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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO – MESTRADO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CIÊNCIA DOS ALIMENTOS DANIELA SOUZA SOARES DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO PARA PRODUÇÃO DE IOGURTE À BASE DE SORO DE LEITE RECIFE 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO – MESTRADO

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CIÊNCIA DOS ALIMENTOS

DANIELA SOUZA SOARES

DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO PARA PRODUÇÃO DE

IOGURTE À BASE DE SORO DE LEITE

RECIFE

2008

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DANIELA SOUZA SOARES

Orientadora: Profª. Drª. Tânia Lúcia Montenegro Stamford

Co-Orientadora: Profª. Drª. Edleide Maria Freitas Pires

RECIFE

2008

DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO PARA

PRODUÇÃO DE IOGURTE À BASE DE SORO DE

LEITE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Nutrição, área Ciência dos

Alimentos, Departamento de Nutrição, Centro de

Ciências da Saúde, Universidade Federal de

Pernambuco, para obtenção do grau de Mestre.

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Soares, Daniela Souza Desenvolvimento de formulação para produção de iogurte à

base de soro de leite / Daniela Souza Soares. – Recife: O Autor, 2008.

101 folhas : il., fig., tab. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de

Pernambuco. CCS. Nutrição, 2008.

Inclui bibliografia e anexos.

1.Iogurte - Fabricação. 2. Leite – Aproveitamento do soro. I. Título.

637.146.34 CDU (2.ed.) UFPE 637.147 6 CDD (22.ed.) CCS2008-037

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“Tudo posso naquele que me fortalece.”

Filipenses 4:13

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Dedico aos meus pais, Neide e Cristóvão, e a

minha irmã Laura pelo carinho, apoio e incentivo.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por seu amor infinito, por estar sempre presente em todos os

momentos da minha vida e por me dar força para realização desta conquista.

Aos meus pais, Neide e Cristóvão, e à minha irmã Laura, minha família querida, pelo

incentivo durante todo esse período.

Agradeço também à Universidade Federal de Pernambuco, que, por meio do Programa

de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos, me concedeu a realização deste trabalho.

À Professora Dr.ª Tânia Lúcia Montenegro Stamford, por ter me acolhido como

orientada, pelo voto de confiança, pela valiosa orientação, acompanhamento e revisão

do estudo durante a realização deste trabalho.

A Professora Dr.ª Edleide Maria Freitas Pires pelo apoio e ensinamentos.

Às colegas de mestrado e doutorado, queridas amigas, Elizabeth Fai, Emmanuela Paiva,

Amanda Moraes e Teresa Mitchell, Marilene e Anamélia pelo carinho e amizade.

Às amigas: Mellina, Camilla, Celiane, Erilane e Adriana pelo incentivo e força.

À Samara Alvachian pela realização das análises estatísticas e pela paciência.

Ao Laboratório de Experimentação e Análise de Alimentos Nonete Barbosa Guerra -

LEAAL, pela realização das análises físico-químicas e microbiológicas, em especial a

Artur, Laércio e Vivaldo, pela disponibilidade.

Ao Laboratório do Deptº de Farmácia, em especial à Professora Dr.ª Elba e Professor

João Eudes, pela disponibilidade na realização das análises de viscosidade do iogurte.

À equipe de julgadores, que se dispôs a realizar as análises sensoriais.

À indústria FACO, especialmente ao Sr. Paulo pelo fornecimento do soro de leite.

À CAPES, pelo auxílio financeiro, possibilitando a dedicação ao curso.

Enfim, agradeço a todas as pessoas que me ajudaram, direta ou indiretamente e que

contribuíram para a realização deste trabalho e torceram pela minha vitória!

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LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1. Microrganismos com propriedades de probióticos. 23 Tabela 2. Composição típica do leite e do soro de leite. 33 Tabela 3. Concentração das principais proteínas do soro de leite. 34 Tabela 4. Composição do soro de leite obtido da fabricação de queijo

coalho. 67

Tabela 5. Análise microbiológica do soro de leite in natura e pasteurizado em UFC/g.

69

Tabela 6. Médias das notas obtidas na análise sensorial realizada em iogurtes com soro submetido ao tratamento 1 (65ºC/30min) com concentrações de 6, 8, 10 e 12% de leite em pó.

72

Tabela 7. Médias das notas obtidas na análise sensorial realizada em iogurtes com soro submetido ao tratamento 2 (90ºC/5min) com concentrações de 8 e 10% de leite em pó.

73

Tabela 8. Análise microbiológica de iogurte produzido com 8 e 10% de leite em pó submetido ao tratamento 2 (90ºC/5min) após o preparo e durante 28 dias de armazenamento em UFC/g.

80

Tabela 9. Composição centesimal do iogurte com diferentes concentrações de leite em pó.

83

Tabela 10. Análise estatística da avaliação microbiológica do soro de leite in natura e pasteurizado em UFC/g.

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LISTA DE FIGURAS

Página Figura 1. Rota glicolítica homofermentativa. 21 Figura 2. Rota glicolítica heterofermentativa. 22 Figura 3. Diagrama geral do aproveitamento do soro - fabrico de ingredientes

protéicos. 39

Figura 4. Fluxograma do preparo do iogurte 63 Figura 5. Resultado da variação de pH e acidez dos iogurtes preparados com 8

e 10% de leite em pó com soro submetido ao tratamento 2 (90º/5min) durante 28 dias de armazenamento.

74

Figura 6. Representação da viscosidade do iogurte preparado com 8% de leite em relação à velocidade.

76

Figura 7. Representação da viscosidade do iogurte preparado com 10% de leite em relação à velocidade.

77

Figura 8. Representação da viscosidade do iogurte comercial em relação à velocidade.

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LISTA DE SIGLAS

DBO Demanda biológica de oxigênio PS Permease PEP/PTS Fosfoenol piruvato fosfotransferase LDH Lactato desidrogenase NADH Nicotinamida adenina dinucleotídeoNK Natural killer UFC Umidade formadora de colônia Igs Imunoglobulinas CPS Concentrado de proteínas de soro WPC Whey protein concentrate IPS Isolados de proteínas de soro WPI Whey protein isolate OR Osmose reversa UF Ultrafiltração MF Microfiltração DF Diafiltração IDR Ingestão diária recomendada

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RESUMO

Estudos recentes apresentam relação entre dieta e saúde, mostrando crescente interesse das pessoas em consumir alimentos mais saudáveis e a busca por melhor qualidade de vida e prevenção de doenças. O objetivo deste trabalho foi desenvolver formulação para produção de iogurte com aproveitamento do soro de leite resultante da fabricação de queijo coalho, avaliando a aceitabilidade, características físico-químicas e microbiológicas e a presença de bactérias lácticas durante a validade do produto. O soro de leite foi submetido à pasteurização utilizando-se dois tratamentos térmicos (65 ºC/30 min e 90 ºC/5 min). Foram desenvolvidas formulações com diferentes concentrações (6, 8, 10 e 12 %) de leite em pó. O iogurte com soro de leite pasteurizado a 90 ºC/5 min com concentrações de 8 e 10 % obtiveram as melhores notas na análise sensorial. Os produtos foram caracterizados como integral, atende a exigência mínima de proteínas lácteas e fornece mais de 15 % da IDR de cálcio para crianças. O pH decresceu de 4,6 para 4,2 e a acidez aumentou de 0,7 a 1,0% de ácido lático durante 28 dias. Não houve contaminação com Staphylococcus aureus, coliformes e fungos, indicando a qualidade microbiológica do iogurte. A contagem de bactérias lácticas variou de 4,0 x 107 a 5,6 x109 UFC/g durante o prazo de validade. Conclui-se que o iogurte de soro de leite agregou valor econômico, nutricional e funcional, além de minimizar o impacto ambiental.

Palavras chave: resíduo industrial, leite fermentado, impacto ambiental.

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ABSTRACT

Recent studies show relationship between diet and health, with growing interest of people of consume healthier foods and search for better quality of life and disease prevention. The objective of this work was to develop formulations for the production of yogurt using the milk whey resulting from the manufacture of cheese “coalho”, to evaluate the acceptability, physico-chemical and microbiological and the presence of lactic acid bacteria during the lifetime of the product. The milk whey was submitted to pasteurization at two heat treatments (65 ° C/30 min and 90 ° C / 5 min). Formulations have been developed with different concentrations (6, 8, 10 and 12%) of milk powder. The yoghurt from milk whey pasteurized to 90 ° C / 5 min with concentrations of 8 and 10% achieved the best grades in sensory analysis. The products were characterized as integral, attending the minimum requirement of milk proteins and provide more than 15% of the RDA of calcium for children. The decreased pH of 4.6 to 4.2 and acidity increased from 0.7 to 1.0% of lactic acid for 28 days. There was no contamination with Staphylococcus aureus, coliforms and fungi, indicating the microbiological quality of the yogurt. Analyses of lactic acid bacteria ranged from 4.0 x 107 to 5.6 x109 CFU / g for validity time. It is concluded that the yogurt from milk whey added economic, nutritional and functional values, and minimize the environmental impact. Key words: industrial residue, fermented milk, environmental impact.

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SUMÁRIO

Página 1. INTRODUÇÃO 14 2. REVISÃO DE LITERATURA 17

2.1. Produtos lácteos fermentados 17 2.1.1. Histórico 17 2.2. Bactérias ácido-láticas 19 2.3. Mecanismos de ação 24 2.4. Iogurte 27

2.4.1. Mercado nacional 27 2.4.2. Caracterização e tipos de iogurte 28 2.4.3. Benefícios do iogurte 29

2.5. Benefícios atribuídos aos microrganismos probióticos 30 2.6. Soro de leite 33

2.6.1. Caracterização do soro de leite 33 2.6.2. Avanços tecnológicos 36 2.6.3. Emprego industrial 39 2.6.4. Benefícios do soro de leite à saúde 41

3. OBJETIVOS 43 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44 5. ARTIGO 58

5.1. Resumo 58 5.2. Abstract 59 5.3. Introdução 60 5.4. Material e Métodos 62

5.4.1. Preparo do iogurte 62 5.4.2. Determinação do tempo de fermentação 63 5.4.3. Análise da viscosidade 63 5.4.4. Análises físico-químicas 64 5.4.5. Análises microbiológicas 64 5.4.6. Avaliação da viabilidade celular 65 5.4.7. Avaliação da vida-de-prateleira do iogurte 65 5.4.8. Análise sensorial 65 5.4.9. Análise estatística 66

5.5. Resultados e Discussão 67 5.5.1. Caracterização do soro de leite 67 5.5.2. Avaliação microbiológica do soro de leite 67 5.5.3. Análise sensorial 71 5.5.4. Tempo de fermentação, pH e acidez 73 5.5.5. Viscosidade 75 5.5.6. Análises microbiológicas do iogurte 78 5.5.7. Caracterização físico-química do iogurte 82

5.6. Conclusão 86 5.7. Referências Bibliográficas 87

6. CONCLUSÃO 98 7. ANEXOS 99

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1. INTRODUÇÃO

Com o aumento na expectativa de vida da população, aliado ao crescimento

dos custos médico-hospitalares e ao culto à saúde e à boa forma, a sociedade busca

vencer novos desafios. Atualmente, isto está acontecendo devido ao

desenvolvimento de novos conhecimentos científicos e de novas tecnologias que

resultem em modificações importantes no estilo de vida das pessoas. Aliado a estes

fatores, as indústrias estão investindo em novos segmentos de alimentos e bebidas

com baixas calorias, sem colesterol e com outros atributos benéficos ao organismo

humano.

A nutrição necessita se adaptar a esses novos desafios, através do

desenvolvimento de novos conceitos. A nutrição otimizada está direcionada à

maximização das funções fisiológicas de cada indivíduo, de maneira a assegurar

tanto o bem-estar quanto a saúde, como também o risco mínimo de

desenvolvimento de doenças ao longo da vida. Dentre estes aspectos, destacam-se

os alimentos funcionais, especialmente os probióticos que têm merecido bastante

atenção (SAAD, 2006). Os alimentos probióticos são definidos como alimentos que

contêm microrganismos capazes de melhorar o equilíbrio microbiano intestinal

produzindo efeitos benéficos à saúde do indivíduo (BRASIL, 2002). Os alimentos

funcionais são aqueles que, além de fornecerem a nutrição básica, promovem a

saúde e deve ser salientado que esse efeito restringe-se à promoção da saúde e não à

cura de doenças (SANDERS, 1998).

Dentro desta nova linha de produtos, os leites fermentados conseguiram

consumidores fiéis, principalmente no público infantil e, mais recentemente,

também em versões indicadas para adultos (PARRA, 1999). Leites fermentados

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resultam do desenvolvimento de determinados microrganismos que modificam os

componentes do leite (VEISSYRE, 1988). A fermentação do leite resulta em vários

tipos de produtos, todos com vida de prateleira mais extensa do que o leite fresco.

Além de aumentar a vida de prateleira do leite in natura, o processo fermentativo

torna o produto mais seguro e nutritivo. Os principais produtos fermentados de leite

são: kefir, leite acidófilo e iogurte, sendo este o mais popular (RAPACCI, 1999).

Estes alimentos à base de leite que carregam uma diversidade de apelos voltados à

saúde aparecem no mercado, tendo alguns deles propriedades terapêuticas, isto é,

atividade antimicrobiana sobre a microbiota intestinal, atividade hipocolesterâmica

e anticarcinogênica, aumento da digestibilidade e manutenção do balanço

gastrintestinal (MADUREIRA, et al., 2005).

O iogurte é definido como produto resultante da fermentação do leite

pasteurizado ou esterilizado, cuja fermentação se realiza com cultivos

protosimbióticos de Streptococcus salivarius subsp. thermophilus e Lactobacillus

delbrueckii subsp. bulgaricus aos quais podem-se acompanhar, de forma

complementar, outras bactérias ácido-lácticas que, por sua atividade contribuem

para a determinação das características do produto final. Deve conter no mínimo

2,9g/100g de proteínas lácteas e de 0,6 a 1,5g/100g de ácido láctico (BRASIL,

2000).

Nos últimos 20 anos, a fabricação de iogurte no Brasil cresceu de maneira

considerável, com registro em 2004 de uma produção média de 400 mil toneladas

por ano, o que representa 76% do total de produtos lácteos. Se forem considerados

os micro-fabricantes regionais, a produção passa de 500 mil toneladas por ano, uma

vez que no Brasil há mais de 200 fabricantes com esse perfil (BOLINI, 2004).

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Sabe-se que o número de novos produtos lácteos está crescendo no mundo a

uma taxa superior em relação a qualquer outra categoria de alimentos (VAN

DENDER, 2006). Dentre estes produtos emergentes, merece destaque os que

contêm o soro de leite que é um subproduto resultante da fabricação de queijos, por

coagulação da caseína, obtido por adição de ácido ou de enzima (soro doce), sendo

a proporção soro/queijo de 9:1. O soro possui alto valor nutricional, conferido pela

presença de proteínas com elevado teor de aminoácidos essenciais e de minerais

(DE WIT, 1998).

Apesar do soro do leite ser um produto rico em nutrientes, infelizmente na

produção de alguns laticínios ele é descartado, com conseqüências para a poluição

do ambiente e pode provocar a destruição da flora e da fauna devido à sua alta

demanda biológica de oxigênio (DBO) que é de cerca de 30.000 a 50.000mg de

oxigênio por litro de soro, aproximadamente 100 vezes maior do que o de um

esgoto doméstico (RICHARDS, 2002).

Em 2005, o Brasil produziu 480.000 toneladas de queijo, consequentemente

4,32 milhões de toneladas de soro (BRASIL, 2007). Devido à elevada produção de

soro de leite, seu descarte representa um sério problema ambiental. Visando o

aproveitamento de resíduos industriais e diminuição nos custos de produção, o soro

de leite, resultante da fabricação de queijos e manteiga, vem sendo estudado como

ingrediente na fabricação de outros produtos (NITSCHKE, 2001). Com base nestes

dados, este trabalho teve como objetivo desenvolver formulação para produção de

iogurte à base de soro de leite.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Produtos lácteos fermentados

2.1.1. Histórico

A fermentação é um dos meios mais antigos de preservação de alimentos. A

origem dos leites fermentados remonta à Antiguidade, mas não é difícil de imaginar

como as tribos nômades aprenderam a arte de conservar o leite que produziam

mediante o armazenamento em odres e recipientes de cerâmica ou de peles de

animais, onde o leite fermentava graças à microbiota láctica que chegava a ele

acidentalmente após a ordenha. Logo observaram que o leite transformava-se em

um produto apetecível cuja vida útil era mais prolongada do que a da matéria-prima

(ORDÓÑEZ, 2005). Além do leite, é sabido que as primeiras civilizações do

Oriente Médio alimentavam-se também de carnes e vegetais fermentados.

O microbiologista russo Eli Metchnikoff em 1910 propôs que as bactérias

ácido-lácticas poderiam ser usadas para beneficiar a saúde humana, tópico esse que

ressurgiu recentemente como uma área conhecida por probióticos (FORSYTHE,

2002).

O termo probióticos teve diferentes acepções, em 1989 Fuller considerou

que os probióticos são suplementos alimentares que contêm bactérias vivas que

produzem efeitos benéficos no hospedeiro, favorecendo o equilíbrio de sua

microbiota intestinal. Schrezenmeir & De Vrese (2001) propuseram que o termo

probiótico deveria ser usado para designar preparações ou produtos que contêm

microrganismos viáveis definidos e em proporções adequadas, que alteram a

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microbiota própria das mucosas por implantação ou colonização de um sistema do

hospedeiro, e que produzem efeitos benéficos em sua saúde.

O iogurte destaca-se dentro desta classe de alimentos probióticos. Os

primeiros iogurtes comercializados foram produzidos na França e na Espanha em

1920, e nos Estados Unidos, em 1940, mas somente a partir de 1960 é que houve

um aumento do consumo deste produto, devido a melhorias nas técnicas de

processamento, reconhecimento da qualidade nutritiva e da função terapêutica. No

Brasil, o iogurte foi introduzido nos anos 30, com a imigração européia (TAMINE

& ROBINSON, 1985). É um alimento preparado por quase todos os povos da

Europa oriental (Turquia, Bulgária, Sérvia, Grécia, România) e Arábia, onde

constitui um produto corrente e popular desde épocas remotas, como leite de grande

digestibilidade. No Brasil, o iogurte é um dos produtos fermentados mais

consumidos por apresentar um ótimo paladar e um aroma peculiar e agradável

(BISCAIA, 2004).

A fermentação do leite para a fabricação de iogurte pode ser definida como

o processo metabólico no qual mudanças químicas são desenvolvidas nos

componentes orgânicos do leite, ou seja, proteína, carboidrato e gordura, através da

ação de enzimas elaboradas por microrganismos específicos. Na fermentação do

iogurte, a seleção da cultura ativa é essencial para o processamento correto e para a

qualidade do produto. A partir desse ponto de vista novas linhagens têm sido

selecionadas: Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus delbrueckii subsp.

bulgaricus, Lactobacillus casei, Bifidobacterium longum, Bifidobacterium bifidum,

Bifidobacterium infantis, Bifidobacterium adolescenti (DELLAGLIO et al., 1992).

O iogurte é produzido por uma associação de microrganismos, que vivem

em simbiose, formada por Streptococcus thermophillus e Lactobacillus bulgaricus

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(na proporção de 1:1), cujo pH e temperatura ótimos para o desenvolvimento são

6,8 e 38ºC e próximo de 6,0 e 43ºC, respectivamente. As culturas de Streptococcus

thermophillus alcançam 90º Dornic de acidez, enquanto que as culturas de

Lactobacillus bulgaricus, chegam a 140º Dornic (BISCAIA, 2004).

S. thermophillus e L. bulgaricus exibem uma relação de protocooperação

durante a produção da bebida, já que não existe dependência pela sobrevivência.

Essas bactérias produzem mais ácidos na forma de cultura mista do que como

culturas isoladas (THAMER, 2005). Lactobacillus libera aminoácidos e peptídeos

da proteína do leite que estimulam o crescimento de Streptococcus. O

desenvolvimento do Lactobacillus é estimulado pelo ácido fórmico e láctico

liberados durante o crescimento do Streptococcus que reduz o pH do meio para um

nível ótimo de crescimento do Lactobacillus (OLIVEIRA, 2003).

2.2. Bactérias ácido-lácticas

As bactérias ácido-lácticas apresentam a característica de produzir ácido

láctico a partir de hexoses. Elas estão divididas em dois grupos, com base nos

produtos finais do metabolismo da glicose. Aquelas que produzem ácido láctico

como único ou principal produto da fermentação da glicose são denominadas

homofermentativas. As bactérias que produzem a mesma quantidade molar de ácido

láctico, dióxido de carbono e etanol a partir de hexoses são chamadas

heterofermentativas. Estas são mais importantes do que as homolácticas na

produção de componentes de aroma e sabor, tais como acetaldeído e o diacetil

(JAY, 2005).

As bactérias lácticas transportam a lactose a seu interior por dois

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mecanismos: transporte ativo auxiliada por uma permease (PS), utilizada por

Lactobacillus spp e Streptococcus thermophilus, ou pelo sistema fosfoenol piruvato

fosfotransferase (PEP/PTS). No sistema PS, a lactose ingressa no interior da célula

sem se modificar, enquanto no sistema PEP/PTS entra fosforilada. A lactose no

interior da célula é clivada pela enzima P-β-galactosidase no sistema PEP/PTS ou

pela β −galactosidase no PS, produzindo galactosidase-P e glicose ou galactose e

glicose, cujo metabolismo é homofermentativo (Figura 1). Nas bactérias lácticas

homofermentativas, o metabólito final majoritário (em torno de 98% da lactose

utilizada) é o ácido láctico (quatro moléculas para cada uma de lactose). No entanto,

o metabolismo do piruvato pode desviar-se em certas ocasiões, produzindo ao invés

de lactato outros produtos. Isto ocorre quando há uma deficiência da lactato

desidrogenase (LDH) ou de NADH, ou ainda inibição desta enzima por ácidos

graxos presentes no meio, o que ocasiona o desvio do metabolismo do piruvato para

produzir ácido fórmico, ácido acético e etanol pela via das trioses fosfato sob ação

da enzima piruvato formiato liase (ORDÓÑEZ, 2005). Ver figura abaixo.

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Figura 1. Rota glicolítica homofermentativa. Fonte: ORDÓÑEZ, 2005.

As bactérias heterofermentativas metabolizam a glicose pela via

fosfocetolase, chamada também de fosfatos de pentoses (Figura 2). A partir de uma

molécula de lactose, estas bactérias produzem duas moléculas de ácido láctico,

ácido acético, etanol e dióxido de carbono (ORDÓÑEZ, 2005).

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Figura 2. Rota glicolítica heterofermentativa Fonte: ORDÓÑEZ, 2005.

Vários microrganismos são usados como probióticos, entre eles bactérias

ácido-lácticas, bactérias não ácido-lácticas e leveduras (Tabela 1). Além das

propriedades mencionadas, os probióticos devem ser inócuos, manter-se viáveis por

longo tempo durante a estocagem e transporte, tolerar o baixo pH do suco gástrico e

resistir à ação da bile e das secreções pancreática e intestinal, não transportar genes

transmissores de resistência a antibióticos e possuir propriedades anti-mutagênicas e

anticarcinogênicas, assim como resistir a fagos e ao oxigênio (COPPOLA e GIL-

TURNES, 2004).

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Tabela 1. Microrganismos com propriedades de probióticos.

Lactobacillus BifidobacteriumOutras bactérias

ácido-lácticas

Bactérias não

ácido-lácticas

L. acidophilus

L. amylovorus

L. casei

L. crispatus

L. delbrueekii

subsp. bulgaricus

L. gallinarum

L. gasseri

L. johnssonii

L. paracasei

L. plantarum

L. reuteri

L. rhamnosus

B. adolescentis

B. animalis

B. bifidum

B. breve

B. infantis

B. lactis

B. longum

Enterococcus

faecalis

Enterococcus

faecium

Lactococcus lactis

Leuconstoc

mesenteroides

Pediococcus

acidilactiei

Sporolactobacillus

inulinus

Streptococcus

thermophilus

Bacillus cereus var.

toyol

Escherichia coli

cepa nissle

Propionibacterium

freudenreichii

Saccharomyces

cerevisiae

Saccharomyces

boulardii

Fonte: HOLZAPFEL et al (2001).

O gênero Lactobacillus integra o mundo dos agentes probióticos. Foi

isolado pela primeira vez por Moro em 1900, a partir das fezes de lactentes. Este

investigador atribuiu-lhes o nome de Bacillus acidophilus, designação genérica dos

lactobacilos intestinais. Estes microrganismos são geralmente caracterizados como

Gram positivos, incapazes de formar esporos, desprovidos de flagelos, com forma

bacilar ou cocobacilar, e aerotolerantes ou anaeróbios. O gênero compreende 56

espécies oficialmente reconhecidas; as mais utilizadas para fins de aditivo dietético

são L. acidophilus, L. rhamnosus e L. casei. ou L. acidophilus (BISCAIA, 2004).

Pertencente ao gênero Lactobacillus, família Lactobacillaceae, estes

microrganismos são bacilos geralmente largos e finos, que formam cadeias na

maioria de suas espécies. Este gênero fermenta os açúcares produzindo ácido

láctico com principal produto. Se forem homofermentativos, fermentam o açúcar

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formando principalmente ácido láctico e insignificantes quantidades de ácido

acético, dióxido de carbono e outros produtos; se forem heterofermentativos,

produzem ácido láctico, e uma importante quantidade de compostos voláteis, entre

eles se encontram o álcool. O Lactobacillus bulgaricus e Lactobacillus acidophillus

estão entre os lactobacilos homofermentativos (JAY, 2005).

O Gênero Streptococcus compreende cocos que ocorrem isolados, aos pares

ou em cadeia, em cachos de uva ou em pacotes. São Gram positivos e incapazes de

formar esporos, anaeróbios facultativos, catalase negativo e homofermentativos. A

temperatura ótima para este microrganismo situa-se entre 40 e 45ºC e o pH ótimo

entre 6,0 e 7,0 (PELCZAR, 1996).

A fermentação láctica promove incremento de 50% nos teores de vitamina

B6 e B12, aumento de vitamina C, ácido fólico e de colina; em relação a outras

vitaminas as mudanças são mais amenas. O aumento da digestibilidade das

proteínas e gorduras e a melhor utilização de alguns cátions no metabolismo

humano, são algumas das explicações do grande valor dos alimentos lácticos

fermentados na nutrição humana (DEMIATE et al., 1994).

2.3. Mecanismos de ação

Três possíveis mecanismos de atuação são atribuídos aos probióticos, sendo

o primeiro deles a supressão do número de células viáveis através da produção de

compostos com atividade antimicrobiana, das competições por nutrientes e por

sítios de adesão. O segundo desses mecanismos seria a alteração do metabolismo

microbiano, através do aumento ou da diminuição da atividade enzimática. O

terceiro seria o estímulo da imunidade do hospedeiro, através do aumento dos níveis

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de anticorpos e o aumento da atividade dos macrófagos . O espectro de atividade

dos probióticos pode ser dividido em efeitos nutricionais, fisiológicos e

antimicrobianos (FULLER, 1989).

No primeiro mecanismo, a resistência aumentada contra patógenos é a

característica mais promissora no desenvolvimento de probióticos eficazes. O

emprego de culturas probióticas exclui microrganismos potencialmente patogênicos

e reforça os mecanismos naturais de defesa do organismo. A modulação da

microbiota intestinal pelos microrganismos probióticos ocorre através de um

mecanismo denominado "exclusão competitiva". Esse mecanismo impede a

colonização dessa mucosa por microrganismos patogênicos, através da competição

por sítios de adesão, da competição por nutrientes e/ou da produção de compostos

antimicrobianos (GUARNER & MALAGELADA, 2003).

Os probióticos auxiliam a recomposição da microbiota intestinal, através da

adesão e colonização da mucosa intestinal, ação esta que impede a adesão e

subseqüente produção de toxinas ou invasão das células epiteliais (dependendo do

mecanismo de patogenicidade) por bactérias patogênicas. Adicionalmente, os

probióticos competem com bactérias indesejáveis, pelos nutrientes disponíveis no

nicho ecológico. O hospedeiro fornece quantidades de nutrientes que às bactérias

intestinais necessitam e estas indicam ativamente as suas necessidades. Essa relação

simbiótica impede uma produção excessiva de nutrientes, a qual favoreceria o

estabelecimento de competidores microbianos com potencial patogênico ao

hospedeiro (GUARNER & MALAGELADA, 2003). Além disso, os probióticos

podem impedir a multiplicação de seus competidores, através de compostos

antimicrobianos, tais como as bacteriocinas, o peróxido de hidrogênio, os ácidos

orgânicos voláteis, como o acético, láctico, benzóico e sórbico (COPPOLA e GIL-

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TURNES, 2004).

No segundo mecanismo, a alteração do metabolismo microbiano pelos

probióticos ocorre por meio do aumento ou diminuição da atividade enzimática.

Uma função vital das bactérias láticas na microbiota intestinal é produzir a enzima

β-D-galactosidade, auxiliando a quebra da lactose no intestino. Essa ação é

fundamental, particularmente no caso de indivíduos com intolerância à lactose, os

quais são incapazes de digeri-la adequadamente, o que resulta em desconforto

abdominal em grau variável. Diversas evidências têm demonstrado que o consumo

de quantidades adequadas, de cepas apropriadas de bactérias láticas é capaz de

aliviar os sintomas de intolerância à lactose. Desta maneira, consegue-se incorporar

produtos lácteos e os nutrientes importantes que fazem parte desses produtos de

volta à dieta de indivíduos intolerantes à lactose, anteriormente obrigados a

restringir a ingestão desses produtos (LOURENS-HATTINGH & VILJOEN, 2001).

O último mecanismo proposto refere-se ao efeito dos probióticos sobre a

resposta imune. Grande parte das evidências de sistemas in vitro e de modelos

animais e humanos sugere que os probióticos podem estimular tanto a resposta

imune não-específica quanto específica. Acredita-se que esses efeitos sejam

mediados por uma ativação dos macrófagos, por um aumento nos níveis de

citocinas, por um aumento da atividade das células destruidoras naturais (NK -

"natural killer") e/ou dos níveis de imunoglobulinas. Merece destaque o fato de que

esses efeitos positivos dos probióticos sobre o sistema imunológico ocorrem sem o

desencadeamento de uma resposta inflamatória prejudicial. Entretanto, nem todas as

cepas de bactérias láticas são igualmente efetivas. A resposta imune pode ser

aumentada, quando um ou mais probióticos são consumidos concomitantemente e

atuam sinergisticamente, como parece ser o caso de Lactobacillus administrados em

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conjunto com Bifidobacterium (VAN DE WATER, 2003).

2.4. Iogurte

2.4.1. Mercado nacional

Em 2004 a produção nacional de iogurte foi em média de 400 mil toneladas,

este fato transforma o Brasil no sexto maior mercado alimentício deste produto,

movimentando cerca de R$ 1,3 bilhão ao ano. Apesar da explosão das vendas, o

consumo per capita de iogurte no Brasil, que é de 3 kg por ano, apresenta-se

pequeno quando comparado a países como a França, Uruguai e Argentina, onde o

consumo per capita do produto é de 7 kg a 19 kg/ano. Um incremento do consumo

deste produto pode ser promovido com o emprego de técnicas sensoriais que

ajustem as características fundamentais deste alimento, de forma que atenda às

expectativas do consumidor (BOLINI, 2004).

A produção de iogurte e outros tipos de leites fermentados é um mercado

que cresce a taxas substancialmente elevadas mundialmente, com destaque para o

mercado brasileiro que assiste a uma explosão de consumo, notadamente após o

advento do plano real. Além do consumo dos produtos existentes, como iogurtes

tradicionais, iogurtes com frutas e iogurtes líquidos, o mercado tende a segmentar-

se no sentido de manter a curva de consumo ascendente, uma vez que os

consumidores desejam cada vez mais produtos diversificados (OLIVEIRA, 1997).

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2.4.2. Caracterização e tipos de iogurte

O iogurte consiste em um gel firme e fino, resultante da fermentação da

lactose em ácido láctico, o que ocasiona queda do pH e causa progressiva

solubilização do fosfato-citrato de cálcio e agregação da caseína (POMBO et al,

1983).

A composição do iogurte é similar a do leite, embora durante sua fabricação,

os constituintes do leite sofram uma série de alterações, principalmente as proteínas,

gorduras, lactose e vitaminas. Além da adição dos ingredientes e aditivos (DEETH

& TAMINE, 1981).

Quanto às proteínas, o teor de aminoácidos livres e peptídeos aumenta

quando comparados aos teores presentes no leite. A gordura do leite é quebrada

através das lípases produzidas pelas bactérias lácticas, liberando ácidos graxos e

glicerol, podendo ser degradados em outros compostos (SALADO & ANDRADE,

1989).

Brandão (1995) relatou que a digestibilidade das proteínas do iogurte é

aumentada devido a diversos fatores como: o tratamento térmico mais intenso; alta

acidez e conseqüente maior coagulação das proteínas; secreção de enzimas

digestivas das glândulas salivares, estimulada pelas partículas de proteínas

coaguladas; homogeneização; aumento do teor de peptídeos e aminoácidos livres.

O iogurte é considerado um alimento saboroso e saudável com alto teor de

proteínas e fonte apropriada de minerais como cálcio, fósforo, zinco e magnésio.

Entre os minerais destaca-se o cálcio, uma vez que os produtos lácteos,

principalmente o iogurte, são melhores fontes que outros alimentos (GARCIA-

MARTÍNEZ et al, 1998; ROJAS et al, 1993; KARAGUL-YUCEER et al, 1999).

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No mercado existem vários tipos de iogurte, que variam quanto à

composição, valor calórico, sabor, consistência. Segundo a resolução nº 5, a

composição química é baseada no teor de gordura (BRASIL, 2000). Tamine &

Deeth (1980) o classificam quanto à consistência do produto: iogurte sólido ou

firme, quando a fermentação ocorre dentro da embalagem de venda e possui um

coágulo contínuo semi-sólido; iogurte homogêneo ou batido, cuja massa é quebrada

após o resfriamento e embalado em seguida, sua estrutura é em gel; iogurte

homogêneo de baixa viscosidade ou líquido obtido através da mistura do iogurte

homogêneo com outra mistura de poucos sólidos totais, a separação entre as fases

que pode ser visualizada devido à adição de água durante o preparo.

Em relação à matéria gorda láctea, o iogurte pode ser classificado: com

creme (mínimo 6,0g/100g), integral (3,0 a 3,9g/100g), parcialmente desnatado (0,6

a 2,9g/100g) e desnatado (máximo 0,5g/100g). Quanto à acidez, o iogurte deve

conter de 0,6 a 1,5g de ácido láctico/100g (BRASIL, 2000).

Quanto ao aroma, o iogurte pode ser classificado em: natural, que é o

tradicional com sabor ácido acentuado; com frutas, que é acrescido de frutas

(naturais, congeladas, purês, polpas, geléias); aromatizado, adicionado de açúcar ou

adoçante, saborizantes e corantes (SALADO & ANDRADE, 1989).

2.4.3. Benefícios do iogurte

Na infância é, provavelmente, o período da vida em que a demanda

nutricional é maior, porque ocorre um rápido crescimento, havendo necessidade de

maior quantidade de minerais. Nesta fase, é importante uma ingestão suficiente de

minerais, caso contrário podem surgir carências nutricionais e um desenvolvimento

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anormal da criança. Cálcio e fósforo são essenciais para uma boa mineralização dos

ossos e dentes e a deficiência desses minerais pode levar ao raquitismo.

Recomenda-se o consumo de iogurte também para gestantes, lactantes e para idosos

que necessitam de reposição de cálcio (TAMINE & DEETH, 1980). O consumo de

quantidades adequadas de cálcio é fundamental para obtenção de uma boa massa

óssea durante as duas primeiras décadas de vida, auxiliando na prevenção da

osteoporose em adultos (DUTRA, 1998; MATCKOVIC, 1990; MATCKOVIC,

1992). Estudos indicam que um aumento no consumo de cálcio, produz diminuição

na incidência de câncer de colo de útero (HOLT, 1999).

Guarner (2005) propôs que preparações de iogurte contendo Streptococcus

thermophilus e Latobacillus delbrueckii podem ser considerados produtos

probióticos porque conferem benefícios à saúde.

2.5. Benefícios atribuídos aos microrganismos probióticos

Estudos recentes vêm apresentando uma relação entre dieta e saúde,

somados ao crescente interesse de alguns indivíduos em consumir alimentos mais

saudáveis, levando a indústria alimentícia a buscar alternativas, com o

desenvolvimento de novos produtos cujas funções pretendem ir além do

fornecimento de nutrientes básicos e características sensoriais. Estes produtos

denominados Alimentos Funcionais, têm como principal função a redução do risco

de doenças crônico-degenerativas, representando um novo segmento no mercado de

alimentos (BEHRENS et al, 2004).

Os benefícios à saúde atribuídos à ingestão de culturas probióticas que mais

se destacam são: controle da microbiota intestinal; estabilização da microbiota

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intestinal após o uso de antibióticos; promoção da resistência gastrintestinal à

colonização por patógenos; diminuição da população de patógenos através da

produção de ácidos acético e lático, de bacteriocinas e de outros compostos

antimicrobianos; promoção da digestão da lactose em indivíduos intolerantes à

lactose; estimulação do sistema imune; alívio da constipação; aumento da absorção

de minerais e produção de vitaminas, como as do complexo B. Embora ainda não

comprovados, outros efeitos atribuídos a essas culturas são a diminuição do risco de

câncer de cólon e de doença cardiovascular. Sugere-se, também, a diminuição das

concentrações plasmáticas de colesterol, efeitos anti-hipertensivos, redução da

atividade ulcerativa de Helicobacter pylori, controle da colite induzida por rotavirus

e por Clostridium difficile, prevenção de infecções urogenitais, além de efeitos

inibitórios sobre a mutagenicidade e atuação na modulação de reações alérgicas

(TUOHY, 2003).

A hidrólise enzimática bacteriana pode aumentar a biodisponibilidade de

proteínas e de gordura e aumentar a liberação de aminoácidos livres. Além do ácido

lático, os ácidos graxos de cadeia curta, como propiônico e butírico, também são

produzidos pelas bactérias láticas. Quando absorvidos, esses ácidos graxos

contribuem para o pool de energia disponível ao hospedeiro e podem proteger

contra mudanças patológicas na mucosa do cólon. Além disso, uma concentração

mais elevada de ácidos graxos de cadeia curta auxilia na manutenção de um pH

apropriado no lúmen do cólon, crucial para a expressão de muitas enzimas

bacterianas sobre compostos estranhos e sobre o metabolismo de carcinógenos no

intestino (KOPP-HOOLIHAN, 2001). Assim, a produção de ácido butírico por

algumas bactérias probióticas neutraliza a atividade de alguns carcinógenos da

dieta, como as nitrosaminas, resultantes da atividade metabólica de bactérias

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comensais em indivíduos que consomem dietas com alto teor de proteínas

(WOLLOWSKI, RECHKEMMER & POOL-ZOBEL, 2001). A atuação dos

probióticos na redução do risco de aparecimento de câncer é, possivelmente,

realizada através da neutralização dos efeitos genotóxicos e mutagênicos.

Entretanto, embora a pesquisa voltada à prevenção do câncer seja muito promissora,

os resultados são, ainda, muito preliminares para se desenvolver recomendações dos

probióticos nesse sentido. É possível que diferentes cepas utilizem diferentes

mecanismos de ação. Assim, é necessário que mais pesquisas sejam realizadas para

identificar cepas específicas com características responsáveis por efeitos anti-tumor

específicos e os mecanismos através dos quais esses efeitos são mediados (KOPP-

HOOLIHAN, 2001).

O epitélio intestinal desempenha um papel de fronteira e barreira

imunológica, estabelecendo a interface entre o conteúdo luminal e as células

imunológicas subepiteliais. Qualquer perturbação a esta barreira, desencadeada por

antígenos dietéticos, microrganismos patogênicos, agentes químicos ou radiações,

conduz a um aumento da permeabilidade intestinal e alterações estruturais no

epitélio, as quais podem ocasionar aumento do fluxo de antígenos e provocar

diversos tipos de inflamação. O uso eficaz de agentes probióticos nestas situações é

justificado, não só no tratamento, mas também na prevenção de tais alterações

(GOMES, 1999).

Para garantir um efeito contínuo, os probióticos devem ser ingeridos

diariamente. Alterações favoráveis na composição da microbiota intestinal foram

observadas com doses de 100g de produto contendo de 107 a 109 UFC/g de

microrganismos. Assim, para terem importância fisiológica, os probióticos devem

alcançar populações acima de 107 UFC/g do produto (CHARTERIS et al, 1998).

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2.6. Soro de leite

2.6.1. Caracterização do soro de leite

O leite é considerado um dos alimentos mais completos, sob o ponto de vista

nutritivo, propiciando inúmeras alternativas de industrialização e transformação em

produtos derivados. Sua composição é variável, apresentando influência da espécie,

da raça, idade e fase de lactação (TRONCO, 1997).

As proteínas do leite podem ser divididas em dois grandes grupos: as

caseínas que representam aproximadamente 80%, insolúveis em pH 4,6 em uma

temperatura de 20ºC, e as proteínas do soro (MAUBOIS, 1997). O soro contém

aproximadamente 20% das proteínas solúveis do leite, quase todo o açúcar do leite

(lactose) e cerca de 50% de todos os nutrientes consumidos normalmente no leite

(ANTUNES, 2003). Entre os minerais encontrados no soro (100mL de leite), estão:

37 mg de Ca; 7,5 mg de Mg; 134 mg de K; 46 mg de Na; 106 mg de Cl; 108 mg de

fosfatos; 10 mg de sulfatos e 10 mg de bicarbonatos (ORDÓÑEZ, 2005). A

composição do leite e do soro está na tabela 2.

Tabela 2. Composição do leite e do soro de leite.

Constituintes Leite (g/100g)Soro

(g/100g de leite)

Sólidos totais 12,8 6,2 – 7,3

Gordura 3,7 0,05 – 0,63

Lactose 4,9 4,5 – 5,3

Cinzas 0,7 0,37 – 0,95

Proteína 3,6 0,65 – 1,05

Fonte: SMITHERS et al, 1996; TECNINVEST, 2000.

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A natureza do soro depende do tipo de processo pelo qual foi originado. Os

tipos mais comuns são: o soro ácido e o soro doce. O soro ácido é o subproduto da

fabricação do caseinato ou de queijo tipo cottage. É feito o ajuste do pH do leite

desnatado para 4,6, seja pela adição de ácido ou pela adição de cultura de bactéria

lática. Esta adição promove a coagulação da caseína, a qual dá origem ao soro ácido

após o corte e aquecimento seguido de drenagem. O soro doce é obtido pela

inoculação de uma cultura de bactérias láticas ao leite, o pH é de 6,2 a 6,4, seguida

da adição de renina (quimosina) como na produção de queijos tipo cheddar, prato,

suiço, entre outros (RICHARDS, 1997).

O soro apresenta propriedades nutritivas e funcionais, é comum a indústria

alimentícia extrair essas proteínas do leite e, com mais freqüência, do soro,

resultante do processamento de queijos ou manteigas. Como se observa na Tabela

3, as proteínas do soro presentes em maior abundância são β-lactoglobulina, α-

lactoalbumina, imunoglobulinas e soroalbumina bovina. Além destas, há mais uma

centena de espécies protéicas distintas, em quantidades muito pequenas

(ORDÓÑEZ, 2005).

Tabela 3. Concentração das principais proteínas do soro de leite. Proteína Concentração (g/L)

β-lactoglobulina 2,7

α-lactoalbumina 1,2

Imunoglobulinas 0,65

Soroalbumina 0,4

Lactoferrina 0,1

Lactoperoxidase 0,02

Fonte: WONG, 1996; CAYOT & LORIENT, 1997.

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A β-lactoglobulina é a principal proteína do soro do leite dos ruminantes,

representando cerca de 50%, mas está ausente no leite humano e de outros animais

monogástricos (MULVIHILL & DONOVAN, 1987). A β-lactoglobulina liga-se

fortemente ao retinol (vitamina A) e já foi sugerido que é responsável pelo

transporte desta vitamina ao longo do trato digestivo do filhote recém-nascido (DE

WIT, 1998; SIMPSON & NICHOLAS, 2002).

A α-lactalbumina é uma pequena e compacta metaloproteína e representa

cerca de 25% das proteínas do soro bovino, sendo a principal proteína do leite

humano. É uma proteína com forte afinidade para o Ca2+ e outros cátions que, em

maior ou menor grau, modulam a sua estrutura, estabilidade e função.

Biologicamente, integra o complexo enzimático da síntese da lactose que catalisa a

reação final da biossíntese da lactose no aparelho de Golgi das células epiteliais da

glândula mamária (PERMYAKOV & BERLINER, 2000). É utilizada, na maioria

das vezes, para tornar a composição de formulações infantis mais parecida com a do

leite humano (USDEC,s/d).

As imunoglobulinas (Igs) ou anticorpos são produzidas pelos linfócitos B.

No leite bovino, existem essencialmente três classes de Igs: IgG, IgM e IgA que

podem atingir concentrações de 0,6 a 1,0g/L (ORDÓÑEZ, 2005). Embora com

funções próprias são, globalmente, proteínas que se ligam de forma específica ao

agente invasor (antígeno) mediando dessa forma a resposta imunológica. Previnem

ainda a adesão dos microorganismos às superfícies, aglutinam os microorganismos

e inibem o seu metabolismo e toxinas (KORHONEN et al, 2000).

A soroalbumina bovina possui uma concentração que oscila de 0,1 a 0,4g/L

de leite, o que corresponde a cerca de 10% das proteínas do soro do leite

(ORDÓÑEZ, 2005). Tal como as imunoglobulinas, a albumina do soro acumula-se

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no leite a partir do soro sanguíneo. Sabe-se que esta proteína se liga aos ácidos

graxos, mas não se conhecem funções biológicas específicas (WALZEM et al,

2002).

A lactoferrina é uma metaloproteína, cuja função é semelhante à da

transferrina no soro sanguíneo, isto é, fixa ferro na forma de quelato. Essa proteína

exerce no leite uma função bacteriostática contra microrganismos patogênicos que

dependem do ferro livre (SGARBIERI, 1996).

2.6.2. Avanços tecnológicos

Tradicionalmente, o soro de leite era visto como um resíduo sem qualquer

valor comercial, descarregado em cursos de água ou incorporado em rações para

animais. A aplicação de peptídeos das proteínas do soro como um ingrediente

nutricional e funcional em alimentos, fármacos e indústria de cosméticos, tem

ganhado interesse nas últimas décadas devido as excelentes propriedades funcionais

e nutricionais do soro de leite e por isso é tratado como um produto com valor

agregado.

Na Comunidade Econômica Européia, aproximadamente 45% do soro

gerado, tem sido utilizado na forma líquida, 30% na forma de soro de leite em pó,

15% como lactose e subprodutos desta, e os 10% restantes, na produção de proteína

concentrada em pó (GIROTO e PAWLOWSKY, 2001).

Várias pesquisas têm sido realizadas para a utilização do soro como

componente de alimentos, na forma líquida, condensada ou em pó, sendo que a

forma em pó é geralmente preferida, por apresentar maior tempo de conservação,

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podendo ser modificado e/ou misturado com outros produtos, servindo a propósitos

específicos (MIZUBUTI, 1994).

Numa primeira fase, o soro pode ser concentrado por aquecimento e

evaporação de parte da água ou, mais frequentemente, por osmose reversa. Esta

etapa intermediária ocorre normalmente na unidade de fabrico de queijo. O soro

concentrado tem custos de transporte reduzidos e pode ser, de forma mais

econômica, encaminhado para uma nova unidade de tratamento. O soro pode

também servir de base para o fabrico do requeijão (MALCATA, 1999) ou

reincorporado à coalhada (HINRICHS, 2001).

Recorrendo à secagem por atomização obtém-se o soro em pó. Este

ingrediente, já tradicional da indústria alimentar, com cerca de 13% de proteína,

representa a primeira geração de produtos resultantes da valorização do soro de

leite. A desmineralização por eletrodiálise e/ou deslactação por cristalização da

lactose são processos que permitem obter produtos de maior valor agregado para

aplicações alimentares específicas (HUFFMAN & HARPER, 1999).

Desde a primeira metade do século XX, novas técnicas vêm sendo

desenvolvidas para concentrar ou separar em larga escala os componentes mais

importantes do soro de leite do ponto de vista nutricional e tecnológico: as

proteínas. Nas três últimas décadas, desenvolveram-se processos que permitem

obter produtos com alto teor em proteínas nativas, preservando assim as suas

propriedades intrínsecas: os concentrados de proteínas de soro (CPS) ou whey

protein concentrate (WPC) e os isolados de proteínas do soro (IPS) ou whey protein

isolate (WPI) (HUFFMAN & HARPER, 1999).

Os processos desenvolvidos são essencialmente aqueles que usam

membranas semipermeáveis e a pressão como força diretriz. Nestes, a separação

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dos componentes do soro é baseada, essencialmente, no tamanho molecular dos

compostos (LEWIS, 1996). A produção dos ingredientes protéicos combinam,

essencialmente, três processos membranares: a osmose reversa (OR), a

ultrafiltração (UF) e a microfiltração (MF) (HUFFMAN & HARPER, 1999;

MALCATA, 1999). A diafiltração (DF) é um processo de UF onde o retido é

diluído com água e recirculado no sistema de filtração permitindo obter produtos

com maior concentração de proteínas (Figura 3).

Na cromatografia de troca iônica, usada na produção de IPS, a separação

baseia-se na carga eletrostática e no caráter anfotérico das proteínas. O soro,

normalmente a pH baixo, é conduzido por um suporte sólido carregado

negativamente, quando ocorre a adsorção das proteínas que, depois da eluição dos

compostos não ligados, aumentam o pH e são recuperadas com um novo solvente

(GRANIDSON, 1996).

Os principais produtos derivados de soro, industrializados mundialmente

são: soro doce; soro com teor reduzido de lactose; soro desmineralizado; soro ácido;

concentrado de proteína de soro (34% de proteína: WPC34); concentrado de

proteína de soro (50% de proteína: WPC50); concentrado de proteína de soro (80%

de proteína: WPC80); isolado de proteína de soro (90% de proteína: WPI) e outros

produtos costumizados, misturas prontas para o uso e produtos derivados de soro

ricos em cálcio (YOUNG, 2000).

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Figura 3. Diagrama geral do aproveitamento do soro - fabrico de ingredientes protéicos. Adaptado de (HUFFMAN & HARPER, 1999; MALCATA, 1999).

2.6.3. Emprego industrial

Sabe-se que as pequenas empresas produtoras de queijo optam pela

utilização parcial do soro de queijo como alimentação animal evitando assim o

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custo do tratamento de efluentes. Também por não haver controle efetivo por parte

das autoridades, o excedente é descartado diretamente nos rios (SILVA, 2006).

O soro representa 85-90% do volume de leite utilizado na fabricação de

queijos, retendo em torno de 55% dos nutrientes do leite (ALMEIDA, 2001). Siso

(1996) salientou que 50% da produção mundial de soro é tratada e transformada em

vários produtos alimentares, sendo que deste total quase a metade é usada

diretamente na forma líquida. Países como Estados Unidos, Austrália, Canadá e

Nova Zelândia e nações da União Européia processam este subproduto

reconhecendo-o como ingrediente funcional e agregando valor à linha de produção

da indústria láctea.

As proteínas de soro constituem um importante componente funcional em

produtos de panificação, tais como pães, bolos, biscoitos doces, coberturas

glaceadas. Estes ingredientes propiciam a coloração marrom-dourada desejada para

a crosta de produtos panificados, melhoram a estrutura do miolo e as características

da casca tostada e contribuem a retardar o envelhecimento do produto (USDEC,

2001). O soro pode ser utilizado, ainda, como fonte de minerais na fortificação de

produtos, tais como carnes processadas, produtos de confeitaria e bebidas como

sucos de frutas e bebidas lácteas (USDEC, 2004).

A aplicação de sólidos de soro de leite como substituinte do leite desnatado

em sorvete é recomendada uma vez que, além do ganho biológico por conter as

proteínas relacionadas com a prevenção do câncer de próstata (BOMSER, 2003),

confere melhoria das propriedades funcionais (viscosidade, solubilidade,

gelificação, emulsificação, formação de espuma, estabilidade) e reduz custos do

produto final (BERGER, 1997).

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A adição de soro a sorvetes e bebidas geladas trouxe benefícios aos

produtos, como o poder de emulsificação, de retenção de água, de agente extensor e

formador de espuma, promoção da viscosidade e de melhorar a mastigabilidade.

Além de oferecer melhorias nas qualidades sensoriais visuais, oferecendo opacidade

e brancura, e conferir sabor suavemente lácteo e levemente adocicado (YOUNG,

2000).

É necessário cuidado com a dosagem e balanceamento protéico (quantidade

e funcionalidade), lactose e sais na fórmula de modo a garantir um produto de

qualidade. A adição excessiva de soro de leite pode provocar características

indesejáveis, como arenosidade ou gostos residuais, o nível de substituição em

sorvetes é limitado em certos países como Inglaterra e Estados Unidos

(MARSHALL, 1996).

2.6.4. Benefícios do soro de leite à saúde

As proteínas do soro de leite podem ser utilizadas como fórmulas infantis e

enterais, na forma de proteínas nativas ou pré-digeridas contribuindo com o ganho

de peso em pacientes pós-cirúrgicos, geriátricos e imobilizados, em dietas de baixa

caloria, como substituinte de gordura e na formulação de alimentos e bebidas

saudáveis (LEE, 1996; DE WIT, 1998).

Estudos indicam que as proteínas encontradas no soro apresentam

propriedades antioxidantes, antiinflamatória, anti-hipertensiva (FITZGERALD,

2000), antibacteriana e antivirais (CLARE, 2003; FLORISA, 2003; PELLEGRINI,

2003). E ainda, o soro pode ter um efeito positivo: de minimizar a perda de massa

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muscular, sobre a saúde cardiovascular e óssea, imunidade e a saúde em geral de

adultos à medida que envelhecem (KREIDER, 2005).

As propriedades funcionais dos produtos de soro são de grande importância

como ingredientes em produtos lácteos fermentados com características probióticas,

além de ser uma fonte concentrada de minerais, como o cálcio (HUGUNIN, 1999;

THAMER, 2006).

Toba et al. (2001) demonstraram que as proteínas do soro promovem a

formação dos ossos em humanos, estimulando a proliferação e a diferenciação dos

osteoblastos e aumentando a densidade mineral óssea.

A ingestão regular do soro tem efeito na prevenção e tratamento de várias

doenças, como desordens gastrointestinais (GURR, 1984), hipercoleterolemia,

processos alérgicos e osteoporose (DEETH, 1981), antitumoral (AYEBO, 1981;

GURR, 1984). Hall et al (2003) sugerem que o soro pode conter a proteína de maior

eficácia na supressão da sensação da fome, favorecendo a perda de peso em

indivíduos obesos. Ohr (2004) e Onwulata & Tomasula (2004) enfatizam que além

dos benefícios no controle de peso, o soro tem efeito no sistema cardiovascular.

Além do elevado valor nutricional das proteínas do soro, atualmente

evidências científicas sugerem outros efeitos benéficos à saúde, o que tornou o soro

um dos mais importantes produtos no mercado de ingredientes alimentares

(USDEC, 2002).

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3. OBJETIVOS

Geral

Desenvolver formulação para produção de iogurte à base de soro de leite.

Específicos

• Elaborar iogurte a partir da formulação desenvolvida;

• Avaliar a aceitabilidade do produto;

• Avaliar o produto quanto suas características físico-químicas;

• Investigar a qualidade microbiológica do produto obtido;

• Investigar a presença de bactérias lácticas durante a vida útil do produto.

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5. ARTIGO

Elaboração de iogurte à base de soro de leite

5.1. Resumo

Estudos recentes vêm apresentando uma relação direta entre dieta e saúde, mostrando crescente interesse das pessoas para o consumo de alimentos mais saudáveis e a busca de melhor qualidade de vida e prevenção de doenças. Com base nessas novas tendências, o objetivo deste trabalho foi desenvolver formulação para produção de iogurte natural aproveitando o soro de leite resultante da fabricação de queijo coalho, avaliando a aceitabilidade e características físico-químicas e microbiológicas e investigando a presença de bactérias lácticas durante a vida útil do produto. O soro de leite foi submetido à pasteurização utilizando-se dois tratamentos térmicos (65 ºC/30 min e 90 ºC/5 min). Foram desenvolvidas formulações com diferentes concentrações (6, 8, 10 e 12 %) de leite em pó. O iogurte de soro de leite aquecido a 90 ºC/5 min com concentrações de 8 e 10 % obtiveram as melhores notas na análise sensorial, sem diferença significativa (p>0,05). De acordo com a legislação atual o produto é caracterizado como integral, quanto ao teor de gordura, atende a exigência mínima de proteína (2,9 g/100g de proteínas lácteas) e fornece mais de 15 % da IDR de cálcio para crianças, caracterizando um alimento cálcio enriquecido. Na análise de pH e acidez das duas formulações, o pH decresceu de aproximadamente 4,6 para 4,2 e a acidez aumentou de 0,7 a 1,0g de ácido lático/100g do produto durante 28 dias de armazenamento. Não houve contaminação com Staphylococcus aureus, Coliformes fecais nem bolores e leveduras, indicando a qualidade microbiológica do iogurte. A análise de bactérias lácticas variou de 4,0 x 107 a 5,6 x109 UFC/g durante o prazo de validade, sugerindo a promoção dos efeitos benéficos por este alimento probiótico. Pode ser concluído que o iogurte de soro de leite agregou valor econômico, nutricional e funcional, além de minimizar o impacto ambiental.

Palavras chave: resíduo industrial, leite fermentado, impacto ambiental.

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5.2. Abstract

Recent studies have shown a direct relationship between diet and health, with growing interest of the people for the consumption of healthier foods and for better quality of life and disease prevention. Based on these new trends the objective of this work was to develop formulations for the production of natural yogurt using the milk whey resulting from the manufacture of cheese “coalho”, to evaluate the acceptability and physico-chemical and microbiological quality and to investigate the presence of lactic acid bacteria during the lifetime of the product. The milk whey was submitted to pasteurization at two heat treatments (65 °C/30 min and 90 °C /5 min). Formulations have been developed with different concentrations (6, 8, 10 and 12 %) of milk powder. The yogurt from milk whey heated to 90 °C/5 min with concentrations of 8 and 10 % achieved the best grades in sensorial analysis, with no significant difference (p>0.05). By the current legislation the product is characterized as integral in relation to the fat content, attending the minimum requirement (2.9 g/100 g milk proteins), providing more than 15% of the calico RDA for children, featuring a calico enriched food. Analysis of pH and acidity showed that for both formulations, pH dropped from 4.6 to 4.2 and acidity increased, from 0.7 to 1.0 g of acid lático/100g the product for 28 days of storage. There was no contamination with Staphylococcus aureus, fecal coliforms or yeasts and molds, indicating the microbiological quality of the yogurt. Analyses of lactic acid bacteria ranged from 4.0 x 107 to 5.6 x109 CFU /g for validity time, suggesting the benefits of this probiotic food. We may conclude that the yogurt from milk whey added economic, nutritional and functional values, and minimize the environmental impact. Key words: industrial residue, fermented milk, environmental impact.

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5.3. Introdução

Sabe-se que o estado nutricional das populações é afetado por hábitos

alimentares inadequados como o consumo excessivo de gorduras, elevada ingestão

de açúcares e diminuição considerável do consumo de fibras, vitaminas e sais

minerais, que podem ser causadores da elevada incidência de doenças crônico-

degenerativas (DE ANGELIS, 2002). Paralelamente, observa-se um acelerado

desenvolvimento de alimentos que apresentam, além de características nutricionais

e tecnológicas adequadas, componentes que exercem funções biológicas com o

intuito de prevenir doenças e promover a saúde, os alimentos funcionais

(ROBERFROID, 1999). Dentro desta nova concepção, o número de novos produtos

lácteos está crescendo mundialmente a uma taxa superior em relação a qualquer

outra categoria de alimentos (VAN DENDER, 2006).

Dentre estes produtos emergentes, merece destaque os que contêm o soro de

leite que é a fração solúvel do leite obtida durante a produção de queijo, fonte de

lactose, cálcio, proteínas, vitaminas solúveis e outros nutrientes (GONZÁLEZ-

MARTÍNEZ et al., 2002). Corresponde a 90% do volume do leite e a

aproximadamente 50 a 55% dos sólidos totais do mesmo (FURTADO e

LOURENÇO NETO, 1994). As proteínas do soro são bem conhecidas pelo seu

elevado valor nutricional e versatilidade das propriedades funcionais (DE WIT,

1998). Apesar disto, é comum o despejo deste resíduo em rios, o que provoca

destruição de plantas e animais devido sua elevada demanda bioquímica de

oxigênio ou subutilização na alimentação animal (MOSQUIM, 1996). A indústria

alimentícia está utilizando este subproduto na elaboração de novos produtos, seja

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como simples substituto da água ou como ingrediente de funcionalidade reológica

ou nutricional (TEIXEIRA, FONSECA & MENEZES, 2007).

O iogurte é considerado um dos mais populares produtos lácteos

fermentados (LUCEY et al., 1999). Trata-se de um produto obtido pela fermentação

do leite pasteurizado ou esterilizado, cuja fermentação se realiza com cultivos

protosimbióticos de Streptococcus salivarius subsp. thermophilus e Lactobacillus

delbrueckii subsp. bulgaricus (BRASIL, 2000). O iogurte é considerado um

alimento saboroso e saudável com alto teor de proteínas e fonte apropriada de

minerais como Ca, P, Zn e Mg (GARCIA-MARTÍNEZ et al, 1998; KARAGUL-

YUCEER et al, 1999). Entre os benefícios destacam-se: influência sobre a

microbiota intestinal (GUERINDANAN et al., 1998), melhor digestibilidade, maior

tolerância por indivíduos intolerantes à lactose (GALVÃO et al., 1996) e atividade

antitumoral (NADATHUR et al., 1996).

O objetivo deste trabalho foi desenvolver formulação para produção de

iogurte natural com aproveitamento do soro de leite resultante da fabricação de

queijo coalho, avaliando as características físico-químicas, microbiológicas e

sensoriais do produto, além de minimizar o impacto ambiental.

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5.4. Material e Métodos

Para produção de iogurte foi utilizado soro de leite, obtido de uma queijaria

produtora de queijo coalho localizada na cidade de Ribeirão/PE, leite em pó integral

(marca - Camponesa) e o fermento misto Con Sabiduria Láctea (DIAGRAMMA

S.A.) que contém cepas de Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus e

Streptococcus salivarius subsp. thermophilus na proporção de 1:1.

No preparo da cepa mãe utilizou-se água destilada estéril que foi aquecida

posteriormente até 42ºC e o leite em pó reconstituído a 13%. Foi preparado 1L de

leite que foi homogeneizado cuidadosamente e inoculado 1g do fermento

liofilizado. Em seguida incubado em estufa a 42±1ºC durante 4h. Após este

período, resfriado com água e gelo e mantido em refrigeração a 4ºC até 10 dias.

5.4.1. Preparo do iogurte

O substrato para fermentação foi constituído por leite em pó integral

reconstituído em concentrações variáveis de 6, 8, 10 e 12% (m/v), sendo diluído em

soro de leite previamente submetido à pasteurização utilizando dois tratamentos

térmicos: 65ºC/30min (tratamento 1) e a 90ºC/5min (tratamento 2). A pasteurização

foi realizada em banho maria (FANEM). Em seguida o material foi resfriado até

42ºC, inoculado 10% da cepa mãe, previamente preparada e incubado a 42±1ºC. O

fluxograma para produção do iogurte está demonstrado na figura 4.

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Figura 4. Fluxograma do preparo do iogurte.

5.4.2. Determinação do tempo de fermentação

O tempo de fermentação foi estabelecido através das informações obtidas

das medidas de pH e acidez, quando atingiram 4,5 ± 0,1 e 0,6 a 1,5g de ácido

láctico/100g do produto, respectivamente.

5.4.3. Análise da viscosidade

Amostras de 200 mL dos iogurtes refrigerados (10±1ºC) foram analisadas

em Viscosímetro Rheology Internacional. Utilizou-se hastes nº 5 (iogurte padrão -

marca comercial), nº 4 (iogurte com soro de leite com 8% de leite) e nº 3 (iogurte

com soro de leite com 10% de leite) com velocidade rotacional de 20 a 200 rpm.

Soro

Estocagem a 4ºC

Pasteurização

Adição de leite

Homogeneização

Inoculação das cepas a 42ºC

Incubação a 42ºC

Resfriamento

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5.4.4. Análises físico-químicas

A medição do pH foi realizada com a utilização do potenciômetro digital

(Tecnal), de acordo com a metodologia da AOAC (2002), a acidez do soro e do

iogurte foi determinada por titulação, utilizando-se solução de NaOH 0,1N

conforme as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2005), expressa em

gramas de ácido lático/100g.

O soro de leite e o iogurte foram submetidos às determinações de umidade e

o extrato seco total conforme a AOAC (2002); a determinação das cinzas foi feita

pela incineração da amostra em mufla a 550 °C (IAL, 2005); os teores de gordura

foram determinados pelo método de Gerber (IAL, 2005); as análises de proteínas

foram realizadas baseando-se na determinação do nitrogênio pelo método de

Kjeldahl e o teor de carboidratos foi calculado pela diferença entre os sólidos totais

e o somatório dos teores de gordura, proteínas e cinzas. O teor de cálcio foi

determinado segundo IAL (1985). Todas as análises foram realizadas em duplicata.

5.4.5. Análises microbiológicas

Foram realizadas análises microbiológicas de coliformes totais e

Escherichia coli (AOAC, 2002 – 991.14), bolores e leveduras (AOAC, 2002 –

997.02), Staphylococcus aureus (AOAC, 2003 - 08) e contagem padrão de bactérias

aeróbias (AOAC, 2002 – 990.12) no soro in natura e pasteurizado a 65ºC/30 min e

a 90º/5 min e no iogurte logo após o preparo e com 28 dias de armazenamento.

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5.4.6. Avaliação da viabilidade celular

A contagem de bactérias lácticas foi realizada no dia do preparo do iogurte e

após 28 dias de armazenamento, conforme APHA (2001).

5.4.7. Avaliação da vida-de-prateleira dos iogurtes

Os iogurtes foram avaliados após 1, 7, 14, 21 e 28 dias de fermentação

quanto a pH, acidez titulável e a determinação de células viáveis de Lactobacillus

delbruekii subsp. bulgaricus e Streptococcus salivarius subsp. thermophilus no dia

do preparo e após 28 dias.

5.4.8. Análise Sensorial

Aplicou-se o teste de aceitação, utilizando escala hedônica estruturada de

nove pontos (1 = desgostei muitíssimo; 9 = gostei muitíssimo) para avaliar a

aceitabilidade geral dos iogurtes (DUTCOSKY, 1996).

Realizou-se 2 avaliações sensoriais com os iogurtes, a primeira com o soro

pasteurizado a 65º/30min com as concentrações de 6, 8, 10 e 12% de leite em pó e a

segunda com o soro pasteurizado a 90ºC/5min com as concentrações de 8 e 10% de

leite, utilizando equipes formadas por 31 e 34 julgadores não-treinados,

respectivamente.

Amostras de 25 mL das formulações de iogurte, refrigerados (7ºC) e

adicionados de açúcar (10%) foram oferecidas aos julgadores em copos plásticos

brancos descartáveis, codificados com número de três dígitos ao acaso,

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acompanhadas de copo de água mineral em temperatura ambiente (para ser ingerida

entre as amostras). As amostras foram oferecidas separadamente e em ordem

aleatorizada aos julgadores (MEILGAARD, CIVILLE & CARR, 1987). As fichas

utilizadas para o teste de preferência podem ser visualizadas nos anexos 1 e 2.

5.4.9. Análise Estatística

Os dados obtidos foram avaliados por meio da análise de variância

(ANOVA), sendo aplicado o teste F e Duncan para comparação das médias e o teste

“t” de student, ambos ao nível de 5% de significância, realizados através do

programa computacional Statistica 6.0 (STATSOFT, 1997).

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5.5. Resultados e Discussão

5.5.1. Caracterização do soro de leite

A composição do soro de leite obtido da fabricação de queijo de coalho está

representada na tabela 4. O pH do soro foi de 6,5±0,1, caracterizando soro doce,

que é obtido pela inoculação de uma cultura de bactérias láticas ao leite e em

seguida pela adição de renina (quimosina), segundo Mora (1990). A acidez variou

de 0,07 a 0,09g de ácido lático/100mL de soro. O soro de queijo coalho proveniente

de queijarias artesanais na Paraíba apresentou a seguinte composição: 1,7% de

proteínas, 4,13% de lactose, 0,3% de gordura, 6,71% de extrato seco e pH de 6,59

(FLORÊNCIO et al, 2007). Valores semelhantes foram encontrados para extrato

seco, lipídeos e pH neste trabalho.

Tabela 4. Composição do soro de leite obtido da fabricação de queijo coalho. Composição centesimal Soro

Umidade 93,05±0,64 g/100g

Extrato seco 6,95±0,64 g/100g

Proteínas 0,88±0,06 g/100g

Lipídeos 0,42±0,05 g/100g

Carboidratos 5,64±0,63 g/100g

Cinzas 0,48±0,02 g/100g

Cálcio 48,83±11,25 mg/100g

5.5.2. Avaliação microbiológica do soro

Quanto à qualidade microbiológica, os resultados das análises realizadas no

soro in natura e pasteurizado estão apresentados na tabela 5. Dentre os

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microrganismos pesquisados apenas bolores não foram detectados no soro in

natura. Após a pasteurização do soro verificou-se a ausência de coliformes totais e

fecais, Staphylococcus aureus, bolores e leveduras. Observando que houve

diferença significativa a nível de 5% nos resultados obtidos em análise do soro com

e sem pasteurização (ANEXO 3), desta forma evidencia-se a eficácia do tratamento

térmico. A qualidade da matéria-prima, as condições de processamento e o processo

de maturação dos queijos são imprescindíveis para a obtenção de produtos de

qualidade e para a proteção da saúde do consumidor (FOX, 1993; FURTADO,

2005).

Atualmente não existem na legislação brasileira padrões para inspeção

físico-química e microbiológica de soro de leite, já que é um subproduto da

indústria e ainda pouco utilizado. Baseado na RDC nº 12 (BRASIL, 2001), o limite

máximo aceitável para Coliformes a 45ºC e Staphylococcus aureus é de 5,0 x 103 e

de 103 UFC/g, respectivamente, para queijos de média a alta umidade, como pode

ser classificado o queijo coalho. Logo, através das análises realizadas o soro

apresenta resultados em conformidade à legislação vigente (tabela 5).

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Tabela 5. Análise microbiológica do soro de leite in natura e pasteurizado em UFC/g.

Amostra Análises Contagem

Padrão

Staphylococcus

aureus

Coliformes

Bolores Leveduras Total

Escherichia

coli

S 1 > 2,5 x 103 < 1 2,1 x 103 8,0 x 102 < 1 1,2 x 10

S 2 3,22 x 104 4,4 x 10 1,05 x 104 4,0 x 102 < 1 1,7 x 10

S 3 > 2,5 x 104 2,9 x 10 1,82 x 104 1,0 x 102 < 1 2,8 x 102

SP1 1 2,0 x 102 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1

SP1 2 6,8 x 102 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1

SP1 3 1,35 x 102 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1

SP2 1 <1 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1

SP2 2 1 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1

SP2 3 6 < 1 < 1 < 1 < 1 < 1

S = soro in natura; SP1 = soro pasteurizado a 65º/30min; SP2 = soro pasteurizado a 90ºC/5min.

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O queijo Coalho é fabricado com massa semicozida e tradicionalmente

consumido fresco ou maturado. É produzido há mais de 150 anos, em vários estados

da Região Nordeste do Brasil a partir de leite de vaca in natura e/ou leite

pasteurizado. Apesar de ser um produto popular, não existe padronização do seu

processo de elaboração. Geralmente é produzido artesanalmente em fazendas rurais,

pequenas indústrias e/ou em pequenas queijarias urbanas ou rurais, na maioria das

vezes, produzido com leite in natura, sem nenhum cuidado higiênico-sanitário,

tornando-se um produto susceptível de estar contaminado com microrganismos

patogênicos e colocar a saúde do consumidor em risco (DUARTE, 1999;

ESCOBAR, 2001).

Os alimentos obtidos por processos artesanais têm grande possibilidade de

apresentarem-se contaminados, devido ao uso de matérias-primas de fontes não

seguras, utensílios mal higienizados ou contaminados, armazenamento e

comercialização em temperatura inadequada, que são fatores que contribuem para

aumentar o risco de causarem enfermidades (RYSER & MARTH, 1990). Fato este

que não foi observado nas análises microbiológicas, uma vez que o soro obtido foi

de queijo coalho fabricado com leite pasteurizado.

No Brasil, de modo geral, o leite é obtido sob condições higiênico-sanitárias

deficientes e, em conseqüência, apresenta baixa qualidade microbiológica,

constituindo um risco à saúde da população quando consumido sem tratamento

térmico, situação comum na região Nordeste (CATÃO & CEBALLOS, 2001;

PADILHA et al., 2001).

Monteiro et al. (2007) verificaram que a estrutura física da maioria das

propriedades leiteiras da região agreste de Pernambuco não possui instalações

básicas ou com instalações mal planejadas. Como conseqüência, observou-se a alta

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freqüência de acúmulo de lama e fezes dos animais nos locais da ordenha e que

56,1% das propriedades realizavam a ordenha em estábulos de chão batido ou

concreto e 75,6% não utilizavam nenhuma forma de conservação térmica do leite

após a ordenha até a entrega aos laticínios, estes resultados revelam as condições

precárias da produção leiteira no estado.

O soro pode ser um produto de vida útil curta devido ao elevado valor

nutritivo, às condições de umidade e ao pH, que são favoráveis ao crescimento

microbiano. Chiappini et al. (1995) demonstraram que é preocupante a

contaminação por coliformes. Teixeira, Fonseca e Menezes (2007) em estudo da

qualidade microbiológica de soro de queijo mussarela e minas padrão, verificou que

51% das amostras de soro de queijo mussarela apresentaram-se contaminadas entre

1,0 x 102 e 1,5 x 104 UFC/mL por Staphylococcus coagulase positiva. Para bolores

e leveduras, observou-se que 70,9% das amostras estavam contaminadas entre 2,5 x

10 e 2,6 x 102 UFC/mL e 62,6% entre 2,0 x 10 e 1,7 x 103 UFC/mL em soros de

queijo mussarela e minas padrão, respectivamente.

5.5.3. Análise sensorial

A importância de se avaliar os alimentos sensorialmente é de proporcionar

ao consumidor prazer em consumir o produto, para ser aceito no mercado e,

finalmente, se tornar um hábito alimentar. Com isso, a avaliação sensorial se torna

um suporte técnico tanto para a pesquisa, quanto para a indústria e o marketing

(DELLA TORRE et al., 2003).

Os resultados das análises sensoriais realizadas com os iogurtes preparados

com o soro submetido aos dois tratamentos térmicos e com diferentes concentrações

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de leite em pó estão apresentados na tabela 6 e 7.

Tabela 6. Médias das notas obtidas na análise sensorial realizada em iogurtes com soro submetido ao tratamento 1 (65ºC/30min) com concentrações de 6, 8, 10 e 12% de leite em pó.

Atributos Concentrações

6% 8% 10% 12%

Cor 6,00±1,48a 6,13±1,41a 6,55±1,43 a 6,55±1,69 a

Sabor 5,87±2,11b 6,55±1,61ab 7,06±1,50 a 7,13±1,69 a

Odor 6,61±1,28 a 6,26±1,73 a 6,55±1,50 a 6,48±1,34 a

Viscosidade 4,61±2,01 b 5,26±1,86 ab 5,68±2,0 ab 6,13±2,17 a

Letras iguais na horizontal não diferem estatisticamente ao nível de 5% de significância pelo teste de Duncan.

Baseado nos resultados da primeira análise sensorial pode-se observar que

em relação aos atributos de cor e odor não foi perceptível a diferença entre as

formulações. Quanto ao sabor e à viscosidade, as formulações preferidas foram as

de 8, 10 e 12%, onde não houve diferença significativa entre elas. Em relação à

percepção da viscosidade, pode ter sido influenciada pelo uso constante de

espessantes nos iogurtes comerciais, porém a este iogurte não houve acréscimo de

nenhum aditivo químico.

Observou-se que todos os iogurtes preparados com soro submetido ao

tratamento com temperatura mais elevada, apresentavam uma maior consistência

em relação ao outro tratamento de mesma concentração de leite. Por isso na

segunda análise sensorial excluiu-se a formulação com 6% de leite que foi menos

aceita pelo sabor e viscosidade, como também a de 12% para minimizar o custo da

produção e devido a obtenção de produto de qualidade com concentrações de 8 e

10% de leite.

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Tabela 7. Médias das notas obtidas na análise sensorial realizada em iogurtes com soro submetido ao tratamento 2 (90ºC/5min) com concentrações de 8 e 10% de leite em pó.

Atributos Concentrações

8% 10%

Cor 7,20±1,55ª 7,12±1,53ª

Sabor 8,00±1,21ª 7,85±1,02ª

Odor 7,82±0,88ª 7,41±0,96ª

Viscosidade 7,26±1,88ª 7,56±1,54ª

Médias na horizontal seguidas de letras iguais não diferem significativamente (p>0,05) pelo teste “t” de student.

Comparando-se as médias obtidas nas duas análises, percebe-se que em

relação a todos os atributos houve uma preferência ao iogurte com soro submetido

ao tratamento 2. Não houve diferença significativa para os iogurtes preparados com

concentrações de 8 e 10% de leite, ou seja, mesmo existindo diferença nas

concentrações de leite em pó utilizadas, os julgadores não perceberam

sensorialmente. Por isso todas as análises a seguir foram realizadas apenas em

iogurtes preparados com 8 e 10% de leite submetidos ao tratamento 2.

5.5.4. Tempo de fermentação, pH e Acidez

Após 4 horas e meia sob 42±1ºC a fermentação foi interrompida, onde o

valor do pH atingiu valores de 4,5±0,1. Os resultados das medidas de pH e acidez

durante estocagem nos dias 1, 7, 14, 21 e 28 estão apresentados na figura 5. Em

relação ao pH, obteve-se o resultado, inicialmente, em torno de 4,6 para ambas as

concentrações de leite conforme Dave e Shah (1997), Saboya (1997) e Almeida

(2001).

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74

Figura 5. Resultados da variação de pH e acidez dos iogurtes preparados com 8 e 10 % de leite em pó com soro submetido ao tratamento 2 (90ºC/5min) durante 28 dias de armazenamento.

Fuchs et al. (2006), compararam características físico-químicas de iogurtes

suplementados com prebióticos e sem suplementação, em relação ao pH os valores

variaram de 4,33 a 4,20 e os resultados de acidez foram entre 1,15 e 1,78g de ácido

lático/100g durante 28 de estocagem. Segundo Martin (2002) os valores de pH

encontraram-se entre 4,4 e 4,0 em iogurtes comerciais no momento da coleta,

porém durante o armazenamento de 30 dias oscilou de 4,36 a 4,18, o que pode estar

relacionado com a temperatura de estocagem. A variação na temperatura de

armazenamento pode provocar alterações indesejáveis ao iogurte. A faixa de

temperatura ideal para conservação do iogurte é entre 3 e 5ºC (GURGEL, 1994).

Ao longo dos 28 dias de armazenamento, o pH das duas formulações (8 e

10% de leite) de iogurte decresceu, de aproximadamente 4,6 para 4,2 e a acidez

aumentou, de 0,7 a 1,0g de ácido lático/100g do produto. Este resultado está dentro

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75

do limite permitido pela legislação, que é de 0,6 a 1,5g de ácido láctico/100g de

(BRASIL, 2000).

Durante o armazenamento sob refrigeração Lactobacillus delbrueckii spp.

bulgaricus produz ácido lático, fenômeno conhecido como pós-acidificação (DAVE

& SHAH, 1998). Fato este que pode ser observado na figura 5, onde a acidez média

aumentou nos dois tipos de iogurte durante a estocagem.

Martin (2002) encontrou valores entre 0,73 e 1,17g de ácido lático/100g do

produto em iogurtes do tipo natural e integral comercializados em Piracicaba (SP).

A acidez dos iogurtes produzidos em Lavras (MG) esteve em torno de 1,0 g de

ácido lático/100 do produto (MOREIRA, 1999).

Tendência semelhante foi observada por Wolfschoon-Pombo et al (1983) em

iogurtes elaborados com diferentes teores de sólidos totais. Estes autores

observaram também que, em função do aumento de sólidos totais, a acidez titulável

aumentou nitidamente. Fato que também foi observado neste trabalho, nas

diferentes proporções soro-leite utilizadas para elaboração do iogurte, embora não

tenha existido diferença significativa ao nível de 5% pelo teste de student.

5.5.5. Viscosidade

O teor de sólidos influenciou a viscosidade dos iogurtes produzidos, como

observado nas Figuras 6 e 7. O iogurte elaborado com 10% de leite apresentou

maiores valores de viscosidade variando de 1720 a 755 mPas de acordo com o

aumento da velocidade de rotação empregada. Tendência semelhante foi descrita

por Wolfschoon-Pombo et al (1983), que verificaram que o aumento de sólidos

totais ocasionou aumento proporcional na viscosidade do iogurte. Trindade et al.

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76

(1997) também concluíram que o teor de sólidos influiu na viscosidade aparente de

iogurtes preparados com leite de soja.

A característica do coágulo é de importância fundamental para a

apresentação do iogurte. A viscosidade de um produto é definida como a resistência

que o líquido oferece à força aplicada, sendo dependente de vários aspectos do

processo, como: tratamento térmico do leite, condições de incubação e

resfriamento, cultura lática utilizada (HASHIMOTO, 1995). De acordo com

Tamine e Deeth (1980), a viscosidade do iogurte depende totalmente do conteúdo

de proteína do leite. Uma elevação na concentração de proteína é essencial para

produção de um iogurte com viscosidade adequada.

0

100

200

300

400

500

600

700

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220

Velocidade (rpm)

Vis

cosi

dade

(mP

a.s)

Figura 6. Representação da viscosidade do iogurte preparado com 8% de leite em relação à velocidade.

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77

0200400600800

100012001400160018002000

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220

Velocidade (rpm)

Vis

cosi

dade

(mP

a.s)

Figura 7. Representação da viscosidade do iogurte preparado com 10% de leite em relação à velocidade.

Bebidas lácteas fermentadas preparadas com diferentes concentrações de

soro de queijo Minas frescal (30, 40 e 50%) e leite pasteurizado apresentaram

valores que variaram de 2000 a 3000mPas submetido à velocidade de 6 rpm, onde

produtos com maiores concentrações de soro apresentaram menores valores de

viscosidade (ALMEIDA, 2001).

Magenis et al. (2006) trabalharam com iogurtes produzidos com leite e soro

de queijo concentrados por ultrafiltração e verificaram que a viscosidade variou de

750 a 150mPas e de 1000 a 150 mPas nos iogurtes produzidos com 80% de leite e

20% de soro e aqueles preparados com 100% de leite, respectivamente. A

viscosidade dos iogurtes produzidos mostrou uma relação inversamente

proporcional à velocidade empregada, caracterizando uma viscosidade não-

Newtoniana. Comportamento semelhante foi encontrado neste estudo.

Característica importante foi observada neste trabalho quando se comparou a

viscosidade dos iogurtes produzidos com uma marca comercial (Figura 8),

verificou-se que a viscosidade do iogurte comercial apresentou, inicialmente,

viscosidade bastante elevada de 3420 mPas, porém com o aumento da velocidade, a

viscosidade decresceu acentuadamente. Embora, os iogurtes com soro de leite

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tenham apresentado menores valores de viscosidade, estes apresentaram decréscimo

mais discreto (Figuras 6 e 7), revelando uma maior estabilidade destes produtos

quando aplicada uma força, em relação à marca comercial.

0400800

1200160020002400280032003600

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220

Velocidade (rpm)

Vis

cosi

dade

(mP

a.s)

Figura 8. Representação da viscosidade do iogurte comercial em relação à velocidade.

5.5.6. Análises Microbiológicas do iogurte

Apesar da inexistência de padrão microbiológico para contagem de bolores e

leveduras em iogurtes, Oliveira (2006) analisando iogurtes comercializados em

Salvador, verificou contaminação de até 1,7 x 104 UFC/mL de fungos filamentosos

e leveduras, o que demonstra uma relevante contaminação ambiental. Resultados

semelhantes foram relatados por Moreira e Schwan (1999) encontrando resultados

de 1,0 a 2,7 x 103 UFC/mL. Fato que não foi observado no presente trabalho. Das

39 amostras de iogurte comercializadas em Uberlândia (MG) analisadas, houve

crescimento de bolores e leveduras em 53,84% e presença de coliformes

termotolerantes em 5,13% das amostras (RODRIGUES, 2006).

Considerando o padrão para coliformes a 45ºC, não se verificou

contaminação por bactérias deste grupo neste trabalho, como pode ser visualizado

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na tabela 8. Reis et al. (2006) avaliando bebidas lácteas fermentadas produzidas em

São Paulo verificaram que todas as bebidas analisadas apresentaram-se dentro do

limite que é <10 UFC/mL (BRASIL, 2001). Hoffman et al (1998) também não

observaram a presença de bactérias do grupo coliformes em bebidas lácteas sabor

morango de diferentes marcas.

Não foi observada presença de Coliformes fecais, Staphylococcus aureus

nem de fungos em nenhuma das amostras, evidenciando boas práticas de

fabricação, qualidade da matéria-prima utilizada e condições adequadas de

armazenamento.

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Tabela 8. Análise microbiológica do iogurte produzido com 8 e 10% de leite em pó submetido ao tratamento 2 após o preparo e durante 28 dias de armazenamento em UFC/g.

% de leite em pó utilizado no iogurte com soro pasteurizado a 90 ºC/5min.

Amostra

de

Iogurte

Dias Contagem

Padrão

Staphylococcus

aureus

Coliformes

Bolores Leveduras Bactérias

Lácticas Total Escherichia

coli

8% 1 <10 <10 <10 <10 <10 <10 5,6 x 109

10% 1 2,0 x 102 <10 <10 <10 <10 <10 5,6 x 109

8% 28 1,0 x 102 <10 <10 <10 <10 <10 8,0 x 108

10% 28 2,0 x 102 <10 <10 <10 <10 <10 1,0 x 109

8% 1 <10 <10 <10 <10 <10 <10 8,0 x 108

10% 1 <10 <10 <10 <10 <10 <10 6,0 x 108

8% 28 1,5 x 103 <10 <10 <10 <10 <10 7,0 x 108

10% 28 2,0 x 103 <10 <10 <10 <10 <10 7,0 x 108

8% 1 30 <10 <10 <10 <10 <10 4,0 x 107

10% 1 30 <10 <10 <10 <10 <10 8,0 x 107

8% 28 7,0 x 102 <10 <10 <10 <10 <10 4,0 x 107

10% 28 7,1 x 102 <10 <10 <10 <10 <10 8,0 x 107

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A contagem de probióticos é de fundamental importância para que seja

possível a verificação se o iogurte atende a legislação em vigor, além da sua

influência no sabor e aroma. As diferentes formulações do iogurte podem selecionar

de maneira positiva ou negativa o crescimento dos microrganismos.

Segundo Matsubara (2001), a quantidade de microrganismos probióticos no

produto deveria ser de 109 UFC/g para ter pelo menos de 103 a 104 UFC/g

alcançando o intestino, sendo que o ideal seria que chegasse a 106 UFC/g. A

legislação estabelece um limite mínimo para as bactérias láticas totais de 107 UFC/g

de iogurte, determinando que esses microrganismos específicos devem estar

viáveis, ativos e abundantes no produto final e durante sua vida-de-prateleira

(BRASIL, 2000).

A contagem de bactérias láticas variou de 4,0 x 107 a 1,2 x 109 UFC/g no

primeiro dia e de 4,0 x 107 a 5,6 x109 UFC/g no 28º dia de armazenamento,

caracterizando o iogurte produzido como probiótico.

Mater et al. (2005) em estudo para verificar viabilidade de microrganismos

através do trato digestivo, analisou fezes de 39 indivíduos que consumiram iogurtes

contendo 7,8 x 108 UFC/mL de Streptococcus thermophilus e 7,5 x 108 UFC/mL de

Lactobacillus delbrueeckii, obteve resultados satisfatórios onde 82% das amostras

apresentaram valor médio de 6,3 x 104 UFC/g e 95% apresentaram 7,2 x 104 UFC/g

de fezes para S. thermophilus e L. delbrueckii, respectivamente. Estes resultados

comprovam a capacidade das bactérias láticas presentes no iogurte em exercer

efeitos probióticos.

Em relação à viabilidade das bactérias em iogurtes preparados com

diferentes concentrações de sólidos totais e de sacarose, observou-se que o número

médio de Streptococcus thermophilus foi de 3,7 x 109 e 6,2 x 109 UFC/mL após 1 e

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7dias de armazenamento, respectivamente. E o número de médio de Lactobacillus

delbrueckii subsp. bulgaricus foi de 6,5 x 107 após 1 dia de armazenamento

(OLIVEIRA, 2003).

Rodas et al (2001) verificou que apenas 31,7% das amostras apresentaram o

limite mínimo para estreptococos e lactobacilos, 51,0%, apenas para estreptococos,

10,6%, para lactobacilos e 6,7% não apresentaram o limite mínimo.

A suplementação de iogurte de soja com prebióticos manteve a viabilidade

das bactérias láticas, protegendo esses microrganismos dos efeitos do suco gástrico,

bile e às condições de processamento e armazenamento (MATTILA-SANDHOLM,

2003). O número de bactérias láticas viáveis manteve-se em 109 UFC/mL durantes

os 28 dias de armazenamento (HAULY, 2005).

5.5.7. Caracterização físico-química do iogurte

Os resultados da composição centesimal do iogurte com diferentes

concentrações de leite estão na tabela 9. Para gordura e proteína, pode-se observar

que houve diferença estatística entre as diferentes concentrações de leite utilizadas.

À medida que se adicionou mais leite, o teor de gordura e proteína aumentou.

Quanto aos carboidratos, não se constatou diferença significativa entre os

tratamentos.

Observou-se que os valores médios obtidos para extrato seco apresentaram

diferença significativa entre os tratamentos, esta diferença se deve ao fato da

utilização de diferentes concentrações de leite nos produtos. O iogurte com 10% de

leite apresentou maior valor de extrato seco, assim como o de cinzas.

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Tabela 9. Composição centesimal do iogurte com diferentes concentrações de leite em pó. Composição centesimal 8% 10%

Umidade (g/100g) 85,47±0,61a 83,60±0,98b

Extrato seco (g/100g) 14,52±0,61b 16,39±0,98a

Proteínas (g/100g) 2,89±0,16b 3,32±0,38a

Lipídeos (g/100g) 3,02±0,33b 3,67±0,23a

Carboidratos (g/100g) 8,61±0,84a 9,40±1,08a

Cinzas (g/100g) 0,92±0,02b 0,99±0,01a

Cálcio (mg/100g) 119,09±29,49a 127,92±27,65a

Médias na horizontal não diferem significativamente pelo teste “t” de student ao nível de 5% de significância; 8% = iogurte com soro pasteurizado (90ºC/5min) adicionado de 8% de leite em pó integral; 10% = iogurte com soro pasteurizado (90ºC/5min) adicionado de 10% de leite em pó integral.

Segundo CECCHI (2005), o teor de umidade de bebidas lácteas fluidas varia

de 87 a 91%, valores um pouco abaixo foram encontrados, já que se trata de

iogurte. Fuchs et al (2006) encontraram um teor de umidade em torno de 86,1%,

3,1% de proteínas e 10,78% de carboidratos em iogurtes suplementados com inulina

e oligofrutose.

Os teores de lipídios, conforme os produtos sejam desnatados, parcialmente

desnatados, integrais ou com creme, podem variar de 0,5 até 6,0% (BRASIL, 2000).

Desta forma, pode-se dizer que o valor médio obtido de 3,02±0,33g e de

3,67±0,23g nos iogurtes com 8 e 10% de leite, respectivamente, caracterizando os

iogurtes como integrais. A proteína é fixada em no mínimo 2,9% (BRASIL, 2000)

e, no presente trabalho, obteve-se o teor de 2,89±0,16 e 3,32±0,38 em iogurtes 8 e

10%, respectivamente. Logo, os valores médios encontrados podem e ser

considerados adequados para o produto.

Rodas et al (2001), verificaram variações médias obtidas das determinações

físico-químicas das 8 marcas de iogurtes com frutas analisadas, os teores médios de

lipídios encontrados foi de 1,95g±0,65, classificando-os como parcialmente

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desnatados. O teor de proteína foi 2,95g±0,46, considerando os valores médios,

porém analisando as marcas separadamente, 4 marcas não atenderam a

regulamentação. Quanto às cinzas os valores variaram de 0,5 a 0,92%.

Pedro et al., (2001) analisaram o conteúdo mineral de 44 amostras de

iogurtes de 8 sabores e de 9 marcas comercializados em São Paulo e classificaram

os iogurtes como boas fontes dos minerais Ca, P e K, fontes razoáveis de Na, Mg e

Fe e fontes pobres de Zn e Cu. O cálcio contribuiu com o valor médio de 120,2 mg

em todos os sabores. Entre os sabores estudados, o iogurte natural apresentou média

maior (124,1±1,9mg/100g). Porém verificou-se que os valores encontrados para a

maioria dos minerais estão abaixo dos valores da literatura, estas variações são

coerentes, já que os dados da literatura não são de produtos brasileiros. Rojas et al

(1993) encontrou valores médios de 135,5±10mg de cálcio/100g.

Deve-se, portanto, considerar que os níveis de minerais que ocorrem no leite

dependem de um número de fatores tais como características genéticas, estágio de

lactação, condições ambientais, etc. Os níveis em que os minerais estão presentes

em derivados de leite, também dependem do tratamento tecnológico desses

produtos (GAMBELLI et al, 1999).

Observou-se que as duas formulações de iogurte apresentaram níveis de

cálcio em torno dos valores encontrados nos iogurtes tradicionais, que em média

contêm 1200,00mg de cálcio/L (FRANCO, 1996). Deve-se ressaltar ainda que,

segundo a legislação brasileira, os produtos obtidos neste estudo, podem ser

considerados enriquecidos, pois cada 100mL dos iogurtes contém 119,09±29,49 e

127,92±27,65mg/100g para 8 e 10% de leite utilizado, respectivamente, valor que

representa mais de 15% da IDR de referência para faixas etárias de 1 a 10 anos (500

a 700 mg de cálcio). Mesmo quando representar um percentual menor que 15% da

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IDR, este iogurte pode ser considerado alimento fonte de cálcio, já que representa

mais de 7,5% da IDR para adultos, gestantes e lactantes (BRASIL, 1998; BRASIL,

2005).

Umbelino et al. (2001) comprovou que todos os iogurtes de soja

enriquecidos com cálcio na forma de citrato, fosfato, carbonato, gliconato e lactato,

podem ser empregados com sucesso no processo de enriquecimento deste produto,

sem conferir propriedades sensoriais indesejáveis. No mundo industrializado, a

fortificação de alimentos processados, tem se mostrado de maneira eficiente para

reduzir os riscos de deficiências de micronutrientes da população (ZANCUL,

2004).

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5.6. Conclusão

Conclui-se que o iogurte produzido foi bem aceito pelos consumidores,

apresenta valores dentro dos padrões para pH, acidez e composição química, além

de ser enriquecido com cálcio. Observou-se que durante a vida de prateleira do

iogurte não houve contaminação com Staphylococcus aureus, Coliformes fecais

nem bolores e leveduras, indicando a qualidade microbiológica do produto. Como

também ficou comprovada sua característica probiótica, pois apresentou contagem

superior a 107 durante todo o armazenamento.

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6. CONCLUSÃO

• O iogurte apresentou um decréscimo no pH e aumento da acidez durante os

28dias de armazenamento, mantendo-se dentro dos valores próprios para

iogurte.

• Quanto ao teor de gordura, o produto é caracterizado como integral (3,0 a

3,9g/100g) e em relação ao teor de proteína, atende às exigências da legislação

de no mínimo 2,9g/100g de proteínas lácteas.

• A quantidade de cálcio presente no iogurte fornece mais de 15% da IDR para

crianças de 1 a 10 anos, desta forma pode ser considerado um alimento

enriquecido; e alimento “fonte” de cálcio, pois representa mais de 7,5% da

IDR para adultos, gestantes e lactantes.

• As formulações de iogurte desenvolvidas foram bem aceitas pelos

consumidores.

• Quanto à qualidade microbiológica, o produto não apresentou contaminação

durante o prazo de validade.

• A quantidade de bactérias lácticas foi superior a 107 UFC/g durante os 28dias

de armazenamento, caracterizando o iogurte produzido como probiótico.

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7. ANEXOS

Anexo 1.

Julgador: Data:

Teste de Preferência Avalie cada amostra de iogurte, usando a escala abaixo para descrever o quanto gostou e desgostou do produto em relação à cor, sabor, viscosidade e odor.

1. Desgostei muitíssimo. 2. Desgostei muito. 3. Desgostei regularmente. 4. Desgostei ligeiramente. 5. Indiferente. 6. Gostei ligeiramente. 7. Gostei regularmente. 8. Gostei muito. 9. Gostei muitíssimo.

Comentários: _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Atributos Amostras

Odor Cor

Viscosidade Sabor

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Anexo 2. Julgador: Data:

Teste de Preferência Avalie cada amostra de iogurte, usando a escala abaixo para descrever o quanto gostou e desgostou do produto em relação à cor, sabor, viscosidade e odor.

1. Desgostei muitíssimo. 2. Desgostei muito. 3. Desgostei regularmente. 4. Desgostei ligeiramente. 5. Indiferente. 6. Gostei ligeiramente. 7. Gostei regularmente. 8. Gostei muito. 9. Gostei muitíssimo.

Comentários: _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Atributos Amostras

Odor Cor

Viscosidade Sabor

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Anexo 3.

Tabela 10. Análise estatística da avaliação microbiológica do soro de leite in natura e pasteurizado em UFC/g. Contagem

Padrão

Staphylococcus

aureus

Coliformes

totais

Escherichia

coli Bolores Leveduras

S 9,44±1,41a 2,38±2,07a 8,91±1,12a 5,76±1,05a 0,0±0,0a 3,65±1,73a

SP1 5,57±0,84b 0,0±0,0b 0,0±0,0b 0,0±0,0b 0,0±0,0b 0,0±0,0b

SP2 0,93±1,08c 0,0±0,0b 0,0±0,0b 0,0±0,0b 0,0±0,0b 0,0±0,0b

Letras iguais na vertical não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan ao nível de 5% de significância; S: soro in natura; SP1: soro pasteurizado a 65ºC/30min; SP2: soro pasteurizado a 90ºC/5min.