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Capitulo 4: Investigação da presença de marcadores geoquímicos em sedimento no trecho Coari-Manaus Resumo: Os objetivos deste trabalho foram a investigação de processos de diagênese e a busca da comprovação do diagnóstico de origem de hidrocarbonetos nos sedimentos. Foram encontrados marcadores moleculares hopanos, característicos de ambiente imaturo, em processos de transformação diagenética nos sedimentos do rio Solimões e lagos no trecho Coari-Manaus, enquanto que nos sedimentos da área industrial, a presença da série completa de hopanos maturados confirmam a presença antropogênica. A diagênese precoce, no trecho Coari-Manaus, foi confirmada com a identificação dos marcadores biogênicos (triterpenoides e ésteres de ácidos graxos), produzidos durante a transformação da matéria orgânica. A grande contribuição destes marcadores biongênicos foi indicada, em parte, de origem da combustão de biomassa pela emissão direta de material vegetal durante as queimadas. Palavras-chave: hopano, biogênico, diagênese, combustão de biomassa. 4.1. Introdução O objetivo deste trabalho foi caracterizar alguns marcadores geoquímicos em sedimento de lagos e rios na Amazônia Central, os quais podem ser utilizados para identificação de fontes de material orgânico para este ambiente. Os marcadores geoquímicos, também chamados de marcadores ambientais, podem ser divididos em três categorias: os marcadores biogênicos contemporâneos que, em geral, são produzidos pos microorganismos, plantas e animais e sofrem degradação no ambiente; os marcadores antropogênicos que são introduzidos no ambiente pelo homem; e os marcadores de petróleo produzidos durante processos de formação do óleo (maturação da matéria orgânica sedimentar). Por exemplo, a série homóloga de marcadores moleculares hopanos (m/z 191) completamente maturados

Capitulo 4: Investigação da presença de marcadores ... · material de origem exclusivamente diagenética. Por outro lado a ... Em alguns caso, compostos mono, di, tri, tetra e

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Capitulo 4: Investigação da presença de marcadores geoquímicos em sedimento no trecho Coari-Manaus

Resumo: Os objetivos deste trabalho foram a investigação de processos de diagênese

e a busca da comprovação do diagnóstico de origem de hidrocarbonetos nos

sedimentos. Foram encontrados marcadores moleculares hopanos, característicos de

ambiente imaturo, em processos de transformação diagenética nos sedimentos do rio

Solimões e lagos no trecho Coari-Manaus, enquanto que nos sedimentos da área

industrial, a presença da série completa de hopanos maturados confirmam a presença

antropogênica. A diagênese precoce, no trecho Coari-Manaus, foi confirmada com a

identificação dos marcadores biogênicos (triterpenoides e ésteres de ácidos graxos),

produzidos durante a transformação da matéria orgânica. A grande contribuição destes

marcadores biongênicos foi indicada, em parte, de origem da combustão de biomassa

pela emissão direta de material vegetal durante as queimadas.

Palavras-chave: hopano, biogênico, diagênese, combustão de biomassa.

4.1. Introdução

O objetivo deste trabalho foi caracterizar alguns marcadores geoquímicos em

sedimento de lagos e rios na Amazônia Central, os quais podem ser utilizados para

identificação de fontes de material orgânico para este ambiente.

Os marcadores geoquímicos, também chamados de marcadores ambientais,

podem ser divididos em três categorias: os marcadores biogênicos contemporâneos

que, em geral, são produzidos pos microorganismos, plantas e animais e sofrem

degradação no ambiente; os marcadores antropogênicos que são introduzidos no

ambiente pelo homem; e os marcadores de petróleo produzidos durante processos de

formação do óleo (maturação da matéria orgânica sedimentar). Por exemplo, a série

homóloga de marcadores moleculares hopanos (m/z 191) completamente maturados

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Capítulo 4 104

são usados para diagnostico da contaminação petrogênica no ambiente (Eganhouse et

al, 1988, Peter et al, 2004, Aboul-Kassim & Simoneit, 2001).

A utilização de hopanos para indicação de aporte petrogênico é decorrente da

sua estabilidade estrutural que confere resistência à degradação. O esqueleto do

composto precursor de hopano (Figura 4.1) é originado da membrana de bactérias

procariontes. Estes marcadores moleculares estão presentes em sedimentos recentes,

antigos e em petróleo. A presença de hopanos com a estereoquímica nas posições 17,

21 e 22, idênticas às do bacteriohopanotetrol (17β(H)21β(H), 22R) é indicativo de

material de origem exclusivamente diagenética. Por outro lado a presença da série

estendida de hopanos C27 a C35 com estereoquímica 17α(H)21β(H) e 17β(H)21α(H),

22R/S, é indicativa de origem petrogênica. O aumento da maturidade produz uma

mistura de isômeros S e R, em equilíbrio numa proporção de 3:2 (Marckenzie, 1984;

Simoneit, 2005).

Figura 4.1: Estrutura de precursor Bacteriohopanotetrol.

Os marcadores moleculares derivados de triterpenoides pentacíclicos são,

geralmente, encontrados em material sedimentar. Em alguns caso, compostos mono,

di, tri, tetra e pentaaromáticos, são formados a partir de precursores tipo α-amirina, β-

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Capítulo 4 105

amirina e lupeol (Figura 4.2). Alguns processos de formação são sugeridos na literatura

para a formação dos compostos derivados dos precursores naturais. Por exemplo,

durante a transformação da matéria orgânica podem ocorrer transformações químicas

que envolvem: simplificação de estrutura por redução de grupo funcional, quando

contendo oxigênio; reações de hidrogenação de dupla ligação carbono-caborno; ou

processos de aromatização. Estas transformações da matéria orgância, em geral,

ocorrem por atividade microbiana (Wolf, 1989; Simoneit, 2005; Bouloubassi and Saliot,

1993).

Figura 4.2: Estrutura de precursores biológicos.

Neste capítulo, buscou-se identificar marcadores petrogênicos como os

triterpanos triciclicos e pentaciclicos como os hopanos e marcadores biogênicos

característicos de vegetal superiores derivados de triterpenoides. O estudo envolveu

tanto amostras da área industrial de Manaus, como também do trecho Coari-Manaus.

Esta avaliação não só possibilita a investigação de processos diagenéticos nos

sedimentos do rio Solimões e lagos associados na Amazônia Central, como também

permite sustentar as hipóteses de fontes de hidrocarbonetos, diagnosticadas nos

Capítulo 2 e 3 para as amostras do trecho Coari-Manaus.

4.2. Área de estudo

A investigação de hopanos e marcadores biogênicos foi realizada em todas as

amostras de sedimento do trecho Coari-Manaus e da área industrial de Manaus. Para

demonstração do estudo foram utilizadas algumas amostras representando a

distribuição de sedimento superficial do trecho Coari-Manaus no rio Solimões (4SII) e

em lago (7LII), e no perfil de sedimento de lago (2L1B e 2L7B). A avaliação de

marcadores moleculares apresentada a seguir (4.4.1) é semelhante para todas as

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Capítulo 4 106

outras amostras de sedimento no trecho Coari-Manaus. Assim como, o mesmo

comportamento de distribuição de marcadores moleculares se repete para as amostras

da área industrial de Manaus, apresentados pelas amostras (IND2 e IND5). A

localização das estações das amostras utilizadas na representação de resultados

podem ser observadas na Figura 2.1 do Capítulo 2, onde está descrita a área de

estudo.

4.3. Métodos Experimentais

Os procedimentos de amostragens e métodos de análise estão descritos no

Capítulo 2 e 3. A análise instrumental para identificação de marcados geoquímicos

está citada abaixo.

4.3.1 Identificação de hopanos (m/z 191)

Foram realizadas, na fração de hidrocarbonetos saturados, análises qualitativas

de identificação de hopanos, por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de

massas (CG-EM). As identificações foram baseadas no espectro de massas e no

tempo de retenção relativo, e por comparação com informações da literatura. Utilizou-

se um espectrômetro tipo quadrupolo, marca Themofinningan modelo DSQ, acoplado a

um cromatógrafo, modelo GC Ultra. Foi utilizada uma coluna capilar DB5msMSD (30 m

x 0,25 mm, 0,25 µm). As condições de análise instrumental foram as seguintes:

- Injeção no modo splitless à 250°C;

- Gás carreador: hélio a 1 mL mim-1;

- Interface à 290°C;

- Fonte de íons à 200°C;

- Ionização por impacto eletrônico à 70 ev;

- Análise full scan de 50 – 550 u.m.a.;

- Programação de temperatura da coluna: 50 °C inicial, permanecendo por 1 min,

para então atingir 80 °C a 50 °C min-1, permanecendo por 1 min. Segunda

elevação da temperatura até de 285 °C a 6 °C min-1, permanecendo em

isoterma por 15 min.

4.3.2 Identificação de marcadores moleculares aromáticos

Além das análises quantitativas individuais dos HPA, foram realizadas análises

qualitativas para investigação de marcadores geoquímicos aromáticos característicos

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Capítulo 4 107

de fontes naturais, em algumas amostras do trecho Coari-Manaus. Estas análises

foram realizadas por CG-EM com obtenção do espectro de massas na faixa de 55 a

450 daltons, utilizando-se um equipamento tio íon trap nas mesmas condições para a

análise de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos individuais descritos no Capítulo 2.

4.4. Resultados e discussão

4.4.1. Marcadores moleculares petrogênicos

Nos Capítulos 2 e 3, foi mostrado que algumas amostras apresentaram razões

diagnósticas indicativas de contaminação petrogênica. Este resultado foi testado

investigando-se a presença de hopanos.

Nas Figuras 4.3 e 4.4 são mostrados os cromatogramas de íons m/z 191,

característicos das famílias dos triiterpanos triciclicos e pentaciclicos (hopanos) de 4

amostras, sendo duas da área industrial de Manaus (Figura 4.3) e duas do trecho

Coari-Manaus, uma amostra de sedimento do rio Solimões (4SII) e outra de sedimento

de lago (7LII) (Figura 4.4).

R T : 2 0 . 0 0 - 5 5 . 0 0

2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Relative A

bundance

3 9 . 1 1

3 7 . 9 0

3 6 . 2 1

4 0 . 7 3

2 8 . 3 7

3 5 . 6 9 4 0 . 9 2

2 9 . 1 0 4 2 . 1 53 1 . 7 6

4 2 . 4 83 4 . 8 92 5 . 7 54 4 . 0 8

2 4 . 4 34 4 . 5 5

4 6 . 3 7 4 8 . 9 62 4 . 2 6 5 1 . 8 1

N L :

1 . 6 1 E 6

m / z =

1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F :

M S IN D 2 _ n o v 04 _ 0 1

H30αβH29αβ

TC24

Tm

TsTC26

H31αβ(R/S)

H31-H35αβ(R/S)-hopanos

H32αβ(R/S)

H33αβ(R/S)H34αβ(R/S)

H35αβ(R/S)

IND2

R T : 2 0 . 0 0 - 5 5 . 0 0

2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Relative A

bundance

3 9 . 1 1

3 7 . 9 0

3 6 . 2 1

4 0 . 7 3

2 8 . 3 7

3 5 . 6 9 4 0 . 9 2

2 9 . 1 0 4 2 . 1 53 1 . 7 6

4 2 . 4 83 4 . 8 92 5 . 7 54 4 . 0 8

2 4 . 4 34 4 . 5 5

4 6 . 3 7 4 8 . 9 62 4 . 2 6 5 1 . 8 1

N L :

1 . 6 1 E 6

m / z =

1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F :

M S IN D 2 _ n o v 04 _ 0 1

H30αβH29αβ

TC24

Tm

TsTC26

H31αβ(R/S)

H31-H35αβ(R/S)-hopanos

H32αβ(R/S)

H33αβ(R/S)H34αβ(R/S)

H35αβ(R/S)

IND2

H30αβR T : 2 0 . 0 0 - 5 5 . 0 0

2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Relative A

bundance

3 7 . 8 9 3 9 . 1 2

3 6 . 2 3

4 0 . 7 22 8 . 3 6

3 5 . 7 1

4 0 . 9 43 1 . 7 5

4 1 . 3 23 4 . 8 9

4 2 . 4 72 5 . 7 54 4 . 0 72 4 . 4 3

4 4 . 5 72 3 . 6 5

4 8 . 9 3 4 9 . 8 8

N L :1 . 0 7 E 6

m / z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S IN D 5 _ n o v 0

4 _ 0 1

H29αβ

TC24

Tm

TsTC26

H31αβ(R/S)

H31-H35αβ(R/S)-hopanos

H32αβ(R/S)

H33αβ(R/S)

H34αβ(R/S)

H35αβ(R/S)

IND5

H30αβR T : 2 0 . 0 0 - 5 5 . 0 0

2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Relative A

bundance

3 7 . 8 9 3 9 . 1 2

3 6 . 2 3

4 0 . 7 22 8 . 3 6

3 5 . 7 1

4 0 . 9 43 1 . 7 5

4 1 . 3 23 4 . 8 9

4 2 . 4 72 5 . 7 54 4 . 0 72 4 . 4 3

4 4 . 5 72 3 . 6 5

4 8 . 9 3 4 9 . 8 8

N L :1 . 0 7 E 6

m / z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S IN D 5 _ n o v 0

4 _ 0 1

H29αβ

TC24

Tm

TsTC26

H31αβ(R/S)

H31-H35αβ(R/S)-hopanos

H32αβ(R/S)

H33αβ(R/S)

H34αβ(R/S)

H35αβ(R/S)

H30αβR T : 2 0 . 0 0 - 5 5 . 0 0

2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Relative A

bundance

3 7 . 8 9 3 9 . 1 2

3 6 . 2 3

4 0 . 7 22 8 . 3 6

3 5 . 7 1

4 0 . 9 43 1 . 7 5

4 1 . 3 23 4 . 8 9

4 2 . 4 72 5 . 7 54 4 . 0 72 4 . 4 3

4 4 . 5 72 3 . 6 5

4 8 . 9 3 4 9 . 8 8

N L :1 . 0 7 E 6

m / z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S IN D 5 _ n o v 0

4 _ 0 1

H29αβ

TC24

Tm

TsTC26

H31αβ(R/S)

H31-H35αβ(R/S)-hopanos

H32αβ(R/S)

H33αβ(R/S)

H34αβ(R/S)

H35αβ(R/S)

R T : 2 0 . 0 0 - 5 5 . 0 0

2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Relative A

bundance

3 7 . 8 9 3 9 . 1 2

3 6 . 2 3

4 0 . 7 22 8 . 3 6

3 5 . 7 1

4 0 . 9 43 1 . 7 5

4 1 . 3 23 4 . 8 9

4 2 . 4 72 5 . 7 54 4 . 0 72 4 . 4 3

4 4 . 5 72 3 . 6 5

4 8 . 9 3 4 9 . 8 8

N L :1 . 0 7 E 6

m / z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S IN D 5 _ n o v 0

4 _ 0 1

H29αβ

TC24

Tm

TsTC26

H31αβ(R/S)

H31-H35αβ(R/S)-hopanos

H32αβ(R/S)

H33αβ(R/S)

H34αβ(R/S)

H35αβ(R/S)

IND5

Figura 4.3: Série de biomarcadores hopanos completamente maturados e recentes em

sedimento superficial da área industrial, representados pelas amostras IND2 e IND5.

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Capítulo 4 108

Nas amostras da área industrial é possível identificar a presença da série

homóloga de hopanos 17α(H), 21β(H) e 22R/S para os isômeros de C31 a C35 átomos

de carbonos, indicativa de origem petrogênica. Por outro lado, pode-se dizer que nas

amostras do trecho Coari-Manaus (Figura 4.4) os hopanos presentes são típicos de

origem diagenética, com a presença de isômeros 17β(H)21β(H) como por exemplo o

C31ββ 22R (representado na figura como H31ββ). Observa-se também a presença de

isômeros insaturados, provavelmente pertencentes à família de hopanos, porem

espectro de massa não permite precisar a posição da insaturação. Os isômeros

17α(H)21β(H), se presentes estão em concentrações no mínimo abaixo do limite de

quantificação de 16 ng g-1 determinado por Farias (2006), no mesmo equipamento aqui

usado.

R T : 2 4 . 0 0 - 4 6 . 0 0

2 4 2 6 2 8 3 0 3 2 3 4 3 6 3 8 4 0 4 2 4 4 4 6

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Rela

tive A

bundance

3 0 . 0 6

3 6 . 7 3

3 9 .6 5 4 2 . 0 3

3 9 . 8 23 8 .4 43 6 .1 4

4 1 . 6 3 4 4 . 0 23 1 . 2 7

4 2 . 2 04 1 .0 02 9 . 1 5 4 5 . 6 1

3 4 . 2 4 4 3 .1 12 8 .3 9

3 1 . 8 12 4 . 8 4 2 7 .7 4

N L :5 . 4 8 E 4

m /z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S P T 4 S _ C 2 _F 1 _ 0 1

C27=

H27β

C29=

H30ββ

C30=H29ββ

H31ββ

4SII

R T : 2 4 . 0 0 - 4 6 . 0 0

2 4 2 6 2 8 3 0 3 2 3 4 3 6 3 8 4 0 4 2 4 4 4 6

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Rela

tive A

bundance

3 9 . 6 8

3 6 . 7 2

3 9 . 8 1

3 8 . 4 5 4 2 . 0 43 0 . 0 6 3 6 . 1 4

3 9 . 9 4 4 3 . 1 02 5 . 8 9 3 4 . 2 6 4 3 . 9 92 9 . 7 2 3 0 . 6 7 3 2 . 7 62 8 . 4 0

N L :3 . 2 2 E 6

m / z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S P T 7 L _ C 2 _F 1 _ 0 1

H27β

C29=

H29ββ

H30ββ H31ββ

C30=

C31=

C27=

7LII

R T : 2 4 . 0 0 - 4 6 . 0 0

2 4 2 6 2 8 3 0 3 2 3 4 3 6 3 8 4 0 4 2 4 4 4 6

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Rela

tive A

bundance

3 0 . 0 6

3 6 . 7 3

3 9 .6 5 4 2 . 0 3

3 9 . 8 23 8 .4 43 6 .1 4

4 1 . 6 3 4 4 . 0 23 1 . 2 7

4 2 . 2 04 1 .0 02 9 . 1 5 4 5 . 6 1

3 4 . 2 4 4 3 .1 12 8 .3 9

3 1 . 8 12 4 . 8 4 2 7 .7 4

N L :5 . 4 8 E 4

m /z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S P T 4 S _ C 2 _F 1 _ 0 1

C27=

H27β

C29=

H30ββ

C30=H29ββ

H31ββ

R T : 2 4 . 0 0 - 4 6 . 0 0

2 4 2 6 2 8 3 0 3 2 3 4 3 6 3 8 4 0 4 2 4 4 4 6

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Rela

tive A

bundance

3 0 . 0 6

3 6 . 7 3

3 9 .6 5 4 2 . 0 3

3 9 . 8 23 8 .4 43 6 .1 4

4 1 . 6 3 4 4 . 0 23 1 . 2 7

4 2 . 2 04 1 .0 02 9 . 1 5 4 5 . 6 1

3 4 . 2 4 4 3 .1 12 8 .3 9

3 1 . 8 12 4 . 8 4 2 7 .7 4

N L :5 . 4 8 E 4

m /z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S P T 4 S _ C 2 _F 1 _ 0 1

C27=

H27β

C29=

H30ββ

C30=H29ββ

H31ββ

4SII

R T : 2 4 . 0 0 - 4 6 . 0 0

2 4 2 6 2 8 3 0 3 2 3 4 3 6 3 8 4 0 4 2 4 4 4 6

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Rela

tive A

bundance

3 9 . 6 8

3 6 . 7 2

3 9 . 8 1

3 8 . 4 5 4 2 . 0 43 0 . 0 6 3 6 . 1 4

3 9 . 9 4 4 3 . 1 02 5 . 8 9 3 4 . 2 6 4 3 . 9 92 9 . 7 2 3 0 . 6 7 3 2 . 7 62 8 . 4 0

N L :3 . 2 2 E 6

m / z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S P T 7 L _ C 2 _F 1 _ 0 1

H27β

C29=

H29ββ

H30ββ H31ββ

C30=

C31=

C27=

7LII

R T : 2 4 . 0 0 - 4 6 . 0 0

2 4 2 6 2 8 3 0 3 2 3 4 3 6 3 8 4 0 4 2 4 4 4 6

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Rela

tive A

bundance

3 9 . 6 8

3 6 . 7 2

3 9 . 8 1

3 8 . 4 5 4 2 . 0 43 0 . 0 6 3 6 . 1 4

3 9 . 9 4 4 3 . 1 02 5 . 8 9 3 4 . 2 6 4 3 . 9 92 9 . 7 2 3 0 . 6 7 3 2 . 7 62 8 . 4 0

N L :3 . 2 2 E 6

m / z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S P T 7 L _ C 2 _F 1 _ 0 1

H27β

C29=

H29ββ

H30ββ H31ββ

C30=

C31=

C27=

7LII

Figura 4.4: Série de compostos insaturados (C27=, C29

=, C30

= e C31

=) e marcadores hopanos

recentes (H27β, H29ββ, H30ββ, H31ββ), em sedimento superficial do trecho Coari-Manaus,

representados pelas amostras 4SII e 7LII.

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Page 7: Capitulo 4: Investigação da presença de marcadores ... · material de origem exclusivamente diagenética. Por outro lado a ... Em alguns caso, compostos mono, di, tri, tetra e

Capítulo 4 109

Essa investigação foi realizada também nas amostras de perfil de sedimento do

Lago Preto (2LB), porque conforme apresentado no Capítulo 3, encontrou-se

distribuição de HPA alquilados característica de influência petrogênica ou de processos

diagenéticos recentes. Os hopanos identificados nas amostras ao longo deste perfil,

aparecem no exemplo da Figura 4.5, correspondente à amostra de sedimento dos

primeiros 5 cm de profundidade e da camada de 60 cm. Estes compostos pertencem à

mesma série de compostos insaturados e recentes que aparecem no sedimento

superficial (Figura 4.4).

R T : 2 4 . 0 0 - 4 6 . 0 0

2 4 2 6 2 8 3 0 3 2 3 4 3 6 3 8 4 0 4 2 4 4 4 6

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Rela

tive A

bundance

3 6 . 7 5

3 9 . 8 4

4 2 . 0 7

3 8 . 4 8

3 0 . 0 7

4 1 . 6 4

3 6 . 1 7

4 4 . 0 4

2 5 . 9 0 3 4 . 3 53 2 . 7 9

3 1 . 3 5 3 5 . 2 62 4 . 5 0 2 9 . 7 3 4 5 . 9 82 6 . 4 8

N L :5 . 0 9 E 6

m / z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S P T 2 L _ 1 B _F 1 _ 0 1

H27β

C29=

H31αβ(R)

H30ββ

C30=

C31=H31ββ(R)

C27=

H29ββ2L1B

5 cm

R T : 2 4 . 0 0 - 4 6 . 0 0

2 4 2 6 2 8 3 0 3 2 3 4 3 6 3 8 4 0 4 2 4 4 4 6

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Rela

tive A

bundance

3 6 . 7 5

3 9 . 8 4

3 0 . 0 7

3 8 . 4 8

3 1 . 3 4 4 1 . 6 34 2 . 0 4

4 4 . 0 3

3 6 . 1 4 4 3 . 1 03 1 . 5 83 4 . 3 52 9 . 0 8 3 2 . 7 7

2 4 . 4 9 3 5 .6 9 4 5 . 9 82 5 . 9 0 2 8 . 8 6

N L :6 . 3 3 E 6

m /z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S P T 2 L _ 7 B _F 1 _ 0 1

2L7B

60 cm

C27=

H27β

C29=

H31αβ(R)

H30ββ

C30=

C31=

H31ββ(R)

H29ββ

R T : 2 4 . 0 0 - 4 6 . 0 0

2 4 2 6 2 8 3 0 3 2 3 4 3 6 3 8 4 0 4 2 4 4 4 6

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Rela

tive A

bundance

3 6 . 7 5

3 9 . 8 4

4 2 . 0 7

3 8 . 4 8

3 0 . 0 7

4 1 . 6 4

3 6 . 1 7

4 4 . 0 4

2 5 . 9 0 3 4 . 3 53 2 . 7 9

3 1 . 3 5 3 5 . 2 62 4 . 5 0 2 9 . 7 3 4 5 . 9 82 6 . 4 8

N L :5 . 0 9 E 6

m / z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S P T 2 L _ 1 B _F 1 _ 0 1

H27β

C29=

H31αβ(R)

H30ββ

C30=

C31=H31ββ(R)

C27=

H29ββ2L1B

5 cm

R T : 2 4 . 0 0 - 4 6 . 0 0

2 4 2 6 2 8 3 0 3 2 3 4 3 6 3 8 4 0 4 2 4 4 4 6

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Rela

tive A

bundance

3 6 . 7 5

3 9 . 8 4

3 0 . 0 7

3 8 . 4 8

3 1 . 3 4 4 1 . 6 34 2 . 0 4

4 4 . 0 3

3 6 . 1 4 4 3 . 1 03 1 . 5 83 4 . 3 52 9 . 0 8 3 2 . 7 7

2 4 . 4 9 3 5 .6 9 4 5 . 9 82 5 . 9 0 2 8 . 8 6

N L :6 . 3 3 E 6

m /z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S P T 2 L _ 7 B _F 1 _ 0 1

2L7B

60 cm

R T : 2 4 . 0 0 - 4 6 . 0 0

2 4 2 6 2 8 3 0 3 2 3 4 3 6 3 8 4 0 4 2 4 4 4 6

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Rela

tive A

bundance

3 6 . 7 5

3 9 . 8 4

3 0 . 0 7

3 8 . 4 8

3 1 . 3 4 4 1 . 6 34 2 . 0 4

4 4 . 0 3

3 6 . 1 4 4 3 . 1 03 1 . 5 83 4 . 3 52 9 . 0 8 3 2 . 7 7

2 4 . 4 9 3 5 .6 9 4 5 . 9 82 5 . 9 0 2 8 . 8 6

N L :6 . 3 3 E 6

m /z = 1 9 0 . 5 0 -1 9 1 . 5 0 F : M S P T 2 L _ 7 B _F 1 _ 0 1

2L7B

60 cm

C27=

H27β

C29=

H31αβ(R)

H30ββ

C30=

C31=

H31ββ(R)

H29ββ

Figura 4.5: Cromatogramas íons hopanos191 ao longo do perfil 2LB.

O pico no tempo de retenção ~30,07 min, observado em todas as amostras

analisadas, corresponde, provavelmente, à presença de um sesquiterpeno bicíclico,

C16H30, cujo íon básico do EM é m/z 123, provavelmente de um fragmento C9H15+.

Estes compostos são originados de degradação microbiana de precursores de origem

biogênica (Philp et al, 1981, Elias et al, 1996). Estes marcadores moleculares são

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Capítulo 4 110

derivados de compostos de alto peso molecular como os policadinanos, presentes em

resinas e óleos essenciais de plantas terrestres. Sesquiterpenoides são abundantes

em extratos de Copaifera multijuga, popularmente chamada de Copaíba, árvore

comum na Amazônia, que contém resina oleogenosa apresentando atividade

antiinflamatória (Stashenko, et al., 1995; Lunardi, 2002).

Os sesquiterpenoides são precursores de compostos aromáticos, comumente

encontrados em sedimentos e no petróleo (Hostettler et al. 1989; Alam & Person, 1990;

Elias et al, 1996).

4.4.2. Marcadores moleculares aromáticos

As amostras de sedimento do trecho Coari-Manaus mostram intensa contribuição

de compostos aromáticos oriundos de precursores naturais triterpenos pentacíclicos

(α-amirina, β-amirina e lupeol). Observa-se na Figura 4.6, exemplos de compostos

tetracíclicos e pentacíclicos terpenóides (Anexo V).

Os marcadores geoquímicos, identificados neste trabalho são formados nas

etapas de degradação de seus precursores, o que pode de dar através de diferentes

mecanismos (Figura 4.7). Estes mecanismos incluem: processos de oxidação, que

levam à formação até do tetrametilpiceno pentaaromático, e processo de aquecimento

e oxidação com a quebra do anel A, podendo formar até trimetilcriseno tetraaromático,

mecanismo que ocorre, geralmente, mediado pela ação microbiana (Bouloubassi and

Saliot, 1993; Abas et al. 1995; Wolf, 1989; Budzinsk et al., 1997; Simoneit, 2005).

Os compostos foram identificados por comparação do espectro de massa obtido

com o espectro de massa destes compostos publicados na literatura, e pela

observação da ordem de eluição (Anexo V com espectros de massa de compostos

identificados). A identificação desses compostos possibilita verificar intensa

contribuição da floresta no sedimento de fundo dos corpos d’água ao longo do trecho

Coari-Manaus. Porém, a presença destes compostos nas amostras de sedimentos

pode, também, provir, em certo grau, dos processos de combustão de biomassa em

larga escala na Amazônia. Por exemplo, Abas et al, (1995) identificou os mesmo

marcadores moleculares, derivados do precursor amirina, em fumaça de queimadas na

Amazônia.

Na Figura 4.6 é mostrado o perfil cromatográfico da fração aromática, em

amostra de sedimento do rio Solimões (3SI) e de lago (6LI). Em geral, o grupo de

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Capítulo 4 111

compostos aromáticos, de origem natural nos sedimentos de lagos gerou picos mais

intensos do que nos sedimentos de rio, embora observe-se a presença dos mesmos

marcadores moleculares em ambas as amostras.

A presença nas amostras de tetracrisenos triaromáticos sustenta a hipótese

diagenética para ocorrência dos tetraaromáticos com produção de metil e dimetil

crisenos (C1 e C2 Cri). Isto mostra um exemplo do mascaramento pelo produto natural

durante a diagênese na análise dos HPA indicativos de fonte petrogênica. O que pode

ser observado, em amostras de sedimentos do trecho Coari-Manaus, quando

calculados os índices de diagnósticos de origem ou na distribuição individual de HPA

(Capítulos 2 e 3). Os compostos que contribuem para o diagnótico de aporte

petrogênico (apontados em algumas amostras) são na verdade, originados

principalmente de processos naturais durante a diagenese recente, e não de alguma

fonte de origem fóssil.

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Capítulo 4 112

R T : 9 . 7 9 - 5 5 . 0 3

1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Relative A

bundance

3 9 . 4 2

2 6 . 9 1

3 4 . 1 1

3 6 . 5 1

3 0 . 1 9 4 7 . 1 04 4 . 7 74 9 . 0 2

4 9 . 7 32 3 . 8 61 4 . 3 9

2 1 . 9 8 5 0 . 8 81 7 . 8 81 0 . 8 0

N L :1 . 9 6 E 6

T IC F : M S P T 0 3 S F 2 0 1

a

b

c e f

ghi

j

l m

Perileno

d n

o

p

3SI

Perileno

R T : 9 . 7 9 - 5 5 . 0 3

1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Re

la

tive

A

bu

nd

an

ce

5 2 . 6 6

3 9 . 4 4

3 6 . 5 2

2 8 . 4 8

4 1 . 2 0

4 6 . 0 33 4 . 1 3 4 7 . 1 5

4 1 . 7 9

4 9 . 5 2

2 4 . 8 5

3 3 . 5 32 5 . 5 82 3 . 8 6

3 2 . 7 01 4 . 3 9 1 7 . 8 8 2 1 . 6 7

N L :3 . 3 7 E 6

T I C F : M S P T 0 6 L A F 2 0 1

6LI

a

b

c e f d

g

h

i j

lm

no

p

R T : 9 . 7 9 - 5 5 . 0 3

1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Relative A

bundance

3 9 . 4 2

2 6 . 9 1

3 4 . 1 1

3 6 . 5 1

3 0 . 1 9 4 7 . 1 04 4 . 7 74 9 . 0 2

4 9 . 7 32 3 . 8 61 4 . 3 9

2 1 . 9 8 5 0 . 8 81 7 . 8 81 0 . 8 0

N L :1 . 9 6 E 6

T IC F : M S P T 0 3 S F 2 0 1

a

b

c e f

ghi

j

l m

Perileno

d n

o

p

3SI

Perileno

R T : 9 . 7 9 - 5 5 . 0 3

1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Re

la

tive

A

bu

nd

an

ce

5 2 . 6 6

3 9 . 4 4

3 6 . 5 2

2 8 . 4 8

4 1 . 2 0

4 6 . 0 33 4 . 1 3 4 7 . 1 5

4 1 . 7 9

4 9 . 5 2

2 4 . 8 5

3 3 . 5 32 5 . 5 82 3 . 8 6

3 2 . 7 01 4 . 3 9 1 7 . 8 8 2 1 . 6 7

N L :3 . 3 7 E 6

T I C F : M S P T 0 6 L A F 2 0 1

6LI

Perileno

R T : 9 . 7 9 - 5 5 . 0 3

1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5

T i m e ( m i n )

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Re

la

tive

A

bu

nd

an

ce

5 2 . 6 6

3 9 . 4 4

3 6 . 5 2

2 8 . 4 8

4 1 . 2 0

4 6 . 0 33 4 . 1 3 4 7 . 1 5

4 1 . 7 9

4 9 . 5 2

2 4 . 8 5

3 3 . 5 32 5 . 5 82 3 . 8 6

3 2 . 7 01 4 . 3 9 1 7 . 8 8 2 1 . 6 7

N L :3 . 3 7 E 6

T I C F : M S P T 0 6 L A F 2 0 1

6LI

a

b

c e f d

g

h

i j

lm

no

p

Figura 4.6: Cromatograma de íons com identificação de marcadores moleculares em amostra do rio Solimões (3SI) e lago (6LI) com: tetrametilcrisenos

diaromáticos (a-b); trimetilcrisenos triaromáticos (d-e); lupa di e tri aromáticos triperpenóides tetratacíclicos (c e f); dinorursa, dinoroleano e dinorlupa

monoaromático (g-i); tetrametilpicenos triaromáticos (l-m); trimetilpicenos tetraaromáticos (n-o); e lupa tri e tetraaromáticos triterpenóides pentacíclicos (j e p).

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Capítulo 4 113

Figura 4.7: Esquema de etapas de transformações de precursores em derivados piceno e

criseno (Adaptado de Bouloubassi & Saliot, 1993 e Simoneit, 2005).

Um outro exemplo de mascaramento da análise de HPA alquilados pode ser

citado em relação aos naftalenos, pois foram identificados marcadores moleculares

derivados de precursores sesquiterpenos bicíclicos que sofrem aromatização

levando a formação de diaromáticos (Elias et al, 1996).

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Capítulo 4 114

van Aarssen et al. (1992) demonstram que policadinanos são precursores do

processo de aromatização acarretando na formação de C2-naftalenos. Conforme já

citado, foi identificada na fração de hidrocarbonetos saturados a presença de

sesquiterpenos bicíclicos. Alguns destes bicíclicos podem apresentar o esqueleto

estrutural do cadaleno que é um composto diaromático correspondente ao C5-

naftaleno, o qual foi encontrado na fração aromática, na maioria das amostras da

coleta I. A Figura 4.8 mostra a identificação de sesquiterpenos como o cadaleno de

m/z 198 (C15H18), o calamaleno e o 5,6,7,8-tetrahidrocadaleno, isômeros com m/z

202 (C15H22), na amostra do sedimento do Lago Preto na coleta I (2LI).

RT: 18.10 - 23.69

19 20 21 22 23

Time (min)

0

20

40

60

80

100

0

20

40

60

80

100

Relative Abundance

21.07

22.97

23.5319.07

21.98 22.47

21.66 23.0118.8118.1822.56 23.17

22.1721.6120.56

20.2919.2418.59 19.91

19.06

20.21

19.90 21.0719.33 20.65 21.1518.85 22.6221.61 23.5318.23 23.39

NL:1.76E5

TIC F: MS PT02 LP F201

NL:4.35E3

m/z= 201.50-202.50 F: MS PT02 LP F201

2LI

(a)

(b) (c)

Figura 4.8: Cromatograma de íons parcial contendo: (a) cadaleno, (b) calamaleno e (c)

5,6,7,8-tetrahidrocadaleno em sedimento de 2LI.

Elias et al. (1996) realizaram trabalho de identificação de vários

sesquiterpenos em água, na foz do rio Amazonas, demonstrando o aporte

continental de marcadores biogênicos lançados no Oceano Atlântico. Os autores

discutem a proposta da degradação de sesquiterpenos cadinanos indicando a

formação de composto diaromático a partir de processos de oxidação no ambiente

amazônico .

A identificação dos marcadores moleculares biogênicos mostra a influência da

transformação da matéria orgânica no diagnóstico de origem dos hidrocarbonetos

aromáticos, que também podem estar presentes no petróleo, o que pode mascarar

o resultado da aplicação de alguns índices de diagnóstico que envolvem,

principalmente, HPA alquilados para a área de estudo.

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Capítulo 4 115

4.4.2. Ésteres

Grande parte da composição do material de origem natural, observada nos

cromatogramas das amostras de sedimento no trecho Coari-Manaus (ver Capítulo

2, Figuras 2.7 e 2.8) é constituída por ésteres de ácidos e álcoois de cadeia longa e

ésteres terpênico.

Estes ésteres são um dos principais componentes de ceras epicuticulares de

folhas de árvores na Amazônia. Pereira et al., (2002) e Siqueira et al., (2003)

identificaram ésteres em amostras de folhas de andiroba (Carapa Guianensis –

Meliaceae), castanheira (Bertholletia excelsia – Lecythidaceae), cupuaçu

(Theobroma grandiflorum – Sterculiaceae), marupá (Simaruba amara –

Simaroubaceae) e da seringueira (Hevea brasiliensis – Euphorbiaceae).

Siqueira et al., (2003) identificou ésteres dos ácidos, hexadecanóico (C16)

(m/z 285), octadecanóico (C18) (m/z 313), eicosanóico (C20) (m/z 341) e o

tetraeicosanóico (C24) (m/z 369). As folhas de marupá apresentaram série

homóloga mais extensa, iniciada pelo éster do álcool tetradecanol (C14), se

estendendo até o tetratriacontanol (C34). Os autores, também, identificaram nas

plantas estudadas, ésteres terpênicos com destaque para as amirinas esterificadas

com o ácido hexadecanóico (C16) (Figura 4.9) e, sugerem os ésteres de triterpenois

como marcadores moleculares de combustão de biomassa em amostras de

aerossóis. Elias et al, 1999 mostraram a caracterização de classes de compostos

orgânicos em fumaças emitidas pela combustão de plantas da Amazônia,

mostrando a presença dos ésteres terpênicos, assim como os hidrocarbonetos

alifáticos com predominância de número ímpar de carbono, os quais podem estar

presentes na fumaça pela emissão direta de material vegetal durante a queimada.

O

O

Figura 4.9: Estrutura do palmitato de α-amirina, triterpeno esterificado de cadeia longa.

Neste trabalho, foi encontrada a série homóloga de ésteres ácidos com

cadeia mais curta se estendendo do didecanóico (C12) até o octadecanóico (C18),

demonstrados na Figura 4.10 pelas fragmentações correspondentes a m/z 200,

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Capítulo 4 116

214, 228, 242, 256, 270 e 284, para a amostra do sedimento do Lago Pretro (2L3A).

Observa-se a predominância de série homóloga par. A identificação destes ésteres

no espectro de massas pode ser realizada pelo pico base, característico do íon

formado, relativo à massa do ácido, mais uma unidade de massa (m/z Mac+ 1). O

mecanismo de formação dos fragmentos pode ser observado na Figura 4.11, que

mostra a formação do didecanóico e seu espectro de massas.

RT: 30.00 - 65.00

30 35 40 45 50 55 60 65

Time (min)

0

100

0

100

0

100

0

100

0

100

Relative Abundance

0

100

0

100

0

10042.50

46.5841.77 49.9655.26

58.1336.60 63.4835.51

42.50

41.7846.7139.57 53.1249.4431.06 55.20 57.61 60.6537.46

44.26

40.84 46.70 49.50 60.6053.1140.32 55.31 63.4632.66

46.6045.6342.39

49.45 53.1641.1438.11 55.22 63.5557.6630.10

49.9649.43 53.12

44.2339.96 57.6539.5832.66 58.13

53.10

51.5349.9646.60 57.65 63.4842.5039.96 58.2131.93 36.24

42.47 51.66 57.63 63.4541.77 46.62 54.5858.1340.8539.6230.20

49.9645.6363.4642.48 50.16 53.1541.76 49.45 57.60 61.0237.5232.58

NL: 2.34E7

TIC F: MS PT2LP C3A F201

NL: 2.71E6

m/z= 199.50-200.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 8.26E5

m/z= 213.50-214.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 1.64E6

m/z= 227.50-228.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 3.75E5

m/z= 241.50-242.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 5.24E5

m/z= 255.50-256.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 5.78E4

m/z= 269.50-270.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 4.91E4

m/z= 283.50-284.50 F: MS PT2LP C3A F201

C12C12/C14

C13/C14

C14C14

C14/C15/C16C14/C15/C16

C16C14/C16

C16/C17C16/C17

C16/C17/C18

TIC: 2L3A

m/z=200

m/z=241

m/z=228

m/z=242

m/z=256

m/z=270

m/z=284

RT: 30.00 - 65.00

30 35 40 45 50 55 60 65

Time (min)

0

100

0

100

0

100

0

100

0

100

Relative Abundance

0

100

0

100

0

10042.50

46.5841.77 49.9655.26

58.1336.60 63.4835.51

42.50

41.7846.7139.57 53.1249.4431.06 55.20 57.61 60.6537.46

44.26

40.84 46.70 49.50 60.6053.1140.32 55.31 63.4632.66

46.6045.6342.39

49.45 53.1641.1438.11 55.22 63.5557.6630.10

49.9649.43 53.12

44.2339.96 57.6539.5832.66 58.13

53.10

51.5349.9646.60 57.65 63.4842.5039.96 58.2131.93 36.24

42.47 51.66 57.63 63.4541.77 46.62 54.5858.1340.8539.6230.20

49.9645.6363.4642.48 50.16 53.1541.76 49.45 57.60 61.0237.5232.58

NL: 2.34E7

TIC F: MS PT2LP C3A F201

NL: 2.71E6

m/z= 199.50-200.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 8.26E5

m/z= 213.50-214.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 1.64E6

m/z= 227.50-228.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 3.75E5

m/z= 241.50-242.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 5.24E5

m/z= 255.50-256.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 5.78E4

m/z= 269.50-270.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 4.91E4

m/z= 283.50-284.50 F: MS PT2LP C3A F201

C12C12/C14

C13/C14

C14C14

C14/C15/C16C14/C15/C16

C16C14/C16

C16/C17C16/C17

C16/C17/C18

RT: 30.00 - 65.00

30 35 40 45 50 55 60 65

Time (min)

0

100

0

100

0

100

0

100

0

100

Relative Abundance

0

100

0

100

0

10042.50

46.5841.77 49.9655.26

58.1336.60 63.4835.51

42.50

41.7846.7139.57 53.1249.4431.06 55.20 57.61 60.6537.46

44.26

40.84 46.70 49.50 60.6053.1140.32 55.31 63.4632.66

46.6045.6342.39

49.45 53.1641.1438.11 55.22 63.5557.6630.10

49.9649.43 53.12

44.2339.96 57.6539.5832.66 58.13

53.10

51.5349.9646.60 57.65 63.4842.5039.96 58.2131.93 36.24

42.47 51.66 57.63 63.4541.77 46.62 54.5858.1340.8539.6230.20

49.9645.6363.4642.48 50.16 53.1541.76 49.45 57.60 61.0237.5232.58

NL: 2.34E7

TIC F: MS PT2LP C3A F201

NL: 2.71E6

m/z= 199.50-200.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 8.26E5

m/z= 213.50-214.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 1.64E6

m/z= 227.50-228.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 3.75E5

m/z= 241.50-242.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 5.24E5

m/z= 255.50-256.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 5.78E4

m/z= 269.50-270.50 F: MS PT2LP C3A F201

NL: 4.91E4

m/z= 283.50-284.50 F: MS PT2LP C3A F201

C12C12/C14

C13/C14

C14C14

C14/C15/C16C14/C15/C16

C16C14/C16

C16/C17C16/C17

C16/C17/C18

TIC: 2L3A

m/z=200

m/z=241

m/z=228

m/z=242

m/z=256

m/z=270

m/z=284

Figura 4.10: Cromatograma total de íons da amostras 2L3A com presença de série

homóloca de ésteres de ácidos graxos e cromatograma dos íons m/z 200 (didecanóico,

C12), 214 (tridecanóico, C13), 228 (tetradecanóico, C14), 242 (pentadecanóico, C15), 256

(hexadecanóico, C16), 270 (heptadecanóico, C17) e 284 (octadecanóico, C18).

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Capítulo 4 117

P T 2 L P C 3 A F 2 0 1 # 3 8 2 8 R T : 4 1 .7 7 A V : 1 N L : 1 .3 2 E 6T : + c F u l l m s [ 5 5 .0 0 - 4 5 0 .0 0 ]

1 0 0 1 5 0 2 0 0 2 5 0 3 0 0 3 5 0 4 0 0 4 5 0

m /z

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

Relative A

bundance

2 0 0 .1 5

4 2 4 .1 7

8 3 .1 8 9 7 .1 9

1 5 7 . 1 8 2 2 9 .1 21 2 9 .3 7

1 8 5 .1 7 4 2 5 .1 63 8 1 .0 42 6 9 . 0 9

3 5 2 .9 92 4 1 .1 2 3 8 2 .1 12 7 0 .2 0 4 2 6 .1 93 3 9 . 0 8

O

OC11H23

H C14H29

H

O

OC11H23

HC14H29

O

C14H28

HO

C11H23

H

C11H23

C11H23

m/z 200

H

H

O

OH

O

O

C14H28

C14H29

+

+

m/z 201

Figura 4.11: Espectro de massa de ésteres didecanóico (C12) e mecanismo de formação

com íons característicos (m/z 200 e 201).

Os compostos citados foram encontrados na fração aromática, em virtude da

baixa polaridade destes compostos, durante o procedimento de fracionamento e

clean-up ajustado para respectivas análises de n-alcanos (F1) e HPA (F2). Como

os métodos de análise não foram otimizados para a análise de ésteres graxos, não

foi possível avaliar a massa molecular dos ésteres graxos dos ácidos penta, hexa

,hepta e octadecanóicos aqui identificados, pois a varredura de massa utilizada foi

de 50 a 450 u.m.a.. Esta condição é adequada para a análise de HPA e os esteres

graxos aparecem como interferentes durante a identificação dos HPA por estarem

em grande quantidade.

Siqueira et al., (2003), descrevem a ocorrência de co-eluição de ésteres

diferentes, mas com mesma massa molecular, eluição próxima de todos os

isômeros, proporcionando o alargamento dos picos. Esta feição foi muitas vezes

observados nos cromatogramas das amostras de sedimento do trecho Coari-

Manaus evidenciando a grande contribuição destes compostos naturais. Tais

compostos podem ocorrer devido à presença de material vegetal preservado no

sedimento. Portanto devido sua marcada presença nas amostras de sedimento, foi

feita uma avaliação prévia da presença de ésteres.

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Capítulo 4 118

4.5. Conclusão

O trabalho de investigação de marcadores moleculares nas amostras de

sedimentos foi bastante eficiente para determinar suas origens nos diferentes

ambientes.

Foi feita a identificação inequívoca da série homóloga de hopanos maturados

(17α(H)21β(H) e 22R/S ) característicos de material petrogênico, mostra a presença

evidente de contaminação antropogênica nas amostras da área industrial de

Manaus. O contrário pôde ser visualizado pelos marcadores hopanos nos

sedimentos de rio e lagos no trecho Coari-Manaus que foram, predominantemente,

derivados da atividade diagenética, sobre precursores sintetizados por plantas

terrestres vasculares, com a presença de isômeros insaturados (17β(H)21β(H) e o

C31ββ 22R). Foi, ainda, observada a presença significativa de bicíclicos

sesquiterpenos cadinanos (C15H26 e C22H30), também derivados da diagênese de

compostos biogênicos.

Encontrou-se marcadores moleculares aromáticos que são produzidos

durante a ocorrência de diagênese precoce da matéria orgânica. Os quais foram os

tricíclicos terpenos, como os tetrahidrocrisenos e os tetrahidropicenos

poliaromáticos, e os diaromáticos cadaleno, calamaleno e 5,6,7,8-

tetrahidrocadaleno, também identificados. A formação destes compostos

aromáticos é derivada de precursores presentes em plantas terrestres, com isso

sugere a possibilidade do mascaramento do diagnóstico de origem de HPA, como

observado na distribuição de HPA alquilados nos perfis de sedimento de lagos,

mostrados no Capítulo 3. Portanto, embora haja distribuição de HPA alquilados

característica de contaminação petrogênica, a origem dos alquilados é biogênica.

Foram identificados ésteres de ácidos de cadeia longa de n-C12 a n-C18, os

quais estão presentes na composição de lipídeos no sedimento, com a origem de

plantas terrestres.

Foi feita a indicação dos marcadores moleculares biogênicos como

traçadores de combustão de biomassa das queimadas na Amazônia, uma vez que

tricíclicos terpenos foram identificados neste trabalho e são comumente

encontrados em estudos de fuligens de combustão destas queimadas. Portanto são

indicados como marcadores diferenciais para o diagnóstico de aporte pirogênico.

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