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Como elaborar um relatório
técnico
Introdução à Engenharia Cartográfica e de Agrimensura
Prof. João Fernando C Silva
Departamento de Cartografia
Redação: ditos populares*
• só escreve quem (aquele que) lê => vocabulário;
• só escreve bem quem (aquele que) muito lê => vocabulário e estilo próprio;
• só se aprende a escrever, escrevendo => prática;
– domínio do idioma; das regras gramaticais vigentes (ortografia, pontuação, concordância);
• * isto não é ciência! Mas onde há fumaça, há fogo.
Objetivo da aula
• Informações de conteúdo para auxiliar a
redação de relatórios técnicos como
subsídio aos alunos ao entregarem os
relatórios referentes às tarefas das
disiciplinas.
Ler, escrever e pensar
• Dominar a arte da escrita é um trabalho que exige
prática e dedicação.
• A leitura de bons autores, o exercício contínuo e
a reflexão são indispensáveis para a criação de
bons textos.
Ler para escrever
• Saber escrever pressupõe saber ler e pensar.
• O pensamento é expresso por palavras, que são registradas na escrita, que por sua vez é interpretada pela leitura.
• Conclui-se que quem não pensa (ou pensa mal), não escreve (ou escreve mal); quem não lê (ou lê mal) não escreve (ou escreve mal).
• Ler, portanto, é fundamental para escrever.
Ler e entender
• Mas é preciso entender o que se lê.
• Entender significa ir além do simples significado das palavras que aparecem no texto.
• É preciso compreender o sentido das frases para se compreender a ideia e também os recursos utilizados pelo autor na elaboração do texto.
Escrever é comunicar
• Escrever é uma maneira, um método, de comunicação (*).
• Comunicação é o ato de estabelecer uma conexão inteligível (compreensível) entre um ser que emite e outro ser que recebe informações, geralmente, em um processo de troca.
• (*) ( homens, animais e máquinas )
E M C V R
• A comunicação só é possível se elementos e sinais existirem:
• 1- emissor (E): que emite a mensagem;
• 2- mensagem (M): conteúdo da informação (o objeto da comunicação);
• 3- código (C): linguagem (compreendida por ambos, emissor e receptor);
• 4- veículo (V) ou canal: meio de transmissão, método de conexão entre E e R;
• 5- receptor (R): que recebe a mensagem (enviada pelo emissor).
Ideia, mensagem, informação
• Informação é a mensagem com significado reconhecido.
• Mensagem é o conteúdo de uma ideia.
• Informação é o conteúdo de uma ideia com significado reconhecido.
• Reconhecido porque emissor e receptor devem compreender mutuamente o objeto da informação, a mensagem.
Alguns modos de comunicação
• Oral, gráfica, escrita, visual (imagética,
pictórica), sonora, ...
• Sons, luzes, gestos, expressões faciais, etc.
• Presencial, à distância (remoto).
• Palavra
– escrita (gráfica): redação técnica
– oral (sonora): apresentação oral
Ruído
• Tomando-se o esquema EMCVR, qualquer
perturbação no fluxo da mensagem
– Físicos (sons, cores, luzes etc)
– Psicológicos (autoritarismo x submissão)
– Emocionais (alegria desmedida ou tristeza profunda)
– F isiológicos (dores etc)
– Outros
• Comunicação perfeita = ruído zero!
A redação é um método de
comunicação escrita • Nas engenharias, os documentos científicos são
compostos por textos, tabelas e ilustrações (gráficos, figuras, fotos, mapas etc.).
• “Uma imagem vale por mil palavras”
(quais são as mil palavras?)
• Código
– números, símbolos e caracteres especiais
– letras, sílabas, palavras, frases/sentenças, parágrafos, seção, capítulo, texto. (Padrão ocidental)
Características da redação
técnica e científica • Clareza
• Objetividade
• “Diretividade”
• Impessoalidade
• Precisão
• Correção
• Coerência
• Concisão
• Confiabilidade
• Ênfase
• Formalismo/formalidade
• Humildade/modéstia
• Cordialidade
• Elegância
• Simplicidade
• Unidade
• Uniformidade
• Unicidade
• Utilidade
Características: Clareza,
Objetividade, “Diretividade”
• Clara
– não pode ser obscuro, não suscitar dúvida ou
ambiguidade, o leitor não pode supor ou adivinhar.
• Objetiva
– tratar o objeto (tema) e os seus atributos sem volteios:
o máximo de conteúdo com o mínimo de palavras.
• Direta
– direta ao ponto; sem rodeios, subterfúgios, delongas.
Características: Impessoalidade,
Precisão, Correção
• Impessoal
– o fato técnico é mais importante do que o
autor.
• Precisa
– uso adequado das palavras; semântica.
• Correta
– domínio do idioma e da linguagem técnica.
Características: Coerência, Concisão
• Coerente
– ausência de contradição;
– articulação lógica da(s) ideia(s);
– uma linha de raciocínio do começo ao final do texto;
– uma ordem para que as ideias se completem e formem o corpo do texto.
– ( uma ordem cronológica é uma maneira de acertar, apesar de não ser criativa )
• Concisa
– apenas o necessário.
Características: Confiabilidade, Ênfase
• Confiável
– Dados corretos
– Materiais e métodos adequados
– Qualidade inspira confiança (cuidado aqui: a mentira também se faz com qualidade).
• Enfática
– realce, relevo, destaque (do fato técnico, dos dados, da hipótese, dos resultados, das conclusões): contribuição.
Características: Formalismo/formalidade;
Humildade/modéstia;
• Formal
– observância das regras e normas da comunicação científica.
• Humilde/modesta
– reconhecer e valorizar as dificuldades, os contratempos, as limitações e os obstáculos;
– autor não se coloca acima dos fatos e evita arroubos personalistas.
Características: Cordialidade, Elegância
• Cortês
– evitar o desprezo por ideias antagônicas.
• Elegante
– saber considerar os contrários, os opositores.
Características: Unidade,
Uniformidade, Unicidade
• Unidade
– O texto deve ser coeso, íntegro, articulado, não importa a sua extensão; as partes formam um todo;
– Atenção no que se escreve para não se perder e fugir do assunto.
• Uniformidade (harmonia)
– ritmo, proporção, equilíbrio, extensão (horizontal), profundidade (vertical).
• Unicidade
– Um tema, um assunto (mono+grafia, no sentido geral).
Características: Simplicidade,
Utilidade • Simples
– uma coisa de cada vez, um assunto por vez;
– palavras conhecidas e adequadas;
– frases curtas;
– nada de elocubrações mirabolantes.
• Útil
– buscar uma consequência positiva para a sociedade, acréscimo de valor, contribuição.
Pensamento e Escrita
• Lógica
– raciocínio, modo de pensar.
• Semântica
– significado dos objetos, fatos, fenômenos: palavras.
• Sintaxe
– gramática: sujeito, verbo, predicado - ordem direta e não invertida.
Estilo da linguagem...
• Postura crítica
• Criatividade
• Semântica
• Extensão das frases
• Voz passiva
• Voz ativa
• Estrutura do texto
Estilo da linguagem...
• Postura crítica
– opinião própria, a favor ou contra;
– saber argumentar para sustentar a opinião.
Estilo da linguagem...
• Criatividade
– algo novo • os valores mudam no tempo, daí a forma de comunicação e o
estilo do autor se adaptam aos novos métodos de comunicação
– Dado
– Material
– Método
Estilo da linguagem...
• Palavras com significados precisos: semântica.
Em redação técnica e científica, às vezes, a semântica submete-se ou adequa-se à cultura ou jargão da área.
Estilo da linguagem...
• Extensão das frases
– sentenças curtas (20 ~ 30 palavras);
– afirmativas, negativas, interrogativas.
Estilo da linguagem...
• Voz passiva torna as frases mais longas
• Mas facilita a “impessoalidade”;
• Objeto se torna sujeito.
Estilo da linguagem...
• Voz ativa na terceira pessoa do singular
Qual é a forma mais adequada?
Eu escrevi o relatório com o editor de textos EDITO, v. Z.
Nós escrevemos o relatório com o editor de textos EDITO.
O autor escreveu o relatório com o editor de textos...
O relatório foi escrito com o editor...
Escreveu-se o relatório com o editor...
Impessoal. Terceira pessoa. Singular.
O que não fazer
• Imagens literárias;
• Metáforas poéticas;
• Dar margem a interpretações que não pertençam ao escopo do trabalho;
• Usar expressões teleológicas
– A equação diz que... (equação não fala!);
– Humanização das coisas.
• Palavras ambíguas, inadequadas e circunlóquios;
• Linguagem figurada ou figurativa;
• Modismos;
• Enrolação, prolixidade;
• Estrangeirismos e jargões desnecessários.
Depois de pronto, ler, reler e alterar,
se necessário
É fundamental pensar, planejar, escrever e reler o texto;
Mesmo com todos os cuidados, pode ser que o autor não se expresse de forma clara e concisa;
Verificar se os períodos não ficaram longos, obscuros, se houve repetição de palavras e ideias;
Reler o texto para localizar tais falhas e também os erros de ortografia e acentuação;
Não se apegar ao escrito e refazer, se for preciso;
Pensar no leitor e escrever para ele.
Boa prática: anotar
• Boa documentação do trabalho do engenheiro
ajuda a boa redação.
• Um caderno para anotar todos os colóquios com
os professores, as conversas úteis com os colegas,
as leituras de artigos e livros, çaites (),
participações em eventos técnicos e científicos,
etc.
Rascunhão
• Uma técnica útil é escrever (anotar ou registrar)
tudo de uma vez para não perder nenhuma ideia
ou informação.
• Burila-se o texto posteriormente.
• Atualmente, o “celular” multiplica as formas de
registro.
Dados concretos, verificáveis
• A linguagem deve se basear em dados objetivos,
concretos, verificáveis, a partir dos quais se
– analisa
– sintetiza
– argumenta
– e conclui
Academia de letras tem cientista?
• Mas há academia de ciências, onde a presença de
escritores não cientistas é improvável ou rara,
mas não impossível.
• Escritor de ficção científica.
Estrutura
de
um
relatório
técnico
Estilo da linguagem...
• Estrutura
– Parágrafos (uma ideia),
– Seções (um tópico),
– Capítulos (um assunto),
– Relatório (um tema).
Estrutura de um texto técnico-
científico • Pré-texto
– Título
– Autoria
– Resumo e Abstract (inglês)
• Texto – Introdução
– Desenvolvimento: capítulos intermediários
– Conclusão
• Pós-texto – Referências
– Anexos e apêndices
– Glossário
Estrutura de um TTC
(pré-texto) Título
• curto
• Verificação de modelos hidráulicos
• longo (resumo do resumo)
• A inferência bayesiana e a detecção e localização automáticas de erros grosseiros em fototriangulação por feixe de raios
• curto ou longo ?
Estrutura de um TTC
(pré-texto) Autoria
– um autor
– ou
– mais de um autor, ordem de autoria?
• 1° autor (intelectual)
• 2° autor (executor)
• 3° autor (colaborador)
Estrutura de um texto científico
(pré-texto) Resumo
– início, meio e fim
– deve conter, em poucas palavras, todo o escopo e conteúdo do trabalho
– expansão do título ou resumo da introdução?
• Abstract (inglês)
Estrutura de um TTC
Introdução
• Em geral, 10% a 15% do texto, em número de páginas – assunto
– histórico/antecedentes
– evolução
– estado da arte
– problema
– hipótese
– delimitação
– objetivos
– m&m
– resultados
– conclusão (principal)
Estrutura de um TTC
Desenvolvimento
• Capítulos intermediários – revisão da literatura referente ao problema
– teoria fundamental
– material ou materiais
• equipamentos, instrumental, aparelhagem...
– métodos ou metodologia
– experimentos
– apresentação e análise dos resultados
– discussão
Estrutura de um TTC Desenvolvimento (70 a 80%)
• Capítulos intermediários – da teoria aos resultados (*)
– 2 Revisão da literatura desde o início até o presente, inclusive com apontamentos sobre o futuro do tema
– 3 Metodologia – apresentação e considerações sobre o material e os métodos usados na pesquisa, com base na revisão da literatura e articulado com os capítulos subsequentes
– 4 Experimentos e resultados - apresentação e considerações sobre os experimentos planejados e executados e os seus resultados, com base na hipótese e metodologia
– 5 Análise e discussão – apresentação dos resultados e suas considerações com base na literatura, metodologia e resultados.
(*) os capítulos podem ou não receber esses títulos.
Estrutura de um TTC
Conclusão (~10%)
• Coerente com a teoria, o problema, os dados, a metodologia e os resultados
• Síntese crítica articulada com o objetivo e a hipótese
• Conclusão ou considerações finais ?
Estrutura de um TTC Conclusão
• 6.1 Conclusão propriamente dita,
considerando objetivo e hipótese
• 6.2 Recomendações com base nas
conclusões
• 6.3 Sugestões com base nos resultados e
questões levantadas ao longo da pesquisa
• 6.4 Considerações finais
Estrutura de um TTC
(pós-texto) Referências
• Bibliográficas (impressas) e outras fontes de informação – Outrora as referências eram apenas bibliográficas (impressas)
– Atualmente são todas as fontes de dados e informações
• Referências bibliográficas versus bibliografia
– Notas de referência (no corpo do texto, identificação da página)
– Referências bibliográficas (explicitadas no texto)
– Bibliografia (toda a produção impressa: referenciais)
Estrutura de um TTC
Referências (obr) x Bibliografia (opc)
• Relação de um conjunto padronizado de elementos descritivos retirados de um documento, que permite sua identificação no todo ou em parte, elaborado conforme NBR 6023. – Referem- se às publicações citadas no texto ou em notas de rodapé.
• Bibliografia é um levantamento bibliográfico (sentido amplo)
sobre o tema ou com ele relacionado, não citado na publicação,
incluindo documentos não consultados.
– Tem por objetivo possibilitar ao leitor condição para um
aprofundamento no assunto.
Estrutura de um TTC (pós-texto - opcional)
• Anexos
– material produzido por outrem que não o(s) autor(es)
– serve de fundamentação, comprovação e ilustração
• Apêndices
– material produzido pelo(s) autor(es), não inseridos no texto, e considerados complementares para a sua argumentação e comunicação da mensagem
Estrutura de um TTC
(pós-texto) Glossário (opc)
• relação alfabética de termos (palavras ou expressões técnicas) utilizadas no texto, de pouco uso, ou de sentido obscuro ou duvidoso, acompanhadas das respectivas definições, que esclarecem o seu uso no texto.
• Comum quando se usa um termo em sua língua original ou a sua tradução para uma segunda língua.
Tipos de relatórios técnicos
Relatórios
• Extensão: sucinto x circunstanciado
• Tempo: diário, semanal, mensal, anual...
• Progresso ou posição: informa sobre o progresso
ou o estágio de um projeto
• Público-alvo
– Interno: superior imediato ou geral
– Externo: público em geral, mídia, etc.
• Aula prática, visita técnica, viagem etc.
• Outros
• O que? Objeto • Para que? Objetivo (não é meta) • Por que? Justificativa • Como? Método(logia) • Onde? Local (Ambiente) • Quanto?
– Orçamento ($) – Cronograma (tempo)
• Quem? Equipe e coordenação • Para quem? Interessado
Qualquer relatório completo deve
conter respostas às perguntas:
• Capa – Título – Autor – Contato – Local – Data – Destinatário
• Corpo – Objeto (descrição do problema ou da demanda) – Solução: metodologia (materiais e métodos) – Tempo consumido – Resultados com apreciação ou discussão dos mesmos – Conclusão e recomendação
• Referências • A extensão varia mas não mais do que 5 páginas
Um relatório sucinto (dispensa-se o
resumo) deve informar:
Conclusão
• Redigir para o leitor
• E M C V R
• Os TTC (documentos) que escrevemos são/serão julgados e avaliados
– Se forem bem redigidos, merecerão elogios e o conceito do autor cresce.
Referências
• Bazzo; Pereira. Introdução à engenharia. 2. ed.
Florianópolis: Ed. UFSC. 1990.
• Rey, L. Como redigir trabalhos científicos. São Paulo:
Edgard Blücher, Ed. USP. 1972.
• Volpato, G. Ciência e comunicação. Disponível em:
<http://www.gilsonvolpato.com.br/new/. Acesso em: 04
abr 2016.
Na comunicação técnico-científica, a forma
dominante é a escrita, mas os tempos
mudam...
Como será a comunicação entre os
engenheiros ao final das suas carreiras
profissionais?
PRÉ-TEXTUAIS
TEXTUAIS
PÓS-TEXTUAIS
A ESTRUTURA
DE UM TEXTO
TÉCNICO-
CIENTÍFICO
(TTC), como um
trabalho
acadêmico,
p.ex.,
COMPREENDE
OS
ELEMENTOS:
# Capa
# Folha de rosto
* Errata
# Folha de aprovação
* Dedicatória
* Agradecimentos
* Epígrafe
# Resumo na língua vernácula
# Resumo em língua estrangeira
* Lista de Ilustrações
* Lista de Tabelas
* Lista de Abreviaturas e Siglas
* Lista de Símbolos
# Sumário
ESTRUTURA
Elementos
pré-textuais
# obrigatórios
* opcionais
# Introdução
# Desenvolvimento
# Conclusão
ESTRUTURA
Elementos
textuais
# obrigatórios
# Referências
* Glossário
* Apêndice(s)
* Anexo(s)
* Índice(s)
(definições conforme a NBR 14724:2002)
ESTRUTURA
Elementos
pós-textuais
# obrigatórios
* opcionais