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Ceara Trovadoresco

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Trovas do Estado do Ceara/Brasil 51 Trovadores

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  • Cear Trovadoresco 1

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    COLEO MEMRIA VIVA

    e-Livretos PublicadosLivreto 1: Paran TrovadorescoLivreto 2: Paran TrovadorescoLivreto 1: So Paulo TrovadorescoLivreto 1: Minas Gerais TrovadorescoLivreto 1: Rio Grande do Norte TrovadorescoLivreto 1: Rio de Janeiro TrovadorescoLivreto 1: Santa Catarina Trovadoresca

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    Livreto1:Sumrio

    Abigail Sampaio (Paracuru)......................................................................................6Ablio Martins (Ipu)..................................................................................................8Alosio Alves da Costa (Umari)..............................................................................10Alosio Bezerra (Massap)......................................................................................16Ana Maria do Nascimento (Araoiaba)..................................................................22Antnio Sales (Vila do Paracuru)...........................................................................25Aracy da Silveira Cavalcante (Fortaleza).................................................................30Artemiza Correia (Ocara).......................................................................................33Artur Eduardo Benevides (Pacatuba).....................................................................35Augusto Linhares (Baturit)....................................................................................37Cleilson Ian Morais (Fortaleza)..............................................................................39Francisco Aiace Mota Filho (Fortaleza)..................................................................41Francisco Airton Ferro Marinho (Ipu)...................................................................43Fernando Cncio Arajo (Fortaleza)......................................................................45Francisco Ferreira Nobre (Fortaleza).....................................................................51Francisco Jos Pessoa de Andrade Reis (Fortaleza)...............................................57

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    Giselda de Medeiros Albuquerque (Bela Cruz).....................................................63Haroldo Lyra (Fortaleza)........................................................................................66Hortncio Sales Pessoa (Fortaleza)........................................................................69Ideusmar F. Chaves (Fortaleza)..............................................................................72Joo Osvaldo Soares (Vaval) (Maranguape)...........................................................74Joo Sobreira (Fortaleza)........................................................................................77Joo Udine Vasconcelos (Fortaleza).......................................................................83Jorge Pontes Lima (Fortaleza)................................................................................85Jos Aureilson Cordeiro Abreu (Maranguape)......................................................87Jos de Arimata Filho (Camocim)........................................................................90Jos Deusdedit Rocha (Fortaleza)..........................................................................96Jos Pedro Soares Bulco (So Joo de Uruburetama).........................................99Jos Pereira de Albuquerque (Fortaleza).............................................................102Luiz Carlos de Abreu Brando (Maranguape).....................................................105Maria Argentina Austregsilo de Andrade (Sobral).............................................108Maria Augusta Ramos Ferreira (Fortaleza)..........................................................110Maria de Lourdes de Arajo (Aquirs)................................................................112Maria Luciene da Silva (Fortaleza).......................................................................114Mrio Rmulo Linhares (Fortaleza).....................................................................116

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    Maria Ruth Bastos de Abreu Brando (Maranguape).........................................119Nemsio Prata Crisstomo (Fortaleza)................................................................122Oldemar Lima de Andrade (Fortaleza)................................................................128Paulo Ximenes Arago (Sobral)...........................................................................131Pedro Wilson Rocha (Massap)...........................................................................134Raimundo Amora Maciel (Redeno).................................................................137Raimundo Andrade de Paiva (Sobral)..................................................................139Raimundo Estevo Pereira (Viosa).....................................................................142Raimundo Rodrigues de Arajo (Maranguape)...................................................147Rejane Costa Barros (Fortaleza)...........................................................................151Santiago Vasques Filho (Fortaleza).......................................................................153Sinsio Lustosa Cabral Sobrinho (Varzea Alegre)...............................................159Sonia Nogueira (Fortaleza)...................................................................................161Virglio Brando (Fortaleza).................................................................................163Vital Bizarria (Arneiroz).......................................................................................166Zenaide Braga Maral (Fortaleza)........................................................................169Sobre o Livreto.....................................................................................................171Direitos Autorais...................................................................................................172Biografia de Jos Feldman....................................................................................173

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    Deveras inconveniente ser a gente mulher.

    No dizer-se o que se sente,fingir que no quando quer.

    Era um amor to profundoque no dia em que partiste,eu chorei, chorou o mundo,

    at o cu ficou triste.

    Lenos brancos acenandono instante da despedida

    adeus nos dizem, roubandometade da nossa vida.

    Quando tu falas comigo,a tua fala me encanta,

    creio que tens, meu amigo,um rouxinol na garganta.

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    Graa de filho bonita,diz todo o pai como eu:Acho uma graa infinitanas graas tolas do meu.

    Mas que impostura! Desejoque te convenas, meu bem,mesmo s ocultas, um beijonunca faz mal a ningum.

    Talvez que tenham contado,com simulado escarcu,

    que dar-se um beijo pecado,que fecha as portas do cu.

    Tantos encantos encerra.O beijo, coisa to boa,

    quem no d beijo na terra,Deus l no cu no perdoa.

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    Agora que tu partistee a saudade est chegando,desculpe o meu verso triste,

    minha musa est chorando!...

    Ante o medo que angustia,talvez a grande mensagem,

    fosse a que Deus nos diria ...- Coragem, filho, coragem ...

    As musas, no posso v-las...vivem num mundo distante...mas posso alm das estrelas

    ouvi-las a todo instante

    Di a saudade em meu peitoe eu canto, no silencio...

    Quanto mais pedras no leitomais alto o canto do rio!

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    Enquanto o Z Liberatosai em busca da gatinha,pela janela entra um gatoque janta a sua sardinha!

    Esta saudade infinitado amor que a gente viveu, a mensagem mais bonitaque o meu passado viveu!...

    Mensagem que se recebee nos enche de quimeras,

    aquela em que se percebeque as palavras so sinceras

    Minha irm conta as topadas,que j deu pelos caminhos,pelas pedras arrancadas...

    - E eu conto, pelos sobrinhos!...

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    Na farmcia, ao ver o bustoda balconista, hesitante,

    em vez de xarope, o Augustopediu mesmo foi calmante!...

    No condeno o revoltadoque defende seu direito...

    -revolta de injustiado,merece todo respeito!

    Na tua ausncia, ao meu ladoem cima da nossa mesa,o candelabro apagado

    mantm a saudade acesa.

    Na tumba da falecida,o esposo ciumento, porta,murmura: - Volta, querida.

    E ela responde: - Nem morta!

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    O meu cansao tamanho,que, na mesma caminhada,eu quase no acompanhominha sombra na calada!

    Quando a lei se faz omissae a impunidade se solta,

    do silncio da justiasurgem gritos de revolta...

    Quando no vens, na ansiedadedesses momentos perversos,

    vem a musa da saudadepr mais saudade em meus versos.

    Quem no aprende em menino,tem que aprender na velhice,que ter pai pobre destino,mas sogro pobre burrice!...

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    Sambando quase pelada,no 'No bloco do vai sem medo",

    Paulete foi mais cantadaque o refro do samba enredo..

    Sendo orador de alta escala, to profundo e erudito,

    que a gente, quando ele fala,s entende o... "tenho dito".

    Vencendo o tempo e a distncia,mensagens da mocidade,

    sempre nos trazem da infncia,saudade ... muita saudade...

    Voltil, discreta e doce,no instante certo, presente,

    a musa como se fosseo anjo-da-guarda da gente...

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    Ante insucessos de partos,da me preta h gestos nobres

    em ceder seus seios fartosa rfos que no so pobres!

    - Ao andar, sinto cansao.Que me aconselha, doutor?

    - Nenhum remdio lhe passo,s tome um txi, senhor!

    A tragdia em profuso,vai matando em tom profundo:- Deus chamando a ateno

    dos pecadores do mundo!

    Cem anos de lucidezfez vov, e sem caseira,pois o velho, todo ms,

    corre atrs da cozinheira!...

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    Depois de tanto fracassoque nesta vida sofri,

    me transformei em palhao,um palhao que no ri!

    Diante da me barriguda,o garoto olha assustado:

    - barriga d'gua, Arruda.- E o nen morre afogado?...

    Diz-nos, Deus, basta de guerra,quando, alegrando aos mortais,

    descer, por sobre a terra,a pomba branca da paz?

    Em cada dia primeiro,pese o seu filho, senhor.

    Logo retruca o aougueiro:- Com ou sem ossos, doutor?

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    Essas constantes matanas,o roubo e a imoralidade

    navegam nas guas mansase negras da impunidade!

    Eu vejo um mundo safado,sem f, sem paz, em meu pranto,

    s rejeitando, aloucado,o que de Deus, o que santo!

    Feito o mundo, Deus projetade logo um duplo desejo:deu a saudade ao Poetae a tristeza ao sertanejo!

    Inda veremos nas lias,outros horrores insanos,por causa das injustiase dos delitos humanos!

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    Minhas rugas, meus cansaose esses cabelos to brancos

    vo responder por meus passos,entre trancos e barrancos!

    Nada cobio, querida,sou venturoso, porque,se tenho sorte na vida,a minha sorte voc!...

    Neste mundo de defeito,no perpassar destes anos,vivemos sem ter direito

    aos tais direitos humanos!

    O mundo gira, lascivo,com todos os vcios seus,

    violento, injusto, opressivo,porque distante de Deus!

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    - O que bgamo, papai?Me venha ento explicar.- Um imprudente que vai

    por duas vezes errar.

    O saber, o mais profundo,a fama e a riqueza at,

    no os troco neste mundopelo dom da minha f!

    - Que burrada! Que burrada!- J sei! No v repetindo!

    - No sou eu, meu camarada, o eco que est saindo!...

    - Tal qual meu pai, ao crescer,bom dinheiro vou ganhar!

    - Tal qual mame, podes crer,vou, to somente, gastar!

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    Carro-de-bois, s toadacadenciada e sem fim;

    enquanto gemes na estrada,mais geme a saudade em mim!

    irreparvel o dano,Uma floresta queimada.

    Entretanto, o ser humanono a deixa preservada.

    Maranguape altaneiraem toda sua vertente

    e tambm hospitaleirapor abrigar boa gente.

    Maranguape eu gostariade manter no corao;

    Assim peo Me Mariapara lhe dar proteo.

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    O esplendor de uma amizademerece grande atenopois toda afetividade

    nos faz bem ao corao.

    O nosso amado serto,to sofrido e castigado,sofre agora a maldio

    de um inverno exagerado.

    Para no ver meu amorvagar no mundo tristonho,resguardei-o com primornuma redoma de sonho

    Quem vive apenas pensandoem uma grande vitria

    passa a existncia sonhandosem construir sua histria.

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    Achei-te tal diferenaquando de novo te vi,

    que, estando em tua presena,tive saudade de ti!

    Ah! que pesar me consome!Eu sozinho e tu a ss...

    Formemos um s pronome:de "eu" e "tu" - faamos "ns"!

    Amigo meu que verseja,chamou-te "santa"... Pois sim.

    Eu nunca vi numa igrejasanta com olhos assim.

    "Amor no plural amores..."Dizem a... No h tal!

    Enganam-se os professores,porque amor no tem plural.

  • Cear Trovadoresco 1

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    Como uma voz que em segredoreza em momentos de mgoa,

    do corao do rochedosai gemendo um fio d'gua.

    Eis um mdico fardado que perfeito matador!-quem escapa do soldado,no escapa do doutor...

    " muito cheia de si!"Dizem de ti. Frase errada!

    Eu coisa alguma j vique esteja cheia... de nada...

    Eu ontem no tive o ensejode ver teu rosto querido.

    Ao dia em que no te vejoeu chamo um dia perdido...

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    Longe de ti, meu amor,morro de tdio e de mgoa,bem como morre uma florposta num jarro sem gua.

    Muito embora a dor me alquebre,no esqueo a amada ausente...

    A saudade como a febre:sustenta, matando a gente.

    Nesta existncia de dores,no h mais estranho fadodo que falar em amores

    pondo o verbo no passado.

    Quando te deixo, que ingenteesforo meu corpo faz!

    Os ps marcham para frentee o corao para trs.

  • Cear Trovadoresco 1

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    Se as santas no parasopossuem os teus encantos,

    eu fico muito indecisosobre a virtude dos santos.

    Se hoje um novo amor te encanta,teu sentimento no tolhas:o corao, como a planta,precisa mudar de folhas.

    Se aos meus agrados te furtas,vou noutra porta bater;

    as horas de amor so curtas,no tenho tempo a perder.

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    Fui criana bem feliz, brincava no meu jardim.

    Colhia as rosas e flor de lizpara mame e para mim.

    Nunca pensei em vingana.Esqueci tudo!... Passou.

    Sempre gostei de bonana.Serei sempre como sou.

    Os retratos dos meus pais,to em redomas antigas,So como relquias, tais

    lembram pessoas amigas.

    Quero as rosas para mimdeste mundo multicor.

    No corao, teu jasmim, na cabea, bela flor.

  • Cear Trovadoresco 1

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    Sentir fome e no comerporque no tem condio

    pode mesmo comoverquem tem duro corao.

    Se voc tem muito bem, preciso se apressar.

    V vender logo o que tempara ningum lhe roubar.

    Um casal bom sonhador, feliz e casamenteiro,

    tinha sonho de um amore se dava por inteiro.

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    Ilustres so os seus filhos.O clima bom e fecundoexportando sobre trilhos

    Maranguape para o mundo

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    Desculpe, rogo bondadepor minha insana ousadia:

    lev-la, sendo saudade;deix-la, sendo poesia.

    Foi somente para v-laque vim aqui, de verdade.J no consigo escond-la:tudo em mim claridade.

    Perdo! Perdo, minha bela!Adeus! Adeus, j me vou.

    Seu olhar luz de velano quarto escuro que eu sou.

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    Na vida de toda gente,quanta gente a gente v!Na minha v-se somente

    voc, voc, s voc!

    Nesta vidinha cansada,ando h muito a meditar:

    - Como bom no fazer nadapara depois descansar!

    Quando acaso sinto, crede,vontade de trabalhar,

    deito-me logo na rede,at a vontade passar...

    Tem a nossa Medicinatais progressos alcanado,

    que o doente quando morrej est quase curado.

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    triste o mundo em que estamospois vida morte somaenquanto nos isolamosem ilusria redoma.

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  • Cear Trovadoresco 1

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    Novamente o sol nasceucom todo seu esplendor

    natureza floresceuresplandecente de cor!

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    Os teus olhos cristalinosnesta noite desplendor,so dois valiosos mimos

    que me ds com muito amor!

    Quis fazer-te uma redomapara bem te proteger;

    s minha eterna Madoma razo do meu viver!

  • Cear Trovadoresco 1

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    Adeus... e foste saindo,dizendo que voltarias...

    E a saudade entrou sorrindo,da mentira que dizias...

    Ao ver-te assim neste encanto,mos postas em orao,fiquei invejando o santo

    que olhavas com devoo.

    A vida de faz-de-contaque levo desde menino,

    brinquedo de desmontanas peas do meu destino.

    Bimbalham sinos tristonhosentre as horas esquecidas,

    como a lembrar velhos sonhosperdidos em nossas vidas...

  • Cear Trovadoresco 1

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    Enquanto o sino da igrejamartela o bronze perfeito,

    minha saudade solfejana catedral do meu peito...

    Entre velhos e crianash dois sinos na medida.

    Quando um bimbalha: Esperanas.O outro bate o por-da-vida.

    Era um poeta de mo cheia,hippie, cabelos revoltos...

    S poetava na cadeia,detestava versos soltos!

    Jamais esperes da vidaou deste mundo vil, falho,

    pois a sorte preferidass e ganha no trabalho!

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    Nas tardes calmas sentidasBem-te-vi - que afinidade:tu a cantar - tristes vidaseu, vida triste - saudade!

    Na velha igreja em runa,desprezada em abandono,a cruz cansada se inclina,

    boceja o sino de sono.

    No palco azul desta vidatoda paixo uma fraude,pois no ato da despedida

    somente a saudade aplaude...

    Quando o inverno a terra veste,uma flor ao sol reluz:

    o mandacaru do agresteque abre seus braos em cruz !

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    O esplendor desta cidade,com o seu mundo de atraes,no mata em mim a saudade

    da beleza dos sertes.

    O nosso sonho terminanum adeus triste, exaltado,

    deixando no cho da esquinao teu retrato rasgado!

    Pescador dos verdes mares,quando embarca em procisso,

    nos lbios leva cantarese no peito uma orao...

    Risos francos em surdinaouo a sonhar acordado:

    saudades daquela esquina...lembranas do meu passado!

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    Se de lgrimas brotassea gua carente do agreste,talvez nunca mais faltasse

    inverno no meu Nordeste.

    Sertanejo, envelheceste,tal cardo nascido ao lu:quantas secas tu venceste

    com os olhos postos no cu.

    Sorte - mulher fugidiacuja ventura alardeia,

    mostrando no dia-a-diaos seus castelos de areia!

    Tarde sem chuva, de estio...Cigarra, que afinidade,passamos horas a fio

    cantando a mesma saudade!...

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  • Cear Trovadoresco 1

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    "A f remove a montanha" e at converte os ateus.

    Em minha alma ela tamanha, que me leva aos ps de Deus.

    Alforria! H nos espaosesperanas revividas,

    quando o escravo, erguendo os braos,mostra as algemas partidas.

    Alma de neve, to pura,to generosa, to franca...

    To branca em sua brancura,quanto possvel ser branca...

    Amargando o meu fracasso,lembrando antigas canes,eu tambm sou um "palhao

    das perdidas iluses".

  • Cear Trovadoresco 1

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    As badaladas de um sinoespalhando sons pelo ar,so acordes de violinonuma sonata ao luar.

    Do teu amor que traziameu corao em clausura,eu prprio dei-me alforria,dando adeus escravatura!

    Em minha alma de criana,quando a tristeza me invade,

    bate o sino da esperanana catedral da saudade.

    Escravo do teu encanto,tamanha minha alegria,

    e eu tenho te amado tanto,que no desejo alforria.

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    sem razo, com certeza,a descrena dos ateus,

    pois em toda a naturezase v a face de Deus.

    No desejo ser um bravo,nem rei de uma dinastia.Prefiro ser teu escravo,sem nunca ter alforria.

    No infinito a lua enormedos astros segue o cortejo,

    e o serto, tranquilo, dormenos braos do sertanejo.

    O planger de um sino alcanaas portas da eternidade,

    quando desperta a esperana,quando adormece a saudade.

  • Cear Trovadoresco 1

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    O sertanejo, depoisdo trabalho se consola,

    ouvindo o mugir dos boise o soluar d viola.

    Quando a inspirao me invadee a fazer trovas me ponho,vejo a imagem da saudadena igreja branca do sonho.

    Quando ao mendigo ofertaisum pouco do vosso po,

    esse gesto vale maisdo que qualquer orao.

    Uma prece comovidapor toda a aldeia se espalhaquando, na torre da ermida,saudoso, o sino bimbalha.

  • Cear Trovadoresco 1

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    Um dia algum perguntouao meu compadre Anastcio:- O po que o diabo amassou

    tem bromato de potssio?

    Vendo o bigodo do atleta,a gente cr, sem demora,que engoliu a bicicleta,

    deixando o guidom de fora.

    Verdes mares que brilhaiscomo brilha um diadema,

    h cem anos soluaiscom saudades de Iracema.

    Verdes mares! Verdes mares!Esmeraldino poema!

    sombra dos teus palmareseternizou-se Iracema!

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    A cobia sendo um vcioe a renncia salutar,

    nosso menor sacrifcio saber renunciar.

    minha mulher confesso:

    - Na atual encarnao, para apressar teu progresso

    sou a tua expiao!

    Aquele p de carvalhoplantado em minha lembrana,

    cintila gotas de orvalhoquando me vejo criana.

    De forma vil, ilusria,o falaz aos ventos, berra,

    cantando sua vitriasem ter terminado a guerra!

  • Cear Trovadoresco 1

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    Esplendor tens, de tal monta,quando passeias na praa,

    que a lua se esconde, tonta,atrs da nuvem que passa.

    Homem com muitos trejeitos,mulher com muita feira

    para mim so dois defeitosque nem com reza tem cura!

    Minhas lgrimas vertidaspor entre dobras de rugas,so saudades incontidas

    do meu passado... so fugas!

    Na avenida do fracassoonde a humanidade avana,em cada esquina que passo

    eu planto um p de esperana.

  • Cear Trovadoresco 1

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    Nos trigais do sentimentoque contra o vento eu transponho,

    cozi o po sem fermentono forno quente de um sonho.

    O inverno se me avizinhae, no espelho, a contragosto,vejo que o tempo caminha

    deixando o rastro em meu rosto.

    O meu amor quis safar-sede mim, ento me escondi;de rosa era seu disfarce...fui, sorrateiro, e a colhi!

    O nosso amor passageiro

    tal orvalho evaporou...nasceu e morreu ligeiro,

    que nem saudade deixou.

  • Cear Trovadoresco 1

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    O sentimento de culpase esconde na conscienciade quem fere e se desculpa

    a suplicar inocncia.

    Os gritos de liberdadeabafados por censuras,viram ecos de piedade

    nos pores das ditaduras.

    Por sofrer tantos aoitesnos meus momentos tristonhos,pus redoma em minhas noites

    para prender-te em meus sonhos

    Quem faz da vida um disfarcee finge viver a esmo,de tudo pode safar-se

    mas no engana a si mesmo!

  • Cear Trovadoresco 1

    62

    Quem no quer vencer a estradacomo faz o peregrino,

    dobra sempre a esquina erradana contramo do destino.

    Saudade o tempo guardadodentro do peito da gente...N que se d, no passado,

    e se desfaz no presente.

    Solua vazia, a rede,o armador emudeceu,

    marcas de p, na parede,choram tanto quanto eu!...

    Todo indivduo que tolomas que de sbio se arvora, tal um po sem miolo...s tem a casca por fora!

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  • Cear Trovadoresco 1

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    Lanada a sorte! Em verdade,eu parti... Mares medonhos!...

    E, no Porto da Saudade,fui ancorar com meus sonhos...

    No deixes preto o teu cu...V que as grandes tempestades

    espalham sombras ao lu,mas vm, depois, claridades.

    O teu adeus, mesmo em sonho,me aniquila de tal sorte

    que, estando viva, suponhoestar nos braos da morte!

    Por te amr to loucamente,fui-me tornando um palhao,

    fazendo rir tanta gentes custas do meu fracasso.

  • Cear Trovadoresco 1

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    Ri, palhao, que o teu risovai dor dar acolhida,

    transformando em parasoteu picadeiro da vida.

    Tenta esconder o teu pranto,as frustraes, o desgosto,pois no h maior encantoque mostrar a paz no rosto.

    Teu olhar, por sorte, s guas,sombra nenhuma deixou,

    no entanto deixou-me mgoasnesta sombra que hoje eu sou!

    Vencendo todo o cansao,decerto gargalharei,

    pois hoje sou um palhaodos sonhos que no sonhei.

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    Deus queira que essa ganncia,Que o madeireiro contesta,Fuja junto com a arrogncia

    Para longe da floresta.

    Era um garoto travesso,Um mestre na peraltice:virava tudo ao avesso,

    era o rei da macaquice.

    Gosto de me divertirnas belas praias do Iguape,

    mas acho melhor curtira serra de Maranguape.

    O brio ao padre disse:sem saber o que dizia,j vi muita macaquicena porta da sacristia.

  • Cear Trovadoresco 1

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    O luar no mar refratafeixe de raios azuis,

    reala a onda e retrataa praia que nos seduz.

    Para o carinho colher,por Maranguape eu passava,

    subia a serra a revera noiva que ali morava.

    Se o homem branco quisessever no ndio um bom retrato,

    bastaria que ele desse floresta o mesmo trato.

    Terra de gente importanteque em Maranguape nasceu:

    do Chico, comediante;dum Capistrano de Abreu.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

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    A floresta to gigante,J no respira por ns.

    O predador, num rompante,Faz calar a sua voz.

    Em noite fria de invernoem meu peito adormeceste

    jurando-me amor eternomas no outono me esqueceste.

    Em redoma coloridaa paz do mundo adormece

    to frgil desprotegidaque a humanidade lhe esquece.

    No escrevas tua histriacom sangue do opositor,

    os louros desta vitriasem sangue tem mais sabor.

  • Cear Trovadoresco 1

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    O teu sorriso inocentereflete todo esplendor

    nas guas desta nascentedo nosso rio de amor.

    Teci a felicidadecom os fios da iluso;

    com os pincis da saudadecolori a solido.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    73

    A revolta traz-me o prantoao pensar no mundo louco,

    onde alguns vivem com tanto,e tantos vivem com pouco.

    No h ningum que suporteviver do meu jeito, assim:eu correndo atrs da sortee a sorte a fugir de mim.

    Nunca vi tanto esplendornum s canto reunido:

    teu corpo puro de amor,no branco do teu vestido

    Quando em meu quarto me tranco,a saudade me aparece

    atravs de um leno branco,que toda vez ela esquece...

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

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    Eu possu grande amigoUm exmio trovador

    Em segredo eu ti digoEle adora um locutor.

    Maranguape que beleza teu lindo cu de anil

    Deus te fez com a certezade encantares o Brasil.

    Nasce o sol de um novo diaPondo em tudo muita cor;

    Trazendo mais poesiaAo poeta sonhador.

    No esplendor de um novo diacom eflvios multicores,pra voc muita harmonia

    E um jardim pleno de flores.

  • Cear Trovadoresco 1

    76

    Quando o sol enfim se deitaPara um pouco repousarBusca ento a sua eleitaQue feliz vai lhe ninar.

    Quem trabalha com ardorpor si s faz sua histria

    tendo em vista que o amorabre as portas vitria.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    78

    Alforria liberdadesempre sonhada e sentida

    na fora da mocidade:- coluna forte da vida.

    Fugindo seca que o vence,busca pousada e guarida

    o sertanejo cearense,pelos caminhos da vida...

    Inverno - seguro apoiona engorda do boiado,

    que pasta ao sonoro aboiodo vaqueiro, no serto!

    Meu corao me insinua,pelo calor de teu rosto,

    que o nosso amor continua,mesmo depois do sol posto!

  • Cear Trovadoresco 1

    79

    Na minha aldeia mestia,meu corao de menino

    guardou as horas da missa,nas badaladas do sino.

    Naquelas cenas de horroresque o nosso escravo sofria,o corao dos "senhores"

    era o mais preto que havia!

    Na roa, ganhando a vida,o sertanejo disposto,

    mostra a existncia sofridanas rugas do prprio rosto.

    No campanrio da igreja,o sino, lembrando a prece,

    toca, badala, desejamais gente em favor da messe.

  • Cear Trovadoresco 1

    80

    No corao de quem sente as vibraes do passado,

    o sino um toque presenteque est no peito guardado.

    Num batel branco e risonho,singrando as guas do mar,

    vou completando o meu sonhonas horas de navegar.

    O dom da f permanentevai, num trabalho sereno,multiplicando a sementecomo Jesus Nazareno!

    O sino voz que nos guiano rito da tradio:s vezes toca alegria,

    e s vezes consternao.

  • Cear Trovadoresco 1

    81

    O sol queima a plantaoe o amor que eu julgava eterno.

    Casamento no sertodepende tambm do inverno...

    Quando eu me fiz coroinhavivi feliz de tal jeito,

    que o sino da capelinhaficou batendo em meu peito.

    Quando o palhao sorriae a multido gargalhava,

    s ele mesmo sabiaque intimamente chorava...

    Quando os Reis Magos partiram,sem fraquejar um instante,

    foi pela f que seguirama luz da estrela brilhante!

  • Cear Trovadoresco 1

    82

    Rezo na rede o Pai Nosso,toda noite, ao me deitar,

    e durmo bem porque possonesta orao confiar.

    Se a lua vestir de brancoa minha imaginao,

    meu canto mais alto e francoser de libertao!

    Talvez no toque dos sinosexista a fora do alm,

    traando os nossos destinospelos caminhos do bem!

    V-se na face enrugadado lavrador do serto

    uma existncia cansadade tanta desiluso...

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    84

    Dentro da linda redomatoda bordada em cristal,jaz a flor e o seu aromado meu verso original.

    Se a chuva cai no sertodeste solo nordestino,o inverno se faz canoe tudo mais divino...

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    86

    fim de inverno e as flores,que enfeitam nosso jardim,exalam cheias de amores,o teu perfume pra mim.

    Nem o sol com seu calor...Nem os versos que componho,tem grandeza ao nosso amor,na redoma do meu sonho.

    O nosso encontro perfeito,cheio de tanta emoo,

    ficou guardado em meu peito,na esquina do corao.

  • Cear Trovadoresco 1

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    .

  • Cear Trovadoresco 1

    88

    Locutor com muita graacom voz melosa anunciou:

    Eu falo para os gays da praa,pois da classe tambm sou.

    Maranguape, minha terra meu prazer confessar

    que dentro do peito encerrado mundo o melhor lugar.

    Meninos em peraltices.Verdadeiras palhaadas.

    Um av com macaquices.Crianas dando risadas.

    Nossa terra sem o sol:Que mundo mais boreal.

    A vida sairia do rolpara a zona glacial.

  • Cear Trovadoresco 1

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    O locutor eloquenteque pregava o fim do mundo

    claro que estava dementecom um braseiro no fundo.

    Qual o valor da florestapara a vida florescer

    ela que nos emprestao ar puro para viver.

    Salvemos nossa florestacom um alerta geral,

    pois o caos se manifesta:O aquecimento global.

    Tem humor os animais.Vejam quantas peraltices!

    O homem tambm sagazquando faz as macaquices.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

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    Ao aplicar a injeo,surge ligeiro embarao:- diz o doente - "A no!

    s tomo se for no brao!...

    A Rosa mente, doutor,no passa de uma farsante,

    pois onde j se viu florque usasse desodorante?...

    s seis da tarde, meu Deus,quando o sino exorta prece,

    quanta tristeza no adeusdo sol que desaparece.

    Branco lenol que me aquecea noite do desencanto:

    - tens o calor de uma precerezada em tom de acalanto.

  • Cear Trovadoresco 1

    92

    Com a profisso de cego,enxerga longe Z Frana...

    - Pe o ouro todo no "prego"e o produto na poupana.

    Com rica e bela mulher,como anda triste o Gouveia!

    - Se tem tudo "de colher",ser que ela nega... ceia?

    Da vida, no verde espao,onde, de ouro, o sonho medra,

    quem no se fez de palhao,atire a primeira pedra...

    Lo se queixa da inflao,pelo prprio desmazelo,

    pois nem mesmo prestaopode cortar o cabelo...

  • Cear Trovadoresco 1

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    Louvo a Deus pelo papelbranco e simples em que ponho,

    com tintas da alma, o painelmaravilhoso do sonho!...

    Lcia chega-se ao gerente,pede emprstimo... afinal,

    a "garantia", presente,nem precisou de outro aval...

    Machucado o "para-lama",rebentados os "faris",

    Topa-Tudo est de cama,envolvido em maus lenis!

    No inverno h milagres, filho,como nas eras antigas:

    - Um s punhado e milhose abre em milhares de espigas!

  • Cear Trovadoresco 1

    94

    O Chico s vive s turras,sempre arrotando vantagem...- No corpo a marca das surras,

    ele diz que tatuagem...

    Porte-se o amor, bem contido,sob impulso controlado,

    pois quanto mais "colorido",tanto mais preto o pecado...

    Pra manter em forma a plstica,rebolando-se, a mulata,de tanto fazer "ginstica",

    nasceu-lhe um filho acrobata.

    Quando falta gasolina,o velho chofer de praa,com uma sede canina,

    enche o "tanque" de cachaa.

  • Cear Trovadoresco 1

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    Queixa-se a Dalva (que artista!)de choques no corao...- Vem o noivo, eletricista,e conserta a "instalao".

    Sambista, lpida, incrvel,campe, sagra-se, Aurora,sem gasto de combustvel,

    se exibindo a "sem por hora"!

    Sempre que se erguem teus braos,em prece, unidos aos meus,

    a f revigora os laosdo amor que nos prende a Deus.

    Sinto, junto ao mar, sereia,quanto me prendes ainda,no branco lenol de areia

    de minha saudade infinda!...

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    97

    Dentre as previses que der-nosa Funceme ou coisa igual,

    sou muito mais os invernosdas minhas pedras de sal.

    s Maranguape queridaterra do riso e do amor;

    Por ti daremos a vidase um dia preciso for.

    Macaquice um bom temase o bicho sogra vem nela,

    que esconde qualquer problemase for da famlia dela.

    Maranguape no faz conta

    da natureza que a afeta,porm quando o sol tramonta

    mexe com todo poeta.

  • Cear Trovadoresco 1

    98

    Minha mais linda vitriadas batalhas que venci

    foi a que fez nossa histriadepois que te conheci.

    Por estar preso ao teu charmete perdo em teus fracassos; que a mim basta abrigar-mena redoma dos teus braos.

    Tm esplendor as estrelaspor sua curvas cadentes;

    tambm as mulheres pelassuas curvas envolventes.

    Todo o vio, eu aprecio,da floresta, que beleza!Parece fmea no cio

    explicando a natureza.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    100

    A chave de fita escuracom que fechei teu caixo, a mesma da fechadura

    que trancou meu corao.

    Bem antes do alheio olharolha sempre o teu estado;porque - No deve falaro sujo do mal lavado...

    H quem abusa e se gaba,mas esquece (e sempre assim)

    que, quando a festa se acaba,a conta paga no fim...

    Nunca a amizade desleixes,por andar a estranhos povos;

    se tens juzo - No deixesvelhos amores por novos.

  • Cear Trovadoresco 1

    101

    Nunca o grito vil do insultoo medo em teu peito acorde:

    falar demais do estultoe co que ladra no morde

    Quem fez o bem, bem espere,e o mal tambm, se devido;

    porque - Quem com ferro fere,com ferro ser ferido!

    Se a fortuna se acha almdo cho que o teu bero encerra,

    vai busc-la, pois - Ningum profeta em sua terra...

    S austero, quando devas,comedido em teu sorriso;nem por tanto rir te elevas:

    Muito riso, pouco siso...

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    103

    Chora, Maranguape, chorao humorista excepcional:

    Chico Ansio foi-se embora;no mais ters outro igual!

    Como era doce e fraternomeu lindo mundo de criana;Dele o que resta o inverno

    da minha desesperana!

    De Maranguape o sorrisono o mesmo de outrora,

    desde que o Rei do improvisodespediu-se e foi embora.

    No conceito das cidades,a minha bem pequenina;porm l que as saudades

    fazem ponto em cada esquina.

  • Cear Trovadoresco 1

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    O homem que sbio e que fortecedo ao trabalho se entrega:

    nunca espera pela sorteporque sabe que ela cega.

    Ontem, moo e sem cansaos,fui feliz em minha lida;

    hoje, velho, arrasto os passospelas esquinas da vida...

    Pantanal quadro celeste,paraso das boiadas,

    onde o cu azul se vestedo esplendor das alvoradas!

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    pena, mas verdadeFloresta vai se acabarS vai ficar a saudadeE gente a se lamentar.

    s vaidosa e altaneiras meu torro, meu lugar

    Maranguape, companheiraonde sempre vou morar.

    Locutor ou locutoraFazem a comunicaoCuidado na emissora

    Com aquele palavro...

    Sendo voc, o meu solNada tenho a reclamarSou um lrio no arrebol

    Que nasceu para te amar.

  • Cear Trovadoresco 1

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    Tua macaquice fazEsttua gargalhar,

    Olhar de lado, pra atrsCorrer, pular, se sentar.

    Um locutor empolgadoDisse ao vivo o que no deviaPor pouco no foi linchado

    Se salvou, na sacristia.

    Ver o sol nascer quadrado um dito popular

    Se por ti sou apaixonado sina, praga, sei l!

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

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    Na redoma do meu sonhotua imagem apareceu,teu olhar era risonho

    com a paz que Deus te deu.

    Nesta vida de incertezasde vitrias e derrotas,

    eu sempre apago as tristezasque surgem em minhas rotas

    No inverno de uma existnciaonde a vida nos renova,

    sinto de Deus a assistnciae a alegria se comprova.

    O esplendor do teu olharmeigo, com muita brandura,lembra a grandeza do marao mostrar tanta candura!...

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    Muito obrigado meu Deuse Jesus Nosso Senhor

    por trazer aos lbios meusum sorriso de esplendor.

    No quero apenas abraosmeu amor mais fraterno.

    Vou me aquecer nos teus braos,nas noites frias de inverno.

    Redomas eu vou fazerdo gelo, amor e cristals para nos proteger

    do aquecimento global.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    113

    A vida tem dois caminhosque seguimos a valer;

    no do bem vamos mansinhos...no do mal, sempre a correr!

    E cantando, velha pretanina o filho do patro,

    enquanto suga-lhe a teta,chora seu filho, sem po.

    Frgil batel de esperana a jangada a deslizar,

    branco cisne de bonanana tela verde do mar.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

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    Maranguape inebrianteatrativos naturaisa serra nobilitante

    Cascatinha e cabedais.

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    117

    na ansiedade mais pura,que rogo a Deus com firmeza

    - Possa eu ter a sepulturasob os cus de Fortaleza.

    Maldito aquele que insultae ofende a mulher perdida,

    sem saber a causa ocultada sua queda na vida.

    No h louvor que confiramerecimento a ningum.Como o despeito no tirao valor de quem o tem.

    No amor a mulher que menteem tudo se contradiz:

    - Sempre diz o que no sentee o que sente nunca diz.

  • Cear Trovadoresco 1

    118

    Por amar-te com loucura,perdido agora me vejo,

    como um beduno procurada miragem do teu beijo...

    Saudade - sino que tangedobrando triste a finados,

    pela intrmina falangedos meus sonhos dissipados..

    S mesmo Deus sabe o custodo resgate de uma dor,

    principalmente se o justopaga pelo pecador...

    S sabe da alma das cousasquem desvendar o mistrio

    que h no silncio das lousas,no fundo do cemitrio.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    120

    A floresta se ressenteDas atitudes do homem.

    Nosso futuro e o presenteNa agonia se consomem.

    J que o Sol para todos,Carece tambm dizer

    Que ele aquece at os lodosQue teimam sobreviver.

    J vi tanta macaquiceFeita pela a tua boca.

    Me acostumei com a mesmice,Desta aparncia louca.

    Nos disse assim a floresta: Um dia vais me perder,

    Com tua meta funestaNo pode retroceder?

  • Cear Trovadoresco 1

    121

    O locutor j sabiaQue o microfone falhava.E a mensagem se perdiaSe danava quem pagava.

    O locutor, Seu AugustoNum morcego colidiu,

    Ento sofreu um grande susto:Seu microfone engoliu.

    Para o Sol fiz um pedido:Aquece-me todo dia,

    E para o meu amor queridoDeixe-lhe paz e alegria.

    Tuas serras so serpentesdeitadas na imensido

    tens cristalinas vertentesMaranguape, meu rinco.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    123

    Com talento e sutilezano salo, "a media luz",o casal mostra a levezado belo tango andaluz!

    Correndo, desesperado,de mala e chapu na mo,

    o passageiro, coitado,perdeu o trem... e a razo!

    De tudo que eu aprendipra chegar a ser doutor,se, bem, eu o compreendi:devo muito ao Professor!

    Deus me livre, por um diame faltar um Livro a mo;

    de tristeza eu morreria,em pungente solido!

  • Cear Trovadoresco 1

    124

    Dois minutos, Cinderela;est chegando o momento!

    No v cair na esparrelade esquecer o encantamento!

    Entre lgrimas e risos,respostas s emoes,liberamos sentimentosrepresos nos coraes!

    Maranguape a tua glriaso teus filhos de valor;

    foi Capistrano, na Histria,e Chico Ansio, no Humor!

    No queiras por teu amigoquem no pode ser provadono dar gua, po e abrigo,para algum necessitado!

  • Cear Trovadoresco 1

    125

    Na solido do meu eu,fugindo da realidade,

    meu pensamento varreuda mente toda verdade!

    No cu, as nuvens, e as flores,no campo; um quadro sem par.

    Deus tingindo de coresa Primavera a chegar!

    Nos braos do seu amor,loucamente apaixonada,

    ela sente o seu calormesmo sob a chuvarada!

    O ato de ler praticadocom prazer, pelo leitor;no final, seu resultado,

    assemelha-se ao do amor!

  • Cear Trovadoresco 1

    126

    Para cuidar da sadecom desvelo e competncia

    busco Mdico amide,amigo, de preferncia!

    Passei horas meditando,pensando no que dizer;

    terminei nada compondo,sem nada para escrever!

    Por aqui passava um riocaudaloso e pleno em vida;

    hoje mal se v um fiod'gua suja e poluda!

    Selva: bela e exuberante;cria, de rara beleza,

    de Deus que, naquele instante,nominou-a... Natureza!

  • Cear Trovadoresco 1

    127

    Sem um "pingo" de pudoro mar fita a lua, arfante,

    clamando: vem meu amor,quero te ter por amante!

    - Solta-me! Clama o navioao cais que o faz prisioneiro;

    - deixa-me sair vadiopelo mar... que meu parceiro!

    Uma folha de caderno,um lpis, e a inspirao,bastam ao trovador ternopra lhe abrir o corao!

    Voa, canrio indeciso,o que esperas; afinal

    seres liberto preciso,mesmo pensando irreal!

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    129

    A grandeza em Deus se encerra.Somente Ele grande; ao passo,

    que somos poeira na Terra,e a Terra, poeira no espao!

    Esperana - nordestino,numa cerca debruado,

    contemplando, sol a pino,o verdejante roado.

    No meu lar eu dito a Lei,- generosa ou Lei mesquinha -

    nunca, porm, revogueias emendas da Ranha.

    Nunca mais fiz uma trova,por falta de inspirao.

    - Meu bem, agora, me aprova:temos outra distrao!

  • Cear Trovadoresco 1

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    Ouvi um co indigentea meu buldogue inquirir:

    - O teu dono inteligente?- Se ? S falta latir!

    Para seres burro, apenaste falta a pele empenada.

    - Ora! Burro no tem penas!- Ento no te falta nada.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    132

    Estopim a descobertoponta de cigarro atrai... como namoro perto:

    l um dia a casa cai!

    Insone, as noites chorandopassas, em triste abandono...

    O pranto vive morandono olhar de quem no tem sono!

    Os assassinos atrozesmatam de raiva, rugindo!

    Teus olhos so mais ferozes,porque me matam sorrindo...

    Quem canta, seu mal espanta,o velho brocardo diz.

    E h tanta gente que canta,mas, nem por isso feliz!

  • Cear Trovadoresco 1

    133

    Quem se dedica aos malfeitosdos outros a censurar,

    que seus prprios defeitosquer, dessa forma, ocultar.

    Sempre a esmola benfazeja esquecida num minuto.

    A mo do ingrato apedrejao galho que lhe d fruto!

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    135

    Ao te ver, o rosto em pranto,bem juntinho quele altar,

    desejei ser o teu santo,pra tua queixa escutar.

    Em cada ruga do rostoda pobre velha sofrida,

    mora, por certo, um desgostodas desventuras da vida.

    Fica mais branca a capelada minha longnqua aldeia,quando bate em cima dela

    o claro da lua cheia.

    No tronco, o preto gemiasob os aoites cruis,

    partidos da tiraniados maldosos coronis.

  • Cear Trovadoresco 1

    136

    Olhar, ao longe, perdido,o preto velho, sentado,cansado e desiludido,

    vai revivendo o passado...

    Outra taa se esvazia,enquanto o brio vai vivendo

    aquela falsa alegriados que j vivem morrendo.

    Procuro, em vo, o teu rostonessa imensa multido,

    e volto, pra meu desgosto,sempre mesma solido.

    Se at a f j perdestena vida, na humanidade,

    por certo em Deus nunca creste,no creste em Sua bondade.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    138

    Consiste a vida da genteem desejar outra vida.

    Por isso que a gente sentea morte dentro da vida!

    Eu vi a Felicidade.Corri atrs, mas em vo.

    Ficou a sombra, a saudade,pr do sol no corao.

    Para no ver meu amorVagar no mundo tristonho,Resguardei-o com primorNuma redoma de sonho

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

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    Ao ver a morte de frente,sem esperana de chuva,

    todo o serto chora e sentea terra ficar viva...

    Depois de muitas andanas,cansado de tanta lida,

    hoje vivo de lembranas,juntando cacos da vida

    Misto de riso e tristezanum corao em pedao,quanto de amor e purezano sorriso de um palhao.

    Pelas frestas do meu peitoentra a saudade de leve:

    so restos de amor desfeitode quem ama a quem no deve...

  • Cear Trovadoresco 1

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    Quisera, como o palhao,mesmo triste, poder rir,mas se tal coisa no fao, porque no sei fingir.

    Sou cigano vira-mundo,sempre mudando de choe, lendo a sorte do mundo,eu trago o mundo na mo.

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    A gotinha irreprimvel,que molha um rosto qualquer,

    torna-se uma arma terrvel,quando o rosto de mulher.

    A minha vida consistenuma tristeza sem fim,

    como se tudo que tristechorasse dentro de mim...

    Deus fez a lua, por certo,para os divinos instantes

    em que, a ss, um do outro perto,possam viver dois amantes.

    Dois jovens nossa frente:se agarrados - namorados;porm, se no, toda gente logo sabe - so casados...

  • Cear Trovadoresco 1

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    Eu no sei o que tristeza,sou a alegria em pessoa.Ser alegre - que beleza!Ser feliz - que coisa boa!

    Eu sinto um prazer imenso,prazer imenso e sem fim,

    quando penso, quando pensoque tambm pensas em mim.

    H nos versos que componho,e nas trovas que se l,

    farrapos de um rseo sonhoe algo, meu bem, de voc.

    Muitas vezes tem a vida,a nossa vida sem graa,

    a ventura resumidanum curto instante que passa...

  • Cear Trovadoresco 1

    145

    No creio que haja belezamaior, e certo no h,

    do que a que tens, Fortaleza,capital do meu Cear!

    Nesta vida corriqueira,o que mais se v e sente

    que no falta quem queirapisar nos calos da gente.

    Ontem, meu bem, no fiz nada.Hoje, tambm, nada fiz.

    Fazer o que, minha amada,se ao teu lado sou feliz!

    Quando o cime nos alcanae domina de repente,

    mata a nossa confianae estraga a vida da gente...

  • Cear Trovadoresco 1

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    Quando se volta algum dia,mesmo velho, ao velho ninho,sempre se encontra a alegria

    chorando pelo caminho.

    Resistir-te - eis a certeza,eu te confesso: no pude!

    - Pena que, rica em beleza,sejas to pobre em virtude...

    Se no s santa, pareces, deusa dos sonhos meus,pois at nas minhas precestu te misturas com Deus!

    Todos sabem que o dinheirotudo leva perdio,

    mas nele que o mundo inteirovai buscar a salvao!

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    148

    Abre a porteira do diaO sol faz sua carreira

    Esmorece a tarde esfriaVai dormir a noite inteira.

    Chegou depressa velhice,e o velho que foi discreto

    se desmancha em macaquice,s para agradar o neto.

    Fecha a cortina do dia.noite acalenta o sol.

    A lua invejando espiae faz das nuvens lenol.

    Locutora apaixonadapor algum que no lhe quer,

    a pessoa desejadadetesta o nome mulher.

  • Cear Trovadoresco 1

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    Locutor preocupadocom o pedido insistenteMeyre tinha debandado.

    Quem fugiu? Foi bicho ou gente.

    Macaquice s tem graaem circo ou mesa de bar,um brio na rua ou praa

    cantando: eu quero mamar.

    Maranguape boa terrade Chico, de Capistrano.

    Maranguape ao p da serrabem pertinho do oceano.

    Maranguape envolto em sonhosdesde o tempo de criana,vive momentos risonhos

    no progresso na bonana.

  • Cear Trovadoresco 1

    150

    Sou parte da sua vida.Se o machado me devora,ningum sara esta ferida.A floresta geme e chora.

    Sua a floresta nativa.Sou vida na mesma terra.No procede essa evasiva

    da foice, o machado a serra.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    152

    Nesta vida alucinantede derrotas e vitrias,

    vivemos a cada instantepedaos dessas histrias.

    O inverno o pranto de Deus,faz a alegria renascer,

    o agricultor olha os seus,louvando o que vai colher!

    O seu sorriso faceironuma noite de esplendor,

    tomem meu ser por inteirona exploso de um grande amor.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    154

    A chuva traz lembranauma janela quebrada,

    a casa humilde e a crianaolhando, triste, a enxurrada.

    Ao migrante maltrapilho,que cruza o adusto serto,

    s resta, ao morrer-lhe o filho,o consolo da orao...

    Apregoa o Z Serfico,que a mulher est na dela:

    - como um filme fotogrfico,s no escuro se revela...

    At nisto o Carvalhaisteve uma sorte grada:- Ele, que fala demais,

    tem sogra que surda e muda.

  • Cear Trovadoresco 1

    155

    Casa assombrada... sombria...Portas rangendo... Arrepio...

    E o Z tremia, tremia,dizendo que era de frio!...

    Cu sem nuvens, o cortejo,sol a pino, segue ao lu,que a sorte do sertanejodepende sempre do cu.

    Confia tanto na Liz,que, vindo mais cedo, um dia,

    embora vendo, no quisacreditar no que via...

    Descrente, maldigo atmeus atos de contrio,por no ter, a minha f,o tamanho da orao!...

  • Cear Trovadoresco 1

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    Diz que vai me abandonar,cai em pranto mas, depois,

    perdoa e pe-se a rezar,pedindo aos cus por ns dois...

    Endoidou e, em seus chiliques,diz que um relgio em destaque,

    por isso vai, com seus tiques,repetindo - tique-taque...

    E o marido da Mercedes,pintor sagaz, com seus trecos,

    de dia pinta paredes,de noite... "pinta os canecos".

    No fosse a dor no traseiro,numa corrida recorde,diria, ainda, o carteiro,

    que "co que ladra no morde!...

  • Cear Trovadoresco 1

    157

    No forr do Z Pancada,que acabou no maior pau,o Chico desceu a escadasem pisar nenhum degrau!

    No milho que amadurece,oscilando ao vento, eu vejo

    a recompensa da messeao labor do sertanejo.

    No peito, este amor persistelatente, dorido, eterno,

    que tua ausncia fez tristecomo os ocasos de inverno.

    Pintora boa, de fato,tem talento a Elizabete,

    pois pintando o auto-retrato,pintou-o "pintando o sete".

  • Cear Trovadoresco 1

    158

    orque o armrio criou famade esconderijo galante,

    foi mesmo embaixo da camaque ele escapou do flagrante...

    Teus olhos nos meus pousados,em silente confisso,

    so dois monges deslumbrados,rezando a mesma orao!

    Trancado em pequeno armrio,para escapar da tosquia,

    de um marido armado, o Mriotem hoje "armrio-fobia"...

    Vendo o gal na TVbeijar a sua parceira,

    grita o garoto: - Mi,igual papai e a copeira!...

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

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    Mame, eras diferentedas outras Mes, para mim.

    De ti sinto bem presenteesta saudade sem fim.

    Olho o mar, o cu, a rua.Vai chegando a tarde ao fim.

    O panorama insinuapr do sol dentro de mim.

    Quatro versos: eis a prova,sim, num texto independente,

    da grandeza de uma trova.Sete slabas somente.

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

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    Escondi-me na florestapara ocultar minha dorera to rala e modesta

    que ela veio e me encontrou.

    Maranguape, Alto da Vila,Outra Banda vem depressa,

    no verde da clorofila,dorme a cidade em promessa.

    O homem disse: benzedeira,Nasci com esta gaguice,Estrabismo e bebedeiraCura minha macaquice

    O p de ponta viradaEnganando o caador, Curupira que guarda

    A floresta, por amor

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

    164

    Ah, nesta existncia incerta,de que vale o sonho alado,

    se, quando a gente desperta,a vida j tem passado?

    Basta a celeuma de um raioaos que se dizem ateus,

    para que sintam desmaio,para que gritem por Deus!

    Corao que choras tanto,achars decerto, um dia,

    no imenso mar de teu prantoas prolas da alegria.

    Doura, harmonia, tudoque a mulher tem de carinho,

    est na voz de veludoda me que embala o filhinho...

  • Cear Trovadoresco 1

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    Eis a verdade corridanas sendas de toda sorte:Se a morte sucede vida,a vida sucede morte.

    Guarda bem essa lioem teus passos descuidados:Pressa, falha e imperfeio

    caminham de braos dados.

    H diferena nas ruasda misria e da abastana,

    mas sempre igual nas duaso sorriso da criana.

    O sol que te ama a pobreza,de raios toda te veste,cidade de Fortaleza,

    noiva do sol do Nordeste!

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

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    Inda que a sorte te eleves culminncias da glria,

    no te esqueas - tudo brevenesta vida transitria!

    Os trabalhos desta vidas na campa vo findar.

    Todos se queixam da lida,mas ningum quer descansar...

    O vento que a flor afaga sagaz explorador:

    dessas carcias, em paga,leva o perfume da flor.

    Passa na vida a desgraa,passa a ventura querida,tudo, nesta vida, passa.

    At que... passa esta vida!

  • Cear Trovadoresco 1

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    Viuvinha, este teu prantoaos ps de Nosso Senhor, por quem querias tanto,ou pedindo outro amor?

    Se todo mal traz um beme o bem desejas fruir,

    por que, quando o mal te vem,dele procuras fugir?

  • Cear Trovadoresco 1

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  • Cear Trovadoresco 1

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    No esplendor dos verdes anosminha alma feliz sorria;

    hoje, imersa em desenganos,tem vislumbres de alegria.

    No inverno da minha vida,contrita, peo ao Senhor:

    Sentir-me sempre aquecidapela paz do teu amor.

    Quero sim! Quero vitriasmas, sem muita fantasia,

    busco-as nas lutas inglriasque temos no dia-a-dia.

  • Cear Trovadoresco 1

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    SOBRE O LIVRETO

    O Livreto Cear Trovadoresco tem por intuito a divulgao dos trovadores do Estado do Cear. Este mais um nmero, outros se sucedero, periodicamente, mantendo viva a memria destes literatos que so orgulho de seu Estado.

    As trovas foram obtidas de boletins, jornais, revistas e sites. Grande parte se deve a colaborao do poeta Luciano M. Brando, o qual me enviou a maioria das trovas, tambm o blog da Eliana Jimenez, de SC, http://poesiaemtrovas.blogspot.com.br.

    Caso possuam trovas, poesias, contos de literatos de sua cidade que no esto em meu blog (http://singrandohorizontes.blogspot.com), enviem para meu e-mail [email protected] para que sejam divulgados.

    Jos Feldman

  • Cear Trovadoresco 1

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    DIREITOS AUTORAIS

    O contedo deste livreto no pode ser comercializado sem a autorizao dos autores ou responsveis, no caso dos falecidos.

    Respeite os direitos do autor.

  • Cear Trovadoresco 1

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    Jos Feldman

    Feldman um vencedorum mestre da alegria,um Poeta Trovador,

    um fazedor de Poesia.No h em todo universomelhor fazedor de verso

    pois um dom que ele traz!Pra Feldman, em nada eu ganho,

    ele grande no tamanhoe nas Poesias que Faz.

    (Ademar Macedo Natal/RN)

  • Cear Trovadoresco 1

    174Nasce na cidade de So Paulo, no dia 27 de setembro de 1954.Com cerca de 13 anos de idade, escreve as suas primeiras poesias. Na poca j lia muitos livros e revistas.

    Primeiros livros foram a coleo de Monteiro Lobato dada por seu pai. Com cerca de 15 anos de idade participou de concursos de poesia sem sucesso.

    Desde 1973, com uma fome enorme de conhecimento, realizou vrios cursos, como Filosofia no Instituto Palas Athena, Italiano na Associao de ultura Afro-Brasileira, Ingls no Instituto Roosevelt e Instituto Norte Americano, Leitura Dinmica e Desinibio e Criatividade, no Instituto Dynamics Cymel, Arte Dramtica no Instituto Macunama, Filosofia no Centro de Estudos Filosficos Pr-Vida, alm de diversas palestras e encontros de literatura.

    No ICIB, pertence a diretoria cultural, promovendo diversos eventos musicais, alm da Oficina de Trovas, ministrada pelo grande trovador Izo Goldman, e revelando talentos musicais dos jogadores do departamento de xadrez.

    Neste perodo comea a dar maior nfase tambm literatura, ao fazer, na Casa Mrio de Andrade (Oficina da Palavra) o curso de Poesia Viva, com a poetisa Eunice Arruda, curso de literatura com Mario Amato, Fico Cientifica na literatura e no cinema com o escritor de renome internacional, Andr G. Carneiro, alm da Oficina de Trovas com Izo Goldman.

    Na literatura continuou tentando ainda concursos de poesia na Livraria Freitas Bastos e Scortecci, mas ainda sem sucesso. Com as trovas, obteve pela primeira vez uma meno honrosa no Concurso de Santa Cruz do Sul (RS).

    Casou-se em 1995 com a poetisa, escritora e tradutora paranaense Alba Krishna Topan, a qual conhecera no curso de Fico Cientfica, na Casa Mario de Andrade.

    Em Ubirat/PR, comeou a se firmar ao ser eleito em 2001 como vice presidente da diretoria provisria, da Associao dos Literatos de Ubirat (ALIUBI), tendo contato com poetas da regio.

    Registrou-se como representante da Delegacia de Ubirat, pela Unio Brasileira de Trovadores do Paran, auxiliando na elaborao do Boletim Paran em Trovas com a presidente da UBT Paran Vnia Ennes, o secretrio Nei Garcez e o grande trovador A. A. de Assis.

  • Cear Trovadoresco 1

    175Percebendo o pouco acesso das pessoas literatura, e mesmo o baixo nvel de leitura, comeou a ler muito e se

    dedicar a literatura, criando deste modo um boletim, de nome Singrando Horizontes, que era feito principalmente em dados obtidos na internet e revistas, que abrangia tudo de literatura (contos, cronicas, artigos, biografias, poesias, curiosidades da lingua, noticias do mundo, estudos de livros, etc.), e comeou a distribuir por e-mail para inicialmente amigos, trovadores e associaes. Com o tempo foi descobrindo novos endereos e distribuiu em escolas, universidades, academias do Brasil Inteiro, alm de Estados Unidos e Portugal.

    O Boletim foi indicado para ser inserido nos anais da Casa Legislativa Maonica, pelo falecido magistrado, Mestre Maom e Deputado da Loja "Os Templrios", de Curitiba, PR, Valter Martins de Toledo.

    Criou o Blog Pavilho Literrio Cultural Singrando Horizontes (http://singrandohorizontes.blogspot.com/) seguindo os mesmos moldes do boletim, com muito mais contedo, postados diariamente, iniciado ao final de dezembro de 2007. Com isto, comeou a ficar mais conhecido devido a sua divulgao dos escritores, sendo convidado no ms de junho de 2008 a efetuar uma palestra na Academia de Letras de Maring, onde discursou sobre o Panorama da Literatura no Brasil. Muitos escritores comearam a enviar seus textos e livros para apreciao crtica.

    Em novembro de 2008, a convite do escritor Sorocabano Douglas Lara, passou a ser membro da ONE (Ordem Nacional dos Escritores), recebendo o medalho das mos do presidente da ONE, Jos Verdasca, em 19 de dezembro de 2008, no Gabinete de Leitura, em Sorocaba.

    Em maro de 2009, foi convidado para a Cadeira Vitalcia da Academia de Letras do Brasil, pelo seu presidente, o Dr. Mario Carabajal, assumindo em 12 de agosto de 2009, em Piracicaba, representando o Estado do Paran, na cadeira n.1, tendo por patrono Paulo Leminski, ocasio em que alm de receber o diploma de imortal, recebeu o ttulo de Doutor Honoris Causa das mos do presidente da ALB. Foi nomeado presidente da ALB/Paran e Vice-Presidente do Conselho de tica, desde agosto de 2009.

    Grande incentivador e divulgador da literatura paranaense, reside na cidade de Maring/PR. No possui nenhum livro publicado.

  • Cear Trovadoresco 1

    176PRODUO LITERRIA

    Possui participao na apresentao dos livros em papel:tila Jos Borges. Matando o Porco, Eu Contos. (Introduo do Livro)Isabel Furini. Passageiros do Espelho. (Apresentao do livro)Isabel Furini. Quero ser escritor: Livro 1 Cronicas.(Cronica: Filas, filas e mais filas, ou Por que no fiquei dormindo em minha cama?)Isabel Furini. Os Corvos de Van Gogh. (Apresentao do pintor: Van Gogh, o gnio atormentado)Vnia Maria Souza Ennes. Paran em Trovas. (com uma trova).

    E-books:

    COLEO MEMRIA VIVALivreto 1 Paran Trovadoresco (121 pginas)Livreto 2 Paran Trovadoresco (112 pginas)Livreto 1 So Paulo Trovadoresco (105 pginas)Livreto 1 Rio Grande do Norte Trovadoresco (105 pginas)Livreto 1 Minas Gerais Trovadoresco (101 pginas)Livreto 1 Rio de Janeiro Trovadoresco (180 pginas)Livreto 1 Santa Catarina Trovadoresca (104 pginas)

    SANTURIO DE TROVAS (Trovas em Imagens)vol. 1 - 58 paginasvol. 2 - 58 pginas

  • Cear Trovadoresco 1

    177vol. 3 92 pginas

    ALMANAQUE PARAN (Trovadores do Paran)n.1 - dezembro 2010 (16 paginas)n.2 - janeiro 2011 (18 paginas)n.3 - setembro 2012 - 1a. Quinzena (3 pginas)n.4 - setembro 2012 - 2a. quinzena (3 pginas) Vnia Maria Souza Ennes (Curitiba)n.5 - outubro 2012 - 1a. quinzena (3 pginas) Alberto Paco (Maring)n.6 - outubro 2012 - 2a. quinzena (14 pginas) Edio Especial A. A. de Assis (Maring)n.7 - novembro 2012 - 1a. quinzena (3 pginas) Maria Eliana Palma (Maring)n.8 - novembro 2012 - 2a. quinzena (6 pginas)- Nei Garcez (Curitiba)n.9 - dezembro 2012 - 1a. quinzena (9 pginas)- Mrio A. J. Zamataro (Curitiba)n.10 -dezembro 2012 - 2a. quinzena (8 pginas) Lairton Trovo de Andrade (Pinhalo)n.11 janeiro 2013 1. Quinzena (11 pginas) Neide Rocha Portugal

    PARAN POTICOn.1 - nov/dez 2012 (9 pginas)

    TROVA BRASIL (Trovas de todo o Brasil, exceto Paran)n.1 - dez/2012 (9 pginas) Arlindo Tadeu Hagen (MG)n. 2 dez/2012 Edio Especial (6 pginas) Ercy Maria Marques de Faria (SP)

  • Cear Trovadoresco 1

    178ALMANAQUE O VOO DA GRALHA AZULnumero 1 janeiro 2010 (74 paginas)numero 2 fevereiro 2010 (95 paginas)numero 3 maro abril 2010 (117 paginas)numero 4 maio junho 2010 (177 paginas)numero 5 julho agosto 2010 (131 paginas)numero 6 janeiro maio 2011 (265 paginas) edio especialnumero 7 junho agosto 2011 (163 paginas)numero 8 setembro novembro 2011 (184 pginas)numero 9 janeiro maro 2012 (242 pginas)

    BOLETIM LITERRIO SINGRANDO HORIZONTESNumero 1 maro de 2007 (22 paginas)Numero 2 maio de 2007 (25 paginas)Numero 3 junho de 2007 (33 paginas)Numero 4 julho de 2007 (40 paginas)Numero 5 agosto de 2007 (59 paginas)Numero 6 setembro de 2007 (60 paginas)Numero 7 outubro de 2007 (64 paginas)Numero 8 novembro de 2007 (84 paginas)Numero 9 dezembro de 2007 (82 paginas)Numero 10 janeiro de 2008 (93 paginas)Numero 11 fevereiro de 2008 (88 paginas)Numero 12 maro de 2008 (96 paginas)

  • Cear Trovadoresco 1

    179Numero 13 abril-maio de 2008 (108 paginas)

    AVULSOSCavalgada de Trovas do Paran (171 pginas)Hermoclydes S. Franco - Trovas e Poesias (52 Pginas)Francisco Neves Macedo Trovas e Poesias (16 Pginas)FELDMAN, Jos e FELDMAN, Alba Krishna Topan Feldman. Cavalgada de Sonhos. (66 pginas) Poesias, trovas, haicais e cronicas. (filho nico em papel sem cpia).

    Membro de : Academia de Letras do Brasil/ Paran Cadeira n.1 Patrono: Paulo Leminski UBT Unio Brasileira dos Trovadores/ Seo Maring ALIUBI Associao dos Literatos de Ubirat ONE Ordem Nacional dos Escritores UHE Unio Hispanoamericana de Escritores Casa do Poeta Lampio de Gaz (OCT) Ordem dos Cavaleiros Templrios (OSTG) Ordem Sagrada do Templo e do Graal (AMORC) Antiga e Mistca Ordem Rosae Crucis Pr-Vida: Integrao Csmica