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Terça-feira, 27-7-1954 FUNDADOR JORGE LACERDA A tendência a um pessl- niLsmo irônico e a dis- creta implacabilid a d e com que, principalmeu- te na sua derradeira fase. pro- curava .surpreender a realidade do sentimento na alma numa- na, valeram a Machado de As- vis o atributo de maligno ou perverso. O que às vezes pa- reco tornar-se Incontestável. Mas é temerário extrair disso ilações ra cais, sobretudo quanto ao sentimento de gra- tidãn ou lealdade moral em Machado de Assis. A atitude quo teve para com n. s ;a ma- drasta n&o é fácil com:»recn- der. mais, quem sabe ? O es- crltor podia ter razões de foro intimo capazes do justificar o •eu alheamento à pobre mu- lher. Recrimina-se igualmente extrema sobriedade, não des- tituida de alguma frieza, com que escreveu sobro Manuel An- tônlo de Almeida, após o de- •aparecimento do romancista, aliás, em circunstâncias t**á*ri- cas. Foi este qu°m deu a mão a Machado de Assis, naqueles difíceis tempos, de maneira mais eficiente e sejrura, não o subtraindo de um emprêrro humilde para o colocar em po- Bicão melhor, na Imprensa Na- eional, como também propi- ciindo as suas relações com Francisco Otaviano e Quintino Bocaiúva. Esses e alguns ou- tros companheiros tornaram- lhe menos áspera a luta por um lugar ao sol, naquele come- co de vida. Alguns de seus contemporâ- neos aeusaram-no de egoísta e João Ribeiro referiiU-se à sua «profn nda insensibiPdade». at-ibuíndo-a à nevrose de quo sofria, ao explicar o comporta- mento moral do escritor em auas relações com o mundo Machado de Assis tinha mais de um motivo para ser insociá vel e amargo mas a vedado é que sabia cultivar e manteve carinhosamente as su^s afei- ções, embora observando sem- pre, ainda com os melhores amigos, aquilo que o velhaco do Polônio recomendava 9 Laertes*: «Give every man thv •ar, but few thy volce». Quando conhecer Carolina ocupava posrção saliente no jornalismo, mas para casar-se. precisava de um emn*-CTo. Êst« lhe veio em abril de 1867, quan- do Zacarias üf Góis o nomeou em decreto referendado por êl<*. pelo menos, ajudante do dire- tor da publicação do «Diário ©f?«e?nb>, ear-ro em que se man- teve até 1874. Seria um favor pessoal do ministro lalano essa nomea- ção ? Tudo indica que sim. M* chado de Assis trabalhou Inl- eialmente como redator de do* bates para o «Diário do Rio do Janeiro», junto ao Senado, no* «na época jrr qu Zacarias era mais respeitável e temido de seus pares. Suas opiníiões de cronista poIfHco despertavam interesse e uma delas teve mes- mo a mais viva ressonância na- quela au-mstà casa- em 1864. É aliás de 28 de acosto desse ano » crônica em que Machado do Assis, resguardado pelo pseu- dônlmo ridicularizava Zaea* rias. ãg vésperas do episódio parlamentar que provocou a queda do gabinete. Começando por lembrar: «Mais alguns dias está o Ministério em férias*, qveria Machado referir-se a um lazer periódico, o das férias parlamentares me.s a crise que o atingiu se ensaiava às es- condidas para explodir no dia se«ruinte. Antes de qualquer ou- tra observação, apresenta a crônica e*9a curiosa partícula- :i- HÜ*^@?vaiT*a»»i^^^^ PiwW¦*i^WtSqfíKFW&fàstWÊMÊÊSt. ANO 9/> —* N.° 309 DIRETOR: ALMEIDA PISCI1E» F " ^flHflBtQ2'íjÍVT|lTj5pjP|pKJ**S*fl*l'BSSS!'»T*»T»M]SM*S»VIJ2MMH»v«»^>?w.^>^.^^.^^wm.**»^»*S»^»^.^M»^* F ' . jBflM*WCSBLjCTBEL<»ft' "^^V^Jj.lrrli..'!S^Çifrf1(mt. •% aVii'i*A H ' fi^rflpw mnnTit aiimfíl^^ hP^JiM ^EffD HftE luLiEvL.^B ¦WíVTIJtW*-¦rv'^í ;*' * ^»í*?^Í^V'_»*5«'í *-í*.' * "**¦*¦* «w*^ ***¦."" 0\E*\ jyV^**»^\^*W^yj(^Pfev^J |l7 \t\SS^üw Z*^*^f*Hiia^ffi3P*v?*** - Crr **'^yj - ^C**»à*"r*y H ^W^sP*^ ffff BTtf** afia» wèêmwMkí fl wÉBBnnÉ K^tfflf ^»**** * 1HVJHM uffl\t.prfv' rv TW^NjItF JW-^MKi^iI^*^********1*******mmWÈÊÜ*^m^0^^\Z^mMV&&ÍMVl'r'(^Ê Xilogravura de OIVEKY ZACARIAS DE E MACHADO DE GÓIS ASSIS rfdadFe, mas o que me um matiz verdadeiramente interes- sante é o tom sardôaico sobro Zacarias, quando o mostra numa impaciência desusada, «cabisbaixo, triste, meditabun- do», a remexer os seus papéis, no Ministério, para, em se;;ui- da, revelar a causa dessa /;ravo preocupação: «»S. Excia. tinha perdido um botão da casaca*. A melo do pvacejo desfecha-se o ataque objetivo e direto, atra- vés de uma indagação desabu- saia: «...pergunto se, à vista de tudo isto, pode o aíuai Ml- nistério ter a pretensão de dl- riTir seriamente os negócios do Estado Era qualquer cir^ EUGEMO GOME* ciinstância esse ataque jocoso- rio desagradaria a Zacarias de Góis e ainda mais, decerto, na perspectiva em que estava do uma derrubad: imediata do po- der. Na semana seguinte, Ma- chado voltava à carga e, sem nem piedade, frisava, evi- dentemente ufano da crítica anterior: «Já nâo é presidenta do Conselho o Sr. Zacarias do Góis. De um dia para outro fal* tou-lhe o apoio parlamentar. Era a conseqüência legítima da vida que Lívob. Não se trava do timão do Estado ptira fa- ser um passeio de gôndola ve- neziana, ft lu* dos archoios e,« som dos bandolins», Depois disso, aconteceu om* coisa que Machado de Assis não previu nem podia esperar. Outra vez no governo, em 1867, Zacarias nomeou o jornalista quo zombara deie e de sua ge*- tão política, naqueles lon^res <.=« líJGl- Nesse interrégnô, não te- ve Machado ensejo de ocupar- se do estadista baiano. Quan* do este morreu, porém, em 1877, deu êle a ver quanto o admira- va, fazendo-lhe um paneçírieo, que excede significativamente em calor humano e espaço o que consagrara dias antes a José de Alencar. Se é preciso admitir que ai falava a cons- etêniiia moral do Machado do Assis, digam o que diftKoret» geralmente receptiva t* grandes comoções da vida nu» eional, não ha como excluir o sentimento t;"utidão com que so referiu àquele hr.mer» superior que lho dera um em» prego condigno, num; bom ainda incerta do seu doiin*. Dubitativo e reticencio««v Machado ue Assis tinha em Za« carias de Góis um verdadeira antípoda, mus a quem admira- va e procurava exaltar justa > mente pelo que havia de elevs- do e afirmativo em sua perto- nalidade. O escritor que nà<» dissimulava seu horror à c<»•*• trovérsla paradoxalmente apr.n zla-se em celebrar no estaditt'* baiano o desnssombro com qw» enfrentava e i/uase sempre ali<&« teu os seus adversar.os. No eo* pírito n:ula entusiástico de M'** chado lão extiaôrdin&rtas er:;tl as proporções de Zacai.as que lhe parecia transcenderem au." piamente os limites esfeito* do sectarismo po'írtco: «Não iu\ conservadores, nem liberais —> concluía êle o comovido pane»- gfrlco quando se tratava da um vulto daquela estatura, cuso fato melhor fará sentir o quo êle valia, e de quem a p^sle» ridade dirá que era um hon.em» um verdadein homem». N ipo- leão disse o mesmo de Gorthe» querendo assim resumir a ". "in- deza do um vulto excepci: ial da humanidade. PassaramrSi os tempos até que surgiu outro ensejo de Machado de Assis tradtx/.lr, não sua admiração, mas o que se poderia chamar seta exagero o culto de -Sacarlafl Tor uma dessas mesquinharia»! tao comuns em coisas de no* iríenclatura urbanística, tinha sido dado o nome d 5 Zae.»rias de Góis a um beco m*se-áve4 de cidade do Rio de Janeiro. Esse beco, perém. tornou-se inesperadamente conhecido por causa de um incêndio que lhe uesnorteou o.n moradores pon» do-os em grande polvorosa. A propósito desse incidente, numa de suas crônicas em ver* sos da seção «Gazeta de Ilolau* da», (n. 16, de 27 de março de 1887), tão a.amente Irequen- tada por seus «eitores de hoje. Machado de Assis uisurtriu-se contra aquela afronta e inemo* ria de Zacarias, verbr-raulo-a especialmente nestas quadraai «Esse beco, o beco escure» O beco que nunca vi. Beco de tão pouco uso, Quo nunca o nome lhe ll« Chama-se dr, conselheira Zacarias- leiam bem. E vá, reflitam primeiro, Como eu refleti também, O meu louto Zacarias ? Meu velho parlamentar ! O mestre das ironias ! O chefe ilustre e exemplar I Quantas e quantas batalhas Deste contn» Iguais varões! E de quantas, quan as gr** [!u»*W Tiraste o ar de pavõe/» J Sólido, agudo, brilhante, Sincero, que vale mais. Depois da carreira ovant<% Depois do glórias reais, t Deram-te um beco... Olhai [um beco..,, J)e tantas coisas que uar, Coube-te a ti homem séca> Triste beco ao do mar». Poucas vezes enfi x Machado do Assis aludiu a Uin homera público do modo mais b-"""** «"att* (CONCLUI NA 10.» PAGINA)

Coleção Digital de Jornais e Revistas da Biblioteca …memoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1954_00309.pdftônlo de Almeida, após o de-•aparecimento do romancista, aliás, em circunstâncias

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Page 1: Coleção Digital de Jornais e Revistas da Biblioteca …memoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1954_00309.pdftônlo de Almeida, após o de-•aparecimento do romancista, aliás, em circunstâncias

Terça-feira, 27-7-1954FUNDADOR JORGE LACERDA

A

tendência a um pessl-niLsmo irônico e a dis-creta implacabilid a d ecom que, principalmeu-

te na sua derradeira fase. pro-curava .surpreender a realidadedo sentimento na alma numa-na, valeram a Machado de As-vis o atributo de maligno ouperverso. O que às vezes pa-reco tornar-se Incontestável.Mas é temerário extrair dissoilações ra cais, sobretudoquanto ao sentimento de gra-tidãn ou lealdade moral emMachado de Assis. A atitudequo teve para com n. s ;a ma-drasta n&o é fácil com:»recn-der. mais, quem sabe ? O es-crltor podia ter razões de forointimo capazes do justificar o•eu alheamento à pobre mu-lher. Recrimina-se igualmente• extrema sobriedade, não des-tituida de alguma frieza, comque escreveu sobro Manuel An-tônlo de Almeida, após o de-•aparecimento do romancista,aliás, em circunstâncias t**á*ri-cas. Foi este qu°m deu a mãoa Machado de Assis, naquelesdifíceis tempos, de maneiramais eficiente e sejrura, nãosó o subtraindo de um emprêrrohumilde para o colocar em po-Bicão melhor, na Imprensa Na-eional, como também propi-ciindo as suas relações comFrancisco Otaviano e QuintinoBocaiúva. Esses e alguns ou-tros companheiros tornaram-lhe menos áspera a luta porum lugar ao sol, naquele come-co de vida.

Alguns de seus contemporâ-neos aeusaram-no de egoísta eJoão Ribeiro referiiU-se à sua«profn nda insensibiPdade».at-ibuíndo-a à nevrose de quosofria, ao explicar o comporta-mento moral do escritor emauas relações com o mundo

Machado de Assis tinha maisde um motivo para ser insociável e amargo mas a vedadoé que sabia cultivar e mantevecarinhosamente as su^s afei-ções, embora observando sem-pre, ainda com os melhoresamigos, aquilo que o velhacodo Polônio recomendava 9Laertes*: «Give every man thv•ar, but few thy volce».

Quando conhecer CarolinaJá ocupava posrção saliente nojornalismo, mas para casar-se.precisava de um emn*-CTo. Êst«lhe veio em abril de 1867, quan-do Zacarias üf Góis o nomeouem decreto referendado por êl<*.pelo menos, ajudante do dire-tor da publicação do «Diário©f?«e?nb>, ear-ro em que se man-teve até 1874.

Seria um favor pessoal doministro lalano essa nomea-ção ? Tudo indica que sim. M*chado de Assis trabalhou Inl-eialmente como redator de do*bates para o «Diário do Rio doJaneiro», junto ao Senado, no*«na época jrr qu Zacarias era

mais respeitável e temido deseus pares. Suas opiníiões decronista poIfHco despertavaminteresse e uma delas teve mes-mo a mais viva ressonância na-quela au-mstà casa- em 1864. Éaliás de 28 de acosto desse ano» crônica em que Machado doAssis, resguardado pelo pseu-dônlmo ridicularizava Zaea*rias. ãg vésperas do episódioparlamentar que provocou aqueda do gabinete. Começandopor lembrar: «Mais alguns dias

está o Ministério em férias*,qveria Machado referir-se a umlazer periódico, o das fériasparlamentares me.s a crise queo atingiu já se ensaiava às es-condidas para explodir no diase«ruinte. Antes de qualquer ou-tra observação, apresenta acrônica e*9a curiosa partícula-

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Xilogravura de OIVEKY

ZACARIAS DEE MACHADO DE

GÓISASSIS

rfdadFe, mas o que me dá ummatiz verdadeiramente interes-sante é o tom sardôaico sobroZacarias, quando o mostranuma impaciência desusada,«cabisbaixo, triste, meditabun-do», a remexer os seus papéis,no Ministério, para, em se;;ui-da, revelar a causa dessa /;ravopreocupação: «»S. Excia. tinhaperdido um botão da casaca*.A melo do pvacejo desfecha-seo ataque objetivo e direto, atra-vés de uma indagação desabu-saia: «...pergunto se, à vistade tudo isto, pode o aíuai Ml-nistério ter a pretensão de dl-riTir seriamente os negócios doEstado ?» Era qualquer cir^

EUGEMO GOME*

ciinstância esse ataque jocoso-rio desagradaria a Zacarias deGóis e ainda mais, decerto, naperspectiva em que estava douma derrubad: imediata do po-der. Na semana seguinte, Ma-chado voltava à carga e, semdó nem piedade, frisava, evi-dentemente ufano da críticaanterior: «Já nâo é presidentado Conselho o Sr. Zacarias doGóis. De um dia para outro fal*tou-lhe o apoio parlamentar.Era a conseqüência legítima davida que Lívob. Não se travado timão do Estado ptira fa-ser um passeio de gôndola ve-neziana, ft lu* dos archoios •e,« som dos bandolins»,

Depois disso, aconteceu om*coisa que Machado de Assisnão previu nem podia esperar.Outra vez no governo, em 1867,Zacarias nomeou o jornalistaquo zombara deie e de sua ge*-tão política, naqueles lon^res <.=«líJGl- Nesse interrégnô, não te-ve Machado ensejo de ocupar-se do estadista baiano. Quan*do este morreu, porém, em 1877,deu êle a ver quanto o admira-va, fazendo-lhe um paneçírieo,que excede significativamenteem calor humano e espaço oque consagrara dias antes aJosé de Alencar. Se é precisoadmitir que ai falava a cons-etêniiia moral do Machado do

Assis, — digam o que diftKoret»— geralmente receptiva t*grandes comoções da vida nu»eional, não ha como excluir osentimento d« t;"utidão comque so referiu àquele hr.mer»superior que lho dera um em»prego condigno, num; bomainda incerta do seu doiin*.

Dubitativo e reticencio««vMachado ue Assis tinha em Za«carias de Góis um verdadeiraantípoda, mus a quem admira-va e procurava exaltar justa >mente pelo que havia de elevs-do e afirmativo em sua perto-nalidade. O escritor que nà<»dissimulava seu horror à c<»•*•trovérsla paradoxalmente apr.nzla-se em celebrar no estaditt'*baiano o desnssombro com qw»enfrentava e i/uase sempre ali<&«teu os seus adversar.os. No eo*pírito n:ula entusiástico de M'**chado lão extiaôrdin&rtas er:;tlas proporções de Zacai.as quelhe parecia transcenderem au."piamente os limites esfeito*do sectarismo po'írtco: «Não iu\conservadores, nem liberais —>concluía êle o comovido pane»-gfrlco — quando se tratava daum vulto daquela estatura, cusofato melhor fará sentir o quoêle valia, e de quem a p^sle»ridade dirá que era um hon.em»um verdadein homem». N ipo-leão disse o mesmo de Gorthe»querendo assim resumir a ". "in-deza do um vulto excepci: ialda humanidade.

PassaramrSi os tempos atéque surgiu outro ensejo deMachado de Assis tradtx/.lr,não já sua admiração, mas oque se poderia chamar setaexagero o culto de -SacarlaflTor uma dessas mesquinharia»!tao comuns em coisas de no*iríenclatura urbanística, tinhasido dado o nome d 5 Zae.»riasde Góis a um beco m*se-áve4de cidade do Rio de Janeiro.Esse beco, perém. tornou-seinesperadamente conhecido porcausa de um incêndio que lheuesnorteou o.n moradores pon»do-os em grande polvorosa.

A propósito desse incidente,numa de suas crônicas em ver*sos da seção «Gazeta de Ilolau*da», (n. 16, de 27 de março de1887), tão a.amente Irequen-tada por seus «eitores de hoje.Machado de Assis uisurtriu-secontra aquela afronta e inemo*ria de Zacarias, verbr-raulo-aespecialmente nestas quadraai

«Esse beco, o beco escure»O beco que nunca vi.Beco de tão pouco uso,Quo nunca o nome lhe ll«

Chama-se dr, conselheiraZacarias- leiam bem.E vá, reflitam primeiro,Como eu refleti também,

O meu louto Zacarias ?Meu velho parlamentar !O mestre das ironias !O chefe ilustre e exemplar I

Quantas e quantas batalhasDeste contn» Iguais varões!E de quantas, quan as gr**

[!u»*WTiraste o ar de pavõe/» J

Sólido, agudo, brilhante,Sincero, que vale mais.Depois da carreira ovant<%Depois do glórias reais,

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Deram-te um beco... Olhai[um beco..,,

J)e tantas coisas que uar,Coube-te a ti homem séca>Triste beco ao pó do mar».

Poucas vezes enfi x Machadodo Assis aludiu a Uin homerapúblico do modo mais b-"""** «"att*

(CONCLUI NA 10.» PAGINA)

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rogma — *. LBT R A S B A * T BS,1 fí Terça feira, 277-1954

4£->

UM POEMA DE FERREIRA

GULLAR

m&

DESEJO

transcrever 4alivro iccentemcnte pu-blicado — "A LUTA

CORPORAL' — ferreiro Gol-4or — um pncina, a meu veradmirável, pclu dom que o poo-ta teve Uc oMruturar valoresplásticos i verdadeira nature»ta-mortaj com um denso ui-

gnificado, umf emoção de or-dera meiaüsica. L tal o fexmediante hábi» contraponto, no

qual êsse u aquôie verso in-terrorape, como um surdo cia-mor, a concisa tranqüilidadedos objeto- que noutroa ae des-crevem.

Chamo a atenção para atécnica do poeta, para os seu»versos breves, cortados, quenos ajudam a desenhar comnitiüés a com-posição, • quemantêm um timbre de contidae lúcida agonia.

A ausência de retórica im-

porta numa espécie de retóri-ca às avessas, com o mesmopoder convincente da boa ora»toria. ass.m como vemos a for-ça de um corcel preso pela»rédeas, espetáculo no qual aimobilidade encobre uma in-tensa luta.

Essa mesma virtude vamosencontrar em vários outrospoemas de Ferreira GuJlar,entre os quais, no tríptico quetem por motivo o galo, poe-

JOSÉ? PAVLO MOREIRA DA FONSECA

maa Casea, que julgo preferi-veis às experiências vocabula-res do final do livro, demasia-damente "desagregadoraa", de-masiadamente " u^umanas ",

salvo melhor Juízo.Passemos ao citado poema

« AS PfiRAS|

As pèras, no pratoapodrecem.O relógio, adore elas, tmede *m sua morto tParemos c pêndula. Deteria

fmos, asstm, Imorte da* frutas t

OKI a» peras canaoram-Mie suas formas e dosua doçura. As p*ras,concluídas, gastam-se nofulgor de estarem pronta*para nada.

O relógionão mede. Trabalhano vazio: sua voz deslizei ~*

fora dos oo-«>oa.

Tudo ê p ooneacoie «i Aa péias se consomemno seu doiradosossego. As flores, no canteirodiário, ardei»ardem, em vermelhos o azuis.

Tudo desliza • tstá só*

O dia ricovu.m dia de todos, * ãévttáncm entrt at> eousas.Mas o dia 7> gato, o felino0 sem palavrasdui do gato que passa entre os

imóveis,ê passar. Não entra os inoveispassar como eupasso: enire nada.

O dia da» perasê o seu apoarecimento*

9 tranqüilo o diaaVM peras 9 Klasnao gritam, comop aaio.

Gritarpara quê i se o canis dé apenas um arcaefêmero fora docoração t

gra preciso que K

e canto to cessasse 'punca. JVoo pelo ,tanto tca.Uo w«e oshomens ouvem) masporque, can-tando, o galoè sem morte,

Mfe.

14-7-51

POESIA "BRASILEIRA"

Quem viu um tapuia compenas e chocalhos na AvenidaRio Branco 1 muem escutou o

ruglr de um Jaguar na Praçada Bandeira ? quantos naoe-rao maio que três ou quatrolendas indígenas 1

Parece-me um absurdo di-zer-se que uma certa poesiamacunaima tvai:da alias) 6anais brasileira que outra nào

participante desse caráter, fei-to uma elegia de Sclnmdt, umaode de Joào Cabral de Melo.O Brasil 6 i mata, a faunatropical, mas, igualmente, acidade. Nosra cultura é euro-

péia, somos, inabdicavelmente,pm ramo do Ocidente; aceite-mos a mescla com outras cul-turas (prê-colombianaa ou ca-mltaa), porém nelas ver o nos-•o nervo é coinparavel a vestir-jno-nos com remiges de araraou obrigar ao exército usar otacape em vez de ruzii.

| Não se trau. de imitar a Eu-ropa, e sim de ser o que ao-mos. Todavia, se temos 80 porcento de Europa em nós, re-

pudiá-los será repudiar a nósmesmos. Infantilmente, nàoraro, julgamos autêntico emnos, aquilo que os estrangeirosesperam que sejamos, investin-do o pitoresco, o produto Jaimaginação turista com aa

prerrogativas do umíorine.

lembro-me ainoa d»lebre efuritoi português noramia Uu *pai lainenio o> Mia*rUo Mandai ii.uagunüo-wa. aa-eioso. a apontar oado» morros de Botafogo —

ká bichos t Como posso •»

los f Quero mudo vê-los —» jparecendo-me atestar que **ae \Brtuúl era o que mais o tme*

resaava, esquecido que na re»taguonla. na sala estavam o ;autor de "Ua Quatro Eleinen* •tos" e mais uma dezena de es-crltores e que constituíam um

Brasil muito mais autêntico evisceral, muitr mais BtcmI ea-

fim, do que qualquer cenanaflorestal no quai um pobre nu-eo perdido explore o arquipé»lago de montanhas que einer*

ge da cidade. ||

À meu ver Cobra M'orate» de

Raul Boop ou dado epigrmm*

antropotâgico de Oswald emAndrade sào bem brasileiro*,

porém nao mais que a espiên*dida "Máquina do Mundo", iaCarlos Drummond de Andradeou "Mozart no céu", de Ma-nuel Bandeira. \\

Destarte, não se pode sen»,

tir nenhum desenraizamentona geração ae 45, tão noas»

I

quanto a le 2*». quanto o eanv }i

ba ou os mil cartazes eleito- irais que povoam a cidade, cona

um alarde tipográfico de pro» jnessas acuiitanda um peUiOajcie volo.

jgg

CHEGA

a constituir ex-ceyuo o ruvQiio ue Gil-berio: Freyre, de valo-rizar os trabalhos depeoMuisa em nosso pais,

ainda quando eles não saoúteis apenas à Sociologia,que e matéria de seu inteirooominio. Evidentemente a,marca de civilização que oaisungue de tantos outrosescuüiosos brasileiros e umprivilégio que, por óbvias ra-zões, nao se poderia encon-trar a tono e a direito, mes-mo se nosso índice geral decultura íosse muito mais ele-vado ao que ê agora. Mas aolouvarmos a posição didàti-ca que adotou Gilberto Frey-

. re em face das obras de pes-quisa; ao exaltarmos sua na-tureza de educador e críticocum relação, sobretudo, aohomem de estudos, pela ma-neira com que o esclarece e oorienta em sua especialidade:ao nos ocorrer aqui o nomede Gilberto Freyre, quandoproeuramos um grande no-me de nessa cultura para ba-searmos penfos de vista pes-soais, nosso intuito foi cita-Io como exemplo de eomo sedevem receber as obras que,embora não criadoras, muit»mais objetivamente do queestas formam a base sóbrea qual se poderá escrevernossa hisiória e sistematizar-se nossa tradição documental.

Esta referência vem apropósito d e CuriosidadesBrasileiras, de Otto Sehnei-der i Pongetti Editores.Rio, 1?54;, que não sen-tío a ri£or, um livro de pes-quisas no sentido em oue estaclassificação foi aqui empre-gada, e. no encanto umaobra a que se deveria darmaior importância, pelagran.lo utilfáade que inegà-velmente possui, não só comoemrete.n*'me:iTo mas e sobre-tudo cotio obra didática, porser una compilação de fatoshistóricos, geográficos, poüti-cos, etc, *x\e possibilitam aoleitor razoável soma de co-nhee.imentos gerais."ítri "';' 9. -^r>'tá cio, Otto£----; ' *'.pw ":nta medra-

"ctríoçídades brasilfiras í5

tamente sen Curiosidadesbranueiras como UiU agrupa-mento de episódios e infor-maçôes que servem de "lei-tura para encher minutos

v

SALDANHA COELHO

perdidos". E' exagerada estaqualificação, tanto mais por-que o próprio autor confessater-se valido dos Boletins doServiço Nacional de Recen-

geamento e de diversas pu-bucaçòes do i. B. ü. E., comofontes da matéria seleciona-da em Curiosidades Brasilei»leiras — íato que por si so

AAAXJorge Maia:

"Ha dez anos — ou paraser preciso, a unco ae mar';o tíe mu novecentos e qua-rema € quairo, no campois concentração ae Drancy,era assassmaao, petos aíe-mães, Max Jacob. Ntnguemviu, ninguém assisuu a ce"na finai do artista mais ce-rebral do secuio. Sabe-seapenas que, no dia vinte equatro de fevereiro, as onzenoras, um automóvel, pro-veniente de Orlêans, paroudiante da sua casa, em Sa-int-Benoit-sur-Loire. Trêsindivíduos em traje civildesceram do carro e subi"ram ao quarto. MaaamePersillard, a proprietária,correu á igreja, onde, cadamanhã, Max assistia à mis-sa, mas não encontrou o vi"gàrio, ocupado com um en-tèrro. E enquanto o poetadescia a escada, um dos he-róis da Gestapo com o gio-rioso cinismo dos mais for-tes, exclamou para a velha:— Guarde iudo o que lheuertence, pois voltará lo-go.„" rCorreio da Manhâ"t

SUBTERRÂNEOTristâo de Athayde:

"Os romances francesescontemporâneos refletembem aquele mesmo estado

ie espirito que, em fuoso-tia, o existencialismo tra-iuz, depois da segundagrande guerra, como o su-prarreatismo traduziu de-pois da primeira. Em faltaie melhor palavra que otraduza, chamemos a esseestado de espirito de sub-uiarino o u subterrâneo.Assim como no mito famosotíe i*/aítto, os homens vêema realidade apenas atravésdas sombras projetadas nofundo da caverna, assimtambém êsse estado de es-pinto das letras, das artese da filosofia contemporã-neas, como que volta as cos-tas para a luz do dia taocontrario do espirito dás-sico) ou para a luz da noi-te (ao contrário do esmri-to romântico/ e procura vi-ver abaixo do nível do solo,no mundo das raízes ouabaixo ao nwet do mar nomundo das madreporas oudos corais, das algas ou dosoctópodos". ("Diário de No-ticias").

* PITORESCOOsman Lins:

"Por força das ctreuns-tâncias, publiquei dois outrês artigos dessa natureza,mas não tornarei a fazê-lo,a não ser para elogiar Oupara falar de escritores tufalecidos: è mais seauro.

t •: «>'*"»'-e'.e-'*^*««~*.>«~e.>t~#wç..9r>c-*~«-fr-*~«>-*(»ev«

Supomw ate que a atuaicrise de critica existente noBrasil nasce disto: toda vezque se fala mal de um ti-vro, arranja-se um inimigo.E às vezes, mais de um.Que isto è pitoresco não ne-go; mas também è incômo-do". ("O Jornal'')

* FIN1TUDEVicente Ferreira da Silva:

"A idéia central do pen-tamento filosófico atual e aidéia da fimtude radicai dohomem, a idéia do homemcomo "res âerelicta" naspraias do mundo. O alcancesspantoso desta idéia, en-tretanto, não foi bem com-preendido nem por certosinsighes expositores do pentamento existencialista. Alinuuae de que aqui se tra-ta não è a que comparecepor exemplo, no pensamen-to idealista como antíteseio infinito, como limitaçãoâèsie Infinito, como formeou configuração continua-mente desfeita pelo procesto infinito do espirito Oconceito de finitude expres-ta agora, pelo contrário, otstado de subordinação detodo o modo de ser do ho-mem, comebendo^o comoum ser lançado ou abando-nado ao seu estatuto vró-prio". /"Diário ãs S. Paulo"- j

i-.«'.e.ia-*»«.tr.'-«J„<e»r+.. C^sv»**- «9« ¦ 1 *-.»nfn»<w|»»ei ri>»«>«s»^

Indica sua seriedade na orga*n^«.5t.u Uo v~.u...J, i»uiS Uiiil*zou se oe elementos oficiüiae nao de iniormes exuraiauíde ion.es imdoneas.

Mas o que èáse üvro revê»Ia, em particular, é o bomsaiso de Otto Schneider na>escolha dos assunuis arrola»dos e no bom gosto na ma*neira de tratá-los. OttoSchneider não se limitou 6coletar dados, a reunir nu»meros e anedotarios ataba»lhoadamenie, visando a dia»trair os leitores apressado»que, para se ilustrarem aevaiem de obrr.s de condensa*ções como substitutivo* daoutras em que os temas sãoabordados de per si e em pro»fundidade. Na aparente de*sordem do livro, isto è, no Ia*to de suas curiosidades nàoobedecerem a nenhum «ia*tema. não se agruparem porassuntos ou se alinharem porordem cronológica, não ouerdizer aue seja um» obmanárquica, sem sentido. A»*ca. rressu^ondo. oortanto. f>tes seria urna obra antolópi-responsabilidade crítica úêquem a féz.

Se num jogo de páginasencontramos parágrafos aô*bre o primeiro poeta brasl*leiro, o construtor do primei*ro teatro no Brasil, os dotanosses primeiros grandes ea*cultores, o brasileiro inventorda máquina de escrever ete»noufro aorendemos a história»da origem do nome de D Ho-loíotma, a situação do anal-fabeHsmo no Brasil e nomundo, e tantas outras deze-nas de conhecimentos outgoste ri emes de possuir antea.

Como é fácil de ver-se,pois, se Curiosidades Brost-leiras e uma fonte heteroté-nea de cultura, ouanto à suanatureza, de outro modo èigual quanto a sua utilidadeem muitos setores do conhe-cimento, no one diz respeitoao Brasil. Não há dúvida»assIíTí, «me com CunosidaáeêBr«sil&rcs Otto Scrmefàea"prsstou um grande servi***d*1 dSvní^afâo r?opular d*?if/ssa cultura £er?,L

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f Terça-feira, 27-7-1954¦i _

NO

>ruuciro numere iu•Be» »t| fliosoflca»,odltoda em Portugal odirigiu* pelo professor

&+*q%&m do turvai in,, encontremm ensaio do Kauurdo Louren-«• de Faria sobre o problemaia liberdade «como realidadesituada». Emc rovistu situadodentre ±o mesmo espirito dedivulgação um «iSlbüoteca Fib>-soflca», que aos tem dudo ex-«cientes iruduçocH ,... . ...ua*e comentados ue obras de ArW-'detoles. 8cnoi>enh!;uer. Borke.

Jkj, Manccnai; ftlontaguo, etcO tema focado por Eduardo

Eourenço de Faria ê daquele*Ée minha predileção v: por vo-Mm vêses o abordei, natural-¦sente sem a mesma pro fundi-Jade e • mesmo vigor. Man-feado-se, embora, lentro loestrito campo filosófico o en-gslsfao m ooioca diante do pro-frlema d* liberdade consideran-(Slo-o um corpo vivo, j não abs-•rocio especulativa. Vou citaren quantidade, ools talvez oartigo nfto haja alcançado

difusão.

¦M* *AS E ARTES

A_HHÜI>ADE E O PODERPágina

eEzüjür (dli, êle) implica umâiunde que se aceita em prln-Gdplo. A liberdade é o exercício<3a existência como supe adoraSes obstáculo* que constituemGsee mundo como mundo, È *aesea superação que ela se rea-Ksa ea falha. Ê uma ilusão afiaela de uma liberdade em ge*Stti. que não é concretamenteG> liberdade de uma situaçãobumana su de uma situaçãofalstêrtoa, definidas por uma sé-&a de obstáculos a superar.ffissa liberdade não existe em$*rte alguma. Quando apelamcasa e aosaa liberdade é pre-

elso saber donde nasce o apeloco quo êle vba para saber se••ees obstáculos são entorne»te os nossos. Porque neste caso«Parlam possibilidades do atos«nm estrutuia objetiva».

Continuo citando, para que odesdobramento do pensamento(a citação envolvo sempre umpensamento do cltante) nao «o-íra quebra de continuidade.

«Presentemente, vivemos sob• signo da pureza e das situa-ÇSe»-Ilmltes. Pura milhões dehomens a nosst, situação nisto-rica presente deflnc-se como•stado de sítto e em estado de

¦ftlo um certo ninniqueísmo éInerente ü acôc humana. Emnome de oposlçõet e afirma-Çõe» Irredutíveis, no plano poli-tico, no religioso, no estético,no social, potências claras ouobscuras fazem apelo à nossaliberdade para que nos submu-tomos evoiunu*rlamente» «oritmo de uma necessidade. Hio-notizados por certezas Implaca-veis que são do domínio da fe.Insinuam-nos aaesões sem re-servas. Aquetes que julgam terrecebido lnvestldura da histo-rta ou da consciência para mo-delar uma coletividade por umimítica justiça não concebemespaço possível para a gratin-dade ou a misericórdia. Naapelo universal at enquadra-mento absoluto, o abandono hu-mano 1os atos simples tornou-se inconsciôncla, o desínterês-oe, aipocrUia, o asilando, cabala.

FAUSTO CUNHA

• caridade, transigência, * atransigência e a tolerância, osformas lupericrei ue traição»" Essa longo transcrição 'fala,com suficiência, pelo valor doartigo de «Cduar 'o uwrenço deFaria, pu.. leodo numa revistadirigida por um professor daUniversidade de Coimbra, enum país onde a liberdade eo-mo Kl. ia e oomo exercício JáChegou a seu grau máximo deagudeza.

A meditação dessas linhasnos lança, tncoerclvelmente, nooceano das Dmavras que se con-sideram «esiogànlcas», mascuja realidade uitcrior não po-do sofrer contestação. Na ver-dade, estamos vivendo em pie-no estado de slUo. e a senna *«Adesão i». Auesão ou terro-ts-mo. eis o dilema. Terrorismo eumecenato, © p escolha. Proteçãoou exclusão, a alternativa. Suo-missão ou esmagamento. ostermos da rertaição incondlcio-nal do Indivíduo.

Ao lado desse trabalho —dessa denuncia — de Lourençede Faria, .juero recordar o ar*tlgo de fundo de um dos prin-clpals. se não o principal árgãode nossa «imprensa livre», aoqual se elogiava o Poder porhaver reconhecido determina-dos direitos. Meu amigo JonesRocha morreu cor. êsse artigiatravessado na garganta, o arevolta que ent& sentimos oon-tlnua viva no meu espirito, co-mo persiste, esbraseada, ao seudesafortunado espólio.

Num momento eomo êste (oum momento pode durar anos.Séculos), aaua mais perigosodo que invocar o reconneclmeor-to da llberdoot como am direi-to, porque uwc conduzirá á U»bordado de reconhecer • direi-to. Isso que yorece leviano >*•go de vocábulos é a súmula dasituação que atualmente ea-frentamos. A ninguém oompo-te rccoiihccer o direito 'e nln-guêm, ou proteger a liberdadede quem quer que seja. Uá-seá liberdade um conceito precá-rio de valor para facilitar asoperações de troca. E dá-*t aodireito uma ambigüidade de sa-terpretação para que Justiçase pratique em forma de ooo-eessao ou privilegio. Não *e tra-to. entre nós. de um erro. ftpuro lançamento mercantil emcontos-falsas par* que • bulas-co apresente saldo -positivo ounegativo, de conformidade cemo arbítrio do fisco.

JNão quero desvirtuar o pen-samento de Eduardo Lourençode Paria em beneficio de mi-nhas idéias, e nao faria o co-mentárlo de hoje se. enquantoainda desconhecia • estudo dacBevfsta Filosófica», não bou-«esse escrito vários reses sobroo mesmo assunto.

8e a liberdade come probíe-ma entoiógico pode ser fixadadaquele angule trágico, a U-herdade como problema socialé multo mais delicada, porquosua negação Incorre a negação

ut um tom-numere «V du«toosque nao se souatu sob a *£«*»ás Itnmimii entidade peèKtoaou hobrenaturai.

Quando nm InHoctual, ootexemplo, negocia com o Poderama proteçor ou mu Interessaque ealá Ugodo ao I'oder ut>«.nos peia focou* oolitico-ocono»«nica, • ln(.ir< t uai v trai e traiso coiriuaos dr letras, guandoo Intelectual cacei to.» um Jugo,está oceltande as .gnonumasdesse mesmo higo. e mais: dtvclarondo a necessidade, ou o««on ia possibdldado. de enien-der êsie tugo a todo os outros.Conoertando un» estatu quo».esta na verdade compromet**-**do a sua pensoa física e n suapemna espiritual - e aNHiimto-do. ao mesmo tempo, o oaootde Intérprete da generalizaçãodesse compromisso.

Quando a liberdade se trono,forma em elemento de trocopara poder sob-wiver. en esrásendo subvertida em favor douma aberração do poder potítt*co. Liberdade não se pede netooe oferece. Como direito não soobtém nem se garante. São anvboe essências puras, valores us*decomponívels não no sentidometafísico, e sim nu sentidohumane e Imediato, qut podooer entendido pelo homem derua.

Deixo para • fim a afianceque está havendo entre a Hbne.dade e • medo. que voltn a «ora arma por excelência da cor*rupção. Em eontacto com omedo. a Uberdade logo se do»terlora. seu voior tqulsltivo tor*na-oe praticamente nulo e. porfim, ela é deitada fora couteuma fruta podre

} yt^m>jmm^^5Ms^m^ms^^K. ¦^¦¦-•^¦fs^auspajbiaiflMaiMWMffigM

Vinheta de .mmA ROSA

-ts»*»^

-

NAFTE O EDIFÍCIOLl-^ iarüi ünCüNSÜTIX*,COMO ÜMA PALAVRA,UMA FLOR, UM SOL,PURO COMO O INÍCIODE UM MUNDO NOVO.

CRESCE O EDIFÍCIODO ASFALTO IMPOSSÍVEL.COMO UM CANTO CRESCSHO SEU ESPLENDOR.

SOBRE AS FUNDAÇÕESDE FERRO E GRANITG^ ]EM FORMAS VELOZES,MACIÇAS E PURAS,OS CUBOS LEVANTAMO FLUIDO CONCRETO,CONSTRÓEM OS ANDARj3P qovtto CONSTRÓEMQ LOUCO EDIFÍCIO,

DIURNO, INFINDÁVEL,QUE BRANCO E TERRÍVELSE ELEVA DO SOLOE VOA, PERFEITO,ALÉM DO POSSÍELALÉM DO REAL,

SE ELEVA DO SOLOCOMO A FLOR MAIS FURAABALA A CIDADE.NERVOSO BRILHANTE,INVADE OS OLHARESDOS HOMENS MORTAI3.DE CONCRETO E SONHO,DE LUZ E DE VIDRO.PROSSEGUE O EDIFÍCIOA SUBIR, A CRESCERKO ASFALTO IMPOSSÍVELPROSSEGUE O EDIFÍCIOFEBRIL. INFINDÁVELA CRESCER, A SUBIU

Alberto da Costa e Silva

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Terça-fôífã, 27-7-1954

A

Livraria Editora Joséümu_nO acauã de pu-tmeur nova edição deautti ourus tundamen-

tais da critica literária oram-,te»ra: as maiorias da Uteru-tura Brasileira ae Silvio Ro-mero -em b.tt edição, 1.° voLIW03, 5.° voiume, 1U64) e aoJosé Veríssimo (3.u edição,1954). O lato impõe, aindauma vez, o oonironio emreos dois mestres, nao paraacentuar-lhes as diferenças,o que tem sido sobejamenteleito, mas para examinar-lhes algumas afinidades epareceneas. Um reparo, po-rem. e necessário, sem diml-nuir em nada o mérito doempreendimento editorial,digno de rodo o louvor: o 11-vro de José Veríssimo esta ei-vado de erros de revisão quechegam a prejudicar a lei-tura. Mem disso, taltuu aual-quer apresentação da obra,que a situasse e lhe explicas-ie o vaior e a posição: faltouate mesmo um simnles m-riice onomástico, indispen-savel em trabalho desse gê-nero e importância.

Desses defeitos não padecea reedição de Silvio Romero,que teve caprichosas mãos íi-liais a lhe velar o destino;em compensação, cresceu so-bremodo: passou a ter cin-co volumes, quando o originalera de apenas dois E' bemverdade que o seu organiza-dor informa sóbre os acres-cimos feitos, embora nemsempre os explique ou lusti-lique — porque seria difícilJustificar, por exemplo, a in-cJusão de um ensaio dos No-dos Estudos de LiteraturaContemporânea, do qual fo-ram eliminadas a primeira ea última parto, ou porque sãoIncluídos uns artigos e esque-cidos outros, ou ainda por-que foi anexada à História aparte escrita para o Compên-dio de História da LiteraturaBrasileira, onde são repetidasIdéias e opiniões já registra-das naquela primeira obra.O bom-senso aponfa comomais lógica uma edição das

IIfi IMUTICA

ROMERO E VERÍSSIMO

obras de caráter literário, talcomo puoucauas por SilvioRomero, e a mciusao. em vo-lume a parte, dos inéditosexistentes. Tudo isso e ctaru,com anotações que remetes-sem o leitor aos estudos cor-relatos. De qualquer forma,porém, temos a integra daHistoria, e e o que principal-mente interessa.

A ênfase, no estudo com-parativo dos obras de Silvioe Veríssimo, tem recaído sobreos pontos em que eles dis-cordaram; acentua-se a m-formação mais completa doprimeiro, sua formação filo-sófica, sua melhor aceitaçãodas coisas novas; do segun-do, lembram-se a sutileza naapreciação de certas nuan-ces, a falta de método, a re-sistencia aos simbolistas —Inclusive aquela opinião deque Mallarmé não consegu*-ria "jamais uma reputação deescritor em França" mas sim,Verlaine, "que era um purls-ta"... tEstudos de LiteraturaBrasileira, l.a série, pag 27y)Mas Veríssimo sabia, melhordo que Silvio, dar uma visãode conjunto dos períodos 11-terários, talvez porque fôs-se menos minucioso e tives-se sempre presente a linna dzevolução da literatura brasi-leira. Sua cultura era maisespecializada, mais literária,do que a de Romero, paraquem a crítica das letras eraapenas uma peça no conjun-to das coisas unificadas porum princípio filosófico.

Fundamentalmente, as duasHistórias se completam —todos o afirmam, poucos seocuparam em mostrar comoe porquê. Completam-se por-que o principio fundamental

WALTENSIR DUTRA

que as guiou foi o mesmo,embora seus amores eni.cn-dessem de* moao diverso adefinição de üteraiura, —para um, era tudo o que seescreve, para outro apenasas "belas-letras" Mas paraambos a nistoria da nossa li-teratura era em primeiro lu-gar a historia da formação deum espirito e uma consciên-cia nacionais. "A nistoria daliteratura brasileira não pas-sa. no fundo, da descrição dosesforços diversos do nossopovo para produzir e pensarpor si: nào e mais do que anarração das soluções diver-sas por êle dadas a esse es-tado emociona): nào e mais.em uma palavra do que a so-luçào vasta do problema donacionalismo. Quer se queira,quer não, esse é o problemaprincipal de nossas letras edominará toda a sua histó-ria", afirmou Romero «pag.455 da 5.a edição), e o repe-tiu numerosas vezes. Veríssi-mos. na Introdução, afirmade salda: "A literatura quese escreve no Brasil é já aexpressão de um pensamen-to e sentimento que se nãoconfundem mais com o por-tuguês. e em forma que, ape-sar da comunidade da lingua,nào è mais inteiramente nor-tuguêsa. ) Mas osentimento que o promoveu eprincipalmente o distinguiu,o espirito nativista primeiroe o nacionalista depois, essese veio formando desde asnossas primeiras manifesta-ções literárias, sem que avassalagem ao pensamento eao espírito português logras-se jamais abafá-lo. E' exata-mente essa persistência notempo e no espaço de tal

sentimento, manifestado A-terar.umcnte, que da a nos-sa üteraiura a unidade e inousstiiiou a autonomia", tpat..7 aa 3 tt edição i. E se neces-sano tosse reiorçar a citação,poderíamos ainda tronscre-ver, ue Homero: "Seu fito toda Historia e encontrar asleis que presidiram e con-tinuam a determinar a lor-maçào do gênio do espirito,do caráter do povo brasileiro"tpag. 67); e de Veríssimo"Aponta esta «a História)apenas a fornecer aos queporventura se interessem peloassunto, uma noção tão exatae tão clara quanto em meupoder estiver, do nosso pro-gresso literário, correlaciona-do com a nossa evolução na-cíonal". (Pag. <25>.

Não foi menos idêntico oprocesso por ambos adotadonas respectivas obras Usa-ram a biografia — Silvio pordificuldades de elaboração.Veríssimo por questão de eôs-to —, apenas na medida quepudesse esclarecer algum as-pacto literário das personali-dades analisadas. (E' alias,neste ponto que Veríssimonos parece muito mais mo-derno do que Romero. maispreocupado com a essêncialiterária do que com as im-plicações sociais, filosóficas,ou quaisquer outras, da lite-ratura. Ateve-se êle muitomais à coisa literária, do queseu ilustre predecessor). Re-pudiaram a enumeração alista de nomes e de obras, tãosem sentido, preferindo ans-lisar antes as figuras expo-nenciais de cada época, «através delas dar ao leitor asíntese do período. Mas ogosto da documentação fez

com que Romero por• esquecesse uease principiaque se uíspuniia a observai «rciaciunM&ie numerou» cacrv-lores, paru qut nao o acuas-»-§em de ignorância.

as ru-ò.— ii'.crarias leva»truiii Veríssimo a cuscorouarostensivamente ue alguaiajaniniaçous ae Romero —•eram oetaines sem lmporiân-cia, comu negar, por exem*p.O, que O i\ainjl:ao em \kamteriov, de Gonçalves de Ma-gainaes, xosse melhor do qutu CiWiUQ Muyyiu, de Manxo-ni, emoora concordassem qu«aquele poema era a uni ca.co*sa aproveitável dos Sus»pirvs Poéticos. E ja que esta-mos em Magalhães, toratmuios capítulos a éle dedicaauspor Romero e Veríssimo. •veremos como é a mesma aopinião dos dois mestres a*tíosbd critica literária. "Nun-ca foi mais üo que um clamai-co entre os românticos" iRo-mero, pag. 871»; "... no fun-do ae Magalhães, porem, na-via permanecido o arcade re-tardatario das Poesias» aa1832..." tVerisimo, pag. 173i,Romero acentua-lhe os ses-tros românticos, Veríssimoexplica a razão deles e aainfluência que exerceu o au-tor. Romero ocupa-se maudo filosofo (?) Magainães ooque do escritor; Veríssimoexamina-lhe a formação. s>-tua-o na nessa literatura co-mo por exemplo ao lembraro processo de redenção do m-dio, via nasílio da Goma oDurão.

Ainda u.n exemp.o de iden-tidade de processo pode serencontrado no estudo de Ma-chado de Assis, apesar da«diferentes opiniões que sobraêle tinham. A abordagem e amesma: biooráfica. Silvio,seguindo sua formação e spíímétodo, valoriza as influên-cias do meio, do ambten.oem oue viveu ó romancista,'da sua primeira profissão,Daí, então, parte para a ana-lise da obra, que divide eraperíodos. E' mais ou menoê

(CONCLUI NA 8.» PAGINAI.

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Omilenário

de Avieenavem de ocorrer esteano.

Singular personagemêste Avieena, uma das mais in-teressante* da Idade Média.Medico, astrônomo alquimista,poeta p iilósofo interessou-sepela maior parte dos conheci-inentus humanos. Nasceu emBucara, no fim do décimo secu-io oriental e décimo terceiroocidetiiai.

Criança ainda, com dez anos,•prendendo todo o Corâo e os.elementos de Letras, era con-siderado um prodígio. Estudouos traiailo? de Aristóteles; Hi-pocrates, Farabi. Aos vinte anosescreveu uma enciclopédia emvinte volumes, na qual queriareunir toda a ciência de seutempo.

Apesar disto, sua vida nâo«era mais: que aventuras asmaL estranhas, errando de ei-dacie em cidade. Mornamenteinsatisfeito, inquieto ou revoi-tado ao mesmo tempo em querecebia honrarias e presentes,levava uma existência miserá-vel. ajudando doentes.

O príncipe mais poderoso doOriente, Mahmond, sultão defíazna, sabendo da presença deAvieena em .candi — ondeera medico do monarca, depoisdo fracasso de ioilo} os demais— quer ter em sua corte o ho-mem cuja fama espa!hava-sepor tono o Oriente. Pediu aoemir de Korkandi que o en-ria-se a Gazna.

Avieena, acostumado às dis-tinções mais faustosas por par-te dos grandes, não concordoueom a maneira imperiosa comque Mahmond soUcitava suapresença * negou-se a obede-er-í<j„

entretanto, o sultão de Kop-Jcaua. temem? o a força deIWah „;if' obriga Avieena agtí;;xn- 3e.

Avteena anda de cidade era«idsfie, HauJertino Mahmond«avia ti..;cos do filósofo & lo-dos es príncipes da Ásia, masêste nao <p encontrado., Sob eomjç EupeâiOj fa? caras

A VIOA PRODIGIOSA DE AVICENAWÊmWmmmmm m nuoo vmt

m»ravfTho«a« na eflrte do emirKabous; morto o emir, vai pa-ra os domínios de Nedjmedon-le; nomeado grão-vizir. naodesfruta por muito tempo des-ta dignidade: "Um gosto muitovivo pelos prazeres. — diz umde seus biógrafos — sobretudodo amor e da mesa, faz com

PASTEUR VALÉRY-RADOT

que perca o posto e o favor deseu rei".

Retorna à vida errante. Vaia Dihisian, onde adoece; voltaa Djurdjan. onde um admira-dor dã- he «ma casa: mas A vi-cena nao se acostuma a vidacalma.

Vai iísnalar-se em Rey, a

eldade dos mil jardins, pátriado grande medico Ithazeü. seuilustre predecessor. Com o ini-cio úa guerra, refugia-se nasmontanha* de Mazanderan. emKazívin, de onde vai para Ha-madan. tornando-se grão v.zirdo emir; Avieena náo conser-va muito tempo este posto; o

«n« ¦ m i » I «i — ii» ¦¦ « » »i'« »'«»»'«o»««»«i»,i ««««-¦¦__ .a,. i_ii_„-,,-i »i _,,» ,,,,_, ., .„¦„....-¦¦-, ...T - Í|...B. , i' » « » a a

; ENRIQUE JORDANFoi indicado para o pos-

to de Maestro efetivo daOrquestra Sinfônica de S.Francisco o Maestro Enn-que Jordan. Com quarentae três anos, esse conhecidomúsico espanhol sucedeu aPierre Monteux, aposentadoem 1952 depois de haver di-rigido a Orquestra Sinfôni-ca de São Francisco duran-te dezessete anos.

Enrique Jordan estreouna América na última tem-porada, como convidado daSinfônica de São Francis-co. Atuou ainda na Espa-nha, Inglaterra, França,Bélgica e Suiça. O lugarque ocupava anteriormen-te ao convite que acaboude receber era o de Ma-estro da Orquestra Sinfô-nica de Cape Town. naÁfrica do Sul, onde ser-viu de 1947 a 1953.

ESTÍMULO À ARTECinco representantes da

Câmara dos DeputadosAmericana reuniram-se re-centemente e apresenta-ram projetos de lei crian-do a Comissão ArtísticaNacional de Monumentosde Guerra, com o r>ropósí-to de prestar completa as-

sistencia e estimulo ao de-ssnvolvimento das belasartes nos Estados Unidos,em escala nacional Entreouaras iniciativas, essaskns criariam um teatro na-cional 9 um centro de mú-sica em Washington Ou-tros projetos sobre as be-Ias artes foram apresenta-dos pelos Deputados equatro membros do Sena-do Americano.ESCULTURA AFRICANA

Esta-se realizando nagaleria de arte e desenhoda Universidade de Yaleuma exposição de duzentaspeças de escultura africa-na.

Essa exibição é em ho-menagem a o ProfessorRalph Linton, destacaaoantropologista da Univer-cüdade de Yale, falecido emdezembro último com se-tenta anos. Constitui aindaa primeira mostra públicados tesouros obtidos peloDr. Linton em suas nume-rosas viagens a áreas pri-mitivas do mundo.

As esculturas expostasilustram o estilo artísticode_ cinco das maiores re-g5ões africanas: o Con*2:obelga, a Nigéria, & Costa do

Ouro e o Sudão, e a áreaque inclui a África Centrale Oriental.COMEDIA MUSICAL DESTE1BECK

John Steibeck, autor de"Then Moon is Down","Oi Mice and Men", "TheGrapes of Wrath" e "Éastof Éden", escreveu o argu-mento para uma comedi?musical intitulada "Sweetrhursday", cuja música foiescrita por Ricahrd Rod-gers.ARTISTAS JAPONESES

Os músicos e dançari-nos Azuma Kabulci. de To-quio, divertiram os nova-lorquinos durante cincu se-manas, nos espetáculos quederam no Century Theater.na Broadway. A platéiainternacional que os apiau-diu demonstrou a influên-cia unificadora da arte

Todos os críticos concor-daram em que a trupe deKabuki apresentou um be-lo programa de dançai?dramatizadas e comédias.O "New York Herald Tri-bune" falou de Azuma Ka-buki que eles são "irresi.s-tíveis — teatral e pitores-camente". — S. C,

»_¦!» i_.,f,g,^ .;,<>¦ aJ.g..«-.»M_»t»-..-6--^^a^.Ki-g-,Jr,_»s..^--t-i»'fr'»t"_v *D~-* .t-^-S•1"0--S»

exe.'«ito revolía-s<} eonura êlsje e;e oculta-se na cana de ui»amigo, abandonando o poder.V*--.?*»*» Íii«»"vii rlr*r%t\tc «nl-íwiMffl_ <¦ mm •*• IteMaf, -- — ^- - . ¦. * £- - -* <• *% * ' 4r

se a cólera, o emir ííí volve-lh«o ca;'g«, Morto o emir e toman-do o poder seu filho, este quercontinuar a contar com os ia*vures du subio. Alas Avieena,temendo que o*, ia/ores do«grande, sejam sempre efème»rc,s, recusa a oCeria, e com is«to consegue a inimizade dopríncipe, o que o oíujga » re-iugiar-se, oiiíra vez, na cas»de um amigo, onsie compò-e ftmaior parte de sua obra con»sagrada a fi?ioa e % metafísica,

üeseoborlo, entretanto, etiasea refug o, è condenado * vi«ver na loría eza íi«* FerciatíjaruAi compõe o "Código ia Sane-doria" f um 'Traiai-lo d'J Miíiti-ca", vjf.ria? '«l>r„,s de medicinae uma epístola >;ôhre * -mofmístico. Aca >a por ser liberta-.do emt.ora são se üiuia. ainda,seguro; tlcix.i a cidade cai com-panlua Ce ur.i am go, o irina*e dois serviçaiSj e.t»'aminhanao-se, oelai; montanhas, a tfisataa,a eidad*': das rosas, onde e aeo-Jk.do com entusiasmo. >e*t»ciòatkí, o iilósofo .screvera con»artior, tio meto d,j altígria Ea*-creve tratados, di-ige estudoifilosóficos, alem d' corrt-spon-de--si com os mtiores lábiosda Ásia e da Europa,

rí)e saúde débil, Avscená, n»«mi. das viagem- Km companhiatío emir. s nte quf 5ae togeiaas íô*ça!í( morrendo isvn HamA»dan, com 57 anos.

Tal fo* a vida fantástica ééo>te hon:e'n que domina b pe»»sannmi. aa Itlaile Media.

Oesrlr o'sectíto XII. comcea»ae a trarluzir p;ra w latim «eu*livros, a maioria escrit* eneãrabR alguns outros em per»su. N& Sorlionne no s^xui»XK1. ct»mí»ntava-sp suaa Fwiofe« Metafísica.

Ate os tempos modenifti^ *««"Canon tíe Medicina" foi * b»*>ae do eus no módieo na Espa»»niia ItáHa e Frasiça, \

Sur- influência «:ôbre • fHf*° -same.i<o rc!''"ní»* exerc«e-ie ]_"i»)r »?5?o Eéeaíes.

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Tcrça-L:.*, 27-7-1954MT RAS E ARTRS

PaltA

slalgalgn*, admlr*.•w* e_<5girU, de llo.neru,eortas obra* uprencmiuaaspecto* oh mais varia-

. m± • «ue motiva interpreta-t*«* •• mah» dispares, pei»#»m<»I«*fta U-»«.Uuiu i.»plrluua•aa que foram urdida*. Assim4r*oohrlu ©le, na Ilinda. |lç6>aé- Anatomia, como outros *«•charam u« ertrategla e eco-¦«•mia. oonio Millin us encon»trou U Mlne.ralogia. Aír&nior->lxoto perqulrlu u medicinad<»o Lusíadas, o condi dj Fica-lho ravuruou ii Hora que abun-da im grande poema e Inl ana*IW»u a artr* náutica de Vlrsrj-Ho De várias fo-nia« node £ercaptado um «ntor. nus faces«química» e «física» de seustrabalhos, o que le certa ma-jneira -evela sua un!veniallda-dr e esienciolidnde. Sob mimo-Fusos prismas poderia ser un--folhado Cruz e Bntiza e Roger< Bastido, entre muitos desen-•volveu nm deies. num t-abalhoBSarnifico, oompnrando-o a

.,-. m li i.» m ii i >i mm

INFLUENCIAS INOUSEM CRUZ E SOUZA

tttÊtMWÊÊMmWêM* V - %

FERNANDO WHITAKER

Stefan Georgc e n MnMarmé,preferlndo-o em muitot casos efxrondo c .ir. fellclda c ppsqui-•a de Geografi! L&terfiHa à Àn-drt» Ferre. Procuraremos mos-trmr certas filiar' I do aedo ca-tarinense co o pensamentoIndu ao mesmo tempo que umJlrHro escorro Ins possíveisfontes r «gás da poesia moder»•a Daa várias con^eitun^ões do<iie seja poeta. qu«r a de ~er-linndo Pessoa, .; de r.fonno eáureas, as nue se enquadram,das que conheço, na acepção-"•"mota. on mo!**or *>rir.»>tai dojoeá*»nlo ,üo as de Ta "ore,Homem de Melo e Martins Na-pnleão. três obras bete^o^êneas

axlelógicamentc dlversts. Pa-Ja • primeiro o po^ti «ío-f,^ nIntermediário das nermutas•õsmieas entre o homem e o•«iverso, .j segundo o concebe*»»*»»© am remexo e*na resso-•Aneta de natureza teosóff - *»Ha lei da casualidade (kar-•ta». uma remln'sc?!icir: comoHo «etdos» pI**tôn-'co, o terceiro

eonstói como um p**Scr"one?,**odo mundo (que aliás é t!tu'o le•m de seus Hvos em rtestor-"rado de sua n-rção original,•«ase um apátr!da, ,us?3ndo aHirtffcaeão e po**tTito o redres-tu* na» eietamo^fosos de si mes-*«>. eite-se como exemplo a ad-fnleável densidade de lírica, ielombar Fa-ln. na El-*ia doKxfllo. Para o ln-*!u (e glzo estadiferença essenci«< entre a poe-•<• oriental do Ganhes e a daArnhla. uma de contenção, fun-dam«**ntalmenre infí—lor, outra•xtrovertida e sensoriul, nasci-d» do ritmo onduíatórlo \\?.$ du-Sia*. do tardo anda- do droma-daHo, do sonr dos a*"-abís r do«antar do bulbn!) povo degrande poder elocuhr:„ivo o>oeta \\ém r1? consubstanciar,•«sa* três çarfctcístfcas acima*xn«stas era nm p'è*to. um est-•olhldo. um d'vf.no int^rnreted««e exprimia tôrla a aponte dae«!»ms:ira», tò^a a carfa emo-?rlonsl. toda a herança numa-Ba. todo o inTTie f*-~r)*is-»''>n,.'e?rnntado po-r Lifcr^e ima ien-tr qne suprf-a a f**árnid*ii!e dos•lhos, por su?» prón*-!a mediunl-dade de «po^esa». p«r «ni«

JrtpHa feeundaefto cmnscen-denuu, p„. 8I ubiqüidade epor «eu ties 'obranieuto, um exl-lado, am ompured.-ulo, um nertora de hou elemento como umaconcha igadu ao espaço, üi;res-a» da ffduréi puro», de que nosnia Bercson. um molusco ex-traído do antes nascimento e doo<Mk>íb nir.c, debatendo-aemuna pedra que é também umcürcere e mm» deportação avida surda e vazia que lho dána frase do Blmbollstu St. JohnIfrsc a tpura Uit-rua^em doexílio»; a poesia, Km toda aaiiti'ruidude (principalmente) •Idéia le poeta e de poesia mes-c!ava-se com relifrlosldade. men-sa-rens oelusas. Iniciação, pre-monição. sentido indireto (co-mo o problema do sufísmu eiuOrnar Khayám, levantado porItamacharaka quer o trans-missor se chamasse vate, emGrécia e Roma. runoia, na Es-eandinavla, velálica, (era tam-bem sacerdott) no Indostáo, es-calda, liam na Estruria, cita-

redo, em \tenns,, bardo, na Gá-Ua (sa?rrado em rituais heteró-elltas como descreve o historia-dor Roberi Graves). Em suma,ele era na denominação de Cru*e Souza ur- Assinnlado.

Esta noção do assunto quetinha o autor de que estam;>atratando, estabelece um lustrainexo etiológlco entre seus es-critos e as correntes que agi-taram em grande parte o petvsamento antlfjo e se projetamdecisi.\ amente, inclusive, na II-teratura contemporânea. A for-mulação poético inicial e seuesubstractum» obedeceram auma atmosfera ontoló?ico-eso-térica que conjugou a verd%-deira poesia a um conteúdo m*>tafísico Jolin EIHs Macta-ítíarf,pensador britânico, em seu «In-trodução ao Estudo da Filoso-fia», considera a genese do fe-nômeno poético ineludivelmen-te junffida" à Metafísica, exa-rando Ingenieros o apofteicrmadn que se completam poesia efilosofia e escrevendo Carnel; t-ti, em um livro de processua-lística, que qualquer aCvkiaieintelectual respira filosofiaQue se não dirá da poesia ? In-teressante observar que osmaiores entendedores de assim-to foram grandes pensadores efilósofos: Aristóteles, Heg-ei,Croce, Dilthey. Spitzer, da es-cola da V; sler, Bowra etc, oque sob ^erto aspecto vem con-firmar uma comunhão de es-sências, am que pese a afirma-ção e js inúteis esforços de umversejador. residente em 8.Paulo, que vê. apenas no <dia-rio do animal que asoira voar»,de que nos fala Sandbu-g, umarecreação, um passatempo, umdominó, desconhecendo a post-ção, a respeito de um Ruben

Darlo de uma Maria Owon eau.» mesmo de um *»oclólogo oo-m«» Jorge Slmine.. fi «vide,,*nu oa Inoaa eram frandea l*tuiüvoi penetravam aa «ssoo-cia mesma das coisa», comouma verruma, nn expreH*_o deJoso Be-jo. transportuvam-s* *seu eidet_mo por um movlmen-Jo de nstinto e simpatia e »0y.luvum densos de esplriiua '»-de; Johaoncs Ilessan no niaRní-fico «Teoria dei Conoclniieiito*."«sore ser a intuição a chavemesma da metafísica e não háque negar que os poetas ean-góticos forun grandes perlus-tradores desse terreno nem co-mo o rapsodt brasileiro cujaobra -essuinbra êsse itineráriocritico da vide e do cosmo», oqual. tan.ém, absorvia Anterode Quental. Uniu quês a serabordada scrb a relação «ab°iVi°

_do ocu,t,8n*o e da rellgio-BWade com todas as maiüfes»taçòes Intelectlvas. Mareei lott,pretenso estudioso desses 'enô-monos e sem a idoneidade deum Osty, fazendo uma objur^a*tória w ciências hemóticas. rr-vela-se um dessorado, em co-gmção, confundindo lamenta-velmente prestidlgltação, Uuslo-nlsrno etc, . e- r verdadeiroocultismo, cujo estudo deve serfeito como un.a necessidadeammlca do acerar o próprio po-der de captação do Inefável edo raciocf ilo conclusivo A dan-

ça primitiva, a música, as re-presentações, impregnadas Ioriso (alófero sobre o enigmade fecundação nada mais eramque Ilustrações de mistérios erevelações celebrados nos -em-pios sobre a ori**em e essênciada divindade, sua teogonla, suateurirla e sua pnenma+oiogia,em que o corpo era a alegoriade barcos, sarcófagos e cruzes,implementos que a alma utill-sava em seu predestinado ex-tá-rio nesse mundo, como poie-mos observar em vário». Instan-tes da civilização Mitiga (a nr-te egípcia por exemplo) ou me-lhor nos período? pre-juríllcoe dlvlnc da História da Oiviü-zação, conforme a classificarãode Raoul de Ia Grasserie fnte-ressante no assunto, é um tra-balho de Robert Pignarre sò-bre a evolução do teatro. A ma-temática por seus desenho»rítmicos, seu poder de conrtru-Ção. ma mt.gla e slmbnlo?iatranscendental das verdadesprofundas, se ligava tambémIntimamente ao pensamentopoético e essa slnalefa é Im-prescindivel à compreensão aao* estudo da cultor mesopotâ-mica que atinge seu ápice comBerosus sacerdote, cientista egrande mago. Galileu dizia (IISagglatore) que a Filosofia fô-ra escrita "os céus em termosmatemáticos. Platão c Pltago-

ra*( autor doe Wmmm Aareo»)foi um poota.. o oultoies ãvnumero» e Utes empre^UvautUm «obresigiuficado como hoje*e dá ás palavras depois deMailariuò e Valery e ootuo odouioiistra Pfelífer ao entudar

complexo verl.al K>ótlco. O3. o 7 para os hebreug (liá umanumerolo«;la oíbllca), « 5 para01 chineses, cerlmônlu docliá-no-iu, o 4 paru os pitugóri-c.»s eram algo de sobrenaturaLEm certos passos, ó curiosoque se note, o» «delírios» mate-máticos chegara a r sgos depoesia e até de psicologia for-lindaria cr no na doutrinu deno-minada pelmnnlsmo, o qur fésKuclldos da Cunha, ao prefa-dar os «Poema» e Canções»,de Vicente de Carvalho, trans-crever uma frase, tirada do _._tratado de Matemática, que êleconsiderava de grande belexapoética: cchevalery of waves».A mesma luta pela expressão ««observa, outros sim, He_ *Margenau em seu interessante«Elemento* Metafísicos da Ft-¦Ica», ao estudar ao posltivis-mo lógico refere a idêntica dl-ficuldade dos físicos em buscada palavra em si, couslflcaoa,como veículo dn esse», do pen-samento. O citado Valery, gran-de fecundadoi de vocábulos, •de modo estupendo objeto deHytler, em seus ensaios, foi namatéria, ambivalente. O estudodo ocultismo dá maior subtlle-xa ao poder eognocirlvo devidoao periustrar das causas, apa-rentemente Inexistentes e des-conhecidas dos fenômenos na-turo-transcendentals, as quaisescapam a um exume perfun-tório j não tnlciático. _, se-gundo a moderna terminologiafilosófica um transobjetivo on-togneseelógico. Isto é um cbje-to que aln..a nâo é ,Ja maio-ria), mas podi se tornar o Je-to do conhecimento, como In-trlnseca relação entre o ser eo saber. Grandes espíritos dedl-caram-se a essas es;iéc'.es ieleituras e experimentações. Al-lighier! •— multo bem observa-do por Jante, Mlllano — Rim-baud — notado por DanielRops — solitário, Milosz —Sadegh Iledayat — divulgadopor Valery Radot, Jean Ros-tand. Petrus Borel, «O HomemLobo», escopo da percucientetrabalho de Marb. de jsurdesTeixeira, Nerval. Alexls Carrel,Corbfére, Germaln, Nouveau,Baudelaire, .erlalne, saturnino,nascido sob o capro, Maeter-linck. -epler, Breton, MauriceMagre e, George CourteJine,Sbakesp ire c tantos outrosque reveiam na própria -iraessas Influências que servirampara intensificar e condensara mensagem collmada. Real-mente há mais coisas no céu e

aa terra do «a. ns m^-ü* .t*Iloruelo. O trágico Cl-tes - H»».•« oof-pr^enu.-u a prfseova 'Iattidlmiv-4, de ums mipra rmllcUcde. além do universo fislro •da nisccssldadr de embriagar -•da* eolsns i/revaluda*.. eom*aenta balada mistngóglea:

«Inlela-ie enfim, Alma Inquieta•Entra ao selo dos fcnlcJmlo*».

Hlostoevstiy oonfesiwa-se, o*¦ao Nlerxsche. um homem sub»terrânco, uma nave dirigidapor um !eme h-*i multo Hiibiuer*•o. uma oiudnl nutrida nntafluentes da batlsfera. iiá,realmente, uma estranha cor--respondendo, entre as almas,que as explicam, de constante.I>e um verso de Hermes Trime»gisto. tido por muitos comoapócrifo, e sentenciando que oquo es*á embaixo é como o quoestá em cima t vice-versa, sue»ge — multo provavelmente —um de Ki.Hu* Bôb-p o encontrada verdade e n Idéia de Deus,como um lento amadurecerooncenciológieo, desenvolvidanum belo -> «afo de meu caroClrell Czerna Schopenhnuer.Mas Muuer. Paul Deussen e •extraord árlo arquiteto de Za-ratustra foram grandes induis»tas. e ?ss<i conhecimento náo soadquire com leituras de últimahora nem con aprendizado oeiacorreio. Compreendem a apa-rente esta? :iai ão da Mvllteací •Indu, quando em seu âmago In-tensa atividad* espiritual isdesenvolvia Dentre daquelascidades aparentemente estáti»cas, epidermlcamente ind*fa«rentes, formigavam dinâmica*mente lucubracões as mais rm»tupendas ,o engenho humansbUma espécie de crepúsculo queera uma aurora, na imagem daNietzche, cuja obra oferece jto«ehos como o seguinte e que oo-»derlam ser atribuídos a Katida*aa: «Os figos caem das árvi-p*aâo bons e doces, ao caíremrasga-se-Ihes a pele rosada. Houpara os figos maduros o ventonorte», fiste aspecto de teelô»nica moral impressiona deve»ras: Rodenhaoh apavorou-secom Bruges, Antônio Sardinhaeom Toledo, Antônio Nohrs,eom Coimbra, Raymundo Coe»rela com Ouro Preto, tanto quenem podia conciliar o sonotranspassado de angústia, sen*,tindo-se como um receptáculopara onde escorr'a tôl; a ago»nla da velha urhe; SuperviUs(npude Celso Kelly, u. Cu.t.),que por aqui andou o escreveu,a que se segue, a respeito daeapltal dos inconfidentes;«Comute Rothenborg en Aile-magne et Joiete en Espagne,Ouro Preto ne semble p gou-verné par ses habitants actuels,mais .es personnages mortsdans les siéclos passes».

(CONTINUA NO PRÓXIMONUMERO)

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Vinheta de SANTA Kü^A

NÁUTICO

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ESCUNA, T.FVO COMIGO 0 PESCADOR AUSENTE,EU QUE EliA SEDA Bi FLOR, AGORA VIAJOTELAS ÁGUAS SELVAGENS DA DISTÂNCIAQUE NUNCA AMEI E EM QUE NAUFRAGAREMOS.

EU ERA ASSIM NIGELA, A DAMA ENTRE VERDE,EM TERRA ENCLAUSURADA. OU SEU PEIXENADANDO NOS LIMITES DE UM AQUÁRIOFEITO DE AMOR E TEMPO REPRESADOS.

POR ÊSSE PESCADOR, PELOS SEUS OLHOS QUIETOSNAVEGO 0 PRANTO COMO UM SÓ CAMINHO,EU QUE Fp ^ pv^'<T.-\ p RM CÔ^FS ME C0NTAv*EU QUE DE EáCAMAS PURAS" ME VESTIA.

POR QUE NAO GHAMA PELA FLOR NASCIDADE SLA MESMA VOZ? POR QUE, AUSENTENÀO GUARDA, ENTANTO, 0 GUME DESSA GUELRAQUE DE SEU PRÓPRIO AR SE ALIMENTAVA?

ESCUNA, EU 0 CONDUZO AGORA À ROTA TRISTEQUE PORTOS NÃO ENCONTRA. EM VEZ DE RECOLHIDAA REDE SLA OU PRESA NAS RAÍZES,EU VOU COM ÊLE PARA 0 VENTO FRIO.

E 0 PESCADOR AUSENTE DE QUE ME NAVEGA.SONHA TALVEZ A ROSA, 0 PEIXE CONHECIDOA SEMENTEIRA QUF GERMINA EM BR*VCOA PREAMAR QUE FLUI AO SEU ALCANCE.

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Lais Corrêa de Araújo

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r*«»*» — 6 LETRàS B ARTES Tm&lelra, 27-7-1954 y Tercs-felrs, 27-7-1954 LETRAS B ARTES PAnJnê ?1OOOBMS—— ¦ — — . . i. I...I ... in

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RKAUbMO, FANTA*MA E SIMBOLISMO

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SHOLOKHOV

é um rea-IM.U, |iWXOlil bcllil 111-

,uauu aiuuuír-ine asmôcudas ae ^oia. Nun-

ca estava au ofensiva, como,oe cuiiunuo, se adiava zoia.bua urue e aigo üetensivõ,pwsú-tevciucionariO Os ira-búixiaüores míiuem demaisem sua simpaua, paru queesta seja objetiva, e tem quesei CU1U..ÜUSU, üu mesmo mo-qu que òtoaiüsclc tem que tera vista voltada pira Hol-lywooü. Os mineiros de "Ger-minai"" não suo menos ter-nveis e estúpidos do que usproprietários; us cossacos ehumens de campo de Sholo-knov suo esupidos, as vezes;terríveis, us vezes; porem,nunca vitimas de seus unte-ceaentes, nam de seu ambi-eme. Pelo equilíbrio dos fei-tos, parece que "A Terra" euma pintura mais perfeitaau humanidade como opostaao puvo. Sholokhov não com-bina, jamais, aquele ódio ilu-nunador do Homem com seuamor aos homens, que o fariacritico c objetivo. Seu realis-mo e menos intrèpidamentetotal do que o de Zola.

E' difícil decidir se isso éari-e "popular". Como a maio-na das novelas ocidentais,esta urbanizada; Nenhum dosva^sus literários deste pais,que em vão tomaram o nomecte arte popular, compreen-deram que elementos implicao aspecto artístico correspon-dente. Sholokhov o realizouem parte e fez seu estilo pa-ra adaptar-se a esses ele-memos. Muito do êxito obti-do pcius novelas dos cossacosdepende tíe seu forte e inte-ressante argumento, quetranspassa tanto a traduçãocomo o ofuscamento de no-mes imprommciàveis que seconfundem. A raiz da formana arte popular é o contaràigo e isto é menos uma no-vela do que um conto. O se-gundo fator e essa ingenui-dade cultivada, às vezes en-genhosa e perspicaz, a defesainconsciente do homem pe-queno e do homem do cam-po contra fanfarrões e falsa-nos, urna mistura de simpli-cidade genuma e de vigor, defantasia e de realismo semi-Cüi-co. O mundo se tornasimples, um mundo infantil,

, cheio de emoções visuais sim-pies e a-criticas, freqüente-mente pujante, porém nun-ca s mtimental, como não sãosentimentais cs meninos. Umcritico achou pouco convin-cente que um dos cossacostie Sholokhov abrace a suaamada na pagina 200 e sóconclua o ato, beijando-aapaixonad;im?nte. 20 páginasadiante. O assombroso é queo relato d<? Sholokhov é per-íèitamente convincente. Omundo que Sholokhov des-èròv.e é, em medica muitomais ampla, o mundo das ba»ladas, por mais aue seu pú-bi'co seja urbano. O únicosetor da literatura inglesa emque se dá esta particularmistura de diabrura grotes-ca. violência, cenas pesadase realismo é a balada. Pode-se dizer oue, para que existaar' e pònular, é necessário umpc"o para representá-la, pos-sunio uma medida de orgu-lho e cultura, o que exnlicas?u fracasso na Inglaterraatual, com o sua persistênciaem Gales. A arte renresen-tativa., nor ooosição à cria-tiva, baseada na nossa so-ci°d?dé urbana e suburba-na é a de Celme e não a depb-i.^-^ov, c^Jme tem fonriaa mistura dê vigor e ümpi-

dez qu é sinal de desposses-SUO, j^Ulclil bUil VliUU Ua üU-niumauac esui muii> perto dade áoia c e sungumanamen-te cimco ao taxar suas emo-ções. O neroí de "ivlorie acredito" e Horrivelmente re-proseniativo e por completoreal. Para êle, o grotesco —a infausta filha ao povo eseu ridículo suicídio; o pa-dre cüspurunao seu revolverno solúo pura aliviar seussenumentLS — e um refugioexatamente igual como o epara Sholokhov.

Dizem que a enave do rea-lismo e o pouer ue cuntiyuro uiciuenoe viuieiuo e evitara uesmtctíraçao. ^oia o con-segue meaiante seu üominioau lurma e aos motivus — omuiivu aa niuquina-oesta em"üerminal", o do ferro-car-ril na "a besta Humana" —,e òhoiokíiov o reaiiza em lar-gos argumentos históricos,tão verídicos como os deEcKermann e Cnaunen, porsua ingenuidade técnica nointercâmbio entre a formanovelistica e a pura narra-ção. As obras na língua es-trangeira enganam muitissi-mo e é difícil dizer se estetipo de literatura é realmen-te melhor do que a muitahabilitada de "Passagem pa-ra Noroeste": contém, talvez,uma compreensão maior dasperspectivas fora da narra-ção.

A ulterior história de Sho-lokhov é muito similar á deSteinbeck ou a de outros nor-te-americanos de êxito: ter-mina em uma retirada puraa conformidade, as narraçõesde propaganda de guerra, aacentação geral do statu quo.Não reabriremos a controver-sia de Zoschenko. Ha umatendência muito forte desteparticular tipo de repressãoliterária para que seja de-nunciado como se tivera di-minuido na Rússia e usaoocomo propaganda anti-comu-nista e como um meio de dis-simular o fato de que a pres-são sobre o artista é umaconseqüência social direta detodas as sociedades megalo-politanas, sejam tirânicas outenham uma democraciakilsch. A posição do artistana Rússia não está agora re-guiada de modo mais obstru-tivo do que na época dos ni-veis mais altos da novela rus-sa, quando muitos, dos prin-cipais entre os que se d?1i-

• cavam a ela, passavam pe-ríodos na Sibéria. A maisinstrutiva conclusão políticaé. talvez, que o advento deum câmbio na estrutura dopoder altera muito pinico aposição da arte e bastantemenos do que as pressõespuramente sociológicas, taiscomo as do urbanismo ou davida a-social.

Ehrenburg é outro escri-tor que mostra os estigmasda influência política e na-cional que foi destruída poreles, convertendo-se cm umdos menos saborosos porta-vozes profissionais do grupo."A queda de Paris", escritodurante a guerra, é interes-sante por ser um intento di-reto de escrever uma novelada França. O melhor métodode enfocá-la é compará-lacom "Os dias de esperança".E' melhor do que "Passagei-ros do Destino", de Aragon,ou ira pretensiosa obra dedestino por uma personali-dade literária algo sjrmlar:as percepções de Ehrenburgsão enfaticamente n^o f**n-

ÍCONCLÍJI NA 19,» PAGINA)

fi I ¦ obre¦d!

J| B

Guido Piovene, de passagem por Paris, analisa a vida norte-americana*. Olpapél do intelectual - Kaiser, fabricante de automóveis, um visioná-rio evocando Balzac - Os empregados da fábrica Ford vestem-se como pa rões - Enquanto isto, à margem do Sena, o inglês H. E. Bates recu-sa-se a dar entrevista - Tudo o que poderia dizer, já escreveu - Apreciaior/das artes plásticas, o autor de "Amor por Lídia", recem traduzidopara o francês, gosta de Utrillo, Sis ey Corot e Duffy - Discípulo, ainda, dos naturalistas, não apresenta pontos de contacto com Granam Green

DEPOIS de sua brilhan-

te estréia com seuromance «Cartas de

am noviço», e seus outrossucessos «O jornal negro»,«Piedade contra piedade»,Guido Piovene durante mui-to tempo correspondente do«Corriere deíla Serra», noestrangeiro, publica «Amé-

mo se pode temer, métodosmais autoritários instaura-rem-se nos Estados Unidos,é necessário organizar-seum protesto que, de modogeral, exercerá sua influên-cia.

Os jovens literatos estãoobsedados pelo desejo para-H* nte de escrever um livro

vez menos, ânglo-saxã, o f#íuiarem-se em estudantesque explica sua hostilidade, educador em adultos per-

vjjk,«f*J^

----- Vi

a toda política de austerid*-de. Durante muito tempo,os padres católicos, mais de-votados que instruídos, nãoconseguiram sair dos quar-teiróes operários; hoie. pre-lados eloquentes exercemsua influência em diversosmeios. Por isto tudo. nâo em-prego a palavra classe. po>que existem, na América,castas e um certo esnobis-mo, não se pode falar declasse, no sentido que o têr-

yiidos de que, em qual-circunstancia, é sem-

Necessário ajudar o pró-mo.Jm padre de Chicago riu

«fcjttmha surpresa quando oejfutei expo»-me as devas-tatôes feitas por certa dro-

mtre garotos de oito affi~-anos. Depois, estes

brutos civilizam-se, subme-te n-se a uma cura de desm-todeaçao e tornam-se bonsdíndãos, cujo sentido de

e, com o triunfante ar deum prestidigitador segurode espantar seu publico, tirado bolso um pequeno livro ediz-me:

— Como detesto respon-der a questões pessoais, en-trego-ihe meu ensaio sobreo crítico Edward Garnett,onde encontrará o essencialno que me concerne. Pode-

para ver se crio um argu-mento cinematográfico.

AMANTE DA PINTURAEm sua casa, perto de

Dovre, onde gosta de jardi-nar, Bates possui uma cole-ção onde Bodin, Corot,Utrillo, Lisley, Dufy têmlugar de destaque.

Se lê pouco os romancis-tas contemnontneos. fala

^" KLS \x-,\ v mi s Jk

JEANIN£ü DELPECH

H. E. üAlfcâ

'U.jgianfl, ^.Oh^^' ^•&'&~^^^^^.V*'X**QP*!>^'*ir^<&*J*'*!~^^ «

rica, esta desconhecida»,que Robert Kemp, crítico de«Nouvelies Litteraires», as-sinalou, não faz muito tem-po, com tanto entusiasmo, eque é viva reportagem econvincente tentativa de ex-plicação de um universo tãodiferente do europeu.

A vasta cultura de Piove-ne, seu olhar agudo, o domde suscitar simpatia e con-fidências, a humildade tam-bém, que julga necessárioao viajante, permitiram lheescrever sobre os EstadosUnidos um estudo aprofun-dado, excitante.

Quatro meses em NovaIorque, trinta e dois quilo-metros percorridos atravésde trinta e oito Estados,inumeráveis entrev i s t a scom pessoas de toda condi-ção social nos revelam que,para êste curioso, nenhumpormenor é desprovido deinteresse.

Interroguei muito pou-co os políticos, os escrito-res; eles se parecem em to-dos os países." Ao contrário, há o mun-do dos industriais, que vivepara a indústria como umpoeta para sua obra: Kay-ser, por exemplo, a quem sedeve os «1 iberty ships»,entre outros, é um visioná-rio evocando Balzac. Crian-ça, vê os céus cobertos porseus aviões.O PAPEL DO INTELEC»

TUALQual o papel do inte-

iectuai ?O papel de um crítico,

de um de*rancssd?>r; se, co-

M

absoluto. Cada um tentauma explicação da socieda-de em que vive, o que per-mite alguma confusão. 4obra de arte não interessa aestes debutartes que se seu-tem mais «ndependenies emrelação à Europa que seusancestrais. Nesta literaturade revelação e catástrofeque tem, como toda a Ame-rica, qualquer coisa de mes-siânica, percebem-se estra-nhos resquícios dostoevis-quianos. A ansiedade per-manece o traço dominantedo americano, muito maiscomplexo do que nós pensa-mos.

—- Esta ansiedade expli-cará as numerosas con ver-soes ao catolicismo ?

— Talvez, um pouco; masa América torna-se, cada

mo possui na Europa. Umonerario especializado ga-r.ha mais que im professor.Nâo se pode falar em prole-tariado num país em que umempregado da organizaçãoFord veste-se quase que co-mo seu patrão.

Quando se fala dos ame-ricanos diz-se sempre de suapaixão pelo êxito; ela exis-te, certamente, sobretudoquanto à mulher ambiciosagmas .negligencia-se muitosua nostalgia de uma vidasimples, primitiva mesmo.Os que têm viajado para ou,durante a guerra, vivido naEuropa sentem que, nos Es-tados Unidos., a corrida aodinheiro com sua insensibiIidade, tem algo de destaqueascético e faz abstração dafeüeidade e do prazer. Aí-gum tempo depois, os ame-ricanos tornaram-se maissocíáveis, mais gintões tam-bém, nãa se contentandomais com o simples sanduí-che.FENÔMENOS INEXPLS-

CAVEISGuido Piovene, neste bar

de hotel, ambiente já fami-liar, acer.de um cigarro, sor-ri e continua a desfiar suaslembranças.

— A mim, restam-me fe-nôinesiog inexplicáveis i co-mo, »or exemplo, estes pe-qüeiios animais selvagens,que são as crianças, trans-

hospitalidade surpreende atodos.y

'im exemplo: não usavachapéu. A pedido de amigosescandalizados, comprei um,que levava sempre na mão.Êni Nova Iorque, duranteiqiui tarde fria, ;im tran-sçunte faiou-me com gene-nsa indignação:

«i— O senhor não é crian-ça para sair numa tarde des-tas sem chapéu ! Ponha o

t fjJÈãmu, antes que se resfrie./ML ^mo não ser tocado p"or

Tnata gentileza, onde querover um símbolo desta uni-

mú solicitude americana,ê se chama por vezes, im-riaíismo.

JH. E. BATES EMUDECEU' ÊÈ Mjuanto Guid< Piovenel^l[.« trazia o mínimo probie-

«ia para a reportagem, con-Vítsando longamente, o m-|lês H. E. Bates — não fô-ra ele inglês — recusou-se,simplesmente, a conceder-nos a entrevista solicitada.perviu-nGs, apenas, pari

Íostrar-nos que se os ho-

ens preferem is louras ecs americanos uísque, os in-giêses, mesmo os escritores,freferem o silêncio.

O escritor H. E. Batesareesu-nos totalmente in-lêsr alto, «ouro, olhos azuis,«ntndo com prudência.Pareceu-me um pouco

surpreendido pelo meu de-íejo de melhor conhecê-lo;

% *r* * ' » \ *.™ M*~.. mrm i^GUIDO PIOVENE

remo», todavia, conversarsobre a chuva e o bom tem-po.

B. E. Bates, embora pou-co traduzido para francês, éum dos escritores mais fe-cundos, o mais lido tanto naAmérica como na Inglater-ra. Seu livro sobre Garnetté um retrato do autor aosvinte anos: descrição quepoderia ser a de um poetaromântico ou de um jovemde hoje. descrição exprimin-do uma interrogação apai-xonada, uma inquietude. Co-mo nao estaria satisfeito ohomem que sabe criar as-sim tantas personagens e,sabedoria seu talento e seatambém, administrar comtempo ?

— Não trabalho verdadei-rameiKfc mais que três me-ses por ano: o resto do tem-po, viajo, distraio-me; ve-nho de uma viagem pelo Pa-cífico: a London Filmes en-viou-me a honolulu, Samoa

^-«•^^¦^-^?^.^^-«-O^.^...,.,.., , g , , „ f»::*.^^^-^^-» *>¦ -¦—«¦ QH»MO~C^^H>^>^-»-<>-»^'-l>°O^-fa0~O-C.^.< Ç !..,., . Q- ^»<.lo..»..ci.o.<i.o.ia. ¦»¦¦»'¦<¦ >»?»»»»*w»*^|

CORREIO VEI

¦>MÊ~ do

PARISCAIXA NACIONAL DAS

LETRASFoi votado pela AssemDléia

Nacional da França o esta-tuto da Caixa Nacional üasLetras que satisfa^ em parteo desejo dos escriaores tran-ceses. Graças a uma arreca-dação de meio por cento sô-bre os direitos autorais e osmovimentos financeiros doseditores, os escritores pode-rão beneficiar-se do seguro•ocial.DESCOBERTA DE UM

QUADRO DE RAFAELUm fiscal de rendas, mo-

rador era Luçon íVend^a),soube recentemente que pos-uuia um quadro célebre <leRafael, a quarta versão do"Cnsamento da Virçem" R3-¦a boa. noticia alegrou o fun-

cionárío que adquirira o quadi^ por acaso num antiqu'rio de La Rochelle. Apesa!das cfortas úe muitos interessadbs, o modesto fiscapreferlíi ficar com a sua obradr> arte.PRÊMIO BOURNAZEL

O geande prêmio Henry éeBoUíi.azel, no vaior dc ...50ií00 francos, íoi conferidoa Jactes Weygand, filho logeneral Weygand. pelo seu,livro "Goumiers de rAtlas"

TELAS DE PICASSO

O depai-tamento cultural daEmbaixada Soviética em Pa-ris reaiizou não há muito,uma exposição de 9u^renJ*fc'^e nove quadros de Picasav^ptírlp-nccntcs aos museus deMoscou e Leningrsdo. A a-

colecionador russongio Stchoukine reclamouiediatamente 37 telas da

sição afirmando que c-->""íbo dos comissários da

u-^cvolução as tinha confisca-F a seu pai em 1918. A fim#* dar mais força às suas|reteBis5es, a senhora Irene

/ ftrhonkine féz apelo à Jus-| «ça S^íj h:.-ave solução do

1^* **ém de ter sido pro-yadr> »yu© as . -ehis nunca ti-toam ptrt-fíVi-.-do a Sérgio«ouMne. e embaixada daRPS ^ xip.ha. tomado a

^antçira recuperando os;'•-:)« a f5m fjí devolvê-|os*o& miiFPC5 soviéticosraiais pertencem.

aos

3b

J^-nO MOI.TftREXoferimeiro prêmio Molière,8,í!'1{í;.'ido a recompensar o

melhor espetáculo do ano, foiatribuído ao "Dom João"apresentado por Jean Vilar.

ACADEMIA DAS CIÊNCIASMORAIS E POLÍTICASO Prêmio Demolombe foi

dado ao Sr. Emile G. Léo-uard por sua obra "O Pro-testante francês '. Os nisto-riadores do direito, AndréViala e Jean Viilain, obtive-ram o Prêmio Koenigsway-ter

"SAUL" EM TOULONA peça de Gide intitulada

•"Saul" foi apresentad.. pelaComédia da Provença em vá-rias cidades do su! da Fran-ça. Douking confiou on prin-cipais papéis a Jean Mar-ehat « Marcelle Géniat.

E. 33.

francamente dos autores deque gostava há vinte anos.

Nutri-me de Tchekov,Maupassant, Turguenev eFlaubert que me parecemescritores mais importantesque Stevenson ou GeorgeElliot, e siutros do mesmogênero. Mais tarde, porém,senti influência de Heming-way, de quem admiro os es-forços para simplificar o es-tiio e o diálogo.

Sei que H. E. Bates, quepublicou seu primeiro livrofaz vinte anos, não cessoude escrever novelas, poe-mas, ensaios, vários dedica-dos â vida campestre, queShe parece ser a única dignade ser vivida.

Acha o período atual m<usfácii para os jovens auto-res ?

Não. Havia antes daoutra guerra umas quin/erevistas que publicavamtrabalhos de autores novos.T. S. Elliot Oesmond, MhcCarthy e outros dirigiam re-vistas, tendo, cada um, seugrupo. Quase todas estas re-vistas desapareceram e asque as substituem, raras,são mais pobre em talentos,possibilidade e personalida-de.

O pouco gosto de Batespelas confidencias não n«>sdeve fazer esquecer que umde seus livros, «Fair Stoodthe wind por France», ondeconta as aventuras de umaviador inglês recolhido poruma família nonnanda eseus amores eom uma jovemfrancesa, f«i, en 1944, um«best~sei!er» nos EstadosUnidos: um escritor inglêsqme conhecemos mal. torna-se, deste modo, um de nos-sos memores agentes depropaganda,

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O PAPEL CIVILI7A-DOR DE UMA RUA—— ' '• "¦ "

tílilTO ÜUOLA

UMA

dos coisas que des-cuíKxiuim muitos tu-ristas na iüuropu, e a »n-si(ímíicancia maienal

dc alguns ediíicios, ruas e si-tios aurtoiauos pelo piesti-giu da tradição. O turista es-peru aigo üe magnlíiceme eguntuoso, e vai, lhe aponiamum vuiiio casarão, de lacha-oa escura e carcomida, ouuma rua sem ocleza e nenhu-ma particularidade aparen-te. Tornam-se inevitáveis,então, as exclamações:

Mas é êste o famoso mo-nununLo?... Êste, o locai tãoalado?... Não consegue oturista esconder a decepção.E que lhe escapa uma ver-dade rudimentar: não per-cebe êle quo civilização e pro-gresso são coisas bem dife-rentes, e, a primeira nemsempre reflete na majestadedos edifícios, ou no esplen-dor das avenidas, a sua su-perestrutura imaterial, im-perceptível a muita gente.

Nesse equivoco incidiu sô-bre o herce de "A CapitalFederal", de Coelho Neto.Jovem intelectual província-no, ao visitar pela primeiravez o Rio, diante da rua doOuvidor, a rua tão decanta-da, da qual ouvira dizer tan-tas maravilhas no seu re-canto bucólico de Minas, ex-clamou, surpreendido, parao tio:

Mas é um beco!...Sim, era um beco, e nesse

beco estava, por assim dizer,todo o eixo da civilizaçãobrasileira, na época. De ondelhe vinha o prestígio, a gran-deza, a força? Disso que tan-tos turistas não apreendemnas vielas tortuosas de Parise Roma.

Rpm longo foi o período dehegemonia da rua do Ouvi-dor, durante o qual desem-penhou ela um grande papelsocial, figurando como ele-mento altamente civilizadorna vida brasileira. O interes-santíssimo livro de JoaquimManoel de Macedo, "Memó-rias da rua do Ouvidor", dá-nos um pouco da históriadessa via pública, que conti-nu ando a ter uma dinâmicaexistência urbana, já nãopossui o sentido transcen-dente de outróra. Prêfacian-do a nova edição da obra. Ja-mil Almansur Haddad notao fato de Macedo descrevera rua do Ouvidor como se elafôsse uma mulher. O roman-cista ter-lhe-ia atribuído umcaráter essencialmente femi-nino. Ao passarmos por alihoje, em meio da multidãoazafamada que se comprime,verificamos não existir qua-se mais nada dessa femmill-dade. O progresso masculini-zou a "coquette" e feiticeirarua do Rio Imperial. E serUcomo mulher, pela força en-volvente de um lascinio irre-sistível, que teria ela exer-cido o papel civilizador a quenos referimos.

Originou-se a rua do Ouvi-dor oa necessidade de en-curtar o caminho para o mara quem seguia pela priimti-va rua Direita, hoje 1° deMarço. Ali, no ponto onde seergue a igreja da Santa Cruzdos Militares, rasgaram o»colonos portugueses um des-vio da Alfândega. Isto. quan-do o Rio não passava de umaaldeia, entre 1568 e 1572.

Macedo recorda uma por-ção de episódios romanescos€ legendários, ligados à tra-dicão dessa rua antiquissima.Alguns deles, como o do "Be-3o Senhor" e o da "Perpetua-Mineira, que se apaixonoupor Tiradentes e desapareceu,misteriosamente, na noite de21 de abril de 1792, consti-

tuem verdadeiras paginas dtnovela.

A lunçao iranscenaenté darua do Ouvidor começou ver-dudcirumciHe depois de 1U15,com o Con^rcfaSu de Viena,quando a sombra de Napo-leão deixou de ameaçar omundo e Portugal lez as pa-zes com a França. D. João VImandou logo contratar umgrupo de artistas francesespara lançar as bases da nos-sa Academia de Belas Artes.Foi o caminho aberta para,alguns anos depois, as modis-tas francesas virem trazer aoRio os últimos figurinos d*Paris. Eslabcieceram-se, pri-meiro, entre as ruas Direita,dos Ourives e do Cano, nãose sabendo porque, repenti-namente, resolveram tôdaatransferir-se para a do Ou-vidor. No rastro, aproveitan-do-se rio ambiente que elasali criaram, surgiram osfranceses, instalando lojasde fazenda, perfumarias, etcOs negociantes portugueses,segundo Macedo, harmoniza-ram-sc nerfeitamente com asvizinhas, o mesmo não asdando com os doucos inglê-ses, que se sentiram mal antsa invasão francesa e acaba-ram por abandonar total-mente o local. Ora, corri asmodas e os perfumes paHsl-enses, começaram a chegartambém ali as últimas novi-dades literárias e as Idéiasdiscutidas na rua de Ia Pai*ou no boulevard des Italiens.Bem defronte à loja de per-fumaria de M. Demarals ' ca-bnleireiro habliKsimo. o fran-cês Mon<rie abre em t832,uma livraria, onde expõe asobras do dia, recebidas .'sematraso, gradas à circunstftn-cia de nocuir o nai estabele-cimento do mesmo ramo. emParis. M^n^ie se entende-mu'to b"m eom o comnatrio-ta D^mara^s "oshimnnrio dl-rer-lhe: — "Você adorna ascabeças nor fora: pu as ador-no nor d°n+ro". o mie n?iò fl-cava sem uma ráotfca lanai-m°nte es«*rftiif»sa do cabelel-relro.

Outras livrarias, como maistarde a Garnier, tambémfrancesa, fornm-^e estabele-cendo na rua do Ouvidor,carregando oara ali os inte-lectuais e homens de letras,atraídos, ao mesmo tempo,pelas mesas das confeitariase dos cafés.

A obra de Macedo, com-posta de folhe uns publicadosna imprensa por voltas d*1875, não abrange o que po-deríamos chamar a "hhtórialiterária" da rua do Ouvidor,que só toma vulto, própria-mente, depois dessa época.Toda a boêmia naturalistase concentra, então, nessarua, teatro de grande partedas cenas de "Conquista" •"Fogo-Fuiuo", o dois livrosde memórias romanceadas d«Coelho Neto. Ali se instalamos principais jornais, como a"Cidade do Rio" de Patroci-mo as princioais confeita-rias, as principais livraria*,lormando os pontos dc re-união onde se tramam aá in»-trigas, criam-se e destròem»se as reputações, conquista-se. afinal a nonu!aridade.~ Serconhecido na rua do Ouvidoré ser conhecido no Brasilinteiro. E o ooeta obscuro naprovíncia distante, sonh*com essa gloria. Ao saltar nocais Pharoux. vindo de Ala-goas, sem niciuel. depois d©vender uma laranja baianamagnífica nue ganhara d©presente, Girmarães Passosencaminha-se como nor ins*»tinto para a famosa .rua»

(CONCLUI NA 10.» PAGINAI

g>^.»J(a,.«g.y.^,^..»~B><ÍJ,>a^»»g>l>c^_.o^&,.3,^»tt.«»y> 'D 8»*——-—^-^-^T"^-—-TMt"f»t-OTCrair

Page 7: Coleção Digital de Jornais e Revistas da Biblioteca …memoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1954_00309.pdftônlo de Almeida, após o de-•aparecimento do romancista, aliás, em circunstâncias

faqlni m IBT R A S B ARTES Terça-feira. 27-M954MWWiM— ' >* fn '¦¦»¦-*"¦

»•»»«>¦»¦»¦*»*».- i » ¦ mim

I)E1'S E UNIVERSOV*»" «••

Assunção deSalviano

f\ que, p>iiuujtutottutc, emAisuiiçâo ue üalvut-

no", oou>ca sintoma t.aladono meumo /intuo noa nova-tintou aa primeira tinhaaoa modernos eearitoreaentrangeiros, tais co m «»Granam Greene e Atbcrt( amua, i suo completaintegração no espirito denossa época, quer mia natemática, quer na maneirade ermr e conduz r o peruona gem, isto e, dando lhouma importância cnsteneint cujo interesse humanoeetá no st mesmo dentrodo mundo e vôo vo homem.circunscrito no ambienteaocial, com tôaas as snancontmgèncas materiais. Co-mo Kirrlccgaard ter,a gene-ralizado sua busca. Antônio(atado fyxa uma das varia-çòea da perr, wal idade lia-mana, fazendo o leitnr sen-tir o próprio ser em cuiodesenvolvimento è sentido otempo aflnir e operar.

Condicionando a intrigade eua história a dois apoi-xonantes problemas dc nos-ao tempo, a fe cristã e o co-munutmo, dando a êste ocaráter de antítese ao pri-metro, Antônio Calado dei-ta aua personagem viveraté que ela se descobre a I«tt m.esma a traves de suaexistência, de cuia experi-«neta auferimos o conheci-mento do homem como ver-dade esrencial. Ê o que sepode exigir de um roman-nata eminentemente moder-no quando êle não prefere

; optar por uma tendênciafmramentc subjetiva, comono caso de Proust, Gide eJamen Joyce.

Pode-se, talvez, lamentar, 0 fato de ter Antônio Cala-

'.',do despendido a maior par-te de seu romance no de.eenvolv.mento da trama, decuia narrativa surge atransformação de Salviano. \Se gostaríamos, por um lo- ,'iio, de atingir essa trans-formação através do pró-

I prto Salviano, por outro "< aentimo-nos com p ensadns

pelo humor, êsse humorque atinge os limites dotrágico e do groteco, epela veracidade patéticadas situações que mar- ''cam todo o livro, e ain- ,da por uma declaração deSalviano, que com grandeforça de síntese revela apersonagem sob os desig-nios do processo espiritual '* psicológico: "Porque tu-do correu tão depressa f.. . ¦Sh mesmo perguntava denoite o que é que tinha !acontecido em mi. durante

o dia, seu Júlio. As coisasque eu dizia pensando quel dizia mentira viravam ver-dade depois na minha ca-bcça." Antônio Calado pos-mi uma técnica vrónria eaabe como tornar reais econvinciif.es suas persina-gens, ficando, por ca.usa de !!eua qualidade de excelentehedonista, isento de- aten-der a preferências de leito-

',res.

Embora Antônio Cnindopossua um estilo muito pes '*oal e utilize, am sobriedaoe e bom gosto, uma /m- .euaacm de sabor bem bra- \eilciro achamos aue sòmen-te poderá ser jiOgado e co-locado num plano acima docomum, ou melhor, maia ,universal, se examinado do *ponto de trVn que exnuse-mos aqui. Só ass:m. estarc- 1TOo.<? srndo iu"t«s mm um \4 escritor brasileiro que se íavresenta com auaFdadea 1, e^cepeie.nrds. Pois, se ao \

* le™«mnos a leitura de ]Assunção dc Salviano" fi-camo», por um. lado, atÔni-t»s c. emocionados dmnte de í; uma história mrprccvdpn- \, te, por oviro. Ficamos ale- •

gres, com essa alegria de \ouem descobriu, no novo \escritor, êsse tipo de ficcio- \nista que vínhamos >rro- f; curando e, que dá à moder.fui literatura bra vieira, w\*&do dc wowc-is outros, una ?eategona universal. \

Amfl» Insistindo tflbro % uni*dtUi" UM «•¦.. i.n.i,» UO Hl'11 Hii-tom*, os oorpot, ou antes, o«üorpo náo «, como pretendemos muieriatistus, im sun com..Ltuiçnn atômica, toda n reall-dade universal; nem liiopou-co como entendem os esptrituu-listas, delstns ou dtmllstas, for-ma filo com a alrnn duas enll«dadei de natu-eza diversa, in-oonfundlveln, Irredutíveis, s«vnilo antagônicas. Corpo e nlmu,extonsftp ou matéria e pensa*mento ou espírito são atrlhu.osou totalizam a multiplicidadedos acidentes ou modos dc serda Substância, de Deus, do Uni-verso.

Alcântara Nogueira vai bus-car na mentalidade do homemprimitivo o conceito que estotem do alma, conceito que Ty-lor e Bpcnoer foram descobrirna crença do quo a vida, do*pois da morte, prosseguia Inal-to-ávtd, com as mesmas neces-B.dudes e os mesmos búbitos;daí o costumo do se en.erraros mortos com os instrumeu*to? e utensílios que tcrlum deusar na sua existência ultra-terrena; crença quo, conver-tendo, depois, esses mortos emespíritos benfazejos e malfaze*jos, teria s'do a origem remotade todas as religiões. Não é de¦o discntlr aqui êsse ponto,aliás, dc antropologia cultu-a!e do sociologia genética, por-que Alcântara Nogueira nelenão se deteve, ou preferiu fixara idéia de alma nos domíniosda Filosofia, ou quando estaIdéia foi desentranhada do pan-teísmo de Parménides e do mo-n.\smo materialista do Leuclppoe Demócrlto, para tornar-se. nadialética platônica, na lógicaaristotéllca, no neopfct^niámodo Tlotlno, na escola patrríticados primeiros doutores c"Istãos,em elemen'o conceotual auto-w.o&io e básico na dogmática

, JOAQUIM PIMENTA

(Gonolutão)

aos sistema» de oonccpcao dun-ü««ia do ( n.vi-"ui

Ai. ,.,i...r.t .m.0u«i/u dopom depussur cm revista o conceito doUiiim m\ lllosoliu grega c uaesOoissliCS uudtcvui, luz quoi :u volto uo seio do punicisuio;em Gsscncla, como o corpo, tn-ü.vi.sivil e lju'oiiiuiidivi'1 cum ol-u.vi-ino, com Deus: cAutuiirio Universo uno em Deus eslia idéia ou ulmu universal un*.Quer dizer: tAda a realidade óa mesma realidade ua umiludodivina, que <¦ absoluta. 1'ois aidéia de todo o Unlvciso, aqual verdadeiramente é uiücu,truduz em Idéia essa uuidudocomo alma-unidade de Ueus edo Universo. Ou então: JJi-use o Universo, como unldude,possuem a idéia ou alma uni-versai» (8 20ü)

Circunscrito ao domínio daFilosofia ou da metafísica on-tológica, ainda aqui não desceAlcúnlara Nogueira ao campoda flsiologia, ou, antes, da neu*ro-psicologla, para um exameda entelequia du Aristóteles, ouda «função primária de umcorpo organizado o de suas mu*nlfcstações e efeitos, que sãoas funções ou energias segun*das desse corpo»; nem à aná-Uso da velha dout-lna que da &alma dotada do faculdades dis-tintas ou separadas entre «ul,doutrina que a escola associa-cionista Inglesa definitivamen-te destroçou, abrindo caminhoa uma psicologia dc base expe-rlmeníal, com a psico-fisica,com a físlo-psicoloftla, com apsicologia objetiva de Pavlowe Bechterew, opulenta e sólidacontrbuicão de dados cientifi*cos da vida psíquica que, decerto modo, justifica a expres-são, aparentemente paradoxaldo Lange, quando definiu a psl-coiogia contemporânea uma«psicologia sem alma»... Ou,dizemos nós, uma alma quo não

é mais do que am sistema iefllUÇut-M, ll>- u. i tlslc.i-ti.titiliCS,conto o s.io toüos os fenômenosvitais, sintema que pressutióemesmo, nos centros corticats doencettuo, sede da consciênciado eu, um meoamsmo nenrônl-co de atos reflexos.

Mus no antepenúltimo e pe-nrii.imn cnpitutos do livro, am-b«j» sob o tiuno - O espintu •as i>.•¦>.«>«•:. bumanas — -\lcnn*t-.i-a Nogueira procura njustara sua fitoiofia pantelsta ao ui-vel de umu teoria cientifica emque, como deve ser em ciência,submete o espirito a um pro*cesso de laicizaçao ou o t".immenos sagrado, nu mais prota-no, mais objetivo: «O espiritonão possui essência semcttian*te á da diviuda wubMtanctal nuda alma: resolve-se como uni*dade Intelectiva definidora dasdiversas formas do sentir eagir do indivíduo. Isto é. rea-liz.a-.se no mundo das emoçõese paixões, formando a própriarealidade da natureza huma*na» <§ 233).

Tal conclusão resulta de con-slderuçòes anteriores sobre alei da evolução bio-psiquica daespécie humana, por força Jaqual, como diria Clisée Recluo,o homem não é mais do ques própria natureza atingindo aconsc.ència de si mesma; leibiogenética que Hueckel for-mulou sob o ticu duplo aspectoda filogenese — ou história ua-tural de todo o evolver de umaespécie, e da ontogenese — ourecapltulação abreviada desseevolver no Indivíduo.

Há que considerar, ainda, •aspecto psico-cociogenético,que não escapou u AlcântaraNogueira, quando, referindo-seà formação da personalidadedo indivíduo, lhe atribuiu «umasérie de fatores de ordem so-ciai, os quais determinam va*riadas atitudes püoelógicaa»

Efoinero e Veríssimo

í

E. C. CALDAS l'to*-*-*-—*-***»..** , ,,, , „„ ,,,„,*

(CONCLUSÃO DA 4.» PAG.)o que laz Veríssimo, que exa-mina primeiro a personalida-de de Machado, para em se-guida examinar-lhe a obra,em ordem cronológica, estu-dando seu processo evolutivo.

Os exemplos poderiam sermultiplicados, mas nâo é ne-cessário — o leitor interes-sado abrirá os volumes e faráo confronto, para perceberlogo que as dissensões enticos dois críticos são mais teó-ricas do que práticas. O im-pressionismo de Veríssimo re-sulta, por vezes, muito maisobjetivo do que o decantadométodo e objetivismo de Ro-mero, que não raro se afastademais da literatura.

Não pretendemos provarque o pensamento de ambosfoi idêntico, o que seria sim-plesmente tolice, mas apenasdemonstrar que eles se com-pletam, muito melhor, quan-do seus juízos coincidem, oque acontece com mais fre-quência do que se supõe. Fa-Íamos da História da Litera-tura, e não de outras obrasàs quais as lides literáriasconferiram freqüentemente otom polêmico, nem sempre omais autêntico. A apreciaçãode autores contemporâneos éfacilmente perturbada pelaspaixões e rivalidades; a aná-lise do passado, feita princi-palmente com o objetivo his-tórico, pode ser serena, im-parcial. Nesse caso, os estu-dos críticos completam-senaturalmente, porque se de-têm sôbre aspectos diversos,sempre que unidos por umacompreensão ou um princi-pio fundamental — no casode Magalhães, a sua impor-tãncia histórica inegável den-tro de um movimento que vi-ria tornar muito viva a cons-ciência nacionalista da nos-sa literatura, libertando-adefinitivamente da por tu-guêsa.

A principal qualidade deSilvio Romero tornou-se ho-Je, paradoxalmente, o seuprincipal defeito — o critérioque estabeleceu como pass

do julgamento, e que nadaUnha de literário, sendo mo-tivado diretamente por umpensamento filosófico e ci-enuhco. buperado tal pensa-mento, cuja existência foi re-almente lugaz, a obra quenele se firmava só nào ruiuporque tinha um valor in-trinseco que pôde resistir aotempo. A sua atitude criticaque valeu como tentativa deestabelecer um método aeapreciação, um corpo de pa-drões para o julgamento daobra literária, como assinalaAfrânio Coutinho, (Correu-tes Cruzadas, pág. 66), temhoje um valor puramentehistórico. O que vive aindana História de Sílvio Romerosão exatamente os aspectosque independeram da forma-ção filosófica: a excelentedivisão dos períodos, a im-pressionante massa de in-formação, a coragem e o pi-toresco do estilo, a exatidãode alguns conceitos, ditadospela apreciação exclusiva-mente literária. O resto en-velheceu rapidamente, comoaconteceu também aos criti-cos do século dezenove, prln-cipalmente os franceses, Sa-inte-Beuve inclusive.

Veríssimo também sofreucom o tempo, mas sofreumenos. A sua falta de recep-tividatíe para as inovações éuma das falhas que hoje ve •mos crescer — mas qual ocritico que não teve precon-ceitos? Seus erros de julga-mento não foram maiores doque os de Romero. A faltade método ostensivo ("semfazer praça de filosofia ouestética sistemática" diz êleà pág. 25), porém, evitou-lheo insucesso de Sílvio O gos-to pode ter sido inseguro,mas a compreensão do fenô-meno literário se fez sempreem termos exclusivamente'li-terários, o que de certo mo-do é mais importante do queas implicações do método'deRomero. A língua de Verísst-mo ainda é muito a nossa,não nos parece distante co-mo a de Romero. Muitos dos

problemas que êle suscita emsua oura, são ainda noje es-tudados e discutidos comocoisas atuais. Se taltou a suaHistoria um pensamento uni-ficador, que caracteriza a deRomero, em compensação te-ve maior liberdade de movi-mentos, opinou com menospaixão, não teve« a atençãodesviada para os problemasalheios à crítica, nem tevede se ocupar de políticos ehistoriadores como se litera-tos fossem.

Lendo Veríssimo, percebe-mos com maior nitidez a Ü-nha de evolução da literatu-ra brasileira; êle se ocupousempre em sifuar os autores,em enquadrá-los numa visãopanorâmica que não esque-ceu nunca. Teve em vista osmovimentos e, dentro deles,a projeção histórica dos au-tores. Daí ter entendido, eexplicado melhor, a Maga-Ihães, entre outros. Em com-pensação, usou por vezes,inexplicavelmente, um cri-tério já à sua época supera-do, para a apreciação de va-lor es: o da gramática. Lem-bramos o desacerto de suaobservação sôbre Mallarmê —pois naquele mesmo trecho,linhas acima, diz Veríssimo:"... escrever seria uma col-sa facílima e ao alcance detoda a gente, se não tivesse-mos a atender à sintaxe e àsdemais partes da gramáti-ca..."; mais adiante, lança-se contra os neologismos.Quanto a êsse aspecto, Sílvioestava sem sombra de dúvi-da, muito à frente do seu ri-vai.

Não se procurou, nestasbreves linhas, estabelecer asuperioridade tíe um ou deoutro, o que não teria senti-do em vultos das proporçõesde Veríssimo e Romero, dosauais a comparação só podefazer ressaltar as grandesqualidades.

Remessa de ílvros: Rua Ba-rão da Tare, §98 — Ipanema(Rio),

(B ti*). Tais atitudes I4m ml-%<u piolu.nl. \a Itu m<< uiUHiiM»nos pa.xoes, cotieudurudiui poebp.noxa couto «au-c^oeti ao owr»po, pruiH quais o poder de aflffdento ti aumentado ou d, ml mil-oo, iiiii.i itdu ou redundo, *»ft.muituiieuttirtite, as idéias doe-aos afeecõcs» (g nit. Abre-se.então, o rumin.it» da ética «>«da valorização dos atos huma-knus entre esses dois pólos, quVsuo o amor e o odto, que Km-ptdocfcs ja antevia, o primei-ro, como torça de coesão, o te-gundo. como fò ça de repulsão,nus relacfies de convivência «imdo homem em sociedade, c queso desdobra sob as suas mui-tlpla* formas ou derivaçõesIdeo-emotivas, d«'sdc a devoçãodo crente a crueldade do d«'«- 'pota, ou vasta retor.a de onde,ã somiira do mesmo culto, <«eprojetam na história. Franciscode AshIs e Torquem?*da.

Doutro desse ciclo de paixões,quo se dcscitcudoium e se dio-•cam, comprimindo ou diluutitjeas «reas do desuno das comu»nidades humanas, p ocuru Al-cântara Nogueira s.tuur o mug-no e tempestuoso pioblema «i»pax universal, que ora empolgae sacode o mundo sob a ameaçade outra hecatombe, u.ngueinsabe de que proporções, ou ondaatingirá a sua monstruosidade;taives o aniquilumcnto, na ter- '«ra, do todos os seres vivos.

O filósofo sente, como nógsentimos, que esse ambiente deInquietude, de medo que, tãosombriamente, pesa sôbre ospovos, ainda é o multlsecularantagonismo de Interesses, deambçõos, de ódios, que animao r.onvulsiona, e, como conse*quência, a inesma luta enirevelhas ideólogas e ideais no-vos, luta que precede, que estt-mula e acelea o ritmo dasgrandes transformações soei-ais. E* o que d.^ixa transpare-cer numa das úliimas páginasde Universo, dizendo: «Quandoum dia os homens tiverem con-seguido eliminar a organizaçãosocial que oprime a maioria eiuproveito de uns poucos, entãoo ódio de uma classe pura ou-tra nào terá b?.se para subs.s-tir: a igualdade pelo trabalhofacilitará o maio- aparecimen-to das formas de alegria que

"elevam o esjnrlto; e a grandoluta contra o ódio será dirigi-da de homem para homem -.o esforço de cada um para com-preender que tudo que afastaa fraternidade é. um mal e obem é o desejo constante deaproximar os corações pelo ale-to» (§ 256). E para finalizar,Alcantaa Nogueira indica oaobjetivos de seu trabalho, nàoso de ordem filosóf ca própria-mente dita, como os de natu-reza social, apontados, alias,por Rodolfo Mondolio. na aná-lise que fêz de Universo. PorIsso, afirma que «tanto maisignaro é o homem quanto maiorfor a sua preocupação de en-contrar intervenção sobrenatu-ral nos acontecimentos que suamente não tem capacidade paraexplicar. Poque fazer do peo-samento força viva para chegarao conhecimento, é recusar êsseconjunto sem fim de crençaso ficções que a ignorância deuns e a esperteza de outrosconsideram indispensável para,respectivamente, resolver suasdúvidas e dominar socialmen-te as vitimas de sua ganância»;o o resultado será «uma des-graça para a humanidade, op-ivilêglo de uma classe ociosaa desfrutar as venturas da vidaa custa do trabalho e sacrifi.cio da maioria. Ensnar os ho-mens a livrar-se das peias quelhes perturbam o espírito, im-pedmdo-os de usar da anáüsoe reflexão racionais, é concor-rrr para a sa:; libertação erntodos os sentidos, é a-rancar*lhes as raízes que. em grandeparte, servem de meios paraque esses exploradores se man-/«"«•? * dirigir o mundo»(8 266).

O filósofo do século XX re-toma o pensamento do filosofedo século XVII — de um idealde bumandade, não mais àespera de red:mir-se com o sa-crifíoio, tão inütl. quanto ooutro, de um novo messias;mas aperfriçoaiKlo-se pelo tra-balho, pelo esfô-co. para atln-gir po" si mesma a êsse amorIntellectualis Dei — que pa«aSpinoza é a suprema virtudeda vida, do espir'to-virtude peloamor entre ind'víduos. entreclasses, entre povos, do homem-natureza, do homem-esnécie. dohomem-soc!Pda'V — os três,numa síntese de esnirituallza-ção da alma unlve-sal.

üma profissão de fé c um»?o», a mais enf,-e milhões quose elevam e advertem o mun-do contra essa n^vrase. mt<itode covard'a e lQuctr*a, mie no-vãmente o ameaça de destr»^ç»o o moríe.

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rifíi-feÍM, 27-7-1954«¦¦W» i» ¦ «.., .Inli.^,

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¦ » *1 azer agoru «eis unoa\ / que üeorgea Berna*V nus nos deixou e, coi*

sa estranha, parece aoIteamo tempo — coniorme aAUca por que se vêem ass^as - que íoi ontem e haBUltO. Eu expllco-me. Hamuito: porque este nomem«xcepcionai que tinna. nabem expressão de Unamuno,0 ieniido trágico da viaa eeu viaa mais corrente, eratomo uma personagem dajoaae Media que tivesse cai-pu secuio vinte. Ornem:porque a sua vigorosa per-tonalidade se Impunha atodos os adversários e ami-pus. com uma pujança e umreicvo que nao encontramosem nenhum dos seus con-temporaneos. Bernanos ti-«na, como se diz em termosqc teatro, uma presença ex-4raordinaria. Onde ouer queacarecesse impunha-se. ett-in que isso lhe custasse omínimo esórço. Emanava-lhedas feições rooustas •? nelasvjn esplendor de cujo en-canto era diicil escapar, eque. sem duvida alguma,provinha da sua lealdade, dotou fervor e, para dizer tudo,da sua nobreza de aima

O belo livro que lhe con-taera Albert Béguin, Berna-nos par lui-même (Ii, mos-tra-o autenticamente sob ês-te aspecto ambivalente, e pa-rece-me por assim dizer in-dispensável para todos aqué-les que. pouco ao corrente dacora dêsle autor, e rin papelque representou no esoThodo publico, queiram conhecerbem e dar-se conta do valor

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comum fazer-se iden-4 tificacâo entre Cer-~J vames, o artista, a

Don Quixote, o louco.Autor e personagem de cenaforma se completam, e, nu-ma comparação de Mira yLopez, a melhor imagem re-presemativa desse paralelis-mo são essas estrelas erran-tes que, durante as noitesquentes de varão, se déscrbi-iam e abandonam sua tran-quila rota celeste, para selançarem refulgente nos bra-ços da ohscuridacle e consu-mir sua luz em breves ms-tuntes. Tais estrelas, pelo seu"gênio", conseguem Iluminaríeiores ignotos do firmamen-to; com a sua "loucura",-po-rém, perdem para ' ;,mpre oIlibar que lhes corresoondiamno "perpetum moHle" doUniverso.

A transcendência, a supe-ração do objeto e do ambien-te, são próprias de um e ou-tro. E se atentarmos bem,encontraremos entre a me-tá fora e a alucinação umagrande analogia: a substitui-Çao :1o real pelo fantástico,efeti ada por não sei que se-gredos da imaginação e dalivre asi-ociação de idéias.Ambos, artistas e loucos,?êem coisas que as criaturastzn gera] não percebem.

O Cavaleiro da Triste FI-fura arremessava-se ae lan-ça era riste contra os moinhoscie vento, metamorioseadosem temíveis gigantes, qut erapreciso combater. Mais adi-an^e, via num pacato rena-mio de ovelhas urn exercitoíeroz, sóbre o qual invés ciacegamente, decapitando e fu-rando a esmo cs animais m-defesos. Em meio a uma es-trada, a venda modesta setransformava em suntuosocastelo, e nao importava quefosse feia e gorda a asiu-liana Mãritornes.; que tives-t'} vestidos grosseiros, peleespera e cabelos como cor«*tas: Don Quixote apertavatm seus braços a mulher que** debatia, dizendo-lhe emtfoz baixa e amorosa: "—*Quisera eu, formosa e dignasenhora, poder pagar tama-nha mercê, como tsta queme haveis feito com a visão«*»: vossa grande formosura",

Srnbora livre das alucina-?oes, também o artista se vèalçado a um mundo imagi-nano, em que deixa de ser ©simples homem para se me-samoríosaar e consigo trans-sormar todas as coisas que o"Cercam. Os seus braços po»

O SEGREDO DE Br-RNANOS) fRANCIS DE MIOMANDRK

tanto do homem como do es-cri u>r.

O que se noia imediata-mente em Bernanos e, part-ce-me, a imensa distanciaque o separa da multidão aosliteratos, tíempre se mantevea parte daquilo a que se po-deria chamar o espirito aohomem-de-letras. Bernanos éantes de mais nada um Ho-mem, contra tuao e todos.Um homem simples e lempreconceitos, penetrado dosseus deveres cotidianos dehomem e da convicção. — in-destrutivej — de que ao la-do desses deveres tudo o maise vaidade sociai sem nennu-ma espécie de interesse ver-tíadelro. A sua vocação de es-entor. apesar das mais au-ténticas. pois Bernanus e umdo* nossos prosadores ma»vigorosos e saborosos, desper-tou bastante tarde. Sous leSoleil de Satan. o livro quelhe conquistou imediatamen-te o êxito e a gloria, termi-nou-o êle aos trinta e seteanos. E se, a partir desta da-ta, a sua abundante produ-cão parece classifica-lo nacategoria dos romancistas deofício, é aoarentemente ape-nas pois, na realidade despi-do inteiramente de qualouervaidade literária, GeorcesBernanos não procura sensouma coisa: exorimir-se, li-bertar-se de tudo aquilo que

lhe ferve na alma incandes-ctmic e no coração generoso.K uuiio melhur se tuao issosc encarna em personagensromanescos, pois nao na du-vida que é sempre agrada-vci contar historias e lazerviver no papel as paixões aos dramas do homem, embo-ra o essencial seja reveiar oque possuímos em nos demau recôndito e vivo; alias(Albert Begum nota-o commuita íinurai os personagensdestas narrativas são quasetonos projeções, transuosi-ções, do personagem central,possante e multiorme, que éBernanos; e, levando ate aoim esta analise tão perspi-caz, Beguin mostra que Ber-nanos é ao mesmo tempo umhomem muito amadurecido emuito ponderado, obedecen-do a uma espécie de vocaçãoquase sacerdotal, toda eladedicação e abnegação: euma creança, eternamenteobcecada pelass ensaçôes. asemoções, os sonhos, os ce-nanos desta idade da felecl-dade e inocência. Partilho in-.teiramente desta opinião.Partilho-a ao ponto de acharque o verdadeiro seg-edo deBernanos reside com efeitonessa persistência da infnn-cia através das mais duras,cruéis e fatigantes expenên-cias da vida. E é isso na mi-nha opinião que explica a

diferença profunda, essen-ciai e niedutivei, que tíu»un-guc este homem violento erude aos panfletários do ti-po corrente. Consideram-node tato panileuino pontue aindignação diante do espeta-culo das hipocrisias, das co-bardias, das vilanias e daterrível exploração social lhoarrancavam protestos de Jus-ticeiro. A indignação e poremum sentimento nobre, é o ar-dente reverso da medalha aabondade e do amor senti-mentos absolutamentealneios ao panfletário. Estee um homem que pensa sobre-tudo em si, que se embeoedacom o prazer de flagelar ovicio e o crime e que cedo outarde sucumbe a embriaguezdesta função bizarra — aponto de flagelar seta o quefôr, de vituperar não impor-ta quem, com o pretexto ca-da vez mais frágil de d^fen-der a moral e o bom senso.Esta alegria apossa-se dêiee. por pouco que êle tenhapor exemplo uma opinião po-litica, conlunde logo estaopinião com a justiça e averdade, e a acaba sendo umsimples fabricante de Insul-tos. Exemplos desta naturezahouve-os muitos e tão noto-rios que ninguém os esque-ceu. Ora, esta espécie deerros, Georges Bernanos nun-ca os cometeu, pela boa ra-

METÁFORA E ALUCINAÇÃO

dem ser então a ramagem dasarvores, e os raios da tem-pestade os seus piores inimi-gos. E não ha nada que o im-peça de conversar com aágua dos rios, de ouvir a con-fidência das estrelas, e de fa-zer do vento o mensageirodos seus amores.' Essa trans-cendéncia — superação doeu na identificação com oselementos — não deixa de sertambém uma espécie de pa-ranoia. Se o poeta diz que anatureza se entristece com asua cor, ou exulta com a suaalegria, êle está valorizandodemais o seu sentimento, quese projeta em todas as coisas

MARIA LVISA RAMOSGoethe proclama: "Assim,sobre as asas vermelhas daaurora, me arrojo sobre tuaboca, e a noite, com sua mi-ríade de estrelas luminosas,sela fortemente nossa união.

E' como se percebe, o uni-verso inteiro a se movimen-tar em função de um homem,e, mais do que isto, o dia e anoite, a se unirem cm funçãode um instante na vida doartista.

A dualidade metáfora-alu-cinação, ou arte-loucura, seencontra magnlficamente re-pressntada no moderno ro-mance "Mrs. Dalloway". deVirginia Woolf. A escritorain^lpsa, dotada de ermde

íôrça poética e ae um tem-peramento singular «o quelevou o critico Gabriel Mar-cel a chama-la "uma mulherdoente e provavelmente de-sesperada) alterna nas pa-ginas do livro metáforas be-lissimas e alucinaçôes de suapersonagem louca — o Septi-mus, que atormentado pelaslembranças da guerra, pro-cura a paz na morte. Alias,a própria romancista se fi-nou no suicídio, e, segundoseus biógrafos, levada tam-bém pela mesma neurose.

O infeliz Septimus ouviavozes, mas eram vozes dife-rentes, e vinham de lugaresin^s^erp^os: um canto de

aaaj-aa-ajajajsssjsi^^

Vinheta de SANTA ROSA

O E M AINDA EMBRIÃO PARA O VÔOPHOJETAS-TE NO GRITO DO INTENSO AZULDILUINDO-TE EM SONHOSOCULTOS TALVEZNO LONGE NUNCA ATINGIDOE DESPETALAS AS NEBLINAS NASCIDASSOB SIGNOS TERRÍVEISEM CUJO REVERSO VIVE O QUE SERÁS UM DIA

(OH TRISTE Ê O ROTEIRO DOS ASTROSEM SUA CIRANDA PRISIONEIROS)NO INFINITO É QUE SE PERDEM OS LAMENTUaPOIS A BÚSSOLA SEUS DEDOS GIRANA DERRADEIRA MANIFESTAÇÃODE UM DIA QUE OSCILA NO CALENDÁRIO NEUTROPERDES-TE Ô NASCITUROEM TEU DELÍRIOANTE O ESPELHO DOS REINOS ENLUARADOa

Yr Fujyama

são do não atacar aa paft*i. >a iiiíu» ua ideius falsos oacivf iftdM que elas encarna**viun, E mesmo assim convémDOtai que este uitra-eatobc©nunca atacou por assim ai-ser os livres pensadores e oannnosticog. Reservou tôaa aira paru os maus corriiifdo-narlos, os famosos "bem-pensantes", os fnisos-devou»aestigmatizados por MoJlera,Bernanos acna-os com razãomulto mais perigosos que oaadversários declarados, potaêsies. na sempre esperançaae os convencer no terrenodo senso comum e da boa le,enquanto que os lépidos e oabeatos falsos que se dizem re-ügiosos petrificaram na suaatitude mentirosa e nem ocoração nem a razão se lheaabre as objurgacões doe pu-ros e dos simples E' Impôs-sivel compreender seia o quafor de George Bernanos mise despreza este aspecto doseu gênio. Era um grande co-ração, cheio de generostriadoe amor: e é o horrível sofri-mento que sentia ao consia»tar quanto era insignificantea generosidade e o amor nomundo, sobretudo naquele!que por definição deviam,transbordar deles, é êsse «o-friment.o que lhe inspirava oamais violentos transportes;mas a violência nele não eramais do que outro aspecto doumn efusão toda feita de pie-dade e ternura. \

}(1) Editions du Seull (cole-

ção "Ecrivains de ttw-Jours"). '

quarto resguardado por W-ombo, ou um simples reaje-jo de rua Mas éle exclama-va: "Maravilhoso! — e aalagrimas lhe corriam pelasfaces, e isto era o mais ter-rivel de tudo (pensava a mu-lher) ver um homem comoSeptimus. que havia lutado,que era um bravo, chorar ca-quela maneira. E êle conti-nuava a escutar,- até que su-bitamente gritava que esta-va caindo, que estava caindonas chamas! E tão vivamenteo fazia, que eia chegava aolhar, como se houvesse eha-mas mesmo. Mas nada ha-via". E vinham também asvisões: "Afogara-se, costu-mava dizer, e jazia sobre umpenhasco, sob o alarido dasgai votas.

E, por sobre o encosto dosofá, contemplava, lá embaixo, o mar".

Por outro lado, uma velhamulher que ped.ia usmolas narua, assim pareceu a roman-cista: "... um frágil e trê-mulo som, uma voz incerta asem direção, sem vigor, semprincipios nem fim, fluindodébil e aguda, sem nenhumsignificado humano: ^

ii an fa un sôfuu suiti tu in uu,

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voz sem idade, nem sexo\a voz de unia antiga fontejorrando da terra; efue brota-va, exatamente defronte à es-tação do metrô do RegenfaPark, de uma trêmula e lon-ga forma, semelhante a umcano, a uma bomba enferru-5ada, a uma arvore ventadae para semnre desnuda de fo-lhas. que deixa o vento lhacorrer os galhos, cantando .

ti an fa un sô 4fuu suiti tu in uu,

e oscila e ectraleja e choraina brisa eterna...". "Suaanão fechou-se e ela embo)-•ou o xelim, e todos os olho*curiosos pareceram apagar-se, e as gerações que passa-vam — o pavimento eslavacoberto de afanosos peque-nos burgueses — desapare-ciam, como folhas atropela-das, molhadas e convertldatem barro por aquele eternomanancial".

Perfeita a abstração da **»alidade, êsse delírio do pe»»samento. que percorre o In-'imito e possibilita a destrui-ção do tempo e do espaço»Tal o valor da metáfora, quojnão conhece barreiras e dl™«rimza o ln^'*"^uo, integras** jâo-o no cc*Em»s.

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Terça-feira, 27-7-1954

1} ROl»08iTADAMEN-

-^ ±.'i,dí;.xumu3 ue me-rir-nw nu irnoalho aasemana pusauüa u onovo processo fumico, atra-

rei tíe nosso primeiro e uru-Co coiuuu) cora éie, o qualara c aeàde «a aifeum tem-po «ctu revolucionando a m-austna cinematográfica, eraInnvao ou era prejuízo de se-tirau arte.

Nossas razoes se prendiamao iaior espaço e porque,8(-m duvida, a extensão dosistema merecia um examemais acurado e pelo mesmotei sido ia adotado como oniuis recente veiculo da ex-pressão - cinema

Nao nos convém aqui tra-car um paralelo entre o ei-nemuscopio e a terceira di-raensao, apontar as convenl-êncius do primeiro e as des-vumagens comerciais da se-gunaa, porque os próprioshomens de cinema ja aboli-ram, definitivamente. — anao ser alguns filmes empra-teieirados, nao se conhecemoutrus em produção — os mé-todos caducos desta última.Caoe-nos apenas historiar oseu aparecimento e apontaraqueles motivos que levaramos produtores e companhiasa adquirir os seus direitos deinvenção.

Henri Chrétien. cientista-ótico francês, por volta de1937, aperfeiçoou a denomi-nada lente "anamorfica" quecontinha a propriedade derestituir à sua forma priml-tiva uma imagem, anterior-mente, disforme. O uso des-ta lente nos dá uma perspec-tiva mais natural. Os angu-los focalizados, na sua apre-sentação aos nossos olhoa,combinados com o som este-reofônico, precuram trazer ocampo de representação, aárea total filmada, maispróxima de nós. A forma datela (não nos referimos ape-

O CINEMASCÓPIO¦•%

DALMO HOIHOR

REALISMO, FANTASIA ES1B0LISMO

(CONCLUSÃO DA 6» PAG.)cesas, porem seu livro temcoerência e escala.

Na novela russa de hoje,existe uma aguaa divisão en-tre o produto megalopolitanoe o locai, que pode exibiralgo de uma tradição rústicadescentralizada. A novela éuma forma de grande cidadedentro da qual se incorooramde ma forma as tradições ru-rais:'porém, a dicotomia en-tre tirania centralizada naCidade e pequenas comunida-des descentralizadas estendi-das sobre tribus primitivasde continuo na literaturarussa e mais desde a revolu-ção com a difusão das pri-meiras letras e influênciascentralizadoras sobre cultu-ras remotas e da transiçãode uma classe governante ne-reditária a outra revolucio-naria. Se se houvesse produ-zido um quadro similar naAmérica do Norte, até 1860,ter-se-iam alfabetizado sü-bitamente os índios; mas aAmérica do Norte não tem astradições coerentes na poli-tica e literatura e sobretudoa tradição paternalista queatua como unia mola entreuma cultura oriental que es-tao bem inclinados a dissi-mu lar e uma ocidental da

qual desconfiam.O realismo narrativo é. tal-voz. mais um problema nanovela da éooca em que oleitor sem especial conheci-men;.o não tem critério acêr-ca do que é real. Histórica-mente, as novelas apelaramcom muita naturalidade paraos realistas marxistas cujafilosofia era uma filosofia dahistoria e ns novetes marxis-tas produzidas fora da Rús-sia são s*lidamente históri-cas auando não são diretasreportagens da vida e condi-

çoes modsrnr.s. ET uma formaaa oua! mudeis pseritores des-eonfiam inclusive {u^riHo a•moregam. norruie sabem ouequanto mais lar<?a é a dis-janela oue os seoara de seutema, mais grotesco lhes pa-

nas à sua extensão) é a quemuis praticamente se avizi-nha da visuo penlerai ouseju, tíe tutío aquilo que ve-mos quando olhamos erafrente, sem que tíispinciumoagrande esforço — nao Im-porta era que posição nos en-¦coniremos! «D — ou que te-nhamos de empregar apare-lhoa técnicos especiais, co-mo por exemplo os óculosexigidos pela 3-D.

O filme em cinemascoplo— toda vez que falamos deleestá implicado no seu pro-cesso o som estereofónico —projetado na teia panorà-mica curva dá-nos uma sen-sação, ainda não muito pre-cisa, de que estamos, de fa-to, rodeados pelos objetosfilmados. Aquela ação desen-volvida, pois, na estreita te-Ia que até então nos era tãofamiliar, agora provoca emnossa mente uma idéia deinfinito; não temos umaconsciência dos limites dacena que vemos projetadana tela. Êste é um dos fun-damentos do cinemascópio:

aproximar ainda mais o cl-nema da realidade conheci-da e no seu grau máximo,fazendo com que nós possa-mos tomar parte, mais dire-ta e mais dentro da histórianarrada.Êste processo técnico alia-do, como dissemos, ao somestereofónico, camuflandoalto-falantes atrás e nos la-dos do teatro faz com queaquele som, primitivamenteregistrado, venha até nos doponto exato de sua origem,fazendo-nos sentir uma im-pressão quase total de que opersonagem sai de nosso

grupo e entra em cena, oumelhor, que êle se encontraentre nós! Aliás, diga-se depassagem, a aplicação dosom estereofónico é o pontode certo modo, mais efiicen-te do processo e, talvez, aúnica forma de nos colocarmais dentro de cena, comple-tando aquela sansação inicialde proximidade com a aber-tura da primeira cena na te-Ia curva. A tela para o fil-me em cinemascópio é duasvezes e meia maior do quea sua altura. Feita assim,depois dos cálculos da capa-cidade visual do espectadorporque, se não nos ensana-mos, sao estas as próximasproporções do canino de vi-sao humana, isto é, o olhohumano possui a pronrieda-de de ver mais de um ladoa outro do que de cima pa-ra baixo. O tamanho médioda tela —de 65 pés por 25— favorece uma ação maisamola entre os atores, abo-lindo os primeiros pianos etambém, não deixa de eiimi-nar o corte freqüente de ce-nas enquanto o diálogo ouqualquer som provocado noschama a atenção para nmPonto determinado pelo uso

do som esiereoíoaico — oque nos faz chauiur este as-pecto oe "doía up sonoro"O emprego do "close up"tênue a tíesapurecer com ei-ta inovação técnica, consiae-ruveimente — peio menos senos parece posltivãmente au-tuuncional — enquanto oschamados pianos largos outíe extensão oDièm com éleperlormances de granüe eiei-to (plástico e de ação), co-mo. por exemplo, a panorà-mica e o "longshot" em par-ticuiar. O detalhe, como aíir-mamos acima, na multipiici-daae de objetos e atores es-palhados na tela, nos chamaa atenção única e exclusiva-mente com a eficiência dosom, tío som estereofónicoa não ser se usarmos o re-curso, como fêz Hitchcok era"Pacto sinistro", na sequên-cia do Jogo de tênis: movi-meniação das cabeças dosespectadores da partida eimobilidade total do assas-sino — mas aqui existe aquê-le perigo que tanto pertur-bou o cinema nos primeirosanos de sua fala e que Cha-

plin criticou no Início de"Luzes da cidade", do filmepassar de sua percentagemmáxima "imagem" — cine-ma no lato sentido do têr-mo: "imagem-movimento"— para dar lugar àquele exa-gero e confusão de sons, em-pregados "à tort et à tra-vers", salvo raríssimas exce-Çoes. Como se não bastasseisto. surgirá por certo a re-filmagem sempre para pior.Infelizmente, o perigo se re-Pete e não sabemos atéquando estará entre nós.para disvirtuar a verdadeiraidéia da cinematografia. Ou-tro perigo que a nosso ?er.tende a aproximar-se, ao jo-gar o novo processo com es-ta multiplicidade de, coisase personagens — sem dúvi-da tal se aplica muito bemaos "colossos" e cria aouelaação e movimento mais acen-tuadamente —, é a Inefi-cácia destes detalhes espa-lhados (que os primeirospianos fazem desaparecer) eque precisam ser, constantee cuidadosamente, manobra-dos e guiados pelo "metteur-

en-scene" (a função desteparece, também, ampliar-se)a fim de que não compo-nham apenas um ciuadromorto, anti-cinematograficoou partes integrantes deuma plástica e do conjun-to das grandes tragédias derepresentação teatral. Êstevariado número de intérpre-tes poderá fazer com quemuitos fiquem esnuecidos —ríluT°S chamad™ Por umdetalhe apenas de côr demovimento ou realçado pelosom — cruzem eles os bra-cos a esnera de uma "deixa"ou fiquem alheios à batutado diretor (obrigado, agora!a duplicar, triplicar a sua

(l*,«üí,mAO DA 1.» fag.)vo do que a Zacarias de Gúi*E note-se quo não so tratavade um homem de letras, ma»apenas de um político, emboraculto o profundo conhecedor dotodos os problemas que er«levado a debater ou solucionar

Quem ler aliás as magníficaspa-rinas de «O ve!ho Senado»,verá que Zacarias é a figuraqoe mais se insinua em suasevocações daoueles tamposApesar da discreeão com queMachado pre curava rcconst*.tulr o ambiente do Senado, porniefo de abruns toones furtivo»e rápidos para não removertalvez do todo a patina do tem-po, observa-se que «o homemseco», jue nuncj se deixou toi-cer nem quebrar, estava mal»vivo do que qualouor outro cm«ia lembrança Nilo foi reduxl-do o espaço que lho deu nessaadmirável fragmento de suasremlnlscênclas. onde » nome á©reeera o resultado.

Z«!AS

acuidade) e Isto nós chama-mos tuuiplesiueute tuna oasinconveniência*» iniciais aoprocesso que nuo esta foratíe uma vassourada. O dunose uena muis intimamenteligaao a necessidade de pre-encher o vazio da teia — va-zio possível em concepçõestíe Isolamento — pois os pro-dutores, via de regra, vêemescolhendo os enredos demassa, como, também, peloreceio de deixar um perso-nagem so olhando a lua ..

O emprego especial da ien-te, tecnicamente chamada"anamorfica". depois de umaserie de testes e experiências,foi aprovado como sendo umgrande passo na tecnologiadesde os tempos Idos do apa-recimento do som. Como fi-cou constatado, anterior-mente, a 3-D não alcançouaqueles resultados deseja-dos e que tão bombástica-mente prognosticava a ve-lha Hollywood. Esta últimanão passou de uma frustradatentativa, de recursos técnl-cos primários e de péssimoefeito e deu então, lugar aocinemascópio. Êste constan-do de uma única câmera. deura único projetor e de umatela panorâmica, dispensan-do, por outro lado, o uso dosóculos, veio substituir aque-le processo tridimensionalprimitivamente adotado, eapresentou um espetáculomais limpo e mais belo.A lente "anamorfica" écolocada à frente das con-vencionals lentes de câmera.Ela permite que uma câmerade 35mm. "estenda" para ca-da lado, o que não pode fa-eer os nossos olhos, e "com-

prima" uma cena de vastoangulo dentro de uma estrei-ta faixa de filme Observa-da a Imagem no negativovemos que esta está compri-mida na direção horizontal:o objeto parece mais finodo que deveria ser". Paracompensar, então, coloca-seno projetor um similar óticoque em combinação com aslentes Já existentes neleproduz um efeito justamen-te oposto às lentes de fil-magem. Projetado o filmeaquela lente espalha nova-mente a imagem horizontal-mente e ela é como que de-volvida às suas proporçõesanteriores.

Não se pode, todavia, ain-da julgar consciente e cate-goncamente o cinemascópioSo sabemos que êle não estalivre de problemas, ao con-trano, a falta de um comotécnico esoecializado. a au-sência de uma delicadatransmutação de eauipamen-tos nos teatros, e estes nua-se sempre não observam asnormas que regem "in to-cum o novo descobrimentonao o deixam livre de de-Jeitos. O uso de três micro-fones no ato da filmagem

cm ves de um. ouruja o "c%.meruman" a lutar contra"três sumora*" que precuum•er euminudas, pois sac r«-aiçadas ainaa raius com aIluminação exigida pelo ai*.tema para os sucessivos "ta-kes' Contudo, us engennel-ros de som por exemplo imedida que vão ganhando adesejada experiência e ad-quirindo maior visão, vaoabolindo detalhes supérfluosou adotando sistemas-apen-dlce que poderão, futura-mente, facilitar o seu tra-balho.

Era 1951, Henri Chrétleaaperfeiçoou a sua descobertae obteve uma patente de In-venção sobre sua lente qutêle chamou de processo "Hy-pergonar", numa cunierénciadada em Turim, por ocasiãodo Congresso Técnico Inter-nacional.

Sabedora da concretizaçãode tão brilhante trabalho a20th Century Fox enviou Sar!Sponable de seu Departa-mento de Pesquisas, na cer-teza de obter os direitos dalente. Comprados estes, pas-sou o novo sistema por umasérie de testes de labora to-rio daquela empresa sob adireção de Sol Holpin. obten-do excelentes resultados. •passou a chamar-se CINE-MASCÓPIO.

Talvez seja o cinemasco-pio a segunda grande aqui-sição do cinema no domínioda técnica e, por certo, cons-tituirá o segundo capitulo desua evolução e virá trazer,pelo que aparenta, novasconquistas, novos valores aesta arte, não só a mais Jo-vem de todas, porém a malacompleta delas.

0 PAPEL CIVILIZADOR DEUMA RUA

(CONCLUSÃO DA 7.» PAGINA)

li 6ô?S E MIGHAQO DE ASSISZocaHas surjre em vários pon-tos. E, no trecho principal, ba*.tanto expressivo é o perfV ape-nas esboçado desse prandt es-ta*lHt*i: «Zacarias f?iZ!a revivero debate pefo sa^asmo e pelaPresteza e vi^or dos goJnes Ti-nha » palavr» co-tante' fina erá^Ha. con uns efeitos de ^çntw-ats. que a tornavam ma!«penetrante e Irritante Ouandof?e se er-ula. era quase certoq«e faria de?ta* san<rue a ai-ffuém. Ch-ror até hoje a re-pnt^-io de «deb-ter», com©oposiVonísva. „ com min|gtroe chefe de çablnete. Tinha au-dáe«as. como a da escolha «náoacertada», oue a n^hum outropcv^n. creio eu. Poüticarr en-te. era uma nntn-era seca e so-b-necKa üm livro oue foi «e«pu uso, ama HistóHa de Cia-r^ndon («Hísory of the rebo!-Hon and civil «rara fo En-

rtendtf, ma»-cad- em partes, aIâ*»í8 en-arnado, t«m uma smh-fiü&ha os* seguintes palavras

(vol. i, pagina 44), atribuídosao condo de Oxford, em re».posta ao duque de Bucklngham,«que n3o buscava a «ua amiza-de nem temia o seu ódio», fiarr.scado ver sentimentos pes-soais naa simpie* notas oulembranças postas em livros deestudo, mas aoul parece que oespirito de Zacarias achou •«eu parceiro Particularmente,

ao contrário, e desde que ¦*«inclinasse a alguém, convida.»fortemente a amá-lo; era Ihanoe simples, amigo e confiado.Pessoas que o freqüentavam,dizem e afirmam que, sob assuas árvores da rua do Conde,ou entre os seus livros, era uraposto ouví-Io, raro haverá es-quecldo a graça a polidei dosseus obséquios» Neste .,onto,decerto, só por natural pudorde sentimento Machado de As-sis nao incluía a si mesmo en-tre as pessoas qne náo esque»e«ram » graça e a polHez coag

ca

principio, a exemplo do tíe*roi da "Capital Federai**:— "Mas é um beco!. " Lo-fco, porém, passarão a sentifde que sortilégios se tece oprestigio desse beco.

E por não haver abando-nado o meio provinciano,desdenhoso da corte, re-cusando-se a vir pedir o be-neplácito da rua do Ouvidor,Tobias Barreto sofrerá a in-diferença do público, apesarde toda a campanha desen-volvida em seu favor por Sü-vio Romero.

Se a boêmia ali se localiza,dali também sairá a Acade-mia Brasileira. Machado deAssis, refratário às mesas decafé, tem indefecivelmentea sua hora de palestra na Li-vraria Garnier. A ditadurado decantado beco so começaa d^clmar em 1904. no go-vêrno Rodrigues Alves, com aabertura da Avenida e a re-mcdelação da cidade. Cria-se uma nova espinha dorsalpara o centro urbano, veraabaixo uma boa parte do ve-lho casario, alaream-se osbecos, determinando umamudança de configuraçãoQue irá refletir-se nos usose nos costumes, a boêmia li-terária os efeitos dessa .re-forma foram sensíveis A ruado Ouvidor, centralizando osgrupos, facilitava os encon-tros e os contatos, indispen-saveis ao sistema de "auxílio-mutuo" e de "exoediente",sem o qual a boêmia não po-de subsistir. A abertura daAvenida acarretaria, fatal-mente, a disoersão dos pon-tos de reunião. Outrora. bas-tava ao Rocha Alazão, "fa-cadista" célebre, postar-senuma esquina da rua do Ou-vidor e as "vítimas" cairiamna certa. Agora, o camno ialargava-se. a localizaçãotomava-se mais difícil. Nãotardariam os boêmios a sesentirem deslocados no no-vo mndro urbano."O Rio civiliza-se" -- aore-eoava Figueiredo Pimentelno "Binóculo". E no seu sur-to expansiohista. essa cívill-zacão, aue tivera na rua doOuvidor o prinHoal artífice,ia dar-lhe nor findo o nanei

eô piaao da vida literária 4

Page 10: Coleção Digital de Jornais e Revistas da Biblioteca …memoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1954_00309.pdftônlo de Almeida, após o de-•aparecimento do romancista, aliás, em circunstâncias

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Terça-faira, 27-7-1954

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40." aniversário da rr \-te dc Silvio RomeroDaa nata oportuna» foi • reed»-

to da **Hbtôrio da LiteraturarnHilHra'' de SIMo P.om-ro fen

» pela Ed José Ol-mplo pola tua-mente este ano transcorre o 40.»

tilveraúrio de »eu falecimento Kolmin uma forma ju.ui a. como-

.orar a efeméride rero.ocnndo a*iro do mostre sergipano ao ai-tnce do publico brasileiro justa-icnte nu quadrageaimo anivcraev-o de nua morte.

CüDiCfência de Flexa RibeiroO critico de aiicb piaauvua Carlua Klexa Ri-

b^lro proferiu, no Museu dc Arti Moderna, uma con-ieiencia subordinada ao tema A contribuição iarae-li ia nu ai te tr.uüeina". _. conferência, conconidis-«ima. coroou de forma brilhante a recente expost-(,-io de mestres israelitas."Pai João Menino", de Wilson W. RoJrigues

VVildun W. Rodriuucfa, autor do poema íolcio-rico "Pai João", muito gabado por Jorge de U-uia. Jouquim Ribeiro, Lindolío Gomes c outros,acaba de publicar, na coleção Mâo Maria, da Pu-bliritan Editora, o livro "Pai João Menino" coracapa e ilustrações de Glbson Freitas. E* uma sé-iie ue historietas, casos, anedotas, extraída do íolc-

,ion? nacional e tendo como narrador ou persona-cem a Pai João. Os desenhos internos e GlbsonFreitas são n-uito ruins, principalmente se consi-derndo o público infantil a que se destina; coisasurpreendente, poia Gibson, fundador do movimen-to "parvinista". é um desenhista de grandea re«cursos e belo traço.

Biblioteca estadual de MinasEsta sendo injetada a construção da Biblioteca

Estadual de Minas Gerais, segundo um plano do ar-qintoto Oscar Niemeyer, Será um edifício de amplasinstalações e modermssimo.

Gabriel PascalO nome é conhecido dos que se interessam porteatro e cinema. Gabriel Pascal, agora falecido aoa> CO anos, fict-u famoso como empresário cincmatogra-

] firo de G. Bernard Shaw Levou à te'.a "Pigíoaliâo","Mf.jur Bárbara" "César e CleÓpàtra",. "Androcles «i, Leão"; O de maior êxito toí seni dúvida "Pigmã-üh"'' com o saudoso Leslie Howard. noje um filme»«lóssico na galeria das películas leair&is.

"Ausonia**Recebemos o número de "Ausonia", correapon-

dente a janeno-feveieiro deste ano, e que, como oaiiiíLtiioifco, apresenta, alem da excelente feição gra<-f<ca colaborações o<? primeira qualidade. Destacamosok artigos de Alfio Oozzi sóbre Goethe, de Cosimolun, súoie Francesco de Sanctis, os de Enrico Sac-Chcti, Miehele Vincieri Marcello Fraulini, e outros.A parte de critica bib.iografica, como sempre, é daamelhores; ressaltamos a resenha de Wolfango Rossa-ai, sobre o último livro de poesia de Luigi Fiorentino.

No Rio, Eduardo FrieiroEsteve no Rio, de passagem para Pernambuco»

o escritor Eduardo Frieiro. Aqui, informou-nos deq.c saíra déiiuu em breve a sogunda odiçáo de 'Odiabo na livraria do Cônego" dos mais saborosos ««uiis estudos que possuímos sobre vultos ds lncon-ficencia. O autor.de "O mameluco Boaventura" t*A ilusão literária" tem vários livros prontos c —?' iíi preciso dizer — sem editores imediatos. EmPernambuco, Frieiro tomará parte no Congresso daEibiioteccnomia, ali cm andamento. „

!50.° aniversário do nascimento deGeorge Sand

Continuam na França aa eo»memorações do 150* aniversário donascimento de George Sand, gran-

ie figura do romantismo mundial.Além das sessões acadêmicas, daaconferências e homenagens públi-cas, foi instalada nma exposiçãoGeorge Sand. que funcionará atéi fim do ano. Criou-se igualmen-e. o museu George Sand, onde _po-lem ser vistos pertences, edi(*õ",a,naterial iconográfico, etc., da au-tora de "Lélm"

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Entre nós, o poeta Edjjard Bra^aAqui «ateve durante aliruns dlaa. o poeta Edgar*

Braja. Trouxe alguns exemplaree do seu último vo-lum* d, poema* "XnutU acordar", cum o quul _e com-piei» a trilogia Iniciada eom os livros •?Odct»M o 'Al-beriíue do Vento" a capu di "Irútil acordarH é umabeMBHim» nnmpoalç&o trlcrômlca dr Aidemlr Mar-tina Embora o derradeiro a ser lançado. "InútUacordar'* è o primeiro na aeqiiíncla da trilogia. Ed-gard Braga reunira em oluquete. ainda este ano tu-gun» pu.utoA uvuibos. sol o titulo de "Onsia no in-certo" c noa dará. também. "Lunano do Café", pne-m»i oomemoratlvo do rV Centenário de São Paulot que é uma tranapoaielo llrtnn di história do café.Efte n<»ema foi divulgado na edição especial con-Junta doa "Diários Associados".

Raul MachadoNa longa série de aiorUs que está mareando as nos-tou l.tros. deve juntar-se a de Raul Machado. Poeiaque teve a sua época dono de alguns sonetos liecorrem o pai.« e freqüentam na antologias Raul Ma»«chaao recentemente havia reunido sua obra poéti aDu volume "Cantos sem gloria*' Embora não se te-nha aliado ao movimento modernista, era um dos me-Iboree valores da poesia pos-parnasiana.

Academia Goncourt brasileiraE* pensamento de alguns literatos inconforma-

dos coro o longevidade dos "imortais" da avenidaPresidente Wilson a fundiiçõo de uma espécie doAcademia Goncourt brasileira que funcionaria maisco m nos como sua congênere na França. Glosandoo fato, o poeta Carlos Drummond de Andrade »*s-crtveu saborosa crônica, propondo inclusive a -te-nominação cabocla de Academia Gonçalves. Comtanta academia, brevemente haveremos de ter. se-não um instituto de aposentadoria e pensões, pelomenos um sindicato dr.s acndímicos pnra d^frnderOf interesses da classe. Alias, para outros fins, jáexiste uma Federação das Academias de Letras.

Três livros de Antônio OlintoAntônio Olinto, que depois de sua estréia como

poeta em "Presença" não mais publicou livros, de-verá lançar nos próximos meses três obras. Umade poesias, intitulada "Resumo", em que reunirápoemas posteriores a "Presença" e os da últimafase, que, segundo o próprio poeta, traduzem umaalteração radical de sua poética. Outro volume aser editado e o de "Páginas escolhidas", formadode artigos selecionados do grande jornalista e edu-cador Antônio Olinto, seu antepassado, fundadorde meia centena de jornais em Minas e que deixouuma apreciável obra de pensamento, dispersa noamais variados periódiros. Seu homônimo juntoucarinhosamente esse material, fôz uma seleção epublica-la-á precedida de neta introdutória. Pelos"Cadernos de Cultura" aiirescntará Antônio Olirto»ma série dc trabalhos bcus publicados na impren-sa do país, sob o título ""Literatura e Jornalis-mo".

"Lampeão", de Ranuffo PrataDeverá aparecer, dentro em pouco, pela editora

Piratininga a segunda edição de "Lampeão", de Ra-nulfo Prata. O livro do autor de "Navios ilumina-dos", terá ilustrações de Aldemir Martins (ultima-mente fascinado pelo motivo "cangaceiro"), capa deKoetz, e uma introdução de Paula Dantas.

Roy Campbell, tradutor de Eça de QueirozApareceu recentemente na Grã-Bretanha, em

edição de Max Reinhardt, a tradução do "PrimoBasilio", de Eça de Queiroz, devido a Roy Camp-bell. Eça ode Queiroz não é desconhecido do pu-blico inglês, e a tradução de suas obras — simultâ-oeamente com as de Machado de Assis — só podoabrir um novo mercado para as letras luso-brasilei-ras até pouco tão ignoradas. E é curioso que osleitores europeus e norte-americanos, encharcadosde sub-novelas, sub-romances e sub-poesias de to-dós os países, só agora possam ter acesso à litera-turas como a portuguesa e a nossa. Por outro Ia-do, uma relação de autores "portugueses" e "brasi-leiros", traduzidos para o inglês, francês, alemão,italiano, castelhano, etc, revelaria o mundo de sub-literatos que, em nosso nome, foi exportado paraêsses mercados livreiros, levando uma péssimaIdéia de nossa verdadeira fisionomia literária.

Morreu Jacinto BcnaventeCheio de dlut>, morre JaeintH

Sonavcntc, prOmio Nobel de 1922,Nascido em' Madrid. no lonein-iuo ano de i.--.;«._ Bontrventt éuna •! i maioria gloria da llt»»

^£.--Vr^'^1w iatura espanhola. Grande dra-Étâ&^tMàM naturgo u excelente cr.tico, suaasa<i& !í^-.'_fe

* f'$ 'cçna corrpMím o mtmrto, trnfiu-

:ldaa cm vários Idiomas. O No-oci consa^rou'0 detimtivameiue*Jstreou na critico com o livro'Cartas de mulheres", em 1M'i3

» em lfl!M lançava "O Ninnolncio". Durante tôdu nua vioa

mo ceshoii o íxlto de nuas oo--as: "Noite de sábado", "FArçaBruta", "La Muliiuciidu", "*

Dona de Casa", "Poso de Outono**, etc , rírrs ooduzentos ao todo. Se sua obra não teve a Influéo»ciu da de ibson, ou a universidade da de uutio ma-cróbio, Bernard Shaw, a quem sobreviveu, pode-**dizer, no entanto,'que é um doa pontos altos do ie*-tro moderno.

0 desaparecimento de An«ryone CostaDesapareceu o escritor e professor Ang.vontf

Costa, autor de vánoa livros de arqueologia e *tm*.logia. Recentemente, publicara pelo Organização d»»móes o volume "Espirito e nervo do mundo latino",Era pai do escritor Dante Costa.

"Os índios Maués", de Nunes PereiraNuma edição profusamente Ilustrada, feita peWOrganização Simões, temos o livro de Nunea Pa»

reira "Os índios Mauês", trabalho consclencloso doetnografia. Nêie, estuda Nunes Pereira a vida, oacostumes, o "habitat" dos M:iu:s. utravós de umavasta pesquisa sociológica, que torna o livro umacontribuição séria á nossa sociologia. .

A morte de Rodolfo M. Rancei Moreira jFaleceu no Recife o poeta Rodulfo Maria Rangel

Moreira. Sua estréia se deu em 1947 com o livro *'Jmoito debruçado", bem aceito pela critica. RangelMoreira tinha pronto "Condição do amargo", outralivro de poemas, que sua família pretende editar.

Conferência sôhre Uma Bzrrreto íFrancisco de Assis Barbosa, que recentemente ptVblicou o "Diano intimo" de u*ruu i^unccu. íoi c..n.*-

dudu pela ABDE da Biblioteca Municipal de São r-au-lo para uma conferência respeitante a "Lima Barre*to e outros romancistas de seu tempo". Nèsi>e mesmocurso, o poeta Mário da Silva Brito proferirá uma na»lestra intitulada "Principais manifestações do ro»mence na década de 1920 a 1930" Rossini CamargoGuarnieri a Fernando Góes já se fizeram ouvir no ca*.tado ciclo.

"Amour sans Visage", de Araldo Sassonc jAraldo Sassone, poeta penSnsulai de nome baa-tante conhecido no Brasil, reuniu, em "Amcur eanaVisage", o texto original de seus poemas "Amor

che non hai volto" e a versão francesa efetuadapor diversos poetas. A edição oritinal desse livrodata de 1948. Em 1953, saiu a versão inglesa. "J*>rvowithout Face". A atual edição bilingüe francíeita».liana é de apresentação esmerada e. no conjunto, a*traduções primam pela fidelidade c correspondêncialírica. O livro traz prefácio em frades de RneerDesaise (um dos tradutores), no q«nl é acentuadaa personalidade poética de Araldo Sassone.

Graham Oreent 1è *Eií? outubr° deate ano, Graham Greene compTé»tara so anos. Será uma das carreiras mais rápid.*#e tormidáveis que a literatura mundial pode apre-sentar neste meio século. Greene. ajnda náo eon-quibtou o prêmio Nobel, é porém um dos candidato*permanentes e dificilmente a láurea máxima lhe esc*»p— T^o-ifor católico, foz no mesmo tempo uma •»-

teratura que agrada inclusive <&»*mantes do gênero "policiar». O-ucesso de Graham Greene está

longe de reRtrir.q:ir-se à Inglaterraou à França. Na Alemanha, pof•xemplo seus romances alcançamtiragens enormes t sô "Th» Hea-tof Matter" í"n?»g Herz aj)er r>'n.^e") obteve *W mi! e^emolares^,r7o cinema Grnhnm Greene não?em tido muita sorte: "O ídolo«sido" é um? película oue. alen»'e vulgar, narti no«? diz <*•> novela'e que fnl ex*ra'da e "BrigntoA-lock" foi um fracasso. i

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Truman Capote em alemãoA roveia de Truman Capotea0ther Voices, Other Rooms",

áoi receijemente traduzida para« alemão conservando seu beloUtulo- "Andere Stimmen. an-'|*re Stuben". é um dos traba-üw. mais i-xpressivos de Capo-*e esv-a história de am menino^«e descobre todo o misteriosohiundrt na fazenda tíe sua tia.

Cecil Day Lewis e a tra-dução da "Eneida"

m ®ur a bela edição-de-bolsoAnchor" chegou-nos a tradu-v«o que o poeta C Day Lewisjez da "Eneida" de Vergílio fi•radisçpo f- conhecida mas oJ«e poucoa sabem * que ela seoestinava origina riamente a ser«aa r0 microfone e o foi debv°* o í:°P0is foi reunida eraro- para nós que conh*>cemosio-sc rádio, parece imoosrf-™ que haja no mut^o um lu-t'ir ort,í-' um poeta nossa Têrr« 2},cp?fnnc o poema mteiTo {

- m ¦ |i|i>'»"«'»#»'0»»C I I ¦ 0 '« »i t'it« t'<"»'Q' »i» iB 0'

Reedições de Mário Barreto

ó elogios pode mereceriniciativa de A. Si-

móes dos Heis reedi-tando as obras de Ma-

rio Barreto. Dez volumes se-rão üados a lume: Estudosda Língua Poriuguéisa, No-vos Estudos, Novíssimos Es-fcudos, Factos da LinguaPortuguesa, De Gramática ede Linguagem, Através doDicionário e da Gramática.Últimos Estudos, Cartaspersas (tradução anotada),Notas de Leitura e índiceGeral comentado lorganí-zado por Cândido Jucá, fi-lho).

O primeiro livro a aerlançado é o utilíssimo-"Através do Dicionário e daGramática", em torno do«uni gerações tíe filólogos e

gramáticos vêm derraman-do sua admiração. Con-quanto hiperbólica, a ex-pressão não deixa de ter ojeu lado justo, porquanto,num tempo em que a gra-mática ia pouco além da"santa férula", das questi-ánculas, daquilo que um fi-lólogo batizou de "caxaran-íunfa", Mário Barreto surgiucomo um professor emérito,um conhecedor profundissi-mo do idioma, um desbrava-dor de caminhos até hoje tri-fhados. Forma com João Ri-beiro e Said AJ1 o trio dosnossos grandes gramáticos-filólogos, homens que. semestreitar as fronteiras dovernáculo, souberam tra-ear-lhe com dignidade e se-guranoa as lindes e-enuinas.

fess» livro que a Organiza-(''«•^«¦•¦«•-«•--s--._««"«»«•'«-'*'e-_"t-'e--e- «•*=«¦4*r*-.:t>*-T •-• r r {•• r-T"'-- T--T--Í r

ção Simões acaba de reedi-tar é, sem dúúvida, manualvalioso do estudante (e doestudioso) da lingua. Não setrata, como ha quem creiaà primeira vista, de um"consultório filológico" amaneira daqueles de Cân-dido de Figueiredo, onde osfatos do falar portuguêseram revirados ao sabor dabile momentânea. E' a ciên-cia sabia, a lição exata, ahonestidade expositiva, odomínio da história do vo-cabulo, o exame do seu or-ganismo, tudo através deum estilo que, se por vezesnos sôa precioso, é por si sóuma grande lição — a liçãobarretfana de amor ao ins-trvmento nátrio de comuni-eacão e de eternJsação doque é nosso.

Livros ie Filologia "foBem avisado andou a Siinffe#aos Reis, instituindo uma cole»

çao filológica na sua editora.Obras Inestimáveis de MárioBarreto, Sa*d AH Chaves de Mol.Io, José Oiticíca, Matos Ppixof©,Antenor Na-ccntcs e CândidoJucá, têm trfdo publicadas se*guidamente, reeonquistando umgrande público para aa coisa»da lm-ua. Dentro desses traba-ihos, destaca-se a segunda *tíUçao do "T.in^uaiar carioca*-, daAntenor Nascentes, livro a mal*tos resneítos revolucionário Ad»voga Antenor Nascentes umahrgua viva, dcwtnda r'lR pèmeacadêmfeas, e em certos canoavai me<?mo a *>xtrPmos de pe«»quif?as d» n-AV-ínfí?» na9 ^^ma«!??R mf>!«* br»*^?.. ond* a ?tfl>r*n*varã* por n.-sim dizerletal.

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Page 11: Coleção Digital de Jornais e Revistas da Biblioteca …memoria.bn.br/pdf/114774/per114774_1954_00309.pdftônlo de Almeida, após o de-•aparecimento do romancista, aliás, em circunstâncias

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ILetms e ArtesRIO DE JANEIRO, 27~DFjULHO DE1954

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1

II11

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QUANDO DE MINHAS MÁGOAS A COMPRIDAMAGINAÇÃO OS OLHOS ME ADORMECE,EM SONHOS AQUELA ALMA ME APARECEQUE PARA MIM FOI SONHO NESTA VIDA.

LA NUMA SOIDADE, ONDE ESTENDIDAA VISTA PELOS CAMPOS DESFALECE,CORRO APÓS ELA; E ELA ENTÃO PARECEQUE MAIS DE MIM SE ALONGA, COMPELIDA.

BRADO : "NÃO ME FUJAIS, SOMBRA BENINA !»E ELA, OS OLHOS EM MIM CO'UM BRANDO PEJOCOMO QUEM DIZ QUE JÁ NÃO PODE SER,

TORNA A FUGIR-ME; TORNO A BRADARANTES QUE DIGA "MENE", ACORDO, E

UM BREVE ENGANO POSSO

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S DE CAMÕES««'«sszfrrrss./Esssjaw SSB—T*-*r&-TmaiaxiMt!&WiJB^JSllsilwtt

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