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CASO CLÍNICOPÚRPURA DE HENOCH-SHONLEIN
Kelle Regina RibeiroValéria Carla Ferreira
Internato ESCS 2010Orientadora: Dra. Luciana Sugai
Escola Superior de Ciências da Saúdewww.paulomargotto.com.br
Brasília, 21/6/2010
Anamnese• Identificação: Paciente X, 5 anos, branco, masculino, natural do DF, procedente de MG.
• QP: manchas em MMII há 3 dias.
• HDA: Pai refere aparecimento de lesões violáceas em MMII e nádegas há 3 dias associado à queixa de dor abdominal leve e dor em joelho esquerdo. Nega febre no período.
• Revisão de sistemas: Urina escurecida nesse período.
Anamnese• Antecedentes fisiológicos: Mãe realizou 7 consultas de pré-natal. Nasceu de
parto normal, a termo, peso: 3600 gramas, estatura: 50 cm, Apgar 5’:10.
• Antecedentes patológicos: É a primeira internação da criança. Vacinação atualizada (Vacina de DPT e tríplice viral há 7
dias)
Exame físico
• PA: 119 x 74 mmHg (P95 113 x 74). Peso 23KG• FC 80 bpm FR 19 ipm Temp: 36,7C• BEG , corado , hidratado, anictérico, acianótico,
eupneico, ativo• ACV: RCR em 2T, BNF sem sopros• AR: MVF presente sem RA• ABD: Plano , normotenso, indolor a palpação, sem
VMG
Exame físico
• Pele: Púrpuras em MMII e nádegas
• Extremidades: Boa perfusão, edema perimaleolar bilateral discreto sem sinais flogísticos. Edema de joelho E. Dor leve a movimentação passiva de joelho E.
Exames complementares• Hemograma completo: Leu: 8260 (Neu:51, Bast:0, Linf:40, Mono:03, Eos:06)
Hb: 11,7 Ht: 34,8 • Bioquímica: Ur: 36 Cr: 0,6 PT: 6,2 Alb: 3,7 Colesterol
total: 106 Trig: 44 HDL: 33 LDL: 64 VLDL: 9
• EAS: Dens:. 1030 pH: 6,0 proteína:+++ leuc: 3 p/c hem: raras
Outros dados:
• Plaquetas: 230.000
• Proteinúria de 24 horas: Volume 650ml: Proteínas 1838mg/24 hrs (80 mg/Kg/dia)
O que é púrpura?
Púrpura são pontilhados hemorrágicos (equimoses + petéquias) da pele e mucosas *
* Murahovschi - 1987
PÚRPURA DE HENOCH-SHONLEIN
Conceito• Sinônimo: púrpura anafilactóide
É uma vasculite de pequenos vasos, caracterizada pela deposição de imunocomplexos IgA e C3 em vários órgãos e sistemas*
• É a causa mais comum de púrpura não-trombocitopênica na infância
*Tratado de Pediatria - Nelson
Epidemiologia
• A incidência e a prevalência são subestimadas• A incidência geral estimada é de 9 / 100.000 da
população• A maioria dos casos ocorre entre 2 – 8 anos de
idade• Os meninos apresentam o dobro da incidência
encontrada em meninas• É mais frequente nos meses de inverno
Etiologia• A etiologia é desconhecida, mas a PHS tipicamente
ocorre após infecções do trato respiratório superior
• Vários agentes infecciosos e alergênicos já foram implicados: adenovírus, vírus da hepatite A e B, rubéola, varicela, Epstein Barr, enterobactérias, Streptococcus do grupo A
• Alergênicos: corantes, conservantes, picadas de inseto, AINES e ATB
Patogênese• A patogênese específica é desconhecida
• Concentrações aumentadas de citocinas, TNF-alfa e IL-6 foram identificadas durante a atividade de doença
• Técnicas de imunofluorescência demonstraram a deposição de IgA e C3 nos pequenos vasos da pele e glomérulos renais
• A lesão aguda dos pequenos vasos na PHS tem localização usual na pele, trato GI e rins
Manifestações clínicas• O início da doença pode ser agudo ou insidioso• Febre baixa e fadiga ocorre na metade dos
pacientes• O eritema é característico na PHS, começando
com máculas-pápulas de cor rósea que, desaparecem à digitopressão
• Progridem para petéquia ou púrpura e que se caracterizam como púrpura palpável, evoluindo de vermelho para purpúrico e posteriormente para cor ferrugem, antes de desaparecer
Manifestações clínicas
• As lesões tendem a ocorrer em surtos, durando 3 a 10 dias, e podem aparecer em intervalos que variam desde alguns dias até 3 a 4 meses
• Em 10% das crianças, a recorrência do eritema pode durar um ano
• A lesão dos vasos da pele resulta também em angioedema local, que pode preceder a púrpura pálpavel
• Edema ocorre nas áreas de púrpura no dorso, nádegas, pés, lábios, pálpebras e escroto
Artrite
• Presente em + de 2/3 das crianças com PHS, geralmente se localiza em joelhos e tornozelos
• Os derrames são serosos, não-hemorrágicos e melhoram em poucos dias, sem deformidade residual ou dano articular. Eles podem recorrer durante a reativação da doença
Manifestações GI• Edema e lesão dos vasos do trato gastrointestinal
podem levar à dor abdominal intermitente, em cólica
• Náuseas, vômitos, hematêmese, melena e/ou enterorragia
• + de 50% dos pacientes apresenta sangue oculto positivo nas fezes
• Intussuscepção pode ocorrer (principalmente íleo-ileal) e deve ser suspeitada na presença de fezes em geléia de framboesa, e pode evoluir para completa obstrução ou infarto com perfuração intestinal
Manifestações renais• Atinge 25 a 50% dos casos, geralmente nos primeiros 3
meses de doença• Pode expressar sob a forma de síndrome nefrítica (+
comum) ou nefrótica • A lesão básica é a deposição de IgA e componentes do
complemento, principalmente no mesângio• A lesão + comum identificada na biópsia renal é
glomerulonefrite proliferativa • As alterações mais freqüentes são hematúria
microscópica e proteinúria leve • Pode ocorrer IRA severa decorrente de
glomerulonefrite conscêntrica
Outras manifestações:• Hepatoesplenomegalia• Linfadenopatia
RARAS:• Envolvimento do SNC ( convulsões, paresias ou
coma)• Nódulo reumatóide• Envolvimento cardíaco, ocular, hemorragia
pulmonar ou intra-muscular• Torção testicular
Achados laboratoriais:• Trombocitose• Leucocitose• VHS geralmente ↑• Anemia• ↑ IgA ↑IgM• ANCA e FR negativos• Anticorpos anticardiolipina e antifosfolípide
podem estar presentes e contribuir para CIVD
Diagnóstico
Sociedade Brasileira de Pediatria
Diagnóstico
Liga Européia contra o Reumatismo:
Púrpura palpável (critério mandatório) na presença de 1 dos 4 critérios abaixo:
• Dor abdominal difusa• Artrite ou artralgia• Biópsia mostrando depósito predominante de IgA• Envolvimento renal (hematúria ou proteinúria)
Tratamento• Não existe tratamento específico• Sintomáticos: hidratação, controle da dor
(paracetamol, naproxeno), ranitidina
• Orquite ou complicações intestinais (hemorragia, obstrução, intussussepção): prednisona 1 a 2 mg/kg/dia) ou ressecção intestinal
• Os imunossupressores (ciclofosfamida, ciclosporina A, azatioprina), gamaglobulina endovenosa ou plasmaferese: são usados raramente e geralmente nos pacientes com nefrites ou outras manifestações graves
Prognóstico• A PHS é uma vasculite autolimitada com excelente
prognóstico• As manifestações articulares e gastrintestinais
costumam se resolver entre um e dois meses. • Crianças sem complicações devem ser
acompanhadas por 5-10 anos ( mínimo 2 anos) com avaliações periódicas de hemograma e EAS
• Crianças com lesão renal devem ser acompanhadas por toda vida, pela possibilidade de complicações tardias, desencadeada por fatores como gravidez e cirurgia.
PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPATICA (PTI)
Púrpura Trombocitopênica Idiopática- PTI
• A púrpura trombocitopênica imune ou idiopática ou imune primária (PTI) é uma das doenças hemorrágicas adquiridas mais comuns da infância (4-8 casos por 100 mil crianças/ ano);
• Geralmente é uma doença benigna, autolimitada;
• Ocorre em crianças previamente sadias, principalmente entre 1 e 4 anos de idade.
Púrpura Trombocitopênica Idiopática- PTI
• A PTI é uma doença imunomediada na qual as plaquetas são opsonizadas por autoanticorpos e destruídas pelos fagócitos do sistema reticuloendotelial;
• Geralmente o paciente está em bom estado geral, com história de infecção viral ou vacinação com vírus vivo atenuado nos últimos 30 dias.
Púrpura Trombocitopênica Idiopática- PTI
• Exame físico normal, exceto com relação às petéquias e púrpura;
• Laboratório: hemograma apenas com plaquetopenia, geralmente abaixo de 20.000/mm³; TS prolongado;
• O diagnóstico da PTI recai na exclusão de outras causas de trombocitopenias.
Púrpura Trombocitopênica Idiopática- PTI
• Tratamento: resolução espontânea em até 6 meses;
• Transfusão de plaquetas: geralmente contra-indicada;
• Em casos mais severos: Imunoglobulina Intravenosa e corticoterapia ( 1-4 mg/kg/dia).
FIM!!!
Nota do Editor do site www.paulomargotto.com.br, Dr. Paulo
R. Margotto.Consultem:
Monografia: Púrpura de Henoch-SchonleinAutor(es): Marcella dos Santos Amorrim