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FILANTROPIA: CONTEXTO ATUAL - QUESTÕES, ATORES E INSTRUMENTOS

CONTEXTO ATUAL - QUESTÕES ATORES E INSTRUMENTOS · 2018. 9. 22. · Em outras partes do mundo, especialmente com o surgimento da filantropia institucionalizada nos países de língua

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FILANTROPIA:

CONTEXTO ATUAL - QUESTÕES,ATORES E INSTRUMENTOS

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2014

FILANTROPIA:

CONTEXTO ATUAL - QUESTÕES,ATORES E INSTRUMENTOS

The Resource Alliance apoiada por Rockefeller Foundation

[Inovação para os próximos 100 anos]

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Título original: Philanthropy: Current Context. Issues, Actors and Instruments

Os direitos autorais são detidos pelos três parceiros da Iniciativa Bellagio: Institute of Development Studies (IDS), The Resource Alliance e a Fundação Rockefeller.

Copyright © IDIS, 2014Texto original publicado em Outubro de 2012

Texto de acordo com as regras do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa(Decreto Legislativo no 54, de 1995)

Presidente: Marcos KisilDiretora Executiva: Paula Jancso FabianiDiretor de Consultoria: Rodrigo Alvarez

Supervisor do Projeto Editorial: João Paulo VergueiroRevisão Geral: Celina Yamanaka

Revisão: Rodrigo Zavala e Marcos KisilTradução: Sintagma

Capa: de Sign Arte VisualProjeto Gráfico e Editoração: Linea Editora Ltda.

IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento SocialRua Paes Leme, 524, cj. 132 – Pinheiros – 05424-904 – São Paulo-SP

Fone: 11 3037-8212 Fax: 11 [email protected]

Membro da CAF International Network: construindo modelos sustentáveis de investimento social.

Visite www.idis.org.br e cadastre-se no Boletim InVista Social – Informação estratégica para quem se interessa e faz Investimento Social

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Direitos autorais de propriedade do texto no Brasil do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. O texto pode ser livremente reproduzido, sem necessidade de solicitação de autorização.

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social foi fundado em 1999 e é uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) pio-neira no apoio técnico e consultoria ao investidor social no Brasil e América Latina. Facilita o engajamento de pessoas, famílias, empresas e comunidades em ações sociais estratégicas e transformadoras da realidade, contribuindo para a redução das desigualdades sociais no país. Com a missão de apoiar o investimento social privado para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e sustentável, o IDIS atua de duas formas: desenvolvendo ações de promoção da filantropia e atenden-do demanda de apoio técnico das empresas, fundações, institutos e indivídos.

O IDS – Institute of Development Studies é uma instituição global sem fins lu-crativos líder em pesquisa, formação e informações sobre o desenvolvimento in-ternacional. Sua visão é de um mundo onde a pobreza não existe, a justiça social prevalece e o crescimento econômico é focado na melhoria do bem-estar social. O IDS acredita que o conhecimento resultante de pesquisa pode conduzir à mudança que deve ocorrer para que essa visão se concretize.

A The Resource Alliance tem a visão de uma sociedade civil forte e sustentável. Visa atingir este objetivo por meio da construção de capacidades e conhecimento, bem como da promoção de excelência. Para ajudar as organizações a aumentar sua captação de recursos, a The Resource Alliance oferece diversos serviços e re-cursos, incluindo conferências, oficinas internacionais e regionais, cursos reconhe-cidos como de conteúdo aprofundado sobre captação de recursos e comunicação, treinamentos e tutorias personalizados, pesquisas, publicações, boletins informa-tivos e programas de reconhecimento.

A Rockefeller Foundation tem a missão de promover o bem-estar social em todo o mundo, mantendo-se inalterada desde sua fundação em 1913. Sua visão é a de que neste século os benefícios da globalização serão mais amplamente comparti-lhados e os desafios mais facilmente enfrentados. Para concretizar essa visão, a Fundação busca alcançar em seu trabalho duas metas fundamentais:

1. Criar resiliência para aumentar a capacidade individual, comunitária e institu-cional de sobrevivência, adaptação e crescimento diante de crises severas e estresse crônico.

2. Promover crescimento com equidade, de modo que pessoas pobres e vulnerá-veis tenham mais acesso a oportunidades que melhorem suas vidas.

Com o fim de alcançar essas metas, a Fundação proporciona muito de seu apoio por meio de iniciativas com prazo e objetivos determinados e estratégias de im-pacto definidas.

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Sobre este relatório

Este relatório foi originalmente encomendado pela Iniciativa Bellagio (“Bellagio Initiative”) e organizado por três parceiros:

• The Rockefeller Foundation – www.rockefellerfoundation.org• Institute of Development Studies (IDS) – www.ids.ac.uk• The Resource Alliance – www.resource-alliance.org

Os direitos autorais são detidos conjuntamente pela The Resource Alliance, Rockefeller Foundation e IDS.Para mais informações, visite o www.resource-alliance.org ou www.bellagioinitiative.org

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Sumário

Prefácio ........................................................................................ 9

Resumo executivo ..................................................................... 13Recursos do setor sem fins lucrativos .................................... 13Metodologia e escopo ............................................................. 23Definições e abreviações utilizadas ........................................ 25

Introdução .................................................................................. 30Estrutura do relatório .............................................................. 30Mudança, não caridade ........................................................... 31

Seção 1: Recursos do setor da sociedade civil ................. 35As contribuições filantrópicas para organizações sem fins

lucrativos são menores do que as imaginadas .................. 36Filantropia – a fonte predominante para OSCs interna cionais 40Conclusão ................................................................................. 42Questões a serem exploradas ................................................. 42

Seção 2: Filantropia para o desenvolvimento interna-

cional ............................................................................................ 44Doações privadas para causas no exterior ............................ 45Deficiências da análise do Hudson Institute ........................... 46Conclusão ................................................................................. 49Outros fluxos monetários internacionais ............................... 50Conclusão ................................................................................. 61Transferências .......................................................................... 62

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Filantropia: Contexto Atual

Conclusão ................................................................................. 72Poupanças de diáspora – “seguindo em frente, doando de

volta” .................................................................................... 73Conclusão ................................................................................. 80Investimentos estrangeiros diretos ........................................ 81Segmentação de atores .......................................................... 82Participação internacional de fundações dos Estados Unidos O “Fator Gates” ....................................................................... 84

Quanto de desenvolvimento internacional foi realizado basica-mente pelo filantropo número 1? ......................................... 95

O papel de advocacy da Gates Foundation ................................ 96Análise especial – doações de fundações norte-americanas para

a China .............................................................................. 97Conclusão ................................................................................. 99Fundações Europeias: Investimento e Participação Interna-

cional .................................................................................... 100Conclusão ................................................................................. 107Fundações Asiáticas desempenham um papel cada vez mais

importante em sua região ................................................... 108O papel que as empresas desempenham na filantropia inter-

nacional ................................................................................ 109

Investimento social corporativo: será que é só aparência? ......... 110Snapshots dos países ............................................................... 115

Filantropia interna nos Estados Unidos .................................... 115Filantropia na Austrália ........................................................... 118Como a Austrália se compara com o restante do mundo ........... 121A Filantropia em países emergentes ........................................ 122África .................................................................................... 123

Filantropia nos países BRIC – um resumo (muito) breve...... 125Brasil .................................................................................... 125Índia ..................................................................................... 127

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Filantropia: Contexto Atual

China .................................................................................... 129África do Sul .......................................................................... 135

Conclusão ................................................................................. 137

Seção 3: nova filantropia ........................................................ 138

Novos atores filantrópicos ...................................................... 141Empresas sociais – um modelo híbrido promissor ..................... 141Uma empresa social: BRAC ..................................................... 142

Novas técnicas financeiras ...................................................... 145Microfinanciamento evoluindo de apenas crédito para serviços

financeiros inclusivos ......................................................... 145Investimento de impacto ........................................................ 146Novos intermediários financeiros – GIIN, IRIS e GIIRS ................ 147Fundo de investimento de impacto ......................................... 148Títulos de impacto social e a abordagem de “pagamento baseado

em resultado” ................................................................... 151Outros instrumentos de títulos ............................................... 152Investimento social corporativo: “criando valores comparti-

lhados” ............................................................................. 153Faça bem feito, (apresente seu produto) e fale sobre isso ......... 157Avaliação de impacto ............................................................. 159Crítica sobre a avaliação do impacto ........................................ 163

Conclusão ................................................................................. 164

Abordagem em nível micro ..................................................... 164Algumas considerações sobre colaboração em doações interna-

cionais .............................................................................. 170A importância das instituições locais de doação ........................ 175Equilibrando a relação de poder .............................................. 176Mudar a conversa para o nível do conselho .............................. 177

Motores e inibidores................................................................ 178

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Filantropia: Contexto Atual

Algumas reflexões a respeito do futuro da filantropia .. 1821) Envolvimento em defesa de interesses políticos ............ 1822) Colaborar com mais frequência ........................................ 1833) Desenvolver e fortalecer seus (próprios) facilitadores ... 1844) Movimento em direção à tomada de decisão inclusiva

com seus stakeholders ....................................................... 185

Referências .................................................................................. 187

Apêndice ...................................................................................... 194

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Prefácio

A filantropia nos países de língua portuguesa se defronta com duas realidades: sua origem comum, e o desconhecimento que existe no mundo sobre o que ela representa para as diferentes sociedades onde está inserida. Isto acontece porque, embora a língua portu-guesa seja a sexta mais falada no globo, e a terceira no ocidente (http://boasnoticias.sapo.pt/noticias_Portugu%C3%AAs-%C3%A9-a-sexta-l%C3%ADngua-mais-falada-no-mundo_17645.html?page=0), ele é o idioma oficial em apenas 8 países, e 80% das 244 milhões de pessoas que o dominam se concentram em um único país, o Brasil. Como resultado, o português não tem um caráter de idioma global, ao contrário do inglês, e documentos, estudos, teses, e livros são produzidos, divulgados e consumidos por um público restrito, levan-do a um distanciamento do conhecimento que é gerado e divulgado em português daquele em inglês, tornando-o restrito e isolado.

A filantropia na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem a mesma raiz – a colonização portuguesa – e contou com um mesmo modelo de atuação, as instituições de misericórdia, onde as mais conhecidas são as Santas Casas que atuam na assis-tência médico-hospitalar.

As instituições de misericórdia se caracterizaram como iniciati-vas de cidadãos, portanto da sociedade civil, e que buscavam mino-rar as condições adversas da vida dos que necessitavam comer, ter uma roupa, um abrigo, e também ter um conforto espiritual. Neste sentido adquiriram um caráter assistencialista, em que garantir as necessidades básicas de sobrevivência tornou-se a missão da orga-nização. Assim, o assistencialismo contribuiu para que a filantropia

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Filantropia: Contexto Atual

se tornasse elemento importante para a manutenção do status quo do beneficiado. E esta influência foi tão grande que a própria palavra filantropia passou a ter o significado de caridade.

Em outras partes do mundo, especialmente com o surgimento da filantropia institucionalizada nos países de língua inglesa, espe-cialmente nos Estados Unidos e Inglaterra, ocorreu uma importante transformação no significado e na ação filantrópica. O foco passou a ser a necessidade de enfrentar os problemas sócio/ambientais/culturais de maneira que transformasse a qualidade de vida dos beneficiados. A filantropia passou a buscar mais intensivamente a mudança social para que se tornasse justa e sustentável. E, assim, a filantropia passou a se aproximar das questões do desenvolvimento, buscando gerar modelos de ação que estimulassem a adoção de políticas públicas que beneficiassem toda a sociedade.

Este entendimento – como a filantropia era vista nos países de colonização portuguesa – motivou a adoção de um novo conceito na língua: investimento social privado. Investimento social privado representa o repasse voluntário de recursos privados de forma pla‑nejada,monitorada e sistemática para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público.Incluem-se neste universo as ações sociais protagonizadas por empresas, fundações e institutos de origem empresarial ou instituídos por famílias, comunidades ou indivíduos.

Os elementos fundamentais – intrínsecos ao conceito de inves-timento social privado – que diferenciam essa prática das ações assistencialistas são:

• preocupação com planejamento, monitoramento e avaliação dos projetos;

• estratégia voltada para resultados sustentáveis de impacto e transformação social;

• envolvimento da comunidade no desenvolvimento da ação.

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Filantropia: Contexto Atual

Mais recentemente a Fundação Rockfeller tomou a decisão de apoiar um programa conhecido como Bellagio Initiative. Sua moti-vação pode ser encontrada nos avanços que se descortinam para o século XXI, criando novos desafios para o desenvolvimento interna-cional, impactado consideravelmente pelas crises financeiras de 2008 e 2009.

Em todo o mundo, diferentes sociedades e países enfrentam desafios com a escassez de alimentos, a negligência no atendimen-to das doenças transmissíveis, mudanças climáticas, rápida urbani-zação, degradação da democracia, ausência crescente de oportuni-dades para educação e empregabilidade dos jovens. Todos estes problemas contribuem para um cenário sombrio para o desenvolvi-mento global, e particular, de cada sociedade.

Ao mesmo tempo, há novas oportunidades para aumentar a eficácia da política de desenvolvimento. O elenco de organizações que operam na intersecção entre investimento social privado e de-senvolvimento está aumentando. Isto cria novas ideias, novas abor-dagens e novos valores para o desenvolvimento. Traz conhecimen-tos e práticas que necessitam ser conhecidas, debatidas, utilizadas.

E, é este debate que foi propiciado pela Bellagio Initiative. Em 2011, durante um período de seis meses, uma série de eventos cole-tou informações, conhecimentos e experiências de um grupo diver-so de políticos, acadêmicos, líderes de opinião, empreendedores sociais, ativistas,doadores e profissionais de mais de 30 países. Seu objetivo foi gerar debates e estimular o pensamento inovador sobre como entidades filantrópicas ou de investimento social privado e organizações governamentais e multilaterais internacionais de de-senvolvimento poderiam desenvolver um esforço para avançar em conjunto na promoção de um desenvolvimento que garanta o bem estar humano no século XXI de maneira justa e sustentável.

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Filantropia: Contexto Atual

Com o apoio da Fundação Rockfeller, o IDIS se sente compra-zido em colocar os materiais gerados pela Bellagio Initiative em português para que sejam conhecidos na CPLP. Esperamos que seja uma contribuição que ajude as nossas sociedades a participar e contribuir com este debate global.

Marcos KisilPresidente, IDIS

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Resumo executivo

Este relatório fornece uma visão geral sobre a filantropia e o “ecos-sistema filantrópico” que evoluiu na última década, com foco prin-cipal no desenvolvimento internacional. Relativamente amplo em escopo, ele é voltado para todos os profissionais da captação de recursos e do investimento social. No entanto, não pretende ser exaustivo e abordar cada um dos tópicos analisados com extrema profundidade. Seu objetivo maior é levantar questões e, sobretudo, fornecer uma base para discussão.

O enfoque principal na filantropia que atua pelo desenvolvi-mento internacional apresenta alguns desafios, já que não se trata de um tema facilmente resumível em alguns pontos. Além disso, opiniões divergentes são tão comuns quanto em qualquer outra discussão que trate da interação do mundo desenvolvido com o mundo em desenvolvimento, e, principalmente, da emancipação deste último do “norte” desenvolvido.

Recursos do Terceiro Setor

Nossa análise mostrará que, enquanto a importância da filantropia para o setor social em geral (áreas como saúde, educação, habitação, desenvolvimento internacional) é menor do que o esperado, ela é a fonte de renda predominante para as organizações da sociedade civil (OSC) internacionalmente ativas.

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Filantropia: Contexto Atual

Filantropia de desenvolvimento internacional

Os dados mais recentes, 2011, sugerem que os recursos filantrópicos para causas de desenvolvimento internacional superavam 56 bilhões de dólares, constituindo assim um fluxo considerável de dinheiro “privado”. No entanto, não apresentou surpresa o fato que esses recursos correspondem a uma parcela muito menor se comparados à ajuda pública ao desenvolvimento ou às transferência realizadas por imigrantes de volta ao país de origem.

Essas transferências, por sua vez, saíram da sombra do “dinhei-ro enviado para a casa” para se tornar uma potencial força do bem. Seu grau de impacto no país de origem é, em grande parte, depen-dente da determinação do governo em reduzir as taxas cobradas para transferência de dinheiro, que liberaria um montante adicional. O Banco Mundial está buscando ativamente uma mudança nessa área com o 2º Fórum Mundial da Diáspora, que ocorreu em julho de 2012.

Instrumentos

Os governos locais também podem introduzir instrumentos adicionais e alavancar os bilhões de dólares economizados por imigrantes no exterior, introduzindo títulos de diáspora (“diáspora bonds”) ou outros modelos financeiros de crédito. Eles permitiriam às comuni-dades de diáspora realizar investimentos em suas regiões de origem com maior facilidade. Uma ideia, que tem ganhado força, é que a emissão desse tipo de instrumentos de impacto social poderia ser feita através de uma organização fiduciária intermediária, em vez do governo de origem, dado que a confiança nos órgãos adminis-trativos é geralmente menor do que em OSCs internacionais de grande porte.

Um cenário muito diverso de múltiplos atores – OSCs de grande porte, governos locais de países em desenvolvimento ou países “do

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Filantropia: Contexto Atual

Norte”, e seus fundos de ajuda. No geral, os modelos que têm do-minado a assistência e esforço filantrópico para desenvolvimento internacional mudaram significativamente, e foram constantemente desafiados nos últimos anos, conforme, também, conclusão do Bella‑gio 2011 Summit. Isso propicia um momento de grande oportunidade de inovação.

Atores e sua cooperação

O papel extraordinário que o Terceiro Setor possui no desenvolvi-mento internacional resulta em um grupo de múltiplos atores que precisam cooperar melhor. Os recursos filantrópicos para o desen-volvimento são dominados por fundações dos Estados Unidos, que canalizam suas doações principalmente através de fundos globais, em vez de diretamente aos países em desenvolvimento. Apenas um pequeno número de fundações tem escritórios nos países mais pobres do mundo. Porém, vemos um aumento na colaboração com as instituições doadoras locais.

Ao analisar os múltiplos atores e seus graus de colaboração, o Bellagio 2011 Summit refletiu sobre seus possíveis papéis, evidencian-do a contribuição que pode ser dada por cada um.

Os investimentos sociais de fundações europeias são muito mais baixos do que as de suas pares nos Estados Unidos, apesar de possuírem, na média, mais ativos. A participação internacional das fundações europeias é estimada em cerca de meio bilhão de dólares. As fundações italianas têm os maiores ativos agregados na Europa, enquanto a Grã-Bretanha é líder, por uma grande mar-gem, em termos de tamanho médio de doações (locais e interna-cionais conjuntamente).

As fundações têm – ao contrário de organizações da sociedade civil e governos –, frequentemente, interesses muito específicos e

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Filantropia: Contexto Atual

um foco diferente de “apenas” dar suporte a causas humanitárias. Além disso, o dinheiro privado pode, dependendo de seu tamanho, impactar, por exemplo, na saúde ou no cenário educacional de todo o país beneficiário – para o bem ou para o mal.

A entrada da Bill & Melinda Gates Foundation foi uma mudança no jogo, tanto em termos de tamanho de doações realizadas, quan-to à preocupação relativa ao impacto de longo prazo do seu inves-timento. Além de novos milionários que formam um novo movimen-to de “filantrocapitalismo”, os próprios atores filantrópicos estão mudando lentamente, com novos perfis (dentre eles, mulheres) e jovens empreendedores em busca de maior envolvimento nas ações de investimento social e impacto tangível.

Nos Estados Unidos, as empresas doaram para a área social $14,6 bilhões, em 2011, o que demonstra a menor participação de todas as doações privadas (como fundações, indivíduos, legado). A doação corporativa registrada, geralmente, inclui não apenas dinhei-ro, mas também espécie (produtos ou tempo de administração) que, basicamente, elevaram o montante geral “registrado”, enquanto disfarçou a atuação inferior que empresas de múltiplos bilhões de dólares têm em muitas partes do mundo.

A maior parte das doações no Brasil, por exemplo, ocorre através de empresas e empresários, que têm um papel crucial no suporte de comunidades em todo o país. Porém, deve-se notar que o investimento social corporativo – semelhante ao das fundações – infere um foco mais tradicional e uma agenda específica (pelo fundador da empresa, presidente, diretor, conselho administrativo ou acionistas) que leva à exclusão de financiamento para questões “polêmicas”, como direitos humanos, prevenção contra algumas doenças e equidade racial ou de gênero.

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Filantropia: Contexto Atual

Filantropia local

Os países BRICS – Brasil, Índia, China e África do Sul – estão vendo crescer sua filantropia local e internacional, e especialmente o con-junto de atores que fazem parte dela. A noção de confiança nas organizações e atores locais, ao invés de esperar por fundos estran-geiros, criou cenários filantrópicos prósperos com características exclusivas e oportunidades específicas.

Avaliação de impacto e risco de impacto

Com o amadurecimento de players filantrópicos e o aumento cada vez mais rápido de fontes e financiamentos disponíveis, isto é, ri-queza global, a necessidade de transparência e accountability tor-naram-se preponderantes. A doação contínua requer prova de im-pacto sustentável, e os doadores se tornaram mais exigentes e melhor informados. Relatórios de especialistas após o Bellagio 2011 Summit têm discutido maneiras de ajudar os filantropos a avaliar e administrar mais precisamente o risco e, assim, aperfeiçoar sua to-mada de decisão e o impacto de suas ações.

Aliás, o risco foi um tema recorrente no Bellagio 2011 Summit, conforme destacado pelo aide‑mémoire (texto proposta) publicado. Embora muitos participantes dos workshops do Bellagio tenham reconhecido uma premissa comum, a de que o setor filantrópico pode assumir riscos onde os outros não podem (devido aos endow‑ments e à independência), o setor é geralmente visto como avesso a eles da mesma forma que os outros. O texto final apresentado recomendou um equilíbrio entre o cálculo de riscos e oportunidades, e que essa avaliação deve ser feita em nível estratégico e do portfó-lio, em vez de se concentrar apenas no nível de cada projeto.

Idealmente, esse equilíbrio significa uma organização filantró-pica com um portfólio diversificado, escolhendo projetos de alto e

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Filantropia: Contexto Atual

baixo risco. Já a avaliação em nível estratégico e do portfólio atenta para a escolha cuidadosa dos projetos financiados, já que não é apenas o beneficiário ou organização beneficiada que devem ser identificados e examinados, mas também o processo que deve ser estabelecido para criar o impacto desejado.

Nova filantropia

Não foram apenas em países em transição e economias emergentes onde floresceram e evoluíram novos modelos de filantropia. Esse movimento também foi acompanhado no mundo desenvolvido e o tão chamado “Norte”. Uma nova geração de atores filantrópicos, novas técnicas financeiras e uma abordagem em escala micro, tanto localmente quanto no exterior, resultaram em um cenário novo de filantropia. Quanto ao desenvolvimento internacional, as inovações foram desencadeadas exatamente por essas três mudanças: 1) novos atores filantrópicos em busca de sinergias com empresas, e a emer-gência de um novo tipo de instituição, a empresa social, 2) a implan-tação de novas técnicas financeiras e 3) uma nova abordagem em nível micro com enfoque em comunidades, como escala de ação.

A microfinança passou, com sucesso, por diferentes fases de desenvolvimento: de um instrumento de empréstimo para uma lista completa de serviços financeiros inclusivos. E, agora, um modelo atual deve passar por um processo semelhante muito mais rápido – investimento de impacto. Investir em impacto é colocar dinheiro em um fundo para gerar retornos para os investidores, ao financiar empreendimentos de negócios com impacto social positivo (por exemplo, sementes ou tecnologia de irrigação para agricultura de pequena escala). Os instrumentos de investimento de impacto têm potencial para bons retornos e os ativos são estimados em US$ 400 bilhões ou mais.

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Filantropia: Contexto Atual

Embora os especialistas enfatizem que os fundos de investi-mento de impacto não são a solução, mas um complemento da fi-lantropia tradicional, eles estão obtendo sucesso em suportar modelos de negócios com escala micro em países em desenvolvi-mento, ao mesmo tempo em que trazem lucros e retornos aos in-vestidores. No entanto, as mensurações do impacto, que permitem a avaliação do modelo de negócios de uma empresa social, possuem algumas falhas difíceis de serem eliminadas – muitas instituições, principalmente as menores, lutam para mostrar seu impacto de longo prazo. O problema principal parece ser que, enquanto o tempo do filantropo e o “marco” do financiamento é geralmente de dois a três anos, uma organização sem fins lucrativos geralmen-te pode dar apenas pequenas demonstrações de impacto nesses primeiros anos.

O Bellagio 2011 Summit enfatizou que – embora a avaliação de impacto possa ser limitada nos primeiros anos – uma maneira de reduzir o risco de falha (impacto zero) é analisar e compreender o processo a ser estabelecido para o que se deseja. Isto é, compreen-der os envolvidos, barreiras e oportunidades.

Grandes organizações são muito mais capazes de desenvolver, usar e/ou implantar novas maneiras de medir o impacto de seus programas, e os especialistas do setor enfatizam que atores maiores devem liderar esse caminho, dentro de seu campo de atividade. Não há dúvida de que uma estrutura global ou pelo menos multinacional será estabelecida com base nos atuais esforços sobre o tema, bem como projetos pilotos, como o portal de informações da UK Charity Foundation. Porém essas iniciativas em avaliação devem ser sempre acompanhadas de certa precaução, e as avaliações qualitativas (em contraste com as quantitativas) de programas devem provavelmen-te ter peso maior.

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Filantropia: Contexto Atual

Com base em descobertas de pesquisas documentais e insights de entrevistas com cinco especialistas em filantropia e captação de recursos, pode-se fazer as seguintes recomendações sobre como alavancar os esforços filantrópicos existentes:

1) Envolver apoio político: Muitos especialistas que foram con-sultados para elaboração deste relatório enfatizaram a necessidade dos filantropos defenderem mudanças de uma maneira mais visível. Campanhas políticas, lobbying e advocacy são cruciais também para OSCs. Para organizações sociais de alto impacto, apenas a realização de um bom serviço não é suficiente; elas precisam fazer campanhas para ações políticas se realmente quiserem liderar uma real mudan-ça social.

2) Procurar colaborar com mais frequência: A mudança social é uma ação de múltiplos setores – que requer cooperação entre as empresas, diferentes instâncias de governo, OSCs e todo mundo nesse meio. É comprovado que funciona e geralmente funciona melhor se as instituições conseguirem alcançar uma mudança sistê-mica. O envolvimento em advocacy e lobbying, como descrito acima, também se estende ao mundo dos negócios. Organizações da So-ciedade Civil e filantropos com uma agenda de mudança social são aconselhados a “fazer os mercados funcionarem” (para eles). Insti-tuições sem fins lucrativos de sucesso não dependem da doação tradicional, mas do trabalho com empresas, gerando recursos e suportes/conexões onde seja possível.

“As instituições mais sensíveis aos seus stakeholders são aquelas que sobreviverão.”Especialista em filantropia, “Australásia”

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Filantropia: Contexto Atual

Os maiores obstáculos para uma maior colaboração entre em-presas, governos, OSCs e filantropos são os preconceitos dos atores envolvidos, bem como os entraves burocráticos e limitações orça-mentárias (e de tempo) do setor público. Quando olhamos para os países em desenvolvimento, em particular, e a colaboração entre aqueles dentro do ecossistema da filantropia para o desenvolvimen-to, o frequente desequilíbrio de poder entre os doadores e os be-neficiários precisa ser resolvido. Para evitar uma agenda centrada no doador, que – no pior caso – ignora as forças e fraquezas das OSCs, os atores locais precisam ser consultados. Os desequilíbrios de poder existentes (frequentemente) entre os atores estrangeiros e locais podem ser resolvidos através dos conselhos consultivos, estabelecendo-se comitês completamente independentes, ou am-pliando a participação local no conselho da fundação. A solução é “mudar a conversa no nível do conselho”.

O Bellagio 2011 Summit resumiu isso em seu aide‑mémoire como a necessidade de uma abordagem mais centrada nas pessoas e que os novos enfoques filantrópicos precisam ser mais explícitos sobre os valores em que se baseiam.

3) Desenvolver e fortalecer os facilitadores locais: A colabora-ção não só enfrenta limitações através de motivações pessoais (e ligadas à agenda) e entraves sistêmicos (por exemplo, burocracia), mas também problemas de velocidade e escala (relacionados a múltiplos agentes). Inovações sociais bem sucedidas se difundiram apenas lentamente, se é que se propagaram. Nos negócios, empre-sas empreendedoras podem crescer rapidamente, mas o empreen-dedorismo social ainda não tem uma Microsoft ou um Google. Com o incentivo do Estado e de outros atores líderes, as melhores ideias dos empreendedores sociais podem se propagar mais rápida e am-plamente. As instituições doadoras nos países em desenvolvimento,

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Filantropia: Contexto Atual

idealmente o primeiro ponto de contato de seus pares estrangeiros, precisam intensificar massivamente os seus esforços para desenvol-ver uma filantropia local, bem como OSCs e redes sem fins lucrativos.

4) Incluir os stakeholders no processo de tomada de decisão: Ao analisar os casos de melhores práticas para colaboração, assim como aqueles em que os obstáculos não foram superados e a iniciativa falhou consequentemente, um aspecto que surge como chave para o impac-to duradouro é: envolvimento da comunidade. Muitos profissionais, pesquisas recentes e exemplos de melhores práticas enfatizam a necessidade de colaboração, quer seja com as organizações de base, a comunidade ou as fundações comunitárias, para garantir que toda a iniciativa fique o mais próximo possível de seus stakeholders, em especial, os beneficiários.

Além disso, os especialistas em desenvolvimento destacaram que todo o processo de envolvimento comunitário tem que clara-mente ir além de apenas “consultas” e “envolvimento”, mas ser voltado à “tomada de decisão”.

A contribuição da comunidade é o que todas as iniciativas na área de “filantropia para mudança social” têm em comum. Trata-se de um foco coerente nos recentes programas de transformação social e, enquanto a maioria desses fundos é um tanto pequena, seu impacto é estendido por meio de processos colaborativos, que tra-zem benefícios muito além dos dólares doados.

Os benefícios muito além dos dólares doados é o que une esses diferentes atores, com papéis bastante distintos entre si. O Bellagio 2011 Summit concluiu que há um poder intrínseco no reconhecimen-to dessas diferentes formas de atuação e contribuição – como convocar, diagnosticar, ouvir, pilotar, incubar, catalisar, investir ca-pital de longo prazo, investir capital de risco, alavancar, escalar, capacitar, e incorporar feedback, pesquisa, advocacy e treinamento.

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Filantropia: Contexto Atual

Metodologia e escopo

Este relatório é baseado em um estudo documental abrangente e, em uma segunda fase, busca fundamentar essas conclusões através de cinco pesquisas aprofundadas com especialistas líderes em filantropia.

A filantropia é um termo vago e amplamente utilizado que inclui diferentes fluxos de recursos para diferentes pessoas. Portanto, é necessário apresentar no início uma discussão conceitual do que o termo “filantropia” inclui, e do que é coberto neste relatório.

A filantropia, no Brasil também conhecida como “investimento social privado”, é geralmente definida como o “direcionamento de recursos privados para fins sociais”. Ela geralmente exclui ajuda do governo, e subvenções ou doações governamentais; portanto, as fontes de filantropia geralmente são categorizadas em indivíduos, fundações ou empresas.

Em alguns casos, este relatório refere-se à filantropia como “doação privada”, ou mesmo “investimento social”, que implicita-mente referem-se àquelas três fontes mencionadas anteriormente.

Este relatório apresenta e analisa também três tipos de fluxos financeiros, aqueles que são claramente incluídos em filantropia (subvenções de indivíduos, fundações e doações corporativas), aqueles que nitidamente não são (por exemplo, investimentos es-trangeiros diretos) e aqueles que ficam em uma “zona nebulosa” e são, geralmente, motivos de discórdia (como transferências de imigrantes, contribuições para instituições religiosas, bem como a assistência oficial de governos ao desenvolvimento).

Recursos privados, como parte da definição de filantropia acima, podem significar dinheiro privado, mas também tempo pessoal. Um país pode ter um cenário filantrópico inteiramente constituído por

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Filantropia: Contexto Atual

voluntários, que realizam serviços básicos, como cuidar de idosos em seu tempo livre.

Ao olharmos as pesquisas acadêmicas e outras fontes disponí-veis, as duas distinções mais importantes na definição do escopo de filantropia, e o tamanho do Terceiro Setor, respectivamente, são se as contribuições para instituições religiosas estão incluídas e se o número de voluntários que trabalham no Terceiro Setor é contado. Os países querem ter um setor e um movimento de luta filantrópica porque parece bom e admirável.

As contribuições religiosas são, em muitos países, um grande aporte para os serviços diários de assistência social, porém são ba-seadas (em grande parte) na contribuição de seus membros e não representam uma doação “direcionada”. Em segundo lugar, a ques-tão de voluntariado, e se os dados de “impacto econômico” dele são inclusos ou não faz uma grande diferença para alguns países em termos de “tamanho quantificável” de seu Terceiro Setor.

A filantropia neste relatório é entendida como doação individual, doação de fundações ou de empresas. Em alguns casos, este rela-tório refere-se à filantropia como “doação privada”, que implicita-mente refere-se àquelas três fontes, se não for indicado o contrário. Para mais definições, veja a lista nas páginas 11 e 12.

Os dados sobre filantropia ainda se baseiam, em grande parte, em estimativas. Este relatório fundamentou seu exercício de mapea-mento principalmente em dois conjuntos de dados. O primeiro grupo é o único e mais extenso sobre o setor de sociedade civil global do Centre of Civil Society Studies (CCSS) na Johns Hopkins University (Washington, DC – EUA). No entanto, enquanto seus números permitem uma nítida visão geral dos setores de sociedade civil de determinados países, eles não podem ser facilmente divididos em filantropia local e internacional. Para um olhar mais próximo

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Filantropia: Contexto Atual

sobre a filantropia com foco no desenvolvimento internacional foi usado um segundo conjunto de dados, o relatório anual do Centre for Global Prosperity do Hudson Institute (Washington, DC EUA), o Global philanthropy and remittances 2012. Esse documento configura a tentativa mais recente de se estimar o tamanho das doações filan-trópicas internacionais. Outros conjuntos de dados foram retirados principalmente da OCDE e do Banco Mundial. Todas as fontes são mencionadas adequadamente.

Todos os números em $ neste relatório indicam dólares ameri-canos (US$), exceto se houver alguma nota que indique o contrário. A pesquisa primária para este relatório (isto é, entrevistas) foi rea-lizada entre junho e julho de 2011, enquanto todos os números e gráficos mostrados sofreram alterações para incorporar os dados de 2012.

Definições e abreviações utilizadas

Filantropia – Geralmente definida como “direcionamento de recur-sos privados para fins sociais”1. Filantropia geralmente exclui ajuda, subvenções e doações de governos, assim as fontes de filantropia são geralmente categorizadas em 1) indivíduos, 2) fundações e 3) empresas. Em alguns casos, este relatório refere-se à filantropia como “doação privada”, ou “investimento social”, que implicitamen-te referem-se àquelas três fontes mencionadas anteriormente.

1. Martin, Maximilian (2011): Four Revolutions in Global philanthropy. Impact Economy Working Paper, Vol.1: http://www.sanitationfinance.org/ sites/www.sanitationfinance.org/fi-les/11_ Martin_Four%20Revolutions%20in%20 Global%20Philanthropy_IE%20WP_1.pdf página 3 (acessado em junho de 2011)

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Filantropia: Contexto Atual

Filantrocapitalismo – Um termo que se refere a um novo tipo de filantropo (e seus braços no setor social), que destina recursos de milhões de dólares para causas de desenvolvimento de forma estra-tégica e voltada a um impacto de longo prazo.

Filantropia local – doação estratégica para causas/instituições no país de origem ou de residência de um indivíduo, fundação e/ou empresa, geralmente com o propósito de dar suporte a causas locais. Mesmo dentro de um país com uma grande rede e infraestrutura de organizações internacionais, certa parte da filantropia local ainda é responsável por doações internacionais (como organizações inter-nacionais, que captam recursos domesticamente e “doam” para ações no exterior).

Filantropia internacional ou no exterior – Doações estratégicas para causas/instituições no exterior ou instituições domésticas, que lidam com iniciativas de desenvolvimento internacional

Doações privadas – Veja o termo “filantropia” acima.

Doações de indivíduos – Doações feitas por indivíduos em contraste com financiamentos ou doações feitas por fundações ou empresas.

Fluxos financeiros privados ou fluxos monetários privados – Geral-mente referem-se a fluxos monetários em países em desenvolvimen-to que são de certa forma considerados, mas não oficialmente, ajudas do governo. Isto é, filantropia de diáspora (explicação abaixo) ou investimentos estrangeiros diretos (explicados abaixo).

Ajuda/fluxos monetários bilaterais – Bilateral neste contexto refe-re-se aos fluxos monetários entre (dois) governos em particular, em distinção a “ajuda pública ao desenvolvimento” (explicada abaixo),

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Filantropia: Contexto Atual

que geralmente passa por órgãos multilaterais, como os programas das Nações Unidas.

Organização da Sociedade Civil, ou OSC – Uma organização sem fins lucrativos, independente de governos, organizada em nível local, nacional ou internacional.

Empresa social – Uma empresa com objetivos primeiramente sociais cujos caixas excedentes são principalmente reinvestidos para esse propósito na empresa ou na comunidade, em vez de serem direcio-nados para a maximização de lucros de acionistas e controladores.

Transferências – Remessas em dinheiro ou em espécie de imigran-tes para as famílias residentes em seus países de origem. Geralmen-te são transferências contínuas entre membros da mesma família, com pessoas no exterior por um ano ou mais. Esses dados são coletados principalmente na folha de saldo de pagamento do Fun-do Monetário Internacional, conforme reportado pelos bancos centrais. A maioria destes usa os dados de transferências divulgados por bancos comerciais, mas deixam de fora fluxos através de ope-radores de transferência de valores e canais pessoais informais. Canais formais incluem serviços de transferência de dinheiro ofere-cidos por bancos, pelos correios, instituições não bancárias, e casas de câmbio e operadoras de transferência de valores.

Poupança de diáspora – Economias de imigrantes em dinheiro ou contas bancárias mantidas em seu país de residência ou de origem.

Filantropia de Diáspora – Parte das transferências de imigrantes que é doada para causas sociais; difícil de ser quantificada.

Doação de “Fundo de Quintal” ou Ad‑Hoc (“Backyard or ad‑hoc giving”) – Doações de pequenos montantes, em grande parte doa-

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ções em dinheiro ou espécie, dadas à organizações e grupos comu-nitários ou mesmo a indivíduos.

Estoque de Diáspora – O número de membros de uma comunidade de diáspora, por exemplo, todos os mexicanos que vivem nos EUA.

Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, ou OCDE – Grupo de 34 países (altamente) desenvolvidos que se envolvem na cooperação econômica e no desenvolvimento.

Comitê de Ajuda ao Desenvolvimento, ou CAD – Grupo de 23 países dentro da OCDE que participam de esforços internacionais conjuntos para o desenvolvimento.

Investimento Estrangeiro Direto ou IED, ou Foreign Capital Invest‑ment – O investimento que é feito para adquirir uma participação administrativa duradoura (geralmente 10% do capital votante) em uma empresa que tem operações em um país diferente ao do inves-tidor (definido de acordo com a residência), sendo que o propósito do investidor é uma voz efetiva na administração de uma empresa. É a soma do capital próprio, reinvestimento de lucro, outro capital de longo prazo, e capital de curto prazo conforme demonstrado no saldo de pagamentos. FDI inclui dívida interempresas (Fonte: Banco Mundial, Global Development Finance 2006; Washington, DC USA)

Ajuda Pública ao Desenvolvimento, ou APD – Subvenções ou em-préstimos para países e territórios na Parte I da Lista de beneficiários de ajuda do CAD (países em desenvolvimento), que são: a) realizados pelo setor oficial; b) com promoção de desenvolvimento econômico e bem-estar sendo os principais objetivos; c) com termos financeiros concessionais [se um empréstimo, tendo um elemento de subvenção (q.v. – qualidade de vida) de pelo menos 25%]. Além dos fluxos fi-

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nanceiros, cooperação técnica (q.v.) é incluída na ajuda. Subvenções, empréstimos e créditos para fins militares são excluídos. Pagamen-tos de repasse para indivíduos privados (por exemplo, pensões, indenizações ou pagamentos de seguros), em geral, não contam (Fonte: OCDE, glossário do CAD).

Produto Interno Bruto, ou PIB – A soma do valor bruto agregado de todos os produtores residentes na economia mais quaisquer impostos sobre produtos e menos quaisquer subsídios não incluídos no valor dos produtos (Fonte: OCDE)

Rendimento Nacional Bruto, ou RNB – RNB é o PIB menos impostos líquidos sobre a produção e importações, menos a remuneração dos empregados e rendimentos de propriedade pagáveis para o restan-te do mundo, mais os itens correspondentes recebíveis do restante do mundo (em outras palavras, PIB menos rendimentos primários a pagar para unidades não residentes mais rendimentos primários recebíveis de unidades não residentes) (Fonte: OCDE)

Center for Civil Society Studies, ou CCSS, na Johns Hopkins Universi‑ty (Washington, DC EUA) – Centro de pesquisa que analisa o Tercei-ro Setor global.

Center for Global Prosperity no Hudson Institute (Washington, DC EUA) – Instituto de pesquisas que publica um relatório anual sobre filantropia e transferências no exterior.

Terceiro Setor ‑ setor da sociedade que compreende, no sentido amplo, todas as organizações que não são públicas (Estado) e que também não são lucrativas (empresas). Em sentido estrito, com-preende o setor onde estão situadas as organizações da sociedade civil.

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Introdução

Estrutura do relatório

A primeira seção do relatório pretende fornecer uma estimativa do montante total de assistência financeira que flui de países mais desenvolvidos para países menos desenvolvidos – isto é, filantropia, mas também ajuda pública ao desenvolvimento, transferências de imigrantes etc. (seção intitulada “Recursos da sociedade civil”, página 16).

Nesse momento, é importante mencionar a dificuldade – tanto conceitual quanto prática – de separar filantropia local da interna-cional. Isso ocorre no mundo não lucrativo – quando as fundações fornecem financiamentos para instituições locais sem fins lucrativos, que então usa os recursos para fins internacionais – e no setor go-vernamental, quando este fornece auxílio ou contratos para orga-nizações locais sem fins lucrativos.

Além disso, este relatório analisará principalmente a chamada filantropia “institucionalizada”, apenas por disponibilidade de dados. É importante notar nessa etapa que uma parte um tanto grande da filantropia não é considerada.

A seção 2 do relatório analisará de perto as fundações privadas e seu envolvimento internacional (seção intitulada “Segmentação de Atores”, página 37) que olha a divisão entre indivíduos, fundações e empresas, com base em fontes de dados dos Estados Unidos e da União Europeia.

A terceira parte do relatório tem foco na inovação no setor da Filantropia e sua perspectiva, incorporando tanto descobertas da

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pesquisa documental e os insights de entrevistas aprofundadas (seção intitulada “Nova filantropia”, página 64).

Mudança, não caridade

Como a revista The Economist publicou no começo de 2011, “Será que toda aquela doação feita por bilionários e outros milhares [...] com montantes muito menores de dinheiro realmente fazem algum bem?”2 O aspecto fundamental do debate se baseia no fato de que esse dinheiro vem acompanhado de uma aumento de atores – o que resulta em um “mercado” mais ou menos “competitivo” para o desenvolvimento. Ao mesmo tempo, os desafios no desenvolvimen-to global nunca foram tão grandes.

Da perspectiva de um filantropo, esses desafios desencadearam uma nova fase na filantropia. Para salientar esse contexto, Judith Rodin, a atual presidente da Rockefeller Foundation, dividiu a filan-tropia em três fases: “Filantropia 1.0” refere-se à filantropia cientí-fica do Carnegie e da Rockefeller. “Filantropia 2.0” refere-se à mu-dança, após a Segunda Guerra Mundial, para construir e fortalecer organizações de sociedade civil. Em 2007, Rodin previu uma nova fase: “Filantropia 3.0” em resposta aos efeitos da globalização3. Essa nova fase de filantropia poderia ser descrita como uma mudança da

2. The Economist (12 de maio de 2011): The lessons of philanthropy: Giving for results: http://www.economist.com/ node/18679019 (acessado em junho de 2011)

3. Como destacado no relatório STEPS de Brooks, Sally, Leach, Melissa, Lucas, Henry e Millstone, Eric (2009): Silver Bullets, Grand Challenges and the New Philanthropy, STEPS Working Paper 24, Brighton: STEPS Centre: http://anewmanifesto.org/wp-content/ uploads/brooks-et-al-paper-24.pdf, page 9, (acessado em julho de 2011)

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“correção do” para “conexão com” o mercado e representa uma mudança não apenas no foco, mas também na lógica4.

Se a retórica da “Filantropia 3.0” e o fenômeno do “Filantro-capitalismo” levaram ou não a mudanças generalizadas na prática do setor, o tema está aberto para debate, mas é difícil rejeitar o fato de que a filantropia aumentou tanto o valor das doações, quanto o número de operações, atores e causas.

Alguns pesquisadores sugerem que a maneira como doamos, trabalhamos e vivemos pode ser fundamentalmente reformulada. “As empresas”, como diz Maximilian Martin, “iniciarão um movi-mento para além do foco nos lucros e a filantropia se moverá para além da doação”. Martin vê uma nova forma de organização e eco-nomia em evolução, o que ele chama de “Economia de Impacto”.5 Existem algumas empresas que operam de maneira muito rentável, mas não inteiramente voltadas apenas para o lucro (como, por exemplo, o Acumen Fund; leia mais sobre “Investimento de Impacto” na página XX). No entanto, ainda não vimos se esses modelos de empreendimentos estão se tornando investimentos usuais.

De uma perspectiva local, regional ou global, a entrada da Bill & Melinda Gates Foundation na arena nacional e internacional de doação elevou o padrão em duas áreas principais: uma é o tamanho de seu endownment, e a segunda é o seu foco em participação e impacto de longo prazo.

Com os gastos do governo sob grande pressão e novos desafios globais (ambientais, sociais e políticos) mais preocupantes do que nunca, a oportunidade e necessidade de atores intermediários, entre

4. Relatório STEPS de Brooks, Sally, Leach, Melissa, Lucas, Henry e Millstone, Eric (2009): Silver Bullets, Grand Challenges and the New Philanthropy, página 12.

5. Veja acima, página 3

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as empresas e o governo aumentarão. As principais tendências que estão sendo repetidamente discutidas e que ressaltam a ideia de uma “nova era da sociedade civil” incluem:

• Crescimento da riqueza individual global;• Ameaças globais, como mudanças climáticas, escassez da água

e desigualdade contínua;• Inovação social e um novo tipo de doação (empresas sociais e

investimento de impacto);• Um recuo da ajuda a causas sociais por parte dos governos, o

que requer mais recursos privados;• Mudanças na estrutura de poder global (e nível de Estado e

governo) e um remanejamento de “quem dá o que”.

A filantropia, em geral, tem o potencial de se intensificar quanto

A Aos instrumentos usados,B As áreas de envolvimento e

Através de A + BC Seu potencial impacto na sociedade e se tornar “um ins-

trumento de mudança social”

Essas tendências principais estão ocorrendo dentro de um ecos-sistema global de filantropia caracterizado por uma enorme fragmen-tação, decisões de poderes desiguais e, portanto, volatilidade. Novos agentes, novos canais e novos instrumentos requerem uma legitima-ção e acreditação e, ainda mais importante que isso, novos modelos de colaboração entre parceiros, muitas vezes desiguais.

O último ponto acima – a filantropia se tornando um instrumen-to de mudança social – é um conceito que exploraremos ainda mais

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neste relatório. “Filantropia para a mudança social” é um termo específico, usado para descrever a realização de doações voltadas a tratar as raízes das desigualdades sociais e econômicas. Este rela-tório destacará alguns exemplos desses atores e instituições filan-trópicas, e analisará em detalhes os conceitos relacionados a eles.

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Seção 1: Recursos da sociedade civil

Principais descobertas:• Afilantropiacontribui comumaparcelamuitomenor

paraosetorsemfinslucrativos(todasasáreas:serviçossociais, saúde, cultura,desenvolvimento internacionaletc.)doquegeralmentesepensa;

• Noentanto,paraorganizaçõessemfinslucrativosativasnodesenvolvimentointernacional,osfundosfilantrópi-cosforamafontenúmero1dereceitas(38%)nocomeçodosanos2000etêmaumentadodesdeentão;

• InvestimentosdemudançaparaaatuaçãointernacionaldeOSCsforamfeitosdesdeaúltimadécada;

• OcrescimentononúmerodeOSCseosurgimentodenovos atores filantrópicosemdesenvolvimento têmimplicaçõesnocustoenaeficácia–dadoqueumau-mentonosprofissionais dediferentesperfis elevaocustodacooperação;

• Parapaísesemdesenvolvimento,os fundosprivadoseasiniciativasnãogovernamentaistêmumpapeldegran-deimportânciaparaosserviçosdeassistênciaereduçãodapobreza.Comparadosaessespaíses,osEstadosUni-dos,oReinoUnidoeoutros,comTerceiroSetoraltamen-tedesenvolvidoepróspero, ranqueiamrelativamentebaixonoquetocaaparticipaçãodereceitasfilantrópicasparaototaldosetor(porexemplo,13%nosEstadosUni-dos;9%noReinoUnido;3%noJapãoenaAlemanha;vejaTabela17,Apêndice).

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Contribuições filantrópicas menores do que as imaginadas para instituições sem fins lucrativos

Atoresinstitucionalizadoscomo,porexemplo,fundações,estãodeformageralcontribuindomenosparaasatividadesdoTerceiroSetor(tantolocal,quantointernacionalmente)doqueoprevisto–comoserámostradonaspróximaspáginas.

AmetodologiadeavaliaçãodoJohns Hopkins Centre for Civil Society Studies(CCSS)identificaasfontesdecaptaçãoderecursosde instituiçõessemfins lucrativosemtodoomundo,divididapor1)governo, 2)filantropia (indivíduos, fundaçõesouempresas)e3) taxaseencargos recebidosporpagamentodeassociaçõesevendasdeserviços.6

OprojetodoCCSSdo Johns Hopkinsesuasdescobertasbasea-dasnosdadosdocomeçodosanos2000permiteestimar–emboraosdadosnãosejamcompletoseatualizados–otamanhodoTer-ceiroSetorglobaleidentificaropapelqueafilantropiatememnívelnacionalnos34paísespesquisados.

6.Notasobreacategorizaçãodedados:Asreceitasdasorganizaçõesdesociedadecivilvêmdeumavariedadedefontes.AequipeCCSSagrupouessasfontesemtrêscategorias:Fees,queincluempagamentosprivadosporserviçosepagamentosdeanuidade(incluindo“doaçõesreligiosas”paracongregaçõeseigrejas)erendadeinvestimento;filantropia,queincluidoaçõesdeindivíduos,fundaçõeseempresas;esuportedogovernooudosetorpúbli-co,queincluidoações,contratosevouchersoupagamentosdeterceirosdetodososníveisdegoverno,incluindosistemasprevidenciáriosfinanciadospelogovernoqueoperamcomoorganizaçõesquasenãogovernamentais.Maisinformações:Salamon,Lester(2003):GlobalCivilSociety–AnOverview,CenterforCivilSocietyStudies,Source:http://www.wingsweb.org/download/global_civil_society.pdf(Acessadoemjulhode2011)/parapermitirumacon-tagemacumuladadedadosentrepaíses,osistemanacionaldecontagem(ouSNA)precisoudeajustes.AequipedoprofessorLesterSalamondesenvolveuumarcabouçoparaavaliaçãoquefoiaceitopelasNaçõesUnidascomoomelhorpadrãouniversalparacomparaçãoentrepaíseseestáaguardandoimplantaçãoaoredordomundo.De32paísesqueoimplantaram(ousecomprometeramafazê‑lo),apenasonzepublicaramcontasdetalhadasdeacordocomessespadrões(até2011).Austrália,Canadá,BélgicaeEstadosUnidosfizeramatualizações.Esseprojetodepesquisacontinua;todasasreferênciasdosdadosCCSSnesterelatóriosãobaseadasem34países,senãoforindicadoocontrário.

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Filantropia: Contexto Atual

OsdadosdoCCSSpara40países indicamqueas instituiçõessemfinslucrativosrepresentam$2,2trilhõesemrecursosinvestidos.7 A“filantropiaprivada”temumaparticipaçãoestimadaem14%.Ou-tras fontesde captação sãoosgovernos (36%)epagamentoseencargos(50%).8

Uma descoberta importante dos dados do CCSS é que as con-tribuições filantrópicas (doações, presentes, financiamentos) de indivíduos, fundações ou empresas são muito menos importantes para o Terceiro Setor, em qualquer um dos países pesquisados do que o previsto.

Aparticipaçãode14%dafilantropiaincluidoaçõesparacausassociais,tantolocalmente,quantonoexterior,oquedestacaopapelmenorquepossuinasdestinaçõesderecursosparaoTerceiroSetor.Noentanto,desde2000,novosatores filantrópicosentraramnaarenaousimplesmenteelevaramasuaparticipaçãoconsideravel-mente–buscandoagendasdomésticaseinternacionaisdeajudaedesenvolvimento.

ATabela17noApêndiceforneceumadivisãoquepermiteumaanálisemaispróximadepaísesemdesenvolvimentovs.paísesde-senvolvidos.Elarevelaqueosetordesociedadecivilérelativamen-temaiornospaísesmaisdesenvolvidos.AequipedoCCSSconcluiuque“aforçadetrabalhodasociedadecivilnospaísesdesenvolvidosé, emmédia,proporcionalmente três vezesmaiordoqueénospaísesemdesenvolvimento.Issoocorremesmoquandoacontaéfeitapor forçade trabalhodevoluntáriosenãopor funcionáriospagos”.Essapresençarelativamentelimitadadasorganizaçõesda

7.Paraoscálculosmais recentesdoCCSS (comooprojetodepesquisacontinua)nosquaisafigura 1ébaseada,vejaSalamon,Lester (junhode2010):Putting theCivilSocietysectorontheeconomicmapoftheworld,AnnalsofPublicandCooperativeEconomics,Vo-lume81,Issue2(páginas167a210),página187.

8.Vejaacima,página189.

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Filantropia: Contexto Atual

sociedade civil obviamentenão“significanecessariamenteumafaltadecolaboraçãonessespaíses.Docontrário,muitosdelestêmfortestradiçõesderedesdefamílias,clãsoualdeiasquerealizamfunçõessimilaresqueasinstituiçõesdesociedadecivil”.9

ComooCCSSconcluiemsuaanálisede2004:“Odesenvolvi-mentodosetordasociedadeciviltomou,decertaforma,umcursodiferentenospaísesemdesenvolvimentoetradicionaisdaÁfrica,SuldaÁsia,OrienteMédio,AméricaLatina,eEuropaCentraleOrien-tal.Emalgunsaspectos,essedesenvolvimentotemsidomaisrobus-tonosúltimosanosdoqueemoutrasregiõesdiscutidasaqui,comoprodutodaampliaçãodastecnologiasdecomunicação,frustraçõescomabordagenscentralizadasnoEstadoparadesenvolvimentoenovosesforçospara capacitarapopulação ruraldebaixa renda.Apesardisso,asorganizaçõesdasociedadecivilaindaenvolvemumaporçãomenordaspopulaçõeseconomicamenteativasnessespaísesdoqueemregiõesmaisdesenvolvidasdomundo.

Umarazãoparaissopodeserocaráterruraldessassociedadeseaconservaçãodeformastradicionaisdeassistênciasocial,quesebaseiammaisemclãsourelaçõesfamiliaresdoqueemumaorga-nizaçãovoluntária.Namedidaemqueessasrelaçõesaindaexistem,anecessidadedeestruturasmais institucionalizadas, formaisouinformais, é reduzida.Compopulaçõesurbanasde classemédiahistoricamentepequenasegrandenúmerodepopulaçãodebaixarendaruralmarginalizada,bemcomoregimespolíticosautoritáriosmodernos,essespaísesnão forneceramhistoricamenteumsolofértilparaocrescimentodeinstituiçõesdesociedadecivil”.10

9.Salamon,Lester(2004ed.):GlobalCivilSociety,DimensionsoftheNon‑profitSector,Volume2,KumarianPress,Vol.2,página18.

10.Salamon,Lester(2004ed.):GlobalCivilSociety,DimensionsoftheNon‑profitSector,Volume2,KumarianPress,Vol.2,página47.

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Filantropia: Contexto Atual

Alémdocomponentedevoluntariadoabaixodamédiadetodosospaíses,assimcomoafaltadefuncionáriosremuneradosnosetordesociedadecivil,outrodiferencialdessespaíseséoníveldesupor-tedogovernorelativamentebaixodisponibilizadoaosetor.Portan-to,conformemostraaFigura1,mesmocomotempodevoluntaria-do incluso, os pagamentos (da venda de produtos e serviços,membresiaetc.)continuamsendoafontedominantedereceitasdasorganizaçõesdesociedadecivil.DeacordocomaTabela18doApên-dice,esseéocasopara18dos34países.“Ospaísesemdesenvolvi-mentocontinuamnotopoda lista,comumamédiade50%desuarendaprovenientedepagamentos,emcomparaçãocomapenas34%dentreospaísesdesenvolvidos”.11

11.Vejaacima,página35.

Figura 1: Fontes de receitas de instituições sem fins lucrativos

(média de 34 países)

Fonte: Johns Hopkins University(CCSS),Comparative Non‑Profit Sector Project(2010)

36%Governo

14%Filantropia

50%Pagamentos

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Filantropia: Contexto Atual

Filantropia – a fonte predominante para OSCs internacionais

A segunda descoberta relevante do estudo CCSS é que, apesar do papel limitado da filantropia no quadro geral das instituições sem fins lucrativos, ela é a fonte predominante de renda em dois campos não lucrativos: o religioso e a assistência internacional. Nestaúltima,osuportedogovernoestámuitopróximodosegundolugar(34%emcomparaçãocom38%defilantropia).12Atabela1esclareceaindacomoasreceitasefetivasemcadaáreasãocaptadas.Nogeral,atendênciaédeaumentodaparticipaçãodafilantropiacomofontedereceitasparaoTerceiroSetor,comparadaaumaquedanosrecursosdogoverno.

Tabela 1: Fontes de receitas não lucrativas (média de 33 países)

– fontes de receitas por área

Média de 33 países Governo Filantropia Pagamentos

Religioso 14% 53% 33%

Internacional 34% 38% 28%

Fundações/Intermediáriosfilantrópicos 15% 33% 52%

Ambiental 29% 30% 41%

CívicoeAdvocacy 33% 26% 40%

Serviçossociais 43% 19% 38%

Cultura/Recreação 20% 15% 65%

Saúde 50% 14% 36%

Desenvolvimento/Habitação 30% 13% 57%

Educação 38% 12% 50%

Profissional/União 6% 5% 89%

Fonte: Johns Hopkins University(CCSS),Comparative Non‑Profit Sector Project(2004)

12.Vejaacima,página13.

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Filantropia: Contexto Atual

AfilantropiacomofontedereceitaparaoTerceiroSetor,nacomparaçãoentrepaíses,revelaumadiferençasurpreendentenoque se refereao tamanho relativoe importânciados fundos.OtamanhototaldoTerceiroSetornosanosde2000foideaproxi-madamente$1,3 trilhões.A tabela 17noApêndice lista34paísespesquisadosnoprojetoCCSS,classificadospelaparticipaçãoper-centualqueafilantropiatêmnofinanciamentodoTerceiroSetorcomoumtodo.Essemétododelistagemcolocaautomaticamenteospaísesemdesenvolvimentonotopo,principalmentedevidoaummenorsuportedogoverno.Portanto,osfundosprivadoseasiniciativasnãogovernamentaistêmumpapeldegrandeimportân-cianosserviçosdeassistênciasocialereduçãodapobreza.Com-paradosaessespaíses,osEstadosUnidos,oReinoUnidoeoutroscomsetoressemfins lucrativosaltamentedesenvolvidoseprós-peros ranqueiam relativamentebaixo, combasenaparticipaçãode suas receitasfilantrópicasem relaçãoao totaldo setor (porexemplo,13%nosEstadosUnidos;9%noReinoUnido;3%noJapãoenaAlemanha).

UmpontochavetraçadopeloprojetoCCSSdestacouaforçavoluntárianospaíseseseuimpactonotamanhototalevalor(eco-nômico)do setor.ATabela 18,noApêndice,mostraosmesmospaísesqueaTabela17,masincluiovalormonetáriodotempovo-luntário.O resultadoda incorporaçãodessa forçaéquealgunspaíses, quando comparados, sobemna classificação. Para umaavaliaçãoeconômicadafilantropiadeumpaís, voluntáriose seutempodedicadoaumacausaprecisaserconsiderado.ATabela18tambémenfatizaqueosEstadosUnidosnãosão,delonge,opaíscomamaiorforçavoluntáriaativa.Oimpactodestaseráanalisadoemmaioresdetalhesnopróximocapítulo.

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Filantropia: Contexto Atual

Conclusão

Enquantoaimportânciadafilantropiaparaosetorsemfinslucrati-vosémenordoqueoesperada,elaéafontedominantederendaparaOSCs internacionais.Opapel extraordinárioqueoTerceiroSetortemnodesenvolvimentointernacionalimpõealgumasimpli-caçõesparaacooperaçãoentreosatores–naáreadedesenvolvi-mentoexterior,asOSCsreúnemforçascomasempresaseagênciasdogoverno–assuntoqueseráaindamaisdebatidoaolongodesterelatório.

Questões a serem exploradas

Hámuitomaispesquisasa seremfeitaspara ilustraropoderdasdoaçõesindividuais,quandocomparadascomaajudagovernamen-tal.Grandepartedelasnãoécontabilizadaeprovavelmentenuncaserá.NoPaquistão,queé conhecido comoumpaísdepessoasmuitocaridosas,adoaçãoprivadaporcidadãoscomunsfoiestima-daemcincovezesomontanteprovenientedeajudasinternacionaisqueentraramnopaísporvoltadoano2000.13

AcontagemdoTerceiroSetornaspáginasanteriores,bemcomonospróximoscapítulosé,namaioriadasvezes,limitadaaumaaná-lisedovolumederecursosefocamenosnousoefetivodosfundos.Paraumamaioranálise,seriamaisconclusivoavaliarasoperações

13.Salamon,Lester(2004ed.):GlobalCivilSociety,DimensionsoftheNon‑profitSector,Volume2,KumarianPress,páginaxix (Prefácio).Esseepisódio temqueser colocadoemperspectiva,vistoqueserefereaumaépocaantesdosataquesde11desetembro,quandoaajudaaoPaquistão,principalmentedosEstadosUnidos,erabaixacomparadacomosnú-merosdehoje.

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Filantropia: Contexto Atual

práticasmaisdeperto.Aspesquisasenfatizaramquegrandesmon-tantesdosrecursosnãolucrativossãousadosparasalárioserara-mentehádinheirosuficienteparamelhoriasdecapital,oqueexpli-caporqueasinstituiçõessemfinslucrativostêmmuitadificuldadeemmanter‑setecnologicamenteatualizadas,porexemplo.

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Seção 2: Filantropia para o desenvolvimento internacional

Principais descobertas:• Afaltadeprocedimentoscoesosdeinformaçãolimitaa

quantidade de dados disponíveis;• Afilantropiaparaodesenvolvimento internacional é

estimadaemaproximadamente$56bilhões(paraas23maioreseconomiasmundiais,em2010);

• OReinoUnidoeosEstadosUnidossãolíderesemdoa-çõesprivadasparacausasexternas (indivíduos, funda-çõeseempresas)devidoaoseuhistóricoparticulareculturadedoar,bemcomoonúmerodetrabalhossociaisdeajudanoexterior;

• Alémdovolumerealdedoações,ousodosrecursosécrucial – como conceitode alavancagemde fundosexistenteseaquestãodequalimpactopodemter–secanalizadosdemaneiracorreta.

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Doações privadas para causas no exterior

Naspróximaspáginas,amaisrecentepesquisaquetentamapearafilantropianoexterior–oIndex of Global philanthropy and Remittan‑ces 2012 do Hudson Institute for Global Prosperity–éanalisada.14

14.HudsonInstitute,CenterforGlobalProsperity(2011):TheIndexofGlobalphilanthro‑pyandRemittances 2011:http://www.hudson.org/files/documents/2011%20Index%20of%20Global%20Philanthropy%20and%20Remittances%20downloadable%20version.pdf, (acessadoemjunhode2011)

Figura 2: Filantropia, Ajuda Pública ao Desenvolvimento, e Trans‑

ferências para o mundo em desenvolvimento, bilhões de $, 2010,

(Base: países OCDE)

Fonte: Hudson Institute for Global Prosperity: The Index of Global philanthropy and Remittances2012

Transferências

AjudaPúblicaaoDesenvolvimento

Filantropia

190

128

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Filantropia: Contexto Atual

Dadossobredoaçõesprivadasparacausasnoexteriorsãoin-consistenteseospaísesanglo‑saxõesgeralmentefornecemasde-monstraçõesmaisclaras.Consequentemente,oHudson Instituteolhaprimeiroocenáriofilantrópicoglobalpelaperspectivanorte‑ameri-canae,depois,devidoaosdesafiosnacoletadedadosnasoutrasregiões,reduzsuaamostraaosEstadosmembrosdaOCDE/CAD.15

Orelatóriode2012doHudson Institute,agoraemseusétimoano,estimaafilantropiatotal,aindaqueosdadossejamsubestima-dosporquemuitosdospaísesdoadoresdoCADaindanão fazemumamensuraçãoadequada,em$56bilhõesem2010,oquerepre-sentaseunúmeromaisrecenteseumacréscimode$3bilhõesemrelaçãoaoanoanterior.

Deficiências da análise do Hudson Institute

Infelizmente,orelatóriodoHudson Institutetemnãosóproblemasdeamostragemreduzida,comotambémalgumasdeficiênciasme-todológicas.Sendoassim,oHudson Institutenãopretendequesuaanálisesejaexaustivaeabrangenteeéaúnicainstituiçãoatentarestimarumnúmeroparaosfluxosmonetáriosdafilantropiaglobal.

Emprimeirolugar,aanálisedoHudson Institutedeixadeconsi-deraro impactodovoluntariadoemtodosospaíses,excetonosEstadosUnidos,e,portanto,subestimaoverdadeirovalordafilan-tropia.16Emsegundolugar,ofocogeralnosdoadoresCADnãore-presentaumaamostraadequadaparaaanálisedaajudainternacio-

15.OCDErefere‑seàOrganizaçãodeCooperaçãoeDesenvolvimentoEconômico;CADrefere‑seaoComitêdeAjudaaoDesenvolvimento.Paradefiniçõesmaisdetalhadas,vejaapágina12desterelatório.

16.AequipeCCSSdoProf.LesterSalamonlançouumapublicaçãosobreovoluntariadoglobalem2011encomendadapelaOrganização InternacionaldoTrabalho (OIT)que,pela

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Filantropia: Contexto Atual

nal,enãocontaosEstadosnãodoadoresdoCAD,queentraramnaarenacomfluxosdeajudaconsideráveis.17Emterceirolugar,eleincluidoaçõesreligiosasparaosEstadosUnidosemsuadefiniçãode“fi-lantropia”,masémuitomenosclaroemrelaçãoaosoutrospaíses.

Faremosumabrevereflexãosobreascontribuiçõesreligiosas.QuandocomparamosascontasdoHudsondedoaçõesprivadasdosEstadosUnidoscomaquelasdeoutrospaíses,temosqueconsiderarqueospaíseseuropeustêmumcenárioreligiosomuitodiferente.Porexemplo,algunspaísesarrecadam impostoseclesiásticos.NocasodaAlemanha,esse impostoacrescentaaproximadamente€9bilhõesporano.OimpostoeclesiásticodaAlemanhanãoéobriga-tório(entãonãoéumimpostonosentidoreal),maspodesercon-sideradocomoumataxademembresiaparaosProtestantes(2009:€4,4bilhões)eparaaIgrejaCatólica(2009:€5bilhões)e,portanto,constituiumtipoespecíficodedoaçãoreligiosa.18

Os$37,5bilhõesdefilantropiadosEstadosUnidosparapaísesemdesenvolvimentoincluicercade$14bilhõesemdoaçõesreligiosas.19 Portanto,comoindicadonorelatóriode2008daMcKinsey,osbilhõesdeimpostoseclesiásticosdaAlemanhasãooutravariávelquetemdeserconsideradaaocompararafilantropiaglobalmente.Oexem-

primeiravez,permiteumacomparaçãoentrepaísesdeforçasvoluntáriasesuacontribuiçãobaseadaemdadossólidos.

17.DoadoresCADvs.DoadoresNãoCADequestõesrelacionadasserãoanalisadasnestecapítulo.

18.Essarendaéresponsávelpor60a80%dasreceitastotaisdasassociaçõesreligiosasregionaisquesão,nonívellocaleregional,altamenteenvolvidascomentregasdeserviçossociais.Paraevitaropagamentodataxa,umapessoateriaquedeixaraigrejaformalmente,umfenômenoquecomeçouaocorrerapenasrecentementeentreosjovensalemães.

19.Paraumadivisãodetalhada,vejaorelatóriodoHudson Institute intitulado“Index of Global philanthropy and Remittances 2011”;Deacordocomatabela1napágina9,aproximada-mente$15bilhõesdedoaçõesreligiosassãocompostaspor$7,2bilhõesdedoaçõesdeorga-nizaçõesreligiosasformais,enquantooutros$6,3bilhõesforamdoadospor indivíduosparaorganizaçõeshumanitáriasededesenvolvimentosediadasnosEstadosUnidos(istoé,con-gregações)incluídasnasdoaçõespara“OrganizaçõesPrivadaseVoluntárias”naTabela1.

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plodaAlemanha representaumamaneiraexclusivade“doaçãoreligiosa”,comparávelaosbilhõesdedólaresamericanosdadosparaasorganizaçõesreligiosasativasnoexterior.20

OsnúmerosdedoaçõesprivadasreportadosaoOCDEporseusEstadosmembros(usadosnorelatóriode2011doHudson Institute)devem incluir fundosprivadosdoadosparaatividadesnoexteriordequalquerorganizaçãonãogovernamental,incluindoassiminsti-tuiçõesreligiosas.Noentanto,essesnúmerosreportadosaoOCDEnãosãocontadoscompletamentecomoestemodeloda“EuropaContinental”dedoaçãoreligiosa,dadoquenãoháumsistemauni-versalimplantadoparareportaressesnúmeros.“Doaçõesreligiosas”atravésdeimpostoseclesiásticosnãoseaplicamapenasàAlemanha,mastambémàItália,Espanha,SuéciaeFinlândia.

CombasenasdeficiênciasdescritasacimasobreaanálisedoHudson Institute,osnúmerosajudampelomenosamostraraimpor-tânciadotempovoluntárioparaalgunspaíseseuropeusselecionados.ATabela2mostraosnúmerosdoCCSScomesemovalorfinanceirodotempovoluntárioparailustraroforteefeitoqueeletem,equãodiferenteeleéentreessespaíses.Nossistemasdebem‑estardaEuropaOcidental,ovoluntariadoformaumpilarprincipaldoTercei-roSetore–seconsiderado–elevariaovalordessesetorconsidera-velmente.AanálisedaCCSS revelouqueovaloreconômicodasfontesfilantrópicasparaoTerceiroSetoraumentaemaproximada-mente100%paraaSuécia,quandootempodevoluntariadoéconsi-derado.ParaaNoruegaeaFrança,onúmerosobeemcercade70%.

Considerando‑se as limitações mencionadas anteriormente sobre o conjunto de dados do Hudson Institute, tal como o tempo voluntário incluído para todos os países, o valor real da filantropia

20.Mc Kinsey and Company (2008):GesellschaftlichenWandelgestalten,GlobalPhilan-thropyInitiative(emalemão).

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Filantropia: Contexto Atual

para desenvolvimento internacional desse subgrupo de países se‑lecionados é de cerca de $56 bilhões.

Conclusão

Asdoaçõesde indivíduos, fundaçõeseempresasparacausasnoexterior–cercadeUS$56bilhões–constituiumfluxomonetárioconsiderávelparapaísesemdesenvolvimento.Naseçãoaseguir,essemontanteserácolocadoemcontextocomoutrasdestinaçõessignificativas.

Tabela 2: Parcela de filantropia como fonte de receitas do Tercei‑

ro Setor, países selecionados*Participação de Receita de

Filantropia excluindo o tempo voluntário

Participação de Receita de Filantropia incluindo

o tempo voluntário

% de diferença

Suécia 9% 54% +96%

Noruega 7% 47% +75%

França 8% 47% +73%

Alemanha 3% 36% +51%

Finlândia 6% 35% +44%

Holanda 2% 24% +28%

Espanha 19% 36% +27%

Austrália 6% 24% +23%

Áustria 6% 23% +22%

Itália 3% 20% +21%

Bélgica 5% 18% +16%

Irlanda 7% 19% +14%

Japão 3% 11% +9%

Fonte: John Hopkins University(CCSS),Comparative Non‑Profit Sector Projet(2004)*Nota:Essesporcentuaisincluemfilantropialocaleinternacional

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Filantropia: Contexto Atual

Outros fluxos monetários internacionais

Ajuda Pública ao Desenvolvimento

Principais descobertas:• Ocustodecoordenaçãodasatividadesdeajudademúl-

tiplosatoresedoadoresapresentougrandecrescimento;• Aajuda internacionaldosEstadosmembrosdaOCDE

permaneceuestávelem2009;• Aajudapúblicainternacionaltemevoluídoeo“clube”

dos22doadoressoberanostradicionaisqueformamoCAD (ComitêdeAjudaaoDesenvolvimento)não temmaisodireitodefalaremnomedacomunidademundialdedoação(eajuda),nemosatoresdecooperaçãomul-tilateral,comoasagênciasdasNaçõesUnidas;

• Enquantoopapeldasagênciasdecooperaçãomultilate-ralestámudando(devidoaoaumentodefluxosdeajudabilateral),arelaçãodefilantropiaeajudatambémestásetransformando.Adistinçãoentregovernodoadorebe-neficiárioestámuitomaisconfusadoqueantigamente;

• Aajudapública internacional comoporcentagemdorendimentonacionalbrutodeseupaísdiferesignificati-vaentreospaíses,comosescandinavoseoutrosmuitomenores(Bélgica,LuxemburgoouIrlanda)liderandoocampofrenteasprincipaiseconomiasmundiais, comoosEstadosUnidosouAlemanha.

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A ajuda internacional por Estados membros da OCDE teve um ligeiro aumento em 2010 após ter permanecido estável no ano anterior

AAjudaPúblicaaoDesenvolvimento(APD)detodososEstadosmembrossomou$128bilhõesem2010,comaumentodeaproxima-damente7%em termos reais (representandoosmovimentosdeinflaçãoecâmbio)de$120bilhõesem2009.Aajuda internacionalcomoporcentualdoProdutoNacionalBruto(PNB)difere‑sesignifi-cativamenteentreospaíses,eosescandinavos lideramcontinua-mentecommargensenormes.

Comonosanosanteriores,osEstadosUnidoscontinuamsendoomaiordoadorporvolume,com$29,9bilhõesemAPDem2010.JuntamentecomaFrança,Alemanha,ReinoUnidoeJapão–comovistonosanosanteriores–osEstadosUnidos sãoumdoscincomaiorescontribuintes.AAPDtotalparaessescincopaíses foideapenas$81,1bilhõesou63%daajudadoCADem2010(2009:62%).AÁfricaSubsaarianarecebeuamaiorpartedaajudatotalcom$43,8bilhões,seguidopelaÁsiacom$36,7bilhões.Adistribuiçãoregionaldeajudapermaneceusemelhanteaoanoanterior.21

21.VejaorelatórioHudson2012,página7.

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Tabela 3: Ajuda Oficial ao Desenvolvimento dos Estados membros

da OCDE, 2010

PaísAPD como % do RNB (anos 2000 a 2009)

APD, bilhões de $ (estimativa preliminar de 2010)

Suécia 0,92 4,2

Noruega 0,91 4,2

Luxemburgo 0,88 0,4

Dinamarca 0,87 2,9

Holanda 0,8 6,6

Irlanda 0,48 1

Bélgica 0,47 3,1

Finlândia 0,41 1,4

França 0,41 13,5

Suíça 0,4 2,2

ReinoUnido 0,4 13,5

TotaldospaísesCAD 0,4 128

Áustria 0,36 1,2

Alemanha 0,33 13,3

Espanha 0,33 6,2

Canadá 0,29 4,5

Austrália 0,28 3,1

Portugal 0,28 0,7

NovaZelândia 0,26 0,3

Japão 0,22 10,6

Itália 0,19 3,3

Grécia 0,18 0,5

EstadosUnidos 0,16 29,9

Coreia 0,07 1

Fonte: OECD Statistical Annex, Development Co‑operation Report 2011 (dadosmaisrecentes)

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“Tem muitas agências financiando projetos muito pequenos, usando muitos procedimentos diferentes.”Artigo da The Economist, “The future of aid”, de 4 de setembro de 2008

ATabela3,porém,mostraclaramentequeosEstadosUnidosemtermosdesuaparticipaçãonaAjudaPúblicaaoDesenvolvimen-todentrodoRendimentoNacionalBruto (RNB) sãomaioresdoquetodososoutrospaíses,excetoaCoreia.Noentanto,issonãoconsideraumanova tendênciaque foidestacadano2012 Global Human Assistance Report:umnúmerocrescentedepaísesdeca-nalizarAjudaHumanitáriaeaoDesenvolvimentopormeiodesuaForçadeDefesa.OExércitoAmericano temumpapelmuito im-portanteemalgumaspartesdomundoparaconstrução, infraes-trutura,mastambémajudadeemergência,quenãoérefletidanosdadosdeAPD.

AAlemanha,comoaeconomiamaispoderosadaEuropa(eaterceiramaiornomundoporPIBnominal)ficaclaramenteatrásdesuapotencialajudaaodesenvolvimento,abaixodamédia(vejalista“TotaldepaísesdoCAD”,Tabela3)eatrásdaFrança,SuíçaeReinoUnido,bemcomodepaísesmuitomenoresedemenorpodereco-nômicocomoaBélgica,FinlândiaeDinamarca.

A ajuda externa do governo não é mais centrada no CAD

AAPD,conformemensuradaecontabilizadapelosEstadosmembrosdoCAD,éumareferência fracaparaumapolíticapú-blicaglobalqueestásurgindo,enriquecidacomnovosobjetivos,

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atoreseinstrumentos.22Osrecursosdestinadosparadesenvolvi-mentovindosdepaísesnãopertencentesaoCADsãodetamanhosignificativotambém.Em2010(dadosmaisrecentesdisponíveis),essespaísesnãopertencentesaoCAD,quereportamsuaajudainternacionalanualparaaOCDE,investiramumtotalde$7,2bi-lhões(Tabela4).Noentanto,algunspaísesquefornecemajudaaodesenvolvimentonão são retratadosdemaneira adequada.Enquantoosobjetivos,atoreseinstrumentosevoluíram,aabor-dagemparamensuraçãoda ajudapública aodesenvolvimentonãoevoluiu.

Porém,mesmoparaosEstadosquenãoqueremse tornarpartedogrupoexclusivodaOCDE,maspreferemcontinuarenvian-doajudaexternacomoequando lhesconvém,aviamultilateralparecetersetornadoumaalternativaaceitável.

Pesquisasanterioresdo InstitutodeDesenvolvimentoExterno(“Overseas Development Institute”ou“ODI”)sugeriramquedoadoresnãopertencentesaoCAD,umnúmerocrescentedepaíses,teriamumafortepreferênciaporajudabilateralatravésdecanaismultilaterais.23

Essapreferênciaporrotasbilateraisrefleteumavisãodequeaajudafazpartedeumaparceriamutualmentebenéficamaispro-funda.Ela tambémsurgeapartirdeumdesejoporvisibilidadeeparaqueaajudasejafornecidademaneiramaisrápida,comentamosautores.Doadoresnãopertencentes aoCADnãoviamessasvantagensnascontribuiçõesmultilateraisnopassado.24

22.Severino,Jean‑MicheleRay,Olivier(2009):TheEndofODA:DeathandRebirthofaGlobalPublicPolicy,CGDWorkingPaper167.Washington,D.C.:CenterforGlobalDevelopment,página7.

23.Harmer,AdeleeCotterell,Lin(2005):Diversityindonorship.Thechanginglandscapeofofficialhumanitarianaid,:http://www.odi.org.uk/resources/docs/275.pdf,página5.

24.Vejaacima,página5.

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Filantropia: Contexto Atual

Tabela 4: Desembolsos Líquidos de APD de Doadores Não Perten‑

centes ao CAD, Preços Constantes de 2010, bilhões de $, 2004 a 2010

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

TodososEstados,APD* 4,4 4,2 5,9 6,5 9,0 6,8 7,2

%bilateraldototal 88% 84% 88% 90% 91% 84% 76%

TaipéChinês(Taiwan) 0,49 0,55 0,57 0,53 0,43 0,42 0,38

Chipre 0,00 0,02 0,03 0,04 0,04 0,05 0,05

RepúblicaTcheca 0,15 0,18 0,20 0,19 0,23 0,21 0,23

Estônia 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02

Hungria 0,09 0,12 0,18 0,10 0,10 0,12 0,11

Islândia 0,02 0,02 0,03 0,03 0,04 0,04 0,03

Israel 0,10 0,11 0,10 0,11 0,14 0,13 0,14

Kuwait 0,19 0,25 0,18 0,11 0,28 0,22 0,21

Letônia 0,01 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02

Liechtenstein 0,00 0,00 0,00 0,02 0,02 0,03 0,03

Lituânia 0,01 0,02 0,03 0,05 0,05 0,04 0,04

Malta 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,01

Polônia 0,17 0,25 0,34 0,36 0,32 0,39 0,38

Romênia 0,00 0,00 0,00 0,00 0,12 0,15 0,11

ArábiaSaudita 2,03 1,17 2,26 1,60 4,88 3,16 3,48

RepúblicaEslováquia 0,04 0,08 0,07 0,07 0,09 0,07 0,07

Eslovênia 0,00 0,04 0,05 0,06 0,06 0,07 0,06

Tailândia 0,00 0,00 0,08 0,07 0,17 0,04 0,01

Turquia 0,50 0,78 0,91 0,65 0,76 0,78 0,97

EmiradosÁrabes 0,57 0,58 0,87 2,50 1,24 0,84 0,41

Fonte:OECD*Nota:Bilateralemultilateral

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Filantropia: Contexto Atual

Umator significativonaAPD,masnãopertencenteaoCAD,comoaArábiaSaudita,aumentou,de2009a2010,suaajudamulti-lateraldeUS$209milhõesparaUS$609milhões,aomesmotempoemqueaajudabilateralpermaneceuconstante,emboraelevada,emUS$2,9bilhões (totaldeUS$3,48bilhões,deacordocomaTabela4).Umcenário semelhanteevoluiunosEmiradosÁrabes,ondeoorçamentobilateral caiuemmaisdametade,enquantoomultilateralsubiu.

O aumento de países não pertencentes ao CAD como provedores

de ajuda “oficial”

Em2010,osgrandesdesastresnaturaisnoHaitienoPaquistãotiveramgrandeimpactonarespostahumanitáriacoletiva,elevandoosgastosinternacionais totaisem23%,emcomparaçãocomoanoanterior,comoreportao2012 Global Humanitarian Assistance Report (GHA).

Até2010,aparticipaçãodeumasériedegovernosnãoperten-centesaoCADtinhamsetornadocadavezmaispredominantee,comoafirmao relatóriode2010doGHA,algunsdelespodemterfornecidoajudapormuitosanos,massuascontribuiçõessãodifíceisdemensurar,poisnãoseenquadramnasdefinições,conceitosousistemasdeterminadospelogrupoCAD.“OretornoaoFundoCen-traldeRespostadeEmergência (“Emergency Response Fund”ou“ERF”)apósoterremotodoHaitidemonstraestefenômeno–dos27governoscontribuintes,apenastrêsdeleseramdoadoresdoCAD.Os24países restantes, comexceçãodequatro, receberamajudahumanitáriasem2008”.25

25.GlobalHumanitarianAssistanceReport(2010):http://www.globalhumanitarianassis-tance.org/report/gha‑report‑2010,página49,(Acessadoemjulhode2011).

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Filantropia: Contexto Atual

OGHAanalisaqueasituaçãoem2010foidemuitasmaneirasexcepcionaleconclui,emseu relatóriode2012,“queaescaladecriseshumanitáriasglobaiscaiuem2011,com12,5milhõesamenosdepessoaspara receberajudahumanitárianoprocessodeapeloconsolidadodaONU(“consolidatedappealprocess”ou“CAP”),eumamaiorqueda,estade 10,4milhões,nonúmeroesperadodepessoasparaajudahumanitáriaem2012.”26

AajudahumanitáriadedoadoresnãopertencentesaoCADsofredamesmacaracterísticaquequaisqueroutrascontribuiçõeshumanitárias,istoé,grandesoscilaçõesanoaano,comosugereográficoabaixoparaaRússia,ChinaeÍndia.

Noentanto,nemtodasasoscilaçõesanuaissedevemagrandescontribuiçõesdeumúnicodoador.Em2005,pelomenos75%ouUS$477milhõesdeajudahumanitáriadedoadoresnãopertencentesaoCADforamlevantadospor91países,emrespostaaoterremototsunamidoOceanoÍndico(pontomáximodemonstradonaFigura3).27 AFigura3mostraaRússia,ChinaeÍndianacontribuiçãodospaísesBRICduranteoperíodode2000a2009,enquantooBrasil (comonúmero4nogrupodosBRICs)estáausentedevidoaonãoforneci-mentodosmesmosdados.28

26.GlobalHumanitarianAssistanceReport(2012):http://www.globalhumanitarianassis-tance.org/reports,página7(Acessadoemsetembrode2012).

27.GHAreport2010,página18.28.OórgãorelevanteéaIniciativadeDesenvolvimentobaseadanoUN Ocha FTS data,

vejaorelatóriodaGHA,página31.

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Filantropia: Contexto Atual

Figura 3: Rússia, China e Índia como doadores não pertencentes

ao CAD, 2000 a 2009, ajuda humanitária total, milhões de $

120 Rússia

China

Índia

100

80

60

40

20

0

2002

2003

2004

2006

2008

2005

2007

2009

Fonte: Global Humanitarian Assistance report 2010,análiseprópria.

Excluindo‑seasdoaçõesderespostaaemergênciasdaequa‑ção,aúnicaparticipaçãoexternaconsideráveldaChinaégeral‑menteatravésdeprogramasdeinfraestrutura,principalmentenaÁfrica.

AajudadaChinanaÁfricafoiassuntodedebaterecente.ComoSeverinoeRaydescrevem,devidoaotipodeinstrumentosdeajudaqueutiliza,éextremamentedifícilavaliaroquecontariacomoAju‑daPúblicaaoDesenvolvimentoseaChinasetornasseumdoadoroficialdoCAD.Oqueénítido,porém,équePequimsetornouumdosmaiorescontribuintesparaofinanciamentodeinfraestruturasnaÁfricaSubsaariana.

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Filantropia: Contexto Atual

EmrelaçãoaopapeldaChinanaÁfrica,édifíciltraçarumalinha.ComoTimOdgendescreveu,“Aajudaocidental,eopapeldaChinanaÁfrica, temgeralmente sidomuitopaternalista–ditandoaospaísesafricanosoqueelesprecisamecomodevemperseguir“seus”objetivos”.Noentanto,Odgenconclui,“osnegóciosfechadossãogeralmenteapenascomopoderexecutivodogoverno”edevidoauma faltade transparência,há razõesparasepreocupar“queosacordosqueestão sendoacertadospelaChinanãoapenas sãonão‑simbióticoscomaajudaocidental,comopodemacabarpreju-dicandooinvestimentofilantrópicoemboagovernançaedesenvol-vimentohumano”.29

Custos de coordenar novas atividades de ajuda subiram acentu‑

adamente

Comoasseçõesanterioresmostraram,nãosãosóasferramentasdemensuraçãoqueestãodesatualizadas,mas tambémograndenúmerodenovosatoresque,agindoseparadamente,emvezdecooperar,ameaçamtornarosrecursosdeajudaineficientes.ComonotamSeverinoeRay,“oscustosdecoordenaçãodeatividadesdemúltiplosstakeholderscomdiferentesagendassubiramacentuada-mentenaúltimadécada.Umapesquisa realizada com 14paísesmostrouqueoCambojarecebeumamédiade400missõesdedoa-doresporano,Nicarágua289ouBangladesh250, impondoumapressãoconsiderávelnospaísesbeneficiários,quenãoestãoprepa-radosparalidarcomisso.”30

29.ParaopostdoblogdeTimOdgennaChinaeseuenvolvimentonoexterior,veja:http://www.philanthropyaction.com/nc/chinas_role_in_african_infrastructure_development(Acessadoemjunhode2011).

30.SeverinoandRay(2009),página6.

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Filantropia: Contexto Atual

The Economist reportouem2008que“apequenaEritreia,porexemplo,lidacom21doadoresoficiaisemultilaterais,cadaumcomseusprópriosprojetos,orçamentosemaneirasdeatuação.Ugandatem27.Issoénormal.DeacordocomaOCDE,38paísespobrestive-ram,cadaumdeles,25oumaisdoadoresoficiaistrabalhandonelesem2006.Onúmerodeprojetosdeajudafinanciadospordoadoresbilateraisdisparoude10.000para80.000nosúltimosdezanos”.31

Emalgunscasos,osganhosdetermaisatoresenvolvidossãoultrapassadospelasperdastrazidaspelaincoerênciapolíticaepeloscustosdecoordenação.“Esteéestereotipicamenteocasoemce-náriosde criseoupós‑conflito,quandoos atores internacionaissurgememgrandequantidade,masashabilidadesdogovernolocaldecoordená‑lossãopequenas”,concluemSeverinoeRay.32 Novos atoresnãoenvolvemapenasnovosgovernosqueentraramnaare-nadeajuda,comoaChinaouoBrasil,mastambémagentesprivadoscomoaBill & Melinda Gates Foundation.

Tentativasdecanalizaressesdiversosfluxosdenovosrecursos,vindosdenovosatores–e,portanto,dereduziravolatilidadedecaptaçãoeocustodecoordenação–provou‑separcialmentebemsucedidacomnovasferramentasfinanceiras,comoaformaçãodefundos (multinacionais,demúltiplosagentes), conhecidoscomo“fundosconjuntos” (“pooled funds”).33 Eles surgiramcomoumaferramentasignificativaparaumaamplagamadeatoreshumanitá-rios–emboraamaiorpartedosrecursoséprovidaporumgruporelativamentepequenodedoadores.OsfundosconjuntosdaONUdependemdosuportede trêsprincipaisdoadores–ReinoUnido,

31.TheEconomist(4desetembrode2008):Thefutureofaid:AscrambleinAfrica,veja:http://www.economist.com/node/12060397/(Acessadoemjunhode2011)

32.SeverinoandRay,página6.33.SeverinoandRay,página10.

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Filantropia: Contexto Atual

SuéciaeHolanda.Em2008e2009,essestrêspaísesrepresentaramumpoucomaisde60%dacaptaçãoentreosdezmaiores.34

“Fragmentação é o oposto de eficiência”.Lennart Bage, Chefe do Fundo Internacional de Desenvol‑vimento Agrícola

Conclusão

NovospaísessurgiramcomodoadoresdeajudainternacionalforadogrupodedoadoresoficiaisdoCADedaOCDE,oqueafetouopapeleoimpactodasagênciasmultilateraistradicionaistambém.

Opapeldasagênciasdeajudamultilateralestámudando,assimcomoasdinâmicasentrefilantropiaedesenvolvimentointernacional.Háummovimentovindodasdoaçõeseaportesesporádicosvoltadosàfilantropia,queservecomo instrumentodemudançasocial.En-quantohámuitosqueargumentariamqueafilantropiade justiçasocialouafilantropiademudançasocialéumaabordagem/estrutu-raespecífica,praticadanospaísesemdesenvolvimentohátempos,ela tomouumanova formacomoaumentodacooperaçãoentreempresaseempresários, sociedadeegoverno.Antesdeanalisaressesnovostiposdefilantropiamaisprofundamente,éprecisoolhardepertoosegundomaiorfluxomonetárioqueentranospaísesemdesenvolvimento,astransferências.Oobjetivoéentenderaparce-lafilantrópicadetransferências(“doaçãodeDiáspora”)eopoten-cialdepoupançasdediáspora(aindanãoutilizado)também.

34.RelatóriodaGHA,página47.

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Filantropia: Contexto Atual

Transferências

Principais descobertas:• Astransferênciaspertencemauma“zonanebulosa”de

fluxosmonetáriosparapaísesemdesenvolvimentoenãosãoexplicitamente“filantrópicos”;

• As transferênciasparapaísesemdesenvolvimentoem2011 foramestimadasem$372bilhões, 12,1%amaisdoqueem2010;

• Transferênciasglobais (registradas) têmprevisãodecrescimentopara$467bilhõesaté2014;

• Umsubgrupodastransferênciasédestinadoàcaridade;• Areduçãonocustodeenviodetransferênciasgeraria

umaumento líquidona rendade imigrantesestimadoem$15bilhões;

• AreduçãodocustofuncionounocasodoMéxicoedasFilipinas,emuitosoutrospaísescomprometeram‑seatrabalharnessecaminho;

• Ascomunidadesdediásporasão,apesardeterimpactofinanceirodiretoemseuspaísesdeorigem,umimpor-tantecanalnão‑financeirorelacionadoaconhecimentoeredes.

Éimportanteconsiderarastransferênciasquandoanalisadoocená-rioderecenteevoluçãodosfluxosfinanceirosglobaisparapaísesemdesenvolvimento.Essa importânciadeve‑seao seu tamanhoconsiderável,bemcomoaofatodequeumpequenosubgrupode

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Filantropia: Contexto Atual

transferênciasédestinadoàfilantropiadediáspora,istoé,denatu-rezasocial,comosugeridoporpesquisasrecentes.35

“Também há um aspecto qualitativo nas transferências. Quando as pessoas que trabalham em outros países retornam às Filipinas, são recebidas por um desfile de marcha de ban‑das! Os residentes vêm – principalmente na época do Natal – e recebem aqueles que trabalham no exterior.”Especialista em Filantropia, Ásia

Astransferências–istoé,dinheiroenviadoporimigrantesaosseusparentesnospaísesdeorigem–representamamaiorfontedecâmbioestrangeiropara inúmerospaíseseconstituemumaparteconsideráveldoPIBdemuitosoutros.36Noentanto,astransferênciasnãodevemserconsideradascomoumaaçãode“caridade”.Elassão,emvezdisso,transaçõesprivadase,parafinsdecontabilizaçãonacional,consideradaspelogovernocomoqualqueroutrafontede

35.Sidel,Mark(2008):DiasporaGiving:AnAgentofChangeinAsiaPacificCommunities?:http://www.asiapacificphilanthropy.org/files/APPC%20Diaspora%20Giving%202008_Overview.pdf,página6(Acessadoemjunhode2011).

36.OBancoMundial(novembrode2010):IssueBrief–MigrationandRemittances,see:http://siteresources.worldbank.org/TOPICS/Resources/214970‑1288877981391/Annual_Mee-tings_Report_DEC_IB_MigrationAndRemittances_Update24Sep10.pdf (Acessadoem junhode2011);vejatambémaatualizaçãomaisrecentesobreosdadosdetransferênciasdeabrilde2012,MigrationandDevelopmentBrief2012,“Remittanceflowsin2011–anupdate”:http://siteresources.worldbank.org/INTPROSPECTS/Resources/334934‑1110315015165/Migrationand-DevelopmentBrief18.pdf,(Acessadoemsetembrode2012).

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Filantropia: Contexto Atual

rendaprivada.Porém,devidoaoseutamanhoe importânciaparaalgumaseconomias emergentes, a contabilidadeadequadadastransferênciastemsidodiscutidaamplamentenosúltimosanos.37OúltimorelatóriopublicadopeloBancoMundialsugereque:

• Maisde200milhõesdepessoasvivemforadeseuspaísesdeorigem;

• Umadas“questõesmaisimportantessobreamigração”écomomelhorar seu impactodedesenvolvimento (incluídoodastransferências);

• Astransferênciastotalizaram1,9%doPIBdetodosospaísesemdesenvolvimentoem2009,mas foramquasetrêsvezesmaisimportantes(5,4%doPIB)paraogrupodepaísesdebaixarenda;

• Astransferênciasparapaísesemdesenvolvimentodevemcrescercomtaxasmaisbaixas,porémmaissustentáveis,de7a8%anual-mente,durante2011a2013,quandodeverãoatingir$404bilhões.

Os fluxos de transferências são grandes e resistentesAfigura4mostraocrescimentonofluxoglobaldetransferên-

cias,suaresistênciaduranteacrisefinanceiraglobal,suarecupera-çãoem2010eosdadosprevistosparaaté2014.Ofluxototaldastransferênciasémuitomaisestáveldoqueaajudaexterna,poisarendaeonúmerodetrabalhadoresmigrantesmudalentamente.38

37.Emalgumastentativas,astransferênciasforamalocadascomoparteda“ajudaex-terna”deumpaísporessasinstituiçõesdepesquisadereputação,comooHudson Institute emsuascontasdeAjudadosEstadosUnidosanteriormentea2011.OHudson Institute res-pondeuagrandescríticasporessaabordagempublicandoseurelatórioanualemaisrecentesobreessesnúmeroscomoo“IndexofGlobalPhilanthropyandRemittances2011”.

38.Harford,Tim,Hadjimichael,BitaeKlein,Michael (abrilde2005):ArePrivateLoansandCharitableGivingReplacingAid?,TheWorldBankGroup:http://rru.worldbank.org/docu-ments/publicpolicyjournal/290Harford_Hadjimichael_Klein.pdf,(Acessadoemjunhode2011)

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Filantropia: Contexto Atual

Estima‑sequeacomunidadedediásporalatino‑americananosEstadosUnidos tenhaamaiorpoupançaemdólaresamericanos,graçasarendasrelativamentealtasdosimigrantes,emcomparaçãocomoutras rotasde remessas.Comparando‑se todosospaíses,calcula‑sequeoMéxicotenhaamaiorpoupançadediáspora($47bilhões)enquanto,emtermosdefluxosdetransferências(vejaFi-gura5),sejaoterceiropaísdomundo‑atrásdaÍndiaedaChina.39 Osdadosdisponíveissobrecomunidadesdediásporaesuasestima-

39.Ratha,DilipeMohapatra,Sanket(fevereirode2011):PreliminaryEstimatesofDias-poraGiving,WorldBankPaper,MigrationandDevelopmentBrief 14:http://siteresources.worldbank.org/INTPROSPECTS/Resources/334934‑1288990760745/MigrationAndDevelopmen-tBrief14_DiasporaSavings.pdf(acessadoemjunhode2011)

Figura 4: Fluxos globais de transferências para países em desen‑

volvimento, em bilhões de $, de 2000 a 2014 (previsão)

bilhõesde$

500

600

400

300

200

100

1995

2000

2009

2004

2010

2005

2011e

2006

2012f

2007

2013f

2008

2014f0

Fonte:BancoMundial,DadosdeImigraçãoeTransferências

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Filantropia: Contexto Atual

tivasdepoupançaem$serãoanalisadoscommaiordetalheapartirdapágina33.

“As comunidades em países em desenvolvimento tendem a ser um pouco mais dependentes de fontes externas do que de fontes internas. A espera por transferências acaba com o propósito do fortalecimento da comunidade.”Especialista em Filantropia, África

Fonte:BancoMundial(2011),DadosdeMigraçãoeRemessa

bilhõesde$

50.0

55.051.0

22.6 21.3

15.911.6 11.1 10.2 10.4 10.0

60.0

0.0

Índia

França

Espanha

China

Alem

anha

Bélgica

México

Bangladesh

Nigéria

Filipinas

40.0

30.0

20.0

10.0

Figura 5: Dez maiores países em termos de fluxos de transferências,

mundialmente, em bilhões de $, 2010

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Filantropia: Contexto Atual

AFigura6mostraquão diferentesosfluxosdetransferênciasemdoispaísesaltamentedesenvolvidospodemser,dependendodeseuhistórico, localizaçãogeográficae,principalmente,políticade imigração.ApopulaçãodeestrangeirosnascidosnosEstadosUnidos,istoé,aquelesqueaindaenviamtransferências,devesubirpara48milhõesaté2025epara60milhõesaté2050.40

Figura 6: Saídas de transferências dos Estados Unidos e da Ale‑

manha, em bilhões de $, de 1971 a 2009

AFigura7mostraa tendênciacontinuamentepositivadedi‑nheiroenviadoaospaísesdeorigemdos53Estadosafricanos.O

40.OBancoMundial(2011):MigrationandRemittancesFactbook2011,segundaedição,página9:http://data.worldbank.org/data‑catalog/migration‑and‑remittances, (Acessadoemjunhode2011).

bilhõesde$

EstadosUnidos

Alemanha60

50

40

30

20

10

1971

1987

1979

1995

2003

1975

1991

1983

1999

2007

1973

1989

1981

1997

2005

1977

1993

1985

2001

2009e

70

Fonte:BancoMundial(2011),DadosdeMigraçãoeTransferências.*Oano2009éumaestimativadoBancoMundial.

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Filantropia: Contexto Atual

aumentoclaroeacentuado, iniciadoem2005,podeserexplicadoconsiderandoaÁfricadoNortecomoumadas três regiõescommaiornúmerodeimigrantes,aoladodoLesteEuropeuedaAméri-caLatina.41Noaugedarecessãoglobal,ocorreuumaquedapercep-tível,porémextremamenterápida.ANigéria,comovistonaFigura5,temomaiorfluxodaÁfrica,de$10bilhões,efoiresponsávelporcercade1/3detodososfluxosafricanosdediásporaem2010.

Figura 7: Fluxos de transferências na África (53 Estados), em bilhões

de $, 2000 a 2010

Emduas regiões–ÁfricaeChina (aFigura8abaixo tambémmostraamédiamundial)–ocrescimentodastaxasdetransferênciasrevelaumatendênciasemelhante.AsremessasdaChinasãoasmais

41.BancoMundial(2011),MigrationandRemittancesFactbook2011,página18.

Fonte:BancoMundial(2011),DadosdeMigraçãoeRemessa.

bilhõesde$

2000

4045

3530

2015

1050

25

2001

2002

2003

2004

2006

2008

2005

2007

2009

2010e

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Filantropia: Contexto Atual

acentuadas.Arecuperaçãoparacrescimentopositivocomeçounocomeçode2009,oqueressaltaaindamaisaresistêncianotáveldosfluxosdetransferências.

Figura 8: Fluxos de transferências registrados na África, China e a

Média Mundial, % de taxa de crescimento ano a ano, 2000 a 2010

Fonte:BancoMundial(2011),DadosdeMigraçãoeRemessa

Um subgrupo das transferências pode ser considerado fi lantrópico

Atéagora,foiapresentadoapenasovolumedetransferências.Seususos,porém,sãovariados.Essasremessaspodemserdirecionadasparaindivíduos,mastambémafundossociais.Alémdisso,astrans‑ferênciastêmoutrosusosnãofinanceiros.Acomunidadedediás‑porapodeser importantenaformaçãodeopiniõesemcasa,dire‑

TaxasdecrescimentonaÁfrica(53)

100%

120%

80%

60%

40%

20%

0%

–20%

2000

2009

2008

2007

2006

2005

2004

2003

2002

2001

TaxasdecrescimentonaChina

Taxasdecrescimentomundiais

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cionamento de como os recursos são utilizados, impacto nogoverno,emempresas,enoTerceiroSetor.

MarkSidel,professornaUniversity of Wisconsin,escreveque“emtermosgerais,amaioriadastransferênciasparaaÁsianãopodeserconsideradacomoinvestimentosocialoufilantropiasocial.Masumsubgrupodelas–extremamentedifícildeserquantificado–éde fatofilantropiadediáspora.”42 Sidel tambémdestacacomoadoaçãocomeçoua se tornarmaisestratégicaemsuasmetasdeinvestimento.Mesmoassim,eleapontaque,enquantoafilantropiadeimigrantestornou‑seummotoremergentedodesenvolvimentoemalgumasáreasdaÍndia,suldaChina,Filipinas,ecertasáreasdeBangladesh,nãopodemosconcluirqueessesmotores,emsi,sejamdefatoestratégicos,focadosemmudançassociaisedesenvolvimen-todelongoprazonumaescalasignificativa.43

Melhora dos fluxos de transferências

AanálisedoBancoMundialapontouque,comopontocomum,astransferênciassãogeralmentecaras,àsvezeslentas,outrasvezesinconvenienteseocasionalmenteincertas.44Apesarde,supostamen-te,doisterçosdosgovernosafricanosnãocoletaremdadossobretransferências(2007)45,ainiciativamaisrecentedoBancoMundial

42.Sidel,Mark(2008):DiasporaGiving:AnAgentofChangeinAsiaPacificCommunities?,página8.

43.Vejaacima,página9.44.Cirasino,Massimo(2009):TheWB‑BISGeneralPrinciplesforInternationalRemittan-

ceServices:Aglobal tool foraglobalgoal:http://siteresources.worldbank.org/FINANCIAL-SECTOR/Resources/282044‑1257537401267/RomeConferenceRemittances.Cirasino.pdf,página3(Acessadoemjulhode2011).

45.Copeland‑Carson,JacquelinePh.D.(marçode2007):KenyanDiasporaPhilanthropy:KeyPractices,Trendsand Issues:http://www.tpi.org/downloads/pdfs/Kenya_Diaspora_Phi-lanthropy_Final.pdf,page7,(acessadoemjunhode2011).

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–oRemittances Working Group(GRWG),fundadoem2009–,moni-toraoprogressonasáreasdedivulgaçãosobreocustodastrans-ferênciasnomundointeiro,enquantofazlobbyparaqueosgover-nostrabalhemmaisparareduzi‑lo.ConformeconcluídopeloBancoMundialem2009:

1. Emmuitoscanaisdetransferências,ocustodeenvioaindaéaltoemrelaçãoàrenda,geralmentebaixa,dostrabalhadoresimigrantesedesuasfamílias.

2. Areduçãodocustogerariaumaumentolíquidonarendadosmigrantesedesuasfamíliasnomundodesenvolvido,estimadoem$15bilhões.

Diantedisso,oGRWGpromoveuo“5x5 objective”,comoobje-tivodereduzirocustomédiodeenviodetransferênciasglobalmen-teemcincopontospercentuaisdurantecincoanos.Em julhode2009,duranteoL´Aquila Summit,osChefesdeEstadosdoG8apro-varamo5x5 objective esecomprometerama“atingir,emparticular,oobjetivodeumareduçãodamédiadecustosglobaisdeenviodastransferência,dosatuais 10%,para5%,emcincoanos,atravésdoaprimoramentodeinformações,transparência,competiçãoecoo-peraçãocomosparceiros”.

Háalgumashistóriasdesucesso.OMéxicoeasFilipinascon-seguiram,pormeiode iniciativasdogovernoedeumaregulaçãosevera,reduzirastaxasmédiasparacercade6%cada(ocustoglo-balmédioéde10%).46Emmuitosoutrospaíses,essasmédiassupe-

46.Cirasino,Massimo(2009):Towards the5x5Objective:SettingPriorities forAction:http: / /s i teresources.worldbank.org/EXTFINANCIALSECTOR/sources/ 282884‑1239831335682/6028531‑1273159501046/GRWG_Presentation_Remittances_Matrix.pdf,página2(Acessadoemjulhode2011)

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ramemmuitoos10%.47Nocasodealgunscanaisinterafricanos,comooenviode$200daTanzâniaaoQuênia,astaxassãodequase25%(ou$47,24paracada$200,emjunhode2011).48

Em2011,oBancoMundialpublicoualgunslivrosrelacionadosàmigração,incluindooLeveraging Migration for Africa: Remittances, Skills, Investments edoisvolumessobreDiaspora for Development of Africa e Remittance Markets in Africa.49

Conclusão

A iniciativadoGRWGdoBancoMundialéaltamente informativa,principalmenteparagovernoscomgrandescomunidadesdediás-pora.Assimcomoqualquermelhorianastaxastemopotenciallibe-rarcapitalprivadonospaísesdeorigem.Umapartedastransferên-ciaspodese tornar instrumentodedesenvolvimento,porém,emgrandemedida,elassemprepermanecerãonasfamílias ‑amenosquesurjaumanova formade instituiçãofiduciária, sediada local-mente.OSCscomfortesligaçõescomumacomunidadedediásporapoderiampotencialmentepreencheressevazioea)estimularoaumentodastransferênciaseb)incentivaraspessoasadoaremnãosóparasuasfamílias,mastambémparacausassociais,seastaxasforemmaisconvidativasparaascomunidades.

47.Taxasde$200éoindicadorpadrãoparamensuraçãodopreçodeenviodetransfe-rênciasparaogrupodetrabalhodoBancoMundial,oGRWG.Elestambémacompanhamastaxasde$500.

48.VejaobancodedadosdoBancoMundial:http://remittanceprices.worldbank.org/(Acessadoemsetembrode2012)

49.VejaaspublicaçõesdoBancoMundial:HTTP://WEB.WORLDBANK.ORG/WBSITE/EX-TERNAL/NEWS/0,,CONTENTMDK:20648762~MENUPK:34480~PAGEPK:64257043~PI-PK:437376~THESITEPK:4607,00.HTML(Acessadoemsetembrode2012).

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Poupanças de diáspora – “seguindo em frente, doando de volta”

Principais descobertas:• Aspoupançasdediásporaanuaisdepaísesemdesen-

volvimento, istoé,poupançasde imigrantes,foramdeaproximadamente$400bilhõesem2010;

• Aspoupançasdediáspora,comoporcentagemdoPIB,sãoestimadasem2,3%,nospaísesde rendamédia,echegama9%empaísesdebaixarenda;

• Afilantropiadediásporaaindaéconsideradacomomaisad‑hocdoqueestratégica;

• Aspoupançasdediásporaglobaispodemserumpoten-cialmercadoparaos títulosdediáspora: atravésdaemissãodetítulosdepoupança,umariquezaconsiderá-velpodeserusadaparaodesenvolvimentodospaísesdeorigem.

Comunidadesdediáspora–descritaspelolema“seguindoemfren-te, doandode volta”,pelo FórumGlobaldeDiásporadoBancoMundialde2012–,sãocomunidadesdeimigrantescomfortesligaçõescomseuspaísesdeorigem.Poupançasdediásporasãoaseconomiasdessaspessoas, tantoemdinheiro,quantoemcontasbancáriasmantidasemseuspaísesderesidênciaouseuspaísesdeorigem,eestecapítuloanalisaopotencialdelasparaodesenvolvimento.

AregiãocomasmaiorespoupançasdediásporaestimadaséaAméricaLatinaeoCaribe($116bilhões),seguidaspelaÁsiaOriental

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ePacífica($84bilhões),EuropaeÁsiaCentral($73bilhões)eÁsiadoSul($53bilhões).ParaaÁfricaSubsaarianasãode$30,4bilhõeseparaocontinenteafricano, incluindoaÁfricadoNorte, sãodeaproximadamente$53bilhões.

Tabela 5: Fluxo de recursos de todos os países para os países em

desenvolvimento, bilhões de $, de 1995 a 2009

Estoque de Diáspora (milhões)

Estimativas de poupanças de

Diáspora em 2009 (milhões de $)

Poupanças de Diáspora como % do PIB regional

Países em desenvolvimento 161,5 397,5 2,4

Ásia Oriental e Pacífica 21,7 83,9 1,3

Europa e Ásia Central 43,0 72,9 2,8

América Latina e Caribe 30,2 116,0 2,9

Oriente Médio 9,3 18,9 3,5

África do Norte 8,7 22,3 4,3

África Subsaariana 21,8 30,4 3,2

Ásia do Sul 26,7 53,2 3,3

Países de baixa renda 27,7 34,4 9,0

Países de renda media 133,8 363,1 2,3

Fonte:BancoMundial,Migration and Development Brief , 14de fevereirode2011.Diaspora stock is the estimated number of global migrants living outside of the countryFonte:CálculosdoautorusandooWorld Bank”s Migration and Remittances Factbook 2011eosIndicadoresMundiaisdeDesenvolvimento

UmdasrazõespelasquaisaAméricaLatinatemamaiorpou-pançadediásporaéqueseusimigrantesestãoprincipalmentenos

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EstadosUnidosenaEuropaocidental,etemrendasrelativamentemaiselevadasdoqueamédiadosimigrantes.Entretanto,quandoexpressadascomoumapartedoProduto InternoBruto(PIB)dospaísesdeorigem,aspoupançasdediásporavariamentre 1,3%naÁsiaOrientalePacíficoe4,3%naÁfricadoNorte.50

Ospaísescomasmaioresestimativasdepoupançasdediás-pora incluemoMéxico ($47bilhões), China ($32bilhões), Índia($31bilhões)easFilipinas($21bilhões), refletindoseustatusdepaísescomemigraçãosignificativaediásporarelativamenteprós-pera(Tabela5).Entretanto,ospaísesdebaixarenda,comoBan-gladesh,Haiti,Afeganistão,Gana,Etiópia,Quênia,SomáliaeNepal,entreoutros, têm tambémnúmeros significativos, acimade $1bilhãocada.51

Filantropia de diáspora mais ad‑hoc do que estratégica

Geralmente,afilantropiadediásporarefere‑seàparcelaparticulardetransferênciasqueédoadaparaaçõessociaislocais.Adistinçãoentre“transferências”e“filantropiadediáspora”–comoexplicaSidel–éumalinhacomplexaefina,cujadistinçãopodesermedidademaneiradiferente.

Analisandooquehádepesquisaaté2008,Sidelconcluiquehápoucaevidência significativapara indicarqueafilantropiadediáspora temevoluídodeumapráticaad hoc parauma“práticamaisestratégica”.52Emvezdisso,argumentaSidel, costumesde

50.Ratha,DilipandMohapatra, Sanket (fevereirode2011):PreliminaryEstimatesofDiasporaGiving,WorldBankPaper,MigrationandDevelopmentBrief14,página2.

51.OBancoMundial(2011):MigrationandRemittancesFactbook2011,segundaedição,página14.

52.Sidel,Mark(2008):DiasporaGiving:AnAgentofChangeinAsiaPacificCommunities?,página8.

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indivíduos,famíliasegruposoucomunidadesétnicasereligiosasainda sãopráticasespecíficasmuitomais comunsemfilantropiadediáspora.

Doação de “fundo de quintal” e doação ad‑hoc

AlgumasfilantropiasdediásporanaÁsiapodemseraltamenteor-ganizadas.Mas, argumentaSidel, namaiorparte, elasnão temevoluídoparaumapráticamaisestratégica.53

OsprofissionaisquetrabalhamnaÁsiarelataramquefrequen-tementesãoos líderes religiososque tradicionalmente recrutampessoasnoexteriorparacontribuir comatividades sociais locais.OutroscasosnaÁsia,alémdeacontecimentosmaisrecentes,indi-caramOSCsdegrandeportegerandodoações locais.Entretanto,ascomunidadesasiáticasaindaficamdesconfiadascomessasorga-nizaçõesepreferempermanecercomdoaçõesmaispessoais.Afi-lantropiadediásporaparacomunidadesdopaísdeorigeméumfluxofinanceirodeextrema importânciaedependedaconexãoeconhecimentodospovoslocaiseseusproblemas.Analisandoumapesquisafeitasobreasviasemecanismosusadosporcomunidadesdediásporaparaoenviodedinheiroaopaísdeorigem,Sidelconclui:oprimeiroeprincipaléafilantropiadediásporaatravésdasfamílias,presenteemquasetodosospaíses;“doaçõesatravésdeassociaçõesdeclãs”,comonaChinaeTaiwan;gruposétnicoseprofissionais,naÍndiaeemoutrospaíses;atravésdavizinhançaedegruposregionaisnasFilipinase;pormeiodeOSCsétnicas sediadasnoexterior.Apreferênciaporumadeterminadaformatemavercomonívelderendaouativosdoindivíduo.UmapesquisarecentesobreIndivídu-

53.Sidel,Mark(2008):DiasporaGiving:AnAgentofChangeinAsiaPacificCommunities?,página4.

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osdeAltaRendanasFilipinasrevelouqueessaspessoaspreferemdoarpormeiodeOSCsdegrandeporte.54

Sidelobservaqueoscaminhosmencionadosacimadevemserconsiderados,emmuitoscasos,comorotasdeelite.NoexemplodaÍndia,umaanálise revelougrandesfluxosmonetáriosvoltadosagruposreligiososeinstituiçõesdessepaís.Nogeral,mensurarcomprecisãoessesfluxosaindaémuitodifícil.55

Nascomunidadesdediáspora–principalmenteaquelasnosEstadosUnidos–asquestõesrelacionadasàdoaçãomaisestraté-gicacrescemapartirdaconsciênciasobreosrecursosdisponíveisede seupotencial impacto.Esteúltimo,um interesse recenteemaisfortedoquenuncaentredoadores,graçasaoseumaiorco-nhecimentosobrecausasdedesenvolvimentoeanoçãodequeariquezaempreendedorapodesalvaremelhoraras comunidadesdospaísesdeorigem.Osfundosdediáspora,emgeral,estãosen-docadavezmaisdiscutidoscomofinanciamentospotenciaisparasubstituir os investimentosgovernamentais, principalmentenasaúde,educaçãoeemoutrosserviçossociais,comoseráexplicadonaspróximaspáginas.

Títulos de Diáspora

Ostítulosdediásporasãoinstrumentosdedívidaoferecidospelogovernodopaísdeorigemparaerguer capitaldentre seusemi-grantes.Oemigradocompraos títulosque sãogarantidospelogoverno, comoqual recebe juros. Tendo surgidonadécadade1930,noJapãoenaChina,essestítulosforamimplantadoseven-

54.Vejaacima,página5.55.Sidel,Mark(2008):DiasporaGiving:AnAgentofChangeinAsiaPacificCommunities?,

página6.

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didoscomsucessoemIsraelporvoltade1950.Maistarde,foramadotadosnaÍndia,duranteoanode1998.Umarecenteondadepaísesinteressadosnessasferramentasfinanceirasébaseadaemtrêstendênciasglobais:

1. Opodereconômicocadavezmaiordascomunidadesglobaisdediáspora;

2. Oacessoàinformaçãodosimigrantes;3. Oempoderamentoeconômicoeos laçosmais fortescomo

paísdeorigem fortaleceremo sensodepertencimentoeodireitodedefiniraidentidadedosindivíduos.56

Figura 9: Potencial de poupanças de diáspora

Fonte:BancoMundial(2011),Migration and Development Brief14

56.Chander,Anupam(2001):DiasporaBonds,NewYorkUniversityLawReview,Vol.76,página1006.

}EstoquesdeDiáspora

RendadeDiáspora

Poupançanopaísanfitrião

Transferênciaspara o país de

origem

Investimentonopaísdeorigem

Consumo

Potencialmercado paraTítulosde

Diáspora

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OeconomistadoBancoMundial,DilipRatha,especialistaemmigração,poupançasdediásporaeanálisedetransferências,lem-brouque,nopassado,ostítulosdediásporaforamusadosporIs-raelepelaÍndiaparaerguermaisde$35bilhõesemfinanciamentoparaodesenvolvimento.AlgunspaísescomoEtiópia,Nepal,Filipi-nas,Ruanda,eSriLankaestãoconsiderando(oujáemitiram)títulosdediáspora recentementeparapreenchervazios sobrefinancia-mentos. “Muitoalémdopatriotismo,membrosdadiáspora sãogeralmentemaisinteressadosdoqueinvestidoresestrangeiroseminvestirnoseupaísdeorigem”.Em2010,Rathaargumentouane-cessidadedetítulosdediásporadoHaitiserememitidosparaajudarasvítimasdoterremoto.“Nãosóoshaitianosquemoramnoexte-rior,mastambémosestrangeiros interessadosemajudaroHaiti,atémesmo instituiçõesda sociedadecivil sãopúblicosprováveisparaessestítulos.Oferecendoumataxadejurosrazoável‑descon-tode5%pordólar,porexemplo‑poderiaatrairumgrandenúmerode investidoreshaitianosqueestãochegandopertode jurozeroemseusdepósitos.”57

DilipRathacomentoutambémqueumadastentativasglobaismaisambiciosasparautilizaraspoupançasdesuacomunidadedediásporafalhou.OministrodefinançasdeNepalanunciounoor-çamentoanual,emjulho2009,queogovernoemitiriaumtítulodediásporaparaerguerfundosparadesenvolvimentode infraestru-tura.De fato,oNepalRastraBankpassou todoo junhode2010negociandoum“TítulodeEmpregonoExterior”(“Foreign Employ‑ment Bond”), contaDilipRatha. Emboraoobjetivo inicial fosseemitir7bilhões(cercade$100milhões)derúpias,1bilhãofoine-

57.ParaopostdoblogdeDilipRathasobretítulosepoupançasdediáspora,veja:http://blogs.worldbank.org/category/tags/diaspora‑bond,(acessadoemjunhode2011).

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gociadonaprimeirarodada.OstrabalhadoresdoNepalnoCatar,ArábiaSaudita,EmiradosÁrabesenaMalásiapoderiamcomprarotítulodeumdosseteoperadores licenciadosdetransferênciadedinheiro, estimadoem5.000de rúpias (aproximadamente $65).Emboraosdados sobre essa iniciativa continuem incompletos,concluiRatha,osfundoserguidosforammuitopequenos,nemumpoucopertodameta.58

Conclusão

Umsistemafiduciárioénecessárioparaaemissãode títulosparaumsetoreumpaísespecífico.Ucrânia,Rússia,Paquistão,RomêniaeColômbiasãoapenascincopaíses,foradaquelescomasmaiorespoupançasdediáspora(vejaaTabela20doApêndice),mas,juntos,são responsáveisporumaestimativadecercade$47bilhõesempoupança.Noentanto,poucaspessoasinvestiriamemtítulosemi-tidosporqualquerumdessesgovernos, consideradoscomgrauscomparativamenteelevadosdecorrupção.

Foimencionadoanteriormentequealiberaçãodepotenciaistransferências epoupançasdediásporadependedosgovernosnacionais,apartirdesuagovernançaecapacidadedeconstruçãodeconfiança.Entretanto,aemissãodessestiposdeinstrumentosdeimpactosocialpoderiaserfeitaporumaorganizaçãofiduciáriaintermediária,vistoqueaconfiançaemórgãosadministrativosdopaís é frequentementemaisbaixadoquea confiançaemOSCsinternacionais.

58.Vejaacima.

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Comoestímulo,esse intermediárioentreogoverno localeodoador/compradordos títulospoderia lideraranegociação, cujaconfiabilidadepoderiaseravaliadaporumaorganização indepen-dente,quefornecesseumanota(“rating”)–umparâmetrocrucialparaemissãode títulos.Aorganizaçãopor si sóconseguiriaumaboanota,que lhepermitiriaemitir títulos–damesmaformaqueoutroórgãointermediárioemitiriatítulosemnomedessaorganiza-ção–repassandoosfundos.Ocustoimplicadoparaessanovasis-tematizaçãoestáabertoparadebate.

Investimentos estrangeiros diretos

Osinvestimentosestrangeirosdiretossãoexplicitamentenãofilan-trópicos,masosvoltadosaosnegóciospodemterefeitoadversodedesacreditarorganizaçõesinternacionaisdeajuda,graçasaoseuimpactopositivodecurtoprazoemcomunidadesecidades (porexemplo,atravésdeinvestimentosdeinfraestrutura).

ComopodeservistonaTabela6,osfluxosmonetáriosprivadosparapaísesemdesenvolvimento, como transferênciase investi-mentosestrangeirosdiretos, aumentaramacentuadamentenosúltimos20anos.Emborasejafrequentementedescritacomo“pri-vatizaçãodaajudaexterna”,oquenãoéocaso,éevidentequeumasomadefundosprivadosjamaisvistaestá,defato,indoparapaísesemdesenvolvimento.59OgrandeaumentodefluxosdeIDE

59.Vistoquealgumasdoaçõesprivadasaindasãopequenaseosgovernosdepaísesemdesenvolvimentoestãoemprestandomais,nãomenos,defontesoficiais,aalegaçãodequeaajudaestásendoprivatizadoéconfuso–leiamais:Harford,Tim,Hadjimichael,BitaeKlein,Michael(abrilde2005):ArePrivateLoansandCharitableGivingReplacingAid?

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paraessespaíses,desdeocomeçodosanosde1990,indicaqueasempresasmultinacionaisos creditamcomoanfitriõesde investi-mentocompetitivo.

Emboranãoimpliquememalgomuitomaiordoquerecursosparaumafilial local,nocontextodeumpaísedeuma indústriaespecífica,os investimentosestrangeirosdiretos têmbenefícios,bemcomofalhas,quesão frequentementediscutidosnacomuni-dadedeajuda.

Tabela 6: Fluxo do recursos de todos os países aos países em

desenvolvimento, bilhões de $, 1995 a 2009

1995 2000 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

IDE 95 149 208 276 346 514 593 359 —

Transferências 55 81 159 192 227 278 325 307 325

AjudaPúblicaaoDesenvolvimento,APD

57 49 79 108 106 107 128 120 —

Fonte:BancoMundial,Migration and Remittances Factbook2011.

Segmentação de Atores

Segmentação

Ascontribuiçõesfilantrópicasporindivíduos,fundaçõeseempresasdiferemmuitoentrepaíseseadisponibilidadedosdadosélimitada.UmaanálisemaisdetalhadafoirealizadaapartirdedadosdosEs-tadosUnidos,parailustraralgumasdasprincipaistendências.

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Adivisãodasdoaçõesprivadasde2011nosEstadosUnidos(pelaGiving USAepelaequipedepesquisadaIndiana University),Figura10,revelaqueacontribuiçãoacausassociais(locaiseinternacionais)foramfeitas:73%(ou$218bilhões)porindivíduos,14%fundações,8%atravésdelegadose5%deempresasamericanas.

Figura 10: Estados Unidos, doações privadas, por fontes, em bilhões

de $, 2011

Fonte: Giving U.S.A 2012 Report

5%deEmpresas,14,6

8%deLegados,24,4

14%porFundações,41,7

73%deIndivíduos,217,8

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Participação internacional de fundações dos Estados Unidos

Principais descobertas:• Odesenvolvimentointernacionalrepresentaumapeque-

napartedadoaçãototaldefundações,tambémpeque-nassecomparadacomaajudaoficial;

• AfilantropiaparaodesenvolvimentoédominadapelosEstadosUnidos,quecanalizamsuasdoaçõesprimeira-menteatravésdefundosglobais,emvezdediretamen-teapaísesemdesenvolvimento;

• Enquantoapenasumpequenonúmerodefundaçõestêmescritóriosnospaísesmaispobresdomundo,háumaelevadacolaboraçãocominstituiçõesdoadoraslocais;

• Asfundaçõestêm–emcontrastecomorganizaçõesdasociedadecivilegovernos–interessescompletamenteespecíficoseumfocodiferentede“apenas”desenvol-vimentohumanitário;

• Novosatoresfilantrópicose jovensempreendedoresestãomudandoacaradafilantropia:pesquisasmostramquefilantropaseosempreendedoressociaisgeralmen-te têmumaabordagemdiferenteparaadoação,bus-candoummaiorenvolvimentoeimpactotangível;

• Osplayersprincipais,comoBill & Melinda Gates Founda‑tion,nãoapenasdirecionamseusfundosparaumimpac-toespecífico,elesalavancamdoaçõesparaampliaroimpactonasáreasemquetrabalham;

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• Nossaanálisemostraclaramentequeosfundosbenefi-ciadospelasfundaçõesdosEstadosUnidossãograndesmercadosemergentes,emvezdospaísesmaispobres.

Osdadosglobais sobre fundações sãomuito limitadosparaumaanáliseaprofundadadedoações locaise internacionais.OsEstadosUnidostêmosprocedimentosdereportemaisavançadosqueexistem.AparticipaçãointernacionaldosEstadosUnidosé,semdúvida, amaisabrangente, tantoemcausas,quantoemdólaresgastos,emcomparaçãocomfundaçõesdeoutrospaísesdesenvol-vidos.Osdadoseuropeussãomaisdifíceisdeseremobtidoseosdisponíveisinfelizmenteincluemdiferentestiposdefundações(porexemplo,asqueoperamenãofazemdoações).Paraumaanálisedetalhada,estaseçãotevecomoenfoqueasdoaçõesinternacionaisdosEstadosUnidose,emumasegundaetapa,aanálisedosdadossobreasfundaçõeseuropeias.

AsFiguras11e12ilustramque,aomesmotempoemqueocor-reuumaquedadurantearecessãode2009,asdoaçõesinternacio-nais (e locais)nosEstadosUnidosestãocom tendênciapositivaconstante.AFigura12mostraagrandepartedefundosfilantrópicosquepermanecedentrodopaís.

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15.0

5.0

30.0

20.0

10.0

20042002 20062001 20052003 2007 2008 2009

Fonte: U.S. Foundation Centre Database(relatóriode2010,dadosmaisrecentes)

Figura 12: Doações locais vs. internacionais das fundações dos

Estados Unidos, milhões de $, de 2000 a 2009

InternacionaisLocais

Figura 11: Estimativa de doações internacionais pelas fundações

dos Estados Unidos, de 1998 a 2009

7

6

5

4

3

2

1

1998 2000 2003 2006 20081999 2002 20052001 2004 2007 2009

8

Fonte: U.S. Foundation Centre Database(relatóriode2010,dadosmaisrecentes)

bilhõesde$

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Filantropia: Contexto Atual

Atabelaaseguirmostraos35paísesquemaisreceberamre-cursosdas fundaçõesamericanaseomontanteem$.Osdadosatendemumperíododeoitoanos(2003a2010).

Tabela 7: 35 países que mais receberam doações dos Estados

Unidos, por montante total de $ e número de doações, período

de 2003 a 2010

Posição País milhões de $ Doações, contagem

1 Suíça 2,541 847

2 Inglaterra 1,301 3,366

3 Quênia 637 1,031

4 ÁfricadoSul 572 2,480

5 Canadá 551 3,198

6 Índia 531 2,398

7 China 483 2,739

8 Israel 398 2,476

9 México 328 1,871

10 Alemanha 291 651

11 Austrália 281 674

12 Brasil 274 1,470

13 Haiti 206 280

14 Itália 204 567

15 Holanda 185 422

16 Rússia 177 739

17 Filipinas 148 511

18 Nigéria 142 569

19 França 129 799

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Filantropia: Contexto Atual

Posição País milhões de $ Doações, contagem

20 Uganda 107 649

21 Gana 102 303

22 Peru 94 559

23 Indonésia 93 588

24 Colômbia 91 304

25 Bangladesh 87 80

26 Vietnam 82 690

27 Bélgica 79 338

28 Irlanda 77 293

29 Tailândia 65 385

30 CoreiadoSul 61 71

31 Tanzânia,ZanzibarePemba 59 459

32 IrlandadoNorte 57 46

33 Chile 54 432

34 Etiópia 51 159

35 Zimbabwe 51 280

Fonte: U.S. Foundation Centre, International Grants Database(análiseprópriade2011)

Atabela7revelaqueasfundaçõesdosEstadosUnidosestãoenviandoamaiorpartedesuasdoaçõesparadoispaísesdaEuropa,SuíçaeReinoUnido.Issoenfatizasuafortepreferênciaemcanali-zá‑lasprincipalmenteemfundosglobais(comoaOrganizaçãoMun-dialdaSaúdeouasNaçõesUnidas),emvezdeenviá‑lasdiretamen-teaospaísesemdesenvolvimento.

ConformemostradopelaTabela 21doApêndice,os fundosglobaisoferecemsegurançaecondiçõesrelativamenteestáveis,quepodemserumadasrazõespelasquaisapenasalgumasfundações

TAB

ELA

7

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Filantropia: Contexto Atual

têmescritóriosnospaísesmaispobresdomundo–essepontocrucialseráretomadoposteriormentenesterelatório.60

A Tabela 7, na página anterior, também indica claramente que os beneficiários das doações de fundações dos Estados Unidos são os dez primeiros mercados emergentes, em vez dos países mais pobres. Sendo assim, a Rússia se une aos outros três países BRIC (Brasil, Índia e China) nos 20 maiores.

Algunspaíses foramanalisadoscommaisdetalhesparaesterelatório.Porexemplo,duranteoanoemqueteveinícioacampanhamilitardosEstadosUnidosnoPaquistão,em2004,houveumau-mentosignificativodedoaçõesaorganizaçõesbaseadasnaquelepaís.Enãosomenteem2004,mas tambémem2007eem2010.Essesaumentosnãoforamdevidosapenasàajudagovernamental,mas tambémàsdoaçõesde fundações,principalmentedaGates(2004,2007:doaçõesde6e5milhões,respectivamente)edaSoros(5milhõesemrespostaàsinundaçõesnoPaquistão).

OsfluxosmonetáriosparaOSCsdeatuaçãoglobalnaSuíça,talcomoaOrganizaçãoMundialdaSaúde (fundo lídernopaís comcercade$770milhões, istoé,30%),61 sãocaracterizadosporpicossemelhantes.

Emquasetodososcasosdeaumentosvisíveiserepentinosnacaptação,podemosidentificarasdoaçõesdaGates Foundation–no

60.OBancoMundial–Sulla,Olga(27defevereirode2007):PhilanthropicFoundationsandtheirRoleinInternationalDevelopmentAssistance,InternationalFinanceBriefingNote,NewSeries—Number3:http://siteresources.worldbank.org/INTRAD/Resources/Backgroun-derFoundations).pdf,página4(Acessadoemjulhode2011)

61.EmrelaçãoàSuíça,aOrganizaçãoMundialdaSaúdecomobeneficiárianúmero1éseguidapeloFundoGlobaldeLutaContraaAIDS,TuberculoseeMalária,aAliançaGlobalparaVacinaseImunização,Medicines for Malaria VentureeaAliançaGlobalparaMelhoriadaNutrição,eessesquatroúltimosbeneficiáriosjuntossãoresponsáveisporaproximadamente50%dasdoações(ou$1,2bilhões).

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Filantropia: Contexto Atual

casodaSuíça(Tabela7),de$500milhõesparaoFundoGlobaldeLutaContraaAIDS,TuberculoseeMaláriaem2006.

Figura 13: Doações de fundações dos Estados Unidos para o Pa‑

quistão, milhões de $, de 2003 a 2009

Fonte: U.S. Foundation Centre Database(análiseprópriade2011).

Oproblemageral comavolatilidadedosfluxosmonetários,quersejaporajudapúblicaouporfundosfilantrópicos,équepoderesultaremoscilaçõesnos investimentos locais–e,consequente-mente,emdificuldadesparaajustedeprogramasedesenvolvimen-tode longoprazo.Aliás,nopassado,as fundaçõesenfrentaramcríticaspornão investirememumcompromissoduradouro.Asfundações,comoaBill & Melinda Gates Foundationresponderamaissoeaumentaramaparticipaçãode longoprazoeo impactode

7 30

8 35

310

5 20

1 5

0

6 25

2

415

02003 2005 20072004 2006 2008 2009

Milhõesde$Contagemdedoações

Milhõesde$

Contagem

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Filantropia: Contexto Atual

suasdoaçõesdedesenvolvimento,pormeioda cooperaçãodemultiatores.62

AsdoaçõesdosEstadosUnidosparecemmenosvoláteisquan-dovocêanalisaocasodaInglaterra.Aqui,nos10maioresbeneficiá-rios,estãoquatrodasmelhoresuniversidadesdaGrã‑Bretanha(UCL,Imperial College,Oxford e Cambridge).

Enquantonãohánenhumadúvidadequeessasquatrouniver-sidadesestejamenvolvidasnotrabalhodeinovaçãonospaísesemdesenvolvimento,bemcomo realizandopesquisasa respeitodotema,ficaevidente,noentanto,queasdoaçõesdas fundaçõesaOSCseinstituiçõesnoexteriorsãoapenasparcialmenteparapurofimde“desenvolvimento”.

Estepontoéaindamaisenfatizadona Irlanda (naTabela7,página56)–claramenteumpaísdesenvolvido,acompanhadodeoutrospaíses fortesdaUniãoEuropeia,masaindana frentedepaísescomoaEtiópiaemtermosdedoaçõesrecebidasemdólaresamericanos.63Issoocorreprincipalmentedevidoaumaúnicadoaçãode$32milhõesaUniversity of LimerickfeitapelaThe Atlantic Philan‑thropiesnesseperíodo.

Aelevadaimportânciadeindivíduosricosfazendodoaçõesemníveisjamaisvistos(comoaBill & Melinda Gates Foundation)apre-sentaumamudançaconsiderávelnocenáriointernacionaldedoa-çõesnosúltimosanos.Comoum relatóriode2008doEuropean

62.CompareamençãodeBillGatessobreasNaçõesUnidasemseudiscursosobreosMillennium Goals:http://www.gatesfoundation.org/speeches‑commentary/Pages/bill‑gates‑u-nited‑nations‑2008.aspx,(Acessadoemjunhode2011).

63.UmpaíscomoaEtiópiatemgrandeprobabilidadederecebermaisdosdólaresdedoaçõesdas fundaçõesdosEstadosUnidosatravésdeagênciasmultinacionais (comoaOMS)doquedoaçõesdiretasdefundaçõesparaOSCslocaisoumenosórgãospúblicos,jáqueasinstituiçõessediadaslocalmentenãosão,emmuitoscasos,consideradascomocon-fiáveisosuficiente.

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Filantropia: Contexto Atual

Foundation Centreconcluiu,amaiorpartedasfundaçõesemtodoomundoéestabelecidaporumindivíduoqueusasuariquezapes-soal,ouporumainiciativacomumdediversosindivíduos.

Figura 14: Doações de fundações dos Estados Unidos para a Suí‑

ça, milhões de $, de 2003 a 2009

Fonte: U.S. Foundation Centre Database(análiseprópriade2011)

Paramuitosfundadores,observaorelatório,asprincipaisrazõesparaoestabelecimentodeumafundaçãosãoseus interessesporumprojetoespecífico,forteapegoaumacausa,suascrençasouasconvicçõesdapessoaque inspirouoprojeto.Nopassadoeaindahoje,oshomensgeralmentecompõemamaioriadosfundadoresetendemaserexecutivossêniornameiaidade.Umnúmeroelevadodefilantropas,bemcomo“novosricos”ebilionáriosjovens,como

800 140

60

100

20

120

40

80

0

500

200

700

400

100

600

300

02003 2005 20072004 2006 2008 2009

Milhõesde$Contagemde doações

Milhõesde$

Contagem

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Filantropia: Contexto Atual

ofundadordoFacebook,MarkZuckerberg–omaisjovemassinaro“Giving Pledge”64–contribuíramgradualmenteparaumamudan-çadepadrãonaúltimadécada.Pesquisasmostramqueasmulheresgeralmentetêmumaabordagemdiferenteparadoação,buscandomaiorenvolvimentoemesforçosfilantrópicosparaum impactotangível.65

AASA International Holding(ASAI),registradanasIlhasMaurícioeprestadoradeserviçosdemicrofinançasemâmbitoglobal,recebeuumaúnicadoaçãode$20milhõesdaBill & Melinda Gates Foundation, em2009,razãopelaqualopaísencontra‑senotopodaTabela20(Apêndice),de“médiade$pordoação”.66

AOMSdaSuíçarecebeu270doações,comvalortotalde$770milhões,duranteoperíodoobservado(médiade$3,7milhõespordoação).Porém,amédianãoémuitoprecisa (comoparamuitosoutrospaísesmostradosnaTabela20)porqueaBill & Melinda Gates Foundationéresponsávelpor93%detodososdólaresdoados,en-viandoaproximadamente$7milhõesacadadoação.

Outroexemplodeumfocoparticularmente“político”,emvezdeapenasumgestohumanitário,éo fatodaCidadedoVaticanoestarnaposição12–recebendodoaçõesquevariamde$30.000em2006a$3,2milhões,em2007(commédiade$450.000).ApesardeoVaticanoteralgumascausaspuramentehumanitáriassoboseuteto,amaioriadasdoações,mencionadasanteriormente,foidire-tamenteaoVaticano,oqueinferemaisumapreocupaçãododoador

64.Veja:http://givingpledge.org/65.CentroEuropeudeFundações(2008):FoundationsintheEuropeanUnion,Factsand

Figures: http://www.efc.be/programmes_services/resources/Documents/EFC‑RTF_EU%20Foundations‑Facts%20and%20Figures_2008.pdf,página11,(Acessadoemsetembrode2012);análisemaisrecente.

66.VejaositedaASAI:www.asa‑international.com

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Filantropia: Contexto Atual

comasartesoupatrimônioculturalereligiosodaIgrejaCatólica,doqueajuda.

Figura 15: Doações de fundações dos Estados Unidos para a In‑

glaterra, milhões de $, de 2003 a 2009

Fonte: U.S. Foundation Centre Database(análiseprópriade2011)

O “Fator Gates”

Dasdezmaiores fundaçõesdomundo (combaseem“doaçõesrealizadas”),setesãosediadasnosEstadosUnidos.Afundaçãomaisrica,istoé,aquelacomomaiormontantededoaçõeséaMelinda & Bill Gates Foundation, sediadaemSeattle,Washington,eatuandodesde1994comumcapital inicialde$94milhões.Desdeentão,ocapitaldaGates Foundation cresceuefinanciou,atéomomento,projetosdedesenvolvimento comumvalorde $24bilhões. Seuendowmentatualécalculadoem$37,1bilhões.

Milhõesde$Contagemdedoações

Milhõesde$

Contagem

250

100

200

50

02003 2005 20072004 2006 2008 2009

600

300

100

700

400

500

200

0

300

150

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Filantropia: Contexto Atual

Quanto de desenvolvimento internacional foi realizado pelo fi‑

lantropo número 1?

AGates Foundationclassificasuasdoaçõesemquatrogrupos:SaúdeGlobal,DesenvolvimentoGlobal,EstadosUnidoseoutrasdoações,quenãofazempartedeprogramas.Todasasatividadesdafundaçãoquefazempartedosprogramasde“SaúdeGlobal”e“Desenvolvi-mentoGlobal”devemsercategorizadascomoajudainternacional,bemcomoaquelasdoaçõesparaprojetosnaAméricadoNorte,quedizemrespeitoaodesenvolvimentonoexterior(porexemplo,umadoaçãoparaaOxfam AmericaparafornecerrespostaemergencialàsinundaçõesnaGuatemala).Duranteoperíodode1994a2011(vejaTabela8),44%donúmerototaldedoaçõesdafundação(volumededistribuição)eaproximadamente$18bilhões(71%)dedinheirodoa-doporela(volumefinanceiro)foramparacausasnoexterior.67

Tabela 8: Parcela de doações realizadas, por área, Gates Founda‑

tion, de 1994 a 2011 (março)

Área Milhões de $ %

SaúdeGlobal 14.492 58%

DesenvolvimentoGlobal 3.277 13%

Global–combinado 17.769 71%)

EstadosUnidos 6.005 24%

Doaçõesnãoprovenientesdeprogramas 1.038 4%

Total 24.812 100%

Fonte:Bill&MelindaGatesFoundation,GrantsDatabase

67.“DesenvolvimentoGlobal”e“SaúdeMundial”combinados;UmacertaparceladasdoaçõesdeprogramasdosEstadosUnidosdeveserincluídatambém,portantoosnúmerostotaisdetodasasdoações“internacionais”sãoumpoucomaisaltos.

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Filantropia: Contexto Atual

AFigura16mostracomoainiciativadeSaúdeGlobaldaGates Foundationcresceu,esetornousuamaioráreafinanciada.

“Se você tem dinheiro, você não precisa colaborar com todo mundo. Tudo que você precisa é de um donatário.”Especialista em Filantropia, Ásia

Figura 16: Doações com Foco na Saúde Global, Gates Foundation,

de 1994 a 2010

Fonte: Bill & Melinda Gates Foundation, Grants Database(análiseprópria)

O Papel de Advocacy da Gates Foundation

GrandesplayerscomoaBill & Melinda Gates Foundationnãoapenasdirecionamseus fundospara impactoespecífico, como tambémusamsuasdoaçõesparaimpactaraindamaisasáreasdeatuação.

1995

500

0

50

100

150

200

250

300

350

400

1.000

1.500

2.000

2.500

2000

2004

1997

2001

2005

2008

1998

2002

2006

2009

1999

2003

2007

2010

Milhõesde$

Contagem

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Filantropia: Contexto Atual

AGates Foundation,porexemplo,empregasomenteumapequenaporcentagemde seus fundosemeducaçãonosEstadosUnidos.Aindaassim,aorganizaçãodesempenhaumpapelimportantenaspolíticaseducacionaisnosEUA,poisalémdedoarrecursos,tambémdefendemudançasnaeducação. Istoé,elanãosomentefinanciaprogramaseducacionais,comotambémoscentrosqueinfluenciamaspolíticaseducacionais.Assim,opapeldafundaçãoémaisimpor-tantedoqueseuvalorabsoluto.Maissobreopapeldeadvocacy dasfundações,bemcomoaparticipaçãodaGatesnaeducaçãonosEstadosUnidosserávistoemcapítulosposteriores.

Análise Especial – Doações de Fundações Norte‑Americanas para

a China

FoirealizadaestaanáliseparadescobrirquaisáreasinteressammaisàsfundaçõesdosEUAnofinanciamentosdefundaçõeseOSCschi-nesas68. E aprincipaldescobertaéqueasnorte‑americanas têmfortepreferênciaporinstituiçõesacadêmicas,pesquisaedesenvol-vimento,bemcomolaboratóriosecentroscientíficos.

Amaiorporcentagem(33%, vejaaFigura 17)é compostadedoaçõesparainstituiçõesdeensino,incluindoacadêmicasedepes-quisa.Seteentredez,nacategoria“educação”,sãoinstituiçõesdeensinosuperior,comoaShaanxi Academy of Social Sciences,Shanghai Science and Education Development Foundation,Shanxi Academy of Social Sciences,Guizhou Academy of Agricultural Sciences ou a Chine‑se Academy for Environmental Planning.Outras instituiçõeseduca-cionaisagrupadassobessacategoria incluíramCentral Communist

68.Aanálisefoirealizadaclassificando‑semanualmenteasdoaçõesdeacordocomoseunome.Quandoonomedeumdoadornãorevelouimediatamenteafinalidaderealdaorga-nização,umaanáliseaprofundadadessebeneficiárioespecíficofoirealizada.

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Filantropia: Contexto Atual

Party School,Anhui Provincial Department of Education,Shanghai Education Development Foundation,Ministry of Education of China ou Beijing Modern Education Research Institute.

Figura 17: Doações de fundações norte‑americanas para a China

Fonte: U.S. Foundation Centre Database;análiseprópria

Asegundamaiorporcentagem(20%)écompostadedoaçõesparaasociedadecivileinstituiçõesculturais,comoFamily Planning Association Wuchang District,Evangelical Lutheran Church of Hong Kong,Lishu County Women’s Federation,Chinese Working Women Network,National People’s Congress,National Prosecutors College ou Panzhihua Youth Volunteers Association.Apenasculturaisquerece‑beramfinanciamentonorte‑americanosãoHong Kong Ballet,Museum of the Terra‑Cota Warriors and Horses of Qin Shihuang,National Art Museum of China ou Chinese Culture Promotion Society.

Aterceiramaiorcategoria“InfraestruturaPolíticaeEconômica”(19%) inclui trêssubcategorias:pesquisasocialeeconômica(50%),

19%InfraestruturaPolítica+Econômica

20%SociedadeCivil+Cultura

33%Educação

10%Saúde

6%MeioAmbiente

6%Energia

3%AlíviodaPobreza

3%Transporte

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Filantropia: Contexto Atual

administração/política(38%)eeconomia(13%).Asdoaçõesfeitasporfundaçõesnorte‑americanasparapesquisaseconômicasesociais,porexemplo,foramfeitasparaHorizon Research Consultancy Group (umdosprincipaisespecialistasemopiniãopúblicanaChina),China Development Research Foundation,Research Centre for Rural Economy,China National Institute for Educational Research ou Yunnan Partici‑patory Development Association.

“Administração/Política” (vejaaFigura 17) inclui instituições,comoFinancial Stability Bureau of the People”s Bank of China,China Standard Certification Centre,Ministry of Civil Affairs,National Deve‑lopment and Reform Commission,Association of Mayors of Guangxi ou China Rural Labour Development Institute.

Conclusão

Comosepodenotarnosparágrafosacima,muitosbeneficiadospodemserclaramenteorganizaçõesassociadasaoPartidoComu-nista,eprováveloutrasmuitassejamcontroladaspeloregimechinês,maisdoque seusnomesouafiliaçãodeixem transparecer.Paraentendermelhoro cenárioda filantropia chinesa, é importanteobservarquemuitasorganizações são,de fato,definidas como“OrganizaçõesdasociedadecivilOperadaspeloGoverno”,ouGON-GOs(siglaeminglês),eexistemparapromoverumacausaapoiadapelo regime. Especialistasdestacaramqueeste cenário, emumambientedemercadonãolivre,comoodaChina,éproblemático,pois torna‑sedifícilestabeleceralgumatransparência.Entretanto,umrecémcriadobancodedadosdefundaçõeschinesasfoiusadoparasechegaraumavisãomaisaprofundadadasdoações.Aaná-lisepodeserencontradanaspáginas62‑64.

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Filantropia: Contexto Atual

Fundações Europeias: Investimento e Participação Internacional

Principais descobertas:• Osinvestimentosdefundaçõeseuropeiassãomaisbaixos

emcomparaçãoasuasparesnorte‑americanasapesarde,emmédia,possuíremmaisbens;

• A Itália temomaiormontantedebensagregadosemfundaçõesnaEuropa;

• AGrã‑Bretanhaestámuitoàfrenteemtermosdovalormédiopordoação;

• Aparticipação internacionalde fundaçõeseuropeiasgeralmentenãoémuitoalta.Asholandesaspriorizamfortementeasrelaçõeseodesenvolvimentointernacio-nais(45%,emcomparaçãoàmédiaaproximadade12%);

• UmrelatóriodoBancoMundialde2007estimouqueototaldeajuda internacional fornecidapor fundaçõeseuropeiaseraalgopróximoameiobilhãodedólares(consideradopouco,emcomparaçãocomaoferecidapelosEstadosUnidos,deUS$5,9bilhõesnomesmoperíodo,vejaaFigura11).

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Filantropia: Contexto Atual

Tabela 9: Valor total de bens das fundações em 15 países europeus

País Total de Bens (em milhões de €)

Itália(2005) 85.441

Alemanha(2005) 60.000

ReinoUnido(2005)* 48.553

Suécia(2001) 16.305

França(2005) 9.445

Espanha(2005) 8.993

Finlândia(2004) 3.856

Holanda(2002)** 1.445

Hungria(2005) 1.419

Bélgica(2006) 1.028

Estônia(2004) 340

Luxemburgo(2005) 203

RepúblicaTcheca(2006) 195

Eslováquia(2006) 67

Eslovênia(2005) 34

Fonte: European Foundation Centre,Análisede2008*500maioresfundos,**400fundaçõescaptadorasderecursos

Osdadossobre fundaçõeseuropeias são limitados,especial-mentesobresuaparticipaçãointernacional69.Publicaçõesfeitaspelo

69.Umarazãoparaissoéqueaidaderelativamentejovemdeumafilantropia(significa-tiva)emmuitospaíseseuropeuseadiversidadedetiposdefundaçõesnaEuropadificultaacoletadedados.AsleisparafundaçõesvariamnaEuropa,eadefiniçãode“fundações”di-fere‑seentreumpaíseooutro.AEFC Researchusadanessaseçãofocaasfundaçõesdebe-nefíciopúblico(definidascomosendo“baseadasemativosecompropósitos,semmembrosouacionistas,e sendoórgãosnão lucrativosconstituídosseparadamente”)e retiradosdedadosacumuladosprincipalmenteem2005,afirmandoserapesquisamaisatualizadaemDezembrode2009.

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Filantropia: Contexto Atual

European Foundation Centre(EFC)eoutrasfontesdestacaramqueseupesoeconômicoé significativo, jáque, se combinados, seusativoschegama€237bilhões70.Noentanto,seusinvestimentossãomenoresemcomparaçãoaosnorte‑americanas,apesardasfunda-çõeseuropeiasterem,emmédia,maisbens71–lideradospelaItália,comamaiorquantiadebensagregadosemfundaçõesnaEuropa(vejaasTabelas9e10).UmrelatóriodoBancoMundial,de2007,estimouqueototaldeajudainternacionalfornecidaporfundaçõesdocontinentefoideaproximadamentemeiobilhãodedólares72.

Tabela 10: Divisão dos bens combinados das 50 principais funda‑

ções por país

País %

Itália 39

ReinoUnido 34

Alemanha 16

Espanha 4

Suécia 4

França 2

Finlândia 1

Fonte: European Foundation Centre

70.Deumaamostrade55.552fundaçõesem15países;aTabela9dapáginaanteriorémostradaemmilhõesparafinsdesimplicidade.

71.Parapoucasestatísticasimportantessobreesteassunto,vejaoportalestatísticodasNaçõesUnidas:http://www.un.org/partnerships/YStatisticsEurope.htm(Acessadoemjunhode2011).

72.OBancoMundial–Sulla,Olga(27defevereirode2007):PhilanthropicFoundationsandtheirRoleinInternationalDevelopmentAssistance,InternationalFinanceBriefingNote,NewSeries—Number3:http://siteresources.worldbank.org/INTRAD/Resources/Backgroun-derFoundations).pdf,page4,(acessadoemjulhode2011).

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103

Filantropia: Contexto Atual

ATabela11destacaqueasfundaçõeslocalizadasnas14princi-paiseconomiaseuropeias(umtotaldemaisde380milhõesdeci-dadãoscombinados),estãoinvestindomais(emeuros:46bilhões)doqueasfundaçõesnorte‑americanaspesquisadaspelaFoundation Centre(vejaaFigura10;US$42bilhõesou€33bilhões).Entretanto,emrelaçãoàpopulaçãoeaosativosretidos,aEuropagastasignifi-cativamentemenos.AAlemanhatemosinvestimentosmaiselevadosemnúmerostotais(tantointernaquantoexternamente).AGrã‑Bre-tanhaestámuitoàfrenteemtermosdovalormédiodeumadoação73.

Tabela 11: Total de investimentos das fundações em 14 países

europeus

País Investimento (em milhões de €)

Total 46,120

Alemanha(ano:2005) 15,000

Itália(2005) 11,530

Espanha(2005) 5,700

França(2005) 4,175

ReinoUnido(2005)* 3,972

Holanda(2005) 2,714

Hungria(2005) 1,100

Suécia(2001)** 627

Bélgica(2005) 570

Estônia(2004) 272

Finlândia(2004) 249

73.CentroEuropeudeFundações(2008):FoundationsintheEuropeanUnion,FactsandFigures,página11.

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Filantropia: Contexto Atual

País Investimento (em milhões de €)

Luxemburgo(2005) 154

Eslováquia(2006)* 42

RepúblicaTcheca(2006)*** 15

Fonte: European Foundation Centre,Análisede2008*500maioresfundos**Doaçõesparaterceiros***Investimentosde70Foundations Investment Funds(FIF),oquerepresenta62,6%dosbensdetodasasfundaçõestchecas.

Diversasfundaçõesdospaísesselecionados informaramseusinvestimentosaoEuropean Foundation Centre,oquepossibilitache-garaalgumasconclusõessobreáreaseprioridadesdeutilizaçãoderecursos.Dadossobreáreasdeinteresseforamfornecidosdeduasformaserefletemomontantedosfundosempregados.OsdoistiposdedadosestãorepresentadosnaFigura18.

O resumodas investimentosporáreade interesse,emumaamostrade36.717fundações,emsetepaísesdaEuropa,demonstraqueessasorganizaçõesutilizamgrandepartedeseus fundosemsaúdeeserviçossociais.Oúltimocontacomoforteapoiodasfun-daçõesnaFrança(36%dototal)enaHolanda(31%).Asfundaçõesfrancesasdirecionamquasetodoseusrecursosparaasaúde(49%).NaHolanda, as fundaçõespriorizam fortementeas relaçõeseodesenvolvimento internacionais (45%), refletindo seu tradicionalenvolvimentohumanitário74.Osuportemais forteparaempregosvemdas fundaçõesbelgas,enquantoas suecasapoiamprincipal-menteasciências(48%).

74.Afortetradiçãoholandesadeenvolvimentohumanitáriotambémévisívelnaparce-laextraordinariamentealtadeajudaoficialaodesenvolvimento(82%deRNB).Vejaessere-latório,Tabela3,página29.

TAB

ELA

11

Saúde

ServiçosSociais

DesenvolvimentoInternacional

ArteeCultura

EducaçãoeTreinamento

Ciências

MeioAmbiente

Religião

DesenvolvimentoComunitário

CiênciasSociais

EsportesRecreativos

Empregos

Bem‑EstardosAnimais

Filantropia/Voluntariado/NPI

SociedadeCivil,LeiseDireitosCivis

Nãoclassificadoemoutroslugares

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105

Filantropia: Contexto Atual

Figura 18: Distribuição do apoio das fundações por campos de

interesse em 13 países europeus

Saúde

ServiçosSociais

DesenvolvimentoInternacional

ArteeCultura

EducaçãoeTreinamento

Ciências

MeioAmbiente

Religião

DesenvolvimentoComunitário

CiênciasSociais

EsportesRecreativos

Empregos

Bem‑EstardosAnimais

Filantropia/Voluntariado/NPI

SociedadeCivil,LeiseDireitosCivis

Nãoclassificadoemoutroslugares

Investimentosporáreadeinteresse(Bélgica,Finlândia,França,Hungria,Holanda,SuéciaeReinoUnido)

NúmerodeFundaçõesinteressadasemcadaárea(Estônia,Alemanha,Itália,Luxemburgo,Eslováquia,Espanha)

Fonte: European Foundation Centre,Análisede2008

AFigura18destacaqueoenvolvimentointernacionaldefun‑daçõeseuropeiasgeralmenteébaixo.Para futurasanálises, seriaútilestudaroscasosdaHolandaedoReinoUnido,emtermosdeatuação,umavezqueoEFCidentificouumfortefocodoprimeiroemassuntos internacionais,enquantooReinoUnido, seguindoopadrãoanglo‑saxãodefilantropia,faz,emmédia,asmaioresdoações.

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106

Filantropia: Contexto Atual

OutrosdadosdisponibilizadospeloEFCetambémpelaGerman Foundation Association(Bund Deutscher Stiftungen,BDS)confirmamobaixoníveldeengajamentocomquestõesinternacionaisdasfun-daçõeseuropeiasedasfundaçõesalemãsrespectivamente,comopodeservistonasFiguras19e20aseguir.

Figura 19: Áreas geográficas de interesse, fundações europeias

(6 países europeus)

70%

40%

60%

30%

10%

50%

20%

0%

Nívellocal

Nívelnacional

Outrospaíseseuropeus

OutrospaísesdaEFTA

LesteeuropeueNIS(países

recentem

enteindependizados)

Mundial

África

Ásia‑Pacífico

AméricadoSul

AméricadoNorte

Outros

Investimentosporáreageográficadeinteresse(BélgicaeFinlândia)

Porcentagemdefundaçõesinteressadasemcadaáreageográficadeinteresse(Estônia,França,Alemanha,Itália)

Fonte: European Foundation Centre,Análisede2008

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Filantropia: Contexto Atual

Figura 20: Fundações alemãs doadoras, foco geográfi co, 2011

Fonte: German Foundation Association,2011

Ográficoacimaapresentaasáreasgeográficasdeinteresseeaporcentagemdestinada.EssaanálisedoEFC(emapenasseispaí‑ses,emvirtudedalimitaçãodosdados)comprovaaindaqueosfi‑nanciadores,normalmente,apoiamatividades locaisenacionais ‑emboratambémexistasuporteexternoparaoutrospaíseseuropeus,masnuncaalémdisso.Umpanoramadasfundaçõesalemãs(Figura20)ressaltaofato,aomostrarqueaproximadamente90%delasnãopossuemqualqueratuação internacional.Noentanto,5%financiaprojetoscomfocoexclusivamenteinternacional–6%comatuaçãointernaeexterna,em2011.

Conclusão

Os investimentossociaisde fundaçõeseuropeiassãomaisbaixosemcomparaçãoasuasparesnorte‑americanas,apesarde,emmédia,

5%somenteparaoexterior

6%internoeparaoexterior

9%interno:âmbitonacional

80%interno:somentelocaleregional

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Filantropia: Contexto Atual

teremmaiorpatrimônio(Tabela10).Damesmaforma,aparticipaçãointernacionaldelas tambémnãoémuito alta, comexceçãodasfundaçõesholandesas,quepriorizamfortementeasquestõesdedesenvolvimento internacional.Umcenário fragmentadodessasfundaçõesdestacaocaminhodiferentequeamaioriadospaíseseuropeusseguiu,emcomparaçãocomafilantropiaanglo‑saxônica.

Fundações Asiáticas Desempenham um Papel cada vez mais Importante em sua Região

UmrelatóriodoBancoMundialindicouqueaparticipaçãodefun-daçõesasiáticasnafilantropiainternacionalérelativamentelimita-da,“devidoatradiçõesculturaisereligiosasquefavorecemafilan-tropia local. Emmuitospaíses,organizações semfins lucrativosestãobatalhandoparaganharreconhecimentodogovernocomoumsetorseparado.Grandepartedafilantropiaasiáticaédirecio-nadaparaasnecessidadesdascomunidades locaiseobem‑estarsocial.Aajudapara causasnão religiosasé relativamentebaixa,segundooAsia Pacific Philantrophy Consurtium. Existempoucaspesquisassobreafilantropiaasiáticaemgeral,emenosaindasobreasatividadesdasfundaçõesasiáticasempaísesemdesenvolvimen-to”.O relatórioconcluiuque,entreospaísesda“Australásia”,amaioriadasfundaçõespodeserencontradanaAustrália,noJapão,naChina,emHongKong(China)enaRepúblicadaCoreia,masal-gumasfundaçõestambémforamencontradasnaMalásia,nasFili-pinas,naTailândiaenoVietnã75.

75.OBancoMundial,Sulla,Olga (27de fevereirode2007):PhilanthropicFoundationsandtheirRoleinInternationalDevelopmentAssistance,página5.

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Filantropia: Contexto Atual

O Papel que as Empresas Desempenham na Filantropia Internacional

Principais descobertas:• NosEstadosUnidos,asempresasdoaramUS$14,6bilhões

paraaáreasocialem2011,oque representaamenorporcentagemdetodasasdoaçõesprivadas;

• Asdoaçõesprivadasregistradasnormalmente incluemnãosomentedinheiro,mastambémdoaçõesemespécie,naformadeprodutosetempodeadministração;

• Quantomaisglobal foraoperaçãodaempresa,maisinternacionalseráseufocofilantrópico;

• Empresasmanufatureirasdedicam,deformaconsisten-te,maisdoqueumquartodeseuorçamentoadoaçõespara causas internacionais. Em2010, aporcentagemmédiadototaldessesrecursosmanteve‑sepróximoaosvaloresdoadosemanosanteriores;

• Opapeleaimportânciadoinvestimentosocialcorpora-tivodiferencia‑sefortementeentreospaíses,dependen-dodaculturafilantrópicadeumasociedade–amaioriadasdoações feitas,porexemplo,noBrasil acontecemviaempresas;

• Oinvestimentosocialcorporativo–comotambémodefundações – envolve focoeobjetivoespecíficos (dofundadordaempresa,dopresidente,diretoriaouacio-nistas)que,nopior,masprovávelcenário,excluifinan-ciamentosparaquestões“polêmicas”, comodireitoshumanos,prevençãodedoençasespecíficas,ouequida-dederaçaegênero.

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Filantropia: Contexto Atual

Investimento Social Corporativo: Será que é só Aparência?

Damesmaformaquemuitosoutros“atores”noecossistemafilan-trópico,o investimentosocial corporativovemsendopesquisadocommaiorprofundidadenosEUA.OCommittee Encouraging Corpo‑rate Philanthropy (CECP)realizou,em2011,umapesquisaentreasprincipaisempresasnorte‑americanaspelosétimoanoconsecutivoe, combaseemumaamostrade 184empresasedadosde2010,concluiuque:

• Exatamentemetadedasempresasdoarammaisem2010doqueantesdadesaceleraçãoeconômicade2007;

• Contribuiçõesagregadas,nãofeitasemdinheiro,aumentaramem39%desde2007, impulsionadasprincipalmentepelasem-presasfarmacêuticas,quedoarammedicamentosparapessoasdebaixarenda76;

• Maisempresasrelataramumaumentonofocoemprogramasdeumaáreaespecífica,emvezdedoaçõespulverizadas.

Apesquisaressaltatambémanoçãodeque,quantomaiorforaparticipaçãodeumaempresaemumpaísespecífico,maiorapro-babilidadededoarpara causas locais. Empresasmanufatureirasgeralmentesãomuitomaisenvolvidascomoutrospaísesdoqueasdeserviços,devidoàsuanecessidadedematériaprima,maiornú-merodetrabalhadoreslocaisesuaconfiançanainfraestruturalocal77.Dessa forma,a típicaempresamanufatureiradedicaaproximada-

76.CommitteeEncouragingCorporatePhilanthropy(2010):GivinginNumbers,Corpora-teGivingStandard:http://www.corporatephilanthropy.org/pdfs/giving_in_numbers/Givingin-Numbers2011.pdf,página11,(acessadoemsetembrode2012).

77.Asempresasdemanufaturareportaramqueumamediade38%desuareceitatotalégeradanoexterior,enquantoasempresasdeserviçosreportaramumamédiade16%(N=27,

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Filantropia: Contexto Atual

menteumquartode seuorçamentofilantrópicoparadoaçõesacausasinternacionais.

EmboraaanálisedoCECPsejabastanteútile inovadora,elaapresentadiversasfalhas,umadasquaiséespecialmentesurpreen-dente.Oinvestimentosocialcorporativoidealmentetrazumbene-fíciosocialparaoquemorecebe,mas,aomesmotempo,melhoraa reputaçãodaempresa.Assim,provavelmenteé justodizerquegeralmenteháumobjetivoimplícito.ApesquisadoCECPnãoana-lisaoelementoda“reputação”eoquãoimportanteelaéaosolhosdosCEOs (DiretoresExecutivos)pesquisados.Embora tenhaumaquestãoespecíficaqueexaminao“tipodemotivaçãoquemelhorserveaumadoação”eofereceao respondente três categorias(Caridade; InvestimentosparaaComunidade/Estratégicos;Comer-cial),nãoficamuitoclaroqualdosdoisúltimostiposéoquecobre“aumentarareputaçãodaempresa”.

“É importante que as empresas descubram o que as comu‑nidades necessitam para então começar a trabalhar em conjunto.”Especialista em Filantropia, América do Sul

Ocritérioquechegamaispertodeentenderamotivaçãopu-ramentedemercadoao“melhorar a reputaçãodaempresa”é

N=36,respectivamente),VejaoCommitteeEncouragingCorporatePhilanthropy(2010):GivinginNumbers,página28.

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Filantropia: Contexto Atual

“Comercial”.EssetipoédefinidopeloCECPcomo“filantropiaemqueobenefícioàempresaéaprincipalrazãoparafazerdoações;obemquefazàcausaouàcomunidadeésecundário.Oobjetivopodeserentreterumclienteoudoarparaumacausaquesejaimportan-teparaumfornecedoroucliente‑chave”.Estadefiniçãosugereumabaixa respostadosentrevistados, umavezque somentealgunsdelesadmitiriamasrazõesprimáriaesecundáriadesuasdoaçõesde forma tãoexplícita.Nofimdascontas,4%éamédiadosqueclassificamsuasdoaçõescomo“comerciais”napesquisadoCECP(relatóriode2011;5%norelatóriode2010).

Em contrapartida, umestudo semelhante conduzidopelaMcKinseyapurouqueseteemdezdoaçõescorporativassãomoti-vadaspor“melhorarareputaçãodaempresa”(“alémdosbenefíciossociais”,quesão,comtaldoação,oportunos)–segundo721execu-tivospesquisadosem2008.

“Não existem muitos casos em que a colaboração entre empresas tenha sido muito intensa e interativa. Uma funda‑ção comunitária pode atuar como intermediário ou articu‑lador, pedindo apoio tanto da IBM quanto da Xerox. As empresas não colaborariam se não houvesse um interme‑diário. De outro modo, não há um motivo real para que trabalhem juntos.”Especialista em Filantropia, Ásia

Oresultadodapesquisa,emboracomamostraeperguntasdiferentes,parece colidir comos5%dedoações commotivação“comercial”,averiguadonapesquisaCEPC.Porém,aequipedoCECP

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Filantropia: Contexto Atual

publicouseurelatóriode60páginassemmencionara“reputação(corporativa)”nenhumavez78.

OestudoMcKinseyressaltoutambém:oitoentredezexecuti-vosacreditamque“descobrirnovasoportunidadesdenegóciosdeveria ser levadoemconsideraçãonahoradedeterminarquaisprogramas sociaisfinanciar, enquanto 14%afirmamque issonãoprecisaserconsiderado”.79

Entreosrespondentes,asquestõessociaisepolíticasrelevan-tesparasuasempresastêmmaiorprobabilidadedereceberfinan-ciamento.Osobjetivoscomerciaismais citados são“aumentarareputaçãodaempresaoudamarca”,“capacitarosfuncionários”e“melhorarorecrutamentoearetençãodoscolaboradores”.

Independentementedosobjetivoscomerciaisdeseusprogra-massociais,maisde80%dosrespondentesdisseramteralgumsu-cessoemalcançá‑los.Aproximadamenteumquintodosresponden-tesdissequesuasempresassãomuitoouextremamenteeficazesparaatingirobjetivossociais,tratardosinteressesdosstakeholders,ouambos.

Deixandodeladoafilantropiacorporativanassociedadesoci-dentaisporummomento,oquadroémuitodiferentequandoseanalisaalgunspaísesemdesenvolvimentoeeconomiasemergentes.

78.A razãopara issoéqueumdeseus trêsprincípiosorientadores,deacordocomoWikipedia,é“RepresentaravozdoCEOnafilantropiacorporativa”queéprovavelmenteomelhorcomeçodapesquisa independentesobremotivaçõesdosCEOs.VejaaentradanoWikipedia:http://en.wikipedia.org/wiki/Committee_Encouraging_Corporate_Philanthropy(Acessadoemjulhode2011).

79.McKinseyandCompany(2008):GlobalSurvey–Thestateofcorporatephilanthropy:https://www.mckinseyquarterly.com/The_state_of_corporate_philanthropy_A_McKinsey_Glo-bal_Survey_2106,página3(acessadoemjunhode2011).

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Filantropia: Contexto Atual

“Cada aspecto do subdesenvolvimento requer um negócio.”Herman Chinery‑Hesse, empresário africano (também conhecido como o “Bill Gates de Gana”)

Enquantonospaísesdesenvolvidosocidentaisosinvestimentossociaiscorporativoserame,atécertopontoaindasão,motivadospela“reputaçãocorporativa”,eosetorconstituiamenorporcen-tagemdetodasasdoaçõesprivadas(nosEUA),nocasodoBrasil,porexemplo,amaioria das doações filantrópicas é corporativa.Nocasoespecíficobrasileiro,historicamenteasempresascuidamdascomunidadesedasquestões relacionadasà localidadenasquaisestãopresentes.

OGIFE(Grupo de Institutos, Fundações e Empresas)éconside-radoaprimeiraassociaçãosul‑americanadedoadores,unindoorga-nizaçõesprivadasquefinanciamouoperamprojetossociais,culturaiseambientaisdeinteressepúblico.Noentanto,85%deseusmembrostemorigemcorporativa(empresasoufundaçõesempresariais).

OGIFEestásignificativamentefocadoemdesenvolversoluçõesparasuperarasdesigualdadessociaisnoBrasileseuobjetivoestra-tégicoéinfluenciaraspolíticaspúblicasatravésdeparceriasetrocasdeideias,açõeseexperiênciascomoEstadoeoutrasorganizaçõesdasociedadecivil80.

Para fortalecerealavancaraindamaisa fortefilantropiacor-porativanoBrasil,segundoMarcosKisil–PresidentedoIDIS(Insti-tutoparaoDesenvolvimentodoInvestimentoSocial)–,osetorestáseconcentrandofortementeemumnovoeevoluídoconceitode

80.Vejahttp://www.gife.org.br/

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Filantropia: Contexto Atual

“CriarValoresCompartilhados”entrecomunidadeseempresas.Esseconceitoseráexploradoemdetalheapartirdapágina72.

“ Uma ideia ainda muito presente é que o doador é quem decide onde empregar o dinheiro. O que estamos vendo – e que espero seja a tendência do futuro – são os doadores tra‑balhando mais em parcerias para descobrir a forma mais ade‑quada de distribuir o dinheiro. Esse conceito está aparecendo cada vez mais e é chamado ‘Criar Valores Compartilhados’”.Especialista em filantropia, América do Sul

Snapshots dos Países

Opróximocapítuloilustraocenáriointernodafilantropiaempaísesespecíficos.

Filantropia Interna nos Estados Unidos

Devidoàquantidadededadosdisponíveisebemestabelecidos,alémdosrelatóriossobrefilantropianosEUA,estecapítuloserácurtoetraráapenasumaanáliseexclusivasobre investimentossociais in‑ternos da Bill & Melinda Gates Foundation.

AnalisandoaGates Foundation, em termosdeengajamentointerno,asdoaçõesnorte‑americanascompõemumaporcentagemsignificativa58%detodososprojetos.Noentanto,aporcentagemde investimentosparacausasnorte‑americanasédeapenas24%,dadoqueoscustoscominiciativasdeSaúdeGlobalsãomuitomaio-res.O“United States Programe” formaumadasquatrograndesáreasdeatuaçãocomSaúdeGlobal,DesenvolvimentoGlobaleuma

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Filantropia: Contexto Atual

pequenaparcela apoiandooutras fundações (comooCouncil of Foundations–COF,nosEUA).

Tabela 12: Bill & Melinda Gates Foundation, Doações feitas como

parte do “United States Programme”, por área, de 1994 a 2010

Área de Doação % *

DoaçõesparaComunidades 36

Educação,todasa4áreas 27

Educação,PósEnsinoMédio 17

Educação,ProntoparaaUniversidade 68

Educação,SériesIniciais 9

Educação,Bolsas 7

Bibliotecas 26

Defensoria&PolíticasPúblicas 6

FamíliasSemAbrigo 4

Pesquisa&Desenvolvimento 3

RespostadeEmergência 2

*Totalnãofecha,emfunçãodearredondamentoFonte: Bill & Melinda Gates Foundation

Número de doações para fundações comunitárias em queda

As trêsmaioresáreasde investimentodentrodo“United States Programme”foramdoaçõesparafundoscomunitários,educaçãoebibliotecas,aolongodoperíododeoperaçãodaFundação,de1994a2011.Noentanto,o focovemmudando lentamente,deapoioafundações comunitáriasparadoaçõesa iniciativaseducacionais,comopodeservistonaFigura21.

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Filantropia: Contexto Atual

Figura 21: Bill & Melinda Gates Foundation, Número de doações

feitas para Projetos Comunitários e Educacionais, de 2000 a 2010

Fonte: Bill & Melinda Gates Foundation

As fundaçõescomunitárias realizamserviços sociaisbásicosnaslocalidadesondeseencontram.Háexemplosgrandesem2004,comoumadoaçãodeUS$1milhãoparaumaassociaçãodeSeatt-lereconstruirmoradias,oapoioaumacampanhacomunitáriaemWestSeattle,ouadoaçãodeUS$4milhõesparaaSeattle Foun‑dation,paraapoiarorganizaçõessemfinslucrativoslocais.Juntoaestes,houvetambémumnúmeroaltodefinanciamentosmeno-res,resultandoemumaumentonaqueleano,após2003tersidobastantefraco(vejaaFigura21).Noentanto,atendênciageralfoimanteronúmerodedoaçõesmaisbaixo,umpoucoacimade30em2007.

Projetos“ProntoparaaUniversidade”ProjetosComunitários

Nºdedoações

Ano

160

80

120

40

140

60

100

20

0

2000

2004

2002

2006

2009

2001

2005

2008

2003

2007

2010

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Filantropia: Contexto Atual

Educação Cresce no Cronograma da Gates

Amaioriadasdoaçõeseducacionaissevoltaramparaainiciativa“Prontopara aUniversidade”, que repassa valores na casadeUS$1milhãoparafundaçõesuniversitárias,queapoiamprogramasdeplanejamentoepesquisaestratégica,ourecrutamestudantesde baixa renda a serempreparados para a universidade.UmaúnicadoaçãodemaisdeUS$12milhõesfoifeitaparaoNational Equity Project,iniciativadaCalifórnia,aplicadaemtodoosEstadosUnidos,paraaumentareaprimoraroacessodealunosnegrosauniversidades81.

Filantropia na Austrália

AassociaçãodemembrosdaAustralian Foundation estimaqueexistamaproximadamentecincomilfundaçõesnaAustrália,doan-doentreAU$500milhõeseAU$1bilhãodedólaresporano.Issoinclui950fundosauxiliaresprivados(ouPAF,siglaeminglês;julhode2011)ecercadedoismilfundosefundaçõesadministradaspororganizaçõesfiduciárias.Agrandeporcentagemdefundosauxilia-resprivados,quesãoessencialmentefundaçõesnoestilonorte‑a-mericano,éparcialmente responsávelpeladificuldadeemobterdados precisos82.OsPAFssãoprivadose,frequentemente,fundosfamiliares.Elessãoobrigadosadoar5%deseusativosparacausasacadaano.

81.Éimportantequeotermo“decor”(“coloured”)éconsideradopejorativonaGrã‑Bre-tanhaeemoutroslugares,masowebsitedaBill & Melinda Gates Foundationusaessetermofrequentemente:http://www.gatesfoundation.org/Grants‑2011/Pages/National‑Association‑for‑the‑Advancement‑of‑Colored‑People‑OPP1033306.aspx,(Acessadoemjulhode2011).

82.Paraaanálisemaisrecentedosetor,veja:Madden,KymDr.,Scaife,WendyDr.(2008):Good timesandPhilanthropy:GivingbyAustralia”sAffluent, :http://www.bus.qut.edu.au/research/cpns/whatweresear/documents/GoodTimesandPhilanthropyGivingByAustraliasAf-fluent_Marçode2008.pdf,(Acessadoemjunhode2011).

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Filantropia: Contexto Atual

Figura 22: Áreas fi nanciadas pelas 10 principais fundações aus‑

tralianas; em milhões de AU$; porcentagem média em três anos

(2005‑2008)

Fonte: Philanthropy Australia,2010

Apesardessanovaestruturade fundaçãoedaboasituaçãofinanceirados indivíduosnaAustrália,osconsultoresfilantrópicosalegamafaltade incentivosfiscaisparaencorajarnovasdoações,umavezque,dentreos indivíduos,aindaexistedesconfiançaemrelaçãoa instituiçõesdeapoioaaçõessociaisemgeral.OPhilan‑thropy Australia,órgãodeconsultorianacional,diagnosticouqueastransferênciasinternacionaisestãoaumentando,dadoquecadavezmaisaustralianosfazemfortunasnoexterior,desenvolvendo,assim,fortesligaçõescomaregiãoÁsia‑Pacífico.

49,7, 27,0% Bem‑estar

34,6, 18,8% Saúde

32,4, 17,6% Educação

22,0, 12,0% Pesquisa

22,9, 11,4% CulturaeArtes

11,6, 6,3% MeioAmbiente

0,8, 0,4% EsporteseRecreação

5,5, 3,0% QuestõesInternacionais

6,3, 3,4% Outros

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Filantropia: Contexto Atual

EmrelaçãoàcolaboraçãoentreosatoresfilantrópicosnaAus-trália,asfundaçõesestãotrabalhandocadavezmaispróximasdogoverno,umavezqueosrecém‑estabelecidosPAFsaindanãode-monstrarammuitacooperação.

Umadivisãoporáreadefinanciamentoencontra‑sedisponívelparaasdezprincipaisfundações,quereportamsuasdoações,eaFigura22ilustraofocoemáreastradicionalmentemais“urgentes”,comobem‑estarsocialesaúde.AFigura25exemplificaqueasfun-daçõesaustralianastêmdoadomaisacadaano.Em2009,asdoaçõescaírampelaprimeiravez.OPhilanthropy Australia reporta que no anofiscalde2008‑2009,os contribuintes individuaisdeclararamAU$2.093milhõesemdoações,umareduçãode10,8%emrelaçãoaoanoanterior–aprimeiraregistradaemmaisdeumadécada.

“As histórias sobre doações e generosidade estão se tornando uma tendência. Podemos vê‑las na mídia, mídias sociais, TV e nos jornais, de uma forma como nunca havíamos visto antes. Acreditamos que isso esteja incentivando mais doações.”Especialista em Filantropia, “Australásia”

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Filantropia: Contexto Atual

Figura 23: As dez principais fundações australianas que reportam

doações, todas as áreas de financiamentos, em milhões de AU$,

2005‑2008

Fonte: Philanthropy Australia

Como a Austrália se Compara com o Restante do Mundo

O Philanthropy Australia concluiuqueascomparaçõessãodifíceis,umavezqueasdoaçõessãomedidasdeformadiferentenomundo(montantesdoadosporcontribuinte,per capitaoupormoradia,porexemplo,talcomoanosfiscaisdistintos).Noentanto,umapesquisaindicaqueépossíveldizerqueosaustralianosdoamumpoucomenosqueoReinoUnidoeoCanadáemuitomenosqueosEstadosUnidos.

Orelatóriode2008feitoporAustralian Centre for Philanthropy and Non‑profit Studies na Brisbane Universityrevelouque:

• Aproximadamenteseisentredezdosaustralianosmais ricos(cercade5%dapopulaçãototaldaAustrália) reivindicamde-duçõesparasuasdoações;

80.0

60.0

70.0

50.0

40.0

75.0

55.0

65.0

45.0

35.02005‑06 2006‑07 2007‑08

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Filantropia: Contexto Atual

• Australianosmuitoricosdoammais(masnãomuito)doqueoaustralianomédio;

• Onívelderiquezapessoaldealgunsdosaustralianosmaisricosaceleroumuitomaisdoquesuasdoações;

• Apesardealgunsexemplossuperlativos,masisolados,hápoucasevidênciasdequeos“ultrarricos”eos“ultra‑ultrarricos”estejamdoandonamesmamedidaemqueseusparesestrangeiros83.

A Filantropia em Países Emergentes

Ofortalecimentodasociedadecivilempaísesemdesenvolvimentoeemtransiçãotêmsidomaisrobustonosúltimosanos,oquepodeseratribuídoàscrescentestecnologiasdecomunicação,àsfrustra-çõescomasabordagenscentradasnoEstadoparaodesenvolvi-mentoeaosnovosesforçosparacapacitaraspopulaçõesruraisdebaixarenda.Apesardisso,asorganizaçõesdasociedadecivilaindaengajamumapartedapopulaçãoeconomicamenteativamenornessespaíses,doqueoutras regiõesdomundo, comoconcluioCentre for Civil Society Studies (CCSS).“Umarazãopara issopodeserocaráterruraldessassociedadesearesultanteprevalênciadasformastradicionaisdeassistênciasocial,quepreferemusarasrela-çõesfamiliaresemvezdeumaorganizaçãovoluntária.Umavezqueessasrelaçõesaindaestejamatuando,anecessidadedeestruturasmaisinstitucionalizadas,formaisouinformais,diminui.”84

83.Madden,KymDr.,Scaife,WendyDr.(2008):GoodtimesandPhilanthropy:GivingbyAustralia”sAffluent,página51.

84.Salamon,Lester(2004ed.):GlobalCivilSociety,DimensionsoftheNon‑profitSector,Volume2,KumarianPress,Vol.2,página47.

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Filantropia: Contexto Atual

África

Aspeculiaridadesdafilantropiaafricanapermaneceramamplamen-te desconhecidas. O empresário e filantropo ganês KingsleyAwuah‑Darkodisse:“QuandovocêvieràÁfrica,pegue tudoquesabesobreaEuropaouosEstadosUnidosevireaocontrário”85,oque,comrelaçãoàfilantropia,significaqueaformadedoaçãonaÁfricaémuitodiferentedafilantropiano“norte”.Nogeral,oatodedoaréamplamentedifundidoporcausadoditadoafricanotra-dicional “eu souporquevocêé” (ubuntu, origináriodas línguasbantosdaÁfricadoSul)edaobrigaçãofortementeestabelecidadeapoiomútuo.

Emboranonorteasdoaçõessejammaiscomo“doarariquezaextra”,naÁfricaelas sãomuitomaisbaseadasem“dividiroquevocêtem”eseusentimentoderesponsabilidadepelacomunidadeeporsuafamília,alémdoconceitoéticodeubuntu.

Odinheirovemdemuitaspessoasefontesbastantesdiferen-tessecomparadoaonorte,ealémdisso–comoresultadodetermenosriquezanocontinenteafricano–osvaloresdoadossãome-nores.Emtermosdatendênciadedoaçõesdosindivíduos,pode‑sedizerqueaporcentagemdoadaporafricanoscomelevadopatrimô-nio líquidoémuitomaiordoqueempaísesdesenvolvidos. Issopoderiaprovavelmentesergeneralizadoparaamaioriadosafricanos,independentementedesuasituaçãofinanceira.

Noentanto,aÁfrica,semelhanteaqualqueroutrocontinentenasúltimasdécadas,temvistoumaumentonariquezae,especial-mente,umcrescimentononúmerodeindivíduosdealtopatrimôniolíquido.Comoresultado,maisatoresapareceramnocenário:novas

85.Veja:http://www.inc.com/magazine/20081001/meet‑the‑bill‑gates‑of‑ghana.html

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Filantropia: Contexto Atual

fundaçõese instituiçõesdoadoras semelhantesaosmodelosoci-dentais,comoTrust Africa,orientadapelajustiçasocial,ouAfrican Women Development Fund(AWFD).Fundaçõesfortes,independen-tesebemequipadasemergiramcomoresultadodas iniciativasdaBlack Economic Empowerment, comoporexemplo, aTy Danjuma Foudation86.Oaumentonariquezaépartedarazãoparaaentradade novos atores,masnãoéaúnica.Algunsdessesnovosfundos,embora com forte identidade,objetivose focoafricanos, foramestabelecidos/incubadosviadoaçõesdeorganizaçõesinternacionaisouatravésdemecanismosdefinanciamentolaterais;algumasfun-daçõescomunitáriasforamestabelecidaspormeiodefinanciamen-tosestrangeiras;outrassurgiramdeformaorgânica,emáreasdebaixíssimarenda.

EsterelatórioseriamelhorsetivesseumperfilsubstancialouumestudominuciosodafilantropianaÁfrica.Existemdados,masescassos,sobredoaçõesnocontinente,alémdealgumaspesquisasacadêmicas,easseguintes fontespodemservaliosaspara trazermaisinformações:

The State of Philanthropy in Africa,daTrustAfrica

The State and Nature of Philanthropy in East Africa,daEast Afri‑ca Association of Grantmakers

Operiódico Philanthropy in South Africa, do Centre for Civil So‑ciety at the University of KwaZulu Natal

Philanthropy in Egypt,de Marwa El Daly

86.Veja:http://www.tydanjumafoundation.org/

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Filantropia: Contexto Atual

Giving and Solidarity – Resource flows for poverty alleviation and development in South Africa,de Adam Habib e Brij Maharaj (editores)

The Poor Philanthropist, umasériede relatóriosescritosporSusanWilkinson‑Maposa et al.

Follow the Money! Policies and Practices in Donor Support to Civil Society Formations in Southern Africa,de Southern Africa Trust

Kenyan Diaspora Philanthropy – Key Practices, Trends and Issues, deJacquelineCopeland‑Carson.

Filantropia nos Países BRICS – um Resumo (Muito) Breve

Para levaremconsideraçãoasdoações sul‑sul, istoé,filantropiaentrepaísesemergentes,aspróximaspáginasanalisamosseguintespaísesBRICS:Brasil,Índia,ChinaeÁfricadoSul.

NatashaDesterrodaPacific Foundation Servicesfezumrelató-riosobreoestadodafilantropianospaísesBRICBrasil,Rússia,ÍndiaeChinaemumartigoescritoparaTactical Philanthropy Advisorsem200987.

Brasil

DesterroresumeafilantropianoBrasilcomoumsetorqueé“jovemequeaumentoutremendamentenadécadade1990,quandoacabou

87.ParaoartigodeNatashaDesterrosobreFilantropianosPaísesBRIC,veja:http://www.tacticalphilanthropy.com/2009/05/cof‑building‑philanthropy‑bric‑by‑bric,(AcessadoemJunhode2011);VejaforthePacificFoundationServices,http://www.pfs‑llc.net/(Acessadoemjulhode2011).

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Filantropia: Contexto Atual

aditaduranoBrasileumgovernodemocráticoassumiuopoder.Opaísabriusuasportasparaosinvestimentosestrangeiros(eparaaajudainternacional).Contudo,asdoaçõesindividuaisnãosealtera-rammuito,umavezqueexisteculturalmenteumamentalidadedequea resoluçãodosproblemasvirá ‘decimaparabaixo’”.Comomencionadoanteriormentenesterelatório,amaioriadasdoaçõesnoBrasil é feitaatravésde investimento social corporativo.Esse investimento geralmente envolve um foco e objetivo específicos (do fundador da empresa, do presidente, diretoria ou acionistas) que pode levar a evitar financiamentos para questões “polêmicas”, como direi‑tos humanos, prevenção de doenças específicas, ou equidade racial e de gênero.

O conceitomais relevantenoBrasil vemdasOrganizaçõesComunitáriasFilantrópicas(Community Philanthropic Organisations),ouOCFs,parceriasentretodososatorescombasenafortetradiçãodafilantropiacorporativaeseuenvolvimentonacomunidade.

MarcosKisil,PresidentedoIDISemSãoPaulo,descreveocon-ceitodaseguinteforma:“AOCFéumaversãorevisadadafundaçãocomunitáriatradicional.Umadiferençaprincipaléqueelanãoéumaentidadedoadora,nãocoletaoudistribui fundos,masatuacomoumarticuladorecatalizadorpara todasaspartesnacomunidadequetêmfundosouinfluência,ououtrosrecursos.[...]

AOCF,porsuavez,éfinanciadaporumataxaanualcobradadas empresasparticipantes, quepaga salários, asnecessidadesbásicasdasede,publicaçõesetc.Quandoprojetoserecursosparaimplementá‑lossão identificados,aOCFatuacomooarticulador,encaminhando fundosdiretamenteparaaorganizaçãoque seráresponsávelporimplementarosprojetos.AOCFtambémacompa-nhacadaprojeto,buscando resultadoseevidênciasde impacto,

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Filantropia: Contexto Atual

utilizadosparagarantiraosdoadoresqueseudinheirofazdiferen-çaeajudaraatrairoutrosfinanciadoresanovosprojetos.Omode-lo é flexível o suficientepara incluir as demandas locais. Cadadoadoréresponsávelpelaqualidadedorecurso,massabequeéacomunidadequemidentificaasnecessidadesemonitoraosresul-tadose impacto.Esseúltimopontoé crucial.OmodelodaOCFestabeleceumnovoparadigmaparaasempresas.Emvezdeumaempresacolocarsuamarcaemumprojetodeinvestimentosocial,desenvolverummodeloeaplicarondepuder,ela temqueestardispostaa terasprioridadesdeterminadaspela comunidadeemqueatua.”88

Esseconceitodecolaboraçãoentreacomunidadeeosdoado-resémaisesmiuçadono item“CriarValoresCompartilhados”apartirdapágina72.

Índia

NatashaDesterroresumeafilantropianaÍndiadaseguinteforma:“umanovaclassemédiacomeçouaexplorarnovoshorizontesnaeducação,naculturaenolazer–ecomocrescimento(osegundomais forte)nonúmerodebilionários (depoisdaChina),háumaquantiaconsideráveldenovasformasdedoaçãotambém”89.Histo-ricamente,a Índia temumatradiçãocomunitáriabemforte,mas,nosúltimosanos,houveuma levealteração:deixou‑sedepensarsomentenacomunidadelocal,provavelmenteestimuladapelocres-

88.Kisil,Marcos(2006):CommunityphilanthropyorganizationsinBrazil–Anewparadigmforcorporatecitizenship,Alliancemagazine,veja:http://www.alliancemagazine.org/node/988,(acessadoemjulhode2011)

89.Em1998,haviacercade50 indivíduoscompatrimônio líquidode$50milhões;em2007,havia2.000indivíduoscompatrimôniolíquidodemaisde$200milhões,vejaoartigodeDesterrosobreFilantropianosPaísesBRIC.

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Filantropia: Contexto Atual

centenúmerodeempresáriosindianoscomatuaçãonacionalein-ternacional,quenãoqueremnecessariamenteversuasdoaçõesindoparaapenasumvilarejo.Umcolaboradordeumaorganizaçãointer-mediáriaeconsultoriadecaptaçãoderecursosqueoperanaÍndiadescreveucomooexcessodefoconacomunidadelocal,algumasvezes,éumobstáculomaisdoqueumcasodemelhorespráticas.Elerelatou:“euaindalutomuitocomosdoadoresquedizem“euquerofinanciarapenasumaorganizaçãodemulheresnaquelevila-rejo”,oquealgumasvezeséodifícilencontrar”.

ComotendênciageralnaÍndia,ointeresseemajudaraosde-mais,agoramuitomaisquenopassado,vaialémdacomunidadelocal,easpessoasestãolentamentecomeçandoadoar,porexem-plo,paraprojetosnacionaisantipobreza.

Estasnovasformasdedoaçãoaindaengatinham,mas,firmes,sedistanciamdasdoações tradicionalmenteprivadasediscretas,paraumafilantropiamaisaberta.Quemestáconduzindoessamu-dançaéacrescenteclassemédiana Índia–vejaaFigura24.Essamudançanãoocorre somentena Índia,masglobalmente.AnandJoshua,responsávelpelomarketingdaWorld Vision India,umaor-ganizaçãobaseadaemChennai,dizoseguinte:“Houveumdiaemqueoocidente liderou,masagoraestá sendo substituídopelospaísesasiáticos”.90

90.Lamont,James(maiode2010):AsAsiaemerges,sodoPhilanthropists,TheFinancialTimes,:http://blogs.ft.com/beyond‑brics/2010/05/19/as‑asia‑emerges‑so‑do‑philanthropists/#i-xzz1RPvsk4DA,(Acessadoemjulhode2011).

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Filantropia: Contexto Atual

Figura 24: Porcentagem do Consumo Global da Classe Média,

2000‑2050

Fonte: OECD Development Centre,The emerging middle classs in developing countries,deHomiKharas

China

Deformasemelhante,aChinatemvistoumaumentonaatividadefilantrópica.Desterrodescreveumalongatradiçãodafilantropia,enosúltimos20anos,osindivíduosnopaísacreditamterumpapelmaiornasociedadecivil.Em1998,haviacercade50indivíduoscom

Outros

Europa

EstadosUnidos

Japão

OutrosPaísesAsiáticos

Índia

China

2000

100%

90%

80%

70%

50%

30%

10%

60%

40%

20%

0%

2024

2012

2036

2006

2030

2018

2042

2003

2027

2015

2039

2009

2033

2021

2045

2048

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Filantropia: Contexto Atual

umpatrimôniolíquidodeUS$50milhões;em2007onúmerosupe-roudoismil,compatrimônioacimadeUS$200milhões91.

NaChina,aclassemédiaaindaémuitopequena(menosde12%),comosegmentodapopulaçãototal.EstaéumadasrazõesporqueaChinatemconfiadotantoeminvestimentoseexportaçãocomomotoresparaseucrescimento.“Seasexportaçõessãolen-tas,aclassemédiaprovavelmentenãoégrandeosuficienteparatomar asmedidas necessárias para impulsionar o crescimentoacelerado, comonopassado”,observaum relatóriode 2010doBancoMundial92.

Paraentenderocenáriodafilantropiachinesa,éimportanteconsiderarquemuitasOSCssãodefatooperadaspelogovernoe,portanto,sãomaiscorretamentedenominadas“Organizaçõesdasociedade civilOperadaspeloGoverno”,ouGONGOs (sigla eminglês).Nogeral,elasexistemparafomentarumacausaquetemapoiodogoverno.De acordo comum relatório sobreGONGOsambientais criadopeloWilson Centre93, essasorganizações, emdiferentespaíses,foramoriginalmentecriadasparareceberassis-tênciadeOSCsmultilaterais,bilateraisouinternacionaisefortale-ceroapoiotecnológicoeàinformação.NaChina,elasevoluíramnametadedadécadade 1990, comoumhíbridoentreagênciasgovernamentaiseOSCs, e tratamdeumamploespectrodede-mandassociais.

91.VejaoartigodeDesterrosobreFilantropianosPaísesBRICeoartigodeNickYoungsobreFilantropiaChinesa:http://china.blogs.nytimes.com/2007/10/15/answers‑from‑nick‑young/(Acessadoemjulhode2011).

92.CentrodeDesenvolvimentodaOCDE,Kharas,Homi(2010):TheEmergingMiddleClassin Developing Countries,Working PaperNo. 285, veja: http://www.oecd.org/dataoe-cd/12/52/44457738.pdf,página30(Acessadoemjulhode2011).

93.VejaorelatóriodeWilsonCentersobreOSCschinesas:http://www.wilsoncenter.org/sites/default/files/chineseinventory1.pdf,(Acessadoemjulhode2011).

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Filantropia: Contexto Atual

UmapequenalistadeGONGOsrevelaquemuitasdelasrecebem,defato,doaçõesdosEstadosUnidos–vejanossaanáliseanteriornapágina41:

• China Red Cross Society

• China Charity Federation

• Beijing Charity Association

• Soong Ching Ling Foundation

• China Welfare Institute

• China Foundation for Disabled Persons

• China Foundation for Poverty Alleviation

• ChinaWomenDevelopmentFoundation

• China Youth Care Foundation

• China Children and Teenagers Fund

• China Foundation for Guangcai Programme

• China Education Development Foundation

Para este relatório, foi realizada uma análise do cenário das fundações na China, usando o recém‑estabelecido banco de dados do China Foundation Centre (CFC).

AcriaçãodoChina Foundation Centre(CFC)foisaudadacomoumareviravoltapormuitos,incluindooHauser Centre for Non‑Profit OrganisationsnaUniversidadedeHarvard94.OCentroéuma“inven-çãodealgunsvisionáriosnaChina,comoofilantropomaisconheci-donopaís,XuYongguang,criadordoHope Projectháduasdécadas,quesetornouamarcafilantrópicamaisfamosanaChina;eShang

94.Vejaocomunicado:http://hausercenter.org/chinanpo/2010/08/china‑foundation‑cen-ter‑established/(Acessadoemjulhode2011).

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Filantropia: Contexto Atual

Yusheng,quetemsidochamadodePaidaAccountabilityparaorga-nizaçõessemfinslucrativosnopaís”.

AcerimôniadeaberturadoCentro,emjulhode2010,atraiuaatençãoeoapoiodemuitosatoreschinesesnocampodafilantro-pia,bemcomodeorganizaçõesinternacionaismaisproeminentes,incluindooprimeiro representantedaFord Foundation naChina,PeterGeithner,alémderepresentantesdaChinadaGates Foundation,RayIppeFord Foundation,JohnFitzgerald,oPresidentedoFounda‑tion CenternosEstadosUnidos,BradSmitheoDiretordoHauser CentrenaUniversidadedeHarvard,ChristopherStone.

UmanotíciapublicadanowebsitedeHarvardresumiuacriaçãodo China Foundation Centrecomoumarespostaaocrescentenúme-rode indivíduos ricosnopaís,paraquemacriaçãode fundaçõesparadoaracausasfilantrópicasnãose tornouaindaumaatitudecomum.“AcriaçãodoCFCrepresentaummarconaevoluçãodasfundaçõesprivadasnaChina,etransformaaideiadefazerdoaçõespraticamenteumanormaparaosricos.”

Osegundoaspectodobancodedadoséatransparência.As-pirandosetornarumportalparadivulgar informaçõesdetalhadasfinanceirasesobreosprogramasdetodasasfundações(eorgani-zaçõessemfinslucrativos)naChina,aoperaçãodoCFCvisadesen-cadearumareaçãoemcadeiaquealterefundamentalmenteafilan-tropiachinesa.

Emprimeiro lugar, as fundaçõeschinesas,especialmenteasfundaçõesparacaptaçãoderecursos(amaioriadasquaissãoGON-GOs),estãosobfortepressãoparadivulgarsuasinformações.Issoincluitantoasinformaçõesfinanceiras,quantosobreseusprogramas.AlgumasdasmaioresGONGOs,comoaChina Charity Federation e a China Red Cross Foundation,foramindicadaslegalmentepelogover-nocomobeneficiáriasdedoaçõesgovernamentais, tanto internas

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Filantropia: Contexto Atual

quantoexternas,emmomentosdedesastres.ApósoterremotodeWenchuan,porexemplo,houvedoaçõesdeaté$8bilhões,sendo90%encaminhadosaessetipodeorganização.ParaoterremotodeQinghua,ogovernoemitiuumaordemparaqueelastransferissemosfundoslevantadosparaogovernolocaldeQinghua.Seadivulga-çãodeinformaçõessetornaranormaparaasfundações,asGONGOsficarãosobpressãoparaprestarcontasdosfundoslevantados.

Figura 25: As 100 Principais Fundações, financiamento por área,

em US$ milhões, 2005 vs 2010

Fonte: Banco de Dados do China Foundation Centre,análiseprópria

SociedadeCivil+Cultura

AlíviodaPobreza

Educação

MeioAm

biente

Saúde

2005

2010

700

600

500

400

300

200

100

0

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Filantropia: Contexto Atual

Ascemprincipais fundações–e seus investimentos– foramanalisadasemdoisanosespecíficos, 2005e2010, com relaçãoacincoáreaschaves.Nesseperíodo,os investimentosaumentaramimpressionantes260%,deumtotalde$286milhões(ou1,8bilhãodeyuans)em2005,para$1,033bilhão(ou6,6bilhõesdeyuans)em2010.

Aoanalisarasáreasespecíficasemdetalhe,ficaclaroqueaEducação,de longe,apresentouomaiorcrescimentoem investi-mentostotaisemcincoanos,apesardonúmerodedoaçõestenhapraticamentesemantido.(vejaaTabela13/Figura25).

Tabela 13: As 100 Principais Fundações Chinesas*, financiamentos

por área, em milhões de US$, 2005 vs 2010

2005 2010

Áreas Quantia US$ milhões Quantia US$ milhões

SociedadeCivileCultura 13 15,5 6 66,8

AlíviodaPobreza 12 37,6 14 161,4

Educação 52 183,4 65 655,1

MeioAmbiente 4 5,4 1 14,5

Saúde 17 39,3 11 120,7

Outros 2 5,1 2 15,1

Total 100 286 99 1.034

Fonte: Banco de Dados do China Foundation Centre,análiseprópria*Nota:“100Principais”paraesta tabelae tambéma tabelaabaixose refereascemprincipaisfundaçõesnoanoespecificado

AcategoriaEducação inclui fundaçõesecentrosdepesquisauniversitários,alémdeeducaçãoe iniciativasdecapacitaçãopara

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Filantropia: Contexto Atual

jovens,comooChina Youth Development Foundation,quedesenvol-veprogramasparaconstruireaprimorarescolas,bibliotecas,labo-ratóriosde informática,pracinhasetambémdásuporteparapro-fessoresemseutrabalhodiário95.

Umnúmeroselecionadodeinstituiçõesdeensino(vejaaTabe-la14)exemplificaocrescimentonemsempreestávelquealgumasdessasinstituiçõesviramemcincoanos,segundoobancodedadosdo China Foundation Centre.

Tabela 14: Fundações Chinesas Selecionadas e o montante de

suas Doações, em US$, na área da Educação, 2005 e 2010 (incluin‑

do % de crescimento)

2005 2010

US$ milhões US$ milhões % crescimento

BeijingYouthDevelopmentFoudation 9,2 60,7 +558%

ChinaSportsFoundation 8,5 26,2 +207%

JiaxingEducationFoundation 17,9 29,8 +66%

ChinaWomen”sDevelopmentFoundation 24,4 174,8 +615%

ChinaPostdoctoralScienceFoundation 117,2 424,0 +262%

Fonte: Banco de Dados do China Foundation Centre,análiseprópria

África do Sul

ComoobservouumestudorecentesobrefilantropianaÁfrica,“afilantropiaafricananãoéalgoquepreciseserapresentadopornin-guém,poisosafricanos têmfortes tradiçõesdeautoajuda,auto-

95.ParaowebsitedoCentro,veja:http://www.cydf.org.cn/en/ (Acessadoem julhode2011).

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‑apoio,instituiçõesvoluntárias,créditorotativoeassociaçõescomoos stokvelsdaÁfricadoSul”96.Nopaís,afilantropiainstitucionaliza-da,queapoiaasentidadesdeensino,saúdeeserviçossociais‑mui-toalémdomerosuportedavizinhança,tãofortenocontinenteeespecialmentenaÁfricadoSul ‑estáaumentando,masaindaemmenorescala, se comparadocomoutrosmercadosemergentes.Umadasrazõesparaissoédescritacomofaltadeumaculturadedoação.

AorganizaçãolocalnaÁfricadoSulémuitoforte.Háexemplosdecomunidadesqueorganizamgruposvoluntáriosparamonitorarasegurançadavizinhançaereduzircrimesedelinquêncianaregião,ouformarassociaçõessemiformaisparapermitirqueaspessoasseagrupememumagamadeclubes–deeconomia,decompras,so-ciedadesparaenterroseassimpordiante–e juntardinheiro.Oacessoaessesbenscoletivoségeralmenterevezadooucomparti-lhadopelosmembrosdessesgrupo97.Noentanto,onovodinheiro,queestáprevalecendoportodoocontinenteafricano,nãoéfacil-menteentregue.

Amudançanosvalores tradicionaisqueseestáconstatandonãotornaascoisasmaisfáceis.ComoobservaorelatóriodeWilkin-son‑Maposa,“comamudançaeconômica,oconteúdodaajudatemsetornadomaismonetário,afetandoamotivaçãoportrásdaassis-tência.NaÁfricadoSul,algunscorrespondentesfalaramsobrecomo

96.Wilkinson‑Maposa,Susan,et.al.(2005):Thepoorphilanthropist‑Howandwhythepoorhelpeachother,UCTGraduateSchoolofBusiness,(prefácio),veja:http://www.impac-talliance.org/ev_en.php?ID=14913_201&ID2=DO_TOPIC, (AcessadoemJulhode2011);ParaoutrosestudosdetalhadossobreaFilantropianaÁfricadoSul,vejaorelatóriodeWilkinson‑Maposa,Susan,et.al.(2009):ThepoorphilanthropistII.–Newapproachestosustainabledevelopment,UCTGraduateSchoolofBusiness:http://www.gsb.uct.ac.za/clpv/files/Poor%20Philanthropist%20II_webres.pdf,(Acessadoemjulhode2011)

97.VejaWilkinson‑Maposa,Susan,et.al.(2005):Thepoorphilanthropist,página54.

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Filantropia: Contexto Atual

a tradiçãoe anoçãodeubuntu –o reconhecimentodealguématravésdeoutros–estámorrendoenãohánadaparapreencheralacunaousubstituí‑lo.[...]Oubuntuestádesaparecendo.[...]Devi-doàdiferençade rendaentrenossas famílias, [...] aqueles comrendadãomaisajudamaterialdoqueemocional,eaquelasfamíliassemnadaoferecemajudaemocionalesuapresença”98.

Conclusão

PaísesemergentescomoBrasil, Índia,Chinae tambémasnaçõesafricanastêmtestemunhadoumcrescimentosignificativonafilan-tropia interna.Ao invésdeesperarporajudadoexterior,anoçãodeconfiançaemorganizaçõeseatoreslocaiscriouprósperoscená-riosfilantrópicos, comcaracterísticasexclusivaseoportunidadesespecíficas.

98.Vejaacima,página58.

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Seção 3: Nova Filantropia

Principais descobertas:• Onovocenáriodefinanciamentoé resultadodeuma

novageraçãodeatoresfilantrópicos,novastécnicasfi-nanceiraseumanovaabordagemnonívelmicro;

• Osmicrofinanciamentostêmtidosucessonosdiferentesestágios,pelosquaisa,agoraemergente, indústriadeinvestimentode impactoatravessará,provavelmente,maisrápido;

• Os instrumentosde investimentode impacto têmpo-tencial paraenormes retornos, eos ativospoderiamvalermaisdeUS$400bilhões;

• Essesfundosdeinvestimentodeimpactonãosubstituem,mascomplementamafilantropiatradicional;

• Asavaliaçõesdeimpacto,queformamabasedequalquerinvestimento, têmalgumas falhasque sãodifíceisdeeliminar:emboraohorizontedoinvestidoreo“marco”dofinanciamentosejageralmentededoisa trêsanos,umaorganizaçãosemfinslucrativosconsegueapresen-tarpoucomaisdoque“demonstraçõesparciaisdoim-pacto”nosprimeirosanos,“nãopassando”,portanto,naavaliaçãoeperdendofinanciamentosemumestágiocrucial;

• Inovações comoomicrofinanciamento,mas tambémumanovaabordagemparaafilantropia,emgeral,têmsidodesencadeadaspor trêsmudanças fundamentais:1)novosfilantropos,buscandosinergiascomnegócios

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Filantropia: Contexto Atual

eumnovotipodeorganização:aempresasocial;2)aimplantaçãodenovastécnicasfinanceiras;e3)umanovaabordagemmicro,queenfocapequenascomunidadesparasuasações.

UmrelatóriodeSeverinoeRay,de2009,examinouonovocenáriodacooperaçãointernacionalparaodesenvolvimento,queevoluiuda“ajudaoficialparaodesenvolvimento”pelosEstadosmembrosdoOCDE,paraumambientediversificadoedemultipolí-ticas, comatores tantoprivadosquantopúblicos.Observandoosdesafiosfuturos,osautoresconcluemque“paraalcançaraescalade resultadosnecessáriana luta contraapobreza, asmudançasclimáticasouacriseiminentedealimentos,precisaremosutilizaroconsiderávelpoderdosetorprivado”99.

Osautoresdescrevemdiversosnovosatoreseferramentasquesurgiramaolongodosanoseexemplificamoporquêdeumnovocenárioeumnovo tipodecolaboração,utilizandooexemplodomicrofinanciamento(vejaaFigura26).

Aajudatradicionaldogovernonaformadetransferênciasban-cáriasparagovernoslocaisprovou‑sealtamenteineficaz,sendoco-nhecidostantocomoincapazesdeinovar,quantoporoferecerfinan-ciamentosbaixos.Omicrofinanciamentofoi,comosugereorelatóriode2009,oresultadodacolaboraçãodenovossetores,trazendoumvigorosodesenvolvimentoemtrêsníveis:odosatores(comumnovofocoparaoimpactosistêmico,vejaoboxsuperior),datécnicafinan-ceira(boxintermediário)edasociedade(vejaoboxinferior).

99.VejaSeverinoeRay(2009),página12.

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Filantropia: Contexto Atual

Essestrêsníveis,

• Novosatoresfilantrópicos,• Novastécnicasfinanceirase• Aabordagememnívelmicro

serãoexaminadoscommaisdetalhesnaspróximaspáginas.

Figura 26: Três camadas de inovação nos microfinanciamentos

Fonte:gráficopróprio;baseadoemSeverinoeRay

Novosatoresfilantrópicosintroduzindopráticasdenegóciomodernasebuscandooferecermaisrespostassistêmicas

Introduçãodenovasferramentas etécnicasfinanceiras

Microfinanciamentos

Umacrescenteconscientizaçãoparaasquestõesmicrossociais

emicroeconômicas

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Aanálise segmentadadestacouos Indian Giving Circles, por DASRA,asOCFsbrasileiraseasfundaçõescomunitárias.Essestiposdecolaboração formamumnovoouevoluído tipode instituição,combasenacooperaçãoentreempresas,comunidadesegoverno.AtémesmoasOCFsbrasileiras,que–historicamente–desenvolve-ram‑seemoposiçãoaogoverno(percebidocomocorrupto),evoluí-ramesetornaram“centrosestratégicos”decooperaçãoentreci-dadãoseogoverno.

Figura 27: Espectro das Organizações Sociais

Fonte:gráficoadaptadodorelatórioClearlySo,2011.

Novos atores filantrópicos

Empresas Sociais – Um Modelo Híbrido Promissor

Umaempresasocialéumnegóciocomobjetivosprimeiramenteso-ciais,cujosexcedentessãoreinvestidosprincipalmentenessespropó-

Caridade comcaptaçãoderecursos oudoação de renda

Empresagerando lucro,

parte doada para caridade

Caridade gerando

renda

Empresa comercial

Empresa de

benefício social

Empresa com

propósito social

“EmpresasSociais”

Nãocomercial Comercial

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sitos,naempresaounacomunidade,emlugardeserguiadospelanecessidadedemaximizarolucroparaosacionistaseosproprietários.

Incubadorasdeempresas sociaisfinanciadaspelogoverno,especialmentenoReinoUnido,tiveramumbomcomeço.InstituiçõescomoaYoung Foundation,naGrã‑Bretanha,tantonogovernoTra-balhistaquantonoadministraçãoatual, receberamdoaçõesparaseusprogramasde incubaçãoeempresas sociaispiloto,que,emcertoponto,tornaram‑separtedoconceitode“Big Society”edoplanodeaçãolançadopelogovernoem2011100.Incubadorasmulti-nacionaiscomoaSocial Innovation Exchange SIXestãotrazendoideiasdediversospaísestambém101.Paraumaanáliseexaustivaecuidado-sadomercadoedocenáriodeinvestimentosocial,vejaorelatóriodo ClearlySodejulhode2011102.

Uma Empresa Social: BRAC

UmaempresasocialquevaleapenaserexaminadaéaBRAC,umainstituiçãofundadaemBangladesh,originalmenteumprovedordemicrofinanciamentos,queem2012celebraseu40ºaniversário.

The EconomistrelatousobreaBRAC,em2010,queela“prova-velmentefezmaisquequalqueroutrainstituiçãoparaacabarcoma tradiçãodemiséria epobrezaemBangladesh.ABRACé,pormuitospadrões,amaiororganizaçãodasociedadecivil,quecrescemaisrápidonomundoeumadasmaisvoltadasparaonegócio”103.

100.http://www.youngfoundation.org/101.http://www.socialinnovationexchange.org/102.ClearlySo(2011):InvestorPerspectivesonSocialEnterpriseFinancing,Reportprepa-

red for the City of London Corporation, City Bridge Trust, and theBig Lottery Fund:http://217.154.230.218/NR/rdonlyres/1FC8B9A1‑6DE2‑495F‑9284‑C3CC1CFB706D/0/BC_RS_Inves-torPerspectivesonSocialInvestment_forweb.pdf(acessadoemjulhode2011).

103.TheEconomist(18defevereirode2010):BRACinbusiness:http://www.economist.com/node/15546464(Acessadoemjunhode2011).

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The Economist continua: “emboraMohammedYunus tenhaganhadooPrêmioNobeldaPazem2006porajudarospobres,seuGrameenBanknão foiaprimeiranemamaior instituiçãoa fazermicrofinanciamentoemsuaBangladeshnatal:aBRACéquefoi.AoperaçãodaBRACdistribuicercadeUS$1bilhãoporano.Masissoéapenaspartedoquefaz:elatambéméumprovedordeserviçode internet; temumauniversidade; suasescolasdeensino funda-mentaleducam11%dascriançasdeBangladesh.Elaadministramoi-nhos,granjas,plantaçõesdecháefábricasdeembalagens.ABRACmostrouqueumaOSCnãoprecisaserpequenaequeumainstituiçãopoucoconhecidadeumpaíspobrepodedesarmarasfamosasor-ganizaçõesocidentais”.

IanSmillie,emseulivroFreedom from Want,dizqueaBRACé“semsombradedúvidas,omaioremaisdiversificadoexperimentodeumpaísemdesenvolvimento”.OThe Economist continua:“ABRACtiradofaturamentodesuasoperaçõesaproximadamente80%dodinheiroquedistribuiparaaspessoasdebaixa renda (o restovemdaajuda,namaioriadedoadoresocidentais).Ela interrompetodasasatividadesqueexigemsubsídiossemfim.Emummomento,tentouseautofinanciarcomasparcaseconomiasdospobres(istoé,semnenhumaajuda),masestadrásticaformadeautoajudapro-vouserumpassomuitoerrado:pouquíssimosconcessoresetoma-doresdeempréstimosseapresentaram.

OquetornaaBRACúnica,oartigodescreve,ésuacombinaçãodemétodosdenegócioscomsuavisãoparticulardepobreza.The Economistdiz:“Asmulheressetornaramofocodainstituiçãoporqueelasocupamapartemaisbaixadapirâmide,eamaioriaprecisadeajuda:70%dascriançasnasescolasdaBRACsãomeninas.Omicro-financiamento incentivaaspessoasdebaixa rendaaeconomizar,masdiferentedoGrameenBank,aBRACtambémemprestamuito

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dinheiroparapequenasempresas. Empréstimos ínfimospodemmelhorarmuitoavidadeumindivíduooufamília,massãonormal-mente investidosemempreendimentos tradicionaisnosvilarejos,comoterumavaca”.OalvodaBRACparamudançassociaisrequernãoocrescimento(nosentidodetermaisdomesmo),masdesen-volvimento(quesignificaatividadesnovasediferentes).Somenteasempresascriamempregosenovasformasdeempreendimentosprodutivos.

Após30anosemBangladesh,aBRACaperfeiçoousuaformadefazerascoisaseestáabrindosuasasasnomundoemdesenvol-vimento.JáéamaiorOSCnoAfeganistão,naTanzâniaenaUganda,ultrapassandoorganizaçõesbritânicas,queexistemhádécadasnessespaíses104.

O rápidocrescimentoeexpansãodaBRACtambémfezcomqueaempresasocialsofressecompráticasruins,comodaremprés-timosparapessoascommuitasdívidas–processodescritocomo:“osmotivosemambososladosdastransaçõesdeempréstimoforamumamisturadeboas intenções,superotimismoe inércia.Pornãocompartilhar informaçõesdecrédito,como,porexemplo,atravésdeumaagênciadecrédito,ninguémviuoquadrogeral”.Acomu-nidadepesquisadora,nogeral,concordaqueaBRACemBangladeshficoumuitogrande,emuito rapidamente,nosúltimosanos. FoirelatadoqueBRACpararamdecresceroudiminuíramseucresci-mentonosúltimosanos105.

104.TheEconomist(18defevereirode2010):BRACinbusiness:http://www.economist.com/node/15546464(Acessadoemjunhode2011).

105.ParaumapesquisarecentesobreBRAC,deDavidRoodmannoCentroparaDesen-volvimentoGlobal,veja:http://blogs.cgdev.org/open_book/2011/04/not‑exactly‑pushing.php,(Acessadoem julhode2011);Paraanáliseadicionaleumaperspectiva sobreBRACe seucrescimento,bemcomoosucessogeral,leiatambémnaForbesMagazine“IsBiggerBetter?”

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“A BRAC já é a maior OSC no Afeganistão e na Uganda. Ori‑ginária de um país pobre – e muçulmano, para completar –, significa que é menos provável que cause ressentimentos. Seus custos são mais baixos também; ela não compra gran‑des carros esportivos ou emprega grandes homens brancos.”Artigo no The Economist, “BRAC in business”, 18 de feve‑reiro de 2010

Novas Técnicas Financeiras

Microfinanciamento Evoluindo de Apenas Crédito para Serviços

Financeiros Inclusivos

MaximilianMartinanalisoucomoocampodomicrofinanciamentopassoucomsucessopordiferentesestágios,levandoaosurgimentodeumanovaclassedebenseummercadodeUS$25‑30bilhões,comaproximadamente100milhõesdetomadoresdeempréstimo,compotencialdemandapara500milhõeseummercadodeUS$250bilhões.

Omicrofinanciamentoeosserviçosfinanceirosemmercadosemergentes relacionadosestarãonohorizontedafilantropianaspróximasdécadaserepresentamumaenormealocaçãodecapitaleoportunidadedeimpactosocial.Omicrofinanciamentoestáatual-menteemumatransição,dofoconocrédito,paraserviçosfinancei-rosinclusivos.Istoé,evoluiudofornecimentodomicrocréditoparaincluirmicropoupanças,microsseguros, transferências eoutrasinovaçõesfinanceiras.

porDavidArmstrong:http://www.forbes.com/forbes/2008/0602/066.html (Acessadoemjulhode2011).

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Martinconcluique“nasúltimastrêsdécadas,ocampodomi-crofinanciamentopassoucomsucessopordiferentesestágiospelosquaisaemergenteindústriadeinvestimentodeimpactoprovavel-menteatravessarámaisrapidamente”.106

Investimento de Impacto

“Investimentosdeimpacto”sereferemaveículosdeinvestimentocriadospara resolverosprincipaisdesafiossociaisnomundo,en-quantooferecemaosinvestidoresretornosocialefinanceiro.Elessurgiramcomoumadisciplinaviáveleemcrescimento.Noentanto,aindaéummercadonascenteatéqueosinvestidorescoloquemseudinheiroemlargaescalanessesfundos.Asiniciativasdessemercadoforamcriadasparaampliaraestrutura,atransparênciaeaacessibi-lidadedestasferramentasfinanceiras107.

“O investimento de impacto não está tentando substituir a filantropia. Ele a complementa.”Antony Bugg‑Levine, Rockefeller Foundation

106.Martin,Maximilian(2011):FourRevolutionsinGlobalphilanthropy.ImpactEconomyWorkingPaper,Vol.1:http://www.sanitationfinance.org/sites/www.sanitationfinance.org/fi-les/11_Martin_Four%20Revolutions%20in%20Global%20Philanthropy_IE%20WP_1.pdf,página16,(Acessadoemjunhode2011);VejatambémoMicrofinance Handbook da Charities Aid Founda‑tion: https://www.cafonline.org/publications/2011‑publications/investors‑handbook.aspx,(Acessadoemjulhode2011).

107.VejaumexemploderelatóriodeKeystone:https://www.cafonline.org/publications/2011‑publications/keystone‑performance‑survey.aspx;VejatambémTimmins,Nicholas(28denovembrode2010):Impactinvestment“aburgeoningassetclass”:http://www.ft.com/cms/s/0/e875dda6‑fae6‑11df‑b576‑00144feab49a.html?ftcamp=rss#axzz16gPePUu9,(Acessadoemjunhode2011).

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Novos Intermediários Financeiros – GIIN, IRIS e GIIRS

Novosatoresfinanceiros,filantroposeinstituiçõesfinanceirasuniramforçasem2010paraformaraGlobal Impact Investing Network,ouGIIN,e impulsionaroesforçodemaiortransparênciaeorientaçãoemummercadobastante jovem.OsapoiadoresdaGIIN incluemRockefeller Foundation,Deloitte,PwC,Hitachi,Citigroup,DeutscheBank,JPMorganeBill & Melinda Gates Foundation.

ComooFinancial Timescoloca,“osproponentesdizemqueaestruturadaGIINpodetrazernãosomentecapitalparaorganizaçõesmerecedorasemlocalidadesmuitodistantes,masdeveestabelecerpontosdereferência,quepossamavaliarobemsocialquequalquerempresa,açãooufundogera”.108

A redeGIINestabeleceuumconjuntodenormas (Impact Re‑porting and Investment Standards InitiativeouIRIS),direcionadasainvestidoresdispostosaescolherinvestimentos,combaseemseubenefíciosocial.IRISpermiteavaliaroimpactorealqueessesinves-timentoscausam,eestudosdecasoestãosendoproduzidosatual-mente,destacandoousoeavantagemdeindicadoresparaessestiposdefundos109.

OGlobal Impact Investing SystemouGIIRSfoicriadoparade-senvolvercategoriasafundosdeimpactosocialeambiental,forne-cendoumaavaliaçãosemelhanteàdoMorningstarouàderiscodecréditodaS&P110.

108.Stabile,Tom(11deabrilde2010):Architectsofa“social investmentdataengine”,TheFinancialTimes,Veja:http://www.ft.com/cms/s/0/e297b7de‑440b‑11df‑9235‑00144feab49a.html#axzz1R97OVcEY,(Acessadoemjulhode2011).

109.ParaumestudodecasodaKL Felicitas FoundationdeIRISeKleissner,veja:http://iris.thegiin.org/files/iris/KLF_IRIS_Case_Study.pdf,(Acessadoemjunhode2011).

110.VejaStabile,Tom(11deabrilde2010):Architectsofa“socialinvestmentdataengine”,TheFinancialTimes.

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Fundo de investimento de impacto

Osativosnosfundosdeinvestimentodeimpactopoderiamcrescerentre$400bilhõese$1bilhãonapróximadécadaemsetorescomo:águapotável,saúdematerna,ensinobásico,microfinançasehabi-taçãodepreçoacessível,deacordocomosúltimosestudosrealiza-dospeloJPMorganepelaRockefeller Foundation.111

Orelatórioanalisoumaisde1000investimentosdeimpactoemcincosetores(habitação,água,saúde,educaçãoeserviçosfinancei-ros),comfocoempopulaçõescomrendaabaixode$3milanuais.Nocampodosinvestimentosdeimpactoapenasnessessetores,orelatórioestimaumaoportunidadedeinvestimentode$400bilhõesa$1trilhão,comlucrosempotencial,quevariamentre$180bilhõese$600bilhões.

Oinvestimentodeimpactotemcomofocoaquelesqueestão“nabasedapirâmide”,queganhammenosdeU$3milporano,cujoobjetivoé socialmentepositivo,enãoapenasproduzir receita–emboraoestudodemonstreque,apesardisso,retornosreaiseste-jamocorrendo.

Omercadoaindaénovoeumpanoramacompletodeseuta-manhoé,atualmente,difícildeserdeterminado.Emborahojeeste-jaestimadoemcercadeU$50bilhões112,os50principaisfundosdeinvestimentode impactoamericanostêmumtotalmensuradodeU$6bilhõesemativos.

111.J.PMorganeThe Rockefeller Foundation (29denovembrode2010): ImpactInvest-ments:AnEmergingAssetClass:http://www.rockefellerfoundation.org/news/publications/impact‑investments‑emerging‑asset,(Acessadoemjunhode2011).

112.OprojetoImpactAssets 50 temointuitodeajudarosinvestidoresacompreenderouniversoemexpansãodeinvestimentodeimpacto,eforneceinformaçõesfinanceirasedeimpactoàsgestorasdefundos.AanáliseébaseadanobancodedadosdeImpactAssets.Paraaanáliseeobancodedados,veja:http://www.impactassets.org/impactassets‑50/2011‑impac-tassets‑50,(Acessadoemjulhode2011)

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Umaanáliseatualdos50principaisfundosdeinvestimentodeimpactonomercadodeixouclaroqueumgrandenúmerodelesatendeapenasaAméricadoNorte.Umolharmaisatento revelaaindaquemuitosdessesfundosnorte‑americanosestãofocadosem“tecnologialimpa”,saúdeehabitação,enquantoumnúmeromenoratuaeminclusãofinanceira,istoé,microfinançaeserviçosfinancei-rosdebaixa renda–oprincipalobjetivoparamuitos fundosdospaísesemdesenvolvimento.113

Dos50fundosdessalista,25foramregistradosnoprimeiroórgãoamplamenteaceito,oGIIRS,queoferececredenciamento.Esses25 fundosGIIRSpioneirosrepresentam$1,2bilhõesepos-sueminvestimentosemmaisde200projetosdealtoimpactoem30países.

SeverinoeRayconcluíram,em2009,queessestiposdefundos“combinamaexpertisedosagentesdedesenvolvimento,osrecursosdeinvestidoresprivados,eagarantiadosdoadorespúblicosoufi-lantrópicos,quepermitemodirecionamentodefinanciamentospreciososparaáreasouatividadessubfinanciadas”.

Porexemplo,aAgence Française de Développement(AFD),obanco Crédit Agricole(CA)eaDanoneuniram‑separaestabelecerumfundo(“Danone Communities”),queacessaosprincipaismer-cadosfinanceirospara investiremprogramascomalto impactosocial.

113.Vejaacima.

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Filantropia: Contexto Atual

Tabela 15: Fundo de Investimento de Impacto, Top 50, por foco

regional, 2011

Foco Regional Contagem % Milhões de $ (aprox.)*

Contagem em %

% de ativos ($)

Todos 50 100% 5,733 100% 100%

Somentepaísesemdesenvolvimento

13 26% 1,243 26% 22%

Paísesdesenvolvidoseemdesenvolvimento

16 32% 2,290 32% 40%

SomenteaAméricadoNorte

19 38% 1,700 38% 30%

SomenteaEuropa 2 4% 500 4% 9%

Fonte:ImpactAssets.org,análiseprópriaMaisdescriçõesdetalhadassobrealguns fundos:http://www.giirs.org/for‑funds/pioneer*Nota:Essesnúmerossãoestimativasprópriascombasenosdados fornecidospelaImpactAssets.org.Sãoos“Ativossobgestão”(“AssetsunderManagement”ou“AUM”),quenãooferecemumaindicaçãoexatadoquantofoiinvestido.

EssaprimeiraexperiênciacomumlevouaAFDeoCAalançaremumgrandefundoparaopúblicogeral,quegarantiráareceitadosinvestidores, liquidezepadrõesde segurança iguais àquelesdequaisquer serviçosfinanceirosaltamenteseguros–masqueseráparcialmenteinvestidoemprojetosdedesenvolvimento.Emconse-quênciadacrisemundialdealimentosde2007/2008,fundosdein-vestimentoespecializadosestãosendocriadosparaestimularosgrandesinvestidoresafinanciaremaproduçãoagrícolanaÁfrica.

SeverinoeRay ressaltaramtambémque“os lucrosde longoprazodas instituiçõesfinanceiras internacionais,baseadasnessesmodelosdenegócio, confirmamqueadistinçãoconceitualentre

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Filantropia: Contexto Atual

atividades“comfinslucrativos”ousomente“porsolidariedade”émuitoartificial”.114

“O Big Society Bank fornecerá £600 milhões de novo capital para o setor social.”Relatório de 2011 sobre o Investimento Social da Cidade de Londres

Títulos de Impacto Social e a abordagem de “pagamento baseado

em resultado”

Em2010,oentãoSecretáriodaJustiçadoReinoUnido,JackStraw,anunciouoprimeiroprojetopilotodetítulodeimpactosocial.Ba-seadoemummodeloderetornocontingente,oobjetivoémobilizaraté£5milhõesparaváriasorganizaçõessociaisespecializadas,quetrabalhamcomaprisãodePeterboroughemCambridgeshire,Ingla-terra.Elasoferecerãoumasériede serviçosdeaconselhamento,educaçãoeapoiosocialpara3.000prisioneirosdosexomasculino,sentenciadosamenosdeumanodeprisão.OSecretáriodaJustiçadoReinoUnidoafirmou:“Sãoosprisioneirosqueficamumcurtoperíododetempo,compropensãoareincidir.Estetítuloajudaráacontrolaroaumentodapopulaçãocarceráriaeaproduzirbenefíciosàsociedade”.OdiretorexecutivodoSt. Giles Trust,umadas insti-tuiçõesselecionadasparaprestarserviçosemPeterborough,des-creveuotítulocomouma“revoluçãonofinanciamento”.Omodeloéobjetivo:os investidores receberãoumdividendodogoverno

114.VejaSeverinoeRay(2009),página12.

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Filantropia: Contexto Atual

somente seoprogramaatingiruma reduçãomaiorque7,5%emreincidênciadospresoscobertospeloprograma,quesãomensura-dosemoposiçãoaumgrupodecontroleequivalentenosregistrosnacionaisdapolíciadoReinoUnido.Osretornosdependemdosu-cesso:quantomaisdinheiroasagênciasgovernamentaisdoReinoUnidoeconomizamatravésdoprograma,maiororetornopagoaosinvestidoresdostítulos,comtaxamáximade13%,compagamentosfeitosduranteosanosseiseoito.Sebemsucedido,oprojetopilototemumaltopotencialderéplica115.

ComoThe Economistdescreveuemagostode2012,asautori-dadesdosdoisladosdoAtlânticoestãointeressadasemumanovaabordagemparaaliviarosproblemasdasociedade.Em22dejulho,aadministraçãodopresidenteBarackObamalistouos11primeirosinvestimentosdeseunovoFundodeInovaçãoSocial(“SocialInno-vationFund”ou“SIF”).Aproximadamente$50milhõesdodinheiropúblico,umvolumemaiorquandocomparadoaos$74milhõesdasfundaçõesfilantrópicas, serãodadosaalgumasdasorganizaçõessemfinslucrativosdemaiorsucessodosEstadosUnidos,afimdeexpandirseutrabalhoemassistênciamédica,criarempregoseapoiarjovens116.

Outros instrumentos de títulos

AiniciativadoInternational Finance Facility for Immunisation(IFFIm),lançadaem2005,consisteememitirtítuloslastreadosporobrigaçõesdecarátervinculativo,comvencimentoem10a20anos,pelogo-

115.Martin,Maximilian (2011): FourRevolutions inGlobalphilanthropy,página3;ThePeterboroughSocialImpactBondPilotisalsoextensivelyscrutinizedinClearlySo(2011):In-vestorPerspectivesonSocialEnterpriseFinancing,página93.

116.TheEconomist(12deagostode2010):Let”shearthoseideas:http://www.economist.com/node/16789766(Acessadoemjunhode2011).

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Filantropia: Contexto Atual

vernodoador.Aoanteciparosfluxosdeajudadelongoprazo,esseinstrumentodemobilizaçãode recurso temcomoobjetivo, tantogarantirfinanciamentospreciososduranteumdeterminadoperíodode tempo,comoatingirumamassacríticadefinanciamento,quepermitamumrápidoprogressoemdireçãoaosObjetivosdoDesen-volvimentodoMilênio(ODM).Olançamentodotítuloem2006le-vantou$1bilhão.OIFFImtemcomoobjetivocaptarquatrovezesmaisqueomercadodecapitaisnospróximos10anos–osuficienteparadarsuporteà imunizaçãodemeiobilhãodecriançasatravésdecampanhascontrasarampo,tétanoefebreamarela117.

ParaTítulosdeDiáspora,vejaapágina35.

Investimento Social Corporativo: “criando valores partilhados”

ComodestacadonoscapítulosanterioressobreoBrasileoinvesti-mento social corporativo,umnovoconceito foi introduzidoquereúnecomunidades,organizaçõescomunitáriase fundaçõescomempresas.Especialmenteparapaísesemdesenvolvimento,ondeaparticipaçãodasempresasémaissólidadoquenospaísesdesen-volvidos,esseconceitomanifestaumaevidenteoportunidadedealavancarosrecursoscorporativos.

Acadêmicoseconsultoresveemumamudançanamentalidadenomundodosnegócios.Paraasgrandesempresas,queatéomo-mento se envolveramematividadesde responsabilidade socialusuais,osprincipaispensadoresnaesferadenegóciosnãolucrativos,MarkKramer(daempresadeconsultoriaFSG)eMichaelPorter(daHarvard University),desenvolveramumanovasériedetermos,queenvolvemoconceitode“ValoresCompartilhados”(vejafigura28).Seuenfoquesãoasconexõesentreoprogressoeconômicoesocial,

117.SeverinoeRay,página10.

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Filantropia: Contexto Atual

quetemopoderdedesencadearapróximaondadedesenvolvimen-toglobal,comoafirmamosautores118.

“Um número elevado de empresas conhecidas pela sua abordagem solidária – como Google, IBM, Intel, Johnson & Johnson, Nestle, Unilever e Wal‑Mart – começou a embarcar em importantes iniciativas de valor compartilhado. No entanto, o nosso entendimento do potencial do valor compartilhado está apenas começando. Todas as empresas devem olhar decisões e oportunidades através da lente do valor compartilha‑do. Isso levará a novas abordagens que geram maiores inovações e crescimento para as empresas – e também, benefícios para a sociedade”.

118.Porter,MichaelE.eKramer,MarkR.(1dejaneirode2011):CreatingSharedValues,HarvardBusinessReview;VejatambémaTabela22noapêndiceparaumaanálisemaisdeta-lhadadoconceitode“valorespartilhados”;daempresaKramer,FSGSocialImpactConsultants:http://www.fsg.org/

Figura 28: Evolução da Responsabilidade Social Corporativa

Antes de 2000 2000‑2005 2006‑2010 2010 em diante

“Não é um problema”

• Vamos ignorare su-bestimaroproblema

• Vamosminimizar anossa responsabili-dade

• Filantropia é umaquestão de valorespessoais.

“É um problema”

• Vamosminimizaroproblemaededicarumaquantiadedi-nheiroa issoparamostrarqueesta-moscontribuindo

• CSR e filantropiaéumaquestãodereputação corpo-rativa

“Vamos resolver o problema”

• Precisamos agregarcustospara resolveroproblema

• Temosque fazerumrelatório transparen-te sobre os nossos resultados

• Temos que usar osrecursosdonossone-gócioprincipal paraencontrarsoluções

“É uma oportunidade de criar valor partilhado”

• Podemosdiminuiroscustos,aumentarare-ceitaoudiferenciaranossapropostadeva-lordedicando‑nosaosproblemassociais.

• Mesmo nos proble-mas sociais, normal-mentenãoafetamosasoportunidades.

Fonte:FSG Social Impact Consultants

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Filantropia: Contexto Atual

ComoumexemploqueserveparaBill & Melinda Gates Founda‑tioneumdeseusprojetos:

“A Gates Foundation formou parceiros com empresas globais de liderança para encorajar grupos agrícolas nos países em desen‑volvimento. A Fundação foca especialmente commodities, onde o clima e as condições do solo oferecem a uma determinada região vantagem competitiva. A parceria faz com que OSCs, como a Root Capital e Technoserve, assim como funcionários do governo, traba‑lhem em problemas pré‑competitivos, que melhoram o cluster e aprimoram a cadeia de fornecimento para todos os participantes. Essa abordagem reconhece que ajudar os pequenos fazendeiros a aumentarem suas produções não criará benefícios duradouros a menos que haja compradores para suas safras, outras empresas que possam processá‑las, uma vez que estejam colhidas, e um grupo local que inclua infraestrutura logística suficiente, disponibilidade de insumos etc. O compromisso ativo das empresas é essencial para mobilizar esses elementos.”

UmoutroexemploéaempresafarmacêuticaNovartisesua“atividadedevalorcompartilhado”naÍndia.ANovartisescolheuaabordagem“basedapirâmide”paraajudar as famíliasdebaixarendanopaís.119 Emvezdeoferecer remédiosgratuitamenteoucomdescontos (assim comomuitos farmacêuticos fizeram tãofrequentementeatravésdeprogramasúnicosdedoaçãoderemé-dios),aempresacriouoArogyaParivar–ProgramadeSaúdedaFamília,que temcomoobjetivoensinar sobre saúde,atravésdenovos comportamentos. 300educadoresda áreada saúde são

119.EsseexemplonãoédoartigodaHarvard Business Review,masdaentrevista“TeawiththeEconomist”comoautoremjulhode2011.Vejaovídeo:http://www.economist.com/blogs/multimedia/2011/04/mark_kramer_shared_value(Acessadoemjulhode2011).

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contratadospara conduzir aeducaçãoda saúdeda comunidadecomfoconaprevenção,saúdematernaleinfantil,ereconhecimen-todesintomas.

OutrosserviçosqueacampanhadaNovartisoferecesão“edu-caçãodofornecedordeassistênciamédica”parachamaraatençãoparaoproblemáticobaixoníveldetreinamentomédico,assimcomo“gestãodacadeiadesuprimentos”,paraassegurarcontinuidadedofornecimentonasfarmáciasdosvilarejos.120

Osautoresafirmamqueasempresasestãomelhorandosuacompetitividade(“reputação”)criandovalorescompartilhadosemtrêsníveis:

• Reavaliandoprodutoseosmercados;• Redefinindoprodutividadenacadeiadesuprimento;• Capacitandoodesenvolvimentodegruposlocais.

1. Oprimeirorefere‑seaoqueofazendeiroafricanoacimaesbo-çoucomoexemplo–ajudandoadesenvolvernãoapenasaproduçãoeacolheita,mastambémocomprador,alogísticaeainfraestruturacompetitiva.Assim,nãosóégeradamaispro-dução, como tambémmaisdemanda,oqueébomparaosnegócios.

2. A redefiniçãodaprodutividade refere‑se à conservaçãodeenergiae recursosnaturais, cuidadoscomosempregados,ecomisso,areduçãodoscustos(energia,recursos)eoaumen-

120.OcasoNovartisfoiilustradonaentrevistadeTheEconomist(linkacima)etambémdestacadooarquivodedocumentaçãode2011nowebsitedaempresadeconsultoriadeMarkKramer,FSG Social Impact Consultants:http://www.fsg.org/Portals/0/Uploads/Documents/PDF/CSV_Webinar.pdf?cpgn=Webinar%20DL%20‑%20Creating%20Shared%20Value%20in%20Action%20ppt(Acessadoemjulhode2011).

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todaprodutividade (empregados felizes),ouseja,bomparaosnegóciostambém.

3. O terceiro refere‑seaoaumento relacionadoeaosuporteaindústriaseinfraestrutura,ouseja,semelhanteao1.

Faça bem feito (apresente seu produto) e fale sobre isso

OexemploprincipalparaprogredirdeResponsabilidadeSocialdeEmpresas(RSE)paraCriaçãodeValorCompartilhado(CVC)équeaRSEeraumsistemadecomprasdecomérciojusto,enquantoqueaCVCofereceinsumosparaasafra,tecnologia,treinamentoefinan-ciamentoparaaumentaraqualidadeeaproduçãodepequenosfazendeiros.Parececaro,nãoé?Noentanto,olhandoparaoexem-ploacimadaNovartisnaÍndia,osautoresafirmamqueenquantoaempresa conseguiualcançargruposdebaixa renda,melhorarocomportamentoemrelaçãoà saúde,abrirnovosmecanismosdedistribuiçãoparaseusprodutos(enquantoMarkKrameracentuaofato“MasnãoapenasparaosprodutosdaNovartis”),oprogramaatingiu40milhõesdepessoasnosprimeiros13meses.

Trêsoutrosexemplosdessaabordagemqueforamdestacadosrecentementesão:

GrupoAdidas:Adidasfezumaparceriacomaorganizaçãodemicro‑finançasGrameen Bank, do laureadocomoPrêmioNobel,MuhammadYunus,parafabricarumsapatodebaixocustoemBan-gladesh.“Ossapatosserãobaratosefinanceiramenteviáveisparaosmaispobrese,alémdisso,protegerãoaspessoasdedoenças”,afirmouYunus.EsseprogramaéumexemplodoprincípiodovalorcompartilhadotantoparaaAdidas,comoparaoGrameen Bank.

BMW:O laboratórioGuggenheimdaBMWéum laboratóriomóvelqueviajaráparaasnovemaiorescidadesdomundoduranteseisanos.Lideradoporgruposinternacionaiseinterdisciplinaresde

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talentosemergentesnas áreasdeurbanismo, arquitetura, arte,design,ciência, tecnologia,educaçãoesustentabilidade,o labora-tóriosededicaráaproblemasdavidaurbanacontemporâneaatra-vésdeprogramasepalestraspúblicas.Seuobjetivoéexplorarnovasideias,experimentos,eporúltimo,criarsoluçõesinovadorasparaavidaurbana.EssesprogramasestabelecemumpropósitosocialparaaBMW,quepoderiaajudaraabordaraexclusividade/elitismoda“Ultimate Driving Machine”.

H.J.Heinz:Heinzlançouuma“campanhamicronutriente”paracombateraameaçadaanemiaferroprivaedesnutriçãodevitaminasemineraisentreosbebêsecriançasnospaísesemdesenvolvimen-to.Maisdecincomilhõesdecriançasem15paísesemdesenvolvi-mento receberamsachêsdevitaminasemineraisempó,que foiaprovadopeloUNICEFeaOrganizaçãoMundialdaSaúdecomoumtratamentodebaixocustoparaaanemiaferropriva.Notadamente,aocustodeumpoucomaisde2centavosporsachê,asnecessidadesdemicronutrientesdeumacriançaduranteumanopodecustarumtotalde$1.50.EsseprogramadaHeinzcombinavalorcompartilha-docomRetornoSobreInvestimento(ROI)socialextraordinário.121

“Não há dúvidas de que os doadores corporativos preferem investir seu dinheiro localmente – parte disso é porque au‑menta a sua capacidade de monitorar o seu impacto.”Especialista em filantropia, América do Sul

121.Klein,Paul(14dejunhode2011):ThreeGreatExamplesofSharedValuesinAction,ForbesOnline:http://blogs.forbes.com/csr/2011/06/14/three‑great‑examples‑of‑shared‑value‑in‑action/(Acessadoemjulhode2011).

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Avaliação de Impacto

Oinfluxodepráticascomerciaisestimulouaaccountability,gestãodepúblicosde interesseeoprofissionalismoemgeral.Emtodaaindústriaeentretodososatores,nãohádúvidasdequeafilantropiaprecisaentendermais sobreaavaliaçãode impactoequeessesprocessos sãode importânciavital.Até recentemente, conformeafirmadoporumespecialista:“osfilantroposficavamfelizescomhistóriasdemudanças,apesardenãoteremmuitasprovassobreoquantorealmenteamudançaacontecia”.

Noentanto,muitas instituições,especialmenteasmenores,lutamparamostrarseusimpactosdelongoprazo.Oproblemaprin-cipaléque,enquantoohorizontedosfilantroposeo“marco”dofinanciamentolevamdedoisatrêsanos,umaorganizaçãosemfinslucrativosnormalmentepodeoferecerapenas“pequenasdemons-traçõesdeimpacto”nosprimeirosanos.

Parademonstrarimpacto,sãonecessáriosnúmeroserecursos.Essaéumadiferença importanteparaentidadessemfins lucrativosempaísesemdesenvolvimento,devidoàfaltadeinformaçõessociaiseestatísticagovernamental.Empaísesdesenvolvidos,asorganizaçõessociaispodemusarprovasad‑hocparaquantificaralgofácilrapidamen-te,enquantoqueempaísesemdesenvolvimento,issoéimpossível.

OTerceiroSetorestá“naencruzilhada”nestemomento,em-boraespecialistasenfatizemo fatodequenãohaveráumúnicomodelodemensuração. Emvezdisso, cadaparticipantee cadaprojetoprecisaacharasuamaneiraúnicadeconvencerosacionistaseinvestidores,demonstrandoopotencialimpacto.

“Se financiamos apenas o que podemos mensurar, perdere‑mos muito”.Especialista em filantropia, Ásia

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Asgrandesorganizaçõessãomuitomaiscapazesdesedesen-volverem,utilizandoe/ouimplantandonovasformasdemensuraroimpactodeseusprogramas,eosespecialistasdosetorsalientamofatodequeatores maioresdeveriamliderarocaminhonoseucam-podeatividade.Asorganizaçõesmenores,namesmaáreadeatuação,poderiam,então,segui‑laseadotarumprocedimentoparaamensu-raçãodoimpacto,quefoitestadoeaprovadocomosendocoerente122.Noentanto,os especialistasdestacaramqueumprocedimento“coerente”nessecontextopodeserdefinidodeumaformamuitodiferente,atravésdeumgrupodeavaliaçãoedeumacomunidadebeneficiadapeloprograma.Assim,asorganizaçõesdediferentesportes (ao tentar implantaromesmoprocedimentodemonitora-mento)podemagravaroproblemaemvezdeagregaràsolução.

Todavia,tem‑seestabelecidoomonitoramentodemetodologiasecasosdemelhorespráticasporórgãosrelevantesnosetorcomo,porexemplo,noReinoUnido.123

OfocoemorganizaçõesdegrandeporteparalideraraformadoRetornoSocialdoInvestimento(SROI,siglaeminglês)foireco-mendadopelaDASRA,mastambéméumapolíticadoNPC,quenopassadodedicou‑seaanalisarpequenas instituições sociais,masagoravoltousuaatençãoparaasmaiores.

Emgeral,qualquerorganizaçãodequalquerportepoderiasermaisrigorosaemrelaçãoàsdescriçõesdoinsumoedoprodutoetambémmuitomaiseficientecomosseusrecursos.

122.Dentreosstakeholdersdegrandesempresasque foramperguntadassobreoqueachavamdeseusparceirosdasociedadecivil,OSCsinternacionaistiveramumdesempenhomelhordoqueaslocais,daíacredibilidadegeraldegrandesplayers.Vejaoartigorelaciona-dodaTheEconomist(11denovembrode2010):Faith,hopeandcharities:http://www.eco-nomist.com/node/17461445(Acessadoemjunhode2011).

123.Paraumguiasobreretornosocialsobre investimento,veja:http://www.thesroine-twork.org/publications/cat_view/29‑the‑sroi‑guide‑2009/35‑chapters?orderby=dmdate_pu-blished&ascdesc=DESC,(Acessadoemjulhode2011)

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Umdosmaisrecenteseexpressivosatoresnocampodeava-liaçãodeorganizaçõessociaisedeimpactodosEstadosUnidos–oprestadordeserviços“Charity Navigator”–provêclassificaçõesparaasinstituições,assimcomoasagênciasdeclassificaçãoderiscofazemparaosnegócioscomerciais.Suasnotas,originalmenteolhavamape-nasparaasdespesascomoumpercentualdedinheirolevantado,oqueseprovouserumaorientaçãodebaixaqualidade,umavezqueasdespesaspodemnãosignificareconomia,massimumaequipemalremunerada(eincompetente).Emjulhode2011,eletornousuasavaliaçõesmaiseficientesparadarmaispesoàsorganizaçõessociaistransparentesebemadministradas,eestáaomesmotempotestandoumanovaavaliaçãode“impacto”quedeveserimplantadaem2012.

Primeiramenteeleavaliaráapenassea instituiçãopublica in-formaçõessobreoimpactodoseutrabalho(masnãoseessainfor-maçãoéútilouconfiável).The Economistconcluique,emboraessesdadosaindaestejamlongedeserperfeitos,émelhordoquenada124.

Nãohádúvidasdequeumaestruturaglobaloupelomenosmultinacionalseráestabelecidacombasenosatuaisesforçosepi-lotos,comooportaldeinformaçõesdaCharity Foundation,quejáatuaemmuitospaísesforadoReinoUnido125.

“Se a sua organização social estiver ativamente engajada, sua accountability é primeiro com a comunidade e depois com o doador.”Especialista em Filantropia, África

124.TheEconomist(11denovembrode2010):Faith,hopeandcharities.125.Veja:http://www.charitytrends.org/

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Emgeral,aanáliseSROIdeveriaseguirestesseispassos:

1. Estabelecerescopoe identificarosprincipaisstakeholders.É importante ter limites claros sobreoque a análise SROIcobrirá,quemseráenvolvidonoprocessoecomo.Normal-menteosusuáriosdosserviços,financiadoreseoutrasagên-ciasquetrabalhamcomogrupodoclientesãoinclusosemumSROI.

2. Mapeamentodosresultados.Atravésdoenvolvimentocomospúblicosdeinteresse,vocêdesenvolveráummapadeim-pacto (tambémchamadode teoriadamudançaoumodelológico),quemostraorelacionamentoentreosinsumos,pro-dutoseresultados.

3. Evidenciarresultadosedarumvaloraeles.Essaetapaenvolveacoletadedadosparamostrarseosresultadosocorreram,e,então,lhesdarumvalormonetário.

4. Estabelecero impacto.Osaspectosdemudançaque teriamocorridodequalquermaneiraouquesãoresultadosdeoutrosfatoresexcluídosdaanálise.

5. CalcularoSROI.Essaetapaenvolveadicionartodososbenefí-cios,subtrairquaisquerpontosnegativosecompararoresul-tadocomoinvestimento.Éaítambémondeasensibilidadedosresultadospodesertestada.

6. Relatar,utilizareinserir.Estesúltimospassosmuitoimportan-tesenvolvemverificaçãodo relatório, compartilhamentodedescobertascomospúblicosestratégicos,earespostasdeles,inserindoosbonsprocessosresultantes126.

126.Retiradodoguiasobreretornosocialsobreinvestimento,SROI Network.

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Crítica sobre a avaliação do impacto

Inúmerosespecialistasendossaramasmensuraçõesdeaccountabi‑lity,maistransparênciaemelhoresferramentaspararelatórios.Noentanto,issoéumdilema–equantomenoraorganização,maioréaprobabilidadedenãoconseguirpreencheratodosessesrequisitos.

SashaDichter, executivododepartamentode investimentosocialdaempresaAcumen Fund,descreveuasoluçãododilemade“avaliaçãodeimpacto”como:

“Filantropia tem a ver com generosidade. Seja rigoroso e o mais empresarial possível, mas ao mesmo tempo, seja o mais generoso possível”.127

Umexecutivo,captadorderecursos,comextensoconhecimen-toempaísesemdesenvolvimento–emboraendosseclaramentetodasasmensuraçõesdeavaliaçãoemonitoramentoqueestãosendoatualmente implantadas–enfatizouque:“sevocêéumasociedadesolidáriaeengajada,suaaccountabilityéprimeiramentecomcomunidadeparaaqualvocêtrabalha,edepoiscomodoador.”Eleacrescentou:

“Todos gostam de saber o que acontece com seu dinheiro e se ele tem algum impacto. No entanto, eu realmente me preocupo que, ao direcionar o impacto, nós distorcemos a forma em que a doação acontece. Já estive do outro lado da equação, trabalhando com OSCs na África e com beneficiários dos doadores de fundos e vi a pressão para que concordassem com as vontades dos doadores. Imagine que você se reporte a alguém que esteja a 16.000 quilômetros de distância do problema e ele acredite ter a resposta. A organização fim acaba sendo responsável por alcançar um objetivo particular definido pelo doador... Isso pode mudar o impacto. E os operadores estão tão ocu‑

127.ConformerelatadonowebcastnositedoAcumen Fund:http://www.acumenfund.org/about‑us/what‑is‑patient‑capital.html,(Acessadoemjulhode2011).

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pados em correr atrás de mensuração, que acabam não sendo tão eficientes como deviam”.

Conclusão

Asgrandesorganizaçõessãomuitomaiscapazesdesedesenvolve-remusandoe/ou implantandonovasmaneirasdemensuraro im-pactodeseusprogramas,eosespecialistasdasindústriasenfatizamofatodequegrandesatoresdeveriamlideraraformadefazê‑loemseucampodeatividade.Hápoucasdúvidasdequeaestruturaglobaloupelomenosmultinacionalsejaestabelecidacombasenosatuaisesforçosepilotos,talcomooportaldeinformaçõesdaCharities Aid Foundation.Precauçãodeveacompanharessesesforçosdemensu-ração,eavaliaçõesqualitativas (emcontrasteàquantitativa)dosprogramasdeveriamterpesomaior128.

Abordagem em nível micro

OscapítulosanterioresexaminaramoimpactodosnegóciossobreoTerceiroSetor,aemergênciadosnovosfilantropos,asnovastéc-nicasdefinanciamento,assimcomoabordagensinovadorasparaosinvestimentossociaiscorporativos.

Todasessasquestõestêmemcomumaabordagememnívelmicroouseosempreendimentossociaistrabalhamcompequenascomunidades,os institutosdemicrofinançaoferecempequenosempréstimosaos indivíduos, fundosde investimentossociaisdão

128.VejaoportalonlinedaCAF:http://www.charitytrends.org/SearchTool_Step1.aspx?re-set=true(Acessadoemjulhode2011).

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suporteàmicroagriculturana Índiaouseoconceitode“valorescompartilhados”corporativosreúneempresaseacomunidadeondeestão inseridas.Otermomencionadonessecontextoé“apoiodacomunidade”129, oqualbasicamente significaobter suportedaspessoasqueestãosendobeneficiadasporumprogramaespecífico.Poressarazão,umaspectoimportanteparaaabordagememnívelmicroéacolaboração.Naspróximaspáginas,acolaboraçãoentrefilantroposseráexaminadamaisdeperto.

Enquantomuitosprofissionais relataramque tal colaboraçãoentreatoresemcausasdedesenvolvimento– locais,estrangeirosoumultilaterais–sejaaindamuitodeficiente,háexemplosdecoo-peraçãoqueconseguiramconvenceratémesmoosmaiscéticosdeseuspotenciais.

Afilantropiaégeralmenteinstruídaemoldadaporfortesexpe-riênciasdeconexõesfamiliarese individuais, respectivamente.Porisso,oinvestimentonormalmentevaiparacausasdeinteresseespe-cíficodafamília.NaÍndia,colaboraçãosignificaunirasfamíliasparatrabalharemjuntas.ODASRA,umagenteemdesenvolvimentoqueoferecesuporteaOSCs,elaboroueimplantouo“Giving Circles”,cujabasesão famíliasfilantrópicaseumaabordagemfortemente localparadoaçõeseinvestimento.Emcontrasteaos“Giving Circles”,ondeosatorescorporativos sópodemparticiparposteriormente130, as

129.Osespecialistastêmdestacadoque“buy‑in”continuasendoumaquestãocontro-versa–partedoproblemanonívellocal/comunitáriotemsidoquemuitofrequentementeo“buy‑in”temsereferidoàconsulta,masnãosetraduzidoempoderdetomadadedecisão.

130.UmrepresentantedaDASRAexplicou:“Asempresastendematercomitêselevammesespara tomardecisõessobrefinanciamento,dadoque temdehaverconsensoou,àsvezes,votodaequipeeconsenso.Nuncativemosumasituaçãoemqueumaempresapodedelegarumadecisãodefinanciamentoparaumapessoa,assimsãoexcluídasdadecisãoinicialdefinanciamento,maspodemcompensaros fundosexistentesemumestágioposterior.DASRAoferece,portanto,àsempresas,aoportunidadedesebeneficiaremdesuadue dili‑gence/pesquisaseorganizaçõesde fundospré‑selecionados (independentedadecisãodo

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Filantropia: Contexto Atual

fundaçõescomunitáriasdosEstadosUnidos(omodelo inicial)sãogeralmenteempreendidasporgrandesfundosdeempresasedoa-ções.Masessenovotipodefundação131,quesediferedosmodelosnorte‑americanos(quenãoenvolvemnecessariamentecolaboraçãoentreesses três setoresmencionadosanteriormente)está sendocadavezmaisimplantadoempaísesemdesenvolvimento132.ParaumtipoespecíficodecooperaçãonoBrasil,aCommunity Philanthropic Organization,ouOCF,oinvestimentocorporativoétambémessencial.

Emboraessestrêstiposdeinstituições–Giving CirclesdaÍndia,fundaçõescomunitáriasdosEstadosUnidosouComunidadesFilan-trópicasdoBrasil– sejamúnicasehistoricamentedesenvolvidas,todastêmemcomumo“apoiodacomunidade”eaabordagememnívelmicro133.

“Se tiver dinheiro, você não precisa colaborar com todo mundo – tudo o que precisa é de um beneficiado.”Especialista em filantropia, Ásia

círculodedoação).Elassebeneficiamdamesmaadministração;reporteeassistênciapráticaqueocírculorecebe,maspodetomardecisõesdemaneiraindependente”.

131.Hodgson,JennyeKnight,Barry(2010):Morethanthepoorcousin?Theemergenceofcommunityfoundationsasanewdevelopmentparadigm:http://www.alliancemagazine.org/members/pdfs/morethanthepoorcousin.pdf(acessadoemjulhode2011).

132.HelenaMonteiro,Helena(2006):BusinessintheCommunity:TheRoleofCorporationsin supportingcommunityphilanthropy inBrazil,CenteronPhilanthropyandCivil Society,CUNY,Veja:http://www.idis.org.br/biblioteca/pesquisas/microsoft‑word‑isfp_hmonteiro_pa-per.pdf/download(acessadoemjunhode2011)

133.Osespecialistasdestacaramqueosimplesfatodeserumaentidade localgaranteautomaticamenteumaaceitaçãonacomunidade(“communitybuy‑in”)–equetantoosbonsquantoosmausexemplospodemserobservados.

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Filantropia: Contexto Atual

“As instituições mais sensíveis aos seus investidores são as que sobreviverão”.Especialista e Filantropia, “Australásia”

Aabordagemmicroéduplamenteimportante:paraasdoaçõesefundosinternacionais,torna‑secadavezmaisimportantecooperarcomatores nativosparaassegurar,oupelomenospermitir,apossibilidadedeapoioàcomunidade,e,portantodeimpacto.Paraosatores inter-nos,acooperaçãocomoutrosparesinternosdediferentessetoreseexperiênciasaumentaamobilizaçãoderecursosetambémoimpacto.Aotentaralcançarumbomapoiodacomunidade,sempreajudalem-brarqueelaécompostaporumgrupodeindivíduosenãoumaúnicaentidade.Umaorganizaçãosemfins lucrativosnãopodeatrairumacomunidade,maisdoqueumalunocalouropodefazernovosamigoscom“umaescola”.Overdadeiroapoiovemdodesenvolvimentoderelacionamentospositivoscomaspessoasquefazempartedele.

Osprofissionaisconsultadosparaesterelatórioenfatizamqueaabordagememnívelmicroou“descentralização”parece serachavedosucesso.Trabalhar juntocomoutrosatores, sejamelesOSCs,empresasougovernoslocais,éconsideradomaisexitosodoquequandocadaplayertrazseusrecursosàmesa.Noentanto,paramanteressaparceriafuncionandoépreciso“muitotrabalhoeboavontade,emuitaboavontademesmo”–afirmouumdosdiretoresexecutivosde captaçãode recursos. Trabalhar juntamente comoutrosatoresparaodesenvolvimentorequersinceridadeaoolharooutroeestabelecimentodeparceriasdeconfiança.Seoenvolvidoforogoverno,énecessárioremoverassuspeitasqueasorganizaçõesnãolucrativastêmemrelaçãoaeleevice‑versa.Oproblemaéquenemtodooenvolvidoéreceptívelaessatarefa.

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Filantropia: Contexto Atual

OexemploaseguirparaumacolaboraçãoexitosaentreváriosatoreséodasFilipinasedestacaoimensosucessopossívelcomacooperaçãobiouatémesmotrissetorial.

“Dê‑me o dinheiro e eu farei o que eu ia fazer com ele de qualquer maneira – Ouço muito isso de OSCs e essa não é, definitivamente, a melhor forma de fazer isso!”Especialista em filantropia, Ásia

ALeague of Corporate FoundationsdasFilipinasfoicriadaporempresasparacompartilharemsuasmelhorespráticas.Comopassardotempo,seusmembrosexaminaramoquecadaumestavafinan-ciandoeperceberamque70%delestinhaminteresseemeducação.Assim,comosempreacontecenaáreadaeducação,osmembrosperceberamquehaviamuitasiniciativaseáreasondeogovernosabiaoqueprecisavaserfeitoejátinhaalgunsprogramasacontecendo.Comonãopodiamabrangeropaísinteiro,escolheramaabordagemdescentralizada.Porexemplo,umbancoquepossuíafiliaisemumaprovínciaemparticulardecidiuconcentrar‑senela,conseguindoquetodososmembrosfinanciassemtrêsouquatroáreasbásicasquepoderiamsermelhoradas,comoaquestãodasmerendasescolares.Ogovernofederal,então,foiaosdepartamentosdaadministraçãolocaleperguntouseelesestavaminteressadosemcolaborar.Issomanifestaumempreendimentomultisetorialentreempresas,go-verno,assimcomoOSCslocais.Umprofissionaldescreveuoprojetocomo:“funciona,efuncionacommaisimpactoporquevocêsestão

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Filantropia: Contexto Atual

namesmasintonia.Vocêsnãoestãosimplesmentefazendooquevocêsquerem,mastentandoobterumamudançasistemática”.134

Cooperarecapacitarosliderançaslocais,normalmentesignificasedesviardegovernose/ouórgãosadministrativosregionais–oquepodeseprovarumobstáculoetantoparaosfilantropos.ArevistaThe EconomistfaloucomStephenGoldsmithsobreinovaçãonaen-tregadeserviçossociais.Goldsmith,professoremHarvard,tambémpresidente da Corporation for National and Community Service e con-selheirodoprefeitodeNovaYork,disse:“Consigopensarem1.000inovações,masaindanão tiveuma ideia inovadoraemnenhumareuniãoquefosseoficial.”Osgovernos,deacordocomoartigodaThe Economist,parecemparticularmenteruinsemtransferirodinhei-rodeantigosorçamentosparanovos,sendoesteumdosmotivospeloqualosFundosdeInovaçãoSocial,comooAmerican Social In‑vestment Fund (SIF),teveiníciocomapenasUS$50milhões.

Deveriaserexigidodetodaagênciagovernamentalcolocar1%deseuorçamentoemfundosdeinovação,afirmaoCentre for Ame‑rican Progress,umausinadeideiascomfortesligaçõescomaadmi-nistraçãodeObama.AYoung FoundationpropôsamesmapolíticanaGrã‑Bretanha,concluiaThe Economist.135

Esseassuntode“tirardinheirodeum lugarparacolocaremoutro”éumproblemacrescenteeumaoportunidade imensaaomesmotempo.Novasparceriasentregovernos,empresaseasocie-dadecivilsignificaquenãoémaisapenascaptação de recursos(OSCprocurainvestidor)oufilantropia(investidorprocurabeneficiárioouOSC),mastambémuma“mobilização de recursos”.Eladescreveoprocessoemquefundosexistentes–normalmentegovernamentais,masnãoemtodososcasos–sãoutilizadoseredistribuídos.

134.VejaositedaLeague of Corporations:http://www.lcf.org.ph/135.TheEconomist(12deagostode2010):Let”shearthoseideas

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Filantropia: Contexto Atual

“A colaboração não é bem experimentada na Índia e ainda há resistência a ela. O país possui um legado de pessoas que ficam muito caladas em relação à caridade. Dos milhões de instituições não lucrativas, apenas uma pequena porção é aberta e transparente. Muitos indivíduos estão improvisan‑do para dar suportes às famílias ou idosos de uma maneira bem direta.”Especialista em Filantropia, Índia

Algumas considerações sobre colaboração nas doações do exterior

Problemascomcolaboraçãopodemocorrerquandonemtodoator temomesmopapelnatarefa.Emmuitoscasos,osparceirosexistentesficamenfurecidosnãoporcausadamávontadeemcoo-perar,masporcausadorelacionamentoserdesigual.Esseéespe-cialmenteocasoquandofundaçõesinternacionaisentramemjogo–eoproblemadaagenda“voltadaparaodoador”ocorre.

“Se você estiver interessado em fazer seu fundo ir longe, é importante procurar por parceiros.”Especialista filantropo, Ásia

Oexemploaseguir,deumacolaboraçãoumtantoinadequada,foidadoporumespecialistaemfilantropiaquetrabalhanaÁfrica:

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Acontece o tempo todo, mas deixe‑me dar um exemplo. Fui a um programa na região central de Gana há dois anos. Já havia visitado a organização anteriormente, considerada boa e firme de fato. Estava trabalhando com jovens com proble‑mas de HIV e Aids, e eles eram muito bons no que faziam. Tinham apoio da comunidade. Tinham uma agenda e estavam indo muito bem. Eram financiados por uma fundação ameri‑cana. Com o passar dos anos, a dependência àquela fundação cresceu porque, de um programa, passaram para vários ou‑tros. E, então a fundação mudou seu foco e disse para aque‑la organização, com a qual eles vinham trabalhando muito bem e tinham uma boa parceria: “Na verdade, nós não iremos mais financiar HIV e AIDS e estamos buscando uma transição para Microfinanças e Poder Econômico.” E a organização olhou para o seu grupo e conceito e percebeu que não tinham essa especialidade, mas tinham apoio da comunidade. Eles se sentiram pressionados, porque sabiam que, se seus cola‑boradores não tivessem trabalho, seria terrível depois de tanto tempo. Portanto, o que eles fizeram foi racionalizar e disseram: “Se mudarmos para essa nova área, nós ainda poderemos trabalhar com esses jovens com prevenção da AIDS e HIV, mas possivelmente teremos que fazer um pouco menos do que estamos fazendo agora”. Em dois anos a or‑ganização estava uma confusão porque eles não sabiam nada sobre microfinanças, e não podiam lidar com todas suas implicações. Então, os investidores disseram: “Não estamos vendo os resultados que pretendíamos ou o impacto que procuramos, portanto iremos parar de lhes dar dinheiro”.

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Emrelaçãoaessecaso,nãoapenasparece incompreensívelquea fundaçãoamericana tenhaconcordadocoma tentativadaOSCaomudarofoco,como,maisdoqueisso,osinvestidoresfize-ramcomqueamudançana agenda fosse aceita.Basicamente,houvemuitaingenuidadeporpartedoinvestidorquepensouquemicrofinançasfossearespostaparatudo.Nacabeçadeles,devetersoadocomo“Ei,éumaperfeitacombinação,entãovamosentrarondeascoisasacontecem”.Noentanto,paraobtersucesso,vocêprecisadevisõesespeciaiseconhecimento,e,senãotemisso,vocêestragatudo.

Umexemplopositivoparacolaboraçãoeespecialidade local,novamentedospaísesemdesenvolvimento,foioenvolvimentodaKellogg FoundationnaAméricaLatinanoiníciodadécadade1990.Umcaptadorderecursosbrasileirodescreveu:

“Normalmente o doador internacional não tinha interesse nos doadores locais. A Kellogg Foundation criou um progra‑ma específico com o objetivo criar melhores condições e ajudar o desenvolvimento da filantropia local no Brasil e em toda a América Latina e Caribe. Foi a primeira vez que uma fundação internacional na nossa região colocou sua ajuda em favor dos doadores locais. Isso representou uma opor‑tunidade para eles perceberem seus próprios papéis e a participação na sociedade como sendo mais importante. Esse projeto realizado pela Kellogg Foundation aconteceu no primeiro semestre dos anos 1990 e criou a atual geração de líderes filantrópicos”.

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NocasodoBrasil,aatualcooperaçãoentreasfundaçõeslocaisefundaçõesestrangeiraseaoportunidadedecolocarexemplosebenchmarkstambémfoidestacada.Éparacriarconfiançaentreosatores,e,comoocaptadorbrasileiroexplicou,terbonsexemplosquesirvamcomobenchmarksaoutrasorganizações.

O objetivo predominante parece que é estabelecer atores lo‑cais, apoiar e fortalecer os existentes, criar casos de melhores práticas e distribuí‑los – com o objetivo geral de evitar que os doadores estejam operando muito longe de seus beneficiários.

UmacaptadoracomumsólidofoconospaísesdesenvolvidosenaAustrália/NovaZelândiatemumaperspectivabemdiferente,aodescreveroseutrabalhodiáriodeconvencerOSCsebeneficia-dosa serem“totalmente focadosnodoador”–em respostaaomercadocompetitivoesuademandacrescenteportransparênciaeimpacto.

“Acho que temos que ser totalmente focados no doador. Temos que pensar sempre no que o doador quer, suas necessidades, expectativas. É fundamental tratá‑los com grande respeito e apreço. Algumas organizações são me‑lhores nisso do que outras. E, as que não estão fazendo isso bem são deixadas para trás, porque atualmente os doado‑res sabem o que eles deveriam esperar – sejam eles empre‑sas, “trusts” ou até mesmo indivíduos. Temos que realmen‑te ser muito respeitosos e atenciosos com os doadores – até mais do que fomos no passado. Ou, eles irão para outro lugar.”

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Sejanospaísesdesenvolvidosouemdesenvolvimento,quais-querabordagensemrelaçãoàimplantaçãodeferramentasdeava-liaçãodeveriamsempretercomoobjetivoconsiderarosatoreslocaisqueestejamativamenteengajados.Afinaldecontas,oconselhodosespecialistasemcaptaçãoderecursosededoaçõesempaísesemdesenvolvimentoéexatamenteoopostoà“abordagemdaNovaZelândia”acima,istoé“tornar‑semenoscontroladopelodoador”.Issonãosignificaevitaraccountability,masaprioridadeempaísesemdesenvolvimentoéseraccountableporumaliderançalocalemvezdeumator estrangeiro.

Umespecialistaemfilantropiadeumpaísemdesenvolvimentoexplicou:

“Acho que é realmente importante aos investidores inter‑nacionais terem uma ideia do que está acontecendo no local da operação. Mas é também muito artificial pensar que, se dois membros da comissão vão a um país específico, no qual nunca estiveram antes e sobre o qual eles têm pouco ou nenhum conhecimento, tenham nessa visita uma ideia do que realmente esteja acontecendo. Seu parceiro organiza a reunião que deliberadamente favorecerá alguém ou alguma coisa, é ainda muito provável de ver um pedaço limitado do que está acontecendo.”

Emresumo,éfundamentalesforçar‑separaconhecerosstake‑holders.Nemtodasasfundaçõesamericanasquetrabalhaminter-

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nacionalmente têmescritóriosoupessoasno localdaoperação.Seusstakeholderssãoorganizaçõesassociadasnaquelepaísespecí-ficoouosbeneficiáriosfinais?Emcondições ideais,osprincipaisstakeholdersdeveriamserosbeneficiários(comunidades,indivíduos)finaise seus interesses,mecanismoseprocedimentos;por issoénecessáriaumaorganizaçãointermediáriaquetenhabasenaquelepaísouregiãoemparticular.

Partedasoluçãoéprocurarporparceriasemvezdeprocurarapenasporinvestimentos.SejanaÁfricaounoBrasil,organizaçõesfinanceirasnacionaisoucontinentaisexistemparaseremabordadaspordoadores internacionais.NocasodaÁfrica,aFord Foundation fezexatamenteissocomsuaparceriacomaorganizaçãofinanceiraqueniana,aKCDF.136

“Vemos cada vez mais interesse da sociedade civil de entrar na parceria. Acho que a ideia de parceria entre a sociedade civil, empresas e o governo é algo que vale a pena considerar.”Especialista em filantropia, América do Sul

A importância das instituições locais de doação

UmespecialistaemÁfricaconsultadoparaesserelatórioressaltouo fatodequenocontinente faltamserviços intermediáriosedeaconselhamentosobrefilantropia,epoderiaserfeitomaiscomumnúmeromaiordessas instituições.Porém,“normalmente, essas

136.Veja:http://kcdf.or.ke/

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instituições sãomuitomaisúteisparaofilantropodoqueparaacomunidade”.Elasnormalmentepodemaconselharsobreousodosrecursos,massãomuitasvezesmenosúteisparaaorganizaçãoparaaqualenviamosdoadores.Euficariamuitomaisfelizseorganizaçõesfilantrópicastivessemumaparceriarealcomorganizaçõesdoadorasafricanas,quetrabalhamnomesmocampoqueelas.Earazãodeeuapoiaressaideiaéparaequilibrar a relação de poder”.

Equilibrando a relação de poder

A“relaçãodepoder”éumpontocrucial.Umadistinçãoimportan-tequeelevaodebateéque taisparcerias, comsuas frequentesdesigualdades internas,deviamprocurardoar“para”enãodoar“pormeiode”.Aprimeiraimplicaqueadecisãoprimáriaeacriaçãodepoderficamcomasinstituiçõeslocais,asegundaqueainstitui-çãolocalémeramenteumintermediárioparafundoseprogramas.Umespecialistaemdoaçõesafricanasdescreveuodilemada se-guinteforma:

“Seeuestousentadonumasalacomqualquerumadasfun-daçõesnorte‑americanasdedoação,francamente,eusouperfeita-mentequalificadoparaconcordaroudiscordardeles,enocasodeeudiscordareuficofelizemirembora.SejaaAWDF,aTrust Africa,Shouthern Africa TrustouaKCDF,qualquerumadelaspodefazerissoporqueelas são fortesegrandeso suficiente, alémdeelaspróprios seremdoadores. Elespodem, enfim,manter amesmaconversa.”137

Oespecialistaexplicouposteriormenteque,emvezdeprocurarparceirosiguais,asparceriasacabamsendodiscutidasentrepessoas

137.Vejaasorganizaçõesdoadorasafricanas:http://kcdf.or.ke;www.trustafrica.org/;www.southernafricatrust.org/;www.awdf.org

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Filantropia: Contexto Atual

quenãotêmamesmabase–e,comarelaçãodepoderdesigual,oresultadoémuitodiferente.

Especialistasdestacaramqueumagrandeorganizaçãofinancia-doracomoaAWDF–apesardeserdependentededoadoreseestarsobpressãoparafazercoisasdeumadeterminadaforma–porseutamanho,elaécapazderesponderapedidosdefundadoresespecí-ficoscom“emrazãodasuadoaçãoedanossaparceria,vocêestápedindodemaisparadeterminadaárea,eissonãoiráacontecer”.

ConsiderandoofatodequemesmoumagrandeorganizaçãocomoaAWDFpodeestarsobpressãoexternaemcertassituações,torna‑seóbviooqueatoresmenorespodemenfrentar.Odesequi-líbrioentre,porexemplo,aBill & Melinda Gates Foundationeumaorganizaçãocomunitária localnonortedaNigérianãoédifícildecompreender.

Especialistas destacaram que o necessário para aproximar essa relação desigual de poder ao longo dos próximos anos é mudar a conversa para o nível do conselho, apenas para começar.

Mudar a conversa para o nível do conselho

Captadoresderecursosedoadorespedemcadavezmaisoenvol-vimentodeumnúmeromaioremaisdiversodepessoasnoscon-selhosdealgumasdasmaioresorganizaçõesfilantrópicasinterna-cionais. Embora dois ou três africanos no conselho de umafundação internacional não represente toda aÁfrica, o que apresençadelesfazé“mudaraconversanoníveldoconselho”.Achaveéterumaprofundidademaiordeinformações,pormeiodeexperiênciasmaisdiversasa respeito tantodaáreadeatuação,quantodaáreageográfica.

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Filantropia: Contexto Atual

Motores e Inibidores

AseguintetabelaapresentaumaanáliseecategorizaçãodemotoreseinibidoresdentrodoTerceiroSetoredacaptaçãoderecursos.Questõesatuaisedesafiosforamcategorizadosemseisáreasprincipais:Política,Econômica,Social,Tecnológica,AmbientaleLegal(AnálisePESTEL).

Tabela 16: Motores e inibidores dentro do Terceiro Setor e de captação de

recursos

Impacto sobre facilitadores (OSCs + captadores de recursos)

Impacto sobre doadores

Política

Níveis elevados de riqueza

Novariqueza,especialmenteempaísesemdesenvolvimento,abrenovasoportu-nidadesparacaptaçãoderecursoslocais.Transferênciadeconhecimento,novosníveisderiqueza,masespecialmenteumfocoemcrescimentoorgânicodentrodepaísesemdesenvolvimento resultarameminstituiçõeslocaisdedoação(África;Índia)quetrazemumníveldeespeciali-zaçãosemigualparaplayersexternos.

Níveiselevadosderiquezaemtodosospaísesemdesenvolvimentoresul-taramemumaconfiançamaiorparafortalecer, apoiarenutrirmétodosdedoaçãoeinstituiçõeslocais.Osdoadores voltam‑se commaiorfrequênciaparaorganizaçõeslocais,emvezdeinstituiçõesinternacionais.

Financiamento público em declínio

Necessidadedeaumentaraconscienti-zaçãoparasuacausa.Énecessáriocaptarmais recursosedemodomaiseficiente.

Aconscientizaçãoelevadadaneces-sidadededoaredeseenvolver.

Envolvimento cívico elevado

Conjuntomaiorderecursos(voluntáriosefinanceiros).

Maisconhecimentoeconscientizaçãosobrecausas.Demandamaiorportransparênciaeaccountability.

Privatização elevada de serviços

Competiçãoelevadaentreplayerscomer-ciaisenãocomerciais.Transferênciadeconhecimentoelevada(modelosdeempresasocial).

Demandaelevadaporqualidadedeentregadeserviços.Demandamaiorportransparênciaeaccountability.

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Impacto sobre facilitadores (OSCs + captadores de recursos)

Impacto sobre doadores

Econômica

Recessão e o seu resultado

Doação sustentada e especialmentedoaçãoexternaafetadanegativamente—>necessáriocaptarmaisrecursosedemodomaiseficiente.

Diminuiçãodedoações.Focarcausaslocaisemvezdeexter-nas.

Baixa confiança do consumidor

Nível decrescente de renda disponível

Social

Dissolução de estrutura familiar (Sociedades ocidentais)

Emgeral,onúmerocrescentederendadeumaúnica família eDINCs (“Duploingresso, nenhuma criança”) cria umambientepositivopara captadoresderecursos.Cidadãoscasadoseviúvosprovaramdoarmaisparacausasexternas,dessaformaoaumentoemrendadeumaúnicafamí-liaricapodeterumimpactonegativoemdoaçõesexternas.

Paramuitosnúcleos familiares ricos nãocasados,adoaçãoéconsideradapartedesuasvidas.

Envelhecimento da população (Sociedades ocidentais)

Pessoasmaisvelhas, assimcomocida-dãosenviuvados,provaramdoarmaisparacausasexternas.Oaumentodessesegmentopodeterumimpactopositivoemdoaçõesexternas.Oscidadãosacimade65anossãoiden-tificadoscomoosdoadoresmaisfrequen-tespara causas externas (enquantoamaiorquantidadeédoadaporcidadãosentre 40‑64 anosqueprovavelmentepossuemmaioresrendas).

Necessidadeelevadade atividade,envolvimentoe“umacausa”paraonúmerocrescentedecidadãosmaisvelhos.

Corrupção e desconfiança na política

Altosníveisdecorrupçãoedesconfiançanogovernoe/oupolítica forama razãoparaaevoluçãodeecossistemascomple-tamentediferentesda filantropia.Porexemplo,ocasodaRússia,emqueafi-lantropianãoéumconceitocomumcomonorestodaEuropa,porqueorganizaçõessem fins lucrativos são geralmentecolocadas namesma categoria queogoverno,ouseja,“nãoconfiável”.

Faltade confiançae (muita)baixainstitucionalização filantrópica (Exemplo,Rússia).

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Impacto sobre facilitadores (OSCs + captadores de recursos)

Impacto sobre doadores

Aumento da migração e imigração

Onúmerocrescentedemigrantesesuaafluência têm grande potencial paracaptaçãodefundosparacausasexternas.

Onúmerocrescentedemigrantesesuacrescenteriquezaparecempres-sionarníveisdetolerâncialocais.Tempotencial para causar reaçãoambivalente/negativaentredoadoresparacausasexternas.Grandepotencial para implicaçõespolíticas (limitaçõesna imigraçãoerevisãodepolíticasetc.)

Tecnológica

Aumento na difusão e utilização da internet

Muitasmaneirasnovasdeseaproximardeumdoador,captarrecursosemobili-zarparaacausa,assimcomoestimularcolaboradores.Desafiode lidarcomummercadocon-corrido.

Conscientizaçãoeníveiselevadosdeconhecimento,aumentandoassimademandaporavaliaçõesdeimpactoe accountability.

Aumento no usode sites de rede social

Muitasmaneirasnovasdeseaproximardeumdoador,captarrecursosemobili-zarparaacausa,assimcomoestimularcolaboradores.Desafioemnãoultrapassarolimiteentresocialeprivado(portantoprejudicarosdoadores).

Possibilidadedesetornarenvolvidomuitomais facilmente–doantigoenvolvimentocomunitáriodacidadenatalparaoenvolvimentodacomu-nidadevirtual.

Aumento no uso de telefones celulares e novas formas de doação (Doação por mensagem de texto)

Muitasmaneirasnovasdeseaproximardeumdoador,captarrecursosemobili-zarparaacausa,assimcomoestimularcolaboradores.Usodetelefonesmóveisenovosserviçosde transferênciadedinheirousando‑setelefones celulares são cada vezmaisimportantesparapaísesemdesenvolvi-mento,especialmenteaÁfrica.

Lidarcomofluxode informaçãosetornoumaissimples,comparadocomo computador tradicional. Comosnovos aplicativos, se tornoumaisfácilfazerdoações.EspecialmentenaÁfrica, ondeumgrandecontingentedepessoasaindaestáparaseconectar,opotencialparanovosaplicativosmóveis(queenviamerecebemdinheiroetc.)éimenso.

Ambiental ACharity Commission”s Chair Dame Leather percebeuque“acaridadedeveriamestarnafrentedasustentabilidadeambiental”equeeraimportantepara“liberarocami-nho”paraomovimentosocialsetornarmaisconscienteambientalmente.

Mudançaclimáticaéumapreocupa-çãodemuitaspessoasetambémumarazãoparadoar.

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Filantropia: Contexto Atual

Impacto sobre facilitadores (OSCs + captadores de recursos)

Impacto sobre doadores

Legal Osambientes jurídicospodemfornecersegurança,mastambémimpedirocresci-mento.Empaísesondeamaiorpartedosrecursosvemdosetorpúblico,arecenteproliferaçãode regulações (igualdade,diversidade,accountability) levouaoau-mentodasdificuldadesparacaptadoresde recursos– anecessidadedemaiorconfiançanodinheiroprivadonãoésóumfenômenoda“Big Society”,masumatendênciaemtodaaEuropa.Em países em que amaior parte dacaptação vemdo setor privado, elesgeralmente têmoTerceiroSetorbemmenosestabelecido,portantoprecisamser tomadas algumas iniciativas paramanteraindamaisasdoaçõesprivadas(incentivosfiscais).

Entretanto,emqualquerquesejaocontexto e ambiente econômico,regulaçõessobreamaneiradecon-duziracaptaçãoderecursosadequa-daou comoeles deveriamutilizarseus recursosestãoaumentandoatransparênciaeconfiançapública,oqueé fundamentalparaofinancia-mento.

Fonte:Análiseprópria;estruturaadaptadadorelatóriodaNFP“Look – nfpSynergy have done my PEST analysis”138

138.Guild,MhairieSaxton,Joe(fevereirode2011):Look‑nfpSynergyhavedonemyPESTanalysis:Thesocio‑economic trendsaffectingcharities today:http://www.nfpsynergy.net/includes/documents/cm_docs/2011/l/look_nfpsynergy_have_done_my_pest_analysis_feverei-rode_2011.pdf,(acessadoemjunhode2011)

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Filantropia: Contexto Atual

Algumas reflexões a respeito do futuro da filantropia

Muitosespeculamsobreopotencialdedesenvolvimentodeatoresfilantrópicose,especialmente,fundaçõesprivadas,comparando‑ascomaajudapúblicadedesenvolvimento,providapelosgovernospormeiode instituiçõesdedesenvolvimentobilateraisoumultila-terais.Baseadonoscapítulosanterioresdemapeamentodecenários,percepçõesdeespecialistasemfilantropiaecaptaçãoderecursoseexemplosdesuasmelhorespráticas,pode‑sefazerasseguintesrecomendaçõessobrecomoalavancarfundosexistentes:

1) Envolvimento em defesa de interesses políticos

OqueBilleMelindaGatesfazemédescritoporelescomo“filantro-piacatalítica”,nosentidodequeelesusamsuainfluêncianocená-rioglobaleentrepolíticoseempresáriosparatornarem‑secatalisa-doresaassuntosecausasdepreocupaçãomundial.Envolver‑seemadvocacyparamudarapolíticapúblicanãoésomenteparaBill & Melinda Gates Foundationummododeusarsuainfluênciademodoeficiente;entretanto,elesestão fazendo issomuitomaisdoqueoutrosinvestidoressociais.“Filantroposusandosuavoz”funcionatambémemnívellocal.Muitosespecialistasconsultadosparaesterelatóriodestacamanecessidadedosfilantroposadvogarempormudançasdemodomaisproeminente.Campanhaspolíticas,lobbying e advocacysãocruciaisparaasOSCstambém,jáqueparaelas,sim-plesmente realizarumbomserviçonãoémaiso suficiente;elas

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Filantropia: Contexto Atual

precisamfazercampanhaparaaçãopolítica,casorealmentequeiramrealizarumamudançasocialmassiva.

2) Colaborar com mais frequência

Asfundaçõesnãoestãocolaborandoativamentecomseusparesemmuitoscasos.Amudançasocialéumaempreitadademúltiplosseto-res–entreempresas,diferentesinstânciasdegoverno,OSCsetodososenvolvidos.Somentepormeiodeumaaproximaçãodemúltiplosatoresépossívelumapossibilidadedemudançasistêmica.Oenvolvi-mentoemadvocacy e lobbying,comodescritoacimatambémsees-tendemaomundodosnegócios.OSCsefilantroposcomumaagendademudançasocial sãoaconselhadosa“fazermercadotrabalhar”(paraeles).Organizaçõessemfinslucrativosbemsucedidasnãocon-fiamnadoaçãotradicional,mas,emvezdisso,trabalhamcomempre-sasecolaboramparagerarrendaegerarconexõesondeforpossível.

Paramaximizaro impactodefinanciamento,émuitasvezesnecessárioecrucialaorganizaçõesintermediáriastrabalhardemodomaispróximo,tantodedoadorescomodosbeneficiários.DASRA,serviçointermediáriodefilantropiabaseadonaÍndia,descreveuseupapelcomosendoodeprover“tranquilidade”aodoadoremrelaçãoaoimpactodoseufinanciamento,enquantotemumarelaçãomaispróximacomobeneficiário(geralmenteOSCspequenas)econstróiascapacidadesinternaseashabilidadesdegerenciamentoaessasorganizaçõesfim–umganhoparatodososenvolvidos.Nãosomen-teaCasaBrancaouaDowning Streetestãocolaborandoparaorga-nizaçõessemfins lucrativos,masgovernosnomundotodoestãoformandonovasparceriasentregovernos,capitalprivado,empre-sáriossociaiseasociedade(vejapágina78paraasFilipinas).

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Filantropia: Contexto Atual

Osmaioresobstáculosparamaiscolaboraçãoentreempresas,governo,OSCsefilantropossãopreconceitosentreeleseoutrosatores envolvidos,assimcomobarreirasburocráticase limitaçõesorçamentárias (de tempo)dosetorpúblico.Quandoseolhaparaalgunspaísesemdesenvolvimentoeparaacolaboraçãoentreato-resdentrodoecossistemadafilantropiadodesenvolvimento,ofrequentedesequilíbriodepoderentredoadorebeneficiáriopreci-saserresolvido.Emparticular,paraevitarumaagendavoltadaparaodoador,emque–nopiordoscasos–ignoraasvigorosasforçasdasOSCs, tal comosuas fraquezas.Osatores locaisprecisamserconsultados(descritoanteriormentenapágina82).

Osdesequilíbriosdepoderexistentesentre (geralmente)or-ganizaçõesestrangeiras e locaispodemser resolvidosporumaequipede conselheirosde consultoria local,montando comitêscompletamente independentesou tendo lideranças locaispartici-pantesnoconselhodafundação.Otemamaisabrangenteé“buscarumaparceria”enãouminvestimento.Achaveé“mudaraconver-saparaoníveldoconselho”.

3) Desenvolver e fortalecer seus (próprios) facilitadores

Acolaboraçãonãosomenteenfrentalimitaçãoatravésdemotiva-çõespessoais(eligadasaagendas)ebarreirassistêmicas(burocrá-ticas),mas tambémcomoproblema (relacionadoaosmúltiplosatores)davelocidadeedaescala.Inovaçõessociaisbemsucedidasespalharam‑seapenaslentamente,seéqueofizeram.Nomundodosnegócios,empresasempreendedorasrealmentecrescemrápi-do,masoempreendedorismosocialaindanãotemumaMicrosoft

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Filantropia: Contexto Atual

ouumGoogle.Comoincentivodoestado,asmelhoresideiasdosempresáriossociaispodemserespalhadasmaisrápidoeamplamen-te,emuitosexemplosprovaramqueesteéocaso–vejaaSocial Innovation Exchange Netword (SIX)e as incubadorasde ideiaseprojetosdaYoung Foundation.Instituiçõesdoadorasempaísesemdesenvolvimento, idealmenteoprimeiropontode contatoparaorganizaçõesestrangeiras,precisamaumentarmassivamenteseusesforçosparadesenvolverafilantropia local,OSCseasociedadecivilorganizada.

4) Movimento em direção à tomada de decisão inclusiva com seus stakeholders

Analisandooscasosdemelhorespráticasparacolaboração,assimcomoaquelesemqueosobstáculosnãopuderamsersuperadoseainiciativafalhou,umaspectopreponderanteparaumimpactodelongaduraçãoéenvolvimentocomunitário.Inúmerosprofissionais,pesquisas recentes,bemcomoexemplos já citadosdestacamanecessidadedecolaborarcomOSCs,fundaçõeslocaiseacomuni-dade,paragarantirquetodaainiciativachegueomaispertopossí-veldosseusstakeholders,emespecialdosbeneficiários.Alémdisso,especialistasemdesenvolvimentoenfatizaramquetodooprocessodeenvolvimentocomunitário temqueclaramentesemoveralémdemera“consultoria”e“mobilização”esedirigir tambémà“to-madadedecisãoinclusiva”.

Oinputdacomunidadeéoquetodasasiniciativasnaáreade“filantropiaparaamudança social” têmemcomum.O input da comunidadenoprocessodedoaçãoéuma linhaconsistenteemtodososprogramas,e,enquantoamaiorpartedesses fundosé

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Filantropia: Contexto Atual

muitopequena,seuimpactoéestendidoatravésdeprocessosco-laborativosqueproveembenefíciosmuitoalémdodinheirodoado.

Quandobusca‑sepelaatividadefilantrópicadedesenvolvimen-tomais impactante,éprecisoexaminararelaçãoentrefilantropiaedesenvolvimento comunitário, quepoderia serdescrita como“níveldeação”.Demodomuito importante,oníveldeaçãonãodependedoescopoatualdoprojeto,comoo investimentosocialcorporativoqueaNovartismostrou.OprojetoNovartisatinge40milhõesdepessoasnaÍndiarural,atravésdecentrosdesaúdeba-seados emcomunidades, e equipesde treinamento, cujo fimémudarocomportamentoembuscadaprevençãoeconscientização(descritonapágina72).Iniciativasdesaúdeverdadeiramenteambi-ciosascomoa“erradicaçãodapoliomielitenospróximosdoisouquatroanos”ouo“aumentoda taxadevacinaçãoem todosospaísesdemínimode90%(maisdoqueos80%,aproximados,dispo-níveis)”nãosãopossíveis semumaaçãoglobal (NaçõesUnidas,BancoMundialeoutrasinstituiçõesmundiais),assimcomoemnívelnacional(governos).Entretantoseráemnívellocalqueaspessoasdecidirãotomaravacinaouiraumaaulasobrehigienedoméstica.

Opontode“tomadadedecisão inclusiva” requer levaremcontaadiversidadeeadiferençaentrepaíses,comunidadesegruposdeinteresse.Afilantropiaéexercidadiferentementeemváriaspar-tesdomundo,eabemdesenvolvidadoNorte,equipadocomedirigidoporpoderososdefensoresnosdiasdehoje,temprovavel-mentemuitoaaprendercomafilantropiabaseadaemcomunidadeefédoSul,nogeralativaecomculturasespecíficasdedoação.

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Filantropia: Contexto Atual

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Filantropia: Contexto Atual

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Filantropia: Contexto Atual

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Apêndice

Tabela 17: Fontes do Terceiro Setor, global, ca. 1995‑2000, exceto

voluntários; tabela ordenada por “Filantropia – Porcentagem”

País Filantropia* Governo Taxas Total

(34 países)bilhões

de $%

bilhões de $

%bilhões

de $%

bilhões de $

%

Médiaporpaís 113,4 13%** 539,3 34% 680,3 53% 1333,3 100%

Paquistão 0,13 43% 0,02 6% 0,16 51% 0,3 100%

Uganda 0,04 38% 0,01 7% 0,06 55% 0,1 100%

Romênia 0,03 27% 0,06 45% 0,04 29% 0,1 100%

ÁfricadoSul 0,58 24% 1,05 44% 0,76 32% 2,4 100%

Eslováquia 0,07 23% 0,06 22% 0,16 55% 0,3 100%

Tanzânia 0,05 20% 0,07 27% 0,14 53% 0,3 100%

Espanha 4,85 19% 8,27 32% 12,63 49% 25,8 100%

Hungria 0,26 18% 0,39 27% 0,78 55% 1,4 100%

Polônia 0,41 16% 0,63 24% 1,58 60% 2,6 100%

Colômbia 0,26 15% 0,26 15% 1,21 70% 1,7 100%

RepúblicaTcheca 0,12 14% 0,34 39% 0,4 47% 0,9 100%

Quênia 0,06 14% 0,02 5% 0,33 81% 0,4 100%

EstadosUnidos 73,14 13% 172,92 31% 320,9 57% 567 100%

Índia 0,39 13% 1,09 36% 1,54 51% 3 100%

Peru 0,16 12% 0,23 18% 0,89 70% 1,3 100%

Brasil 1,22 11% 1,77 16% 8,41 74% 11,4 100%

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Filantropia: Contexto Atual

País Filantropia* Governo Taxas Total

(34 países)bilhões

de $%

bilhões de $

%bilhões

de $%

bilhões de $

%

Israel 1,12 10% 7 64% 2,82 26% 10,9 100%

ReinoUnido 6,88 9% 36,53 47% 34,89 45% 78,2 100%

Suécia 0,96 9% 3,04 29% 6,6 62% 10,6 100%

França 4,3 8% 33,12 58% 19,83 35% 57,3 100%

Argentina 1 8% 2,6 20% 9,74 73% 13,3 100%

Noruega 0,39 7% 1,97 35% 3,28 58% 5,6 100%

Irlanda 0,35 7% 3,87 77% 0,79 16% 5 100%

Austrália 1,25 6% 6,18 31% 12,38 63% 19,8 100%

Áustria 0,38 6% 3,16 50% 2,72 44% 6,3 100%

Finlândia 0,36 6% 2,2 36% 3,51 58% 6,1 100%

México 0,1 6% 0,13 9% 1,32 85% 1,6 100%

Bélgica 1,2 5% 19,64 77% 4,76 19% 25,6 100%

CoreiadoSul 0,87 4% 4,8 24% 14,1 71% 19,8 100%

Japão 6,73 3% 117,05 45% 134,92 52% 259 100%

Alemanha 3,21 3% 60,73 64% 30,51 32% 94,5 100%

Itália 1,1 3% 14,4 37% 23,85 61% 39,4 100%

Filipinas 0,04 3% 0,06 5% 1,01 92% 1,1 100%

Holanda 1,45 2% 35,64 59% 23,31 39% 60,4 100%

Fonte:Johns Hopkins University(CCSS),Comparative Non‑Profit Sector Project(2012)*Nota:Essaporcentagemincluifilantropialocaleinternacional**Valores13%,34%e53%correspondemrespectivamenteaográficodepizzanapágina16;porémadivisãoporpaísnestatabelaencontra‑sedisponívelapenasparadadosumpoucomaisantigosdoqueaquelesdográficodepizza(daíadiferençamínima)

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196

Filantropia: Contexto Atual

Tabela 18: Fontes do Terceiro Setor, global, ca. 1995‑2000, com vo‑

luntários; tabela ordenada por “Filantropia – Porcentagem”

País Filantropia* Governo Taxas Total

(34 países)bilhões

de $%

bilhões de $

%bilhões

de $%

bilhões de $

%

Total 429,7 31% 539,5 26% 679,8 42% 1649,6 100%

Romênia 0,2 67% 0,1 21% 0,0 13% 0,3 100%

Tanzânia 0,3 62% 0,1 13% 0,1 25% 0,6 100%

Suécia 11,2 54% 3,0 15% 6,6 32% 20,8 100%

Paquistão 0,2 53% 0,0 5% 0,2 42% 0,4 100%

Uganda 0,1 52% 0,0 6% 0,1 43% 0,1 100%

Noruega 4,6 47% 2,0 20% 3,3 33% 9,9 100%

França 46,2 47% 33,1 33% 19,8 20% 99,2 100%

ÁfricadoSul 1,5 46% 1,1 32% 0,8 23% 3,3 100%

Filipinas 0,8 43% 0,1 3% 1,0 54% 1,9 100%

Índia 1,7 40% 1,1 25% 1,5 35% 4,4 100%

Espanha 11,9 36% 8,3 25% 12,6 39% 32,8 100%

Alemanha 51,7 36% 60,7 43% 30,4 21% 142,9 100%

Finlândia 3,0 35% 2,2 25% 3,5 40% 8,7 100%

RepTcheca 0,3 30% 0,3 32% 0,4 38% 1,1 100%

ReinoUnido 28,9 29% 36,5 36% 34,9 35% 100,2 100%

EstadosUnidos 181,8 27% 173,0 26% 320,4 47% 676,0 100%

Eslováquia 0,1 25% 0,1 21% 0,2 54% 0,3 100%

Colômbia 0,5 25% 0,3 13% 1,2 62% 1,9 100%

Holanda 18,5 24% 35,7 46% 23,3 30% 77,4 100%

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197

Filantropia: Contexto Atual

País Filantropia* Governo Taxas Total

(34 países)bilhões

de $%

bilhões de $

%bilhões

de $%

bilhões de $

%

Quênia 0,1 24% 0,0 4% 0,3 72% 0,5 100%

Austrália 5,7 24% 6,2 25% 12,4 51% 24,3 100%

Áustria 1,8 23% 3,2 41% 2,7 36% 7,6 100%

Argentina 3,7 23% 2,6 16% 9,7 61% 16,0 100%

Hungria 0,3 21% 0,4 26% 0,8 53% 1,5 100%

Polônia 0,6 20% 0,6 23% 1,6 57% 2,8 100%

Itália 9,4 20% 14,4 30% 23,9 50% 47,6 100%

Irlanda 1,1 19% 3,9 68% 0,8 14% 5,7 100%

Bélgica 5,4 18% 19,6 66% 4,8 16% 29,8 100%

México 0,3 18% 0,1 8% 1,3 75% 1,8 100%

Israel 2,0 17% 7,0 59% 2,8 24% 11,8 100%

Brasil 2,0 16% 1,8 15% 8,4 69% 12,1 100%

CoreiadoSul 3,3 15% 4,8 22% 14,1 64% 22,2 100%

Peru 0,2 15% 0,2 18% 0,9 68% 1,3 100%

Japão 30,2 11% 117,2 42% 134,9 48% 282,3 100%

Fonte: Johns Hopkins University(CCSS),Comparative Non‑Profit Sector Project(2012)*Nota:Essaporcentagemincluifilantropialocaleinternacional

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Filantropia: Contexto Atual

Tabela 19: Estimativa de poupanças de diáspora, 2011

Estoque de Diáspora (mi)

Est. de Poupança de

Diáspora, 2009 ($ bi)

Poupança de Diáspora

como % do PIB)

Poupança de Diáspora como % de poupanças

locais

Países de Renda Média

1México 11,9 46,9 5 26

2China 8,3 32,0 1 1

3Índia 11,4 31,0 2 8

4Filipinas 4,3 21,1 13 84

5Turquia 4,3 13,8 2 16

6Rússia 11,0 12,3 1 4

7Vietnam 2,2 10,6 12 42

8Ucrânia 6,5 10,0 9 57

9Marrocos 3,0 9,6 11 42

10Paquistão 4,7 9,4 6 51

11Romênia 2,8 9,0 6 24

12Colômbia 2,1 6,4 3 13

13Iran 1,3 6,2 2 ,,

14Cuba 1,2 6,1 10 ,,

15Egito 3,7 6,0 3 26

16Malásia 1,5 5,9 3 8

17Brasil 1,4 5,7 0,4 2

18Jamaica 1,0 5,4 44 1636

19ElSalvador 1,3 5,1 24 ,,

20SriLanka 1,8 4,5 11 59

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Filantropia: Contexto Atual

Estoque de Diáspora (mi)

Est. de Poupança de

Diáspora, 2009 ($ bi)

Poupança de Diáspora

como % do PIB)

Poupança de Diáspora como % de poupanças

locais

Países de baixa renda

1Bangladesh 5,4 4,6 5 30

2Haiti 1,0 3,7 57 ,,

3Afeganistão 2,4 2,6 22 ,,

4Gama 0,8 2,0 7 85

5Etiópia 0,6 1,9 6 157

6Quênia 0,5 1,8 6 78

7Somália 0,8 1,8 ,, ,,

8Zimbábue 1,3 1,6 34 ,,

9Coreia,Rep.Democrática

0,3 1,4 ,, ,,

10Camboja 0,4 1,3 13 73

11Laos 0,4 1,3 22 ,,

12Congo 0,9 1,1 10 59

13Nepal 1,0 1,0 8 99

14Myanmar 0,5 0,8 ,, ,,

15Uganda 0,8 0,6 4 32

16Quirguistão 0,6 0,6 14 ,,

17Libéria 0,4 0,6 67 ,,

18Moçambique 1,2 0,6 6 265

19Tajiquistão 0,8 0,5 11 ,,

20Tanzânia 0,3 0,5 2 ,,

Fonte:WorldBank,MigrationandDevelopmentBrief14,February2011;

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Filantropia: Contexto Atual

Tabela 20: 35 países que mais receberam doações dos EUA, por

montante médio de $ por doação, período de 2003 a 2010

Posição País Média de milhões de $ de doação

1 IlhasMaurício 4,14

2 Suíça 3,00

3 Látvia 2,67

4 IrlandadoNorte 1,24

5 Bangladesh 1,09

6 CoreiadoSul 0,86

7 Haiti 0,74

8 Quênia 0,62

9 Lituânia 0,56

10 Butão 0,55

11 Mongólia 0,49

12 CidadedoVaticano 0,45

13 Alemanha 0,45

14 Holanda 0,44

15 Austrália 0,42

16 Dinamarca 0,41

17 Inglaterra 0,39

18 Itália 0,36

19 Moçambique 0,35

20 Suazilândia 0,35

21 Gana 0,34

22 Groenlândia 0,33

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Filantropia: Contexto Atual

Posição País Média de milhões de $ de doação

23 Etiópia 0,32

24 Tunísia 0,31

25 Colômbia 0,30

26 Panamá 0,30

27 Catar 0,30

28 Bulgária 0,29

29 Escócia 0,29

30 Filipinas 0,29

31 Finlândia 0,28

32 Taiwan 0,28

33 Gabão 0,28

34 Senegal 0,27

35 Paquistão 0,27

Source:FoundationCentre,InternationalGrantsDatabase.

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Filantropia: Contexto Atual

Tabela 21: Escritórios de fundações dos Estados Unidos nos países

em desenvolvimento mais pobres

Fundação Países IDA com escritórios das fundações

Ford Quênia,Indonésia,Vietnã,Nigéria

Mac Arthur Nigéria,Índia

Rockefeller Quênia

Soros Moldávia,Quirquistão

Kellogg Dominica

Aga Khan Tanzânia,Uganda,Tadjiquistão,Índia,Paquistão,Bangladesh

Asia Foundation Camboja,Indonésia,Mongólia,Vietnã,Afeganistão,Nepal,Paquistão,Bangladesh

Eurasia Arménia,Azerbaijão,Geórgia,Quirguistão,Uzbequistão,Tajiquistão

Open Society Nigéria,Mongólia,Arménia,Azerbaijão,Bósnia,Geórgia,Tajiquistão,Uzbequistão

Fonte:BancoMundial,sitedoGlobal Programs and Partnershipseanalysesdaequi-pe do INTERNATIONAL FINANCE BRIEFING NOTE,New Series—Number 3,27defeve-reirode2007:Philanthropic Foundations and their Role in International Development Assistance

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Filantropia: Contexto Atual

Tabela 22: Citações de entrevista e categorização, Mark Kramer e

Michael Porter (veja notas na parte inferior da tabela e as notas

de rodapé)

EmumaentrevistacomThe Economist,Mark Kramer destacouaformacomoelevêa“ResponsabilidadeSocialdeEmpresas(RSE)comparadaàCriaçãodeValorCompartilhado(CVC)”.

AnalisamosaentrevistacategorizandoasafirmaçõesdeMarkKramer.Todasasinserçõesnascolunas2e3sãocitaçõesdeMarkKramer,enquantoacategorizaçãonacoluna1énossainterpretação.139

139.Entrevista“TeawiththeEconomist”comMarkKramerinjulhode2011.Vejaovídeo:http://www.economist.com/blogs/multimedia/2011/04/mark_kramer_shared_value,(Acessadoemjulhode2011).

Categoria Responsabilidade Social Corporativa Criação de Valor Compartilhado

Principal Motivação Nãoserpegofazendoalgoerrado Criaçãodevalornãosomenteparaosnegócios(lucros),mastambémparaacomunidade

Mensuração Porexemplo,preocupaçãocomascondiçõesdetrabalhoemsuacadeiadefornecimento;Reduçãodoimpac-toambientaldaempresa;etc.

Repensaracadeiadevalor,abrirpara novos produtos e novosmercados

É determinado principal‑mente por…

...pressõesexternas(governos,orga-nizaçõesativistas,etc.)

...objetivodesediferenciaremummercadocompetitivo

Percebida como... ...umarestriçãooulimitaçãodene-gócio,queoimpededefazeroquevocêgostaria,aumentandooscustosdoseunegócio

...nãoagregarcustos,masencon-trarnovasmaneirasdepromovernovosmercadosenovosprodutos

Ganho Diferenciandosuaempresaporfazer“obem”

Diferenciarsuaempresacombasenaproposiçãodevalorsocialdoentorno/comunidadenoqualestáinseridaimediata

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Filantropia: Contexto Atual

Categoria Responsabilidade Social Corporativa Criação de Valor Compartilhado

Mensagem e marketing “reputacional”

Ser, emgeral,mais sustentável eresponsável

IdentificarasquestõessociaisqueestãonocernedosnegóciosdaempresaemelhorarasociedadeOconceitodevalorcompartilhadoémuitomaisdeauto‑interesse.Sevocêpensaemcomprarcafé,façaissodeumamaneiradiferente

Problema Apesardasgrandesebemsucedidasiniciativas,elasgeralmenteparecemaleatórias(emtópico,alcancee im-pacto)e,literalmente,como“lipstickonapig”(expressãofamosautilizadaporTheEconomistparadescreverqueoproblemaéapenasmaquiado)AleatoriedadedaRSE:“porquevocêdevegastarodinheirodoacionistadecidindosevocêquerapoiaralutacontraocâncerdemamavs.ohabi-tat da humanidade?” (citação deMichaelEPorter)“ARSEéumbecosemsaídaeesta-mosprontosparaseguiremfrente.O impacto realnãoé feitopelode-partamentodeRSEoupelo investi-mentosocialcorporativo,masanali-sando‑seaempresaeoqueelapodefazerecomopodemelhoraroimpac-tosocialdeseusprodutoseserviços»(citaçãodeMichaelEPorter)

Os aumentosdeprodutividadesão,provavelmente, emmuitoscasosmínimos(enquantooexem-plodaNovartisdeveserumdosmelhoresexemplos)ACVCpodeserapenasumanovamaneiradedaràsempresasuma“novacara”apósacrise reputa-cionalmaisseveraqueomundocorporativopossivelmentepudes-seimaginar(arecessão“desenca-deadapelaganânciacorporativa”)

Diferencial A RSE tornou‑se padrão para asgrandesempresase,portanto, temumafracavantagemcompetitiva

“Essas dimensões de “valorescompartilhados” da estratégiade uma empresa serão algunsdosgrandesdiferenciadoresqueelaspoderãomobilizarnospró-ximosanos”(citaçãodeMichaelEPorter)140

140.VejaaentrevistacomMichaelE.PorternowebsitedaHarvard Business Review:http://hbr.org/2011/01/the‑big‑idea‑creating‑shared‑value/ar/1,(Acessadoemjulhode2011)