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Material de Estudo Terça, 29 de Abril de 2008 10h28 FERNANDO AUGUSTO RICARDO DOS SANTOS: Chefe de Gabinete da Defensoria Pública da União (Categoria Especial - Tribunais Superiores), Professor de Direito Constitucional na UNIDF, no VESTCONCURSOS, no GRANCURSOS e em cursos preparatórios para a OAB, no Distrito Federal, Advogado no Serviço Público Federal, Especialista em Política Tributária pela FGV - Fundação Getúlio Vargas, Co-Fundador do CLUBE JURÍDICO DO BRASIL (e-mail: [email protected]) Mini-resumo- Cessão de Crédito(Direito Civil). Olá amigos!!! Seguem mais informações para seus estudos. Cessão de crédito: um negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional; transferência que faz o credor do seu crédito para outra pessoa, que passa a ser o novo proprietário, podendo exigir do devedor a quitação do seu valor. No Código Civil: TÍTULO II Da Transmissão das Obrigações CAPÍTULO I Da Cessão de Crédito Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem- se todos os seus acessórios.

Cessão Crédito, Debito e COntrato - Direito Civil III

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Material de Estudo Terça, 29 de Abril de 2008 10h28

FERNANDO AUGUSTO RICARDO DOS SANTOS: Chefe de Gabinete da Defensoria Pública da União (Categoria Especial - Tribunais Superiores), Professor de Direito Constitucional na UNIDF, no VESTCONCURSOS, no GRANCURSOS e em cursos preparatórios para a OAB, no Distrito Federal, Advogado no Serviço Público Federal, Especialista em Política Tributária pela FGV - Fundação Getúlio Vargas, Co-Fundador do CLUBE JURÍDICO DO BRASIL (e-mail: [email protected])

Mini-resumo- Cessão de Crédito(Direito Civil).

Olá amigos!!!

Seguem mais informações para seus estudos.

Cessão de crédito: um negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor transfere a outrem seus

direitos na relação obrigacional; transferência que faz o credor do seu crédito para outra pessoa, que

passa a ser o novo proprietário, podendo exigir do devedor a quitação do seu valor.

No Código Civil:

TÍTULO II

Da Transmissão das Obrigações

CAPÍTULO I

Da Cessão de Crédito

Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei,

ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de

boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.

Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus

acessórios.

Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se

mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654.

Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do

imóvel.

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Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este

notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente

da cessão feita.

Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição

do título do crédito cedido.

Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor

primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com

o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a

prioridade da notificação.

Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer

os atos conservatórios do direito cedido.

Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que,

no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.

Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável

ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe

cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.

Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.

Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais

do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as

que o cessionário houver feito com a cobrança.

Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver

conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado,

subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.

FONTE: h ttp://www.clubjus.com.br/?artigos&ver=1139.17684

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TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES:cessão de crédito, cessão de débito, cessão de contratoAda BittarMônica A. R. L. GonzagaRegina CurcioSilvio Reis de A. Magalhães•

SUMÁRIO1 INTRODUÇÂO..................................................................................................................22 CESSÃO.............................................................................................................................32.1 CESSÃO DE CRÉDITO.................................................................................................32.2 CESSÃO DE DÉBITO OU ASSUNÇÃO DE DÍVIDA ................................................53 DIFERENÇAS ENTRE CESSÃO DE CRÉDITO E CESSÃO DE DÈBITO...............74 CESSÃO DE CONTRATO...............................................................................................8BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................9• Alunos do 3º período do Curso de Direito das Faculdades Integradas Vianna Júnior.1 INTRODUÇÃOA transmissibilidade das obrigações, pode-se dizer categoricamente, tiveram umanotável e importante mudança conceitual em relação ao Direito Romano. Os romanosatribuíam um caráter pessoal e corpóreo à responsabilidade do devedor pela prestação.Desta forma, o princípio vigente das relações obrigacionais era o da intransmissibilidade.Atualmente, e de forma oposta a este pensamento romano, a transmissibilidade dasobrigações é consagrada no novo Código Civil1 em seus artigos 286 a 303.Conceito, portanto, moderno, fruto da evolução e exigências da sociedade atual queconsidera credores e devedores substituíveis em suas pessoas enquanto a relação jurídicaobrigacional permanece intacta.Este trabalho visa analisar os dispositivos pertinentes à questão da transmissibilidadedas obrigações, seja na cessão de crédito (artigos 286 a 298 do Código Civil), seja na cessãode débito (artigos 299 a 303 do Código Civil) ou na cessão de contrato. Primeiramenteanalisaremos o conceito de cessão para depois adentrarmos em cada tipo objeto do presenteestudo.1 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002.2 CESSÃOA cessão, consoante DINIZ (2004:p.432), é a transferência negocial, a título gratuitoou oneroso, de um direito, de um dever, de uma ação ou de um complexo de direitos,deveres e bens, com conteúdo predominantemente obrigatório, de modo que o cessionário(adquirente) exerça posição jurídica idêntica à do cedente.Mister se faz verificar as posições obrigacionais para que se verifique apossibilidade da cessão e a espécie da mesma. Didaticamente DINIZ (2004:p.432) expõeque na possibilidade de transmissão da posição de credor aliado aos requisitosindispensáveis à sua eficácia, ter-se-á a cessão de crédito; se houver suscetibilidade detransmissão da posição de devedor juntamente com as condições sine qua non para suavalidade, a cessão será de débito; se as partes, nos contratos onde constam direitos e deveresrecíprocos, existe a possibilidade da transmissão como um todo, caso em que se daria acessão de contrato, ou também chamada de cessão de crédito e débito.2.1 CESSÃO DE CRÉDITOConsagrada em nosso Código Civil em seu artigo 286, que assim dispõe:“O credor pode ceder o seu crédito, se a isto não se opuser anatureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a

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cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta aocessionário de boa-fé, se não constar do instrumento daobrigação”.Objetivamente, GOMES (1976:p.249) explicita que cessão de crédito “é o negóciopelo qual o credor transfere a terceiro sua posição na relação obrigacional”.A cessão de crédito é um negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual ocredor de uma obrigação – cedente, transfere, no todo ou em parte, a terceiro - cessionário,independentemente do consentimento do devedor - cedido, sua posição na relaçãoobrigacional, com todos os acessórios e garantias, salvo disposição em contrário, sem que seopere a extinção do vínculo obrigacional, discorre com muita propriedade DINIZ(2004:p.433).Nosso Código Civil consagra em seu artigo 104 que para que um negócio jurídicotenha validade necessário será a capacidade do agente, a licitude, possibilidade,determinação ou possibilidade de determinação do objeto; forma prescrita ou não defesa emlei. Dessa forma, a cessão de crédito, para ter validade, uma vez que a mesma é um negóciojurídico, necessitará, imprescindivelmente, dos requisitos mencionados.W.B.Monteiro, citado por SARAIVA (2005:p.107), aborda que à luz do artigo 287do Código Civil, cedido um determinado crédito, não havendo disposição em contrário,transferido estará, portanto, para o cessionário cláusula penal, juros, garantias (reais oupessoais), nas obrigações genéricas e alternativas, transferido estará o direito de escolha.A cessão de crédito poderá ser gratuita ou onerosa, total ou parcial, convencional,legal ou judicial, pro soluto ou pro solvendo.Na cessão gratuita, o cedente não exige uma contra-prestação do cessionário,enquanto que na cessão onerosa há exigência da contra-prestação.Em relação à cessão total, o cedente fará a transferência da totalidade do crédito.Nosso Código Civil é omisso em relação à cessão parcial, não significando suainadmissibilidade.A cessão que decorre de livre e espontânea declaração da vontade entre cedente ecessionário, através de contrato é a denominada cessão convencional. Porém, para tereficácia contra terceiros depende de redução a escrito, conforme W.B.Monteiro mencionadopor SARAIVA (2005:p.108). Vale ressaltar que a Lei nº 6.015, de 31.12.1973, em seu artigo129, n.9, consagra a necessidade do registro particular dos instrumentos de cessão dedireitos e créditos no Registro de Títulos e Documentos. Já a cessão legal é resultante de leique, independentemente de qualquer declaração de vontade, determina a substituição docredor. A cessão judicial, segundo Antônio de Paulo (2005), se faz em juízo, quando ocrédito ou direito já está sendo demandado, mesmo na fase de execução, ou quando eminventário pendenteTer-se-á cessão pro soluto, consoante Antônio de Paulo (2005:p.79), quando houverquitação plena de débito do cedente para o cessionário, operando-se transferência do crédito,que inclui a exoneração do cedente. O cedente transfere seu crédito com a intenção deextinguir imediatamente uma obrigação preexistente, liberando-se dela independentementedo resgate da obrigação cedida. A cessão pro solvendo, discorre o autor que seria aautorização dada ao credor para que cobre crédito ao devedor, a fim de que o receba,segundo os termos do contrato.O cessionário de crédito hipotecário, segundo DINIZ (2004:p.439) para efeitosassecuratórios dos direitos transferidos pela cessão, poderá averbar a cessão à margem doregistro de imóvel.Na cessão de crédito, o devedor poderá pagar válida e legitimamente ao credororiginário, antes da notificação. Como não recebeu a notificação, é como se a cessão não

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existisse, e, nesta situação, o devedor poderá exonerar-se da obrigação. Poderá também, odevedor, de acordo com sua conveniência, ressalvar seu direito de oponibilidade ao sernotificado da cessão. Caso em que seu silêncio equivalerá à anuência com a tratativa. Estanotificação feita ao devedor é importante, sobretudo e principalmente, como meio de seevitar o pagamento efetuado indevidamente.Efeitos diversos são produzidos pela cessão de crédito, tanto entre as partescontratantes quanto relacionado ao devedor. DINIZ (2004:p.445) menciona que entre ocedente e o cessionário, o primeiro assumirá uma obrigação de garantia, devido àresponsabilidade por ter cedido o crédito ao segundo, que por sua vez assume todos osdireitos do credor a quem substituiu. Já os efeitos relativos ao devedor serão vinculadosobrigatoriamente em relação ao período pré ou pós notificação.2.2 CESSÃO DE DÉBITO OU ASSUNÇÃO DE DÍVIDANosso Código Civil, no caput do artigo 299 e em seu parágrafo único estatui:“É facultado a terceiro a assumir a obrigação do devedor, como consentimento expresso do credor, ficando exonerado odevedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, erainsolvente e o credor o ignorava.Parágrafo único: Qualquer das partes pode assinar prazo aocredor para que consinta na assunção da dívida, interpretandoseo seu silêncio como recusa”.A denominação assunção de dívida vem do direito alemão (Die Schuldübernahme),explicita Mário Luiz Delgado Régis (2002:p.244), por uma sucessão a título singular dopólo passivo da obrigação, permanecendo inalterado o débito anterior.“Cessão de Débito ou Assunção de Dívida (DieSchuldübernahme) é um negócio jurídico bilateral, pelo qual odevedor, com anuência expressa do credor, transfere a umterceiro os encargos obrigacionais, de modo que este assume asua posição na relação obrigacional, substituindo-o,responsabilizando-se pela dívida, que subsiste com todos osseus acessórios. O débito originário permanecerá, portanto,inalterado” (DINIZ, 2004:p.447).Necessário citar os pressupostos para a validade da cessão de débito, expostos porDINIZ (2005:p.452), quais sejam, a existência e validade da obrigação transferida; asubstituição do devedor com permanência na substância do vínculo obrigacional e aconcordância do credor, uma vez que a pessoa do devedor é de suma importância para eleem virtude da dependência do cumprimento da obrigação à solvência e idoneidadepatrimonial do devedor; a observância dos requisitos atinentes aos negócios jurídicos .A assunção, segundo nossos doutrinadores, poderá ser efetuada por expromissão, ouseja, através de um contrato entre o credor e o terceiro que assume o pólo passivo da relaçãojurídica obrigacional, sucedendo o devedor principal. Necessário se faz elencar os passos eefeitos produzidos pela expromissão: o credor procura o terceiro (assuntor) liberando odevedor primitivo e subsistindo o vínculo obrigacional; há a transferência do débito aterceiro, que se investirá na conditio debitoris; ocorre a cessação dos privilégios e garantiaspessoais do devedor primitivo; sobrevivência das garantias reais; restauração da dívida,com todas as suas garantias, havendo anulação da substituição do devedor; possibilidade deo adquirente do imóvel hipotecado tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido.Outra forma também que poderá ser efetuada a assunção de dívida é pela delegação,caracterizada pelo acordo entre o devedor originário e o terceiro que vai assumir a dívida,cujo requisito para validade consiste na aceitação do credor.As duas modalidades, segundo Mário Luiz Delgado Régis (2002:p.245), podemainda surtir efeitos liberatórios ou cumulativos. Quando ocorre a liberação do devedorprimitivo, verifica-se a assunção liberatória. Contudo, quando ocorre o ingresso do terceiro

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no pólo passivo da obrigação, sem que ocorra a liberação do devedor primitivo, o qual aindapermanece na relação, com liame solidário com o novo, ocorre a assunção cumulativa..3 DIFERENÇAS ENTRE CESSÃO DE CRÉDITO E CESSÃO DE DÈBITOConvém ressaltar a importante característica da cessão de crédito que a diferencia dacessão de débito em conformidade com a doutrina exposta por Maria Helena Diniz e SilvioRodrigues, este citado por Denise Cárdia Saraiva. É absolutamente irrelevante, na cessão decrédito, a anuência do devedor. O ônus a que sujeita o devedor não se agrava em virtude dealteração do credor, motivo pelo qual há a dispensabilidade consagrada de seu assentimento.Para a validade da cessão de débito a exigibilidade da concordância do credor é mister paraque a efetivação do negócio se consagre. A pessoa do devedor é indubitavelmenteprimordial e de suma relevância para o credor, o qual dependerá da solvência daquele parater seu crédito satisfeito.4 CESSÃO DE CONTRATOA cessão de contrato não está regulamentada no direito brasileiro. Todavia,considerando o princípio da autonomia negocial e a validade do negócio jurídico(capacidade das partes, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, forma prescritae não proibido em lei) juntamente com a admissibilidade da cessão de crédito e da cessão dedébito, não há que se vedar a cessão do contrato. Ora, o contrato é composto de créditos edébitos para as partes que o compõem, logo, consoante DINIZ (2004:p.453), a cessão decontrato tem existência jurídica,e, transmitem-se ao cessionário não só os direitos, mastambém as obrigações do cedente.PAULO (2005:p.95), define contrato como“ Todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades daadministração pública e particulares em que haja um acordode vontades para a formação de vínculos e a estipulação deobrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada(lei 8.666/93 – Lei de Licitações – art. 2º, parágrafo único)”.Silvio Rodrigues, em sua conceituação descrita por Maria Helena Diniz(2004:p.454), dispõe com muita propriedade a respeito da cessão de contrato “atransferência da inteira posição ativa e passiva, do conjunto de direitos e obrigações de que étitular uma pessoa, derivados de contrato bilateral já ultimado, mas de execução ainda nãoconcluída”.Urge ressaltar os requisitos para a cessão de contrato enumerados por DINIZ(2004:p.456): bilateralidade contratual, ou seja, aquele em que as partes estabelecemobrigações recíprocas; contrato suscetível de ser cedido globalmente; transferência aocessionário dos direitos e deveres do cedente; anuência do cedido; observância dosrequisitos do negócio jurídico.Exemplos de cessão de contrato podem ser visualizados nos contratos de cessão delocação, de empreitada, de compromisso de compra e venda, entre outros...BIBLIOGRAFIADINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: teoria geral das obrigações. 2ºvolume. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2004.GOMES, Orlando. Obrigações. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1976.PAULO, Antônio de (ed). Pequeno Dicionário Jurídico. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&Aeditora, 2005.FIUZA, Ricardo e outros. Novo Código Civil Comentado. São Paulo: Saraiva, 2002.SARAIVA, Denise Cárdia. Direito Civil Ilustrado: parte especial, livro I: do direito dasobrigações. Rio de Janeiro: Edições Ilustradas, 2005.

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A transmissão da obrigação pode dever-se à cessão de credito, à assunção da dívida, ao endosso e a tradição manual do título da dívida. Interessando, apenas a cessão de crédito e a assunção da dívida. Esses outros são tratados de forma diferente nos manuais de Direito Comercial ou de Direito de Empresa.O Direito Romano, em qualquer de suas fases, não admitiu a transmissão de uma obrigação, seja por cessão de crédito e a assunção da divida. Na prática essa transmissão ocorria de modo indireto. Para a cessão de crédito utilizavam-se da novação, fosse mediante a delegatio ou mediante a expromissio; da procuração em causa própria; e das concessões das ações úteis. A procuração em causa própria surgiu no Direito Clássico (século II a.C. ao final do século III d.C.). O credor ao acionar, nomeava um procurador para agir em juízo, recebendo a dívida, sem a obrigação de prestar contas. Essa dispensa na prestação de contas dava a segurança que o cessionário (procurador) necessitava. Foi com o sistema de concessão das ações úteis, nascido no século II d.C. e aprimorado no século VI, que surgiu no Direito Romano algo mais semelhante à moderna cessão de credito. Por esse sistema o credor transferia ao "cessionário" o direito de acionar o devedor. Este cessionário por razões de utilidade prática (utilitatis causa, daí o nome ações úteis) agia em seu próprio nome, em vez de agir representando o credor na condição de procurador. Uma vez que o devedor fosse notificado, só se liberaria pagando o "cessionário". O instituto não pode ser chamado de cessão de credito, como a entendemos hoje, mas dela em muito se avizinha.Embora a lei só faça referência à cessão de crédito e assunção de dívida, admite a doutrina a chamada cessão de contrato ou cessão da posição contratual. Trata-se de negócio jurídico bilateral que "consiste na transferência de inteira posição ativa e passiva de conjunto de direitos e obrigações de que é titular um pessoa, derivados de um contrato bilateral já ultimado, mas de execução ainda não concluída" Como se vê, esta cessão abrange, ao mesmo tempo, a transmissão de direitos e obrigações derivados do contrato-base, por isso que só se aplica a contratos bilaterais ou sinalagmáticos. Exatamente porque envolve a transmissão de obrigações é que se exige a concordância do outro contratante (o cedido), já que o cessionário (ou seja, o terceiro que adquire a posição de contratante originário - cedente) passará a ser seu devedor. Embora, não haja previsão na lei, tal tipo de negócio é perfeitamente válido, por força do princípio da autonomia da vontade.Em qualquer um dos casos, há verdadeira substituição dos sujeitos que ocupam um dos pólos da relação obrigacional, sem que seja verificada qualquer alteração nos demais elementos da obrigação. Operada a cessão, seja do crédito ou do débito, o vínculo obrigacional permanece o mesmo, o motivo pelo qual nenhum dos dois institutos pode ser confundido com a novação subjetiva.Foi, assim, só no Direito moderno que surgiram a cessão de credito e a assunção da divida, como meios distintos de transmissão das obrigações.

Cessão é a transferência negocial, a título gratuito ou oneroso, de um direito, de um dever, de uma ação ou de um complexo de direitos, deveres e bens, com conteúdo predominantemente obrigatório, de modo que o adquirente (cessionário) exerça posição jurídica idêntica à do antecessor (cedente).

Cessão de crédito é um negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor de uma obrigação (cedente) transfere, no todo ou em parte, a terceiro (cessionário), independentemento do consentimento do devedor (cedido), sua posição na relação obrigacional, com todos os acessórios e garantias, salvo disposição em contrário, sem que se opere a extinção do vínculo obrigacional; poderá ser:

a) gratuita ou onerosa;

b) total ou parcial;

c) convencional, legal ou judicial;

d) pro soluto e pro solvendo: Ter-se-á a primeira quando houver quitação plena do débito do cedente para o cessionário, operando-se a transferência do crédito, que inclui a exoneração do cedente; a segunda é a transferência de um direito de crédito, feita com intuito de extinguir a obrigação, que, no entanto, não se extinguirá de imediato, mas apenas se e na medida em que o crédito cedido for efetivamente cobrado.

Requisitos: capacidade genérica para os atos comuns da vida civil e capacidade especial, reclamada

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para os atos de alienação, tanto do cedente como do cessionário; objeto lícito e possível, de modo que qualquer crédito poderá ser cedido, constante ou não de um título, esteja vencido ou por vencer, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei e a convenção com o devedor; não se exige formas específica para que se efetue a cessão, porém, para que possa valer contra terceiros, exceto nos casos de transferência de créditos, operados por lei ou sentença, será necessáeio que seja celebrada mediante instrumento público ou particular.

Cessão de débito é um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor, com anuência expressa ou tácita do credor, transfere a um terceiro os encargos obrigacionais, de modo que este assume sua posição na relação obrigacional, substituindo-o; realizar-se-á mediante expromissão (negócio pelo qual uma pessoa assume espontaneamente o débito de outra) ou delegação (quando o devedor transferir a terceiro, com a anuência do credor, o débito com este contraído).

Cessão de contrato é a transferência da inteira posição ativa e passiva, do conjunto de direitos e obrigações de que é titular uma pessoa, derivados de um contrato bilateral já ultimado, mas de execução ainda não concluída; possibilita a circulação do contrato em sua integralidade, permitindo que um estranho ingresse na relação contratual, substituindo um dos contrantes primitivos, assumindo todos os seus direitos e deveres.

TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

Cessão de Crédito e Assunção de Débito

1 – Cessão de crédito: é a venda de um direito de crédito; é a transferência ativa da obrigação que o credor faz a outrem de seus direitos; corresponde à sucessão ativa da relação obrigacional.

Em direito a sucessão pode ocorrer inter vivos ou mortis causa. A sucessão mortis causa nós vamos estudar em Civil 7, que é a herança. A cessão de crédito corresponde à sucessão entre vivos no direito obrigacional. A cessão de crédito também não se confunde com a cessão de contrato que é a cessão de direitos e deveres daquela relação jurídica, e não apenas de um crédito.

Quando estudamos pagamento por sub-rogação vimos que a cessão de crédito é uma de suas espécies (348), mas na sub-rogação a dívida mantem o valor, já a cessão de crédito pode envolver valores diversos tendo em vista a liberdade entre as partes (ex: A deve cem a B para pagar daqui a seis meses, C então se oferece para adquirir este crédito contra A por oitenta pagando a B a vista; C age na esperança de ter um lucro ao receber os cem de A no futuro; isto acontece no comércio no desconto de cheques “pré-datados”).

Conceito: cessão de crédito é o negócio jurídico onde o credor de uma obrigação, chamado cedente, transfere a um terceiro, chamado cessionário, sua posição ativa na relação obrigacional, independentemente da autorização do devedor, que se chama cedido.

Tal transferência pode ser onerosa ou gratuita, ou seja, o terceiro pode comprar o crédito ou simplesmente ganhá-lo (= doação) do cedente.

Anuência do devedor: como já disse, a cessão é a venda do crédito, afinal o cedido continua devendo a mesma coisa, só muda o seu credor. O cessionário ( =

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novo credor) perante o cedido/devedor fica na mesma posição do cedente ( = credor velho). A cessão dispensa a anuência do devedor que não pode impedi-la, salvo se o devedor se antecipar e pagar logo sua dívida ao credor primitivo. Todavia, o cedido ( = devedor) deve ser notificado da cessão, não para autorizá-la, mas para pagar ao cessionário ( = novo credor, 290).

Justificativa: a cessão de crédito se justifica/se fundamenta para estimular a circulação de riquezas, através da troca de títulos de crédito (ex: cheques, duplicatas, notas promissórias, títulos que vocês vão estudar em Direito Comercial/Empresarial). Além do exemplo acima do desconto de cheques “pré-datados”, a cessão de crédito é muito comum entre bancos e até a nível internacional do Governo Federal, em defesa da moeda e da disciplina cambial.

Forma da cessão: não exige formalidade entre o novo e o velho credor, pode até ser verbal, mas para ter efeito contra terceiros deve ser feita por escrito (288). A escritura pública é aquela do art. 215, feita em Cartório de Notas. O contrato particular é feito por qualquer advogado.

Que créditos podem ser objeto de cessão? Todos, salvo os créditos alimentícios (ex: pensão, salário), afinal tais créditos são inalienáveis e personalíssimos, estando ligados à sobrevivência das pessoas. A lei proíbe também a cessão de alguns créditos como o crédito penhorado (298 – vocês vão estudar penhora em processo civil) e o crédito do órfão pelo tutor (1749, III – tutela é assunto de Civil 6). O devedor pode também impedir a cessão desde que esteja expresso no contrato celebrado com o credor primitivo, caso contrário, como já disse, caso queira impedir a cessão o devedor terá que se antecipar e pagar logo. Vide art. 286.

Espécies de cessão: 1) convencional: é a mais comum, e decorre do acordo de vontades como se fosse uma venda (onerosa) ou doação (gratuita) de alguma coisa, só que esta coisa é um crédito; 2) legal: imposta pela lei (ex: nosso conhecido 346; no 287 também é imposto pela lei a cessão dos acessórios da dívida como garantias, multas e juros); 3) judicial: determinada pelo Juiz no caso concreto, explicando os motivos na sentença para resolver litígio entre as partes.

A cessão pode também ser “pro soluto” ou “pro solvendo”; na pro soluto o cedente responde pela existência e legalidade do crédito, mas não responde pela solvência do devedor (ex: A cede um crédito a B e precisa garantir que esta dívida existe, não é ilícita, mas não garante que o devedor/cedido C vai pagar a dívida, trata-se de um risco que B assume). Na cessão pro solvendo o cedente responde também pela solvência do devedor, então se C não pagar a dívida (ex: o cheque não tinha fundos), o cessionário poderá executar o cedente. Mas primeiro deve o cessionário cobrar do cedido para depois cobrar do cedente.

Quando a cessão é onerosa, o cedente sempre responde pro soluto, idem se a cessão foi gratuita e o cedente agiu de má-fé (ex: dar a terceiro um cheque sabidamente falsificado gera responsabilidade do cedente, mas se o cedente não sabia da ilegalidade não responde nem pro soluto, afinal foi doação mesmo - 295);

Page 10: Cessão Crédito, Debito e COntrato - Direito Civil III

mas o cedente só responde pro solvendo se estiver expresso no contrato de cessão (296).

2 – Assunção de dívida: é a transferência passiva da obrigação, enquanto a cessão é a transferência ativa. A assunção é rara e só ocorre se o credor expressamente concordar, afinal para o devedor faz pouca diferença trocar o credor ( = cessão de crédito), mas para o credor faz muita diferença trocar o devedor, pois o novo devedor pode ser insolvente, irresponsável, etc. (299 e 391). E mesmo que o novo devedor seja mais rico, o credor pode também se opor, afinal mais dinheiro não significa mais caráter, e muitos devedores ricos usam os infindáveis recursos da lei processual para não pagar suas dívidas. Ressalto que o silêncio do credor na troca do devedor implica em recusa, afinal em direito nem sempre quem cala consente (pú do 299). Na assunção o novo devedor assume a dívida como se fosse própria, ao contrário da fiança onde o fiador responde por dívida alheia (veremos fiança em Civil 3).

Conceito: contrato onde um terceiro assume a posição do devedor, responsabilizando-se pela dívida e pela obrigação que permanece íntegra, com autorização expressa do credor.

Observação: ao contrário do pú do 299, nós percebemos que “quem cala consente” no art. 303; trata-se de uma aceitação tácita do credor para a troca do devedor, afinal na hipoteca a garantia é a coisa (assunto de Civil 5).