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DA LÍNGUA INFORMAL À NORMA CULTA

Autor: Roseli de Oliveira Bueno1

Orientador: Paulo de Tarso Galembeck²

RESUMO

Este   artigo   tem   por   finalidade   ressaltar   a   utilização   de   recursos   didáticos   que possam  transformar   o  desprezo  pela   língua   falada,  pela  necessidade  da  norma padrão em várias  situações de uso do nosso cotidiano.  O domínio da oralidade formal  deveria  fazer parte de todo indivíduo que conclui o Ensino Básico . A escola acolhe alunos de  uma imensa variedade linguística, e o convívio entre eles é maior do que o tempo em que passam em sala de aula  aprimorando seus conhecimentos, portanto é importante ressaltar   que a linguagem do seu meio social e cultural é a que prevalece após o término do curso. Sabemos que a linguagem verbal é a prática discursiva mais utilizada pelos nossos educandos, sendo assim, percebo o descaso na oralidade do cotidiano, não se preocupando com concordâncias, desde as mais corriqueiras  até um vocabulário mais elevado. Portanto, é por meio de exemplos de situações concretas do uso da oralidade, que percebe­se  a necessidade  ou não do domínio da língua  culta, pois o bom uso da língua é aquele que é adequado ao seu uso. Sendo assim, foram elaboradas várias atividades, para que essas dificuldades pudessem ser identificadas e adequadas ao contexto.

Palavras­chaves: oralidade; cotidiano; língua­padrão; adequação.

1 Introdução

O domínio da oralidade  formal  deveria  fazer parte  de  todo  indivíduo que 

conclui o Ensino Básico. É na escola que os alunos têm oportunidades de acesso à 

1Graduada em Letras, Especialista  em Adm., Superv., e Orientação Educacional, docente de Língua Portuguesa da Rede Pública de Ensino   no  CEEBJA Teotônio Vilela de Sertanópolis­PR.2Docente Dr. em Linguística Textual – UEL – Londrina – PR.

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norma culta da língua, através do processo de ensino­aprendizagem, envolvendo os 

diferentes gêneros discursivos. Durante as atividades escritas, o educando esforça­

se para adequar seus textos à da língua­padrão, mas na oralidade do seu cotidiano, 

em sala de aula,  durante    intervalos e   na conversa  informal  com amigos e até 

mesmo em entrevistas de trabalhos, tomamos conhecimento da dificuldade de expor 

suas ideias na linguagem formal. A escola acolhe alunos de uma imensa variedade 

linguística, e o convívio entre eles é maior do que o tempo em que passam em sala 

de aula aprimorando seus conhecimentos. Portanto, é   importante ressaltar que a 

linguagem do seu meio social e cultural é a que prevalece após o término do curso. 

A oralidade é  um eixo da Língua Portuguesa que merece um estudo com maior 

atenção, pois faz parte do nosso dia a dia.

Sabemos que a linguagem verbal é a prática discursiva mais utilizada pelos 

nossos educandos, sendo assim, percebe­se o descaso na oralidade do cotidiano, 

não   se   preocupando   com   concordâncias,   desde   as   mais   corriqueiras   até   um 

vocabulário mais elevado.

De   acordo   com   as   DCEs   –   Língua   Portuguesa   (2008,   p.   38),   “É   nos 

processos educativos, e notadamente nas aulas de Língua Materna, que o estudante 

brasileiro tem a oportunidade de aprimoramento de sua competência linguística, de 

forma a garantir uma inserção ativa e critica na sociedade”.

“Os   sujeitos   da   Educação   Básica,   crianças,   jovens   e   adultos,   em   geral 

oriundos das classes assalariadas, urbanas ou rurais, de diversas regiões e com 

diferentes   origens   étnicas   e   culturais   (FRIGOTTO,   2004),   devem   ter   acesso   ao 

conhecimento   produzido   pela   humanidade   que,   na   escola,   é   veiculado   pelos 

conteúdos das disciplinas escolares”. (DCEs­ Língua­Portuguesa, 2008. p.14)  

A educação é o único caminho possível para levar o cidadão à sua própria 

emancipação, pois é  pelo  trabalho que o homem tem a capacidade de valorizar, 

transformar e criar. Em nossa sociedade, a Educação formal realiza­se nas escolas. 

A língua é heterogênea e dinâmica e está em constante renovação em nosso meio. 

Cada nova geração de falantes dá a sua contribuição nesse processo lento e gradual 

de   transformação­reajuste­renovação da  língua.  Então,  por   isso    hoje,  em nosso 

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país, falamos o português brasileiro.

Incentivar a norma culta fora do ambiente escolar é um desafio a enfrentar, já 

que o livro sofre a influência dos meios tecnológicos, atraindo os educandos para 

um   meio de comunicação desprovido do conhecimento   científico. Diante desse 

contexto, há necessidade da diferenciação da língua em diversas situações de uso, 

é  através das práticas discursivas que são os eixos da Língua Portuguesa:   leitura, 

escrita e oralidade que o processo da aprendizagem possa se concretizar no espaço 

escolar     para   uma   educação   de   qualidade   que   mostre   ao   educando     a 

responsabilidade  do uso da norma culta para sua emancipação.                     

 De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa 

(2008, p.14), “O sujeito é fruto de seu tempo histórico, das relações sociais que está 

inserido, mas é, também, um ser singular que atua no mundo a partir do modo como 

o compreende e como dele lhe é possível participar”.

O   Colégio   no   qual   será   implementado   o   Projeto,   a   Direção   e   Equipe 

Pedagógica   mostram­se   preocupados   e   sempre   atuantes   valorizando   a   prática 

pedagógica  que  visa  a  enriquecer  o  saber  do  corpo  discente,  que     trata­se  da 

educação de jovens e adultos. . As salas de aula são equipadas com TV pen drive, 

vídeos, biblioteca e disponibiliza ao aluno o laboratório de informática para fins de 

estudos e pesquisas.

   Ao final do trabalho com a linguagem verbal e não verbal, espera­se que o 

aluno  seja  capaz  de  valorizar  a  oralidade  de  seu  cotidiano.  Através  de  estudos 

realizados,   verifica­se   que   a   escola   precisa   acompanhar   a   velocidade   da 

transformação da língua, priorizando a oralidade do educando. Nesse processo a 

escola  busca  criar  situações  de  aprendizagem que  proporcione  aos  educadores 

como aos educandos metas que são viáveis na construção do conhecimento.

No decorrer do trabalho PDE3, que realiza­se por um período de dois anos, 

sendo que   o primeiro ano o professor tem afastamento total (100%) de sua carga 

horária para estudo, dividido em dois semestres. No primeiro semestre realiza­se a 

produção do “Pré   ­Projeto” e em seguida o “Projeto”,  e no segundo semestre, a 

3 Programa de Desenvolvimento Educacional – SEED. Governo do Paraná.

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“Unidade Didática” ou “Caderno Temático”, com o respaldo do Orientador designado 

pela Instituição participante do trabalho PDE. No segundo ano há afastamento de 

vinte e cinco por cento(25%), no primeiro semestre faz­se a implementação em sala 

de  aula  das  atividades  propostas  na  Unidade  Didática,  e   no  segundo  semestre 

escreve  o   “artigo”   sobre  o   trabalho  da   implementação.  Todo  material   produzido 

constrói­se por meio dos cursos   propostos aos professores   na capacitação em 

várias áreas de conhecimento, inclusive cursos de tecnologia digital para que estes 

se aperfeiçoem, e possam realizar  atividades com seus alunos que oportunizem 

buscar formas de melhor se comunicarem, e desenvolverem sua oralidade, visando 

à conquista de um lugar de destaque em meios sociais e profissionais.

Assim sendo, os alunos participaram de diversas atividades que envolveram 

a   sua   oralidade,   leitura   e   escrita,   como:   elaboração   de   questionários   para 

entrevistas,   observação   da   oralidade   dos   vereadores,   em     Sessão   na   Câmara 

Municipal,  trabalhos com   textos de diversos gêneros discursivos e  interpretação. 

Relatos da oralidade transformados em textos escritos e produção de roteiro para 

peça teatral, pois a finalidade foi explorar conteúdos da oralidade.

Ao término das atividades propostas, os alunos identificaram os vários tipos 

de fala de acordo com as regiões, as variações linguísticas e o momento adequado 

para fazer uso da língua­padrão,valorizando assim, a oralidade   em seu cotidiano. 

Envolveram em seus trabalhos o corpo docente e discente, e ainda a comunidade 

que  teve participação ativa  com contribuições que vieram somar  ao  sucesso do 

desenvolvimento das atividades.

2 Desenvolvimento

2.1Linguagem na escola

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  Muito de nossos alunos, após cursarem   o Ensino   Básico Fundamental, 

chegam ao  Ensino  Médio,  passam e conclui   com  falhas  que  chegam a ser  um 

absurdo  na linguagem oral. A fala está em constante estado de transformação e a 

mistura   dos   níveis   culto   e   inculto   está   na   vivência   diária   de   nossos   alunos 

construindo os elementos essenciais da comunicação na língua portuguesa de cada 

estudante.   Este   deve   ser   capaz   de   adequar   sua   linguagem   nas   diferentes 

circunstâncias   que   se   relacionam   em   sua   experiência   de   vida,   no   entanto 

observamos que esta prática não acontece.   Na sala de aula, em entrevistas de 

trabalho ou mesmo em casa com seus familiares e amigos, não se preocupam com 

o uso da língua­padrão.

Como   exemplo,   podemos   citar   algumas   palavras   ditas   pelos   alunos   ao 

relatarem o seu cotidiano:   “cabô”   (acabou),   “vamo”  (vamos),   “veio”   (velho),   “falô” 

(falou). Ainda, com relação às dificuldades, encontra­se na pronúncia alunos   com 

problema na distinção dos fonemas /b/ por /p/; /g/ por /c/; e /t/ por/d/.

O professor  de Língua Portuguesa,  como as demais disciplinas,  enfrenta 

dificuldades   com os  alunos  do  Ensino  Médio  no  uso  da   língua  nas     diferentes 

situações que a mesma exige.

É evidente que a norma culta não deve reinar na oralidade como recurso 

capaz de levar o aluno do Ensino Médio, ao sucesso profissional e sua eficiência na 

interação, mas também não deve menosprezar, como algo sem importância na sua 

caminhada como ser humano que faz parte de uma sociedade civilizada que exige 

do profissional escolarizado um discurso adequado à necessidade do momento.

Sendo assim, é  por meio de exemplos de situações concretas do uso da 

oralidade, que se percebe a necessidade   ou não do domínio da língua   culta, a 

ciência linguística defende que o bom uso da língua é aquele que é adequado às 

condições de uso.

Poderíamos dizer que a grande tarefa da ciência linguística é  descobrir e explicar   aquilo   que   os   falantes   sabem,   mas   não   sabem   que   sabem.   O conhecimento intuitivo que cada ser humano tem de sua língua materna é 

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um dos  mais   fascinantes  mistérios  da ciência.  Por  mais    que   linguístas, psicólogos, biólogos, médicos, antropólogos e filósofos especulem, teorizem e   investiguem,   a   verdadeira   natureza   do   conhecimento   linguístico   –   a natureza   da   própria   linguagem   humana   como   fenômeno   biológico­psicológico­social – sempre desafiará os cientistas.(Bagno, 2007, p.187)

2.2 Variação linguística

O português   falado no Brasil   sofre  variações diversas como:  expressões 

regionais, escolaridade, gírias e outras expressões que caracterizam comunidades e 

cabe aos interlocutores adequar­se ao contexto. A capacidade linguística do falante 

provém do meio em que se vive.

Portanto, a variação linguística é  um fenômeno normal e se manifesta de 

várias formas, mas os falantes se adaptam naturalmente a diferentes contextos da 

fala.  Quanto antes eles compreenderem que o processo comunicativo pode  lhes 

oferecer   grandes   oportunidades   de   obterem   sucesso   nas   atividades   vindouras 

dentro e fora da escola, é essencial. 

A Linguística aplicada mostra que o ensino amplo de língua materna deve 

partir da valorização da língua falada, já que a modalidade de língua que as pessoas 

aprendem naturalmente desde a infância e que está  em constante mutação. Não 

podemos mais desconsiderar as evoluções linguísticas na sala de aula e viver na 

concepção da gramática tradicional, sob o domínio da língua escrita. É importante 

mostrar que a língua falada possui especificidades que precisam ser trabalhadas, 

para que interlocutor e receptor possam decodificar a mensagem.

A oralidade jamais desaparecerá e sempre será, ao lado da escrita, o grande meio de expressão e de atividade comunicativa. A oralidade enquanto prática social é  inerente ao ser humano e não será substituída por nenhuma outra tecnologia. Ela sempre será a porta de nossa iniciação à racionalidade e fator de identidade social, regional, grupal dos indivíduos. (Marcuschi, 2001, p.36)

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  Galembeck  (2009,  p.  249)   “os   trabalhos  iniciais  acerca  da  língua  falada 

consideravam­na de forma dicotômica em relação à escrita. A fala era tida como não 

planejada,   presa   à   situação   enunciativa,   voltada   para   as   necessidades   mais 

imediatas,   fragmentária,   dispersa,   enquanto   a   escrita   era   caracterizada   como 

planejada previamente, mais ligada à cultura de um povo e à  elaboração intelectual, 

coesa e bem estruturada. Nessa oposição,  aliás, estava embutida a valorização da 

escrita, vista como  a realização linguística mais perfeita e,  por isso mesmo, capaz 

de registrar  os avanços  de um povo. Essa valorização, ademais,  trazia consigo o 

desprestígio   da   fala,     vista   como   o   lugar   do   improviso   e   daquilo   que   é   mais 

corriqueiro e banal.”

Toda   e   qualquer   variedade   linguística   é   plenamente   funcional   e   oferece 

recursos necessários para que seus falantes interajam socialmente.

É devolvendo o direito à palavra – e na nossa sociedade isto inclui o direito à palavra escrita – que talvez possamos um dia ler a história contida, e não contada, da grande maioria que hoje ocupa bancos das escolas públicas.(Geraldi, 1990, p. 124)

No ambiente escolar, a racionalidade se exercita com a escrita, de modo que 

a oralidade, em alguns contextos educacionais, não é muito valorizada; entretanto, é 

rica e permite muitas possibilidades de  trabalho a serem pautadas em situações 

reais de uso da fala e na produção de discursos nos quais o aluno se constitui como 

sujeito do processo interativo (Diretrizes Curriculares da Educação Básica, 2008).

Do   ponto   de   vista   sociológico   e   antropológico,   simplesmente   não existe nenhum ser humano que não esteja vinculado a uma cultura, que não tenha nascido dentro de um grupo social com seus valores, suas crenças,  seus hábitos, seus preconceitos, seus costumes, sua arte, suas técnicas, sua  língua (BAGNO, 2003, p. 58).

Os alunos que frequentam as redes públicas de ensino têm a oportunidade 

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de   acesso   à   norma   culta   da   língua,   ao  conhecimento   social   e   historicamente 

construído e à instrumentalização que favoreça sua inserção social e exercício da 

cidadania. Por meio das práticas da oralidade, o professor orienta seus alunos a 

identificarem e a interpretarem os diversos discursos orais que circulam nos meios 

de comunicação, permitindo que  desenvolvam assim, seu senso­crítico.

Segundo   as   DCEs,   “os   estudos   sobre   a   história   da   produção   do 

conhecimento,   seus   métodos   e   determinantes   políticos,   econômicos,   sociais   e 

ideológicos,   relacionados   com   a   história   das   disciplinas   e   as   teorias   de 

aprendizagem   ,   possibilitam   para   o   professor   em   discussões   curriculares   mais 

aprofundadas e alteram sua prática pedagógica.

Nessa práxis, os professores participam ativamente da constante construção 

curricular  e   se   fundamentam para  organizar  o   trabalho  pedagógico  a  partir   dos 

conteúdos estruturantes de sua disciplina.

Entende­se   por   conteúdos   estruturantes   os   conhecimentos   de   grande 

amplitude, conceitos, teorias ou práticas, que identificam e organizam  os campos de 

estudo de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para a compreensão 

de seu objeto de estudo/ensino. Esses conteúdos são selecionados a partir de uma 

análise histórica da ciência de referência (quando for o caso) e da disciplina escolar, 

sendo trazidos para a escola para serem socializados, apropriados pelos alunos, por 

meio   das   metodologias   críticas   de   ensino­aprendizagem.”   (DCEs   –   Língua 

Portuguesa, 2008, p.25)

"A   Língua   Portuguesa,   no   Brasil,   possui   muitas   variedades   dialetais. 

Identificam­se geográfica e socialmente as pessoas pela forma como falam. Mas há 

muitos   preconceitos   decorrentes   do   valor   social   relativo   que   é   atribuído   aos 

diferentes   modos   de   falar:   é   muito   comum   se   considerarem   as   variedades 

linguísticas   de   menor   prestígio   como   inferiores   ou   erradas.   O   problema   do 

preconceito   disseminado   na   sociedade   em   relação   às   falas   dialetais   deve   ser 

enfrentado, na escola, como parte do objetivo educacional mais amplo de educação 

para   o   respeito   à   diferença.   Para   isso,   e   também   para   poder   ensinar   Língua 

Portuguesa, a escola precisa livrar­se de alguns mitos: o de que existe uma única 

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forma ‘certa’ de falar – a que se parece com a escrita – e o de que a escrita é o 

espelho da fala – e, sendo assim, seria preciso ‘consertar’ a fala do aluno para evitar 

que ele escreva errado. Essas duas crenças produziram uma prática de mutilação 

cultural   que,   além   de   desvalorizar   a   forma   de   falar   do   aluno,   tratando   sua 

comunidade como se fosse formada por incapazes, denota desconhecimento de que 

a escrita de uma língua não corresponde inteiramente a nenhum de seus dialetos, 

por mais prestígio que um deles tenha em um momento histórico (PCN – Língua 

Portuguesa: 2001, p. 12)."

Existem muitas situações sociais diferentes; deve haver também padrões de uso   da   língua   diferentes.   A   variação,   assim,   aparece   como   uma   coisa inevitavelmente normal. Ou, seja, existem variações linguísticas não porque as pessoas são ignorantes ou indisciplinadas; existem, porque as    línguas são fatos sociais , situados num tempo e num espaço concretos, com funções definidas. E, como tais, são condicionados por esses fatores. Além disso, a língua   só   existe   em   sociedade,   e   toda   sociedade   é   inevitavelmente heterogênea, múltipla, variável e, por conseguinte, com usos diversificados da própria língua. (ANTUNES, 2007, P.104)'

    Schegloff (1981, p.73) caracteriza a conversação, apontando três elementos 

fundamentais: realização (produção),  interação e organização (ordem). O discurso 

conversacional   deve   ser   então,   considerado   um   processo   que   se   realiza 

continuamente durante a interação e só  assim é  identificável.   Na interação e por 

causa dela que se cria um processo de geração de sentidos, constituindo um fluxo 

(movimento de avanço  e recuo) de produção textual organizada.( Fávero, Andrade & 

Aquino,1999, p.16)

Para melhor entender e analisar o texto falado, podemos examiná­lo a partir 

da proposta de Dittmann (1979), que  considera as seguintes características básicas:

a) interação entre pelo menos dois falantes;

b) ocorrência de pelo menos uma troca de falantes;

c) presença de uma sequência de ações coordenadas;

d) execução num determinado tempo;

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e) envolvimento numa interação centrada.

Observa­se, assim, que a produção de um texto falado corresponde a uma 

atividade   social   que   requer   a   coordenação   de   esforços   de   pelo   menos   dois 

indivíduos que têm algum objetivo em comum. (Fávero, Andrade & Aquino, 1999, 

p.20 e 21).

2.3 Língua: uso e reflexões

A Língua: é  um código formado por signos (palavras) e leis combinatórias, 

por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si.

Os  textos da  internet  são exemplos de hibridização da  fala  e  da escrita, 

direcionando,   assim,   o   futuro   da   língua  dominado   pelo   uso   das   tecnologias   de 

comunicação que vêm estreitando fronteiras, até então, restrito as práticas orais e 

escritas.

Variedades Linguísticas:  são as  variações que uma  língua apresenta,  de 

acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.

Dialetos e registros: há dois tipos básicos de variação linguística: os dialetos 

e os registros. Os dialetos são variedades originadas das diferenças de região ou 

território,   de   idade,   sexo,   de   classes   ou   grupos   sociais   e   da   própria   evolução 

histórica da língua.

Gíria:   é   uma   das   variedades   que   uma   língua   pode   apresentar.   Quase 

sempre é  criada por um grupo social.  Quando restrita a uma profissão, a gíria é 

chamada de jargão. É o caso do jargão dos jornalistas, dos médicos, dos dentistas e 

outras profissões.

2.4 Adequação da língua

 

11

Esse   trabalho   de   Intervenção   partiu   do   princípio   de   que   o   ensino   de 

português, no Ensino Médio, deve estar voltado para a formação de um cidadão 

autônomo,  capaz de  interagir  com a  realidade do momento  em que vive.  Numa 

realidade dinâmica como a nossa, que se transforma na mesma velocidade com que 

se   disseminam   informações   nos   meios   eletrônicos,   é   essencial   o   papel   que   a 

disciplina  de  português  desempenha na educação  formal  do   indivíduo,   já  que a 

linguagem permeia todas as atividades humanas, em todas as esferas sociais.

Para o professor, está difícil intervir nesse processo de oralidade que há em 

diversos grupos sociais em sala de aula, que, praticam em seu convívio familiar, 

trabalho, som, celular,   televisão e às vezes  internet,  o resultado é  a  falta de um 

referencial  ético e moral para o aluno construir uma conduta de um cidadão que 

valorize a educação. São interações sociais que eles trazem, que muitas vezes até 

contrariam das proporcionadas na escola. A diversidade cultural desses grupos nos 

leva refletir que a educação pública é um problema social além da sala de aula, ou 

seja   da   sociedade.  O  professor   também  precisa   passar   por  mudanças   em sua 

prática metodológica, principalmente continuar resgatando o valor da educação e 

sensibilizar os alunos desse valor para a construção de seu conhecimento.

A escola deve fornecer o saber científico, mas, ao mesmo tempo, trabalhar 

as variantes linguísticas que são desafios em nosso cotidiano e a língua é um dos 

instrumentos do cidadão ser excluído ou aceito em seu meio social. Toda variedade 

linguística deve ser respeitada, mas o aluno precisa do conhecimento da linguagem 

culta para se adequar aos vários contextos que surgem a sua  volta.

Quando uma pessoa se comunica  com outra, para que esse ato se  realize 

de   forma   eficiente,   é   necessário   que   ela   faça   a   adequação   da   linguagem   nos 

diferentes contextos.

Há situações em que, pelo fato de a relação entre os interlocutores ser mais 

descontraída,  mais   informal  ou  pessoal,   fica mais  adequado o  emprego de uma 

linguagem informal  mais “solta”.  Por outro  lado,   há  situações em que a relação 

falante­ouvinte é mais impessoal, cabendo  uma linguagem mais formal .

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São inúmeros os fatores que, individualmente ou combinados, interferem no 

modo   como   o   falante   ajusta   sua   linguagem   às   circunstâncias   do   ato   de 

comunicação, os quais serão citados a seguir:

● o interlocutor: não se fala do mesmo modo com um adulto e com uma criança;

●  o assunto: falar acerca da morte de uma pessoa amiga requer uma linguagem 

diferente da usada para lamentar a derrota do time de futebol;

● o ambiente: não se fala do mesmo jeito em um templo religioso e em uma festa 

com amigos ;

● a relação falante­ouvinte: não se fala da mesma maneira com um amigo e com um 

estranho, em uma situação social informal e em uma formal.

Deixar que o aluno fale, que o educador escute, interajam juntos, construam 

o conhecimento, potencializando assim outros   meios de percepção da realidade. 

Trocando   experiências,   crescem   juntos,   encontrando   sempre   novos   caminhos   e 

instrumentos que contribuam no ensino da Língua Portuguesa e ajudar o  educando 

a decodificar, ler e compreender o mundo do qual ele faz parte.

2.5 Troca de Experiências

Tendo   em   vista   o   objetivo   da   comunicação   oral,   as   atividades   foram 

desenvolvidas   com   os   alunos   do   Ensino   Médio,   CEEBJA   Teotônio   Vilela,   de 

Sertanópolis, em diferentes situações de comunicação, com atividades do gênero 

de:  debates  orais   de  discussões,   contação  de  história,   declamação  de  poesias, 

entrevistas, anúncios publicitários de televisão e rádio, apresentações teatrais com 

as variantes linguísticas  em uso no meio em que vivem.

O Programa de Desenvolvimento Educacional ­ PDE, propõe no decorrer do 

estudo, a produção de material didático para uso do mesmo nas Escolas Públicas e, 

para esse desafio, foi elaborado para implementação do trabalho o material didático 

chamado   de   “Unidade   Didática”   a   qual   relata   os   conflitos   vivenciados   pelos 

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professores do Ensino Médio, e os instrumentos necessários para que o professor 

PDE possa solucionar ou amenizar o seu objeto de estudo.

No decorrer da implementação do Material Didático, a Coordenação do PDE 

ofertou o Curso GTR (Grupo de Trabalho em Rede), que é a modalidade   da EaD 

(Ensino a Distância), na qual  o professor PDE é tutor  e acompanha um grupo de 

professores da Rede Pública (que são chamados de alunos GTR), geralmente da 

mesma disciplina, que também encontram a mesma dificuldade em sala de aula, 

como o  professor   tutor.  Por  meio  da  EaD o  professor   tutor   repassa material  de 

estudo elaborado por ele durante o Curso PDE, com a orientação da Coordenadoria 

do PDE , e esses expõem suas ideias e contribuições acerca do objeto de estudo 

do professor  PDE. Houve  interesse e participação bastante  ativa   por  parte  dos 

alunos GTR,   que foram seguidas de grande motivação e discussões que vieram 

somar ao trabalho exposto, tornando o mais agradável e eficaz.

Todos   reconheceram   que   passam   pela   mesma   dificuldade   do   tema   em 

estudo, e que é necessário que o educando  e os professores de todas as disciplinas 

tenham um olhar  diferenciado para essa questão.

A  EaD é uma modalidade de capacitação em Rede   desafiadora, tanto para 

o professor Tutor,  como também do ponto de vista dos professores participantes 

(alunos). Essa modalidade de ensino­aprendizagem está se expandido em todos os 

campos profissionais, e tendo o respaldo do Ministério da Educação (MEC) , que 

valorizou essa ideia do ensino sem fronteiras, trazendo benefícios a todos, pois essa 

interação é imprescindível  ao sucesso de todo profissional.

2.6 Relato da Implementação

Para o desenvolvimento desse trabalho foram usadas duas aulas semanais, 

e o Projeto teve como culminância   uma produção teatral, o texto   foi   produzido 

pelos alunos,  com marcas  da oralidade. Toda atividade proposta teve a intenção de 

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mostrar ao aluno a possibilidade de expressão da  língua culta como instrumento 

efetivo à acessibilidade de inserção social no seu meio.

Para início das atividades, os alunos receberam textos com formas típicas da 

variante não­padrão,  com questões sugeridas pelo diálogo entre dois falantes. Após 

a leitura desses textos, foram sugeridas reflexões de como poderiam transformá­los 

na linguagem­padrão.

Com o texto em mãos, os alunos fizeram   a primeira leitura silenciosa, em 

seguida leitura compartilhada. Exploraram o texto sob os aspectos:

a­ que condições a conversa  se passava;

b­ que ambiente se encontravam;

c­ qual o grau de escolaridade;

d­ faixa etária;

e­ e outras questões que surgiam no  momento .

Os alunos fizeram a dramatização do texto com a variante da língua  e em 

seguida dramatizá­lo com a  língua­padrão. Com esse tipo de atividade, puderam 

perceber no texto as marcas da oralidade geográfica. Alguns  alunos  pesquisaram e 

trouxeram  textos de  outras regiões do Brasil.

Os   textos   oportunizaram   durante   as   reflexões   as   regras   da   Gramática 

normativa, que foram   elencadas pelo professor para adequação da língua­padrão 

na medida em que se fazia necessário no contexto.

As entrevistas fornecem em excelente material  de trabalho com a  língua. 

Por isso, uma das primeiras atividades, após os trabalhos com textos foi a sugestão 

de entrevistas.  E para observar a concordância verbal no uso corrente da língua, o 

perfil   do  entrevistado   foi   diversificado,   como:  médico;   .porteiro,   zeladora,   jovem, 

idoso, isto é, profissionais de várias áreas.

Para   essas   atividades,   os   alunos   formaram   pequenos   grupos,   os   quais 

levaram à sala de aula o conteúdo da entrevista gravado para que a  turma tomasse 

conhecimento  dos diferentes   tipos  de   fala.    Após  essas  entrevistas  e  conversas 

informais, os alunos  transformaram o discurso verbal, produzindo narrativas escritas 

na linguagem formal, para que   entendessem que a fala e a escrita não se opõem, 

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mas se  completam.  E,  ainda,  puderam        perceber  que  o  modo  do  discurso   é 

determinado pelo propósito da interação que dele decorre , um grau maior ou menor 

de formalidade. Uma solicitação de emprego é um contexto formal, já uma conversa 

no pátio da escola é um contexto informal.

Um grupo de alunos foi até a Câmara Municipal, assistir uma Sessão para 

observar a variação linguística na oralidade de cada vereador e voltaram na próxima 

Sessão para ouvirem o registro (escrita), da leitura da Ata da Sessão,   feita pelo 

Secretário.   Foi   fornecida  pelo   Presidente   da   Câmara  Municipal     uma  gravação, 

dessa Sessão, que os alunos trouxeram para a sala de aula, e assim compreender 

melhor  as fragilidades linguístico­discursivas.

Para observar as marcas da oralidade na escrita, foi feita  uma pesquisa  de 

campo “in loco” em anúncios, placas e avisos,  que circulavam  pela cidade, tiraram 

fotos  e confeccionaram um painel, ao lado  de cada foto foi feita a adequação  das 

frases com  o registro (escrita) na norma culta.

A   culminância   da   Implementação     pedagógica   deu­se     com   uma 

representação teatral. Para essa atividade   os alunos   produziram   o texto teatral 

com   o   acompanhamento   do   professor   e   envolveram   as   variantes   linguísticas   e 

mostraram  também o domínio da língua culta em situações que a mesma exigia.

O texto tratava­se de uma família  que acabava de mudar da zona rural para 

a cidade com seus filhos, e os pais desconheciam muito dos dialetos usado pelos 

adolescentes,   jovens e pessoas escolarizadas. Recebem em sua nova residência, 

uma jovem senhora  que pertencia ao  serviço de Assistente Social   do município. O 

diálogo  entre a  família e a Assistente Social não foi fácil. Muitas palavras tiveram 

que ser decodificadas   pela jovem senhora. Os filhos do casal usaram gírias para 

definir a beleza e  elegância da mulher que os visitava. Mas  o casal recebe a visita 

de um parente escolarizado, com uma linguagem formal contemporânea, o   qual 

explicou como deveria agir em situações em que linguagem deve adequar ­se ao 

contexto. Foi um texto com muito humor, o qual alegrou a comunidade escolar   e 

principalmente   passou   a   ideia   que   como  um   cidadão   através   de   sua   formação 

escolar pode transformar o seu meio, e a escola com o saber científico, é o único 

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caminho que leva o indivíduo  a essa emancipação.

Ao término do teatro, alguns alunos entraram no salão, outros que estavam 

sentados,   levantavam   declamando   poesias   de   poetas   de   diversos   dialetos 

geográficos de nosso país, chegando até ao palco e expondo  ao público presente o 

objetivo das atividades daquela noite, e ao mesmo tempo, juntos fizeram um relato 

de   todo o  percurso  do   trabalho  desde as  primeiras  atividades propostas.  Foram 

muito   aplaudidos.   Um   dos   presentes   levantou­se   e   fez   elogios   aos   trabalhos 

realizados.

A avaliação ocorreu durante todo o processo, os alunos foram instigados a 

compreensão e diferenças das várias situações envolvendo os gêneros discursivos 

des textos orais e escritos. Reconheceram a multiplicidade de usos e funções da 

língua e suas possibilidades de construções textuais. 

“É no texto – oral e escrito – que a língua se manifesta em todos os seus 

aspectos discursivos, textuais e gramaticais. Por isso, nessa prática pedagógica, os 

elementos  linguísticos usados nos diferentes gêneros precisam ser avaliados sob 

uma prática  reflexiva e contextualizada que  lhes possibilitem compreender  esses 

elementos no interior do texto.”(DCEs­Língua portuguesa,2008p.78)

3 Conclusão

A   Língua   Portuguesa,   no   Brasil,   possui   muitas   variedades   dialetais. 

Identificam­se geográfica e socialmente as pessoas pela forma como falam. Mas há 

muitos   preconceitos   decorrentes   do   valor   social   relativo   que   é   atribuído   aos 

diferentes modos de falar: é muito comum  considerarem as variedades linguísticas 

de   menor   prestígio   como   inferiores   ou   erradas.     O   problema   do   preconceito 

disseminado na sociedade em relação às  falas dialetais  deve ser enfrentado,  na 

escola, como parte do objetivo educacional mais amplo de educação para o respeito 

à diferença. Para isso, e também para poder ensinar Língua Portuguesa, a escola 

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precisa livrar­se de alguns mitos: o de que existe uma única forma ‘certa’ de falar – a 

que se parece com a escrita – e o de que a escrita é o espelho da fala – e, sendo 

assim, seria preciso ‘consertar’ a fala do aluno para evitar que ele escreva errado. 

Essas duas crenças produziram uma prática  de  mutilação cultural  que,  além de 

desvalorizar a  forma de  falar do aluno,  tratando sua comunidade como se fosse 

formada por  incapazes, denota desconhecimento de que a escrita de uma língua 

não corresponde inteiramente a nenhum de seus dialetos, por mais prestígio que um 

deles tenha em um momento histórico (PCN – Língua Portuguesa: 2001, p. 12)."

Não existe um modelo  linguístico   que deva ser exemplo em nosso país, 

mesmo   com   a   visão   moderna   de   língua,   todas   as   variedades   linguísticas   são 

adequadas à realidade do contexto exigido.

Novas gramáticas  do  português  brasileiro     contemporâneo são  lançadas, 

com atenção especial para as variedades urbanas cultas, colocando o modo de falar 

e de escrever de várias camadas socioeconômicas, propondo uma aceitação das 

características próprias da nossa língua.

Existem muitas situações sociais diferentes; deve haver também padrões de uso   da   língua   diferentes.   A   variação,   assim,   aparece   como   uma   coisa inevitavelmente normal. Ou, seja, existem variações linguísticas não porque as pessoas são ignorantes ou indisciplinadas;   existem, porque as   línguas são fatos sociais , situados num tempo e num espaço concretos, com funções definidas. E, como tais, são condicionados por esses fatores. Além disso, a língua   só   existe   em   sociedade,   e   toda   sociedade   é   inevitavelmente heterogênea, múltipla, variável e, por conseguinte, com usos diversificados da própria língua.(ANTUNES, 2007,P.104)'.

3.1 Língua:   “certo” e o que é “errado”

Em   geral,   os   critérios   que   determinam   os   padrões   de   uma   língua   se 

estabelecem principalmente  pela  ação  da  escola  e  dos  meios  de  comunicação, 

levando   os   falantes   de   um   idioma   a   aceitar   como   “certo”   o   modo   de   falar   do 

segmento social  mais privilegiado,  tanto no aspecto econômico como no cultural. 

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Com o tempo, a maneira segundo a qual esse grupo utiliza a língua vai se impondo 

como um padrão da gramática normativa, para estabelecer conceitos de “certo”  e “ 

errado”. É  importante que o educando empregue a língua oral nas mais diversas 

situações, sabendo adequá­la ao contexto, bem como descobrir as ideias implícitas 

do   discursos   do   cotidiano,   posicionando­se   perante   situações   que   possam   ser 

consideradas desafios em sua vida.

[…] com a expansão quantitativa da rede escolar, passaram a frequentar a 

escola em número significativo falantes de variedades do português muito 

distantes do modelo tradicionalmente cultivado pela escola. Passou haver 

um profundo choque entre modelos e valores escolares e a realidade dos 

falantes:   choque   entre   a   língua   da   maioria   das   crianças   (e   jovens)   e   o 

modelo artificial de língua cultuado pela educação da linguística tradicional; 

choque entre a fala do professor e a norma escolar; entre a norma escolar e 

a norma real; entre a fala do professor e a fala doa alunos (Faraco,1997,p.57)

Uma das funções da escola é, pelo ensino de Língua Portuguesa, oferecer 

ao estudante condições de dominar as estruturas (regras) da língua culta, a fim de 

que, quando for conveniente, ele tenha condições de utilizá­la de maneira adequada.

A linguagem oral apresenta variáveis que devem ser investigadas, descritas 

e apresentadas, mas sem que isso acarrete um descuido com a responsabilidade da 

escola, especialmente recaída sobre os professores de Língua Portuguesa, que é o 

de apresentar e incentivar o uso das formas padrão da língua, pois esse processo 

didático e pedagógico possibilita ao aluno a chance de conhecer e apropriar­se de 

uma variante socialmente utilizada em situações formais em qualquer região do país.

Neste sentido, a escola deve enfatizar a interação entre a individualidade e 

associabilidade, desenvolvendo valores educacionais e metodologias de ensino que 

permitam a alunos, com diferentes capacidades, aprender em conjunto, sem serem 

separados por sexo, nível social, etnia, ou deficiências. A insegurança, característica 

de todo falante que desconhece o seu público,   pode ser amenizada desde que a 

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escola   ofereça   oportunidades   de   prática   de   sua   expressão   oral   por   meio   de 

atividades orientadas pelos professores, com tranquilidade e sem medo de errar.

Considerando a sala de aula como ambiente em que é necessário manter­se 

uma postura adequada de comportamento e linguagem, é viável mostrar aos alunos 

o quanto é importante esse treinamento para que possa integrar­se a uma sociedade 

que reconhece o grau de conhecimento ou de probidade pela maneira como se diz 

algo, pela fala.

Ressalta­se,   nesse   trabalho   com     a   oralidade,   a   importância     dos 

professores,   não   só   de   Língua   Portuguesa,   como   as   demais   disciplinas,   o 

desenvolvimento de atividades variadas acerca da oralidade, pois assim , o   aluno 

adquiri  conhecimento para poder   expressar­se de maneira clara, abrangendo as 

variedades linguísticas, que atendem os diferentes meios comunicativos em nosso 

país.   Para   esse   processo   do   trabalho   com   a   oralidade   os   professores   devem 

priorizar atividades, como:

Debates:   acontecimentos   atuais,   filmes,   assuntos   polêmicos   citados   na 

mídia,etc;

Relatos:   histórias   lidas,   experiências   pessoais   e   familiares,   textos 

(informativos, científicos e literários) piadas, adivinhações, declamação de poemas e 

poesias

A partir das tarefas realizadas, os alunos  devem refletir e tomar consciência 

das   mudanças que conseguiram através desse trabalho do PDE, que trouxe aos 

mesmos uma experiência enriquecedora, permitindo que desafios fossem lançados 

para uma reflexão sobre sua língua materna e o momento de uso da mesma em seu 

cotidiano.  Há   relatos  de  alunos que passaram a  valorizar  mais  sua oralidade,  e 

refletiram que a leitura é o   instrumento que possibilita   ao aluno   uma viagem ao 

conhecimento de assuntos diversos, ampliando seu saber.

A   partir   desse   trabalho,   promovido   pelo   Programa   de   Desenvolvimento 

Educacional – PDE 2010,  a prática de Projetos de intervenção, acerca da oralidade 

serão retomados nas aulas da disciplina de  Língua Portuguesa, acompanhando as 

novas gramáticas do português falado no Brasil. Muitos Projetos e pesquisas sobre 

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essa nova maneira do brasileiro usar sua língua são divulgados veiculando um novo 

modelo de explorar as categorias gramaticais.

No   decorrer   do   GTR   (Grupo   de   Trabalho   em   Rede)   os   participantes 

contribuíram com suas reflexões e, sugestões  acerca do tema do Projeto “Da língua 

informal   à   norma   culta”.   Uma   forma   interessante   de   troca   de   experiência, 

coordenado pela Secretária de Educação do Paraná, que permite a discussão sobre 

o   tema   entre   o   professor   tutor   e   o   seu   grupo   de   trabalho.   Sendo   esse   tema, 

também   um   enfrentamento   que   os   cursista     tem   procurado   trabalhar     com 

metodologias diferenciadas, com o objetivo de amenizar a dificuldade apresentada 

pelos nossos alunos. Juntos buscamos encontrar soluções que venham a melhorar a 

oralidade do indivíduo que frequenta a escola.

Se a sociolinguística tem um papel a desempenhar na educação linguística 

dos   cidadãos   brasileiros,   esse   papel   é   de   reconhecimento   da 

heterogeneidade   intrínseca   da   sociedade   brasileira   e,   portanto,   da 

inescapável   heterogeneidade   da   nossa   realidade   linguística.   Um 

reconhecimento que não pode ficar na simples constatação,mas que tem de 

incorporar  também uma instância de crítica e questionamento das crenças 

linguísticas   estabelecidas   e,   sobretudo,   de   militância   na   reivindicação   do 

direito que tem toda e qualquer pessoa com cidadania brasileira de falar e 

escrever a(s) sua(s) língua(s) materna(s) do jeito que ela(s) existe(m) hoje, no 

século   XXI,   e   não   como   quer   uma   ideologia   linguística   autoritária   e 

excludente, imposta séculos atrás.(Bagno, 2007, p.22).

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