Batuque Religião Afro

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  • 8/10/2019 Batuque Religio Afro

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    Batuque Religio Afro-brasileira de culto aos Orixs

    Batuque uma Religio Afro-brasileira de culto aos Orixs encontrada

    principalmente no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, de onde se estendeu

    para os pases vizinhos tais como Uruguai e Argentina.

    Batuque fruto de religies dos povos da Costa da Guin e da Nigria, com

    as naes Jje, Ijex, Oy, Cabinda e Nag.

    A estruturao do Batuque no estado do Rio Grande do Sul deu-se no inicio do sculo XIX, entre os anos

    de 1833 e 1859 (Correa, 1988 a:69). Tudo indica que os primeiros terreiros foram fundados na regio de

    Rio Grande e Pelotas. Tem-se notcias, em jornais desta regio, matrias sobre cultos de origem africana

    datadas de abril de 1878, (jornal do comrcio, Pelotas). J em Porto Alegre, as noticias relativas ao

    Batuque, datam da segunda metade do sculo XIX, quando ocorreu a migrao de escravos e ex-

    escravos da regio de pelotas e Rio Grande para Capital.

    Os rituais do Batuque seguem fundamentos, principalmente das razes da

    nao Ijex, proveniente da Nigria, e d lastro as outras naes como o

    Jje do Daom, hoje Benim, Cabinda (enclave Angolano) e Oy, tambm,

    da regio da Nigria. O Batuque surgiu como diversas religies afro-

    brasileiras praticadas no Brasil, tem as suas razes na frica, tendo sido

    criado e adaptado pelos negros no tempo da escravido. Um dos principais fundadores do Batuque foi o

    Prncipe Custdio de Xapan. O nome batuque era dado pelos brancos, sendo que os negros o

    chamavam de Par. da Juno de todas estas naes que se originou esta cultura conhecida como

    Batuque, e os nomes mais expressivos da antiguidade, que de uma maneira ou de outra contriburam

    para a continuidade dos rituais foram:

    Ijex Paulino de Oxal Efan, Maria Antonia de Assis (Me Antonia de Bar), Manoel Matias (Pai

    Manoelzinho de Xapan), e Pai Idalino de Ogum entre outros.

    Oy Me Andrezza Ferreira da Silva, Pai Antoninho da Oxum, Me Moa de Oxum e Tim de Ogum,

    entre outros.

    Jje Me Chininha de Xang, Prncipe Custdio de Xapan, Joo Correa de Lima (Joozinho de Bar)

    responsvel pela expanso do Batuque no Uruguai e Argentina.

    Cabinda Waldemar Antnio dos Santos de Xang Kamuk; Maria Madalena Aurlio da Silva de Oxum,

    Palmira Torres de Oxum, Pai Henrique de Oxum, entre outros.

    As entidades cultuadas so as mesmas em quase todos terreiros, os assentamentos tem rituais e rezas

    muito parecidos, as diferenas entre as naes basicamente em respeito as tradies prprias de cada

    raiz ancestral, como no preparo de alimentos e oferendas sagradas. O Ijex atualmente a nao

    predominante, encontra-se associado aos rituais de todas naes.

    O batuque uma religio onde se cultuam vrios Orixs, oriundos de vrias partes da

    frica, e suas foras esto em parte dentro dos terreiros, onde permanecem seus

    assentamentos e na maior parte na natureza: rios, lagos, matas, mar, pedreiras,

    cachoeiras etc., onde tambm invocamos as vibraes de nossos Orixs.

    Todo ser humano nasce sob a influencia de um Orix, e em sua vida ter as vibraes

    e a proteo deste Orix que est naturalmente vinculado e rege seu destino, com

    caractersticas individuais, em que o Orix exige sua dedicao, onde este poder ser

    um simples colaborador nos cultos, ou at mesmo se tornar um Babalorix ou Yalorix.

    H uma questo de ordem etmolgica no Termo Par, onde afirma-se ser este o outro nome pelo qual

    http://espadadeogum.blogspot.com/http://espadadeogum.blogspot.com/
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    conhecido o Batuque, ora sabe-se que todo frequentador de Terreiros chama na verdade o Peji ou

    quarto-de-santo de Par e no o ritual sagrado dos Orixs, este sim o Batuque. Esta questo j est

    dimensionada desde os anos 50, nas pesquisas etnogrficas de Roger Bastide sobre a Religio Africana

    no Rio Grande do Sul. So consideradas Religies Afro-Brasileiras, todas as religies que tiveram origem

    nas religies africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos escravos.

    Batuque Candombl Catimb Culto aos Egungun Culto de If Jurema sagrada Quibanda Macumba

    Tambor-de-Mina Umbanda Xang do Nordeste Xamb As Religies Afro-Brasileiras so relacionadas

    com a Religio Yorub e outras Religies africanas, e diferentes das Religies Afro-Caribenhas como a

    Santeria e o Vodu.

    Roupas da cor dos Orixs e fios de contasO culto, no Batuque, feito exclusivamente aos Orixs, sendo

    o Bar o primeiro a ser homenageado antes de qualquer outro, e encontra-se seu assentamento em

    todos os terreiros, no Candombl o chamam de Ex.

    Entre os Orixs no h hierarquia, um no mais importante do que o outro, eles

    simplesmente se completam cada um com determinadas funes dentro do culto.

    Os principais Orixs cultuados so: Bar, Ogum, Oi-Ians, Xang, Ibeji (que tem

    seu ritual ligado ao culto de Xang e Oxum), Od, Otim, Oba, Ossain, Xapan,

    Oxum, Iemanj, Oxal e Orunmil (ligado ao culto de Oxal).

    E h tambm divindades que nem todas naes cultuam como: Ex Elegbara,

    Gama (ligada ao culto de Xapan), Zna, Zambir e Xangun (qualidade rara de Bar) que s os mais

    antigos tem conhecimentos suficientes para fazer seus rituais.

    No Rio grande do Sul a rea de conservao das religies africanas vai de Viamo fronteira do Uruguai,

    com os dois grandes centros de Pelotas e de Porto Alegre.

    No batuque, os templos terreiros so quase que em sua totalidade vinculados as casas de moradia. destinado um cmodo, geralmente na parte da frente da construo onde so colocados os

    assentamentos dos Orixs. Neste local so feitos todos os fundamentos de matanas e trabalhos

    determinados, oferendas para os Orixs, e o local considerado sagrado, pessoas vestidas de preto,

    mulheres em dias de menstruao no entram. Junto esta parte da casa, chamada de quarto de Santo

    ou Peji, h o salo onde so realizadas as festas para os orixs.

    O estado do Rio Grande do Sul foi o maior responsvel pela exportao dos rituais africanos para outros

    pases da Amrica do Sul, entre eles Uruguai e Argentina, que tambm procuram seguir a maneira de

    cultuar os Orixs; e a construo dos templos seguem exemplos dos seus sacerdotes.

    01. Sero ou Corte aos Orixs

    A Religio Africanista em seus fundamentos voltada para o passado, mantm at hoje ensinamentos e

    preceitos, desde o tempo mais remoto, do negro na frica e chegou at ns atravs dos escravos.

    Sobreviveu a todos os perodos de opresso e perseguio. Da a enorme importncia da obrigao de

    corte aos Orixs, pois a preservao da cultura que ao mesmo tempo em que ofertava certos

    sacrifcios aos Orixs alimentava seu povo com a carne do sagrado. Depois adiantando na linha do

    tempo, entramos nas casas comuns e nos terreiros em que os animais andavam soltos no ptio e

    serviam para a subsistncia familiar, ainda no existia as facilidades que hoje so disponveis nos

    supermercados.

    H a crena de que a balana no pode ser aberta, isto , as pessoas devem permanecer de mos dadasat que se inicie o aluj, caso a balana arrebente algo de grave pode acontecer a um dos participantes

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    da balana, podendo at ser a morte. Mas caso haja alguma ameaa de arrebentar a Balana Ax dos

    Presentes enquanto so saudados pelos presentes. Depois os bolos so servidos aos convidados e o

    excedente distribudo juntamente com os mercados. So de costume tambm, os convidados

    ofertarem presentes ao Orix do Babalorix ou Yalorix por ocasio de seu aniversrio de

    aprontamento. Os presentes mais comuns so: flores, perfumes, doces, utenslios que podem ser

    usados no dia-a-dia do Il, etc. neste momento o Babalorix ou o prprio Orix apresenta todos ospresentes recebidos. Levantao , limp-las e guard-las nas prateleiras dentro do Quarto-de-santo.

    Mantendo um costume desde o tempo dos escravos Passeio Saindo do Il vo at o centro da cidade

    visitar lugares de grande significado para a comunidade.

    O sero ocorre geralmente na quinta-feira noite, comea entorno ds 20:00 horas e estende-se muitas

    vezes at a madrugada, das obrigaes de bori e de apronte que sero feitas.

    No sero so imolados animais quadrpedes (aos quais chamamos vulgarmente de quatro-ps) e de

    aves. As oferendas feitas aos Orixs so de origem animal assim como vegetal (folhas, plantas, gros) e

    mineral: os ocuts, a gua, etc. Os animais so ofertados os Orixs com o intuito de fortalecer o ax do

    Orix assim como a mente e esprito do filho-de-santo atravs do axor (sangue do animal) e das

    inhlas, certas partes dos animais que sero fritas e arriadas no Quarto-de-santo (cabea, ps, testculono caso dos quatro-ps e cabea, ps, pontas das asas, do pescoo e da sambiqueira, pulmes e

    testculos das aves).

    A carne dos animais imolados sero preparados em forma de canja, de

    amal, assados, enfarinhados e consumido pelo povo durante o perodo de

    obrigao e pelas pessoas que comparecerem ao toque, Batuque. Os couros

    retirados dos animais, depois de preparados so utilizados na confeco dos

    tambores, instrumentos tocados durante o Batuque. Nada desperdiado,

    por exemplo, no Il Centro Africano Reino de Oxum Pand grande o

    nmero de animais imolados, devido ao grande nmero de filhos que o Il tem, quando no

    consumida a totalidade de carne e de comida preparada, o restante doada a entidades carentes nasproximidades do Il.

    02. Preparao do Toque

    No dia posterior ao corte, permanecem alguns filhos-de-santo no Il para preparem em todos os

    detalhes o toque que ir acontecer no sbado. As principais atividades acontecem na cozinha,

    considerada a parte mais importante do Il, depois do Quarto-de-santo. necessrio que um filho-de-

    santo, mais experiente e de extrema confiana do Babalorix auxilie na organizao de tudo que deve

    ser feito, pois os afazeres so muitos e o tempo escasso.

    Alm de todas as comidas-de-santo, devem ser feitas comidas tradicionalmente sagradas e significativas

    que sero servidas s visitas que so esperadas mais tarde no toque.

    Com as aves preparam-se: canja, galinha assada, galinha enfarofada. Com a carne do carneiro faz-se o

    amal, comida consagrada ao Orix Xang: A carne cozida e desfiada agregada ao molho com folhas

    de mostarda picada, servido com piro de farinha de mandioca. Os cabritos e porcos so assados e

    servidos em pedaos. Faz-se tambm canjica de milho branca e amarela, alm de uma grande variedade

    de doces como: sagu, pudim, ambrosia, quindim, docinhos, etc Para beber serve-se o at, bebida tpica

    do Orix Ogum, feita com frutas minusculamente cortadas, misturadas com guaran e xarope de

    groselha.Os midos dos quatro-ps cozido e picado de forma bem mida para se fazer o sarrabulho,

    uma espcie de farofa temperada com cheiro verde, cebola e os midos picados. As filhas de Ians,

    ajudadas por outros irmos fazem o acaraj, comida consagrada ao seu Orix de cabea. Havendo

    disponibilidade faz-se ainda os bolos que sero ofertados pela ocasio do aniversrio de assentamentodos Orixs.

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    A preparao do toque segue com a arrumao do Quarto-de-santo que deve ter: flores, perfumes, as

    comidas-de-santo, at, pelo menos uma poro de cada comida que est sendo feita para o povo,

    frutas, balas enroladas em papis coloridos, os bolos de aniversrio. Alm das inhlas e das vasilhas

    contendo as obrigaes e de outros fetiches religiosos. H ainda a arrumao do salo, onde acontece o

    toque, e das demais dependncias do Il que depois da limpeza so organizadas para melhor receber os

    convidados, Babalorixs e Yalorixs que juntamente com seus filhos-de-santo vm prestigiar aobrigao.

    03. O Mercado

    Tambm faz parte da preparao para o toque a confeco dos mercados que sero distribudos no final

    do Batuque.O significado e a explicao desta denominao perdeu-se nos tempos, porm seu

    significado religioso continua forte.

    Os mercados so pacotes onde se colocam as comidas-de-santo para serem ofertados s visitas

    simbolizando a distribuio e a extenso do ax de prosperidade, fartura e fraternidade a todos os lares

    e Ils.

    O ax obrigatoriamente deve ser dividido entre os que compareceram ao toque, principalmente quando

    o eb de quatro-ps. Cada Il acondiciona o mercado da maneira que lhe convm: em bandejas, em

    pacotes, em caixas de papelo, etc, porm o que no muda muito o contedo do mercado.

    O mercado deve conter: pedaos de carne de cabrito assada, frutas, bolo, axox (milho cozido, pertence

    Ob), pipoca (pertence Bar), batata doce frita em rodelas ou acaraj (pertence Ians), doces

    quindim, docinhos, balas (pertence Oxum), farofa de Xapan (farinha de mandioca pilada com

    amendoim e acar). No final do toque tambm so distribudos, bolos, carnes, frutas.

    O babalorix, muitas vezes presenteia os Babalorixs e Yalorixs que esto de visita com flores do

    Quarto-de-Santo, para que sejam colocadas em seus Quarto-de-santo, como sinal de agradecimento

    pelo comparecimento no eb. Caso ainda sobre alguma comida ou fruta, deve ser doado a pessoas

    carentes ou instituies de caridade.

    04. O Toque

    O toque geralmente inicia s 23:00 horas, quando todos os filhos-de-santo

    devem estar presentes e devidamente trajados de seus axs, para auxiliar o

    Babalorix ou Yalorix a recepcionar os visitantes. O incio do toque se d com

    a chamada: todos em silncio, ajoelham-se, enquanto o Babalorix em frente

    ao Quarto-de-santo, tocando o adj (espcie de sineta) sada a todos os Orixs, de Bar a Oxal,

    fazendo pedidos de abertura, de paz, sade e prosperidade a todos os presentes. Os filhos-de-santo

    respondem com a saudao especfica de cada Orix.

    Os alabs (tamboreiros), puxam os ers, isto tocam os tambores enquanto entoam os ers, para que

    os presentes respondam, e a roda se forma no centro do salo, movimentando-se no sentido anti-

    horrio. Os ers tm coreografias adequadas a cada orix ou a cada passagem, (relao da reza com

    alguma histria daquele orix), por exemplo: nos ers do Orix Ogum ora dana-se simulando com as

    mos o trabalho do ferreiro na forja, ora dana-se simulando a utilizao de uma lana, relacionando

    com Ogum guerreiro.

    Todos podem fazer parte da roda, adultos, crianas, iniciados e prontos, porm alguns detalhes devem

    ser observados. Participam da roda pessoas que estejam de ax (cala comprida para os homens, e no

    mnimo saia para as mulheres, desde que no seja curta), mulheres em perodo menstrual no

    participam do Batuque, mas podem auxiliar na manuteno, na limpeza e na recepo dos convidados.

    As pessoas que estiverem de luto tambm no podem participar do eb, ficando somente na

    assistncia.

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    Os Orixs que chegam usam o centro da roda para danarem e darem os seus axs, com exceo dos

    orixs velhos que so encaminhados a sentarem-se nos banquinhos a eles destinados. Os ers seguem

    a hierarquia dos Orixs, sendo de responsabilidade do alab a exatido dos ers assim como a ordem dos

    acontecimentos no decorrer do toque.

    Acompanhe a seqncia de tais acontecimentos, segundo a Nao Jge-Ijex:

    4.1. Balana ou Roda-de-Prontos

    Chama-se balana ou cassum em homenagem a Xang e tambm por conter o ax de

    todos os orixs em equilbrio. H um intervalo na movimentao da roda e os

    presentes, inclusive os orixs afastam-se do centro do salo, deixando espao para a

    roda da balana.

    S h balana quando h eb de quatro-ps, que constituda exclusivamente por

    pessoas prontas na religio, que j tenham feito ao menos bori de quatro-ps, no

    mnimo 06 pessoas (conta de Xang) podendo ser em nmero mltiplo de 06: 12, 18, 24, 32. Caso o

    nmero de prontos seja excedente, por ser feito mais de uma balana, a ento costuma-se fazer uma

    balana com pessoas de orix de frente e uma balana com o povo de praia. Os participantes colocadoslado a lado, formando uma roda de mos dadas, danam ao ritmo do tambor que vai gradualmente

    aumentando de intensidade. quando ocorre o maior nmero de ocupaes ao mesmo tempo, sendo

    somente de orixs jovens (Oxum, Iemanj e Oxal velhos s podem chegar depois do incio dos ers de

    Oxum). Ao terminar a balana os Orixs cumprem o fundamento: Vo ao Quarto-de-santo, depois at a

    porta da rua para cumprimentar os orixs da rua e depois danam ao som do Aluj de Xang e do Aluj

    de Ians, ers destinados unicamente pelos orixs de frente.

    H a crena de que a balana no pode ser aberta, isto , as pessoas devem permanecer de mos dadas

    at que se inicie o aluj, caso a balana arrebente algo de grave pode acontecer por dos participantes da

    balana, podendo at ser a morte. Mas caso haja alguma ameaa de arrebentar a Balana, cabe ao

    alab, mudar imediatamente o ax indo direto para a execuo do Aluj de Xang. Por causa destacrena, muitas pessoas esquivam-se de participar da Balana, porm uma obrigao muito forte onde

    se confirma que o eb que est sendo realizado de quatro-ps, o ax que emana no salo durante a

    balana algo muito forte, sentido por todos os presentes.

    4.2 Aluj de Xang e Aluj de Ians

    Logo aps a Balana os Orixs que esto no mundo danam o Aluj do Xang

    e o Aluj de Ians, respectivamente, ritmos do tambor, caractersticos destes

    Orixs. Os orixs jovens danam em frente ao pagod local mais elevado

    (espcie de palco) onde ficam os alabs. Durante o aluj contagiante o ax e

    a empolgao com que os orixs danam, proporcionando um momento de rara beleza.4.3 A Sada do Ec

    Terminado os Ers de Ob hora da Sada do Ec, que nada mais do que o despacho do ax de Bar, e

    do ec de Bar Lan e do Bar Lod (alguidar com gua, farinha de mandioca e gotas de ep azeite de

    dend) e do ec de Oxum (Vasilha de vidro com farinha de milho, gua, mel e perfume e flores).

    A sada do ec simboliza a sada de toda a negatividade que existe no ambiente e nas pessoas presentes

    prepara o ambiente para os ers dos Orixs de praia, que tem um toque mais brando. Enquanto sai o

    ec, os alabs continuam puxando os ers, s que agora puxam os ers dos orixs da rua Bar Lod,

    Ogum Avag e Ians Timbono h movimento da roda e a assistncia evita olhar para o que est

    acontecendo, virando para a parede. Diz a crena que quem olhar a sada do ec atrai para si a

    negatividade ali contida.

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    4.4 Roda de Ibedji

    No Batuque de Quatro-ps h a roda de Ibedjis, no Gge-Ijex ela acontece durante os ers de Oxum. o

    momento em que as crianas participam da obrigao e as mulheres que pretendem a maternidade ou

    que esto grvidas fazem os seus pedidos e agradecimentos. Os orixs, principalmente Oxum e Xang,

    distribuem aos que esto na roda e na assistncia, as frutas, os docesquindins, merengues, cocadas,

    bolosque esto no Quarto-de-santo.

    4.5 Ax dos Perfumes

    Sendo Oxum a deusa da beleza adora perfumes, espelhos, em seus ers h um momento especial em as

    Oxuns que esto no mundo recebem vidros de perfumes, leques e espelhos. Danam felizes,

    empunhando seus leques e espelhos enquanto outras se banham com perfume e distribuem um ax

    perfumado as pessoas que esto na roda e na assistncia. Este ax faz uma referncia sobre a

    passagem em que Oxum est no rio banhando-se, num ritual de beleza e encantamento.

    4.6 Axs dos Presentes

    Geralmente acontece quase no final do Batuque, os orixs que esto aniversariando apresentam seus

    bolos, tantos os orixs quanto os filhos-de-santo que no se ocupam, mostram a todos o seu bolo com a

    vela acesa (correspondente aos anos de assentamento do orix), enquanto so saudados pelos

    presentes. Depois os bolo so servidos aos convidados e o excedente distribudo juntamente com os

    mercados.

    So de costume tambm, os convidados ofertarem presentes ao Orix do Babalorix ou Yalorix por

    ocasio de seu aniversrio de aprontamento. Os presentes mais comuns so: flores, perfumes, doces,

    utenslios que podem ser usados no dia-a-dia Il, etc. neste momento que o Babalorix ou o prprio

    Orix apresenta todos o presente recebido.

    4.7 O Ax do Al de Oxal

    Pertence aos ers do Oxal o ax do Al. Em determinado momento, os filhos-de-santo com estatura

    mais elevada suspendem ao alto um grande Al branco. Enquanto a roda e os ers continuam, todos

    passam por baixo do Al pedindo ao orix do branco a paz e a proteo

    4.8 O Aforiba ou a Dana do At

    O aforiba o momento em que Ogum e Ians demonstram a passagem em que Ians embebeda Ogum

    para fugir com Xang. O Babalorix convida um Ogum e uma Ians para fazerem o Aforiba, ento ela

    coloca no centro do salo duas garrafas contendo at (aforiba) e as armas pertencentes a estes orixs

    (espadas). Ians toma as garrafas e oferece Ogum que logo se embebeda, mas em seguida Ogum volta

    a si e vai atrs de Ians empunhando sua espada. Os dois lutam, mas Ians consegue acalmar Ogum e os

    dois reconciliam-se e voltam a danar juntos.

    Tendo um Xang no mundo poder vir ele fazer parte do Aforiba. Xang vem em defesa de Ians e com

    seu machado de dois gumes entra na luta com Ogum. A ento, Ians acalma os dois Orixs.

    4.9 Os Axres

    Conforme o Batuque vai acontecendo, os orixs chegam (ocupam-se da conscincia e do corpo de seus

    filhos) e fazem o fundamento da religio, conforme o ensinamento do Babalorix e da Yalorix. Feita a

    obrigao os Orixs sobem, vo embora. Os orixs so despachados, geralmente por filhos-de-santo

    mais antigos e experientes do Il, porm eles ficam em axre ou axro (No Candombl so

    chamados de Ers), estado intermedirio entre a ocupao do orix e da pessoa propriamente dita. Os

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    axres agem como crianas, tomam refrigerante e adoram fazer brincadeiras com as pessoas, pois seu

    linguajar confuso, trocam as expresses como, por exemplo: tigue (tigre) quer dizer carro,

    confeitaria quer dizer bolo, pouco quer dizer muito, feinho quer dizer bonito, e assim por diante.

    um momento de descontrao, porm deve ser mantido o respeito, pois apesar de fazerem

    brincadeiras, os axres ainda conservam a essncia do orix.

    4.10 A Levantao da Obrigao

    Terminada o perodo em que a obrigao deve ficar arriada, h a levantao, termo que se refere ao ato

    de levantar as vasilhas contendo as obrigaes de corte que estavam arriadas, limpa-las e guarda-las nas

    prateleiras dentro do Quarto-de-santo. Mantendo um costume desde o tempo dos escravos, as

    obrigaes so guardadas no Quarto-de-santo e ocultas por cortinas que geralmente tem sua frente

    imagens catlicas que se referem ao sincretismo religioso, assim como velas, castiais, comidas de

    santo, flores e outros objetos sagrados pertencentes aos Orixs.

    05. O Peixe

    A obrigao do peixe feita pela manh bem cedinho, e s ocorre em festas grandes, com quatro-ps.Algum encarregado deve ir ao rio ou ao mercado pblico e trazer peixes ainda vivos para serem

    imolados aos Orixs, de Bar Oxal, por isso no pode ser uma quantidade muito pequena. Os orixs

    de frente recebem pintado como obrigao e os Orixs de praia recebem jundi. No Quarto-de-santo

    so imolados ao menos um peixe para cada orix e a ele destinado: a cabea, as barbatanas, a cauda e

    um pouco de axor (sangue). A carne dos peixes imolados servida com piro (eb) no almoo e deve

    ser consumida pelos presos (filhos que esto de Obrigao) e pelos que esto na casa, pois o eb de

    peixe simboliza fartura e prosperidade.

    Uma quantidade maior de peixes preparada frita para ser servida ao povo que comparecer ao batuque

    de encerramento ou no Toque do Peixe toque realizado na noite do corte do peixe, porm com

    durao mais curta quando sero consumidos o eb do peixe e peixes fritos, alm das comidas dos

    orixs.

    06. Mesa de Ibedji

    A obrigao da Mesa de Ibedji feita no Batuque de Encerramento e nas ocasies em que o Babalorix

    ou Yalorix acharem necessrias. realizada no incio da noite e antecede o Batuque de Encerramento.

    Dela participam crianas de zero doze anos, alm de mulheres grvidas, ou que queiram engravidar.

    So tirados ers de Bar, de Xang e Oxum (que representam os Ibedji) e dos orixs velhos. A Mesa de

    Ibedji riqussima de detalhes e constitui uma obrigao religiosa com muito ax e beleza. Significa

    agradar e reverenciar aos orixs das crianas que simbolizam pureza, paz e prosperidade.

    Uma grande toalha branca colocada ao cho e nela colocam-se 01 gamela de frutas, 01 gamela

    contendo amal, flores, 01 quartinha, brinquedinhos, bolo, doces e refrigerantes. As crianas participam

    em grupos de 06, 12(nmeros mltiplos de 06, a conta de Xang), sentam-se ao redor da toalha, as

    menores acompanhadas por um adulto. Servem-se para as crianas: primeiramente canja de galinha,

    depois os doces e refrigerante. Aps terem comido o que foi servido, so dados s crianas uma colher

    de mel e um gole de gua. Depois so lavadas e enxugadas as mos das crianas. Terminadas estas

    etapas as crianas so levantadas da mesa por pessoas adultas ou por orixs que tenham chegado na

    mesa e conduzidos a formarem uma roda ao som de ers de Xang. So feitas quantas mesas forem

    necessrias para que todas as crianas presentes participem da Obrigao.

    Encerrada a Mesa de Ibedji, os Orixs que chegaram durante e a Mesa de Ibedji, recolhem os itens que

    ainda restam na mesa e levam at o Quarto-de-santo. Os brinquedos so distribudos entre as crianas

    que participaram da Mesa.

  • 8/10/2019 Batuque Religio Afro

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    07. Toque de Encerramento

    o toque que encerra as atividades pblicas do Batuque Grande. Tem uma proporo um pouco menor

    do que o primeiro toque, pois antecedido pelo corte do peixe e do corte de confirmao, quando so

    imoladas somente aves aos orixs.A cor dos axs preferencialmente o branco e pode acontecer a

    Mesa de Ibedji antes do incio do toque. nesta noite que sero dados os axs de Obs e If. Entre os

    alimentos servidos aos convidados prevalecem os doces, alm da canja, da canjica e do amal (este feito

    com carne de peito de gado). Seguido do toque, no dia posterior h a levantao da obrigao do corte

    de confirmao.

    08. O Passeio

    O trmino da obrigao para os filhos-de-santo que esto presos por motivo de seu aprontamento ou

    por obrigao de Bori o Passeio no dia posterior Levantao, pela manh, antes, porm o Babalorix

    ou Yalorix leva os presos at a porta da frente do Il e apresenta-os rua (aos Orixs da Rua),

    liberando-os para sarem fora dos limites do Il.

    comum no centro de Porto Alegre reconhecermos um grupo de presos passeando juntamente comseu Babalorix ou Yalorix . Saindo do Il vo at o centro visitar lugares de grande significado para a

    comunidade batuqueira: A Igreja do Rosrio construda com o trabalho do negro escravo (antiga

    irmandade de negros) , o Mercado Pblicol compram cereais, gros, e velas -, o Rio Guaba ( que

    banha a cidade)l reverenciam Oxum e jogam moedas ao rio pedido prosperidade e fartura. Em

    seguida, vo visitar algum Il conhecido onde batem cabea cumprimentando os Orixs do Il e l

    depositam parte das compras feitas no mercado. De volta ao Il, batem cabea no Quarto-de-santo e

    arriam o restante das compras feitas. Cumprimentam o Babalorix ou Yalorix na nova condio de

    Filho-de-santo pronto, ou borido (conforme a obrigao realizada).