34
AVALIAÇÃO EM ATIVIDADE MOTORA ADAPTADA Profª Drª LUCIANA ERINA PALMA DMTD/CEFD/UFSM

Avaliação em atividade motora adaptada

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Avaliação em atividade motora adaptada

AVALIAÇÃO EM ATIVIDADE MOTORA ADAPTADA

Profª Drª LUCIANA ERINA PALMADMTD/CEFD/UFSM

Page 2: Avaliação em atividade motora adaptada

Considerações Iniciais

Segundo DePauw (1990) a investigação, anterior aos anos 70, sobre a atividade física em indivíduos deficientes, foi, sobretudo descritiva, concentrando-se em três áreas fundamentais: (1) identificação de problemas motores; (2) efeitos da atividade física, (3) descrição do crescimento e do desenvolvimento das crianças deficientes. Nos anos 70 as investigações centraram-se, sobretudo na fisiologia e na biomecânica. Nos anos 80, segundo a mesma autora, deu-se um aumento substancial das investigações. As áreas de estudo diversificaram-se e os procedimentos tornaram-se mais sofisticados e variados. (GORLA, 2004)

Page 3: Avaliação em atividade motora adaptada

Entre o período de 80 a 2000 houve um grande crescimento da área de EFA e com isso a necessidade da sistematização dos processos de avaliação e dos programas de intervenção.

As investigações mais recentes em EFA podem ser agrupadas nas seguintes áreas: (1) ensino e aprendizagem das atividades físicas; (2) fatores de influência na atividade física; (3) efeitos da atividade física e (4) habilidades motoras e performance (rendimento).

(Gorla, 2004)

Page 4: Avaliação em atividade motora adaptada

Entende-se ser a avaliação, embora constituindo-se um tema polêmico, necessária para o desenvolvimento de um bom trabalho pedagógico, especialmente em Ed.F.A .

Existem poucos programas investigacionais detalhados sobre pessoas com deficiência. Tem-se, portanto, a constatação da necessidade de se proceder a estudos direcionados a essa população especial, no que diz respeito às avaliações motoras, uma vez que a dificuldade de se encontrar trabalhos específicos na área é tal, que dificulta a realização de investigações sistematizadas. (Gorla, 2004)

Page 5: Avaliação em atividade motora adaptada

Os resultados dos estudos realizados muito freqüentemente refletem informações confusas, como por exemplo: a força não é muito bem desenvolvida; o equilíbrio não é bom; é descoordenado, etc. Assim, quando nos referimos a pessoas com deficiência, observamos como é alarmante a falta de instrumentação adequada a essa realidade, ficando dessa forma o profissional da área de Educação Física Adaptada, com poucos ou mesmo sem elementos adequados para diagnóstico e intervenção.

Faz-se necessário elaborar uma rotina de avaliação capaz de desenvolver e aplicar um programa especificamente elaborado, para que se possa planejar as atividades com base nas dificuldades dos alunos, contabilizando em seguida o seu progresso passo a passo e com base científica.

(Gorla, 2004)

Page 6: Avaliação em atividade motora adaptada

Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos professores de Educação Física Adaptada (EFA) é a diversidade terminológica usada entre muitos instrumentos de avaliação presente nos estudos com origem nas diferentes escolas superiores, pelos grupos de estudo de pesquisas e pelos editores. Isto constituí um desafio difícil de superar, sendo necessário optar por uma terminologia capaz de melhor enquadrar os fatores de uma intenção de estudos em particular.

Page 7: Avaliação em atividade motora adaptada

“Vale ainda citar que a construção de testes para avaliar indivíduos portadores de deficiência enfrenta o problema de encontrar medidas válidas no contexto da deficiência. Isso é difícil quando os testes são elaborados tendo o indivíduo normal em mente”. (Gimenez e Manoel, 2005)

“Contudo, os programas de atividade motora adaptada teriam muito mais consistência, caso houvesse um número maior de trabalhos voltados para o entendimento dos mecanismos que explicam o comportamento do indivíduo portador de deficiência e seus possíveis recursos para se adaptar ao ambiente”. (Gimenez e Manoel, 2005)

Page 8: Avaliação em atividade motora adaptada

“Além disso, várias limitações são apontadas nos estudos existentes sobre o comportamento motor desses indivíduos. Essas limitações dizem respeito, sobretudo, à maneira como é enfocado o indivíduo, a qual, na grande maioria das vezes, negligencia o seu dinamismo ou a sua capacidade de adaptação (Manoel, 1996)”. (Gimenez e Manoel, 2005)

“Conforme destaca Manoel(1996), a busca por regularidades e padrões pode representar uma atividade perigosa. Esta é uma questão fundamental quando pensamos na dinâmica que norteia o comportamento humano. Thorngate (1986) sugere que deveríamos primeiramente identificar o que cada pessoa faz em particular, para então determinar similaridades entre as peculiaridades”. (Gimenez e Manoel, 2005) (Palma e Borges, 2006)

Page 9: Avaliação em atividade motora adaptada

“Assim, é possível identificar uma grande capacidade de adaptação do organismo deficiente, embora, dependendo de sua natureza, uma deficiência possa gerar dois tipos de problemas: (a) impedimentos ou impairments – que se referem a desvios estruturais ou morfológicos originários; (b) incapacidade ou disability – que se referem às limitações funcionais manifestadas por meio do desempenho (Seaman &

De Pauw, 1982)”. (Gimenez e Manoel, 2005)

“(...) cada tratamento pode implicar efeitos diferenciados sobre os indivíduos. Essa idéia vai ao encontro do conceito de individualidade, aplicado para explicar as diferentes respostas que as pessoas apresentam, a um mesmo estímulo ou evento ambiental.” (Gimenez e Manoel, 2005) (Palma e Borges, 2006)

Page 10: Avaliação em atividade motora adaptada

“Os rótulos atribuídos à pessoa portadora de deficiência são frequentemente mal elaborados e contribuem não somente para gerar distorções em relação à compreensão da deficiência, mas, especialmente, para conferir a idéia de que indivíduos sob o mesmo rótulo vão apresentar comportamento similares (Manoel, 1996)”. (Gimenez e Manoel, 2005) (Palma e Borges, 2006)

“Uma das tendências na área de Comportamento Motor (e em AMA) seria enfocar em detalhes as interações entre o indivíduo e o meio, pois elas podem contribuir para esclarecer como acontece o processo de adaptação de cada indivíduo ou deficiência. Negar a possibilidade de esses indivíduos apresentarem seus próprios meios de solução significaria negligenciar o fato de que, ao resolverem um problema por meio de soluções não-usuais, esses indivíduos demonstram competência (Connolly & Bruner, 1974)”. (Gimenez e Manoel, 2005) (Palma e Borges, 2006)

Page 11: Avaliação em atividade motora adaptada

“(...). Logo, revela-se imprescindível uma reestruturação da forma como é realizada a análise das tarefas motoras nos estudos. Os modelos que tomam como base o comportamento de indivíduos normais podem ser utilizados, mas deveriam passar por análise e discussão detalhadas.” (Gimenez e Manoel, 2005)

Page 12: Avaliação em atividade motora adaptada

“As preocupações apresentadas anteriormente denotam o dilema da mensuração. Medidas em si constituem um problema, visto que baterias tradicionais de mensuração mostram diferenças do comportamento em relação a um padrão de desenvolvimento que podem não significar muito para o desenvolvimento de uma pessoa portadora de deficiência. Além disso, o que se tem verificado é que esses testes não oferecem muitos subsídios para a compreensão da deficiência, ou ainda, para acompanhar o impacto dos programas de reabilitação e de atividades desenvolvidas para uma melhoria do comportamento dos portadores de deficiência (Bax, 1993)”. (Gimenez e Manoel, 2005)

Page 13: Avaliação em atividade motora adaptada

“Uma das alternativas para lidar com esse problema seria atribuir maior atenção ao comportamento das populações portadores de deficiência individualmente. Em seguida, partir-se-ia para o entendimento das possíveis similaridades e diferenças entre indivíduos e grupos mais numerosos, o

que possibilitaria estabelecer generalizações.” (Gimenez e Manoel, 2005) (Palma e Borges, 2006)

Page 14: Avaliação em atividade motora adaptada

Aspectos ou critérios para selecionar um instrumento de Avaliação em AMA

Coleta de dados em ambientes confortáveis, familiarização com os materiais do teste.

Validade Ecológica

Fornecimento de informação instrutiva; reduzir a quantidade de inferências

Ligação Instrutiva

Facilidade de administração do teste, planilha fácil de ler e marcar, tempo de execução do teste, local de aplicação

Facilidade de Administração

Adaptar a situação, equipamento e linguagem

Fatores Não Discriminatórios

Padronização, Validade, ConfiabilidadeAdequação Técnica do Instrumento

O instrumento fornecerá medidas para identificar o que se propõe.

Proposta

Característica da SeleçãoCRITÉRIO

Page 15: Avaliação em atividade motora adaptada

Protocolos e/ou instrumentos de Avaliação

Pode-se identificar métodos diferentes para avaliar crianças com problemas de desordem de movimento. Segundo Sugden e Wright (1998), vários são os instrumentos de avaliação:

Teste de Integração Sensorial da Califórnia do Sul (Ayres, 1972); Teste de Bruininks-Oseretsky de Proficiência Motora (Bruininks, 1978); Teste de Habilidades de Crianças Jovens (Griffiths, 1970); Teste de Sensibilidade Cinestésica (Laszlo e Bairstow, 1985); Exame da Criança com Disfunção Neurológica Menor (Touwen, 1979); Teste de Desenvolvimento Motor Grosso (Ulrich, 1985); Bateria de Avaliação de Movimento para Crianças – Teste do Movimento ABC (Henderson e Sugden, 1992); Teste de Coordenação Corporal para Crianças- K.T.K (Kiphard e Schilling, 1974)

Page 16: Avaliação em atividade motora adaptada

Recomendações Gerais para Avaliação em AMA

Pratique a forma de administração dos testes e esteja confiante no seu domínio em fazê-lo antes de coletar os dados.Desenvolva formas para selecionar os testes e instrumentos e gravar os resultados.Descreva o teste aos participantes e explique o que se pretende avaliar.Proporcione um ambiente de teste positivo. Estimule as crianças/jovens/adultos a tentar o melhor desempenho e forneça continuamente reforço positivo para seus esforços.

Page 17: Avaliação em atividade motora adaptada

Compare o desempenho dos participantes com os padrões de referência e com os próprios resultados, e não com os desempenhos dos demais.Não administre mais do que a metade dos itens em um único dia.Forneça aos participantes cegos a oportunidade de se orientarem com clareza na área dos testes e com os materiais.

Page 18: Avaliação em atividade motora adaptada

Ofereça demonstrações meticulosas para os participantes com deficiência auditiva (surdos). Dê instruções escritas ou manuais (por exemplo: sinais, comunicação gestual, libras, etc.) Utiliza sinais com as mãos, bandeirolas, etc. para iniciar ou interromper as atividades.Administre os testes de função aeróbica por último.

(Winnick & Short, 2001)

Page 19: Avaliação em atividade motora adaptada

Algumas Precauções na Avaliação em AMA

As pessoas que administrarão os testes, deverão ser qualificados e ter conhecimentos sobre testes de aptidão física e deficiência.Maximize a segurança de todos os avaliados.Evite administrar os testes sob condições de temperatura ou umidade excepcionalmente altas ou baixas ou se estiver ventando muito. Principalmente crianças/jovens/adultos com lesão medular podem estar propensas a problemas com termo-regulação, incluindo super-aquecimento.

Page 20: Avaliação em atividade motora adaptada

Esteja certo que a pessoa que está sendo avaliada, tenha compreendido as instruções do teste.Interrompa o teste se o avaliado sentir vertigens, dores ou desorientações, etc..Evite a comparação do desempenho entre os avaliados.Marque os avaliados onde seja necessário e apropriado (quando necessário).Esteja atento a alguns monitores de freqüência cardíaca que utilizam borracha ou outros materiais que possam causar reações alérgicas.

Page 21: Avaliação em atividade motora adaptada

Antes do teste certifique-se de que as crianças/jovens/adultos com lesão medular acima da T6 esvaziaram a bexiga e intestino, e cheque se as roupas estão apertadas, segurando ou pressionando feridas, o que pode contribuir para irritações na pele. Indivíduos com lesão medular acima da T6 são sujeitos a disreflexia autônoma, uma condição que pode elevar perigosamente a freqüência cardíaca e a pressão sangüínea como resultado da distensão da bexiga e do intestino ou irritação cutânea.

Page 22: Avaliação em atividade motora adaptada

O fator idade é determinada sobre a data em que foi administrado o primeiro teste. As idades não são arredondadas para o ano mais próximo. (por exemplo: 8 anos e 9 meses de idade = 8 anos)

(Winnick & Short, 2001)

Page 23: Avaliação em atividade motora adaptada
Page 24: Avaliação em atividade motora adaptada
Page 25: Avaliação em atividade motora adaptada

TIPOS DE INSTRUMENTOS E/OU PROTOCOLOS UTILIZADOS EM AMA

TGMD (Teste de Desenvolvimento Motor Amplo ou Teste de Desenvolvimento de Habilidades Motoras Amplas ) (Ulrich, 1985)

Objetivos do Teste:1º) Projetar um teste que representasse o conteúdo frequentemente

ensinado as criança na pré-escola e nos graus iniciais da escola elementar (3-10 anos) incluindo Educação Especial.

2º) Desenvolver um teste que pudesse ser usado por uma variedade de profissionais com uma quantidade mínima de treinamento.

3º) Projetar um instrumento que proporcionasse interpretações para testes baseado em critérios e normas.

4º) Objetivo final foi colocar uma prioridade na sequência das habilidades motoras amplas ao invés de no produto do desempenho

Page 26: Avaliação em atividade motora adaptada

Itens de avaliação no TGMD:

Item: Locomoção: Corrida, Galope, Saltito, Salto Longo, Salto de Extensão, Galope Lateral.

Item: Controle de Objetos: Batida com bastão com pegada mista, Quicar no lugar, Pegada, Chute, Arremesso com a mão acima do ombro.

Page 27: Avaliação em atividade motora adaptada

BPM – (Bateria Psicomotora) ( Vitor da Fonseca, 1985)

Objetivos do Teste:

1º) Verificar ou detectar o perfil psicomotor de um indivíduo.2º) Detectar os níveis de dificuldades de aprendizagem ligadas

ao desenvolvimento psicomotor.

Itens de Avaliação na BPM:

1ª Unidade: Tonicidade, Equilibração2ª Unidade: Lateralização, noção de corpo3ª Unidade: Praxia global, praxia fina

OBS: Utilizada em crianças e jovens até 14 anos de idade.

Page 28: Avaliação em atividade motora adaptada

TBAF (Testes Brockport de Aptidão Física) (Winnick e Short, 2001)

Objetivos do Teste:1º) Representa uma tentativa inicial de aplicar um método de avaliação da

aptidão física baseada em critérios relacionados à saúde em crianças com deficiência.

2º) Reconhecer o caráter individual dos testes físicos e estimular uma abordagem personalizada, baseada nas necessidades relacionadas à saúde e no perfil de aptidão desejado.

3º) Oferecer opções de testes visando a personalização, pois a bateria contem vários testes diferentes, entre os quais se pode optar. (Uma bateria completa para um indivíduo, geralmente inclui de quatro a seis itens)

4º) A existência de teste novos incluídos nos tradicionais, visando incluir uma quantidade maior de crianças/pessoas a serem avaliadas.

Page 29: Avaliação em atividade motora adaptada

População-Alvo do TBAF:

Podem ser utilizados por crianças com e sem deficiência. Porém foram desenvolvidos para serem usados em crianças com deficiência, especialmente as com: comprometimento visual, deficiência mental, limitações ortopédicas, paralisia cerebral, lesão medular, anomalias congênitas e amputações.

Utilizado em crianças e jovens de 10 à 17 anos de idade.

Page 30: Avaliação em atividade motora adaptada

Componentes de Avaliação do TBAF:Há 27 itens nos TBAF categorizados sob três componentes da aptidão física

relacionada a saúde. O grande número de testes fornece uma grande flexibilidade para personalizar o teste.

Os três componentes são:Função Aeróbica (capacidade e comportamento aeróbicos)Composição Corporal (dobras cutâneas e índice de massa corporal)Função Musculoesquelética (força e resistência muscular e amplitude de movimentos)

OBS: Capacidade Aeróbica: maior quantidade de oxigênio que pode ser consumida por uma pessoa durante o exercício. Quanto mais apta a pessoa, maior será sua capacidade aeróbica.Comportamento Aeróbico: capacidade de sustentar a atividade física em uma intensidade e duração específicas.

Page 31: Avaliação em atividade motora adaptada

KTK (Teste de Coordenação Corporal para Crianças) (Kiphard e Schilling, 1974)

Objetivos do Teste:

Diagnosticar através do teste de coordenação motora, as deficiências motoras em crianças com lesões cerebrais e/ou desvios comportamentais.

Utilizado em crianças e jovens entre 05 a 14 anos de idade.

Itens de Avaliação do KTK:

Avaliação antropométrica: peso, estatura, dobras cutâneas (Tr, Sb);Equilíbrio: na trave (3 traves larguras diferentes), salto monopedal (com espumas) e salto lateral (plataforma de madeira), transferência de plataforma.

Page 32: Avaliação em atividade motora adaptada

OUTROS Instrumentos e/ou protocolos:

AVALIAÇÃO MOTORA: (Rosa Neto, 1995)

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO CLÍNICO da ACSM (American College of Sports Medicine, 2004)

Page 33: Avaliação em atividade motora adaptada

OBS: A maioria dos protocolos, instrumentos, métodos

são baseados em avaliações em pessoas sem deficiência. O que necessita-se em AMA são as adaptações conforme as deficiências em cada protocolo e/ou instrumentos e a sua validação com as devidas modificações.

Page 34: Avaliação em atividade motora adaptada

MUITO OBRIGADA!!!!