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Auxílio-doença e férias O auxílio-doença é um benefício previdenciário pago pela Previdência Social quando o empregado se afasta do trabalho por motivo de doença por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Durante o período em que o empregado se encontra afastado em gozo de auxílio-doença, o contrato de trabalho fica com os seus efeitos suspensos, porque não há pagamento de salários pelo empregador e nem a obrigação de o empregado prestar serviço. Igualmente, o empregador não tem a obrigação legal de pagar 13º salário referente ao período de concessão do auxílio-doença, cabendo ao INSS o pagamento do abono anual desse período. Se a doença ocorrer no período em que o empregado estiver em gozo das férias, estas não se interrompem. Todavia, se a incapacidade decorrente da doença persistir após o retorno das férias, o empregador será obrigado a pagar os primeiros 15 dias de afastamento do empregado. Se o empregado fica afastado por mais de seis meses, contínuos ou descontínuos, em gozo de auxílio-doença durante o período aquisitivo das férias, perde o direito a elas, conforme prescreve o artigo 133, inciso IV, da Consolidação das Leis do Trabalho. "Artigo 133. Não terá direito a férias o empregado que no curso do período aquisitivo: (....) IV - tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos. (...) Nesse caso, o novo período aquisitivo de férias inicia-se a partir do retorno do empregado às suas atividades, conforme dispõe o parágrafo 2º do artigo 133, da CLT: "Iniciar-se-á o decurso de novo período aquisitivo quando o empregado, após o implemento de qualquer das condições previstas neste artigo, retornar ao serviço". Isso quer dizer que o empregado perde o direito ao tempo relativo ao período incompleto das férias, ou seja, ao período anterior à suspensão do contrato de trabalho, porque a lei determina que se comece a contar novo período aquisitivo a partir da data em que o empregado retorna ao trabalho. Tal imposição nos parece injusta, uma vez que o empregado deveria ter o direito de receber férias proporcionais aos meses trabalhados da mesma forma que o trabalhador que é dispensado sem justa causa antes de completar novo período aquisitivo. Não há razão para distinguir os dois casos. Quando o empregado esteve em gozo de auxílio-doença, por período inferior a seis meses, faz jus às férias integrais. Se o empregado já tinha completado o período aquisitivo das férias, quando se afastou do trabalho em gozo de auxílio-doença, entendemos que o empregador poderá conceder as férias após a alta médica do INSS, ainda que isso ocorra após o término do período concessivo, sem obrigatoriedade de pagamento em dobro. A sanção prevista no artigo 137, da CLT, deve ser aplicada nas hipóteses em que a concessão das férias fora do prazo legal é determinada pelo empregador, e não no caso em que o impedimento à fruição das férias no período legal ocorreu por motivo de doença do empregado, quando não há qualquer responsabilidade do empregador. Nesse sentido, merece destaque a lição de Raimundo Cerqueira Ally: "Incompatível a fluência simultânea do auxílio-doença com as férias. Se, à data do afastamento, o empregado tiver completado o período aquisitivo, as férias somente serão concedidas após a alta, ainda que longo seja o período de afastamento. A concessão das férias, in casu, subordina-se à condição suspensiva do contrato (gozo de auxílio-doença), o que impede, enquanto o afastamento durar, o pagamento em dobro (artigo 137 da CLT), o pedido de fixação, por sentença, da época de gozo (artigo 137, § 1º), a antecipação ao abono pecuniário (artigos. 143 e 145 da CLT) e o curso da prescrição (artigos 149, da CLT, e 170, I, do Código Civil). As férias serão indenizadas se houver a extinção do contrato de trabalho. Tomar-se-á para o cálculo das férias a remuneração que for devida à época da concessão (artigo 142 da CLT) ou à data da indenização, observados os reajustes e vantagens atribuídos à categoria do empregado durante o período de afastamento (artigo 471 da CLT)". (Normas Previdenciárias no Direito do Trabalho, Raimundo Cerqueira Ally, 5ª edição, IOB, pág. 102) Portanto, durante o período de gozo do auxílio-doença, o empregado não poderá iniciar a fruição de suas férias, tampouco terá direito ao seu pagamento, de forma indenizada. O direito à remuneração das férias só se concretiza quando da sua fruição, conforme dispõem os artigos 142 e 145, da CLT. Somente se o INSS converter o auxílio-doença em aposentadoria por invalidez é que o empregador deverá promover o pagamento das férias vencidas, de forma indenizada. Fonte: última Instância, por Aparecida Tokumi Hashimoto Auxílio-doença e férias http://www.granadeiro.adv.br/template/template_clipping.php?Id=8076 1 de 2 12/01/2015 13:49

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Auxílio-doença e férias

O auxílio-doença é um benefício previdenciário pago pela Previdência Social quando o empregado se afasta dotrabalho por motivo de doença por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Durante o período em que oempregado se encontra afastado em gozo de auxílio-doença, o contrato de trabalho fica com os seus efeitossuspensos, porque não há pagamento de salários pelo empregador e nem a obrigação de o empregado prestarserviço.Igualmente, o empregador não tem a obrigação legal de pagar 13º salário referente ao período de concessão doauxílio-doença, cabendo ao INSS o pagamento do abono anual desse período. Se a doença ocorrer no período emque o empregado estiver em gozo das férias, estas não se interrompem. Todavia, se a incapacidade decorrenteda doença persistir após o retorno das férias, o empregador será obrigado a pagar os primeiros 15 dias deafastamento do empregado.Se o empregado fica afastado por mais de seis meses, contínuos ou descontínuos, em gozo de auxílio-doençadurante o período aquisitivo das férias, perde o direito a elas, conforme prescreve o artigo 133, inciso IV, daConsolidação das Leis do Trabalho."Artigo 133. Não terá direito a férias o empregado que no curso do período aquisitivo:(....)IV - tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por mais de 6(seis) meses, embora descontínuos.(...)Nesse caso, o novo período aquisitivo de férias inicia-se a partir do retorno do empregado às suas atividades,conforme dispõe o parágrafo 2º do artigo 133, da CLT: "Iniciar-se-á o decurso de novo período aquisitivo quandoo empregado, após o implemento de qualquer das condições previstas neste artigo, retornar ao serviço".Isso quer dizer que o empregado perde o direito ao tempo relativo ao período incompleto das férias, ou seja, aoperíodo anterior à suspensão do contrato de trabalho, porque a lei determina que se comece a contar novoperíodo aquisitivo a partir da data em que o empregado retorna ao trabalho.Tal imposição nos parece injusta, uma vez que o empregado deveria ter o direito de receber fériasproporcionais aos meses trabalhados da mesma forma que o trabalhador que é dispensado sem justa causa antesde completar novo período aquisitivo. Não há razão para distinguir os dois casos.Quando o empregado esteve em gozo de auxílio-doença, por período inferior a seis meses, faz jus às fériasintegrais.Se o empregado já tinha completado o período aquisitivo das férias, quando se afastou do trabalho em gozo deauxílio-doença, entendemos que o empregador poderá conceder as férias após a alta médica do INSS, ainda queisso ocorra após o término do período concessivo, sem obrigatoriedade de pagamento em dobro.A sanção prevista no artigo 137, da CLT, deve ser aplicada nas hipóteses em que a concessão das férias fora doprazo legal é determinada pelo empregador, e não no caso em que o impedimento à fruição das férias noperíodo legal ocorreu por motivo de doença do empregado, quando não há qualquer responsabilidade doempregador.Nesse sentido, merece destaque a lição de Raimundo Cerqueira Ally:"Incompatível a fluência simultânea do auxílio-doença com as férias. Se, à data do afastamento, o empregadotiver completado o período aquisitivo, as férias somente serão concedidas após a alta, ainda que longo seja operíodo de afastamento. A concessão das férias, in casu, subordina-se à condição suspensiva do contrato (gozode auxílio-doença), o que impede, enquanto o afastamento durar, o pagamento em dobro (artigo 137 da CLT), opedido de fixação, por sentença, da época de gozo (artigo 137, § 1º), a antecipação ao abono pecuniário(artigos. 143 e 145 da CLT) e o curso da prescrição (artigos 149, da CLT, e 170, I, do Código Civil). As fériasserão indenizadas se houver a extinção do contrato de trabalho. Tomar-se-á para o cálculo das férias aremuneração que for devida à época da concessão (artigo 142 da CLT) ou à data da indenização, observados osreajustes e vantagens atribuídos à categoria do empregado durante o período de afastamento (artigo 471 daCLT)". (Normas Previdenciárias no Direito do Trabalho, Raimundo Cerqueira Ally, 5ª edição, IOB, pág. 102)Portanto, durante o período de gozo do auxílio-doença, o empregado não poderá iniciar a fruição de suas férias,tampouco terá direito ao seu pagamento, de forma indenizada. O direito à remuneração das férias só seconcretiza quando da sua fruição, conforme dispõem os artigos 142 e 145, da CLT. Somente se o INSS convertero auxílio-doença em aposentadoria por invalidez é que o empregador deverá promover o pagamento das fériasvencidas, de forma indenizada.

Fonte: última Instância, por Aparecida Tokumi Hashimoto

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