Cristologia (Apostila)

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  • 7/23/2019 Cristologia (Apostila)

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    No princpio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.

    Ele estava no princpio junto de Deus.

    Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito.

    Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens.

    A luz resplandece nas trevas, e as trevas no a compreenderam.

    !ouve um homem, enviado por Deus, "ue se chamava #oo.

    Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de "ue todos

    cressem por meio dele.

    No era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz.

    $% Verbo& era a verdadeira luz "ue, vindo ao mundo, ilumina todo homem.

    Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo no o reconheceu.

    Veio para o "ue era seu, mas os seus no o receberam.

    'as a todos a"ueles "ue o receberam, aos "ue cr(em no seu nome, deu)lhes o

    poder de se tornarem filhos de Deus,

    os "uais no nasceram do san*ue, nem da vontade da carne, nem da vontade do

    homem, mas sim de Deus.

    E o Verbo se fez carne e habitou entre ns, e vimos sua glria, a glria que oFilho nico recebe do seu Pai, cheio de graa e de verdade.

    +#oo , )-

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    Em

    #esus,

    a humanidade

    pode

    se*uir

    o caminho

    do /0u.1

    !"#$ PE%%& '(E F P)E"("$#*

    A hist2ria est3 cheia de homens "ue se apresentaram como vindos de Deus,"uer como deuses, "uer como portadores de mensa*ens Divinas 4 5uda, 'aom0,/onf6cio, /risto, 7ao)tze e milhares de outros at0 ao 6ltimo "ue em nossos diasfundou uma nova reli*io. /ada um deles tem direito a ser ouvido e considerado.'as assim como precisamos duma r0*ua, e8terna e independente das coisas "ueho de ser medidas, assim tamb0m h3 de haver provas permanentes ao alcance

    de todos os homens, de todas as civiliza9:es e idades "ue nos habilitem a decidirse cada um ou todos estes pretendentes podem justificar sua pretenso. Estasprovas so de duas esp0cies; razoe histria. Razo, por"ue 0 comum a todos,mesmo aos sem f0< histria, por"ue todos vivem dentro dela e devem saberal*uma coisa a seu respeito.

    A razo diz)nos "ue, se al*uns destes homens veio realmente de Deus, omnimo "ue Deus podia fazer em apoio da sua pretenso, seria preanunciar a suavinda. %s fabricantes de autom2veis avisam os seus clientes do tempo em "uedevem esperar um novo modelo. =e al*u0m 0 enviado por Deus pessoalmente, ou

    se veio Ele pr2prio com uma mensa*em de import>ncia vital para todos oshomens, parece razo3vel "ue primeiro desse a conhecer aos homens o tempo davinda do seu mensa*eiro, onde devia nascer, onde devia viver, a doutrina "uedevia ensinar, os inimi*os "ue teria, o pro*rama "ue adaptaria para o futuro e o*(nero de morte "ue sofreria. ?odamos assim avaliar a validade das suaspretens:es pela maior ou menor e8atido no cumprimento destas predi9:es.

    A razo asse*ura)nos ainda "ue, se Deus no fizesse assim, nada impediria"ue "ual"uer impostor se apresentasse na hist2ria dizendo; Eu venho de Deus1ncias em "ue se deu a reuniode Gfeso, chamou)a de conclio de ladr:es1. /onsciente da *ravidade doproblema, 7eo pediu ao imperador Teod2sio HH "ue convocasse um /onclio, masele, sendo monofisita, no atendeu ao apelo do ?apa.

    /om a morte de Teod2sio, no entanto, sobem ao poder sua irm ?ul"u0ria eseu cunhado 'arciano, "ue, enfim, decidem atender ao pedido do =umo ?ontfice,convocando um /onclio para a cidade de /alcednia 4 hoje, a parte de Hstambul

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    "ue fica na Rsia 4, no ano de -I. Ali, seiscentos bispos reunidos ouviram a leiturado Tomus ad Plavianum, e, abismados com a sabedoria e a preciso teol2*ica do?apa, e8clamaram, em unssono; ?edro falou por 7eo1.

    % smbolo de f0 de /alcednia $K& estabelece com bastante clareza arela9o entre a divindade e a humanidade de /risto; Ele 0 k q 4consubstancial ao ?ai1, mas, tamb0m, k 4 consubstancial a n2s1ncia decisivaele atribui B ressurrei9o de #esus. De facto, neste acontecimento est3 a solu9opara o problema apresentado pelo drama da /ruz. =ozinha, a /ruz no poderiae8plicar a f0 crist. Ali3s permaneceria uma tra*0dia, indica9o do absurdo do ser.% mist0rio pascal consiste no facto de "ue a"uele /rucificado Zressuscitou aoterceiro dia se*undo as Escrituras "# 7orI, - assim afirma a tradi9o protocrist.Encontra)se a"ui o fecho da ab2bada da cristolo*ia paulina; tudo *ira em voltadeste centro *ravitacional. Todo o ensinamento do ap2stolo ?aulo parte doe che*a

    sempre aomist0rio dXA"uele "ue o ?ai ressuscitou da morte. A ressurrei9o 0 umacontecimento fundamental, "uase um a8ioma pr0vio +cf. # 7orI, K, com baseno "ual ?aulo pode formular o seu an6ncio "querigmaMsint0tico; A"uele "ue foicrucificado, e "ue assim manifestou o amor imenso de Deus pelo homem,ressuscitou e est3 vivo entre n2s.

    G importante compreender o vnculo entre o an6ncio da ressurrei9o, do modocomo ?aulo o formula, e o "ue 0 usado nas primeiras comunidades crists pr0)paulinas. Nele pode)se ver a import>ncia da tradi9o "ue precede o Ap2stolo e "ueele, com *rande respeito e aten9o, deseja por sua vez transmitir. % te8to sobre a

    ressurrei9o, contido no cap. I, ) da primeira 7arta aos 7or@ntios,real9a bemo ne8o entre ZreceberZ e ZtransmitirZ. =o ?aulo atribui muita import>ncia Bformula9o literal da tradi9o< no final do trecho em "uesto ressalta; ZTanto eucomo eles, eis o "ue pre*amosZ "# 7orI, , dando assim relevo B unidadedoquerigma, do an6ncio para todos os crentes e para todos os "ue anunciarem aressurrei9o de /risto. A tradio B "ual se refere 0 a fonte da "ual haurir. Aori*inalidade da sua cristolo*ia nunca 0 em desvanta*em da fidelidade B tradi9o.% querigmados Ap2stolos preside sempre B reelabora9o pessoal de ?aulonica no "uer escrever um manual deteolo*ia mas enfrenta o tema respondendo a d6vidas e per*untas concretas "uelhe eram apresentadas pelos fi0is< portanto, um discurso ocasional, mas cheio def0 e de teolo*ia vivida. Nele encontra)se uma concentra9o sobre o essencial; n2sfomos ZjustificadosZ, ou seja, tornados justos, salvos, pelo /risto morto eressuscitadopor n2s. =obressai antes de tudo o 0actoda ressurrei9o, sem o "uala vida crist seria simplesmente absurda. Na"uela manh de ?3scoa aconteceual*o de e8traordin3rio, de novo e, ao mesmo tempo, de muito concreto, marcadopor sinais muito claros, re*istrados por numerosas testemunhas. Tamb0m para?aulo, como para os outros autores do Novo Testamento, a ressurrei9o est3

    li*ada ao testemunhode "uem fez uma e8peri(ncia direta do Fessuscitado. Trata)se de ver e de sentir no s2 com os olhos ou com os sentidos, mas tamb0m comuma luz interior "ue estimula a reconhecer o "ue os sentidos e8ternos afirmamcomo dado objectivo. ?ortanto ?aulo como os "uatro Evan*elhos d3 import>nciafundamental ao tema das apariNes,as "uais so a condi9o fundamental para a f0no Fessuscitado "ue dei8ou o t6mulo vazio. Estes dois factos so importantes; otOmulo estH vazioe $esus apareceu realmente. /onstituiu)se assim a"uela cadeiada tradi9o "ue, atrav0s do testemunho dos Ap2stolos e dos primeiros discpulos,che*ar3 Bs *era9:es sucessivas, at0 n2s. A primeira conse"u(ncia, ou o primeiromodo de e8pressar este testemunho, 0 pre*ar a ressurrei9o de /risto como

    sntese do an6ncio evan*0lico e como ponto culminante de um itiner3rio salvfico.?aulo faz isto em diversas ocasi:es; podem)se consultar as /artas dos Atos dosAp2stolos onde se v( sempre "ue o ponto essencial para ele 0 ser testemunha daressurrei9o. ostaria de citar s2 um te8to; ?aulo, feito prisioneiro em #erusal0m,est3 diante do =in0drio como acusado. Nesta circunst>ncia na "ual est3 em"uesto para ele a morte ou a vida, ele indica "ual 0 o sentido e o conte6do detoda a sua pre*a9o; ZG pela nossa esperan9a, a ressurrei9o dos mortos, "ueestou a ser jul*adoZ "=tKJ, Y. ?aulo repete continuamente nas suas /artas estamesma frase +cf. # 6s, U s.< -, J)M< I, W, nas "uais faz apelo tamb0m B suae8peri(ncia pessoal, ao seu encontro pessoal com /risto ressuscitado +cf. 9l, I)

    Y< # 7or U, .'as podemos per*untar)nos; "ual 0, para =o ?aulo, o sentido profundo doacontecimento da ressurrei9o de #esusC ue nos diz, B dist>ncia de dois milanosC A afirma9o Z/risto ressuscitouZ 0 atual tamb0m para n2sC ?or "ue aressurrei9o 0 para ele e para n2s hoje um tema to determinanteC ?aulo respondesolenemente a esta per*unta no incio da 7arta aos Romanos,onde come9areferindo)se ao ZEvan*elho de Deus... "ue diz respeito a seu Pilho, nascido daestirpe de David se*undo a carne, estabelecido Pilho de Deus com poder pela suaressurrei9o dos mortosZ "Rm, J. ?aulo sabe bem e diz muitas vezes "ue #esusera Pilho de Deus sempre, desde o momento da sua encarna9o. A novidade daressurrei9o consiste no facto de "ue #esus, elevado da humildade da suae8ist(ncia terrena, 0 constitudo Pilho de Deus Zcom poderZ. % #esus humilhado at0

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    B morte de cruz pode a*ora dizer aos %nze; ZPoi)me dada toda a autoridade sobreo c0u e sobre a terraZ "(tKM, M. Fealiza)se o "ue diz o =almo K, M; Z?ede, e eute darei as na9:es como heran9aZ. /ome9a portanto com a ressurrei9o o an6nciodo Evan*elho de /risto a todos os povos come9a o Feino de /risto, este novo

    Feino "ue no conhece outro poder a no ser o da verdade e do amor. Aressurrei9o e a e8traordin3ria estrutura do /rucificado. @ma di*nidadeincompar3vel e elevadssima; $esus ? eus?ara =o ?aulo a identidade secretade #esus, ainda mais do "ue na encarna9o, revela)se no mist0rio da ressurrei9o.En"uanto o ttulo de 7risto,isto 0 de Z'essiasZ, Z@n*idoZ, em =o ?aulo tende atornar)se o nome pr2prio de #esus e o do 4enhorespecifica a sua rela9o pessoalcom os crentes, a*ora o ttulo de /ilho de eusilustra a ntima rela9o de #esuscom Deus, uma rela9o "ue se revela plenamente no acontecimento pascal. ?ode)se dizer, portanto, "ue #esus ressuscitou para ser o =enhor dos mortos e dos vivos+cf. Rm-, U< + 7orI, I ou, por outras palavras, o nosso =alvador +cf. Rm-, KI.

    Tudo isto est3 repleto de importantes conse"u(ncias para a nossa vida de f0; n2ssomos chamados a participar at0 ao ntimo do nosso ser em toda a vicissitude damorte e da ressurrei9o de /risto. Diz o Ap2stolo; Zmorremos com /ristoZ ecremos "ue Zviveremos com Ele, sabendo "ue /risto, uma vez ressuscitado deentre os mortos, j3 no morre, a morte no tem mais domnio sobre eleZ "RmY, M)U. Hsto traduz)se numa partilha dos sofrimentos de /risto, "ue anuncia a"uelaplena confi*ura9o com Ele mediante a ressurrei9o pela "ual aspiramos naesperan9a. E o "ue aconteceu tamb0m a =o ?aulo, cuja e8peri(ncia pessoal 0descrita nas 7artascom tons to prementes "uanto realistas; Zpara conhec()lo,

    conhecer o poder da sua ressurrei9o e a participa9o nos seus sofrimentos,conformando)me com ele na sua morte, para ver se alcan9o a ressurrei9o deentre os mortosZ"/lJ, W)< cf. + 6mK, M)K. A teolo*ia da /ruz no 0 uma teoria0 a realidade da vida crist. Viver na f0 em #esus /risto, viver a verdade e o amorobri*a a ren6ncias todos os dias, a sofrimentos. % cristianismo no 0 o caminho doconforto, mas antes uma escalada e8i*ente, mas iluminada pela luz de /risto epela *rande esperan9a "ue nasce dXEle. =anto A*ostinho diz; Aos cristos no 0poupado o sofrimento, ali3s, a eles cabe um pouco mais, por"ue viver a f0e8pressa a cora*em de enfrentar a vida e a hist2ria mais em profundidade./ontudo s2 assim, e8perimentando o sofrimento, conhecemos a vida na sua

    profundidade, na sua beleza, na *rande esperan9a suscitada por /risto crucificadoe ressuscitado. ?ortanto, o crente encontra)se situado entre dois p2los; por umlado, a ressurrei9o "ue de certa forma j3 est3 presente e ativa em n2s +cf. 7lJ, )-< E0K, Y< por outro, a ur*(ncia de se inserir na"uele processo "ue leva todos etudo B plenitude, descrita na 7arta aos Romanoscom uma ima*em ousada; assimcomo toda a cria9o *eme e sofre como "ue dores de parto, tamb0m n2s*ememos na e8pectativa da reden9o do nosso corpo, da nossa reden9o eressurrei9o +cf. RmM, M)KJ.

    Em sntese, podemos dizer com ?aulo "ue o verdadeiro crente obt0m a salva9oprofessando com a sua boca "ue #esus 0 o 4enhorcrendo com o seu cora9o"ue eus ressuscitou dos mortos +cf. RmW, U. G antes de tudo importante ocora9o "ue cr( em /risto e na f0 ZtocaZ o Fessuscitado< mas no 0 suficiente

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    trazer a f0 no cora9o, devemos confess3)la e testemunh3)la com a boca, com anossa vida, tornando assim presente a verdade da cruz e da ressurrei9o na nossahist2ria. Assim, de facto, o cristo insere)se na"uele processo *ra9as ao "ual oprimeiro Ado, terrestre e sujeito B corrup9o e B morte, vai)se transformando no

    6ltimo Ado, o celeste e incorruptvel +cf. # 7orI, KW)KK.-K)-U. Este processo foiiniciado com a ressurrei9o de /risto, na "ual se funda portanto a esperan9a depodermos um dia tamb0m n2s entrar com /risto na nossa verdadeira p3tria "ueest3 nos /0us. Amparados por esta esperan9a prossi*amos com cora*em e comale*ria.

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