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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE INSTITUTO DE OCEANOGRAFIA LABORATÓRIO DE OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA PROGRAMA DE RECURSOS HUMANO Nº 27 FURG-ANP “ESTUDOS AMBIENTAIS NAS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO” BACIA DE PELOTAS UM DIAGNÓSTICO GEOQUÍMICO Acadêmica: Marilia Kabke Wally Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Martins Baisch Co-orientadora: Prof a . Dra. Maria Isabel Machado Rio Grande, 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE INSTITUTO DE OCEANOGRAFIA

LABORATÓRIO DE OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA PROGRAMA DE RECURSOS HUMANO Nº 27 FURG-ANP

“ESTUDOS AMBIENTAIS NAS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO”

BACIA DE PELOTAS – UM DIAGNÓSTICO GEOQUÍMICO

Acadêmica: Marilia Kabke Wally

Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Martins Baisch

Co-orientadora: Profa. Dra. Maria Isabel Machado

Rio Grande, 2011

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Marilia Kabke Wally

BACIA DE PELOTAS – UM DIAGNÓSTICO GEOQUÍMICO

Monografia apresentada como requisito parcial à

conclusão do curso de Oceanologia da

Universidade Federal do Rio Grande.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Baisch

Co-orientadora: Profa. Dra. Maria Isabel Machado

Rio Grande, 2011

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À minha família, pai, mãe e manos

por todo incentivo e amor dedicados!

“... eu volto pra lembrar, que a gente

cresceu na beira do mar...”

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus pela vida, conhecimento,

família, amigos e tudo o mais concedido nestes anos e que continuará sendo

abençoado por Ele.

Agradecer também à minha família por todo incentivo, suporte, eduação, vida,

viagens e, sobretudo alegria e amor compartilhados! Obrigada sempre! Aos pais

super companheiros e dispostos a ajudar sempre que possível, a irmã maravilhosa

que sempre foi uma amiga e uma mãezona para mim e ao mano que apesar da

distância consegue estar próximo e sempre zelar e impulsionar a irmã mais nova!

Amo muito vocês!

Também aos envolvidos diretamente no trabalho do SAT: Sociedade Amigos

do Testemunho (risadas). A Isabel por todo apoio, orientação e idéias dadas ao

longo do desenvolvimento do projeto! A querida Elisa pelo acompanhamento e ajuda

constante nas análises, nas conversas e no dia-a-dia! A Thay minha “mentora” e

parceira nas atividades e congressos (eba!), a Keith colega e companheira de

batalha dos testemunhos, o Nicolas pela abertura dos testemunhos, a Mariana pela

ajuda e incentivo a todo tempo! Muito obrigada mesmo! Ao Godô que arranjou um

tempo no meio da finaleira para me ensinar a interpolar os dados e gerar os bonitos

mapas deste trabalho, valeu guri!

Ao restante do LOG como a Laura pelas conversas, auxílios e até desabafos

dos rumos dos trabalhos, a Débora, Fabiane, Jajá, Fábio, Gago, Manoel e todos

mais que de alguma forma participaram deste meu tempo no laboratório!

As amizades que durante estes anos de faculdade foram conquistadas e

valem muito à pena! Kmis, obrigada pela companhia nestes 5 anos, nossas longas

conversas, risadas, cantorias e até briguinhas! Marina, tu consegue participar da

minha vida mesmo a distância e sempre fazer diferença nas tuas correções e

sugestões, estás sempre no meu coração! Pirata Paulinha e Toninha Pri valeu por

todos momentos compartilhados com vocês, cada “reunião”, cada festa, cada

croasonho, cada sorriso, sempre foram importantes e tem lugar na minha vida! Aos

demais amigos e colegas de 2007, muito obrigada por estes anos de Cassino!

Ainda é preciso agradecer aos meus amigos e irmãos como André, Bruna,

Bruno, Cici, Dú, Gabi DiMuro, Gabi FP, Gugu, Isa, Karol, Lili, Marcia, Róger, Valéria

e Wagner, obrigada pelo incentivo, alegria e apoio dados, mesmo que a distância,

mesmo que não convivendo sempre, vocês são importantes na minha vida!

Além disto, gostaria de agradecer ao FINEP pela concessão da bolsa via

Programa de Recursos Humanos da Agência Nacional do Petróleo e especialmente

ao PRH 27 “Estudos Ambientais nas Áreas de Atuação da Indústria do Petróleo” da

FURG pela participação neste projeto.

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“ Beira do mar, lugar comum

Começo do caminhar

Pra beira de outro lugar

Beira do mar, todo mar é um

Começo do caminhar

Pra dentro do fundo azul

A água bateu, o vento soprou

...

Tudo isso vem, tudo isso vai

Pro mesmo lugar

De onde tudo sai

Beira do mar, lugar comum

Começo do caminhar

Pra beira de outro lugar ”

Lugar Comum – Gilberto Gil

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RESUMO

A Bacia de Pelotas cobre o trecho da margem continental brasileira de Florianópolis

até o Uruguai. Estima-se que tenha sido acumulado mais de 10km de espessura de

sedimentos desde sua formação. Os objetivos deste trabalho são caracterizar e comparar

diferentes áreas ao longo da bacia através da análise de testemunhos, além de suas

diferenças em perfil de profundidade. Os testemunhos utilizados provêm de uma

amostragem realizada pela empresa FUGRO em 2008 que após retirar o material

necessário para o estudo destes, doaram o restante para o Laboratório de Oceanografia

Geológica da FURG. Para este estudo foram escolhidos 45 testemunhos distribuídos ao

norte, ao sul e na região central da bacia. Os parâmetros estudados foram pH, Carbono

Orgânico Total, Nitrogênio Total, Fósforo Total, granulometria e metais (Ni, Cu, Zn, Cr, Pb e

Fe). Apesar da contribuição sedimentar continental ser importante na porção Sul da Bacia

de Pelotas, esta não influencia na origem dos sedimentos que apresentam grande

predominância a origem marinha (C/N < 10) e também não contribui com deposição de

matéria orgânica na região. A sedimentação na formação do Cone do Rio Grande conferiu

algumas características diferentes em perfil de profundidade devido ao retrabalhamento

durante as transgressoes e regressoes do nível do mar. A Bacia de Pelotas possuiu

somente características naturais, como esperado, não apresentando nenhum tipo de

contaminação para os elementos estudados.

Palavras chave: Bacia de Pelotas, background geoquímico, metais, origem marinha.

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ABSTRACT

The Pelotas Basin covers the stretch of the Brazilian continental margin from

Florianópolis to Uruguay. Since its formation, it is estimated that over 10 km of sediment has

accumulated in the basin. The aims of this study are to characterize and compare

different areas along the basin using core samples. The samples referred to in this study

were donated to the Laboratory of Geological Oceanography (FURG) from a FUGRO cruise

in 2008, after the removal of their material of personal interest. The study

used 45 cores distributed along the north, south and central basin. The parameters analyzed

were pH, total organic carbon, total nitrogen, total phosphorus, grain size, and

metals (Ni, Cu, Zn, Cr, Pb and Fe). Despite that the continental sedimentary contribution is

important in the southern portion of the Pelotas Basin, it does not influence the source of

sediments which showed a great predominance of marine origin (C / N <10). Also, the

continental sedimentary contribution does not contribute to the deposition of organic

matter in the area. The sedimentation of the Rio Grande Cone genesis gave some different

characteristics in depth profile due to reworking during sea level changes. The Pelotas

Basin has only natural characteristics regarding any type of contamination for the

elements studied.

Keywords: Pelotas Basin, geochemical background, metals, marine source.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

1.1. A Bacia de Pelotas ............................................................................................... 11

1.2. Diagnóstico Geoquímico ..................................................................................... 14

1.3. Justificativa ......................................................................................................... 15

2. OBJETIVOS ............................................................................................................. 17

3. METODOLOGIA ....................................................................................................... 18

3.1. Área de Estudo .................................................................................................... 18

3.2. Abertura e Coleta de Amostras .......................................................................... 20

3.3. Metodologia Analítica .......................................................................................... 21

3.3.1. Limpeza de Materiais .................................................................................... 21

3.3.2. Determinações de Potencial Hidrogeniônico (pH) ..................................... 21

3.3.3. Análises Granulométricas ............................................................................ 22

3.3.4. Determinação de elementos maiores .......................................................... 22

3.3.5. Elementos Metálicos .................................................................................... 24

3.4. Tratamento dos Dados ........................................................................................ 25

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................. 26

4.1. Relação dos Testemunhos Selecionados .......................................................... 26

4.2. Potencial Hidrogeniônico (pH) ............................................................................ 27

4.3. Análises Granulométricas ................................................................................... 29

4.4. Considerações da Matéria Orgânica .................................................................. 32

4.4.1. Relação Carbono/Nitrogênio (C/N) .............................................................. 39

4.5. Elementos Metálicos ........................................................................................... 42

4.6. Perfis de Profundidade ........................................................................................ 51

4.7. Análise de Componentes Principais (PCA) ....................................................... 58

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 60

6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................ 61

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 62

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização da Bacia de Pelotas com os limites geológico em preto e o limite

territorial com o Uruguai em branco. Fonte: Rosa et al., 2006. ............................................ 12

Figura 2: Distribuição espacial de todos os testemunhos cedidos pela ANP, representados

pelos pontos amarelos, dentro da Bacia de Pelotas, delimitada pela linha em vermelho. .... 18

Figura 3: Container refrigerado no LOG da FURG e os testemunhos armazenados. ........... 19

Figura 4: Testemunhos analisados neste trabalho e sua localização. .................................. 20

Figura 5: Diagrama de Shepard referente a porção norte da Bacia de Pelotas. ................... 30

Figura 6: Diagrama de Shepard referente a porção central da Bacia de Pelotas. ................ 31

Figura 7: Diagrama de Shepard referente a porção sul da Bacia de Pelotas. ...................... 31

Figura 8: Gráficos de barras e box-plots com médias e desvios padrões de COT, N-Total, P-

Total. ................................................................................................................................... 36

Figura 9: Mapas de concentração dos parâmetros COT, N-Total, P-Total ao longo da Bacia

de Pelotas. ........................................................................................................................... 37

Figura 10: Gráfico das relações C/N calculadas. ................................................................. 41

Figura 11: Mapa com os valores C/N encontrados e interpolados na região da bacia. ........ 41

Figura 12: Gráficos de Níquel, Zinco e Cromo, todos em mg/kg. ......................................... 45

Figura 13: Gráficos de Chumbo e Cobre em mg/kg e Ferro em %. ...................................... 46

Figura 14: Mapas de concentrações de Níquel, Zinco, Cromo e Chumbo ao longo da Bacia

de Pelotas. ........................................................................................................................... 47

Figura 15: Mapas de concentrações de Cobre e Ferro ao longo da Bacia de Pelotas. ........ 48

Figura 16: Testemunhos analisados em perfil de profundidade. .......................................... 51

Figura 17: Perfis de profundidade para COT, N-Total e P-Total. .......................................... 54

Figura 18: Perfis de profundidade para Ni, Zn e Cr. ............................................................. 55

Figura 19: Perfis de profundidade para Pb, Cu e Fe. ........................................................... 56

Figura 20: Projeção da PCA do fator 1 e fator 3. .................................................................. 59

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Testemunhos escolhidos para as análises com suas coordenadas geográficas,

profundidade no local de amostragem, tamanho total do testemunho e profundidade

amostrada no testemunho. .................................................................................................. 26

Tabela 2: Resultados de pH encontrados, média, desvio padrão, máximo e mínimo das

amostras. ............................................................................................................................. 28

Tabela 3: Resultados de granulometria encontrados com a porcentagem das classes por

testemunho, além de média, desvio padrão, máximo e mínimo. .......................................... 29

Tabela 4: COT, N-Total, P-Total encontrados, com seus respectivos desvios, média,

máximos e mínimos encontrados. ........................................................................................ 33

Tabela 5: Concentrações de Carbono, Nitrogênio e Fósforo em diversas bacias

sedimentares brasileiras. ..................................................................................................... 38

Tabela 6: Relação C/N calculados para testemunhos com COT > 0,3%. ............................. 40

Tabela 7: Resultados dos metais estudados (Ni, Zn, Cr, Pb, Cu e Fe), seus limites de

detecção, suas respectivas médias por região da bacia, desvios padrões, mínimos e

máximos gerais. ................................................................................................................... 43

Tabela 8: Comparação dos resultados encontrados com dados mundiais da literatura. ...... 50

Tabela 9: Concentrações de metais do presente estudo e de outras bacias sedimentares

brasileiras. ........................................................................................................................... 50

Tabela 10: Resultados de todos os parâmetros analisados em perfil de profundiade nos

testemunhos. ....................................................................................................................... 53

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1. INTRODUÇÃO

Os oceanos constituem uma vasta fronteira fluida, dinâmica, multi estratificada e

complexa, como nossa atmosfera, porém, mais desconhecida pelo homem. Algumas das

decisões ambientais e econômicas importantes, descoberta de novas fontes de energia,

predição de variações climáticas, pesca sustentável e proteção da linha de costa dependem

de conhecimento e entendimento desse ecossistema (ANGULO et al., 1999). Sendo assim,

verifica-se nas últimas décadas, um aumento significativo nos trabalhos relacionados ao

ambiente marinho, permitindo, assim, uma melhor compreensão deste ambiente, bem como

os processos que nele ocorrem.

O Brasil é um país com uma das maiores extensões de margem continental do

mundo, englobando diversos segmentos com bacias sedimentares, com características

geológicas distintas e diferentes graus de conhecimento de potencial exploratório. Dentro

do conjunto de bacias geradas pela ruptura do Gondwana Oeste e da formação do Oceano

Atlântico Sul, a Bacia de Pelotas é a mais meridional na costa brasileira.

O estudo das bacias sedimentares oceânicas tem sido almejado, para ampliar seus

conhecimentos geológicos e geoquímicos bem como seu potencial como reserva

energética, petróleo e hidratos de gás. Como esta busca por novas fontes energéticas

pressupõe um empreendimento posterior, há a necessidade de conhecer os valores de

referências do local, os chamados valores de background geoquímicos, para montar os

diagnósticos ambientais presentes nos Estudos de Impactos Ambientais.

Esses valores de referências em sedimentos variam conforme a razão de sua

deposição, sedimentação, natureza e tamanho das partículas, e conforme a presença ou

não de matéria orgânica (JESUS et al., 2004).

1.1. A Bacia de Pelotas

A Bacia de Pelotas (figura 1) situa-se entre as latitudes 28ºS a 34ºS, cobrindo uma

área de 210.000 km2 até a cota batimétrica de 2000 m (DIAS et al., 1994). Esta bacia

compreende o trecho da margem continental sul-brasileira localizada entre o Alto de

Florianópolis (limite com Bacia de Santos) e o Alto do Polônio (limite com Bacia Del Este).

No entanto, sua porção brasileira se dá até a fronteira com o Uruguai.

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Segundo Lucchesi (1998), esta bacia possui características semelhantes à bacia do

delta do Niger e do Mississipi as quais são importantes produtoras de petróleo e gás natural.

Deste modo, tem atraído cada vez mais a indústria energética, tanto pela possível

exploração de petróleo, como de hidratos de gás, um recurso promissor ainda em estudo.

As bacias da margem continental brasileira foram formadas pelos processos

distensionais durante a ruptura continental no Neojurássico-Eocretáceo, ocasionando a

fragmentação do Supercontinente Gondwana há, aproximadamente, 115 milhões de anos

(ASMUS, 1975). Dentro deste contexto, no extremo sul da margem continental brasileira, a

Bacia de Pelotas desenvolveu-se como a precursora das demais bacias marginais

brasileiras (DIAS et al., 1994).

Figura 1: Localização da Bacia de Pelotas com os limites geológico em preto e o limite territorial com o Uruguai em branco. Fonte: Rosa et al., 2006.

A Bacia de Pelotas é formada por sedimentos provenientes do continente e também

por aqueles que precipitam diretamente do oceano, além dos sedimentos que estão ali

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desde a sua formação. Estima-se que tenha sido acumulado mais de 10km de espessura de

sedimentos.

A espessura do pacote sedimentar não excede 3.000m na porção rasa e na região

mais profunda distinguem-se três compartimentos semi-isolados, com espessuras de 6.000,

7.000 e 8.000m nos seus depocentros, respectivamente de norte para sul. (BARBOZA et al.,

2008).

Dentro desta bacia está inserido o Cone de Rio Grande uma feição sedimentar

formada provavelmente com influência no antigo deságüe do Rio da Prata e também de

antigos rios da planície costeira (MARTINS et al., 2003 e MARTINS et al., 2005). Além disto,

nesta região, o rápido soterramento propiciou a preservação de matéria orgânica e a

formação de gás biogênico, registrando-se notável ocorrência de hidratos de gás em

profundidades que estão entre 100 e 1.000 m na coluna sedimentar, em batimetrias de

1.000 a 2.500 m (FONTANA, 1989; FONTANA & MUSSUMECI, 1994; SAD et al.,1997 e

SAD et al., 1998).

Os aportes fluviais mais importantes para esta área provêm atualmente do Rio da

Prata e da desembocadura da Laguna dos Patos. A região sul da Bacia de Pelotas, foi

cenário de transgressões e regressões do nível do mar, principalmente durante o

Quaternário (TOMAZELLI et al., 2000), recebendo importantes contribuições do Rio da

Prata, Jaguarão, Camaquã, entre outros (CORRÊA et al., 2008). A presença de paleocanais

na região evidencia estas contribuições (ABREU & CALLIARI, 2005 e WESCHENFELDER

et al., 2008) além de estudos de proveniência de minerais pesados que mostram influência

direta destes deságües em épocas remotas na plataforma continental da região.

Além dos estudos sísmicos, são escassos aqueles que envolvam amostragens de

sedimentos, com a finalidade de quantificações químicas e geológicas. Nesta bacia há

estudos de prospecção geofísica em geral (ROSA et al., 2006; ROSA, 2007; OREIRO, 2008;

LÓPEZ, 2009 e ROSA et al., 2009) e também estudos que chamam atenção para as

grandes reservas deste hidrocarboneto de hidratos de gás (FONTANA, 1989; SAD et al.

1998 e OLIVEIRA et al., 2010). Além disto, houveram estudos voltados principalmente para

foraminíferos, braquiópodes e nanofósseis (GONÇALVEZ et al., 1999; ANJOS-ZERFASS et

al., 2004 e SIMÕES et al., 2008) buscando sua importância paleoambiental. Barboza et al.

(2008) e Gonçalves et al. (1979) analisaram as sequências deposicionais e Santos (2010)

os processos sedimentares recentes.

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A Bacia de Pelotas também foi foco de estudos em modelagem de mancha de óleo

(ALVES, 2006), cartas de sensibilidade ambiental (DINIZ, 2008) e banco de dados

ambientais (SANTOS, 2009). Contudo, na área da geoquímica são raros os estudos, sendo

os existentes focados em Granandas e Assembléias de Minerais Pesados (SPLENDOR,

2006) e no Cone de Rio Grande (CORREIA, 2009).

Devido ao seu potencial petrolífero, a Bacia de Pelotas chegou a ser loteada pela

Agência Nacional do Petróleo (ANP) para venda de blocos para exploração, fato este que

reforça a necessidade do conhecimento mais detalhado da região.

1.2. Diagnóstico Geoquímico

Diagnóstico é um levantamento de dados e informações que visa um conhecimento

e entendimento das variáveis que atuam sobre uma determinada área, verificando se esta

se encontra com características naturais ou sofre alguma contaminação. Deste modo, um

diagnóstico geoquímico busca conhecer os parâmetros geoquímicos do ambiente em

questão.

Estas variáveis geoquímicas também podem nos dar informações sobre mudanças

do nível do mar, circulação costeira e diferenças no padrão de sedimentação ao longo do

tempo geológico que nos levam a entender as condições paleo-climáticas e ambientais que

originaram estes ambientes sedimentares.

Estes parâmetros, levam aos chamados valores de referência, ou valores de

background, geoquímicos. Estes são importantes, pois são a medida relativa usada para

distinguir concentrações naturais de um dado elemento e a influência das atividades

antrópicas nessas concentrações (MATSCHULLAT et al., 2000). Desta maneira, permite

separar as contribuições geogênicas do meio específico (solos, sedimentos) daqueles de

origem antrópica (GALUSZKA, 2007).

Neste ano a Petrobras (2011) concluiu o Projeto de Caracterização Ambiental

Regional da Bacia de Campos (PCR-BC), delineado para gerar e consolidar conhecimento

sobre os aspectos físico, químico, geológico, geoquímico, biológico e socioeconômico da

região, englobando uma área de 100 mil km². Este projeto foi uma inovação e mostra a

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importância que a academia e a indústria estão voltadas para o mesmo interesse, na busca

de um entendimento maior da nossa região costeira e oceânica.

1.3. Justificativa

Estudos sobre diagnóstico geoquímico são essenciais para uma caracterização

ambiental buscando a interação da quantificação geoquímica dos elementos presentes nos

sedimentos e solos e os diversos aspectos físico-ambientais da área pesquisada.

A Petrobras adquiriu blocos na licitação da ANP de 2003 e está marcado para o ano

que vem a perfuração na bacia (Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, 2011).

Mostrando a necessidade de dados de background para os Estudos de Impacto Ambiental

(EIA – RIMA) que é parte importante no licenciamento ambiental para qualquer

empreendimento. Estes valores também são dados úteis na elaboração de planos de

monitoramentos ambientais e medidas mitigatórias em caso de acidentes na região.

Em 2007 e 2008, esta bacia foi fruto de estudo da ANP para análises geoquímicas

orgânicas como presença de hidrocarbonetos e marcadores de hidrocarbonetos nos

sedimentos.

Além disto, a bacia também tem despertado interesse do Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e Ministério do Meio Ambiente (MMA)

que, em conjunto, abriram o edital número 22/2011 (CNPQ, 2011) para elaboração de

Cartas de Sensibilidade Ambiental ao Derramamento de Óleo – Cartas SAO em algumas

bacias sedimentares brasileiras, incluindo a Bacia de Pelotas.

Com a finalidade de estudar esta região, o Programa de Recursos Humanos no 27 da

ANP, vem desenvolvendo trabalhos na bacia. Um banco de dados ambientais foi criado, por

Santos (2009), e a partir deste ano Pinho (2011) está implantando um Sistema de

Informações Geográficas em 3D aliando dados batimétricos, de coluna d’água e até de

sísmica.

Correia (2009) apresentou dados geológicos e geoquímicos na região do Cone do

Rio Grande, mostrando algumas regiões com valores interessantes de carbono orgânico

(maior que 2%), promovendo a importância da continuação destes estudos.

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Este estudo visa contribuir para uma avaliação geoquímica da bacia como um todo,

ainda que num caráter preliminar, e também fornecer novas informações para serem

incluídas nestes bancos de dados.

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2. OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Determinar parâmetros geoquímicos em 45 testemunhos ao longo da Bacia de

Pelotas.

Objetivos Específicos:

Complementar o banco de dados ambientais, já existente, desta bacia;

Estabelecer dados para elaboração de um “background” geoquímico da região;

Inferir sobre origem e influência continental dos testemunhos analisados;

Comparar os resultados para as regiões norte, centro e sul da Bacia de Pelotas;

Analisar e verificar a variação dos resultados verificados ao longo do perfil de 05

testemunhos.

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3. METODOLOGIA

3.1. Área de Estudo

A área de estudo é a Bacia de Pelotas, delimitada ao sul pela fronteira com o

Uruguai e ao norte pelo Alto de Florianópolis. O objeto de estudo deste trabalho são os

testemunhos doados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) à instituição de ensino.

Em 2007, a ANP contratou a FUGRO Brasil – Serviços Submarinos e

Levantamentos Ltda. - para amostrar a Bacia de Pelotas. A empresa coletou com um

testemunhador tipo piston core cerca de 1000 testemunhos (Figura 2) entre dezembro de

2007 e fevereiro de 2008. O estudo contratado retirou amostras da superfície, meio e fundo

dos testemunhos e o restante foram doados para o Laboratório de Oceanografia Geológica

da Universidade Federal do Rio Grande. Onde se encontram armazenados em um container

refrigerado para conservação correta do material (Figura 3).

Figura 2: Distribuição espacial de todos os testemunhos cedidos pela ANP, representados pelos pontos amarelos, dentro da Bacia de Pelotas, delimitada pela linha em vermelho.

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Figura 3: Container refrigerado no LOG da FURG e os testemunhos armazenados.

Com estes testemunhos disponibilizados foram selecionados 45 (Figura 4)

distribuídos ao longo da bacia. Estes foram escolhidos de forma a abranger diferentes áreas

da bacia em questão, para que suas características geoquímicas pudessem ser

comparadas.

Um foco maior foi dado na região sul por ser onde se encontra o Cone do Rio

Grande, formação sedimentar com reservas de hidratos de gás. A identificação dos

testemunhos segue a nomenclatura estipulada pela empresa contratada para este trabalho

(FUGRO), que se referem aos diferentes cruzeiros na região.

Durante a coleta pela FUGRO, os testemunhos foram divididos em parte I e parte II,

sendo chamados de topo e base, respectivamente. As amostras tomadas são consideradas

de sub-superfície já que não foi possível coletar a parte superficial dos testemunhos, pois

esta foi retirada para o estudo contratado pela ANP.

Para as análises propostas foram abertas todas as bases dos testemunhos

escolhidos onde a profundidade de coleta da amostra variou conforme o tamanho do

testemunho. Foi decidido abrir as bases dos testemunhos porque no estudo realizado na

região do Cone do Rio Grande (CORREIA, 2009) não se observou diferença significativa

entre as duas partes e também por ser esta à parte do testemunho mais abundante entre os

exemplares doados ao laboratório.

Além disto, como o estudo anterior contemplou somente testemunhos da região sul,

foram escolhidos 5 testemunhos ao longo da Bacia de Pelotas para terem as duas partes

abertas (topo e base) e assim tornar possível uma análise em perfil de profundidade das

características geoquímicas.

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Figura 4: Testemunhos analisados neste trabalho e sua localização.

3.2. Abertura e Coleta de Amostras Os testemunhos foram abertos com uma serra em uma mesa própria para esta

finalidade cedida pelo Centro de Estudos Costeiros e Oceânicos da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul (CECO – UFRGS). Durante a abertura dos testemunhos foi obedecido os

critérios de normatização de acordo com as análises executadas para evitar a contaminação

das amostras.

Após a abertura, os testemunhos foram escaneados, desenhados e descritos

conforme coloração, textura e padrão granulométrico. Também utilizou-se uma agulha

histológica para verificar a homogeneidade dos sedimentos ao longo do testemunho. As

cores dos testemunhos foram determinadas segundo a carta de coloração de rochas de

Damuth (1948). Todos estes dados foram organizados e arquivados para posteriores

estudos dos testemunhos, não estando contemplados nos resultados deste trabalho.

As amostras foram retiradas do início da base dos testemunhos, variando a

profundidade conforme o tamanho total do testemunho. Além disto, nos 5 testemunhos:

REG 396, REG 740, REG 985, SAT 072 e SAT 119 também foram abertas os topos, sendo

retirada destes 1 ou 2 amostras conforme o tamanho total deste.

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As amostras abrangeram aproximadamente 30cm do testemunho, do qual utilizamos

a metade para estas análises, foram retiradas com espátula de plástico e transferidas para

placas de petri para posterior secagem. Após a coleta, foi realizado a medição de pH em

cada amostra selecionada.

Estas amostras foram secas em estufa à 45ºC e posteriormente foram desagregadas

em almofariz de porcelana, maceradas em graal de agáta e armazenadas em recipientes de

vidro previamente limpos até a realização das análises.

3.3. Metodologia Analítica

3.3.1. Limpeza de Materiais

A vidraria utilizada nas amostras para as análises de carbono, nitrogênio e fósforo foi

lavada com detergente livre de fósforo, enxaguada com água corrente abundante e em

seguida com água destilada, sendo seca à temperatura ambiente.

Para as análises de metais, o material utilizado foi lavado com água corrente e

imerso em uma solução de 1% de ácido nítrico (HNO3), sendo posteriormente lavado com

água destilada e seco à temperatura ambiente.

3.3.2. Determinações de Potencial Hidrogeniônico (pH)

O pH permite informações sobre a tendência do comportamento de elementos e

substâncias químicas de origem contaminante ou natural.

A medição do pH dos sedimentos foi feita com a utilização de pH-metro da marca

Oakton® (modelo pH6/00702-75, Acorn Series), calibrado com padrões de pH 4 e 7,

utilizando eletrodo combinado de vidro tipo baioneta. As medições foram realizadas logo

após a abertura dos testemunhos.

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3.3.3. Análises Granulométricas

As análises granulométricas seguiram os métodos de peneiragem/pipetagem

descritos em Suguio (1973) e foram realizas no Setor de Sedimentologia do LOG.

Inicialmente, as amostras foram lavadas, para retirada dos sais, e após secas em estufa a

60ºC. Para cada testemunho foram pesados em torno de 30g, e estes foram separados em

sedimentos grosseiros e sedimentos finos através de uma malha de 0,063 mm. Os

sedimentos finos (<0,063mm) foram separados através de decantação e pipetagem e os

sedimentos grosseiros (>0,063 mm) foram peneirados. Os resultados obtidos foram

classificados em areia, silte e argila através do diagrama de Shepard (SUGUIO, 1973).

3.3.4. Determinação de elementos maiores

O termo matéria orgânica é utilizado para se referir coletivamente a todo e qualquer

composto orgânico. Geralmente tem grande estrutura e peso molecular e contém

primariamente os elementos carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre.

Em áreas costeiras, a matéria orgânica desempenha um importante papel, quer seja

no compartimento água ou sedimento, porque ela apresenta propriedades particulares como

a complexação ou adsorção de íons traço, resultando na imobilização e redução de seus

estados de valência, com mudanças nas suas propriedades químicas (LIMA, 2008).

Para inferir sobre as características da matéria orgânica presente nos testemunhos

foram escolhidas as análises de Carbono Orgânico Total, Nitrogênio Total (N) e Fósforo

Total (P). Todas estas, foram realizadas em triplicata para minimizar o possível erro analítico

no momento da execução do método.

3.3.4.1. Carbono Orgânico Total

A determinação do Carbono Orgânico Total (COT) foi realizada através do método

descrito por Strickland & Parsons e modificado por Gaudette et.al. (1974). As amostras

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foram pesadas e colocadas em um erlenmeyer onde foi adicionado ácido fosfórico, para a

eliminação de carbonatos durante aquecimento na estufa por 30 minutos (100-110ºC). Em

seguida, foi adicionada uma solução oxidante (H2SO4/K2Cr2O7) em cada amostra e estas

foram colocadas novamente em estufa durante 60 minutos. Após voltar à temperatura

ambiente, a amostra foi diluída com água destilada e acrescentou-se 6 gotas do indicador

ferroína. Deste modo, titularam-se as amostras com sulfato ferroso amoniacal (0,1 N) para

fazer o cálculo da porcentagem de COT encontrada em cada testemunho.

3.3.4.2. Nitrogênio Total

O método utilizado para a determinação do Nitrogênio Total foi o Micro-Kjeldhal, de

acordo com Tedesco et al. (1995). Este método consiste na digestão da amostra em ácido

sulfúrico à 350ºC para que todo o nitrogênio orgânico seja convertido à forma amoniacal.

Assim, com a adição de hidróxido de sódio a mistura se alcaliniza e então, a amônia é

destilada juntamente com o vapor d’água. O destilado alcalino é recebido por uma solução

de ácido bórico, a qual se titula com ácido sulfúrico diluído obtendo-se então a concentração

total de N nas amostras.

3.3.4.3. Fósforo Total

O Fósforo Total seguiu o procedimento descrito por Ruttenberg (1992). Neste

método as amostras são calcinadas em mufla durante 1 hora, a fim de eliminar a matéria

orgânica. Após está mineralização, o sedimento é digerido com solução de ácido clorídrico e

agitado por 16 horas. A solução é então filtrada para a retirada do material em suspensão,

para não haver leitura subestimada da amostra. Em cada amostra é adicionado ácido

ascórbico e molibdato de amônio que forma um complexo de cor azulada de fosfo-

molibdato, possibilitando a determinação da concentração por colorimetria no comprimento

de onda de 885 nm. Juntamente a estes procedimentos é feita uma curva de calibração para

tornar possível o cálculo da concentração de P total nas amostras. O espectrofotômetro

utilizado para a leitura das amostras foi da marca Micronal, modelo B582.

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3.3.5. Elementos Metálicos Os metais são transportados pelo ciclo hidrológico desde a primeira ocorrência de

água no Planeta Terra (SALOMONS & FORSTNER, 1984), durante o percurso entre o

continente e o oceano, estes elementos estão sujeitos a diferentes processos que ocorrem

devido às características físico-químicas do ambiente.

Na interface águas continentais/marinhas e nas plataformas continentais, ocorrem

alguns destes processos onde a acumulação de metais traço de origem natural e antrópica

acaba por ser mais intensa. Essa acumulação ocorre através de processos de

sedimentação, floculação, adsorção, precipitação ou coprecipitação envolvendo metais

dissolvidos ou particulados (BAISCH, 1996).

Os metais escolhidos para este trabalho basearam-se no trabalho anterior realizado

no Cone de Rio Grande (CORREIA, 2009). Assim, os metais determinados foram os

seguintes: cobre, cromo, níquel, zinco, chumbo e ferro. Foi utilizada a fração total dos

sedimentos já que a composição dos testemunhos é basicamente silte e argila.

O procedimento utilizado para a determinação dos metais foi o método 3050B da

U.S. Environmental Protection Agency – EPA (USEPA, 1996). Este método consiste em

pesar 1g de amostra da fração total do sedimento já macerada, adicionar 10 mL de ácido

nítrico (HNO3) 1:1 e colocar as amostras em uma chapa aquecida à aproximadamente 80ºC

por cerca de 20 minutos. Depois deste período, adiciona-se 5 mL de HNO3 concentrado.

Espera-se a amostrar concentrar-se a 5 mL e então adiciona-se 2 mL de água destilada e 3

mL de água oxigenada (H2O2) Novamente as amostras são colocadas na chapa aquecida

até atingirem 5 mL. A seguir, adiciona-se 10 mL de ácido clorídrico (HCl) e as amostras

sofrem o último aquecimento por mais 20 minutos. Após este período, retiram-se as

amostras da chapa e espera-se o esfriamento destas, adiciona-se 20 mL de água destilada

e então as amostras são filtradas e aferidas até 50 mL.

A leitura dos metais foi realizada por espectrofotometria de absorção atômica com

chama em equipamento de modelo AA GBC 932.

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3.4. Tratamento dos Dados

Os resultados encontrados para cada parâmetro receberam um tratamento

estatístico descritivo básico além de uma Análise de Componentes Principais, utilizando a

rotação Varimax normalizada.

Os parâmetros também foram interpolados por krigagem através de um software

para gerar mapas de concentração ao longo da bacia analisada.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Relação dos Testemunhos Selecionados

Os testemunhos escolhidos para abertura, processamento e análise estão listados

na tabela 1. Nesta tabela também estão relacionadas as coordenadas geográficas de cada

testemunho, profundidade da coluna d’água onde foram amostrados, além do tamanho total

destes e a profundidade amostrada dentro do testemunho.

Tabela 1: Testemunhos escolhidos para as análises com suas coordenadas geográficas, profundidade no local de amostragem, tamanho total do testemunho e profundidade amostrada no testemunho.

Testemunho Prof. de lâmina

d’água (m)

Latitude (S)

Longitude (W)

Tamanho testemunho

(m)

Prof. amostrada

testemunho(m)

SAT 002

Porç

ão N

ort

e

100 - 28,0989 - 48,0250 1,50 0,72 – 1,02 SAT 021 2822 -28,1777 -45,6081 2,50 1,44 – 1,74 SAT 044 1439 -29,0530 -47,1716 1,10 0,36 – 0,66 SAT 054 1459 -29,1979 -47,2976 1,80 0,99 – 1,19 SAT 052 1415 -29,1980 -47,3200 1,30 0,39 – 0,69

SAT 072 802 -29,2991 -47,7349 1,50 0,20 – 0,50 0,76 – 1,06

SAT 075 1667 -29,4277 -47,2851 1,95 1,07 – 1,37 SAT 090 1092 -29,6118 -47,5845 1,65 0,87 – 1,17

REG 250

Porç

ão C

entr

al

1885 -29,9995 -47,0995 1,30 0,35 – 0,65 REG 305 1405 -30,2994 -47,3996 1,40 0,49 – 0,79

REG 396 396 -30,4496 -48,1495 1,60 0,20 – 0,50 0,81 – 1,11

REG 486 1270 -30,8995 -48,8996 1,40 0,75 – 1,05 REG 570 630 -31,3494 -49,6493 1,70 0,87 – 1,17 SAT 099 1560 -31,7864 -49,6716 4,40 2,48 – 2,78 SAT 108 1472 -31,8372 -49,7391 2,00 1,02 – 1,32

SAT 119 173 -32,0316 -50,1231 3,70 0,20 – 0,50 1,71 – 2,01 2,04 – 2,34

SAT 144 173 -32,0785 -50,1408 2,10 1,08 – 1,38 REG 785 192 -32,3995 -50,2496 2,95 1,53 – 1,83 SAT 168 3015 -32,4648 -48,4059 4,90 2,41 – 2,71

SIS 774

Porç

ão S

ul

1280 -32,5804 -49,9655 3,45 1,56 – 1,86 SIS 757 1340 -32,7843 -49,8365 1,90 0,97 – 1,27 SIS 679 2210 -32,8842 -49,2101 3,45 2,07 – 2,37 SIS 721 1618 -32,9402 -49,4947 4,45 2,39 – 2,69

REG 740 1598 -33,1496 -49,4995 4,10 0,20 – 0,50 1,82 – 2,12 2,28 – 2,58

SIS 820 1192 -33,1879 -49,8150 2,00 1,11 – 1,41 SIS 928 645 -33,2018 -50,4611 2,05 1,15 – 1,45 SIS 898 834 -33,2642 -50,1727 2,60 1,25 – 1,55 SIS 925 544 -33,2995 -50,3994 3,25 1,52 – 1,82 SIS 892 1020 -33,3597 -50,0568 2,75 1,65 – 1,95 SIS 840 1337 -33,3842 -49,8232 3,70 2,20 – 2,50

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SIS 936 645 -33,4474 -50,4392 3,50 2,35 – 2,65 REG 964 313 -33,5995 -50,8495 3,90 2,13 – 2,43 REG 957 580 -33,5996 -50,6996 3,75 1,91 – 2,21 REG 946 1410 -33,7495 -50,3993 4,40 2,39 – 2,69 REG 977 1841 -33,7495 -50,9993 4,60 2,42 – 2,72 REG 963 1121 -33,7496 -50,6994 3,65 1,78 – 2,08 REG 884 2839 -33,7496 -49,6495 4,60 2,52 – 2,82 REG 962 1526 -33,8994 -50,5494 1,80 1,06 – 1,36 REG 976 1841 -33,8994 -50,8494 2,35 1,33 – 1,63

REG 985 1572 -33,8994 -50,9997 4,20 0,20 – 0,50 1,95 – 2,25 2,32 – 2,62

REG 915 2878 -33,8995 -49,9495 1,80 0,57 – 0,87 REG 942 2360 -33,8996 -50,0996 2,65 1,68 – 1,98 REG 961 2197 -34,0493 -50,3995 2,45 1,43 – 1,73 REG 943 2801 -34,0495 -49,9495 2,25 1,30 – 1,60 REG 995 1600 -34,0495 -51,1495 1,50 0,99 – 1,29

4.2. Potencial Hidrogeniônico (pH)

O pH encontrado nas amostras indicou em sua maioria sedimentos neutros, variando

entre 6,15 até 7,54, a média encontrada foi de 7,04 com baixo desvio padrão de 0,27

(Tabela 2).

Por problemas técnicos com o potenciômetro, as amostras REG 250, REG 305, REG

396, REG 486 e SAT 570 não puderam ter o seu pH medido, e portanto, estas amostras

não estão contempladas na tabela.

Outro ponto importante a salientar é que como estes testemunhos foram coletados

em 2007/2008, mesmo com a conservação correta, os valores de pH podem ter sofrido

alterações já que saíram do ambiente de origem a um tempo considerável.

Os valores de pH possuem correlação com a concentração de carbonatos, quanto

maior o valor do pH do sedimento e da água do mar ao redor, maior será o teor de

carbonatos (LI & SCHOONMAKER, 2003). Como esta análise de carbonatos não foi

realizada neste projeto, mas considerando que os valores de pH determinados não foram

elevados pode-se inferir que a concentração de carbonatos é baixa para todas as amostras

analisadas.

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Tabela 2: Resultados de pH encontrados, média, desvio padrão, máximo e mínimo das amostras.

Testemunhos pH

SAT 002

Porç

ão N

ort

e

6,91

SAT 021 6,84

SAT 044 6,91

SAT 054 7,08

SAT 052 7,28

SAT 072 6,77

SAT 075 7,43

SAT 090 6,68

SAT 099

Porç

ão C

entr

al 7,54

SAT 108 6,91

SAT 119 6,95

SAT 144 7,12

REG 785 6,15

SAT 168 7,43

SIS 774

Porç

ão S

ul

7,42

SIS 757 6,85

SIS 679 6,99

SIS 721 7,32

REG 740 7,29

SIS 820 7,39

SIS 928 7,44

SIS 898 6,9

SIS 925 7,22

SIS 892 7,26

SIS 840 7,23

SIS 936 7,14

REG 964 6,91

REG 957 7,1

REG 946 7,16

REG 977 6,85

REG 963 6,89

REG 884 7,03

REG 962 6,82

REG 976 6,74

REG 985 7,01

REG 915 7,03

REG 942 6,83

REG 961 6,95

REG 943 6,94

REG 995 7,01

Média 7,04

Desvio Padrão 0,27

Máximo 7,54

Mínimo 6,15

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4.3. Análises Granulométricas

A análise dos resultados da granulometria é apresentada na forma de

porcentagem das frações areia, silte e argila para cada amostra dos testemunhos

(Tabela 3), onde também se encontram as médias, desvio padrão, máximos e mínimos

de cada fração granulométrica.

A porcentagem de areia foi a menos representativa nas amostras e variou de

0,20% a 19,19% apresentando média de 5,08%. Já as porcentagens de silte e argila

foram as mais representativas, variando de 14,34% a 75,04% para o silte, com média de

46,74%, e de 24,76% a 79,73% para a argila, com média de 48,16%.

Com base nos dados apresentados na Tabela 5, efetuou-se a classificação da

granulometria dos sedimentos com emprego do diagrama textural de Shepard (1954).

Os testemunhos foram divididos nas regiões Norte, Central e Sul conforme mostrado

nas figuras 6, 7 e 8, de modo a que as considerações possam ser feitas de forma

regional.

Tabela 3: Resultados de granulometria encontrados com a porcentagem das classes por testemunho, além de média, desvio padrão, máximo e mínimo.

Testemunhos Areia (%) Silte (%) Argila (%)

SAT 002

Porç

ão N

ort

e

18,85 38,56 42,59

SAT 021 0,20 75,04 24,76

SAT 044 8,36 40,23 51,41

SAT 054 4,83 48,10 47,06

SAT 052 9,66 49,84 40,50

SAT 072 1,68 66,97 31,35

SAT 075 1,73 65,45 32,82

SAT 090 0,49 61,26 38,25

REG 250

Porç

ão C

entr

al

4,42 41,64 53,95

REG 305 19,19 26,60 54,21

REG 396 12,50 56,00 31,50

REG 486 11,37 44,72 43,91

REG 570 8,92 37,42 53,67

SAT 099 2,52 42,21 55,26

SAT 108 3,09 38,75 58,17

SAT 119 14,20 36,25 48,85

SAT 144 0,34 71,84 27,81

SAT 168 0,97 47,21 51,82

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SIS 774

Porç

ão S

ul

1,30 50,14 48,55

SIS 757 6,00 36,31 57,69

SIS 679 10,11 18,76 71,13

REG 740 16,57 28,11 55,31

SIS 820 2,63 67,50 29,87

SIS 928 0,40 61,85 37,69

SIS 925 11,98 18,71 69,30

SIS 892 2,66 56,05 41,29

SIS 840 3,24 32,67 64,09

REG 964 6,74 38,35 54,91

REG 957 2,74 41,51 55,75

REG 946 11,86 46,87 41,27

REG 977 5,93 14,34 79,73

REG 963 2,06 45,57 52,37

REG 884 3,85 42,44 53,70

REG 962 5,08 50,02 44,91

REG 976 0,64 55,35 44,01

REG 985 1,85 52,40 45,75

REG 915 2,93 51,82 45,25

REG 942 2,21 56,02 41,77

REG 961 3,24 49,69 47,07

REG 943 1,79 53,16 45,05

REG 995 6,80 53,38 39,82

Média Geral 5,75 46,56 47,66

Desvio Padrão 5,23 13,96 11,67

Máximo 19,19 75,04 79,73

Mínimo 0,20 14,34 24,76

Figura 5: Diagrama de Shepard referente a porção norte da Bacia de Pelotas.

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Figura 6: Diagrama de Shepard referente a porção central da Bacia de Pelotas.

Figura 7: Diagrama de Shepard referente a porção sul da Bacia de Pelotas.

Os resultados apresentados pelos diagramas de Shepard corroboram com Press et

al. (2006) que afirma que a sedimentação de oceano profundo é dominada pelos

sedimentos de granulometria mais fina, já que há uma predominância da fácie silte argiloso

e argila síltica em todas as regiões da Bacia de Pelotas.

O testemunho com maior porcentagem de areia foi justamente o testemunho mais

próximo a costa (SAT 002) localizado na profundidade de 100m, a mais rasa das

amostradas. Confirmando a tendência de sedimentação dos grãos maiores primeiro e

posteriormente dos mais finos.

Em relação as regiões norte e central é possível ver que a primeira possui uma

tendência para silte argiloso e a outra argila síltica, o que mostra que estas regiões em geral

receberam sempre o mesmo padrão de sedimentação. Segundo Nizoli & Luiz-Silva (2009),

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sedimentos mais bem selecionados, ou seja, aqueles com menor granulometria, indicam

ambiente de sedimentação estável, com baixo regime de fluxo fluvial.

Observa-se na porção sul a mesma predominância das outras regiões, mas alguns

testemunhos apresentaram fácies diferentes como argila e argila arenosa. Esta presença de

mais tipos de fácies é resultado dos diferentes padrões de sedimentação sobre esta região

já que foi cenário da formação da feição sedimentar do Cone de Rio Grande, com

contribuições terrígenas dos rios da planície costeira do Rio Grande do Sul além de eventos

de transgressão e regressão marinha onde estes sedimentos depositados foram

retrabalhados.

Estes rios que drenavam a plataforma emersa foram afogados pelo mar, diminuindo

gradativamente, a influência da sedimentação terrígena fluvial no talude e na elevação

continental. A taxa de sedimentação holocênica desta região parece ter variado de 5 cm/103

anos para 1,4 cm/103 anos, segundo Vicalvi (1977). O último evento deposicional terrígeno

observado sobre a região do Cone do Rio Grande foi praticamente nulo, prevalecendo,

durante todo o Holoceno, uma sedimentação marinha, estritamente pelágica (ALVES, 1977

apud CORREIA, 2009).

A ausência de grandes aportes na plataforma e o reduzido transporte de material

terrígeno em suspensão nesta área leva à uma baixíssima sedimentação sobre a Bacia de

Pelotas.

4.4. Considerações da Matéria Orgânica

As características da matéria orgânica despositada em sedimentos de áreas

marinhas têm sido largamente utilizadas na correlação com vários processos

oceanográficos, tais como produtividade de águas superficiais, aporte de materiais

continentais para os oceanos, a dinâmica de massas d’água (MAHIQUES, 1998). Já que

sua distribuição é afetada por muitas variáveis oceanográficas, como a profundidade da

coluna de água, a hidrodinâmica local, o diâmetro das partículas, dentre outros conforme

Sommaruga & Conde (1990).

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Este material orgânico pode ter origem alóctone ou autóctone, ou ainda uma

combinação de ambos. A fonte fluvial é a principal fonte de matéria orgânica alóctone

terrestre para os sedimentos, que consistem em uma mistura complexa de material de

diversas origens. A fonte marinha que aporta no sistema via maré e a biomassa autóctone

derivada dos produtores primários do sistema (plâncton, bentos e vegetação marginal) são

outras fontes naturais também significativas para a matéria orgânica sedimentar. (GARSIDE

et al., 1976 apud SANTOS, 2007).

O estudo dos teores e relações entre os elementos carbono, nitrogênio, fósforo e

enxofre, situados entre os mais importantes na composição da matéria orgânica, consiste na

base para a compreensão da natureza da matéria orgânica, sua origem e grau de

degradação e condições de oxi-redução do fundo oceânico.

Outros parâmetros, tais como razões de isótopos estáveis, organolitas e

hidrocarbonetos, fornecem informações importantes sobre os processos de aporte e

modificações da matéria orgânica.

Pela estrutura atual do laboratório, as análises realizadas em elementos maiores

como indicadores da matéria orgânica foram somente dos elementos carbono, nitrogênio e

fósforo, permitindo inferir um pouco sobre sua origem e proporção nos sedimentos. Os

valores de Carbono Orgânico Total (COT), Nitrogênio Total e Fósforo Total serão

apresentados na tabela 4, juntamente com os desvios de cada amostra, médias por região

da Bacia de Pelotas e média geral encontrada. Os resultados estão ilustrados nas figuras 9

e 10.

Tabela 4: COT, N-Total, P-Total encontrados, com seus respectivos desvios, média, máximos e mínimos encontrados.

Testemunhos Carbono (%) Nitrogênio (mg/kg) Fósforo (mg/kg)

SAT 002

Porç

ão N

ort

e

0,054 (± 0,010) 650,817 (± 25,210) 1662,210 (± 34,427)

SAT 021 0,209 652,681 2326,476 (± 41,640)

SAT 044 0,370 (± 0,007) 505,006 (± 29,438) 2175,649 (± 32,700)

SAT 054 0,435 (± 0,031) 529,769 (± 19,421) 2420,940 (± 92,067)

SAT 052 0,280 (± 0,057) 504,029 (± 55,343) 2883,587 (± 182,440)

SAT 072 0,422 (± 0,022) 634,233 (± 8,406) 1248,103 (± 74,332)

SAT 075 0,209 (± 0,021) 440,696 (± 2,478) 2597,103 (± 126,112)

SAT 090 0,354 (± 0,006) 432,299 (± 0,283) 2057,908 (± 22,509)

Média Porção Norte 0,29 543,69 2171,50

REG 250

Porç

ão

Centr

al

0,220 (± 0,032) 152,736 (± 2,068) 2798,257 (± 20,160)

REG 305 0,095 (± 0,009) 362,308 (± 4,226) 1579,368 (± 113,663)

REG 396 0,289 (± 0,022) 503,970 (± 5,721) 1518,819 (± 104,916)

REG 486 0,191 (± 0,013) 324,526 (± 40,380) 2257,241 (± 61,122)

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34

REG 570 0,196 (± 0,037) 244,985 (± 4,092) 826,056 (± 36,902)

SAT 099 0,288 (± 0,036) 442,008 (± 0,623) 2418,343 (± 94,606)

SAT 108 0,198 (± 0,010) 590,143 1141,290 (± 30,343)

SAT 119 0,419 588,235 2059,580 (± 508,286)

SAT 144 0,413 (± 0,005) 336,182 (± 47,312) 1344,555 (± 55,207)

REG 785 0,363 (± 0,026) 180,827 (± 3,591) 524,288 (± 230,520)

SAT 168 0,307 (± 0,038) 885,435 (± 8,692) 3019,074 (± 6,590)

Média Porção Central 0,27 419,21 1771,53

SIS 774

Porç

ão S

ul

0,293 (± 0,053) 473,598 (± 20,196) 1245,663 (± 143,471)

SIS 757 0,377 (± 0,019) 594,780 (± 3,299) 1461,935 (± 210,192)

SIS 679 0,515 (± 0,016) 561,599 (± 12,128) 1233,986 (± 155,700)

SIS 721 0,203 (± 0,015) 688,173 (± 65,846) 946,039 (± 12,898)

REG 740 0,245 (± 0,012) 242,645 (± 8,915) 1612,178 (± 139,567)

SIS 820 0,277 (± 0,055) 818,553 (± 47,385) 2821,864 (± 69,523)

SIS 928 0,536 (± 0,015) 984,894 (± 12,693) 1666,780 (± 171,440)

SIS 898 0,515 (± 0,017) 370,559 (± 1,821) 1271,587 (± 291,217)

SIS 925 0,390 (± 0,009) 335,947 (± 48,682) 765,704 (± 12,166)

SIS 892 0,168 636,223 (± 57,643) 1554,000 (± 68,964)

SIS 840 0,249 (± 0,042) 675,316 913,188 (± 76,605)

SIS 936 0,433 (± 0,032) 513,037 (± 14,906) 1274,100 (± 292,222)

REG 964 0,454 (± 0,022) 865,999 (± 52,013) 1737,164 (± 244,891)

REG 957 0,453 (± 0,026) 965,039 (± 7,436) 2240,614 (± 62,299)

REG 946 0,482 (± 0,020) 631,099 (± 26,664) 763,583 (± 9,751)

REG 977 0,703 (± 0,025) 960,920 (± 39,013) 1617,062 (± 68,146)

REG 963 0,422 (± 0,017) 508,765 (± 2,803) 3602,728 (± 12,891)

REG 884 0,485 (± 0,073) 949,656 (± 9,110) 753,174 (± 9,113)

REG 962 0,312 (± 0,037) 442,670 (± 0,938) 2257,732 (± 3,299)

REG 976 0,775 (± 0,027) 1274,598 (± 8,708) 1990,856 (± 345,179)

REG 985 0,955 (± 0,025) 1916,883 (± 31,275) 3381,619 (± 42,218)

REG 915 0,440 (± 0,014) 1158,060 (± 8,943) 2821,158 (± 94,539)

REG 942 0,403 (± 0,012) 524,699 (± 10,155) 1046,578

REG 961 0,622 (± 0,035) 653,154 (± 0,892) 2300,519 (± 621,569)

REG 943 0,663 (± 0,030) 539,824 (± 21,529) 2040,986 (± 53,838)

REG 995 0,474 (± 0,040) 686,855 (± 25,756) 2060,609 (± 374,367)

Média Porção Sul 0,455 729,752 1745,439

Média Geral 0,38 620,77 1827,56

Máximo 0,95 1916,88 3602,73

Mínimo 0,05 152,74 524,29

Os valores de COT (tabela 4) apresentaram média de 0,38% e variaram de 0,05% à

0,95%, conforme localização na bacia, os menores valores foram encontrados na porção

norte e central desta. Enquanto que na porção sul, região do Cone do Rio Grande, os

valores foram maiores, indicando a importância do aporte continental na quantidade de

matéria orgânica depositada no ambiente durante níveis do mar regressivos com influências

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35

diretas dos rios da Prata, Jaguarão, Cebolatti e da própria Laguna dos Patos, conforme

Corrêa et al.(2008).

Os teores de N (tabela 4) encontrados também obtiveram variação de acordo com

sua latitude e possuíram distribuição semelhante a do COT, com os menores valores

encontrados na região central e norte da bacia e as maiores concentrações reportadas para

a porção sul. O valor médio encontrado para a Bacia de Pelotas foi de 620,66 mg/kg

variando entre 152,74 – 1916,88 mg/kg. Segundo Mahiques (1998) este padrão semelhante

entre carbono e nitrogênio é normal pois estes são os elementos mais importantes na

estrutura da matéria orgânica dos seres vivos, sendo o carbono presente em todas as

moléculas e o nitrogênio é um elemento fundamental na estrutura das proteínas.

O fósforo (tabela 4) apresentou concentração média de 1827,56 mg/kg na bacia,

variando de 524,29 mg/kg à 3602,73 mg/kg. Diferente dos outros elementos da fração

orgânica, este não apresentou uma distribuição marcada de acordo com a latitude, mas

houve valores altos e baixos em todas as regiões. A porção central da Bacia de Pelotas, na

região mais rasa, foi a que apresentou os menores valores para este nutriente.

Este elemento é indicativo de zonas de produtividade marinha mostrando que

algumas destas áreas desta bacia contaram com alta produtividade, possivelmente pela

circulação oceânica que traz águas frias da Corrente das Malvinas, ricas em nutrientes

como fosfatos e nitratos, que encontram a Corrente do Brasil e se misturam geralmente na

borda da plataforma continental (GODÓI, 1983).

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36

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

SA

T 0

02

SA

T 0

21

SA

T 0

44

SA

T 0

54

SA

T 0

52

SA

T 0

72

SA

T 0

75

SA

T 0

90

RE

G 2

50

RE

G 3

05

RE

G 3

96

RE

G 4

86

RE

G 5

70

SA

T 0

99

SA

T 1

08

SA

T 1

19

SA

T 1

44

RE

G 7

85

SA

T 1

68

SIS

774

SIS

757

SIS

679

SIS

721

RE

G 7

40

SIS

820

SIS

928

SIS

898

SIS

925

SIS

892

SIS

840

SIS

936

RE

G 9

64

RE

G 9

57

RE

G 9

46

RE

G 9

77

RE

G 9

63

RE

G 8

84

RE

G 9

62

RE

G 9

76

RE

G 9

85

RE

G 9

15

RE

G 9

42

RE

G 9

61

RE

G 9

43

RE

G 9

95

%

Testemunhos

Carbono Orgânico Total

Mean±SD = (0,2035, 0,559) Min-Max = (0,0537, 0,9549)

Carbono0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

%

0

500

1000

1500

2000

SA

T 0

02

SA

T 0

21

SA

T 0

44

SA

T 0

54

SA

T 0

52

SA

T 0

72

SA

T 0

75

SA

T 0

90

RE

G 2

50

RE

G 3

05

RE

G 3

96

RE

G 4

86

RE

G 5

70

SA

T 0

99

SA

T 1

08

SA

T 1

19

SA

T 1

44

RE

G 7

85

SA

T 1

68

SIS

774

SIS

757

SIS

679

SIS

721

RE

G 7

40

SIS

820

SIS

928

SIS

898

SIS

925

SIS

892

SIS

840

SIS

936

RE

G 9

64

RE

G 9

57

RE

G 9

46

RE

G 9

77

RE

G 9

63

RE

G 8

84

RE

G 9

62

RE

G 9

76

RE

G 9

85

RE

G 9

15

RE

G 9

42

RE

G 9

61

RE

G 9

43

RE

G 9

95

mg

/kg

Testemunhos

Nitrogênio Total

Mean±SD = (305,2509, 936,2793) Min-Max = (152,7363, 1916,8833)

Nitrogênio0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

mg/k

g

0500

100015002000250030003500

SA

T 0

02

SA

T 0

21

SA

T 0

44

SA

T 0

54

SA

T 0

52

SA

T 0

72

SA

T 0

75

SA

T 0

90

RE

G 2

50

RE

G 3

05

RE

G 3

96

RE

G 4

86

RE

G 5

70

SA

T 0

99

SA

T 1

08

SA

T 1

19

SA

T 1

44

RE

G 7

85

SA

T 1

68

SIS

774

SIS

757

SIS

679

SIS

721

RE

G 7

40

SIS

820

SIS

928

SIS

898

SIS

925

SIS

892

SIS

840

SIS

936

RE

G 9

64

RE

G 9

57

RE

G 9

46

RE

G 9

77

RE

G 9

63

RE

G 8

84

RE

G 9

62

RE

G 9

76

RE

G 9

85

RE

G 9

15

RE

G 9

42

RE

G 9

61

RE

G 9

43

RE

G 9

95

mg

/kg

Testemunhos

Fósforo

Mean±SD = (1075,5557, 2579,5668) Min-Max = (524,2875, 3602,7284

)

Fósforo0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

mg/k

g

Figura 8: Gráficos de barras e box-plots com médias e desvios padrões de COT, N-Total, P-Total.

Norte Central Sul

Norte Central Sul

Norte Central Sul

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37

Figura 9: Mapas de concentração dos parâmetros COT, N-Total, P-Total ao longo da Bacia de Pelotas.

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38

As concentrações dos elementos indicadores de matéria orgânica situam-se nos

valores considerados padrão para sedimentos oceânicos onde a taxa de sedimentação, e

conseqüente aporte de matéria orgânica, é normalmente muito baixa. Valores encontrados

em argilas pelágicas para C foram de 0,45%, para N de 600 mg/kg e P de 1500 mg/kg,

conforme Li & Schoonmaker (2003). Portanto, verificamos que apesar destes valores

parecerem baixos, estas concentrações são o natural para este tipo de ambiente, indicando

que a área de estudo trata-se de uma região não contaminada.

Visualizando os mapas com as concentrações encontradas e interpoladas (figura 10)

é possível notar o padrão semelhante de distribuição do COT e N já comentado

anteriormente. Além do P apresentar as maiores concentrações, isto pode ser explicado

porque o fósforo é o elemento, destes 3 estudados, que mais persiste no ambiente e

demora a ser remineralizado (BERBEL, 2008). Outro padrão que pode ser visualizado são

as maiores concentrações de fósforo relacionadas à maior distância da costa e conseqüente

aumento de profundidade, segundo Ruttemberg & Goni (1997) este comportamento está

ligado ao fósforo utilizado nas atividades bacterianas da sub-superfície.

Comparando com outras bacias sedimentares brasileiras (Tabela 5) é possível notar

que a quantidade de COT varia bastante de bacia para bacia, sendo a Bacia de Pelotas a

que apresenta os menores valores. Esta diferença pode ser explicada pela diferença nos

métodos analíticos aplicados nos outros estudos, que é considerado mais sensível e

confiável, leitura em analisador elementar de carbono para as Bacias do Espírito Santo,

Potiguar e Pará – Maranhão.

Tabela 5: Concentrações de Carbono, Nitrogênio e Fósforo em diversas bacias sedimentares brasileiras.

Bacia

Pelotas Bacia

Campos 1

Bacia Espírito Santo

2

Bacia Potiguar

3

Bacia Pará –

Maranhão 4

Carbono (%) 0,05 – 0,95 0,95 – 1,60 0,08 – 4,9 0,25 – 9,4 1,19 – 3,26 Nitrogênio (%) 0,015 -0,192 - - - 0,096 – 0,157

Fósforo (%) 0,052 – 0,360 - - - 0,033 – 0,046

Fontes: 1

Demore, 2005; 2 AS PEG, 2003;

3 Lacerda et al., 2005 apud Lacerda & Marins, 2006;

4 Habtec, 2009.

Para N e P só foram encontrados dado na bacia brasileira do Pará – Maranhão,

estes proveninentes do EIA-RIMA (HABTEC, 2009) para perfuração de poços petrolíferos

nesta região. Os valores para o nitrogênio encontrados foram levemente maiores na Bacia

de Pelotas e os valores de fósforo foram notadamente maiores, indicando que a quantidade

de nutrientes na água e conseqüente produtividade marinha influenciam diretamente na

matéria orgânica depositada nas bacias, pela influência da Corrente das Malvinas na região

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39

de estudo e também pela própria características que águas subtropicais são mais ricas em

nutrientes que águas equatoriais (PINET, 2006).

4.4.1. Relação Carbono/Nitrogênio (C/N)

A composição elementar da matéria orgânica é uma ferramenta utilizada para

identificar fontes terrestres e marinhas. O material de origem fitoplanctônica tem razão molar

C/N entre 4 e 10. Plantas vasculares, por sua vez, apresentam valores superiores a 20 de

razão C/N (MEYERS, 1994).

No entanto, há alguma flexibilidade na interpretação dessa relação: Saito et al. (1989

apud LIMA, 2008) interpretam razões C/N>20 como resultado da degradação da matéria

orgânica de vegetais superiores (de origem terrestre) e C/N< 7 para os de origem marinha;

Sampei & Matsumoto (2001) apresenta valores de C/N≤10 para matéria orgânica de

vegetais marinhos, considerando os de C/N>10 como de mistura de fontes de matéria

orgânica; e Meyers (1994) e Meyers (1997) registraram pelitos marinhos com valores de C/N

≤ 10 e C/N=15 como padrão médio de ambientes estuarinos.

Entretanto, a composição elementar sofre alterações ao longo dos processos de

transporte e pós-sedimentares (processos diagenéticos recentes), o que pode comprometer

sua aplicação na determinação das origens. Informações mais consistentes sobre a origem

e o destino da matéria orgânica sedimentada em ambientes costeiros são obtidas quando a

composição elementar de carbono, nitrogênio e fósforo (C,N e P) é avaliada em conjunto

com as razões isotópicas de C e N (MEYERS, 1994; MEYERS, 1997).

Como o Laboratório de Oceanografia Geológica da FURG não possui equipamentos

capazes de realizarem estas análises, é possível com os dados obtidos no presente

trabalho, levantar hipóteses das possíveis origens desta matéria orgânica. Para minimizar as

possíveis alterações nas proporções dos elementos no decorrer no tempo no ambiente

depositado, foram utilizados somente valores de COT maiores que 0,3%, conforme Meyers

(1994) indica. Estes resultados encontram-se expressos na tabela 6, juntamente com sua

média, máximo e mínimo e também estão ilustrados nas figuras 11 e 12.

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40

Tabela 6: Relação C/N calculados para testemunhos com COT > 0,3%.

Testemunhos C/N

SAT 044

Porç

ão

Nort

e

7,327

SAT 054 8,210

SAT 072 6,654

SAT 090 8,200

SAT 119

Porç

ão

Centr

al 7,127

SAT 144 12,296

REG 785 20,096

SAT 168 3,470

SIS 757

Porç

ão S

ul

6,331

SIS 679 9,165

SIS 928 5,446

SIS 898 13,890

SIS 925 11,607

SIS 936 8,435

REG 964 5,247

REG 957 4,694

REG 946 7,642

REG 977 7,311

REG 963 8,289

REG 884 5,109

REG 962 7,056

REG 976 6,084

REG 985 4,982

REG 915 3,797

REG 942 7,687

REG 961 9,517

REG 943 12,280

REG 995 6,905

Média Geral 8,03

Máximo 20,10

Mínimo 3,47

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41

0 10 20

SAT 044

SAT 054

SAT 072

SAT 090

SAT 119

SAT 144

REG 785

SAT 168

SIS 757

SIS 679

SIS 928

SIS 898

SIS 925

SIS 936

REG 964

REG 957

REG 946

REG 977

REG 963

REG 884

REG 962

REG 976

REG 985

REG 915

REG 942

REG 961

REG 943

REG 995

Teste

mu

nh

os

C/N

Figura 10: Gráfico das relações C/N calculadas.

Figura 11: Mapa com os valores C/N encontrados e interpolados na região da bacia.

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42

A origem predominante para a matéria orgânica dos testemunhos estudados foi

marinha, com valor médio de 8,03 variando entre 3,47 até 20,10. A porção Norte da bacia

como esperado indicou apenas sedimentação marinha já que a região nunca possuiu

contribuição continental significativa.

A região central foi a única que apresentou um testemunho com origem continental

(figura 12), o REG 785, este se encontra em regiões próximas a paleocanais já reportados

por estudos sísmicos de Abreu & Calliari (2005), Weschenfelder et al. (2008) e

Weschenfelder et al. (2010) que pertencem ao Rio Camaquã, sendo esta a explicação para

esta anomalia, quando comparada aos demais testemunhos analisados.

Para a região sul esperava-se pela presença da feição sedimentar do Cone do Rio

Grande que houvesse maior predominância de origem continental e/ou intermediária nos

sedimentos. No entanto, os resultados apresentaram em sua maioria proveniência marinha

com alguns pontos com origem marinha e continental. Isto pode ser explicado porque, de

acordo com Alves (1977 apud CORREIA, 2009), durante o Holoceno prevaleceu uma

sedimentação marinha na região sul da Bacia de Pelotas.

4.5. Elementos Metálicos

A concentração de metais no ambiente marinho depende da proximidade com fontes

naturais, como erupções vulcânicas submarinas; ou antrópicas, como rios e estuários

contaminados. Os sedimentos têm atuam como um reservatório nos quais mudanças nas

condições ambientais podem causar a remobilização dos metais acumulados.

Os metais estão associados aos sedimentos através dos diferentes suportes lito-

sedimentares. Dentre eles podem ser citados o suporte granulométrico e a associação de

metais com os diferentes componentes lito-geoquímicos.

Como o objetivo deste trabalho foi proporcionar uma visão geral da Bacia de Pelotas,

possuindo um caráter pioneiro, recomenda-se para trabalhos futuros que outros metais e

métodos seqüenciais de extrações sejam analisados.

Os metais analisados foram Níquel (Ni), Zinco (Zn), Cromo (Cr), Chumbo (Pb), Cobre

(Cu), Ferro (Fe). Os elementos Ni, Cu, Cr, Pb e Zn são considerados elementos vestigiais

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43

da crosta continental e o Fe é o quarto elemento mais abundante na crosta, sendo também

o segundo metal mais abundante na terra.

Problemas no equipamento impossibilitaram a análise de alumínio (Al) e cádmio

(Cd). O alumínio é elemento indicador da fração fina e da abundância dos minerais alumino-

silicatado.

Os resultados encontrados para os metais estudados são apresentados na tabela 7

por região na bacia, com suas respectivas médias, desvio padrão, média geral, desvio

padrão geral, máximos e mínimos. Além disto, nas figuras 13 a 16 encontram-se ilustrados

os gráficos para facilitar a visualização dos resultados.

Tabela 7: Resultados dos metais estudados (Ni, Zn, Cr, Pb, Cu e Fe), seus limites de detecção, suas respectivas médias por região da bacia, desvios padrões, mínimos e máximos gerais.

Testemunhos Níquel (mg/kg)

Zinco (mg/kg)

Cromo (mg/kg)

Chumbo (mg/kg)

Cobre (mg/kg)

Ferro (%)

*Limites de Detecção 1,0 0,8 0,2 0,5 0,5 0,0005

SAT 002

Porç

ão N

ort

e

7,244 36,171 7,343 8,137 5,706 1,370

SAT 021 17,045 65,730 11,746 19,644 19,444 2,234

SAT 044 12,692 45,972 9,494 4,897 10,094 1,283

SAT 054 11,600 48,550 8,600 8,700 10,450 1,507

SAT 052 14,149 43,896 3,100 9,299 13,099 0,833

SAT 072 11,519 51,440 23,833 21,648 18,173 1,765

SAT 075 16,425 62,057 14,079 17,474 16,076 1,976

SAT 090 16,083 69,096 15,040 20,649 15,189 1,930

Média Porção Norte 13,34 (±3,28)

52,86 (±11,59)

11,65 (±6,23)

13,81 (±6,69)

13,53 (±4,61)

1,61 (±0,45)

REG 250

Porç

ão C

entr

al

18,843 49,801 17,946 10,818 9,621 1,788

REG 305 18,956 32,376 10,376 6,834 7,433 0,978

REG 396 25,157 61,296 21,214 10,283 13,178 1,869

REG 486 26,857 65,845 24,411 6,889 14,127 2,514

REG 570 17,463 37,960 14,080 11,642 9,204 1,456

SAT 099 11,416 51,296 12,861 17,049 13,609 1,980

SAT 108 10,767 52,637 10,468 17,795 10,418 1,829

SAT 119 9,122 44,323 8,081 12,147 10,015 1,784

SAT 144 15,871 74,497 13,491 18,252 16,764 2,374

REG 785 6,339 49,860 14,873 21,012 13,825 1,903

SAT 168 14,652 69,981 20,960 15,000 21,556 2,596

Média Porção Central 15,95 (±6,42)

53,62 (±13,15)

15,34 (±5,17)

13,43 (±4,72)

12,70 (±4,01)

1,92 (±0,47)

SIS 774

Porç

ão S

ul 11,420 53,525 14,350 15,293 13,505 1,981

SIS 757 10,263 52,013 11,459 21,672 12,754 1,827

SIS 679 10,636 50,447 14,364 12,525 13,270 1,752

SIS 721 12,636 57,830 15,164 11,744 13,578 2,090

REG 740 9,363 128,088 5,627 11,853 10,508 1,470

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44

SIS 820 14,380 98,262 16,077 13,531 16,577 2,505

SIS 928 14,218 61,974 16,150 21,153 16,843 2,442

SIS 898 13,001 61,516 17,434 20,970 20,074 2,356

SIS 925 9,093 57,239 11,676 14,956 13,217 1,721

SIS 892 10,578 54,685 14,021 8,083 15,068 2,275

SIS 840 11,847 61,019 11,500 23,446 16,853 2,097

SIS 936 14,231 62,569 15,630 20,523 16,778 2,256

REG 964 9,363 46,319 8,570 9,165 8,124 1,557

REG 957 11,435 56,478 6,413 8,452 9,595 1,475

REG 946 11,569 56,398 16,406 16,057 15,508 1,960

REG 977 10,129 50,000 10,526 15,641 12,761 1,464

REG 963 12,744 62,469 18,491 20,140 18,091 2,429

REG 884 14,773 64,216 17,708 7,760 17,310 1,965

REG 962 10,699 79,568 15,924 17,416 16,172 2,247

REG 976 19,152 63,178 11,989 10,546 22,933 1,822

REG 985 20,034 60,251 12,957 14,153 18,539 1,692

REG 915 14,919 64,701 15,715 15,118 17,157 2,114

REG 942 13,268 64,346 17,807 17,807 18,206 2,208

REG 961 14,003 66,094 19,714 14,152 17,231 2,054

REG 943 13,589 93,235 21,127 15,424 18,498 2,397

REG 995 10,563 59,016 15,523 11,803 14,928 2,139

Média Porção Sul 12,69 (±2,81)

65,71 (±17,92)

14,28 (±3,96)

15,21 (±4,58)

15,72 (±3,38)

2,02 (±0,37)

Média Geral 13,56 (±4,15)

59,96 (±16,37)

14,10 (±4,69)

14,39 (±4,90)

14,49 (±3,85)

1,92 (±0,40)

Máximo 26,86 128,09 24,41 23,45 22,93 2,60

Mínimo 6,34 32,38 3,10 4,90 5,71 0,83

O metal Ni obteve uma média de 13,56 mg/kg (desvio padrão 4,15 mg/kg) entre os

45 testemunhos analisados com valores variando entre 6,34 – 26,86 mg/kg. Comparando as

regiões da bacia é possível ver que tanto a porção Norte como a Sul, apresentam valores

semelhantes, enquanto que a porção central apresentou valores mais elevados. Contudo,

na mesma região (central) também foi reportado o testemunho com valor mínimo de Ni.

Analisando o mapa de distribuição (figura 15) além da região de maior concentração

no centro da bacia, também é possível visualizar uma concentração maior deste elemento,

no talude continental.

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45

0

5

10

15

20

25

SA

T 0

02

SA

T 0

21

SA

T 0

44

SA

T 0

54

SA

T 0

52

SA

T 0

72

SA

T 0

75

SA

T 0

90

RE

G 2

50

RE

G 3

05

RE

G 3

96

RE

G 4

86

RE

G 5

70

SA

T 0

99

SA

T 1

08

SA

T 1

19

SA

T 1

44

RE

G 7

85

SA

T 1

68

SIS

774

SIS

757

SIS

679

SIS

721

RE

G 7

40

SIS

820

SIS

928

SIS

898

SIS

925

SIS

892

SIS

840

SIS

936

RE

G 9

64

RE

G 9

57

RE

G 9

46

RE

G 9

77

RE

G 9

63

RE

G 8

84

RE

G 9

62

RE

G 9

76

RE

G 9

85

RE

G 9

15

RE

G 9

42

RE

G 9

61

RE

G 9

43

RE

G 9

95

mg

/kg

Testemunhos

Níquel

Mean±SD = (9,4055, 17,7103) Min-Max = (6,3386, 26,857)

Níquel4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

28

mg/k

g

020406080

100120

SA

T 0

02

SA

T 0

21

SA

T 0

44

SA

T 0

54

SA

T 0

52

SA

T 0

72

SA

T 0

75

SA

T 0

90

RE

G 2

50

RE

G 3

05

RE

G 3

96

RE

G 4

86

RE

G 5

70

SA

T 0

99

SA

T 1

08

SA

T 1

19

SA

T 1

44

RE

G 7

85

SA

T 1

68

SIS

774

SIS

757

SIS

679

SIS

721

RE

G 7

40

SIS

820

SIS

928

SIS

898

SIS

925

SIS

892

SIS

840

SIS

936

RE

G 9

64

RE

G 9

57

RE

G 9

46

RE

G 9

77

RE

G 9

63

RE

G 8

84

RE

G 9

62

RE

G 9

76

RE

G 9

85

RE

G 9

15

RE

G 9

42

RE

G 9

61

RE

G 9

43

RE

G 9

95

mg

/kg

Testemunhos

Zinco

Mean±SD = (43,5914, 76,3294) Min-Max = (32,3755, 128,0876)

Zinco20

40

60

80

100

120

140

mg/k

g

0

5

10

15

20

25

SA

T 0

02

SA

T 0

21

SA

T 0

44

SA

T 0

54

SA

T 0

52

SA

T 0

72

SA

T 0

75

SA

T 0

90

RE

G 2

50

RE

G 3

05

RE

G 3

96

RE

G 4

86

RE

G 5

70

SA

T 0

99

SA

T 1

08

SA

T 1

19

SA

T 1

44

RE

G 7

85

SA

T 1

68

SIS

774

SIS

757

SIS

679

SIS

721

RE

G 7

40

SIS

820

SIS

928

SIS

898

SIS

925

SIS

892

SIS

840

SIS

936

RE

G 9

64

RE

G 9

57

RE

G 9

46

RE

G 9

77

RE

G 9

63

RE

G 8

84

RE

G 9

62

RE

G 9

76

RE

G 9

85

RE

G 9

15

RE

G 9

42

RE

G 9

61

RE

G 9

43

RE

G 9

95

mg

/kg

Testemunhos

Cromo

Mean±SD = (9,4092, 18,7826) Min-Max = (3,0997, 24,4109)

Cromo2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

mg/k

g

Figura 12: Gráficos de Níquel, Zinco e Cromo, todos em mg/kg.

Norte Central Sul

Norte Central Sul

Norte Central Sul

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46

0

5

10

15

20

25

SA

T 0

02

SA

T 0

21

SA

T 0

44

SA

T 0

54

SA

T 0

52

SA

T 0

72

SA

T 0

75

SA

T 0

90

RE

G 2

50

RE

G 3

05

RE

G 3

96

RE

G 4

86

RE

G 5

70

SA

T 0

99

SA

T 1

08

SA

T 1

19

SA

T 1

44

RE

G 7

85

SA

T 1

68

SIS

774

SIS

757

SIS

679

SIS

721

RE

G 7

40

SIS

820

SIS

928

SIS

898

SIS

925

SIS

892

SIS

840

SIS

936

RE

G 9

64

RE

G 9

57

RE

G 9

46

RE

G 9

77

RE

G 9

63

RE

G 8

84

RE

G 9

62

RE

G 9

76

RE

G 9

85

RE

G 9

15

RE

G 9

42

RE

G 9

61

RE

G 9

43

RE

G 9

95

mg

/kg

Testemunhos

Chumbo

Mean±SD = (9,4863, 19,2938) Min-Max = (4,8971, 23,446)

Chumbo4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

mg/k

g

0

5

10

15

20

25

SA

T 0

02

SA

T 0

21

SA

T 0

44

SA

T 0

54

SA

T 0

52

SA

T 0

72

SA

T 0

75

SA

T 0

90

RE

G 2

50

RE

G 3

05

RE

G 3

96

RE

G 4

86

RE

G 5

70

SA

T 0

99

SA

T 1

08

SA

T 1

19

SA

T 1

44

RE

G 7

85

SA

T 1

68

SIS

774

SIS

757

SIS

679

SIS

721

RE

G 7

40

SIS

820

SIS

928

SIS

898

SIS

925

SIS

892

SIS

840

SIS

936

RE

G 9

64

RE

G 9

57

RE

G 9

46

RE

G 9

77

RE

G 9

63

RE

G 8

84

RE

G 9

62

RE

G 9

76

RE

G 9

85

RE

G 9

15

RE

G 9

42

RE

G 9

61

RE

G 9

43

RE

G 9

95

mg

/kg

Testemunhos

Cobre

Mean±SD = (10,6387, 18,3418) Min-Max = (5,7061, 22,933)

Cobre4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

mg/k

g

0,00,51,01,52,02,53,0

SA

T 0

02

SA

T 0

21

SA

T 0

44

SA

T 0

54

SA

T 0

52

SA

T 0

72

SA

T 0

75

SA

T 0

90

RE

G 2

50

RE

G 3

05

RE

G 3

96

RE

G 4

86

RE

G 5

70

SA

T 0

99

SA

T 1

08

SA

T 1

19

SA

T 1

44

RE

G 7

85

SA

T 1

68

SIS

774

SIS

757

SIS

679

SIS

721

RE

G 7

40

SIS

820

SIS

928

SIS

898

SIS

925

SIS

892

SIS

840

SIS

936

RE

G 9

64

RE

G 9

57

RE

G 9

46

RE

G 9

77

RE

G 9

63

RE

G 8

84

RE

G 9

62

RE

G 9

76

RE

G 9

85

RE

G 9

15

RE

G 9

42

RE

G 9

61

RE

G 9

43

RE

G 9

95

%

Testemunhos

Ferro

Mean±SD = (1,5145, 2,3195) Min-Max = (0,8329, 2,5965)

Ferro0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

%

Figura 13: Gráficos de Chumbo e Cobre em mg/kg e Ferro em %.

Norte Central Sul

Norte Central Sul

Norte Central Sul

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47

Figura 14: Mapas de concentrações de Níquel, Zinco, Cromo e Chumbo ao longo da Bacia de Pelotas.

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48

Figura 15: Mapas de concentrações de Cobre e Ferro ao longo da Bacia de Pelotas.

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49

O Zn foi o metal que apresentou a maior média (à exceção do Fe) de 59,96 mg/kg e

maior desvio padrão, 16,37mg/kg. Seus valores variaram entre 32,38 até 128,09 mg/kg,

sendo a porção central e norte as que apresentaram os maiores valores. Este metal é fonte

do intemperismo de rochas básicas, conforme Valadares & Catani (1975). Além disto, outros

estudos têm apontado que o zinco na coluna da água entra na ciclagem de silício e fosfato,

através da incorporação deste ao fitoplâncton, e da sedimentação em direção ao fundo

oceânico (MARTIN et al., 1980 apud BARCELLOS, 1995).

Este metal (juntamente com o Cd) também é conhecido por possuir uma pequena

capacidade de retenção na barreira de sedimentação representada pelos estuários,

chegando aos oceanos, valores globais apontam que 52% do Zn ultrapassa esta barreira,

(YEATS & BEWERS,1983, apud BARCELLOS, 1995). Este característica é explicada pela

redissolução destes metais ligados à matéria orgânica e aos óxidos de ferro e mânganes.

O cromo apresentou um teor médio de 14,10 mg/kg (desvio padrão 4,69 mg/kg) com

concentrações variando entre 3,10 – 24,41 mg/kg. As regiões da Bacia de Pelotas com

maiores concentrações foi a porção central e a porção sul apresentou maiores valores na

região mais profunda analisada (figura 15).

Os valores para Pb variaram de 4,90 mg/kg à 23,45 mg/kg apresentando uma média

de 14,39 mg/kg (desvio padrão 4,90 mg/kg) para a bacia. Este metal apresentou picos mais

elevados de concentração na região sul da bacia, seguido da região norte. Observando a

figura 14 nota-se que a porção sul o chumbo apresenta uma distribuição até o final da

Laguna dos Patos, indicando que o aporte continental foi importante para sua concentração

nestas localidades. Além do que, este metal não possui fonte marinha, sendo toda sua

deposição proveniente de sedimentos terrígenos.

O cobre obteve concentração média de 14,49 mg/kg (desvio padrão 3,85 mg/kg)

com os valores variando entre 5,71 – 22,93 mg/kg. Este metal seguiu o mesmo padrão do

chumbo, apresentando maiores concentrações na região sul e as menores, na porção

central. As maiores concentrações estão ligadas as zonas mais profundas estudadas e

também à porção sul do Cone do Rio Grande (figura 15).

Como era esperado por ser o segundo metal mais abundante na Terra o Fe foi o

metal que apresentou as maiores concentrações, com desvio padrão de 0,40%, valor médio

de 1,92% e mínimo e máximo de 0,83% e 2,60% respectivamente. Este metal apresentou

uma distribuição mais ampla e homogênea que os outros metais, justamente por estar

presente na crosta e em todos os sedimentos (LI & SCHOONMAKER, 2003).

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50

O níquel, cromo e ferro (figuras 15 e 16) apresentaram em geral um padrão de

distribuição similar, devido a associações geoquímicas como em depósitos lateríticos

residuais. Além do Cr e Ni apresentarem certa tendência de concentrarem em granulometria

mais grosseira (região central com menor concentração de argila) devido a presença de

alguns minerais como a cromita (FeCr2O4).

Comparando os resultados encontrados com os dados mundiais (tabela 8) é visível

que a Bacia de Pelotas apresenta para todos os metais valores abaixo do reportado para

sedimentos e argilas pelágicas. Uma explicação para baixos valores são que em climas

temperados/subtropicais o intemperismo químico não é tão pronunciado então o

enriquecimento natural por metais no sedimento é menor, comparado a regiões com climas

mais quentes além de a margem costeira brasileira ser passiva e com isto não possuir

zonas de vulcanismo próximo.

Tabela 1: Comparação dos resultados encontrados com dados mundiais da literatura.

Bacia Pelotas

Bowen, 19791 Li & Schoonmaker, 2003

Metal Crosta Sedimentos Folheios Argila Pelágica

Ni (mg/kg) 13,56 80 52 50 230 Zn (mg/kg) 59,96 75 95 95 170 Cr (mg/kg) 14,10 100 72 90 90 Pb (mg/kg) 14,39 14 19 20 80 Cu (mg/kg) 14,49 50 33 45 250

Fe (%) 1,92 4,1 4,1 4,72 6,5 Fonte:

1 apud Lima, 2004.

Em relação a outras bacias brasileiras (tabela 9) com estudos realizados nos últimos

anos, foi possível analisar que não há um padrão fixo na concentração dos metais ao longo

da margem brasileira. Os valores reportados para a Bacia de Campos2, Bacia Potiguar e

Bacia Pará – Maranhão são marcadamente menores que as reportadas para a bacia de

estudo em questão e os resultados encontrados para a Bacia de Campos1, isto se explica

possivelmente pela diferença dos métodos analíticos empregados para tais análises já que

análises da fração total dos sedimentos não é tão sensível quanto, da fração fina. Neste

estudo foram realizadas análises de fração total, no entanto os testemunhos eram

compostos basicamente de silte e argila (fração fina).

Tabela 2: Concentrações de metais do presente estudo e de outras bacias sedimentares brasileiras.

Metal Bacia

Pelotas Bacia

Campos 1

Bacia Campos

2

Bacia Potiguar

3

Bacia Pará – Maranhão

4

Ni (mg/kg) 6,34 - 26,86 24,3 – 45,2 6,2 – 7,7 0,4 – 4,36 nd – 6,10 Zn (mg/kg) 32,38 – 128,09 61,4 – 103,0 24,5 – 28,9 0,3 – 35,9 3,35 – 17,3 Cr (mg/kg) 3,10 – 24,21 40,1 – 73,9 14 – 15 1 – 25,1 6,31 – 16,9 Pb (mg/kg) 4,90 – 23,45 17,1 – 35,5 5,5 – 6,7 0,55 – 18,7 Nd Cu (mg/kg) 5,71 – 22,93 13,0 – 19,9 3,4 – 6,3 0,72 – 6,21 nd – 8,31 Fe (%) 0,83 – 2,60 2,16 – 4,09 0,58 – 0,69 0,01 – 1,33 - Fontes:

1 Demore, 2005;

2 Rezende et al., 2002 apud Lacerda & Marins, 2006 ;

3 Lacerda et al., 2005 apud

Lacerda & Marins, 2006; 4 Habtec, 2009.

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51

4.6. Perfis de Profundidade

Os 5 testemunhos (figura 16) abertos topo e base passaram pelo mesmo

processamento e análises dos outros já considerados. Estes, foram separados em topo,

meio e base conforme o tamanho total do testemunho, sendo que os amostrados na porção

norte apresentam tamanho bem inferior quando comparados aos amostrados na região

central e sul.

Figura 16: Testemunhos analisados em perfil de profundidade.

Os resultados dos parâmetros analisados encontram-se na tabela 10 com seus

respectivos desvios, médias, máximos e mínimos encontrados. Para ilustrar os resultados

as figuras 17,18 e 19 apresentam os gráficos de concentração dos elementos analisados

pela profundidade amostrada em cada testemunho.

Do mesmo modo que os anteriores, estes testemunhos foram escolhidos de modo a

cobrirem diferentes áreas da Bacia de Pelotas, assim: SAT 072, REG 396 pertencem à

porção norte; SAT 119 pertence à região central da bacia e REG 740 e REG 985 à porção

sul, região do Cone do Rio Grande.

A porção norte apresenta os perfis mais uniformes, com os resultados variando

pouco com o aumento da profundidade. O fósforo apresentou considerável diminuição no

testemunho REG 396, e os metais, em geral apresentaram tendência de maior

concentração com o aumento de profundidade.

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52

O único testemunho da região central analisado apresentou mesmo padrão de

distribuição do COT e N-Total com leve diminuição de concentração no meio do perfil e

aumento na próxima profundidade analisada. Interessante notar que os metais

apresentaram comportamento inverso a matéria orgânica, aumento da concentração no

centro do testemunho e em seguida decréscimo com a profundidade.

O sul obteve em geral o mesmo padrão do testemunho da região central, contudo

nota-se certa diferença entre os dois testemunhos, pois um está localizado próximo a borda

do talude (REG 985) e o outro (REG 740) mais afastado em zona mais oceânica, lado direito

do Cone.

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53

Tabela 3: Resultados de todos os parâmetros analisados em perfil de profundiade nos testemunhos.

Testemunhos COT (%) N (mg/kg) P (mg/kg) C/N Ni (mg/kg) Zn (mg/kg) Cr (mg/kg) Pb (mg/kg) Cu (mg/kg) Fe (%)

SAT 072 topo 0,397

(± 0,030) 526,662 (± 38,623)

1518,499 (± 74,332)

7,544 21,468 46,331 21,817 11,283 17,524 1,587

SAT 072 base 0,422

(± 0,022) 634,233 (± 8,406)

1248,103 (± 74,332)

6,654 11,519 51,440 23,833 21,648 18,173 1,765

REG 396 topo 0,237

(± 0,023) 562,520

3398,928 (± 105,338)

4,205 21,928 53,097 19,231 9,291 10,490 1,806

REG 396 base 0,289

(± 0,022) 503,970 (± 5,721)

1518,819 (± 104,916)

5,731 25,157 61,296 21,214 10,283 13,178 1,869

SAT 119 topo 0,420

(± 0,016) 748,401 (± 12,343)

1771,970 (± 82,181)

5,608 20,546 48,139 16,625 7,593 12,754 1,771

SAT 119 meio 0,272

(± 0,024) 399,432 (± 2,015)

2139,138 (± 188,588)

6,816 24,339 60,203 18,776 16,740 14,802 2,140

SAT 119 base 0,419 588,235 2059,580

(± 508,286) 7,127 9,122 44,323 8,081 12,147 10,015 1,784

REG 740 topo 0,237

(± 0,012) 483,151

(± 44,771) 2636,190 (± 75,242)

4,911 21,573 44,088 11,208 2,232 12,944 1,042

REG 740 meio 0,353

(± 0,016) 502,966

(± 22,901) 2140,509 (± 58,496)

7,013 24,347 51,923 16,446 9,739 13,813 1,622

REG 740 base 0,245

(± 0,012) 242,645 (± 8,915)

1612,178 (± 139,567)

10,097 9,363 128,088 5,627 11,853 10,508 1,470

REG 985 topo 1,013

(± 0,014) 2596,761 (± 42,817)

1291,636 (± 292,608)

3,901 30,519 63,328 21,458 5,078 20,910 1,656

REG 985 meio 1,007

(± 0,019) 1471,298 (± 30,430)

2815,025 (± 99,351)

6,844 29,035 60,654 22,074 9,844 20,931 1,591

REG 985 base 0,955

(± 0,025) 1916,883 (± 31,275)

3381,619 (± 42,218)

4,982 20,034 60,251 12,957 14,153 18,539 1,692

Média 0,482 859,781 2117,861 6,264 20,688 59,474 16,873 10,914 14,968 1,676

Máximo 1,013 2596,761 3398,928 10,097 30,519 128,088 23,833 21,648 20,931 2,140

Mínimo 0,237 242,645 1248,103 3,901 9,122 44,088 5,627 2,232 10,015 1,042

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54

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

0,0 0,5 1,0

pro

fun

did

ade

%SAT 072 Carbono

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

0,0 0,5 1,0

%REG 396

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

0,0 0,5 1,0

%SAT 119

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

0,0 0,5 1,0

%REG 740

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

0,0 0,5 1,0

%REG 985

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

50 1050 2050

pro

fun

did

ade

mg/kg

SAT 072 Nitrogênio

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

50 1050 2050

mg/kg

REG 396

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

50 1050 2050

mg/kg

SAT 119

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

50 1050 2050

mg/kg

REG 740

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

50 1050 2050

mg/kg

REG 985

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

500 1500 2500

pro

fun

did

ade

mg/kg

SAT 072 Fósforo

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

500 1500 2500

mg/kg

REG 396

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

500 1500 2500

mg/kg

SAT 119

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

500 1500 2500

mg/kg

REG 740

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

500 1500 2500

mg/kg

REG 985

Figura 17: Perfis de profundidade para COT, N-Total e P-Total.

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0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

5,0 15,0 25,0

pro

fun

did

ade

mg/kgSAT 072 niquel

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

5,0 15,0 25,0

mg/kgREG 396

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

5,0 15,0 25,0

mg/kgSAT 119

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

5,0 15,0 25,0

mg/kgREG 740

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

5,0 15,0 25,0

mg/kgREG 985

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

40,0 90,0

pro

fun

did

ade

mg/kgSAT 072 zinco

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

40,0 90,0

mg/kgREG 396

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

40,0 90,0

mg/kgSAT 119

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

40,0 90,0

mg/kgREG 740

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

40,0 90,0

mg/kgREG 985

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

4,0 14,0 24,0

pro

fun

did

ade

mg/kgSAT 072 cromo

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

4,0 14,0 24,0

mg/kgREG 396

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

4,0 14,0 24,0

mg/kgSAT 119

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

4,0 14,0 24,0

mg/kgREG 740

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

4,0 14,0 24,0

mg/kgREG 985

Figura 18: Perfis de profundidade para Ni, Zn e Cr.

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0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

1,0 11,0 21,0

pro

fun

did

ade

mg/kgSAT 072 chumbo

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

1,0 11,0 21,0

mg/kgREG 396

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

1,0 11,0 21,0

mg/kgSAT 119

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

1,0 11,0 21,0

mg/kgREG 740

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

1,0 11,0 21,0

mg/kgREG 985

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

8,0 13,0 18,0 23,0

pro

fun

did

ade

mg/kgSAT 072 cobre

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

8,0 13,0 18,0 23,0

mg/kgREG 396

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

8,0 13,0 18,0 23,0

mg/kgSAT 119

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

8,0 13,0 18,0 23,0

mg/kgREG 740

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

8,0 13,0 18,0 23,0

mg/kgREG 985

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

1,0 1,5 2,0 2,5

pro

fun

did

ade

%SAT 072 ferro

0,15

0,25

0,35

0,45

0,55

0,65

0,75

0,85

1,0 1,5 2,0 2,5

%REG 396

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

1,0 1,5 2,0 2,5

%SAT 119

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

1,0 1,5 2,0 2,5

%REG 740

0,15

0,65

1,15

1,65

2,15

2,65

1,0 1,5 2,0 2,5

%REG 985

Figura 19: Perfis de profundidade para Pb, Cu e Fe.

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Diniz (2011) através da datação de amostras da região do Cone de Rio Grande,

próxima ao testemunho REG 985, encontrou para amostras à 20cm de profundidade a

datação de 2220 AP, à 100cm, é de 4080 AP e à 200cm, é de 5050 AP. Confirmando a

baixíssima taxa de sedimentação no local e podendo inferir que os estratos analisados neste

testemunho (REG 985) possuem a mesma datação absoluta indicando que todo sedimento

analisado foi depositado a partir do Holoceno, no qual prevaleceu sedimentação pelágica na

região segundo Alves (1977, apud CORREIA 2009).

O testemunho REG 985 foi o que apresentou maiores concentrações de carbono e

nitrogênio dentre todos os 45 testemunhos abertos para as análises. Com este testemunho

foi possível notar um aumento da concentração da matéria orgânica nas partes topo

analisadas, relacionados ao menor tempo para degradação da matéria orgânica em tais

profundidades.

O fósforo total apresentou considerável aumento com a profundidade, podendo ser

relacionado as atividades bacterianas no sedimento depositado (RUTTEMBERG & GONI,

1997).

Os metais Ni, Cr, Cu neste testemunho apresentaram um padrão de diminuição da

concentração ao final do testemunho. O chumbo e o ferro apresentaram um aumento no

teor encontrado com a profundidade e o zinco apresentou um padrão homogêneo na

profundidade total analisada.

No testemunho REG 740 os elementos analisados que permitem inferir sobre a

matéria orgânica (COT, N e P), registram para COT e N um leve aumento em relação ao

meio do perfil e decréscimo no final do testemunho. O fósforo já apresenta uma tendência

de diminuição da concentração desde a primeira profundidade amostrada. Em relação aos

metais estudados, estes em geral apresentam leve aumento no meio do testemunho e

grande decréscimo de concentração na profundidade final amostrada.

O zinco apresentou um comportamento diferente neste testemunho, com leve

aumento em relação à parte central e após um grande aumento. Este comportamento pode

estar ligado a presença de algum barreira como condições redox que acaba por concentrá-

lo nesta profundidade. Outras barreiras geoquímicas conhecidas para o Zn são o pH e a

adsorção pelas argilas, pelos óxidos de Fe-Mn e pela matéria orgânica.

As explicações para esta variação nas concentrações encontradas principalmente na

região sul e central da bacia são a influência da paleodrenagem que cobria a região e

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depositava seus sedimentos na Bacia de Pelotas. Com as sucessivas transgressões e

regressões do nível do mar nos últimos 5000 anos houve retrabalhamento destes

sedimentos caracterizando regiões diferentes ao longo da bacia. A porção norte não

apresentou tal distribuição já que é uma região sem aporte continental significativo até os

dias de hoje.

4.7. Análise de Componentes Principais (PCA)

A PCA tem a propriedade de facilitar a avaliação de um grande número de dados,

agrupando os dados de covariância similar e apresentando-os de maneira mais simplificada.

Estes métodos também organizam os dados de forma a obter informações mais precisas a

respeito do comportamento das variáveis analisadas, principalmente em termos de

correlação entre os diversos componentes.

Para esta análises foram utilizados os parâmetros estudados de todos os

testemunhos, com exceção da razão C/N. Também foram adicionados os dados de

profundidade da coluna d’água, já que pelos mapas notou-se influência desta variável, e

profundidade amostrada dentro do testemunho.

Foram selecionados apenas os fatores que contribuíram com peso acima de 10%,

considerados significativos para a explicação da variância total. Esse procedimento

determinou o emprego de 3 componentes principais.

A primeira componente principal (fator 1) é constituída positivamente pelo Zn, Cr, Fe

e Cu e negativamente pela areia. A segunda componente (fator 2) é composta apenas

positivamente pelo COT e N-Total. A terceira componente (fator 3) é formada pela relação

inversa do silte e argila, positivamente para argila e negativamente para silte. Os demais

parâmetros não apresentaram correlação maior que 0,7.

Para a projeção dos fatores em gráfico (figura 20) foi escolhido plotar o fator 1 verso

o fator 3, pois estes foram o que possuíam maior explicação da variância calculada.

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Fator 1 x Fator 3

Rotation: Varimax normalized

Prof .

Prof . amostrada

ph

COT

N

PNi

Zn

Cr

Fe

Pb

Cu

Areia

Silte

Argila

-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Fator 1

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Fato

r 3 Prof .

Prof . amostrada

ph

COT

N

PNi

Zn

Cr

Fe

Pb

Cu

Areia

Silte

Argila

Figura 20: Projeção da PCA do fator 1 e fator 3.

Nesta figura é possível ver claramente que a granulometria fina (silte e argila) não

apresenta influência sobre a concentração de metais e apresentam uma influência

completamente oposta sobre os parâmetros em geral.

O pH localiza-se bem no meio da projeção indicando influência nenhuma sobre os

parâmetros. O Carbono e o Nitrogênio apresentam-se também no centro desta projeção,

no entanto fazem parte do fator 2, indicando uma correlação entre estes dois já que ambos

fazem parte da composição da matéria orgânica. O fósforo, níquel e profundidade

amostrada no testemunho não apresentaram relação significativa com nenhuma outra

variável analisada.

A única relação principal mostrada com está analise foi a relação dos metais (Pb, Cr,

Fe, Cu e Zn) com a profundidade da coluna d’água, mostrando que estes metais possuem

um comportamento geoquímico semelhante e as características das zonas mais profundas

acabam por concentrá-los. A areia apresentou um comportamento contrário a concentração

destes, explicado pela sua baixíssima capacidade de retenção de metais além de sua

praticamente inexistência em zonas oceânicas, que possuem predominância de sedimentos

finos.

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5. CONCLUSÃO

Com este estudo foi possível chegar a valores iniciais preliminares da Bacia de

Pelotas, podendo inferir que as características da bacia variam conforme influência de

aportes continentais pretéritos na formação das feições sedimentares.

Apesar da contribuição sedimentar continental ser importante na porção Sul da Bacia

de Pelotas, esta não influencia na origem dos sedimentos que apresentam grande

predominância a origem marinha (C/N < 10) e também não contribui com deposição de

matéria orgânica na região.

A granulometria não apresentou dominância em relação a concentração tanto dos

elementos orgânicos como inorgânicos, indicando somente uma influência negativa da areia

na concentração de alguns metais.

Em relação as regiões norte, central e sul estudadas notou-se uma maior

concentração de matéria orgânica e alguns metais na porção sul, influenciada pelos antigos

aportes na região. A porção central apresentou picos para Ni e Cr e porção norte em geral

compreendeu as menores concentrações para os parâmetros estudados.

A sedimentação na formação do Cone do Rio Grande conferiu algumas

características diferentes em perfil de profundidade que devem ser melhor estudadas para

correlacionar com mudanças na paleoceanografia da região.

A Bacia de Pelotas possuiu somente características naturais, como esperado, não

apresentando nenhum tipo de contaminação para os elementos estudados.

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6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para uma melhor compreensão das características geoquímicas da Bacia de Pelotas

recomenda-se um estudo com novas amostragens de testemunhos além, da camada

superficial disponível para análises.

Também sugere-se para uma melhor quantificação e entendimento da matéria

orgânica depositada na região, a utilização de analisadores de carbono que são mais

sensíveis a baixas concentrações de COT e o estudo de enxofre e isótopos de carbono e

nitrogênio.

Além disto, é interessante o estudo de mais metais como vanádio, mercúrio e

alumínio que são marcadores de algumas condições paleoambientais porque possibilita

uma melhor interpretação dos sedimentos desta bacia.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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