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Crimes contra a vida

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    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR PEDRO IVO

    AULA 07 CRIMES CONTRA A PESSOA

    FUTUROS(AS) APROVADOS(AS), sejam bem vindos a mais uma aula!!!

    Hoje veremos um tema cujo conhecimento importantssimo para o bom desempenho na sua PROVA: os crimes contra a pessoa.

    um assunto bem extenso, mas que procurarei abordar da maneira mais objetiva possvel. Assim, como fizemos nas aulas anteriores, darei nfase a tudo aquilo que exigido pelas bancas e apresentarei apenas uma noo dos demais delitos a fim de que voc no seja surpreendido.

    Vamos comear!

    Bons estudos!!!

    *****************************************************************

    7.1 CRIMES CONTRA A VIDA

    7.1.1 HOMICDIO

    O homicdio , provavelmente, um dos crimes mais conhecidos do Cdigo Penal. o primeiro delito tipificado na parte especial e consiste na destruio da vida de um homem praticada por outro.

    Nelson Hungria considera o homicdio como:

    (...) o tipo central dos crimes contra a vida e o ponto culminante na orografia dos crimes. o crime por excelncia. o padro da delinqncia violenta ou sanguinria, que representa como que uma reverso atvica s eras primeiras, em que a luta pela vida, presumivelmente, se operava com o uso normal dos meios brutais e animalescos. a mais chocante violao do senso moral mdio da humanidade civilizada.

    Apresenta a seguinte descrio tpica:

    Art. 121. Matar algum:

    Pena - recluso, de seis a vinte anos.

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    Desde j importante ressaltar que o homicdio em sua forma fundamental (acima apresentada) no possui nenhum elemento normativo, ou seja, independe de qualquer injustia ou violncia. Assim, se Tcio mata Mvio mediante veneno, por exemplo, apesar de no ter havido violncia, podemos afirmar que houve homicdio.

    Ocorre, entretanto, que o homicdio possui outras figuras tpicas alm da supracitada. Desta forma, podemos resumir o assunto da seguinte forma:

    TIPOS PENAIS DO CRIME DE HOMICDIO

    HOMICDIO SIMPLES Art. 121, caput

    HOMICDIO PRIVILEGIADO Art. 121, 1

    HOMICDIO QUALIFICADO Art. 121, 2

    HOMICDIO CULPOSO SIMPLES Art. 121, 3

    HOMICDIO CULPOSO QUALIFICADO Art. 121, 4

    PERDO JUDICIAL Art. 121, 5

    7.1.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: A vtima do homicdio.

    OBSERVAO

    NO CASO DE O FATO SER COMETIDO CONTRA O PRESIDENTE DA

    REPBLICA, CONTRA MEMBRO DO SENADO FEDERAL, CONTRA MEMBRO

    DA CMARA DOS DEPUTADOS OU CONTRA MINISTROS DO STF, O FATO

    TRATADO COMO CRIME CONTRA A SEGURANA NACIONAL, COM PENA

    DE RECLUSO DE 15 A 30 ANOS (LEI N 7.170/83, ART. 29).

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    MEIOS DE EXECUO: O homicdio no possui uma forma de atuao vinculada, ou seja, a lei no pormenoriza os meios de execuo, admitindo-se qualquer meio. Podemos classificar os meios de execuo em:

    1. Comissivos O homicdio ocorre atravs da ao do agente. Exemplo: Tcio efetua um disparo contra Mvio.

    2. Omissivos O homicdio ocorre atravs de uma omisso do agente. Exemplo: Tcio deixa de alimentar Mvio e este vem a falecer em decorrncia da omisso de Tcio.

    3. Diretos Situao em que o agente, atravs da prpria conduta, ocasiona diretamente a morte. Exemplo: Tcio puxa o gatilho de uma arma contra Mvio.

    4. Indiretos O homicdio no decorre diretamente da conduta da vtima. Exemplo: Tcio induz Mvio a dirigir a noite em uma estrada que est em construo e possui um abismo no fim. Mvio cai no abismo e vem a falecer.

    5. Materiais O homicdio ocorre devido ao uso de um determinado objeto. Exemplo: Tcio utiliza uma faca para matar Mvio.

    6. Moral O homicdio decorre de ato que afeta o ntimo da pessoa. Exemplo: Traumas psquicos.

    Obs.: Quanto ao meio de execuo moral, embora seja de difcil aplicao e visualizao, para a sua PROVA basta o conhecimento de que se trata de um meio de execuo cabvel para o crime de homicdio. Assim, caso a banca exija: o meio de execuo moral vivel para o delito de homicdio, a questo/alternativa estar CORRETA.

    Do exposto, podemos resumir:

    MEIOS DE EXECUO

    COMISSIVOS / OMISSIVOS

    MATERIAIS E MORAIS

    DIRETOS E INDIRETOS

    OBSERVAO:

    Para que o sujeito responda por homicdio cometido por omisso, faz-se

    necessrio que tenha o dever jurdico de impedir a produo da morte da

    vtima. Esse dever jurdico advm: de um mandamento legal especfico, da

    posio de garantidor ou de conduta precedente (art. 13, pargrafo 2).

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    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: ncleo do tipo:

    Matar;

    2. SUBJETIVO:

    1. Dolo ou culpa (trataremos mais frente do homicdio culposo);

    Observao: O dolo do homicdio a vontade consciente de eliminar uma vida humana, ou seja, de matar (animus necandi), no se exigindo nenhum fim especial.

    A finalidade ou motivo determinante do crime pode, eventualmente, constituir uma qualificadora ou uma causa de diminuio de pena.

    Admite-se perfeitamente homicdio com dolo eventual, reconhecido pela jurisprudncia em vrios casos como roleta-russa, na conduta dos motoristas que se envolvem em corridas de automveis em vias publicas ("rachas"), causando a morte de algum que os acompanham ou assistem a essas irresponsveis competies.

    QUALIFICAO DOUTRINRIA: Classifica-se o crime de homicdio em simples, comum, instantneo, material, de dano e de forma livre.

    considerado simples, pois tem apenas um bem jurdico que a vida.

    tambm comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa, ao contrrio dos crimes prprios, que s podem ser praticados por determinadas pessoas.

    STF, AI 779.275/CE, DJ 18.02.2010

    CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA. PRONNCIA.

    Havendo verso nos autos de que o ru praticava racha, empreendendo manobras arrojadas em alta velocidade, em virtude das quais veio ocorrer o acidente causador dos delitos, a pronncia medida que se impe, ante a ocorrncia do dolo eventual.

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    Consiste, ainda, em um crime material que se consuma com a morte da vtima ou com a sua tentativa (necessidade de um resultado naturalstico).

    tambm instantneo com relao ao ato praticado, pois atinge a consumao no momento da morte da vtima, no se prolongando no tempo.

    de dano, pois exige a efetiva leso do objeto jurdico para sua consumao.

    Por fim, crime de forma livre, pois admite qualquer meio de execuo.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. O crime consumado com a morte da vtima.

    2. admissvel a tentativa.

    7.1.1.2 HOMICDIO PRIVILEGIADO

    O homicdio privilegiado encontra previso no pargrafo 1 do art. 121, nos seguintes termos:

    Art. 121 [...]

    1 Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domnio de violenta emoo, logo em seguida a injusta provocao da vtima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um tero.

    Do supra dispositivo legal, podemos verificar que o privilgio cabvel quando o agente:

    1. Matar algum impelido por motivo de relevante valor social Neste caso, o homicdio ocorre devido a determinada situao que diz

    APESAR DA PALAVRA PODE, A REDUO DE PENA NO HOMICDIO

    PRIVILEGIADO NO FACULDADE, MAS OBRIGAO DO JUIZ.

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    respeito a um interesse coletivo. Exemplo: O sujeito mata o vil traidor da ptria.

    2. Matar algum impelido por motivo de relevante valor moral Aqui, o motivo do homicdio est relacionado com uma situao que afeta o particular, e no a coletividade. Exemplo: Mvio fica sabendo que Tcio, seu vizinho, estuprou sua filha. Diante de tal situao, Mvio mata Tcio.

    3. Matar algum sob o domnio de violenta emoo, logo aps injusta provocao da vtima Neste caso, para que fique caracterizado o homicdio privilegiado, necessrio que tenhamos:

    a. Emoo violenta;

    b. Injusta provocao da vtima; e

    c. Sucesso imediata entre a provocao e a reao.

    Exemplo:

    7.1.1.3 HOMICDIO QUALIFICADO

    O homicdio qualificado encontra previso no pargrafo 1 do art. 121, nos seguintes termos:

    Art. 121 [...]

    TJMG: 1906478/MG DJ 20.09.2000

    Homicdio Privilegiado. Relevante Valor Social.

    Motivo social aquele que corresponde aos interesses coletivos. Jamais pode ser considerado como motivo de relevante valor social o homicdio cometido, por exemplo, em razo de desavenas relacionadas com jogo de baralho.

    STM, Apelfo 49.061/RS, DJ 13.02.2003

    Age sob influncia de violenta emoo, e no por ela dominado, o agente que, respondendo a reiteradas provocaes da vtima, que o persegue at o momento em que deixava o local em seu automvel, dispara a arma de fogo em direo quela.

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    2 Se o homicdio cometido:

    I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

    II - por motivo ftil;

    III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

    IV - traio, de emboscada, ou mediante dissimulao ou outro recurso que dificulte ou torne impossvel a defesa do ofendido;

    V - para assegurar a execuo, a ocultao, a impunidade ou vantagem de outro crime:

    Pena - recluso, de doze a trinta anos.

    Do supracitado texto legal, podemos organizar as circunstncias qualificadoras da seguinte forma:

    1. Quanto aos motivos determinantes: mediante paga ou promessa de recompensa ou outra razo torpe ou ftil Motivo torpe o moralmente reprovvel. aquela causa que quando voc l no jornal pensa imediatamente: Mas que sujeito desprezvel.

    Seria o caso, por exemplo, do filho que mata o pai a fim de receber uma herana. A paga ou a promessa de recompensa tambm so exemplos de motivo torpe.

    O motivo ftil aquele insignificante, apresentando clara desproporo entre o crime e sua causa moral. Para exemplificar, imagine que Tcio, torcedor do Internacional, verifica, ao chegar em casa, que sua esposa havia colocado um adesivo do Grmio na janela.

    STJ, HJ 80.107/SP, DJ 25.02.2008

    A verificao se a vingana constitui ou no motivo torpe deve ser feita com base nas peculiaridades de cada caso concreto, de modo que, no se pode estabelecer um juzo a priori, seja positivo ou negativo. Conforme ressaltou o Pretrio Excelso: a vingana, por si s, no substantiva o motivo torpe; a sua afirmativa, contudo, no basta para elidir a imputao de torpeza do motivo do crime, que h de ser aferida luz do contexto do fato."(HC 83.309/MS, 1 Turma, Rel. Min. Seplveda Pertence, DJ de 06/02/2004).

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    Diante de tal situao, profere oito disparos em regio letal. Neste caso, temos a morte ocasionada por motivo ftil. Outro exemplo seria o de matar o garom porque a comida est fria, ou o vendedor de uma loja devido a um mau atendimento.

    2. Quanto aos meios: veneno, explosivo, fogo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou que possa resultar perigo comum Conceitua-se meio insidioso como sendo algo camuflado, uma conduta verdadeiramente traioeira, como ocorre no referido caso do emprego de substncia venenosa.

    Meio cruel, por sua vez, aquele que causa sofrimento vtima. Assim, imagine que Tcio mata Mvio com um disparo em ponto letal e, aps sua morte, divide o corpo em 30 pedaos. Neste caso, podemos dizer que incidiu a qualificadora meio cruel?

    Claro que no, pois o fato de cortar o corpo ocorreu aps a morte, logo, no ocasionou sofrimento ao ofendido.

    Por fim, o CP tambm qualifica o homicdio quando praticado por meio de que pode resultar perigo comum. Seria o caso, por exemplo, do uso de fogo ou explosivos.

    3. Quanto forma de execuo: traio, emboscada, dissimulao ou outro recurso que dificulte ou torne impossvel a defesa da vtima Vamos tratar deste tpico atravs de exemplos (que eu sei que todo concurseiro adora!):

    Traio Mvio atira em Tcio pelas costas (traio fsica) ou Mvio coloca uma venda nos olhos de Tcio dizendo que vai conduzi-lo at uma surpresa. Ocorre, entretanto, que a surpresa um buraco de 20 metros no qual Tcio cai e morre (traio moral).

    Emboscada Tcio fica escondido em cima de uma rvore aguardando a passagem de Mvio. Quando este passa, surpreendido pelo disparo fatal.

    Dissimulao Tcio se disfara de policial a fim de matar Mvio (dissimulao fsica) ou Tcio estabelece uma falsa amizade com Mvio a fim de melhor executar o homicdio.

    4. Quanto conexo com outro delito: fato praticado para garantir a execuo, ocultao, impunidade ou vantagem de outro crime Seria o caso, por exemplo, do sujeito (autor) que mata o co-autor de um crime de roubo a fim de ficar com todo o produto do delito, ou mesmo o criminoso que mata uma testemunha a fim de ocultar o delito.

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    Para finalizar este tpico, cabe ressaltar que, nos termos da Lei n 8.072/90, so considerados hediondos os crimes de homicdio (art. 121), quando praticados em atividade tpica de grupo de extermnio, e quando se tratar de homicdio qualificado.

    7.1.1.4 CAUSA DE AUMENTO DE PENA

    Conforme apresentado na segunda parte do pargrafo 4 do art. 121, sendo doloso o homicdio, a pena aumentada de 1/3 (um tero) se o crime praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

    7.1.1.5 HOMICDIO CULPOSO SIMPLES E QUALIFICADO

    O homicdio culposo previsto nos 3. e 4. o crime cometido por um agente que no quis o resultado morte. causado por negligncia (omisso do dever geral de cautela), imprudncia (ao perigosa) ou impercia (falta de aptido para o exerccio de arte ou ofcio).

    Observe o texto legal:

    Art.121 [...]

    3 Se o homicdio culposo:

    Pena - deteno, de um a trs anos.

    4o No homicdio culposo, a pena aumentada de 1/3 (um tero), se o crime resulta de inobservncia de regra tcnica de profisso, arte ou ofcio, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro vtima, no procura diminuir as conseqncias do seu ato, ou foge para evitar priso em flagrante.

    O homicdio culposo poder tambm ser qualificado quando:

    Resultar de inobservncia de regra tcnica de profisso, arte ou ofcio Seria o caso, por exemplo, do mdico que, deixando de observar procedimento padro de que tem conhecimento, ocasiona a morte da vtima.

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    Mas, professor, agora ficou uma dvida... Este exemplo apresentado acima no seria caso de impercia e, portanto, homicdio culposo simples?

    A resposta negativa, pois a impercia caracterizada pela insuficincia de capacidade tcnica, ou seja, o sujeito realmente no sabe fazer aquilo. Diferentemente, na qualificadora, o sujeito tem conhecimento da regra tcnica, mas no a observa.

    O agente deixar de prestar imediato socorro vtima Imagine que Tcio atropela Mvio e no lhe presta assistncia. Neste caso, no responder por homicdio culposo e omisso de socorro, mas sim por homicdio culposo qualificado pela omisso de socorro.

    O agente no procurar diminuir as conseqncias do seu ato Imagine que, no caso acima, Mvio socorrido por terceiros, mas Tcio se nega a levar Mvio ao hospital com medo de sujar o banco de seu carro com sangue. Neste caso, no incide a qualificadora de omisso de socorro, pois o socorro foi prestado (mesmo que por terceiros). Todavia, o homicdio culposo ser qualificado pelo fato de o agente no procurar diminuir as conseqncias do seu ato (negou-se a levar Mvio para o hospital).

    O agente fugir para evitar priso em flagrante Esta qualificadora bem fcil de ser entendida. Cabe ressaltar, entretanto, que no h incidncia da qualificadora quando o sujeito foge a fim de evitar linchamento.

    Se no ocorrer nenhuma das hipteses supra (4.), o homicdio culposo ser dito simples.

    7.1.1.6 HOMICDIO CULPOSO PERDO JUDICIAL

    Uma peculiaridade do homicdio culposo o fato de o juiz poder deixar de aplicar a pena se as conseqncias da infrao atingirem o prprio agente de forma to grave que a sano penal se torne desnecessria, como, por

    STJ, HC 38.985/MT, DJ 25.04.2005

    A fuga motivada pela ameaa de linchamento levadas a efeito por terceiros, no guarda qualquer semelhana com a escapada objetivando frustrar a aplicao da lei penal.

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    exemplo, no caso em que o agente fique paraplgico ou na hiptese de morte de um filho.

    Art. 121.

    [...]

    5 - Na hiptese de homicdio culposo, o juiz poder deixar de aplicar a pena, se as conseqncias da infrao atingirem o prprio agente de forma to grave que a sano penal se torne desnecessria.

    Observe os interessantes julgados que explicam e exemplificam o tema:

    6.1.2 PARTICIPAO EM SUICDIO

    Suicdio tirar a prpria vida de modo voluntrio e consciente. O suicdio, por razes de poltica criminal e clara desnecessidade, no punido no ordenamento penal brasileiro.

    Assim, se alguma pessoa tirou a prpria vida, no haver punio, pois, pelo principio da intranscendncia da ao e da condenao penal, ningum poder ser responsvel por fato praticado por outrem e, logicamente, os sucessores ou

    TJSC, ACR 774.240/SC, DJ 10.03.2010

    Afigura-se justificvel a concesso do perdo judicial em que o autor de homicdio culposo j punido diretamente pelo prprio fato que o praticou, em razo das gravosas conseqncias produzidas que o atingem de forma to intensa que a sano penal se torna desnecessria.

    TJSC, ACR 685.049/SC, DJ 26.01.2010

    Em se tratando de ru primrio, que sempre teve conduta ilibada, no h dvida de que o peso a ser carregado pela responsabilidade em causar fato com conseqncias to graves, como a morte de um parente prximo, torna despicienda a cominao de sano penal, permitindo o perdo judicial, uma vez que a maior punio j foi aplicada ao agente e desta no restar impune.

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    herdeiros do suicida no podero pagar penalmente por ele ter tirado a prpria vida.

    A modalidade tentada tambm no poder ser sancionada, tendo em vista que o Estado deve procurar ajudar a pessoa, pois claramente se trata de um humano que no se encontra em suas melhores faculdades psquicas, necessitando da colaborao do Estado para a concretizao de tratamento psiquitrico e/ou internao.

    Apesar de o suicdio, como vimos, no caracterizar ilcito penal, a participao prevista como crime e encontra previso no art. 122 do Cdigo Penal, nos seguintes termos:

    Art. 122 - Induzir ou instigar algum a suicidar-se ou prestar-lhe auxlio para que o faa:

    Pena - recluso, de dois a seis anos, se o suicdio se consuma; ou recluso, de um a trs anos, se da tentativa de suicdio resulta leso corporal de natureza grave.

    No supracitado dispositivo, o legislador visa proteger o direito vida, e daqui surge um importante questionamento: Caso a participao no resulte em morte ou leso corporal do suicida, poder o agente ser responsabilizado?

    Para ficar bem claro, imagine a seguinte situao: Mvio est no terrao de seu prdio, pronto para pular. Nesse momento, aparece Tcio que comea a cantar: PULA!!! PULA!!! PULA!!!. Segundos aps, Mvio desiste de sua ao, mas o fato todo filmado por cmeras de segurana.

    Poder ser Tcio responsabilizado pelo fato previsto no art. 122 do CP?

    A resposta NEGATIVA, pois no vindo a vtima a morrer ou a sofrer a leso corporal de natureza grave, no haver crime.

    7.1.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: A pessoa induzida ou instigada.

    Observao: Exige-se que a conduta seja direcionada a uma determinada pessoa. Assim, no h o crime se um sujeito escreve

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    um livro que induza seus leitores ao suicdio (pois aqui os destinatrios so gerais, e no especficos).

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So ncleos do tipo:

    Induzir;

    Instigar;

    Prestar (auxlio)

    Com base nos elementos objetivos, podemos dizer que h dois tipos de participao:

    Participao moral: Praticada por meio de induzimento ou instigao Induzir consiste em inserir a idia do suicdio na cabea do indivduo, enquanto instigar consiste em reforar idia preexistente.

    Assim, ocorre induzimento se Tcio diz para Mvio: Caro amigo, voc est com tantos problemas... J pensou em se jogar de um prdio?. Diferentemente, ocorre instigao no caso em que Tcio comea a gritar PULA! PULA! PULA quando Mvio j est prestes a suicidar-se.

    Participao material Realizada por meio de auxlio. Imagine que Mvio diz para Tcio: Se eu tivesse um revlver dava um tiro em minha cabea. Tcio responde: para j... tenho um no meu armrio. Neste caso, caso Mvio utilize a arma e se mate, caso de participao material.

    2. SUBJETIVO:

    1. Dolo;

    Observao 01: Imagine que, durante uma final de campeonato, Tcio diz para Mvio em tom de brincadeira: Para ns torcedores do Fluminense, s mesmo o suicdio para acabar com esse sofrimento. Aps esse comentrio, Mvio chega em sua casa e suicida-se. Neste caso, no h que se falar em participao, pois ausente est o dolo.

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    QUALIFICAO DOUTRINRIA: crime material, de dano, instantneo, comissivo, de ao livre, de contedo variado ou alternativo, comum, principal, simples e plurissubsistente... Ufa...acabou..rsrs. Vamos esmiuar:

    material, pois, como j vimos, exige a leso do bem jurdico atravs da morte ou da leso corporal grave.

    instantneo, pois no se prolonga, atingindo a consumao em momento determinado.

    comissivo, pois s h consumao no caso de uma ao no sentido de induzir, instigar ou auxiliar.

    crime de ao livre, pois admite qualquer forma de execuo.

    delito de contedo variado ou alternativo, pois o tipo apresenta trs formas de realizao: induzir, instigar ou auxiliar.

    crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa.

    principal, pois no est subordinado prtica de nenhum outro crime.

    delito simples, pois ou ofende a vida ou a integridade corporal.

    Para finalizar, crime plurissubsistente, pois exige a conduta inicial e o resultado, no se perfazendo em um nico ato.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Trata-se de crime material em que a consumao ocorre com a morte ou leso corporal grave. Cabe aqui ressaltar as diversas e possveis situaes:

    a. A vtima falece Pune-se o participante com pena de recluso de 02 a 06 anos.

    b. A vtima sofre leses corporais graves Pune-se o participante com pena de recluso de 01 a 03 anos.

    c. A vtima sofre leses corporais leves O fato no punvel.

    d. A vtima no sofre leses O fato no punvel.

    2. NO admissvel a tentativa.

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    TIPO QUALIFICADO: Responde o agente pelo crime na forma qualificada quando, nos termos do pargrafo nico do art. 122:

    1. O crime praticado por motivo egostico Um exemplo claro o fato de o agente instigar o pai a suicidar-se, a fim de ficar com a herana.

    2. A vtima menor ou tem diminuda, por qualquer causa, a capacidade de resistncia Seria o caso, por exemplo, de instigar ao suicdio menor de 18 anos ou indivduo embriagado.

    ANLISE DE CASO CONCRETO:

    1. PACTO DE MORTE Imagine a seguinte situao: Tcio e Mvio, visando ao suicdio, trancam-se em um quarto no qual h uma torneira que, quando aberta, libera gs txico. Agora vamos analisar algumas possibilidades:

    a. Tcio abre a torneira, libera o gs e vem a falecer. Mvio sobrevive. Neste caso, responder Mvio por participao em suicdio.

    b. Mvio abre a torneira, Tcio falece e Mvio sobrevive. Neste caso, responder Mvio por homicdio.

    c. Agora uma hiptese bem interessante: Os dois abrem a torneira e os dois sobrevivem. Neste caso, os dois respondero por tentativa de homicdio.

    d. Por fim, Tcio abre a torneira, os dois sobrevivem e sofrem leses corporais graves. Neste caso, Mvio responder por participao em suicdio e Tcio, que abriu a torneira, responder por tentativa de homicdio.

    7.1.3 INFANTICDIO

    Encontra previso no art. 159 do Cdigo Penal, nos seguintes termos:

    Art. 123 - Matar, sob a influncia do estado puerperal, o prprio filho, durante o parto ou logo aps:

    Pena - deteno, de dois a seis anos.

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    Diferentemente do que muitos pensam, o infanticdio no se trata de uma figura privilegiada do homicdio, mas sim de delito autnomo com denominao jurdica prpria.

    Em diplomas penais anteriores, adotava-se, para a conceituao do infanticdio, o critrio psicolgico, segundo o qual o delito ocorria quando o fato era cometido pela me, tendo por motivo o fim de ocultar desonra prpria. Tal critrio encontra-se completamente ultrapassado, sendo hoje adotado pelo Cdigo Penal vigente o sistema fisiopsicolgico, segundo o qual se leva em considerao, unicamente, o estado puerperal.

    Mas o que esse tal de estado puerperal?

    O estado puerperal, que constitui elementar do delito de infanticdio, o perodo ps-parto ocorrido entre a expulso da placenta e a volta do organismo da me para o estado anterior gravidez. H quem diga que o estado puerperal dura somente de 03 a 07 dias aps o parto, mas tambm h quem entenda que poderia perdurar por um ms ou por algumas horas. O certo que a existncia ou no da perturbao da sade mental deve ser analisada caso a caso atravs da percia.

    A me em estado puerperal pode apresentar depresso, no aceitando a criana, no desejando ou aceitando amament-la. s vezes, a me fica em crise psictica, violenta, e pode at matar a criana, caracterizando crime de infanticdio.

    7.1.3.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime prprio, s podendo ser cometido pela me.

    2. SUJEITO PASSIVO: o neonato (se ocorrido durante o parto) ou nascente (se ocorrido logo aps).

    TJMG: 107020417025160011 MG, DJ 08.05.2009

    Se a prova dos autos, inclusive a de natureza pericial, atesta que a recorrente matou o seu filho, aps o parto, sob a influncia de estado puerperal, imperiosa a desclassificao da imputao de homicdio qualificado para que a pronunciada seja levada a julgamento pelo cometimento do crime de infanticdio.

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    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: ncleo do tipo:

    Matar;

    2. SUBJETIVO:

    1. Dolo;

    Observao: Quanto a este ponto, cabe um relevante questionamento: No h no Cdigo Penal previso do infanticdio a ttulo de culpa. Deste modo, caso durante o estado puerperal a me venha a matar a criana culposamente, responder por homicdio culposo?

    A resposta negativa, ou seja, caso a me mate seu filho, sob influncia do estado puerperal, de forma culposa, NO RESPONDER POR NENHUM DELITO.

    QUALIFICAO DOUTRINRIA: O infanticdio crime prprio, material, de dano, instantneo, comissivo ou omissivo imprprio, principal, simples, de forma livre e plurissubsistente.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Trata-se de crime material que tem sua consumao com a morte do neonato ou nascente.

    2. admissvel a tentativa.

    Observao

    Para a caracterizao do infanticdio, no basta que a mulher realize a conduta durante o perodo do estado puerperal. necessrio que haja um nexo de causalidade entre a morte do nascente ou neonato e o estado puerperal. Assim, caso a me mate o filho, mesmo que aps o parto, quando ausente qualquer perturbao psquica, responder por homicdio, e no infanticdio.

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    7.1.4 ABORTO

    O aborto nada mais do que a interrupo da gravidez com a consequente morte do feto. Pode ser classificado em:

    Natural Quando ocorre a interrupo espontnea da gravidez. impunvel.

    Acidental Quando a interrupo da gravidez ocorre devido a um acidente. Seria o caso, por exemplo, de uma mulher grvida que cai da escada e acaba abortando. impunvel.

    Legal ou permitido Ocorre quando a lei confere a possibilidade de ser realizado o aborto. No nosso ordenamento jurdico, encontra cabimento nas situaes descritas no art. 128, I e II. So elas:

    Quando praticado por mdico, se no h outro meio de salvar a gestante (aborto necessrio).

    Quando praticado por mdico, se a gravidez resulta de estupro e o aborto precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal (aborto permitido).

    Criminoso Ocorre quando o fato no se enquadra nas supracitadas situaes. Comearemos, a partir de agora, a tratar desta espcie, que apresenta as seguintes figuras tpicas:

    TIPOS PENAIS DO CRIME DE ABORTO

    AUTO-ABORTO Art. 124

    FATO DE PROVOCAR ABORTO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE

    Art. 125

    FATO DE PROVOCAR ABORTO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE

    Art. 126

    ABORTO QUALIFICADO Art. 127

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    Vamos agora tratar de aspectos pertinentes a todas as formas de aborto para, posteriormente, analisarmos cada figura tpica.

    7.1.4.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: No auto-aborto, a gestante (crime prprio). No aborto provocado por terceiro, o autor pode ser qualquer pessoa (crime comum).

    2. SUJEITO PASSIVO: Existe grande controvrsia acerca de qual seria a objetividade jurdica e quem seria o sujeito passivo do crime de aborto. Para Damsio de Jesus, a objetividade jurdica do aborto a vida da pessoa humana e o sujeito passivo o feto. Entretanto, salienta o autor que, no caso do aborto provocado sem o consentimento da gestante, haveria dupla objetividade jurdica, protegendo o Direito Penal tambm a incolumidade fsica e psquica da gestante. Conseqentemente, haveria dois sujeitos passivos: o feto e a gestante.

    Discordando dessa opinio, Mirabete afirma que o "Sujeito passivo o Estado, interessado no nascimento, e no o feto, ou seja, o produto da concepo, que no titular de bens jurdicos, embora a lei civil resguarde os direitos do nascituro".

    Para sua prova, adote o entendimento de Mirabete, pois, o entendimento majoritrio e adotado pelas bancas.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: ncleo dos tipos:

    Provocar Significa dar causa, produzir, promover etc. Como o crime de forma livre, qualquer meio comissivo ou omissivo, material ou psquico integra a conduta tpica.

    Sendo assim, imagine que Tcio, visando atingir o aborto de Mvia, fantasia-se de Fred Krueger e, no perodo noturno, efetua um grande susto em sua parceira. Neste caso, caso o aborto seja proveniente do susto, responder Tcio por ter provocado o delito.

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    2. SUBJETIVO:

    1. Dolo;

    Observao: cabvel o dolo eventual, como no caso em que a mulher, sabendo que est grvida, decide praticar boxe, assumindo conscientemente o risco de abortar em virtude dos contatos fsicos.

    QUALIFICAO DOUTRINRIA: O aborto crime material, instantneo, de dano, e de forma livre.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Trata-se de crime material que tem sua consumao com a interrupo da gravidez.

    2. admissvel a tentativa quando, provocada a interrupo da gravidez, o feto no morre por circunstncias alheias vontade do (a) agente.

    7.1.4.2 AUTO-ABORTO

    O delito encontra previso no art. 124 do Cdigo Penal, nos seguintes termos:

    Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:

    Pena - deteno, de um a trs anos.

    Observe que o supra dispositivo apresenta duas figuras tpicas: Na primeira, a gestante provoca o aborto em si mesma, atravs, por exemplo, da ingesto de remdios abortivos. Diferentemente, na segunda figura tpica, a gestante presta consentimento para que terceiro lhe provoque o aborto.

    7.1.4.3 ABORTO PROVOCADO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE

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    O delito encontra previso no art. 125 do Cdigo Penal, nos seguintes termos:

    Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:

    Pena - recluso, de trs a dez anos.

    Perceba que neste artigo o foco da penalizao no mais a gestante, e sim o agente que comete o aborto, neste caso, sem o seu consentimento.

    Cabe ressaltar que o dissentimento (no consentimento) da ofendida presumido quando ela menor de 14 anos, alienada ou dbil mental (art. 126, pargrafo nico).

    7.1.4.4 ABORTO PROVOCADO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE

    Encontra previso no art. 126 do Cdigo Penal e apresenta a seguinte redao:

    Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:

    Pena - recluso, de um a quatro anos.

    Trata-se do chamado aborto consensual em que a vontade do terceiro coaduna-se com a vontade da gestante. Observe interessante julgado:

    7.1.4.5 ABORTO QUALIFICADO

    O art. 127 do Cdigo Penal define que as penas cominadas para os delitos de aborto provocado com ou sem consentimento da gestante so aumentadas de um tero se, em conseqncia do aborto ou dos meios empregados para provoc-lo, a gestante sofre leso corporal de natureza

    TJPR, Recurso em Sentido Estrito: RSE 1233505 PR, DJ 13.06.2002

    Quem cede o local para as manobras abortivas partcipe direto na prtica do aborto.

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    grave; e so duplicadas se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevm a morte.

    Trata-se de crime preterdoloso no qual se pune o primeiro a ttulo de dolo (aborto) e o resultado qualificador (morte ou leso corporal grave) a ttulo de culpa.

    As formas qualificadas so aplicveis apenas aos delitos previstos nos arts. 125 e 126. Desta forma, no se aplica ao aborto praticado pela gestante (art. 124), uma vez que o Cdigo Penal Brasileiro no pune a autoleso.

    7.2 LESES CORPORAIS

    O legislador penal, visando proteger a integridade fsica e fisiopsquica da pessoa humana, tipificou no art. 129 do Cdigo Penal o crime de leso corporal, nos seguintes termos:

    Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a sade de outrem:

    Pena - deteno, de trs meses a um ano.

    Ocorre, entretanto, que o crime de leses corporais possui outras figuras tpicas alm da supracitada. Desta forma, podemos resumir o assunto da seguinte forma:

    TIPOS PENAIS DO CRIME DE LESO CORPORAL

    LESO CORPORAL SIMPLES Art. 129, caput

    LESO CORPORAL PRIVILEGIADA Art. 129, 4 e 5

    LESO CORPORAL QUALIFICADA Art. 129, 1, 2, 3 e 9

    LESO CORPORAL CULPOSA Art. 129, 6 e 7

    PERDO JUDICIAL Art. 129, 8

    CAUSA DE AUMENTO DE PENA Art. 129, 10

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    As leses corporais classificam-se em:

    LESES CORPORAIS GRAVES (em sentido amplo) Abrangem as leses corporais graves (em sentido estrito) e gravssimas (a expresso leses gravssimas no legal, mas doutrinria). Ocorrem quando as leses corporais resultam em:

    1. Incapacidade para as ocupaes habituais por mais de trinta dias;

    2. Perigo de vida;

    3. Debilidade permanente de membro, sentido ou funo;

    4. Acelerao de parto:

    5. Incapacidade permanente para o trabalho;

    6. Enfermidade incurvel;

    7. Perda ou inutilizao do membro, sentido ou funo;

    8. Deformidade permanente;

    9. Aborto.

    LESES CORPORAIS LEVES Ocorrem quando a leso corporal no se enquadra nos casos acima apresentados.

    LESO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE Caracteriza o chamado crime preterdoloso, no qual temos a leso corporal a ttulo de dolo, e o resultado qualificador (morte) a ttulo de culpa. Encontra previso no pargrafo 3 do art. 129 do Cdigo Penal:

    Art. 129.

    [...]

    3 Se resulta morte e as circunstncias evidenciam que o agente no quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:

    Pena - recluso, de quatro a doze anos

    RECLUSO DE

    01 A 05 ANOS

    RECLUSO DE

    02 A 08 ANOS

    Leses graves

    em sentido

    estrito

    Leses

    gravssimas.

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    7.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: a vtima. A lei no exige nenhuma condio especial para que uma pessoa possa figurar no plo passivo, salvo no que diz respeito a duas qualificadoras j apresentadas: a leso corporal que acelera o parto ou que ocasiona aborto (neste caso, exige-se a condio de grvida).

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: ncleo do tipo:

    Ofender (a integridade corporal ou a sade de outrem).

    Observao: Independentemente do nmero de leses, o agente responder por um s crime de leso corporal: ou leve, ou grave ou seguida de morte.

    2. SUBJETIVO:

    1. O crime de leso corporal admite dolo, culpa e preterdolo (veremos mais frente a leso corporal culposa).

    QUALIFICAO DOUTRINRIA: crime material, de dano, plurissubsistente e de forma livre.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Consuma-se com a efetiva ofensa integridade corporal ou sade fsica ou mental da vtima.

    2. Admite-se a tentativa.

    Observao: O STF j firmou entendimento de que cabvel a tentativa de leso corporal grave, mesmo que a vtima no tenha sofrido qualquer ferimento. Exemplo: Imagine que Tcio amarra Mvio em uma rvore e, com o intuito de amputar um brao, liga

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    uma serra eltrica. Quando est a cerca de um centmetro do brao de Mvio, Tcio interrompido por um policial.

    7.2.2 LESES CORPORAIS PRIVILEGIADAS

    A figura tpica encontra previso no Cdigo Penal, nos seguintes termos:

    Art. 129. [...]

    4 Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domnio de violenta emoo, logo em seguida a injusta provocao da vtima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um tero.

    Do supra dispositivo legal, podemos verificar que o privilgio cabvel quando o agente:

    1. Ofender a integridade corporal ou a sade de outrem por motivo de relevante valor social.

    2. Ofender a integridade corporal ou a sade de outrem por motivo de relevante valor moral.

    3. Ofender a integridade corporal ou a sade de outrem sob o domnio de violenta emoo, logo aps injusta provocao da vtima.

    Observe que j estudamos estas circunstncias quando tratamos do homicdio privilegiado e, aqui, cabem os mesmos comentrios.

    7.2.3 LESO CORPORAL CULPOSA

    A figura da leso corporal culposa apresenta um tipo simples no pargrafo 6 do art. 129 e uma figura qualificada presente no pargrafo 7. Observe:

    Art. 129

    6 Se a leso culposa:

    Pena - deteno, de dois meses a um ano.

    7 - Aumenta-se a pena de um tero, se ocorrer qualquer das hipteses do art. 121, 4.

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    Do supra dispositivo, retira-se que se o agente comete a leso corporal de maneira culposa, regra geral, poder sofrer a penalizao de deteno de dois meses a um ano.

    Todavia, se o crime resulta de inobservncia de regra tcnica, profisso, arte ou ofcio, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro vtima, no procura diminuir as consequncias do seu ato ou foge para evitar priso em flagrante, caber na sano um aumento de pena de um tero.

    7.2.4 PERDO JUDICIAL

    O pargrafo 8 do art. 129 do Cdigo Penal deixa claro que se aplica ao crime de leso corporal culposa o perdo judicial que analisamos ao estudar o homicdio culposo.

    Assim, na leso corporal culposa, pode o juiz deixar de aplicar a pena se as conseqncias da infrao atingirem o prprio agente de forma to grave que a sano penal se torne desnecessria.

    Aqui cabe um importante questionamento: A leso corporal culposa cometida no trnsito encontra-se prevista no art. 303 do Cdigo Penal Brasileiro, e este no prev a possibilidade de perdo judicial. Ser possvel a aplicao do perdo judicial previsto no Cdigo Penal aos delitos no trnsito?

    Segundo a jurisprudncia majoritria, h sim esta possibilidade. Observe o julgado:

    TJDF - APR: APR 125833220068070003 DF DJ 13.05.2009

    No obstante a falta de previso legal no cdigo de trnsito do instituto do perdo judicial para os delitos de homicdio culposo e leso corporal culposa, razes de poltica criminal, aliadas hermenutica justificada pelo princpio da isonomia e pela busca da pacificao social, tornam possvel a aplicao da figura jurdica do perdo judicial aos crimes de homicdio culposo e leso corporal culposa, praticados na direo de veculo automotor.

    O perdo judicial vem a ser a clemncia do estado quando deixa de aplicar a pena abstratamente prevista para o delito, em razo de as conseqncias do delito terem atingido o agente de forma to grave, quer fisicamente, quer moralmente, que a imposio da penalidade se torne despicienda, ou seja, a dor sentida mais expressiva do que eventual pena aplicada, j se consubstanciando, em si prpria, uma penalidade a ser suportada.

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    7.2.5 VIOLNCIA DOMSTICA

    Nos termos do pargrafo 9 do art. 129, se a leso for praticada contra ascendente, descendente, irmo, cnjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relaes domsticas, de coabitao ou de hospitalidade, aplica-se ao agente uma penalizao de deteno de 3 (trs) meses a 3 (trs) anos.

    9o Se a leso for praticada contra ascendente, descendente, irmo, cnjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relaes domsticas, de coabitao ou de hospitalidade:

    Pena - deteno, de 3 (trs) meses a 3 (trs) anos.

    Caso a violncia domstica resulte em leso corporal grave ou seguida de morte, a pena dever ser acrescida de um tero. Trata-se de causa de aumento de pena.

    10. Nos casos previstos nos 1o a 3o deste artigo, se as circunstncias so as indicadas no 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um tero).

    Por fim, cabe ressaltar que o pargrafo 11 do art. 129 definiu mais uma causa de aumento de pena que ocorrer no quantitativo de um tero se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficincia.

    11. Na hiptese do 9o deste artigo, a pena ser aumentada de um tero se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficincia.

    7.2.6 AO PENAL NO CRIME DE LESO CORPORAL DOLOSA LEVE CONTRA A MULHER

    Caro(a) aluno(a), recentemente tivemos uma deciso do STJ que serviu, de certa forma, para elucidar um tema que era muito debatido. Observe:

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    7.3 DA PERICLITAO DA VIDA E DA SADE

    Caro (a) aluno (a), trataremos agora de uma espcie de crime contra a pessoa que muito pouco exigida em CONCURSOS PBLICOS. Assim, para sua PROVA, basta um conhecimento bsico dos delitos referentes aos crimes de periclitao da vida e da sade, com exceo da omisso de socorro que exige um conhecimento mais aprofundado (veremos aps o quadro). Vamos esquematizar:

    CRIME CONDUTA PENA OBSERVAO

    PERIGO DE CONTGIO VENREO

    (ART. 130)

    Expor algum, por meio de relaes sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contgio de molstia venrea, de que

    sabe ou deve saber que est contaminado.

    Deteno, de trs meses a um ano, ou multa.

    Forma qualificada:

    Se inteno do agente transmitir a molstia:

    Pena - recluso, de um a quatro anos, e multa.

    Obs.: Somente se procede mediante representao, ou seja, atravs de ao penal pblica condicionada.

    PERIGO DE CONTGIO DE

    MOLSTIA GRAVE

    (ART. 131)

    Praticar, com o fim de transmitir a outrem molstia

    grave de que est contaminado, ato capaz de

    produzir o contgio.

    Recluso, de um a quatro anos, e

    multa.

    PERIGO PARA A VIDA OU SADE

    Expor a vida ou a sade de outrem a perigo direto e

    Deteno, de trs meses a um ano, se o fato

    Causa de aumento de pena:

    STJ, REsp 1.097.042/DF, DJ 24.02.2010

    necessria a representao da vtima de violncia domstica nos casos de leses corporais leves (Lei n. 11.340/2006 Lei Maria da Penha), pois se cuida de uma ao pblica condicionada.

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    DE OUTREM

    (ART. 132)

    iminente. no constitui crime mais

    grave.

    A pena aumentada de um sexto a um tero se a exposio da vida ou da sade de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestao de servios em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.

    ABANDONO DE INCAPAZ

    (ART. 133)

    Abandonar pessoa que est sob seu cuidado, guarda, vigilncia ou autoridade e,

    por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono

    Deteno, de seis meses a trs anos.

    Formas qualificadas:

    Se do abandono resulta leso corporal de natureza grave:

    Pena - recluso, de um a cinco anos.

    Se resulta a morte:

    Pena - recluso, de quatro a doze anos.

    Causas de aumento de pena (aumentam-se de um tero):

    1- Se o abandono ocorre em lugar ermo;

    2-Se o agente ascendente ou descendente, cnjuge, irmo, tutor ou curador da vtima.

    3- Se a vtima maior de 60 (sessenta) anos

    EXPOSIO OU ABANDONO DE

    RECM-NASCIDO

    (ART. 134)

    Expor ou abandonar recm-nascido para ocultar desonra

    prpria.

    Deteno, de seis meses a dois anos.

    Formas qualificadas:

    Se do fato resulta leso corporal de natureza grave:

    Pena - deteno, de um a trs anos.

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    Se resulta a morte:

    Pena - deteno, de dois a seis anos.

    MAUS-TRATOS

    (ART. 136)

    Expor a perigo a vida ou a sade de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilncia, para fim de

    educao, ensino, tratamento ou custdia, quer privando-a de alimentao ou cuidados

    indispensveis, quer sujeitando-a a trabalho

    excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de

    correo ou disciplina.

    Deteno, de dois meses a um ano, ou multa.

    Formas qualificadas:

    Se do fato resulta leso corporal de natureza grave:

    Pena - recluso, de um a quatro anos.

    Se resulta a morte:

    Pena - recluso, de quatro a doze anos.

    Causa de aumento de pena:

    Aumenta-se a pena de um tero se o crime praticado contra pessoa menor de 14 anos.

    7.3.1 OMISSO DE SOCORRO

    Encontra previso nos seguintes termos:

    Art. 135 - Deixar de prestar assistncia, quando possvel faz-lo sem risco pessoal, criana abandonada ou extraviada, ou pessoa invlida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou no pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pblica:

    Pena - deteno, de um a seis meses, ou multa.

    Do supra dispositivo legal, podemos observar que a assistncia tratada pelo legislador penal pode ser de duas formas:

    1. Imediata Dever de prestao imediata de socorro;

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    Observao: A omisso imediata s ocorre quando possvel ao sujeito agir sem risco pessoal. Mas e se a vtima recusa o socorro? Mesmo assim existe crime, pois o objeto irrenuncivel.

    2. Mediata Dever de pedir ajuda autoridade pblica.

    7.3.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: Podem ser sujeitos passivos do crime de omisso de socorro:

    Criana abandonada (pelos responsveis);

    Criana extraviada (criana perdida);

    Pessoa invlida, ao desamparo, ou seja, sem possibilidade de afastar o perigo com suas prprias foras;

    Pessoa ferida, ao desamparo;

    Pessoa em grave e iminente perigo;

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So ncleos do tipo:

    Deixar de prestar (assistncia);

    No pedir (socorro).

    2. SUBJETIVO: Dolo;

    QUALIFICAO DOUTRINRIA: crime omissivo prprio, ou seja, caracterizado pela simples conduta negativa do agente.

    CONSUMAO E TENTATIVA

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    1. Consuma-se no momento da omisso.

    2. No se admite a tentativa, pois ou o sujeito no presta assistncia e o delito est consumado, ou presta socorro vtima.

    TIPO QUALIFICADO

    O tipo qualificado do crime de omisso de socorro encontra previso no pargrafo nico do art. 135. Veja:

    Art. 135 [...]

    Pargrafo nico - A pena aumentada de metade, se da omisso resulta leso corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

    7.4 DA RIXA

    Entende-se por rixa o desentendimento, a rivalidade, a disputa, a briga em que os participantes atacam-se corporalmente, sendo a agresso recproca, mesmo que praticada de forma desproporcional.

    Segundo a norma vigente, a briga entre mais de duas pessoas, acompanhada de vias de fato ou violncias fsicas recprocas, de

    modo que cada sujeito age por si mesmo contra qualquer um dos outros contendores.

    Cabe ressaltar que, para a caracterizao de tal crime, faz-se necessrio a participao de no mnimo trs participantes, e que so, ao mesmo tempo, sujeitos ativos e passivos do crime. Incorre no crime de rixa no s o sujeito que participa diretamente do conflito, mas tambm o individuo que instiga, trata e combina, citando como exemplo aqueles que marcam encontro para as torcidas organizadas de futebol entrarem em confronto.

    O crime de rixa encontra-se previsto no art. 137 do Cdigo Penal, com a seguinte redao:

    Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores:

    Pena: deteno, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.

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    PROFESSOR PEDRO IVO O referido crime tem como objetividade jurdica a proteo da vida e da sade fsica e mental da pessoa humana.

    A razo pela qual se iniciou o desentendimento, a disputa, as brigas, irrelevante para a caracterizao do crime e o momento da participao pelo agente em nada importar. Assim, estar caracterizado o crime de rixa se o agente tiver dado inicio ao conflito, ingressado no seu curso ou dele sair sem que se tenha terminado.

    Cabe ressaltar que, alm das agresses fsicas diretas entre os conflitantes, a luta pode ser realizada por meio de lanamento de objetos, o que muitas vezes acontece quando, por algum motivo, grupos acabam que se distanciando.

    O crime de rixa consuma-se a com a prtica das violncias recprocas, instante em que h a produo do resultado e surge o evento dano. No referido crime, admite-se a tentativa, hiptese em que o crime somente no se consuma em razo de ser frustrado por outrem.

    So elementos qualificadores do crime de rixa a leso corporal grave e a morte. Observe:

    Art. 137. [...]

    Pargrafo nico - Se ocorre morte ou leso corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participao na rixa, a pena de deteno, de seis meses a dois anos.

    A ocorrncia de leso corporal de natureza grave ou morte qualifica a rixa, respondendo por ela inclusive a vtima da leso grave. Mesmo que a leso grave ou a morte atinja estranho no participante da rixa, algum que passava no local, por exemplo, ainda assim se configura a qualificadora.

    Quando no identificado o autor da leso grave ou homicdio, todos os participantes respondem por rixa qualificada; sendo identificado o autor, os outros continuam respondendo por rixa qualificada e o autor responder pelo crime que cometeu em concurso material com a rixa qualificada.

    A morte e as leses graves devem ocorrer durante a rixa ou em conseqncia dela, no podendo ser nem antes nem depois. Assim, se ocorrerem antes, no a qualifica simplesmente porque no foram sua conseqncia, mas sua causa.

    indispensvel, portanto, a relao de causalidade, isto , que a rixa seja a causa do resultado (leso grave ou morte). A ocorrncia de mais de uma morte ou leso grave no altera a unidade da rixa qualificada que continua sendo crime nico, embora deva ser considerado na dosimetria penal s "conseqncias do crime".

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    PROFESSOR PEDRO IVO O resultado agravado recair sobre todos os que dela tomaram parte, inclusive sobre eventuais desistentes. O participante que sofrer leso corporal grave tambm incorrer na pena da rixa agravada em razo do ferimento que ele prprio recebeu. No punio pelo mal que sofreu, mas pela participao na rixa, cuja gravidade representada exatamente pela leso que o atingiu.

    Observa-se, por fim, que no crime de rixa a ao penal pblica incondicionada, ou seja, no depende de queixa ou representao do ofendido.

    7.5 DOS CRIMES CONTRA A HONRA

    O Cap. V do Ttulo I da Parte Especial do Cdigo Penal Brasileiro trata Dos Crimes Contra a Honra, definindo condutas delituosas do art. 138 ao 141.

    Na definio de Victor Eduardo Gonalves, a honra o conjunto de atributos morais , fsicos e intelectuais de uma pessoa , que a tornam merecedora de apreo no convvio social e que promovem a sua auto-estima.

    O conceito de honra abrange tanto aspectos objetivos quanto subjetivos:

    Objetivos Representam o que terceiros pensam a respeito do sujeito, ou seja, trata da reputao do indivduo.

    Subjetivos Representam o juzo que o sujeito faz de si mesmo, ou seja, seu amor-prprio.

    Ao tratar dos crimes contra honra, o legislador penal definiu trs espcies de delito. Vamos analis-los:

    7.5.1 CALNIA

    Consiste em atribuir falsamente a algum a responsabilidade pela prtica de um fato determinado definido como crime. Encontra previso no art. 138 do Cdigo Penal:

    Art. 138 - Caluniar algum, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

    Pena - deteno, de seis meses a dois anos, e multa.

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    Na jurisprudncia, podemos encontrar a seguinte definio por parte do STF: a calnia pede dolo especfico e exige trs requisitos: imputao de um fato + qualificado como crime + falsidade da imputao (RT 483/371).

    A calnia pode ser:

    1. Explcita: Exemplo: Tcio diz: Mvio procurado devido prtica de vrios roubos.

    2. Implcita: Exemplo: Tcio diz para Mvio em uma discusso: Voc pode at pensar isso de mim, mas no sou eu que sobrevivo s custas de dinheiro roubado dos contribuintes. (Perceba que, implicitamente, Tcio atribui a ocorrncia de um fato delituoso a Mvio)

    3. Reflexa: o caso em que o caluniador, apesar de tratar de situao referindo-se a apenas um indivduo, acaba caluniando dois. Exemplo: Tcio diz que Mvio, juiz federal, s absolveu o ru porque foi subornado. Neste caso, o caluniador atinge no s o juiz, mas tambm o ru.

    No crime de calnia, a falsidade o elemento normativo do tipo e pode ser quanto:

    1. existncia do fato (situao em que o agente narra fato sabendo que no ocorreu).

    2. autoria (situao em que o fato existiu, porm o agente sabe que a pessoa no foi a vtima).

    Aqui podemos levantar um importante questionamento e, para isso, vamos voltar alguns anos para a vspera do dia em que o adultrio passou a no ser mais considerado crime.

    Imaginemos que Tcio, nesta data, disse para Mvia, falsamente, que ela cometeu o adultrio. Podemos afirmar que se trata de calunia?

    A resposta positiva, pois um fato falso, tipificado como crime, est sendo imputado a algum.

    Ocorre, entretanto, que no dia seguinte o adultrio deixa de ser crime. Neste caso, ir se manter o processo por calnia?

    A resposta negativa. Nesta situao em que o fato deixa de ser crime, ocorre a desclassificao para a difamao ou mesmo torna o fato atpico.

    A calnia crime formal e sua consumao ocorre no instante em que a imputao chega ao conhecimento de terceira pessoa, independente do

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    momento em que a vtima foi informada. A tentativa admitida na forma escrita (escrito calunioso interceptado).

    Observao 01 O fofoqueiro tambm punido!!! O pargrafo 1 do art. 138 define que na mesma pena atribuda calnia incorre quem, sabendo falsa a imputao, propala-a ou divulga-a.

    Propalar relatar verbalmente e divulgar relatar utilizando outros meios (megafone, panfleto etc.). Visa o tipo do pargrafo 1 punir aquele que ouviu e espalhou, enquanto o caput visa o precursor da mentira.

    Observao 02 Pode ir preso aquele que caluniar os mortos!!! O pargrafo 2 do art. 138 deixa claro que punvel a calnia contra os mortos.

    Mas professor, como o morto vai ser sujeito passivo de um crime?

    Obviamente, nesta espcie de delito no o morto que o sujeito do delito, mas sim o cnjuge, o ascendente, o descendente, enfim, aqueles que so titulares da objetividade jurdica, que se reflete na honra dos parentes sobrevivos.

    Observao 03 possvel que o sujeito se livre do crime de calnia, bastando para isso que PROVE o fato imputado a outrem!!! Trata-se da chamada exceo da verdade, situao em que o ru ter o direito de comprovar que o que disse a mais pura verdade.

    Imagine, por exemplo, que Tcio diz a todos que Mvio roubou o carro de Caio e, devido a isso, processado por calnia. Caso Tcio prove, atravs de filmagens das cmeras de segurana de uma loja, que o fato realmente ocorreu, atpica ser sua conduta.

    Assim, podemos afirmar que, regra geral, a exceo da verdade admitida no crime de calnia. Ocorre, todavia, que, segundo o pargrafo 3 do art. 138, nos seguintes casos no ser admitida a exceo da verdade:

    1. Se, constituindo o fato imputado crime de ao privada, o ofendido no foi condenado por sentena irrecorrvel;

    Existem determinados crimes que atingem de uma maneira to forte o ntimo do indivduo que o estado transfere a este a titularidade para dar incio e conduzir a ao penal. So os casos de ao penal privada.

    Assim, imagine que Tcio impute a Mvio um crime processado mediante ao penal privada. Neste caso, poder Tcio provar no Tribunal a ocorrncia de tal fato?

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    A resposta negativa, pois mesmo se o fato for verdadeiro, se a prpria vtima preferiu no processar Mvio e manter o caso em silncio, mais do que correto que no se permita a um outro indivduo (Tcio) tornar o caso pblico atravs da exceo da verdade.

    Cabe, por fim, ressaltar que a exceo da verdade poder ocorrer caso j haja sentena penal irrecorrvel.

    2. Se o fato imputado a qualquer das pessoas indicadas no n I do art. 141;

    No admissvel a exceo da verdade no caso de calnia proferida contra o Presidente da Repblica ou contra chefe de governo estrangeiro.

    3. Se do crime imputado, embora de ao pblica, o ofendido foi absolvido por sentena irrecorrvel.

    Nos casos em que a prpria justia absolve o ru, no pode o caluniador querer provar que a deciso judicial foi errada.

    Observao 04 cabvel a retratao!!! Retratar-se significa retirar aquilo que foi dito referente determinada pessoa. Em linguagem clara, nada mais do que o sujeito admitir que errou.

    Nos termos do art. 143 do Cdigo Penal, no caso da calnia, o querelado que, antes da sentena, retrata-se cabalmente, fica isento de pena.

    7.5.2 DIFAMAO

    Consiste em atribuir a algum fato determinado, ofensivo sua reputao. Seria o caso, por exemplo, de Tcio dizer que Mvio foi trabalhar embriagado. Encontra previso no art. 139 do Cdigo Penal:

    Art. 139 - Difamar algum, imputando-lhe fato ofensivo sua

    reputao:

    Pena - deteno, de trs meses a um ano, e multa.

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    A calnia se aproxima da difamao por atingirem a honra objetiva de algum atravs da imputao de um fato, por se consumarem quando terceiros tomam conhecimento de tal imputao (crimes formais), por admitirem a tentativa na modalidade escrita e por permitirem a retratao total, at a sentena de 1a Instncia, do querelado.

    Porm, diferenciam-se pelo fato da calnia exigir que a imputao do fato seja falsa e, alm disso, que este seja definido como crime, o que no ocorre na difamao.

    Assim, se Tcio diz que Mvio foi trabalhar embriagado, pouco importa se tal fato verdadeiro ou no, afinal, a inteno do legislador no delito de difamao foi deixar claro que as pessoas no devem fazer comentrios desabonadores de que tenham conhecimento sobre essa ou aquela pessoa.

    Quanto ao elemento subjetivo, o crime de difamao exige o DOLO e tambm que a conduta detenha certo cunho de seriedade. Sobre este tema, observe o importantssimo, interessantssimo e recente julgado:

    STF, Inq 2.899/BA, DJ 23.03.2010

    A consumao do delito de difamao exige um elemento subjetivo correspondente

    vontade especfica de macular a imagem de algum (animus difamandi), o que no foi

    evidenciado na narrativa dos fatos. Assim, o cenrio ftico delineado nos autos denota

    que no houve o dolo especfico de difamar RITA DE CSSIA PINHO.

    Da a concluso de que, na esteira da melhor doutrina e da orientao jurisprudencial

    do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justia, o delito fica excludo

    quando a inteno for apenas de caoar (animus jocandi), defender-se (animus

    defendendi), narrar (animus narrandi) ou criticar (animus criticandi).

    Com efeito, perceptvel que a vontade do Querelado est desacompanhada da

    inteno de ofender, elemento subjetivo do tipo, vale dizer, praticou o fato com animus

    criticandi, pelo que no h que se falar em crime de difamao.

    Nesse mesmo sentido, colaciona-se a seguinte deciso do Supremo Tribunal

    Federal:(...) CRIMES CONTRA A HONRA -ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. -A inteno

    dolosa constitui elemento subjetivo, que, implcito no tipo penal, revela-se essencial

    configurao jurdica dos crimes contra a honra. A jurisprudncia dos Tribunais tem

    ressaltado que a necessidade de narrar ou de criticar atua como fator de

    descaracterizao do tipo subjetivo peculiar aos crimes contra a honra, especialmente

    quando a manifestao considerada ofensiva decorre do regular exerccio, pelo agente,

    de um direito que lhe assiste e de cuja prtica no transparece o pravus animus, que

    constitui elementos essencial configurao dos delitos de calnia, difamao e/ou

    injria. (...). Precedentes. Grifado -SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL -2 Turma. Recurso

    em Habeas Corpus n 81750, relator Ministro CELSO DE MELLO, DJ de 10.08.2007.

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    Observao A exceo da verdade no regra na difamao!!! Segundo o pargrafo nico do art. 139, a difamao s admite a exceo da verdade se o ofendido funcionrio pblico e a ofensa relativa ao exerccio de suas funes. O fundamento desta possibilidade reside no resguardo da honorabilidade do exerccio da funo pblica. Essa excepcionalidade da exceo da verdade ocorre porque na difamao irrelevante se o fato falso ou verdadeiro.

    7.5.3 INJRIA

    Consiste em atribuir a algum qualidade negativa que ofenda sua dignidade ou decoro. Atinge a honra SUBJETIVA do sujeito. Assim, se Tcio chama Mvio de ladro, imbecil, burro, feio etc., constitui crime de injria. Encontra previso no art. 140 do Cdigo Penal. Observe:

    Art. 140 - Injuriar algum, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

    Pena - deteno, de um a seis meses, ou multa.

    Perceba que na injria no h ATRIBUIO DE FATO, mas de QUALIDADE NEGATIVA ao sujeito. Desta forma, se Tcio diz: Mvio roubou o carro de Caio, temos o crime de calnia. Todavia, se a frase : Mvio ladro, temos o delito de injria.

    No que diz respeito ao elemento subjetivo, assim como na difamao, a injria exige o dolo e que o agente imprima seriedade sua conduta.

    A injria crime formal e consuma-se no momento em que o ofendido fica sabendo da imputao de qualidade negativa. Assim como a calnia e a difamao, admissvel a tentativa na modalidade escrita.

    Cabe ressaltar que, para que exista a injria, irrelevante que a vtima tenha se sentido realmente ofendida, bastando que a atribuio negativa seja capaz de ofender.

    OBSERVAO:

    Caso o fato seja cometido contra funcionrio pblico em razo da funo e na presena deste, trata-se de desacato, e no de injria.

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    Observao 01 O sujeito pode ser perdoado (perdo judicial)!!! Segundo o pargrafo 1 do art. 140, o juiz pode deixar de aplicar a pena:

    1. Quando o ofendido, de forma reprovvel, provocou diretamente a injria: Seria o caso, por exemplo, em que Tcio aplica uma cantada na esposa de Mvio e por este injuriado.

    2. No caso de retorso imediata que consista em outra injria: Exemplo: Dicesar diz: A Anamara falsa. Por sua vez, Anamara responde: Voc que falso e feio por dentro e por fora (Espero que vocs no tenham perdido tempo de estudo para assistir ao BBB 10 ou 11...rsrs...Vamos continuar com o que interessa!).

    Observao 02 Injria real!!! Existem casos em que atravs do uso da violncia (produz leso corporal) ou vias de fato (comportamento agressivo, mas que no produz leses) o agente age com a inteno de humilhar a vtima e, para estas situaes, conhecidas como injria real, o Cdigo Penal prev:

    Art. 140

    [...]

    2 - Se a injria consiste em violncia ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:

    Pena - deteno, de trs meses a um ano, e multa, alm da pena correspondente violncia.

    Do supra dispositivo, possvel retirar que quando a injria real cometida mediante vias de fato, estas so absorvidas pelo delito de maior gravidade. Todavia, quando a injria ocasiona leso corporal, deve o agente responder pela injria real e pelo crime de leso corporal.

    Professor, d para exemplificar?

    Claro que sim... Imagine que em uma festa, Mvia, ao encontrar a ex-namorada de seu atual marido, rasga-lhe o vestido com o fim de gerar humilhao Neste caso, temos a injria real devido a vias de fato.

    Imagine, agora, que Tcio fica atrs de uma rvore aguardando a passagem de sua sogra a fim de atirar-lhe excremento. Neste caso, tambm est caracterizada a injria real.

    Por fim, imagine que Tcio, aps derrubar Mvio com um chute, comea a cavalgar a vtima com inteno ultrajante. Neste caso, responder T2cio pela injria real e pelas leses corporais.

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    Observao 03 Injria qualificada!!! Encontra-se definida no art. 140, pargrafo 3 do Cdigo Penal. Veja:

    Art. 140.

    [...]

    3o Se a injria consiste na utilizao de elementos referentes a raa, cor, etnia, religio, origem ou a condio de pessoa idosa ou portadora de deficincia:

    Pena - recluso de um a trs anos e multa.

    Assim, a ttulo de exemplo, se Tcio chama Mvio, japons, de japa, em tom pejorativo, responder pela injria qualificada.

    Observao 04 impossvel a retratao!!! Isto ocorre, pois a injria no se refere a fato, mas a qualificao negativa.

    7.5.4 DISPOSIES COMUNS DOS CRIMES CONTRA A HONRA

    7.5.4.1 FIGURAS TPICAS QUALIFICADAS

    Nos termos do art. 141 do Cdigo Penal, as penas cominadas para todos os crimes contra a honra aumentam-se de um tero se qualquer dos crimes cometido:

    1. Contra o Presidente da Repblica ou contra chefe de governo estrangeiro;

    2. Contra funcionrio pblico, em razo de suas funes;

    3. Na presena de vrias pessoas ou por meio que facilite a divulgao da calnia, da difamao ou da injria.

    4. Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficincia, exceto no caso de injria.

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    Observao: Se o crime cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.

    7.5.4.2 CAUSAS ESPECIAIS DE EXCLUSO DA ANTIJURIDICIDADE

    Conforme o art. 142 do CP, no constitui injria ou difamao punvel:

    1. A ofensa irrogada em juzo, na discusso da causa, pela parte ou por seu procurador;

    2. A opinio desfavorvel da crtica literria, artstica ou cientfica, salvo quando inequvoca a inteno de injuriar ou difamar;

    3. O conceito desfavorvel emitido por funcionrio pblico em apreciao ou informao que preste no cumprimento de dever do ofcio.

    Observao: Nos casos 1 e 3, acima apresentados, responde pela injria ou pela difamao quem lhe d publicidade.

    7.5.4.3 PEDIDO DE EXPLICAO EM JUZO

    Imagine que Tcio profere a seguinte declarao: Maria uma pessoa muito educada e sempre convida para que entrem em seu lar todos os que batem em sua porta. Que o diga o carteiro, o leiteiro, o aougueiro.

    Essa declarao pode ser interpretada com duplo sentido e, para estes casos em que ocorre dvida ao intrprete quanto real inteno da declarao, cabvel que se pea explicaes em juzo. Observe:

    Art. 144 - Se, de referncias, aluses ou frases, se infere calnia, difamao ou injria, quem se julga ofendido pode pedir explicaes em juzo. Aquele que se recusa a d-las ou, a critrio do juiz, no as d satisfatrias, responde pela ofensa.

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    7.6 DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

    Neste tpico, daremos uma ateno especial ao crime de constrangimento ilegal. Posteriormente, veremos as caractersticas que voc precisa saber para concursos pblicos referente aos outros delitos.

    7.6.1 CONSTRANGIMENTO ILEGAL

    O crime de constrangimento ilegal encontra previso no art. 146 do CP, que apresenta a seguinte redao:

    Art. 146 - Constranger algum, mediante violncia ou grave ameaa, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistncia, a no fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela no manda:

    Pena - deteno, de trs meses a um ano, ou multa.

    Para que reste caracterizado o delito, essencial que seja ilegtima a pretenso do sujeito ativo, ou seja, que no tenha o direito de exigir da vtima a conduta almejada. Assim, a ttulo de exemplo, caso Tcio exija, mediante grave ameaa, que Mvio, torcedor do Palmeiras, vista a camisa do Corinthians e cante o hino do Timo, estar caracterizado o crime de constrangimento ilegal.

    7.6.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Pode ser qualquer pessoa (crime comum).

    2. SUJEITO PASSIVO: Pode ser qualquer pessoa, desde que tenha capacidade de autodeterminao, ou seja, conscincia e liberdade de vontade nas suas aes.

    ELEMENTOS:

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    1. OBJETIVO: ncleo do tipo:

    Constranger (mediante violncia ou grave ameaa, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistncia);

    2. SUBJETIVO:

    1. Dolo;

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Trata-se de crime material que se consuma no instante em que a vtima faz ou deixa de fazer alguma coisa.

    2. admissvel a tentativa.

    TIPO QUALIFICADO: Conforme o pargrafo 1 do art. 146, as penas aplicam-se cumulativamente e em dobro quando, para a execuo do crime, renem-se mais de trs pessoas ou h emprego de armas.

    CAUSAS DE EXCLUSO DE TIPICIDADE: No caracterizam o constrangimento ilegal a interveno mdica ou cirrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida e a coao exercida para impedir suicdio.

    7.6.2 AMEAA, SEQUESTRO OU CRCERE PRIVADO

    CRIME CONDUTA PENA OBSERVAES

    AMEAA

    (ART. 147)

    Ameaar algum por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer

    outro meio simblico, de causar-lhe mal injusto e grave.

    Deteno, de um a seis meses, ou

    multa

    Obs. 1: A ameaa distinta do constrangimento ilegal, pois enquanto neste busca-se uma atividade positiva ou negativa da vtima, na ameaa o intuito apenas o de atemorizar.

    Obs. 2: A ameaa no se confunde com a praga ou o esconjuro. Assim, se Tcio manda Mvio ir

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    para o inferno, ou Tcio conhece o caminho ou, obviamente, no h ameaa.

    SEQUESTRO OU CRCERE PRIVADO

    Privar algum de sua liberdade, mediante seqestro ou crcere

    privado.

    Obs. 1: Atualmente, a distino entre

    sequestro e crcere privado irrelevante, pois a penalizao

    aplicada a mesma.

    Obs. 2: possvel a ocorrncia do delito na forma omissiva, como no caso de deixar de por em

    liberdade o indivduo que se restabeleceu de doena mental.

    Recluso, de um a trs anos.

    TIPOS QUALIFICADOS

    A pena de recluso, de dois a cinco anos:

    Se a vtima ascendente, descendente, cnjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;

    Se o crime praticado mediante internao da vtima em casa de sade ou hospital;

    Se a privao da liberdade dura mais de quinze dias.

    Se o crime praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;

    Se o crime praticado com fins libidinosos.

    A pena de recluso, de dois a oito anos:

    Se resulta vtima, em razo de maus-tratos ou da natureza da deteno, grave sofrimento fsico ou moral.

    7.7 DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICLIO

    7.7.1 VIOLAO DE DOMICLIO

    O art. 150 do Cdigo Penal tipifica a seguinte conduta:

    Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tcita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependncias:

    Pena - deteno, de um a trs meses, ou multa.

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    A incriminao da violao de domicilio, segundo Damsio de Jesus, no protege a posse, nem a propriedade. O objeto jurdico a tranquilidade domstica, tanto que no constitui crime a entrada ou permanncia em casa alheia desabitada. H diferena entre casa desabitada e casa na ausncia dos seus moradores. Quando ausentes os moradores, subsiste o crime de violao de domicilio.

    Bom, caro(a) aluno(a), estamos falando bastante do termo casa, mas qual a real abrangncia desta palavra para o direito penal?

    A importante resposta para este questionamento encontrada no pargrafo 4 do art. 150 do Cdigo Penal, que discorre:

    4 - A expresso "casa" compreende:

    I - qualquer compartimento habitado;

    II - aposento ocupado de habitao coletiva;

    III - compartimento no aberto ao pblico, onde algum exerce profisso ou atividade.

    A fim de no deixar dvidas, o legislador achou por bem definir no pargrafo 5 casos que no se enquadram neste conceito:

    5 - No se compreendem na expresso "casa":

    I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitao coletiva, enquanto aberta, salvo a restrio do n. II do pargrafo anterior;

    II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gnero.

    7.7.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Pode ser qualquer pessoa (crime comum).

    2. SUJEITO PASSIVO: So os titulares do direito de admisso e proibio da entrada de alguma pessoa. Via de regra, em uma residncia familiar, esta figura repousa nos cnjuges.

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    Assim, imagine que Mvio, namorado da filha de Tcio (e odiado por ele), resolve entrar pela janela no quarto de seu grande amor, tendo o consentimento da menina. Neste caso, poderemos falar em violao de domiclio?

    A resposta positiva, pois adentrou a CASA sem o consentimento de quem detm direito para permitir a entrada ou no de algum.

    Agora, outra pergunta: Ser que o marido permitiria a entrada em seu lar do amante da esposa? Essa eu vou deixar sem resposta, mas sobre este tema j se pronunciou o STF:

    Por fim, um ltimo questionamento: Caso o proprietrio de um imvel alugado penetre na casa do inquilino, haver o crime?

    A resposta POSITIVA, pois, como vimos, a tipificao da violao de domiclio no visa proteger a propriedade ou a posse, mas sim a TRANQUILIDADE DOMSTICA.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So ncleos do tipo:

    Entrar; e

    Permanecer.

    2. SUBJETIVO:

    1. Dolo;

    2. Contra a vontade expressa ou tcita de quem de direito.

    QUALIFICAO DOUTRINRIA: Trata-se de crime de mera conduta, pois o legislador penal apenas define o comportamento do sujeito, sem referncia a qualquer resultado.

    Quanto ao ncleo entrar, crime instantneo. Com relao ao ncleo permanecer, crime permanente.

    O STF entende que no h crime na entrada do amante da esposa infiel no lar conjugal, com o consentimento daquela e na ausncia do marido, para fins amorosos. (RTJ, 47/734)

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    , tambm, crime de formulao tpica alternativa (entrar ou permanecer).

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Trata-se de crime de mera conduta que se consuma com a entrada ou permanncia.

    Observao: No constitui crime a entrada ou permanncia em casa alheia ou em suas dependncias:

    Durante o dia, com observncia das formalidades legais, para efetuar priso ou outra diligncia;

    A qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime est sendo ali praticado ou na iminncia de o ser.

    2. admissvel a tentativa.

    TIPO QUALIFICADO

    Qualifica-se o crime de violao de domiclio se este cometido:

    1. Durante a noite;

    2. Em lugar ermo;

    3. Com o emprego de violncia ou de arma;

    4. Por duas ou mais pessoas:

    Para os supracitados casos, o Cdigo Penal prev uma pena de deteno, de seis meses a dois anos, alm da pena correspondente violncia.

    Ainda nos termos do CP, qualificando o delito, aumenta-se a pena de um tero se o fato cometido por funcionrio pblico, fora dos casos legais, ou com inobservncia das formalidades estabelecidas em lei ou com abuso do poder.

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