência destas ideias na atu-ação de gestores públicos e numa série de inovações governamentais nos últi-mos anos.

A letra “E” é errada. Quando eles falam em “atual proposta de reforma”, refe-rem-se ao governo Lula? Governo Dilma? Ou ao Plano Diretor? Ficou muito vaga a afirmação. Falta de clareza na alternativa, até porque não temos ne-nhuma proposta de reforma atualmente. A última que teve foi do Governo Lula, o Plano Gestão Pública para um Brasil de Todos, mas que não foi para frente, foram feitas apenas medidas pontuais que não podem ser chamadas de reforma. Reforma mesmo só ocorreram três: DASP, DL200 e Plano Diretor.

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Eu acredito que eles estejam se referindo ao Governo Lula, por isso a afirmati-va não é correta ao falar em quebra da estabilidade e privatizações, algo que seria correto para o Plano Diretor.

Gabarito: D.

3. (ESAF/CGU/2012) Ao realizarmos um balanço da recente trajetória da administração pública brasileira no período contado a partir da edição da Carta Constitucional de 1988, em especial quanto a temas ligados à gestão, à governança federativa e aos mecanismos de controle público, é correto afirmar que

a) se analisarmos o projeto bresseriano, ele foi bem-sucedido. Tanto que o governo central apoiou integralmente a ampla reforma da administração pú-blica prevista no Plano Diretor da Reforma do Estado, sendo seu marco de gestão o conceito de administração de resultados por meio da execução de políticas, calcada no PAC.

b) a despeito das inegáveis melhorias na gestão econômica, na introdução de mecanismos de avaliação de políticas públicas e no ordenamento das po-líticas sociais no campo federativo, os poderes dos órgãos de controle têm sido sistematicamente reduzidos, impactando negativamente a accountabi-lity vertical do Estado.

c) um dos reflexos negativos do Plano Real foi a descentralização excessiva das políticas públicas, sem a necessária preocupação com a articulação in-tergovernamental e com a heterogeneidade da federação brasileira, dando causa à redução da competição entre os governos subnacionais e à extinção da chamada "guerra fiscal".

d) a Constituição Federal ousou e inovou ao incorporar os preceitos de pro-fissionalização e publicização, impregnada como o foi pelo movimento de reformas intitulado New Public Management, que varria países da Europa e da Oceania desde os anos 1950.

e) nos últimos tempos, o ciclo das políticas públicas tem visto crescer a participação e o controle sociais, fenômeno em muito impulsionado pela diversidade de programas que atrelam o recebimento de recursos à montagem de mecanismos de participação e fiscalização locais.

A letra “A” é errada. Questão confusa. Segundo Abrucio:

Se analisarmos o projeto reformista de Bresser por sua concepção maxima-lista, ele não foi bem-sucedido. Na verdade, o próprio Governo FHC não

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apoiou uma reforma ampla da administração pública (cf. Martins, 2002; Ferreira Costa, 2002), como prevista no Plano Diretor, preferindo dar sus-tentação pontual aos temas que mais interessavam à agenda da estabiliza-ção econômica.

A letra “B” é errada. Os órgãos de controle são uma forma de accountability horizontal, e não vertical. Também não acho que os poderes dos órgãos de controle estejam reduzindo, pelo contrário, a CGU ganhou muita força na últi-ma década de o TCU, apesar de ter sua atuação bastante questionada pelo executivo, principalmente pelo Lula, não teve suas prerrogativas reduzidas. Segundo Abrucio:

A Constituição de 1988 criou novas possibilidades de controle institucional do Poder público, gerando instrumentos para fortalecer a accountability ver-tical e horizontal. A efetivação destes mecanismos, no entanto, não foi au-tomática. A trajetória político institucional do país nas duas últimas décadas consolidou e aperfeiçoou a responsabilização democrática, num caminho com percalços e aprendizados.

Um dos campos de melhor evolução institucional no âmbito federal foi o do accountability horizontal, em particular o vinculado ao chamado controle procedimental (cf. definição de CLAD, 2000). Os alarmes de incêndio insti-tucionais daí derivados conseguem captar, cada vez mais, os desvios do Po-der público, de modo que nunca no Brasil se teve tanta capacidade de trazer à luz, em especial no âmbito nacional, a corrupção. Este diagnóstico aparentemente contradiz a mobilização de setores da sociedade (embora tragam poucas pessoas às ruas) e mesmo o pipocar de escândalos no perí-odo recente. Mas é a melhor capacidade de tornar transparentes os des-mandos governamentais no plano federal que gera este paradoxo, ao que se somam alguns fatores que permitem e até facilitam, a despeito da me-lhoria contínua da democracia brasileira, a eclosão de atos corruptos.

A letra “C” é errada. A guerra fiscal continua e de forma bastante forte. A des-centralização intensifica a competição, ao invés de reduzi-la. Outro erro é que o Plano Real centralizou, ele não descentralizou:

A agenda da governança federativa começou a mudar em meados da déca-da de 1990. O ponto de partida foram as mudanças causadas pelo Plano Real, seja no plano econômico com a redução drástica da inflação, seja no plano político, com a nova configuração de forças, favoráveis às reformas empreendidas pelo Presidente Fernando Henrique (Abrúcio e Ferreira Costa, 1998). A partir de então, o Governo Federal recuperou poder e centralidade no jogo federativo. Primeiro, por meio da recentralização tributária, que já começara um pouco antes, mas que ganhara mais força e teve um salto brutal nos anos em que o PSDB esteve comandando o país – tal divisão de recursos entre os níveis de governo permaneceu praticamente a mesma du-rante o período petista, que, portanto, não reverteu este processo.

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A letra “D” é errada, a CF88 constituiu um retrocesso burocrático, em sentido contrário ao NPM. A parte da profissionalização e publicização está certa. Se-gundo Abrúcio:

A Constituição de 1988 abriu o caminho para um conjunto grande de mu-danças na administração pública brasileira. Em grandes linhas, houve três frentes de atuação na Carta Constitucional: a profissionalização da burocra-cia – particularmente com a universalização do instituto do concurso público –, a definição de mecanismos de controle e publicização do Poder Público e a descentralização das políticas públicas, rompendo com a tradição mais centralizadora do Estado brasileiro pós-Vargas.

A letra “E” é certa. A participação social tem aumentado. Segundo Abrucio:

A accountability vertical avançou igualmente no campo do controle social. A Constituição e a legislação infraconstitucional propuseram a criação de di-versos Conselhos de Políticas Públicas pelo Brasil afora. Continuando esta tendência, vários programas e políticas implantados nos governos FHC e Lu-la atrelaram o recebimento de recursos à montagem de mecanismos de participação e fiscalização locais. Se é verdade que nem sempre tais insti-tuições conseguem ser efetivas na democratização do plano local, sendo muitas vezes frágeis perante os Executivos subnacionais e/ou os grupos de interesse mais poderosos, também deve se ressaltar que nunca houve tan-tos cidadãos participando, de algum modo, do ciclo de políticas públicas e o Estado se tornou mais visível e permeável para a sociedade.

Gabarito: E.

4. (ESAF/CVM/2011) No Brasil, a Primeira República (1889-1930), tam-bém conhecida como República Velha, caracterizou-se por

a) eleições fiscalizadas pela justiça eleitoral.

b) amplo domínio das oligarquias.

c) voto direto, secreto e universal.

d) universalização do acesso ao ensino primário.

e) economia diversificada e autárquica.

Essa estava fácil. A República Velha manteve a estrutura oligárquica do perío-do imperial, exacerbando o poder das oligarquias regionais. A letra “B” é certa.

A letra “A” é errada porque as eleições eram uma farsa.

A letra “C” é errada porque o voto era censitário.

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A letra “D” é errada porque a educação irá demorar muito tempo ainda para ter o acesso universal.

A letra “E” é errada, a economia era agroexportadora, nem um pouco diversifi-cada, pois o café predominava. E era dependente das economias externas.

Gabarito: B.

5. (ESAF/CVM/2011) Nas décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, o Brasil viveu rica experiência democrática, a despeito das sucessi-vas crises políticas pelas quais passou. Essa experiência foi interrompida pe-lo golpe de 1964. Sob o ponto de vista econômico, o período entre 1946 e 1964 foi marcado, entre outros aspectos, pela

a) política desenvolvimentista de JK (1956-61), assentada no Plano de Metas e sintetizada no lema “50 anos em 5”.

b) opção de Vargas (1951-54) de afastar-se do modelo clássico de naciona-lismo econômico e apoiar-se fortemente nos capitais internacionais.

c) estabilidade econômica e financeira que caracterizou os cinco anos do go-verno Jânio Quadros, seguindo a trilha aberta por JK.

d) superação do grave problema representado pela espiral inflacionária, pro-vavelmente a maior vitória do governo João Goulart.

e) capacidade demonstrada pelo governo Gaspar Dutra (1946-1951) de acumular reservas ao reduzir radicalmente os gastos do país no exterior.

A letra “A” é a alternativa certa, vimos que JK aplicou a administração para o desenvolvimento.

A letra “B” é errada, Vargas ampliou o nacionalismo na economia.

As letras “C” e “D” são erradas, foi um período de INSTABILIDADE econômica.

A letra “E” é errada, ocorre o contrário.

Gabarito: A.

6. (ESAF/ISS-RJ/2010) No Brasil, o modelo de administração burocrática:

a) atinge seu ápice ao final da década de 1950, com a instalação do Ministé-rio da Desburocratização.

b) emerge nos anos 1930, sendo seu grande marco a criação do DASP.

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c) permanece arraigado, em sua forma weberiana, até nossos dias, sendo esta a razão da falência do modelo gerencial.

d) deve-se mais à política do café-com-leite que ao início do processo de in-dustrialização.

e) foi completamente substituído pelo modelo gerencial implantado ao final do século XX.

A letra “A” é errada, o ministério é criado em 1979. E o DL200 dá início à ad-ministração gerencial.

A letra “B” é certa, a administração burocrática é implantada no Brasil pelo Governo Vargas.

A letra “C” é errada, pois nossa burocracia nunca se configurou nos moldes weberianos.

A letra “D” é errada, vimos que, segundo o Plano Diretor:

A implantação da administração pública burocrática é uma consequência clara da emergência de um capitalismo moderno no país.

A letra “E” é errada, a burocracia ainda está presente.

Gabarito: B.

7. (ESAF/APO-MPOG/2010) A análise da evolução da administração pública brasileira, a partir dos anos 1930, permite concluir acertadamente que:

a) com o Estado Novo e a criação do DASP, a admissão ao serviço público passou a ser feita exclusivamente por meio de concurso público, sendo des-continuadas as práticas do clientelismo e da indicação por apadrinhamento.

b) a reforma trazida pelo Decreto-Lei n. 200/67 propugnou pela descentrali-zação funcional do aparelho do Estado mediante delegação de autoridade aos órgãos da administração indireta para a consecução de muitas das fun-ções e metas do governo.

c) a partir de meados do século XX, com o desenvolvimentismo, deu-se a ampliação e a consolidação da administração direta, principal gestora das políticas públicas implementadas pela administração indireta.

d) a partir dos anos 1980, dadas a falência do estado do bem-estar social, a crise fiscal e a redemocratização, as reformas do aparelho do Estado passa-ram a seguir uma estratégia única e homogênea.

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e) os ‘50 Anos em 5’ e a construção de Brasília, no período JK, representaram a pedra fundamental do que viria a ser a adoção do gerencialismo no serviço público.

A letra “A” é errada. Apesar de a Constituição de 1934 ter trazido a exigência do concurso para investidura em cargos públicos, a sua adoção vai ser gradati-va. O clientelismo e o apadrinhamento continuaram fortes.

A letra “B” é certa. Segundo Bresser Pereira:

O aspecto mais marcante da Reforma Desenvolvimentista de 1967 foi a desconcentração para a administração indireta, particularmente para as fundações de direito privado criadas pelo Estado, as empresas públicas e as empresas de economia mista, além das autarquias, que já existiam desde 1938.

A letra “C” é errada. A administração para o desenvolvimento previa a moder-nização do Estado para permitir um crescimento maior. A solução escolhida foi a descentralização para a administração indireta, com regras mais flexíveis. Isso ocorreu tanto com JK quanto com a Ditadura de 64.

A letra “D” é errada. As reformas vão seguir caminhos distintos. A CF88 repre-sentou um retrocesso burocrático, o Governo Collor buscou reduzir o Estado, Itamar foca novamente na burocracia e o Plano Diretor traz o gerencialismo.

A letra “E” é errada JK falava em desburocratização, mas não podemos falar em gerencialismo. Esse terá início com o DL200.

Gabarito: B.

8. (ESAF/APO-MPOG/2010) Acerca dos modelos de gestão patrimonialista, burocrática e gerencial, no contexto brasileiro, é correto afirmar:

a) cada um deles constituiu-se, a seu tempo, em movimento administrativo autônomo, imune a injunções políticas, econômicas e culturais.

b) com a burocracia, o patrimonialismo inicia sua derrocada, sendo final-mente extinto com a implantação do gerencialismo.

c) o caráter neoliberal da burocracia é uma das principais causas de sua fa-lência.

d) fruto de nossa opção tardia pela forma republicana de governo, o patri-monialismo é um fenômeno administrativo sem paralelo em outros países.

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e) com o gerencialismo, a ordem administrativa se reestrutura, porém sem abolir o patrimonialismo e a burocracia que, a seu modo e com nova roupagem, continuam existindo.

A letra “A” é errada. Todos os modelos sofreram influências políticas, econômi-cas e culturais. Se não é o capitalismo, dificilmente a burocracia se desenvol-ve. Se não é a crise fiscal, o gerencialismo não saía do papel.

A letra “B” é errada. O patrimonialismo continua até hoje. Apesar de o modelo preponderante ser o gerencial, não significa que não haja mais corrupção.

A letra “C” é errada. O neoliberalismo é o contrário da burocracia, surge jus-tamente com a crise desta.

A letra “D” é errada. O patrimonialismo não é fruto da opção tardia pela Repú-blica, na realidade é um modelo que prevalecia no mundo todo.

A letra “E” é certa. Os modelos coexistem.

Gabarito: E.

9. (ESAF/APO-MPOG/2010) Com a Emenda Constitucional n. 19/1998, o tema ‘desempenho institucional’, no âmbito da administração pública federal direta e indireta, passou a contar com a possibilidade de incorporação das seguintes inovações, exceto:

a) ampliação, mediante contrato, da autonomia gerencial, orçamentária e financeira de órgãos e entidades da administração direta e indireta.

b) pagamento, a órgãos e entidades que cumpram as metas preestabeleci-das, de bônus por desempenho.

c) pactuação de metas de desempenho entre órgãos e entidades da adminis-tração direta e indireta e órgãos centrais do governo.

d) autonomia administrativa para o estabelecimento e uso de regras pró-prias de licitação e de contratação de pessoal sem concurso público.

e) pagamento de prêmio de produtividade por economia com despesas correntes.

Principais inovações trazidas pela EC nº 19/98:

��� Inclusão do princípio da eficiência no caput do art. 37;

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��� Previsão de lei que trate das formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta;

��� Previsão do contrato de gestão como instrumento de gestão por resultados;

��� Possibilidade de perda do cargo em avaliação periódica de desempenho;

��� Possibilidade de exoneração de servidores não estáveis em função de excesso de gastos com pessoal; ���

Quebra do regime jurídico único.

As letras “A” e “C” estão no § 8º do art. 37 da CF88:

§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada me-diante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou enti-dade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - o prazo de duração do contrato;

II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;

III - a remuneração do pessoal.

As letras “B” e “E” estão no § 7º do art. 39 da CF88:

§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios discip-linará a aplicação de recursos orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do ser-viço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

A letra “D” é errada porque não houve flexibilização em relação às licitações e concursos públicos.

Gabarito: D.

10. (ESAF/SUSEP/2010) Uma adequada compreensão do processo evolutivo da administração pública brasileira nos revela que:

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a) o patrimonialismo se extingue com o fim da dominação portuguesa, sen-do o reinado de D. Pedro II o ponto de partida para a implantação do mode-lo burocrático.

b) em um ambiente onde impera o gerencialismo, não há espaço para o mo-delo burocrático.

c) a implantação do modelo gerencial, em fins do século passado, consolida o caráter burocrático-weberiano do aparelho do Estado, notadamente na administração direta.

d) de certa forma, patrimonialismo, burocracia e gerencialismo convivem em nossa administração contemporânea.

e) a importância do modelo gerencial se expande a partir do momento em que a administração direta se robustece, nos anos 1950, em paralelo à crescente industrialização do país.

A letra “A” é errada, pois o patrimonialismo continua até hoje, tendo prevaleci-do até a década de 1930.

A letra “B” é errada, como vimos no Plano Diretor, é possível mesclar os dois.

A letra “C” é errada, a administração gerencial tem como objetivo substituir a burocrática, e não consolidar ela.

A letra “D” é a certa, apesar de hoje prevalecer a administração gerencial, os demais modelos ainda estão presentes.

A letra “E” é errada, a administração gerencial tem início com o DL200.

Gabarito: D.

11. (ESAF/AFT/2010) Sobre as experiências de reformas administrativas em nosso país, é correto afirmar:

a) a implantação do DASP e a expedição do Decreto-Lei n. 200/67 são exemplos de processos democráticos de reformismo baseados no debate, na negociação e em um modelo decisório menos concentrador.

b) ainda que o formalismo e a rigidez burocrática sejam atacados como ma-les, alguns alicerces do modelo weberiano podem constituir uma alavanca para a modernização, a exemplo da meritocracia e da clara distinção entre o público e o privado.

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c) o caráter ‘neoliberal’ do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado foi a mola propulsora de seu amplo sucesso e da irrestrita adesão pelo cor-porativismo estatal.

d) já nos anos 1980, o Programa Nacional de Desburocratização propunha uma engenharia institucional capaz de estabelecer um espaço público não-estatal, com a incorporação das Organizações Sociais.

e) desde os anos 1990, a agenda da gestão pública tem sido continuamente enriquecida, sendo hoje mais importante que as agendas fiscal ou econômica.

Essa questão foi tirada do texto “Trajetória recente da gestão pública brasilei-ra: um balanço crítico e a renovação da agenda de reformas”, de Fernando Luís Abrúcio, disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122007000700005

Segundo o autor:

Um segundo aspecto que influenciou o debate foi o histórico das reformas administrativas no Brasil. Tivemos duas grandes ações neste sentido, am-bas em períodos autoritários: o modelo daspiano e o Decreto-Lei nº 200. De tal forma que não tínhamos uma experiência democrática de reformis-mo, baseado no debate, na negociação e num processo decisório menos concentrador. (letra “A” errada).

Se o formalismo e a rigidez burocrática devem ser atacados como males, alguns alicerces do modelo weberiano podem, porém, constituir uma ala-vanca para a modernização, principalmente em prol da meritocracia e da separação clara entre o público e o privado. (letra “B” certa).

Para entender os problemas e fracassos da reforma Bresser, é importan-te analisar o contexto em que ela foi realizada. Em primeiro lugar, o legado extremamente negativo deixado pela era Collor, período em que houve um desmantelamento do Estado e o serviço público fora desprestigiado. Por conta disso, quando as primeiras propostas da gestão Fernando Henrique Cardoso foram colocadas em debate, grande parte da reação adveio da ideia de que reformar o Estado significaria necessariamente seguir o mesmo caminho "neoliberal" trilhado pelo presidente Collor. (letra “C” errada)

A reforma Bresser elaborou um novo modelo de gestão, que propunha uma engenharia institucional capaz de estabelecer um espaço público não-estatal. (letra “D” errada).

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Além disso, a sociedade estava fortemente mobilizada pelas questões da es-tabilidade monetária e da responsabilidade fiscal, e os principais atores polí-ticos e sociais não deram o mesmo status ao tema da gestão pública. (letra “E” errada).

Gabarito: B.

12. (ESAF/AFT/2010) A correta análise da modernização da Administração Pública brasileira, havida nas últimas décadas, permite chegar às seguintes conclusões, exceto:

a) a despeito de tudo, a administração pública ainda carrega tradições secu-lares de características semifeudais e age como um instrumento de manu-tenção do poder tradicional.

b) não obstante as qualidades das medidas em prol da profissionalização do serviço público, previstas na Constituição de 1988, parte dessa legislação resultou, na verdade, em aumento do corporativismo estatal.

c) uma das ações mais significativas na gestão pública foi a incorporação do governo eletrônico.

d) constituiu-se uma coalizão em torno do Plano Plurianual - PPA e da ideia de planejamento, com a retomada e o reforço de sua versão centralizadora e tecnocrática adotada no regime militar.

e) os programas de renda mínima acoplados a instrumentos criadores de capacidade cidadã, política das mais interessantes na área social, tiveram origem nos governos subnacionais e não na União.

Essa questão foi copiada do mesmo texto que a anterior. Somente a letra “A” que foi copiada do texto: “A modernização da administração pública brasileira nos últimos 40 anos”, de Paulo Roberto Motta, disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-76122007000700006&script=sci_arttext

Assim, a administração pública brasileira ainda carrega tradições seculares de características semifeudais e age como um instrumento de manutenção do poder tradicional. Apesar do progresso em muitas instâncias de governo, as formas de ação obedecem menos a razões técnico-racionais e mais a cri-térios de loteamento político, para manter coalizões de poder e para aten-der a objetivos de grupos preferenciais. (Letra “A” certa)

Não obstante as qualidades das medidas em prol da profissionalização do serviço público previstas na Constituição de 1988, parte desta legislação re-

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sultou, na verdade, em aumento do corporativismo estatal, e não na produ-ção de servidores do público, para lembrar a origem da palavra (Longo, 2007). Foram criadas falsas isonomias (como a incorporação absurda de gratificações e benefícios) e legislações que tornaram a burocracia mais en-simesmada e distante da população - exemplo claro disso foi o direito irres-trito de greve, que prejudica basicamente os mais pobres. Ademais, estabeleceu-se um modelo equivocado da previdência pública, tornando-a inviável do ponto de vista atuarial e injusta pelo prisma social. (Letra “B” certa)

Talvez a ação reformista mais significativa na gestão pública brasileira te-nha sido o governo eletrônico. Impulsionado pela experiência do governo estadual de São Paulo, ele se espalhou por outros estados, capitais e go-verno federal. Sua disseminação é impressionante. Seus resultados são ex-celentes em termos de organização das informações. Mais importante ainda, a tecnologia da informação tem levado à redução dos custos, bem como ao aumento da transparência nas compras governamentais, reduzindo o potencial de corrupção. (Letra “C” certa)

Constituiu-se uma coalizão em torno do PPA e da ideia de planejamento, não na sua versão centralizadora e tecnocrática adotada no regime militar, mas, sim, segundo uma proposta mais integradora de áreas a partir de pro-gramas e projetos. Embora o PPA esteja mais para um "OPA" na maioria dos governos, alguns estados trouxeram inovações importantes, como a re-gionalização e a utilização de indicadores para nortear o plano plurianual. (Letra “D” errada – Não se retomou a versão centralizadora e tecnocrática)

Ocorreram também diversas inovações nas políticas públicas, particular-mente as vinculadas à área social. Mecanismos de avaliação, formas de co-ordenação administrativa e financeira, avanço do controle social, programas voltados à realidade local e, em menor medida, ações intersetoriais apare-cem como novidade. Saúde, educação e recursos hídricos constituem as áreas com maior transformação. É bom lembrar que uma das políticas mais interessantes na área social, os programas de renda mínima acoplados a instrumentos criadores de capacidade cidadã, teve origem nos governos subnacionais e não na União. (Letra “E” certa)

Gabarito: D.

13. (ESAF/AFRFB/2009) Considerando os modelos teóricos de Administra-ção Pública, é incorreto afirmar que, em nosso país:

a) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o modelo burocrático incorporasse valores de eficiência, eficácia e competitividade.

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b) o patrimonialismo pré-burocrático ainda sobrevive, por meio das evidên-cias de nepotismo, gerontocracia e designações para cargos públicos basea-das na lealdade política.

c) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoria administrativa moderna, trazendo, para os administradores públicos, a linguagem e as fer-ramentas da administração privada.

d) no Núcleo Estratégico do Estado, a prevalência do modelo burocrático se justifica pela segurança que ele proporciona.

e) tal como acontece com o modelo burocrático, o modelo gerencial adotado também se preocupa com a função controle.

Uma das maiores inovações da administração gerencial realmente foi a valori-zação das dimensões do desempenho, como a eficiência, a eficácia e a efetivi-dade, além da competitividade. Contudo, o gerencialismo não incorporou eles ao modelo burocrático, ele substitui este, por isso a letra “A” é errada.

A letra “B” é certa, pois apesar de o modelo patrimonialista não ser mais o predominante, ainda permanecem fortes resquícios dele. A corrupção, o nepo-tismo, o fisiologismo ainda estão presentes em nossa administração pública. Gerontocracia significa o governo dos mais velhos, trata-se de uma oligarquia em que os líderes são de mais idade.

A letra “C” é certa, pois a administração gerencial é claramente inspirada na administração privada, tem como um de seus pressupostos a incorporação de técnicas da administração privada na administração pública.

A letra “D” foi dada como certa, mas não vejo dessa forma. A alternativa afir-ma que no núcleo estratégico deve prevalecer o modelo burocrático. Contudo, não é isto que afirma o Plano Diretor, segundo o qual deve haver um misto da administração burocrática com a gerencial. Segundo o documento da reforma de 1995:

Nestes termos, no núcleo estratégico, em que o essencial é a correção das decisões tomadas e o princípio administrativo fundamental é o da efetividade, entendido como a capacida-de de ver obedecidas e implementadas com segurança as decisões tomadas, é mais adequado que haja um misto de administração pública burocrática e gerencial.

Bresser Pereira afirma também que:

Por outro lado, a combinação de princípios gerenciais e bu-rocráticos deverá variar de acordo com o setor. A grande

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qualidade da administração pública burocrática é a sua se-gurança e efetividade. Por isso, no núcleo estratégico, onde essas características são muito importantes, ela deverá es-tar ainda presente, em conjunto com a administração públi-ca gerencial. Já nos demais setores, onde o requisito de eficiência é fundamental dado o grande número de servido-res e de cidadãos-clientes ou usuários envolvidos, o peso da administração pública burocrática deverá ir diminuindo até praticamente desaparecer no setor das empresas estatais.

Portanto, a partir dos textos analisados, pode-se perceber que no núcleo estra-tégico a administração burocrática ainda deve permanecer, mas em nenhum momento fala-se que ela deve prevalecer. Deve haver um misto entre a admi-nistração burocrática e a gerencial. Contudo, o gabarito foi mantido.

A letra “E” é certa, o modelo gerencial não abandona o controle, ele só mude o seu enfoque, de controle a priori de processos para controle a posteriori de resultados.

Gabarito: A.

14. (ESAF/AFRFB/2009) O estudo das experiências de reformas administra-tivas havidas em nosso país permite concluir, acertadamente, que:

a) a retórica da reforma dos anos 1930 avançou do ponto de vista dos prin-cípios políticos que a orientaram, a saber: participação, accountability e con-trole social.

b) a tentativa de modernização do aparelho de Estado, especialmente a da década de 1960, teve como consequência o fortalecimento da administração direta, em detrimento da administração indireta.

c) no sentido weberiano do termo, o Brasil nunca chegou a ter um modelo de burocracia pública consolidada.

d) ao contrário de outros países, o modelo de nova gestão pública, adotado a partir dos anos 1990, possuiu inspiração autóctone e em nada se valeu das experiências britânica e estadunidense.

e) a partir da década de 1990, caminhamos rumo a uma nova administração pública, de caráter gerencialista, visando consolidar o ideário keynesiano e o estado do bem-estar social.

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A reforma dos anos 1930 se deu dentro do Estado Novo, um governo autoritá-rio, ditatorial, portanto longe de princípios como participação, accountability e controle social. A letra “A” é errada.

A letra “B” é errada porque tanto no governo JK quanto na ditadura de 1964 foi fortalecida a administração indireta em detrimento da direta.

A letra “C” é certa. Apesar da modernização conseguida em diversos campos, ainda permaneceu marcada por aspectos patrimonialistas. Segundo o Plano Diretor:

A administração pública brasileira, embora marcada pela cultura burocrática e regida pelo princípio do mérito profissional, não chegou a se consolidar, no conjunto, como uma burocracia profissional nos moldes weberianos. Formaram-se grupos de reconhecida competência, como é o caso das car-reiras acima descritas, bem como em áreas da administração indireta, mas os concursos jamais foram rotinizados e o valor de sua remuneração real variou intensamente em função de políticas salariais instáveis. Os instru-mentos de seleção, avaliação, promoção e treinamento que deram suporte a esse modelo estão superados.

A letra “D” é errada porque a reforma de 1995 praticamente copiou as refor-mas britânica e americana.

A letra “E” é errada porque implantou-se o Estado Regulador, e não de bem-estar social.

Gabarito: C.

15. (ESAF/AFRFB/2009) Uma correta análise da adoção da chamada Nova Gestão Pública, pelo Brasil, revela que:

a) em sua forma original, a Constituição Federal de 1988 já disponibilizava a base legal suficiente para a implementação daquele novo modelo de gestão, sem a necessidade de reformas.

b) toda a máquina pública passou a adotar o controle por resultados, razão pela qual foram descontinuados alguns mecanismos de controle financeiro e orçamentário até então existentes.

c) com o aumento da descentralização, visava-se reduzir o nível de accoun-tability a que se submeteriam os órgãos reguladores.

d) no plano federal, a implementação das Organizações Sociais sagrou-se vitoriosa, havendo, hoje, milhares delas espalhadas pelo país, prestando serviços públicos essenciais.

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e) o Estado tinha por objetivo atuar mais como regulador e promotor dos serviços públicos, buscando, preferencialmente, a descentralização, a desburocratização e o aumento da autonomia de gestão.

A CF88 representou um retrocesso burocrático, bem distante da nova gestão pública. Tanto que após o Plano Diretor defendia uma série de reformas constitucionais, que ocorreram por meio da EC 19/98 e outras. A letra “A” é errada.

Apesar de se defender o controle de resultados, nossa administração pública ainda está distante disso, permanecendo uma série de controles financeiros e orçamentários. A letra “B” é errada.

Normalmente a descentralização prejudica a accountability. Mas esse não é um dos objetivos da descentralização. A letra “C” é errada.

Um estudo do Ministério do Planejamento levantou o número existente de Organizações Sociais e OSCIP:

� 192 Organizações Sociais (OS)

o 6 federais

o 115 estaduais

o 71 municipais

� 5.050 Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip):

o 4.856 federais

o 167 estaduais

o 27 municipais.

Portanto, estamos longe de ter milhares de organizações sociais. São apenas 192 e a grande maioria delas é de nível estadual. Já as OSCIP são sim mil-hares, com a grande maioria no nível federal. A letra “D” é errada.

A letra “E” é certa. Com a nova gestão pública, o Estado se retira da execução dos serviços públicos para se concentrar na regulação e no incentivo, amp-liando a descentralização e a autonomia.

Gabarito: E.

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16. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) Em nosso país, o processo que permeia a formação do Estado nacional e da administração pública se revela pelas se-guintes constatações, exceto:

a) a administração colonial se caracterizou pela centralização, formalismo e morosidade, decorrentes, em grande parte, do vazio de autoridade no imen-so território.

b) a partir da administração pombalina, pouco a pouco, o empirismo pater-nalista do absolutismo tradicional foi sendo substituído pelo racionalismo tí-pico do despotismo esclarecido.

c) a transferência da corte portuguesa, em 1808, e a consequente elevação do Brasil a parte integrante do Reino Unido de Portugal constituíram as ba-ses do Estado nacional, com todo o aparato necessário à afirmação da sobe-rania e ao funcionamento do autogoverno.

d) a partir da Revolução de 1930, o Brasil passou a empreender um continu-ado processo de modernização das estruturas e processos do aparelho do Estado.

e) a República Velha, ao promover grandes alterações na estrutura do governo, lançou a economia rumo à industrialização e a administração pública rumo à burocracia weberiana.

Essa questão foi copiada do texto de Frederico Lustosa da Costa, que está na leitura sugerida.

A letra “A” é certa. Segundo Lustosa:

A síntese histórica de Caio Prado Júnior, retomada por Arno e Maria José Wehling (1999), aponta como principais características da administração co-lonial — a centralização, a ausência de diferenciação (de funções), o mime-tismo, a profusão e minudência das normas, o formalismo e a morosidade. Essas disfunções decorrem, em grande medida, da transplantação para a colônia das instituições existentes na metrópole e do vazio de autoridade (e de obediência) no imenso território, constituindo um organismo autoritário, complexo, frágil e ineficaz.

A letra “B” é certa. Segundo Lustosa:

Isso não quer dizer que não tenha havido um processo de gradual racionali-zação do governo colonial ao longo de três séculos. A partir da administra-ção pombalina, pouco a pouco, o empirismo paternalista do absolutismo tradicional foi sendo substituído pelo racionalismo típico do despotismo es-clarecido. Essa mudança se expressava principalmente nos métodos e pro-cessos de trabalho que davam lugar à emergência de uma burocracia.

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Marquês de Pombal foi primeiro-ministro do Reino de Portugal na segunda metade do Século XIX. Ele deu início a uma maior racionalização na adminis-tração portuguesa e também no Brasil, buscando reforçar o poder da coroa aqui no Brasil. O despotismo esclarecido é uma expressão usada para designar os monarcas que perceberam que eles deveriam promover as reformas em seus países como forma de até mesmo se manterem fortes. Enquanto em paí-ses como França e Inglaterra o fim do absolutismo era marcado por fortes conflitos, os países do leste europeu não tinham uma sociedade tão atuante e esclarecida. Assim, não foi a população, mas os próprios monarcas que decidi-ram promover as reformas. Pombal agiu da mesma forma. Ele entendia que a superação das dificuldades que o Reino Português enfrentava somente seria possível por meio da realização de reformas por um soberano fortalecido.

A letra “C” é certa. Segundo o autor:

O fato é que a transferência da corte e mais tarde a elevação do Brasil a parte integrante do Reino Unido de Portugal constituíram as bases do Esta-do nacional, com todo o aparato necessário à afirmação da soberania e ao funcionamento do autogoverno. A elevação à condição de corte de um im-pério transcontinental fez da nova administração brasileira, agora devida-mente aparelhada, a expressão do poder de um Estado nacional que jamais poderia voltar a constituir-se em mera subsidiária de uma metrópole de além-mar.

A letra “D” é certa. Para Lustosa:

De fato, a partir desse marco e durante a maior parte do século XX, o Brasil empreendeu um continuado processo de modernização das estruturas e processos do aparelho de Estado. Como resposta a transformações econô-micas e sociais de largo alcance, esse esforço se desenvolveu ora de forma assistemática, pelo surgimento de agências governamentais que se preten-dia fossem ilhas de excelência com efeitos multiplicadores sobre as demais, ora de forma mais orgânica, por meio das reformas realizadas no governo federal, em 1938, 1967 e a partir de 1995.

A década de 1930 é um marco em nossa administração pública, é a partir dela que se dá o início da implantação da administração burocrática no país.

A letra “E” é a alternativa errada. Não foi a República Velha que promoveu grandes alterações na estrutura do governo e lançou a economia rumo à in-dustrialização e a administração pública rumo à burocracia weberiana. Foi o Governo Vargas, que justamente derrubou a República Velha. Segundo Lusto-sa, na República Velha:

não houve grandes alterações na conformação do Estado nem na estrutura do governo. Desde a proclamação da República, a principal mudança no Po-der Executivo foi a criação dos ministérios da Instrução Pública, de brevís-

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sima existência; da Viação e Obras Públicas; e da Agricultura, Indústria e Comércio, cujos nomes sofreram pequenas modificações. Do ponto de vista da federação, houve uma ligeira redução na capacidade legislativa dos es-tados, que perderam o poder de legislar sobre determinadas matérias.

Gabarito: E.

17. (ESAF/MPOG/2009) Considerando a evolução da administração pública em nosso país, bem como as suas experiências de reforma, é correto afir-mar que:

a) ao privilegiar o usuário do serviço público, o Programa Nacional de Des-burocratização marcou pelo ineditismo, já que nenhum outro antes dele fora dotado de caráter social e político.

b) a reforma administrativa de 1967 reduziu o fosso que separava as buro-cracias instaladas nas administrações direta e indireta, garantindo a profissi-onalização do serviço público em toda a sua extensão.

c) a reforma dos anos 1990 visava, como um de seus objetivos, fortalecer o Estado de modo a torná-lo responsável direto pelo desenvolvimento econô-mico e social.

d) a reforma burocrática de 1936 apoiou-se, conceitualmente, em três di-mensões: formas de propriedade, tipos de administração pública e níveis de atuação do Estado.

e) com a República Velha, deu-se a primeira experiência radical de reforma administrativa, em resposta às mudanças econômicas e sociais que levavam o país rumo à industrialização.

Essa questão foi copiada do texto “Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de administração pública; 200 anos de reformas”, de Frederico Lustosa da Costa, que está na leitura sugerida.

A letra “A” é certa. Segundo o autor:

Diferentemente dos outros programas, o da desburocratização privilegiava o usuário do serviço público. Daí o seu ineditismo, porque nenhum outro pro-grama antes era dotado de caráter social e político. Mas, ele também incluía entre seus objetivos o enxugamento da máquina estatal, já que recomen-dava a eliminação de órgãos pouco úteis ou cuidava para impedir a prolife-ração de entidades com tarefas pouco definidas ou já desempenhadas em outras instituições da administração direta e indireta.

A letra “B” é errada. Segundo o texto:

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Apesar dos avanços, a reforma de 1967 não logrou eliminar o fosso cres-cente entre as burocracias públicas instaladas na administração direta e na indireta, nem garantir a profissionalização do serviço público em toda a sua extensão: “Não se institucionalizou uma administração do tipo weberiano; a administração indireta passou a ser utilizada como fonte de recrutamento, prescindindo-se, em geral, do concurso público”.

Para Bresser Pereira:

A reforma, teve, entretanto, duas consequências inesperadas e indesejá-veis. De um lado, ao permitir a contratação de empregados sem concurso público, facilitou a sobrevivência de práticas clientelistas ou fisiológicas. De outro lado, ao não se preocupar com mudanças no âmbito da administração direta ou central, que foi vista pejorativamente como ‘burocrática’ ou rígida, deixou de realizar concursos e de desenvolver carreiras de altos administra-dores. O núcleo estratégico do Estado foi, na verdade, enfraquecido indevi-damente através da estratégia oportunista ou ad hoc do regime militar de contratar os escalões superiores da administração através das empresas es-tatais.

A letra “C” é errada. Segundo o Plano Diretor:

A reforma do Estado deve ser entendida dentro do contexto da redefinição do papel do Estado, que deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvi-mento econômico e social, para se tornar seu promotor e regulador.

A letra “D” é errada. Isso se refere a base do Plano Diretor, e não da reforma de 1936. Foi o PDRAE que definiu os setores de atuação do Estado, definindo as formas de propriedade, tipos de administração pública e níveis de atuação do Estado em cada um deles. Segundo o texto:

O modelo conceitual da Reforma do Aparelho de Estado está apoiado em três dimensões: formas de propriedade, tipos de administração pública e níveis de atuação do Estado. As relações entre essas dimensões estabele-cem o quadro referencial e a estratégia da reforma.

A letra “E” é errada. A primeira experiência radical de reforma administrativa, em resposta às mudanças econômicas e sociais que levavam o país rumo à industrialização, foi dada pela reforma da década de 1930, e não pela Repúbli-ca Velha. Segundo o texto:

Essa primeira experiência de reforma de largo alcance inspirava-se no mo-delo weberiano de burocracia e tomava como principal referência a organi-zação do serviço civil americano. Estava voltada para a administração de pessoal, de material e do orçamento, para a revisão das estruturas adminis-trativas e para a racionalização dos métodos de trabalho.

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A reforma administrativa do Estado Novo foi, portanto, o primeiro esforço sistemático de superação do patrimonialismo. Foi uma ação deliberada e ambiciosa no sentido da burocratização do Estado brasileiro, que buscava introduzir no aparelho administrativo do país a centralização, a impessoali-dade, a hierarquia, o sistema de mérito, a separação entre o público e o privado. Visava constituir uma administração pública mais racional e eficien-te, que pudesse assumir seu papel na condução do processo de desenvol-vimento, cujo modelo de crescimento, baseado na industrialização via substituição de importações, supunha um forte intervencionismo estatal e controle sobre as relações entre os grupos sociais ascendentes — a nova burguesia industrial e o operariado urbano.

Gabarito: A.

18. (ESAF/ANA/2009) Com a chegada da família real portuguesa, em 1808, o Brasil foi, em muito, beneficiado por D. João VI. Sobre a forma de admi-nistração pública vigente naquele período, pode-se afirmar corretamente que a coroa portuguesa exerceu uma administração pública:

a) burocrática, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis.

b) gerencial, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e social de sua então colônia.

c) patrimonialista, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis.

d) burocrática, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públi-cos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e social de sua então colônia.

e) patrimonialista, uma vez que, a fim de combater a corrupção, centrou suas ações na profissionalização e na hierarquia funcional dos quadros do aparelho do Estado, dotando-o de inúmeros controles administrativos.

Quando a Coroa Portuguesa desembarca no Brasil em 1808 fugindo de Napo-leão, traz consigo todo um aparato administrativo. Ela traz também o modelo de administração pública presente em Portugal: o patrimonialismo, que se caracteriza pela confusão entre o patrimônio público e privado.

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Mas é aqui que começará a ser formada nossa administração pública. Somente com a chegada da coroa portuguesa que começará a ser formada uma verda-deira administração pública no Brasil. Segundo Frederico Lustosa:

O fato é que a transferência da corte e mais tarde a elevação do Brasil a parte integrante do Reino Unido de Portugal constituíram as bases do Esta-do nacional, com todo o aparato necessário à afirmação da soberania e ao funcionamento do autogoverno. A elevação à condição de corte de um im-pério transcontinental fez da nova administração brasileira, agora devida-mente aparelhada, a expressão do poder de um Estado nacional que jamais poderia voltar a constituir-se em mera subsidiária de uma metrópole de além-mar.

Gabarito: C.

19. (ESAF/ANA/2009) Sobre o tema ‘administração pública gerencial’, é cor-reto afirmar:

a) o consumerism e o public service oriented são visões completamente an-tagônicas da administração pública gerencial.

b) no Brasil, a adoção do gerencialismo na administração pública visa à efe-tiva implantação de um modelo burocrático weberiano, objetivo que nenhu-ma reforma administrativa logrou alcançar.

c) a primeira experiência de administração pública gerencial, em nosso país, remonta ao século passado, sendo seu marco a criação do DASP, por Getúlio Vargas, em 1936.

d) Tal como originalmente promulgada, em outubro de 1988, a Constituição Federal contemplava todos os preceitos do gerencialismo, não necessitando, para tanto, sofrer qualquer alteração posterior.

e) uma das principais críticas que se faz ao consumerism decorre do fato de o modelo não identificar, adequadamente, quem são os seus clientes, já que o conceito de ‘consumidor’ não equivale ao de ‘cidadão’.

Vimos que a nova gestão pública evoluiu por meio de três visões: gerencialis-mo puro, consumerism e public service oriented. A primeira via as pessoas como contribuintes, que queriam ver seus recursos gastos com eficiência. A segunda percebia as pessoas como clientes, que queriam serviços públicos de qualidade. A terceira como cidadãos, que exigiam accountability e equidade.

A letra “A” é errada. Apesar de o PSO criticar a visão das pessoas como clien-tes, que isso poderia passar a noção errada de que quem paga mais tem mais

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serviços, não são visões antagônicas. Os três modelos não representam ruptu-ras, mas sim continuidade, em que são incorporados novos conceitos sem es-quecer dos anteriores.

A letra “B” é errada. Bresser critica essa visão de muitos que primeiro era pre-ciso finalizar a reforma burocrática, acabar com o patrimonialismo, para depois adota a gerencial. Comentando um estudo do governo Itamar, ele afirma que:

Diagnóstico era em grande parte verdadeiro, mas pecava por uma falha fundamental. O mal maior a ser atacado segundo o documento era “o in-tenso e generalizado patrimonialismo no sistema político”; o objetivo fun-damental a ser atingido, o de estabelecer uma administração pública burocrática, ou seja, “um sistema de administração pública descontaminado de patrimonialismo, em que os servidores se conduzam segundo os critérios de ética pública, de profissionalismo e eficácia”.

A letra “C” é errada. A criação do DASP representa o início da administração burocrática, e não da gerencial.

A letra “D” é errada. A CF88 representou um grande retrocesso burocrático e foi bastante emendada posteriormente. Maior exemplo é a EC 19 de 1998, que teve origem no Plano Diretor.

A letra “E” é certa. Critica-se muito esta noção de cliente do consumerism, que esquecia de valores importantes presentes na noção de cidadão. Poderia-se passar a ideia de que, como são clientes, podem competir pelos bens públicos, quando na realidade estes são caracterizados pelo princípio da não-exclusão.

Gabarito: E.

20. (ESAF/ANA/2009) Considerando o marco teórico adotado pelo Plano Di-retor para a Reforma do Aparelho do Estado, é correto afirmar:

a) com a expansão da administração indireta, o momento iniciado pela Constituição de 1988 indica um processo de descentralização administrativa.

b) ao Núcleo Estratégico do Estado cabe desenvolver as atividades em que o “poder de Estado”, ou seja, o poder de legislar e tributar, é exercido.

c) a forma de administração burocrática é completamente indesejada, sendo sua aplicação proibida, qualquer que seja a circunstância.

d) por tentar superar a rigidez burocrática, a reforma iniciada pelo Decreto-Lei n. 200/1967 se constitui em um primeiro momento da administração pú-blica gerencial em nosso país.

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e) os conceitos de publicização e privatização se equivalem, podendo ser adotados de maneira indistinta.

A letra “A” é errada. Na CF88 foi dada preferência para a administração direta. Foi na ditadura que houve uma grande expansão da indireta. Segundo Bresser Pereira:

A Constituição irá sacramentar os princípios de uma administração pública arcaica, burocrática ao extremo. Uma administração pública altamente cen-tralizada, hierárquica e rígida, em que toda a prioridade será dada à admi-nistração direta ao invés da indireta.

Esse tipo de descentralização realmente é administrativo. A CF88 promoveu uma descentralização política, para estados e municípios.

A letra “B” é errada. As atividades em que há exercício do poder de Estado, como fiscalizar e tributar, estão no setor de atividades exclusivas, e não no núcleo estratégico. Segundo o Plano Diretor:

Atividades Exclusivas: É o setor em que são prestados serviços que só o Es-tado pode realizar. São serviços em que se exerce o poder extroverso do Estado – o poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar. Como exemplos temos: a cobrança e fiscalização dos impostos, a polícia, a previdência soci-al básica, o serviço de desemprego, a fiscalização do cumprimento de nor-mas sanitárias, o serviço de trânsito, a compra de serviços de saúde pelo Estado, o controle do meio ambiente, o subsídio à educação básica, o servi-ço de emissão de passaportes, etc. A propriedade só pode ser também es-tatal.

A letra “C” é errada. A administração burocrática não é abandonada. Segundo o Bresser Pereira:

Por outro lado, a combinação de princípios gerenciais e burocráticos deverá variar de acordo com o setor. A grande qualidade da administração pública burocrática é a sua segurança e efetividade. Por isso, no núcleo estratégico, onde essas características são muito importantes, ela deverá estar ainda presente, em conjunto com a administração pública gerencial. Já nos de-mais setores, onde o requisito de eficiência é fundamental dado o grande número de servidores e de cidadãos-clientes ou usuários envolvidos, o peso da administração pública burocrática deverá ir diminuindo até praticamente desaparecer no setor das empresas estatais.

A letra “D” é certa. Segundo Bresser:

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Em síntese o Decreto-Lei 200 foi uma tentativa de superação da rigidez bu-rocrática, podendo ser considerado como um primeiro momento da admi-nistração gerencial no Brasil.

A letra “E” é errada. Publicização e privatização são coisas diferentes. A primei-ra seria usada para transferir os serviços não exclusivos para o setor público não estatal. É transferido o patrimônio público para as OS, mas por permissão de uso, ou seja, com a desqualificação da OS os bens retornam para o Estado. Já a segunda ocorreira no setor de produção de bens e serviços para o merca-do com a venda do patrimônio público.

Gabarito: D.

21. (ESAF/PSS/2008) A Revolução de 1930, simbolicamente associada à quebra da espinha dorsal das oligarquias regionais, teve como desdobra-mento principal a criação do estado administrativo no Brasil. Sobre esta fase do processo de evolução da administração pública no Brasil, são corretos to-dos os enunciados abaixo, exceto:

a) até o final da década de 30, além dos militares, havia dois órgãos do go-verno federal – o Itamaraty e o Banco do Brasil – que tinham normas para ingresso no serviço público, planos de carreira, regras para promoção base-adas no mérito, e tinham alimentado uma burocracia profissional com um ethos de serviço público.

b) durante o ciclo Vargas, a estratégia de ruptura com o modelo oligárquico e patrimonial envolveu a adoção de dois mecanismos típicos da administra-ção racional-legal: estatutos normativos e órgãos normativos e fiscalizado-res.

c) por intermédio desses mecanismos tentou-se estabelecer princípios e re-gras e padronizar os procedimentos a serem adotados, em áreas estruturan-tes da organização pública: administração de material, financeira e de pessoal.

d) a Reforma de 1936 representou um momento fundamental para a refor-ma da administração de pessoal em especial, logrando a implantação de uma administração tipicamente weberiana, racional e legalmente orientada.

e) o regime político era dotado de acentuada autonomia burocrática em face do conjunto das forças sociais, com base na absorção ou cooptação dos agrupamentos de interesse, quer regionais, quer funcionais.

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A letra “A” é correta. Antes da CF de 1934, poucas instituições públicas utiliza-vam o concurso público.

A letra “B” é correta, pois o Governo Vargas busca racionalizar a administração pública brasileira criando estatutos e órgãos normativos.

A letra “C” traz o tripé da implantação burocrática no Brasil.

A letra “D” é errada porque o DASP tinha como objetivo implantar um burocra-cia nos moldes weberianos, mas isto nunca foi alcançado no Brasil.

A letra “E” é correta, ocorria o insulamento burocrático.

Gabarito: D.

22. (ESAF/EPPGG-MPOG/2008) A Revolução de 1930, simbolicamente asso-ciada à quebra da espinha dorsal das oligarquias regionais, teve como des-dobramento principal a criação do estado administrativo no Brasil, por meio de dois mecanismos típicos da administração racional-legal: estatutos nor-mativos e órgãos normativos e fiscalizadores. Na vertente administrativa stricto sensu, foram medidas tomadas no primeiro governo Vargas, exceto:

a) a Comissão Permanente de Padronização com atribuições voltadas para a área de material e a Comissão Permanente de Compras.

b) a Lei n. 184, de 28 de outubro, destinada a estruturar a área de pessoal estabelecendo normas básicas, sistema de classificação de cargos e a cria-ção do Conselho Federal do Serviço Público Civil.

c) normas de administração de pessoal na Constituição de 1934, na qual, por meio dos artigos 168 e 170, § 2º, introduziu-se o princípio do mérito na organização de pessoal.

d) implantação, na administração pública direta, do Estatuto dos Servidores Públicos Civis, por meio da Lei n. 1.711, que vigorou até 1990.

e) a Comissão Especial do Legislativo e do Executivo (Lei n. 51, de 14/5/35), cujo objetivo era apresentar uma proposta de reorganização administrativa e revisão geral de vencimentos, respeitando-se o critério de igual remuneração para aqueles que exercessem funções e responsabilidades iguais.

Essa questão foi copiada do texto "As reformas administrativas no Brasil: mo-delos, sucessos e fracassos", que está na leitura sugerida:

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A primeira alternativa é correta. A Comissão Permanente de Padronização em 1930 e da Comissão Permanente de Compras em 1931 foram instituídas no primeiro governo de Vargas.

Esta questão foi anulada por causa do erro no número da lei que está na letra “B”. O Conselho foi realmente criado no primeiro governo Vargas, em 1936, pela Lei nº 284 de 28 de outubro. Sem o erro no nº da lei, a alternativa é cor-reta. Aqui temos um exemplo de como eles copiam as questões de textos e muitas vezes alguns erros são copiados juntos. O texto acima que fala em Lei nº 184.

A letra “C” é correta. Vimos que, segundo a CF de 1934:

Art. 170 - O Poder Legislativo votará o Estatuto dos Funcionários Públicos, obedecendo às seguintes normas, desde já em vigor:

2º) a primeira investidura nos postos de carreira das repartições adminis-trativas, e nos demais que a lei determinar, efetuar-se-á depois de exame de sanidade e concurso de provas ou títulos;

A letra “D” é errada. O Estatuto dos Servidores Públicos Civis, da Lei 1.711 de 28 de outubro de 1951, que vigorou até a Lei 8.112 de 1990, é do segundo governo Vargas, e não do primeiro. Este é o segundo Estatuto. No primeiro governo Vargas teve o primeiro estatuto, no Decreto-Lei 1.713 de 1939.

A letra “E” é correta, fala da Comissão Nabuco. O engraçado é que eles coloca-ram a data da lei, de 1935, que já mostrava para nós que foi do primeiro go-verno.

Gabarito: D.

23. (ESAF/EPPGG-MPOG/2008) A partir de 1964, a reforma administrativa fez parte da agenda governamental do regime militar com grande recorrên-cia. Uma das peças centrais nas iniciativas de reforma administrativa brasi-leira foi o Decreto-Lei 200, de 25/02/1967, que inclui todos os princípios norteadores abaixo, exceto:

a) reagrupamento de departamentos, divisões e serviços de planejamento na Secretaria de Planejamento da Presidência da República, com amplos po-deres, superiores aos de qualquer outro ministério.

b) expansão das empresas estatais, de órgãos independentes (fundações) e semi-independentes (autarquias).

c) fortalecimento e expansão do sistema de mérito.

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d) planejamento, descentralização, delegação de autoridade, coordenação e controle.

e) diretrizes gerais para um novo plano de classificação de cargos.

Mais uma questão copiada do texto “As reformas administrativas no Brasil: modelos, sucessos e fracassos”, segundo o qual:

“Em uma cuidadosa interpretação do Decreto-lei nº 200, Warlich, para além das mudanças organizacionais (como, por exemplo, a criação da Subsecre-taria de Modernização e Reforma Administrativa), identifica cinco princípios norteadores da reforma”:

1. Planejamento, descentralização, delegação de autoridade, coordenação e controle;

2. Expansão das empresas estatais, de órgãos independentes (fundações) e semi-independentes (autarquias);

3. Fortalecimento e expansão do sistema de mérito;

4. Diretrizes gerais para um novo plano de classificação de cargos;

5. Reagrupamento de departamentos, divisões e serviços em ministérios.

Ainda segundo o texto:

A Secretaria de Planejamento da Presidência passou a dispor de amplos po-deres, superiores aos de qualquer outro ministério; à sua Subsecretaria de Modernização e Reforma Administrativa, em conjunto com o DASP, caberia liderar e implantar a reforma.

O reagrupamento ocorreu nos ministérios.

Gabarito: A.

24. (ESAF/APO-MPOG/2008) A revisão das experiências reformistas da ad-ministração pública brasileira — com ênfase na sua natureza, quando im-plementadas — e de seus resultados, mostra que são verdadeiros todos os enunciados abaixo, exceto:

a) em todo e qualquer regime (autoritário, quase-democrático, autoritário-militar, de transição e democrático) e, consequentemente, em quase todos os governos, foram propostas medidas que visavam reformar a administra-ção pública federal.

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b) do ponto de vista substantivo, as propostas sempre foram globais e ge-rais, e não específicas e incrementais, com a única exceção do governo Sar-ney.

c) com frequência, as tentativas de reforma administrativa ou foram aborta-das, porque não chegaram a se consubstanciar em anteprojetos de lei, ou porque foram retiradas pelo Executivo do Congresso Nacional; ou não tive-ram sequência e não alcançaram os resultados desejáveis em decorrência de erros de estratégia política.

d) as reformas oscilam entre o fortalecimento da administração direta e a descentralização administrativa.

e) a partir da Comissão Amaral Peixoto, foram feitos diversos diagnósticos divergentes e propostas que são recorrentemente incorporados a “novos” diagnósticos, dando origem a propostas e instrumentos legais diversificados.

Essa é mais uma questão tirada do texto “As reformas administrativas no Brasil: modelos, sucessos e fracassos”, que está na leitura sugerida.

Percebam que até o enunciado foi copiado. Segundo o texto, “A revisão aqui feita das experiências reformistas da administração pública brasileira, com ênfase na sua natureza, quando implementadas, e de seus resultados, permite o estabelecimento de proposições que, creio, se aplicam também a experiên-cias semelhantes em outros países”:

1. Em todo e qualquer regime (autoritário, quase-democrático, autoritári-omilitar, de transição e democrático) e, consequentemente, em quase todos os governos, foram propostas medidas que visavam reformar a administração pública federal.

2. Do ponto de vista substantivo, as propostas sempre foram globais e gerais, e não específicas e incrementais como ocorreu apenas no governo Sarney.

3. Com frequência foram abortadas, ou porque não chegaram a se consubstanciar em anteprojetos de lei, ou porque foram retiradas pelo Executivo do Congresso Nacional.

2. N a esmagadora maioria das vezes, as reformas não tiveram sequência e não obtiveram os resultados desejáveis em decorrência de erros de estratégia política.

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3. A efetiva profissionalização do servidor, tentada várias vezes, nunca ocorreu e sempre conviveu com a multiplicidade de cargos, de planos salariais especiais e de “trens da alegria”, típicos de final de administração.

4. A partir da Comissão Amaral Peixoto, há convergência de diagnósticos e de propostas de mudanças que são recorrentemente lembrados e, por vezes, incorporados a “novos” diagnósticos, propostas e instrumentos legais.

5. As reformas oscilam entre o fortalecimento da administração direta e a descentralização administrativa.

Percebam que a letra “E” é a errada, contraria o que está no item 7.

Gabarito: E.

25. (ESAF/APO-MPOG/2008) A história recente mostra que a reforma admi-nistrativa sempre esteve presente na agenda de políticas governamentais, desde 1930. Com base na literatura que analisa as várias reformas adminis-trativas, é possível estabelecer algumas conclusões sobre os resultados das iniciativas governamentais nessa área. Examine os enunciados abaixo e as-sinale a resposta correta.

1. A despeito das diversas tentativas, nunca se logrou implantar uma buro-cracia do tipo weberiano no Brasil, porque os textos legais que mais se aproximaram desse ideal abriam brechas que se contrapunham ao espírito da burocracia racional-legal ou propunham a superação desta.

2. Independentemente de regime político e de governo, o Brasil sempre conviveu com segmentos dispersos de uma burocracia weberiana em vários níveis da administração, interpenetrada e convivendo com um alto teor de patrimonialismo administrativo.

3. Contrapondo-se a essa administração, essencialmente amorfa, destaca-vam-se as “ilhas de excelência”, razoavelmente imunes ao processo político e caracterizadas pela elevada competência de seus membros.

4. A efetiva profissionalização do servidor, tentada várias vezes, só veio a se realizar no Brasil após a Constituição Federal de 1988, já que até então a administração pública sempre conviveu com a multiplicidade de cargos, de planos salariais especiais e de “trens da alegria”, típicos de final de adminis-tração.

a) Somente o enunciado número 1 está incorreto.

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b) Todos os enunciados estão incorretos.

c) Somente o enunciado número 4 está incorreto.

d) Somente o enunciado número 2 está incorreto.

e) Todos os enunciados estão corretos.

Pois é gente, questão tirada do texto “As reformas administrativas no Brasil: modelos, sucessos e fracassos”. Segundo o texto:

Finalmente, cabe concluir, com base na literatura que analisa as várias re-formas administrativas e as propostas não efetivadas, que o País, de fato, nunca logrou implantar uma burocracia do tipo weberiano. Até porque, os textos legais que mais se aproximaram desse ideal abriam brechas que se contrapunham ao espírito da burocracia racional-legal. Creio que, inde-pendentemente de regime político e de governo, o país sempre conviveu com segmentos dispersos de uma burocracia weberiana em vários níveis da administração, interpenetrada e convivendo com um alto teor de patrimonialismo burocrático, nunca de fato completamente extirpado da administração pública. Contrapondo-se a essa administração, essencial-mente amorfa, destacavam-se as “ilhas de excelência”, aspecto de resto já salientado por todos os estudiosos da política e da administração pública: “ilhas”, porque razoavelmente imunes ao processo político; “de ex-celência”, dada a competência de seus membros.

Podemos ver que as três primeiras afirmações são corretas. A quarta afirm-ação é errada, podemos observá-la no item cinco da questão anterior:

1. A efetiva profissionalização do servidor, tentada várias vezes, nunca ocorreu e sempre conviveu com a multiplicidade de cargos, de planos salariais especiais e de “trens da alegria”, típicos de final de administração.

Gabarito: C.

26. (ESAF/STN/2008) De acordo com o Decreto-Lei 200, de 25 de fevereiro de 1967, as atividades da Administração Pública obedecerão aos seguintes princípios fundamentais:

i) Ação governamental que visa promover o desenvolvimento econômico-social do País e a segurança nacional.

ii) Atividade governamental responsável pela execução dos planos e pro-gramas de governo.

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iii) Princípio que, ao ser implementado, libera o órgão da Administração Fe-deral das atividades de rotinas de execução de tarefas de mera formalização de atos administrativos, para que possa concentrar-se nas atividades de planejamento, supervisão, coordenação e controle.

iv) Trata-se de instrumento de descentralização administrativa, com objetivo de assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-se nas pro-ximidades dos fatos, público-alvo ou problemas.

v) Atividade da Administração Federal que deverá ser exercida em todos os níveis e órgãos, compreendendo, particularmente: chefia competente, ór-gãos próprios de cada sistema, com observância às normas e recursos (fi-nanceiros e bens).

Os princípios descritos nos enunciados anteriores correspondem, respecti-vamente, a:

a) Controle, Planejamento, Coordenação, Descentralização, Delegação de Competência.

b) Planejamento, Coordenação, Descentralização, Delegação de Competên-cia e Controle.

c) Coordenação, Controle, Planejamento, Descentralização e Delegação de Competência.

d) Descentralização, Controle, Planejamento, Coordenação e Delegação de Competência.

e) Delegação de Competência, Descentralização, Controle, Planejamento e Coordenação.

Segundo o DL 200:

Art. 7º A ação governamental obedecerá a planejamento que vise a promover o desenvolvimento econômico-social do País e a segurança nacional, nortean-do-se segundo planos e programas elaborados, na forma do Título III, e com-preenderá a elaboração e atualização dos seguintes instrumentos básicos:

a) plano geral de govêrno;

b) programas gerais, setoriais e regionais, de duração plurianual;

c) orçamento-programa anual;

d) programação financeira de desembôlso.

Podemos observar que a primeira afirmação se refere ao princípio do planeja-mento, que determina que sejam elaborados o plano geral de governo, pro-

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gramas gerais, setoriais e regionais de duração plurianual, o orçamento-programa anual e, por fim, a programação financeira de desembolso.

Art . 8º As atividades da Administração Federal e, especialmente, a execução dos planos e programas de govêrno, serão objeto de permanente coordenação

§ 1º A coordenação será exercida em todos os níveis da administração, medi-ante a atuação das chefias individuais, a realização sistemática de reuniões com a participação das chefias subordinadas e a instituição e funcionamento de comissões de coordenação em cada nível administrativo.

O princípio da coordenação buscava integrar os diversos ministérios e as ativi-dades que se relacionam com determinado projeto. No nível superior, a coor-denação seria assegurada com reuniões do Ministério, reuniões de Ministros de Estado responsáveis por áreas afins, atribuição de incumbência coordenadora a um dos Ministros de Estado, funcionamento das Secretarias Gerais e coordena-ção central dos sistemas de atividades auxiliares.

O gabarito preliminar da questão era a letra “B”, ou seja, eles consideraram que a coordenação seria a “atividade governamental responsável pela execu-ção dos planos e programas de governo”. Contudo, não podemos afirmar isso, já que não é a coordenação que executa; ela funciona no máximo como um suporte à execução. Se fosse possível associar alguma atividade como respon-sável pela execução, creio que a mais correta seria a descentralização, já que é por meio dela que se distingue a direção da execução. Foi por este motivo que a questão foi anulada.

O princípio da descentralização seria implantado em três aspectos:

§ 1º A descentralização será posta em prática em três planos principais:

a) dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-se claramente o nível de direção do de execução;

b) da Administração Federal para a das unidades federadas, quando estejam devidamente aparelhadas e mediante convênio;

c) da Administração Federal para a órbita privada, mediante contratos ou con-cessões.

Neste último aspecto, como o setor privado não estava preparado para receber muitas das incumbências do Estado, o resultado foi o crescimento da adminis-tração indireta. Não devemos confundir esta descentralização administrativa com a centralização política que ocorreu nas mãos do governo federal. Se por uma lado houve uma grande descentralização para a administração indireta, não houve nenhuma descentralização política, pelo contrário, ocorreu uma grande centralização. Um exemplo é a edição do Ato Institucional N.º 8, de abril de 1969, que determinou a implantação pelos governos estaduais, muni-

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cipais e do Distrito Federal, de reformas administrativas pautadas nos mesmos princípios estabelecidos para a reforma já dinamizada no Executivo federal.

Art. 11. A delegação de competência será utilizada como instrumento de des-centralização administrativa, com o objetivo de assegurar maior rapidez e ob-jetividade às decisões, situando-as na proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a atender

A delegação de competências tinha como objetivo aproximar os tomadores de decisão das situações que ensejam uma deliberação do poder público, liberan-do a direção para as tarefas de controle, formulação e normatização.

Art. 13 O contrôle das atividades da Administração Federal deverá exercer-se em todos os níveis e em todos os órgãos, compreendendo, particularmente:

a) o contrôle, pela chefia competente, da execução dos programas e da obser-vância das normas que governam a atividade específica do órgão controlado;

b) o contrôle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da observância das nor-mas gerais que regulam o exercício das atividades auxiliares;

c) o contrôle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos bens da Uni-ão pelos órgãos próprios do sistema de contabilidade e auditoria.

Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado mediante simplificação de processos e supressão de contrôles que se evidenciarem como puramente formais ou cujo custo seja evidentemente superior ao risco.

Por fim, o controle seria exercido pelas chefias e órgãos responsáveis em todos os níveis e repartições da administração pública, sendo facilitado pela busca da simplificação dos processos e pelo abandono dos controles que se mostrem puramente formais. Com relação à administração indireta fica estabelecida a necessidade de supervisão ministerial.

Gabarito: X (B).

27. (ESAF/CGU/2008) Apesar da heterogeneidade de situações que caracte-rizam a administração pública brasileira nos diferentes níveis de governo, a União tem promovido reformas em sua estrutura para fazer face aos proces-sos de industrialização e à crise fiscal do Estado. A modernização da admi-nistração pública por meio do uso de instrumentos próprios da gestão de empresas privadas, a criação de uma administração indireta com procedi-mentos próprios de contratação e gestão de funcionários e de processos de compras públicas são características presentes . ......

Selecione a opção que completa corretamente a frase

acima.

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a) na criação do DASP.

b) na criação de Agências Reguladoras.

c) na formação do Estado brasileiro.

d) nas ações implementadas a partir do Decreto-Lei 200.

e) no alinhamento ao Estado mínimo.

Vimos que o DL 200 concedeu ampla autonomia para as entidades da adminis-tração indireta, que tinham liberdade para o estabelecimento de sistemas de seguridade e remuneração segundo seus próprios critérios. Ele também rele-gou a um segundo plano a administração direta, considerada burocrática, pas-sando a contratar os altos escalões por meio das empresas estatais. A letra “D” é a correta.

Gabarito: D.

28. (ESAF/CGU/2006) Complete a frase com a opção correta.

O principal objetivo do Programa Nacional de Desburocratização instituído em 1979 era. ....

a) descentralizar a administração pública federal por meio da criação de au-tarquias.

b) privatizar o setor produtivo nas mãos do Estado.

c) aumentar a participação do cidadão na definição do orçamento público.

d) dinamizar e simplificar o funcionamento da administração pública federal.

e) criar entes para atender diretamente o usuário de serviços públicos.

O Programa Nacional de Desburocratização foi criado no final da década de 1970, uma vez que a administração pública direta permaneceu burocrática na sequência dos governos militares. Primeiro, ele buscou simplificar os processo e reduzir a burocratização. Depois, ele passou a se dedicar também a desesta-tização, buscando reduzir a administração indireta que havia crescido exagera-damente. O seu principal objetivo era a desburocratização, ou seja, dinamizar e simplificar o funcionamento da administração pública federal. A letra “D” é correta.

Gabarito: D.

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29. (ESAF/ENAP/2006) Selecione a opção que indica corretamente aspectos da reforma administrativa brasileira da década de trinta.

a) Criação do Departamento de Pessoal do Servidor Público, adoção de prin-cípios de desconcentração, instituição de carreiras no serviço público, recru-tamento baseado no mérito.

b) Criação do Departamento Administrativo do Serviço Público, adoção de princípios de centralização, instituição de carreiras no serviço público, recru-tamento baseado no mérito.

c) Criação da Escola de Relações Humanas, adoção de princípios hierárqui-cos, instituição de remuneração por produção, recrutamento baseado no sis-tema discricionário.

d) Criação do Departamento Administrativo do Serviço Público, adoção de princípios hierárquicos, instituição de carreiras técnico-profissionais, recru-tamento baseado no sistema discricionário.

e) Criação do Departamento Pessoal do Servidor Público, adoção de princípios de horizontalização, formalização da função orçamentária, recrutamento baseado no mérito.

Na reforma da década de 1930, foi criado o DASP – Departamento Administrativo do Serviço Público. Entre as principais realizações do DASP, são citadas:

� Ingresso no serviço público por concurso;

� Critérios gerais e uniformes de classificação de cargos;

� Organização dos serviços de pessoal e de seu aperfeiçoamento sistemático;

� Administração orçamentária;

� Padronização das compras do Es-

tado;

� Racionalização geral de métodos.

O DASP foi criado no Estado N ovo, uma ditadura, ou seja, um período de grande centralização. A letra “B” é certa, pois traz as características corretas.

A letra “A” é errada por causa da “desconcentração”.

A letra “C” é errada por que será adotada a Administração Científica, uma teor-ia dentro da perspectiva clássica da administração que prega a racionalização dos métodos, o controle, entre outros princípios próximos aos da burocracia. A escola das relações humanas faz parte da perspectiva humanística, um contra

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ponto em relação à clássica. Ela vai defender que o ser humano não é mais uma máquina na produção, que deve ser valorizado, que deve ter autonomia.

A letra “D” é errada porque a seleção será segundo o mérito, por concurso, e não de forma discricionária.

A letra “E” é errada. Foi criado o DASP, e não Departamento Pessoal do serviço Público. O DASP era responsável também pela administração de pessoal. Outro erro é a “horizontalização”, pois houve verticalização.

Gabarito: B.

30. (ESAF/EPPGG-MPOG/2005) Com relação às mudanças no papel do Es-tado, apresentadas no Plano Diretor para a reforma do aparelho do Estado, de 1995, classifique as opções a seguir em Verdadeiras (V) ou Falsas (F).

( ) Na reforma, a redefinição do papel do Estado adquiriu importância decisi-va diante de sua forte presença na economia internacional e de sua impossi-bilidade de atender com eficiência à sobrecarga de demandas a ele dirigidas, sobretudo na área econômica.

( ) A reforma devia ser entendida dentro do contexto da redefinição do papel do Estado, que deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento eco-nômico e social pela via da produção de bens e serviços, transferindo para o setor privado as atividades que podem ser controladas pelo mercado.

( ) Na reforma, o Estado delegou ao setor privado seu papel de executor ou regulador direto de serviços, mantendo-se entretanto como provedor ou promotor desses, principalmente dos serviços sociais – essenciais para o de-senvolvimento, para a democracia e para uma distribuição de renda mais justa.

( ) A reforma buscou o fortalecimento das funções de coordenação e presta-ção de serviços pelo Estado, particularmente no nível federal, e a progressi-va desconcentração vertical das funções executivas no campo da prestação de serviços sociais e de infraestrutura.

Assinale a opção correta.

a) F, F, F, V

b) V, F, V, F

c) V, V, V, F

d) V, F, V, V

e) F, V, F, F

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A primeira afirmação é falsa. Aqui temos um problema presente em algumas questões da ESAF: eles pegam um texto, mudam uma palavra e dão como errado. Segundo o Plano Diretor:

É importante ressaltar que a redefinição do papel do Estado é um tema de alcance universal nos anos 90. No Brasil esta questão adquiriu importância decisiva, tendo em vista o peso da presença do Estado na economia nacio-

nal: tornou-se, consequentemente, inadiável equacionar a questão da re-forma ou da reconstrução do Estado, que já não consegue atender com eficiência a sobrecarga de demandas a ele dirigidas, sobretudo na área so-cial. A reforma do Estado não é, assim, um tema abstrato: ao contrário, é algo cobrado pela cidadania, que vê frustrada suas demandas e expectati-vas.

A segunda afirmação é verdadeira. Segundo o Plano Diretor:

A reforma do Estado deve ser entendida dentro do contexto da redefinição do papel do Estado, que deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvi-mento econômico e social pela via da produção de bens e serviços, para for-talecer-se na função de promotor e regulador desse desenvolvimento.

A terceira afirmação é falsa. O Estado não delegou ao setor privado a regula-ção. Além disso, a área social foi uma das que mais foram descentralizadas para a iniciativa privada. Segundo o Plano Diretor:

Deste modo o Estado reduz seu papel de executor ou prestador direto de serviços, mantendo-se entretanto no papel de regulador e provedor ou promotor destes, principalmente dos serviços sociais como educação e saú-de, que são essenciais para o desenvolvimento, na medida em que envol-vem investimento em capital humano; para a democracia, na medida em que promovem cidadãos; e para uma distribuição de renda mais justa, que o mercado é incapaz de garantir, dada a oferta muito superior à demanda de mão-de-obra não-especializada. Como promotor desses serviços o Esta-do continuará a subsidiá-los, buscando, ao mesmo tempo, o controle social direto e a participação da sociedade.

A quarta afirmação é falsa. Não se buscava o fortalecimento da execução de serviços. Eles também trocaram descentralização por desconcentração. Segun-do o Plano Diretor:

Nesta nova perspectiva, busca-se o fortalecimento das funções de regulação e de coordenação do Estado, particularmente no nível federal, e a progres-siva descentralização vertical, para os níveis estadual e municipal, das fun-ções executivas no campo da prestação de serviços sociais e de infra-estrutura.

Gabarito: E.

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31. (ESAF/EPPGG-MPOG/2005) De acordo com o Plano Diretor para a re-forma do Estado de 1995, indique qual projeto tem como objetivo permitir a descentralização de atividades no setor de prestação de serviços, a partir do pressuposto que esses serviços serão mais eficientemente realizados se, mantendo o financiamento do Estado, forem executados pelo setor público não-estatal.

a) O projeto das Agências Autônomas.

b) O projeto das Organizações Sociais.

c) O projeto das Redes de Governo.

d) O projeto das Privatizações.

e) O projeto dos Sistemas de Gestão.

O Projeto Organizações Sociais e Publicização permitiria a “publicização” dos serviços não exclusivos do Estado, ou seja, sua transferência do setor estatal para o público não-estatal, onde assumiriam a forma de “organizações sociais”. Tinha como objetivo permitir a descentralização de atividades no setor de prestação de serviços não exclusivos, a partir do pressuposto que esses servi-ços serão mais eficientemente realizados se, mantendo o financiamento do Estado, forem realizados pelo setor público não-estatal.

Gabarito: B.

32. (ESAF/APO-MPOG/2005) Raimundo Faoro em “Os Donos do Poder” (1958) apresentou uma interpretação sobre o subdesenvolvimento do Brasil no qual descreveu, entre outras coisas, as mazelas da administração pública brasileira. Aponte a opção que se enquadra no argumento desse autor.

a) Apesar das inúmeras mudanças históricas pelas quais passou o Brasil, o aparato administrativo e político permaneceu sob a apropriação de um mesmo grupo social, que tinha como objetivo a obtenção de poder, prestígio e riqueza.

b) Baseado em uma abordagem marxista, Faoro demonstra como a burocra-cia brasileira tinha um caráter patronal, sendo apropriada por uma burguesia que era intimamente ligada às elites políticas.

c) Apropriação da máquina administrativa e política era feita por setores de uma elite agrária, que faziam prevalecer os seus interesses na prevalência da política de agro-exportação.

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d) A herança portuguesa de captura do aparelho do Estado, por parte de uma burguesia, guarda estritas relações com a abordagem de Caio Prado Jr. – autor contemporâneo de Faoro, que também interpretou o subdesenvolvi-mento.

e) A herança da administração colonial portuguesa gerou o chamado “patronato político brasileiro”, responsável pela predominância da força política rural descentralizada sobre a urbana centralizada.

Vimos que Faoro afirmava que nossa sociedade patrimonialista era estamental, em que a burocracia possuía grande autonomia em relação ao restante da sociedade. Nas alternativas, somente a “A” corresponde a isso, todas as de-mais colocam a burocracia submetida a influência de alguma classe.

Gabarito: A.

33. (ESAF/APO-MPOG/2005) No Brasil, durante o século XIX, o número de funcionários públicos cresceu muito, sem seguir uma racionalidade adminis-trativa. Esse processo é importante também para compreendermos momen-tos posteriores da administração pública brasileira. Levando em conta o trabalho de José Murilo de Carvalho “A Construção da Ordem e Teatro das Sombras” (2003), assinale a opção incorreta sobre as razões desse cresci-mento.

a) A burocracia era, sobretudo, um “cabide de empregos” para as elites por-tuguesas residentes no Brasil, que se apropriavam do Estado, formando um estamento sólido e insulado de outros setores da sociedade.

b) A burocracia possuía funções latentes, ou seja, respondia não apenas a questões de ordem administrativa, mas social e política, empregando inclu-sive parte do proletariado.

c) A burocracia agregava setores dinâmicos da sociedade, que faziam pres-são, devido ao limitado leque de ocupações do mercado brasileiro, para es-capar das limitações do mundo escravista.

d) A burocracia servia como elemento de cooptação de potenciais opositores oriundos de setores médios urbanos e das alas decadentes da grande pro-priedade rural.

e) A burocracia acabou representando um papel mais importante para o sistema político brasileiro como um todo, que para a própria administração pública brasileira.

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José Murilo de Carvalho discordava de Faoro, afirmando que nossa sociedade não era estamental, mas de classes, e que a burguesia estava influenciada pela burguesia rural. A letra “A” é a errada porque não havia, na visão deste autor, um estamento sólido e insulado. As demais alternativas ressaltam este caráter de dependência e influência.

Gabarito: A.

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1. (ESAF/DNIT/2013) A reforma do aparelho do Estado no Brasil, que substi-tuiu o modelo de administração burocrático e adotou o modelo de administra-ção gerencial, foi marcada por uma diferença que é considerada fundamental. Essa diferença fundamental está

a) na forma de controle, que deixa de basear-se nos resultados para focar nos processos.

b) na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para focar nos resultados.

c) na rigorosa profissionalização da administração pública que deixa de ser um princípio fundamental.

d) na forma de controle, que passa a basear-se unicamente nos processos.

e) na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos e na profissio-nalização da administração pública para focar nos resultados.

2. (ESAF/CGU/2012) Acerca das experiências de reforma da máquina pública havidas em nosso país, é correto afirmar que:

a) ao contrário da proposta bresseriana, as principais experiências de reforma anteriores – o modelo daspiano e o Decreto-Lei 200 – deram-se em um ambi-ente democrático, baseado no debate e na negociação, a despeito de um pro-cesso decisório mais concentrador.

b) originariamente pensadas desde a edição do Plano de Metas, as parcerias público-privadas (PPPs) não se constituem, por isso mesmo, uma inovação do atual modelo administrativo, apesar de seu grande sucesso e proliferação nos níveis federal e subnacionais.

c) o melhor exemplo de um bem sucedido resultado da Reforma Bresser é o caso das agências regulatórias, montadas de forma homogênea calcada na visão mais geral do modelo regulador, condição básica ao que viria a substituir o padrão varguista de intervenção estatal.

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d) mesmo sem atingir todos os seus objetivos, a proposta bresseriana de re-forma deu causa a um "choque cultural", tendo se espraiado pelos governos subnacionais no qual, facilmente, percebe-se a sua influência na atuação dos gestores públicos e em uma série de inovações governamentais.

e) a atual proposta de reforma, também calcada na gestão por resultados – porém não mais tachada de "neoliberal" –, aposta seu sucesso em duas fren-tes: a quebra da estabilidade, com o reforço do emprego público, e a redução da administração indireta, com o aprofundamento das privatizações.

3. (ESAF/CGU/2012) Ao realizarmos um balanço da recente trajetória da administração pública brasileira no período contado a partir da edição da Carta Constitucional de 1988, em especial quanto a temas ligados à gestão, à gover-nança federativa e aos mecanismos de controle público, é correto afirmar que

a) se analisarmos o projeto bresseriano, ele foi bem-sucedido. Tanto que o governo central apoiou integralmente a ampla reforma da administração públi-ca prevista no Plano Diretor da Reforma do Estado, sendo seu marco de gestão o conceito de administração de resultados por meio da execução de políticas, calcada no PAC.

b) a despeito das inegáveis melhorias na gestão econômica, na introdução de mecanismos de avaliação de políticas públicas e no ordenamento das políticas sociais no campo federativo, os poderes dos órgãos de controle têm sido sis-tematicamente reduzidos, impactando negativamente a accountability vertical do Estado.

c) um dos reflexos negativos do Plano Real foi a descentralização excessiva das políticas públicas, sem a necessária preocupação com a articulação inter-governamental e com a heterogeneidade da federação brasileira, dando causa à redução da competição entre os governos subnacionais e à extinção da cha-mada "guerra fiscal".

d) a Constituição Federal ousou e inovou ao incorporar os preceitos de profissi-onalização e publicização, impregnada como o foi pelo movimento de reformas intitulado New Public Management, que varria países da Europa e da Oceania desde os anos 1950.

e) nos últimos tempos, o ciclo das políticas públicas tem visto crescer a partici-pação e o controle sociais, fenômeno em muito impulsionado pela diversidade de programas que atrelam o recebimento de recursos à montagem de meca-nismos de participação e fiscalização locais.

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4. (ESAF/CVM/2011) No Brasil, a Primeira República (1889-1930), também conhecida como República Velha, caracterizou-se por

a) eleições fiscalizadas pela justiça eleitoral.

b) amplo domínio das oligarquias.

c) voto direto, secreto e universal.

d) universalização do acesso ao ensino primário.

e) economia diversificada e autárquica.

5. (ESAF/CVM/2011) Nas décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, o Brasil viveu rica experiência democrática, a despeito das sucessivas crises políticas pelas quais passou. Essa experiência foi interrompida pelo golpe de 1964. Sob o ponto de vista econômico, o período entre 1946 e 1964 foi marcado, entre outros aspectos, pela

a) política desenvolvimentista de JK (1956-61), assentada no Plano de Metas e sintetizada no lema “50 anos em 5”.

b) opção de Vargas (1951-54) de afastar-se do modelo clássico de nacionalis-mo econômico e apoiar-se fortemente nos capitais internacionais.

c) estabilidade econômica e financeira que caracterizou os cinco anos do go-verno Jânio Quadros, seguindo a trilha aberta por JK.

d) superação do grave problema representado pela espiral inflacionária, prova-velmente a maior vitória do governo João Goulart.

e) capacidade demonstrada pelo governo Gaspar Dutra (1946-1951) de acu-mular reservas ao reduzir radicalmente os gastos do país no exterior.

6. (ESAF/ISS-RJ/2010) No Brasil, o modelo de administração burocrática:

a) atinge seu ápice ao final da década de 1950, com a instalação do Ministério da Desburocratização.

b) emerge nos anos 1930, sendo seu grande marco a criação do DASP.

c) permanece arraigado, em sua forma weberiana, até nossos dias, sendo esta a razão da falência do modelo gerencial.

d) deve-se mais à política do café-com-leite que ao início do processo de in-dustrialização.

e) foi completamente substituído pelo modelo gerencial implantado ao final do século XX.

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7. (ESAF/APO-MPOG/2010) A análise da evolução da administração pública brasileira, a partir dos anos 1930, permite concluir acertadamente que:

a) com o Estado Novo e a criação do DASP, a admissão ao serviço público pas-sou a ser feita exclusivamente por meio de concurso público, sendo desconti-nuadas as práticas do clientelismo e da indicação por apadrinhamento.

b) a reforma trazida pelo Decreto-Lei n. 200/67 propugnou pela descentraliza-ção funcional do aparelho do Estado mediante delegação de autoridade aos órgãos da administração indireta para a consecução de muitas das funções e metas do governo.

c) a partir de meados do século XX, com o desenvolvimentismo, deu-se a am-pliação e a consolidação da administração direta, principal gestora das políticas públicas implementadas pela administração indireta.

d) a partir dos anos 1980, dadas a falência do estado do bem-estar social, a crise fiscal e a redemocratização, as reformas do aparelho do Estado passaram a seguir uma estratégia única e homogênea.

e) os ‘50 Anos em 5’ e a construção de Brasília, no período JK, representaram a pedra fundamental do que viria a ser a adoção do gerencialismo no serviço público.

8. (ESAF/APO-MPOG/2010) Acerca dos modelos de gestão patrimonialista, burocrática e gerencial, no contexto brasileiro, é correto afirmar:

a) cada um deles constituiu-se, a seu tempo, em movimento administrativo autônomo, imune a injunções políticas, econômicas e culturais.

b) com a burocracia, o patrimonialismo inicia sua derrocada, sendo finalmente extinto com a implantação do gerencialismo.

c) o caráter neoliberal da burocracia é uma das principais causas de sua falên-cia.

d) fruto de nossa opção tardia pela forma republicana de governo, o patrimo-nialismo é um fenômeno administrativo sem paralelo em outros países.

e) com o gerencialismo, a ordem administrativa se reestrutura, porém sem abolir o patrimonialismo e a burocracia que, a seu modo e com nova roupa-gem, continuam existindo.

9. (ESAF/APO-MPOG/2010) Com a Emenda Constitucional n. 19/1998, o tema ‘desempenho institucional’, no âmbito da administração pública federal direta e

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indireta, passou a contar com a possibilidade de incorporação das seguintes inovações, exceto:

a) ampliação, mediante contrato, da autonomia gerencial, orçamentária e fi-nanceira de órgãos e entidades da administração direta e indireta.

b) pagamento, a órgãos e entidades que cumpram as metas preestabelecidas, de bônus por desempenho.

c) pactuação de metas de desempenho entre órgãos e entidades da adminis-tração direta e indireta e órgãos centrais do governo.

d) autonomia administrativa para o estabelecimento e uso de regras próprias de licitação e de contratação de pessoal sem concurso público.

e) pagamento de prêmio de produtividade por economia com despesas corren-tes.

10. (ESAF/SUSEP/2010) Uma adequada compreensão do processo evolutivo da administração pública brasileira nos revela que:

a) o patrimonialismo se extingue com o fim da dominação portuguesa, sendo o reinado de D. Pedro II o ponto de partida para a implantação do modelo buro-crático.

b) em um ambiente onde impera o gerencialismo, não há espaço para o mode-lo burocrático.

c) a implantação do modelo gerencial, em fins do século passado, consolida o caráter burocrático-weberiano do aparelho do Estado, notadamente na admi-nistração direta.

d) de certa forma, patrimonialismo, burocracia e gerencialismo convivem em nossa administração contemporânea.

e) a importância do modelo gerencial se expande a partir do momento em que a administração direta se robustece, nos anos 1950, em paralelo à crescente industrialização do país.

11. (ESAF/AFT/2010) Sobre as experiências de reformas administrativas em nosso país, é correto afirmar:

a) a implantação do DASP e a expedição do Decreto-Lei n. 200/67 são exem-plos de processos democráticos de reformismo baseados no debate, na negoci-ação e em um modelo decisório menos concentrador.

b) ainda que o formalismo e a rigidez burocrática sejam atacados como males, alguns alicerces do modelo weberiano podem constituir uma alavanca para a

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modernização, a exemplo da meritocracia e da clara distinção entre o público e o privado.

c) o caráter ‘neoliberal’ do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado foi a mola propulsora de seu amplo sucesso e da irrestrita adesão pelo corporati-vismo estatal.

d) já nos anos 1980, o Programa Nacional de Desburocratização propunha uma engenharia institucional capaz de estabelecer um espaço público não-estatal, com a incorporação das Organizações Sociais.

e) desde os anos 1990, a agenda da gestão pública tem sido continuamente enriquecida, sendo hoje mais importante que as agendas fiscal ou econômica.

12. (ESAF/AFT/2010) A correta análise da modernização da Administração Pública brasileira, havida nas últimas décadas, permite chegar às seguintes conclusões, exceto:

a) a despeito de tudo, a administração pública ainda carrega tradições secula-res de características semifeudais e age como um instrumento de manutenção do poder tradicional.

b) não obstante as qualidades das medidas em prol da profissionalização do serviço público, previstas na Constituição de 1988, parte dessa legislação re-sultou, na verdade, em aumento do corporativismo estatal.

c) uma das ações mais significativas na gestão pública foi a incorporação do governo eletrônico.

d) constituiu-se uma coalizão em torno do Plano Plurianual - PPA e da ideia de planejamento, com a retomada e o reforço de sua versão centralizadora e tec-nocrática adotada no regime militar.

e) os programas de renda mínima acoplados a instrumentos criadores de capa-cidade cidadã, política das mais interessantes na área social, tiveram origem nos governos subnacionais e não na União.

13. (ESAF/AFRFB/2009) Considerando os modelos teóricos de Administração Pública, é incorreto afirmar que, em nosso país:

a) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o modelo burocrático incorporasse valores de eficiência, eficácia e competitividade.

b) o patrimonialismo pré-burocrático ainda sobrevive, por meio das evidências de nepotismo, gerontocracia e designações para cargos públicos baseadas na lealdade política.

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c) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoria administrativa moderna, trazendo, para os administradores públicos, a linguagem e as ferra-mentas da administração privada.

d) no Núcleo Estratégico do Estado, a prevalência do modelo burocrático se justifica pela segurança que ele proporciona.

e) tal como acontece com o modelo burocrático, o modelo gerencial adotado também se preocupa com a função controle.

14. (ESAF/AFRFB/2009) O estudo das experiências de reformas administrativas havidas em nosso país permite concluir, acertadamente, que:

a) a retórica da reforma dos anos 1930 avançou do ponto de vista dos princí-pios políticos que a orientaram, a saber: participação, accountability e controle social.

b) a tentativa de modernização do aparelho de Estado, especialmente a da década de 1960, teve como consequência o fortalecimento da administração direta, em detrimento da administração indireta.

c) no sentido weberiano do termo, o Brasil nunca chegou a ter um modelo de burocracia pública consolidada.

d) ao contrário de outros países, o modelo de nova gestão pública, adotado a partir dos anos 1990, possuiu inspiração autóctone e em nada se valeu das experiências britânica e estadunidense.

e) a partir da década de 1990, caminhamos rumo a uma nova administração pública, de caráter gerencialista, visando consolidar o ideário keynesiano e o estado do bem-estar social.

15. (ESAF/AFRFB/2009) Uma correta análise da adoção da chamada Nova Gestão Pública, pelo Brasil, revela que:

a) em sua forma original, a Constituição Federal de 1988 já disponibilizava a base legal suficiente para a implementação daquele novo modelo de gestão, sem a necessidade de reformas.

b) toda a máquina pública passou a adotar o controle por resultados, razão pela qual foram descontinuados alguns mecanismos de controle financeiro e orçamentário até então existentes.

c) com o aumento da descentralização, visava-se reduzir o nível de accounta-bility a que se submeteriam os órgãos reguladores.

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d) no plano federal, a implementação das Organizações Sociais sagrou-se vito-riosa, havendo, hoje, milhares delas espalhadas pelo país, prestando serviços públicos essenciais.

e) o Estado tinha por objetivo atuar mais como regulador e promotor dos ser-viços públicos, buscando, preferencialmente, a descentralização, a desburocra-tização e o aumento da autonomia de gestão.

16. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) Em nosso país, o processo que permeia a formação do Estado nacional e da administração pública se revela pelas seguintes constatações, exceto:

a) a administração colonial se caracterizou pela centralização, formalismo e morosidade, decorrentes, em grande parte, do vazio de autoridade no imenso território.

b) a partir da administração pombalina, pouco a pouco, o empirismo paterna-lista do absolutismo tradicional foi sendo substituído pelo racionalismo típico do despotismo esclarecido.

c) a transferência da corte portuguesa, em 1808, e a consequente elevação do Brasil a parte integrante do Reino Unido de Portugal constituíram as bases do Estado nacional, com todo o aparato necessário à afirmação da soberania e ao funcionamento do autogoverno.

d) a partir da Revolução de 1930, o Brasil passou a empreender um continua-do processo de modernização das estruturas e processos do aparelho do Esta-do.

e) a República Velha, ao promover grandes alterações na estrutura do gover-no, lançou a economia rumo à industrialização e a administração pública rumo à burocracia weberiana.

17. (ESAF/MPOG/2009) Considerando a evolução da administração pública em nosso país, bem como as suas experiências de reforma, é correto afirmar que:

a) ao privilegiar o usuário do serviço público, o Programa Nacional de Desburo-cratização marcou pelo ineditismo, já que nenhum outro antes dele fora dota-do de caráter social e político.

b) a reforma administrativa de 1967 reduziu o fosso que separava as burocra-cias instaladas nas administrações direta e indireta, garantindo a profissionali-zação do serviço público em toda a sua extensão.

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c) a reforma dos anos 1990 visava, como um de seus objetivos, fortalecer o Estado de modo a torná-lo responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social.

d) a reforma burocrática de 1936 apoiou-se, conceitualmente, em três dimen-sões: formas de propriedade, tipos de administração pública e níveis de atua-ção do Estado.

e) com a República Velha, deu-se a primeira experiência radical de reforma administrativa, em resposta às mudanças econômicas e sociais que levavam o país rumo à industrialização.

18. (ESAF/ANA/2009) Com a chegada da família real portuguesa, em 1808, o Brasil foi, em muito, beneficiado por D. João VI. Sobre a forma de administração pública vigente naquele período, pode-se afirmar corretamente que a coroa portuguesa exerceu uma administração pública:

a) burocrática, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do sobe-rano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis.

b) gerencial, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e so-cial de sua então colônia.

c) patrimonialista, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ain-da assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis.

d) burocrática, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e so-cial de sua então colônia.

e) patrimonialista, uma vez que, a fim de combater a corrupção, centrou suas ações na profissionalização e na hierarquia funcional dos quadros do aparelho do Estado, dotando-o de inúmeros controles administrativos.

19. (ESAF/ANA/2009) Sobre o tema ‘administração pública gerencial’, é correto afirmar:

a) o consumerism e o public service oriented são visões completamente anta-gônicas da administração pública gerencial.

b) no Brasil, a adoção do gerencialismo na administração pública visa à efetiva implantação de um modelo burocrático weberiano, objetivo que nenhuma re-forma administrativa logrou alcançar.

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c) a primeira experiência de administração pública gerencial, em nosso país, remonta ao século passado, sendo seu marco a criação do DASP, por Getúlio Vargas, em 1936.

d) Tal como originalmente promulgada, em outubro de 1988, a Constituição Federal contemplava todos os preceitos do gerencialismo, não necessitando, para tanto, sofrer qualquer alteração posterior.

e) uma das principais críticas que se faz ao consumerism decorre do fato de o modelo não identificar, adequadamente, quem são os seus clientes, já que o conceito de ‘consumidor’ não equivale ao de ‘cidadão’.

20. (ESAF/ANA/2009) Considerando o marco teórico adotado pelo Plano Diretor para a Reforma do Aparelho do Estado, é correto afirmar:

a) com a expansão da administração indireta, o momento iniciado pela Consti-tuição de 1988 indica um processo de descentralização administrativa.

b) ao Núcleo Estratégico do Estado cabe desenvolver as atividades em que o “poder de Estado”, ou seja, o poder de legislar e tributar, é exercido.

c) a forma de administração burocrática é completamente indesejada, sendo sua aplicação proibida, qualquer que seja a circunstância.

d) por tentar superar a rigidez burocrática, a reforma iniciada pelo Decreto-Lei n. 200/1967 se constitui em um primeiro momento da administração pública gerencial em nosso país.

e) os conceitos de publicização e privatização se equivalem, podendo ser ado-tados de maneira indistinta.

21. (ESAF/PSS/2008) A Revolução de 1930, simbolicamente associada à quebra da espinha dorsal das oligarquias regionais, teve como desdobramento principal a criação do estado administrativo no Brasil. Sobre esta fase do processo de evolução da administração pública no Brasil, são corretos todos os enunciados abaixo, exceto:

a) até o final da década de 30, além dos militares, havia dois órgãos do gover-no federal – o Itamaraty e o Banco do Brasil – que tinham normas para ingres-so no serviço público, planos de carreira, regras para promoção baseadas no mérito, e tinham alimentado uma burocracia profissional com um ethos de serviço público.

b) durante o ciclo Vargas, a estratégia de ruptura com o modelo oligárquico e patrimonial envolveu a adoção de dois mecanismos típicos da administração racional-legal: estatutos normativos e órgãos normativos e fiscalizadores.

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c) por intermédio desses mecanismos tentou-se estabelecer princípios e regras e padronizar os procedimentos a serem adotados, em áreas estruturantes da organização pública: administração de material, financeira e de pessoal.

d) a Reforma de 1936 representou um momento fundamental para a reforma da administração de pessoal em especial, logrando a implantação de uma ad-ministração tipicamente weberiana, racional e legalmente orientada.

e) o regime político era dotado de acentuada autonomia burocrática em face do conjunto das forças sociais, com base na absorção ou cooptação dos agru-pamentos de interesse, quer regionais, quer funcionais.

22. (ESAF/EPPGG-MPOG/2008) A Revolução de 1930, simbolicamente associada à quebra da espinha dorsal das oligarquias regionais, teve como desdobramento principal a criação do estado administrativo no Brasil, por meio de dois mecanismos típicos da administração racional-legal: estatutos normativos e órgãos normativos e fiscalizadores. Na vertente administrativa stricto sensu, foram medidas tomadas no primeiro governo Vargas, exceto:

a) a Comissão Permanente de Padronização com atribuições voltadas para a área de material e a Comissão Permanente de Compras.

b) a Lei n. 184, de 28 de outubro, destinada a estruturar a área de pessoal estabelecendo normas básicas, sistema de classificação de cargos e a criação do Conselho Federal do Serviço Público Civil.

c) normas de administração de pessoal na Constituição de 1934, na qual, por meio dos artigos 168 e 170, § 2º, introduziu-se o princípio do mérito na orga-nização de pessoal.

d) implantação, na administração pública direta, do Estatuto dos Servidores Públicos Civis, por meio da Lei n. 1.711, que vigorou até 1990.

e) a Comissão Especial do Legislativo e do Executivo (Lei n. 51, de 14/5/35), cujo objetivo era apresentar uma proposta de reorganização administrativa e revisão geral de vencimentos, respeitando-se o critério de igual remuneração para aqueles que exercessem funções e responsabilidades iguais.

23. (ESAF/EPPGG-MPOG/2008) A partir de 1964, a reforma administrativa fez parte da agenda governamental do regime militar com grande recorrência. Uma das peças centrais nas iniciativas de reforma administrativa brasileira foi o Decreto-Lei 200, de 25/02/1967, que inclui todos os princípios norteadores abaixo, exceto:

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a) reagrupamento de departamentos, divisões e serviços de planejamento na Secretaria de Planejamento da Presidência da República, com amplos poderes, superiores aos de qualquer outro ministério.

b) expansão das empresas estatais, de órgãos independentes (fundações) e semi-independentes (autarquias).

c) fortalecimento e expansão do sistema de mérito.

d) planejamento, descentralização, delegação de autoridade, coordenação e controle.

e) diretrizes gerais para um novo plano de classificação de cargos.

24. (ESAF/APO-MPOG/2008) A revisão das experiências reformistas da administração pública brasileira — com ênfase na sua natureza, quando implementadas — e de seus resultados, mostra que são verdadeiros todos os enunciados abaixo, exceto:

a) em todo e qualquer regime (autoritário, quase-democrático, autoritário-militar, de transição e democrático) e, consequentemente, em quase todos os governos, foram propostas medidas que visavam reformar a administração pública federal.

b) do ponto de vista substantivo, as propostas sempre foram globais e gerais, e não específicas e incrementais, com a única exceção do governo Sarney.

c) com frequência, as tentativas de reforma administrativa ou foram aborta-das, porque não chegaram a se consubstanciar em anteprojetos de lei, ou por-que foram retiradas pelo Executivo do Congresso Nacional; ou não tiveram sequência e não alcançaram os resultados desejáveis em decorrência de erros de estratégia política.

d) as reformas oscilam entre o fortalecimento da administração direta e a des-centralização administrativa.

e) a partir da Comissão Amaral Peixoto, foram feitos diversos diagnósticos divergentes e propostas que são recorrentemente incorporados a “novos” di-agnósticos, dando origem a propostas e instrumentos legais diversificados.

25. (ESAF/APO-MPOG/2008) A história recente mostra que a reforma administrativa sempre esteve presente na agenda de políticas governamentais, desde 1930. Com base na literatura que analisa as várias reformas administrativas, é possível estabelecer algumas conclusões sobre os resultados das iniciativas governamentais nessa área. Examine os enunciados abaixo e assinale a resposta correta.

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1. A despeito das diversas tentativas, nunca se logrou implantar uma burocra-cia do tipo weberiano no Brasil, porque os textos legais que mais se aproxima-ram desse ideal abriam brechas que se contrapunham ao espírito da burocracia racional-legal ou propunham a superação desta.

2. Independentemente de regime político e de governo, o Brasil sempre convi-veu com segmentos dispersos de uma burocracia weberiana em vários níveis da administração, interpenetrada e convivendo com um alto teor de patrimoni-alismo administrativo.

3. Contrapondo-se a essa administração, essencialmente amorfa, destacavam-se as “ilhas de excelência”, razoavelmente imunes ao processo político e carac-terizadas pela elevada competência de seus membros.

4. A efetiva profissionalização do servidor, tentada várias vezes, só veio a se realizar no Brasil após a Constituição Federal de 1988, já que até então a ad-ministração pública sempre conviveu com a multiplicidade de cargos, de planos salariais especiais e de “trens da alegria”, típicos de final de administração.

a) Somente o enunciado número 1 está incorreto.

b) Todos os enunciados estão incorretos.

c) Somente o enunciado número 4 está incorreto.

d) Somente o enunciado número 2 está incorreto.

e) Todos os enunciados estão corretos.

26. (ESAF/STN/2008) De acordo com o Decreto-Lei 200, de 25 de fevereiro de 1967, as atividades da Administração Pública obedecerão aos seguintes princípios fundamentais:

i) Ação governamental que visa promover o desenvolvimento econômico-social do País e a segurança nacional.

ii) Atividade governamental responsável pela execução dos planos e programas de governo.

iii) Princípio que, ao ser implementado, libera o órgão da Administração Fede-ral das atividades de rotinas de execução de tarefas de mera formalização de atos administrativos, para que possa concentrar-se nas atividades de planeja-mento, supervisão, coordenação e controle.

iv) Trata-se de instrumento de descentralização administrativa, com objetivo de assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-se nas proxi-midades dos fatos, público-alvo ou problemas.

v) Atividade da Administração Federal que deverá ser exercida em todos os níveis e órgãos, compreendendo, particularmente: chefia competente, órgãos

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próprios de cada sistema, com observância às normas e recursos (financeiros e bens).

Os princípios descritos nos enunciados anteriores correspondem, respectivamente, a:

a) Controle, Planejamento, Coordenação, Descentralização, Delegação de Competência.

b) Planejamento, Coordenação, Descentralização, Delegação de Competência e Controle.

c) Coordenação, Controle, Planejamento, Descentralização e Delegação de Competência.

d) Descentralização, Controle, Planejamento, Coordenação e Delegação de Competência.

e) Delegação de Competência, Descentralização, Controle, Planejamento e Coordenação.

27. (ESAF/CGU/2008) Apesar da heterogeneidade de situações que cara-cterizam a administração pública brasileira nos diferentes níveis de governo, a União tem promovido reformas em sua estrutura para fazer face aos processos de industrialização e à crise fiscal do Estado. A modernização da administração pública por meio do uso de instrumentos próprios da gestão de empresas privadas, a criação de uma administração indireta com procedimentos próprios de contratação e gestão de funcionários e de processos de compras públicas são características presentes .....................................

Selecione a opção que completa corretamente a frase acima.

a) na criação do DASP.

b) na criação de Agências Reguladoras.

c) na formação do Estado brasileiro.

d) nas ações implementadas a partir do Decreto-Lei 200.

e) no alinhamento ao Estado mínimo.

28. (ESAF/CGU/2006) Complete a frase com a opção correta.

O principal objetivo do Programa Nacional de Desburocratização instituído em 1979 era. ....

a) descentralizar a administração pública federal por meio da criação de autarquias.

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b) privatizar o setor produtivo nas mãos do Estado.

c) aumentar a participação do cidadão na definição do orçamento público.

d) dinamizar e simplificar o funcionamento da administração pública federal.

e) criar entes para atender diretamente o usuário de serviços públicos.

29. (ESAF/ENAP/2006) Selecione a opção que indica corretamente aspectos da reforma administrativa brasileira da década de trinta.

a) Criação do Departamento de Pessoal do Servidor Público, adoção de princí-pios de desconcentração, instituição de carreiras no serviço público, recruta-mento baseado no mérito.

b) Criação do Departamento Administrativo do Serviço Público, adoção de prin-cípios de centralização, instituição de carreiras no serviço público, recrutamen-to baseado no mérito.

c) Criação da Escola de Relações Humanas, adoção de princípios hierárquicos, instituição de remuneração por produção, recrutamento baseado no sistema discricionário.

d) Criação do Departamento Administrativo do Serviço Público, adoção de prin-cípios hierárquicos, instituição de carreiras técnico-profissionais, recrutamento baseado no sistema discricionário.

e) Criação do Departamento Pessoal do Servidor Público, adoção de princípios de horizontalização, formalização da função orçamentária, recrutamento base-ado no mérito.

30. (ESAF/EPPGG-MPOG/2005) Com relação às mudanças no papel do Estado, apresentadas no Plano Diretor para a reforma do aparelho do Estado, de 1995, classifique as opções a seguir em Verdadeiras (V) ou Falsas (F).

( ) Na reforma, a redefinição do papel do Estado adquiriu importância decisiva diante de sua forte presença na economia internacional e de sua impossibilida-de de atender com eficiência à sobrecarga de demandas a ele dirigidas, sobre-tudo na área econômica.

( ) A reforma devia ser entendida dentro do contexto da redefinição do papel do Estado, que deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento eco-nômico e social pela via da produção de bens e serviços, transferindo para o setor privado as atividades que podem ser controladas pelo mercado.

( ) Na reforma, o Estado delegou ao setor privado seu papel de executor ou regulador direto de serviços, mantendo-se entretanto como provedor ou pro-

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motor desses, principalmente dos serviços sociais – essenciais para o desen-volvimento, para a democracia e para uma distribuição de renda mais justa.

( ) A reforma buscou o fortalecimento das funções de coordenação e prestação de serviços pelo Estado, particularmente no nível federal, e a progressiva des-concentração vertical das funções executivas no campo da prestação de servi-ços sociais e de infraestrutura.

Assinale a opção correta.

a) F, F, F, V

b) V, F, V, F

c) V, V, V, F

d) V, F, V, V

e) F, V, F, F

31. (ESAF/EPPGG-MPOG/2005) De acordo com o Plano Diretor para a reforma do Estado de 1995, indique qual projeto tem como objetivo permitir a descentralização de atividades no setor de prestação de serviços, a partir do pressuposto que esses serviços serão mais eficientemente realizados se, mantendo o financiamento do Estado, forem executados pelo setor público não-estatal.

a) O projeto das Agências Autônomas.

b) O projeto das Organizações Sociais.

c) O projeto das Redes de Governo.

d) O projeto das Privatizações.

e) O projeto dos Sistemas de Gestão.

32. (ESAF/APO-MPOG/2005) Raimundo Faoro em “Os Donos do Poder” (1958) apresentou uma interpretação sobre o subdesenvolvimento do Brasil no qual descreveu, entre outras coisas, as mazelas da administração pública brasileira. Aponte a opção que se enquadra no argumento desse autor.

a) Apesar das inúmeras mudanças históricas pelas quais passou o Brasil, o aparato administrativo e político permaneceu sob a apropriação de um mesmo grupo social, que tinha como objetivo a obtenção de poder, prestígio e riqueza.

b) Baseado em uma abordagem marxista, Faoro demonstra como a burocracia brasileira tinha um caráter patronal, sendo apropriada por uma burguesia que era intimamente ligada às elites políticas.

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c) Apropriação da máquina administrativa e política era feita por setores de uma elite agrária, que faziam prevalecer os seus interesses na prevalência da política de agro-exportação.

d) A herança portuguesa de captura do aparelho do Estado, por parte de uma burguesia, guarda estritas relações com a abordagem de Caio Prado Jr. – autor contemporâneo de Faoro, que também interpretou o subdesenvolvimento.

e) A herança da administração colonial portuguesa gerou o chamado “patrona-to político brasileiro”, responsável pela predominância da força política rural descentralizada sobre a urbana centralizada.

33. (ESAF/APO-MPOG/2005) No Brasil, durante o século XIX, o número de funcionários públicos cresceu muito, sem seguir uma racionalidade administrativa. Esse processo é importante também para compreendermos momentos posteriores da administração pública brasileira. Levando em conta o trabalho de José Murilo de Carvalho “A Construção da Ordem e Teatro das Sombras” (2003), assinale a opção incorreta sobre as razões desse crescimento.

a) A burocracia era, sobretudo, um “cabide de empregos” para as elites portu-guesas residentes no Brasil, que se apropriavam do Estado, formando um es-tamento sólido e insulado de outros setores da sociedade.

b) A burocracia possuía funções latentes, ou seja, respondia não apenas a questões de ordem administrativa, mas social e política, empregando inclusive parte do proletariado.

c) A burocracia agregava setores dinâmicos da sociedade, que faziam pressão, devido ao limitado leque de ocupações do mercado brasileiro, para escapar das limitações do mundo escravista.

d) A burocracia servia como elemento de cooptação de potenciais opositores oriundos de setores médios urbanos e das alas decadentes da grande proprie-dade rural.

e) A burocracia acabou representando um papel mais importante para o siste-ma político brasileiro como um todo, que para a própria administração pública brasileira.

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29. B

30. E

31. B

32. A

33. A

77.. LLeeiittuurraa SSuuggeerriiddaa “As reformas administrativas no Brasil: modelos, sucessos e fracassos”. Olavo Brasil de Lima Junior http://www.enap.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=1563

“Brasil: 200 anos de Estado; 200 anos de administração pública; 200 anos de reformas”, de Frederico Lustosa da Costa, disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rap/v42n5/a03v42n5.pdf