CAP Tete 2003

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RELATRIO DO ESTUDO CAP (CONHECIMENTO, ATITUDES, PRTICAS E COMPORTAMENTO EM SADE SEXUAL E REPRODUTIVA E HIV/SIDA ENTRE JOVENS E ADOLESCENTES

PROVNCIA DE TETE

Setembro de 2004

Provncia de Tete

Estudo CAP

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Coordenao da Pesquisa: Rita Badiani Pathfinder International Laura Gomes MINED/INDE Leonardo Guirao - Pathfinder International Paulino Mangue - UNFPA Jlio Pacca - Pathfinder International Texto Final: Gaspar Amrico Citefane Consultor Independente

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SUMRIO:I. Introduo ............................................................................................................6 II. Objetivos do Estudo.................................................................................................7 III. Metodologias Usadas ...............................................................................................7 IV. Sobre o questionrio ................................................................................................7 V. Sobre a amostra .....................................................................................................7 VI. Sobre o processamento dos dados .................................................................................8 VII. Sobre a anlise ....................................................................................................8 1.1 Amostra .............................................................................................................................................................................. 8 1.2. Idade Mdia dos Inquiridos e Escolaridade ................................................................................................................ 8 1.3. Estado Civil e situao econmica ............................................................................................................................... 10 1.4 Participao em Ritos de Iniciao .............................................................................................................................. 11 2. Perspectiva de Gnero e Percepo sobre Sexualidade ......................................................... 12 2.1. Principais fontes de informao .................................................................................................................................. 15 2.2. Conhecimento sobre sade reprodutiva ..................................................................................................................... 15 2.3. Doenas de Transmisso Sexual ................................................................................................................................. 17 2.4. Conhecimentos sobre fontes de obteno e importncia do preservativo ............................................................ 18 3. Actividade sexual ................................................................................................... 20 3.1. Comportamento sexual numa era do SIDA ................................................................................................................ 22 3.2. Conhecimento e Opinio sobre o teste de HIV/SIDA ............................................................................................. 22 3.3. Atitudes a tomar perante o HIV/SIDA .................................................................................................................... 23 3.4. Atitudes a tomar perante o preservativo .................................................................................................................. 25 3.5. Opinio sobre o uso do preservativo e formas de violncia .................................................................................... 27 3.6. Relaes sexuais foradas ........................................................................................................................................... 28 4. Sobre o Questionrio .............................................................................................. 30 VIII. Concluses e Recomendaes ..................................................... Error! Bookmark not defined. VIII. Referncias Bibliogrficas ..................................................................................... 31

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TABELAS

Tabela 1. Distribuio dos entrevistados segundo sexo. Provncia de Tete, 2003. ............................. 8 Tabela 2. Distribuio dos entrevistados segundo indicadores scio-econmicos. Provncia de Tete, 2003....................................................................................................................................... 11 Tabela 3. Participao em ritos de iniciao. Provncia de Tete, 2003. ........................................... 12 Tabela 4, Perspectivas de gnero e de sexualidade entre os entrevistados segundo sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003 ......................................................................................................... 13 Tabela 5. Principais fontes de informao segundo os entrevistados. Provncia de Tete, 2003 ........ 15

ILUSTRAES

Ilustrao 1. Distribuio dos entrevistados segundo faixa etria. Provncia de Tete, 2003. ...................... 8 Ilustrao 2. Distribuio dos entrevistados segundo escolaridade. Provncia de Tete, 2003. .................... 9 Ilustrao 3. Distribuio dos entrevistados segundo estado civil. Provncia de Tete, 2003...................... 10 Ilustrao 6. Idade da primeira relao sexual forada. Provncia de Tete, 2003. ........................................28

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Apresentao

Este estudo foi realizado no ano de 2003, enquanto parte dos esforos do Programa Gerao BIZ em gerar dados que possibilitem no s avaliaes futuras, como tambm planificar melhor a implementao do Programa, de acordo com as necessidades principais desta provncia.

Esperamos que os dados possam ser teis no debate de ideias para deter a propagao do HIV, bem como minorar os agravos relacionados Sade Sexual e Reprodutiva, a contribuir com a gerao de dados do pas sobre este assunto.

O Ministrio da Educao sada a todos e todas os intervenientes que colaboraram neste processo, bem como aos jovens que esto a contribuir para uma educao pautada pela cidadania e no respeito diversidade.

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I. Introduo Os problemas mais complexos podem ser resolvidos com solues bastante simples: humanismo, solidariedade, compaixo e sabedoria (O quem pensam os Jovens, p35) A atuao dos adolescentes e jovens neste estudo CAP baseou-se, principalmente no que sentem, nas suas experincias do cotidiano, e suas percepes sobre a realidade de que so parte efetiva e ativa. Destaca-se, por conseguinte, a riqueza das diferenas individuais entre os participantes, diferenas que vo de classe social percepes inerentes a aspectos culturais que no aparecem em suas manifestaes como um diferencial notvel, mas so constantes em suas afirmaes, noes e conceitos do real a ser vivido e experimentado. Ressaltando ainda a riqueza das diferenas, e porque no, tambm das semelhanas encontradas nos adolescentes e jovens das escolas da Provncia de Tete, destacamos a caracterstica etria predominante, adolescncia; que a fase da transformao, da auto descoberta que implica experincia e mutao. Experincia, pois tudo que novo precisa ser adequado a realidade existente, precisa ser testado, da que esta experimentao acompanhada pela mutao, que compreende um misto de assimilao criativa e responsvel, por outro lado, uma certa sujeio aos conceitos e prticas de antemo convencionadas. Por isso, tida a adolescncia como uma fase extremamente crtica e conturbada, de um lado, do outro, a fase urea do viver, pois o bem viver esta etapa, repercutir e dar rumo o viver a maturidade. De passagem, para alm dos objetivos que nortearam nosso estudo, os resultados obtidos, como tero a ocasio de ver na anlise que se segue, despertaram-nos para a percepo concreta das atitudes dos nossos inquiridos perante as problemticas de ordem social, em que a passividade, a espera so vocbulos muito pouco utilizados. Todavia, seja importante deixar claro, que uma parte destes adolescentes tenha laos culturais e tradicionais muito fortes, o que no justifica provvel passividade, mas um olhar diferenciado e, por conseguinte atitudes, de transformao ou mudana tambm diferentes daqueles mais influenciados com a cultura urbana e moderna. Estes pontos ajudar-nos-o a perceber o porque de certas repostas de nossos adolescentes, afinal de contas a cultura tradicional e a urbano-moderna oferecem a estes, pontos de vista e de percepo diferenciados, e portanto as atitudes dos mesmos perante um mesmo facto torna-se tambm diferente. O diferente a que nos referimos, no tem nenhuma semelhana e nem sinnimo de negativo. Os resultados que ora apresentamos, so fruto do estudo CAP, que foram introduzidos nas estratgias preventivas frente ao SIDA com a inteno de identificar as principais caractersticas de uma dada populao no que se refere seus Conhecimentos, Atitudes, Prticas e Comportamentos (CAP). Estes dados contriburam para preparao de estratgias e actividades adequadas ao grupo que respondeu ao estudo. Tal pertence a uma categoria de estudos avaliativos chamados de avaliao formativa, ou seja, para alm de se obter dados de uma determinada populao, estes servem para identificar possveis caminhos para um desenho de interveno1. O estudo CAP consiste de um conjunto de questes que visam medir o que a populao sabe, pensa e actua frente a um determinado problema. Os estudos CAP so largamente aplicados em todo o mundo e j foram desenvolvidos estudos deste tipo junto aos adolescentes, camionistas, profissionais

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Relatrio do Estudo CAP: Conhecimentos, Atitudes, Prticas e Comportamento em Sade Reprodutiva, numa era do HIV/SIDA, 2002. Maputo de 2003.

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do sexo, homens que fazem sexo com homens, mulheres, trabalhadores de diversos sectores entre outros2. II. Objetivos do Estudo 1. Realizar um inqurito para determinao de uma linha de base (diagnstico) sobre o que a populao estudantil sabe, pensa e como actua frente a questes relacionadas a SSR/HIV/SIDA. Identificar os possveis caminhos para um desenho de interveno junto a comunidade escolar em matrias de SSR/HIV/SIDA.

2.

III. Metodologias Usadas Trata-se de um estudo quantitativo, de carcter transversal, fundamentado em trabalho de campo. Foi utilizado um questionrio annimo auto administrado pelos actores chave do processo: alunos de escolas da Provncia de Tete abrangidas pelo programa. Foram definidos os passos a serem levados a cabo no estudo: - Definio dos Objetivos e Resultados - Definio do Mtodo - Adaptao e Validao do Instrumento de Investigao - Definio do plano de anlise - Seleco das Escolas envolvidas - Definio da Amostra - Treinamento dos Monitores e Supervisores - Aplicao do Instrumento de coleta de dados - Tabulao e Anlise dos dados - Produo do Relatrio Final - Apresentao e Discusso dos dados obtidos junto ao pblico-alvo. IV. Sobre o questionrio Para a colecta de dados fez-se uso de um questionrio que tomou como referncia dois modelos: Universidade de So Paulo (USP-Brasil) no Instituto de Psicologia, NEPAIDS Ncleo de Estudos para Preveno do SIDA no mbito de uma interveno educativa junto s escolas; o mdulo sobre violncia desenvolvido pelo Programa DHS, Macro Internacional, que foram devidamente adaptados realidade da Provncia de Tete. O questionrio que foi administrado/respondido pelos alunos continha as seguintes seces de perguntas: Caractersticas dos alunos; Perspectiva de Gnero e Percepo sobre Sexualidade; Conhecimento sobre Sade Reprodutiva; Actividade Sexual; Comportamento Sexual na era do SIDA; Violncia Domstica e Sexual e Percepo sobre o Questionrio. V. Sobre a amostra Em todas as escolas abrangidas pelo Programa foram sorteados os alunos ou turmas a serem pesquisadas, para garantir que tivssemos uma amostra representativa da provncia.2

Op. Cit.

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Aps o sorteio e determinao da amostra, aplicou-se o questionrio. Todos os aplicadores foram devidamente treinados. Do total dos questionrios aplicados foram validados 525, dos quais 32% eram do sexo feminino e 67% masculino, havendo 1% de missing cases. VI. Sobre o processamento dos dados O processamento dos dados foi efectuado recorrendo ao Software SPSS 10.0. VII. Sobre a anlise Empregou-se uma anlise descritiva das frequncias encontradas e procurou traar relaes com as variveis de sexo e idade.

1.1 AmostraA amostra utilizada neste estudo formada por adolescentes, alunos das escolas secundrias de Tete, sendo o nmero total dos inquiridos 525. E, destes, mais da metade eram do sexo masculino, precisamente 67%, o que vem de certa forma a mostrar a maior afluncias s escolas de rapazes em detrimento das raparigas que se fizeram representar no inqurito feito por 32% do total referido.

Tabela 1. Distribuio dos entrevistados segundo sexo. Provncia de Tete, 2003.Freqncia Feminino Masculino No respondeu Total Falhas do Sistema Total 165 349 10 524 1 525 Percentagem 31,4 66,5 1,9 99,8 0,2 100,0 Percentagem Vlida 31,5 66,6 1,9 100,0 Percentagem Cumulativa 31,5 98,1 100,0

1.2. Idade Mdia dos Inquiridos e EscolaridadeIlustrao 1. Distribuio dos entrevistados segundo faixa etria. Provncia de Tete, 2003.

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15 13 12 10 9 10

Percentagem

7 5 4 2 0 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 2 1 23 24 25 27 33 no resp

Grfico 1: Idade do inquirido

A idade mediana dos inquiridos tanto do sexo masculino assim como feminino de 18 anos, segundo pode-se constatar no grfico 1 acima apresentado. E no mesmo grfico podemos salientar tambm que representam a grande maioria da amostra os adolescentes com idades compreendidas entre os 15 a 19 anos (69,1%), contudo, pertinente salientar tambm, que dentro deste grupo, encontramos em um nmero muito reduzidos, jovens com mais de 25 anos, 0,6% e entre os 20 e 25 anos 15,6%. Os mais novos da amostra tm entre 10 e 14 anos, representando 11,3% do total de 525 inquiridos. Ilustrao 2. Distribuio dos entrevistados segundo escolaridade. Provncia de Tete, 2003.30

24 20 19 17

Percentagem

10 9 8 7 3 0 3 4 6

u de on o sp n a re o 1 n

e ss a cl a 12 sse a cl a 11 sse a cl a 10 se as cl 9a se as cl se as cl

Grfico 2: Classe do inquerido

A grande maioria dos adolescentes que contribuiu com suas respostas para este estudo est entre a oitava e dcima classes, compondo o total de 60% de todos os inquiridos. Em relao a religio dos adolescentes entrevistados, 69% diz pertencer a Igreja Catlica, 6% so Protestantes, 10% denominam-se ateus, contra 2% de Mahomentanos e 11% que pertencem s Religies Tradicionais Africanas. Apenas 2% no responderam a esta pergunta. Em relao a raa, dos inquiridos, a grande maioria de Negros, representados por 93% do total, 5% so mistos(as) ou mulatos(as).

6a

7a

8a

o an 3 o an e 2 ss a cl

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1.3. Estado Civil e situao econmicaSendo a grande maioria dos adolescentes, justifica-se o Grfico 3, que mostra uma maioria absoluta de solteiros em relaes a outros estados civis que poderiam em algumas situaes caracterizar os adolescentes desta faixa etria, de modo particular, os das cidades ou localidades do interior do pas, ou sem escolaridade. 91% ou seja, 475 adolescentes da amostra se denominam solteiros, 0,8% so casados, 3,4% vivem com parceiro(a), 0,4% so divorciados(as) e por fim 0,6% so vivos(as). Ilustrao 3. Distribuio dos entrevistados segundo estado civil. Provncia de Tete, 2003.100 91 80

60

40

Percentagem

20

0 solteiro/a casado/a divorciado/a perceiro/a vivo/a no respondeu

Grfico 3: Estado civil

Utilizadas as categorias que constam da tabela 2, podemos afirmar que os adolescentes do nosso estudo apresentam condies bsicas para sua instruo, visto que, a grande maioria tem em sua residncia energia eltrica, que um dos instrumentos favorveis para a aquisio de diversas informaes como veremos mais adiante neste mesmo relatrio, quando descrevermos, os meios mais usados pelos adolescentes para obteno de diversos tipos de informao. Estes dados mostram-nos, por outro lado, que ainda h muito que trabalhar para a diminuio dos ndices de pobreza no pas, pois no basta ter energia eltrica para que os adolescentes possam se formar devidamente, mas so necessrias uma gama de instrumentos, que continuam sendo deficitrias, pois, so acessadas por uma minoria da populao privilegiada da capital provincial. Estes dados, embora paream marginais em nosso estudo, so de grande valia, na medida em que nos alertam para a discusso dos problemas derivados do SIDA sem dissoci-los dos demais problemas inerentes ao bem viver humano, individual e social, pois a boa sade social, um dos requisitos imprescindveis para a manuteno de uma boa sade fsica e psquica, ou vice versa, porm, nem a primeira, quanto a segunda, podem dispensar o bom funcionamento da outra para o bem do todo, que forma o indivduo. Outro dado pertinente o fato de 33% dos adolescentes estarem desenvolvendo algum tipo de trabalho remunerado, ou seja, 33% dos adolescentes so de alguma forma trabalhadores, o que faz com que dividam o seu tempo entre o Trabalho e a Escola, para poderem suprir suas necessidades cada dia crescentes, pela onda do consumismo e individualismo, frutos da modernidade, e que atingem a todos sem discriminao quanto a condies social, localizao geogrfica. Os jovens tm papel importante nesse processo de mudana. So portadores de inovaes, mas sofrem com as novas exigncias que os afastam do mercado de trabalho. Nos ombros dos jovens,

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depositam-se muitas esperanas, mas preciso reconhecer que o caminho deles difcil e que devem ser integrados sociedade Ruth Cardoso (2003)3. A integrao dos jovens sociedade, significa, entre outras, que est na hora de deixar o jovem ser de fato jovem, de permitir que o jovem viva sua juventude e sonhe, pois no sonho do jovem poderemos encontrar a resposta da esperana que depositamos nele, a fora alternativa para fazer frente s mudanas que tm afectado e infectado o nosso viver social e humano na actualidade. Tabela 2. Distribuio dos entrevistados segundo indicadores scio-econmicos. Provncia de Tete, 2003.Sim A casa tem energia A casa te rdio A casa tem televisor A casa tem telefone A casa tem geleira Total de Inquiridos 319 488 249 139 246 525 % 60,9 93,1 47,5 26,5 46,9 No 195 26 265 375 268 % 37,2 5,0 50,6 71,6 51,1 No respondeu 10 10 10 10 10 % 1,9 1,9 1,9 1,9 1,9 Total 524 524 524 524 524 % 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

1.4 Participao em Ritos de IniciaoDesde tempos idos, os Ritos de Iniciao tem sido uma prtica muito comum em vrias culturas, porm nos ltimos anos, e com a crescente urbanizao se tem verificado uma diminuio significativa nessas prticas, principalmente por parte dos que vivem nas grandes cidades, onde adquirem novos hbitos e prticas que tendem a substituir gradativamente os Ritos de Iniciao. Algumas igrejas tm sido um dos elementos essenciais para esse afastamento (me refiro a todas as Igrejas, excetuando as Tradicionais), pois estas tm buscado adaptar novos modelos de iniciao aos adolescentes que condizam com suas doutrinas4. Ora, apesar das mudanas que se tem verificado, entre os adolescentes inquiridos, encontramos um nmero significativamente grande dos que participaram da experincia dos Ritos de Iniciao, como consta da Tabela abaixo, 37% contra 39% fizeram os Ritos de Iniciao. Um dado interessante, que contrariamente a quase todos os setores de vida que 47,9% das meninas participaram dos ritos de iniciao e somente 33,0% dos rapazes. Contrariamente ao que comumente se diz, para os nossos entrevistados, os Ritos de Iniciao no os despertaram necessariamente para a vida sexual, visto que num universo de 220 respondentes apenas 31,5% dizem terem recebido nestes, uma formao que os despertasse para a vida sexual, enquanto 53,1% dizem o contrrio, ou seja, que os Ritos de Iniciao no tem muito presente essa componente de iniciao a vida sexual. Contudo, pertinente considerar que os Ritos de Iniciao esto adquirindo novas modalidades como dissemos acima, o que no modifica sua essncia, que consta segundo Irvin, 2000 e Gwembe, 2000, de uma educao para o incio da prtica sexual em relao aos rapazes, isto antes de se casarem e do mesmo modo, antes do casamento, para as meninas na poca de sua primeira menstruao, visando preparar estes jovens para seus casamentos dentro dos princpios tradicionais de cada cultura.

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Ruth Cardos, in AIDS: O que pensam os jovens. Cadernos Unesco Brasil V 1. Srie Educao para a sade. Braslia 2003. Gwembe, Ezequiel. Ritos de Iniciao. Revista Rumo novo, n0 24, Abril de 1999.

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Tabela 3. Participao em ritos de iniciao. Provncia de Tete, 2003.F Participao em Ritos de Iniciao Sim No No Sabe No Respondeu Experincia Adquirida Despertou-me para a vida Informaes esperadas Foi doloroso Evitar a Gravidez Higiene da Menstruao Quando e como ter relaes sexuais Relacionamento na famlia % 47,9 33,1 8,0 11,0 % 21,0 8,0 11,0 68,0 56,0 45,0 40,0 M % 33,0 42,2 14,4 10,3 % 38,1 11,0 16,2 42,2 24,0 41,6 28,6 % 25 % 0,2 0,4 Total % 37,4 39,3 12,3 10,9 % 31,5 10,0 14,3 52,1 37,1 42,5 32,8

Tanto para meninos como para meninas a experincia adquirida nos ritos de iniciao tem como foco principal as formas de se evitar uma gravidez e como e quando ter relaes sexuais.

2. Perspectiva de Gnero e Percepo sobre Sexualidade A identidade de gnero tem um carter de representao e passa a integrar as subjetividades dos sujeitos5A percepo do ponto de vista dos adolescentes e jovens, sobre sua compreenso de gnero e sexualidade de substancial importncia para podermos pensar qualquer tipo de abordagem, quer em nvel informal ou formal, assim como familiar, escolar, enfim, est dentro da sua viso, dentro de suas convices e crenas a chave para se desvendar, desvelar e formular estratgias que podero levar-nos ao porto onde seja possvel atracar. Vemos atravs das respostas dados por nossos inquiridos que pesa sobre eles uma viso do diferente, arraigada em princpios tradicionais e de certo modo machistas. Dizemos machistas, pelo fato de depositar-se na figura do masculino as maiores responsabilidades da relao entre dois, fazendo com que a mulher tenha quase sempre um papel secundrio, exceto nos casos em que as conseqncias recairo sobre ela, subjugando-a dessa forma a condies de vida muito crticas. A forte influncia de um comportamento machista torna as mulheres, principalmente, lembramos, todavia, e chamamos ateno aos leitores, de que no entendemos gnero como sinnimo de feminino, e muito menos como uma simples relao entre sexos, ou seja, entre o masculino e o feminino, mas como uma categoria relacional, que por sua vez abarca as relaes sociais e individuais entre homens e mulheres; - propensas, pois tira-lhes a capacidade de empoderamento e de auto afirmao. Podemos citar como exemplos elucidativos desta situao, as respostas de nossos inquiridos, quando 61% contra apenas 11% concordam totalmente de que apenas o homem quem deve pedir em namoro, e aqui importante verificar que do total dos respondentes 66% so do sexo feminino, contra 59,6% rapazes. Tambm e, como a conseqncia aparente e maior recai sobre a mulher, dizem os nossos5

SITEFANE, Gaspar A. HIV/AIDS na frica Subsaariana: Genocdio ou Guerra Silenciosa? (TCC) Unisinos. So Leopoldo, 2003

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entrevistados (39,1%) de que tarefa da mulher cuidar dos filhos, ainda muito tradicional e comprometedora, para ambos, a noo de que cabe ao homem a tarefa do sustento da casa; 48,5% concordam totalmente desse posicionamento contra apenas 22,3% que discorda. Por outro lado, e mais animador, observamos algumas mudanas de comportamento e atitude, pois dizem os mesmos adolescentes e jovens de que a rapariga pode recusar-se a ter relaes sexuais com quem ela no deseja (72,1%); discordam de que a responsabilidade de evitar a gravidez seja apenas da mulher 42%. Enfim, nota-se apesar de haver ainda uma forte influncia de uma mentalidade inferiorizante e machista, um avano em direo uma valorosa mudana, uma mudana que poder promover e prover maior debate e discusso, favorecendo a ambos, rapazes e raparigas no encaminhamento e rumo de suas vida e porque no; tambm na mudana de atitudes que no permitem uma convivncia sadia do gnero e dos sexos opostos. Estes dados tornam-se deste modo, indispensveis para se pensarem estratgias de abordagem a temas relativos a gnero e sexualidade entre jovens e adolescentes.

Tabela 4, Perspectivas de gnero e de sexualidade entre os entrevistados segundo sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003Questo O homem que deve pedir namoro Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu Cuidar dos filhos tarefa de mulher Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu O homem deve saber mais sobre sexo Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu A responsabilidade filhos da mulher Concorda Concorda mais ou menos Discorda de evitar F % 65,5 14,5 7,9 5,5 6,9 % 35,8 21,2 28,5 7,3 7,3 % 23,6 13,3 41,8 10,3 10,9 % 25,5 12,7 46,1 M % 59,3 16,9 12,9 3,7 7,2 % 40,4 17,5 29,2 4,9 8,0 % 25,5 17,5 36,1 10,6 10,3 % 23,2 16,0 41,3 % 3,1 1,1 3,8 % 3,1 1,3 3,2 2,3 1,3 % % 25 % 0,4 0,2 Total % 61,5 16,0 11,1 4,4 7,1 % 39,1 18,3 28,6 5,5 8,4 % 24,8 15,8 37,8 10,7 10,9 % 24,4 14,9 42,0

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Estudo CAP7,3 8,5 % 38,2 16,4 30,3 6,1 9,1 F 14,5 9,7 45,5 22,4 7,9 % 24,2 17,0 35,2 15,2 8,5o

14 1,9 1,3 % % 5,9 1,0 2,1 1,0 1,3 25 0,2 0,2 0,2 % 0,2 0,2 0,2 8,0 10,7 % 48,5 14,9 22,3 4,0 10,3 Total 21,8 14,5 34,9 17,4 11,5 % 25,2 16,4 35,7 12,4 10,3 % 31,5 17,4 28,1 11,6 11,5 % 72,1 7,8 8,2 3,8 8,0

No sabe No respondeu O sustento da casa tarefa do homem Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu Mulher com preservativo parece disponvel Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu A mulher deve pensar mais nas conseqncias do sexo do que o homem Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu O homem quem decide o n de filhos da famlia Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu A rapariga pode recusar-se a ter relaes sexuais Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu

8,3 11,2 % 52,7 14,3 19,2 3,2 10,6 M 25,5 16,6 30,7 14,6 12,6 % 25,5 16,0 36,4 11,5 10,6 % 32,7 20,3 22,3 12,6 12,0

% 29,1 12,1 40,6 9,1 9,1 % 75,2 5,5 7,9 4,2 7,3

% 71,6 8,9 8,0 3,7 7,7

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2.1. Principais fontes de informaoAs principais fontes de informao para nossos adolescentes e jovens, so em primeiro lugar os activistas, pois 66,8% buscam solucionar suas dvidas em relao a sexualidade por meio destes, a segunda maior fonte de informao, so os amigos com 59,4%, e logo depois, os trabalhadores da sade com 51,3%. Estes dados nos alertam a proporcionar uma boa formao aos activistas, visto que estes encontram maior abertura por parte dos adolescentes e jovens. Por outro lado, e aliado ao que constatamos como importante, que a formao mais consistente dos activistas, dizem-nos os nossos entrevistados, no terem muitas fontes de informao, pois, dos 524 respondentes, 501 que significam 95,6% afirmam categoricamente que no tem fonte de informao, e acrescentam ainda, dizendo que no sabem onde buscar tais informaes 96,8%. Como podemos ver a situao torna-se complicada, pois no basta dar formao aos activistas, para fazer com que os jovens saibam e confiem nestes, como pessoas capazes de ajud-los a entenderem cada vez mais sobre os problemas relativos a sua sexualidade, e outros problemas que da derivam.

Tabela 5. Principais fontes de informao segundo os entrevistados. Provncia de Tete, 2003Questo Pai/Me Outro membro da famlia Amigo(a) Conselheir@ de iniciao Professor Trabalhador da sade Activista Rdio Vdeo TV Panfletos / Cartazes No tem informao No sabe F % 14,5 10,5 17,6 11,8 8,6 14,5 20,2 8,8 7,1 5,0 0,8 1,1 M % 26,5 21,4 40,5 23,7 22,9 36,5 46,0 25,4 20,4 16,0 1,9 0,6 25 % 0,2 0,2 0,2 0,4 0,4 0,4 0,2 0,2 0,2 0,2 Total % 41,4 32,4 59,4 36,3 32,1 51,3 66,8 34,4 27,5 21,2 2,9 1,7

Os media foram apontados como fontes de informao tambm, porm em escala menor, talvez isso se explique em parte pelas respostas contidas na Tabela 2, ou ento, estes meios de comunicao tm usado de artifcios que no atingem os adolescentes e jovens para a disseminao de informaes relativas a sexualidades e outros problemas correlatos como o SIDA.

2.2. Conhecimento sobre sade reprodutivaSe existe deficincia e dificuldades para a aquisio de informaes relativas a sexualidade, natural que isso se faa sentir, em questes pontuais como nos mtodos possveis para evitar-se uma gravidez indesejada, ou porque no as DTSs. O conhecimento um dos mais importantes pr-requisitos para o empoderamento, ou seja, para nos tornarmos dono de nossos destinos, e, por conseguinte, podermos ajudar os outros, se nosso conhecimento limitado, nossa capacidade de nos auto-entender torna-se tambm muito limitada, a tal

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ponto, que nem dvidas sobre nossas mazelas conseguimos formular, justamente, por no sabermos lidar conosco mesmos. Dizemos isto, simplesmente para chamar ateno, importncia de uma maior difuso da informao, de modo que os adolescentes e jovens, possam tornar-se donos do mesmo, para que possam o assimilar, deglutir e fazer uso do mesmo da melhor maneira possvel, pois acreditamos na capacidade criativa e construtiva dos jovens, o importante muni-lo de ferramentas, que eles com suas respostas pergunta anterior acusam sentir falta. Estas informaes que lhes faltam so, de certa forma a chave de que necessitam para ter domnio sobre sua sexualidade, o que no pode ser considerado de modo algum crtico, mas que poderia ser melhor, tendo em conta a idade e os nveis de formao escolar dos mesmos, afinal so todos do nvel secundrio e mdio. Vejamos as respostas de nossos entrevistados, sobre a seguinte pergunta: O que que um rapaz/rapariga pode utilizar para evitar a gravidez?. O preservativo foi eleito como o mtodo contraceptivo, mais conhecido entre os adolescentes e jovens respondentes deste inqurito, 90% sabe poder confiar no preservativo para evitar gravidez, o segundo mtodo mais indicado o uso da plula 56,4%, importante salientar tambm que a percentagem dos que no conhece a plula relativamente grande, visto que 42% dos respondentes no a reconhece como um mtodo contraceptivo. Outro aspecto que merece destaque o fato de 32% recorrerem abstinncia para evitar a gravidez e, por conseguinte toda a sorte de doenas sexualmente transmissveis. Por outro lado 10% acredita que lavar a vagina depois da relao sexual pode evitar a gravidez, ou ento tomando injees 40,5%, enfim, esta realidade alimentada pela deficincia das informaes que chegam aos adolescentes e jovens.

Tabela 6. Conhecimentos sobre mtodos contraceptivos segundo sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003Questo Plula DIU Preservativo Implantes Injeces Diafragma espuma/gel Estril. Masculina Estril. Feminina Coito interrompido Abstinncia Mtodo Natural Lavar a vagina depois da relao sexual Beber ch de ervas Introduzir ervas na vagina No sabe F % 21,6 9,0 26,7 2,9 14,7 2,3 2,7 1,7 1,5 11,3 3,1 3,6 2,3 1,1 1,5 M % 34,2 12,4 61,8 5,2 25,0 3,6 5,9 5,0 6,9 20,2 10,5 6,7 3,4 2,3 1,5 25 % 0,4 0,2 0,6 0,2 0,4 Total % 56,4 21,8 89,7 8,2 40,5 5,9 8,6 6,7 8,6 31,7 13,7 10,5 6,1 3,8 3,1

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pertinente verificar tambm, que as respostas so tendenciosamente masculinas por ser este o grupo que mais respondeu as questes seguindo a lgica da amostra que possui um numero relativamente maior de rapazes que de raparigas.

2.3. Doenas de Transmisso SexualOs nossos entrevistados colocam-nos frente a um dilema, ou seja, o grau de seu conhecimento em alguns momentos supera suas carncias de informao como podemos constatar nas respostas por eles dadas a algumas perguntas do nosso questionrio, essa superao ficou patente quando os perguntamos sobre os sintomas possveis das DTSs. 76% de nossos inquiridos afirma ser um sintoma das DTSs feridas nos rgos genitais, e 71% dos 525, diz que as dificuldades ao urinar podem ser um indicativo de alguma infeco sexual, 67% contra 31% diz que a comicho nos rgos genitais um forte indicativo de uma doena sexual, a mesma percentagem 55% tem a mesma opinio sobre o corrimento na uretra ou vaginal, sua maior dvida em relao as dores abdominais, onde 39% contra 59% afirma ser este, tambm um sintoma de alguma DTS. Na mesma tica, os perguntamos sobre as DTSs por eles conhecidas. Verificamos que o HIV/SIDA aparece em segundo lugar, ou seja, 68% reconhece esta doena como sendo de transmisso sexual, e em primeiro lugar das DTSs conhecidas pelo nome, por nossos jovens e adolescentes, est a Gonorria, 79% a terceira DTS conhecida a Sflis, como consta da tabela abaixo. Podemos dizer que o grau de conhecimento das DTSs relativamente bom, visto que nossos inquiridos so a grande maioria adolescentes. (ver Grfico 1)

Tabela 7. Conhecimentos sobre as Doenas de Transmisso Sexual por sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003.Questo DTS Conhecida Sflis Gonorria Infeces c/ HIV/SIDA Cancro Mole Tirocinasse No sei/nenhuma Sabe quando se tem DTS Feridas nos rgos genitais Dores abdominais Dificuldades em urinar Comicho rgos genitais Corrimento na Uretra Pnis Corrimento Vaginal No sei F % 19,5 23,1 21,4 5,0 4,4 2,5 % 23,5 10,9 20,8 22,1 18,5 18,9 2,5 M % 36,5 55,0 47,5 13,7 11,3 3,2 % 51,5 28,1 49,5 44,7 36,1 35,5 3,2 % 25 % 0,2 0,4 0,2 Total % 56,5 78,8 69,7 19,1 15,8 6,1 % 76,0 39,5 71,1 67,7 55,3 55,3 5,9

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2.4. Conhecimentos sobre fontes de obteno e importncia do preservativoApenas 5 dos 525 inquiridos no respondero a pergunta que faz o ttulo das Tabelas acima, o que nos leva a crer que o resultado do conhecimento sobre sade reprodutiva, dos adolescentes, apesar de suas deficincias, explica estes resultados, na medida em que a grande maioria sabe onde e como encontrar um mtodo contraceptivo. Apenas 2,9% disseram no saberem onde encontrar, contra 92% que dizia poder encontr-los nos Centros de Sade, Hospital ou Clnica. 56% nos alertam para a importncia do activista no enfrentamento as infeces das DTS, pois quase metade dos nossos entrevistados diz poder adquiri-los atravs destes. Tabela 8. Conhecimento sobre onde obter o preservativo, por sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003Questo Centro de Sade/Hospital /Clnica Farmcia Activista Curandeiro Guia espiritual/Igre. Mesq. Rezas Membro da Famlia Amig@s Na casa d@ enfermeir@ Quiosque bazar dumbanengue No sei F % 28,8 12,2 16,0 3,2 0,8 5,0 4,6 10,5 0,2 1,1 M % 61,6 26,0 39,5 7,6 4,2 14,5 13,9 20,2 2,7 1,5 25 % 0,4 0,2 Total % 92,0 38,9 56,1 11,6 5,0 19,8 18,5 31,1 2,9 2,9

Tabela 9. Conhecimento sobre a utilidade do preservativo e onde costumam obt-lo, por sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003Questo Preservativo para qu? Evitar as DTSs Evitar o HIV/SIDA Evitar a gravidez Para espaar filhos No sei Onde obter um preservativo Hospital Loja Farmcia Amig@s Activistas Quiosque bazar No sei F % 26,5 28,4 26,5 8,4 1,1 % 28,6 13,0 23,7 11,1 22,5 8,6 1,1 M % 59,5 63,2 59,0 25,2 0,8 % 63,2 22,4 52,7 28,4 48,7 28,4 1,1 % 25 % 0,2 0,4 0,2 0,2 Total % 87,4 92,9 86,6 34,2 2,1 % 93,3 47,3 77,3 40,3 71,8 37,2 2,5

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A camisinha foi eleita como o mtodo mais eficiente para prevenir o HIV/SIDA, as DTSs em geral, a gravidez assim como para espaar os filhos, ou seja, um mtodo contraceptivo eficiente, como se fez referencia na Tabela 8 logo acima. Tabela 10. Conhecimento das principais formas de transmisso do HIV, por sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003.Questo Relaes sexuais Sexo com prostitutas Transfuso de sangue Injeces Partilha de laminas Beijo De me para filho (durante a gravidez) Picada de mosquito Do assento do retrete No sei F % 22,9 16,0 26,7 21,0 18,5 21,2 1,5 22,1 3,6 0,1 M % 52,9 35,3 59,5 50,2 46,0 48,3 6,3 46,4 8,4 1,9 25 % 0,2 0,6 0,4 0,2 0,4 0,4 Total % 76,9 51,7 87,4 71,9 65,1 70,4 7,8 69,3 12,6 2,1

A utilizao do preservativo essencial para evitar a contaminao pelo HIV/SIDA, afirmam 87% dos nossos inquiridos, para 77% a via mais fcil para se contaminar pelo vrus so as relaes sexuais, e 72% no aconselham a transfuso de sangue, pois para eles esta uma das formais potencialmente mais fortes de contaminao.

Normalmente no h perigo em receber sangue, mas sempre melhor perguntar se o sangue para transfuso foi testado para o HIV o que normalmente fazem nos Hospitais6.Sobre este tpico, os inquiridos mostram, sua grande maioria ter informaes precisas, por isso respondem a pergunta seguinte com a mesma autoridade, mostrando, por conseguinte, que sabem fazer uso da informao que lhes chega apesar de serem adolescentes, numa fase de descobertas e experimentos sobre o novo e diferente: O que se pode fazer para evitar o HIV/SIDA e outras DTSs?. O preservativo aparece outra vez, como a forma mais indicada para evitar o HIV/SIDA e todas as DTSs, dos 525 inquiridos, 477, ou seja, 91% alerta para o uso do preservativo para evitar estas doenas. A abstinncia sexual aparece tambm como uma das formas possveis para evitar as DTSs, porm, apenas 43% dos adolescentes e jovens inquiridos a apontam como uma estratgia a ser adotada. Os dados falam por si, em relao ao que informaes desvirtuadas, ou mal compreendidas podem causar, pois tal como aparece na tabela anterior, quando uma considervel quantidade de adolescentes 71% no aconselha a transfuso de sangue sob risco de contaminao, aqui 63% repetem a mesma posio que poder acarretar problemas colaterais graveis, visto que, aqui, nos referimos a apenas um aspecto da informao desinformada.

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As perguntas que adolescentes fazem sobre HIV & SIDA e as suas respostas. GTZ/MISAU/CNCS.

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Tabela 11. Conhecimento sobre as formas de preveno da infeco pelo HIV. Provncia de Tete, 2003Questo Abstinncia sexual Utilizar o preservativo Evitar mltiplos parceiros Ter um nico parceiro Evitar sexo c/ prostitutas Evitar transfuso de sangue Evitar injeces Evitar partilha de laminas Procurar ajuda de curandeiro Evitar assentos de retretes Evitar contacto social com pessoas infectadas No sei F % 14,7 27,7 21,8 24,8 17,9 19,3 18,1 19,3 1,5 1,9 5,2 1,0 M % 28,2 61,6 46,6 52,3 37,4 42,6 34,4 47,7 4,2 2,7 9,9 1,1 25 % 0,4 0,6 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 Total % 42,9 91,0 69,1 70,1 55,9 62,8 53,2 68,1 6,1 5,2 15,3 2,5

3. Actividade sexual A maioria dos respondentes das escolas de Tete que participaram no estudo CAP disseram ter tido sua primeira relao sexual com penetrao, entre os 15 e 19 anos, 43%, a maioria deste grupo so do sexo masculino. Ressalta-se tambm, que 14% afirma ter tido sua primeira relao ao 16 anos. importante elucidar tambm, que 7% dos 21% que no estavam de acordo com a primeira relao sexual, a tiveram aos 3 anos de idade, sendo que o restante deste grupo, ou seja, a maioria absoluta representado por pessoas com idades compreendidas entre 1 15 anos. Com idade igual ou superior aos 15 apenas responderam ter sido forados a manter relaes sexuais 1,4%. 51% dos entrevistados disseram que estavam de acordo com a relao, 11% no responderam e 17% no lembra. No responderam ou no lembram da sua primeira relao sexual 26% dos inquiridos, o que de certa forma nos leva a pensar a possibilidade de haver mais adolescentes e jovens que tenham sido forados a prtica sexual, porm por vergonha de si mesmos e do acontecido preferem silenciar a evidente realidade. Sobre a utilizao de algum mtodo contraceptivo na primeira relao sexual 46% diz no ter usado nenhum, contra 37% que usaram, destes destacamos o uso do preservativo por 62% dos inquiridos, outro mtodo de salientar a plula, visto que 7,2% elegeu este como sendo o mtodo a aplicar na sua primeira relao sexual. 28,3% ou seja, 58 dos 37% absteram-se em responder a esta pergunta.

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Tabela 12. Idade de incio das relaes sexuais e concordncia com esta, segundo sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003.Questo Anos na 1 Relao < 10 10 14 15 19 20 25 > 25 No respondeu Nunca manteve R. S. Nunca No respondeu Estavas de acordo Sim No No lembra No respondeu 9,4 % 31,5 8,9 % 11,9 7,7 5,6 3,5 12,0 % 41,8 17,1 % 37,7 12,4 11,2 7,7 % 2,1 1,4 % 2,5 0,4 0,3 0,5 1,2 2,6 1,6 4,1 % 3,0 4,8 % 17,1 14,6 % 50,0 16,4 % 35,1 15,7 10,5 8,2 4,1 % 9,8 3,3 3,5 1,2 % 0,7 1,3 % 4,8 % F % 2,3 4,4 14,9 0,6 M % 8,0 18,1 27,1 1,1 25 % Total % 10,4 23,0 42,9 1,9 0,2 21,6 % 74,0 26,0 % 51,1 20,6 16,9 11,5

Tabela 13. Uso de mtodos contraceptivos na primeira relao sexual, por sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003Questo Mtodo da 1 relao Sim No No lembra No respondeu Mtodo usado Plula DIU Injeco Norplant (implantes) Diaframa /espuma /tabletes Preservativo / camisinha Abstinncia peridica Coito interrompido 22,9 1,5 1,0 0,5 F % 14,1 9,6 1,6 3,5 % 5,3 0,5 1,5 1,9 1,0 1,5 0,5 1,5 38,0 2,4 1,5 49,8 1,0 1,0 0,5 6,8 0,5 M % 21,6 36,4 3,8 7,3 % % 25 % Total % 36,6 46,5 5,9 11,0 % 7,2 1,4 2,9 0,5 1,5 62,0 1,5 1,5

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3.1. Comportamento sexual numa era do SIDADos 525 alunos que responderam pergunta Nos ltimos 6 meses, tu usaste camisinha todas as vezes que tiveste relaes sexuais? 48% disseram haver usado este mtodo, contra 37% que no utilizou e 14% que se absteve ou, preferiu no se manifestar.

Tabela 14. Uso de preservativo em todas as relaes sexuais nos ltimos 6 meses e razes para no uso, segundo sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003.Questo ltimos seis meses Sim No No respondeu Mtodo usado Estava apaixonad@ Usava outro mtodo Parceir@ no quis No tinha no momento No gosto de usar Faz perder ereco/teso Estava embriagado No sei 3,6 F % 17,6 7,5 3,8 % 9,8 3,6 2,7 2,7 0,9 M % 30,1 28,5 10,4 % 39,6 6,7 11,6 22,8 4,5 3,1 6,7 8,9 % 25 % Total % 48,2 37,4 14,4 % 50,2 10,7 15,2 26,8 6,3 3,6 6,7 13,4

Sobre a razo para a no utilizao do preservativo na primeira relao, destacamos duas respostas, sendo a primeira, No usei, pois conhecia o(a) parceiro(a), estava apaixonado(a), confiava nele(a) a mais apontada por nossos inquiridos, 50,2%, a segunda resposta que expressa a razo da no utilizao da camisinha com 27% a que diz No usei, pois no tinha camisinha na altura. Para alm destas duas respostas que significam 70% dos inquiridos, ou seja, a maioria; 15% no usou porque o parceiro ou parceira no quis, 13% no conseguiu justiar a no utilizao deste mtodo e 11% utilizava outros mtodos para evitar ter filhos.

3.2. Conhecimento e Opinio sobre o teste de HIV/SIDAOs dados da tabela abaixo mostram que 39% dos inquiridos ouviram falar do teste do HIV/SIDA, contudo, apenas 11% tomaram a iniciativa definitiva de o fazer. Dizemos, definitiva, pois 29% simplesmente pensaram em fazer, todavia no chegaram a concretizar seu desejo. Dentre os que j ouviram falar do teste, 4,8% afirmam nunca ter tido vontade de fazer, e 16% do total dos entrevistados 524, no responderam questo.

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Tabela 15. Conhecimento e realizao de testes serolgicos para deteco do HIV, segundo sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003.Questo Opinio sobre o teste Ouvi falar Nunca ouvi falar Nunca pensei em fazer J pensei fazer, mas no fiz J fiz o teste Resultado Positivo Negativo No respondeu 1,0 1,9 7,8 4,3 % 2,5 13,3 15,2 F % 13,4 M % 24,8 2,7 2,7 20,8 7,0 % 5,7 34,8 25,3 % 1,3 3,2 5,1 25 % 0,4 Total % 38,9 3,6 4,8 28,8 11,5 % 9,5 48,7 41,1

Em relao aos que fizeram o teste, ao lhes perguntarmos sobre o resultado do mesmo, 9% disseram ter obtido um resultado positivo, ou seja, esto infectados pelo vrus HIV. 49% teve um resultado negativo e no responderam pergunta 41%, um nmero significativamente alto, para que possamos tirar concluses sobre o verdadeiro impacto, a partir destes dados sobre a prevalncia do SIDA entre os adolescentes e jovens de Tete.

3.3. Atitudes a tomar perante o HIV/SIDAAtravs dos dados apresentados na tabela abaixo, podemos avaliar o controlo que os nossos inquiridos tem sobre si mesmos e, por conseguinte em relao aos outros no que concerne preveno do HIV. Percebe-se que os nossos entrevistados se mostram confiantes, tanto que 74% afirmam serem capazes de proteger-se do vrus do SIDA, 8% dizem concordar parcialmente com a mesma afirmao. Discordam e julgam difcil auto proteger-se 6%, e 7% no sabem se so capazes ou no de o fazerem e, cerca de 8% no responderam. Cerca de 21% das meninas e 44% dos rapazes concordam com a serem capazes de usar sempre a camisinha, e apenas 4% discordam, ou acham improvvel. No responderam ao terceiro item Pessoas como eu podem apanhar o vrus do SIDA 8%, por outro lado, 43,9 dos rapazes e 12,5% das raparigas tm cincia de que so passveis de serem infectadas pelo vrus, em adio cerca de 8% concorda parcialmente com essa possibilidade, discordam 11%, que um nmero alto dado os nveis de escolaridade e de acesso a informao como tivemos ocasio de ver nos itens anteriores, de modo peculiar quando abordamos sobre a perspectiva de gnero e percepo sobre sexualidade.

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Tabela 16. Atitudes quanto a capacidade de se proteger contra o SIDA (auto-eficcia), segundo sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003.Questo Sou capaz de proteger-me Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu Sou capaz de usar sempre Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu Pessoa como contaminada Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu Apenas SIDA Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu No abraaria a uma pessoa com SIDA Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu prostitutas apanham o eu pode ser F % 22,1 2,5 2,7 2,7 1,5 % 21,4 4,2 1,5 2,5 1,9 % 18,5 2,9 4,2 4,4 1,5 % 6,3 3,2 16,0 3,6 2,3 % 3,8 2,5 19,5 3,6 2,1 M % 48,5 5,2 3,2 4,0 5,7 % 44,3 10,5 2,5 3,6 5,7 % 43,9 4,8 6,7 4,4 6,9 % 15,3 6,9 29,6 6,1 8,8 % 5,9 3,6 43,7 5,2 8,2 % 1,7 0,6 5,9 1,7 1,3 % 1,1 1,0 5,0 2,9 1,3 % % 6,1 1,1 1,0 2,1 1,0 % % 1,1 0,4 1,3 1,0 % 1,5 1,7 0,8 % 7,4 25 % Total % 71,4 7,6 6,1 7,1 7,8 % 66,8 14,7 4,0 6,3 8,2 % 63,2 7,6 10,9 9,0 9,4 % 21,8 10,5 45,8 10,1 11,8 % 10,1 6,1 63,5 9,0 11,3

45% discordam da afirmao Somente prostitutas apanham o SIDA em contra partida, 22% concorda totalmente com essa afirmao e quase 11% diz concordar parcialmente, nmeros ainda muito altos em relao aos resultados que se buscam alcanar com os trabalhos de sensibilizao que tem sido arduamente feitos por vrias instancias e instituies quer em nvel da sociedade civil, assim como governamentais e no governamentais.

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Podemos do mesmo modo, pese embora os dados estatsticos sejam relativamente baixos, mencionar a existncia de preconceitos e estigmatizao dos infectados, pois 10% dizem que no dariam um abrao a uma pessoa que estivesse contaminada pelo vrus do SIDA, e 7% no trabalhariam com essas pessoas. Concordam parcialmente com a mesma afirmao 6% e 5% respectivamente.

3.4. Atitudes a tomar perante o preservativoDe um total de 525, 24% dos participantes do estudo CAP disseram nunca terem tido relaes sexuais, o que se pode constatar vendo a Tabela 8. animador, a percentagem, dos j iniciados na prtica de relaes sexuais que tem usado sistematicamente a camisinha. Segundo o grfico acima, 49% disse ter usado o preservativo em sua ltima relao sexual, contra 19% que no utilizou e 7% que no respondeu a pergunta. Portanto, podemos com satisfao afirmar que tm nossos inquiridos tomado conscincia da gravidade da epidemia provincial do SIDA e buscado responder utilizando os instrumentos que lhes so fornecidos. Tabela 17. Uso de camisinha na ltima relao sexual, segundo sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003.Quest Sim No Nunca teve R. Sexuais No respondeu F % 15,3 4,2 9,9 2,1 M % 33,4 14,5 13,9 4,8 25 % Total % 49,2 19,3 24,2 7,3

Estes dados vo de encontro com os da Tabela seguinte, visto que as opinies sobre o preservativo so munidas de um certo discernimento. 45% no concorda com a afirmao que diz A camisinha diminui o prazer isto , apenas 12% concorda totalmente com esta afirmao e 10%, concorda parcialmente, o que fazendo uma adio forada, teremos que cerca de um tero ainda tem dificuldades de percepo ou utilizao da camisinha, de salientar que no sabem e no responderam questo 33% dos inquiridos. 80% concordam total e parcialmente de que o preservativo barato, contra 6% que discorda.

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Tabela 18. Opinies sobre o preservativo, segundo sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003.Questo Diminui o prazer Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu barata Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu Atrapalha a relao Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu fcil de colocar Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu Pode ser usada com prazer Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu Vergonha de comprar Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu No precisa usar com a pessoa amada 1,5 15,3 8,4 3,4 % 14,1 3,8 3,4 8,2 1,9 % 14,7 3,8 2,7 8,0 2,3 % 3,8 2,3 19,3 3,8 2,3 % F % 2,7 3,2 14,5 8,0 3,1 % 20,6 3,4 3,1 2,3 2,1 % 2,7 6,1 33,7 12,0 10,9 % 43,5 5,9 5,2 4,2 7,8 % 35,9 7,8 3,8 9,5 9,5 % 3,2 4,0 45,0 5,5 8,8 % % % 1,7 0,6 6,3 1,5 1,1 % % % M % 9,2 6,5 29,6 10,9 10,5 % 50,8 4,4 2,7 2,1 6,7 % 4,0 % 1,0 0,4 4,8 3,8 1,3 % 4,4 0,8 1,5 3,1 1,5 % 5,2 0,8 0,8 3,2 1,3 % % 1,0 1,3 1,1 1,3 % 6,1 34,8 13,6 10,3 % 40,6 7,8 5,7 7,6 7,3 % 34,4 9,5 5,0 11,5 8,8 % 5,2 5,0 44,7 6,5 7,8 % 1,1 0,8 2,7 1,5 % 0,6 0,6 11,5 1,3 1,7 % % 0,2 % 1,3 1,5 1,7 7,3 % 9,5 0,2 % 0,2 25 % 0,2 Total % 12,0 9,9 44,7 19,3 14,1 % 72,3 7,8 5,9 4,6 9,4 % 6,9 7,6 49,5 20,8 15,1 % 58,0 9,9 8,8 12,8 10,5 % 51,1 11,6 6,7 17,9 12,6 % 7,4 6,3 64,7 9,5 12,0 %

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Provncia de Tete

Estudo CAP5,7 4,2 16,2 3,2 2,1 % 19,1 4,4 3,6 2,7 1,7 10,7 6,3 37,8 3,6 8,2 % 38,9 9,5 6,9 4,6 6,7 % 1,0 1,1 5,7 2,7 0,8 % 6,5 0,8 1,7 1,5 0,8 11,6 8,2 38,0 4,0 7,3 % 39,7 10,5 7,3 5,3 6,3 3,6 1,3 8,8 0,6 1,3 % 9,9 2,3 1,5 0,8 1,1

27 16,8 10.7 0,4 54,4 7,4 10,7 % 0,6 % 58,8 13,9 10,7 7,6 9,0

Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu Pode ser usada para evitar filhos Concorda Concorda mais ou menos Discorda No sabe No respondeu

A camisinha para os nossos entrevistados no atrapalha a relao sexual, visto que 50% discorda da afirmao que diz a camisinha atrapalha; 7% concordam plenamente e 8% concordam parcialmente. A esta pergunta o nmero dos que no responderam subiu para 15%, e dos que no sabem ficou em 21%. O preservativo fcil de colocar assim como pode servir para evitar filhos, disseram 58% e 59% dos inquiridos respectivamente.

3.5. Opinio sobre o uso do preservativo e formas de violnciaRetomando a Tabela anterior, fica claro o nvel de percepo da importncia do uso do preservativo pelos adolescentes e jovens por ns inquiridos, visto que, dizem 52% que quando forem fazer sexo, usaro com qualquer que seja o parceiro(a) a camisinha. 24% diz que usar apenas com um(a) parceiro(a) que no conhece, juntando os 11% que prefere nunca utilizar o preservativo com ningum, e os 13% que no se manifestaram, o nmero torna-se significativamente grande, todavia, sendo a percentagem dos que percebem j, a gravidade da no utilizao deste instrumento, a probabilidade de mudana e melhora maior, pois segundo podemos constatar atravs deste estudo, a tendncia de mudana e assimilao das informaes relativas a pandemia do SIDA maior e muito bem aceite pelos adolescentes e jovens, os 52% que colocaram a condio para si mesmos de usar sempre e com qualquer parceiro(a) o preservativo so a prova do que dizemos, para alm dos preciosos e animadores dados da Tabela anterior. Tabela 19. Opinies sobre com que usar o preservativo, segundo sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003.Questo Uso do preservativo S com parceir@ desconhecid@ Sempre Nunca No respondeu Formas de violncia Verbal Psicolgica Sexual 16,6 5,5 3,4 % 11,9 12,4 20,0 35,1 5,3 9,2 % 32,3 29,8 39,5 % 6,3 2,1 0,8 % 4,0 3,8 5,9 34,7 7,4 10,3 % 29,8 29,2 41,0 9,4 1,1 1,3 % 9,2 7,6 11,6 % 0,4 0,2 0,6 0,2 52,1 11,3 13,0 % 44,6 42,4 60,3 F % 5,9 M % 17,0 25 % 0,4 Total % 23,7

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Provncia de Tete

Estudo CAP5,7 9,2 3,6 10,5 1,3

28 15,9

No sei

Outro dado que agregado a estes a Idade dos inquiridos, pois a grande maioria dos que fizeram parte deste estudo tem entre 14 19 anos, ou seja, esto no auge de sua adolescncia, e em condies psquicas, intelectuais e fsicas de assimilar o novo e diferente, e mais, de poder criar ou inovar, e usar o preservativo com prazer, como parte integrante da prtica sexual; ver Tabela 15. Os dados da Tabela anterior ilustram a noo de violncia dos nossos inquiridos, tal noo como fica bvio pelos dados no apresentada com muita segurana, exceto quando se aborda sobre a violncia sexual, onde 60% mostra-se desfavorvel a tal atitude, contudo, 32%, quase metade, no v violncia nestes casos. Tudo isto contra 7% que absteve-se em responder a mesma pergunta. Em relao as outras afirmaes de violncia, 45% aponta como uma forma de maltratar, a violncia verbal, ou seja insultos e ameaas, contra 48% que acha normal esta prtica. 51% contra 42% acha que no existe violncia psicolgica, ao humilhar os outros ou p-los de castigo. Entretanto, salientamos que nossos inquiridos acusam, como sendo uma das principais e maiores formas de violncia, a prtica sexual forada, 60%.

3.6. Relaes sexuais foradasE sobre a prtica forada da relao sexual registramos 18% de casos em que nossos entrevistados confiram tal violncia, contra 76%, sendo que 6% no responderam seguinte pergunta: Alguma vez foi forado(a) por algum ou pelo(a) teu/tua companheiro(a) a ter relaes sexuais? Embora, menor em termos estatsticos o nmero dos violentados sexualmente, preocupante, tal prtica, visto que os vitimados em sua grande minoria so menores de idade, conforme podemos averiguar no Grfico abaixo. 84% disseram terem sido violentados quando tinham idades compreendidas entre 1 10 anos, outro grupo que tem sido vtima deste tipo de agresso o representado pelas faixas etrias dos 13 16 anos. Ilustrao 4. Idade da primeira relao sexual forada. Provncia de Tete, 2003.

100

80

83

60

40

Percentagem

20

0 12 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 21 22 6 9

Grfico 10: Idade da primeira relao sexual forada?

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Dos cerca de 11% que sofreram violncia sexual, disseram que esta foi levada a cabo, por um vizinho, ou amigo, 37% contra 34% que indicaram outro item, sendo que do total dos respondentes (137), cerca de 30% se abstiveram de responder a esta pergunta. Destacam-se tambm, como praticantes destes atos de violncia, relatados por 11% de nossos inquiridos, desconhecidos 13%, colegas de Trabalho 11% e pais ou mes 10%.

A violncia de gnero conseqncia das relaes de poder desiguais entre homens e mulheres e que permitem aos homens apropriarem-se do corpo das mulheres. (...) uso da fora fsica, psicolgica ou intelectual para obrigar outra pessoa a fazer algo que no est com vontade. constranger, tolher a liberdade, incomodar, impedir o outro de manifestar seu desejo ou vontade sob pena de viver gravemente ameaado(a) ou espancado(a), lesionado(a) ou morto(a). um meio de coagir e submeter outrem a seu domnio. uma violao dos direitos essenciais do ser humano. Relao de poder/dominao do homem e de submisso da mulher (Teles e Melo)Tabela 20. Distribuio dos entrevistados sobre violncia sexual sofrida, segundo sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003.Questo Foi forado? Sim No No respondeu Questo Por quem? Pai / Me Irmo(a) Padrasto / Madrasta Membro da famlia Amigo / Vizinho Patres Colega de trabalho Desconhecidos 1,5 1,5 0,7 9,0 0,7 2,3 3,0 F % 5,2 24,4 1,7 F % 0,7 M % 12,5 49,9 4,4 M % 8,0 5,9 3,0 5,2 27,6 3,7 8,3 0,3 1,6 1,5 25 % Total % 18,0 75,6 6,3 Total % 9,5 7,4 5,2 7,5 36,6 4,5 11,3 12,8

Duas situaes so indicadas como sendo as mais freqentes ou comuns, que a referida por 24% dos inquiridos em que a pessoa praticante da violncia trata o, ou a vtima como que sua propriedade: A pessoa se considera teu/tua dono(a). A segunda situao, indicada por 21% dos participantes do estudo CAP, a que os violentadores se aproveitam da vtima por estarem sozinhos: Aproveitou-se porque estavam ss. Para alm destas duas situaes mais indicadas pelas vtimas de violncia sexual, tem os casos tambm de haverem os agredidos quando este agressor estava bbado 16%. Estar na rua em lugares de menor movimento e em horrios inadequados, pode justificar os outros 16% que indicam terem sido violentados quando estavam na rua. Como na anterior, verificamos que cerca de 30% no responderam a esta pergunta.

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A violncia tem um carter relacional, isto implica que ambos homem e mulher vivem uma relao violenta. A violncia no de um e estranha ao outro, ela circula, com formas diferentes, entre todos (Camargo)Tabela 21. Situaes presumidas que provocaram relaes sexuais foradas, por sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003.Questo A pessoa estava bbada Considera-se teu dono Para mostrar-se chefe Estavam ss Estava na rua F % 3,7 6,0 3,0 5,2 3,7 M % 12,7 17,2 3,7 15,7 11,2 25 % Total % 16,4 23,9 7,5 20,9 15,7

Por conseguinte, mudando a lgica de anlise, vamos indicar com relevncia os lugares, instituies ou pessoas menos procuradas pelos violentados, respondentes do estudo CAP. Em primeiro lugar so os Tios, 62% contra 32% no procura os tios para relatar o estupro. Os Padrinhos 55% tambm no tem sido de grande valia para ajudar os nossos inquiridos nestas situaes. Os Amigos e Me ou Pai 52% e 50% respectivamente, tal como os tios so pouco procurados, embora devamos reconhecer que o nmero dos que os procuram tende a aumentar; se apenas 32% procura os tios, os Amigos so procurados por cerca de 42% e o Pai ou Me por 44%. O destaque, todavia, vai para a Polcia/Esquadra ou Servios de Sade, que so procurados por 47% e 45% dos inquiridos respectivamente. Tabela 22. Distribuio de respostas sobre a quem recorreriam em caso de violncia, por sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003. Questo Amigo Pai / Me Padrinhos Tios (as) Servios de sade Polcia / Esquadra F % 11,1 15,3 12,4 11,1 12,0 16,2 M % 30,5 27,9 25,4 21,2 32,3 31,1 25 % Total % 42,2 43,5 38,5 32,3 44,8 47,3

4. Sobre o Questionrio Para encerar a entrevista, perguntamos a cada um dos inquiridos se havia gostado de responder ao questionrio, ao que 80% disseram gostei muito; 12% afirmaram gostei de responder s perguntas por ns formuladas contra 6% que no responderam.

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Tabela 23. Distribuio de respostas dos entrevistados sobre o questionrio aplicado, segundo sexo e faixa etria. Provncia de Tete, 2003.Questo Gostei muito Gostei No gostei Detestei No respondeu 1,1 F % 25,8 4,0 0,6 M % 53,4 7,8 0,2 0,2 5,0 0,6 25 % 0,4 0,2 Total % 80,2 12,0 1,3 0,2 6,3

VIII. Referncias Bibliogrficas

1.

As perguntas que GTZ/MISAU/CNCS.

adolescentes

fazem

sobre

HIV

&

SIDA

e

as

suas

respostas.

2. 3. 4.

Gwembe, Ezequiel. Ritos de Iniciao. Revista Rumo novo, n0 24, Abril de 1999. JACOBI, Pedro. Polticas sociais e ampliao da cidadania. FGV. Rio de Janeiro, 2000. Relatrio do Estudo CAP: Conhecimentos, Atitudes, Prticas e Comportamento em Sade Reprodutiva, numa era do HIV/SIDA, 2002. Maputo de 2003. CARDOSO, Ruth, in AIDS: O que pensam os jovens. Cadernos Unesco Brasil V 1. Srie Educao para a sade. Braslia 2003. SITEFANE, Gaspar A. HIV/AIDS na frica Subsaariana: Genocdio ou Guerra Silenciosa? (TCC) Unisinos. So Leopoldo, 2003

5.

6.

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