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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS BIOMETRIA, TAXA DE ECLOSÃO E MICROBIOTA BACTERIANA E FÚNGICA DE OVOS DE JACARÉ-DO- PANTANAL - Caiman yacare DAUDIN, 1802 Rachel de Sousa Lima Pulcherio CUIABÁ - MT 2012

BIOMETRIA, TAXA DE ECLOSÃO E MICROBIOTA BACTERIANA E FÚNGICA DE OVOS DE JACARÉ-DO-PANTANAL - Caiman yacare DAUDIN, 1802

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

BIOMETRIA, TAXA DE ECLOSÃO E MICROBIOTA

BACTERIANA E FÚNGICA DE OVOS DE JACARÉ-DO-

PANTANAL - Caiman yacare DAUDIN, 1802

Rachel de Sousa Lima Pulcherio

CUIABÁ - MT

2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

BIOMETRIA, TAXA DE ECLOSÃO E MICROBIOTA

BACTERIANA E FÚNGICA DE OVOS DE JACARÉ-DO-

PANTANAL - Caiman yacare DAUDIN, 1802

Autora: Rachel de Sousa Lima Pulcherio

Orientadora: Profª. Drª. Rosa Helena dos Santos Ferraz

Co-Orientadora: Profª. Drª. Valéria Dutra

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, área de concentração: Medicina Veterinária, da Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso para obtenção do título de Mestre em Ciências Veterinárias.

CUIABÁ – MT

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

Bibliotecária: Patrícia Jaeger / CRB1-1736.

P981b Pulcherio, Rachel de Sousa Lima.

Biometria, taxa de eclosão e microbiota bacteriana e fúngica de ovos de Jacaré-do-Pantanal – Caiman

yacare DAUDIN, 1802 / Rachel de Sousa Lima Pulcherio - Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, 2012.

91f.:il.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias, área de concentração: Medicina Veterinária, da Faculdade de Agronomia, Medicina

Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso para obtenção do título de Mestre em Ciências Veterinárias.

Orientadora: Prof.ª Drª. Rosa Helena dos Santos Ferraz. Co – Orientadora: Prof.ª Drª Valéria Dutra.

1 Caiman yacaré – Jacaré-do-Pantanal 2. Microbiota bacteriana e fúngica. 3.

Biometria. 4. Ninho. 5. Enterobactéria 6. Espécie Crocodiliano 7. Criação Comercial - Jacaré 8. Incubação Artificial 9. Taxas de Eclosão 10. Ovos de Jacaré. I. Título. II.

Pulcherio, Rachel de Sousa Lima. III. UFMT.

CDU: 598.14:636:591.613 (817.2)

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS Avenida Fernando Corrêa da Costa, 2367 – Boa Esperança – Cep: 78060900 – CUIABÁ/MT

Tel : +55 65 3615-8627 – Email : [email protected]

FOLHA DE APROVAÇÃO

TÍTULO : "Biometria, taxa de eclosão e microbiota bacteriana e fúngica de ovos de

jacaré-do-pantanal - Caiman yacare Daudin, 1802."

AUTOR : Mestranda Rachel de Sousa Lima Pulcherio

Dissertação defendida e aprovada em 29/02/2012.

Composição da Banca Examinadora:

Presidente Banca / Orientador Pós-Doutor(a) Rosa Helena dos Santos Ferraz

Instituição :

Examinador Interno Doutor(a) SANDRA HELENA RAMIRO CORRÊA

Instituição : Examinador Externo Doutor(a) Zilca Maria da Silva Campos

Instituição : Embrapa Pantanal

Examinador Suplente Doutor(a) Valéria Dutra

Instituição : UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CUIABÁ, 29/02/2012.

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PARECER DA COMISSÃO DE BIOÉTICA

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu filho Davi, que enche

meus dias de luz; e à minha família, que, com seu

imenso amor e paciência, me deram o apoio

necessário para que eu chegasse até aqui.

Dedico-o, igualmente, in memoriam, à minha avó,

Heber de Mattos Pulcherio, que, se tivesse tido

oportunidade, teria sido médica veterinária e que me

legou exemplos inesquecíveis de amor aos animais

e de terna compaixão pelas suas dores.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter estado sempre ao meu lado e me

dado a oportunidade de realizar o mestrado e ingressar no setor acadêmico e da

pesquisa.

Sou grata, em especial, ao meu namorado Thiago José Campos de Souza

pelo esforço em me incentivar na realização da pesquisa e pelo carinho e paciência

em me tranquilizar nas horas de angústia. Ele faz parte desta conquista.

Muito obrigada à minha orientadora, Professora Doutora Rosa Helena dos

Santos Ferraz e à minha co-orientadora, Professora Drª. Valéria Dutra, pelo auxílio,

paciência e sabedoria em me orientar durante a execução deste trabalho.

Agradeço ao Sr. Acássio da Silva Prado pela boa vontade e disposição em

nos guiar e localizar os ninhos no Pantanal, à Fazenda Ypiranga e Pousada Piuval,

na pessoa dos senhores João Losano Eubank de Campos e Eduardo Matos Eubank

de Campos e ao médico veterinário Lauzimar Fernando Morandi, por viabilizarem a

realização desse experimento.

Agradeço de coração à minha amiga e bióloga Tainá Figueras Dorado

Rodrigues por estar ao meu lado durante as coletas e permitindo, generosamente,

que a minha inexperiência diminuísse em contato com o muito que sabe.

Agradeço, ainda, aos discentes de graduação da Faculdade de Medicina

Veterinária, Fernanda Harumi Maruyama e Luiz Felipe Souza de Lima; à discente

do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Thaís Ruiz, e ao aluno

Marcos Antônio Gonçalves Ardevino Filho, do Programa de Pós-Graduação em

Ecologia e Conservação da Biodiversidade da Universidade Federal de Mato

Grosso/UFMT, pela disposição de todos em me ajudarem nas idas ao Pantanal e

no andamento da pesquisa.

Agradeço, também, a todos os colegas de trabalho no Laboratório de

Microbiologia do Hospital Veterinário da UFMT pelos ensinamentos e ajuda,

oferecidos durante o trabalho de isolamento das bactérias no laboratório e que foram

de grande valia na realização deste trabalho.

Por fim, mas não por último, agradeço a meu pai, Ayrton Pulcherio Filho, por

ter sido e ser sempre para mim, uma referência em termos de ética e

responsabilidade profissional; à minha mãe, Maria Cristina de Carvalho Sousa Lima

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Piloni e ao meu padrasto, Pedro Roberto Piloni, pelo cuidado e atenção ao meu filho

para que eu pudesse realizar este trabalho.

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EPÍGRAFE

“Se as coisas continuarem do jeito que vão, um

dia o mundo não terá mais répteis. Certas

pessoas aceitarão tranqüilamente essa

situação, mas eu me inquieto diante de tal

perspectiva. Os répteis constituem uma parte

velha da natureza silvestre, o meio em que o

homem obteve os nervos e os hormônios e

estamos dispostos a deixar que toda natureza

silvestre desapareça. Quando tal acontecer, já

não seremos rigorosamente humanos.”

(Archie Carr e redatores da Life, 1971)

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RESUMO

BIOMETRIA, TAXA DE ECLOSÃO E MICROBIOTA BACTERIANA E FÚNGICA DE OVOS DE JACARÉ-DO-PANTANAL - Caiman yacare DAUDIN, 1802

A criação comercial do jacaré-do-Pantanal tem-se consolidado no Estado de Mato Grosso através do sistema de criação denominado ranching em que os ovos são coletados na natureza, incubados artificialmente e recriados em instalações apropriadas. Dessa forma, verifica-se que esta atividade econômica está em íntima dependência da eficiência reprodutiva da espécie na natureza e das condições de incubação artificial. As taxas de eclosão na crocodilicultura refletem o sucesso da incubação artificial, estando diretamente relacionadas, tanto às condições de transporte do ovo, quanto às condições físicas e sanitárias da incubadora. Considerando a escassez de informações sobre os ninhos, a biometria dos ovos, dos filhotes e a composição da microbiota bacteriana e fúngica de ovos de C. yacare destinados à criação comercial, o presente trabalho teve como objetivo dimensionar os ninhos de C. yacare, quantificar o número de ovos por ninho, realizar a biometria dos ovos e dos filhotes recém-eclodidos, verificar as taxas de eclosão e caracterizar a microbiota bacteriana e fúngica de ovos no momento da coleta para a incubação artificial. Foram avaliados 20 ninhos provenientes de quatro diferentes áreas denominadas Piuval, Estrada Parque, Vazante e Lixeiro em uma fazenda no Pantanal Norte, município de Poconé. A média da altura, largura da base e do ápice dos ninhos foram, respectivamente, de 36,3 cm, 126,8 cm e 46,5 cm. Desses 20 ninhos obteve-se um total de 464 ovos, com uma média de 23,2 ovos por ninho e taxa de eclosão de 72,41% (336 ovos). Dos 128 ovos que não eclodiram, 124 (96,9%) se apresentaram com odor fétido e conteúdo caseoso/pútrido e 4 (3,1%) continham filhotes que possuíam o vitelo exteriorizado. Os valores médios obtidos para o comprimento, a largura e a massa dos ovos foram, respectivamente, de 6,6 cm, 3,9 cm e 67,5 g. Os valores médios para o comprimento rostro-cloacal e massa corpórea dos filhotes recém-eclodidos foram respectivamente, de 12,2 cm e 45,1 g. A análise estatística não mostrou significância estatística (p>0,05) entre as quatro regiões, para os parâmetros: dimensões dos ninhos, taxa de eclosão, número de ovos inférteis, ovos que não eclodiram (odor fétido ou retardo no desenvolvimento), número de ovos por ninho, tamanho dos ovos e dos filhotes. Nos 20 ninhos estudados, foram identificadas 22 bactérias diferentes, sendo as mais frequentes Bacillus cereus, Citrobacter freundii, Enterobacter aerogenes e Flavobacterium multivorum e as menos freqüentes foram Escherichia hermanni, Hafnia alvei, Morganella morganni, Salmonella sp., Shigella sonnei e Serratia marcescens. Sete fungos diferentes foram encontrados, sendo o Fusarium sp. o mais comum e Geotrichum sp., Mycelia sterilia e Trichoderma sp. os de menor ocorrência. Todas as bactérias e fungos isolados já haviam sido relatados por outros autores como integrante da microbiota oral e/ou cloacal de crocodilianos e/ou como agentes etiológicos de processos patológicos.

Palavras-chave: Caiman yacare. Criação comercial. Enterobactéria. Incubação artificial. Ninho.

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ABSTRACT

BIOMETRY, HATCH RATES AND BACTERIAL AND FUNGAL MICROBIOTA OF

PANTANAL CAIMAN EGGS – Caiman yacare DAUDIN, 1802 The commercial breeding of the Pantanal Caiman has been growing in the State of Mato Grosso through the breeding system named ranching, which means that the eggs are collected in the wild, they are artificially incubated and the hatchlings are reared in adequate rearing pens. Thus, one can observe that this economic activity is intimately dependent on the species reproductive efficiency in the wild and on the conditions the artificial incubation occurs. The hatch rates at crocodilian farming reflect the success of the artificial incubation, being directly related both to the conditions of the egg transportation and to the sanitary conditions of the incubator room. Taking into consideration the lack of information about the nests, about the eggs biometry, about the hatchlings, and about the composition of the bacterial and fungal microbiota of C. yacare meant to commercial breeding, this paper aimed at measuring the C. yacare nests, at counting the number of eggs per nest, at taking the biometry of eggs and of new born hatchlings, at checking the hatch rates, and at characterizing the bacterial and fungal microbiota of eggs at the moment of collection for artificial incubation. Twenty nests from four different areas – Piuval, Estrada Parque, Vazante and Lixeiro - of a farm in North Pantanal, in the town of Poconé were evaluated. The average height, width of the bottom and of the top of the nests were, respectively, 36.3 cm, 126.8 cm and 46.5 cm. From these 20 nests, there was a total of 464 eggs, with an average of 23.2 eggs per nest and hatch rate of 72.41% (336 eggs). Among the 128 eggs that did not hatch, 124 (96.9%) presented a fetid smell and a caseous/putrid content, and 4 (3.1%) had hatchlings with the yolk-sac unresorbed. The average values observed as for the length, the width and the mass of the eggs were, respectively, 6.6 cm, 3.9 cm and 67.5 g. The average values as for the snout-vent length and for the body mass of the new born hatchlings were, respectively, 12.2 cm and 45.1 g. The statistical analysis did not reveal relevant statistical differences (p>0.05) among the four regions, as for the parameters: sizes of the nests, hatch rates, number of infertile eggs, eggs that did not hatch (fetid smell or late development), number of eggs per nest, size of the eggs and of the hatchlings. In the 20 nests that were studied, 22 different bacteria were identified, and the most frequent were Bacillus cereus, Citrobacter freundii, Enterobacter aerogenes e Flavobacterium multivorum while the less frequent were Escherichia hermanni, Hafnia alvei, Morganella morganni, Salmonella sp., Shigella sonnei e Serratia marcescens. Seven different fungi were found, the Fusarium sp. being the most frequent and the Geotrichum sp., Mycelia sterilia and Trichoderma sp. the less frequent. All bacteria and fungi that were isolated at this study have already been related by other authors as part of the crocodilians oral and/or cloacal microbioat or as ethiological agents of infectious processes. Key words: Caiman yacare. Commercial breeding. Enterobacteria. Artificial incubation. Nest.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Mapa mostrando a localização geográfica dos 20 ninhos nas quatro

áreas do Pantanal Norte, município de Poconé/MT ................................. 29

Figura 2: Mensuração da largura do ápice do ninho de Caiman yacare ................... 29

Figura 3: Coleta de amostra microbiológica da superfície dos ovos em ninho de

Caiman yacare ......................................................................................... 30

Figura 4: Ovos coletados e acondicionados para o transporte, no material

vegetal do respectivo ninho ...................................................................... 31

Figura 5: Mensuração do comprimento do ovo de C. yacare com paquímetro

analógico .................................................................................................. 31

Figura 6: Exame ovoscópico em ovo de C. yacare mostrando-se translúcido e,

portanto, classificado como grau zero e caracterizado como infértil. ....... 32

Figura 7: Sistema de incubação artificial de ovos de C. yacare adotado na

propriedade rural no Pantanal Norte, município de Poconé/MT. ............ 33

Figuras 8a-d: Ninho de C. yacare da área Piuval localizado em um capão de

gravatás (a), na área Estrada Parque (b) e Lixeiro (c) em

campos de murundus e na Vazante em cambarazais (d). ................. 38

Figuras 9a-b: Ninhos de C. yacare contendo invertebrados como cupins (a) e

diplópodas (b) .................................................................................... 38

Figuras 10a-b: Ovo de C. yacare após abertura, evidenciando o conteúdo

caseoso (a) e pútrido (b), ambos com odor fétido ............................ 41

Figuras 11a-b: Filhote de C. yacare sem odor fétido e com retardo no

desenvolvimento, evidenciado pelo vitelo fora da cavidade

abdominal e feto em autólise caracterizando a morte fetal ............ 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Ninhos selecionados para a coleta de ovos de Caiman yacare,

respectivas áreas de ocorrência, coordenadas geográficas e

ocorrência de invertebrados, no município de Poconé, MT – abr

2011 ....................................................................................................... 37

Tabela 2 - Médias da altura (cm), largura da base (cm) e do ápice (cm) dos

ninhos de Caiman yacare em diferentes áreas, município de

Poconé, MT – abr 2011 .......................................................................... 39

Tabela 3 - Médias do comprimento (cm), largura (cm) e da massa (g) de ovos

de Caiman yacare nas respectivas áreas, no município de Poconé,

MT – abr 2011 .......................................................................................... 39

Tabela 4 - Ninhos selecionados para a coleta de ovos de Caiman yacare, área

de ocorrência dos ninhos, número de ovos por ninho, número de

ovos não eclodidos e taxa de eclosão, no município de Poconé, MT

– abr 2011 ................................................................................................ 41

Tabelas 5 - Médias do número de ovos de Caiman yacare, da taxa de eclosão,

do número de ovos não eclodidos (inférteis ou com odor fétido),

nas respectivas áreas de coleta, no município de Poconé, MT – abr

2011 ....................................................................................................... 42

Tabela 6 - Médias do comprimento rostro-cloacal - CRC (cm) e da massa (g) de

filhotes recém-eclodidos de Caiman yacare, e coeficiente de

variação, nas respectivas áreas de coleta, no município de Poconé,

MT – abr 2011 ........................................................................................ 43

Tabela 7 - Ocorrência das bactérias nas respectivas áreas e ninhos coletados,

no município de Poconé, MT – abr 2011 ................................................ 44

Tabela 8 - Ocorrência dos fungos nas respectivas áreas e ninhos coletados, no

município de Poconé, MT – abr 2011 ..................................................... 45

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

1.1 Taxonomia ......................................................................................................... 15

1.2 Distribuição geográfica ..................................................................................... 16

1.3 Importância ecológica e econômica ................................................................ 16

1.4 Justificativa e objetivos .................................................................................... 17

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 19

2.1 Maturidade sexual e período reprodutivo ....................................................... 19

2.2 Nidificação e postura ........................................................................................ 19

2.3 Incubação natural .............................................................................................. 21

2.4 Biometria de ninhos .......................................................................................... 22

2.5 Biometria de ovos e filhotes ............................................................................. 23

2.6 Sistema de criação comercial e incubação artificial ...................................... 24

2.7 Microbiota bacteriana ....................................................................................... 26

2.8 Microbiota fúngica ............................................................................................ 27

3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 28

3.1 Área de estudo .................................................................................................. 28

3.2 Georreferenciamento e biometria do ninho .................................................... 28

3.3 Coleta das amostras, transporte e biometria dos ovos ................................. 30

3.4 Ovoscopia e incubação artificial ...................................................................... 31

3.5 Processamento microbiológico ....................................................................... 33

3.6 Biometria dos filhotes ....................................................................................... 34

3.7 Delineamento experimental e análise estatística ........................................... 34

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 36

4.1 Georreferenciamento, caracterização e biometria dos ninhos ..................... 36

4.2 Ovoscopia e biometria dos ovos ..................................................................... 37

4.3 Incubação artificial e taxa de eclosão ............................................................. 39

4.4 Biometria dos filhotes ....................................................................................... 42

4.5 Microbiota bacteriana e fúngica ....................................................................... 43

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 46

5.1 Caracterização e biometria dos ninhos ........................................................... 46

5.2 Ovoscopia e biometria dos ovos ..................................................................... 47

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5.3 Incubação artificial e taxa de eclosão ............................................................. 48

5.4 Biometria dos filhotes ....................................................................................... 51

5.5 Microbiota bacteriana ....................................................................................... 51

5.6 Microbiota fúngica ............................................................................................ 55

6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 59

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 60

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61

APÊNDICE A – ARTIGO CIENTÍFICO ..................................................................... 74

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1 INTRODUÇÃO

O Caiman yacare, conhecido como jacaré-do-Pantanal, é uma das espécies de

crocodilianos de ocorrência em território brasileiro (UETZ, GOLL e HALLERMANN,

2011). Ele é considerado um crocodiliano de porte médio, atingindo de dois metros e

meio a três metros de comprimento na vida adulta (MIRANDA et al., 2002). Os

indivíduos dessa espécie, assim como os outros crocodilianos passam boa parte de

sua vida na água, utilizando as margens dos rios e/ou lagoas para termorregulação,

alimentação e reprodução (ZUG, VITT e CALDWELL, 2001).

Durante o início da década de 90, as populações de jacaré-do-Pantanal foram

consideradas reduzidas de alguma forma, principalmente devido ao aumento da

caça ilegal durante os anos 70 e 80, porém, os maiores problemas que o C. yacare

enfrenta atualmente são a destruição de seu habitat, a construção de hidrelétricas e

o assoreamento de rios que continuam a afetar as populações de jacarés,

principalmente no Brasil (CAMPOS et al., 2010). E, embora em alguns locais se

apresente reduzido, está classificado como espécie de baixo risco de extinção, pois

possui ampla distribuição e populações numerosas (IUCN, 1996), provavelmente

devido ao seu pequeno tamanho na maturidade, associado à habilidade de se

adaptar a uma ampla variedade de ambientes e ao fato ter aprendido a viver com

cautela (CAMPOS et al., 2010).

1.1 Taxonomia

Todos os crocodilianos vivos pertencem à classe Reptilia, subclasse

Archosauria, ordem Crocodylia, subordem Eusuchia e família Crocodylidae.

Atualmente, encontram-se divididos em 25 espécies das quais seis podem ser

encontradas no Brasil: Melanosuchus niger, Paleosuchus palpebrosus, Paleosuchus

trigonatus, Caiman crocodilus, Caiman yacare e Caiman latirostris (UETZ, GOLL e

HALLERMANN, 2011).

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1.2 Distribuição geográfica

Os crocodilianos são, hoje, os maiores répteis vivos no planeta (LANE, 2006)

e estão distribuídos na maior parte dos estuários doces e salobros, rios e zonas

pantanosas de todas as regiões tropicais e semitropicais do mundo (RUEDA-

ALMONACID et al., 2007). Especificamente, o C. yacare pode ser encontrado nas

planícies do Norte e Leste da Bolívia e no Oeste do Brasil, desde o Sul da Amazônia

até os rios Guaporé/Madeira e Paraguai/Paraná e no Norte da Argentina (CAMPOS

et al., 2010).

1.3 Importância ecológica e econômica

Os crocodilianos são predadores que estão no topo da cadeia alimentar no

ambiente em que vivem. Esta posição lhes confere um papel importante como

consumidores de peixes, moluscos, insetos e outros, a partir do momento em que

favorecem a seleção natural de suas presas habituais e eliminam indivíduos mais

velhos ou fracos das populações, mantendo o equilíbrio natural. Também são

importantes espécies sentinelas da degradação dos ecossistemas por

contaminantes ambientais e o monitoramento do nível de contaminantes em

crocodilianos pode fornecer uma boa indicação do nível de contaminantes no

ecossistema aquático (MILNES e GIULLETTE, 2008). Além disso, suas fezes

enriquecem as águas onde vivem e aumentam a produtividade biológica das

mesmas, promovendo o crescimento de algas e de todo tipo de organismos

plantócnicos (RUEDA-ALMONACID et al., 2007).

Um número de doenças que se desenvolvem na água são vetoriadas por

populações de moluscos, mosquitos e peixes saudáveis e, ao consumirem grandes

quantidades dessas espécies, os crocodilianos podem exercer um controle biológico

indireto de muitos parasitos que estão presentes nesses animais como os moluscos

(Ipomoea) que atuam como hospedeiros da Fasciola hepatica e Schiistosoma

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mansoni, que atacam as populações humanas e seus animais (RUEDA-

ALMONACID et al., 2007; MAZZOTTI et al., 2009).

A partir dessas informações, percebe-se que as atividades dos crocodilianos

mantêm o equilíbrio, a função e a estrutura do ecossistema (CRAIGHEAD, 1968),

gerando a necessidade da implementação de programas de manejo que aliem o

aproveitamento econômico à conservação de suas populações selvagens

remanescentes (KING, 1989), evitando-se, assim, o comércio ilegal da espécie e

otimizando a sustentabilidade da atividade econômica. Desse modo, com a

regulamentação do sistema de criação denominado ranching, pelo Instituto Brasileiro

do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama (BRASIL, 1990;

BRASIL, 2009), a exploração comercial da espécie em suas áreas de ocorrência

passou a ser uma alternativa ecológica e economicamente viável, pois visa a

preservar a espécie e a permitir o manejo sustentado do jacaré-do-Pantanal

(CAMPOS, MOURÃO e COUTINHO, 2005).

1.4 Justificativa e objetivos

Além de promover a conservação dos ambientes naturais e da biodiversidade,

reduzindo a pressão exercida pela caça nessas populações (BULTE e DAMANIA,

2005), a crocodilicultura aumenta a produtividade da terra, através da diversificação

dos meios de produção (COUTINHO e CAMPOS, 2002) e incrementa os

rendimentos das mesmas pela comercialização do couro e da carne no mercado

nacional e internacional (RODRIGUES et al., 2007). Dessa forma, a criação

comercial do C. yacare tem alcançado grande destaque econômico no Estado de

Mato Grosso, pois, além de o jacaré-do-Pantanal ser uma espécie nativa e

abundante na região, houve, em 1990, a regulamentação do sistema de criação pelo

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)

denominado ranching (BRASIL, 1990; BRASIL, 2009).

O ranching fundamenta-se na coleta de filhotes ou de ovos na natureza,

mediante prévio levantamento populacional da espécie na área pretendida e, após a

autorização e o controle do órgão ambiental federal, os ovos são incubados

artificialmente e recriados em instalações apropriadas (CAMPOS, MOURÃO e

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COUTINHO, 2005). Verifica-se, por conseguinte, que esta atividade econômica está

em íntima dependência da eficiência reprodutiva da espécie na natureza. O

conhecimento da biologia reprodutiva e de técnicas para a incubação artificial são

por isso fatores decisivos para o sucesso em longo prazo da criação comercial.

Alguns dados sobre a biologia reprodutiva de espécies de crocodilianos, incluindo o

C. yacare, podem ser obtidos de Verdade (1995); Platt e Thorbjarnarson (2000);

Campos (2003); Coutinho et al.(2005); Bassetti (2006); Zhang et al. (2008); Velasco

e Ayarzagüena (2010), porém eles não se referem à biometria dos ovos destinados

a esse sistema de criação e às técnicas de incubação artificial, embora

Huchzermeyer (2003) tenha afirmado que as taxas de eclosão na crocodilicultura

são baixas devido à utilização de técnicas inadequadas na incubação artificial, bem

como em razão das condições físicas e sanitárias da incubadora. As condições

sanitárias do processo de incubação (assepsia durante a coleta e incubação artificial

dos ovos) são pouco exploradas, embora fatores como exposição a alta temperatura

e umidade (FERGUSON, 1981a) e manuseio no momento da coleta (BASSETTI,

2006) já tenham sido relatados como condições que favorecem o processo de

contaminação de ovos por fungos e bactérias.

Considerando a escassez de informações sobre os ninhos, sobre a biometria

de ovos e sobre a composição da microbiota bacteriana e fúngica de ovos de C.

yacare incubados naturalmente e que são coletados e destinados às criações

comerciais, o presente trabalho teve como objetivo dimensionar os ninhos de C.

yacare, descrever a fitofisionomia da área onde o ninho foi construído, o número de

ovos por ninho, as biometrias dos ovos e dos filhotes recém-eclodidos, verificar as

taxas de eclosão dessa espécie e caracterizar a microbiota bacteriana e fúngica de

ovos no momento da coleta para a incubação artificial.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo, serão abordados alguns tópicos referentes ao processo

reprodutivo de Caiman yacare relacionados à oviposição, à incubação, à biometria e

à microbioba bacteriana e fúngica.

2.1 Maturidade sexual e período reprodutivo

Na natureza, as fêmeas de C. yacare podem tornar-se vitelogênicas com

cerca de cinco anos de idade e comprimento rostro-cloacal (CRC) maior que 55 cm,

mas ovários maduros, com folículos vitelogênicos avançados, somente foram

observados em fêmeas com sete anos de idade e CRC maior que 70 cm

(COUTINHO et al., 2001). Entretanto, o tamanho mínimo de reprodução efetiva é

ainda maior em vida livre e, embora fêmeas jovens (CRC<75 cm) sejam

eventualmente capazes de realizar postura, a maioria das fêmeas na população

começa a nidificar com cerca de nove a dez anos de idade, quando atingem CRC

equivalente a 80 cm e massa corporal acima de 12 kg (CAMPOS, 1993; CAMPOS e

MAGNUSSON, 1995; COUTINHO, 2000), na mesma idade em que os machos

também atingem maturação completa das gônadas (COUTINHO et al., 2005).

Em ambiente natural, o período reprodutivo do C. yacare está associado ao

início da estação chuvosa, ocorrendo a postura dos ovos de dezembro a fevereiro

no Brasil (CAMPOS et al., 2010).

2.2 Nidificação e postura

A escolha do local para nidificação varia de espécie para espécie entre os

crocodilianos. As espécies que vivem em florestas constroem ninhos em montes de

folhas colhidas do chão da floresta e dependem do calor produzido pela

compostagem ao invés do sol para incubar os ovos. As espécies de pântanos fazem

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ninhos em montes a partir da vegetação existente nestes ambientes e dependem

tanto do calor da compostagem como do sol para a incubação dos ovos, enquanto

que os animais que vivem em rios constroem seus ninhos nos bancos de areia

acima do nível de inundação e dependem do sol para obter o calor necessário à

incubação (HUCHZERMEYER, 2003). As espécies de jacarés da família

Alligatoridae constroem seus ninhos em montes com restos de folhagens e gravetos

dentro da mata, próximos de corpos d‟água e nos tapetes de vegetação flutuante.

No Pantanal Sul, Campos e Magnusson (1995) descrevem ninhos de C. yacare em

florestas perto de rios intermitentes, em trechos de florestas em campos inundados e

em campos rodeados por água. Os fatores que levam as fêmeas a selecionarem o

habitat de nidificação são desconhecidos (COUTINHO e CAMPOS, 2005), porém, o

tamanho e a composição dos ninhos dependem mais do habitat e da disponibilidade

de material do que das espécies envolvidas (MAGNUSSON, 1979). Verdade (1995)

concluiu também para o C. latirostris que a presença da terra pode ser justificada

pela necessidade de complementação do tamanho "normal" do ninho, onde,

aparentemente, não há folhas em quantidade suficiente para sua construção. No

Pantanal, é provável que os ciclos anuais de cheia e seca alterem a disponibilidade

dos locais de nidificação e também a oferta do material para construção dos ninhos

do C. yacare (CAMPOS e MAGNUSSON, 1995).

Todos os ovos de uma ninhada são depositados ao mesmo tempo no ninho e

cobertos com o material do mesmo (HUCHZERMEYER, 2003). O número e o

tamanho dos ovos estão relacionados com a espécie e o tamanho dos indivíduos

(RUEDA-ALMONACID et al., 2007), de modo que fêmeas menores e mais jovens

realizam a postura de ovos em número e tamanho menores em relação a fêmeas

mais velhas, que dão origem a filhotes mais fortes e viáveis (HUCHZERMEYER,

2003). Vários autores correlacionaram o número de ovos de cada ninho com a

massa corporal das fêmeas, como ocorre no C. yacare (CAMPOS e MAGNUSSON,

1995), no C. crocodilus crocodilus (CAMPOS, 2003) e no C. latirostris (LARRIERA et

al., 2004; MONTINI et al., 2006). Segundo Campos (2003), outros fatores como a

idade, o estado nutricional e a genética dos pais também podem influenciar a

produção de ovos em Caiman crocodilus crocodilus, Paleosuchus palpebrosus e

Melanosuchus niger.

Quanto ao número de ovos por ninho, diversos valores são apresentados nas

diferentes espécies. Webb e Cooper-Preston (1989) relatam para o Crocodilus

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porosus ninhos contendo de 2 a 78 ovos e Soberón, Tabet e Alvarez (2002) relatam

valores médios para o Crocodilus acutus de 24,77 ovos por ninho. Em Caiman

crocodilus crocodilus o número médio de ovos por ninho encontrados por Pérez

(2001) e Campos (2003) foram, respectivamente, de 29,6 e de 25, variando este

último de 14 a 38 ovos. Para o C. yacare, Campos et al. (2010) descrevem valores

entre 22 a 35 ovos, com no máximo 42 ovos por ninho.

2.3 Incubação natural

O período de incubação varia, aproximadamente, de 60 a 90 dias, mas

depende da espécie, assim como da temperatura, sendo menor com o aumento da

temperatura (HUCHZERMEYER, 2003). No jacaré-do-Pantanal, da postura dos ovos

até a eclosão dos filhotes, podem decorrer até 70 dias, dependendo das condições

de incubação dos ovos e dos cuidados da fêmea (CAMPOS e MAGNUSSON, 1995).

A temperatura e umidade ideais para o desenvolvimento dos embriões de

crocodilianos durante esse período, respectivamente, é de 97-99% e de 28°C a 34°C

(BASSETTI, 2006). Em ambiente natural, Campos et al. (2008) revelaram que os

ovos de ninhos de C. crocodilus crocodilus estudados perderam peso durante a

incubação e atribuíram esse fato à perda de água, pois os jacarés nessa população

nidificaram no fim da estação de seca, quando o nível das águas do rio está baixo.

As fêmeas investem tempo na construção e nos cuidados contra predadores

no ninho, permanecendo ao lado dos filhotes recém-eclodidos até um ano de vida

(CINTRA, 1989). As principais causas de mortalidade de ovos de jacarés no

Pantanal são as inundações e a predação dos ninhos (COUTINHO e CAMPOS,

2005). Além de causar as inundações, as chuvas têm efeito direto na sobrevivência

dos ovos, pois interferem na temperatura dos ninhos de floresta e de vegetação

flutuante (CAMPOS, 1993).

As inundações foram relatadas como a principal causa de mortalidade de

ovos, atingindo 29% para o Melanosuchus niger (VILLAMARÍN-JURADO e SUÁREZ,

2007) e 12,8% para M. niger e Caiman crocodilus (VILLAMARÍN et al., 2011), tendo

sido a média de sucesso de eclosão para o Melanosuchus niger de 42,4%

(VILLAMARÍN-JURADO e SUÁREZ, 2007).

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Quanto à predação, Campos e Magnusson (1995) relatam que os lobinhos

(Cerdocyon thous), quatis (Nasua nasua) e porcos-monteiros (Sus scrofa) são

espécies capazes de destruir parcial ou totalmente os ninhos. Já no Equador,

Villamarín-Jurado et al. (2011) afirmam que 69,7% dos ninhos foram predados,

principalmente por humanos, lagartos e jaguars.

A viabilidade dos ovos também depende do tipo de habitat de nidificação.

Montini et al. (2006) relataram um sucesso maior de eclosão em ninhos de C.

latirostris construídos em vegetação flutuante do que naqueles feitos em floresta.

Nos ninhos de crocodilianos também pode haver uma interação com

invertebrados como cupins em ninhos de Paleosuchus trigonatus (MAGNUSSON,

LIMA e SAMPAIO, 1985) e formigas em ninhos de Alligator mississipiensis (ALLEN et

al., 1997). Neste último trabalho, os autores investigaram os efeitos da formiga de

fogo (Solenopsis invicta) sobre filhotes de aligátores. Esta espécie frequentemente

se instala nos ninhos desses crocodilianos e, à medida que se inicia o processo de

eclosão, elas podem penetrar nos ovos e consumir o conteúdo do mesmo, picando

os filhotes até que a mãe os leve para a água, o que, se ocorrer de forma rápida,

não trará maiores consequências para os filhotes, mas, se houver demora, poderão

aparecer edemas, principalmente ao redor dos olhos e extremidades dos membros.

2.4 Biometria de ninhos

Verdade (1995) mensurou ninhos de C. latirostris e obteve valores médios

para a altura, comprimento e largura de, respectivamente, 49,2 cm, 134,2 cm e

103,4 cm. Platt e Thorbjarnarson (2000) obtiveram para os mesmos parâmetros, no

Crocodylus acutus, as seguintes dimensões: 30 cm, 200 cm e 160 cm, em ninhos

feitos em montes de areia e folhas. Villamarín-Jurado e Suárez (2007) obtiveram

valores médios, para o Melanosuchus niger, de 0,54 m de altura e 1,65 m de

diâmetro e no C. yacare foram relatadas dimensões médias de 44 cm de altura, 132

cm de comprimento e 121 cm de largura (FAUNAGUA-MAPZA-SERNAP-SITIPNIS,

2004).

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2.5 Biometria de ovos e filhotes

Huchzermeyer (2003) afirma que o fator mais importante relacionado à

ninhada é o tamanho do ovo que consequentemente terá influência no tamanho do

filhote. Webb e Cooper-Preston (1989) relatam dimensões médias de ovos de

Crocodilus porosus de 7,84 cm de comprimento (variando de 6,57 a 8,95 cm), 4,90

cm de largura e 109,19 g. de massa. Em Crocodylus acutus, Platt e Thorbjarnarson

(2000) descrevem valores médios para o comprimento, largura e massa,

respectivamente e 70,5 mm, 44,1 mm e 85,6 g. Cardeilhac et al. (1999) mensuraram

ovos de Alligator mississippiensis provenientes de três regiões diferentes: a região

Sul dos Everglades, o Sudoeste de Louisiana e o Lago Griffin, cujos valores médios

obtidos, respectivamente, para cada uma das três regiões foram: comprimento de

7,25 cm, 7,26 cm e 7,57 cm, largura de 4,079 cm, 4,20 cm e 4,47 cm e a massa de

68,85 g, 72,4 g e 86 g. Estes autores observaram diferença estatística na região do

Lago Griffin, que foi atribuída às graves mudanças ambientais. Em ovos de C.

latirostris, Verdade (1995) descreve uma média de 6,728 cm para o comprimento,

4,28 cm para a largura e 70,888 g para a massa e Piña, Simoncini e Larriera (2005),

para a mesma espécie, apresentam o comprimento, a largura e a massa, variando

respectivamente, de 3,03 a 5,05 cm, de 4,25 a 8,27 cm e de 30,75 a 88,56 g. Em C.

crocodilus crocodilus, Pérez (2001) descreve largura de 49,1 mm e massa de 61,1 g

e Campos (2003) obteve para esta mesma espécie valores médios de comprimento

de 5,78 cm e largura de 3,59 cm. Miranda et al. (2002) relatam que a média da

massa dos ovos foi de 61,28 g para o C. yacare.

Campos et al. (2008), em C. crocodilus crocodilus e C. crocodilus yacare,

encontraram uma relação positiva entre o número de ovos, a média do volume do

ovo (média estimada entre o comprimento e a largura do ovo) e o tamanho do

embrião no Amazonas. Porém, na região do Pantanal Central, essa relação ocorreu

apenas entre o número de ovos e a média do volume dos ovos. Neste mesmo

estudo, também houve uma relação positiva entre o número de ovos e a média do

volume dos ovos com as fêmeas, já que fêmeas maiores usam um espaço maior na

cavidade abdominal para produzir ovos maiores e em maior quantidade.

Temsiripong (1999) realizou a biometria de filhotes de Alligator

mississippiensis, cujo CRC foi de 13,9 cm, variando de 10,5-16,6 cm e a massa

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média foi de 62,22 g, variando de 30-90 g. Segundo Verdade (1995), a biometria de

filhotes de C. latirostris apresentou a média de comprimento total (CT) de 24,654 cm

e massa de 47,61 g. Pérez (2001) também realizou a biometria de recém-nascidos

de C. crocodilus crocodilus em que a média do CT foi de 22,4 cm, variando de 19,6

a 25,5 cm, enquanto a média de massa corpórea encontrada foi de 39,1 g, variando

de 26,1 a 57,5 g. Miranda et al. (1999) mensuraram o comprimento rostro-cloacal e a

massa corpórea de filhotes recém-eclodidos de C. yacare que foram submetidos a

diferentes temperaturas de incubação e obtiveram as seguintes médias,

respectivamente, 13,23 cm e 52,78 g a 28º C e 13,58 cm e 53,09 g a 32ºC. Estes

autores concluíram que as temperaturas testadas não influenciaram o ganho de

massa, mas, no geral, o melhor CRC foi obtido em temperatura de 32°C. Além da

temperatura, Campos e Magnusson (1995) afirmam que os ovos maiores deram

origem a maiores filhotes de C. yacare coletados no Pantanal Sul.

2.6 Sistema de criação comercial e incubação artificial

Além da produção de carne e couro (SARKIS-GONÇALVES et al., 2001),

outra vantagem da criação comercial de crocodilianos é a prevenção da alta

mortalidade dos ovos causada pela predação e inundação e a redução da

mortalidade dos filhotes recém-eclodidos, diminuindo o impacto sobre a espécie na

natureza (CASTRO e SILVA, 2005). No Brasil, o modelo legal vigente para a

exploração de populações naturais de jacaré (COUTINHO e CAMPOS, 2006) é o

ranching, regulamentado a partir da Portaria 126 de 1990 do Instituto Brasileiro do

Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama (BRASIL, 1990;

BRASIL, 2009). Este sistema de criação só pode ser aplicado em locais com

grandes remanescentes populacionais (SARKIS-GONÇALVES et al., 2001), já que a

coleta dos ovos/filhotes só deve ser realizada mediante prévio levantamento

populacional da espécie na área pretendida e autorização do órgão competente

(CAMPOS, MOURÃO e COUTINHO, 2005).

A incubação artificial é utilizada nas criações comerciais após a coleta

autorizada de ovos na natureza. A incubação é um processo relativamente simples,

em que devem ser consideradas a temperatura e a umidade das incubadoras. Os

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ovos podem ser incubados em bandejas plásticas contendo vermiculita umedecida,

o que proporciona conservação da umidade e manutenção do calor necessário

durante a incubação (GRIGG,1987). Huchzermeyer (2003) sugere a incubação dos

ovos em prateleiras, pois afirma que facilita o acesso e a remoção aos ovos inférteis,

reduzindo o risco de contaminação e também previne o superaquecimento causado

pelo calor metabólico produzido pelo embrião. O ambiente de incubação é

extremamente importante, pois influencia a taxa de desenvolvimento embrionário,

crescimento após a eclosão, o período de incubação, a mortalidade embrionária e o

sexo (LUXMOORE, 1992).

O sucesso dessa modalidade de incubação está diretamente relacionado às

condições de transporte dos ovos do ninho à incubadora e das condições físicas e

sanitárias da incubadora durante esse processo (GRIGG, 1987). Segundo

Huchzermeyer (2003), a taxa de eclosão em relação ao número de ovos por ninho

na incubação artificial é baixa, o que pode ser atribuído à utilização de técnicas

inadequadas.

Em cativeiro, Verdade (2001) relatou uma taxa de eclosão de 79,83% de ovos

de C. latirostris no sistema de ciclo fechado, caracterizado pela reprodução,

oviposição e incubação em cativeiro. Nesta mesma espécie, no sistema ranching,

Piña et al. (2007a) descrevem taxas de eclosão de 73,4% e também, taxas de

eclosão que variaram de acordo com a temperatura de incubação, em que 79,3% foi

obtido a 29°C, 77,9% a 31°C e 50,6% a 33°C (PIÑA et al., 2007a). Em ovos de

Caiman crocodilus crocodilus incubados artificialmente, Pérez (2001) encontrou

84,1% de sucesso de eclosão em que 1,71% dos ovos não eclodidos apresentaram

morte embrionária, 9,84% eram inférteis e 4,22% possuíam malformações que foram

atribuídas a fatores hereditários. Miranda et al. (2002) relataram taxas de eclosão

relacionadas à temperatura de incubação em C. yacare de 66,63% a 28°C e de

83,3% a 30°C. Martinéz et al. (2002) encontraram, em ovos de C. latirostris e C.

yacare, 77% de sucesso de eclosão em que 9% dos ovos eram inférteis e 14%

sofreram morte embrionária. Joanen e McNease (1981) revelaram que, além de

fatores ambientais, o estado da incubação dos mesmos no momento da coleta

também influencia a eclosão.

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2.7 Microbiota bacteriana

As condições sanitárias do processo de incubação (assepsia durante a coleta

e incubação artificial dos ovos) são pouco exploradas, embora fatores como

exposição a alta temperatura e umidade (FERGUSON, 1981a) e manuseio no

momento da coleta (BASSETTI, 2006) já tenham sido relatados como condições que

favorecem o processo de contaminação de ovos por fungos e bactérias.

Por outro lado, Ferguson (1981a) relatou que a presença de bactérias no

ninho durante a incubação natural facilita a eclosão do filhote pela ação dos ácidos

oriundos do metabolismo bacteriano sobre a camada externa do ovo. Existem

poucas informações referentes à constituição dessa microbiota, mas Schumacher e

Cardeilhac (1990) encontraram, na membrana de ovos de Alligator mississipiensis

com lesões características de contaminação, os seguintes microorganismos:

Enterobacter cloacae, Citrobacter sp., Proteus sp. e Pseudomonas aeruginosa.

Todas essas espécies fazem parte da microbiota intestinal de crocodilianos,

indicando uma contaminação fecal como fonte do problema. Salmonella arizona,

Pseudomonas aeruginosa e Aeromonas hydrophila foram isoladas de membranas

da casca de ovos de crocodilos do Nilo que não eclodiram no Zimbabwe (FOGGIN,

1992). Gattamorta et al. (2002) investigaram a presença de Salmonella sp. no

conteúdo de ovos recém-eclodidos de C. latirostris. Em contrapartida aos escassos

relatos da microbiota de ovos de crocodilianos, a microbiota oral e cloacal de

crocodilianos tem sido descrita sem, no entanto, ser correlacionada à microbiota dos

ovos (RAMOS et al., 1993; HUCHZERMEYER, 2000; GERMINO et al., 2008; SILVA

et al., 2009).

Teoricamente, a bactéria pode infectar o ovo, tanto via transovariana, através

de uma infecção do vitelo, quanto durante a postura, através da casca. A casca e

as membranas apresentam uma certa barreira para a penetração da bactéria,

porém, pequenas rachaduras na casca permitem facilmente o acesso da bactéria

(HUCHZERMEYER, 2003). Em média, 3 a 15% dos ovos têm a casca rachada

durante o processo de postura (JOANEN, 1969; POOLEY, 1969; WEBB, MESSEL e

MAGNUSSON, 1977; GOODWIN e MARION 1978) e, se um ovo sofre uma

contaminação, ele pode representar um perigo para os ovos adjacentes no ninho.

Além disso, a terra onde os ninhos são construídos também se torna contaminada

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com o tempo, principalmente se algum ovo é quebrado antes da eclosão

(HUCHZERMEYER, 2003).

2.8 Microbiota fúngica

Os fungos estão normalmente presentes no solo (GAIRHE, 2007) e, sob

certas condições, como alta umidade, também podem infectar os ovos de

crocodilianos no ninho (HUCHZERMEYER, 2003), já que os ninhos deste grupo de

animais são construídos a partir de materiais do ambiente como terra, galhos e

folhas (VERDADE, 2001). Huchzermeyer (2003) ainda afirma que o risco de uma

infecção fúngica é maior em ninhos feitos em formato de monte, devido ao tipo de

material utilizado para a construção dos mesmos. Os fungos presentes no material

do ninho são capazes de penetrar a casca do ovo, Hibberd (1994) descobriu que o

tamanho dos poros da casca de ovos de Crocodylus porosus era suficiente para

permitir que hifas e esporos entrassem. Ela também relatou o crescimento de hifas

ao longo de pequenas rachaduras na casca, isolando as espécies Fusarium solani,

Paecilomyces lilacinus e Aspergillus sp.. Schumacher e Cardeilhac (1990) também

isolaram os fungos Fusarium oxysporum, Paeciliomyces aviotti, Penicillium

fellucanum e Aspergillus niger em ovos de Alligator mississippiensis.

O fungo pode não matar todos os embriões afetados durante a incubação,

porém, alguns filhotes infectados podem morrer tardiamente (HIBBERD e

HARROWER, 1993). Gairhe (2007) avaliou as causas de mortalidade de filhotes de

gavial e mostrou que apenas 38% dos filhotes sobreviveram nos primeiros dez

meses de vida e, desses 38%, 18,98% tinham lesões fúngicas na pele, cujos

isolados revelaram a presença dos fungos Curvularia spp., Fusarium spp.,

Penicillium spp., Pseudallescheria boydii, Rhizopus spp. e Trichoderma spp..

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

A coleta dos ovos e do material para a caracterização da microbiota

bacteriana e fúngica de ovos de C. yacare foi realizada em uma fazenda localizada

no município de Poconé, durante o mês de abril de 2011, conforme aprovação pelo

Comitê de Ética em Pesquisa Animal - Cepa/UFMT (protocolo nº. 23108.044293/10-

8). Esta propriedade realiza a coleta e a incubação artificial de ovos destinados à

criação comercial. Para tanto, durante o mês de março foram realizados nesta

propriedade o censo de ninhos e a respectiva identificação. De um total de 103

ninhos encontrados, 20 foram coletados para a incubação artificial sendo definidos

por sorteio levando-se em conta as quatro regiões da fazenda que apresentaram

maior ocorrência: a área designada de Piuval (ninhos nº. 1-6), a área Estrada

Parque (ninhos nº. 7-11), Vazante (ninhos nº. 12-16) e a área denominada Lixeiro

(ninhos nº. 17-20).

3.2 Georreferenciamento e biometria do ninho

No local de cada ninho trabalhado foi realizado o georreferenciamento (Figura

1) e parâmetros biométricos como altura, largura da base e do ápice (Figura 2) dos

20 ninhos foram mensurados com auxílio de fita métrica flexível. Dados referentes à

fitofisionomia da área escolhida pela fêmea para a construção do ninho também

foram coletados de acordo com o preconizado por Cunha, Junke e Leitão-Filho

(2007).

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Figura 1: Mapa mostrando a localização geográfica dos 20 ninhos nas quatro áreas do Pantanal

Norte, município de Poconé/MT.

Figura 2: Mensuração da largura do ápice do ninho de Caiman yacare.

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30

3.3 Coleta das amostras, transporte e biometria dos ovos

Os ninhos foram abertos com cuidado, sem que os ovos fossem tocados e,

após a abertura, procedeu-se à coleta das amostras microbiológicas da superfície

dos ovos por swabs (Figura 3), sendo então acondicionadas em meio de transporte

(meio de Stuart), resfriadas a aproximadamente 4ºC em recipiente isotérmico e

transportadas para o processamento, não excedendo o período de 24 horas até a

semeadura.

Figura 3: Coleta de amostra microbiológica da superfície dos ovos em ninho de Caiman yacare.

Após a coleta, os ovos de cada ninhada foram identificados, indicando a sua

posição original no ninho, acondicionados em caixas forradas com o material vegetal

do respectivo ninho (Figura 4) e transportados até a incubadora.

Após a chegada dos ovos na propriedade, foi realizada a contagem e a

biometria (Figura 5) dos mesmos. Os parâmetros analisados foram a mensuração do

eixo maior (comprimento), do menor (largura) e da massa, respectivamente aferidos

por paquímetro analógico e dinamômetro de mão (Pesola® de 100g e precisão de ±

0,3g).

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Figura 4: Ovos coletados e acondicionados para o transporte, no material vegetal do respectivo ninho.

Figura 5: Mensuração do comprimento do ovo de C. yacare com paquímetro analógico.

3.4 Ovoscopia e incubação artificial

Todos os ovos passaram pelo exame de ovoscopia e foram classificados de

acordo com o grau de desenvolvimento embrionário adaptado de Ferguson (1981b),

sendo considerados de grau zero (Figura 6) aqueles que se apresentaram

inteiramente translúcidos (inférteis) e de graus um a quatro aqueles que

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apresentaram graus crescentes de opacidade, sendo o grau quatro totalmente

opaco. Desde o ingresso dos ninhos ao incubatório até a eclosão do último ninho

transcorreram 39 dias de incubação artificial, período em que temperatura (em ºC) e

umidade relativa do ar (em %) foram verificadas a cada seis horas, respectivamente,

por um termômetro de mínima e máxima e um higrômetro.

Figura 6: Exame ovoscópico em ovo de C. yacare mostrando-se translúcido e, portanto, classificado

como grau zero e caracterizado como infértil.

Após o término do período de incubação de cada ninho, os ovos que não

eclodiram foram abertos por incisão longitudinal com lâmina de bisturi e o conteúdo

foi inspecionado quanto à presença ou não de embrião/feto. Amostras

microbiológicas foram colhidas do conteúdo de cinco ovos, sendo dois deles com

odor fétido e outros três sem aparente decomposição e com filhotes não eclodidos

que apresentavam o vitelo exteriorizado. Os ovos com odor fétido foram

caracterizados não só pela presença dessa característica, mas também pela

observação de uma coloração escurecida e manchas circulares na casca.

No local destinado à incubação, cada ninho foi mantido separadamente em

pequenos recintos delimitados por tijolos de oito furos, forrados e cobertos pelo

material oriundo do ninho, conforme procedimento adotado na propriedade em

coletas anteriores (Figura 7). Os ovos foram depositados nesses compartimentos

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(incubadora), onde permaneceram até o momento da eclosão. Antes da colocação

dos ovos na incubadora, foi coletada uma amostra microbiológica dos tijolos, que foi

conservada e processada nas mesmas condições descritas anteriormente.

Figura 7: Sistema de incubação artificial de ovos de C. yacare adotado na propriedade rural no

Pantanal Norte, município de Poconé/MT.

3.5 Processamento microbiológico

Para a identificação de bactérias, as amostras coletadas foram semeadas em

ágar sangue e ágar Mac Conckey para a identificação de bactérias, sendo

incubadas em ambiente aeróbico e anaeróbico a 37ºC e observadas a cada 24

horas por até 72 horas. Após a observação do crescimento bacteriano, as colônias

foram identificadas de acordo com suas características morfotintoriais e provas

bioquímicas. As análises foram realizadas segundo a metodologia descrita por

Quinn et al. (1994) e Koneman et al. (2001). A colônia condizente com Salmonella

sp. foi confirmada através da técnica de reação em cadeia de polimerase (PCR) em

que a extração foi realizada segundo a metodologia de fervura-centrifugação

descrita por Soumet et al. (1994) e o PCR segundo Suh & Song (2005), utilizando

um par de primers que originam produtos de amplificação de 298 pares de base

correspondente ao gene invA.

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Para a pesquisa de fungos e leveduras, as amostras coletadas foram

semeadas em ágar Sabouraud-dextrose (4%) e ágar Sabouraud-dextrose com

cloranfenicol (100 mg/L), incubadas em ambiente aeróbico de 28ºC a 30°C e

observadas a cada 24 horas por até sete dias. Após a observação do crescimento

fúngico, procedeu-se ao microcultivo nos meios ágar batata-dextrose (BDA) e ágar

fubá acrescido de Tween-80 a 1%. Os dois últimos meios foram empregados

visando a estimular a esporulação dos fungos, às vezes insuficiente ou ausente em

ágar-Sabouraud. A incubação foi realizada de forma similar à descrita anteriormente

para o cultivo inicial.

Lâminas originadas no microcultivo foram coradas com lactofenol e azul de

tripano (0,05%) para determinar a diferenciação de estruturas reprodutivas sexuais e

ou assexuadas. Para a classificação dos fungos, foram utilizadas as chaves de

identificação segundo Domsch, Gams e Anderson (1993), Alexpoulos, Mims e

Blackwell (1996), Watanabe (2002) e Harman et al. (2004).

3.6 Biometria dos filhotes

Após a eclosão, a biometria dos filhotes também foi realizada com a

mensuração do comprimento rostro-cloacal (CRC), a qual foi obtida com auxílio de

fita métrica flexível e com a aferição da massa por meio de dinamômetro de mão

(Pesola® de 100g e precisão de ± 0,3g). Após a biometria, os filhotes foram

transferidos para as instalações da criação comercial e os ovos remanescentes

foram contados para a verificação da taxa de eclosão e, na sequência, abertos para

a verificação da presença de embrião/feto conforme descrito anteriormente.

3.7 Delineamento experimental e análise estatística

O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro

tratamentos (áreas Piuval, Estrada Parque, Vazante e Lixeiro). Todos os ovos de um

determinado ninho foram considerados uma parcela. O número de repetições de

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cada tratamento foi diferente em função da proporção de ninhos encontrados em

cada área.

As correlações entre a quantidade de ovos por ninho, a biometria dos ninhos,

dos ovos e dos filhotes, a taxa de eclosão, a quantidade de ovos inférteis e os ovos

que não eclodiram (por odor fétido ou retardo no desenvolvimento em relação aos

outros filhotes eclodidos no mesmo ninho) e as áreas estudadas foram submetidas à

análise de variância (ANOVA) e teste de médias Tukey conforme Banzato e Kronka

(1992), utilizando-se o software SAEG.

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4 RESULTADOS

4.1 Georreferenciamento, caracterização e biometria dos ninhos

As coordenadas geográficas de cada ninho e as respectivas áreas de

ocorrência estão descritas na tabela 1. Os ninhos dos quais o material biológico foi

coletado, localizados na área Piuval, foram construídos pelas fêmeas no interior de

capões de gravatás e próximos à água. Eles eram formados por raízes, terra úmida

e uma pequena quantidade de material em decomposição no solo (serrapilheira). Os

ninhos localizados na Estrada Parque eram construídos em campos de murundus e,

em sua maior parte, eram constituídos de serrapilheira e, em menor proporção, de

terra e raízes. Na Vazante, os ninhos foram encontrados em cambarazais (ninhos 12

e 14) e campos de murundus (ninhos 13, 15 e 16) e eram formados por

serrapilheira, gravetos e uma quantidade menor de terra. Os ninhos localizados na

área do Lixeiro foram construídos em campos de murundus e continham terra,

gravetos e pouca serrapilheira (Figuras 8a-d). Todos os ninhos investigados neste

trabalho possuíam sombreamento parcial oferecido por árvores localizadas ao redor

dos mesmos e foram construídos em camada única. Além disso, foi observada a

presença de invertebrados (tabela 1), como cupins em 40% dos ninhos, formigas em

30%, diplópodas em 25% (Figuras 9a-b) e lacraias em 5% em todas as quatro áreas.

Dos 20 ninhos caracterizados, observou-se altura média de 36,3 cm, variando

de 20 a 46 cm. A média da largura da base e do ápice dos ninhos foi,

respectivamente, de 126,8 cm (variando de 94 cm a 137 cm) e 46,5 cm (variando de

31 cm a 66 cm). Comparando as médias das quatro áreas estudadas, observou-se

que não houve diferença estatística para a altura, largura da base e do ápice dos

ninhos entre elas (P<0,05), como descrito na tabela 2.

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Tabela 1 – Ninhos selecionados para a coleta de ovos de Caiman yacare, respectivas áreas de ocorrência, coordenadas geográficas e ocorrência de invertebrados, no município de Poconé, MT – abr 2011

Ninho Área Coordenadas geográficas Invertebrados

1

Piuval

S 16° 24'59''; WO 56° 36'38.8'' Cupins/formigas

2 S 16° 25'05.5''; WO 56° 36'33.2'' Cupins/formigas

3 S 16° 24'49.1''; WO 56° 36'33.6'' Cupins/diplópodas

4 S 16° 24'59.8''; WO 56° 36'33.6'' Cupins

5 S 16° 24'42.7''; WO 56° 36'31.5'' ----

6 S 16° 25'03.3''; W 56° 36'32.9'' Diplópodas

7

Estrada Parque

S 16° 23'07.8''; W 56° 37' 40.2'' Formigas

8 S 16° 23'06.0''; W 56° 37'42.2'' ---

9 S 16° 23'13.7''; W 56° 37'40.4'' Cupins

10 S 16° 23'16.0''; W 56° 37'42.7'' Diplópodas/cupins

11 S 16° 22'52.5''; W 56° 37'47.2'' ---

12

Vazante

S 16° 22'37.3''; W 56° 36'45.3'' Diplópodas/formigas

13 S 16° 22'38''; W 56° 36'44.1'' Cupins/formigas

14 S 16° 22'07.1''; W 56° 36'45.8'' ---

15 S 16° 21'59.3''; W 56° 36'54.5'' Cupins

16 S 16° 21'598.7''; W56°36'57.1'' ---

17

Lixeiro

S 16°22'10.3''; W 56°37'58'' Formigas/lacraia

18 S 16° 22'6.0''; W 53° 38'5.3'' ---

19 S 16° 21'57.9''; W 56° 38'05.5'' ---

20 S 16° 22'9.8''; W 56° 37'34'' Diplópodas

4.2 Ovoscopia e biometria dos ovos

Nos 20 ninhos analisados, chegou-se a um total de 464 ovos que foram

submetidos ao exame ovoscópico, obtendo-se para os graus 0 (totalmente

translúcido), 2, 3 e 4 (totalmente opaco), respectivamente, 19 (4,1%), 2 (0,4%), 26

(5,6%) e 417 (89,9%) ovos. Dentre os 417 ovos opacos, 66 deles apresentavam

rachaduras e material viscoso emergindo por elas, evidenciando a eclosão dos

animais no momento do exame; outros 38 ovos opacos não apresentavam

rachaduras, mas possuíam odor fétido e um ovo apresentou-se quebrado.

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Figuras 8a-d: Ninho de C. yacare na área Piuval localizado em um capão de gravatás (a), na área

Estrada Parque (b) e Lixeiro (c) em campos de murundus e na Vazante em cambarazais (d).

Figuras 9a-b: Ninhos de C. yacare contendo invertebrados como cupins (a) e diplópodas (b).

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Tabela 2 - Médias da altura (cm), largura da base (cm) e do ápice (cm) dos ninhos de Caiman yacare em diferentes áreas, município de Poconé, MT – abr 2011

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).

Quanto à biometria dos ovos provenientes dos 20 ninhos, as médias do

comprimento, da largura e da massa foram respectivamente, de 6,6 cm (variando de

5,2 cm a 7,8 cm), 3,9 cm (variando de 3,4 cm a 4,4 cm) e 67,5 g (variando de 30 g a

87 g.) Para os parâmetros analisados, em termos de comprimento, largura e massa,

não houve diferença estatística (tabela 3) entre as quatro áreas (p<0,05).

Tabela 3 - Médias do comprimento (cm), largura (cm) e da massa (g) de ovos de Caiman yacare nas respectivas áreas, no município de Poconé, MT – abr 2011

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).

4.3 Incubação artificial e taxa de eclosão

Durante o período analisado, a temperatura média foi de 28,5°C, tendo sido

observada uma temperatura mínima de 23,6°C e máxima de 33,7°C. A umidade

relativa do ar média foi de 81,3%, sendo o valor mínimo igual a 57,4% e o valor

máximo igual a 95,8%. A variação da temperatura (em °C) e da umidade relativa do

ar (em %) durante o período de incubação está descrita no gráfico 1.

Altura do ninho Base do ninho Ápice do ninho

Piuval 35,67 a 114,83 a 46,83 a

Estrada Parque 34,70 a 113,40 a 50,00 a

Vazante 39,60 a 177,80 a 47,60 a

Lixeiro 36,25 a 101,25 a 40,50 a

Comprimento dos ovos Largura dos ovos Massa dos ovos

Piuval 6,66 a 4,00 a 68,30 a

Estrada Parque 6,62 a 3,98 a 69,36 a

Vazante 6,62 a 3,98 a 64,32 a

Lixeiro 6,47 a 3,86 a 66,76 a

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Gráfico 1 - Variação média da temperatura (em °C) e umidade relativa do ar (em %) no ambiente durante a incubação dos ovos.

O número de ovos por ninho variou de 5 a 33 ovos (Tabela 4), sendo a média

de 23,2. Após o término da incubação, 336 ovos (72,4%) eclodiram. Dos 128

(27,6%) que não eclodiram, 124 (96,9%) apresentaram odor fétido e, ao serem

abertos, possuíam conteúdo que variava de caseoso a pútrido (Figuras 10a-b) e 4

(3,1%) não possuíam odor fétido e continham filhotes que, quando comparados com

os filhotes do mesmo ninho já eclodidos, estavam atrasados quanto ao

desenvolvimento (Figura 11a), o que foi evidenciado pela presença do vitelo ainda

fora da cavidade abdominal. Dentre os 124 ovos, em 15 deles (12,1%) foi possível

observar a presença de feto e/ou embrião, caracterizando a morte embrionária/fetal

(Figura 11b), não sendo possível a identificação deles no restante (109; 87,9%)

devido à decomposição avançada.

26,0

26,5

27,0

27,5

28,0

28,5

29,0

29,5

30,0

30,5

70,0

72,0

74,0

76,0

78,0

80,0

82,0

84,0

86,0

88,0

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Tem

pera

tura

(C

)

Um

idad

e (

%)

Dias de amostragem (abril/2010)

Média diária de Umidade (%)

Média diária de Temperatura (°C)

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Tabela 4 - Ninhos selecionados para a coleta de ovos de Caiman yacare, área de ocorrência dos ninhos, número de ovos por ninho, número de ovos não eclodidos e taxa de eclosão, no município de Poconé, MT – abr 2011

Ninho Área Nº de ovos por

ninho N°. ovos não eclodidos

Taxa de eclosão (%)

1

Piuval

25 5 80

2 33 6 81,81

3 11 5 45,45

4 25 3 88

5 5 5 0

6 23 2 91,3

7

Estrada Parque

27 3 88,88

8 25 16 64

9 30 12 60

10 26 4 84,61

11 25 25 0

12

Vazante

30 7 76,66

13 26 7 73,07

14 26 6 76,92

15 28 3 10,71

16 15 8 53,33

17

Lixeiro

22 5 77,27

18 20 3 85

19 10 2 80

20 32 1 96,87

TOTAL 464 128

Figuras 10a-b: Ovo de C. yacare após abertura, evidenciando o conteúdo caseoso (a) e pútrido (b),

ambos com odor fétido.

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Figuras 11a-b: Filhote de C. yacare sem odor fétido e com retardo no desenvolvimento, evidenciado

pelo vitelo fora da cavidade abdominal e feto em autólise caracterizando a morte fetal.

A comparação da taxa de eclosão, do número de ovos não eclodidos (inférteis

ou com odor fétido ou com retardo no desenvolvimento fetal) e a comparação das

médias do número de ovos por ninho entre as quatro áreas não mostraram

significância (p>0,05), indicando que esses parâmetros não sofreram influência do

fator área (Tabela 5).

Tabelas 5 - Médias do número de ovos de Caiman yacare, da taxa de eclosão, do número de ovos não eclodidos (inférteis ou com odor fétido), nas respectivas áreas de coleta, no município de Poconé, MT – abr 2011

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).

4.4 Biometria dos filhotes

A biometria dos filhotes recém-eclodidos de jacaré-do-Pantanal também foi

aferida, sendo a média do comprimento rostro-cloacal (CRC) de 12,2 cm, possuindo,

o menor filhote, comprimento igual a 10,7 cm e o maior 13,1 cm. A massa média dos

Número de ovos não eclodidos

Número de ovos Taxa de eclosão Ovos inférteis

Ovos com odor fétido

Piuval 20,33 a 77,04 a 4,91 a 16,39 a

Estrada Parque 26,60 a 57,91 a 6,76 a 35,33 a

Vazante 25,20 a 73,60 a 0,80 a 25,6 a

Lixeiro 21,00 a 86,90 a 3,57 a 9,57 a

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filhotes foi de 45,1 g, variando de 31 a 58 g. A comparação das médias do CRC e da

massa dos filhotes entre as áreas Piuval, Estrada Parque, Vazante e Lixeiro também

não mostrou significância e estão descritas na tabela 6.

Tabela 6 - Médias do comprimento rostro-cloacal - CRC (cm) e da massa (g) de filhotes recém-eclodidos de Caiman yacare, e coeficiente de variação, nas respectivas áreas de coleta, no município de Poconé, MT – abr 2011

Comprimento rostro-cloacal Massa

Piuval 12,125 a 41,959 a

Estrada Parque 12,38 a 47,564 a

Vazante 11,98 a 46,44 a

Lixeira 12,225 a 43,67 a

CV 3,478 11,919

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey (p<0,05).

4.5 Microbiota bacteriana e fúngica

A amostra microbiológica coletada na incubadora antes da chegada dos ovos

resultou em sete bactérias diferentes: Alcaligenes sp., Bacillus cereus, Enterobacter

aerogenes, Flavobacterium multivorum, Hafnia alvei, Klebsiella pneumoniae,

Shigella sp. e Streptococcus sp. Essa mesma amostra também resultou nos

seguintes fungos: Aspergillus sp., Mycelia sterilia e Penicillium sp.

Nas amostras de ovos de C. yacare oriundas de 20 ninhos coletados, foram

identificadas 22 bactérias diferentes, sendo a mais frequente a espécie Bacillus

cereus, isolada em 95% das amostras e as espécies Escherichia hermanini, Hafnia

alvei, Morganella morganni, Salmonella sp., Serratia marcescens e Shigella sonnei

foram isoladas em 5% dos ninhos (Tabela 7). Essas mesmas amostras evidenciaram

a presença de sete diferentes fungos, sendo seis gêneros e uma espécie (Tabela 8).

O Fusarium sp. foi o mais comum, presente em 40% das amostras e os gêneros

Geotrichum sp., Mycelia sterilia e Trichoderma sp. os menos comuns, com 10% de

ocorrência.

As amostras oriundas do conteúdo dos ovos com odor fétido apresentaram os

seguintes microorganismos: Acinetobacter sp., Alcaligenes sp., Citrobacter freundii,

Enterobacter aerogenes, Flavobacterium multivorum, Pseudomonas stutzeri,

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Staphylococcus aureus e Streptococcus sp.. Aquelas provenientes dos filhotes não

eclodidos apresentaram: Aeromonas hydrophila, Alcaligenes sp., Escherichia colli,

Proteus vulgaris, Proteus mirabilis, Pseudomonas stutzeri, Staphylococcus sp. e

Streptococcus sp..

O fungo encontrado na amostra do conteúdo do ovo com odor fétido resultou

em Geotrichum sp. e no filhote não eclodido foi o Fusarium sp.

Tabela 7 - Ocorrência das bactérias, em porcentagem, nas respectivas áreas de coleta, no município de Poconé, MT – abr 2011

Bactérias Piuval

(%)

Estrada Parque

(%)

Vazante (%)

Lixeiro (%)

TOTAL (%)

Acinetobacter sp. 16,66 60 20 50 35

Aeromonas hydrophila

16,66 20 20 50 25

Alcaligenes sp. - 40 60 25 30

Bacillus cereus 100 80 80 100 95

Citrobacter freundii 66,66 40 100 100 75

Enterobacter aerogenes

66,66 40 60 75 60

Enterobacter aglomerans

- - 60 - 15

Escherichia colli 50 20 60 25 40

Escherichia hermanni

16,66 - - - 5

Flavobacterium multivorum

66,66 80 80 100% 80

Hafnia alvei - 20 - - 5

Morganella morganni - 20 - - 5

Proteus mirabilis 33,33 20 20 - 20

Proteus vulgaris 33,33 20 60 - 30

Pseudomonas stutzeri.

33,33 60 20 - 30

Salmonella sp. 16,66 - - - 5

S. aureus - 20 40 - 15

S. intermedius - 20 20 - 10

Serratia liquefacians 33,33 - - - 10

Serratia marcescens - - 20 - 5

Shigella sonnei - - - 25 5

Streptococcus sp. 66,66 20 60 25 45

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45 Tabela 8 - Ocorrência dos fungos, em porcentagem, nas respectivas áreas de coleta, no município de

Poconé, MT – abr 2011

Piuval

(%) Estrada Parque

(%) Vazante

(%) Lixeiro

(%) Total (%)

Fungos

Aspergillus sp. 16,6 20 20 50 25

Cunninghamella echinulata

33,3 40 - 25 25

Fusarium sp. 66,6 20 40 25 40

Geotrichum sp. -- 20 20 - 10

Mycelia sterilia 16,6 20 - - 10

Penicillium sp. 16,6 40 40 50 35

Trichoderma sp. 16,6 - - 25 10

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46

5 DISCUSSÃO

5.1 Caracterização e biometria dos ninhos

O local de nidificação caracterizado neste trabalho se assemelha às descrições

encontradas para outros crocodilianos (GREER, 1970; FERGUSON, 1985; PÉREZ, 2001;

MIRANDA et al., 2002; HUCHZERMEYER, 2003; AVANZINE et al., 2007) incluindo o C.

yacare (COUTINHO e CAMPOS, 2005). Na natureza, são encontrados ninhos com

diferentes itens em sua constituição, de acordo com a espécie e os recursos disponíveis

no ambiente de nidificação. Há ninhos, por exemplo, constituídos por material vegetal,

como capim, gravetos e eventualmente misturados com terra (SARKIS-GONÇALVES et

al., 2001), como descrito para os ninhos das regiões Estrada Parque e Vazante. Segundo

Huchzermeyer (2003), as espécies que vivem em florestas constroem ninhos a partir de

montes de folhas encontradas no chão da floresta e dependem do calor produzido pela

compostagem, e não do sol, para incubar os ovos. As espécies que vivem em pântanos

fazem o ninho a partir da vegetação de mangue e também dependem do calor da

compostagem, bem como do sol para a incubação dos ovos. Villamarín-Jurado e Suárez

(2007) descreveram ninhos de Melanosuchus niger como montes cônicos feitos de

serrapilheira e raízes e ainda afirmaram que todos os ninhos encontrados estavam

próximos a uma lagoa, o que corrobora os dados obtidos nesta investigação pois, como

descrito acima, os ninhos de C. yacare encontrados estavam sempre localizados próximo

à água e eram formados por montes de serrapilheira, raízes e terra.

Com relação à biometria dos ninhos de Caiman yacare, os valores obtidos neste

experimento para a altura e a largura foram, respectivamente, menores e maiores do que

aqueles apresentados por Faunagua-Mapza-Sernap-Sitipnis (2004). A altura também foi

menor em relação aos valores obtidos para o C. latirostris (VERDADE, 1995) e M. niger

(VILLAMARÍN-JURADO e SUÁREZ, 2007) e maior quando comparada ao C. acutus

(PLATT e THORBJARNARSON, 2000). Já a largura foi menor do que aquelas

encontradas no C. acutus (PLATT e THORBJARNARSON, 2000) e M. niger

(VILLAMARÍN-JURADO e SUÁREZ, 2007) e maior em relação àquela obtida no C.

latirostris (VERDADE, 1995). Não é possível inferir que o tamanho da espécie influencie o

tamanho do ninho, mas esta variedade de tamanhos entre diferentes espécies de

crocodilianos possivelmente está relacionada à disponibilidade de material para a

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construção do mesmo conforme descrito por Magnusson (1979), assim como os ciclos

anuais de cheia e seca no Pantanal, que alteram não só a oferta de material como

também a disponibilidade dos locais de nidificação (CAMPOS e MAGNUSSON, 1995), ou

seja, os ninhos terão variações de tamanho e constituição de acordo com disponibilidade

do material no ambiente.

À semelhança do observado nos ninhos de C. yacare, Magnusson, Lima e

Sampaio (1985) e Allen et al. (1997) também relataram a presença de invertebrados como

cupins e formigas, respectivamente para o Paleosuchus trigonatus e Alligator

mississipiensis. No entanto, esses autores não relataram a presença de diplópodas como

observado para o C. yacare. Embora não se tenha objetivado o estudo das interrelações

entre esses invertebrados e o jacaré-do-Pantanal, Allen et al. (1997) investigaram os

efeitos da formiga de fogo (Solenopsis invicta) sobre filhotes de aligatores. Esta espécie

frequentemente se instala nos ninhos desses crocodilianos e, à medida que se inicia o

processo de eclosão, elas podem penetrar nos ovos e consumir o conteúdo do mesmo,

picando os filhotes até que a mãe os leve para a água, o que, se ocorrer de forma rápida,

não trará maiores consequências para os filhotes, mas, se houver demora, poderá

aparecer edema, principalmente ao redor dos olhos e extremidades dos membros.

5.2 Ovoscopia e biometria dos ovos

Dos 464 ovos submetidos ao exame de ovoscopia, 19 mostraram-se translúcidos, o

que evidenciou a condição de infertilidade dos mesmos. Os 445 restantes apresentaram

algum grau de opacidade, sugerindo, portanto, que estariam férteis e consequentemente

viriam a eclodir. No entanto, a inspeção dos mesmos durante a biometria mostrou que um

estava parcialmente quebrado e outros 38 apresentaram odor fétido e, embora os 39 ovos

estivessem totalmente opacos, esses ovos provavelmente não iriam eclodir, o que foi

verificado no exame físico após o período de incubação. Dessa forma, verificou-se que a

expectativa de que o número de ovos restantes (406) eclodissem não se concretizou. O

que se observa é que, durante o exame ovoscópico, ovos com conteúdo pútrido ou

caseoso, mas que não apresentam odor fétido e, portanto, não podem ser identificados ao

exame físico, podem ser confundidos com um ovo embrionado de grau quatro. Isso talvez

justifique a diferença entre o número de ovos efetivamente eclodidos (336) e a expectativa

de eclosão frente ao exame ovoscópico.

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Webb e Cooper-Preston (1989) e Verdade (1995) relatam médias das dimensões

dos ovos, respectivamente, para o Crocodilus porosus e Caiman latirostris, maiores do

que as relatadas neste experimento, embora os valores citados por Verdade (1995) sejam

ligeiramente maiores. Diferentemente ocorreu em relação aos valores obtidos por

Campos (2003) para o C. crocodilus crocodilus, sendo estes dados inferiores aos

encontrados no C. yacare. Embora se trate da mesma espécie, Miranda et al. (2002)

encontraram valores médios de massa inferiores aos obtidos neste experimento. A

diferença entre as dimensões dos ovos das espécies C. porosus e C. latirostris, que foram

maiores que a do C. yacare, e do C. crocodilus crocodilus, que foram um pouco menores,

pode ser justificada pelo fato de serem espécies distintas cujas dimensões corpóreas

também diferem entre elas, pois, o tamanho do ovo está positivamente correlacionado ao

tamanho da fêmea, em que fêmeas maiores são capazes de produzir ovos maiores e em

maior quantidade (FERGUNSON, 1985; PLATT e THORBJARNARSON, 2000;

HUCHZERMEYER, 2003; CAMPOS, 2003; LARRIERA et al., 2004; MONTINI et al., 2006;

RUEDA-ALMONACID et al., 2007). Além disto, Huchzermeyer (2003) afirmou que nos

crocodilianos o tamanho dos ovos varia com a idade das fêmeas, de modo que fêmeas

mais jovens apresentam ovos menores, o que pode justificar a diferença da massa

encontrada por Miranda et al. (2002) que foi inferior à relatada nesta investigação, ainda

que se tratando da mesma espécie.

5.3 Incubação artificial e taxa de eclosão

Para a incubação artificial de ovos de crocodilianos não são recomendadas

temperaturas abaixo de 27ºC ou acima de 34ºC, o que poderia comprometer a

sobrevivência dos embriões (SARKIS-GONÇALVES et al., 2001). Neste experimento,

embora tenha sido registrada uma temperatura de 23,6ºC, as médias ficaram

compreendidas dentro do intervalo citado como ideal para crocodilianos. A temperatura e

umidade relativa do ar são capazes de interferir na incubação dos ovos e

consequentemente modificar a taxa de eclosão (MIRANDA et al., 2002; PIÑA, LARRIERA

e CABRERA, 2003; PIÑA, SIMONCINI E LARRIERA, 2005; PIÑA et al., 2007a). A taxa de

eclosão obtida neste experimento (72,4%) provavelmente esteja associada ao número de

ovos comprometidos (fétidos com conteúdo caseoso e/ou pútrido) e não às variações da

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temperatura durante o curto tempo de incubação artificial, pois os ovos foram coletados

no terço final do período de incubação. Alguns estudos sugeriram que temperaturas muito

altas ou baixas causam malformações e comprometem a sobrevivência dos filhotes

(WEBB e COOPER-PRESTON, 1989). Por outro lado, Miranda et al. (2002) relataram que

os ovos de Caiman crocodilus yacare que tiveram a temperatura reduzida de 30° C para

28° C sofreram danos severos.

O número de ovos por ninho encontrado para o C. yacare corrobora os dados

apresentados por Campos et al. (2010). Segundo Rueda-Almonacid et al. (2007), o

número de ovos produzidos está relacionado com o tamanho dos indivíduos e a espécie,

embora Campos (2003), em estudo com Caiman crocodilus crocodilus, Paleosuchus

palpebrosus e Melanosuchus Níger, concluiu que há outros fatores capazes de afetar a

produção de ovos, além do tamanho da fêmea como a idade, o estado nutricional e a

genética dos pais. Embora neste experimento não se tenha objetivado a captura e

biometria das fêmeas, vários autores correlacionaram o número de ovos de cada ninho

com a massa corporal de fêmeas de várias espécies de crocodilianos como o C.

crocodilus crocodilus (CAMPOS, 2003) e o C. latirostris (LARRIERA et al., 2004;

MONTINI et al., 2006). Todos eles afirmaram que existe uma correlação positiva entre o

número e o tamanho dos ovos e o tamanho das fêmeas, sendo que as fêmeas maiores

realizam a postura de mais e maiores ovos que as fêmeas menores. Além disso, Basseti

(2006) afirma que, o estresse no período pré-reprodutivo também pode afetar o

desenvolvimento gonadal de fêmeas de crocodilianos com baixa posição hierárquica,

impedindo que entrem no estro ou diminuindo o desenvolvimento folicular e,

consequentemente, o número de ovos. Esses fatores (tamanho, idade, genética e estado

nutricional dos pais), como explicado anteriormente, são capazes de interferir tanto na

biometria como no número de ovos por ninho, dessa forma, assim como também não

houve diferença estatística entre as quatro áreas no parâmetro biometria dos ovos,

compreende-se essa igualdade de resultados quando analisado o número de ovos por

ninho, já que esses parâmetros estão correlacionados por possuírem as mesmas causas.

Na tabela 4 apresentada nos resultados, observou-se que os ninhos 3, 5, 16 e 19

continham um número de ovos por ninho abaixo do que está descrito por Campos et al.

(2010) para o C. yacare que descrevem valores entre 22 a 35 ovos, com no máximo 42

ovos por ninho. Essa diferença pode ser justificada pelas descrições no parágrafo acima,

porém, Hunt (1989) descreve em seu trabalho, com ninhos de aligátores, que quando

ocorre a predação dos ninhos, as fêmeas os cobrem novamente, deixando-os

aparentemente intactos e com uma quantidade menor de ovos. O que também corrobora

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essa hipótese é a taxa de eclosão desses ninhos que, com excessão do ninho 19

estavam abaixo ou em torno de 50%, pois os ovos de crocodilianos são altamente

sensíveis ao calor excessivo causado pela incidência solar direta (SARKIS-GONÇALVES

et al., 2001).

A taxa de eclosão verificada neste experimento (72,41%) apresenta valor próximo

àquele (79,83%) descrito por Verdade (2001) para o C. latirostris criado no sistema de

ciclo fechado (farming), assim como, nesta mesma espécie, Piña et al. (2007a) relataram

taxas de eclosão que variaram de acordo com a temperatura de incubação (79,3% a

29°C; 77,9% a 31°C e 50,6% a 33°C), obtendo, em outro experimento, média de sucesso

de eclosão de 73,4% (PIÑA et al., 2007b). Miranda et al. (2002) também revelaram taxas

de eclosão relacionadas à temperatura de incubação em C. yacare (66,63% a 28°C e de

83,3% a 30° C). O valor obtido neste experimento está compreendido entre os valores

mínimo e máximo obtidos por Miranda, mas, considerando-se que a temperatura média

de incubação neste experimento foi de 28,5°C, pode-se dizer que se obteve uma taxa de

eclosão superior a relatada por esses autores. Na Argentina, Martinéz et al. (2002)

revelaram taxas de eclosão de 77% em C. latirostris e C. yacare.

Quanto à taxa de ovos inférteis, Pérez (2001) relata taxas de 9,84% para o Caiman

crocodilus crocodilus e Martinéz et al. (2002) encontraram 9% em ovos de C. latirostris e

C. yacare. Neste experimento (C. yacare), os ovos inférteis, corresponderam a 4,1%,

sendo essa taxa inferior às citadas anteriormente.

Com relação aos ovos que não eclodiram (128) e foram abertos, em 15 deles

(12,1%) observou-se morte fetal, não sendo possível identificar morte embrionária, devido

ao grau de autólise dos tecidos, restando apenas conteúdo putrido no interior do ovo.

Conforme citação de Huchzermeyer (2003), é difícil a diferenciação entre um ovo infértil e

um com morte embrioária precoce. Martinéz et al. (2002) também obtiveram taxa de

mortalidade embrionária (14%) acima das obtidas neste experimento. Segundo

Huchzermeyer (2003), a infertilidade do ovo pode ser explicada por fatores genéticos,

doenças ou a condição nutricional da fêmea, o que poderia justificar a taxa de 4,09%

encontrada neste trabalho e a diferença com os dados de Pérez (2001), sendo que, em

nenhum dos trabalhos foi verificada a condição nutricional e sanitária das fêmeas.

No caso dos ovos que aparentemente não possuiam odor fétido (4; 3,1%), mas que

também não eclodiram, ao serem abertos, observou-se a presença de feto vivo, porém,

ainda com o vitelo exteriorizado, mostrando um retardo no desenvolvimento em relação

aos demais animais da ninhada. Sabe-se que alguns fatores, como a temperatura e

umidade, podem ser responsáveis pelo retardo no desenvolvimento embrionário de

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crocodilianos (FERGUSON 1985, MIRANDA et al. 2002, HUCHZERMEYER, 2003). Isso

também pode ser justificado pela variação individual, em que os ovos em um mesmo

ninho são afetados de forma diferente pelo tratamento térmico, dependendo do potencial

de desenvolvimento de cada indivíduo, conforme relatado por Miranda et al. (2002).

5.4 Biometria dos filhotes

O comprimento rostro-cloacal de filhotes recém-eclodidos de C. yacare mostrou-se

inferior aos valores apresentados para o Alligator mississippiensis (TEMSIRIPONG, 1999)

e C. yacare (MIRANDA et al., 1999), assim como, para o C. latirostris (VERDADE, 1995)

C. crocodilus crocodilus (PÉREZ, 2001), embora estes dois últimos autores tenham

realizado a mensuração do comprimento total. Quanto à massa corpórea, verificaram-se

neste experimento valores menores do que os citados, também para o C. yacare, por

Miranda et al. (1999). É possível que tal diferença esteja relacionada à temperatura de

incubação, pois, segundo Miranda et al. (1999), a temperatura de incubação é capaz de

afetar o desenvolvimento dos animais. A massa corpórea do C. yacare também foi menor

do que as citadas para o Alligator mississippiensis e C. latirostris, mas foi maior (45,1 g)

quando comparada à do C. crocodilus crocodilus (39,1 g). Huchzermeyer (2003) afirma

que o fator mais importante relacionado à ninhada é o tamanho do ovo e,

consequentemente, o tamanho do filhote, já que filhotes pequenos possuem, via de regra,

menor capacidade de desenvolvimento. Além disso, a massa dos filhotes está relacionada

com a espécie e o tamanho das fêmeas, assim como o tamanho dos ovos, como descrito

anteriormente (PLATT e THORBJARNARSON, 2000; HUCHZERMEYER, 2003).

5.5 Microbiota bacteriana

A amostra microbiológica que foi coletada na incubadora antes da chegada dos

ovos resultou em bactérias que estão naturalmente presentes no ambiente como

Alcaligenes sp., Bacillus cereus, Flavobacterium multivorum e Hafnia alvei (QUINN et al.,

1994; KONEMAN et al., 2001). Também houve a ocorrência de enterobactérias como o

Enterobacter aerogenes, Klebsiella pneumoniae e Shigella sp. que, além de possuírem

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potencial patogênico, são bactérias comuns à microbiota dos crocodilianos, de outros

répteis e também à dos humanos (NOVAK e SEIGEL, 1986; FLANDRY et al., 1989;

MISRA, et al. 1993; HUCHZERMEYER, et al., 2000, KONEMAN et al., 2001; CUPUL-

MAGAÑA, RUBIO-DELGADO e REYES-JUÁREZ, 2005; JOHNSTON et al., 2010; UHART

et al., 2011). A presença dessas espécies pode ser atribuída ao fato de que as

instalações destinadas à incubação artificial já haviam sido utilizadas para a incubação de

ovos de jacarés-do-Pantanal em anos anteriores. Mesmo tendo sido realizada uma prévia

higienização do local, esse agentes podem ter permanecido pela característica quente e

úmida desse local, propício para o seu desenvolvimento. Além disso, o manuseio dos

tijolos (com os quais foram montadas as incubadoras) pelo ser humano também pode ser

considerado como possível fonte de contaminação, já que essas espécies também lhe

são comuns (KONEMAN et al., 2001). De forma semelhante, justifica-se a presença do

Streptococcus sp., pois também possui potencial patogênico (BARNETT e CARDEILHAC,

1995; BISHOP et al., 2007) e está presente em animais e seres humanos sadios

(MATUSHIMA e RAMOS, 1993; QUINN et al. 1994; HUCHZERMEYER et al. 2000).

Em relação à microbiota bacteriana de ovos de jacaré-do-Pantanal em ambiente

natural, das 22 espécies encontradas, 13 pertencem à família Enterobacteriacea

(Citrobacter freundii, Enterobacter aerogenes, Enterobacter aglomerans, Escherichia colli,

Escherichia hermanini, Hafnia alvei, Morganella morganni, Proteus vulgaris, P. mirabilis,

Salmonella sp., Serratia liquefacians, Serratia marcescens e Shigella sonnei), quatro se

classificam como bactérias gram negativas não fermentadoras da glicose (Acinetobacter

sp., Alcaligenes sp., Flavobacterium multivorum e Pseudomonas stutzeri), três são cocos

gram positivos (Streptococcus sp., Staphylococcus aureus e Staphylococcus intermedius),

e duas são, respectivamente, um bacilo gram positivo (Bacillus cereus,) e um bacilo gram

negativo (Aeromonas hydrophila).

A presença da espécie Bacillus cereus em 95% das amostras evidenciou a

característica do gênero, uma vez que as espécies pertencentes a este gênero são

amplamente encontradas no ar, solo e água (QUINN, et al. 1994) e podem estar

presentes em amostras de animais conforme relatado por outros autores que

identificaram a presença deste gênero no aparelho digestório de crocodilianos

aparentemente sadios (WILLIAMS et al., 1990; HUCHZERMEYER et al., 2000; SILVA et

al., 2009).

A espécie Flavobacterium multivorum também faz parte do grupo de bactérias que

estão naturalmente presentes no ambiente, estando amplamente distribuída no solo e na

água. Ela apresenta certo potencial patogênico em animais imunodeprimidos (QUINN et

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al., 1994) e já foi relatada em répteis (CUBAS e BAPTISTOTTE, 2007) como cascavéis

(FERREIRA JÚNIOR et al., 2009); tracajá (GATTAMORTA, CARVALHO e CATÃO-DIAS,

2000); jararaca (BASTOS et al., 2008) e Alligator mississipiensis (WILLIAMS et al., 1990).

As espécies Citrobacter freundii, Enterobacter aerogenes, Enterobacter

aglomerans, Escherichia colli, Escherichia hermanini, Hafnia alvei, Morganella morganni,

Proteus vulgaris, P. mirabilis, Salmonella sp., Serratia liquefacians, Serratia marcescens e

Shigella sonnei são enterobactérias e têm sido identificadas em outros estudos como

integrantes comuns da microbiota do trato digestório de répteis, incluindo crocodilianos e

podem constituir-se agentes oportunistas de infecções (ROGGENDORF e MÜLLER,

1976; NOVAK e SEIGEL, 1986; FLANDRY et al., 1989; MISRA et al., 1993;

HUCHZERMEYER et al., 2000; CUPUL-MAGAÑA, RUBIO-DELGADO e REYES-

JUÁREZ, 2005; PESSOA et al., 2008; FERREIRA JUNIOR et al., 2009; JOHNSTON et

al., 2010; UHART et al., 2011). Espécies da família Enterobacteriacea, assim como

espécies já descritas na microbiota cloacal de crocodilianos eram esperadas, pois o ovo,

durante o processo de postura, passa pela cloaca da mãe no momento em que está

sendo posto no ninho e, consequentemente, entra em contato com os microorganismos

presentes nesta região. Além disso, a fêmea, durante a postura, defeca no ninho,

contaminando o ambiente com bactérias residentes do intestino (HUCHZERMEYER,

2003).

O estreptococo pode ser encontrado naturalmente em mucosas e no aparelho

respiratório e digestório de animais e seres humanos (QUINN et al., 1994). Este gênero

apresentou uma ocorrência de 45,45% dos isolamentos. Essa bactéria, além de ser

bastante comum em relatos de animais sadios (MATUSHIMA e RAMOS, 1993;

HUCHZERMEYER et al.; 2000), possui grande potencial patogênico. Bishop et al. (2007)

relataram casos de fasciíte necrosante em Crocodylus porosus causadas por

Streptococcus agalactiae. Madsen (1993) isolou Streptococcus sp. em carne congelada

de cauda de crocodilos no Zimbabwe. Barnett e Cardeilhac (1995) atribuíram a septicemia

ocorrida em filhotes de aligatores americanos como sendo causada por essa bactéria.

As bactérias gram negativas não fermentadoras da glicose encontradas foram:

Pseudomonas stutzeri, Acinetobacter sp. e Alcaligenes sp. A espécie Pseudomonas

stutzeri é amplamente distribuída em solos e águas e raramente associada a infecções

(KONEMAN et al., 2001). No entanto, o gênero Pseudomonas é considerado como uma

das principais causas de septicemia provocada por bactérias gram negativas em répteis

(MITCHELL, 2006). Ferreira Júnior et al. (2009) relataram a presença da espécie

Pseudomonas aeruginosa como sendo uma das de maior ocorrência na microbiota de

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cascavéis, assim como Pessoa et al. (2008) relataram a presença dessa espécie em 16%

na microbiota de jabutis domiciliados no Estado de São Paulo. Por outro lado, a

Pseudomonas putida foi relatada por Gattamorta, Carvalho e Catão-Dias (2000), em

tracajá, como espécie de baixa ocorrência. O gênero Acinetobacter também está presente

no solo, na água (QUINN et al., 1994) e já foi relatado em tracajás (Podocnemis unifilis),

em baixos níveis, por Gattamorta Carvalho e Catão-Dias, (2000) e por Pessoa et al.

(2008) que relataram a espécie Acinetobacter iwoffii em 6% dos casos estudados de

jabutis (Geochelone carbonaria) domiciliados no Estado de São Paulo. Esta mesma

espécie foi descrita por Ferronato et al. (2009) em 40% dos casos da microbiota oral de

Phrynops geoffranus. As bactérias pertencentes ao gênero Alcaligenes são saprófitas e

frequentemente são isoladas dos intestinos dos vertebrados (QUINN et al., 1994),

podendo-se tornar um patógeno oportunista e causar infecções nosocomiais (KONEMAN

et al., 2001). Huchzermeyer et al. (2000) isolaram Alcaligenes faecalis em 6,89% dos

isolados de microbiota cloacal de crocodilos anões (Osteolaemus tetraspis).

A espécie Aeromonas hydrophila foi isolada em 25% dos ninhos estudados e

outros trabalhos relataram a sua presença em porcentagens variadas, como Gorden et al.

(1979) que isolaram esta mesma espécie em 85% de amostras da cavidade oral e em

70% de amostras obtidas a partir de tecido interno de aligatores americanos que vieram a

óbito sem causa aparente, sugerindo que esta espécie poderia estar envolvida na causa

da morte. A Aeromonas hydrophila já foi isolada em filhotes de aligatores americanos

(BARNETT e CARDEILHAC, 1995). Gattamorta, Carvalho e Catão-Dias (2000)

encontraram uma prevalência de 58,62% desta espécie em swabs cloacais de

Podocnemis unifilis. Pessoa (2008) relatou apenas 4% de isolados de Aeromonas em

Geochelone carbonaria. Johnston et al. (2010) estudaram a microbiota presente nas fezes

de aligatores americanos e a Aeromonas hydrophila estava presente em 59 dos 70

isolados. Ferronato et al. (2009) relataram a presença de 25% desta espécie em

Phrynops geoffranus. A diferença de resultados obtidos nesta investigação com os

trabalhos supracitados pode ser explicada pelo uso de métodos diferentes de isolamento

bacteriano (SANTOS et al., 2010). Além disso, Michael (2006) afirma que a presença do

gênero Aeromonas sp. é relatada como um dos principais agentes envolvidos em casos

patológicos em répteis, o que pode justificar a alta ocorrência desta bactéria em relatos de

animais já doentes.

O gênero Staphylococcus sp. é um grupo de bactérias patogênicas que colonizam,

além de outras estruturas, as membranas mucosas do intestino (QUINN et al., 1994). Este

gênero já foi relatado por estar presente na microbiota oral e intestinal de variadas

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espécies de crocodilianos como aligatores americanos (MAINSTER et al., 1972;

BARNETT e CARDEILHAC, 1995), em um crocodilo anão cativo com artrite séptica

(HEARD et al., 1988), em gaviais (MISRA et al., 1993), em jacarés-do-papo-amarelo

(MATUSHIMA e RAMOS, 1993) e em crocodilos anões (HUCHZERMEYER et al., 2000).

Silva et al. (2009) relataram que o gênero Staphylococcus sp. foi o de maior ocorrência

com 14,74% na microbiota oral e cloacal de C. latirostris.

As amostras do conteúdo dos ovos com odor fétido e dos filhotes sem aparente

decomposição e com retardo no desenvolvimento resultaram em bactérias que também

foram isoladas da casca dos ovos em ambiente natural, indicando que, mesmo que essas

bactérias sejam necessárias para colonização da microbiota dos recém-nascidos, elas

também oferecem risco de contaminação, pois a bactéria pode infectar o ovo tanto

transovarialmente, através de uma infecção do vitelo, ou após a postura, através da

casca. A casca e as membranas apresentam uma certa barreira para a penetração da

bactéria, porém, pequenas rachaduras na casca permitem facilmente o acesso à bactéria

(HUCHZERMEYER, 2003). Em média, 3 a 15% dos ovos têm a casca rachada durante o

processo de postura (JOANEN, 1969; POOLEY, 1969; WEBB, MESSEL e MAGNUSSON,

1977; GOODWIN e MARION, 1978) e, se um ovo sofre uma contaminação, ele pode

representar um perigo para os ovos adjacentes no ninho, o que pode explicar a taxa de

27,6% de ovos não eclodidos. Além disso, a terra onde os ninhos são construídos

também se torna contaminada com o tempo, principalmente se algum ovo é quebrado

antes da eclosão (HUCHZERMEYER, 2003).

5.6 Microbiota fúngica

Os fungos isolados neste experimento são fungos saprófitas, ou seja, amplamente

encontrados no solo e meio ambiente e alguns deles, já foram descritos como

componentes da microbiota oral e cloacal de crocodilianos ou mesmo como causadores

de algum tipo de transtorno patológico (QUINN et al., 1994; HUCHZERMEYER, 2000;

HUCHZERMEYER, 2003; SUMMERBELL, 2003). Huchzermeyer (2003) afirma que a

maioria das infecções por fungos são oportunistas e que aqueles que fazem parte da

microbiota intestinal são excretados diariamente com as fezes e, sob condições

favoráveis como o calor e umidade, podem-se multiplicar, o que justifica a presença dos

fungos em ovos de C. yacare, pois, além de o ninho ser um ambiente úmido e quente, as

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fêmeas de crocodilianos aí defecam no momento da postura, contaminando o ambiente

com os microorganismos presentes na microbiota intestinal. Este mesmo autor ainda

afirma que o risco de uma infecção fúngica é maior em ninhos feitos em formato de

monte, devido ao tipo de material utilizado para a construção dos mesmos, como é o

caso do C. yacare. Além disso, a incubação artificial com o material proveniente do ninho

pode oferecer um risco de contaminação dos ovos, principalmente contaminações

fúngicas (HUCHZERMETER, 2003). Os fungos presentes no material do ninho são

capazes de penetrar a casca do ovo, conforme descrito por Hibberd (1994), que

descobriu que o tamanho dos poros da casca de ovos de Crocodylus porosus era

suficiente para permitir que hifas e esporos penetrassem. Relatou, também, que houve o

crescimento de hifas ao longo de pequenas rachaduras presentes na casca.

A maioria dos fungos encontrados neste trabalho pertence ao Filo Ascomycota

(Aspergillus sp.; Fusarium sp.; Geotrichum sp.; Mycelia sterilia, Penicillium sp. e

Trichoderma sp.), sendo apenas a espécie Cunninghamella echinulata pertencente ao Filo

Zygomicota (SUMMERBELL, 2003).

A amostra microbiológica que foi coletada na incubadora antes da chegada dos

ovos resultou em fungos que estão naturalmente presentes no ambiente como Aspergillus

sp., Mycelia sterilia e Penicillium sp. (QUINN et al., 1994; KONEMAN et al., 2001).

O Fusarium sp. foi isolado em 40% das amostras. Esse gênero é principalmente

encontrado em estudos agrícolas, ecológicos ou de biodiversidade (SUMMERBELL,

2003), estando amplamente distribuído no ambiente e, consequentemente, está presente

no ambiente de nidificação. Algumas espécies como o Fusarium nygamai estão

associadas com raízes de plantas e grãos (BURGESS e TRIMBOLI, 1986) e, como foi

descrito neste trabalho, as raízes estão presentes na constituição do ninho de jacarés-do-

Pantanal. Já o F. proliferatum tem sido frequentemente isolado no substrato de plantas,

em insetos e no solo (O‟DONEL et al., 1998). O F. sacchari na natureza é comumente

isolado de uma variedade de plantas tropicais (O‟DONEL et al., 1998). O F. solani é uma

espécie bem conhecida pela associação com vários tipos de solo e plantas, assim como o

F. oxysporum, que também é relatado em lagos, rios e esgotos (DOMSCH, GAMS e

ANDERSON, 1993). O gênero Fusarium, além de estar normalmente presente no

ambiente, também é capaz de causar doença tanto em crocodilianos, como em outros

répteis e mamíferos. O Fusarium moniliforme já foi isolado dos pulmões de um Alligator

mississippiensis que apresentou pneumonia (FRELIER, SIGLER e NELSON, 1985). O

Fusarium solani foi isolado de órgãos internos de Crocodilus porosus de cativeiro que

também estavam doentes (HIBBERD e HARROWER, 1993; BUENVIAJE et al., 1994).

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Fusarium sp. foi isolado de C. porosus cativos (HIBBERD et al., 1996), da gengiva de um

C. crocodilus fuscus de cativeiro (KUTTIN et al., 1978) e da pele de um C. porosus cativo

(BUENVIAJE, LADDS e MARTIN, 1998). Hibberd e Harrower (1993) descreveram uma

alta mortalidade em filhotes de Crocodylus porosus que foi atribuída ao Fusarium solani,

que estava presente em amostras do fígado, dos pulmões e do intestino delgado. Nestes

mesmos animais também foram isolados Paecilomyces lilacinus, Cladosporium spp. e

Aspergillus spp., mas em uma frequência mais baixa. Amostras ambientais mostraram

que este patógeno estava amplamente distribuído no ambiente da fazenda. Uma

contaminação dos ovos pelo fungo foi determinada como a causa primária provável da

infecção juntamente com subsequente trauma físico nos filhotes. O material do ninho foi

implicado como a maior fonte de contaminação do ovo (HIBBERD et al., 1994; 1996).

O Penicillium sp. foi isolado em 35% dos ninhos e este gênero está entre os fungos

mais comuns de decomposição da natureza, sendo comumente encontrado no solo e

também em serrapilheiras (SUMMERBELL, 2003). Este fungo também possui potencial

patogênico. Em crocodilianos, ele já foi isolado dos pulmões de crocodilos e aligatores

(KEYMER, 1974), da pele de C. porosus (BUENVIAJE et al., 1994; HIBBERD et al., 1996)

e Huchzermeyer et al. (2000) relatam a presença deste fungo na microbiota intestinal de

Osteolaemus tetraspis.

O gênero Aspergillus sp. ocorreu em 25% dos casos. Este também é classificado

como um fungo saprófita, chamado comumente de “fungo do solo” e é um agente

oportunista de infecções em animais e humanos (SUMMERBELL, 2003). Em

crocodilianos, já foi relatado em C. porosus doentes (BUENVIAJE et al., 1994; HIBBERD

et al., 1996; BUENVIAJE, LADDS e MARTIN, 1998) e de lesões da pele de jacarés

(gênero Caiman) de cativeiro (TROIANO e ROMÁN, 1996). Além de também já ter sido

isolado a partir da microbiota intestinal de Osteolaemus tetraspis (HUCHZERMEYER et

al., 2000).

A espécie Cunninghamella echinulata também foi isolada em 25% das amostras.

Os membros deste gênero são saprófitas que vivem normalmente no solo, na vegetação

em decomposição e podem ser parasitas facultativos de plantas. A patogenicidade da

Cunninghamella echinulata é essencialmente determinada pelas condições do hospedeiro

ou do ambiente, capazes de favorecer sua multiplicação e instalação (SCHIPPER e

STALPERS, 2002).

O gênero Geotrichum sp. foi isolado em 10% dos ninhos e este também é um

fungo do solo, água, ar e plantas, ele também é comumente encontrado na microbiota de

seres humanos (SUMMERBELL, 2003) e também em crocodilianos (HUCHZERMEYER et

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al., 2000) e, assim como os anteriormente descritos, também é capaz de causar infecções

em crocodilianos como em C. porosus (HIBBERD et al., 1996).

A Micelia sterilia é um grupo de fungos no qual não há produção de conídios,

apenas de hifas (HOWARD, 2002). Este grupo de fungos é comumente isolado a partir de

substrato de plantas (LACAP, HYDE e LIEW, 2003).

O fungo Trichoderma sp. foi isolado em 10% das amostras e, assim como os

outros, este também está presente no solo e plantas (HARMAN et al., 2004) e também

existe relato deste gênero causando doença na pele de aligatores americanos selvagens

(FOREYT, LEATHERS e SMITH, 1985) e como componente da microbiota de

Osteolaemus tetraspis sadios (HUCHZERMEYER et al., 2000).

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6 CONCLUSÕES

Diante dos resultados apresentados, julgamos poder concluir que:

A constituição dos ninhos está relacionada à disponibilidade de material no

ambiente.

É frequente a presença de invertebrados nos ninhos sem que, contudo, fosse

possível relacionar tal fato a quaisquer danos ou benefícios aos animais.

A fitofisionomia das áreas selecionadas pelas fêmeas para a construção dos

ninhos era diversificada, mas estava sempre associada a curso d‟água.

Não houve diferença estatisticamente significativa entre as quatro regiões

estudadas para o parâmetro tamanho do ninho.

O número de ovos por ninho também não variou estatisticamente de acordo com a

região analisada.

Não houve diferença estatisticamente significativa entre as quatro regiões

estudadas para o parâmetro tamanho dos ovos e dos filhotes.

A taxa de eclosão foi de 72,4% e os ovos que não eclodiram (128; 27,6%)

apresentaram morte fetal, conteúdo caseoso ou pútrido ou retardo no

desenvolvimento fetal.

A microbiota bacteriana encontrada na superfície dos ovos apresentou-se ampla e

reflete a origem a partir do solo, da água e do organismo da mãe.

A microbiota fúngica é saprófita e também reflete sua origem.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tanto na microbiota bacteriana quanto na fúngica existem espécies com potencial

patogênico para o Caiman yacare, seja durante a vida embrionária/fetal ou pós-eclosão.

Todavia, os fatores predisponentes que viabilizam a instalação do processo patológico,

ainda precisam ser explorados do ponto de vista científico, para que se estabeleça o limite

entre as perdas por processo seletivo daquelas efetivamente oriundas do desequilíbrio

entre agente etiológico e hospedeiro.

Dessa forma, talvez seja possível compreender os fatores que culminam com a

perda da viabilidade dos ovos, sejam eles genéticos, ambientais ou patológicos.

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APÊNDICE A - ARTIGO CIENTÍFICO

Trabalho 2616 WM

(Adapt.p.PVB, 14.12.11)

Taxa de eclosão e microbiota bacteriana de ovos de jacaré-do-

Pantanal (Caiman yacare Daudin, 1802)1

ABSTRACT.- 2012. [Hatch rate and bacterial microbiota of the Pantanal caiman (Caiman yacare

Daudin, 1802) eggs.] Taxa de eclosão e microbiota bacteriana de ovos de jacaré-do-Pantanal (Caiman

yacare Daudin, 1802).

The commercial breeding of the Pantanal Caiman has been growing in the State of Mato Grosso and

the success of this activity is strongly related to the species reproductive efficiency in the wild, particularly

with the conditions of the artificial incubation which interfere directly in the hatch rates. The sanitary

conditions of the incubation process (asepsis during the collection and artificial incubation of the eggs) are

barely explored. Thus, this paper aims at characterizing both the hatch rates and the bacterial microbiota of

the C. yacare eggs at the moment of collection for artificial incubation, as well as at correlating the

microbiota and the hatch rates with the environment (phytophysiognomy) in which the nests were collected.

Microbiological samples were collected from the surface of eggs in twenty nests, located at a farm in North

Pantanal, in the city of Poconé. After being collected, the eggs were counted and prepared to be taken to the

incubator. Among these twenty nests, there was a total of 464 eggs in which 336 animals hatched (72.41%).

The remaining eggs where opened and 124 (26.72%) of them were fetid and had putrid contents and 4

(0.86%) didn`t have fetid smell but had hatchlings with the yolk-sac still outside the abdominal cavity.

Among the 124 eggs, in 15 of them (12.1%) it was possible to see a hacthling and/or embryo, not being

possible to see them in the rest (109; 87.9%), due to advanced decomposition. The comparison from the

hatch rate with the four areas didn´t show significance (p>0.05), indicating that these parameters were not

influenced by the factor area. In the samples from 20 nests, 22 different bacteria were identified: Bacillus

cereus (95%), Flavobacterium multivorum (80%), Citrobacter freundii (75%), Enterobacter aerogenes

(75%), Streptococcus sp. (45%), Escherichia colli (40%), Acinetobacter sp. (35%), Alcaligenes sp. (30%),

Proteus vulgaris (30%), Pseudomonas stutzeri (30%), Aeromonas hydrophila (25%), Proteus mirabilis

(20%), Enterobacter agglomerans (15%), Staphylococcus aureus (15%), Serratia liquefacians (10%),

Staphylococcus intermedius (10%), Escherichia hermanini (5%), Hafnia alvei (5%), Morganella morganni

(5%), Salmonella sp. (5%), Serratia marcescens (5%) and Shigella sonnei (5%). When the areas were

compared in terms of microbiota, statistical difference was observed for two species (p<0.05) Citrobacter

freundii and Enterobacter agglomerans. However, for the other species, the area effect was not significant

(p>0.05). The hatch rates in this paper were 72.41% , and aspects which determine them, whether in natural

or artificial environments, still need to be more explored from the scientific point of view. Regarding the

microbiota, all the bacteria isolated at this study had already been related by other authors as part of the

crocodilians oral and/or cloacal microbiota or as ethiological agents of infectious processes.

INDEX TERMS: nest, commercial breeding, ranching, enterobacteria.

RESUMO.- A criação comercial do jacaré-do-Pantanal tem alcançado grande destaque econômico no

Estado de Mato Grosso e o sucesso dessa atividade está diretamente relacionado à eficiência reprodutiva da espécie

1 Recebido em 14 de dezembro de 2011.

Aceito pra publicação em ......................................

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75 na natureza, em especial, às condições de incubação que interferem diretamente nas taxas de eclosão. As condições

sanitárias do processo de incubação (assepsia durante a coleta e incubação artificial dos ovos) são pouco

exploradas. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo verificar as taxas de eclosão dessa espécie e

caracterizar a microbiota bacteriana de ovos de C. yacare no momento da coleta para a incubação artificial,

assim como correlacionar tanto a microbiota como as taxas de eclosão com o ambiente (fitofisionomia) em

que os ninhos foram coletados. Foram coletadas amostras microbiológicas da superfície dos ovos em 20

ninhos, localizados em uma fazenda no Pantanal Norte, município de Poconé. Após a coleta, os ovos foram

contados e preparados para o transporte até a incubadora. Desses 20 ninhos, obteve-se um total de 464 ovos

dos quais eclodiram 336 animais (72,41%). Os ovos remanescentes foram abertos e 124 (26,72%) deles

apresentaram odor fétido e conteúdo pútrido e 4 (0,86%) não possuíam odor fétido mas continham filhotes

com vitelo ainda fora da cavidade abdominal. Dentre os 124 ovos, em 15 deles (12,1%) foi possível observar

a presença de feto e/ou embrião, não sendo possível a identificação deles no restante (109; 87,9%), devido à

decomposição avançada. A comparação da taxa de eclosão com as quatro áreas não mostrou significância

(p>0,05), indicando que esses parâmetros não sofreram influência do fator área. Nas amostras dos 20 ninhos,

foram identificadas 22 bactérias diferentes: Bacillus cereus (95%), Flavobacterium multivorum (80%),

Citrobacter freundii (75%), Enterobacter aerogenes (75%), Streptococcus sp. (45%), Escherichia colli

(40%), Acinetobacter sp. (35%), Alcaligenes sp. (30%), Proteus vulgaris (30%), Pseudomonas stutzeri

(30%), Aeromonas hydrophila (25%), Proteus mirabilis (20%), Enterobacter agglomerans (15%),

Staphylococcus aureus (15%), Serratia liquefacians (10%), Staphylococcus intermedius (10%), Escherichia

hermanini (5%), Hafnia alvei (5%), Morganella morganni (5%), Salmonella sp. (5%), Serratia marcescens

(5%) e Shigella sonnei (5%). Quando as áreas foram comparadas em termos de microbiota, observou-se

diferença estatística para duas espécies (p<0,05) Citrobacter freundii e Enterobacter agglomerans, porém,

para as demais espécies, o efeito de área não foi significativo (p>0,05). A taxa de eclosão neste trabalho foi

de 72,41% e aspectos que as determinam, sejam em ambientes natural ou artificial, ainda precisam ser

melhor explorados do ponto de vista científico. Em relação à microbiota, todas as bactérias isoladas já

haviam sido relatadas por outros autores como fazendo parte da microbiota oral e/ou cloacal de crocodilianos

ou como agentes etiológicos de processos infecciosos.

TERMOS DE INDEXAÇÃO: ninho, criação comercial, ranching, enterobactéria.

INTRODUÇÃO

O jacaré-do-Pantanal (Caiman yacare Daudin, 1802) é uma das seis espécies de crocodilianos de ocorrência

no Brasil (Bérnils 2010), cuja criação comercial tem alcançado grande destaque econômico no Estado de

Mato Grosso a partir da regulamentação do sistema de criação pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e

dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) denominado “ranching” (Brasil 1990, 2009). Este sistema

fundamenta-se na coleta de filhotes ou de ovos na natureza, mediante prévio levantamento populacional da

espécie na área pretendida, na incubação artificial desses ovos e na recria dos jovens em instalações

apropriadas (Campos et al. 2005). Dessa forma, verifica-se que o sucesso dessa atividade está diretamente

relacionado à eficiência reprodutiva da espécie na natureza, em especial, às condições de incubação.

Em ambiente natural, o período reprodutivo de C. yacare se estende de janeiro a março (Coutinho & Campos

2006), época em que as fêmeas realizam a postura de 22 a 35 ovos, sendo no máximo 42 ovos por ninho

(Campos et al. 2010). O período de incubação de C. yacare varia com a temperatura e umidade durante a

incubação, podendo ir de 70 a 90 dias (Miranda et al. 1999). Joanen & McNease (1981) revelaram que, além

de fatores ambientais, o estado da incubação dos mesmos no momento da coleta também influencia a

eclosão.

Em cativeiro, Verdade (2001) relatou uma taxa de eclosão de 79,83% de ovos de jacaré-de-papo-

amarelo (Caiman latirostris) no sistema de ciclo fechado (“farming”), caracterizado pela reprodução,

oviposição e incubação em cativeiro. Em ovos de Caiman crocodilus crocodilus incubados artificialmente,

Pérez (2001) encontrou 84,1% de sucesso de eclosão em que 1,71% dos ovos não eclodidos apresentaram

morte embrionária, 9,84% eram inférteis e 4,22% possuíam malformações que foram atribuídas a fatores

hereditários. Miranda et al. (2002) relataram taxas de eclosão relacionadas à temperatura de incubação em C.

yacare de 66,63% a 28°C e de 83,3% a 30°C. Montini et al. (2006) relataram, em C. latirostris, baixa taxa de

eclosão (62%) na incubação natural em virtude do local de nidificação, em que o sucesso dessa taxa foi

maior em ninhos de vegetação flutuante do que naqueles construídos em matas. Para esta mesma espécie,

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76

Piña et al. (2007b) relataram uma taxa de eclosão de 73,4% no sistema “ranching”. Huchzermeyer (2003)

afirmou que as taxas de eclosão na crocodilicultura são baixas e as atribuiu à utilização de técnicas

inadequadas na incubação artificial. Além dos fatores já citados por Joanen e McNease (1981), Grigg (1987)

relatou que o sucesso da taxa de eclosão está diretamente relacionado às condições de transporte do ovo do

ninho ao setor de incubação e às condições físicas e sanitárias da incubadora. As condições sanitárias do

processo de incubação (assepsia durante a coleta e incubação artificial dos ovos) são pouco exploradas,

embora fatores como exposição a alta temperatura e umidade (Ferguson 1981a) e manuseio no momento da

coleta (Bassetti 2006) já tenham sido relatados como condições que favorecem o processo de contaminação

de ovos por fungos e bactérias. Por outro lado, Ferguson (1981a) relatou que a presença de bactérias no

ninho durante a incubação natural facilita a eclosão do filhote pela ação dos ácidos oriundos do metabolismo

bacteriano sobre a camada externa do ovo, mas não especificou quais espécies bacterianas poderiam estar

envolvidas nesse processo. Existem poucas informações referentes à constituição dessa microbiota, mas

Schumacher Cardeilhac (1990) encontraram Enterobacter cloacae, Citrobacter sp., Proteus sp. e

Pseudomonas aeruginosa da membrana de ovos de Alligator mississipiensis com lesões características de

contaminação. Todas essas espécies fazem parte da microbiota intestinal de crocodilianos, indicando uma

contaminação fecal como fonte do problema. Salmonella arizona, Pseudomonas aeruginosa e Aeromonas

hydrophila foram isoladas de membranas da casca de ovos de crocodilos do Nilo que não eclodiram no

Zimbábue (Foggin 1992). Gattamorta et al. (2002) investigaram a presença de Salmonella sp. no conteúdo de

ovos recém-eclodidos de C. latirostris, porém, não isolaram nenhuma espécie.

Em contrapartida, a microbiota oral e cloacal de crocodilianos tem sido descrita sem, no entanto, ser

correlacionada à microbiota dos ovos (Ramos et al. 1992, Huchzermeyer et al. 2000, Germino et al. 2008,

Silva et al. 2009).

Considerando a escassez de informações sobre a composição da microbiota bacteriana de ovos de C.

yacare incubados naturalmente, o presente trabalho teve como objetivo verificar as taxas de eclosão dessa

espécie e caracterizar a microbiota de ovos no momento da coleta para a incubação artificial, assim como

correlacionar tanto a microbiota como as taxas de eclosão com o ambiente (fitofisionomia) em que os ninhos

foram coletados.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado em uma fazenda localizada no município de Poconé, durante os meses de

março e abril de 2011, conforme aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal (Cepa/UFMT,

protocolo 23108.044293/10-8). Esta propriedade realiza a coleta e a incubação artificial de ovos destinados

à criação comercial. Para tanto, durante o mês de março foram realizados nesta propriedade o censo de

ninhos e a respectiva identificação. De um total de 103 ninhos encontrados, 20 foram coletados para a

incubação artificial, sendo definidos por sorteio, levando-se em conta quatro áreas da fazenda que

apresentaram maior ocorrência: a área designada de Piuval (Ninhos 1-6), a Estrada Parque (Ninhos 7-11), a

Vazante (Ninhos 12-16) e a Lixeiro (Ninhos 17-20).

No local de cada ninho trabalhado, foram coletados dados referentes à fitofisionomia da área

escolhida pela fêmea para a construção do ninho, que foi descrita segundo Cunha, Junke & Leitão-Filho

(2007), e realizado o georreferenciamento. Após a abertura do ninho, procedeu-se à coleta das amostras

microbiológicas da superfície dos ovos por “swabs”, sendo então acondicionados em meio de transporte

(meio de Stuart), resfriados a aproximadamente 4ºC em recipiente isotérmico e transportados para o

processamento, não excedendo o período de 24 horas até a semeadura. Após a coleta, os ovos de cada

ninhada foram identificados na parte superior, indicando a sua posição original no ninho e transportados até a

incubadora, sendo acondicionados em caixas forradas com o material vegetal do ninho. No local destinado à

incubação, cada ninho foi mantido separadamente em pequenos recintos delimitados por tijolos de oito furos

(Figura 1), forrados pelo material oriundo do ninho, conforme procedimento adotado na propriedade em

coletas anteriores. Os ovos foram depositados nesses compartimentos forrados e cobertos com o mesmo

material vegetal onde permaneceram, por no máximo 39 dias, até o momento da eclosão. Neste mesmo

recinto, foi instalado um termômetro de mínima e máxima e higrômetro, para o acompanhamento,

respectivamente, da temperatura (em °C) e umidade relativa do ar (em %) que foram mensuradas a cada seis

horas durante todo o período da incubação. Após a eclosão, os filhotes foram transferidos para as instalações

da criação comercial e os ovos remanescentes foram contados para a verificação da taxa de eclosão. Todos

os ovos passaram pelo exame de ovoscopia e foram classificados de acordo com o grau de desenvolvimento

embrionário segundo Ferguson (1981b), sendo considerados inférteis, de grau 0, aqueles que se apresentaram

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77 totalmente translúcidos e de grau 4 aqueles que não apresentaram nenhuma translucidez ao referido exame.

Nos ovos em que não ocorreu a eclosão foram abertos através de um corte longitudinal com lâmina de bisturi

e o conteúdo foi inspecionado quanto à presença ou não de embrião/feto. Os ovos com odor fétido foram

caracterizados não só pela presença dessa característica, mas também pela observação de uma coloração

escurecida, manchas circulares na casca e/ou tamanho diminuído.

As amostras coletadas foram semeadas em ágar sangue e ágar Mac Conckey para a identificação de

bactérias, sendo incubadas em ambiente aeróbico e anaeróbico a 37°C e observadas a cada 24 horas por até

72 horas. Após a observação do crescimento bacteriano, as colônias foram identificadas de acordo com suas

características morfotintoriais e provas bioquímicas. As análises foram realizadas segundo a metodologia

descrita por Quinn et al. (1994) e Koneman et al. (2001). A colônia condizente com Salmonella sp. foi

confirmada através da técnica de reação em cadeia de polimerase (PCR) em que foram realizadas a extração

segundo a metodologia de fervura-centrifugação descrita por Soumet et al. (1994) e o PCR segundo Suh &

Song (2005), utilizando um par de primers que originam produtos de amplificação de 298 pares de base

correspondente ao gene “invA”.

O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos (áreas

Piuval, Estrada Parque, Vazante e Lixeiro). Todos os ovos de um determinado ninho foram considerados

uma parcela. O número de repetições de cada tratamento foi diferente em função da proporção de ninhos

encontrados em cada área.

A correlação da taxa de eclosão, da quantidade de ovos inférteis e dos ovos em que não houve

eclosão por odor fétido ou retardo no desenvolvimento em relação aos outros filhotes eclodidos no mesmo

ninho com as regiões estudadas foi submetida à análise de variância (Anova) e teste de médias Tukey

conforme Banzato e Kronka (1992), utilizando o software Saeg. A correlação da microbiota bacteriana

encontrada em cada ninho com as quatro áreas foi realizada segundo um modelo linear generalizado com

função de ligação logística, por meio do pacote estatístico R (2010), em que, para cada bactéria encontrada,

foi feita uma análise de deviance. O modelo estatístico que descreve as observações é dado por:

ij i ijy (Cordeiro & Demétrio 2007).

RESULTADOS

Os ninhos de Caiman yacare dos quais o material biológico foi coletado, localizados na área Piuval, foram

construídos pelas fêmeas no interior de capões de gravatás e próximos à água. Eles eram formados por

raízes, terra úmida e uma pequena quantidade de material em decomposição no solo (serrapilheira). Os

ninhos localizados na Estrada Parque eram construídos em campos de murundus e, em sua maior parte, eram

constituídos de serrapilheira e, em menor proporção, de terra e raízes. Na Vazante, os ninhos foram

encontrados em cambarazais (ninhos 12 e 14) e campos de murundus (ninhos 13, 15 e 16) e eram formados

por serrapilheira, gravetos e uma quantidade menor de terra. Os ninhos localizados na área do Lixeiro foram

construídos em campos de murundus e continham terra, gravetos e pouca serrapilheira. Todos os ninhos

investigados neste trabalho possuíam sombreamento parcial oferecido por árvores localizadas ao redor dos

ninhos e foram construídos em camada única. Nos ninhos das quatro áreas foi observada a presença de

invertebrados como cupins em 40% dos ninhos, formigas em 30%, diplópodas em 25% e lacraias em 5%

conforme mostrado no quadro 1, assim como as coordenadas geográficas de cada ninho.

Com relação à temperatura e umidade no ambiente durante a incubação dos ovos, a temperatura

média foi de 28,5°C, tendo sido observada uma temperatura mínima de 23,6°C e máxima de 33,7°C. A

umidade relativa do ar média foi de 81,3%, sendo o valor mínimo igual a 57,4% e o valor máximo igual a

95,8%. A variação da temperatura (em °C) e da umidade relativa do ar (em %) durante o período de

incubação está descrita na figura 2.

Desses 20 ninhos obteve-se um total de 464 ovos (sendo 407 férteis; 38 fétidos e 19 se apresentaram

translúcidos ao exame de ovoscopia). Após o termino da incubação, 336 filhotes (72,41%) eclodiram, dos

128 (27,58%) que não eclodiram, 124 (26,72%), ao serem abertos, se apresentaram com odor fétido e

conteúdo pútrido e 4 (0,86%) não possuíam odor fétido e continham filhotes que, quando comparados com

os filhotes do mesmo ninho já eclodidos, estavam atrasados quanto ao desenvolvimento, o que foi

evidenciado pela presença do vitelo ainda fora da cavidade abdominal. Dentre os 124 ovos, em 15 deles

(12,1%) foi possível observar a presença de feto e/ou embrião (Figura 3), não sendo possível a identificação

deles no restante (109; 87,9%), devido à decomposição avançada (Quadro 1). A comparação da taxa de

eclosão, do número de ovos inférteis e dos outros ovos em que não ocorreu a eclosão (odor fétido ou retardo

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78 no desenvolvimento) entre as quatro regiões não mostrou significância (p>0,05), indicando que esses

parâmetros não sofreram influência do fator área (Quadro 2).

Nas amostras de ovos de C. yacare oriundas de 20 ninhos coletados, foram identificadas 22 bactérias

diferentes que estão relacionadas no quadro 3. Quando a microbiota foi comparada entre as áreas, a análise

estatística mostrou que, para a maioria das espécies, o efeito de área não foi significativo (p>0,05), indicando

que não existe diferença entre as mesmas (Quadro 4). No entanto, para as espécies Citrobacter freundii e

Enterobacter agglomerans observou-se diferença estatística (p<0,05).

DISCUSSÃO

O local de nidificação de Caiman yacare caracterizado neste trabalho se assemelha às descrições encontradas

para outros crocodilianos (Greer 1970, Ferguson 1985, Pérez 2001, Miranda et al. 2002, Huchzermeyr 2003,

Avanzine et al. 2007). Na natureza, são encontrados ninhos com diferentes itens em sua constituição, de

acordo com a espécie e os recursos disponíveis no ambiente de nidificação. Há ninhos, por exemplo,

constituídos por material vegetal como capim e gravetos,eventualmente misturados com terra (Sarkis-

Gonçalves et al. 2001), como descrito para os ninhos das regiões Estrada Parque e Vazante. As espécies que

vivem em florestas constroem ninhos a partir de montes de folhas encontradas no chão da floresta e

dependem do calor produzido pela compostagem, e não do sol, para incubar os ovos. As espécies que vivem

em pântanos fazem o ninho a partir da vegetação de mangue e também dependem do calor da compostagem,

bem como do sol para a incubação dos ovos (Huchzermeyer 2003). Villamarín-Jurado e Suárez (2007)

descreveram ninhos de Melanosuchus niger como montes cônicos feitos de serrapilheira e raízes e ainda

afirmaram que todos os ninhos encontrados estavam próximos a uma lagoa, o que corrobora os dados obtidos

nesta investigação pois, como descrito acima, os ninhos de C. yacare encontrados estavam sempre

localizados próximo à água e eram formados por montes de serrapilheira, raízes e terra. Segundo Verdade

(1995), em C. Latirostris, a presença da terra pode ser justificada pela necessidade de complementação do

tamanho "normal" do ninho onde, aparentemente, não há folhas em quantidade suficiente para sua

construção.

A semelhança do observado nos ninhos de C. yacare, Magnusson et al. (1985) e Allen et al. (1997)

também relataram a presença de invertebrados como cupins e formigas, respectivamente para Paleosuchus

trigonatus e Alligator mississipiensis. No entanto, esses autores não relataram a presença de diplópodas

como observado para C. yacare. Embora não se tenha objetivado a identificação desses invertebrados nem as

interrelações entre eles e o jacaré-do-Pantanal, Allen et al. (1997) investigaram os efeitos da formiga de fogo

(Solenopsis invicta) sobre filhotes de aligátores. Esta espécie frequentemente se instala nos ninhos desses

crocodilianos, e, à medida que se inicia o processo de eclosão, elas podem penetrar nos ovos e consumir o

conteúdo do mesmo, picando os filhotes até que a mãe os leve para a água, o que, se ocorrer de forma rápida,

não trará maiores consequências para os filhotes, mas, se houver demora, poderão aparecer edemas,

principalmente ao redor dos olhos e extremidades dos membros. As lacraias são invertebrados que

pertencem à classe quilópoda que tem como característica o hábito de viver escondida nos habitats escuros e

úmidos, entre as folhas e galerias no solo (Couto 2008), de forma que se verifica que os ninhos de

crocodilianos, que são montes de folhas úmidas e escuras, são um ambiente adequado para a instalação

dessas espécies.

Com relação à temperatura e umidade relativa do ar na incubadora, sabe-se que, para a incubação de

ovos de crocodilianos, não são recomendadas temperaturas abaixo de 27°C ou acima de 34°C, o que poderia

comprometer a sobrevivência dos embriões (Sarkis-Gonçalves et al. 2001). Embora se saiba que a

temperatura e umidade relativa do ar sejam capazes de interferir na incubação dos ovos (Miranda et al. 2002,

Piña et al. 2003, 2005, 2007a.), não se acredita que essa seja a causa da taxa de eclosão obtida neste

experimento, pois os ovos foram coletados no último terço do período de incubação e a taxa de ovos fétidos

foi alta com 26,72% de todos os ovos acometidos. Alguns estudos sugeriram que temperaturas muito altas ou

baixas causam malformações e comprometem a sobrevivência dos filhotes (Webb & Cooper-Preston 1989,

He et al. 2002, Zhu et al. 2006). Miranda et al. (2002) relataram os efeitos da temperatura de incubação em

ovos de Caiman crocodilus yacare e os ovos que tiveram a temperatura reduzida de 30°C para 28°C

sofreram danos severos e afirmam ainda que esses danos foram causados não pela temperatura de 28° C, e

sim pela mudança, o que também ocorreu neste trabalho.

A taxa de eclosão verificada neste experimento (72,41%) assemelha-se às taxas descritas por

Verdade (2001), que relatou uma taxa de eclosão de 79,83% de ovos de C. latirostris em cativeiro no sistema

de ciclo fechado (“farming”). Miranda et al. (2002) também revelaram taxas de eclosão relacionadas à

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79 temperatura de incubação em C. yacare de 66,63% a 28°C e de 83,3% a 30°C. Piña et al. (2007a) relataram

taxas de eclosão de 79,3% a 29°C, 77,9% a 31°C e 50,6% a 33°C para C. latirostris e, em ovos armazenados

em caixas para o transporte de ovos de jacaré (“harvest containers”), Piña et al. (2007b) verificaram média

de sucesso de eclosão de 73,4%. Em C. latirostris e C. yacare na Argentina, Martinez et al. (2002) revelaram

taxas de eclosão de 77%. Quanto à taxa de ovos inférteis, Pérez (2001) relata taxas de 9,84% para Caiman

crocodilus crocodilus e Martinéz et al. (2002) encontraram 9% de infertilidade em ovos de C. latirostris e C.

yacare, sendo essas taxas neste trabalho para C. yacare inferiores (4,09%). Segundo Huchzermeyer (2003), a

infertilidade do ovo pode ser explicada por fatores genéticos, doenças ou a condição nutricional da fêmea, o

que poderia justificar a taxa de 4,09% encontrada neste trabalho e a diferença com os dados de Pérez (2001),

sendo que, em nenhum dos trabalhos foi verificada a condição sanitária das fêmeas. A taxa de eclosão deste

experimento está entre os valores citados para outros crocodilianos, embora nem todos os autores refiram-se

a esse índice como sendo baixo. Para que a criação comercial dessa espécie seja economicamente viável, há

a necessidade da otimização dos esforços logístico e financeiro em todas as etapas do processo produtivo,

inclusive na coleta e incubação dos ovos. Dessa forma, o índice de 27,6% de ovos que não eclodiram

resultam no final do processo, custos de obtenção de matéria prima (ovos) que não geram um produto (carne

e couro) a ser comercializado, sendo assim, a melhoria na taxa de eclosão resultaria em melhor

aproveitamento do recurso natural.

Com relação aos ovos que não eclodiram (128) e foram abertos, só foi possível observar a fertilidade

de 15 deles (12,1%), que apresentavam feto em avançado estágio de desenvolvimento, pois, no início do

desenvolvimento, uma vez contaminado, o conteúdo do ovo se torna pútrido e o embrião acaba se

dissolvendo. Dessa forma, torna-se difícil diferenciar um ovo infértil de um com morte embrionária precoce

(Huchzermeyer 2003). No caso dos ovos que aparentemente não possuiam odor fétido (4; 0,86%), mas que

também não eclodiram, ao serem abertos, observou-se a presença de feto vivo, porém, ainda com o vitelo

para fora, mostrando um retardo no desenvolvimento em relação aos outros. Sabe-se que alguns fatores,

como a temperatura e umidade, podem ser responsáveis pelo retardo no desenvolvimento embrionário de

crocodilianos (Ferguson 1985, Miranda et al. 2002, Huchzermeyer 2003), no entanto, outro fator mais

provável para esse achado é a variação individual, em que os ovos em um mesmo ninho são afetados de

forma diferente pelo tratamento térmico, dependendo do potencial de desenvolvimento de cada indivíduo,

conforme relatado por Miranda et al. (2002).

Teoricamente, a bactéria pode infectar o ovo tanto transovarialmente, através de uma infecção do

vitelo, ou após a postura, através da casca. A casca e as membranas apresentam uma certa barreira para a

penetração da bactéria, porém, pequenas rachaduras na casca, permitem facilmente o acesso à bactéria

(Huchzermeyer 2003). Em média, 3 a 15% dos ovos têm a casca rachada durante o processo de postura

(Joanen 1969, Pooley 1969, Webb et al. 1977, Goodwin Marion 1978) e, se um ovo sofre uma

contaminação, ele pode representar um perigo para os ovos adjacentes no ninho, o que pode explicar a taxa

de 26,72% de ovos com odor fétido. Além disso, a terra onde os ninhos são construídos também se torna

contaminada com o tempo, principalmente se algum ovo é quebrado antes da eclosão.

Em relação à microbiota bacteriana de ovos de jacaré-do-Pantanal em ambiente natural, das 22

espécies encontradas, 13 pertencem à família Enterobacteriaceea (Citrobacter freundii, Enterobacter

aerogenes, Enterobacter aglomerans, Escherichia coli, Escherichia hermanini, Hafnia alvei, Morganella

morganni, Proteus vulgaris, P. mirabilis, Salmonella sp., Serratia liquefacians, Serratia marcescens e

Shigella sonnei), quatro se classificam como bactérias gram negativas não fermentadoras da glicose

(Acinetobacter sp., Alcaligenes sp., Flavobacterium multivorum e Pseudomonas stutzeri), três são cocos

gram positivos (Streptococcus sp., Staphylococcus aureus e Staphylococcus intermedius), e duas são,

respectivamente, um bacilo gram positivo (Bacillus cereus,) e um bacilo gram negativo (Aeromonas

hydrophila).

A diferença estatística entre as espécies Citrobacter freundii e Enterobcter aglomerans nas quatro

áreas avaliadas aconteceram, pois a primeira ocorreu em 100% dos ninhos das regiões Vazante e Lixeiro e a

segunda foi isolada apenas na Vazante, em 60% dos ninhos. Além do efeito área sobre essas duas espécies,

alguns autores inferem ainda que diferenças podem ocorrer devido à redução da população bacteriana

durante o transporte/estocagem das amostras, mesmo em meio e em temperatura adequadas (Santos et al.

2010), assim como o antagonismo bacteriano, em que certas bactérias acabam por inibir o desenvolvimento

de outras, podendo estas estarem presentes no ambiente, mas não prevalecerem durante a semeadura e

incubação (Quinn et al. 1994).

A presença da espécie Bacillus cereus em 95% das amostras evidenciou a característica do gênero,

uma vez que as espécies pertencentes a este gênero são amplamente encontradas no ar, solo e água (Quinn et

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80 al. 1994), e podem estar presentes em amostras de animais conforme relatado por outros autores que

identificaram a presença deste gênero no aparelho digestório de crocodilianos aparentemente sadios

(Williams et al. 1990, Huchzermeyer et al. 2000, Silva et al. 2009).

A espécie Flavobacterium multivorum também faz parte do grupo de bactérias que estão

naturalmente presentes no ambiente, estando amplamente distribuída no solo e na água. Ela apresenta certo

potencial patogênico em animais imunodeprimidos (Quinn et al. 1994) e já foi relatada em répteis (Cubas &

Baptistotte 2007) como em cascavéis (Ferreira Júnior et al. 2009), tracajá (Gattamorta et.al. 2000), jararaca

(Bastos et al. 2008) e em Alligator mississipiensis (Williams et al. 1990).

As espécies Citrobacter freundii, Enterobacter aerogenes, Enterobacter aglomerans, Escherichia

coli, Escherichia hermanini, Hafnia alvei, Morganella morganni, Proteus vulgaris, P. mirabilis, Salmonella

sp., Serratia liquefacians, Serratia marcescens e Shigella sonnei são enterobactérias e têm sido identificadas

em outros estudos como integrantes comuns da microbiota do trato digestório de répteis, incluindo

crocodilianos e podem-se constituir agentes oportunistas de infecções (Roggendorf & Müller 1976, Novak &

Seigel 1986, Flandry et al. 1989, Misra et al. 1993, Huchzermeyer et al. 2000, Cupul-Magaña et al. 2005,

Pessoa et al. 2008, Ferreira Junior et al. 2009, Johnston et al. 2010, Uhart et al. 2011). Espécies da família

Enterobacteriaceae, assim como espécies já descritas na microbiota cloacal de crocodilianos eram esperadas,

pois o ovo, durante o processo de postura, passa pela cloaca da mãe no momento em que está sendo posto no

ninho e consequentemente entra em contato com os microorganismos presentes nesta região. Além disso, a

fêmea, durante a postura, defeca no ninho, contaminando o ambiente com bactérias residentes do intestino

(Huchzermeyer 2003).

O Estreptococos pode ser encontrado naturalmente em mucosas e no aparelho respiratório e

digestório de seres humanos e animais. Este gênero apresentou uma ocorrência de 45,45% dos isolamentos.

Essa bactéria, além de ser bastante comum em relatos de animais sadios (Matushima & Ramos 1993,

Huchzermeyer et al. 2000), possui grande potencial patogênico. Bishop et al. (2007) relataram casos de

fasciite necrosante em Crocodylus porosus causadas por Streptococcus agalactiae. Madsen (1993) isolou

Streptococcus sp. em carne congelada de cauda de crocodilos no Zimbábue. Barnett e Cardeilhac (1995)

atribuíram a septicemia ocorrida em filhotes de aligátores americanos como sendo causada por essa bactéria.

As bactérias gram negativas não fermentadoras da glicose encontradas foram: Pseudomonas stutzeri,

Acinetobacter sp. e Alcaligenes sp. A espécie Pseudomonas stutzeri é amplamente distribuída em solos e

águas e raramente associada a infecções (Koneman et al. 2001), no entanto, o gênero Pseudomonas é

considerado como uma das principais causas de septicemia causada por bactérias gram negativas em répteis

(Mitchell 2006). Ferreira Júnior et al. (2009) relataram a presença da espécie Pseudomonas aeruginosa como

sendo uma das de maior ocorrência na microbiota de cascavéis, assim como Pessoa et al. (2008) relataram a

presença dessa espécie em 16% na microbiota de jabutis domiciliados no Estado de São Paulo. Por outro

lado, Pseudomonas putida foi relatada por Gattamorta, Carvalho e Catão-Dias (2000), em tracajá, como

espécie de baixa ocorrência. O gênero Acinetobacter também está presente no solo, na água (Quinn et al.

1994) e já foi relatado em tracajás (Podocnemis unifilis), em baixos níveis, por Gattamorta et al. (2000) e por

Pessoa et al. (2008) que relataram a espécie Acinetobacter iwoffii em 6% dos casos estudados de jabutis

(Geochelone carbonaria) domiciliados no Estado de São Paulo. Esta mesma espécie foi descrita por

Ferronato et al. (2009) em 40% dos casos da microbiota oral de Phrynops geoffroanus. As bactérias

pertencentes ao gênero Alcaligenes são saprófitas e frequentemente são isoladas dos intestinos dos

vertebrados (Quinn et al. 1994), podendo-se tornar um patógeno oportunista e causar infecções nosocomiais

(Koneman et al. 2001). Huchzermeyer et al. (2000) isolaram Alcaligenes faecalis em 6,89% dos isolados de

microbiota cloacal de crocodilos anões (Osteolaemus tetraspis).

A espécie Aeromonas hydrophila foi isolada em 25% dos ninhos estudados e outros trabalhos

relataram a sua presença em porcentagens variadas, como Gorden et al. (1979) que isolaram esta mesma

espécie em 85% de amostras da cavidade oral e em 70% de amostras obtidas a partir de tecido interno de

aligátores americanos que vieram a óbito sem causa aparente, sugerindo que esta espécie poderia estar

envolvida na causa da morte. Aeromonas hydrophila já foi isolada em filhotes de aligátores americanos

(Barnett & Cardeilhac 1995). Gattamorta et al. (2000) encontraram uma prevalência de 58,62% desta espécie

em swabs cloacais de Podocnemis unifilis. Pessoa (2008) relatou apenas 4% de isolados de Aeromonas em

Geochelone carbonaria. Johnston et al. (2010) estudaram a microbiota presente nas fezes de aligátores

americanos e a Aeromonas hydrophila estava presente em 59 dos 70 isolados. Ferronato et al. (2009)

relataram a presença de 25% desta espécie em Phrynops geoffroanus. A diferença de resultados obtidos nesta

investigação com os trabalhos supracitados pode ser explicada pelo uso de métodos diferentes de isolamento

bacteriano (Santos et al. 2010). Além disso Michael (2006) afirma que a presença do gênero Aeromonas sp. é

Page 82: BIOMETRIA, TAXA DE ECLOSÃO E MICROBIOTA BACTERIANA E FÚNGICA DE OVOS DE JACARÉ-DO-PANTANAL - Caiman yacare DAUDIN, 1802

81 relatada como um dos principais agentes envolvidos em casos patológicos em répteis, o que pode justificar a

alta ocorrência desta bactéria em relatos de animais já doentes.

O gênero Staphylococcus sp. é um grupo de bactérias patogênicas que colonizam, além de outras

estruturas, as membranas mucosas como o aparelho intestinal (Quinn et al. 1994). Este gênero já foi relatado

por estar presente na microbiota oral e intestinal de variadas espécies de crocodilianos como aligátores

americanos (Mainster et al. 1972, Barnett & Cardeilhac 1995), em um crocodilo anão cativo com artrite

séptica (Heard et al. 1988), em garials (Misra et al. 1993), em jacarés-do-papo-amarelo (Matushima &

Ramos 1993) e em crocodilos anões (Huchzermeyer et al. 2000). Silva et al. (2009) relataram que o gênero

Staphylococcus sp. foi o de maior ocorrência com 14,74%.

CONCLUSÕES

A taxa de eclosão verificada neste experimento foi de 72,41%, e os aspectos que a determinam,

sejam em ambiente natural ou artificial, ainda precisam ser melhor explorados do ponto de vista científico.

Quanto à constituição da microbiota, verificou-se diversidade de espécies bacterianas, sendo estas já

relatadas na microbiota de crocodilianos e outros répteis, em especial na microbiota da cloaca, possuindo,

também, potencial patogênico e, sob certas condições, como rachaduras na casca ou a presença de ovos

quebrados no ninho, podem contaminar o ovo e afetar a taxa de eclosão.

Agradecimentos.- À Fazenda Ypiranga e Pousada Piuval, na pessoa dos senhores João Losano Eubank de

Campos e Eduardo Matos Eubank de Campos, por viabilizarem a realização desse experimento.

Quadro 1. Coordenadas geográficas, taxas de eclosão, número médio de ovos inférteis, número médio

de ovos com odor fétido e a ocorrência de invertebrados por ninho coletado de Caiman yacare em uma

fazenda no município de Poconé, durante os meses de março/abril de 2011

Área Ninho Coordenadas

geográficas

Taxa de

eclosão

(%)

Nº ovos

inférteis

Nº ovos

com odor

fétido

Invertebrados

Piuval

1 S 16° 24'59''

WO 56° 36'38.8'' 80 5 0 Cupins/formigas

2 S 16° 25'05.5''

WO 56° 36'33.2'' 81,81 0 6 Cupins/formigas

3 S 16° 24'49.1''

WO 56° 36'33.6'' 36,36 1 4 Cupins/diplópodas

4 S 16° 24'59.8''

WO 56° 36'33.6'' 88 0 3 Cupins

5 S 16° 24'42.7''

WO 56° 36'31.5'' 0 0 5 ----

6 S 16° 25'03.3''

W 56° 36'32.9'' 91,3 0 2 Diplópodas

Estrada

Parque

7 S 16° 23'07.8''

W 56° 37' 40.2'' 88,88 0 3 Formigas

8 S 16° 23'06.0''

W 56° 37'42.2'' 52 0 12 ---

9 S 16° 23'13.7''

W 56° 37'40.4'' 60 0 12 Cupins

10 S 16° 23'16.0''

W 56° 37'42.7'' 84,61 0 4 Diplópodas/cupins

11 S 16° 22'52.5''

W 56° 37'47.2'' 0 9 16 ---

Vazante

12 S 16° 22'37.3''

W 56° 36'45.3'' 76,66 0 7 Diplópodas/formigas

13 S 16° 22'38''

W 56° 36'44.1'' 73,07 0 7 Cupins/formigas

14 S 16° 22'07.1'' 76,92 0 6 ---

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82

W 56° 36'45.8''

15 S 16° 21'59.3''

W 56° 36'54.5'' 92,85 0 3 Cupins

16 S 16° 21'598.7''

W56°36'57.1'' 26,66 1 7 ---

Lixeiro

17 S 16°22'10.3''

W 56°37'58'' 77,27 1 4 Formigas/lacraia

18 S 16° 22'6.0''

W 53° 38'5.3'' 85 1 2 ---

19 S 16° 21'57.9''

W 56° 38'05.5'' 80 0 2 ---

20 S 16° 22'9.8''

W 56° 37'34'' 96,87 1 0 Diplópodas

Total 20 72,41 19 105

Quadro 2. Médias da taxa de eclosão, do número médio de ovos inférteis e com odor fétido em

diferentes áreas do Pantanal de Poconé, MT

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).

Taxa de eclosão (%) Nº de ovos inférteis Nº de ovos com odor fétido

Piuval 77,04 a 4,91 a 16,39 a

Estrada Parque 57,91 a 6,76 a 35,33 a

Vazante 73,60 a 0,80 a 25,6 a

Lixeiro 86,90 a 3,57 a 9,57 a

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83 Quadro 3. Ocorrência das bactérias encontradas nas diferentes áreas do Pantanal de Poconé, MT Áreas

Piuval Total

(%) Estrada Parque

Total

(%) Vazante

Total

(%) Lixeiro

Total

(%)

Total

(%)

Ninhos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Bactérias

Acinetobacter sp. X 16,66 X X X 60% X 20% X X 50% 35

Aeromonas hydrophila X 16,66 X 20% X 20% X X 50% 25

Alcaligenes sp. 0 X X 40% X X X 60% X 25% 30

Bacillus cereus X X X X X X 100 X X X X X 80% X X X X 80% X X X X 100% 95

Citrobacter freundii X X X X 66,66 X X 40% X X X X X 100% X X X X 100% 75

Enterobacter aerogenes X X X X 66,66 X X 40% X X X 60% X X X 75% 60

Enterobacter aglomerans 0 0% X X X 60% 0% 15

Escherichia colli; X X X 50 X 20% X X X 60% X 25% 40

Escherichia hermanni X 16,66 0% 0% 0% 5

Flavobacterium

multivorum X X X X 66,66 X X X X 80% X X X X 80% X X X X 100% 80

Hafnia alvei 0 X 20% 0% 0% 5

Morganella morganni 0 X 20% 0% 0% 5

Proteus mirabilis X X 33,33 X 20% X 20% 0% 20

Proteus vulgaris X X 33,33 X 20% X X X 60% 0% 30

Pseudomonas stutzeri. X X 33,33 X X X 60% X 20% 0% 30

Salmonella sp. X 16,66 0% 0% 0% 5

Staphylococcus aureus 0 X 20% X X 40% 0% 15

Staphylococcus intermedius 0 X 20% X 20% 0% 10

Serratia liquefacians X X 33,33 0% 0% 0% 10

Serratia marcescens 0 0% X 20% 0% 5

Shigella sonnei 0 0% 0% X 25% 5

Streptococcus sp. X X X X 66,66 X 20% X X X 60% X 25% 45

Page 85: BIOMETRIA, TAXA DE ECLOSÃO E MICROBIOTA BACTERIANA E FÚNGICA DE OVOS DE JACARÉ-DO-PANTANAL - Caiman yacare DAUDIN, 1802

84 Quadro 4. Resumo da análise de deviance para as diferenças encontradas, entre as regiões, quanto à

presença de diferentes espécies de bactérias

Bactéria Valor-p

Acinetobacter sp. 0,3601

Aeromonas hydrophila 0,6746

Alcaligenes sp. 0,0906

Bacillus cereus 0,4015

Citrobacter freundii 0,0435

Enterobacter aerogenes 0,7236

Enterobacter agglomerans 0,0171

Escherichia colli 0,4993

Escherichia hermanini 0,4692

Flavobacterium multivorum 0,2341

Hafnia alvei 0,4015

Morganella morganni 0,4015

Proteus mirabilis 0,4993

Proteus vulgaris 0,1673

Pseudomonas stutzeri 0,1673

Salmonella sp. 0,4692

Staphylococcus aureus 0,1595

Staphylococcus intermedius 0,3924

Serratia liquefacians 0,1469

Serratia marcescens 0,4015

Shigella sonnei 0,3284

Streptococcus sp 0,3013

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Fig.1. Sistema de incubação artificial de ovos de C. yacare, adotado na propriedade rural no Pantanal Norte,

município de Poconé/MT.

Fig.2. Variação da temperatura média (em °C) e umidade relativa do ar (em %) no ambiente durante a

incubação dos ovos.

Fig.3. Fotografia digital de um feto em autólise encontrado dentro de um ovo com odor fétido.

26,0

27,0

28,0

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Tem

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C)

Um

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%)

Dias de amostragem (abril/2010)

Média diária de Umidade (%)

Pulcherio, 2011

Pulcherio, 2011