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Filosofia I para Psicologia Aula 1

Aula Fil I - 01

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Filosofia I para PsicologiaAula 1QuestesProvas ou trabalho?Horrio?1. IntroduoObjetivoIniciao filosofia pelo contato direto com os textosObjetivoIniciao filosofia pelo contato direto com os textosNo apresentar a filosofia como um conjunto de doutrinas que dissolveria os paradoxos das cinciasObjetivoIniciao filosofia pelo contato direto com os textosNo apresentar a filosofia como um conjunto de doutrinas que dissolveria os paradoxos das cinciasMas como mostrando o carter surpreendente do conhecimentoTextos-385: Plato. Banquete

1945: Maurice Merleau-Ponty. A Dvida de Czanne

1978: Michel Foucault. Histria da Sexualidade

Tema-385: Plato. Banquete Eros1945: Maurice Merleau-Ponty. A Dvida de Czanne

1978: Michel Foucault. Histria da Sexualidade

Tema-385: Plato. Banquete Eros1945: Maurice Merleau-Ponty. A Dvida de CzanneSexualidade e criao

1978: Michel Foucault. Histria da Sexualidade

Tema-385: Plato. Banquete Eros1945: Maurice Merleau-Ponty. A Dvida de CzanneSexualidade e criao

1978: Michel Foucault. Histria da Sexualidade Sexualidade e discurso

MasMasO que significa o estudo que faremos aqui de Eros?MasO que significa o estudo que faremos aqui de Eros?Isto , o que significa a filosofia?MasO que significa o estudo que faremos aqui de Eros?Isto , o que significa a filosofia?E por que foi dito que ela da ordem de um conhecimento surpreendente?2. Trs problemas para o acesso filosofia1. Ausncia do termoHistoricamente, a filosofia surgiu sem possuir um nome prprio1. Ausncia do termoHistoricamente, a filosofia surgiu sem possuir um nome prprioA Escola pitagrica comeou a empregar o termo filsofo para nomear seus iniciados1. Ausncia do termoHistoricamente, a filosofia surgiu sem possuir um nome prprioA Escola pitagrica comeou a empregar o termo filsofo para nomear seus iniciadosCriou o termo matemtica, mas no filosofia1. Ausncia do termoHistoricamente, a filosofia surgiu sem possuir um nome prprioA Escola pitagrica comeou a empregar o termo filsofo para nomear seus iniciadosCriou o termo matemtica, mas no filosofiaFoi apenas com Plato que o termo filosofia foi criado1. Ausncia do termoHistoricamente, a filosofia surgiu sem possuir um nome prprioA Escola pitagrica comeou a empregar o termo filsofo para nomear seus iniciadosCriou o termo matemtica, mas no filosofiaFoi apenas com Plato que o termo filosofia foi criadoMas a relao com a tradio anterior ficou problematizada2. O problema de sua histriaFilosofia inicia-se duas vezes:2. O problema de sua histriaFilosofia inicia-se duas vezes:Primeiramente, no sculo VI a.c.: 2. O problema de sua histriaFilosofia inicia-se duas vezes:Primeiramente, no sculo VI a.c.: Filsofos ditos pr-socrticos2. O problema de sua histriaFilosofia inicia-se duas vezes:Primeiramente, no sculo VI a.c.: Filsofos ditos pr-socrticosFronteiras da Grcia: Siclia, proximidade do Imprio Persa2. O problema de sua histriaFilosofia inicia-se duas vezes:Primeiramente, no sculo VI a.c.: Filsofos ditos pr-socrticosFronteiras da Grcia: Siclia, proximidade do Imprio PersaNovamente, no sculo V a.c.: 2. O problema de sua histriaFilosofia inicia-se duas vezes:Primeiramente, no sculo VI a.c.: Filsofos ditos pr-socrticosFronteiras da Grcia: Siclia, proximidade do Imprio PersaNovamente, no sculo V a.c.: Scrates-Plato em Atenas2. O problema de sua histriaFilosofia inicia-se duas vezes:Primeiramente, no sculo VI a.c.: Filsofos ditos pr-socrticosFronteiras da Grcia: Siclia, proximidade do Imprio PersaNovamente, no sculo V a.c.: Scrates-Plato em AtenasConhecimento dos pr-socrticos vem de fontes posteriores, como Plato e Aristteles, aproximadamente 200 anos depois2. O problema de sua histriaConhecimento dos pr-socrticos vem de fontes posteriores, como Plato e Aristteles, aproximadamente 200 anos depoisGrande parte fornecida por textos escritos um milnio aps Simplcio, um filsofo neoplatnico perseguido pela Igreja2. O problema de sua histriaConhecimento dos pr-socrticos vem de fontes posteriores, como Plato e Aristteles, aproximadamente 200 anos depoisGrande parte fornecida por textos escritos um milnio aps Simplcio, um filsofo neoplatnico perseguido pela IgrejaHiplito de Roma, telogo que formou o cristianismo nascente, em seu livro Refutao de todas Heresias2. O problema de sua histria529 d.c.: Imperador Justiniano fecha as escolas de filosofia2. O problema de sua histria529 d.c.: Imperador Justiniano fecha as escolas de filosofiaEmigrao dos filsofos para o mundo rabe, que guardou a filosofia grega durante aproximadamente 1000 anos2. O problema de sua histria529 d.c.: Imperador Justiniano fecha as escolas de filosofiaEmigrao dos filsofos para o mundo rabe, que guardou a filosofia grega durante aproximadamente 1000 anosFilosofia feita durante a Idade Mdia no Ocidente: repetio, no mundo cristo, de uma tradio2. O problema de sua histria529 d.c.: Imperador Justiniano fecha as escolas de filosofiaEmigrao dos filsofos para o mundo rabe, que guardou a filosofia grega durante aproximadamente 1000 anosFilosofia feita durante a Idade Mdia no Ocidente: repetio, no mundo cristo, de uma tradioNo mais filosofia enquanto investigao2. O problema de sua histria529 d.c.: Imperador Justiniano fecha as escolas de filosofiaEmigrao dos filsofos para o mundo rabe, que guardou a filosofia grega durante aproximadamente 1000 anosFilosofia feita durante a Idade Mdia no Ocidente: repetio, no mundo cristo, de uma tradioNo mais filosofia enquanto investigaoRaras excees: Santo Agostinho2. O problema de sua histria3. O senso-comum3. O senso-comumFoi o caso de Tales, Teodoro, quando observava os astros; porque olhava para o cu, caiu num poo. Contam que uma decidida e espirituosa rapariga da Trcia zombou dele, com dizer-lhe que ele procurava conhecer o que se passava no cu mas no via o que estava junto dos prprios ps. Essa pilhria se aplica a todos os que vivem para a filosofia. [] Mas o que seja o homem e o que, por natureza, lhe cumpre fazer ou suportar, para distingui-lo dos outros seres, eis o que ele procura conhecer, sem se poupar a esforos em sua investigao.Plato, Teeteto3. Tales de MiletoLeituraAristteles, Metafsica I.3ObservaoO termo metafsica no de AristtelesObservaoO termo metafsica no de Aristteles um termo editorial, criado provavelmente por Andrnico de Rodes (60 d.c.)ObservaoO termo metafsica no de Aristteles um termo editorial, criado provavelmente por Andrnico de Rodes (60 d.c.)Significaria: aquele tratado de Aristteles a ser publicado aps (meta) os textos sobre a fsicaObservaoO termo metafsica no de Aristteles um termo editorial, criado provavelmente por Andrnico de Rodes (60 d.c.)Significaria: aquele tratado de Aristteles a ser publicado aps (meta) os textos sobre a fsicaMas esse termo empregado como sinnimo de filosofiaObservaoO termo metafsica no de Aristteles um termo editorial, criado provavelmente por Andrnico de Rodes (60 d.c.)Significaria: aquele tratado de Aristteles a ser publicado aps (meta) os textos sobre a fsicaMas esse termo empregado como sinnimo de filosofiaAquilo que a filosofia investiga, no se encontra esgotado pela fsica antes a explicaOs que por primeiro filosofaram, em sua maioria, pensaram que os princpios de todas as coisas fossem exclusivamente materiais. [] Tales, iniciador desse tipo de filosofia, diz que o princpio a gua

LeituraNietzsche, A Filosofia na poca Trgica dos Gregos, 1873A filosofia grega parece comear com uma ideia absurda, com a proposio: a gua a origem e a matriz de todas as coisas

A filosofia grega parece comear com uma ideia absurda, com a proposio: a gua a origem e a matriz de todas as coisas. Ser mesmo necessrio deter-nos nela e lev-la a srio?

A filosofia grega parece comear com uma ideia absurda, com a proposio: a gua a origem e a matriz de todas as coisas. Ser mesmo necessrio deter-nos nela e lev-la a srio? Sim, e por trs razes: em primeiro lugar, porque essa proposio enuncia algo sobre a origem das coisas

A filosofia grega parece comear com uma ideia absurda, com a proposio: a gua a origem e a matriz de todas as coisas. Ser mesmo necessrio deter-nos nela e lev-la a srio? Sim, e por trs razes: em primeiro lugar, porque essa proposio enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque faz sem imagem e fabulao

A filosofia grega parece comear com uma ideia absurda, com a proposio: a gua a origem e a matriz de todas as coisas. Ser mesmo necessrio deter-nos nela e lev-la a srio? Sim, e por trs razes: em primeiro lugar, porque essa proposio enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque faz sem imagem e fabulao; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crislida, est contido o pensamento: Tudo um.

4. Retomada do objetivo do cursoObjetivoIniciao filosofia pelo contato direto com os textosNo apresentar a filosofia como um conjunto de doutrinas que dissolveria os paradoxos das cinciasMas como mostrando o carter surpreendente do conhecimento ObjetivoIsso requer uma sensibilidade para com a situao histrica do pensamentoObjetivoIsso requer uma sensibilidade para com a situao histrica do pensamentoMas no a histria que o determinaObjetivoIsso requer uma sensibilidade para com a situao histrica do pensamentoMas no a histria que o determina necessrio que sejamos sensveis preciso do pensamentoObjetivoIsso requer uma sensibilidade para com a situao histrica do pensamentoMas no a histria que o determina necessrio que sejamos sensveis preciso do pensamentoE ao modo pelo qual ele estabelece novas condies de nossa experincia no mundoObjetivoIntroduo filosofia enquanto: ObjetivoIntroduo filosofia enquanto: Um modo de pensamento que no d respostasObjetivoIntroduo filosofia enquanto: Um modo de pensamento que no d respostasMas cujo acesso permite que compreendamos a origem e a transformao de noes com que trabalhamos correntementeObjetivoIntroduo filosofia enquanto: Um modo de pensamento que no d respostasMas cujo acesso permite que compreendamos a origem e a transformao de noes com que trabalhamos correntementeUm modo de pensamento que ser menos descrito que experienciado pela leitura, discusso e escrita5. A criao de conceitos em filosofiaLeituraHomero, Ilada, Canto XVIIjax pediu a Zeus, no campo de batalha diante de Tria: Salve os filhos dos Aqueus do ar... Escravize-nos, mas que seja na luz. Escutando a prece, Zeus dissolveu o ar e separou a bruma, e o sol brilhou e todo campo de batalha podia ser visto claramente

Aer significava neblina, nevoeiroAer significava neblina, nevoeiro o olhar filosfico que permitiu ver o ar enquanto invisvelAer significava neblina, nevoeiro o olhar filosfico que permitiu ver o ar enquanto invisvelO mundo fsico que a filosofia estuda algo que aparece como uma questoUmFilosofia inicia-se enquanto uma interrogao sobre o mundo fsicoUmFilosofia inicia-se enquanto uma interrogao sobre o mundo fsicoTudo gua, tudo fogo, tudo arUmFilosofia inicia-se enquanto uma interrogao sobre o mundo fsicoTudo gua, tudo fogo, tudo arPhysis: crescer, surgir. Exemplo: plantasUmFilosofia inicia-se enquanto uma interrogao sobre o mundo fsicoTudo gua, tudo fogo, tudo arPhysis: crescer, surgir. Exemplo: plantasO diverso nossa volta possui uma ordem prpriaUmFilosofia inicia-se enquanto uma interrogao sobre o mundo fsicoTudo gua, tudo fogo, tudo arPhysis: crescer, surgir. Exemplo: plantasO diverso nossa volta possui uma ordem prpriaKsmos: ordem invisvelUmFilosofia inicia-se enquanto uma interrogao sobre o mundo fsicoTudo gua, tudo fogo, tudo arPhysis: crescer, surgir. Exemplo: plantasO diverso nossa volta possui uma ordem prpriaKsmos: ordem invisvelUm: princpio nico que explica a ordemLeituraNietzsche, Para alm do Bem e do Mal, 292, 1886 Um filsofo: um homem que continuamente vive, v, escuta, suspeita, espera, sonha coisas extraordinrias; a quem seus prprios pensamentos parecem vir do exterior, de cima e de baixo, como se eventos ou raios se destinassem a ele; que talvez mesmo uma tempestade plena de novos troves; um homem fatal, em torno do qual continuamente estronda, murmura, abrem-se abismos e aproxima-se o inquietante. Um filsofo: oh, um ser que frequentemente foge de si mesmo, frequentemente tem medo de si mas que curioso demais e, a cada vez, retorna a si...

6. A tradioA tradio considerada como tendo uma antiga origem:Sem necessidade de justificao

A tradio considerada como tendo uma antiga origem:Sem necessidade de justificao

A partir do Iluminismo, o conceito de modernidade foi contraposto ao de tradio enquanto o efetivo meio para o progressoMasCamembert Roupa de judeus ortodoxos Vestido de casamento (Hobsbawm, A Inveno das Tradies)Tradio: termo empregado na lei romana em referncia ao conceito de herana

Tradio: traditio, do verbo traderere or tradere Trans, atravs, e dare, dar: fazer passar, transmitir, dar para ser assegurado

Tradio:SeleoTransmissoConservaoEssa definio vlida para:Hbitos e costumes (sexualidade, regras de polidez)Explicando que eles possam diferir de gerao para gerao

Mas tambm para o campo do saber:Os valores pelos quais compreendemos o mundo em filosofia e nas cincias

Mas tambm para o campo do saber:Os valores pelos quais compreendemos o mundo em filosofia e nas cincias

A Crise da Tradio: O que dizem valores passados para o momento presente?A crise na filosofia:NietzscheMarxMarx e Engels, Manifesto do Comunista, 1848A histria de todas as sociedades que existiram at nossos dias tem sido a histria das lutas de classes. A sociedade burguesa moderna, que brotou das runas da sociedade feudal, no aboliu os antagonismos de classe. No fez seno substituir novas classes, novas condies de opresso, novas formas de luta s que existiram no passado. Entretanto, a nossa poca, a poca da burguesia, caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de classe. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado. A burguesia desempenhou na Histria um papel eminentemente revolucionrio. Onde quer que tenha conquistado o poder, a burguesia calcou aos ps as relaes feudais, patriarcais e idlicas. Todos os complexos e variados laos que prendiam o homem feudal a seus "superiores naturais" ela os despedaou sem piedade, para s deixar subsistir, de homem para homem, o lao do frio interesse, as duras exigncias do "pagamento vista"

A burguesia despojou de sua aurola todas as atividades at ento reputadas venerveis e encaradas com piedoso respeito. Do mdico, do jurista, do sacerdote, do poeta, do sbio fez seus servidores assalariados. A burguesia s pode existir com a condio de revolucionar incessantemente os instrumentos de produo, por conseguinte, as relaes de produo e, como isso, todas as relaes sociais. A conservao inalterada do antigo modo de produo constitua, pelo contrrio, a primeira condio de existncia de todas as classes industriais anteriores. Essa revoluo contnua da produo, esse abalo constante de todo o sistema social, essa agitao permanente e essa falta de segurana distinguem a poca burguesa de todas as precedentes.Dissolvem-se todas as relaes sociais antigas e cristalizadas, com seu cortejo de concepes e de ideias secularmente veneradas; as relaes que as substituem tornam-se antiquadas antes de se ossificar. Tudo que era slido e estvel se esfuma, tudo o que era sagrado profanado, e os homens so obrigados finalmente a encarar com serenidade suas condies de existncia e suas relaes recprocas. Crise sentida nas cincias:MatemticaFsicaCincias humanas e sociais reivindicaram uma cientificidade que j era problemtica para as cincias fundamentais7. Estrutura do cursoAtualmente: quadro de perda da tradioAssociado industrializao e globalizaoAtualmente: quadro de perda da tradioAssociado industrializao e globalizao

Mas tambm movimentos de preservao da tradio:Linguagens tradicionaisContribuio negra cultura brasileiraMas aqui seguiremos o problema filosfico da tradio e de seu fimConfrontao entre o discurso filosfico e a questo da sexualidadeEm particular, pela leitura:De um texto de Plato, central para a compreenso de Eros na tradio, O BanqueteEm particular, pela leitura:De um texto de Plato, central para a compreenso de Eros na tradio, O BanqueteDe um texto de Merleau-Ponty que interroga a criao artstica em confronto com a leitura de Freud, A Dvida de CzanneEm particular, pela leitura:De um texto de Plato, central para a compreenso de Eros na tradio, O BanqueteDe um texto de Merleau-Ponty que interroga a criao artstica em confronto com a leitura de Freud, A Dvida de CzanneDe um texto de Foucault, sobre o discurso, ou o excesso de discurso sobre o sexo em nossa cultura, A Histria da Sexualidade