Caderno técnico didatico Atletismo.pdf

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    Presidente da Repblica Federativa do BrasilErnesto Geisel

    Ministro da Educao e CulturaNey Braga

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    MINISTRIO DA EDUCAO E CULTURADEPARTAMENTO DE EDUCAO FSICA E DESPORTOS

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    CADERNO TCNICO-DIDTICO

    ATLETISMO

    '

    Departamento de Documentao e Divulgao

    Braslia-DF -1977

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    Assessoramento tcnico:

    Prof. Joo de Oliveira

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    SUMRIO

    Apresentao ................................................................................................. 5

    Introduo .................................................................................................. 7

    Organograma ...................................................................................... 8

    Composio dos grupos......................................................................... 9

    Captulo I

    Treinamento desportivo de alto rendimento ....................................... 11

    Captulo II

    Fora ..................................................................................................... 25

    Captulo III

    Velocidade ......................................................................................... 71

    Captulo IV

    Resistncia ......................................................................................... 101

    Captulo V

    Generalidades .................................................................................... 127

    Implementos ....................................................................................... 135

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    INTRODUO

    Na composio estrutural deste Caderno tcnicofoi respeitada a verso original elaborada pelasequipes de trabalho distribuidas em suas reas de a-tuao, conforme o organograma estabelecido pelachefia da delegao. Entretanto, para efeito de me-lhor compreenso do leitor,obedeceu-se uma seqn-cia expositiva que permitiu um acompanhamento distncia do que foram as sete semanas de trabalhorduo de professores-tcnicos e estudantes-atletas

    durante o III Estgio Tcnico de Mogncia.O Captulo I Treinamento desportivo de altorendimento condensa as aulas tericas abor-dando os mltiplos aspectos referentes cincia dotreinamento e representam, como de resto todo o

    trabalho aqui apresentado, o pensamento dos pro-fessores e tcnicos do Instituto de Esportes da Uni-versidade de Mogncia (Mainz, Alemanha).

    Os Captulos II, IIIe IV se referem s qualidadesfsicas bsicas e contm as aulas tericas, pesquisasmais recentes, treinamento cumprido pelos atletas eresultado dos testes a que foram submetidos.

    Finalmente, o Captulo V, alm de reunir re-sultados de pesquisas genricas, apresenta um cro-

    qui do recinto coberto onde se desenvolveu a maiorparte das atividades prticas, alm de algunsimplementos utilizados que poderiam servir de mo-delos.

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    COMPOSIO DOS GRUPOS

    VELOCIDADE

    Professores: Jos Ferreira da Silva, Antnio CarlosFeijo, Erica Lopes Rezende, Gipe Alves de Oliveira,Jorge Okimoto, Carlos Souza Pimentel, Margot Ritterda Costa, Raimundo Nonato e Roberto YasutoYoshige. Atletas: Antnio Euzbio Dias Ferreira,Antnio Carlos Nunes dos Santos, Elias GonalvesPereira, Francisco de Assis Campos Neto, lonideSouza Cruz, Homero Srgio Gomes, Maria TerezaFerreira, Mriam Incio da Silva, Pedro Ivo da Silveirae Tnia Regina da Silva Santos.

    MDIA E LONGA DISTNCIA

    Professores: Waldemar Montezano, Atlio DinardiAlegre, Eduardo Barbosa Vieira, Gaspar Theodorode Melo, Sebastio Alberto Corra de Carvalho.Atletas: Agberto Conceio Guimares, Alosio deArajo, Antnio Luiz Ranzani, Jos Arnaldo E. deOliveira, Eli Rodrigues Schlader, Eva Batista Dias,Eva da Silva Ges, Jos Romo Andrade da Silva,Jlio de Souza Oliveira, Leonardo Vidal de Oliveira,

    Mara Fuhrmann, Marcos da Silva Frost, PauloRicardo Ferrugem e Jesus Navarro Prez.

    SALTOS

    Professores: Benedicta Souza Oliveira, Adilson Ra-mires Tassara, Altevir Alusio Berezowsky, CarlosFrancisco de Jos, Celby Rodrigues Vieira dos San-tos, Celso Teixeira, Fernando Melo Andrade, LuizFernando Ribeiro de Moraes, Luiz Geraldo PontesTeixeira, Marcelo Machado Ramos, Sebastio Cunhae Warlindo Carneiro Filho. Atletas: Ana Maria de

    Oliveira, Brbara Vieira do Nascimento, BeatrizBonfim, Hussein Zaghloul, Joo Luiz Fonseca, MariaLuisa Domingos Betioli, Marlia Seifert, Mar-leneGomes do Nascimento, Paulo Antnio Martins,Ricardo Seroa, Themis Zambryski e UbiratanSanchez Fernndez.

    ARREMESSOS

    Professores: Jos Carlos Jacques, Alberto CarlosAmadio, Aristides de Andrade Junqueira Neto, Ivo daSilva, Joo Batista Freire da Silva, Juclio Fernandes,Mara da Costa Dutra. Atletas: Antnio AparecidoCunha, Antnio Carlos Barbieri Soares, Denise MariaZen, Elida Eliane Mabeline, Fernando SrgioBarwinski, Maria Angelina Boso, Maria Elizabeth

    Pedri, Maria Cristina Cavalheiro, Marly dos Santos,Manoel Leopoldo Pirovics Ferreira, Maurcio AugustoBorges Aguiar, Moacyr A. D. Figueiredo, OdeteValentino Domingues, Roberto Nobuo Abe, TheaMaria Reinhart, Olga Maria Verssimo e CelsoJoaquim de Moraes.

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    A cincia do treinamento busca tecnologiasprticas com o objetivo de conseguir o mximorendimento, pelo caminho mais curto.

    O rendimento determinado por diversos fa-tores. Isto significa que, dentro da cincia do trei-

    namento, deve haver uma relao entre diversascincias. Outros estudos, como o do movimento eda sociologia do desporto, no passam de subcin-cias da cincia do treinamento.

    Durante muito tempo a cincia do treinamen-to foivista de maneira unilateral. S nos ltimos anos que o treinamento autgeno foi empregado nacincia do desporto. Outro exemplo parecido oestudo do treinamento mental.

    Este treinamento no fundo uma prtica na qualse aprendem seqncias do movimento sem pratic-las; isto significa assimilar o movimento sem realiz-lo, e sim imaginando-o.

    Temos uma experincia recente, realizada emDarmstadt, cidade perto de Mogncia (Mainz, Ale-manha), em que, atravs do mtodo mental combi-nado com a prtica, se conseguem resultados me-lhores e se aprende a tcnica do volibol mais rapi-damente. No h dvida de que, em relao movi-mentao no atletismo, pode-se concluir a mesmacoisa, qual seja, chegar a resultados satisfatrios. Istoexige da cincia do desporto um programa detreinamento realizado em colaborao com a psico-logia do desporto.

    As perspectivas do futuro indicam que, dentrode certo tempo, a cincia do treinamento poder

    ter estes programas feitos atravs de computador.A primeira tentativa realizada na Alemanha

    sobre este trabalho foi aplicada em corrida sobrebarreiras e apresentada na revista Leichtatletic.

    Treinamento geral. A cincia do treinamentogeral visa formao de regras bsicas em relao

    ao treinamento. Temos como base a teoria de quetodos os movimentos no desporto so movimentossegundo certas regras bsicas.

    O objetivo da cincia do treinamento geral conseguir determinantes do rendimento desportivo.Chegamos assim a 3 componentes: condio fsica,condio tcnica e condio ttica. Entretanto, comuma apresentao to abstrata no se obtmresultados concretos. Por causa disto, a cincia dotreinamento geral vai sempre em direo cinciado treinamento especial.

    Regras bsicas So leis, e lei significa

    cincia natural, lei natural.Na cincia do treinamento distinguimos 2 for-mas de leis:a) Leis determinsticas So todas as leis naturais.Por exemplo: a velocidade com que um salta-dorornamental mergulha na gua depende da altura deque salta; quanto mais alto o ponto de salto, tentomaior a velocidade com que mergulha.

    Em relao ao atletismo, quanto maior a velo-cidade da sada da tbua, tanto maior o compri-mento do salto em extenso.

    As leis determinsticas tm sempre estas com-binaes: "quanto mais ... tanto mais" ou "quantosmenos ... tanto menos".

    Dentro do desporto, normalmente no exis-

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    tem leis determinsticas, mas sim leis estatsticas. b)Leis estatsticas So leis que se estabelecemresultantes mais propriamente de pesquisas estats-ticas realizadas. Mantm a relao "quanto mais tanto mais", em certa porcentagem.

    Numa lei estatstica, aumentando a velocidade

    da corrida, aumenta o comprimento do salto, massomente em alguns casos. A velocidade de corridano idntica velocidade de sada da tbua, por-que ela diminuda atravs da prpria tbua.Exemplo: um saltador que tem nos ltimos 6 metrosuma velocidade de 1 m/seg mais que outro saltadortem um resultado de 1,20m mais longo no salto; isto,porm, no vlido para todos os casos. Avelocidade de sada da tbua significante em todosos casos, o que no acontece com o comprimento dosalto.

    Um velocista de 100m pode, nos ltimos 6m,

    ser mais rpido que um saltador; entretanto, isto naoquer dizer que ele salte mais longe, pois perde nasada da tbua, detalhe que o saltador realiza commaior habilidade.

    Os resultados da cincia do treinamento se ba-seiam quase sempre em leis estatsticas. As leis esta-tsticas no se aplicam apenas por um exemplo iso-lado; elas so significativas sempre para um conjun-to.

    A seguir faremos uma representao grfica deum salto em extenso, como exemplo.

    Supomos que um grupo de saltadores tem omesmo ngulo de sada e a mesma tcnica de que-

    da. Podemos concluir, atravs do grfico, que cadaatleta que melhora sua velocidade de sada da tbua,em certo nvel, vai melhorar tambm o comprimentodo seu salto em certo nvel; quem tem o valor x =1tem tambm y = 1.

    Se temos um ponto comum a todos os salta-dores e se medimos a velocidade de sada da tbuajunto com o comprimento do salto, evidente queesta combinao nos d a relao "quanto maior tanto maior".

    Quando temos uma lei determinstica, no hvariaes: os pontos no podem sair da linha. Um

    O presente grfico ser analisado segundo as leisestatsticas.

    O eixo de y representa a velocidade do saltadornos ltimos 6m. Cada saltador perde velocidade natbua; o objetivo dele ser, portanto, perder omnimo de velocidade.

    A velocidade de corrida de A diminui, muitas

    vezes, menos que a velocidade de corrida de B.Combinando a velocidade nos ltimos 6m como comprimento do salto, vemos que os diferentescorredores perdem, de maneira diferente, avelocidade na tbua. Observamos, ento, uma varia-o entre a combinao do comprimento do saltocom a velocidade dos ltimos 6m.

    Tomemos como exemplo os saltadores A e B;os dois correm com a mesma velocidade, mas ape-sar disto B salta mais que A.

    Comparando os dois atletas, temos: a lei quepreconiza que "o saltador mais veloz salta mais lon-ge" no , aqui, vlida; isto quer dizer que "nem

    sempre o saltador mais veloz o que tem o melhorsalto", o que leva a estabelecer uma lei estatstica.

    De maneira geral, apesar da variao dos pon-tos um pouco afastados da linha reta, podemos es-tabelecer, respeitando as excees, uma regra geral:"os que correm mais rpido saltam mais longe".

    Leis estatsticas: falta de prognose com res-peito a cada atleta.

    Leis determinsticas: temos dados concre-tos.

    Um saltador que corra 1 seg mais rpido nos100 m tem a probabilidade de saltar 1m ou 1,20m

    mais longe. No asseguramos, entretanto, que ele,melhorando 1 seg, salte exatamente 1,20m mais;no podemos garantir em que proporo a melhoriade velocidade ir ser transformada na tbua.

    Em experincias realizadas pelo Dr. Letzeltercom as melhores velocistas alems, os resultadosmostraram que as corredoras que correm com maiorfreqncia obtm melhor resultado nos 100m pelonmero de passadas dadas e no por causa daamplitude das passadas. Hoje, novas pesquisasvieram confirmar que "um corredor que au-

    aumento de y - 1 na velocidade do salto tem unaumento de x = 1 no comprimento do salto.

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    menta a sua freqncia em x seg pode tambmaumentar a sua velocidade" e "um corredor que temsua amplitude aumentada ter tambm sua ve-locidade melhorada", com probabilidade de erro em5% sobre estas concluses.

    A diferena entre as pesquisas anteriores e

    posteriores que: "podia-se falar de maneira geralque o aumento da freqncia resultaria em corrermais rpido"; hoje, j se pode dizer que quem temuma freqncia maior vai correr tantos centsimospor segundo mais rpido.

    Limitaes aos mtodos Os resultados es-tatsticos se baseiam sempre na comparao de di-ferentes atletas. Ento, perguntaremos: em que sedistinguem os melhores atletas dos piores, em certoselementos?

    Os mtodos estatsticos se baseiam sempre nacomparao interindividual entre A e B, A e C, B e C,

    e assim por diante. Atravs da comparao inter-individual, chegamos comparao intra-individual,isto , atravs da comparao de muitos, observa-mos uma mudana de um atleta do grupo. A com-parao de um atleta consigo mesmo intra-indi-vidual. A comparao de um atleta dentro do grupo interindividual.

    Exemplo de comparao interindividualPerguntamos se os melhores corredores de 100mtm mais unidades de trabalho que os piores.Tivemos como resultado que os melhores corredorestm mais unidades de treinamento que os piores e

    conclumos que eles correm mais rpido porquetm mais unidades de treinamento por semana. -Exemplo de comparao intra-individual Um atletatreina determinadas unidades por semana; medimosseu resultado. Em seguida, aumentamos as unidadesde treinamento semanal; medimos seu resultadonovamente e melhorou. Conclumos que seurendimento melhorou porque aumentaram suasunidades de treinamento.

    Variando a freqncia de unidades de treino,observamos que, medida que muda o resultado,

    temos uma varivel independente, que so as unida-des de treinamento, e outra dependente, que oresultado da corrida.

    Numa comparao interindividual no temosuma experincia, mesmo porque no variamos asunidades de treinamento, mas variamos os resulta-dos da corrida, porque tomamos corredores comresultados diferentes.

    No fundo, comparamos atletas de diferentesresultados com unidades de treinamento, mas nopodemos concluir com certeza absoluta que aquelesque correm mais rpido o fazem porque tm

    mais unidades de treinamento; mas em relao comparao intra-individual (com relao expe-rincia) conclumos que o atleta que aumenta aunidade de treinamento aumenta tambm a velo-cidade de sua corrida por causa do aumento daunidade de treinamento.

    Aqui temos a complicao destes mtodos, e ooutro problema a validade dentro da represen-tabilidade. Leis determinsticas so vlidas semprepara tudo, em todos os ngulos; no as podemostransformar atravs de manipulaes. As leis esta-tsticas permitem essa manipulao; por isso sovlidas para as partes especficas. Exemplo: numgrupo de corredores de 100m com 10" e 10"5, osmelhores podem ter mais unidades de treino. Mas,se treinarem 20 a 25 vezes por semana, podem pio-rar o resultado, pelo excesso de treinamento; ateremos o contrrio da lei "quanto mais tanto

    mais". Se usarmos as leis estatsticas consciente-mente e com fundo de informaes bem grande,muito se consegue, em relao ao treinamento, em-bora nunca to certo como 2 e 2 so 4; em tudo queelas dizem h sempre uma probabilidade de engano.

    REGRAS BSICAS PARA O TREINAMENTODESPORTIVO

    A cincia do treinamento ainda bastante jo-vem. As leis bsicas do ensino de treinamento surgi-ram por volta da dcada de 50. Antigamente, portreinamento entendia-se aquele dirigido ao atleta dealto nvel. Ento, simplesmente, foi feita uma

    generalizao do treinamento de atletas de alto nvel;no eram, porm, resultados cientficos, e sim,resultados de experincias subjetivas. Temos oexemplo da imitao do treinamento de Zatopek, quenada servia para generalizao, pois era umtreinamento especial. A adequao cientfica dotreinamento especial para o treinamento geral foifeita atravs de experincias subjetivas de muitostreinadores e atletas. Estas experincias foram ana-lisadas e generalizadas, e hoje o que denominado"cincia do treinamento" significa a transformaodas leis subjetivas em leis objetivas.

    Uma regra bsica o princpio do treinamentocontnuo, isto , continuidade e aumento dorendimento, num treinamento sem interrupo;mesmo na manuteno do treinamento no devehaver interrupo. Por este princpio, a interruposignifica perda de rendimento.

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    O treinamento desportivo determinado poruma relao tima entre treinamento erecuperao. Esta relao entre sobrecarga erecuperao idntica ao fenmeno dasupercompensao. O objetivo ganhar maisenergia do que a que se gastou anteriormente, o que

    se explica por processos bioqumicos. O segredo dotreinamento que o gasto de energia redunda emnovo ganho energtico; ou seja, o gasto de energia a razo para o ganho de mais energia em um nvelmaior que o anterior (a curto, mdio e longo prazo), oque implica em cargas de curta, mdia e longaintensidade. Est relacionado com o problema decarga e recuperao, e diretamente ligado com aperiodizao do treinamento.

    Essa recuperao aps a carga importante,porque o ganho de energia conseguido na fase dedescanso. Atletas muito treinados tm uma recupe-

    rao mais rpida, e da a possibilidade de se au-mentar o nmero de treinamentos para esses atletas.

    Supertreinamento - Os intervalos so pequenosdemais, provocando uma queda no rendimento.

    Esta resposta retorna em forma de feedback, eisto nos d a informao da intensidade do estmulo.

    Princpio timo do treinamento Respostasadequadas: quanto maior a adaptao, maior podeser o novo estmulo (em quantidade e intensidade).

    Princpio de sobrecarga progressiva (PSP) Oprincpio da sobrecarga progressiva baseia-se noaumento das cargas medida que ocorrem asadaptaes. A subida do potencial de rendimentodeve crescer paralelamente ao aumento da inten-sidade de estmulos. Essa subida inicialmenteacontece em linha reta, e a partir de um certo nvel

    forma uma curva. Por isso, observamos uma melhoramais rpida em principiantes que em atletasqualificados. Por exemplo, mais rpida a melhoraem um velocista de 11 ".5 para 10".8 do que em umde 10".3 para 10".1. Segundo o PSP, quando sobe opotencial de rendimento, sobe tambm a intensidadedo estmulo, e isto at o limiar das possibilidades derendimento. O treinador deve ter capacidade de saberlimitar as cargas, para conseguir uma relao timaentre carga e rendimento.

    Interrupo do treinamento Intervalosgrandes demais, ultrapassando-se o ponto timo denovo estmulo, o que acarreta queda do rendimento.

    Quanto maior a carga, maior o tempo de re-cuperao, e vice-versa.

    O treinamento do velocista, por exigir mobili-zao intensa do sistema nervoso, deve ser menosfreqente que o dos outros, porque implica tambm ocansao mental, que exige um maior tempo de Fe-cuperao. Fatores de cansao emocional, senso-rial, mental e fsico exigem muito no treinamento

    Supercompensao Intervalos adequados.

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    do velocista, o que explica menor freqncia de seutreinamento.

    Princpio da sobrecarga Podemos considerar2 (dois) aspectos:

    1) Intensidade dada em metros por se-gundo ou carga desenvolvida. Pode ser: objetiva,quando medida diretamente em metros por se-gundo, ou peso, por exemplo; e subjetiva, quando sed a porcentagem do mximo da carga do atleta.

    2) Durao do estmulo o tempo de du-rao de uma sobrecarga. Exemplo para um velocis-ta: 10 X 100m em 15" para cada 100m. Quantomaior a durao do estmulo, menor a intensidade, evice-versa.

    Treinamento desportivo qualificado como umarelao tima entre volume e intensidade.

    Durao e freqncia multipli cadas do comoresultado o volume.

    De maneira geral pode-se quantificar a freqncia.Exemplo: o nmero de repeties na corrida, onmero de saltos ou de flexes de joelhos(agachamento com halteres), dentro de uma unidadede treinamento. Numa corrida, durao X freqncia, igual ao volume. Exemplo: 10 X 100 m 1.000m.

    Entre freqncia e intensidade existe uma re-ao contrria: "quanto maior a velocidade, menora durao". Assim como uma 'intensidade muito

    grande s permite poucas repeties.Temos a mesma regra em relao intensida-

    de e durao. Ambas tm como resultado o volu-me

    Relaes contrrias: intensidade freqncia;intensidade durao; intensidade volume.

    Se temos uma relao contrria entre intensi-dade e freqncia e entre intensidade e durao,temos tambm uma relao contrria entre volume eintensidade.

    O volume pode ser medido em quilmetros,quilogramas ou no tempo geral de uma unidade detreinamento. Temos sempre que distinguir a duraode unidade de um treinamento e a durao de um sexerccio.

    VOLUME X INTENSIDADE

    Em relao a cada atleta, torna-se necessriosaber em que ponto se deve dar prioridade, porque arelao entre volume e a intensidade no estvel.Nesta relao existe uma variao contnua. Isto importante para o planejamento a mdio e longoprazo.

    De maneira geral, no princpio do processo detreinamento existe uma acentuao do volume detreinamento; um aumento de volume significa otreinamento de base.

    Aumentando-se o volume no incio, podem-seconseguir 2 objetivos principais:a) a base geral, que a fundamentao do treina-mento, melhorada;b) com o aumento de volume em relao a princi-piantes, consegue-se j um aumento de rendimento.

    Em se tratando de atletas de alto nvel, atravsdo volume s se consegue um aumento da base.

    Nestes atletas, a melhoria do rendimento dentro dedeterminadas provas s conseguida atravs de in-tensidade. Isto importante dentro de um programade curto prazo. Exemplo: no treinamento de um ano.

    No treinamento de um ano, no incio, aumenta-se a base atravs do volume; um pouco antes dacompetio, aumenta-se a intensidade. Este umproblema de periodizao.

    Em termos concretos, conclumos que pode-mos distinguir duas formas de volume: o aumento dovolume em relao ao trabalho de base tima; oaumento do volume em relao ao trabalho de base

    mxima.Uma base tima existe quando ela suficientepara permitir um treinamento especfico em relao auma determinada prova. Uma base mxima a que,em relao competio, muito importante.Exemplo: um velocista necessita somente de umnvel timo de resistncia, e quando atinge este nvelno tem sentido continuar aumentando-o. O fundistanecessita de uma resistncia de base mxima.Segundo pesquisas cientficas, o velocista s Precisade nvel timo de fora; acima deste nvel,

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    no h razo para aumentar fora.No dina-press, fazendo trabalho de fora, o

    velocista necessita de um ndice de fora de mais oumenos 1,25. Isto no significa que valores menoresno sirvam para o melhor rendimento, e sim quevalores mais altos so ineficientes.

    Forma de achar este nvel Medir a forade presso da perna direita e da perna esquerdanum dinammetro. Somar e dividir por 2.

    Exemplo:Valor mdio entre as duas pernas ............ 96Peso do corpo ............................................. 75

    75

    Podemos concluir que, atingindo-se um ndicede fora mxima superior ou igual a 1,25, no se

    necessita mais fazer trabalho de fora mxima, e,sim, de fora submxima, porque esses exercciosmelhoram a fora rpida. 0 treinamento especial spara melhorar a fora mxima no teria sentido; oimportante ver que o objetivo no a fora mxima,e sim a fora tima, preciso analisarmos seprecisamos de uma base mxima ou tima. Quantomais se precisa de uma base, tanto mais se precisade volume. Quanto menos precisamos de uma base,tanto mais temos que treinar intensidade.

    Ainda com relao aos velocistas, sabido queo volume do corao maior que 850 a 950 cm3j notem valor para o rendimento. O velocista precisa deresistncia tima para treinar com intensidade.

    Base tima quanto mais, melhor, at certoponto.

    Base mxima quanto mais, melhor, emtodos os casos.

    Um aumento de rendimento em conseqnciado aumento do volume lento; um aumento devido intensidade rpido.

    Um certo nvel de rendimento adquirido atravsdo aumento do volume, sofrendo interrupo notreino, no baixa rapidamente; o rendimentoadquirido atravs da intensidade, depois de uma

    interrupo, cai rapidamente.O treinamento desportivo caracterizado poruma relao tima entre o treinamento geral e otreinamento especial. Treinamento geral treina-mento bsico e abrange todos os aspectos gerais.Treinamento especial abrange aqueles exercciosque distinguem uma prova de outra. A relao entreambos instvel e qualificada como um processocontnuo de especializao; isto significa que apercentagem de treinamento especial aumenta como aumento do rendimento. O importante

    que aqui se pode falar em percentagem. Isto querdizer que "a percentagem do treinamento especialvai aumentando, em relao ao geral, apesar dehaver um aumento contnuo do treinamento geral".

    Exemplo:

    Um esquema de treinamento para um atleta vaia aproximadamente 10 anos. Exemplo: comeandoaos 10 anos, pode aos 20 estar com o rendimentomximo. Isto, entretanto, no quer dizer que noexistam atletas que no alcancem seu rendimento

    mximo em menos tempo; trazem, porm, uma basede outras atividades esportivas: Joo Carlos deOliveira, com 3 anos de treinamento, bateu o recordemundial do salto triplo; antes, todavia, jogava futebol.

    Assim, a transformao da base geral para umabase especial depende das prticas anteriores.Exemplo: um atleta de 17 anos; verificamos em quenvel est sua formao geral. Temos que avaliar seeste nvel essencial para sua especializao ou setemos que aumentar o nvel geral para ter uma boaespecializao. Seria muito mais fcil se, dentro dacincia do treinamento, tivssemos conhecimentoque permitisse dizer que, para esta ou aquela prova,seriam necessrios tais valores para continuar otrabalho.

    Em relao a 3 caractersticas, j se conseguedar valores aproximados. No salto em extenso umasaltadora com resultado de 6m teria que correr os100m em 12" ou 12".2, conseguir no salto sxtuplo(canguru) 15,80m, ter um ndice aproximado (IR) de0,25 a 1,05, ter uma fora de salto vertical de 56 a58cm e ter um nvel geral para correr mais ou menos10km devagar, sem interrupo. Se no conseguirestes resultados, dever, ento, aumentar certoscomponentes do nvel geral. No se pode,

    entretanto, dizer que no pode saltar 6m sem um oudois destes componentes.

    Para usar este esquema, seria melhor que acincia j fosse capaz de dar os valores para as dife-rentes idades. Se a cincia conseguisse esses resulta-dos para todos os diversos nveis de atletas, seriamuito mais fcil dirigir o processo de treinamento. Jexistem pesquisas neste sentido.

    O treinamento desportivo caracterizadotambm por uma periodizao. Temos 4 pontos

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    importantes em relao periodizao do treina-mento:

    1) conseguir bases da forma desportiva; 2) conseguirde maneira imediata a forma desportiva;

    3) estabilizao da condio desportiva;

    4) destruio da condio desportiva.

    1) Base Certos elementos da forma geral soaumentados.2) Forma Conseguir, de maneira imediata, aforma do atleta. Os elementos mais importantes so

    trabalhados.3) Manuteno Estabilizao da condio doatleta.4) Destruio Esta destruio da forma cons-ciente, e os elementos que estavam numa relaoficam particularizados. Isto no significa que o nveldos elementos baixado, e sim que a sincronizaoantes existente dissolvida. Estes vrios elementosso interdependentes, tm uma influncia uns sobreos outros. Se mudamos um elemento, o conjuntotodo comea a ser destrudo. Esta destruio condio bsica para se conseguir um novo aumentodos diferentes elementos. Assim, temos todos osanos o mesmo ciclo, mas sempre em um nvel cadavez mais alto. Se no tivssemos esta destruio dacondio, ela continuaria no mesmo nvel. Todos osanos esta destruio , portanto, condio para umnovo treinamento de base, pois o objetivo dotreinamento aumentar cada vez mais. No perodode destruio da forma, usa-se dar ao atletaatividades que no as de seu treinamento esportivonormal. Exemplo: volibol, natao.

    BASES DO RENDIMENTO ESPORTIVO

    O rendimento esportivo condicionado pordiferentes elementos: caractersticas intensivas dotreinamento: aquelas que se podem melhorar pelotreinamento (ex.: fora mxima); caractersticas in-diferentes ao treinamento: as que no podem sermelhoradas (ex.: altura do atleta).

    Quanto s caractersticas intensivas definimoscertos graus ou nveis de intensidade. Existem asque se podem melhorar mais, e outras menos;exemplo: caractersticas de resistncia so mais in-tensivas que as de velocidade; estes graus definem

    tambm o volume do treinamento.As caractersticas indiferentes so tomadas em

    relao seleo e quase sempre so limitaes ne-gativas (apenas limitam-se as possibilidades).

    Classificamos as caractersticas, em relao aorendimento, em: distintas ou relevantes e indiferentes

    ou irrelevantes. Grupo das caractersticas relevantes: carac

    tersticas relevantes absolutamente lgicas e caractersticas relevantes empiricamente estatsticas.Exemplo: a velocidade de reao de sada tem relevncia lgica, ou seja, relevante em relao aorendimento se melhorarmos 0,1 seg na sada; implica numa melhora de 0,01 a 0,02 seg no resultadototal. A relevncia emprico-estatstica apenas destaca o pior atleta do melhor. Todas as caractersticas com relevncia emprico-estatstica tm uma relevncia lgica, mas o contrrio no verdade.

    Com o treinamento possvel aumentar o nvelem relao s duas caractersticas. O objetivo dotreinamento procurar caractersticas com rele-vncias emprico-estatsticas.

    Os componentes do rendimento e as caracte-rsticas indiferentes so as bases do rendimento es-portivo. Portanto, "rendimento o resultado dacapacidade de rendimento".

    Capacidade de rendimento (elementos): ca-pacidade de rendimento parte fsica; disposiodo rendimento - parte psquica.

    Objetivos do rendimento:

    objetivos cognitivos: realizao mental de de-terminados objetivos do treinamento (ex.: planeja-mento);

    objetivos psquicos: determinam a fora devontade (por disposio do rendimento entendemossuperao da fora de vontade);

    objetivos motores: qualidades motoras e tc-nicas motoras implicam condio fsica.

    com esta soma de habilidades e capacidadestcnicas que criamos bases tcnicas para a experin-cia do movimento analisador "kinestsico" kinas-thetik (avalia o movimento). Quer dizer, quanto mais

    so incorporadas novas experincias no movimento,tanto mais fcil se torna a aprendizagem de novastcnicas ou sua correo. Puni (Rssia) fezquestionrio com 100 das melhores atletas russas,que, depois de filmadas, apresentavam certos erros,mas as atletas no viram os filmes; depois, em novoquestionrio, perguntou-se qual o erro de cada uma e90 por cento acertaram. Com iniciantes isto noacontecia; faltava conscincia do movimento. Ematletas de nvel mdio acharam-se 50 por cento deacertos. Em crianas acharam-se apenas 20 por cen-to.

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    Condio fsica: soma das qualidades fsicas(motoras).

    Conceitos abstratos: capacidade de fora; ca-pacidade de resistncia; capacidade de velocidade;capacidade de coordenao.

    Temos ainda habilidade, mobilidade, capaci-dade de movimentao. A capacidade em si noexiste; temos diferentes capacidades especficas (afora do velocista diferente da fora do arremes-sador).

    Dada a mistura das qualidades trabalhadas, te-mos: condio fsica geral base de todos os ele-mentos da condio fsica; condio fsica especial trabalham-se as qualidades importantes paracertas provas e que sejam importantes tambm nodesenvolvimento do treinamento.

    Se destacamos caractersticas em nveis dife-rentes, temos o trabalho da condio fsica especial,

    quando so desenvolvidas no treinamento asvalncias fsicas mais relevantes, segundo o objetivoda prova (mistura de elementos emprica e estatisti-camente relevantes).

    Na condio fsica geral, quanto mais as va-lncias fsicas so desenvolvidas harmoniosamente,tanto mais facilmente se desenvolvem as qualidadesespecficas.

    Em pesquisa de Utecht (Leipzig AlemanhaOriental), formaram-se 3 grupos (10 a 11 anos): G1 treinou condio fsica geral em 3 anos; G2 treinou base de velocidade (condio fsicaespecial); G3 grupo de controle (desportosescolares). Depois de um ano, G1 e G2 estavam nomesmo nvel. Dois anos mais tarde, o aumento denveis foi proporcional a ambos (portanto, otreinamento geral teve o mesmo efeito que otreinamento especial). No terceiro ano, G1 tambmfez treinamento especial e ento teve o dobro doganho em relao a G2. Tiveram os dois grupos, noincio, o mesmo aumento, mas a partir de certomomento G1 tinha um nvel de potencial bem maior,dado o trabalho de condio fsica geral.

    APRENDIZAGEM MOTORA

    Aprendizagem motora significa aprender ouadquirir capacidades motoras em conjunto, gerais ouespeciais.

    Ao professor de educao fsica cabe dar con-dies motoras gerais ao aluno, e ao tcnico cabedar uma capacidade motora parcial ou especial, isto, fazer o aluno aprender um movimento novo oureaprender certos movimentos.

    Regras de comportamento 1 Idade Certas capacidades motoras gerais e

    especiais s so possveis de aprender aps certaidade. Denomina-se a isto "ontognese motora"Ontognese motora a aprendizagem motora quevai desde o nascimento at a morte. Divide-se emontognese motora de capacidade e ontognesemotora de qualidade.

    Em uma determinada idade, o aluno possuicondies de combinar determinados movimentos(ex.: correr e transformar a velocidade horizontal emum impulso vertical). Para o atletismo, possvelaprender todas as capacidades motoras nas se-guintes idades: meninas: entre 8, 9 e 10 anos; rapa-zes: entre 9, 10 e 11 anos.

    A essas crianas j se podem ensinar todas asbases tcnicas.

    A aprendizagem motora mais fcil na pr-puberdade que na puberdade. Mais exatamente,segundo Meinel, dois anos antes da puberdade. Uma

    boa base na infncia permitir mais facilmente umaespecializao. Partindo desta premissa, j possveldescobrir crianas de talento entre 9, 10 e 11 anos,desenvolvendo-lhes um sentido de movimento(analisador cinestsico).

    Podemos definir aprendizagem como um pro-cesso de input e output, isto , o que entra so asdiretrizes do treinador e o que sai o resultado doatleta.

    Nunca podemos dar informaes demais aoaluno, porque o mesmo no poder captar tudo.Temos que selecionar essas informaes. No s asinformaes, mas tambm a maneira de d-las

    importante. Isso tambm depende da idade. Acriana, por exemplo, sente necessidade de ver ima-gens para captar melhor as informaes. J com umatleta de 19 anos, por exemplo, a informao dadade tal maneira que o atleta, por sua prpria cabea,orienta os seus movimentos.2 As informaes devem ser dadas durante umlongo perodo Por exemplo, no salto em altura nose deve dar uma nova informao antes que setenha acertado a anterior.3 Para a qualidade da aprendizagem, so decisi-vas as condies interiores do aprendiz A capa-

    cidade de aprendizagem diminui com o cansao.Depende, alm da concentrao, da transformaodas informaes pelo sistema nervoso central, e issono possvel quando se est cansado, ou melhor,no se obtm o resultado desejado. Alm do mais,para aprender ou melhorar determinados movimen-tos, no se deve execut-los por um tempo exces-sivo. Por outro lado, o treinador deve dar o trabalhotcnico, de correo de movimentos, sempre noincio do treinamento, logo aps o aquecimento.4 - A aprendizagem no se mede pelo resultado,mas sim observando-se a razo ou motivo da falha

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    ou progresso - Um mau resultado provm, muitasvezes, de erros no treinamento; o treinador devecorrigir esses erros. Se um atleta aborda errada-mente a tbua de saltos em extenso, no adiantadizer-lhe para acertar a batida do p, pois o erroestar certamente nas ltimas passadas da corrida.

    5 As informaes devem ser claras. No devemter duplo sentido muito importante criar con-dies timas para a aprendizagem. Esta aprendiza-gem se processa atravs do sistema nervoso central.Uma tima tcnica proveniente da relao timaentre as unidades motoras estimuladas e as queopem resistncia a essas unidades. A partir disso,podemos concluir que o movimento executado porum principiante feito com grande gasto de energia,pois estimula muitas unidades motoras, tanto ativascomo oponentes, em excesso.

    O objetivo final da aprendizagem a automa-tizao: esteretipo dinmico motor, forma de mo-vimento completamente automatizada, podendo oexecutante, inconscientemente, executar o movi-mento, favorecendo a concentrao em outros pe-quenos detalhes. Sem essa automatizao, no seconseguir dar pequenos detalhes tcnicos como in-formao, pois o atleta, ao se concentrar nessasmincias, esqueceria o conjunto de movimentos, importante aos treinadores saber quais as melhoresinformaes a dar e como d-las.

    "O PROBLEMA DO ACOMPANHAMENTO EM

    COMPETIO E EM TREINAMENTO NO ATLE-TISMO" (trabalho apresentado em 1975, em umaconferncia em Moscou, pelo Prof. Berno Wisch-mann)

    0 trabalho de acompanhamento em treinamentoe em competio de grande importncia nodesporto.

    Muitas vezes, uma regresso em termos tcni-cos e de rendimento se deve a uma deficincia deum trabalho de acompanhamento e de orientao.

    Existe um ditado alemo que diz: "No se pode

    pentear todos os indivduos da mesma maneira".Num trabalho de Schmolinsky e Van Aaken, orelacionamento entre tcnicos e atletas ocupa umaimportncia muito grande. 0 sueco Aleman analisoualgumas dessas relaes entre atletas e treinadores eencontrou como fatores positivos de relacionamento:simpatia, companheirismo, amizade, fatores estesque esto sempre relacionados com bons resultadosatlticos.

    Atletas mal sucedidos esto geralmente rela-cionados com os fatores negativos, quais sejam:antipatia pelos treinadores, apatia, etc. Em termos

    de quantidade, pode-se dizer que muitos dessesproblemas so tratados, s vezes, de maneira bemsuperficial, no sendo levados devidamente a srio.Esse acompanhamento no empregado apenas noatletismo, mas tambm em outros esportes, levando-se em conta a diferena de cada um deles, ou seja,

    esporte coletivo, esporte individual e a caractersticade cada atleta.

    Com relao s dificuldades internas, estotambm relacionados os fatores externos que atuamno atleta: problemas relacionados com a famlia,profisso, escola, problemas ntimos, afetivos, etc.So bastante conhecidos e diferenciados oscaminhos utilizados pelos treinadores nesseacompanhamento. Todo treinador vai sempre deixara sua marca, o seu carimbo, em todo trabalho deacompanhamento, ou seja, sua forma pessoal defazer o acompanhamento. O professor Dr. Steinbach,

    4 colocado no salto em extenso em Roma, fazreferncias e observaes a vrios tipos decaracterstica, dentro desse trabalho.

    Existe num grupo o chamado lder: o que semanifesta dentro de um grupo sempre atravs desuas idias e opinies. Todo aquele que tiver a capa-cidade de liderana, num trabalho de acompanha-mento em uma competio, provavelmente vai sermelhor sucedido, desde que no perca o controle,devido a presses externas ou outros estados varia-dos. Essa mesma caracterstica o treinador poderiautilizar em atletas de nveis altos, atletas inseguros; otreinador agiria motivando e encorajando o atleta,

    para os seus resultados e possibilidades.Atletas individualistas, tipos fechados, isolados,

    mesmo possuindo autoconfiana, so freqentesdentro do esporte. H necessidade de acompa-nhamento, principalmente quando o resultado lhesobe cabea, com influncias negativas, por forade fatores externos que atuam no seu rendimento.

    Em grupos de atletas que o Prof. Berno temacompanhado, existem vrios tipos: uns tm medo,outros se realizam com promoes em jornais, exis-tindo ainda outras manifestaes.

    O atleta no complicado, livre de problemas,

    no freqente no esporte. Atleta inteligente, des-contrado, sem complicao, praticamente noapresenta problemas para o tcnico; atletas sem es-sas caractersticas de personalidade devem seracompanhados em competies, tanto de nvel na-cional como internacional.

    A distncia do lar apresenta, como conseqn-cia, problemas de relacionamento e de acompanha-mento. O treinador que trabalha com um atleta pormais tempo o que vai ter melhor condio deacompanhar esse atleta no setor esportivo, commaior preciso.

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    No correto treinadores nacionais acompa-nharem atletas que durante todo o ano treinaramcom seus treinadores locais, sem ter tido contatoanterior algum com esses atletas.

    O bom treinador faz observaes e experin-cias em vrios sentidos, para colher elementos a fim

    de melhorar o rendimento esportivo.Outro fator importante a nutrio. Atletas

    comem durante todo o ano mel, leite, cevada, carnese verduras. Deve ser observado o efeito do caf emrelao a aumentar ou diminuir determinadas funesorgnicas. Alguns atletas s vezes tomam, 20minutos antes de uma competio, caf forte compouco acar; deve ser observada a dosagem docaf antes de determinadas provas cuja durao bastante grande (ex.: salto com vara): pode trazerefeitos negativos no rendimento justamente na horamais difcil, pois seu efeito vai de 40 a 45 minutos.

    Horrio de refeio outro ponto importante:trs a quatro horas antes da prova tomar refeio,para que no se realize a digesto durante a compe-tio; tambm deve ser observado o cuidado com osintestinos, indo toalete antes da competio.

    Foram citados exemplos de atletas que conse-guiram alto rendimento em competies, e com ou-tros, deu-se o contrrio. H o exemplo de atleta que10 dias antes da competio no manteve relaessexuais, e outro que manteve intensas relaes navspera da competio e bateu o recorde mundial.H tambm o exemplo do saltador de vara suecoque, na vspera da competio, ingeriu bastante

    bebida alcolica e no dia seguinte bateu o recordeeuropeu da prova: o atleta estava bastante alegre,motivado, e isto pode ter sido de efeito marcante.

    Outro aspecto ser o tipo de massagem indi-cado para nosso atleta. Os massagistas americanosempregam uma massagem passiva, para aquecer, aqual deve ser encerrada 20 minutos antes da com-petio; aps a massagem, o atleta se movimentalevemente.

    O Prof. Wischmann citou tambm o emprego doplacebo, com efeito psicolgico. O tcnico austracoProcpio, em 1957, usou o placebo em 65 atletas

    masculinos e 35 femininos, com idade mdia de 28anos. Ingeriram plulas feitas com mal-te, lactose,leite condensado, manteiga de cacau, supondotratar-se de veneno da planta americana caladiumpurpureo, usado pelos ndios para aumentar orendimento em canoagem e em guerra, e cujoemprego levou atletas russos e americanos a atingi-rem vrios recordes mundiais.

    Aps a ingesto, vrias manifestaes se suce-deram: tontura, sensao de calor, transpirao, au-

    mento de freqncia cardaca. Diziam sentir defcincia de alimentao sangnea no crebro e presso nas tmporas. Foram realizados testes comdinammetro e em um caixo de 40cm de alturapara a fora de presso das mos e fora de perna,antes e depois do uso do placebo, sendo constatado

    que cerca de 68% dos pesquisados apresentaramgrande progresso no rendimento. Este exemploprova que o uso do placebo, de nenhum efeito fisiolgico, pode trazer o aumento do rendimento atravsdo efeito psicolgico.

    As influncias de ordem psicolgica so bas-tante grandes e podem-se usar vrios meios. Interes-sante notar que no trabalho de Procpio os resulta-dos foram proporcionalmente maiores com as mu-lheres do que com os homens.

    Dentro do perodo de treinamento, tambm oacompanhamento individual tem importncia bas-

    tante grande. Aproximadamente em 15 de outubro,quando tem incio o perodo preparatrio de inverno,renem-se atletas e treinadores num local derecuperao, numa cidade de repouso, com oobjetivo de se analisar o perodo competitivo pas-sado e planejar o novo perodo competitivo para oqual se vai treinar. Esse trabalho conjunto de orga-nizao e acompanhamento deve ser realizado tantono perodo de transio como no preparatrio e node competio.

    Para poder reconhecer os efeitos dessas medi-das de treinamento, deve o treinador, de tempos emtempos, realizar testes, com o objetivo de comprovar

    a progresso da condio do atleta. Dado o fato dese realizarem muitos treinos em locais fechados, necessria, principalmente no inverno, a utilizaocomplementar de vitaminas e sais minerais quevenham complementar o atleta, em termos denutrio.

    Uma viso bastante ampla do treinador dedirigir o trabalho de seu atleta com vistas s condi-es que devero ser encontradas posteriormente.Assim, o atleta que vai aos Jogos Olmpicos e temuma prova eliminatria s 9:00 horas j deve, comantecedncia, em treinamento, se habituar a acordar,

    pelo menos uma vez por semana, s 4:30 horas,tomar o seu caf e ter aquele espao ideal entrelevantar, alimentar-se e competir. Como exemplo foicitado o caso do marteleiro Uwe Bayer, que, nosJogos Olmpicos do Mxico, poderia ter sido medalhade prata ou bronze. Recomendado que se levantasses 4:30 horas, pois teria prova s 9:00 horas, s ofez s 6:00 horas, por achar suficiente. Na hora daprova, o atleta ainda estava meio sono-lento e nemse classificou para a final.

    As condies levantar cedo, passear, tomar aprimeira refeio, tomar massagem entre as compe-

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    ties, diferena entre as provas so fatores quedevem ser levados em grande considerao.

    Todo atleta deve estar em condies, indepen-'dente de ajuda ou acompanhamento, para ser bemsucedido. No tem sentido que, em grandes ou pe-quenas competies, o treinador sempre esteja perto

    do atleta. O treinador deve acostumar-se a sedistanciar cada vez mais do atleta com o objetivo dedeix-lo confiante, firme de si, convencido de suacapacidade.

    O atleta deve encontrar as melhorescondies para a prova. Deve conhecer, dentro dolocal da competio, qual o material que vai utilizar,quer seja disco, peso ou dardo; deve escolher entreos materiais que esto disposio aquele demelhor qualidade. Ele cita o exemplo do atletaSalomon, que, antes de uma grande competio,observava os vrios tipos de dardo e a

    empunhadura; ele via os atletas arremessarem eento podia ver qual o dardo melhor.O atleta, na competio, deve estar equipado

    o suficiente para evitar pequenos problemas leo, cordes para sapato adicionais, pregos parasapatilhas, etc. Deve ter sempre disposio guar-da-chuvas, capas de nylon, mantas ou cobertores,etc. Visando a uma boa preparao e obteno deum bom rendimento, deve-se permitir que o atletatreine em condies de tempo variveis. Exemplo:com chuva, contra vento, com vento a favor. Basi-camente falso que o atleta treine sempre em con-dies ideais de tempo. Todas essas medidas visam

    dar segurana ao atleta.O atleta aplicado ter sempre, independente

    do treinador, a motivao. Periodicamente devemser avaliadas suas condies tcnicas atravs devideoteipes, seqncias fotogrficas, etc.

    Dentro de um bom acompanhamento temprincipal importncia o planejamento ttico. O Prof.Berno Wischmann cita aqui a altura inicial dosarrafo em relao ao primeiro salto, o aspecto t-tico no decatlo, as variaes na meia e longadistncia, etc. Ele sempre recomenda que o atletase aquea de forma ideal para que na primeira

    tentativa, principalmente no arremesso, consiga omximo, com o objetivo de chocar o adversrio.

    POSSIBILIDADES NO RELACIONAMENTOTCNICO COM O ATLETA

    Veremos a seguir o procedimento de 3 tcni-cos para a resoluo dos problemas dos seusatletas.

    O primeiro exemplo o de um velocista ame-ricano: quando corria com adversrios mais fracosconseguia atingir sempre resultados de bom nvel,e o mesmo no se verificava quando ele participava

    de grandes competies, com adversrios de nvelmelhor ou igual ao dele.

    Seu treinador tentou encontrar frmulas dentroda competio e do treinamento, visando su-perao dessa deficincia. Aplicou o seguinte mto-do: pediu ao atleta que antes da competio corresse

    no sentido contrrio ao seu desenvolvimento, o quedava ao atleta a sensao de estar correndo contrauma resistncia, especialmente quando sentia ovento contrrio. Na competio, tendo que correr nosentido oposto ao anterior, sentia-se mais liberto,pois a oposio que sentira anteriormente dava-lheagora a impresso de estar recebendo uma ajuda nosentido de trs para a frente que o facilitava correr.

    O segundo exemplo o de um saltador emaltura que somente iniciava a corrida de aproximaoquando lhe restavam apenas 15 segundos para seesgotar o tempo regulamentar de 2 minutos. Essa

    caracterstica foi observada durante a prova nasOlimpadas da cidade do Mxico, e posteriormente,tambm, por ocasio do Campeonato Europeu deHalle, em Viena, quando ento se ratificou essacaracterstica do saltador. Perguntado sobre a causadessa caracterstica, o tcnico respondeu: "Meuatleta bastante nervoso e geralmente sua corrida feita sem concentrao, e nesses 15 segundos quelhe restam seu nervosismo muda, pois lhe resta nestecurto espao de tempo a alternativa nica deexecutar o salto".

    Algum tempo depois, esse mesmo procedi-mento foi usado pelo Prof. Wischmann, com um de

    seus atletas, com bons resultados.O terceiro exemplo o de um triplista alemo,

    atleta do Prof. Wischmann, que, em competies, salcanava bons resultados se prximo caixa desalto sentasse uma menina muito bonita que oaplaudisse. Ento o Prof. Wischmann solicitou oauxlio de uma menina bastante bonita, que, nacompetio seguinte, sentou-se prximo caixa e oaplaudiu, advindo da um resultado muito bom.

    0 objetivo do treinador , do ponto de vistapsicolgico, contribuir para que tanto o atleta comoele prprio tirem vantagens dessa situao. O

    treinador deve situar-se na base de todo processo derelacionamento do atleta, com seu empregador, seusprofessores, sua famlia, etc. Deve ser, antes de tudo,um amigo do atleta: participar no apenas dotreinamento, mas tambm de aspectos particulares,jogando, brincando, etc.

    Uma de suas principais funes a motivaodo atleta, levando-o a melhorar seus resultados. To-dos ns conhecemos mtodos utilizados para incen-tivar, ou mesmo para destruir, nossos atletas antes,durante e depois da competio. Sabemos da influ-

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    ncia de fatores que levam o atleta a uma auto-su-perao ou a um mal-estar que o impede de conse-guir bons resultados.

    Temos aqui um exemplo ocorrido nas Olim-padas de Melbourne, onde o tcnico norte-ameri-

    cano, depois de muitas manobras, conseguiu mudaro local e o horrio dos treinamentos, para que seusarremessadores de martelo treinassem antes dosrussos. Ao final do treinamento, antes que os russoschegassem, fez com o martelo um grande nmero demarcas prximas ao recorde do mundo e esperou poreles. Os russos, ao verem aquelas marcas, ficaramnervosos, e no dia da competio perderam para osamericanos. Esse exemplo serve para mostrar-noscomo determinados "truques" podem ter resultadospositivos ou negativos sob o ponto de vistapsicolgico.

    A condio bsica para a execuo ideal de umtrabalho est na autoridade dentro de uma basenatural de conhecimento, ou seja, uma autoridadeformada do treinador. Ele deve mostrar conheci-mento, tranqilidade, expressar segurana mesmoem situaes difceis na competio.

    Atualmente, na Europa, o Prof. Wischmann v oproblema da seguinte forma: a teoria tem muito valor.O treinador que, em seu local de trabalho, se destacaatravs de elevado conhecimento, no re-conhecido. Ele, que durante 32 anos foi tcniconacional da Alemanha, deixou a tarefa, mas conti-nuaria caso no houvesse essa teorizao dos pro-

    blemas do atletismo, pois no se chega a bons resul-tados atravs de palavras bonitas, e sim de um tra-balho aplicado e consciente do treinador baseado emsuas experincias.

    Em termos de vitria da equipe, o fator principal a palavra do treinador, que ir motivar o atleta,criando nele a vontade de vencer; treinador quenegligencia o cuidado com seus atletas perde ocontrole da situao; nunca pode cuidar primeira-mente dos seus interesses, alojar-se ou alimentar-seantes dos atletas, por exemplo.

    Diz ainda o Prof. Wischmann que todo aquele

    que vive essa problemtica chega concluso deque, dentro deste contexto, a obteno de bonsresultados no mais possvel em termos amadoris-tas.

    O que deveremos fazer ento com atletas quedemonstrem qualidades para obter bons resultados?Deveramos fazer uma anlise das causas que levamesses atletas de alto nvel a conseguirem bonsresultados. A base para o sucesso desportivo umtrabalho sistemtico desde idades tenras, comean-do com a iniciao at se chegar aos mais altosnveis.

    Segundo Wischmann, no existem mais na Eu-

    ropa atletas amadores, que talvez possam existir noBrasil ou no Japo. Mesmo os seus atletas so estudantes, militares ou empregados de firmas cuja jornada de trabalho prev um perodo para treinamento. A importncia principal neste tipo de trabalho e a

    disponibilidade de tempo para treinamento inten sivo.Relao entre escola e treinamento de alto nvel,estudo e resultado, prestao de servio militar epoca de resultado, profisso e treinamento, todosesses aspectos devem ser encarados sob um nicoponto de vista, que nos leva ao seguinte caminho: massificao e desenvolvimento de trabalho anvel escolar e iniciao; distino de atletas talentosos atravs de umprocesso de seleo; desenvolvimento de planos de perspectivas quelevem os atletas a uma condio financeira que os

    possibilite obteno de resultados de nivel, ou seja,criar condies semelhantes ao profissionalismo;pois o fato de o atleta participar de esportes de altonvel no pode trazer-lhe prejuzos, sejam em termosde estudo ou de outras atividades. Em sntese,devemos cuidar dos aspectos escolares, materiais eprofissionais que lhes so necessrios, no existindooutro caminho seno esse para a obteno deresultados de alto nvel.

    Cito como exemplo o grande progresso espor-tivo dos Estados Unidos, no perodo entre as 2guerras mundiais: esse progresso deve-se exclusiva-mente a um trabalho sistemtico de atividades fsicas

    bsicas nas escolas elementares e high schools e sfacilidades de estudo nas universidades oferecidasaos atletas de talento. Esse sistema norte-americanode apoio ao esporte serviu de base para aestruturao do programa esportivo da RD para operodo de ps-guerra.

    Em 7 de janeiro de 1955, foram criadas escolasde esporte de nvel infanto-juvenil, s quais eramencaminhados os atletas; elas tinham o objetivos delev-los a uma especializao. Estabeleceram-se,atravs de um rgo competente da RDA, as bases,as formas e os objetivos desse trabalho, nessas

    escolas.O ceticismo dos pais dos atletas quanto aofuncionamento dessas escolas foi logo substitudopela aceitao ao que era oferecido aos seus filhos,como, por exemplo: aulas de recuperao, aps operodo letivo normal, a todo e qualquer aluno, nasmatrias em que tivesse apresentado dificuldades.

    A freqncia e a igualdade dessa formao, emtermos intelectuais e esportivos, levaram os pais amandarem suas crianas a essas escolas esportivas.

    Temos, como exemplo desse tipo de trabalho, ocaso da velocista recordista mundial Renate

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    Stecher, que em idade escolar manifestou qualidades desprint. Foi ento desenvolvido com ela um plano deperspectivas visando criar condies para odesenvolvimento de suas potencialidades esporti-vas em concordncia com suas atividades escolares

    profissionais, chegando mesmo a ter um

    professor sua disposio para ajud-la a sanardeficincias escolares. Temos a um exemplo detrabalho planejado, objetivando resultados de nvel

    olmpico. Do mesmo modo so planejadas asatividades profissionais de outros atletas, junto aoexrcito, polcia, como professores de esporte, etc.

    Toda a atividade profissional do atleta, comrelao ao treinamento, ajustada. Segundo o Prof.Wischmann, apenas pases que fazem o mesmo quea RDA podem atingir resultados de alto nvel, poiscaso contrrio os atletas iro se deparar com grandesobstculos, de diferentes ordens, que os

    impediro de obter tais resultados.ALGUNS PRINCPIOS DA INICIAO EM

    ATLETISMO COM JOVENS O Prof. Berno

    Wischmman realizou pesquisa a respeito da

    idade adequada para a iniciao em

    atletismo, chegando seguinte concluso: deve co-

    mear, para meninas, aos 9 anos de idade, e para

    meninos, aos 10 anos.Apesar de alguns estudiosos no assunto acha-

    rem esta idade bastante prematura para trabalho com

    disco e martelo, o Prof. Wischmman v a pos-sibilidade de iniciao tambm nessas provas, dada agrande variedade de implementos disponveis eadequados para uma boa orientao em forma depequenos jogos e atividades recreativas, com grandemotivao para o trabalho. Ainda ilustrou a possi-bilidade de orientao na iniciao das atividades,atravs de meios e formas prticas, levando o edu-cando ao prazer pelo exerccio, bem como gradativaevoluo de tcnica para as diversas provas, semprede forma simples e agradvel, aumentando aospoucos o grau de dificuldade dos exerccios, num

    clima de trabalho bastante salutar e agradvel.Exemplos de formas de atividades prticas orientadaspara o atletismo: correr na ponta dos ps, com ligeiraelevao dos joelhos, ombros descontrados ecompleta soltura dos movimentos, favorece asqualidades de sprint.

    A fora s pode ser desenvolvida com descon-trao completa em todos os movimentos, onde serecomenda sapatear. Exerccios para desenvolver afora de salto tm como objetivo bsico dar aoiniciante as qualidades de base para o atletismo.

    Outro aspecto de mxima importncia, que

    pode ser desenvolvido bastante cedo, a coordena-o de movimentos, atravs de tarefas acompanha-das da pergunta: quem capaz? Em p, saltar e darum giro de 360, para a direita ou esquerda. Coor-denar este giro na corrida. Correndo na ponta dosps, saltar e cair de pernas afastadas. Idem, saltar,afastar as pernas e cair de ps unidos. Idem, baten-do os ps duas vezes no ar, caindo tambm de psjuntos, etc. O princpio dos movimentos desen-volver, dentro da corrida, exerccios de habilidades,onde o educando sempre levado a cumprir umatarefa nova.

    Em seguida, importante desenvolver a coor-denao motora com movimentos combinados comoutros segmentos: salto com movimentos de cabea,de tronco, com trabalho de braos, etc. Estas formasde trabalho visam formar, generalizando, futurosatletas, por estar sempre presente, em todos osexerccios, o fator coordenao, habilidade, alm dofortalecimento geral. Todo exerccio executado devetrazer indicaes de resultados. Isto nos d umasegura orientao da evoluo e progresso de cadaum, individualmente. Podemos tambm incluir nestaforma de trabalho exerccios de maior complexidade,segundo nveis estabelecidos que nos mostraro o

    nvel de habilidade e coordenao adquiridos com otrabalho j executado e as deficincias a seremvencidas. Sempre com os mesmos objetivos eprincpios j definidos desenvol-ver-se- um trabalhopara angariar qualidades de base, um fortalecimentogeral, ganho de novas habilidades atravs decoordenao de movimentos, orientando futuraespecializao do jovem iniciante nas diferentesprovas. O caminho escolhido para orientar a atividadefsica no deve conter sobrecargas nos aspectosorgnico e psicolgico, seguindo a evoluo eformao da pessoa humana, no decorrer dos anos.

    Segundo o Prof. Wischmman devemos tomarconscincia de que esporte vida, temperamento,vontade, prazer, fora, gosto e necessidade para aformao geral do ser, em todos os seus aspectos.Portanto, devemos estar sempre atentos para asimplicidade dos movimentos na iniciao tcnica doatletismo.

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    CAPITULO II

    FORA

    ELEMENTOS DA CONDIO FSICA

    Sao elementos bsicos da condio fsica:FORA - RESISTNCIA - VELOCIDADE

    Distinguem-se 3 capacidades de fora: foramxima, fora rpida e resistncia de fora. - Foraespecial o resultado da interao das diferentescapacidades de fora.

    Em relao ao atletismo, a resistncia de forano tem importncia direta na competio; entre-tanto, de relevncia no treinamento, pois forma a

    base para o desenvolvimento de fora rpida e foramxima.

    No atletismo, medida que se trabalha comcargas, distinguem-se:

    "foras internas" e "foras externas". Forasinternas So aquelas que ns consegui-osatravs do trabalho da musculatura. Forasexternas So aquelas que vm de fora e que

    temos que movimentar atravs da nossa mus-culatura. Ex.: peso, halteres. Se as foras internasforem maiores que as externas, elas vencero a

    resistncia das foras externas e haver movimento.Se as foras internas forem iguais s externas, nohaver movimento. Se as foras externas foremmaiores que as internas, teremos um movimento derecuo. Ex.: ao saltarmos de cima de uma cadeirapara o cho, somos obrigados a flexionar as pernas,para amortecer a queda, porque a atuao da foraexterna maior que a da fora interna. Outroexemplo: trabalho de fora

    com halteres. Quando os halteres so erguidos, asforas internas so maiores do que as externas;quando so mantidos acima sem movimento, asforas so iguais; quando descem, as foras exter-nas so maiores que as internas.

    O movimento desportivo caracterizado pelojogo de foras internas e externas. Por causa daspossibilidades deste jogo de foras, classificamos:

    1) Fora dinmica positiva quando num tra-balho de superao, as foras internas so maioresque as externas.2) Fora esttica quando foras internas eexternas se equilibram. Embora no atletismo usemosmais a fora dinmica, esta forma tambm empregada.3) - Fora dinmica negativa quando as forasexternas so maiores do que as foras internas. Ex.:fase de amortimento em todos os saltos.

    Podemos aumentar a fora mxima, atravs de2 caminhos; o melhor e que d mais resultado pelo

    aumento dos msculos (hipertrofia). O segundo utilizado pelos atletas que realizam trabalhos de forarpida, a melhoria da coordenao intra eintermuscular.

    Um trabalho intramuscular aquele em que setrabalha ao mesmo tempo diversas fibras muscula-res. A melhoria da coordenao intramuscular se fazaumentando o nmero de fibras musculares queconseguem trabalhar ao mesmo tempo. Esseaumento do nmero de fibras atuantes ao mesmotempo limitado.

    Atravs do treinamento de fora, o atleta con-

    :

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    segue uma capacidade de contrair maior nmero defibras musculares ao mesmo tempo. O resultadodisto o aumento da fora mxima sem plena hi-pertrofia muscular. Estas concluses foram conse-guidas atravs da eletromiografia de Kusiserav. Pormeio deste mtodo podemos ver quantas fibras

    musculares trabalham ao mesmo tempo e em quequantidade so utilizadas no movimento. Isto importante porque se pode ver quais os msculosque trabalham em determinadas provas.

    Este estudo encontra-se ainda em fase poucoadiantada; para movimentos simples podemos ver osmsculos atuantes; porm, com relao a movi-mentos mais complexos, isto se torna impossvel.Coordenao intermuscular Devemos distinguirentre grupos agonistas e antagonistas.

    Os agonistas so os msculos que se contraemdurante o trabalho muscular; os antagonistas so

    aqueles que se relaxam.Quanto maior o relaxamento dos antagonistas,menor a exigncia dos agonistas; portanto, apossibilidade do trabalho bem maior. Isto muitoimportante em relao fora rpida, porque nelatemos uma contrao muscular muito rpida; aqui osmsculos antagonistas tm um lapso de tempo muitopequeno para relaxarem. Por isto, quando no existeum equilbrio entre o relaxamento e contrao,podem ocorrer leses. Estas leses, principalmentedo tipo ruptura, sucedem quando os msculosagonistas iniciam a contrao e os msculosantagonistas ainda no se relaxaram, quebrando o

    equilbrio entre o trabalho de um e outro.Podemos definir a fora rpida como "a capa-

    cidade de superar uma resistncia de maneira ve-loz"; a capacidade de acelerao.

    Ao contrrio da fora mxima, o resultado dafora rpida sempre dinmico. No desporto quasenunca temos movimentos estticos; temos sempremovimentos de acelerao. A fora rpida umahabilidade de coordenao.

    Exemplo: De um lado temos a fora mxima e

    de outro a velocidade, e entre elas a fora rpida,que, por isto, no considerada absoluta, mas relati-va, pois pode pender mais para a fora mxima oumais para a velocidade. Quando um velocista temque superar um adversrio, sua fora rpida estmais prxima da velocidade. Para o arremessador depeso, por encontrar tambm resistncias externas,sua fora rpida est muito mais prxima da foramxima.

    No atletismo temos foras especiais, tais comofora de salto, fora de sprint, fora de

    arremesso e fora de lanamento. - Afora de salto subdivide-se em:

    Fora de salto vertical Fora de salto horizontalEntre estas duas foras no existe uma relao

    determinstica, mas, sim, uma relao emprico-es

    tatstica, o que significa que o atleta que tem maisfora de salto vertical ter tambm mais fora desalto horizontal, ou vice-versa. Estas foras de saltopodem ser treinadas juntas porque so parecidasuma com a outra, mas ao mesmo tempo impor-tante haver um trabalho especial para a melhoria decada uma delas.

    Todas as foras tm elementos comuns quemelhoram com o treinamento geral. 0 treinamento um processo contnuo de especializao; quantomais elevado for o nvel do atleta, maior ser otreinamento especfico de fora rpida.

    Em crianas de 8 a 10 anos encontrou-se, en-tre FSH e FSV,uma igualdade de 50 a 60 por cento,onde conclumos que no trabalho com iniciantes importante o trabalho geral de fora rpida, mas, medida que melhora o nvel, entra o trabalhoespecial.

    Em fase de especializao, h uma transfor-mao de fora rpida geral em fora rpida espe-cial, havendo uma perda nesta transformao, isto ,certa quantidade de fora rpida geral no transformada em fora rpida especial.

    DIFERENCIAO SISTEMTICA DO TREINA-

    MENTO DE FORATodo o treinador deve saber diferenciar o tipo

    ou espcie de fora que deve estar em primeiroplano dentro de um treinamento.

    Existem 3 elementos ou formas de fora:Fora mxima, fora rpida, resistncia de

    fora.So conhecidas trs diferenciaes sistem-

    ticas no treinamento de fora.1. Diferenciao didtica que determinada se-gundo o objetivo do treinamento, ou seja, peloselementos imediatamente importantes ou me-

    diatamente importantes.2. Diferenciao sistemtica segundo o contedo dotreinamento que se divide em treinamento de forageral e treinamento de fora especial.

    So meios de treinamento em relao forageral e fora especfica:

    Exerccios desenvolvidos de maneira geral.Exerccios especficos.Exerccios de competio com sobrecarga.

    Os exerccios desenvolvidos de maneira geralcorrespondem ao treinamento geral. Os exerccios

    especficos e os de competio com sobrecarga

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    correspondem ao treinamento especfico.Os exerccios desenvolvidos de maneira geral

    nao correspondem, nem na dinmica e nem na es-trutura, aos de competio.

    0 conjunto de movimentos e a relao entrefora e tempo nada tm a ver com competio. Os

    exerccios especiais correspondem em parte din-mica da competio e em parte estrutura da com-petio. Os exerccios de competio correspondemem relao a estrutura competio, e em relao dinmica apenas assemelham-se competio.

    Ex.: o arremessador de peso, ao se deslocar em bus-ca do anteparo com um haltere s costas, faz umexerccio que, quanto estrutura, assemelha-se aomovimento da competio, e, quanto dinmica,tentar atingir a velocidade de deslocamento emcompetio.

    Outro exemplo: para um velocista, a flexo dos

    joelhos com halteres (semi-agachamento e aga-chamento) um exerccio geral, pois quanto es-trutura no se parece com movimento de corrida equanto dinmica ser mais lento que o movimentode corrida.

    Portanto, bsico que o exerccio especial te-nha uma estrutura parcial em relao competio euma imitao dinmica de competio.

    Exerccio de competio (exemplo): o ar-remessador de peso ao arremessar um peso maiorque o normal. O velocista ao subir correndo umarampa ou escada. Um saltador executando saltos daprova ou educativos com colete lastrado.

    Os exerccios de competio em relao es-trutura imitam a competio e em relao dinmicano se assemelham completamente, pois a cargano permite. O atleta deve buscar a dinmicaprxima da competio, isto , a sobrecarga nodeve ser grande. Ex.: um saltador em extenso comcolete de 30 kg no ter velocidade para o salto. Ovelocista no deve subir ou correr em planos muitoinclinados.

    Em todo o planejamento deve haver uma rela-o tima entre os trs grupos de exerccios para seconseguir uma fora tima.

    O treinamento um processo contnuo de es-pecializao. Dentro de um ciclo anual de treina-mento, os exerccios especficos e de competiocom sobrecarga devero ser dados mais no fim, enao no princpio do perodo de treinamento. 3.Sistematizao segundo o mtodo de treinamento

    Existem:

    a) mtodo de durao;b) mtodo de trabalho de intervalo extensivo;

    c) mtodo de trabalho de intervalo intensivo;d) mtodo de trabalho de repetio.

    O somatrio destes 4 mtodos serve tambmpara melhorar a resistncia de fora.a) Mtodo de durao - importante para aresistncia geral de fora. Exerccio contnuo e sem

    interrupo com carga pequena e velocidade maislenta. Ex.: corrida de durao com colete lastrado.(Esse mtodo pouco usado no atletismo.)b) Mtodo de trabalho de intervalo extensivo ummtodo para treinamento da resistncia de fora,importante para o trabalho bsico.

    Normas de sobrecarga: carga entre 25 e 50%.Volume: 300 a 500 repetiesRepeties por srie: 20 a 30Intervalo: no superior a 90".Exemplo de mtodo de trabalho extensivo para

    saltadores, com objetivo de melhorar a resistncia de

    fora de perna:Intensidade: 40%Volume: 400 repeties.Repeties por sries: 20.Intervalo: 90".Nmero de sries: 20.Tipos de saltos a executar:

    Saltitar com ambas as pernas, halteres nas costas(extenso total das pernas). Saltitar com ambas as pernas, halteres nascostase com afastamento ntero-posterior das pernas.

    Saltar sobre um banco sueco, elevando o corpo epronunciando os joelhos num ngulo de 90. Saltos de trabalho de fora dinmica negativa epositiva.

    Podemos usar duas formas para realizar estetrabalho:

    1 Formando um circuito:1 estao: exerccio a) 20 rep.2 estao: exerccio b) 20 rep.3 estao: exerccio c) 20 rep.4aestao: exerccio d) 20 rep.Dar 5 voltas pelo circuito.

    2 Repetir o circuito anterior com apenas 5 repeties em cada estao, devendo repetir 20 vezeso circuito.

    Cuidados a tomar:

    Ter conhecimento das capacidades individuaisem cada exerccio. Conhecer a capacidade mxima do atleta paraaplicar certo os 40%. O primeiro circuito s pode ser feito se houver nomximo 4 atletas, com rendimento de fora mximamais ou menos idntica.

    Podem-se alterar as normas de sobrecarga den-

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    tro de uma sesso de treinamento, assim:

    variando a percentagem das cargas nas esta-es. Ex.: 50% na 1, 25% na 2, 40% na 3 e 30%na 4aestao;

    variando o nmero de repeties por estao;

    variando o tempo de intervalo entre as esta-es;

    variando o trabalho de grupos musculares emcada estao;

    aumentando o nmero de estaes no circuito,para fazer trabalhar mais a musculatura mais fracaou a mais exigida na prova de salto.

    c) Mtodo de trabalho de intervalo intensivo aforma tpica de trabalho para melhorar a fora rpida; ideal para o treinamento da fora especial.

    Normas de trabalho:

    1 - Intensidade: 40% a 70% FM-W- FR-40% Vel.A fora rpida est entre a fora mxima e avelocidade. Fora rpida para fora mxima in-tensidade de carga de 70%. Fora rpida para velo-cidade intensidade de carga de 40%.2 Repeties: 6 a 10, dependendo da intensidade.Devem ser feitas tantas repeties quantas forempossveis, sem perda de velocidade do movimento.Com velocidade maior, reduzir para 6 a 7 repeties;a queda da velocidade deve limitar o n? derepeties.3 Intervalo: O suficiente para que a srie seguinteseja feita na mesma velocidade que a anterior (2 a 4minutos).4 Volume: menor, porque a intensidade maiore os movimentos devem ser executados comexploso, fator de alta importncia (100 a 200 re-peties).

    Observaes: Tendo pouco tempo disponvelpara treinar, recomenda-se ao atleta ir andando deuma estao para outra, principalmente quando setrabalham diferentes grupos musculares nas vriasestaes.

    Exemplo de trabalho de intervalo intensivo paravelocistas de alto nvel, feito na 1 fase de

    treinamento, para melhorar a fora rpida geral:Exerccios: 1) semi-agachamento seguido de saltovertical.2) o mesmo exerccio com troca ntero-pos-teriordas pernas.

    Repeties: 10 vezes para o 1 e 8 para o 2Volume: 120 repeties.Face a achar-se o atleta ainda em incio de

    treinamento, deve executar 7 sries para o 1 e 6para o 2, com intensidade de 60 a 70%, dentro deintervalos de 3 minutos.

    d) - Mtodo de repetio - um mtodo tpico paramelhorar a fora mxima. realizado com grande oumxima intensidade.

    Normas da sobrecarga: Intensidade: 75% a 100%. N de repeties por srie: 1 a 5. N de sries: 8 a 10. Volume: 40 a 50 repeties.

    Intervalo: entre 3 e 4 minutos. A forma de

    trabalho mais usada a pirmide.

    75-5 rep. 95-2 rep.85-4rep. 100-1 rep.90-3 rep.

    Baseado na sobrecarga progressiva (intensi-dade inversamente proporcional ao nmero de re-peties por srie), com 2 possibilidades de variao:1) acentuando mais na base da pirmide. Ex.:repetir 75% e 80%, 2 vezes;2) acentuando na ponta da pirmide. Ex: inserirentre 95% e 100%, uma srie a 97,5%.

    O sistema de pirmide pode ser executado naforma ascendente e na forma ascendente-descen-dente. Werchosanski, estudioso sobre o trabalho defora, diz que o treinamento de fora independe desexo.

    Pergunta: Os treinamentos de fora mxima, forarpida e resistncia de fora podero ser aplicadosem um s perodo ou em perodos diferentes? R. No se isola o treinamento destas foras. O trabalhodever ser misto, mesmo na 1a fase do perodo depreparao, para dar base aos perodossubseqentes.

    TREINAMENTO DE FORA

    Segundo os meios de trabalho - J falamos sobre osconceitos de trabalho de superao, de recuo emanuteno. Quando de um treinamento especial, os3 elementos devem se relacionar com a competio.Isto significa que um treinamento normal nao suficiente para a competio, pois, por exemplo, semo trabalho de fora dinmica negativa, no

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    Atravs do trabalho de fora dinmica negativa,consegue-se um melhor amortecimento, e isso podeser treinado conforme o quadro acima. 0 aumento daFDN obtido de duas maneiras:

    atravs de uma melhor coordenao;

    atravs de um aumento da tenso muscular. sabido que, para se conseguir uma hipertrofia

    muscular, temos que ter: tenso muscular e tempo detenso muscular. No salto em profundidade, h umaumento da tenso muscular, razo para o aumentoda fora dinmica negativa. Tambm sabemos quepara se obter um movimento explosivo necessrio,antes do movimento, uma certa tenso muscular.Quanto maior essa pr-tenso, mais explosivo ser omovimento. Por exemplo, no movimento de supinocom halteres, o levar a barra at o peito origina umapr-tenso, que far com que o movimento deextenso dos braos seja mais eficiente. Abalakowtambm realizou experincias nesse sentido,

    provando a importncia dessa pr-tenso. Ospesquisadores executaram saltos partindo de umaposio parada (semiflexo) e tambm de umasemiflexo antecipada de movimento. As diferenasforam a favor da segunda forma, na ordem de 3 a 7centmetros.

    Sabemos, por pesquisas, que a partir de umcerto nvel, estabelece-se uma barreira ao aumentoda fora, ou seja, a reao aos estmulos de foratorna-se mais e mais difcil. Isso acontece por nohaver mudanas na variante de estmulos. Quandoisso acontece, uma possibilidade de vencer essa bar-reira o trabalho de fora dinmica negativa, por seruma nova variante.

    Quando se torna difcil o resultado com otrabalho positivo, utiliza-se o esttico, por ser essetrabalho uma outra variante, e por ser importante autilizao de muitas variantes.

    importante sabermos em que medida otrabalho esttico importante para o atletismo. Aprincipal vantagem atingir-se uma rpida hipertrofiamuscular. Isso conseguido atravs de um maiortempo de tenso. Por exemplo, presso cons-

    tante contra a barra fixa. Outra vantagem que sepode realizar um trabalho especfico em certos gru-pos musculares. Por outro lado, temos as desvanta-gens. O trabalho esttico no possibilita um trabalhoparalelo de coordenao muscular. No h estmulospara o sistema nervoso central. Outra desvantagem

    a execuo'de movimentos no utilizados nodesporto.J no trabalho dinmico positivo, o SNC

    estimulado para movimentos da competio. Por isso o mais usado. No trabalho dinmico, procura-setambm melhorar a fora rpida.

    Em que medida as diferentes capacidades defora influenciam umas s outras?

    Foram feitas pesquisas no Instituto de Esportesem Mogncia a esse respeito. Foram consideradascinco caractersticas de fora:1 Fora de Sprint .........sada de blocos e corridapor 15m, sem considerar o tempo de reao.

    2 - Fora de salto vertical (FSV).3 Fora de salto horizontal (FSH)....medida apsseis saltos alternados.4 Fora mxima esttica...........medida em quilo-pontos (kp)5 Fora mxima dinmica .........medida em qui-logramas (kg)

    Para falarmos das influncias de umas nas ou-tras, temos que falar primeiro de dimenses motorase nao motoras.

    Se duas ou mais caractersticas no possuemdependncia entre si, ou seja, no tm influnciauma na outra, dizemos que so dimenses motoras.Ao contrrio, se possuem uma interdependncia, seinfluenciam uma na outra, dizemos que sodimenses no motoras. Na prtica do treinamento, importante essa conceituao, pois quando temosdimenses motoras, as caractersticas devem sertreinadas isoladamente. Quando temos dimensesno motoras, podemos determinar treinamentoscomplexos, conseguindo melhorar com o mesmotreinamento vrias caractersticas.

    Em relao s dimenses no motoras, preci-samos saber em que medida existe relao entre asvrias caractersticas. Como regra bsica, temos:

    quanto maior a interdependncia entre as caracte-rsticas, tanto mais se pode melhorar as mesmasatravs do treinamento. O ideal seria uma interde-pendncia determinstica, mas o que sempre acon-tece uma interdependncia estatstica. Dessa for-ma, em relao a uma interdependncia determins-tica, podemos dizer que, ao melhorarmos o nvel decerta caracterstica em 10%, tambm melhoraramoso nvel de outra na mesma porcentagem. Por outrolado, quando temos uma interdependnciaestatstica, melhorando uma certa caracterstica

    possvel uma boa preparao para competio. Essetrabalho chamado tambm de recuo.

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    em 10%, conseguimos uma melhora de outra, masno na mesma porcentagem.

    Voltando agora quelas 5 caractersticas defora, podemos dizer que: quanto melhor o nvel derendimento e quanto mais homogneo seja o grupo,tanto mais teremos uma dimenso motora entre as 3

    foras rpidas citadas e as 2 foras mximas. Aocontrrio, quanto mais heterogneo e de menorrendimento seja o grupo, maior ser ainterdependncia entre foras mximas e forasrpidas, encontrando-se, aqui, dimenses no mo-toras entre elas.

    Podemos dizer, tambm, que quanto mais ho-mogneo e de maior rendimento seja o grupo, tantomenor a interdependncia entre as vrias forasrpidas, apesar de ela nunca deixar de existir.

    Essa afirmativa acima nos faz voltar ao concei-to de que "o treinamento esportivo um processocontnuo de especializao". Seu objetivo diminuiras semelhanas dos fatores nas diferentes ca-ractersticas, pois se procura no treinamento, cadavez mais, a especializao.

    Atravs da estatstica, podemos quantificar as

    semelhanas entre fatores de duas caractersticaIsso conseguido atravs da variante conjuntaQuando temos uma variante conjunta de 50%, porexemplo, dizemos que metade dos fatores igual emetade diferente. Na estatstica, esses 50%, nosemelhantes so chamados de variante de resto

    Portanto, quanto maior a variante conjunta, tantomaior a interdependncia entre as caractersticas, \quanto maior a variante de resto, tanto menos essainterdependncia.

    Voltando ao exemplo dado, entre as caracte-rsticas 1 e 2, 2 e 3, 1 e 3, existe uma varianteconjunta de mais ou menos 50%, ou seja, bastantegrande. Dessa forma, melhorando uma delas, haverum aproveitamento dessa melhora em outra ca-racterstica, da ordem de 50%. Entre fora mximaesttica e fora mxima dinmica, a varianteconjunta de 85%.

    Entre fora mxima e fora rpida, temos umavariante conjunta r2= 10%. Valores dessa ordem, oumenos, denotam uma independncia. Por isso, entreatletas de alto nvel, no tem sentido trabalhar, emum velocista que necessita de fora rpida, a foramxima.

    PESQUISA - LANAMENTO DO DARDO

    ASPECTOS GERAIS QUANTO A TCNICA DOLANAMENTO DO DARDO

    Aspectos considerados e analisados:1. movimentos tcnicos com diferenas individuais;quanto aplicabilidade, devemos criar umahomogeneidade tcnica para o lanamento;2. trabalho com crianas e aplicao metodolgicade pontos, segundo a tcnica do lanamento;3. fator motivao;4. treinamento do lanamento do dardo;5. preparao e comportamento em competio;

    6. traumatologia de treinamento.Fz-se a anlise tcnica de filmes das Olim-padas de Munique (1972), sobre as provas de peso,dardo, disco e martelo; o professor teceu coment-rios, ressaltando correlaes, dada a semelhana demovimentos para a composio de foras, desde apreparao at o lanamento propriamente dito efinalizao.

    Ressaltaram-se, caracterizando as diferenas in-dividuais, as diversas fases de lanamento de vriosatletas, definindo-se algumas posies que implicammaior rendimento para o lanamento.

    Na posio final para o lanamento observou-seuma semelhana de tcnica: necessidade de flexoda perna direita, que serve de base de sustentaodo peso do corpo, quando o quadril deve abaixar-se.Nas cinco ltimas passadas existe uma necessidadede se aumentar o caminho de acelerao doaparelho; em conseqncia h uma inclinao dotronco para trs, em relao ao centro de gravidade(CG). Quando, no final do lanamento, a pernaesquerda entra em contato com o solo, os movi-mentos da perna direita e quadril so dirigidos parauma composio, em forma de rotao, que propi-

    ciar um maior ganho de acelerao para o lana-mento. No final do lanamento, a perna e ombroesquerdos fixam os movimentos para orientao dasforas a serem aplicadas contra o aparelho. Nosltimos cinco movimentos, orientamos a primeirapassada j procurando levar o dardo para trs, emposio de lanamento. Na segunda passada, estemovimento se completa, dardo altura da cabea eacima do ombro direito, o ombro esquerdo orientadona direo do movimento. A terceira e quartapassadas constituem-se num preparo da frenagem,quando deve haver uma inclinao do tronco para

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    atras em relao ao CG. Na ltima passada, onde hamortecimento e frenagem para finalizao do lan-amento, as posies se fixam para maior aprovei-tamento e rendimento no lanamento. Em algunsatletas, como Lusis, da URSS, a

    . posio dos ps de tal forma que ficam voltados

    para o sentido do lanamento, objetivando levar otronco inclinado para trs, inclusive o quadril; a perna

    esquerda estendida para a frente do tronco, e o brao,estendido para trs, mantido altura da cabea.

    Segundo o Prof. Salomon, tal posio permite grandevelocidade, no caso particular de Lusis, dadas as suas

    caractersticas individuais; mas, em regra geral, nopode ser aceita, pois biomecani-camente reduz a

    possibilidade de maior acelerao. Foram analisadosmais alguns pontos importantes quanto tcnica de

    lanamento, com base na observao feita nos filmes.Observaes sobre o lanamento:

    Para iniciantes, a corrida deve ser desenvolvidacom o dardo prximo cabea e paralelo ao solo,pois o movimento de levar o dardo atrs ocorre pertoda cabea, e o domnio deste movimento feito como olhar. No movimento com cinco passadas, aorientao feita seguindo a linha da cabea, paratrs. Para no sobrecarregar o trabalho de alavanca debrao, no cotovelo, determinamos as foras de lan-amento: com rotao anterior do eixo transversal dalinha dos ombros; lanamentos na posio alta, combraos estendidos; lanamentos atingindo alvos emplanos baixos ou em desnvel de terrenos. O

    lanamento longe da cabea determina grande pe-rigo de leso no cotovelo, donde a necessidade dese fazerem lanamentos altos em relao posiodo brao, atingindo alvos, denominados aparelhos. No caso de Lusis, leva-se o dardo primeiro frente e depois por baixo. Isto possvel com grandemobilidade, mas possibilita modificar o posicio-namento do dardo. Uso do dardo de treinamento para iniciantes. Dada a distribuio da massa, a ponta do dardo rapidamente endereada ao solo. Bons lanadoresconseguem, com esse dardo, rendimentos de 70 a

    75m. Atravs de lanamentos com o dardo de trei-namento e com o dardo especial, pode-se verificar onvel tcnico do arremessador. Com uma boa tc-nica, a diferena deve estar entre 10 e 12 m, paramais, com o dardo especial. Com dardos especiais, os lanamentos devem serfeitos com ngulos menores, devido resistncia doar, embora isso leve anos para a especializao, poiso principal fator para o dardo especial a velocidadede lanamento ou velocidade de vo, dadas suascaractersticas aerodinmicas.

    Uso de materiais e forma de aprendizagem. Devemos criar tipos de motivaes em que at osmenos dotados possam realizar o lanamento dodardo. Exemplo: com bolas, efetuar lanamentosatingindo alvos preestabelecidos; os lanamentosso feitos em forma de recreao ou de competio,

    individual ou em grupos, de formas as mais variadaspossveis. O objetivo principal , com diferentesmateriais, aprender a lanar com domnio domovimento, iniciando vontade, depois parado,Prosseguindo com 2 ou 3 passadas. Como meio au-xiliar para orientao, ritmo e definio das passa-das, utilizamos pontos de referncia, com intervalosregulares e de fcil visualizao. Essa movimentaopode ser aprendida com combinao de tcnica,atravs de formas que testam o aprendizado. Segundo os finlandeses, dadas as caractersticasaerodinmicas do dardo especial, o objetivo sem-

    pre lan-lo quase paralelo ao solo, tarefa esta queno deve ser exigida dos iniciantes. Definem-se, se-gundo as diferentes tcnicas, as seguintes formas deempunhadura: polegar e indicador, polegar e mdio,com o indicador estendido ao longo do dardo;indicador e mdio (esta forma desaconselhvel). Resumidamente, podemos dizer que o objetivoda metodologia da aprendizagem do lanamento determinar conhecimento e domnio tcnico dolanamento, com progresso da corrida, tendo como objetivo maior atingir o ideal em termos deganho de velocidade horizontal, como resultado dafora imprimida ao dardo.

    Motivao para crianas e jovens (trabalho re-creativo com orientao tcnica evolutiva dos mo-vimentos)

    Atravs de formas recreativas, procura-se dar odomnio dos movimentos conscincia do movi-mento de tal forma a se sentir que o dardo fazparte do brao. E isto s se ganha atravs de volumede lanamento; mas nunca se deve lanar pre-maturamente, em se pensando na distncia do lan-amento.

    Depois de o iniciante trabalhar bem no lana-mento parado, passamos a novas tarefas, como lan-ar com 2 passadas, rotao do quadril (forma demovimento), perna direita flexionada, o brao delanamento na posio para o lanamento. Mas tudoisso muito difcil como tarefa a ser vencida, eexige-se muito tempo dentro de um processo deespecializao e evoluo do jovem iniciante.

    Quanto tcnica de lanamento, inicialmentevem-se diferenas nas formas de transporte em di-ferentes atletas, mas todo o estudo foi orientadobuscando uma homogeneidade tcnica em relao atodas as fases de lanamento.

    As 3 ltimas passadas devem ser bem defini-

  • 8/11/2019 Caderno tcnico didatico Atletismo.pdf

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    das at o movimento de frenagem no solo (entradade calcanhar): perna esquerda estendida e brao delanamento atrasado em relao a todos os movi-mentos para a composio de foras no final dolanamento. O movimento de rotao do quadrilimplica num aumento do caminho de acelerao para

    esta composio de foras.Quanto melhor o movimento de frena-gem