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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Tecnologia e Ciência Instituto de Química Gisele dos Santos Silva Firmino Antioxidantes como tema para Feira de Ciências no Ensino Médio Rio de Janeiro 2012

Centro de Tecnologia e Ciência Instituto de Química Gisele ... · 2.3. Ação dos antioxidantes sobre os radicais livres ... destilação e cromatografia ... ao tecer considerações

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia e Ciência

Instituto de Química

Gisele dos Santos Silva Firmino

Antioxidantes como tema para Feira de Ciências no Ensino Médio

Rio de Janeiro

2012

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Gisele dos Santos Silva Firmino

Antioxidantes como tema para Feira de Ciências no Ensino Médio

Monografia submetida ao corpo docente do

Instituto de Química da Universidade do Estado

do Rio de Janeiro como requisito final para

obtenção do diploma de Licenciatura em

Química.

Orientadora: Professora Dr.ª Maria De Fátima Teixeira Gomes

Rio de Janeiro

2012

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Gisele dos Santos Silva Firmino

Antioxidantes como tema para Feira de Ciências no Ensino Médio

Monografia submetida ao corpo docente do Instituto de

Química da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

como requisito final para obtenção do diploma de

Licenciatura em Química.

Aprovado em _______________________________________________

Banca Examinadora: _________________________________________

________________________________________________

Profª. Drª. Maria De Fátima Teixeira Gomes (Orientadora)

DQGI/IQ/UERJ

_______________________________________________

Prof. Dr. Fábio Merçon

DTPB/IQ/UERJ

_______________________________________________

Prof. Dr. Antônio Carlos Augusto Da Costa

DTPB/IQ/UERJ

Rio de Janeiro

2012

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, por todo o amor e dedicação para

comigo, por terem sido a peça fundamental para que eu tenha me tornado a

pessoa que sou hoje.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, irmã e a toda minha família que, com muito carinho e apoio, não

mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida.

À professora Fátima Gomes pela paciência na orientação e incentivo que tornaram

possível a conclusão desta monografia.

A todos os professores do curso, que foram tão importantes na minha vida acadêmica.

Aos amigos e colegas, pelo incentivo e pelo apoio constantes.

A direção do Colégio Estadual Professor Ernesto Faria, em especial a professora

Denise Gutman.

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[...] Ensinar não é transferir a inteligência do objeto ao educando, mas instigá-lo no

sentido de que, como sujeito cognoscente, se torne capaz de inteligir e comunicar o inteligido.

- Paulo Freire

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RESUMO

FIRMINO, Gisele dos Santos Silva. Antioxidantes como tema para feira de ciências no

Ensino Médio. 62 f. Monografia (Graduação em Licenciatura em Química) – Instituto de

Química – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.

Esta Monografia refere-se a proposta didática desenvolvida em uma escola de Ensino

Médio, no Rio de janeiro, por uma bolsista PIBID/Capes de Licenciatura em Química da

UERJ, como projeto para uma feira de Ciências. Tem por objetivo relatar as ações

desenvolvidas e apontar como projetos desse tipo podem se constituir em projetos de ensino

ao possibilitar a contextualização dos conceitos químicos com fatos históricos e do cotidiano;

favorecer a consulta a diferentes fontes e estimular a curiosidade e a criatividade dos alunos.

A pesquisa, um estudo de caso, baseou-se na observação participante das atividades

desenvolvidas pelos alunos e nos questionamentos feitos a eles para captar suas explicações e

interpretações do objeto de estudo, pelo período de um semestre letivo. Turmas do 2º ano,

divididas em grupos, trabalharam a temática “Química da saúde”; um dos grupos ficou com o

tema “Vitamina C”. Os dados foram coletados, em um primeiro momento, em uma aula

expositiva dialogada, em que foi lido e discutido um texto sobre a vitamina C, e durante a

realização de uma atividade experimental relacionada ao mesmo tema. Os demais momentos

de observação se deram durante o desenvolvimento do projeto e em sua apresentação no dia

da Feira do Conhecimento. No decorrer do período letivo foram feitas observações em

relação: às atitudes, às ações, às manifestações de liderança, às conversas, ao

compartilhamento das ideias e sugestões, à desenvoltura e ao conhecimento adquirido sobre o

tema. O texto e o experimento despertaram o interesse dos alunos levando-os a participar com

diversas perguntas. Os alunos estabeleceram relações e previram os resultados do

experimento para diferentes frutas. Em um segundo momento, o grupo consultou várias fontes

e selecionou dados em diferentes formatos: tabelas, textos e vídeos. Os alunos mostraram-se

interessados em coletar informações sobre a vitamina C e preocupados em apresentá-las de

forma clara e contextualizada aos ouvintes durante a Feira do Conhecimento, e para tal,

selecionaram os recursos que julgaram mais eficazes. Além da descrição da aplicação e dos

resultados desse projeto de ensino, esta Monografia também apresenta propostas didáticas

relacionadas ao tema “antioxidantes”, focadas, principalmente, na importância histórica das

especiarias e nas características e propriedades de condimentos de uso comum na culinária

nordestina.

Palavras-chave: Antioxidantes, Feira de Ciências, Ensino de Química.

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ABSTRACT

This Monograph refers to didactic proposal developed into a college of High School in

Rio de Janeiro, a scholar PIBID / Capes of the UERJ Degree in Chemistry, as a project for a

Science fair. Aims to report the actions taken and indicate how such projects can become

teaching projects to enable the context of chemical concepts with historical facts and daily

life, encouraging consultation with various sources and stimulate curiosity and creativity of

students. The research, a case study was based on participant observation of the activities

developed by the students and the questions posed to them to capture their explanations and

interpretations of the object of study for one semester. The second year classes, divided into

groups, worked the theme "Chemical of the Health", was one of the groups with the theme

"Vitamin C". Data were collected in the first instance, in a dialogued lecture, that was read

and discussed a text about the vitamin C, and during an experimental activity related at same

theme. Other moments of observation occurred during the development of the project and its

presentation on the day of the Fair of Knowledge. During the school period observations were

made in relation: the attitudes, actions, manifestations of leadership, the conversations, the

sharing of ideas and suggestions, the resourcefulness and knowledge acquired on the subject.

The text and the experiment aroused the interest of the students leading them to participate

with several questions. Students have established relationships and predicted results of the

experiment for different fruits. In a second moment, the group consulted several sources and

selected data in different formats: tables, texts and videos. Students were interested in

collecting information about vitamin C and anxious to present them clearly and in context to

listeners during the Fair of Knowledge, and to this end, selected resources that were judged

most effective. Besides the description of the implementation and outcome of this teaching

project, this Monograph also presents didactic proposals on the theme "antioxidants", focused

mainly on the historical importance of the spices and the characteristics and properties of

spices commonly used in cooking Northeastern.

Keywords: Antioxidant. Science fair. Teaching of Chemistry.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11

1. A HISTÓRIA E AS ESPECIARIAS ............................................................................ 15

1.1. Antioxidantes encontrados nas especiarias .................................................................. 18

2. ANTIOXIDANTES ........................................................................................................ 23

2.1. Definição .......................................................................................................................... 23

2.2. Radicais livres ................................................................................................................. 23

2.3. Ação dos antioxidantes sobre os radicais livres ........................................................... 24

2.4. Usos e aplicações industriais dos antioxidantes ........................................................... 25

2.5. Importância dos antioxidantes na alimentação humana ............................................ 26

3. ANTIOXIDANTES E ENSINO DE QUÍMICA ........................................................... 28

4. FEIRA DE CIÊNCIAS ................................................................................................... 31

5. METODOLOGIA ........................................................................................................... 33

6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DA APLICAÇÃO DO PROJETO DIDÁTICO ............. 35

7. CONCLUSÕES A RESPEITO DA APLICAÇÃO DO PROJETO ........................... 40

8. PROPOSTAS DIDÁTICAS PARA O USO DO TEMA “ANTIOXIDANTES” EM

AULAS DE QUÍMICA .......................................................................................................... 41

9. COMENTÁRIOS FINAIS .............................................................................................. 43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 45

ANEXO I – Vitamina C .................................................................................................. 51

ANEXO II – À procura da Vitamina C ........................................................................... 54

ANEXO IV – Questões sobre vitamina C ....................................................................... 56

ANEXO V – Questões sobre temperos ............................................................................ 57

ANEXO VI – A Química dos temperos .......................................................................... 59

ANEXO VII – Processos de separação: extração, destilação e cromatografia ............... 62

ANEXO VIII – Roteiro dos experimentos sobre antioxidantes ...................................... 65

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INTRODUÇÃO

Nos últimos anos o Ensino Médio tem passado por diversas mudanças e reformulações

na tentativa de adequar o conteúdo de sala de aula a temas e/ou situações experimentadas

pelos alunos na sociedade em que vivem. Essas ações se apoiam em um novo perfil de

currículo, voltado para a aquisição de competências básicas, e que se sustenta na proposta de

organizar e tratar os conteúdos de tal modo que prevaleça sua interdisciplinaridade e

contextualização, em conformidade com os princípios defendidos pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais (BRASIL, PCNEM, 2000a, p.46), que, a esse respeito, argumentam

que:

“O tratamento contextualizado do conhecimento é o recurso que a escola tem para retirar o

aluno da condição de espectador passivo. Se bem trabalhado permite que, ao longo da

transposição didática, o conteúdo do ensino provoque aprendizagens significativas que

mobilizem o aluno e estabeleçam entre ele e o objeto do conhecimento uma relação de

reciprocidade. A contextualização evoca por isso áreas, âmbitos ou dimensões presentes na

vida pessoal, social e cultural, e mobiliza competências cognitivas já adquiridas”. (p.78).

Trabalhar temas e conceitos centrais relativos a uma área de ensino ou disciplina

utilizando contextos apropriados pode dar significado aos seus conteúdos de aprendizagem,

que poderão posteriormente ser úteis e significativos aos alunos em suas futuras ocupações e

no exercício da cidadania. No caso particular da disciplina Química, os Parâmetros

Curriculares Nacionais para o Ensino Médio preconizam que:

“o aprendizado de Química pelos alunos de Ensino Médio implica que eles compreendam as

transformações químicas que ocorrem no mundo físico de forma abrangente e integrada e

assim possam julgar com fundamentos as informações advindas da tradição cultural, da

mídia e da própria escola e tomem decisões autonomamente, enquanto indivíduos e cidadãos.

Esse aprendizado deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos processos químicos em

si quanto da construção de um conhecimento científico em estreita relação com as aplicações

tecnológicas e suas implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas”. (BRASIL,

PCNEM, 2000b, p. 31).

Schnetzer (2010) ao tecer considerações sobre alternativas didáticas para o ensino de

Química na Educação Básica aponta a necessidade do professor dar ênfase ao tratamento de

temas e de conceitos centrais da Química, ao selecionar e organizar os conteúdos de

aprendizagem, de modo a expressar o objeto de estudo e de investigação dessa Ciência. Em

relação às possibilidades de abordagem alternativas dos conteúdos químicos pelos professores

nas salas de aula, Schnetzer destaca a importância de articulações entre os três níveis de

conhecimento químico: fenomenológico, teórico e representacional, a que se referem

MORTIMER, MACHADO e ROMANELLI (2000)1.

1“O aspecto fenomenológico diz respeito aos fenômenos de interesse da química, sejam aqueles concretos e

visíveis, como a mudança de estado físico de uma substância, sejam aqueles a que temos acesso apenas indiretamente, como as interações radiação-matéria que não provocam um efeito visível, mas que podem ser detectadas na espectroscopia. Os fenômenos da química também não se limitam àqueles que podem ser

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Para Schnetzer,

“ao selecionar e organizar o processo de ensino segundo tais temas e articulações, o

professor precisará, ainda, relacioná-los a eventos e/ou assuntos da vida humana a fim de

propiciar aos seus alunos uma nova leitura (química) que complementa, amplia todo modo

usual, ou de senso comum, de pensá-los” (2010, pg. 153).

Nesse sentido, o currículo no ensino de Química deixa de ser uma mera transmissão de

conhecimentos científicos adaptados, para ser construído pelos alunos, por meio da mediação

docente, levando a produção de um conhecimento ou saber escolar. Saber este que é

construído na escola e pela escola; e que não é inferior ao conhecimento científico, mas que

possui papel diferente (objetivo diferente). O conhecimento escolar leva em consideração

outros fatores (relativos ao ambiente, economia, política, tecnologia, ética, cultura, etc.) que

fazem parte do processo de aprendizado e que tem relação com a sociedade na qual os

estudantes estão inseridos.

Cabe ao professor, a difícil tarefa da reelaboração pedagógica dos conteúdos

científicos tornando-os compreensíveis para os alunos e agir como mediador da construção

desse “conhecimento químico escolar”. Para isto é necessário que o professor conheça as

concepções dos alunos sobre os temas e conceitos a serem ensinados e use estratégias

didáticas apropriadas para tornar sua aprendizagem mais eficaz (Schnetzer, 2010).

No decorrer do curso de Graduação são raras as oportunidades do licenciando em se

envolver em atividades de reelaboração pedagógica do conhecimento científico e, ou, de

produção de materiais didáticos tornando-os apropriados para serem utilizados por seus

futuros alunos. O desenvolvimento desse trabalho possibilitou articular conhecimentos de

diferentes áreas e a organização de atividades didáticas.

Na palavras de Paulo Freire, “[...] ensinar não é transferir a inteligência do objeto ao

educando, mas instigá-lo no sentido de que, como sujeito cognoscente, se torne capaz de

inteligir e comunicar o inteligido” (1996). Compartilha-se aqui das ideias de Paulo Freire,

que inteligência não se transfere, mas que através da educação podem ser oferecidas

condições para que o aluno desenvolva sua capacidade de aprender, sua autonomia intelectual

reproduzidos em laboratório. Falar sobre o supermercado, sobre o posto de gasolina é também uma recorrência fenomenológica. Neste caso, o fenômeno está materializado na atividade social. E é isso que vai dar significação para a Química do ponto de vista do aluno. São as relações sociais que ele estabelece através dessa ciência que mostram que a Química está na sociedade, no ambiente. A abordagem do ponto de vista fenomenológico também pode contribuir para promover habilidades específicas tais como controlar variáveis, medir, analisar resultados, elaborar gráficos etc. O aspecto teórico relaciona-se a informações de natureza atômico-molecular, envolvendo, portanto, explicações baseadas em modelos abstratos e que incluem entidades não diretamente perceptíveis, como átomos, moléculas, íons, elétrons etc. Os conteúdos químicos de natureza simbólica estão agrupados no aspecto representacional, que compreende informações inerentes à linguagem química, como fórmulas e equações químicas, representações dos modelos, gráficos e equações matemáticas” (pág.276).

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e um pensamento crítico. Neste sentido, propôs-se realizar um conjunto de atividades, em

aulas de Química de uma escola pública, que tinha como produto final a apresentação de um

trabalho em uma Feira de Ciências, como forma de contribuir para que o aluno pudesse:

- Reconhecer e compreender a ciência e tecnologia químicas como criações humana,

portanto inseridas na história e na sociedade em diferentes épocas.

- Perceber o papel desempenhado pela Química no desenvolvimento tecnológico e a

complexa relação entre ciência e tecnologia ao longo da história.

- Reconhecer os aspectos relevantes do conhecimento químico e articular esses

conhecimentos com outras áreas, nesse caso História e Biologia.

- Elaborar comunicações orais, fazendo uso dos recursos que forem necessários para

relatar o trabalho.

- Estabelecer relações através da reprodução de um experimento.

- Desenvolver a capacidade de trabalhar em equipe.

- Ampliar sua criatividade, responsabilidade, criticidade e sua interação com a

comunidade escolar.

As atividades realizadas com os alunos compõem o rol de atividades propostas no sub-

Projeto de Química, participante do projeto Institucional “Saber Escolar e Formação Docente

no Ensino Básico” desenvolvido no âmbito do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência

da Capes – PIBID.

O subprojeto de Química visa incentivar a formação docente e elevar a qualidade do

curso de Licenciatura em Química da UERJ, ao diminuir a dicotomia entre teoria e prática

pedagógicas, bem como valorizar o professor de Ensino Médio em exercício. As principais

metas do subprojeto são:

I. Proporcionar a vivência no magistério a partir da participação efetiva dos bolsistas PIBID

em atividades didáticas.

II. Contribuir para a inserção de atividades experimentais no ensino de Química.

III. Possibilitar a inserção dos bolsistas PIBID em atividades transdisciplinares e extraclasse.

IV. Promover melhorias no processo de ensino e aprendizagem.

É como licencianda em Química e bolsista do PIBID, que relato nessa Monografia as

experiências que vivenciei ao elaborar e executar, com os alunos do Colégio Estadual

Professor Ernesto Faria, as atividades realizadas no projeto didático que visou abordar

aspectos históricos, biológicos e químicos relacionados aos antioxidantes, utilizados em

alimentos ou com fins medicinais, especialmente o ácido ascórbico (vitamina C); visou

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também favorecer que os alunos, por meio da expressão oral e escrita, transmitissem os

conhecimentos adquiridos aos demais membros da comunidade escolar, usando para tal o

espaço de uma feira de ciências.

OBJETIVO

O objetivo geral desta monografia é apresentar propostas didáticas para o uso do tema

“antioxidantes”, no contexto Saúde, em aulas de Química no Ensino Médio.

O objetivo específico é apresentar um estudo de caso, na forma de um relato de

experiência, sobre o desenvolvimento de um projeto didático, que tinha como produto final

uma Feira de Ciências, em uma escola pública do Rio de Janeiro, que teve como tema a

vitamina C, um antioxidante.

ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

O capítulo 2, intitulado “A História e as especiarias” visa relatar os diferentes usos

dados às especiarias e seu valor comercial, em um panorama histórico; apresenta também

algumas especiarias e seus principais componentes. No capítulo 3, “Antioxidantes”, são

apresentadas as características e propriedades dos antioxidantes, assim como suas aplicações,

importância na alimentação e no tratamento ou prevenção de doenças. O capítulo 4

denominando “Os antioxidantes e o ensino de Química” traz uma revisão bibliográfica de

trabalhos científicos relacionados ao tema, publicados nos últimos anos. No capítulo 5, “Feira

de Ciências”, destacam-se questões importantes que fazem parte da composição de uma feira

de ciências. Os capítulos 6, 7 e 8: “Metodologia”, “Análise e discussão da aplicação do

projeto didático” e “Conclusões a respeito da aplicação do projeto” referem-se à pesquisa

qualitativa, desenvolvida na forma de um estudo de caso, sobre a aplicação de um projeto

didático em aulas de Química no ensino Médio. O capítulo 9, “Propostas didáticas para o uso

do tema “antioxidantes” em aulas de Química” encontram-se algumas sugestões relacionadas

ao tema em questão e no capítulo 10 são apresentados os comentários finais sobre a

Monografia.

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1. A HISTÓRIA E AS ESPECIARIAS

A história das especiarias está intimamente ligada à história da humanidade, não

somente pelo fato de que a busca por elas, teria impulsionado a “Era das Navegações” ou “Era

dos descobrimentos”, mas porque a alimentação é essencial para o homem desde o

nascimento e é da alimentação que se retira os nutrientes essenciais para funcionamento do

organismo (RECINE e RADAELLI, 2011). Além disso, a alimentação “é um aspecto

marcante no estabelecimento de diferenças e semelhanças culturais entre os povos”.

Povos da Ásia e do Egito faziam uso das especiarias como condimento, mezinhas,

excitantes, relaxantes, perfumes e unguentos coloridos que serviam basicamente, como

tintura, tempero e medicamento. Isso se tornou possível porque na época já eram conhecidas

propriedades medicinais e antibacterianas das especiarias. Como não havia a possibilidade de

refrigeração para conservar alimentos frescos, a grande vantagem na utilização de especiarias

era aumentar o tempo de consumo dos alimentos graças à presença de substâncias que ao

inibirem ou retardarem processos de degradação dos alimentos, permitiam que características

como a cor e o sabor fossem preservados, além de melhorar o sabor de produtos que fossem

secos, defumados ou salgados e conferir odores capazes de mascarar a putrefação,

principalmente das carnes (RAMOS, 2004).

Gregos e romanos, segundo Le Couteur (2006), já usavam pimenta e outros temperos

para fins medicinais e culinários por volta do século V a.C. e supõem-se que a pimenta foi

introduzida na Europa pelos árabes por uma rota que passava pelo mar vermelho. Já no século

I d.C., as especiarias levadas da Ásia e África para Europa através do Mediterrâneo

respondiam por mais da metade das importações.

Ramos (2004) afirma que no auge do império romano, por volta do século VI d.C., as

especiarias circulavam por toda Europa como artigo de luxo; uma vez que, uma pequena

quantidade do produto era vendida por um preço muito alto, somente a alta burguesia e os

senhores feudais poderiam comprá-los.

Os países banhados pelo mar Mediterrâneo, como a Itália, traçaram suas rotas através

das Cruzadas (final do século XI), que mesmo tendo a princípio objetivos militares e

religiosos, na quarta cruzada, é possível identificar também objetivos econômicos. Conhecida

também como Cruzada Comercial, a quarta cruzada foi liderada por comerciantes de Veneza,

que saquearam a cidade de Constantinopla e tomaram o monopólio sobre o comércio de

especiarias. Com isto, Veneza tornou-se uma das cidades italianas mais desenvolvidas e

frequentadas por mercadores de toda Europa - que vinham em busca de produtos exóticos

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trazidos do Oriente (Índia e China), tais como seda e especiarias (pimenta - vendida a preços

altíssimos) - durante os últimos quatro séculos da Idade Média, período em que manteve

quase total controle sobre o comércio e navegação no Mediterrâneo (VICENTINNO, 2001).

Sousa e Waldman (2009) destacam o uso das especiarias durante a peste negra, que até

hoje é considerada a mais devastadora epidemia da história da humanidade por ter dizimado

cerca de 1/3 da população europeia durante o século XIV. Com a crise do sistema feudal, a

Europa estava mergulhada em problemas que passavam pela escassez de recursos financeiros,

a baixa produção de alimento e a insalubridade das cidades, que não possuíam sistemas de

água ou esgoto. A epidemia era considerada fatal para os indivíduos que apresentassem fortes

dores pelo corpo e cheiro ruim nos fluidos como saliva, suor e sangue dos pulmões; em geral

morriam em cinco dias (embora existam relatos de pessoas que morreram antes mesmo de

acordar).

Os médicos muitas vezes receitavam como tratamento, remédios exóticos como

melaço de dez anos, picadinho de serpente, mirra, açafrão, compostos feitos com especiarias

raras, pérolas ou esmeraldas trituradas e até pó de ouro; pois, creditava-se a eficiência de um

remédio ao seu alto custo. Os médicos acreditavam que os “agentes” da propagação da peste

seriam os “humores” (cheiro ruim) emitidos pelos doentes e pelos corpos em decomposição e

recomendavam o uso de máscaras de especiarias. A máscara, que deveria ser colocada no

nariz, tinha um bico que era preenchido com especiarias. Uma pessoa que respirasse pela

máscara, não sentiria o cheiro dos “humores” e estaria protegido da peste (GUSMÃO, 2012).

De acordo com Nepomuceno (2005), essas especiarias eram tão valiosas que era

comum serem usadas como “moedas de troca, dotes, heranças, reservas de capital, divisas de

um reino. Pagavam serviços, impostos, dívidas, acordos e obrigações religiosas”. Além disso,

as especiarias tinham a vantagem de “suportar meses ou até anos de travessia por mar ou terra

sem perder as qualidades aromáticas e medicinais”, o que tornava viável adquiri-las em

viagens a terras distantes, uma vez que o clima frio da Europa não era propício ao cultivo

desses alimentos (RODRIGUES e SILVA, 2009).

Não demorou muito para que países como Portugal, Espanha, Holanda e Inglaterra

percebessem que o comércio de especiarias poderia ser tão lucrativo quanto o de ouro ou

pedras preciosas e, a partir daí, teve início a Era dos Descobrimentos. Países como Espanha e

Portugal saíram em busca principalmente da pimenta-do-reino, o que exigiu investimentos em

frotas de navegação mais resistentes para alcançarem seus objetivos (LE COUTER, 2005).

Com a intenção de obter especiarias, alguns navegadores rumaram em direção ao

oeste, como foi o caso de Cristovão Colombo que, financiado pela Espanha, saiu em busca de

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pimenta-do-reino e, em 1492, chegou ao Haiti pensando ter chegado à Índia, encontrando

chili, ao invés de pimenta-do-reino.

O chili (chilli ou Chile) é um tipo de pimenta que pode ser encontrada também na

região andina da Bolívia, do Peru e do Equador. Na comida, agrega sabor e também “calor”

(que é a sensação de ardência que se sente ao consumir comidas com muita pimenta). São

conhecidas mais de três mil variedades de pimenta chili; elas possuem vitamina C, tem poucas

calorias e contêm potássio, fósforo, magnésio e ácido fólico (SOUSA e WALMAN, 2009).

Aproximadamente 50 anos após a chegada de Colombo ao Haiti, o chili havia se espalhado

por todo o mundo e incorporado à culinária de povos africanos e asiáticos (LE COUTEUR,

2003).

Outros navegadores, principalmente os portugueses que pretendiam chegar à Índia

contornando a África, rumaram ao sul. O primeiro a chegar de fato à Índia foi Vasco da

Gama, em 1498, mais precisamente em Calicut (um principado na costa sudoeste da Índia) e,

nessa viagem, conseguiu lucrar cerca de 6.000% (HUBERMAN, 1986).

Segundo Le Couteur (2006), os governadores indianos propuseram com Portugal,

negociar a pimenta em troca de ouro. Porém em 1503, Vasco da Gama retorna com

armamento e soldados para tomar a cidade de Calicut e o controle sobre o comércio de

pimenta-do-reino, dando início ao império português que se estendeu por parte da África, da

Índia, da Indonésia e do Brasil. Esse monopólio durou 150 anos, até a Inglaterra e a Holanda

tomarem o controle, principalmente após a criação de companhias como as “Índias orientais”

e “Índias Ocidentais” tornando “Londres e Amsterdã os maiores portos comerciais de pimenta

da Europa”.

Rodrigues e Silva (2009) destacam que apesar do comércio de pimenta-do-reino ter

sido o mais visado quando se trata do comércio de especiarias, condimentos como cravo-da-

índia, noz-moscada, canela, entre outros, também movimentaram mares e promoveram

tratados e guerras; povos foram massacrados e escravizados e cidades foram destruídas.

Apesar disso, ressaltam a importância que o período de expansão marítima teve para o

desenvolvimento da matemática, engenharias, astronomia e para o crescimento da econômica,

que promoveu o progresso de cidades e a construção de palácios, catedrais e a produção de

obras de arte, estas últimas por sua vez retratavam também especiarias, reflexo do valor e

importância política e econômica que tinham. Para Braga et al,

“[...] as grandes navegações mudaram por completo a história da Europa. Além de serem

fundamentais para o estabelecimento da ciência moderna, possibilitaram a queda de vários

mitos medievais. Além disso, mostraram que a adoção de um planejamento para a

investigação podia levar, não só a novos conhecimentos, mas à superação e correção dos

antigos, dando vida a um novo ideal: o progresso”(2008, pág. 32-33).

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Atualmente o comércio de especiarias não é mais tão intenso como foi na “Era das

navegações”, isso porque com o advento da refrigeração e das outras técnicas de conservação

de alimentos, a necessidade pelas especiarias diminuiu. Mesmo assim, a presença desses

condimentos ainda hoje é uma das principais características da culinária de diferentes países e

é cada vez mais recorrente a realização de estudos focados na substituição de conservantes

artificiais pelos naturais no efeito de dietas ricas em antioxidantes naturais para prevenção,

tratamento ou cura de doenças, no antienvelhecimento, etc.

1.1. Antioxidantes encontrados nas especiarias

Pimentas

Pimenta (do sânscrito, pippali) é o nome dado a diversos condimentos que provocam

sensação de ardência ao serem ingeridos (CÉSAR, 2012). A pimenta-do-reino (Piper nigrum)

originaria da África, foi utilizada pelos chineses para o tratamento de febre e problemas

digestivos a cerca de dois mil anos antes de Cristo. Foi intensamente comercializada pelos

portugueses e serviu como moeda de troca na Inglaterra.

Segundo RODRIGUES e SILVA (2009, pág.86), no livro intitulado “Le thresor de

santé” (O tesouro da saúde) publicado em 1607, existe o seguinte relato sobre a pimenta-do-

reino: “[...] mantém a saúde, conforta o estômago [...], dissipa os gases [...]. Cura os calafrios

das febres intermitentes, cura também picada de cobras. Quando bebida, serve para tosse

[...] mastigada com uvas passas purga o catarro, abre o apetite” (pág.480-481).

A princípio, os diferentes tipos de pimenta eram encontrados em regiões específicas ao

redor do mundo, com a expansão marítima, eles se espalharam e atualmente pode-se encontrar

pimenta-do-reino, malagueta, páprica, pimenta-de-caiena, pimenta-rosa entre outras, em

diversos países.

O princípio ativo da pimenta preta e da pimenta branca é a piperina (fig.1 - a), um

alcalóide de caráter lipofílico que possui diversas atividades farmacológicas, como anti-

inflamatória, antifertilidade e estimuladora da biossíntese de serotonina no Sistema Nervoso

Central, além de ser utilizada como inseticida. Existe também a chavicina (fig.1 - b) que é

isômero da piperina, e possível responsável pelo sabor pungente (picante). A capsaicina (fig.1

- c), encontrada principalmente em pimentas do gênero Capsicum; possui atividade

analgésica, especialmente para lesões associadas à artrite, sendo investigado o seu uso para o

tratamento de diabetes e câncer, por agir nos receptores de dor e deixá-los refratários aos

estímulos de dor provocados pela doença.

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N

O

O

O

(a) (b)

N

O

H

O

HO

(c)

Figura 1 – (a) Piperina, (b) Chavicina, (c) Capsaicina

Cravo-da-Índia

É uma especiaria originária de uma árvore nativa da Indonésia. Muito utilizado em

doces, apresenta-se como um cabinho, que sustenta a flor, de odor agradável. Segundo Le

Couteur e Burreson (2005), na corte imperial chinesa (200 a.C.), cortesãos mascavam cravo-

da-índia para perfumar o hálito. Atualmente é cultivado no Caribe, em Madagascar e no

Brasil, no sul da Bahia, onde é cultivado associado à cultura cacaueira. O "óleo-de-cravo",

rico em eugenol (fig. 2), já teve mais aplicações do que hoje na medicina popular. Emprega-se

com resultados benéficos nas dores de dentes, nas afecções do aparelho digestivo e como

afrodisíaco. Promove ou restabelece o fluxo menstrual e combate os gases intestinais.

Utilizado como tônico estimulante e anti-séptico, particularmente na higienização da boca.

O

OH

Figura 2 – Eugenol

Canela

Corriconde et al (1995) diz que a canela é originária do Sri Lanka (daí o nome canela

do Ceilão, antigo nome desse país); é a parte interna da casca do seu tronco que é empregada

como especiaria, sendo rica em um óleo essencial composto principalmente por eugenol e

aldeído cinâmico (fig.3).

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Empregada desde a Antiguidade, seu uso está relatado na Bíblia “Tu, pois, toma das

mais excelentes especiarias: de mirra fluida quinhentos siclos, de cinamomo odoroso a

metade, a saber, duzentos e cinquenta siclos, e de cálamo aromático duzentos e cinquenta

siclos.” (Êxodo 30: 23) Para os egípcios a canela era valiosíssima não somente na culinária,

mas também na preparação dos cadáveres para preservar contra putrefação (KIPLE e

ORNELAS, 1999 apud SOUSA e WALDMAN, 2007).

Na Europa, no auge de sua comercialização, a canela chegou a valer dez gramas de

ouro por quilograma. Seu comércio foi dominado pelos portugueses até o século XVII,

quando os holandeses tomaram os entrepostos comerciais lusos existentes na Ásia.

Posteriormente foi aclimatada em outras regiões do mundo, como na Indonésia e no Brasil

(RODRIGUES e SILVA, 2009).

H

O

Figura 3 - aldeído cinâmico

Gengibre

O gengibre é uma planta asiática, originária da Ilha de Java, da Índia e da China, de

onde se difundiu pelas regiões tropicais do mundo. É conhecido na Europa desde os tempos

muito remotos, para onde foi levado por meio das Cruzadas.

O óleo essencial de gengibre contém canfeno, felandreno, zingibereno e zingerona

(fig.4); substâncias que conferem a esse alimento poderes medicinais.

O chá de gengibre e feito com pedaços do rizoma fresco fervido em água e usado no

tratamento contra gripes, tosses, resfriado e ressaca. Banhos e compressas quentes de gengibre

aliviam sintomas de gota, artrite, dores de cabeça e na coluna, além de diminuir a congestão

nasal e as cólicas menstruais. No Japão, massagens com óleo de gengibre são tratamentos

tradicionais e famosos para problemas de coluna e articulações. Na fitoterapia chinesa, a raiz

do gengibre é chamada de "Gan Jiang" e apresenta as propriedades acre e quente. Sua ação

mais importante é a de aquecer o baço e o estômago, expelindo o frio.

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O

OH

O

Figura 4 – Zinzerona

Noz-moscada

É o caroço de um fruto que dá em imensa árvore das ilhas de Banda nas Molucas,

Indonésia. É utilizada na indústria farmacêutica, na perfumaria e para conferir sabor e odor a

alimentos. Na medicina asiática, é anti-inflamatória, tonifica coração e cérebro e combate

fungos e bactérias.

A noz-moscada também foi usada na Europa, em 1347, dentro de um saquinho

pendurado no pescoço para proteger contra a peste negra; é bem provável que o isoeugenol

(fig.5 - a) presente na noz-moscada fresca funcionasse como repelente de pulgas que

transmitem a bactéria que causa a peste bubônica.

A noz-moscada era considerada também a especiaria da loucura, segundo Le Couteur

e Burreson (2005), por apresentar propriedades alucinógenas atribuídas a miristricina (fig. 5 -

b) e a elemicina (fig.5 - c).

(a) (b) (c)

Figura 5 – (a) Mistricina, (b) Elemicina, (c) Isoeugenol

O comércio de noz-moscada atraiu principalmente os holandeses, que a princípio

compravam-na a preços altíssimos dos bandaneses, mas como estes não respeitaram o

contrato de exclusividade de venda, os primeiros visando monopolizar o mercado dessa

especiaria, resolveram atacar as ilhas de Banda, arrasando aldeias, escravizando a população e

O

O

O

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tomando para si a produção. Entretanto os holandeses teriam ainda outro problema: os

ingleses tinham assinado anteriormente um acordo comercial com chefes locais para

permanecer na ilha de Run, a mais remota das ilhas de Banda; isso provocou outra guerra, até

que os ingleses assinaram o Tratado de Breda, no qual abriram mão da ilha de Run em troca

da ilha de Manhattan, que estava sobre domínio dos holandeses.

Sementes de noz-moscada foram contrabandeadas e competidores experimentaram

cultivá-la em outros países, mas a arvore só cresce em condições extremamente específicas.

Os holandeses, para dificultar a germinação das sementes que exportavam, mergulhavam as

nozes-moscadas em hidróxido de cálcio para que elas não brotassem. Mesmo com esse

cuidado, mais tarde os ingleses conseguiram cultivar a árvore em Cingapura e nas “Índias

Ocidentais", o que acabou por transformar a ilha caribenha de Granada na maior produtora

mundial de noz-moscada, título que ostenta até hoje. (LE COUTEUR e BURRESON, 2006).

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2. ANTIOXIDANTES

2.1. Definição

O termo antioxidante pode ser definido por “(agente) que reduz a degradação de

alimentos e de certos materiais ou compostos orgânicos devido aos efeitos da oxidação”

(dicionário Aurélio). Segundo Halliwell et al. (1995, apud Shirahigue, 2008, p. 25)

antioxidante é “qualquer substância que quando presente em baixas concentrações comparado

com outros em substratos oxidáveis, retarda ou previne significativamente a oxidação deste

substrato”.

2.2. Radicais livres

Espécies químicas, atômicas ou moleculares, que possuem um ou mais elétrons livres

são chamadas de radicais livres. Como possuem elétrons desemparelhados, esses átomos ou

moléculas tendem a perder ou receber elétrons de espécies vizinhas para se estabilizarem;

com isto, formam-se novos radicais livres que tentarão se estabilizar da mesma forma,

provocando assim, uma série de reações em cadeia; essas espécies químicas são consideradas

extremamente reativas e as reações que provocam “danificam” átomos e moléculas

(SOARES, 2002). Por esse motivo, Erenel et al (1993 apud SOARES, 2002) afirmam que os

radicais livres podem provocar modificações nas proteínas celulares, resultando em sua

fragmentação ou agregação e em certos casos, provocar a ativação ou inativação de certas

enzimas; atribuem também algumas alterações cromossômicas à reação de radicais livres com

ácidos nucleicos, que segundo eles geram mudanças em moléculas de DNA.

Os radicais livres podem ser gerados no organismo dos seres vivos (seja no

citoplasma, nas mitocôndrias ou na membrana celular) (ANDERSON, 1996 apud BIANCHI e

Antunes, 1999) como co-produto de processos biológicos essenciais. Na respiração, por

exemplo, a espécie reativa de oxigênio se forma porque a molécula de oxigênio, O2, participa

do processo para obtenção de energia na forma de ATP e o mesmo é o aceptor final de

elétrons do ciclo respiratório.

Porém, fatores externos também estão associados à formação de radicais livres,

segundo Soares et al (2002) “as fontes exógenas geradoras de radicais livres incluem tabaco,

poluição do ar, solventes orgânicos, anestésicos, pesticidas e radiações”. Oliveira et al (2009)

ressaltam que hábitos de vida considerados inapropriados como: consumo de álcool,

exercícios físicos realizados de forma extrema, estados psicológicos que provoquem estresse

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emocional, entre outros, estão possivelmente associados ao “estresse redox” ou estresse

oxidativo, que segundo Sies (1993, apud BIANCHI e ANTUNES, 1999) é o desequilíbrio

entre moléculas oxidantes e antioxidantes resultante da indução de danos celulares pelos

radicais livres.

Apesar de o estresse oxidativo estar relacionado à causa de morte celular, Anderson

(1996, apud BIANCHI e ANTUNES, 1999) diz que “ocorrência de um estresse oxidativo

moderado, frequentemente é acompanhada do aumento das defesas antioxidantes

enzimáticas”; portanto, a morte celular seria resultado da produção de uma grande quantidade

de radicais livres.

Os radicais livres mais estudados, segundo Erenel et al (1993 apud SOARES, 2002)

são aqueles em que os elétrons desemparelhados residem em átomos de oxigênio, carbono,

enxofre, nitrogênio e metais de transição e são classificados em:

- Radicais do oxigênio ou espécies reativas do oxigênio: hidroxila (HO·), alcoxila

(RO·), peroxila (ROO·), peridroxila (HOO·), oxigênio singlete (molécula de O2 em que os

dois elétrons desemparelhados têm spins eletrônicos diferentes), íon superóxido (O2-·) e

peróxido de hidrogênio (H2O2); estes dois últimos segundo Halliwell et al (1995 apud

SOARES, 2002) além da ação oxidante exercem também ação tóxica quando presentes em

altas concentrações nas células.

- Radicais de carbono: triclorometil (CCl3·)

- Radicais de enxofre: derivados de tióis ou mercaptanas (RS·)

- Radicais de nitrogênio: fenildiazina (C6H5N = N·) e óxido nítrico (NO·)

- Radicais de complexos de metais de transição: principalmente dos metais

Fe, Cu, Mn e Cr.

2.3. Ação dos antioxidantes sobre os radicais livres

Os antioxidantes são agentes responsáveis pela inibição e redução das lesões causadas

pelos radicais livres nas células e agem nos organismos através de três grandes mecanismos,

que consistem basicamente em: evitar a formação de radicais livres; interceptar a ação dos

que já foram produzidos e reparar danos causados pelos radicais livres em membranas

celulares e na molécula do DNA (BIANCHI e ANTUNES, 1999). Para Vasconcelos (2006

apud OLIVEIRA et al, 2009) os antioxidante agem nos organismos vivos por meio de

diferentes mecanismos, dos quais destacamos a capacidade de: complexar íons metálicos,

capturar radicais livres, decompor peróxidos e inibir enzimas responsáveis pela geração de

espécies reativas de oxigênio e nitrogênio.

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2.4. Usos e aplicações industriais dos antioxidantes

Atualmente existem muitos estudos sobre os mais diversos antioxidantes naturais,

sobre seus usos e aplicações. O tema é de grande interesse para a indústria alimentícia que

busca cada vez mais oferecer ao consumidor produtos de qualidade, com menores riscos de

toxicidade e com maior durabilidade gerada a partir da redução da perda nutricional; que

segundo Schuler (1990, apud MOREIRA e MANCINI, 2003, p.33) pode ser viabilizada pela

diminuição do processo de oxidação lipídica, o que é possível através do emprego de

substâncias sequestradoras de radicais livres (SOARES, 2002).

De acordo com Nagem et al (1992 apud SOARES, 2002, p. 72) os antioxidantes

atuam inibindo a oxidação lipídica e a proliferação de fungos. Peleg et al (1998) relacionam

essas “ações” dos antioxidantes ao fato destes participarem de processos responsáveis por

propriedades como cor, adstringência e aroma em vários alimentos.

A indústria farmacêutica faz uso de antioxidantes na produção de medicamentos para

tratamento ou prevenção de doenças degenerativas, como Alzheimer, Parkinson,

aterosclerose; de complicações da Diabetes mellitus, do envelhecimento precoce e outras

doenças que podem estar relacionadas com o estresse oxidativo (SORG, 2004 apud

VICENTINNO e MENEZES, 2007).

Na indústria cosmética, tem crescido significativamente a quantidade de produtos

voltados para o antienvelhevimento da pele, que por ser um órgão extenso e de proteção do

organismo ao meio externo está mais suscetível ao ataque dos radicais livres. Os antioxidantes

(em geral produtos ricos em vitaminas, extratos vegetais, etc.) são utilizados como um

mecanismo de inibição da ação oxidante dos radicais; sendo assim, são capazes de prevenir ou

atenuar o processo de envelhecimento (SCOTTI et al, 2007).

Com a realização de estudos sobre a toxicidade de determinados antioxidantes

artificiais, foi possível constatar os riscos que os mesmos podem oferecer a saúde (SOARES,

2002). Com isto, os conservantes naturais se tornaram uma alternativa eficiente na

substituição de determinados antioxidantes artificiais por possuírem vantagens como: o baixo

custo de obtenção, facilidade de emprego, eficácia, termo-resistência, “neutralidade”

organoléptica e ausência reconhecida de toxicidade (SHAHIDI e WANASUNDARA, 1992,

apud MOREIRA e MANCINI, 2003, p.33). Características que são opostas às apresentadas

por compostos sintéticos como o Butil-hidroxianisol (BHA) e o Butil-hidroxitolueno (BHT),

também utilizados como conservantes, e que segundo Pitaro et al (2009), são voláteis e se

degradam facilmente em altas temperaturas e ainda, segundo Rocha et al (2007) os mesmos

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“mostraram efeitos carcinogênicos, alterações enzimáticas e lipídicas em animais” e podem

portanto, oferecer riscos à saúde em caso de consumo contínuo. Isso levou alguns

pesquisadores a identificarem a importância da substituição total ou parcial dos antioxidantes

sintéticos, por exemplo, por extratos naturais ricos em compostos fenólicos com bom

potencial antioxidante (SHAHIDI e WANASUNDARA, 1992 apud MOREIRA e MANCINI,

2003). Além disso, em alguns países, órgãos ligados à saúde criaram medidas de restrição

através de legislações que regulamentam o controle ou proibição do uso de determinados

conservantes em alimentos, medicamentos, cosméticos etc., tendo como base os resultados de

pesquisas científicas que têm sido publicadas.

2.5. Importância dos antioxidantes na alimentação humana

A importância dos antioxidantes na alimentação humana não se restringe apenas a

conservação dos alimentos. A presença dessas substâncias no organismo tem destaque em

diversos estudos que buscam relacionar o papel desempenhado pelos antioxidantes ao reagir

com os radicais livres, evitando danos oxidativos causados nas células e tecidos, que podem

gerar doenças crônico-degenerativas como cardiopatias, aterosclerose e problemas

pulmonares (AMES et al., 1993 apud BIANCHI E ANTUNES, 1999). Poulsen et al (1998

apud BIANCHI E ANTUNES, 1999) apontam ainda que quando os danos causados pelos

radicais livres acontecem no DNA, os mesmos podem ser responsáveis por processos de

mutagênese e carcinogênese.

Algumas doenças comuns em países em desenvolvimento são provenientes de

problemas nutricionais; Ambrósio et al (2006) atribuem esse problema a falta de informações

sobre fontes alimentares e isso ocorre até mesmo em países com grande disponibilidade de

alimentos, como é o caso do Brasil.

A hipovitaminose A é um problema acarretado pela desnutrição e já foi diagnosticado

em países da África e em algumas regiões do Brasil (onde foi constatado que indivíduos em

diferentes faixas etárias apresentavam carência de vitamina A). A partir da constatação de que

a carência de vitamina A, provoca cegueira e leva à morte milhares de crianças no mundo,

criaram-se programas de combate à desnutrição como o “Vitamin A Partnership for Africa”,

com estudos realizados na Unicamp (CRUZ, 2002). A pesquisa visou adquirir informações

sobre a utilização de antioxidantes, como o betacaroteno, em batatas-doces e em batata

alaranjada que seriam oferecidas a população como tratamento para doença.

Outro caso importante de hipovitaminose é a provocada pela carência de vitamina C

(ácido ascórbico); Aranha et al (2000) alertam para os riscos desse problema em pessoas

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idosas que, por estarem na fase de envelhecimento apresentam mudanças nos hábitos

alimentares (muitas vezes inadequados) que associados ao fato de que “o idoso tem uma

fisiologia diferente da do adulto, perde uma parte das suas reservas nutricionais e da sua

capacidade de adaptação, é mais vulnerável à agressão do meio, e a diminuição da sua

plasticidade torna-o frágil”(MIQUEL et al, 1985 apud ARANHA, 2000) que podem

contribuir para quadros de desnutrição, anorexia e alterações das função digestivas.

Sobre os casos de câncer, por exemplo, existem estudos que comprovam a eficiência

na diminuição dos efeitos colaterais e controle da doença através de uma alimentação rica em

vitaminas antioxidantes (A, E e C) encontradas em frutas e vegetais para indivíduos que estão

submetidos a tratamentos como a quimioterapia (SANTOS e CRUZ, 2001).

Com tudo isso, é interessante observar que a população mundial de um modo geral

tem despertado certo interesse em mudar determinados padrões alimentares, principalmente,

em países onde é mais fácil o acesso a informações que destacam a ação de antioxidantes na

prevenção de doenças e na conservação dos alimentos. Em contrapartida, problemas como o

uso abusivo de produtos vendidos como suplementos alimentares (com elevadas taxas de

concentrações de determinados nutrientes), servem de alerta; pois como ainda não se tem

dados concretos sobre a segurança e dosagem adequada para prevenção de doenças crônicas

(OLIVEIRA et al, 2009), muitos especialistas aconselham que a ingestão de antioxidantes

seja realizada, principalmente com o aumento da quantidade de alimentos como frutas,

verduras e legumes, na alimentação, e não com o uso de cápsulas vendidas no mercado.

Para Blumberg (1994 apud ARANHA, 2000), não existe uma regra geral quando se

trata do quanto pode ser ingerido dessas substâncias para cada indivíduo; ou seja, as

recomendações dietéticas para cada nutriente, são baseadas em fatores como: idade, sexo,

doença, uso de drogas, estado bioquímico e nutricional e atividade física.

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3. ANTIOXIDANTES E ENSINO DE QUÍMICA

Abordagens sobre antioxidantes vêm ganhando cada vez mais espaço no Ensino de

Química. Este fato pode ser considerado um reflexo da importância que a própria sociedade

tem dado ao tema nos últimos anos, principalmente por causa dos resultados de pesquisas

relacionadas à ação dos antioxidantes no que se refere ao combate aos radicais livres, no

tratamento de doenças e na ação antienvelhecimento.

As informações atualmente não são mais restritas ao meio acadêmico ou científico; é

muito comum encontrarmos nas mídias como internet, jornais e revistas, artigos ou sites que

tratam do assunto sobre os mais diferentes pontos de vista, seja o foco na saúde, beleza ou até

mesmo na conservação de alimentos.

Ao reconhecer a importância do tema e a possibilidade de correlacionar o conteúdo de

sala de aula com algo presente no cotidiano dos alunos, surgiram alguns trabalhos que

sugerem diferentes formas de abordar o assunto, em consonância com a perspectiva de

interdisciplinaridade e contextualização presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais para

o Ensino Médio na área de Matemática e Ciências da Natureza (BRASIL, PCNEM, 2000) e

reafirmadas, mais recentemente, nas propostas para o Ensino de Química apresentadas nas

Orientações Curriculares Nacionais (BRASIL, OCNEM, 2006).

Silva et al (1995) propuseram em À procura da vitamina C um experimento simples,

de baixo custo, para identificação de vitamina C em diferentes sucos de frutas (laranja, limão,

caju, maracujá, etc). A parte conceitual aborda além das reações de oxirredução, o caráter

antioxidante do ácido ascórbico que é evidenciado através da realização do experimento.

Fiorucci et al (2003) em A importância da vitamina C na sociedade através dos

tempos fazem um apanhado histórico-científico sobre o tema, apresentam conceitos ligados à

química e biologia (como a síntese do ácido ascórbico no organismo de animais, por

exemplo); além de ressaltar a importância da vitamina C no cotidiano. As informações

dispostas no texto permitem a realização de um projeto interdisciplinar sobre o assunto.

O livro Os botões de Napoleão, de Penny Le Couteur e Jay Burrenson (2005), mostra

o quanto a Química faz parte da História da humanidade. O primeiro capítulo detalha os

compostos encontrados em especiarias como pimenta, noz moscada e cravo-da-índia. O texto

abrange tanto a parte histórica como a parte conceitual, onde expõe estruturas moleculares

para explicar as propriedades mais apreciadas desses temperos. Já no capítulo dedicado ao

ácido ascórbico, destaca-se também a importância histórica da vitamina C na prevenção do

escorbuto.

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Carvalho et al (2005) no artigo intitulado Um estudo sobre a oxidação enzimática e a

prevenção do escurecimento de frutas no Ensino Médio, partem de um fato presente no dia-a-

dia dos alunos: o escurecimento das frutas, para introduzir conceitos de oxidação enzimática e

o papel de antioxidantes naturais como a vitamina C e o ácido cítrico, agindo como inibidores

da oxidação.

Rodrigues e Silva (2009) em A História sobre o olhar da Química: as especiarias e

sua importância na alimentação humana buscam chamar atenção para relação existente entre

a História da Ciência e da alimentação, através das especiarias que apresentam em sua

constituição moléculas capazes de conservar alimentos. Destacam também a importância e o

alto valor econômico e social que as especiarias tiveram, a ponto de impulsionarem a era das

grandes navegações.

Ribeiro e Nunes (2008) trazem em Análise de pigmentos de pimentões por

cromatografia em papel, uma proposta de experimento simples e uma fundamentação teórica

que permite trabalhar conteúdos desde a técnica de separação até as interações

intermoleculares, polaridade e propriedades de funções orgânicas; com uma abordagem

ilustrativa, o texto traz a estrutura química dos principais carotenoides, assim como seus

benefícios para saúde.

Em revistas voltadas para área educacional como a Nova Escola, existem propostas de

aulas contextualizadas de Química; algumas delas têm como tema principal os antioxidantes;

como as que sugerem aulas utilizando duas matérias publicadas pela revista Veja em março

de 2000; uma intitulada As pílulas da estação e a outra Vitamina C, mas sem exagero; as

aulas de caráter interdisciplinar entre Química e Biologia tratam de questões como

antienvelhecimento, radicais livres, suplementação alimentar, possíveis efeitos colaterais

resultantes da superdosagem de vitaminas, além do experimento para medir o teor de vitamina

C em diferentes sucos.

Em uma proposta mais recente, a revista propõe o mesmo modelo de abordagem;

porém a matéria sugerida é Quer um cafezinho, no rosto? (2009) que trata de antioxidantes

naturais presentes no café e apresenta como proposta de experimento a extração do óleo

essencial do café; além do debate sobre os demais tópicos já relacionados.

Em 2011, o livro de experimentos A Química perto de você: experimentos de baixo

custo para a sala de aula do Ensino Fundamental e Médio, lançado pela Sociedade Brasileira

de Química em comemoração ao Ano Internacional da Química, trouxe dentre os diversos

experimentos propostos, o experimento À procura da vitamina C, de1995.

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Com isto, podemos verificar o quanto o tema é importante e cada vez mais atual,

principalmente pelo acesso que o aluno tem a esse tipo informação. Isso faz com que o tema

apresente um enorme potencial prático e didático capaz de contribuir de maneira efetiva para

o desenvolvimento de determinadas competências esperadas dentro do Ensino de Química no

Ensino Médio.

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4. FEIRA DE CIÊNCIAS

As feiras de Ciências surgiram no cenário da educação brasileira na década de 1960 e

buscavam “familiarizar os alunos e a comunidade escolar com os materiais existentes nos

laboratórios, antes quase inacessíveis e, portanto, desconhecidos na prática pedagógica”

(MANCUSO, 2000). Essa concepção era oriunda do modelo americano que, desde 1950,

entre outras medidas, buscava através da feira de Ciências, estimular a formação de cientistas

para promover o desenvolvimento tecnológico, industrial, econômico e consequentemente o

social.

Durante um tempo considerável as feiras de Ciências se limitavam a uma mera

repetição e/ou demonstração de experimentos. Com o surgimento de novos parâmetros

curriculares, as feiras de Ciências começaram a ser vistas como atividades pedagógicas e

culturais, com elevado potencial motivador do ensino e da prática científica no ambiente

escolar, tanto para alunos como para professores (BRASIL, 2006).

Outra mudança está ligada ao fato de que geralmente as feiras eram restritas a Ciência

e Biologia e passaram a incorporar gradativamente as demais disciplinas; isso porque o

conceito que se tinha de Ciências foi sendo modificado ao longo do tempo essa mudança foi

importante para que o aluno começasse a participar do processo (BARCELOS et al, 2010).

Atualmente os parâmetros curriculares que servem de base para os currículos da

Educação Básica buscam estimular um ensino contextualizado e interdisciplinar. Para

Barcelos (2010) “a Feira de Ciências é uma forma de a escola criar oportunidades para os

alunos integrarem conteúdos de diferentes disciplinas curriculares, além de abrir espaço

para o estudo e trabalho de conteúdos extracurriculares, ocultos no currículo”.

Neves e Gonçalves (1993) publicaram um artigo intitulado “Feira de Ciências” onde

definem algumas características importantes para uma aprendizagem eficaz através dos

projetos voltados para as feiras de Ciências, são eles: caráter investigatório, criatividade,

relevância e precisão científica. Cada uma delas contribui de maneira diferente para que ao

término do processo o indivíduo possa desenvolver determinadas habilidades e competências,

e com isto, tornar-se agente construtor do seu conhecimento junto ao professor.

Porém, para que essas características ocorram de fato, é necessário que o tema do

projeto faça sentido; isto é, que o assunto instigue alunos e professores o bastante para

provocar maior interesse e participação dos mesmos. Muitas vezes será possível encontrar um

tema local, um problema, que a própria comunidade escolar em questão possa trabalhar no

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sentido de resolver e viabilizar a aplicação prática do conhecimento científico da sala de aula,

para resolver um problema que faz parte do cotidiano do aluno (BRASIL, 2006).

Com isto, “a realidade presente na vida da escola se transforma no

conteúdo de sala de aula e na inspiração das pesquisas estudantis,

devendo permear a conduta de cada professor, ao longo dos

bimestres, sem a preocupação de que sejam trabalhos produzidos

apenas para um evento específico (a feira ou mostra), mas fazendo

parte, efetivamente, da rotina docente”(MORAES; MANCUSO,

2005, p.9).

Segundo Barcelos et al (2010), as feiras de Ciências podem propiciar aos educandos o

ensino por projetos, assunto tão discutido atualmente, porém de difícil aceitação por parte de

muitos que reconhecem apenas a sala de aula como único instrumento legítimo de transmissão

de conhecimento. As feiras teriam por base três grandes eixos: problematização, viabilidade e

consolidação. Na última etapa está a feira de Ciências acompanhada de uma autoavaliação

dos participantes do projeto, não só alunos, mas professores e demais envolvidos no processo.

Lima (2004) ressalta alguns pontos positivos que podem ser observados nos alunos: o

compromisso com a qualidade, pois o aluno sente que precisa transmitir da melhor forma

aquele conhecimento; a troca de aprendizagens, pois ocorrerá a relação entre aluno e visitante

através de observações ou perguntas; o trabalho cooperativo, realizado através da divisão do

trabalho para pesquisa e da organização do mesmo e aprimoramento da redação. Além disso,

projetos voltados à conscientização (ambiental, social, etc.), permitem que o aluno seja um

agente formador de opinião. Por fim, surge a questão da avaliação, pois se espera (e estimula-

se) que o aluno seja capaz de avaliar o próprio trabalho, assim como o dos outros e a feira

como um todo.

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5. METODOLOGIA

O trabalho desenvolvido enquadra-se em uma pesquisa qualitativa de estudo de caso,

que segundo Lüdke & André (1986, p.22), tem por finalidade “retratar uma unidade em

ação”. A unidade retratada foi um grupo de alunos, em aulas de Química, no Ensino Médio.

Os dados foram coletados por observação direta do grupo estudado. A observação direta é um

método de coleta de dados característico de abordagens qualitativas que focalizam a escola na

forma de um estudo de caso. Uma das vantagens da utilização da observação direta é que o

pesquisador “acompanha in loco as experiências diárias dos sujeitos”, o que pode levá-lo a

conhecer as “suas visões de mundo, isto é, o significado que eles atribuem à realidade que os

cerca e às suas próprias ações” (LÜDKE & ANDRÉ, 1986, p. 26).

A unidade retratada foi, mais especificamente, alunos de uma turma da segunda série

do Ensino Médio, do primeiro turno, do Colégio Estadual Professor Ernesto Faria, onde

trabalhei como bolsista PIBID- Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - no

projeto “Saber escolar e formação docente na Educação Básica”. O PIBID é um programa da

Diretoria de Ensino Básico da CAPES que concede bolsas de iniciação à docência para alunos

de cursos de licenciatura e para coordenadores e supervisores responsáveis institucionalmente

pelo Programa, além de apoio financeiro para as demais despesas a ele vinculadas.

Anualmente, no Colégio, é realizada a Feira do Conhecimento; acontecimento em que

os alunos apresentam trabalhos temáticos, desenvolvidos durante o ano letivo, para a

comunidade escolar, familiares e visitantes. Em 2011, Ano Internacional da Química, foram

propostos os temas: Ambiente, Saúde e Alimentos, que foram atribuídos respectivamente, a

primeira, segunda e terceira séries. Desse modo, as turmas do segundo ano, em aulas de

Química, trabalharam a temática “Química da saúde”. As turmas foram divididas em grupos

de trabalho e foram sugeridos vários projetos que deveriam ser desenvolvidos pelos alunos

com temas relacionados à temática “Química da saúde”. Um dos grupos de trabalho, com

cinco componentes, recebeu o tema “Vitamina C”.

Nesta pesquisa, se observou o interesse da turma pelo tema “Vitamina C” e

comportamentos e atitudes do grupo de trabalho que desenvolveu o projeto didático

relacionado a este tema.

Os dados foram coletados a partir da observação dos alunos em três momentos:

1) Em uma aula expositiva dialogada em que foi lido e discutido um texto sobre a

vitamina C e durante a realização de uma atividade experimental relacionada ao mesmo tema.

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2) Durante o desenvolvimento do projeto didático, quando os alunos do grupo de

trabalho trouxeram suas dúvidas e ideias sobre o tema.

3) No decorrer da exposição do trabalho no dia da Feira do Conhecimento e

durante a avaliação final.

Desenvolvimento do projeto didático

Na primeira parte do projeto, a turma foi dividida em dois grandes grupos com cerca

de vinte alunos cada. No mesmo dia, os dois grupos participaram de uma aula expositiva

dialogada e de uma aula prática no laboratório. A aula expositiva e a aula prática foram

aplicadas em dois tempos de aula de cinquenta minutos.

Foi produzido para a aula expositiva um texto (anexo I) sobre a vitamina C; o texto

continha um histórico sobre essa vitamina, seu papel biológico, importância na alimentação,

teores nos alimentos, estrutura química, propriedades químicas, além de curiosidades. Foram

feitos alguns questionamentos antes e durante a aula para saber o que os alunos já sabiam

sobre o tema e para levá-los a participar na discussão.

As fontes bibliográficas empregadas na elaboração do texto foram mantidas para que

os alunos pudessem fazer uso delas na obtenção de mais informações sobre o tema; elas

seriam o ponto de partida para suas consultas e pesquisas.

Para introduzir e evidenciar o caráter antioxidante do ácido ascórbico foi realizada

uma atividade experimental demonstrativa intitulada “À procura da Vitamina C” (anexo II).

Ao término da aula prática, o grupo de trabalho responsável pelo estudo do tema,

recebeu um questionário com cinco perguntas, que serviriam para guia-los na pesquisa (anexo

III). Nesta etapa, meu papel como bolsista e observador participante, consistiu em orientar o

grupo na elaboração do trabalho, esclarecer dúvidas e discutir ideias e sugestões de como este

seria apresentado para a comunidade escolar.

A terceira etapa do projeto foi a “Feira do Conhecimento”. Nessa etapa foi possível

observar as iniciativas e atitudes dos alunos frente à atividade proposta: a divisão do tema

entre os componentes, a organização e sequência escolhida para a apresentação do tema, a

preparação da apresentação, a pontualidade, etc.

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6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DA APLICAÇÃO DO PROJETO DIDÁTICO

Na aula expositiva a questão: “Você já ouviu falar que é necessário tomar suco de

laranja ou comprimidos de vitamina C para aumentar a imunidade a gripes e resfriados?

Será que existem outras fontes de vitamina C?” serviu como ponto de partida para a

discussão do tema.

Alguns alunos responderam a questão acima relatando que já tinham ouvido falar

sobre isso e que não sabiam se realmente “funcionava”, outros relataram que já haviam

ouvido falar sobre o assunto na televisão e que, ouviram dizer que existem outras frutas com

mais vitamina C que a laranja, uns até mesmo chegaram a citar a acerola, como exemplo.

Em seguida, o texto abordava a questão da falta de vitamina C e os efeitos disso no

corpo humano através da história do escorbuto na Era das Navegações; os alunos participaram

dessa parte lendo o texto e mostraram-se surpresos com os sintomas diversos que são

causados pela deficiência da vitamina.

Alguns alunos acharam interessante a parte do texto que contava que quase todos os

animais são capazes de sintetizar ácido ascórbico no organismo “entre os mamíferos, somente

os primatas, os ratos de cobaia e o morcego-de-fruta indiano requerem vitamina C em sua

dieta; porque nos demais vertebrados o ácido ascórbico é fabricado no fígado a partir da

simples quebra da sacarose por meio de uma série de quatro reações”; e perguntaram se na

ração de cães e gatos seria desnecessário acrescentar a vitamina C. Além disso, alguns alunos

perguntaram se em alimentos industrializados, como biscoitos recheados, que são

enriquecidos com ferro e sais minerais, poderia também ser adicionada vitamina C.

Durante a aula expositiva, os alunos foram informados que fariam uma atividade

prática para determinar os teores de vitamina C em alimentos, o que os deixou bastante

animados. O experimento realizado consistiu na avaliação do teor de ácido ascórbico,

vitamina C, em sucos de frutas, usando para isso a sua propriedade antioxidante. Frente a uma

solução de iodo, o ácido ascórbico se oxida a ácido deidroascórbico e o iodo se reduz a iodeto,

conforme equacionado abaixo:

C6H8O6 (aq) + I2 (aq) C6H6O6 (aq) + 2 HI (aq)

(redutor) (oxidante)

ácido ascórbico + iodo ácido deidroascórbico + ácido iodídrico

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O

OH

O

OH

OH

OH

O

O

O

O

OH

OH

ácido ascórbico ácido deidroascórbico

A transformação pode ser facilmente visualizada, se para tal, for empregada uma

solução amilácea (farinha de trigo + água) como indicador. É bem conhecida a propriedade do

iodo de interagir com o amido formando um complexo de coloração azul característica.

Entretanto, a redução do iodo a íon iodeto, pelo ácido ascórbico, faz desaparecer essa

coloração.

A avaliação do teor de vitamina C em sucos naturais de frutas (laranja, limão,

maracujá e caju) foi feita pela contagem do número de gotas de solução de iodo requeridas

para fazer surgir a coloração azul, característica do iodo em presença de amido, em frascos

que continham os diferentes sucos misturados com uma solução amilácea. Os resultados

foram comparados aos obtidos na ausência de sucos e na presença de uma solução de ácido

ascórbico, preparada a partir de comprimidos de uso farmacêutico (anexo II).

O teste em branco, isto é, apenas a solução amilácea com o iodo, requereu a adição de,

apenas, uma gota de solução de iodo para se verificar o aparecimento da cor azul. A solução

de ácido ascórbico, obtida a partir do comprimido efervescente de vitamina C, requereu,

aproximadamente, vinte gotas de solução de iodo para que a coloração azul se tornasse

aparente.

Os alunos utilizando suas concepções cotidianas sobre os teores de vitamina C em

alimentos deveriam fazer previsões sobre que sucos teriam maior quantidade do antioxidante,

ácido ascórbico e, consequentemente, iriam requer maior número de gotas de solução de iodo

para que se desse o aparecimento da coloração azul. Nos sucos, o número de gotas de solução

de iodo necessária para o surgimento da coloração azul aumenta com o teor de ácido

ascórbico presente na fruta utilizada, mas depende também do estado de maturação da fruta e

do tempo que o suco ficou exposto ao ar. Para minimizar, em parte, esses efeitos os sucos

foram preparados durante a aula.

Como o comportamento geral da turma, em aulas de Química, foi acompanhado

semanalmente, durante um semestre letivo, foi possível fazer algumas observações sobre as

atitudes dos alunos durante a aplicação do projeto didático. A turma, constituída por mais de

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quarenta alunos, apresentava-se sempre muito agitada e os alunos, com raras exceções, eram

pouco participativos nas aulas.

A aplicação da sequência didática exigiu que a turma fosse dividida em dois grupos.

Um número menor de alunos em sala facilitou o diálogo e a discussão do texto, após ter sido

vencida a relutância inicial de se concentrarem na leitura. Como algumas informações

chamavam atenção, o tema acabou por despertar o interesse dos alunos e alguns até pediram

para ler em voz alta. Também a possibilidade de realizar um experimento no laboratório, que

muitos desconheciam a existência, apesar de já estarem cursando o 2º ano do Ensino Médio,

gerou expectativas e maior motivação para o estudo do tema. Os dois grupos demonstraram

interesse, fizeram perguntas e previsões sobre que frutas teriam maiores teores em vitamina C.

Observou-se, em aulas posteriores, em que foram tratados outros temas de projetos

relacionados à temática “Química da saúde”, que a turma estava mais disciplinada e os alunos

mais questionadores.

O grupo de trabalho responsável pelo estudo do tema “Vitamina C” tinha como tarefa

fazer consultas a diferentes fontes de informação para tentar responder as questões que havia

recebido. Nos encontros com o professor, os alunos trouxeram os “materiais” que

encontraram como resposta às perguntas e também outros relacionados ao tema que acharam

interessantes e resolveram pesquisar.

Os alunos tiveram dúvidas em relação à quantidade de vitamina C diária recomendada,

uma vez que ao pesquisarem sobre isso, encontraram informações desencontradas, mas

chegaram à conclusão que a quantidade necessária variava com a faixa etária, pois as fontes

de consulta divergiam justamente neste ponto.

Não satisfeitos com as tabelas encontradas sobre os teores de vitamina C, pois

achavam que eram incompletas e que algumas provinham de fontes de consulta não muito

confiáveis, os alunos continuaram a pesquisar, até que encontraram uma tabela mais

completa, que posteriormente reproduziram em um cartaz para apresentar no dia feira.

Em outro encontro, os alunos trouxeram um vídeo que haviam encontrado na internet

(http://www.youtube.com/watch?v=7yaAWDjoo0k&feature=related) e acharam que seria

interessante para complementar o trabalho. O vídeo explica como se formam os radicais

livres, os danos que estes podem causar às células, a função biológica dos antioxidantes, além

do teor de antioxidantes em diferentes alimentos.

Os alunos pediram para realizar o experimento com outros alimentos e também para

repetir alguns que haviam testado em aula, porque queriam reproduzir o experimento, durante

a feira, com maior domínio do uso dos materiais de laboratório. Testaram beterraba, tomate,

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goiaba e laranja. A escolha dos alimentos partiu do grupo e teve relação com a tabela de

teores de vitamina C adotada por eles.

Durante os testes, constataram que não era tão simples fazer o suco de beterraba e de

tomate quanto como as demais frutas, assim mesmo optaram por continuar. Na primeira

tentativa de determinar o teor de vitamina C em um extrato que eles mesmos prepararam,

macerando pedaços da beterraba, a visualização da mudança de cor azul (complexo de iodo

com amido) ficava comprometida pela cor do extrato de beterraba que é violeta intenso. Após

a discussão do grupo sobre manter ou não a beterraba no experimento; foi sugerido então, que

o procedimento fosse repetido, mas que, na próxima tentativa, diluíssem o extrato da

beterraba com água. Na segunda tentativa o resultado foi muito melhor e todo o grupo

aprovou o resultado; mantendo, portanto a beterraba na demonstração que seria realizada

durante a feira.

Alguns dias antes da Feira do Conhecimento, o supervisor (professor regente) propôs

que os grupos de trabalho apresentassem primeiramente para turma o que haviam

desenvolvido sobre os temas. A apresentação visou corrigir alguns pontos, reorientar alguns

aspectos dos trabalhos através dos comentários feitos pelo professor, pelos bolsistas presentes

e pelos próprios colegas de turma. Além disso, a apresentação foi uma forma encontrada pelo

professor para tornar mais confiantes os alunos que não estavam se sentindo muito a vontade

com o fato de ter de falar em público, com isso também foi possível socializar na turma os

trabalhos realizados por todos os grupos.

Como observadora percebi que, até o dia da apresentação do trabalho na turma, cada

integrante do grupo estava responsável por uma parte do trabalho, cada um estava cuidando

especificamente de sua parte, mas a partir desse momento foi combinado entre eles que todos

no grupo deveriam ter conhecimento sobre o trabalho, uma vez que os avaliadores poderiam

perguntar a qualquer um e se acontecesse de algum deles esquecer os demais poderiam ajudar

de alguma forma.

Foi possível observar também que alguns alunos tinham maior aptidão para liderar o

grupo e que outros demonstraram maior criatividade. Alguns conflitos internos como o fato

de alguns integrantes estarem ajudando menos no trabalho, também foram debatidos, após a

apresentação na sala de aula.

No dia previsto para realização da Feira do Conhecimento, os alunos deveriam

apresentar seus trabalhos para os visitantes, dentre eles estariam os seus avaliadores. Os

alunos prepararam o espaço reservado para o grupo com imagens de frutas ricas em vitamina

C, a tabela com teores da vitamina, uma cesta com frutas, um computador para exibir o vídeo

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e os materiais para realização do experimento. Fizeram questão de confeccionar camisas para

caracterizar o grupo e atrair a atenção dos visitantes e avaliadores.

Durante essa etapa foi possível observar alguns aspectos em relação ao

comportamento dos alunos, como:

Pontualidade – o grupo estava no colégio desde cedo, preparando o local e separando

os materiais que estavam guardados no laboratório.

Organização – o grupo dividiu o assunto em tópicos, de forma que cada membro fosse

responsável por uma parte do trabalho.

Criatividade – o grupo estava preocupado em apresentar o tema da melhor forma

possível, para isto, recorreram a diferentes recursos visuais para prender a atenção dos

ouvintes.

Domínio do assunto – foi possível identificar a preocupação do grupo em transmitir

corretamente os conceitos e evitar a leitura de papéis, mesmo os mais tímidos.

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7. CONCLUSÕES A RESPEITO DA APLICAÇÃO DO PROJETO

A partir da análise por comparação dos resultados obtidos e com os objetivos

pretendidos, é possível concluir que a realização desse projeto com os alunos para feira de

Ciências, apesar de muito simples, apresentou resultados satisfatórios.

As leituras realizadas levaram os alunos a reconhecerem aspectos relevantes do

conhecimento químico e como estes se articulam com outras áreas de conhecimento. O tema

permitiu traçar relações de contextualização e interdisciplinaridade, como recomendam as

diretrizes atuais para o Ensino Médio, e tornar as aulas de Química mais dinâmicas e

interessantes, além de despertar o interesse e a curiosidade dos alunos.

A realização da atividade experimental permitiu conhecer aspectos qualitativos e

quantitativos das reações químicas e fazer previsões.

O desenvolvimento dos alunos ao longo do projeto de ensino pode ser observado pela

mudança de comportamento e pela maior participação nas aulas.

Os alunos do grupo de trabalho mostraram-se interessados em coletar informações

sobre o tema e preocupados em apresentá-las de forma clara e contextualizada aos ouvintes

durante a Feira do Conhecimento, e para tal, selecionaram os recursos que julgaram mais

eficazes.

O projeto de ensino possibilitou aos alunos trabalhar em equipe, desenvolver a

criatividade, assumir responsabilidades e socializar com a comunidade escolar os estudos

realizados.

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8. PROPOSTAS DIDÁTICAS PARA O USO DO TEMA “ANTIOXIDANTES” EM AULAS

DE QUÍMICA

As propostas a seguir foram planejadas para o projeto de ensino “Temperos do

Nordeste: cores, sabores e odores da culinária Nordestina”, que será desenvolvido, em aulas

de Química, no Ensino Médio, em uma escola estadual do Município do Rio de Janeiro.

No projeto serão abordados aspectos como, a História das especiarias, as principais

substâncias químicas presentes em alguns temperos, suas fórmulas e propriedades, a extração

de óleos essenciais, a separação de pigmentos e a ação dos antioxidantes e suas diversas

aplicações e ma discussão sobre conservantes alimentares artificiais e naturais.

Apesar, de o projeto de ensino ter sido planejado para ser aplicado em uma turma do

primeiro ano, os textos foram elaborados de forma que possam ser aplicados em qualquer uma

das séries do Ensino Médio.

A primeira etapa do projeto consiste no levantamento, através das respostas dos alunos

a um questionário de cinco perguntas, do conhecimento que eles já têm sobre os tipos de

temperos utilizados nos alimentos, por que são utilizados e qual a vantagem em utilizá-los

(anexo IV).

Para a primeira aula expositiva destinada ao projeto propõe-se a leitura e discussão do

texto intitulado: “A química dos temperos”. O texto mostra como a História das especiarias

está intimamente ligada a História da Humanidade e como a busca por elas impulsionou a

“Era das Navegações” e favoreceu o crescimento de cidades como Veneza, na Itália. Texto

também apresenta os óleos essenciais, substâncias, geralmente voláteis, obtidas de plantas

aromáticas, utilizando-se para isso diferentes processos de extração. (ANEXO V).

Segue-se a essa aula expositiva, a aula prática: “Processos de separação: extração,

destilação e cromatografia”, na qual são sugeridos experimentos relacionados a processos de

separação por extração com solvente, destilação por arraste de vapor e cromatografia em

papel (anexo VI). As atividades experimentais envolvem conceitos químicos de polaridade

das moléculas e de solubilidade aplicados a condimentos de uso comum na culinária

brasileira, (colorau, urucum e cravo). Os experimentos propostos foram os seguintes:

1) Extração dos pigmentos vermelhos do colorau.

2) Destilação por arraste de vapor do cravo-da-índia ou da canela.

3) Cromatografia do urucum e do colorau.

A segunda aula expositiva sugerida aborda diretamente a questão dos antioxidantes na

conservação de alimentos. O texto é focado nos temperos utilizados na culinária nordestina,

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isto porque o “Nordeste do Brasil” é o tema gerador de uma feira de Ciências que será

realizada no colégio, em 2012.

O texto apresenta uma tabela de temperos, seus princípios ativos e suas características.

Dá maior destaque aos condimentos que serão utilizados nos experimentos seguintes, como

cravo-da-índia, canela e urucum. Há uma parte destinada ao conceito de antioxidantes, como

estes agem, seus principais usos. (ANEXO VII).

Para complementar essa aula, são sugeridos dois experimentos: o primeiro é sobre da

ação antioxidante do ácido ascórbico, que impede o escurecimento de um pedaço de maçã

exposto ao ar, que poder ser facilmente realizado em sala, no decorrer da aula. O segundo

experimento trata do uso de cravo e canela, antioxidantes naturais, na conservação de um

alimento, e requer um tempo maior, cerca de cinco dias, para que os efeitos sejam

observáveis. Os experimentos: “Evitando o escurecimento da maçã” e “Cravo e canela na

conservação do arroz doce” estão descritos no anexo VIII.

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9. COMENTÁRIOS FINAIS

O estudo de caso relatado neste trabalho refere-se ao projeto de ensino “Vitamina C”,

desenvolvido em aulas de Química, em uma turma de 2º ano, do Colégio Estadual Professor

Ernesto Faria, visando a Feira do Conhecimento 2011. As propostas sugeridas fazem parte do

projeto de ensino “Temperos do Nordeste: cores, sabores e odores da culinária Nordestina”,

planejados para feira do conhecimento de 2012, e estão em fase de aplicação.

Um dos pontos que merece destaque, é o interesse que as aulas de Química, voltadas

para os projetos de ensino, despertam nos alunos. Durante o acompanhamento das turmas foi

possível perceber um certo desinteresse ou desatenção por parte de vários alunos, que ainda

veem a Química como uma “disciplina muito difícil”. Entretanto, quando foram informados

pela professora sobre os temas dos projetos que seriam desenvolvidos pelos bolsistas PIBID

de Química, a grande maioria mostrou-se pronta a participar.

O desenvolvimento dos projetos de ensino viabiliza algo muito importante, que é a

junção de teoria e prática, principalmente no que se refere à questão da contextualização e

interdisciplinaridade, que muitas vezes parece impossível de acontecer no dia-a-dia de uma

sala de aula. Através dos projetos, é possível fazer a ponte entre os conteúdos de Química e o

cotidiano do aluno, sem abrir mão de conceitos importantes, e junto a isso, para mostrar o

conhecimento químico como uma construção social ao longo da história dos povos.

Destaco o fato de o projeto ter sido desenvolvido visando um produto final: a

apresentação de um trabalho na feira de Ciências. Este fato gera nos alunos um senso de

responsabilidade sobre a informação que eles devem transmitir ao público e aos avaliadores.

Isso faz com que prestem mais atenção nas aulas; façam mais perguntas; contribui para o

aumento da autoestima, porque passam a desempenhar um papel diferente - o aluno deixa de

ser ouvinte e passa a ser o “detentor” daquele conhecimento que está sendo construído.

No início do projeto, tínhamos dúvidas de como seria sua recepção por parte dos

alunos ou quais seriam os resultados da proposta de trabalho. Entretanto, a relação que se

estabeleceu com os alunos ao longo das aulas foi um facilitador durante todo o processo.

A escolha dos temas e experimentos, assim como a elaboração dos textos demandou

muita pesquisa, senso crítico e criatividade. O acompanhamento da orientação do projeto foi

fundamental para que o mesmo pudesse caminhar de forma adequada e a experiência de poder

desenvolver esse tema dentro do projeto me permitiu visualizar o quanto dinâmica pode ser

uma aula de Química e, mas que isso, refletir frequentemente sobre a prática docente – o que

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funciona, o que não funciona, o que pode ser melhorado e quais recursos podem ser utilizados

para tornar a aula de Química mais interessante.

Para finalizar, acredito que esse trabalho, de uma forma geral, foi muito importante

não só para os alunos do Colégio, mas principalmente para minha formação enquanto aluna

do curso de Licenciatura em Química e futura educadora.

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51

ANEXO I

Vitamina C

Você já ouvir falar que é necessário tomar suco de laranja ou comprimidos de vitamina C para

aumentar a imunidade a gripes e resfriados? Será que existem outras fontes de vitamina C?

Voltando um pouco no tempo...

A Era dos Descobrimentos foi movida pelo comércio de moléculas contidas nas especiarias,

mais foi a falta de uma molécula, bastante diferente, que quase a encerrou. Mais de 90% da

tripulação de Magalhães não sobreviveram à sua circunavegação de 1519-1522 – em grande

parte por causa do escorbuto, uma doença devastadora causada por uma deficiência da

molécula de ácido ascórbico, a vitamina C.

Exaustão e fraqueza, inchaço dos braços e pernas, amolecimento das gengivas, equimoses,

hemorragias nasais e bucais, hálito fétido, diarreia, dores musculares, perda dos dentes,

afecções do pulmão e do fígado – a lista de sintomas do escorbuto é longa e horrível. A morte

resulta em geral de uma infecção aguda, como pneumonia, alguma outra doença respiratória

ou, mesmo em jovens, de paradas cardíacas. Um sintoma, a depressão, ocorre num estágio

inicial, mas não se sabe ao certo se é um efeito da doença propriamente dita ou uma resposta

aos outros sintomas. Afinal, se você estivesse constantemente exausto, com feridas que não se

curavam, gengivas doloridas e sangrando, hálito malcheiroso e diarreia, e se soubesse que o

pior ainda estava por vir, não se sentiria deprimido também?

O terror dos mares

Há poucas centenas de anos, era possível caminhar a beira do cais de qualquer porto e

identificar os marujos doentes a metros de distância. Eram todos banguelas. Alguns capitães

achavam que sabiam, e outros até tinham suas receitas favoritas. James Cook, da Real

Marinha Britânica, foi o primeiro capitão a assegurar que sua tripulação ficasse livre do

escorbuto. Através da manutenção de níveis elevados de dieta e higiene abordo de suas

embarcações.

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Curiosidades

- Um médico de bordo chamado James Lind, ao atravessar o canal da Mancha (1747) possuía

doze tripulantes com escorbuto, por isso resolveu realizar testes. Dois a dois, os tripulantes

tomaram ou comeram: ácido sulfúrico, vinagre, água do mar, alho, cidras, laranjas e limões.

Ao final de quatorze dias os que se trataram com laranjas e limões ficaram totalmente

curados.

- A vitamina C é utilizada pela indústria alimentícia como conservante e acidulante.

- Entre os mamíferos, somente os primatas, os ratos de cobaia e o morcego-de-fruta indiano

requerem vitamina C em sua dieta; porque, nos demais vertebrados, o ácido ascórbico é

fabricado no fígado a partir da glicose, por meio de uma sequência de quatro reações

químicas.

Vitamina C e a dieta humana

É vital para o funcionamento das células, e isso é particularmente evidente no tecido

conjuntivo, durante a formação do colágeno (proteína que dá resistência aos ossos,

dentes, tendões e paredes dos vasos sanguíneos).

Ajuda a resistir às doenças.

A vitamina C é importante para o funcionamento adequado das células brancas do

sangue (leucócitos). É eficaz contra doenças infecciosas e um importante suplemento

no caso de câncer.

Atua na absorção de ferro.

Uma pequena molécula num grande papel

O ácido ascórbico (Vitamina C) é um sólido cristalino de cor

branca, inodoro, hidrossolúvel e pouco solúvel em solventes

orgânicos. O ácido ascórbico presente em frutas e legumes é

destruído se submetido a temperaturas altas por um período

prolongado. Também sofre oxidação irreversível e perde sua

atividade biológica, se alimentos frescos são expostos ao ar por longos períodos.

É importante consumir o suco de frutas feito na hora porque, só assim, podemos garantir o

teor de vitaminas, uma vez que o ácido ascórbico é extremamente instável, reage com o

oxigênio do ar e com a água, e é decomposto pela luz. O gosto ruim que frutas muito maduras

podem apresentar, muitas vezes, está associado a degradação dessa molécula.

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Fontes alimentares de vitamina C

Acerola – 1 copo (250mL) = 3.872 mg

Mamão (ou papaia) – 100g = 62 mg

Laranja – 1 copo (250mL) = 124 mg

Bibliografia

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Lima, L. M., Fraga, C. A. M., Barreiro, E. J. (2010). A Química na Saúde. Coleção Química no

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54

ANEXO II

À procura da vitamina C

Objetivo

Verificar a presença de vitamina C em sucos de frutas variados.

Material utilizado

(a) 1 comprimido efervescente de 1 g de vitamina C

(b) tintura de iodo a 2% (comercial)

(c) sucos de frutas variados (por exemplo: limão, laranja, maracujá e caju)

(d) 5 pipetas de 10 mL (ou seringas de plástico descartáveis)

(e) 1 fonte para aquecer a água (manta térmica)

(f) béqueres

(g) 1 colher de chá de farinha de trigo ou amido de milho

(h) 1 béquer de 500 mL ou frasco semelhante

(i) água filtrada

(j) 1 conta-gotas

(k) 1 garrafa de refrigerante de 1 L

Experimento:

1. Coloque 200 mL de água filtrada em um béquer de 500 mL. Em seguida, aqueça o líquido

até uma temperatura próxima a 50 ºC, cujo acompanhamento poderá ser realizado com um

termômetro ou com a imersão de um dos dedos da mão (nessa temperatura é difícil a imersão

do dedo por mais de 3 s). Em seguida, coloque uma colher de chá cheia de amido de milho

(ou farinha de trigo) na água aquecida, agitando sempre a mistura até atingir a temperatura

ambiente.

2. Em água filtrada, dissolva um comprimido efervescente de vitamina C e complete o

volume até 1L.

3. Escolha frutas cujos sucos você queira testar, e obtenha o suco dessas frutas.

4. Deixe à mão a tintura de iodo a 2%, comprada em farmácias.

5. Numere seis béqueres, identificando-os com números de 1 a 6.

Coloque 20 mL da mistura (amido de milho + água) em cada um dos seis béqueres. No

béquer 1, deixe somente a mistura de amido e água. Ao béquer 2, adicione 5 mL da solução

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de vitamina C; e, a cada um dos béqueres 3, 4, 5 e 6, adicione 5 mL de um dos sucos a serem

testados. Não se esqueça de associar o número do béquer ao suco escolhido.

6. A seguir pingue, gota a gota, a solução de iodo no béquer 1, agitando constantemente, até

que apareça uma coloração azul. Anote o número de gotas adicionado (neste caso, uma gota é

geralmente suficiente).

7. Repita o procedimento para os demais béqueres. Para cada béquer, anote o número de gotas

necessário para o aparecimento da cor azul. Caso a cor desapareça, continue a adição de gotas

da tintura de iodo até que ela persista, e anote o número total de gotas necessário para a

coloração azul persistir.

Questões:

1) Em qual dos sucos houve maior consumo de gotas de tintura de iodo?

2) Através do ensaio com a solução do comprimido efervescente é possível determinar a

quantidade de vitamina C nos diferentes sucos de frutas?

3) Procure determinar a quantidade de vitamina C em alguns sucos industrializados,

comparando-os com o teor informado no rótulo de suas embalagens.

A adição de iodo à solução amilácea (água + farinha de trigo ou amido de milho) provoca

uma coloração azul intensa no meio, devido ao fato de o iodo formar um composto com o

amido.

Graças a sua bem conhecida propriedade antioxidante, a vitamina C promove a redução do

iodo a iodeto (I-), que é incolor quando em solução aquosa e na ausência de metais pesados.

Dessa forma, quanto mais ácido ascórbico um alimento contiver, mais rapidamente a

coloração azul inicial da mistura amilácea desaparecerá e maior será a quantidade de gotas da

solução de iodo necessária para restabelecer a coloração azul.

A equação química que descreve o fenômeno é:

C6H8O6 (aq) + I2 (aq) C6H6O6 (aq) + 2 HI (aq)

(ácido ascórbico + iodo ácido deidroascórbico + ácido iodídrico)

Bibliografia

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Sala de Aula do Ensino Fundamental e Médio. São Paulo: Sociedade Brasileira de Química.

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56

ANEXO III

Questões para as pesquisas do grupo de trabalho “Vitamina C”

1) Qual a quantidade de vitamina C recomendada para ingestão diária?

2) A falta de vitamina C pode trazer muitos danos à saúde humana, mas e o excesso, pode

fazer mal também?

3) A vitamina C é conhecida por auxiliar o organismo a aumentar as defesas, principalmente

contra gripes e resfriados, quais outras doenças podem ser prevenidas?

4) Como age a vitamina C no organismo?

5) A quantidade de vitamina C nos alimentos é sempre a mesma? Sim ou não? Se não,

procure por tabelas ou informações capazes de indicar a quantidade de vitamina C em

alguns alimentos (frutas, verduras, legumes, etc.).

ANEXO IV

Perguntas anteriores à abordagem dos assuntos, para que os alunos pesquisem em casa.

1) Você conhece algum tempero usado em alimentos? Cite alguns.

2) Quais são os temperos que sua família mais utiliza nos alimentos?

3) Por que as pessoas usam temperos na comida?

4) Você acha que existe alguma vantagem na utilização de temperos nos alimentos? Qual

seria?

5) Você acha que a Química pode explicar por que os temperos são usados?

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O QUE SÃO

ESPECIARIAS?

É o conjunto de

temperos (a maioria

de origem vegetal)

que possuem

moléculas capazes de

conferir, cor, sabor e

odor aos alimentos ou

fornecer essências

para os perfumes.

ANEXO V

A QUÍMICA DOS TEMPEROS

uem não aprecia um bom prato? Uma comida bem temperada? Há muitos e muitos anos

que o ser humano faz uso de temperos na preparação de sua alimentação. A culinária de

cada povo tem características únicas e especiais que fazem parte de sua cultura. Isso é

possível graças às propriedades físicas e químicas de determinadas substâncias contidas nos

condimentos; mas a “ajudinha” que elas podem dar, vai além da cor ou do sabor... Imagine-se

vivendo numa época em que não existia geladeira, como conservar alimentos? É essa e outras

perguntas que nós vamos responder a partir de agora.

AS ESPECIARIAS: Um pouco de História...

A História das especiarias está intimamente ligada a História da

Humanidade, muitos apontam que a busca por elas foi o que

impulsionou a “Era das Navegações”. Antes mesmo de provocar

todo essa mudança no mundo; as especiarias já eram muito

utilizadas por diferentes povos, das mais diversas formas, desde

perfumes até remédios. Sem dúvida, a aplicação mais interessante

era nos alimentos; pois quando adicionadas aos alimentos, as

especiarias eram capazes de preservar a cor e o sabor, além de

conferir odor agradável (o que já ajudava muito quando o alimento estivesse apodrecendo!).

Pimenta-do-reino, cominho, cravo-da-índia, canela, gengibre... Essa lista é enorme!

Para termos uma ideia, as

especiarias eram tão

valiosas que, no auge do

império romano, (por volta

do século VI d.C.) só a

burguesia e os senhores

feudais podiam comprá-las,

pois pequenas quantidades

desses produtos eram

vendidas por preços muito

Q

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58

O óleo essencial é o líquido

obtido de partes de uma planta

(flores, folhas, cascas, etc.),

através de destilação ou extração

por solventes. Apesar do nome,

ele nem sempre é um líquido

gorduroso ou oleoso. É muito

utilizado na medicina alternativa,

como a aromaterapia.

altos; isso fez com que cidades que se situavam na “Rota das especiarias”, como Veneza,

ficassem muito ricas.

Você sabia que as especiarias...

Serviram como “moedas de troca, dotes, heranças, reservas de capital, divisas de um

reino. Pagavam serviços, impostos, dívidas, acordos e obrigações religiosas”.

Foram utilizadas para preparar remédios exóticos, que

foram receitados pelos médicos durante a epidemia da

peste negra, feitos com especiarias raras, pérolas ou

esmeraldas trituradas e, até mesmo, pó de ouro. Na época,

creditava-se a eficiência de um remédio ao seu alto custo.

Eram usadas em máscaras durante a epidemia para evitar o

contágio, pois se acreditava que o cheiro ruim (humor)

emitido pelos doentes era o agente propagador da doença.

Os condimentos ou especiarias possuem

diversas propriedades além de conferir sabor, odor ou

cor aos alimentos. Essas propriedades estão

relacionadas a substâncias químicas presentes nessas

plantas, e que podem ser extraídas da mesma na forma

de óleos, os chamados – óleos essenciais. Para entender

melhor como é realizada essa técnica, realizaremos um

experimento para extrair o óleo essencial do cravo-da-

índia. Utilizaremos a técnica de cromatografia para

separar os pigmentos encontrados no urucum.

Bibliografia

Gusmão Jr., A.M. A pandemia de peste negra no século XIV. Disponível em:

http://www.galeon.com/projetochronos/chronosmedieval/concilium/pandemia.htm

História Medieval – Para Além da fé. Só História. Disponível em:

http://www.sohistoria.com.br/ef2/cruzadas/p2.php

LE COUTEUR, Penny. BURRESON, Jay. Os botões de Napoleão: as 17 moléculas que

mudaram a História. Tradução Maria Luiza X. de A. Borges. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar

Ed., 2006.

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59

ANEXO VI

Processos de separação: extração, destilação e cromatografia

A) Extração do pigmento vermelho do colorau

Materiais

10g de colorau

5 mL de óleo de soja

Tubo de ensaio

Espátula

Procedimento experimental

Coloque, com auxílio de uma espátula, uma pequena quantidade de colorau no tubo de

ensaio. Em seguida, adicione óleo de soja.

Responda:

a) O que você observou?

b) A partir do conceito de solubilidade, explique como foi possível extrair o pigmento

vermelho do colorau.

c) Seria possível extrair o pigmento vermelho do colorau se usássemos água ao invés

de óleo de soja?

B) Extração do óleo essencial de cravo-da-índia usando vapor d’água

(experimento demonstrativo)

Materiais

Bico de Bunsen

Erlenmeyer

Suporte metálico

Tela de amianto

Condensador

Balão de

destilação

Termômetro

Mangueiras de

borracha

Garras metálicas

50g de cravo-da-

índia

Água destilada

*Caso o colégio não disponha de laboratório, é possível realizar o experimento em sala de

aula com materiais alternativos (essa informação pode ser encontrada no livro Química

Cidadã, vol.1, editora Nova Geração).

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Procedimento

Após a montagem da aparelhagem, adicione ao balão de destilação o cravo-da-índia e a

água destilada. Aqueça moderadamente o sistema e recolha o destilado em um erlenmeyer.

Responda

a) Durante a ebulição a temperatura permaneceu constante? Justifique com base em

seus conhecimentos.

b) Qual a finalidade da passagem da água pelo condensador?

c) Qual a cor do destilado?

d) Você percebe algum aroma característico no destilado?

C) Separação dos pigmentos do urucum

Materiais

Sementes de urucum

20g de colorau

Solução de acetona em etanol

50% (removedor de esmalte)

Álcool

2 béqueres (ou copos)

Papel de filtro

2 vidros de relógio

Procedimento

1. Corte, no formato de retângulo de 1cm x 6cm, dois pedaços de papel de filtro e

identifique-os (ex:. 1 – urucum e 2 – colorau).

2. Macere três ou quatro sementes de urucum. Transfira o macerado para um vidro de

relógio e adicione cinco gotas de álcool. Misture com um bastão de vidro.

3. Com a ponta de uma espátula transfira uma pequena quantidade de colorau para um

vidro de relógio e adicione cinco gotas de álcool.

4. Faça uma “bolinha” com o pigmento extraído do urucum, a 2cm da base da tira de

papel de filtro, identificando como “urucum”. Repita o procedimento com o

colorau.

5. Adicione removedor de esmalte nos dois béqueres até a altura de 0,5cm da base.

6. Coloque cada tira de papel dentro de um béquer, de modo que as “bolinhas” fiquem

acima do nível do removedor de esmalte, sem tocá-lo.

7. Espere dez minutos e retire as tiras de papel dos béqueres.

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Responda

a) Quantos componentes, você pode identificar no pigmento do urucum?

b) O pigmento do urucum é constituído por uma única substância ou por mistura de

substâncias?

c) Qual dos componentes é mais solúvel no removedor de esmalte?

d) Compare os dois papéis de filtro. Em qual dos dois, o(s) pigmento(s) tem (têm) cor

mais intensa? O que você pode concluir a partir dessa observação?

Bibliografia

SILVA, Letícia B. da; et al. Produtos naturais no ensino de Química: Experimentação para o

isolamento dos pigmentos do extrato de páprica. Revista Química Nova na Escola, 23,

maio/2006.

SANTOS, Wildson; MÒL, Gerson; et al. Química Cidadã: materiais, substâncias, constituintes,

química ambiental e suas implicações sociais, volume 1, (Coleção Química para a nova geração),

São Paulo: Nova Geração, 2010.

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62

ANEXO VII

TEMPEROS DO NORDESTE

A culinária nordestina foi formada através da influência das

culinárias portuguesa, indígena e africana. A mistura de

sabores e temperos foi sendo, aos poucos, formada durante o

período colonial.

Os pratos da região nordeste caracterizam-se pela presença marcante de temperos

(condimentos) fortes e apimentados. A tabela abaixo apresenta importantes temperos da

culinária nordestina, seus princípios ativos e características.

Tempero Princípio ativo e características

Cravo-da-

Índia

Eugenol

É o cabinho de odor agradável que sustenta

a flor de uma árvore nativa da Indonésia.

Na medicina asiática, tonifica os rins,

combate bactérias, fungos, parasitas,

micoses e entra em preparados para dor de

dente como analgésico.

Canela

Aldeído cinâmico

Árvore cujos galhos secos são separados de

suas “cascas” marrom-avermelhadas, muito

perfumadas. Nativa do antigo ceilão, atual

sri lanka, ao sul da índia. Tem propriedades

analgésicas, digestivas e combate a

fraqueza.

Pimenta-

de-cheiro

Capsaicina

A capsaicina é encontrada em pimentas do

gênero Capsicum; possui atividade

analgésica, especialmente para lesões

associadas à artrite, sendo investigado o seu

uso para o tratamento de diabetes e câncer,

por agir nos receptores de dor e deixá-los

refratários aos estímulos de dor provocados

pela doença.

Coentro

Linalol

É um componente prevalente nos óleos

essenciais em várias espécies de plantas

aromáticas, usado como fixador de

fragrâncias na indústria cosmética mundial.

Alguns estudos já comprovaram os efeitos

analgésicos e inibidor do desenvolvimento

de larvas do mosquito da dengue.

O

OH

H

O

N

O

H

O

HO

HO

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63

Vamos estudar uma importante propriedade dos condimentos, que é sua capacidade de

conservar alimentos; isto é, nos condimentos, existem substâncias capazes de prevenir ou

retardar processos de degradação dos alimentos. Essas substâncias são classificadas como

ANTIOXIDANTES, isso porque em pequenas quantidades conseguem prevenir ou retardar

a degradação (oxidação) dos alimentos.

ANTIOXIDANTES X RADICAIS LIVRES: como agem os antioxidantes?

As células do nosso corpo precisam de oxigênio para converter os nutrientes absorvidos

dos alimentos em energia; a queima do oxigênio pelas células (oxidação) libera espécies

químicas que são chamadas de radicais livres.

Os radicais livres apresentam elétrons desemparelhados e são muito reativos (instáveis);

tendem a reagir muito rapidamente com outras espécies químicas, oxidando-as e levando à

formação de mais radicais livres. Com isto, células sadias podem ser danificadas e se o

Açafrão ou

açafrão –

da-terra ou

cúrcuma

curcumina

É um pigmento que ocorre naturalmente e

que faz parte de um componente ativo do

açafrão-da-Índia. É utilizado como um

estimulante aromático suave na produção

do caril em pó, que confere ao açafrão-da-

índia a sua cor amarela. É utilizado como

um corante natural para alimentos, como:

gorduras hidrogenadas, manteiga, queijo,

massas, sorvetes, biscoitos e doces, dentre

outros alimentos.

Urucum

Bixina

Cujas sementes reduzidas a pó, são muito

usadas para colorir alimentos e em filtros

solares. As sementes de urucum contêm

aproximadamente 5% de pigmentos, os

quais consistem de 70-80% de bixina. A

bixina é um pigmento solúvel em gorduras,

mas insolúvel em água. Já a norbixina, é

um pigmento amarelo e solúvel em água.

Norbixina

Cominho

Aldeído cumínico

O cominho é estomático e diurético. É

empregado nas debilidades gástricas, nos

espasmos de estômago, na flatulência

intestinal e outras perturbações dos

intestinos, principalmente de crianças. O

aldeído cumínico é utilizado na produção

de perfumes.

H

O

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64

A reação de escurecimento em frutas, vegetais e sucos de frutas é um dos principais problemas na indústria de alimentos. A ação da polifenol oxidase, enzima que provoca a oxidação dos compostos fenólicos naturais presentes nos alimentos, causa a formação de pigmentos escuros, frequentemente acompanhados de mudanças indesejáveis na aparência e nas propriedades organolépticas do produto, resultando na diminuição da vida útil e do valor de mercado.

bombardeamento por radicais livres for excessivo, pode haver danificação do DNA das

células, bem como de outros materiais genéticos.

Em nosso organismo existem enzimas que protegem as células dos ataques dos radicais

livres. Entretanto, fatores externos como fumo, álcool, poluição, radiação ultravioleta do

sol, etc. aumentam a quantidade de radicais livres, que podem provocar envelhecimento

precoce, manchas na pele, Alzheimer, Parkinson, entre outros males.

Os antioxidantes são substâncias que se combinam com os radicais livres, “sequestrando-

os”, ou seja, são substâncias que tem a capacidade de anular a ação de oxidação dos

radicais livres, daí o nome antioxidante.

APLICAÇÕES DOS ANTIOXIDANTES

Na indústria farmacêutica, na produção de medicamentos para tratamento ou

prevenção de doenças degenerativas, como doença de Alzheimer, doença de Parkinson,

aterosclerose e complicações da Diabetes mellitus.

Na indústria cosmética, por exemplo, na fabricação de produtos voltados para o

antienvelhecimento da pele.

Na indústria alimentícia, que busca cada vez mais oferecer ao consumidor produtos

de qualidade, com menores riscos de toxicidade e com maior durabilidade. Alguns

conservantes sintéticos usados em alimentos foram considerados prejudiciais à saúde e por

isso; cada vez são feitas mais pesquisas para tentar substituí-los por antioxidantes naturais.

Bibliografia

Antioxidantes x radicais livres. Disponível em:

http://www.nutraceutica.com.br/saudenamaturidade/Bemestar_antioxidante.htm.

Alimentação e Cultura. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/pratica-

pedagogica/alimentacao-e-cultura-426255.shtml

http://www.profpc.com.br/Qu%C3%ADmica%20na%20Cozinha/Pimenta.htm

http://200.156.70.12/sme/cursos/EQU/EQ18/modulo1/aula0/07_pimenta/02_piperina_e_ca

psaicina.htm.

http://armazemdasespeciarias.com.br/

http://www.dicionariodoaurelio.com/Antioxidante

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ANEXO VIII

Roteiro dos experimentos sobre antioxidantes

A) Evitando o escurecimento da maçã

Materiais

Maçã

Faca

Béquer

Solução de vitamina C (ácido ascórbico)

Procedimento experimental

Prepare uma solução de vitamina C (ácido ascórbico) dissolvendo uma pastilha (1 g de

vitamina C) em 40 mL de água. Lave a maçã e corte-a ao meio. Deixe uma das metades

exposta ao ar (para comparação) e adicione a outra metade, gotas de solução de vitamina C

até encobrir toda superfície.

Responda:

a) O que aconteceu com a metade da maçã sem ácido ascórbico (vitamina C)?

b) O que aconteceu com a parte da maçã com ácido ascórbico?

c) O que você pode concluir a partir desse experimento?

d) O que ocorre se deixarmos pedaços de uma banana descascada expostos ao ar? E se

adicionarmos limão sobre os pedaços de banana, antes que eles fiquem expostos ao

ar? Por que isso ocorre?

B) Cravo e canela na conservação de alimentos

Materiais

2g de canela recém-ralada

2g de cravo-da-índia

2g de canela em pó vencida

350mL de solução de açúcar e água (14g de açúcar em 350mL de água)

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6 béqueres de 100mL

Placa de aquecimento

6 potinhos de plástico

120g de arroz

Procedimento experimental

Distribua em cada béquer 50 mL de solução de água e açúcar. Leve-os à placa de

aquecimento à 200 ºC. Quando a água entrar em ebulição, acrescente 20 g de arroz em

cada béquer. Em três béqueres, o arroz deverá ser cozido apenas com a solução de água e

açúcar. Nos outros três béqueres, o arroz deverá ser cozido junto com a solução e mais

alguma especiaria seguindo o modelo abaixo:

a) Arroz-doce padrão (arroz mais solução de água e açúcar)

b) Arroz-doce acrescido de cravo

c) Arroz-doce acrescido de canela recém-ralada

d) Arroz-doce cozido com canela recém-ralada

e) Arroz-doce cozido com canela em pó vencida.

f) Arroz-doce cozido com cravo

O tempo de cozimento é de 30 minutos. Deixe resfriar por uma hora à temperatura

ambiente. Em seguida, transfira as amostras para os potinhos de plástico (não se esqueça

de identificar cada uma delas), cobertos com filme plástico aderente e mantenha a

temperatura ambiente.

Responda:

a) A partir do que foi discutido sobre antioxidantes, o que você espera que aconteça com

as amostras daqui a cinco dias?

b) Faça uma tabela relacionando o estado inicial e final das amostras.

c) O que podemos concluir com esse experimento?

Bibliografia

SOUSA, Anne Moraes; WALDMAN, Walter Ruggeri. Especiarias. Instituto virtual de estudos do

meio ambiente e saúde de Nova Friburgo – RJ, 2009. http://www.maxwell.lambda.ele.puc-

rio.br/13077/13077.PDF