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Orçamento comprometido A realidade não é diferente dos últimos tempos. Mais uma vez, o governo deixou para gastar no fim do ano a maior parte dos recursos para a área ambiental, comprometendo o andamento de programas e projetos. Culpa do contigenciamento de recursos, que represou os gastos para garantir a realização do ajuste fiscal acertado com o FMI. Para 2003, a proposta orçamentária prevê re- dução. E as perspectivas não são alentadoras, visto que o governo Lula já anunciou que vai manter as metas de superávit, o que certamente afetará também as políticas socioambientais. Nesta edição do boletim Orçamento e Política Ambiental, o Inesc e a Fundação Boll apresen- tam uma discussão sobre o financiamento pú- blico para a gestão ambiental no Brasil. É certo que o financiamento precisa ser fortalecido. Mas também é imprescindível que as políticas pú- blicas e os diversos setores econômicos incorpo- rem a questão ambiental como prioridade. Só assim conseguiremos, de fato, consolidar o de- senvolvimento sustentado no país. >> Iara Pietricovsky Colegiado de gestªo do Inesc O financiamento ambiental no novo governo O Brasil iniciou o mês de outubro de 2002 registrando um índice preocupante para o meio ambiente: apenas 16% do total dos recursos previstos para o orçamento ambiental foram executados pelo governo federal. No Minis- tério do Meio Ambiente, órgão que coordena 85% da verba de gestão ambiental federal, a execução é ainda menor: apenas 11%. Repete-se, portanto, em 2002 , processo seme- lhante ao ocorrido nos últimos três anos do governo FHC: os principais gastos públicos concentraram- se irracionalmente no último mês do ano. O atraso é uma decorrência do chamado contingenciamento do orçamento federal, que limita e represa os gastos públicos com vistas à obtenção das metas de superá- O E D I T O R I A L Ano I n” 3 novembro de 2002 Publicaçªo do Instituto de Estudos Socioeconômicos - Inesc 3

Boletim Orcamento Socioambiental 3

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Boletim Orcamento Socioambiental 3

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Page 1: Boletim Orcamento Socioambiental 3

Orçamentocomprometido

A realidade não é diferente dos últimos tempos.

Mais uma vez, o governo deixou para gastar no

fim do ano a maior parte dos recursos para a

área ambiental, comprometendo o andamento

de programas e projetos. Culpa do

contigenciamento de recursos, que represou os

gastos para garantir a realização do ajuste fiscal

acertado com o FMI.

Para 2003, a proposta orçamentária prevê re-

dução. E as perspectivas não são alentadoras,

visto que o governo Lula já anunciou que vai

manter as metas de superávit, o que certamente

afetará também as políticas socioambientais.

Nesta edição do boletim Orçamento e Política

Ambiental, o Inesc e a Fundação Boll apresen-

tam uma discussão sobre o financiamento pú-

blico para a gestão ambiental no Brasil. É certo

que o financiamento precisa ser fortalecido. Mas

também é imprescindível que as políticas pú-

blicas e os diversos setores econômicos incorpo-

rem a questão ambiental como prioridade. Só

assim conseguiremos, de fato, consolidar o de-

senvolvimento sustentado no país.

>> Iara Pietricovsky

Colegiado de gestão do Inesc

O financiamentoambiental no novogoverno

O Brasil iniciou o mês de outubro de 2002registrando um índice preocupante parao meio ambiente: apenas 16% do total

dos recursos previstos para o orçamento ambientalforam executados pelo governo federal. No Minis-tério do Meio Ambiente, órgão que coordena 85%da verba de gestão ambiental federal, a execução éainda menor: apenas 11%.

Repete-se, portanto, em 2002 , processo seme-lhante ao ocorrido nos últimos três anos do governoFHC: os principais gastos públicos concentraram-se irracionalmente no último mês do ano. O atrasoé uma decorrência do chamado contingenciamentodo orçamento federal, que limita e represa os gastospúblicos com vistas à obtenção das metas de superá-

O

E D I T O R I A L

Ano I � nº 3 � novembro de 2002Publicação do Instituto de Estudos Socioeconômicos - Inesc

3

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2 novembro de 2002

vit fiscal acordadas com o FMI. O resultado éconhecido: um completo prejuízo noscronogramas financeiro e físico dos programase projetos, seguido de uma certa“intempestividade” na liberação e aplicação dosrecursos; além da geração de significativos “res-tos a pagar” - recursos de 2002 que ficam paraser gastos em 2003 - e o consequente prejuízoàs metas previstas nos programas.

Provavelmente, o mesmo argumento de “eco-nomia do uso de recursos públicos” é que justi-ficou a redução da proposta orçamentária dogoverno federal para2003. No projeto de leiapresentado ao Congresso(ver tabela 2, em anexo),o governo reduz em apro-ximadamente 15% o orça-mento previsto para o con-junto da pol í t icaambiental. Em relação aosprogramas finalísticos doMinistério do Meio Ambi-ente, o orçamento propos-to é 25% menor do que oprevisto no projeto de leipara 2002

A execução orçamentária da pol í t icaambiental revela as evidências do quanto o ajustefiscal prejudica a execução das políticas públi-cas. Os efeitos insidiosos da retirada de recursosdos programas que protegem o meio ambienteatualmente são reconhecidos pelo próprio Go-verno e pelas instituições financeiras multilate-

rais, principais vetores de implementação doajuste fiscal e de outras reformas estruturantes.

Nem mesmo com o novo Governo tem-se pers-pectivas de melhoras significativas de curto prazoneste quadro de irracionalidade . Pelo contrá-rio, os primeiros sinais do Governo Lula apon-tam para a manutenção das metas de superávitfiscal e para a continuidade, pelo menos no pri-meiro ano do Governo, do contingenciamentode orçamentos, mesmo para as políticassocioambientais.

A senha do próximo governo para o conjun-to das políticas sociais aponta, no entanto, parauma gestão compartilhada das limitações epotencialidades do planejamento e do orça-mento, bem como para a abertura de umaconstrução conjunta das prioridades e metaspossíveis. Certamente, dentro de um contextode transição para a eliminação dos grandes im-pedimentos macroeconômicos , numa perspec-tiva de médio prazo. A hora urge, pois, umapresença mais proativa e consequente da soci-edade civil organizada no monitoramento daspolíticas públicas federais

Como contrapartida , espera-se que o Go-verno Lula ouse, já na fase de transição, exer-citar uma abordagem que busque a

transversal idade da sustentabi l idadesocioambiental no conjunto das políticas de de-senvolvimento.

Esta nova abordagem é uma decisão políticaque não implica em aumento de déficit fiscal,mas pode gerar um superávit de credibilidadenacional e internacional; o que pode resultar

Orçamento & Política Ambiental: uma publicação trimestral do INESC � Instituto de Estudos Socioeconômicos �, em parceria com aFundação Heinrich Böll. Tiragem: 3 mil exemplares. INESC - End: SCS � Qd, 08, Bl B-50 - Salas 431/441 Ed. Venâncio 2000 � CEP.70.333-970 � Brasília/DF � Brasil � Tel: (61) 226 8093 � Fax: (61) 226 8042 � E-mail: [email protected] � Site: www.inesc.org.br� Conselho Diretor: Jackson Machado � presidente; Ronaldo Garcia � vice-presidente; Elisabeth Barros � 1ª secretária; Paulo Pires� 2º secretário; Gilda Cabral � 1ª tesoureira; Augustino Veit � 2º tesoureiro � Colegiado de gestão: José Moroni e Iara Pietricovsky -Assessoria: Adriana de Almeida, Austregésilo de Melo, Edélcio Vigna, Hélcio de Souza, Jair Barbosa Júnior, Jussara de Goiás,Luciana Costa - Jornalista responsável: Luciana Costa - Diagramação: DataCerta Comunicação � Impressão: Vangraf

Os primeiros sinaisdo Governo Lula

apontam para amanutenção das

metas de superávitfiscal e para a

continuidade, pelomenos no primeiroano do Governo, docontingenciamento

de orçamentos,mesmo para as

políticassocioambientais.

Page 3: Boletim Orcamento Socioambiental 3

novembro de 2002 3

A importância deintegrar a dimensão

ambiental naspolíticas, prioridades

e atividades dossetores econômicosé condição essencial

para o país avançarno processo de

consolidação dodesenvolvimento

sustentado.

numa ampliação do fluxo de recursos de coope-ração e comércio internacional, ávidos por mo-delos e produtos ambientalmente sustentáveis.

Uma outra postura no governar e noimplementar o desenvolvimento deve ser umamarca indelével do novo governo, desde já. Embreve, o governo que assume em 2003 terá queiniciar o processo de produção do novo PlanoPlurianual, que pode edeve, desde seu início, as-sumir realmente asustentabilidade comoeixo estratégico. A impor-tância de integrar a dimen-são ambiental nas políticas,prioridades e atividadesdos setores econômicos écondição essencial para opaís avançar no processode consolidação do desen-volvimento sustentado.

Para tanto , é urgente e necessário que o fu-turo governo parta de uma análise dos vínculosexistentes entre a esfera da sustentabilidade e oscontextos nacional e internacional de fontes po-tenciais de financiamento para o desenvolvimen-to, ampliando consequentemente a base de re-cursos para políticas socioambientais.

A política ambiental, pelo seu alto grau deintegração em processos e sistemas globais, deveser relacionada com as principais tendências definanciamento para o desenvolvimento global.

As duas últimas grandes conferências daONU realizadas em 2002 - a de Monterey, quediscutiu o financiamento para o desenvolvimen-to, e a Conferência de Desenvolvimento Susten-tado de Joanesburgo -, apesar do aparente fra-casso em gerar planos de implementação inter-nacionais exeqüíveis no curto prazo, apontaramalgumas perspectivas que podem e devem ser

utilizadas pelo novo governo como instrumentode negociação para a ampliação de recursos efinanciamentos destinados ao desenvolvimentosustentável nacional e regional.

As grandes linhas de debate amplamente dis-cutidas nestas Conferências da ONU foram re-ferentes ao desafio global do desenvolvimento,conforme pode ser conferido na publicação do

PNUD e CEPAL1 . Entre estas linhas, dasquais o Brasil pode se apropriar para atuarcomo ator político relevante no cenário inter-nacional, destacamos:• Construir perspectivas reais de solução do

problema das dívidas públicas - interna eexterna, como componente essencial paraque se crie um ambiente favorável àsustentabilidade.

• Interceder nas esferas políticas globais emfavor da ampliação e readequação finalísticada aplicação da Assistência Oficial para oDesenvolvimento, que vem reduzindo dras-ticamente. Hoje, corresponde a menos de1/3 dos compromissos assumidos pelos paí-ses desenvolvidos na Rio 92.

• Impor condicionalidades para a entrada nopaís de grandes fluxos financeiros interna-cionais privados que estimulem modelos deprodução insustentáveis.

• Controlar e influenciar a pauta e os pro-gramas de financiamentos dos organismosinternacionais multilaterais, principalmen-te o Banco Mundial – BIRD - e o BancoInteramericano -BID.

• Controlar e influenciar o estabelecimentode Fundos Multilaterais Internacionais queofereçam recursos em troca de serviçosambientais globais.

• Ampliar o financiamento de recursos inter-nos para os programas socioambientais sus-tentáveis.

1 Cepal, PNUD. Financiamiento para el desarrolo sostenible em America Latina y el Caribe. Johanesburgo, 2002.

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4 novembro de 2002

Na tabela 1, apresentamos um detalhamentodas principais receitas que formam o orçamen-to federal para a gestão ambiental, com o obje-tivo de fornecer elementos para a compreensãodo estado atual do financiamento público paraa gestão ambiental no Brasil.

A tabela evidencia a evolução das fontes or-çamentárias de todos osprogramas do Ministériodo Meio Ambiente, exclu-indo os gastos com a Pre-vidência e o pagamento dadívida externa, mas inclu-indo os gastos administra-tivos, o Ibama e a AgênciaNacional de Águas –ANA.O orçamento de 2002 écomparado à proposta doProjeto de Lei Orçamen-tária Anual – PLOA - para 2003.

O recursos previstos para os programas e pro-jetos são oriundos de 10 fontes diferentes. Háum predomínio de fontes domésticas sobre asfontes de recursos externos. A doação e o finan-ciamento externo respondem por 13,3% do or-

çamento previsto para o MMA.Os recursos domésticos previstos no PLOA

2003 são, em sua grande maioria, provenientesde instrumentos econômicos criados nos últimosanos dentro do Sistema de gestão ambiental. Sãoinstrumentos de comando e controle, como a“concessão e permissão de uso da água” - recen-

temente implantado na bacia do Paraíba -; acompensação paga por empresas que utilizamrecursos hídricos ou fazem uso de petróleo egás natural; e também parte da recém institu-ída taxa pelo uso de combustíveis. Estes ins-trumentos econômicos, juntamente com a pre-visão de arrecadação própria de recursos atra-vés de multas ambientais, correspondem a maisde 52% de toda a previsão orçamentária paraa execução dos programas e projetos para ges-tão ambiental do MMA em 2003. Estas fon-tes orçamentárias estão distribuídas da seguinte

forma:• Cota parte da compensação financeira:

Corresponde a 20,6% dos recursos doMMA na proposta orçamentária para 2003.São os recursos oriundos do pagamento re-alizado por empresas que fazem exploração

Há um predomíniode fontes

domésticas sobre asfontes de recursos

externos. A doaçãoe o financiamento

externo respondempor 13,3% do

orçamento previstopara o MMA.

R$ 1,00PL 2002 Autorizado Liquidado Liq/Aut. PL 2003 PL

FONTE 2002 2002 2002 2003/2002

100 Rec. ordinários 406.963.307 635.102.318 224.373.823 35,33% 323.249.301 -20,57%

111 CIDE - combustíveis 0 256.905.000 13.048.926 5,08% 31.890.343 100,00%

129 Rec. de conces. e permis. - - - - 13.390.272 100,00%

134 Comp. fin. util. rec. hídricos - - - - 105.503.806 100,00%

138 C.P. de compens. financ. 151.795.620 151.795.620 15.786.902 10,40% - -

148 Oper.créd ext. - em moeda 87.086.400 87.086.400 7.377.862 8,47% 65.275.933 -25,04%

150 Rec.não-financ.diret.arrecad. 48.954.199 48.954.199 23.531.797 48,07% - -

174 Taxas pelo poder de polícia - - - - 103.924.537 100,00%

179 Fundo. combate errad. pobreza - - - - 21.000.000 100,00%

185 Desvinc.parc.rec.comp.financ. 0 158.921.897 36.786.212 23,15% - -

195 Doações. ent. internac. 37.198.425 62.221.418 11.161.416 17,94% 67.753.631 82,14%

250 Rec.não-financ.diret.arrecad. 62.946.427 63.951.427 38.500.661 60,20% 60.641.027 -3,66%

295 Doações. ent. internac. 25.023.000 0 0 0,00% - -

900 Recursos odinários 0 0 0 0,00% - -

985 Desvinc.parc.rec.comp.financ. 158.321.916 0 0 0,00% 205.875.937 30,04%

TOTAL 978.289.294 1.464.938.279 370.567.599 25,30% 998.504.787 2,07%Fonte: SIAFI/STN - Base de Dados: Consultoria de Orçamento/ CD e PRODASENElaboração: Inesc

Comparativo de Fontes Orçamentárias PL 2002 e PL 2003Levantamento realizado até 4 de outubro de 2002

T abela 1

Page 5: Boletim Orcamento Socioambiental 3

novembro de 2002 5

os recursosordinários, apesar de

se constituírem nafonte com maior

montante nominal,têm a sua aplicação

comprometidadevido aos gastos

com despesasobrigatórias demanutenção da

administração e depessoal

de petróleo, gás natural, etc. (fontes 138,185 e 985)

• CIDE - Contribuição de intervenção nodomínio econômico:É proveniente de impostos da venda de com-bustíveis em geral. Trata-se de uma arreca-dação destinada, principalmente , ao finan-ciamento de investimentos em infra-estru-tura de transporte. Aproposta do orça-mento geral da Uniãoprevê uma receita to-tal de CIDE de R$8,8 bilhões. Deste to-tal, coube ao MMAapenas 0,36% (R$31,89 milhões), fi-cando a parte princi-pal distribuída entreo Ministér io dosTransportes (83,4 %)e o Ministério das Mi-nas e Energias (9,6%) . Infelizmente, parte dos recursos daCIDE para o MMA não serão integralmen-te utilizados em programas finalísticos, mastambém no apoio administrativo, visandocobrir a redução de recursos da União.

• Fundos oriundos de taxas pelo uso dosrecursos hídricos:São recursos oriundos de duas fontes dis-tintas, que foram alocadas para programasdesenvolvidos pela Agência Nacional deÁguas - ANA (fontes 129 e 134).Correspondem a 12% dos recursos doMMA ( programas e apoio administrativo).

• Recursos diretamente arrecadados:Para 2003, inclui as fontes 174 e 250.Corresponde às distintas arrecadações rea-

lizadas pelo Ibama, envolvendo as multasambientais, as taxas de exploração de par-ques federais, etc. No PL 2003, estes recur-sos significam 16,5% do orçamento doMMA.

Na prática, várias destas fontes são estimadasde forma pouco realista, resultando muitas ve-zes em receitas inexistentes, conhecidas no

“orçamentês” como “receitas de vento”. Elasinfluenciam de forma preponderante a baixaexecução do conjunto dos programas

Os recursos ordinários ou do Tesouro Na-cional, da arrecadação direta do governo fe-deral , correspondem a apenas 32,3 % ( so-mente 17% do orçamento exclusivo para osprogramas e projetos finalísticos) do Projetode Lei Orçamentária do MMA para 2003.Nos últimos anos, tem havido uma reduçãono volume de recursos públicos federais apli-cados nas políticas ambientais. O cerne dasatuais limitações orçamentárias para as políti-cas sociais e ambientais, segundo as autorida-des econômicas, está na necessidade de

compatibilizar as receitas com as despesas. Noentanto, a maior parte dos recursos orçamentá-rios não gastos é utilizada para o pagamento dosserviços das dívidas públicas interna e externa.

Na tabela 1, podemos observar que os recur-sos ordinários – próprios do quadro de receitaspermanentes do governo federal –, apesar de seconstituírem na fonte com maior montante no-minal, têm a sua aplicação comprometida devi-do aos gastos com despesas obrigatórias de ma-nutenção da administração e de pessoal. Assimé que, por exemplo, 96% dos recursos ordinári-os gastos até 4 de outubro de 2002 foram desti-nados ao apoio administrativo e aos servidores.Este quadro de execução orçamentária eviden-cia a quase ausência de comprometimento como uso de recursos públicos nacionais para os pro-jetos finalísticos.

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6 novembro de 2002

Esses recursosExternos continuam

possuindoimportância

estratégica, uma vezque viabilizam o

financiamento paraprojetos finalísticos,

num momento emque os recursosnacionais estão

praticamentecomprometidos comas ações obrigatórias

ou contingenciadospara a geração de

superávit.

Pode também ser visto na tabela 1 que os flu-xos de recursos externos aplicados diretamenteem projetos ambientais apresentam uma ten-dência decrescente. Na proposta orçamentáriade 2003, correspondem a 13% do orçamentodo MMA (programas e apoio administrativo).No orçamento exclusivo para programas e pro-jetos finalísticos, as fontes externas respondemcom apenas 22%: 11% de empréstimo externoe 12% de doação.

No entanto, apesar daredução quantitativa doinvestimento externo naformação da receita do or-çamento ambiental, essesrecursos continuam possu-indo importância estraté-gica, uma vez queviabilizam o financiamen-to para projetosfinalísticos, num momen-to em que os recursos na-cionais estão praticamen-te comprometidos com asações obrigatórias oucontingenciados para ageração de superávit. Asfontes externas de financiamento, todavia, es-tão direcionadas a temas de prioridade da agen-da internacional - principalmente a AgendaVerde e a Agenda Amazônica. Isso significa queimportantes políticas e biomas continuamdesprotegidos e completamente a merçê dairracionalidade orçamentária imposta pelo ajustefiscal.

RecomendaçõesÉ possível antever no orçamento de 2002 uma

concentração de gastos nos 2 últimos meses doano, e possivelmente o repasse de parte do or-çamento de 2002 deve ser realizado como res-tos a pagar em 2003. Neste momento do ano, odesafio que pode ser enfrentado pela sociedade

civil está em discutir politicamente com as bu-rocracias do atual e do futuro governo mecanis-mos capazes de priorizar e fornecer recursos,ainda em 2002, para os programas e projetosque sejam prioritários do ponto de vista estraté-gico e dos processos catalisadores para o públi-co alvo.

Quanto ao Projeto de Lei Orçamentária para2003, o desafio é negociar com o Parlamento e

o Executivo emendas que possam ser efetiva-mente executadas dentro do quadro de ajustefiscal previsto. E que as fontes orçamentáriastenham perspectivas reais de se tornarem re-cursos financeiros!

O processo de elaboração do novo PPA jáfoi desencadeado pelo atual governo atravésde consultorias técnicas prospectivas. É reco-mendável que a sociedade civil envolvida coma sustentabilidade socioambiental se articuledesde já, com vistas a ter uma intervenção ar-ticulada e coordenada. O importante é inter-vir não apenas no MMA, mas de forma trans-versal no conjunto dos programas, impingindoa sustentabilidade como variável estratégicafundante no novo Plano Plurianual.

Hélcio de Souza

Assessor de Política Ambiental do Inesc

[email protected]

Page 7: Boletim Orcamento Socioambiental 3

novembro de 2002

7

2002 2002 2003

Programas/Projetos Projeto de Dot. Inicial Autorizado Autorizado % Exec. Projeto de Diferença

Lei 2002* 04/10/2002 04/10/2002 Lei 2003

Orçamento ambiental 2002/2003R$ 1,00

T abela 2

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 675.212.878 1.104.670.433 1.102.237.528 128.970.191 11,67% 506.161.418 -25,04%

Amazônia sustentável 49.133.465 121.704.472 121.704.467 14.364.821 11,80% 56.838.443 15,68%

Exp. e consol. do sist. de áreas proetegidas 998.680 886.490 886.489 73.712 8,32% 9.421.600 843,41%

Amazônia Solidária - apoio às comunidades extrativistas da Amazônia 5.945.055 6.851.256 6.851.256 3.433.968 50,12% 4.000.000 -32,72%

Fomento a projetos de gestão - PPG7 25.380.414 23.037.500 23.037.500 7.885.220 34,23% 24.288.377 -4,30%

Proteção às florestas tropicais da Amazônia - PPG7 14.379.681 13.052.266 13.052.263 918.638 7,04% 15.333.500 6,63%

Gestão ambiental em terras indígenas 644.660 568.120 568.120 425.000 74,81% 1.394.487 116,31%

Recuperação de áreas alteradas na Amazônia 1.211.870 12.100.000 12.100.000 435.055 3,60% 1.200.479 -0,94%

Desenvolvimento ambiental urbano 573.104 65.208.840 65.208.839 1.193.228 1,83% 1.200.000 109,39%

Prevenção e combate a desmatamentos 33.088.145 29.023.716 29.023.716 14.795.164 50,98% 39.927.590 20,67%

Prev. Queim. Incêndios do Desmatam. Amazônia -PROARCO 11.017.000 10.000.000 10.000.000 2.067.718 20,68% 10.000.000 -9,23%

Fiscalização de recursos florestais 16.525.500 13.990.000 13.990.000 10.283.673 73,51% 19.000.000 14,97%

Prevenção de incêndios florestais -PREVFOGO 5.545.645 5.033.716 5.033.716 2.443.773 48,55% 10.927.590 97,05%

Turismo verde 12.047.083 27.094.994 26.812.604 1.002.484 3,70% 5.834.221 -51,57%

Implant. de infra-estrutura nos pólos de ecoturismo da Amazônia 4.990.491 20.689.809 20.689.809 205.000 0,99% 2.220.000 -55,52%

Estudos, capacitação e assistência técnica 7.056.592 6.405.185 6.122.795 797.484 12,45% 3.614.221 -48,78%

Probem da Amazônia 4.813.666 4.369.307 4.369.307 168.324 3,85% 2.038.573 -57,65%

Desenv. pelo Centro Biotecnologia Amazônia de produtos e processos a partir da biodiversidade - - - - - 100.000 100,00%

Fomento e implementação de projetos para o uso sustentável 2.203.400 2.200.000 2.200.000 168.324 7,65% 1.078.154 -51,07%

Implantação do Centro de Biotecnologia da Amazônia 2.610.266 2.169.307 2.169.307 0 0,00% 860.419 -67,04%

Florestas sustentáveis 34.639.638 34.377.560 34.377.558 6.893.132 20,05% 32.144.455 -7,20%

Manejo de rec. naturais em florestas tropicais - PPG7 19.338.140 17.553.000 17.553.000 2.690.616 15,33% 12.659.275 -34,54%

Capacitação e apoio às comunidades extrativistas 2.870.410 5.984.937 5.984.936 587.470 9,82% 2.190.019 -23,70%

Monitoramento dos planos de manejo florestal 8.637.384 7.606.123 7.606.122 2.936.395 38,61% 13.734.961 59,02%

Uso múltiplo - Florestas nacionais 3.793.704 3.233.500 3.233.500 678.651 20,99% 3.560.200 -6,16%

Florestar 11.059.044 22.497.097 22.497.092 2.607.472 11,59% 20.898.140 88,97%

Financiamento do agricultor familiar para o reflorestamento - - - - - 1.000.000 100,00%

Assist. téc. e financeira aos est. e mun. para a gestão dos recursos florestais - - - - - 1.500.000 100,00%

Fomento a projetos de reflorestamento 4.116.873 16.105.771 16.105.769 1.521.255 9,45% 9.204.328 123,58%

Estudos para o desenvolvimento florestal 1.946.236 1.756.575 1.756.575 75.399 4,29% 2.212.622 13,69%

Reposição florestal 4.995.935 4.634.751 4.634.748 1.010.818 21,81% 6.981.190 39,74%

Page 8: Boletim Orcamento Socioambiental 3

8novem

bro de 2002

Parques do Brasil 82.303.383 130.316.922 130.856.919 22.801.821 17,50% 51.122.919 -37,88%

Ampliação do sist. nac. de áreas protegidas 8.699.482 62.717.535 63.257.534 3.133.595 5,00% 8.013.106 -7,89%

Regularização fundiária das Unidades de Conservação federais 27.542.500 25.000.000 25.000.000 3.917.418 15,67% 8.814.450 -68,00%

Gestão, manejo e fiscalização UC 40.663.072 34.479.387 34.479.385 15.070.941 43,71% 29.497.303 -27,46%

Implantação de infra-estrutura econômica de UC 3.305.100 6.240.000 6.240.000 582.625 9,34% 1.940.000 -41,30%

Capacitação e estudos em UC 2.093.230 1.880.000 1.880.000 97.242 5,17% 1.658.060 -20,79%

Conservação e manejo do patrimônio espeleológico - - - - - 1.200.000 100,00%

Biodiversidade e recursos genéticos 26.104.382 23.964.413 24.350.696 5.293.260 22,09% 22.045.252 -15,55%

Fomento proj. cons. utiliz. sust. divers. biológica - PRONABIO 15.391.925 13.871.067 13.871.056 2.636.784 19,01% 9.506.404 -38,24%

Manejo e conservação da fauna e flora 7.651.516 6.870.642 7.310.637 2.314.797 33,69% 9.082.196 18,70%

Conservação biodiversidade - Jardim Botânico 2.069.411 2.348.704 2.348.703 263.976 11,24% 2.201.040 6,36%

Política biodiversidade - outros 991.530 874.000 820.300 77.703 8,89% 1.255.612 26,63%

Gestão política ambiental / Agenda 21 39.191.412 26.869.619 26.854.592 10.523.429 39,16% 18.509.318 -52,77%

Apoio ao gerenciamento descentralizado da política 11.650.719 9.424.819 9.424.818 2.377.708 25,23% 6.446.573 -44,67%

Estudos p/ desenvolvimento de instrumentos econômicos para gestão ambiental 8.372.920 7.600.000 7.600.000 3.252.994 42,80% 5.063.605 -39,52%

Formulação de politicas de desenv. Sustentado 6.527.352 5.864.800 5.649.775 3.427.100 58,44% 2.490.164 -61,85%

Elaboração da Agenda 21 brasileira 2.203.400 1.980.000 1.979.999 1.465.627 74,02% 2.035.390 -7,63%

Construção da sede da ANA 10.437.021 2.000.000 2.200.000 0 0,00% 2.473.586 -76,30%

Zoneamento ecológico-econômico 3.180.938 2.871.300 2.871.300 206.445 7,19% 2.593.714 -18,46%

Implementação - ZEE 1.927.975 1.750.000 1.750.000 56.445 3,23% 300.000 -84,44%

ZEE - Gestão 1.252.963 1.121.300 1.121.300 150.000 13,38% 2.293.714 83,06%

Educação ambiental 7.254.988 23.140.156 23.140.153 2.162.728 9,35% 8.576.038 18,21%

Fomento a projetos integrados de educação ambiental 2.429.778 18.382.137 18.302.134 1.572.649 8,56% 2.531.217 4,17%

Informação e capacitação em educação ambiental 4.825.209 4.758.019 4.838.019 590.079 12,40% 6.044.821 25,28%

Recursos pesqueiros sustentáveis 8.679.667 7.908.166 7.608.166 1.560.164 19,73% 14.206.901 63,68%

Implantação de gestão e manejo 3.571.475 3.251.785 2.951.785 795.479 24,46% 5.971.033 67,19%

Fiscalização e monitoramento 5.108.193 4.656.381 4.656.381 764.685 16,42% 6.835.868 33,82%

Licenciamento da pesca amadora - - - - - 1.400.000 100,00%

Pantanal 32.468.331 29.459.118 29.459.118 993.680 3,37% 20.807.470 -35,91%

Impl. e melhoria de sist. de abastecimento e saneamento na Bacia do Rio Paraguai 4.777.811 4.336.762 4.336.762 0 0,00% 5.226.762 9,40%

Proteção e conservação ambiental 8.119.619 7.370.082 7.370.082 34.680 0,47% 4.028.674 -50,38%

Gerenciamento e manejo de recursos hídricos 3.648.541 3.311.737 3.311.737 0 0,00% 764.895 -79,04%

T abela 2 (continuação)

2002 2002 2003

Programas/Projetos Projeto de Dot. Inicial Autorizado Autorizado % Exec. Projeto de Diferença

Lei 2002* 04/10/2002 04/10/2002 Lei 2003

R$ 1,00

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novembro de 2002

9

T abela 2 (continuação)

2002 2002 2003

Programas/Projetos Projeto de Dot. Inicial Autorizado Autorizado % Exec. Projeto de Diferença

Lei 2002* 04/10/2002 04/10/2002 Lei 2003

R$ 1,00

Desenvolvimento econômico na Bacia 3.080.608 2.796.231 2.796.231 79.000 2,83% 3.894.231 26,41%

Ações socioeconômicas com comunidades indígenas 923.515 838.264 838.264 0 0,00% 418.264 -54,71%

Assistência técnica a produtores rurais 711.702 646.003 646.003 0 0,00% 346.003 -51,38%

Gestão do programa Pantanal 11.206.535 10.160.039 10.160.039 880.000 8,66% 4.873.641 -56,51%

Estruturação da política ambiental e do Corpo de Bombeiros - - - - - 455.000 100,00%

Implantação de unidades de gestão ambiental - - - - - 800.000 100,00%

Brasil joga limpo 18.861.802 95.651.198 93.644.211 4.838.255 5,06% 3.606.183 -80,88%

Proj. demonstrativos de gestão integrada resíduos sólidos e saneamento ambiental 17.870.272 85.671.198 83.664.211 4.543.255 5,30% 2.856.183 -84,02%

Implantação de sist. de inform. e instrumentos p/ gestão de resíduos sólidos 991.530 1.000.000 1.000.000 295.000 29,50% 750.000 -24,36%

Desenvolvimento ambiental urbano na Amazônia 0 8.980.000 8.980.000 0 0,00% 0 0,00%

Qualidade ambiental 94.519.753 176.790.613 176.235.848 27.686.723 15,66% 46.742.110 -50,55%

Licenciamento ambiental 23.828.949 21.044.454 21.044.452 6.698.693 31,83% 12.493.770 -47,57%

Fiscalização e monitoramento da poluição ambiental 25.524.186 22.228.272 22.228.272 10.026.341 45,11% 15.272.375 -40,17%

Fomento a projetos de gestão integrada - PNMA II 18.840.525 17.101.321 17.101.317 1.346.280 7,87% 8.810.385 -53,24%

Sistema de informações e estudos para gestão 6.765.103 7.966.604 7.411.845 1.138.317 14,29% 3.345.740 -50,54%

Monit. de acidentes e recuperação de danos causados pela indústria do petróleo 18.459.290 77.289.962 77.289.962 8.409.997 10,88% 3.079.840 -83,32%

Fomento a projetos de melhoria da qualidade do ar e proteção da atmosfera 1.101.700 31.160.000 31.160.000 67.095 0,22% 3.740.000 239,48%

Águas do Brasil 29.119.169 25.606.724 25.406.723 3.546.301 13,85% 23.452.514 -19,46%

Implementação do sistema nacional de gerenciamento de RH 11.472.159 10.073.142 9.873.142 222.000 2,20% 3.193.804 -72,16%

Formulação da política de recursos hídricos 3.880.187 3.517.600 3.517.599 1.932.168 54,93% 2.074.730 -46,53%

Estudos e implementação do sistema de recursos hídricos 2.754.250 2.250.000 2.250.000 447.446 19,89% 0 -100,00%

Fiscalização e monitoramento de recursos hídricos 4.924.094 4.239.542 4.239.542 584.593 13,79% 183.980 -96,26%

Elaboração de planos de recursos hídricos 4.957.650 4.500.000 4.500.000 0 0,00% 0 -100,00%

Recuperação hidroambiental do Rio Doce 1.130.829 1.026.440 1.026.440 360.094 0,00% 0 -100,00%

Sistemas de informações hidrometeorológicas - - - - - 18.000.000 100,00%

Proágua - gestão 35.261.539 49.144.480 49.144.480 1.938.901 3,95% 32.305.185 -8,38%

Estudos p/ reform. do plano de desenvolv. do programa PROÁGUA - Gestão 9.915.300 26.138.000 26.138.000 648.276 2,48% 2.000.000 -79,83%

Disponibilidade de água no semi-árido - PROÁGUA Semi-árido 22.723.091 20.625.480 20.625.480 1.290.625 6,26% 19.500.000 -14,18%

Fomentos a projetos de manejo e conservação de recursos hídricos - FNMA 364.663 331.000 331.000 0 0,00% 432.542 18,61%

PROÁGUA - Outros 2.258.485 2.050.000 2.050.000 0 0,00% 372.643 -83,50%

Construção de cisternas de placas - - - - - 10.000.000 100,00%

Nossos Rios: São Francisco 43.184.437 36.618.000 36.618.000 2.915.613 7,96% 14.496.176 -66,43%

Recuperação e conservação ambiental da Bacia 31.632.231 26.252.200 26.252.200 2.234.998 0,00% 9.461.732 -70,09%

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10

novembro de 2002

T abela 2 (continuação)

2002 2002 2003

Programas/Projetos Projeto de Dot. Inicial Autorizado Autorizado % Exec. Projeto de Diferença

Lei 2002* 04/10/2002 04/10/2002 Lei 2003

R$ 1,00

Implantação do sistema de gestão do plano de RH da Bacia 11.552.206 10.365.800 10.365.800 680.615 6,57% 5.034.444 -56,42%

Nossos Rios: Araguaia/Tocantins 2.423.740 2.160.000 2.160.000 0 0,00% 389.052 -83,95%

Implantação de gestão e monitoria 1.652.550 1.500.000 1.500.000 0 0,00% 389.052 -76,46%

Recuperação e conservação ambiental da Bacia 550.850 500.000 500.000 0 0,00% 0 -100,00%

Implantação de gestão e monitoria 220.340 160.000 160.000 0 0,00% 0 -100,00%

Nossos Rios: Paraíba do Sul 3.084.760 2.760.000 2.760.000 864.835 31,33% 15.158.270 391,39%

Recuperação e conservação ambiental 550.850 500.000 500.000 0 0,00% 0 -100,00%

Implantação da gestão e monitoramento da Bacia 2.533.910 2.260.000 2.260.000 864.835 38,27% 15.158.270 498,22%

Despoluição de bacias hidrográficas 104.793.537 232.342.578 232.342.578 3.806.639 1,64% 74.468.894 -28,94%

Remoção de cargas poluidoras de bacias hidrográficas 95.979.937 85.830.854 85.830.854 0 0,00% 74.468.894 -22,41%

Recuperação de nascentes e mananciais em áreas urbanas 7.711.900 145.511.724 145.511.724 3.806.639 2,62% -100,00%

Campanhas para mobilização e conscientização para limpar os rios 1.101.700 1.000.000 1.000.000 0 0,00% 0 -100,00%

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO 39.570.861 46.612.500 46.612.380 13.415.953 28,78% 33.935.000 -14,24%

Conservação de solos na agricultura 10.708.524 9.720.000 9.719.969 2.280.732 23,46% 8.450.000 -21,09%

Biotecnologia e recursos genéticos - GENOMA 20.243.738 29.074.600 29.074.535 10.352.160 35,61% 18.285.000 -9,68%

Águas do Brasil 716.105 644.900 644.900 0 0,00% 400.000 -44,14%

Parques do Brasil 550.850 500.000 499.993 231.892 46,38% 400.000 -27,38%

FLORESTAR 7.351.644 6.673.000 6.672.983 551.169 8,26% 6.400.000 -12,94%

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA 52.128.158 47.156.388 68.819.364 12.486.195 26,48% 68.312.134 31,05%

Seguranças nuclear 16.561.565 15.032.736 15.032.717 4.100.340 27,28% 15.652.634 -5,49%

Biotecnologia e recursos genéticos - GENOMA 31.663.215 28.580.602 50.240.600 7.773.532 27,20% 40.470.000 27,81%

Recursos do mar 149.611 135.800 135.800 0 0,00% 0 -100,00%

Mudanças climáticas 927.907 842.250 845.250 126.686 15,04% 842.500 -9,20%

Prevenção e combate a desmatamentos 1.263.650 1.147.000 1.146.998 138.407 12,07% 1.147.000 -9,23%

PROBEM da Amazônia 1.562.211 1.418.000 1.417.999 347.230 24,49% 10.200.000 552,92%

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL 9.990.800 15.098.160 11.557.359 27.228 0,18% 870.823 -91,28%

Biotecnologia e recursos genéticos - GENOMA 1.067.030 856.181 856.181 0 0,00% 774.823 -27,39%

FLORESTAR 0 174.000 174.000 27.228 15,65% - -

Zoneamento ecológico-econômico 110.170 6.067.979 100.000 0 0,00% 96.000 -12,86%

Plano agropecuário e florestal de Rondônia - PLANAFLORO. 3.305.100 3.000.000 3.000.000 0 0,00% 0 -100,00%

Desenvolvimento agroambiental do Estado de Mato Grosso - PRODEAGRO 5.508.500 5.000.000 7.427.178 0 0,00% 0 -100,00%

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novembro de 2002

11

T abela 2 (continuação)

2002 2002 2003

Programas/Projetos Projeto de Dot. Inicial Autorizado Autorizado % Exec. Projeto de Diferença

Lei 2002* 04/10/2002 04/10/2002 Lei 2003

R$ 1,00

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA 3.214.772 3.712.215 3.712.213 1.029.858 27,74% 7.392.955 129,97%

Águas do Brasil 364.437 1.125.000 1.124.999 694.827 61,76% 5.090.000 1296,68%

Conservação ambiental de regiões mineradas 2.850.335 2.587.215 2.587.214 335.031 12,95% 2.302.955 -19,20%

MINISTÉRIO DA DEFESA 1.996.181 1.811.910 1.811.909 418.499 23,10% 1.738.815 -12,89%

Recursos pesqueiros sustentáveis 435.205 395.030 395.030 44.380 11,23% 462.500 6,27%

Recursos do mar 1.560.977 1.416.880 1.416.879 374.119 26,40% 1.276.315 -18,24%

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO 54.919.657 51.598.919 51.598.920 47.089.100 91,26% 60.030.377 9,31%

Recursos pesqueiros sustentáveis 54.919.657 51.598.919 51.598.920 47.089.100 91,26% 60.030.377 9,31%

MINISTÉRIO DA SAÚDE 1.101.700 999.999 1.000.000 578.866 57,89% 1.000.000 -9,23%

Biotecnologia e recursos genéticos - GENOMA 1.101.700 999.999 1.000.000 578.866 57,89% 1.000.000 -9,23%

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO 2.313.570 2.100.000 2.100.000 674.404 32,11% 33.696.000 1356,45%

Mudanças climáticas - - - - - 25.000.000 100,00%

PROBEM da Amazônia 2.203.400 2.000.000 2.000.000 674.404 33,72% 8.600.000 290,31%

Zoneamento ecológico-econômico 110.170 100.000 100.000 0 0,00% 96.000 -12,86%

TOTAL GERAL 840.448.577 1.273.760.524 1.289.449.673 204.690.294 16,07% 713.137.522 -15,15%Fonte: SIAFI/STN - Base de Dados: Consultoria de Orçamento/ CD e PRODASENElaboração: INESC* corrigido com a inflação do período ( IGP-M 10,17%)Notação das Colunas:Dotação Inicial - Recursos aprovados na Lei Orçamentária, sem considerar os acréscimos e cancelamentos aprovados ao longo do exercício.Liquidado - Gastos realizados, incluídos também os recursos classificados como restos a pagar ao final do exercício (ano) fiscal (pagos no exercício seguinte)O valor liquidado pode ser maior do que a dotação inicial, quando forem aprovados acréscimos ao longo do exercício fiscal (créditos adicionais).% Execução - Obtido através da divisão da despesa liquidada pela dotação inicial. Representa a parcela percentual da dotação inicial que foi gasta.

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12 novembro de 2002

O tempo passou sem conseguir envelhe-cer as palavras do sociólogo Herbert deSouza, o Betinho. Ele foi às ruas defen-

der o combate à fome, e finalmente temos umgoverno eleito prometendo eleger esta questãocomo a prioridade número um. Betinho alertavatambém sobre a necessidade de democratizar oorçamento público federal. Hoje, a sociedade bra-sileira continua mobilizada para defender o con-trole social do orçamento,consciente de que o próximoano será estratégico. Em2003, o novo governo vaiconduzir a discussão sobreo plano plurianual para operíodo de 2004 a 2007. Seráum momento para a socie-dade exigir participação etransparência. Relembrar asidéias de Betinho é, portan-to, uma justa e oportuna ho-menagem. O texto abaixo foipublicado pelo Inesc há umadécada.

“Existe no Brasil uma tra-dição autoritária que precisa acabar e outra demo-crática que precisa começar. O orçamento só é co-nhecido de uns poucos especialistas que sabem edecidem, na verdade, sobre a receita e a despesa doEstado. A maioria absoluta das lideranças políticase da sociedade desconhece o orçamento e a maiorianem sabe que ele existe.

E, no entanto, o orçamento é a peça-chave daspolíticas públicas. É ele que decide a relação entrediscurso e realidade, entre a teoria e a prática doEstado, porque define em números, em quantida-des, aquilo que no discurso se chama de prioridadegovernamental. Falar do social e investir em usinas

atômicas ou em projetos faraônicos, que beneficia-vam as grandes construtoras, já foi prática no passa-do que ocultava os verdadeiros compromissos esta-belecidos no poder. E agora, como é? A quem be-neficia o orçamento do Estado brasileiro?

É através do orçamento que se lê a alma do Esta-do, com quem ele está e para quem trabalha efeti-vamente.

Lendo os gastos, se saberá das prioridades reaisdo poder público e seus beneficiários. A origemda receita dirá quem paga a conta. Grosso modo,o orçamento brasileiro revela uma sociedade e umEstado onde o trabalho paga 80% da conta naci-onal e recebe em troca cerca de 20%, sob a formade benefícios e serviços (educação, saúde, assistên-cia, segurança) e onde os interesses do capital en-tram com 20% e recebem de volta cerca de 80%,sob a forma de empréstimos, incentivos, isençõese estímulos de todo tipo. Exatamente porque con-tém as provas de um jogo tão injusto é que o orça-mento é tão complicado, tão técnico, oculto, dis-farçado, camuflado, arredio.

Quem já tentou ler um orçamento fica tenta-do a parar nas primeiras linhas. Ele foi feito paraocultar e não para revelar. Ele foi feito para pou-cos e não para a maioria.No Brasil, se dizia, no início da década de 90,

que só sete políticos sabiam do orçamento: eram oschamados “sete anões”. Hoje, existe uma legislaçãoque avançou muito no sentido de democratizar esseprocesso e muita gente está querendo participar, mashá ainda muito por fazer até que a sociedade, noseu conjunto, tome conta de suas contas e as abraao seu olhar e decisão. Decidir sobre a receita e adespesa, decidir sobre o orçamento, e decidir sobreo papel do Estado e o sentido da própria sociedadenão é pouco: é fundamental e pode ser feito demo-craticamente. O orçamento deve ser discutido edecidido com a participação de todos.”

Orçamento e democraciaOrçamento: peça-chave para a

democratização do Estado

o orçamento é apeça-chave das

políticas públicas. Éele que decide a

relação entrediscurso e realidade,

entre a teoria e aprática do Estado,porque define em

números, emquantidades, aquiloque no discurso se

chama de prioridadegovernamental