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so sobre dades e tências cionista bito da Coletiva Consenso sobre Habilidades e Competências do Nutricionista no Âmbito da Saúde Coletiva

Consenso saude coletiva

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  • Consenso sobreHabilidades e

    Competncias do Nutricionista

    no mbito daSade Coletiva

    Consenso sobreHabilidades e

    Competncias do Nutricionista

    no mbito daSade Coletiva

  • Projeto Insero das Aes de Alimentao e Nutrio na Ateno Bsica de Sade

    Observatrio de Polticas de Segurana Alimentar e Nutrio OPSAN/UnB

    Braslia, 2013

    Consenso sobre Habilidades e Competncias do

    Nutricionista no mbito da Sade Coletiva

  • R297c Recine, Elisabetta. Consenso sobre habilidades e competncias do nutricionista no mbito da sade coletiva / Elisabetta Recine, Andrea Sugai Mortoza. Braslia : Observatrio de Polticas de Segurana e Nutrio, 2013. 64 p. ; 18 x 23 cm.

    Projeto Insero das Aes de Alimentao e Nutrio na Ateno Bsica de Sade. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-64593-16-9

    1. Nutrio. 2. Educao alimentar. 3. Nutricionistas - competncias. 4. Sade coletiva. I. Sugai, Andrea. II. Ttulo.

    CDU 612.3-057.1

    O Consenso Habilidades e Competncias do Nutricionista em Sade Coletiva foi desenvolvido no mbito do plano de trabalho da Carta Acordo celebrada entre a Fundao Universidade de Brasilia e a Organizao Panamericana de Sade com recursos provenientes da Coordenao Geral de Alimentao e Nutrio do Depto de Ateno Bsica da Secretaria de Ateno Sade do Ministrio da Sade.

    Projeto grfico e diagramao: Estdio MarujoImpresso: Ellite Grfica e EditoraTiragem: 1.000 exemplares

    Universidade de Braslia Campus Universitrio Darcy RibeiroNcleo de Nutrio, Sala 09/12Asa Norte, Braslia DF | CEP 70910-900

    (61) 3107-0087fs.unb.br/opsan

    [email protected]

    Sumrio

    Apresentao

    O contexto e a relevncia do tema

    Conceitos sobre funes e competncias no campo da alimentao e nutrio em sade coletiva

    Objetivos desta publicao

    O processo de elaborao da matriz contendo funes e competncias do nutricionista no mbito da sade coletiva

    Metodologia

    Os eixos temticos

    Competncias essenciais/centrais

    As funes do nutricionista em sade coletiva

    Desdobramentos possveis

    Referncias bibliogrficas

    Anexos

    4

    6

    9

    11

    12

    17

    22

    23

    36

    41

    44

    47

  • 4 5

    Este documento apresenta os resultados da Pesquisa, por Tcnica Delphi, Consenso sobre Habilidades e Competncias do Nutricionista no mbito da Sade Coletiva, conduzida pelo Observatrio de Polticas de Segurana Alimentar e Nutrio/OPSAN da Universidade de Braslia, em 2012. O Con-senso ocorreu entre docentes, pesquisadores, profissionais e gestores que atuam no campo da alimentao e nutrio em sade coletiva.

    O elemento central do Consenso sobre Habilidades e Competncias do Nu-tricionista no mbito da Sade Coletiva foi o de caracterizar quais conheci-mentos, habilidades, atitudes e formas de pensar (metacognio) so ne-cessrias para as aes profissionais/funes do nutricionista no campo da sade coletiva. E uma vez pontuados e caracterizados, contribuir nas estra-tgias de preparao, desenvolvimento e avaliao do processo de formao continuada e permanente, de forma que se alcance eficcia e eficincia nas aes profissionais. Para tanto a participao de docentes, pesquisadores, profissionais e gestores no campo da sade coletiva foi fundamental para a caracterizao das funes do nutricionista. O elenco de habilidades e com-petncias propostas no se limita rea da sade estrito senso e avana para inmeras outras, atualmente compreendidas no escopo do conceito de Segurana Alimentar e Nutricional (SAN). Da mesma maneira no se limi-ta ou completa no mbito da formao profissional no nvel da graduao, apesar de se pretender que seja elemento de apoio aos inmeros processos de reformulao curricular que vem ocorrendo nos cursos em todo o Brasil.

    Assim, os resultados aqui disponibilizados visam propiciar reflexes e de-bates sobre as necessidades, em especial quelas futuras, que dizem res-peito s aes profissionais/funes do nutricionista no campo da sade

    Apresentao

    coletiva e possam contribuir com o fortalecimento da prtica e da capaci-tao profissional em alimentao e nutrio em sade coletiva. Reitera-se que, apesar da Matriz estar dirigida formao em nvel de graduao, en-tende-se que sua plenitude somente poder ser alcanada em um proces-so contnuo ao lon go da prtica profissional.

    Vale salientar que os resultados aqui apresentados no possuem nenhum carter que ultrapasse o mbito da pesquisa acadmica e sua citao e uso ficam sob total deciso dos docentes, pesquisadores, profissionais e insti-tuies. importante explicitar tambm que este documento no pretende esgotar a reflexo sobre habilidades e competncias do nutricionista no mbito da sade coletiva. Ao contrrio! Este documento visa estimular o processo de continuidade na construo e reflexo sobre as aes profis-sionais do nutricionista. Desdobramentos futuros so fundamentais para que os propsitos aqui pretendidos ganhem a maturidade necessria e exi-gida para com a atuao prtica e com a melhoria da capacitao profissio-nal em alimentao e nutrio em sade coletiva.

    Acreditamos que uma melhor ao profissional do nutricionista contribui-r para a realizao do Direito Humano Alimentao Adequada e a garan-tia da Soberania e Segurana Alimentar e Nutricional no Brasil. E esta a motivao central deste estudo.

    Braslia, agosto de 2013.

    Observatrio de Polticas de Segurana Alimentar e Nutrio/OPSANUniversidade de Braslia/UnB

  • 6 7

    O trabalho do nutricionista em sade coletiva reune um conjunto de desa-fios, dentre eles (113):

    a anlise dos problemas, considerando a determinao social da sade e da alimentao e nutrio;

    a escolha de estratgias de ao baseada em evidncias1 e efetividade; a compreenso da abrangncia deste campo de conhecimentos, saberes

    e prticas em suas relaes com a sade coletiva e as demais cincias; e a considerao das aes/funes essenciais requeridas para alcanar

    uma ao prtica eficiente e eficaz.

    Considerando esses desafios e o cenrio scio-sanitrio do pas, no qual a condio alimentar-nutricional vem ganhando destaque como questo de Sade Coletiva (13), o delineamento das principais funes neste campo se revela oportuna e de grande relevncia. Pesquisas sugerem que quando os profissionais assumem papeis que requerem cobertura mais ampla da populao, as expectativas e exigncias aumentam frente s competncias necessrias (414). As definies e priorizaes de funes consideradas como essenciais para a ao profissional e inseridas no contexto da prtica em alimentao e nutrio em sade coletiva (ANSC) servem para delinear as nuances que envolvem a formao e, consequentemente, o trabalho re-querido, e as respectivas competncias exigidas quando na prtica. Assim, todo o processo que envolve o trabalho do nutricionista, enquanto profis-sional envolvido com a qualidade de vida e equidade, ganha fora, robus-tez, eficincia e eficcia (1415).

    1. O termo baseado em evidncias, no consenso e neste documento, abrange tanto o as-pecto cientfico quanto, a depender da situao especfica, o conhecimento gerado por pr-ticas culturais, tradicionais e populares.

    O contexto e a relevncia do tema

    Porm, apesar do recente e crescente destaque da condio alimentar-nu-tricional no campo da Sade Coletiva, as questes que envolvem o aprimo-ramento, a evoluo e a expanso de capacidades (habilidades e compe-tncias) dos nutricionistas para o desenvolvimento de aes sistemticas e estratgicas na rea de ANSC tm sido insuficientemente abordadas, tanto em carter nacional (poucos estudos publicados abordando o tema), quanto internacional (46, 9, 1119).

    O desenvolvimento de habilidades e competncias visando o alcance da eficincia e eficcia no trabalho dos nutricionistas contribuem para tornar melhor e mais relevantes os resultados em sade coletiva (4, 1415, 19). No entanto, para o desenvolvimento de um trabalho sistemtico e estratgico na rea de ANSC h a necessidade de se considerar a implementao de habilidades e competncias na formao dos profissionais. Tal incremento considerado um fator determinante para o alcance da eficcia e eficincia das aes. Porm, tanto o trabalho sistemtico quanto o trabalho estrat-gico para o desenvolvimento de habilidades e competncias esto condi-cionados a investimentos de diferentes naturezas. Estudos internacionais tm sinalizado presenas de dficits e de lacunas nesta rea, mesmo em economias ricas e com sistemas de sade desenvolvidos (1415).

    Os principais limitantes do desenvolvimento de capacidades de nutricio-nistas em sade coletiva, sinalizados e apresentados em estudos interna-cionais, tambm presentes no contexto nacional, em maior ou menor grau dependendo da realidade local (49, 1114) so:

  • 8 9 A formao dos nutricionistas ocorre de maneira inadequada e/ou no especfica. Privilegia-se a dimenso clnica na formao, devido, em especial, histrica reduo da alimentao/nutrio sua dimenso biolgica;

    necessidade de melhorias nos sistemas de aprendizagem e na atuao prtica. Muitas vezes o processo de formao no francamente orientado para o desenvolvimento de habilidades e competncias. Por outro lado as oportunidades de atuao prtica, ao longo da formao, so limitadas tanto em nmero como tambm em relao aos contextos de prticas e ao incentivo de integrao de conhecimentos e proposio de solues;

    insuficiente oferta de formao especializada e fidelizao no campo de prtica. As iniciativas de formao de profissionais ainda so insuficientes e a precariedade nas relaes de trabalho gera rotatividade dos profissionais;

    liderana, organizao e cenrio poltico. A alocao inadequada e/ou insuficiente de recursos compromete o desenvolvimento de lideranas na perspectiva de desenvolvimento de capacidades. Identificam-se tambm fragilidades no desenvolvimento de um trabalho sistemtico e estratgico e a desorganizao dos profissionais que atuam na rea;

    autonomia e pr-atividade frente ao conhecimento. Como consequncia das fragilidades no processo de formao h uma subutilizao do que est disponvel em termos de conhecimento em ANSC. Da mesma maneira a pesquisa, o uso de evidncias e o estabelecimento de pontes entre o conhecimento e a ao tambm esto aqum do possvel e disponvel.

    Conceitos sobre funes e competncias no campo da alimentao e nutrio em sade coletiva

    A definio das funes essenciais/centrais no campo da alimentao e nu-trio em sade coletiva (ANSC) deve considerar uma srie de pressupos-tos (413), incluindo que:

    As funes da rea so definidas como aquelas atividades (processos, prticas, servios e programas) que so realizadas pelos profissionais a fim de promover alimentao adequada e saudvel, nutrio, sade e bem-estar das populaes;

    as funes consideradas essenciais/centrais so aquelas absolutamente necessrias, sem as quais propiciariam lacunas no alcance da eficincia e eficcia quando na prtica em sade coletiva;

    a importncia das aes/funes pode variar, dependendo da insero do profissional e o ponto de referncia da anlise;

    as funes esto inter-relacionadas e so complementares; as funes visam articular a ao necessria para tratar eficazmente

    os problemas ou questes no campo da ANSC e, consequentemente, proporcionar uma base para identificar necessidades na formao dos profissionais;

    a situao real no momento da prtica, muitas vezes pode estar distante do proposto. Neste caso, as funes apresentadas para o consenso tiveram a caracterstica de realidade a ser alcanada.

    Desta maneira, considerando-se os pressupostos citados, as funes de um nutricionista em sade coletiva foram definidas como: aquelas absolutamente necessrias, cujas ausncias comprometeriam o alcance da eficincia e eficcia da prtica em sade coletiva.

  • 10 11As competncias em ANSC, por sua vez, so reconhecidas como referncias para o desenvolvimento do profissional, por mapearem as habilidades, os conhecimentos, os atributos pessoais e os modos de pensar (metacog-nio) necessrios para que o trabalho seja realizado e que se alcance os resultados esperados (46). Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas em Educao (21), competncias so modalidades estruturadas da intelign-cia, ou seja, constituem-se em aes e operaes utilizadas para estabele-cer relaes entre objetos, situaes e fenmenos que se desejam conhe-cer. J as habilidades so decorrentes das competncias adquiridas pelo indivduo, e se referem ao plano imediato do saber fazer. Dessa forma, por meio de aes e operaes, as habilidades se aperfeioam e se articu-lam para possibilitar a reorganizao das competncias.

    As competncias de um nutricionista em sade coletiva foram defini-das como: o conhecimento, as habilidades, os atributos pessoais e os modos de pensar (metacognio) necessrios para executar, eficazmente, um determinado papel e/ou tarefa.

    Uma competncia geralmente descreve o papel e/ou tarefa que precisa ser realizada e codifica os indicadores comportamentais que definem as habi-lidades e comportamentos necessrios para assumir o papel e/ou realizar a ao de forma eficaz, ou como refere Rios (22), saber fazer bem.

    As competncias fornecem um arcabouo para o desenvolvimento e a reno-vao curricular, para a avaliao de desempenho, para o desenvolvimento de um plano de educao continuada, para o recrutamento e a gesto de desempenho de pessoas, para o credenciamento, fornecendo padres que possam ser utilizados como referncias para o reconhecimento e/ou para o registro profissional (413).

    Assim, as competncias so ferramentas importantes para o desenvolvi-mento de um trabalho sistemtico e estratgico na rea de ANSC.

    Uma vez que as competncias so consideradas ferramentas importantes para o desenvolvimento de um trabalho sistemtico e estratgico na rea de alimentao e nutrio em sade coletiva (ANSC), o Consenso sobre Habilidades e Competncias do Nutricionista no mbito da Sade Coletiva espera contribuir com as diversas frentes de reflexo sobre as potencialida-des, estratgias e desafios para os cursos de graduao e educao conti-nuada e permanente do nutricionista.

    Assim, o estabelecimento deste Consenso visou:

    Contribuir para a formao acadmica do nutricionista; colaborar na concepo e/ou renovao curricular e nas estratgias

    de educao permanente e continuada; contribuir para a qualificao da ao profissional no mbito da

    Sade Coletiva no Brasil.

    E o objetivo deste documento :

    Apoiar, por meio de matriz contendo funes e competncias do nutricionista em sade coletiva, o processo de reflexo sobre as potencialidades, estratgias e desafios da formao em ANSC. E, desta maneira, contribuir com o trabalho sistemtico e estratgico desta rea no Brasil.

    Por esse motivo, este documento dirigido s universidades, faculdades e demais instituies envolvidas com educao e formao em ANSC. E novamente se deseja ressaltar que os resultados deste consenso no pos-suem nenhum carter que ultrapasse o mbito da pesquisa acadmica e sua citao e uso ficam sob total deciso dos pesquisadores, docentes, pro-fissionais e instituies.

    Objetivos desta publicao

  • 12 13

    Alguns passos prvios foram fundamentais para a elaborao da matriz contemplando funes e competncias do nutricionista no mbito da sa-de coletiva. Houve a necessidade de imerso sobre o tema da formao profissional. Para tanto, a busca por referenciais histricos e tericos fo-ram fundamentais. O primeiro deles foi explorar o contedo sobre o desen-volvimento e o alcance das capacidades acerca das diretrizes curriculares e, posteriormente, identificar os aspectos gerais de cursos de nutrio no pas, os planos de ensino e os planos polticos-pedaggicos.

    Diretrizes Curriculares

    De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), a organizao dos currculos de cursos superiores deve estar direcionada para o desen-volvimento de habilidades e competncias necessrios adequada atua-o profissional (23). Quanto ao curso de nutrio, as diretrizes curriculares preconizam um profissional com formao generalista, humanista e crtica, para atuar em todas as reas do conhecimento em que a alimentao e a nutrio se apresentem fundamentais, baseada em princpios ticos e com reflexo sobre a realidade econmica, poltica, social e cultural (24). Esta perspectiva de formao para o alcance deste profissional, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, assegura uma maior flexibilidade organizao de cursos e carreiras, atendendo crescente heterogeneidade, tanto da formao prvia como das expectativas e dos interesses dos alunos (23).

    O processo de elaborao da matrizcontendo funes e competncias donutricionista no mbito da sade coletiva

    Assim, a formao em nutrio inclui como objetivo possibilitar aos gradu-andos o exerccio das habilidades e competncias gerais, descritas como sendo de ateno sade, tomada de decises, comunicao, educao permanente, administrao e gerenciamento. Ainda de acordo com as DCN, as habilidades e competncias definidas para o nutricionista so equivalen-tes a procedimentos, ou ainda a atribuies e atividades a serem executadas pelo profissional (2324).

    De acordo com a Cmara de Educao Superior do Conselho Nacional de Educao, os elementos de fundamentao essencial em cada rea de co-nhecimento, campo do saber, ou profisso devem ser contemplados duran-te a formao profissional, visando promover no estudante a competncia do desenvolvimento intelectual e profissional, autnomo e permanente. Dessa forma, o processo de formao acadmica e/ou profissional no ter fim com a concesso do diploma de graduao; este processo inspira e exige continuidade (23, 25).

    Ainda no que diz respeito s habilidades e competncias, as diretrizes refor-am a relao do ensino superior com a sade, enfatizando as necessidades sociais envolvidas no processo de alcance da sade. Por envolver esse aspec-to, as habilidades e competncias so consideradas ferramentas importantes na formao dos profissionais em sade e so consideradas aptides e quali-dades essenciais desses profissionais (2425). A humanizao dos servios de sade, estratgica para o Sistema nico de Sade, visam profissionais mais autnomos e reflexivos, qualidades essas consideradas fundamentais (26).

    Assim, pode-se considerar que as diretrizes curriculares do curso de nutrio representam um avano para a formao desse profissional, j que incenti-vam uma formao generalista, preocupada com a sade coletiva, e estabele-cem claramente o perfil do acadmico e do profissional a ser formado, cujas habilidades e competncias so fundamentais e devem ser desenvolvidas pela instituio de ensino e de educao continuada (24, 26). Ou seja, a nvel nacional, o desenvolvimento de um trabalho sistemtico e estratgico de ca-pacidades em nutrio em sade coletiva est, de fato, requerido.

  • 14 15Caractersticas das disciplinas atuais

    O prximo passo foi identificar e caracterizar a formao em sade coletiva nos cursos de graduao em Nutrio, considerando o perfil dos profes-sores e disciplinas oferecidas na rea de Nutrio em Sade Coletiva (27). Este aspecto geral a respeito dos cursos no pas foi imprescindvel para uma melhor compreenso acerca do perfil profissional nacional.

    Foi realizado um estudo transversal, obtendo-se dados provenientes de questionrios enviados a todas as instituies brasileiras particulares e p-blicas, com graduao em nutrio e com ao menos uma turma formada at o primeiro semestre de 2010 (n=296). Avaliaram-se o tempo de funcio-namento dos cursos; o nmero de vagas; a oferta de cursos de ps-gradu-ao; as disciplinas que compem a rea de nutrio em sade coletiva; a carga horria; a distribuio de horas entre aulas tericas e prticas e a formao dos professores responsveis por essas disciplinas (27).

    Foram recebidos e analisados 65 questionrios (22%). A maioria dos cursos destinou no mximo 30% da carga horria total para as disciplinas de nutri-o em sade coletiva. Em mdia, 82,2% das disciplinas de nutrio em sa-de coletiva eram obrigatrias. Aproximadamente um quarto da carga hor-ria das disciplinas de nutrio em sade coletiva era destinada atividade prtica. Nas instituies pblicas, 48% dos cursos apresentavam mais da metade do total de professores nutricionistas, e 17,5% nas particulares (27).

    O estudo demonstrou que a rea da nutrio em sade coletiva se carac-teriza pelas disciplinas de Avaliao Nutricional, Educao Nutricional, Nutrio em Sade Coletiva (Nutrio em Sade Pblica) e Epidemiologia. Nos cursos estudados, identificou-se a necessidade de aumentar a oferta de disciplinas que contribuam para a formao de profissionais voltados para o Sistema nico de Sade, com capacidade de anlise dos problemas nutricionais, considerando o contexto histrico-poltico-econmico-demo-grfico-ambiental e epidemiolgico. Percebeu-se ainda, insuficincia na

    abordagem de reas que no strito sensu de sade como a alimentao escolar e a segurana alimentar e nutricional (27).

    O terceiro passo foi analisar, de forma qualitativa o contedo2 dos planos polticos-pedaggicos dos cursos participantes da pesquisa e os planos de ensinos vigentes das disciplinas na rea de nutrio em sade coletiva (n=527). O corpus foi analisado separadamente e, a partir do lxico do texto, as relaes entre os diferentes segmentos textuais foram destacados, bem como a estrutura do discurso. Foi observado que a distncia dos contedos na estrutura dos planos polticos-pedaggicos e dos planos de ensino indi-ca uma dicotomia ao descrever os objetivos e as competncias do curso e a prtica profissional. Alm disso, h ainda uma separao, mesmo na rea de Sade Coletiva, entre os elementos biolgicos, as prticas sociais e a for-mao promovida pelos atuais currculos de Nutrio.

    Proposta inicial de Matriz

    Os resultados apresentados nos conduziram ao passo seguinte: a composi-o de um Grupo de Trabalho (Anexo 1), visando formulao de uma ma-triz inicial a ser disponibilizada a docentes, pesquisadores, profissionais e gestores, por meio de um Consenso sobre Habilidades e Competncias do Nutricionista no mbito da Sade Coletiva. Antes do incio do processo de Consenso foram elaboradas duas verses preliminares da matriz.

    A matriz foi elaborada, levando-se em considerao estudos prvios nacio-nais e internacionais que avaliaram a obteno de consenso sobre habili-dades e competncias visando uma prtica mais eficiente e eficaz em ANSC (47, 9, 1114), alm de discusses e revises entre e inter equipes e expe-rincias da prtica profissional que abordassem padres de habilidades e competncias na rea (28).

    2. Foi utilizado o programa ALCESTE.

  • 16 17Para a definio dos eixos temticos que compe a matriz foram conside-rados os conceitos de Alimentao e Nutrio em Sade Coletiva, segundo apresentado por Bosi e Prado3 e de Segurana Alimentar e Nutricional4, como dimenso norteadora acerca dos conhecimentos, bem como os estudos pr-vios nacionais e internacionais envolvendo experincias da mesma natureza. Algumas questes tambm foram importantes no processo de elaborao da primeira matriz: O que deve compor a estrutura curricular da formao do nutricionista em sade coletiva? Quais so os temas-chaves que devem fazer parte da estrutura de formao e de educao continuada? A forma-o em nutrio em sade coletiva contempla as demandas presentes e as perspectivas futuras, de forma que se alcance eficcia e eficincia quando na prtica? Diante destas perspectivas foram elaborados os eixos temticos que compem a matriz submetida aos participantes do Consenso. E, dentro de cada eixo temtico foram propostas funes e competncias pertinentes ao. O Consenso possibilitou refletir coletivamente sobre as possveis lacu-nas de funes e competncias no contempladas no momento inicial, bem como confirmar ou no as que foram apresentadas.

    Por sua natureza intersetorial e, portanto, coletiva, ao longo do processo do Consenso, a matriz tambm foi apresentada em algumas atividades nacionais:

    3. Segundo Bosi e Prado (2011), ao longo do percurso de constituio do campo da Alimentao e Nutrio (AN), uma ocorrncia viria marc-lo de forma indeletvel: o encontro com a Sade Coletiva (SC). A partir de ento, a concepo vigente da Nutrio passa a ser problemati-zada, evidenciando sua multidimensionalidade, movimento que viria a repercutir fortemente sobre o campo da AN, abrindo-se novas reflexes em busca de novos paradigmas capazes de subsidiar projetos inovadores de alimentao e voltados para a sade humana, em sentido amplo. As intensas transformaes resultantes dos encontros entre esses dois campos resul-tam num complexo que identificado como Alimentao e Nutrio em Sade Coletiva. Trata-se de um conjunto intrincado de movimentos nos planos epistemolgicos e polticos, com repercusses de grande impacto nos campos de origem da AN e da SC, reconfigurando-os com a sua prpria constituio (Fonte: Bosi MLM, Prado SD. Alimentao e Nutrio em Sade Co-letiva: constituio, contornos e estatuto cientfico. Cincia & Sade Coletiva. 2011;16:7-17).

    4. A segurana alimentar e nutricional consiste na realizao do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base prticas alimentares promotoras de sade que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econmica e socialmente sustentveis. Lei N 11.346, de 15 de setembro de 2006.

    1. Apresentao da matriz e discusso dos desafio e desdobramentos no Congresso Brasileiro de Nutrio CONBRAN, em setembro de 2012, em Recife/PE.

    2. A Oficina: Matriz de Habilidades e Competncias do Nutricionista em Sade Coletiva: desdobramentos possveis na sede da Organizao Pan-Americana de Sade (OPAS), em outubro de 2012, em Braslia/DF.

    3. A apresentao da matriz no 10 Congresso Brasileiro de Sade Coletiva (Abrasco), em novembro de 2012, em Porto Alegre/RS.

    Metodologia

    A escolha da tcnica Delphi para o desenvolvimento de consenso entre um grupo

    A tcnica Delphi uma abordagem utilizada para se obter consenso de um grupo de participantes e/ou pares sobre temas especficos. Usualmente a tcnica desenvolvida por meio de uma srie de rodadas eletrnicas para desenvolver e avaliar um consenso, por um processo de feedback repetido e controlado. Neste estudo foram realizadas trs rodadas. As principais vanta-gens de uma pesquisa utilizando a tcnica Delphi, neste contexto, so de cus-to/eficcia e a capacidade de aproveitar as idias e as opinies annimas de um grupo de participantes, consideradas como partes interessadas, em di-ferentes localizaes geogrficas. Quatro caractersticas principais definem a tcnica Delphi, incluindo o anonimato, feedback repetido e controlado e a anlise estatstica das respostas do grupo (29). A tcnica tem sido usada no mbito da investigao em diferentes reas e organizaes e est sendo cada vez mais empregada por pesquisadores da rea da sade (3037).

  • 18 19Uma verso modificada da tcnica Delphi foi escolhida para compor a me-todologia desta investigao. A pesquisa se baseou em discusses intra e entre equipes bem como em estudos prvios internacionais e nacionais envolvendo consensos, visando construo de uma matriz sobre habili-dades e competncias em nutrio em sade coletiva (47, 9, 1114), bem como no escopo do conceito de SAN. A seleo dos participantes priorizou nutricionistas envolvidos com o tema de alimentao e nutrio em sa-de coletiva no pas. A Figura 1 apresenta um detalhamento do processo da pesquisa: definio da questo/problema, identificao e convite dos pai-nelistas, e os resultados provenientes de cada uma das trs rodadas.

    Identificao e convite ao painel de participantes

    A pesquisa por tcnica Delphi no tem como princpio metodolgico prin-cipal formar um painel de participantes como sendo amostras representa-tivas para fins estatsticos. A representatividade, por sua vez, alcanada e avaliada, levando-se em considerao qualidades especficas do grupo de participantes, ao invs do nmero total dos mesmos (2937). O nme-ro de participantes parece ter pouca evidncia emprica na confiabilidade ou validade dos processos para o alcance de consenso (29). Assim, uma orientao especfica se estende para o nmero mnimo e mximo de par-ticipantes, levando-se em considerao o senso comum e o processo lo-gstico para a pesquisa na prtica (3035). Estudos prvios internacionais, considerando consensos sobre habilidades e competncias, apresentaram painis variando entre 20 a 52 participantes (47, 9, 1114). O atual Consen-so conteve, ao final das trs rodadas, 81 participantes (Anexo 2 e Figura 2).

    Os painelistas foram convidados a participar deste Consenso, considerando as subreas de ao em sade coletiva. Foram enviados convites para todos os cursos de nutrio de escolas pblicas e privadas, Conselhos Regionais de Nutricionistas, Conselho Federal de Nutricionistas, Associao Brasileira e Associaes Estaduais de Nutrio, Grupo de Trabalho de Alimentao e Nutrio em Sade Coletiva da Abrasco, Centros Colaboradores de Alimen-

    tao e Nutrio (CECAN), Centros Colaboradores de Alimentao e Nutri-o do Escolar (CECANE), gestores federais e estaduais de Alimentao e Nutrio das reas da Sade, Desenvolvimento Social (SAN) e Alimentao Escolar, coordenadores tcnicos de alimentao e nutrio do Programa Nacional de Alimentao Escolar (PNAE), coordenadores de alimentao escolar dos municpios selecionados no Prmio Gestor Eficiente da Meren-da Escolar de 2011, Frum Nacional de Coordenadores de Programa de Ps-Graduao em Alimentao e Nutrio e pesquisadores ligados ao campo de Nutrio em Sade Coletiva. Os convites continham o endereo online do questionrio de inscrio. Uma vez preenchido o questionrio de inscri-o, os participantes foram convidados a iniciarem o Consenso. Oitenta e sete (n=87) informantes participaram da Primeira Rodada. Participaram das Segunda e Terceira Rodadas do Consenso oitenta e um (n=81) painelistas.

    Setenta e seis participantes (94%) se identificaram como tendo ampla ou alguma experincia na rea de nutrio em sade coletiva. Ter experincia na rea foi considerado um critrio importante para se estabelecer um gru-po de participantes.

    Instrumentos para a pesquisa

    Os elementos da matriz foram apresentados em formato de pergunta onde cada participante podia emitir sua opinio, por meio de uma escala de tipo Likert, de importncia ou concordncia. Tambm havia disponvel, ao final de cada bloco, um modulo para manifestao livre.

    O acesso a matriz ocorreu por meio de uma senha, no endereo eletrnico da Faculdade de Cincias da Sade da Universidade de Braslia5 .

    5. A programao e monitoramento do processo eletrnico ficou sob-responsabilidade da equipe tcnica do Centro de Tecnologias Educacionais Interativas em Sade CENTEIAS/Faculdade de Cincias da Sade da Universidade de Braslia.

  • 20 21Anlise dos dados

    As respostas provenientes de cada etapa da pesquisa com a tcnica Delphi foram arquivadas e posteriormente transferidas para o programa IBM SPSS 20, visando efetuar a anlise. Esta anlise descritiva ocorreu por meio das frequncias de distribuies das respostas e em cada etapa as mesmas fo-ram apresentadas preliminarmente. Para avaliar a diferena nas respostas por atributos efetuados por cada grupo considerado, quando necessrio se utilizou o teste X2 de Pearson. O teste de Fisher foi empregado quando as diferenas nas distribuies esperadas foram 5. O nvel de significncia considerado foi de p

  • 22 23

    As competncias foram dispostas nos seguintes eixos temticos:

    Gesto da informao e conhecimento (trabalho em rede). Capacidade em instrumentos analticos (epidemiologia, sistemas de

    vigilncia alimentar e nutricional, estatstica, tcnicas de pesquisa, ao baseada em evidncias).

    Nutrio humana (avaliao nutricional, necessidades nutricionais no curso da vida, guias alimentares).

    Alimentos (higiene e tecnologia de alimentos, vigilncia de alimentos, tcnica diettica, fortificao, regulao).

    Sistemas alimentares (produo de alimentos, sistemas de abastecimento e comercializao, produo agroecolgica, dinmica dos sistemas alimentares, determinantes comerciais e econmicos dos sistemas alimentares).

    Direito humano alimentao adequada (DHAA), segurana alimentar e nutricional (SAN), soberania alimentar (SA).

    Sistemas de polticas pblicas: sade, educao e SAN. Gesto e coordenao de programas, projetos e aes, gesto pblica. Ateno nutricional (de indivduos e coletividades, ao a nvel

    familiar e comunitrio). Promoo da sade e educao alimentar e nutricional (comporta-

    mento e cultura alimentar, culinria, estratgias, recursos e aes). tica e prtica profissional (trabalho em equipe, tica, conflito de

    interesses, relao pblico-privado, postura profissional). Liderana e Gesto de Pessoas.

    Os eixos temticos

    As competncias apresentadas nas tabelas, a seguir, representam os itens classificados como sendo essencial/central pela maioria dos participantes (50+) do Consenso de Habilidades e Competncias do Nutricionista no m-bito da Sade Coletiva, segundo eixo temtico. Destaca-se que parte des-tas competncias no so exclusivas da atuao em Sade Coletiva, sendo necessrias e em alguma medida, j esto presentes, em diferentes cam-pos de atuao do nutricionista.

    As competncias essenciais centrais

    GESTO DA INFORMAO E CONHECIMENTO (trabalho em rede)

    Comunicar-se de forma eficaz aplicando as habilidades interpessoais (incluindo as habili-dades para resolver problemas e conflitos, de motivao, de negociao e de trabalho em equipe) com indivduos, famlias, grupos, comunidades, colegas e lderes.

    Identificar, comparar e aplicar mtodos apropriados para relacionar-se e comunicar-se com sensibilidade, de forma eficaz e profissional, humanizada e profissional, com indivduos/grupos com diferentes caractersticas.

    Identificar, comparar e utilizar diferentes formas de registro, comunicao e divulgao de pesquisas, estudos e experincias prticas adequadas ao que deve ser divulgado e ao pblico destinado.

    Utilizar ferramentas bsicas para a gesto da informao e conhecimento para o trabalho em rede.

    Estabelecer redes de trabalho e compartilhamento de experincias.

  • 24 25CAPACIDADE EM INSTRUMENTOS ANALTICOS (epidemiologia, sistemas de vigilncia alimentar e nutricional, estatstica, tcnicas de pesquisa, ao baseada em evidncias)

    Utilizar estudos, pesquisas e sistemas de informaes relacionados com o monitoramen-to da situao alimentar e nutricional, como por exemplo o Sistema de Vigilncia Alimen-tar e Nutricional (SISVAN) no mbito do SUS e outros.

    Compreender, descrever, dissertar e interpretar os indicadores de sade, alimentao e nutrio da populao.

    Utilizar a epidemiologia como ferramenta para o planejamento estratgico, monitoramento e avaliao de impacto de polticas, programas, projetos e aes relacionados alimentao e nutrio.

    Analisar criticamente as informaes de bancos de dados que possam descrever a situao de sade, alimentao e nutrio de populaes e aplicar os resultados para identificar grupos e regies de risco nutricional, determinantes e prioridades e monitorar as aes.

    Identificar, comparar e utilizar mtodos quantitativos e qualitativos para coleta e analise de dados, considerando suas potencialidades e limitaes; e aplicar os resultados obtidos no planejamento e avaliao de programas e/ou aes na prtica da alimentao e nutrio em sade coletiva.

    Compreender e diferenciar marcos tericos relativos determinao do processo sade-doena-cuidado, evidenciando nestes o papel e a abordagem dos componentes alimentao e nutrio.

    Desenvolver tanto o raciocnio dedutivo quanto o indutivo e identificar as potencialidades e limitaes das metodologias utilizadas em diferentes tipos de estudos para fundamentar o processo de ateno nutricional.

    Utilizar os conhecimentos das cincias sociais e humanas para o planejamento de polticas, programas, projetos, aes relacionados alimentao e nutrio.

    NUTRIO HUMANA (avaliao nutricional, necessidades nutricionais no curso da vida, guias alimentares)

    Compreender e utilizar o conhecimento sobre as necessidades dietticas e nutricionais nas diferentes fases do curso da vida e grupos populacionais considerando caractersti-cas tais como, gnero, faixa etria e estado de sade para avaliar, analisar e implementar aes de nutrio em sade coletiva.

    Identificar e interpretar fatores biolgicos, scio-econmicos-culturais, tnicos, comportamentais e ambientais que determinam a alimentao, o estado de sade e nutricional de indivduos e populaes.

    Identificar, comparar, aplicar, interpretar, monitorar e valorizar mtodos de avaliao clnica, bioqumica e antropomtrica para anlise do estado nutricional de indivduos e comunidades.

    Contextualizar e aplicar as recomendaes dos guias alimentares segundo caractersticas do contexto biolgico, socioeconmico, tnico, comportamental e ambiental de grupos populacionais especficos.

    Compreender, analisar e utilizar guias alimentares para promover prticas alimentares adequadas e saudveis em indivduos e populaes.

    Identificar, comparar, aplicar e interpretar mtodos e analisar resultados para avaliar o comportamento e consumo alimentar de indivduos e comunidades.

    Identificar, comparar e utilizar mtodos, adequados ao contexto da prtica, para avaliao do crescimento e desenvolvimento, com o enfoque no curso da vida, visando reduo de riscos acumulveis e com nfase em populaes mais vulnerveis.

    Estimar a ingesto de alimentos e nutrientes para indivduos e grupos, utilizando as tabelas de composio de alimentos e/ou os bancos de dados, e comparar com valores de referncia apropriados ou com as necessidades estimadas.

    Integrar indicadores e resultados das diversas dimenses do processo sade-doena-cuidado para analisar o impacto sobre os componentes alimentar e nutricional individual e coletivo e definir prioridades de ao.

    Reconhecer os fundamentos sociolgicos, antropolgicos e das cincias polticas que permitam a identificao e a interpretao desses determinantes e utiliz-los na prtica em nutrio sade coletiva.

  • 26 27ALIMENTOS (higiene e tecnologia de alimentos, tcnica diettica, vigilncia sanitria, fortificao, regulao)

    Utilizar os conhecimentos de higiene dos alimentos para aes de reduo de riscos de doen-as de origem alimentar.

    Identificar o repertrio de alimentos/ingredientes disponveis na regio para que os mesmos possam ser utilizados em aes que envolvam alimentao e nutrio.

    Identificar e analisar o campo, o papel e as aes de regulao de alimentos na promoo da alimentao adequada e saudvel e preveno de doenas.

    Identificar e comparar as principais estratgias de fortificao de alimentos e o papel das mesmas em prevenir e controlar carncias nutricionais em grupos e populaes.

    Identificar e compreender a estrutura, os processos e as reas de atuao do Sistema de Vigilncia Sanitria de alimentos no Brasil, assim como o papel e suas prioridades na prtica em nutrio em sade coletiva.

    Identificar, analisar, comparar e utilizar os conhecimentos sobre alimentos e mtodos de preparao e aplic-los no contexto da prtica em nutrio em sade coletiva.

    Utilizar os conhecimentos e procedimentos da cincia dos alimentos para assessorar iniciativas na rea de nutrio e alimentos para o desenvolvimento local de grupos e comunidades.

    Utilizar os conhecimentos e procedimentos da cincia dos alimentos na ateno nutricional.

    Identificar e analisar os diferentes impactos de tecnologias ou produo de alimentos no que se refere aos riscos sade de grupos, comunidades e populaes.

    Identificar, analisar e aplicar protocolos de vigilncia sanitria de alimentos para prevenir, investigar, diagnosticar e controlar surtos de doenas de origem alimentar.

    Promover aes de reduo de riscos de enfermidades relacionadas ao uso de diferentes tecnologias na produo e processamento de alimentos e por contaminao fsico-qumica.

    Identificar e analisar as diferentes possibilidades de tecnologia de alimentos e suas implicaes nos hbitos e prticas alimentares e no estado nutricional de pessoas e populaes.

    SISTEMAS ALIMENTARES (produo de alimentos, sistemas de abastecimento e comercializao, produo agroecolgica, dinmica dos sistemas alimentares, determinantes comerciais e econmicos dos sistemas alimentares)

    Identificar e analisar as correlaes e os impactos gerados entre os modelos agro-alimen-tares e a SAN, a Soberania Alimentar e o DHHA.

    Identificar e analisar como as instituies e relaes globais (privadas) e multilaterais (entre governos) atuam nas regras e regulao dos sistemas alimentares e seu impacto nas condies de alimentao e nutrio de grupos, comunidades e populaes.

    Compreender a estrutura e dinmicas dos sistemas de produo e abastecimento de alimentos e sua relao/impacto Soberania Alimentar local, regional e nacional.

    Compreender a estrutura e dinmicas dos sistemas de produo e abastecimento de alimentos e sua relao/impacto Soberania Alimentar local, regional e nacional.

    Identificar e analisar diferentes modelos de produo e comercializao/distribuio de alimentos e suas consequncias na Segurana Alimentar e Nutricional de grupos, populaes e comunidades.

    Identificar e contribuir para controlar os fatores que geram desperdcios ao longo do sistema alimentar local.

    Identificar e analisar os vrios componentes, determinantes e dinmicas do sistema alimentar no cenrio nacional e global e relacionar estes aspectos com as questes de alimentao e nutrio em sade coletiva.

    Organizar e incentivar aes vinculadas hortas comunitrias e escolares.

    Identificar os riscos associados ao consumo de alimentos da agroindstria convencional e as formas de minimiz-los.

    Identificar e contribuir para a qualificao da estrutura de destinao de resduos de alimentos no domiclio e no territrio.

  • 28 29DIREITO HUMANO ALIMENTAO ADEQUADA (DHAA), SEGURANA ALIMENTAR E NUTRICIONAL (SAN), SOBERANIA ALIMENTAR (SA)

    Propor e promover hbitos alimentares saudveis e sustentveis.

    Incorporar os princpios e fundamentos de SAN, Soberania Alimentar e DHAA na prtica da nutrio em sade coletiva.

    Identificar e problematizar o papel do nutricionista, na perspectiva da sade coletiva, nos campos de ao da SAN, Soberania Alimentar e DHAA.

    Fundamentar e estabelecer relaes entre os conceitos de SAN, Soberania Alimentar e DHAA.

    Identificar os campos de ao em nutrio em sade coletiva a partir da operacionalizao dos conceitos de SAN, Soberania Alimentar e DHAA.

    Identificar e aplicar os mtodos e indicadores de diagnstico e monitoramento de SAN.

    Identificar e analisar a relao entre o comportamento, hbitos alimentares, cultura, territorialidade, sustentabilidade e diversidade alimentar.

    Participar do planejamento e implementao de atividades intersetoriais para a promoo da SAN.

    Identificar os riscos associados ao consumo de alimentos da agroindstria convencional e as formas de minimiz-los.

    Identificar e promover estratgias coordenadas entre produo local de alimentos, abastecimento e prticas alimentares saudveis e sade em grupos, comunidades e populaes.

    SISTEMAS DE POLTICAS PBLICAS: SADE, EDUCAO E SAN

    Compreender e analisar a Poltica e o Plano Nacional de SAN e identificar os campos de prtica da alimentao e nutrio em sade coletiva.

    Identificar e analisar diferentes polticas pblicas de alimentao e nutrio e outras polticas, nas diferentes reas, que tenham impactos e/ou relaes com a agenda de alimentao e nutrio em sade coletiva.

    Compreender e analisar a estrutura, a dinmica, o financiamento e os processos da Poltica Nacional de Alimentao e Nutrio do Ministrio da Sade.

    Identificar e propor aes de defesa e fortalecimento da agenda de alimentao e nutrio em sade coletiva alimentao e nutrio em sade coletiva nos diferentes setores.

    Compreender e analisar a estrutura, a dinmica, o financiamento e os processos do Programa Nacional de Alimentao Escolar (PNAE).

    Identificar as estruturas e as dinmicas dos sistemas pblicos de sade e segurana alimentar e nutricional na conduo das aes pblicas relacionadas alimentao e nutrio.

    Compreender e analisar as bases legais e institucionais do Sistema Nacional de Segurana Alimentar e Nutricional.

    Compreender e analisar a estrutura, a dinmica, o financiamento e os processos do Sistema nico de Sade (SUS).

    Compreender e analisar a estrutura, a dinmica, o financiamento e os processos do Programa de Alimentao do Trabalhador (PAT).

    Compreender e analisar as etapas do ciclo de polticas pblicas (identificao dos atores, formao de agenda poltica, formulao, implementao e avaliao).

  • 30 31GESTO E COORDENAO DE PROGRAMAS, PROJETOS E AES, GESTO PBLICA

    Sistematizar e comunicar as prioridades de alimentao e nutrio nvel populacional, com base na avaliao nutricional.

    Monitorar e avaliar resultados e impacto das intervenes, dos programas e dos servios, visando aperfeioar aes na rea de nutrio e na sade coletiva.

    Descrever, compreender e interpretar a legislao, os regulamentos, os documentos e os relatrios tcnicos referentes ao campo de alimentao e nutrio em sade coletiva (sade, alimentao escolar e segurana alimentar e nutricional), elaborados por instituies nacionais/associaes cientficas (SBP, SBC, SBD) e organismos internacionais (OMS, FAO, UNICEF, dentre outros).

    Identificar e contribuir para o empoderamento de instncias de controle social de polticas de alimentao e nutrio.

    Gerir e coordenar as atividades de polticas e programas pblicos de alimentao e nutrio em nvel local, municipal e estadual.

    Compreender, interpretar e desenvolver o planejamento estratgico e os planos de trabalho de polticas, de programas, de projetos e aes.

    Subsidiar tecnicamente denncias de violaes ao DHAA, promovendo sua exigibilidade e o fortalecimento da garantia da SAN em grupos, comunidades e populaes.

    Reconhecer o papel das instncias de controle social nas esferas municipal, estadual e/ou federal na definio da agenda de prioridades e gesto de polticas pblicas.

    Elaborar e pactuar planos e aes com os setores envolvidos e as instncias de controle social correspondentes.

    Gerenciar os recursos de um programa/projeto e elaborar relatrios de prestao de contas.

    Utilizar as ferramentas de gerenciamento de projetos e programas, incluindo escopo, tempo, custo, compras, qualidade, riscos, recursos humanos e gesto da comunicao.

    ATENO NUTRICIONAL (de indivduos e coletividades, ao a nvel familiar e comunitrio)

    Reconhecer, desenvolver e implementar o papel das aes de nutrio nos diferentes pontos das redes de ateno sade.

    Reconhecer e promover a comunidade como sujeito para melhoria de sua alimentao, estado de sade e nutrio.

    Identificar, comparar e aplicar princpios e processos na prtica de nutrio em sade coletiva, a partir da tcnica de escuta e aconselhamento, para o desenvolvimento e a autonomia da comunidade.

    Atuar de forma humanizada nos processos de trabalho e em todas as esferas que envolvem ateno.

    Identificar e definir o campo de ao, as responsabilidades e as funes da alimentao e nutrio no mbito da sade coletiva.

    Contribuir para o processo de expanso e qualificao das aes de alimentao e nutrio nos diferentes pontos das redes de ateno sade.

    Participar da organizao de processos de trabalho da ateno nutricional.

    Desenvolver, elaborar, interpretar e utilizar protocolos, baseados em evidncias, para o cuidado nutricional.

    Compreender e considerar a experincia subjetiva e as representaes sociais das doenas ligadas alimentao e nutrio como componentes da abordagem da ateno nutricional individual e coletiva.

    Identificar e interpretar fatores scio-econmicos-culturais que influenciam a utilizao dos servios.

    Reconhecer e aplicar o conceito de Redes de Ateno Sade e outras formas de organizao da ateno sade.

    Identificar e problematizar o arcabouo histrico da cincia da nutrio e da sade coletiva, relacionando-o com a prtica atual.

  • 32 33PROMOO DA SADE E EDUCAO ALIMENTAR E NUTRICIONAL (comportamento e cultura alimentar, culinria, estratgias, recursos e aes)

    Reconhecer os diferentes campos de ao da promoo da sade e contextualiz-los no objetivo de Promoo da Alimentao Adequada e Saudvel (PAAS) e Educao Alimentar e Nutricional (EAN).

    Identificar, analisar e interpretar os determinantes sociais que atuam na alimentao, estado nutricional, na sade e na doena para o planejamento da promoo da alimentao adequada e saudvel e da EAN.

    Interpretar e adequar informaes tcnicas referentes alimentao e nutrio ao contexto sociocultural dos grupos e comunidades.

    Identificar, analisar e valorizar a cultura alimentar de indivduos, grupos e populaes dos diversos segmentos tnicos/sociais e integr-la s prticas de PAAS e de EAN.

    Construir conhecimento e prticas sobre alimentao saudvel, em linguagem adequada e compreensvel, de maneira dialogada, a diferentes pblicos (idade, gnero) e em diferentes contextos (socioeconmicos e culturais).

    Identificar oportunidades de desenvolvimento de estratgias de PAAS e de EAN nas diferentes etapas do Sistema Alimentar.

    Identificar, analisar e utilizar os aspectos antropolgicos, culturais e socioeconmicos das escolhas e do comportamento alimentar no planejamento de aes de promoo da alimentao saudvel.

    Identificar e valorizar os aspectos referentes sustentabilidade e o consumo de alimentos e incorpora-los s prticas de PAAS e de EAN.

    Interpretar, adequar e partilhar informaes tcnicas referentes alimentao e nutrio, segundo o contexto sociocultural de grupos e comunidades.

    Planejar, baseado em evidncias, e implementar aes de promoo da alimentao adequada e saudvel (PAAS) e de EAN para indivduos, comunidades, espaos sociais e/ou organizaes.

    Identificar, comparar, desenvolver e utilizar materiais informativos e educativos que apoiem as aes de EAN, contextualizados realidade sociocultural e econmica, dos grupos/comunidades e populaes.

    Identificar, analisar e utilizar, aliado aos conhecimentos tcnicos, os saberes populares em alimentos, alimentao e preparaes nas estratgias e aes de promoo da alimentao saudvel e adequada e de EAN.

    Identificar, comparar e utilizar os princpios das teorias de educao em sade, adequadas fase do curso da vida e realidade dos sujeitos e populaes para aes de EAN.

    Identificar e fomentar oportunidades de aes intersetoriais e parcerias para o desenvolvimento de estratgias e aes de promoo da alimentao adequada e saudvel e de EAN.

    Identificar e comparar potencialidades e limites dos campos de ao da Informao e da Educao nas aes de PAAS e de EAN.

    Identificar e valorizar metodologias participativas de Educao popular em sade para promover prticas de EAN para grupos e comunidades.

    Identificar, comparar, elaborar e implementar monitoramento e avaliao de processos, resultados e/ou de impacto, em projetos, programas de EAN e nutrio em sade coletiva.

    Identificar, comparar e utilizar metodologias participativas em todas as etapas de EAN (da identificao de necessidades avaliao das aes).

    Usar a mdia, as tecnologias da informao e as redes sociais para divulgar informaes e mobilizar grupos, comunidades e populaes.

  • 34 35TICA E PRTICA PROFISSIONAL (trabalho em equipe, tica, conflito de interesses, relao pblicoprivado, postura profissional)

    Atuar segundo os princpios ticos da atividade profissional e da ao pblica visando a sade, a cidadania e a qualidade de vida dos sujeitos e comunidades.

    Utilizar os princpios ticos para a tomada de deciso, na difuso, na utilizao e na coleta de dados e ao gerar informaes.

    Priorizar a promoo da equidade em todas as aes de alimentao e nutrio em sade coletiva.

    Demonstrar prtica reflexiva e consistente na atuao profissional.

    Utilizar, na prtica profissional, abordagens adequadas a pessoas/grupos/comunidades de diferentes experincias culturais, socioeconmicas e educacionais, de todas as idades, gneros, etnias, estado de sade, habilidades e orientaes sexuais.

    Habilitar-se para o trabalho em equipe inter e multidisciplinar.

    Compreender e comunicar o papel e a funo principal dos profissionais de nutrio em sade coletiva, na melhoria das condies de sade, na garantia da SAN e na realizao do DHAA dos grupos, comunidades e populaes.

    Atuar como defensor da sade coletiva e ser um articulador em prol das necessidades dos grupos vulnerabilizados.

    Comprometer-se com o processo de educao-permanente.

    Buscar e identificar novas oportunidades e propor solues aos problemas, de forma pr-ativa e inovadora, alm de aprimorar aes e processos de trabalho.

    Identificar, analisar e dar visibilidade aos conflitos de interesses presentes na prtica de alimentao e nutrio em sade coletiva.

    Contribuir para a base de evidncias relativas prtica efetiva da alimentao e nutrio em sade coletiva e publicar/informar resultados.

    Identificar, analisar e avaliar potenciais conflitos de interesse ao estabelecer parcerias com diferentes setores.

    Aplicar os princpios de relaes organizacionais e de gesto de pessoas para o desenvolvimento organizacional, para a resoluo de conflitos e para a motivao e o desenvolvimento dos profissionais.

    LIDERANA E GESTO DE PESSOAS

    Atuar segundo os princpios ticos da atividade profissional e da ao pblica visando a sade, a cidadania e a qualidade de vida dos sujeitos e comunidades.

    Ouvir e respeitar os diferentes pontos de vista, estimulando manifestaes, opinies, conhecimentos e formas de fazer distintas.

    Planejar, implementar e participar de atividades de formao e treinamento em alimentao e nutrio em sade coletiva para diferentes profissionais envolvidos nos programas e aes.

    Identificar os recursos disponveis nas comunidades em benefcio de aes necessrias na rea de alimentao e nutrio em sade coletiva.

    Incentivar a participao dos indivduos, das organizaes, das organizaes sociais e das comunidades na resoluo de problemas que envolvam a alimentao e nutrio.

    Envolver as comunidades como parceiras ativas, em todos os aspectos que envolvam a alimentao e a nutrio em sade coletiva.

    Facilitar e estimular o trabalho em equipe e atuar de forma eficaz, como integrante e parceiro do grupo.

    Aplicar estratgias de colaborao efetiva e de apoio sustentvel ao desenvolvimento de parcerias intersetoriais e setoriais para a promoo do DHAA, da Soberania Alimentar e da nutrio saudvel.

    Treinar, desenvolver e motivar os membros da equipe e avaliar os respectivos desempenhos.

  • 36 37

    O painel, a seguir, contem as propostas referentes s funes do nutricio-nista em sade coletiva, descrito em ordem decrescente de conformidade ao Consenso de Habilidades e Competncias do Nutricionista no mbito da Sade Coletiva. As funes aqui apresentadas foram consideradas como sendo sempre uma funo do nutricionista em sade coletiva.

    Durante as oficinas de dilogo sobre os resultados do Consenso, principal-mente naquela que focou os resultados finais, houveram sugestes para que as funes fossem reagrupadas, pois foram identificadas repeties e similaridades. A equipe do OPSAN desenvolveu este exerccio de reorgani-zao e reagrupamento. Pde-se identificar seis conjuntos de funes, que permitem um agrupamento, quais sejam:

    Planejamento e gesto de programas, de aes, de pessoas e do conhecimento e informao.

    Monitoramento e avaliao de programas e aes. Diagnstico e monitoramento de pessoas e grupos populacionais. Promoo da sade e educao alimentar e nutricional. Implementao de programas e desenvolvimento de aes. Advocacy e estabelecimento de parcerias.

    No entanto, ao final, avaliou-se a importncia de apresentar os resultados da maneira que foram gerados pelo processo de estabelecimento de con-senso. Tambm poder ser mais promissor que cada instituio e grupo, uma vez interessado em utilizar estes resultados, possa avaliar a pertinn-cia de realizar esta reorganizao e, se assim considerar, que a realize se-gundo os seus critrios e necessidades.

    As funes do nutricionista em sade coletiva

    FUNES DO NUTRICIONISTA EM SADE COLETIVA

    Promoo da alimentao e nutrio adequada e saudvel ao longo da vida.

    Avaliao das necessidades da populao (grupos, comunidades) para definir programas e prioridades de atendimentos e aes na rea de alimentao e nutrio.

    Monitoramento de programas e servios de alimentao e nutrio.

    Promoo da segurana alimentar e nutricional.

    Planejamento de programas e aes de alimentao e nutrio com base nas necessidades das comunidades/populao.

    Implementao de programas e aes de alimentao e nutrio.

    Aconselhamento nutricional para indivduos e grupos.

    Promoo e desenvolvimento de estratgias que disponibilizem informaes adequadas sobre alimentao e nutrio a indivduos e grupos.

    Promoo do direito humano alimentao adequada (DHAA) e saudvel.

    Desenvolvimento de estratgias de ateno nutricional para os diferentes distrbios e doenas relacionadas com a alimentao e alimentos.

    Monitoramento com base local (comunitria) do desenvolvimento e crescimento.

    Desenvolvimento de habilidades, atitudes e conhecimento de nutrio dos indivduos e comunidades.

    Avaliao e monitoramento dos determinantes de nutrio e sade.

    Desenvolvimento de estratgias de educao continuada em alimentao e nutrio aos profissionais de sade.

    Promoo da segurana sanitria dos alimentos.

  • 38 39Desenvolvimento de estratgias que ampliem o reconhecimento e a valorizao dos problemas e temas de alimentao e nutrio por parte da populao.

    Promoo de audincia crtica e autnoma em relao s estratgias de marketing de alimentos.

    Avaliao dos resultados e impacto dos programas e aes de nutrio e sade.

    Desenvolvimento de estratgias de informao ao consumidor.

    Avaliao de uma situao e/ou comunidade na perspectiva da determinao social da sade, da alimentao e da nutrio.

    Desenvolvimento de estratgias de educao continuada em alimentao e nutrio a profissionais de outras reas como educao, desenvolvimento social, SAN, entre outros.

    Defesa do estabelecimento e cumprimento de aes de regulao que promovam a alimentao adequada e saudvel e a sade.

    Estabelecimento de parcerias com organizaes da sociedade civil para desenvolvimento de estratgias para promoo da Segurana Alimentar e Nutricional.

    Defesa da garantia de financiamento adequado e sustentvel dos programas e aes de alimentao e nutrio.

    Desenvolvimento da capacidade organizacional para participar e discutir a agenda de alimentao e nutrio.

    Estabelecer parcerias para coordenar estratgias de promoo da alimentao adequada e saudvel e atividade fsica.

    Avaliao do impacto das polticas/programas pblicos sobre nutrio e sade.

    Monitoramento das taxas de mortalidade e morbidade relacionadas alimentao e nutrio.

    Promoo da qualidade da gua no contexto do DHAA e da sustentabilidade.

    Realizao de pesquisas para avaliao de servios e programas de alimentao e nutrio.

    Participao em processos de desenvolvimento de lideranas e organizaes locais envolvidas na agenda, programas e aes de alimentao e nutrio.

    Comunicao e divulgao de pesquisas na rea de alimentao e nutrio.

    Estabelecimento de parcerias intra e intersetoriais para o desenvolvimento da agenda de alimentao e nutrio.

    Promoo do abastecimento dos alimentos com sustentabilidade.

    Aproximao com a Poltica Nacional de Prticas Integrativas e Complementares na perspectiva da Nutrio Complementar e Integrada.

    Identificao de prioridades de pesquisas no campo da alimentao e nutrio.

    Mobilizao de recursos de diferentes naturezas para a implementao de aes de alimentao e nutrio em sade coletiva.

    Monitoramento do impacto de fatores econmicos e sociais nas condies de alimentao e nutrio de grupos e comunidades.

  • 40 41 As definies e priorizaes de funes consideradas como essenciais para a ao profissional e inseridas no contexto da prtica em ANSC servem para ajudar a delinear as nuances que envolvem a formao e, consequentemen-te, o trabalho requerido, e as respectivas competncias exigidas quando na prtica. Os resultados do Consenso sugerem que quando os profissionais assumem papis pelos quais requerem cobertura mais ampla da populao, as expectativas e exigncias aumentam frente s competncias necessrias.

    Assim, considera-se que a ao profissional de qualidade e eficiente con-tribui para tornar melhor e mais relevante os resultados em sade coletiva. Aprimorar a formao profissional contribui para aumentar a eficincia do resultado da ao em nutrio em sade coletiva.

    Na terceira e ltima etapa do Consenso tambm foram verificadas as ex-pectativas de atuao do nutricionista nas diferentes esferas, uma vez que o contexto da prtica (por exemplo, na esfera local, regional, estadual, fe-deral) foi um ponto relevante nas proposies referentes aos tipos de aes (funes) e competncias necessrias para a realizao do trabalho. No conjunto de funes essenciais/centrais derivadas do Consenso, tambm foram avaliados: (1) o nvel de prioridade para aprimoramento na forma-o em relao a cada uma das funes e (2) o nvel de eficcia atual na realizao de cada uma das funes (Anexo 3).

    Os resultados indicam um alto grau de coerncia entre as necessidades de aprimoramento e o nvel de eficcia atual das aes desenvolvidas. Os par-ticipantes do Consenso consideraram prioritrio o aprimoramento na for-mao profissional vinculada educao e prtica, possibilitando uma ao profissional mais eficiente e eficaz nas funes relativas gesto e na ao em nutrio em sade coletiva, em todas as suas fases, ou seja, da concepo, implementao avaliao.

    As atividades realizadas em paralelo s etapas do Consenso, mencionadas anteriormente, onde os resultados parciais e finais foram apresentados a pblicos mais amplos e/ou tiveram possibilidades de serem discutidos em profundidade, geraram um conjunto de sugestes e recomendaes. Este elenco apresentado a seguir, para que seja avaliada a sua adoo por parte das instituies formadoras, rgos reguladores do exerccio profis-sional, coletivos de pesquisadores, profissionais e militantes em ANSC:

    Foi praticamente consenso que urgente e necessria a ampliao dos campos de prtica no processo de formao. As oportunidades de aprendizado e reflexo precisam estar disponveis mais precocemente nos cursos de graduao e precisam integrar conhecimentos, abordagens e contedos.

    Por esse motivo, o desenvolvimento de abordagens integradas de conhe-cimentos de distintas naturezas tambm foi uma sugesto recorrente.

    Destacou-se que a valorizao dos projetos de extenso uma oportu-nidade excelente para a gerao de campos de prtica integrada e de abordagem de aspectos que, muitas vezes, no so contemplados no processo formativo formal.

    Tambm preciso estreitar a parceria com os servios, nas diferentes reas como sade, educao, desenvolvimento social, dentre outros para que os campos de prtica se aproximem da realidade e para que os profissionais preceptores se percebam como colaboradores e formadores e, identifiquem que esta atividade pode tambm qualificar o servio e, portanto, ser boa para todos.

    Inevitavelmente, o dilogo acerca dos resultados do Consenso levava discusso sobre um grande desafio dos cursos atualmente: adotar metodologias de ensino-aprendizagem ativas e problematizadoras. Por mais deficincias identificadas nas disciplinas/mdulos de ANSC,

    Desdobramentos possveis

  • 42 43destacou-se que a rea, muitas vezes, fica isolada no processo de formao, por um lado por abordar e demandar conhecimentos de cincias humanas e, por outro, por utilizar, em alguma medida, metodologias participativas, para o desenvolvimento dos contedos e prticas. Enquanto que o curso como um todo, muitas vezes, tem uma estrutura mais tradicional.

    Portanto, o movimento de renovao no ensino-aprendizagem em ANSC s ser plenamente bem sucedido se envolver as demais reas de formao e prtica do nutricionista.

    A anlise da matriz contendo funes e competncias do nutricionista em sade coletiva aponta para um conjunto de aspectos que no so exclusivos da ANSC e devem integrar, de maneira transversal, a formao e ao do profissional em qualquer rea de trabalho.

    Para tanto, vale destacar a gravidade do movimento de refluxo dos contedos das cincias humanas nos cursos de graduao. Vrios fatores tm sido definidores desta situao, desde a reduo da carga horria total dos cursos desvalorizao desta formao pelo mercado. No entanto, considerando as caractersticas hegemnicas dos modelos econmicos e suas consequncias para o sistema alimentar global, avalia-se que as cincias humanas so elementos de diferenciao, de qualificao e de valorizao da ao profissional.

    O profissional, assim como todo cidado, chamado direta ou indiretamente a se posicionar sobre a equidade, a sustentabilidade, a justia, o direito humano alimentao adequada, a soberania alimentar e a segurana alimentar e nutricional. Desta maneira, no h espaos reais para omisses. Por esse motivo, manifestaes contundentes foram explicitadas quanto necessidade de priorizarmos, radicalmente, a formao para a sade e no para a doena.

    Outro aspecto que tambm predominou foi sobre a anlise de conjuntura da formao profissional. Desta discusso foi constatada a demanda de uma ao estratgica: o desenvolvimento de aes de formao e apoio continuado aos docentes das diversas disciplinas/mdulos que compe a ANSC. O crescimento intenso e acelerado, na ltima dcada, de cursos de graduao gerou uma demanda de docentes que no pode ser atendida de maneira adequada. H

    situaes de alta rotatividade, insuficincia de formao especfica em nvel de ps-graduao, dentre outros aspectos.

    Ainda em relao a este aspecto, considerando o pequeno nmero de estudos sobre o tema, destacou-se que a formao do profissional precisa tambm ser valorizada enquanto tema de pesquisa.

    Assim, mesmo tendo claro que a matriz contendo funes e competncias do nutricionista em sade coletiva no se esgota em um curso de graduao, ponderou-se que esta etapa de formao precisa ser revalorizada. Muitas vezes as discusses sobre a amplitude e profundidade da formao na etapa de graduao encerrada com argumentos que defendem que determinado aspecto s possvel de ser abordado na ps-graduao. Renovar a forma de ensinar-aprender o nico caminho que viabilizar novos projetos pedaggicos, novos patamares e novas percepes para formar um profissional apto a atuar interdisciplinarmente e em equipes multiprofissionais.

    Por fim, sugeriu-se a criao de mecanismos de regulao do ensino, a reviso das diretrizes curriculares e o estabelecimento de critrios de acompanhamento dos cursos. Para tanto, este conjunto de sugestes deve ser avaliado luz de uma estratgia de organizao da formao profissional com definies de planos contendo objetivos a serem alcanados a curto, mdio e longo prazo, onde parcerias e responsabilidades possam ser definidas e compartilhadas.

    Para finalizar, enquanto Observatrio de Polticas de Segurana Alimentar e Nutrio, manifestamos nossa disposio e entusiasmo em integrar este movimento crescente de renovao e qualificao da formao do nutricionista. E incentivamos a todas e todos aqueles que lerem, refletirem e/ou utilizarem este documento, que nos enviem suas consideraes, crticas e sugestes. Entendemos que a divulgao da Matriz contemplando funes e competncias do nutricionista no mbito da sade coletiva apenas uma etapa de um processo que demanda muitas mentes e coraes.

    Escreva para [email protected] Obrigada!

  • 44 45

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    Anexo 1: Grupos de Trabalho para a Elaborao da Matriz

    Matriz inicial: Andhressa Fagundes, Anelise Rizzolo de Oliveira, Elisabetta Recine, Jussara Souza, Natacha Toral, Renata Alves Monteiro e Renata Couto Falco Gomes.

    Matriz submetida ao Consenso: Andhressa Fagundes, Andrea Sugai Mortoza, Brbara Alencar, Elisabetta Recine, Janine Giuberti Coutinho, Mana Pereira.

    Responsvel tcnico pela elaborao, programao e desenvolvimento da plataforma de acesso Matriz: Drio Santos.

    Relatrio e Documento Final: Andrea Sugai Mortoza (UFG) e Elisabetta Recine (UnB).

    Anexo 2: Participantes do Consenso

    Os participantes que completaram todas as trs rodadas do Consenso de Habilidades e Competncias do Nutricionista no mbito da Sade Coletiva e que deram permisso para serem identificados foram: Adriana Bouas Ribeiro, Adriane Leandro, Alexandra Corra de Freitas, Aline Cristine Souza Lopes, Ambela de Avelar Cordeiro, Ana Beatriz Oliveira, Ana Lcia S. Rezende, Ana Marlucia Oli-veira Assis, Andra Frazo, Anelise Rizzolo de Oliveira, Brigitte Olichon, Camila Leonel Mendes de Abreu, Carla Maria Vieira, Cassandra Maria de Sena Muniz, Cristina Garcia Lopes, Daniela Cardoso Tietzmann, Deltirene Cardoso, Denise Cavalcante de Barros, Denise Petrucci Gigante, Elaine de Azevedo, Elenice Ara-jo, Estelamaris Tronco Monego, Fernanda Cristina de Lima Pinto, Fernando An-tonio Cabral, Haroldo S Ferreira, Ins Rugani Ribeiro de Castro, Jailma Santos Monteiro, Janaina das Neves, Jorge de Vit Monti, Jos Divino Lopes, Juliana Ber-

    Anexos

  • 48 49tolin Gonalves, Julicristie Machado de Oliveira, Juraciara A. de O. Abreu, Ka-rin Graziele Marin dos Santos Caliani, Karine Anusca Martins, Kathleen Sousa Oliveira, Llia Cpua Nunes, Lezir Maciel Silva, Ligia Mara Parreira Silva, Lusa Pinto, Luiza Maria Corra, Maisa Beltrame Pedroso, Mrcia Maria Prata Pires Ramalho, Mrcia Reis Felipe, Maria Amlia de Alencar Lima, Maria Anglica Tavares de Medeiros, Maria Janana Cavalcante Nunes, Maria Luiza Braun, Maria Teresa Gomes de Oliveira Ribas, Mariana Helcias Crtes, Mariana Mar-tins, Maristela Borin Busnello, Nadja Murta, Neila Maria Viosa Machado, Neusa Oliveira Arajo, Norma Sueli Alberto, Osvaldinete Silva, Patricia Azeve-do Feitosa, Patrcia Chaves Gentil, Patricia Costa, Pollyanna Costa Cardoso, Rahilda Brito Tuma, Regina C. C. Alves, Renata Alves Monteiro, Risia Cristina Egito de Menezes, Romero Alves Teixeira, Rosana Moura Lima, Rosane Pesca-dor, Rozane Toso Bleil, Sandra M Chaves-dos-Santos, Semramis Martins l-vares Domene, Silvia Rigon, Silvia Rafaela Mascarenhas Freaza, Sonia Linden, Tatiana Resende Prado Rangel, Theonas Gomes Pereira, Vanessa Backes. Trs (3) participantes optaram por no serem reconhecidos publicamente.

    Caractersticas dos participantes do painel

    A pesquisa ou Consenso, utilizando a Tcnica Delphi, incluiu uma coorte com 81 profissionais das reas de nutrio em sade coletiva que finaliza-ram as trs rodadas. Os atributos dos participantes sinalizados na Primeira Rodada da pesquisa indicam que o grupo qualificado (5% com ps-dou-torado; 33% doutores; 40% mestres, 21% especialistas e 1% graduado). Na autoavaliao setenta e dois porcento (72%) dos participantes informaram atuar na rea h mais de cinco anos e noventa e quatro porcento (94%) dos participantes possuem experincia na rea de nutrio em sade coleti-va e/ou na formao. Assim, por meio dos participantes selecionados com base na rede profissional e pelas anlises dos atributos informados pelos participantes na pesquisa, possvel concluir que este estudo contou com participantes atuantes na rea de nutrio em sade coletiva.

    A Figura 2 ilustra a distribuio dos participantes do Consenso por estados no Brasil.

    Anexo 3. Esferas/Prioridades/Nvel de eficincia

    Na terceira e ltima etapa do Consenso foram verificadas as expectativas de atuao do nutricionista nas diferentes esferas, uma vez que o contexto da prtica (por exemplo, na esfera local, regional, estadual, federal) foi conside-rado um ponto importante e relevante nas proposies referentes aos tipos de aes (funes) e competncias necessrias para a realizao do trabalho.

    No conjunto original de funes essenciais/centrais derivadas do Consenso foram avaliados: (1) o nvel de prioridade para aprimoramento na forma-o em relao a cada uma das funes e (2) o nvel de eficcia na realiza-o atual de cada uma das funes.

    Figura 2: Distribuio, em porcentagem, dos participantes quanto localidade, por estado.

    AC0

    0

    4

    6

    8

    10

    AL BA CE DF ES GO MA MG MS PA PB PE PI PR RJ RN RS SC SP

    Estado

    Coun

    t

  • 50 51Os nveis foram classificados, segundo as esferas de atuao a seguir:

    Nvel Local A prtica est dirigida diretamente a indivduos, grupos, famlias, comunidade. Relaciona-se com oferta direta de servios. Por exemplo, um nutricionista em sade coletiva que trabalha em um centro de sade, creche, restaurante popular, escola, dentre outros.

    Nvel Municipal/ Regional

    A prtica est dirigida a processos de articulao de servi-os, planejamento, coordenao de outros profissionais, treinamento de profissionais. Este profissional, a no ser em situaes especficas, no atua diretamente com a popula-o, porm organiza aes, planeja e desenvolve processos de treinamento de profissionais que iro atuar diretamente na oferta de servios. Dependendo da situao especfica pode planejar programas e aes e tambm executar ora-mentos. Por exemplo, um nutricionista em sade coletiva que trabalha em regionais ou secretarias municipais de sade, educao, desenvolvimento social, dentre outros.

    Nvel Estadual/ Distrital

    A prtica est dirigida a processos de articulao de regies e/ou municpios, planejamento, coordenao de programas, aes e equipes profissionais. Este profis-sional, no atua diretamente com a populao, porm planeja, prope e controla oramento, coordena, organi-za, monitora e avalia programas e aes entre regies e/ou municpios. Por exemplo, um nutricionista em sade coletiva que trabalha nas secretarias estaduais/distritais de sade, educao, desenvolvimento social, dentre outros.

    Nvel Nacional/ Federal

    A prtica est dirigida a processos de articulao intra e intersetorial. Aes relacionadas ao planejamento, definio oramentria, monitoramento e avaliao de polticas pblicas e programas. Define e implementa aes de formao de recursos humanos, articulao com as demais esferas de gesto (estadual e municipal) de regies e/ou municpios.

    Para verificar o nvel de competncia que determinada funo exige do pro-fissional foi utilizado as definies adaptadas do Modelo Dreyfus (37):

    Nvel Legenda Definies

    1 Iniciante Profissional atua por meio de regras e normas e re-quer orientao. Normalmente disciplinado, mas teve poucas oportunidades de atuar na prtica em sade coletiva. O grau de responsabilidade se limita geralmente ao escopo de atuao e a maioria das decises referente rotina.

    2 Capaz Profissional ainda se baseia em normas e regras, mas as emprega de maneira mais elaborada. Para resolver problemas faz uso de procedimentos de-rivados da experincia. Utiliza-se de competncias especficas para atuar e comea a demonstrar inde-pendncia na prtica diria em sade coletiva.

    3 Competente Tem experincia prtica; reconhece que a comple-xidade de certos elementos no seu trabalho exige uma tomada de deciso em situaes no previstas, para a qual regras rgidas e rpidas no se aplicam claramente. Decide baseado na experincia prtica e conhecimento terico. Pode supervisionar outros funcionrios.

    4 Proficiente Toma decises associadas a um processo analtico. Vislumbra situaes no conjunto, faz escolhas base-adas em diferentes situaes e desfechos possveis, assume papel de liderana. Pode coordenar diferen-tes supervisores.

    5 Especialista Neste nvel o profissional reflete sobre o funciona-mento e determinao de problemas, situaes e sis-temas. Tem um papel de liderana e delega poderes e atividades. Avalia a qualidade do trabalho realizado por equipes que esto sob sua coordenao e toma decises baseado em cenrios futuros.

  • 52 53

    FunoLocal Municipal/

    RegionalEstadual/ Distrital

    Nacional/ Federal

    Promover alimentao e nutrio adequada e saudvel ao longo da vida;

    Iniciante[43,21%]

    Iniciante[29,63%]

    Competente[24,69%]

    Especialista[27,16%]

    Avaliar as necessidades da populao (grupos, comunidades) para definir programas e prioridades de atendimentos e aes na rea de alimentao e nutrio;

    Proficiente[29,63%]

    Proficiente[30,86%]

    Competente[33,33%]

    Proficiente[34,57%]

    Especialista[34,57%]

    Monitorar programas e servios de alimentao e nutrio;

    Competente[34,57%]

    Proficiente[32,1%]

    Proficiente [38,27%]

    Proficiente[33,33%]

    Especialista[33,33%]

    Promover a segurana alimentar e nutricional;

    Competente[30,86%]

    Competente[29,63%]

    Proficiente[25,93%]

    Especialista[35,8%]

    Planejar programas e aes de alimentao e nutrio com base nas necessidades das comunidades/populao;

    Proficiente[38,27%]

    Especialista[33,33%]

    Proficiente[37,04%]

    Especialista[45,68%]

    Implementar programas e aes de alimentao e nutrio;

    Proficiente[32,1%]

    Proficiente[33,33%]

    Proficiente[37,04%]

    Especialista[41,98%]

    Aconselhamento nutricional para indivduos e grupos;

    Iniciante[34,57%]

    Iniciante[30,86%]

    Competente[25,93%]

    Competente[28,4%]

    A tabela, a seguir, apresenta um resumo das classificaes mais frequentes (modais), de acordo com as funes originais derivadas do Consenso, con-sideradas essenciais/centrais, dos nveis referentes s esferas de atuao e do nvel de competncia. Ou seja, as propostas referentes s capacitaes necessrias para o desempenho das funes essenciais/centrais.

    Nvel de atuao

    FunoLocal Municipal/

    RegionalEstadual/ Distrital

    Nacional/ Federal

    Promover e desenvolver estratgias que disponibi-lizem informaes ade-quadas sobre alimentao e nutrio a indivduos e grupos;

    Competente[25,93%]

    Competente[28,4%]

    Proficiente[28,4%]

    Proficiente[34,57%]

    Promover o direito humano alimentao adequada (DHAA) e saudvel;

    Iniciante[25,93%]

    Competente[25,93%]

    Competente[27,16%]

    Especialista[39,51%]

    Desenvolver estratgias de ateno nutricional para os diferentes distrbios e doenas relacionadas com a alimentao e alimentos;

    Competente[27,16%]

    Proficiente[27,16%]

    Proficiente[34,57%]

    Especialista[40,74%]

    Monitorar com base local (comunitria) o desenvolvimento e crescimento;

    Iniciante[28,4%]

    Competente[32,1%]

    Proficiente[24,69%]

    Competente[29,63%]

    Desenvolver habilidades, atitudes e conhecimento de nutrio dos indivduos e comunidades;

    Competente[27,16%]

    Competente[33,33%]

    Competente[32,1%]

    Competente[30,86%]

    Avaliar e monitorar os determinantes de nutrio e sade;

    Proficiente[35,8%]

    Proficiente[37,04%]

    Especialista[32,1%]

    Especialista[49,38%]

    Desenvolver estratgias de educao continuada em alimentao e nutrio aos profissionais de sade;

    Proficiente[34,57%]

    Proficiente[38,27%]

    Proficiente[40,74%]

    Especialista[59,26%]

    Promover a segurana sanitria dos alimentos;

    Iniciante[35,8%]

    Competente[25,93%]

    Competente[23,46%]

    Proficiente[23,46%]

    Especialista[25,93%]

    Nvel de atuao

  • 54 55Funo

    Local Municipal/ Regional

    Estadual/ Distrital

    Nacional/ Federal

    Desenvolver estratgias que ampliem o reconhe-cimento e valorizao dos problemas e temas de alimentao e nutrio por parte da populao;

    Competente[32,1%]

    Proficiente[35,8%]

    Especialista[35,8%]

    Especialista[46,91%]

    Promover audincia crtica e autnoma em relao s estratgias de marketing de alimentos;

    Proficiente[34,57%]

    Proficiente[38,27%]

    Especialista[40,74%]

    Especialista[55,56%]

    Avaliar os resultados e impacto dos programas e aes de nutrio e sade;

    Proficiente[40,74%]

    Proficiente[38,27%]

    Especialista[49,38%]

    Especialista[60,49%]

    Desenvolver estratgias de informao ao consumidor;

    Competente[46,91%]

    Proficiente[33,33%]

    Competente[30,86%]

    Especialista[38,27%]

    Avaliar uma situao e/ou comunidade na perspectiva da determinao social da sade, da alimentao e da nutrio;

    Proficiente[33,33%]

    Proficiente[39,51%]

    Proficiente[39,51%]

    Especialista[44,44%]

    Desenvolver estratgias de educao continuada em alimentao e nutrio a profissionais de outras reas como educao, desenvolvimento social, SAN, entre outros;

    Proficiente[43,21%]

    Especialista[34,57%]

    Proficiente[40,74%]

    Especialista[40,74%]

    Especialista[54,32%]

    Defender o estabelecimento e o cumprimento de aes de regulao que promo-vam alimentao adequada e saudvel e a sade;

    Competente[33,33%]

    Competente[28,4%]

    Especialista[35,8%]

    Especialista[55,56%]

    Nvel de atuaoFuno

    Local Municipal/ Regional

    Estadual/ Distrital

    Nacional/ Federal

    Estabelecer parcerias com organizaes da sociedade civil para desenvolvimento de estratgias para promoo da Segurana Alimentar e Nutricional;

    Competente[33,33%]

    Proficiente[33,33%]

    Especialista[43,21%]

    Especialista[58,02%]

    Defender a garantia de financiamento adequado e sustentvel dos programas e aes de alimentao e nutrio;

    Proficiente[37,04%]

    Especialista[50,62%}

    Especialista[64,2%]

    Especialista[69,14%]

    Desenvolver a capacidade organizacional para partici-par e discutir a agenda de alimentao e nutrio;

    Proficiente[32,1%]

    Especialista[38,27%]

    Especialista[44,44%]

    Especialista[61,73%]

    Estabelecer parcerias para coordenar estratgias de promoo da alimentao adequada e saudvel e atividade fsica;

    Proficiente[35,8%]

    Proficiente[39,51%]

    Especialista[38,27%]

    Especialista[55,56%]

    Avaliar do impacto das po-lticas/programas pblicos sobre nutrio e sade;

    Especialista[43,21%]

    Especialista[49,38%}

    Especialista[56,79%]

    Especialista[69,14%]

    Monitorar das taxas de mortalidade e morbidade relacionadas alimentao e nutrio;

    Proficiente[32,1%]

    Proficiente[25,93%]

    Proficiente[32,1%]

    Especialista[43,21%]

    Promover a qualidade da gua no contexto do DHAA e da sustentabilidade;

    Competente[40,74%]

    Proficiente[32,1%]

    Competente[25,93%]

    Especialista[33,33%]

    Realizar pesquisas para a avaliao de servios e programas de alimentao e nutrio;

    Especialista[30,86%]

    Proficiente[35,8%]

    Especialista[39,51%]

    Especialista[53,09%]

    Nvel de atuao

  • 56 57Funo

    Local Municipal/ Regional

    Estadual/ Distrital

    Nacional/ Federal

    Participar de processos de desenvolvimento de lideranas e organizaes locais envolvidas na agenda, programas e aes de alimentao e nutrio;

    Proficiente[30,86%]

    Proficiente[44,44%]

    Especialista[44,44%]