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BRUNO MANOEL TAVARES SHEILA REGINA ROCHA DA SILVA BIODIESEL: FONTE DE COMBUSTÍVEL LIMPO ATUANDO COMO RICA CONTRIBUIÇÃO ESTRATÉGICA, SOCIAL E ECOLÓGICA NA REGIÃO DE LINS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado á Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração sob a orientação do Prof M.Sc. Franscisco de Assis Andrade e Orientação técnica da Profª Esp. Ana Beatriz Lima. LINS – SP 2008

BRUNO MANOEL TAVARES SHEILA REGINA ROCHA DA … · Obrigado pelos valores que me ensinaram e sobre o que realmente vale ... Aos meus grandes e eternos amigos e companheiros para todas

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BRUNO MANOEL TAVARES

SHEILA REGINA ROCHA DA SILVA

BIODIESEL: FONTE DE COMBUSTÍVEL LIMPO ATUANDO COMO RICA CONTRIBUIÇÃO ESTRATÉGICA, SOCIAL E ECOLÓGICA NA REGIÃO DE

LINS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado á Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração sob a orientação do Prof M.Sc. Franscisco de Assis Andrade e Orientação técnica da Profª Esp. Ana Beatriz Lima.

LINS – SP

2008

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Silva, Sheila Regina Rocha; Tavares, Bruno Manoel

P49g Biodiesel: fonte de combustível limpo atuando como rica contribuição estratégica, social e ecológica na região de Lins : Bertin LTDA. / Sheila Regina Rocha; Bruno Manoel. . – Lins, 2008.

76p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Administração, 2008

Orientadores: Franscisco de Assis Andrade; Ana Beatriz Lima

1. Biodiesel. 2. Processo Produtivo. 3. Matérias-prima. 4. Meio Ambiente. I Título.

CDU 658

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BRUNO MANOEL TAVARES

SHEILA REGINA ROCHA DA SILVA

BIODIESEL: FONTE DE COMBUSTÍVEL LIMPO ATUANDO COMO RICA CONTRIBUIÇÃO ESTRATÉGICA, SOCIAL E ECOLÓGICA NA REGIÃO DE

LINS

Monografia apresentada ao centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Aprovada em: _____/_____/_____

Banca Examinadora:

Prof Orientador: Franscisco de Assis Andrade.

Titulação: Mestre em Ciência dos Materiais – Unesp - SP

Assinatura: ________________________________

1º Prof(a): _______________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ________________________________

2º Prof(a): _______________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ________________________________

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DEDICATÓRIA

A Deus e aos meus pais ”Fernando e Izabel”,

dedico este trabalho, com muito orgulho e

amor. E a minha querida família “Thuany e

Laureano” pelo apoio, amor a mim dedicado,

paciência e compreensão pela minha total falta

de tempo durante a elaboração deste trabalho.

Sheila Regina Rocha da Silva

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A Deus e a minha maravilhosa avó, dona

Alzira, dedico este trabalho por sempre

entender-me e apoiar-me nos momentos mais

difíceis de minha vida. Sem ela este sonho

nunca seria possível.

Bruno Manoel Tavares

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AGRADECIMENTOS

Ao Deus Pai e Criador pelo dom da vida a mim concedido, por todas as

oportunidades boas e ruins, afinal, é com as oportunidades e situações ruins e

difíceis que eu evoluo. Pela saúde que tenho para batalhar por todos os meus

sonhos e pela família maravilhosa que me foi dada. Obrigado Senhor!

A minha linda filha “Thuany” por ter me mostrado o sentido da vida e o

porque tenho que batalhar todos os dias pelos meus sonhos. Obrigada filha por

ter aceitado dividir a mamãe com o trabalho, faculdade, casa e ser sua mãe no

pouco tempo que sobrou. Amo muito você!

Ao meu querido companheiro, amigo, conselheiro e “quase marido”

“Laureano”, pela ajuda na escolha de qual curso deveria fazer. Pelas broncas,

ensinamentos e pelos momentos de carinho e amor. Você é um exemplo a ser

seguido, exemplo de que devemos sempre fazer o nosso melhor, mesmo que o

restante do mundo não o faça. E é por isso que quando eu crescer quero ser

igual a você! Amo você!

Ao meu pai “Fernando” e minha mãe “Izabel”, agradeço por terem me

concebido, pela educação, carinho, amor e proteção no ambiente ao qual fui

criada. Obrigado pelos valores que me ensinaram e sobre o que realmente vale

a pena na vida. A base do que sou hoje devo a vocês e é por isso que me

comprometo a devolver em dobro tudo o que me foi oferecido. Afinal eu sei que

dei trabalho! Pai, Mãe amo vocês de paixão!

As professoras Jovira e Ana Beatriz e ao nosso orientador professor

Franscisco de Assis, obrigada pela prontidão no esclarecimentos das tantas

dúvidas, pela ajuda e pela amizade oferecida. Que Deus ilumine suas vidas.

A empresa Brasbiodiesel e toda sua equipe, que abriram as portas para

nós e nos ajudaram na elaboração deste trabalho. Fernando, Melisa, Carlos,

Fernanda e César, o meu muito obrigado.

Sheila Regina Rocha da Silva

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Obrigado Senhor ! Por me dar forças para continuar.

A minha adorada e querida avó Alzira. Parece que já nos conhecemos

de outra encarnação, ninguém sabe me entender tão bem quanto a senhora.

A minha linda mãe Gisele, meu pai João Carlos, avô Bebeto e meu

irmãos Guilherme. Vocês fazem parte da minha história.

Não posso deixar de agradecer a minha equipe de trabalho. Todos

sempre me deram apoio e confiaram em mim e sei que juntos, fazemos a

diferença. E conforme prometi, não poderia deixar de mencionar o nome da

Fernanda, Melisa, Carlos e Fernando o meu obrigado.

A todos os meus tios, tias, primas, primos, madrinha e padrinho.

Aos meus grandes e eternos amigos e companheiros para todas as

horas. Com eles me diverti extremamente. A minha companheira de trabalho

Sheila que me confiou a oportunidade de desenvolver um trabalho ao seu lado.

Em especial, gostaria de agradecer a um grande amigo e meu maior

professor e mestre, senhor Jair. Tive grandes momentos de aprendizado ao

seu lado

Bruno Manoel Tavares

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RESUMO

Tendo em vista contribuir com o avanço das matrizes energéticas de caráter sustentável, social, econômico e ambiental, as Empresas do Grupo Bertin, com tradição em verticalização da cadeia produtiva bovina, apresentam a Bracol Holding LTDA – Brasbiodiesel, localizada na cidade de Lins - SP. A Empresa atua no ramo de produção de biocombustíveis à base do sebo bovino, a mesma possui modernas instalações que permitem processar em torno de 110 milhões de litros de biodiesel ao ano. Biocombustível este, produzido dentro dos padrões de qualidade, que atendem as exigências dos parâmetros nacional e internacional. Este trabalho propicia esclarecer as vantagens e desvantagens apresentadas no processo de produção do biocombustível, a partir do sebo bovino. A referida indústria dispõe também de um modelo tecnológico capaz de transesterificar óleo oriundo de sementes de algumas oleaginosas. Analisando que o combustível fóssil dispõe de um curto tempo, ou seja, é um produto esgotável, altamente poluidor e de difícil obtenção, é que a Brasbiodiesel, uma das maiores empresas do ramo, se compromete a produzir o biodiesel: combustível limpo, de fácil obtenção, de fonte inesgotável e que tende a equilibrar o meio ambiente. O desafio ambiental alterou-se rapidamente, passando do simples controle de emissão de poluentes à prevenção da poluição. Deste modo, o biodiesel indica ser o combustível do momento. Abordando temas referentes ao processo produtivo, estrutura da usina, encalços que a empresa se depara em função da utilização do sebo como sua principal matéria prima, é que confeccionamos este trabalho. Usamos como metodologia pesquisas bibliográficas e de campo. Pesquisas estas, realizadas dentro e fora da própria empresa, a qual se encontram envolvidas neste processo. Palavras-chave: Biodiesel. Processo produtivo. Matérias-prima. Meio ambiente.

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ABSTRACT

In order to contribute with the improvement of the energetic sources of sustainable, social and economical character, the Bertin Group companies, with tradition in the verticalization of the bovine production chain, present to Bracol Holding LTDA – Brasbiodiesel, located in the city of Lins – SP. The company acts in the trade of biofuels production based in bovine tallow and the same has modern installations which allow processing around 110 millions of tallow liters in a year, biofuel that is produced in conformance to the quality standards, which attempt the exigencies of national and international parameters. This work aims to clarify the vantages and advantages presented in the biofuel production process, starting from the bovine tallow. The cited industry also has a technological model capable to transesterify the oil from seeds of some oil containing plants. Analyzing that the fossil fuel has a short time or means that it is an ending product, highly polluting and with hard acquisition, the Brasbiodiesel, one of the major companies of the branch, compromises to produce the biofuel, a clean fuel, of easy acquisition, unending source with tends to balance the environment. The environmental challenge has quickly shifted, from the single control of the pollution emission to the prevention of the pollution. This way, the biofuel points to be the moment emerging fuel. The work themes referring to the productive process approached are the plant structure and the difficulties that the company has due the tallow use as the major raw material. It was used as methodology bibliographic and field researches, realized inside and outside of the company, which are involved in this process.

Key-words: Biofuel. Productive process, Raw materials, Environment

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Comapi Agropecuária...................................................................... 20

Figura 2: Marcas dos Alimentos Bertin........................................................... 21

Figura 3: Beef Shopping Bertin....................................................................... 22

Figura 4: Produtos de Higiene e Beleza.......................................................... 23

Figura 5: Bracol Couros, Lins/SP.................................................................... 24

Figura 6: Produtos Pet..................................................................................... 25

Figura 7: Bracol EPIs – Equipamento de Proteção Individual......................... 26

Figura 8: Empresa Contern – Infra-Estrutura.................................................. 27

Figura 9: Saneamento Básico – Águas de Guariroba – MS............................ 27

Figura 10: Concessionária Rodovias das Colinas........................................... 28

Figura 11: Sacre 2 – Central Hidrelétrica........................................................ 29

Figura 12: Bertin Resort – Blue Tree Park – Lins/SP………………………...... 29

Figura13: Bertin Biodiesel............................................................................... 32

Figura 14: Equação química simplificada para demonstrar a reação de

transesterificação............................................................................................. 39

Figura 15: Organograma da Brasbiodiesel...................................................... 58

Figura 16: Fluxograma do processo de produção de biodiesel....................... 61

Figura 17: Co-Produtos da fabricação do biodiesel de sebo........................... 62

Figura 18: Equipamento utilizado para determinar o ponto de fulgor.............. 63

Figura 19: Tubo de centrífuga com biodiesel e fração de sedimentos............ 64

Figura 20: Viscosímetro capilar e banho termostático utilizados no ensaio

da viscosidade................................................................................................. 64

Figura 21: Equipamento utilizado para a análise do teor de éster................... 66

Figura 22: Equipamento utilizado para a análise do resíduo de carbono........ 66

Figura 23: Dosímetro para volumetria usado na realização da análise........... 67

Figura 24: Equipamento utilizado na análise do ponto de entupimento de filtro a

frio.................................................................................................................... 68

Figura 25: Colaboradora realizando a análise................................................. 68

Figura 26: Equipamento utilizado para realização das análises de umidade, teor

de acidez e índice de iodo............................................................................... 69

Figura 27: Equipamento utilizado para realização da análise sobre a

estabilidade oxidativa do biodiesel.................................................................. 69

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Figura 28: Caminhões utilizados no projeto B20............................................. 75

Figura 29: Caminhões utilizados no projeto B20 sendo abastecidos com

o biodiesel........................................................................................................ 76

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Estimativa do potencial de participação anual do agronegócio

brasileiro no mercado de crédito de carbono para o primeiro período de

compromisso do Protocolo de Kyoto................................................................ 42

Quadro 2: Especificações do sebo................................................................... 59

Quadro 3: Participantes do 9° leilão da ANP........ ............................................ 73

Quadro 4: Participantes do 1° leilão da Petrobrás.. ......................................... 73

LISTA DE TABELAS

Tabela I: Especificação do Biodiesel................................................................ 70

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PVC: Poli Cloreto de Vinila

PCH: Pequena Central Hidrelétrica

CD: Centro de distribuição

UNESP: Universidade Estadual Paulista

CO2: Dióxido de Carbono

Polióis: Poliuretanos

NaOH: Hidróxido de Sódio

KOH: Hidróxido de Potássio

CH3ONa: Metilato de Sódio

MDL: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

CQNUMC: Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

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CCA: Conference on the Changing Atmosphere

IPCC’s: First Assessment Report em Sundsvall

GEE: Gases do Efeito Estufa

PNPB: Programa Nacional de Produção e uso de Biodiesel

PIS: Programa de Integração Social

COFINS: Contribuição para Financiamento da Seguridade Social

ANP: Agência Nacional de Petróleo

CFPP: Ponto de Entupimento de Filtro a Frio

PPM: Partes Por Milhão

M.P.: Matéria-Prima

ASTM: American Society for Testing and Materials

G: Gramas

MG: Miligramas

MM: Milímetros

KG: Quilograma

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................ 15

CAPÍTULO I – HISTÓRICO DO GRUPO BERTIN............ ............................ 17

1 POR DENTRO DA HISTÓRIA DO GRUPO BERTIN.... ....................... 17

1.1 Evolução histórica................................................................................. 17

1.1.1 Cronologia do grupo.............................................................................. 18

1.2 Missão .................................................................................................. 19

1.3 Visão .................................................................................................... 19

1.4 Estratégia de verticalização.................................................................. 19

1.4.1 Bertin agropecuária............................................................................... 20

1.4.2 Bertin alimentos.................................................................................... 20

1.4.3 Beef Shopping Bertin............................................................................ 22

1.4.4 Bertin higiene e beleza......................................................................... 23

1.4.5 Bertin couros........................................................................................ 24

1.4.6 Bertin produtos pet............................................................................... 24

1.4.7 Bertin higienização industrial................................................................ 25

1.4.8 Bertin equipamentos de proteção individual......................................... 26

1.5 Infra-estrutura........................................................................................ 27

1.5.1 Saneamento básico.............................................................................. 27

1.5.2 Transporte............................................................................................. 28

1.5.3 Energia elétrica..................................................................................... 29

1.6 Bertin resort........................................................................................... 29

1.7 Estrutura logística.................................................................................. 30

1.8 Gestão ambiental................................................................................... 30

1.9 Tratamento de efluente.......................................................................... 31

1.9.1 Biodigestor............................................................................................. 31

1.10 Bertin biodiesel...................................................................................... 31

CAPITULO II – A EVOLUÇÃO DO BIODIESEL.............. ............................... 33

13

2 QUANDO E ONDE SURGIU O BIODIESEL......... ................................ 33

2.1 O que é biodiesel.................................................................................. 33

2.2 Quais as vantagens do biodiesel........................................................... 34

2.3 Quais as desvantagens do biodiesel.................................................... 35

2.4 Aplicações para a glicerina................................................................... 36

2.5 O caminho percorrido até a transformação em combustível................ 38

2.6 Crédito de carbono............................................................................... 41

2.7 Protocolo de Kyoto e sua relação com o biodiesel............................... 42

2.8 Protocolo de Kyoto X biodiesel............................................................ 43

2.9 Nasce uma potência............................................................................ 44

CAPÍTULO III – OS IMPACTOS DO BIODIESEL NO AMBIENTE , MEIO

SOCIAL E AGRICULTURA............................... ............................................. 48

3 Meio Ambiente...................................... .............................................. 48

3.1 Inclusão social...................................................................................... 48

3.2 Agricultura família................................................................................. 49

3.3 Matérias-prima para biodiesel............................................................... 50

3.4 Algumas matérias-prima derivadas de óleo vegetal............................. 50

3.5 Algumas matérias-prima derivadas de gordura animal........................ 53

3.6 Algumas matérias-prima derivadas de gorduras residuais................... 53

3.7 Sebo bovino: destaque entre as matérias-primas................................. 54

CAPÍTULO IV – A UTILIZAÇÃO DO SEBO COMO PRINCIPAL M ATÉRIA-

PRIMA NA PRODUÇÃO DO BIODIESEL PELA BRÁSBIODIESEL.. ........... 55

4 INTRODUÇÃO...................................................................................... 55

4.1 Estrutura da planta................................................................................ 55

4.2 Missão da Brasbiodiesel....................................................................... 56

4.3 Política da qualidade da Brasbiodiesel................................................. 56

4.4 Principais responsabilidades................................................................ 57

4.5 Principais objetivos............................................................................... 57

4.6 Estrutura gerencial............................................................................... 57

4.7 Processo produtivo............................................................................... 58

14

4.8 Matérias-primas utilizadas.................................................................... 62

4.9 Análises realizadas............................................................................... 63

4.10 Principal cliente..................................................................................... 72

4.11 Formas de venda ................................................................................. 72

4.12 Responsabilidade social e ambiental.................................................... 74

4.13 Projeto B2 e B20................................................................................... 74

4.14 Fatores negativos na utilização do sebo como matéria-prima.............. 76

4.15 Sebo bovino: garantia de lucratividade................................................. 77

4.16 Parecer final.......................................................................................... 77

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO............................ ........................................ 79

CONCLUSÃO.......................................... ........................................................ 80

REFERÊNCIAS............................................................................................... 81

APÊNDICES.................................................................................................... 84

ANEXOS.......................................................................................................... 95

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INTRODUÇÃO

O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes

renováveis que pode ser obtido por diferentes processos. Além disso, acredita-

se que exista um mercado bem promissor em torno desse biocombustível uma

vez que passou a ser obrigatório em todos os postos nacionais o uso do

chamado B3 que é uma mistura de 3% de biodiesel em 97% de diesel.

O país tem em sua geografia grandes vantagens agronômicas, por

situar-se em uma região tropical, com altas taxas de luminosidade e de

temperaturas médias anuais. Associada a disponibilidade hídrica e

regularidade de chuvas, torna-se o país com maior potencial para a produção

de energia renovável. O biodiesel surgiu mundialmente como uma alternativa

promissora aos combustíveis minerais, derivados do petróleo, sendo que o

caráter renovável do produto o torna uma importante fonte de investimento de

energia em longo prazo.

Cada vez mais o preço da gasolina, diesel e derivados de petróleo

tendem a subir; a cada ano o consumo aumenta significativamente e mesmo

com as descobertas de novas reservas, o petróleo ainda continua sendo uma

fonte esgotável de combustível. Além do problema físico, há também o

problema político, pois a cada ameaça de guerra ou crise internacional o preço

do barril de petróleo dispara. Devido aos fatos mencionados, podemos encarar

o biodiesel como uma vantagem no mercado de combustíveis.

A diversidade de matérias-primas que podem ser utilizadas na produção

de biodiesel também é outro fator muito importante, uma vez que, todas vêm

de fontes renováveis e não dependem de grandes investimentos ou pesquisas

para serem exploradas.

Sabe-se que muito dinheiro é gasto para a pesquisa e a exploração do

petróleo, visto que o biodiesel não requer esse tipo de investimento o torna

uma alternativa econômica, tem a vantagem de ser confiável, por ser

renovável, fortalecer a economia do país e gerar mais empregos.

Além de todos os fatores positivos envolvendo a economia e a geração

de empregos, o biodiesel também oferece grandes vantagens para o meio

ambiente, uma vez que reduz a emissão de gases poluentes que aumentam o

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efeito estufa e prejudicam o meio ambiente.

Este trabalho tem por objetivo demonstrar a utilização do sebo bovino

na produção de biodiesel como garantia de lucratividade e qualidade superior

do produto final. A empresa pesquisada foi a Bracol Holding

LTDA_Brasbiodiesel, onde enfatizamos durante o período de janeiro a

setembro de 2008, o processo produtivo, cujos métodos e técnicas estão

descritos no capitulo IV.

Tendo em vista que a principal matéria-prima utilizada pela empresa é o

sebo bovino, uma vez que a mesma tem como tradição a verticalização de

seus processos, surgiu à indagação sobre se a utilização do sebo bovino como

matéria-prima na produção de biodiesel pela empresa Bracol Holding

LTDA_Brasbiodiesel é uma garantia de lucratividade, levantou-se a hipótese

de que a utilização do sebo na produção de biodiesel garante lucratividade a

empresa, uma vez que a matéria-prima é a mais barata dentre as demais no

mercado, além de resultar em um biodiesel com qualidade superior aos

demais.

A empresa iniciou suas atividades em 21 de agosto de 2007, tendo

como sua principal meta abastecer o mercado interno e posteriormente o

externo, contribuindo com o avanço das matrizes energéticas limpas

e renováveis.

O trabalho esta organizado em quatro capítulos:

Capítulo I: descreve a trajetória do Grupo Bertin e sua estratégia de

verticalização de seus processos.

Capítulo II: trata teoricamente sobre o surgimento do biodiesel como

fonte de energia renovável, suas vantagens e objetivos.

Capítulo III: apresenta as principais matérias-primas que podem ser

utilizadas no processo produtivo do biodiesel.

Capítulo IV: descreve a produção através da utilização do sebo bovino,

as etapas do processo executado na empresa, a capacidade produtiva da

planta e o projeto social junto a comunidade.

No término desta pesquisa apresentamos a proposta de intervenção e

as considerações finais.

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CAPÍTULO I

HISTÓRICO DO GRUPO BERTIN

1 POR DENTRO DA HISTÓRIA DO GRUPO BERTIN

No início do século, a família Bertin, de origem italiana, instalou-se em

fazenda destinada ao cultivo do café, na região noroeste do Estado de São

Paulo. Alguns anos mais tarde, diversificaram suas atividades, dando inicio a

criação de gado de corte. No início da década de 70, a segunda geração da

família, liderada por um dos irmãos, Henrique Bertin, deu os primeiros passos

em direção ao mercado coureiro e, em 1977, iniciaram a construção da

empresa que impulsionaria definitivamente o nome Bertin rumo aos mais

elevados patamares da economia brasileira.

Em 30 anos de trajetória, a companhia acumulou uma série de

conquistas nas mais diversas áreas. Predestinada ao sucesso, pronta para o

século XXI muito antes de ela acontecer.

1.1 Evolução histórica

Em 1977, Henrique Bertin dirigiu pelas ruas da cidade de Lins/SP, uma

das duas caminhonetes recém-adquiridas para o seu novo frigorífico. Em

setembro de 2006, o grupo criado por ele fez a maior compra individual de

caminhões Volkswagen já realizada no Brasil: 350 unidades em um só lote,

investimento de R$40 milhões.

Amostras de gigantismo como essas foram dadas aos montes durante

os 30 anos de existência do Grupo Bertin, uma das maiores empresas do

agronegócio do país.

Na primeira operação realizada nas instalações do frigorífico em Lins,

18

cerca de 70 funcionários levaram o dia todo para abater apenas 14 animais. E

Hoje, a mesma unidade tem capacidade para abater aproximadamente 1300

cabeças de bovino por dia.

Passadas três décadas, a capacidade de abate do grupo Bertin subiu

para quase 13 mil cabeças de gado por dia. Distribuídas entre 15 unidades no

Brasil e no exterior. Entre elas estão, sete unidades frigoríficas no Brasil – Lins

(SP), Ituiutaba (MG), Itapetininga (BA), Mozarlândia (GO), Naviraí (MS),

Marabá (PA) e Campo Grande (MS), além de uma no Uruguai e mais uma

unidade que está em construção em Diamantino (MS).

Os produtos e serviços Bertin S.A. são destinados ao mercado interno e

a mais de 80 paises, nos cinco continentes. Em 2007, a companhia apresentou

faturamento de R$6,4 bilhões.

1.1.1 Cronologia do grupo

O Grupo Bertin vem escrevendo uma história de sucesso, com bases

sólidas e promissoras. E é com muita garra, união e visão futura, que as

empresas são construídas e trazem a certeza de bons negócios para a família

Bertin.

a) 1977: Início das atividades da empresa, com a fundação do primeiro

frigorífico, em Lins (SP);

b) 1985: Implementação da unidade para beneficiamento de couros, em

Lins;

c) 1989: Começo do processamento de sebo bovino e massa base,

além da produção de sabão em barra;

d) 1986: Equipamentos de produção individual, com a marca Bracol

passam a ser confeccionados. No mesmo ano o grupo instala a fábrica de

produtos PET;

e) 1998: Fundação da Bracol sistema de higienização;

f) 2003: Criação da divisão infra-estrutura com participação no ramo de

concessões de rodovias, saneamento básico e energia elétrica;

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g) 2004: Ingresso no segmento de cosméticos, com a aquisição da

marca OX;

h) 2006: Aquisição de planta no Uruguai (Bertin alimentos) e construção

de outra na China para Couros;

i) 2007: Inauguração da usina de biodiesel, pelo Presidente da

República Luís Inácio Lula da Silva.

j) 2008: O Grupo Bertin vira S/A.

1.2 Missão

Sua missão é agregar valor, fomentar desenvolvimento e fortalecer a

relação com os diversos públicos – clientes, fornecedores, parceiros,

investidores, imprensa, órgãos públicos, colaboradores e comunidade.

1.3 Visão

Todos os setores do Bertin compartilharam uma visão comum no que se

referem aos investimentos contínuos em qualidade, tecnologia, pesquisas,

capacitação das equipes do trabalho, logísticas, processo de gestão e

estratégia mercadológica, ações sociais e ambientais nas localidades onde o

grupo está inserido.

1.4 Estratégia da verticalização

A verticalização foi iniciada em 1981, quatro anos após o começo das

atividades do Bertin, quando o grupo ingressou no ramo de beneficiamento de

couro. Na agroindústria, o grupo Bertin apostou no aproveitamento total da

cadeia bovina. A empresa mantém um conglomerado industrial focado em nove

20

divisões de negócios: Agropecuária, Alimentos, Biodiesel, Cosméticos, Couros,

Produtos Pet, Equipamentos de Proteção Individual, Higiene e Limpeza e

Higienização Industrial. Já no segmento de infra-estrutura a companhia está

estabelecida nas áreas de construções civil, saneamento básico, energia e

transporte, além de um Resort.

De acordo com Durval Cavalcanti, diretor de mercado interno da Bertin

Alimentos, esta capacidade empreendedora está cada vez mais presente nos

acionistas.

Começa um determinado negócio, que gera um agregado de outra natureza, e eles, com uma agilidade muito grande, analisam qual outro negócio poderia surgir desse, já uma sequência de um inicial. Essa capacidade de visualização de oportunidades é muito interessante neles. (BOURROUL; TORRES, 2007, p.37)

Algumas unidades são completamente independentes, com áreas de

Marketing próprias e outras nem tem conexão direta com o ramo agropecuário,

como os negócios em rodovia e energia elétrica. Porém, todas é resultado de

oportunidades empresariais que vieram à tona com base em demandas do

Bertin.

1.4.1 Bertin agropecuária

Fonte: Grupo Bertin, 2008

Figura 1: Comapi Agropecuária A Bertin agropecuária investe na criação de gado de corte e em

pesquisas para melhoramentos genéticos da raça Nelori, sendo reconhecida

internacionalmente pelos resultados obtidos no aprimoramento da espécie com

a marca Comapi.

21

Criado a pasto, o rebanho é rastreado, o que permite o

acompanhamento da vida do animal e garante um rígido controle sanitário. Nas

fazendas, profissionais especializados mantêm-se atentos a vacinação, bem-

estar, alimentação e padronização dos animais, conferindo homogeneidade,

segurança e qualidade em todos os procedimentos adotados.

Na entressafra, a empresa administra confinamentos de médios e

grandes portes, como o de Goiás – considerado pela empresa o maior do País

abrigando até 100 mil bois anualmente. Nesses locais, o gado tem alimentação

natural à base de volumosos e silagem.

1.4.2 Bertin Alimentos

Fonte: Grupo Bertin, 2008 Figura 2: Marcas dos Alimentos Bertin Apeti, Bertin, Eco Carne, Grill, Natural Farms, Bertin Pronto Sabor, Beef

Jerky Bertin, Tama, Tutty Bom – Presente nos pratos mais seletos a Bertin

Alimentos leva as mesas do mundo a sua maior especialidade – a carne bovina

com sabor e maciez diferenciados que, entre outros segredos, combina

ingredientes como tradição, credibilidade e segurança alimentar.

São mais de 300 itens entre carne in natura e industrializada, com

especificações e cortes especiais, que atendem os paladares mais exigentes.

A carne in natura representa para a divisão de alimentos cerca de 80%

da produção. O restante fica com os industrializados, que ganharam

importância com o aumento no ritmo de lançamentos do grupo para este

segmento.

A questão cultural novamente é invocada na análise sobre a aceitação

22

dos pratos, como uma opção de refeição mais prática.

O grande desafio da empresa é transmitir ao consumidor final a

qualidade dos seus alimentos.

A divisão alimentos possui cinco unidades industriais localizadas nos

estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul.

Para ampliar a atuação no mercado interno, o grupo conta com uma

equipe composta por mais de 110 funcionários na área comercial e mais de

150 representantes, o que representa mais de 200 pessoas trabalhando direto

nesse atendimento diário.

No primeiro quadrimestre deste ano de 2007, o segmento de mercado

interno da Bertin Alimentos cresceu 18% em faturamento na comparação a

igual período do ano anterior.

Como alternativa na busca de novos mercados, diversas medidas têm

sido adequadas pelo grupo. Um desses passos é o investimento no Uruguai,

com a aquisição de um frigorífico local.

1.4.3 Beef Shopping Bertin

Fonte: Grupo Bertin, 2008 Figura 3: Beef Shopping Bertin

Pioneiro no conceito de auto-atendimento, o Grupo Bertin conta com

uma rede de lojas próprias para a comercialização de carne bovina e outros

produtos fornecidos por parceiros comerciais, tais como suínos, aves,

cordeiros, peixes, frutos do mar, acessórios e complementos para churrasco.

23

No Beef Shopping Bertin, o cliente se sente a vontade para escolher os

itens de sua preferência, fazer degustação e, com a ajuda de profissionais,

saber mais sobre tipos de corte e modos de preparo.

1.4.4 Bertin higiene e beleza

Fonte: Grupo Bertin, 2008 Figura 4: Produtos de Higiene e Beleza

Líder na produção de sebo bovino e massa base, a Bertin Higiene e

Limpeza fornece matéria-prima para pequenas, médias e grandes empresas,

além de fabricar e comercializar, sob as marcas Brisa e Lavarte, um mix de

produtos que inclui sabão em barra, desinfetante, lava louça, amaciante, lava

roupa, multiuso, limpa vidro, limpeza perfumada e limpeza pesada. Em

modernos laboratórios, são realizadas pesquisas para o desenvolvimento de

novas fórmulas, fragrâncias, versões e embalagens, abrindo espaço para

inovações que tragam mais praticidade e valor agregado aos consumidores.

A Bertin Higiene e Beleza é representada pelas conceituadas marcas

OX, Phytoderm, Neutrox, Capi Vida, Elle Ella, Karina, Kolene e Francis. A

Divisão possui linhas inspiradas na biodiversidade brasileira que trazem

substâncias ativas para o cuidado diário com o corpo e os cabelos. Ao todo são

445 itens, entre shampoos, condicionadores, cremes corporais, protetores

solares, desodorantes e sabonetes, além de uma linha completa de perfumaria.

A OX, que completou dez anos de mercado em 2005, é a marca que

representa a Divisão Cosmética do Grupo Bertin. Suas linhas são inspiradas na

biodiversidade brasileira. A Filosofia da empresa é buscar na natureza o melhor

que pode oferecer em substancias ativas e óleos essenciais, para dedicar aos

24

consumidores um cuidado diário com o corpo e os cabelos.

1.4.5 Bertin Couros

Fonte: Grupo Bertin, 2008 Figura 5: Bracol Couros, Lins/SP A Bracol Couros foi à primeira divisão de negócios fundada pelo grupo

Bertin, em 1981.

Considerada uma das mais respeitadas empresas do mundo em

curtimento de couro bovino, o Bertin, por meio de sua marca Bracol Couros,

produz e comercializa peças nos estágios wet-blue, semi-acabados e

acabados, para os segmentos moveleiro, automobilístico e calçadista.

Suas unidades fabris estão instaladas em áreas estratégicas e possuem

uma equipe altamente capacitada, aliada a uma estrutura dotada de tecnologia

de ponta, destacando-se ainda por uma série de iniciativas em prol do meio

ambiente.

No ano de 2006 as fábricas produziram 6,6 milhões de couros.

No período foi construída uma indústria na China e a divisão foi

reconhecida pelo Centro de Tecnologia Satra, organização inglesa que avalia a

padronização dos itens concedidos a grandes indústrias de calçados e

acessórios.

1.4.6 Bertin produtos pet

25

Fonte: Grupo Bertin, 2008 Figura 6: Produtos Pet

A Bertin Produtos Pet, divisão do Grupo Bertin, destaca-se por sua

rápida expansão, conquistando o reconhecimento nos mercados dos diversos

países em que comercializa produtos no segmento de pet care.

Produzidas a partir de seleta matéria-prima das empresas que

pertencem ao grupo, as linhas de produtos antecipam tendências e seguem os

mais rigorosos padrões de higiene e saúde.

Todo esse know-how e experiência conquistados no mercado

internacional chegam agora ao Brasil com a excelência que faz da Bertin uma

referência em qualidade.

A Produção é comercializada nos Estados Unidos com exclusividade

pelo parceiro norte-americano Hartz Mountain Corporation, com as marcas

Hartz, Flavor Last, Dentist’s Best, Harper’s e Nelore.

A grande aceitação no exterior e a rápida expansão no segmento

resultam dos constantes programas de aperfeiçoamento e alto controle de

qualidade.

Em 2006, foi inaugurado um Centro de Embalagem e Distribuição, com

15 mil metros quadrados, em Guaiçara (SP), para armazenar e embalar as 8,4

mil toneladas anuais.

1.4.7 Bertin higienização industrial

Responsável pela fabricação de mais de 70 itens para limpeza profunda

26

e desinfecção de ambientes, a Bertin, com a marca Bracol Sistemas de

Higienização Industrial, oferece soluções sob medida para empresas,

indústrias, metalúrgicas, hospitais, hotéis, órgãos públicos e estabelecimentos

em geral.

Todos os produtos, entre detergentes, sanitizantes, desinfetantes e

bactericidas, além de linhas agrícolas e veterinárias, são certificados pelo

Ministério da Agricultura e Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Para a Bertin, a higienização é fator indispensável ao empreendimento

que visa proporcionar confiança, seriedade e respeito a seu público-alvo.

1.4.8 Bertin equipamento de proteção individual

Fonte: Grupo Bertin, 2008

Figura 7: Bracol EPIs – Equipamento de Proteção Individual

Uma das marcas mais lembradas pelo mercado quando se trata de

calçados e luvas de segurança, a Bracol, da Bertin Equipamento de Proteção

Individual, segue normas técnicas nacionais e internacionais para proteção e

conforto de funcionários e prestadores de serviços em suas atividades diárias.

Os calçados são confeccionados com couro gerado nas unidades do

grupo e há ainda, uma ampla linha de luvas e botas de Poli Cloreto de Vinila

(PVC).

Testes em laboratórios simulam condições de uso e desgaste e ajudam

na avaliação criteriosa dos lotes fabricados.

Um investimento no ano de 2006 possibilitou a construção de uma nova

indústria em Lins (SP), e 31 mil metros quadrados de área construída. Com

isso a capacidade de produção foi triplicada de 3,1 milhões para 10 milhões de

pares de calçados e botas por ano.

27

1.5 Bertin infra-estrutura

Fonte: Grupo Bertin, 2008

Figura 8: Empresa Contern – Infra-Estrutura

Ao longo dos anos, o Grupo Bertin, com sua empresa Contern,

acumulou know-how no setor de construção civil para empreendimentos

próprios e de terceiros. Com foco em edificações, engenharia urbana,

acabamentos, instalações prediais e superestrutura, a Contern participa de

licitações em todo o território nacional.

Por meio da Empresa Contern, o Bertin trabalha em edificações para

indústrias, infra-estrutura urbana e desempenho nos segmentos rodoviários,

aeroportuários, portuários de saneamento e de energia.

A Contern participou de recapeamento do Sistema Anhanguera-

Bandeirantes, na região de Campinhas (SP); das duplicações das rodovias SP-

225, entre os municípios de Itirapina e Jaú (SP); e SP-300, que liga as cidades

de Jundiaí e Itu (SP); as pontes rodoviárias sobre os Rios Vaza-Barris (BA/SE)

e Araguaia (GO/MT); além do anel viário metropolitano de Itu (SP).

1.5.1 Saneamento básico

Fonte: Grupo Bertin, 2008 Figura 9: Saneamento Básico – Águas de Guariroba – MS

28

A unidade atua inicialmente em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul,

onde constatou baixa qualidade nos serviços de saneamento básico.

Em conjunto com o grupo Equipav, assumiu o controle da Águas

Guariroba S.A., para incrementar o abastecimento de água e o tratamento de

esgoto na capital do estado de Mato Grosso do Sul, aumentando o índice de

satisfação na cidade, cuja população é de 700 mil habitantes.

Segundo a empresa, já foram implantados 200 km de rede de esgoto no

município, e disponibilizadas 12.889 novas ligações domiciliares.

Até 2008, a projeção do grupo é consolidar 700 km de obras, 15

estações elevatórias, 50 km de interceptores, 68 mil ligações e uma estação de

tratamento de esgoto com capacidade para 900 litros por segundo.

1.5.2 Transporte

Fonte: Grupo Bertin, 2008 Figura 10: Concessionária Rodovias das Colinas

O grupo detém 50% da Concessionária Rodovias das Colinas, dedicada

a operar, conservar e ampliar um conjunto de 300 quilômetros de estradas que

atravessam 17 municípios do interior de São Paulo e atendem anualmente

mais de 30 milhões de veículos.

Juntas, as empresas duplicaram a rodovia SP 300, que liga as cidades

de Itupeva e Cabreúva. Apenas o Bertin movimentou 1,5 milhão de metros

cúbicos de solo e rocha e empregou um contingente de 150 colaboradores. Em

Goiás, o Bertin assinou 50%, sob regime de concessão, contrato para

construção de uma ponte sobre o Rio Araguaia, na rodovia GO 454. Com prazo

de 18 meses para execução, a obra terá 800 metros, com vão central de 120

metros destinado a permitir navegação.

29

Além da Colinas, o Bertin obteve no ano de 2006, sociedade nas

Concessionárias Convias, Sulvias e Metrovias, administradas pelo Consórcio

Univias, no rio Grande do Sul, para cerca de 25 milhões de carros por ano.

1.5.3 Energia elétrica

Fonte: Grupo Bertin, 2008 Figura 11: Sacre 2 – Central Hidrelétrica

Em 2005, o Bertin iniciou a construção de sua primeira pequena Central

Hidrelétrica (PCH) – a Sacre 2. A Brasil Central Energia S.A. – localizada no

município de Brasnorte, no Mato Grosso.

A Sacre 2 uma das empresas da holding, será a responsável por

comercializar a energia gerada. Serão 30 MW de potência, capacidade para

abastecer uma cidade de até 80 mil habitantes.

1.6 Bertin resort

Fonte:Grupo Bertin, 2008 Figura 12: Bertin Resort – Blue Tree Park – Lins/SP

30

De propriedade do grupo e administrado pela rede Blue Tree, o resort

fica próximo ás instalações industriais em Lins (SP).

São 114 departamentos e um complexo aquático de 2.800 m2, suas

dependências contam com três restaurantes de categoria internacional, bares,

fitness center, salão de beleza, sauna seca e úmida, ducha escocesa, quadras

de tênis e poliesportiva, campos de gateball e futebol society, aluguel de

caiaques, bicicleta e equipamentos de pesca, além de pista para drive-on e off-

road. Playground, salão de jogos e recreação infantil ainda divertem as

crianças.

Aliado às opções de lazer, há uma completa infra-estrutura para a

realização de eventos de negócios, incluindo quatro salas, com capacidade

total para 450 pessoas, e uma arena coberta para 1.200 pessoas.

1.7 Estrutura logística

Pelo número de veículos que tem, a transportadora do grupo pode

figurar entre as cinco maiores do Brasil.

Na verdade, a empresa tem um operador logístico que fica regulando o

quanto deve ser a frota própria e terceirizada.

A empresa tem uma operação de fluxo de carga e descarga de produtos,

que está interligada a armazéns e pátios.

No transporte entre unidades e entre plantas produtoras no abastecimento

ao centro de distribuição (CD), o grupo trabalha com frota própria e

terceirizada.

1.8 Gestão ambiental

O Grupo Bertin defende atividades pautadas no desenvolvimento

sustentável. Todas as suas plantas possuem licenças ambientais e priorizam

ações ecoeficientes que previnem possíveis impactos de suas operações.

31

No ano de 2005, o Bertin fez o replantio de 11.330 milhões de metros

quadrados de eucaliptos em áreas próximas as suas unidades industriais.

A medida, que visou à preservação dos recursos naturais, ainda

acarretou aumento de créditos de carbono e criação de 195 empregos indiretos

durante a plantação.

1.9 Tratamento de efluentes

Nas empresas do Grupo Bertin, modernas estações de tratamento de

efluentes limpam, filtram e refinam uma vazão diária de 36 mil metros cúbicos

de água, devolvida á natureza com mais de 90% de pureza.

Visando a economia de água, vários processos também utilizam o

método de reciclo nas fábricas.

Há ainda o processo de compostagem que transforma detritos sólidos

em matéria orgânica, para fertilização de lavouras e recomposição do solo.

1.9.1 Biodigestor

Com assessoria da Universidade Estadual Paulista (UNESP), o Bertin foi

o pioneiro no Brasil ao instalar, em frigoríficos, biodigestores anaeróbicos para

tratamento de efluentes.

O equipamento reduz a emissão de g[as metano na atmosfera, além de

converter resíduos industriais em biogás, que pode ser utilizado como fonte de

energia.

E já está em estudo o aproveitamento de parte das águas tratadas nos

biodigestores em sistemas de fertirrigação para agricultura própria.

1.10 Bertin Biodiesel

32

Fonte: Grupo Bertin, 2008 Figura13: Bertin Biodiesel

Atento aos inúmeros benefícios que matrizes energéticas alternativas

trazem ao panorama econômico, social e ambiental, o Grupo Bertin acredita no

biodiesel e utiliza como matéria-prima principal o sebo bovino, podendo ainda

aproveitar oleaginosas.

A entrada de operação no biodiesel é uma estratégia da empresa dentro

dos preceitos de energia limpa, na nova matriz energética do país.

A usina Brasbiodiesel comporta um processamento anual de 100 mil

toneladas de biodiesel.

Pretende-se atender 14% da demanda nacional, com a adição de 3% do

produto ao diesel. A unidade comportará um processamento anual de 100 mil

toneladas, o equivalente a 200 milhões de litros de biodiesel, a maior

capacidade instalada no país.

O empreendimento não só contempla a geração de emprego e renda,

como a redução da emissão de poluentes e ganhos em crédito de carbono. A

empresa apresenta a seguinte descrição:

a) Razão social: Bracol Holding LTDA;

b) CNPJ: 01.597.168/0006-01;

c) Endereço: RDV BR 153, s/n., Lins – CEP: 16400-033;

d) Telefone: (14) 3533 2041;

j) E-mail: www.bertin.com.br

33

CAPITULO II

A EVOLUÇÃO DO BIODIESEL

2 QUANDO E ONDE SURGIU O BIODIESEL

O Biodiesel surgiu durante a Exposição Mundial de Paris em 1900,

quando o Dr. Rudolf Diesel apresentou ao públivo um motor diesel funcionando

com óleo de amendoim. Os primeiros motores tipo diesel eram de injeção

indireta. Tais motores eram alimentados por petróleo filtrado, óleos vegetais e

até mesmo por óleos de peixe.

Em 1980 o biodiesel surge como prodiesel, mas é abordado por

questões políticas e só a partir de 2002 o país aprova como fonte energética e

autoriza as pesquisas e obtenção.

O biodiesel nasceu para o mundo como uma alternativa promissora aos

combustíveis minerais, derivados do petróleo. O caráter renovável torna o

produto uma fonte importante de energia no longo prazo.

2.1 O que é Biodiesel

O biodiesel é um combustível natural usado em motores diesel,

produzido através de fontes renováveis, que atende as especificações da

Associação Nacional do Petróleo (ANP).

Com uma definição mais estendida o biodiesel é um combustível

renovável derivado de óleos vegetais, gordura animal ou residual, usado em

motores a diesel em qualquer concentração de mistura com o diesel, produzido

através de um processo químico que remove a glicerina do óleo.

O Biodiesel é uma alternativa aos combustíveis derivados do petróleo e

pode ser usado em carros ou em qualquer outro veículo com motor diesel.

34

É um combustível que emite menos poluentes que o diesel. O

biocombustível vêm sendo testado atualmente em várias partes do mundo.

Países como Argentina, Estados Unidos, Malásia, Alemanha, França e Itália já

produzem biodiesel comercialmente, estimulando o desenvolvimento da escala

industrial.

O biodiesel contribui para a redução de 78% (setenta e oito por cento)

de dióxido de carbono, 98% (noventa e oito por cento) de enxofre e 53%

(cinqüenta e três por cento) de monóxido de carbono. (PENIDO, 2005.)

As misturas entre o biodiesel e o diesel mineral é conhecida pela letra B,

mais o número que corresponde a quantidade de biodiesel na mistura, por

exemplo, se uma mistura tem 5% de biodiesel é chamada de B5, se tem 20%

de biodiesel é B20. Atualmente nos postos em todo o Brasil é comercializado o

B3.

A utilização do biodiesel puro ainda esta sendo testada, se for usado só

biodiesel sem misturar com o diesel mineral, vai se chamar B100.

2.2 Quais as vantagens do biodiesel

De acordo com a Revista Biodiesel (2007 / 2008) por ser uma fonte

limpa e renovável de energia o biodiesel vai gerar emprego e renda para o

campo, pois o país abriga o maior território tropical do planeta, com solos de

alta qualidade que permitem uma boa agricultura.

Temos no Brasil muitas terras cultiváveis que podem produzir uma

enorme variedade de oleaginosas, principalmente nos solos menos produtivos,

com um baixo custo e que servem de matéria-prima para a produção de

biodiesel. Com isso, o trabalhador se sente seguro no campo, reduzindo o

inchaço das grandes cidades e favorecendo o ciclo da economia auto-

sustentável essencial para a autonomia do país

O biodiesel é um ótimo lubrificante que pode aumentar a vida útil do

motor. O risco de explosão é muito baixo pois o biodiesel precisa de uma fonte

de calor acima de 150°C para que a explosão ocorra, com isso torna fácil e

seguro o transporte e armazenamento do produto.

35

O efeito estufa, deixa nosso planeta mais quente, devido ao aumento de

Dióxido de Carbono (CO2) na atmosfera (para cada 3,8 litros de gasolina que

um automóvel queima, são liberados 10kg de CO2 na atmosfera). A queima de

derivados de petróleo contribui para o aquecimento do clima global por elevar

os níveis de CO2 na atmosfera. O biodiesel permite que se estabeleça um ciclo

fechado de carbono no qual o CO2 é absorvido quando a planta cresce e é

liberado quando o biodiesel é queimado na combustão do motor.

O uso do biocombustível proporciona ganho ambiental para todo o

planeta, pois colabora para diminuir a poluição e o efeito estufa. Por ser

constituído de carbono neutro as plantas capturam todo o CO2 emitido pela

queima do biodiesel e separam o CO2 em carbono e oxigênio, neutralizando

a emissão de gases poluentes no ambiente. A cada 1 tonelada de biodiesel

usado corresponde a uma redução de 2,5 toneladas de CO2 emitidos na

atmosfera. (REVISTA BIODIESEL, 2008)

Por ser um produto natural e biodegradável, surgem problemas de

degradação natural.

Os óleos vegetais usados na produção do biodiesel podem ser obtidos

de qualquer oleaginosa, também podem ser utilizados qualquer tipo de

gordura animal e gorduras residuais.

Resumidamente, o biodiesel é uma alternativa econômica, tem a

vantagem de ser confiável e renovável, protege o nosso meio ambiente e

fortalece a economia do país gerando mais empregos. Ao utilizar biodiesel

estaremos utilizando qualidade.

2.3 Quais as desvantagens do biodiesel

De acordo com a Revista Biodiesel (2007/2008) os grandes volumes de

glicerina gerados na produção de biodiesel não possuem mercado certo para

absorverem 100% dessa geração, apesar da glicerina ser utilizada em vários

segmentos ainda não é o suficiente para utilizar tudo o que é gerado.

Hoje, para ser totalmente aproveitada no mercado a glicerina precisaria

ser ofertada a preços muito inferiores aos atuais e com isso todo o mercado de

36

óleo-químico poderia ser afetado. Porém ainda não há uma visão clara sobre

os possíveis impactos potenciais desta oferta de glicerina.

Outro fator importante é que no Brasil e na Ásia, lavouras de soja e

dendê, cujos óleos são fontes potencialmente importantes de biodiesel, estão

invadindo florestas tropicais, que são importantes bolsões de biodiversidade.

Embora, aqui no Brasil, essas lavouras não tenham o objetivo de serem usadas

como principal fonte de matéria-prima para o biodiesel, essa preocupação deve

ser considerada.

Estudos estão sendo realizados por empresas e cientistas para novas

Aplicações dessa glicerina gerada da produção de biodiesel. Espera-se que

futuramente as empresas tenham alternativas de uso do produto.

2.4 Aplicações para a glicerina

A Glicerina é produzida por via química ou fermentativa. Tem uma

centena de usos, principalmente na indústria química. Os processos de

produção são de baixa complexidade tecnológica. (REVISTA BIODIESEL,

2008).

Depois de fortes oscilações na década de 90, desde 2000 o mercado

para glicerina volta a crescer. Uma grande fonte agora na Europa e nos

Estados Unidos é a glicerina proveniente do biodiesel.

Os excedentes de glicerina derivada do biodiesel poderão levar a

grandes reduções no preço. Com as reduções substanciais de preço, deverão

também entrar no mercado de outros polióis (poliuretanos), em particular o

sorbitol. Na Europa, o aumento de biodiesel, para atingir apenas alguns pontos

porcentuais do diesel, cobriria grande parte da demanda atual por glicerol.

A produção por síntese microbiana predominou até que a síntese

química, de subproduto do polipropileno, avançou em 1950. Agora, com o

declínio na produção de polipropileno, as fermentações voltaram a ocupar

espaço no mercado. O mercado de volumes e preços oscilou muito na última

década.

As principais aplicações são:

37

a) Síntese de resina, ésteres 18%

b) Aplicações farmacêuticas 7%

c) Uso em cosméticos 40%

d) Uso alimentício 24%

e) Outros 11%

A demanda cresce mais nos mercados de uso pessoal e

higiene dental, e alimentos, onde o produto tem maior pureza e valor.

Corresponde a 64% do total. Em alimentos, a demanda de glicerina e

derivados cresce em 4% ao ano. (REVISTA BIODIESEL, 2008)

A glicerina é atualmente um dos ingredientes mais utilizados na indústria

farmacêutica na composição de cápsulas, supositórios, anestésicos, xaropes e

emolientes para creme e pomadas, antibióticos e anti-sépticos.

Por ser não-tóxico, não-irritante, sem cheiro e sabor, a glicerina tem sido

aplicada como emoliente e umectante em pastas de dente, cremes de pele,

loções pós-barba, desodorantes, batons e maquiagens.

A glicerina tem sido empregada no processamento de tabaco a fim de

tornar as fibras do fumo mais resistentes e evitar quebras. É empregada na

composição dos filtros de cigarros e como veiculo de aromas.

Nas indústrias têxteis ela é usada para amaciar e aumentar a

flexibilidade das fibras têxteis. A glicerina pode ser usada como umectante para

conservar bebidas e alimentos tais com refrigerantes, balas, bolos, pastas de

queijo e carne, ração animal seca, etc.

Pode ainda ser empregada como lubrificante de máquinas

processadoras de alimentos, fabricação de tintas e resinas, fabricação de

dinamite, etc.

Para ser utilizada na produção de cosméticos a glicerina precisa ser bi-

destilada, processo este que gera um custo maior para a empresa.

Porém mesmo com as aplicações acima citadas, o mercado ainda não

consegue absorver tudo o que é gerado. Buscam-se novas aplicações de

grandes volumes para glicerina no mundo, e isto provavelmente se dará nos

intermediários para plásticos.

Segundo Marcos de Oliveira no Brasil, a mais recente novidade é o uso

da glicerina que sobra, como subproduto, da elaboração do biodiesel para

produzir o propeno, resina obtida até aqui de derivados de petróleo e utilizada

38

para fazer polipropileno (PP). Esse plástico é amplamente utilizado em

automóveis, eletrodomésticos, seringas descartáveis, fraldas, embalagens para

alimentos e produtos de limpeza.

Paralelamente, estão sendo realizados vários estudos, afim de buscar

outras alternativas para aproveitar a glicerina. Existem pesquisas que visam

aproveitar a glicerina como fungicida e herbicida. (REVISTA BIODIESEL, 15

set. 2008). Estudos para utilizá-la como aditivo na gasolina ou no diesel.

Estudos para utilizá-la em gás metano; como fonte de energia para a própria

produção de biodiesel; na alimentação animal. Caso as pesquisas atinjam seu

objetivo, a glicerina deixará de ser uma preocupação para os produtores de

biodiesel que atualmente estocam o produto em tanques próprios ou de

terceiros pagando alugueis. Vale ressaltar que essas possíveis alternativas

estão em estudo e que não são soluções de curto prazo.

Também frizamos que a geração de glicerina não depende do produtor

querer ou não sua geração, a mesma é um co-produto do biodiesel. Quanto

maiores foram os volumes de biodiesel maiores serão também os volumes de

glicerina.

Para cada 1 litro de biodiesel gerado, 300 mililitros são obtidos de

glicerina. (NEWSCOMEX, 2008.)

2.5 O caminho percorrido até a transformação em combustível

Os procedimentos relativos á preparação da matéria-prima para a sua

conversão em biodiesel visa criar as melhores condições para a efetivação da

reação de transesterificação, com a máxima taxa de conversão. Em principio é

necessário que a matéria-prima tenha o mínimo de umidade e de acidez. Isso é

possível submetendo a um processo de neutralização, através de uma lavagem

com uma solução alcalina de hidróxido de sódio ou de potássio, seguida de

uma operação de secagem ou desumidificação. As especificidades do

tratamento depende da natureza e condições da matéria graxa empregada

com matéria-prima.

A reação de transesterificação é a etapa da conversão, propriamente

39

dita, do óleo ou gordura, em ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos,

que constitui o biodiesel.

Óleo ou gordura + metanol ésteres metílicos + glicerol

ou

Óleo ou gordura + etanol ésteres etílicos + glicerol

Fonte: Revista Biodiesel Figura 14: Equação química simplificada para demonstrar a reação

de transesterificação.

A primeira equação química mostra que quando se utiliza o metanol

( álcool metílico ) como agente de transesterificação, obtém - se, portanto,

como produto, os ésteres metílicos que constituem o biodiesel e o glicerol

(glicerina).

A segunda equação envolve o uso de etanol ( álcool etílico), como

agente de transesterificação, resultando como produto o biodiesel ora

representado por ésteres e o glicerol.

Sob o ponto de vista objetivo, as reações químicas são equivalentes,

uma vez que os ésteres metílicos e os ésteres etílicos possuem propriedades

equivalentes como combustível, sendo ambos, considerados biodiesel.

As duas reações na presença de um catalisador, o qual pode ser

empregado o Hidróxido de Sódio (NaOH) ou Hidróxido de Potássio (KOH),

usados em pequenas proporções. A diferença entre eles, com respeito aos

resultados na reação, é muito pequena. No Brasil o hidróxido de sódio é muito

mais barato do que o hidróxido de potássio. Pesando as vantagens e

desvantagens é muito difícil decidir, genericamente, o catalisador mais

recomendado, e dessa forma, por prudência, essa questão deverá ser remetida

para o caso a caso.

No Brasil, a rota etílica, tem sido a preferência em virtude da oferta

desse álcool, de forma disseminada em todo o território nacional. Assim, os

custos diferenciais de fretes, para o abastecimento de etanol versus o

abastecimento de metanol, em certas situações, possam influenciar a decisão.

Sob o ponto de vista ecológico o uso do etanol leva vantagens sob o

metanol, quando este álcool é obtido a partir de derivados do petróleo, no

entanto é importante lembrar que o metanol pode ser produzido a partir da

40

biomassa ou da petroquímica oriunda de reações químicas, quando essa

suposta vantagem ecológica pode desaparecer. Em todo o mundo o biodiesel

tem sido obtido via metanol.

Na separação das fases, após a reação de transesterificação que

converte a matéria graxa em ésteres (biodiesel), a massa reacional final é

constituída de fases, separáveis por decantação ou por centrifugação.

A fase mais pesada é composta de glicerina bruta impregnada dos

excessos utilizados de álcool, de água e de impureza inerentes a matéria-prima

A fase menos densa é constituída de uma mistura de ésteres metílicos

ou etílicos, conforme a natureza do álcool originalmente adotado também

impregnado de excessos reacionais de álcool e de impurezas.

Na recuperação do álcool da glicerina, a fase pesada, contendo água e

álcool, é submetida a um processo de evaporação, eliminando-se da glicerina

bruta esses constituintes voláteis, cujos vapores são liquefeitos num

condensador apropriado.

Na recuperação do álcool dos ésteres, da mesma forma, mas

separadamente, o álcool residual é recuperado da fase mais leve, liberando

para as etapas seguintes os ésteres metílicos ou etílicos.

Na desidratação do álcool os excessos residuais, após o processo de

recuperação, contêm quantidades significativas de água, necessitando de uma

separação. A desidratação do álcool é feita normalmente por destilação.

No caso da desidratação do metanol, a destilação é muito simples e fácil

de ser conduzida, uma vez que a volatilidade relativa dos constituintes dessa

mistura é muito grande e ademais, inexistente o fenômeno da azeotropia -

mistura de duas ou mais substâncias que, a uma certa composição, possui um

ponto de ebulição constante e fixo, como se fosse uma substância pura - para

dificultar a completa separação. (REVISTA BIODIESEL, 2008)

Diferentemente, a desidratação do etanol, complica-se em razão da

azeotropia, associada a volatilidade relativa não tão acentuada como é o caso

da separação da mistura metanol – água.

Durante a purificação dos ésteres os mesmos deverão ser lavados por

centrifugação e desumidificados posteriormente, resultando finalmente o

biodiesel, o qual deverá ter suas características enquadradas nas

especificações das normas técnicas estabelecidas para o biodiesel como

41

combustível para uso em motores do clico diesel.

Durante a destilação da glicerina, toda a glicerina bruta, emergente do

processo, mesmo com suas impurezas, constitui um sub-produto vendável. No

entanto, o mercado é muito mais remunerador a comercialização da glicerina

purificada, quando o seu valor é realçado.

A purificação da glicerina bruta é feita por destilação a vácuo, resultando

um produto límpido e transparente, denominado comercialmente de glicerina

destilada.

2.6 Crédito de carbono

De acordo com a Biobras, a preocupação com o meio ambiente levou os

países da Organização das Nações Unidas a assinarem um acordo que

estipulasse um controle sobre as intervenções humanas no clima. Assim o

mercado de créditos de carbono nasceu em dezembro de 1997 com a

assinatura do Protocolo de Kyoto.

O protocolo determina que os países desenvolvidos reduzam suas

emissões de gases de efeito estufa em 5,2%, em média, relativas ao ano de

1990, entre 2008 e 2012.

Para isso, existem alternativas para auxiliá-los ao cumprimento de suas

metas, chamadas de mecanismos de flexibilização, também conhecido com

período de compromisso. Para não comprometer as economias desses países,

o protocolo estabeleceu que, caso seja impossível atingir as metas

estabelecidas por meio da redução das emissões dos gases, os países

poderão comprar créditos de outras nações que possuam projetos de

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

O MDL nasceu de uma proposta brasileira á Convenção Quadro das

Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC). Trata-se do comércio de

créditos de carbono baseado em projetos que visam reduzir os impactos ao

meio ambiente.

O MDL é um instrumento de flexibilização que permite a participação no

mercado dos países em desenvolvimento, ou nações sem compromissos de

42

redução, como o Brasil. Os países que não conseguirem atingir suas metas

terão liberdade para investir em projetos MDL de países em desenvolvimento.

Através deles, países desenvolvidos comprariam créditos de carbono em

tonelada de CO2 equivalente, de países em desenvolvimento responsáveis por

tais projetos.

Os projetos que possuem o objetivo de melhorar a eficiência energética,

biomassa, etc, são esperados resultados em um período de 7 a 21 anos sendo

que o compromisso do Protocolo de Kyoto tem seu primeiro período previsto

para 2008 – 2012. Como existe um alto grau de incertezas quanto as

negociações para o segundo período, optou-se por fazer uma estimativa

visando o primeiro período para o que seria o potencial de participação anual

do Brasil e do agronegócio neste mercado, conforme o quadro 1.

Fonte: Embrapa / MAPA – Biobras. Quadro 1: Estimativa do potencial de participação anual do agronegócio brasileiro no mercado de crédito de carbono para o primeiro período de compromisso do Protocolo de Kyoto.

2.7 Protocolo de Kyoto e sua relação com o biodiesel

O protocolo de Kyoto é resultado de vários eventos iniciados com a

Toronto Conference on the Changing Atmosphere (CCA), no Canadá (outubro

de 1988), seguida pelo First Assessment Report em Sundsvall (IPCC’s), Suécia

(agosto de 1990) e que culminou com a CQNUMC na ECO-02 no Rio de

Janeiro em junho de 1992.

O objetivo do protocolo é um tratado internacional com compromissos

43

mais rígidos para a redução da emissão dos gases que provocam o efeito

estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigações cientificas,

como causa do aquecimento global.

Discutido a negociação em Kyoto no Japão em 1997, foi aberto para

assinaturas em 16 de março de 1998 e ratificado em 15 de março de 1999.

O protocolo de Kyoto entrou oficialmente em vigor no dia 16 de fevereiro

de 2005 tendo sido comemorado em todo o mundo. Em virtude da ratificação

por parte da Rússia, em novembro de 2004, passou a contar com 55 % das

nações desenvolvidas, e mesmo sem o apoio de alguns países, como os EUA

– que se recusou a assinar o tratado e, sozinhos são responsáveis por 25 % da

poluição mundial – o protocolo passou a ter valor legal.

Foram 141 países que se comprometeram a reduzir a liberação de

gases que causam o efeito estufa em pelo menos 5,2% até 2012, percentual

estabelecido com base na emissão de 1990. Aqueles que não atingirem a meta

da redução prevista serão penalizados.

Em contrapartida criou-se o Mercado de Créditos de Carbono visando

estimular a implementação de meios que proporcionem o controle das

condições ambientais, o qual já vem realizando algumas operações.

A principal vantagem do protocolo consiste no financiamento de

empreendimentos que contribuam para reduzir a emissão de gases causadores

do efeito estufa tais como o gás carbônico e o enxofre, dentre outros.

Assim, os empreendimentos são financiados sem condições especiais,

como estímulo a sua contribuição para a melhoria de condições ambientais do

Planeta.

2.8 Protocolo de Kyoto X biodiesel

A utilização do biodiesel como combustível apresenta várias vantagens

na diminuição das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), pois contribui

com a redução qualitativa e quantitativa dos níveis de poluição ambiental, ao

substituir o óleo diesel.

Por ser obtido de um processo sustentável utilizando matérias-primas

44

vegetais renováveis tem efeito positivo sobre o ciclo do carbono, possibilitando

a quantificação dos “créditos ambientais”, que é a diferença entre o CO2 que

gera combustão do biodiesel e o que se fixa na plantação da matéria-prima, se

essa for espécie perene.

Essa relação sempre será maior que um combustível fóssil que, pela sua

própria natureza, só gera gases de combustão sem ter no seu processo de

fabricação a fase de fixação de carbono.

Se o protocolo for implementado com sucesso, estima-se que deva

reduzir a temperatura global entre 1,4ºC e 5,8ºC até 2100, entretanto, isto

depende muito das negociações pós período 2008/2012, pois há comunidades

cientificas que afirmam categoricamente que a meta de redução de 5,2% em

relação aos níveis de 1990 é insuficiente para a redução do impacto no

aquecimento global.

2.9 Nasce uma potência

No começo de 2008 tivemos o inicio do Programa Nacional de Produção

e uso de Biodiesel (PNPB). O PNPB é um programa interministerial do

Governo Federal que objetiva a implementação de forma sustentável, tanto

técnica, como economicamente, a produção e uso do Biodiesel, com enfoque

na inclusão social e no desenvolvimento regional, via geração de emprego e

renda.

A Lei número 11.097, de 13 de janeiro de 2005, estabelece a

obrigatoriedade da adição de um percentual mínimo de biodiesel ao óleo diesel

comercializado ao consumidor, em qualquer parte do território nacional. Esse

percentual obrigatório será de 5% oito anos após a publicação da referida lei,

havendo um percentual obrigatório intermediário de 3 % três anos após a

publicação da mesma.

Mesmo com os problemas enfrentados em 2004 o país chegou à

produção de 2,5 de litros de biodiesel, alcançando o potencial esperado para o

ano de 2013.

O desenvolvimento industrial demonstra mobilização no setor privado, já

45

o governo anda com a dificuldade em se adaptar a esse acentuado

crescimento da capacidade, prova disso são os leilões de biodiesel.

Mesmo sem incentivos fiscais do governo federal, o uso do sebo bovino

desponta como uma das opções mais interessantes para a produção de

biodiesel competitivo em grande escala no Brasil. (BIODIESELBR, 2007/2008).

Por falta de atenção merecida o sebo bovino tem sido o “patinho feio” na

história do biodiesel no Brasil. Foi classificado no segundo lugar pelo governo

federal no PNPB. Porém o que o governo não percebeu ainda é que o sebo

bovino deverá tornar-se a figura principal na produção do combustível no

Brasil.

Os motivos do programa governamental são muitos, o primeiro e mais

importante é a falta de incentivo fiscal, quem produz biodiesel a partir de óleo

vegetal pode receber benefícios importantes se atender os requisitos do

governo. Porém quem produz biodiesel a partir do sebo bovino não pode contar

com essas facilidades, além de ter que pagar normalmente o programa de

integração social (PIS) / contribuição para financiamento da seguridade social

(COFINS).

Decorrente do pagamento desses dois impostos o litro de

biocombustível acaba ficando R$0,22 mais caro que os demais, o que torna a

produção não vantajosa para o produtor resultando em desvantagem

comercial.

Mesmo com esse descaso, os especialistas acreditam que o sebo

bovino terá o seu mercado ao sol no mercado de biodiesel, além de ter grandes

chances de tornar-se elemento-chave na produção de combustível renovável

de origem biológica.

Quem sabe agora se entenda que os insumos de origem animal podem

ser a salvação do biodiesel no Brasil. (BIODIESELBR, 2007/2008). Com o óleo

de soja a R$2,00 e considerando R$0,50 relativo aos custos de fabricação o

preço final fica em torno de R$2,50 por litro de biodiesel produzido a partir de

oleaginosas. Com o mercado das oleaginosas em alta isso tende a aumentar o

custo de biodiesel produzido a partir dessa matéria-prima. Com isso a busca

por sebo bovino tende a aumentar, uma vez que os custos do sebo de origem

bovina e de outras matérias graxas animais são 40% mais baratos que os

derivados de produtos vegetais.

46

O impulso que os pecuaristas precisavam veio com o crescimento da

procura pelo sebo para a produção de combustíveis, a partir daí tiveram a

chance de somar ao preço final dos negócios algo que muitas vezes chegava a

ser considerado um mero rejeito.

Em meados de 2006 o sebo vinha sendo comercializado a valores em

torno de R$550,00/Ton. Muitas vezes eram utilizados como energia em queima

como substituição de outros óleos. No final do mesmo ano, as cotações

dobraram e os preços permaneceram em alta até hoje. Mesmo com a elevação

do custo, a diferença de valores ainda é significativa em favor da gordura

animal.

De acordo com César Abreu, historicamente o sebo tem um preço

menor que os óleos vegetais. (REVISTA BIODIESEL, 2007/2008).

O sebo é realmente mais barato e mesmo exigindo um tratamento

diferenciado durante o recebimento, tratamento e manuseio ainda continua

sendo mais vantajoso em relação ao material de origem vegetal.

Para uma planta que se prepara para trabalhar somente com óleos

vegetais, certamente terá problemas ao utilizar o sebo, pois é uma gordura

sólida em temperatura ambiente diferente da maioria dos óleos vegetais.

Entre as grandes vantagens dos insumos animais é que a matéria-prima

já está disponível para uso. O Brasil é o país com maior rebanho bovino

comercial do planeta e o segundo maior produtor de carne bovina. A indústria

pecuária abate por trimestre 7,6 milhões de cabeças de gado no país. A cada

animal abatido pode-se retirar em média de 15 a 17 quilos de sebo. (IBGE,

2007).

Até hoje o sebo era considerado um subproduto do boi, que servia

principalmente para a indústria alimentícia e para a indústria de cosméticos. O

setor saboeiro consome cerca de 500 mil toneladas de gordura por ano, desse

total aproximadamente 450 mil toneladas por ano são de sebo bovino. O

surgimento da indústria do biodiesel como concorrente na compra dessa

matéria-prima preocupa o segmento.

A Brasbiodiesel é uma das indústrias no país que atualmente

utiliza principalmente o sebo na produção de biodiesel. O insumo vem

ganhando adeptos e parece cada vez mais fortalecido no mercado nacional.

Em pesquisa realizada pelo grupo BIODIESELBR verificamos que das

47

119 usinas comerciarias instaladas ou em implementação no Brasil 42

informaram que pretendem utilizar sebo no mix de matérias-primas na

intenção de somar forças com a utilização de gorduras vegetais.

O caso do Bertin que investiu 42 milhões de reais para ter uma indústria

capaz de gerar 100 mil toneladas de biodiesel por ano é bastante específico. A

empresa já trabalhava com matéria - prima bovina para outros gêneros de

produção.

Com a chegada dos projetos de biodiesel, o investimento necessário foi

consideravelmente reduzido.

O processo utilizado para produzir biodiesel a partir da gordura animal é

basicamente o mesmo dos óleos vegetais: a transesterificação. Trata-se da

reação da gordura com um álcool, impulsionada pela presença de um agente

catalisador.

Na Brasbiodiesel o álcool utilizado é o metanol. Como resultado, obtém-

se o biodiesel e a glicerina que pode ser aproveitada nos segmentos

farmacêuticos, cosméticos e químicos.

A maior e melhor parte da gordura animal ficam para a indústria

farmacêutica, com isso, resta para a produção de biodiesel o material de

segunda linha com mais impurezas.

O que garante a competitividade e a lucratividade do biodiesel produzido

pela Brasbiodiesel, é o fato de que a empresa utiliza o sebo como principal

matéria-prima, com isso os custos de produção são bem menores. Ao contrário

do que se pensa, a Brasbiodiesel não utiliza em sua produção, o sebo gerado

no Grupo Bertin, a mesma compra o sebo de fornecedores externos, pois todo

o sebo demandado pelo Grupo são destinados a outros mercados já definidos

antes da construção da fábrica de biodiesel.

O preço do sebo hoje está em torno de R$1,76 kg, quando a fábrica de

biodiesel começou sua produção em 2007 o preço do kilo do sebo estava em

torno de R$0,80 durante a construção da planta o preço do sebo chegou a

R$0,38 o kilo. (Brasbiodiesel, 2008)

48

CAPITULO III

OS IMPACTOS DO BIODIESEL NO AMBIENTE, MEIO SOCIAL E

AGRICULTURA

3 Meio Ambiente

Estudos indicam os males do efeito estufa e o uso de combustíveis de

origem fóssil tem sido apontado como o principal responsável por isso.

Melhorar as condições ambientais, sobretudo nos grandes centros

metropolitanos, significa também melhorar a qualidade de vida da população e

evitar gastos dos governos e dos cidadãos no combate aos males da poluição.

A comunidade Européia, os Estados Unidos e diversos outros países

vêm estimulando a substituição do petróleo por combustíveis de fontes

renováveis, incluindo principalmente o biodiesel, diante de sua expressiva

capacidade de redução da emissão de poluentes e de diversos gases

causadores do efeito estufa.

A atenção ao meio ambiente é uma das formas mais eficazes de projetar

o nome de um país no cenário internacional, diante da visibilidade e da

importância crescente do tema ambiental. Além disso, a produção de biodiesel

possibilita pleitear financiamentos internacionais em condições favorecidas, no

mercado de créditos de carbono, sob o MDL, previsto no Protocolo de kyoto.

3.1 Inclusão social

Além das vantagens econômicas e ambientais, há o aspecto social,

de fundamental importância, sobretudo em se considerando a possibilidade

de conciliar sinergicamente todas essas potencialidades. De fato, o cultivo de

matérias-primas e a produção industrial de biodiesel, ou seja, a cadeia

49

produtiva do biodiesel, tem grande potencial de geração de empregos,

promovendo, dessa forma, a inclusão social, especialmente quando se

considera o amplo potencial produtivo da agricultura familiar.

No semi-árido brasileiro e na região Norte, a inclusão social é ainda

maior, o que pode ser alcançado com a produção de biodiesel de mamona e de

palma.

Para se ter uma visão geral sobre a criação de novos postos de trabalho,

é suficiente registrar que a adição de 3% de biodiesel ao diesel mineral poderá

proporcionar o emprego de mais de 200 mil famílias. Para estimular ainda mais

esse processo, o Governo lançou também o selo Combustível Social, um

conjunto de medidas específicas visando estimular a inclusão social da

agricultura nessa importante cadeia produtiva que teve início com o B2 em

janeiro de 2008 e agora com o B3 em julho de 2008, depois crescerá

gradativamente.

3.2 Agricultura familiar

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e o

Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO)

apresentaram dados que revelam que aproximadamente 85% do total de

propriedades rurais do pais pertencem a grupos familiares. São 13,8 milhões

de pessoas que têm na atividade agrícola praticamente sua única alternativa de

vida, em cerca de 4,1 milhões de estabelecimentos familiares, o que

corresponde a 77% da população ocupada na agricultura. (TOSCANO, 2003.)

Propagado em todo o mundo pelo governo brasileiro como exemplo de

sucesso, o Programa Nacional do Biodiesel vai injetar pelo menos R$ 369

milhões na agricultura familiar até 2007. Esses recursos vão beneficiar 205.471

agricultores familiares que têm contratos de venda da matéria-prima para as

usinas produtoras de biodiesel. (Biodieselbr.com., 2006.)

Ao mesmo tempo em que colocará dinheiro nas mãos calejadas de

quem planta mamona no semi-árido, o programa do novo combustível também

permitirá a redução da importação de óleo diesel em cerca de R$ 320 milhões

50

no mesmo período. Ou seja, recursos que iriam para megaempresas

estrangeiras de petróleo ficarão no Brasil, parte deles com os pobres do

campo.

O biodiesel será uma porta de saída do Bolsa-Família ao aumentar a renda de quem atualmente está abaixo da linha da pobreza. O biodiesel tem um potencial muito grande no meio rural. (ANANIAS. P. BIODIESELBR, set. 2006)

O grande mercado energético brasileiro e mundial poderá dar

sustentação a um imenso programa de geração de emprego e renda a partir da

produção do biodiesel. A produção de oleaginosas em lavouras familiares faz

com que o biodiesel seja uma alternativa importante para a erradicação da

miséria no país.

3.3 Matérias-primas para biodiesel

As matérias-primas que podem ser utilizadas na produção de

biodiesel são provenientes de derivados de óleos vegetais, gordura animal e

gorduras residuais. Óleos vegetais e gorduras residuais são basicamente

compostos de triglicerídeos, ésteres de glicerol e ácidos graxos. Os termos

monoglicerídeo e diglicerídeo referem-se ao número de ácidos que cada um

possui. No óleo de soja, o ácido predominante é o ácido oléico, no óleo de

babaçu é o ácido laurídico e no sebo bovino, o ácido esteárico.

3.4 Algumas matérias-primas derivadas de óleo vegetal

O Brasil apresenta condições inigualáveis para o plantio de oleaginosas

com propósito de produzir biodiesel, com profundas repercussões sociais,

ambientais e econômicas.

Conforme opina Rui Pedro Ribeiro:

51

Temos uma enorme vantagem competitiva gerada por uma elevada extensão territorial com aptidão agrícola, clima favorável e capacidade produtiva – somos hoje um dos maiores produtores mundiais de alguns grãos usados como matéria-prima. (RIBEIRO, R. P. BIODIESELBR, dez. 2007 / jan. 2008. p. 16)

Segundo José Ribeiro, entre as culturas, duas são destaques, a da

mamona (Ricinus comunis) e o dendê (Elaesis guineensis) as quais foram

escolhidas para o programa de selo verde.

Qualquer óleo vegetal pode ser usado, desta forma podemos citar ainda

o amendoim (Arachis hypogaea L.), o babaçu (Orbignya martiana), o algodão

(Gossypium herbaceum), o pequi (Caryocar brasiliense), o buriti (Mauritia

vinifera), a macaúba (Acrocomia sclerocarpa), mais recentemente o Pinhão

manso (jatropha curcas) entre outras.

a) mamona: a cultura da mamona se adapta muito bem ao clima semi-

árido. O óleo de mamona tem aproximadamente 90% de ácido rícino oléico.

Para uso como biodiesel destaca-se pelo índice de lubricidade, elevada

estabilidade térmica, maior teor de oxigênio que os demais, índice de

insaturação moderado e a não utilização na indústria alimentícia.

b) dendê: o óleo de dendê ou palma também pode ser usado para

outras finalidades: cosméticos, sabão, sabonetes, velas, produtos domissanitá-

rios, farmacêuticos, lubrificantes, dentre muitas outras. O biodiesel desse óleo

esta sendo feito no Brasil dos ácidos graxos livres obtidos na extração e refino.

c) pinhão manso: pode ser considerado uma das mais promissoras

oleaginosas para substituir o diesel de petróleo, pois as amêndoas podem

gerar de 50 a 52% de óleo depois de extraído com solventes e 32 a 35% em

caso de extração por expressão. Seu óleo é empregado na fabricação de

sabão e tinta. Além disso, a torta que resta é um fertilizante rico em nitrogênio,

potássio, fósforo e matéria orgânica, porém, pela substância tóxica presente

não pode ser utilizada para alimentação animal. A casca dos pinhões pode ser

usada como carvão vegetal e matéria-prima na fabricação de papel.

d) girassol: é indicado para produção de biodiesel pela excelente

qualidade do óleo extraído de sua semente. É considerado um cultivo rústico

que se adapta facilmente às condições climáticas pouco favoráveis, além disso,

é uma cultura econômica e que não requer manejo especializado, sendo

52

preferencialmente recomendado para as regiões Sudeste e Sul do Brasil.

e) nabo forrageiro: é uma planta da família das Crucíferas, muito

utilizada para adubação verde no inverno, rotação de culturas e alimentação

animal;

f) algodão: a quantidade de óleo extraído da semente do algodão é em

torno de 12-15% e é considerada baixa em relação a outras oleaginosas. Por

outro lado, para os produtores de algodão ela pode representar economia uma

vez que o biodiesel produzido seja para consumo na fazenda. O óleo bruto

pode apresentar acidez elevada, além da presença do gossipol o que dificulta a

obtenção do biodiesel, porém é considerado a mais importante das fibras

têxteis, naturais ou artificiais, é também a planta de aproveitamento mais

completo e que oferece os mais variados produtos de utilidade;

g) soja: liderou a implantação de uma nova civilização no Brasil central,

levando o progresso e o desenvolvimento para a região despovoada e

desvalorizada, fazendo brotar cidades no cerrado;

h) babaçu: o óleo de babaçu produz um biodiesel de excelente

qualidade devido a sua composição de ácidos graxos saturados. Com elevado

índice de cetano, baixa viscosidade, densidade semelhante ao diesel e ponto

de fulgor superior a 100. Destaca-se entre as palmeiras encontradas em

território brasileiro pela peculiaridade, graça e beleza da estrutura que lhe é

característica, chegando a atingir entre 10 a 20 metros de altura;

i) palma: possui um cultivo perene pois só começa a produzir frutos a

partir de 3 anos, depois de semeada, tem uma vida econômica entre 20 a 30

anos;

j) tungue: é nativo da Ásia, onde é cultivado predominantemente

na China. Tung significa na língua chinesa coração, nome inspirado no formato

das folhas dessa planta; e

l) amendoim: é uma planta originária da América do Sul com provável

centro de origem na região de Gran Chaco, incluindo os vales do Rio Paraná e

Paraguai. A difusão do amendoim iniciou-se pelos indígenas para as diversas

regiões da América Latina, América Central e México. A importância econômica

do amendoim está relacionada ao fato das sementes possuírem sabor

agradável e serem ricas em óleo (aproximadamente 50%) e proteína (22% a

30%).

53

3.5 Algumas matérias-primas derivadas de gordura animal

Entre as matérias-primas derivadas de gorduras animais, destacam-se:

a) sebo bovino: é uma gordura de origem animal extraída do gado

bovino;

b) óleo de peixe: é um óleo de origem animal extraído de peixes

marinhos que habitam águas profundas e frias;

c) óleo de mocotó: também conhecido como óleo de tutano que é um

óleo também de origem bovina, porém é extraído da tíbia – canela - do boi; e

d) banha de porco: é uma gordura de origem animal extraída de porcos.

Esses são alguns exemplos dos principais tipos de gordura animal com

grande potencial para a produção de biodiesel.

3.6 Algumas matérias-primas derivadas de gorduras residuais

As gorduras residuais resultantes de processamentos

doméstico, comercial e industrial também podem ser utilizados como

matéria-prima para produção de biodiesel.

As gorduras residuais representam um grande potencial de oferta. Um

Levantamento primário da oferta de gorduras residuais de frituras, suscetíveis

de serem coletados, revela um potencial de oferta no país superior a 30 mil

toneladas por ano.

Algumas possíveis fontes de gorduras residuais são:

a) as lanchonetes;

b) as cozinhas industriais;

c) indústrias onde ocorre a fritura de produtos alimentícios;

d) os esgotos municipais onde a nata sobrenadante é rica em matéria

graxa; e

e) águas residuais provenientes de processos de indústrias

alimentícias.

54

3.7 Sebo bovino: destaque entre as matérias-primas

Com uma grande oferta disponível no país, o sebo bovino torna-se uma

das matérias-primas mais cotadas para a produção do biodiesel atualmente. O

sebo é a matéria-prima mais barata dentre as disponíveis atualmente para a

produção de biodiesel no Brasil. Enquanto a mamona, custa R$ 3.000,00 por

tonelada, o preço do sebo bovino é da ordem de R$1.790,00 por tonelada no

mercado, de acordo com dados da empresa Aboissa Óleos Vegetais.

O sebo bovino é um resíduo gorduroso constituído por triglicerídeos que

tem na sua composição principalmente os ácidos palmítico (30%), esteárico

(20-25%) e oléico (45%).

Os óleos e gorduras de animais possuem estruturas químicas

semelhantes as dos óleos vegetais. Sendo moléculas triglicerídicas de ácidos

graxos. As diferenças estão nos tipos e distribuições dos ácidos graxos

combinados com a glicerina.

O biodiesel de sebo bovino possui um número maior de cetano do que o

diesel mineral e do que o biodiesel de soja, (65 X 43 e 65 X 55)

respectivamente. Quanto maior este índice melhor a qualidade de queima do

combustível.

Outro fator positivo é com relação ao tempo de armazenamento, que

pode ser medido através da estabilidade a oxidação a 110°C. Quanto maior a

estabilidade oxidativa maior o tempo em que ele poderá ficar armazenado sem

perder suas características. Sua estabilidade oxidativa é superior a 15 horas

enquanto que o biodiesel de soja possui estabilidade oxidativa entre sete e oito

horas.

55

CAPÍTULO IV

A UTILIZAÇÃO DO SEBO COMO PRINCIPAL MATÉRIA-P RIMA NA

PRODUÇÃO DO BIODIESEL PELA BRASBIODIESEL

4 INTRODUÇÃO

Diante dos riscos que o nosso planeta corre, com as consequências do

efeito estufa, cada vez mais, buscamos alternativas que substituam todo e

qualquer material que agrida o meio ambiente , por materiais que eliminem ou

pelo menos reduzam esses impactos.

O biodiesel é uma alternativa promissora, que além de nos ajudar nessa

batalha a favor do planeta, também irá beneficiar milhares de famílias por meio

da agricultura familiar.

O biodiesel proveniente do sebo bovino é uma opção que garante a

lucratividade para a Brasbiodiesel. Uma vez que a matéria-prima é a que

oferece o melhor custo benefício, pois além do preço ser menor do que as

demais matérias-primas, também gera um biodiesel de melhor qualidade para

seus usuários.

É claro que cada matéria-prima tem sua particularidade e dependendo

da região ou país, uma pode ser mais viável do que a outra. De um modo geral,

o mais importante é que, além do meio ambiente ser o maior beneficiado com

os benefícios do biodiesel, o país continue aprimorando seu desenvolvimento e

milhares de empregos continuem sendo gerados.

Diante disso, foi realizada uma pesquisa na empresa Brasbiodiesel

Ltda., Lins/SP, no período de fevereiro a outubro de 2008, com o objetivo de

demonstrar a utilização do sebo bovino na produção de biodiesel como

garantia de lucratividade e qualidade superior do produto final.

As técnicas utilizadas para realização da pesquisa são as seguintes:

a) Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A);

b) Roteiro de Observação Sistêmica (Apêndice B);

56

c) Roteiro do Histórico (Apêndice C);

d) Roteiro de entrevista para o Gerente (Apêndice D);

e) Roteiro de entrevista para o Supervisor (Apêndice E); e

f) Roteiro de entrevista para o Funcionário (Apêndice F).

4.1 Estrutura da planta

A planta da Brasbiodiesel foi projetada para atender uma demanda de

100 mil toneladas de biodiesel por ano, através do processo continuo com a

tecnologia DeSmetBallestra projetada pela Dedini – Indústrias de base - para a

transesterificação de gordura animal e óleos vegetais empregando-se a rota

metílica.

As principais características dessa tecnologia são a flexibilidade em

operar com diferentes matérias-primas (qualquer óleo vegetal exceto mamona),

recuperação do metanol, purificação do subproduto (glicerina), alto

aproveitamento energético e baixa geração de efluentes.

A planta possui três tanques com capacidade para 250 toneladas a

serem utilizados diariamente na produção e sete tanques com capacidade para

500 toneladas a serem utilizados como estoque de biodiesel.

Um dos sete tanques são isolados termicamente, para que mantenham

a temperatura do produto entre 40°C e 55°C afim de não solidificar o produto

em caso de queda de temperatura na cidade ou tempo maior de estocagem.

A empresa possui um laboratório com equipamentos de última geração

que realiza as análises na matéria-prima e durante todo o processo produtivo

do biodiesel.

Atualmente a Brasbiodiesel conta com 45 colaboradores divididos em

três turnos e mantêm a planta rodando 24 horas por dia.

A planta foi projetada para produzir 12,5 toneladas de biodiesel por hora

e hoje trabalha com 100% dessa capacidade.

4.2 Missão da Brasbiodiesel

57

A Brasbiodiesel tem como missão, assegurar que o biodiesel produzido

na usina atenda os padrões especificados pela resolução 7 da Agência

Nacional de Petróleo (ANP) ou outra que a substitua, e os demais produtos

atendam as normas vigentes brasileiras.

4.3 Política da qualidade da Brasbiodiesel

A divisão Brasbiodiesel do Grupo Bertin considera a qualidade como

fator de sucesso, visando: atendimento das expectativas de seus clientes,

desenvolvimento de seus colaboradores, incorporação de novas tecnologias,

melhoria contínua e retorno compatível ao capital investido de forma

sustentável.

4.4 Principais responsabilidades

A empresa considera como principais responsabilidades, supervisionar e

acompanhar todas as atividades das áreas produtivas da unidade de biodiesel;

elaborar relatórios gerenciais de acompanhamento da produção; registrar em

planilhas apropriadas os resultados das análises; controlar o consumo de

matérias-primas e insumos utilizados na produção, o desempenho e perdas no

processo e os estoques de matéria-prima, insumos e produto acabado; treinar

a equipe e controlar a frequência e o desempenho dos mesmos.

4.5 Principais objetivos

Os principais objetivos da Brasbiodiesel são, garantir que o produto final

atenda as especificações vigentes; otimizar o processo produtivo visando a

redução de reagentes, custos e perdas de desempenho no processo afim de

58

otimizar as reações químicas e melhorias no processo.

4.6 Estrutura gerencial

Hoje a equipe da Brasbiodiesel conta com aproximadamente 50

integrantes, divididos nos seguintes setores:

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008. Figura 15: Organograma da Brasbiodiesel.

4.7 Processo produtivo

59

O processo produtivo do biodiesel na Brasbiodiesel é obtido através da

reação de transesterificação.

A transesterificação é conhecida também por alcoólise – reação de uma

gordura ou óleo com um álcool para formar ésteres e glicerol. (FANGRUI &

MILFORD, 1999).

Tudo começa com a entrada do sebo na unidade. Na preparação da

matéria-prima para sua transformação em biodiesel visa-se obter condições

favoráveis para a reação de transesterificação, para assim alcançar a maior

taxa de conversão possível.

A Brasbiodiesel exige de seus fornecedores que a matéria-prima esteja

nas condições ideais para a fabricação de biodiesel, a empresa realiza testes

de umidade e acidez na matéria-prima comprada, onde a umidade padrão,

pode chegar no máximo em 0,2% e a acidez em 5%, porém quando a mesma

não atinge os padrões de acidez e umidade exigidos, a empresa entra em

contato com o fornecedor e propõe uma redução no valor da compra, uma vez

que os custos de produção com esta matéria-prima fora de padrão, serão

maiores, pois a mesma terá que passar pelo processo de deacidificação e

redução do percentual de acidez.

Caso o fornecedor não aceite reduzir o valor a empresa rejeita a

matéria-prima, que é devolvida para o mesmo. As análises e o procedimento

são os mesmos para qualquer matéria-prima que a empresa venha a adquirir.

No quadro abaixo vemos as especificações do sebo.

Característica Unidade Limite Sebo Bruto Limite Sebo Neutro

Ácido graxo livre % 3,0 máx. 0,05 máx.

Umidade % 0,1 máx. 0,01 máx.

Impurezas % 0,1 máx. 0,01 máx.

Fósforo PPM 20 máx. 20 máx.

Insaponificáveis % 1 máx. 0,01 máx.

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008. Quadro 2: Especificações do sebo.

Para reduzir a acidez da matéria-prima faz-se a lavagem da mesma com

solução alcalina de hidróxido de sódio ou de potássio. Esse processo é

60

denominado saponificação parcial, onde ocorre a saponificação dos ácidos

graxos livres presentes no sebo formando uma borra, que posteriormente é

separada.

A matéria-prima passa por uma lavagem com salmora. Esse processo é

realizado dentro de misturadores. A neutralização pode ser realizada com

solução e a desumidificação é feita através do processo de secagem. Esses

processos variam de acordo com as características de cada produto.

Após esta parte de inspeção a matéria-prima passa por um processo de

desumidificação, é neste processo que podemos constatar os problemas na

qualidade do produto, na sequência é decodificado gerando assim o sebo

neutro. Nesta etapa são gerados os co-produtos, o ácido graxo e sebo neutro.

O ácido graxo é comercializado para outros mercados.

O sebo neutro é bombeado juntamente com um álcool chamado de

metanol e um catalisador chamado metilato, daí seguem para três reatores em

série onde é realizada a conversão do produto.

Em seguida, o produto passa por um decantador para que seja realizada

a separação da glicerina e o excesso de álcool recuperado. Após a separação

da glicerina a mesma é purificada e estocada. O excesso de álcool recuperado

passa por um processo de desidratação e retorna para o processo.

Nesta etapa o produto ainda não é chamado de biodiesel e sim de

metiléster ou éster metílico. Em seguida é lavado, centrifugado, passa por um

processo de secagem e segue para os tanques de estocagem. Aqui sim temos

o biodiesel pronto.

A transesterificação é uma reação reversível e ocorre essencialmente

pela mistura dos reagentes. A presença de um catalisador (um ácido ou uma

base forte) acelera a conversão (MEHER et al. 2006). Assim, seu rendimento

depende do deslocamento do equilíbrio em favor dos ésteres.

Através da otimização de parâmetros como a temperatura, a agitação, a

concentração de catalisador em relação ao óleo e, principalmente, a razão

molar álcool/óleo pode-se obter maiores rendimentos (NETO et al., 1995)

A figura 3 representa o processo de transesterificação, que

independente da matéria-prima que a empresa queira utilizar na produção de

biodiesel o processo de transesterificação será o mesmo, o diferencial estará

nas características do produto final.

61

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008 Figura 16: Fluxograma do processo de produção de biodiesel.

Todo o processo de transesterificação normalmente é sequência de três

etapas consecutivas que são reações reversíveis. Na primeira etapa, dos

diglicerídeos originados dos triglicerídeos são obtidos os monoglicerídeos na

segunda etapa que, por sua vez, na última etapa, dos monoglicerídeos origina-

se a glicerina. Em todas as reações são produzidos ésteres. A relação

estequimétrica entre o álcool e o óleo é de 3:1. Entretanto, um excesso do

álcool é geralmente utilizado para favorecer o produto desejado. (MARCHETTI,

2005)

Quando o sebo é utilizado na produção conseguimos obter co-produtos

além do biodiesel, durante e após o processo de transesterificação.

62

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008 Figura 17: Co-Produtos da fabricação do biodiesel de sebo.

4.8 Matérias-primas utilizadas

Apesar de ter sido projetada para operar com diferentes tipos de

matérias-primas (exceto mamona), a Brasbiodiesel utilizou somente o óleo de

peixe, a soja, gorduras residuais e o sebo bovino.

Atualmente, a empresa está utilizando óleo de soja e sebo bovino, de

acordo com o mix necessário para atender a temperatura solicitada pelo cliente

no contrato, e uma pequena quantidade de gorduras residuais provenientes do

hotel Bertin Resort.

A utilização do óleo de soja na produção juntamente com o sebo bovino

faz-se necessário para reduzir o Ponto de Entupimento de Filtro a Frio (CFPP)

com o objetivo de diminuir o risco de solidificação do produto final.

A Brasbiodiesel faz a mistura durante a preparação da matéria-prima. O

cliente informa no contrato á temperatura que deseja receber o biodiesel e a

empresa elabora o mix a ser utilizado. Um dos mixes mais utilizados é

composto de 50% de sebo e 50% de óleo de soja que resultam um CFPP de

aproximadamente 7°C.

O processo produtivo não sofre alterações com a utilização do óleo de

soja.

63

4.9 Análises realizadas

O biodiesel constitui na atualidade uma das mais importantes

alternativas para os combustíveis derivados do petróleo. Em função dessa

importância e da futura regulamentação para sua utilização no país, o

estabelecimento de padrões de qualidade para o biodiesel é uma das maiores

preocupações do governo brasileiro.

Afim de atender a todos os padrões de qualidade exigidos pela ANP, -

Resolução n°7 de 20 março de 2008 - algumas análise s precisam ser

realizadas no produto durante a produção e antes do embarque do mesmo. As

principais serão comentadas a seguir:

a) ponto de fulgor, é a menor temperatura na qual o biodiesel, ao ser

aquecido pela aplicação de uma chama sob condições controladas, gera uma

quantidade de vapores que se inflamam. Tal parâmetro, relacionado a

inflamabilidade do produto, é um indicativo dos procedimentos de segurança a

serem tomados durante o uso, transporte, armazenamento e manuseio do

biodiesel. Normalmente o biodiesel apresenta ponto de fulgor superior ao

diesel. O limite mínimo aceitável é de 100°C.

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008

Figura 18: Equipamento utilizado para determinar o ponto de fulgor.

b) água e sedimentos, a determinação do teor de água e sedimentos em

amostras de biodiesel visa controlar a presença de contaminantes sólidos e

água. Os sólidos podem reduzir a vida útil dos filtros dos veículos e prejudicar o

funcionamento adequado dos motores. A presença de água em excesso pode

contribuir para a elevação da acidez do biocombustível, podendo torná-lo

64

corrosivo. Após a centrifugação, os teores de água e sedimentos são lidos na

escala do tubo de vidro. O limite é de 500 mg/kg. Mesmo não fazendo mais

parte da Resolução da ANP a análise é feita no laboratório da Brasbiodiesel.

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008

Figura 19: Tubo de centrífuga com biodiesel e fração de sedimentos.

c) viscosidade cinemática a 40°C, expressa a resi stência oferecida pelo

biodiesel ao escoamento. Seu controle visa garantir um funcionamento

adequado dos sistemas de injeção e bombas de combustível, além de

preservar as características de lubricidade do biodiesel. A determinação

experimental da viscosidade cinemática é efetuada pela medição do tempo de

escoamento de um volume de biodiesel, fluindo sob gravidade, através de um

viscosímetro capilar de vidro calibrado, na temperatura de interesse, nesse

caso aproximadamente 40°C. O limite é de 3mm a 6mm / segundo, constante.

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008

Figura 20: Viscosímetro capilar e banho termostático utilizados no ensaio da viscosidade.

d) corrosividade ao cobre, trata-se da avaliação do caráter corrosivo do

biodiesel, ou seja, o ensaio indica o grau de corrosão do produto em relação ás

peças metálicas confeccionadas (ou não) em ligas de cobre que se encontram

presentes no motor e sistemas de injeção de combustível dos veículos. No

teste uma lâmina de cobre é imersa em uma amostra de biodiesel a 50°C por 3

65

horas, período após o qual a lâmina é retirada, lavada e sua coloração

comparada com lâminas-padrão da American Society for Testing and Materials

(ASTM). Desta forma define-se o grau de corrosividade do biodiesel. Alguns

pesquisadores defendem a retirada deste ensaio das especificações para o

B100 nacional, uma vez que a corrosividade ao cobre é causada pela presença

de enxofre no produto e não se encontra enxofre no biodiesel.

e) cinzas sulfatadas, expressam os resíduos inorgânicos, não

combustíveis, resultantes após a queima de uma amostra do biodiesel. As

cinzas são basicamente constituídas de sais inorgânicos (óxidos metálicos de

sódio ou potássio no caso do biodiesel) que são formados após a combustão

do produto e se apresentam como abrasivos. A presença de sódio e potássio

no biodiesel indica resíduos do catalisador utilizado durante a reação de

transesterificação e que não foram removidos na sua totalidade no processo de

purificação do biodiesel. Teores de cinzas acima das especificações pela ANP

provocam saturação de filtros e desgaste em diversas partes do motor. O limite

é de no máximo 0,2% da massa.

f) contaminação total, oriunda da matéria - prima de sabões formados

durante o processo e insaponificáveis como cera, hidrocarbonetos,

carotenóides, vitaminas e colesterol (origem animal e óleos residuais). Os

insaponificáveis apresentam ponto de ebulição mais elevado criam resíduos

em motores e os sabões com seus cátions produzem cinzas sulfáticas

resultando em abrasão.

g) metais, provenientes dos catalisadores empregados no processo de

produção de biodiesel na forma de KOH, NaOH e /ou Metilato de Sódio

(CH3ONa). Estes metais na forma de íons provocam formação de sabões

insolúveis que implicam em formação de depósito, bem como catalisam

reações de polimerização. O limite máximo é de 10mg/kg. Atualmente esta

análise não é feita no laboratório da Brasbiodiesel, porém o equipamento já

encontra-se em fase de instalação.

h) enxofre, oriundo da matéria-prima. Afeta o desempenho do sistema

de controle de emissões do veículo. O limite máximo é de 50mg/kg.

i) teor de éster, depende da quantidade de insaponificações

na matéria-prima e no processo (tempo, temperatura, água, ácidos graxos

livres e álcool). Maior presença de mono-, di- e triglicerídeos aumentam a

66

viscosidade de biodiesel, reduzindo o efeito spray na injeção, dificultando a

combustão e carbonizando os cilindros. O limite mínimo é de 96,5% da massa.

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008

Figura 21: Equipamento utilizado para a análise do teor de éster.

j) resíduo de carbono, corresponde a quantidade de glicerídeos , água

livre, sabões, sobras de catalisador e insaponificáveis. Indica a tendência de

um combustível formar depósito de carbono em motores. Estes resíduos se

depositam nos injetores e em outras partes do motor, reduzindo sua vida útil. O

limite é de no máximo 0,05% da massa.

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008

Figura 22: Equipamento utilizado para a análise do resíduo de carbono.

l) fósforo, oriundo principalmente da matéria-prima e eventualmente de

resíduos do ácido fosfórico utilizado na neutralização. Pode danificar os

conversores catalíticos empregados em sistemas de controle de emissão

veicular. Atualmente esta análise não é feita no laboratório da Brasbiodiesel,

67

porém o equipamento já encontra-se em fase de instalação. O limite máximo é

de 10mg/kg.

m) número de cetano, mede a qualidade de ignição do combustível,

depende da matéria-prima utilizada bem como do teor de oxigenados

presentes no biodiesel. Baixo número de cetano indica um biocombustível mais

pobre, podendo formar depósito e desgaste nos pistões. Esta análise é feita a

cada 3 meses e não é realizada no laboratório da empresa.

n) massa específica, depende da matéria-prima utilizada. O excesso de

álcool diminui a massa específica. É um parâmetro importante para o sistema

de injeção dos veículos. O limite é de 850 kg/ m³ a 900 kg/ m³.

o) índice de acidez, mede a presença de ácidos graxos livres e outros

ácidos e está relacionado á qualidade do processo. Os novos sistemas de

injeção que trabalham com temperaturas mais elevadas, podendo ocorrer

degradação mais rápida do biodiesel, aumentando o nível de acidez e

acarretamento problemas nos filtros. Também influencia o aumento da acidez

do óleo lubrificante, podendo aumentar ou acelerar a corrosão do motor. O

limite máximo é de 0,5 miligramas de KOH/grama. A figura 10 mostra uma

funcionária medindo a presença de ácidos no biodiesel.

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008

Figura 23: Dosímetro para volumetria usado na realização da análise.

p) ponto de entupimento de filtro a frio, temperatura na qual a formação

de ceras e cristais podem interromper o fluxo do combustível por entupimento

do filtro. Indica o limite operacional com a temperatura. Pode sofrer alterações

por influência do transporte, temperatura e armazenagem do combustível.

68

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008 Figura 24: Equipamento utilizado na análise do ponto de entupimento de filtro a frio.

q) glicerina livre, subproduto do processo de transesterificação cujo teor

depende da separação dos ésteres / glicerina. Acarreta depósitos no injetor,

entupimento do filtro, formação de sedimento na armazenagem a no tanque de

combustível. O limite máximo é de 0,02% da massa.

r) glicerina total, soma de glicerina livre e mono-, di- e triglicerídeos.

Depende do processo. Formação de coque no injetor, entupimento do filtro,

formação de sedimento. O limite máximo é de 0,25% da massa.

s) mono-, di- e triglicerídeos, oriundos do processo, são produtos

intermediários do processo que não terminaram de reagir. Provocam depósitos

nos injetores e nos anéis do cilindro. Os monoglicerídeos apresentam alto

ponto de fusão e baixa solubilidade o que implica em cristalização.

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008 Figura 25: Colaboradora realizando a análise.

t) triglicerídeos, produtos que não foram transesterificados. Aumentam a

viscosidade do biodiesel. Provocam depósitos nos cilindros e nas válvulas.

69

u) álcool, metanol ou etanol, utilizado em excesso no processo, pode

influenciar o ponto de fulgor, corrosão em peças de alumínio e zinco. Reduz

número de cetano e lubricidade do biodiesel. O limite máximo é de 0,5% da

massa.

v) índice de iodo, Indica o grau quantitativo de insaturação do biodiesel.

Relacionado á viscosidade e ao numero de cetano do biodiesel.

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008

Figura 26: Equipamento utilizado para realização das análises de umidade, teor de acidez e índice de iodo.

x) estabilidade á oxidação, determina a estabilidade do biodiesel na

armazenagem e distribuição. Pode implicar em degradação do biodiesel e da

mistura, entretanto pode ser evitado com aditivação.

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008

Figura 27: Equipamento utilizado para realização da análise sobre a estabilidade oxidativa do biodiesel.

Na tabela a seguir temos as especificação do biodiesel, portaria ANP.

70

Tabela 1: Especificações do biodiesel

CARACTERÍSTICA

UNIDADE LIMITE ABNT NBR

Aspecto - LII (1) -

Massa específica a 20º C kg/m3 850-900 7148

14065

Viscosidade Cinemática a 40ºC mm2/s 3,0-6,0 10441

Teor de Água, máx. (2) mg/kg 500 -

Contaminação Total, máx. mg/kg 24 -

Ponto de fulgor, mín. (3) ºC 100,0 14598

Teor de ester, mín % massa 96,5 15342 (4)

(5)

Resíduo de carbono (6) % massa 0,050 -

Cinzas sulfatadas, máx. % massa 0,020 6294

Enxofre total, máx. mg/kg 50 -

-

Sódio + Potássio, máx. mg/kg 5

15554

15555

15553

15556

Cálcio + Magnésio, máx. mg/kg 5 15553

15556

Fósforo, máx. mg/kg 10 15553

Corrosividade ao cobre, 3h a 50 ºC, máx. - 1 14359

Número de Cetano (7) - Anotar -

Ponto de entupimento de filtro a frio, máx. ºC 19 (9) 14747

Índice de acidez, máx. mg KOH/g 0,50 14448

-

Glicerina livre, máx. % massa 0,02

15341 (5)

-

-

Glicerina total, máx. % massa 0,25 15344 (5)

-

Mono, di, triacilglicerol (7) % massa Anotar 15342 (5)

15344 (5)

Metanol ou Etanol, máx. % massa 0,20 15343

Índice de Iodo (7) g/100g Anotar -

Estabilidade à oxidação a 110ºC, mín.(2) h 6 -

Fonte: Resolução da ANP n° 7 de 19 de março de 2008 .

Para garantir o total controle sobre o processo produtivo é

71

necessário realizar vários tipos de análises na matéria-prima antes de

encaminhá-la para o processo, as principais são:

a) teor de umidade, o aumento da umidade pode provocar reações

indesejadas produzindo ácidos graxos livres e aumentar a formação de sabões.

b) metanol, o excesso de metanol aumenta o custo final do produto,

diminui o ponto de fulgor e dificulta a separação da glicerina.

c) sabões, a alta concentração de sabões gera umidade e/ou acidez na

matéria-prima e dosagem elevada de catalisador.

d) alcalinidade, a alta alcalinidade gera um custo elevado no processo e

produz biodiesel com alto teor de cinzas sulfatadas, além de aumentar a

concentração de Na (Sódio) no biodiesel final.

e) conversão, a alta concentração de mono-, di e triglicerídeos ocasiona

em falha no processo de conversão do sebo em biodiesel.

f) acidez, a alta acidez ocasiona a presença de ácidos graxos livres e

reduz o poder de conversão.

De acordo com artigo 3° da resolução ANP N° 7, de 19.3.98 – DOU

20.3.2008 o biodiesel só poderá ser comercializado pelos produtores,

importadores e exportadores de biodiesel, distribuidores e refinarias

autorizadas pela ANP. Os produtores e importadores deverão manter sob sua

guarda pelo prazo mínimo de dois meses uma amostra testemunha de 1 litro

referente à batelada do produto comercializado, acompanhada de Certificado

de Qualidade (CQ).

O produto somente pode ser liberado para a comercialização após sua

certificação com a emissão do respectivo CQ.

Hoje a Brasbiodiesel, não realiza em seu laboratório as análises

necessárias para emitir o CQ, por isso a empresa envia diariamente, via aérea,

amostras das bateladas produzidas para o laboratório de análises chamado

Analítica, sediado na cidade de Anunciação em Cuiabá, onde após a realização

das análises o laboratório emite o Certificado e envia para a empresa.

Por não ter equipamentos apropriados para a realização destas análises

a empresa paga um alto valor com o envio dessas amostras para Cuiabá e

enquanto os resultados não saem a carreta não pode ser liberada do pátio da

Brasbiodiesel, pois o motorista precisa do Certificado para circular com a

carreta. Para isso não gerar uma má imagem da empresa perante o seu cliente

72

e perante as distribuidoras de combustíveis, uma vez que a intenção é vender

o biodiesel diretamente para essas distribuidoras a partir de 2009, a

Brasbiodiesel está investindo na compra dos equipamentos necessários para a

realização de tais análises em seu próprio laboratório.

4.10 Principal cliente

Atualmente a empresa Brasbiodiesel possui apenas um cliente; as

empresas Petrobrás.

Durante todo o ano de 2008 tudo o que foi produzido de biodiesel pela

Brasbiodiesel foi vendido para a Petrobrás, através de vendas por leilões.

Para o ano de 2009, a empresa poderá vender diretamente para as

distribuidoras de combustíveis – Shell; BR; Esso; Áster; Ipiranga; entre outras –

onde o mercado de vendas do produto será aberto.

4.11 Formas de venda

Atualmente a empresa trabalha com mercado fechado, ou seja, suas

vendas são feitas a partir de leilões.

Os leilões são realizados pela Internet ou presenciais, onde a empresa

oferta seu produto, até que a Petrobrás concretize a compra.

Desde o lançamento do programa de biodiesel foram realizados nove

leilões de biodiesel pela ANP e dois leilões pela Petrobrás. A ANP realiza os

leilões com o objetivo de garantir a mistura obrigatória de biodiesel prevista na

lei (B2 até junho de 2008 e B3 a partir de julho).

Já os leilões da Petrobrás (conhecidos como L100) são destinados a

formação de estoques, para que eventuais problemas de fornecimento das

usinas sejam compensados com a oferta adicional.

No 9º leilão da ANP, realizado dia 11 de Abril de 2008, onde foram

vendidos 264 milhões de litros de biodiesel no total, a Brasbiodiesel participou

73

com a venda de 14.000 m³.

No quadro abaixo podemos ver a participação de cada um dos

participantes do leilão.

USINA VOLUME EM m³ VALOR DO m³

Barralcool 300 2.699,98

Ouroverde 300 2.670,00

Renobrás 1.200,00 2.644,71

Biotins 1.600,00 2.487,50

Biopar 2.000,00 2.698,00

BSBios 2.000,00 2.729,00

Caramuru 3.000,00 2.654,45

Granol (Anápolis - GO) 4.420,00 2.666,71

Oleplan 5.000,00 2.737,92

Granol (Cachoeira do Sul - RS) 7.280,00 2.664,51

Biocapital 7.950,00 2.743,09

Bertin 14.000,00 2.659,33

ADM 16.950,00 2.698,00

Fonte: Redação Orplase - 11-04-2008. Quadro 3: Participantes do 9° leilão da ANP.

No primeiro leilão realizado pela Petrobrás, com a intenção de formar estoques, a Brasbiodiesel também marcou presença, conforme o quadro abaixo.

USINA VOLUME EM m³ VALOR TOTAL Biocapital 3.500 9.148.930 Biopar PR (*) 5.000 13.035.100 Biopar MT (*) 750 1.958.750 Biotins (*) 1.200 3.136.448 Bio Óleo (*) 150 387.400 Bracol (Bertin) 4.500 11.767.500 Brasil Ecodiesel 6.000 15.676.620 Brasil Ecodiesel 500 1.306.385 BSBios 7.200 18.799.000 Caramuru 5.500 14.388.200 Comanche 5.000 13.065.000 Fiagril 5.000 13.040.300 Granol GO 3.700 9.679.710 Granol RS 2.800 7.325.099 Oleoplan 9.000 23.417.760 Petrobrás BA 1.000 2.615.000 Petrobrás CE 4.000 10.415.000 Renobrás (Biobrás) (*) 1.200 3.077.800

Fonte: AGEN11 Agrenco ECOD3 Ecodiesel – Carteira de investimento. Quadro 4: Participantes do 1° leilão da Petrobrás.

74

4.12 Responsabilidade social e ambiental

Com o intuito de continuar preservando o meio ambiente e fortalecer sua

responsabilidade social perante a comunidade a Brasbiodiesel fechou as

negociações com a prefeitura de Lins, para que seja criado um sistema de

captação de óleo residual doméstico.

O projeto tem como objetivo, estimular a população de Lins e região a

separarem o óleo de cozinha já usado e vendê-lo para os responsáveis pela

captação deste óleo, no intuito de reduzirmos a contaminação da água, e

reduzirmos as dificuldades no tratamento dos esgotos e efluentes decorrente

desse óleo que seria descartado no ralo da pia, uma vez que um litro de óleo é

capaz de contaminar um milhão de litros de água.

Posteriormente este óleo que foi captado será repassado a

Brasbiodiesel que utilizará como matéria -prima na produção do biodiesel.

A Brasbiodiesel tem capacidade para absorver todo o óleo residual

doméstico gerado por Lins, Rotary e região.

O projeto entra em vigor ainda em 2008.

4.13 Projeto B2 e B20

O Grupo Bertin, iniciou em outubro de 2007 um projeto de utilização de

Biodiesel em 6 caminhões de sua frota.

O projeto tem por objetivo avaliar desempenho e durabilidade de ésteres

metílicos de gordura animal em 6 caminhões VW 19.320E pertencentes a frota

do Grupo, onde 3 caminhões foram preparados para rodar com o B20 e 3

caminhões “sombras” para rodar com o B2.

O projeto terá a durabilidade de 1 ano, onde seu término será em

outubro de 2008. Os caminhões precisam acumular no mínimo 100.000km

rodados.

A figura a seguir mostra como estão identificados os caminhões que

estão sendo utilizados como teste.

75

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008 Figura 28: Caminhões utilizados no projeto B20.

Durante a preparação do combustível foram analisados:

a) A conformidade do biodiesel B100 de acordo com a Portaria ANP n°

42/04;

b) A conformidade do diesel B2 de acordo com a Portaria ANP n° 15/06;

c) As propriedades físico-químicas da mistura B20;

d) A homogeneidade da mistura B20 (infravermelho); e

e) Acompanhamento da qualidade da mistura B20 durante o período de

armazenagem no tanque (amostra do topo, meio, fundo, dreno e pistola).

Durante a preparação do veiculo foram substituídos:

a) Os motores originais por novos protocolados;

b) Os filtros de combustível por novos controlados; e

c) O sistema de alimentação de combustível por novo.

Durante o projeto dos veículos testados foram acompanhados:

a) O consumo de combustível;

b) As análises de óleo lubrificantes em intervalos pré determinados;

c) As análises dos filtros de combustível; e

d) As análises dos filtros de óleo lubrificantes.

Todos os testes e elaboração do relatório com os resultados das

análises serão apresentados no final do projeto, porém é importante adiantar

que nenhum problema foi evidenciado durante a avaliação.

76

Fonte: Grupo Bertin, Brasbiodiesel, 2008 Figura 29: Caminhões utilizados no projeto B20 sendo

abastecidos com biodiesel.

4.14 Fatores negativos na utilização do sebo como matéria-prima

Algumas dificuldades podem ser encontradas na produção de biodiesel

a partir de sebo bovino em contrapartida obtém-se um produto de melhor custo

benefício e com qualidade superior.

O fato do sebo ser recebido na forma pastosa gera a necessidade de

aquecer a matéria-prima (M.P.) durante o bombeamento para ser processado.

A matéria - prima precisa ser aquecida em temperatura entre 50°C e 55°C para

se liquifazer, o que acaba gerando altos custos para a empresa em

comparação ao biodiesel de soja onde não é necessário esse aquecimento.

Sebo com alta acidez gera problemas de saponificação.

O biodiesel de sebo tem um CFPP – Ponto de entupimento de filtro a frio

em torno de +15°C e no inverno, ou exposto a baixas temperaturas, ele se

solidifica, gerando problemas de logística e bombeamento do produto.

Existem melhoradores de CFPP para o biodiesel produzido com as

demais matérias-primas, porém ainda não existe nenhum melhorador de CFPP

para biodiesel de sebo.

4.15 Sebo bovino: garantia de lucratividade

77

Mesmo não podendo contar com incentivos fiscais do governo federal,

ao utilizar o sebo bovino na produção de biodiesel, muitas empresas estão

optando por utilizar a matéria-prima para produzir o biodiesel.

Por falta de uma atenção maior e até mesmo merecida, o sebo está

sendo classificado em segundo plano pelo governo, o que o mesmo não está

percebendo é que o sebo vem se destacando e deve se tornar, muito em

breve, a melhor opção para os produtores.

Enquanto não é elaborado um melhorador de CFPP para o biodiesel de

sebo, pode-se utilizar percentuais de outros óleos vegetais no mix, na intenção

de obtermos a redução do CFPP. Procedimento este, adotado pela

Brasbiodiesel atualmente, que utiliza óleo de soja no mix de produção de

alguns lotes de biodiesel.

O Grupo Bertin acredita no custo beneficio desta opção, tanto que

atualmente utiliza o sebo como principal matéria-prima na produção do

biodiesel. Reunimos aqui as principais vantagens desta escolha e porque o

sebo bovino garante a lucratividade da Brasbiodiesel:

a) O sebo é em média 40% mais barato que as matérias-primas

derivadas de óleo vegetal;

b) O Brasil é o país que possui o maior rebanho comercial do planeta,

com isso a oferta de sebo é bem grande;

c) O índice de cetano do biodiesel de sebo é maior do que o biodiesel

proveniente das demais matérias-primas, inclusive do diesel mineral; e

d) A estabilidade oxidativa do biodiesel de sebo é superior em pelo menos

15 horas que os demais.

4.15 Parecer final

O biodiesel produzido a partir do sebo bovino pela Brasbiodiesel é sim

garantia de lucratividade para a empresa, visto que é a matéria-prima mais

barata dentre as demais no mercado. Mesmo com algumas particularidades

durante o processo produtivo e com o próprio biodiesel, a utilização do sebo é

compensada pelo baixo custo da matéria-prima e por elevar a qualidade do

78

produto final.

Mais uma vez afirmamos que o Grupo Bertin não é inovador e sim

seguidor de mercado. Pois visa à lucratividade de seus negócios e se adapta

as dificuldades encontradas durante os processos produtivos.

Para o caso do biodiesel, a Brasbiodiesel utiliza óleo de soja em seu

mix, na intenção de reduzir o CFPP do produto final, assim os riscos de o

biodiesel se solidificar durante o transporte e uso do cliente são reduzidos.

Mesmo sabendo que a empresa ainda possui algumas dificuldades em

relação à realização de 100% das análises em seu próprio laboratório e em

relação à falta de mercado para venda de toda a glicerina gerada em seu

processo, a Brasbiodiesel é um dos segmentos do Grupo Bertin que gera um

dos maiores faturamentos líquidos, mensalmente.

Porém não são dificuldades que a empresa enfrentará para

sempre. A Brasbiodiesel está apenas começando e já está investindo alto na

adequação de seu laboratório. Quanto a glicerina é apenas uma questão de

tempo, até que as pesquisas revelem o que pode ser feito com ela.

O Grupo Bertin possui uma estrutura gerencial forte o bastante para

continuar prosperando em seus negócios e conquistas. O futuro reserva uma

história para o biodiesel e é visando esse futuro que o grupo continuará

investindo no produto.

79

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Com base nas visitas realizadas a empresa e nos estudos desenvolvidos

pelos autores, chega-se a conclusão de que o biodiesel realmente é o

combustível do futuro, uma vez que pode ser produzido a partir de várias

matérias-primas. Inclusive a de maior custo benefício para a empresa

Brasbiodiesel é o sebo bovino, que além de custar menos que as demais

opções, ainda garante um biodiesel de qualidade superior.

Diante de todos os fatores observados durante o processo produtivo,

evidenciamos a dificuldade da empresa em vender 100% da glicerina gerada

no processo de transesterificação do biodiesel. O fato de o mercado não

conseguir absorver tudo o que é gerado de glicerina, leva os produtores a

manterem altos estoques do produto. Alguns estudos estão sendo realizado em

várias partes do mundo na intenção de encontrar uma solução para

reaproveitar a glicerina. Com isso, tudo o que é não é absorvido de glicerina

pelas indústrias farmacêuticas, alimentícias, cosméticas e síntese de resina,

poderia ser direcionado para outro tipo de mercado.

Alguns estudos já estão sendo realizados, visando o reaproveitamento

da glicerina como fertilizantes, na alimentação animal, como aditivo na gasolina

ou diesel e até mesmo como fonte de energia. Porém nenhuma solução será

apresentada em curto prazo.

Diante disso, propõe-se a empresa que se aprofunde nessas pesquisas

a fim de poder até mesmo ajudar na obtenção dos resultados . Após a

identificação da viabilidade de alguma pesquisa, sugere-se ao Grupo Bertin,

que dê segmento na estratégia de verticalização de seus processos e invista

no projeto de reaproveitamento da glicerina em mais uma atividade lucrativa

para a empresa, seja na área de fertilizantes, seja na área de ração animal ou

de geração de energia.

80

CONCLUSÃO

O biodiesel sem duvida é o grande acontecimento dos últimos anos. O

grupo Bertin pode desenvolver sua cadeia de verticalização de forma

extraordinária através deste produto que é destaque econômico e que sem

duvida é a grande promessa para a sustentabilidade do país.

Todas as etapas do estudo envolveram o processo produtivo do

biodiesel através da utilização do sebo bovino com principal matéria-prima e

transparecem o total comprometimento da empresa Brasbiodiesel em oferecer

para o mercado um produto de alta qualidade.

Com a visão de que o biodiesel tem grandes chances de ter o mesmo ou

até mais sucesso do que o álcool, expectativas de ser uma nova fonte de

geração de empregos, apresentar a grande vantagem de ser renovável, seguro

e limpo e ainda trazer vários benefícios para o meio ambiente, evidenciamos

que o biodiesel não é a descoberta do século, mas sim a do futuro.

E é com base nesta visão que a empresa está investindo nesse

segmento e aos poucos está se destacando como uma das maiores produtoras

de biocombustíveis do Brasil.

Assim sendo, a pesquisa constata que a alta tecnologia e o grande

investimento em capacitação de funcionários foram fundamentais para que a

empresa obtivesse um produto final com 100% de aceitação no mercado.

Admite-se que o desenvolvimento do trabalho nos trouxe riqueza de

informações, tivemos a oportunidade e a certeza de constatar a lucratividade

da empresa no ramo de biocombustível renovável e a contribuição para o

planeta, o qual agradece a descoberta e iniciativa por parte de todos.

81

REFERÊNCIAS

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82

MEHER, L. C.; VIDYA, S. D; NAIK, S. N.; Technical aspects of biodiesel production by transesterification – a review, Renewable & Sustainable Energy Reviews , v.10, p.248-268, 2006. NASCE uma potência investimentos estrangeiros aumentam e fazem o Brasil despontar no cenário mundial do biodiesel. Biodieselbr. Curitiba, dez 2007 / jan 2008. NETO, B. B.; SCARMINIO, I. S.; BRUNUS, R. E.; Planejamento e Otimização de Experimentos . 1 ed. Campinas: Editora da Unicamp, v. 1. p. 300, 1995. O CAMINHO percorrido até a transformação em combustível. Biodieselbr. Curitiba, dez 2007 / jan 2008. Disponível em: <http://www.revistabiodiesel.com.br/por-dentro-do-biodiesel/html> Acesso em 14 set. 2008. OLIVEIRA; M. FAPESP. 14 jul. 2008. Disponível em: http://www.biodiesel.com.br/noticias/biodiesel/novo-uso-glicerina-desenvolve.htm. Acesso em 01 out. 2008. PARENTE, E. Biodiesel : uma aventura tecnológica num país engraçado. Fortaleza: Tecbio, 2003. PENIDO, H.R; Biodiesel: debates e propostas. UOL. Teresina, mar. 2005. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6702. Acesso em 02 nov. 2008.

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83

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84

APÊNDICES

85

APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso

1 INTRODUÇÃO

Apresentação de mais uma empresa do Grupo Bertin, a Bracol Holding

LTDA_Brasbiodiesel, de Lins. Caracterização da instituição, localização,

histórico, missão, objetivos e demais empresas do grupo na tentativa de total

verticalização de seus processos.

2 RELATO DO TRABALHO REFERENTE AO ASSUNTO ESTUDADO

a) Matérias-primas, demais insumos e métodos utilizados na empresa

durante o processo produtivo de biodiesel, bem como os sub-

produtos gerados paralelamente ao biocombustível.

b) Entrevistas com o gerente e com o supervisor da planta Brasbiodiesel,

com supervisores e funcionários responsáveis pela realização das

análises e com o supervisor responsável pela manutenção.

3 DISCUSSÃO

Confronto entre a teoria analisada através de revisão bibliográfica e a

pratica obtida a partir dos dados da pesquisa na Bracol Holding

LTDA_Brasbiodiesel em Lins – SP, com a finalidade de apontar a utilização do

sebo bovino como principal matéria-prima na produção de biodiesel como

garantia de lucratividade.

4 RESULTADOS E SUGESTÕES

Parecer final sobre a utilização do sebo bovino na produção de biodiesel

86

e sugestões sobre como aproveitar toda a glicerina gerada durante

o processo produtivo.

87

APÊNDICE B – Roteiro de Observação Sistêmica

I IDENTIFICAÇÃO

Empresa: ....................................................................................................

Localização: ...............................................................................................

Atividade Econômica: .................................................................................

II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

1 Demonstrar o processo produtivo do Biodiesel.

2 Descrever o leque diversificado de matérias-primas que podem ser

utilizadas.

3 Descrever as análises necessárias a serem realizadas no produto antes

da venda.

4 Descrever os padrões de qualidade.

5 Vantagens que o biodiesel oferece para o meio ambiente.

6 Vantagens que o sebo oferece na produção de biodiesel.

7 Sub-produtos gerados a partir da produção de biodiesel.

88

APÊNDICE C – Roteiro do Histórico

I IDENTIFICAÇÃO

Empresa: ....................................................................................................

Localização: ...............................................................................................

Atividade Econômica: ................................................................................

Data da Fundação: ....................................................................................

Gerente: .....................................................................................................

II ASPECTOS HISTÓRICOS DA EMPRESA

1 História do Grupo Bertin

2 Evolução das atividades econômicas e instalações

3 Tipos de produto e serviços

4 Verticalização dos processos

5 Abertura das filiais

6 Momento atual da empresa

89

PÊNDICE D – Roteiro de Entrevista para o Gerente da Brasbiodiesel

I IDENTIFICAÇÃO

Profissão:....................................................................................................

Escolaridade: .............................................................................................

Experiência Profissional: ............................................................................

Residência / Local: .....................................................................................

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1 Os funcionários sentem-se comprometidos no cumprimento das metas

estabelecidas?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

2 Qual a preocupação da empresa em relação ao meio ambiente?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

3 Quais as ferramentas utilizadas pela empresa na busca da qualidade do

Biodiesel?

..............................................................................................................................

..............................................................................................................................

4 A empresa prevê a utilização de outras matérias primas na produção do

biodiesel?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

5 A planta possui instalações adequadas para a produção de biodiesel a

90

partir de outras matérias primas?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

6 A empresa faz uso do biodiesel em seus próprios caminhões, diante

disso, quais os benefícios trazidos com essa implantação?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

7 Existe algum treinamento específico exigido pela empresa para que

alguém possa trabalhar na fabricação de biodiesel?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

8 Quais as ferramentas utilizadas para a segurança dos trabalhadores na

planta da fábrica do biodiesel?

..............................................................................................................................

..............................................................................................................................

9 O estoque que a empresa possui de produto acabado é suficiente para

atender a demanda ?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

91

APÊNDICE E – Roteiro de Entrevista para o Superviso r

I IDENTIFICAÇÃO

Profissão:....................................................................................................

Escolaridade:..............................................................................................

Experiência Profissional:.............................................................................

Residência / Local:......................................................................................

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1 Os funcionários sentem-se comprometidos no cumprimento das metas

estabelecidas?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

2 Quais as espectativas do colaborador em relação aos resultados e

objetivos da empresa?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

3 Quais as ferramentas utilizadas pela empresa na busca da qualidade do

Biodiesel?

..............................................................................................................................

...............................................................................................................................

4 A empresa prevê a utilização de outras matérias primas na produção do

biodiesel?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

92

5 A planta possui instalações adequadas para a produção de biodiesel a

partir de outras matérias primas?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

6 A empresa faz uso do biodiesel em seus próprios caminhões, diante

disso, quais os benefícios trazidos com essa implantação?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

5 Existe algum treinamento específico exigido pela empresa para que

alguém possa trabalhar na fabricação de biodiesel?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

8 Quais as ferramentas utilizadas para a segurança dos trabalhadores na

planta da fabrica do biodiesel?

..............................................................................................................................

...............................................................................................................................

9 O estoque que a empresa possui de produto acabado é suficiente para

atender a demanda ?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

93

APÊNDICE F – Roteiro de Entrevista para o Funcionár io

I IDENTIFICAÇÃO

Cargo:..........................................................................................................

Escolaridade:...............................................................................................

Experiência Profissional:............................................................................

Residência / Local:.......................................................................................

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1 Qual é a visão que você tem da empresa que trabalha?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

2 Qual a sua participação no processo de produção do biodiesel?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

3 Quais benefícios você acredita que a sua empresa trará para o meio

ambiente com a produção e utilização do biodiesel em seus caminhões?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

4 Como você vê a iniciativa da empresa em coletar óleo de fritura da

população e utilizar na produção de biodiesel?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

4 Você teve algum treinamento para entrar na empresa? Se sim, quais?

..............................................................................................................................

94

...............................................................................................................................

5 De uma nota de 1 a 10 para as instalações do prédio de biodiesel?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

6 Você considera a fábrica de biodiesel ecologicamente correta? Por quê?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

7 Há algum tipo de vantagem em trabalhar em uma empresa que fabrica um

produto novo no mercado?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

95

ANEXOS

96

ANEXO A – Programa PNPB

1. Principais diretrizes do Programa PNPB

Os principais objetivos são:

- Implantar um programa sustentável, promovendo inclusão social;

- Garantir preços competitivos, qualidade e suprimento;

- Produzir o biodiesel a partir de diferentes fontes oleaginosas e em regiões

diversas.

2. Histórico do Programa

Durante quase meio século, o Brasil desenvolveu pesquisas sobre biodiesel,

promoveu iniciativas para usos em testes e foi um dos pioneiros ao registrar a

primeira patente sobre o processo de produção de combustível, em 1980. No

Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio do Programa

Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), o Governo Federal

organizou a cadeia produtiva, definiu as linhas de financiamento, estruturou a

base tecnológica e editou o marco regulatório do novo combustível.

Em 02 de julho de 2003 a Presidência da República instituiu por meio de

Decreto um Grupo de Trabalho Interministerial encarregado de apresentar

estudos sobre a viabilidade de utilização de biodiesel como fonte alternativa de

energia. Como resultado foi elaborado um relatório que deu embasamento AP

Presidente da República para estabelecer o PNPB como ação estratégica e

prioritária para o Brasil.

A forma de implantação do PNPB foi estabelecida por meio do Decreto de 23

de dezembro de 2003. A estrutura gestora do Programa ficou definida com a

instituição da Comissão Executiva Interministerial, possuindo, como unidade

executiva, um Grupo Gestor.

Foi aprovado pela CEIB, em 31 de março de 2004, o plano de trabalho que

norteia as ações do PNPB. No decorrer de 2004 as ações desenvolvidas

permitiram cumprir uma etapa fundamental para o PNPB que culminou com

seu lançamento oficial pelo Presidente da Republica Luiz Inácio Lula da Silva,

em 06 de dezembro de 2004. Na oportunidade houve o lançamento do Marco

Regulatório que estabelece as condições legais para a introdução do biodiesel

97

na Matriz Energética Brasileira de combustíveis líquidos.

3. Estrutura Gerencial

Compete á Comissão Executiva Interministerial (CEIB) elaborar, implementar e

monitorar programa integrado, propor os atos normativos que se fizerem

necessários á implantação do programa, assim como analisar, avaliar e propor

outras recomendações e ações, diretrizes e políticas. Ao Grupo Gestor

compete a execução das ações relativas á gestão operacional e administrativa

voltadas para o cumprimento das estratégias e diretrizes estabelecidas pela

CEIB.

A Comissão Executiva Interministerial subordina-se á Casa Civil da Presidência

da Republica e é integrada por um representante dos seguintes órgãos:

- Casa Civil da Presidência da Republica, que a coordenará;

- Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência

da republica;

- Ministério da Fazenda;

- Ministério do Transporte;

- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;

- Ministério do Trabalho e Emprego;

- Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior;

- Ministério de Minas e Energia;

- Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;

- Ministério da Ciência e Tecnologia;

- Ministério do Desenvolvimento Agrário;

- Ministério da Integração Nacional;

- Ministério das Cidades;

- Ministério do Desenvolvimento Social;

O Grupo Gestor, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, é integrado

por um representante de cada órgão e entidade, como segue:

- Ministério das Minas e Energia;

- Casa Civil da Presidência da Republica;

- Ministério da Ciência e Tecnologia

- Ministério do Desenvolvimento Agrário;

98

- Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior;

- Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;

- Ministério da Fazenda;

- Ministério do Meio Ambiente;

- Ministério da Integração Nacional;

- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;

- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES;

- Agência Nacional do Petróleo – ANP

- Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras;

- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa;

- Ministério do Desenvolvimento Social.

4. Selo Combustível Social

Além das vantagens econômicas e ambientais, há o aspecto social, de

fundamental importância, sobretudo em se considerando a possibilidade de

conciliar sinergicamente todas essas potencialidades.

A área plantada necessária para atender ao percentual de mistura de 2% de

biodiesel ao diesel de petróleo é estimada em 1,5 milhões de hectares, o que

equivale a 1% dos 150 milhões de hectares plantados e disponíveis para

agricultura no Brasil. Este número não inclui as regiões ocupadas por

pastagens e florestas. As regras permitem a produção a partir de diferentes

oleaginosas e rotas tecnológicas, possibilitando a participação do agronegócio

e da agricultura familiar.

O cultivo de matérias-primas e a produção industrial de biodiesel, ou seja, a

cadeira produtiva do biodiesel tem grande potencial de geração de empregos,

promovendo, dessa forma, a inclusão social, especialmente quando se

considera o amplo potencial produtivo da agricultura familiar. No Semi-Árido

brasileiro e na região Norte, a inclusão social é ainda mais premente.

Para estimular ainda mais esse processo, o governo Federal lançou o Selo

combustível Social, um conjunto de medidas específicas visando estimular a

inclusão social da agricultura, nessa importante cadeia produtiva, conforme

Instrução Normativa no. 01, de 05 de julho de 2005. Em 30 de setembro de

2005, o MDA publicou a Instrução Normativa no. 02 para projetos de biodiesel

com perspectivas de consolidarem-se como empreendimentos aptos ao selo

99

combustível social. O enquadramento social de projetos ou empresas

produtoras de biodiesel permitem acesso a melhores condições de

financiamento junto ao BNDES e outras instituições financeiras, Além de dar

direito de concorrência em leiloes de compra de biodiesel. As indústrias

produtoras também terão direito a desoneração de alguns tributos, mas

deverão garantir a compra da matéria-prima, preços pré-estabelecidos,

oferecendo segurança aos agricultores familiares. Há, ainda, possibilidade dos

agricultores familiares participarem como sócios ou quotistas das indústrias

extratoras de óleo ou de produção de biodiesel, seja de forma direta, seja por

meio de associações ou cooperativas de produtores.

Os agricultores familiares também terão acesso a linhas de crédito do Pronaf,

por meio dos bancos que operam com esse Programa, assim como acesso á

assistência técnica, fornecida pelas próprias empresas detentoras do Selo

Combustível Social, com apoio do MDA por meio de parceiros públicos e

privados. Na safra 2005-2006 os agricultores familiares que desejarem

participar da cadeia produtiva do biodiesel têm a disposição uma linha de

crédito adicional do Pronaf para o cultivo de oleaginosas. Com isso, o produtor

terá uma possibilidade a mais de gerar renda, sem deixar a atividade principal

de plantio de alimentos. Essa nova linha vai viabilizar a safrinha. Os

agricultores manterão suas produções de milho e mandioca, por exemplo, e na

safrinha farão o plantio de oleaginosas. O limite e as condições do

financiamento seguem as mesmas regras do grupo do Pronaf em que o

agricultor estiver enquadrado.

5. Macro Regulatório

O marco regulatório que autoriza o uso comercial do biodiesel no Brasil

considera a diversidade de oleaginosas disponíveis no País, a garantia do

suprimento e da qualidade, a competitividade frente aos demais combustíveis e

uma política de inclusão social. As regras permitem a produção a partir de

diferentes oleaginosas e rotas tecnologias, possibilitando a participação do

agronegócio e da agricultura familiar.

Os atos legais que formam o marco regulatório estabelecem os percentuais de

mistura do biodiesel ao diesel de petróleo, a rampa de mistura, a forma de

utilização e o regime tributário. Os decretos regulamentam o regime tributário

100

com diferenciação por região de plantio, por oleaginosa e por categoria de

produção (agronegócio e agricultura familiar), criam o selo Combustível Social

e isentam a cobrança de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

A regulamentação feita pela ANP, responsável pela regulação e fiscalização do

novo produto, cria a figura do produtor de biodiesel, estabelece as

especificações dos combustíveis líquidos, incluindo agora o biodiesel.

A mistura do biodiesel ao diesel de petróleo será feita pelas distribuidoras de

combustíveis, assim como é feito na adição de álcool anidro a gasolina. As

refinarias também são autorizadas a fazer a mistura.

A regulamentação também permite usos específicos do biodiesel, com misturas

superiores á estabelecida pelo marco regulatório, desde que autorizadas pela

ANP. Essas experiências serão acompanhadas e vão gerar informações para

aumentar o percentual de adição do combustível ao diesel de petróleo. O novo

combustível também poderá ser utilizado na geração de energia elétrica em

comunidades isoladas, principalmente na região Norte, substituindo o óleo

diesel em usinas termelétricas.

A adição de 2% de biodiesel não exigirá alterações nos motores movidos a

diesel, assim como não exigiu nos países que já utilizam o produto. Os motores

que passarem a utilizar o combustível misturado ao diesel nesta proporção

terão a garantia de fábrica.

6. Regime tributário

As regras tributárias do biodiesel referentes ao PIS/PASEP e a COFINS

determinam que esses tributos sejam cobrados uma única vez e que

contribuinte é o produtor industrial de biodiesel. Ele poderá optar entre uma

alíquota percentual que incide sobre o preço do produto, ou pelo pagamento de

uma alíquota específica, que é um valor fixo por metro cúbico de biodiesel

comercializado, conforme dispõe a Lei no.11.116, de 18 de maio de 2005.

Essa Lei dispôs ainda que o Poder Executivo poderá estabelecer coeficientes

de redução para a alíquota especifica, que poderão ser diferenciadas em

função da matéria-prima utilizada na produção, da região de produção dessa

matéria-prima e do tipo de seu fornecedor (agricultura familiar ou agronegócio).

Ao regulamentar a Lei, o Decreto no. 5.297, de 6 de dezembro de 2004,

alterado pelo Decreto no. 5.457, de 6 de junho de 2005, estabeleceu um

101

percentual geral de redução de 67,63% em relação á alíquota definida na Lei.

Isso determina, portanto, que a alíquota máxima de PIS/PASEP e COFINS

incidentes sobre a receita bruta auferida pelo produtor ou importador, na venda

de biodiesel, fica reduzida para R$217,96 por metro cúbico, equivalente a

carga tributaria federal para o seu concorrente direto, o diesel de petróleo.

Estabeleceu também três níveis distintos de desoneração tributária para reduzir

a alíquota máxima de R$217,96 / m3, com a introdução de coeficientes de

redução diferenciados de acordo com os critérios dispostos na Lei:

- Para o biodiesel fabricado a partir de mamona ou a palma produzida nas

regiões Norte, Nordeste e no Semi-Árido pela agricultura familiar, a

desoneração de PIS/PASEP e COFINS é total, ou seja, a alíquota efetiva é

nula (100% de redução em relação á alíquota geral de R$217,96 / m3);

- Para o biodiesel fabricado a partir de qualquer matéria-prima que seja

produzida pela agricultura familiar, independentemente da região, a alíquota

efetiva é de R$70,02 / m3 (67,9% de redução em relação á alíquota geral);

- Para o biodiesel fabricado a partir de mamona ou a palma produzida nas

regiões Norte, nordeste e no Semi-Árido pelo agronegócio, a alíquota efetiva é

de R$151,50 / m3 (30,5% de redução em relação á alíquota geral);

7. BB Biodiesel – Programa BB de Apoio a Produção e Uso de Biodiesel

O programa visa apoiar a produção, a comercialização e o uso do biodiesel

como fonte de energia renovável e atividade geradora de emprego e renda.

A assistência ao setor produtivo será feita por meio da disponibilização de

linhas de financiamento de custeio, investimento e comercialização,

colaborando para a expansão do processamento de biodiesel no país, a partir

do incentivo á produção de matéria-prima, a instalação de plantas

agroindustriais e á comercialização.

O Programa beneficiará os diversos componentes da cadeia produtiva do

biodiesel de forma sistêmica:

a) Na produção agrícola, com linhas de crédito de custeio, investimento e

comercialização, disponíveis para financiamento ao produtor rural familiar e

empresarial;

b) Na industrialização: BNDES Biodiesel, Pronaf agroindústria, Prodecoop,

Credito Agroindustrial (aquisição de matéria-prima), além das linhas disponíveis

102

para o setor industrial.

O principal critério a ser considerado pelo Banco na concessão do crédito, além

das exigências específicas de cada linha, é a garantia de comercialização tanto

na produção agrícola quanto do biodiesel.

Inicialmente serão priorizadas as culturas do dendê, da mamona, da soja, do

algodão (caroço), do girassol e do nabo forrageiro, observando-se o

zoneamento agrícola e a aptidão regional.

8. Ganhos de Divisas e Potencial de Exportação

Hoje, 10% do diesel consumido no Brasil são importados. Este combustível,

utilizado principalmente no transporte de passageiros e de cargas, é o mais

utilizado no país, com comercialização anual da ordem de 38,2 bilhões de

litros, o que corresponde a 57,7% do consumo nacional de combustível

veiculares.

O biodiesel permite a economia de divisas com a importação de petróleo e óleo

diesel, trata-se de uma vantagem estratégica ao reduzir a dependência das

importações de petróleo. Esse combustível renovável terá impacto na balança

comercial brasileira por permitir a redução da importância do óleo diesel. O uso

comercial do B2 (mistura de 2% do biodiesel ao diesel) cria um mercado

potencial para a comercialização de 800 milhões de litros de biodiesel / ano, o

que representa uma economia anual da ordem de US$160 milhões na

importação de diesel.

O Brasil apresenta reais condições para se tornar um dos maiores produtores

de biodiesel do mundo por dispor de solo e clima adequados ao cultivo de

oleaginosas. Assim, além de assegurar o suprimento interno, o biodiesel

produzido no Brasil tem grande potencial de exportação.

Este combustível já é utilizado comercialmente nos Estados Unidos e em

países da união Européia. A Alemanha é responsável por mais da metade da

produção européia de combustíveis e já conta com centenas de postos que

vendem o biodiesel puro (B100), com plena garantia dos fabricantes de

veículos. O total produzido na Europa já ultrapassa 1 bilhão de litros por ano,

tendo crescido á taxa anual de 30% entre 1998 e 2002. A União Européia

definiu meta de que até 2005, 2% dos combustíveis consumidos devem ser

renováveis. Em 2010, de acordo com a diretiva 30 do Parlamento Europeu, de

103

maio de 2003, este percentual deve ser de 5,75%. Entretanto, o continente tem

restrições quanto à área de cultivo disponível para oleaginosas e a capacidade

industrial, o que abre oportunidades ao Brasil para exportar seu combustível.

A médio prazo, o biodiesel pode tornar-se importante fonte de divisas para o

País, somando-se ao álcool como combustível renovável que o Brasil pode e

deve oferecer á comunidade mundial.

9. Desenvolvimento Tecnológico

O Brasil desenvolve pesquisas sobre biodiesel há quase meio século e foi um

dos pioneiros ao registrar a primeira patente sobre o processo de produção de

combustível, em 1980. Pode-se dizer que o País já dispõe de conhecimento

tecnológico suficiente para iniciar e impulsionar a produção de biodiesel em

escala comercial, embora deva continuar avançando nas pesquisas e testes

sobre esse combustível, como alias se deve avançar em todas as áreas

tecnológicas, de forma a ampliar a competitividade do produto. Em resumo, é

só usar e aperfeiçoar o que já temos.

No âmbito do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel é

coordenado pelo MCT, o qual abrange a constituição da Rede Brasileira de

Tecnologia de Biodiesel, cujo escopo é a consolidação de um sistema gerencial

de articulação dos diversos atores envolvidos na pesquisa, no desenvolvimento

e na produção de biodiesel, permitindo assim a convergência de esforços e

otimização de investimentos públicos.

Outro objetivo relevante da rede é a identificação e eliminação de gargalos

tecnológicos que venham a surgir durante a evolução do Programa Nacional

em questão, o que será feito por meio de constante pesquisa e

desenvolvimento tecnológico realizados no âmbito de parcerias entre

instituições de P&D e o setor produtivo.

No decorrer de 2003 e 2004, foram elaborados projetos em parceria com 23

Estados, os quais firmaram entre si um Acordo de Cooperação. Este trabalho

permitiu o mapeamento da competência instalada no país, servindo como base

para a estruturação e implantação da Rede.

A execução dos projetos e demais atividades no âmbito da Rede contam R$12

milhões dos fundos Setoriais de C&T alocados em 2003 e 2004. Estão sendo

pleiteados novos recursos em 2005. Ressalta-se ainda que todos os Estados

104

entraram com contrapartida.

As ações de P&D estão divididas nas seguintes áreas: Agricultura; Bens de

Capital e Processos Produtivos; Rotas Tecnológicas; Co-produtos.

Na área de Agricultura as ações são planejadas e executadas em conjunto com

a EMBRAPA, sendo consideradas as seguintes linhas: zoneamento

pedoclimático; variedades vegetais e oleaginosas; economia e modelagem de

sistemas processamento e transformação.

As ações nas demais áreas contemplam o seguinte:

1- Programa de testes e ensaios com motores no sentido de avaliar a

viabilidade do aumento gradativo da mistura do biodiesel ao diesel.

2- Desenvolvimento (otimização) de tecnologia para a produção de biodiesel

em laboratório e em escalas adequadas as produções locais de óleo, de forma

a garantir qualidade e economicidade.

3- Destino e uso dos co-produtos (glicerina, torta, farelo, etc.) para que seja

garantida a agregação de valor e criadas outras fontes de renda para os

produtores.

4- Caracterização e controle de qualidade do combustível. Caracterização do

óleo in natura, dos combustíveis oriundos de diversas matérias-primas e suas

misturas, com análise da qualidade segundo critérios e normas estabelecidos.

Desenvolvimento de metodologias para análise e controle de qualidade,

visando praticidade e economicidade.

5- Critérios e formas de armazenamento do biodiesel e das misturas (biodiesel

& diesel), visando ao alcance das condições ideais de condicionamento do

produto. Estudos quanto ao período de armazenamento e a necessidade de

uso de aditivos.

6- Estruturação de laboratório e formação de RH, relevantes para atendimento

as demandas do mercado de biodiesel – quanto ao suporte técnico à produção,

controle de qualidade do combustível produzido e mão-de-obra especializada –

cuja produção deverá ocorrer em plantas instaladas de forma dispersa no

território nacional.

Os projetos são elaborados e executados com acompanhamento e supervisão

do MCT, evitando-se repetições de esforço, promovendo-se parcerias,

adequando-se a realidade e vocações estaduais ao Programa Nacional e

controlando-se a aplicação de recursos, no sentido de otimizá-las.

105

ANEXO B – Resolução da ANP

Legislação

AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS

RESOLUÇAO ANP N° 7, DE 19 DE MARÇO DE 2008 – DOU 20 DE MARÇO

DE 2008.

O DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS – ANP, no uso de suas atribuições,

Considerando o disposto no inciso I, art. 8º da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, alterada pela Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005 e com base na Resolução de Diretoria nº 207, de 19 de março de 2008,

Considerando o interesse para o País em apresentar sucedâneos para o óleo diesel;

Considerando a Lei nº 11.097 de 13 de janeiro de 2005, que define o biodiesel como um combustível para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão, renovável e biodegradável, derivado de óleos vegetais ou de gorduras animais, que possa substituir parcial ou totalmente o óleo diesel de origem fóssil;

Considerando as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional de Política Energética – CNPE, quanto à produção e ao percentual de biodiesel na mistura óleo diesel/biodiesel a ser comercializado; e

Considerando a necessidade de estabelecer as normas e especificações do combustível para proteger os consumidores, resolve:

Art. 1º Fica estabelecida no Regulamento Técnico ANP, parte integrante desta Resolução, a especificação do biodiesel a ser comercializado pelos diversos agentes econômicos autorizados em todo o território nacional.

Parágrafo único. O biodiesel deverá ser adicionado ao óleo diesel na proporção de 2% em volume a partir de 1º de janeiro de 2008 ou em proporção definida por legislação aplicável.

Art. 2º Para efeitos desta Resolução, define-se:

I – biodiesel – B100 – combustível composto de alquil ésteres de ácidos graxos de cadeia longa, derivados de óleos vegetais ou de gorduras animais conforme a especificação contida no Regulamento Técnico, parte integrante desta Resolução;

II – mistura óleo diesel/biodiesel – BX – combustível comercial composto de (100-X)% em volume de óleo diesel, conforme especificação da ANP, e X% em volume do biodiesel, que deverá atender à regulamentação vigente;

106

III – mistura autorizada óleo diesel/biodiesel – combustível composto de biodiesel e óleo diesel em proporção definida quando da autorização concedida para uso experimental ou para uso específico conforme legislação específica;

IV – produtor de biodiesel – pessoa jurídica autorizada pela ANP para a produção de biodiesel;

V – distribuidor – pessoa jurídica autorizada pela ANP para o exercício da atividade de distribuição de combustíveis líquidos derivados de petróleo, álcool combustível, biodiesel, mistura óleo diesel/biodiesel especificada ou autorizada pela ANP e outros combustíveis automotivos;

VI – batelada – quantidade segregada de produto em um único tanque que possa ser caracterizada por um "Certificado da Qualidade".

Art. 3º O biodiesel só poderá ser comercializado pelos Produtores, Importadores e Exportadores de biodiesel, Distribuidores e Refinarias autorizadas pela ANP.

§ 1º Somente os Distribuidores e as Refinarias autorizados pela ANP poderão proceder mistura óleo diesel/biodiesel para efetivar sua comercialização.

§ 2º É vedada a comercialização do biodiesel diretamente de produtores, importadores ou exportadores a revendedores.

Art. 4º Os Produtores e Importadores de biodiesel deverão manter sob sua guarda, pelo prazo mínimo de 2 (dois) meses a contar da data da comercialização do produto, uma amostra-testemunha, de 1 (um) litro, referente à batelada do produto comercializado, armazenado em embalagem apropriada de 1 (um) litro de capacidade, fechada com batoque e tampa plástica com lacre, que deixe evidências em caso de violação, mantida em local protegido de luminosidade e acompanhada de Certificado da Qualidade.

§ 1º O Certificado da Qualidade deverá indicar a data de produção, as matérias-primas utilizadas para obtenção do biodiesel, suas respectivas proporções e observar todos os itens da especificação constante do Regulamento Técnico, bem como ser firmado pelo responsável técnico pelas análises laboratoriais efetivadas, com a indicação legível de seu nome e número da inscrição no órgão de classe.

§ 2º O produto somente poderá ser liberado para a comercialização após a sua certificação, com a emissão do respectivo Certificado da Qualidade, que deverá acompanhar o produto.

§ 3º Após a data de análise de controle de qualidade da amostra, constante do Certificado da Qualidade, se o produto não for comercializado no prazo máximo de 1 (um) mês, deverá ser novamente analisada a massa específica a 20ºC. Caso a diferença encontrada com relação à massa específica a 20ºC do Certificado da Qualidade seja inferior a 3,0 kg/m3, deverão ser novamente avaliadas o teor de água, o índice de acidez e a estabilidade à oxidação a 110ºC. Caso a diferença seja superior a 3,0 kg/m3, deverá ser realizada a recertificação completa segundo esta Resolução.

§ 4º As análises constantes do Certificado da Qualidade só poderão ser

realizadas em laboratório do próprio produtor ou contratado, os quais deverão

107

ser inspecionados pela ANP.

§ 5º Os laboratórios contratados mencionados no parágrafo anterior deverão cadastrar-se junto à ANP, após inspeção da ANP, conforme protocolo indicado no sítio da ANP.

§ 6º No caso de certificação do biodiesel utilizando laboratório próprio e contratado, o Produtor deverá emitir Certificado da Qualidade único, agrupando todos os resultados que tenha recebido do laboratório cadastrado pela ANP. Esse Certificado deverá indicar o laboratório responsável por cada ensaio.

§ 7º A amostra-testemunha e seu Certificado da Qualidade deverão ficar à disposição da ANP para qualquer verificação julgada necessária, pelo prazo mínimo de 2 meses e 12 meses, respectivamente.

§ 8º Os Produtores deverão enviar à ANP, até o 15º (décimo quinto) dia do mês, os dados de qualidade constantes dos Certificados da Qualidade, emitidos no mês anterior, com a devida indicação do material graxo e álcool usados para a produção do biodiesel certificado.

§ 9º Os Produtores deverão enviar à ANP, até 15 (quinze) dias após o final de cada trimestre civil, os resultados de uma análise completa (considerando todas as características e métodos da especificação) de uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre correspondente e, em caso de nesse período haver mudança de tipo de matéria-prima, o produtor deverá analisar um número de amostras correspondente ao número de tipos de matérias-primas utilizadas.

§ 10. Os dados de qualidade mencionados nos parágrafos oitavo e nono deste artigo deverão ser encaminhados, em formato eletrônico, seguindo os modelos disponíveis no sítio da ANP, para o endereço: [email protected].

§ 11. A ANP poderá cancelar o cadastro de laboratório indicado pelo Produtor, quando da detecção de não-conformidade quanto ao processo de certificação de biodiesel.

Art. 5º A documentação fiscal, referente às operações de comercialização e de transferência de biodiesel realizadas pelos Produtores e Importadores de biodiesel, deverá ser acompanhada de cópia legível do respectivo Certificado da Qualidade, atestando que o produto comercializado atende à especificação estabelecida no Regulamento Técnico.

Parágrafo único. No caso de cópia emitida eletronicamente, deverão estar indicados, na cópia, o nome e o número da inscrição no órgão de classe do responsável técnico pelas análises laboratoriais efetivadas.

Art. 6º A ANP poderá, a qualquer tempo, submeter os Produtores e Importadores de biodiesel, bem como os laboratórios contratados à inspeção técnica de qualidade sobre os procedimentos e equipamentos de medição que tenham impacto sobre a qualidade e a confiabilidade dos serviços de que trata esta Resolução, bem como coletar amostra de biodiesel para análise em laboratórios contratados.

§ 1º Esta inspeção técnica poderá ser executada diretamente pela ANP com apoio de entidade contratada ou órgão competente sobre os procedimentos e

108

equipamentos de medição que tenham impacto na qualidade e confiabilidade das atividades de que trata esta Resolução.

§ 2º O produtor ou laboratório cadastrado na ANP ficará obrigado a apresentar documentação comprobatória das atividades envolvidas no controle de qualidade do biodiesel, caso seja solicitado.

Art. 7º É proibida adição ao biodiesel de: corante em qualquer etapa e quaisquer substâncias que alterem a qualidade do biodiesel na etapa de distribuição.

Art. 8º A adição de aditivos ao biodiesel na fase de produção deve ser informada no Certificado da Qualidade, cabendo classificar o tipo.

Art. 9º O não atendimento ao estabelecido na presente Resolução sujeita os infratores às sanções administrativas previstas na Lei nº 9.847, de 26 de outubro de 1999, alterada pela Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, e no Decreto nº 2.953, de 28 de janeiro de 1999, sem prejuízo das penalidades de natureza civil e penal.

Art. 10. Os casos não contemplados nesta Resolução serão analisados pela Diretoria da ANP.

Art. 11. Fica concedido, aos produtores e importadores de biodiesel, o prazo máximo de até 30 de junho de 2008 para atendimento ao disposto no Regulamento Técnico anexo a esta Resolução, período no qual poderão ainda atender à especificação constante da Resolução ANP nº 42, de 24 de novembro 2004.

Art. 12. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União.

Art. 13. Fica revogada a Resolução ANP nº 42, de 24 de novembro 2004, observados os termos do art. 11 desta Resolução.

HAROLDO BORGES RODRIGUES LIMA

REGULAMENTO TÉCNICO ANP Nº 1/2008

1. Objetivo

Este Regulamento Técnico aplica-se ao biodiesel, de origem nacional ou importada, a ser comercializado em território nacional adicionado na proporção prevista na legislação aplicável ao óleo diesel conforme a especificação em vigor, e em misturas específicas autorizadas pela ANP.

109

2. Normas Aplicáveis

A determinação das características do biodiesel será feita mediante o emprego das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), das normas internacionais "American Society for Testing and Materials" (ASTM), da "International Organization for Standardization" (ISO) e do "Comité Européen de Normalisation" (CEN).

Os dados de incerteza, repetitividade e reprodutibilidade fornecidos nos métodos relacionados neste Regulamento devem ser usados somente como guia para aceitação das determinações em duplicata do ensaio e não devem ser considerados como tolerância aplicada aos limites especificados neste Regulamento.

A análise do produto deverá ser realizada em uma amostra representativa do mesmo obtida segundo métodos ABNT NBR 14883 – Petróleo e produtos de petróleo – Amostragem manual ou ASTM D 4057 – Prática para Amostragem de Petróleo e Produtos Líquidos de Petróleo (Practice for Manual Sampling of Petroleum and Petroleum Products) ou ISO 5555 (Animal and vegetable fats and oils – Sampling).

As características constantes da Tabela de Especificação deverão ser determinadas de acordo com a publicação mais recente dos seguintes métodos de ensaio:

2.1. Métodos ABNT

MÉTODO TÍTULO

NBR 6294 Óleos lubrificantes e aditivos – Determinação de cinza sulfatada

NBR 7148 Petróleo e produtos de petróleo – Determinação da massa específica, densidade relativa e ºAPI – Método do densímetro

NBR 10441 Produtos de petróleo – Líquidos transparentes e opacos – Determinação da viscosidade cinemática e cálculo da viscosidade dinâmica

NBR 14065 Destilados de petróleo e óleos viscosos – Determinação da massa específica e da densidade relativa pelo densímetro digital.

NBR 14359 Produtos de petróleo – Determinação da corrosividade – método da lâmina de cobre

NBR 14448 Produtos de petróleo – Determinação do índice de acidez pelo método de titulação potenciométrica

NBR 14598 Produtos de petróleo – Determinação do Ponto de Fulgor pelo aparelho de vaso fechado Pensky-Martens

NBR 14747 Óleo Diesel – Determinação do ponto de entupimento de filtro a frio

NBR 15341 Biodiesel – Determinação de glicerina livre em biodiesel de mamona por cromatografia em fase gasosa

NBR 15342 Biodiesel – Determinação de monoglicerídeos, diglicerídeos e ésteres totais em biodiesel de mamona por cromatografia em fase gasosa

NBR 15343 Biodiesel – Determinação da concentração de metanol e/ou etanol por cromatografia gasosa

NBR 15344 Biodiesel – Determinação de glicerina total.e do teor de triglicerídeos em biodiesel de mamona

110

NBR 15553 Produtos derivados de óleos e gorduras – Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos – Determinação dos teores de cálcio, magnésio, sódio, fósforo e potássio por espectrometria de emissão ótica com plasma indutivamente acoplado (ICPOES)

NBR 15554 Produtos derivados de óleos e gorduras – Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos – Determinação do teor de sódio por espectrometria de absorção atômica

NBR 15555 Produtos derivados de óleos e gorduras – Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos – Determinação do teor de potássio por espectrometria de absorção atômica

NBR 15556 Produtos derivados de óleos e gorduras – Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos – Determinação de sódio, potássio, magnésio e cálcio por espectrometria de absorção atômica

Nota:

(1) LII – Límpido e isento de impurezas com anotação da temperatura de ensaio.

(2) O limite indicado deve ser atendido na certificação do biodiesel pelo produtor ou importador.

(3) Quando a análise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ºC, fica dispensada a análise de teor de metanol ou etanol.

(4) O método ABNT NBR 15342 poderá ser utilizado para amostra oriunda de gordura animal.

(5) Para biodiesel oriundo de duas ou mais matérias-primas distintas das quais uma consiste de óleo de mamona:

a) teor de ésteres, mono-, diacilgliceróis: método ABNT NBR 15342;

b) glicerol livre: método ABNT NBR 15341;

c) glicerol total, triacilgliceróis: método ABNT NBR 15344;

d) metanol e/ou etanol: método ABNT NBR 15343.

(6) O resíduo deve ser avaliado em 100% da amostra.

(7) Estas características devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da tabela de especificação a cada trimestre civil. Os resultados devem ser enviados pelo produtor de biodiesel à ANP, tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e, em caso de neste período haver mudança de tipo de matéria-prima, o produtor deverá analisar número de amostras correspondente ao número de tipos de matérias-primas utilizadas.

(8) Poderá ser utilizado como método alternativo o método ASTM D6890 para número de cetano.

(9) O limite máximo de 19ºC é válido para as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Bahia, devendo ser anotado para as demais regiões. O biodiesel poderá ser entregue com temperaturas superiores ao limite supramencionado, caso haja acordo entre as partes envolvidas. Os métodos de análise indicados não podem ser empregados para biodiesel oriundo apenas de mamona.

(10) Os métodos referenciados demandam validação para as matérias - primas

não previstas no método e rota de produção etílica.