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Capítulo 2

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23Capítulo 2

O portunidades e potencialidadesde desenvolvim ento de Évora no horizonte tem poral de

2020

1. Demografia, Qualificação de Recursos Humanos e Coesão Social

Saudade Baltazar, Patrícia Rego, António Caleiro

Os designados elementos de identidade do concelho de Évora para esta área temática, e tendo

por base os diagnósticos efectuados sobre o território com particular ênfase o que consta no

Plano Director Municipal, podem ser sistematizados nos tópicos resumo que se seguem:

» Numa região profundamente afectada pelo progressivo despovoamento, o concelho de

Évora tem sido marcado por uma dinâmica de crescimento positiva, pese embora a

existências de fortes assimetrias no interior do território, em que a cidade e a sua

envolvente imediata crescem em contraponto às áreas rurais. Aqui, os seus efectivos

populacionais decrescem continuamente, o que tem conduzido ao seu esvaziamento

funcional em desfavor da cidade;

» A sustentabilidade demográfica do concelho está afectada, nomeadamente nas zonas

rurais. Estas, perante o duplo envelhecimento (decréscimo da proporção dos jovens e

aumento da proporção de idosos) que apresentam, revelam já incapacidade endógena

de reposição do efectivo populacional. Por este motivo, as taxas de crescimento

populacional positivas do concelho (cidade) derivam da existência de saldos migratórios

positivos;

» As assimetrias intra-concelhias também se manifestam ao nível dos equipamentos

colectivos, que parecem revelar-se suficientes na cidade e área envolvente face à actual e

estimada procura, enquanto que nas áreas rurais se verifica uma situação generalizada

de menor cobertura, à excepção dos equipamentos educativos de nível inferior;

» A existência de carências em matéria de acessibilidades, nomeadamente pelo agravamento

das condições de circulação urbana e a deficiente conexão entre aglomerados rurais,

assim como os problemas que se verificam ao nível das infra-estruturas básicas revelam-

se como alguns dos desafios a que deve ser dada resposta, com vista à promoção da

qualidade de vida da população residente;

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Capítulo 224

» A intervenção no domínio da habitação, quer seja para possibilitar uma ocupação

ordenada do território envolvente à cidade, quer para a promoção de níveis de bem

estar em particular das franjas populacionais mais vulneráveis, correspondem em paralelo

a vertentes cuja actuação se justifica visando um concelho mais inclusivo.

Porém, a promoção de sinergias entre todas as possibilidades existentes a nível local, e em

particular a proximidade dos agentes sociais e económicos para gerar uma rede de solidariedade

activa e geradora de dinâmicas de desenvolvimento, não pode escamotear a inevitável ligação

da mobilização integral dos recursos locais e as lógicas da globalização e da desterritorialização

das economias. As políticas regionais de desenvolvimento indiciam a necessária articulação dos

movimentos ascendentes e descendentes, ao apoiarem e valorizarem as políticas à escala central

e as dinâmicas de desenvolvimento local.

“Assim, um espaço será cada vez mais território quanto mais ele souber articular o local com o

global, ser dinâmico e cultivar a mobilidade, estabelecer alianças estratégicas com outros territórios

através das quais se torne capaz de endogeneizar factores (e entre eles o não menos importante

é a tecnologia), bens, serviços, organização, etc. Um espaço será cada vez mais território quanto

mais souber criar e determinar densidade (rede) nas suas relações com os outros territórios e

não apenas no seu interior, valorizar a sua cultura, incluindo a sua cultura técnica, não como

barreira ao diálogo com outros espaços e outras culturas, mas precisamente como elemento

positivo e valorizador das suas especificidades, endogeneizando o que de positivo souber

encontrar nos vários elementos componentes da rede” (Alves, sd: 25).

Pelo que atrás foi dito, é pressuposto que o desenvolvimento de qualquer território dependa da

dinâmica sócio-económica de diversos sub-conjuntos geográficos que a integram. Na realidade,

qualquer local é detentor de uma configuração sócio-cultural muito própria, a qual

necessariamente indicia toda uma série de importantes consequências. Assim, a selecção da

estratégia a privilegiar decorre do seu efeito multiplicador e carácter indutivo, em que para a sua

coerência é determinante a participação e a mobilização dos actores de uma região ou local.

São estas as premissas enquadradoras que se constituem como opções metodológicas do processo

de desenvolvimento estratégico configurado para o concelho de Évora, designadamente as de

natureza demográfica, de qualificação dos recursos humanos e de coesão social.

Concomitantemente, e no que respeita à inclusão social, este eixo apela a uma aproximação real

às prioridades políticas definidas, em Nice (2000), nos domínios da luta contra a pobreza e a

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25Dem ografia, Q ualificação de Recursos Hum anos e Coesão Social

exclusão social, em particular no que concerne: i) à promoção da participação no emprego e o

acesso de todos os recursos, direitos, bens e serviços; ii) prevenção dos riscos de exclusão; iii) e

actuação em favor dos mais vulneráveis. Considerando-se a pobreza e a exclusão social como

fenómenos estruturais – isto é, a própria negação aos direitos humanos - logo estas requerem

respostas estruturais.

Não se pode pois omitir que “as pessoas é que fazem as terras, daí que a estratégia principal é

intervir no que respeita aos recursos humanos que existem e na atracção dos novos recursos

humanos, se calhar alguns deles voltando à terra de origem para darem nova vitalidade com os

saberes que aprenderam noutras paragens. Este desafio é fundamental, a capacidade de

intervenção e a qualificação dos recursos humanos, das pessoas, dos homens, das mulheres, dos

jovens, dos adultos e dos idosos desta zona” (ESDIME, 1995: 63).

Esta é uma condição que possibilita uma maior capacidade de apreensão das estratégias propostas

por Kotler (1993), estratégias que no seu entendimento permitirão aos sistemas territoriais locais

sobreviverem na “guerra dos locais”. Para o efeito propõe-se a aproximação a algumas dessas

estratégias que os territórios deverão gizar e concretizar, no momento actual e no futuro, para

que se possam afirmar no panorama competitivo que os rodeia, sendo elas:

a)Estratégia de identidade («place identity»)

Consiste na determinação do «quem somos», o que pressupõe a existência de um concelho

(cidade) de Évora com identidade, ou seja conhecedor dos seus recursos endógenos,

para que este conhecimento e consequente disseminação assumam vital importância na

sua estratégia de desenvolvimento. Mas mais do que uma radiografia asséptica, a

finalidade última é uma avaliação dinâmica em termos de forças e fraquezas,

oportunidades e ameaças (a clássica análise SW OT, no acrónimo em inglês);

b)Estratégia de melhorias básicas locais («place basic improvement»)

Suplanta o clássico programa de obras públicas de infra-estruturas. As dimensões

privilegiadas nesta estratégia são, a título de exemplo, «infra-estrutura digital», «design»

urbano, criação de atracções originais, criação de uma postura de «pensar

ambientalmente» para resolver os tradicionais problemas da poluição, e da congestão

urbanística e de tráfego. Isto é, pretende-se um concelho (cidade) de Évora com qualidade

de vida, que se afirme por valores ambientais, capacidade de atracção populacional, de

compatibilização entre actividades laborais e de lazer, assim como pela animação cultural

permanente – motor da revitalização do centro histórico. Em complementaridade deve

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Capítulo 226

afigurar-se como cidade próxima de todos os cidadãos e atenta às suas necessidades e

problemas (diferentes grupos etários e sociais inseridos em contextos mais ou menos

urbanos), onde a oferta de bens e serviços de interesse colectivo é pautada pela

necessidade de articular e fomentar a intensidade de contactos entre o centro histórico,

a área residencial envolvente e as restantes áreas concelhias. Deve ainda assegurar

qualidade e quantidade de infra-estruturas cujos utentes são os mais novos (creches,

jardins de infância) que queremos que nasçam, e os mais velhos (lares, centros de saúde)

que inevitavelmente serão cada vez mais numerosos;

c)Estratégia de produto local («place product»)

Baseia-se na identificação do «que temos para oferecer», para além da paisagem, dos

produtos originais do território, e do património histórico. Na terminologia «produto

local» inserem-se os serviços públicos de excelência, as estruturas e políticas culturais e

de recriação e lazer, as zonas pensadas para actividades económicas altamente

competitivas, o dinamismo das organizações da sociedade civil e a qualidade do parque

habitacional. Deve ainda permitir o reforço de duas dimensões, dada a sua importância

na atractividade populacional do concelho (cidade) que se pretende que ocorra em

complementaridade com outro tipo de políticas municipais de incentivo à natalidade,

são elas: a segurança (para todos) e a pacatez (para quem o desejar) que o território

deve garantir. Garantias que passam necessariamente pela correcta integração das pessoas

que decidam vir viver para Évora. Em suma, neste tipo de estratégia está sobretudo

incluído o «activo» fundamental que pode ser o «produto» de maior valor: os cidadãos

(quem são, que qualificações têm, que saber detêm);

d) Estratégia de localizar «massa cinzenta» («place brain»)

Constitui-se como um fulcral desafio e de duplo sentido: o de educar e formar os seus

cidadãos «locais», associando o desenvolvimento de uma política activa de captação e

fixação de novos habitantes de alto valor acrescentado. Visa um concelho (cidade) de

Évora produtor e difusor de conhecimento (formação técnica especializada, formação

superior, investigação e organização de encontros científicos/congressos). Em que a vocação

da cidade de Évora na sua dimensão universitária pode assumir-se como um vector de

relevante importância na estratégia a adoptar para o desenvolvimento deste território;

e) Estratégia de sinergia total («place sinergy»)

Condição tida como necessária para qualquer sistema territorial local alcançar êxito.

Implica que por exemplo, no campo da promoção da imagem, as campanhas lançadas

por organismos diferentes não colidam. Neste âmbito depara-se como urgente que o

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27Dem ografia, Q ualificação de Recursos Hum anos e Coesão Social

«marketing» estratégico reúna à mesma mesa as «forças vivas locais», que deverão actuar

como um «think-tank».

Para o caso concreto do concelho (cidade) de Évora pode significar uma aposta no contributo da

inovação social para o desenvolvimento territorial. Este aspecto liga-se fortemente às questões

da proximidade e da identidade já referidas. A sociedade local e regional deve tender a satisfazer

as necessidades individuais e colectivas através de uma transformação das relações sociais de

“governança” e de capacitação dos cidadãos, apoiada na importância da comunicação entre

grupos sociais e culturais. Neste contexto, Évora deve apostar no reforço do seu capital social

(capital social que se associa ao capital económico, cultural e simbólico).

O anteriormente exposto pressupõe afirmar que as territorialidades são potenciais de

relacionamento aberto ao exterior, para que a promoção das mudanças (políticas, económicas,

sociais, entre outras) sugerida por qualquer processo de desenvolvimento seja uma realidade. E

o partenariado surge, com frequência, como o reforço das capacidades locais, ou seja a relação

de cooperação tem subjacente o fomentar dos princípios orientadores das estratégias de

desenvolvimento definidas para os territórios envolvidos.

Paralelamente, os desafios hoje colocados aos sistemas de educação e formação profissional,

num contexto de globalização económica, política e tecnológica, passam pela necessidade de,

articulada e concertadamente, estes sistemas proporcionarem às populações (a todos,

independentemente da procura dos mercados) a oportunidade de adquirirem uma sólida base

educativa através de uma pedagogia vocacionada para o estabelecimento de novas relações

entre o homem e o trabalho, mediadas pela ciência, pela tecnologia e por conhecimentos sócio-

históricos e do trabalho.

Neste quadro, a educação deve passar a ser assumida como uma dimensão fundamental do

desenvolvimento dos territórios. A educação e a formação capacitam os indivíduos e os grupos

(profissionais, sociais) com conhecimentos e capacidades que lhes permitem intervir no

desenvolvimento e ao mesmo tempo realizar os seus projectos pessoais. Assim, os saberes que

são mobilizados e partilhados nas acções de formação ou noutros contextos de aprendizagem

são fundamentais para uma política de empow erment individual e colectivo, a qual requer que

a aprendizagem passe a ter um valor económico e social fundamental, porquanto aprendendo

em todas as fases da vida, a pessoa desenvolve e/ou actualiza competências e ao colocá-las

sistematicamente ao serviço da comunidade contribui para o desenvolvimento do espaço/território

que ocupa.

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Capítulo 228

Nas áreas territoriais que pretendem organizar-se tendo como referência o desenvolvimento

sustentável, todos os indivíduos devem ser parte dos processos de desenvolvimento e, como tal,

as suas competências devem ser mobilizadas e rentabilizadas em prol desse mesmo

desenvolvimento. Os “recursos humanos” deixam, nesta perspectiva, de ser encarados numa

lógica económica (de recursos) para passarem a ser assumidos numa lógica de cidadania. Nela

está subjacente a ideia-chave de construção de sentido para a vivência pessoal em sociedade

que seja geradora de um sentimento de pertença (que não se resuma apenas a identidade), de

participação (mesmo antes de surgir a reivindicação dos direitos de participação) e de emancipação

humana (empow erment).

Face às assimetrias sócio-económicas que caracterizam ainda o mundo actual, e para o caso

específico do concelho de Évora, caminhar para uma sociedade inclusiva constitui um imperativo

assumido generalizadamente desde há vários anos, pelo que a problemática da coesão económica

e social integra hoje um pilar de qualquer estratégia de desenvolvimento sustentável.

Por outro lado, é com frequência que se afirma que “todo o território é uma construção subjectiva”,

o que quer significar que depende da acção de um «sujeito» que institui o território quer seja de

natureza exógena quer endógena. Porém, o pressuposto de construção de um dado território

que se traduz numa efectiva unidade de desenvolvimento é o protagonismo local, isto é o sonho,

a vontade, o desejo, a adesão, as escolhas e decisões das pessoas.

Se é verdade que se pode induzir um processo de desenvolvimento de modo exógeno, ele só

pode ser realizado de modo endógeno, dado que a adesão e a participação das populações

locais é uma exigência que se coloca para que os objectivos propostos sejam alcançados, que os

agentes locais se reconheçam como sujeitos do seu próprio destino. Trata-se de um processo de

empow erment que se traduz na ampliação da esfera pública e consequente transformação nas

relações entre Sociedade, Estado e Mercado. Processo que se traduz na ideia de que o

desenvolvimento é uma tarefa de todos e que pressupõe a melhoria do nível de qualidade de

vida das pessoas. Perante a desigualdade entre territórios, a cada um deve ser proporcionado

um modelo próprio de desenvolvimento

A combinação entre as redes de actores locais, as infra-estruturas existentes, as dotações naturais,

o capital humano (competências, conhecimentos e habilidades) e social (níveis de confiança,

organização, cooperação e participação social), a cultura empreendedora, a capacidade de atrair

pessoas e investimentos, a poupança local, as heranças culturais, os constrangimentos a serem

enfrentados, o ritmo das mudanças, entre outros factores, definem uma configuração única e

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29Dem ografia, Q ualificação de Recursos Hum anos e Coesão Social

inimitável em qualquer estratégia de desenvolvimento que possa ser gizada para um dado

território.

É essa configuração específica que para o caso do município de Évora se passará a operacionalizar

nos eixos, prioridades e vectores estratégicos que de seguida serão identificados.

Referências bibliográficas

Alves, Manuel Brandão (s.d.), “As possibilidades do Desenvolvimento Local” in Vários

(s.d) O Desenvolvimento Local é possível?, Lisboa, SPER – Sociedade Portuguesa

de Estudos Rurais, pp17 – 26.

Kotler, Philip et al (1993), M arketing Places: Attracting Investment, Industry and Tourism

to Cities, States and Nations, Free Press/MacMillan.

Local Futures Group (s.d.), “strategy development” URL: http://w w w .localfutures.com /

strategy/index.asp , (27 Kb) (2005.10.12).

Santos, Marcos Olímpio Gomes (1997), Alentejo 2010: o cenário mais provável (tese

de doutoramento), Évora, Universidade de Évora.

Vários, (1995), Formação para o Desenvolvimento Local em meio Rural – relatório

e conclusões, Aljustrel, ESDIME.

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31Capítulo 2

2. Actividades Económicas, Competitividade e Internacionalização

José Belbute

Localizado a meio caminho entre Lisboa e Badajoz, o concelho de Évora é um território que não

tem conseguido superar as suas debilidades, aproveitar as potencialidades e criar novas

oportunidades e criação de valor, de riqueza e de bem-estar para as suas populações. Contudo,

esta dinâmica não é uma fatalidade e pode ser transformada. O Plano de Desenvolvimento

Estratégico de Évora procura ser um contributo para ajudar a que o futuro aconteça.

A região Alentejo em geral e o Concelho de Évora em particular estão dotados de um conjunto

de estudos que caracterizam o concelho do ponto de vista da sua dinâmica económica, da

competitividade e da sua capacidade de internacionalização. Desses diagnósticos, pensamos

valer a pena destacar as seguintes ideias chave que o quadro seguinte sintetiza:

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Capítulo 232

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33Actividades Económ icas, Com petitividade e Internacionalização

Paralelamente, do ponto de vista dos "fundamentais económicos", a sub-região "Alentejo Central",

da qual o concelho de Évora é, sem dúvida, o seu mais importante núcleo, tem evidenciado uma

dinâmica económica incapaz de reduzir o diferencial de bem-estar das suas populações

relativamente aos valores médios nacional e europeu.

O Produto Interno Bruto (PIB) regional do Alentejo Central representou em 2006 cerca de 1,4%

do PIB nacional, valor equivalente ao mesmo indicador em 1995. Por outro lado, Alentejo Central

contribui com cerca de 20% para o PIB da região Alentejo e este contributo não se alterou nos

últimos 13 anos.

Gráfico 1 Evolução da Contribuição do PIB do Alentejo Central no PIB nacional

e da Região Alentejo

Fonte Eurostat (Valores em PPS).

Por outro lado, pib per capita da sub-região Alentejo Central cresceu entre 1995 e 2006 mas

quase sempre abaixo do seu valor de tendência (pib potencial). Apenas nos anos 1998, e entre

2000 e 2003, o PIB per capita efectivo esteve acima do seu nível potencial. Naturalmente que a

taxa de desemprego da sub-região reflecte esta dinâmica estrutural, tendo passado de 5,7% em

2002 para 7,9% no final de 20061.

1 Dados do Eurostat.

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Capítulo 234

Gráfico 2 Evolução do PIB per capita efectivo e potencial

Fonte Eurostat. Elaboração própria.

Todavia, apesar desta evolução o PIB per capita não alterou a sua posição relativa face à média

nacional (84% ) e à média Europeia (64% ) quando comparado com o ano inicial.

Figura 1 Posição relativa do PIB per-capita da sub-região “Alentejo Central”

face à média Nacional e à União Europeia (a 27 países)

a) 1995 b) 2006

Fonte Eurostat (dados em Paridade de Poder de Compra). Elaboração própria.

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35Actividades Económ icas, Com petitividade e Internacionalização

Este fenómeno mostra de presença de apenas um "efeito nível" (aumento do PIB) e a ausência de

um "efeito crescimento" (ritmo de crescimento estável) nesta sub-região o que confirma a

inexistência de um processo de transformação estrutural que tenha promovido a convergência

real quer com a média nacional quer com a União Europeia.

Esta incapacidade endógena para realizar a convergência e fazer "deslocar" o bem-estar para um

patamar próximo dos padrões nacionais e europeus constitui, na verdade, um facto marcante

da realidade da região nos últimos 13 anos. Porém, mais do que um problema, a debilidade

histórica e crónica da base económica da "região" deve ser encarada como um desafio que o

concelho e a região enfrentam e necessitam ultrapassar.

Naturalmente que a sua resolução depende da implementação de políticas públicas correctas de

promoção do crescimento económico e emprego, da competitividade, da qualificação dos recursos

humanos, da sustentabilidade e, finalmente, da abertura ao exterior. Mas não pode deixar de

contar com necessita do envolvimento e empenho activo de todos os agentes locais.

Todos os diagnósticos disponíveis mostram a terciarização das actividades económicas concelhias

e a sua excessiva dependência do sector público (que desenvolve uma actividade tipicamente

não-básica, isto é, não exportadora) e a fraca expressão relativa das actividades industriais e, por

isso, incapazes de criar escala e a necessária “massa crítica” adequada à constituição de clusters

sectoriais e/ou territoriais estruturados e consolidados.

Não obstante, o turismo tem-se afirmado como uma das áreas mais relevantes das actividades

económicas do concelho de Évora e cuja fileira urge ser potenciada e desenvolvida numa clara

estratégia assente na articulação de intervenções que potenciem uma oferta turística de qualidade

superior, assente no património (natural e cultural) e na qualidade de vida (urbana e rural) de

que o conselho é rico. A este respeito, importa ainda ter em atenção a necessidade de se

procurarem criar as condições adequadas à valorização dos recursos existentes e permitir a

satisfação das novas tendências nacionais e internacionais da procura turística.

O aumento o produto potencial da região constitui um importante desafio estratégico que os

decisores e agentes locais e regionais enfrentam uma vez que ele determina o nível de bem-estar

presente e futuro da sua população. O capital humano (qualificação profissional em ambiente

de trabalho e de escola, o incremento do nível médio de escolaridade, aumento das qualificações

superiores, a redução do abandono escolar, etc.), o conhecimento (a sua produção, aplicação e

difusão) e a abertura ao exterior constituem factores determinantes quer o nível quer sobretudo

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Capítulo 236

a evolução e sustentação do produto potencial e que, por isso, devem estar no centro estratégico

das políticas públicas estruturantes com incidência regional e ou local.

Vencer a debilidade da base económica do concelho constitui uma das principais opções

estratégicas que enfrentam os decisores públicos locais e os agentes económicos em geral

(empresas e famílias). A inexistência de um instrumento de planeamento e prospectiva de cariz

multisectorial sustentado por informação estatística robusta impede que se identifiquem os

sectores e as fileiras sectoriais que maximizariam os efeitos amplificadores e difusores das

intervenções de política na região. Ainda assim, e tendo em conta o diagnóstico realizado assim

com os vectores estratégicos de outros instrumentos de planeamento com incidência no concelho,

importa tomar em consideração as seguintes potencialidades:

a)A fileira aeronáutica e electrónica, tendo em conta a sua expressão local e as intenções

de investidores estrangeiros já expressas à Autarquia;

b)A fileira turismo, aproveitando o enorme potencial que a diversidade, riqueza e a mul-

tiplicidade do património natural, cultural, etc., existente na região.

c)As fileira agrícola e agro-industrial, designadamente a relacionada com o vinho e o azeite.

d)A fileira logística, aproveitando e potenciando a posição geográfica do concelho e as

infra-estruturas e equipamentos já instalados ou a instalar num futuro próximo

e)A sustentabilidade, enquanto factor agregador das restantes políticas sectoriais.

Uma cidade (ou um território) é competitiva quando consegue atrair as empresas, o talento

(capital humano), os jovens trabalhadores altamente competentes, os turistas, as iniciativas, o

conhecimento, as artes, etc. De forma similar, a existência de universidades e a sua capacidade

de realizar investigação (fundamental e em ligação com o mundo empresarial – não

necessariamente apenas com as grandes empresas) permite a criação de novos produtos e serviços,

de novas formas de organização, entre outros, são factores fundamentais para que as cidades

competitivas sejam também fontes de inovação e centros de empreendedorismo.

Uma cidade não nasce competitiva! Antes se desenvolve impulsionada por um conjunto de

factores, de entre os quais se salientam os seguintes:

» Uma (flexível) visão estratégica para promover a concorrência, para assegurar a

diversidade, mas interdependente, do tecido empresarial, e estimular o fluxo de

informação e conhecimentos entre universidades, investigadores, técnicos e empresas;

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37Actividades Económ icas, Com petitividade e Internacionalização

» Existência de entidades locais apostadas e pró-activas na promoção e realização do

desenvolvimento, que coordenam actividades entre elas para criar estratégias bem

articuladas e coordenadas;

» Existência de infra-estruturas de alta qualidade, espaços verdes, áreas residenciais de

centro urbano e projectos públicos;

» Política “fiscal” competitiva e agressiva que atraia capital para projectos públicos e privados

de investimento;

» Existência de habitações de boa qualidade para os jovens sem que sejam demasiado

caras, comparativamente a outras cidades regionais e nacionais;

» Existência de centros de criação e desenvolvimento de conhecimento, incubadora de

empresas, etc, em relação estreita com o ensino superior de excelência.

A visão estratégica que temos para o Concelho de Évora em matéria de competitividade inclui os

seguintes oito factores que, combinados e potenciados, podem ajudar a aumentar a capacidade

o Concelho para atrair pessoas e actividades:

1.Inovação nas empresas e organizações

2.Mão-de-obra qualificada e competente

3.Boa infra-estrutura física, interna e externa

4.Infra-estruturas ICT- cidade digital

5.Qualidade de vida - social, cultural e ambiental

6.Capacidade estratégica para mobilizar e

implementar estratégias de desenvolvimento

a longo-prazo

7.Capacidade física de atracção turística

8.Uma Universidade como centro

de conhecimento, acessível a empresas

e outras organizações

Por outro lado, a capacidade de atrair actividades e pessoas está muito relacionada com a

Qualidade de Vida (QdV). Este é um conceito multidimensional, com dimensões tangíveis e

intangíveis, qualitativas e quantitativas, mas todas elas têm em comum o facto de se encontrarem

no centro das atenções e preocupações dos responsáveis políticos locais. Por essa razão, a

construção de um índice sintético de qualidade de vida concelhio e a sua permanente actualização

e monitorização ajudaria os decisores políticos a desenhar e a potenciar a eficácia da suas políticas

em matéria de promoção do bem-estar e, por arrastamento, de atracção de pessoas e actividades.

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Afirmar que Évora é um concelho aberto ao mundo significa que se encontra preparado para

aceitar enfrentar e vencer desafios, dificuldades e ameaças. A qualificação do capital humano

(nível de escolaridade), o empreendedorismo, as infra-estruturas físicas e de ICT, a capacidade

empresarial de inovar e cooperar estrategicamente com os poderes públicos locais, são condições

necessárias muito embora, reconheçamos, não totalmente suficientes para superar, com grande

probabilidade de sucesso, as dificuldades do caminho.

Por outro lado, a abertura ao mundo significa também reconhecer e procurar captar (e reter) os

benefícios que a acompanham. Uma sociedade aberta é mais criativa, inovadora e participativa

e, em resumo, capaz de criar e acumular mais riqueza do que uma sociedade fechada. A abertura

ao mundo confronta-nos com a necessidade de “fazermos mais e melhor”.

A internacionalização de Évora não pode querer dizer apenas, por exemplo, “mais turistas por

mais tempo”! Nem se compadece com acções passivas. Os investimentos têm de ser estimulados

a se localizarem no território concelhio. É certo que autarquia não tem os meios adequados para

atrair, com eficácia, investimentos. Mas pode e deve ter uma atitude pró-activa criando, por

exemplo, uma espécie de Agência Municipal para a Captação de Investimento Externo.

A competitividade e a abertura ao mundo são dois vectores chave na visão estratégica para as

actividades económicas, sobretudo porque podem dar um importante contributo para o

adensamento do tecido económico concelhio e, com isso, aumentar e robustecer a sua Base

Económica. Naturalmente que, como já foi referido, a capacidade e as possibilidades da autarquia

para agir directa e eficazmente sobre o “território económico” está bastante limitada. Existem,

contudo, factores relevantes para a atractividade do território (ambiente, qualidade de vida, ect)

sobre os quais a autarquia tem hoje a possibilidade de exercer influência. Em particular, assume

especial destaque nesse processo a qualificação do recurso determinante na sustentação de

qualquer processo de crescimento e desenvolvimento económico-social: o factor humano! A

educação e a formação são, hoje, decisivos não apenas pelos conhecimentos acumulados mas

também pelas “soft skills” (isto é competências relacionais e comportamentais como a capacidade

de trabalho em equipa, a liderança, o espírito de iniciativa e de empreendedorismo, etc.).

Cremos ser crucial eleger a qualificação dos recursos humanos como um desígnio essencial para

o processo de desenvolvimento concelhio, nomeadamente pelo estímulo ao desenho de um

processo educativo que estimule a criação e o desenvolvimento de uma cultura científica,

empreendedora e ecológica e socialmente responsável nos nossos jovens, desde muito cedo. A

escola deve estar ao serviço dos desígnios da sociedade e, por isso, estar aberta para aceitar

aplicar um projecto educativo que prepare os nossos jovens para um mundo em permanente

mudança, inovador, tecnologicamente complexo e em renovação contínua.

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39Capítulo 2

3. Ambiente, Recursos Naturais e Paisagem

Alexandre Cancela d'Abreu

Esta área temática interfere e inter relaciona-se com múltiplas componentes do sistema territorial

concelhio, pelo que são evidentes as sobreposições com outras áreas temáticas e mesmo entre

as ideias fortes aqui especificamente consideradas.

As ideias fundamentais para delinear uma estratégia no contexto do concelho de Évora

relativamente ao Ambiente, Recursos Naturais e Paisagem, poderão ser sistematizadas nos

seguintes pontos:

» Aposta no conhecimento como meio para sensibilizar e fomentar atitudes mais

responsáveis sobre o território concelhio.

Apesar de estar disponível informação com qualidade acerca desta área temática

(nomeadamente a que foi coligida aquando da revisão do Plano Director Municipal),

quando se pensa no longo prazo, há que assegurar não só o aprofundar do conhecimento

e compreensão de realidades muito complexas como, principalmente, manter esse

conhecimento actualizado em face das rápidas transformações que ocorrem actualmente

em qualquer território. Por outro lado, a actuação nestas áreas do ambiente e recursos

naturais exige a participação de um grande número de residentes e visitantes a quem é

necessário transmitir a informação disponível, o que é frequentemente dificultado pela

limitada preparação desses actores naquelas áreas do conhecimento.

Em síntese, para se preparar uma actuação continuada e consistente nestas áreas do

ambiente e recursos naturais é necessário dispor de informação completa, organizada,

actualizada e compreensível para não especialistas. Só a partir desta compreensão será

possível alargar a sensibilização dos cidadãos para as questões ambientais, o que provocará

atitudes mais esclarecidas e responsáveis na sua vivência diária. Como a realidade

comprova, sem novas atitudes ambientais cairão pela base muitas das regras que constam

nas leis e nos instrumentos de planeamento, mas que na realidade quase não têm

concretização.

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Capítulo 240

» Évora, município que procura a excelência ambiental.

Esta estratégia passa essencialmente por potenciar os recursos ambientais e patrimoniais

que são muito significativos no território concelhio. A salvaguarda destes recursos justifica-

se tanto pelo seu valor intrínseco e pelo seu contributo para a sustentabilidade mas,

também, porque podem ser mobilizados para a redução de custos e dinamização

económica e sócio-cultural do concelho. Podem referir-se a título de exemplo:

- A água, recurso cada vez mais escasso no que diz respeito ao binómio quantidade /

qualidade, sendo fundamental dar uma atenção prioritária à eficiência de

funcionamento das infra-estruturas de abastecimento público e de tratamento das

águas residuais; à redução dos consumos e da poluição pela agricultura; à protecção

do aquífero de Évora, das bacias drenantes para as albufeiras de abastecimento público;

à protecção das áreas envolventes das albufeiras de águas públicas; à construção de

redes alternativas para usos não domésticos (a partir do aquífero poluído, das ETAR,

de furos e poços já existentes).

- Ao estímulo ao desenvolvimento de actividades recreativas e de modalidades de turismo

que tiram partido dos recursos ambientais e patrimoniais do concelho (turismo rural,

de natureza, aventura, ecológico).

- A preservação de espaços essenciais para a protecção de espécies ameaçadas (avifauna).

» Évora, município que preserva, valoriza e utiliza com prudência e equilíbrio os recursos

naturais e culturais, incluindo as suas paisagens de qualidade.

Neste sentido deverá ter-se dar-se uma maior atenção aos espaços rurais do concelho,

nomeadamente:

- Contrariando o seu “consumo” através de usos avulsos e sem sentido que impedem

os serviços fundamentais que prestam (produção, regulação, protecção, integração);

- Preservando tanto os solos com melhor fertilidade como os que, não a tendo,

representam um real significado para a conservação da natureza e da biodiversidade;

- Enquadrando a implantação de projectos turísticos, dando preferência à reutilização e

requalificação de edifícios pré existentes já sem uso, ou prevendo novas construções

correctamente integradas na paisagem;

- Concretizando uma rede de percursos patrimoniais e ambientais que permitem conhecer

e usufruir espaços vivos e potenciar a ligação do património cultural ao natural e ao

paisagístico;

- Executando os planos de gestão e recuperação ambiental e paisagística das explorações

de inertes;

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41Am biente, Recursos N aturais e Paisagem

- Promovendo produtos vegetais e animais com origem no concelho que são

reconhecidamente de altíssima qualidade: vinhos, azeites, bovinos e ovinos, cortiça.

Procurar a qualidade para as futuras produções de regadio no perímetro do Monte

Novo.

- Preservando os espaços de especial valor patrimonial, tanto no que diz respeito a

valores naturais, culturais ou à sua conjugação.

» Évora, município que assume a sua forte identidade, valorizando-a com as inovações do

século XXI.

A acumulação de saberes expressa no próprio território que resultou de actuações

profundamente cultas ao longo de séculos passados é uma excelente base para a

construção de um futuro de qualidade. De facto, julga-se que é realmente possível

combinar identidade com inovação, conciliar o respeito pelo legado do passado com a

aplicação de conhecimentos e tecnologias actuais.

Neste sentido, em Évora abrem-se neste campo vastas possibilidades, nomeadamente:

- De conjugar técnicas tradicionais de construção com o objectivo de uma maior eficiência

energética dos edifícios;

- De associar sistemas silvo-pastoris como os montados a técnicas inovadoras e muito

eficazes de uma agricultura de conservação (mobilizações mínimas e pastagens

melhoradas);

- De tirar partido de técnicas tradicionais de captação, armazenamento e condução de

água, poupando energia e os limitados recursos hídricos presentes;

- De conservar os valores mais consistentes da paisagem concelhia, entendida esta como

expressão da cultura que actuou e transformou a sua base natural ao longo de muitas

gerações. Tal conservação terá que ser compatibilizada com as alterações exigidas

pelas novas necessidades e resultantes das técnicas actuais.

» O rdenamento equilibrado da cidade de Évora, dos outros centros urbanos e suas

envolventes.

No que diz respeito às preocupações ambientais e paisagísticas, trata-se aqui de:

- Impedir a degradação e banalização das envolventes da cidade e das povoações rurais

através de regras claras que impeçam os usos e ocupações comuns às periferias urbanas

crescentemente desqualificadas;

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42

- Nos espaços rurais mais próximos dos centros urbanos promover multifuncionalidades

que contribuam para a sua viabilidade económica (produções agrícolas especializadas

e de alta qualidade, recreio, turismo, funções ambientais);

- Qualificar os espaços urbanos através de intervenções nos espaços públicos (incluindo

espaços verdes de recreio e lazer), essenciais a uma vivência urbana mais interessante

e agradável para habitantes e para os visitantes ocasionais.

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43Capítulo 2

4. Urbanismo

João Soares

Ao apresentar os aspectos urbanos no âmbito do PDEE foram tidos em consideração documentos

e instrumentos de planificação estratégica a diferentes escalas, relacionados com a região de

Évora: PRIA (Plano Regional de Inovação do Alentejo); Corredor Azul - Rede Urbana para a

Inovação e Competitividade; PENT (Plano Estratégico Nacional de Turismo).

Mais do que um ponto em si mesmo, a questão urbana encontra-se implicada em todo o conjunto

de qualquer Plano Estratégico, está para lá da ideia de uma simples imagem de cidade e de

atractividade associada, reveste-se de uma crucial importância também a nível da própria

governança.

Como se preconizava já no primeiro PDM, aconteceu uma importante mudança da leitura do

território: de “estrutura urbana” para “sistema urbano”, que privilegia a articulação de diferentes

situações em rede. De uma forma mais actualizada e rigorosa, mais do que sistema em rede,

deve ler-se o sistema de “nós” e “redes”.

Um sistema que articula diferentes redes através dos nós onde se concentram dispositivos

conversores pode representar o espaço onde se processa, de maneira orgânica, o relacionamento

entre estruturas macroscópicas e dinâmicas microscópicas. A dialéctica macro / micro pode

também favorecer o funcionamento da engrenagem que utiliza dinâmicas globais como

oportunidade de valorização do local. O aspecto mais relevante neste sistema é, naturalmente,

o que diz respeito à mobilidade – com o exterior e no interior da cidade – a diferentes escalas.

» Relação com o exterior:

Conexões Rápidas e o Novo Aeroporto Lisboa na área de confluência das NUTS III da

Grande Lisboa, Lezíria do Tejo, Península de Setúbal e Alentejo Central encontram-se

abrangidos no Corredor Azul. As ligações rodoviárias e ferroviárias de alta velocidade

entre Lisboa e Madrid e o novo aeroporto de Lisboa definem uma área de influência na

qual Évora se inscreve.

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Capítulo 244

» Relações cidade intra-muros / áreas externas e de expansão e M obilidade no interior:

No que se refere à rede ferroviária de alta velocidade, o aspecto determinante é a relação

da estação à estrutura urbana central e envolvente. O aumento da qualidade da oferta

de transportes colectivos reveste-se de uma importância estrutural uma vez que poderá

permitir integrar o esforço de descongestionamento das partes mais centrais da cidade.

Por exemplo a linhas azuis já existentes e integradas no SITEE podem ser significativamente

melhoradas através do aumento do número de veículos, mas sobretudo pela sincronização

da sua frequência com outros tipos de transportes colectivos, nomeadamente com os

terminais rodoviário e ferroviário, bem como pela introdução de mais um circuito de

interrelação entre estes terminais e o centro da cidade.

No interior da cidade, sobretudo na parte muralhada, opera-se por mecanismos

microscópicos e difusos para resolver problemas de parqueamento automóvel (de

residentes e de utilizadores). Deverão consolidar-se as ligações físicas e de continuidade

“ambiental” com a parte imediatamente exterior à muralha e que tem vindo

progressivamente a ser desenvolvida. A articulação com tecnologia de comunicação não

físicas desempenham um importante papel complementar na maneira de usar a cidade,

porém é claro que não substitui a dimensão social-física da comunicação, nem possui a

capacidade para resolver, miraculosamente, problemas de congestão

A condição da cidade de Évora e do seu contexto territorial tem sido progressivamente

encarada como de evolução. Existe hoje uma consciência de desenvolvimento que em

muito se constrói a partir da ideia da consolidação de infra-estruturas de escala regional

e inter-regional (entende-se aqui também na relação com a região espanhola da

Extremadura) - naturalmente todo o sistema relacionado com a mobilidade - rodoviária

e ferroviária, como se referiu antes, desempenha um papel crucial. A constituição de

uma rede progressivamente mais robusta e sustentável de comunicações inscreve Évora

e a região num espaço e tempo mais alargados, o que representa uma possibilidade

recíproca, de chegar mais rapidamente a outros lugares e de atrair - pessoas, investimentos,

conhecimento - de outros lugares. Trata-se de uma oportunidade efectiva de

desenvolvimento no quadro global de competitividade.

Será talvez importante porém ter a capacidade de, a par deste novo apetrechamento

que aproxima a cidade de uma condição de competitividade global, reconhecer como

igualmente importantes qualidades próprias que se encontram mais profundamente

enraizadas no território, conotado com a ideia de lentidão. De facto, uma das grandes

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45Urbanism o

oportunidades que a inscrição de Évora num mapa mais alargado oferece é, exactamente,

a possibilidade de reconhecer como alternativas as qualidades do “lento”, por oposição

ao veloz. Esta perspectiva pode-se reconhecer genericamente nos desígnios dos

documentos e planos referidos no início do texto e, de um modo lato, no movimento de

valorização urbana slow movement que tem conhecido uma importante difusão no espaço

europeu. De facto Évora possui condições específicas que permitem um enquadramento

que ressalta as vantagens do “lento”, entendido enquanto estratégia urbana e de vida.

Nesse sentido poderá ser benéfico considerar o conhecimento adquirido que se tem

produzido neste âmbito, ou até mesmo considerar a hipótese de candidatar a cidade de

Évora a CittàSlow - Cidades Lentas. Existem já na Europa cidades com essa certificação -

em Itália, Espanha, Alemanha, Polónia, Inglaterra, entre outros países - havendo já em

Portugal a intenção de aderir a este movimento por parte de cidades portuguesas, como

Lagos, São Brás de Alportel, Silves e Tavira.

É um facto que, de um ponto de vista económico, como do ponto de vista da construção

de um sentido colectivo de um “suposto progresso”, as novas edificações em espaços

até então não edificados, sobretudo por fora da cidade muralhada, representam um

estímulo e vitalidade. Esse mesmo sentido colectivo e estímulo à construção também

podem ser atingidos pela recuperação, re-utilização, re-programação das construções

existentes (quer do espaço intra-muros como do espaço exterior). Este esforço de

canalização pode considerar-se como uma acção de capitalização de recursos urbanos.

O desafio é o de conseguir tirar partido da qualidade do património histórico da cidade

de Évora, pela qual é reconhecida mundialmente, e estendê-la ao nível do ambiente

urbano, introduzindo de forma inovadora funções, serviços e equipamentos estruturantes

capazes de conciliar-se com, mas também de reformar, o espaço da cidade.

Para o espaço público e “aberto” da cidade existem instrumentos testados de intervenção,

projectos como o da Acrópole XXI. Para os espaços individuais “fechados” os instrumentos

são necessariamente mais heterogéneos. A capacidade de introduzir novidade na imagem

que se tem da cidade (quer por parte dos seus habitantes, quer dos utilizadores e visitantes)

está directamente relacionada com a capacidade de concretizar uma efectiva integração

entre as necessidades do novo e a salvaguarda da preciosidade patrimonial. Neste espaço

pratica-se um exercício de compromisso entre as solicitações dos standards de necessidade

por utilizadores condicionados e conforto contemporâneos, e as tipologias das edificações

que constituem a identidade da cidade e forçam a redifinição de parâmetros de conforto.

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46

O desafio da cidade será o de assumir o património edificado como mais-valia na

integração de novos modos de o utilizar. Neste ponto a inserção de diferentes modalidades

residenciais no centro serve o próprio centro quanto servirá os utilizadores – por exemplo

residências de artistas ou residências estudantis.

A dimensão paisagística alentejana, em geral, e da área de Évora em particular, constitui

um valor único. É o “lugar” onde se produz a síntese dos valores construídos e dos

naturais, é o palimpsesto das grandes infra-estruturas que o atravessam e ao mesmo

tempo o desenham. O património físico herdado (recente e antigo) de algumas dessas

infra-estruturas é actualizado ao longo do tempo, o que significa reutilização,

melhoramento mas também alteração, substituição e mesmo abandono. Existem infra-

estruturas tornadas obsoletas mas que subsistem no território. Quer pela sua robustez

física, quer pelo seu “espaço cadastral”, essas estruturas, esvaziadas da sua função inicial,

apresentam-se disponíveis a uma reprogramação que se pode oferecer como lugar

narrativo/interpretativo do território, revelando a sua dimensão histórica e biofísica –

cultural. São exemplo deste tipo de acção as conversões de troços de linhas ferroviárias

em eco-pistas, mas podem sê-lo também troços de antigas estradas nacionais ou

aquedutos.

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47Capítulo 2

5. Turismo, Indústrias da Cultura e do Lazer

Jorge Miguel Bravo, Paulo Neto

O sector do Turismo e das Indústrias da Cultura e do Lazer deve emergir na próxima década

como um dos mais relevantes sectores da actividade económica do concelho de Évora,

contribuindo para a vitalidade económica do território e para a melhoria do bem-estar dos

cidadãos. Esta aposta decorre das potencialidades que a aposta numa actividade qualificada,

sustentável e diferenciada oferece em termos de criação de produção e emprego, de investimento

e inovação (promoção), de estímulo ao desenvolvimento de infra-estruturas colectivas, de incentivo

à preservação do ambiente e à recuperação e manutenção do património histórico, natural e

cultural, de satisfação das necessidades humanas e sociais dos indivíduos, constituindo-se como

uma âncora para o desenvolvimento regional.

O Plano de Desenvolvimento Estratégico de Évora 2020 deve assim assumir o sector do turismo

e das indústrias da cultura e do lazer como um dos sectores particularmente relevantes, se não

mesmo decisivos, para o desenvolvimento presente e futuro deste território.

Os recursos intrínsecos do concelho de Évora, associados a uma forte imagem histórico-cultural

e de interface entre o meio urbano e o meio rural, a melhoria das infra-estruturas de alojamento,

a melhoria das acessibilidades rodoviárias e ferroviárias, criam a oportunidade e os ingredientes

para a sua afirmação como destino turístico diferenciado.

As principais motivações turísticas encontradas para o município são a história, a cultura e o

património, a natureza e o ambiente.

Desenvolver e consolidar a posição do Município de Évora no panorama nacional das indústrias

do turismo, do lazer e da cultura, potenciando a sua condição de património da humanidade

para, a partir de um novo posicionamento baseado nos valores de modernidade, qualidade

competitiva e excelência, se afirmar como centro aglutinador e impulsionador de uma oferta

diversificada concentrada, em permanente complementaridade com os territórios vizinhos, deverá

constituir uma das grandes opções estratégicas para o território.

A eficácia de concretização em Évora desta grande opção estratégica implica a concepção e

adopção de uma estratégia para o território assente nos seguintes princípios:

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Capítulo 248

» A integração de Évora na lista de cidades Património da Humanidade da UNESCO constitui

a referência âncora a partir da qual se torna necessário dinamizar os fluxos turísticos

(actuais e futuros), apresentando Évora como um destino de história e modernidade, de

qualidade de vida e excelência, diversificando mercados e produtos, criando um ambiente

adequado à diversificação e permanente integração das diferentes motivações turísticas

que levam os visitantes a deslocar-se ao concelho;

» Para além do alargamento e da diversificação do leque de mercados e de produtos

turísticos, é imprescindível assegurar a qualidade competitiva da oferta turística de base

(transporte, alojamento, restauração e bebidas, recursos humanos, visitas guiadas, etc.)

e, sobretudo, da oferta turística complementar (atracões turísticas, eventos, actividades

de animação, conferências e seminários, actividades recreativas e entretenimento, etc.),

distinta da que motivou a deslocação dos visitantes, assente em produtos de cariz cultural,

integrada com a actividade de produção cultural e artística, que proporcionem experiências

sensoriais inesquecíveis, que motivem a permanência prolongada no território e/ou a

passagem de visitantes a turistas;

» A afirmação de Évora como destino turístico único e diferenciado, da sua notoriedade

nacional e internacional, o aumento da sensibilidade dos Turistas/Consumidores à “marca”,

a busca de um novo posicionamento baseado em novos valores pressupõe uma

permanente adaptação e capacidade de resposta às motivações turísticas (sejam elas de

tipo racional ou afectivo, recreativo ou criativo), às necessidades (negócios, férias,

desporto, repouso, cultura, etc.) e preferências dos consumidores. As tendências actuais

nos mercados apontam para o desenvolvimento de férias curtas (short-breaks), espalhadas

várias vezes por ano segundo motivações diferenciadas. Apontam igualmente para o

envelhecimento do turista tipo, para o aumento dos gastos com a estadia e redução dos

gastos com a viagem, para a redução das viagens organizadas e para o aumento do

movimento «do it yourself», pela desintermediação entre a procura e a oferta

proporcionada pela Internet, pela procura de experiências diversificadas, pelo crescente

ambiente concorrencial entre os destinos. A resposta a estes desafios implica um efectivo

cross-selling entre os vários produtos turísticos, a procura permanente de

complementaridade com a oferta dos territórios envolventes de modo a melhorar a oferta

global. Consumidores mais conscientes, selectivos e exigentes exigem qualidade, não

apenas no acto de consumo, mas em todo o ciclo.

» Por último, é imprescindível preservar no tempo a capacidade de atracção do destino

turístico, o que pressupõe a promoção de um leque variado de acções de animação

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49Turism o, Indústrias do Lazer e da Cultura

cultural, recreativa, desportiva, turística, que atenuem os efeitos da sazonalidade, que

criem um ambiente permanente de experiências memoráveis.

A concretização de uma estratégia de desenvolvimento para o sector do turismo, desta natureza,

deverá ainda ter por base os seguintes elementos estruturantes:

» A integração dos factores que conferem um carácter único ao destino turístico Évora:

história e património, cultura e tradição, ambiente e natureza, ruralidade e

cosmopolitismo, segurança e calor humano, identidade, racionalidade e afectividade,

Verão e Inverno;

» Aposta nos valores de qualidade e de excelência dos recursos turísticos, que asseguram

a viabilidade e o sucesso da estratégia;

» Racionalização das formas de atracção dos turistas e integração das componentes de

mercado, institucional e de animação urbana, cultural, recreativa e turística do

planeamento turístico.

E deverá procurar assegurar a realização dos seguintes objectivos:

» Impulsionar o desenvolvimento de Évora como destino turístico integral, atendendo à

sua diversificação, especialização e homogeneização;

» Promover o desenvolvimento integrado de produtos turísticos, criando sinergias e

complementaridades entre as diferentes motivações e tipos de turismo e entre territórios

contíguos;

» Valorizar o património patrimonial, cultural, natural e ambiental enquanto “cenário”

fundamental à actividade turística e à própria sustentabilidade dos recursos turísticos;

» Promover a constituição em Évora de um centro de produção cultural, de formação

altamente qualificada e de aplicação das novas tecnologias na criação de bens culturais;

» Potenciar o crescimento da actividade turística de qualidade e das indústrias da cultura e

do lazer como forma de promover a sustentabilidade económica, social e cultural do

território, melhorando a qualidade de vida e preservando o ambiente;

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Capítulo 250

» Diversificar e qualificar a oferta turística de modo a combater a sazonalidade e a criar

valor, transformando o turismo de passagem em turismo de permanência e residência, o

turismo de massas em turismo de minorias;

» Desenhar estratégias de produto, promoção e comercialização global do destino Évora,

promovendo a diversificação nacional e internacional dos mercados emissores;

» Promover o associativismo empresarial como veículo de aproveitamento das

oportunidades de investimento abertas no sector turístico;

» Melhorar as infra-estruturas culturais, desportivas e dos equipamentos turísticos,

preservando os recursos naturais e patrimoniais, recuperando e melhorando as instalações

para um uso turístico inteligente e sustentável;

» Desenvolver uma campanha de comunicação e sensibilização, tornando participantes da

cultura de qualidade todos os cidadãos e agentes locais, aumentando a consciencialização

da população sobre o seu papel na consolidação e valorização de Évora como destino

turístico;

» Adequar programas de actuação e funcionamento dos serviços municipais às necessidades

e características específicas do sector turístico;

» Propiciar a criação de iniciativas de âmbito intermunicipal que assegurem uma oferta de

animação turística estável e permanente no concelho e na região.

A plena rentabilização das potencialidades turísticas do território deverá ser assegurada através

da conciliação das iniciativas a promover neste domínio com o fomento das indústrias da cultura,

nomeadamente das indústrias criativas.

The notions of cultural activities and creative industries point to a broad spectrum of creation,

production, publishing, distribution and consumption of symbolic “material”, like music, theatre,

broadcasting programmes and arts in general.2

As indústrias criativas são as actividades que têm a sua origem na criatividade individual, habilidade

e talento e com potencial de criação de emprego e riqueza, através da geração e exploração da

propriedade intelectual.3

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51Turism o, Indústrias do Lazer e da Cultura

The creative industries include book and magazine publishing, the visual arts (painting, sculpture),

the performing arts (theatre, opera, concerts, dance),sound recordings, cinema and TV films,

even fashion and toys and games4.

No conceito de indústrias criativas incluem-se as seguintes actividades:

» Arquitectura

» Publicidade

» Artes visuais e antiguidades

» Artesanato e joalharia

» Design e design de moda

» Cinema, vídeo e audiovisual

» Softw are

» Música

» Artes performativas

» Edição

» Televisão e rádio

As indústrias criativas são, assim, actividades que incorporam elevados níveis de conhecimento

e de inovação e que, pela sua natureza, são perfeitamente enquadráveis em contextos territoriais

com elevada qualidade patrimonial como é o caso do centro histórico de Évora.

Este tipo de indústrias geram ainda importantes fenómenos de consolidação, reforço e

rentabilização da identidade dos territórios onde se localizam, e tendem a contribuir para a

criação de “ambientes” exclusivos em contexto de cidade garantindo-lhes uma visibilidade

crescente.

2 In RUTTEN, P. (2006) Culture and Urban Regeneration. Cultural Activities - A Driven Force for Urban

Regeneration, URBACT Cultural Netw ork, Agence de Dévelopment et d'Urbanisme de Lille Metropole, Lille.3 Definição do British Department of Media, Culture and Sports (DCMS), 1998.4 In CAVES, R. (2000) Creative Industries, Contract betw een Art and Commerce, Harvard University Press,

Cambridge.

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53Capítulo 2

6. Património e Cultura

João Brigola

A elaboração das grandes linhas definidoras do Plano de Desenvolvimento Estratégico de Évora

deverá constituir uma nova oportunidade para se ponderar a ideação teórica e a materialização

de um novo modelo de gestão e de valorização dos bens patrimoniais, culturais e ambientais,

enquanto paisagens antropizadas, do concelho.

Este modelo implicaria um novo olhar sobre o território e os seus patrimónios, fundado em

princípios como:

» Desenvolver uma visão global e interactiva de todos os bens culturais móveis e imóveis,

materiais e imateriais, bem como do património natural presente no território de

intervenção;

» Não reduzir o melhor do esforço ao património que se localiza no centro urbano antigo

intra-muros, geralmente identificado apenas com os seus edifícios classificados e os seus

museus ou os seus vestígios arqueológicos;

» Levantar e inventariar exaustivamente todos os bens culturais da comunidade eborense

através da construção de um sistema documental, base imprescindível para uma actuação

esclarecida. O processo de levantamento, estudo e monitorização do estado de

conservação do património há-de implicar necessariamente um tempo longo nos prazos

e nos investimentos e o labor persistente de equipas pluridisciplinares, com formações

universitária e profissional adequadas;

» Desenhar gráfica e informaticamente o “museu virtual do território”, em site esteticamente

apelativo, intelectualmente estimulante e acessível à consulta de toda a população, com

informação igualmente relevante para visitantes ocasionais ou mais aprofundada, em

hipertexto, para estudiosos.

A partir desta base documental, poder-se-á de forma sustentada passar à investigação

especializada e à construção de uma rede de significações patrimoniais, materializável, por

exemplo, em propostas de itinerários e em rotas temáticas. Deste modo, passarão a encontrar-

se em diálogo significante, a paisagem natural, a paisagem urbana, a arquitectura popular, o

edifício histórico, o palácio, a igreja, a fábrica, o património móvel integrado nos edifícios, os

testemunhos arqueológicos, o ‘pequeno património’ (o chafariz e o fontanário, o moinho, o

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Capítulo 254

coreto, as velhas e abandonadas estação de comboios, escola primária ou cine-teatro, a

desactivada estação elevatória da água, o muro de divisão de propriedades, etc), mas igualmente

as tradições literárias, orais, gastronómicas, musicais, religiosas, a toponímia, as personalidades

marcantes da história local, bem como a biblioteca e o arquivo com os seus riquíssimos espólios

documentais, gráficos e fotográficos.

Não se deverá, por outro lado, perder de vista que a lista de bens culturais não se estabelece

num quadro estático, definido para todo o sempre. O património cultural é um conceito e uma

prática em constante mutação e pressupõe a produção de novos patrimónios. Ao lado do

património evidente – conhecido, inventariado, estudado – perfila-se como uma hipótese

permanente de trabalho o património latente, a todo o tempo passível de ser descoberto,

descodificado e integrado na lista do património a proteger. São exemplos possíveis deste “cripto-

património”: os testemunhos arqueológicos de novas campanhas de escavação; a fotografia

antiga resgatada do sótão das memórias familiares ou até institucionais; a pintura mural que se

insinua após desprendimentos de cal; a redescoberta de pintura de autor famoso; a reavaliação

de objectos de há muito depositados em reservas museológicas; o legado inesperado de uma

colecção privada, etc, etc.

A prioridade, neste modelo de actuação patrimonial, deverá ser pois dada ao conhecimento do

território, da sua população e dos seus patrimónios. Conhecimento só possível, como ficou acima

sublinhado, em labor de equipa pluridisciplinar, num programa longo, persistente, continuado.

O tradicional museu instalado em edifício, através da sua construção de raiz ou reutilização,

deixará de constituir preocupação prioritária. Quando, e se, se decidir pela sua existência ele

funcionará mais como centro interpretativo de todo o património territorial, podendo assumir

uma estrutura polinucleada, ou uma mostra das tipologias mais representativas do concelho:

história, arte, arqueologia, etnografia, etc. Esta opção significa que se dará preferência à

apresentação do património in situ, contextualizado, com vista a uma maior legibilidade dos

bens expostos, em desfavor da sua descontextualização em edifíco-museu, tal como se vinha

praticando desde o já longínquo século de oitocentos. É sabido que, frequentemente, abrir um

museu constitui uma operação piedosa, de luto post-mortem: primeiro destroem-se os contextos

originais de produção e de usufruto dos bens culturais e depois exilam-se, desterram-se os

despojos em armazéns (por muitos apelidados de ‘câmaras mortuárias’) – os edifícios-museus.

Insiste-se aqui nesta designação clássica para o distinguir dos espaços museológicos que podem

revestir a forma viva e inventiva da musealização de antigas construções da arquitectura civil,

militar, religiosa ou industrial.

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55Patrim ónio e Cultura

Contudo, a utilização ou reutilização dos espaços de valor patrimonial deve respeitar, sempre

que possível, os seus usos e funções originais. Deste modo, a arquitectura destes espaços, bem

como os seus patrimónios móvel e integrado, devem ser entendidos nas suas componentes

funcionais e simbólicas. O caso dos espaços religiosos deve merecer uma especial atenção, no

respeito pela sua particular ambiência sagrada. Um dos vectores propostos neste Plano Estratégico

refere-se à reutilização patrimonial e turística de igrejas que há muito perderam as suas valências

cultuais. Ora, do ponto de vista da musealização do sagrado, importaria que as intervenções

previstas respeitassem as especificidades de um espaço religioso. Apesar de há muito desafecto

ao culto, nada deve desobrigar ao respeito pelas suas idiossincrasias construtivas e morfológicas,

entendendo-se, com total clareza, que na sua gramática fundacional, à luz das determinantes

arquitectónicas religiosas, estes espaços foram concebidos para cumprir uma função litúrgica.

Preexistem neles, portanto, uma discursividade eclesial e teológica que a sua posterior

secularização ou abandono de funções, por razões que a História explica, não pode, nem deve,

subverter o genius loci (o espírito do lugar).

O trabalho que há-de decorrer na fase de recuperação de estruturas e de bens integrados e

móveis, bem como a sua posterior adaptação à vocação cultural-museológica deverá, em nosso

entender, incorporar esta filosofia patrimonial. De acordo com estas preocupações, particular

atenção deverá ser prestada à disposição cénica dos objectos e ao percurso expositivo a adoptar,

de molde a integrar uma metodologia interpretativa ancorada num discurso museal que não

descure a matriz cristã do espaço a reconverter.

O modelo proposto tem ainda uma implicação na estratégia de divulgação e nas prioridades de

comunicação com os públicos, já que pressupõe um destinatário primeiro e essencial: o cidadão,

o habitante residente, produtor e usufrutuário do seu próprio património. Ao contrário de outros

modelos em voga que privilegiam o conceito de visitante-consumidor, este defende um património

colocado ao serviço do desenvolvimento local, incentivando um turismo mais esclarecido na

linha dos princípios consignados pelo ICOMOS, na Carta do Turismo Cultural. Deste modo, a

disponibilização turística dos conteúdos e dos produtos patrimoniais deve apresentar-se não

como um fim em si mesmo, mas como a conclusão lógica de um processo estruturado no

envolvimento social e cultural das populações residentes. Na realidade, a dimensão turística do

Património significa para alguns colocar nas opções das políticas patrimoniais uma lógica de

consumo (ou seja virada para o visitante, para o elemento estranho, exterior, para o ‘cliente’),

lógica que contraria (ou pode contrariar) a do seu usufruto primordial pela comunidade

envolvente, pelo cidadão, pelo habitante do território que contextualiza os bens culturais dados

a conhecer.

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Capítulo 256

A promoção do património cultural obrigará a uma aposta na qualidade e na originalidade e a

uma visão alargada do território, associando territórios geográfica e culturalmente contíguos,

sabendo-se como os critérios de financiamento nacional e comunitário das iniciativas têm vindo,

crescentemente, a eleger as lógicas de conexão e de rede intermunicipais e regionais. Num

futuro próximo, a internacionalização das iniciativas patrimoniais, numa perspectiva

transfronteiriça, deve merecer aos projectos patrimoniais e turísticos a melhor das atenções.

A questão dos investimentos de origem privada tem de ser encarada como uma das soluções

para as crescentes dificuldades dos promotores públicos. Uma estratégia de marketing deverá

ser delineada por profissionais de comunicação a partir das opções culturais, patrimoniais,

museológicas e turísticas definidas pelos responsáveis políticos e técnicos dos projectos.

Vivemos hoje na sociedade portuguesa – no âmbito das ciências e técnicas do património cultural

– uma fase que se poderia caracterizar como de transição, híbrida e compósita, entre programas

de recuperação patrimonial que têm privilegiado o resultado imediato e o curto prazo dos

investimentos, visando preferencialmente o acolhimento do visitante-consumidor, e um novo

modelo que privilegia o trabalho de maior fôlego, preocupado com a fundamentação documental

das intervenções e virado prioritariamente para o desenvolvimento dos recursos locais, na certeza

de que o mais nobre dos patrimónios é, e será sempre, o património produzido e vivido pelas

comunidades locais.

O primeiro eixo estratégico do PDEE elege Évora como espaço das artes e da cultura. Na verdade,

uma das suas indiscutíveis imagens de “marca”. Nem sempre, diga-se, a cidade, os seus artistas

e criadores e as próprias estruturas universitárias têm sabido fazer valorar esta evidência. O

nosso ponto de partida é justamente o de que o território eborense reúne um conjunto de

condições únicas – humanas, físicas e imagéticas – para se afirmar nos circuitos das indústrias

performativas e no das cidades criativas. Estudos recentes têm evidenciado bem os efeitos

dinamizadores que a cultura artística consegue transmitir ao mundo urbano, cerzindo tecidos

sociais e económicos frágeis, atraindo o universo empreendedor e profissional da criação,

abrindo portas à modernidade, real ou metafórica, até em áreas geográfica e culturalmente

periféricas.

A invenção de condições de atractividade de jovens criadores deverá constituir prioridade

estratégica, tal como a oferta de instalações do centro histórico vocacionadas para o seu

acolhimento. O desenho de um “quarteirão dos artistas” no tecido urbano antigo passaria por

congregar num mesmo espaço, funcionalmente integrado, residências temporárias

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57Patrim ónio e Cultura

contratualizadas, oficinas (com espaços visitáveis e com programas infantis e juvenis de educação

pela arte) e galeria (exposição e venda). Ou seja, o sistema global de produção, circulação e

mercado da arte contemporânea. Condição essencial para o sucesso deste vector estratégico

afigura-se a definição de Évora enquanto cidade Erasmus dos artistas, potenciando a excelência

instalada do ensino e dos equipamentos universitários das Artes. Nomes consagrados poderão

igualmente ser associados a projectos artísticos inovadores, de que se exemplifica a eleição de

áreas urbanas para a recepção temporária de intervenções plásticas: incentivo ao processo criativo

in situ com desejável incorporação de algumas das suas produções na paisagem citadina. Nesta

linha, experiências bens sucedidas aconselham iniciativas, com periodicidade regular, do tipo

“Arte Pública” com o convite a intervenções e performances em espaços ou edifícios públicos do

concelho. Por outro lado, a aposta na imagem de Évora, enquanto produto de “marca”, deverá

agregar a inventiva plástica. A qualidade visual e de representação identitária dos conteúdos

deste merchandising cultural poderá constituir um dos programas propostos aos criadores-

residentes da cidade.

A rede museológica e expositiva, de tipologia histórico-artística, prevista no curto e médio prazo

como uma das especializações diferenciadoras da acrópole da cidade antiga - Fórum Eugénio de

Almeida e Palácio da Inquisição, Museu de Évora remodelado e ampliado, Museu de Arte Sacra,

e Espaço de Exposições Temporárias da Fundação Luís de Molina, no Palácio do Vimioso - poderá

vir a sustentar uma política de captação e de fixação de novos públicos, com as suas previsíveis

ofertas de visitas guiadas, programas pedagógicos com as escolas, ciclos de conferências, cursos

de arte, etc. O recente fenómeno de afirmação pública, em Portugal, do coleccionismo privado

de arte moderna e contemporânea, com abertura de espaços expositivos – frequentemente

estribados na figura jurídico-institucional de Fundação - pode constituir uma oportunidade, em

Évora, para a recepção e exibição temporárias de parte importante destes acervos, naturalmente

valorizados com a sua circulação e criteriosa selecção por curadores prestigiados.

Évora, pela sua axialidade geográfica, poderá vir a funcionar como ponto fulcral de uma teia

relacional entre vários pólos de dinamização da produção contemporânea, nomeadamente o

Museu de Arte Contemporânea de Elvas/Colecção António Cachola (MACE), da Fundação António

Prates, Ponte de Sor, e mesmo ainda do Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte

Contemporâneo (MEIAC), Badajoz, e o Museo W olf Vostell, em Malpartida, Cáceres.

A figura tutelar de D. Frei Manuel do Cenáculo Vilas Boas, arcebispo de Évora entre 1802 e 1814,

continua presente no quotidiano cultural dos eborenses. Na verdade, ao fazer perpétua doação

da Livraria Pública e do seu Museu, em 1811, para “uso e ilustração do seu Clero e dos povos

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58

daquela Diocese e Província”, Cenáculo assegurava a continuidade patrimonial das suas colecções

e garantia o carácter público e permanente do seu usufruto. Dois séculos depois, todavia, o

histórico edifício da sua Biblioteca Pública, bem como o do Arquivo Distrital, não correspondem

já às necessidades de conforto e de apetrechamento técnico dos nossos dias. O concelho tem,

por isso, justamente aspirado à construção de raiz de um moderno equipamento multifuncional

capaz de albergar todos os serviços documentais (bibliográficos, arquivísticos, fotográficos e

audiovisuais) presentes na sociedade da informação e do conhecimento.

Referência obrigatória à produção e consumo das actividades culturais com tradicional

representatividade no concelho: artesanato, música (popular e de câmara), cinema e o movimento

e drama. Lugar, contudo, ao desafio da interacção e fusão entre artes do espectáculo, evocando-

se aqui a produtiva actividade no domínio das artes performativas que o Espaço do Tempo,

sedeado na cidade vizinha de Montemor-o-Novo, representa.

O incentivo à criação cultural não se poderá dissociar da existência de condições físicas,

equipamentos e instalações, adequadas às modernas exigências de fruição e consumo de novos

públicos urbanos. Neste particular aspecto, o concelho tem ainda um árduo caminho a percorrer,

com a tarefa imensa de recuperar, restaurar ou reconverter, históricos edifícios de espectáculo,

dotando-os de renovadas condições técnicas e logísticas, uma das bases mais seguras para a

criação de uma nova dinâmica de produção artística.

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59Capítulo 2

7. Ciência, Tecnologia e Inovação

Adão Carvalho, Paulo Silva

A ciência, a tecnologia e a inovação são três vectores estratégicos de competitividade,

interdependentes, cujo grau de compreensão e domínio tem actualmente uma grande influência

na determinação da capacidade competitiva e dinamismo económico e empresarial de uma

economia. O conhecimento é um dos elementos fundamentais que é comum aos três conceitos

e que, embora sejam conceitos que têm associado conhecimento de natureza diferente, assumem

uma relevância e interdependência crescentes no contexto das novas indústrias intensivas em

conhecimento, bem como nas ditas sociedades baseadas no conhecimento – que é um desígnio

da União da Europeia. O conhecimento é, na sua essência, um bem público, de natureza imaterial,

cumulativo, de produção e uso distribuído e tendencialmente mais complexo. Q uer seja

conhecimento de natureza mais fundamental associado às instituições de investigação e formação

avançada, quer seja conhecimento mais aplicado associado à actividade das empresas na produção

de bens e serviços inovadores, o conhecimento é hoje reconhecido como um pilar fundamental

do desenvolvimento económico e social. A inovação, tecnológica, organizacional, social ou outra

é um processo que envolve na sua essência a aplicação de (novo) conhecimento em novos

produtos, serviços e/ou processos, que se materializa essencialmente pela acção das empresas,

mas também pela acção das instituições e da evolução da sociedade. Uma interdependência

forte entre o sistema científico e tecnológico e a economia, reforçada pelo sistema de educação,

é essencial ao processo de inovação.

Apostar na ciência, na tecnologia e na inovação enquanto pilares de uma estratégia competitiva

e de desenvolvimento implica, antes de mais, compreender o papel essencial do conhecimento

e a complexidade associada à sua produção, transferência, protecção, aplicação e comercialização.

Cada uma destas fases da gestão do conhecimento é em si mesma complexa e envolve

conhecimentos, competências e recursos muito especializados, especialmente se essa gestão do

conhecimento for orientada por critérios de excelência. Não é uma tarefa que possa ser executada

por uma só entidade, planificada, ou que possa ser circunscrita a um pequeno território. Deve

partir do “sistema regional de inovação” e integrar-se no contexto universal de produção,

transferência e uso do conhecimento. Uma forte interacção e sentido de colaboração entre as

múltiplas organizações e entidades com competências diversas em cada uma daquelas fases são

fundamentais para atingir a excelência no processo de gestão do conhecimento. Apostar na

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Capítulo 260

ciência, na tecnologia e na inovação enquanto estratégia competitiva e de desenvolvimento

envolve, antes de mais, um compromisso sério, persistente e alargado no tempo dos agentes

económicos e das instituições, numa parceria implícita de reforço das bases locais de conhecimento

e de competências, de interligação reforçada com fontes externas de saber, de estímulo à

criatividade e à excelência.

Uma economia baseada no conhecimento baseia-se numa estruturação de elevada qualificação

dos “recursos humanos” e unidades económicas criadoras de valor acrescentado nos processos

produtivos e de serviços no território onde se encontram instalados. Évora não é reconhecida

pela excelência nas áreas da ciência, tecnologia e inovação, e está inserida num contexto regional

ainda mais desfavorável. Mas deve ser capaz de ter ambição suficiente para definir objectivos e

realizar projectos que permitam reforçar a sua capacidade de produção, transferência e aplicação

do conhecimento científico e tecnológico – um passo importante na dinamização de um território

que se deseja de criatividade e de excelência.

Évora e a região onde está inserida apresentam dificuldades estruturais no âmbito da ciência,

da tecnologia e da inovação, em geral superiores à média nacional, bem evidente no fraco

investimento em actividades de I&D, especialmente I&D empresarial, no baixo número de

patentes, na base industrial predominantemente de empresas de média-baixa tecnologia, etc.

A debilidade dos indicadores espelha a capacidade endógena débil de produção de ciência,

tecnologia e inovação regionais, que constitui um obstáculo adicional importante a qualquer

estratégia de desenvolvimento baseada nas potencialidades destes factores. A melhor articulação

e o reforço da interacção entre as instituições do sistema científico e tecnológico, as empresas

e restantes entidades relevantes do “sistema nacional de inovação”, a par de um sistema de

valores e de políticas que favoreçam a criatividade, a inovação e o empreendedorismo constituem

um passo significativo no caminho de uma economia regional de maior conteúdo científico e

tecnológico.

No território em análise, existem diferentes instituições que trabalham e/ou promovem acções

de ciência, de tecnologia e de inovação, sendo de destacar o papel da Universidade de Évora, a

Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo, a Escola Profissional da Região Alentejo, a

Academia Aeronáutica de Évora e a Fundação Eugénio de Almeida. Além destas instituições, não

deve ser de excluir os Centros de Inovação que algumas empresas possuem, numa escala distinta

e com finalidades diferentes das demais instituições.

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61Ciência, Tecnologia e Inovação

Contudo, em termos de ciência organizada e com fins específicos de desenvolvimento científico

e tecnológico, a maior instituição a actuar no território é a Universidade de Évora, pelo facto de

estar organizada em termos da ciência e dos ensinos altamente qualificados, de graduação

superior. A universidade possui uma unidade organizacional com a finalidade primordial de

produção, transferência de conhecimento e tecnologia entre a Universidade e as Empresas,

possui trinta laboratórios qualificados para a realização de um conjunto de serviços de extensão

e de investigação e dezoito unidades estruturadas de investigação, em diferentes domínios do

conhecimento.

Neste sentido, as seis áreas de intervenção no plano da ciência e tecnologia propostas no Plano

Regional de Inovação do Alentejo são pertinentes no contexto local:

» Actividades de I&D (investigação e desenvolvimento) públicas, papel atribuído

essencialmente à Universidade de Évora;

» Transferência de tecnologia, pela implementação e utilização de tecnologia existente,

exigindo um intensa relação entre as instituições de ensino, superior, técnico de nível IV

e secundário, com as associações e entidades empresariais e associações;

» Transferência de conhecimentos, entre o ensino e a investigação aplicada com as

organizações públicas e privadas e entre as organizações empresariais, através das suas

Associações;

» Certificação de standards e metrologia, com o apoio da Universidade, em termos técnicos

e de gestão, e das associações empresariais e de desenvolvimento;

» Difusão da informação, por parte de todos os parceiros que actuam no território, usando

plataformas comuns; e

» Consultoria e apoio aos negócios, por parte das instituições de ensino em parceria com

as entidades de apoio ao desenvolvimento e as associações empresariais regionais e

sectoriais.

É facilmente constatável e expectável que a Universidade de Évora venha a desempenhar um

papel crucial na implementação, potenciação e consolidação destas propostas, sendo em muitas

situações o promotor e gestor dos projectos de ciência, inovação e transferência de tecnologia

para o tecido social e económico. Competirá à Universidade através das suas estruturas

especializadas, em estreita inter-conexão com os actores económicos locais (NERE, ADRAL, .),

promover acções de divulgação e construção de parcerias adequadas à prossecução daqueles

fins.

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Capítulo 262

A necessidade e interesse em intervir nas áreas da ciência, da tecnologia e da inovação estão

presentes em diversos relatórios e instrumentos de política pública, de âmbito diverso, mas com

relevância directa no território em análise. Esses instrumentos traduzem a percepção por parte

das entidades públicas de um problema que afecta e condiciona o desenvolvimento

socioeconómico, e a vontade de intervir com políticas e recursos públicos que vão desde um

nível mais geral no âmbito da União Europeia até a um nível mais específico do município e da

acção conjunta de municípios. Em qualquer desses níveis de intervenção, há uma preocupação

evidente com a importância do conhecimento e com a discussão sobre a melhor forma de tornar

o conhecimento um recurso importante na estratégia competitiva e de desenvolvimento.

Destacamos cinco instrumentos e políticas de intervenção:

» Num plano territorial mais alargado, a União Europeia definiu uma visão estratégica

global para enfrentar os problemas da globalização e da emergência das economias

baseadas no conhecimento através da denominada “Estratégia de Lisboa”, que ambiciona

tornar a União Europeia a economia baseada no conhecimento mais dinâmica e

competitiva do mundo em 2010. Independentemente do grau de realização dos objectivos

definidos até àquela data, a orientação estratégica para apostar no conhecimento, na

qualificação dos recursos humanos e em actividades intensivas em conhecimento mantém-

se válida e actual.

» No plano nacional, o XVII Governo Constitucional actualmente em funções, elaborou e

está a implementar um “Plano Tecnológico” para Portugal, que é um documento de

referência e compromisso público que visa a aplicação duma estratégia de crescimento e

competitividade baseada em três eixos fundamentais: conhecimento, para qualificar os

portugueses para a sociedade do conhecimento; tecnologia, para vencer o atraso científico

e tecnológico nacionais, públicas e privadas, e reconhecer o papel das empresas na criação

de emprego qualificado e nas actividades de I&D; e, inovação, para a adaptação do

tecido produtivo aos desafios impostos pela globalização. É um plano de acção com um

conjunto articulado de políticas que visam estimular a criação, difusão, absorção e uso

do conhecimento, como alavanca para transformar Portugal numa economia dinâmica e

capaz de se afirmar na economia global.

» No plano da região Alentejo, o PRIA – Plano Regional de Inovação do Alentejo defende

que, mesmo num contexto de globalização da tecnologia, dos mercados e da

competitividade, a capacidade inovadora duma região está essencialmente dependente

das dinâmicas sectoriais, que estão espacialmente vinculadas à região, à sua cultura e às

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63Ciência, Tecnologia e Inovação

redes formais e informais que estabelece. O património de conhecimentos e recursos

acumulados pelos diferentes sectores numa dada região são mais importantes quando

possam ser capitalizados e redireccionados para áreas de maior potencial inovador.

Contudo, as regiões onde existe uma conjugação dos diversos saberes e conhecimentos

de base local com um esforço de abertura ao exterior conseguem maiores níveis de

eficácia em termos de desenvolvimento.

» No plano regional intermunicipal, o Corredor Azul – Rede Urbana para a Competitividade

e a Inovação, rede que engloba 10 municípios (incluindo Évora) situados nos principais

eixos rodoviários e ferroviários do triângulo Sines–Lisboa–Elvas, assenta no princípios da

conectividade, da cooperação e da parceria com o objectivo de desenvolver um território

de excelência que se distinga pela dinâmica criativa e de inovação, pela capacidade de

atracção de investimento e pela qualificação dos recursos humanos. Esta iniciativa supra-

municipal dá relevância à eficiência no uso de recursos, de infra-estruturas e equipamentos,

e tem como uma das prioridades estratégicas o “conhecimento, investigação e inovação”.

Há uma preocupação com a competitividade do território, especialmente nas vertentes

relacionadas com sectores emergentes e de grande intensidade tecnológica, com a

valorização dos recursos endógenos, com a capacidade local para a endogeneização de

conhecimentos e competências e a sua aplicação em novos produtos e serviços, e com a

capacidade do tecido empresarial para criar empregos altamente qualificados.

» Ao nível local, a Carta Educativa do Concelho de Évora reflecte a preocupação do município

com o sistema educativo e a qualidade da formação dos recursos humanos no concelho

de Évora. É um instrumento importante de planeamento e de intervenção na oferta

educativa e de formação do concelho que tem como referência estratégica os princípios

enunciados e as metas traçadas pela Estratégia de Lisboa em 2000.

Do que foi dito anteriormente, parece claro que, do ponto de vista da ciência, da tecnologia e da

inovação, o esforço maior das políticas e dos instrumentos públicos deve concentrar-se no

conhecimento, no reforço das bases da sua produção, no reforço da capacidade de transferência

e endogeneização, na necessidade de criar hábitos de trabalho conjunto entre os diversos agentes

presentes ou não no território, no reforço das políticas de educação e formação, na promoção

de uma cultura de criatividade, empreendedorismo e excelência. São estes alicerces que é

necessário construir ou reforçar e que permitem ambicionar a médio prazo uma economia forte,

inovadora e criativa.

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Capítulo 264

Tendo como enquadramento um horizonte temporal de uma década, esquematicamente a Figura

1 identifica temporalmente os factores essenciais para a construção das bases de uma dinâmica

competitiva baseada no conhecimento.

Figura 1 Factores essenciais de uma estratégia competitiva baseada no conhecimento

A mudança para um novo paradigma de desenvolvimento regional assente no conhecimento e

na inovação envolve a implementação de medidas concretas que exigem a participação dos

diversos agentes do sistema regional de inovação. Algumas linhas de acção podem passar por

(sem uma ordem específica):

» Repensar a ciência e o papel que a Universidade de Évora pode (e deve) desempenhar

enquanto pilar da oferta científica regional, enquanto pólo dinamizador da ligação entre

o conhecimento endógeno do território e o conhecimento científica e tecnológico externo,

e enquanto pólo de ligação entre o sistema científico, as empresas e as restantes entidades

do sistema nacional de inovação;

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65Ciência, Tecnologia e Inovação

» Promover parcerias entre as instituições de ensino superior e de investigação em termos

regionais, e fomentar a criação de redes universitárias em sectores estratégicos e em

clusters de conhecimentos estratégicos, entre os quais estarão as tecnologias do futuro

para visualizar um território com passado, as redes de aprendizagem (tradicionais e

emergentes), os clusters de conhecimento, as oficinas de transferência de aprendizagens,

tecnologia e conhecimento;

» Valorizar e promover as parcerias entre os agentes regionais públicos e privados como

forma de criar uma cultura de colaboração, de confiança e de articulação necessárias à

implementação de projectos concretos;

» Investir no ensino e na formação dos recursos humanos por forma a elevar o nível de

qualificação e de conhecimento de todos os residentes e fomentar a criação de um

ambiente e cultura de aprendizagem permanente, qualquer que seja o grupo etário a

que pertençam, que pode passar por uma caracterização prévia e mapeamento dos

recursos humanos do território, pelo estabelecimento de uma ligação mais estreita entre

o ensino básico, o ensino secundário e o ensino universitário;

» Apostar nas novas tecnologias e na digitalização como forma de melhorar a eficiência do

acesso e da disponibilização de informação, facilitar a interacção entre os munícipes, as

empresas, as instituições e demais agentes, e promover o território;

» Fomentar a participação activa das empresas na inovação e no empreendedorismo, na

aproximação das empresas com as instituições de ensino superior e de investigação, na

promoção de comportamentais empresariais mais abertos ao risco, na formação e

endogeneização de conhecimento, na promoção de redes empresariais, de colaboração,

partilha e trabalho em equipa;

» Apostar na inovação e desenvolvimento de actividades económicas tradicionais e em

sectores emergentes e com elevada inserção de conhecimento científico e tecnológico,

sendo de destacar o turismo, os produtos regionais, a ciência de serviços, cultura histórica

(parques temáticos), indústrias criativas e de cultura, aeronáutica, as energias renováveis,

TIC.

Para vencer os desafios da sociedade da informação e do conhecimento e para se construir uma

estratégia competitiva baseada no conhecimento, deverão ser desenvolvidas iniciativas tendo

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66

como parceiros estruturantes as Organizações do Conhecimento e de Ciência, em todos os seus

domínios (do saber, de organização das iniciativas e de desenvolvimento das mesmas), em especial

a Universidade de Évora.

A Universidade de Évora, enquanto instituição de ensino superior de referência no território e

sendo a única que tem estruturalmente organizada a investigação científica e a oferta de formação

avançada, por um lado, e estando inserida na estrutura urbana da Cidade de Évora e no Concelho,

por outro lado, tem uma responsabilidade acrescida em promover, divulgar, partilhar, cooperar

e incentivar a ciência, a inovação e a tecnologia no tecido social e económico do território, em

todos os domínios do saber.

Referências bibliográficas

CCDRA (2005), Plano Regional de Inovação do Alentejo, CCDRA – Comissão de Coorde-

nação e Desenvolvimento Regional do Alentejo.

CME (2006), Carta Educativa do Concelho de Évora, CME – Câmara Municipal de Évora

(disponível na Internet em http://w w w .cm -evora.pt/).

Plano Tecnológico (2005), Plano Tecnológico – Uma estratégia de crescimento com base

no Conhecimento, Tecnologia e Inovação, Documento de apresentação, XVII Governo

Constitucional (http://w w w .planotecnologico.pt/docum ent/O PlanoTecnologico.pdf).

Rede Urbana Corredor Azul (s/ data), Corredor Azul – Rede Urbana para a Competitividade

e Inovação, 10 Municípios promotores.