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Índice

1. Introdução e Estabelecendo a Meta Certa..............................................................................05

2. Começando Corretamente......................................................................................................12

3. Continuando Apropriadamente...............................................................................................23

4. Igrejas nos Lares.......................................................................................................................29

5. O Crescimento da Igreja...........................................................................................................45

6. O Ministério de Ensino.............................................................................................................51

7. Interpretação Bíblica................................................................................................................67

8. O Sermão do Monte.................................................................................................................81

9. O Pregador Predileto de Jesus................................................................................................104

10. O Novo Nascimento..............................................................................................................108

11. O Batismo no Espírito Santo..................................................................................................113

12. Mulheres no Ministério.........................................................................................................122

13. Divórcio e Recasamento........................................................................................................131

14. Fundamentos da Fé...............................................................................................................144

15. Cura Divina.............................................................................................................................151

16. O Ministério de Cura de Jesus................................................................................................158

17. Os Dons do Espírito................................................................................................................165

18. Os Dons Ministeriais...............................................................................................................173

19. Realidades em Cristo..............................................................................................................185

20. Louvor e Adoração..................................................................................................................188

21. A Família Cristã........................................................................................................................191

22. Como ser Guiado Pelo Espírito................................................................................................197

23. As Ordenanças.........................................................................................................................201

24. Confrontação, Perdão e Reconciliação....................................................................................204

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25. A Disciplina do Senhor.............................................................................................................212

26. O Jejum....................................................................................................................................215

27. A Vida Após a Morte................................................................................................................219

28. O Plano Eterno de Deus...........................................................................................................227

29. O Arrebatamento e o Fim dos Tempos....................................................................................233

30. Mitos Modernos Sobre Batalhas Espirituais: Parte 1...............................................................252

31. Mitos Modernos Sobre Batalhas Espirituais: Parte 2...............................................................276

32. Mordomia.................................................................................................................................301

33. Segredos do Evangelismo.........................................................................................................310

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O Ministro, Fazendo DiscípulosPrincípios Bíblicos para Frutificação e Multiplicação

David S. Servant

Introdução

Nos últimos vinte e cinco anos, tenho tido o privilégio de visitar mais de quarenta nações domundo e a falar a milhares de ministros em conferências que duram de três a cinco dias. Essasconferências tem atraído e reunido líderes cristãos dedicados oriundos de vários ramos edenominações do corpo de Cristo. Contudo, cada viagem tem provado que conferências de três a cincodias simplesmente não são suficientes para atender e resolver as necessidades existentes no terreno.Tanta coisa precisa ainda ser feita para que líderes cristãos sejam adequadamente equipados e estelivro é fruto de esforços feitos na tentativa de preencher um pouco mais esse vazio. e este livro é uma

das tentativas de se preencher um pouco esse vazio.Também tive o privilégio de experimentar cerca de vinte anos de pastoreio de igrejas. Mesmo

sendo “bem sucedido” por alguns padrões de medida, por muito tempo  encontrei- -me em luta pornão entender alguns dos princípios fundamentais do ministério bíblico. Por esta razão tenho umagrande preocupação pelos milhões de ministros sinceros que sentem falta do que eu senti e queprecisam ser melhores equipados para o desafio que está adiante deles. Alguns dos princípios dosquais me faltavam entendimento são tão significantes que, uma vez compreendidos traçam o curso deministério para o resto da vida do ministro. Eles se tornam o padrão pelo qual todos os aspectos doministério são medidos. Esses princípios são encontrados nos capítulos iniciais, para os quais, nenhumleitor deverá fazer vista grossa; todos os outros capítulos servirão para praticamente nada sem a base

dos primeiros.Este livro tem uma aplicação especial a para pastores, sendo que eles, com certeza, são os

líderes cristãos mais comuns; mas tudo que eu tenho escrito também se aplica a evangelistas,professores, missionários, plantadores de igrejas, profetas, pessoas que trabalham na Escola Dominicale assim por diante. Não há ninguém no corpo de Cristo que não poderá se beneficiar com a leituradeste livro, porque todo membro do corpo de Cristo tem sido agraciado por Deus com uma função.

Eu tenho escrito primeiramente a ministros que moram fora dos Estados Unidos, do leste daEuropa, Austrália e Nova Zelândia. Mas isso não quer dizer que não tenha aplicação a ministros nessaspartes do mundo. Na verdade, o que tenho escrito, penso que pode ajudá-los consideravelmente, maseles já têm vários professores. De qualquer modo, dependendo do conhecimento, experiência e nação

onde atua, você verá que alguns capítulos o ajudarão mais do que outros. Vários pastores chineses,cubanos e vietnamitas de igrejas nos lares, por exemplo, encontrarão no capítulo Igrejas nos Laresmuito pouco que não sabiam, enquanto pastores não familiarizados com o modelo de igreja nos laresdeverão achar nesse capítulo uma grande ajuda.

É muito improvável que todos os leitores irão concordar com tudo que tenho escrito em cadatópico do livro. Há cinco anos, eu também não teria concordado com algumas coisas que acabei deescrever! Portanto, não deixe que pequenos desentendimentos impeçam-no de aprender o máximo decada capítulo.

Como Jesus nos ensinou, ninguém põe vinho novo em odre velho, senão, a vasilha dura einflexível, arrebentará. Somente os odres novos são flexíveis o suficiente para aguentar a pressão do

vinho novo que está fermentando. Apesar de algumas coisas que tenho escrito parecer vinho novo, naverdade, já são vinho bem velho —  pelo menos tão velho quanto o Novo Testamento. Portanto,qualquer odre velho que arrebentar não se dará por causa do vinho derramado das páginas a seguir!Jesus alegrou-se por Deus revelar Sua Verdade aos pequeninos e escondê-la “dos sábios e cultos” (Mt.

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11:25). Da mesma forma, “Deus dá graça ao humilde, mas se opõe ao orgulhoso” (veja Tg. 4:6). Graçasa Deus pelas multidões de líderes cristãos humildes por todo o mundo. Que Deus os abençoe enquantoleem.

David Servant

Capítulo Um

Estabelecendo a Meta Certa

Para ser bem sucedido aos olhos de Deus, é essencial que o ministro conheça de cor a meta queDeus colocou diante de si. Se ele não a conhece não terá como avaliar seu desempenho e saber se a

alcançou ou fracassou.[1] Ele pode chegar a pensar que foi bem sucedido enquanto que realidadefracassou. E essa é uma grande tragédia. É como aquele atleta que vinha liderando a prova e quealegremente atravessa a faixa de chegada depois de ter concluído os 800 metros da corrida. Jubilandoem sua vitória, levanta as mãos diante da plateia, sem dar conta que a competição tinha como metafinal os 1600 metros. Seu entendimento distorcido sobre a meta condenou-o ao fracasso, e pensar quetinha ganhado assegurou sua derrota. Nesse caso, é verdadeiro o ditado popular: “Os primeiros serãoos últimos”. 

A maioria dos ministros tem algum tipo de alvo específico ao qual sempre se referem como sua“visão.” É pelo qual que lutam sem igual para alcançar, baseado especificamente em seu chamado edons. O dom e o chamado de cada um são particulares, seja para pastorear uma igreja em certa

cidade, evangelizar certa região, ou ensinar certas verdades. Mas o alvo dado por Deus ao qual estoume referindo é geral  e aplicado a todos os ministros. É a grande visão. Por trás de cada visão específicadeveria estar a visão geral, mas na maioria das vezes não está é o que acontece. Muitos ministros têmvisões específicas que não estão em harmonia com a visão geral de Deus, e ainda outros têm visõesespecíficas que vão contra a visão de Deus. Eu com certeza já fiz isso uma vez, mesmo pastoreandouma igreja em crescimento.

Qual é a visão ou objetivo geral que Deus tem dado a todos os ministros? Nós começamos aencontrar a resposta em Mateus 28:18-20, uma passagem que nos é tão familiar que à vezes deixamosescapar seu significado. Vamos considerar versículo por versículo:

Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra”

(Mt 28:18).Jesus queria que seus discípulos entendessem que Seu Pai tinha lhe dado autoridade suprema.

É claro que a intenção do Pai era (e é) que Jesus fosse obedecido, como acontece sempre que o Pai dáautoridade a alguém. Mas Jesus é único, pois Seu Pai lhe deu toda autoridade nos céus e na terra, enão uma autoridade limitada, como a que às vezes dá a outros. Jesus é Senhor. 

Desta forma, qualquer pessoa que não se refere a Jesus como Senhor não está se referindo aEle corretamente. Jesus, mais que qualquer outra coisa, é Senhor . É por esse motivo que é mencionadocomo “Senhor” mais de 600 vezes no Novo Testamento. (Ele só é mencionado como Salvador 15vezes.) Jesus morreu e voltou à vida com o propósito de reinar como Senhor sobre a humanidade.

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Verdadeira Fé que conduz a Salvação

Quando pastores e evangelistas modernos convidam os descrentes para “aceitarem Jesus comoSalvador,” (uma frase e conceito nunca encontrados nas Escrituras), revelam uma falha aguda em seuentendimento do evangelho. Quando o carcereiro de Filipo, por exemplo, perguntou a Paulo o queprecisava fazer para ser salvo, Paulo não respondeu “Aceite Jesus como seu Salvador.” Contudo, ele

disse, “Creia no Senhor   Jesus, e serás salvo” (Atos 16:31, ênfase adicionada). As pessoas são salvasquando crê no Senhor Jesus Cristo. Perceba, não são salvos por crerem em uma doutrina sobre asalvação ou sobre Jesus, mas quando creem em uma pessoa — o Senhor  Jesus Cristo. Esse é o tipo defé que gera salvação. Muitos pensam que por acreditar que a morte de Jesus foi um sacrifício suficientepor seus pecados, ou que salvação é pela fé, ou centenas de outras coisas sobre Jesus ou a salvação, éo suficiente para serem salvos. Isso não basta porque, até o diabo as conhece . Ele acredita em todasessas coisas sobre Jesus e a salvação. A fé salvadora consiste na fé em  Jesus. E quem é Ele? Ele éo Senhor .

Obviamente, se acredito que Jesus é Senhor, vou agir perante Ele como tal, me submetendo aEle de coração. Se não me submeto a Ele, não acredito nEle. Se alguém diz: “Eu acredito que há uma

serpente mortalmente venenosa em minha bota,” e então, calmamente calça a bota, ele obviamentenão acredita realmente no que diz acreditar. Pessoas que dizem acreditar em Jesus, mas não têm searrependido de seus pecados e se submetido a Ele em seus corações, na realidade, não acreditam emJesus. Podem acreditar em um Jesus imaginário, mas não no Senhor   Jesus, aquele que tem toda aautoridade nos céus e na terra.

Tudo isso é para dizer que quando o entendimento do ministro sobre as verdades fundamentaisda mensagem cristã estiver distorcida esse ministro ver-se-á metido em problemas logo desde ocomeço.  Não tem jeito de ter sucesso na avaliação de Deus enquanto apresenta erroneamente amensagem fundamental que Deus quer que todo o mundo ouça. Ele pode ser o pastor de uma igrejaem crescimento, mas está fracassando miseravelmente em alcançar a visão geral de Deus para seuministério.

A Grande Visão

Vamos voltar a Mateus 28:18-19. Depois de declarar Sua supremacia como Senhor, Jesus deuum mandamento:

Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho edo Espírito Santo, ensinando-os a obedecer tudo o que eu lhes ordenei (Mt. 28:19-20a).

Perceba que Jesus usa a palavra “portanto.” Ele disse, “Portanto, vão e façam discípulos...” Issopara dizer, “Por causa do que eu acabei de falar... porque Eu tenho toda autoridade... porque Eu sou

Senhor... vocês devem, é claro,  obedecer-Me... então estou ordenando vocês  (e vocês devem Meobedecer) a ir e fazer discípulos, ensinando-lhes a obedecer  todos os Meus mandamentos.

E isto, colocado do jeito simples, é o objetivo geral, a visão geral de Deus para todos os nossosministérios: Nossa responsabilidade é fazer discípulos que obedeçam a todos os mandamentos deCristo. 

É por isso que Paulo diz que a graça de Deus tinha sido dada a ele como apóstolo para“trazer obediência de fé entre os gentios” (Rm. 1:5, ênfase adicionada). O objetivo era obediência;o meio para levar a obediência era a fé. Pessoas que têm uma fé genuína no Senhor Jesus obedecem aseus mandamentos.

É por isso que Pedro pregou no dia de Pentecoste, “Portanto, que todo o Israel fique certo

disto: Este Jesus a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo” (At. 2:36). Pedro queria que oscrucificadores de Jesus soubessem que Deus tinha feito Jesus Senhor  e Cristo. Eles haviam crucificadoaquele a quem Deus queria que obedecessem! Sob grande convicção, eles perguntaram, “Que

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faremos?” e Pedro respondeu antes de qualquer outra coisa, “Arrependam-se”! Quer dizer, passem dadesobediência para a obediência. Façam Jesus, Senhor. Depois Pedro disse-lhes para serem batizados,como Cristo ordenou. Pedro estava fazendo discípulos — seguidores obedientes de Cristo — e estavacomeçando da maneira certa com a mensagem certa.

Desta forma, todo ministro deve ser capaz de avaliar seu sucesso. Todos nós devemos nosperguntar, “Será que Meu ministério está levando pessoas   a se tornarem obedientes a todos osmandamentos de Cristo?” Se estiver, estamos realmente obtendo sucesso. Se não, estamos

fracassando.O evangelista que só convence pessoas a “aceitar Jesus,” sem dizer a elas para se arrependerem

de seus pecados, está fracassando. O pastor, que está tentando construir uma grande congregação pormanter os membros felizes e por organizar muitas atividades sociais, está fracassando. O professor,que só ensina o último “vento de doutrina” carismático, está fracassando. O apóstolo, que plantaigrejas que consistem de pessoas que dizem acreditar em Jesus, mas não o obedecem, estáfracassando. O profeta, que profetiza só para dizer às pessoas sobre as bênçãos queconsequentemente virão, está fracassando.

Meu FracassoHá alguns anos atrás, quando pastoreava uma igreja em crescimento, o Espírito Santo fez-me

uma pergunta que abriu meus olhos para ver o quão longe eu estava de eficientemente desempenharmeu papel no cumprimento da visão geral de Deus. O Espírito Santo fez-me as seguintes perguntas,enquanto eu lia sobre o futuro julgamento das ovelhas e bodes descrito em Mateus 25:31-46: “Se

todos na sua congregação morressem hoje e comparecessem ao julgamento de ovelhas e bodes,quantos seriam ovelhas e quantos seriam bodes?”  Ou mais especificamente, “No último ano, quantas

 pessoas da sua congregação têm dado comida aos irmãos em Cristo que têm fome, água aos cristãosque têm sede, abrigo aos viajantes seguidores de Cristo, roupas aos cristãos nus, ou visitado um crente

doente ou  preso?”  Percebi que pouquíssimos tinham feito qualquer uma dessas atividades, ouqualquer outra coisa, mesmo aqueles que vinham a igreja, cantavam musicas de louvor, escutavam aosmeus sermões e davam ofertas. Então, eles eram bodes, pelo critério de Cristo, e eu tinha pelo menosparte da culpa, porque não estava lhes ensinando quão importante era para Deus que ajudássemosnossos irmãos em Cristo em suas dificuldades. Eu não lhes estava os ensinando a obedecer todos osmandamentos de Cristo. Aliás, percebi que estava negligenciando o que era extremamente importantepara Deus — o segundo maior mandamento, ame a teu próximo como a si mesmo — sem mencionar onovo mandamento que Jesus nos deu de amar uns aos outros como Ele nos amou.

Além disso, finalmente percebi que estava, na verdade, ensinando contra o objetivo geral deDeus de fazer discípulos, enquanto ensinava uma modesta visão do popular “Evangelho da

Prosperidade” à minha congregação. Mesmo sendo da vontade de Deus que seu povo não acumuletesouros na terra (veja Mt. 6:19-24) e que sejam satisfeitos com o que têm, mesmo que seja só comidae roupas (veja Hb. 13:5 e I Tm. 6:7-8), estava ensinando a minha rica congregação americana que Deusqueria que eles possuíssem mais. Eu estava ensinando meu povo a não obedecer a Jesus em um ponto(assim como centenas de outros pastores ao redor do mundo).

Uma vez que percebi o que estava fazendo, me arrependi e pedi à minha congregação que meperdoasse. Comecei a tentar fazer discípulos, ensinando-os a obedecer a todos os mandamentos deCristo. Eu fiz isso com temor e tremor, receando que alguns em minha congregação realmente nãoquisessem obedecer a todos os mandamentos de Cristo, preferindo um cristianismo que,convenientemente, não requeresse sacrifício algum da parte deles. E estava certo. De fato, vários não

ligavam para os crentes que estavam sofrendo pelo mundo. Eles não queriam se incomodar emespalhar o Evangelho àqueles que nunca haviam ouvido. Pelo contrário, só queriam conseguir maispara si mesmos. A respeito da santidade, só evitavam os pecados mais escandalosos, pecados queeram condenados até pelos incrédulos, e viviam comparáveis aos americanos conservadores

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medianos. Mas, de fato, eles não amavam ao Senhor, pois não queriam guardar os mandamentos deJesus, exatamente o ponto que Ele disse que iria provar o nosso amor por Ele (veja Jo.14:21).

O que eu temia provou ser verdade —  alguns cristãos assumidos eram, na verdade, bodesvestidos de ovelhas. Quando os chamei para negarem a si mesmos e levarem sua cruz, alguns ficaramcom raiva. Para eles, a igreja era primeiramente uma experiência social acompanhada de boa música,exatamente o que o mundo aproveita em clubes e bares. Toleravam um pouco de pregação desde queafirmasse sua salvação e o amor de Deus por eles. Mas não queriam ouvir sobre o que Deus requeria

deles. Não queriam que ninguém questionasse sua salvação e estavam indispostos a ajustar suas vidaspara viverem em conformidade com a vontade de Deus se isso lhes custasse alguma coisa.Obviamente, eles estavam dispostos a dar um pouco do seu dinheiro, desde que pudessem serconvencidos que Deus os daria mais em troca e desde que se beneficiassem diretamente do quederam, como quando o dinheiro deles melhorava o ambiente da igreja.

Tempo para Auto - Avaliação

Este seria um bom tempo para todos os ministros que estão lendo este livro se perguntarem a

mesma coisa que o Espírito Santo me perguntou:  “Se as pessoas para as quais ministro morressemagora e comparecessem ao julgamento das ovelhas e bodes, quantas seriam ovelhas e quantas seriambodes? “Quando ministros asseguram às pessoas de sua congregação que agem como bodes, que elassão salvas, estão falando exatamente o contrário do que Deus quer seja dito.  Esse ministro estátrabalhando contra Cristo. Está falando o oposto do que Jesus quer que seja dito a essas pessoas deacordo com o que Ele disse em Mateus 25:31-46. Jesus disse isso para avisarmos aos bodes, pois nãoquer que pensem que estão indo para o céu.

Jesus disse que todo homem saberia que somos seus discípulos pelo amor que temos uns pelosoutros (veja Jo. 13:35). Com certeza Ele deve ter falado do amor que excede o amor que os incrédulosmostram pelos outros; caso contrário, seus seguidores não poderiam ser distinguidos dos ímpios. O

tipo de amor que Jesus falou é um amor que se sacrifica, quando nós nos amamos como Ele nos amou,dando nossa vida pelos outros (veja Jo. 13:34 e 3:16-20). João também escreve que sabemos quepassamos da morte para a vida, ou seja, renascemos, quando amamos uns aos outros (1 Jo. 3:14). Aspessoas que reclamam, falam mal e odeiam ministros que ensinam os mandamentos de Deus estãomostrando que o amor é a marca dos renascidos? Não, eles são bodes no caminho do inferno.

Discípulos de Todas as Nações

Antes de continuarmos, vamos dar mais uma olhada em Mateus 28:19-20, a Grande e Geral

Comissão que Jesus deu a seus discípulos, para ver se podemos encontrar mais algumas verdades.Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e

do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer tudo o que eu lhes ordenei (Mt. 28:19-20a).Note que, Jesus quer que discípulos sejam feitos em todas as nações; ou, colocado mais

corretamente de acordo com o grego original, todos os grupos étnicos do mundo. Se Jesus mandou,sou levado a acreditar que é possível. Nós podemos  fazer discípulos de Jesus em todos os gruposétnicos do mundo. A tarefa não foi dada somente aos primeiros onze discípulos, mas para cadadiscípulo depois deles, porque Jesus disse aos onze para ensinar seus discípulos a observar tudo queEle tinha-lhes ordenado. Portanto, os primeiros onze ensinaram seus discípulos a obedecerem aosmandamentos de Cristo, de fazer discípulos de todas as nações, e esse seria um mandamento perpétuo

para todo discípulo subsequente. Todos os discípulos de Jesus precisam estar envolvidos de algumamaneira no discipulado das nações. Isso explica, em parte, porque a “Grande Comissão” ainda não foi cumprida. Mesmo existindo

milhões de cristãos assumidos, o número de discípulos dedicados a obedecer a Jesus é muito menor. A

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maioria dos cristãos assumidos não liga para discípulos sendo feitos em todos os grupos étnicos,porque simplesmente não são dedicados a obedecer aos mandamentos de Cristo. Quando o assunto élevantado, muitas vezes usam desculpas do tipo: “Esse não é o meu ministério,” e “Eu não me sintodirecionado para esse caminho”. Vários pastores mencionam essas frases, assim como os bodes queescolhem quais mandamentos de Cristo valem à pena encaixar em suas agendas.

Se cada cristão assumido realmente acreditasse no Senhor Jesus Cristo, em pouco tempo todosno mundo iriam ouvir o Evangelho. O compromisso coletivo dos discípulos de Jesus faria isso

acontecer. Eles parariam de gastar todo seu tempo e dinheiro em coisas mundanas e passageiras ecomeçariam a usá-los para cumprir a ordem do Senhor. No entanto, quando pastores anunciam queum missionário estará falando em certo culto, ele pode esperar que, na maioria das vezes, o númerode frequentadores do culto irá cair. Muitos bodes ficarão em casa ou irão a outro lugar. Não estãointeressados em obedecer ao último mandamento do Senhor Jesus Cristo. As ovelhas, por outro lado,sempre comparecem animadas com a perspectiva de serem envolvidas no ministério de fazerdiscípulos de todas as nações.

Um último destaque em Mateus 28:18-20: Jesus também disse aos Seus discípulos parabatizarem seus discípulos, e os apóstolos fielmente obedeceram a esse mandamento. Elesimediatamente batizaram aqueles que se arrependeram e acreditaram no Senhor Jesus. O batismo, é

claro, representa a identificação do crente com a morte de Cristo,  sepultamento e ressurreição. Novoscrentes têm morrido e ressuscitado como novas criaturas em Cristo. Essa verdade Jesus queriadramatizada no batismo de cada novo convertido, imprimindo em sua mente que ele agora é umanova pessoa, com uma nova natureza. Ele é um em espírito com Cristo, e agora está autorizado porCristo, que vive nele, a obedecer a Deus. Estava morto em seus pecados, mas agora foi lavado eressuscitado pelo Espírito Santo. Ele é mais que “somente perdoado.” Ele foi radicalmentetransformado. Então, Deus está indicando mais uma vez que verdadeiros crentes são pessoasdiferentes que agem muito mais diferente do que agiam quando estavam espiritualmente mortos. Issotambém está implícito nas palavras finais de Jesus: “E eu estarei sempre com vocês, até o fim dostempos” (Mt. 28:20). Não é lógico pensar que a presença contínua de Cristo nas pessoas afetaria seus

comportamentos?

Jesus Define o Discipulado

Já estabelecemos que o objetivo primordial de Jesus para nós é que façamos discípulos, querdizer, pessoas que se arrependeram de seus pecados e estão aprendendo a obedecer aos Seusmandamentos. Mais tarde, Jesus definiu em João 8:32 o que é um discípulo:

Se vocês permanecerem firmes na minha Palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. Econhecerão a verdade e a verdade vos libertará.

De acordo com Jesus, verdadeiros discípulos são aqueles que vivem a Sua Palavra e nela fazemmorada. Enquanto aprendem a verdade em Sua palavra, são progressivamente “libertos,” e mais tardeo contexto indica que Jesus estava falando sobre ser liberto do pecado (veja Jo. 8:34-36). Então, vemosmais uma vez que, pela definição de Jesus, discípulos estão aprendendo e obedecendo a seusmandamentos.

Mais tarde Jesus disse,Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto, então prove para serem Meus

discípulos (Jo. 15:8 ênfase adicionada).Portanto, pela definição de Jesus, discípulos glorificam a Deus dando fruto. Aqueles que não

dão fruto não provam serem Seus discípulos.

Jesus definiu mais especificamente o tipo de fruto que identifica seus verdadeiros discípulos emLucas 14:25-33. Vamos começar lendo somente o versículo 25:Uma grande multidão ia acompanhando Jesus; este se voltando para ela disse… 

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Jesus estava satisfeito porque uma grande multidão o estava “seguindo”? Ele tinha alcançadoseu objetivo agora que teve sucesso em ganhar uma grande congregação?

Não, Jesus não estava satisfeito porque uma grande multidão o estivesse seguindo, ouvindo osseus sermões, vendo seus milagres e, às vezes, comendo Sua comida. Jesus procura pessoas que amama Deus de todo o coração, mente, alma e força. Ele quer pessoas que obedeçam aos Seusmandamentos. Ele quer discípulos. Por isso disse àquela multidão que estava com Ele:

Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e

até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo (Lc. 14:26).Não há erro: Jesus apresentou o custo/requisitos para uma pessoa ser Seu discípulo. Mas Seus

discípulos precisam mesmo odiar essas pessoas as quem iriam naturalmente amar mais? Isso pareceimprovável, já que as Escrituras nos mandam honrar nossos pais e amar nossas esposas e filhos.

Jesus devia estar usando uma hipérbole, isto é, exagerando para dar ênfase. Mesmo assim, omínimo que Ele quis dizer é: Se nós quisermos ser Seus discípulos, precisamos amá-Lo acima de tudo,muito mais do que as pessoas a quem naturalmente amamos muito. A expectativa de Jesus comcerteza é razoável já que Ele é Deus, a quem nós devemos amar com todo coração, mente, alma eforça.

Não esqueça —  a tarefa dada aos ministros é fazer discípulos, o que significa que precisam

produzir pessoas que amem a Jesus como Ser supremo, que O amem muito, muito mais do que amamseus cônjuges, filhos e pais. Seria bom para cada ministro que esteja lendo isso se perguntar, “Estou

obtendo sucesso em produzir pessoas assim?”  Como sabemos se alguém ama a Jesus? Jesus nos disse em João 14:21: “Quem tem os meus

mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama.” Então, com certeza, é razoável concluir que,pessoas que amam Jesus mais do que seus cônjuges, filhos e pais também são pessoas que guardamSeus mandamentos. Discípulos de Jesus obedecem aos Seus mandamentos. 

Uma Segunda Condição

Naquele mesmo dia, Jesus continuou falando à multidão que estava indo com Ele dizendo:E aquele que não carrega sua cruz e não Me segue não pode ser Meu discípulo (Lc. 14:27).Esta é a segunda condição que Jesus impõe para alguém ser Seu discípulo. O que Ele quis dizer?

Os discípulos são literalmente obrigados a carregar grandes pedaços de tora com eles? Não, Jesusestava novamente usando uma figura de linguagem.

A maioria, se não todas, as pessoas da plateia judaica de Jesus teria presenciado criminososcondenados morrendo em cruzes. Os romanos crucificavam os criminosos nas estradas do lado de forados portões da cidade, para maximizar o efeito da crucificação como meio de desencorajar o crime.

Por esse motivo, suspeito que a frase, “carregar sua cruz” era uma expressão comum nos dias

de Jesus. Todas as pessoas que eram crucificadas ouviam um soldado romano dizer, “Pegue sua cruz esiga-me.” Essas eram as palavras que os condenados temiam, já que sabiam que marcava o começo dehoras e dias de horrível agonia. Então, uma frase como essa pode ter facilmente se tornado umaexpressão comum que significava, “Aceite a dificuldade inevitável que está se aproximando.” 

Imagine pais dizendo aos seus filhos, “Filho, eu sei que você odeia esvaziar a latrina. É umtrabalho sujo e fedorento. Mas é a sua responsabilidade uma vez por mês, então  pegue a sua cruz. Váesvaziar a latrina.” Eu imagino esposas dizendo a seus maridos, “Meu bem, eu sei o quanto você odeiapagar impostos aos romanos, mas os nossos impostos vencem hoje e o cobrador de impostos estásubindo a nossa rua agora. Então pegue a sua cruz. Vá pagar o homem.” 

Levar a sua cruz é sinônimo de negação de si mesmo, e Jesus usou isso naquele sentido em

Mateus 16:24: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.”Poderia ser modernizado, “Se alguém quer vir após Mim, ponha de lado sua agenda, abrace adificuldade inevitável que vem como consequência desta decisão, e siga-Me.” 

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Verdadeiros discípulos estão dispostos a sofrer por seguirem a Jesus. Eles já calcularam quantovai custar antes de começarem, e sabendo que as dificuldades são inevitáveis, lançaram-se comdeterminação para terminar a corrida. Essa interpretação tem como suporte o que Jesus disse a seguirsobre calcular o custo de segui-Lo. Duas ilustrações demonstram esse ponto:

Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para verse tem dinheiro suficiente para completá-la? Pois, se lançar o alicerce e não for capaz de terminá-la,todos os que a virem rirão dele, dizendo: “Este homem começou a construir e não foi capaz de

terminar”. Ou, qual é o rei, que pretendendo sair à guerra contra outro rei, primeiro  não se assenta epensa se com dez mil homens é capaz de enfrentar aquele que vem contra ele com vinte mil? Se nãofor capaz, enviará uma delegação, enquanto o outro ainda está longe, e pedirá um acordo de paz (Lc.14:28-32).

O que Jesus quis falar não pode ficar mais claro: “Se você quer ser Meu discípulo, calcule opreço antes; para que não aconteça que venhas a desistir quando a viajem começar a ficar difícil.Verdadeiros discípulos aceitam as dificuldades que vêm como um resultado de Me seguir.” 

Uma Terceira Condição

Naquele mesmo dia, Jesus listou mais uma condição de discípulo para a multidão:Da mesma forma, qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui não poderá ser

meu discípulo (Lc. 14:33).Novamente, parece lógico concluir que Jesus está usando outra hipérbole. Não precisamos nos

livrar de todas as nossas posses no sentido de ficar sem abrigo, roupas e comida. Contudo, precisamosrenunciar todas as nossas posses no sentido de entregá-las a Deus, e de chegar ao ponto em que nãoestejamos mais servindo às riquezas, mas sim a Deus com nossas riquezas. O resultado certamentepoderá ser abrir mão de várias coisas desnecessárias e viver uma vida simples e santificada, quer sejaadministrando ou compartilhando os bens, assim como os primeiros cristãos sobre quem lemos no

livro de Atos. Ser discípulo de Jesus significa obedecer aos Seus mandamentos, e ordenou a Seusseguidores que não acumulassem tesouros na terra, mas os acumulassem no céu.

Resumindo, de acordo com Jesus, se eu for ser Seu discípulo, preciso dar fruto. Preciso amá-Loacima de tudo, muito mais do que a minha própria família. Devo estar disposto a encarar asdificuldades inevitáveis que surgirão como resultado da minha decisão de segui-Lo. É preciso fazer oque Ele ordenar com meu sustento e posses. (Vários de Seus mandamentos falam algo sobre isso;então, não devo me enganar, como muitos fazem, dizendo: “Se o Senhor me mandasse fazer algo comtodas as minhas posses, eu o faria.”) 

E estes são o tipo de os seguidores comprometidos de Cristo que nós, como ministros, precisamos formar! Este é o nosso alvo dado por Deus! Somos chamados para ser ministros

formadores de discípulos!Essa é uma verdade fundamental que está faltando por completo a muitos ministros ao redor

do mundo. Se avaliarem seus ministérios, como eu fiz, terão que concluir, como eu conclui, que nãoestão satisfazendo o desejo e expectativas expectações de Deus. Quando levei em consideração o nívelde submissão a Cristo demonstrado pelas pessoas de minha congregação, não tive dúvida que muitosnão poderiam ser classificados como verdadeiros discípulos.

Pastores deem uma olhada em sua congregação. Quantos do seu povo, Jesus considera Seusdiscípulos de acordo com Seu critério em Lucas 14:26-33? Evangelistas, a mensagem que vocês pregamestá produzindo pessoas que se submetem a obedecer a todos os mandamentos de Cristo?

Agora é a hora oportuna de avaliar nossos ministérios, antes de nos apresentarmos diante de

Jesus na avaliação final. Se eu estiver fracassando em alcançar o objetivo dEle, prefiro descobrir aqui eagora a descobrir lá. Você não?

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Um Último Pensamento Preocupante

Obviamente, Jesus quer que pessoas tornem-se Seus discípulos, como revelado em Sua Palavraà multidão em Lucas 14:26-33. Então, qual é a importância de se tornar seu discípulo? E sealguém optar  não se tornar Seu discípulo? Jesus respondeu a essas perguntas no fechamento de seudiscurso em Lucas 14.

Portanto, o sal é bom, mas se ele perder o sabor, como restaurá-lo? Não serve nem para o solonem para adubo; é jogado fora. “Aquele que tem ouvidos para ouvir ouça” (Lc. 14:34-35 traduzido daversão em inglês New American Standard Bible).

Note que essa declaração não está fora do contexto. Ela começa com portanto. O sal deve ser salgado. É isso que o faz sal. Se ele perder o sabor, não serve para nada e é

“jogado fora”. O que isso tem a ver com ser discípulo? Da mesma forma como se espera que o sal seja salgado,

assim Jesus espera que as pessoas se tornem Seus discípulos. Sendo Ele Deus, a nossa obrigaçãomeramente razoável é amá-Lo acima de tudo e levar nossas cruzes. Se não nos tornarmos seusdiscípulos, rejeitamos Sua razão para a nossa existência. Nós não somos bons para coisa alguma e

somos destinados a sermos “jogados fora.”  Esse não parece o céu, parece?Em outro momento, Jesus disse aos Seus discípulos (veja Mt. 5:13):Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para

nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens (Mt. 5:13).Estes realmente são avisos preocupantes. Primeiro, somente aqueles que são salgados (uma

metáfora óbvia para “submetidos à obediência”) têm algum uso para Deus. O resto “não serve paranada... exceto para ser jogado fora e pisado.” Segundo, deve ser possível para alguém   “salgado”tornar-se “sem gosto”, caso contrário, Jesus não teria achado necessidade de avisar aos Seusdiscípulos. Como estas verdades contradizem o que muitos ensinam hoje, dizendo que alguém podeser um crente destinado ao céu, mas não ser um discípulo de Cristo, ou que alguém não pode perdersua posição de salvo. Iremos considerar essas ideias errôneas mais detalhadamente nos próximoscapítulos.

[1] 1 Neste livro, me refiro a ministros usando o pronome masculino, simplesmente para mantera consistência, e porque a maioria dos ministros vocacionais, como pastores, são homens. Mas fuiconvencido pelas Escrituras que Deus também chama mulheres para o ministério vocacional, econheço algumas com ministérios bem efetivos. Este é o tópico do capítulo intitulado, Mulheres noMinistério.

Capítulo Dois

Começando Corretamente

Biblicamente falando, um discípulo é um crente sincero no Senhor Jesus Cristo. É alguém quepela Sua Palavra, não mais segue o curso deste mundo como consequência de ter sido liberto dopecado. Discípulo é alguém que vive aprendendo a obedecer a todos os mandamentos de Cristo,alguém que ama a Jesus mais que sua própria família, seu próprio conforto e suas propriedades, emanifesta esse amor através de seu estilo de vida. Os verdadeiros discípulos de Jesus amam uns aos

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outros e demonstram esse amor de maneiras práticas. Eles dão fruto. [1] Esses são os tipos de pessoasque Jesus quer.

Obviamente, aqueles que não são Seus discípulos não podem fazer discípulos para Ele.Portanto, primeiramente precisamos ter certeza em nós mesmos de que somos Seus discípulos antesde tentarmos fazer discípulos para Ele. Muitos ministros, quando medidos pela definição bíblica dediscípulo, reprovam. Não há esperança que esses ministros façam discípulos, e de fato, nem tentarão.Eles não se dedicaram suficientemente a Jesus Cristo para suportar as dificuldades que acompanham o

processo de fazer verdadeiros discípulos.Deste ponto em diante, vou assumir que os discípulos que continuarem lendo são verdadeiros

discípulos do Senhor Jesus Cristo, completamente comprometidos em obedecer aos Seusmandamentos. Se você não é, não faz sentido ler mais adiante até que faça o compromisso necessáriopara se tornar um verdadeiro discípulo. Não espere mais! Caia de joelhos e arrependa-se! Pela Suamaravilhosa graça, Deus lhe perdoará e lhe fará uma nova criatura em Cristo!

Redefinindo Discipulado

Mesmo tendo Jesus deixado bem claro sobre quem é discípulo, muitos têm trocado Suadefinição por outras interpretações irrelevantes. Por exemplo, para alguns a palavra discípulo é umtermo vago que se aplica a qualquer um que confessa ser cristão. Aqui, a palavra discípulo é separadade todo seu contexto bíblico.

Outros consideram discipulado um segundo passo opcional de compromisso para crentes queestão certos que vão para o céu. Eles acreditam que alguém pode ser um crente em Jesus apto paraentrar no céu mesmo sem ser discípulo de Jesus!  Por ser tão difícil, escolhem simplesmente ignorar osrequisitos para o discipulado, que estão gravados nas Escrituras e ordenados por Jesus, ensinando queexistem dois níveis de cristãos — os crentes que acreditam em Jesus, e os discípulos. Estes últimosacreditam em Jesus e são comprometidos com Ele. Nessas mesmas linhas, é várias vezes dito que

existem muitos cristãos, mas poucos discípulos, mas que todos vão para o céu.Essa doutrina efetivamente neutraliza o mandamento de Cristo de fazer discípulos, que por sua

vez neutraliza a formação de discípulos. Já que tornar-se discípulo requer compromisso de renunciaprópria e aceitação de desafios e dificuldades, se alguma doutrina sugerir que tornar-se discípulo éopcional, a grande maioria das pessoas votarão em não se tornar discípulos especialmente sepensarem que serão bem-vindas no céu ainda que sejam não-discípulos.

Então, aqui estão algumas perguntas muito importantes que devemos fazer: Será que asEscrituras ensinam que alguém pode ser um crente apto para o céu e ao mesmo tempo não ser umdiscípulo de Jesus Cristo? O discipulado é um passo opcional para crentes? Existem dois níveis decrentes ; os crentes descomprometidos e os discípulos comprometidos?

A resposta para todas essas perguntas é Não. Em nenhum lugar o Novo Testamento ensina queexistem duas categorias de cristãos ou seja, os crentes e os discípulos. Se alguém ler o livro de Atos,lerá repetidas referências ao termo discípulos, e elas obviamente não são referências a um nível maisalto de crentes ou a crentes mais comprometidos. Todos que acreditavam em Jesus eramdiscípulos.[2] Na verdade, “Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos” (At.11:26).

É interessante notar que a palavra grega traduzida discípulo (mathetes) é encontrada 261 vezesno Novo Testamento, enquanto a palavra grega traduzida crente (pistos) só é encontrada nove vezes. Apalavra grega traduzida cristão (Christianos) só é encontrada três vezes. Esses fatos são suficientes paraconvencer a qualquer pesquisador honesto que na igreja primitiva todos aqueles que acreditavam em

Jesus eram considerados Seus discípulos.

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O Comentário de Jesus

Jesus com certeza não pensava que tornar-se discípulo era passo secundário ou opcional paraos crentes. três Os requisitos para embarcar-se em discipulado que lemos em Lucas 14 não foramapresentados só aos crentes como se fosse um convite para um nível mais alto de compromisso. Aocontrário, Suas palavras foram dirigidas a todos na multidão. Discipulado é o primeiro passo para um

relacionamento com Deus. Lemos mais adiante, em João 8:Tendo dito essas coisas, muitos creram nele. Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: “Sevós permanecerdes firmes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos. E conhecereis averdade e a verdade vos libertará” (Jo. 8:30-32).

Ninguém pode inteligentemente argumentar contra o fato inegável de que Jesus estava falandocom crentes recém-convertidos sobre serem Seus discípulos. Jesus não disse aos crentes recém-convertidos: “Em certa altura no futuro vocês poderão considerar tomar o próximo passo, um passo decompromisso, para então se tornarem Meus discípulos”. Não! Jesus falou àqueles novos crentestratando-os como que à discípulos, como se as palavras crente e discípulo fossem sinônimas. Ele disseàqueles recém-convertidos que o modo que poderiam provar que eram Seus discípulos era que, pela

sua Palavra, não seguiriam mais as coisas desse mundo. O que resultaria em serem libertos do pecado(veja Jo. 8:34-46).Jesus sabia que a profissão de fé das pessoas não era garantia de que elas realmente

acreditavam. Ele também sabia que aqueles que verdadeiramente acreditavam ser Ele o Filho de Deusiriam agir como tal —  iriam imediatamente se tornar Seus discípulos —  ansiando obedecer-Lhe eagradá-Lo. Esperava que tais crentes/discípulos começassem naturalmente a viver de acordo com aSua palavra, fazendo nela sua morada. E enquanto descobrissem Seu querer e aprender Seusmandamentos, seriam, progressivamente libertos do pecado.

É por isso que Jesus desafiou imediatamente aqueles novos crentes para examinarem a simesmos. Sua declaração, “Se... verdadeiramente sois meus discípulos” indica que Ele acreditava queexistia a possibilidade de haver discípulos que não fossem verdadeiros, mas somente de palavra. Estesenganavam-se a si mesmos. Portanto, só se eles passassem no teste de Jesus, teriam convicção queeram Seus verdadeiros discípulos. (E depois de ler o resto do diálogo em João 8:37-59 descobrimos queparece que Jesus com certeza tinha bons motivos para duvidar de sua sinceridade.)[3] 

Nossa passagem chave, Mateus 28:18-20, dissipa a teoria de que discípulos são crentes em umnível de compromisso mais alto. Jesus mandou, em Sua Grande Comissão, que os discípulos fossembatizados. O livro de Atos indica que os apóstolos não esperaram até que os novos convertidostomassem um “segundo passo de compromisso radical com Cristo” antes de batizá-los. Ao contrário,os apóstolos batizaram todos os novos convertidos quase imediatamente após suas conversões. Elesacreditavam que todos os crentes verdadeiros eram discípulos.

Sendo assim, aqueles que acreditam que discípulos são crentes especialmente comprometidos

não são consistentes em sua própria teologia. A maioria deles batiza qualquer um que professaacreditar em Jesus, sem esperar que alcancem o nível de compromisso do “discipulado.” Mesmo assim,se eles realmente acreditam no que pregam, devem batizar somente aqueles que alcançam o nível dediscipulado, que serão bem poucos em seu meio.

Talvez um último ataque a essa doutrina diabólica será suficiente. Se discípulos são diferentesde crentes, por que é que João escreveu que o amor pelos irmãos é a marca para se identificaros crentes nascidos-de-novo (veja 1 Jo. 3:14), e Jesus disse que o amor pelos irmãos é a marca paraidentificar Seus verdadeiros discípulos (Jo. 13:35)?

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A Origem dessa Falsa Doutrina

Se a ideia de duas classes diferentes de cristãos; os crentes e os discípulos, não é encontradanas Escrituras, como é que essa doutrina é sustentada e defendida? A resposta é que ela podeunicamente ser sustentada e defendida por outra falsa doutrina sobre a salvação. A referida alega queos requisitos exigidos para o discipulado não são compatíveis com o fato de que a salvação é pela

graça. Baseado nessa lógica, a conclusão é que os requisitos para o discipulado não podem ser osmesmos para a salvação. Portanto, ser um discípulo deve ser um passo opcional de compromisso paracrentes que são salvos pela graça.

O erro fatal dessa teoria é que existem inúmeras passagens que se opõe a ela. O que, porexemplo, pode ser mais claro do que aquilo que Jesus disse perto do fim do Seu Sermão do Monte,depois de ter enumerado vários mandamentos?

Nem todo aquele que me diz: “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos céus, mas apenas aqueleque faz a vontade de meu Pai que está nos céus (Mt. 7:21).

Claramente, Jesus ligou obediência com salvação tanto aqui e em muitas outras declarações.Então, como podemos reconciliar as numerosas passagens como essa com a afirmação da Bíblia que a

salvação é pela graça? É bem simples. Deus, em Sua maravilhosa graça, está oferecendotemporariamente uma oportunidade a todos de se arrepender, acreditar e nascer de novo, com opoder dado pelo Espírito Santo de viver obedientemente. Então, a salvação é pela graça. Sem a graçade Deus, ninguém pode ser salvo, porque todos pecaram. Pecadores não podem merecer a salvação.Logo, precisam da graça de Deus para serem salvos.

A graça de Deus é revelada de várias maneiras em relação a nossa salvação. É revelada em Jesusmorrendo na cruz, Deus nos chamando através do evangelho, nos trazendo mais perto de Cristo, nosconvencendo de nossos pecados, dando-nos uma oportunidade de arrependimento, nos regenerandoe nos enchendo com Seu Espírito Santo, quebrando o poder do pecado sobre nossas vidas, nos dandopoder para viver em santidade, nos disciplinando quando pecamos, e assim por diante. Nãomerecemos nenhuma dessas bênçãos. Somos salvos pela graça do início ao fim.

No entanto, de acordo com as Escrituras, a salvação não é somente “pela graça,” mas “pela fé”:“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé” (Ef. 2:8a, ênfase adicionada). Os dois componentes sãonecessários, e obviamente não são incompatíveis. Para que as pessoas sejam salvas, fé e graça serãonecessárias. Deus estende Sua graça e nós respondemos pela fé. Fé genuína, é claro, resulta emobediência aos mandamentos de Deus. Como Tiago escreveu no segundo capítulo de sua epístola, a fésem obras é morta, sem utilidade e não pode salvar (veja Tg. 2:14-26).[4] 

O fato é que, a graça de Deus nunca ofereceu a alguém uma licença para pecar. Pelo contrário,ela oferece às pessoas uma oportunidade temporária para se arrependerem e nascer de novo. Depoisda morte não há mais oportunidade de arrependimento e renascimento e, portanto, a graça de Deusnão estará mais disponível. Sua graça salvadora é portanto temporária.

Uma Mulher a Quem Jesus Salvou pela Graça por meio da Fé

Uma imagem perfeita da salvação oferecida pela graça por meio da fé é encontrada na históriado encontro de Jesus com a mulher pega em adultério. Jesus disse-lhe: “Eu também não a condeno[isso é graça, pois ela merecia ser condenada]; agora vá e não peques mais” (Jo. 8:11, ênfaseadicionada). Quando ela merecia morrer, Jesus a deixou ir. Contudo, Ele a mandou embora com umaviso: De agora em diante não peques mais.  Isso é exatamente o que Ele está dizendo a todos ospecadores do mundo — “Eu não estou te condenando agora. Você merece morrer e ser condenado

para sempre no inferno, mas estou te dando graça. Contudo, Minha graça é temporária;Portanto, então, arrependa-se. Pare de pecar agora, antes da Minha graça acabar e você se encontrarem pé diante do Meu julgamento como um pecador culpado.”. 

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Vamos imaginar aquela mulher adúltera arrependida como Jesus a instruiu. Se ela searrependeu, foi salva pela graça por meio da fé. Foi salva pela graça, porque, sendo pecadora, nuncapoderia ter sido salva sem a graça de Deus. Ela nunca poderia dizer, com razão, que alcançou suasalvação pelas suas obras. E foi salva  por meio da fé, porque acreditou em Jesus e, portanto, acreditouno que Ele disse a ela, prestando atenção em Sua advertência, e voltando-se de seu pecado antes quefosse tarde de mais demais. Qualquer um que tiver uma fé genuína em Jesus irá se arrepender, porqueJesus advertiu: a menos que o povo se arrependa, ele perecerá (veja Lc. 13:3). Jesus também declarou

solenemente que somente aqueles que fazem a vontade do Pai entrarão no céu (Mt. 7:21). Se alguémclama crer em Jesus, consequentemente observará e obedecerá seus mandamentos. Suponhamos quea mulher adúltera não se arrependeu de seus pecados. Imagine que ela continuou pecando e, então,morreu e apresentou-se diante de Jesus para julgamento. Imagine-a dizendo a Jesus, “Oh, Jesus! É tãobom Te ver! Eu me lembro de como o Senhor não me condenou pelo meu pecado quando fui levadadiante de Ti na terra. Com certeza, o Senhor continua tão gracioso quanto antes. O Senhor não mecondenou lá; então, com certeza, não me condenará agora!”. 

O que você acha? Jesus a aceitaria no céu? A resposta é óbvia. Paulo advertiu: “Não se deixemenganar: nem os imorais... nem os adúlteros... herdarão o Reino de Deus” (1 Co. 6:9-10).

Tudo isso é para dizer que os requisitos de Jesus para o discipulado são nada mais nem menos

que um requisito de fé genuína nEle, que se resume na fé que conduz a salvação. E todos os que têm afé salvadora são salvos pela graça por meio da fé. Não há fundamento bíblico para os que dizem que,porque a salvação é pela graça, as exigências de Jesus para o discipulado são incompatíveis com Seusrequerimentos para a salvação. Discipulado não é um passo opcional para os crentes comprometidos;pelo contrário, discipulado é a evidência de uma fé genuína que conduz a salvação.[5] 

Portanto, para ter sucesso aos olhos de Deus, um ministro deve começar corretamente o processo de fazer discípulos, pregando o evangelho verdadeiro e chamando pessoas para uma féobediente.  Quando ministros pregam a falsa doutrina, que o discipulado é um passo opcional paracrentes comprometidos, eles estão trabalhando contra o mandamento de Cristo de fazer discípulos eestão proclamando uma graça falsa e um evangelho falso. Somente os discípulos verdadeiros de Cristo

possuem a fé salvadora e estão indo para o céu, exatamente como Jesus prometeu: “Nem todo aqueleque me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meuPai que está nos céus” (Mt. 7:21). 

O Novo Evangelho Falso

Devido a falsos conceitos sobre a graça de Deus na salvação, elementos bíblicos que sãoconsiderados incompatíveis com a mensagem da graça têm sido arrancados do evangelho moderno.Mas um evangelho falso só produz falsos cristãos, e é por isso que uma porcentagem tão grande dos

novos “convertidos” modernos desistem de frequentar a igreja depois de apenas alguns dias de terem“aceitado a Jesus.” Ademais, muitos dos que vão à igreja são indistinguíveis da população não salva,possuindo os mesmos valores e praticando os mesmos pecados que seus vizinhos conservadores. Issoacontece, porque eles não creem realmente no Senhor Jesus Cristo e não nasceram de novoverdadeiramente.

Um desses elementos essenciais, que agora é removido do evangelho moderno, é anecessidade de arrependimento. Muitos ministros pensam que se eles falarem às pessoas para pararde pecar (como Jesus disse àquela mulher pega no ato de adultério), será equivalente a dizer que asalvação não é pela graça, mas sim pelas obras. Mas isso não pode ser verdade, porque João Batista,Jesus, Pedro e Paulo proclamaram que o arrependimento é um requisito absoluto para a salvação.

Contudo, eles entenderam que a graça de Deus oferece às pessoas uma oportunidade temporária dearrependimento, não uma oportunidade para continuar pecando.

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Por exemplo, quando João Batista proclamou o que Lucas se refere como “o evangelho,” suamensagem central foi o arrependimento (veja Lc. 3:1-18). Aqueles que não se arrependessem iriampara o inferno (veja Mt. 3:10-12; Lc. 3:17).

Jesus pregou arrependimento desde o início de Seu ministério (veja Mt. 4:17). Ele advertiu aspessoas que a menos que se arrependessem, elas iriam perecer (veja Lc. 13:3,5).

Quando Jesus enviou Seus doze discípulos para pregar em várias cidades, “Eles saíram epregaram ao povo que se arrependesse” (Mc. 6:12, ênfase adicionada).

Depois de Sua ressurreição, Jesus disse aos doze para levarem a mensagem de arrependimentopara o mundo inteiro, pois o arrependimento era a chave que abria a porta para o perdão:

E lhes disse: “Está escrito que o Cristo haveria de sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia,e que em seu nome seria pregado o arrependimento para o perdão de pecados a todas as nações,começando por Jerusalém” (Lc. 24:46-47, ênfase adicionada).

Os apóstolos obedeceram às instruções de Jesus. Quando Pedro estava pregando no dia dePentecostes, seus ouvintes convictos, depois de perceberem a verdade sobre o Homem a quem tinhamcrucificado recentemente, perguntaram a Pedro o que deveriam fazer. Sua resposta foi que, antes detudo, deviam se arrepender (veja At. 2:38).

O segundo sermão público de Pedro, no Pórtico de Salomão, continha uma a mensagem

idêntica.: Sem arrependimento não há remissão de pecados [6]  Arrependam-se pois e voltem-se para Deus, para que seus pecados sejam cancelados (At. 3:19,

ênfase adicionada).Quando Paulo testificou ao rei Agripa, declarou que seu evangelho havia sempre contido a

mensagem de arrependimento:Assim, rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial. Preguei em primeiro lugar aos que

estavam em Damasco, depois aos que estavam em Jerusalém e em toda a Judeia, e também aosgentios, persuadindo-os para que se arrependessem e se voltassem para Deus, praticando obras quemostrassem o seu arrependimento (At. 26:19-20, ênfase adicionada).

Em Atenas, Paulo avisou sua audiência que todos devem comparecer ao julgamento diante de

Cristo, e aqueles que não se arrependerem estarão despreparados para aquele grande dia:No passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo

lugar, se arrependam. Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio dohomem que designou. E deu prova disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos (At. 17:30-31,ênfase adicionada).

Em seu sermão de despedida para os anciãos de Éfeso, Paulo listou arrependimento junto comfé, como uma parte essencial de sua mensagem:

Testifiquei, tanto a judeus como a gregos, que eles precisam converter-se a Deus comarrependimento e fé em nosso Senhor Jesus (At. 20:21, ênfase adicionada).

Essa lista de provas das Escrituras deve ser o suficiente para convencer qualquer um de que, a

menos que a necessidade de arrependimento seja proclamada, o verdadeiro evangelho ainda não  foipregado. Não há perdão dos pecados sem o arrependimento.

Arrependimento Redefinido

Mesmo sob a luz de tantas provas que a salvação depende do arrependimento, alguns ministrosainda encontram uma maneira de anular sua necessidade torcendo seu verdadeiro significado parafazê-lo compatível com sua concepção falsa da graça de Deus. Em sua nova interpretação, dizem que,arrependimento nada mais é que uma mudança de pensamento sobre quem é Jesus; trata-se de uma

mudança que, surpreendentemente, pode não afetar o comportamento de uma pessoa.Então o que os pregadores do Novo Testamento esperavam quando chamavam as pessoas parao arrependimento? Estavam chamando as pessoas para apenas uma mudança de pensamento sobrequem é Jesus ou para uma mudança comportamental?

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Paulo acreditava que o arrependimento verdadeiro requeria uma mudança de comportamento.Já lemos seu testemunho sobre décadas de ministério, como ele declarou diante do rei Agripa:

Assim, rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial. Preguei em primeiro lugar aos queestavam em Damasco, depois aos que estavam em Jerusalém e em toda a Judeia, e também aosgentios, dizendo que se arrependessem e se voltassem para Deus, praticando obras que mostrassem oseu arrependimento (At. 26:19-20, ênfase adicionada).

João Batista também acreditava que o arrependimento era mais do que uma mudança de

opinião sobre certos fatos teológicos. Quando sua audiência respondeu ao seu chamado aoarrependimento perguntando o que eles deveriam fazer, ele enumerou mudanças específicas decomportamento (veja Lc. 3:3, 10-14). Também ridicularizou os fariseus e saduceus por fazerem apenasos gestos de arrependimento, e os advertiu do fogo do inferno se não se arrependessemverdadeiramente:

Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da ira que se aproxima? Produzi pois, frutos dignosde arrependimento... O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom frutoserá cortada e lançada ao fogo (Mt. 3:7-10, ênfase adicionada).

Jesus pregou a mesma mensagem de arrependimento que João (veja Mt. 3:2; 4:17). Uma vezEle disse que Nínive se arrependeu pela pregação de Jonas (veja Lc. 11:32). Qualquer um que já leu o

livro de Jonas sabe que o povo de Nínive fez mais que somente mudar de ideia. Eles também mudaramsuas ações, voltando-se do pecado. Jesus chamou isso de arrependimento.

 Arrependimento bíblico é uma mudança intencional de comportamento em reação a uma féautêntica nascida no coração. Quando um ministro prega o evangelho sem mencionar a necessidadede uma mudança comportamental genuína que autentica o arrependimento, ele está, na verdade,trabalhando contra o desejo de Deus de fazer discípulos. Mais adiante, ele engana sua audiênciafazendo-os acreditar que podem ser salvos sem o arrependimento e, assim potencialmente,assegurando suas condenações na medida que nele acreditam.. Esse ministro está trabalhando contraDeus e a favor de Satanás, percebendo ele ou não.

Se um ministro for fazer discípulos como Jesus ordenou, ele precisa começar o processo

corretamente. Quando não prega o verdadeiro evangelho, que chama as pessoas para oarrependimento e à fé obediente, ele está destinado ao fracasso, mesmo tendo obtido grande sucessoaos olhos do povo. Ele pode ter uma grande congregação, mas está construindo com madeira, feno epalha; e quando seu trabalho passar pelo fogo futuro, a qualidade de seu trabalho será testada. Oselementos serão consumidos (veja 1 Co. 3:12-15).

O Chamado de Jesus para o Compromisso

Jesus não chamou os incrédulos somente para se voltarem do pecado, Ele também os chamou

para se comprometerem a segui-Lo e obedecê-Lo imediatamente. Ele nunca ofereceu a salvação demodo mais simples, como é feito hoje. Ele nunca convidou pessoas para “aceitá-Lo”, comprometendo-se a perdoá-los, e sugerindo que, mais tarde eles poderiam querer se comprometer a obedecê-Lo. Não,Jesus requereu que o passo seja o comprometimento de todo o coração.

Infelizmente, os chamados de Jesus para um compromisso maior são simplesmente ignoradospor crentes professos. Ou, se os chamados são reconhecidos, os crentes dizem que esses chamadospara um relacionamento mais profundo são direcionados, não para os não salvos, mas para aquelesque já receberam a graça salvadora de Jesus. Mesmo assim, muitos desses “crentes” que dizem que oschamados de Jesus são direcionados a eles e não aos descrentes não prestam atenção aos Seuschamados enquanto os interpretam. Acham que têm a opção de não responder em obediência, como

fazem. Vamos levar em consideração um dos convites de salvação de Jesus, que várias vezes éinterpretado como um chamado para uma caminhada mais profunda, supostamente endereçadaàqueles que já são salvos:

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Então Ele *Jesus+ chamou a multidão e os discípulos e disse: “Se alguém quiser vir após mim,negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á;; masquem perder a sua vida, por minha causa e pelo evangelho, a salvará. Pois, que adianta ao homemganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Pois, o que o homem poderia dar em troca de sua alma?Pois, se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, oFilho do homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos” (Mc. 8:34-38, traduzido do inglês).

Esse é um convite à salvação direcionado aos ímpios ou um convite a um relacionamento maisprofundo direcionado aos crentes? Quando refletimos honestamente, a resposta se torna óbvia.

Primeiramente, note que o povo a quem Jesus falava consistia de uma “multidão e osdiscípulos” (v. 34, ênfase adicionada). Portanto, a multidão não consistia de Seus discípulos. De fato,Jesus os “convocou” para ouvir o que Ele iria falar. Jesus queria que todos, seguidores e solicitadores,entendessem a verdade que Ele estava para ensinar. Perceba também que começou dizendo,“Se alguém” (v. 34, ênfase adicionada). Suas palavras se aplicam a qualquer um e a todo mundo. 

Enquanto continuamos lendo, fica mais claro a quem Jesus estava falando. Especificamente,Suas palavras foram direcionadas a todas as pessoas que desejavam (1) “vir após mim” *Jesus+, (2)“salvar sua vida”, (3) não “perder sua alma” e (4) estar entre aqueles de quem Ele não se envergonhará

“quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos”. Essas quatro expressões indicam que Jesusestava descrevendo pessoas que queriam ser salvas. Será que devemos imaginar que exista algumcrente apto ao céu que não deseja “acompanhar” Jesus e “salvar sua vida”? Devemos imaginar queexistam crentes verdadeiros que irão “perder suas vidas,” que têm vergonha de Jesus e Suas palavras,dos quais Jesus terá vergonha quando voltar? Obviamente, nessa passagem das Escrituras, Jesus estavafalando sobre ganhar a salvação eterna.

Perceba que cada uma das quatro frases nessa passagem de cinco, cada uma, começa com apalavra “pois.” Portanto, cada frase ajuda a explicar e expandir a frase  anterior. Nenhuma frase nessapassagem deve ser interpretada sem levar em consideração a iluminação que as outras dão a ela.Vamos considerar as palavras de Jesus frase por frase com essa ideia em mente.

1a Frase

Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me (Mc. 8:34).Novamente, note que as palavras de Jesus foram dirigidas a qualquer um que desejava segui-Lo,

qualquer um que quisesse ser Seu seguidor . Esse é o único relacionamento que Jesus ofereceinicialmente — ser Seu seguidor.

Muitos desejam ser amigos sem serem seguidores dEle, mas esta opção não existe. Jesus nãoconsiderou ninguém Seu amigo a menos que Lhe obedecesse. Certa vez Ele disse, “Vocês serão meus

amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno” (Jo. 25:14). Muitos gostariam de ser irmãos sem serem seguidores dEle; mas, de novo, Jesus não ofereceu

esta opção. Ele não considerou ninguém Seu irmão a menos que Lhe f osse obediente: “Pois quem faz avontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão (Mt. 12:50, ênfase adicionada).

Muitos desejam se juntar a Jesus no céu sem serem seguidores dEle, mas Jesus expressou aimpossibilidade de tal coisa. Somente aqueles que Lhe obedecem são merecedores do céu: “Nem todoaquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontadede meu Pai que está nos céus” (Mt. 7:21). 

Nessa sentença que estamos considerando, Jesus informou àqueles que queriam segui-Lo quenão poderiam fazer tal coisa, a menos que negassem a si mesmos. Eles devem estar dispostos a colocar

os seus desejos de lado, fazendo-os subordinados a Sua vontade. Negação própria e submissão são aessência de seguir a Jesus. É isso que significa “tomar a sua cruz”. 

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2a Frase

A segunda sentença de Jesus faz o significado de Sua primeira sentença ainda mais claro:Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa e

pelo evangelho, a salvará (Mc. 8:35).Novamente, perceba que essa sentença começa com “Pois,” relacionando-a com a primeira,

adicionando clarificação. Aqui, Jesus compara duas pessoas, as mesmas duas pessoas que sãomencionadas na primeira sentença — uma que iria negar a si mesma e pegar a sua cruz para segui-Lo eoutra que não iria. Agora elas são comparadas com alguém que perderia sua vida por Cristo e peloevangelho e alguém que não faria o mesmo. Se olharmos para o relacionamento entre as duas,devemos concluir que a pessoa na primeira sentença, a que não negaria a si mesma corresponde com apessoa na segunda sentença que deseja salvar a sua vida, mas a perde. E a pessoa na primeirasentença que estava disposta a negar a si mesma corresponde com aquela na segunda sentença queperde sua vida, mas, na verdade, a salva.

Jesus não estava falando sobre alguém perder ou salvar sua vida física. Mais adiante nessamesma passagem, as frases indicam que Jesus estava pensando em ganhos e perdas eternas. Uma

expressão similar de Jesus, gravada em João 12:25 diz: “Aquele que ama a sua vida, a perderá; ao passoque aquele que odeia a sua vida nesse mundo, a conservará para a vida eterna” (ênfase adicionada). A pessoa na primeira sentença que não negaria a si mesma era a mesma pessoa na segunda

sentença que queria salvar a sua vida. Portanto, nós podemos concluir, razoavelmente, que “salvar suavida” significa “salvar a agenda de sua vida.” Isso se torna ainda mais claro quando levamos em conta ocontraste do homem que “perde sua vida por Cristo e pelo evangelho.” Ele é o homem que nega a simesmo, pega a sua cruz e abre mão de sua agenda, agora vivendo pelo propósito de levar adiante aagenda de Cristo de espalhar o evangelho. Ele é o homem que, finalmente, “salvará sua vida.” A pessoaque busca agradar a Cristo ao invés de si mesma um dia se encontrará, feliz, no céu, enquanto a pessoaque continua a agradar a si mesma um dia se encontrará, miserável, no inferno, perdendo toda aliberdade de seguir sua própria agenda.

3a e 4aFrases

Agora a terceira e quarta frases:Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Pois, o que o homem

poderia dar em troca de sua alma? (Mc. 8:36-37).Nessas frases, a pessoa ressaltada é aquela que não negará a si mesma. Essa pessoa é o mesmo

homem que deseja salvar sua vida, mas no final a perde. Agora ele é mencionado como aquele quebusca o que o mundo tem para oferecer e que, finalmente, “perde sua alma.” Obviamente, não existe

comparação. Uma pessoa pode teoricamente adquirir tudo que o mundo tem para oferecer, mas se aconsequência final de sua vida é passar a eternidade no inferno, ela cometeu os erros mais graves domundo.

Nessas duas frases nós podemos ver o que leva as pessoas à não negarem a si mesmas para setornarem seguidoras de Cristo. É o seu desejo de gratificação própria, oferecida pelo mundo.Motivados pelo amor próprio, aqueles que se recusam a seguir a Cristo buscam prazeres pecaminosos,os quais os verdadeiros seguidores de Cristo ofuscam pelo amor e obediência a Ele. Aqueles que estãotentando ganhar tudo o que o mundo tem para oferecer buscam riqueza, poder e prestígio, enquantoos verdadeiros seguidores de Cristo buscam em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça.Qualquer riqueza, poder ou prestígio que venham a ganhar é considerado mordomia de Deus para ser

usado sem ciúmes para a Sua glória.

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5a Frase

Finalmente, nós chegamos à quinta frase da passagem em consideração. Perceba novamentecomo ela é unida às outras começando pela palavra, pois:

Pois, se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera epecadora, o Filho do homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os santos

anjos (Mc. 8:38).Novamente, esse é o homem que não se negaria, mas que queria seguir sua própria agenda,buscando o que o mundo tem a oferecer, e que finalmente perde sua vida e sua alma. Agora ele écaracterizado como aquele que tem vergonha de Cristo e de Suas palavras. Sua vergonha, é claro, vemde sua falta de crença. Se ele realmente acreditasse que Jesus era o Filho de Deus, certamente não seenvergonharia dEle ou de Suas palavras. Mas ele faz parte de uma “geração adultera e pecaminosa,” eJesus terá vergonha dele quando voltar. Claramente, Jesus não estava descrevendo uma pessoa salva.

Qual é a conclusão para tudo isso? A passagem inteira não pode ser considerada um chamadopara uma vida mais comprometida direcionada àqueles que já estão indo para o céu. Ela é,obviamente, uma revelação do caminho da salvação pela comparação daqueles que são

verdadeiramente salvos e dos perdidos. Os verdadeiramente salvos acreditam no Senhor Jesus Cristoe, portanto, negam a si mesmos por Ele; enquanto os perdidos não demonstram tal obediência e fé.

Outro Chamado para o Compromisso

Existem muitos que poderíamos considerar, mas vamos dar uma olhada em apenas mais umchamado de compromisso do Senhor Jesus que é nada menos que um chamado para a salvação:

Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendei de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocêsencontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt. 11:28-30).

Várias vezes, evangelistas usam essa passagem das Escrituras em seus convites evangelísticos, ecom razão. Essas palavras são um claro convite para a salvação. Aqui Jesus está oferecendo descansopara aqueles que estão “cansados e oprimidos.” Ele não está oferecendo descanso  físico aos que estão

 fisicamente sobrecarregados, mas sim, descanso para suas almas, como Ele diz. Os ímpios carregam opeso da culpa, do medo e do pecado, e quando se cansam disso, tornam-se bons candidatos para asalvação.

Se tais pessoas querem receber o descanso que Jesus está oferecendo, de acordo com Ele,precisam fazer duas coisas. (1) vir a Ele e (2), levar Seu jugo sobre si.

Constantemente, falsos pregadores da graça torcem o significado óbvio da expressão “levar o jugo de Jesus.” Alguns até dizem que Jesus estava falando de um jugo que deve estar em volta de Seu

próprio pescoço, e é por isso que Ele chamou de “meu jugo.” Eles ainda dizem que Jesus devia estarfalando de um jugo duplo, do qual metade está em volta do Seu pescoço e a outra metade está vazia,esperando para ser colocada nos nossos pescoços. No entanto, devemos entender que Jesus estáprometendo puxar o arado, porque disse que o Seu jugo é suave e o Seu fardo é leve. Nosso únicotrabalho, de acordo com tais mestres, é ter certeza de que, pela fé, continuemos debaixo do jugo comJesus, permitindo que Ele faça todo o trabalho para a nossa salvação, enquanto aproveitamos osbenefícios oferecidos pela Sua graça. Essa interpretação é obviamente, bem forçada!

Quando Jesus disse que as pessoas sobrecarregadas devem tomar Seu jugo, Ele quis dizer quedevem se submeter a Ele, fazendo dEle seu Mestre, permitindo que Ele dirija suas vidas. É por isso queJesus disse que devemos tomar Seu jugo e aprender dEle. Os incrédulos são como bois selvagens, indo

por seu próprio caminho e ditando as regras em suas próprias vidas. Quando tomam o jugo de Jesus,eles dão o controle a Ele. E o motivo para o jugo de Jesus ser suave e o Seu fardo leve é porque Ele noscapacita pelo seu Espírito que habita em nós a obedecê-Lo.

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Portanto, vemos novamente que Jesus chamou as pessoas para a salvação; nesse caso,simbolizado como descanso para os sobrecarregados, chamando-os a se submeterem a Ele e fazê-Loseu Senhor.

Em Resumo

Tudo isso é para dizer que um ministro de sucesso verdadeiro é aquele que obedece aomandamento de Jesus de fazer discípulos, e que sabe que arrependimento, compromisso e discipuladonão são passos opcionais para os já convertidos. Ao invés disso, são a única expressão autêntica da fésalvadora. Portanto, o ministro de sucesso prega um evangelho bíblico para os ímpios. Ele chama osincrédulos para se arrependerem e seguirem a Jesus, e não assegura a salvação dosdescompromissados.

[1] Esta definição é derivada do que já lemos em Mateus 28:18-20, João 8:31-32, 13:25, 15:8 e

Lucas 14:25-33.[2] Discípulos são mencionados em Atos 6:1, 2, 7; 9:1, 10, 19, 25, 26, 36, 38; 11:26, 29; 13:52;

14:20, 21, 22, 28; 15:10; 16:1; 18:23, 27; 19:1, 9, 30; 20:1, 30; 21:4, 16. Crentes são mencionadossomente em Atos 5:14; 10:45 e 16:1. Em Atos 14:21, por exemplo, Lucas escreveu, “Eles *Paulo eBarnabé] pregaram as boas novas naquela cidade e fizeram muitos discí pulos...” Portanto, Paulo eBarnabé fizeram discípulos pregando as boas novas, os quais tornaram-se discípulos imediatamenteapós suas conversões, não em uma outra hora opcional.

[3] Essa passagem das Escrituras, também expõe as práticas modernas erradas de assegurar aosnovos convertidos a sua salvação. Jesus não assegurou a esses recém-convertidos que eles com certezaestavam salvos por terem feito uma pequena oração para aceitá-Lo ou por terem verbalizado sua fé

nEle. Ao contrário, Ele os desafiou a considerar se sua profissão era genuína. Devemos seguir Seuexemplo.

[4] Mais adiante, contrário àqueles que mantém a ideia de que somos salvos pela fé mesmosem termos as obras, Tiago diz que não podemos ser salvos somente pela fé: “Vejam que uma pessoa é

 justificada pelas obras, e não apenas pela fé”.  A fé verdadeira nunca está sozinha; está sempreacompanhada pelas obras.

[5] É bom lembrar que a razão de muitas vezes Paulo afirmar que a salvação é pela graça e nãopor obras é porque estava lutando contra os legalistas de seus dias. Paulo não estava tentado corrigiras pessoas que ensinavam que a santidade é essencial para se chegar ao céu, porque ele mesmo crianisso e várias vezes afirmou esse fato; pelo contrário, escreveu para corrigir os judeus que, não tendo o

conceito da graça de Deus na salvação, não viam o motivo pelo qual Jesus teve que morrer. Muitos nãocriam que os gentios pudessem ser salvos, pois não tinham o conceito da graça de Deus que tornapossível a salvação. Alguns criam que a circuncisão, a linhagem ou a obediência à Lei (o que nemmesmo eles cumpriam) levava à salvação, anulando, assim, a graça de Deus e a necessidade da mortede Cristo.

[6] Igualmente, quando Deus revelou a Pedro que os gentios poderiam ser salvos simplesmentepor acreditar em Jesus, Pedro declarou a casa de Cornélio: “Agora percebo, verdadeiramente, queDeus não trata as pessoas com parcialidade, mas de todas as nações aceita todo aquele que o temee faz o que é justo” (At 10:34b-35, ênfase adicionada). Pedro também declarou em Atos 5:32 que Deusdeu o Espírito Santo “aos que lhe obedecem.” Todos os verdadeiros cristãos são habitados pelo Espírito

Santo (veja Rm. 8:9; Gl. 4:6).

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Capítulo Três

Continuando Apropriadamente

Por muitos anos e de várias formas, sem perceber segui práticas que eram contra o objetivoque Deus tinha para mim, o objetivo de fazer discípulos. Mas gradualmente, o Espírito Santo abriumeus olhos para ver meus erros. Algo que tenho aprendido é: devo examinar tudo o que tenho visto eacreditado à luz da Palavra de Deus. Nossas tradições, mais que qualquer outra coisa, nos cegam parao que Deus tem falado. Pior, temos muito orgulho de nossas tradições, achando que estamos entre aelite que tem uma maior compreensão da verdade que outros cristãos. Como um professor dissesarcasticamente, “Existem 32,000 denominações no mundo hoje. Você não tem sorte de ser membroda única que é certa?” 

Como resultado de nosso orgulho, Deus resiste a se aproximar de nós. Ele resiste ao orgulho. Sequeremos progredir e estar preparados para ficar diante de Jesus, precisamos nos humilhar. A esses,Deus dá graça.

O Papel do Pastor Levado em Consideração

O objetivo do ministro fazedor de discípulos deve moldar tudo o que ele faz no ministério. Eledeve se perguntar continuamente: “Como o que eu estou fazendo irá contribuir com o processo defazer discípulos que irão obedecer a todos os mandamentos de Jesus?” Essa simples pergunta, se fe itahonestamente, eliminará muito do que é feito sob a fachada de atividade cristã.

Vamos considerar o ministério de pastor/presbítero/bispo, [1] de alguém cuja tarefa foca umaigreja local específica. Se essa pessoa quer fazer discípulos que irão obedecer a todos os mandamentosde Jesus, qual deve ser uma de suas principais responsabilidades? Ensino vem naturalmente à mente.Jesus disse que discípulos são feitos por meio do ensino (veja Mt. 28:19-20). Um dos requisitos para

alguém ser presbítero/pastor/ bispo é que ele seja “apto para ensinar” (1 Tm. 3:2). Aqueles “cujotrabalho é a pregação e o ensino” devem ser “dignos de dupla honra” (1 Tm. 5:17). 

Portanto, um pastor deve avaliar cada sermão se fazendo a seguinte pergunta: “Como essesermão ajudará a alcançar o objetivo de fazer discípulos?” 

Contudo, será que a responsabilidade de ensinar do pastor é cumprida somente por seussermões de domingo e de meio da semana? Se ele acha que sim, está fazendo vista grossa ao fato deque as Escrituras indicam que sua responsabilidade de ensino é cumprida  principalmente através desua vida e do exemplo que dá. O exemplo de ensino de sua vida diária é completado por seu ministériopúblico de ensino. É por isso que as exigências para presbíteros/pastores/bispos têm muito mais a vercom o caráter e estilo de vida de uma pessoa do que com sua habilidade de comunicação verbal. De

quinze requisitos para bispos, listados em 1 Timóteo 3:1-7, quatorze são relacionados ao caráter esomente um à habilidade de ensino. De dezoito requisitos para presbíteros, listados em Tito 1:5-9,dezessete são relacionados ao caráter e somente um à habilidade de ensino. Paulo primeiro lembrou aTimóteo, “Seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza” (1Tm. 4:12b, ênfase adicionada). Depois ele disse, “Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública daEscritura, à exortação e ao ensino” (1 Tm. 4:13). Portanto, o exemplo do caráter  de Timóteo foimencionado antes de seu ministério de ensino público, enfatizando assim sua maior importância.

Pedro escreveu similarmente:Portanto, apelo para os presbíteros que há entre vocês, e o faço na qualidade de presbítero

como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, como alguém que participará da glória a ser

revelada: pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não porobrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo deservir. Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplo para orebanho (1 Pe. 5:1-3, ênfase adicionada).

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Quem nos inspira a negarmos a nós mesmos e obedecermos a Cristo? São aqueles cujossermões admiramos ou aqueles cujas vidas admiramos? Pastores sem compromisso e de estilo levenão inspiram ninguém a carregar a cruz. Se tais pastores pregam uma mensagem de compromisso comCristo de vez em quando, eles pregam com vagas generalidades, caso contrário, seus ouvintesquestionariam sua sinceridade.  A maioria dos líderes cristãos do passado não é lembrada pelos seussermões, mas pelos seus sacrifícios. Seus exemplos nos inspiram muito tempo depois que se foram.

Se um pastor não dá exemplo de obediência como um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, ele

perde tempo pregando qualquer sermão. Pastor, seu exemplo fala dez vezes mais alto do que seussermões. Você está inspirando as pessoas a negarem a si mesmas e seguirem a Cristo enquanto vocênega a si mesmo e segue a Cristo?

Mas como pode um pastor, por meio de exemplo e estilo de vida, ensinar pessoas que oconhecem apenas como um orador das manhãs de domingo?  O mais perto que podem chegar de vê-loviver sua vida é por meio de um aperto de mão de cinco segundos enquanto respeitosamente saem daigreja. Talvez exista alguma coisa que não está muito certa no modelo pastoral moderno. 

O Sermão Semanal de Domingo de Manhã

Se o pastor pensa que sua principal responsabilidade de ensino é dar sermões semanais públicos, assumiu erroneamente de novo. O ministério de ensino de Jesus não consistiu somente desermões públicos (e a maior parte deles parecia bem curto), mas também de conversas particularesque eram iniciadas por Seus discípulos inquiridores. Mais adiante, essas conversas não eram limitadasa meia hora de um dia da semana no edifício da igreja, mas acontecia nas praias, nas casas e nascaminhadas pelas estradas empoeiradas, enquanto Jesus vivia Sua vida plenamente à vista de Seusdiscípulos. Esse mesmo modelo de ensino foi seguido pelos apóstolos. Depois do Pentecostes, os dozeensinaram “no templo e de casa em casa” (At. 5:42, ênfase adicionada). Eles tinham interação diáriacom a comunidade de crentes. Paulo também ensinou “publicamente e de  casa em casa” (At. 20:20,

ênfase adicionada).A esse ponto, se você é pastor, pode estar comparando seu ministério de ensino com aquele de

Jesus e dos primeiros apóstolos. Talvez você esteja até começando a se perguntar se o que tem feito éo que Deus quer que você faça, ou se tem feito o que centenas de anos de tradição da igreja têm teensinado a fazer? Se estiver   se fazendo essa pergunta, isso é bom. É muito bom. Esse é o primeiropasso na direção certa.

Talvez você tenha ido ainda mais além. Talvez tenha dito a si mesmo: “Onde eu poderiaencontrar o tempo que um ministério como esse requer, ensinando pessoas de casa em casa, ou osenvolvendo em minha vida diária para que eu primeiramente os influencie pelo meu exemplo?” Agora,essa é uma pergunta maravilhosa, pois ela pode te levar a continuar se perguntando se há alguma

coisa ainda mais errada no conceito do papel de pastor.Talvez você tenha até pensado consigo mesmo, “Eu não tenho certeza de que gostaria de viver

tão próximo das pessoas de minha igreja. A faculdade teológica me ensinou que um pastor nunca devechegar muito perto de sua congregação. Ele deve manter uma distância para conservar o respeitoprofissional. Ele não pode ser amigo íntimo delas.” 

Tal pensamento revela que realmente há algo de muito  errado com o modo como, muitasvezes, as coisas são feitas na igreja moderna. Jesus era tão próximo dos doze que um deles se sentiuconfortável para deitar sua cabeça em Seu peito em uma refeição comum (veja Jo. 13:23-25). Elesliteralmente moraram juntos por alguns anos. Quanto trabalho hoje para manter uma distânciaprofissional dos discípulos para ministrar com sucesso a eles!

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Comparação de Métodos Antigos e Modernos

Se o objetivo é obedecer a Jesus e fazer discípulos, não seria sábio seguir Seus métodos parafazer discípulos? Eles funcionaram bem para Ele. Também funcionaram bem para os apóstolos que Oseguiram.

Quão bem os métodos modernos estão funcionando para fazer discípulos que obedecem a

todos os mandamentos de Cristo? Quando, por exemplo, estudos feitos com crentes americanosmostram repetidamente que virtualmente não há diferença entre o estilo de vida da maioria decrentes professos e o dos descrentes, talvez seja hora de fazermos algumas perguntas ereexaminarmos as Escrituras.

Aqui está uma pergunta reveladora para fazermos a nós mesmos: Como a igreja primitiva tevetanto sucesso fazendo discípulos sem nenhum edifício sede, líderes profissionalmente treinados,faculdades teológicas e seminários, hinários e sistema de multimídia, microfones sem fio eduplicadores de fita, currículos de escola dominical e ministério de jovens, equipe de louvor e corais,computadores e copiadoras, rádios e canais de TV evangélicos, centenas e milhares de livrosevangélicos e até Bíblia própria? Eles não precisaram de nenhuma dessas coisas para fazer discípulos e

 Jesus também não. E porque nenhuma delas era essencial lá, nenhuma é essencial agora.Elas podem ajudar, mas não são essenciais. De fato, muitas delas podem atrapalhar e na verdade nosatrapalham a fazer discípulos. Deixe-me dar dois exemplos.

Vamos primeiramente considerar o essencial moderno de ter somente pastores treinados emfaculdades teológicas - ou seminários - liderando igrejas. Esse era um conceito desconhecido porPaulo. Em algumas cidades, depois de ter plantado igrejas, ele saia por algumas semanas ou meses, eentão retornava para apontar líderes para administrá-las (veja, por exemplo, At. 13:14, 14:23). Issosignifica que aquelas igrejas, privadas da presença de Paulo, não tiveram uma liderança formal poralgumas semanas ou meses, e que a maioria dos líderes eram novos na fé quando apontados. Eles nãotiveram nada parecido com uma educação formal de dois ou três anos para se prepararem para otrabalho.

Portanto, a Bíblia ensina que pastores/presbíteros/bispos não precisam de dois ou três anos deeducação formal para serem efetivos em seus ministérios. Ninguém pode argumentar inteligentementecontra esse fato. Mesmo assim, o requisito moderno manda continuamente uma mensagem para cadacrente: “Se você quer ser um líder na igreja, precisará de anos de educação formal.”[2] Isso faz oprocesso de formação de líderes mais lento, fazendo, então, mais lenta a formação de discípulos,atrasando assim a expansão da Igreja. Eu me pergunto o quanto as companhias americanas Avon eAmway teriam saturado seu público alvo se tivessem requerido que cada vendedor se mudasse comsua família para outra cidade para receber três anos de treinamento formal antes de poder vendersabão ou perfume?

“Mas o pastoreio é uma tarefa tão difícil e complexa!” alguns dizem. “A Bíblia diz que não

devemos colocar um novo convertido na posição de bispo” (veja 1 Tm. 3:6). Em primeiro lugar, a nossa definição de novo convertido é claramente diferente do conceito de

Paulo, já que ele apontou pessoas para o cargo de presbítero/pastor/bispo que haviam se convertidohá apenas alguns meses.

Em segundo lugar, um motivo para o pastoreio moderno ser tão difícil e complexo é o fato donosso sistema inteiro de estrutura e ministério da igreja estar tão longe do modelo bíblico. Nós ofizemos tão complexo que, de fato, somente algumas pessoas super-humanas podem sobreviver assuas demandas!

“Deus nos livre de ter a igreja liderada por alguém sem uma faculdade teológica ou seminário!”outros dizem. “Esse líder sem treinamento pode levar seu rebanho a heresias!” 

Essa aparentemente não era a preocupação de Paulo. O fato é que hoje temos líderes treinadospor seminários e faculdades teológicas que não acreditam no nascimento virginal, aprovam ahomossexualidade, ensinam que Deus quer que todos dirijam um automóvel de luxo, dizem que Deus

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predestinou algumas pessoas para serem condenadas, ou dizem sem vacilar que é possível receber avida eterna sem obedecer a Cristo. As faculdades teológicas e seminários modernos têm várias vezesservido para promover  falsas doutrinas, e os líderes profissionais têm servido para levá-las adiante.

Os “leigos” da igreja têm medo de contestá-los, porque os profissionais foram para seminários epodem encontrar mais “textos-prova.” Além do mais, esses líderes têm definido e dividido suas igrejasdo resto do corpo de Cristo usando suas doutrinas peculiares, a ponto de colocar essas diferenças nosnomes que colocam nas placas na frente dos prédios de suas igrejas, mandando uma mensagem para o

mundo: “Nós não somos como aqueles outros cristãos.” Para piorar a situação, eles se referem aqualquer um que discorde de suas doutrinas incontestáveis e divisórias como “causadores de divisão.”A Inquisição ainda está à tona, liderada por homens com diplomas. É esse o exemplo que Jesus quer darusando aqueles que deviam estar fazendo discípulos que são conhecidos pelo mundo por seu amor uns

 pelos outros?  Os cristãos agora escolhem igrejas baseando-se em doutrinas particulares, e ter a teologia certa

se tornou mais importante que ter o estilo de vida certo, tudo porque um modelo bíblico foiabandonado.

Uma Alternativa BíblicaEu estarei ajudando a causa se der a convertidos de apenas três meses a liderança de uma

igreja (a mesma coisa que Paulo fez)? Sim, mas somente se esses convertidos preencherem osrequisitos bíblicos para presbíteros/bispos, e só se forem dados como líderes a igrejas que seguem ummodelo bíblico.  Isso é, a igreja deve ser primeiramente recém-plantada, submetida a um ministro-fundador maduro, como um apóstolo, que possa supervisioná-la.[3] Desse modo, líderes recém-apontados não estarão completamente sozinhos.

Segundo, as congregações devem ser pequenas o suficiente para se reunirem em casas, como aigreja primitiva.[4] Isso torna as igrejas mais manejáveis. É provavelmente por isso que um dos

requisitos para presbíteros/bispos é que governem bem suas próprias famílias (veja Tm. 3:4-5).Administrar uma pequena “família da fé” não é muito mais desafiador que administrar uma família. 

Terceiro, a congregação deve consistir de pessoas que responderam em arrependimento aoevangelho bíblico, e que são, assim, discípulos genuínos do Senhor Jesus Cristo. Isso elimina todos osdesafios que surgem ao tentar pastorear ovelhas que são, na verdade, bodes.

E quarto, os pastores/presbíteros/bispos devem seguir seus papéis bíblicos ao invés dos papéisculturais. Isso é, eles não devem se posicionar no centro como astros, como fazem na maioria dasigrejas modernas.[5]Ao invés disso, eles devem ser somente parte do corpo, servos humildes queensinam pelo exemplo e preceito, que têm o objetivo de fazer discípulos, não por serem oradores aosdomingos de manhã, mas por seguirem os métodos de Jesus.

Quando esse padrão é seguido, então alguns  convertidos de três meses podem administrarigrejas.

Prédios da Igreja

E os prédios da igreja? Eles são outro “essencial” moderno que a Igreja primitiva passou muitobem sem. Eles ajudam o processo de fazer discípulos?

Quando eu era pastor, várias vezes me sentia mais como um corretor, banqueiro, contratantegeral e um levantador de fundos profissional. Eu já sonhei com prédios, procurei por prédios,remodelei prédios velhos, aluguei prédios, construí prédios novos e os reformei quando Deus mandouchuva pelas rachaduras. Prédios consomem muito tempo e energia. O motivo de eu ter feito tantas

coisas que giravam ao redor de prédios é que eu tinha certeza, como a maioria dos pastores, que nãohavia outra forma de obter sucesso sem um prédio, um lugar para a igreja se reunir.

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Prédios também consomem dinheiro, muito dinheiro. (Nos Estados Unidos, algumascongregações consomem dezenas de milhões de dólares em seus prédios.) Depois de meus sonhos deter prédios serem alcançados, eu sonhava várias vezes com o dia em que as hipotecas dos meusprédios seriam pagas, para que pudéssemos usar todo esse dinheiro para o ministério. Uma vez meocorreu, enquanto eu ensinava minha congregação sobre boa mordomia e sair de dívidas, que eu tinhaposto todos nós em dívidas! (Eu com certeza estava ensinando pelo exemplo.)

A maioria dos prédios de igrejas é usada por umas duas horas, uma ou duas vezes por semana.

Que outra organização no mundo inteiro constrói prédios que serão usados tão pouco? (Resposta:apenas seitas e falsas religiões.)

Esse buraco de sugar dinheiro causa muitos problemas. Um pastor com um prédio sempreprecisa de um fluxo de dinheiro, e isso afeta o que ele faz. Ele é tentado a atender aos ricos (os quaisvárias vezes dão sem nenhum sacrifício), a comprometer qualquer ensinamento que possa ofenderalguém e a torcer as Escrituras para servir seu propósito. Seus sermões gravitam em assuntos que nãoprejudiquem o fluxo de dinheiro, mas encorajem seu aumento. Por causa disso, alguns cristãos, àsvezes, chegam a pensar que os aspectos mais importantes de ser crente são (1) dar o dízimo (que apropósito, Jesus disse que é um mandamento menor) e (2) ir à igreja (onde os dízimos são recolhidostodos os domingos). Essa dificilmente é uma ilustração da formação de discípulos. Ainda assim, muitos

pastores sonham em ter congregações onde todos fizessem somente essas duas coisas. Se um pastortivesse uma congregação onde só a metade das pessoas fizesse essas coisas, ele poderia escrever livrose vender seus segredos para milhares de outros pastores!

Os fatos revelam isto: Não há registro de nenhuma congregação comprando ou construindo um prédio no livro de Atos. A maioria das vezes, os crentes reuniam-se regularmente em casas.[6] Nuncahouve uma coleta para a construção de prédios. Não há instruções nas epístolas para a construção deprédios. Além disso, ninguém pensou em construir uma igreja até que o cristianismo atingisse 300anos, quando a igreja se uniu ao mundo debaixo do decreto de Constantino. Trezentos anos! Pense emquanto tempo isso é! E a igreja floresceu e se multiplicou espontaneamente, mesmo durante temposde perseguição intensa, tudo isso sem prédios. Tal fenômeno tem se repetido muitas vezes nos séculos

que se seguiram. Tem acontecido na China recentemente. Provavelmente existem mais de um milhãode igrejas nos lares na China.

Domingo às Nove Horas é a Hora de maior Segregação

É esperado que instalações de igrejas modernas que imitam o modelo americano tenham, nomínimo, espaço dividido o suficiente para prover salas separadas para ministérios e para grupos detodas as idades. Contudo, na igreja primitiva a ideia de ministérios especiais separados para homens,mulheres e crianças de todas as idades era desconhecida. A igreja era unida em todos os sentidos, e

não fragmentada em todos os sentidos. A unidade familiar era mantida, e a responsabilidade espiritualdos pais era reforçada pela estrutura da igreja, ao invés de corroída por ela como tem acontecido naestrutura da igreja moderna.

Um prédio de igreja contribui ou atrapalha na formação de discípulos? Historicamente, aformação de discípulos pelos séculos obteve maior sucesso sem eles, e por muitos bons motivos.

Reunir em lares, como a igreja primitiva fez pelos primeiros três séculos, onde uma refeiçãocheia de alegria, ensinamentos, músicas e dons espirituais eram compartilhados provavelmente de trêsa cinco horas, proporcionou um ambiente para o crescimento espiritual genuíno dos crentes. Membrosdo corpo de Cristo se sentiam participantes, enquanto sentavam-se frente a frente, ao invés de como aaudiência nas igrejas modernas se sente — como espectadores em um teatro, sentados olhando para a

nuca dos outros, enquanto tentam não perder nada do show no palco. A atmosfera casual de umarefeição comum levou a transparência, a relacionamentos com uma preocupação autêntica e àcomunhão verdadeira, que não tem comparação à “comunhão” moderna, que muitas vezes não passade apertos de mão com os estranhos do próximo banco quando o pastor manda.

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Os ensinamentos eram mais uma sessão de perguntas e respostas e discussões abertas entreiguais, ao invés de sermões dados por aqueles que usam roupas chiques, falam com vozes teatrais eficam em um lugar mais alto que a educada (e várias vezes entediada) audiência. Os pastores não“preparavam um sermão semanal.” Qualquer um (com certeza incluindo ospresbíteros/pastores/bispos) podia receber um ensinamento dado pelo Espírito Santo.

Quando uma casa ficava lotada, os diáconos não pensariam em obter um prédio maior. Aoinvés disso, todos sabiam que tinham que se dividir em duas casas, e era só um problema de tempo

para encontrar o querer do Espírito em relação a onde a nova reunião deveria acontecer e quemdeveria administrá-la. Felizmente, eles não precisavam recolher currículos de estranhos e de teólogosde crescimento de igreja para examinar minuciosamente seu ponto de vista filosófico ou doutrinário. Jáhavia líderes entre eles, que tinham treinamento no trabalho e já conheciam os membros de seufuturo pequeno rebanho. Aquela nova igreja no lar tinha a oportunidade de lançar o evangelho emuma nova área, e demonstrar para os descrentes o que os cristãos eram — pessoas que se amavam.Eles podiam convidar os incrédulos para as reuniões tão facilmente como para as refeições.

O Pastor Abençoado

Nenhum pastor/presbítero/bispo de igreja no lar sofria com o “esgotamento” ministerial porestar sobrecarregado de responsabilidades pastorais, algo que tem se espalhado na igreja moderna.(Um estudo mostrou que 1.800 pastores por mês têm deixado o ministério nos E.U.A.) Ele só tinha umpequeno rebanho para cuidar, e se esse rebanho suprisse suas necessidades financeiras para que oministério fosse sua vocação, ele até tinha tempo para orar, meditar, pregar para os ímpios, ajudar ospobres, visitar e orar pelos doentes e gastar tempo de qualidade equipando novos discípulos para fazertodas essas coisas com ele. A administração da igreja era simples.

Ele trabalhava em uníssono com os outros presbíteros/pastores/bispos de sua região. Não haviadisputas para ter “a maior igreja da cidade” ou competição entre pastores para ter “o melhor

ministério de jovens” ou o programa “mais animado para crianças.” As pessoas não iam para asreuniões da igreja para julgar como a equipe de louvor tocou ou se o pastor tinha sido engraçado. Elestinham nascido de novo e amavam Jesus e Seu povo. Eles amavam comer juntos e compartilhar osdons que Deus tinha lhes dado. Seu objetivo era obedecer a Jesus e estar pronto para comparecer aoSeu julgamento.

Com certeza, havia problemas nas igrejas nos lares, e estas estão enfocadas nas epístolas. Masvários dos problemas, que inevitavelmente atormentam as igrejas modernas e atrapalham a formaçãode discípulos, eram desconhecidos da igreja primitiva, simplesmente porque seu modelo de igreja localera muito diferente do que evoluiu depois do terceiro século e desde a idade das trevas. Novamente,pense nesse fato: Não havia prédios de igrejas até o começo do quarto século. Se você tivesse vivido

durante os primeiros três séculos, qual seria a diferença do seu ministério para o de agora?  Resumindo, quanto mais nos aproximarmos dos padrões bíblicos, maior será nossa efetividade

em alcançar o objetivo de Deus de fazer discípulos. O maior empecilho na formação de discípulos nasigrejas hoje se origina de estruturas e práticas não-bíblicas.

[1] Parece bem claro que um pastor (o substantivo Grego é poimain, que significa pastor deovelhas) é equivalente a um presbítero (o substantivo Grego presbuteros), e também é equivalente abispo (o substantivo grego episkopos). Paulo, por exemplo, instruiu os presbíteros efésios

( presbuteros), a quem ele disse que Deus tinha feito bispos (episkopos), para pastorear  (o verbogrego poimaino) o rebanho de Deus (veja At. 20:28). Ele também usou ostermos presbíteros ( presbuteros) e bispos (episkopos) como sinônimos em Tt. 1:5-7. Pedro tambémexortou os presbíteros ( presbuteros) a pastorear ( poimaino) o rebanho (veja 1 Pd. 5:1-2). A ideia de

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que um bispo (episkopos) tem um cargo mais alto que o de um pastor ou presbítero, e que ele fiscalizavárias igrejas é invenção humana.

[2] A ênfase moderna nos líderes profissionalmente treinados é de várias formas um sintoma deuma doença maior, aquela que iguala o ganho de conhecimento ao crescimento espiritual. Nóspensamos que a pessoa que sabe mais é mais madura espiritualmente, enquanto na verdade pode sermenos, já que tem tanto orgulho do que tem aprendido. Paulo escreveu, “conhecimento traz orgulho”(1 Co. 8:1). E com certeza a pessoa que escuta palestras entediantes todos os dias por dois ou três anos

está preparada para dar sermões semanais entediantes![3] Na primeira carta de Paulo a Timóteo e em sua carta para Tito ele menciona deixá-los para

apontar presbíteros/bispos a igrejas. Então, Timóteo e Tito teriam supervisionado essespresbíteros/bispos por algum tempo. Eles teriam, provavelmente, se encontrado periodicamente comos presbíteros/bispos para discipulá-los, como Paulo escreveu: “E as palavras que me ouviu dizer napresença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que sejam também capazes de ensinaroutros” (2 Tm. 2:2). 

[4] Veja At. 2:2, 46; 5:42; 8:3; 12:12; 16:40; 20:20; Rm. 16:5; 1 Co. 16:19; Cl. 4:15; Fm. 1:2; 2 Jo.1:10

[5] É notável que as cartas de Paulo às igrejas são endereçadas para todos nas várias igrejas, e

não para os diáconos ou bispos. Em somente duas de suas cartas às igrejas ele menciona ospresbíteros/pastores/bispos. Em um momento eles estão incluídos na saudação, adicionados como sePaulo não quisesse que eles se sentissem excluídos (veja Fp. 1:1). Em outro momento Paulo mencionapastores em uma lista de ministros que equipam os santos (veja Ef. 4:11-12). Também é especialmentenotável como Paulo não menciona o papel dos presbíteros enquanto dá certas instruções quepensaríamos envolve-los, como a administração da ceia, e a resolução de conflitos entre cristãos. Tudoisso aponta para o fato que presbíteros/pastores não eram centralizados com o papel de importânciaque eles têm na maioria das igrejas modernas.

[6] Veja At. 2:2, 46; 5:42; 8:3; 12:12; 16:40: 20:20; Rm. 16:5; 1 Co. 16:19; Cl. 4:15; Fm. 1:2; 2 Jo.1:10

Capítulo Quatro

Igrejas nos Lares

Várias vezes, quando as pessoas escutam sobre igrejas nos lares pela primeira vez, imaginam

erroneamente que as únicas diferenças entre igrejas nos lares e igrejas institucionais são seu tamanhoe suas habilidades relativas a cuidar de “ministérios.” Às vezes, acham que  a igreja no lar não podeoferecer a qualidade de ministério dada por igrejas com prédios. Mas, se uma pessoa definir ministériocomo aquilo que contribui na formação de discípulos, ajudando-os a se tornarem mais como Cristo eequipando-os para o serviço, então igrejas institucionais não ganham vantagem, e como mostrei nocapítulo anterior, elas podem estar em desvantagem. Com certeza igrejas nos lares não podemoferecer a qualidade de atividades das igrejas institucionais, mas podem se sobressair ao oferecer oministério verdadeiro.

Algumas pessoas rejeitam igrejas nos lares como se não fossem de verdade, simplesmente pornão terem prédios. Se essas pessoas tivessem vivido nos primeiros trezentos anos da Igreja, teriam

rejeitado todas as igrejas do mundo por não serem de verdade. O fato é que Jesus declarou, “Pois ondese reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles” (Mt. 18:20). Jesus nãodisse onde os crentes deveriam se reunir. E mesmo que, somente dois crentes se reúnam, Eleprometeu estar presente se o fizerem em Seu nome. O que muitas vezes os discípulos de Cristo fazem

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em restaurantes, compartilhando uma refeição e fazendo um intercâmbio de verdades, ensinando eadmoestando uns aos outros, é na verdade mais próximo ao modelo de reuniões da Igreja do NovoTestamento do que acontece em muitos prédios de igrejas aos domingos de manhã.

No capítulo anterior, eu enumerei algumas vantagens que igrejas nos lares têm sobre as igrejasinstitucionais. Gostaria de começar esse capítulo enumerando mais alguns motivos do por quê omodelo de igreja nos lares é uma alternativa bíblica muito válida que pode ser bem efetiva em alcançaro objetivo de fazer discípulos. Contudo, deixe-me afirmar primeiramente que meu objetivo não é

atacar igrejas institucionais ou seus pastores. Existem multidões de pastores sinceros de igrejasinstitucionais que estão fazendo tudo o que podem dentro de suas estruturas para agradar ao Senhor.Eu ministro a milhares de pastores institucionais todos os anos, e os amo e estimo muito. Eles estãoentre as pessoas mais admiráveis do mundo. E é porque eu sei quão incrivelmente difícil é o seutrabalho que quero apresentar uma alternativa que irá ajudá-los a sofrerem menos casualidades e aserem mais efetivos e felizes ao mesmo tempo. O modelo de igreja nos lares é bíblico e se empresta àformação efetiva de discípulos e à expansão do Reino de Deus. Tenho quase certeza que a grandemaioria de pastores institucionais seria muito mais feliz, eficaz e realizada se ministrasse em igrejas noslares.

Fui pastor institucional por mais de vinte anos e fiz o meu melhor com o que sabia. Mas foi só

depois de muitos meses visitando várias igrejas aos domingos de manhã que tive o primeiro vislumbredo que é ir à igreja como um mero “leigo.” Isso abriu meus olhos, e comecei a entender porque tantaspessoas são tão desanimadas para ir à igreja. Como quase todo mundo, menos o pastor, eu ficava lásentado educadamente esperando o culto acabar. Quando acabava eu podia pelo menos interagir comoutros como participante ao invés de como um espectador entediado. Essa experiência foi um entrevários catalisadores que me fizeram pensar em uma alternativa melhor, e comecei minha pesquisa nomodelo de igrejas nos lares. Fiquei surpreso ao descobrir que existem milhões de igrejas nos lares portodo o mundo e concluí que elas têm algumas boas vantagens sobre igrejas institucionais.

Muitos dos pastores que leem esse livro não estão dirigindo uma igreja no lar, e sim uma igrejainstitucional. Sei que muito do que escrevi pode ser difícil para aceitarem, já que parece tão radical de

início. Mas peço que deem um tempo para contemplar o que tenho a dizer, e não espero queconcordem com tudo depois de uma noite. É para pastores que tenho escrito, motivado pelo amor poreles e por suas igrejas.

O Único Tipo de Igreja na Bíblia

Antes de qualquer coisa, igrejas institucionais que se reúnem em prédios especiais não sãoencontradas no Novo Testamento, uma vez que igreja nos lares era claramente a norma da igrejaprimitiva:

Percebendo isso, ele se dirigiu à casa de Maria, mãe de João, também chamado Marcos, ondemuita gente se havia reunido e estava orando (At. 12:12, ênfase adicionada).

…não deixei de pregar-lhes nada que fosse proveitoso, mas ensinei-lhes tudo publicamente [enão em prédios de igrejas, obviamente] e de casa em casa...(At. 20:20, ênfase adicionada)

Saúdem Priscila e Áquila…  Saúdem também a igreja que se reúne na casa deles (Rm. 16:3-5,ênfase adicionada; veja também Romanos 16:14-15 para menção de outras duas prováveis igrejas emlares em Roma).

As igrejas da província da Ásia enviam-lhe saudações. Áquila e Priscila os saúdamafetuosamente no Senhor, e também a igreja que se reúne na casa deles (1 Co. 16:19, ênfaseadicionada).

Saúdem os irmãos de Laodiceia, bem como Ninfa e a igreja que se reúne em sua casa (Cl. 4:15,ênfase adicionada).Á irmã Áfia, a Arquipo, nosso companheiro de lutas, e à igreja que se reúne com você em sua

casa...(Fm. 1:2, ênfase adicionada).

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Tem sido argumentado que o único motivo da igreja primitiva não ter construído prédios éporque ainda estava na sua infância. Mas essa infância durou um bom número de décadas de históriaregistrada no Novo Testamento (e mais dois séculos depois disso). Então, se a construção de prédios ésinal de maturidade da igreja, a igreja dos apóstolos, sobre as quais lemos no livro deAtos, nunca amadureceu.

Sugiro que a razão pela qual nenhum dos apóstolos construiu prédio é porque tal coisa seria, nomínimo, considerada fora da vontade de Deus, já que Jesus não deixou tal exemplo ou instrução. Ele

fez discípulos sem prédios especiais e disse aos Seus discípulos para fazerem discípulos. Eles não viramnecessidade alguma de prédios especiais. É simples assim. Quando Jesus disse aos Seus discípulos parairem a todo o mundo e fazer discípulos, eles não pensaram: “O que Jesus quer que façamos é construirprédios, onde pregaremos para as pessoas uma vez por semana.” 

Além disso, a construção de prédios especiais poderia até ser considerada uma violação diretado mandamento de Cristo de não acumular tesouros na terra, gastando dinheiro em algocompletamente desnecessário, e roubando recursos do Reino de Deus que poderiam ter sido usadospara o ministério de transformação.

Mordomia BíblicaIsso nos leva à segunda vantagem que igrejas nos lares tem sobre igrejas institucionais: o

modelo de igreja no lar promove a mordomia total dos recursos de seus membros, que certamente éum aspecto extremamente importante do discipulado.[1] Nenhum dinheiro é gasto na construção,compra, aluguel, reforma, expansão, reparo, aquecimento ou refrigeração de prédios.Consequentemente, o que seria gasto nos prédios pode ser usado para alimentar e vestir os pobres,espalhar o evangelho e fazer discípulos, assim como no livro de Atos. Pense no bem que poderia serfeito pelo Reino de Deus se os bilhões de dólares gastos em prédios de igrejas tivessem sido usadospara espalhar o evangelho e servir aos pobres. É quase inimaginável!

Mais adiante, igrejas nos lares que consistem de não mais de vinte pessoas poderiam serdirigidas por diáconos/pastores/bispos “fazedores de tendas” (ou seja, “não pagos”), uma possibilidadereal quando existe um bom número de crentes maduros na igreja no lar. Tais igrejas praticamente nãorequereriam dinheiro para funcionar.

É claro, a Bíblia parece indicar que os diáconos/pastores/bispos devem ser pagos em proporçãoao seu trabalho, então aqueles que dedicam todo o seu tempo ao ministério devem receber por tempointegral (veja 1 Tm. 5:17-18). Dez assalariados que dizimam em uma igreja no lar podem sustentar umpastor com um padrão médio. Cinco dizimistas em uma igreja no lar podem custear um pastor paradedicar metade de sua semana de trabalho para o ministério.

Seguindo o modelo de igrejas nos lares, o dinheiro que seria usado em prédios é liberado para

sustentar pastores, e assim os pastores institucionais não devem pensar que a proliferação de igrejasnos lares ameaça a segurança de seu trabalho. Ao invés disso, significa que muitos outros homens emulheres podem realizar o desejo que Deus tem colocado em seus corações de servi-Lo no ministériovocacional.[2] Isso, por sua vez, ajudaria a alcançar o alvo de fazer discípulos. Mais adiante, uma igrejano lar com vinte dizimistas poderia, potencialmente, dar metade de seu dinheiro para missões e paraos pobres.[3] 

Se uma igreja institucional se transformasse em uma rede de igrejas nos lares, as pessoas quepoderiam perder seus trabalhos pagos seriam o corpo administrativo e a equipe de suporte aosprogramas e talvez alguns membros de equipes com ministérios especiais (por exemplo o ministério decrianças e o de jovens em igrejas maiores) que não estivessem dispostos a trocar esses ministérios, que

têm pouca base bíblica, por ministérios que têm. Igrejas nos lares não precisam de ministérios infantil e jovem, pois a Bíblia dá essa responsabilidade aos pais, e as pessoas em igrejas nos lares geralmente seesforçam para seguir a Bíblia ao invés das normas do cristianismo cultural. Jovens crentes que não tempais crentes podem ser incorporados a igrejas nos lares e discipulados assim como são incorporados

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em igrejas institucionais. Será que alguém se pergunta por que o Novo Testamento não menciona“pastores de jovens” ou “pastores de crianças?” Tais ministérios não existiram pelos primeiros 1900anos de cristianismo. Por que eles são repentinamente essenciais agora, e principalmente em paísesocidentais ricos?[4] 

Finalmente, nas nações mais pobres em particular, os pastores veem que é impossível alugar oupossuir prédios sem serem ajudados por cristãos ocidentais. As consequências não desejáveis dessadependência são várias. Contudo, o fato é que por 300 anos esse problema não existiu no cristianismo.

Se você é pastor de uma congregação que não pode ter um prédio, em uma nação emdesenvolvimento, não precisa bajular um visitante americano na esperança de descobrir ouro. Deus járesolveu seu problema. Você não precisa de um prédio para fazer discípulos com sucesso. Siga omodelo bíblico.

O Fim de Famílias Fragmentadas

Outra vantagem de igrejas nos lares é esta: elas se sobressaem em discipular crianças eadolescentes. Uma das maiores traições cometidas pelas igrejas institucionais hoje (especialmente asgrandes nos Estados Unidos) é que providenciam ministérios maravilhosos para crianças e jovens.

Mesmo assim, escondem o fato que a grande maioria das crianças que experimentam anos de diversãoindo aos seus programas empolgantes para crianças e jovens, nunca volta à igreja depois de “sair doninho.” (Pergunte a qualquer pastor de jovens pelas estatísticas — ele deve conhecê-las.)

Adicionalmente, igrejas que têm pastores de jovens e pastores de crianças promovem umaartificialidade para os pais, dizendo que não são capazes ou não são responsáveis pelo treinamentoespiritual de seus filhos. Novamente, “Nós tomaremos conta do treinamento espiritual de seus filhos.Nós somos os profissionais treinados.” 

O sistema como está cria o fracasso, pois cria um ciclo cada vez maior de compromisso. Elecomeça com pais que estão procurando por igrejas que seus filhos gostem. Se o adolescente“Joãozinho” diz, na ida para casa, que se divertiu na igreja, os pais ficam emocionados, porque igualamo “Joãozinho” se divertir na igreja com o “Joãozinho” estar interessado em coisas espirituais. Muitasvezes estão muito errados.

Pastores titulares dirigidos pelo sucesso querem que suas igrejas cresçam; então, pastores decrianças e jovens saem das reuniões sentindo-se pressionados a criarem programas “relevantes” e queas crianças achem divertidos. (“Relevante” é sempre secundário a “divertido,” e “relevante” nãosignifica necessariamente, “leve as crianças a se arrependerem, acreditarem e obedecerem aosmandamentos de Jesus.”) Se as crianças gostarem do programa, pais ingênuos retornarão (com seudinheiro), e a igreja crescerá.

O sucesso dos cultos de jovens em particular, é medido pelo número de comparecimento.Pastores de jovens fazem de tudo para lotar o lugar, e isso também significa muitas vezescomprometer a espiritualidade genuína. Tenha pena do pastor que ouve relatórios de que pais estão

reclamando para o pastor titular que seus filhos não estão gostando de seus sermões chatos econdenatórios.

Mas que bênção os pastores de jovens poderiam ser no corpo de Cristo se eles se tornassemlíderes de igrejas nos lares. Normalmente, eles já têm uma ótima habilidade relacional, possuem zelo

 jovial e nenhuma falta de energia. Muitos só são pastores de jovens porque esse é o primeiro passorequerido para gradualmente adquirirem as habilidades super-humanas requeridas para asobrevivência de serem pastores titulares. A maioria é mais que capaz de pastorear uma igreja. O queeles têm feito no culto de jovens pode bem ser mais perto do modelo bíblico da igreja do que o queestá acontecendo no santuário principal! O mesmo pode ser dito de pastores de crianças, que podemestar milhas a frente da maioria de pastores titulares em serem capazes de servir em igrejas nos lares,

onde todos, incluindo as crianças, se sentam em um pequeno círculo, participando e até comendo juntos.

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Crianças e adolescentes são naturalmente  melhor discipulados em igrejas nos lares, já queexperimentam a verdadeira comunidade cristã e têm oportunidades de participar, fazer perguntas e serelacionar com pessoas de outras idades, tudo como parte da família cristã. Em igrejas institucionaiseles são continuamente expostos a grandes shows e a aprendizados “divertidos,” experimentam muitopouca da verdadeira comunhão, são várias vezes conscientizados da hipocrisia impregnada, e assimcomo na escola, só aprendem a se relacionar com seus amigos.

Mas em reuniões de todas as idades, o que acontece com os bebês que choram ou criancinhas

que não conseguem ficar quietas?Eles sempre devem ser aproveitados, e passos práticos podem ser tomados para cuidar deles

quando problemas surgirem. Podem, por exemplo, ser levados para outra sala para serem entretidos,ou desenhar com lápis e giz de cera sentados no chão. Na comunidade de uma igreja no lar, os bebês ecrianças não são problemas que devem ser deixados no berçário cuidados por estranhos. Eles sãoamados por todos em sua grande família. Um bebê que começa a chorar em uma igreja institucional équase sempre um incomodo para a formalidade do culto e uma vergonha para os pais, que podemsentir os olhares de reprovação de estranhos. Um bebê que começa a chorar em uma igreja no lar estácercado por sua família, e ninguém se importa com isso, pois é um lembrete que um dom de Deus estáem seu meio, uma criança que todos seguram no colo.

Pais que tem filhos descontrolados podem ser gentilmente ensinados por outros pais sobre oque precisam saber. Novamente, crentes têm relacionamentos bondosos e genuínos. Eles não estãofofocando uns sobre os outros como é tantas vezes o caso em uma igreja institucional. Eles seconhecem e se amam.

Pastores Felizes

Depois de ter pastoreado igrejas por duas décadas, falado a dezenas de milhares de pastores aoredor do mundo e ter muitos pastores como amigos pessoais, acho que posso dizer que sei algo sobre

as demandas de pastorear uma igreja moderna. Como todo pastor de igreja institucional, experimenteio “lado negro” do ministério. E pode ser bem negro às vezes. De fato, brutal  pode ser uma palavramelhor para descrevê-lo.

As expectativas que a maioria dos pastores encontra, criam naturalmente estresses horríveisque às vezes arruínam relacionamentos dentro de suas próprias famílias. Pastores são desencorajadospor vários motivos. Eles devem ser políticos, juízes, empregadores, psicólogos, diretores de atividades,mestres-de-obras, conselheiros matrimoniais, pregadores públicos, gerentes, leitores de mentes eadministradores. Muitas vezes se encontram em competição acirrada com outros pastores para ganharuma fatia maior do corpo de Cristo. Eles têm pouco tempo para a disciplina espiritual pessoal. Muitosse sentem presos em seus ministérios e são mal pagos. Suas congregações são seus clientes e seus

patrões. Algumas vezes esses patrões e clientes podem dificultar bastante a vida.Em comparação, é mais fácil para o pastor da igreja no lar. Primeiro, se ele leva uma vida

exemplar de verdadeiro discípulo e ensina obediência inflexível aos mandamentos de Jesus, poucosbodes terão interesse em fazer parte desse grupo. Na verdade, o fato de se reunirem em casas éprovavelmente o suficiente para mantê-las longe. Então, ele terá, em sua maioria, ovelhas parapastorear.

Segundo, ele pode amar e discipular todas as suas ovelhas em uma base pessoal, pois só tem dedoze a vinte adultos para liderar. Ele pode desfrutar de uma proximidade real com eles, já que é comoo pai de uma família. Pode dar a eles o tempo que merecem. Lembro de quando era pastorinstitucional. Sentia-me sozinho frequentemente. Não podia me aproximar de ninguém em minha

congregação, para que os outros não ficassem ressentidos por não os incluir em meu círculo fechadode amigos ou não ficassem com inveja daqueles dentro desse círculo. Eu ansiava pela proximidadegenuína com outros crentes, mas não arriscava o preço em potencial de ganhar verdadeiros amigos.

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Na família unida da igreja no lar, os membros naturalmente ajudam a manter o pastorresponsável, já que ele é um amigo íntimo e não um ator no palco.

O pastor de igrejas nos lares pode gastar tempo formando líderes de futuras igrejas nos lares,para que quando chegue a hora de multiplicar, os líderes estejam prontos. Ele não precisa assistir seusfuturos líderes mais promissores levarem seus dons da igreja para uma escola bíblica em outro lugar.

Ele também pode ter tempo para desenvolver outro ministério fora de sua congregação local.Talvez possa ministrar em prisões, asilos ou se envolver em evangelismo um a um com refugiados ou

empresários. Dependendo de sua experiência, pode dedicar parte de seu tempo para o plantio de maisigrejas nos lares, ou ser mentor de outros jovens pastores de igrejas nos lares que cresceram debaixode seu ministério.

Ele não sente a pressão de ser um artista no domingo de manhã. Nunca precisa preparar umsermão com três pontos em um sábado à noite, se perguntando como é possível que ele satisfaçatantas pessoas que estão em tantos níveis de crescimento espiritual diferentes.[5] Ele pode se encantarvendo o Espírito Santo usar a todos nas reuniões e encorajá-los a usar seus dons. Pode faltar àsreuniões e tudo correr bem, mesmo sem ele.

Ele não tem um prédio para distraí-lo e nem empregados para gerenciar.Não tem motivo para competir com outros pastores locais.

Não existe “liderança da igreja” para fazer sua vida miserável e pela qual discussões políticas setornam comuns.

Resumindo, ele pode ser o que foi chamado por Deus para ser, e não o que foi imposto sobreele pelo cristianismo cultural. Ele não é o ator principal, o presidente da companhia ou o centro docentro. É um fazedor de discípulos, alguém que equipa os santos.

Ovelhas Felizes

Tudo na bíblica e verdadeira igreja nos lares é o que verdadeiros crentes desejam e desfrutam.

Todos verdadeiros crentes anseiam por relacionamentos genuínos com outros crentes, porqueo amor de Deus foi esparramado em seus corações. Tais relacionamentos são parte da vida da igrejanos lares. É ao que a Bíblia se refere de comunhão, o compartilhamento genuíno de uma vida comoutros irmãos e irmãs. Igrejas nos lares criam um ambiente onde crentes podem fazer o que devemfazer, que é encontrado nas muitas passagens “uns aos outros” do Novo Testamento. No ambiente deigrejas nos lares, crentes podem exortar, encorajar, edificar, confortar, ensinar, servir e orar uns pelosoutros.

Eles podem levar uns aos outros a amar e fazer as boas obras, confessar seus pecados uns aosoutros, levar o fardo de outros e admoestar uns aos outros com salmos, hinos e cânticos. Eles podemchorar com aqueles que choram e se alegrar com aqueles que se alegram. Essas coisas não acontecem

com muita frequência nos cultos de domingo de manhã nas igrejas institucionais, onde os crentes sesentam e assistem. Como um membro de igreja no lar me disse, “Quando alguém está doente emnosso corpo, eu não levo uma refeição para um estranho porque escolhi o ‘ministério de refeições.’Naturalmente, levo uma refeição para alguém que conheço e amo.” 

Verdadeiros crentes gostam de interagir e se envolver uns com os outros. Sentar passivamentee ouvir a sermões irrelevantes ou redundantes ano após ano insulta sua inteligência e espiritualidade.Eles preferem ter a oportunidade de compartilhar seu ponto de vista a respeito de Deus e Sua Palavra,e igrejas nos lares dão essa oportunidade. Seguindo um modelo bíblico ao invés de um cultural, cadapessoa “tem um salmo ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra, uma língua ou umainterpretação” (1 Co. 14:26). Em igrejas nos lares ninguém fica perdido na multidão ou excluído por

uma panelinha na igreja.Verdadeiros crentes desejam ser usados por Deus em serviço. Em uma igreja no lar, háoportunidade para todos serem usados para abençoar outros, e responsabilidades são divididas entretodos, para que ninguém experimente o esgotamento que é comum entre membros comprometidos

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de igrejas institucionais. No mínimo, todos podem trazer comida para uma refeição comum, o que asEscrituras se referem como “festas de fraternidade” (Jd. 1:12).   Para muitas igrejas nos lares, essarefeição segue o exemplo da ceia original, que era parte da refeição de Páscoa. A ceia não é, como umgarotinho a chamou em uma igreja institucional que pastoreei, “o lanche santo de Deus.” A ideia decomer um pãozinho e beber um pouco de suco com estranhos durante alguns segundos em um culto écompletamente estranha à Bíblia e às igrejas nos lares. O significado sacramental da ceia é ressaltadodurante uma refeição compartilhada entre discípulos que se amam.

Em uma igreja no lar, o louvor é simples, sincero e participativo, não uma apresentação.Verdadeiros crentes amam adorar a Deus em espírito e em verdade.

Balanço Doutrinário e Tolerância

Em fóruns abertos e casuais de pequenas reuniões de igreja, todos ensinamentos podem serexaminados por qualquer um que possa ler. Irmãos e irmãs que se conhecem e se amam estãoinclinados a considerar pontos de vista que diferem dos deles respeitosamente, e mesmo que o gruponão chegue a um consenso, o amor, e não a doutrina, os mantêm unidos. Qualquer ensinamento por

qualquer pessoa no grupo, incluindo diáconos/pastores/bispos, está sujeito à examinação amorosa porqualquer outra pessoa, pois o Mestre mora em cada membro (veja 1 Jo. 2:27). As checagens ebalanceamento do modelo bíblico ajudam a prevenir o desvio doutrinário.

Esse é um bom contraste da norma em igrejas institucionais modernas, onde a doutrina daigreja é estabelecida desde o início e não pode ser desafiada. Consequentemente, más doutrinaspermanecem por tempo indeterminado e a doutrina se torna o teste de tornassol de aceitação. Poressa mesma razão, um ponto em um único sermão pode resultar no êxodo imediato de dissidentes quepulam do barco para temporariamente encontrar alguns “crentes com as mesmas ideias.”  Eles sabemque não faz sentido em mesmo conversar com o pastor sobre seus desacordos doutrinários. Mesmoque ele seja convencido a mudar seu ponto de vista, ele teria que escondê-lo de muitos na igreja assim

como dos maiorais de sua denominação. Diferenças doutrinárias dentro de igrejas institucionaisproduzem pastores que são alguns dos políticos mais hábeis do mundo, oradores que falam em vagasgeneralidades e evitam qualquer coisa que resulte em controvérsias, levando todos a crer que ele estádo seu lado.

Uma Tendência Moderna

É interessante que cada vez mais igrejas institucionais desenvolvem pequenos gruposestruturais dentro de seus modelos institucionais, reconhecendo seu valor no discipulado. Algumas

igrejas vão mais além, tendo como base de sua estrutura central, pequenos grupos, considerando-oscomo o aspecto mais importante de seu ministério. “Reuniões festivas” maiores são de segundaimportância para os pequenos grupos (pelo menos em teoria).

Esses são passos na direção certa, e Deus os abençoa já que Suas bênçãos sobre nós sãoproporcionais a nossa obediência a Sua vontade. De fato, “igrejas célula” são melhores estruturadasque igrejas institucionais padrões, para facilitar a formação de discípulos. Elas ficam entre o modelo deigreja institucionais e o modelo de igrejas nos lares, combinando elementos de ambos.

Como igrejas institucionais modernas com pequenos grupos se comparam a igrejas nos laresmodernas e antigas? Existem algumas diferenças.

Por exemplo, infelizmente, às vezes pequenos grupos em igrejas institucionais servem para

promover muitas coisas erradas dentro das igrejas, especialmente quando a verdadeira razão nocomeço de pequenos grupos é construir o reino da igreja do pastor titular. Ele consequentemente usapessoas a sua própria vontade, e pequenos grupos se encaixam bem nesse plano. Quando isso ocorre,líderes de pequenos grupos são selecionados por sua lealdade à igreja mãe, e não podem ter muitos

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dons ou ser muito carismáticos, se não o diabo enche suas cabeças de ideias que poderão adotar comosendo deles. Esse tipo de política prejudica a eficiência de pequenos grupos e, assim como qualqueroutra igreja institucional, espanta os líderes ascendentes chamados por Deus para escolas bíblicas eseminários, roubando da igreja verdadeiros dons, e levando tais pessoas para lugares onde serãoensinados por palestras ao invés de discipulados no trabalho.

Pequenos grupos em igrejas institucionais várias vezes viram pouco mais que simples grupos decomunhão. A formação de discípulos não acontece. Já que supostamente as pessoas estão sendo

alimentadas no domingo de manhã, os pequenos grupos às vezes focam em outras coisas além daPalavra de Deus, não querendo uma repetição dos domingos de manhã.

Pequenos grupos em igreja institucionais são geralmente organizados por um membro daliderança da igreja, ao invés de nascidos do Espírito. Eles se tornam mais um dentre os muitosprogramas da igreja. Pessoas são agrupadas baseadas na idade, status social, interesses, estado maritalou localização geográfica. Bodes são misturados à ovelhas. Toda essa organização mundana não ajudaos crentes a se amarem uns aos outros apesar de suas diferenças. Lembre-se que muitas igrejasprimitivas eram uma mistura de judeus e gentios. Eles regularmente compartilhavam refeições, umacoisa proibida pela tradição judaica. Que experiência de aprendizado suas reuniões devem ter sido!Que oportunidades para andar em amor! Que testemunhos do poder do evangelho! Então, por que

pensamos que precisamos dividir todos em grupos homogêneos para garantir o sucesso de pequenosgrupos?

Igrejas institucionais com pequenos grupos ainda têm performances de domingo de manhã,onde espectadores assistem à atuação de profissionais. Pequenos grupos não são permitidos se reunirquando cultos “de verdade” estão acontecendo, indicando a todos que os cultos institucionais são maisimportantes. Por causa dessa mensagem, muitos, se não a maioria, dos presentes no domingo demanhã não se envolvem com um pequeno grupo mesmo se encorajado a fazê-lo, já que o veem comoopcional. Eles estão satisfeitos pelo fato de estarem indo ao culto semanal mais importante. Então, oconceito de pequenos grupos pode ser promovido, sendo um pouco importante, mas não tãoimportante quanto o culto institucional de domingo. A melhor oportunidade de real comunhão,

discipulado e crescimento espiritual é efetivamente subestimada. A mensagem errada é enviada. Oculto institucional ainda é rei.

Mais Diferenças

Igrejas institucionais com pequenos grupos ainda estão estruturadas como uma pirâmide, ondetodos sabem seus lugares na hierarquia. As pessoas no topo podem se chamar “servos líderes,” masfrequentemente estão mais para diretores gerais, pois são responsáveis por fazer decisões executivas.Quanto maior é a igreja, maior é a distância entre o pastor e os membros de seu rebanho. Se ele for

um pastor de verdade e você puder fazê-lo admitir a verdade quando baixar a guarda, eleprovavelmente te dirá que era mais feliz quando pastoreava um rebanho menor.

Similarmente, igrejas institucionais com pequenos grupos ainda promovem a divisão delaicidade sacerdotal. Líderes de pequenos grupos estão sempre em uma classe subordinada aosprofissionais pagos. Lições de estudos bíblicos são frequentemente entregues ou aprovadas pelo clero,

 já que líderes de pequenos grupos não podem ser portadores de muita autoridade. Pequenos gruposnão podem realizar ceia ou batismo. Essas tarefas sagradas são reservadas para a elite com os títulos ediplomas. Aqueles que são chamados para o ministério vocacional dentro do corpo devem ir a umaescola bíblica ou seminário para ser qualificado para o ministério “de verdade” e se juntar à elite. 

Pequenos grupos em igrejas institucionais são às vezes nada mais que mini cultos, que não

duram mais que 60 a 90 minutos, onde uma pessoa dotada dirige o louvor e outra dá a lição aprovada.Há pouco espaço para o Espírito usar outros, distribuir dons ou desenvolver ministros.

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Ás vezes, as pessoas não estão seriamente comprometidas com os pequenos grupos em igrejasinstitucionais, aparecendo esporadicamente, e os grupos são designados para serem temporários,então, a profundidade da comunidade é menor que em igrejas nos lares.

Pequenos grupos em igrejas institucionais se reúnem geralmente durante a semana para nãoencher o fim de semana com mais uma reunião. Consequentemente, um pequeno grupo que se reúneno meio da semana é normalmente limitado quanto ao tempo, tendo não mais que duas horas paraaqueles que podem comparecer e “proibido” para aqueles que têm filhos que vão para a escola ou

moram longe.Mesmo quando igrejas institucionais promovem o ministério de pequenos grupos, ainda há um

prédio para gastar dinheiro. De fato, se o programa de pequenos grupos adiciona pessoas à igreja,ainda mais dinheiro é gasto em programações no prédio. Continuando, pequenos grupos organizadosdentro de igrejas institucionais, várias vezes requerem pelo menos um líder pago. Isso significa maisdinheiro para mais um programa de igreja.

Talvez, o pior de tudo, seja que pastores de igrejas institucionais com pequenos grupos sãomuito limitados na formação de discípulos pessoais. Eles ficam tão ocupados com suas muitasresponsabilidades que encontram pouco tempo com o discipulado um a um. O mais próximo quepodem chegar é discipular um pequeno grupo de líderes, mas mesmo isso é limitado a uma reunião

por mês.Tudo isso é para dizer que, na minha opinião, igrejas nos lares são mais bíblicas e efetivas na

formação e multiplicação de discípulos e discipuladores. Contudo, eu sei que minha opinião não vaimudar centenas de anos de tradição da igreja muito rápido. Então, eu encorajo pastores institucionaisa fazerem algo na direção de mover suas igrejas a um modelo mais bíblico de formação dediscípulos.[6] Eles podem considerar discipular pessoalmente futuros líderes ou iniciar o ministério depequenos grupos. Podem ter um “domingo da igreja primitiva,” onde o prédio da igr eja fica fechado,todos compartilham uma refeição nas casas e tentam se reunir como os cristão se reuniam pelosprimeiros três séculos.

Pastores que têm pequenos grupos em suas igrejas poderiam considerar a liberação de alguns

desses grupos para formar igrejas nos lares e ver o que acontece. Se pequenos grupos são saudáveis eliderados por pastores/diáconos/bispos liderados por Deus, eles devem ser capazes de operarsozinhos. Não precisam da igreja mãe mais que qualquer jovem igreja não organizada precisa da igrejamãe. Por que não os liberar?[7] O dinheiro do membro que está indo para a igreja mãe pode manter opastor da igreja no lar.

O meu endosso de igrejas nos lares significa que não há nada bom nas igrejas institucionais? Éclaro que não! Quando vemos que discípulos que obedecem a Cristo estão sendo formados em igrejasinstitucionais, elas devem elogiadas. Suas práticas e estrutura, contudo, podem sim, estar prejudicandomais que ajudando a alcançar o alvo que Cristo colocou diante de nós, e são frequentementeassassinos de pastores.

O que Acontece em Reuniões de Igrejas nos Lares?

As igrejas nos lares não precisam ser todas estruturadas igualmente, há espaço para bastantevariação. Cada igreja no lar deve refletir sua própria cultura e pequenas diferenças sociais — uma razãodas igrejas nos lares serem tão efetivas no evangelismo, especialmente em países que não têm umatradição cultural cristã. Membros de igrejas nos lares não convidam seus vizinhos para irem a umprédio de igreja que lhes é completamente estranho onde seriam envolvidos em rituais totalmentedesconhecidos —  enormes obstáculos para conversas. Ao invés disso, convidam seus vizinhos para

uma refeição com seus amigos.A refeição comum é geralmente um dos componentes mais importantes em uma igreja no lar.Para muitas igrejas essa refeição inclui ou é a ceia, e cada igreja no lar pode decidir como melhor trazerseu significado espiritual. Como previamente mencionado, a ceia original  começou como uma refeição

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da Páscoa que era cheia de significado espiritual. A celebração da ceia como uma refeição ou parte deuma refeição é o padrão aparentemente seguido pelos primeiros crentes. Lemos sobre os primeiroscristãos:

Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações...Todosos dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos

 participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração (At. 2:42,46, ênfase adicionada).Os primeiros cristãos estavam literalmente pegando, dividindo e compartilhando os pães, uma

coisa que era feita praticamente em todas as refeições em sua cultura. Será que o partir do pão tinhaalgum significado espiritual para os primeiros cristãos? A Bíblia não diz com clareza. Contudo, WilliamBarclay escreveu em seu livro The Lord´s Supper  ( A Ceia do Senhor) *,  “Não há dúvidas que a ceiacomeçou como uma refeição familiar ou uma refeição de amigos em uma casa...A ideia de umpedacinho de pão e um pequeno gole de vinho não tem relação alguma com a ceia original...A ceia eraoriginalmente uma refeição familiar na casa de amigos.” É incrível que t odos os eruditos modernosconcordem com Barclay, mesmo assim, a igreja ainda segue a tradição ao invés da Palavra de Deus aesse respeito!

Jesus ordenou a Seus discípulos que ensinassem seus discípulos a obedecerem a tudo o que Elelhes tinha ordenado. Portanto, quando Ele ordenou que Seus discípulos comessem pão e bebessem

vinho juntos em memória dEle, eles teriam ensinado seus discípulos a fazerem o mesmo. Isso poderiaser feito em refeições comuns? Com certeza, parece que é assim que era feito quando lemos algumasdas palavras de Paulo aos coríntios:

Quando vocês se reúnem [e ele não está falando de reuniões em prédios de igrejas, porqueestes não existiam] não é para comer a ceia do Senhor , porque cada um come sua própria ceia semesperar pelos outros. Assim enquanto um fica com fome, outro se embriaga (1 Co. 11:20-21, ênfaseadicionada).

Como essas palavras fariam sentido se Paulo estivesse falando sobre a ceia como é praticadaem igrejas modernas? Você já ouviu do problema de alguém em um culto de igreja moderna quecomeu sua própria ceia primeiro e de outro que ficou com fome enquanto outro ficou embriagado

durante a ceia do Senhor? Tais palavras só fariam sentido se a ceia fosse realizada juntamente com arefeição. Paulo continua:

Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus [lembrem-se,Paulo não estava falando de um prédio, mas de uma reunião de pessoas, a igreja de Deus] e humilhamos que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não (1 Co. 11:22)!

Como pessoas que nada têm ficariam envergonhadas se o que fosse feito não estivesse nocontexto de uma refeição? Paulo estava apontando para o fato de que alguns coríntios que chegavammais cedo nas reuniões comiam suas próprias comidas sem esperar pelos outros. Quando algunschegavam, que talvez fossem tão pobres que não levavam comida para compartilhar na refeição, elesficavam com fome, como também envergonhados já que era tão óbvio que não tinham levado nada.

Imediatamente depois disso, Paulo escreveu sobre a ceia, um sacramento que recebeu “doSenhor” (1 Co. 11:23), e recontou o que aconteceu na primeira ceia (veja 1 Co. 11:24 -25). Então eleadvertiu os coríntios contra tomar a ceia de maneira indigna, dizendo que se não se examinassem,iriam comer e beber para sua própria condenação em forma de fraqueza, doença e morte prematura(veja 1 Co. 11:26-32).

Então, ele concluiu,Portanto, meus irmãos, quando vocês se reunirem para comer, esperem uns pelos outros. Se

alguém estiver com fome, come em casa, para que, quando vocês se reunirem, isso não resulte emcondenação (1 Co. 11:33-34).

No contexto, a ofensa sendo cometida na ceia era em consideração a outros crentes. Paulo

novamente advertiu que os que estavam comendo sua própria ceia primeiro ao invés de dividir narefeição, corriam perigo de serem julgados (ou disciplinados) por Deus. A solução era simples. Sealguém estivesse com tanta fome que não pudesse esperar pelos outros, ele deveria comer alguma

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coisa antes de ir à reunião. E aqueles que chegassem mais cedo deveriam esperar por aqueles quechegassem mais tarde para a refeição, uma refeição que, aparentemente, incluía a ceia.

Quando olhamos para a passagem inteira, parece claro que Paulo estava dizendo que se fosse aceia do Senhor que estivesse sendo comida, ela teria que ser feita de um modo que fosse agradávelao Senhor , mostrando amor e consideração uns para com os outros.

De qualquer modo, é claro como cristal que a igreja primitiva praticava a ceia como parte deuma refeição comum em casas sem um clero oficial. Por que nós não?

Pão e Vinho

A natureza dos elementos da ceia do Senhor não é a coisa mais importante. Se nós precisamosnos esforçar para imitar a ceia original, teríamos que saber quais eram os ingredientes exatos do pão eo tipo exato de uvas do qual o vinho original era feito. (Durante os primeiros séculos alguns pais daigreja prescreveram estritamente que o vinho tinha que ser diluído em água, caso contrário acomunhão estaria sendo praticada impropriamente.)

Pão e vinho eram alguns dos elementos mais comuns das refeições judias antigas. Jesus deu

significância a duas coisas que eram incrivelmente comuns, comidas que praticamente todosconsumiam todos os dias. Se Ele tivesse visitado outra cultura em outro tempo da história, a primeiraceia poderia ter sido constituída de queijo e leite de cabra, ou bolo de arroz e suco de abacaxi. Então,qualquer comida e bebida poderiam representar Seu corpo e sangue em uma refeição compartilhadaentre Seus discípulos. A coisa mais importante é o significado espiritual. Não vamos nos esquecer doespírito da lei enquanto tentamos obedecer suas palavras!

Não é necessário que uma refeição comum seja solene. Os primeiros cristãos, como já lemos,“Partiam o pão em suas casas...e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade decoração” (At. 2:46, ênfase adicionada). Contudo, seriedade com certeza é apropriada durante a parteda refeição em que o sacrifício de Jesus é lembrado e os elementos consumidos. Auto avaliação é

sempre apropriada antes de comer a ceia, como indicado pelas solenes palavras de advertência dePaulo à igreja de Corinto em 1 Coríntios 11:17-34. Qualquer transgressão do mandamento de Cristo deamar uns aos outros é um convite à disciplina de Deus. Todo e qualquer conflito e divisão deve serresolvido antes da refeição. Todos os cristãos devem se examinar e confessar qualquer pecado, queseria o equivalente a “examine-se cada um a si mesmo,” usando as palavras de Paulo. 

O Espírito Manifestado pelo Corpo

A refeição pode acontecer antes ou depois de uma reunião onde louvor, ensinos e dons

espirituais são compartilhados. Cada igreja no lar deve determinar seu formato, e formatos podemvariar de reunião para reunião da mesma igreja no lar.

As Escrituras deixam bem claro que as reuniões da igreja primitiva eram bem diferentes doscultos de igrejas institucionais. 1 Coríntios 11-14, em particular, nos dá uma abundância de detalhessobre o que acontecia quando a igreja primitiva se reunia, e não há razão para pensar que o mesmoformato não pode e não deve ser seguido hoje. Também é claro que o que acontecia nas reuniões daigreja que Paulo descreveu, só poderia acontecer em pequenos grupos. O que Paulo descreveu,logicamente, não podia ter acontecido em uma reunião grande.

Eu serei o primeiro a admitir que não entendo tudo o que Paulo escreveu dentro daquelesquatro capítulos de 1 Coríntios. Contudo, parece óbvio que a característica mais saliente das reuniões

descritas em 1 Coríntios 11-14 era a presença do Espírito Santo entre eles e Sua manifestação nosmembros do corpo. Ele deu dons a indivíduos para a edificação do corpo inteiro.Paulo cita no mínimo nove dons espirituais: revelação, línguas, interpretação de línguas, palavra

de instrução, palavra de sabedoria, discernimento de espíritos, dons de cura, fé e milagres. Ele não fala

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que todos esses dons eram manifestados em todas as reuniões, mas com certeza indica a possibilidadede suas operações e parece resumir algumas das manifestações do Espírito mais comuns em 1Coríntios 14:26:

Portanto, que diremos irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ouuma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em uma língua ou uma interpretação. Tudo sejafeito para a edificação da igreja.

Vamos levar em consideração todas estas cinco manifestações, e em um capítulo mais adiante

vamos levar a fundo os nove dons do Espírito listado em 1 Coríntios 12:8-10.O primeiro da lista é o salmo. Salmos dados pelo Espírito são mencionados por Paulo em duas

de suas outras cartas às igrejas, enfatizando sua importância nas reuniões cristãs.Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito,

falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor(Ef. 5:18-19).

Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros comtoda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração(Cl. 3:16).

A diferença entre salmos, hinos e cânticos espirituais não é clara, mas o importante é que todos

são baseados na Palavra de Deus, são inspirados pelo Espírito, e devem ser entoados pelos salvos paraensinar e advertir uns aos outros. Com certeza, muitos dos hinos e refrãos que os salvos têm cantadodurante a história da igreja encaixam-se em uma dessas categorias. Infelizmente, muitos hinos ecorinhos modernos não têm profundidade bíblica, indicando que não foram dados pelo Espírito, e porserem superficiais, não têm valor real para ensinar e advertir salvos. Mesmo assim, crentes que sereúnem em igrejas nos lares devem esperar que o Espírito vá, não só inspirar membros individuais aconduzir músicas evangélicas conhecidas, novas e velhas, mas também dará músicas especiais paraalguns dos membros que poderão ser utilizadas para a edificação de todos. Sem dúvida, quão especialé que igrejas tenham suas próprias músicas dadas pelo Espírito!

Ensino

O segundo dom na lista de Paulo é o ensino. Novamente, isso indica que qualquer um podecompartilhar um ensino inspirado pelo Espírito em uma reunião. É claro que todos os ensinos seriam

 julgados para ver se são coerentes aos ensinos dos apóstolos (já que todos eram devotados a isso; vejaAtos 2:42) e devemos fazer o mesmo hoje. Mas perceba que não há indicação em lugar algum do NovoTestamento de que a mesma pessoa pregava todas as semanas quando a igreja local se reunia,dominando a reunião.

Havia, em Jerusalém, reuniões maiores no Templo onde os apóstolos ensinavam. Sabemos que

os anciãos também tinham a responsabilidade do ensino em igrejas, e que algumas pessoas têm umchamado para o ministério de ensino. Paulo ensinou muito, publicamente e de casa em casa (veja Atos20:20). Mas em pequenas reuniões de salvos o Espírito Santo pode usar outros para ensinar além dosapóstolos, anciãos ou professores.

Quando nos referimos ao ensino, parece que teríamos uma grande vantagem sobre a igrejaprimitiva, podendo levar cópias pessoais da Bíblia conosco para as nossas reuniões. Por outro lado,talvez o fácil acesso à Bíblia tem nos ajudado a elevar a doutrina acima de amar a Deus com todo onosso coração e de amar ao nosso próximo como a nós mesmos, nos roubando da vida que a Palavrade Deus devia nos dar. Temos sido doutrinados demais. Muitos pequenos grupos de estudo bíblico têmsido tão irrelevantes e chatos quanto os sermões de domingos de manhã. Uma boa regra para

seguirmos a respeito do ensino em igrejas nos lares é esta: Se as crianças maiores não estãoescondendo seu tédio, os adultos provavelmente estão escondendo o deles. Crianças são ótimosbarômetros da verdade.

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Revelação

Terceiro, Paulo lista “revelação.” Isso poderia significar qualquer coisa revelada por Deus aalgum membro do corpo. Por exemplo, Paulo menciona especificamente que um ímpio pode visitaruma reunião cristã e ter “os segredos do seu coração...expostos” por meio de dons de profecia. Oresultado é que ele seria “convencido” e “julgado” e “se prostrará, rosto em terra, e adorará a Deus

exclamando: ‘Deus realmente está entre vocês’”(1 Co. 14:24-25).Aqui, nós vemos novamente que a presença verdadeira do Espírito Santo era uma característicaesperada em reuniões da igreja, e que coisas sobrenaturais aconteceriam por causa de Sua presença.Os primeiros cristãos realmente acreditavam na promessa de Jesus que, “onde se reunirem dois outrês em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt. 18:20). Se Jesus em pessoa estava no meio deles,milagres poderiam acontecer. Eles literalmente adoram “pelo Espírito de Deus” (Fp. 3:3). 

De qualquer modo, profecias, do qual vou falar mais em breve, podem conter revelações sobreos corações das pessoas. Mas revelações podem ser dadas sobre outras coisas e por outros meios,como por visões ou sonhos (veja At. 2:17).

Línguas e Interpretações

Quarto, Paulo listou dois dons que trabalham juntos: línguas e interpretações de línguas. EmCorinto, havia um excesso de pessoas falando em línguas. Mais especificamente, pessoas estavamfalando em línguas durante as reuniões da igreja e não havia interpretação; então, ninguém sabia oque estava sendo dito. Podemos nos perguntar como os coríntios podem ser culpados, já que a culpaparecia ser do Espírito Santo, pois dava dons de línguas para alguns sem dar a outros o dom deinterpretação. Há uma resposta muito satisfatória para essa pergunta à qual me reportarei em umcapítulo mais adiante. De qualquer modo, Paulo não proibiu falar em línguas (como muitas igrejasinstitucionais fazem). Ao invés disso, ele proibiu a proibição de falar em línguas, e declarou que esseera o mandamento de Deus (veja 1 Coríntios 14:37-39)![8] Era um dom que, quando usado de formacorreta, podia edificar o corpo e afirmar a presença sobrenatural de Deus no meio deles. Era Deusfalando pelas pessoas, lembrando-as da Sua verdade e da Sua vontade.

No capítulo 12, Paulo falou sobre a superioridade da profecia sobre o falar em línguas seminterpretação. Ele encorajou os coríntios a desejarem o profetizar, e isso indica que os dons do Espíritosão, provavelmente, manifestados entre aqueles que os desejam. Similarmente, Paulo advertiu ossalvos de Tessalônica: “Não apaguem o Espírito. Não tratem com desprezo as profecias” (1 Ts. 5:19 -20).Isso indica que os salvos podem “apagar” ou  “apagar o fogo” do Espírito guardando no coração umaatitude errada em relação ao dom de profecia. É por isso, sem dúvida, que o dom de profecia émanifestado tão raramente entre os crentes de hoje.

Como Começar

Igrejas nos lares nascem do Espírito Santo pelo ministério de um plantador de igrejas nos laresou de um diácono/pastor/bispo a quem Deus deu uma visão de uma igreja no lar. Mantenha em menteque um diácono/pastor/bispo bíblico pode ser aquele a quem a igreja institucional se refere comosendo um leigo maduro. Nenhum pastor de igreja no lar precisa de uma educação formal de ministério.

Uma vez que a visão de uma igreja no lar é entregue pelo Espírito Santo ao fundador, eleprecisa buscar ao Senhor a respeito de outros que possam se juntar a ele. O Senhor o colocará em

contato com pessoas com uma visão similar, confirmando o seu chamado. Ou o levará a pecadoresreceptivos aos quais ele poderá levar à Deus e discipular em uma igreja no lar.

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Aqueles que estão começando a aventura da igreja no lar devem antecipar que levará tempopara que os membros se sintam confortáveis uns com os outros e aprendam a se relacionar e fluir como Espírito. Será um caminho de dificuldades e erros. Os conceitos de participação de todos osmembros, liderança bíblica e serva, diáconos ajudantes, liderança e dons do Espírito Santo, a refeiçãocompartilhada e uma atmosfera casual ao mesmo tempo que espiritual é bem estranha para aquelesque só estão familiarizados com cultos institucionais. Portanto, é o sábio uso de graça e paciênciaquando uma nova igreja no lar nasce. O formato inicial pode ser mais como uma devocional familiar:

uma pessoa liderando o louvor, outra compartilhando um ensino preparado e então, encerrando comuma oportunidade de oração em grupos, comunhão e uma refeição. Contudo, enquanto o grupoestuda o formato bíblico de igrejas no lar, o diácono/pastor/ bispo deve encorajar os membros a seesforçarem para se tornarem o melhor para Deus. Então, divirtam-se no passeio!

Igrejas no lar podem mudar da casa de um membro para outro cada semana, ou uma pessoapode abrir sua casa todas as semanas. Algumas igrejas nos lares ficam ao ar livre ocasionalmentequando o tempo está bom. O horário e local da reunião não precisa ser no domingo de manhã, mas aqualquer hora que ficar melhor para os membros. Finalmente, é melhor começar pequeno; com nomáximo doze pessoas.

Como mudar de Instituição para Igreja no Lar

Provavelmente, muitos dos pastores que estão lendo isto estão trabalhando dentro deestruturas de igrejas institucionais, e talvez você, querido leitor, seja um deles. Se eu toquei em suaferida e se você anseia pelo tipo de igreja que eu tenho descrito, então já deve estar se perguntandocomo pode fazer a transição. Deixe-me encorajar a não ficar com pressa. Comece ensinando somente averdade bíblica e fazendo o que puder dentro da moldura de sua estrutura já existente para fazerdiscípulos que obedeçam aos mandamentos de Jesus. É muito mais provável que verdadeirosdiscípulos queiram fazer a transição para uma estrutura bíblica quando eles a entendem. Já os bodes e

pessoas religiosas, provavelmente resistirão a tais transições.Segundo, estude o que as Escrituras dizem sobre o assunto e ensine sua congregação sobre

estruturas de igrejas nos lares e suas bênçãos herdadas. Você pode, eventualmente, cancelar seu cultode quarta-feira ou de domingo à noite para começar células semanais em casas, lideradas por crentesmaduros. Encoraje todos a irem. Cada vez mais, padronize essas reuniões para seguirem o formato domodelo bíblico de igreja nos lares o mais perto possível. Então, dê tempo para que as pessoascomecem a apreciar as bênçãos de seus pequenos grupos.

Uma vez que todos gostem das reuniões, você pode anunciar que um certo domingo do mêsque vem será um “Domingo da Igreja Primitiva.” Naquele domingo, o prédio da igreja ficará fechado etodos irão para determinadas casas para se reunirem assim como a Igreja primitiva se reunia,

apreciando refeições juntos, a ceia do Senhor, comunhão, oração, louvor, compartilhandoensinamentos e dons espirituais. Se for um sucesso, você pode começar a ter reuniões assim umdomingo em cada mês; então, eventualmente dois, e então, três domingos. Depois de um tempo, vocêpode liberar cada grupo para ser uma igreja no lar independente, livre para crescer e multiplicar, etalvez se reunir para reuniões maiores uma vez a cada dois meses.

Todo esse processo de transição que estou descrevendo pode levar de um a dois anos.Ou, se você quiser ir com ainda mais cautela, pode começar com somente uma reunião no lar

com alguns de seus membros mais interessados liderados por você mesmo. (Novamente, igrejas noslares não precisam se reunir aos domingos de manhã.) Pode ser apresentado como um experimento ecom certeza será uma experiência de aprendizado para todos.

Se der certo, então aponte um líder e libere o grupo para se tornar uma igreja independenteque só participará do culto na igreja institucional uma vez por mês. Desse modo a nova igreja aindafaria parte da igreja mãe e não seria vista tão negativamente por aqueles que ainda fazem parte da

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igreja institucional. Isso também pode ajudar a influenciar outros dentro da igreja a considerar fazerparte de outra igreja no lar sendo plantada pela igreja institucional.

Se o primeiro grupo crescer, ore e o divida para que os dois grupos tenham bons líderes e donssuficientes entre seus membros. Ambos os grupos poderiam se reunir em uma celebração maior emocasiões combinadas, talvez uma vez por mês ou uma vez a cada três meses.

Independentemente do caminho que você tomar, mantenha seus olhos no alvo, mesmodurante as decepções, o que provavelmente haverá. Igrejas nos lares são formadas por pessoas, e

pessoas causam problemas. Não desista.É bem improvável que todos na congregação de sua igreja institucional façam essa transição;

então, você terá que decidir em que ponto irá começar a se devotar completamente a uma igreja nolar ou a um grupo de igrejas nos lares, deixando a instituição para trás. Esse será um dia importantepara você!

A Igreja Ideal

O pastor de uma igreja no lar pode mesmo ter mais sucesso aos olhos de Deus que o pastor de

uma mega igreja com um prédio enorme e milhares de atendentes todo domingo? Sim, se ele estivermultiplicando obedientes discípulos e discipuladores, seguindo o modelo de Jesus, ao invés desimplesmente reunindo bodes espirituais uma vez por semana para assistir a um concerto e ouvir umsermão divertido santificado por algumas passagens fora de contexto.

Um pastor que decide seguir o modelo de igreja nos lares nunca terá uma congregação grande.Mas em longo prazo, ele terá frutos que permanecerão por um bom tempo, já que seus discípulosfazem discípulos. Muitos pastores de “pequenas” congregações de 40 a 50 pessoas que ainda queremmais podem precisam ajustar suas ideias. Suas igrejas podem já ser muito grande. Talvez eles devamparar de orar por um prédio maior e começar a orar sobre quem será apontado para liderar duas novasigrejas nos lares. (Por favor, quando isso acontecer, não dê um nome à sua nova denominação e o

título de “bispo” a si mesmo!) Precisamos erradicar a ideia de que maior é melhor a respeito da igreja. Se nós formos julgar

puramente com base bíblica, congregações que consistem de centenas de espectadores nãodiscipulados que se reúnem em prédios especiais seriam consideradas um tanto estranho. Se osprimeiros apóstolos visitassem igrejas institucionais modernas, coçariam as cabeças! (Estariamperdidos?)

Uma Objeção Final

Várias vezes, ouvimos que no mundo Ocidental, onde o cristianismo já se tornou parte dacultura, as pessoas nunca aceitarão a ideia de igrejas se reunirem em casas. E é então argumentadoque devemos permanecer no modelo institucional.

Primeiro, isso tem provado não ser verdade, já que igrejas nos lares têm ganhado forçarapidamente no mundo Ocidental.

Segundo, as pessoas já se reúnem alegremente em casas para festas, refeições, comunhão,estudos bíblicos e grupos de célula. A aceitação da ideia de uma igreja em uma casa só precisa de umpequeno ajustamento de pensamento.

Terceiro, é verdade que pessoas religiosas, “bodes espirituais,” nunca aceitarão o conceito deigrejas nos lares. Eles nunca farão alguma coisa que pareça esquisito aos seus vizinhos. Mas

verdadeiros discípulos de Jesus Cristo com certeza aceitam o conceito de igrejas nos lares uma vez queentendem a base bíblica. Eles logo percebem como os prédios são desnecessários para o discipulado.Se você quiser construir uma grande igreja com “madeira, feno ou palha” (veja 1 Co. 3:12), vocêprecisará de um prédio, mas tudo será queimado no final. Mas se você quiser multiplicar discípulos e

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discipuladores, construindo a Igreja de Jesus Cristo com “ouro, prata, *e+ pedras preciosas,” então vocênão precisa gastar energia e dinheiro em prédios.

É interessante que o maior movimento evangelístico natural do mundo hoje, o movimento “devolta à Jerusalém” das igrejas nos lares chinesas, tem adotado uma estratégia específica paraevangelizar a janela 10/40. Eles dizem: “Nós não temos o desejo de construir prédios de igrejas emlugar algum! Isso permite que o evangelho se espalhe rapidamente, dificulta sermos localizados pelasautoridades e nos permite canalizar todos os nossos recursos diretamente ao ministério do

evangelho.”[9] Certamente um exemplo sábio e bíblico para seguirmos!

[1] Veja “Jesus on Money” (Jesus Sobre o Dinheiro) debaixo de Biblical Topics (Tópicos Bíblicos)no home page de www.shepherdserve.org.

[2] Mesmo parecendo radical, o único motivo da necessidade de prédios de igrejas é a falta delíderes que dirijam igrejas nos lares menores, que é o resultado de um discipulado pobre a líderes empotencial dentro de igrejas institucionais. Seria possível que pastores de igrejas institucionais grandessão, na verdade, culpados de roubar pastores chamados por Deus dentro de suas congregações de

seus ministérios por direito? Sim.[3] Essa proporção um por dez ou vinte não deve ser considerada um exagero à luz do modelo

bíblico de Jesus de discipular doze homens e dos juízes de Moises sobre dez pessoas (veja Ex. 18:25). Amaioria dos pastores institucionais administra muito mais pessoas do que pode discipular efetivamentesozinho.

[4] Também podemos nos perguntar o por que de “pastores titulares,” “pastores auxiliares,” ou“co-pastores” não serem mencionados nas Escrituras. Novamente, esses títulos, que parecem tãoessenciais nas igrejas modernas por causa de suas estruturas, eram desnecessários na igreja primitivapor causa da estrutura dela. Igrejas nos lares com vinte pessoas não precisam de pastores titulares,auxiliares e co-pastores.

[5] Muitos pastores nunca se tornam bons oradores, mesmo sendo servos de Cristo chamadospor Deus. Na realidade, é ser muito duro dizer que muitos sermões de pastores são chatos, ou pelomenos, às vezes? O que um crítico de igreja se refere com “fitar o horizonte” é muito comum entre ospresentes. Mas esses mesmos pastores que são oradores entediantes são frequentemente bonsconversadores, e as pessoas raramente ficam entediadas enquanto estão conversando. É por isso queo ensinamento interativo em igrejas nos lares é normalmente sempre interessante. O tempo voanessas horas, em contraste com os muitos olhares velados aos relógios de pulso durante os sermões deigreja. Pastores de igrejas nos lares não precisam se preocupar se estão sendo chatos.

[6] Uma das minhas definições preferidas para a palavra insanidade é: Fazer a mesma coisarepetidamente esperando por resultados diferentes. Pastores podem ensinar por anos sobre a

responsabilidade de cada membro de estar envolvido na formação de discípulos, mas a menos que elefaça algo para mudar formas ou estruturas, as pessoas vão continuar indo à igreja para sentar, escutare ir embora. Pastor, se você continuar fazendo o que não mudou as pessoas no passado, não vai mudaras pessoas no futuro. Mude o que você está fazendo!

[7] É claro que o motivo principal de muitos pastores serem contrários a essa ideia é porqueestão, na verdade, construindo seus próprios reinos, não o Reino de Deus.

* Nota do tradutor: este livro ainda não foi traduzido para o português.[8] Eu sei que existem pessoas que transferem toda manifestação sobrenatural do Espírito ao

primeiro século, o tempo que supostamente cessaram. Portanto, nós não temos razão para buscar oque a igreja primitiva vivenciou, e o dom de línguas não é mais válido. Eu tenho pouca simpatia por tais

pessoas que são como saduceus modernos. Como alguém que em várias ocasiões louvou a Deus em japonês, de acordo com falantes japoneses que me ouviram, e nunca tendo aprendido japonês, eu seique esses dons não deixaram de ser dados pelo Espírito Santo. Eu também me pergunto por que essessaduceus acreditam que o Espírito Santo chama, convence e regenera pecadores, mas negam o

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trabalho do Espírito além desses milagres. Esse tipo de “teologia” é o resultado da descrença edesobediência humana; não tem prova bíblica e na verdade vai contra o objetivo de Cristo. Isso édesobediência direta a Cristo, de acordo com o que Paulo escreveu em 1 Co. 14:37.

[9] Brother Yun, Back to Jerusalém* (De Volta á Jerusalém), p. 58.* Nota do tradutor: Esse livro ainda não foi traduzido para o Português.

Capítulo Cinco

O Crescimento da Igreja

Então você é um pastor e quer que sua igreja cresça. Esse é um desejo muito comum entrepastores. Mas por que quer que sua igreja cresça? Honestamente, qual é o motivo do seu coração?  

Você quer que sua igreja cresça para que se sinta bem sucedido? Quer se sentir respeitado e

influente? Quer ter poder sobre as pessoas? Espera ficar rico? Todos esses são motivos errados paraquerer que sua igreja cresça.

Agora, se quiser que sua igreja cresça para que Deus seja glorificado enquanto mais e mais vidassão transformadas pelo Espírito Santo, então esse é o motivo certo para desejar o crescimento daigreja.

É possível que estejamos enganando a nós mesmos, pensando que nossos motivos são purosquando de fato são na verdade egoístas.

Como podemos conhecer nossos motivos verdadeiros? Como podemos saber se queremosconstruir o reino de Deus o simplesmente o nosso reino?

Um modo é pelo monitoramento de nossas reações internas ao sucesso de outros pastores. Se

pensarmos que nossos motivos são puros, se achamos que sinceramente queremos que o Reino deDeus e que Sua igreja cresçam, mas descobrimos um pouco de inveja e ciúmes em nosso coraçãoquando ouvimos sobre o crescimento de outra igreja, isso revela que nossos motivos não são tãopuros. Mostra que realmente não estamos tão interessados no crescimento da Igreja, e sim nocrescimento da nossa  igreja. E por que isso? Porque nossos motivos são pelo menos parcialmenteegoístas.

Também podemos checar nossos motivos monitorando nossa reação interna quando ouvimossobre outra igreja que está abrindo em nossa área. Se nos sentimos ameaçados, é um sinal queestamos mais preocupados com nosso próprio reino que o Reino de Deus.

Mesmo pastores de igrejas grandes ou em crescimento podem checar seus motivos dessa

mesma maneira. Tais pastores também podem se fazer perguntas como: “Eu consideraria enviar eabrir de mão líderes e pessoas chave da minha congregação para plantar novas igrejas, resultando naredução da minha igreja?” Um pastor que for muito resistente a essa ideia está provavelmenteconstruindo sua igreja para sua própria glória. (Por outro lado, o pastor de uma igreja grande tambémpoderia plantar igrejas para sua própria glória, só para poder se gabar de quantas igrejas nasceram desua igreja.) Outra pergunta que poderíamos fazer é: “Eu me associo com pastores de igrejas menoresou tenho me distanciado deles, sentindo-me melhor que eles?” Ou: “Eu estaria disposto a pastorearapenas de doze a vinte pessoas em uma igreja no lar, ou isso seria duro de mais para o meu ego?”[1] 

O Movimento de Crescimento da IgrejaEm livrarias evangélicas pela América e Canadá, existem às vezes seções inteiras de prateleiras

dedicadas a livros sobre o crescimento de igrejas. Esses livros e seus conceitos têm se espalhado pelo

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mundo. Os pastores estão famintos para aprender como aumentar o número de atendentes de suasigrejas, e muitas vezes são bem rápidos em adotar conselhos de pastores de mega igrejas americanasque são considerados bem sucedidos em virtude do tamanho de seus prédios e do número de pessoasque comparecem aos domingos.

Contudo, aqueles que são um pouco mais perspicazes entendem que o número de atendentes eo tamanho do prédio não são necessariamente indicações da qualidade da formação de discípulos.Algumas igrejas americanas têm crescido devido a doutrinas pervertidas da verdade bíblica. Eu tenho

falado a pastores ao redor do mundo que ficam chocados ao saber que multidões de pastoresamericanos acreditam e declaram que uma vez que uma pessoa é salva, nunca poderá perder suasalvação, independentemente do que acredita ou de como vive sua vida. Similarmente, muitospastores americanos proclamam um evangelho aguado, de graça barata, levando pessoas a crer quepodem ir para o céu sem santidade. Vários outros proclamam um evangelho de prosperidade,alimentando o orgulho de pessoas das quais a religião é um meio de acumular ainda mais tesouros naterra. Esses são pastores dos quais as técnicas de crescimento de igrejas não devem ser imitadas.

Eu já li minha cota de livros sobre o assunto, e tenho um mistura de sentimentos a respeitodeles. Muitos têm estratégias e conselhos que são, até certo ponto, bíblicos, fazendo valer a pena ler olivro. Contudo, a maioria é baseada no modelo da igreja institucional de 1700 anos, ao invés do modelo

bíblico. Consequentemente, o foco não é construir o corpo de Cristo através da multiplicação dediscípulos e discipuladores, mas construir congregações institucionais individuais, o que sempre requerprédios maiores, liderança de programas mais especializados e uma estrutura que é mais parecida coma de uma corporação de negócios que de uma família.

Algumas estratégias modernas de crescimento de igrejas parecem sugerir que, pelo bem deganhar membros, os cultos sejam mais atraentes às pessoas que não querem seguir a Jesus. Elesaconselham sermões curtos e sempre positivos, louvor sem expressão, muitas atividades sociais, que odinheiro nunca seja mencionado, e assim por diante. Isso não resulta na formação de discípulos que seneguem e obedeçam a todos os mandamentos de Cristo. Resulta em crentes professos que estão nocaminho largo para o inferno. Essa não é a estratégia de Deus para ganhar o mundo, mas a de Satanás

para ganhar a Igreja. Não é “crescimento da Igreja” e sim “crescimento do mundo.” 

O Modelo Seeker-Sensitive 

A estratégia americana de crescimento de igrejas mais popular é muitas vezes chamada demodelo “seeker-sensitive”. Nessa estratégia, os cultos das manhãs de domingo são designados paraque (1) cristãos se sintam confortáveis para convidar amigos incrédulos e (2) que os mesmos ouçam aoevangelho em termos não-ofensivos, aos quais possam se relacionar e entender. Cultos e pequenosgrupos no meio da semana são reservados para discipular os salvos.

Desse modo, algumas igrejas individuais têm crescido muito. Entre igrejas institucionaisamericanas, essas podem ter o maior potencial para evangelizar e discipular pessoas, desde que todossejam incorporados aos pequenos grupos (o que muitas vezes não acontece) e lá discipulados, e que oevangelho não seja comprometido (o que sempre acontece quando o alvo é não ser ofensivo, pois oevangelho é ofensivo ao orgulho humano). Pelo menos igrejas seeker-sensiteve têm implementadoalguma estratégia para alcançar os perdidos, algo que a maioria das igrejas institucionais não têm feito.

Mas como o modelo americano seeker-sensitive se compara ao modelo bíblico quanto aocrescimento de igrejas?

No livro de Atos, apóstolos e evangelistas chamados por Deus pregavam o evangelhopublicamente e de casa em casa, acompanhados de sinais e maravilhas que atraíam a atenção dos

pecadores. Aqueles que se arrependiam e acreditavam no Senhor Jesus se dedicavam aosensinamentos dos apóstolos, e regularmente se reuniam em casas onde aprendiam a Palavra de Deus,exerciam dons espirituais, celebravam a ceia, oravam juntos e assim por diante, tudo de baixo da

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administração de presbíteros/pastores/bispos. Professores e profetas chamados por Deus circulavamentre as igrejas. Todos compartilhavam o evangelho com amigos e vizinhos. Não havia prédios paraconstruir, atrasar o crescimento das igrejas e roubar o Reino de Deus de recursos que ajudariam aespalhar o evangelho e fazer discípulos. Líderes eram treinados rapidamente no trabalho ao invés deserem mandados para seminários e faculdades teológicas. Tudo isso resultava no crescimentoexponencial das igrejas por tempo limitado, até que todas as pessoas receptivas de uma área fossemalcançadas.

Em comparação, o modelo seeker-sensitive  não tem sinais e maravilhas, portanto não tem omeio divino de propaganda, atração e convicção. Ele depende de meios naturais de marketing epropaganda para atrair pessoas a um prédio onde podem ouvir a mensagem. O talento oratório dopastor e seu poder de persuasão são seus principais meios de convicção. Isso difere tanto dos métodosque Paulo escreveu: “Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas desabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não sebaseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus” (1 Co. 2:4-5).

Mais Diferenças

O modelo seeker-sensitive geralmente não tem apóstolos e evangelistas, porque a figuraprincipal é o pastor. Uma pergunta: A eliminação de apóstolos e evangelistas de seus cargos deevangelização e a doação dessa responsabilidade a pastores é um meio superior de conseguir ocrescimento de igrejas?[2] 

O pastor seeker-sensitive prega uma vez por semana em um culto de domingo, onde cristãossão encorajados a levar pessoas não-salvas. Portanto, falando de modo geral, o evangelho só pode serouvido uma vez por semana por associados dos membros da igreja. Estes incrédulos devem estardispostos a irem à igreja e devem ser convidados por membros da igreja que estão dispostos a convidá-los. No modelo bíblico, apóstolos e evangelistas proclamam continuamente o evangelho em lugares

públicos e privados, e todos os crentes compartilham o evangelho com seus amigos e vizinhos. Dessesdois modelos, por qual mais incrédulos ouviriam o evangelho?

O modelo seeker-sensitive requer um prédio aceitável para que os crentes não tenhamvergonha de convidar seus associados incrédulos e para que estes não tenham vergonha de visitar. Issosempre requer uma soma substancial de dinheiro. Antes do evangelho poder ser “espalhado,” umprédio aceitável deve ser obtido ou construído. Na América esse prédio precisa ser bem localizado,normalmente em subúrbios ricos. Em contraste, o modelo bíblico não precisa de prédios, locaisespeciais ou dinheiro. O espalhar do evangelho não é limitado ao número de pessoas que cabem emprédios especiais aos domingos.

Ainda Mais Diferenças

Quando comparamos algumas igrejas seeker-sensitive com o modelo bíblico, existem aindamais diferenças.

Os apóstolos e evangelistas do livro de Atos chamavam pessoas para se arrependerem,acreditarem no Senhor Jesus e serem batizadas imediatamente. Era esperado que na sua conversão, apessoa se tornasse discípula de Cristo, de acordo com as condições de Jesus para o discipulado, listadasem Lucas 14:26-33 e João 8:31-32. Eles começaram a amar a Jesus acima de tudo, vivendo Sua palavra,levando suas cruzes, abrindo mão de todos os seus direitos de posses e se tornando novos mordomos

do que agora pertencia a Deus.O evangelho que é muitas vezes proclamado em igrejas seeker-sensitive é diferente. Dizem aospecadores o quanto Deus os ama, como Ele pode prover em suas necessidades e como podem sersalvos por “aceitar a Jesus como Salvador.” Depois de fazerem uma pequena “oração de salvação,”

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nunca sendo avisados a calcular o custo do discipulado, eles são, muitas vezes, assegurados que sãogenuinamente salvos e são solicitados a se juntarem a uma classe, onde começarão a crescer emCristo. Se eles se juntarem a essa classe (muitos nunca voltam à igreja), a maioria das vezes, sãolevados por um processo de aprendizado sistemático que foca em ganhar conhecimento das doutrinasda igreja ao invés de se tornar mais obediente aos mandamentos de Cristo. O auge desse programa de“discipulado” é quando o crente eventualmente começa a dar o dízimo de seu salário à igreja (parapagar principalmente a hipoteca e salários não-bíblicos da equipe de liderança, o que soma a uma

mordomia horrível, sustentando muitas coisas que não são ordenadas por Deus e roubando daquelasque Deus quer que sejam sustentadas) e é levado a acreditar que “encontrou seu ministério” quandocomeça a executar um papel auxiliador na igreja institucional que nunca foi mencionado nas Escrituras.

O que aconteceria se o governo de sua nação, preocupado com a falta de homens no exército,decidisse se tornar “seeker-sensitive”? Imagine que eles prometessem ao recrutas em potencial quenada seria esperado deles — seus pagamentos seriam de graça, desmerecidos. Poderiam se levantarde manhã a hora que quisessem. Poderiam participar dos treinamentos se quisessem, mas teriam aopção de assistir TV ao invés disso. Se uma guerra começasse poderiam escolher participar dasbatalhas ou ir à praia. Qual seria o resultado?

Com certeza, o status do exército iria crescer! Mas não seria mais um exército, estando

despreparado para seu propósito. E é isso que as igrejas seeker-sensitive se tornam. Baixar os padrõesfaz o número de atendentes aumentar aos domingos, mas acaba com o discipulado e a obediência.Aquelas igrejas seeker-sensitive que tentam “pregar o evangelho” nos domingos e fazer “discipulado”no meio da semana descobrem que têm um problema se disserem às pessoas que vão aos cultos domeio da semana que somente os discípulos de Jesus vão para o céu. As pessoas vão sentir que foramenganadas nos domingos de manhã. Portanto, tais igrejas devem enganar as pessoas nos cultos domeio da semana também, colocando discipulado e obediência como opções ao invés de requisitos.[3] 

Eu entendo que algumas igrejas institucionais incorporam aspectos do modelo bíblico queoutras não. Independente disso, o modelo bíblico é, com certeza, o mais efetivo em multiplicardiscípulos e discipuladores.

Por que o modelo bíblico não é seguido hoje? A lista de desculpas parece sem fim, mas naanalise final, os motivos são tradição, descrença e desobediência. Muitos dizem que é impossível seguiro modelo bíblico no mundo de hoje. Mas o fato é que ele está sendo seguido em muitos lugares aoredor do mundo. O crescimento explosivo da Igreja na China no meio século passado, por exemplo, éresultado de crentes simplesmente seguirem o modelo bíblico. Deus é diferente na China que emoutros lugares?

Tudo isso é para dizer que pastores que não são americanos devem tomar cuidado commétodos americanos de crescimento de igrejas que são promovidos ao redor do globo. Eles teriammuito mais sucesso em alcançar o objetivo de Cristo de fazer discípulos, se seguissem o modelo bíblicode crescimento da Igreja.

As Consequências

Tenho observado que muitos devotos dos ensinamentos modernos de crescimento de igrejasnão entram em contato com pastores de nível médio ao redor do mundo. A grande maioria depastores pastoreia rebanhos que consistem em menos de cem pessoas. Muitos desses pastores ficamdesanimados depois de tentar técnicas de crescimento que não funcionam ou cujo tiro sai pela culatra,não por culpa deles. Parece que ninguém admite que existem vários fatores, além do controle dospastores que limitam o crescimento de suas igrejas. Vamos levar em consideração alguns deles agora.

Primeiramente, o crescimento da igreja é limitado ao tamanho da população local.  É óbvio quea maioria das grandes igrejas institucionais são encontradas em grandes áreas metropolitanas. Muitasvezes elas têm milhões de pessoas para se tornarem membros. Contudo, se números são umadeterminação verdadeira de sucesso, então a igreja deveria ser julgada, não por tamanho, mas por

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sua porcentagem da população local. Com essa base, algumas igrejas com dez pessoas têm maissucesso que outras com dez mil. Uma igreja de dez membros em uma comunidade de cinquentapessoas tem mais sucesso que uma de dez mil em uma comunidade de 5 milhões. (Mesmo assim, ospastores de dez pessoas nunca serão convidados para falar em convenções de crescimento de igrejas.)

Um Segundo Fator Limitante para o Crescimento de Igrejas

Segundo, o crescimento das igrejas é limitado ao nível de saturação entre as pessoas receptivas portodas as igrejas de uma dada região. Em um certo tempo, existe somente um número de pessoas em

uma área que têm os corações abertos ao evangelho. Uma vez que os receptivos são alcançados,nenhuma igreja crescerá, amenos que algumas pessoas que já vão à igreja se transfiram a outra (que é

como muitas igrejas grandes têm crescido — do custo de outras igrejas dentro de suas regiões).É claro que todo cristão de hoje já foi não-receptivo ao evangelho a um ponto ou outro e se

tornou receptivo debaixo da influência do Espírito Santo. Portanto, é muito possível que pessoas queagora não estão abertas ao evangelho se tornem receptivas. Quando isso ocorre, as igrejas podemcrescer. O que várias vezes chamamos de “reavivamento” ocorre quando muitas pessoas não-

receptivas se tornam receptivas de repente. Contudo, não devemos esquecer que uma pessoa setornar receptiva também é um reavivamento, mas em escala menor. Cada grande reavivamentocomeça com uma pessoa se tornando receptiva. Portanto, pastores, não desprezem o dia de pequenoscomeços.

Jesus enviou Seus discípulos para pregar o evangelho em cidades que sabia que não seriamreceptivas, onde nenhuma pessoa se arrependeria (veja Lc. 9:5). Mesmo assim Ele mandou quepregassem o evangelho lá. Esses discípulos voltaram sem sucesso? Não, mesmo não tendo convertidos(e nenhum crescimento de igreja) eles obtiveram sucesso, porque obedeceram a Jesus.

Do mesmo modo, Jesus ainda manda pastores a vilas, cidades e subúrbios onde sabe quesomente uma pequena porcentagem das pessoas será receptiva ao evangelho. Esses pastores, que

com fé servem a suas pequenas congregações, têm sucesso aos olhos de Deus, mesmo sendo fracassosaos olhos de alguns experts em crescimento de igrejas.

Todos os pastores em todas as áreas devem se sentir encorajados pelo fato de, por causa dagrande misericórdia de Deus, e em resposta às intercessões de Seu povo, Ele estar trabalhando paratornar receptivas, pessoas não-receptivas. Ele tenta influenciar os incrédulos por meio de suasconsciências, Sua criação, as circunstâncias, Seus julgamentos, o testemunho vivo de Sua igreja, apregação do evangelho e a convicção do Espírito Santo. Portanto, pastores, tenham esperança.Continuem obedecendo, orando e pregando. Antes de cada reavivamento em grande escala existea necessidade de um reavivamento. E sempre existe alguém que está sonhando com um reavivamento.Continue sonhando!

Um Terceiro Fator Limitantes no Crescimento de Igrejas

Um terceiro fator que limita o crescimento de igrejas individuais é a habilidade do pastor. Amaioria dos pastores não tem a habilidade necessária para administrar uma grande congregação, e nãoé culpa deles. Eles simplesmente não possuem o dom de organização, administração ou a habilidadede pregar/ensinar, que são necessárias para uma grande congregação. Claramente, tais pastores nãoforam chamados por Deus para pastorear grandes congregações, e estariam errados em tentarpastorear outra coisa além de igrejas institucionais médias ou igrejas nos lares.

Recentemente li um livro popular sobre liderança, pelo pastor titular de uma das maioresigrejas da América. Enquanto lia as páginas que ele tinha enchido de conselhos experientes a pastoresmodernos, meu pensamento prioritário era esse: “Ele não está nos dizendo como ser pastor — ele está

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nos falando como ser o diretor geral de uma organização enorme.” E não há outra escolha para opastor titular de uma mega igreja institucional americana. Ele precisa de uma equipe de ajudantes, edirigir esta equipe é um trabalho integral. O autor do livro que li tinha habilidades suficientes para serdiretor geral de uma grande organização secular. (Aliás, em seu livro ele citava, várias vezes, famososconsultores de grandes negócios, aplicando seus conselhos a seus pastores leitores.) Mas muitos, senão a maioria de seus leitores, não têm as habilidades de liderança e administração que ele tem.

Naquele mesmo livro, o autor relatou com toda franqueza como, em várias ocasiões enquanto

construía sua enorme congregação, cometeu erros quase fatais, coisas que poderiam ter custado suafamília ou seu futuro no ministério. Pela graça de Deus ele sobreviveu. Contudo, suas experiências melembraram de muitos momentos que outros pastores institucionais, em busca do mesmo tipo desucesso, fizeram erros similares e foram completamente arruinados. Alguns, se devotando às suasigrejas, perderam seus filhos ou arruinaram seus casamentos. Alguns sofreram crises nervosas ousérias sobrecargas ministeriais. Outros ficaram tão desiludidos que abandonaram o ministério de vez.Muitos outros sobreviveram, mas isto é praticamente tudo que se pode dizer sobre eles. Continuamtendo vidas de quieto desespero, se perguntando se seus sacrifícios sobrenaturais valeram a pena.

Enquanto lia aquele livro em particular, ele continuamente reforçava em minha mente asabedoria da igreja primitiva, onde nada havia que lembrasse as igrejas institucionais modernas, e

portanto, nenhum pastor era responsável por um rebanho maior ou de mais ou menos vinte e cincopessoas. Conforme já falei em um capítulo anterior, muitos pastores que pensam que suascongregações são muito pequenas devem reconsiderar seu ministério à luz das Escrituras. Se eles têmcinquenta pessoas, suas igrejas podem ser, na verdade, grandes de mais. Se existe liderança capazdentro da igreja, com muita oração podem considerar se dividir em três igrejas nos lares e fechar otemplo, com o objetivo de fazer discípulos e construir o Reino de Deus à maneira de Deus.

Se isso parecer muito radical, podem pelo menos começar a discipular futuros líderes, oucomeçar pequenos grupos, ou se já têm alguns pequenos grupos, liberar alguns para serem igrejas noslares autônomas e ver o que acontece.

Outras Técnicas Modernas para o Crescimento de Igrejas

Existem outras técnicas sendo promovidas hoje como essenciais para o crescimento de igrejas,além do modelo de igreja seeker-sensitive. Muitas dessas outras técnicas não são bíblicas e entram nacategoria de “campanha espiritual.” Elas são anunciadas com nomes do tipo “destruindo fortalezas”,“campanha de oração” e “mapeamento espiritual.” 

Vamos falar dessas práticas em um capítulo mais adiante sobre batalhas espirituais. Contudo,sendo breve, podemos nos perguntar por que tais práticas, que eram completamente desconhecidaspara os apóstolos são consideradas essenciais para o crescimento de igrejas hoje.

Muitos dos novos meios de crescimento de igrejas são resultados de experiências de algunspastores que dizem: “Eu fiz isso e aquilo e minha igreja cresceu. Então, se você fizer as mesmas coisassua igreja também vai crescer.” Contudo, a verdade é que não havia conexão real entre o crescimentoda igreja deles e as coisas peculiares que fizeram, mesmo que pensem o contrário. Isso é provadorepetidamente quando outros pastores seguem esses ensinamentos peculiares, fazem coisas idênticas,e suas igrejas não crescem.

É possível ouvir um pastor de crescimento de igrejas dizer: “Aconteceu um reavivamento emnossa igreja quando começamos a gritar com os demônios de nossa cidade. Então, se você quiser umreavivamento na sua igreja vocês precisam gritar com os demônios.” 

Mas por que têm acontecido tantos reavivamentos maravilhosos ao redor do mundo nos

últimos 2000 da história da igreja, onde não havia pessoas gritando com demônios nas cidades? Issomostra que, mesmo que o pastor tenha pensado que o reavivamento foi um resultado de gritar comdemônios, ele estava errado. É mais provável que as pessoas daquela cidade se tornaram receptivas aoevangelho, talvez como resultado das orações da igreja e aconteceu que aquele pastor estava

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pregando quando eles se tornaram receptivos. A maioria das vezes, o crescimento da igreja é resultadode estar no lugar certo na hora certa. (E o Espírito Santo nos ajuda a estar no lugar certo na hora certa.)

Se gritar com demônios pela cidade trouxe um reavivamento à igreja de um certo pastor, porque, depois de um tempo, o reavivamento diminuiu e acabou, como sempre acontece? Se gritar comdemônios é a chave, então faz sentido que se continuarmos gritando com os demônios, todos nacidade virão a Cristo. Mas isso não acontece.

A verdade é óbvia quando paramos para pensar um pouco. Os únicos meios bíblicos de

crescimento de igrejas são oração, pregação, formação de discípulos, ajuda do Espírito Santo e assimpor diante. E mesmo esses meios bíblicos não garantem o crescimento da igreja, porque Deus fez aspessoas agentes morais livres. Elas podem escolher se arrepender ou não. Poderia ser dito que, àsvezes, até Jesus fracassou no crescimento da igreja, quando as cidades que Ele visitava não searrependiam.

Tudo isso é para dizer que nós só precisamos praticar meios bíblicos para construir a Igreja.Todo o resto é perca de tempo. São trabalhos que consistem de madeira, palha e feno que um diaserão queimados e não serão recompensados (veja 1 Co. 3:12-15).

Finalmente, o objetivo não deve ser só o crescimento em número, mas na formação dediscípulos. Se a igreja crescer enquanto fazemos discípulos, então glória a Deus!

[1] Esta é outra vantagem do modelo de igreja no lar — os pastores não se esforçam para tergrandes congregações pelos motivos errados, pois o tamanho da congregação é limitado ao tamanhoda casa.

[2] Esse é um grande motivo de porque temos tantos evangelistas, professores, profetas e atéapóstolos pastoreando igrejas. Muitos ministérios dados por Deus não recebem seu lugar de direito oulugar algum dentro da estrutura da igreja institucional, e então, ministros não pastorais acabampastoreando igrejas, roubando a igreja da bênção maior que poderiam ser para o grupo maior de

crentes dentro da estrutura bíblica. Parece que todos têm se voltado para construir seu próprio reinona forma de igreja institucional, independentemente de seu verdadeiro chamado. Porquesupostamente, os pastores têm direito ao dízimo do “seu povo,” e muito dele vai para a construção emanutenção dos prédios, ministros não pastorais recorrem ao pastoreio de igrejas para receber apoiofinanceiro para o ministério que foram realmente chamados.

[3] Lembre-se que os requerimentos que Jesus listou para que fossemos Seus verdadeirosdiscípulos, em Lucas 14:26-33, não foram ditos a pessoas que já eram salvas, como se estivesseoferecendo a elas um segundo passo em sua jornada espiritual. Pelo contrário, Ele estava falando àsmultidões. Tornar-se Seu discípulo foi o único passo que Jesus ofereceu, que é nada menos que o passoda salvação. Isso entra em contraste com o que é ensinado na maioria das igrejas seeker-sensitive.

Capítulo Seis

O Ministério de Ensino

Neste capítulo vamos levar em consideração vários aspectos do ministério de ensino. O ensino

é responsabilidade dos apóstolos, profetas, evangelistas,[1] pastores/presbíteros/bispos, professores(é claro), e até certo ponto, de todos os seguidores de Cristo, já que todos devemos fazer discípulos,ensinando-os a obedecer a todos os mandamentos de Cristo.[2] 

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Como já enfatizei antes, o pastor ou o ministro discipulador ensina primeiramente através deseu exemplo, e depois verbalmente. Ele prega o que pratica.  O apóstolo Paulo, um discipulador demuito sucesso, escreveu:

Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo (1 Co. 11:1).

Esse deve ser o alvo de cada ministro — ser capaz de dizer honestamente para aqueles a quemlidera: “Ajam com eu ajo. Se quiserem saber como um seguidor de Cristo vive, me observem.” 

Em comparação, lembro-me de ter dito a uma congregação que pastoreei: “Não sigam a mim...  sigam a Cristo!” Mesmo não tendo percebido na hora, eu estava admitindo que não era um bomexemplo a ser seguido. O fato é que eu estava admitindo que não estava seguindo a Cristo comodeveria, e ainda estava mandando-os fazer algo que eu não estava! Isso é tão diferente do que Paulofalou. Na verdade, se não pudermos dizer às pessoas para nos imitar porque estamos imitando aCristo, então, não deveríamos estar no ministério, já que as pessoas usam ministros como seusmodelos. A igreja é um reflexo de seus líderes. 

Ensinando Unidade Através do Exemplo

Vamos aplicar esse conceito de ensino através do exemplo ao ensino de um tópico emparticular. Todos pastores/presbíteros/bispos desejam que o rebanho que lideram seja unido. Elesodeiam divisão em seu corpo local. Sabem que facções são desagradáveis ao Senhor. Afinal de contas,Jesus mandou amar uns aos outros assim como Ele nos amou (veja Jo. 13:34-35). Nosso amor uns pelosoutros é o que nos marca como Seus discípulos diante do mundo. Tudo isso sendo verdade, a maioriados líderes de rebanhos adverte suas ovelhas a amar uns aos outros e lutar pela unidade.

Mesmo assim, como ministros que devem ensinar principalmente através do exemplo, muitas

vezes falhamos em nosso ensino sobre amor e unidade por causa da maneira que vivemos. Porexemplo, quando mostramos falta de amor e unidade com outros pastores, mandamos umamensagem que contradiz o que pregamos. Esperamos que eles façam o que não fazemos.

O fato é que, as palavras mais significantes de Jesus sobre unidade foram dirigidas a líderes comrespeito aos seus relacionamentos com outros líderes.  Na ultima ceia, por exemplo, depois de terlavado os pés de Seus discípulos, Jesus falou:

Vocês Me chamam “Mestre” e “Senhor”, e com razão, pois eu o sou. Pois bem, se eu, sendoSenhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhesdei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz (Jo. 13:13-15). [Note que Jesus ensinou peloexemplo.]

Muitas vezes, pastores usam essa passagem das Escrituras para ensinar seus rebanhos sobre‘amar uns aos outros’, o que é apropriado. Contudo, as palavras nessa passagem fo ram dirigidas alíderes, aos doze apóstolos. Jesus sabia que Sua futura Igreja teria pouca chance de sucesso em suamissão se seus líderes estivessem divididos ou se competissem uns com os outros. Portanto, deixouclaro que espera que Seus líderes sirvam uns aos outros humildemente. 

No contexto da cultura de Seus dias, Jesus demonstrou serviço humilde fazendo uma dastarefas mais baixas de um servo doméstico, lavar os pés. Se Ele tivesse visitado uma cultura diferenteem um tempo diferente da história, poderia ter limpado latrinas ou lavado as latas de lixo de Seusdiscípulos. Quantos de Seus líderes modernos estão dispostos a demonstrar esse tipo de amor ehumildade a outros?  

Em menos de uma hora, Jesus enfatizou repetidamente essa importante mensagem. Minutosdepois de ter lavado seus pés, Jesus disse aos Seus futuros líderes de igrejas:

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Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devemamar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amaremuns aos outros (Jo. 13:34-35).

Com certeza, essas palavras têm aplicação a todos os discípulos de Cristo, mas foramoriginalmente dirigidas a líderes a respeito de seus relacionamentos com outros líderes. 

Novamente, minutos mais tarde, Jesus disse:O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei. Ninguém tem mais

amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos (Jo. 15:12-13).Note que Jesus estava novamente falando com líderes.Segundos mais tarde, Ele disse novamente:Este é o meu mandamento: Amem-se uns aos outros (Jo. 15:17).Então, alguns minutos depois, os discípulos de Jesus o ouviram orar por eles:Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo,

protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um (Jo. 17:11,ênfase adicionada).

Finalmente, alguns segundos mais tarde, enquanto Jesus terminava Sua oração, Seus discípuloso ouviram falar:

Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meioda mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que elestambém estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que medeste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejamlevados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmenteme amaste (Jo. 17:20-23, ênfase adicionada).

Portanto, durante o período de menos de uma hora, Jesus enfatizou seis vezes a Seus futuroslíderes a importância de serem unidos e demonstrarem sua unidade; a importância de amar e servirhumildemente uns aos outros. Obviamente, isso era muito importante para Jesus. A unidade deles eraum fator chave para o mundo crer nEle.

Como Estamos Indo?

Infelizmente, enquanto esperamos que nossos rebanhos se unam em amor, muitos de nóscompetem com outros e usam meios imorais para construir suas igrejas às custas de outras igrejas.Muitos de nós evitam qualquer comunhão com pastores que têm doutrinas diferentes das nossas. Atéanunciamos nossa falta de unidade em placas que colocamos na frente de nossas igrejas para o mundover, mandando uma mensagem para todos: “Nós não somos como aqueles outros cristãos dos outrosprédios.” (E nós fizemos um bom trabalho educando o mundo sobre a nossa falta de união, já que a

maioria dos ímpios sabe que o cristianismo é uma instituição muito dividida.)Simplificando, não praticamos o que pregamos, e nosso exemplo ensina nossas congregações

muito mais que nossos sermões sobre unidade. É besteira pensar que cristãos normais vão se unir eamar uns aos outros quando seus líderes agem de forma diferente.

Obviamente, a única solução é o arrependimento. Devemos nos arrepender por dar o exemploerrado para os crentes e para o mundo. Devemos remover as barreiras que nos dividem e começar aamar uns aos outros como Jesus mandou.

Isso significa que, em primeiro lugar, devemos nos encontrar com outros pastores e ministros,incluindo aqueles que estão convencidos de doutrinas diferentes. Não estou falando de estar emcomunhão com pastores que não nasceram de novo, que não estão tentando obedecer a Jesus, ou que

estão no ministério para ganho próprio. Eles são lobos em peles de ovelhas, e Jesus nos disseexatamente como identificá-los. Eles são conhecidos por seus frutos.Contudo, estou falando de pastores e ministros que estão se esforçando para obedecer aos

mandamentos de Jesus, verdadeiros irmãos e irmãs em Cristo. Se você é pastor, deve se comprometer

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a amar outros pastores, mostrando esse amor de maneira prática ao seu rebanho. Um jeito decomeçar é ir a outros pastores de sua vizinhança e pedir perdão por não tê-los amado como devia. Issodeve quebrar algumas barreiras. Então, se comprometa em se encontrarem regularmente para umarefeição, encorajar, advertir um ao outro e orar. Quando isso acontecer, finalmente poderá discutiramavelmente as doutrinas que tendem a dividi-los, lutando pela unidade, concordando em tudo quediscutirem, ou não. Minha vida e ministério foram enriquecidos significantemente quando finalmenteconcordei em ouvir ministros que não eram do mesmo campo doutrinário que eu. Perdi muitas

bênçãos por ter me isolado por muito tempo.Você também pode demonstrar seu amor e unidade convidando outros pastores para pregar

em sua igreja ou reunião de igreja no lar; ou então, sua igreja pode ter reuniões combinadas comoutras igrejas ou reuniões de igrejas nos lares.

Você pode mudar o nome de sua igreja para que ele não anuncie ao mundo sua desunião com oresto do corpo de Cristo. Pode sair de sua denominação ou associação nomeada e se identificar sócomo o corpo de Cristo, mandando uma mensagem para todos que você acredita que Jesus estáconstruindo somente uma Igreja, e não muitas igrejas diferentes que não se dão bem umas com asoutras.

Isso parece radical, eu sei. Mas por que fazer qualquer coisa para sustentar o que claramente

Jesus nunca quis? Por que se envolver em coisas que O descontentam? Não existem denominações ouassociações especiais mencionadas nas Escrituras. Quando os coríntios se dividiram por causa demestres favoritos, Paulo os repreendeu firmemente, dizendo que suas divisões revelavam suacarnalidade e criancice espiritual (veja 1 Co. 3:1-7). Nossas divisões revelam alguma outra coisa?

Qualquer coisa que nos separa dos outros deve ser evitada. Igrejas nos lares devem evitar sedar nome ou se juntar a qualquer associação que tenha nome. Nas Escrituras, igrejas individuais eramidentificadas somente pelas casas em que se reuniam. Grupos de igrejas eram identificados somentepelas cidades em que se encontravam. Todos consideravam fazer parte da única Igreja, o corpo deCristo.

Há somente um Rei e um Reino. Qualquer um que se coloca em uma posição em que crentes ou

igrejas se identifiquem com ele está construindo seu próprio reino dentro do Reino de Deus. É melhor sepreparar para ficar diante do Rei, que diz: “Não darei minha glória a nenhum outro” (Is. 48:11c). 

Novamente, tudo isso é para dizer que ministros devem mostrar o exemplo certo de obediênciaa Cristo diante de todos, porque as pessoas irão seguir seus exemplos. O exemplo que vivem diante deoutros é o meio mais influente de ensino que há. Como Paulo escreveu para os crentes de Filipo:

Irmãos, sigam unidos o meu exemplo e observem os que vivem de acordo com o padrão que lhesapresentamos (Fp. 3:17, ênfase adicionada).

O Que Ensinar

Como Paulo, o ministro que faz discípulos tem um alvo. Esse alvo é apresentar “todo homemperfeito em Cristo” (Cl. 1:28b). Então, ele, assim como Paulo, irá advertir  e ensinar  “a cada um comtoda a sabedoria” (Cl. 1:28a). Note que Paulo não ensinou somente a educar ou entreter pessoas. 

O discipulador pode dizer como Paulo: “O objetivo desta instrução é o amor que procede de umcoração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera” (1 Tm. 1:5). Isto é, ele quer produzirverdadeira imitação e santidade de Cristo nas vidas das pessoas a quem serve, que é a razão de ensinaros crentes a obedecerem a todos os mandamentos de Cristo. Ele ensina a verdade, advertindo seusouvintes a “viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hb.12:14).

O discipulador sabe que Jesus mandou Seus discípulos ensinarem seus discípulos a obedecerema tudo, e não apenas parte do que Ele mandou (veja Mt. 28:19-20). Ele quer ter a certeza de nãonegligenciar um único ponto que Cristo mandou; e então, regularmente ensinará versículo por

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versículo dos evangelhos e epístolas. É aí que os mandamentos de Jesus serão gravados e réenfatizados.

Esse tipo de ensino expositório também garante que sua instrução continuará balanceada.Quando só ensinamos mensagens atuais, tendemos focalizar em tópicos populares e negligenciaraqueles que não são tão populares. Contudo, o professor que ensina versículo por versículo, nãoensinará somente sobre o amor de Deus, mas também sobre Sua ira e disciplina. Ele não ensinarásomente as bênçãos de ser cristão, mas também as responsabilidades. Será improvável que ele focalize

temas superficiais, enfatizando o que é menos importante e negligenciando o mais importante. (Deacordo com Jesus, os fariseus faziam isso; veja Mt. 23:23-24.)

Superando Medos de Ensinos Expositórios

Muitos pastores têm medo de ensinar versículo por versículo porque existem muitas coisas quenão entendem nas Escrituras, e não querem que suas congregações saibam o quanto não sabem. Éclaro, isso é orgulho! Não existe uma pessoa na terra que entenda tudo nas Escrituras perfeitamente.Até Pedro disse que algumas coisas que Paulo escreveu eram difíceis de serem entendidas (veja 2 Pd.

3:16).Quando um pastor que ensina versículo por versículo chega a um versículo ou passagem que

não entende, ele deve simplesmente falar ao seu rebanho que não entende a próxima seção e pulá-la.Ele também pode pedir que orem para que o Espírito Santo o ajude a entender. Sua humildade seráum bom exemplo para seu rebanho, um sermão por si só. 

O pastor/presbítero/bispo de uma igreja no lar tem a vantagem extra de ensinar um pequenogrupo em um ambiente informal, pois perguntas podem ser feitas durante esse tempo. Isso tambémabre a possibilidade para o Espírito Santo dar entendimento a outros do grupo em relação às escriturasque estão sendo estudadas. O resultado pode ser um aprendizado muito mais efetivo para todos.

Um bom lugar para começar a ensinar os mandamentos de Jesus é Seu Sermão do Monte,

encontrado em Mateus 5-7. Ali, Jesus deu muitos mandamentos, e ajudou Seus seguidores judeus aentenderem corretamente as leis dadas através de Moises. Um pouco mais adiante neste livro,ensinarei o Sermão do Monte, versículo por versículo para demonstrar como isso pode ser feito.

A Preparação do Sermão

Não há evidências no Novo Testamento sobre qualquer pastor/presbítero/bispo que preparaum sermão/discurso semanal completo com pontos claros e preparados e ilustrações escritas emesboços, como é a prática de vários ministros modernos. Com certeza, nenhum de nós pode imaginar

Jesus fazendo tal coisa! O ensino na igreja primitiva era muito mais espontâneo e interativo, seguindoo estilo judeu, ao invés de discursado, como era a prática dos gregos e romanos; uma tradição que foiconsequentemente adotada pela igreja quando ela se tornou institucionalizada. Se Jesus disse paraSeus discípulos não prepararem defesa quando fossem chamados à corte judicial, prometendo que oEspírito Santo lhes daria palavras espontâneas e irrefutáveis, devemos esperar que Deus irá ajudarpastores em reuniões de igreja até certo ponto!

Isso não quer dizer que ministros não devem se preparar orando e estudando. Paulo advertiu aTimóteo:

Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar eque maneja corretamente a palavra da verdade (2 Tm. 2:15).

Ministros que seguem a instrução de Paulo de deixar que “habite ricamente em vocês a palavrade Cristo” (Cl. 3:16) ficarão tão cheios da Palavra de Deus que serão capazes de ensinar por sua“abundância.” Então, querido pastor, o importante é que você mergulhe na Bíblia. Se você conhece seuassunto e é apaixonado por ele, pouca preparação é realmente necessária para comunicar a verdade

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de Deus. Além do mais, se ensinar versículo por versículo, pode simplesmente usar cada versículoconsecutivo como esboço. Sua preparação deve então consistir de oração e meditação nos versículosdas Escrituras que estará ensinando. Se você pastoreia uma igreja no lar, a natureza interativa doensino irá diminuir ainda mais a necessidade de esboços.

O ministro que tem fé que Deus o irá ajudar enquanto ensina, será recompensado com a ajudade Deus. Então, confie menos em si mesmo, em sua preparação e anotações e mais no Senhor.Gradualmente, enquanto ganha fé e confiança, prepare menos anotações, até que possa prosseguir

com apenas o esqueleto de um esboço ou esboço algum.Aquele que é inibido diante de outros é provável que dependa mais de notas preparadas, pois

tem medo de errar em público. Ele precisa perceber que seu medo está enraizado na insegurança que,por sua vez, está enraizada no orgulho. Ele ficaria melhor se parasse de se preocupar com o que aspessoas acham dele e se preocupar mais com o que Deus acha dele e de sua audiência. Nenhumsermão preparado pode tocar as pessoas como um ensino tocante vindo do Espírito. Pense como acomunicação seria atrapalhada se todos usassem anotações preparadas para suas conversas! Asconversas morreriam! O estilo de conversas não preparadas é bem mais sincero que um discursopreparado. Ensinar não é atuar. É transmitir a verdade. Todos sabemos quando estamos ouvindo umdiscurso, e quando percebemos temos a tendência de automaticamente não prestar atenção.

Mais Quatro Pensamentos

(1) Alguns ministros são como papagaios, pegam todo o material para seus sermões de livrosque outros escreveram. Eles estão perdendo uma benção maravilhosa de serem ensinadospessoalmente pelo Espírito Santo, e também é provável que propaguem os erros dos escritores quecopiaram.

(2) Muitos pastores imitam o estilo de pregação e ensino de outros pregadores, estilos que sãopuramente tradicionais. Por exemplo, alguns grupos acreditam que os sermões só são ungidos quando

são altos e rápidos. Aqueles que vão à igreja são expostos a sermões gritados do início ao fim. Averdade é que as pessoas normalmente deixam de prestar atenção na gritaria redundante, assim comona pregação monótona. Uma voz variada é muito mais cativante. Mais adiante, a  pregação pode sermais alta por ser exortativa, enquanto o ensino será normalmente feito em um tom de conversa, já queé instrucional.

(3) Eu tenho observado ouvintes de sermões em centenas de cultos de igrejas, e meimpressiona o fato de tantos pastores e professores não perceberem as muitas indicações de que aspessoas estão entediadas e/ou não ouvindo. Pastor, as pessoas que parecementediadas estão entediadas! Aqueles que não estão olhando para você enquanto fala provavelmentenão estão ouvindo. As pessoas que não estão ouvindo não estão sendo ajudadas. Se

pessoas sinceras estão entediadas e/ou não ouvindo, então, você precisa melhorar seus sermões: dêmais exemplos; conte estórias relevantes; invente parábolas; mantenha o sermão simples; ensine aPalavra de coração; seja sincero; seja você mesmo; varie sua voz; faça contato visual com o maiornúmero de ouvintes possível; use alguma expressão facial; use suas mãos; mexa-se; não fale por muitotempo; se o grupo for pequeno, deixe as pessoas fazerem perguntas em qualquer hora razoável.

(4) A ideia que cada sermão dever ter três pontos é simplesmente uma invenção humana. Oobjetivo é fazer discípulos, não seguir teorias modernas sobre pregações. Jesus disse: “Cuide dasminhas ovelhas” e não: “Impressione minhas ovelhas.” 

A Quem EnsinarSeguindo o modelo de Jesus, o discipulador, até certo ponto, é seletivo a respeito

de quem  ensina. Isso pode lhe surpreender, mas é verdade. Muitas vezes Jesus falou às multidões

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em parábolas, e tinha um motivo para fazer isso: Ele não queria que todos entendessem o que estavadizendo. Isso está claro nas Escrituras:

Os discípulos aproximaram-se dele e perguntaram: “Por que falas ao povo por parábolas?” Elerespondeu: “A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus, mas a eles não. A quemtem será dado, e este terá em grande quantidade. De quem não tem, até o que tem lhe será tirado.Por essa razão eu lhes falo por parábolas: Porque vendo, eles não veem e, ouvindo, não ouvem nementendem” (Mt. 13:10-13).

O privilégio de entender as parábolas de Cristo estava reservado somente para aqueles quetinham se arrependido e decidido seguir a Ele. Aqueles que rejeitaram a oportunidade de searrepender, resistindo à vontade de Deus para suas vidas, também foram rejeitados por Deus. Deusresiste ao orgulhoso, mas dá graça ao humilde (veja 1 Pd. 5:5).

Similarmente, Jesus instruiu Seus seguidores: “Não deem o que é sagrado aos cães, nem atiremsuas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, osdespedaçarão” (Mt. 7:6). Obviamente, Jesus estava falando figurativamente. Ele quis dizer: “Não dê oque é valioso para aqueles que não apreciam seu valor”. Porcos não percebem que pérolas sãopreciosas, e assim porcos espirituais não dão valor a Palavra de Deus quando a ouvem. Se acreditassemque se tratava mesmo da Palavra de Deus o que estavam ouvindo, dariam sua atenção total e

obedeceriam.Como você sabe se alguém é um porco espiritual? Você joga uma pérola para ele e vê o que ele

faz com ela. Se for indiferente, então você saberá que é um porco espiritual. Se obedecê-la, então,saberá que não é um porco espiritual.

Infelizmente, muitos pastores estão fazendo o que Jesus mandou não fazer: jogandocontinuamente suas pérolas aos porcos, ensinando pessoas que estão resistindo ou têm rejeitado aPalavra de Deus. Esses ministros estão gastando seu tempo dado por Deus. Eles deviam ter sacudido opó de seus pés e continuado há muito tempo, assim como Jesus mandou.

As Ovelhas, os Bodes e os PorcosO fato é, você não pode discípula alguém que não quer ser discipulado, alguém que não quer

obedecer a Jesus. Muitas igrejas estão cheias de pessoas assim, que são cristãs culturais, muitos queacham que renasceram por terem simplesmente concordado mentalmente com alguns fatos teológicossobre Jesus e o cristianismo. Elas são bodes e porcos, não ovelhas. Mesmo assim, muitos pastoresgastam 90% de seu tempo tentando manter esses porcos e bodes felizes, enquanto negligenciamaqueles que deviam estar ajudando espiritualmente e servindo, as verdadeiras ovelhas! Pastor, Jesusquer que você alimente Suas ovelhas, não os bodes e porcos (veja Jo. 21:17)!

Mas como sabemos quem são as ovelhas? Elas são aquelas que chegam na igreja primeiro e

saem por último. Elas estão com fome para aprender a verdade, porque Jesus é Senhor delas e queremagradá-Lo. Elas vão à igreja não só aos domingos, mas sempre que tem uma reunião. Envolvem-se empequenos grupos. Muitas vezes fazem perguntas. Ficam animadas por causa do Senhor. Elas procuramoportunidades para servir.

Pastor, dedique a maioria de seu tempo e atenção a essas pessoas. Elas são os discípulos. Paraos bodes e porcos que vão à sua igreja, pregue o evangelho pelo tempo que aguentarem. Mas se vocêpregar o evangelho verdadeiro, não aguentarão muito tempo. Eles sairão da igreja, ou se tiverem opoder, tentarão removê-lo de sua posição. Se conseguirem, abane o pó de seus pés enquanto sai. (Emum ambiente de igreja no lar, tal coisa não pode acontecer, especialmente se a igreja se reunir em suacasa!)

Do mesmo modo, evangelistas não devem se sentir na obrigação de pregar o evangelho àsmesmas pessoas que o rejeitaram repetidamente. Deixe que os mortos sepultem os mortos (veja Lc.9:60). Você é um embaixador de Cristo, levando a mensagem mais importante do Rei dos reis! Sua

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posição é muito alta no Reino de Deus e sua responsabilidade é enorme! Não gaste seu tempo falandopara alguém o evangelho duas vezes, até que todos tenham ouvido uma vez.

Se você quiser ser um discipulador, deve selecionar quem vai ensinar, sem gastar seu tempovalioso com pessoas que não querem obedecer a Jesus. Paulo escreveu a Timóteo:

E as palavras que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie-as a homens  fiéisque sejam também capazes de ensinar outros (2 Tm. 2:2, ênfase adicionada).

Alcançando o Alvo

Imagine por um momento uma coisa que nunca poderia ter acontecido no ministério de Jesus,mas que acontece o tempo todo em igrejas modernas. Imagine que Jesus, depois de Sua ressurreição,tivesse ficado na terra e começado uma igreja, como a igreja institucional moderna, e então, a tivessepastoreado por trinta anos. Imagine-O dando sermões todos os domingos na mesma congregação.Imagine Pedro, Tiago e João sentados no primeiro banco durante um dos sermões de Jesus, onde têmse sentado todos os domingos por vinte anos. Imagine Pedro virando para João e sussurrando em seuouvido com um suspiro: “Já ouvimos esse sermão dez vezes.” 

Sabemos que essa cena é absurda, porque sabemos que Jesus nunca colocaria a Si mesmo ouSeus discípulos em tal situação. Ele veio para fazer alguns discípulos e fazê-los de uma certa formadentro de um certo tempo. Em um período de mais ou menos três anos Jesus discipulou Pedro, Tiago,João e alguns outros. Ele não fez isso pregando a eles uma vez por domingo em um prédio de igreja,mas vivendo na frente deles, respondendo às suas perguntas e dando a eles a oportunidade de servir.Ele completou Sua tarefa e foi adiante.

Então, por que fazemos coisas que Jesus nunca faria?  Por que tentamos alcançar o que Deusquer, pregando às mesmas pessoas por décadas? Quando teremos completado nossa tarefa? Por quedepois de alguns anos nossos discípulos ainda não estão preparados para fazer discípulos?

Meu ponto é, se estamos fazendo nosso trabalho corretamente, deve haver uma hora em que

nossos discípulos estarão maduros o suficiente para não precisarem mais de nossa ministração. Elesdevem ser liberados para fazer seus discípulos. Nós devemos alcançar o alvo que Deus colocou diantede nós, e Jesus nos mostrou como. A propósito, em uma igreja no lar em crescimento, existe umanecessidade contínua de discipular pessoas e desenvolver líderes. Uma igreja no lar saudável não cairáno círculo sem fim do mesmo líder pregar para as mesmas pessoas por décadas.

Motivos Certos

Para ter sucesso no ensino que leva à formação de discípulos, não há nada mais importante que

ter os motivos certos. Quando alguém está no ministério pelos motivos errados, ele fará as coisaserradas. Esta é a razão principal de existirem tantos ensinos falsos e desbalanceados na igreja hoje.Quando o motivo de um ministro é ganhar popularidade, ter sucesso aos olhos dos outros ou ganharmuito dinheiro, está destinado ao fracasso aos olhos de Deus. O mais triste é que ele pode obtersucesso em alcançar seu objetivo de ganhar popularidade, ter sucesso aos olhos dos outros ou ganharmuito dinheiro, mas o dia chegará que seus motivos errados serão expostos diante do trono do

 julgamento de Cristo, e não receberá recompensa por seu trabalho. Se  lhe for permitido entrar noreino dos céus,[3] todos saberão a verdade sobre ele, já que sua falta de recompensa e sua baixaposição no Reino revelarão. Não há dúvida que existem diferentes posições no céu. Jesus avisou:

Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os

outros a fazer o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar eensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus (Mt. 5:19).É claro que aqueles ministros que obedecem e ensinam os mandamentos de Cristo sofrerão por

isso enquanto na terra. Jesus prometeu sofrimento para aqueles que O obedecem (veja Mt. 5:10-12;

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Jo. 16:33). Eles são os menos prováveis para ganhar sucesso terreno, popularidade e riqueza. O queganham são recompensas futuras e louvores de Deus. Qual você prefere? Sobre isso, Paulo escreveu:

Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio dos quais vocêsvieram a crer, conforme o ministério que o Senhor atribuiu a cada um. Eu plantei, Apolo regou, masDeus é quem fez crescer; de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, masunicamente Deus, que efetua a crescimento. O que planta e o que rega têm um só propósito, e cadaum será recompensado de acordo com o seu próprio trabalho. Pois nós somos cooperadores de Deus;

vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus.Conforme a graça de Deus que me foi concedida, eu, como sábio construtor, lancei o alicerce, e

outro está construindo sobre ele. Contudo, veja cada um como constrói. Porque ninguém pode colocaroutro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo. Se alguém constrói sobre esse alicerceusando ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha, sua obra será mostrada, porque o Dia atrará à luz; pois será revelada pelo fogo, que provará a qualidade da obra de cada um. Se o que alguémconstruiu se queimar, esse sofrerá prejuízo; contudo, será salvo como alguém que escapa através dofogo (1 Co. 3:5-15).

Paulo se comparou a um mestre de obras que constrói o alicerce. Comparou Apolo, umprofessor que foi a Corinto depois de Paulo ter estabelecido a igreja lá, a alguém que constrói em cima

do alicerce que já foi lançado.Note que Paulo e Apolo iriam, no fim, ser recompensados com base na qualidade, não

na quantidade, de seu trabalho (veja 3:13).Simbolicamente falando, Paulo e Apolo poderiam construir o prédio do Senhor com seis tipos

diferentes de materiais, dos quais três são comuns, relativamente baratos e inflamáveis, e três sãoincomuns, muito caros, e não-inflamáveis. Um dia, os respeitáveis materiais de construção delesseriam submetidos ao fogo do julgamento de Deus, e a madeira, feno e palha seriam consumidos pelofogo, revelando sua inutilidade e qualidade temporária. O ouro, prata e pedras preciosas,representando trabalhos que são preciosos e eternos aos olhos de Deus, resistiriam às chamasprovadoras.

Podemos ter certeza que ensinos não-bíblicos serão queimados e virarão cinzas no julgamentode Cristo. E também qualquer coisa feita pelo poder, métodos ou sabedoria da carne, assim comoqualquer coisa feita pelos motivos errados. Jesus avisou que qualquer coisa que possamos fazer que émotivada pelo desejo de louvores humanos não será recompensada (veja Mt. 6:1-6, 16-18). Esses tiposde trabalhos inúteis podem não ser evidentes aos olhos humanos agora, mas com certeza serárevelado a todos no futuro, como Paulo avisou. Pessoalmente, se meus trabalhos fossem da categoriade madeira, feno e palha, preferiria descobrir agora do que mais tarde. Agora, há tempo para oarrependimento; depois, será tarde demais.

Checando Nossos MotivosÉ muito fácil enganarmos a nós mesmos sobre nossos motivos. Eu, com certeza, já fiz isso.

Como podemos descobrir se nossos motivos são puros?O melhor caminho é pedir a Deus para nos revelar se nossos motivos são errados, e então

monitorar nossos pensamentos e obras. Jesus nos mandou fazer boas obras como orar e dar esmolasaos pobres em segredo, e esse é um modo de assegurar que estamos indo bem porque desejamoslouvar ao Senhor ao invés das pessoas. Se formos obedientes a Deus apenas quando estamos sendoobservados, isso indica que algo está muito errado. Ou, se evitamos pecados escandalosos quearruinariam nossa reputação se fossemos pegos, mas nos entregamos a pecados menores que

provavelmente ninguém ficaria sabendo, isso mostra que nossas motivações são erradas. Seestivermos verdadeiramente tentando agradar a Deus —  que conhece cada um de nossospensamentos, palavras e obras — então, faremos o possível para obedecê-Lo em todo o tempo, nascoisas grandes e pequenas, conhecidas ou não pelos outros.

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Similarmente, se nossos motivos são corretos, não seguiremos as manias de crescimento deigrejas, que só servem para aumentar a presença nos cultos, às custas da formação de discípulos queobedecem a todos os mandamentos de Cristo.

Ensinaremos toda a Palavra de Deus e não focalizaremos apenas os tópicos populares queapelam a pessoas carnais e ímpias.

Não torceremos a Palavra de Deus ou ensinaremos passagens de modo que violem seuscontextos dentro da Bíblia.

Não buscaremos títulos e lugares de honra a nós mesmos. Não tentaremos nos tornarconhecidos.

Não iremos fornecer aos ricos.Não acumularemos tesouros na terra, mas viveremos simplesmente e daremos tudo o que

pudermos, dando o exemplo de bons mordomos diante de nossos rebanhos.Preocuparemo-nos mais com o que Deus pensa de nossos sermões do que com o que os outros

pensam.Como estão seus motivos?

Uma Doutrina que Destrói a Formação de DiscípulosO discipulador nunca ensina algo que vai contra o objetivo de fazer discípulos. Portanto, ele

nunca diz algo que deixa as pessoas confortáveis em desobedecer ao Senhor Jesus. Ele nunca apresentaa graça de Deus como um meio de pecar sem temer o julgamento. Pelo contrário, apresenta a graça deDeus como um meio de se arrepender dos pecados e ter uma vida de superação. Como sabemos, asEscrituras dizem que somente os vencedores herdarão o Reino de Deus (veja Ap. 2:11, 3:5, 21:7).

Infelizmente, alguns ministros modernos seguram-se a doutrinas não-bíblicas que causamgrande dano ao objetivo de fazer discípulos. Uma das doutrinas que tem se tornado muito popular nosEstados Unidos é aquela de segurança eterna incondicional , ou “uma vez salvo, sempre salvo.” Essa

doutrina diz que pessoas renascidas nunca podem perder sua salvação, independentemente de comolevam suas vidas. Eles dizem que, já que a salvação é pela graça, a mesma graça que no início salva aspessoas que oram para recebê-la, as manterá salvas. Qualquer outro ponto de vista, dizem, éequivalente a dizer que as pessoas são salvas por suas obras.

Naturalmente, tal ponto de vista é um grande prejuízo à santidade. Já que obediência a Cristo,supostamente não é essencial para alguém entrar no céu, há pouca motivação para obedecer a Jesus,especialmente quando a obediência é custosa.

Como eu já disse antes no livro, a graça que Deus estendeu sobre a humanidade não alivia aresponsabilidade das pessoas de obedecê-Lo. As Escrituras dizem que a salvação não vem só pelagraça, mas também pela fé (veja Ef. 2:8). Graça e fé são necessárias para a salvação. Fé é a reação

própria à graça de Deus, e a verdadeira fé sempre resulta em arrependimento e obediência. A fé semobras está morta, inútil e não pode salvar, de acordo com Tiago (veja Tg. 2:14-26).

É por isso que as Escrituras declaram repetidamente que a salvação depende de contínua fé eobediência. Existem várias passagens nas Escrituras que deixam isso bem claro. Por exemplo, Pauloescreve em sua carta aos colossenses:

Antes vocês estavam separados de Deus e, na mente de vocês, eram inimigos por causa do mauprocedimento de vocês. Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte,para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação, desde que continuemalicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do evangelho, que vocês ouviram e que temsido proclamado a todos os que estão debaixo do céu. Esse é o evangelho do qual eu, Paulo, me tornei

ministro (Cl. 1:21-23, ênfase adicionada).Não é possível ser mais claro. Somente um teólogo pode torcer ou não entender o que Pauloquis dizer. Jesus confirmará que somos inculpáveis se  continuarmos na fé. Essa mesma verdade é

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repetida em Romanos 11:13-24, 1 Coríntios 15:1-2 e Hebreus 3:12-14, 10:38-39, onde é ditoclaramente que a salvação final é possível pela fé contínua. Todos contêm a palavra condicional se.

A Necessidade de Santidade

Pode um salvo perder a salvação pecando? A resposta é encontrada em muitas escrituras, como

as seguintes, que garantem que aqueles que praticam diversos pecados não herdarão o Reino de Deus.Se um salvo pode voltar à prática dos pecados das seguintes listas juntadas por Paulo, então, um salvopode perder a salvação:

Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar:nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões,nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus (1 Co.6:9-10, ênfase adicionada).

Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisassemelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti: Aqueles que praticam essas coisas não herdarão

o Reino de Deus (Gl. 5:19-21, ênfase adicionada).Porque vocês podem estar certos disto: nenhum imoral , ou impuro, ou ganancioso, que é

idólatra, tem herança no Reino de Cristo e de Deus. Ninguém os engane com palavras tolas, pois é porcausa dessas coisas que a ira de Deus vem sobre os que vivem na desobediência (Ef. 5:5-6, ênfaseadicionada).

Note que em todos os casos, Paulo estava escrevendo para salvos, advertindo-os. Duas vezesele os avisou para não serem enganados, indicando que estava preocupado que alguns salvospudessem pensar que podem praticar os pecados listados e ainda assim herdar o Reino de Deus.

Jesus avisou Seus discípulos mais próximos, Pedro, Tiago, João e André da possibilidade deserem lançados no inferno por não estarem preparados para Sua volta. Note que as palavras a seguir

foram dirigidas a eles (veja Mc. 13:1-4), e não a uma multidão de pecadores:Portanto, vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu Senhor . Mas entendam isto: se

o dono da casa soubesse a que hora da noite o ladrão viria, ele ficaria de guarda e não deixaria que asua casa fosse arrombada. Assim, vocês [Pedro, Tiago, João e André] também precisam estarpreparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês  [Pedro, Tiago, João e André]menos esperam.

Quem é, pois, o servo fiel e sensato, a quem seu senhor encarrega dos de sua casa para lhes daralimento no tempo devido? Feliz o servo que seu senhor encontrar fazendo assim quando voltar.Garanto-lhes que ele o encarregará de todos os seus bens. Mas suponham que esse servo seja mau ediga a si mesmo: “Meu senhor está demorando”, e então comece a bater em seus conservos e a comer

e a beber com os beberrões. O senhor daquele servo virá num dia em que ele não o espera e numahora que não sabe. Ele o punirá severamente e lhe dará lugar com os hipócritas, onde haverá choro eranger de dentes (Mt. 24:42-51, ênfase adicionada).

E a moral da história? “Pedro, Tiago, João e André, não sejam como o servo desleal destaparábola.”[4] 

Para ressaltar o que tinha acabado de dizer aos Seus discípulos mais íntimos, Jesus continuouimediatamente com a parábola das Dez Virgens. Inicialmente, todas as dez estavam preparadas para achegada do noivo, mas cinco se tornaram despreparadas e foram excluídas da festa de casamento.Jesus finalizou a parábola com estas palavras: “Portanto, vigiem *Pedro, Tiago, João e André+,porque vocês *Pedro, Tiago, João e André+ não sabem o dia nem a hora” (Mt. 25:13)! Isso é, “Não

sejam como as cinco virgens imprudentes, Pedro, Tiago, João e André.” Se não houvesse apossibilidade de Pedro, Tiago, João e André não estarem preparados, não haveria necessidade de Jesustê-los advertido.

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E então, imediatamente contou-lhes a Parábola dos Talentos. Era a mesma mensagemnovamente. “Não sejam como o escravo que possuía um talento, que não tinha mais nada a entregarao seu senhor além daquilo que lhe tinha sido entregue.” No fim da parábola o mestre declarou: “Elancem fora o servo inútil, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mt. 25:30). Jesus nãopoderia fazer sua mensagem mais simples. Somente um teólogo poderia torcer seu significado. Havia operigo de Pedro, Tiago, João e André serem lançados no inferno quando Jesus retornasse se nãotivessem sido obedientes. Se essa possibilidade existia para Pedro, Tiago, João e André, ela também

existe para todos nós. Como Jesus prometeu, somente aqueles que fazem a vontade de Seu Paientrarão no Reino dos céus (veja Mt. 7:21).[5] 

Claramente, aqueles que ensinam a doutrina falsa da segurança eterna incondicional trabalhamcontra Cristo e a favor de Satanás, ensinando o oposto do que Jesus e Seus apóstolos ensinaram. Elesneutralizam efetivamente o mandamento de Jesus de fazer discípulos que obedecerão a tudo o que Elemandou, bloqueando a rua estreita para o céu e aumentando a estrada larga para o inferno.[6] 

Outra Doutrina Moderna que Destrói a Formação de Discípulos

Não é só o ensinamento de segurança eterna incondicional que leva pessoas a pensar quesantidade não é essencial para a salvação final. O amor de Deus é muitas vezes apresentado de modoque neutraliza a formação de discípulos. Várias vezes ouvimos pastores dizerem: “Deus te   amaincondicionalmente.” As pessoas interpretam dessa forma, “Deus me aceita e me aprova sem levar emconta se eu O obedeço ou não.” Contudo, isso simplesmente não é verdade. 

Muitos desses mesmos pregadores acreditam que Deus joga as pessoas que não nasceram denovo no inferno, e certamente estão corretos em sua crença. Agora vamos pensar sobreisso. Obviamente, Deus não aprova as pessoas que lança no inferno. Então como podemos dizer queEle as ama? Ele ama as pessoas que lança no inferno? Você acha que eles iriam dizer que Deus as ama?É claro que não. Deus diria que os ama? Certamente que não! Eles são abomináveis a Ele, que é a razão

de os estar punindo no inferno. Ele não os aprova ou os ama.Isso sendo verdade, o amor de Deus por pecadores terrenos é claramente um amor

misericordioso que é temporário, e não um amor de aprovação. Ele tem misericórdia deles, evitandoSeu julgamento e dando-lhes a oportunidade de se arrependerem. Jesus morreu por eles,providenciando uma maneira de serem salvos. Desse modo, pode ser dito que Deus os ama. Mas Elenunca os aprova. Ele nunca sente um amor por eles como um pai sente por seu filho. Na verdade, asEscrituras dizem: “Como um pai tem compaixão de seus filhos assim o Senhor tem compaixão  dos queo temem” (Sl. 103:13, ênfase adicionada). Portanto, pode ser dito que Deus não  tem a mesmacompaixão por aqueles que não O temem. O amor de Deus pelos pecadores é parecido com amisericórdia de um juiz por um assassino condenado que recebe prisão perpétua ao invés de pena de

morte.Não há um único caso no livro de Atos onde alguém, pregando o evangelho diz à audiência não

salva que Deus os ama. Na verdade, muitas vezes os pregadores bíblicos advertiam sua audiência sobrea ira de Deus e os chamavam ao arrependimento, falando que Deus não os aprovava, que estavam emperigo e que precisavam fazer mudanças radicais em suas vidas. Se eles tivessem dito à sua audiênciaque Deus os amava (como fazem muitos ministros modernos), poderiam tê-los iludido a pensar quenão estavam em perigo, que não estavam acumulando ira para si mesmos e que não havia necessidadede se arrependerem.

O Ódio de Deus pelos PecadoresContrário ao que é muitas vezes proclamado hoje, sobre o amor de Deus pelos pecadores, as

Escrituras dizem que Deus odeia pecadores:

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Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os que praticam o mal . Destróis osmentirosos; os assassinos e os traiçoeiros o Senhor detesta (Sl. 5:5-6. ênfase adicionada).

O Senhor prova o justo, mas o ímpio e a quem ama a injustiça, a sua alma odeia (Sl. 11:5, ênfaseadicionada).

Abandonei a minha família, deixei a minha propriedade e entreguei aquela a quem amo nasmãos dos seus inimigos. O povo da minha propriedade tornou-se para mim como um leão na floresta.Ele ruge contra mim, por isso eu o detesto (Jr. 12:7-8, ênfase adicionada).

Toda a sua impiedade começou em Gigal; de fato, ali os odiei . Por causa dos seus pecados eu osexpulsarei da minha terra. Não os amarei mais; todos os seus líderes são rebeldes (Os. 9:15, ênfaseadicionada).

Note que nenhuma das passagens acima diz que Deus só odeia o que as pessoas fazem — elasdizem que Ele as odeia. Isso brilha uma luz nesta coisa rotineira que Deus ama o pecador mas odeia opecado. Não podemos separar uma pessoa do que ela faz. O que ele faz revela o que ele é. Portanto,Deus odeia as pessoas que pecam, e não só os pecados que cometem. Se Deus aprova as pessoas quefazem coisas que odeia, Ele é muito inconsistente consigo mesmo. Na corte judicialhumana, pessoas são julgadas por seus crimes, e eles recebem a recompensa justa. Nós não odiamos ocrime e aprovamos aqueles que os cometem.

Pessoas que Deus Odeia

As Escrituras não só afirmam que Deus odeia certos indivíduos, elas também declaram que Eleodeia alguns tipos de pecadores ou que eles são abomináveis a Ele. Note que os versículos seguintesnão dizem que o que essas pessoas fazem é abominável a Deus, e sim que elas são. As passagens nãodizem que Deus abomina seus pecados, mas que Ele as abomina:[7] 

A mulher não usará roupas de homem, e o homem e não usará roupas de mulher, pois oSenhor, o seu Deus, tem aversão por todo aquele que assim procede (Dt. 22:5, ênfase adicionada).

Pois o Senhor, o seu Deus, detesta quem faz essas coisas, quem negocia desonestamente (Dt.25:16, ênfase adicionada).

Vocês comerão a carne dos seus filhos e das suas filhas. Destruirei os seus altares idólatras,despedaçarei os seus altares de incenso e empilharei os seus cadáveres sobre os seus ídolos mortos,e rejeitarei  vocês (Lv. 26:29-30, ênfase adicionada).

Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os que praticam o mal. Destróis osmentirosos; os assassinos e os traiçoeiros o Senhor detesta (Sl 5:5-6, ênfase adicionada).

Pois o Senhor detesta o perverso, mas o justo é seu grande amigo (Pv. 3:32, ênfase adicionada).O Senhor detesta os perversos de coração, mas os de conduta irrepreensível dão-lhe prazer (Pv.

11:20, ênfase adicionada).

O Senhor detesta os orgulhosos de coração. Sem dúvida serão punidos (Pv. 16:5, ênfaseadicionada),

Absolver o ímpio e condenar o justo são coisas que o Senhor odeia (Pv. 17:15, ênfaseadicionada).

Como podemos reconciliar tais passagens com aquelas que afirmam o amor de Deus pelospecadores? Como é possível dizer que Deus abomina e odeia pecadores, mas que também os ama?

Devemos reconhecer que nem todo amor é igual. Existe o amor que não é condicional. Estepode ser chamado de “amor de misericórdia.” É um amor que diz: “Eu te amo apesar de.” Ele ama aspessoas independentemente de suas ações. Esse é o tipo de amor que Deus tem pelos pecadores.

Em contraste ao amor de misericórdia existe o amor condicional . Ele pode ser referido como

“amor de aprovação.” É um amor que é  adquirido ou merecido. É um amor que diz: “Eu te amo porcausa disso.” Alguns pensam que se o amor é condicional, não é amor; ou menosprezam tal amor, dizendo

que é puramente egoísta e nada parecido com Deus.

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Contudo, a verdade é que Deus possui o amor condicional, como logo veremos nas Escrituras.Portanto, não se deve desprezar o amor de aprovação. O amor de aprovação é o amor principal queDeus tem por Seus verdadeiros filhos. Devemos desejar o amor de aprovação de Deus muito mais queSeu amor de misericórdia.

O Amor de Aprovação é um Amor Inferior?

Pare e faça a si mesmo essa pergunta: “Que tipo de amor eu preferiria que as pessoas tivessempor mim — amor de misericórdia ou amor de aprovação?” Eu tenho certeza que você irá preferir queas pessoas te amem “por causa de,” e não “apesar de.” 

Você preferiria ouvir seu cônjuge falar: “Eu não tenho razão para te amar, e não há coisaalguma em você que me motive a lhe mostrar meu apoio”; ou, “Eu te amo por tantos motivos, porqueexiste tanta coisa em você que eu admiro”? É claro que preferiríamos que nossos cônjuges nosamassem com um amor de aprovação, e esse é o motivo principal que une os casais e os mantêm

 juntos. Quando não existe algo que uma pessoa admira em seu cônjuge, quando todo amor deaprovação deixa de existir, poucos casamentos permanecem. Se eles permanecerem, o crédito vai para

o amor de misericórdia, que origina do caráter devoto do doador desse amor.Tudo isso sendo verdade, vemos que amor condicional, ou de aprovação não é inferior.

Enquanto amor de misericórdia é o mais louvável para se dar , o amor de aprovação é o mais louvávelde se receber . Mais adiante, o fato do amor de aprovação ser o único tipo de amor que o Pai já tevepor Jesus o eleva ao seu justo lugar de respeito. Deus o Pai nunca teve uma única gota de amor demisericórdia por Jesus, porque nunca houve algo de desagradável em Cristo. Jesus testificou:

Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la (Jo. 10:17, ênfaseadicionada).

Portanto, vemos que o Pai amava Jesus por causa da obediência de Jesus ao morrer. Não deveter algo de errado com amor de aprovação, e sim tudo de certo. Jesus adquiriu e mereceu o amor de

Seu Pai.Jesus também declarou que permanecia no amor de Seu Pai obedecendo aos Seus

mandamentos:Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos

meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos demeu Pai e em seu amor permaneço (Jo. 15:9-10, ênfase adicionada).

Mais adiante, como as Escrituras indicam, devemos seguir o exemplo de Jesus, e permanecerem Seu amor obedecendo aos Seus mandamentos. Ele está claramente falando do amor deaprovação  nesta passagem, nos dizendo que podemos e devemos adquiri-lo, e que podemos nosretirar dele através da desobediência aos Seus mandamentos. Permanecemos em Seu amor somente se

obedecermos aos Seus mandamentos. Tal coisa é raramente ensinada hoje em dia; mas devia ser,porque é o que Jesus disse.

Jesus só confirma o amor de aprovação de Deus por aqueles que obedecem Seusmandamentos.

Pois o próprio Pai os ama, porquanto vocês me amaram e creram que eu vim de Deus (Jo.16:27, ênfase adicionada).

Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama.  Aquele que me amaserá amado por meu Pai , e eu também o amarei e me revelarei a ele...Se alguém me ama obedecerá àminha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos morada nele (Jo. 14:21,23, ênfaseadicionada).

Note que na segunda passagem Jesus não estava prometendo aos crentes descomprometidosque se começassem a guardar Suas palavras iria se aproximar deles de maneira especial. Ele estavaprometendo que se alguém começasse a amá-Lo e a guardar Suas palavras, então, Seu Pai o amaria etanto Ele como Seu Pai viveriam nessa pessoa, uma clara referência ao renascimento. Todos que

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renascem têm o Pai e o Filho vivendo nele pela habitação do Espírito Santo (veja Rm. 8:9). Entãopodemos ver novamente que aqueles que realmente renasceram são aqueles que se arrependeram ecomeçaram a obedecer a Jesus, e portanto, são os únicos que recebem o amor de aprovação do Pai.

É claro que Jesus ainda reserva Seu amor de misericórdia  para aqueles que acreditam nEle.Quando desobedecem, Ele os perdoa, se confessarem seus pecados e perdoarem seus devedores.

A ConclusãoTudo isso mostra que Deus não ama Seus filhos obedientes da mesma forma que ama os

perdidos. Ele só ama os perdidos com o amor de misericórdia, e tal amor é temporário, durandosomente até que morram. Ao mesmo tempo em que os ama com o amor de misericórdia, Ele os odeiacom um ódio derivado de Sua desaprovação de seu caráter. É isso que as Escrituras ensinam.

Por outro lado, Deus ama muito mais Seus filhos, que aqueles que não renasceram. Primeiro,Ele os ama com o amor de aprovação  porque eles têm se arrependido e têm se esforçado paraobedecer aos Seus mandamentos. Enquanto crescem em santidade, Ele tem cada vez menos razõespara amá-los com o amor de misericórdia, e mais um motivo para amá-los com o amor de aprovação,

que é exatamente o que querem.Isso também mostra que muitos retratos do amor de Deus feitos por pregadores modernos e

professores são ilusórios e inexatos. Separe um tempo para avaliar, à luz das Escrituras, os seguintesclichês sobre o amor de Deus:

1. Não há nada que possa fazer para Deus te amar mais ou menos do que já ama agora.2. Não há nada que possa fazer para Deus deixar de te amar.3. O amor de Deus é incondicional.4. Deus ama a todos da mesma forma.5. Deus ama o pecador mas odeia o pecado.6. Não há nada que possa fazer para merecer o amor de Deus.

7. O amor de Deus por nós não é baseado em nossa performance.Todas as frases acima são potencialmente enganosas ou completamente falsas, já que a maioria

nega o amor de aprovação de Deus e muitas adulteram Seu amor de misericórdia.Com respeito ao ponto 1, existe algo que crentes podem fazer para Deus amá-los mais com

o amor de aprovação: podem ser mais obedientes. Também há algo que pode fazer Deus amá-losmenos com o amor de aprovação: a sua desobediência. Há algo que os perdidos podem fazer paraDeus amá-los muito mais: se arrependerem. Então, eles ganhariam o amor de aprovação de Deus. E háalgo que poderiam fazer para Deus amá-los menos: morrer. Então, perderiam o único amor que Deustinha por eles, Seu amor de misericórdia.

Com respeito ao ponto 2, um cristão pode perder o amor de aprovação de Deus se voltar a

praticar pecados, colocando-se em uma posição para experimentar somente o amor de misericórdia deDeus. E novamente, o ímpio pode morrer, e isso acabaria com o amor de misericórdia de Deus, o únicoamor que Deus já teve por ele.

Com respeito ao ponto 3, o amor de aprovação de Deus com certeza é condicional. AtéSeu amor de misericórdia é condicionado à pessoa estar fisicamente viva. Depois da morte, o amor demisericórdia de Deus acaba; portanto, é condicional, já que é temporário.

Relativo ao ponto 4, é mais provável que Deus não ame a todos igualmente, pois Ele aprova oudesaprova todos, tanto pecadores como santos, diferentemente. Certamente o amor de Deus não é omesmo por pecadores e santos.

Com respeito ao ponto 5, Deus odeia pecadores e seus pecados. Pode ser melhor expressado

como: Ele ama pecadores com um amor de misericórdia e odeia seus pecados. Do ponto de vista deSeu amor de aprovação, Ele os odeia.Com respeito ao ponto 6, todos podem e devem adquirir o amor de aprovação  de Deus.

Obviamente, ninguém pode merecer Seu amor de misericórdia, já que é incondicional.

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Finalmente, com respeito ao ponto 7, o amor de misericórdia de Deus não é baseado em nossaperformance, mas o amor de aprovação com certeza é.

Tudo isso é para dizer que o discipulador dever apresentar o amor de Deus fielmente, comoestá escrito na Bíblia, pois não quer que pessoas se enganem. Somente as pessoas que Deus ama como amor de aprovação entrarão no céu, e Deus só tem o amor de aprovação por aqueles que renasceme obedecem a Jesus. O discipulador nunca ensinaria o que pode levar as pessoas para longe dasantidade. Seu alvo é o mesmo que o de Deus, fazer discípulos que obedeçam a todos os

mandamentos de Cristo.

[1] A pregação do evangelho por evangelistas pode ser considerada uma forma de ensino; eevangelistas, com certeza, precisam proclamar um evangelho bíblico preciso.

[2] A responsabilidade de ensinar grupos de pessoas publicamente não foi dada a todos oscristãos, mas todos têm a responsabilidade de ensinar um-a-um enquanto fazem discípulos (veja Mt.5:19; 28:19-20; Cl. 3:16; Hb. 5:12).

[3] Eu digo “se” porque aqueles que são lobos em peles de cordeiros são obviamente

“ministros” que são motivados egoisticamente e serão lançados no inferno. Suponho que o que ossepara de verdadeiros ministros com motivos errados seja o grau de suas motivações erradas.

[4] Incrivelmente, alguns professores, que não podem escapar dos fatos sobre os quais Jesusestava advertindo Seus discípulos mais íntimos e que o servo desleal representa claramente alguémque era salvo, dizem que o lugar de choro e ranger de dentes é um lugar à beira do céu. Lá, salvosdesleais irão supostamente ficar de luto temporariamente por sua perca de recompensas até que Jesusenxugue as lágrimas de seus olhos e então dê a eles as boas vindas no céu!

[5] É claro que salvos que cometem um único pecado não perdem imediatamente sua salvação.Aqueles que pedem perdão por seus pecados são perdoados por Deus (se perdoarem aqueles quepecam contra eles). Aqueles que não pedem o perdão de Deus se colocam em perigo de serem

disciplinados por Ele. Somente pelo endurecimento de seus corações às disciplinas do Senhor é quesalvos correm o risco de perder a salvação.

[6] Aqueles que ainda não estão convencidos que um crente em Jesus pode perder sua salvaçãodevem considerar todas as seguintes passagens do Novo Testamento: Mt. 18:21-35; 24:4-5, 11-13, 23-26, 42-51; 25:1-30; Lc. 8:11-15; 11:24-28; 12:42-46; Jo. 6:66-71; 8:31-32, 51; 15:1-6; At. 11:21-23;14:21-22; Rm. 6:11-23; 8:12-14, 17; 11:20-22; 1 Co. 9:23-27; 10:1-21; 11:29-32; 15:1-2; 2 Co. 1:24;11:2-4; 12:21-13:5; Gl. 5:1-4; 6:7-9; Fp. 2:12-16; 3:17-4:1; Cl. 1:21-23; 2:4-8, 18-19; 1 Ts. 3:1-8; 1 Tm.1:3-7, 18-20; 4:1-16; 5:5-6, 11-15, 6:9-12, 17-19, 20-21; 2 Tim. 2:11-18; 3:13-15; Heb. 2:1-3; 3:6-19; 4:1-16: 5:8-9; 6:4-9, 10-20; 10:19-39; 12:1-17, 25-29; Tg. 1:12-16; 4:4-10; 5:19-20; 2 Pd. 1:5-11; 2:1-22;3:16-17; 1 Jo. 2:15-2:28; 5:16; 2 Jo. 6-9; Jd. 20-21; Ap. 2:7, 10-11, 17-26; 3:4-5, 8-12, 14-22; 21:7-8;

22:18-19. Os textos-provas apresentados por aqueles que ensinam a doutrina de segurança eternaincondicional são passagens que enfatizam a fidelidade de Deus na salvação, e não mencionam aresponsabilidade humana. Portanto, elas precisam ser interpretadas para ficar em harmonia com asoutras passagens que acabei de listar. O fato de Deus prometer Sua fidelidade não garante a fidelidadedos outros. O fato de eu prometer à minha esposa que nunca a deixarei e manter minha promessa, nãogarante que ela nunca me deixará.

[7] Pode ser argumentado que todas essas passagens que mostram o ódio e abominação doSenhor pelos pecadores são do Velho Testamento. Contudo, a atitude de Deus para com os pecadoresnão mudou do Velho para o Novo Testamento. O encontro de Jesus com a mulher cananeia em Mateus15:22-28 é um ótimo exemplo no Novo Testamento da atitude de Deus para com pecadores. No início,

Jesus nem mesmo respondeu às suas súplicas; Ele até se referiu a ela como um cachorro. Sua fépersistente resultou que ela recebeu misericórdia dEle. A atitude de Jesus para com os escribas efariseus não pode ser considerada de aprovação e amor (veja Mt. 23).

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Capítulo Sete

Interpretação Bíblica

Paulo escreveu a Timóteo:Atente bem para a sua própria vida e para a doutrina, perseverando nesses deveres, pois,

agindo assim, você salvará tanto a si mesmo quanto aos que o ouvem (1 Tm. 4:16, ênfase adicionada).Cada ministro deve levar essa admoestação ao coração, prestando muita atenção,

primeiramente em si mesmo, para ter certeza que está deixando um exemplo de santidade.Segundo, ele dever prestar atenção aos seus ensinamentos, porque sua salvação eterna e

daqueles que o ouvem depende daquilo que ensina, assim como Paulo escreveu no versículo citadoacima.[1] Se um ministro adota uma doutrina falsa ou negligencia falar a verdade às pessoas, oresultado poderá ser eternamente desastroso para ele e outros.

Contudo, não há desculpas para o ministro fazedor de discípulos ensinar falsas doutrinas, já queDeus o deu o Espírito Santo e Sua Palavra para guiá-lo na verdade. Em contraste, muitos ministros commotivos errados simplesmente repetem os ensinos populares de outros, não estudam a Palavra por sisó, e estão aptos a errar em suas doutrinas e ensinos. Um meio de proteção contra isso é o ministro

purificar seu coração, para ter certeza que seus motivos são (1) agradar a Deus e (2) ajudar as pessoasa se prepararem para ficar diante de Jesus, ao invés de se tornarem ricas, poderosas ou populares.Adicionalmente, ele deve estudar a Palavra de Deus diligentemente para que tenha um entendimentototal e balanceado. Paulo também escreveu a Timóteo:

Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar eque maneja corretamente a palavra da verdade (2 Tm. 2:15).

Ler, estudar e meditar na Palavra de Deus deveria ser uma disciplina que um ministro praticacontinuamente. O Espírito Santo o ajudará a entender melhor a Palavra de Deus enquanto estudadiligentemente, assegurando assim que irá “lidar fielmente com a palavra  da verdade.” Um dosmaiores problemas na igreja hoje é que ministros interpretam incorretamente a Palavra de Deus e

consequentemente iludem as pessoas que ensinam. Isso pode ser bem sério. Tiago advertiu:Meus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres, pois vocês sabem que nós, os que

ensinamos, seremos julgados com maior rigor (Tg. 3:1).Por esse motivo, é necessário que o ministro fazedor de discípulos saiba como interpretar

corretamente a Palavra de Deus, com o alvo de entender perfeitamente e comunicar o significadoplanejado de qualquer texto.

Interpretar corretamente a Palavra de Deus é feito do mesmo modo que interpretarcorretamente as palavras de qualquer um. Se quisermos entender corretamente o significadoplanejado de qualquer autor ou pregador, precisamos aplicar certas regras de interpretação, regrasque são baseadas em senso comum. Nesse capítulo, vamos considerar as três regras mais importantes

de interpretação bíblica honesta. Elas são, (1) Ler inteligentemente, (2) Ler pelo contexto e (3) Lerhonestamente.

Regra no1: Leia inteligentemente. Interprete o que você lê literalmente a não ser que oentendimento figurado ou simbólico seja obviamente intencional. 

As Escrituras, como toda literatura, é cheia de figuras de linguagem,como metáforas, hipérboles e antropomorfismos. Elas devem ser interpretadas como tais.

Uma metáfora é uma comparação de similaridades entre duas coisas diferentes. As Escriturascontém muitas metáforas. Uma pode ser encontrada nas palavras de Cristo durante a última ceia.

Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o, e o deu aos seus discípulos,dizendo: “Tomem e comam; isto é o meu corpo”. Em seguida tomou o cálice, deu graças e o ofereceu

aos discípulos, dizendo: “Bebam dele todos vocês. Isto é o meu sangue da aliança, que é derramadoem favor de muitos, para perdão de pecados” (Mt. 26:26-28).

Jesus quis dizer que o pão que deu aos Seus discípulos era literalmente Seu corpo e que o vinhoque beberam era literalmente  Seu sangue? O senso comum nos diz Não. As Escrituras nos dizem

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claramente que era pão e vinho que Jesus os deu, e não diz nada deles terem transformadoliteralmente, em carne e sangue em algum ponto. Nem Pedro nem João, presentes na última ceia,reportaram tal coisa em suas epístolas, e é muito improvável que os discípulos tenham brincado derepresentar os papéis de canibais!

Alguns argumentam: “Mas Jesus disse que o pão e o vinho eram Seu corpo e sangue, então euvou acreditar no que Jesus disse!” 

Jesus disse uma vez que Ele era a porta (veja João 10:9). Ele literalmente se transformou em

uma porta com dobradiças e uma maçaneta? Jesus disse que era uma videira e que nós éramos osramos (veja João 15:5). Ele literalmente se transformou em uma videira? Nós nos tornamosliteralmente em ramos de videira? Jesus disse que era a luz do mundo e o pão que veio do céu (vejaJoão 9:5; 6:41). Jesus também é a luz do sol e um pão de forma?

Claramente, todas essas expressões são figuras de linguagem chamadas metáforas, umacomparação entre duas coisas diferentes mas que compartilham algumas similaridades. De algunsmodos, Jesus era como uma porta e uma videira. As frases de Jesus na última ceia eram obviamentemetáforas também. O vinho era como Seu sangue (em alguns pontos). O pão era como Seu corpo (emalguns pontos).

As Parábolas de CristoAs parábolas de Cristo são símiles, que são como metáforas; símiles, entretanto, sempre têm a

palavra como. Elas também ensinam lições espirituais através das semelhanças entre duas ideias. Esseé um ponto importante para se lembrar enquanto as interpretamos; caso contrário podemos cometero erro de procurar significado em cada pequeno detalhe de cada parábola. Metáforas e símiles semprechegam ao ponto onde as similaridades acabam e as diferenças começam. Por exemplo, se eu disser àminha esposa: “Seus olhos são como lagos,” eu quero dizer que seus olhos são azuis, profundos econvidativos. Eu não quero dizer que peixes nadam neles, que pássaros pousam neles e que elescongelam durante o inverno.

Vamos levar em consideração três das parábolas de Jesus, todas símiles, a primeira sendo aParábola da Rede:

O Reino dos céus é ainda como uma rede que é lançada ao mar e apanha toda sorte de peixes.Quando está cheia, os pescadores a puxam para a praia. Então se assentam e juntam os peixes bonsem cestos, mas jogam fora os ruins. Assim acontecerá no fim desta era. Os anjos virão, separarão osperversos dos justos e lançarão aqueles na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes(Mt. 13:47-50).

O céu e uma rede são basicamente a mesma coisa? Absolutamente não! Elessão muito diferentes, mas existem algumas  similaridades. Assim como os peixes são separados emduas categorias, bons e ruins, quando puxados da rede, assim será no reino de Deus. Um dia operverso e o justo, que agora estão vivendo juntos, serão separados. Mas é aí que as similaridades

acabam. Peixes nadam, pessoas andam. Pescadores separam peixes. Anjos separarão os perversos dos justos. Peixes são julgados por quão gostosos eles são depois de preparados. Pessoas são julgadas porsua obediência ou desobediência a Deus. Peixes bons são colocados em recipientes e peixes ruins são

 jogados fora. Os justos herdam o reino de Deus e os perversos são lançados no inferno.Essa parábola é um exemplo perfeito de como cada metáfora e símile é uma comparação

imperfeita porque as coisas que estão sendo comparadas são diferentes. Não queremos ir além daintenção do orador, assumindo que as diferenças são na verdade similaridades. Por exemplo, nóssabemos que “peixes bons” acabam sendo preparados no fogo, e “peixes ruins” voltam para a águapara nadar por mais um dia. Jesus não mencionou isso! Teria ido contra Seu propósito.

Essa parábola em particular não ensina (independente do que dizem) uma estratégia de

“evangelismo de rede,” onde tentamos arrastar todos para dentro da igreja, bons ou ruins, queirameles vim ou não! Essa parábola não ensina que a praia é o melhor lugar para evangelizar. Essa parábolanão prova que o arrebatamento da igreja acontecerá no fim do tempo de tribulações. Ela não ensina

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que nossa salvação é uma escolha puramente divina de Deus porque os peixes escolhidos na parábolanada tinham a ver com o motivo de sua seleção. Não force significados sem garantia às parábolas deJesus!

Permanecendo Preparado

Aqui temos outra parábola familiar de Jesus, a Parábola das Dez Virgens:

O Reino dos céus será, pois, semelhante a dez virgens que pegaram suas candeias e saíram paraencontrar-se com o noivo. Cinco delas eram insensatas, e cinco eram prudentes. As insensataspegaram suas candeias, mas não levaram óleo. As prudentes, porém, levaram óleo em vasilhas, juntocom suas candeias. O noivo demorou a chegar, e todas ficaram com sono e adormeceram. À meianoite, ouviu-se um grito: “O noivo se aproxima! Saiam para encontrá-lo!” Então todas as virgensacordaram e prepararam suas candeias. As insensatas disseram às prudentes: “Deem-nos um pouco doseu óleo, pois as nossas candeias estão se apagando”. Elas responderam: “Não, pois pode ser que nãohaja o suficiente para nós e para vocês. Vão comprar óleo para vocês”. E saindo elas para comprar oóleo, chegou o noivo. As virgens que estavam preparadas entraram com ele para o banquete nupcial. Ea porta foi fechada. Mais tarde vieram também as outras e disseram: “Senhor! Senh or! Abra a porta

para nós!” Mas ele respondeu: “A verdade é que não as conheço!” Portanto, vigiem, porque vocês nãosabem o dia nem a hora (Mt. 25:1-13)!Qual é a lição principal dessa parábola? É encontrada na última sentença: Fiquem preparados

 para o retorno do Senhor, pois Ele pode demorar mais do que vocês esperam. É só isso.Como já mencionei em um capítulo anterior, Jesus contou essa parábola para alguns de Seus

discípulos mais íntimos (veja Mt. 24:3; Mc. 13:3), que estavam obviamente seguindo-o aquela hora.Então, está claramente indicado nessa parábola o fato que era possível que Pedro, Tiago, João eAndré não estivessem preparados quando Jesus voltasse. É por isso que Jesus estava os avisando.Portanto, essa parábola ensina que há uma possibilidade que aqueles que estão atualmentepreparados para a volta de Cristo podem não estar preparados quando Ele realmente voltar. Todas dezvirgens estavam inicialmente prontas, mas cinco se tornaram despreparadas. Se o noivo tivesse voltadomais cedo, todas dez teriam entrado na festa nupcial.

Mas qual é o significado de existirem cinco  virgens tolas e cinco sábias? Isso significa quesomente metade dos crentes professos estarão prontos quando Cristo retornar? Não.

Qual é o significado do óleo? Ele representa o Espírito Santo? Não. Ele revela que somenteaqueles que foram batizados no Espírito Santo entrarão no céu? Não.

O noivo ter chegado à meia-noite revela que Jesus voltará na mesma hora? Não.Porque o noivo não pediu para que as noivas sábias identificassem suas amigas tolas na porta?

Se tivesse pedido para que as sábias identificassem as tolas, teria arruinado o propósito da parábola, jáque as tolas teriam entrado.

Talvez possa ser dito que assim como as noivas tolas não tinham mais luz e foram dormir, assim

os salvos tolos começarão a andar na escuridão espiritual e irão dormir espiritualmente, levando-os nofinal, à sua condenação. Talvez uma similaridade possa ser encontrada na festa nupcial da parábola e afutura festa nupcial do Cordeiro, mas isso é o mais longe que alguém pode ir sem forçar significado aessa parábola ou a seus vários detalhes.

Dando Fruto

Talvez a pior interpretação que já ouvi de uma das parábolas de Cristo foi a explicação de umpregador da Parábola do Joio. Primeiramente, vamos ler essa parábola:

Jesus lhes contou outra parábola, dizendo: “O Reino dos céus é como um homem que semeouboa semente em seu campo. Mas enquanto todos dormiam, veio seu inimigo e semeou o joio no meiodo trigo e se foi. Quando o trigo brotou e formou espigas, o joio também apareceu. Os servos do dono

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do campo dirigiram-se a ele e disseram: ‘O senhor não semeou boa semente em seu campo? Então, deonde veio o joio?’ ‘Um inimigo fez isso’, respondeu ele. Os servos lhe perguntaram: ‘O senhor quer queo tiremos?’ Ele respondeu: ‘Não, porque, ao tirar o joio, vocês poderão arrancar com ele o trigo.Deixem que cresçam juntos até a hora da colheita. Então direi aos encarregados da colheita: ‘Juntemprimeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado; depois juntem o trigo e guardem-no nomeu celeiro’” (Mt.13:24-30).

Aqui está aquela explicação do certo pregador:

É um fato que quando o trigo e o joio brotam, são idênticos. Ninguém pode dizer se são trigo ou joio. É exatamente assim no mundo e na igreja. Ninguém pode dizer quem são os verdadeiros cristãose quem são os ímpios. Eles não podem ser identificados por suas vidas, porque muitos cristãos nãoestão obedecendo a Cristo, assim como os perdidos. Somente Deus conhece seus corações, e Ele osselecionará no final.

É claro que esse não é o propósito da Parábola do Joio! Na realidade, ela ensina que os salvossão muito distinguíveis de não salvos. Note que os servos percebem que joio foi plantado quando trigodeu fruto (veja v. 26).O joio não dá fruto, e assim é facilmente identificado como tal. Eu achosignificante que Jesus tenha escolhido joio estéril  para representar os perversos que irão serselecionados no final e lançados no inferno.

As ideias principais dessa parábola são claras: Os verdadeiramente salvos dão fruto; os nãosalvos, não. Mesmo que Deus ainda não esteja julgando os perversos enquanto vivem entre os salvos,um dia Ele os separará dos santos o os lançará no inferno. 

Na verdade, Jesus deu explicações dessa parábola em particular, então não há necessidade deprocurarem mais significados além do que Ele explicou:

Então ele deixou a multidão e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e o pediram:“Explica-nos a parábola do joio no campo”. Ele respondeu: “Aquele que semeou a boa semente é oFilho do homem. O campo é o mundo, e a boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos doMaligno, e o inimigo que semeia é o Diabo. A colheita é o fim desta era, e os encarregados da colheitasão os anjos. Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim também acontecerá no fim desta

era. O Filho do homem enviará os seus anjos, e eles tirarão do seu Reino tudo o que faz tropeçar etodos os que praticam o mal. Eles os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger dedentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos, ouça (Mt.13:37-43)

Hipérbole

Uma Segunda figura de linguagem encontrada na Bíblia é a hipérbole. Uma hipérbole é umexagero intencional feito para ênfase. Quando uma mãe diz a um filho: “Eu te chamei mil vezes para

 jantar,” isso é uma hipérbole. Um exemplo de hipérbole na Bíblia seria a frase de Jesus sobre cortar suamão direita:

E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte de seucorpo do que ir todo ele para o inferno (Mt. 5:30).

Se Jesus quis dizer literalmente que todos que pecassem com sua mão direita devessem cortá-la fora, então todos estaríamos sem a mão direita! É claro que o problema com o pecado não está emnossas mãos. É mais provável que Jesus estava nos ensinando que o pecado pode nos mandar para oinferno, e a forma de evitar o pecado é removendo tentações e coisas que nos causam a tropeçar.

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Antropomorfismo

Uma terceira figura de linguagem que encontramos nas Escrituras é o antropomorfismo. Trata-se de uma expressão metafórica onde características humanas são atribuídas a Deus para nos ajudar aentendê-Lo. Por exemplo, lemos em Gênesis 11:5:

O Senhor desceu para ver a cidade e a torre que os homens estavam construindo (Gn. 11:5).

Isso é provavelmente um antropocentrismo porque não parece provável que o Deus oniscienteteria que literalmente viajar do céu à Babel para investigar o que as pessoas estavam construindo!

Muitos acadêmicos bíblicos consideram todas menções bíblicas sobre partes do corpo de Deus,como Seus braços, mãos, nariz, olhos e cabelo, como antropocentrismos. Com certeza eles dizem, oDeus todo-poderoso não tem tais partes como os humanos.

Contudo, eu descordaria por vários motivos. Primeiro, porque as Escrituras dizem claramenteque nós fomos feitos a imagem e semelhança de Deus:

Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem , conforme a nossa semelhança” (Gn.1:26a, ênfase adicionada).

Alguns dizem que fomos criados à imagem e semelhança de Deus só a respeito de nosso

autoconhecimento, responsabilidade moral, capacidade de pensar e assim por diante. Contudo, vamosler uma frase que é muito parecida com Gêneses 1:26, que está apenas alguns capítulos à frente:

Aos 130 anos, Adão gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem; e deu-lhe onome de Sete (Gn. 5:3, ênfase adicionada).

Com certeza isso significa que Sete era muito parecido com seu pai fisicamente. Se for isso queGênesis 5:3 quer dizer, certamente a expressão idêntica significa a mesma coisa em Gênesis 1:26.Senso comum e interpretação honesta dizem que sim.

Mais adiante, temos algumas descrições de Deus por autores bíblicos que O viram. Moisés, porexemplo, juntamente com outros setenta e três israelitas, viram a Deus:

Moisés, Arão, Nadabe, Abiu e setenta autoridades de Israel subiram e viram o Deus de Israel ,

sob cujos pés havia algo semelhante a um pavimento de safira, como o céu em seu esplendor. Deus,porém, não estendeu a mão para punir esses líderes do povo de Israel; eles viram a Deus, e depoiscomeram e beberam (Ex. 24:9-11, ênfase adicionada).

Se você tivesse perguntado a Moisés se Deus tivesse pés, o que ele teria dito?[2] O profeta Daniel também teve uma visão de Deus Pai e Deus Filho:Enquanto eu olhava, tronos foram colocados, e um ancião [Deus Pai] se assentou. Sua veste era

branca como a neve; o cabelo era branco como a lã. Seu trono era envolto em fogo, e as rodas dotrono estavam em chamas. De diante dele, saía um rio de fogo. Milhares de milhares o serviam;milhões e milhões estavam diante dele. O tribunal iniciou o julgamento, e os livros foram abertos... Emminha visão à noite, vi alguém semelhante a um filho de homem [Deus Filho], vindo com as nuvens dos

céus. Ele se aproximou do ancião e foi conduzido à sua presença. Ele recebeu autoridade, glória e oreino; todos os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram. Seu domínio é um domínioeterno que não acabará, e seu reino jamais será destruído (Dn. 7:9-10. 13-14, ênfase adicionada).

Se você tivesse perguntado a Daniel se Deus tinha cabelo branco e uma forma, pela qual Elepode sentar em um trono, o que ele teria dito?

Tudo isso sendo verdade, eu estou convencido que Deus Pai tem uma forma gloriosa que é decerta forma similar a forma de um ser humano, mesmo Ele não sendo de carne e sangue, e sim espírito(veja Jo 4:24).

Como você pode discernir quais partes das Escrituras devem ser interpretadas literalmente equais devem ser interpretadas figurativamente ou simbolicamente? Isso deve ser fácil para qualquer

um que possa raciocinar logicamente. Interprete tudo literalmente a menos que não haja outraalternativa inteligente a não ser interpretar figurativamente ou simbolicamente. Os profetas do VelhoTestamento e o livro de Apocalipse, por exemplo estão claramente, cheios de simbolismo, alguns dosquais são explicados e outros não. Mas não é difícil identificar os simbolismos.

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Regra no2: Leia pelo contexto. Cada passagem deve ser interpretada na luz das passagens aoseu redor e da Bíblia inteira. O contexto cultural e histórico também deve ser considerado sempreque possível. 

Ler as escrituras sem levar em consideração seu contexto imediato e bíblico é talvez a causaprincipal de má interpretação.

É possível fazer com que a Bíblia fale qualquer coisa que você quiser se isolar versículos de seuscontextos. Por exemplo, você sabia que a Bíblia diz que Deus não existe? Em Salmos 14 podemos ler:

“Deus não existe” (Sl. 14:1). Contudo, se quisermos interpretar essas palavras fielmente, devemos lê-ladentro do contexto: “Diz o tolo em seu coração: ‘Deus não existe’” (Sl. 14:1, ênfase adicionada). Agoraesse versículo tem um significado completamente novo!

Outro exemplo: uma vez eu ouvi um pregador fazer um sermão na necessidade dos cristãosserem “batizados no fogo.” Ele começou ser sermão lendo as palavras de João Batista de Mateus 3:11:“Eu os batizo com água para arrependimento. Mas depois de mim vem alguém mais poderoso do queeu, tanto que não sou digno nem de lavar as suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e comfogo.” 

Ele preparou um sermão baseado nesse único versículo. Eu lembro dele dizer: “O fato de vocêter sido batizado no Espírito Santo não é suficiente! Jesus também quer te batizar no fogo, assim como

João Batista proclamou!” E ele continuou, explicando que uma vez fossemos “batizados no fogo,”ficaríamos cheios de zelo pelo trabalho do Senhor. Finalmente ele fez um apelo para aqueles quequisessem ser “batizados no fogo.” 

Infelizmente, aquele pregador em particular cometeu o erro clássico de tirar um versículo deseu contexto.

O que João Batista quis dizer quando disse que Jesus os batizaria com fogo? Para encontrar aresposta, tudo que temos a fazer é ler dois versículos antes daquele e um depois. Vamos começar comos dois anteriores. João disse:

Não pensem que vocês podem dizer a si mesmos: “Abraão é nosso pai”. Pois eu lhes digo quedestas pedras Deus pode fazer surgir filhos de Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores, e

toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo (Mt. 3:9-10, ênfase adicionada).Primeiro, nós aprendemos que, naquele dia, parte da audiência de João consistia de judeus que

achavam que sua salvação era baseada em sua linhagem. Portanto, o sermão de João era evangelístico.Depois, também descobrimos que João os estava advertindo que pessoas não-salvas corriam

perigo de ser lançadas no fogo. Parece razoável concluir que “o fogo” do qual João falava no versículo10 é o mesmo do versículo 11.

Esse fato se torna ainda mais claro quando lemos o versículo 12:Ele traz a pá em sua mão e limpará sua eira, juntando seu trigo no celeiro, mas queimará a

 palha com o fogo que nunca se apaga (Mt. 3:12, ênfase adicionada).Em ambos versículos 10 e 12, o fogo ao qual João se referia era o fogo do inferno. No versículo

12, ele fala metaforicamente que Jesus dividirá as pessoas em dois grupos — trigo, que Ele juntará “noceleiro,” e palha, que queimará “com o fogo que nunca se apaga.” 

À luz dos versículos ao redor, João devia querer dizer no versículo 11 que Jesus iria batizar aspessoas com o Espírito Santo, se fosse salvos, ou com fogo, se não fosse. Já que esse é o caso, ninguémdeve pregar a cristãos dizendo que devem ser batizados no fogo!

Indo além do contexto imediato desses versículos, também devemos olhar para o resto doNovo Testamento. Podemos encontrar um versículo em Atos que diz que cristãos estavam sendo“batizados no fogo”? Não. O mais perto é a descrição de Lucas do dia do Pentecostes quando osdiscípulos foram batizados no Espírito Santo e línguas de fogo apareceram temporariamente sobresuas cabeças. Mas Lucas nunca disse que esse era um “batismo no fogo.” Mais adiante, podemos

encontrar alguma exortação ou instrução nas epístolas para os cristãos serem “batizados no fogo”?Não. Portanto, é seguro concluir que nenhum cristão deve buscar um batismo no fogo.

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Um Evangelho Falso Derivado das Escrituras

Muitas vezes, o próprio evangelho é mal interpretado por pregadores e professores que, pornão considerarem o contexto, interpretam as Escrituras erroneamente. Falsos ensinos a respeito dagraça de Deus são abundantes por esse motivo.

Por exemplo, o relato de Paulo sobre a salvação ser o produto da graça e não de obras,

encontrado em Efésios 2:8, tem sido abusado para promover um falso evangelho, tudo porque ocontexto foi ignorado. Paulo escreveu:Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não

por obras para que ninguém se glorie (Ef. 2:8-9).Muitos focam exclusivamente no relato de Paulo sobre a salvação ser pela graça, um presente e

não um resultado de obras. Disso, contrário ao testemunho de centenas de passagens, eles dizem quenão há conexão entre salvação e santidade. Alguns vão tão longe a ponto de dizer que oarrependimento não é necessário para a salvação. Esse é um exemplo clássico de como as Escriturassão má interpretadas pelo contexto ser ignorado.

Primeiramente, vamos considerar o que a passagem em si diz inteiramente. Paulo, não diz que

fomos salvos pela graça, mas que fomos  salvos pela graça por meio da fé. A fé faz tanto parte daequação da salvação quanto a graça. As Escrituras declaram que a fé sem obras é inútil, morta e nãopode salvar (veja Tg. 2:14-26). Portanto, Paulo não está ensinando que a santidade é irrelevante nasalvação. Ele está dizendo que não somos salvos por nossas próprias forças; a base de nossa salvação éa graça de Deus. Nunca poderíamos ser salvos sem a graça de Deus, mas é somente quandorespondemos com fé à graça de Deus é que a salvação acontece em nossas vidas. O resultado dasalvação é sempre obediência, o fruto da fé genuína. Isso é provado se olharmos o contexto, que estáno versículo seguinte. Paulo diz:

Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quaisDeus preparou antes para nós as praticarmos (Ef. 2:10).

O único motivo de termos sido regenerados pelo Espírito Santo e agora sermos novas criaturasem Cristo era para que pudéssemos andar em boas obras e obediência. Portanto, a equação desalvação de Paulo é assim:

Graça + Fé = Salvação + Obediência 

Isto é, graça mais fé é igual (ou resulta em) salvação mais obediência. Quando a graça de Deus érespondida com a fé, o resultado é sempre a salvação e boas obras.

Mesmo assim, aqueles que arrancaram as palavras de Paulo de seu contexto fizeram umafórmula assim:

Graça + Fé – Obediência = Salvação 

Isto é, graça mais fé sem (ou menos) obediência é igual (ou resulta em) salvação. Isso é heresiade acordo com a Bíblia.

Se lermos um pouco mais do contexto das palavras de Paulo, também descobriremos que asituação em Éfeso era a mesma que em todos os lugares que Paulo pregava. Isto é, judeus estavamensinado aos novos convertidos gentios de Paulo, que precisavam ser circuncidados e tinham quepraticar algumas cerimonias da Lei Mosaica se quisessem ser salvos. Era dentro do contexto de

circuncisão e trabalhos cerimoniais que Paulo tinha em mente quando escreveu sobre as “obras”  quenão nos salvam (veja Ef. 2:11-22).

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Se lermos um pouco mais adiante, entendendo mais do contexto da carta de Paulo aos Efésios,vemos claramente que Paulo acreditava que santidade era essencial para a salvação.

Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual como também denenhuma espécie de impureza e de cobiça; pois essas coisas não são próprias para os santos. Não hajaobscenidade, nem conversas tolas, nem gracejos imorais, que são inconvenientes, mas, ao invés disso,ações de graças. Porque vocês podem estar certos disto: nenhum imoral, ou imputo, ou ganancioso ,que é idólatra, tem herança no Reino de Cristo e de Deus. Ninguém os engane com palavras tolas, pois

é por causa dessas coisas que a ira de Deus vem sobre os que vivem na desobediência (Ef. 5:3-6, ênfaseadicionada).

Se Paulo acreditasse que a graça de Deus salvaria no final qualquer pessoa não-arrependida quefosse imoral, impura ou gananciosa, ele nunca teria escrito essas palavras. O significado intencionadodas palavras de Paulo gravadas em Efésios 2:8-9, só pode ser entendido corretamente dentro docontexto da carta inteira aos Efésios.

O Fiasco da Galácia

As palavras de Paulo em sua carta aos gálatas têm sido interpretadas similarmente fora de seucontexto. O resultado tem sido a distorção do evangelho, exatamente o que Paulo tentava corrigir emsua carta aos gálatas.

O tema completo da carta de Paulo aos gálatas é “Salvação por meio da fé e não por obras daLei.” Mas Paulo planejava que seus leitores concluíssem que santidade não era necessária para entrarno reino de Deus? Certamente não.

Primeiramente, notamos que Paulo estava mais uma vez combatendo judeus que foram àGalácia e estavam ensinando os novos convertidos que não poderiam ser salvos, a menos que fossemcircuncidados e obedecessem a Lei de Moisés. Paulo menciona o assunto da circuncisão repetidamenteem sua carta, já que essa parece ter sido a ênfase principal dos judeus legalistas (veja Gl. 2:3, 7-9, 12;

5:2-3, 6, 11; 6:12-13, 15). Paulo não estava preocupado que os convertidos de Galácia estavam muitoobedientes aos mandamentos de Cristo, ele estava preocupado porque eles não estavam colocandosua fé em Cristo para sua salvação, e sim em circuncisão e seus próprios fracos esforços em manter aLei Mosaica.

Quando consideramos todo o contexto da carta de Paulo aos gálatas, percebemos que eleescreve no capítulo 5:

Mas, se vocês são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da Lei. Ora, as obras da carne sãomanifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes,ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto,como antes já adverti: Aqueles que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus (Gl. 5:18-21,

ênfase adicionada).Se Paulo quisesse dizer aos gálatas que poderiam não ser santos e entrar no céu, ele não teria

escrito essas palavras. Sua mensagem não é que pessoas não-santas poderiam ir para o céu, mas queaqueles que anulam a graça de Deus e o sacrifício de Cristo tentando adqurir a salvação pelacircuncisão e pela Lei de Moisés não podem ser salvos. Não é a circuncisão que trás a salvação. É a féem Jesus que resulta na salvação que muda salvos em novas criações santas.

De nada vala ser circuncidado ou não. O que importa é ser uma nova criação (Gl. 6:15).Novamente, tudo isso mostra quão vital é que consideremos o contexto quando interpretamos

as Escrituras. A única forma que o evangelho pode ser distorcido por meio da Palavra de Deus éignorando o contexto. Só podemos nos espantar com os corações de “ministros” que fazem isso de

forma tão rude que não pode ser outra coisa se não intencionado.Por exemplo, uma vez eu ouvi um pregador dizer que nunca devemos mencionar a ira de Deusquando estivermos pregando o evangelho, porque a Bíblia diz que “a bondade de Deus leva aoarrependimento” (Rm. 2:4). Portanto, de acordo com ele, a maneira certa de pregar o evangelho era

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falar somente do amor e da bondade de Deus. Isso, supostamente, levaria as pessoas a searrependerem.

Mas quando lemos o contexto do versículo solitário que o pastor mencionou do segundocapítulo de Romanos, descobrimos que ele está envolvido de passagens sobre o julgamento e a irasanta de Deus! O contexto imediato revela que não há possibilidade alguma que a intenção de Pauloera o que o pastor disse que é:

Sabemos que o juízo de Deus contra os que praticam tais coisas é conforme a verdade. Assim,

quando você, um simples homem, os julga, mas pratica as mesmas coisas, pensa que escapará do juízode Deus? Ou será que você despreza as riquezas da sua bondade, tolerância e paciência, nãoreconhecendo que a bondade de Deus o leva ao arrependimento? Contudo, por causa da sua teimosiae do seu coração obstinado, você está acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus,quando se revelará o seu justo julgamento; Deus “retribuirá a cada um conforme o seu procedimento”.Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade. Mashaverá ira e indignação para os que são egoístas, que rejeitam a verdade e seguem a injustiça. Haverátribulação e angústia para todo ser humano que pratica o mal : primeiro para o judeu, depois para ogrego (Rm. 2:22-9, ênfase adicionada).

A referência de Paulo a bondade de Deus é a bondade que Deus mostra ao adiar Sua ira! Só

podemos nos perguntar como um ministro pode falar uma coisa tão absurda à luz do contexto maiorda Bíblia, que está cheia de exemplos de pregadores que advertiram publicamente os pecadores searrependerem.

A Consistência das Escrituras

Porque a Bíblia é inspirada por apenas uma (só) Pessoa, sua mensagem é consistente. É por issoque podemos confiar no contexto para nos ajudar a interpretar o significado planejado por Deus emqualquer passagem. Deus não diria uma coisa em um versículo que contradiria outro, e se parece dessa

forma, devemos continuar estudando até que nossa interpretação dos dois versículos fique emharmonia. Por exemplo, em vários lugares no Sermão do Monte de Jesus, pode parecer que Ele estavacontradizendo, e até corrigindo uma lei moral do Velho Testamento. Por exemplo:

Vocês ouviram o que foi dito: “Olho por olho e dente por dente.” Mas eu lhes digo: Nãoresistam ao perverso. Se alguém o ferir na face esquerda, ofereça-lhe também a outra (Mt. 5:38-39).

Jesus citou diretamente da Lei de Moisés e então disse uma coisa que parecia contradizer a leique acabara de citar. Como devemos interpretar o que Ele disse? Deus mudou de ideia em um assuntode moralidade básica? Buscar vingança era uma coisa aceitável no Velho Testamento mas não noNovo? É o contexto que irá nos ajudar.

Jesus estava falando principalmente com Seus discípulos (veja Mt. 5:12), pessoas a quem a

única exposição a Palavra de Deus foi através dos escribas e fariseus que ensinavam nas sinagogas. Ali,eles haviam ouvido a lei de Deus citada, “Olho por olho e dente por dente,” um mandamento que osescribas e fariseus tinham torcido ignorando seu contexto. Deus não tinha a intenção de que essemandamento fosse interpretado como um requerimento para Seu povo sempre se vingar porpequenos erros. Aliás, Ele disse na Lei de Moisés que a vingança pertencia a Ele (veja Dt. 32:35), e queSeu povo devia fazer o bem aos seus inimigos (veja Ex. 23:4-5). Mas os escribas e fariseus ignoraramesses mandamentos e inventaram sua própria interpretação da lei de Deus de “olho por olho,” umaque os dava o direito à vingança pessoal.[3] Eles ignoraram o contexto.

O mandamento de Deus de “olho por olho e dente por dente” é encontrado dentro do contextodos mandamentos que prescrevia a justiça do tribunal de Israel (veja Ex. 21:22-24; Dt. 19:15-21).

Promover um sistema de corte judicial é em si mesmo uma revelação da desaprovação de Deus quantoa vingança pessoal. Juízes imparciais que examinam provas são muito mais capazes de administrar a justiça que pessoas envolvidas e ofendidas. Deus espera que juízes vão dar o punimento que o crimemerece. Portanto, “olho por olho e dente por dente.” 

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Portanto, podemos entender o que a primeira vista parece contraditório. Jesus estavasimplesmente ajudando Seu público, pessoas que tinham recebido ensinamentos errados por todavida, a entender a verdadeira vontade de Deus a respeito da vingança pessoal, uma coisa que já tinhasido revelada na Lei de Moisés, mas tinha sido distorcida pelos fariseus. Jesus não estavacontradizendo a lei que Ele tinha dado a Moisés. Ele só estava revelando seu significado original.

Isso também nos ajuda a entender corretamente que Jesus espera de nós a respeito de disputasmaiores, o tipo que pode levar ao tribunal. Deus não esperava que os israelitas se vingassem de cada

ofensa sofrida, caso contrário ele não teria estabelecido um sistema de corte. Da mesma forma, Deusnão espera que cristãos queiram se vingar de qualquer ofensa sofrida de seus irmãos (ou próximos). ONovo Testamento diz que cristãos que não se reconciliam devem buscar ajuda mediadora de outroscompanheiros (veja 1 Co. 6:1-6). E não há nada de errado com um crente levar um ímpio a cortes

 judiciais a respeito de disputas de ofensas maiores. Ofensas maiores são coisas do tipo ter seu olho oudente arrancado! Ofensas menores são os tipos de coisa que Jesus falou, com levar um tapa no rosto,ou ser processado por uma coisa pequena (tipo uma camisa), ou ser forçado a andar uma milha. Deusquer que Seu povo O imite e mostre graça extraordinária a pecadores imprudentes e pessoas más.

Nessas mesmas linhas, existem alguns crentes bem intencionados que, pensando estarobedecendo a Jesus, se recusam a denunciar aqueles que foram pegos roubando deles. Eles acham que

estão “oferecendo a outra face,” quando na verdade estão permitindo que o ladrão roube mais umavez, ensinando-o que não há consequências pelo crime. Tais cristãos não estão mostrando amor pelaspessoas que serão roubadas por esse mesmo ladrão! Deus quer que ladrões sofram a justiça e que searrependam. Mas quando alguém lhe ofender por algo sem importância, como lhe dar um tapa norosto, não o leve para o tribunal ou bata no rosto dele. Mostre misericórdia e amor.

Interpretando o Velho à Luz do Novo

Não devemos somente interpretar o Novo Testamento à luz do Velho Testamento, mas

também o Velho à luz do Novo. Por exemplo, alguns cristãos sinceros leram as leis de Moisésreferentes as restrições alimentares e concluíram que cristãos devem restringir suas dietas de acordocom aquelas leis. Contudo, se eles lessem apenas duas passagens do Novo Testamento, descobririamque essas leis de Moisés não se aplicam àqueles que estão debaixo da Nova Aliança.

“Será que vocês também não conseguem entender?”, perguntou-lhes Jesus. “ Não percebemqua nada que entre no homem pode torná-lo ‘impuro’? Porque não entra em seu coração, mas em seuestômago, sendo depois eliminado.” Ao dizer isso, Jesus declarou “puros” todos os alimentos (Mc.7:18-19).

O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritosenganadores e doutrinas de demônios. Tais ensinamentos vêm de homens hipócritas e mentirosos,

que têm a consciência cauterizada e proíbem o casamento e o consumo de alimentos que Deus crioupara serem recebidos com ação de graças pelos que creem e conhecem a verdade. Pois tudo o queDeus criou é bom, e nada deve ser rejeitado, se for recebido com ação de graças, pois é santificadopela palavra de Deus e pela oração (1 Tm. 4:1-5).

Debaixo da Nova Aliança, não somos sujeitos a Lei de Moisés, mas a Lei de Cristo (veja 1 Co.9:20-21). Mesmo que Jesus tenha confirmado os aspectos morais da Lei de Moisés (incorporando-as aLei de Cristo), nem Ele nem os apóstolos ensinaram que os cristãos eram obrigados a manter as leisalimentares de Moisés.

Contudo, é bem claro que os primeiros cristãos, todos judeus convertidos, continuaram amanter a dieta do Velho Testamento por causa de convicções culturais (veja At. 10:9-14). E quando os

gentis começaram a acreditar em Jesus, os primeiros cristãos judeus os pediram para seguir as leis deMoisés referentes as restrições alimentares simplesmente por consideração aos vizinhos judeus, quecaso contrário pudessem se ofender (veja At. 15:1-21). Portanto, não há nada de errado em cristãosmanterem essas leis de Moisés, desde que não confiem que manter essas leis é que os salva.

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Alguns dos primeiros cristãos também estavam convencidos que era errado comer carnes quehaviam sido sacrificadas a ídolos. Paulo instruiu os crentes que pensavam de outra forma (como ele) aandarem em amor com seus irmãos “fracos na fé” (veja Rm. 14:1), fazendo nada que os caus e a violarsuas consciências. Se alguém se abstém de comer certas coisas por convicção diante de Deus (mesmoque essas convicções não tenham base), essa pessoa deve ser elogiada por sua devoção, nãocondenada por sua falta de entendimento. Do mesmo modo, aqueles que se abstém de certas comidaspor convicção própria não devem julgar aqueles que não se abstém. Ambos os grupos devem andar em

amor um para com o outro, já que Deus ordenou que isso fosse feito (veja Rm. 14:1-23).De qualquer modo, porque a Bíblia é uma revelação progressiva, devemos sempre interpretar a

revelação mais velha (o Velho Testamento) sob a luz da revelação mais nova (o Novo Testamento).Nenhuma das revelações que Deus dá é contraditória, é sempre complementar.

Contexto Histórico e Cultural

Sempre que possível, devemos considerar o contexto histórico e cultural da passagem queestamos estudando. Ter alguma coisa em mente sobre aspectos únicos da cultura, geografia e história

de um ambiente bíblico pode nos ajudar a ter um ponto de vista que caso contrário teríamos perdido.É claro que isso requer ajuda de outros livros além da Bíblia. Uma boa Bíblia de estudos normalmenteterá informações dessa área.

Aqui estão alguns exemplos de como informações históricas e culturais podem nos ajudar a nãonos confundir quando estivermos lendo a Bíblia:

1. Às vezes, lemos nas Escrituras de pessoas subindo em telhados (veja At. 10:9) ou fazendoburacos no telhado (veja Mc. 2:4). Ajuda a entender saber que os telhados eram normalmente planosem Israel nos tempos da Bíblia e havia escadas do lado de fora da maioria das casas que levavam aesses telhados planos. Se não soubermos disso podemos imaginar um personagem bíblico searrastando pelo telhado e se agarrando a uma chaminé!

2. Lemos em Marcos 11:12-14 que Jesus amaldiçoou uma figueira por ela não ter figos, mesmoassim “não era tempo de figos.” Ajuda saber que figueiras normalmente têm alguns figos mesmo forade época, portanto, Jesus não estava sendo irracional em suas expectações.

3. Lemos em Lucas 7:37-48 sobre uma mulher que entrou na casa de um fariseu onde Jesusestava jantando. As Escrituras dizem que ela ficou atrás de Jesus chorando e começou a molhar Seuspés com suas lágrimas, limpá-las com seus cabelos, beijar e ungir Seus pés com perfume. Nosperguntamos como tal coisa pode acontecer enquanto Jesus estava sentado em uma mesa comendo.Ela engatinhou por baixo da mesa? Como ela conseguiu passar pelas pernas de todos os outrosconvidados?

A resposta é encontrada na frase de Lucas que Jesus “reclinou-se à mesa” (Lc. 7:36). O modo

costumeiro de se comer naqueles dias era se deitar de lado no chão ao redor de uma mesa baixa, selevantando com um dos braços e se alimentando com a outra mão. Nessa posição Jesus foi adoradopela mulher.

Uma Pergunta Comum Sobre Roupas

Uma pergunta que pastores ao redor do mundo sempre me fazem é: “É aceitável que mulherescristãs usem calças, considerando que a Bíblia proíbe que mulheres usem roupas de homens?” 

Essa é uma boa pergunta que podemos responder aplicando algumas regras de interpretação e

um pouco de contexto cultural.Primeiramente, vamos examinar a proibição da Bíblia contra mulheres usarem roupas dehomens (e vice-versa):

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A mulher não usará roupas de homem, e o homem não usará roupas de mulher, pois o Senhor,o seu Deus, tem aversão por todo aquele que assim procede (Dt. 22:5).

Devemos começar perguntando: “Qual foi a intenção de Deus ao dar esse mandamento?” Oobjetivo dEle era de não deixar mulheres usarem calças?

Não, essa não poderia ter sido Sua intenção, porque nenhum homem em Israel usava calçasquando Deus disse isso originalmente. Calças não eram consideradas roupas de homem ou dequalquer um. Aliás, o que os homens usavam nos tempos bíblicos pareceria mais roupas de mulheres

para a maioria de nós hoje! Isso é um pouco de informação histórica e cultural que nos ajuda ainterpretar corretamente o que Deus estava tentando dizer.

Então qual era a intenção de Deus?Lemos que qualquer um que usasse roupas do sexo oposto era uma abominação ao Senhor.

Isso parece bem sério. Se um homem pegar o véu de uma mulher e colocá-lo na cabeça por trêssegundos ele vira uma abominação ao Senhor? Parece muito duvidável.

Seria mais provável que a oposição de Deus era para com pessoas que se vestiam para parecerpropositalmente do sexo oposto. Por que alguém faria tal coisa? Só porque ele ou ela estariaesperando seduzir alguém do mesmo sexo, uma perversão sexual chamada travestismo. Acho quepodemos como isso pode ser considerado uma abominação para Deus.

Portanto, ninguém pode concluir que mulheres não podem usar calças se baseando deDeuteronômio 22:5, a menos que ela esteja fazendo isso como travesti. Ela não estará pecando porusar calças, desde que ela ainda pareça mulher.

É claro que as Escrituras ensinam que mulheres devem se vestir modestamente (veja 1 Tm. 2:9),portanto, calças justas e reveladoras não são apropriadas (assim como vestidos e saias justas) poispodem levar homens à cobiça. Muitas das roupas que mulheres usam publicamente em paísesocidentais são completamente inapropriadas e são roupas que somente prostitutas usam em paísesem desenvolvimento. Nenhuma mulher cristã deve usar roupas publicamente com o intuito de parecer“sexy.” 

Algumas Outras Ideias

É interessante que nenhum pastor da China tenha me perguntado sobre mulheres usandocalças. É provável que seja porque a maioria das mulheres chinesas tem usado calças por um longotempo. Somente pastores de países em que a maioria das mulheres não usa calça me fazem essapergunta. Isso mostra o preconceito pessoal com relação as suas culturas.

Também me parece interessante que nenhuma pastora de Mianmar me tenha feito perguntasemelhante. Mianmar é um lugar onde homens tradicionalmente usam o que chamamos de saia,mas o que eles chamam de longgi . Novamente, o que constitui roupas de homens e mulheres varia de

cultura para cultura, então precisamos tomar cuidado para não forçar nossa cultura no entendimentoda Bíblia.

Finalmente, eu me pergunto por que tantos homes que esperam que mulheres não usem calçasbaseando-se em Deuteronômio 22:5 não se sentem obrigados a aplicar em si mesmos Levítico 19:27,que diz:

Não cortem o cabelo dos lados da cabeça, nem aparem as pontas da barba (Lv. 19:27).Como homens que desobedecem Levítico 19:27, e raspam completamente suas barbas dadas

por Deus, barbas que os distinguem claramente de mulheres, podem acusar mulheres que usam calçasde tentar parecer homens? Parece meio hipócrita!

A propósito, um pouco de informação histórica nos ajuda a entender a intenção de Deus em

Levítico 19:27. Arredondar o cabelo dos lados da cabeça era parte de um ritual idólatra pagão. Deusnão queria que Seu povo parecesse devoto a ídolos pagãos.

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Quem está Falando?

Sempre devemos notar quem está falando em qualquer passagem bíblica, já que essa pequenainformação contextual nos ajudará a interpretá-la corretamente. Mesmo que tudo na Bíblia tenha sidoinspirado para estar na Bíblia, nem tudo da Bíblia é a inspirada Palavra de Deus. O que eu quero dizer?

As palavras não-inspiradas de pessoas estão gravadas em muitas passagens das Escrituras.

Portanto, não devemos pensar que tudo dito por pessoas na Bíblia é inspirado por Deus.Por exemplo, alguns cometem o erro de citar as palavras de Jó e seus amigos como se fosseminspiradas por Deus. Existem dois motivos de porque isso é um erro. Primeiro, Jó e seusamigos discutiram  por trinta e quatro capítulos. Eles não concordaram. Obviamente, nem tudo quedisseram pode ser a Palavra inspirada de Deus porque Deus não se contradiz.

Segundo, no fim do livro de Jó, Deus fala e repreende tanto a Jó quanto seus amigos pordizerem coisas incorretas (veja Jó 38-42).

Devemos tomar as mesmas precauções quando lermos o Novo Testamento. Em vários casos,Paulo diz claramente que certas partes de suas cartas eram somente suas opiniões (veja 1 Co. 7:12, 25-26, 40).

Quem está Sendo Endereçado?

Não devemos nos perguntar somente quem está falando em qualquer passagem bíblica,também devemos notar quem está sendo endereçado. Se não, podemos interpretar mal alguma coisapensando que é aplicável a nós quando não é. Ou podemos interpretar alguma coisa como não sendoaplicável a nós quando é.

Por exemplo, reivindicam a promessa encontrada em Salmo 37, acreditando que se aplica aeles:

Ele atenderá os desejos do seu coração (Salmo 37:4).Mas essa promessa se aplica a todos que a leem ou a conhecem? Não, se lermos o contexto,

descobrimos que ela só se aplica a certas pessoas que encontram cinco condições.Confie no Senhor e faça o bem; assim você habitará na terra e desfrutará segurança. Deleite-se

no Senhor, e ele atenderá aos desejos do seu coração (Sl. 37:3-4).Então vemos quão importante que notemos quem está sendo endereçado.Aqui está outro exemplo:Então Pedro começou a dizer-lhe: “Nós deixamos tudo para seguir-te”. Respondeu Jesus: “Digo-

lhes a verdade: Ninguém que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, ou campos, por causade mim e do evangelho, deixará de receber cem vezes mais, já no tempo presente, casas, irmãos,irmãs, mães, filhos, e campos, e com eles perseguição; e, na era futura, a vida eterna. Contudo, muitos

primeiros serão últimos, e os últimos serão primeiros” (Mc. 10: 28-30).É bem popular em alguns círculos reivindicar o “cem vezes mais” quando dão dinheito para

sustentar alguém que está pregando o evangelho. Mas essa promessa se aplica a tais pessoas? Não, elaé endereçada a pessoas que realmente deixam suas famílias, terrenos ou casas para pregar oevangelho, assim como Pedro, que perguntou a Jesus qual seria sua recompensa e dos outrosdiscípulos.

Interessantemente, aqueles que sempre pregam sobre a recompensa de cem vezes maistendem a focalizar principalmente nas casas e terrenos, e nunca nos filhos e perseguições que tambémforam prometidos! É claro que Jesus não estava falando que aqueles que deixam suas casa receberãoescrituras de cem casas em troca. Ele estava prometendo que quando eles deixarem suas famílias e

casas, os membros de suas novas famílias espirituais abrirão suas casas para alojamento. Verdadeirosdiscípulos não se importam com propriedades porque sabem que não têm posse de nada —  sãosomente mordomos daquilo que é de Deus.

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Um Exemplo Final

Quando pessoas leem o que é conhecido como o “Sermão das Oliveiras” de Jesus, encontradoem Mateus 24-25, alguns acham erroneamente que Ele estava falando com ímpios, e portantoconcluem que o que Ele diz não tem aplicação a elas. Elas leem as parábolas do Servo Mau e a paráboladas Dez Virgens como se fossem endereçadas a ímpios. Mas como já disse antes, ambas foram

endereçadas aos discípulos mais íntimos de Jesus (veja Mt. 24:3; Mc. 13:3). Portanto, se Pedro, Tiago,João e André precisavam ser advertidos da possibilidade de não estarem preparados para a volta deJesus, nós também precisamos. O aviso do Sermão das Oliveiras de Jesus também pode ser aplicado atodos os crentes, mesmo aqueles que não pensam assim por não perceberem a quem Jesus estavafalando.

Regra no3 Leia Honestamente. Não force sua teologia dentro do texto. Se você ler algumacoisa que contradiz o que acredita, não tente mudar a Bíblia; mude o que você acredita. 

Todos abordamos as Escrituras com algumas inclinações. Por esse motivo, muitas vezes é difícillermos a Bíblia honestamente. Nós acabamos forçando nossas crenças nas Escrituras, ao invés dedeixá-la moldar nossa teologia. Ás vezes até procuramos passagens que sustentem nossas doutrinas,

ignorando aquelas que contradizem nossas crenças. Isso é conhecido como “texto-prova.” Aqui está um exemplo que encontrei recentemente de teologia forçada em um texto. Umprofessor em particular leu primeiro Mateus 11:28-29, uma frase bem conhecida de Jesus:

Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.Tomem sobre vocês o meu julgo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocêsencontrarão descanso para as suas almas (Mt. 11:28-29).

O professor explicou que Jesus estava oferecendo dois tipos de descanso. O primeiro(supostamente) é o resto da salvação no 11:28, e o segundo é o descanso do discipulado no 11:29. Oprimeiro é recebido vindo a Jesus; o segundo é recebido se submetendo a Ele como Senhor, outomando Seu jugo.

Mas era essa a intenção de Jesus? Não isso é forçar um significado no texto que não foideclarado ou indicado. Jesus não disse que estava oferecendo dois descansos. Ele estava oferecendoum descanso para aqueles que estão cansados e sobrecarregados, e o único modo de receber esseúnico descanso é tomando o jugo de Jesus, que é submetendo-se a Ele. Esse é a intenção óbvia deJesus.

Porque aquele professor propôs tal interpretação? Porque o significado óbvio da passagem nãoencaixa em sua crença de que existem dois tipos de crentes merecedores do céu — os crentes e osdiscípulos. Portanto, ele não interpretou essa passagem honestamente.

É claro, como vimos várias passagens nesse livro enquanto considerávamos essa teologia emparticular, a interpretação daquele professor não encaixa no contexto das outras coisas que Jesusensinou. Em lugar algum o Novo Testamento ensina que existam dois tipos de cristãos merecidos do

céu, os crentes e os discípulos. Todos verdadeiros crentes são discípulos. Aqueles que não sãodiscípulos não são cristãos. Discipulado é o fruto da fé genuína.

Vamos fazer o possível para ler a Bíblia honestamente, com corações puros. Se fizermos isso, oresultado será mais devoção e obediência a Cristo.

[1] Obviamente, Paulo não acreditava em segurança eterna incondicional, caso contrário elenão teria dita a Timóteo, uma pessoa salva, que precisava fazer algo para que assegurasse suasalvação.

[2] Moisés também viu as costas de Deus enquanto Ele passava. Deus posicionou Sua mão deforma que Moisés não pode ver Sua face; veja Êxodo 33:18-23.

[3] Também deve ser notado que Jesus disse mais cedo em Seu sermão que a menos que asantidade de Sua audiência ultrapassasse a dos escribas e fariseus, eles não entrariam no céu (veja Mt.

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5:20). Então Jesus continuou mostrando várias coisas específicas que os escribas e fariseus estavamfazendo de forma errada.

Capítulo Oito

O Sermão do Monte

Por causa de seu desejo de fazer discípulos, ensinando-os a obedecer a todos os mandamentosde Cristo, o ministro fazedor discípulos estará muito interessado no Sermão do Monte de Jesus. Não hásermão de Jesus registrado que seja mais longo, e está cheio de Seus mandamentos. O discipulador vaiquerer não somente obedecer ao que foi mandado naquele sermão, como também ensinar tudo a seusdiscípulos.

Sendo assim, compartilharei o que entendo do sermão que está registrado em Mateus do

capítulo 5 ao 7. Também encorajo ministros a ensinarem o Sermão do Monte, versículo por versículo, aseus discípulos. Espero que tudo o que escrevi seja útil a esse propósito.

Abaixo está um esboço do Sermão do Monte, para nos dar uma visão geral e enfatizar os temasprincipais.

I.) Jesus reúne Sua audiência (5:1-2)II.) Introdução (5:3-20)A) As características e bênçãos dos abençoados (5:3-12)B.) Advertência para continuarem a ser sal e luz (5:13-16)C.) A relação da Lei com os seguidores de Cristo (5:17-20)III.) O Sermão: Sejam mais santos que os escribas e fariseus (5:21-7:12)

A.) Amem uns aos outros, diferentemente dos escribas e fariseus (5:21-26)B.) Sejam sexualmente puros, ao contrário dos escribas e fariseus (5:27-32)C.) Sejam honestos, diferentemente dos escribas e fariseus (5:33-37)D.) Não se vinguem, como os escribas e fariseus (5:38-42)E.) Não odeiem seus inimigos, como os escribas e fariseus (5:43-48)F.) Façam o bem pelos motivos certos, ao contrário dos escribas e fariseus (6:1-18)1.) Deem ao pobre pelos motivos certos (6:2-4)2.) Orem pelos motivos certos (6:5-6)3.) Uma digressão a respeito da oração e perdão (6:7-15)a.) Instruções a respeito da oração (6:7-13)

b.) A necessidade de perdoar uns aos outros (6:14-15)4.) Jejuem pelos motivos certos (6:16-18)G.) Não sirvam ao dinheiro como os escribas e fariseus (6:19-34)H.) Não procurem defeitos em seus irmãos (7:1-5)I.) Não gastem seu tempo dando a verdade aos que não apreciam (7:6)J.) Encorajamento à oração (7:7-11)IV.) Conclusão: Um resumo do SermãoA.) Uma frase de resumo (7:12)B.) Uma advertência para obedecer (7:13-14)C.) Como reconhecer falsos profetas e falsos cristãos (7:15-23)

D.) Um aviso final contra a desobediência e um resumo (7:24-27)Jesus Reúne Sua Audiência (Jesus Gathers His Audience)Vendo as multidões, Jesus subiu ao monte e se assentou. Seus discípulos aproximaram-se dele,

e ele começou a ensiná-los, dizendo (Mt. 5:1-2).

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Parece que Jesus reduziu propositalmente o tamanho de Sua audiência quando saiu do meio da“multidão” e subiu o monte. É nos dito que “Seus discípulos aproximaram-se dele,” como se estivesseindicando que somente aqueles que estavam famintos para ouvi-Lo estavam dispostos a suar parasubir o monte onde Ele finalmente descansou. Aparentemente, eles eram muitos, pois são chamadosde “multidões” em 7:28. 

Então Jesus começou Seu sermão, falando aos Seus discípulos, e desde o início temos uma dicade qual seria Seu tema predominante. Ele lhes diz que são bem-aventurados se possuírem certas

características, pois as mesmas pertencem aos merecedores do céu. Esse será o tema geral dessesermão — Somente os santos herdarão o reino de Deus. As bem-aventuranças, como são chamadas,encontradas em 5:3-12, abundam nesse tema.

Jesus enumera várias características diferentes dos bem-aventurados, e prometeu váriasbênçãos específicas a elas. Leitores casuais muitas vezes assumem que cada cristão deve ter uma, esomente uma bem-aventurança. Contudo, leitores cuidadosos percebem que Jesus não estava listandotipos diferentes de crentes que receberão bênçãos variadas, mas todos os verdadeiros cristãos quereceberão uma bênção futura universal: a herança do reino dos céus. Não há outro modo inteligível deinterpretarmos Suas palavras:

Bem-aventurados os pobres de espírito, pois deles é o reino dos céus.

Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados (Mt. 5:3-4).Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra (Mt. 5:5; JFA).Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados.Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia.Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus.Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o reino dos céus.Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e

levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a suarecompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês (Mt.

5:6-12).

As Bem-aventuranças e os Traços de Caráter

Primeiro, vamos considerar todas as bênçãos prometidas. Jesus disse que os bem-aventuradosdevem (1) herdar o reino dos céus, (2) receber conforto, (3) herdar a terra, (4) ser saciados, (5) recebermisericórdia, (6) ver a Deus, (7) ser chamados filhos de Deus e (8) herdar o reino dos céus (umarepetição do no 1).

Jesus quer que pensemos que somente os pobres de espírito e aqueles que foram perseguidospor causa da justiça herdarão o reino de Deus? Somente os puros de coração verão a Deus e somente

os pacificadores serão chamados filhos de Deus, porém nenhum deles herdará o reino de Deus? Ospacificadores não receberão misericórdia e os misericordiosos não serão chamados filhos de Deus?Obviamente todas essas conclusões estariam erradas. Portanto, só é seguro concluir que as váriasbênçãos prometidas são pedaços de uma grande bênção — a herança do Reino de Deus.

Agora vamos considerar as diferentes qualidades que Jesus descreveu: (1) os pobres de espírito,(2) os que choram, (3) os humildes, (4) os que têm fome e sede de justiça, (5) os misericordiosos, (6) ospuros de coração, (7) os pacificadores e (8) os perseguidos.

Jesus quer que pensemos que alguém pode ser puro de coração e não misericordioso? Alguémpode ser  perseguido por causa da justiça, mas não ter fome e sede de justiça? Mais uma vez,obviamente não. Os vários traços de caráter dos bem-aventurados são os traços multiplicados, até

certo ponto, por todos os bem-aventurados.Claramente, as bem-aventuranças descrevem os traços de caráter dos verdadeiros seguidores

de Jesus. Numerando essas características a Seus discípulos, Jesus lhes assegurou que esses seriam os

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bem-aventurados que eram salvos e que entrariam no céu um dia. Atualmente, eles podem não sesentir tão abençoados por causa de seus sofrimentos, e o mundo a sua volta pode não considerá-losabençoados, mas aos olhos de Deus, eles são.

As pessoas que não se encaixam na descrição de Jesus não são bem-aventuradas e nãoherdarão o reino dos céus. Cada discipulador deve sentir a obrigação de se assegurar que as pessoas deseu rebanho saibam disso.

As Características dos Bem-aventurados

As oito características dos bem-aventurados estão sujeitas até certo ponto à interpretação. Porexemplo, qual é a virtude em ser “pobre de espírito”? Eu tendo a pensar que Jesus estava descrevendoa primeira característica necessária que uma pessoa deve ter para ser salva — ela deve perceber suaprópria pobreza de espírito. Uma pessoa precisa primeiramente enxergar a necessidade de umSalvador antes de poder ser salva, e havia esse tipo de pessoa na audiência de Jesus que tinha acabadode perceber sua própria miséria. Como eles eram bem-aventurados comparados aos orgulhosos deIsrael que eram tão cegos por não enxergarem seus pecados!

Essa primeira característica elimina toda independência e qualquer pensamento de salvaçãopor mérito. Um verdadeiro bem-aventurado é aquele que percebe que nada tem para oferecer a Deuse que sua própria retidão é como “trapo imundo” (Is. 64:6). 

Jesus não queria que as pessoas pensassem que poderiam ter as características dos bem-aventurados por esforço próprio. Não, as pessoas são bem-aventuradas, isto é, bem-aventuradas porDeus se tiverem as características dos bem-aventurados. Tudo vem da graça de Deus. Os bem-aventurados de quem Jesus falava eram abençoados, não só por causa do que os aguardava no céu,mas por causa do trabalho que Jesus tinha feito em suas vidas na terra. Quando vejo as característicasdos bem-aventurados em minha vida, elas não devem me lembrar do que eu fiz, mas do que Deus fezem mim por Sua graça.

Os que Choram

Se a primeira característica foi listada no início porque é a primeira necessidade demerecedores do céu, talvez a segunda também foi listada de forma significativa: “Bem -aventurados osque choram” (Mt. 5:4). Será que Jesus estava descrevendo arrependimento sincero e remorso? Euacho que sim, especialmente porque as Escrituras são claras quando dizem que tristeza que vem deDeus resulta em um arrependimento que é necessário para a salvação (veja 2 Co. 7:10). O triste coletorde impostos sobre quem Jesus falou certa vez é um exemplo desse tipo de pessoa bem-aventurada. Elebaixou sua cabeça humildemente no templo, batendo no peito e clamando a Deus por misericórdia; o

oposto do fariseu ao seu lado que enquanto orava, lembrava a Deus orgulhosamente que tinhadizimado e jejuado duas vezes por semana; o coletor de impostos deixou aquele lugar perdoado deseus pecados. Naquela história, o coletor de impostos foi abençoado; o fariseu não (veja Lc. 18:9-14).Acredito que havia aqueles na audiência de Jesus que, pela convicção do Espírito Santo, estavamchorando. O conforto do Espírito Santo logo seria deles!

Se Jesus não estava falando da lamentação inicial das pessoas arrependidas que estão vindo aJesus, então talvez Ele estava descrevendo a tristeza que todos os verdadeiros crentes sentemenquanto continuam a encarar um mundo que está em rebelião contra o Deus que os ama. Pauloexpressou isso como “grande tristeza e constante angústia em meu coração” (Rm. 9:2). 

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O Humilde

A terceira característica, mansidão, também está listada nas Escrituras como um dos frutos doEspírito (veja Gl. 5:22-23). Mansidão não é um atributo gerado por si só. Aqueles que receberam agraça de Deus e morada do Espírito também são abençoados para se tornarem mansos. Um dia elesherdarão a terra, já que somente os justos irão morar na terra que Deus vai criar. Cristãos professos

que são rudes e violentos devem tomar cuidado. Eles não estão entre os bem-aventurados.

Os Famintos por Justiça

A quarta característica, fome e sede de justiça, descreve o desejo interior dado por Deus, quetodos os que renasceram possuem. Deus sofre por toda a injustiça praticada no mundo e contra aqueleque permanece nEle. Ele odeia o pecado (veja Sl. 97:10; 119:128, 163) e ama a justiça.

Muitas vezes, quando lemos a palavra justiça nas Escrituras, imediatamente a traduzimos para:“a posição legal de justiça imputada a nós por Cristo,” mas não é sempre isso que a palavra significa.

Várias vezes ela significa: “a qualidade de viver corretamente pelo padrão de Deus.” É óbvio que esseera o significado que Jesus tinha em mente nessa passagem, porque não há razão para um cristão terfome do que já tem. Aqueles que nasceram do Espírito buscam viver   corretamente, e eles têm agarantia de que “serão satisfeitos” (Mt. 5:6), certos de que Deus, por Sua graça, completará o trabalhoque começou neles (veja Fp. 1:6).

As palavras de Jesus aqui também preveem o tempo da nova terra, uma terra “onde habita a justiça” (2 Pd. 3:13). Então não haverá pecado. Todos amarão a Deus de todo o coração e o próximocomo a si mesmo. Então, nós que não estaremos mais com fome e sede de justiça seremos satisfeitos.Finalmente, nossa oração do fundo do coração será respondida: “seja feita a tua vontade, assim naterra como no céu” (Mt. 6:10). 

Os Misericordiosos

A quinta característica, misericórdia, também é outra que todos os renascidos possuem pornatureza como resultado de ter o misericordioso Deus morando neles. Aqueles que não possuemmisericórdia não são bem-aventurados de Deus e revelam que não participam de Sua graça. O apóstoloTiago concorda: “será exercido juízo sem misericórdia sobre quem não foi misericordioso” (Tg. 2:13).Se alguém ficar diante de Deus e receber um julgamento sem misericórdia, você acha que ele vai parao céu ou para o inferno? [1] A resposta é óbvia.

Uma vez, Jesus contou uma história de um servo que tinha recebido grande misericórdia de seu

mestre, mas que não estava disposto a estender essa graça a seu servo. Quando seu mestre descobriuo que tinha acontecido, “entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia” (Mt. 18:34).Toda sua dívida que havia sido perdoada foi restabelecida. Então, Jesus advertiu Seus discípulos:“Assim também lhes fará meu Pai celestial, se cada um de vocês não perdoar de coração a seu irmão”(Mt. 18:35). Portanto, recusar a perdoar um irmão ou irmã em Cristo que pede por perdão resulta narestituição de pecados que já haviam sido perdoados. Isso resulta em nós sermos entregues aostorturadores até pagarmos o que nunca poderemos pagar. Isso com certeza não parece com o céu paramim. Novamente, as pessoas que não são misericordiosas não receberão misericórdia de Deus. Elasnão estão entre os bem-aventurados.

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Os Puros de Coração

A sexta característica dos merecedores do céu é pureza do coração. Ao contrário de tantoscristãos professos, verdadeiros cristãos não são santos somente do lado de fora. Pela graça de Deus,seus corações se tornaram puros. Eles realmente amam a Deus de coração e isso afeta suasmeditações e motivos. Jesus prometeu que eles verão a Deus.

Deixe-me perguntar novamente, devemos acreditar que existam verdadeiros cristãosque não  são puros de coração e que portanto não  verão a Deus? Será que Deus irá falar para eles:“Vocês podem entrar no céu, mas nunca poderão me ver”? Não, obviamente, todos verdadeirosmerecedores do céu têm um coração puro.

Os Pacificadores

Os pacificadores são os próximos da lista. Eles serão chamados filhos de Deus. Novamente,Jesus devia estar descrevendo todos os verdadeiros seguidores de Cristo, pois todos os crentes emCristo são filhos de Deus (veja Gl. 3:26).

Aqueles que nascem do Espírito são pacificadores pelo menos de três maneiras:Primeira, eles fizeram paz com Deus, que anteriormente era seu inimigo (veja Rm. 5:10).Segunda, eles vivem em paz, o máximo possível, com outras pessoas. Não são caracterizados

por dissensões e rixas. Paulo escreveu que aqueles que praticam discórdia, ciúmes, ira, dissensões efacções não herdarão o reino de Deus (veja Gl 5:19-21). Verdadeiros cristãos andarão a milha extrapara evitar uma briga e manter a paz em seus relacionamentos. Eles não afirmam estar em paz comDeus enquanto não amarem seus irmãos (veja Mt. 5:23-24. 1 Jo. 4:20).

Terceira, eles compartilham o evangelho. Os verdadeiros seguidores de Cristo também ajudamoutros a fazerem paz com Deus e seus companheiros. Talvez, lembrando-se desse versículo do Sermãodo Monte, Tiago tenha escrito: “O fruto da justiça semeia-se em paz para os pacificadores” (Tg. 3:18).

Os Perseguidos

Finalmente, Jesus chamou bem-aventurados  aqueles que são perseguidos por causa da justiça.Obviamente, Ele estava falando de pessoas que vivem corretamente, não dos que acham que a justiçade Deus foi imposta a eles. As pessoas que obedecem os mandamentos de Cristo são as que sãoperseguidas pelos incrédulos. Elas herdarão o Reino de Deus.

A que tipo de perseguição Jesus estava Se referindo? Tortura? Martírio? Não. Ele listouespecificamente, ser insultado e receber calúnias por causa dEle. Isso indica novamente que quandoalguém é verdadeiramente cristão, o fato se torna óbvio aos ímpios, caso contrário, não o insultariam.

Quantas pessoas que se dizem cristãs são tão indistinguíveis dos ímpios que nenhum perdido asinsulta? Na verdade elas não são cristãs. Como Jesus disse: “Ai de vocês quando todos falarem bem devocês, pois assim os antepassados deles trataram os falsos profetas” (Lc. 6:26). Quando todos falarembem de você é um sinal que você é um falso profeta. O mundo odeia verdadeiros cristãos (veja Jo.15:18-21; Gl. 4:29; 2 Tm. 3:12; 1 Jo. 3:13-14).

Sal e Luz

Uma vez que Jesus havia assegurado a Seus obedientes discípulos que eles realmente estavam

entre os transformados e bem-aventurados que estavam destinados a herdar o reino dos céus, Elelevantou uma palavra de precaução; diferente de muitos pregadores modernos que continuam aafirmar a bodes espirituais que nunca perderão a salvação que supostamente têm. Jesus amava Seus

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verdadeiros discípulos o suficiente para os advertir de que poderiam se retirar da categoria dos bem-aventurados.

Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá paranada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se podeesconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a colocadebaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os queestão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e

glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus (Mt. 5:13-16).Note que Jesus não exortou Seus discípulos a se tornarem sal ou se tornarem  luz. Ele disse

(metaforicamente) que eles já eram sal, e os exortou a continuarem salgados. Ele disse(metaforicamente) que já eram luz, e os exortou a não deixarem sua luz ficar escondida, mas acontinuarem brilhando. Que contraste aos muitos sermões dados por crentes professos sobre anecessidade de se tornarem sal e luz. Se as pessoas não são sal e luz, não são discípulas de Cristo. Elasnão estão entre os bem-aventurados. Elas não irão para o céu.

Nos tempos de Jesus, o sal era usado principalmente como um conservador de carnes. Comoobedientes seguidores de Cristo, devemos conservar este mundo pecaminoso de se tornarcompletamente podre e corrupto. Mas se nosso comportamento se tornar como o do mundo, nós

realmente não serviremos “para nada” (v. 13). Jesus advertiu os bem -aventurados a continuaremsalgados, conservando suas características únicas. Eles devem continuar distintos do mundo ao seuredor, para não se tornarem “não-salgados,” merecendo ser “jogado fora e pisado pelos homens.” Esseé um dos muitos avisos claros do Novo Testamento direcionados aos verdadeiros crentes contra arecaída. Se o sal realmente for sal, ele é salgado. Da mesma forma, seguidores de Jesus agem comoseguidores de Jesus; caso contrário, não são, mesmo que um dia tenham sido.

Os verdadeiros seguidores de Jesus também são a luz do mundo. A luz sempre brilha. Se nãobrilhar, não é luz. Nessa analogia, a luz representa nossas boas obras (veja Mt. 5:16). Jesus não estavaexortando aqueles que não tinham obras para realizarem algumas, mas exortando aqueles que têmobras para não esconderem sua bondade dos outros. Aqui, vemos um lindo equilíbrio do trabalho

gracioso de Deus e nossa cooperação com Ele; ambos são necessários para sermos santos.

A Relação da Lei com os Seguidores de Cristo

Agora começamos um novo parágrafo (na NVI). É uma seção essencial de grande importância,uma introdução ao muito que Cristo dirá no restante de Seu sermão.

Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. Digo-lhes averdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou omenor traço, até que tudo se cumpra. Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda

que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus;mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus.Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, demodo nenhum entrarão no Reino dos céus (Mt. 5:17-20).

Se Jesus advertiu Sua audiência a não pensar que estava abolindo a Lei ou os profetas, podemosconcluir seguramente que pelo menos alguns de Sua audiência estavam assumindo isso. Só podemosimaginar a razão de tal suposição. Talvez tenha sido por causa da severa censura de Jesus aos escribase fariseus legalistas que tentavam alguns a pensar que Ele estava abolindo a Lei e os Profetas.

Sem levar isso em consideração, ficou claro que Jesus queria que seus discípulos percebessem oerro de tal suposição. Ele foi o inspirador divino do Velho Testamento inteiro, então com certeza não

aboliria tudo o que havia dito através de Moisés e dos Profetas. Pelo contrário, Ele iria, comodisse, cumprir  as Leis e os Profetas.

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Como exatamente Ele cumpriria a Lei e os Profetas? Alguns acham que Jesus estava falandosomente sobre as profecias messiânicas. Mesmo que Jesus tenha cumprido (ou ainda irá cumprir)todas as profecias messiânicas, não era só isso que Ele tinha em mente. O contexto indica claramenteque Ele também estava falando a cerca de tudo o que estava escrito na Lei e nos Profetas, até “amenor letra ou o menor traço” (v. 18) da Lei, e até os “menores” (v. 19) dos mandamentos.

Outros acham que Jesus quis dizer que iria cumprir a Lei cumprindo suas exigências em nossofavor usando Sua vida de obediência e morte de sacrifício (veja Rm. 8:4). Mas isso, como o contexto

também revela, não é o que Ele tinha em mente. Nos versículos que se seguem, Jesus não mencionouSua vida ou morte como ponto de referência para o cumprimento da Lei. Ao invés disso, na próximafrase Ele disse que a Lei seria relevante pelo menos “enquanto existirem céus e terra” e até “que tudo  se cumpra,” as referências apontam para muito depois de Sua morte na cruz (v. 19), e que o povodeveria obedecer a Lei ainda melhor que o escribas ou fariseus, caso contrário não entrariam no céu (v.20).

Obviamente, além de somente cumprir as professas messiânicas, tipos e sombras da Lei, assimcomo cumprir as exigências da Lei em nosso favor, Jesus também estava pensando em Sua audiênciaque devia guardar   os mandamentos da Lei e fazer   o que os Profetas disseram. Por um lado, Jesuscumpriria a Lei revelando a intenção original e verdadeira de Deus nela; confirmando-a, explicando-a e

completando o que faltava ao entendimento de Sua audiência. [2] A palavra gregatraduzida cumprir  no versículo 17 também é traduzida no Novo Testamento como completar, terminar,saciar , e levar adiante completamente. Era exatamente isso que Jesus estava pronto a fazer,começando apenas quatro frases depois.

Não, Jesus não veio abolir e sim cumprir a Lei e os Profetas, isso é “completá-los inteiramente.”Quando ensino essa porção do Sermão do Monte, normalmente mostro a todos um copo de água pelametade como exemplo da revelação que Deus deu na Lei e nos Profetas. Jesus não veio abolir a Lei e osProfetas (enquanto digo isso, finjo que vou jogar o meio copo de água fora); pelo contrário, eleveio completar   a Lei e os Profetas (nesse ponto eu pego uma garrafa de água e encho o copo até aborda). Isso ajuda as pessoas a entenderem o que Jesus quis dizer.

A Importância de Manter a Lei

Quanto à obediência aos mandamentos encontrados na Lei e nos Profetas, Jesus não poderiater mostrado Seu propósito de forma mais rigorosa. Ele esperava que Seus discípulos lhesobedecessem. Eles eram tão importantes como sempre. Aliás, a forma como eles respeitassem osmandamentos determinaria seu status no céu: “Todo aquele que desobedecer a um dessesmandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será chamado menor noReino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar esses mandamentos, será chamado grande noReino dos céus” (5:19). 

Então chegamos ao versículo 20: “Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muitosuperior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus.” 

Note que essa não é uma ideia nova, mas uma frase conclusiva que está conectada aosversículos anteriores pela conjunção pois. Qual é a importância de guardarmos osmandamentos? Devemos cumpri-los, melhor ainda que os escribas e fariseus para entrarmos no reinodos céus. Vemos novamente que Jesus estava mantendo Seu tema — Somente os santos herdarão oReino de Deus.

A fim de não contradizer a Cristo, o discipulador nunca garantirá a salvação de alguém que nãoseja mais santo que os escribas e fariseus.

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Que Tipo de Santidade Jesus estava Falando?

Quando Jesus disse que nossa santidade deve ser maior que a dos escribas e fariseus, será quenão estava se referindo à posição legal de santidade que seria imposta a nós como um dom grátis?Não, Ele não estava; e por um bom motivo. Primeiro, o contexto não se encaixa nessa interpretação.Antes e depois dessa instrução (e durante todo o Sermão do Monte), Jesus estava falando sobre

manter os mandamentos, isto é, viver corretamente. A interpretação mais natural de Suas palavras éque precisamos viver  mais corretamente que os escribas e fariseus. E que absurdo seria pensar queJesus estava colocando os fariseus em um nível que Seus próprios discípulos não estavam. Que besteirapensar que Jesus condenaria os escribas e fariseus por cometer pecados que não condenariamtambém Seus discípulos simplesmente porque eles haviam feito a “oração da salvação.” [3] 

Nosso problema é que não queremos aceitar o significado óbvio do versículo, porque parecelegalismo. Mas nosso verdadeiro problema é que não entendemos a correlação inseparável entresantidade imposta e santidade prática. Mas o apóstolo João entendia. Ele escreveu: “Filhinhos, nãodeixem que ninguém os engane. Aquele que pratica a justiça é justo” (1 Jo. 3:7). Também nãoentendemos a correlação entre o renascimento e a santidade prática como João também entendia: “Se

vocês sabem que ele é justo, saibam também que todo aquele que prat ica a justiça é nascido dele” (1Jo. 2:29).Jesus poderia ter adicionado a Sua frase de 5:20: “E se vocês se arrependerem, renascerem

verdadeiramente e receberem Meu dom gratuito de santidade através da fé viva, a santidade práticade vocês com certeza excederá a dos escribas e fariseus enquanto cooperam com Meu Espírito quehabita nos corações de vocês.” 

Como ser mais Santo que os Escribas e Fariseus

A pergunta que naturalmente viria à mente em resposta à frase de Jesus em 5:20 é essa:

Quanto exatamente os escribas e fariseus eram santos? A resposta é: Não muito. Em outro momento, Jesus se referiu a eles como “sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por

dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície” (Mt. 23:27). Isto é, pareciam santos por fora,mas eram corruptos por dentro. Eles faziam um bom trabalho mantendo as palavras da Lei, masignoravam o espírito dela, torcendo ou até alterando por várias vezes os mandamentos de Deus parase justificarem.

Essa falha essencial dos escribas e fariseus era, de fato, o foco principal de Jesus na maioria dorestante do Sermão do Monte. Percebemos que Ele citou vários mandamentos conhecidos, e apóscada citação revelava a diferença entre manter apenas as palavras e o espírito de cada lei. Fazendoisso, Ele expôs repetidamente os falsos ensinos e a hipocrisia dos escribas e fariseus, e revelou Suas

verdadeiras expectativas para Seus discípulos.Jesus começou cada exemplo com as palavras: “Vocês ouviram o que foi dito.” Ele estava

provavelmente falando a pessoas que nunca haviam lido, somente ouvido os rolos do VelhoTestamento sendo lidos pelos escribas e fariseus nas sinagogas. Pode ser dito que Sua audiência haviarecebido falsos ensinamentos a vida inteira, já que ouviam os comentários torcidos dos escribas efariseus a respeito da Palavra de Deus e observavam seus estilos de vida não sagrados.

Amem uns aos Outros, Diferentemente dos Escribas e Fariseus

Usando o sexto mandamento como Seu primeiro ponto de referência, Jesus começou a ensinar

aos Seus discípulos as expectativas de Deus para eles, ao mesmo tempo em que revelava a hipocrisiados escribas e fariseus.

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Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: “Não matarás,” e “quem matar estarásujeito a julgamento.” Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a

 julgamento. Também, qualquer que disser a seu irmão: “Racá,” será levado ao tribunal. E qualquer quedisser: “Louco!” corre o risco de ir para o fogo do inferno (Mt. 5:21-22).

Primeiro, note que Jesus estava advertindo sobre algo que poderia resultar em alguém ir para oinferno. Esse era seu tema principal — Somente os santos herdarão o Reino de Deus. 

Os escribas e fariseus pregavam contra assassinato, citando o sexto mandamento;

aparentemente avisando que assassinato poderia levar alguém ao tribunal.Contudo, Jesus queria que Seus discípulos soubessem o que os escribas e fariseus pareciam não

saber — havia infrações “menores” que poderiam levar pessoas ao tribunal, aparentemente o tribunalde Deus. Amar uns aos outros (o segundo maior mandamento) é tão importante que, quando ficamoscom raiva de um irmão devemos nos considerar culpados no tribunal de Deus. Se verbalizarmos nossaraiva falando de forma cruel com ele, nossa infração será ainda mais séria, e devemos nos considerarculpados no tribunal supremo de Deus. E se formos além disso, emitindo ódio por um irmão comcalúnia, somos culpados o suficiente diante de Deus para sermos lançados no inferno! Isso é sério! [4] 

Nosso relacionamento com Deus é medido por nosso relacionamento com nossos irmãos. Seodiamos um irmão, isso revela que não temos a vida eterna. João escreveu:

Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem a vida eterna emsi mesmo (1 Jo. 3:15).

Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seuirmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê (1 Jo. 4:20).

Realmente, é muito importante que amemos uns aos outros e, como Jesus mandou,trabalhemos pela reconciliação quando formos ofendidos pelos outros (veja Mt. 18:15-17).

Jesus continuou:Portanto, se vocês estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu

irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seuirmão; depois volte e apresente sua oferta (Mt. 5:23-24).

Isso mostra que se nosso relacionamento com nosso irmão não estiver certo, então nossorelacionamento com Deus não está certo. Os fariseus eram culpados de aumentar o que era de menorimportância e minimizar o que era de maior importância. “Vocês coam um mosquito e engolem umcamelo,” como Jesus disse (Mt. 23:23-24). Eles enfatizavam a importância do dízimo e das ofertas, masnegligenciavam o que era muito mais importante, o segundo maior mandamento: amar uns aos outros.Que hipocrisia, levar uma oferta para mostrar supostamente o amor da pessoa por Deus, enquantoviola Seu segundo mandamento mais importante! Era sobre isso que Jesus estava advertindo.

Ainda no assunto da rigidez da corte de Deus, Jesus continuou:Entre em acordo depressa com seu adversário que pretende levá-lo ao tribunal. Faça isso

enquanto ainda estiver com ele a caminho, pois, caso contrário, ele poderá entregá-lo ao juiz, e o juiz

ao guarda, e você poderá ser jogado na prisão. Eu lhe garanto que você não sairá de lá enquanto nãopagar o último centavo (Mt. 5:25-26).

É melhor ficar longe do tribunal de Deus de uma vez por todas vivendo em paz com nossosirmãos o quanto for possível. Se um irmão ou irmã estiver com raiva de nós e nos recusarmos a tentara reconciliação “a caminho” do tribunal, ou seja, em nossa jornada pela vida para ficarmos diante deDeus, com certeza poderemos nos arrepender. O que Jesus disse aqui é muito parecido com Suaadvertência contra qualquer imitação do servo inflexível em Mateus 18:23-25. O servo que foiperdoado, mas se recusou a perdoar teve sua dívida reintegrada, e foi entregue aos torturadores “atéque pagasse tudo o que devia” (Mt. 18:34). Aqui, Jesus também está avisando sobre as horríveisconsequências eternas de não amarmos nosso irmão como Deus espera.

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Sejam Sexualmente Puros, não como os Escribas e Fariseus 

O sétimo mandamento foi o assunto do segundo exemplo de Jesus de como os escribas efariseus obedeciam as palavras enquanto negligenciavam o espírito da Lei. Jesus esperava que Seusdiscípulos fossem mais puros sexualmente que os escribas e fariseus.

Vocês ouviram o que foi dito: “Não adulterarás.” Mas eu lhes digo: Qualquer que olhar para

uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. Se o seu olho direito o fizerpecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançadono inferno. E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte doseu corpo do que ir todo ele para o inferno (Mt. 5:27-30).

Note novamente que Jesus estava mantendo Seu tema principal — Somente os santos herdarãoo Reino de Deus. Ele avisou sobre o inferno e o que devemos fazer para ficarmos fora dele.

Os escribas e fariseus não podiam ignorar o sétimo mandamento; então, eles obedeciam-no porfora, permanecendo fiéis as suas esposas. Mesmo assim, eles fantasiavam fazer amor com outrasmulheres. Eles despiam mentalmente as mulheres que viam no mercado. Eram adúlteros de coração e,portanto, estavam transgredindo o espírito do sétimo mandamento. Quantos na igreja não são

diferentes?É claro que Deus queria que todos fossem completamente puros sexualmente. Obviamente, seé errado ter um relacionamento sexual com a mulher do seu próximo, também é errado ficar pensandoem um relacionamento sexual com ela. Jesus não estava adicionando uma lei mais restrita ao que jáera requerido pela Lei de Moisés. O décimo mandamento continha uma clara proibição contra acobiça: “Não cobiçarás a mulher do teu próximo” (Ex. 20:17). 

Será que havia alguns culpados na audiência de Jesus? Provavelmente sim. O que eles deveriamfazer? Deveriam se arrepender imediatamente, como Jesus instruiu. Não importa o quanto custe,aqueles que cobiçavam deveriam parar, pois aqueles que cobiçam vão para o inferno.

É claro que nenhuma pessoa lógica acha que Jesus quis dizer que as pessoas que cobiçamdevem literalmente arrancar um olho ou cortar uma mão. Alguém que cobiça e arranca um olho setorna simplesmente um cobiçador de um olho! Jesus estava enfatizando dramática e solenemente aimportância de obedecer ao espírito do sétimo mandamento. Sujeite-se a isso eternamente.

Seguindo o exemplo de Cristo, o discipulador irá alertar seus discípulos a “cortar” qualquercoisa que os esteja fazendo tropeçar. Se for uma TV a cabo, o cabo precisa ser desconectado. Se foruma TV comum, ela precisa ser removida. Se for a assinatura de uma revista, ela deve ser cancelada. Sefor a internet, ela deve ser desconectada. Se for uma janela aberta, as cortinas devem ser fechadas.Não vale a pena passar a eternidade no inferno por causa de nenhuma dessas coisas, e porque odiscipulador realmente ama o rebanho dEle, ele lhes dirá a verdade e lhes avisará, assim como Jesus ofez.

Outro Modo de Cometer Adultério

O próximo exemplo de Jesus tem muito a ver com o que acabamos de analisar, e éprovavelmente por isso que é mencionado em seguida. Deve ser considerado uma continuação aoinvés de um novo assunto. O assunto é: “Outra coisa que os fariseus fazem que é equivalente aoadultério.” 

Foi dito: “Aquele que se divorciar de sua mulher deverá dar-lhe certidão de divórcio.” Mas se eulhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, faz que ela setorne adúltera, e quem se casar com a mulher divorciada estará cometendo adultério (Mt. 5:31-32).

Aqui está um exemplo de como os escribas e fariseus torciam a lei de Deus para acomodarem-na a seus estilos de vida pecaminosos.Vamos criar um fariseu imaginário nos dias de Jesus. Atravessando a rua de sua casa, mora uma

mulher atraente que ele tem cobiçado. Ele a paquera todos os dias que a vê. Ela parece atraída por ele,

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e seu desejo por ela cresce. Ele adoraria vê-la despida, e a imagina regularmente em suas fantasiassexuais. Ah, se ele pudesse tê-la!

Mas ele tem um problema. É casado e sua religião proíbe o adultério. Ele não quer quebrar osétimo mandamento (mesmo já o tendo quebrado todas as vezes em que cobiçou). O que pode fazer?

Há uma solução! Se fosse divorciado de sua esposa atual, poderia se casar com a amante de suamente! Mas a lei permite o divórcio? Um amigo fariseu diz, Sim! Há um versículo para isso!Deuteronômio 24:1 fala sobre dar o certificado de divórcio a sua esposa quando se divorciar dela. O

divórcio deve estar dentro de certas circunstâncias para estar dentro da lei! Mas quais são essascircunstâncias? Ele lê cautelosamente o que Deus diz:

Se um homem casar-se com uma mulher e depois não a quiser mais por encontrar nela algo queele reprova, dará certidão de divórcio à mulher e a mandará embora (Dt. 24:1).

Aháh! Ele pode se divorciar de sua mulher se encontrar alguma indecência nela! E ele encontra!Ela não é tão atraente como a mulher do outro lado da rua! (Esse não é um exemplo forçado. Deacordo com o Rabbi Hillel, que nos tempos de Jesus tinha o ensino mais popular a respeito do divórcio,um homem poderia se divorciar de sua mulher dentro da lei se encontrasse alguém que fosse maisatraente, pois isso faria sua esposa atual parecer “indecente” aos seus olhos. Rabbi Hillel tambémensinou que um homem poderia se divorciar de sua esposa se ela pusesse muito sal em sua comida ou

falasse com outro homem ou não lhe desse um filho).Então, nosso fariseu cobiçoso e dentro da lei se divorcia de sua mulher dando-lhe o certificado

de divórcio rapidamente e casa-se com a mulher de suas fantasias. E tudo sem um pouco de culpa, poisa Lei de Deus foi obedecida!

Um Ponto de Vista Diferente

É claro que Deus vê as coisas de forma diferente. Ele nunca estipulou o que realmente era o“algo que ele reprova” mencionado em Deuteronômio 24:1, ou mesmo se isso era um motivo legítimopara o divórcio. Aliás, essa passagem não diz quando o divórcio está dentro da lei ou não. Ela sócontém uma proibição contra a mulher divorciada duas vezes ou divorciada uma vez e viúva recasarcom seu primeiro marido. Dizer que há algum tipo de “indecência” aos olhos de Deus que faç a odivórcio legítimo baseando-se nessa passagem é forçar o significado no texto.

De qualquer modo, para Deus, o homem imaginário que acabei de descrever não é diferente dequalquer adúltero. Ele quebrou o sétimo mandamento. Na verdade, ele é até mais culpado que oadúltero, pois é culpado de “adultério duplo.” Como isso pode acontecer? Primeiro, ele mesmocometeu adultério. Jesus disse mais adiante: “Eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de suamulher, exceto por imoralidade sexual, e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério” (Mt.19:9).

Segundo, porque sua esposa divorciada precisa procurar outro marido para sobreviver, aos

olhos de Deus o fariseu fez o equivalente a forçar sua esposa a ter sexo com outro homem. Portanto,ele contrai a culpa por seu “adultério”. [5] Jesus disse: “Mas eu lhes digo que todo aquele que sedivorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, faz que ela se torne adúltera” (Mt. 5:32, ênfaseadicionada).

Jesus poderia até estar acusando nosso fariseu cobiçoso de “adultério triplo” se Sua frase: “equem se casar com a mulher divorciada estará cometendo adultério” (Mt. 5:32), significar que Deusculpa o fariseu pelo “adultério” do novo marido de sua ex-esposa. [6] 

Esse era um tema popular nos dias de Jesus, como lemos em outro lugar onde os fariseus Oquestionaram: “É permitido ao homem se divorciar de sua mulher por qualquer motivo?” (Mt. 19:3).Sua pergunta revela seus corações. Obviamente, pelo menos alguns deles queriam acreditar que o

divórcio estava dentro da lei seja qual fosse o motivo.Também preciso dizer que vergonha é quando cristãos pegam essas mesmas passagens sobre o

divórcio, as interpretam mal e colocam correntes pesadas nos filhos de Deus. Jesus não estava falando

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sobre o cristão que se divorciou antes de ser salvo, e que quando encontra uma maravilhosa esposaem potencial que também ama a Cristo, se casa com ela. Isso não é equivalente a adultério. Se for issoque Jesus quis dizer, teremos que mudar o evangelho, pois ele não mais oferece perdão por todos ospecados dos pecadores. De agora em diante teremos que pregar: “Jesus morreu por você, e se você searrepender e acreditar nEle, terá todos seus pecados perdoados. Contudo, se você foi divorciado nuncase recase, pois estará vivendo em adultério, e a Bíblia diz que adúlteros irão para o inferno. Também,se você foi divorciado e recasou, antes de vir para Cristo precisa cometer mais um pecado e se

divorciar de sua esposa atual. Caso contrário continuará vivendo em adultério e adúlteros não sãosalvos.” [7] É esse o evangelho? [8] 

Sejam Honestos, Diferentemente dos Escribas e Fariseus

O terceiro exemplo de Jesus sobre má conduta e uso incorreto das Escrituras pelos escribas efariseus está relacionado ao mandamento de Deus sobre dizer a verdade. Aprendemos em Mateus23:16-22 que eles não se sentiam obrigados a manter seus votos se jurassem pelo templo, pelo altar oupelo céu. Contudo, se jurassem pelo ouro do templo, pela oferta no altar ou por Deus no céu,

eles eram obrigados a manter seus votos! Um adulto era equivalente a uma criança que pensa estarisenta de dizer a verdade desde que seus dedos estejam cruzados atrás de suas costas. Jesus esperaque Seus discípulos digam a verdade.

Vocês também ouviram o que foi dito aos seus antepassados: “Não jure falsamente, mascumpra os juramentos que você fez diante do Senhor”. Mas eu lhe digo: Não jurem de forma alguma:nem pelos céus, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o estrado de seus pés; nem porJerusalém, porque é a cidade do grande Rei. E não jure pela sua cabeça, pois você não pode tornarbranco ou preto nem um fio de cabelo. Seja o seu “sim”, “sim”, e o seu “não”, “não”; o que passardisso vem do Maligno (Mt. 5:33-37).

O mandamento original de Deus a respeito de juramentos nada dizia sobre fazer votos jurandopor outras coisas. Deus queria que Seu povo falasse a verdade o tempo todo, então nunca haverianecessidade de jurar.

Não há nada de errado em fazer um voto, pois isso nada mais é que uma promessa. Naverdade, votos para obedecer a Deus são muito bons. A salvação começa com o voto de seguir a Jesus.Mas quando as pessoas precisam jurar por algo para convencer outros a acreditarem nelas, isso mostraclaramente que elas normalmente mentem.  Pessoas que sempre dizem a verdade nunca precisam

 jurar. Ainda assim, muitas igrejas, hoje, estão cheias de mentirosos e os ministros são, muitas vezes, oslíderes em fraudes e trapaças.

O discipulador deixa um exemplo de honestidade e ensina seus discípulos a sempre dizerem averdade. Ele sabe que João nos advertiu dizendo que todos os mentirosos serão lançados no infernodentro do lago de fogo que arde com enxofre (Ap. 21:8).

Não se Vingue, como os Escribas e Fariseus

O próximo item na lista de desgosto de Jesus era a perversão farisaica de um versículo bemconhecido do Velho Testamento. Já consideramos essa passagem no capítulo sobre interpretaçãobíblica.

Vocês ouviram o que foi dito: “Olho por olho e dente por dente”. Mas eu lhes dig o: Nãoresistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra. E se alguém quiserprocessá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa. Se alguém o forçar a caminhar com ele

uma milha, vá com ele duas. Dê a quem lhe pede, e não volte as costas àquele que deseja pedir-lhealgo emprestado (Mt. 5:38-42).A Lei de Moisés declara que quando uma pessoa é julgada culpada no tribunal por prejudicar

outra pessoa, sua punição deve ser equivalente ao mal que causou. Se ele arrancasse o dente de

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alguém, em lealdade e justiça, seu dente deveria ser arrancado. Esse mandamento foi dado paragarantir que a justiça por ofensas maiores fosse feita no tribunal. Deus instituiu um sistema de cortes e

 juízes debaixo da Lei para dissuadir o crime, garantir a justiça, e frear a vingança. E mandou que os juízes fossem imparciais e justos em seus julgamentos. Eles deveriam exigir “olho por olho e dente pordente.” Mas essa frase e mandamento são sempre encontrados em passagens sobre a justiça emtribunais.

Contudo, mais uma vez, os escribas e fariseus torceram o mandamento, tornando-o um

mandamento que fazia a vingança pessoal uma obrigação santa. Aparentemente, eles adotaram umapolítica de “tolerância zero”, buscando vingança pelas menores ofensas.

Mas Deus sempre esperou mais de Seu povo. A vingança é algo que Ele proibiu estritamente(veja Dt. 32:35). O Velho Testamento ensinou que o povo de Deus deve mostrar bondade aos seusinimigos (veja Ex. 23:4-5; Pv. 25:21-22). Jesus confirmou essa verdade dizendo aos Seus discípulos paraoferecerem a outra face e andar mais uma milha quando se tratasse de pessoas más. Quando somosinjustiçados, Deus quer que sejamos misericordiosos, pagando o mal com o bem.

Mas Jesus espera que permitamos que pessoas tirem muita vantagem de nós, deixando-osarruinar nossas vidas se desejarem? É errado levar um ímpio a um tribunal buscando justiça por um atoilegal cometido contra nós? Não. Jesus não estava falando sobre obter justiça por ofensas maiores em

cortes, mas sobre vingança pessoal por pequenas infrações. Note que Jesus não disse que devemosoferecer nosso pescoço para ser estrangulado a alguém que acabou de nos esfaquear pelas costas. Elenão disse que devemos dar a alguém nossa casa quando pedem nosso carro. Jesus estavasimplesmente dizendo para mostrarmos misericórdia e tolerância em alto nível quando encontrarmosdiariamente pequenas ofensas e desafios normais ao lidar com pessoas egoístas. Ele quer que sejamosmais bondosos do que elas esperam que sejamos. Os escribas e fariseus nem chegaram perto dessepadrão.

Por que tantos cristãos professos são ofendidos tão facilmente? Por que se angustiam tãorapidamente por ofensas que são dez vezes menores que receber um tapa no rosto? Essas pessoas sãosalvas? O discipulador deixa um exemplo oferecendo a outra face e ensina seus discípulos a fazerem o

mesmo.

Não Odeiem Seus Inimigos, como os Escribas e Fariseus

Finalmente, Jesus listou mais um mandamento dado por Deus que os escribas e fariseusalteraram para acomodar seus corações cheios de ódio.

Vocês ouviram o que foi dito: “Ame seu próximo e odeie seu inimigo”. Mas eu lhes digo: Amemos seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Paique está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre os maus e bons e derrama chuva sobre os justose injustos. Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa vocês receberão? Até os

publicanos fazem isso! E se saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais? Até ospagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês (Mt. 5:43-48).

No Velho Testamento, Deus disse: “ame cada um o seu próximo assim como a si mesmo” (Lv.19:18), mas os escribas e fariseus definiram convenientemente que o próximo era somente as pessoasque os amavam. Todos os outros eram inimigos, e já que Deus só disse para amarmos nosso próximo,deve ser apropriado odiar nossos inimigos. Contudo, de acordo com Jesus isso não chega perto do queDeus quis dizer.

Mais tarde Jesus ensinaria na história do Bom Samaritano que devemos considerar todas aspessoas como nosso próximo. [9] Deus quer que amemos a todos, incluindo nossos inimigos. Esse é opadrão de Deus para Seus filhos, um padrão pelo qual Ele mesmo vive. Ele manda sol e chuva para a

plantação tanto das pessoas boas, como das más. Devemos seguir Seu exemplo, mostrando bondadeàs pessoas que não merecem. Quando fazemos isso mostramos que somos “filhos de *nosso+ Pai queestá nos céus” (Mt. 5:45). Pessoas autenticamente renascidas agem como seu Pai. 

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O amor que Deus espera que mostremos a nossos inimigos não é uma emoção ou aprovação desua maldade. Deus não espera que cultivemos sentimentos por aqueles que se opõem a nós. Ele nãoestá nos mandando falar coisas que não são verdade, que nossos inimigos são pessoas maravilhosas.Mas Ele espera que sejamos misericordiosos com eles e trabalhemos para esse fim, pelo menoscumprimentando-os e orando por eles.

Note que mais uma vez Jesus reforçou Seu tema principal — somente os santos herdarão oReino de Deus. Ele disse a Seus discípulos que se amassem somente aqueles que os amavam, não eram

melhores que os gentios pagãos e coletores de impostos, dois tipos de pessoas que todos judeusteriam concordado que iriam para o inferno. Era outra maneira de dizer que pessoas que amamsomente aqueles que os amam vão para o inferno.

Faça o Bem pelos Motivos Certos, ao Contrário dos Escribas e Fariseus

Jesus não só espera que Seus seguidores sejam santos, mas que sejam santos pelos motivoscorretos. É bem possível obedecer aos mandamentos de Jesus e ainda assim não agradá-lo, se aobediência se originar de um motivo errado. Jesus condenou os escribas e fariseus porque faziam

todas as boas obras para simplesmente impressionar os outros (veja Mt. 23:5). Ele espera que Seusdiscípulos sejam diferentes.Tenham o cuidado de não praticar suas “obras de justiça” diante dos outros para serem vistos

por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai celestial. Portanto, quandovocê der esmola, não anuncie isso com trombetas, como fazem os hipócritas das sinagogas e nas ruas,a fim de serem honrados pelos outros. Eu lhes garanto que eles já receberam sua plena recompensa.Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo sua mão direita,de forma que você preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, orecompensará (Mt. 6:1-4).

Jesus esperava que Seus seguidores dessem esmolas aos pobres. A Lei mandava (veja Ex. 23:11;Lv. 19:10; 23:22; 25:35; Dt. 15:7-11), mas os escribas e fariseus tocavam trombetas ostensivamentepara chamar os pobres às suas generosas distribuições públicas. Mesmo assim, quantos cristãosprofessos nada dão aos pobres? Eles nem chegaram ao ponto de precisar examinar seus motivos dedar esmolas. Se egocentrismo motivou os escribas e fariseus a anunciar publicamente suas doações, oque motiva cristãos professos a ignorar  o apuro dos pobres? Com respeito a isso, a santidade delessupera a dos escribas e fariseus?

Como Paulo repetiria em 1 Coríntios 3:10-15, podemos fazer coisas boas pelos motivos errados.Se nossos motivos não forem puros, nossas boas obras não serão recompensadas. Paulo disse que épossível até pregar o evangelho pelos motivos errados (veja Fp. 1:15-17). Como Jesus aconselhou, umbom modo de termos certeza que estamos dando esmolas por motivos puros é dar secretamente, semdeixar nossa mão esquerda saber o que a direita está fazendo. O discipulador ensina seus discípulos a

dar aos pobres (provendo que eles tenham recursos), e pratica em silêncio o que prega.

Oração e Jejum pelos Motivos Certos

Jesus também esperava que Seus seguidores orassem e jejuassem, e que fizessem tais coisas,não para serem vistos por outras pessoas, mas para agradarem a Seu Pai. Caso contrário, elas nãoseriam diferentes dos escribas e fariseus que iam em direção ao inferno, que oravam e jejuavam parareceber o louvor do povo, uma recompensa bem temporária. Jesus advertiu Seus seguidores:

E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas

sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberamsua plena recompensa. Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, queestá em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará.

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Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois eles mudam aaparência do rosto a fim de que os outros vejam que eles estão jejuando. Eu lhes digoverdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa. Ao jejuar, arrume o cabelo e lave orosto para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê emsecreto. E seu Pai, que vê em secreto, o recompensará (Mt. 6:5-6, 16-18).

Quantos cristãos professos nunca tiveram uma vida de oração e nunca jejuaram? [10] Comrespeito a isso, como a santidade deles se compara à dos escribas e fariseus, que praticam ambas

(apesar de pelos motivos errados)?

Uma Digressão à Respeito da Oração e Perdão

Enquanto estamos no assunto da oração, Jesus deu algumas instruções mais específicas a Seusdiscípulos à respeito de como deveriam orar. Ele quer que oremos de tal forma que não insultemos SeuPai, negando, através das orações, o que Ele tem nos revelado sobre Si mesmo. Por exemplo, já queDeus sabe do que precisamos antes de pedirmos (Ele sabe tudo), não há razão para usarmosrepetições insignificantes quando oramos:

E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Elespensam que por muito falarem serão ouvidos. Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do quevocês precisam, antes mesmo de o pedirem (Mt. 6:7-8).

Na verdade, nossas orações revelam o quanto conhecemos a Deus. Aqueles que O conhecemcomo é revelado em Sua Palavra oram para que a Sua vontade seja feita e que Ele seja glorificado. Omaior desejo de seus corações é ser santo, agradando a Ele completamente. Isso é refletido no modelode oração de Jesus, o que chamamos de Oração do Pai Nosso, que é o próximo ponto incluído nasinstruções de Jesus aos Seus discípulos. Ela revela o que Ele espera de nossas prioridades edevoção: [11] 

Vocês orem assim: Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha o teuReino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia (Mt.6:9-11).

A preocupação principal dos discípulos de Jesus deve ser que o nome de Deus seja glorificado,respeitado, reverenciado e tratado como santo.

É claro que aqueles que oram para que o nome de Deus seja glorificado devem ser santos,glorificando o nome de Deus. Caso contrário, seria hipocrisia. Portanto, essa oração reflete o nossodesejo de que outros se submetam a Deus, assim como nós temos feito.

O segundo pedido da oração modelo é similar: “Venha o teu Reino.” A ideia de um reino implicaque há um rei reinando em seu reino. O discípulo cristão deseja ver seu Rei, aquele que reina sobre suavida, reinar sobre toda a terra. Que todos os joelhos se dobrem ao Rei Jesus em obediência e fé!

O terceiro pedido repete o primeiro e o segundo: “seja feita a tua vontade, assim na terra como

no céu.” Novamente, como podemos fazer essa oração sinceramente sem nos submetermos à vontadede Deus em nossas vidas? O verdadeiro discípulo deseja que a vontade de Deus seja feita na terraassim como no céu — perfeita e completa.

Que o nome de Deus seja glorificado, que Sua vontade seja feita e que o Reino dEle venhadevem ser mais importantes a nós que ter o alimento que sustenta, nosso “pão de cada dia.” Essequarto pedido foi colocado em quarto por um motivo. A oração em si mesma reflete uma ordemcorreta de nossas prioridades, e nenhum sinal de orgulho é encontrado aqui. Os discípulos de Cristoservem a Deus e não às riquezas. O foco deles não é acumular tesouros terrenos.

Deixe-me adicionar que esse quarto pedido parece indicar que esse modelo de oração deve serfeito diariamente, no início de cada dia.

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A Oração Modelo Continua

Os discípulos de Cristo pecam? Aparentemente, às vezes sim, já que Jesus os ensinou a pedirperdão por seus pecados.

Perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair emtentação, mas livra-nos do mal porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém. Pois se

perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoaremuns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas (Mt. 6:12-15).Os discípulos de Jesus percebem que sua desobediência ofende a Deus, e quando pecam, se

sentem envergonhados. Eles querem que a mancha seja removida, e felizmente seu Pai celestialgracioso está disposto a perdoá-los. Mas eles devem pedir perdão, o quinto pedido encontrado no PaiNosso.

Contudo, o perdão deles é condicional a eles perdoarem aos outros. Porque foram perdoadosde tantas coisas, têm a obrigação de perdoar a todos os que lhes pedirem perdão (e amar e trabalharpela reconciliação com aqueles que não pedirem). Se eles se recusarem a perdoar, Deus não osperdoará.

O sexto e último pedido, sem dúvida também reflete o desejo do verdadeiro discípulo de sersanto: “E não nos deixes cair em tentação, mas livra -nos do mal *ou do ‘maligno’+.” O verdadeirodiscípulo deseja tanto a santidade que pede a Deus para não deixá-lo entrar em uma situação em quepossa ser tentado, para que não caia. Mais adiante, ele pede que Deus o livre de qualquer mal quepossa capturá-lo. Com certeza essa é uma ótima oração para ser feita no início de cada dia, antes deirmos a um mundo de maldades e tentações. E com certeza podemos esperar que Deus responda aessa oração que nos mandou fazer.

Aqueles que conhecem a Deus entendem porque todos os seis pedidos dessa oração são tãoapropriados. A razão é revelada na última linha: “Porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre”(Mt. 6:13). Deus é um grande Rei que reina sobre seu Reino, no qual somos Seus servos. Ele é todo-poderoso e ninguém deve ousar resistir a Sua vontade. Toda a glória pertence a Ele para sempre. Ele édigno de ser obedecido.

Qual é o tema dominante na oração do Pai Nosso? Santidade. Os discípulos de Cristo desejamque o nome de Deus seja glorificado, que Seu Reino seja estabelecido na terra e que Sua vontade sejafeita perfeitamente em todos os lugares. Isso é até mais importante para eles que o pão de cada dia.Eles querem ser agradáveis aos olhos de Deus e quando fracassam, querem o perdão dEle. Comopessoas perdoadas, estendem perdão aos outros. Desejam ser perfeitamente santos, a ponto dedesejarem evitar a tentação, porque a tentação aumenta suas chances de pecar.

O Discípulo e Suas Posses Materiais

O próximo tópico do Sermão do Monte é potencialmente muito perturbador para crentesprofessos que têm como motivação principal da vida a acumulação sempre maior de bens materiais:

Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde osladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugemnão destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aítambém estará o seu coração. Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo oseu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas.Portanto, se a luz que está dentro de vocês são trevas, que tremendas trevas são! Ninguém pode servira dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não

podem servir a Deus e ao Dinheiro (Mt. 6:19-24).Jesus mandou que não acumulássemos tesouros na terra. Então, o que constitui um “tesouro”?Tesouros, no sentido literal, são guardados em baús, escondidos em algum lugar e nunca usados paracoisas práticas. Jesus os definiu como coisas que atraem traças, ferrugens e ladrões. Outro modo de

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dizer isso seria: “não essenciais.” Traças comem o que está no fundo de nossos guarda -roupas, não oque usamos com frequência. A ferrugem destrói as coisas que quase não usamos. Em países maisdesenvolvidos, na maioria das vezes, os ladrões roubam coisas que as pessoas não precisamverdadeiramente: quadros, joias, objetos caros, e o que pode ser penhorado.

Um verdadeiro discípulo precisa “renunciar a tudo o que possui” (veja Lc. 14:33). Ele é somenteum mordomo do dinheiro de Deus; por isso, cada decisão de gastar dinheiro é uma decisão espiritual.O que fazemos com nosso dinheiro reflete quem está controlando nossas vidas. Quando acumulamos

“tesouros,” amontoando dinheiro e comprando o que não é essencial, revelamos que Jesus não estáno controle pois se estivesse, estaríamos fazendo melhor uso do dinheiro que confiou a nós.

O que são essas coisas melhores? Jesus nos mandou acumular tesouros no céu. Como isso épossível? Ele nos diz no evangelho de Lucas: “Vendam o que têm e deem esmolas. Façam para vocêsbolsas que não se gastem com o tempo, um tesouro nos céus que não se acabe, onde ladrão algumchega perto e nenhuma traça destrói” (Lc. 12:33). 

Quando damos dinheiro para ajudar os pobres e espalhamos o evangelho, estamos acumulandotesouros no céu. Jesus está nos dizendo para pegar o que, com certeza, irá deteriorar a ponto de ficarsem valor algum e investir em algo que nunca deteriorará. É isso que o discipulador faz, econsequentemente, ensina seus discípulos a fazerem.

O Olho Mau

O que Jesus quis dizer quando falou sobre as pessoas com olhos bons e corpos cheios de luz, epessoas com olhos maus e corpos cheios de trevas? Suas palavras devem ter alguma coisa a ver comdinheiro e bens materiais, porque era sobre isso que Ele estava falando antes e depois.

A palavra grega traduzida “mau” em 6:23 é a mesma palavra traduzida em Mateus 20:15 como“inveja.” Lá, lemos sobre um senhor que diz a seu trabalhador: “O seu olho está com  inveja porque eusou generoso?*” Obviamente um olho não pode ficar literalmente com inveja. Portanto, a expressão“um olho invejoso (ou mau)” fala sobre alguém com desejos ávidos. Isso nos ajuda a entender melhoro que Cristo quis dizer em Mateus 6:22-23.

A pessoa com o olho bom simboliza alguém puro de coração, que permite que a luz da verdadeentre nela. Portanto, ele serve a Deus e acumula tesouros, não na terra, mas no céu onde está o seucoração. A pessoa com o olho mau não permite que a luz da verdade entre, pois acha que já tem averdade, e portanto, está cheio de trevas, acreditando em mentiras. Ele acumula tesouros na terra,onde está seu coração. Ele acredita que o propósito de sua vida seja a gratificação própria. O dinheiro éseu deus. Ele não está destinado ao céu.

O que significa ter o dinheiro como seu deus? Significa que ele tem um lugar em sua vida quesomente Deus deveria ter por direito; ele dirige sua vida; ele consome sua energia, pensamentos etempo; é a fonte principal de sua alegria; você o ama. [12] É por isso que Paulo igualou a ganância à

idolatria, dizendo que nenhum ganancioso herdará o Reino de Deus (veja Ef. 5:5; Cl. 3:5-6).Ambos, Deus e o dinheiro querem ser mestres de nossas vidas, e Jesus disse que não podemos

servir aos dois. Novamente, vemos que Jesus ficou com Seu tema principal — Somente os santosherdarão o Reino de Deus. Ele deixou bem claro que as pessoas que estão cheias de trevas, que têm odinheiro como deus, têm o coração na terra e acumulam tesouros terrenos, não estão na estradaestreita que leva à vida.

Os Pobres Invejosos

Preocupação com bens materiais não são erradas somente quando eles forem luxuosos. Umapessoa pode estar se preocupando de forma errada com bens materiais até mesmo quando essasnecessidades são básicas. Jesus continuou:

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Portanto eu lhes digo: Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber;nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e ocorpo mais importante que a roupa? Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nemarmazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do queelas? Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida? Porque vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalhamnem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um

deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirámuito mais a vocês, homens de pequena fé? Portanto, não se preocupem, dizendo: “Que vamoscomer?” ou “Que vamos beber?” ou “Que vamos vestir?” Pois os pagãos é que correm atrás dessascoisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino deDeus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se preocupem com oamanhã, pois o amanhã trará suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal (Mt.6:25-35).

Muitos leitores desse livro podem não se relacionar com pessoas na mesma situação que as queJesus estava se dirigindo. Quando foi a última vez que você se preocupou em ter comida, bebida ouroupas?

Contudo, as palavras de Jesus têm aplicação a todos nós. Se for errado se preocupar comos essenciais da vida, quanto mais se preocupar com os não essenciais? Jesus espera que Seusdiscípulos focalizem principalmente em buscar duas coisas: Seu Reino e Sua justiça. Quando um cristãoprofesso não pode dizimar (um mandamento da antiga aliança, devo adicionar), mas pode comprarcoisas materiais não essenciais, ele está alcançando o padrão de Cristo de buscar Seu Reino e justiça? Aresposta é óbvia.

Não Seja uma Pessoa que Procura por Defeitos

Os próximos mandamentos de Jesus aos Seus seguidores são a respeito dos pecados de julgar eencontrar defeitos:

Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocêsserão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês. Por que você repara nocisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Comovocê pode dizer ao seu irmão: “Deixe-me tirar o cisco do seu olho”, quando há uma viga no seu?Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho doseu irmão (Mt. 7:1-5).

Mesmo que Jesus não tenha acusado os escribas e fariseus nessa passagem, eles com certezaeram culpados desse pecado sob consideração: eles encontraram defeito nEle!

O que exatamente Jesus quis dizer nessa advertência contra julgar os outros?

Primeiro, vamos levar em consideração o que Ele não quis dizer. Ele não quis dizer que nãodevemos discernir e determinar essenciais sobre o caráter das pessoas ao observarmos suas ações.Isso é bem claro. Diretamente após essa seção, Jesus instruiu Seus discípulos a não lançarem pérolasaos porcos ou dar aos cães o que é sagrado (veja 7:6). Obviamente, Ele estava falando figurativamentede certos tipos de pessoas, referindo-Se a elas como porcos e cães, pessoas que não apreciam o valordas coisas sagradas, “pérolas,” que lhes estão sendo dadas. Elas são, obviamente, pessoas perdidas; ecom certeza, devemos julgar  se as pessoas são porcos e cães se formos obedecer a esse mandamento.

Mais adiante, Jesus logo disse aos Seus discípulos como julgar  falsos profetas que estão“vestidos de peles de ovelhas, mas por  dentro são lobos” (veja 7:15): inspecionando seus frutos.Claramente, para obedecer as instruções de Jesus devemos observar o estilo de vida das pessoas e

fazer julgamentos.Similarmente, Paulo disse aos crentes de Coríntios:

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Mas agora estou lhes escrevendo que não devem associar-se com qualquer que, dizendo-seirmão, seja imoral, avarento, idólatra, caluniador, alcoólatra ou ladrão. Com tais pessoas vocês nemdevem comer (1 Co. 5:11).

Obedecer a essa instrução requer que examinemos os estilos de vida das pessoas e façamos julgamentos sobre elas, nos baseando no que observamos.

O apóstolo João também nos disse que podemos discernir facilmente quem pertence a Deus equem pertence ao Diabo. Olhando para os estilos de vida das pessoas, é fácil identificar os salvos e os

perdidos (veja Jo. 3:10).Tudo isso sendo verdade, discernir o caráter das pessoas examinando suas ações e julgando se

pertencem a Deus ou ao Diabo não é o pecado sobre o qual Cristo nos advertiu. Então, o que Jesus quisdizer?

Jesus estava falando sobre encontrar pequenos defeitos, ciscos, em um irmão (note que Jesususa a palavra irmão três vezes nessa passagem). Ele não estava nos advertindo sobre julgar pessoasdizendo que não são crentes por observarmos defeitos evidentes (como logo nos instruirá a fazer nestemesmo sermão); pelo contrário, essas são instruções de como cristãos devem tratar cristãos. Eles nãodevem procurar pequenos defeitos uns nos outros, especialmente quando eles mesmos são cegos aosseus próprios defeitos, que são ainda maiores. Em tais casos eles são hipócritas. Como Jesus disse certa

vez a uma multidão de juízes hipócritas: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro aatirar a pedra nela” (Jo. 8:7). 

O apóstolo Tiago, autor da epístola que é quase paralela ao Sermão do Monte, escreveusimilarmente: “Irmãos, não se queixem uns dos outros, para que não sejam julgados. O Juíz já está àsportas!” (Tg. 5:9). Talvez isso também nos ajude a entender algo sobre o que Jesus estava nosadvertindo —  encontrar defeitos em outros companheiros cristãos e, então, espalhar o queencontramos, reclamando uns dos outros. Esse é um dos pecados mais predominantes na Igreja, eaqueles que são culpados se colocam em uma perigosa posição: a de serem julgados. Quando falamoscontra um companheiro cristão, mostrando seus defeitos aos outros, estamos violando a lei de ouro,porque não queremos que os outros falem mal de nós em nossa ausência.

Podemos falar amavelmente a um companheiro cristão sobre seu defeito, mas somentequando for possível fazê-lo sem hipocrisia, certos de que não somos culpados (ou mais culpados) domesmo pecado que é a pessoa que estamos confrontando. Contudo, é uma completa perca de tempofazer isso com um ímpio, o que parece ser o assunto do próximo versículo. Jesus disse:

Não deem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estesas pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão (Mt. 7:6).

Similarmente, um provérbio diz: “Não repreendas o escarnecedor, para que não   te odeie;repreenda o sábio, e ele te amará” (Pv. 9:8). Outra vez, Jesus disse aos Seus discípulos para baterem opó de suas sandálias contra aqueles que rejeitaram o evangelho. Uma vez que os “cães” tenham sidoidentificados por sua falta de apreciação pela verdade, Deus não quer que Seus servos percam tempo

tentando alcançá-los enquanto outros não tiveram a mesma oportunidade.

Encorajamento para Orar

Finalmente chegamos à última seção do corpo do sermão de Jesus. Ela começa com algumaspromessas de oração encorajadoras:

Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta. Pois todoo que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta. Qual de vocês, seseu filho pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir peixe, lhe dará uma cobra? Se vocês, apesar deserem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus,

dará coisas boas aos que lhe pedirem! (Mt. 7:7-11).“Ahá!” um leitor em algum lugar pode estar dizendo. “Aqui está uma parte do Sermão do

Monte que nada tem a ver com santidade.” 

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Tudo isso depende do que estamos pedindo, onde estamos batendo e o que buscamos emoração. Como aqueles que “têm fome e sede de justiça,” desejamos obedecer a todos osmandamentos que Jesus deu em Seu sermão, e esse desejo é com certeza refletido em nossas orações.Aliás, o modelo de oração que Jesus compartilhou mais cedo nesse mesmo sermão foi a expressão dedesejo para que a vontade de Deus seja feita e para que haja santidade em nós.

Mais adiante, (levando em consideração) a versão de Lucas dessas mesmas promessas deoração termina assim: “Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto

mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir!” (Lc. 11:13). Jesus não estavapensando em coisas luxuosas quando nos prometeu “boas coisas.” Em Sua mente, o Espírito Santo éuma “boa coisa,” porque Ele nos faz mais santos e nos ajuda a espalhar o evangelho, o que faz com queoutras pessoas se tornem santas. E pessoas santas vão para o céu.

Outras boas coisas são aquelas que estão dentro da vontade de Deus. Obviamente, a prioridadede Deus é a Sua vontade e Seu Reino; portanto, devemos esperar que nossas orações por algo queaumentará nossa utilidade no Reino de Deus sempre serão respondidas.

Uma Frase Conclusiva

Agora chegamos a um versículo que deveria ser considerado um resumo de praticamente tudoo que Jesus disse até esse ponto. Muitos comentaristas não percebem isso, mas é importante quepercebamos. Esse versículo em particular é obviamente um resumo, já que começa com apalavra assim. Portanto, ele está ligado às instruções anteriores, e a pergunta é: Ele resume quantodaquilo que Jesus falou? Vamos ler e pensar:

Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei eos Profetas (Mt. 7:12).

Essa frase não pode ser um resumo somente dos poucos versículos antes dela; a respeito daoração, caso contrário, não faria sentido.

Lembre-se que no início de Seu sermão, Jesus advertiu contra o erro de pensarmos que veiopara abolir a Lei ou os Profetas (veja Mt. 5:17). Daquele ponto em Seu sermão até o versículo em quechegamos, Ele falou praticamente nada a não ser confirmar e explicar os mandamentos de Deus noVelho Testamento. Portanto, agora Ele resume tudo o que mandou, tudo o que explicou da Lei e dosProfetas: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é  a Leie os Profetas” (7:12, ênfase adicionada). A frase “a Lei e os Profetas,” conecta tudo o que Jesus disseentre Mateus 5:17 e 7:12.

Agora, enquanto Jesus começa a conclusão de Seu sermão, Ele volta ao Seu tema principal maisuma vez — Somente os santos herdarão o Reino de Deus: 

Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e sãomuitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São

poucos os que a encontram (Mt. 7:13-14).Obviamente, a porta e o caminho estreitos que levam à vida, que poucos encontram, são uma

simbologias da salvação. A porta e o caminho largos que levam à destruição, o caminho da maioria,simbolizam a perdição. Se tudo o que Jesus disse anteriormente a essa frase significa alguma coisa, seesse sermão tem uma lógica progressiva, se Jesus tinha qualquer perspicácia como comunicador, entãoa interpretação mais natural seria que o caminho estreito é o caminho seguindo a Jesus, obedecendoaos Seus mandamentos. O caminho largo seria o oposto. Quantos cristãos professos estão no caminhoestreito descrito nesse sermão? O discipulador, com certeza, está no caminho estreito, e guia seusdiscípulos no mesmo caminho.

É incompreensível a alguns cristãos professos que Jesus nada tenha dito sobre fé ou crença nEle

nesse sermão em que disse tanto sobre salvação e perdição. Contudo, para aqueles que entendem acorrelação inseparável entre crença e comportamento, esse sermão não apresenta problema algum.Pessoas que obedecem a Jesus mostram sua fé pelas obras. Aqueles que não O obedecem, não

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acreditam que Ele é o Filho de Deus. Nossa salvação não é só uma amostra da graça de Deus para nós,é também a transformação de nossas vidas. Nossa santidade é na verdade Sua santidade.

Como Reconhecer Falsos Líderes Religiosos

Enquanto Jesus continuava Suas observações finais, avisou Seus discípulos sobre falsos profetas

que levam os desatentos ao caminho da destruição. Os falsos profetas são aqueles que não pertencemrealmente a Deus, mas se disfarçam como tais. Todos os falsos líderes e profetas entram nessacategoria. Como podem ser identificados?

Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentrosão lobos devoradores. Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher uvas de umespinheiro ou figos de ervas daninhas? Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas aárvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutosbons. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Assim, pelos seus frutosvocês os reconhecerão! Nem todo aquele que me diz: “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos céus,mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia:

“Senhor, Senhor, não profetizamos em  teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e nãorealizamos muitos milagres?” Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mimvocês, que praticam o mal! (Mt. 7:15-23).

Jesus indicou claramente que falsos profetas são muito enganosos. Eles têm algumas indicaçõesexteriores de serem genuínos; podem dizer que Jesus é seu Senhor, profetizar, expulsar demônios efazer milagres. Mas as “peles de ovelhas” só escondem os “lobos devoradores.” Eles não são ovelhasde verdade. Como podemos saber se são verdadeiros ou falsos? Examinando seus “frutos” podemosidentificar o verdadeiro caráter deles.

Quais são os frutos dos quais Jesus falava? Obviamente, não são frutos de milagres. São frutosde obediência a tudo o que Jesus ensinou. Aqueles que são verdadeiras ovelhas fazem a vontade doPai. Aqueles que são falsas ovelhas “praticam o mal” (7:23). Então, nossa responsabilidade é compararsuas vidas com o que Jesus ensinou e mandou.

As igrejas hoje estão cheias de falsos profetas, e isso não deve nos surpreender, porque tantoJesus como Paulo nos avisaram que devemos esperar nada menos que isso quando o fim estiver seaproximando (veja Mt. 24:11; 2 Tm. 4:3-4). Os falsos profetas mais predominantes de nossos dias sãoaqueles que ensinam que o céu aguarda os não-santos. Eles são responsáveis pela perdição eterna demilhões de pessoas. A respeito delas, John Wesley escreveu:

Como isso é horrível! —  quando os embaixadores de Deus se tornam agentes do Diabo! — Quando aqueles que são comissionados a ensinar aos homens o caminho para o céu ensinam, naverdade, o caminho para o inferno....Se perguntarem: “Por que?  Quem fez isso?”...Eu respondo: dezmil homens sábios e honrados; até mesmo aqueles, de qualquer denominação, que incentivam o

orgulhoso, o leviano, o exaltado, o amante do mundo, o homem de prazeres, o injusto ou mau, ocômodo, o inocente, o imprestável, o homem que não é repreendido a segurança da retidão, paraimaginar que ele está no caminho para o céu. Esses são falsos profetas de maior juízo do mundo. Elessão traidores tanto de Deus como do homem....Eles estão constantemente povoando o domínio dastrevas; e quando seguem as pobres almas que destruíram, “o inferno sairá das profundezas paraencontrá-los em sua chegada!” [13] 

Interessantemente, Wesley estava comentando especificamente sobre os falsos profetas sobrequem Jesus falava em Mateus 7:15-23.

Note que Jesus disse claramente, mais uma vez, o contrário do que muitos falsos profetasdizem hoje: que aqueles que não derem bons frutos serão lançados no inferno (veja 7:19). Mais

adiante, isso se aplica não só a falsos mestres e profetas, mas a todos. Jesus disse: “Nem todo aqueleque me diz: “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade demeu Pai que está nos céus” (Mt. 7:21). O que se aplica aos profetas se aplica a todos. Esse é o tema

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principal de Jesus — Somente os santos herdarão o Reino de Deus. As pessoas que não estãoobedecendo a Deus estão destinadas ao inferno.

Note também a conexão que Jesus fez entre o que uma pessoa é por dentro e por fora. “Boas”árvores produzem bons frutos. Árvores “ruins”  não podem produzir frutos bons. A fonte do bom frutoque se mostra pelo lado de fora é a natureza da pessoa. Por Sua graça, Deus tem mudado a naturezadaqueles que têm verdadeiramente crido em Jesus.[14] 

Um Aviso e Resumo Final

Jesus concluiu Seu sermão com um aviso final e exemplo resumidor. Como é de se esperar, éuma ilustração de Seu tema — Somente os santos herdarão o Reino de Deus. 

Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente queconstruiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deramcontra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha. Mas quem ouve estas minhaspalavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva,transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua

queda (Mt. 7:24-27).A ilustração final de Jesus não é uma fórmula para termos “sucesso na vida” como alguns ausam. O contexto mostra que Ele não estava dando conselhos práticos financeiros para os temposdifíceis tendo fé em Suas promessas. Esse é o resumo de tudo o que Jesus disse em Seu Sermão doMonte. Aqueles que fazem o que Ele manda são sábios e permanecerão; eles não precisam temer a irade Deus quando ela descer. Aqueles que não O obedecem são insensatos e sofrerão grandemente,pagando “a pena de destruição eterna” (2 Ts. 1:9). 

Resposta para uma Pergunta

Não é possível, que o Sermão do Monte de Jesus só se aplicava àqueles seguidores que viveramantes de Sua morte sacrificial e ressurreição? Eles não estavam debaixo da Lei, como meio temporáriode salvação, mas depois que Jesus morreu por seus pecados, foram salvos pela fé, invalidando,portanto, o tema exposto nesse sermão?

Essa teoria é ruim. Ninguém foi salvo por suas obras. Sempre tem sido pela fé, antes e durante aantiga aliança. Paulo argumenta em Romanos 4 que Abraão (antes da antiga aliança) e Davi (durante aantiga aliança) foram justificados pela fé e não por obras.

Além do mais, é impossível que qualquer um na audiência de Jesus pudesse ser salvo pelasobras, porque todos tinham pecado e sido destituídos da glória de Deus (veja Rm. 3:23). Somente agraça de Deus poderia salvá-los, e somente a fé poderia receber Sua graça.

Infelizmente, muitos na igreja, hoje, veem os mandamentos de Jesus sem um propósito maiorque nos fazer sentir culpados para que vejamos a impossibilidade de receber a salvação pelas obras.Agora que “entendemos a mensagem” e fomos salvos pela fé, podemos ignorar   a maioria de Seusmandamentos. A menos, é claro, que queiramos “salvar” os outros. Então, podemos usar todos osmandamentos novamente para mostrar aos outros como eles são pecaminosos para que sejam salvospela “fé” que invalida as obras. 

No entanto, Jesus não disse aos Seus discípulos: “Vão a todo o mundo e façam discípulos, e umavez que eles se sintam culpados e sejam salvos pela fé, Meus mandamentos terão cumprido seuspropósitos em suas vidas.” Ao invés disso, ele disse: “Portanto, vão e façam discípulos de todas asnações...ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei ” (Mt. 19:20-21, ênfase adicionada).

Discipuladores estão fazendo somente isso.

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[1] É  interessante notar que o próximo versículo no livro de Tiago é: “De que adianta, meusirmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo?” (Tg. 2:14). 

[2] Isso seria verdade sobre os “aspectos cerimoniais da Lei” assim como os “aspectos morais daLei,” como são muitas vezes chamados; contudo, explicações a respeito do Seu cumprimento das leiscerimoniais seriam dadas pelo Espírito Santo aos apóstolos depois de Sua ressurreição. Agoraentendemos porque não há necessidade de sacrificarmos animais debaixo da nova aliança, porqueJesus era o Cordeiro de Deus. Também não seguimos as leis a respeito das refeições porque Jesus

declarou que todos os alimentos são puros (veja Mc. 7:19). Não precisamos da intermediação de umsacerdote terreno, porque agora Jesus é nosso Sumo Sacerdote, e assim por diante. Contudo,diferentemente da lei cerimonial, nenhuma parte da lei moral foi alterada por qualquer coisa que Jesustenha dito ou feito, antes ou depois de Sua morte e ressurreição. Pelo contrário, Jesus esclareceu econfirmou a lei moral de Deus, assim como os apóstolos fizeram pela inspiração do Espírito após Suaressurreição. Os aspectos morais da Lei Mosaica estão todos incluídos na lei de Cristo, a lei da novaaliança. Também mantenha em mente que, naquele dia, Jesus estava a judeus debaixo da Lei Mosaica.Portanto, Suas palavras em Mateus 5:17-20 devem ser interpretadas à luz de Sua revelação constanteencontrada no Novo Testamento.

[3] Além disso, se Jesus estivesse falando sobre a santidade legal imposta que recebemos como

dom por acreditar nEle, por que, então não nos deu pelo menos uma dica? Por que Ele diria algumacoisa que poderia ser mal interpretada pelas pessoas iletradas a quem Ele falava, que nuncaadivinhariam que Ele estava falando sobre santidade imposta?

[4] Isso se aplica a nosso relacionamento com nossos irmãos e irmãs em Cristo. Jesus chamoucertos líderes religiosos de insensatos (veja Mt. 23:17), assim como as Escrituras em geral (veja Pv. 1:7;13:20).

[5] É claro que Jesus não a culpa pelo adultério quando se recasar; ela foi apenas a vítima dopecado de seu marido. Obviamente, as palavras de Jesus não fazem sentido, a menos que ela serecase. Caso contrário, não faz sentido que seja considerada adúltera.

[6] Novamente, Deus não culparia o novo marido de adultério. Ao se casar e se tornar o

provedor para uma mulher divorciada, ele está fazendo algo virtuoso. Contudo, se um homemencorajasse uma mulher a se divorciar de seu esposo para que se casasse com ela, então ele seriaculpado de adultério, e talvez seja este o pecado que Jesus tinha em mente aqui.

[7] Existem, é claro, outras situações que podem ser endereçadas. Por exemplo, a mulher cristãcujo esposo incrédulo pede o divórcio, certamente não é culpada de adultério se recasar-se com umhomem cristão.

[8] Endereçarei-me a esse assunto mais detalhadamente no capítulo sobre divórcio erecasamento.

[9] Foi um judeu, professor da Lei, que, querendo se justificar, perguntou a Jesus: “Quem é omeu próximo?” Pode ter certeza que ele achava que já tinha a resposta certa. Jesus lhe respondeu com

a parábola do samaritano, membro de uma raça que era odiada pelos judeus, que provou ser opróximo do judeu mal tratado (veja Lc. 10:25-37).

[10] Mais adiante nesse livro, incluí um capítulo inteiro dedicado ao jejum.[11] Infelizmente, alguns alegam que essa não é uma oração que cristãos devam fazer , pois não

é realizada “no nome de Jesus.” Contudo, se aplicarmos essa lógica, teremos que concluir que muitasdas orações dos apóstolos registradas nas epístolas e no livro de Atos não eram “orações cristãs.” 

* Nota do tradutor: versículo traduzido do inglês.[12] Em outra ocasião, Jesus disse a mesma coisa sobre a impossibilidade de servir a Deus e as

riquezas, e Lucas nos diz: “Os fariseus, que amavam o dinheiro, ouviam tudo isso e zombavam deJesus” (Lc. 16:14). Então, novamente, aqui no Sermão do Monte, Jesus estava expondo claramente as

práticas e ensinamentos dos fariseus.[13] T he Works od John Wesley  (As Obras de John Wesley) (Baker: Grand Rapids, 1996), de JohnWesley, reimpressão da edição de 1872 lançada pela Wesleyan Methodist Book Room, Londres, pag.441, 416 [Trecho traduzido do ingles].

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[14] Não posso deixar passar a oportunidade de comentar também sobre uma expressãocomum que pessoas usam quando tentam justificar os pecados dos outros: “Não sabemos o que estáem seu coração.” Contrário a isso, Jesus disse que o exterior revela o interior. Em outro lugar Ele disse:“Pois a boca fala do que está cheio o coração” (Mt. 7:34). Quando pessoas falam palavras de ódio, issoindica que o coração delas está cheio de ódio. Jesus também nos disse que “do interior do coração doshomens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios,as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a inse nsatez” (Mc.

7:21-22). Quando uma pessoa comete adultério, sabemos o que está em seu coração: adultério.

Capítulo Nove

O Pregador Predileto de Jesus

Você pode se surpreender ao saber que Jesus tinha um pregador predileto. Pode sesurpreender ainda mais em saber que não era luterano, metodista, pentecostal, anglicano oupresbiteriano. Pelo contrário, era Batista! Nós o conhecemos como João Batista, é claro! Jesus disse arespeito dele:

Digo-lhes a verdade: Entre os nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista(Mt. 11:11a).

Já que todos são “nascidos de mulher,” essa era outra forma de dizer que, na estima de Jesus,João Batista era a maior pessoa que já havia existido. Porque Jesus sentia isso é questão de conjectura.Contudo, parece razoável pensar que Jesus estimava João por suas qualidades espirituais. Se forverdade, com certeza seria sábio estudar e imitar tais qualidades. Encontrei pelo menos sete

qualidades espirituais em João Batista que são dignas de louvor. Mesmo que o ministério de Joãorepresente melhor o ministério de um evangelista, todas as sete qualidades são apropriadas paraqualquer ministro do evangelho. Vamos considerar a primeira das sete.

A Primeira Qualidade de João

Este foi o testemunho de João, quando os judeus de Jerusalém enviaram sacerdotes e levitaspara lhe perguntarem quem ele era. Ele confessou e não negou; declarou abertamente: “Não sou oCristo”. Perguntaram-lhe: “E então, quem é você? É Elias?” Ele disse: “Não sou”. “É o Profeta?” Elerespondeu: “Não”. Finalmente perguntaram: “quem é você? Dê-nos uma resposta, para que a levemosàqueles que nos enviaram. Que diz você acerca de si próprio?” João respondeu com as palavras doprofeta Isaías: “Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Façam um caminho reto para o Senhor’” (Jo.1:19-23).

João sabia seu chamado e o seguiu.É tão importante que ministros saibam seus chamados e os sigam. Se você for um evangelista,

não deve tentar ser um pastor. Se for um professor, não tente ser um profeta. Caso contrário, sóencontrará frustração.

Como saber seu chamado? Primeiro, buscando a Deus, aquele que o chamou. Segundo,examinando seus dons. Se Deus o chamou para ser um evangelista, Ele lhe equipará para a tarefa. Eterceiro, pela confirmação de outros que com certeza notarão seus dons.

Uma vez que tenha certeza de seu chamado, deve segui-lo de todo coração, sem deixar queobstáculos o atrapalhem. Muitos estão esperando que Deus faça o que Ele espera que eles façam. Noénão esperou que Deus construísse a arca!

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Tem sido dito que a palavra ministério se escreve TRABALHO. Sem dúvida, Satanás tentará detê-lo para não cumprir seu chamado, mas deve resisti-lo e continuar em frente. Mesmo que as Escriturasnão digam, podemos ter certeza que houve um dia em que João pregou pela primeira vez na região doJordão. Com certeza suas primeiras audiências eram bem menores que as de mais tarde. Pode tercerteza que as pessoas riram dele e que ele passou por perseguições. Mas não seria detido. Seu únicoobjetivo era agradar seu Deus, que o tinha chamado para o ministério. No fim das contas, eleconseguiu.

A primeira qualidade espiritual de João que é digna de louvor é esta:  João sabia seu chamado eo seguiu. 

A Segunda Qualidade de João

Naqueles dias surgiu João Batista, pregando no deserto da Judéia. Ele dizia: “Arrependam-se,pois o Reino dos céus está próximo” (Mt. 3:1-2).

Jesus, com certeza aprovava a mensagem simples de João, já que era a mesma mensagem quepregava onde quer que fosse (veja Mt. 4:17). João chamava as pessoas ao arrependimento — para se

voltarem de uma vida de pecado para uma vida de justiça. Ele sabia que uma vida com Deus começacom o arrependimento e que aqueles que não se arrependem serão lançados no inferno.Diferente de tantos evangelistas modernos, João nunca mencionou o amor de Deus. Nem falou

sobre as “necessidades” das pessoas para fazê-las proferir orações insignificantes para “aceitar a Jesus”para que pudessem começar a desfrutar de “vida abundante.” Ele não levou pessoas a acreditarem queeram basicamente boas e que Deus queria levá-las para o céu se percebessem que a salvação não vempor meio de obras. Pelo contrário, ele as via como Deus as via —  rebeldes em perigo de encararconsequências eternas por seus pecados. Ele os avisou solenemente da ira que estava por vir. Queriater certeza que entendiam que estavam condenados se não mudassem seus corações e ações.

Então, a segunda qualidade de João que é digna da imitação de cada ministro discipulador éesta: João proclamava que o arrependimento era o primeiro passo em um relacionamento com Deus. 

A Terceira Qualidade de João

As roupas de João eram feitas de pelos de camelo, e ele usava um cinto de couro na cintura. Oseu alimento era gafanhotos e mel silvestre (Mt. 3:4).

Com certeza, João não se encaixa na figura do moderno “pregador da prosperidade.” Aliás, elesnunca permitiriam um homem como João na plataforma de suas igrejas porque ele não enfeitava aparte do sucesso. Contudo, João era um verdadeiro homem de Deus que não tinha interesse em buscartesouros terrenos ou impressionar pessoas com sua aparência exterior, sabendo que Deus olha para o

coração. Ele viveu simplesmente e seu estilo de vida não causou tropeço a ninguém, já que podiam verque seu motivo não era dinheiro. Como isso contrasta com o viver de muitos ministros modernos aoredor do mundo, que usam o evangelho principalmente para ganho pessoal. E quando interpretam aJesus mal, causam grande dano à causa de Cristo.

A terceira qualidade de João que contribuiu a ser o pregador predileto de Jesus é esta:  Joãoviveu simplesmente. 

A Quarta Qualidade de João

João dizia às multidões que saiam para serem batizadas por ele: “Raça de víboras! Quem lhes

deu a ideia de fugir da ira que se aproxima? Deem frutos que mostrem arrependimento. E nãocomecem a dizer a si mesmos: ‘Abraão é nosso pai’. Pois eu lhes digo que destas pedras Deus podefazer surgir filhos a Abraão.” (Lc. 3:7-8).

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Quando o ministério de João começou a tocar mais pessoas, ele, obviamente, nãocomprometeu sua mensagem. Pôde até ter suspeitado dos motivos das pessoas quando notou que obatismo estava ficando popular. Até escribas e fariseus estavam fazendo o trajeto ao Jordão (veja Mt.3:7). Ele temia que muitas pessoas estivessem simplesmente seguindo a multidão. Então, fez tudo oque pôde para preveni-los de enganar a si mesmos, derrubando qualquer coisa que sustentasse suadecepção. Ele não queria que pensassem que o simples ato do batismo os salvaria, ou que uma simplesprofissão de arrependimento os livraria do inferno. Ele os avisou que o verdadeiro arrependimento traz

o fruto da obediência.Mais adiante, porque muitos judeus se consideravam salvos por causa de sua linhagem física de

Abraão, João expôs a ilusão de tal esperança.A quarta qualidade de João digna de louvor é esta: Ele amava o povo o suficiente para dizer-lhes

a verdade. Ele nunca asseguraria um pecador não arrependido, que iria para o céu. 

A Quinta Qualidade de João

João não batizaria pessoas que não pareciam arrependidas, não querendo sustentar a ilusão

das pessoas. Ele as batizava quando confessavam “seus pecados” (Mt. 3:6). Ele avisou aqueles que iam:  O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada elançada ao fogo...Ele traz a pá em sua mão e limpará sua eira, juntando seu trigo no celeiro, masqueimará a palha com fogo que nunca se apaga (Mt. 3:10, 12).

João não estava com medo de falar a verdade sobre o inferno, um assunto que é muitas vezesevitado por pregadores que tentam ganhar um concurso de popularidade ao invés de almas para oReino de Deus. E também não falhou, proclamando o mesmo tema, que descobrimos, do ‘Sermão doMonte’ de Cristo — somente os santos herdarão o Reino de Deus. Aqueles que não dão bons frutosserão lançados no fogo.

Se João estivesse vivo hoje, com certeza seria punido por muitos crentes professos como“pregador do fogo do inferno e enxofre,” um “profeta de trevas e perdição,” “não  seeker-sensitive,” oupior, “negativo,” “condenador,” “legalista” ou “farisaico.” Mesmo assim, João era o pregador favoritode Jesus. Sua quinta qualidade: João pregava sobre o inferno e deixava claro que tipos de pessoasestavam a caminho de lá. É interessante notar que Lucas se referiu à mensagem de João como “as boasnovas” (Lc. 3:18). 

A Sexta Qualidade de João

Mesmo sendo usado grandemente por Deus e ter se tornado muito popular entre as multidões,João sabia que não era nada comparado a Jesus, e então, sempre exaltava seu Senhor:

Eu os batizo com água para arrependimento. Mas depois de mim vem alguém mais poderosodo que eu, tanto que não sou digno nem de levar suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo ecom fogo (Mt. 3:11).

A auto avaliação de João se contrasta tanto com a arrogância que é muitas vezes encontradaem “ministros” em nossos dias. Suas revistas coloridas de ministério têm fotos deles em todas apáginas, enquanto Jesus é poucas vezes mencionado. Eles desfilam como pavões pelas plataformas daigreja, exaltando a si mesmos aos olhos de seus seguidores. São intocáveis e inalcançáveis, cheios depresunção. Alguns até dão ordens aos anjos e a Deus! Ainda assim, João não se considerava indigno detirar as sandálias de Jesus, o que seria considerado um ato de baixa escravidão. Ele se opôs quandoJesus foi a ele para ser batizado e uma vez que percebeu se tratava de Cristo, imediatamente disse a

todos, declarando que Ele era “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo. 1:29). “Énecessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo. 3:30), este se tornou o humilde lema de João. Esta é a sexta qualidade de João que o ajudou a ser o pregador predileto de Jesus: João se

humilhou e exaltou a Jesus. Não desejava exaltar a si mesmo. 

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A Sétima Qualidade de João

Pregadores modernos falam muitas vezes em generalidades vagas a fim de não ofender a quemquer que seja. É tão fácil pregar: “Deus quer que façamos o que é certo!” Verdadeiros e falsos cristãosdirão: “Amém” a tal pregação. Muitos pastores também acham fácil continuar falando sobre os

pecados escandalosos do mundo, evitando mencionar qualquer pecado similar que esteja dentro daigreja. Por exemplo, eles podem se enfurecer contra a pornografia, mas não ousam mencionar osvídeos e DVDs imorais recomendados para maiores de 18 anos que muitos paroquianos assistem e atécolecionam. O medo do homem os capturou.

Contudo, João não hesitou em pregar especificamente. Lucas diz:“O que devemos fazer então?”, perguntavam as multidões. João respondia: “Quem tem duas

túnicas dê uma a quem não tem nenhuma; e quem tem comida faça o mesmo”. Alguns publicanostambém vieram para serem batizados. Eles perguntaram: “Mestre, o que devemos fazer?” Elerespondeu? “Não cobrem nada além do que lhes foi estipulado”. Então alguns soldados lheperguntaram: “E nós. O que devemos fazer?” Ele respondeu: “Não pratiquem extorsão nem acusem

ninguém falsamente; contentem-se com o seu salário” (Lc. 3:10-14).É interessante que cinco das seis diretrizes específicas que João deu tinham alguma coisa a vercom dinheiro ou coisas materiais. João não tinha medo de pregar sobre como a mordomia se relacionacom a regra de ouro e segundo maior mandamento. Ele também não esperou vários dias até que osnovos “crentes” estivessem prontos para conceitos tão “pesados.” Ele acreditava que era impossívelservir a Deus e às riquezas, e portanto, mordomia era de importância principal desde o começo.

Isso levanta outro ponto. João não aumentou a importância de coisas menores, insistindo emusos e costumes e outros assuntos de santidade relacionados à aparência exterior. Ele focou nos“preceitos mais importantes da lei” (Mt. 23:23). Ele sabia que o mais importante é amar nosso próximocomo a nós mesmos e tratar os outros da mesma forma como queremos ser tratados. O que significacompartilhar alimentos e roupas com aqueles que necessitam, tratar os outros com honestidade e ficarsatisfeitos com o que temos.

Esta é a sétima qualidade que fez Jesus gostar de João: Ele não pregava generalidades vagas,mas citava coisas específicas que as pessoas deveriam fazer para agradar a Deus, mesmo asrelacionadas à mordomia. E focava o que era mais importante. 

Concluindo

O ministério de um pastor ou professor seria, é claro, caracterizado por um alcance de assuntosmaior que o de João. João pregava para os incrédulos. Pastores e professores devem ensinar

principalmente aqueles que já se arrependeram. Seus ensinos são baseados naqueles pontos que Jesusdisse a Seus discípulos e que estão gravados nas epístolas do Novo Testamento.

Contudo, muitas vezes não conseguimos identificar corretamente nossas audiências, e hojeparece que pregam aos perdidos como se fossem santos. O simples fato de as pessoas estaremsentadas dentro de um prédio de igreja não significa que nosso trabalho é assegurá-las de suasalvação, especialmente se suas vidas são essencialmente indistinguíveis daquelas do mundo. Existehoje, uma necessidade desesperadora de milhões de “Joãos Batistas” para pregarem nos púlpitos dasigrejas. Você se mostra à altura do desafio? Você se tornará um dos pregadores prediletos de Jesus?

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Capítulo Dez

O Novo Nascimento

Quando pessoas se arrependem e passam a crer no Senhor Jesus Cristo, elas “renascem.” O queexatamente significa renascer? Esse capítulo é sobre isso.

Para entender o que significa renascer, é necessário entender a natureza dos seres humanos. AsEscrituras nos dizem que não somos somente seres físicos, mas também espirituais. Por exemplo,Paulo escreveu:

Que o próprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo o espírito, a alma e o corpo devocês sejam preservados irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Ts. 5:23, ênfaseadicionada).

Como Paulo indicou, podemos nos considerar seres de três partes, sendo: espírito, alma ecorpo. As Escrituras não definem essas três partes precisamente; então, fazemos nosso melhor paradiferenciar entre elas pelo nosso entendimento das próprias palavras. Normalmente, concluímos quenosso corpo é nossa parte física — carne, ossos, sangue e assim por diante. Nossa alma é nossa parteintelectual e emocional — nossa mente. Nosso espírito é obviamente nossa parte espiritual, ou como o

apóstolo Pedro descreveu: o “homem encoberto no coração” (1 Pd. 3:4 ARC). Porque o espírito é invisível aos olhos físicos, pecadores tendem a duvidar de sua existência.

Contudo, a Bíblia é bem clara quando diz que todos nós somos seres espirituais. As escrituras nosdizem que quando alguém morre, seu corpo simplesmente deixa de funcionar, enquanto seu espírito ealma continuarão funcionando como sempre. Na morte, o espírito e a alma deixam o corpo (como um)para encarar o julgamento diante de Deus (veja Hb. 9:27). Depois do julgamento, eles vão para o céuou para o inferno. Eventualmente, o espírito e alma de cada pessoa serão reunidos com seu corpo naressurreição.

O Espírito Humano Mais DefinidoEm 1 Pedro 3:4, Pedro se refere ao espírito como o “homem encoberto no coração,” indicando

que o espírito é uma pessoa. Paulo também se referiu ao espírito como o “homem interior,” indicandosua crença que o espírito humano não é somente um conceito ou força, e sim uma pessoa:

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior   se corrompa, o interior ,contudo, se renova de dia em dia (2 Co. 4:16 ARC, ênfase adicionada).

Obviamente, o “homem exterior” descreve o corpo físico, enquanto o “interior” define oespírito. Enquanto o corpo envelhece, o espírito é renovado diariamente.

Note mais uma vez que Paulo se refere tanto ao corpo quanto ao espírito como homem. Então,quando você imaginar seu espírito, não imagine uma nuvem espiritual. É melhor imaginaruma pessoa  que se pareça com você. Contudo, se seu corpo for velho, não pense que seu espíritotambém é. Imagine-o como você era na flor da sua juventude, porque seu espírito nunca envelhece!Ele é renovado dia a dia.

Seu espírito é a parte de você que renasce (se você acredita no Senhor Jesus Cristo). Seuespírito se une ao Espírito de Deus (veja 1 Co. 6:17), e Ele o guia enquanto você segue a Jesus (veja Rm.10:14).

A Bíblia ensina que Deus também é um espírito (veja Jo. 4:24), assim como os anjos e osdemônios. Todos eles têm forma e existem no reino espiritual. Contudo, o reino espiritual não pode sersentido por nossos sentidos físicos. Tentar entrar em contato com o mundo espiritual usando nossossentidos físicos seria comparável a tentar sentir sinais de rádio com nossas mãos. Não podemosperceber que sinais de rádio estão passando por uma sala com nossos sentidos físicos, mas isso nãoprova que os sinais de rádio não estão presentes. O único modo de sintonizar a frequência do rádio éligando um.

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Isso também é verdade sobre o mundo espiritual. O fato do mundo espiritual não poder serentendido pelos sentidos físicos não prova sua não existência. Ele existe, e as pessoas percebendo ounão, fazem parte desse mundo, pois são seres espirituais. Eles são espiritualmente relacionados aSatanás (se não se arrependeram) ou espiritualmente relacionados a Deus (se nasceram de novo).Alguns espiritualistas têm aprendido a se relacionar com o mundo espiritual através de seus espíritos,mas estão entrando em contato com o reino de Satanás — o reino das trevas.

Corpos Eternos

Já que estamos no assunto, deixe-me mencionar algo sobre nossos corpos. Mesmo que elesvenham a morrer, nossas mortes físicas não serão permanentes. O dia virá em que Deus em pessoaressuscitará cada corpo humano morto. Jesus disse:

Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nostúmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram omal ressuscitarão para serem condenados (Jo. 5:28-29).

O apóstolo João escreveu no livro de Apocalipse que a ressurreição dos corpos dos maus

acontecerá, no mínimo, depois de mil anos da ressurreição dos corpos dos justos:Eles [os santos que foram martirizados durante a tribulação] ressuscitaram e reinaram comCristo durante mil anos. (O restante dos mortos não voltou a viver até se completarem os mil anos.)Esta é a primeira ressurreição.[1] Felizes e santos os que participam da primeira ressurreição! Asegunda morte não tem poder sobre eles; serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com eledurante mil anos (Ap. 20:4b-6).

A Bíblia também nos informa que quando Jesus retornar para levar a igreja, os corpos de todosos justos serão ressuscitados e unificados a seus espíritos enquanto eles voltam do céu com Jesus paraa atmosfera da Terra.

Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e comele, aqueles que nele dormiram. Dizemos a vocês, pela palavra do Senhor, que nós, os que estivermosvivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, certamente não precederemos os que dormem. Pois,dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá doscéus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que estivermos vivos seremosarrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com oSenhor para sempre (1 Ts. 4:14-17).

Deus formou o homem original do pó da terra, e não será difícil para Ele pegar os elementos docorpo de cada pessoa e reformá-los. Fazendo novos corpos dos mesmos materiais.

A respeito da ressurreição de nossos corpos, Paulo escreveu:Assim será com a ressurreição dos mortos. O corpo que é semeado é perecível e ressuscita

imperecível; é semeado em desonra e ressuscita em glória; é semeado em fraqueza e ressuscita em

poder; é semeado em corpo natural e ressuscita em corpo espiritual... Irmãos, eu lhes declaro quecarne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem o que é perecível pode herdar o imperecível.Eis que eu lhes digo um mistério: Nem todos dormiremos [morreremos], mas todos seremostransformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois atrombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é necessárioque aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, de imortalidade (1Co. 15:42-44a, 50-53).

Note que a característica ressaltada de nossos novos corpos é que serão imortais e nãoperecíveis. Nunca irão envelhecer, adoecer ou morrer! Nossos corpos serão assim como o novo corpoque Jesus recebeu depois de ser ressuscitado:

A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, oSenhor Jesus Cristo. Pelo poder que o capacita a colocar todas as coisas debaixo do seu domínio, ele

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transformará os nossos corpos humilhados, tornando-os semelhantes ao seu corpo glorioso  (Fp. 3:20-21, ênfase adicionada).

O apóstolo João também afirmou essa verdade maravilhosa:Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas

sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele , pois o veremos como ele é (1 Jo.3:2, ênfase adicionada).

Mesmo sendo impossível para nossas mentes entenderem completamente, podemos acreditar

e regozijar com o que está à frente![2] 

Jesus no Novo Nascimento

Jesus falou uma vez a um homem chamado Nicodemos sobre a necessidade do espírito humanonascer novamente pela ação do Espírito Santo:

Em resposta, Jesus declarou: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se nãonascer de novo”. Perguntou Nicodemos: “Como alguém pode nascer, sendo velho? É claro que não

pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer!” Respondeu Jesus: “Digo -lhe averdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito. O que nasce dacarne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito. Não se surpreenda pelo fato de eu ter dito: Énecessário que vocês nasçam de novo” (Jo. 3:3-7).

Primeiro, Nicodemos pensou que Jesus estava falando sobre o renascimento físico quando disseque alguém precisa nascer de novo para entrar no céu. Contudo, Jesus deixou claro que estava falandodo renascimento espiritual. Isto é, o espírito da pessoa precisa nascer de novo.

A razão de precisarmos de um renascimento espiritual é que nossos espíritos foram infectadoscom um mal, uma natureza pecaminosa. Muitas vezes a Bíblia se refere a essa natureza pecaminosacomo morte. Pelo bem do entendimento, vamos nos referir a tal natureza como morte espiritual  paraque possamos diferenciar entre ela e a morte física (que acontece quando o corpo físico deixa defuncionar).

Definição de Morte Espiritual

Paulo descreve o que significa estar espiritualmente morto em Efésios 2:1-3:Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando

seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuandonos que vivem na desobediência. Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendoas vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por

natureza merecedores da ira (ênfase adicionada).Obviamente, Paulo não estava se referindo à morte física porque estava escrevendo a pessoas

fisicamente vivas. Mesmo assim, ele disse que estavam uma vez “mortos em suas transgressões epecados.” É o pecado que abre as portas para a morte espiritual (veja Rm. 5:12). Estar espiritualmentemorto significa ter uma natureza pecaminosa em seu espírito. Note que Paulo disse que eram “ pornatureza merecedores da ira.” 

Além disso, estar espiritualmente morto significa ter, até certo ponto, a própria natureza deSatanás em seu espírito. Paulo disse que os que são espiritualmente mortos têm o espírito do “príncipedo poder do ar” trabalhando dentro deles. Com certeza o “príncipe do poder do ar” é o demônio (vejaEf. 6:12), e seus espírito está trabalhando em todos os incrédulos.

Jesus, falando a judeus pecadores, disse:Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicidadesde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a suaprópria língua, pois é mentiroso e pai da mentira (Jo. 8:44).

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De um ponto de vista espiritual, aqueles que não nasceram de novo não só têm a natureza deSatanás em seus espíritos, mas também Satanás é seu pai espiritual. Eles agem naturalmente como odemônio. São homicidas e mentirosos.

Nem todos os ímpios cometeram assassinatos, mas são motivados pelo mesmo ódio queassassinos e matariam se pudessem sair impunes. A legalização do aborto em muitos países é provadisso. Pessoas descrentes matando até seus próprios bebês ainda no ventre.

É por isso que uma pessoa precisa renascer espiritualmente. Quando isso acontece, aquela

natureza satânica e pecaminosa é removida de seu espírito e no lugar dela a natureza santa de Deus écolocada. O Espírito Santo de Deus vem morar em seu espírito. Ela não está mais “espiritualmentemorta”, mas foi feita “espiritualmente viva.” Seu espírito não está mais morto e sim vivo em Deus. Aoinvés de ser uma criança espiritual de Satanás, se torna uma criança espiritual de Deus.

Transformação não Substitui Regeneração

Porque os ímpios estão espiritualmente mortos, eles nunca poderão ser salvos portransformação própria, não importando o quanto tentem. Os incrédulos precisam de uma nova

natureza e não de novas ações. Você pode pegar um porco, lavá-lo, perfumá-lo e amarrar tirinhas rosasem seu pescoço, mas tudo o que vai ter é um porco limpo! Sua natureza continuará sendo a mesma. Enão levará muito tempo para ele feder e rolar na lama de novo.

O mesmo se aplica a pessoas religiosas que nunca renasceram. Elas podem estar um poucolimpas por fora, mas por dentro são tão sujas como antes. Jesus disse a algumas pessoas muitoreligiosas de Seu tempo:

Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês limpam o exterior do copo e do prato,mas por dentro eles estão cheios de ganância e cobiça. Fariseu cego! Limpe primeiro o interior do copoe do prato, para que o exterior também fique limpo. Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas!Vocês são como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todotipo de imundície. Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios dehipocrisia e maldade (Mt. 23:25-28).

As palavras de Jesus são uma descrição apta de todos aqueles que são religiosos, mas quenunca passaram pelo renascimento do Espírito Santo. O novo nascimento limpa as pessoas por dentroe não apenas por fora.

O que Acontece à Alma Quando o Espírito Renasce?

Quando o espírito de alguém renasce, no início sua alma continua essencialmente a mesma

(exceto pelo fato de que ele tomou uma decisão de seguir a Jesus). Contudo, Deus espera que nósfaçamos algo com nossas almas, uma vez que nos tornamos um de Seus filhos. Nossas almas (mentes)devem ser renovadas com a Palavra de Deus para que pensemos como Deus quer que pensemos. Épela renovação de nossas mentes que uma transformação contínua acontece em nossas vidas, fazendocom que nos tornemos cada vez mais como Jesus:

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente,para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus(Rm. 12:2, ênfase adicionada).

Tiago também escreveu sobre o mesmo processo na vida do crente:Aceitem humildemente a palavra implantada em vocês, a qual é poderosa para salvá-los (Tg.

1:21b) Note que Tiago estava escrevendo a cristãos —  pessoas que já haviam renascido. Mas elesprecisavam ter suas almas salvas, e isso só aconteceria quando, humildemente, recebessem a “palavraimplantada.” É por isso que a Palavra de Deus deve ser ensinada a novos convertidos. 

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O Resíduo da Velha Natureza

Depois de seu novo nascimento, os cristãos logo descobrem que são pessoas de natureza dupla,experimentando o que Paulo chama de guerra entre “o Espírito e a carne”: 

Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Elesestão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam (Gl. 5:17).

Paulo se refere ao remanescente da velha natureza como “a carne.” Essas duas naturezasdentro de nós produzem desejos diferentes, que se renderem frutos, produzem diferentes ações eestilos de vida. Note o contraste que Paulo faz entre as “obras da carne” e “o fruto do Espírito”: 

Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria efeitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias ecoisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti: Aqueles que praticam essas coisas nãoherdarão o Reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade,bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei (Gl. 5:19-23).

Obviamente, é possível aos crentes ceder à carne; caso contrário, Paulo não teria advertido quese praticassem as obras da carne, não herdariam o Reino de Deus. Em sua carta aos Romanos, Paulo

também escreveu sobre as duas naturezas de cada cristão e advertiu sobre as mesmas consequênciasde ceder à carne:Mas se Cristo está em vocês, o corpo está morto por causa do pecado, mas o espírito está vivo

por causa da justiça... Portanto, irmãos, estamos em dívida, não para com a carne, para vivermossujeitos a ela. Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizeremmorrer os atos do corpo, viverão, porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos deDeus (Rm. 8:10, 12-14, ênfase adicionada).

Este é claramente um aviso aos cristãos. Viver (o que indica uma prática regular) de acordo coma carne resulta em morte. Paulo devia estar falando sobre a morte espiritual, porque todoseventualmente morrem fisicamente, mesmo os cristãos que estão fazendo “morrer os atos do corpo”. 

Um cristão pode cair temporariamente em um dos pecados que Paulo listou; mas, quando umcrente pecar, ele se sentirá culpado e se arrependerá. Todos que confessarem seus pecados e pediremperdão a Deus, obviamente serão perdoados (veja 1 Jo. 1:9).

Quando um cristão peca, não significa que quebrou seu relacionamento com Deus — significaque quebrou sua comunhão. Ele ainda é filho de Deus, mas agora é o filho desobediente de Deus. Se ocrente não confessar seu pecado, se coloca em uma posição a ser disciplinado pelo Senhor.

A Guerra

Se você tem tido vontade de fazer coisas que sabe que são erradas, tem sentido o “desejo da

carne”. Sem dúvida também descobriu que quando é tentado pela carne a fazer coisas erradas, algumacoisa dentro de você resiste a essa tentação. Esse é o “desejo do Espírito”. E se conhece o sentimentode culpa que tem dentro de você quando cede à tentação, então reconhece a voz de seu espírito, quechamamos de “consciência”. 

Deus sabia bem que nossos desejos carnais nos tentariam a fazer coisas erradas. Contudo, issonão é desculpa para cedermos ao desejo da carne. Deus ainda espera que ajamos em obediência esantidade e que superemos a natureza da carne:

Por isso digo: Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne (Gl. 5:16).Não há fórmula mágica para superarmos a carne. Paulo simplesmente disse: “Vivam pelo

Espírito e de modo nenhum satisfarão o desejo da carne” (Gl. 5:16). Nesta área, nenhum cristão tem

vantagem sobre outro. Viver pelo Espírito é simplesmente uma decisão que cada um de nós deve fazer,e nossa devoção ao nosso Senhor pode ser medida por quanto não cedemos aos desejos da carne.Paulo escreveu similarmente:

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Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as sua paixões e os seus desejos (Gl.5:24).

Note que Paulo diz que aqueles que pertencem a Cristo crucificaram a carne (passado). Issoaconteceu quando nos arrependemos e acreditamos no Senhor Jesus Cristo. Crucificamos a naturezapecaminosa, decidindo obedecer a Deus e resistir aos pecados. Então, agora não é uma questão decrucificar a carne, mas de mantê-la crucificada.

Não é sempre fácil manter a carne crucificada, mas é possível. Se agirmos conforme a liderança

da pessoa interior ao invés de ceder aos impulsos da carne, então, manifestaremos a vida de Cristo eandaremos em santidade diante dEle.

A Natureza de nossos Espíritos Ressuscitados

Existe uma palavra que descreve bem a natureza de nossos espíritos ressuscitados, e essapalavra é Cristo. Através do Espírito Santo, que tem a natureza idêntica a Jesus, na verdade temos anatureza de Jesus vivendo dentro de nós. Paulo escreveu: “Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristovive em mim”(Gl. 2:20). 

Por termos Sua habilidade e natureza em nós, temos o maravilhoso potencial de viver comoCristo. Na verdade não precisamos de mais amor, paciência ou domínio próprio —  temos a Pessoamais amorosa, paciente e controlada morando em nós! Tudo o que temos a fazer é deixar que Ele vivaatravés de nós.

Contudo, todos temos um grande adversário que luta contra a natureza de Jesus, impedindo-ade se manifestar através de nós; e esse adversário é a nossa carne. É por isso que Paulo disse quedevemos crucificar  nossa carne. É responsabilidade nossa fazer algo com ela, e é uma perca de tempopedir a Deus para fazer qualquer coisa a respeito. Paulo também teve problemas com sua naturezacarnal, mas ele se responsabilizou por eles e os superou:

Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros,eu mesmo não venha a ser reprovado (1 Co. 9:27).

Você também terá que fazer com que seu corpo seja escravo do seu espírito se quiser andar emsantidade diante do Senhor. Você consegue!

[1] O fato de João dizer que essa é a “ primeira ressurreição” nos leva a crer que não haviaocorrido outras antes dessa. Como acontecerá no final da tribulação mundial, quando Jesus vier doscéus, contradiz a ideia dos pré-tribulacionistas, já que sabemos que haverá uma ressurreição em massaquando Ele vier arrebatar a Igreja, de acordo com 1 Tessalonicenses 4:13-17. Estudaremos isso maisdetalhadamente em um capítulo chamado O Arrebatamento e o Fim dos Tempos.

[2] Para mais estudos sobre a ressurreição, veja Daniel 12:1-2; João 11:23-26; Atos 24:14-15 e 1Coríntios 15:1-57).

Capítulo Onze

O Batismo no Espírito Santo

Quando alguém lê o livro de Atos, o trabalho do Espírito Santo na igreja primitiva é evidente emcada página. Se remover a obra do Espírito Santo do livro de Atos você não terá mais nada.

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Verdadeiramente, Ele deu poder para os primeiros discípulos para transtornarem o mundo (veja At.17:6 João Ferreira de Almeida)

Hoje, os lugares do mundo que a igreja está crescendo mais rápido são os lugares onde osseguidores de Jesus se rendem ao Espírito Santo e dEle recebem poder. Isso não deve nos surpreender.O Espírito Santo pode realizar mais em dez segundos do que nós podemos em dez mil anos por nossaspróprias forças. Portanto, é de vital importância que o ministro discipulador entenda o que asEscrituras ensinam sobre o trabalho do Espírito Santo nas vidas e ministérios dos crentes.

Frequentemente encontramos exemplos no livro de Atos, de crentes sendo batizados noEspírito Santo e recebendo poder para o ministério. Seria sábio estudar o assunto para que possamos,se possível, vivenciar o que eles experimentaram e desfrutar da ajuda miraculosa do Espírito Santo queeles desfrutaram. Mesmo que alguns afirmem que a obra do Espírito Santo foi confinada à era dosprimeiros apóstolos, não encontro prova bíblica, histórica ou lógica para tal opinião. É uma teorianascida da descrença. Aqueles que acreditam nas promessas da Palavra de Deus experimentarão asbênçãos prometidas. Assim como os israelitas infiéis que não entraram na Terra Prometida, aquelesque não acreditam nas promessas de Deus hoje, não entrarão no que Deus tem preparado para eles.Em que categoria você se encontra? Pessoalmente, eu estou entre os fiéis.

Duas Obras pelo Espírito Santo

Qualquer pessoa que realmente acreditou no Senhor Jesus Cristo experimentou uma obra doEspírito Santo em sua vida. Seu espírito, ou pessoa interior, foi regenerado pelo Espírito Santo (veja Tt.3:5), e agora Ele vive dentro dela (veja Rm. 8:9; 1 Co. 6:19). Ela nasceu do Espírito (veja Jo. 3:5).

Não entendendo isso, muitos cristãos carismáticos e pentecostais têm cometido o erro de dizera alguns crentes que estes não terão o Espírito Santo, a menos que sejam batizados no Espírito e falemem línguas. Mas esse é obviamente um erro confirmado pelas Escrituras e pela experiência. Muitoscristãos não-carismáticos/pentecostais têm muito mais evidências da morada do Espírito que alguns

crentes carismáticos/pentecostais! Manifestam bem mais os frutos do Espírito listados por Paulo emGálatas 5:22-23, o que seria impossível, a não ser que tivessem o Espírito Santo.

Contudo, o fato de a pessoa ter nascido do Espírito não garante que ela também foi batizada noEspírito. De acordo com a Bíblia, nascer do Espírito Santo e ser batizado no Espírito Santo são duasexperiências distintas.

Enquanto começamos a explorar esse assunto, vamos primeiramente, considerar o que Jesusdisse sobre o Espírito Santo perto de um poço em Samaria a uma pecadora:

Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está pedindo água, você lhe teria pedido e elelhe teria dado água viva...Quem beber desta água [do poço] terá sede outra vez, mas quem beber daágua que eu lhe der nunca mais terá sede. Ao contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma

fonte de água a jorrar para a vida eterna (Jo. 4:10, 13-14).Parece razoável concluir que a água viva morando dentro de nós que Jesus falou, representa o

Espírito Santo que mora naqueles que creem. Mais adiante no capítulo de João, Jesus usou a mesmafrase novamente: “água viva” e sem dúvida estava falando sobre o Espírito Santo: 

No último e mais importante dia da festa, Jesus levantou-se e disse em alta voz: “Se alguém temsede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios deágua viva”. Ele estava se referindo ao Espírito, que mais tarde receberiam o s que nele cressem. Atéentão o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não fora glorificado (Jo. 7:37-39).

Nesse instante, Jesus não falou sobre a água viva se tornar “uma fonte de água a jorrar para avida eterna”. Ao invés disso, dessa vez a água viva se torna rios que fluem da parte mais profunda do

receptor.Essas duas passagens do Evangelho de João ilustram lindamente a diferença entre nascer doEspírito e ser batizado no Espírito Santo. Nascer do Espírito é principalmente para o benefício daquele

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que está renascendo, para que possa aproveitar a vida eterna. Quando alguém renasce pelo Espírito,tem um reservatório de Espírito dentro dele que lhe dá a vida eterna.

Contudo, ser batizado no Espírito Santo é principalmente benefício aos outros, já que equipacrentes a ministrar a outras pessoas pelo poder do Espírito. “Rios de água viva” fluirão de seus seresinteriores, trazendo a benção de Deus para outros pelo poder do Espírito.

Por que o Batismo no Espírito Santo é NecessárioPrecisamos desesperadamente da ajuda do Espírito Santo para ministrar aos outros! Sem sua

ajuda, nunca poderemos esperar fazer discípulos de todas as nações. Este é, na verdade, o motivo deJesus ter prometido batizar crentes no Espírito Santo — para que o mundo ouvisse o evangelho. Eledisse aos Seus discípulos:

Eu lhes envio a promessa de meu Pai; mas fiquem na cidade até serem revestidos do poder doalto (Lc. 24:49, ênfase adicionada).

Lucas também registrou Jesus dizendo:Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria

autoridade. Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhastestemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra (At. 1:7-8, ênfaseadicionada).

Jesus disse aos Seus discípulos para não deixarem Jerusalém até que fossem “revestidos dopoder do alto”. Ele sabia que caso isso não ocorresse, não teriam poder e, com certeza, fracassariam namissão que lhes dera. Contudo, notamos que, uma vez que foram batizados no Espírito Santo, Deuscomeçou a usá-los de forma sobrenatural para espalhar o evangelho.

Muitos milhões de cristãos ao redor do mundo, depois de serem batizados pelo Espírito Santo,têm experimentado uma nova dimensão de poder, principalmente quando testemunhando a perdidos.Eles perceberam que suas palavras eram mais convincentes e às vezes, citavam versículos que nãodecoraram. Alguns se viram chamados e com dons para certo ministério, como o evangelismo. Outrosdescobriram que Deus os usou quando quis com vários dons sobrenaturais do Espírito. Suasexperiências são completamente bíblicas. Aqueles que se opõem às suas experiências não têm basebíblica para sua oposição. Estão, na verdade, lutando contra Deus.

Não devemos nos surpreender que nós, que somos chamados para imitar a Cristo, somoschamados para imitar Sua experiência com o Espírito Santo. Jesus foi, é claro, nascido do Espíritoquando foi concebido no ventre de Maria (veja Mt. 1:20). Ele, que foi nascido do Espírito, foi entãobatizado no Espírito inaugurando Seu ministério (veja Mt. 3:16). Se Jesus precisou ser batizado noEspírito Santo para ser equipado para o ministério, o que dizer de nós!

A Evidência Inicial do Batismo no EspíritoQuando um crente é batizado no Espírito Santo, a evidência inicial de sua experiência é que ele

falará uma nova língua, o que as Escrituras chamam de “novas línguas” ou “outras línguas”. Váriaspassagens embasam esse fato. Vamos considerá-las.

Primeiro, durante os momentos finais antes de Sua ascensão, Jesus disse que um dos sinais queseguiria os crentes é que falariam em novas línguas:

Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado serásalvo, mas quem não crer será condenado. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nomeexpulsarão demônios; falarão novas línguas (Mt. 16:15-17, ênfase adicionada).

Alguns comentaristas afirmam que esses versículos não deviam estar em nossa Bíblia, já quealguns manuscritos antigos do Novo Testamento não os têm. Contudo, muitos dos manuscritos antigosos incluem, e nenhuma, das muitas traduções que li em inglês, os omitem. Além disso, o que Jesus

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disse nesses três versículos se encaixa perfeitamente com a experiência da igreja primitiva, registradono livro de Atos.

Existem cinco exemplos no livro de Atos, de crentes serem inicialmente batizados pelo EspíritoSanto. Vamos levar todos em consideração, e enquanto fazemos isso, perguntaremos, continuamente,duas questões: (1) O batismo no Espírito Santo era uma experiência após a salvação? e (2) Osreceptores falavam em novas línguas? Isso nos ajudará a entender a vontade de Deus para os crenteshoje.

Jerusalém

O primeiro exemplo é encontrado em Atos 2, quando os cento e vinte discípulos forambatizados no Espírito Santo no dia de Pentecostes:

Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céuum som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram oque parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheiosdo Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava (At. 1:1-4,

ênfase adicionada).Sem dúvida, os cento e vinte crentes já haviam sido salvos e renascidos antes disso; portanto,com certeza, experimentaram o batismo no Espírito Santo depois da salvação. Contudo, seriaimpossível receberem o batismo no Espírito Santo antes desse tempo porque Ele não havia sidoentregue à igreja antes desse dia.

É óbvio que o sinal que acompanhava era falar em línguas.

Samaria

O segundo exemplo de crentes sendo batizados no Espírito Santo é encontrado em Atos 8,

quando Filipe desce à cidade de Samaria e prega o evangelho:No entanto, quando Filipe lhes pregou as boas novas do Reino de Deus e do nome de Jesus

Cristo, creram [os samaritanos] nele, e foram batizados, tanto homens como mulheres....Os apóstolosem Jerusalém, ouvindo que Samaria havia aceitado a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João.Estes, ao chegarem, oraram para que eles recebessem o Espírito Santo, pois o Espírito ainda não haviadescido sobre nenhum deles; tinham apenas sido batizados em nome do Senhor Jesus (At. 8:12-16).

Os cristãos samaritanos experimentaram o batismo no Espírito Santo como uma segundaexperiência após a salvação. A Bíblia diz claramente, que antes de Pedro e João chegarem, ossamaritanos  já haviam “aceitado a Palavra de Deus”, acreditado no evangelho e sido batizados naágua. Mesmo assim, quando Pedro e João desceram para orar por eles, as Escrituras dizem que foi para

que “recebessem o Espírito Santo”. Dá para ser mais claro? Os crentes samaritanos falaram em novas línguas quando foram batizados no Espírito Santo? A

Bíblia não diz, mas diz que algo extraordinário aconteceu a eles. Um homem chamado Simãotestemunhava o que acontecia quando Pedro e João punham as mãos nos cristãos samaritanos etentou comprar deles a mesma habilidade para dar o Espírito Santo a outros.

Então Pedro e João lhes impuseram as mãos, e eles receberam o Espírito Santo. Vendo Simãoque o Espírito era dado com a imposição das mãos dos apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro e disse:Deem-me também este poder, para que a pessoa sobre quem eu puser as mãos receba o EspíritoSanto (At. 8:17-19).

O que Simão viu que o impressionou tanto? Ele já tinha visto muitos outros milagres, como

pessoas sendo libertas de demônios e paralíticos e mancos sendo curados milagrosamente (veja At.8:6-7). Previamente, ele mesmo havia se envolvido com feitiçaria, impressionando todo o povo deSamaria (veja At. 8:9-10). Portanto, o que testemunhou quando Pedro e João oraram deve ter sidoespetacular. Mesmo não podendo dizer com toda certeza, parece bem razoável que tenha

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testemunhado o mesmo fenômeno que acontecia todas as vezes que cristãos recebiam o EspíritoSanto no livro de Atos — ele os viu e ouviu falar em línguas.

Saulo em Damasco

A terceira menção no livro de Atos de alguém recebendo o Espírito Santo é o caso de Saulo de

Tarso, mais tarde conhecido como o apóstolo Paulo. Ele havia sido salvo na estrada para Damasco,onde também ficou temporariamente cego. Três dias depois de sua conversão, um homem chamadoAnanias foi divinamente enviado a ele:

Então Ananias foi, entrou na casa, pôs as mãos sobre Saulo e disse: “Irmão Saulo, o SenhorJesus, que lhe apareceu no caminho por onde você vinha, enviou-me para que você volte a ver e sejacheio do Espírito Santo”. Imediatamente, algo como escamas caiu dos olhos de Saulo e ele passou a vernovamente. Levantando-se, foi batizado e, depois de comer, recuperou as forças (At. 9:17-18).

Não há dúvida que Saulo renasceu antes de Ananias chegar para orar por ele. Ele acreditou noSenhor Jesus quando estava na estrada para Damasco, e imediatamente obedeceu as instruções de seunovo Senhor. Adicionalmente, quando Ananias encontrou Saulo pela primeira vez, chamou-o de

“irmão Saulo”. Note que Ananias disse a Saulo que havia ido para que Saulo voltasse a ver e para fossecheio do Espírito Santo. Portanto, somente três dias após sua salvação, Saulo foi cheio ou batizado noEspírito Santo.

As Escrituras não registram o acontecimento real do batismo de Saulo no Espírito Santo, masdeve ter acontecido logo após a chegada de Ananias aonde Saulo estava. Com certeza, Saulo falou emlínguas em algum ponto, porque disse mais tarde em 1 Coríntios 14:18: “Dou graças a Deus por falarem línguas mais do que todos vocês.” 

Cesárea

A quarta menção de crentes sendo batizados no Espírito Santo é encontrada em Atos 10. Oapóstolo Pedro havia sido enviado para pregar o evangelho na Cesárea, à casa de Cornélio. Logo quePedro revelou que a salvação é recebida através da fé em Jesus, toda sua audiência de gentiosrespondeu imediatamente, e o Espírito Santo desceu sobre todos eles:

Enquanto Pedro ainda estava falando estas palavras, o Espírito Santo desceu sobre todos os queouviam a mensagem. Os judeus convertidos que vieram com Pedro ficaram admirados de que o domdo Espírito Santo fosse derramado até sobre os gentios, pois os ouviam falando em línguas e exaltandoa Deus. A seguir Pedro disse: “Pode alguém negar a água, impedindo que estes sejam batizados? Elesreceberam o Espírito Santo como nós!” Então ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo(At. 10:44-48a).

Neste caso, parece que os membros da casa de Cornélio, que foram os primeiros gentioscrentes em Jesus, renasceram e foram batizados no Espírito Santo simultaneamente.

Se examinarmos as passagens ao redor e estudarmos o contexto histórico, é óbvio o motivo deDeus não ter esperado que Pedro e seus companheiros colocassem as mãos sobre os crentes gentiospara que recebessem o Espírito Santo. Pedro e os outros crentes judeus tinham grande dificuldade deacreditar que gentios pudessem ser salvos, muito mais receber o Espírito Santo! Provavelmente, nuncaorariam para que a casa de Cornélio recebesse o batismo no Espírito Santo; portanto, Deus agiusoberanamente. Ele estava ensinando a Pedro e seus companheiros algo sobre Sua maravilhosa graçaaos gentios.

O que convenceu Pedro e os outros crentes judeus que a casa de Cornélio havia realmente

recebido o Espírito Santo? Lucas escreveu: “pois os ouviam falando em línguas e exaltando a Deus” (At.10:46). Pedro declarou que os gentios tinham recebido o Espírito Santo assim como as cento e vintepessoas no dia de Pentecoste (veja 10:47).

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Éfeso

A quinta menção de crentes sendo batizados no Espírito Santo é encontrada em Atos 19.Enquanto viajava por Éfeso, o apóstolo Paulo encontrou alguns discípulos e os fez a seguinte pergunta:“Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?” (At. 19:2). 

Paulo, o homem que escreveu a maioria das epístolas do Novo Testamento, acreditava

claramente que é possível acreditar em Jesus e não receber o Espírito Santo, até certo ponto. Casocontrário, não teria feito tal pergunta.Os homens disseram que nunca ouviram falar no Espírito Santo. Aliás, só haviam ouvido da

vinda do Messias através de João Batista, que os batizou. Imediatamente, Paulo os batizou novamenteem água e dessa vez, experimentaram o verdadeiro batismo cristão. Finalmente, Paulo pôs suas mãossobre eles para que recebessem o Espírito Santo:

Ouvindo isso, eles foram batizados no nome do Senhor Jesus. Quando Paulo lhes impôs asmãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e começaram a falar em línguas e a profetizar. Eram ao todo unsdoze homens (At. 19:5-7).

Novamente, é óbvio que o batismo no Espírito Santo foi subsequente à salvação, independente

desses doze homens terem renascido ou não antes de encontrarem Paulo. Mais uma vez, o sinal queacompanhou seus batismos no Espírito Santo foi falar em línguas (e neste caso também, a profecia).

O Veredito

Vamos rever os cinco exemplos. Em pelo menos quatro deles, o batismo no Espírito Santo foiuma experiência que ocorreu depois da salvação.

Em três deles, as Escrituras dizem claramente que os batizados falaram em línguas. Maisadiante, no encontro de Paulo com Ananias, sua experiência de ser batizado no Espírito Santo não foidescrita, mas sabemos que ele eventualmente falou em línguas. Esse representa o quarto caso.

No último caso, algo sobrenatural aconteceu quando os crentes de Samaria receberam oEspírito Santo porque Simão tentou comprar o poder de dá-lo aos outros.

Portanto, a evidência é bem clara. Na igreja primitiva, crentes renascidos recebiam umasegunda experiência com o Espírito Santo, e quando isso acontecia, falavam em outras línguas. Issonão deve nos surpreender, pois Jesus disse que aqueles que acreditassem nEle falariam em línguas.

Então temos evidência conclusiva que cada um que renasce, também deve experimentar outraobra do Espírito — aquela de ser batizado no Espírito Santo. Além do mais, cada crente deve ter aexpectativa de falar em outras línguas quando receber o batismo no Espírito Santo.

Como Receber o Batismo no Espírito Santo

Como todos os dons de Deus, o Espírito Santo é recebido pela fé (veja Gl. 3:5). Para ter fé parareceber o Espírito Santo, um crente deve primeiramente ter convicção que é da vontade de Deus queele seja batizado com o Espírito Santo. Se duvidar, não receberá (veja Tg. 1:6-7).

Nenhum crente tem bom motivo para crer que não seja da vontade de Deus que ele receba oEspírito Santo, pois Jesus disse claramente qual era a vontade de Deus:

Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai queestá nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir! (Lc. 11:13).

Essa promessa dos lábios de Jesus deve convencer cada filho de Deus que é da vontade dEleque ele ou ela receba o Espírito Santo.

Esse mesmo versículo também suporta a verdade que, ser batizado no Espírito Santo acontecedepois da salvação, porque aqui, Jesus prometeu aos filhos de Deus (as únicas pessoas que têm Deuscomo “Pai celestial”) que Deus lhes daria o Espírito Santo se lhe pedissem. Obviamente, se a única

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experiência que alguém pudesse ter com o Espírito Santo era renascer no momento da salvação, apromessa de Jesus não faria sentido. Diferente de certos tipos de teólogos modernos, Jesus acreditaque é muito apropriado que pessoas já salvas peçam a Deus pelo Espírito Santo.

De acordo com Jesus, existem duas condições que devem ser preenchidas para que alguémreceba o Espírito Santo. Primeiro, ele deve ter Deus como Pai, o que acontece quando renasce.Segundo, dever pedir a Deus pelo Espírito Santo.

Receber o Espírito Santo através de mãos impostas, apesar de ser bíblico (veja At. 8:17; 19:6),

não é absolutamente necessário. Qualquer cristão pode receber o Espírito sozinho em seu própriolugar de oração. Ele precisa simplesmente pedir, receber pela fé e começar a falar em línguas enquantoo Espírito lhe dá capacitação.

Medos Comuns

Algumas pessoas têm medo de orar para receber o Espírito Santo, pois podem, ao invés, estarse abrindo a um espírito demoníaco. Contudo, não há fundação para tal preocupação. Jesus prometeu:

Qual pai, entre vocês, se o filho lhe pedir um peixe, em lugar disso lhe dará uma cobra? Ou se

pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seusfilhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir! (Lc. 11:11-13).Se pedirmos o Espírito Santo, Deus nos dará o Espírito Santo, e não devemos ter medo de

receber qualquer outra coisa.Alguns têm medo de, quando falarem em línguas, eles mesmos estarão inventando uma língua

sem sentido, ao invés de uma língua sobrenatural dada pelo Espírito Santo. Entretanto, se tentarinventar uma língua convencível antes de ser batizado no Espírito Santo, verá que é impossível. Poroutro lado, deve entender que se for falar em outras línguas terá que, conscientemente, usar seuslábios, língua e cordas vocais. O Espírito Santo não fala por você — Ele só lhe dá a capacitação. Ele énosso ajudante, não nosso faz-tudo. Você deve falar, assim como a Bíblia ensina:

Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espíritoos capacitava (At. 2:4, ênfase adicionada).

Quando Paulo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e começaram [eles] a falarem línguas e a profetizar (At. 19:6, ênfase adicionada).

Depois de um crente pedir o dom do Espírito Santo, deve acreditar e esperar falar em línguas.Porque o Espírito Santo é recebido pela fé; o recebedor não deve esperar sensações físicas ousentimentais. Ele deve simplesmente abrir sua boca e começar a falar os novos sons e sílabas queformarão a nova língua que o Espírito Santo lhe dará. A menos que o crente comece a  falar pela fé,nada sairá de sua boca. Ele deve falar e o Espírito Santo o capacitará.

A Fonte da CapacitaçãoDe acordo com Paulo, quando um crente ora em línguas, não é sua mente que ora, mas sim seu

espírito:Pois, se oro em uma língua, meu espírito ora, mas a minha mente fica infrutífera. Então, que

farei? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mastambém cantarei com o entendimento (1 Co. 14:14-15).

Paulo disse que quando orava em uma língua, sua mente ficava infrutífera. Isso significa que suamente não fazia nada, e ele não entendia o que estava orando. Então, ao invés de orar sempre emlínguas sem entender o que dizia, Paulo também gastava tempo orando com sua mente em sua própria

língua. Ele cantava em línguas e também em sua própria língua. Há lugar para os dois tipos de oraçõese canções e seríamos sábios se seguíssemos seu exemplo balanceado.Note que para Paulo, falar em línguas estava sujeito a sua própria vontade, assim como falar em

sua própria língua. Ele disse: “*Eu] Orarei com o espírito, mas também [eu] orarei com o

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entendimento.” Muitas vezes, críticos dizem que se falar em línguas modernas fosse realmente umdom do Espírito, ninguém seria capaz de controlá-lo, caso contrário, seria culpado de controlar a Deus.Mas tal ideia não tem fundamentação. Falar em línguas modernas e antigas está debaixo do controledo indivíduo, assim como Deus planejou. Críticos também podem dizer que pessoas que têmmãos realmente feitas por Deus não têm controle sobre elas, e que se tomarem decisões conscientesde usá-las, estão tentando controlar a Deus.

Uma vez que tenha sido batizado no Espírito Santo, pode provar a si mesmo que sua

capacitação em línguas vem de seu espírito ao invés de sua mente. Primeiro, tente conversar comalguém ao mesmo tempo em que lê este livro. Verá que não pode fazer os dois ao mesmo tempo.Contudo, descobrirá que pode continuar falando em línguas enquanto lê este livro. A razão é que vocênão está usando sua mente para falar em línguas —  essa expressão vem de seu espírito. Portanto,enquanto usa seu espírito para orar, pode usar sua mente para ler e entender.

Agora que é Batizado no Espírito Santo

Mantenha em mente a razão principal de Deus ter lhe dado o batismo no Espírito Santo — para

lhe dar poder com o propósito de ser Sua testemunha, por meio da manifestação do fruto e dos donsdo Espírito (veja 1 Co. 12:4-11; Gl. 5:22-23). Vivendo uma vida como a de Cristo e demonstrando Seuamor, alegria e paz ao mundo, assim como manifestando dons sobrenaturais do Espírito, Deus o usarápara levar outros a Ele. A habilidade de falar em línguas é somente um dos “rios de água viva” quedeve fluir de seu ser mais profundo.

Lembre-se também que Deus nos deu o Espírito Santo para sermos capazes dealcançar todas as pessoas da terra com o evangelho (veja At. 1:8). Quando falamos em outras línguas,devemos pensar que a língua que estamos falando pode muito bem, ser a língua nativa de alguma triboremota ou nação estrangeira. Cada vez que oramos em línguas, devemos lembrar que Deus quer quepessoas de todas as línguas ouçam sobre Jesus. Devemos perguntar ao Senhor como Ele quer que nosenvolvamos para cumprir a Grande Comissão de Jesus.

Falar em línguas é algo que devemos fazer sempre que possível. Paulo, um poço de energiaespiritual, escreveu: “Dou graças a Deus por falar em línguas mais do que todos vocês” (1 Co. 14:18).Ele escreveu essas palavras a uma igreja que falava muito em línguas (embora normalmente nas horaserradas). Portanto, Paulo deve ter falado muito em línguas para ter falado mais que eles. Orar emlínguas nos ajuda a ficar conscientes do Espírito Santo que vive dentro de nós, e nos ajudará a “orarsem cessar” como Paulo ensinou em 1 Tessalonicenses 5:17. 

Paulo também ensinou que falar em outras línguas edifica o crente (veja 1 Co. 14:4). Issosignifica que nos forma espiritualmente. Orando em línguas, podemos, apesar de não entendercompletamente, fortalecer nosso homem interior. Falar em outras línguas deve fornecerenriquecimento diário na vida espiritual de cada crente e não ser uma experiência única do

enchimento inicial do Espírito Santo.Uma vez que foi batizado no Espírito Santo, eu o encorajo a gastar tempo todos os dias orando

a Deus em sua nova língua. Isso realçará grandemente seu crescimento e vida espiritual.

Resposta a Algumas Perguntas Comuns

Podemos dizer com certeza que todos aqueles que nunca falaram em línguas nunca forambatizados no Espírito Santo? Pessoalmente, eu acho que não.

Sempre encorajei pessoas a esperar falar em línguas quando orava por elas para que fossem

batizadas no Espírito Santo, e provavelmente 95% delas falaram após alguns segundos de minhaoração. Isso somaria milhares de pessoas durante todos esses anos.Contudo, nunca diria que um crente que orou para ser batizado no Espírito e que não falou em

línguas não é batizado no Espírito Santo, porque o batismo no Espírito é recebido pela fé e falar em

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línguas é voluntário. Contudo, se tiver a oportunidade de compartilhar com um crente que orou paraser batizado no Espírito, mas que nunca falou em línguas, primeiramente mostraria a ele todas aspassagens no livro de Atos sobre o assunto. Então, também mostraria a esse crente como Pauloescreveu que tinha controle de quando falava ou não em línguas. Como Paulo, posso falar em línguassempre que quiser e, portanto, posso decidir, se desejasse, nunca falar em línguas novamente. Destemodo, posso ter sido batizado no Espírito Santo e nunca ter falado em línguas pelo fato de nãocooperar com a capacitação do Espírito.

Então, novamente, quando tenho a oportunidade de compartilhar com um cristão que oroucom fé pelo batismo no Espírito Santo, mas que nunca orou em línguas, não o digo (nem acredito) quenão tenha sido batizado no Espírito Santo. Eu simplesmente explico a ele que falar em línguas não éalgo que o Espírito Santo faz sem nossa vontade. Eu explico que Ele nos capacita, mas que nósdevemos falar, assim como falamos em nossa própria língua. Então encorajo aquela pessoa a cooperarcom o Espírito Santo e começar a falar em línguas. Quase sem exceção, todas elas falam rapidamente.

Paulo não Escreveu que nem Todos falam em Línguas?

A pergunta retórica de Paulo, “Falam todos em línguas?” (1 Co. 12:30), cuja resposta é óbvia:“Não”, deve ser harmonizada com o resto do Novo Testamento. Sua pergunta é encontrada dentro docontexto de suas instruções sobre os dons espirituais, que são todos manifestados somente quando oEspírito deseja (veja 1 Co. 12:11). Paulo estava escrevendo especificamente sobre o dom espiritual da“variedade de línguas” (1 Co. 12:10) que, de acordo com Paulo, deve sempre ser acompanhado do domespiritual da interpretação de línguas. Esse dom em particular não pode ser o que os coríntios estavamsempre manifestando em sua igreja, já que estavam falando em línguas publicamente sem haverinterpretação. Devemos perguntar: Por que em uma assembleia pública o Espírito Santo daria o dom delínguas a alguém sem dar a outrem o dom da interpretação? A resposta é que Ele não daria. Casocontrário, o Espírito Santo estaria promovendo algo que não é da vontade de Deus.

Os coríntios devem ter orado em línguas em voz alta durante seus cultos, sem haverinterpretação alguma. Portanto, aprendemos que falar em línguas tem dois usos diferentes. Um é orarem línguas, o que Paulo disse que deveria ser feito em particular. Esse uso de falar em línguas não éacompanhado de interpretação, como Paulo escreveu: “Meu espírito ora, mas a minha mente ficainfrutífera” (1 Co. 14:14). Obviamente, Paulo nem sempre sabia o que estava falando quando falava emlínguas. Não havia entendimento de sua parte; nem interpretação.

Há também o uso de falar em línguas que é para a assembleia pública da igreja, que é sempreacompanhado do dom de interpretação de línguas. Uma pessoa fala publicamente e uma interpretaçãoé dada. Contudo, Deus não usa a todos dessa maneira. É por isso que Paulo disse que nem todos falamem línguas. Nem todos são usados por Deus com o dom de línguas de modo repentino e espontâneo,assim como Deus não usa a todos com o dom de interpretação de línguas. Esse é o único modo de

reconciliar a pergunta retórica de Paulo, “Falam todos em línguas?”, com o resto do que as Escriturasensinam.

Eu posso falar em línguas sempre que quiser, assim como Paulo podia. Então, obviamente, nemPaulo nem eu diria que falamos em línguas “somente quando o Espírito deseja”. Acontecequando nós queremos. Então, o que fazemos quando nós queremos não pode ser o dom de falar emlínguas que ocorre “quando o Espírito deseja”. Além do mais, Paulo, assim como eu, falava em  línguasreservadamente sem entender o que falava; então, isso não pode ser o dom de línguas sobre o qualfalou em 1 Coríntios, quando disse que seria sempre acompanhado do dom da interpretação delínguas.

Houve raras ocasiões em que falei em línguas em assembleias públicas. Isso só aconteceu

quando senti o Espírito Santo mover em mim para que assim o fizesse, mesmo que pudesse (assimcomo os coríntios estavam fazendo) orar em línguas em voz alta a qualquer hora que desejasse na

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igreja sem haver interpretação. Sempre que senti o Espírito Santo mover em mim com tal dom, houveuma interpretação que edificou o corpo.

Concluindo, devemos interpretar a Bíblia harmoniosamente. Aqueles que acham, por causa dapergunta retórica de Paulo encontrada em 1 Coríntios 12:30, que nem todos os crentes devem falar emoutras línguas, estão ignorando as muitas outras passagens que estão em harmonia com essainterpretação. E por causa de seus erros, perdem uma grande bênção do Senhor.

Capítulo Doze

Mulheres no Ministério

Já que é do conhecimento geral que as mulheres formam mais da metade da Igreja do SenhorJesus Cristo, é importante entender suas funções ordenadas por Deus dentro do corpo. Na maioria das

igrejas e ministérios, elas são vistas como trabalhadoras valiosas, já que fazem a maior parte doministério geral.

Mesmo assim, nem todos concordam sobre as funções das mulheres. Muitas vezes, elas nãosão aceitas em certos ministérios ligados a falar e liderar na igreja. Algumas igrejas permitem pastoras;muitas outras não. Algumas permitem que mulheres ensinem, enquanto outras não. Algumas proíbemque mulheres falem durante os cultos.

A maioria desses desacordos surgiu de variadas interpretações das palavras de Paulo a respeitodas funções das mulheres. Encontradas em 1 Coríntios 14:34-35 e 1 Timóteo 2:11-3:7, essas passagensserão o foco de nosso estudo, principalmente no fim desse capítulo.

Do Início

Enquanto começamos, vamos considerar o que as Escrituras revelam sobre as mulheres desdesuas primeiras páginas. Elas, assim como os homens, são criadas à imagem de Deus:

Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn.1:27).

Sabemos, é claro, que Deus criou Adão antes de Eva, e este é, com certeza, um fato espiritualsignificante de acordo com Paulo (veja 1 Tm. 2:3). Mais tarde levaremos em consideração o significadodessa ordem da criação como é explicada por Paulo, mas agora basta dizer que isso não prova asuperioridade do homem sobre a mulher. Sabemos que Deus criou os animais antes dos sereshumanos (veja Gn. 1:24-28), e ninguém argumentaria que animais são superiores a pessoas.[1] 

A mulher foi criada para ser a ajudante de seu marido (veja Gn. 2:18). Mais uma vez, isso nãoprova sua inferioridade, somente revela seu papel no casamento. O Espírito Santo é dado como nossoajudante, mas com certeza não é inferior a nós; pelo contrário: é superior a nós! E pode ser dito que acriação da mulher para ser ajudante de seu marido prova que os homens precisam de ajuda!Foi Deus quem disse que não era bom que o homem ficasse só (veja Gn. 2:18). Essa verdade tem sidoprovada incontáveis vezes na história quando homens ficam sem esposas para ajudá-los.

Finalmente, notamos na primeira página de Gênesis que a primeira mulher foi formada dacarne do primeiro homem. Ela foi tirada dele, mostrando o fato que sem ela, ele é incompleto e que osdois eram originalmente um. Mais adiante, o que Deus separou foi planejado por Ele que se tornasseum novamente através da união sexual, um meio não só de procriação, mas de expressão de amor eapreciação, de prazer mútuo, do qual ambos dependem um do outro.

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Tudo nessas lições de criação se opõe à ideia de um sexo ser superior ao outro ou um ter odireito de domínio sobre o outro. E o fato de Deus ter designado funções diferentes para mulheres nocasamento ou ministério nada tem a ver com sua igualdade aos homens, em Cristo, em quem “nãohá...homem nem mulher” (Gl. 3:28). 

Mulheres no Ministério no Velho Testamento

Com essa fundação feita, vamos considerar algumas das mulheres que Deus usou para alcançarSeus propósitos divinos no Velho Testamento. É óbvio, que Deus chamou principalmente homens parao ministério vocacional durante o tempo do Velho Testamento, assim como fez no tempo do NovoTestamento. As histórias de homens como Moisés, Arão, Josué, Samuel e Davi enchem as páginas doVelho Testamento.

Contudo, muitas mulheres são provas de que Deus pode chamar e usar quem quiser, emulheres equipadas por Deus são suficientes para qualquer tarefa para a qual Ele as chamar.

Antes de considerarmos qualquer dessas mulheres em particular, note que cada grande homemde Deus do Velho Testamento nasceu e foi criado por uma mulher. Não haveria Moisés sem uma

mulher chamada Joquebede (veja Ex. 6:20). Também não existiria nenhum outro grande homem deDeus se não fosse pelas mães daqueles homens. Deus entregou às mulheres a pesada responsabilidadee o ministério louvável de criar filhos no Senhor (veja 2 Tm. 1:5).

Joquebede não foi somente mãe de dois homens chamados por Deus, chamados Moisés e Arão,mas também de uma mulher chamada por Deus, irmã deles, uma profetisa e líder de louvor chamadaMiriã (veja Ex. 15:20). Em Miqueias 6:4, Deus classificou Miriã, juntamente com Moisés e Arão, comouma entre os líderes de Israel:

Eu o tirei do Egito, e o redimi da terra da escravidão; enviei Moisés, Arão e Miriã para conduzi-lo(ênfase adicionada).

É claro, o papel de liderança de Miriã em Israel não era tão dominante quanto o de Moisés.Mesmo assim, como profetisa, ela falou por parte de Deus, e acho seguro assumir que as mensagensde Deus através dela não eram destinadas apenas às mulheres, mas também aos homens de Israel.

Uma Juíza Sobre Israel

Outra mulher que Deus levantou como líder em Israel foi Débora, que viveu nos tempos dos juízes de Israel. Ela também era profetiza, e era juíza tanto quanto Gideão, Jefté e Samuel que foram juízes durante suas vidas. Somos informados que “os israelitas a procuravam, para que ela decidisse assuas questões” (Jz. 4:5). Portanto, ela fazia decisões para homens, e não somente mulheres. Não podehaver dúvidas sobre isso: Uma mulher dizia aos homens o que fazer, e Deus a ungiu para que assim o

 fizesse. Como a maioria das mulheres que são chamadas por Deus para a liderança, Débora,

aparentemente, encontrou pelo menos um homem que tinha dificuldade para receber a palavra deDeus através de uma mulher. Seu nome era Baraque, e por causa de sua incredulidade às instruçõesproféticas de Débora para que fosse à guerra contra o general cananita Sísera, ela lhe disse que ahonra de matar Sísera seria de uma mulher. Ela estava certa, e uma mulher chamada Jael é lembradanas Escrituras como a mulher que enfiou uma estaca de tenda na cabeça de Sísera enquanto estedormia (veja Jz. 4). A história termina com Baraque cantando um dueto com Débora! Algumas dasfrases estão cheias de louvor a ambas, Débora e Jael (veja Jz. 5); portanto, creio que Baraque tenhacomeçado a acreditar no “ministério feminino” depois de tudo. 

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Uma Terceira Profetisa

Uma terceira mulher que é mencionada no Velho Testamento como uma respeitada profetisa éHulda. Deus a usou para dar discernimento e instrução profética a um homem, o aflito rei de Judá,Josias (veja 2 Rs. 22). Vemos novamente um exemplo de Deus usando uma mulher para instruir umhomem. É bem provável que Hulda era usada por Deus em tal ministério com certa frequência, caso

contrário, Josias não teria tanta fé no que ela lhe disse.Mas, por que Deus chamou Miriã, Débora e Hulda como profetisas? Ele não poderia terescolhido homens ao invés?

Com certeza Deus poderia ter chamado homens para fazer exatamente o que aquelas trêsmulheres fizeram. Mas não chamou. E ninguém sabe a razão. O que devemos aprender com isso é queé melhor termos cuidado para não colocarmos Deus em uma caixa quando falamos sobre quem Elechama para o ministério. Mesmo que, normalmente Deus tenha chamado homens no VelhoTestamento, Ele algumas vezes escolheu mulheres.

Finalmente, deve ser notado que os três preeminentes exemplos de ministras no VelhoTestamento foram profetisas. Existem alguns ministérios no Velho Testamento para os quais nenhuma

mulher foi chamada. Por exemplo, nenhuma mulher foi chamada para ser sacerdotisa. Portanto, Deuspode reservar alguns ministérios exclusivamente para homens.

Mulheres no Ministério no Novo Testamento

É interessante que também encontramos uma mulher sendo chamada por Deus como profetisano Novo Testamento. Quando Jesus tinha somente alguns dias de nascido, Ana O reconheceu ecomeçou a proclamar sobre o Messias:

Estava ali a profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era muito idosa; tinha vivido comseu marido sete anos depois de se casar e então permanecera viúva até a idade de oitenta e quatro

anos. Nunca deixava o templo: adorava a Deus jejuando e orando dia e noite. Tendo chegado alinaquele exato momento, deu graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam aredenção de Jerusalém (Lc. 2:36-38, ênfase adicionada).

Note que Ana falou sobre Jesus “a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.” Issoincluiria, é claro, homens. Portanto, pode ser dito que Ana estava ensinando a homens sobre Cristo.

Há outras mulheres no Novo Testamento a quem Deus usou com o dom de profecia. Maria, amãe de Jesus, estava, com certeza, nesse grupo (veja Lc. 1:46-55). Todas as vezes que as palavrasproféticas de Maria são lidas no culto, pode ser dito que uma mulher está ensinando à igreja. (E semdúvida, Deus honrou as mulheres mandando Seu Filho ao mundo através de uma mulher, algo quepoderia ter feito de muitas outras formas.)

A lista continua. Deus revelou através da boca do profeta Joel que quando derramasse SeuEspírito, os filhos e as filhas em Israel profetizariam (veja Jl. 2:28). Pedro confirmou que a profecia deJoel era, certamente, aplicável à distribuição da nova aliança (veja At. 2:17).

Vemos em Atos 21:8-9 que Filipe, o evangelista, tinha quatro filhas que eram profetisas.Paulo escreveu sobre mulheres profetizando nas reuniões da igreja (veja 1 Co. 11:5). Pelo

contexto fica claro que homens estavam presentes.Com todos os exemplos bíblicos de mulheres sendo usadas por Deus como profetisas e para

profetizar, com certeza não temos um bom motivo para nos fechar à ideia de que Deus pode usarmulheres em tais ministérios! Mais adiante, nada existe que nos leve a pensar que mulheres nãopossam profetizar a homens por parte de Deus.

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Mulheres Como Pastoras?

E mulheres servindo como pastoras? Parece claro que Deus quis que o papel depastor/presbítero/bispo fosse destinado a homens:

Esta afirmação é digna de confiança: Se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função. Énecessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, moderado, sensato,

respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar (1 Tm. 3:1-2, ênfase adicionada).A razão de tê-lo deixado em Creta foi para que você pusesse em ordem o que ainda faltava econstituísse presbíteros em cada cidade, como eu o instruí. É preciso que o presbítero sejairrepreensível, marido de uma só mulher (Tt. 1:5-6, ênfase adicionada).

Paulo não diz expressamente que mulheres são proibidas de atuar no posto de pastor, eportanto, devemos tomar cuidado ao chegarmos a uma conclusão absoluta. Parece que existem váriaspastoras/presbíteras/bispas ao redor do mundo que são muito eficientes, especialmente em naçõesem desenvolvimento; ainda assim, são minoria. Talvez, Deus chame ocasionalmente, mulheres paraesse papel quando isso serve aos Seus sábios propósitos para o Reino ou quando há falta de liderançamasculina qualificada. Também é possível que muitas pastoras no corpo de Cristo hoje são, na

verdade, chamadas a outros ministérios que são biblicamente válidos para mulheres, como o deprofetisa, mas a estrutura atual da igreja só permite que trabalhem no papel pastoral.Por que o posto de pastor/presbítero/bispo é reservado para homens? Conhecer a função

desse posto pode nos ajudar a descobrir. Um dos requisitos bíblicos para pastor/presbítero/bispo é:Ele deve governar bem sua própria família, tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a dignidade.

Pois, se alguém não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus? (1 Tm.3:4-5).

Esse requisito faz muito sentido quando percebemos que o líder do Novo Testamentoadministrava uma pequena igreja no lar. Esse papel era parecido com o de um pai administrando suacasa. Isso nos ajuda a entender por que o posto pastoral deve ser ocupado por um homem — porque émuito parecido com a estrutura familiar que, se estiver de acordo com o projeto de Deus, deve serliderada pelo marido, não pela esposa. Falaremos sobre esse ponto mais tarde.

Mulheres Como Apóstolos?

Estabelecemos conclusivamente que mulheres podem servir no posto de profetisas (sechamadas por Deus). E a respeito de outros ministérios? É esclarecedor ler a saudação de Paulo emRomanos 16, onde ele louva várias mulheres que serviram no ministério pelo bem do Reino de Deus.Uma pode até ter sido listada como apóstolo. Nas três citações consecutivas que se seguem, eucoloquei em itálico todos os nomes femininos:

Recomendo-lhes nossa irmã Febe, serva da igreja em Cencréia. Peço que a recebam no Senhor,de maneira digna dos santos, e lhe prestem a ajuda de que venha a necessitar; pois tem sido de grandeauxílio para muita gente, inclusive para mim (Rm. 16:1-2, ênfase adicionada).

Mas que endosso! Não sabemos com exatidão que ministério Febe exerceu, mas Paulo achamou de “serva da igreja em Cencréia” e “grande auxílio para muita gente”, incluin do ele próprio.Seja lá o que for que ela fazia para o Senhor, deve ter sido bem significante para garantir-lhe o endossode Paulo ante toda a igreja de Roma.

Agora leremos sobre Priscila (Prisca), que juntamente com seu marido, Áquila, tinha umministério tão significante que todas as igrejas dos gentios os estimavam:

Saúdem Priscila  (Prisca) e Áqüila, meus colaboradores em Cristo Jesus. Arriscaram a vida por

mim. Sou grato a eles; não apenas eu, mas todas as igrejas dos gentios. Saúdem também a igreja quese reúne na casa deles. Saúdem meu amado irmão Epêneto, que foi o primeiro convertido a Cristo naprovíncia da Ásia. Saúdem Maria, que trabalhou arduamente por vocês. Saúdem Andrônico e Júnias

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[ou Júnia, como a versão RC traduz, que é feminino], meus parentes que estiveram na prisão comigo.São notáveis entre os apóstolos, e estavam em Cristo antes de mim (Rm. 16:3-7, ênfase adicionada).

A respeito de Júnias, parece lógico pensar que uma pessoa que é notável “entre os apóstolos”só poderia ser um apóstolo. Se a correção correta for Júnia, então ela era umaapóstolo. Priscila e Maria trabalhavam para o Senhor.

Saúdem Amplíato, meu amado irmão no Senhor. Saúdem Urbano, nosso cooperador em Cristo,meu amado irmão Estáquis. Saúdem Apeles, aprovado em Cristo. Saúdem os que pertencem à casa de

Aristóbulo. Saúdem Herodião, meu parente. Saúdem os da casa de Narciso, que estão no Senhor.Saúdem Trifena e Trifosa, mulheres que trabalham arduamente no Senhor. Saúdem a amada Pérside,outra que trabalhou arduamente no Senhor. Saúdem Rufo, eleito no Senhor, esua mãe, que tem sidomãe também para mim. Saúdem Asíncrito, Flegonte, Hermes, Pátrobas, Hermas e os irmãos que estãocom eles. Saúdem Filólogo, Júlia, Nereu e sua irmã, e também Olimpas e todos os santos que estãocom eles (Rm. 16:8-15, ênfase adicionada).

Claramente, mulheres podem ser “trabalhadoras” no ministério. 

Mulheres Como Professoras?

E professoras? O Novo Testamento não menciona nenhuma. É claro que a Bíblia também nãomenciona nenhum homem chamado para ser professor. Priscila (mencionada acima e tambémconhecida de Prisca), esposa de Áquila, estava envolvida no ensino pelo menos em pequena escala. Porexemplo, quando ela e Áquila ouviram Apolo pregando um evangelho deficiente em Éfeso,“convidaram-no para ir à sua casa e explicaram com mais exatidão o caminho de Deus” (At. 18:26).Ninguém pode argumentar que Priscila não ajudou seu esposo a ensinar Apolo, um homem. Maisadiante, Paulo menciona ambos Priscila e Áquila duas vezes nas Escrituras quando escreve sobre “aigreja que se reúne na casa deles” (veja Rm. 16:3-5; 1 Co. 16:19), e chama ambos de “colaboradoresem Cristo Jesus” em Romanos 16:3. Há pouca dúvida que Priscila teve um papel ativo no ministério aolado de seu marido.

Quando Jesus Mandou Mulheres Ensinarem Homens

Antes de falarmos sobre as palavras de Paulo sobre mulheres ficarem em silêncio na igreja e suaproibição a mulheres ensinarem a homens, vamos considerar uma outra passagem que nos ajudará abalancear essas.

Quando Jesus ressuscitou, um anjo mandou pelo menos três mulheres ensinarem aos discípulosde Jesus. Essas mulheres foram instruídas a falar aos discípulos que Jesus tinha ressuscitado e queapareceria a eles na Galileia. Mas isso não é tudo. Pouco tempo depois, Jesus em pessoa apareceu às

mesmas mulheres e as mandou instruir os discípulos a irem para a Galileia (veja Mt. 28:1-10; Mc. 16:1-7).

Em primeiro lugar, acho significante que Jesus escolheu aparecer primeiramente a mulheres edepois a homens. Segundo, se houvesse algo fundamentalmente ou moralmente errado com mulheresensinando homens, Jesus não teria mandado mulheres ensinarem aos homens sobre Sua ressurreição,uma informação essencial, e que Ele mesmo poderia ter entregue (o que fez mais tarde). Ninguémpode argumentar esse fato: o Senhor Jesus instruiu mulheres a ensinarem a verdade vital e daralgumas instruções espirituais a alguns homens.

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As Passagens Problemáticas

Agora que temos algum entendimento do que a maioria da Bíblia nos diz sobre o papel damulher no ministério, somos mais capazes de interpretar as “passagens problemáticas” nas escritas dePaulo. Vamos primeiro considerar suas palavras sobre mulheres manterem o silêncio nas igrejas:

Permaneçam as mulheres em silêncio nas igrejas, pois não lhes é permitido falar; antes

permaneçam em submissão, como diz a Lei. Se quiserem aprender alguma coisa que perguntem a seusmaridos em casa; pois é vergonhoso uma mulher falar na igreja (1 Co. 14:34-35).Alguns questionam, por vários motivos, se essas são realmente as instruções de Paulo ou

somente uma citação do que os coríntios haviam lhe escrito. Está claro que na segunda metade de suacarta, Paulo estava respondendo as questões que os coríntios lhe perguntaram na carta que lheenviaram (veja 1 Co. 7:1, 25; 8:1; 12:1; 16:1, 12).

Em seguida, no próximo versículo, Paulo escreve o que pode ser considerado sua reação àpolítica dos coríntios de silenciar as mulheres nas igrejas:

Acaso a palavra de Deus originou-se entre vocês? São vocês o único povo que ela alcançou? (1Co. 14:36).

A Versão King James traduz esse versículo de modo que Paulo parece ainda mais atônito com aatitude dos coríntios:O quê? A Palavra de Deus veio de vocês? Ou somente para vocês? (1 Co. 14:36).* De qualquer modo, Paulo está obviamente fazendo duas perguntas retóricas. A resposta para

ambas é: Não. Os coríntios não foram os criadores da Palavra de Deus e ela não foi dada somente aeles. As perguntas de Paulo são óbvias censuras ao orgulho deles. Se elas são sua reação aos doisversículos que as precedem, elas parecem dizer: “Quem vocês pensam que são? Desde quando vocêsfazem os decretos a respeito de quem Deus pode usar para ensinar Sua Palavra? Deus pode usarmulheres se quiser, e vocês são tolos por silenciá-las”. 

Essa interpretação parece lógica quando levamos em consideração que Paulo já havia, namesma carta, escrito sobre a maneira própria para mulheres profetizarem nas igrejas (veja 1 Co. 11:5),algo que requer que não fiquem em silêncio. Mais adiante, apenas alguns versículos após aqueles emconsideração, Paulo exorta todos os coríntios, [2] incluindo as mulheres, a buscar “com dedicação oprofetizar” (1 Co. 14:39). Portanto, ele se contradiria se realmente mandasse as mulheres manteremsilêncio nas reuniões das igrejas em 1 Coríntios 14:34-35.

Outras Possibilidades

Vamos assumir por um momento que as palavras em 1 Coríntios 14:34-35 são originalmente dePaulo e que ele está instruindo mulheres as a manterem silêncio. Como então devemos interpretar o

que ele diz?Mais uma vez, devemos nos perguntar por que Paulo estava mandando que mulheres ficassem

completamente caladas nas reuniões quando disse na mesma carta que podiam orar e profetizarpublicamente, aparentemente em reuniões da igreja.

Mais adiante, com certeza Paulo estava ciente das muitas passagens bíblicas que jáconsideramos de Deus usando mulheres para falar Sua Palavra publicamente, até mesmo a homens.Por que ele silenciaria aquelas a quem Deus tem ungido para falar?

Certamente, o senso comum diz que Paulo não pretendia dizer que mulheres deveriamficar completamente caladas quando a igreja se reunisse. Mantenha em mente que a igreja primitiva sereunia em lares e compartilhava refeições. Devemos pensar, então, que as mulheres não falavam

desde a hora em que entravam na casa até a hora em que saíam? Que não falavam enquantopreparavam ou comiam a refeição? Que não falavam com seus filhos o tempo inteiro? Tal pensamentoparece absurdo.

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próprias palavras de aprovação, escritas à igreja de Corinto, a respeito de mulheres orando eprofetizando durante as reuniões da igreja. Certamente se lembrava que havia dito aos coríntios quequalquer um deles poderia receber um ensino do Espírito Santo para compartilhar com o corpo deCristo (veja 1 Co. 14:26). Então, o que ele queria expressar quando escreveu essas palavras a Timóteo?

Note que Paulo recorre a dois fatos relacionados em Gênesis como base de suas instruções: (1)Adão foi criado antes de Eva e (2) Eva; foi enganada e não Adão, e tornou-se transgressora. O primeirofato estabelece o relacionamento próprio entre marido e mulher. Como ensinado pela ordem da

criação, o marido deve ser o cabeça, algo que Paulo ensina em outro lugar (veja 1 Co. 11:3; Ef. 5:23-24).

O segundo fato que Paulo menciona não significa que mulheres são enganadas mais facilmenteque homens, pois não são. Aliás, já que existem mais mulheres que homens no corpo de Cristo, podeser argumentado que homens são mais facilmente enganados que mulheres. Ao invés disso, o segundofato mostra que quando a ordem familiar que Deus planejou foi negligenciada, Satanás pôde entrar.Todo o problema da humanidade começou no jardim quando o relacionamento entre o homem e suamulher ficou fora de ordem — a esposa de Adão não era submissa a ele. Adão deve ter dito a suamulher as instruções de Deus a respeito da fruta proibida (veja Gn. 2:16-17; 3:2-3). Contudo, ela nãoseguiu suas instruções. De certo modo, até exerceu autoridade sobre ele quando lhe deu a fruta

proibida (veja Gn. 3:6). Neste caso, Adão não estava conduzindo Eva, e sim Eva conduzindo Adão. Oresultado foi desastroso.

A Igreja — Um Modelo da Família

A ordem familiar planejada por Deus deve, certamente, ser demonstrada na igreja. Como disseantes, é importante lembrar que, pelos primeiros trezentos anos da história da igreja, as congregaçõeseram pequenas. Elas se encontravam em casas. O pastor/presbítero/bispo era como o pai de umafamília. Essa estrutura da igreja ordenada por Deus se parecia tanto com uma família, e era, naverdade, uma família espiritual; portanto, que uma liderança feminina teria enviado uma mensagemerrada às famílias dentro e fora da igreja. Imagine uma pastora/presbítera/bispa ensinandoregularmente em uma igreja no lar, enquanto seu marido se senta passivamente, ouvindo os seusensinos e se submetendo a sua autoridade. Isso iria contra a ordem familiar de Deus, e o exemploerrado seria proposto.

É isso que as palavras de Paulo querem dizer. Note que elas são encontradas próximas ao textosobre as exigências de Paulo aos presbíteros (veja 1 Tm. 3:1-7), um dos quais é que a pessoa sejahomem. Também deve ser notado que presbíteros devem ensinar regularmente na igreja (veja 1 Tm.5:17). As palavras de Paulo a respeito de mulheres receberem instruções em silêncio e não receberempermissão para ensinar ou exercer autoridade sobre homens estão, obviamente, relacionadas à ordemapropriada na igreja. O que ele descreve como impróprio é uma mulher cumprir, parcialmente ou

completamente, o papel de presbítero/pastor/bispo.Isso não quer dizer que uma mulher/esposa não possa, em submissão ao seu marido, orar,

profetizar, receber um breve ensino para compartilhar com o corpo, ou falar em geral durante umareunião de igreja. Ela poderia fazer tudo isso na igreja sem violar a ordem divina de Deus, assim comopoderia fazer tudo isso em casa sem violação a essa ordem. O que ela era proibida de fazer na igrejanão era nada mais ou menos do que era proibida de fazer em casa — exercer autoridade sobre seuesposo.

Também notamos alguns versículos mais adiante que mulheres podiam servir como diaconisas,assim como homens (veja 1 Tm. 3:12). Servir uma igreja como diaconisa, ou serva, que é o que apalavra significa, não requer violação da ordem divina de Deus entre marido e mulher.

Este é o único modo que vejo de harmonizar as palavras de Paulo em 1 Timóteo 2:11-14 com oque o resto do que as Escrituras ensinam. Nenhum dos outros exemplos bíblicos que consideramos deDeus usando mulheres, serve de modelo para a família como a igreja e, portanto, nenhum viola a

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ordem dada por Deus. Em nenhum encontramos um modelo impróprio de esposas exercendoautoridade sobre seus maridos em um ambiente familiar. Visualize novamente uma pequena reuniãode várias famílias em uma casa e a esposa estando no controle, ensinando e administrando enquantoseu marido senta-se passivamente e se submete a sua liderança. Isso não é o que Deus deseja, já que écontra Sua ordem para a família.

Mesmo Débora tendo sido juíza em Israel, Ana ter falado a homens sobre Cristo, Maria e suasamigas terem contado aos apóstolos sobre a ressurreição de Cristo, nenhuma delas envia uma

mensagem errada ou modelo impróprio da ordem de Deus na unidade familiar. A reunião regular daigreja é um ambiente único, onde existe o perigo da mensagem errada ser enviada semulheres/esposas exercerem autoridade e ensinarem a homens/maridos regularmente.

Concluindo

Se perguntarmos a nós mesmos: “O que pode ser fundamentalmente  errado em mulherestrabalhando no ministério, servindo a outros de coração compassivo e usando seus dons dados porDeus? Que principio moral ou ético isso pode violar?” Então, logo devemos perceber que a única

violação possível seria se o ministério de uma mulher violasse a ordem de Deus para relacionamentosentre homens e mulheres, maridos e esposas. Nas duas “passagens problemáticas” que consideramos,Paulo recorre à ordem divina no casamento como base de sua preocupação.

Portanto, percebemos que mulheres são restritas no ministério somente em um pequenosentido. Deus quer usar mulheres para Sua glória de várias outras formas, e Ele tem feito isso amilhares de anos. As Escrituras falam de muitas contribuições positivas que mulheres fizeram para oReino de Deus, algumas das quais já consideramos. Não vamos esquecer que alguns dos amigos maisíntimos de Jesus eram mulheres (veja Jo. 11:5), e que mulheres apoiavam Seu ministériofinanceiramente (veja Lc. 8:1-3), algo que não é dito sobre homem algum. A mulher do poço deSamaria compartilhou sobre Cristo com os homens de sua vila, e muitos creram nEle (veja Jo. 4:28-30,39). É dito que uma discípula chamada Tabita “se dedicava a praticar boas obras e dar esmolas” (At.9:36). Foi uma mulher que ungiu Jesus para o enterro, e Ele a louvou por isso quando alguns homensreclamaram (veja Mc. 14:3-9). Finalmente, a Bíblia diz que foram mulheres que choraram por Jesusenquanto carregava Sua cruz pelas ruas de Jerusalém, algo que não foi dito de nenhum homem sequer.Tais exemplos e muitos outros como estes devem encorajar mulheres a se levantarem para cumprirseus ministérios ordenados por Deus. Precisamos de todas elas!

[1] Também deve ser notado que após ter criado Adão, Deus criou todos os outroshomens através d as mulheres que deram à luz a eles. Todos os homens depois de Adão vieram de

mulheres, como Paulo nos lembra em 1 Coríntios 11:11-12. Com certeza, ninguém argumentaria queessa divina ordem prova que homens são inferiores a suas mães.

* Nota do tradutor: Versículo traduzido da Versão King James.[2] A exortação de Paulo é endereçada aos “irmãos”, um termo que usa 27 vezes nessa carta, e

que se refere claramente a todo o corpo de cristãos em Corinto e não somente aos homens.[3] Deve ser notado que não havia, no grego original, palavras diferentes para mulher  e esposa,

ou homem e marido. Portanto, devemos determinar pelo contexto se o escritor se refere a homens emulheres ou maridos e esposas. Na passagem sob consideração, Paulo está falando a esposas, já quesomente estas poderiam perguntar qualquer coisa a seus maridos em casa.

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Capítulo Treze

Divórcio e Recasamento

Os temas de divórcio e recasamento são sempre debatidos entre cristãos sinceros. Duasperguntas fundamentais formam a base deste debate: (1) Quando o divórcio é permitido aos olhos deDeus? e (2) Quando o recasamento é permitido aos olhos de Deus? A maioria das denominações eigrejas independentes tem posições doutrinarias oficiais sobre o que é permitido e o que não é,baseadas em suas interpretações particulares das Escrituras. Devemos respeitar a todas por teremconvicções e viverem por elas — se suas convicções forem baseadas em seu amor por Deus. Contudo,com certeza seria melhor se todos nós tivéssemos convicções 100% bíblicas. O ministro discipuladornão quer ensinar o que não alcança o propósito de Deus. Ele também não quer colocar cargas sobre aspessoas que Deus nunca quis que carregassem. Com esse objetivo em mente, farei o melhor parainterpretar as Escrituras neste tópico polêmico e deixá-lo decidir se concorda ou não.

Deixe-me começar dizendo-lhe que estou, assim como você, aflito pelo divórcio estar tãoimplacável no mundo hoje. Pior ainda, é o fato de muitos cristãos professos estarem se divorciando,incluindo aqueles no ministério. Esta é uma grande tragédia. Devemos fazer todo o possível para

impedir que isto aconteça mais ainda, e a melhor solução para o problema do divórcio é pregar oevangelho e chamar pessoas ao arrependimento. Quando duas pessoas casadas são genuinamenterenascidas e ambas seguem ao Senhor, nunca se divorciarão. O ministro discipulador fará todo opossível para que seu próprio casamento seja forte, sabendo que seu exemplo é seu meio maisinfluente de ensinar.

Deixe-me também adicionar que sou casado e feliz há mais de vinte e cinco anos, e que antesdisso nunca fui casado. Não posso me imaginar divorciado. Portanto, não tenho motivo para amaciarpassagens difíceis sobre o divórcio pelo meu próprio bem. Contudo, tenho grande simpatia por pessoasdivorciadas, sabendo que eu mesmo poderia ter feito uma má decisão quando jovem, casando-me comalguém que, mais tarde, seria tentado a pedir o divórcio, ou com alguém menos tolerante comigo que

a maravilhosa mulher com quem me casei. Em outras palavras, poderia ter me divorciado, mas isso nãoaconteceu pela graça de Deus. Acho que a maioria das pessoas casadas pode se identificar com o queestou dizendo; portanto, devemos nos refrear de jogar pedras em pessoas divorciadas. Quem somosnós, que temos casamentos desgastados, para acusar pessoas divorciadas, sem termos ideia do quepossam ter passado? Deus pode considerá-los muito mais santos que nós, já que sabe que nós, debaixodas mesmas circunstâncias, poderíamos ter nos divorciado muito antes.

Ninguém se casa esperando se divorciar, e acho que ninguém odeia mais o divórcio que aquelesque sofreram por causa dele. Portanto, devemos ajudar pessoas casadas a continuarem casadas, epessoas divorciadas a encontrarem a graça que Deus estiver oferecendo. É neste espírito que escrevo.

Farei o possível para permitir que passagens interpretem passagens. Percebi que versículos

sobre esse assunto são muitas vezes interpretados de tal modo, que contradizem outras passagens,que é uma indicação certa que tais versículos foram mal interpretados, pelo menos em parte.

Uma Base

Vamos começar com uma verdade fundamental que todos possamos concordar. A maisfundamental é que as Escrituras afirmam que Deus é contra o divórcio em geral. Durante um tempoem que homens israelitas estavam se divorciando de suas esposas, Ele declarou através do profetaMalaquias:

“Eu odeio o divórcio...  e também odeio homem que se cobre de violência como se cobre deroupas... Por isso, tenham bom senso; não sejam infiéis” (Ml. 2:16). 

Isso não deve surpreender alguém que conheça algo sobre o caráter amoroso e justo de Deus,ou alguém que saiba algo sobre como o divórcio danifica maridos, esposas e crianças. Teríamos que

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questionar o caráter moral de qualquer um que fosse a favor do divórcio de modo geral. Deus é amor(veja 1 Jo. 4:8) e, portanto, odeia o divórcio.

Uma vez, alguns fariseus fizeram uma pergunta a Jesus sobre a legalidade do divórcio “porqualquer motivo”. Sua resposta revela Sua reprovação ao divórcio. Aliás, o divórcio nunca foi Suaintenção para alguém:

Alguns fariseus aproximaram-se dele para pô-lo à prova. E perguntaram- lhe: “É permitido aohomem divorciar-se de sua mulher por qualquer motivo?” Ele respondeu: “Vocês não leram que, no

princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher’ e disse: ‘Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e seunirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’? Assim, eles já não são dois, mas sim uma sócarne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe” (Mt. 19:3-6).

Historicamente, sabemos que existiam duas linhas de pensamento entre os líderes religiosos judeus nos dias de Jesus. Examinaremos estas duas linhas mais detalhadamente mais tarde; mas ésuficiente dizer, por enquanto, que uma era conservadora e a outra liberal. Os conservadoresacreditavam que era permitido que um homem se divorciasse de sua esposa somente por sérias razõesmorais. Já os liberais acreditavam que um homem podia se divorciar por qualquer motivo, incluindoencontrar uma mulher mais atraente. Essas convicções contraditórias foram a base para a perguntados fariseus a Jesus.

Jesus recorreu aos versículos das Escrituras, às primeiras passagens de Gênesis que mostramque o plano original de Deus era unir homem e mulher permanentemente, e não temporariamente.Moisés declarou que Deus criou os dois sexos tendo o casamento em mente, e que este é umrelacionamento tão significante que se torna o mais importante de todos. Uma vez que é oficializado, émais importante até que o relacionamento de alguém com seus pais. Os homens deixam seus paispara se unirem  a suas esposas. E depois, então, a união sexual entre homem e mulher mostra suaunidade ordenada por Deus.

Obviamente, tal relacionamento, que resulta em filhos, não foi intencionado por Deus paradurar temporariamente, e sim permanentemente. Eu acho que o tom da resposta de Jesus aos fariseusindicava Sua grande decepção por tal pergunta ter sido feita. Com certeza, Deus não queria que

homens se divorciassem de suas esposas “por qualquer motivo”. É claro que Deus queria que ninguém pecasse, de modo algum; mas todos pecamos. Com

grande misericórdia, Deus tomou providências para nos resgatar da escravidão do pecado. Além domais, Ele tem coisas para nos dizer depois de termos feito o que Ele não queria que fizéssemos. Damesma maneira, Deus nunca quis que alguém se divorciasse, mas o divórcio era inevitável entrehumanos não submissos a Deus. Ele não ficou surpreso com o primeiro divórcio ou com os milhõessubsequentes. E, portanto, Ele não só declara Seu ódio pelo divórcio, mas também tem algo a dizer àspessoas depois de terem se divorciado.

No Princípio

Com este alicerce posto, podemos começar a explorar mais especificamente o que Deusdeclarou sobre divórcio e recasamento. Já que as afirmações mais polêmicas sobre o divórcio erecasamento são ditas por Jesus aos israelitas, nos ajudará estudarmos primeiro o que Deus disse hácentenas de anos antes sobre o mesmo assunto aos israelitas. Se acharmos que o que Deus disseatravés de Moisés e o que disse através de Jesus são contraditórios, podemos ter certeza que ou a Leide Deus mudou, ou estamos interpretando mal algo dito por Moisés ou Jesus. Então, vamos começarcom o que Deus revelou primeiro a respeito do divórcio e recasamento.

Já mencionei a passagem em Gênesis 2 que, de acordo com Jesus, tem alguma relevância aoassunto do divórcio. Desta vez, vamos lê-la diretamente da descrição de Gênesis:

Com a costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a levou até ele.Disse então o homem: “Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada

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mulher, porque do homem foi tirada”. Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à suamulher, e eles se tornarão uma só carne (Gn. 2:22-24).

Então, esta é a origem do casamento. Deus fez a primeira mulher do primeiro homem e para oprimeiro homem, e a levou a ele pessoalmente. Nas palavras de Jesus, “Deus *os+ uniu” (Mt. 19:6,ênfase adicionada). Este primeiro casamento ordenado por Deus estabeleceu o modelo para todos oscasamentos subsequentes. Deus cria, mais ou menos, o mesmo número de mulheres que homens, e oscria para que se sintam atraídos ao sexo oposto. Assim, pode ser dito que Deus ainda providencia

casamentos em grande escala (mesmo que existam muitos mais possíveis companheiros para cadaindivíduo que existia para Adão e Eva). Portanto, como Jesus disse, nenhum humano deve separar oque Deus  uniu. Não era a intenção de Deus que o casal original tivesse vidas separadas, mas queencontrassem bênçãos vivendo juntos em dependência mútua. A violação da vontade tão claramenterevelada de Deus, constituiria pecado. Dessa maneira, desde o segundo capítulo da Bíblia, éestabelecido o fato que o divórcio não era a intenção de Deus para casamento algum.

A Lei de Deus Escrita em Corações

Também gostaria de sugerir que, mesmo aqueles que nunca leram o segundo capítulo deGênesis, sabem instintivamente que o divórcio é errado, já que a aliança de casamento para a vidatoda é praticada em muitas culturas pagãs, onde o povo não tem conhecimento bíblico. Como Pauloescreveu em sua carta aos Romanos:

De fato, quando os gentios, que não têm a Lei, praticam naturalmente o que ela ordena,tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a Lei; pois mostram que as exigências da Lei estãogravadas em seu coração. Disso dão testemunho também a sua consciência e os pensamentos deles,ora acusando-os, ora defendendo-os (Rm. 2:14-15).

O código de ética de Deus está escrito em cada coração humano. Aliás, este código de ética quefala através da consciência, é toda a lei que Deus deu a qualquer um (exceto ao povo de Israel) de Adãoaté os tempos de Jesus. Qualquer um que esteja mesmo considerando um divórcio verá que precisalidar com sua consciência, e o único modo de poder superá-la é encontrando uma boa justificativa parao divórcio. Se continuar com o divórcio sem uma boa justificativa, sua consciência o condenará, mesmoque possa reprimi-la.

Desde que sabemos, durante vinte e sete gerações, de Adão até a entrega da Lei de Moisés aIsrael, por volta de 1440 d.c., a lei da consciência era toda a revelação que Deus havia dado a qualquerum, incluindo aos israelitas, a respeito do divórcio e recasamento; Deus considerou isso suficiente.(Lembre-se que Moisés não escreveu o registro da criação de Gênesis 2 até o tempo do Êxodo.) Comcerteza, parece razoável pensar que durante estas vinte e sete gerações antes da Lei Mosaica, queinclui o tempo do dilúvio de Noé, alguns dos milhões de casamentos durante aquelas centenas de anosacabaram em divórcio. Também parece razoável concluir que Deus, que nunca muda, estava disposto a

perdoar aqueles que eram culpados pelo divórcio se confessassem seus pecados e se arrependessem.Estamos certos de que pessoas podiam ser salvas ou declaradas santas por Deus, antes da Lei deMoisés ser entregue, assim como foi com Abraão, através de sua fé (veja Rm. 4:1-12). Se pessoaspodiam ser declaradas santas através de sua fé desde Adão até Moisés, isso significa que podiam serperdoadas por qualquer coisa, incluindo pecado referente ao divórcio. Portanto, enquanto começamosa sondar o assunto de divórcio e recasamento, eu me pergunto: Pessoas culpadas de divórcio antes daLei Mosaica e que receberam perdão de Deus eram exortadas por suas consciências (já que não havialei escrita) que se recasassem seriam culpadas?  Estou somente propondo uma pergunta.

E as vítimas do divórcio que não cometeram pecado, aqueles que se divorciaram sem culpa,somente por causa de cônjuges egoístas? A consciência deles os proibiria de recasar? Isso me parece

improvável. Se um marido abandonasse sua esposa por outra mulher, o que a levaria a pensar que nãoteria direito a um recasamento? O divórcio não foi culpa dela.

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A Lei de Moisés

É somente no terceiro livro da Bíblia que encontramos divórcio e recasamento mencionadosespecificamente. Está contido na Lei de Moisés como uma proibição contra sacerdotes casarem-se commulheres divorciadas:

Não poderão tomar por mulher uma prostituta, uma moça que tenha perdido a virgindade, ou

uma mulher divorciada do seu marido, porque o sacerdote é santo ao seu Deus (Lv. 21:7).Em lugar algum da Lei de Moisés há tal proibição dirigida à população geral de homensisraelitas. Mais adiante, o versículo citado indica que (1) havia mulheres israelitas divorciadas e (2) nãohá nada de errado com homens israelitas não-sacerdotais casando-se com mulheres que forampreviamente casadas. A lei citada acima se aplica somente a sacerdotes e mulheres divorciadas quepossam se casar com sacerdotes. Nada havia de errado, de acordo com a Lei de Moisés, com qualquermulher divorciada recasando-se, desde que não se casasse com um sacerdote. Nada havia de erradocom qualquer homem, com exceção sacerdotes, casando-se com uma mulher divorciada.

Era requerido que o sumo sacerdote (talvez um tipo supremo de Cristo) vivesse em padrõesainda mais altos que os sacerdotes normais; não lhe era permitido nem que se casasse com uma viúva.

Lemos alguns versículos mais adiante em Levítico:Não poderá ser viúva, nem divorciada, nem moça que perdeu a virgindade, nem prostituta, masterá que ser uma virgem, do seu próprio povo (Lv. 21:14).

Esse versículo prova que era pecado que todas as viúvas israelitas se recasassem ou que erapecado para qualquer e todo  homem israelita se casar com uma viúva? Não, com certeza não. Naverdade, esse versículo indica fortemente que não seria errado que qualquer  viúva se casassecom qualquer   homem, desde que não fosse o sumo sacerdote, e indica fortemente que qualquerhomem, além do sumo sacerdote poderia se casar com uma viúva. Outras passagens afirmam alegitimação completa de viúvas recasando-se (veja Rm. 7:2-3; 1 Tm. 5:14).

Esse versículo também indica, juntamente com o que consideramos anteriormente (Lv. 21:7),que não seria errado que qualquer homem israelita (além do sacerdote ou sumo sacerdote) se casarcom uma mulher divorciada ou mesmo uma mulher que não fosse virgem, “prostituta”. Do mesmomodo, implica que debaixo da Lei de Moisés, não havia nada de errado com uma mulher divorciadarecasar-se ou com uma “prostituta” casar-se, desde que não se casasse com um sacerdote. Deus deu,graciosamente, a adúlteros e divorciados outra chance, mesmo sendo contra ambos, fornicação edivórcio.

Uma Segunda Proibição Específica Contra Recasamento

Quantas “segunda chances” Deus deu a mulheres divorciadas? Devemos concluir que Ele deu amulheres divorciadas somente mais uma chance debaixo da Lei de Moisés, permitindo somente um

recasamento? Essa seria uma conclusão errada. Lemos mais tarde na Lei de Moisés:Se um homem casar-se com uma mulher e depois não a quiser mais por encontrar nela algo que

ele reprova, dará certidão de divórcio à mulher e a mandará embora. Se, depois de sair da casa, ela setornar mulher de outro homem, e este não gostar mais dela, lhe dará certidão de divórcio, e a mandaráembora. Ou se o segundo marido morrer, o primeiro, que se divorciou dela, não poderá casar-se comela de novo, visto que ela foi contaminada. Seria detestável para o Senhor. Não tragam pecado sobre aterra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá por herança (Dt. 24:1-4).

Note que nestes versículos, a única proibição era contra mulheres divorciadas duas vezes (oudivorciadas e viúvas) recasando-se com seus primeiros maridos. Nada é dito sobre o pecado cair sobreela por casar-se a segunda vez, e uma vez que foi divorciada a segunda vez (ou viúva de seu segundo

marido), só era proibida de voltar ao seu primeiro marido. A indicação óbvia é que ela seria livre pararecasar com qualquer outro homem (que estivesse disposto a dar a ela outra chance). Se fosse pecadoque ela casasse novamente com outro homem, não haveria necessidade de Deus dar esse tipo deinstrução específica. Tudo o que Ele teria que dizer é: “Divorciados são proibidos de se recasar”. 

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Mais adiante, se Deus permitisse que essa mulher se casasse uma segunda vez, o homem quese casasse com ela depois de seu primeiro divórcio também não teria culpa. E se fosse permitido queela se casasse uma terceira vez, o homem que se casasse com ela depois de ser divorciada duas vezesnão estaria pecando (a menos que fosse seu primeiro marido). Portanto, o Deus que odiava o divórcio,amava divorciados e graciosamente, ofereceu a eles outra chance.

Um ResumoDeixe-me resumir o que descobrimos até agora: Mesmo que Deus tenha declarado Seu ódio

 pelo divórcio, Ele não deu indicação antes ou durante a velha aliança que recasamento era pecado,com duas exceções: (1) a mulher divorciada duas vezes ou divorciada e viúva recasando-se com seu

 primeiro marido e (2) o caso de uma mulher divorciada casando-se com um sacerdote. Mais adiante,Deus não deu indicação que casar-se com uma pessoa divorciada era pecado, exceto para sacerdotes. 

Aparentemente, isto vai contra o que Jesus disse sobre pessoas divorciadas que recasam eaqueles que se casam com pessoas divorciadas. Jesus disse que tais pessoas cometem adultério (vejaMt. 5:32). Portanto, estamos interpretando mal a Jesus, a Moisés ou Deus mudou Sua lei. Minha

suspeita é que possamos estar interpretando mal o que Jesus ensinou, pois me parece estranho queDeus dissesse que algo que é moralmente aceitável durante mil e quinhentos anos debaixo da Leique Ele deu a Israel fosse pecado.

Antes de enfrentarmos esta contradição aparente, deixe-me ressaltar que a permissão de Deusao recasamento debaixo da velha aliança não carregava condições que eram baseadas nos motivos dodivórcio ou no grau de culpa da pessoa no divórcio. Deus nunca disse que certos divorciados estavamdesqualificados para o recasamento, pois seus divórcios não tinham motivos legítimos. Ele nunca disseque algumas pessoas eram dignas de se recasarem por causa da legitimidade de seus divórcios. Mesmoassim, ministros modernos tentam fazer tais julgamentos baseando-se num lado da história. Porexemplo, uma mulher divorciada tenta convencer seu pastor que é digna de poder recasar, pois foisomente a vítima do divórcio. Seu ex-marido divorciou-se dela —  e não o contrário. Mas se aquelepastor tivesse a oportunidade de ouvir o lado do marido, poderia vir a ser solidário a ele. Talvez elatenha sido um monstro tendo, portanto, parte da culpa.

Conheci um casal que ambos tentaram provocar o outro a pedir o divórcio para que pudessemse livrar da culpa de ser a pessoa que pediu o divórcio. Ambos queriam dizer que foi o cônjuge, nãoeles, que pediu o divórcio, permitindo, assim, seu casamento subsequente. Podemos enganar aspessoas, mas não a Deus. Por exemplo, qual é a avaliação dEle da mulher, que, em desobediência àPalavra de Deus, nega continuamente o sexo ao seu marido e, então, se divorcia por ele não ter-lhesido fiel? Ela não é, pelo menos em parte, responsável pelo divórcio?

O caso da mulher divorciada duas vezes que acabamos de ler em Deuteronômio 24 nada dizsobre a legitimidade de seus dois divórcios. O primeiro marido encontrou nela “algo que ele reprova”.

Se isto tivesse sido adultério, ela seria digna de morte de acordo com a Lei de Moisés, que prescreviaque adúlteros deveriam ser apedrejados (veja Lv. 20:10). Portanto, se adultério for o único motivolegítimo para o divórcio, talvez seu primeiro marido não tinha um bom motivo para se divorciar dela.Por outro lado, talvez ela tenha cometido adultério, e ele, sendo um homem santo como José deMaria, “pretendia anular o casamento secretamente” (Mt. 1:19). Existem muitos cenários possíveis. 

É dito que seu segundo marido se divorciou por “não gostar mais dela”. Mais uma vez, nãosabemos se alguém é culpado ou se dividem a culpa. Mas não faz diferença. A graça de Deus foiestendida sobre ela para se casar com qualquer um que desse uma chance a uma mulher divorciadaduas vezes, com exceção de seu primeiro marido.

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Uma Objeção

É muitas vezes dito que “se disserem que é permitido que pessoas recasem depois de sedivorciarem por qualquer motivo, isso as encorajará a divorciarem-se por motivos ilegítimos”. Achoque isso pode ser verdade em alguns casos de pessoas meramente religiosas que não estão tentandoverdadeiramente agradar a Deus, mas reprimir pessoas que não são submetidas a Deus de pecar é um

exercício inútil. Contudo, pessoas que são realmente submetidas a Deus em seus corações não estãoprocurando formas de pecar. Estão tentando agradar a Deus, e esse tipo de pessoas normalmente temcasamentos fortes. Mais adiante, Deus, aparentemente, não estava muito preocupado com pessoasdebaixo da velha aliança se divorciando por motivos ilegítimos devido a uma lei liberal de recasamentoporque Ele deu a Israel uma lei liberal de recasamento.

Devemos evitar dizer às pessoas que Deus está disposto a perdoá-las de qualquer pecado, poisserão encorajadas a pecar, porque sabem que o perdão está disponível? Se a resposta for sim, teremosque parar de pregar o evangelho. Novamente, tudo se resume à condição dos corações das pessoas.Aquelas que amam a Deus querem obedecê-Lo. Eu sei muito bem que o perdão de Deus estariadisponível se eu o pedisse, sem importar que pecado eu possa cometido. Mas isso não me motiva a

pecar nem um pouco, porque amo a Deus e renasci; fui transformado por Sua graça e quero agradá-Lo.Deus sabe que não há necessidade de adicionar mais uma consequência negativa às muitasoutras inevitáveis do divórcio com esperança de motivar as pessoas a continuarem casadas. Dizer àspessoas com problemas no casamento que é melhor não se divorciem, pois nunca serão permitidascasarem-se novamente proporciona pouca motivação para que permaneçam casadas. Mesmo queacreditem em você, a perspectiva de uma vida solteira comparada a uma vida de pobreza maritalcontínua parece o céu à pessoa casada miseravelmente.

Paulo no Recasamento

Antes de atacarmos o problema de harmonizar as palavras de Jesus sobre o recasamento comas de Moisés, precisamos perceber que há mais um autor bíblico que concorda com Moisés, e seunome é Paulo, o apóstolo. Paulo escreveu claramente que o recasamento para divorciados não épecado, concordando com o que o Velho Testamento diz:

Quanto às pessoas virgens, não tenho mandamento do Senhor, mas dou meu parecer comoalguém que, pela misericórdia de Deus, é digno de confiança. Por causa dos problemas atuais, pensoque é melhor o homem permanecer como está. Você está casado? Não procure separar-se. Estásolteiro? Não procure esposa. Mas, se vier a casar-se, não comete pecado; e, se uma virgem se casar,também não comete pecado. Mas aqueles que se casarem enfrentarão muitas dificuldades na vida, eeu gostaria de poupá-los disso (1 Co. 7:25-28, ênfase adicionada).

Não há dúvida que Paulo estava falando a pessoas divorciadas nesta passagem. Ele aconselhouos casados, os solteiros e os divorciados a continuarem em seu estado atual por causa da perseguiçãoque os cristãos estavam sofrendo na época. Contudo, Paulo deixou claro que pessoas divorciadas evirgens não pecariam se recasassem.

Note que Paulo não qualificou a legalidade do recasamento de pessoas divorciadas. Ele nãodisse que recasamentos só eram permitidos se a pessoa divorciada não tivesse parcela de culpa em seudivórcio anterior. (E que outra pessoa além de Deus está qualificada a julgar tal coisa?) Ele não disseque recasamento só era permitido àqueles que tinham sido divorciados antes de sua salvação. Não, eledisse simplesmente que recasamento não é pecado para pessoas divorciadas.

Paulo era Flexível Sobre o Divórcio? (Was Paul Soft on Divorce?)

Por Paulo ter endossado uma política generosa sobre recasamento, isso quer dizer que eletambém era flexível sobre o divórcio? Não, Paulo era claramente contra o divórcio em geral. Mais cedono mesmo capítulo de sua carta aos coríntios, ele deixou uma lei sobre o divórcio que está emharmonia com o ódio de Deus pelo divórcio:

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Aos casados, dou este mandamento, não eu, mas o Senhor: Que a esposa não se separe do seumarido. Mas se o fizer, que permaneça sem se casar ou, então, reconcilie-se com o seu marido. E omarido não se divorcie da sua mulher. Aos outros, eu mesmo digo isto, não o Senhor: Se um irmão temmulher descrente, e ela se dispõe a viver com ele, não se divorcie dela. E, se uma mulher tem maridodescrente, e ele se dispõe a viver com ela, não se divorcie dele. Pois o marido descrente é santificadopor meio da mulher, e a mulher descrente é santificada por meio do marido. Se assim não fosse, seusfilhos seriam impuros, mas agora são santos. Todavia, se o descrente separar-se, que se separe. Em tais

casos, o irmão ou irmã não fica debaixo de servidão; Deus nos chamou para vivermos em paz. Você,mulher, como sabe se salvará seu marido? Ou você, marido, como sabe se salvará sua mulher?Entretanto, cada um continue vivendo na condição que o Senhor lhe designou e de acordo com ochamado de Deus. Está é a minha ordem para todas as igrejas (1 Co. 7:10-17).

Note que Paulo se dirige primeiramente a crentes casados com crentes. Eles não devem sedivorciar é claro, e Paulo diz que essa não é sua instrução, mas do Senhor. E com certeza, isto concordacom tudo o que consideramos na Bíblia até agora.

É aqui que fica interessante. Paulo era, obviamente, realístico o suficiente para perceber quemesmo crentes podem se divorciar em casos raros. Se isso ocorre, Paulo diz que a pessoa que sedivorciou de seu esposo ou sua esposa deve continuar descasado ou se reconciliar com ele/ela.

(Mesmo que Paulo dê estas instruções específicas às esposas, eu assumo que as mesmas regas seapliquem aos esposos.)

Novamente, o que Paulo escreve não nos surpreende. Primeiro, ele deixou a lei de Deus arespeito do divórcio, mas é inteligente o suficiente para saber que a lei de Deus pode não ser sempreobedecida. Portanto, quando o pecado do divórcio ocorre entre dois crentes, ele dá mais instruções. Apessoa que se divorciou de seu cônjuge deve continuar descasada ou se reconciliar com seu cônjuge.Com certeza, esta seria a melhor coisa no evento de divórcio entre crentes. Desde que amboscontinuem descasados, há chance de reconciliação. (E obviamente, se tivessem cometido um pecadoimperdoável pelo divórcio, haveria pouco motivo para Paulo dizer-lhes para continuarem descasadosou para se reconciliarem.)

Você acha que Paulo era inteligente o suficiente para saber que sua segunda diretriz a crentesdivorciados poderia não ser sempre obedecida? Eu acho que sim. Talvez não tenha dado maisdiretrizes para crentes divorciados por esperar que os verdadeiros crentes seguissem sua primeiradiretriz de não se divorciarem e, portanto, somente para casos raros sua segunda diretriz serianecessária. Com certeza, verdadeiros seguidores de Cristo, se tivessem problemas conjugais, fariamtodo o possível para preservar seus casamentos. E certamente, um crente que, depois de todas astentativas para preservar o casamento, sentisse que não tinha outra alternativa além do divórcio, estecrente por pura vergonha pessoal e desejo de honrar a Cristo, não consideraria se recasar comqualquer outra pessoa, e ainda esperaria a reconciliação. Parece-me que o real problema na igrejamoderna a respeito do divórcio é que há um percentual muito alto de falsos crentes, pessoas que

nunca realmente creram e, portanto, se submeteram ao Senhor Jesus Cristo.É bem claro, pelo que Paulo escreveu em 1 Coríntios 7, que Deus tem maiores expectativas para

crentes, pessoas que são habitadas pelo Espírito Santo, que para incrédulos. Paulo escreveu, comolemos, que crentes não devem se divorciar de seus cônjuges incrédulos desde que tais cônjugesestejam dispostos a viver com eles. Mais uma vez, esta diretriz não nos surpreende, já que está emperfeita harmonia com tudo mais que lemos sobre o assunto nas Escrituras. Deus é contra o divórcio.Contudo, Paulo continua dizendo que se o ímpio quer o divórcio, o crente deve permiti-lo. Ele sabe queo incrédulo não é submetido a Deus, e assim não espera que aja como tal. Deixe-me acrescentar que ofato de um ímpio concordar em morar com um crente é uma boa indicação de que estápotencialmente aberto para o evangelho, ou que o crente está deteriorando ou é um falso cristão.

Agora, quem diria que um crente divorciado de um incrédulo não é livre para se recasar?Paulo nunca disse tal coisa, como disse no caso de dois crentes divorciados. Teríamos que nosperguntar por que Deus seria contra o recasamento de um crente divorciado de um ímpio. A qualpropósito isso serviria? Mesmo assim, tal permissão parece ir contra o que Jesus disse sobre o

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recasamento: “Mas eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto porimoralidade sexual, faz que ela se torne adúltera, e quem se casar com a mulher divorciada estarácometendo adultério” (Mt. 5:32). Novamente, isso me faz suspeitar que estamos interpretando mal oque Jesus estava tentando comunicar.

O Problema

Jesus, Moisés e Paulo concordam claramente que divorcio é uma indicação de pecado por partede um ou ambos os lados do divórcio. Todos são consistentemente contra o divórcio em geral. Mas eiso nosso problema: Como podemos reconciliar o que Moisés e Paulo disseram sobre o recasamentocom o que Jesus disse? Certamente, devemos esperar que devam harmonizar, já que foram todosinspirados por Deus para dizerem o que disseram.

Vamos examinar exatamente o que Jesus disse e considerar com quem estava falando. Duasvezes no evangelho de Mateus encontramos Jesus discursando sobre divórcio e recasamento, uma vezno Sermão no Monte e outra quando foi questionado por alguns fariseus. Vamos começar com aconversa de Jesus com estes fariseus:

Alguns fariseus aproximaram-se dele para pô-lo à prova. E perguntaram- lhe: “É permitido aohomem divorciar-se de sua mulher por qualquer motivo?” Ele respondeu: “Vocês não leram que, noprincípio, o Criador ‘os fez homem e mulher’ e disse: ‘Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e seunirá a sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’? Assim, eles já não são dois, mas sim uma sócarne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe”. Perguntaram eles: “Então, por que Moisésmandou dar uma certidão de divórcio à mulher e mandá-la embora?” Jesus respondeu: “Moiséspermitiu que vocês se divorciassem de suas mulheres por causa da dureza de coração de vocês. Masnão foi assim desde o princípio. Eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, excetopor imoralidade sexual, e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério” (Mt. 19:3-9).

Durante esta conversa com Jesus, os fariseus se referiram a uma porção da Lei Mosaica quemencionei mais cedo, Deuteronômio 24:1-4. Lá estava escrito:

Se um homem casar-se com uma mulher e depois não a quiser mais por encontrar nela algoque ele reprova, dará certidão de divórcio à mulher e a mandará embora... (Dt. 24:1, ênfaseadicionada).

Nos dias de Jesus, havia duas escolas de pensamento a respeito do que constituía indecência,ou “algo que ele reprova.” Cerca de vinte anos antes, um rabbi chamado Hillel ensinou que umaindecência era uma diferença irreconciliável. No tempo que Jesus teve Seu debate com os fariseus, ainterpretação “Hillel” havia se tornado ainda mais liberal, permitindo o divórcio por quase “qualquermotivo”, como indica a pergunta dos fariseus a Jesus. Um homem podia divorciar -se de sua mulher seela queimasse seu jantar, colocasse muito sal na comida, expusesse seu joelho em público, soltasse ocabelo, falasse com outro homem, dissesse algo indelicado sobre sua sogra ou fosse infértil. Um

homem podia se divorciar de sua mulher até se visse alguém mais atraente que ela, vendo assim nela“algo que ele reprova”. 

Outro rabbi famoso, Shammai, que viveu antes de Hillel, ensinou que “algo que ele reprova” erasomente algo muito imoral, como adultério. Como você deve suspeitar, a interpretação liberal de Hillelera muito mais popular que a de Shammai entre os fariseus dos dias de Jesus. Os fariseus viviam eensinavam que o divórcio era legal por qualquer motivo e, portanto, o divórcio era desenfreado. Osfariseus, em seus jeitos típicos farisaicos, enfatizavam a importância de dar a sua mulher a carta dedivórcio quando a mandasse embora, para “não quebrar a Lei de Moisés”. 

Não se Esqueça que Jesus Estava Falando com FariseusCom este histórico em mente, podemos entender melhor o que Jesus estava enfrentando.

Diante dEle estava um grupo de professores religiosos hipócritas, muitos dos quais, se não todos,

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tinham se divorciado uma ou mais vezes e, provavelmente, por terem encontrado companheiras maisatraentes. (Não acho que seja coincidência que as palavras de Jesus sobre divórcio no Sermão doMonte sigam Suas exortações a respeito da cobiça, também a chamando de forma de adultério.)Mesmo assim, estavam se justificando, dizendo que obedeceram à Lei de Moisés.

A própria pergunta revela sua inclinação. Eles acreditavam claramente que um homem podia sedivorciar de sua mulher por qualquer motivo. Jesus expôs a falta de entendimento dos fariseus arespeito da intenção de Deus no casamento apelando para as palavras de Moisés sobre o casamento

no capítulo 2 de Gênesis. Deus nunca quis que existisse nenhum divórcio, muito menos por “qualquermotivo”, mesmo assim, os líderes de Israel estavam se divorciando de suas mulheres assim comoadolescentes terminam suas “paqueras”! 

Imagino que os fariseus já sabiam a posição de Jesus sobre o divórcio, já que Ele havia afirmadopublicamente antes e, portanto, estavam prontos com sua refutação: “Então, por que Moisés mandoudar uma certidão de divórcio à mulher e mandá-la embora?” (Mt. 19:7). 

Novamente, essa pergunta revela a inclinação deles. Ela foi formulada de forma a deixartransparecer que Moisés estava mandando os homens se divorciarem se suas esposas quandodescobrissem “algo que ele não aprova”, e requerendo um certificado de divórcio próprio. Mas comosabemos, depois ler de Deuteronômio 24:1-4, não é isso que Moisés quis dizer. Ele só estava

regulamentando o terceiro casamento de uma mulher, proibindo-a de recasar com seu primeiromarido.

Já que Moisés mencionou divórcio, ele deve ter sido permitido por algum motivo. Mas notecomo o verbo que Jesus usa em Sua resposta, permitiu, contrasta com a escolha do verbo dosfariseus, mandou. Moisés  permitiu  o divórcio; nunca mandou. A razão de Moisés ter permitido odivórcio foi por causa da dureza dos corações dos israelitas. Isto é, Deus permitiu o divórcio comoconcessão misericordiosa à iniquidade das pessoas. Ele sabia que as pessoas seriam infiéis para comseus cônjuges. Sabia que haveria imoralidades. Ele sabia que os corações das pessoas seriamquebrados. Portanto, permitiu o divórcio. Não era a intenção dEle, mas o pecado o fez necessário.

Depois, Jesus expôs a Lei de Deus aos fariseus, talvez até definindo o que era o “algo que ele

reprova” de Moisés: “Eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, excetopor imoralidade sexual , e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério” (Mt. 19:9, ênfaseadicionada). Aos olhos de Deus, imoralidade sexual  é o único motivo válido para um homem sedivorciar de sua esposa, e posso entender isto. O que um homem ou mulher pode fazer que seja maisofensivo ao seu cônjuge? Quando alguém comete adultério ou tem um caso, ele/ela envia umamensagem brutal. Com certeza, Jesus não estava se referindo somente a adultério quando disse“imoralidade sexual”. Certamente, beijos apaixonados e carícias no cônjuge de outra pessoa seria umaimoralidade ofensiva, assim como a prática de ver pornografia e outras perversões sexuais. Lembre-seque Jesus igualou cobiça ao adultério durante Seu Sermão no Monte.

Não vamos nos esquecer com quem Jesus estava falando —  fariseus que estavam se

divorciando de suas mulheres por qualquer motivo e recasando rapidamente, masque nunca cometiam adultério, a menos que quebrassem o sétimo mandamento. Jesus estava dizendoa eles que estavam somente enganando a si mesmos. O que estavam fazendo não era diferente deadultério, e isso faz sentido. Qualquer pessoa honesta pode ver que um homem que se divorcia de suamulher para poder casar com outra está fazendo o que um adúltero faz, mas debaixo do pretexto dalegalidade.

A Solução

Esta é a chave para harmonizar Jesus com Moisés e Paulo. Jesus estava simplesmente expondo

a hipocrisia dos fariseus. Ele não estava dando uma lei que proíbe qualquer recasamento. Se estivesse,estaria contradizendo Moisés e Paulo e criando uma confusão para milhões de divorciados e milhõesde pessoas recasadas. Se Jesus estivesse dando uma lei de recasamento, o que diríamos àqueles que se

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divorciaram e recasaram antes de terem ouvido sobre a Lei de Jesus? Devemos dizer-lhes que estãovivendo em relacionamentos adúlteros e sabendo que a Bíblia exorta que nenhum adúltero herdará oReino de Deus (veja 1 Co. 6:9-10), instrui-los a se divorciarem novamente? Mas Deus não odeia odivórcio?  

Devemos dizer-lhes para parar de ter sexo com seus cônjuges até que seus ex-cônjuges morrampara evitar que cometam adultério regularmente? Mas Paulo não proíbe que casais evitem sexo um aooutro?  Tal recomendação não levaria a tentações sexuais e até a estimular desejos para que seus ex-

cônjuges morram?Devemos dizer a tais pessoas que se divorciem de seus atuais cônjuges e recasem com seus

cônjuges originais (como defendido por alguns), algo que foi proibido pela Lei Moisaica emDeuteronômio 24:1-4?

E as pessoas divorciadas que nunca recasaram? Se só forem permitidas recasar com seusantigos cônjuges que cometeram adultério ou alguma imoralidade, quem determinará se umaimoralidade realmente foi cometida? Para poder recasar, uma pessoa terá que provar que seu antigocônjuge era culpado de cobiça, enquanto outra precisará trazer testemunhas do caso de seu cônjuge?

Como perguntei mais cedo, e sobre os casos onde o primeiro cônjuge cometeu adultério, emparte por estar casado com uma pessoa que lhe negou o sexo? É justo que a pessoa que negou o sexo

possa recasar enquanto a outra que cometeu o adultério não?E sobre a pessoa que cometeu fornicação antes do casamento? O seu ato de fornicação não é

um ato de infidelidade para com seu futuro cônjuge? O pecado dessa pessoa não seria consideradoequivalente ao adultério se ela ou seu parceiro sexual estivessem casados no período desse pecado?Por que essa pessoa pode casar?

E duas pessoas que moram juntas, não casadas, e então “se separam”? Por que é permitido quese casem com outra pessoa depois dessa separação; só por não terem se casado oficialmente? Qual é adiferença entre eles e aqueles que se divorciam e recasam?

E sobre o fato que “as coisas antigas já passaram” e que “surgiram coisas novas” quando umapessoa se torna cristã (veja 2 Co. 5:17)? Isso realmente significa todos os pecados exceto o pecado de

divórcio ilegítimo?Todas essas perguntas[1] podem ser feitas e muitas outras que são fortes motivos para

pensarmos que Jesus não estava deixando um novo mandamento a respeito do recasamento. Comcerteza, Jesus era inteligente o suficiente para se dar conta das ramificações de Sua nova lei derecasamento, se era isso mesmo. Isto por si só é suficiente para nos dizer que Ele estava somenteexpondo a hipocrisia dos fariseus —  homens cobiçosos, religiosos e hipócritas que estavam sedivorciando de suas esposas “por qualquer motivo” e se recasando. 

Certamente, a razão de Jesus ter dito que estavam “cometendo adultério” ao invés desimplesmente dizer que o que estavam fazendo era errado é que queria que vissem que divórcio porqualquer motivo e recasamento subsequente não é diferente de adultério, algo que diziam nunca

fazer. Devemos concluir, então, que a única coisa com a qual Jesus estava preocupado era o aspectosexual de um recasamento e que aprovaria o recasamento desde que houvesse abstinência sexual?Obviamente não. Portanto, não vamos fazê-lo dizer o que nunca pretendeu.

Uma Comparação Cuidadosa

Vamos imaginar duas pessoas. Uma é um homem casado, religioso, que diz amar a Deus comtodo o seu coração e que começa a cobiçar uma mulher mais jovem da casa ao lado. Logo, ele sedivorcia de sua esposa e rapidamente se casa com a moça de suas fantasias.

O outro homem não é religioso. Ele nunca ouviu o evangelho e tem um estilo de vida

pecaminoso, que finalmente lhe custa seu casamento. Alguns anos mais tarde, como solteiro, ouve oevangelho, se arrepende e começa a seguir a Jesus de todo o seu coração. Três anos mais tarde, seapaixona por uma mulher cristã muito compromissada que conhece em sua igreja. Ambos buscam ao

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Senhor diligentemente e o conselho de outros e por fim decidem se casar. Eles se casam e servemfielmente ao Senhor e um ao outro até a morte.

Agora, vamos assumir  que ambos os homens pecaram ao se recasar. Qual dos dois tem o maiorpecado? Obviamente o primeiro homem. Ele é como um adúltero.

E quanto ao segundo homem? Realmente parece que ele pecou? Pode ser dito que ele não édiferente de um adúltero, como pode ser dito do primeiro homem? Eu acho que não. Devemos dizer aele o que Jesus disse sobre aqueles que se divorciam e depois recasam, informando-lhe que está

vivendo com uma mulher com quem Deus não uniu, porque Deus ainda o considera casado com suaprimeira esposa? Devemos dizer a ele que está vivendo em adultério?

As respostas são óbvias. Adultério é cometido por pessoas casadas que colocam seus olhossobre alguém além de seus cônjuges. Portanto, se divorciar de seu cônjuge por encontrar alguém maisatraente é o mesmo que adultério. Mas uma pessoa não casada e uma divorciada não podem cometeradultério, já que não têm cônjuges para com quem ser infiéis. Uma vez que entendemos o contextobíblico e histórico do que Jesus disse, não inventemos conclusões que não fazem sentido e quecontradizem o resto da Bíblia.

Casualmente, quando os discípulos ouviram a resposta de Jesus à pergunta dos fariseus,responderam dizendo: “Se esta é a situação entre o homem e sua mulher, é melhor não casar”(Mt.

19:10). Perceba que eles haviam crescido debaixo do ensinamento e influência dos fariseus e dentro deuma cultura que era grandemente influenciada pelos fariseus. Eles nunca haviam considerado ocasamento permanente. Aliás, até alguns minutos atrás, eles também, provavelmente acreditavam queera legal que um homem se divorciasse de sua esposa por qualquer motivo. Portanto, eles concluíramrapidamente que deveria ser melhor evitar o casamento e não arriscar cometer divórcio e adultério.

Jesus respondeu,Nem todos têm condições de aceitar esta palavra; somente aqueles a quem isso é dado. Alguns

são eunucos porque nasceram assim; outros foram feitos assim pelos homens; outros ainda se fizerameunucos por causa do Reino dos céus. Quem puder aceitar isso, aceite (Mt. 19:11-12).

Isto é, o impulso sexual de alguém e/ou a habilidade de controle é o maior fator determinante.

Até Paulo disse: “é melhor casar-se do que ficar ardendo de desejo” (1 Co. 7:9). Aqueles que sãoeunucos, ou são feitos eunucos pelos homens (como era feito por homens que precisavam de outroshomens em quem podiam confiar para guardar seus haréns) não têm desejos sexuais. Aqueles que sefazem “eunucos por causa do Reino dos céus” parecem ser aqueles que são agraciados por Deus comcontrole próprio extra, pois “nem todos têm condições de aceitar esta palavra; somente aqueles aquem isso é dado” (Mt. 19:11). 

O Sermão do Monte

Devemos nos lembrar que a multidão a quem Jesus falou durante Seu Sermão do Monte

também era de pessoas que haviam passado suas vidas debaixo da influência hipócrita dos fariseus,governantes e professores de Israel. Como aprendemos mais cedo em nosso estudo do Sermão doMonte, é óbvio que muito do que Jesus disse era nada menos que uma correção dos falsos ensinos dosfariseus. Jesus até disse à multidão que não entrariam no céu, a menos que sua retidão excedesse ados escribas e fariseus (veja Mt. 5:20), que era outro jeito de dizer que todos os escribas e fariseusestavam indo para o inferno. No fim de Seu sermão, as multidões estavam impressionadas, em parte,porque Jesus estava ensinando “não como os mestres da lei” (Mt. 7:29). 

Cedo em Seu sermão, Jesus expôs a hipocrisia daqueles que dizem nunca cometer adultério,mas que cobiçam ou se divorciam e recasam. Ele expandiu o significado de adultério além do ato físicopecaminoso entre duas pessoas que são casadas com outras. O que Ele disse seria óbvio para qualquer

pessoa honesta que pensasse um pouco. Mantenha em mente que até o sermão de Jesus, a maioriadas pessoas na multidão teria pensado que era legal o divórcio “por qualquer motivo”. Jesus queria

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que Seus seguidores e todos os outros soubessem que desde o início a intenção de Deus era umpadrão muito mais alto.

Vocês ouviram o que foi dito: “Não adulterarás”. Mas eu lhes digo: Qualquer que olhar parauma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. Se o seu olho direito o fizerpecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançadono inferno. E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte doseu corpo do que ir todo ele para o inferno. Foi dito: “Aquele qu e se divorciar de sua mulher deverá

dar-lhe certidão de divórcio”. Mas eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, excetopor imoralidade sexual, faz que ela se torne adúltera, e quem se casar com a mulher divorciada estarácometendo adultério (Mt. 5:27-32).

Primeiramente, como mostrei mais cedo, note que as palavras de Jesus sobre o divórcio erecasamento não somente segue diretamente Suas palavras sobre cobiça, ligando-as, mas que Jesusiguala ambas ao adultério, ligando-as ainda mais. Portanto, vemos o fio em comum que percorre essaporção inteira das Escrituras. Jesus estava ajudando Seus seguidores a entender o que realmentesignifica obedecer ao sétimo mandamento. Significa não cobiçar e não se divorciar e se recasar.

Todos em Sua audiência israelita tinham ouvido o sétimo mandamento lido na sinagoga (aspessoas não possuíam Bíblias), e também ouvido a exposição, assim como observado sua aplicação nas

vidas de seus professores, os escribas e fariseus. Em seguida, Jesus disse: “mas eu lhes digo”, porém Elenão estava adicionando novas leis. Estava somente revelando o propósito original de Deus.

Em primeiro lugar, a cobiça era claramente proibida pelo décimo mandamento, e mesmo sem odécimo mandamento, qualquer um que pensasse no assunto perceberia que é errado desejar o queDeus condena.

Segundo, desde os primeiros capítulos de Gênesis, Deus deixou claro que o casamento deveriaser um compromisso para a vida inteira. Mais adiante, qualquer um que pensasse sobre isso teriaconcluído que divórcio e recasamento é bem parecido com o adultério, especialmente quando alguémse divorcia com o propósito de recasar.

Mas novamente, nesse sermão é óbvio que Jesus estava somente ajudando as pessoas a verem

a verdade sobre a cobiça e sobre o divórcio, por qualquer motivo, e recasamento. Ele não estava dandouma nova lei de recasamento que até agora não estava “nos livros”. 

É interessante que poucos na igreja têm interpretado literalmente as palavras de Jesus sobrearrancar seus olhos ou cortar suas mãos, já que tais ideias são contra o resto das Escrituras, e podemservir somente para fortalecer a ideia de evitar tentações sexuais. Mesmo assim, tantos na igrejatentam interpretar literalmente as palavras de Jesus sobre a pessoa recasada cometendo adultério,mesmo quando uma interpretação tão literal contradiz muito do resto das Escrituras. O alvo de Jesusera que Sua audiência enfrentasse a verdade, com a esperança que houvesse menos divórcios. Se Seusseguidores guardassem de coração o que disse sobre a cobiça, não haveria imoralidade entre eles. Senão houvesse imoralidade, não haveria legitimidade para o divórcio, e não haveria divórcio, assim

como Deus quis desde o começo.

Como um Homem faz Sua Esposa Cometer Adultério?

Note que Jesus disse: “todo aquele que se divorciar de sua mulher, excepto por imoralidadesexual, faz que ela se torne adúltera”. Novamente, isso nos leva a concluir que Ele não estava dandouma nova lei de recasamento, somente revelando a verdade sobre o pecado de um homem que sedivorcia de sua mulher sem um bom motivo. Ele “faz que ela se torne adúltera”. Alguns dizem queJesus estava, portanto, proibindo seu recasamento, porque faz disso um adultério. Mas isso é absurdo.A ênfase está no pecado do homem que está se divorciando. Por causa do que ele faz, sua esposa não

terá outra escolha, a não ser a de recasar, o que não é pecado por parte dela, já que foi somente vítimado egoísmo de seu marido. Contudo, aos olhos de Deus, porque o homem deixou sua mulhernecessitada sem escolha, mas a de recasar, é como se ele tivesse forçado sua esposa a ir para a cama

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com outro homem. Portanto, o que pensa que não cometeu adultério é culpado de adultério duplo,seu e de sua esposa.

Jesus não podia estar dizendo que Deus culpa a mulher vitimizada de adultério, já que seriacompletamente injusto e, aliás, seria completamente sem sentido se a esposa vitimizada nunca secasasse novamente. Como Deus poderia dizer que ela era adúltera a não ser que ela tivesse recasado?Não faz o menor sentido. Portanto, é simples ver que Deus culpa o homem pelo seu próprio adultério epelo “adultério” de sua esposa, que na verdade não é adultério para ela. É recasamento legal. 

E sobre a próxima fala de Jesus: “quem se casar com a mulher divorciada estará cometendoadultério”? Existem somente duas possibilidades que fazem sentido. Jesus estava adicionando umterceiro caso de divórcio contra o homem que pensa que nunca cometeu adultério (por um motivosemelhante ao adicionado no segundo caso), ou estava falando do homem que encoraja uma mulher adivorciar-se de seu marido para se casar com ela e não cometer adultério.

Se Jesus estivesse falando que qualquer homem na terra que se casa com uma mulherdivorciada está cometendo adultério, todos os homens israelitas haviam cometido adultério durante oscem anos anteriores, em completa obediência à Lei de Moisés, casando-se com mulheres divorciadas.Aliás, naquele dia, todos os homens na audiência de Jesus que estavam, no momento, casados comuma mulher divorciada em conformidade à Lei de Moisés, repentinamente se tornaram culpados do

que não eram há um minuto atrás, e Jesus deve ter mudado a lei de Deus naquela hora. Mais adiante,todas as pessoas, no futuro, que se casariam com uma pessoa divorciada, confiando nas palavras dePaulo em sua carta aos Coríntios, dizendo que isso não era pecado, estariam na verdade, pecando,cometendo adultério.

O espírito da Bíblia me levaria a admirar o homem que se casou com uma mulher divorciada. Seela tivesse sido uma vítima sem culpa do egoísmo de seu marido, eu admiraria aquele homem, assimcomo admiro o homem que se casa com uma viúva, protegendo-a. Se ela tivesse parte da culpa em seudivórcio, eu o admiraria por sua semelhança com Cristo em acreditar no melhor dela, e por sua graçaem querer esquecer o passado e assumir o risco. Por que, alguém que leu a Bíblia e que tem o EspíritoSanto concluiria que Jesus estava proibindo a todos de se casarem com qualquer divorciado? Como

esta visão se encaixa na justiça de Deus, uma justiça que nunca puniria alguém por ser vítima, como ocaso da mulher que é divorciada sem culpa? Como tal visão se encaixa na mensagem do evangelho,que oferece perdão e outra chance a pecadores arrependidos?

Resumindo

A Bíblia diz consistentemente que o divórcio sempre envolve pecado de uma ou ambas aspartes. Deus nunca quis que alguém se divorciasse, mas misericordiosamente, abriu uma cláusula parao divórcio quando a imoralidade acontecesse. Ele também, misericordiosamente, abriu uma cláusulapara que pessoas divorciadas se casassem novamente.

Se não fosse pelas palavras de Jesus sobre o recasamento, ninguém que lê a Bíblia pensaria queo recasamento é pecado (a não ser por dois casos bem raros debaixo da velha aliança e um caso rarodebaixo da nova, ou seja, o recasamento de um cristão divorciado de outro cristão). Contudo,encontramos uma maneira lógica de harmonizar o que Jesus disse sobre o recasamento com o que oresto da Bíblia ensina. Jesus não estava substituindo a lei de recasamento de Deus por uma mais severaque proíbe todos os recasamentos em todos os casos, uma lei impossível para pessoas que já sãodivorciadas e recasadas obedecerem (é como tentar juntar o ovo depois de tê-lo mexido), e uma leique criaria confusão ilimitada e levaria pessoas a quebrar outros mandamentos de Deus. Pelocontrário, Ele estava ajudando as pessoas a verem sua hipocrisia. Estava ajudando aqueles queacreditavam que nunca cometeriam adultério a ver que já estavam cometendo de outras maneiras, por

sua cobiça e atitude liberal a respeito do divórcio.Como a Bíblia inteira ensina, o perdão é oferecido para pecadores arrependidos, sem levar em

consideração seus pecados, e segundas e terceiras chances são dadas para pecadores, incluindo

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pessoas divorciadas. Não há pecado algum em qualquer recasamento debaixo da nova aliança, comexceção do crente que se divorciou de outro crente, o que nunca deve ocorrer já que verdadeiroscrentes não cometem imoralidades e não há, portanto, motivo válido para o divórcio. Caso aconteçatão raro evento, ambos devem continuar solteiros ou se reconciliar.

[1] Por exemplo, considere os comentários de um pastor divorciado que se encontrou excluídodo corpo de Cristo quando recasou. Ele disse: “Teria sido melhor se tivesse assassinado minha esposaque me divorciado. Se tivesse cometido assassinato, poderia me arrepender, receber perdão, recasarlegalmente e continuado meu ministério.” 

Capítulo QuatorzeFundamentos da Fé

Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe eque recompensa aqueles que o buscam (Hb. 11:6).

Como crentes, nossa fé é construída sobre o fundamento de que Deus existe, e que trata os queO buscam de forma diferente dos que não O buscam. Desde que realmente acreditemos nessas duascoisas, começamos a agradar a Deus, pois começamos a buscá-Lo imediatamente. Buscar a Deusimplica (1) aprender a Sua vontade, (2) obedecer a Ele e (3) crer em Suas promessas. Todos os três

devem ser componentes de nossa caminhada diária.Esse capítulo focaliza nossa caminhada de fé. Infelizmente, muitos têm enfatizado a fé compontos extremos não-bíblicos, focando em particular a área da prosperidade material. Por esse motivo,alguns têm receio de abordar o assunto. Mas o fato de alguém se afogar no rio não é motivo parapararmos de beber água. Podemos continuar balanceados e bíblicos. A Bíblia tem muito a ensinarsobre o assunto e Deus quer que exercitemos nossa fé em Suas muitas promessas.

Jesus deixou o exemplo de sua fé em Deus e esperou que Seus discípulos seguissem Seuexemplo. Da mesma forma, o ministro discipulador se esforça para deixar o exemplo de confiança emDeus e ensina seus discípulos a crerem nas promessas de Deus. Isto é de vital importância. Sem fé, nãosomente é impossível agradar a Deus, como também é impossível receber respostas de oração (vejaMt. 21:22; Tg. 1:5-8). As Escrituras ensinam claramente que os que duvidam estão destituídos dasbênçãos que os salvos recebem. Jesus disse: “Tudo é possível àquele que crê” (Mc. 9:23). 

Definição de Fé

A definição bíblica de fé é encontrada em Hebreus 11:1:Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.Dessa definição, aprendemos várias características de fé. Primeiro, alguém que tem fé

tem certeza, ou confiança. Isso é diferente de esperança, porque a fé é “a certeza  daquilo queesperamos”. Esperança sempre deixa espaço para dúvida. A esperança sempre diz “talvez”. Por

exemplo, posso dizer: “Espero que chova hoje para que meu jardim seja regado”. Eu desejo a chuva,mas não tenho certeza de que choverá. Por outro lado, a fé é sempre certa, “a certeza daquilo queesperamos”. 

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Muitas vezes, o que as pessoas chamam fé ou crença, não é fé pela definição bíblica. Elaspodem olhar para as nuvens escuras no céu, por exemplo, e dizer: “ Acredito que choverá”. Contudo,não estão certas de que irá chover — elas acham que há uma boa possibilidade que  possa chover. Issonão é fé bíblica. Nela não há dúvida. Ela não deixa espaço para qualquer outro resultado a não ser oque Deus prometeu.

Fé é a Certeza das Coisas que não VemosA definição encontrada em Hebreus 11:1 também diz que fé é “a certeza...das coisas que não

vemos”. Portanto, se podemos ver ou perceber algo com um de nossos cinco sentidos físicos, a fé nãoé necessária.

Suponha que alguém lhe dissesse agora: “Por algum motivo que não posso explicar, tenho féque há um livro em suas mãos”. É claro que você acharia que há algo errado com essa pessoa. Vocêdiria: “Ora, você não precisa crer  que tenho um livro em minhas mãos, pois pode ver  que estousegurando um livro”. 

 A fé pertence ao reino invisível. Por exemplo, enquanto estou escrevendo estas palavras,

acredito que há um anjo ao meu lado. Na verdade, tenho certeza disso. Como posso ter tanta certeza?Eu vi um anjo? Não. Eu o ouvi ou senti voando por perto? Não. Se tivesse, visto, ouvido ou sentido um,não teria que acreditar que há um anjo ao meu lado — eu saberia.

Então, o que me dá tanta certeza da presença de um anjo? Minha certeza vem de uma daspromessas de Deus. Em Salmos 34:7, Ele prometeu: “O anjo do Senhor é sentinela ao redor daquelesque o temem, e os livra”. Não tenho prova, além da Palavra de Deus, para o que creio. Essa é averdadeira fé bíblica — a “certeza... das coisas que não vemos”. Muitas vezes, as pessoas do mundousam a expressão: “Ver é crer”. Mas no reino de Deus, a verdade é o oposto: “Crer é ver”. 

Quando exercitamos fé em uma das promessas de Deus, às vezes encontramos circunstânciasque nos tentam a duvidar, ou passamos por um tempo em que parece que Deus não está mantendoSua promessa, pois nossas circunstâncias não estão mudando. Nesses casos, precisamos simplesmenteresistir às dúvidas, perseverar na fé e continuar convencidos em nossos corações de que Deus semprecumpre Sua palavra; é impossível que Ele minta (veja Tt. 1:2).

Como Obtemos Fé?

Porque a fé é baseada somente nas promessas de Deus, só existe uma fonte de fé bíblica — aPalavra de Deus. Romanos 10:17 diz: “a  fé vem por se ouvir   a mensagem, e a mensagem é ouvidamediante a palavra de Cristo” (Rm. 10:17, ênfase adicionada). A Palavra de Deus revela Sua vontade.Somente quando conhecemos a vontade de Deus podemos crer nela.

Portanto, se quiser ter fé, você deve ouvir (ou ler) as promessas de Deus. Fé não vem através daoração, jejum ou imposição de mãos sobre você. Ela só vem pelo ouvir da Palavra de Deus, e uma vezque a tiver ouvido, deve fazer a decisão de crer nela.

Além da aquisição de fé, nossa fé também pode crescer. A Bíblia menciona vários tipos de fé — desde a pequena até a que move montanhas. A fé cresce à medida que é alimentada e exercitada,assim como um músculo humano. Devemos continuar a alimentar nossa fé meditando na Palavra deDeus. Isso inclui aquelas vezes que temos problemas e preocupações. Deus não quer que Seus filhos sepreocupem sobre coisa alguma, mas que confiem nEle em todas as situações (veja Mt. 6:25-34, Fp. 4:6-8; 1 Pd. 5:7). Recusarmos a nos preocuparmos é somente uma das maneiras de exercitarmos nossa fé.

Se realmente cremos no que Deus disse, falaremos e agiremos como se fosse verdade. Se você

acredita que Jesus é o Filho de Deus, irá falar e agir como alguém que crê nisso. Se você acredita queDeus suprirá todas as suas necessidades, falará e agirá de acordo. Se acredita que Deus quer que vocêseja saudável, falará e agirá nos conformes. A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas que, em meio a

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circunstâncias adversas, agiram na fé em Deus e receberam milagres como resultado. Consideraremosalguns mais tarde nesse capítulo e em outro sobre cura divina. (Para alguns outros bons exemplos, veja2 Rs. 4:1-7; Mc. 5:25-36; Lc. 19:1-10 e At. 14:7-10).

A Fé é do Coração

A fé bíblica não opera em nossas mentes, mas em nossos corações. Paulo escreveu: “Pois com ocoração se crê” (Rm. 10:10a). Jesus disse: Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: “Levante-se e atire-se ao mar”, e não

duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim lhe será feito (Mc. 11:23, ênfaseadicionada).

É bem possível ter dúvidas em sua mente, mas ter fé em seu coração e receber o que Deusprometeu. Na verdade, a maioria das vezes que nos esforçamos para crer nas promessas de Deus,nossas mentes, influenciadas por nossos sentidos físicos e pelas mentiras de Satanás, serão atacadascom dúvidas. Durante esses tempos, devemos substituir os pensamentos duvidosos pelas promessasde Deus e nos apegarmos a fé sem exitação.

Erros Comuns da Fé

Às vezes, quando tentamos exercitar nossa fé em Deus, não recebemos o que desejamosporque não estamos agindo de acordo com a Palavra de Deus. Um dos erros mais comuns ocorrequando tentamos crer em algo que Deus não nos prometeu.

Por exemplo, é bíblico que casais creiam em Deus para ter filhos, pois a Palavra de Deus contémuma promessa em que podem permanecer. Conheço casais que ouviram de médicos que nuncapoderiam ter filhos. Contudo, escolheram acreditar em Deus, permanecendo nas duas promessaslistadas abaixo, e hoje, são pais de crianças saudáveis:

Prestem culto ao Senhor, o Deus de vocês, e ele os abençoará, dando-lhes alimento e água.Tirarei a doença do meio de vocês. Em sua terra nenhuma grávida perderá o filho, nem haverá mulherestéril. Farei completar-se o tempo de duração da vida de vocês (Ex. 23:25-26).

Vocês serão mais abençoados do que qualquer outro povo! Nenhum dos seus homens oumulheres será estéril, nem mesmo os animais do seu rebanho (Dt. 7:14).

Essas promessas devem incentivar casais sem filhos! Contudo, tentar crer especificamente emum menino ou menina é outra história. Não há promessas específicas na Bíblia que dizem quepodemos escolher o sexo de nossos futuros filhos. Devemos permanecer dentro dos limites dasEscrituras para que nossa fé tenha efeito. Só podemos confiar em Deus para o que Ele nos prometeu.

Vamos considerar uma promessa da Palavra de Deus e determinar o que podemos acreditar

baseando-nos nessa promessa:Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor

descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro (1 Ts. 4:16).Baseando-nos nessa passagem, podemos crer com toda a certeza que Jesus voltará.Contudo, podemos orar crendo que Jesus voltará amanhã? Não, porque nem essa, nem

qualquer outra passagem nos promete isso. Aliás, Jesus disse que ninguém sabe o dia ou a hora de Suavolta.

Podemos orar, é claro, esperando que Jesus volte amanhã, mas não teríamos a garantia de queisso aconteceria. Quando oramos com fé, temos certeza de que, o que estamos orando, vai acontecer,pois temos a promessa de Deus.

Baseados nessa mesma passagem, podemos crer que os corpos dos crentes que morreramserão ressuscitados na volta de Jesus. Mas será que podemos ter fé de que os que estiverem vivos navolta de Cristo receberão corpos ressurretos na mesma hora ou talvez ainda antes que “os mortos emCristo”?  Não, porque as Escrituras nos prometem o contrário: Os “mortos em Cristo ressuscitarão

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primeiro”. Aliás, o próximo versículo diz: “Depois, nós os que estivemos vivos seremos  arrebatadoscom eles nas nuvens (1 Ts. 4:17). Portanto, não há possibilidade de que os “mortos em Cristo” nãosejam os primeiros a receber corpos ressurretos quando Jesus voltar. É isso que a Palavra de Deuspromete.

Se formos confiar em Deus para algo, devemos ter certeza que é a vontade dEle que recebamoso que desejamos. A vontade de Deus só pode ser determinada com segurança examinando Suaspromessas registradas na Bíblia.

A fé funciona da mesma maneira no reino natural. Seria tolice sua acreditar que eu te visitariaamanhã ao meio-dia a não ser que eu lhe prometesse estar lá a essa hora.

Fé, sem promessa em que se firmar, não é fé —  é tolice. Então, antes de pedir a Deus porqualquer coisa, faça a si mesmo a seguinte pergunta — que passagem da Bíblia me promete o quequero? A menos que tenha uma promessa, você não tem base para sua fé.

Um Segundo Erro Comum

Muitas vezes, cristãos esperam que uma das promessas de Deus aconteça em suas vidas sem

que preencham todos os requisitos que acompanham a promessa. Por exemplo, já ouvi cristãoscitarem Salmo 37 e dizer: “A Bíblia diz que Deus me dará os desejos do meu coração. É nisso quecreio”. 

Contudo, a Bíblia não diz apenas que Deus nos dará os desejos de nossos corações. Na verdade,é isso o que ela diz:

Não se aborreça por causa dos homens maus e não tenha inveja dos perversos; pois como ocapim logo secarão, como a relva verde logo murcharão. Confie no Senhor e faça o bem; assim vocêhabitará na terra e desfrutará segurança. Deleite-se no Senhor, e ele atenderá aos desejos do seucoração. Entregue o seu caminho ao Senhor; confie nele, e ele agirá (Sl. 37:1-5).

Existem várias condições para crermos que Deus nos dará os desejos dos nossos corações.Contei pelo menos oito na promessa acima. A menos que preenchamos os requisitos, não temosdireito de receber a bênção prometida. Nossa fé não tem base.

Cristãos também gostam de citar a promessa encontrada em Filipenses 4:19: “O meu Deussuprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus”.Contudo, existem requisitos a essa promessa? Com certeza, sim.

Se examinar o contexto da promessa encontrada em Filipenses 4:19, verá que não é umapromessa a todos os cristãos, mas aos cristãos doadores. Paulo sabia que Deus supriria todas asnecessidades dos filipenses porque eles tinham enviado uma oferta a ele. Por estarem buscando emprimeiro lugar o reino de Deus, como Jesus mandou, Deus supriria todas as suas necessidades, comoJesus prometeu (veja Mt. 6:33). Muitas das promessas na Bíblia que são relacionadas a Deus suprirnossas necessidades matérias tem a condição de sermos doadores.

Não temos o direito de pensar que podemos confiar em Deus para suprir nossas necessidadesse não estamos obedecendo aos Seus mandamentos a respeito de dinheiro. Debaixo da velha aliança,Deus disse ao Seu povo que foram amaldiçoados por não estarem dizimando, mas prometeu abençoá-los se entregassem os dízimos e dessem ofertas obedientemente.

Muitas das bênçãos prometidas a nós na Bíblia estão condicionadas a nossa obediência a Deus.Portanto, antes de nos esforçarmos para acreditar que Deus nos dará alguma bênção, devemosprimeiro perguntar a nós mesmo: “Estou preenchendo todos os requisitos que acompanham essapromessa?” 

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Um Terceiro Erro Comum

No Novo Testamento, Jesus deixou uma condição que se aplica a todas as vezes que orarmos epedirmos por algo:

Tenham fé em Deus. Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: “Levante-se e atire-seao mar”, e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim lhe será feito.

Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhessucederá (Mc. 11:22-24, ênfase adicionada).A condição que Jesus deixou é acreditar que recebemos quando oramos. Muitos cristãos

tentam exercitar a fé erroneamente, crendo que estão recebendo quando veem  a resposta de suasorações. Eles acreditam que vão receber e não que já receberam.

Quando pedimos a Deus por algo que nos prometeu, devemos crer que recebemos aresposta quando oramos e começar a agradecer a Deus pela resposta imediatamente. Devemos crerque temos a resposta antes de vê-la e não depois. Devemos fazer nossos pedidos a Deus com ação degraças, como Paulo escreveu:

Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de

graças, apresentem seus pedidos a Deus (Fp. 4:6).Como já disse antes, se temos fé em nossos corações, naturalmente, nossas palavras e açõescorresponderão com o que acreditamos. Jesus disse: “a boca fala do que está cheio o coração” (Mt.12:34).

Alguns cristãos cometem o erro de pedir repetidamente pela mesma coisa, o que revela queainda não creram que já receberam. Se cremos que recebemos quando oramos, não há razão derepetirmos o mesmo pedido. Pedir repetidamente pela mesma coisa é duvidar que Deus nos ouviu naprimeira vez que pedimos.

Jesus não Fez o Mesmo Pedido Mais de Uma Vez?

É claro, Jesus fez o mesmo pedido três vezes em seguida quando orou no jardim do Getsêmani(veja Mt. 26:39-44). Mas lembre-se de que ele não estava orando em fé de acordo com a vontaderevelada de Deus. Na verdade, enquanto orava três vezes por algum escape da cruz, Ele sabia que Seupedido era contrário à vontade de Deus. É por isso que se submeteu à vontade de Seu Pai três vezes namesma oração.

Essa mesma oração de Jesus é muitas vezes usada de forma errada como modelo para todas asorações, como alguns ensinam que sempre devemos terminar nossas orações com as palavras: “Sejafeita a Tua vontade” ou “Contudo,  não seja como eu quero, mas sim como tu queres”, seguindo oexemplo de Jesus.

Novamente, devemos nos lembrar que Jesus estava pedindo algo que sabia não ser a vontadede Deus. Seguir Seu exemplo, quando oramos de acordo com a vontade de Deus, seria um erro e umamostra de falta de fé. Por exemplo, orar: “Senhor, eu confesso meu pecado a Ti e lhe peço que meperdoes se for da Tua vontade”, seria inferir que pode não ser a vontade de Deus perdoar meu pecado.Sabemos, é claro, que a Bíblia promete que Deus nos perdoará se confessarmos nossos pecados (veja 1Jo. 1:9). Portanto, tal oração revelaria a falta de fé na vontade revelada de Deus.

Jesus não terminou todas as Suas orações com as palavras: “Contudo, não seja como eu quero,mas sim como tu queres”. Só há um exemplo em que ora dessa maneira, e foi quando orava para seentregar à vontade de Seu Pai, conhecendo o sofrimento que passaria por causa disso.

Por outro lado, se não conhecemos a vontade de Deus a respeito de certa situação, por Ele

ainda não ter revelado, então, é apropriado terminar nossas orações com as palavras “se for da Tuavontade”. Tiago escreveu: 

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Ouçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade,passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro”. Vocês nem sabem o que lhesacontecera amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempoe depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ouaquilo”. Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna(Tg. 4:13-16).

O que devemos fazer, uma vez que pedimos baseando-nos em uma promessa de Deus e

preenchemos todas as qualificações? Devemos agradecer a Deus continuamente pela resposta quecremos já tê-la recebido, até que possamos vê-la. É através de fé e paciência que herdamos aspromessas de Deus (Hb. 6:12). Com certeza, Satanás tentará nos derrotar colocando dúvidas em nossasmentes, e devemos perceber que nossas mentes são o campo de batalha. Quando pensamentosduvidosos invadem nossas mentes, devemos substituí-los por pensamentos baseados nas promessasde Deus e declarar a Palavra de Deus em fé. Quando assim o fizermos, Satanás fugirá (veja Tg. 4:7; 1Pd. 5:8-9).

Um Exemplo de Fé em Ação

Um dos exemplos bíblicos clássicos de fé em ação é a história de Pedro andando sobre as águas.Vamos ler sua história e ver o que podemos aprender com ela.

Logo em seguida, Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e fossemadiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia a multidão. Tendo despedido a multidão, subiusozinho a um monte para orar. Ao anoitecer, ele estava ali sozinho, mas o barco já estava aconsiderável distância da terra, fustigado pelas ondas, porque o vento soprava contra ele. Altamadrugada, Jesus dirigiu-se a eles, andando sobre o mar. Quando o viram andando sobre o mar,ficaram aterrorizados e disseram: “É um fantasma!” E gritaram de medo. Mas Jesus imediatamentelhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenham medo!” “Senhor”, disse Pedro, “se és tu, manda-me ir aoteu encontro por sobre as águas”. “Venha”, respondeu ele. Então Pedro saiu do barco, andou sobre aságuas e foi na direção de Jesus. Mas, quando reparou no vento, ficou com medo e, começando aafundar, gritou: “Senhor, salva-me!” Imediatamente Jesus estendeu a mão e o segurou. E disse:“Homem de pequena fé, por que você duvidou?” Quando entraram no barco, o vento cessou. Então osque estavam no barco o adoraram, dizendo: “Verdadeiramente tu és o Filho de Deus” (Mt. 14:22-33).

É significante o fato que os discípulos de Jesus tinham estado em outra tempestade violenta emum barco no Mar da Galileia algum tempo antes (veja Mt. 8:23-27). Durante esse incidente, Jesusestava com eles e depois de ter repreendido a tempestade, repreendeu Seus discípulos pela falta de fédeles. Antes de começarem aquela jornada, Ele lhes disse que era a Sua vontade que fossem para ooutro lado do lago (veja Mt. 14:35). Contudo, quando a tempestade começou eles foram maisinfluenciados pelas circunstâncias e chegaram a acreditar que iriam morrer. Jesus esperava que pelo

menos não tivessem medo.Contudo, dessa vez Jesus mandou que atravessassem o Mar da Galileia sozinhos. Com certeza,

Ele foi levado pelo Espírito a fazer isso, e certamente, Deus sabia que um vento contrário surgiria ànoite. Portanto, o Senhor permitiu que a fé deles enfrentasse um pequeno desafio.

Por causa daqueles ventos contrários, o que normalmente levaria somente algumas horas levoua noite inteira. Temos que dar crédito aos discípulos por sua persistência, mas não podemos deixar denos perguntar se algum deles tentou ter fé de que os ventos se acalmariam, algo que tinham vistoJesus fazer apenas alguns dias atrás.

É interessante que o evangelho de Marcos registra que quando Jesus andava sobre as águas,“estava já a ponto de passar por eles” (Mc. 6:48). Ele ia deixá-los para enfrentar o problema sozinhos,

enquanto caminhava por eles! Isso parece indicar que não estavam orando ou olhando para Deus.Pergunto-me quantas vezes o Fazedor de Milagres passa por nós enquanto nos esforçamos com osremos da vida contra os ventos dos problemas.

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Princípios de Fé

Jesus respondeu ao desafio de Pedro com uma única palavra: “Venha”. Se Pedro tivessetentado andar na água antes dessa palavra, teria afundado instantaneamente, já que não teriapromessa em que basear sua fé. Ele teria pisado por presunção ao invés de por fé. Mesmo depois deJesus ter dito aquela palavra, se qualquer um dos outros discípulos tivesse tentado andar na água,

também teria afundado instantaneamente, já que Jesus deu Sua promessa somente a Pedro. Nenhumdeles poderia ter preenchido os requisitos da promessa, já que nenhum era Pedro. Da mesma forma,antes de qualquer de nós tentar confiar em uma das promessas de Deus, devemos ter certeza de queela se aplica a nós e que preenchemos os requisitos da promessa.

Pedro pisou na água. Essa foi a hora em que confiou, mesmo que não haja dúvidas de que ele,que estava gritando de medo de um fantasma alguns segundo antes, também tinha dúvidas quandotomou o primeiro passo. Mas para receber o milagre, teve que agir em fé. Se tivesse se segurado nomastro do barco e colocado o dedão para fora do barco para ver se a água suportaria seu peso, nuncateria experimentado o milagre. Da mesma forma, antes de recebermos milagres, devemos noscomprometer em confiar na promessa de Deus e então agir no que acreditamos. Sempre há uma hora

em que nossa fé é testada. Às vezes, esse tempo é curto; às vezes não. Mas haverá um período detempo que teremos de negligenciar nossos sentidos e agir pela Palavra de Deus.Pedro iniciou bem. Mas quando considerou a impossibilidade do que estava fazendo, levando

em conta o vento e as ondas, teve medo. Talvez tenha parado de andar, com medo de dar o outropasso. E ele, que estava experimentando um milagre, se encontrou afundando. Devemos continuar emfé uma vez que começamos agindo em fé. Continue persistindo.

Pedro afundou porque duvidou. Normalmente, as pessoas não gostam de se culpar por suafalta de fé. Preferem passar a culpa para Deus. Mas como você acha que Jesus teria reagido se ouvissePedro dizendo aos outros discípulos, uma vez que estava a salvo no barco: “Era a vontade de Deus queeu só andasse parte do caminho até Jesus”? 

Pedro fracassou porque teve medo e perdeu a fé. São esses os fatos. Jesus não o condenou,mas esticou a mão imediatamente para que Pedro tivesse algo firme em que se apegar. E em seguidaquestionou Pedro por ter duvidado. Ele não teve razão para duvidar, porque a palavra do Filho de Deusé mais certa do que qualquer coisa. Nenhum de nós tem bons motivos para duvidar da Palavra de Deus,ter medo ou se preocupar. 

As Escrituras estão cheias de vitórias que foram resultado de fé, e fracassos que foramresultado de dúvidas. Josué e Calebe tomaram posse da terra prometida por causa de sua fé, quando amaioria de seus colegas morreu no deserto por causa de suas dúvidas (veja Nm. 14:26-30). Osdiscípulos de Jesus tiveram suas necessidades supridas quando viajaram de dois em dois para pregar oevangelho (veja Lc. 22:35), mas uma vez não conseguiram expulsar um demônio porque duvidaram(veja Mt. 17:19-20). Muitos receberam milagres debaixo no ministério de Cristo, enquanto a maioria

dos doentes de Sua cidade natal, Nazaré, continuaram doentes por causa de sua descrença (veja Mc.6:5-6).

Como todos eles, já experimentei sucessos e fracassos de acordo com minha fé ou dúvidas. Masnão vou ficar chateado por causa de minhas dúvidas ou culpar a Deus. Não vou me justificar culpando aEle. Não procurarei um explicação teológica complicada que reinventa a vontade revelada de Deus. Seique é impossível que Deus minta. Então, quando fracassei, simplesmente me arrependi de minhadescrença e comecei a andar na água mais uma vez. Notei que Jesus sempre me perdoa e me salva doafogamento!

O veredito foi selado: crentes são abençoados; os duvidosos não! O ministro discipulador segueo exemplo de Jesus. Ele está cheio de fé e adverte seus discípulos: “Tenham fé em Deus” (Mc. 11:22). 

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Capítulo Quinze

Cura Divina

Mesmo sendo esse assunto um tanto polêmico, com certeza não é obscuro às Escrituras. Naverdade, um décimo de tudo o que foi escrito nos quatro evangelhos é a respeito do ministério de curade Jesus. Há promessas de cura divina no Velho Testamento, nos evangelhos e nas epístolas do NovoTestamento. Aqueles que estão doentes podem encontrar encorajamento em uma variedade depassagens construtoras de fé.

Minha observação geral ao redor do mundo tem sido que onde igrejas são cheias de crentesaltamente comprometidos (verdadeiros discípulos), a cura divina é bem mais comum. Onde a igreja émorna e sofisticada, a cura divina ocorre com raridade. [1] Tudo isso não deve nos surpreender, já queJesus disse que um dos sinais que seguirá futuros crentes é que colocarão as mãos sobre os doentes eeles serão curados (veja Mc. 16:18). Se fôssemos julgar igrejas pelos sinais que Jesus declarou queseguiriam os cristãos, teríamos que concluir que muitas igrejas consistem de descrentes:

E disse-lhes *Jesus+: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quemcrer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes sinais acompanharão os que

crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, sebeberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estesficarão curados” (Mc. 16:15-18).

O ministro discipulador, imitando o ministério perfeito de Cristo, certamente usará seus donspara promover o ministério de cura divina dentro de sua esfera de influência. Ele sabe que cura divinaaumenta o Reino de Deus em pelo menos duas formas: primeiro, curas milagrosas são uma boapropaganda ao evangelho, já que qualquer criança que lesse os evangelhos ou o livro de Atosentenderia (mas que muitos ministros com cursos superiores não conseguem compreender). Segundo,discípulos saudáveis não são impedidos de trabalhar no ministério por suas doenças.

O discipulador também precisa ser sensível aos membros do corpo de Cristo que desejam cura,

mas que têm dificuldade de recebê-la. Muitas vezes precisam de instruções mais cuidadosas eencorajamento gentil, especialmente se ficaram adversos a qualquer mensagem de cura. Odiscipulador se depara com uma escolha: pode evitar ensinar sobre o assunto de cura divina, e no casoninguém ficará ofendido nem será curado, ou pode amorosamente ensinar sobre o assunto e arriscarofender alguns enquanto ajuda outros a experimentar a cura. Pessoalmente, eu escolhi a segundaopção, crendo que segue o exemplo de Jesus.

Cura na Cruz

Um bom lugar para começar o estudo de cura divina é o quinquagésimo terceiro capítulo deIsaías, universalmente considerado uma promessa messiânica. Através do Espírito Santo, Isaíasdescreveu com detalhes a morte de sacrificial de Jesus e o trabalho que realizaria na cruz:

Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças;contudo nós o consideramos castigado por Deus, por Deus atingido e afligido. Mas ele foi transpassadopor causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nostrouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados. Todos nós, tal qual ovelhas, nosdesviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele ainiquidade de nós todos (Is. 53:4-6).

Pela inspiração do Espírito Santo, Isaías declarou que Jesus levounossas enfermidades e doenças. Uma melhor tradução do grego original indica que Jesus carregounossas doenças e dores, como muitas traduções confiáveis indicam em suas notas referenciais.

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A palavra hebraica traduzida por enfermidades em Isaías 53:4 é a palavra choli , que também éencontrada em Deuteronômio 7:15; 28:61; 1 Reis 17:17; 2 Reis 1:2; 8:8, e 2 Crônicas 16:12; 21:25. Emtodos estes casos ela é traduzida como doença ou enfermidade.

A palavra traduzida doenças é a palavra hebraica makob, que pode ser encontrada em Jó 14:22e Jó 33:19. Em ambos os casos ela é traduzida como dor .

Tudo isso sendo verdade, Isaías 53:4 é melhor traduzido assim: “Certamente ele tomou sobre sias nossas doenças  e sobre si levou as nossas dores”. Este fato é confirmado pela citação direta de

Mateus a Isaías 53:4 em seu evangelho: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou asnossas doenças” (Mt. 8:17). 

Incapaz de escapar destes fatos, alguns tentam nos convencer de que Isaías estava se referindoas nossas supostas “doenças espirituais” e “enfermidades espirituais”. Contudo, a citação de Mateus aIsaías 53:4 não deixa dúvida de que Isaías estava se referindo ao sentido literal  físico de doenças eenfermidades. Vamos lê-la dentro do contexto:

Ao anoitecer foram trazidos a ele muitos endemoninhados, ele expulsou os espíritos com umapalavra e curou todos os doentes. E assim se cumpriu o que fora dito pelo profeta Isaías: “Ele tomousobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças” (Mt. 8:16-17, ênfase adicionada).

Mateus disse claramente que as curas físicas executadas por Jesus eram um cumprimento de

Isaías 53:4. Portanto, não há dúvida de que Isaías 53:4 é uma referência a Cristo levar nossasenfermidades físicas e doenças. [2]  Assim como as Escrituras dizem que Jesus levou nossas iniquidades(veja Is. 53:11), também dizem que Ele levou nossas enfermidades e doenças. Estas são notícias quedevem fazer qualquer pessoa doente feliz! Através de Seu sacrifício expiado, Jesus providenciou nossasalvação e cura.

Uma Pergunta Feita

Mas se isso for verdade, alguns perguntam, então por que não somos todos curados? Estapergunta é melhor respondida fazendo-se outra pergunta: Por que nem todas as pessoas nascem denovo? Nem todos renascem porque ou não ouviram o evangelho ou não creram nele. Da mesmaforma, cada indivíduo deve tomar posse de sua cura através de sua própria fé. Muitos ainda nãoouviram a maravilhosa verdade que Jesus levou suas enfermidades; outros ouviram, mas rejeitaram.

A atitude de Deus Pai para com doenças tem sido claramente revelada pelo ministério de SeuFilho amado, que testificou a respeito dEle:

Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer oque vê o Pai fazer, porque o que o Pai faz o Filho também faz (Jo. 5:19).

Lemos no livro de Hebreus que Jesus era “a expressão exata do seu *Pai+ ser” (Hb. 1:3). Não hádúvida de que a atitude de Jesus para com enfermidades era idêntica a de Seu pai.

Qual era a atitude de Jesus? Nem uma vez Ele mandou qualquer pessoa embora, que foi a Ele

pedindo cura. Nem uma vez Ele disse a uma pessoa doente que desejava ser curada: “Não, não é davontade de Deus que você seja curada; portanto, deverá continuar doente”. Jesus sempre curou osdoentes que iam a Ele, e uma vez que eram curados, muitas vezes dizia a eles que a sua fé os curou.Mais adiante, a Bíblia declara que Deus nunca muda (veja Ml. 3:6) e que “Jesus Cristo é o mesmo,ontem, hoje e para sempre” (Hb. 13:8). 

A Cura Proclamada

Infelizmente, hoje a salvação tem sido reduzida a pouco mais do que perdão pelos pecados.

Mas as palavras gregas que, na maioria das vezes, são traduzidas por “salvo” ou “salvação” implicamnos conceitos não só de perdão, mas de entrega e cura.[3] Vamos considerar um homem na Bíblia queexperimentou a salvação em seu sentido mais completo. Ele foi salvo por sua fé enquanto ouvia Paulopregar o evangelho em sua cidade.

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Quando eles souberam disso, fugiram para as cidades licaônicas de Listra e Derbe, e seusarredores. Onde continuaram a pregar as boas novas. Em Listra havia um homem paralítico dos pés,aleijado desde o nascimento, que ouvira Paulo falar. Quando Paulo olhou diretamente para ele e viuque o homem tinha fé para ser curado, disse em alta voz: “Levante -se! Fique em pé!” Com isso, ohomem deu um salto e começou a andar (At. 14:6-10).

Note que, embora Paulo estivesse pregando “as boas novas”, o homem ouviu  algo que produziufé em seu coração para receber cura física. No mínimo, ele deve ter ouvido Paulo dizer algo sobre o

ministério de cura de Jesus e como curou a todos os que Lhe pediram com fé. Talvez Paulo tambémtenha mencionado a profecia de Isaías sobre Jesus carregando nossas enfermidades e doenças. Nãosabemos, mas já que a “fé vem por se ouvir” (Rm. 10:17), o paralítico deve ter ouvido algo queestimulou a fé em seu coração para ser curado. Algo que Paulo disse o convenceu de que Deus nãoqueria que continuasse paralítico.

Paulo deve ter acreditado que Deus queria que o homem fosse curado, ou suas palavras nuncateriam convencido o homem a ter fé para a cura, e não teria dito ao homem para ficar em pé. E sePaulo tivesse dito o que tantos pregadores modernos dizem? E se tivesse pregado: “Não é da vontadede Deus que todos sejam curados”? O homem não teria tido fé para ser curado. Talvez isto expliquepor que tantos não são curados hoje em dia. Os mesmos pregadores que deveriam inspirar as pessoas

a terem fé para a cura estão destruindo sua fé.Note novamente que esse homem foi curado por sua fé. Se ele não tivesse acreditado, teria

continuado paralítico, mesmo que fosse óbvio que era a vontade de Deus que fosse curado. Alémdisso, provavelmente havia outras pessoas doentes entre a multidão naquele dia, mas não temosregistro de mais ninguém que tenha sido curado. Se isto for verdade, por que não foram curados? Pelomesmo motivo de muitos incrédulos na multidão não terem renascido —  porque não creram namensagem de Paulo.

Nunca devemos concluir que não é da vontade de Deus curar a todos baseando-nos no fato deque algumas pessoas nunca foram curadas. Isto seria o mesmo que concluir que não é da vontade deDeus que todos nasçam de novo simplesmente porque algumas pessoas nunca renasceram. Cada

pessoa deve crer no evangelho por si mesma para ser salva, e cada pessoa deve crer por si só para queseja salva.

Mais Provas da Vontade de Deus de Curar

Debaixo da antiga aliança, cura física estava inclusa na aliança de Israel com Deus. Apenasalguns dias depois do Êxodo, Deus fez a Israel esta promessa:

Se vocês derem atenção ao Senhor, o seu Deus, e fizerem o que ele aprova, se derem ouvidosaos seus mandamentos e obedecerem a todos os seus decretos, não trarei sobre vocês nenhuma dasdoenças que eu trouxe sobre os egípcios, pois eu sou o Senhor que os cura (Êx. 15:26).

Qualquer pessoa honesta terá que concordar que a cura estava inclusa na aliança de Israel comDeus e que dependia da obediência do povo. (Casualmente, Paulo deixa claro em 1 Coríntios 11:27-31que a cura física debaixo na nova aliança também depende de nossa obediência.)

Deus também prometeu aos israelitas:Prestem culto ao Senhor, o Deus de vocês, e ele os abençoará, dando-lhes alimento e água.

Tirarei a doença do meio de vocês. Em sua terra nenhuma grávida perderá o filho, nem haverá mulherestéril. Farei completar-se o tempo de duração da vida de vocês (Êx. 23:25-26, ênfase adicionada).

Vocês serão mais abençoados do que qualquer outro povo! Nenhum dos seus homens oumulheres será estéril, nem mesmo os animais do seu rebanho. O Senhor os guardará de todas asdoenças. Não infligirá a vocês as doenças terríveis que, como sabem, atingiram o Egito, mas as infligirá

a todos os seus inimigos (Dt. 7:14-15, ênfase adicionada).Se cura física estava inclusa na antiga aliança, me pergunto como ela pode não estar inclusa na

nova aliança, se de fato a nova aliança é melhor que a antiga, como as Escrituras dizem:

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Agora, porém, o ministério que Jesus recebeu é superior ao deles, assim como também aaliança da qual ele é mediador é superior à antiga, sendo baseada em promessas superiores(Hb. 8:6,ênfase adicionada).

Ainda Mais Provas

A Bíblia contém muitas passagens que oferecem provas indiscutíveis que é a vontade de Deuscurar a todos. Deixe-me listar três das melhores:Bendiga o Senhor a minha alma! Bendiga o Senhor todo o meu ser! Bendiga o Senhor a minha

alma! Não esqueça nenhuma de suas bênçãos! É ele que perdoa todos os seus pecados e cura todas assuas doenças (Sl. 103:1-3, ênfase adicionada).

Que cristão se oporia à declaração de Davi que Deus deseja perdoar todas as nossasiniquidades? Contudo, Davi cria que Deus também deseja curar o mesmo número de nossas doenças— todas elas.

Meu filho, escute o que lhe digo; preste atenção às minhas palavras. Nunca as perca de vista;guarde-as no fundo do coração, pois são vida para quem as encontra e saúde para todo o seu ser  (Pv.

4:20-22, ênfase adicionada).Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, paraque estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. A oração feita com fé curará odoente; o Senhor o levantará. E se houver cometido pecados, ele será perdoado (Tg. 5:14-15, ênfaseadicionada)

Note que esta última promessa pertence a qualquer um que esteja doente. E note que não é opresbítero ou o óleo que traz a cura, mas a “oração feita com fé”. 

Mas é a fé dos presbíteros ou da pessoa doente? De ambos. A fé da pessoa doente é expressa,pelo menos em parte, quando chama os presbíteros da igreja. A descrença da pessoa doente podeanular os efeitos das orações dos presbíteros. O tipo de oração sobre a qual Tiago escreveu é um bomexemplo de oração de concordância que Jesus menciona em Mateus 18:19. Ambas as partesenvolvidas neste tipo de oração devem “concordar”. Se uma pessoa concordar e a outra não, não estãoem concordância.

Também sabemos que, em várias passagens, a Bíblia dá crédito a Satanás pelas doenças (veja Jó2:7; Lc. 13:16; At. 10:38; 1 Co. 5:5). Desta maneira, seria lógico que Deus se opusesse ao trabalho deSatanás nos corpos de Seus filhos. Nosso Pai nos ama muito mais que qualquer pai terreno já amou seufilho (veja Mt. 7:11), e nunca conheci um pai que desejasse que seu filho ficasse doente.

Todas as curas executadas por Jesus durante Seu ministério terreno, e todas as curasregistradas no livro de Atos, devem nos encorajar a acreditar que Deus quer que sejamos saudáveis.Frequentemente, Jesus curou pessoas que iam a Ele buscando cura, e deu crédito à fé delas pelomilagre. Isto prova que Jesus não escolheu pessoas exclusivas a quem queria curar. Ele queria curar a

todas, mas pedia fé da parte delas.

Respostas a Algumas Objeções Comuns

Talvez a objeção mais comum a tudo isso é a que não é baseada na Palavra de Deus, mas nasexperiências das pessoas. Normalmente, é algo assim: “Eu conheci uma mulher cristã maravilhosa queorou para ser curada de câncer; mesmo assim, ela morreu. Isto prova que não é da vontade de Deuscurar a todos”. 

Nunca devemos tentar determinar a vontade de Deus por qualquer outra coisa além da Sua

Palavra. Por exemplo, se viajasse de volta no tempo e assistisse aos israelitas vagando pelo deserto porquarenta anos enquanto a terra que fluía leite e mel esperava por eles do outro lado do Rio Jordão,você poderia ter concluído que não era da vontade de Deus que Israel entrasse na terra prometida.

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Mas se conhece a Bíblia, sabe que este não era o caso. Com certeza, era da vontade de Deus queentrassem na terra prometida, mas não entraram por causa de sua descrença (veja Hb. 3:19).

E todas as pessoas que estão agora no inferno? Era a vontade de Deus que todas estivessem nocéu, mas não preencheram os requisitos de arrependimento e fé no Senhor Jesus. Da mesma forma,não podemos determinar a vontade de Deus a respeito de cura só olhando para pessoas doentes. Ofato de um cristão orar por cura e não ser curado, não prova que não é a vontade de Deus curá-lo. Seaquele cristão tivesse preenchido os requisitos de Deus, teria sido curado, ou então, Deus é um

mentiroso. Quando não recebemos cura e culpamos a Deus com a desculpa de que a cura não era davontade dEle, não somos diferentes dos israelitas descrentes que morreram no deserto dizendo quenão era da vontade de Deus que entrassem na terra prometida. Seria melhor se simplesmenteengolíssemos nosso orgulho e admitíssemos que somos culpados.

Como disse no capítulo anterior sobre fé, muitos cristãos sinceros têm terminado suas oraçõesde cura de forma errada com a frase destruidora de fé: “Se for da Tua vontade”. Isso revela claramenteque não estão orando com fé, pois não têm certeza da vontade de Deus. A respeito da cura, a vontadede Deus é bem clara, como já vimos. Se você sabe que Deus quer te curar, não há razão de dizer “se forda Tua vontade” em sua oração de cura. Seria o equivalente a dizer: “Senhor, eu sei que prometeu mecurar, mas caso estivesse mentindo, eu peço que me cure somente se for da Tua vontade”. 

Com certeza, também é verdade que Deus pode disciplinar crentes desobedientes permitindoque doenças os aflijam, até chegar ao ponto de permitir sua morte prematura em alguns casos.Obviamente, tais crentes devem se arrepender antes de receberem cura (veja 1 Co. 11:27-32). Existemoutros que, negligenciando cuidar de seus corpos, se abrem a doenças. Crentes devem ser inteligenteso suficiente para manter uma dieta saudável, comer moderadamente, exercitar-se regularmente edescansar o necessário.

Uma Segunda Objeção Comum

É muitas vezes dito: “Paulo tinha um espinho na carne e Deus não o curou”. Contudo, a ideia de que o espinho de Paulo era uma doença é simplesmente uma má teoria

teológica sob a luz do fato de que Paulo nos disse exatamente o que era seu espinho — um anjo deSatanás.

Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado umespinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. Três vezes roguei ao Senhor que otirasse de mim. Mas ele me disse: Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoana fraqueza. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poderde Cristo repouse em mim (2 Co. 12:7-9, ênfase adicionada).

A palavra traduzida mensageiro é a palavra grega “aggelos”, traduzida por anjo ou anjos emmais de 160 lugares, onde é encontrada no Novo Testamento. O espinho na carne de Paulo era um

anjo de Satanás enviado para lutar com ele; não era uma doença ou enfermidade.Note também que não há registro de que Paulo tenha orado para ser curado e nem há

indicação de que Deus se recusou a curá-lo. Em três ocasiões, Paulo simplesmente pediu a Deus sepoderia remover o anjo, e Deus disse que Sua graça era suficiente.

Quem deu a Paulo seu espinho? Alguns acreditam que foi Satanás, já que o espinho foichamado um “anjo de Satanás”. Outros creem que foi Deus, porque o espinho foi aparentemente dadopara que Paulo não se orgulhasse. Paulo mesmo disse: “Para impedir que eu me exaltasse”. 

A versão King James traduz esses versículos um pouco diferente. Ao invés de dizer: “paraimpedir que eu me exaltasse”, ela diz: “a fim de que não seja exaltado sobremaneira”. Esta é umadiferença importante, porque Deus não se opõe a sermos exaltados. Portanto, é bem possível que

Deus estava exaltando e Satanás tentando parar a exaltação de Paulo, designando um anjo específicode luta para provocar confusão por onde Paulo viajasse. Mesmo assim, Deus disse que usaria as

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circunstâncias para Sua glória, porque Seu poder poderia ser melhor manifestado na vida de Paulocomo resultado de sua fraqueza.

Independente disso, dizer que Paulo estava doente e que Deus Se recusou a curá-lo é umadistorção bruta do que a Bíblia realmente diz. Na passagem sobre seu espinho na carne, Paulo nuncamenciona doença alguma, e não há nada parecido com uma recusa da parte de Deus para curá-lo desua suposta doença. Se uma pessoa honesta ler a lista de todas as provas pelas quais Paulo passou em2 Coríntios 11:23-30, não encontrará enfermidades ou doenças mencionadas uma única vez.

Uma Elaboração do Mesmo Tema

Alguns se opõem a minha explicação do espinho de Paulo, dizendo: “Mas Paulo não disse aosGálatas que estava doente da primeira vez que pregou o evangelho a eles? Ele não estava falando deseu espinho na carne?” 

Isto é o que Paulo realmente escreveu em sua carta aos Gálatas:Como sabem, foi por causa de uma doença que lhes preguei o evangelho pela primeira vez.

Embora a minha doença lhes tenha sido uma provação, vocês não me trataram com desprezo ou

desdém; ao contrário, receberam-me como se eu fosse um anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus(Gl. 4:13-14).A palavra grega traduzida doença  aqui em Gálatas 4:13 é asthenia, que literalmente significa

“fraqueza”. Ela  pode significar fraqueza por causa de doença, mas não necessariamente.Por exemplo, Paulo escreveu: “a  fraqueza de Deus é mais forte que a força do homem” (1 Co.

1:25, ênfase adicionada). A palavra que é traduzida fraqueza neste versículo também é apalavra asthenia. Não faria sentido se os tradutores tivessem deixado “a doença de Deus é mais forteque a força do homem”. (Veja também Mt. 26:41 e 1 Pd. 3:7, onde a palavra  asthenia é traduzidacomo fraqueza e não pode ser traduzida por doença).

Quando Paulo visitou a Galácia pela primeira vez no livro de Atos, não há menção dele estardoente. Contudo, há menção de ter sido apedrejado e abandonado à morte, e foi ressuscitado oumiraculosamente reavivado (veja At. 14:5-7, 19-20). Com certeza, o corpo de Paulo, depois de ter sidoapedrejado e considerado morto, estava em péssima condição com cortes e hematomas em todos oslugares.

Paulo não tinha uma doença na Galácia que foi uma provação a seus ouvintes. Seu corpo estavacansado de seu recente apedrejamento. Provavelmente, ainda tinha lembranças de suas perseguiçõesna Galácia quando escreveu sua carta aos Gálatas, pois terminou sua epístola com estas palavras:

Sem mais, que ninguém me perturbe, pois trago em meu corpo as marcas de Jesus (Gl. 6:17).

Outra Contestação: “Estou Sofrendo para a Glória de Deus” 

Esta réplica é usada por alguns que pegaram um versículo da história da ressurreição de Lázarocomo base para dizer que estão sofrendo com doenças para a glória de Deus. Jesus disse a respeito deLázaro:

Essa doença não acabará em morte; é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus sejaglorificado por meio dela (Jo. 11:4).

Jesus não estava dizendo que Deus estava sendo glorificado como resultado da doença deLázaro, mas que Deus seria glorificado quando Lázaro fosse curado e ressuscitado dos mortos. Emoutras palavras, o resultado final da doença não seria a morte, pelo contrário, Deus seria glorificado.Deus não é glorificado em doenças; Ele é glorificado na cura. (Veja Mt. 9:8; 15:31; Lc. 7:16; 13:13 e

17:15, onde a cura trouxe glória a Deus.)

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Outra Objeção: “Paulo Disse que Deixou Trófimo Doente em Mileto” 

Por acaso, estou escrevendo esta frase em uma cidade da Alemanha. Quando saí de minhacidade natal nos Estados Unidos na semana passada, deixei várias pessoas doentes para trás.Deixei hospitais cheios de doentes. Mas isto não significa que não era da vontade de Deus que todoseles fossem curados. O fato de Paulo ter deixado um homem doente em uma cidade que visitou não é

prova de que não era da vontade de Deus que aquele homem fosse curado. E o monte de incrédulosque Paulo também deixou para trás? Isto prova que não era da vontade de Deus que fossem salvos?Absolutamente não.

Outra Objeção: “Eu Sou como Jó!” 

Glória ao Senhor! Se você leu o fim da história de Jó, sabe que foi ele curado. Não era a vontadede Deus que ele continuasse doente, e também não é a vontade de Deus que você continue doente. Ahistória de Jó reafirma que a vontade de Deus é sempre de curar.

Outra Objeção: “O conselho de Paulo a Timóteo Sobre Seu Estômago” 

Sabemos que Paulo disse a Timóteo para beber um pouco de vinho por causa do seu estômagoe frequentes dores (veja 1 Tm. 5:23).

Na verdade, Paulo disse a Timóteo para parar de beber água e beber um pouco mais de vinhopara seu estômago e frequentes dores. Isto parece indicar que algo estava errado com a água.Obviamente, se estiver bebendo água contaminada, deve parar de bebê-la e começar a beber outracoisa, ou provavelmente terá problemas de estômago, como Timóteo.

Outra Objeção: “Jesus só Curou para Provar Sua Divindade” Algumas pessoas querem que acreditemos que a única razão de Jesus ter curado foi para provar

Sua divindade. Agora que ela está bem estabelecida, Ele supostamente não cura mais.Isso está completamente incorreto. É verdade que os milagres de Jesus autenticaram Sua

divindade, mas este não é o único motivo de ter curado pessoas durante Seu ministério terreno. Ele,muitas vezes, proibiu as pessoas a quem curou de dizer a qualquer um o que aconteceu com elas (vejaMt. 8:4; 9:6, 30; 12:13-16; Mc. 5:43; 7:36; 8:26). Se Jesus curasse pessoas pelo propósito único deprovar sua divindade, teria que dizer àquelas pessoas para dizerem a todos o que tinha feito por elas.

Qual era a motivação por trás das curas de Jesus? Muitas vezes, as Escrituras dizem que curava

por “ter compaixão” (veja Mt. 9:35-36; 14:14; 20:34; Mc. 1:41; 5:19; Lc. 7:13). A razão de Jesus tercurado é porque amava as pessoas e estava cheio de compaixão. A compaixão de Jesus foi reduzidadesde Seu ministério terreno? Seu amor diminuiu? Absolutamente não!

Outra Objeção: “Deus Quer que Eu Fique Doente por Algum Motivo” 

Isto é impossível, à luz das Escrituras que consideramos. Se você tem persistido nadesobediência, pode ser verdade que Deus permitiu sua doença para que ela o traga aoarrependimento. Mas não é da vontade dEle que você continue doente. Ele quer que se arrependa eseja curado.

Além do mais, se Deus quer que você continue doente, por que está indo a um médico etomando remédios, esperando ser curado? Está tentando sair da “vontade de Deus”? 

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Uma Objeção Final: “Se Nunca Ficarmos Doentes, Como Morreremos?” 

Sabemos que a Bíblia ensina que nossos corpos físicos estão decaindo (veja 2 Co. 4:16). Não hánada que possamos fazer que pare nossos cabelos de ficarem brancos e nossos corpos deenvelhecerem. Finalmente, nossa visão e audição não são tão boas como eram quando éramos mais

 jovens. Não podemos correr tão rápido como antes. Nossos corações não são tão fortes. Estamos

lentamente nos desgastando.Mas isto não significa que temos que morrer de doenças ou enfermidades. Nossos corpospodem simplesmente se desgastar completamente, e quando isto acontecer, nossos espíritos deixarãonossos corpos quando Deus nos chamar para casa, no céu. Muitos cristãos morreram assim. Por quenão você?

[1] Em algumas igrejas na América do Norte, um ministro se arriscaria muito para ensinar esseassunto devido à grande resistência que encontraria dos supostos crentes. Jesus também encontrou

resistência e, às vezes, descrença que prejudicaram Seu ministério de cura (veja Mc. 6:1-6).[2] Agarrando-se a qualquer coisa em que possam se segurar, alguns tentam nos convencer deque Jesus realizou Isaías 53:4 completamente quando curou as pessoas naquela noite em Cafarnaum.Mas Isaías disse que Jesus levou nossas enfermidades, assim como também disse que Jesus foiesmagado por nossas iniquidades (compare Is. 53:4 e 5). Jesus levou as enfermidades das mesmaspessoas de quem levou aquelas iniquidades. Ele foi esmagado; portanto, Mateus estava somenteindicando que o ministério de cura de Jesus em Cafarnaum validou que Ele era o Messias a quem Isaías53 se referia, aquele que levaria nossas iniquidades e enfermidades.

[3] Por exemplo, Jesus disse a uma mulher a quem tinha curado de hemorragia interna: “Filha, asua f é a curou” (Mc. 5:34). A palavra grega traduzida por “curou” neste versículo (sozo) e em outrasdez vezes no Novo Testamento é traduzida por “salvar” ou “salva” mais de oitenta vezes no NovoTestamento. É, por exemplo, a mesma palavra que é traduzida por “salvos” em Efésios 2:5, “pela graçavocês são salvos”. Portanto, vemos que cura física está embutida no significado da palavra grega que étraduzida, na maioria das vezes como “salvo”. 

Capítulo Dezesseis

O Ministério de Cura de Jesus

 

Muitos pensam que porque Jesus era o Filho divino de Deus, podia fazer milagres sempre quequisesse. Mas quando examinamos as Escrituras de perto, descobrimos que mesmo sendo divino, Eleera aparentemente limitado durante Seu ministério terreno. Uma vez, Ele disse: “O Filh o não poderfazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer” (Jo. 5:19). Isto mostra claramente queJesus era limitado e dependente de Seu Pai.

De acordo com Paulo, quando Jesus se tornou um ser humano, Ele “esvaziou-se a si mesmo” decertas coisas que tinha anteriormente como Deus:

Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou queo ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo. Vindo a ser servo,tornando-se semelhante aos homens (Fp. 2:5-7, ênfase adicionada).

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Jesus “esvaziou-se a si mesmo” de quê? Não foi de Sua divindade. Não foi de Sua santidade.Não foi de Seu amor. Deve ter sido de seu poder sobrenatural. Obviamente Ele não era maisonipresente (presente em todos os lugares). Da mesma forma, Ele não era onisciente (conhecedor detodas as coisas), ou onipotente (todo-poderoso). Jesus se tornou homem. Em Seu ministério, operoucomo um homem ungido pelo Espírito Santo. Isso se torna abundantemente claro quando olhamos deperto os quatro evangelhos.

Por exemplo, podemos perguntar: Se Jesus era o divino Filho de Deus, por que foi necessário que

Ele fosse batizado no Espírito Santo quando começou Seu ministério aos trinta anos?  Porque Deus precisaria ser batizado com Deus?

Claramente, Jesus precisou do batismo do Espírito Santo para que fosse ungido para oministério. É por isso que, logo depois de Seu batismo, lemos que Ele prega com estas palavras: “OEspírito do Senhor está obre mim, porque ele me ungiu para pregar...para proclamar...para libertar...”(Lc. 4:18, ênfase adicionada).

Também é por este motivo que Pedro pregou: “Como Deus  ungiu a Jesus de Nazaré com oEspírito Santo e poder , e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidospelo Diabo, porque Deus estava com ele” (At. 10:38). 

Também é por este motivo que Jesus não fez milagres até ser batizado no Espírito Santo aos

trinta anos. Ele era o Filho de Deus aos vinte e cinco anos? Com certeza. Então, por que não fezmilagres até a idade de trinta anos? Simplesmente, porque Jesus “esvaziou-se a si mesmo” do podersobrenatural que Deus tem, e teve que esperar pelo tempo em que iria ser ungido pelo Espírito.

Mais Provas que Jesus Ministrou como um Homem Ungido pelo Espírito

Quando lemos os evangelhos, notamos que algumas vezes Jesus tinha uma sabedoriasobrenatural e outras não. Na verdade, muitas vezes Jesus fez perguntas para obter informação.

Por exemplo, Ele disse à mulher no poço de Samaria que ela tinha cinco maridos e o homem

com quem morava não era seu marido (veja Jo. 4:17-18). Como Jesus sabia disso? Será que é porqueEle era Deus e Deus sabe todas as coisas? Não, se este fosse o caso, Jesus teria demonstrado essahabilidade consistentemente. Mesmo Ele sendo Deus e Deus sabendo todas as coisas, Jesus seesvaziou de Sua onisciência quando se tornou homem. Jesus sabia a história marital da mulher no poçoporque o Espírito Santo deu a Ele naquele momento o dom de “palavra de conhecimento” (1 Co. 12:8),que é a habilidade sobrenatural de saber algo sobre o presente ou o passado. (Estudaremos maisdetalhadamente o assunto de dons do Espírito no próximo capítulo.)

Jesus sabia todas as coisas o tempo inteiro? Não, quando a mulher com o problema dehemorragia tocou a borda do manto de Jesus e Ele sentiu poder sair dEle, perguntou: “Quem tocou emmeu manto?” (Mc. 5:30b). Quando Jesus viu uma figueira à distância em Mc. 11:13, “foi ver se

encontraria nela algum fruto”. Por que Jesus não sabia quem O tinha tocado? Por que não sabia se havia figos na figueira?

Porque Jesus estava operando como um homem ungido pelo Espírito Santo com os dons do Espírito.Os dons do Espírito operam como o Espírito deseja (veja 1 Co. 12:11; Hb. 2:4). Jesus não sabia as coisassobrenaturais, a menos que o Espírito Santo quisesse dar a Ele o dom da “palavra de conhecimento”. 

A mesma coisa se aplica ao ministério de cura de Jesus. As Escrituras deixam claro que Jesusnão podia curar todo o tempo. Por exemplo, lemos no evangelho de Marcos que quando Jesus visitouSua cidade natal de Nazaré, não foi capaz de completar tudo o que queria fazer.

Jesus saiu dali e foi para a sua cidade, acompanhado dos seus discípulos. Quando chegou osábado, começou a ensinar na sinagoga, e muitos dos que o ouviam ficavam admirados. “De onde lhe

vêm estas coisas?”, perguntavam eles. Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E estes milagres que elefaz? Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Não estão aquiconosco as suas irmãs?” E ficavam escandalizados por causa dele. Jesus lhes disse: “Só em sua própriaterra, entre os seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra”. E  não pôde

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 fazer ali nenhum milagre, exceto impor as mãos sobre alguns doentes e curá-los. E ficou admirado coma incredulidade deles (Mc. 6:1-6, ênfase adicionada).

Note que Marcos não disse que Jesus não quis fazer nenhum milagre ali, mas que não pôde. Porquê? Porque as pessoas de Nazaré eram descrentes. Elas não receberam Jesus como o ungido Filho deDeus, mas somente como o filho de um carpinteiro local. Assim como Jesus mesmo advertiu: “Só emsua própria terra, entre os seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra” (Mc.6:4). Como resultado, o máximo que pôde fazer foi curar algumas pessoas de “pequenas dores” (como

diz uma tradução). Com certeza, se houvesse um lugar em que Jesus quisesse fazer milagres e curarmuitas pessoas, seria na cidade em que viveu a maior parte de Sua vida. Contudo, a Bíblia diz que nãopôde.

Mais Vislumbres de Lucas

Jesus curou principalmente por dois métodos diferentes: (1) ensinando a palavra de Deus paraencorajar pessoas doentes a terem fé para serem curadas e (2) operando com “dom de cura” como oEspírito Santo escolhesse. Portanto, Jesus era limitado por dois fatores em Seu ministério de cura: (1) a

descrença dos doentes e (2) a vontade do Espírito Santo de Se manifestar através do “dom de cura”. Obviamente, a maioria das pessoas na cidade natal de Jesus não tinha fé nEle. Mesmo que já

tivessem ouvido de Seus milagres em outras cidades, não acreditaram que Ele tivesse poder para curar,e consequentemente, Ele não pôde curá-los. Além do mais, aparentemente, o Espírito Santo não quisdar a Jesus nenhum “dom de cura” em Nazaré — por um motivo que ninguém conhece.

Lucas registra com ainda mais detalhes que Marcos exatamente o que aconteceu quando Jesusvisitou Nazaré:

Ele [Jesus] foi a Nazaré, onde havia sido criado, e no dia de sábado entrou na sinagoga, comoera seu costume. E levantou-se para ler. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrouo lugar onde está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas

novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aoscegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor”. Então ele fechou o livro... *e+começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir”. Todos falavam bemdele, e estavam admirados com as palavras de graça que saí am de seus lábios. Mas perguntavam: “Nãoé este o filho de José?” (Lc. 4:16-22).

Jesus queria que Sua audiência acreditasse que Ele era o prometido e ungido da profecia deIsaías, esperando que cressem e recebessem todos os benefícios de Sua unção, que de acordo comIsaías, incluía libertar cativos e oprimidos assim como dar visão aos cegos.  [1] Mas eles nãoacreditaram, e mesmo que estivessem impressionados por Sua habilidade de falar, não acreditavamque o filho de José fosse alguém especial. Reconhecendo seu cepticismo, Jesus respondeu:

É claro que vocês me citarão este provérbio: “Médico, cura -te a ti mesmo! Faze aqui em tuaterra o que ouvimos que fizeste em Cafarnaum”... Digo-lhes a verdade: Nenhum profeta é aceito emsua terra (Lc. 4:23-24).

As pessoas na cidade natal de Jesus estavam esperando para ver se Ele faria o que ouviram quetinha feito em Cafarnaum. Sua atitude não era de expectativa de fé, mas de cepticismo. Por sua faltade fé, eles O impediram de executar milagres e curas maiores.

Outra Limitação de Jesus em Nazaré

As próximas palavras de Jesus à multidão de Nazaré revela que também foi limitado pelo quererdo Espírito Santo de Se manifestar através dos “dons de cura”: Asseguro-lhes que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu foi fechado

por três anos e meio, e houve uma grande fome em toda a terra. Contudo, Elias não foi enviado a

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nenhuma delas, senão a uma viúva de Sarepta, na região de Sidom. Também havia muitos leprosos emIsrael no tempo de Eliseu, o profeta; todavia, nenhum deles foi purificado — somente Naamã, o sírio(Lc. 4:25-27).

O propósito de Jesus era mostrar que Elias não podia multiplicar óleo e farinha para sustentarqualquer viúva que ele quisesse durante os três anos e meio de fome de Israel (veja 1 Rs. 17:9-16).Mesmo havendo muitas viúvas sofrendo em Israel naquele tempo, o Espírito ungiu a Elias para ajudaruma única viúva que nem era israelita. Da mesma forma, Eliseu não pôde purificar qualquer leproso

que ele quisesse. Isto é provado pelo fato de que existiam muitos leprosos em Israel quando Naamã foicurado. Se tivesse sido sua escolha, Eliseu provavelmente tentaria curar seus companheiros israelitasque eram leprosos antes de curar a Naamã, um adorador de ídolos.

Ambos Elias e Eliseu eram profetas — homens ungidos por Deus que eram usados em váriosdons como o Espírito Santo desejava. Por que Deus não mandou Elias a algumas outras viúvas? Eu nãosei. Por que Deus não usou Eliseu para curar alguns outros leprosos? Eu não sei. Ninguém sabe, excetoDeus.

Contudo, essas duas histórias familiares do Velho Testamento não provam que não era avontade de Deus suprir as necessidade de todas as viúvas ou curar todos os leprosos. O povo de Israelpoderia ter trazido um fim a sua fome durante o tempo de Eliseu se eles e seu rei perverso Acabe

tivessem se arrependido de seus pecados. A fome era uma forma de julgamento de Deus. E todos osleprosos em Israel poderiam ter sido curados se obedecessem e acreditassem nas palavras da aliançadada por Deus, que, como vimos, incluía cura física.

Jesus revelou a sua audiência em Nazaré que estava debaixo das mesmas limitações que Elias eEliseu estavam. Por algum motivo, o Espírito Santo não deu a Jesus nenhum dos “dons de cura” emNazaré. Este fato, unido à descrença do povo de Nazaré, resultou no não desempenho de maioresmilagres através de Jesus em Sua terra natal.

Uma Olhada em Um “Dom de Cura” Através de Jesus 

Se estudarmos os relatos dos evangelhos das várias curas executadas por Jesus, veremos que amaioria das pessoas foram curadas, não através de “dons de cura”, mas através de sua fé. Vamosconsiderar as diferenças entre esses dois tipos de cura olhando para exemplos de ambos. Primeiro,estudaremos a história do homem aleijado no tanque de Betesda, curado não por sua fé, mas por um“dom de cura” através de Jesus. 

Há em Jerusalém, perto da porto das Ovelhas, um tanque que, em aramaico, é chamadoBetesda, tendo cinco entradas em volta. Ali costumava ficar grande número de pessoas doentes einválidas: cegos, mancos e paralíticos. Eles esperavam um movimento nas águas. De vez em quandodescia um anjo do Senhor e agitava as águas. O primeiro que entrasse no tanque, depois de agitada as

águas, era curado de qualquer doença que tivesse. Um dos que estavam ali era paralítico fazia trinta eoito anos. Quando o viu deitado e soube que ele vivia naquele estado durante tanto tempo, Jesus lheperguntou: “Você quer ser curado?” Disse o paralítico: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude aentrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes demim”. Então Jesus lhe disse: “Levante-se! Pegue a sua maca e ande”. Imediatamente o homem ficoucurado, pegou a maca e começou a andar (Jo. 5:2-9).

Como sabemos que esse homem foi curado, não por sua fé, mas através de um “dom de cura”?Existem várias indicações.

Primeiro, note que este homem não estava buscando a Jesus. Pelo contrário, Jesus o encontrousentado perto do tanque. Se o homem estivesse buscando a Jesus, seria uma indicação de fé por parte

dele. Segundo, Jesus não disse ao homem que a fé dele o tinha curado, como fazia quando curavaoutras pessoas.

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Terceiro, quando o homem curado foi questionado mais tarde pelos judeus sobre quem lhedisse para “levantar e andar”, ele respondeu que nem sabia quem era o Homem. Portanto, comcerteza, não foi sua fé em Jesus que o curou. Este foi um caso claro de que alguém foi curado atravésde um “dom de cura”, manifestado pelo querer do Espírito.

Note também que mesmo que houvesse uma multidão de pessoas doentes esperando pelomover das águas, Jesus só curou um indivíduo e deixou os outros da multidão doentes. Por que?Novamente, eu não sei. Contudo, este incidente não prova que é a vontade de Deus que alguns

continuem doentes. Qualquer uma e todas aquelas pessoas doentes poderiam ter sido curadas atravésda fé em Jesus. Aliás, esta pode ter sido a razão deste homem ter sido curado de modo sobrenatural — para chamar a atenção de todas aquelas pessoas doentes para Jesus, que poderia e iria curá-los sesomente cressem.

Muitas vezes, os “dons de cura” ficam na categoria de “sinais e maravilhas”, isto é, milagresdesignados para chamar a atenção para Jesus. É por isto que os evangelistas do Novo Testamento,como Filipe, eram equipados com vários “dons de cura”, porque os milagres que executavamchamavam atenção ao evangelho que estavam pregando (veja At. 8:5-8).

Crentes doentes não devem esperar que alguém com “dons de cura” apareça e os cure, porqueesta pessoa e dom podem nunca vir. A cura está disponível através da fé em Jesus e, mesmo que nem

todos sejam curados através de dons de cura, todos podem ser curados através de sua fé. Dons de curasão colocados na igreja principalmente para que incrédulos possam ser curados e suas atenções sejamchamadas ao evangelho. Isto não quer dizer que cristãos nunca serão curados através de dons de cura.Contudo, Deus espera que Seus filhos recebam cura através da fé.

Um Exemplo de uma Pessoa Curada por Sua Fé

Bartimeu era um homem cego que foi curado por sua fé em Jesus. Vamos ler sua história noevangelho de Marcos.

Então chegaram a Jericó. Quando Jesus e seus discípulos, juntamente com uma grandemultidão, estavam saindo da cidade, o filho de Timeu, Bartimeu, que era cego, estava sentado à beirado caminho pedindo esmolas. Quando ouviu que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: “Jesus, Filhode Davi, tem misericórdia de mim!” Muitos o repreendiam para que ficasse quieto, mas ele gritavaainda mais: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” Jesus parou e disse: “Chamem-no”. E chamaramo cego: “Ânimo! Levante-se! Ele o está chamando”. Lançando sua capa para o lado de um salto pôs -seem pé e dirigiu-se a Jesus. “O que você quer que eu lhe faça?”, perguntou-lhe Jesus. O cego respondeu:“Mestre, eu quero ver!” “Vá”, disse Jesus, “a sua fé o curou”. Imediatamente ele recuperou a visão eseguiu Jesus pelo caminho (Mc. 10:46-52).

Primeiro, note que Jesus não foi até Bartimeu. (Isto é exatamente o oposto do que aconteceu

com o homem no tanque de Betesda). Na verdade, Jesus estava passando por ele, e se Bartimeu não Otivesse chamado, Jesus continuaria andando. Isto significa que Bartimeu não teria sido curado.

Agora pense sobre isso. E se Bartimeu tivesse ficado sentado e dito a si mesmo: “Bom, se for davontade de Jesus que eu seja curado, Ele virá e me curará”. O que teria acontecido? Bartimeu nuncateria sido curado, mesmo que esta história revele claramente que era a vontade de Jesus que ele fossecurado. O primeiro sinal da fé de Bartimeu é que ele chamou Jesus.

Segundo, note que Bartimeu não se desencorajou pelas pessoas que o mandaram ficar quieto.Quando tentaram silenciá-lo, ele gritou “ainda mais” (Mc. 10:48). Isto mostra sua fé. 

Terceiro, note que Jesus não respondeu aos primeiros chamados de Bartimeu. É claro que épossível que Ele não tivesse ouvido, mas se ouviu, não respondeu. Em outras palavras, Jesus deixou

que a fé do homem fosse testada.Se Bartimeu tivesse desistido de gritar depois de um tempo, não seria curado. Às vezes, nóstambém precisamos perseverar na fé, porque muitas vezes parece que nossa oração não será

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atendida. É aí que nossa fé é testada; portanto, precisamos continuar em pé, recusando-nos a sermosdesencorajados pelas circunstâncias adversas.

Mais Indicações da Fé de Bartimeu

Quando Jesus finalmente o chamou para se aproximar, a Bíblia diz que Bartimeu lançou “sua

capa para o lado”. É do meu conhecimento que os cegos nos tempos de Jesus usavam certo tipo decapa que os identificava como cego ao público. Se isto for verdade, talvez Bartimeu tenha lançado suacapa para o lado quando Jesus o chamou porque acreditava que não precisaria mais ser identificadocomo tal. Portanto, sua fé é evidente novamente.

Além do mais, quando Bartimeu lançou sua capa, a Bíblia diz que “de um salto pôs -se em pé”,uma indicação de animação antecipada que algo de bom estava para acontecer a ele. Pessoas que têmfé para a cura ficam animadas quando oram para que Deus os cure porque esperam receber cura.

Note que Jesus testou a fé de Bartimeu mais uma vez enquanto este estava na Sua frente. Eleperguntou a Bartimeu o que desejava, e por sua resposta, fica claro que acreditava que Jesus poderiacurá-lo de sua cegueira.

Finalmente, Jesus lhe disse que sua fé o curou. Se Bartimeu pôde ser curado pela fé, qualquerpessoa pode, porque Deus “não trata as pessoas com imparcialidade”. 

Para Mais Estudo

Listei abaixo vinte e um casos específicos de curas executadas por Jesus como registradas nosquatro evangelhos. Jesus, é claro, curou muito mais que vinte e uma pessoas, mas em todos estescasos sabemos alguns detalhes sobre o indivíduo doente e como ela ou ele foi curado.

Dividi a lista em duas categorias principais — aqueles que foram curados por fé e aqueles que

foram curados através dos dons de cura. Notei que em vários casos quando as pessoas foram curadaspor fé, Jesus lhes disse para não falarem sobre suas curas. Isto indica ainda mais que estes não eram“dons de cura” porque os doentes não eram curados para anunciar a Jesus ou ao evangelho.

Casos Onde Fé ou Crença é Mencionada como Causa de Cura

1. O servo do centurião: Mateus 5-13; Lucas 7:2-10 “Como você creu, assim lhe acontecerá!” 2. O paralítico baixado pelo telhado: Mateus 9:2-8; Marcos 2:3-11; Lucas 5:18-26 “Vendo a fé

que eles tinham...ele disse...vá para casa”. 3. A filha de Jairo: Mateus 9:18-26; Marcos 5:22-43; Lucas 8:41-56 “Não tenha medo; tão

somente creia...Ele deu ordens expressas para que não dissessem nada a ninguém”. 4. A mulher com problema de hemorragia: Mateus 9:20-22; Marcos 5:25-34; Lucas 8:43-48 “A

sua fé a curou”. 5. Dois homens cegos: Mateus 9:27-31 “Que seja feito de acordo com a fé que vocês

têm!...Cuidem para que ninguém saiba disso”. 6. O cego Bartimeu: Marcos 10:46-52; Lucas 18:35-43 “A sua fé o curou”. 7. Os dez leprosos: Lucas 17:12-19 “A sua fé o salvou”. 8. O filho do oficial: João 4:46-53 “O homem confiou na palavra de Jesus”. 

Nos próximos quatro casos, a fé das pessoas doentes não é mencionada especificamente, masestá implícita por suas palavras e ações. Por exemplo, os dois homens cegos (no número 10) chamarama Jesus enquanto Ele passava, assim como fez Bartimeu. Todos os doentes nestes quatro exemplosbuscaram a Jesus, uma indicação clara de sua fé. Em três dos quatro casos, Jesus disse aos que curou

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para não contarem a ninguém sobre o que aconteceu, indicando que nestes casos não havia “dons decura”. 

9. O leproso que não conhecia a vontade de Deus : Mateus 8:2-4; Marcos 1:40-45; Lucas 5:12-14 “Olhe, não conte isso a ninguém”. 

10. Os dois homens cegos  (um deles era provavelmente Bartimeu): Mateus 20:30-34 “*Eles+puseram-se a gritar: ‘Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós!” 

11. O homem surdo e mudo: Marcos 7:32-36 “Jesus ordenou-lhe que não o contassem a

ninguém”. 12. Um homem cego: Marcos 8:22-26 “Não entre no povoado”. Estes dois últimos casos de pessoas que foram curadas através da fé, não foram na verdade

curadas — foram libertas de demônios. Mas Jesus deu crédito à fé deles por sua libertação.13. O menino endemoninhado: Mateus 17:14-18; Marcos 9:17-27; Lucas 9:38-42 “Disse

Jesus...‘Tudo é possível àquele que crê’. Imediatamente o pai do menino exclamou: ‘Creio, a juda-me avencer a minha incredulidade!’” 

14. A filha da mulher siro-fenícia: Mateus 15:22-28; Marcos 7:25-30 “Mulher, grande é a suafé! Seja conforme você deseja.” 

O Caso de Pessoas Curadas Através dos “Dons de Cura” 

Estes últimos sete casos são de pessoas que, aparentemente, foram curadas através de dons decura. Contudo, nos primeiros três casos, obediência a um comando específico de Jesus foi exigida antesde a pessoa doente poder ser curada. Em nenhum destes casos Jesus disse à pessoa curada para nãocontar a ninguém sobre sua cura. E em nenhum desses casos a pessoa doente buscou a Jesus.

15. O homem com a mão atrofiada: Mateus 12:9- 13; Marcos 3:1-5; Lucas 6:6-10 “Levante-se evenha para o meio...Estenda a mão”. 

16. O homem no tanque de Betesda: João 5:2-9 “Levante-se! Pegue a sua maca e ande”. 17. O homem cego de nascença: João 9:1-38 “Vá lavar-se no tanque de Siloé”. 18. A sogra de Pedro: Mateus 8:14-15; Marcos 1:30-31; Lucas 4:38-39.19. A mulher que ficou encurvada por 18 anos: Lucas 13:11-16.20. O homem curado de edema: Lucas 14:2-4.21. O servo do sumo sacerdote: Lucas 22:50-51.Note que em todos os vinte e um exemplos acima, não há casos de um adulto ser

curado somente pela fé de outro adulto. Em todos os casos quando alguém era curado pela fé de outrapessoa, era sempre uma criança sendo curada pela fé de seus pais (veja exemplo 1, 3, 8, 13 e 14).

As únicas exceções possíveis seriam os exemplos 1 e 2, o servo do centurião e o paralíticobaixado pelo telhado. No caso do servo do centurião, a palavra grega traduzida servo é a palavra pais,que também pode ser traduzida menino como em Mateus 17:18: “Jesus repreendeu o demônio; este

saiu do menino que, daquele momento em diante, ficou curado” (ênfase adicionada). Se realmente foi o servo do centurião e não seu filho, seu servo devia ser um menino. Portanto,

o centurião era responsável pelo menino como guardião legal e podia exercer fé em seu nome, assimcomo qualquer pai por seu filho.

No caso do paralítico baixado pelo telhado, note que o paralítico teve que ter fé, caso contrário,nunca teria permitido que seus amigos o baixassem pelo telhado. Portanto, não foi salvo somente pelafé de seus amigos.

Tudo isso indica que é improvável que a fé de um adulto possa resultar na cura de outro queesteja doente se este adulto não tem fé por si mesmo. Sim, um adulto pode orar em concordância comoutro que precise de cura, mas a falta de fé da pessoa doente pode anular os efeitos da fé do outro

adulto.Contudo, nossos próprios filhos podem ser curados através de nossa fé até certa idade.

Eventualmente chegarão à idade onde Deus espera que recebam dEle, baseados em sua própria fé.

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 já que é mais provável que Deus use este tipo de pessoa de forma sobrenatural. Por outro lado, Deususou um burro para profetizar; portanto, pode usar a quem quiser. Se tivesse que esperar até queestivéssemos perfeitos para usar-nos, não poderia contar com nenhum de nós! No Novo Testamento,os dons do Espírito estão listados em 1 Coríntios 12 e existem nove ao todo:

Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra deconhecimento; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de curar, pelo único Espírito; a outro,poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade

de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas (1 Co. 12:8-10).Saber definir cada dom individualmente não é crucial para ser usado por Deus com dons

espirituais. Todos os profetas, sacerdotes e reis do Velho Testamento, assim como os ministros daigreja primitiva do Velho Testamento, operaram os dons do Espírito sem conhecimento de comocategorizá-los ou defini-los. No entanto, porque os dons do Espírito estão categorizados para nós noNovo Testamento, deve ser algo que Deus quer que entendamos. De fato, Paulo escreveu: “Irmãos,quanto aos dons espirituais, não quero que vocês sejam ignorantes” (1 Co. 12:1). 

Os Nove Dons Categorizados

Os nove dons do Espírito têm sido categorizados nos tempos modernos em três grupos: (1)dons de discurso, que são: vários tipos de línguas, interpretação de línguas e profecia; (2) dons derevelações, que são: palavras de sabedoria, palavras de conhecimento, e discernimento de espíritos; e(3) dons de poder, que são: milagres, fé especial e dons de cura. Três desses dons dizem algo; trêsdeles revelam algo; e três deles  fazem algo. Todos esses dons foram manifestados debaixo da antigaaliança com a exceção de vários tipos de línguas e a interpretação de línguas. Esses dois dons sãodistintos da nova aliança.

O Novo Testamento não dá instruções a respeito do uso próprio de qualquer dos “dons depoder” e poucas sobre o uso dos “dons de revelação”. Contudo, uma quantidade significante deinstrução é dada por Paulo a respeito do uso correto dos “dons de discurso”, e a razão disto éprovavelmente dupla.

Primeiro, os dons de discurso são manifestados na maioria das vezes em reuniões de igrejas,enquanto dos dons de revelação se manifestam com menos regularidade e os dons de poder, menosainda. Portanto, precisaríamos de mais instruções sobre os dons que se manifestam com maisfrequência em reuniões de igrejas.

Segundo, os dons de discurso parecem requerer maior cooperação humana e são, portanto, osmais prováveis de serem usados de forma errada. É bem mais fácil aumentar e arruinar uma profeciaque destruir um dom de cura.

Como o Espírito QuerÉ importante entender que os dons do Espírito são dados como o Espírito deseja e não como a

pessoa quer. A Bíblia deixa bem claro:Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui

individualmente, a cada um, como quer  (1 Co. 12:11, ênfase adicionada).Deus também deu testemunho dela por meio de sinais, maravilhas, diversos milagres e dons do

Espírito Santo distribuídos de acordo com a sua vontade (Hb. 2:4, ênfase adicionada).Certa pessoa pode ser usada frequentemente com alguns dons, mas não possuir  nenhum deles.

O fato de você ser ungido uma vez para fazer um milagre não significa que pode fazer milagres sempre

que quiser; e também não garante que possa ser usado novamente para fazer outro milagre.Vamos estudar e considerar alguns exemplos bíblicos de cada dom. Contudo, lembre-se de queDeus pode manifestar Sua graça e poder de infinitas maneiras; portanto, é impossível definirexatamente como cada dom será operado todas as vezes. Além do mais, não há definições dos nove

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dons nas Escrituras —  tudo o que temos são suas classificações. Assim sendo, tudo o que podemosfazer é olhar exemplos na Bíblia e tentar determinar a que categoria cada dom pertence, definindo-os,por fim, por suas diferenças aparentes. Por existirem tantas maneiras pelas quais o Espírito Santo podeSe manifestar através dos dons sobrenaturais, pode ser insensatez tentar ser restrito demais em nossasdefinições. Na verdade, alguns dons podem ser combinações de vários outros. Sobre o mesmo assunto,Paulo escreveu:

Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diferentes tipos de ministérios, mas o

Senhor é o mesmo. Há diferentes formas de atuação [ou operação], mas é o mesmo Deus quem efetuatudo em todos. A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum (1 Co.12:4-7, ênfase adicionada).

Os Dons de Poder

1) Os dons de cura: Obviamente, os dons de cura têm algo a ver com pessoas doentes sendocuradas. Muitas vezes, são definidos como dons sobrenaturais repentinos para curar fisicamente

pessoas doentes, e não vejo razão de questionar isso. No capítulo anterior vimos um exemplo de umdom de cura sendo manifestado através de Jesus quando este curava o homem aleijado no tanque deBetesda (veja Jo. 5:2-17).

Deus usou Eliseu para curar Naamã, o leproso sírio, que era um adorador de ídolos (veja 2 Rs.5:1-14). Como aprendemos quando examinamos as palavras de Jesus a respeito da cura de Naamã emLucas 4:27, Eliseu não podia curar qualquer leproso quando quisesse. De repente, ele foi inspirado deforma sobrenatural a instruir Naamã a mergulhar no Rio Jordão sete vezes, e quando este finalmenteobedeceu, foi limpo de sua lepra.

Deus usou Pedro para curar o homem paralitico na porta do templo chamada Formosa atravésde um dom de cura (At. 3:1-10). Além de curar o homem, o ato sobrenatural atraiu muitas pessoaspara ouvir o evangelho através de Pedro, e mais ou menos cinco mil pessoas se juntaram à Igrejanaquele dia. Muitas vezes, dons de cura têm o propósito duplo de curar pessoas doentes e atrairincrédulos a Cristo.

Quando Pedro estava pregando para aqueles que se reuniram naquele dia, ele disse:Israelitas, por que isto os surpreende? Por que vocês estão olhando para nós, como se

tivéssemos feito este homem andar por nosso próprio poder ou piedade? (At. 3:12).Pedro reconheceu que não foi por poder algum que possuía ou por sua grande santidade que

Deus o usou para curar o aleijado. Lembre-se de que apenas dois meses antes desse milagre, Pedronegou que conhecia a Jesus. O fato de Deus ter usado Pedro milagrosamente nas primeiras páginas deAtos deve reforçar nossa convicção de que Deus também nos usará como desejar.

Quando Pedro tentou explicar como o homem havia sido curado, é bem improvável que tenha

categorizado o dom como “dom de cura”. Tudo o que sabia é que ele e João estavam passando por umhomem aleijado e de repente se viu ungido com fé para que o homem fosse curado. Então, mandouque o homem andasse no nome de Jesus; segurou-o pela mão direita e o levantou. O aleijado os seguiu“andando, saltando e louvando a Deus”. Pedro explicou desta forma: 

Pela fé no nome de Jesus, o Nome curou este homem que vocês vêem e conhecem. A fé quevem por meio dele lhe deu esta saúde perfeita, como todos podem ver (At. 3:16).

Pegar um homem aleijado pela mão, levantá-lo e esperar que ande requer uma fé especial!Juntamente com este dom de cura em particular, o fornecimento de fé também seria necessário paraque ele acontecesse.

Alguns sugeriram que a razão desse dom estar no plural (isto é, “dons” de cura) é porque

existem diferentes dons que curam diferentes tipos de doenças. As pessoas que têm sido usadasfrequentemente com dons de cura, às vezes, descobrem que, através de seus ministérios, algumasdoenças em particular são curadas com mais frequência que outras. Por exemplo, o evangelista Filipe

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parecia ter mais sucesso em curar paralíticos e mancos (At. 8:7). Alguns evangelistas do séculopassado, por exemplo, eram melhores com cegueira, surdez, problemas de coração e assim por diante,dependendo de quais dons de cura eram manifestados através deles mais frequentemente.

2) O dom de fé e o dom de fazer de milagres:  O dom de fé e o de fazer milagres parecem bempróximos. O indivíduo que é ungido com ambos os dons, de repente recebe fé para o impossível. Váriasvezes, a diferença entre os dois é descrita da seguinte forma: com o dom de fé, o ungido recebe fépara receber  um milagre para si mesmo; enquanto com o dom de fazer milagres, o indivíduo recebe fé

para fazer  um milagre para outros.Às vezes, o dom de fé é mencionado como “fé especial” porque é uma concessão repentina de

fé que vai além da fé habitual . Normalmente a fé vem ao ouvir uma promessa de Deus, enquanto a féespecial é uma concessão repentina pelo Espírito Santo. Os que já experimentaram esse dom de féespecial dizem que coisas que antes consideravam impossíveis se tornam possíveis de repente, e naverdade, eles acham impossível duvidar. O mesmo se aplica ao dom de fazer milagres.

A história dos três amigos de Daniel, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego nos dá um ótimoexemplo de como a “fé especial” faz com que duvidar se torne impossível. Quando foram lançados nafornalha em chamas por se recusarem a se ajoelhar diante do ídolo do rei, todos os três receberam odom de fé especial. Seria necessário mais que fé normal para sobreviver às chamas ardentes! Vamos

dar uma olhada nesses três jovens apresentados diante do rei:Sadraque, Mesaque e Abede-Nego responderam assim: Ó rei nós não vamos nos defender. Pois,

se o nosso Deus, a quem adoramos, quiser, ele poderá nos salvar da fornalha e nos livrar do seu poder ,ó rei. E mesmo que o nosso Deus não nos salve, o senhor pode ficar sabendo que não prestaremosculto ao seu deus. Nem adoraremos a estátua de ouro que o senhor mandou fazer (Dn. 3:16-18, ênfaseadicionada).

Note que o dom estava operando mesmo antes de serem lançados na fornalha. Não haviadúvida em suas mentes de que Deus os salvaria.

Elias operou o dom de fé especial quando foi alimentado diariamente por corvos durante ostrês anos e meio de fome do reinado do malvado rei Acabe (veja 1 Rs. 17:1-6). É necessário mais que fé

normal para confiar que Deus usará pássaros para lhe trazer comida todas as manhãs e noites. Mesmoque Deus não nos tenha prometido em Sua Palavra que corvos nos trarão comida todos os dias,podemos usar nossa fé normal para confiar que Deus suprirá nossas necessidades — pois essa é umapromessa (veja Mt. 6:25-34).

A operação de milagres foi bem frequente durante o ministério de Moisés. Ele operou com essedom quando abriu o Mar Vermelho (veja Ex. 14:13-31) e quando as várias pragas sobrevieram no Egito.

Jesus operou milagres quando alimentou os 5.000 multiplicando alguns pães e peixes (veja Mt.14:15-21).

Outro exemplo da operação de milagres seria quando Paulo fez com que Elimas, o mago, ficassecego durante certo tempo por estar atrapalhando seu ministério na ilha de Chipre (veja At. 13:4-12).

Os Dons de Revelação

1) A palavra de conhecimento e a palavra de sabedoria: O dom da palavra de conhecimento é,muitas vezes, definido como uma concessão sobrenatural de alguma informação, passada ou presente.Deus, que possui todo o conhecimento, às vezes concede uma pequena porção dele, e talvez por isso,seja chamada de  palavra de conhecimento. Uma palavra é uma porção fragmentada de uma frase , euma palavra de conhecimento seria uma porção fragmentada do conhecimento de Deus.

A palavra de sabedoria é bem parecida com a palavra de conhecimento, mas às vezes, édefinida como uma concessão sobrenatural repentina de conhecimento de eventos futuros. O conceito

de sabedoria normalmente envolve algo a respeito do futuro. Novamente, essas definições são umtanto especulativas.

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Vamos dar uma olhada em um exemplo do Velho Testamento sobre a palavra deconhecimento. Depois de Eliseu ter limpado Naamã, o leproso sírio, este ofereceu a Eliseu uma grandequantia de dinheiro em gratidão pela sua cura. Eliseu recusou o presente, para que ninguém pensasseque a cura de Naamã tivesse sido comprada, ao invés de dada graciosamente por Deus. Contudo,Geazi, servo de Eliseu, viu uma oportunidade para ganhar riqueza pessoal e recebeu secretamenteparte do pagamento de Naamã. Depois de Geazi ter escondido seu ganho fraudulento, ele apareceudiante de Eliseu. Então, lemos:

Este *Eliseu+ perguntou: “Onde é que você foi?” “Eu não fui a lugar nenhum!”, respondeu Geazi.Mas Eliseu disse: “O meu espírito estava com você quando aquele homem desceu do carro para falarcom você.” (2 Rs. 5:25b-26a).

Deus, que conhecia bem a obra suja de Geazi, a revelou de forma sobrenatural a Eliseu.Contudo, essa história deixa claro que Eliseu não “possuía” o dom da palavra de conhecimento; isto é,ele não sabia tudo sobre todos, o tempo inteiro. Se esse fosse o caso, Geazi nunca teria imaginado quepoderia esconder seu pecado. Eliseu só sabia das coisas de forma sobrenatural quando Deus asrevelava a ele ocasionalmente. O dom operava como o Espírito desejava.

Jesus operou o dom da palavra de conhecimento quando disse à mulher no poço de Samariaque ela havia tido cinco maridos (veja Jo. 4:17-18).

Pedro foi usado com esse dom quando soube de forma sobrenatural que Ananias e Safiraestavam mentindo para a congregação sobre dar à igreja todo o dinheiro que tinham recebido pelaterra recém-vendida (veja At. 5:1-11).

Quanto ao dom da palavra de sabedoria, vemos frequentes manifestações desse dom atravésde todos os profetas do Velho Testamento. Sempre que prediziam um evento futuro, a palavra desabedoria estava sendo operada. Jesus também recebia esse dom com bastante frequência. Elepredisse a destruição de Jerusalém, Sua própria crucificação e eventos que aconteceriam ao mundoantes de Sua segunda vinda (veja Lc. 17:22-36; 21:6-18).

O apóstolo João foi usado com esse dom quando os julgamentos do período de Tribulaçãoforam revelados a ele. Esses, ele registrou para nós no livro de Apocalipse.

2) O dom de discernimento de espíritos: O dom de discernir espíritos é muitas vezes definidocomo uma repentina habilidade sobrenatural de ver ou discernir o que está acontecendo no reinoespiritual.

Uma visão recebida através dos olhos ou mente de um crente pode ser classificada comodiscernimento de espíritos. Esse dom pode permitir que um crente veja anjos, demônios ou até mesmoJesus, como aconteceu com Paulo em várias ocasiões (veja At. 18:9-10; 22:17-21; 23:11).

Quando Eliseu e seu servo estavam sendo perseguidos pelo exército sírio, se encontraram emuma armadilha na cidade de Dotã. Nesse momento, o servo de Eliseu olhou por cima do muro dacidade e, vendo a quantidade de soldados reunidos, ficou preocupado:

O profeta respondeu: “Não tenha medo. Aqueles que estão conosco são mais numerosos do

que eles”. E Eliseu orou: “Senhor, abre os olhos dele para que veja”. Então o Senhor abriu os olhos dorapaz, que olhou e viu as colinas cheias de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu (2 Rs. 6:16-27).

Você sabia que anjos podem andar em cavalos e carruagens espirituais? Um dia você os verá nocéu, mas o servo de Eliseu recebeu a habilidade de vê-los na terra.

Através desse dom, um crente pode discernir um espírito maligno oprimindo alguém e ter ahabilidade de identificar qual é o tipo de espírito.

Esse dom incluiria mais que somente ver o reino espiritual, mas também discernir coisas dentrodele. Por exemplo, pode envolver ouvir algo do reino espiritual, como a própria voz de Deus.

Por ultimo, não é, como muitos pensam, “o dom de discernimento”. Muitas vezes, as pessoasque dizem tê-lo pensam que podem discernir o motivo dos outros, mas isso poderia ser descrito como

o “dom de criticismo e julgamento de outros”. A verdade é que você provavelmente teve esse domantes de ser salvo e, agora que é, Deus quer te libertar dele permanentemente!

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Os Dons de Discurso 

1) O dom de profecia: O dom de profecia é a habilidade sobrenatural repentina de falar porinspiração divina na própria língua. Pode começar assim: “Assim diz o Senhor”. 

Este dom não é de pregação ou ensino. Pregação e ensino inspirados têm um pouco de profeciapor serem ungidos pelo Espírito, mas não são profecia em seu sentido mais estrito. Muitas vezes, um

pregador ou professor ungido dirá coisas por repentina inspiração que não planejou dizer; mas mesmosendo profético, não é profecia.O dom de profecia por si só serve para edificar, encorajar e consolar:Mas quem profetiza o faz para edificação, encorajamento e consolação dos homens (1 Co.

14:3).Assim sendo, o dom de profecia não contém revelação. Isto é, ele não revela algo sobre o

passado, presente ou futuro como a palavra de sabedoria e a palavra de conhecimento. Contudo,como afirmei anteriormente, os dons do Espírito podem trabalhar em combinação com um outro dome, portanto, a palavra de sabedoria ou a palavra de conhecimento podem ser expressadas por meio deprofecia.

Quando ouvimos em uma reunião alguém profetizar sobre coisas futuras, nãoouvimos somente a profecia; ouvimos uma palavra de sabedoria sendo expressada através do dom deprofecia. O simples dom de profecia será muito parecido com alguém lendo exortações da Bíblia,como: “Sejam fortes no Senhor e na força de Seu poder” e “Eu nunca o deixarei ou abandonarei”. 

Alguns acreditam que a profecia do Novo Testamento nunca deve conter algo de negativo, casocontrário ela supostamente não preenche os parâmetros de “edificação, encorajamento e consolação”.Contudo, isto não é verdade. Limitar o que Deus pode dizer ao Seu povo, permitindo que Ele só digacoisas que consideram “positivas” mesmo que mereçam   alguma repreensão, é exaltar-se acima deDeus. Definitivamente, exortação se encaixa em ambas as categorias de edificação e encorajamento.Percebi que as mensagens do Senhor às sete igrejas da Ásia, registradas no Apocalipse de João, comcerteza têm exortação. Devemos descartá-las? Acho que não.

2) O dom de variedade de línguas e a interpretação de línguas:   O dom de vários tipos delínguas é a repentina habilidade sobrenatural de falar uma língua desconhecida ao falante. Esse domseria normalmente acompanhado do dom de interpretação de línguas, que é uma habilidadesobrenatural de interpretar o que foi dito em uma língua desconhecida.

Ele é chamado de interpretação de línguas e não a tradução de línguas. Portanto, não devemosesperar traduções de palavra por palavra das mensagens em línguas. Por este motivo, é possível teruma “mensagem em línguas” curta e uma interpretação maior e vice-versa.

O dom de interpretação de línguas é muito parecido com a profecia, pois também não contémrevelação e normalmente serve ao propósito de edificação, encorajamento e consolação. Quasepodemos dizer que de acordo com 1 Coríntios 14:5, línguas mais interpretação é igual a profecia:

Gostaria que todos vocês falassem em línguas, mas prefiro que profetizem. Quem profetiza émaior do que aquele que fala em línguas, a não ser que as interprete, para que a igreja seja edificada.

Como disse anteriormente, não há instruções na Bíblia a respeito de como usar os dons depoder; poucas, sobre como usar os dons de revelação, mas muitas instruções sobre como usar os donsde discurso. Por causa da confusão na igreja de Corinto a respeito do uso dos dons de discurso, Paulodedicou quase todo o capítulo quatorze de 1 Coríntios ao assunto.

O maior problema era sobre o uso próprio das línguas, porque como já aprendemos no capítulosobre batismo no Espírito Santo, todos os crentes que são batizados no Espírito Santo têm a habilidadede orar em línguas na hora que desejar. Os coríntios estavam falando muito em línguas durante seuscultos, mas, muitas vezes, fora de ordem.

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Os diferentes Usos de Outras Línguas

É de importância vital que entendamos a diferença entre o uso público de línguasdesconhecidas e o uso privado. Mesmo que todos os crentes batizados no Espírito possam falar emlínguas a qualquer hora, não significa que Deus os usará com o dom de línguas em público. Oobjetivo principal   de se falar em línguas é a vida devocional privada de cada crente. Contudo, os

coríntios estavam se reunindo e falando em línguas simultaneamente sem qualquer interpretação, e, éclaro, ninguém era edificado com isto (veja 1 Co. 14:6-12, 16-19, 23, 26-28).Uma maneira de diferenciar entre o uso de línguas em público e privado é classificar o privado

como orar  em línguas e o público como falar  em línguas. Paulo menciona ambos os usos no capítuloquatorze de sua primeira carta aos coríntios. Quais são as diferenças?

Quando oramos  em línguas, nossos espíritos estão orando a  Deus (1 Co. 14:2, 14). Contudo,quando alguém é repentinamente ungido com o dom de vários tipos de línguas, é umamensagem de Deus para a congregação (veja 1 Co. 14:5) e é entendida, uma vez que a interpretação éentregue.

De acordo com as Escrituras, podemos orar em línguas quando nós  quisermos (veja 1 Co.

14:15), mas o dom de vários tipos de línguas só opera quando o Espírito Santo  deseja (veja 1 Co.12:11).O dom de vários tipos de línguas seria normalmente acompanhado pelo dom de interpretação

de línguas. Contudo, o uso privado de orar em línguas não seria normalmente interpretado. Paulo disseque quando orava em línguas sua mente ficava infrutífera (veja 1 Co. 14:14).

Quando alguém ora em línguas, somente ele é edificado (veja 1 Co. 14:4), mas toda acongregação é edificada quando o dom de vários tipos de línguas é manifestado acompanhado do domde interpretação de línguas (veja 1 Co. 14:4b-5).

Cada crente deve orar em línguas todos os dias como parte de sua comunhão com o Senhor.Uma das maravilhas de orar em línguas é que não requer o uso de sua mente. Isto significa que vocêpode orar em línguas mesmo quando sua mente tem que estar ocupada com trabalho ou outras coisas.Paulo disse aos coríntios: “Dou graças a Deus por falar em línguas mais do que todos vocês” (1 Co.14:18, ênfase adicionada). Ele devia passar bastante tempo falando em línguas para falar mais quetoda a igreja de Corinto!

Paulo também disse que quando oramos em línguas podemos, às vezes, “louvar a Deus” (1 Co.14:16-17). Tive minha língua de oração entendida três vezes por alguém presente que conhecia alíngua em que eu estava orando. Todas as três vezes eu estava falando em japonês. Uma vez eu disseao Senhor em japonês: “O Senhor é tão bom”. Outra vez, disse: “Muito obrigado”. Em outra ocasião,disse: “Venha depressa, venha depressa; estou esperando”. Isto não é maravilhoso? Nunca aprendi sequer uma palavra em japonês, mas pelo menos três vezes “louvei ao Senhor” em japonês. 

As Instruções de Paulo sobre o Falar em Línguas

As instruções de Paulo para a igreja de Corinto foram bem específicas. Em qualquer reunião, onúmero de pessoas que poderiam falar em línguas em público era limitado a dois ou três. Eles nãodeveriam falar todos ao mesmo tempo, mas deveriam esperar por sua vez (veja 1 Co. 14:27).

Paulo não quis dizer necessariamente que somente três “mensagens em línguas” erampermitidas, mas que somente três pessoas deveriam falar em línguas em qualquer culto. Alguns achamque se mais de três pessoas fossem usadas frequentemente pelo dom de vários tipos de línguas,qualquer um poderia render-se ao Espírito e receber uma “mensagem em línguas” que o Espírito

desejasse que fosse manifestada na igreja. Se isto for verdade, a instrução de Paulo estaria, naverdade, limitando o Espírito Santo por limitar o número de mensagens em línguas que poderiam sermanifestadas nas reuniões. Se o Espírito Santo não desse mais de três dons de vários tipos de línguasem uma reunião, não haveria necessidade de Paulo ter dado tal instrução.

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O mesmo pode ser verdade para a interpretação de línguas. Pensam que talvez, mais de umapessoa na assembleia pode ceder ao Espírito e dar a interpretação de uma “mensagem em línguas”.Tais pessoas seriam consideradas “intérpretes” (veja 1 Co. 14:28), já que seriam usadas com frequênciacom o dom de interpretação de línguas. Se isto for verdade, talvez seja a isto que Paulo se referiaquando instruiu: “alguém deve interpretar” (1 Co. 14:27). Talvez não estivesse dizendo que somenteuma pessoa deve interpretar todas as mensagens em línguas, mas estava exortando contra“interpretações competitivas” da mesma mensagem. Se alguém interpretasse uma mensagem em

línguas, não era permitido que outro interpretasse a mesma mensagem, mesmo que pensasse quepoderia dar uma interpretação melhor.

Em geral, tudo deve ser feito “com decência e ordem” em reuniões de igrejas —   elas nãodevem ser uma bagunça com declarações simultâneas e confusas ou até mesmo com intençõescompetitivas. Além do mais, crentes devem ser sensíveis a quaisquer incrédulos que possam estarpresentes em suas reuniões, assim como Paulo escreveu:

Assim, se toda a igreja se reunir e todos falarem em línguas, e entrarem alguns não instruídosou descrentes, não dirão que vocês estão loucos? (1 Co. 14:23).

Era exatamente este o problema em Corinto — todos falavam em línguas simultaneamente, emuitas vezes não havia interpretações.

Algumas Instruções a Respeito de Dons de Revelação

Paulo deixou algumas instruções a respeito das manifestações dos “dons de revelação” atravésdos profetas:

Tratando-se de profetas, falem dois ou três, e os outros julguem cuidadosamente o que foi dito.Se vier uma revelação a alguém que está sentado, cale-se o primeiro. Pois vocês todos podemprofetizar, cada um por sua vez, de forma que todos sejam instruídos e encorajados. O espírito dosprofetas está sujeito aos profetas. Pois Deus não é Deus de desordem, mas de paz. Como em todas ascongregações dos santos (1 Co. 14:29-33).

Assim como havia membros do corpo em Corinto que aparentemente eram usadosfrequentemente com o dom de interpretação de línguas e eram conhecidos como “intérpretes”, assimtambém havia aqueles que eram usados com frequência com os dons de profecia e revelação e eramconsiderados “profetas”. Estes não eram profetas na mesma classe que os do Velho Testamento oumesmo alguém como Ágabo no Novo Testamento (veja At. 11:28; 21:10). Seus ministérios eramlimitados ao corpo de suas igrejas locais.

Mesmo podendo haver mais de três profetas presentes em uma reunião de igreja, Paulonovamente colocou restrições, limitando o ministério profético a “dois ou três” prof etas. Novamente,isto sugere que quando o Espírito estava dando dons espirituais em uma reunião, mais de uma pessoapoderia render-se ao Espírito para receber esses dons. Se não for desta maneira, as instruções de Paulo

poderiam resultar em que o Espírito estaria dando dons que nunca seriam aproveitados pelo corpo, jáque Paulo limitou quantos profetas poderiam falar.

Se houvesse mais de três profetas presentes, os outros, mesmo restringidos de falar, poderiamajudar julgando o que foi dito. Isto também mostraria suas habilidades em discernir o que o Espíritoestava falando e possivelmente indicar que poderiam ter se rendido ao Espírito para serem usados comos mesmos dons que estavam sendo manifestados por outros profetas. Caso contrário, só poderiam

 julgar profecias e revelações de modo geral, vendo se concordavam com as revelações que Deus jáhavia dado (como as Escrituras), algo que qualquer cristão maduro pode fazer.

Paulo também disse que esses profetas poderiam profetizar sequencialmente (veja 1 Co. 14:31)e que “o espírito dos profetas está sujeito aos profetas” (1 Co. 14:32), indicando que cada profeta

poderia se conter de interromper outro, mesmo quando recebe uma profecia ou revelação do Espíritopara compartilhar com a congregação. Isto mostra que o Espírito pode dar dons ao mesmo tempo a

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vários profetas presentes em uma reunião, mas cada profeta pode e deve controlar quando suasrevelações ou profecias devem ser compartilhadas com o corpo.

Isso também se aplica a qualquer dom de discurso que possa ser manifestado através dequalquer cristão. Se uma pessoa recebe uma mensagem em línguas ou profecia do Senhor, ele podeguardá-la até a hora oportuna em uma reunião. Seria errado interromper a profecia ou o ensino deoutra pessoa para dar a sua profecia.

Quando Paulo disse: “todos podem profetizar, cada um por sua vez” (1 Co. 14:31), lembre -se

que ele estava falando no contexto de profetas que tinham recebido profecias. Infelizmente, algunstiram as palavras de Paulo do contexto, dizendo que todos os crentes podem profetizar em todas asreuniões do corpo. O dom de profecia é dado como o Espírito quer.

Hoje, assim como sempre, a Igreja precisa da ajuda, poder, presença e dons do Espírito Santo.Paulo instruiu os crentes de Corinto: “busquem com dedicação os dons espirituais, principalmente odom de profecia” (1 Co. 14:1). Isto mostra que nosso nível de busca tem algo a ver com a manifestaçãodos dons do Espírito, caso contrário, Paulo não teria dado tal instrução. O discipulador, desejando serusado por Deus para a Sua glória, buscará com dedicação os dons espirituais e ensinará seus discípulosa fazerem o mesmo.

Capítulo Dezoito

Os Dons Ministeriais

E a cada um de nós foi concedida a graça, conforme a medida repartida por Cristo... E ele

designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo deCristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, echeguemos à plenitude de Cristo (Ef. 4:7, 11-13, ênfase adicionada).

Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; emterceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dons de curar , os que têm dom de

 prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas (1 Co. 12:28, ênfaseadicionada)

Os dons ministeriais, como são muitas vezes chamados, são os chamados e várias habilidadesdadas a certos cristãos, que os capacita a permanecer no posto de apóstolos, profetas, evangelistas,pastores ou mestres. Ninguém pode se colocar em um desses postos; a pessoa deve ser chamada epresenteada por Deus.

É possível que a mesma pessoa possa ocupar mais de um desses cinco postos, mas somentecertas combinações são possíveis. Por exemplo, é possível que um crente possa ser chamado paraocupar a posição de pastor e mestre ou de profeta e mestre. Contudo, é pouco provável que alguémpossa ocupar a posição de pastor e evangelista simplesmente porque o ministério do pastor requerque ele permaneça em um lugar servindo ao rebanho local e, portanto, não poderia cumprir ochamado de um evangelista que deve viajar com frequência.

Mesmo que essas cinco posições recebam dons diferentes para propósitos diferentes, todasforam dadas à igreja para um propósito geral — o “de preparar os santos para a obra do ministério”(Ef. 4:12).[1] O objetivo de cada ministro deve ser preparar os santos para a obra doministério.  Contudo, muitas vezes aqueles no ministério agem, não para preparar os santos para oministério, mas para entreter pessoas do mundo que vão aos cultos — cultos da igreja. Cada pessoachamada para um desses ministérios deve avaliar constantemente sua contribuição ao preparo “dos

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santos para a obra do ministério”. Se todos os ministros se avaliassem, muitos eliminariam váriasatividades erroneamente consideradas “ministério”. 

Alguns Dons Ministeriais eram só para a Igreja Primitiva?

Por quanto tempo esses dons ministeriais serão dados à Igreja? Jesus os dará enquanto Seus

santos precisarem de preparação para a obra, que é, pelo menos, até Ele voltar. A igreja está semprerecebendo novos cristãos que precisam crescer, e o resto de nós sempre tem necessidade deamadurecer espiritualmente um pouco mais.

Infelizmente, alguns chegaram a conclusão que somente dois tipos de ministério existem hoje—  pastoral e evangelista —  como se Deus tivesse mudado de ideia. Não. Ainda precisamos deapóstolos, profetas e mestres assim como a igreja primitiva precisava. A razão de não vermos exemplosdesses dons entre a maioria das igrejas pelo mundo é simplesmente porque Jesus os dá somenteà Sua Igreja, não à igreja falsa e profana. Na falsa igreja só podem ser encontrados aqueles que fazemuma fraca tentativa de preencher os papéis de alguns dos dons ministeriais (a maioria pastores e talvezalguns evangelistas), mas mal se lembram dos dons ministeriais ungidos e chamados por Deus que

Jesus dá à Sua Igreja. Com certeza não estão preparando os santos para as obras do ministério, porqueo próprio evangelho que proclamam não resulta em santidade; somente engana as pessoas apensarem que são perdoadas. E essas pessoas não têm desejo de serem preparadas para o ministério.Elas não têm a intenção de se negarem e levarem a sua cruz.

Como Saber se Você Foi Chamado?

Como alguém sabe se foi chamado para um desses cargos na igreja? Primeiro e maisimportante, ele sentirá um chamado divino de Deus. Ver-se-á encarregado a cumprir certa tarefa. Istoé muito mais que simplesmente ver uma necessidade que pode ser preenchida. É uma fome dada por

Deus que compele uma pessoa a certo ministério. Se realmente for chamado por Deus, não poderá sesatisfazer até começar a cumprir seu chamado. Isto nada tem a ver com ser apontado por um homemou comitê de pessoas. Deus é quem faz o chamado.

Segundo, a pessoa que realmente for chamada se verá preparada por Deus para cumprir suatarefa. Cada um dos cinco cargos carrega uma unção sobrenatural que permite que o indivíduo faça oque Deus o chamou para fazer. Com o chamado, vem a unção. Se não há unção, não há chamado. Umapessoa pode aspirar certo ministério, fazer faculdade teológica por quatro anos se educando e sepreparando para esse ministério; mas sem a unção de Deus, não há chance de sucesso verdadeiro.

Terceiro, ele verá que Deus abriu uma porta a uma oportunidade para que exercite seus donsem particular. Desse modo, poderá provar ser fiel e, eventualmente, será encarregado com maiores

oportunidades, responsabilidades e dons.Se uma pessoa não sentiu uma compulsão e chamado interior para um dos cinco dons

ministeriais, ou se não está ciente de qualquer unção especial para cumprir uma tarefa dada por Deus,ou se nenhuma oportunidade apareceu para que exercite os dons que acha que tem, ela não devetentar algo que Deus não a chamou para fazer. Ela deve tentar ser bênção no corpo de sua igreja local,sua vizinhança e lugar de trabalho. Mesmo não sendo chamada ao ministério “quíntuplo”, ela échamada para servir usando os dons que recebeu de Deus e deve tentar se mostrar fiel.

O fato das Escrituras mencionarem cinco dons ministeriais, não significa que todas as pessoasque ocupam o mesmo cargo terão ministérios idênticos. Paulo escreveu que “há diferentes tipos deministérios” (1 Co. 12:5), fazendo diferenciações entre ministros que ocupam o mesmo cargo. Além do

mais, parece haver vários níveis de unção sobre os que ocupam tais cargos; portanto, podemoscategorizar cada cargo por grau de unção. Por exemplo, existem alguns mestres que parecem ser maisungidos que outros. O mesmo se aplica aos outros dons ministeriais. Pessoalmente, acredito que

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qualquer ministro possa fazer coisas que resultarão no aumento da unção sobre seu ministério, comose mostrar fiel por certo tempo e se consagrar profundamente ao Senhor.

Uma Olhada Mais Profunda no Cargo de Apostolo

A palavra grega traduzida como apóstolo é apóstolos e significa literalmente “o que é enviado”.

Um verdadeiro apóstolo do Novo Testamento é um cristão enviado divinamente a um ou mais lugarespara plantar igrejas. Ele lança o alicerce espiritual do “edifício” de Deus e pode ser comparado a um“mestre de obras”, como Paulo mesmo escreveu: 

Pois nós somos cooperadores de Deus; vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus. Conformea graça de Deus que me foi concedida, eu, como sábio construtor , lancei o alicerce, e outro estáconstruindo sobre ele (1 Co. 3:9-10a, ênfase adicionada).

Um “construtor”, ou mestre de obras supervisiona todo o processo de construção —  ele vê oproduto terminado. Não é um especialista como o carpinteiro ou o pedreiro. Ele  pode fazer o trabalhodo carpinteiro ou pedreiro, mas provavelmente não tão bem quanto eles. Da mesma forma, o apóstolotem a habilidade de fazer o trabalho de um evangelista ou pastor, mas somente por tempo limitado, já

que planta igrejas. (O apóstolo Paulo normalmente ficava no mesmo lugar de seis meses a três anos).O apóstolo é melhor no plantar e supervisionar de igrejas com o fim de mantê-las no curso deDeus. Ele é responsável por apontar líderes/pastores/presbíteros para pastorear cada congregação queplanta (veja At. 14:21-23; Tt. 1:5).

Verdadeiros e Falsos Apóstolos

Parece que alguns ministros hoje, sedentos por autoridade sobre igrejas, rapidamente declaramseus supostos chamados para serem apóstolos, mas a maioria tem um grande problema. Como nãoplantaram igrejas (ou talvez uma ou duas) e não têm os dons e unção de um apóstolo bíblico, precisam

encontrar pastores ingênuos que lhes permitirão ter autoridade sobre suas igrejas. Se você for pastor,não se deixe enganar por apóstolos falsos, egocêntricos e famintos por poder. Normalmente, são lobosem peles de ovelhas e a maioria das vezes, querem dinheiro. As Escrituras nos exortam sobre falsosapóstolos (veja 2 Co. 11:13; Ap. 2:2). Se alguém lhe disser que é apóstolo, esta é uma provávelindicação de que não é. Seu fruto deve falar por si só.

Um pastor que planta sua própria igreja e a pastoreia por anos não é apóstolo. Talvez, taispastores possam ser chamados de “pastores apostólicos”, já que foram pioneiros e plantaram suaspróprias igrejas. Mesmo assim, não são apóstolos, pois apóstolos plantam igrejas continuamente.

Um verdadeiro “missionário” (como são muitas vezes chamados hoje), chamado e ungido porDeus, que tem como chamado plantar igrejas, seria um apóstolo. Por outro lado, missionários que

fundam faculdades teológicas ou treinam pastores não seriam apóstolos, mas mestres.O verdadeiro ministério de um apóstolo é caracterizado por sinais e maravilhas sobrenaturais,

que são instrumentos para ajudá-lo a plantar igrejas. Paulo escreveu:Em nada sou inferior aos “super-apóstolos”, embora eu nada seja. As marcas de um apóstolo — 

sinais, maravilhas e milagres —  foram demonstradas entres vocês, com grande perseverança (2 Co.12:11b-12).

Se alguém não tem sinais e maravilhas acompanhando seu ministério, não é apóstolo.Obviamente, verdadeiros apóstolos são raros e não existem na igreja falsa e profana. Eu os encontroprincipalmente nos lugares do mundo que ainda tem território virgem para o evangelho.

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É bíblico debaixo da nova aliança buscar a direção dos profetas? Não. O motivo é que todos oscristãos têm o Espírito Santo para guiá-los. Um profeta deve somente confirmar  a um crente o que este

 já sabe em seu próprio espírito que é a direção de Deus. Por exemplo, quando Ágabo profetizou aPaulo, não deu direção sobre o que devia fazer; somente confirmou o que Paulo já sabia havia algumtempo.

Como dito anteriormente, Paulo ocupava o cargo de profeta (e mestre) antes de ser chamadopara o ministério de apóstolo (veja At. 13:1). Sabemos que Paulo recebia revelações do Senhor, de

acordo com Gálatas 1:11-12, e que também tinha várias visões (veja At. 9:1-9; 18:9-10; 22:17-21;23:11; 2 Co. 12:1-4).

Assim como não encontramos verdadeiros apóstolos, também não encontramos verdadeirosprofetas na falsa igreja. Ela afastaria (e afasta) verdadeiros profetas como Silas, Judas e Ágabo. Isto,porque verdadeiros profetas trariam revelação do descontentamento de Deus por sua desobediência(assim como fez João à maioria das igrejas da Ásia Menor nos primeiros dois capítulos de Apocalipse).A falsa igreja não está aberta a isto.

O Cargo de Mestre 

De acordo com a ordem listada em 1 Coríntios 12:28, o cargo de mestre é o terceiro maiorchamado. Um mestre é alguém ungido de forma sobrenatural para ensinar a Palavra de Deus. O fatode alguém ensinar a Bíblia não significa que é um mestre do Novo Testamento. Muitos ensinamsimplesmente por se sentirem obrigados, mas alguém que ocupa o cargo de mestre é ungido paraensinar. Muitas vezes, recebe revelações sobrenaturais a respeito da Palavra de Deus e pode explicar aBíblia de forma que a faz compreensível e aplicável.

Apolo é um exemplo no Novo Testamento de alguém que ocupou esse cargo. Paulo comparouseu ministério apostólico e o de ensino de Apolo em 1 Coríntios dizendo:

Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer... lancei o alicerce, e outro estáconstruindo sobre ele (1 Co. 3:6, 10b, ênfase adicionada).

Apolo, o mestre, não plantou ou lançou o alicerce do edifício. Ao invés disso, ele regou as novasmudas com a Palavra de Deus e construiu muros no alicerce já existente.

Apolo também é mencionado em Atos 18:27-28:Querendo ele [Apolo] ir para a Acaia, os irmãos o encorajaram e escreveram aos discípulos que

o recebessem. Ao chegar, ele auxiliou muitos dos que pela graça haviam crido, pois refutavavigorosamente os judeus em debate público, provando pelas Escrituras que Jesus é o Cristo.

Note que Apolo “auxiliou” a muitos que já eram cristãos e que seu ensino era vigoroso. Ensinoungido é sempre poderoso.

Para a igreja, o ministério de ensino é ainda mais importante que milagres ou dons de cura. Poristo é que ele está listado antes desses dons em 1 Coríntios 12:28:

Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar , profetas; emterceiro lugar , mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dons de curar (ênfase adicionada).

Infelizmente, às vezes, cristãos são mais atraídos a curas do que a ouvir o claro ensino daPalavra, que produzirá crescimento espiritual e santidade em suas vidas.

A Bíblia fala de ambos, pregação e ensino. Ensino é mais lógico e instrucional, enquantopregação tende a inspirar e motivar mais. Normalmente, evangelistas pregam; mestres e pastoresensinam; apóstolos pregam e ensinam. É uma pena que alguns crentes não reconhecem o valor doensino. Alguns até pensam que os palestrantes só estão ungidos se pregarem alto e rápido! Não éassim que funciona.

Jesus é o melhor exemplo de um mestre ungido. Seu ensino era uma parte tão predominante

de Seu ministério que muitos se referiam a Ele como “Mestre” (Mt. 8:19; Mc. 5:35; Jo. 1:28). Para maior estudo sobre mestres e ensino, veja Atos 2:42; 5:21, 25, 28, 42; 11:22-26; 13:1;

15:35; 18:11; 20:18-20; 28:30-31; Romanos 12:6-7; 1 Coríntios. 4:17; Gálatas 6:6; Colossenses 1:28; 1

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Timóteo 4:11-16; 5:17; 6:2; 2 Timóteo 1:11; 2:2 e Tiago 3:1. A última passagem listada nos diz quemestres serão julgados de forma mais rígida; portanto, devem tomar muito cuidado com o queensinam. Devem ensinar somente a Palavra.

A Função de Evangelista

O evangelista é aquele que é ungido para pregar o evangelho. Suas mensagens têm por objetivolevar pessoas ao arrependimento e fé no Senhor Jesus Cristo. São acompanhadas por milagres queatraem a atenção dos ímpios e os convence da verdade de sua mensagem.

Sem dúvida, havia muitos evangelistas na igreja primitiva, mas somente um homem está nolivro de Atos como evangelista. Seu nome era Filipe: “ficamos na casa de  Filipe, o evangelista, um dossete” (At. 21:8, ênfase adicionada). 

Filipe começou seu ministério como um servo (ou talvez “diácono”) que servia às mesas (vejaAt. 6:1-6). Foi promovido à função de evangelista por volta do tempo da perseguição da Igreja que selevantou com o martírio de Estevão; e pregou o evangelho primeiramente em Samaria:

Indo Filipe para uma cidade de Samaria, ali lhes anunciava o Cristo. Quando a multidão ouviu

Filipe e viu os sinais maravilhosos que ele realizava, deu unânime atenção ao que ele dizia. Os espíritosimundos saíam de muitos, dando gritos, e muitos paralíticos e mancos foram curados. Assim, houvegrande alegria naquela cidade (At. 8:5-8).

Note que Filipe tinha uma mensagem — Cristo. Seu objetivo era começar a fazer discípulos, istoé, seguidores obedientes de Cristo. Ele proclamava Cristo como um fazedor de milagres, Filho de Deus,Senhor, Salvador e Juiz. Ele chamava as pessoas a se arrependerem e seguirem ao seu Senhor.

Note também que Filipe foi equipado com sinais e maravilhas sobrenaturais que autenticavamsua mensagem. Alguém que ocupa o cargo de evangelista será ungido com dons de cura e outros donsespirituais. A falsa igreja só tem falsos evangelistas que proclamam um falso evangelho. O mundo estácheio de evangelistas assim hoje, e é óbvio que Deus não está confirmando suas mensagens commilagres e curas. A simples razão é que não estão pregando Seu evangelho. Não pregam realmente aCristo. Normalmente pregam sobre as necessidades das pessoas e como Cristo pode dar-lhes vidaabundante, ou pregam uma fórmula de salvação que não inclui arrependimento. Levam pessoas a umafalsa conversão que as livra de culpa, mas não as salva. O resultado de sua pregação é que pessoas têmmenos chance de renascer, pois não veem necessidade de receber o que acham que já têm. Naverdade, tais evangelistas ajudam a construir o reino de Satanás.

O cargo de evangelista não está listado com os outros dons ministeriais em 1 Coríntios 12:28como está em Efésios 4:11. Contudo, estou assumindo que a referência aos que “realizam milagre, osque têm dons de curar” se aplica ao cargo de evangelista, já que caracterizavam o ministérioevangelístico de Filipe e dariam autenticação sobrenatural ao ministério de qualquer evangelista.

Muitos que viajam de igreja em igreja nomeando-se evangelistas não o são realmente, pois só

pregam a cristãos em prédios de igrejas, e não estão equipados com os dons de cura ou milagres.(Alguns fingem ter tais dons, mas só podem enganar aos ingênuos. Seus maiores milagres são fazerpessoas cair por certo tempo quando os empurram.) Esses ministros podem ser mestres, pregadoresou exortadores (veja Rm. 12:8), mas não ocupam o cargo de evangelista. No entanto, é possível queDeus possa começar o ministério de alguém como exortador ou pregador e, mais tarde, promovê-lo aocargo de evangelista.

Para maior estudo a respeito do cargo de evangelista, leia Atos 8:4-40, um registro doministério de Filipe. Note a importância da interdependência dos dons ministeriais (veja os versículos14-25 em particular) e como Filipe não só pregou o evangelho às multidões, mas foi levado por Deuspara ministrar a indivíduos também (veja At. 8:25-39).

Parece que evangelistas são comissionados a batizar seus convertidos, mas não sãonecessariamente comissionados a ministrar o batismo no Espírito Santo a novos crentes. Isto seria deresponsabilidade principal dos apóstolos ou pastores/presbíteros/bispos.

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A Função de Pastor

Dois capítulos atrás, comparei o papel bíblico do pastor com aquele do pastor institucionalnormal. Contudo, há ainda mais a dizer sobre o ministério do pastor.

Para entender completamente o que as Escrituras ensinam sobre o cargo de pastor, precisamosentender três palavras gregas. No grego elas são (1) poimen, (2) presbuteros e (3) episkopos. São

consecutivamente traduzidas (1) pastor , (2) presbítero e (3) bispo.A palavra poimen é encontrada dezoito vezes no Novo Testamento e é traduzida por pastor ( deovelhas) dezessete vezes e pastor (de igreja) uma vez. O verbo poimaino, é encontrado onze vezes e amaioria das vezes é traduzida como pastorear (ovelhas).

A palavra grega prebuteros  é encontrada sessenta e seis vezes no Novo Testamento, sendosessenta dessas vezes traduzida por presbítero ou presbíteros.

Por último, a palavra grega episkopos é encontrada cinco vezes no Novo Testamento, e étraduzida por bispo quatro vezes.

Todas essas palavras se referem ao mesmo cargo na igreja, e são usadas de forma alternada.Sempre que o apóstolo Paulo plantava igrejas, apontava presbíteros ( presbuteros) que eram

encarregados das congregações locais (veja Ac. 14:23, Tt. 1:5). A responsabilidade deles era de agircomo bispos (episkopos) e pastorear ( poimaino) seus rebanhos. Por exemplo, lemos em Atos 20:17:De Mileto, Paulo mandou chamar os presbíteros [presbuteros] da igreja de Éfeso (ênfase

adicionada).E o que Paulo disse a esses presbíteros?Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como

bispos [episkopos], para pastorearem [poimaino] a igreja de Deus, que ele comprou com o seu própriosangue (At. 20:28, ênfase adicionada).

Note o uso alternado das três palavras gregas. Não são cargos diferentes. Paulo disseaos presbíteros que eles eram os bispos que deveriam agir como pastores (de ovelhas).

Pedro escreveu em sua primeira epístola:Portanto, apelo para os presbíteros [presbuteros] que há entre vocês, e o faço na qualidade de

presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, como alguém que participará da glória aser revelada: pastoreiem  [poimaino] o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele,não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com odesejo de servir. Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos parao rebanho. Quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória (1Pd. 5:1-4, ênfase adicionada).

Pedro disse aos presbíteros que pastoreassem  seu rebanho. O verbo que foi traduzido aquicomo pastorear , foi traduzido (como substantivo) por pastor em Efésios 4:11:

E Ele [Jesus] designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e

outros para pastores e mestres (ênfase adicionada).Isso também nos leva a acreditar que presbíteros e pastores são a mesma coisa.Paulo também usou as palavras presbítero  (presbuteros) e bispo (episkopos) alternadamente

em Tito 1:5-7:A razão de tê-lo deixado em Creta foi para que você pusesse em ordem o que ainda faltava e

constituísse presbíteros em cada cidade, como eu o instruí... é necessário que o bispo sejairrepreensível (ênfase adicionada).

Portanto, não pode ser debatido de modo lógico que o cargo de pastor, presbítero e bispo nãosejam o mesmo cargo. Qualquer coisa escrita sobre bispos e presbíteros nas epístolas do NovoTestamento é, portanto, aplicável a pastores.

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Controle da Igreja

As Escrituras citadas acima deixam bem claro que os presbíteros/pastores/bispos recebempoder para supervisionar a igreja, assim como autoridade de liderança. Deixando bem simples, ospresbíteros/pastores/bispos estão no controle e os membros das igrejas devem se submeter a eles:

Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles. Eles cuidam de vocês como

quem deve prestar contas (Hb. 13:17).É claro que nenhum cristão deve se submeter a um pastor que não é submetido a Deus, mas eledeve reconhecer que nenhum pastor é perfeito.

Os pastores/presbíteros/bispos têm autoridade sobres suas igrejas assim como um pai temautoridade sobre sua família:

É necessário, pois, que o bispo [pastor/presbítero] seja irrepreensível... Ele deve governar bemsua própria família, tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a dignidade. Pois, se alguém não sabegovernar sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus?  (1 Tm. 3:2-5, ênfase adicionada).

Paulo continuou dizendo:Os presbíteros [pastores/bispos] que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra,

especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino (1 Tm. 5:17, ênfase adicionada)Está claro que presbíteros devem governar a igreja.

Presbíteros Não-Bíblicos

Muitas igrejas acreditam que suas estruturas governamentais são bíblicas porque têm umgrupo de presbíteros que lideram, mas o problema é que seu conceito de presbíteros está errado.Normalmente os presbíteros são eleitos e rotativos dentro das congregações. São muitas vezeschamados de “Corpo de Presbíteros”. Mas tais pessoas não são presbíteros por definição bíblica. Sesimplesmente examinarmos os requisitos que Paulo enumerou para que um homem seja presbítero,isso se torna bem claro. Paulo escreveu que um presbítero ocupa um cargo integral e, portanto, pago,de ensino/pregação e governo na igreja (veja 1 Tm. 3:4-5; 5:17-18; Tt. 1:9). Poucas pessoas, se háalguma no “corpo de presbíteros”, se encaixam nessas qualificações. Elas não são pagas; não pregamou ensinam; não trabalham em tempo integral na igreja; e mal sabem como liderar uma igreja.

O governo não-bíblico de uma igreja pode muito bem ser a causa de mais problemas na igrejalocal do que qualquer outra coisa. Quando as pessoas erradas estão liderando uma igreja, problemasaparecem. Isso pode abrir a porta para disputas, desacordos e completo extermínio de uma igreja.Uma estrutura governamental de igreja não-bíblica é como dar as boas vidas à Satanás.

Sei que estou escrevendo a pastores de igrejas institucionais assim como de igrejas nos lares.Alguns pastores de igrejas institucionais podem estar pastoreando igrejas que têm estruturas

governamentais não-bíblicas onde presbíteros são escolhidos pela congregação. Normalmente, essasestruturas governamentais não-bíblicas não podem ser alteradas sem brigas se desenvolverem.

Meu conselho a tais pastores é que façam o melhor com a ajuda de Deus para mudar aestrutura governamental da igreja e encarar o possível conflito temporário inevitável, já que conflitosregulares serão inevitáveis se ele nada fizer. Se obtiver sucesso encarando disputas temporárias, teráevitado todas as futuras disputas. Se fracassar, sempre poderá começar uma nova igreja e fazê-la deacordo com as Escrituras desde o início.

Mesmo doloroso, no final, provavelmente terá dado mais frutos para o Reino de Deus. Seaqueles que estão atualmente governando suas igrejas são verdadeiros discípulos de Cristo, eles têmchance de convencer os membros a mudarem a estrutura, se puder convencê-los respeitosamente

através das Escrituras a fazer as mudanças necessárias.

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Presbíteros no Plural?

Alguns gostam de enfatizar que a Bíblia sempre se refere a presbíteros no plural, mostrando,aparentemente, que não é bíblico ter somente um presbítero/pastor/bispo liderando o rebanho.Contudo, em minha opinião, isto não é prova conclusiva. Realmente, a Bíblia menciona que, emalgumas cidades, mais de um presbítero liderava a igreja, mas não diz que esses presbíteros atuavam

como iguais sobre uma única congregação. Por exemplo, quando Paulo reuniu os presbíteros de Éfeso(veja At. 20:17), é bem óbvio que aqueles presbíteros eram de uma cidade em que o corpo totalconsistia de milhares e talvez dezenas de milhares de pessoas (veja At. 19:19). Portanto, devia havervários rebanhos em Éfeso e é bem possível que cada presbítero liderasse uma igreja no lar.

Não há exemplo nas Escrituras de que Deus tenha chamado um comitê para cumprir umatarefa. Quando quis libertar Israel do Egito, chamou um homem, Moisés, para ser o líder. Outros foramchamados para ajudá-lo, mas eram-lhe todos inferiores; como ele, cada um tinha responsabilidadesobre um subgrupo de pessoas. Esse padrão é encontrado repetidamente nas Escrituras. Quando Deustem uma tarefa, chama uma pessoa para ter a responsabilidade e chama outros para ajudar essapessoa.

Portanto, parece improvável que Deus chamasse um comitê de presbíteros de igual autoridadepara liderar uma pequena igreja no lar de vinte pessoas. Parece um convite a discussões.Isso não quer dizer que todas as igrejas nos lares devem ser lideradas por somente um

presbítero. Contudo, significa que se há mais de um presbítero, o mais novo e menos maduroespiritualmente deve se submeter ao mais velho e espiritualmente mais maduro. Espiritualmente, sãoas igrejas, não as faculdades teológicas, que devem treinar novos pastores/presbíteros/bispos e,portanto, é bem possível e até desejável que hajam vários presbíteros/pastores/bispos em uma igrejano lar, com os espiritualmente mais novos sendo discipulados pelos espiritualmente mais maduros.

Tenho observado esse fenômeno até em igrejas que são supostamente lideradas por líderesque atuam como “iguais”. Sempre há um que é admirado pelos outros. Ou há alguém que é dominanteenquanto os outros são mais passivos. Caso contrário, eventualmente haverá divisões. É fato que atécomitês elegem um líder. Quando um grupo de iguais decide realizar uma tarefa, reconhecem quedeve haver um líder. E assim é na igreja.

Além do mais, a responsabilidade dos presbíteros é comparada à responsabilidade dos pais porPaulo em 1 Timóteo 3:4-5. Presbíteros devem cuidar de suas próprias casas, caso contrário não sãoqualificados para cuidar da igreja. Mas será que uma família com dois pais seria bem administrada?Acho que haveria problemas.

Presbíteros/pastores/bispos devem estar interligados em um corpo local maior para quepossam prestar conta de suas ações entre companheiros que possam ajudar, caso problemas surjam.Paulo escreveu sobre um “presbitério” (veja 1 Tm. 4:14), que deve ter sido uma reuniãode presbuteros  (presbíteros) e possivelmente outros homens com dons ministeriais. Se houver um

apóstolo fundador, ele também pode ajudar, se houver problemas em um corpo local gerados peloerro de um presbítero. Quando pastores institucionais se desviam, o resultado é sempre grandesproblemas por causa da estrutura da igreja. Há um prédio e programas a serem mantidos. Mas igrejasnos lares podem ser instantaneamente desfeitas quando um pastor se desvia. Os membros podemsimplesmente se juntar a outro corpo.

Autoridade para Servir

O fato de Deus dar ao pastor autoridade espiritual e governamental em sua igreja, não dá a ele

o direito de dominar Seu rebanho. Ele não é Senhor deles — Jesus é. Eles não são seu rebanho — sãorebanho do Senhor.Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação,

mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não

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ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho. Quandose manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória (1 Pd. 5:2-4, ênfaseadicionada).

Cada pastor terá que dar contas de seu ministério algum dia diante do trono de julgamento deCristo.

Além do mais, sobre a questão financeira, um único pastor/presbítero/bispo não deve agirsozinho. Se houver dinheiro sendo coletado regularmente ou esporadicamente por qualquer motivo,

outros dentro do corpo devem ajudar para que não haja falta de confiança a respeito do manejo dosfundos (veja 2 Co. 8:18-23). Esse pode ser um grupo apontado ou eleito.

Pagando os Presbíteros

As Escrituras deixam claro que pastores/presbíteros/bispos devem ser pagos, já que trabalhamna igreja por tempo integral. Paulo escreveu:

Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujotrabalho é a pregação e o ensino, pois a Escritura diz: “Não amordace o boi enquanto está debulhando

o cereal”, e “o trabalhador merece o seu salário” (1 Tm. 5:17-18)O assunto é claro — Paulo até usa a palavra salário. Sua frase mais vaga sobre dar dupla honra

aos presbíteros que lideram bem é facilmente entendida quando o contexto é considerado. Nosversículos anteriores, Paulo inequivocamente escreveu sobre a responsabilidade da igreja de sustentarfinanceiramente viúvas que, caso contrário, não seriam sustentadas, e começou usando a mesmaexpressão: “Honre as viúvas que são realmente necessitadas” * (1 Tm. 5:3-16). Portanto, nessecontexto, “honrar” significa sustentar financeiramente. Presbíteros que lideram bem devem serduplamente honrados, recebendo pelo menos duas vezes mais do que é dado às viúvas e ainda mais setiverem filhos.

A igreja institucional ao redor do mundo sustenta a maioria de seus pastores (até mesmo em

nações pobres), mas parece que muitas igrejas nos lares, especialmente aquelas do Ocidente, não.Acredito que isso é parte por causa do fato de que os motivos de muitas pessoas do mundo ocidentalpara se unirem a igrejas nos lares é que são na verdade rebeldes de coração e estão procurando, eencontraram, a forma de cristianismo menos exigente existente no planeta. Dizem que se juntaram auma igreja no lar porque queriam fugir da escravidão da igreja institucional, mas na verdade, queriamfugir de qualquer compromisso com Cristo. Encontraram igrejas que não pedem por compromissofinanceiro, igrejas muito diferentes do que Cristo espera de Seus discípulos. Aqueles que têm odinheiro como deus e provam isso acumulando seus tesouros na terra ao invés de no céu não sãoverdadeiros discípulos de Cristo (veja Mt. 6:19-24; Lc. 14:33). Se o cristianismo de alguém não afeta oque faz com seu dinheiro, ele não é um verdadeiro cristão.

Igrejas nos lares que dizem ser bíblicas devem sustentar seus pastores, assim como cuidar dospobres e contribuir com missões. No dar e em todos os assuntos financeiros, eles devem ser bemmelhores que igrejas institucionais, já que não têm prédios ou equipe para pagar. Não é preciso maisque dez pessoas que dizimam para sustentar um pastor. Dez pessoas que dão 20% de seus saláriospodem sustentar integralmente um pastor e um missionário que tenha o mesmo padrão que seupastor.

O que os Pastores Fazem?

Imagine-se perguntando a um membro de igreja, “De quem é o trabalho de fazer as seguintes

coisas?” Quem deve compartilhar o evangelho com os incrédulos? Ter uma vida santa? Orar? Exortar,

encorajar e ajudar outros crentes? Visitar os doentes? Impor as mãos sobre os doentes e curá-los ?

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Levar os fardos dos outros? Exercitar seus dons pelo bem do corpo? Negar a si mesmo sacrificando-sepelo bem do Reino de Deus? Fazer e batizar discípulos, ensinando-os a obedecer os mandamentos deCristo?

Muitos crentes responderão sem hesitação: “Todas essas são responsabilidades do pastor”.Mas são mesmo?

De acordo com as Escrituras, todos os crentes devem compartilhar o evangelho com os ímpios:Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para

responder a qualquer pessoa que lhe pedir a razão da esperança que há em vocês (1 Pd. 3:15).Todos os salvos devem ter uma vida santa:Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que

fizerem. Pois está escrito: “Sejam santos, porque eu sou santo” (1 Pd. 1:15-16).Todos os salvos devem orar:Alegrem-se sempre. Orem continuamente (1 Ts. 5:16-17).Todos os salvos devem exortar, encorajam e ajudar outros crentes:Exortamos vocês, irmãos, a que advirtam os ociosos, confortem os desanimados, auxiliem os

fracos, sejam pacientes para com todos (1 Ts. 5:14, ênfase adicionada).Todos os salvos devem visitar os doentes:

Necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estivepreso e vocês me visitaram (Mt. 25:36).

Mais Responsabilidades

Mas isso não é tudo. Todos os salvos devem impor as mãos e curar os doentes:Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas

línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum;imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados (Mc. 16:17-18, ênfase adicionada).

Todos os crentes devem carregar os fardos de seus companheiros cristãos:Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo (Gl. 6:2)É esperado que todos os salvos exerçam seus dons em favor de outros:Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de

profetizar, use-o na proporção da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se é darânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente se é exercer liderança, que aexerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria (Rm. 12:6-8).

Todos os crentes devem negar a si mesmos, sacrificando-se pelo evangelho:Então ele chamou a multidão e os discípulos e disse: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-

se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quemperder a sua vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará (Mc. 8:34-35, ênfase adicionada).

E é esperado que todos os salvos façam e batizem discípulos, ensinando-os a obedecer osmandamentos de Cristo:

Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar osoutros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar eensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus (Mt. 5:19, ênfase adicionada).

Embora a esta altura já devessem ser mestres, vocês precisam de alguém que lhes ensinenovamente os princípios elementares da palavra de Deus. Estão precisando de leite, e não de alimentosólido (Hb. 5:12, ênfase adicionada)!

Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho edo Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei . E eu estarem sempre com

vocês, até o fim dos tempos (Mt. 28:18-20, ênfase adicionada).[2] 

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Todas essas responsabilidades são entregues a todos os salvos, mesmo assim, a maioria dos quefrequentam igrejas acham que essas tarefas pertencem somente aos pastores. O motivo éprovavelmente porque os próprios pastores acham que essas são responsabilidades somente deles.

Então, o que os Pastores Devem Fazer

Se todas essas responsabilidades são entregues a todos os crentes, o que os pastores devemfazer? Eles são simplesmente chamados para equipar os santos para fazerem todas essas coisas (vejaEf. 4:11-12). São chamados para ensinar os santos a obedecerem todos os mandamento de Cristo (vejaMt. 28:18-20) por instrução e exemplo (veja 1 Tm. 3:2; 4:12-13; 5:17; 2 Tm. 2:2; 3:16-4:4; 1 Pd. 5:1-4).

É impossível que as Escrituras deixem isso mais claro. O papel bíblico do pastor não é reunir omaior número possível de pessoas para o culto de domingo de manhã, mas apresentar “todo homemperfeito em Cristo” (Cl. 1:28). Pastores bíblicos não causam coceira nos ouvidos das pessoas (veja 2 Tm.4:3); eles ensinam, treinam, exortam, admoestam, corrigem, censuram e repreendem, tudo de acordocom a Palavra de Deus (veja 2 Tm. 3:16-4:4).

Em sua primeira carta a Timóteo, Paulo listou algumas qualificações para que um homem ocupe

o cargo de pastor. Das quinze qualificações, quatorze são a respeito de seu caráter, mostrando que oexemplo de vida é o mais importante:

Esta afirmação é digna de confiança: Se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função. Énecessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, moderado, sensato,respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar; não deve ser apegado ao vinho, nem violento, mas simamável, pacífico e não apegado ao dinheiro. Ele deve governar bem sua própria família, tendo os filhossujeitos a ele, com toda a dignidade. Pois, se alguém não sabe governar sua própria família, comopoderá cuidar da igreja de Deus? Não pode ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça e caiana mesma condenação em que caiu o Diabo. Também deve ter boa reputação perante os de fora, paraque não caia em descrédito nem na cilada do Diabo (1 Tm. 3:1-7).

Quando comparamos essas qualificações com aquelas listadas por muitas igrejas institucionaisque buscam um novo pastor descobrimos o principal problema de tantas igrejas. Elas estão procurandoum gerenciador/humorista/pregador de sermões curtos/administrador/psicologista/diretor deprogramas e atividades/arrecadador de recursos/amigo de todos/uma máquina de trabalho. Elasquerem alguém que “leve adiante o ministério da igreja”. Contudo, o administrador bíblico deve ser,acima de tudo, um homem de grande caráter e completamente comprometido com Cristo, umverdadeiro servo, porque seu objetivo é reproduzir a si mesmo. Ele deve ser capaz de dizer ao seurebanho: “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou do Cristo” (1 Co. 11:1). 

Para um estudo mais detalhado a respeito da função do pastor, veja também Atos 20:28-31; 1Timóteo 5:17-20 e Tito 1:5-9.

O Cargo de Diácono

Concluindo, deixe-me mencionar algo a respeito dos diáconos. O cargo de diácono é o únicooutro cargo na igreja local e não faz parte dos cinco dons ministeriais. Diferente dos anciãos, osdiáconos não têm autoridade administrativa na igreja. A palavra grega traduzidacomo diácono é diakonos, que literalmente significa “servo”. 

Os sete homens escolhidos para a tarefa diária de alimentar as viúvas da igreja de Jerusalém sãoconsiderados os primeiros diáconos (veja At. 6:1-6). Eles foram escolhidos pela congregação ecomissionados pelos apóstolos. Mais tarde, pelo menos dois deles, Filipe e Estevão, foram promovidos

por Deus para serem poderosos evangelistas.Diáconos também são mencionados em 1 Timóteo 3:8-13 e Filipenses 1:1. Aparentemente, esse

cargo pode ser preenchido tanto por homens quanto por mulheres (veja 1 Tm. 3:11).

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[1] Esta é somente uma maneira de dizer: “De fazer discípulos para Jesus Cristo”. * Nota do tradutor: versículo traduzido do inglês.[2] Se era esperado que os discípulos de Jesus ensinassem seus discípulos a fazer tudo o que Ele

havia mandado, eles consequentemente teriam ensinados seus discípulos a fazerem discípulos,

batizando-os e ensinando-os a obedecer a tudo o que Cristo ensinou. Portanto, o fazer, batizar eensinar discípulos teria sido um mandamento perpétuo obrigatório a todos os discípulos subsequentes.

Capítulo Dezenove

Realidades em Cristo

Ao longo das epístolas do Novo Testamento, encontramos frases como: “em Cristo”, “comCristo”, “através de Cristo” e “nEle”. Normalmente, elas revelam algum benefício que nós, comocrentes, temos por causa do que Jesus fez por nós. Quando vemos a nós mesmos como Deus nos vê,“em Cristo”, isso nos ajuda a viver como Deus quer que vivamos. O discipulador desejará ensinar aosseus discípulos quem são em Cristo para ajudá-los a crescer até a maturidade espiritual.

Primeiro, o que significa estar “em Cristo”? Quando renascemos, somos enxertados no corpo de Cristo e nos tornamos um com Ele em

espírito. Vamos dar uma olhada em alguns versículos das epístolas do Novo Testamento que afirmam

isso:Assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo (Rm. 12:5, ênfase

adicionada).Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele (1 Co. 6:17, ênfase adicionada).Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês individualmente, é membro desse corpo(1

Co. 12:27, ênfase adicionada).Nós que temos crido no Senhor Jesus Cristo devemos nos ver unidos a Ele, membros de Seu

corpo e um em espírito com Ele. Ele está em nós e nós nEle.Aqui está um versículo que nos diz alguns dos benefícios que temos em virtude de estarmos em

Cristo:

É, porém, por iniciativa dele que vocês estão em Cristo Jesus, o qual se tornou sabedoria deDeus para nós, isto é, justiça, santidade e redenção (1 Co. 1:30, ênfase adicionada).

Em Cristo fomos justificados (declarados “inocentes” e agora f azemos o que é certo),santificados (separados para o uso santo de Deus), e redimidos (comprados da escravidão). Nãoestamos esperando para sermos justificados, santificados ou redimidos no futuro. Muito pelocontrário, temos todas essas bênçãos agora, pois estamos em Cristo.

Em Cristo, tivemos nossos pecados do passado perdoados:Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado,

em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados (Cl. 1:13-14, ênfase adicionada).Note que essa passagem também nos diz que não estamos mais no reino de Satanás, o domínio

das trevas, mas estamos agora em um reino de luz, no Reino de Jesus.Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que

surgiram coisas novas (2 Co. 5:17, ênfase adicionada).

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Louve a Deus por agora ser seguidor de Cristo, você é “nova criação”, como uma lagartatransformada em borboleta! Seu espírito recebeu uma nova natureza. Anteriormente, você possuía anatureza egoísta de Satanás em seu espírito, mas agora, todas as coisas de sua vida antiga “jápassaram”. 

Mais Bênçãos em Cristo

Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus (Gl. 3:26, ênfase adicionada).Não é maravilhoso saber que somos na verdade filhos de Deus, nascidos de

Seu Espírito? Quando oramos, nos aproximamos dEle não só como nosso Deus, mas também comonosso Pai!

Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus  para fazermos boas obras, as quaisDeus preparou antes para nós as praticarmos (Ef. 2:10, ênfase adicionada).

Deus não só nos criou, mas nos criou em Cristo. Além do mais, Deus predestinou cada um denós para cumprir um ministério, “boas obras, as quais Deus preparou antes”. Cada um de nós tem umdestino individual divino.

Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus (2 Co. 5:21, ênfase adicionada).A justiça que temos por estarmos em Cristo é na verdade, a própria justiça de Deus. Isso é

porque Deus habita em nós e nos transformou através do Espírito Santo. Nossas boas obras são naverdade, as boas obras de Deus através de nós.

Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou (Rm.8:37, ênfase adicionada).

O que são “todas estas coisas”  de que Paulo escreveu? Os versículos em Romanos queprecedem esse versículo revelam que são tribulações e angústias pelas quais os crentes passam. Até nomartírio somos vitoriosos, mesmo que o mundo nos considere vítimas. Somos mais que vencedorespor meio de Cristo, pois quando morrermos iremos para o céu!

Tudo posso naquele que me fortalece (Fp. 4:13, ênfase adicionada).Nada é impossível a nós por meio de Cristo porque Deus nos dá habilidade e força. Podemos

realizar qualquer tarefa que Ele nos der.O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riqueza

sem Cristo Jesus (Fp. 4:19, ênfase adicionada).Podemos esperar que Deus irá suprir nossas verdadeiras necessidades se buscarmos Seu Reino

em primeiro lugar. O Senhor é o nosso pastor e Ele cuida de Suas ovelhas!

Concordando com o que Deus Diz

Infelizmente, alguns de nós não acreditam no que a Palavra de Deus diz a respeito de nósmesmos, o que é provado quando falam coisas que contradizem a Bíblia. Ao invés de dizere m “tudoposso naquele que me fortalece” dizem: “Acho que não consigo”. 

Afirmações dessa espécie são o que a Bíblia chama de “relatório negativo”, pois discordam doque Deus diz (veja Nm. 13:32). Contudo, se nossos corações estão cheios da Palavra de Deus, ficamoscheios de fé, cremos e dizemos somente o que está de acordo com as Escrituras.

Algumas Declarações Bíblicas

Devemos acreditar e dizer que somos quem Deus diz que somos.Devemos acreditar e dizer que podemos fazer o que Deus diz que podemos.Devemos acreditar e dizer que Deus é quem diz ser.

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Devemos acreditar e dizer que Deus fará o que disse que fará.Abaixo estão algumas frases bíblicas que todos os cristãos podem declarar com ousadia. Nem

todas são realidades “em Cristo”, mas são todas verdadeiras de acordo com as Escrituras.Sou redimido, santificado e justificado em Cristo (veja 1 Co. 1:30).Fui transferido do reino de trevas para o Reino do Filho de Deus, o Reino de Luz (veja Cl. 1:13).Todos os meus pecados foram perdoados em Cristo (Ef. 1:7).Sou nova criatura em Cristo — minha vida antiga já se passou (veja 2 Co. 5:17).

Deus predestinou boas obras para que eu as realize (veja 2 Co. 5:17).Tornei-me justiça de Deus em Cristo (veja 2 Co. 5:21).Sou mais que vencedor em todas as coisas por meio de Cristo que me amou (veja Rm. 8:37).Tudo posso naquele que me fortalece (Fp. 4:13).Meu Deus supre todas as minhas necessidades de acordo com Suas gloriosas riquezas em Cristo

(Fp. 4:19).Sou chamado para ser santo (veja 1 Co. 1:2).Sou filho de Deus (veja Jo. 1:12, 1 Jo. 3:1-2).Meu corpo é templo do Espírito Santo (veja 1 Co. 6:19).Não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim (veja Gl. 2:20).

Fui tirado da autoridade de Satanás (veja At. 26:18).O amor de Deus foi espalhado em meu coração pelo Espírito Santo (veja Rm. 5:5).Maior é o que está em mim do que o que está no mundo (Satanás) (veja 1 Jo. 4:4).Sou abençoado com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (veja Ef. 1:3).Estou sentado nos lugares celestiais com Cristo, muito acima das forças espirituais de Satanás

(veja Ef. 2:4-6).Por amar a Deus e ser chamado de acordo com Seu propósito, Ele faz com que todas as coisas

cooperem para o bem (veja Rm. 8:28).Se Deus é por mim, quem poderá ser contra mim? (veja Rm. 8:31).Nada pode me separar do amor de Cristo (veja Rm. 8:35-39).

Tudo é possível para mim, pois eu creio (veja Mc. 9:23).Sou sacerdote de Deus (veja Ap. 1:6).Por ser Seu filho, Deus me guia através de Seu Espírito (veja Rm. 8:14).Enquanto sigo ao Senhor, o caminho de minha vida brilha cada vez mais (veja Pv. 4:18).Deus me deu dons especiais para usar no Seu serviço (veja 1 Pd. 4:10-11).Posso expulsar demônios e impor as mãos sobre doentes para que sejam curados (veja Mc.

16:17-18).Deus me conduz vitoriosamente em Cristo (veja 2 Co. 2:14).Sou embaixador de Cristo (veja 2 Co. 5:20).Tenho a vida eterna (veja Jo. 3:16).

Recebo tudo o que peço em oração, crendo (veja Mt. 21:22).Sou curado pelas feridas de Jesus (veja 1 Pd. 2:24).Sou o sal da terra e a luz do mundo (veja Mt. 5:13-14).Sou herdeiro de Deus e co-herdeiro com Jesus Cristo (veja Rm. 8:27).Sou parte de uma geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo exclusivo de Deus (veja 1

Pd. 2:9).Sou membro do corpo de Cristo (veja 1 Co. 12:27).O Senhor é meu pastor; de nada terei falta (veja Sl. 23:1).O Senhor é meu refúgio forte; a quem temerei? (veja Sl. 27:1)O Senhor me dará vida longa (veja Sl. 91:16).

Cristo tomou sobre si minhas enfermidades e sobre si levou minhas doenças (veja Is. 53:4-5).O Senhor é meu ajudador, não temerei (veja Hb. 13:6).Lancei minhas ansiedades no Senhor porque Ele cuida de mim (veja 1 Pd. 5:7).Eu resisto ao Diabo e ele foge de mim (veja Tg. 4:7).

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Estou encontrando minha vida perdendo-a por causa de Jesus (veja Mt. 16:25).Sou escravo de Cristo (veja 1 Co. 7:2).Para mim, viver é Cristo e morrer é lucro (veja Fp. 1:21).Minha cidadania está no céu (veja Fp. 3:20).Deus completará a obra que começou em mim (veja Fp. 1:6).Deus está trabalhando em mim para fazer Sua boa vontade (veja Fp. 2:13).Fui redimido da maldição da Lei (veja Gl. 3:13).

Este é um simples exemplo de declarações positivas que podemos fazer baseando-nos naPalavra de Deus. Seria uma boa ideia criar o hábito de recitar essas declarações até que as verdadesque afirmam fiquem enraizadas em nossos corações. E devemos monitorar cada palavra que sai denossas bocas para termos certeza de que não estamos falando algo contrário ao que Deus disse.

Capítulo VinteLouvor e Adoração

Disse a mulher: “Senhor, vejo que é profeta. Nossos antepassados adoraram neste monte, masvocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar”. Jesus declarou: “Creia em mim,mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém.Vocês, samaritanos, adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, pois a salvaçãovem dos judeus. No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeirosadoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deusé espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. (Jo. 4:19-24).

Essas palavras dos lábios de Jesus lançaram o alicerce para o nosso entendimento dos aspectosmais importantes da adoração. Ele falou de “verdadeiros adoradores” e descreveu suas qualificações.Isso indica que há adoradores, que não são verdadeiros. Eles podem pensar que estão adorando aDeus, mas na verdade não estão, pois não preenchem Seus requisitos.

Jesus declarou o que caracteriza verdadeiros adoradores —  eles adoram “em espírito e emverdade”. Portanto, pode ser dito que falsos adoradores são aqueles que adoram “em carne einsinceridade”. Adoradores falsos e carnais podem parecer verdadeiros, mas é tudo mentir a, já quenão têm um coração que ama a Deus.

 A verdadeira adoração só pode vir de um coração que ama a Deus. Portanto, a adoração não ésomente algo que fazemos quando a igreja se reúne, mas algo que fazemos a cada momento de nossas

vidas enquanto obedecemos aos mandamentos de Cristo. O que é interessante é que a mulher comquem Jesus estava falando tinha sido casada cinco vezes, estava vivendo com um homem e queriadebater sobre o local próprio para adorar a Deus! Ela é um perfeito exemplo de muitas pessoasreligiosas que vão aos cultos enquanto em seu viver diário se rebelam contra Deus. Elas não sãoadoradores verdadeiros.

Uma vez, Jesus repreendeu os escribas e fariseus por sua falsa adoração:Hipócritas! Bem profetizou Isaías acerca de vocês, dizendo: “Este povo me honra com os lábios,

mas o seu coração está longe de mim. Em, vão me adoram. Seus ensinamentos não passam de regrasensinadas por homens” (Mt. 15:7-9, ênfase adicionada).

Os judeus e samaritanos nos dias de Jesus enfatizavam muito o local onde o povo adorava, mas

Jesus disse que o local não é importante. O que importa é a condição dos corações das pessoas paracom o Senhor; isso sim, determina a qualidade de sua adoração.

Muito do que é chamado “adoração” nas igrejas de hoje não passa de um rit ual mortoencenado por adoradores mortos. As pessoas repetem, sem pensar, as palavras de outras pessoas

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sobre Deus quando cantam “canções de adoração”, e seu louvor é em vão, pois seus estilos de vidamostram o que realmente está em seus corações.

Deus prefere ouvir um simples “eu te amo” de coração de um de Seus filhos obedientes everdadeiros a aguentar a monotonia de mil crentes em um domingo de manhã cantando “QuãoGrande És Tu”. 

Adorando em EspíritoAlguns dizem que adorar “em espírito” significa orar e cantar em outras línguas, mas essa

interpretação parece forçada, se vista à luz das palavras de Jesus. Ele disse que “está chegando ahora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e emverdade”, indicando que  já havia pessoas que O adoravam “em espírito” quando disse isso. É claro queninguém falou em línguas até o dia de Pentecoste. Portanto, qualquer crente, podendo falar emlínguas ou não, pode adorar a Deus em espírito e em verdade. Certamente, orar e falar em línguaspode ajudar um cristão em sua adoração, mas até orar em línguas, pode se tornar um ritual superficial.

Temos uma perspectiva interessante do louvor da igreja primitiva em Atos 13:1-2:

Na igreja de Antioquia havia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio deCirene, Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. Enquanto adoravam o Senhor  e jejuavam, disse o Espírito Santo: “Separem-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”(ênfase adicionada).

Note que esta passagem diz que “adoravam o Senhor”. Parece razoável pensar que estavamministrando a Ele; e portanto, aprendemos que a verdadeira adoração ministra ao Senhor. Contudo,isso só é real quando o Senhor é o objeto de nosso louvor e afeição.

Formas de Adorar

O livro de Salmo, que pode ser chamado de hinário de Israel, nos encoraja a adorar ao Senhorde várias formas diferentes. Por exemplo, lemos em Salmos 32:

Cantem de alegria, todos vocês que são retos de coração (Sl. 32:11b, ênfase adicionada).Mesmo que a adoração quieta e reverente tenha a sua hora, cantar de alegria também tem.Cantem de alegria ao Senhor, vocês que são justos; aos que são retos fica bem louvá-lo. Louvem

o Senhor com harpa; ofereçam-lhe música com lira de dez cordas. Cantem-lhe uma nova canção;toquem com habilidade ao aclamá-lo (Sl. 33:1-3, ênfase adicionada).

Devemos, é claro, cantar ao Senhor em adoração, mas nossa canção deve ser de alegria, que éoutra indicação da condição do coração de alguém. Também podemos acompanhar nossa canção dealegria com vários instrumentos musicais. Contudo, devo mencionar que em muitas reuniões nas

igrejas, os instrumentos musicais elétricos são tão altos que abafam as canções por completo. Elesdevem ser abaixados ou desligados. O salmista nunca teve esse problema!

Enquanto eu viver te bendirei, e em teu nome levantarei as minhas mãos  (Sl. 63:4, ênfaseadicionada).

Como sinal de rendição e reverência, podemos levantar nossas mãos a Deus.Aclamem a Deus, povos de toda terra! Cantem louvores ao seu glorioso nome; louvem-no

gloriosamente! Digam a Deus: “Quão temíveis são os teus feitos! Tão grande é o teu poder que os teusinimigos rastejam diante de ti! Toda a terra te adora e canta louvores ao teu nome (Sl. 66:1-4, ênfaseadicionada).

Devemos dizer ao Senhor quão magnífico Ele é e adorá-Lo por Seus maravilhosos atributos. O

livro de Salmos é um ótimo lugar para encontrarmos palavras apropriadas com as quais possamosadorar a Deus. Precisamos ir além da repetição contínua de “Eu te louvo Senhor!” Há t antas outrascoisas para dizermos a Ele.

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Venham! Adoremos prostrados e ajoelhados diante do Senhor, o nosso Criador (Sl. 95:6, ênfaseadicionada).

Até nossa postura pode ser uma expressão de adoração, seja de pé, de joelhos ou prostrados.Regozijem-se os seus fiéis nessa glória e em seus leitos cantem alegremente (Sl. 149:5, ênfase

adicionada)!Não precisamos estar em pé ou ajoelhados para adorar — podemos estar deitados, na cama.Entrem por suas portas com ações de graças, e em seus átrios, com louvor; deem-lhe graça e

bendigam o seu nome (Sl. 100:4, ênfase adicionada).Com certeza, dar graças deve ser parte de nossa adoração.Louvem eles o seu nome com danças (Sl. 149:3a, ênfase adicionada).Podemos adorar a Deus até com danças. Mas não devem ser danças carnais, sensuais ou por

simples diversão.Louvem-no ao som de trombeta, louvem-no com lira e a harpa, louvem-no com tamborins e

danças, louvem-no com instrumentos de cordas e com flautas, louvem-no com címbalos sonoros,louvem-no com címbalos ressonantes. Tudo o que tem vida louve ao Senhor! Aleluia (Sl. 150:3-6,ênfase adicionada)!

Graças a Deus por aqueles que têm dons musicais. Seus dons podem ser usados para glorificar a

Deus se tocarem seus instrumentos com os corações cheios de amor.

Canções Espirituais

Cantem ao Senhor um novo cântico, pois ele fez coisas maravilhosas (Sl. 98:1a, ênfaseadicionada).

Não há nada de errado em cantar músicas antigas, a menos que isso se torne um ritual. Entãoprecisamos de um novo cântico que vem de nossos corações. Aprendemos no Novo Testamento que oEspírito Santo nos ajuda a compor novas músicas:

Habite em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda asabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração (Cl. 3:16).

Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito,falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor,dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo(Ef. 5:18-20).

Paulo escreveu que devemos falar uns com os outros com “salmos, hinos e cânticos espirituais”,portanto, deve haver uma diferença entre os três. Um estudo das palavras gregas originais acrescentapouco, mas talvez, “salmos” significasse cantar os salmos da Bíblia acompanhados de instrumentosmusicais. “Hinos”, por outro lado, podem ter sido músicas de ação de graças em geral compostas porvários cristãos das igrejas. “Cânticos espirituais” eram provavelmente, canções espontâneas dadas pelo

Espírito Santo e parecidas ao simples dom de profecia, com a diferença de que as palavras seriamcantadas.

Louvor e adoração devem ser parte de nossa vida diária —  não somente algo que fazemosquando a igreja se reúne. Durante os dias, podemos ministrar ao Senhor e experimentar umacomunhão muito próxima com Ele.

Louvor — Fé em Ação

Louvor e adoração são expressões normais de nossa fé em Deus. Se realmente acreditamos nas

promessas da Palavra de Deus, seremos pessoas alegres, cheias de louvor a Deus. Josué e o povo deIsrael tiveram que gritar primeiro, e então os muros caíram. A Bíblia nos adverte a nos alegrarmos“sempre no Senhor” e a dar “graças em todas as circunstâncias” (1 Ts. 5:18a). 

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Um dos maiores exemplos do poder da adoração é encontrado em 2 Crônicas 20, quando anação de Judá estava sendo invadida pelos exércitos moabitas e amonitas. Em resposta às orações dorei Josafá, Deus instruiu Israel:

Não tenham medo nem fiquem desanimados por causa desse exército enorme. Pois a batalhanão é de vocês, mas de Deus. Amanhã, desçam contra eles...Vocês não precisarão lutar nessa batalha.Tomem suas posições, permaneçam firmes e vejam o livramento que o Senhor lhes dará, ó Judá, óJerusalém (2 Cr. 20:15b-17a).

A narrativa continua:De madrugada partiram para o deserto de Tacoa. Quando estavam saindo, Josafá lhes disse:

“Escutem-me, Judá e povo de Jerusalém! Tenham fé no Senhor, o seu Deus, e vocês serão sustentados;tenham fé nos profetas do Senhor, e terão a vitória”. Depois de consultar o povo, Josafá nomeoualguns homens para cantarem ao Senhor e louvarem pelo esplendor de sua santidade, indo à frente doexército, cantando: “ Deem graças ao Senhor, pois o seu amor dura para sempre”. Quando começaram

a cantar e a entoar louvores, o Senhor preparou emboscadas contra os homens de Amom, de Moabe edos montes e Seir, que estavam invadindo Judá, e eles foram derrotados. Os amonitas e os moabitasatacaram os dos montes de Seir para destruí-los e aniquilá-los. Depois de massacrarem os homens deSeir, destruíram-se uns aos outros. Quando os homens de Judá foram para o lugar onde se avista o

deserto e olharam para o imenso exército, viram somente cadáveres no chão; ninguém haviaescapado. Então Josafá e os seus soldados foram saquear os cadáveres e encontraram entre elesgrande quantidade de equipamentos e roupas, e também objetos de valor; passaram três diassaqueando, mas havia mais do que eram capazes de levar (2 Cr. 20:20-25, ênfase adicionada).

Louvor cheio de fé traz proteção e provisão!Para maior aprofundamento no estudo sobre o poder do louvor, veja Filipenses 4:6-7 (o louvor

traz paz), 2 Crônicas 5:1-14 (o louvor traz a presença de Deus), Atos 13:1-2 (o louvor traz os propósitose planos de Deus à luz) e Atos 16:22-26 (o louvor traz a preservação de Deus e libertação de prisões).

Capítulo Vinte e Um

A Família Cristã

Deus é claro, foi quem teve a ideia de famílias. Portanto, parece lógico que Ele possa nosoferecer uma visão interna a respeito de como as famílias devem funcionar e possa nos avisar dasdificuldades que destroem famílias. O Senhor realmente tem nos dado muitos princípios em Sua

Palavra a respeito da estrutura familiar e a parte que cabe a cada membro realizar individualmente.Quando essas instruções bíblicas são seguidas, as famílias experimentam todas as bênçãos que Deuspreparou a elas. Quando são violadas, o resultado é caos e aflição.

O Papel de Marido e Mulher

Deus planejou que a família cristã se encaixasse em certa estrutura. Por essa estrutura prover aestabilidade para a vida familiar, Satanás tenta perverter o plano de Deus.

Primeiro, Deus ordenou que o marido fosse o cabeça da unidade familiar. Isso não dá ao maridoo direito de dominar egoisticamente sobre sua esposa e filhos. Deus chamou os maridos para amarem,protegerem, proverem e liderarem suas famílias como cabeças. Deus também planejou que as esposasfossem submissas à liderança de seus maridos. Isso fica bem claro nas Escrituras:

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Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça damulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Assimcomo a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos (Ef.5:22-24).

O marido não é o cabeça espiritual   de sua esposa —  é Jesus quem faz essa parte. Jesus é ocabeça espiritual da Igreja e a esposa cristã é membro da Igreja, assim como seu esposo cristão.Contudo, na família, o marido cristão é o cabeça de sua esposa e filhos, e eles devem se submeter a

sua autoridade dada por Cristo.Até que ponto a esposa deve se submeter ao seu esposo? Ela deve se submeter a ele em tudo,

assim como Paulo disse. A única exceção a essa regra seria se o esposo esperasse que eladesobedecesse a Palavra de Deus ou fizesse algo que violasse sua consciência. É claro que nenhumesposo cristão esperaria que sua esposa fizesse algo que violasse a Palavra de Deus ou sua consciência.O esposo não é o senhor de sua esposa — somente Jesus ocupa esse lugar em sua vida. Se ela deveescolher a quem obedecer, deve escolher a Jesus.

Os esposos devem se lembrar de que Deus não está necessariamente sempre “do lado domarido”. Uma vez, Deus disse a Abraão para fazer o que sua esposa Sara lhe disse (veja Gn. 21:10-13).As Escrituras também dizem que Abigail desobedeceu a Nabal, seu tolo marido, e preveniu uma

catástrofe (veja 1 Sm. 25:2-38).

A Palavra de Deus aos Esposos

Aos maridos, Deus diz:Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela...

Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua mulher como a seu próprio corpo. Quem amaa sua mulher, ama a si mesmo. Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes oalimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja, pois somos membros do seu corpo...Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o maridocom todo o respeito (Ef. 5:25, 28-30, 33).

Os maridos devem amar suas esposas como Cristo ama a Igreja. Essa responsabilidade não épequena! Qualquer mulher se submeterá alegremente a alguém que a ama assim como Cristo — queentregou sua própria vida, se sacrificando por amor. Assim como Cristo ama seu próprio corpo, aIgreja, da mesma forma um marido deve amar a mulher com quem é “uma só carne” (Ef. 5:31). Se ummarido ama a sua esposa como deve, ele proverá para ela, cuidará dela, a honrará, a ajudará, aencorajará e gastará tempo com ela. Se ele falhar em sua responsabilidade de amá-la, o marido correperigo de prejudicar a resposta de suas próprias orações:

Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nascom honra, como parte mais frágil e coerdeiras do dom da graça da vida, de forma que não sejam

interrompidas as suas orações (1 Pd. 3:7, ênfase adicionada).É claro que nunca houve um casamento que fosse completamente sem conflitos e

desentendimentos. Contudo, através do comprometimento e desenvolvimento dos frutos do Espíritoem nossas vidas, maridos e esposas podem aprender a viver em harmonia e experimentar a bênçãocrescente do casamento cristão. Através dos problemas inevitáveis que aparecem em todos oscasamentos, cada cônjuge pode aprender a crescer em maturidade para ser cada vez mais como Cristo.

Para estudos mais abrangentes sobre os deveres dos maridos e mulheres, veja Gênesis 2:15-25;Provérbios 19:13; 21:9, 19; 27:15-16; 31:10-31; 1 Coríntios 11:3; 13:1-8; Colossenses 3:18-19; 1Timóteo 3:4-5; Tito 2:3-5; 1 Pedro 3:1-7.

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Sexo no Casamento

Foi Deus quem criou o sexo, e Ele obviamente o criou com o propósito de prazer assim como ode procriação. Contudo, a Bíblia deixa claro que relações sexuais devem ser praticadas somente poraqueles que se uniram em uma aliança de casamento para a vida toda.

Relações sexuais que acontecem fora dos laços matrimoniais são consideradas fornicação ou

adultério. O apóstolo Paulo disse que aqueles que praticam tais coisas não herdarão o Reino de Deus(veja 1 Co. 6:9-11). Mesmo que um cristão possa ser tentado e possivelmente venha a cometer um atode fornicação ou adultério, ele sentirá grande condenação em seu espírito que o levará aoarrependimento.

Paulo também deu algumas instruções específicas a respeito das responsabilidades sexuais demaridos e mulheres:

Mas, por causa da imoralidade, cada um deve ter sua esposa, e cada mulher o seu própriomarido. O marido deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher, e da mesma forma amulher para com o seu marido. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim omarido. Da mesma forma, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher.

Não se recusem um ao outro, exceto por mútuo consentimento e durante certo tempo, para sededicarem à oração. Depois, unam-se de novo, para que Satanás não os tente por não terem domíniopróprio (1 Co. 7:2-5).

Esse versículo mostra que o sexo não deve ser usado como “recompensa” pelo marido ouesposa, pois nenhum tem autoridade sobre seu próprio corpo.

Além do mais, sexo é um presente dado por Deus e não é profano ou pecaminoso desde queseja restrito ao casamento. Paulo encorajou casais cristãos a se unirem em relações sexuais. Além domais, encontramos esse conselho aos maridos no livro de Provérbios:

Seja bendita a sua fonte! Alegre-se com a esposa da sua juventude. Gazela amorosa, corçagraciosa; que os seios de sua esposa sempre o fartem de prazer, e sempre o embriaguem os carinhosdela (Pv. 5:18-19).[1] 

Se casais cristãos devem desfrutar de relações sexuais mutuamente gratificantes, maridos eesposas devem entender que há uma grande diferença entre a natureza sexual masculina e a feminina.Em comparação, a natureza sexual masculina é mais física, enquanto a feminina é ligada às suasemoções. Homens se excitam por estimulação visual (veja Mt. 5:28), enquanto mulheres se excitampelo relacionamento e toque (veja 1 Co. 7:1). Homens são sexualmente atraídos a mulheres queatraem seus olhos; e mulheres, a homens que admiram por motivos além da atração física. Portanto,esposas sábias fazem o melhor para parecerem agradáveis aos seus maridos em todo o tempo. Emaridos sábios mostram sua afeição por suas esposas todo o tempo com abraços e atos de bondade,ao invés de esperarem que se excitem em um instante no final do dia.

O grau de desejo sexual de um homem tende a aumentar com a acumulação de sêmen em seu

corpo, enquanto o desejo sexual de uma mulher aumenta ou diminui dependendo de seu ciclomenstrual. Homens têm a capacidade de ficar excitados e experimentar o clímax sexual em questão desegundos ou minutos; as mulheres demoram muito mais. Ele pode se preparar fisicamente para o atosexual em segundos, mas o corpo dela pode não ficar pronto por meia hora. Portanto, maridos sábiosempregam tempo em jogos sexuais com carinhos, beijos e estimulação manual das áreas do corpo delaque resultarão em sua preparação para a relação sexual. Se ele não sabe onde ficam essas partes docorpo dela, deve perguntar. Além do mais, ele deve saber que, mesmo que tenha a capacidade dealcançar somente um clímax sexual, sua esposa tem capacidade de alcançar mais. Ele deve lhe dar oque ela deseja.

É vital que maridos e esposas cristãos discutam suas necessidades com honestidade um com o

outro e aprendam o quanto possível sobre o funcionalismo do sexo oposto. Com meses e anos decomunicação, descoberta e prática, relações sexuais entre maridos e esposas podem resultar embênçãos crescentes.

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Filhos de uma Família Cristã

As crianças devem ser ensinadas a se submeterem e a serem completamente obedientes a seuspais cristãos. E se assim o fizerem, têm como promessa longa vida e outras bênçãos.

Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. “Honra teu pai e tua mãe” — este é oprimeiro mandamento com promessa —  “para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a

terra” (Ef. 6:1-3).Pais cristãos, como cabeças de suas famílias, recebem a responsabilidade principal de treinarseus filhos:

Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor (Ef.6:4).

Note que a responsabilidade do pai é dupla: criar seus filhos segundo a instrução e conselho doSenhor. Vamos primeiro considerar a necessidade de disciplinar as crianças.

Disciplinando os Filhos

A criança que nunca é disciplinada crescerá sendo egoísta e rebelde para com autoridades. Ascrianças devem ser disciplinadas a qualquer hora que desobedecerem desafiadoramente regras lógicasque foram colocadas de antemão por seus pais. Crianças não devem ser punidas por irresponsabilidadeou erros infantis. Contudo, deve ser requerido que enfrentem as consequências de seus erros eirresponsabilidades, ajudando assim a prepará-las para a realidade da vida adulta.

Crianças pequenas devem ser disciplinadas com a vara, como a Palavra de Deus instrui. É claroque bebês não devem apanhar com a vara, mas isso não significa que devam ter tudo do jeito quequiserem. Na verdade, desde o nascimento deve ficar claro que a mãe e o pai estão no controle. Elespodem aprender, desde muito cedo, o que a palavra “não” significa por simplesmente restringi-los defazer o que estão fazendo ou vão fazer. Uma vez que começam a entender o que o “não” significa, umleve tapa no bumbum os ajudará a entender melhor durante as vezes que não obedecerem. Se isso forfeito consistentemente, a criança aprenderá a ser obediente desde cedo.

Os pais também podem estabelecer suas autoridades não reforçando comportamentosindesejáveis em seus filhos, como dar a eles o que querem toda vez que choram. Ceder é ensinar acriança a chorar para ter suas vontades feitas. Ou, se os pais cedem às demandas de seus filhos todasas vezes que ficam de mal humor ou manhosos, tais pais estão encorajando esse comportamentoindesejável. Pais sábios só recompensam comportamentos desejáveis em seus filhos.

A disciplina não deve fazer mal fisicamente, mas certamente deve doer o suficiente para fazercom que a criança desobediente chore por certo tempo. Deste modo, a criança aprenderá a associardesobediência à dor. A Bíblia afirma isso:

Quem se nega a castigar seu filho não o ama; quem o ama não hesita em discipliná-lo... Ainsensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a livrará dela... Não evitedisciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá. Castigue-a, você mesmo, com avara, e assim a livrará da sepultura... A vara da correção dá sabedoria, mas a criança entregue a simesma envergonha a sua mãe (Pv. 13:24; 22:15; 23:13-14; 29:15).

Quando os pais impõem suas regras, não precisam ameaçar as crianças para fazê-las obedecer-lhes. Se uma criança desobedecer desafiadoramente, deve ser disciplinada. Se um paisó ameaça disciplinar seu filho desobediente, ele só está reforçando a desobediência contínua de seufilho. Como resultado, a criança aprende a não se preocupar em ser obediente até que as ameaçasverbais de seus pais alcancem certo ponto.

Depois da disciplina ser administrada, a criança deve ser abraçada e os pais devem reafirmarseu amor por ela.

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Instruindo a Criança

Pais cristãos devem perceber que têm a responsabilidade de instruir seus filhos, assim comolemos em Provérbios 22:6: “Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmocom o passar dos anos não se desviará deles” (ênfase adicionada). 

Instruir envolve não só punição pela desobediência, mas recompensa por bom comportamento.

Crianças devem ser constantemente elogiadas por seus pais para reforçar seu bom comportamento ecaracterísticas desejáveis. As crianças devem ser reasseguradas várias vezes de que são amadas,aceitas e apreciadas por seus pais. E estes podem mostrar seu amor através de elogios, abraços ebeijos, como também do tempo que passam com seus filhos.

“Instruir” significa “fazer obedecer”. Portanto, pais cristãos não devem dar aos seus filhos aopção de ir ou não a igreja ou orar todos os dias e assim por diante. Crianças não são responsáveis osuficiente para saberem o que é melhor para elas — e é por isso que Deus deu pais a elas. Aos pais queinvestem esforço e energia para verem que seus filhos estão sendo instruídos corretamente, Deuspromete que seus filhos não se desviarão do caminho certo quando forem mais velhos, como lemosem Provérbios 22:6.

Crianças devem receber cada vez mais responsabilidades enquanto crescem. O objetivo de criarfilhos da maneira correta é preparar a criança gradualmente para as responsabilidades da vida adulta.Enquanto a criança cresce, deve receber cada vez mais liberdade para tomar suas próprias decisões.Além do mais, o adolescente deve entender que assumirá a responsabilidade pelas consequências desuas decisões e que seus pais não estarão sempre lá para tirá-lo dos problemas.

A Responsabilidade dos Pais de Instruir

Como lemos em Efésios 6:4, os pais não são responsáveis somente pela disciplina de seus filhos,mas também pela instrução deles no Senhor. Não é responsabilidade da igreja dar à criança instrução

sobre moralidade bíblica, caráter cristão ou teologia — esse é o trabalho do pai. Os pais que passamtoda a responsabilidade para o professor da Escola Dominical ensinar a seus filhos sobre Deus estãocometendo um erro muito sério. Deus deu uma ordem a Israel através de Moisés:

Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiverandando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar (Dt. 6:6-7, ênfase adicionada).

Pais cristãos devem apresentar Deus a seus filhos desde cedo, dizendo-lhes quem Ele é e oquanto Ele os ama. As crianças devem aprender a história do nascimento, vida, morte e ressurreição deJesus. Muitas podem entender a mensagem do Evangelho aos cinco ou seis anos e podem fazer adecisão de servir ao Senhor. Logo depois (aos seis ou sete anos, e às vezes mais cedo), podem receber

o batismo no Espírito Santo com a evidência de falar em línguas. É claro que nenhuma regra sobre issopode ser feita, pois cada criança é diferente. O que quero dizer é que pais cristãos devem fazer dotreinamento espiritual de seus filhos sua maior prioridade.

Dez Regras Para Amar Seus Filhos

1) Não irrite seu filhos (veja Ef. 6:4). Não podemos esperar que as crianças ajam como adultos.Se esperar muito delas, desistirão de tentar agradá-lo, sabendo que é impossível.

2) Não compare seus filhos com outras crianças. Diga a eles o quanto aprecia suascaracterísticas únicas e dons de Deus.

3) Dê a eles responsabilidades  em casa para que saibam que são uma parte importante daunidade familiar. Elogios são os tijolos de uma autoestima saudável.

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4) Gaste tempo com seus filhos. Isso lhes mostra que são importantes para você. Dar presentesa eles não substitui dar você mesmo. Além do mais, as crianças são mais influenciadas por aqueles quepassam mais tempo com elas.

5) Se precisar falar algo negativo, tente falar de uma forma positiva.  Nunca disse aos meusfilhos que eram “maus” quando me desobedeciam. Ao invés disso, dizia ao meu filho: “Você é um bommenino, e bons meninos não fazem o que você fez!” (Então, eu o disciplinava). 

6) Perceba que a palavra “não” significa “eu me importo com você”.  Quando as crianças

sempre têm o que querem, sabem instintivamente que você não se importa o suficiente para restringi-las.

7) Espere que seus filhos o imitem. As crianças aprendem com o exemplo de seus pais. Um paisábio nunca dirá ao seu filho: “Faça o que eu mando, não faça o que eu faço”.

8). Não tire seus filhos de todos os problemas deles.  Só remova as pedras de tropeço; deixe asoutras em seu caminho.

9) Sirva a Deus de todo o coração. Notei que filhos de pais espiritualmente mornos raramentecontinuam a servir ao Senhor quando adultos. Filhos cristãos de pais incrédulos e filhos de pais cristãoscompletamente comprometidos normalmente continuam a servir a Deus uma vez que estão “fora doninho”. 

10) Ensine aos seus filhos a Palavra de Deus. Muitas vezes, os pais priorizam a educação deseus filhos, mas fracassam em dar a eles a educação mais importante que podiam ter, uma educaçãona Bíblia.

As Prioridades do Ministério, Casamento e Família

Talvez, o erro mais comum cometido por líderes cristãos é o de negligenciar seus casamentos efamílias por devoção aos seus ministérios. Eles se justificam dizendo que seu sacrifício é “para otrabalho do Senhor”. 

Esse erro é remediado quando o ministro discipulador percebe que sua verdadeira obediência edevoção a Deus é refletida por seu relacionamento com sua esposa e filhos. Um ministro não podedizer ser devoto a Deus se não ama a sua esposa como Cristo ama a Igreja, ou se negligencia passar otempo necessário com seus filhos para criá-los na educação e admoestação do Senhor.

Além do mais, alguém negligenciar sua esposa e filhos “pelo bem do ministério” é normalmenteum sinal certo de ministério carnal que está sendo feito pelas forças da própria pessoa. Muitospastores que carregam pesadas cargas de trabalho exemplificam isso quando se esgotam para mantertodos os programas da igreja funcionando.

Jesus prometeu que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve (veja Mt. 11:30). Ele não estáchamando ministros para mostrarem sua devoção pelo mundo ou pela igreja ao custo de amar suafamília. Na verdade, um requisito para presbítero é que “ele deve governar bem sua própria família” (1

Tm. 3:4). Seu relacionamento com sua família é um teste de encaixe ao ministério.Aqueles que são chamados para ministérios em que precisam viajar e precisam ficar algumas

vezes longe de casa, devem passar mais tempo focando em suas famílias quando estão em casa.Companheiros, membros do corpo de Cristo, devem fazer o que está ao seu alcance para fazer essacombinação possível. O discipulador percebe que seus próprios filhos são seus principais discípulos. Sefracassar nessa tarefa, não tem direito de tentar fazer discípulos fora de casa.

[1] Para mais provas de que Deus não é puritano, veja Cânticos de Salomão 7:1-9 e Levítico

18:1-23.

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Capítulo Vinte e Dois

Como ser Guiado Pelo Espírito

O evangelho de João contém várias promessas de Jesus a respeito do papel do Espírito Santo navida dos crentes. Vamos ler algumas delas:

E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, oEspírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês oconhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês (Jo. 14:16-17).

Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas ascoisas e lhes fará lembrar tudo o eu lhes disse (Jo. 14:26).

Mas eu lhes afirmo que é para o bem de vocês que eu vou. Se eu não for, o Conselheiro não virápara vocês; mas se eu for, eu o enviarei... Tenho ainda muito que lhes dizer, mas vocês não o podemsuportar agora. Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de simesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir. Ele me glorificará, porquereceberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês. Tudo o que pertence ao Pai é meu. Por isso eudisse que o Espírito receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês (Jo. 16:7, 12-15).

Jesus prometeu aos Seus discípulos que o Espírito Santo habitaria neles. Ele também osajudaria, ensinaria, guiaria e lhes mostraria algumas coisas que estavam por vir. Como discípulos deCristo hoje, não temos razão para pensarmos que o Espírito Santo fará menos por nós.

O interessante é que Jesus disse aos Seus discípulos que era para o bem deles que Ele iriaembora, caso contrário, o Espírito Santo não viria! Isso indicou a eles que a comunhão deles com oEspírito Santo seria tão íntima quanto se Jesus estivesse fisicamente presente com eles o tempo todo.Caso contrário, não seria para o bem deles ter o Espírito Santo ao invés de Jesus. Jesus está sempreconosco e dentro de nós através do Espírito Santo.

De quais maneiras podemos esperar que o Espírito Santo nos guie?O Seu nome, Espírito Santo, indica que Seu papel principal em guiar-nos é nos levar a ser santos

e obedientes a Deus. Portanto, tudo o que tem a ver com santidade e em cumprir a vontade de Deusna terra está dentro da liderança do Espírito Santo. Ele nos levará a obedecer a todos os mandamentosgerais de Cristo, assim como Seus mandamentos específicos que são pertinentes ao ministério únicoque Deus nos chamou para fazer. Portanto, se quiser ser guiado pelo Espírito a respeito de seuministério específico, também deve ser guiado pelo Espírito em santidade em geral. Não dá para terum sem o outro. Muitos ministros querem que o Espírito Santo os leve a grandes façanhas e milagresno ministério, mas não querem se preocupar com os aspectos menores da santidade em geral. Esse éum grande erro. Como Jesus guiou Seus discípulos? Principalmente, dando-lhes instruções gerais sobresantidade. Suas direções específicas para suas responsabilidades ministeriais eram raras, secomparadas. E assim é com o Espírito Santo que mora em nós. Portanto, se quiser ser guiado pelo

Espírito, deve primeiramente, seguir Suas direções para ser santo.O apóstolo Paulo escreveu: “porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos

de Deus” (Rm. 8:14). O que nos marca como filhos de Deus é sermos guiados pelo Es pírito. Portanto,todos os filhos de Deus estão sendo guiados por Ele. É claro que depende de nós, como agentes moraislivres, obedecer às Suas direções.

Tudo isso sendo verdade, nenhum cristão precisa ser ensinado como ser guiado pelo EspíritoSanto, pois o Espírito Santo já guia cada cristão. Por outro lado, Satanás está tentando desviar os filhosde Deus, e ainda temos a velha natureza da carne dentro de nós tentando nos desviar da vontade deDeus. Então, crentes precisam aprender a discernir as direções do Espírito dessas outras direções. Esteé um processo no caminho da maturidade. Mas o fato principal é: O Espírito sempre nos guiará de

acordo com a Palavra escrita de Deus, e sempre nos levará a fazer o que é certo e agradável a Deus, oque Lhe trará glória (veja Jo. 16:14).

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A Voz do Espírito Santo

Mesmo que as Escrituras nos digam que, às vezes, o Espírito Santo pode nos guiar de formasespetaculares, como por visões, profecia, ou a voz audível de Deus, a maneira mais comum do EspíritoSanto se comunicar conosco por nossos espíritos é por “impressões”. Isto é, se o Espírito quer quefaçamos algo, Ele nos “cutucará” — em nossos espíritos — e sentiremos um forte desejo de seguir em

certa direção.Podemos chamar a voz do nosso espírito de “consciência”. Todos os cristãos sabem como ouvirsua consciência. Quando somos tentados a pecar, não ouvimos uma voz audível dentro de nós dizendo:“Não ceda a essa tentação”. Simplesmente sentimos algo dentro de nós resistindo  a ela. E quandocedemos a uma tentação, depois de um pecado ser cometido, não ouvimos uma voz audível dizendo:“Você pecou! Você pecou!” Simplesmente sentimos uma convicção por dentro, agora nos levando anos arrepender e confessar nosso pecado.

Da mesma forma, o Espírito nos ensinará e nos guiará à verdade absoluta e ao entendimento.Ele nos ensinará transmitindo uma revelação repentina (sempre de acordo com a Bíblia) dentro de nós.Essas revelações podem levar dez minutos para descrevê-la a outra pessoa, mas podem vir pelo

Espírito Santo em questão de segundos.Da mesma forma, o Espírito Santo nos guiará nas questões ministeriais. Precisamos somentenos esforçar de forma consciente para sermos sensíveis a essas direções e impressões, e lentamenteaprenderemos (por tentativas e erros) a seguir o Espírito a respeito das questões ministeriais. Masquando permitimos que nossas cabeças (nosso pensamento racional ou não) entrem no caminho dosnossos corações (onde o Espírito está nos guiando), nos desviaremos da vontade de Deus.

Como o Espírito Guiou Jesus

Jesus era guiado pelo Espírito Santo por impressões interiores. Por exemplo, o evangelho de

Marcos descreve o que aconteceu logo depois de Jesus ter sido batizado no Espírito Santo seguido deSeu batismo por João Batista:

Logo após, o Espírito o impeliu para o deserto (Mc. 1:12, ênfase adicionada).Jesus não ouviu uma voz audível ou teve uma visão que O levou ao deserto —  Ele foi

simplesmente impelido  à ir. Normalmente é assim que o Espírito Santo nos guia. Sentiremos umadireção, uma convicção dentro de nós de fazer algo.

Quando Jesus disse ao paralítico que tinha sido baixado pelo telhado que seus pecados foramperdoados, Ele sabia que os escribas que estavam presentes pensaram que Ele estava blasfemando.Como Ele sabia o que eles estavam pensando? Lemos no evangelho de Marcos:

Jesus percebeu logo em seu espírito que era isso que eles estavam pensando e lhes disse: “Por

que vocês estão remoendo essas coisas em seu coração?” (Mc. 2:8, ênfase adicionada). Jesus percebeu em Seu espírito o que eles estavam pensando. Se formos sensíveis aos nossos

espíritos, também saberemos como responder àqueles que se opõe ao trabalho de Deus.

O Espírito Guiando o Ministério de Paulo

Depois de pelo menos vinte anos de servir no ministério, o apóstolo Paulo tinha aprendido bemcomo seguir à liderança do Espírito Santo. Até certo ponto, o Espírito mostrou a ele “coisas por vir”relativas ao seu futuro ministério. Por exemplo, enquanto Paulo concluía seu ministério em Éfeso, tevealguma ideia do curso que sua vida e ministério seguiriam pelos três próximos anos:

Depois dessas coisas, Paulo decidiu no espírito ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e pelaAcaia. Ele dizia: “Depois de haver estado ali, é necessário também que eu vá visitar Roma” (At. 19:21). 

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Note que Paulo não decidiu sua direção em sua mente, mas em seu espírito. Isso indica que oEspírito Santo o estava guiando em seu espírito para ir primeiro para a Macedônia e Acaia (ambaslocalizadas na Grécia moderna), então para Jerusalém e finalmente para Roma. E este foi precisamenteo caminho que seguiu. Se tiver um mapa em sua Bíblia mostrando a terceira viajem missionária dePaulo e sua viajem a Roma, pode seguir seu caminho de Éfeso (onde decidiu sua rota em seu espírito)através da Macedônia e Acaia, por Jerusalém e alguns anos mais tarde, a Roma.

Mais precisamente, Paulo viajou através da Macedônia e Acaia, então voltou pela Macedônia

novamente, contornando a costa do Mar Egeu e, então, viajou descendo a costa do Egeu da ÁsiaMenor. Durante essa jornada, ele parou na cidade de Mileto, chamou os presbíteros da igreja paraperto de Éfeso e lhes deu um discurso de adeus em que dizia:

Agora, compelido pelo Espírito, estou indo para Jerusalém, sem saber o que me acontecerá ali.Só sei que, em todas as cidades, o Espírito Santo me avisa que prisões e sofrimento me esperam (At.20:22-23, ênfase adicionada).

Paulo disse que foi “compelido pelo Espírito”, significando que tinha uma convicção em seuespírito que o estava guiando a Jerusalém. Ele não tinha a imagem completa a respeito do que iaacontecer quando chegasse lá, mas disse que em toda cidade em que parava em sua viajem, o EspíritoSanto o avisava que prisões e sofrimento esperavam por ele. Como o Espírito Santo lhe avisou das

prisões e sofrimento que esperavam por ele em Jerusalém?

Dois Exemplos

No 21o capítulo de Atos, encontramos dois incidentes que respondem a essa pergunta. Oprimeiro exemplo é quando Paulo aportou na cidade porto mediterrânea de Tiro:

Encontrando os discípulos dali, ficamos com eles sete dias. Eles, pelo Espírito, recomendavam aPaulo que não fosse a Jerusalém (At. 21:4).

Por causa desse versículo, alguns comentaristas concluíram que Paulo desobedeceu a Deusquando continuou seu caminho para Jerusalém. Contudo, sob a luz do resto das informações dadas anós no livro de Atos, não podemos chegar a essa conclusão. Isso se tornará claro enquantoprogredimos na história.

Aparentemente, os discípulos em Tiro eram sensíveis espiritualmente e discerniram queproblemas esperavam por Paulo em Jerusalém. Consequentemente, tentaram convencê-lo a não ir. Atradução de William do Novo Testamento confirma isso, quando traduz esse mesmo versículo: “Pelasimpressões feitas pelo Espírito, eles continuaram recomendando a Paulo que não fosse paraJerusalém”.* 

Contudo, os discípulos em Tiro não obtiveram sucesso, pois Paulo continuou sua viajem aJerusalém à despeito de suas recomendações.

Isso nos ensina que devemos ter muito cuidado para não colocarmos nossa própria

interpretação a revelações que recebemos em nossos espíritos. Paulo sabia bem que problemasaguardavam por ele em Jerusalém, mas também sabia que era a vontade de Deus que fosse para lá,apesar disso. Se Deus revela algo a nós através do Espírito Santo, não significa necessariamente quedevemos contar, como também devemos ter cuidado para não colocarmos nossa própria interpretaçãoao que o Espírito revelou.

Parada em Cesárea

A próxima parada na viajem de Paulo a Jerusalém foi na cidade porto de Cesárea:

Depois de passarmos ali vários dias, desceu da Judéia um profeta chamado Ágabo. Vindo aonosso encontro, tomou o cinto de Paulo e, amarrando as suas próprias mãos e pés, disse: “Assim diz oEspírito Santo: ‘Desta maneira os judeus amarrarão o dono deste cinto em Jerusalém e o entregarãoaos gentios’” (At. 21:10-11).

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Aqui está outro exemplo do Espírito Santo avisando a Paulo que “prisões e sofrimento”esperavam por ele em Jerusalém. Mas note que Ágabo não disse: “Assim diz o Senhor: ‘Não vá aJerusalém!’”. Não, Deus estava levando Paulo a Jerusalém e simplesmente preparando-o através daprofecia de Ágado para os problemas que esperavam por ele. Note também que a profecia de Ágabosó confirmou o que Paulo já sabia em seu espírito meses antes. Nunca devemos ser guiados porprofecias. Se profecias não confirmam o que já sabemos, não devemos segui-las.

A profecia de Ágabo é o que podemos considerar de “direção impressionante”, pois foi além de

uma impressão interior no espírito de Paulo. Quando Deus dá “direção impressionante”, como umavisão ou a voz audível de Deus, é porque sabe que nosso caminho não será fácil. Precisaremos dessasegurança extra que a direção impressionante trás. No caso de Paulo, ele quase seria morto por umamultidão e passaria anos na prisão antes de sua ida a Roma como prisioneiro. Contudo, por causa dadireção impressionante que recebeu, pôde manter a perfeita paz, sabendo que o fim seria favorável.

Se não receber direção impressionante não deve se preocupar, pois se precisar, Deus lhe dará.Contudo, devemos sempre tentar ser sensíveis e guiados pelo homem interior.

Acorrentados e na Vontade de Deus

Quando Paulo chegou a Jerusalém, foi amarrado e encarcerado. Mais uma vez ele recebeu umadireção impressionante na forma de uma visão de Jesus:

Na noite seguinte o Senhor, pondo-se ao lado dele *Paulo+, disse: “Coragem! Assim como vocêtestemunhou a meu respeito em Jerusalém, deverá testemunhar também em Roma” (At. 23:11).

Note que Jesus não disse: “Paulo, o que você está fazendo aqui? Tentei te avisar para não vir aJerusalém!” Não, na verdade, Jesus confirmou a direção que Paulo tinha sentido em seu espírito mesesantes. Paulo estava no centro da vontade de Deus em Jerusalém para testificar a favor de Jesus. Eeventualmente, proclamaria sobre Cristo em Roma também.

Devemos lembrar de que o chamado original de Paulo foi para testificar não só a judeus egentios, mas também a reis (veja At. 9:15). Durante a prisão de Paulo em Jerusalém e mais tarde naCesárea, recebeu a oportunidade de testificar ao governador Félix, Pórcio Festo e ao rei Agripa, que foiquase convencido a crer em Jesus (veja At. 26:28). Finalmente, Paulo foi enviado a Roma para testificara Nero, imperador romano, em pessoa.

No Caminho para Ver Nero

A bordo do navio que o levava a Itália, Paulo, sendo sensível ao seu espírito, recebeu outradireção de Deus. Enquanto o capitão e o piloto do navio tentavam escolher em que porto deviampassar o inverno na ilha de Creta, Paulo recebeu uma revelação:

Tínhamos perdido muito tempo, e agora a navegação se tornara perigosa, pois já havia passadoo Jejum. Por isso, Paulo os advertiu: “Senhores,  vejo que a nossa viagem será desastrosa e acarretarágrande prejuízo para o navio, para a carga e também para a nossa vida” (At. 27:9-10, ênfaseadicionada).

Paulo viu o que ia acontecer. Obviamente, sua visão foi como uma impressão dada peloEspírito.

Infelizmente, o capitão não ouviu a Paulo e tentou alcançar outro porto. Como resultado, onavio foi pego em uma violenta tempestade por duas semanas. A situação estava tão perigosa que atripulação lançou fora toda a carga no segundo dia e no terceiro, jogaram até a armação do navio.Algum tempo depois, Paulo recebeu outra direção:

Não aparecendo nem sol nem estrelas por muitos dias, e continuando a abater-se sobre nósgrande tempestade, finalmente perdemos toda a esperança de salvamento. Visto que os homenstinham passado muito tempo sem comer, Paulo levantou-se diante deles e disse: “Os senhores deviamter aceitado o meu conselho de não partir de Creta, pois assim teriam evitado este dano e prejuízo.

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Mas agora recomendo-lhes que tenham coragem, pois nenhum de vocês perderá a vida; apenas onavio será destruído. Pois ontem à noite apareceu-me um anjo do Deus a quem pertenço e a quemadoro, dizendo-me: ‘Paulo, não tenha medo. É preciso que você compareça perante César; Deus, porsua graça, deu-lhe a vida de todos os que estão navegando com você’. Assim, tenham ânimo, senhores!Creio em Deus que acontecerá do modo como me foi dito. Devemos ser arrastados para alguma ilha”(At. 27:20-26).

Acho que é óbvio porque Deus deu a Paulo mais uma “direção impressionante” à luz dos apuros

presentes. Além dessa experiência penosa, Paulo logo teria que encarar o apuro do naufrágio. Poucodepois, seria picado por uma cobra venenosa (veja At. 27:41-28:5). É bom ter um anjo que te diga comantecedência que tudo vai ficar bem!

Alguns Conselhos Práticos

Comece a olhar para seu espírito por essas percepções e impressões que são as direções doEspírito Santo. Provavelmente cometerá alguns erros no início pensando que o Espírito Santo está teguiando quando não está, mas isso é normal. Não fique desencorajado; continue.

Passar tempo em um lugar quieto, orando em línguas e lendo a Bíblia também ajuda. Quandooramos em outras línguas, é nosso espírito que ora, e naturalmente, somos mais sensíveis a elequando isso acontece. Ler e meditar na Palavra de Deus também nos torna mais sensíveis aos nossosespíritos, pois a Palavra de Deus é alimento espiritual.

Quando Deus te leva em certa direção, ela não diminui. Isso significa que deve continuarorando por decisões maiores por certo tempo para ter certeza de que é Deus quem está te guiando enão suas próprias ideias ou emoções. Se não tiver paz em seu coração quando orar sobre certa direção,não a siga até que tenha paz.

Se receber direção impressionante, tudo bem, mas não tente “acreditar” para ter uma visão ououvir uma voz audível. Deus não prometeu nos guiar dessa forma (mesmo que às vezes o faça deacordo com Sua soberana vontade). Contudo, podemos sempre confiar que Ele nos guiará através dohomem interior.

Por último, não adicione nada ao que Deus te falou. Ele pode te revelar algum ministério quepreparou para você no futuro, mas você pode assumir que isso se cumprirá em algumas semanas,quando pode levar anos para acontecer. Sei disso por experiência. Não assuma nada. Paulo sabiaalgumas coisas sobre o que aconteceria no seu futuro, mas não sabia tudo, pois Deus não revelou tudoa ele. Deus quer que continuemos a andar pela fé, sempre.

* * Nota do tradutor: versículo traduzido do inglês.

Capítulo Vinte e Três

As Ordenanças

Jesus só deu à Igreja duas ordenanças: batismo nas águas (veja Mt. 28:19) e a Santa Ceia (veja 1Co. 11:23-26). Estudaremos primeiro o batismo nas águas.

Debaixo na nova aliança, todo crente deve experimentar três batismos diferentes. Eles são: obatismo no corpo de Cristo, batismo nas águas e batismo no Espírito Santo.

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Quando uma pessoa renasce, ela é automaticamente batizada no corpo de Cristo. Isto é, setorna membro do corpo de Cristo, a Igreja:

Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito (1 Co. 12:13; vejatambém Rm. 6:3; Ef. 1:22-23; Cl. 1:18, 24).

Ser batizado no Espírito Santo é uma experiência subsequente à salvação, e esse batismo podee deve ser recebido por todos o crentes.

Todo crente deve ser batizado nas águas o mais cedo possível depois de se arrepender e crer no

Senhor Jesus. O batismo deve ser o primeiro ato de obediência do novo crente:E [Jesus] disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem

crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado (Mc. 16:15-16, ênfase adicionada).A igreja primitiva considerava o mandamento do batismo de Jesus muito importante. Quase

sem exceção, novos convertidos eram batizados quase imediatamente depois de suas conversões (vejaAt. 2:37-41; 8:12-16, 36-39; 9:17-19; 10:44-48; 16:31-33; 18:5-8; 19:1-5).

Algumas Ideias Não-Bíblicas Sobre o Batismo

Alguns batizam aspergindo algumas gotas de água sobre o novo convertido. Isso está correto? Overbo traduzido batizar  no Novo Testamento é a palavra grega baptizo, que significa literalmente“imergir”. Portanto, os que são batizados na água devem ser imersos e não simplesmente aspergidoscom algumas gotas. O simbolismo do batismo cristão, que estudaremos logo mais, também sustenta aideia de imersão.

Alguns batizam bebês, mas não há exemplos bíblicos de bebês sendo batizados. Tal prática temorigem na falsa doutrina de “regeneração batismal” —  a ideia de que uma pessoa renasce nomomento em que é batizada. As Escrituras deixam bem claro que as pessoas devem primeiramentecrer em Jesus antes de serem batizadas. Portanto, crianças que são crescidas o suficiente para searrependerem e seguirem a Jesus se qualificam ao batismo, mas não bebês e crianças pequenas.

Alguns ensinam que, mesmo que alguém creia em Jesus, não é salvo até que seja batizado naságuas. Isso não é verdade de acordo com as Escrituras. Lemos em Atos 10:44-48 e 11:17 que a casa deCornélio foi salva e batizada no Espírito Santo antes de qualquer um deles ter sido batizado nas águas.É impossível que alguém seja batizado no Espírito Santo sem antes ser salvo (veja Jo. 14:17).

Outros ensinam que, a menos que alguém seja batizado de acordo com o seu método emparticular, não é salvo. As Escrituras não dão rituais específicos a serem seguidos para batismoscorretos. Por exemplo, alguns dizem que um crente não é salvo se for batizado “no nome do Pai e doFilho e do Espírito Santo” (Mt. 28:19) ao invés de “no nome do Senhor Jesus” (At. 8:16). Essas pessoasdemonstram o mesmo espírito que dominava os escribas e fariseus, coando as moscas e engolindo oscamelos. É uma tragédia que cristãos discutam por causa das palavras corretas a se dizer durante obatismo enquanto o mundo espera para ouvir o evangelho.

O Simbolismo Bíblico do Batismo

O batismo na água simboliza várias coisas que já acontecerem na vida do novo convertido. Elerepresenta o simples fato de termos nossos pecados lavados e agora estamos limpos diante de Deus.Quando Ananias foi enviado a Saulo (Paulo) logo depois de sua conversão, Saulo disse a ele:

E agora, que está esperando? Levante-se, seja batizado e lave os seus pecados, invocando onome dele (At. 22:16, ênfase adicionada).

Segundo, o batismo nas águas simboliza nossa identificação com Cristo em Sua morte, enterro e

ressurreição. Uma vez que renascemos e somos colocados no corpo de Cristo, Deus nos considera “emCristo” deste ponto em diante. Por Jesus ter sido nosso substituto, Deus atribui a nós tudo o que Elefez. Portanto, “em Cristo” morremos, fomos enterrados e ressuscitamos para vivermos como novaspessoas:

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Ou vocês não sabem que todos nós, que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados emsua morte? Portanto, fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assimcomo Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova(Rm. 6:3-4).

Isso aconteceu quando vocês foram sepultados com ele no batismo, e com ele foramressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos (Cl. 2:12).

Cada novo crente deve aprender essa verdades importantes quando é batizado nas águas, e

deve ser batizado o mais cedo possível depois de crer em Jesus.

A Santa Ceia

A Santa Ceia tem origem na Páscoa do Velho Testamento. Na noite em que Deus libertou Israelda escravidão do Egito, instruiu que cada casa matasse uma ovelha de um ano e passasse o sangue nobatente das portas de suas casas. Quando o “anjo da morte” passasse pela nação naquela noite,matando todos os primogênitos do Egito, veria o sangue nas casas dos israelitas e passaria adiante.

Além do mais, os israelitas iam celebrar a festa naquela noite comendo o cordeiro da Páscoa e

pães sem fermento por sete dias. Esta deveria ser uma ordenança permanente a Israel, celebrado nomesmo tempo cada ano (veja Ex. 12:1-28). Obviamente, o cordeiro da Páscoa representava a Cristo,que é chamado de “nosso Cordeiro pascoal” em 1 Coríntios 5:7. 

Quando Jesus instituiu a Santa Ceia, Ele e Seus discípulos estavam celebrando a Páscoa. Jesusfoi crucificado durante a Páscoa, verdadeiramente cumprindo Seu chamado como “o Cordeiro de Deusque tira o pecado do mundo” (Jo. 1:29). 

O pão que comemos e o vinho que tomamos são simbólicos ao corpo de Jesus, que foi partidopor nós, e Seu sangue, que foi derramado pela remissão de nossos pecados:

Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o, e o deu aos seus discípulos,dizendo: “Tomem e comam; isto é o meu corpo”. Em seguida tomou o cálice, deu graças e o ofereceuaos discípulos, dizendo: “Bebam dele todos vocês. Isto é o meu sangue da aliança, que é derramadoem favor de muitos, para perdão de pecados. Eu lhes digo que, de agora em diante, não beberei destefruto da videira até aquele dia em que beberei o vinho novo com vocês no Reino de meu Pai” (Mt .26:26-29).

O apóstolo Paulo contou a história desta maneira:Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei: Que o Senhor Jesus, na noite em que foi

traído, tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado em favorde vocês; façam isto em memória de mim”. Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse:“Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isso sempre que o beberem em memória de mim”.Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhoraté que ele venha (1 Co. 11:23-26).

Quando e Como

As Escrituras não nos dizem de quanto em quanto tempo devemos tomar a Santa Ceia, masdeixam claro que na igreja primitiva era feito com regularidade em reuniões nas casas, como refeição(veja 1 Co. 11:20-34). Por causa da Santa Ceia ter origem na refeição de Páscoa, era parte de umarefeição completa quando instituída por Jesus, e era comida como refeição pela igreja primitiva, e éassim que deve ser praticada hoje. Mesmo assim, uma grande parte da igreja segue “as tradições doshomens”. 

Devemos nos aproximar da Santa Ceia com reverencia. O apóstolo Paulo ensinou que era umaofensa séria tomar da Santa Ceia de maneira indigna:Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado

de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. Examine-se cada um a si mesmo, e então coma do pão

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e beba do cálice. Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe para suaprópria condenação. Por isso há entre vocês muitos fracos e doentes, e vários já dormiram. Mas, se nóstivéssemos o cuidado de examinar a nós mesmo, não receberíamos juízo. Quando, porém, somos

 julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo (1Co. 11:27-32).

Somos encorajados a examinar e julgar a nós mesmos antes de tomarmos da Ceia do Senhor, ese descobrirmos algum pecado, devemos nos arrepender e confessá-lo. Caso contrário, seremos

culpados “de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor”. Por Jesus ter morrido e derramado Seu sangue para nos libertar do pecado, certamente não

iremos querer tomar dos elementos que representam Seu corpo e sangue se estivermos com algumpecado não confessado. Se quisermos, podemos comer e beber trazendo julgamento sobre nósmesmos em forma de doenças e morte prematura, como os cristãos de Corinto. A maneira deevitarmos a disciplina de Deus é “examinar a nós mesmos”, isto é, reconhecer e nos arrepender denossos pecados.

O principal pecado dos cristãos de Corinto era a falta de amor; eles argumentavam e brigavamuns com os outros. Aliás, sua falta de consideração até se manifestava durante a Santa Ceia quandoalguns comiam enquanto outros ficavam com fome e alguns até se embebedavam (veja 1 Co. 11:20-

22).O pão que comemos representa o corpo de Cristo, que agora é a Igreja. Partimos um pão,

representando nossa unidade como um corpo (veja 1 Co. 10:17). É um crime tomar o que representa ocorpo de Cristo enquanto estamos envolvidos em brigas e desarmonia com outros membros daquelecorpo! Antes de tomarmos a Santa Ceia, precisamos ter certeza de que nossos relacionamentos comnossos irmãos e irmãs em Cristo estão corretos.

Capítulo Vinte e Quatro

Confrontação Perdão e Reconciliação

Quando estudamos o Sermão do Monte de Jesus em um capítulo anterior, aprendemos como éimportante que perdoemos os que pecam contra nós. Se não os perdoarmos, Jesus prometesolenemente que Deus não nos perdoará (veja Mt. 6:14-15).

O que significa perdoar alguém? Vamos considerar o que as Escrituras ensinam.Jesus comparou perdão com apagar as dívidas de alguém (veja Mt. 18:23-35). Imagine que

alguém lhe deva dinheiro e, então, que você libera essa pessoa de sua obrigação de lhe pagar. Vocêdestrói o documento que registra essa dívida. Você não espera mais pelo pagamento e não tem raivade seu devedor. Agora, você o vê de forma diferente de quando ele lhe devia.

Também podemos entender melhor o que significa perdoar se considerarmos o que significaser perdoado por Deus. Quando Ele nos perdoa de um pecado, não nos considera responsáveis peloque fizemos para desagradá-Lo. Ele não tem mais raiva de nós por causa daquele pecado. Não nosdisciplinará ou punirá pelo que fizemos. Somos reconciliados com Ele.

Da mesma forma, se realmente perdoo alguém, eu libero a pessoa em meu coração, superandoo desejo de justiça ou vingança e mostro misericórdia. Não estou mais chateado com a pessoa quepecou contra mim. Estamos reconciliados. Se estiver nutrindo raiva ou ressentimento contra alguém,

não o perdoei verdadeiramente. Muitas vezes, os cristãos se enganam sobre isso. Dizem que perdoaram alguém, sabendo que é

isso que devem fazer, mas ainda nutrem ressentimento contra o ofensor. Eles evitam o ofensor, poisisso traz a raiva suprimida de volta à superfície. Eu sei do que estou falando, pois já fiz isso. Não vamos

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nos enganar. Lembre-se de que Jesus não quer que tenhamos raiva de um companheiro cristão (vejaMt. 5:22).

Agora, deixe-me fazer uma pergunta: a quem é mais fácil perdoar, um ofensor que pede perdãoou um ofensor que não pede perdão? É claro que todos concordamos que é muito mais fácil perdoaralguém que admite seu erro e nos pede perdão. Aliás, parece bem mais fácil perdoar alguém que pedepor perdão do que alguém que não pede. Parece impossível perdoar alguém que não pede perdão.

Vamos considerar isso por outro ângulo. Se, recusar-se a perdoar um ofensor que se arrepende

e recusar-se a perdoar outro que não se arrepende forem ambos errados, qual é o maior pecado? Achoque, todos concordamos que se ambos estão errados, recusar-se a perdoar o ofensor que se arrependeé um mal maior.

Uma Surpresa das Escrituras

Tudo isso me leva a outra questão: Deus espera que perdoemos a todos os que pecam contranós, mesmo aqueles que não se humilham, admitem seu pecado e pedem perdão?

Quando estudamos as Escrituras de perto, descobrimos que a resposta é “Não”. Para a surpresa

de muitos cristãos, as Escrituras deixam claro que, mesmo que seja um mandamento amar a todos,incluindo nossos inimigos, não precisamos perdoar a todos.Por exemplo, Jesus espera que simplesmente perdoemos um companheiro cristão que peca

contra nós? Não, não espera. Caso contrário, não nos teria dito para seguirmos os quatro passos para areconciliação listados em Mateus 18:15-17, passos que terminam com a exclusão do ofensor, se estenão se arrepender:

Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, vocêganhou seu irmão. Mas se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que“qualquer acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas”. Se ele se recusara ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano.

Obviamente, se chegar ao quarto passo (exclusão), o perdão não é garantido ao ofensor, já queo perdão e a exclusão são ações incompatíveis. Pareceria estranho ouvir alguém dizer: “Nós operdoamos quando o excomungamos”, pois o perdão resulta em reconciliação e não punição. (O quevocê pensaria se Deus dissesse: “Eu te perdoo, mas de agora em diante não tenho mais nada comvocê”?) Jesus nos instruiu a tratar o indivíduo excomungado como “pagão ou publicano”, dois tipos depessoas com os quais o povo judeu não se relacionava, e na verdade detestava.

Nos quatro passos que Jesus listou, o perdão não está no primeiro, segundo ou terceiro passo, amenos que o ofensor se arrependa. Se ele não se arrepender depois dos três passos, ele é levado aopróximo, ainda tratado como um ofensor não-arrependido. Somente quando o ofensor “o ouvir” (istoé, se arrepender), é que pode ser dito que “você ganhou seu irmão” (isto é, que foram reconciliados). 

O objetivo da confrontação é para que o perdão possa ser liberado. Contudo, o perdão depende

do arrependimento do ofensor. Portanto, nós (1) o confrontaremos com a esperança de que o ofensor(2) se arrependa para que possamos (3) perdoá-lo.

Tudo isso sendo verdade, podemos dizer com toda firmeza que Deus não espera quesimplesmente perdoemos companheiros cristãos que pecam contra nós e que não se arrependemdepois da confrontação. É claro que isto não nos dá o direito de odiar um ofensor cristão. Pelocontrário, confrontamos porque amamos o ofensor e queremos perdoá-lo e nos reconciliar com ele.

Mesmo assim, depois de todo esforço para a reconciliação através dos três passos que Jesuslistou, o quarto passo extermina o relacionamento, em obediência a Cristo.[1] Assim como nãodevemos ter comunhão com cristãos professos que são adúlteros, alcoólatras, homossexuais e assimpor diante (veja 1 Co. 5:11), não devemos ter comunhão com cristãos professos que se recusam a se

arrepender quando o corpo inteiro entra em consenso. Tais pessoas provam que não são verdadeirasseguidoras de Cristo e trazem reprovação a Sua igreja.

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O Exemplo de Deus

Quando consideramos nossa responsabilidade de perdoar outros, também podemos nosperguntar por que Deus esperaria que fizéssemos algo que Ele mesmo não faz. Com certeza, Deus amapessoas culpadas e estende Suas mãos de misericórdia como oferta de perdão. Ele contém Sua ira elhes dá tempo para que se arrependam. Mas isso vai depender de seu arrependimento. Deus não

 perdoa culpados, a menos que se arrependam. Então, por que pensaríamos que Ele espera mais denós?Tudo isso sendo verdade, não é possível que o pecado de não perdoar, que é tão sério aos olhos

de Deus, seja especificamente o pecado de não perdoar os que pedem nosso perdão? É interessanteque logo depois de Jesus ter dado os quatro passos de disciplina da igreja, Pedro perguntou:

“Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim?  Até setevezes?” Jesus respondeu: “Eu lhe digo: Não até sete, mas até setenta vezes sete (Mt. 18:21-22).

Pedro achava que Jesus esperava que ele perdoasse um irmão não-arrependido centenas devezes por centenas de pecados quando Ele lhe disse, momentos atrás para tratar um irmão não-arrependido como gentio ou publicano por causa de um pecado? Parece pouco provável. Novamente,

se você perdoa uma pessoa, não a trata como detestável.Outra questão que nos deve fazer pensar é esta: Se Jesus esperava que perdoássemos umcristão centenas de vezes por centenas de pecados dos quais ele nunca se arrepende, mantendo assimnosso relacionamento, por que nos permite terminar um casamento por causa de apenas um pecadocometido contra nós, o de adultério, se nosso cônjuge não se arrepender (veja Mt. 5:32)?[2] Issopareceria bem inconsistente.

Uma Elaboração

Logo após Jesus ter dito a Pedro para perdoar um irmão quatrocentas e noventa vezes, Ele

contou uma parábola para ajudar Pedro a entender o que Ele quis dizer:Por isso, o Reino dos céus é como um rei que desejava acertar contas com seus servos. Quando

começou o acerto, foi trazido à sua presença um que lhe devia uma enorme quantidade de prata.Como não tinha condições de pagar, o senhor ordenou que ele, sua mulher, seus filhos e tudo o queele possuía fossem vendidos para pagar a dívida. O servo prostrou-se diante dele e lhe implorou: “Tempaciência comigo, e eu te pagarei tudo”. O senhor daquele servo teve compaixão dele, cancelou adívida e o deixou ir. Mas quando aquele servo saiu, encontrou um de seus conservos, que lhe deviacem denários. Agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: “Pague-me o que deve!” Então o seuconservo caiu de joelhos e implorou-lhe: “Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei”. Mas ele não quis.Antes, saiu e mandou lançá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Quando os outros servos,

companheiros dele, viram o que havia acontecido, ficaram muito tristes e foram contar ao seu senhortudo o que havia acontecido. Então o senhor chamou o servo e disse: “ Servo mau, cancelei toda a suadívida porque você me implorou. Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive devocê?” Irado, seu senhor entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia. Assimtambém lhes fará meu Pai celestial, se cada um de vocês não perdoar de coração a seu irmão (Mt.18:23-35).

Note que o primeiro servo foi perdoado porque pediu ao seu mestre. Note também, que osegundo servo também pediu humildemente por perdão ao primeiro servo. O primeiro servo não deuao segundo o que tinha recebido, e foi isso que irou seu mestre. Portanto, Pedro pensaria que Jesusesperava que ele perdoasse um irmão não-arrependido que nunca pediu por perdão, algo que não foi

ilustrado na parábola de Jesus? Parece pouco provável, ainda mais quando Jesus tinha acabado de lhedizer para tratar um irmão não-arrependido, depois de ser propriamente confrontado, como gentio epublicano.

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Parece ainda mais improvável que Pedro pensasse que era esperado que perdoasse um irmãonão-arrependido em vista do castigo que Jesus nos prometeu se não perdoarmos nossos irmãos decoração. Jesus prometeu restituir todos os nossos pecados previamente perdoados e nos entregar aostorturadores até que paguemos o que nunca poderemos pagar. Isto seria um castigo justo a um crenteque não perdoa um irmão, um irmão a quem Deus também não perdoa? Se um irmão peca contramim, ele peca contra Deus, e Deus não o perdoa a menos que se arrependa. Deus pode nos castigar

 justamente por não perdoar alguém a quem também não perdoa?

Uma Sinopse

As expectativas de Jesus de perdoarmos nossos companheiros cristãos estão sucintamenteestabelecidas em Suas palavras registradas em Lucas 17:3-4:

Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender , perdoe-lhe. Se pecar contra vocêsete vezes no dia, e sete vezes voltar a você e disser: “Estou arrependido”, perdoe-lhe (ênfaseadicionada).

Dá para ficar mais claro? Jesus espera que perdoemos companheiros cristãos quando se

arrependem. Quando oramos: “Perdoe nossas dívidas assim como perdoamos os nossos devedores”,estamos pedindo a Deus para fazer conosco o que fazemos aos outros. Não podemos esperar que Elenos perdoe se não  pedirmos. Então, por que pensaríamos que Ele espera que perdoemos osque não pedem?

Novamente, isso não nos dá o direito de nutrir ressentimentos contra um irmão ou irmã emCristo que pecou contra nós. Devemos amar uns aos outros. É por isso que fomos mandadosconfrontar um companheiro cristão que peca contra nós, para que possa haver reconciliação com ele eque ele possa se reconciliar com Deus, contra quem também pecou. É isso que o amor faria. Mesmoassim, muitas vezes, cristãos dizem que perdoam um ofensor cristão, mas é só uma desculpa paraevitar a confrontação. Na verdade, eles não perdoam e isso fica claro por suas ações. Evitam o ofensora qualquer custo e falam de suas feridas. Não há reconciliação.

Quando pecamos, Deus nos confronta com Seu Espírito Santo em nós porque nos ama e quernos perdoar. Devemos imitá-lo, confrontando com amor companheiros cristãos que pecam contra nóspara que haja arrependimento, perdão e reconciliação.

Deus sempre esperou que Seu povo amasse um ao outro com amor genuíno, um amor quepermite a repreensão, mas que não permite ressentimentos. Dentro da Lei de Moisés está omandamento:

Não guardem ódio contra o seu irmão no coração; antes repreendam com franqueza o seu próximo para que, por causa dele, não sofram as consequências de um pecado. Não procuremvingança, nem guardem rancor  contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a simesmo. Eu sou o Senhor (Lv. 19:17-18, ênfase adicionada).

Uma Objeção

Mas e as palavras de Jesus em Marcos 11:25-26?Elas não indicam que devemos perdoar a todospor tudo sem levar em conta se pedem ou não perdão?

E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para quetambém o Pai celestial lhes perdoe os seu pecados. Mas se vocês não perdoarem, também o seu Paique está nos céus não perdoará os seus pecados.

Esse versículo não invalida todos os versículos que já consideramos no assunto. Já sabemos que

algo grave para Deus é nossa recusa em perdoar quando alguém nos pede perdão. Portanto, podemosinterpretar esse versículo sob a luz desse fato bem estabelecido. Jesus só está enfatizando aqui quedevemos perdoar se quisermos o perdão de Deus. Ele não está nos ditando detalhes específicos sobreo perdão e o que alguém deve fazer para recebê-lo de outrem.

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Note que Jesus também não diz aqui que devemos pedir a Deus por perdão para recebê-lo.Devemos, então, ignorar tudo o que as Escrituras ensinam sobre o perdão de Deus ser baseado empedirmos por ele (veja Mt. 6:12; 1 Jo. 1:9)? Devemos assumir que não precisamos pedir perdão a Deusquando pecamos porque Jesus não menciona isso logo acima? Isto não seria sábio considerando o quelemos nas Escrituras. É igualmente tolice ignorar tudo o que elas nos ensinam sobre o perdão serliberado quando pedido.

Outra Objeção

Jesus não orou pelos soldados que estavam dividindo Suas vestes: “Pai, perdoa -lhes, pois nãosabem o que estão fazendo” (Lc. 23:34)? Isso não indica que Deus perdoa as pessoas mesmo sem queelas peçam?

Sim, mas só até certo ponto. Isso indica que Deus mostra misericórdia aos ignorantes, umamedida de perdão. Por Deus ser perfeitamente justo, Ele só culpa as pessoas quando elas sabem queestão pecando.

A oração de Jesus pelos soldados não lhes garantiu um lugar no céu — só assegurou que não

seriam considerados responsáveis por dividir as vestes do Filho de Deus, e somente por causa de suaignorância sobre quem Ele era. Eles o consideraram somente mais um criminoso a ser executado.Portanto, Deus estendeu Sua misericórdia a um ato que merecia julgamento, caso soubessem o querealmente estavam fazendo.

Mas Jesus orou para que Deus perdoasse a todos os que eram de alguma forma responsáveispor Seu sofrimento? Não, não orou. A respeito de Judas, por exemplo, Ele disse que seria melhor queele nunca tivesse nascido (veja Mt. 26:24). Com certeza, Jesus não orou para que Seu Pai perdoasseJudas. Na verdade foi o oposto — se considerarmos Salmos 69 e 109 como orações proféticas de Jesus,como Pedro considerou (veja At. 1:15-20). Jesus orou para que o julgamento caísse sobre Judas,alguém que não era um transgressor ignorante.

Como pessoas que estão lutando para imitar a Cristo, devemos mostrar misericórdia àquelesque são ignorantes pelo que fazem a nós, como no caso de incrédulos (como os soldados ignorantesque dividiram as vestes de Jesus). Jesus espera que mostremos aos ímpios misericórdia extraordinária,amando nossos inimigos, fazendo o bem para aqueles que nos odeiam, abençoando os que nosamaldiçoam e orando pelos que nos tratam mal (veja Lc. 6:27-28). Devemos tentar derreter o ódiodeles com nosso amor, pagando o mal com o bem. Esse preceito foi prescrito até mesmo debaixo daLei Mosaica:

Se você encontrar perdido o boi ou o jumento que pertence ao seu inimigo, leve-o de volta aele. Se você vir o jumento de alguém que o odeia caído sob o peso de sua carga, não o abandone,procure ajudá-lo (Ex. 23:4-5).

Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você

amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele, e o Senhor recompensará você (Pv. 25:21-22).É interessante que mesmo que Jesus nos tenha mandado amar nossos inimigos, fazer o bem

aos que nos odeiam, abençoar os que nos amaldiçoam e orar pelos que nos maltratam (veja Lc. 6:27-28), Ele nunca nos mandou perdoá-los. Podemos amar as pessoas sem perdoá-las — assim como Deusas ama sem perdoá-las. Não só podemos como devemos amá-las, já que fomos ordenados por Deuspara assim fazê-lo. E nosso amor por elas deve ser manifestado através de nossas ações.

O fato de Jesus ter orado para que Seu Pai perdoasse os soldados que estavam dividindo Suasvestes não prova que Deus espera que ignoremos tudo o que estudamos sobre esse assunto nasEscrituras e perdoemos a todos os que pecam contra nós. Só nos ensina que devemos perdoarautomaticamente aqueles que são ignorantes de seu pecado contra nós e mostrar misericórdia

extraordinária aos incrédulos.

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E José?

José, que graciosamente perdoou seus irmãos que o venderam à escravidão, é às vezes usadocomo exemplo de como devemos perdoar a qualquer um que peque contra nós, sem importar se operdão foi pedido ou não. Mas é isso que a história de José nos ensina?

Não, não é.

José pôs seus irmãos a prova por pelo menos um ano de sucessivas provas e testes para levá-losao arrependimento. Ele até aprisionou um deles por vários meses no Egito (veja Gn. 42:24). Quandofinalmente, todos os seus irmãos foram capazes de confessar sua culpa (veja Gn. 42:21; 44:16), e umdeles se ofereceu como resgate pelo atual filho favorito de seu pai (veja G. 44:33), José soube que elesnão eram mais os mesmos homens invejosos e egoístas que o haviam vendido à escravidão. Somentedepois José revelou sua identidade e falou palavras graciosas aos que haviam pecado contra ele. SeJosé os tivesse “perdoado” imediatamente, eles nunca teriam se arrependido. E esse é um dos erros damensagem de “perdão instantâneo a todos” que é ensinada hoje. Perdoar nossos irmãos que pecamcontra nós sem confrontá-los resulta em duas coisas: (1) Um falso perdão que não traz reconciliação e(2) ofensores que não se arrependem e, portanto, não crescem espiritualmente.

A Prática de Mateus 18:15-17

Mesmo que os quatro passos de reconciliação listados por Jesus sejam bem simples deentender, eles podem se tornar complicados para se praticar. Quando Jesus listou os quatro passos, Eleo fez da perspectiva de quando o irmão A está convencido (e corretamente) de que o irmão B pecoucontra ele. Contudo, o irmão A pode estar errado. Então, vamos imaginar uma situação em que todosos cenários possíveis sejam considerados.

Se o irmão A está convencido de que o irmão B pecou contra ele, o irmão A deve ter certeza deque não está sendo crítico demais, encontrando um cisco no olho do irmão B. Deveria se fazer vista

grossa e estender misericórdia a muitas ofensas pequenas. (veja Mt. 7:3-5). Se, contudo, o irmão A seencontra com ressentimentos contra o irmão B por uma ofensa significante, ele deve confrontá-lo.

Ele deve fazê-lo em secreto, obedecendo ao mandamento de Jesus, mostrando seu amor paracom o irmão B. Seu motivo deve ser o amor e seu objetivo, a reconciliação. Ele não deve contar a maisninguém sobre a ofensa. “O amor perdoa muitíssimos pecados” (1 Pd. 4:8). Se amamos alguém, nãoexporemos seus pecados; iremos escondê-los.

Sua confrontação deve ser gentil, mostrando seu amor. Ele deve dizer algo como: “Irmão B, euvalorizo muito nossa amizade, mas algo aconteceu que criou um muro entre nós. Não quero que estemuro continue; portanto, devo explicar-lhe a situação para que possamos nos reconciliar. E se eu tiverfeito algo que contribuiu para esse problema, quero que me diga”. Então, ele deve dizer gentilmente

ao irmão B qual foi a ofensa.Na maioria dos casos, o irmão B não terá percebido que ofendeu o irmão A, e assim que souber

pedirá perdão. Se isso acontecer, o irmão A deve perdoá-lo imediatamente. A reconciliação aconteceu.Outro cenário possível é que o irmão B tentará justificar seu pecado contra o irmão A dizendo

que estava somente reagindo a uma ofensa cometida pelo irmão A contra ele. Se esse for o caso, oirmão B deveria ter confrontado o irmão A. Mas agora, pelo menos há diálogo e esperança dereconciliação.

Em tal caso, as partes ofendidas devem discutir o que aconteceu, admitir sua culpa e oferecer ereceber perdão. A reconciliação foi cumprida.

Um terceiro cenário é quando A e B não são capazes de se reconciliar. Portanto, precisam de

ajuda e é hora de partirem para o segundo passo.

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Segundo Passo

Seria melhor se os irmãos A e B concordassem sobre quem deve se juntar a eles para ajudar achegarem à reconciliação. O ideal seria que os irmão C e D conhecessem e amassem ambos, A e B, paraassegurar a imparcialidade. E somente os irmão C e D devem saber sobre o problema, por amor erespeito a A e B.

Se o irmão B não cooperar nesse ponto, o irmão A deve encontrar um ou dois outros quepossam ajudar.Se os irmãos C e D forem sábios, não darão seu pronunciamento até que tenham ouvido ambos

os lados. Uma vez que C e D se pronunciarem, A e B devem se submeter à decisão deles, pedir perdãoe fazer as reconciliações que forem recomendadas a um ou ambos.

Os irmãos C e D não devem forçar ser imparciais para correr menos riscos pessoais,recomendando que os irmãos A e B se arrependam quando, na verdade, somente um precisa. Elesdevem ter em mente que se o irmão A ou B rejeitar seu julgamento, a situação será levada à igreja eseu julgamento covarde se tornará evidente a todos. Essa tentação que C e D têm de tentar manter aamizade com A e B comprometendo a verdade é uma boa razão do porquê dois juízes é melhore do

que um, já que podem fortalecer a verdade. Além do mais, a decisão deles vai ter mais peso para A e B.

Terceiro Passo

Se A ou B recusar o julgamento de C e D, o problema deve ser levado a toda a igreja. Esseterceiro passo nunca é tomado em igrejas institucionais — e por um bom motivo — pois resultaria emdivisões quando as pessoas escolhessem um dos lados. Jesus nunca quis que igrejas locais abarcassemmais pessoas do que poderiam caber em uma casa. É nessa família congregacional menor, onde todosconhecem e se importam com A e B, que está o ambiente bíblico para o terceiro passo. Em uma igrejainstitucional, o terceiro passo deve ser feito no contexto de um pequeno grupo que consiste de

pessoas que conhecem e amam A e B. Se eles forem membros de corpos locais diferentes, vários dosmelhores membros de ambos os corpos poderiam servir como corpo de decisão.

Uma vez que a igreja der sua decisão, os irmãos A e B devem se submeter a ela, conhecendo asconsequências da desobediência. Pedidos de perdão devem ser feitos, o perdão entregue e areconciliação deve ocorrer.

Se A ou B se recusar a pedir perdão, ele deve ser excluído da igreja e ninguém da igreja deve tercomunhão com ele. Na maioria das vezes, a pessoa não-arrependida já terá se retiradovoluntariamente e provavelmente já teria feito isso muito antes se não obtivesse o que queria emalgum dos passos do processo. Isso revela sua falta de compromisso genuíno de amar sua famíliaespiritual.

Um Problema Comum

Em igrejas institucionais, as pessoas normalmente resolvem as disputas deixando uma igreja eindo para outra, onde os pastores, que querem construir seus reinos a qualquer custo e não serelacionam com outros pastores, recebem essas pessoas e ficam do seu lado quando lhes contam o seulado. Esse padrão neutraliza o mandamento dos quatro passos de Cristo para a reconciliação. Enormalmente, é uma questão de meses ou anos para que a pessoa ofendida, a quem o pastor recebeuna igreja, saia e procure outra igreja, por estar mais uma vez ofendida.

Jesus esperava que igrejas fossem pequenas o suficiente para caberem em casas e que

pastores/presbíteros/bispos locais trabalhassem juntos em um só corpo. Portanto, a exclusão domembro de uma igreja seria uma exclusão de todas as igrejas. É da responsabilidade de cada

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pastor/presbítero/bispo perguntar aos cristãos que estão se aproximando, sobre sua antiga igreja econtatar a liderança dessa igreja para determinar se tais pessoas devem ser recebidas.

A Intenção de Deus Para uma Igreja Santa

Outro problema comum em igrejas institucionais é que muitas vezes consistem de pessoas que

comparecem simplesmente pelo show, que não dão conta de suas vidas a alguém porque seusrelacionamentos são puramente sociais. Portanto, ninguém, especialmente os pastores, tem ideia decomo estão suas vidas, e as pessoas não-santas continuam a manchar as igrejas às quais comparecem.Então, os de fora julgam as pessoas que se dizem cristãs como não sendo diferentes de não-crentes.

Isso por si só deve ser prova suficiente para qualquer um de que a estrutura de igrejasinstitucionais não era a intenção de Deus para Sua santa Igreja. Pessoas não-santas e hipócritas semprese escondem em grandes igrejas institucionais, trazendo descrédito a Cristo. Como lemos em Mateus18:15-17, Jesus deixou claro que queria que Sua Igreja fosse composta de pessoas santas que fossemmembros comprometidos de um corpo que se mantém puro. O mundo olharia para a igreja e veria suasanta noiva. Contudo, hoje ele vê uma grande meretriz, alguém infiel ao seu Esposo.

Esse aspecto divinamente planejado da igreja se manter pura ficou evidente quando Pauloescreveu a respeito de uma situação crítica na igreja de Corinto. Um membro aceito do corpo estavamantendo uma relação adúltera com sua madrasta:

Por toda parte se ouve que há imoralidade entre vocês, imoralidade que não ocorre nem entreos pagãos, ao ponto de um de vocês possuir a mulher de seu pai. E vocês estão orgulhosos! Nãodeviam, porém, estar cheios de tristeza e expulsar da comunhão aquele que fez isso? Apesar de eu nãoestar presente fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso, como seestivesse presente. Quando vocês estiverem reunidos em nome de nosso Senhor Jesus, estando eucom vocês em espírito, estando presente também o poder de nosso Senhor Jesus Cristo, entreguemesse homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor... Jálhes disse por carta que vocês não devem associar-se com pessoas imorais. Com isso não me refiro aosimorais deste mundo, nem aos avarentos, aos ladrões ou aos idólatras. Se assim fosse, vocêsprecisariam sair deste mundo. Mas agora estou lhes escrevendo que não devem associar-se comqualquer que, dizendo-se irmão, seja imoral, avarento, idólatra, caluniador, alcoólatra ou ladrão. Comtais pessoas vocês nem devem comer. Pois, como haveria eu de julgar os de fora da igreja? Não devemvocês julgar os que estão dentro? Deus julgará os de fora “Expulsem esse perverso do meio de vocês.”(1 Co. 5:1-5, 9-13).

Não havia necessidade de levar esse homem pelos passos de reconciliação porque era óbvioque ele não era um verdadeiro cristão. Paulo se referiu a ele como alguém que se diz irmão e ochamou de “perverso”. Além do mais, alguns versículos mais adiante, Paulo escreveu: 

Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar:

nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões nemavarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus (1 Co. 6:9-10).

Está claro que Paulo acreditava, corretamente, que aqueles que são imorais, como o homem daigreja de Corinto, mostram a falsidade de sua fé. Alguém assim não deve ser tratado como irmão elevado pelos passos da reconciliação. Deve ser excluído, entregue a Satanás, para que a igreja nãofortaleça seu próprio engano, e para que tenha esperança de ver que precisa de arrependimento paraque “seja salvo no dia do Senhor” (1 Co. 5:5). 

Em grandes igrejas ao redor do mundo hoje, há centenas de pessoas posando como cristãos,que, por padrão bíblico, são não-crentes e que devem ser excluídos. As Escrituras deixam claro que a

igreja tem a responsabilidade de afastar os que não se arrependerem e que forem fornicadores,adúlteros, homossexuais, alcoólatras e assim por diante. Mesmo assim, tais pessoas, debaixo dadesculpa da “graça” estão, hoje, muitas vezes em grupos de autoajuda da igreja, onde podem ser

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encorajadas por outros “crentes” com problemas parecidos. Isso é uma afronta ao poder detransformar vidas do evangelho de Jesus Cristo.

Líderes Caídos

Um líder arrependido deve ser imediatamente restaurado a sua posição se tiver caído em um

sério pecado (como o adultério)?Mesmo que o Senhor perdoe o líder arrependido imediatamente(assim como a igreja deve), o líder caído terá perdido a confiança daqueles a quem ministra. Aconfiança é algo que deve ser merecida. Portanto, líderes caídos devem se retirar voluntariamente desuas posições de liderança e se submeter à vigilância espiritual até que possam provar sua fidelidade.Eles devem começar do início. Os que não estiverem dispostos a servir humildemente de maneirasmenores para reconquistar confiança, não devem ser tratados como líderes pelas pessoas do corpo.

Resumindo

Como ministros discipuladores que são chamados para repreender, corrigir e exortar com toda

a paciência e doutrina (veja 2 Tm. 4:2), não nos escondamos de nosso chamado. Ensinemos nossosdiscípulos a amar realmente uns aos outros por meio de tolerância misericordiosa sempre,confrontação gentil (quando necessário), mais confrontação com a ajuda de outros (quando preciso) eperdão (quando pedido). Isso é muito melhor que o falso perdão que não trás cura verdadeira arelações desfeitas. Vamos lutar para obedecer ao Senhor em todos os aspectos para mantermos Suaigreja pura e santa, um louvor ao Seu nome!

Para maiores estudos a respeito de confrontação e disciplina da igreja, veja Romanos 16:17-18;2 Coríntios 13:1-3; Gálatas 2:11-14; 2 Tessalonicenses 3:6, 14-15; 1 Timóteo 1:19-20, 5:19-20; Tito 3:10-11; Tiago 5:19-20; 2 João 10-11.

[1] Parece lógico que se o excluído se arrependesse mais tarde, Jesus esperaria que o perdãofosse dado a ele.

[2] Se um cônjuge adúltero é cristão, devemos passar pelos três passos que Jesus listou para areconciliação antes de continuar com o divórcio. Se o cônjuge adúltero se arrepende, é esperado queperdoemos de acordo com o mandamento de Jesus.

Capítulo Vinte e Cinco

A Disciplina do Senhor

Pensem bem naquele que suportou tal oposição dos pecadores contra si mesmo, para quevocês não se cansem nem desanimem. Na luta contra o pecado, vocês ainda não resistiram até o ponto

de derramar o próprio sangue. Vocês se esqueceram da palavra de ânimo que ele lhes dirige como afilhos: “Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua repreensão, pois oSenhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho”. Suportem asdificuldades, recebendo-as como disciplina; Deus os trata como filhos. Ora, qual filho que não é

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disciplinado por seu pai? Se vocês não são disciplinados, e a disciplina é para todos os filhos, entãovocês não são filhos legítimos, mas sim ilegítimos. Além disso, tínhamos pais humanos que nosdisciplinavam, e nós os respeitávamos. Quanto mais devemos submeter-nos ao Pai dos espíritos, paraassim vivermos! Nossos pais nos disciplinavam por curto período, segundo lhes parecia melhor; masDeus nos disciplina para o nosso bem, para que participemos da sua santidade. Nenhuma disciplinaparece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de

 justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados. Portanto, fortaleçam as mãos enfraquecidas e

os joelhos vacilantes. “Façam caminhos retos para os seus pés”, para que o manco não se desvie,antes, seja curado (Hb. 12:3-13).

De acordo com o inspirado autor do livro de Hebreus, nosso Pai celestial disciplina a todos osSeus filhos. Se nunca somos disciplinados por Ele, isso indica que não somos um de Seus filhos.Portanto, devemos estar atentos e sensíveis à Sua disciplina. Alguns cristãos professos, que têm comofoco as bênçãos e a bondade de Deus, interpretam todas as circunstâncias negativas como ataques dedemônios sem nenhum propósito divino. Isso pode ser um grande erro se Deus estiver tentando trazê-los ao arrependimento através de Sua disciplina.

Bons pais terrenos disciplinam seus filhos com a esperança que aprendam, amadureçam esejam preparados para a vida adulta. Da mesma forma, Deus nos disciplina para que cresçamos

espiritualmente, nos tornemos mais úteis em Seu serviço e sejamos preparados para comparecerdiante do Seu trono de julgamento. Ele nos disciplina porque nos ama e porque deseja quecompartilhemos de Sua santidade. Nosso amoroso Pai celestial se dedica ao nosso crescimentoespiritual. As Escrituras dizem: “Aquele que começou a boa obra em vocês, vai completá-la até o dia deCristo Jesus” (Fp. 1:6). 

Nenhuma criança gosta de ser disciplinada pelos pais, e quando somos disciplinados por Deus, aexperiência não é “motivo de alegria... mas sim de tristeza”, como acabamos de ler. Contudo, no fimestamos melhores preparados, pois a disciplina “produz fruto de justiça”. 

Quando e Como Deus nos Disciplina?

Como qualquer bom pai, Deus só disciplina Seus filhos quando são desobedientes. Sempre queO desobedecemos corremos o risco de sermos disciplinados. Contudo, o Senhor é muitomisericordioso e nos dá bastante tempo para nos arrependermos. Normalmente, Sua disciplina vemdepois de nossos repetidos atos de desobediência e Seus repetidos avisos.

Como Deus nos disciplina? Como aprendemos em um capítulo anterior, a disciplina de Deuspode vir em forma de fraqueza, doença ou até mesmo morte prematura:

Por isso há entre vocês muitos fracos e doentes, e vários já dormiram. Mas, se nós tivéssemos ocuidado de examinar a nós mesmos, não receberíamos juízo. Quando, porém, somos julgados peloSenhor, estamos sendo disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo (1 Co. 11:30-

32).Não devemos concluir automaticamente, que todas as doenças são resultado da disciplina de

Deus (o caso de Jó vem à mente). Contudo, se doenças aparecerem é bom fazer um check-upespiritual, vermos se abrimos a porta através da desobediência para a disciplina de Deus.

Podemos evitar o julgamento de Deus se julgarmos a nós mesmos —  isto é, assumir e nosarrepender de nosso pecado. Seria lógico concluir que seríamos candidatos à cura, uma vez que nosarrependemos, se nossa doença for resultado da disciplina de Deus.

Por meio do julgamento de Deus, Paulo disse que, na verdade, evitamos ser condenados com omundo. O que ele quis dizer? A única coisa que poderia significar é que a disciplina de Deus nos leva aoarrependimento para não sermos lançados no inferno com o mundo. Para aqueles que acham que a

santidade é opcional para os que vão para o céu, isso é difícil de aceitar. Mas aqueles que leram oSermão do Monte de Jesus sabem que somente aqueles que obedecem a Deus entrarão em Seu Reino(veja Mt. 7:21). Portanto, se persistirmos no pecado e não nos arrependermos, corremos o risco de

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perdermos a vida eterna. Graças a Deus por Sua disciplina que nos leva ao arrependimento e nos salvado inferno!

Satanás Como Ferramenta do Julgamento de Deus

Várias passagens deixam claro que Deus pode usar a Satanás para Seus propósitos disciplinares.

Por exemplo, na parábola do servo impiedoso, encontrada em Mateus 18, Jesus disse que o mestre doservo ficou “irado” quando soube que seu servo perdoado não tinh a perdoado seu conservo.Consequentemente, ele entregou seu servo impiedoso “aos torturadores, até que pagasse tudo o quedevia” (Mt. 18:34). Jesus terminou essa parábola com as seguintes palavras solenes: 

Assim também lhes fará meu Pai celestial, se cada um de vocês não perdoar de coração a seuirmão (Mt. 18:35).

Quem são os “torturadores”? Parece provável que seja Satanás e seus demônios. Deus podeentregar um de Seus filhos desobedientes a Satanás para levá-lo ao arrependimento. Dificuldades ecalamidades tem uma maneira de levar as pessoas ao arrependimento —  como o filho pródigoaprendeu (veja Lc. 15:14-19).

No Velho Testamento, encontramos exemplos de Deus usando Satanás ou espíritos malignospara trazer Sua disciplina ou julgamento nas vidas das pessoas que merecem Sua ira. Um exemplo éencontrado no nono capítulo de Juízes, onde lemos que “Deus enviou um espírito maligno entreAbimeleque e os cidadãos de Siquém” (Jz. 9:23) para trazer julgamento a eles por suas obras contra osfilhos de Gideão.

A Bíblia também diz que “um espírito maligno, vindo da parte do Senhor” atormentava o reiSaul para que ele se arrependesse (1 Sm. 16:17). Contudo, Saul nunca se arrependeu e finalmentemorreu em uma batalha por causa de sua rebelião.

Em ambos esses exemplos do Velho Testamento, as Escrituras dizem que os espíritos malignosforam enviados pelo Senhor. Isso não quer dizer que Deus tenha espíritos malignos no céu queesperam para servi-Lo. O mais provável é que Ele permita que esses espíritos ajam limitadamente coma esperança de que os pecadores se arrependam debaixo da aflição dos espíritos.

Outras Formas de Disciplina de Deus

Debaixo da antiga aliança, também vemos que Deus disciplinava Seu povo com frequênciapermitindo que problemas como falta de alimentos e inimigos estrangeiros que os dominavam,surgissem. Eventualmente, eles se arrependiam e Deus os libertava de seus inimigos. Quando serecusaram a se arrepender, depois de anos de opressão e avisos, Deus permitiu que um poderestrangeiro os conquistasse completamente e os deportasse como exilados.

Debaixo da nova aliança, é bem possível que Deus possa simplesmente disciplinar Seus filhosdesobedientes permitindo problemas em suas vidas, ou pode permitir que seus inimigos os aflijam. Porexemplo, a passagem citada no início desse capítulo sobre a disciplina de Deus (Hb. 12:3-13) éencontrada no contexto de crentes hebreus que estavam sendo perseguidos por sua fé. Contudo, nemtoda perseguição é permitida por causa de desobediência. Cada caso deve ser julgado separadamente.

Reagindo Corretamente à Disciplina de Deus

De acordo com a admoestação mencionada no início deste capítulo, podemos reagir de formaerrada à disciplina de Deus de duas formas. Podemos desprezar “a disciplina do Senhor” ou nos

magoar “com a sua repreensão” (Hb. 12:5). Se desprezarmos a disciplina do Senhor, significa que não areconhecemos ou que ignoramos seu aviso. Magoar-se com a disciplina do Senhor é desistir de tentaragradá-Lo porque pensamos que Sua disciplina é muito severa. Ambas as reações são erradas.

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Devemos perceber que Deus nos ama e que a Sua disciplina é para o nosso bem. Quandoreconhecemos Sua mão amorosa de disciplina, devemos nos arrepender e receber Seu perdão.

Uma vez que nos arrependemos, devemos esperar pelo alívio da disciplina de Deus. Contudo,não devemos necessariamente esperar o alívio das consequências inevitáveis de nosso pecado, maspodemos pedir a misericórdia e ajuda do Senhor. Deus responde “ao humilde e contrito de coração”(Is. 66:2). A Bíblia promete: “Pois a sua ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda; ochoro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria” (Sl. 30:5). 

Depois de Seu julgamento cair sobre os israelitas, Deus prometeu:Por um breve instante eu a abandonarei, mas com profunda compaixão eu a trarei de volta.

Num impulso de indignação escondi de você por um instante o meu rosto, mas com bondade eternaterei compaixão de você (Is. 54:7-8).

Deus é bom e misericordioso!Para mais estudos a respeito da disciplina de Deus, veja 2 Crônicas 6:24-31, 36-39; 7:13-14;

Salmos 73:14; 94:12-13; 106:40-46; 118:18; 119:67, 71; Jeremias 2:29-30; 5:23-25; 14:12; 30:11; Ageu1:2-13; 2:17; Atos 5:1-11 e Apocalipse 3:19.

Capítulo Vinte e Seis

O Jejum

O jejum é o ato voluntário de se abster de alimentos e/ou líquidos por certo tempo.A Bíblia contém muitos exemplos de pessoas que jejuaram. Algumas se abstiveram de todo o

tipo de comida e outras, de somente certos tipos durante seu jejum. Um exemplo do último seria o jejum de três semanas de Daniel, quando não comeu “nada saboroso... carne e vinho” (Dn. 10:3).  Há alguns exemplos nas Escrituras de pessoas que jejuaram de ambos, comida e água, mas esse

tipo de jejum total era raro e deve ser considerado sobrenatural se durar mais de três dias. Porexemplo, quando Moisés ficou quarenta dias sem comer ou beber, ele estava na presença de Deus empessoa, ao ponto de seu rosto brilhar (veja Ex. 34:28-29). Ele repetiu seu jejum de quarenta dias poucotempo depois do primeiro (veja Dt. 9:9, 18). Os jejuns dele foram sobrenaturais, e ninguém deve tentarimitá-lo nisso. É impossível, a não ser pela ajuda sobrenatural de Deus, que uma pessoa sobreviva maisque alguns dias sem água. A desidratação leva à morte. A maioria das pessoas saudáveis podesobreviver sem comida, mas apenas por poucas semanas.

Por que Jejuar?

O principal objetivo de jejuar é receber benefícios advindos de gastar tempo extra orando ebuscando ao Senhor. Quase não há referência ao jejum na Bíblia sem que contenha uma referência àoração, levando-nos a crer que é inútil jejuar sem orar.[1] Ambas as referências ao jejum no livro deAtos, por exemplo, mencionam oração. No primeiro caso (veja At. 13:1-3), os profetas e mestres deAntioquia simplesmente “adoravam o Senhor e jejuavam”. Enquanto faziam isso, receberam umarevelação profética, e consequentemente enviaram Paulo e Barnabé em sua primeira viagemmissionária. No segundo caso, Paulo e Barnabé apontavam presbíteros para as novas igrejas naGalácia. Lemos:

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Paulo e Barnabé designaram-lhes presbíteros em cada igreja; tendo orado e jejuado, eles osencomendaram ao Senhor, em quem haviam confiado (At. 14:23).

Talvez, nesse segundo caso, Paulo e Barnabé estivessem seguindo o exemplo de Jesus, dequando Ele orou a noite inteira antes de escolher os doze (veja Lc. 6:12). Decisões importantes, comodesignar líderes espirituais, requerem oração até que a pessoa esteja certa de que tem a direção doSenhor, e o jejum tende a reservar mais tempo à oração para esse fim. Se o Novo Testamentorecomenda abstinência sexual temporária entre casais para aumentar à devoção a oração (veja 1 Co.

7:5), podemos entender facilmente como a abstinência temporária de alimentos pode servir ao mesmopropósito.[2] 

Portanto, quando precisamos orar pela direção de Deus sobre importantes decisões espirituais,o jejum vai servir para esse fim. Orações para muitas outras necessidades podem ser feitas em umtempo relativamente curto. Não precisamos jejuar, por exemplo, para fazer a oração do Pai nosso.Orações por direcionamentos levam mais tempo por causa de nossa dificuldade em “discernir a voz deDeus em nossos corações”, já que, muitas vezes, a voz de Deus compete com desejos e motivaçõeserradas, ou a falta de devoção, que podem estar em nós. Receber segurança pode requerer umperíodo mais extenso de oração, e este é um dos momentos em que o jejum é benéfico.

É claro que gastar tempo em oração, por qualquer bom motivo, é considerado um benefício

espiritual. Por esse motivo, devemos considerar o jejum um ótimo meio para obter força e eficiênciaespiritual —  desde que nosso jejum seja acompanhado de oração. Lemos no livro de Atos que osprimeiros apóstolos eram dedicados “à oração e ao ministério da palavra” (At. 6:4). Certamente, issonos revela pelo menos parte do segredo, do poder e da eficiência espiritual deles.

Motivos Errados para Jejuar

Agora que estabelecemos uma razão espiritual para jejuar sob o Novo Testamento, tambémdevemos considerar algumas razões não bíblicas para jejuar.

Algumas pessoas jejuam esperando que isso aumente a chance de Deus responder seus pedidosde oração. Contudo, Jesus nos disse que a principal maneira de receber resposta de oração é fé, não

 jejum (veja Mt. 21:22). O jejum não é um meio de “torcer o braço de Deus”, ou uma maneira de dizer aEle: “É melhor você responder minha oração ou eu me matarei de fome!” Isso não é  jejum bíblico — égreve de fome! Lembre-se de que Davi jejuou por vários dias para que seu filho, o bebê de Bate-Seba,vivesse, mas ele morreu, pois o Senhor estava disciplinando Davi. O jejum não mudou sua situação.Davi não estava orando com fé porque não tinha promessa em que se apoiar. Na verdade, ele estavaorando e jejuando contra a vontade de Deus, como provado pelo resultado.

O jejum não é um pré-requisito ao reavivamento. Não há exemplo de alguém no NovoTestamento que jejuou por um reavivamento. Os apóstolos simplesmente obedeceram a Jesuspregando o evangelho. Se uma cidade não respondesse, eles obedeciam a Jesus novamente, tirando o

pó de seus pés e indo à próxima cidade (veja Lc. 9:5; At. 13:49-51). Eles não ficavam parados jejuando etentando “quebrar as fortalezas espirituais”, esperando por um reavivamento. Contudo, isso sendodito, devo adicionar que jejum e oração, com certeza, podem beneficiar os que ministram o evangelho,fazendo-os agentes mais eficientes do reavivamento. Muitos dos gigantes espirituais de quem ouvimosna história da Igreja foram homens e mulheres que tinham o hábito de orar e jejuar.

O jejum não é um modo de “desvalorizar a carne”, pois o desejo de comer é legítimo e não épecado, diferente dos óbvios “desejos da carne” listados em Gálatas 5:19-21. Por outro lado, o

 jejum é  um exercício de domínio próprio, e a mesma virtude é necessária para andarmos após oEspírito e não após a carne.

Jejuar pelo propósito de provar sua espiritualidade ou de fazer propaganda de sua devoção a

Deus é uma perca de tempo e indicação de hipocrisia. Esse foi o motivo pelo qual os fariseus jejuavam,e Jesus os condenou por isso (veja Mt. 6:16; 23:5).

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Alguns jejuam para obter vitória sobre Satanás. Mas isso não é bíblico. As Escrituras dizem quese resistirmos a Satanás pela fé na Palavra de Deus, ele fugirá de nós (veja Tg. 4:7; 1 Pd. 5:8-9). Jejumnão é necessário.

Mas Jesus não disse que alguns demônios só podem ser expulsos por meio de “jejum eoração”? 

Essa afirmação foi feita em referência a libertar alguém de certo tipo de demônio que o possui,não em referência a um crente que precisa ter vitória sobre os ataques pessoais de Satanás contra ele,

algo a que todos os crentes são sujeitos.Mas a afirmação de Jesus não indica que podemos ganhar maior autoridade sobre demônios

através do jejum?Lembre-se que quando Jesus ouviu um relatório de que Seus discípulos não conseguiram tirar

um demônio de um menino, a primeira coisa que fez foi lamentar a falta de fé deles (veja Mt. 17:17).Quando Seus discípulos Lhe indagaram por que haviam falhado, Ele respondeu que era porque a fédeles era pequena (veja Mt. 17:20). Ele também pode ter comentado à parte: “Mas esta espécie só saipela oração e pelo jejum” (Mt. 17:21). Digo que Ele  pode ter adicionado essas palavra como nota derodapé porque há evidências de que essa frase pode não estar incluída no evangelho original  deMateus. Um nota na margem da minha Bíblia (a New American Standard Version, uma versão em

inglês muito respeitada) indica que muitos dos manuscritos originais do evangelho de Mateus nãocontém essa frase, o que significa que é possível que Jesus nunca tenha dito: “Mas esta espécie só saipela oração e pelo jejum”. Falantes do inglês têm o benefício de ter muitos tipos diferentes detraduções bíblicas em sua língua, enquanto muitas traduções da Bíblia em outras línguas foramtraduzidas, não dos manuscritos hebraicos e gregos originais, mas da Versão King James da Bíblia, umatradução que tem mais de quatrocentos anos.

No registro de Marcos do mesmo incidente, Jesus diz: “Esta casta não pode sair senão por meiode oração” (Mc. 9:29)*,  e está anotado na margem da Bíblia New American Standard  que muitosmanuscritos adicionam “e jejum” no fim do versículo. 

Se Jesus realmente disse essas palavras, ainda estaríamos errados se concluíssemos que o jejum

é necessário para que alguém expulse demônios com sucesso. Se Jesus dá a alguém autoridade sobredemônios, como fez com os doze discípulos (veja Mt. 10:1), essa pessoa tem autoridade, e o jejum nãoaumenta a autoridade de ninguém. É claro que ele pode dar a alguém mais tempo para orar,aumentando assim a sensibilidade espiritual e talvez sua fé em sua autoridade dada por Deus.

Também tenha em mente que se Jesus realmente tivesse feito a afirmação que estamosconsiderando, teria sido somente em referencia a um tipo de demônio. Mesmo que os discípulos deJesus tenham falhado uma vez em expulsar uma espécie de demônio, eles obtiveram sucesso emexpulsar muitos outros (veja Lc. 10:17).

Tudo isso é para dizer que não precisamos jejuar para ganhar vitória pessoal sobre os ataquesde Satanás contra nós.

Ênfase demais a Respeito do Jejum

Infelizmente, alguns cristãos fizeram do jejum uma religião, dando a isso o lugar dominante emsuas vidas cristãs. Contudo, não há referência alguma ao jejum nas epístolas do NovoTestamento.[3] Nenhuma instrução foi dada a crentes sobre como ou quando jejuar. Não háencorajamento ao jejum. Isso nos mostra que o jejum não é um aspecto de maior importância aoseguir a Jesus.

No Velho Testamento, o jejum é mencionado com mais frequência. Ele era associado a temposde luto, como ligado à morte de alguém ou um tempo de arrependimento, ou com muitas orações

durante tempos de crises nacionais ou pessoais (veja Jz. 20:24-28; 1 Sm. 1:7-8; 7:1-6; 31:11-13; 2 Sm.1:12; 12:15-23; 1 Rs. 21:20-29; 2 Cr. 20:1-3; Ed. 8:21-23; 10:1-6; Ne. 1:1-4; 9:1-2; Et. 4:1-3, 15-17; Sl.

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35:13-14; 69:10; Is. 58:1-7; Dn. 6:16-18; 9:1-3; Jl. 1:13-14; 2:12-17; Jn. 3:4-10; Zc. 7:4-5). Acredito queas razões desses versículos continuam válidas para o jejum hoje.

O Velho Testamento também ensina que a devoção ao jejum associado à negligência àobediência de mandamentos mais importantes, como cuidar dos pobres, é desbalanceada (veja Is.58:1-12; Zc. 7:1:14).

Com certeza, Jesus não pode ser acusado de aumentar a importância do jejum. Ele foi acusadopelos fariseus de não praticá-lo (veja Mt. 9:14-15). Ele os repreendeu por dar mais importância ao

 jejum de que a coisas espirituais (veja Mt. 23:23; Lc. 18:9-12).Por outro lado, Jesus falou sobre o jejum a Seus seguidores durante Seu Sermão do Monte. Ele

os instruiu a jejuar pelos motivos certos, indicando que antecipava que Seus seguidores jejuariam àsvezes. Também prometeu que Deus os recompensaria por seu jejum e, até certo ponto, tambémpraticou jejum (veja Mt. 17:21). E disse que o tempo chegaria em que Seus discípulos jejuariam,quando Ele fosse tirado do meio deles (veja Lc. 5:34-35).

Por Quanto Tempo Alguém Deve Jejuar?

Como disse anteriormente, todos os jejuns de quarenta dias registrados na Bíblia podem serclassificados como sobrenaturais. Já consideramos os dois jejuns de quarenta dias de Moisés napresença do Senhor. Elias também jejuou por quarenta dias, mas foi alimentado por um anjo antes(veja 1 Rs. 19:5-8). Houve alguns elementos sobrenaturais no jejum de quarenta dias de Jesus: Ele foilevado pelo Espírito ao deserto de forma sobrenatural, passou por tentações sobrenaturais de Satanáse foi visitado por anjos no fim de Seu jejum (veja Mt. 4:1-11). Jejuns de quarenta dias não são a normabíblica.

Se uma pessoa se abstém voluntariamente de fazer uma alimentação com o propósito depassar tempo buscando ao Senhor, ela jejuou. A ideia de que jejuns só podem ser medidos por dias éerrônea.

Os dois jejuns mencionados no livro de Atos que já consideramos (veja At. 13:1-3; 14:23) nãoforam, aparentemente, muito longos. Eles podem ter sidos somente jejuns de carne.

Como o jejum visa principalmente ao propósito de buscar ao Senhor, minha recomendação éque você jejue pelo tempo necessário, até que ganhe o que está buscando de Deus.

Lembre-se, o jejum não força Deus a falar com você. O jejum só pode melhorar suasensibilidade ao Espírito Santo. Deus fala com você quer você jejue ou não. Nossa dificuldade édistinguir a direção dEle de nossos próprios desejos.

Alguns Conselhos Práticos

Normalmente, o jejum afeta o corpo físico de várias formas. Uma pessoa pode sentir fraqueza,cansaço, dores de cabeça, náusea, tontura, cólicas e assim por diante. Se alguém tiver o hábito detomar café, chá ou outras bebidas cafeinadas, alguns desses sintomas podem ser atribuídos à falta decafeína. Em tais casos, seria uma boa ideia que esses indivíduos retirassem essas bebidas de suas dietasalguns dias antes de começar o jejum. Se alguém jejua regularmente, verá que seus jejuns se tornamcada vez mais fáceis, mesmo que sinta fraqueza durante as primeiras duas semanas. A pessoa deve tercerteza de que está bebendo bastante água durante seu jejum para que não se desidrate.

Jejuns devem ser quebrados cuidadosa e vagarosamente, e quanto maior o tempo de jejum,mais cuidado se deve tomar quando terminá-lo. Se o estômago de alguém não digeriu alimentossólidos por três dias, seria tolice terminar o jejum comendo alimentos que são difíceis de digerir. Ele

deve começar com comidas de fácil digestão e sucos de frutas. Quanto mais longo o jejum, maior otempo para o sistema digestivo se ajustar a comer novamente, mas perder uma ou duas refeições nãorequer um período especial.

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Alguns estão convencidos de que um jejum cuidadoso e moderado é, na verdade, um meio depromover saúde para nossos corpos; e eu sou um deles, tendo ouvido vários testemunhos de pessoasdoentes que foram curadas enquanto jejuavam. Alguns acham que jejuar é um meio de descansar elimpar o corpo. Esse pode ser o motivo de o primeiro jejum de alguém ser, normalmente, o mais difícilde todos. Aqueles que nunca jejuaram são, provavelmente, os que mais precisam de limpeza físicainterna.

Na maioria dos casos, a fome vai embora entre dois a quatro dias do jejum. Quando a fome

volta (normalmente depois de algumas semanas), isso é um sinal para que termine o jejum comcuidado, já que esse é o início da desnutrição, quando o corpo já usou toda a gordura acumulada e estáagora usando células essenciais. As Escrituras dizem que Jesus teve fome depois de quarenta dias, e foiaí que terminou Seu jejum (veja Mt. 4:2).

[1] Já jejuei por sete dias sem receber benefício espiritual algum pelo simples fato de não terum objetivo espiritual e não passar tempo extra em oração.

[2] A versão King James de 1 Coríntios 7:5 recomenda o consentimento entre maridos e esposas

de se absterem de relações sexuais para que possam dedicar-se ao “ jejum e oração”. A maioria dastraduções modernas em inglês não mencionam jejum, somente oração.

* * Nota do tradutor: versículo da versão Revista e Atualizada.[3] A única exceção seria a menção de Paulo a respeito do jejum feito pelos casais em 1

Coríntios 7:5, mas entre as traduções da Bíblia em inglês ela só é encontrada na Versão King James. O jejum involuntário  é mencionado em Atos 27:21, 33-34, 1 Coríntios 4:11 e 2 Coríntios 6:5; 11:27.Contudo, esses não eram jejuns feitos com propósitos espirituais, mas somente por causa decircunstâncias graves ou por não haver comida.

Capítulo Vinte e Sete

A Vida Após a Morte

 

A maioria dos cristãos sabe que quando as pessoas morrem, vão para o céu ou para o inferno.Contudo, nem todos sabem que o céu não é a habitação final dos santos, e que o Hades não é ahabitação final dos perdidos.

Quando os seguidores de Jesus Cristo morrem, seus espíritos/almas vão imediatamente para océu, onde Deus mora (veja 2 Co. 5:6-8; Fp. 1:21-23; 1 Ts. 4:14). Contudo, no futuro, Deus criará umnovo céu e uma nova terra, onde a Nova Jerusalém descerá dos céus para a terra (veja 2 Pd. 3:13; Ap.21:1-2). Lá, os santos viverão para sempre.

Quando os ímpios morrem, vão imediatamente para o Hades, mas ele é somente um lugar paraonde vão para esperar a ressurreição de seus corpos. Quando esse dia chegar, ficarão diante do tronode julgamento de Deus e serão lançados no lago que queima com fogo e enxofre, que é chamadode Geenna na Bíblia. Consideraremos tudo isso com mais detalhes das Escrituras.

Quando os Ímpios MorremPara melhor entendermos o que acontece aos ímpios depois da morte, devemos estudar um

palavra hebraica do Velho Testamento e três palavras gregas do Novo Testamento. Mesmo que essas

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palavras hebraica e gregas descrevam três lugares diferentes, na maioria das vezes, são traduzidascomo inferno em certas traduções bíblicas, o que pode ser confuso aos leitores.

Primeiro, vamos considerar a palavra hebraica do Velho Testamento, Sheol .A palavra Sheol  é mencionada mais de sessenta vezes no Velho Testamento. Claramente, ela se

refere ao lugar após morte dos incrédulos. Por exemplo, quando Corá e seus seguidores se rebelaramcontra Moisés no deserto, Deus os puniu abrindo o chão que os engoliu, bem como todas as suasposses. As Escrituras dizem que eles caíram no Sheol :

Desceram vivos à sepultura [Sheol ], com tudo o que possuíam; a terra fechou-se sobre eles, epereceram, desaparecendo do meio da assembléia (Nm. 16:33, ênfase adicionada).

Mais tarde na história de Israel, Deus os avisou de que Sua ira acendeu um fogo que queima atéo Sheol :

Pois um fogo foi aceso pela minha ira, fogo que queimará até as profundezas do Sheol . Eledevorará a terra e as suas colheitas e consumirá os alicerces dos montes (Dt. 32:22, ênfase adicionada).

O rei Davi declarou:Voltem os ímpios ao pó [Sheol ], todas a nações que se esquecem de Deus (Sl. 9:17, ênfase

adicionada).E ele orou contra os ímpios dizendo:

Que a morte apanhe os meus inimigos de surpresa! Desçam eles vivos para a sepultura [ Sheol ],pois entre eles o mal acha guarida (Sl. 55:15, ênfase adicionada).

Advertindo jovens homens contra a astúcia das meretrizes, Salomão escreveu:A casa dela é um caminho que desce para a sepultura [Sheol + para as moradas da morte… Mas

eles nem imaginam que ali estão os espíritos dos mortos, que os seus convidados estão nasprofundezas da sepultura [Sheol ] (Pv.7:27; 9:18, ênfase adicionada).

Salomão escreveu outros provérbios que nos levam a crer que certamente não são os santosque acabarão no Sheol:

O caminho da vida conduz para cima quem é sensato, para que ele não desça à sepultura[Sheol ] (Pv. 15:24, ênfase adicionada).

Castigue-a, você mesmo, com a vara, e assim a livrará da sepultura [Sheol ] (Pv. 23:14, ênfaseadicionada).

Finalmente, prevendo a descrição de Jesus do inferno, Isaías falou profeticamente ao rei daBabilônia, que tinha se exaltado, mas que seria lançado no Sheol:

Nas profundezas o Sheol   está todo agitado para recebê-lo quando chegar. Por sua causa eledesperta os espíritos dos mortos, todos os governantes da terra. Ele os faz levantar-se dos seus tronos,todos os reis dos povos. Todos responderão e lhe dirão: “Você também perdeu as forças como nós, etornou-se como um de nós”. Sua soberba foi lançada na sepultura *Sheol ], junto com o som das suasliras; sua cama é de larvas, sua coberta, de vermes. Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filhoda alvorada! Como foi atirado à terra, você que derrubava as nações! Você, que dizia no seu coração:

“Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me a ssentarei no monte daassembleia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; sereicomo o Altíssimo”. Mas às profundezas do Sheol   você será levado, irá ao fundo do abismo! Os queolham para você admiram-se da sua situação, e a seu respeito ponderam: “É esse o homem que faziatremer a terra, abalava os reinos, cidades e não deixou que os seu prisioneiros voltassem para casa?”(Pv. 14:9-17, ênfase adicionada).

Essas passagens e outras como elas nos levam a crer que o Sheol sempre foi e ainda é um lugarde tormento onde os ímpios são encarcerados depois de suas mortes. E há mais provas.

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Hades

Está claro que a palavra grega do Novo Testamento, Hades, se refere ao mesmo lugar que apalavra hebraica do Velho Testamento Sheol . Como prova disso, tudo o que temos que fazer écomparar Salmos 16:10 com Atos 2:27, onde lemos:

Porque tu não me abandonarás no sepulcro [Sheol ], nem permitirás que o teu santo sofra

decomposição (Sl. 16:10, ênfase adicionada)*. Porque tu não me abandonarás no sepulcro [Hades], nem permitirás que o teu Santo sofradecomposição (At. 2:27, ênfase adicionada).

É interessante que em todos as dez vezes em que Hades é mencionado no Novo Testamento, ésempre no sentido negativo e muitas vezes como lugar de tormento, onde os maus são encarceradosapós a morte. (veja Mt. 11:23; 16:18; Lc. 10:15; 16:23; At. 2:27; 2:31; Ap. 1:18; 6:8; 20:13-14).Novamente, tudo isso indica que o Sheol/Hades foi e é um lugar após morte para os ímpios, um lugarde tormento.[1] 

Jesus Foi Para o Sheol/Hades?

Vamos considerar mais detalhadamente Salmos 16:10 e sua citação por Pedro registrada emAtos 2:27, dois versículos que indicam que o Sheol e Hades são o mesmo lugar. De acordo com osermão de Pentecoste de Pedro, Davi não falava de si mesmo em Salmos 16:10, mas falavaprofeticamente de Cristo, pois o corpo de Davi, diferentemente do corpo de Cristo, sofreudecomposição (veja At. 2:29-31). Portanto, percebemos que, na verdade, era Jesus falando com SeuPai no salmo 16:10, declarando Sua crença que Seu Pai não abandonaria Sua alma no Sheol oupermitiria que Seu corpo sofresse decomposição.

Alguns interpretam essa declaração de Jesus como prova que Sua alma foi ao Sheol/Hadesdurante os três dias entre Sua morte e ressurreição. Contudo, não é isso que está implícito. Veja

novamente o que exatamente Jesus disse ao Seu Pai:Porque tu não me abandonarás ao sepulcro [Sheol], nem permitirás que o teu santo sofra

decomposição (Sl. 16:10, ênfase adicionada)*. Jesus não estava dizendo ao Seu Pai: “Eu sei que minha alma ficará alguns dias no Sheol/Hades,

mas creio que o Senhor não Me abandonará lá”. Ele estava dizendo: “Acredito que quando morrer nãoserei tratado como o ímpios, tendo minha alma abandonada no Sheol/Hades. Não ficarei lá nem umminuto. Não! Creio que Seu plano é me ressuscitar em três dias, e não permitirá que Meu corpo sofradecomposição”. 

Com certeza, essa interpretação é garantida. Quando Jesus disse: “Nem permitirás que o teuSanto sofra decomposição”, não interpretamos que o  corpo de Jesus se decompôs progressivamente

por três dias até que fosse restaurado em Sua ressurreição. Interpretamos que Seu corpo nuncasofreu qualquer decomposição, desde a hora de Sua morte até Sua ressurreição.

Da mesma forma, Sua afirmação de que Sua alma não seria abandonada no Sheol/Hades nãoprecisa ser interpretada de forma que Ele tenha ficado no Sheol/Hades por alguns dias, mas que nãofoi abandonado lá.[2] Ela deve ser interpretada de forma que signifique que Sua alma não seria tratadacomo a alma de um injusto que seria abandonada no Sheol/Hades. Sua alma nunca passaria um sóminuto lá. Note também que Jesus disse: “Porque tu não me abandonarás  ao sepulcro”* e não“Porque tu não me abandonarás no sepulcro”. 

Onde Esteve a Alma de Jesus Durante os Três Dias?

Lembre-se que Jesus disse aos Seus discípulos que passaria três dias e três noites “no coraçãoda terra” (Mt. 12:40). Essa não parece uma referência provável ao Seu corpo ficar em uma tumba por

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três dias, já que dificilmente seria considerado que uma tumba ficasse “no coração da terra”. Jesusdevia estar falando sobre Seu espírito/alma estar dentro da terra. Portanto, podemos concluir que Seuespírito/alma não estava no céu entre Sua morte e ressurreição. Jesus afirmou isso em Suaressurreição quando disse a Maria que ainda não tinha voltado ao Seu Pai (veja Jo. 20:17).

Tenha em mente que Jesus também disse ao ladrão arrependido na cruz que estaria com elenaquele mesmo dia no paraíso (veja Lc. 23:43). Juntando todos esse fatos, sabemos que oespírito/alma de Jesus passou três dias e três noites no coração da terra. Pelo menos parte desse

tempo Ele ficou em um lugar chamado “paraíso”, que certamente não parece um sinônimo aceitávelao lugar de tormento chamado Sheol/Hades!

Tudo isso me leva a pensar que deve haver um lugar no coração da terra além do Sheol/Hades,um lugar chamado paraíso. Com certeza, essa ideia é sustentada por uma parábola que Jesus contoude duas pessoas que morrem, um justo e um injusto, Lázaro e o homem rico. Vamos lê-la:

Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e vivia no luxo todos os dias.Diante do seu portão fora deixado um mendigo chamado Lázaro, coberto de chagas; este ansiavacomer o que caía da mesa do rico. Até os cães vinham lamber suas feridas. Chegou o dia em que omendigo morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. O rico também morreu e foi sepultado.No Hades, onde estava sendo atormentado, ele olhou para cima e viu Abraão de longe, com Lázaro ao

seu lado. Então, chamou-o: “Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a pontado dedo na água e refresque a minha língua, porque estou sofrendo muito neste fogo”. Mas Abraãorespondeu: “Filho, lembre-se de que durante a sua vida você recebeu coisas boas, enquanto queLázaro recebeu coisas más. Agora, porém, ele está sendo consolado aqui e você está em sofrimento. Ealém disso, entre vocês e nós há um grande abismo, de forma que os que desejam passar do nossolado para o seu, ou do seu lado para o nosso, não conseguem” (Lc. 16:19-26, ênfase adicionada).

É claro que ambos, Lázaro e o homem rico não estavam mais em seus corpos, uma vez quemorreram, mas tinham ido para seus respectivos lugares como espíritos/almas.

Onde Estava Lázaro?

Note que o homem rico se encontrou no Hades, mas podia ver Lázaro em outro lugar  comAbraão. Aliás, a Bíblia diz que Lázaro estava ao lado de Abraão, não como referência a um lugar, mas,provavelmente, ao conforto que Lázaro recebia quando lá chegou.

Qual era a distância entre o homem rico e Lázaro depois de mortos? As Escrituras dizem que ohomem rico viu Lázaro “de longe”, e somos informados que havia “um grande abismo” entre eles.Então, a distância entre eles é uma questão de especulação. Contudo, parece lógico concluir que adistância entre eles não era tão grande quanto a distância entre o coração da terra e o céu. Casocontrário, parece que seria impossível que o homem rico fosse capaz de enxergar a Lázaro (semcontarmos a ajuda divina), e dificilmente haveria necessidade de mencionar o “grande abismo” entre

os dois lugares especificamente para prevenir que alguém atravessasse de um lugar para o outro. Alémdo mais, o homem rico chamou Abraão e ele respondeu. Isso nos leva a pensar que estavam bem pertoum do outro enquanto falavam em lados opostos do “grande abismo”. 

Tudo isso me leva a crer que Lázaro não estava no que chamamos de céu, mas em um lugarseparado dentro da terra.[3] Deve ser o paraíso do qual Jesus falou ao ladrão arrependido. Foi paraesse paraíso, no coração da terra, que os justos do Velho Testamento foram depois de suas mortes. Épara onde Lázaro foi e para onde Jesus e o ladrão arrependido foram.

Aparentemente, também é para onde o profeta Samuel foi após sua morte. Lemos em 1 Samuel28 que quando Deus permitiu que o espírito do profeta morto, Samuel, aparecesse e falasseprofeticamente a Saul, a feiticeira En-Dor descreveu Samuel como “um ser que sobe do chão” (1 Sm.

28:13, ênfase adicionada). Samuel disse a Saul: “Por que você me perturbou,  fazendo-me subir ?” (1 Sm.28:15, ênfase adicionada). Aparentemente, o espírito/alma de Samuel estava no paraíso dentro daterra.

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As Escrituras parecem sustentar o fato de que na ressurreição de Cristo, o paraíso foi esvaziadoe que os justos que morreram durante o tempo do Velho Testamento foram levados ao céu com Jesus.A Bíblia diz que quando Jesus subiu ao céu das profundezas da terra, “levou cativos muitosprisioneiros” (Ef. 4:8-9; Sl. 68:18). Acredito que esses cativos eram os que viviam no paraíso. Comcerteza, Jesus não libertou as pessoas do Sheol/Hades![4] 

Jesus Pregou aos Espíritos AprisionadosAs Escrituras também nos dizem que Jesus proclamou a um grupo de pessoas, espíritos sem

corpos, em alguma momento entre Sua morte e ressurreição. Lemos em 1 Pedro 3:Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para

conduzir-nos a Deus. Ele foi morto no corpo, mas vivificado pelo Espírito, no qual também foi e pregouaos espíritos em prisão que há muito tempo desobedeceram, quando Deus esperava pacientementenos dias de Noé, enquanto a arca era construída. Nela apenas algumas pessoas, a saber, oito, foramsalvas por meio da água (1 Pd.3:18-20).

Essa passagem das Escrituras, com certeza, levanta algumas perguntas para as quais não tenho

respostas. Por que Jesus proclamaria especificamente a algumas pessoas desobedientes que morreramdurante o dilúvio de Noé? O que Ele disse a elas?De qualquer forma, essa passagem parece sustentar o fato que Jesus não passou os três dias e

três noites inteiras entre Sua morte e ressurreição no paraíso.

Geenna

Hoje, quando os corpos do justos morrem, seus espíritos/almas vão imediatamente para o céu(veja 2 Co. 5:6-8; Fp. 1:21-23; Ts. 4:14).

Os injustos ainda vão para o Sheol/Hades, onde são atormentados e esperam a ressurreição de

seus corpos, o julgamento final, e a hora que serão lançados “no lago de fogo”, um lugar diferente eseparado do Sheol/Hades.

Esse lago de fogo é descrito por um terceira palavra que às vezes, também é traduzida inferno,a palavra grega Geenna. Essa palavra é derivada do nome de um depósito de lixo fora de Jerusalém novale de Hinnom, um vale profundo cheio de podridão que era infestado de vermes e bigatos e em umade suas partes havia fogo e fumaça perpetuamente.

Quando Jesus falou de Geenna, Ele falou de um lugar onde as pessoas seriam lançadas em seucorpos. Por exemplo, Ele disse no evangelho de Mateus:

E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte do seucorpo do que ir todo ele para o inferno [Geenna]... Não tenham medo dos que matam o corpo, mas

não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma comoo corpo no inferno [Geenna] (Mt. 5:30, 10:28, ênfase adicionada).

Geenna e Hades não podem ser o mesmo lugar, porque as Escrituras dizem que os ímpios sãomandados ao Hades como espíritos/almas sem corpos. Somente depois do reinado de mil anos deCristo quando os corpos dos incrédulos forem ressuscitados e julgados por Deus é que serão lançadosno lago de fogo, ou Geenna (veja Ap. 20:5, 11-15). Além do mais, um dia, o Hades será lançado no lagode fogo (veja Ap. 20:14); portanto, deve ser um lugar diferente do lago de fogo.

Tártaro

A quarta palavra que é traduzida várias vezes por inferno nas Escrituras é a palavragrega tártaro. Só encontrada uma vez no Novo Testamento:

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Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno [tártaro], prendendo-osem abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo (2 Pd. 2:4).

Normalmente, pensam no tártaro como uma prisão especial para certos anjos que pecaram;portanto, não é o Sheol/Hades ou Geenna. Judas também escreveu sobre anjos que foram detidos:

E, quanto aos anjos que não conservaram suas posições de autoridade, mas abandonaram suaprópria morada, ele os tem guardado em trevas, presos em correntes eternas para o juízo do grandeDia (Jd. 6).

Os Horrores do Inferno

Uma vez que uma pessoa não arrependida morre, ela não recebe mais oportunidades dearrependimento. Seu destino está selado. A Bíblia diz: “O homem está destinado a morrer uma só vez edepois disso enfrentar o juízo” (Hb. 9:27). 

O inferno é eterno, e os que lá estão confinados não têm esperança de escapar. Sobre acondenação futura dos injustos, Jesus disse: “E estes irão para o castigo eterno, mas os justos para avida eterna” (Mt. 25:46, ênfase adicionada). O castigo para os injustos no inf erno é tão eterno quanto a

vida eterna para os justos.Paulo escreveu similarmente:É justo da parte de Deus retribuir com tribulação aos que lhes causam tribulação... quando o

Senhor Jesus for revelado lá dos céus, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes.Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus.Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seupoder (2 Ts. 1:6-9, ênfase adicionada).

O inferno é um lugar de agonia indescritível, pois será um castigo eterno. Presos lá para sempre,os injustos carregarão sua culpa eterna e sofrerão a ira de Deus no fogo indistinguível.

Jesus descreveu o inferno como um lugar de “trevas”, onde haverá “choro e ranger de dentes”,e um lugar “onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga” (Mt. 22:13; Mc. 9:44). Oh,precisamos avisar as pessoas sobre esse lugar e dizer-lhes da salvação que só há em Cristo!

Uma denominação em particular ensina o conceito de purgatório, um lugar onde os crentessofrerão por um tempo para serem purgados de seus pecados e, portanto, serem feitos dignos do céu.Contudo, essa ideia não é ensinada na Bíblia.

Os Justos Após a Morte

Quando um crente morre, seu espírito vai imediatamente para o céu para estar com o Senhor.Paulo deixou esse fato bem claro quando escreveu sobre sua própria morte:

Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Caso continue vivendo no corpo, terei frutodo meu trabalho. E já não sei o que escolher! Estou pressionado dos dois lados: desejo  partir e estarcom Cristo, o que é muito melhor (Fp. 1:21-23, ênfase adicionada).

Note que Paulo disse que tinha o desejo de partir e que se partisse, estaria com Cristo. Seuespírito não entraria em um estado inconsciente, esperando pela ressurreição (como infelizmente,alguns acham).

Note também que Paulo disse que para ele, morrer seria lucro. Isso só seria verdade se fossepara o céu quando morresse.

Paulo também declarou em sua segunda carta aos coríntios que se o espírito de um crentedeixar seu corpo, ele irá “habitar com o Senhor”: 

Portanto, temos sempre confiança e sabemos que, enquanto estamos no corpo, estamos longedo Senhor... e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor (2 Co. 5:6-8).Para maior sustentação, Paulo também escreveu:

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Irmãos, não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não seentristeçam como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremostambém que Deus trará, mediante Jesus e com ele, aqueles que nele dormiram (1 Ts. 4:13-14).

Se Jesus trará do céu com Ele na Sua volta “aqueles que nele dormiram”, eles devem estar nocéu com Ele agora.

Antevisão do CéuComo é o céu? Em nossas mentes finitas nunca poderemos entender completamente as glórias

que nos aguardam lá, e a Bíblia só nos dá um relance. Para os crentes, o fato mais animador sobre océu é que veremos nosso Senhor e Salvador, Jesus, e Deus nosso Pai face a face. Viveremos na casa doPai:

Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejamonde eu estiver (Jo. 14:2-3).

Quando chegarmos ao céu, muitos mistérios que nossas mentes não podem compreender

agora serão entendidos. Paulo escreveu:Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face aface (1 Co. 13:12).

O livro de Apocalipse nos dá a melhor imagem de como é o céu. Descrito como um lugar demuitas atividades, maravilhosa beleza, variação ilimitada e alegria inexpressível, o céu não será umlugar onde as pessoas ficam sentadas em nuvens e tocam harpa o dia todo!

João, que recebeu uma visão do céu, notou primeiro o trono de Deus, o centro do universo:Imediatamente me vi tomado pelo Espírito, e diante de mim estava um trono no céu e nele

estava assentado alguém. Aquele que estava assentado era de aspecto semelhante a jaspe e sardônio.Um arco-íris, parecendo uma esmeralda, circundava o trono, ao redor do qual estavam outros vinte equatro tronos, e assentados neles havia vinte e quatro anciãos. Eles estavam vestidos de branco e nacabeça tinham coroas de ouro. Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões. Diante dele estavamacesas sete lâmpadas de fogo, que são os sete espíritos de Deus. E diante do trono havia algo parecidocom um mar de vidro, claro como cristal. No centro, ao redor do trono, havia quatro seres viventescobertos de olhos, tanto na frente como atrás. O primeiro ser parecia um leão, o segundo parecia umboi, o terceiro tinha rosto como de homem, o quarto parecia uma águia em vôo. Cada um deles tinhaseis asas e era cheio de olhos, tanto ao redor como por baixo das asas. Dia e noite repetem sem cessar:“Santo, santo, santo é o Senhor, o Deus todo-poderoso, que era, que é e que há de vir”. Toda vez queos seres viventes dão glória, honra e graças àquele que está assentado no trono e que vive para todo osempre, os vinte e quatro anciãos se prostram diante daquele que está assentado no trono e adoramaquele que vive para todo o sempre. Eles lançam as suas coroas diante do trono, e dizem: “Tu, Senhor,

e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tuavontade elas existem e foram criadas (Ap. 4:2-11).

João fez o melhor possível para descrever em termos terrenos o que dificilmente pode sercomparado a qualquer coisa na terra. Obviamente, não compreenderemos tudo o que ele viu até quevejamos também. Mas, com certeza, a leitura é inspiradora.

As passagens mais inspiradoras sobre o céu são encontradas em Apocalipse 21 e 22, onde Joãodescreveu a nova Jerusalém, que no momento está no céu, mas que descerá à terra depois do reinadomilenar de Cristo:

Ele me levou no Espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém,que descia dos céus, da parte de Deus. Ela resplandecia com a glória de Deus, e o seu brilho era como o

de uma joia muito preciosa, como jaspe, clara como cristal. Tinha um grande e alto muro com dozeportas e doze anjos junto às portas... O anjo que falava comigo tinha como medida uma vara feita deouro, para medir a cidade, suas portas e seu muros. A cidade era quadrangular, de comprimento e

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largura iguais. Ele mediu a cidade com a vara; tinha dois mil e duzentos quilômetros de comprimento; alargura e a altura eram iguais ao comprimento... O muro era feito de jaspe e a cidade era de ouro puro,semelhante ao vidro puro... As doze portas eram doze pérolas, cada porta feita de uma única pérola. Arua principal da cidade era de outro puro, como vidro transparente. Não vi templo algum na cidade,pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo. A cidade não precisa de sol nem delua para brilharem sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua candeia... Então oanjo me mostrou o rio da água da vida que, claro como cristal, fluía do trono de Deus e do Cordeiro, no

meio da rua principal da cidade. De cada lado do rio estava a árvore da vida, que frutifica doze vezespor ano, uma por mês. As folhas da árvore servem para a cura das nações. Já não haverá maldiçãonenhuma. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o servirão. Eles verão a suaface, e o seu nome estará em sua testas. Não haverá mais noite. Eles não precisarão de luz de candeia,nem da luz do sol, pois o Senhor Deus os iluminará; e eles reinarão para todo o sempre (Ap. 21:10-22:5)

Todos os seguidores de Jesus podem esperar ansiosos por todas essas maravilhas, desde quecontinuem na fé. Sem dúvida passaremos nossos primeiros dias no céu dizendo um para o outro: “Ah!Então era isso que João tentou descrever no livro de Apocalipse”! 

* Nota do tradutor: versículo traduzido diretamente do inglês; também em todo o capítulo.[1] Alguns tentam fazer caso de algumas passagens, como Gênesis 37:35, Jó 14:13, Salmos

89:48, Eclesiastes 9:10 e Isaías 38:9-10, dizendo que o Sheol também era o lugar para onde os santosiam após suas mortes. A prova bíblica para essa ideia não é muito convincente. Se o Sheol era o lugarpara onde ambos fossem após a morte, então, ele deve ter dois compartimentos separados: o infernoe o paraíso, o que é normalmente dito pelos que aderiram a essa ideia.

* Nota do tradutor: versículo traduzido diretamente do inglês; também em todo o capítulo.[2] Os que aderem a essa interpretação devem aderir a outras duas teorias. Uma delas é que

Sheol/Hades era o nome para um lugar após morte para os santos e os incrédulos que era dividido emdois compartimentos: o lugar de tormento e o paraíso, para onde Jesus foi. A outra teoria é que Jesusaguentou os tormentos dos perdidos por três dias e três noites no fogo do Sheol/Hades enquantosofria a sentença dos pecados como nosso substituto. Ambas essas teorias são difíceis de provaratravés das Escrituras, e nenhuma é necessária se Jesus nunca passou tempo algum no Sheol/Hades. Éisso que Sua declaração significa. A respeito da segunda teoria, Jesus não sofreu os tormentos dosperdidos por três dias e três noites entre Sua morte e ressurreição, pois nossa redenção foi compradaatravés de Seu sofrimento na cruz (veja Cl. 1:22), não por Seu sofrimento no Sheol/Hades.

* Nota do tradutor: versículo traduzido diretamente do inglês; também em todo o capítulo.[3] Note também que ambos, Lázaro e o homem rico, mesmo separados de seus corpos,

estavam conscientes e tinham todas a faculdades como visão, tato e audição. Podiam sentir dor econforto e lembrar experiências passadas. Isso prova que a teoria de “alma dormente”, a ideia de quepessoas ficam em um estado inconsciente quando morrem, esperando recuperar a consciência naressurreição de seus corpos, é falsa.

[4] Alguns acham, e talvez com razão, que os cativos mencionados em Efésios 4:8-9 somostodos nós que éramos prisioneiros do pecado, agora libertos através da ressurreição de Cristo.

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Capítulo Vinte e Oito

O Plano Eterno de Deus

Por que Deus nos criou? Ele tinha algum objetivo em mente desde o começo? Não sabia quetodos se rebelariam contra Ele? Não previu as consequências de nossa rebelião e todo o sofrimento etristeza que a humanidade tem enfrentado desde então? Por que, então Ele criou as pessoas?

A Bíblia responde essas perguntas para nós. Ela diz que mesmo antes de ter criado Adão e Eva,Ele sabia que eles, e todos depois deles, pecariam. Incrivelmente, Ele já tinha um plano para redimir ahumanidade através de Jesus. Paulo escreveu sobre isso:

Deus, que nos salvou e nos chamou com uma santa vocação, não em virtude das nossas, obrasmas por causa da sua própria determinação e graça. Esta graça nos foi dada em Cristo Jesus desde ostempos eternos (2 Tm. 1:8b-9, ênfase adicionada).

A graça de Deus nos foi dada em Cristo desde a eternidade e não somente por  toda aeternidade. Isso indica que Deus tinha planejado a morte sacrificial de Jesus eras atrás.

Paulo escreveu similarmente em sua carta aos efésios:De acordo com o seu eterno plano  que ele realizou em Cristo Jesus, nosso Senhor (Ef. 3:11,

ênfase adicionada).A morte de Jesus na cruz não foi uma ideia tardia, um plano elaborado rapidamente para

consertar o que Deus não tinha previsto.Deus não só tinha um propósito eterno em nos dar Sua graça desde a eternidade, mas também

tinha previsto desde a eternidade passada quem escolheria receber Sua graça, e até escreveu seusnomes em um livro:

Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não tiveram seusnomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo (Ap. 13:8, ênfaseadicionada).

A queda de Adão não pegou Deus de surpresa. Nem a sua ou a minha. Deus sabia que

pecaríamos, e também sabia que nos arrependeríamos e acreditaríamos no Senhor Jesus.

A Próxima Pergunta

Se Deus sabia que alguns creriam em Jesus e outros O rejeitariam, por que criou pessoas que,de antemão, sabia que O rejeitariam? Por que não, simplesmente, criar pessoas que sabia que searrependeriam e creriam em Jesus?

A resposta para essa pergunta é um pouco mais difícil de entender, mas não impossível.Primeiro, precisamos entender que Deus nos criou com o livre arbítrio. Isto é, todos temos o privilégiode decidir sozinhos se serviremos ou não a Deus. Nossas decisões de obedecer ou desobedecer, searrepender ou não, não são pré-determinadas por Deus. São escolhas nossas.

Portanto, todos nós devemos ser testados. É claro que Deus já sabia o que faríamos, mastínhamos que fazer algo em algum momento para que Ele previsse.

Por exemplo, Deus sabe o resultado de todos os jogos de futebol antes que sejam jogados, masdevem acontecer jogos de futebol para que Ele saiba qual será o resultado. Deus não pode prever oresultado de jogos de futebol que nunca serão jogados, pois não haveria resultados para prever.

Da mesma forma, Deus só pode prever decisões de agentes morais livres se estes receberem aoportunidade de fazer decisões e as fizerem. Eles devem ser testados. E é por isso que Deus não criou,e não pode criar, somente pessoas que saiba que irão se arrepender e crer em Jesus.

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Outra Pergunta

Também podemos perguntar: “Se tudo o que Deus quer é pessoas obedientes, por que Ele noscriou com livre arbítrio? Por que não criou um raça de robôs eternamente obedientes?

A resposta é porque Deus é um Pai. Ele quer ter um relacionamento de pai e filho conosco, enão há esse relacionamento com robôs. O desejo de Deus é ter um família eterna de filhos que tenham

escolhido a amá-Lo por conta própria. De acordo com as Escrituras, este era Seu planopredeterminado:Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo,

conforme o bom propósito da sua vontade (Ef. 1:5, ênfase adicionada).Se quiser ter uma ideia de como Deus se alegraria com robôs, coloque um fantoche em sua mão

e faça com que ele diga que te ama. Com certeza, você não sentirá aquela coisa boa no coração! Ofantoche só está falando o que você fez que ele falasse. Ele não te ama de verdade.

O que faz o amor tão especial é que ele é baseado na escolha de alguém com o livre arbítrio.Fantoches e robôs nada sabem sobre amor porque não podem fazer decisões sozinhos.

Porque Deus queria um família de filhos que escolhessem amá-Lo e servi-Lo de coração,

Ele teve  que criar agentes morais livres; e para essa decisão, teve que correr o risco de que algunsagentes morais livres escolhessem não amá-Lo ou servi-Lo. E esses agentes, depois de uma vida inteiraresistindo a Deus (que Se revela e atrai todas as pessoas através de Sua criação, de suas consciências eda proclamação do evangelho) teriam que encarar seus castigos por direito, tendo provado que sãodignos da ira de Deus.

Nenhuma pessoa no inferno pode apontar um dedo acusador contra Deus, porque Eleprovidenciou uma forma de cada pessoa escapar do castigo de seus pecados. Deus deseja que todossejam salvos (veja 1 Tm. 2:4; 2 Pd. 3:9), mas cada um deve decidir sozinho.

Predestinação Bíblica

Mas e aquelas passagens do Novo Testamento que falam sobre Deus ter nos predestinado,escolhendo-nos antes da fundação do mundo?

Infelizmente, alguns acham que Deus escolheu especificamente alguns para serem salvos e oresto para ser condenado, sem basear Sua decisão nas coisas que esses indivíduos fizeram; isto é,supostamente, Deus escolheu quem seria salvo e quem seria condenado. Obviamente, essa ideiaelimina o conceito de livre arbítrio e com certeza não é ensinado nas Escrituras. Vamos considerar oque a Bíblia ensina sobre a predestinação.

Realmente, as Escrituras ensinam que Deus nos escolheu, mas esse fato deve ser estudado.Deus escolheu desde a fundação do mundo redimir as pessoas que já sabia que iriam se arrepender e

crer no evangelho debaixo da influência do Seu chamado, mas por conta própria. Leia o que o apóstoloPaulo diz sobre as pessoas que Deus escolhe:

Deus não rejeitou o seu povo, o qual de antemão conheceu. Ou vocês não sabem como Eliasclamou a Deus contra Israel, conforme diz a Escritura? “Senhor, mataram os teus profetas ederrubaram os teu altares; sou o único que sobrou, e agora estão procurando matar-me.” E qual foi aresposta divina? “Reservei para mim sete mil homens que não dobraram os joelhos diante deBaal.”  Assim, hoje também há um remanescente escolhido pela graça (Rm. 11:2-5, ênfase adicionada).

Note que Deus disse a Elias: “reservei para mim sete mil homens”, mas esses sete mil homensfizeram  primeiro a escolha de não dobrar “os joelhos diante de Baal”. Paulo disse que da mesma

 forma, havia um remanescente de judeus crentes escolhidos pela graça. Então, podemos dizer que sim,

Deus nos escolheu, mas escolheu os que primeiro fizeram a escolha certa sozinhos. Deus escolheusalvar todos os que acreditam em Jesus, e esse era Seu plano mesmo antes da criação.

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O Pré-Conhecimento de Deus

As Escrituras também ensinam que Deus também conhecia  todos os que escolheriam fazer adecisão correta. Por exemplo, Pedro escreveu:

Aos eleitos de Deus, peregrinos… escolhidos de acordo com o pré-conhecimento de Deus Pai  (1Pd. 1:1-2a, ênfase adicionada).

Somos escolhidos de acordo com o pré-conhecimento de Deus. Paulo também escreveu sobreos eleitos pré-conhecidos:Pois aqueles que de antemão conheceu [nós], também os predestinou para serem conformes à

imagem de seu Filho, a fim de que ele [Jesus] seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos quepredestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, tambémglorificou (Rm. 8:29-30).

Deus pré-conhecia todos nós, os que escolheriam acreditar em Jesus, e predestinou que nostornaríamos conforme a imagem de Seu Filho, nos tornando filhos regenerados dEle em Sua grandefamília. Mantendo Seu plano eterno, nos chamou através do evangelho, nos justificou (nos fez justos) eno fim nos glorificará em Seu futuro reino.

Paulo escreveu em outra carta:Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas asbênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Porque Deus nos escolheu nele antes da criação domundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermosadotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para olouvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado (Ef. 1:3-6, ênfase adicionada).

A mesma verdade é apresentada aqui — Deus nos predestinou (os que pré-conhecia que iriamse arrepender e crer) antes da fundação do mundo para se tornarem Seus santos filhos através deJesus Cristo.

Como já mencionei, alguns torcem o significado de passagens assim quando ignoram todas asoutras coisas que a Bíblia ensina, dizendo que não temos escolha sobre nossa salvação — supostamente, a escolha foi toda de Deus. Eles chamam isso de doutrina da “eleição incondicional”.Mas quem já ouviu de tal coisa como “eleição incondicional”, isto é, uma eleição que não estejabaseada em condições? Em países livres, elegemos candidatos políticos baseando-nos nas condiçõesque eles preenchem em nossas mentes. Escolhemos cônjuges baseando-nos nas condições quepreenchem, características que possuem que os tornam desejáveis. Mesmo assim, alguns teólogosquerem que acreditemos que a suposta escolha de Deus de quem será salvo e quem não será, é por“eleição incondicional”, não baseada em condições! Portanto, a salvação de indivíduos é por   purasorte; caprichos de um monstro cruel, injusto, hipócrita e irracional chamado Deus! A própria frase“eleição incondicional” se contradiz, já que a palavra  eleição implica condição. Se for uma “eleiçãoincondicional”, não é eleição; é somente sorte. 

O Grande Quadro

Agora vemos o grande quadro. Deus sabia que todos pecaríamos, mas fez um plano, antes dequalquer um de nós nascer, para nos redimir. Esse plano revelaria Seu maravilhoso amor e justiça, jáque iria requerer que Seu Filho, sem pecado, morresse como substituto pelos nossos pecados. E Deusnão somente predestinou que nós, que nos arrependemos e cremos, fôssemos perdoados, comotambém que nos tornássemos como Seu Filho Jesus, como Paulo disse: “Não sou eu quem vive, masCristo vive em mim” (Gl. 2:20). 

Nós, que somos renascidos filhos de Deus, receberemos, um dia, corpos incorruptíveis eviveremos em uma sociedade perfeita, servindo, amando e tendo comunhão com nosso maravilhosoPai celestial! Viveremos em uma nova terra e na Nova Jerusalém. Tudo isso será possível por causa damorte sacrificial de Jesus! Glória a Deus por Seu plano predeterminado!

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A Vida Presente

Uma vez que entendemos o plano eterno de Deus, podemos compreender melhor sobre o queé a vida presente. Primeiramente, esta vida serve como um teste para cada pessoa. A escolha de cadapessoa determina se ela aproveitará o privilégio de ser um dos próprios filhos de Deus que viverão comEle pela eternidade. Aqueles que se humilham e cedem ao chamado de Deus, se arrependendo e

crendo, serão exaltados (veja Lc. 18:14). Essa vida é, primeiramente, um teste para a vida futura.  Isso também nos ajuda a entender alguns mistérios que rodeiam esta vida presente. Porexemplo, muitos se perguntam: “Por que é permitido que Satanás e seus demônios tentem aspessoas?” ou: “Quando Satanás foi lançado do céu, por que foi permitido que tivesse acesso à terra?” 

Agora podemos ver que até Satanás serve para um propósito divino no plano de Deus.Primeiramente, Satanás serve como a opção alternativa para a humanidade. Se a única escolha fosseservir a Jesus, todos O serviriam; querendo ou não.

Seria parecido com uma eleição em que todos devessem votar, mas só houvesse um candidato.Esse candidato seria eleito por unanimidade, mas nunca teria confiança de que seus eleitores o amamou mesmo gostem dele! Eles não tiveram escolha, a não ser votar nele! Deus estaria em uma situação

parecida se não houvesse alguém competindo com Ele pelos corações das pessoas.Considere deste ângulo: e se Deus tivesse colocado Adão e Eva em um jardim no qual nadafosse proibido? Então, Adão e Eva seriam robôs por causa do ambiente em que estavam. Eles nãopoderiam dizer: “Escolhemos obedecer a Deus”, porque não teriam oportunidade de desobedecê-Lo.

Mais importante ainda, Deus não poderia dizer: “Sei que Adão e Eva Me amam”, porque elesnão teriam oportunidade de obedecer para provar seu amor por Deus. Deus deve dar a agentes moraislivres a oportunidade de desobedecerem para que Ele determine se querem obedecê-Lo. Deus não tentaas pessoas (veja Tg. 1:13), mas testa a todos (veja Sl. 11:5; Pv. 17:3). Uma maneira que Ele os testa épermitindo que sejam tentados por Satanás, que então, serve a um propósito divino em Seu planoeterno.

Um Exemplo Perfeito

Lemos em Deuteronômio 13:1-3:Se aparecer entre vocês um profeta ou alguém que faz predições por meio de sonhos e lhes

anunciar um sinal miraculoso ou um prodígio, e se o sinal ou prodígio de que ele falou acontecer, e eledisser: “Vamos seguir os outros deuses que vocês não conhecem e   vamos adorá-los”, não deemouvidos às palavras daquele profeta ou sonhador. O Senhor, o seu Deus, está pondo vocês à prova paraver se o amam de todo o coração e de toda a alma (ênfase adicionada).

Parece lógico concluir que, se não foi Deus quem deu ao falso profeta a habilidade sobrenatural

de fazer sinais ou maravilhas —  deve ter sido Satanás. Mesmo assim, Deus lhe autorizou e usou atentação de Satanás como Seu próprio teste para descobrir o que estava no coração de Seu povo.

Esse mesmo princípio também está ilustrado em Juízes 2:21-3:8 quando Deus permitiu queIsrael fosse tentado pelas nações vizinhas para determinar se o povo O obedeceria ou não. Jesustambém foi levado pelo Espírito ao deserto com o propósito de ser tentado por Satanás (veja Mt. 4:1)e, portanto, testado por Deus. Precisava ser provado que Ele não tinha pecados, e a única maneiradisso acontecer foi através das tentações.

Satanás Não Merece Toda a Culpa

Satanás já enganou muitas pessoas no mundo, cegando suas mentes à verdade do evangelho,mas devemos perceber que Satanás não pode cegar a todos. Ele só pode enganar os que se permitemser enganados, as pessoas que rejeitam a verdade.

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Paulo declarou que os incrédulos são “obscurecidos no entendimento” (Ef. 4:18) e ignorantes,mas também revelou o motivo principal do entendimento obscurecido e ignorância deles:

Não vivam mais como os gentios, que vivem na inutilidade dos seus pensamentos. Eles estãoobscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em queestão, devido ao endurecimento do seu coração. Tendo perdido toda a sensibilidade, eles seentregaram à depravação, cometendo com avidez toda espécie de impureza (Ef. 4:17b-19, ênfaseadicionada).

Os incrédulos não são somente pessoas infelizes que foram tristemente enganadas por Satanás.Pelo contrário, são pecadores rebeldes que são ignorantes por vontade própria e que queremcontinuar sendo enganados por causa de seus corações endurecidos. Ninguém precisa continuar sendoenganado, como a sua própria vida prova! Uma vez que tenha amaciado seu coração a respeito deDeus, Satanás não pode continuar te enganando.

Finalmente, Satanás será preso durante o reinado milenar de Cristo, e então não terá maisinfluência sobre as pessoas:

Ele [um anjo] prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo, Satanás, e o acorrentou pormil anos; lançou-o no Abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo de enganar asnações, até que terminassem os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco

de tempo (Ap. 20:2-3).Note que antes do aprisionamento de Satanás, ele terá enganado as nações, mas quando for

acorrentado não poderá mais enganá-las. Contudo, uma vez que for solto, voltará a enganar as naçõesnovamente:

Quando terminarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá para enganar asnações que estão nos quatro cantos da terra... a fim de reuni-las para a batalha... As naçõesmarcharam por toda a superfície da terra e cercaram o acampamento dos santos, a cidade amada; masum fogo desceu do céu e as devorou (Ap. 20:7-9, ênfase adicionada).

Por que Deus soltará Satanás por esse curto período de tempo? Para que todos os que odeiama Cristo em seus corações, mas que fingiram obediência a Ele durante Seu reinado, sejam manifestos.

Então, poderão ser julgados corretamente. Esse será o teste final.Pelo mesmo motivo, é permitido que Satanás opere na terra agora — para que os que odeiam a

Cristo em seus corações sejam manifestos e julgados. Uma vez que Satanás não sirva mais para cumpriros propósitos divinos de Deus, ele será lançado no lago de fogo para ser atormentado para sempre(veja Ap. 20:10).

Preparando Para o Mundo Futuro

Se você se arrependeu e creu no evangelho, passou no primeiro e mais importante teste destavida. Contudo, não pense que não continuará sendo testado para que Deus determine sua contínua

devoção e fidelidade a Ele. Somente os que continuam “alicerçados e firmes na fé” serão apresentadosa Deus como “santos, inculpáveis e livres” (veja Cl. 1:22-23).

Além disso, as Escrituras deixam claro que, um dia, todos compareceremos diante do trono de julgamento de Deus, e seremos recompensados individualmente de acordo com nossa obediência naterra. Portanto, ainda estamos sendo testados para determinar o quanto somos dignos derecompensas especiais futuras no Reino de Deus. Paulo escreveu:

Portanto, você, por que julga seu irmão? E por que despreza seu irmão? Pois todoscompareceremos diante do tribunal de Deus. Porque está escrito: “‘Por mim mesmo jurei’, diz oSenhor, ‘diante de mim todo joelho se dobrará e toda língua confessará que sou Deus’”. Assim, cadaum de nós prestará contas de si mesmo a Deus (Rm. 14:10-12, ênfase adicionada).

Pois todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba deacordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas quer sejam más (2. Co. 5:10).

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Portanto, não julguem nada antes da hora devida; esperem até que o Senhor venha. Ele trará àluz o que está oculto nas trevas e manifestará as intenções dos corações. Nessa ocasião, cada umreceberá de Deus a sua aprovação (1 Co. 4:5, ênfase adicionada).

Quais Serão as Recompensas?

Quais, exatamente, serão as recompensas dadas aos que provam seu amor e devoção a Jesus?As Escrituras falam de pelo menos duas recompensas diferentes — a aprovação de Deus e maisoportunidades de servi-lo. Ambas são reveladas na parábola de Jesus sobre o homem nobre:

Um homem de nobre nascimento foi para uma terra distante para ser coroado rei e depoisvoltar. Então, chamou dez dos seus servos e lhes deu dez minas. Disse ele: “Façam esse dinheiro renderaté a minha volta”. Mas os seus súditos o odiavam e por isso enviaram uma delegação para lhe dizer:“Não queremos que este homem seja nosso rei”. Contudo, ele foi coroado e voltou. Então mandouchamar os servos a quem dera o dinheiro, a fim de saber quanto tinham lucrado. O primeiro veio edisse: “Senhor, a tua mina rendeu outras dez”. “Muito bem, meu bom servo!”, respondeu o seusenhor. “Por ter sido confiável no pouco, governe sobre dez cidades”. O segundo veio e disse: “Senhor,

a tua mina rendeu cinco vezes mais”. O seu senhor respondeu: “Também você, encarregue-se de cincocidades”. Então veio outro servo e disse: “Senhor, aqui está a tua mina; eu a conservei guar dada numpedaço de pano. Tive medo, porque és um homem severo. Tiras o que não puseste e colhes o que nãosemeaste”. O seu senhor respondeu: “Eu o julgarei pelas suas próprias palavras, servo mal! Você sabiaque sou homem severo, que tiro o que não pus e colho o que não semeei. Então, por que não confiouo meu dinheiro ao banco? Assim, quando eu voltasse o receberia com os juros”. E disse aos queestavam ali: “Tomem dele a sua mina e deem-na ao que tem dez”. “Senhor”, disseram, “ele já temdez!” Ele respondeu: “Eu lhes digo que a quem tem, mais será dado, mas a quem não tem, até o quetiver lhe será tirado. E aqueles inimigos meus, que não queriam que eu reinasse sobre eles, tragam-nosaqui e matem-nos na minha frente!” (Lc. 19:12-27).

Obviamente, Jesus é o homem nobre que não estava presente, mas que eventualmenteretorna. Quando Jesus voltar, teremos que dar contas a Ele do que fizemos com os dons, habilidades,ministérios e oportunidades que Ele nos deu, representados pelas minas dadas a cada servo naparábola. Se formos fiéis, seremos recompensados por Ele com louvor e autoridade para ajudá-lo areinar sobre a terra (veja 2 Tm. 2:12; Ap. 2:26-27; 5:10; 20:6), que é representado pelas cidades quecada servo fiel foi autorizado a governar na parábola.

A Justiça de Nosso Futuro Julgamento

Outra parábola que Jesus contou ilustra a perfeita justiça de nosso julgamento futuro:

Pois o Reino dos céus é como um proprietário que saiu de manhã cedo para contratartrabalhadores para a sua vinha. Ele combinou pagar-lhes um denário pelo dia e mandou-os para a suavinha. Por volta das nove horas da manhã, ele saiu e viu outros que estavam desocupados na praça, elhes disse: “Vão também trabalhar na vinha, e eu lhes pagarei o que for justo”. E eles foram. Saindooutra vez, por volta do meio-dia e das três horas da tarde, fez a mesma coisa. Saindo por volta dascinco horas da tarde, encontrou ainda outros que estavam desocupados e lhes perguntou: “Por quevocês estiveram aqui desocupados o dia todo?” “Porque ninguém nos contratou”, responderam eles.Ele lhes disse: “Vão vocês também trabalhar na vinha”. Ao cair da tarde, o dono disse a seuadministrador: “Chame os trabalhadores e pague-lhes o salário, começando com os últimoscontratados e terminando nos primeiros”. Vieram os trabalhadores contratados por volta das cinco

horas da tarde, e cada um recebeu um denário. Quando vieram os que tinham sido contratadosprimeiro, esperavam receber mais. Mas cada um deles também recebeu um denário. Quando oreceberam, começaram a se queixar do proprietário da vinha, dizendo-lhe: “Estes homens contratadospor último trabalharam apenas uma hora, e o senhor os igualou a nós, que suportamos o peso do

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trabalho e o calor do dia”. Mas ele respondeu a um deles: “Amigo, não estou sendo injusto com você.Você não concordou em trabalhar por um denário? Receba o que é seu e vá. Eu quero dar ao que foicontratado por último o mesmo que lhe dei. Não tenho o direito de fazer o que quero com o meudinheiro? Ou você está com inveja porque sou generoso?” Assim, os últimos serão primeiros, e osprimeiros serão últimos (Mt. 20:1-16).

Nessa parábola, Jesus não estava dizendo que todos os servos de Deus receberão a mesmarecompensa no fim, já que isso não só seria injusto, mas também contradiria muitas outras passagens

(veja, por exemplo Lc. 19:12-27; 1 Co. 3:8).Jesus estava ensinando que Deus recompensará cada um de seus servos baseando-se, não só

no que fizeram por Ele, mas em quanta oportunidade Ele lhes deu. Na parábola de Cristo, os quetrabalharam somente por uma hora teriam trabalhado o dia inteiro se o proprietário lhes tivesse dadooportunidade. Portanto, aqueles que fizeram o máximo em sua oportunidade de uma hora foramrecompensados da mesma forma que os que receberam a oportunidade de trabalhar o dia inteiro.

Da mesma forma, Deus dá oportunidades diferentes a cada um de Seus servos. Para alguns Eledá grandes oportunidades de servir e abençoar milhares de pessoas usando os maravilhosos dons queEle lhes concede. Para outros Ele dá menos oportunidades e dons, mesmo assim, podem receber amesma recompensa no fim se forem igualmente fiéis ao que Ele lhes tem dado.[1] 

A Conclusão

Não há nada mais importante que obedecer a Deus, e um dia todos saberão disso. Os sábios jásabem e agem de acordo!

Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e obedeça aos seusmandamentos, porque isso é o essencial para o homem. Pois Deus trará a julgamento tudo o que foifeito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mal (Ec. 12:13-14).

O ministro discipulador obedece a Deus de todo o coração e faz todo o possível para motivarseus discípulos a fazerem o mesmo!

Para maiores estudos a respeito desse importante tópico de nosso futuro julgamento, veja Mt.6:1-6, 16-18; 10:41-42; 12:36-37; 19:28-29; 25:14-30; Lc. 12:2-3; 14:12-14; 16:10-13; 1 Co. 3:5-15; 2Tm. 2:12; 1 Pd. 1:17; Ap. 2:26-27; 5:10; 20:6.

[1] Essa parábola também não ensina que todos os que se arrependem na juventude etrabalham fielmente por muitos anos serão recompensados da mesma forma que os que searrependeram no último ano de suas vidas e serviram a Deus fielmente somente por um ano. Isso seriainjusto, e não seria baseado na oportunidade que Deus deu a cada um, já que Deus deu a cada um a

oportunidade de se arrepender durante toda a vida. Portanto, os que trabalham por mais temporeceberão mais recompensas do que os que trabalharam por menos tempo.

Capítulo Vinte e Nove

O Arrebatamento e o Fim dos Tempos

Quando Jesus andou sobre a terra em forma humana, disse claramente aos Seus discípulos quepartiria e, então voltaria para buscá-los um dia. Quando voltasse, os levaria para o céu com Ele (o que

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os cristãos modernos chamam de “arrebatamento”). Por exemplo, na noite antes de Sua crucificação,Jesus disse aos Seus onze fiéis apóstolos:

Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa demeu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eufor e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver (Jo.14:1-2, ênfase adicionada).

Está claramente implicado nas palavras de Jesus que Sua volta poderia acontecer durante a vida

dos onze. Aliás, depois de ouvir o que Jesus disse, eles simplesmente teriam assumido que Eleretornaria durante a vida deles.

Jesus também advertiu Seus discípulos a estarem prontos para Sua volta, novamenteimplicando a possibilidade de Sua volta durante o tempo de vida deles (veja, por exemplo, Mt. 24:42-44).

A Volta Iminente de Jesus nas Epístolas

Os apóstolos que escreveram as cartas do Novo Testamento certamente afirmavam sua crença

em que Jesus poderia voltar durante o tempo de vida de seus leitores do primeiro século. Por exemplo,Tiago escreveu:Portanto, irmãos, sejam pacientes até a vinda do Senhor. Vejam como o agricultor aguarda que

a terra produza a preciosa colheita e como espera com paciência até virem as chuvas do outono e daprimavera. Sejam também pacientes e fortaleçam o seu coração, pois a vinda do Senhor está

 próxima (Tg. 5:7-8, ênfase adicionada).Não haveria necessidade de Tiago ter exortado seus leitores a serem pacientes pelo que não

poderia acontecer durante suas vidas. Contudo, ele cria que a vinda do Senhor estava próxima.Contextualmente, Tiago escreveu em um tempo em que a Igreja estava sofrendo perseguição (veja Tg.1:2-4), um tempo em que os crentes, naturalmente, ansiavam pela volta do seu Senhor.

Similarmente, Paulo também acreditava que Jesus poderia voltar durante a vida de muitos dosseus contemporâneos:

Irmãos, não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não seentristeçam como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremostambém que Deus trará, mediante Jesus e com ele, aqueles que nele dormiram. Dizemos a vocês, pelapalavra do Senhor, que nós, os que estivermos vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor ,certamente não precederemos os que dormem. Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoarda trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarãoprimeiro. Depois nós, os que estivermos vivos seremos arrebatados com eles nas nuvens, para oencontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre. Consolem-se uns aosoutros com essas palavras (1 Ts. 4:13-18, ênfase adicionada).[1] 

Dessa passagem, também aprendemos que quando Jesus voltar do céu, os corpos dos cristãosmortos serão ressuscitados e, juntamente com os crentes que estiverem vivos na Sua volta, serão“arrebatados... para o encontro com o Senhor nos ares” (o arrebatamento). Porque Paulo tambémdisse que Jesus traria com Ele, dos céus, os que “nele dormiram”, só podemos concluir que noarrebatamento, os espíritos dos cristãos celestiais serão unidos aos seu corpos recém ressuscitados.

Pedro também acreditava que a vinda de Cristo era iminente quando escreveu sua primeiraepístola:

Portanto, estejam com a mente preparada, prontos para agir; estejam alertas e coloquem todaa esperança na graça que lhes será dada quando Jesus Cristo for revelado... O fim de todas as coisasestá próximo. Portanto, sejam criteriosos e estejam alertas; dediquem-se à oração... Mas alegrem-se à

medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada,vocês exultem com grande alegria (1 Pd. 1:13, 4:7, 13, ênfase adicionada).[2] 

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Finalmente, quando João escreveu sua carta às igrejas, ele também cria que o fim estavapróximo e que os leitores de seus dias poderiam ver a volta de Jesus:

Filhinhos, esta é a última hora e, assim como vocês ouviram que o anticristo está vindo, já agoramuitos anticristos têm surgido. Por isso sabemos que esta é a última hora... Filhinhos, agorapermaneçam nele para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamosenvergonhados diante dele na sua vinda... Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não semanifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes

a ele, pois o veremos como ele é. Todo aquele que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo,assim como ele é puro (1 Jo. 2:18, 28; 3:2-3, ênfase adicionada).

Seu Atraso

Olhando para os últimos 2000 anos, percebemos que Jesus não voltou tão cedo quanto osapóstolos esperavam. Mesmo nos dias deles, haviam os que estavam começando a achar queJesus nunca  voltaria, vendo o quanto já tinha passado desde Sua partida. Quando a vida terrena dePedro chegava ao fim, por exemplo (veja 2 Pd. 1:13-14), Jesus ainda não havia voltado e então, Pedro

se dirigiu aos que tinham pensamentos duvidosos em sua última carta:Antes de tudo saibam que, nos últimos dias, surgirão escarnecedores zombando e seguindosuas próprias paixões. Eles dirão: “O que houve com a promessa da sua vinda: Desde que osantepassados morreram, tudo continua como desde o princípio da criação”. Mas eles deliberadamentese esquecem de que há muito tempo, pela palavra de Deus, existem céus e terra, esta formada da águae pela água. E pela água o mundo daquele tempo foi submerso e destruído. Pela mesma palavra oscéus e a terra que agora existem estão reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e para adestruição dos ímpios. Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e milanos como um dia. O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Aocontrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem aoarrependimento. O dia do Senhor, porém virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grandeestrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada (2Pd. 3:3-10).

Pedro afirmou que a demora de Jesus foi por causa de Seu amor e misericórdia — Ele quer darmais tempo para que as pessoas se arrependam. Mas também afirmou que não havia dúvida de queEle voltaria. E quando voltar, virá com grande ira.

Como veremos, as Escrituras deixam bem claro que a volta cheia de ira de Cristo será precedidade anos de tribulação mundial, como nunca antes houve, e o despejo da ira de Deus sobre osperversos. A maior parte do livro de Apocalipse fala sobre esse tempo futuro. Como veremos maisadiante em nosso estudo, as Escrituras indicam que haverá sete anos de tribulação futura. Não hádúvida de que o arrebatamento acontecerá durante ou perto desses sete anos.

Quando Exatamente Acontecerá o arrebatamento?

A questão que muitas vezes divide cristãos é o tempo exato do arrebatamento. Alguns dizemque o arrebatamento acontecerá um pouco antes dos sete anos de tribulação e, portanto, podeacontecer a qualquer hora. Outros dizem que acontecerá exatamente no meio dos sete anos detribulação; outros, que acontecerá algum tempo depois da metade dos sete anos; e ainda outros, queo arrebatamento acontecerá na volta de Cristo, no fim da tribulação.

Com certeza, não vale a pena nos dividir por causa desse assunto, e todos os quatro lados

devem lembrar que todos concordam que o arrebatamento acontecerá durante ou em um futuro bempróximo aos sete anos. Essa é um janela bem estreita entre milhares de anos de história. Então, aoinvés de nos dividirmos por causa de nossos desentendimentos, vamos nos alegrar no queconcordamos! Além do mais, o que cada um acredita não mudará o que irá acontecer.

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Isso sendo dito, devo dizer-lhes que pelos primeiros vinte e cinco anos de minha vida cristã,acreditei que o arrebatamento aconteceria antes dos sete anos de tribulação. Cria nisso porque foi oque me ensinaram, e também não queria rever tudo o que tinha lido no livro de Apocalipse! Contudo,enquanto estudava as Escrituras sozinho, comecei a adotar uma visão diferente. Então, vamos dar umaolhada no que a Bíblia diz e ver que conclusões podem ser tiradas. Mesmo que eu não consiga tepersuadir a se juntar ao meu lado, ainda devemos nos amar!

O Sermão do Monte

Vamos começar considerando o 24o capítulo de Mateus, uma seção das Escrituras que éfundamental a respeito dos eventos do fim dos tempos e a volta de Jesus. Juntamente com o25o capítulo, são conhecidos como o Sermão do Monte, porque esses dois capítulos são o registro deum sermão que Jesus deu a alguns de Seus discípulos mais íntimos[3] no Monte das Oliveiras.Enquanto lemos, vamos aprender sobre vários eventos do fim dos tempos, e considerar o que osdiscípulos de Jesus, a quem Ele endereçou Seu discurso, teriam concluído sobre o tempo doarrebatamento:

Jesus saiu do templo e, enquanto caminhava, seus discípulos aproximaram-se dele para lhemostrar as construções do templo. “Vocês estão vendo tudo isto?”, perguntou ele. “Eu lhes garantoque não ficará aqui pedra sobre pedra; serão todas derrubadas”. Tendo Jesus se assentado no montedas Oliveiras, os discípulos dirigiram-se a ele em particular e disseram: “Dize-nos, quando acontecerãoessas coisas: E qual será o sinal da tua vinda e do fim dos tempos?” (Mt. 24:1-3).

Os discípulos de Jesus queriam saber sobre o futuro. Queriam saber especificamente quando asconstruções do templo seriam destruídas (como Jesus tinha dito), e quais seriam os sinais da Sua voltae do fim dos tempos.

Olhando em retrospectiva, sabemos que as construções do templo foram completamentedestruídas em 70 d.C. pelo general Tito e o exército romano. Também sabemos que Jesus ainda nãovoltou para reunir a Igreja; portanto, dificilmente esse dois eventos são simultâneos.

Jesus Responde as Perguntas Deles

Parece que Mateus não registrou a resposta de Jesus quanto à primeira pergunta sobre a futuradestruição do templo, mas Lucas sim (veja Lc. 21:12-24). No evangelho de Mateus, Jesus começou afalar imediatamente sobre os sinais que precederiam Sua volta e o fim dos tempos:

Jesus respondeu: “Cuidado, que ninguém os engane. Pois muitos virão em meu nome, dizendo:‘Eu sou o Cristo!’ e enganarão a muitos. Vocês  ouvirão falar de guerras e rumores de guerras, mas[vocês] não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. Nação se

levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá fomes e terremotos em vários lugares. Tudo issoserá o início das dores (Mt. 24:4-8, ênfase adicionada).

Está claro desde o início desse sermão que Jesus acreditava que Seus discípulos, do primeiroséculo, poderiam estar vivos durante os eventos que levariam à Sua volta. Note quantas vezes ele sereferiu aos discípulos com o pronome pessoal vocês. Jesus usou o pronome pessoal vocês pelo menosvinte vezes no capítulo 24, portanto, todos os Seus discípulos acreditaram que veriam as coisas queJesus estava dizendo.

Sabemos, é claro, que todos os discípulos que ouviram Jesus naquele dia, morreram há muitotempo. Contudo, não devemos concluir que Jesus os estava enganando, mas que Ele mesmo não sabiaa hora exata de Sua volta (veja Mt. 24:36). Realmente, seria bem possível então, que aqueles que

ouviram Seu discurso no Monte das Oliveiras estivessem vivos na Sua volta.

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A maior preocupação de Jesus era que Seus discípulos fossem enganados por falsos cristos,assim como muitos serão durante os últimos dias. Sabemos que o anticristo será um falso cristo,enganando a muitos. Eles o considerarão um maravilhoso salvador.

Jesus disse que haverá guerras, fome e terremotos, mas indicou que esses eventos não sãosinais de Sua volta, mas somente “o início das dores”. Seria seguro dizer que esses sinais têmacontecido pelos últimos dois mil anos. Contudo, depois disso, Jesus fala de algo que ainda nãoaconteceu.

Começa a Tribulação Mundial

“Então eles os entregarão para serem perseguidos e condenados à morte, e vocês serãoodiados por todas as nações por minha causa. Naquele tempo muitos ficarão escandalizados, trairão eodiarão uns aos outros, e numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Devido aoaumento da maldade, o amor de muitos esfriará, mas aquele que perseverar até o fim será salvo. Eeste evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e entãovirá o fim” (Mt. 24:9-14, ênfase adicionada).

Novamente, se você perguntasse aos que ouviram Jesus naquele dia: “Você acha que estarávivo para ver o cumprimento dessas coisas?”, com certeza, teriam respondido que sim. Jesuscontinuava usando o pronome pessoal vocês.

Como acabamos de ler, depois das “dores” virá um evento que certamente ainda nãoaconteceu, um tempo como nenhum outro de perseguição mundial aos cristãos. Seremos odiados“por todas as nações” ou literalmente, por “todos os grupos étnicos e tribos”. Jesus estava falando deum tempo específico quando isso acontecerá, não um tempo genérico de mais de cem anos, pois Eledisse na próxima frase: “Naquele tempo muitos ficarão escandalizados, trairão e odiarão uns aosoutros”. 

Obviamente, Sua afirmação é sobre a escandalizarão de cristãos que irão, então, odiar outroscrentes, já que os ímpios não podem ficar “escandalizados”, e então odiar uns aos outros. Portanto,quando a perseguição mundial começar, o resultado será uma grande apostasia de muitos que sedizem seguidores de Cristo. Se são crentes genuínos ou falsos, ovelhas ou bodes, muitos ficarãoescandalizados e, por sua vez, revelarão as verdadeiras identidades de outros crentes para asautoridades perseguidoras, odiando os que um dia disseram amar. O resultado será a purificação daIgreja por todo o mundo.

Também haverá um levantamento de falsos profetas, um dos quais é mencionado no livro deApocalipse como o cúmplice do anticristo (veja Ap. 13:11-18; 19:20; 20:10). O caos aumentará a pontode esfriar o pouco amor que restará nos corações das pessoas, e os corações dos pecadores setornarão completamente duros.

Mártires e Sobreviventes

Mesmo que Jesus tenha profetizado que os crentes perderão suas vidas (veja 24:9)aparentemente nem todos irão, pois Ele prometeu que os que continuarem até o fim serão salvos (veja24:13). Isto é, se não se permitirem serem enganados pelos falsos cristos ou profetas e resistirem àtentação de abandonarem a fé e desistir, serão salvos, ou resgatados por Cristo quando Ele voltar parareuni-los no céu. Esse futuro tempo de tribulação e resgate também foi revelado ao profeta Daniel,que ouviu:

Naquela ocasião Miguel, o grande príncipe que protege o seu povo, se levantará. Haverá um

tempo de angústia como nunca houve desde o início das nações até então. Mas naquela ocasião o seupovo, todo aquele cujo nome está escrito no livro, será liberto. Multidões que dormem no pó da terraacordarão: uns para a vida eterna, outros para a vergonha, para o desprezo eterno (Dn. 12:1-2).

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A salvação ainda será graciosamente oferecida mesmo durante esse dias, já que Jesusprometeu que o evangelho seria proclamado a todas as nações (literalmente, “grupos étnicos etribos”), dando um última oportunidade de arrependimento, e então, o fim viria.[4] É interessante quelemos no livro de Apocalipse o que pode ser o cumprimento da promessa de Jesus:

Então vi outro anjo, que voava pelo céu e tinha na mão o evangelho eterno para proclamar  aosque habitam na terra, a toda nação, tribo, língua e povo. Ele disse em alta voz: “Temam a Deus eglorifiquem-no, pois chegou a hora do seu juízo. Adorem aquele que fez os céus , a terra, o mar e as

fontes das águas” (Ap. 14:6-7, ênfase adicionada).Alguns acham que a razão de um anjo proclamar o evangelho é porque até esse tempo da

tribulação de sete anos, o arrebatamento terá acontecido e todos os crentes terão sido levados. Mas éclaro que isso é especulação.

O Anticristo

O profeta Daniel revelou que o anticristo se assentará no templo reconstruído em Jerusalém nomeio dos sete anos de tribulação e se proclamará Deus (veja Dn. 9:27, que estudaremos mais tarde). É

esse evento que Jesus tinha em mente quando continuou Seu discurso no Monte das Oliveiras:“Assim, quando vocês virem ‘o sacrilégio terrível’, do qual falou o profeta Daniel, no Lugar Santo—  quem lê entenda —  então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes. Quem estiver notelhado de sua casa não desça para tirar dela coisa alguma. Quem estiver no campo não volte parapegar seu manto. Como serão terríveis aqueles dias para as grávidas e para as que estiveremamamentando! Orem para que a fuga de vocês não aconteça no inverno nem no sábado. Porquehaverá então grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamaishaverá.[5] Se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém sobreviveria; mas, por causa dos eleitos,aqueles dias serão abreviados” (Mt. 24:15-22).

Essa é uma elaboração mais específica a respeito da tribulação que Jesus tinha falado mais cedo(veja 24:9). Quando o anticristo declarar que é Deus do templo de Jerusalém, uma perseguiçãoinimaginável começará contra os que creem em Jesus. Quando se declarar Deus, o anticristo iráesperar que todos reconheçam sua divindade; consequentemente, todos os verdadeiros seguidores deCristo, imediatamente se tornarão inimigos oficiais do estado e serão caçados e mortos. É por isso queJesus disse que os crentes na Judeia devem fugir para as montanhas sem demora, orando para que suafuga não seja atrapalhada por motivo algum.

Acho que seria uma boa ideia que todos os crentes ao redor do mundo fugissem para algumlugar remoto quando isso acontecer, já que provavelmente será coberto por equipes de televisão domundo inteiro. As Escrituras nos dizem que todo o mundo será enganado pelo anticristo, pensarão queele é o Cristo e serão fiéis a ele. Quando se declarar Deus, acreditarão nele e o adorarão; quandoblasfemar contra o verdadeiro Deus — o Deus dos cristãos — influenciará os enganados a odiar todos

os que se recusam a adorá-lo (veja Ap. 13:1-8).Jesus prometeu uma eventual libertação para Seu povo ao abreviar esses dias de tribulação;

caso contrário “ninguém sobreviveria” (24:22). Sua abreviação desses dias “por causa dos eleitos” deveser uma referência a libertação que trará quando aparecer e reuni-los no céu. Contudo, Jesus não nosdiz aqui quanto tempo depois da declaração de divindade do anticristo, essa libertação acontecerá.

De qualquer forma, notamos mais uma vez que Jesus deixou Seus ouvintes daquele dia com aimpressão de que viveriam para ver o anticristo declarar sua divindade e travar guerra contra oscristãos. Isso vai contra ao que alguns afirmam: os crentes serão arrebatados antes desse evento. Sevocê tivesse perguntado a Pedro, Tiago ou João se Jesus voltaria para resgatá-los antes da declaraçãode divindade do anticristo, eles teriam respondido: “Aparentemente não”. 

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Guerra Contra os Santos

As Escrituras falam em outras passagens sobre a perseguição que o anticristo infligirá aoscristãos. Por exemplo, foi revelado a João, como ele registrou no livro de Apocalipse:

À besta foi dada uma boca para falar palavras arrogantes e blasfemas, e lhe foi dada autoridadepara agir durante quarenta e dois meses. Ela abriu a boca para blasfemar contra Deus e amaldiçoar o

seu nome e o seu tabernáculo, os que habitam nos céus. Foi-lhe dado poder para guerrear contra ossantos e vencê-los. Foi-lhe dada autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação (Ap. 13:5-7, ênfaseadicionada).

Note que o anticristo receberá “autoridade para agir” por quarenta e dois meses, ou seja, trêsanos e meio, exatamente a metade da tribulação. Parece lógico pensar que será nos últimos quarentae dois meses de tribulação que o anticristo receberá “autoridade para agir”, já que sua autoridade serácompletamente tirada dele quando Cristo retornar para travar guerra contra ele e seus exércitos nofim da tribulação.

Obviamente, sua “autoridade para agir” por quarenta e dois meses fala de umaautoridade especial , já que o anticristo receberá autoridade de Deus durante sua ascendência ao

poder. Essa “autoridade para agir” especial pode ser uma referência ao tempo que ele receberá paradominar os santos, pois lemos no livro de Daniel:Enquanto eu observava, esse chifre [o anticristo] guerreava contra os santos e os derrotava, até

que o ancião [Deus] veio e pronunciou a sentença a favor dos santos do Altíssimo; chegou a hora deeles tomarem posse do reino... Ele [o anticristo] falará contra o Altíssimo, oprimirá os seus santos etentará mudar os tempos e as leis. Os santos serão entregues nas mãos dele por um tempo, tempos emeio tempo (Dn. 7:21-22, 25, ênfase adicionada).

Daniel predisse que os santos serão entregues nas mãos do anticristo por “um tempo, tempos emeio tempo”. Essa frase enigmática deve ser interpretada como três anos e meio, de acordo com umacomparação em Apocalipse 12:6 e 14. Lemos em Apocalipse 12:6 que uma certa mulher simbólicareceberá um lugar para se esconder no deserto para que a “sustentassem durante mil duzentos esessenta dias”, que é três anos e meio (anos de 360 dias). Então, oito versículos adiante, ela émencionada novamente, e a Bíblia diz que ela receberá um lugar para se esconder no deserto, ondeserá “sustentada durante um tempo, tempos e meio tempo”. Portanto, “tempo, tempos e meiotempo” é o equivalente a 1.260 dias, ou três anos e meio. 

Portanto, a palavra “tempo”, nesse contexto, significa ano, “tempos” significa dois anos e “meiotempo”, meio ano. Essa expressão incomum encontrada em Apocalipse 12:14 deve significar a mesmacoisa que em Daniel 7:21. Então, sabemos que os santos serão entregues nas mãos do anticristo portrês anos e meio, o mesmo tempo que lemos em Apocalipse 13:5 que o anticristo receberia“autoridade para agir”. 

Acho que não é preciso dizer que ambos os períodos de quarenta e dois meses terão duração

idêntica. Se o início do segundo período, no meio dos sete anos de tribulação, começar na declaraçãode divindade do anticristo, então, os santos serão entregues nas suas mãos pelos próximos três anos emeio, e Jesus os libertará quando aparecer no céu e os reunir para Si no fim ou perto do fim dos seteanos de tribulação. Contudo, se esse período começar em algum outro momento da tribulação,podemos concluir que o arrebatamento acontecerá antes do fim dos sete anos de tribulação.

O problema com a segunda possibilidade é que ela requer que os santos sejam entregues nasmãos do anticristo antes de correrem perigo e precisarem fugir para as montanhas na sua declaraçãode divindade. Isso parece ilógico.

O problema com a primeira possibilidade é que parece significar que os santos ainda estarão naterra durante muitos dos julgamentos mundiais cataclísmicos sobre os quais lemos no livro de

Apocalipse. Consideraremos esse problema mais tarde.Agora vamos voltar ao discurso no Monte das Oliveiras.

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Falsos Messias

Depois, Jesus falou aos Seus discípulos sobre a importância de não serem enganados por relatosde falsos cristos:

“Se, então, alguém lhes disser *a vocês+: ‘Vejam, aqui está o Cristo!’ ou: ‘Ali está ele!’, nãoacreditem. Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão grandes sinais e maravilhas

para, se possível, enganar até os eleitos. Vejam que eu os avisei [a vocês] antecipadamente. Assim, sealguém lhes disser *a vocês+: ‘Ele está lá, no deserto!’, não saiam; ou: ‘Ali está ele, dentro da casa!’, nãoacreditem. Porque assim como o relâmpago sai do Oriente e se mostra no Ocidente, assim será a vindado Filho do homem. Onde houver um cadáver, aí se ajuntarão os abutres (Mt. 24:23-28).

Note mais uma vez quantas vezes Jesus se dirigiu aos discípulos. Seus ouvintes no Monte dasOliveiras teriam esperado viver para ver a ascensão de falsos cristos e falsos profetas que fariamgrandes milagres. E teriam esperado ver Jesus voltar no céu como relâmpago.

É claro que o perigo que virá durante esse tempo será muito grande, pois a perseguição contraos crentes será horrível e falsos cristos e profetas serão muito convincentes por causa de seus milagres.É por isso que Jesus avisou repetidas vezes aos Seus discípulos sobre o que aconteceria antes de Sua

volta. Ele não queria que eles fossem enganados como muitos serão. Cristãos verdadeiros e firmesesperarão pela volta de Jesus no céu, como relâmpago, enquanto os que não são verdadeirosseguidores serão atraídos a falsos cristos como abutres são atraídos a carcaças no deserto.

Sinais no Céu

Jesus continuou:“Imediatamente após a tribulação daqueles dias ‘o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as

estrelas cairão do céu, e os poderes celestes serão abalados’. Então aparecerá no céu o sinal do Filhodo homem, e todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens do

céu com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com grande som de trombeta, e estesreunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus” (Mt. 24:29-31).

As imagens dessa seção do discurso de Jesus no Monte das Oliveiras eram conhecidas dos judeus de Seus dias, já que usou imagens de Isaías e Joel que falam do julgamento final de Deus e o fimdo mundo, o que é muitas vezes chamado de “o dia do Senhor”, quando o sol e a lua escurecerão (vejaIs. 13:10-11 e Jl. 2:31). Então, todos os habitantes da terra verão Jesus voltar no céu em Sua glória, elamentarão. Então, os anjos de Jesus “reunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma a outraextremidade dos céus”, indicando que os cristãos serão reunidos para se encontrarem com Jesus no ar,e pode acontecer ao “grande som de trombeta”. 

Novamente, se você tivesse perguntado a Pedro, Tiago ou João, nesse ponto do discurso no

Monte das Oliveiras, se Jesus voltaria antes ou depois do anticristo e da grande tribulação, comcerteza, teriam dito: “Depois”. 

A Volta e o arrebatamento

Essa seção do discurso no Monte das Oliveiras é bem parecido com um evento que Paulodescreveu, que é, sem dúvida, o arrebatamento da Igreja, mas um evento que muitos comentaristasdizem que acontecerá antes do período da tribulação começar. Considere a seguinte passagem queexaminamos mais cedo nesse capítulo:

Irmãos, não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se

entristeçam como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremostambém que Deus trará, mediante Jesus e com ele, aqueles que nele dormiram. Dizemos a vocês, pelapalavra do Senhor, que nós, os que estivermos vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor ,

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certamente não precederemos os que dormem. Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoarda trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.Depois nós, os que estivermos vivos seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com oSenhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre. Consolem-se uns aos outros com essaspalavras. Irmãos, quanto aos tempos e épocas, não precisamos escrever-lhes, pois vocês mesmossabem perfeitamente que o dia do Senhor  virá como ladrão à noite. Quando disserem: “Paz esegurança”, a destruição virá sobre eles de repente, como as dores de parto à mulher grávida; e de

modo nenhum escaparão (1 Ts. 4:13 – 5:3, ênfase adicionada).Paulo escreveu sobre a vinda de Jesus do céu com a trombeta de Deus e sobre os cristãos sendo

arrebatados “para o encontro com o Senhor nos ares”. Parece a mesma coisa que Jesus estavadescrevendo em Mateus 24:30-31, o que obviamente acontecerá depois da ascensão do anticristo e datribulação.

Além do mais, Paulo, enquanto continuou escrevendo sobre a volta de Cristo, mencionou oassunto de quando aconteceria “o fim dos tempos” e lembrou seus leitores que eles já sabiam bemque “o dia do Senhor virá como ladrão à noite”. Paulo acre ditava que o arrebatamento e a volta deCristo aconteceriam no “dia do Senhor”, um dia no qual terrível ira e destruição cairiam sobre os queesperavam “paz e segurança”. Quando Cristo voltar para reunir Sua Igreja, Sua ira cairá sobre o mundo. 

Isso está em perfeita harmonia com o que Paulo escreveu em sua carta aos tessalonicenses arespeito da ira de Cristo na Sua volta:

É justo da parte de Deus retribuir com tribulação aos que lhes causam tribulação, e dar alívio avocês, que estão sendo atribulados, e a nós também. Isso acontecerá quando o Senhor Jesus forrevelado lá dos céus, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes. Ele punirá os quenão conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão apena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder. Issoacontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os quecreram, inclusive vocês que creram em nosso testemunho (2 Ts. 1:6-10, ênfase adicionada).

Paulo disse que quando Jesus voltasse para aliviar os cristãos tessalonicenses perseguidos (veja

2 Ts. 1:4-5), Ele apareceria “com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes” para afligiraqueles que tinham afligido, dando retribuição justa. Isso dificilmente parece com a crença dos pré-tribulacionistas, quando a Igreja é supostamente reunida por Cristo antes que o período de sete anosde tribulação comece, e o que é normalmente chamado de uma secreta aparição de Jesus euma quieta  reunião da Igreja. Não, isso parece exatamente com o que Jesus descreveu em Mateus24:30-31, Sua volta no fim ou perto do fim do período de tribulação, quando Ele reunirá os cristãos ederramará Sua ira sobre os ímpios.

O Dia do Senhor

Mais adiante nessa mesma carta, Paulo escreveu:

Irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, rogamos a vocêsque não se deixem abalar nem alarmar tão facilmente, quer por profecia, que por palavra, quer porcarta supostamente vinda de nós, como se o dia do Senhor   já tivesse chegado (2 Ts. 2:1-2, ênfaseadicionada).

Primeiramente, note que o assunto de Paulo era a volta de Cristo e o arrebatamento. Eleescreveu sobre a “nossa reunião com ele” usando palavras idênticas às de Jesus em Mateus 24:31,quando Ele falou sobre os anjos que “reunirão” os Seus eleitos “de uma a outra extremidade dos céus”. 

Em segundo lugar, note que Paulo igualou esses eventos ao “dia do Senhor”, assim como fez em1 Tessalonicenses 4:13 – 5:2. Isso não pode ficar mais óbvio.

Paulo continuou:

Não deixem que ninguém os engane de modo algum. Antes daquele dia virá a apostasia e,então, será revelado o homem do pecado, o filho da perdição. Este se opõe e se exalta acima de tudo o

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que se chama Deus ou é objeto de adoração, chegando até a assentar-se no santuário de Deus,proclamando que ele mesmo é Deus (2 Ts. 2:3-4, ênfase adicionada).

De alguma forma, os cristãos tessalonicenses estavam sendo enganados, pensando que o dia doSenhor, que de acordo com Paulo deve começar com o arrebatamento e a volta de Cristo, já tinhacomeçado. Mas Paulo deixou claro que Ele não pode vir antes da apostasia (talvez o grande escândalodo qual Jesus falou em Mateus 24:10) e antes  do anticristo declarar sua divindade no templo deJerusalém. Portanto, Paulo disse claramente aos cristãos tessalonicenses que eles não devem esperar a

volta de Cristo, o arrebatamento ou o dia do Senhor antes da declaração de divindade do anticristo.[6] Em seguida, Paulo descreve a volta de Cristo e a destruição do anticristo:Não se lembram de que quando eu ainda estava com vocês costumava lhes falar essas coisas? E

agora vocês sabem o que o está detendo, para que ele seja revelado no seu devido tempo. A verdade éque o mistério da iniquidade já está em ação, restando apenas que seja afastado aquele que agora odetém. Então será revelado o perverso, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca edestruirá pela manifestação de sua vinda. A vinda desse perverso é segundo a ação de Satanás, comtodo o poder, com sinais e com maravilhas enganadoras. Ele fará uso de todas as formas de engano dainjustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar (2Ts. 2:5-10).

Paulo escreveu que o anticristo será “destruído pela manifestação da sua vinda”. Se essa“manifestação” é a mesma que Sua manifestação no arrebatamento, mencionada nove versículos maiscedo (veja 2:1), o anticristo será destruído no mesmo dia que a igreja for reunida para se encontrarcom o Senhor nos ares. O registro de Apocalipse 19 e 20 apoia essa interpretação. Nesses capítulos,lemos sobre a volta de Cristo (veja Ap. 19:11-16), a destruição do anticristo e seus exércitos (veja19:17-21), o aprisionamento de Satanás (veja 20:1-3) e a “primeira ressurreição” (veja 20:4-6), na qualos crentes que forem martirizados durante os sete anos de tribulação voltarão à vida. Se essarealmente for a primeira ressurreição no sentido de ser a primeira ressurreição geral dos santos, então,há menos dúvidas de que o arrebatamento e a volta de Cristo acontecerão na mesma hora em que adestruição do anticristo, já que as Escrituras deixam claro que os que morrerem em Cristo serão

ressuscitados corporalmente no arrebatamento (veja 1 Ts. 4:15-17).[7] 

Esteja Preparado

Vamos voltar mais uma vez ao discurso no Monte das Oliveiras:“Aprendam a lição da figueira: quando seus ramos se renovam e suas folhas começam a brotar,

vocês sabem que o verão está próximo. Assim também quando virem todas estas coisas, saibam queele está próximo, às portas. Eu lhes asseguro que não passará esta geração até que todas estas coisasaconteçam.[8] Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão” (Mt. 24:32-35).

Jesus não queria que Seus discípulos fossem pegos desprevenidos, esse era o ponto principal do

discurso no Monte das Oliveiras. Eles saberiam que Ele estava “às portas” quando começassem a ver“todas estas coisas” — a tribulação mundial, a apostasia, o levantamento de muitos falsos profetas, adeclaração de divindade do anticristo, e ainda mais perto do tempo de Sua volta, o escurecimento dosol e da lua, juntamente com a queda das estrelas.

Contudo, logo após lhes dizer os sinais que precederiam a Sua volta por alguns anos, meses oudias, Ele lhes disse que a hora exata de Sua volta permaneceria um mistério:

“Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente oPai” (Mt. 24:36). 

Essa passagem é citada fora de contexto tantas vezes! É normalmente citada para sustentar oconceito de que não temos ideia de quando Jesus voltará, pois Ele pode voltar a qualquer hora e levar

a Igreja. Contudo, dentro do contexto, não é isso que Jesus quis dizer. Ele tinha acabado de se esforçarpara ter certeza de que Seus discípulos estariam preparados para Sua volta quando retornasse. Ele estásimplesmente dizendo que o dia e a hora exata não seriam revelados a eles. Além do mais, é óbvio que

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que a sua casa fosse arrombada. Assim, vocês também precisam estar preparados, porque o Filho dohomem virá numa hora em que vocês menos esperam” (Mt. 24:37:44). 

Novamente, a preocupação óbvia de Jesus era que Seus discípulos permanecessem preparadospara a Sua volta. Aliás, esse era o motivo principal de tudo o que Ele disse antes e depois desse pontono discurso no Monte das Oliveiras. Suas muitas exortações para que permanecessem preparados nãoera tanto uma indicação que Sua volta seria uma completa surpresa, mas uma indicação de quão difícilserá permanecer pronto e alerta debaixo das adversidades do tempo. Portanto, os que estão

esperando um arrebatamento antes da tribulação a qualquer hora, achando que estão mais prontosque outros cristãos, podem, na verdade, não estar preparados para o que possam vir a enfrentar. Senão esperam tribulação e se encontram no meio de uma perseguição mundial debaixo do reino doanticristo, a tentação de abandonar a fé pode dominá-los. É melhor ficarmos preparados para o que asEscrituras dizem que deve acontecer.

E mais uma vez, se você perguntasse a Pedro, Tiago ou João quando esperavam ver a volta deJesus, eles teriam lhe dito todos os sinais que Jesus lhes disse que aconteceriam antes de Sua volta.Eles não teriam esperado vê-Lo antes do período da tribulação ou da ascensão do anticristo.

Um Ladrão de NoiteNote que até a analogia de Jesus do “ladrão de noite” está dentro do contexto em que Ele

revela vários sinais para que Seus discípulos não sejam pegos de surpresa na Sua volta. Portanto, aanalogia do “ladrão na noite” pode ser usada para provar que ninguém deve ter ideia  alguma dequando Jesus voltará.

Ambos Paulo e Pedro usaram a analogia de Jesus do “ladrão na noite” quando escreveramsobre “o dia do Senhor” (veja 1 Ts. 5:2-4; 2 Pd. 3:10). Eles acreditavam que a analogia tinha aplicação àvolta cheia de ira de Jesus no fim ou perto do fim dos sete anos de tribulação. O que é interessante, éque Paulo disse aos seus leitores: “Mas vocês, irmãos, não estão nas trevas, para que esse dia ossurpreenda como ladrão” (1 Ts. 5:4). Ele interpretou a analogia de Jesus corretamente, percebendoque os que estivessem alertas aos sinais e seguissem obedientemente a Jesus não estariam nas trevas;portanto, a volta de Cristo não os pegaria de surpresa. Para eles, Jesus não viria como um ladrão nanoite. Somente os que estivessem nas trevas seriam surpreendidos; exatamente como Jesus ensinou.(Veja também o uso do conceito de Jesus de “ladrão na noite” em Apocalipse 3:3 e em 16:15, ao Sereferir a Sua volta na batalha do Armagedom).

Desse ponto em diante no discurso no Monte das Oliveiras, Jesus exortou repetidamente Seusdiscípulos a ficarem preparados para a Sua volta. Ao mesmo tempo, também lhes disse como poderiamficar prontos, enquanto contava as parábolas do servo infiel, das dez virgens e dos talentos e então,predisse o julgamento das ovelhas e bodes (todas valem a pena ser lidas). Em quase todos os casos, osadvertiu que o inferno esperava aqueles que não estivessem prontos para a Sua volta (veja Mt. 24:50-

51; 25:30, 41-46). A maneira de ficarmos prontos é sermos encontrados fazendo a vontade de Deusquando Ele retornar.[10] 

Outra Objeção

Alguns são contra a ideia do pós-tribulacionismo com a base bíblica de que os justos nunca sãopunidos com os injustos, o que é provado por exemplos como Noé, Ló e os israelitas no Egito.

Realmente, temos bons motivos para crermos que os justos não sofrerão a ira de Deus durantea tribulação de sete anos, já que seria o equivalente a contradizer muitas promessas e precedentes

bíblicos (veja, por exemplo, 1 Ts. 1:9-10; 5:8).Contudo, Jesus falou sobre a grande tribulação que os justos sofrerão durante esse tempo. Nãoserá pelas mãos de Deus, mas pelas dos injustos. Os cristãos não são isentos de perseguições — Jesusprometeu que seriam perseguidos. Durante a tribulação de sete anos, muitos cristãos perderão suas

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vidas (veja Mt. 24:9; Ap. 6:9-11; 13:15; 16:5-6; 17:6; 18:24; 19:2). Muitos serão decapitados (veja Ap.20:4).

Portanto, se todos os crentes de certa nação forem martirizados, nada poderá prevenir que aira de Deus caia sobre todos naquela nação. E com certeza, se há crentes em certa nação, Deus é capazde protegê-los de Seus julgamentos quando os mesmos caírem sobre os perversos. Durante Seus

 julgamentos no Egito no tempo de Moisés, Ele provou isso. Deus não deixou nem que um cachorrolatisse contra os israelitas, enquanto julgamento após julgamento caía sobre os vizinhos egípcios (veja

Ex. 11:7). Da mesma forma, lemos no livro de Apocalipse sobre os gafanhotos que serão libertos parapicar e atormentar as pessoas da terra por cinco meses, mas não serão permitidos atormentar as144.000 testemunhas que serão seladas com uma marca especial em suas testas (veja Ap. 9:1-11).

O Arrebatamento no Apocalipse

Em nenhum lugar do livro de Apocalipse lemos sobre o arrebatamento da Igreja, ou de outraaparição de Cristo, a não ser a que é mencionada em Apocalipse 19, quando Ele virá para destruir oanticristo na batalha do Armagedom. Até aí, não é mencionado que o arrebatamento tenha

acontecido. Contudo, a ressurreição dos mártires da tribulação é mencionada nesse mesmo período detempo (veja 20:4). Como Paulo escreveu que os mortos em Cristo ressuscitarão na volta de Cristo, queé o mesmo momento em que a Igreja será arrebatada, isso (juntamente com outras passagens que jáconsideramos) nos leva a crer que o arrebatamento não acontecerá até o fim da tribulação de seteanos, descrito em Apocalipse 19 e 20.

Mas existem outros pontos de vista. Alguns veem o arrebatamento em Apocalipse 6 e 7. Lemosem Apocalipse 6:12-13, sobre o sol se tornar “escuro como tecido de crina negra” e sobre as  estrelascaírem do céu; dois sinais que Jesus disse que apareceriam logo antes da Sua manifestação e dareunião dos eleitos (veja Mt. 24:29-31). Então, um pouco mais adiante no capítulo 7, lemos sobre umagrande multidão no céu de todas as nações, tribos e línguas que “vieram da grande tribulação” (7:14).Eles não são mencionados como mártires como o outro grupo no capítulo anterior (veja 6:9-11), noslevando a especular que foram arrebatados ao invés de martirizados —  crentes queforam resgatados da grande tribulação.

Com certeza, é correto assumirmos que o arrebatamento acontecerá em algum tempo depoisdos eventos cósmicos descritos em Apocalipse 6:12-13, simplesmente por Jesus ter dito algosemelhante em Mateus 24:29-31. Contudo, não recebemos indicação conclusiva sobre quando oseventos cósmicos de Apocalipse 6:12-13 acontecerão dentro da tribulação. Se os eventos descritos emApocalipse 6:1-13 forem sequenciais e se o arrebatamento acontecer logo depois de 6:13, isso nos levaa crer que o arrebatamento não acontecerá até depois da manifestação do anticristo (veja 6:1-2), dasguerras (veja 6:3-4), da fome (veja 6:5-6), da morte de um quarto da terra por meio de guerras, fome,pragas e animais selvagens (veja 6:7-8), e da morte de vários mártires (veja 6:9-11). Com certeza, todos

esses eventos descritos podem acontecer antes  do fim dos sete anos de tribulação, mas tambémpodem descrever todo o período de sete anos, colocando o arrebatamento no fim.

Dando suporte à ideia do arrebatamento acontecer antes do fim dos sete anos está o fato deque o Apocalipse descreve dois tipos de sete julgamentos depois de Apocalipse 8: o “julgamento dastrombetas” e o “julgamento da taças”. É dito que o segundo julgamento completa a ira de Deus (veja15:1). Contudo, antes dos julgamentos das taças começarem, João vê “em pé, junto ao mar, os quetinham vencido a besta, a sua imagem e o número do seu nome” (15:2). Esses santosvitoriosos podem ter sido arrebatados; por outro lado, podem ter sido martirizados. As Escrituras nãonos esclarecem. Além do mais, não sabemos se Apocalipse 15:2 tem alguma ligação cronológica com ascenas descritas ao redor.

Outro fato encontrado em Apocalipse que pode sustentar ideia do pré-tribulacionismo é esse:na ocasião do quinto “julgamento da trombeta” registrado em Apocalipse 9:1-12, lemos que osgafanhotos atormentadores só terão permissão para ferir os que “não tinham o selo de Deus na testa”

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(9:4). Os únicos que sabemos que terão o selo são os 144.000 descendentes de Israel (veja Ap. 7:3-8).Portanto, parece que todos os outros crentes serão arrebatados antes do julgamento da quintatrombeta; caso contrário, não seriam isentos dos tormentos dos gafanhotos. Além do mais, já que osgafanhotos atormentarão as pessoas por cinco meses (9:5, 10), o arrebatamento deve acontecer pelomenos cinco meses antes do fim da tribulação.

Existem, é claro, vários caminhos ao redor dessa lógica. Talvez, outros serão selados esimplesmente não são mencionados na sinopse condensada de Apocalipse. De qualquer forma, se isso

prova que o arrebatamento acontecerá antes do quinto julgamento da trombeta, também indica quehaverá um grupo de crentes que não será arrebatado antes dos gafanhotos serem soltos — os 144.000descendentes de Israel especialmente selados. Mesmo assim, eles serão graciosamente protegidos deserem feridos pela ira de Deus quando ela se manifestar com os gafanhotos atormentadores.

A conclusão disso tudo? Só posso concluir que o arrebatamento acontecerá perto do fimou no fim da tribulação. Os cristãos não precisam ter medo de sofrer a ira de Deus, mas devem estarpreparados para uma grande perseguição e um possível martírio.

O Período da Tribulação

Vamos dar uma olhada mais de perto no que as Escrituras nos ensinam sobre a tribulação.Como chegamos à conclusão de que a tribulação terá sete anos? Devemos estudar o livro de Daniel,que, além do livro de Apocalipse, é provavelmente o livro mais revelador da Bíblia a respeito do fimdos tempos.

No nono capítulo desse livro, lemos que Daniel é um cativo na Babilônia com seuscompanheiros judeus. Enquanto estudava o livro de Jeremias, Daniel descobriu que o tempo decativeiro dos judeus na Babilônia seria de setenta anos (veja Dn. 9:2; Jr. 25:11-12). Percebendo queesse período estava quase completo, Daniel começou a orar, confessando os pecados de seu povo epedindo misericórdia. Em resposta a sua oração, o anjo Gabriel apareceu e lhe revelou o futuro deIsrael desde o tempo da tribulação até a volta de Cristo. A profecia contida em Daniel 9:24-27 é umadas mais maravilhosas das Escrituras. Eu a citei abaixo, juntamente com meus comentários emcolchetes:

Setenta semanas [obviamente, cada dia dessas semanas simboliza uma ano, como veremos, ouum total de 490 anos] estão decretadas para o seu povo [Israel] e sua santa cidade [Jerusalém] a fim deacabar com a transgressão [ possivelmente o ato culminante dos pecados de Israel — a crucificação doseu próprio Messias], dar fim ao pecado, [uma provável   referência à obra de redenção de Cristo nacruz] expiar as culpas [sem dúvida uma referência à obra de redenção de Jesus na cruz], trazer justiçaeterna [o início do reinado terreno de Jesus em Seu Reino], cumprir a visão e a profecia [talvez, umareferência ao término da compilação das Escrituras ou ao cumprimento de todas as profecias pré-milenares], e ungir o santíssimo [uma possível   referência à construção do templo milenar]. Saiba e

entenda que, a partir da promulgação do decreto que manda restaurar e reconstruir Jerusalém [essedecreto foi feito pelo rei Artaxerxes em 445 a.C.] até que o Ungido, o líder [o Senhor Jesus Cristo],venha, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas [um total de 69 semanas, ou seja, 483 anos].Ela será reconstruída com ruas e muros, mas em tempos difíceis [essa é a reconstrução de Jerusalém,anteriormente destruída pelos babilônios]. Depois das sessenta e duas semanas [isto é, 483 anosdepois do decreto de 445 a.C.], o Ungido será morto, e já não haverá lugar para ele [Jesus foicrucificado em 32 d.C., se calcularmos pelo calendário judaico de 360 dias por ano]. A cidade e o LugarSanto serão destruídos [uma referência à destruição de Jerusalém em 70 d.C. por Tito e as legiõesromanas] pelo povo [os romanos] do governante que virá [o anticristo]. O fim virá como umainundação: guerras continuarão até o fim, e desolações foram decretadas. Com muitos [Israel] ele [o

“governante que virá” — o anticristo] fará uma aliança que durará uma semana [ou sete anos — esse éo período da tribulação]. No meio da semana [depois de mais ou menos três anos e meio] ele dará fimao sacrifício e à oferta. E numa ala do templo será colocado o sacrilégio terrível [quando o anticristo se

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sentar no templo judaico em Jerusalém, declarando-se Deus; veja 2 Ts. 2:1-4], até que chegue sobreele [a volta de Jesus] o fim que lhe está decretado [a derrota do anticristo por Jesus] (Dn. 9:24-27,ênfase adicionada).

490 Anos Especiais

Desde o decreto de 445 a.C. do rei Artaxerxes para reconstruir Jerusalém, Deus decretou 490anos especiais de história futura. Mas esses 490 anos não foram sequenciais; eles foram divididos emdois segmentos: um de 483 anos e outro de sete. Quando os primeiros 483 anos desse tempodeterminado foram completados (no ano em que Jesus foi crucificado), o relógio parou.Provavelmente, Daniel nunca teria sonhado que o relógio pararia por, agora, quase 2.000 anos. Algumtempo no futuro, o relógio começará a correr novamente e continuará pelos últimos sete anos. Esseúltimos sete anos são chamados, não só de “tribulação”, mas também de “a septuagési ma semana deDaniel”. 

Esses sete anos são divididos em dois períodos de três anos e meio. Como lemos na profecia deDaniel, no meio desse período o anticristo quebrará sua aliança com Israel e “dará fim ao sacrifício e à

oferta”. E então, como Paulo escreveu, ele se sentará no templo de Jerusalém e se declararáDeus.[11] Esse é o “sacrilégio terrível” ao qual Jesus se referiu (veja Mt. 24:21). É por isso que oscrentes na Judeia devem fugir para “os montes” (Mt. 24:16), já que isso marca o início da piortribulação que o mundo presenciará (veja Mt. 24:21).

É possível que a “fuga judia” tenha sido vista simbolicamente por João em sua visão, registradano décimo segundo capítulo do livro de Apocalipse. Se tiver, os judeus cristãos encontrarão um lugarespecial de segurança preparado para eles no deserto, onde serão sustentados por exatamente trêsanos e meio, o restante do período dos sete anos de tribulação (veja Ap. 12:6, 13-17). João previu araiva de Satanás com a fuga deles e a subsequente guerra que começaria com “os que obedecem aosmandamentos de Deus e se mantém fiéis ao testemunho de Jesus” (Ap. 12:17). É por isso que acho queseria uma boa ideia que todos os crentes ao redor do mundo fugissem para lugares remotos quando oanticristo declarar sua divindade em Jerusalém.

A Última Revelação de Daniel

Uma das passagens interessantes de Daniel que ainda não consideramos é encontrada nosúltimos treze versículos desse maravilhoso livro. São palavras ditas por um anjo a Daniel. Citei apassagem com meus comentários em colchetes:

Naquela ocasião Miguel [o anjo], o grande príncipe que protege o seu povo, se levantará.Haverá um tempo de angústia como nunca houve desde o início das nações até então [essa seria a

mesma angústia da qual Jesus falou em Mateus 24:21]. Mas naquela ocasião o seu povo, todo aquelecujo nome está escrito no livro, será liberto [essa pode ser uma referência à fuga dos judeus ou aoresgate dos cristãos no arrebatamento]. Multidões que dormem no pó da terra acordarão: uns para avida eterna, outros para a vergonha, para o desprezo eterno [a ressurreição dos justos e dosperversos]. Aqueles que são sábios reluzirão como o fulgor do céu, e aqueles que conduzem muitos à

 justiça serão como as estrelas, para todo o sempre. [Depois da ressurreição, os justos receberão novoscorpos que brilharão com a glória de Deus]. Mas você, Daniel, feche com um selo as palavras do livroaté o tempo do fim. Muitos irão por todo lado em busca de maior conhecimento. [Os avançosextraordinários no transporte e conhecimento no último século parecem estar cumprindo essaprofecia]

Então eu, Daniel, olhei, e diante de mim estavam dois outros anjos, um na margem de cá do rioe outro na margem de lá. Um deles disse ao homem vestido de linho, que estava acima das águas dorio: “Quanto tempo decorrerá antes que se cumpram essa coisas extraordinárias?” O homem vestidode linho, que estava acima das águas do rio, ergueu para o céu a mão direita e a mão esquerda, e eu o

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ouvi jurar por aquele que vive para sempre, dizendo: “Haverá um tempo, tempos e meio tempo *trêsanos e meio de acordo com a revelação decifrada de Apocalipse 12:6 e 12:14]. Quando o poder dopovo santo for finalmente quebrado, todas essas coisas se cumprirão”. *Assim como Daniel 7:25 nos dizque os santos serão entregues nas mãos do anticristo por três anos e meio, aqui parece óbvio queesses são os três anos e meio finais dos sete anos de tribulação. O fim de todos os eventos falados peloanjo será “quando o poder do povo santo for... quebrado”.+ Eu ouvi, mas não compreendi. Por issoperguntei: “Meu senhor, qual será o resultado disso tudo:” Ele respondeu: “Siga o seu caminho, Daniel,

pois as palavras estão seladas e lacradas até o tempo do fim. Muitos serão purificados, alvejados erefinados [sem dúvida através da tribulação], mas os ímpios continuarão ímpios. Nenhum dos ímpioslevará isto em consideração, mas os sábios sim. Depois de abolido o sacrifício diário e colocado osacrilégio terrível, haverá mil e duzentos e noventa dias. [Esse tempo não deve ser interpretado comoestando entre aqueles dois eventos, pois ambos acontecerão no meio dos sete anos. Ao invés dissodevemos interpretar que algo muito significante acontecerá no fim, depois de 1.290 dias que ambos oseventos aconteçam. 1.290 dias são 30 dias a mais que três anos e meio (anos de 360 dias) um períodoque é repetidamente mencionado nas escrituras proféticas de Daniel e Apocalipse. O porquê desses 30dias serem adicionados é uma questão de especulação]. Feliz aquele que esperar e alcançar o fim dosmil trezentos e trinta e cinco dias. [Então, agora temos mais quarenta e cinco dias de mistério]. Quanto

a você, siga o seu caminho até o fim. Você descansará e, então, no final dos dias, você se levantará [aressurreição prometida de Daniel+ para receber a herança que lhe cabe” (Dn. 12:1-13).

Obviamente, algo muito maravilhoso acontecerá no fim dos 75 dias extras! Teremos queesperar para ver.

Depois de lermos os capítulos finais de Apocalipse, percebemos que muitos eventosaparentemente, acontecerão logo após a volta de Cristo, uma delas sendo o banquete do casamentodo Cordeiro, a respeito do qual um anjo disse a João: “Felizes os convidados para o banquete docasamento do Cordeiro” (Ap. 19:9). Talvez essa seja a mesma bênção à qual um anjo se referiu quandofalava a Daniel. Se for isso, esse banquete glorioso acontecerá depois de dois meses e meio da volta deJesus.

Talvez esses setenta e cinco dias sejam preenchidos com outros eventos que, sabemos,acontecerão de acordo com o que está escrito nos capítulos finais de Apocalipse, como o lançamentodo anticristo e do falso profeta no lago de fogo, o aprisionamento de Satanás e a preparação daadministração do Reino mundial de Cristo (veja Ap. 19:20 – 20:4).

O Milênio

O milênio é um termo que se refere ao tempo que Jesus reinará pessoalmente sobre toda aterra por um período de mil anos (veja Ap. 20:3, 5, 7), que acontecerá depois da tribulação. Há três mil

anos Isaías previu o reinado governamental de Cristo sobre a terra:Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E

ele será chamado... Príncipe da Paz. Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o tronode Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça e retidão, desde agora e para sempre.O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso (Is. 9:6-7, ênfase adicionada).

E da mesma forma, o anjo Gabriel anunciou a Maria que seu Filho reinaria sobre um reino semfim:

Mas o anjo lhe disse: “Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! Você ficará grávidae dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. OSenhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu

Reino jamais terá fim” (Lc. 1:30-33, ênfase adicionada).[12] Durante o milênio, Jesus reinará pessoalmente do Monte Sião em Jerusalém, que será elevadoacima de sua atual posição. Seu reinado será de perfeita justiça a todas as nações, e haverá paz sobretoda a terra:

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Então virá o fim, quando ele [Jesus] entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído tododomínio, autoridade e poder. Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejampostos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque ele “tudo sujeitoudebaixo de seus pés” *Sl. 8:6+.  Ora, quando se diz que “tudo” lhe foi sujeito, fica claro que isso nãoinclui o próprio Deus, que tudo submeteu a Cristo. Quando, porém, tudo lhe [ao Pai] estiver sujeito,então o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus seja tudoem todos.

Satanás, que estava acorrentado durante os mil anos, será liberto no fim do milênio. Então, elereceberá os que, no interior, são rebeldes para com Jesus, mas que fingiram obediência a Ele (veja Sl.66:3).

Deus permitirá que Satanás os engane para que a verdadeira condição de seus corações sejarevelada para que possam ser julgados corretamente. Por causa de sua decepção, eles se reunirão paraatacar a cidade santa, Jerusalém, para derrubar o governo de Jesus. A batalha não durará muito, poisfogo virá do céu e consumirá os exércitos ao redor, e Satanás será lançado no lago de fogo e enxofrepela eternidade (veja Ap. 20:7-10).

Essa reunião futura para a batalha foi prevista no Salmo 2:Por que se amotinam as nações e os povos tramam em vão? Os reis da terra tomam posição e

os governantes conspiram unidos contra o Senhor e contra o seu ungido *Cristo+, e dizem: “Façamosem pedaços as suas correntes, lancemos de nós as suas algemas!” Do seu trono nos céus o Senhor põe-se a rir e caçoa deles. Em sua ira os repreende e em seu furor os aterroriza, dizendo: “Eu mesmoestabeleci o meu rei em Sião, no meu santo monte”. *Jesus fala agora+ Proclamarei o decreto doSenhor: Ele me disse: “Tu és meu filho; eu hoje te gerei. Pede-me, e te darei as nações como herança eos confins da terra como tua propriedade. Tu as quebrarás com vara de ferro e as despedaçarás comoa um vaso de barro”. Por isso, ó reis sejam prudentes; aceitem a advertência, autoridades da terra.Adorem o Senhor com temor; exultem com tremor. Beijem o filho, para que ele não se ire e vocês nãosejam destruídos de repente, pois num instante acende-se a sua ira. Como são felizes todos os quenele se refugiam!

Um Julgamento Final

Precedendo o Estado Eterno, um julgamento final acontecerá. Todos os infiéis de todas asépocas terão seus corpos ressuscitados para irem diante do trono de Deus e serem julgados de acordocom as suas obras (veja Ap. 20:5, 11-15). Todos os que estão agora no Hades serão trazidos para o

 julgamento, chamado de “Grande Trono Branco de Julgamento”, e então serão lançados no Gehenna,o lago de fogo. A Bíblia chama isso de “segunda morte” (Ap. 20:14). 

O Estado Eterno começa com o fim do primeiro céu e da primeira terra, cumprindo a promessade dois mil anos de Jesus: “Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão” (Mt.

24:35).Então, Deus criará novos céus e nova terra, assim como Pedro predisse em sua segunda

epístola:O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os

elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada. Visto que tudoserá assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa epiedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos pelofogo, e os elementos se derreterão pelo calor. Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamosnovos céus e nova terra, onde habita a justiça. Portanto, amados, enquanto esperam estas coisas,empenhem-se para serem encontrados por ele em paz, imaculados e inculpáveis. (2 Pd. 3:10-14; veja

também Is. 65:17-18).Finalmente, a Nova Jerusalém descerá do céu para a terra (veja Ap. 21:1-2). Nossas mentes mal

podem começar a entender as glórias daquela cidade, que cobre uma área de aproximadamente

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metade dos Estados Unidos (veja Ap. 21:16), ou nem maravilhas daquela época sem fim. Viveremos emuma sociedade perfeita para sempre, debaixo do governo de Deus, para a gloria de Jesus Cristo!

[1] Algumas outras passagens mostram a crença de Paulo de que Jesus possivelmente voltariadurante a vida de alguns de seus contemporâneos: Filipenses 3:20; 1 Tessalonicenses 3:13; 5:23; 2

Tessalonicenses 2:1-5; 1 Timóteo 6:14-15; Tito 2:11-13 e Hebreus 9:28.[2] Outras passagens que indicam a convicção de Pedro de que Jesus poderia voltar durante a

vida de seus contemporâneos são: 2 Pedro 1:15-19; 3:3-15.[3] Marcos 13:3 menciona quatro nomes que estavam presentes: Pedro, Tiago, João e André.

Incidentemente, também encontramos o Sermão do Monte registrado em Marcos 13:1-37 e Lucas21:5-36. Lucas 17:22-37 também contém informações similares.

[4] Muitas vezes, essa promessa é tirada do contexto, e é frequentemente dito que antes deJesus voltar, devemos completar a tarefa de evangelismo mundial. Mas dentro do contexto, essapromessa fala da proclamação final do evangelho a todo o mundo logo antes do fim.

[5] Se o arrebatamento da Igreja fosse ocorrer nesse exato momento da tribulação de sete

anos, como alguns dizem, não haveria necessidade que Jesus instruísse os crentes a fugir para salvaremsuas vidas, pois todos seriam arrebatados.

[6] Isso invalida a teoria que as palavras de Jesus no discurso no Monte das Oliveiras só tinhaaplicação aos judeus que se converterem durante a tribulação, pois todos os que renascerem antes datribulação, já terão supostamente sido arrebatados. Não, Paulo disse aos cristãos gentiostessalonicenses que o arrebatamento e a volta de Cristo não aconteceria antes da declaração dedivindade do anticristo, que acontece no meio dos sete anos de tribulação.

[7] Alguns dizem que essa ressurreição mencionada em Apocalipse 20:4-6 é, na verdade, asegunda parte da  primeira  ressurreição, a ressurreição que acontecerá durante a primeira volta deCristo no arrebatamento. Que garantia há para essa interpretação? Se a ressurreição de Apocalipse

20:4-6 é, na verdade, uma segunda ressurreição, por que não foi chamada de “segunda ressurreição”? [8] Mesmo que os que tenham ouvido a Jesus naquele dia possam ter pensado que a geração

deles veria todas essas coisas acontecer, sabemos que não viram. Portanto, devemos interpretar aspalavras de Jesus em Mateus 24:34 como significando que todas essas coisas acontecerão em umageração, ou talvez que araça  (como, às vezes, a palavra geração é traduzida) de cristãos (ou judeus)não passará até que todas essas coisas aconteçam.

[9] Não faz muita diferença se a pessoa que está sofrendo julgamento nesses exemplos foi alevada ou a deixada, como é muitas vezes debatido. O importante é que alguns estarão prontos para avolta de Cristo e outros não. Sua prontidão determinará seu destino final.

[10] Obviamente, para Jesus exortar Seus discípulos mais íntimos a permanecerem prontos para

a Sua volta, é porque havia a possibilidade de não estarem prontos. Se Ele os advertiu sobre o castigoeterno por não estarem prontos por causa do pecado, então, é possível que eles perdessem a salvaçãopor causa do pecado. Isso deve nos falar sobre a importância da santidade, e da tolice dos que dizemque é impossível que cristãos percam a salvação.

[11] Isso nos indica, é claro, que o templo de Jerusalém deve ser reconstruído, já que não hátemplo em Jerusalém no momento (no ano de 2005 quando este livro está sendo escrito).

[12] Essa passagem mostra que é fácil assumirmos algo erroneamente sobre o tempo doseventos proféticos por interpretarmos mal o que as Escrituras realmente dizem. Maria poderia terlogicamente assumido que seu Filho especial reinaria no trono de Davi em algumas décadas. Gabrieldisse que ela daria à luz um filho que reinaria sobre toda a casa de Jacó, fazendo parecer que o

nascimento e reinado de Jesus seriam dois eventos ligados. Maria nunca teria imaginado quepassariam pelo menos 2.000 anos entre eles. Também devemos ter cuidado ao assumirmos algunspontos de vista enquanto tentamos interpretar passagens proféticas.

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[13] Quando vejo outras passagens, parece que o milênio começará, não só com cristãospovoando a terra, mas com ímpios também (veja Is. 2:1-5; 60:1-5; Dn. 7:13-14).

Capítulo Trinta

Mitos Modernos Sobre Batalhas Espirituais:

Parte 1

O assunto de batalha espiritual tem se tornado cada vez mais popular na igreja nos últimosanos. Infelizmente, muito do que está sendo ensinado contradiz o que as Escrituras dizem.Consequentemente, muitos ministros ao redor do mundo estão ensinando e praticando um tipo debatalha espiritual que a Bíblia nunca descreveu. Com certeza existem coisas como batalhas

espirituais bíblicas, e é isso que o ministro discipulador deve praticar e ensinar.Nesse capítulo e no próximo me endereçarei a alguns dos mitos mais comuns a respeito de

Satanás e batalhas espirituais. Trata-se apenas de um resumo de um livro inteiro que escrevi sobreesse assunto com o título de Modern Myths About Satan and Spiritual Warfare (Mitos Modernos SobreSatanás e Guerras Espirituais)*.  Esse livro pode ser lido por inteiro em inglês em nossosite: www.shepherdserve.org. 

Mito No 1: “No passado da eternidade, Deus e Satanás estavam em uma

grande batalha. Hoje, essa luta cósmica entre eles continua”.

Esse mito em particular contradiz uma das verdades básicas mais bem fundadas sobre Deus quefoi revelada nas Escrituras — que Ele é todo-poderoso, ou onipotente.

Jesus disse que todas as coisas  são possíveis com Deus (veja Mt. 19:26). Jeremias afirmouque nada é difícil demais para Ele (veja Jr. 32:17). Nenhuma pessoa ou força pode impedi-lo de cumpriros Seus planos (veja 2 Cr. 20:6; Jó 41:10; 42:2). Através de Jeremias, Deus pergunta: “Quem é como euque possa... me resistir?” (Jr. 50:44). A resposta é ninguém, nem mesmo Satanás.

Se Deus realmente é o todo-poderoso como as passagens mencionadas acima afirmam, então,dizer que Deus e Satanás estavam ou estão em uma batalha é implicar que Ele não é todo-poderoso. SeDeus tiver perdido um único round, tiver sido levemente superado por Satanás ou mesmo, teve que

lutar por pouco tempo, então, Ele não é todo-poderoso como diz ser.

O Comentário de Cristo Sobre o Poder de Satanás

Uma vez Jesus disse algo sobre a queda de Satanás do céu que nos ajudará a entender quantopoder Satanás tem em comparação ao nosso Deus onipotente:

Os setenta e dois voltaram alegres e disseram: “Senhor, até os demônios se submeteram a nós,em teu nome”. Ele respondeu: “Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago” (Lc. 10:17-18).

Quando o Deus todo-poderoso decretou a expulsão de Satanás do céu, Satanás não pôde

resistir. Jesus escolheu a metáfora, como relâmpago, para enfatizar a velocidade em que Satanás caiu.Ele não caiu como melado, mas como relâmpago. Em um segundo Satanás estava no céu, no próximo— BOOM! — ele se foi!

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Se Deus pode expulsar Satanás tão rápida e facilmente, não seria surpresa que Seus servoscomissionados também pudessem expulsar demônios da mesma forma. Como os primeiros discípulosde Cristo, muitos cristãos hoje têm um grande respeito pelo poder dos demônios e ainda nãoentenderam que o poder de Deus é muito, muito, muito maior. Deus é o Criador e Satanás é só umacriação. Satanás não é páreo para Deus.

A Batalha que Nunca AconteceuPor mais estranho que possa parecer para alguns de nós, precisamos entender que Deus e

Satanás não estão, nunca estiveram e nunca estarão em uma batalha . Sim, eles têm objetivosdivergentes, e podemos dizer que estão em oposição. Mas quando dois lados se opõe um ao outro eum é imensamente mais poderoso que o outro, seus conflitos não são considerados batalhas. Umaminhoca poderia lutar com um elefante? Satanás, como uma minhoca, fez uma pequena tentativa dese opor a Alguém imensamente mais poderoso. Sua oposição foi rapidamente resolvida, e ele foiexpulso do céu “como relâmpago”. Não houve batalha — tudo o que houve foi uma expulsão.

Se Deus é todo-poderoso, Satanás não tem a menor chance de prejudicar o que Deus quer

fazer. E se Deus permitir que Satanás faça algo, é somente para alcançar Sua própria vontade divina.Essa verdade se tornará abundantemente clara enquanto continuamos a examinar as passagens sobreesse assunto.

A autoridade suprema de Deus sobre Satanás não foi somente demonstrada no passado daeternidade, mas também, no futuro. Lemos em Apocalipse que um único anjo acorrentará Satanás e oprenderá por mil anos (veja Ap. 20:1-3). O incidente futuro não pode ser considerado uma batalhaentre Deus e Satanás, assim como sua expulsão do céu também não pode. Note também que Satanásnão terá o poder de fugir de sua prisão, e só será liberto no tempo de cumprir os propósitos de Deus(veja Ap. 20:7-9).

E Sobre a Futura “Guerra nos Céus”? Se for verdade que Deus e Satanás não estão, nunca estiveram e nunca estarão em uma

batalha, por que lemos no livro de Apocalipse sobre uma futura guerra nos céus que envolve Satanás(veja Ap. 12:7-9)?Essa é uma boa pergunta e pode ser facilmente respondida.

Note que essa guerra será entre Miguel e seus anjos contra Satanás e seus anjos. A Bíblia nãodiz que Deus estará envolvido na batalha. Se estivesse, o conflito dificilmente poderia ser chamado deguerra, porque Deus, sendo todo-poderoso, poderia facilmente esmagar qualquer oposição em uminstante, como já provou.

Anjos, incluindo Miguel, não são todo-poderosos e, portanto, seu conflito com Satanás e seus

anjos pode ser chamado de guerra, porque realmente haverá conflito por certo tempo. Mesmo assim,sendo mais poderosos, superarão Satanás e seus demônios.

Por que Deus não Se envolveria pessoalmente nessa batalha em particular, deixando-a a Seusanjos? Não tenho ideia. Certamente, Deus, sendo onisciente, sabia que Seus anjos poderiam ganhar aguerra, e talvez achou que não houvesse necessidade de Se envolver pessoalmente.

Não tenho dúvida de que Deus poderia ter aniquilado fácil e rapidamente os canaanitasperversos nos dias de Josué, mas escolheu dar a tarefa aos israelitas. O que Deus poderia ter feito semesforço e em segundos, Ele requereu que eles fizessem, aumentando grandes esforços por algunsmeses. Talvez fosse mais agradável a Deus, já que exigia fé da parte dos israelitas. Talvez essa seja arazão dEle não se envolver pessoalmente naquela futura guerra no céu. Contudo, a Bíblia não nos diz.

O fato de que haverá uma guerra no céu um dia entre Miguel com seus anjos e Satanás comseus anjos, não é motivo para pensarmos que Deus não é todo-poderoso — assim como as batalhas deIsrael contra Canaã também não o são.

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Satanás não foi Derrotado por Jesus na Cruz?

Finalmente, a respeito desse primeiro mito sobre as batalhas entre Deus e Satanás, gostaria deconcluir considerando uma frase muito usada: Jesus destruiu Satanás na cruz. As Escrituras nuncadisseram que Jesus destruiu Satanás na cruz.

Quando dizemos que Jesus destruiu  Satanás, parece que Jesus e Satanás estavam em uma

batalha, o que implica que Deus não é todo-poderoso e que Satanás já não estava debaixo da completaautoridade de Deus. Existem outras maneiras bíblicas de descrever o que aconteceu a Satanás quandoJesus entregou Sua vida no calvário. Por exemplo, as Escrituras nos dizem que através de Sua morte,Jesus derrotou “aquele que tem o poder da morte” (veja Hb. 2:14-15).

Até que ponto Jesus tirou os poderes de Satanás? Obviamente, Satanás não estácompletamente sem poderes agora, caso contrário, o apóstolo João nunca teria escrito: “o mundotodo está sob o poder  do Maligno” (1 Jo. 5:19, ênfase adicionada). De acordo com Hebreus 1:14-15,Satanás ficou sem poder a respeito do “poder da morte” . O que isso significa?

As Escrituras falam sobre três tipos de morte: morte espiritual, física e segunda morte. Comoaprendemos em um capítulo anterior, a segunda morte (ou morte eterna) é encontrada em Apocalipse

2:22; 20:6, 14 e 21:8, e é quando os ímpios serão lançados no lago de fogo.A morte física  acontece quando o espírito de uma pessoa deixa o corpo, que então para defuncionar.

A morte espiritual   descreve a condição do espírito humano que não renasceu pelo EspíritoSanto. Alguém espiritualmente morto está alienado de Deus, um espírito que possui uma naturezapecaminosa, isto é, até certo ponto, unida a Satanás. Efésios 2:1-3 nos dá uma imagem de alguémespiritualmente morto:

Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quandoseguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuandonos que vivem na desobediência. Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendoas vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos pornatureza merecedores da ira.

Paulo escreveu que os cristãos de Éfeso estavam mortos  em suas transgressões e pecados.Obviamente, ele não estava se referindo à morte física, pois estava escrevendo a pessoas fisicamentevivas. Portanto, ele devia estar falando que estavam mortos, espiritualmente.

O que os matou espiritualmente? Foram suas “transgressões e pecados”. Lembre-se de queDeus disse a Adão no dia em que pecou, que ele morreria (veja Gn. 2:17). Deus não estava falando damorte física, mas espiritual, porque Adão não morreu fisicamente no dia em que comeu o frutoproibido. Ele morreu espiritualmente naquele dia, e não morreu fisicamente até centenas de anosdepois.

Paulo continuou dizendo que os efésios, como espiritualmente mortos, tinham andado (ou

praticado) naquelas transgressões e pecados, seguindo a “presente ordem deste mundo” (isto é,fazendo o que todos os outros faziam) e seguindo “o príncipe do poder do ar”. 

Quem é o “príncipe do poder do ar”?  É Satanás, que reina seu domínio de trevas comocomandante chefe sobre outros espíritos malignos que habitam na atmosfera. Esses espíritos malignossão listados em vários postos em um capítulo mais adiante de Efésios (veja Ef. 6:12).

Paulo disse que o príncipe das trevas é um “espírito que agora está atuando nos que vivem nadesobediência”. A expressão, “dos que vivem em desobediência”, é somente outra descrição paratodos os ímpios, enfatizando que a natureza deles é pecaminosa. Mais tarde, Paulo disse que eles eram“ por natureza merecedores da ira” (Ef. 2:3, ênfase adicionada). Adicionalmente, disse que Satanásestava trabalhando neles.

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O Diabo como Pai

Percebendo ou não, os ímpios estão seguindo a Satanás e são seus servos no reino das trevas.Eles têm a sua natureza maligna e egoísta vivendo em seu corpos espiritualmente mortos. Na verdade,Satanás é o pai e senhor espiritual deles. É por isso que Jesus disse uma vez a alguns líderes religiososincrédulos: “Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele” (Jo. 8:44). 

Essa é a imagem sombria da pessoa que ainda não renasceu! Ela está vivendo espiritualmentemorta, cheia da natureza de Satanás, indo em direção a uma morte física inevitável que teme; epercebendo ou não, um dia experimentará a pior morte de todas, a morte eterna, quando será lançadano lago de fogo.

É extremamente importante que entendamos que mortes espiritual, física e eterna são todasmanifestações da ira de Deus na humanidade pecadora e que Satanás tem parte nisso. Deus permitiuque Satanás reinasse sobre as trevas e sobre todos os que “amaram as trevas” (Jo. 3:19). De fato, Deusdisse a Satanás: “Você pode aprisionar através de seu poder aqueles que não são comprometidosComigo”. Satanás se tornou um instrumento da ira de Deus sobre os humanos rebeldes. Porque todos  pecaram, todos estão debaixo do poder de Satanás, cheios de sua natureza em seus espíritos e

aprisionados para fazerem a sua vontade (veja 2 Tm. 2:26).

O Nosso Resgate do Cativeiro

Contudo, podemos agradecer a Deus por sua misericórdia para com a humanidade; por causadessa misericórdia, ninguém precisa continuar em sua condição miserável. E como a morte de Jesussatisfez as exigências da justiça divina, todos os que creem em Cristo podem escapar da morteespiritual e do cativeiro de Satanás, pois não estão mais debaixo da ira de Deus. Quando cremos noSenhor Jesus, o Espírito Santo entra em nossos espíritos e extingui a natureza de Satanás de lá, fazendocom que nossos espíritos renasçam (veja Jo. 1:1-16) e permitindo que tenhamos a natureza divina de

Deus (veja 2 Pd. 1:4).Agora, de volta a nossa pergunta original. Quando o autor de Hebreus disse que Jesus, através

de Sua morte, derrotou “aquele que tem o poder da morte, isto é, o Diabo”, ele quis dizer que o poderda morte espiritual , que Satanás exerce sobre todos os ímpios, foi quebrado de sobre aqueles queestão “em Cristo”. Estamos espiritualmente vivos por causa de Cristo, que pagou o preço por nossospecados.

Além do mais, por não estarmos mais espiritualmente mortos e debaixo do domínio de Satanás,não precisamos mais temer a morte física, já que sabemos o que nos aguarda — uma herança gloriosae eterna.

Finalmente, por causa de Jesus, fomos libertos e não sofreremos a segunda morte, sendo

lançados no lago de fogo.Jesus destruiu o Diabo na cruz? Não, porque não houve batalha entre Jesus e Satanás. Contudo,

Jesus deixou Satanás sem poderes sobre a morte espiritual, pela qual ele mantém os ímpios cativos nopecado. Satanás ainda tem poder de morte espiritual sobre eles, mas não tem poder sobre as queestão em Cristo.

Desarmando os Poderes

Isso também nos ajuda a entender a afirmação de Paulo sobre Ele ter “despojado os poderes eas autoridades” encontrada em Colossenses 2:13-15:

Quando vocês estavam [espiritualmente] mortos em pecados... Deus os vivificou com Cristo. Elenos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que

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nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz (ênfase adicionada).

Paulo usa uma linguagem metafórica óbvia nessa passagem. Na primeira parte, ele comparanossa culpa a uma “escrita de dívida”. O que não podíamos pagar, foi pago por Cristo, que assumiunossas dívidas de pecado na cruz.

Na segunda parte, assim como os antigos reis removiam as armas de seus conquistados e osfaziam desfilar nas ruas da cidade, assim a morte de Cristo foi um triunfo sobre os “poderes e

autoridades”, isto é, as classes mais baixas de demônios que reinam sobre os humanos rebeldes,mantendo-os cativos.

Baseando-nos nessa passagem, não podíamos dizer que Cristo destruiu Satanás? Talvez, mascom algumas especificações. Devemos manter em mente que nessa passagem, Paulo estavaescrevendo metaforicamente. Todas as metáforas tem um ponto em que as semelhanças setransformam em diferenças, como aprendemos no capítulo sobre interpretação bíblica.

Devemos ter cuidado ao interpretar as metáforas de Paulo em Colossenses 2:13-15.Obviamente, não havia uma “escrita de dívida”, com todos os nossos pecados escritos nela, que foipregada na cruz. Contudo, isso simboliza o que Jesus alcançou.

Da mesma forma, os demônios que reinavam sobre a humanidade incrédula não foram

literalmente desarmados de suas espadas e escudos e desfilaram publicamente nas ruas com Jesus.Éramos cativos desses espíritos malignos, mas ao morrer por nossos pecados, Jesus nos libertou docativeiro. Jesus não lutou literalmente com aqueles espíritos malignos e eles não estavam em guerracom Ele. Eles, pela permissão justa de Deus, nos mantinham debaixo de seus poder por toda a nossavida. Seus “poderes” estavam apontados para nós, não para Cristo. Contudo, Jesus os “despojou”. Elesnão podem mais nos manter cativos.

Não pensemos que havia uma briga antiga entre Jesus e os espíritos malignos de Satanás, efinalmente, Jesus venceu a batalha na cruz. Se formos dizer que Jesus destruiu o Diabo, tenhamos acerteza de que entendemos que Ele o destruiu por nós, e não por Si mesmo.

Uma vez espantei um cachorrinho do meu quintal que estava aterrorizando minha filha

pequena. Posso dizer que eu derrotei aquele cachorrinho, mas espero que entenda que o cachorronunca foi uma ameaça para mim, somente para minha filha. Foi a mesma coisa com Jesus e Satanás.Jesus espantou um cachorro de nós que nunca O incomodou.

Como Ele espantou aquele cachorro-Demônio? Ele o fez aguentando o castigo por nossospecados, libertando-nos, assim, de nossa culpa diante de Deus e da ira de Deus; portanto, os espíritosmalignos que Deus permite justamente que escravizem humanos rebeldes, não tinham mais direito denos escravizar. Graças a Deus por isso!

Isso nos leva a um lugar apropriado para examinarmos um segundo mito relacionado aoprimeiro.

Mito No 2: “Existem constantes batalhas no reino espiritual entre os anjos

de Deus e os de Satanás. O resultado dessas batalhas é determinado pornossas batalhas espirituais”. 

Já aprendemos no livro de Apocalipse que uma dia haverá uma guerra entre Miguel e seusanjos, e Satanás e seus anjos. Além disso, só há uma outra guerra angelical que as Escriturasmencionam, encontrada no décimo capítulo de Daniel. [1] 

Daniel nos diz que havia estado chorando por três semanas durante o terceiro ano do reinado

de Ciro, rei da Pérsia, quando um anjo lhe apareceu junto ao rio Tigre. O objetivo da visita do anjo erade lhe dar entendimento a respeito do futuro de Israel, e já estudamos brevemente o que o anjo dissea Daniel em uma capítulo anterior sobre o arrebatamento e o fim dos tempos. Durante a conversadeles, o anjo sem nome disse a Daniel:

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Não tenha medo, Daniel. Desde o primeiro dia em que você decidiu buscar entendimento ehumilhar-se diante do seu Deus, suas palavras foram ouvidas, e eu vim em resposta a elas. Maso príncipe do reino da Pérsia  me resistiu durante vinte e um dias. Então Miguel, um dos príncipessupremos, veio em minha ajuda, pois eu fui impedido de continuar ali com os reis da Pérsia (Dn. 10:12-13, ênfase adicionada).

Daniel entendeu que suas orações foram ouvidas três semanas antes de seu encontro com esseanjo, mas que o anjo levou três semanas para chegar. A razão do atraso foi que “o príncipe do reino da

Pérsia” lhe resistiu. Contudo, ele pôde sair quando Miguel, “um dos príncipes supremos”, veio em suaajuda.

Quando o anjo estava para deixar Daniel, ele lhe disse:Tenho que voltar para lutar contra o príncipe da Pérsia e, logo que eu for, chegará o príncipe da

Grécia; mas antes lhe revelarei o que está escrito no Livro da Verdade. E nessa luta ninguém me ajudacontra eles, senão Miguel, o príncipe de vocês (Dn. 10:20-21).

Podemos aprender alguns fatos interessantes dessa passagem das Escrituras. Novamente,vemos que os anjos de Deus não são todo-poderosos, e que podem estar envolvidos em lutas contraanjos perversos.

Segundo, aprendemos que alguns anjos (tais como Miguel) são mais poderosos que outros

(como o que falou com Daniel).

Questões Para as Quais não Temos Respostas

Podemos perguntar: “Por que Deus não mandou Miguel  com a mensagem para Daniel para quenão houvesse um atraso de três semanas?” O fato é que a Bíblia não nos diz porque Deus mandou umanjo que Ele sabia, sem dúvida, que não passaria pelo “príncipe da Pérsia” sem a ajuda de Miguel.Aliás, não temos ideia do porquê Deus usaria qualquer  anjo para entregar uma mensagem a alguém!Por que Ele não foi pessoalmente, falou audivelmente a Daniel, ou o levou temporariamente ao céupara lhe dizer? Simplesmente não sabemos.

Mas essa passagem prova que há constantes batalhas nos reinos espirituais entre os anjos deDeus e os de Satanás? Não; só prova que há milhares de anos houve uma batalha de três semanasentre um dos anjos mais fracos de Deus e um dos anjos de Satanás chamado de “príncipe da Pérsia”,uma batalha que, se Deus desejasse, poderia nunca ter acontecido. A única outra batalha mencionadaem toda a Bíblia é a futura guerra no céu, registrada no livro de Apocalipse ; e só. Podem ter havidooutras batalhas angelicais, mas seria suposição nossa concluir isso.

Um Mito Baseado em Outro Mito

A história de Daniel e o príncipe da Pérsia prova que nossas batalhas espirituais podemdeterminar o resultado das batalhas angelicais? Novamente, essa ideia assume (baseada em algumaspassagens) que há batalhas angelicais regulares. Mas, vamos dar um pulo no escuro e dizer quesim, há  batalhas angelicais regulares. Essa história de Daniel prova que nossas batalhas espirituaispodem determinar o fim das batalhas espirituais que talvez ocorram?

A pergunta é normalmente feita pelos que divulgam esse mito em particular: “E se Danieltivesse desistido depois de um dia?” A resposta para essa pergunta, é claro, é que ninguém sabe,porque o fato é que Daniel não parou de buscar a Deus em oração até que um anjo sem nome chegou.Contudo, a implicação em fazer a pergunta é nos convencer de que Daniel, através de batalhaespiritual contínua, foi a chave para o avanço dos anjos nos lugares celestiais. Se Daniel parasse de

lutar espiritualmente, o anjo, supostamente, nunca teria passado pelo príncipe da Pérsia. Eles queremque acreditemos que, como Daniel, devemos continuar lutando espiritualmente, caso contrário umanjo maligno pode triunfar sobre um dos anjos de Deus.

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Deixe-me primeiramente mencionar que Daniel não estava “em luta espiritual” — estava orando a Deus. Não há menção dele dizendo algo a anjos demoníacos, os repreendendo ou“guerreando” contra eles. Na verdade, Daniel não tinha ideia de que havia um batalha angelical atéque três semanas se passaram e o anjo sem nome lhe apareceu.   Ele passou aquelas três semanas

 jejuando e buscando a Deus.Então, vamos refazer a pergunta: Se Daniel tivesse parado de orar e buscar a Deus depois de

um ou dois dias, o anjo sem nome teria fracassado em lhe entregar a mensagem de Deus? Não

sabemos. Contudo, permita-me mencionar que o anjo sem nome nunca disse a Daniel: “Que bom quevocê continuou orando, caso contrário, nunca teria conseguido”. Não, o an jo deu crédito a Miguel  porseu progresso. Obviamente, foi Deus  quem mandou o anjo sem nome e  Miguel, e os mandou emresposta à oração de Daniel para que entendesse o que iria acontecer em Israel no futuro.

Seria uma suposição achar que se Daniel tivesse parado de jejuar ou buscar a Deus, Ele teriadito: “Bem, Daniel parou de jejuar e orar; portanto, apesar de Eu ter enviado um de vocês para lhelevar uma mensagem no dia em que começou a orar, parece que nunca haverá um décimo primeiro oudécimo segundo capítulo no livro de Daniel”. 

Obviamente, Daniel perseverou em oração (não “batalha espiritual”), e Deus respondeu lheenviando anjos. Nós também devemos perseverar em oração a Deus, e, se Ele assim desejar, nossa

resposta pode vir por meio de um anjo. Mas não se esqueça que há vários exemplos de anjosentregando importantes mensagens a pessoas bíblicas sem menção de que alguém estivesse fazendouma oração, muito menos orando por três semanas. [2] Devemos continuar balanceados. Além domais, há muitas referências sobre anjos que entregaram mensagens a pessoas bíblicas sem mencionarque tiveram que lutar com demônios no caminho do céu para a terra. Esses anjos podem ter tido quelutar contra anjos malignos para entregarem suas mensagens; mas se lutaram, não sabemos, porque aBíblia não nos diz.

Então, passemos para um terceiro mito muito aceito.

Mito N0 3: “Quando Adão Caiu, Satanás Tomou a Posse de Adão para

Controlar o Mundo

O que exatamente aconteceu a Satanás na queda da humanidade? Alguns acham que Satanásfoi promovido quando Adão caiu. Eles acham que Adão era originalmente “o deus desse mundo”, masna sua queda Satanás ficou com essa ocupação, dando a ele o direito de fazer o que quisesse na terra.Até mesmo Deus era, supostamente, incapaz de impedi-lo daí em diante, porque Adão tinha o “direitolegal” de dar seu cargo a Satanás, e Deus tinha que honrar Seu acordo com Adão, que agora era comSatanás. Supostamente, Satanás agora possui “a posse de Adão” e Deus não pode pará-lo até que a“posse de Adão vença”. 

Essa teoria é verdadeira? Satanás ganhou a “posse de Adão” na queda da humanidade? Comcerteza não. Satanás nada ganhou com a queda da humanidade, exceto uma maldição de Deus e umapromessa divina de sua morte total.

O fato é que a Bíblia nunca disse que Adão era originalmente “o deus deste mundo”. Segundo, aBíblia nunca disse que Adão tinha o direito legal de dar para qualquer um sua suposta autoridade sobreo mundo. Terceiro, a Bíblia nunca disse que Adão tinha uma posse que uma dia venceria. Nenhumadessas ideias é bíblica.

Que autoridade Adão originalmente possuiu? Lemos em Gênesis que Deus disse a Adão e Eva:“Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar,sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra ” (Gn. 1:28, ênfase adicionada). 

Deus nada disse a Adão sobre ser um “deus” sobre a terra, ou que ele podia controlar tudo,como o tempo, todas as pessoas futuras que nasceriam e assim por diante. Ele simplesmente deu aambos, como primeiros humanos, o domínio sobre os peixes, aves e animais e ordenou que enchessema terra e a subjugassem.

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Quando Deus proferiu Seu julgamento sobre o homem, nada disse sobre Adão perder suasuposta posição como “deus deste mundo”. Além do mais, nada disse ao casal que perderiam odomínio sobre os peixes, aves e animais. Na verdade, acho que fica bem óbvio, pois a humanidadeainda está reinando sobre os peixes, aves e “todos os animais que se movem”. A raça humana aindaestá enchendo a terra e a subjugando. Adão nada perdeu de sua original autoridade dada por Deus,quando caiu.

Satanás não é o “Deus deste Mundo”? 

Mas Paulo não se referiu a Satanás como o “deus deste mundo” e Jesus não se referiu a elecomo o “governante deste mundo”? Sim, mas nenhum deles fez ligação alguma de que Adão era oantigo “deus deste mundo” ou que Satanás recebeu o título de Adão, quando este caiu. 

Além do mais, o título de Satanás como “deus deste mundo” não prova que ele pode fazer tudoo que quer na terra ou que Deus não tem poder para impedi-lo. Jesus disse: “Toda a autoridade me foidada nos céus e na terra” (Mt. 28:18, ênfase adicionada). Se Jesus tinha  toda a autoridade na terra,Satanás só pode agir com Sua permissão.

Quem deu a Jesus toda a autoridade nos céus e na terra? Deve ter sido Deus o Pai, que a tinhapara que pudesse dá-la a Jesus. É por isso que Jesus falou de Seu Pai como “Senhor dos céus  e daterra” (Mt. 11:25; Lc. 10:21, ênfase adicionada). Deus tem tido toda a autoridade sobre toda a terradesde que Ele a criou. Ele deu um pouco de autoridade aos humanos no início, e a humanidade nuncaperdeu o que Deus originalmente deu.

Quando a Bíblia fala de Satanás sendo o deus ou governante deste mundo, significasimplesmente que as pessoas do mundo (que não são salvas) estão seguindo a Satanás. É a ele queestão servindo, percebendo isso ou não. Ele é o deus deles.

A Oferta de Imóvel de Satanás

Parte da teoria “Conquistado por Satanás” foi   baseada na história da tentação de Satanás aJesus no deserto, registrada em Mateus e Lucas. Vamos examinar o registro de Lucas e ver o podemosaprender:

O Diabo o levou a um lugar alto e mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo. E lhedisse: “Eu te darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram dados eposso dá-los a quem eu quiser. Então, se me adorares, tudo será teu”. Jesus respondeu: “Está escrito:‘Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto’” (Lc. 4:5-8).

Esse incidente prova que Satanás tem controle sobre tudo no mundo, que Adão entregou a eleo controle ou que Deus é incapaz de impedi-lo? Não, e por vários bons motivos.

Primeiramente, devemos ter cuidado ao basear nossa teologia em uma afirmação feita poralguém que Jesus chamou de “pai da mentira” (Jo. 8:44). Às vezes, Satanás fala a verdade, mas nessecaso, nossa bandeira de aviso deve estar se movendo freneticamente, pois o que Satanás disseaparentemente contradiz algo que Deus havia dito.

No quarto capítulo do livro de Daniel, encontramos a história da humilhação do reiNabucodonosor. Nabucodonosor, todo orgulhoso por causa de sua posição e realização, recebeu umapalavra do profeta Daniel de que receberia a mente de um animal até que reconhecesse “que o

 Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer ” (Dn. 4:24, ênfase adicionada). Essadeclaração é feita quatro vezes em conexão a esta história, diminuindo o valor de sua importância(veja Dn. 4:17, 25, 32; 5:21).

Note que Daniel disse: “o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens”. Isso indica que Deustem algum controle sobre a terra, não?

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Note também que a afirmação de Daniel parece ser uma contradição direta ao que Satanásdisse a Jesus. Daniel disse que Deus “os dá a quem quer”, e Satanás disse: “posso dá-los a quem euquiser” (Lc. 4:6). Então, em quem acreditar? Pessoalmente, eu vou acreditar em Daniel.

Contudo, há uma possibilidade de que Satanás estivesse falando a verdade — se olharmos parao que ele disse, por um ângulo diferente.

Satanás é o “deus deste mundo”, que, como já disse, significa que ele domina sobre os reinosdas trevas, que inclui as pessoas de todas as nações que estão em rebelião contra Deus. A Bíblia diz

que “o mundo todo está sob o poder do Maligno” (1 Jo. 5:19). Quando Satanás disse que poderia dar aautoridade sobre todos os reinos para quem quisesse, ele poderia estar falando somente de seus

 próprios domínios, o reino das trevas, que é composto de sub-reinos que correspondem por alto areinos geopolíticos. Somos informados pelas Escrituras que Satanás tem várias categorias de espíritosmalignos, através dos quais reina sobre seus domínios (veja Ef. 6:12), e podemos assumir que ele équem promove ou rebaixa esses espíritos de suas posições, já que é o chefe. Neste caso, Satanásestava oferecendo legitimamente a Jesus a segunda posição de espíritos malignos — abaixo de si — para ajudá-lo a governar seu reino das trevas. Tudo o que Jesus tinha que fazer era se prostrar diantede Satanás e adorá-lo. Graças a Deus, Jesus passou essa “promoção” adiante. 

Quem Deu a Satanás Sua Autoridade?

Mas e a declaração de Satanás de que a autoridade sobre esses reinos fora entregue a ele?Novamente, há uma possibilidade real de que Satanás estava mentindo. Mas vamos dar a ele o

benefício da dúvida e assumir que estava falando a verdade.Note que Satanás não disse que Adão entregou a ele a autoridade. Como já vimos, Adão não

poderia tê-la dado a Satanás porque ele nunca a teve para poder entregá-la. Adão reinava sobrepeixes, pássaros e animais; não reinos. (Aliás, não havia reinos de pessoas para se reinar quando Adãocaiu). Além disso, se Satanás estava oferecendo a Jesus o governo sobre o reino das trevas, queconsistia de todos os espíritos malignos e incrédulos, é impossível que Adão tenha entregue essa

 jurisdição a Satanás, pois ele já reinava sobre anjos caídos antes de Adão ser criado. Talvez Satanás quis dizer que todas as pessoas do mundo tinham dado a ele autoridade sobre

elas, já que estavam em rebelião com Deus e eram, portanto, sabendo ou não, submetidas a ele.Uma possibilidade ainda melhor é que Deus tenha lhe entregue. Sob a luz das Escrituras é bem

possível que Deus tenha dito a Satanás: “Você e seus espíritos malignos têm a Minha permissão parareinar sobre todos os que não são comprometidos Comigo”. Isso pode parecer difícil de engolir, masveremos que é provavelmente a melhor explicação para a afirmação de Satanás. Se Deus realmente“domina sobre os reinos dos homens” (Dn. 4:25), então qualquer autoridade que Sata nás tenha sobrea humanidade deve ter sido entregue por Deus.

Satanás só está governando sobre o reino das trevas, que também pode ser chamado de “reino

de rebelião”. Ele estava reinando sobre esse reino desde o dia em que foi expulso do céu, que foianterior à queda de Adão. Até a queda de Adão, o reino das trevas consistia somente de anjosrebeldes. Mas quando Adão pecou, ele se juntou ao reino de rebelião, e desde então, o reino deSatanás não inclui somente os anjos rebeldes, mas os humanos rebeldes também.

Satanás tinha autoridade sobre seu reino das trevas antes mesmo de Adão ser criado; portanto,não vamos pensar que quando Adão caiu, Satanás ganhou algo que pertencia a Adão. Não; quandoAdão caiu, ele se juntou a um reino de rebelião que já existia por algum tempo, um reino governadopor Satanás.

Deus Foi Pego de Surpresa com a Queda?Outra falha na teoria “Conquistado por Satanás” é que ela faz com que Deus pareça bobo, como

se fosse pego de surpresa pelos eventos da queda e como resultado, Se encontrou em difícil apuro.

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Deus sabia que Satanás tentaria Adão e Eva e no que resultaria a queda do homem? Se Deus eraonipresente, e é, ele deveria saber o que iria acontecer. É por isso que a Bíblia nos informa que Ele fezplanos para redimir a humanidade antes mesmo de tê-la criado (veja Mt. 25:34; At. 2:2-23; 4:27-28; 1Co. 2:7-8; Ef. 3:8-11; 2 Tm. 1:8-10; Ap. 13:8).

Deus criou o Diabo sabendo que ele cairia, como também criou Adão e Eva sabendo quecairiam. De forma alguma Satanás poderia enganar a Deus e ganhar algo que Deus preferiria que elenão possuísse.

Estou dizendo que Deus quer  que Satanás seja o “deus deste mundo”? Sim, desde que isso sirvaao Seu propósito divino. Se Deus não quisesse que Satanás operasse, Ele simplesmente o impediria,como vemos em Apocalipse 20:1-2 que um dia o fará.

Contudo, não estou dizendo que Deus quer que todos continuem debaixo do governo deSatanás. Deus quer que todos sejam salvos e escapem do reino de Satanás (At. 26:18; Cl. 1:13; 1 Tm.2:3-4; 2 Pd. 3:9). Mesmo assim, Ele permite que Satanás reine sobre todos os que amam as trevas (vejaJo. 3:19) — os que continuam em rebelião.

Mas não há algo que possamos fazer para ajudar as pessoas a escaparem do reino das trevas deSatanás? Sim, podemos orar por elas e chamá-las para se arrependerem e crerem no evangelho (assimcomo Jesus nos mandou fazer). Se aceitarem, serão libertas da autoridade de Satanás. Mas pensar que

podemos “arrancar” os espíritos malignos que seguram as pessoas, é errado. Se as pessoas queremcontinuar nas trevas, Deus as deixará. Jesus disse certa vez aos Seus discípulos que se, em certascidades as pessoas não recebessem a mensagem deles, deveriam sacudir o pó de seus pés e ir paraoutra cidade (Mt. 10:14). Ele não disse que deveriam ficar e derrubar as fortalezas de sobre as cidadespara que as pessoas ficassem mais receptivas. Deus permite que espíritos perversos mantenhamcativos os que se recusam a se arrepender e se voltar para Ele.

Mais Provas da Autoridade Suprema de Deus Sobre Satanás

Existem várias outras passagens que provam de forma abundante que Deus não perdeucontrole algum sobre Satanás na queda do homem. A Bíblia afirma repetidamente que Deus sempreteve e sempre terá controle total sobre ele. O Diabo só pode fazer o que Deus permite. Vamos analizar,primeiramente, a ilustração do Velho Testamento sobre este fato.

Os dois primeiros capítulos do livro de Jó têm um exemplo clássico da autoridade de Deus sobreSatanás. Lemos sobre ele, diante do trono de Deus, acusando Jó. Naquele tempo, Jó estavaobedecendo a Deus mais que qualquer outra pessoa na terra, e naturalmente, virou o alvo de Satanás.Deus sabia que Satanás tinha reparado em Jó e ouviu enquanto Satanás acusava Jó de servi-Losomente por causa de todas as bênçãos que recebia (veja Jó 1:9-12).

Satanás disse que Deus tinha posto uma cerca em volta de Jó e pediu que Ele retirasse as suasbênçãos. Consequentemente, Deus permitiu que Satanás afligisse Jó de forma limitada. Inicialmente,

Satanás não podia tocar no corpo dele. Contudo, mais tarde Deus permitiu que afligisse também ocorpo, mas o proibiu de matá-lo (Jó 2:5-6).

Essa passagem das Escrituras prova claramente que Satanás não pode fazer tudo o que quer.Ele não pôde tocar nas posses de Jó, até que Deus permitisse. Não pôde roubar a saúde de Jó, até queDeus o permitisse. E não pôde matar Jó, porque Deus não o permitiu. [3] Deus tem o controle sobreSatanás, mesmo antes da queda de Adão.

O Espírito Maligno de Saul Vindo “de Deus” 

Existem vários exemplos em que Deus usa espíritos malignos de Satanás como agentes de Suaira no Velho Testamento. Lemos em 1 Samuel 16:14: “O Espírito do Senhor se retirou de Saul, e umespírito maligno, vindo da parte do Senhor, o atormentava”. Essa situação obviamente aconteceu porcausa da disciplina de Deus sobre o desobediente rei Saul.

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A pergunta é, o que a frase “um espírito maligno, vindo da parte do Senhor” significa?  Querdizer que Deus mandou um espírito maligno que vivia com Ele no céu, ou que, em Sua soberania, Deuspermitiu que um dos espíritos malignos de Satanás afligisse Saul? Acho que a maioria dos cristãosaceitaria a segunda possibilidade em vista do resto do que a Bíblia ensina. A razão das Escriturasregistrarem que o espírito maligno veio “da parte do Senhor” era porque o assédio do espírito malignofoi um resultado direto da disciplina divina de Deus a Saul. Portanto, vemos que espíritos malignosestão debaixo do controle soberano de Deus.

Lemos em Juízes 9:23: “Deus enviou um espírito maligno entre Abimeleque e os cidadãos deSiquém” para que o julgamento divino pudesse vir sobre eles por suas obras perversas. Novamente,esse espírito não veio do céu, de Deus, mas dos domínios de Satanás, e recebeu permissão divina paracolocar em ação planos malignos contra certas pessoas que mereciam punição. Espíritos malignos nãopodem colocar em prática com sucesso planos malignos sem a permissão de Deus. Se isso não forverdade, Deus não é onipotente. Portanto, mais uma vez, podemos concluir com segurança que,quando Adão caiu, Satanás não ganhou autoridade que estava além da concedida por Deus.

Exemplos no Novo Testamento do Poder de Deus Sobre Satanás

O Novo Testamento dá provas adicionais que refutam a teoria Conquistado por Satanás.Por exemplo, lemos em Lucas 9:1 que Jesus deu aos Seus doze discípulos autoridade para

expulsar todos os demônios”. Além do mais, em Lucas 10:19, Jesus disse a eles: “Eu lhes dei autoridadepara pisarem sobre cobras e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; nada lhes fará dano” (ênfaseadicionada).

Se Jesus lhes deu autoridade sobre todo o poder  de Satanás, Ele primeiro precisava ter essaautoridade. Satanás está sob a autoridade de Deus.

Mais tarde no evangelho de Lucas, lemos que Jesus disse a Pedro: “Simão, Simão,Satanás pediu vocês para peneirá-los como trigo” (Lc. 22:31, ênfase adicionada). O texto indica que

Satanás não poderia peneirar Pedro sem primeiro ter a permissão de Deus. Novamente, Satanás estádebaixo do controle de Deus. [4] 

A Prisão de Mil Anos de Satanás

Quando lemos sobre a prisão de Satanás por um anjo em Apocalipse 20, não há menção dovencimento da escritura de posse de Adão. O motivo dado para seu encarceramento é simplesmentepara “impedi-lo de enganar as nações” (Ap. 20:3). 

O interessante, é que depois de Satanás ser aprisionado por 1.000 anos, ele será solto “paraenganar as nações que estão nos quatro cantos da terra” (Ap. 20:8). Então, as nações enganadas

reunirão seus exércitos para atacar Jerusalém, onde Jesus estará reinando. Quando tiverem cercado acidade, fogo descerá do céu e as devorará (veja Ap. 20:9).

Alguém seria tão tolo ao ponto de dizer que a escritura de posse de Adão incluía um curtoperíodo final depois dos 1.000 anos, e Deus seria obrigado a soltar Satanás por esse motivo? Tal ideia éabsurda!

O que aprendemos mais uma vez dessa seção das Escrituras é que Deus tem controle totalsobre o Diabo e permite que ele faça suas más obras somente para cumprir Seus próprios propósitosdivinos.

Durante o futuro reinado de mil anos de Jesus, Satanás estará fora de operação, incapaz deenganar alguém. Contudo, haverá pessoas na terra que serão obedientes ao reinado de Cristo somente

por fora, mas por dentro adorariam vê-Lo deposto. Mesmo assim, não tentarão um motim, sabendoque não têm chance de derrotar Aquele que “governará com cetro de ferro” (Ap. 19:15). 

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Mas quando Satanás for liberto, ele será capaz de enganar aqueles que, em seus corações,odeiam a Cristo, e eles imprudentemente tentarão o impossível. Quando for permitido que Satanásengane rebeldes em potencial, a condição do coração das pessoas será revelado, e então Deus julgarácorretamente os que não merecem viver em Seu reino.

É claro que esse é um dos motivos pelo qual Deus permite que Satanás engane as pessoas hoje.Posteriormente, veremos mais a fundo os propósitos de Deus para Satanás, mas agora basta dizer queDeus não quer que as pessoas permaneçam enganadas. Contudo, Ele quer saber o que está nos

corações delas. Satanás não pode enganar os que conhecem e creem na verdade. Mas Deus permiteque o Diabo engane os que, por causa de seus corações duros, rejeitam a verdade.

Falando do tempo do anticristo, Paulo escreveu:Então será revelado o perverso, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e

destruirá pela manifestação de sua vinda. A vinda desse perverso é segundo a ação de Satanás, comtodo o poder, com sinais e com maravilhas enganadoras. Ele fará uso de todas as formas de engano dainjustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar.Por essa razão Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira, e sejam condenadostodos os que não creram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça (2 Ts. 2:8-12, ênfase adicionada).

Note que Deus recebe o crédito por enviar um “espírito sedutor, a fim de que creiam na

mentira”. Mas note também que as pessoas que serão seduzidas são as “que não creram na verdade”,indicando que tiveram uma oportunidade, mas rejeitaram o evangelho. Deus permitirá que Satanás dêpoder ao anticristo sobre falsos sinais e maravilhas para que os que rejeitarem a Cristo sejamenganados, e o propósito final de Deus é que “sejam condenados”. Por esse mesmo motivo, Deuspermite que Satanás engane as pessoas hoje.

Se Deus não tivesse motivo para permitir que Satanás operasse na terra, Ele o teria banido paraalgum outro lugar do universo quando caiu. Ficamos sabendo em 2 Pedro 2:4 que há alguns anjoscaídos que Deus já lançou no inferno e aprisionou “em abismos tenebrosos a fim de serem reservadospara o juízo”. Nosso Deus onipotente poderia ter feito a mesma coisa a Satanás e a qualquer um deseus anjos se isso satisfizesse Seus propósitos divinos. Mas Deus tem bons motivos para permitir que

Satanás e seus anjos operem na terra por mais um tempo.

Os Demônios Temem o Tormento

Enquanto terminamos nosso estudo nesse mito em particular, veremos um último exemplo dasEscrituras na história dos endemoninhados gadarenos:

Quando ele [Jesus] chegou ao outro lado, à região dos gadarenos, foram ao seu encontro doisendemoninhados, que vinham dos sepulcros. Eles eram tão violentos que ninguém podia passar poraquele caminho. Então eles gritaram: “Que queres conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nosatormentar antes do devido tempo?” (Mt. 8:28-29, ênfase adicionada).

Essa história é muito usada pelos devotos da teoria Conquistado por Satanás para sustentarsuas ideias. Eles dizem: “Aqueles demônios apelaram à justiça de Jesus. Eles sabiam que Ele não tinha odireito de atormentá-los antes que a escritura de posse de Adão vencesse, o tempo em que eles eSatanás serão lançados no lago de fogo para serem atormentados dia e noite por toda a eternidade”. 

Mas a verdade é exatamente o oposto. Eles sabiam que Jesus tinha o poder e todo o direito deatormentá-los a qualquer hora que desejasse, e é por isso que imploraram por misericórdia.Obviamente, eles estavam com muito medo de que o Filho de Deus pudesse mandá-los ao tormentomuito mais cedo. Lucas nos diz que eles imploraram a Ele “que não os mandasse para o Abismo” (Lc.8:31). Se Jesus não tivesse esse direito por causa de algum suposto direito legal do Diabo, eles nãoteriam se preocupado.

Aqueles demônios sabiam que estavam completamente à mercê de Jesus, como ilustrado porsuas súplicas para não serem mandados para fora daquela região (Mc. 5:10), para poderem entrar nos

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porcos que estavam por perto (Mc. 5:12), para não serem mandados ao “Abismo” (Lc. 8:31), comotambém para não serem atormentados antes “do devido tempo”. 

Mito no4: “Satanás, como o “deus desse mundo” tem controle sobre tudo

na terra, os incluindo governos humanos,

os desastres naturais e o clima”. Nas Escrituras, o apóstolo Paulo se refere a Satanás como “o  deus dessa era” (2 Co. 4:4) e a

Jesus como o “príncipe deste mundo” (Jo. 12:31; 14:30; 16:11). Com base nesse título para Satanás,muitos assumem que Satanás tem controle total sobre a terra. Mesmo que já tenhamos consideradopassagens o suficiente para expor o erro desse mito em particular, nos fará bem estudar mais umpouco para que possamos ter um entendimento maior de como os poderes de Satanás são limitados.Devemos ter cuidado para que todo o nosso entendimento de Satanás não seja baseado em somentequatro passagens que se referem a ele como deus ou príncipe deste mundo.

Enquanto examinamos mais a Bíblia, descobrimos que Jesus não só se referiu a Satanás como o

“príncipe deste mundo”, mas que também se referiu a Seu Pai celestial como “Senhor dos céus e daterra” (Mt. 11:25; Lc. 10:21, ênfase adicionada). Além do mais, o apóstolo Paulo não só se referiu aSatanás como “o deus dessa era”, mas, assim como Jesus, se referiu a Deus como “Senhor dos céus  eda terra” (At. 17:24, ênfase adicionada). Isso nos prova que nem Jesus ou Paulo queriam quepensássemos que Satanás tem total controle sobre toda a terra; a autoridade de Satanás deve serlimitada.

Uma distinção muito importante entre essas duas passagens contrárias é encontrada naspalavras mundo e terra. Mesmo que usemos essas duas palavras como sinônimos, no grego originalelas normalmente não são a mesma coisa. Uma vez que percebamos a diferença entre elas, nossoentendimento sobre a autoridade de Deus e de Satanás na terra aumentará drasticamente.

Jesus se referiu a Deus, o Pai, como Senhor da terra. A palavra traduzida terra  é a palavragrega ge. Ela se refere ao planeta físico em que moramos, e dela deriva a palavra geografia.

Por outro lado, Jesus disse que Satanás é o príncipe deste mundo. A palavra gregapara mundo aqui é kosmos, que se refere principalmente à ordem ou disposição. Ela fala sobreas pessoas ao invés do planeta físico em si. É por isso que, às vezes, os cristãos chamam Satanás de“deus do sistema desse mundo”. 

Atualmente, Deus não tem total controle sobre o mundo, porque não tem total controle sobretodas as pessoas do mundo. O motivo por trás disso é que Ele deu às pessoas uma escolha a respeitode quem será o mestre delas, e muitas escolheram dar sua lealdade a Satanás. É claro que o livrearbítrio humano faz parte do plano de Deus.

Paulo usou uma palavra diferente para mundo, a palavra grega aion, quando escreveu sobre o

deus dessa era. Aion pode e é muitas vezes traduzida como era, isto é, um certo período de tempo.Satanás é o deus da era presente.

O que tudo isso significa? A terra  é o planeta físico em que vivemos. O mundo  fala sobre aspessoas que atualmente vivem na terra, e mais especificamente, aquelas que não servem a Jesus. Elasestão servindo a Satanás e estão presas em seu sistema pervertido e pecador. Nós, como cristãos,estamos “no mundo”, mas não fazemos parte “do mundo” (Jo. 17:11,14); vivemos entre os cidadãosdo reino das trevas, mas, na verdade, estamos no reino da luz, no Reino de Deus.

Então agora temos nossa resposta. Colocando simplesmente: Deus controla soberanamentetoda a terra. Satanás, pela permissão de Deus, só tem controle sobre o “sistema do mundo”, que é ocontrole sobre aqueles que são cidadãos do seu reino das trevas. Por esse motivo, o apóstolo João

escreveu que “o mundo todo (não toda a terra) está sob o poder do Maligno” (1 Jo. 5:19). Isso não quer dizer que Deus não tem autoridade sobre todo o mundo (o sistema do mundo) ou

sobre as pessoas do mundo; pois como Daniel disse, Ele “domina sobre os reinos dos homens e os dá a

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quem quer” (Dn. 4:25). Ele ainda pode exaltar ou humilhar a quem quiser; contudo, como supremogovernante “sobre os reinos dos homens”, Ele soberanamente permitiu que Satanás reinasse sobreparte da humanidade que está em rebelião contra Ele.

A Oferta de Satanás Sob Consideração

Essa distinção entre terra e mundo também nos ajuda a entender a tentação de Jesus nodeserto. Lá, Satanás “mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo”. Satanás não poderia estaroferecendo a Jesus uma posição política sobre governos terrenos humanos, o que poderíamos chamarde presidente ou primeiro ministro. Não é Satanás quem exalta ou humilha governantes humanos — éDeus.

Ao invés disso, Satanás deve ter mostrado a Jesus todos os sub-reinos do seu reino mundial dastrevas. Ele mostrou a Jesus a hierarquia de espíritos malignos que, em seus respectivos territórios,reinam sobre o reino das trevas, assim como os humanos rebeldes que são sujeitos a ele. Satanásofereceu a Jesus controle sobre seus domínios — se Jesus se juntasse à sua rebelião contra Deus. Jesusteria então, se tornado o segundo no controle sobre o reino das trevas.

O Controle de Deus Sobre Governos Terrenos Humanos

Vamos determinar mais especificamente os limites da autoridade de Satanás examinando emprimeiro lugar as passagens que afirmam a autoridade de Deus sobre governos terrenos humanos.Satanás tem algum controle sobre governos humanos somente porque tem autoridade sobre osímpios, e muitas vezes os governos são controlados por ímpios; contudo, Deus é soberano sobregovernos humanos e Satanás só pode manipulá-los até onde Deus permitir.

Já examinamos a afirmação de Daniel ao rei Nabucodonosor, mas por ser tão esclarecedora,vamos examiná-la rapidamente mais uma vez.

O grande rei Nabucodonosor estava orgulhoso por causa de seu poder e seus feitos; portanto,Deus decretou que ele seria rebaixado para que aprendesse que “o Altíssimo domina sobre os reinosdos homens e os dá a quem quer, e põe no poder o mais simples dos homens” (Dn. 4:17). Obviamente,Deus merecia o crédito pela ascensão de Nabucodonosor à grandeza política. Isso se aplica a todos oslíderes terrenos. Falando sobre líderes terrenos, o apóstolo Paulo declarou que “não há autoridade quenão venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas” (Rm. 13:1). 

Deus é a autoridade original e suprema de todo o universo. Se alguém tiver alguma autoridade,só pode ser porque Deus delegou um pouco de Sua autoridade ou permitiu que alguém tivesse umpouco dela.

Mas e os governantes corruptos? Paulo quis dizer que até eles foram instituídos por Deus? Sim.

Mais cedo na mesma carta, Paulo escreveu: “Pois a Escritura diz ao faraó: ‘Eu o levantei exatamentecom este propósito: mostrar em você o meu poder, e para que o meu nome seja proclamado em todaa terra’” (Rm. 9:17). Deus exaltou o faraó de coração duro com o propósito de glorificar a Si mesmo.Deus mostraria Seu grande poder através de Seus milagres libertadores — uma oportunidade oferecidapor um homem teimoso, a quem exaltou.

Esse fato também não fica aparente na conversa de Jesus com Pilatos? Impressionado por Jesusnão responder suas perguntas, Pilatos disse a Jesus: “Você se nega a falar comigo?... Não sabes que eutenho autoridade para libertá-lo e para crucificá-lo?” (Jo. 19:10). “Jesus respondeu: ‘Não teriasnenhuma autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima ’” (Jo. 19:11, ênfase adicionada).Conhecendo o caráter covarde de Pilatos, Deus o exaltou para que Seu plano pré-ordenado, que Jesus

morresse na cruz, fosse consumado.Uma simples leitura apressada dos livros de história do Velho Testamento revela que, às vezes,Deus usa governantes humanos perversos como agentes de sua ira sobre o povo que a merece.

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Nabucodonosor foi usado por Deus para trazer Seu julgamento sobre várias nações do VelhoTestamento.

Existem vários exemplos de governantes a quem Deus exaltou ou humilhou na Bíblia. No NovoTestamento, por exemplo, lemos sobre Herodes, que não glorificou a Deus quando alguns do povogritaram para ele: “É voz de deus, e não de homem” (At. 12:22). 

O resultado? “Imediatamente um anjo do Senhor o feriu; e ele morreu comido por vermes” (At.12:23).

Mantenha em mente que, com certeza, Herodes era cidadão do reino de Satanás, mas nãoestava fora da jurisdição de Deus. Obviamente, Deus poderia rebaixar qualquer governante terrenopresente, se assim o desejasse. [5] 

O Testemunho Pessoal de Deus

Finalmente, vamos ler o que Deus mesmo disse uma vez através do profeta Jeremias a respeitode Sua soberania sobre reinos terrenos.

“Ó comunidade de Israel, será que eu não posso agir com vocês como fez o oleiro?”, pergunta o

Senhor. “Como barro nas nãos do oleiro, assim são vocês nas minhas mãos, ó comunidade de Israel. Seem algum momento eu decretar que uma nação ou um reino seja arrancado, despedaçado earruinado, e se essa nação que eu advertir converter-se da sua perversidade, então eu mearrependerei e não trarei sobre ela a desgraça que eu tinha planejado. E, se noutra ocasião eu decretarque uma nação ou um reino seja edificado e plantado, e se ele fizer o que eu reprovo e não meobedecer, então me arrependerei do bem que eu pretendia fazer em favor dele” (Jr. 18:6-10).

Você pode ver que não há forma de Satanás, quando tentou Jesus no deserto, ter oferecidolegitimamente a Jesus o governo sobre os reinos políticos, humanos ou terrenos. Se ele estava falandoa verdade (o que, às vezes, faz), então tudo o que podia oferecer a Jesus era o controle sobre seu reinodas trevas.

Mas Satanás tem influência sobre governos humanos? Sim, mas somente porque ele é o senhorespiritual dos ímpios, e pessoas estão envolvidas em governos humanos. Mesmo assim, ele só tem aquantidade de influência que Deus lhe permite ter, e Deus pode frustrar qualquer plano de Satanás aqualquer hora que desejar. O apóstolo João escreveu sobre Jesus como o “soberano dos reis da terra”(Ap. 1:5).

Satanás Causa Desastres Naturais e Clima Desfavorável?

Por Satanás ser o “príncipe desse mundo” muitos também assumiram que ele controla o tempoe é quem causa todos os desastres naturais, como a seca, enchentes, tornados, terremotos e assim por

diante. Mas é isso que as Escrituras nos ensinam? Novamente, devemos ter cuidado para nãobasearmos toda a nossa teologia sobre Satanás em uma única passagem que diz que “o ladrão vemapenas para roubar matar e destruir” (Jo. 10:10). Já ouvi tantas pessoas citando esse versículo comoprova de que qualquer coisa que rouba, mata ou destrói vem de Satanás. Contudo, quandoexaminamos melhor a Bíblia, vemos que, às vezes, Deus mesmo mata e destrói. Considere essas trêspassagens de muitos exemplos possíveis:

Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir  (Tg. 4:14, ênfase adicionada).Mas eu lhes mostrarei a quem vocês devem temer: temam aquele que depois de matar  o

corpo, tem poder para lançar no inferno. Sim, eu lhes digo, esse vocês devem temer (Lc. 12:5, ênfaseadicionada).

Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenhammedo daquele que pode destruir  tanto a alma como o corpo no inferno (Mt. 10:28, ênfase adicionada).Se dissermos que tudo  aquilo que envolve morte e destruição é obra de Satanás, estamos

enganados. Existem vários exemplos na Bíblia em que Deus mata e destrói.

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Devemos perguntar a nós mesmos: Quando Jesus falou sobre o ladrão que vem para roubar,matar e destruir, Ele estava realmente falando sobre o Diabo? Novamente, tudo o que temos que fazeré ler sua afirmação dentro do contexto. Dois versículos antes daquele que diz que o ladrão vem pararoubar, matar e destruir, Jesus disse: “Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e assaltantes,mas as ovelhas não os ouviram” (Jo. 10:8). Quando lemos todo o discurso  de Jesus em João 10:1-15,onde Ele diz ser o bom Pastor, fica ainda mais evidente que Seus termos ladrão e ladrões sãoreferências a falsos profetas e líderes religiosos.

Vários Pontos de Vistas sobre Clima Desfavorável e Desastres Naturais

Quando um tornado ou terremoto acontece, ele levanta uma questão teológica nas mentes daspessoas que acreditam em Deus: “Quem está causando isso?” Só existem duas possibilidades paraaqueles que creem na Bíblia: Deus ou Satanás.

Alguns podem dizer: “Oh, não! Deus não é culpado! Ele os está julgando por seus pecados.” Se Deus estiver causando tornados e terremotos por causa de Seu julgamento pelos pecados,

com certeza podemos culpar   os humanos rebeldes ao invés de Deus, mas mesmo assim, Ele leva

a responsabilidade, já que os desastres naturais não podem acontecer sem Sua ordem.Ou, se for verdade que Deus permite que Satanás envie tornados e terremotos para trazer Seu julgamento aos pecadores, podemos dizer que Satanás os causa, mas ainda assim, Deus tem aresponsabilidade. A razão é que foi Ele quem permitiu que Satanás causasse a destruição e foi comoresultado de Sua reação ao pecado que os desastres aconteceram.

Alguns dizem que nem Deus nem Satanás são responsáveis pelos tornados e terremotos, masque são simplesmente um “fenômeno natural de nosso mundo caído”. De maneira vaga, tambémtentam culpar a humanidade pelos desastres naturais, mas sem entender direito. Essa explicação nãotira Deus da foto. Se tornados são simplesmente “fenômenos naturais de nosso mundo caído”, quemdecidiu quais seriam os desastres? Com certeza, tornados não são feitos por homens. Isto é, tornadosnão se formam sempre que um número x de mentiras são ditas na atmosfera. Terremotos nãoacontecem quando certo número de pessoas comete adultério.

Não. Se houver uma relação entre tornados e pecados, então Deus está envolvido, poistornados são a manifestação do Seu julgamento sobre os pecados. Mesmo que aconteçamaleatoriamente, Deus teria que decretar que acontecessem aleatoriamente e, portanto, estariaenvolvido.

Mesmo que não haja relação entre o pecado e desastres naturais, e Deus tenha Se confundidoquando criou o mundo, havendo erros na crosta terrestre, que, às vezes, se mexem e sistemasclimáticos que ocasionalmente se enfurecem, Ele ainda teria a responsabilidade pelos terremotos etornados, já que é o Criador, e Seus erros machucam as pessoas.

Não há “Mãe Natureza” 

Portanto, só existem duas possíveis respostas para a questão de desastres naturais. Deus ouSatanás é responsável. Antes de olharmos para passagens específicas para determinarmos qualresposta é a correta, vamos pensar um pouco mais sobre essas duas possibilidades.

Se Satanás é quem causa os desastres naturais, Deus é capaz ou não de impedi-lo? SeEle pode impedir que Satanás cause desastres naturais, mas não impede, continua tendoresponsabilidade. Os desastres nunca teriam acontecido sem Sua permissão.

Agora, vamos assumir, por um momento, que Deus não pode parar Satanás, mas gostaria de

pará-lo. Essa é uma possibilidade real?Se Deus não pode impedir que Satanás cause um desastre natural, ele é mais poderoso ou maisinteligente do que Deus. Na verdade, é isso o que certa teoria está dizendo com: “Satanás ganhoucontrole sobre o mundo com a queda de Adão”. Eles dizem que Satanás  tem o direito legal de fazer o

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que quer na terra, pois roubou a escritura de posse de Adão. Agora, supostamente, Deus gostaria deimpedi-lo, mas não pode, pois deve honrar a escritura de posse de Adão que agora está com Satanás.Em outras palavras, Deus não foi inteligente o suficiente para prever o que aconteceria na queda, masSatanás, sendo mais inteligente que Deus, ganhou um poder que Ele não queria que Satanás tivesse.Pessoalmente, não vou dizer que Satanás é mais sábio que Deus.

Se a teoria “Conquistado por Satanás” fosse verdade, iríamos querer saber por que ele nãocausa mais terremotos e tornados que causa agora, e por que não coloca como alvo grandes

populações de cristãos. (Se você disser: “Porque Deus não permitirá que ele tenha como alvopopulações de cristãos”, acaba de admitir que Satanás não pode operar sem a permissão de Deus). 

Quando diminuímos as possibilidades, as duas únicas possíveis respostas para nossa perguntasão estas: (1) Deus causa os terremotos e tornados ou (2) Satanás o faz com a permissão de Deus.

É possível perceber que independente de qual resposta é certa, Deus é responsável no fim?Quando as pessoas dizem: “Deus não mandou aquele tornado — Satanás o fez com a permissão dEle”,elas não estão tirando Deus totalmente da cena, como esperam fazer. Se Deus pudesse ter impedidoque Satanás causasse o tornado, querendo o tornado ou não, Ele leva a responsabilidade. Os humanosrebeldes podem ser os culpados  por causa de seus pecados (se o tornado foi enviado por Deus oupermitido por Ele como forma de julgamento), mas é besteira dizer que Ele não está envolvido ou não

foi responsável.

O Testemunho das Escrituras

O que, exatamente, as Escrituras dizem sobre “desastres naturais”? A Bíblia diz que Deus ou oDiabo os causam? Vamos dar uma olhada em terremotos primeiro, pois a Bíblia fala de muitos.

De acordo com as Escrituras, terremotos podem ocorrer como forma de julgamento de Deussobre pecadores merecedores. Lemos em Jeremias: “Quando ele *Deus+ se ira, a terra treme; as naçõesnão podem suportar o seu furor” (Jr. 10:10, ênfase adicionada). 

Isaías adverte:O Senhor dos Exércitos virá com trovões e terremoto e estrondoso ruído, com tempestade e

furacão e chamas de um fogo devorador (Is. 29:6, ênfase adicionada).Talvez você se lembre que durante os dias de Moisés, a terra se abriu e engoliu Corá e seus

seguidores rebeldes (veja Nm. 16:23-34). Obviamente, esse foi um ato de julgamento de Deus. Outrosexemplos de julgamentos de Deus através de terremotos podem ser encontrados em Ez. 38:19; Sl.18:7; 77:18; Ag. 2:6; Lc. 21:11; Ap. 6:12; 8:5; 11:13 e 16:18.

Alguns terremotos registrados nas Escrituras não são necessariamente atos de julgamento deDeus, mas ainda assim, foram causados por Ele. Por exemplo, de acordo com o evangelho de Mateus,houve um terremoto quando Jesus morreu (Mt. 27:51, 54), e outro quando ressuscitou (Mt. 28:2).Satanás causou esses?

Quando Paulo e Silas estavam cantando louvores a Deus à meia-noite em uma prisão em Filipo,“de repente, houve um terremoto tão violento que os alicerces da prisão foram abalados.Imediatamente todas as portas se abriram, e as correntes de todos se soltaram” (At. 16:26, ênfaseadicionada). Satanás causou aquele terremoto? Acho que não! Até o carcereiro foi salvo depois detestemunhar o poder de Deus. E esse não foi o único terremoto causado por Deus no livro de Atos(veja At. 4:31).

Li recentemente sobre alguns cristãos bem intencionados que, após ouvirem uma profeciasobre um terremoto em certo lugar, viajaram até o local para “lutar espiritualmente” contra o Diabo. Épossível ver o erro da suposição deles? Seria bíblico que eles orassem a Deus por Suamisericórdia sobre as pessoas daquela área. E se tivessem feito isso, não seria necessário gastar tempo

e dinheiro viajando ao lugar em potencial do terremoto —  eles podiam ter orado a Deus de ondemoravam. Mas combater o Diabo para impedir um terremoto não é bíblico.

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E os Tornados?

A palavra tornado não é encontrada nas Escrituras, mas com certeza, podemos encontraralguns exemplos de ventos fortes. Por exemplo:

Fizeram-se ao mar em navios, para negócios na imensidão das águas, e viram as obras doSenhor, as suas maravilhas nas profundezas. Deus falou e provocou um vendaval   que levantava as

ondas (Sl. 107:23-25, ênfase adicionada).O Senhor , porém, fez soprar um forte vento sobre o mar , e caiu uma tempestade tão violentaque o barco ameaçava arrebentar-se (Jn. 1:4, ênfase adicionada).

Depois disso vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos, paraimpedir que qualquer vento soprasse na terra, no mar ou em qualquer árvore (Ap. 7:1).

Obviamente, Deus pode começar e parar os ventos. [6] Em toda a Bíblia, só há uma passagem que dá crédito a Satanás por mandar um vento. Foi

durante a provação de Jó, quando um mensageiro disse a ele: “um vento muito forte veio do deserto eatingiu os quatro cantos da casa, que desabou. Eles morreram” (Jó. 1:19). 

Quem já leu o primeiro capítulo do livro de Jó sabe que foi Satanás quem causou as

desaventuranças de Jó. Contudo, não devemos esquecer que Satanás nada podia fazer para machucarJó ou seus filhos sem a permissão de Deus. Então, vemos novamente, que Deus é soberano sobre ovento.

O Temporal na Galileia

Mas e o “violento temporal” que alcançou Jesus e Seus discípulos quando estavamatravessando o Mar da Galileia? Certamente deve ter sido Satanás quem causou aquela tempestade, jáque Deus nunca mandaria um vento que viraria o barco em que estava Seu Filho. “Um reino divididocontra si mesmo cairá”, então, porque Deus mandaria um vento com o potencial de machucar Jesus e

Seus discípulos?Esses são bons argumentos, mas vamos parar e pensar um pouco. Se Satanás, e não Deus,

mandou aquela tempestade, devemos admitir que Deus permitiu que Satanás a mandasse. Então, amesma pergunta ainda deve ser respondida: Por que Deus permitiria que Satanás enviasse umatempestade que poderia ferir Jesus e os doze?

Há uma resposta? Talvez Deus estivesse ensinando aos discípulos algo sobre fé. Talvez osestivesse testando. Talvez estivesse provando Jesus, que assim como nós, tinha que passar “por todotipo de tentação, porém, sem pecado” (Hb. 4:15). Para ser provado em todas as coisas, Jesus precisavade uma oportunidade para ser tentado a ter medo. Talvez Deus quisesse glorificar Jesus. Talvezquisesse fazer todas as coisas mencionadas.

Deus levou os filhos de Israel até o Mar Vermelho sabendo que seriam encurralados peloexército de Faraó. Mas Deus não estava libertando  os israelitas? Então, Ele não estava trabalhandocontra Si mesmo levando-os a um lugar onde seriam massacrados? Esse não é um exemplo de um“reino dividido contra si mesmo”?

Não, porque Deus não tinha a intenção de deixar que os israelitas fossem massacrados. Etambém não tinha a intenção de mandar ou permitir que Satanás causasse um temporal no mar daGalileia, de deixar que Jesus e os doze se afogassem.

Apesar disso, a Bíblia não diz que Satanás mandou aquela tempestade sobre o mar da Galileia, etambém não diz que Deus mandou. Alguns dizem que deve ter sido Satanás porque Jesus repreendeu.Talvez, mas esse não é um argumento muito forte. Jesus não repreendeu Deus — Ele repreendeu o

vento. Deus, o Pai, poderia ter feito a mesma coisa. Isto é, Ele poderia ter agitado o vento com umapalavra e então, o acalmado, repreendendo-o. O fato de Jesus ter repreendido a tempestade não éprova de que foi Satanás quem a causou.

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Novamente, não devemos basear toda a nossa teologia em um versículo que não prova coisaalguma. Já dei referências de várias passagens que provam que Deus tem o controle soberano sobre ovento, e a maioria das vezes recebe o crédito por mandá-lo. Meu ponto principal é que Satanás,mesmo sendo o “deus desse mundo”, com certeza não tem controle total sobre o vento ou o direito decausar um furacão a qualquer hora ou em qualquer lugar que desejar.

Portanto, quando ocorrerem furacões, não devemos encará-los como algo que está além docontrole de Deus, algo que Ele gostaria de parar, mas não pode. A repreensão de Jesus a tempestade

no mar da Galileia deve ser prova suficiente de que Deus pode parar um furacão se quiser.E se Deus está mandando (ou permitindo) um furacão, Ele deve ter um motivo, e a resposta

mais inteligente ao por que Ele enviaria ou permitiria uma tempestade que causa uma ampladevastação catastrófica, é porque está advertindo e julgando pessoas desobedientes.

“Mas, às Vezes, Furacões Machucam Cristãos”Mas e os cristãos que são afetados por desastres naturais? Quando um furacão aparece, ele

não destrói somente as casas dos ímpios. Os cristãos não estão isentos da ira de Deus devido à mortesacrificial de Jesus? Então, como podemos dizer que Deus é quem está por trás dos desastres naturaisquando podem prejudicar Seus próprios filhos?

Essas são perguntas difíceis. Contudo, devemos ter em mente que as respostas não ficam mais

fáceis se as basearmos no falso conceito de que Satanás causa os desastres naturais. Se ele os causa,por que Deus  permite  que cause situações que possam machucar Seus filhos? Ainda encaramos osmesmos problemas.

A Bíblia diz claramente que Deus “não destinou para a ira” os que estão em Cristo (1 Ts. 5:9). Aomesmo tempo, ela diz que “a ira de Deus permanece” sobre os que não obedecem a Jesus (Jo. 3:36).Mas como a ira de Deus pode permanecer sobre os ímpios sem afetar os salvos quando esses moramentre aqueles? A resposta é que, às vezes, não pode; e devemos encarar esse fato.

Nos dias do êxodo, todos os israelitas moravam juntos e as pragas que Deus mandou como julgamento sobre os egípcios não os afligia (veja Ex. 8:22; 9:3-7; 24-26; 12:23). Mas conosco, moramose trabalhamos lado a lado com os “egípcios”. Se Deus deve julgá-los por meio de um desastre natural,

como podemos escapar?Escape é definitivamente a palavra chave para entender a resposta dessa questão. Mesmo que

Noé tenha escapado da ira completa de Deus ao inundar a terra, ele foi grandemente afetado, poisteve que trabalhar para construir a arca e, então, teve que passar um ano à bordo com uma multidãode animais fedidos. (Casualmente, tanto o Velho quanto o Novo Testamento dão a Deus o crédito pelodilúvio, e não a Satanás; veja Gn. 6:17; 2 Pd. 2:5).

Ló escapou quando o julgamento de Deus caiu sobre Sodoma e Gomorra, mas ainda assim,perdeu tudo o que tinha na destruição de fogo e enxofre. O julgamento de Deus sobre as pessoas másafetou um homem íntegro.

Com anos de antecedência, Jesus avisou os crentes em Jerusalém para fugirem quando vissem a

cidade cercada por exércitos, porque esses seriam “os  dias da vingança” (Lc. 12:22-23) —  indicandoclaramente o propósito de ira de Deus em permitir o cerco romano em Jerusalém em 70 d.C. Graças aDeus, os cristãos que ouviram o aviso de Cristo escaparam, mas mesmo assim perderam tudo o quetiveram que deixar em Jerusalém.

Nos três exemplos acima, vemos que o povo de Deus pode sofrer até certo ponto quando o julgamento dEle cai sobre os perversos. Portanto, não podemos concluir que Deus não é responsávelpelos desastres naturais porque, às vezes, eles afetam os cristãos.

Então, o que Faremos?

Vivemos em um mundo amaldiçoado por Deus, um mundo que passa pela ira de Deusconstantemente. Paulo escreveu: “a ira de Deus é revelada *não “será revelada”+ dos céus contra todaimpiedade e injustiça dos homens” (Rm. 1:18). Como os que estão vivendo em um mundo corrupto e

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amaldiçoado por Deus, não podemos escapar dos efeitos da ira de Deus sobre ele, mesmo que essa iranão seja destinada especificamente a nós.

Sabendo isso, o que devemos fazer? Em primeiro lugar, devemos confiar em Deus. Jeremiasescreveu:

Mas bendito é o homem cuja confiança está no Senhor, cuja confiança nele está. Ele será comouma árvore plantada junto às águas e que estende as suas raízes para o ribeiro. Ela não temerá quandochegar o calor, porque as suas folhas estão sempre verdes; não ficará ansiosa no ano da seca nem

deixará de dar fruto (Jr. 17:7-8)Note que Jeremias não disse que o homem que confia no Senhor nunca enfrentará a seca. Não,

quando o calor e a fome vierem, o homem que confia no Senhor é como uma árvore que estende suasraízes para o ribeiro. Ele tem outra fonte de suprimento, mesmo enquanto o mundo padece ao seuredor. A história de Elias sendo alimentado por corvos durante a fome em Israel vem à mente comoexemplo (veja 1 Rs. 17:1-6). Davi escreveu sobre os íntegros: “em tempos de fome desfrutarão fartura”(Sl. 37:19).

Mas os tempos de fome não são causados pelo Diabo? Não; não de acordo com as Escrituras.Deus sempre assume a responsabilidade, e a fome é sempre mencionada como uma consequência deSua ira sobre as pessoas merecedoras. Por exemplo:

Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Eu os castigarei. Seus jovens morrerão à espada; seus filhos esuas filhas, de fome” (Jr. 11:22, ênfase adicionada). 

Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Enviarei  a guerra, a fome e a peste contra eles; lidarei comeles como se lida com figos ruins, que são intragáveis” (Jr. 29:17, ênfase adicionada). 

“Filho do homem, se uma nação pecar contra mim por infidelidade, estenderei contra ela o meubraço para cortar o seu sustento, enviar fome sobre ela e exterminar seus homens e seus animais…” (Jr.14:13, ênfase adicionada).

“Vocês esperavam muito, mas eis que veio pouco. E o que vocês trouxeram para casa eudissipei com um sopro. E por que o fiz?”, pergunta o Senhor dos Exércitos. “Por causa do meu templo,que ainda está destruído, enquanto cada um de vocês se ocupa com a sua própria casa. Por isso, por

causa de vocês, o céu reteve o orvalho e a terra deixou de dar o seu fruto. Nos campos e nosmontes provoquei uma seca que atingiu o trigo, o vinho, o azeite e tudo mais que a terra produz, etambém os homens e o gado. O trabalho das mãos de vocês foi prejudicado” (Ag. 1:8-11, ênfaseadicionada).

No quarto exemplo acima, lemos que os israelitas receberam a culpa pela seca por causa deseus pecados, mas ainda assim, Deus assumiu a responsabilidade por mandá-la. [7] 

Se Deus manda a fome sobre os perversos, e nós vivemos entre eles, devemos confiar que Elesuprirá nossas necessidades. Paulo afirmou que a fome não pode nos separar do amor de Cristo:“Quem nos separará do amor de Cristo?  Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ounudez, ou perigo, ou espada?” (Rm. 8:35, ênfase adicionada). Note que Paulo não disse que os cristãos

nunca enfrentarão a fome, mas inferiu que podem, mesmo sendo um estudioso das Escrituras, sabiaque Deus poderia enviar fome para julgar os perversos.

Obediência e Sabedoria

Em segundo lugar, devemos ser obedientes e usar nossa sabedoria divina para evitar sermospegos na ira de Deus que é destinada para o mundo. Noé teve que construir sua arca, Ló teve que fugirpara os montes, os crentes de Jerusalém tiveram que fugir de sua cidade; todos esses tiveram queobedecer a Deus para evitar serem pegos em Seu julgamento sobre os perversos.

Se eu morasse em uma zona de furacões, construiria uma casa forte que não pudesse ser

destruída ou uma casa barata que pudesse ser facilmente substituída. E eu oraria. Todos os cristãosdevem orar e se manter sensíveis Àqueles que Jesus prometeu que “lhes anunciará o que está por vir”(Jo. 16:13) para que possa evitar a ira de Deus sobre o mundo.

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Lemos em Atos 11 sobre o profeta Ágabo que avisou de uma grande fome que tinha umpotencial desastroso para os cristãos que viviam na Judeia. Como consequência, Paulo e Barnabéreceberam uma oferta (veja At. 11:28-30).

Tais coisas podem acontecer hoje? Com certeza, pois o Espírito Santo não mudou e o amor deDeus não desvaneceu. Contudo, é uma pena que alguns no corpo de Cristo não estão abertos a taisdons e manifestações do Espírito Santo, e porque, “apagam o Espírito” (1 Ts. 5:19) perdem algumas dasmelhores bênçãos de Deus.

Em sua autobiografia, o ex-presidente e fundador do Adhonep (Associação de Homens deNegócios do Evangelho Pleno), Demos Shakarian, reconta como Deus falou aos cristãos que viviam naArmênia no fim de 1800 através de um menino-profeta analfabeto. Ele os avisou sobre um holocaustopendente, e como resultado, milhares de cristãos pentecostais que criam em tais manifestaçõessobrenaturais fugiram do país, incluindo os avós de Shakarian. Pouco depois, uma invasão turca naArmênia resultou no massacre de mais de um milhão de armênios, incluindo os cristãos que serecusaram a ouvir o aviso de Deus.

É sábio nos mantermos abertos ao Espírito Santo e sermos obedientes a Deus, caso contrário, ébem possível que possamos experimentar uma dose da ira de Deus que Ele não queria queexperimentássemos. Uma vez, Eliseu instruiu uma mulher: “Saia do país com sua família e vá morar

onde puder, pois o Senhor determinou para esta terra uma fome, que durará sete anos” (2 Rs. 8:1). Ese essa mulher não tivesse dado ouvidos ao profeta?

No livro de Apocalipse lemos um aviso interessante para que o povo de Deus saia da“Babilônia”, caso contrário, serão pegos no julgamento de Deus sobe ela: 

Então ouvi outra voz dos céus que dizia: “Saiam dela *Babilônia+, vocês, povo meu, para quevocês não participem dos seus pecados, para que as pragas que vão cair sobre ela não os atinjam! Poisos pecados da Babilônia acumularam-se até o céu, e Deus se lembrou dos seus crimes… Por isso numsó dia as suas pragas a alcançarão: morte, tristeza e fome; e o fogo a consumará, pois poderoso é oSenhor Deus que a julga (Ap. 18:4-5,8, ênfase adicionada).

Resumindo, Deus é soberano sobre o tempo e sobre os desastres naturais. Repetidamente,

Deus tem se mostrado Senhor sobre a natureza na Bíblia, desde causar quarenta dias de chuva nos diasde Noé até fazer chover granizo; também como mandar outras pragas naturais sobre os inimigos deIsrael, ou agitar o vento contra o barco de Jonas, ou até mesmo repreender a tempestade no mar deGalileia. Como Jesus disse, Ele é “Senhor dos céus e da terra” (Mt. 11:2 5). Para mais provas bíblicasespecíficas do senhorio de Deus sobre a natureza, veja Js. 10:11; Jó 38:22-38; Jr. 5:24; 10:13; 31:35; Sl.78:45-49; 105:16; 107:33-37; 135:6-7; 147:7-8,15-18; Mt. 5:45; At. 14:17.

Respostas para Algumas Perguntas

Se Deus está julgando as pessoas através de fome, enchentes e terremotos, é errado que nós,

como representantes de Deus, ajudemos e aliviemos o sofrimento dos que estão sendo punidos porDeus?

Absolutamente não. Devemos ter em mente que Deus ama a todos, incluindo as pessoas aquem julga. Por mais estranho que possa soar, Seus julgamentos através de desastres naturais é, naverdade, uma indicação de Seu amor. Como pode ser? Através das dificuldades que os desastresnaturais causam, Deus está avisando as pessoas a quem ama que Ele é santo e que julga, e que háconsequências para o pecado. Deus permite o sofrimento temporário para ajudar as pessoas aacordarem, para ver sua necessidade de um salvador — para que possam escapar do lago de fogo. Issoé amor!

Desde que as pessoas ainda estejam respirando, Deus ainda mostra a elas misericórdia não

merecida e há tempo de se arrependerem. Através de nossa compaixão e assistência, podemosdemonstrar o amor de Deus pelas pessoas que estão experimentando Sua ira temporária, mas que

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podem ser salvas de Sua ira eterna. Desastres naturais são oportunidades para alcançar o mundo peloqual Jesus morreu.

Alcançar as pessoas com o evangelho não é a coisa mais importante nessa vida? Quando temosuma perspectiva eterna, o sofrimento dos que foram pegos em desastres naturais não é nada emcomparação ao sofrimento dos que serão lançados no lago de fogo.

É um fato que as pessoas normalmente se tornam mais receptivas ao evangelho quando estãosofrendo. Existem vários exemplos bíblicos desse fenômeno, desde o arrependimento de Israel durante

a opressão pelas nações vizinhas até a parábola de Jesus do filho pródigo. Os cristãos devem ver osdesastres naturais como sendo as horas em que a colheita está potencialmente pronta.

Vamos Contar a Verdade

Mas qual deve ser nossa mensagem àqueles que estão recolhendo os pedaços de suas vidasapós um furacão ou terremoto? Como devemos responder se nos pedirem uma resposta teológica àsua situação? Vamos ser honestos com o que a Bíblia ensina e dizer às pessoas que Deus é santo e queseus pecados têm consequências. Vamos dizer a elas que o rugido feroz do tornado é uma pequena

amostra do poder do Todo Poderoso, e o medo que sentiram enquanto suas casas tremiam não é nadacomparado ao terror que tomará conta delas quando forem lançadas no inferno. E vamos dizer a elasque mesmo que todos mereçamos ser lançados no inferno, Deus, em toda a Sua misericórdia, está nosdando tempo para nos arrependermos e crermos em Jesus, através de quem podemos ser salvos da irade Deus.

Alguns perguntam: “Mas não devemos assustar as pessoas a respeito de Deus, devemos?”   Aresposta é encontrada nas Escrituras: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento” (Pv. 1:7).Até que as pessoas temam a Deus, elas não sabem nada.

E se as Pessoas Ficarem com Raiva de Deus?

Mas as pessoas não podem ficar com raiva de Deus por causa de seu sofrimento? Talvezfiquem, mas devemos gentilmente ajudá-las a enxergar seu orgulho. Ninguém tem o direito dereclamar com Deus por causa do tratamento que está recebendo dEle, pois todos merecíamos ter sidolançados no inferno há muito tempo. Ao invés de amaldiçoar Deus por suas calamidades, as pessoasdevem adorá-Lo por tê-las amado tanto a ponto de avisá-las. Deus tem todo o direito de ignorar atodos, deixando-os seguir seus caminhos egoístas ao inferno. Mas Deus ama as pessoas e as estáchamando todos os dias. Ele as chama suavemente através das árvores florindo, das canções dospássaros, da majestade das montanhas, através de Seu corpo, a Igreja, e através de Seu Espírito Santo.Mas elas ignoram Seu chamado.

Com certeza, não é a vontade de Deus que as pessoas tenham que sofrer, mas quandocontinuam a ignorá-Lo, Ele as ama o suficiente para usar medidas mais drásticas para chamar suaatenção. Furacões, terremotos, inundações e fome são algumas das medidas mais drásticas. Deusespera que tais calamidades humilhem o orgulho das pessoas e as tragam de volta aos seus juízos.

Deus é Injusto em Seu Julgamento?

Somente quando olhamos para Deus e para nosso mundo de uma perspectiva bíblica é quepensamos da maneira correta. A perspectiva bíblica é que todos merecem a ira de Deus, mas que Deusé misericordioso. Quando pessoas que estão sofrendo dizem que merecem um tratamento melhor de

Deus, com certeza Ele deve gemer. Todos estão recebendo muito mais misericórdia que merecem.A respeito desse mesmo tema, Jesus comentou em duas calamidades de Sua época. Lemos no

evangelho de Lucas:

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Naquela ocasião, alguns dos que estavam presentes contaram a Jesus que Pilatos misturara osangue de alguns galileus com os sacrifícios deles. Jesus respondeu: “Vocês pensam que esses galileuseram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira? Eu lhes digo que não!Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão. Ou vocês pensam que aqueles dezoitoque morreram, quando caiu sobre eles a torre de Siloé, eram mais culpados do que todos os outroshabitantes de Jerusalém? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês tambémperecerão” (Lc. 13:2-5).

Os galileus que morreram nas mão de Pilatos não poderiam dizer: “Deus nos tratouinjustamente por não ter nos livrado de Pilatos!” Não, eles eram pecadores que mereciam morrer; e,de acordo com Jesus, os galileus que sobreviveram estariam errados em pensar que eram menospecadores que seus vizinhos assassinados. Eles não tinham merecido favor maior da parte de Deus — tinham recebido misericórdia maior.

A mensagem de Cristo era clara: “Todos são pecadores. O pecado tem consequências. Agoravocês vivem por causa da misericórdia de Deus. Portanto, arrependam-se antes que seja tarde demaispara vocês também”. 

Jesus concluiu Seus comentários sobre essas tragédias com uma parábola sobre a misericórdiade Deus.

Então contou esta parábola: “Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha. Foiprocurar fruto nela, e não achou nenhum. Por isso disse ao que cuidava da vinha: ‘Já f az três anos quevenho procurar fruto nesta figueira e não acho. Corte-a! Por que deixá-la inutilizar a terra?’ Respondeuo homem: ‘Senhor, deixe-a por mais um ano, e eu cavarei ao redor dela e a adubarei. Se der fruto noano que vem, muito bem! Se não, corte-a’” (Lc. 13:6-9).

Aqui estão ilustradas a justiça e a misericórdia de Deus. A justiça de Deus diz: “Corte a árvoreinútil!” Mas Sua misericórdia suplica: “Não, dê a ela mais tempo para frutificar”. Todos os que não têmCristo são como aquela árvore.

Podemos Repreender Furacões e Inundações?Uma pergunta final sobre desastres naturais: Não é verdade que se tivermos fé suficiente,

podemos repreender e parar desastres naturais?Ter fé significa crer na vontade revelada de Deus. Portanto, a fé deve ser fundada na própria

palavra de Deus, caso contrário não é fé, mas esperança ou presunção. Em lugar algum a Bíblia diz queDeus nos promete que podemos repreender e acalmar furacões, e portanto, de forma alguma alguémpode ter fé para fazer tal coisa (a menos que Deus soberanamente lhe dê fé).

Deixe-me explicar melhor. A única maneira que alguém pode ter fé para repreender um furacãoé se estiver certo de que Deus não queria que esse furacão atingisse certa área geográfica. Como

temos aprendido das Escrituras, Deus é quem controla o vento e é, portanto, responsável por furacões.Dessa forma, seria impossível que alguém tivesse fé para parar um furacão quando o próprio Deusdecretou que ele acontecesse! A única exceção seria se Deus mudasse de ideia sobre o furacão, o quepode acontecer devido à oração de alguém para que mostrasse misericórdia, ou devido aoarrependimento das pessoas a quem estava prestes a julgar (a história de Nínive nos dias de Jonas vemà mente como exemplo). Mesmo que Deus mudasse de ideia, ninguém poderia ter fé para repreendere acalmar um furacão, a menos que essa pessoa soubesse que Deus mudou de ideia e tambémsoubesse que Deus queria que ela repreendesse e acalmasse a tempestade.

A única pessoa que já repreendeu e acalmou um grande vento foi Jesus. A única maneira de umde nós fazê-lo seria se Deus nos desse o “dom de fé”, (ou o dom de “fé especial”, como é às vezes

chamado), um dos nove dons do Espírito listados em 1 Coríntios 12:7-11. Assim como todos os dons doEspírito, o dom de fé não opera como queremos, mas somente como o Espírito quer (veja 1 Co. 12:11).Portanto, a menos que Deus lhe dê fé especial para repreender um furacão que está a caminho, vocênão deve continuar no seu caminho, agindo supostamente pela fé. Saia do caminho! Também sugiro

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que ore pela proteção de Deus, e peça a Ele que tenha misericórdia das pessoas que está julgando,pedindo a Ele que poupe suas vidas para que tenham mais tempo para se arrependerem.

Note que quando Paulo estava a caminho de Roma em um barco que foi arrastado por duassemanas por ventos muito fortes, ele não os acalmou repreendendo (veja At. 27:14-44). A razão de nãotê-lo feito é porque não podia. Também note que Deus teve misericórdia de todos a bordo, pois todosos 276 sobreviveram ao naufrágio seguinte (veja At. 27:24, 34, 44). Gosto de pensar que Deus tevemisericórdia deles porque Paulo orou por isso.

* Nota do tradutor: esse livro ainda não foi traduzido para o português.[1] Duas possíveis objeções respondidas: (1) Judas menciona uma disputa entre Miguel e

Satanás pelo corpo de Moisés, mas não há menção de uma verdadeira batalha. Aliás, Judas diz queMiguel não “ousou fazer acusação injuriosa contra ele (Satanás), mas disse: ‘O Senhor o repreenda!’”(Jd. 1:9). (2) Quando Eliseu e seu servo estavam cercados por um exército sírio na cidade de Dotã,Eliseu orou para que Deus abrisse os olhos de seu servo (2 Rs. 6:15-17). Consequentemente, seu servoviu “cavalos e carros de fogo”, os quais assumimos que estavam montados e ocupados por um exército

de anjos em um reino espiritual. Contudo, essa não é uma indicação definitiva de que esses anjosforam envolvidos em uma batalha com seres demoníacos. Às vezes, Deus usa anjos para executar Suaira contra seres humanos perversos, um exemplo é o massacre de 185,000 soldados assírios por umanjo, registrado em 2 Reis 19:35.

[2] Veja, por exemplo, Mateus 1:20; 2:13,19; 4:11; Lucas 1:11-20, 26-38.[3] Toda essa passagem também é prova de que Jó não “abriu as portas a Satanás por causa de

seu medo”, um mito crido por alguns. Deus, em pessoa, disse a Satanás a respeito de Jó em 2:3: “Ele semantém íntegro, apesar de você me haver instigado contra ele para arruiná-lo sem motivo” (ênfaseadicionada). Discuto isso em detalhes em meu livro, God´s Tests  [Os Testes de Deus  –  ainda nãotraduzido para o português], 175-181, que também está disponível à leitura em inglês em nosso

website (www.shepherdserve.org).[4] Veja também 1 Coríntios 10:13, que indica que Deus limita nossa tentação, o que indica que

Ele limita o tentador.[5] Isso significa que não devemos orar pelos líderes governamentais ou votar nas eleições,

porque Deus exalta a quem quer sobre nós? Não, em uma democracia, a ira de Deus está praticamenteembutida. Elegemos aqueles em quem votamos, e pessoas perversas normalmente elegem outrasperversas. Por esse motivo, os justos devem votar. Além do mais, em ambos, no Velho e NovoTestamentos, somos instruídos a orar por nossos líderes governamentais (Jr. 29:7; 1 Tm. 2:1-4), o queindica que podemos influenciar Deus enquanto Ele determina quem será colocado no cargo. Como, àsvezes, o julgamento de Deus vem em forma de líderes governamentais perversos, e porque a maioria

das nações merece tal julgamento, podemos pedir e conseguir alguma misericórdia dEle, para quenosso país, em particular, não ganhe tudo o que merece.

[6] Outras passagens que provam que Deus está no controle do vento são: Gn. 8:11; Ex.10:13,19; 14:21; 15:10; Nm. 11:31; Sl. 48:7; 78:76; 135:7; 147:18; 148:8; Is. 11:15; 27:8; Jr. 10:13;51:16; Ez. 13:11,13; Am. 4:9,13; Jn. 4:8 e Ag. 2:17. Em vários desses exemplos, Deus usou o vento comomeio de julgamento.

[7] Para mais referências sobre Deus enviando fome, veja Deuteronômio 32:23-24; 2 Samuel21:1; 24:12-13; 2 Reis 8:1; Salmos 105:16; Isaías 14:30; Jeremias 14:12,15-16; 16:3-4; 24:10; 27:8;34:17; 42:17; 44:12-13; Ezequiel 5:12,16-17; 6:12; 12:16; 14:21; 36:29; Apocalipse 6:8 e 18:8. Jesusmesmo disse que Deus “derrama chuva sobre justos e injustos” (Mt. 5:45). Deus controla a chuva.  

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Capítulo Trinta e Um

Mitos Modernos Sobre Batalhas Espirituais:

Parte 2

Continuamos este capítulo considerando mais alguns ensinos errados, mas populares a respeito

de Satanás e batalhas espirituais. Na conclusão, consideraremos o que as Escrituras realmente dizem arespeito de batalhas espirituais que cada crente deve praticar.

Mito no 5: “ Podemos acabar com fortalezas demoníacas na atmosferaatravés da batalha espiritual”. 

De acordo com as Escrituras, não há dúvida de que Satanás reina sobre uma hierarquia deespíritos malignos que habitam na atmosfera da Terra e que o ajudam a governar o reino das trevas.Que esses espíritos malignos são “territoriais”, governando sobre certas áreas geográficas, é um

conceito também encontrado na Bíblia (veja Dn. 10:13, 20-21; Mc. 5:9-10); como também é bíblico quecristãos têm autoridade para expulsar demônios de outras pessoas e a responsabilidade de resistir aodemônio (veja Mc. 16:17; Tg. 4:7; 1 Pd. 5:8-9). Mas, podem os cristãos derrubar os espíritos malignosque reinam sobre cidades? A resposta é não; e tentar fazer isso é uma perca de tempo.

Só porque podemos expulsar demônios de pessoas, não devemos assumir que podemosderrubar os espíritos malignos que reinam sobre cidades. Existem vários exemplos nos evangelhos e nolivro de Atos de expulsão de demônios das pessoas, mas você pode pensar em pelo menos umexemplo, nos evangelhos ou no livro de Atos, de alguém ter derrubado um espírito maligno quereinava sobre uma cidade ou região geográfica? Não pode, porque não existem tais exemplos. Vocêpode pensar em uma instrução em alguma epístola sobre nossa responsabilidade de derrubar espíritos

malignos da atmosfera? Não, porque não existe. Por esse motivo, não temos base bíblica para crer quepodemos ou devemos nos engajar em “batalhas espirituais” contra espíritos malignos na atmosfera. 

Aprofundando Demasiadamente nas Parábolas

Encontrar mais sentido na Bíblia do que Deus intencionou é um erro que cristãos cometem comgrande frequência quando leem passagens que contêm linguagem metafórica. Um exemplo clássico demá interpretação de linguagem metafórica tem como base as palavras de Paulo sobre “ derrubarfortalezas”: 

Pois embora vivamos como homens, não lutamos segundo os padrões humanos. As armas com

as quais lutamos não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas.Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamoscativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo. E estaremos prontos para punir todo ato dedesobediência, uma vez estando completa a obediência de vocês (2 Co. 10:3-6).

Ao invés de dizer “destruímos argumentos”, a versão King James* diz que estamos “destruindofortalezas”. Desta única frase metafórica, praticamente uma teologia inteira foi criada para defender aideia de fazer “batalhas espirituais” para “destruir fortalezas” que consistem de espíritos malignos naatmosfera. Mas como a New American Standard Version* deixa claro, Paulo não está falando deespíritos malignos na atmosfera, mas de fortalezas de falsas crenças que existem nas mentes daspessoas. Argumentos é o que Paulo está destruindo, não espíritos malignos nos lugares altos.

Isso fica ainda mais claro quando lemos o contexto. Paulo disse: “Destruímos argumentos etoda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento,para torná-lo obediente a Cristo” (ênfase adicionada). A batalha da qual Paulo escreveu

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simbolicamente é uma batalha contra pensamentos ou ideias que são contra o verdadeiroconhecimento de Deus.

Usando metáforas militares, Paulo explica que estamos em uma batalha, uma batalha pelasmentes das pessoas que acreditam nas mentiras de Satanás. Nossa arma principal nessa batalha é aVerdade, que é o porquê de termos sido enviados ao mundo inteiro para pregar o evangelho,invadindo o território inimigo com uma mensagem que pode libertar os cativos. Os fortes que temosdestruído foram construídos com tijolos de mentiras unidos pelo cimento da decepção.

Toda a Armadura de Deus

Outra passagem de Paulo que muitas vezes é mal interpretada encontra-se em Efésios 6:10-17,onde escreveu sobre nossa responsabilidade de colocar a armadura de Deus. Mesmo que essapassagem seja definitivamente sobre nossa luta contra o demônio e espíritos malignos, não há mençãode derrubar espíritos malignos que estão sobre as cidades. Quando estudamos a passagem de perto,torna-se claro que Paulo estava escrevendo principalmente sobre a responsabilidade de cada indivíduode resistir ao esquemas de Satanás em sua vida pessoal aplicando a verdade da Palavra de Deus.

Quando lemos essa passagem em particular, notamos também a linguagem metafóricaevidente. Obviamente, Paulo não falava literalmente sobre uma armadura material que os cristãosdevem vestir. A armadura sobre a qual escreveu é figurativa. Esses pedaços de armadura representamas várias verdades bíblicas que os cristãos devem usar como proteção contra o demônio e espíritosmalignos. Por saber, crer e agir de acordo com a Palavra de Deus, os cristãos estão, figurativamentefalando, vestidos da armadura de Deus.

Vamos examinar essa passagem em Efésios versículo por versículo, enquanto nosperguntamos, o que Paulo realmente queria nos transmitir ?

A Fonte de Nossa Força Espiritual

Primeiramente, Paulo nos diz: “fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder” (Ef. 6:10). Aênfase está no fato de que não devemos tirar nossa força de nós mesmos, mas de Deus. Isso se tornamais claro na próxima afirmação de Paulo: “Vistam toda a armadura de Deus” (Ef. 6:11a). Essaarmadura é de Deus, não nossa. Paulo não está dizendo que o próprio Deus usa armadura, mas queprecisamos da armadura que Deus providenciou.

Por que precisamos dessa armadura que Deus providenciou? A resposta é: “para poderem ficarfirmes contra as ciladas do Diabo” (Ef. 6:11b). Essa armadura é principalmente para uso  defensivo, nãoofensivo. Não é para que possamos sair e derrubar espíritos malignos que estão sobre cidades; é paraque possamos ficar firmes contra as ciladas do Diabo.

Aprendemos que o Diabo tem planos para nos atacar, e a menos que estejamos usando aarmadura que Deus providenciou, estaremos vulneráveis. Note também que a responsabilidade decolocar a armadura é nossa, não de Deus.

Vamos continuar:Pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os

dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais (Ef.6:12).

Aqui, torna-se claro como cristal que Paulo não está falando sobre uma batalha física oumaterial, mas espiritual. Estamos lutando contra os planos de várias hierarquias de espíritos malignosos quais foram listados por Paulo. A maioria de leitores assume que Paulo os listou em ordem de

autoridade, de baixo para cima; “poderes” sendo a classe mais baixa e “forças espirituais do mal nasregiões celestiais” sendo a classe mais alta. Como podemos lutar contra seres espirituais? Essa pergunta pode ser respondida se

perguntarmos: Como os seres espirituais podem nos atacar?   Eles nos atacam principalmente com

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tentações, pensamentos, sugestões e ideias que contradizem a Palavra e a vontade de Deus. Portanto,nossa defesa é saber, crer e obedecer a Palavra de Deus.

Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e permanecerinabaláveis, depois de terem feito tudo (Ef. 6:13).

Note mais uma vez que o propósito de Paulo é nos equipar para resistir  aos ataques de Satanáse permanecer . Seu propósito não é nos equipar para atacarmos Satanás e derrubar espíritos malignosda atmosfera. Paulo nos diz para permanecermos inabaláveis três vezes. Nossa posição é a defesa, não

o ataque.

Verdade — Nossa Defesa Principal

Assim, mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade (Ef. 6:14a).A verdade é o que mantém nossa armadura no lugar. O que é a verdade? Jesus disse ao Seu Pai:

“A tua palavra é a verdade” (Jo. 17:17). Não podemos permanecer firmes contra Satanás a menos queconheçamos a verdade com a qual podemos combater suas mentiras. Jesus demonstrou issomaravilhosamente quando foi tentado no deserto e respondia a todas as sugestões de Satanás com:

“Está escrito”. Paulo continuou:Vestindo a couraça da justiça (Ef. 4:14b).Como cristãos, devemos ser familiares com dois tipos de justiça. A primeira, recebemos como

um presente, a justiça de Cristo (veja 2 Co. 5:21). Sua justiça tem sido implantada naqueles que creemem Jesus, aos que deixaram seus pecados na cruz. Essa justiça nos libertou dos domínios de Satanás.

Segunda, devemos viver em justiça, obedecendo os mandamentos de Jesus, e isso éprovavelmente o que Paulo tinha em mente a respeito da couraça da justiça. Através da obediência aCristo, não damos lugar ao Diabo (veja Ef. 4:26-27).

Pés Firmes nos Sapatos do EvangelhoE tendo os pés calçados com a prontidão do evangelho da paz (Ef. 6:15).Conhecer, crer e agir de acordo com a verdade do evangelho nos dá pés firmes para

prevalecermos contra os ataques de Satanás. Os sapatos que os soldados romanos usavam tinhamtravas nas solas que lhes davam firmeza no campo de batalha. Quando Jesus é nosso Senhor, temospés firmes para prevalecermos contra as mentiras de Satanás.

Além disso, usem o escudo da fé com o qual vocês poderão apagar todas as setas inflamadas doMaligno (Ef. 6:16).

Note novamente a ênfase de Paulo em nossa postura defensiva. Ele não está falando de

derrubarmos os demônios de sobre as cidades. Está falando sobre o uso da nossa fé na Palavra de Deuspara resistir às mentiras do Diabo. Quando cremos e agimos de acordo com o que a Palavra de Deusdiz, é como ter um escudo que nos protege das mentiras de Satanás, representadas figuradamentecomo “setas inflamadas do Maligno”. 

Nossa Espada Espiritual — A Palavra de Deus

Usem o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus (Ef. 6:17).A salvação, como a Bíblia a descreve, inclui nossa libertação do cativeiro de Satanás. Deus nos

“resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado” (Cl. 1:13). Saber

isso é como ter um capacete que guarda nossas mentes de acreditar na mentira de Satanás de queainda estamos em seu domínio. Satanás não é mais nosso mestre — Jesus é.

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Além do mais, devemos pegar a “espada do Espírito” que, como Paulo explica, é uma figurapara a Palavra de Deus. Como já mencionei, Jesus foi o exemplo perfeito de um guerreiro espiritual quemanejou habilmente Sua espada espiritual. Durante Sua tentação no deserto Ele respondeu cada vez aSatanás, citando diretamente a Palavra de Deus. Da mesma forma, se formos derrotar o Diabo em umcombate espiritual, devemos conhecer e crer no que Deus disse, se não, sucumbiremos a suasmentiras.

Note também que Jesus usou a “espada do Espírito” defensivamente. Alguns gostam de

ressaltar para os que mantém a postura de que a armadura que Paulo escreveu é principalmentedefensiva, que definitivamente a espada é uma arma ofensiva. Portanto, com um argumento fraco,tentam justificar sua teoria de que a passagem em Efésios 6:10-12 é aplicável a nossa supostaresponsabilidade de “derrubar fortalezas” de espíritos malignos nos lugares celestiais.

Obviamente, depois de ler o motivo de Paulo do porquê os cristãos devem vestir a armadura deDeus (para que possam “ficar firmes contra as ciladas do Diabo”), sabemos que ele está falandoprincipalmente de um uso defensivo da armadura. Além do mais, mesmo que pensem em uma espadacomo uma arma ofensiva, também podemos vê-la como defensiva, já que protege dos ataques daespada do inimigo e os bloqueia.

Além do mais, devemos ter cuidado para não deformarmos a metáfora, enquanto tentamos

retirar das várias partes da armadura, significados que nem existem. Quando começamos a discutirsobre a natureza defensiva e ofensiva da espada, tendemos a “ir longe de mais nas parábolas”, porquanto desmontamos os pedaços de uma simples metáfora que nunca foi planejada para ser tãodissecada.

Mas Deus não nos Instruiu a “Amarrar o Homem Forte”? 

Encontramos três vezes nos evangelhos Jesus mencionando “amarrar o homem forte”.Contudo, em nenhum dos três casos Ele disse aos Seus seguidores que “amarrar o homem forte” eraalgo que devessem praticar. Vamos examinar exatamente o que Jesus disse, e vamos ler dentro docontexto:

E os mestres da lei que haviam descido de Jerusalém diziam: “Ele está com Belzebu! Pelopríncipe dos demônios é que ele expulsa demônios”. Então Jesus os chamou e lhes falou por parábolas:“Como pode Satanás expulsar Satanás?  Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não poderásubsistir. Se uma casa estiver dividida contra si mesma, também não poderá subsistir. E se Satanás seopuser a si mesmo e estiver dividido, não poderá subsistir; chegou o seu fim. De fato, ninguém podeentrar na casa do homem forte e levar dali os seus bens, sem que antes o amarre. Só então poderároubar a casa dele. Eu lhes asseguro que todos os pecados e blasfêmias dos homens lhes serãoperdoados, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: é culpado de pecadoeterno”. Jesus falou isso porque eles estavam dizendo: “Ele está com um espírito imundo”. (Mc. 3:23 -

30).Note que Jesus não estava ensinando Seus seguidores a amarrarem nenhum homem forte. Ele

estava respondendo às críticas dos escribas de Jerusalém com lógica indiscutível e uma metáfora clara.Eles O acusaram de expulsar demônios usando poder demoníaco. Ele respondeu dizendo que

Satanás seria insano de trabalhar contra si mesmo. Ninguém pode inteligentemente argumentar contraisso.

Se não foi o poder de Satanás que Jesus estava usando para expulsar demônios, de quem era opoder? Tinha que ser um poder maior que o de Satanás. Tinha que ser o poder de Deus, o poder doEspírito Santo. Portanto, Jesus falou metaforicamente de Satanás, comparando-o a um homem forteguardando suas posses. O único capaz de tirar as posses do homem forte seria alguém ainda mais

forte, o próprio Deus. Essa foi a verdadeira explicação de como Ele expulsava demônios.Essa passagem que menciona o homem forte, assim como as similares encontradas em Mateus

e Lucas, não podem ser usadas para justificar “amarrar o homem forte” sobre cidades. Adicionalmente,

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quando examinamos o resto do Novo Testamento, não encontramos exemplo algum de uma pessoa“amarrando o homem forte” sobre cidades, ou qualquer instrução para que assim o façam. Portanto,podemos concluir seguramente que não é bíblico que qualquer cristão tente amarrar e render umsuposto “homem forte - espírito maligno” sobre uma cidade ou área geográfica. 

Mas e Sobre “Amarrar no Céus e na Terra”? 

Só encontramos duas vezes nos evangelhos as palavras de Jesus: “O que você amarrar na terra  será *ou ‘terá sido’+ amarrado nos céus, e o que você liberar na terra será *ou ‘terá sido’+ liberado noscéus”*. Ambas estão registradas no evangelho de Mateus.

Jesus estava nos ensinando que podemos e devemos “amarrar” espíritos demoníacos naatmosfera?

Primeiro, vamos considerar Suas palavras amarrar  e liberar . O uso dessas palavras por Jesus éobviamente figurativo, já que, com certeza, Ele não quis dizer que Seus seguidores pegariam cordas eliteralmente amarrariam algo ou libertariam algo que estava amarrado com cordas. Então, o que Jesusquis dizer?

Para encontrarmos a resposta devemos olhar ao Seu uso das palavras amarrar  e liberar  dentrodo contexto do que estava falando naquela hora. Ele estava falando sobre espíritos malignos? Se sim,podemos concluir que Sua palavra sobre amarrar tem aplicação ao amarrar de espíritos malignos.

Vamos examinar a primeira passagem em que Jesus menciona amarrar e liberar:“E vocês?”, perguntou ele *Jesus+. “Quem vocês dizem que eu sou?” Simão Pedro respondeu:

“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Respondeu Jesus: “Feliz é você Simão, filho de Jonas! Porque istonão lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus. E eu lhe digo que você éPedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la. Eu lhedarei as chaves do Reino dos céus; o que você amarrar na terra terá sido amarrado nos céus, e o quevocê liberar na terra terá sido liberado nos céus” (Mt. 16:15-19, ênfase adicionada).

Sem dúvida a razão dessa passagem ter sido interpretada de tantas maneiras diferentes é queela contém pelo menos cinco expressões metafóricas: (1) “carne ou sangue”, (2) “pedra”, (3) “portasdo Hades”, (4) “chaves do Reino dos céus” e (5) “amarrar/liberar”. Todas essas expressões sãofigurativas, ou seja, falam de outra coisa.

Portas do Hades

Mesmo sem considerar o significado preciso das metáforas, podemos ver que, nessa passagem,Jesus não estava falando de espíritos malignos. O mais perto que chegou foi quando mencionou “asportas do Hades”, que são obviamente simbólicas, já que não é possível que as portas do Hades façam

algo para prejudicar a Igreja.O que “as portas do Hades” representam? Talvez simbolizam o poder de Satanás, e Jesus quis

dizer que o poder de Satanás não impediria que Sua Igreja fosse construída. Ou talvez, quis dizer que aIgreja que Ele construiria salvaria as pessoas para que não fossem aprisionadas “atrás” das portas d oHades.

Note que, na verdade, Jesus mencionou duas portas: as portas do Hades e as portas para o céu,implícitas quando Ele deu a Pedro as “chaves dos céus”. Esse contraste suporta ainda mais a ideia deque a afirmação de Jesus representa o papel da Igreja de salvar as pessoas que estão indo para oHades.

Mesmo que Jesus tenha dito que “todo o poder de Satanás não pararia Sua Igreja”, não

podemos pular para a conclusão que Seus comentários sobre amarrar e liberar são instruções para oque devemos fazer com espíritos malignos que pairam sobre cidades, pela simples razão de que nãopodemos encontrar exemplos nos evangelhos ou em Atos de alguém amarrando tais espíritosmalignos, nem podemos encontrar instruções nas epístolas para que façamos tal coisa. De qualquer

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terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus.Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles (Mt. 18:15-20, ênfaseadicionada).* 

Nessa segunda passagem, não há absolutamente nada  dentro do contexto que nos levaria acrer que Jesus estava falando de amarrar espíritos malignos. Aqui, Cristo falou sobre amarrar e liberarimediatamente depois de falar sobre disciplina da Igreja.

Isso pareceria indicar que a respeito de amarrar e liberar nessa passagem, Jesus quis dizer algo

como: “Estou dando a você a responsabilidade de determinar quem deve estar na Igreja e quem nãodeve. É seu trabalho. Enquanto você cumpre suas responsabilidades, o céu te apoiará”. 

Em uma aplicação mais abrangente, Jesus estava simplesmente dizendo: “Vocês sãorepresentantes autorizados do céu na terra. Vocês têm responsabilidades e enquanto cumprirem suasresponsabilidades na terra, o céu sempre lhes apoiará”. 

Amarrar e Liberar no Contexto

Essa interpretação se encaixa bem no contexto imediato, assim como no contexto mais remoto

do Novo Testamento.A respeito do contexto imediato, notamos que, imediatamente depois de Sua afirmação sobreamarrar e liberar, Jesus disse: “Também lhes digo que se dois de vocês concordarem na terra emqualquer assunto sobre o qual pedirem isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus” (Mt. 18:19,ênfase adicionada).

Aqui está novamente o tema “o que você fizer na terra será apoiado no céu”. Nós, na terra,estamos autorizados a orar e somos responsáveis por essa tarefa. Quando assim o fizermos, o céuresponderá. As palavras de Jesus, “Também lhes digo…” parecem indicar que Ele está expandindo Suaafirmação anterior sobre amarrar e liberar.

A afirmação final de Jesus nessa passagem: “Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome,ali eu estou no meio deles”, também suporta o tema “o céu lhes apoiará”. Quando crentes se reúnemem Seu nome, Ele, que mora no céu, aparece.

Mesmo que você discorde completamente da minha interpretação das passagens sobconsideração, você será colocado contra a parede para apresentar um argumento bíblico e forteprovando que Jesus estava falando sobre amarrar e liberar espíritos malignos que pairam sobrecidades.

O Plano Divino de Deus Inclui Satanás

Satanás e seus anjos são um exército rebelde, mas não um exército que está além do controle

de Deus. Esse exército rebelde foi criado por Deus  (mesmo que não fosse rebelde quando criado).Paulo escreveu:

Pois nele [Cristo] foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis,sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele(Cl. 1:16, ênfase adicionada).

Jesus criou todos os espíritos angelicais de todos os postos, incluindo Satanás. Ele sabia quealguns iriam se rebelar? É claro que sim. Então, por que os criou? Porque usaria aqueles espíritosrebeldes para ajudá-lo a cumprir Seu plano. Se Ele não tivesse um plano para eles, simplesmente osteria encarcerado, como sabemos que já fez com alguns anjos rebeldes (veja 2 Pd. 2:4) e como fará umdia com Satanás (veja Ap. 20:2).

Deus tem motivos para permitir que Satanás e todos os espíritos malignos operem na terra. Senão tivesse, estariam completamente fora de serviço. Quais são os motivos de Deus para permitir queSatanás opere na terra? Acho que ninguém entende todos os motivos; mesmo assim, Deus reveloualguns deles em Sua Palavra.

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Primeiro, Deus permite que Satanás opere limitadamente na terra para cumprir Seu plano detestar os humanos. Satanás é a escolha alternativa para a fidelidade humana. Percebendo ou não, aspessoas estão sujeitas a Deus ou a Satanás. Deus permitiu que Satanás tentasse Adão e Eva, duaspessoas que tinham o livre arbítrio dado por Deus, para testá-los. Todos os que possuem livre arbítriodevem ser testados para que seja revelado o que realmente está em seus corações: obediência oudesobediência. [1] 

Segundo, Deus permite que Satanás opere limitadamente na terra como um agente de Sua ira

sobre os malfeitores. Já provei isso anteriormente, mostrando vários exemplos específicos nasEscrituras, onde Deus trouxe julgamento sobre as pessoas que mereciam através de espíritos malignos.O fato de Deus ter permitido que Satanás reinasse sobre as pessoas incrédulas do mundo é umaindicação de Sua ira sobre elas. Deus julga grupos de pessoas corruptas permitindo que humanosperversos reinem sobre elas, assim também como espíritos malignos, tornando suas vidas ainda maismiseráveis.

Terceiro, Deus permite que Satanás opere limitadamente na terra para glorificar a Si mesmo.“Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo (1 Jo. 3:8). Cada vez que Deusdestrói um dos trabalhos de Satanás, Seu poder e sabedoria são glorificados.

Jesus é o Cabeça Sobre os Poderes e Principados

Como cristãos, nossa responsabilidade bíblica para lidar com Satanás e espíritos malignos édupla: resistir a eles em nossas próprias vidas (Tg. 4:7) e expulsá-los da vida de quem quer ser liberto(Mc. 16:17). Qualquer cristão que tenha experiência em expulsar demônios de pessoas sabe que, comoregra geral, ele não será capaz de expulsar o demônio a menos que a pessoa endemoninhada queiraser liberta. [2] Deus honra o livre arbítrio de cada pessoa e se alguém quiser permanecer possesso,Deus não o impedirá.

Esse é outro motivo do porquê não podermos derrubar espíritos territoriais de sobre áreasgeográficas. Aqueles espíritos estão segurando pessoas enlaçadas porque é isso que elas escolheram.Através da proclamação do evangelho a elas, oferecemos uma escolha. Se fizerem a escolha certa, oresultado será sua libertação de Satanás e dos espíritos malignos. Se fizerem a escolha errada,escolhendo não se arrependerem, Deus continuará permitindo que Satanás os mantenha cativos.

Jesus é mencionado nas Escrituras como “o Cabeça de todo poder e autoridade” (Cl. 2:10).Mesmo que as palavras gregas para poder  (arche) e autoridade (exousia) sejam, às vezes, usadas paradescrever líderes políticos humanos, também são usadas no Novo Testamento como títulos paragovernadores espirituais demoníacos. A passagem clássica sobre a luta dos cristãos contra poderes(arche) e autoridades (exousia) em Efésios 6:12 é um exemplo.

Quando lemos dentro do contexto o que Paulo escreveu sobre Jesus ser o Cabeça de todopoder e autoridade em Colossenses 2:10, parece claro que está falando de poderes espirituais. Por

exemplo, na mesma passagem, somente quatro versículos depois, Paulo escreve sobre Jesus: “E, tendodespojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz”(Cl. 2:15, ênfase adicionada).

Se Jesus é o Cabeça dos poderes e autoridades espirituais, Ele é soberano sobre eles. Essa éuma maravilhosa revelação aos cristãos que vivem em culturas pagãs e animistas e que gastaram partede suas vidas adorando ídolos com medo dos espíritos malignos que sabiam, reinavam sobre eles.

O Único Meio de Fuga

A única maneira de escapar do cativeiro de espíritos malignos é se arrepender e crer noevangelho. Esse é o escape que Deus providenciou. Ninguém pode amarrar as forças demoníacas quepairam sobre cidades e se libertar completamente ou parcialmente. Até que uma pessoa se arrependa

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e creia no evangelho, ela permanecerá na ira de Deus (veja Jo. 3:36), que inclui estar presa por poderesdemoníacos.

É por isso que não há mudanças mensuráveis nas cidades onde as grandes conferências sobrebatalhas espirituais acontecem, porque nada aconteceu que tenha realmente afetado as hierarquiasdemoníacas que reinam sobre essas áreas. Os cristãos podem gritar com os poderes e principados dia enoite; podem tentar atormentar o Diabo com o que chamam de “línguas guerreiras”; podem dizer “euvos amarro, espíritos malignos de sobre essa cidade” um milhão de vezes; podem até fazer todas essas

coisas de aviões ou do andar mais alto dos arranha céus (como alguns fazem); mas a única coisa queprovocarão nos espíritos malignos é fazê-los rir muito dos cristãos tolos.

Vamos prosseguir para o sexto mito moderno sobre batalhas espirituais.

Mito no6: “Batalhas espirituais contra espíritos territoriais abrem as portas

para evangelismo efetivo”. 

A motivação de muitos cristãos que estão grandemente envolvidos em batalhas espirituaiscontra espíritos territoriais é seu desejo de ver o Reino de Deus crescer. Por isso devem ser elogiados.

Todos os cristãos devem desejar ver mais pessoas escaparem das garras de Satanás.Contudo, é importante que usemos os métodos de Deus para construirmos Seu Reino. Deus

sabe o que funciona e o que é perca de tempo. Ele tem nos falado exatamente quais são nossasresponsabilidades a respeito da expansão de Seu Reino. Pensar que podemos fazer algo quemultiplicará a efetividade de nosso evangelismo, algo que não está nas Escrituras ou que Jesus, Pedroou Paulo nunca praticaram em seus ministérios, é besteira.

Por que tantos cristãos pensam que batalhas espirituais podem abrir as portas para oevangelismo efetivo? Sua linha de raciocínio é algo parecido com isso: “Satanás tem cegado as mentesdos pecadores; portanto, precisamos fazer batalhas espirituais contra ele para impedir que faça isso.Uma vez que os tapa-olhos sejam retirados, mais pessoas crerão no evangelho”. Isso é verdade? 

Com certeza, não há dúvida de que Satanás tem cegado as mentes dos descrentes. Pauloescreveu:

Mas se o nosso evangelho está encoberto, para os que estão perecendo é que está encoberto.O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes. Para que não vejam a luz do evangelho daglória de Cristo, que é a imagem de Deus (2 Co. 4:3-4).

A questão é, Paulo deu essa informação aos crentes de Corinto com a intenção de motivá-los a fazerem batalhas espirituais e derrubar espíritos territoriais, para que pessoas incrédulas se tornassemmais receptivas?

A resposta é não por vários motivos óbvios.Primeiro, porque Paulo não continuou dizendo: “Portanto coríntios, porque Satanás tem cegado

as mentes dos ímpios, quero que vocês façam batalhas espirituais e derrubem espíritos territoriais paraque os tapa-olhos sejam removidos”. Em vez disso, a próxima coisa que mencionou foi sua pregação deCristo, que é a maneira de remover a cegueira espiritual.

Segundo, em nenhuma de suas cartas Paulo instruiu qualquer crente a se envolver em derrubarfortalezas de sobre suas cidades para que o evangelismo crescesse.

Terceiro, depois de ler todas as cartas de Paulo sabemos que ele não acreditava que os tapa-olhos de Satanás eram o motivo principal  do porquê os descrentes continuavam a não crer. Os tapa-olhos de Satanás contribuem, mas não são o único ou principal fator. O principal fator que mantém as

 pessoas incrédulas é a dureza de seus corações. Isso é óbvio pelo simples motivo de que Satanás não écapaz de manter todos cegos. Algumas pessoas, quando ouvem a verdade, creem e, portanto, rejeitam

qualquer mentira em que acreditavam. Não é que os tapa-olhos de Satanás causam a falta de crença,mas sim a falta de crença que permite os tapa-olhos de Satanás.

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Corações Duros

Em sua carta aos efésios, o apóstolo Paulo explicou exatamente porque os ímpios permanecemna falta de crença:

Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem nainutilidade dos seus pensamentos. Eles estão obscurecidos no entendimento [talvez uma referência aos

tapa-olhos de Satanás] e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido aoendurecimento do seu coração. Tendo perdido toda a sensibilidade, eles se entregaram à depravação,cometendo com avidez toda espécie de impureza (Ef. 4:17-19, ênfase adicionada).

Paulo disse que os incrédulos estão excluídos da vida de Deus “por causa da ignorânc ia em queestão”. Mas por que são ignorantes? Por que foram “obscurecidos no entendimento”? A resposta é:“devido ao endurecimento do seu coração”. Eles perderam a “sensibilidade”. Essa é a razão principaldo porquê as pessoas continuarem descrentes. [3] Elas são as culpadas. Satanás só fornece as mentirasque querem acreditar.

A parábola de Jesus do semeador e do solo ilustra esse conceito perfeitamente:O semeador saiu a semear. Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho; foi

pisada, e as aves do céu a comeram… Este é o significado da parábola: A semente é a palavra de Deus.As que caíram à beira do caminho são os que ouvem, e então vem o Diabo e tira a palavra do seucoração, para que não creiam e não sejam salvos (Lc. 8:5, 11-12).

Note que a semente, que representa o evangelho, caiu na beira da estrada e foi pisada. Ela nãopôde penetrar no solo duro onde as pessoas andavam com frequência. Portanto, foi fácil para quepássaros, que representam o Diabo, a roubassem.

O objetivo da parábola é comparar a condição dos corações das pessoas (e sua receptividade àPalavra de Deus) a vários tipos de solo. Jesus estava explicando por que algumas pessoas creem eoutras não: tudo depende delas.

Como Satanás aparece nessa imagem? Ele só é capaz de roubar a Palavra daqueles que estãocom o coração duro. Os pássaros da parábola só foram uma causa secundária do porquê as sementesnão germinaram. O problema principal era o solo; na verdade, foi a dureza do solo que tornou possívelque os pássaros pegassem as sementes.

Isso também se aplica ao evangelho. O problema real é a dureza dos corações dos agentesmorais. Quando as pessoas rejeitam o evangelho, elas tomam a decisão de continuarem cegas. Elaspreferem acreditar em mentiras do que na verdade. Como Jesus disse: “A luz veio ao mundo, mas  oshomens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más” (Jo. 3:19, ênfase adicionada). 

A Bíblia não nos leva a acreditar que as pessoas são sinceras e de bom coração e quecertamente acreditariam no evangelho, se Satanás simplesmente parasse de cegá-las. Pelo contrário,ela nos dá uma imagem bem escura do caráter humano, e Deus cobrará cada um por suas escolhaspecaminosas. Sentado em Seu trono de julgamento, Ele não aceitará a desculpa: “o Diabo me fez fazer

isso”. 

Como Satanás Cega as Mentes das Pessoas

Como exatamente Satanás cega as mentes das pessoas? Ele tem algum poder espiritual místicoque derrama sobre a cabeça das pessoas para entorpecer seu entendimento? Um demônio enfia suasgarras em seus cérebros, causando um curto-circuito em seu pensamento racional? Não, Satanás cegaas pessoas fornecendo-lhes mentiras em que acreditem.

Obviamente, se as pessoas realmente acreditassem na verdade que Jesus é o Filho de Deus que

morreu por seus pecados, se realmente acreditassem que um dia terão que comparecer diante dElepara prestar contas de suas vidas, então se arrependeriam e se tornariam seguidoras dEle. Mas nãoacreditam nessas coisas; porém, acreditam em algo. Podem acreditar que não há um Deus ou que nãohá vida após a morte. Podem acreditar em reencarnação ou que Deus nunca mandaria alguém para o

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inferno. Podem acreditar que suas obras as levarão ao céu. Mas não importa no que acreditam, se nãofor no evangelho, pode ser resumido em um palavra: mentiras. Elas não acreditam na verdade e,portanto, Satanás as mantém cegas através de mentiras. Se, contudo, elas se humilharem eacreditarem na verdade, Satanás não será capaz de cegá-las mais.

As Mentiras das Trevas

O reino de Satanás é mencionado nas Escrituras como o “domínio das  trevas” (Cl. 1:13). Astrevas, é claro, representam a ausência da verdade — a ausência de luz ou claridade. Quando você estánas trevas, caminha de acordo com a sua imaginação e normalmente acaba ferido. É assim no reino detrevas de Satanás. Os que estão lá levam suas vidas de acordo com suas imaginações e estas foramcontaminadas pelas mentiras de Satanás. Estão em trevas espirituais.

Portanto, o reino de Satanás é melhor definido, não como um reino geográfico com fronteirasdefinidas, mas como um reino de crença — isto é, de mentiras. O reino das trevas está localizado nomesmo lugar que o reino de luz. Os que acreditam na verdade vivem entre os que acreditam emmentiras. [4] Nosso trabalho principal é proclamar a verdade às pessoas que já acreditam em mentiras.

Quando alguém crê na verdade, Satanás perde outro servo, pois não é mais capaz de enganá-lo.Portanto, libertamos os pecadores das mãos de Satanás, não por “amarrar” os espíritos queestão sobre eles, mas por proclamar a verdade. Jesus disse: “E conhecerão a verdade, e a verdade oslibertará” (Jo. 8:32, ênfase adicionada). A verdade cura a cegueira espiritual.

Dentro dessa mesma passagem das Escrituras no evangelho de João, Jesus disse a umamultidão de ímpios:

Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicidadesde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua

 própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira. No entanto, vocês não creem em mim, porque lhesdigo a verdade (Jo. 8:44-45, ênfase adicionada).

Note o contraste que Jesus fez entre Ele e o Diabo. Ele fala a verdade; Satanás é o primeiromentiroso.

Note também que mesmo Jesus tendo falado a Seus ouvintes que tinham como pai o Diabo, emesmo tendo exposto Satanás como mentiroso, ainda colocou sobre eles a responsabilidade decrerem na verdade que falava. Não era por culpa do Diabo que eles estavam cegos —  a culpa eradeles. Jesus os considerou responsáveis. Satanás ajuda as pessoas que “amam as trevas” apermanecerem nas trevas fornecendo a elas mentiras nas quais acreditem. Mas Satanás não podeenganar ninguém que crê na verdade.

Tudo isso sendo verdade, a principal maneira de atrapalharmos o reino das trevas é espalhandoa luz — a verdade da Palavra de Deus. É por isso que Jesus não falou: “Vão a todo o mundo e amarremo Diabo”, mas: “Vão a todo o mundo e preguem o evangelho”. Jesus disse a Paulo que o objetivo de

sua pregação seria “abrir-lhes os olhos e convertê-los das trevas para a luz, e do poder de Satanás paraDeus” (At. 26:18, ênfase adicionada). Isso deixa claro que as pessoas fogem do domínio de Satanásquando são expostas à verdade do evangelho e tomam a decisão de saírem das trevas e irem para aluz, crendo na verdade ao invés de em uma mentira. As únicas fortalezas que estamos “derrubando”são fortalezas de mentiras construídas nas mentes das pessoas.

Este é o Plano de Deus

Não se esqueça que foi Deus quem lançou Satanás do céu para a terra. Ele poderia ter colocado

Satanás em qualquer lugar do universo ou tê-lo encarcerado para sempre. Mas não fez isso. Por quê?Porque Deus queria usar Satanás para alcançar Seu objetivo final — o objetivo de, um dia, ter umagrande família de agentes morais livres que O amem, tendo escolhido servi-Lo.

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Se Deus queria uma família de filhos que O amassem, duas coisas eram necessárias. Primeiro,teria que criar pessoas com o livre arbítrio, pois a base do amor é o livre arbítrio. Robôs e máquinasnão podem amar.

Segundo, teria que testá-los em um ambiente onde teriam que enfrentar a escolha de obedecerou desobedecer; amá-Lo ou odiá-Lo. Agentes morais livres devem ser testados. E se haverá um teste de

 fidelidade, deverá existir uma tentação à infidelidade.  Assim, começamos a entender porque Deuscolocou Satanás na terra. Satanás serviria como a escolha alternativa para a fidelidade humana; sendo-

lhe permitido (com algumas limitações) influenciar qualquer um receptivo às suas mentiras. Todosenfrentariam uma escolha: Acreditarei em Deus ou em Satanás? Servirei a Deus ou aSatanás?  Percebendo ou não, todos já fizeram uma escolha. Nosso trabalho é encorajar as pessoas quetomaram a decisão errada a se arrependerem e acreditarem no evangelho, tomando a decisão certa.

Não foi isso o que aconteceu no Jardim do Éden? Deus colocou a árvore do conhecimento dobem e do mal ali e então proibiu que Adão e Eva comessem dela. Se Deus não queria que comessemdela, por que a colocou ali? A resposta é que ela servia como um teste.

Também notamos que Satanás recebeu permissão de Deus para tentar Eva. Novamente, se afidelidade precisa ser testada, deve existir a tentação para ser infiel. Satanás mentiu para Eva e elaacreditou nele; portanto, ao mesmo tempo decidiu não acreditar no que Deus lhe tinha dito. O

resultado? Os primeiros agentes morais revelaram a deslealdade que estava em seus corações.De maneira similar, todos os agentes morais livres são testados no decorrer de suas vidas. Deus

se revelou através de Sua criação e, portanto, todos podem ver que existe um Deus incrível (veja Rm.1:19-20). Deus deu a cada um de nós uma consciência, e em nossos corações, distinguimos o errado docerto (veja Rm. 2:14-16). Foi permitido a Satanás e a seus espíritos malignos que, de maneira limitada,mentissem e tentassem as pessoas. O resultado é que todos os agentes morais livres são testados.

A triste verdade é que todos os agentes morais livres se rebelaram e “trocaram a verdade deDeus pela mentira” (Rm. 1:25). Contudo, podemos agradecer a Deus por ter providenciado para nósum resgate de nossos pecados e uma maneira de nascermos em Sua família. A morte sacrificial deJesus é o único caminho e a resposta suficiente para o nosso problema.

A Decepção de Satanás, Agora e Mais Tarde

Então, entendemos pelo menos uma razão do porquê é permitido que o Diabo e seu exércitorebelde trabalhem neste planeta: para enganar aqueles que amam as trevas.

Essa verdade é comprovada quando consideramos que, de acordo com o livro de Apocalipse,um dia Satanás será preso por um anjo e encarcerado por mil anos. O motivo desse aprisionamento?“Para assim impedi-lo de enganar as nações” (Ap. 20:3). Durante esse Milênio, Jesus reinará o mundopessoalmente de Jerusalém.

Mas depois desse mil anos, Satanás será solto por um curto período de tempo. O resultado? Ele

“sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra”(Ap. 20:8).Se Deus não quer que Satanás engane as pessoas naquele tempo, por que Ele o libertará?

Especialmente sob a luz de que Deus originalmente encarcerou Satanás “para impedi-lo de enganar asnações”? 

É claro que Deus preferiria que Satanás nunca enganasse alguém. Mas Ele sabe que as únicaspessoas a quem Satanás pode enganar são aquelas que rejeitam a verdade, e é por isso que Deuspermite que ele opere agora, e permitirá que opere depois. Enquanto Satanás engana as pessoas, acondição dos corações delas é aparente, e então, Deus pode separar o “trigo do joio” (veja Mt. 13:24-30).

Isso é exatamente o que acontecerá no fim do Milênio quando Satanás for solto. Ele enganará

todos os que amam as trevas, e então reunirá seus exércitos ao redor de Jerusalém em uma tentativade acabar com o reinado de Cristo. Deus saberá exatamente quem O ama e quem O odeia, eimediatamente mandará fogo do céu que os devorará (veja Ap. 20:9). Satanás servirá aos propósitos de

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Deus, assim como faz agora. Por esse motivo, entre outros, é besteira pensar que podemos “derrubarespíritos territoriais”. Deus permite que operem, pois tem Seus motivos. 

Evangelismo Bíblico

O fato é que nem Jesus nem qualquer um dos apóstolos do Novo Testamento praticaram o tipo

de batalha espiritual que alguns dizem ser a chave perdida para o evangelismo efetivo de hoje. Nuncaencontramos Jesus, Pedro, João, Estevão, Filipe ou Paulo “derrubando fortalezas” ou “amarrando ohomem forte” de sobre as cidades onde pregavam. Ao invés disso, vemos que seguiam o Espírito Santoa respeito de onde deveriam pregar; encontramos esse homens proclamando o evangelho simples — chamando as pessoas ao arrependimento e fé em Cristo —  e os encontramos aproveitando osresultados maravilhosos. E nos casos em que pregaram a pessoas não-receptivas que rejeitaram oevangelho, não os vemos “fazendo batalhas espirituais para que Satanás não fosse capaz de continuarcegando suas mentes”. Contudo, os encontramos sacudindo o pó de seus pés, como Jesus mandou eindo para a próxima cidade (veja Mt. 10:14; At. 13:5).

É incrível que alguém possa dizer que “derrubar fortalezas” e “amarrar o homem forte” sejam

pré-requisitos ao evangelismo com sucesso, quando existem milhares de exemplos de grandesreavivamentos na história da Igreja onde “batalhas espirituais” nunca foram praticadas. “Mas nossas técnicas funcionam!”, alguns dizem. “Desde que começamos a fazer esse tipo de

batalha espiritual, mais pessoas têm sido salvas que antes”. Se isso for verdade, lhe direi porquê. Porque têm havido mais orações de acordo com a Bíblia e

mais evangelismo feitos ao mesmo tempo, ou porque um grupo de pessoas se tornou repentinamentereceptível ao evangelho.

O que você diria se um evangelista lhe dissesse: “Hoje, antes de pregar no culto dereavivamento, comi três bananas. E quando preguei, dezesseis pessoas foram salvas! Finalmenteencontrei o segredo do evangelismo efetivo! De agora em diante, sempre comerei três bananas antesde pregar!”? 

Com certeza, você diria ao evangelista: “O fato de você ter comido três bananas não influenciouem nada com o fato das dezesseis pessoas terem sido salvas. A chave para o seu sucesso é que vocêpregou o evangelho e havia dezesseis ouvintes receptivos”. 

Deus honra Sua Palavra. Se Ele fizer uma promessa e alguém se encaixar naquela promessa emparticular, manterá Sua promessa, mesmo que essa pessoa esteja fazendo outras coisas não-bíblicas.

Isso se aplica às atuais práticas de batalhas espirituais. Se você começar a evangelizar e a“amarrar o homem forte” que está sobre sua cidade, certa porcentagem de pessoas será salva. E secomeçar a evangelizar sem amarrar o homem forte, a mesma porcentagem de pessoas será salva.

Como Orar Biblicamente por uma Colheita EspiritualComo devemos orar por pessoas incrédulas? Primeiro, devemos entender que não há instrução

no Novo Testamento que nos diga como orar para que Deus salve pessoas, nem há registros dosprimeiros cristãos orando dessa forma. A razão é que do ponto de vista de Deus, Ele já fez todo onecessário para que todos sejam salvos. Ele deseja tanto que sejam salvos que deu Seu Filho paramorrer na cruz.

Mas por que não estão todos salvos ainda? Porque nem todos creem no evangelho. E por quenão creem? Só existem dois motivos: (1) Nunca ouviram o evangelho ou (2) ouviram o evangelho e orejeitaram.

É por isso que a maneira bíblica de orar pelos incrédulos é orar para que tenham oportunidadesde ouvir o evangelho. Por exemplo, Jesus nos disse: “A colheita é grande, mas os trabalhadores sãopoucos. Portanto,  peçam ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita” (Lc.

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10:2, ênfase adicionada). Para que as pessoas ouçam o evangelho e sejam salvas, alguém precisapregar a elas. É por isso que devemos orar para que Deus mande pessoas a elas.

Quando a Igreja primitiva orava a respeito de uma colheita espiritual, oravam: “Capacita os teusservos para anunciarem a tua palavra corajosamente. Estende a tua mão para curar e realizar sinais emaravilhas por meio do nome do teu santo servo Jesus” (At. 4:29-10, ênfase adicionada).

Eles estavam pedindo por (1) oportunidades de proclamar o evangelho corajosamente ou (2)coragem para proclamar o evangelho nas oportunidades que sabiam que teriam. Também esperavam

que Deus confirmasse o evangelho com curas, sinais e maravilhas. Essas são orações bíblicas, e noteque o objetivo era dar às pessoas a oportunidade de ouvir o evangelho. Deus respondeu às suasorações: “Depois de orarem, tremeu o lugar em que estavam reunidos; todos ficaram cheios doEspírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus” (At. 4:31). 

Como Paulo pensou que os cristãos deveriam orar a respeito de produzir uma colheitaespiritual? Ele os instruiu a pedir a Deus que salvasse mais pessoas? Não, vamos ler o que ele disse:

Finalmente, irmãos, orem por nós, para que a palavra do Senhor se propague rapidamente ereceba a honra merecida, como aconteceu entre vocês (2 Ts. 3:1, ênfase adicionada).

Orem também por mim, para que, quando eu falar, seja-me dada a mensagem a fim de que,destemidamente, torne conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador preso em

correntes. Orem para que, permanecendo nele, eu fale com coragem, como me cumpre fazer (Ef. 6:19-20, ênfase adicionada).

Agora, se as pessoas serão salvas ou não, depende mais delas que de Deus e, portanto, nossasorações devem ser para que as pessoas ouçam o evangelho e para que Deus nos ajude a proclamá-lo.Deus responderá nossas orações, mas isso ainda não garante que alguém seja salvo, pois Deus dá àspessoas o direito de tomarem suas próprias decisões. Sua salvação depende de sua resposta aoevangelho.

Mito no7: “Quando um cristão peca, ele abre a porta para que um

demônio entre e more nele”. É verdade que quando um cristão peca, pode ser porque tenha dado lugar à tentação de um

espírito maligno. Contudo, dar lugar a sugestões de um espírito maligno não significa que o espíritomaligno é capaz de entrar no crente. Como cristãos, quebramos nossa comunhão com Deus quandopecamos porque O desobedecemos (veja 1 Jo. 1:5-6). Sentimo-nos culpados; contudo, não quebramosnosso relacionamento com Ele, sendo que somos Seus filhos.

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nospurificar de toda a injustiça” (1 Jo. 1:9). Então, nossa comunhão com Ele é rest aurada. Note que Joãonão disse que precisamos ser purificados de qualquer demônio quando somos culpados de algum

pecado.Todos os cristãos enfrentam tentações diárias do mundo, da carne e do Diabo. Paulo escreveu

que realmente temos uma luta contra vários espíritos malignos (veja Ef. 6:12). Portanto, até certoponto, todos os cristãos são perturbados por espíritos demoníacos. Isso é normal, e é nossaresponsabilidade resistir ao Diabo e aos demônios pela fé na Palavra de Deus (veja 1 Pd. 5:8-9).Quando cremos e agimos de acordo com o que Deus disse, estamos resistindo ao Diabo.

Por exemplo, se Satanás trouxer pensamentos de depressão, devemos pensar em umapassagem que vai contra a depressão e obedecer a Palavra de Deus de sempre nos alegrarmos (veja 1Ts. 5:18). É nossa responsabilidade agir de acordo com a Palavra de Deus e trocar os pensamentos deSatanás pelos de Deus.

Devemos reconhecer que, como agentes morais livres, podemos pensar no que quisermos. Seum crente continuamente escolhe ouvir e dar lugar às sugestões de espíritos malignos, ele com certezapode abrir sua mente para se tornar oprimido, que é simplesmente um estado em que se está maisreceptivo e mais dominado por pensamentos errados. Se ele escolher dar ainda mais lugar, pode se

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tornar obcecado por certo tipo de pensamento errado, o que é muito raro para um cristão, mas podeacontecer. Ainda assim, se o cristão desejar ser liberto, tudo o que precisa fazer é decidir pensar e darlugar à Palavra de Deus, ou seja, resistir ao Diabo.

Mas ele pode ser possesso? Somente se decidir por vontade própria, sem ser pressionado, arejeitar a Cristo e se virar completamente contra Ele. Então, é claro, não seria mais cristão [5] e poderiaser possesso — se se rendesse ainda mais ao espírito maligno que o oprimia. Mas isso está muito longede abrir a porta para um espírito maligno habitar em você através de um pecado cometido.

É um fato que não há sequer um exemplo no Novo Testamento de qualquer cristão sendopossesso por um demônio. Também não há aviso aos cristãos sobre a perigosa possibilidade de seremhabitados por demônios ou instrução a respeito de como expulsar demônios de companheiros cristãos.

A verdade é que, como cristãos, não precisamos expulsar demônios de nós mesmos — o queprecisamos é renovar nossas mentes na Palavra de Deus. Isso é bíblico! Paulo escreveu:

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente,para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus(Rm. 12:2).

Uma vez que nossas mentes tenham sido purificadas dos antigos padrões de pensamento erenovadas com a verdade da Palavra de Deus, ganhamos vitória sobre hábitos pecaminosos e vivemos

de maneira cristã consistente. É a verdade que nos liberta (veja Jo. 8:32). Somos transformadosenquanto renovamos nossas mentes, não enquanto exorcizamos demônios.

Então, por que existem tantos cristãos que testificam que já tiveram um demônio (ou mais)expulso deles? Uma possibilidade é terem imaginado que tinham um demônio que já havia sidoretirado. Muitos cristãos são ingênuos e não têm conhecimento da Palavra de Deus e, portanto, sãopresas fáceis para os “ministradores de libertação”, que manipulam psicologicamente as pessoas parapensarem que têm demônios. Uma vez que as pessoas são convencidas disso, irão cooperarnaturalmente com qualquer um que pareça ser confiante de sua habilidade de expulsar o demônio.

Outra possibilidade real é as pessoas terem sido libertas de demônios por não seremverdadeiras cristãs. O evangelho moderno, que contrasta completamente o evangelho bíblico, tem

enganado a muitos, fazendo-os pensar que são cristãos, mesmo sendo indistinguíveis de ímpios emesmo não tendo Jesus como Senhor. Nas Escrituras, vemos que quando as pessoas criam noevangelho e renasciam, os demônios que viviam nelas saíam automaticamente (veja At. 8:5-7). Osdemônios não podem possuir as pessoas que são habitadas pelo Espírito Santo e o Espírito Santohabita nas pessoas que nascem de novo.

Mito no 8: “Através da história de uma cidade, podemos determinar quais

espíritos demoníacos a dominam e, portanto, a batalha espiritual econsequentemente o evangelismo serão mais efetivos”. 

Esse mito é fundado em várias ideias que não podem ser sustentadas pelas Escrituras. Umadelas é que espíritos territoriais permanecem por muito tempo. Isto é, os que viveram em uma regiãohá centenas de anos, supostamente ainda estarão lá. Portanto, se encontrarmos uma cidade que foifundada por pessoas ambiciosas, podemos concluir que existem espíritos de ambição dominando acidade hoje. Se a cidade foi um dia uma aldeia indígena, podemos concluir que espíritos de xamanismoe bruxaria dominam a cidade hoje. E por aí vai.

Mas é verdade que os mesmos poderes e principados malignos que viveram sobre uma áreageográfica há centenas de anos ainda estão lá? Talvez, mas não necessariamente.

Considere a história que lemos anteriormente do décimo capítulo do livro de Daniel. O anjo sem

nome que recebia ajuda de Miguel para lutar contra “o príncipe da Pérsia” disse a Daniel: “Tenho quevoltar para lutar contra o príncipe da Pérsia e, logo que eu for, chegará o príncipe da Grécia” (Dn.10:20, ênfase adicionada). A história nos diz que o Império Persa sucumbiu aos gregos através das

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conquistas de Alexandre, o Grande. Mesmo assim, esse anjo sem nome sabia das mudançascorrespondentes que aconteceriam no reino espiritual — o “príncipe da Grécia” estava chegando. 

Quando o príncipe da Grécia chegou, ele governou o reino espiritual sobre o Império Romano,assim como o príncipe da Pérsia governou o reino espiritual sobre o Império Persa? Essa conclusãoparece razoável e, assim, alguns espíritos malignos de alto escalão mudaram de área geográfica, já queo Império Grego incluía praticamente todo o território do Império Persa. Quando há mudançaspolíticas na terra, é possível que haja mudanças no reino das trevas. Contudo, o fato é que não

sabemos, a menos que Deus revele a nós.Apesar disso, faz pouca diferença quais espíritos malignos reinam sobre qual região, já que nada

podemos fazer a respeito disso através de “batalha espiritual”, como já provado. 

Categorizando demais Espíritos Malignos

Além do mais, é uma mera suposição pensar que existam espíritos governadores especializadosem certos pecados. Todo o conceito de existirem “espíritos de ambição”, “espíritos de cobiça”,“espíritos religiosos” e assim por diante, não pode ser sustentado pelas Escrituras, muito menos a ideia

de que esses diferentes tipos de espíritos existam e reinem nas posições mais altas no reino das trevas.Por mais impressionante que seja, para os que nunca estudaram os quatro evangelhos de perto,só existem três tipos específicos de demônios que Jesus expulsou: É mencionado uma vez, um“demônio que era mudo” (Lc. 11:14); outra vez, lemos sobre um “espírito mudo e surdo” (Mc. 9:25); emais de uma vez encontramos referência a “espíritos imundos”, que parece incluir todos os demôniosque Jesus expulsou, incluindo o “surdo e mudo” (veja Mc. 9:25). 

Não é possível que o espírito “surdo e mudo” fosse capaz de fazer outra coisa além de deixaralguém surdo e mudo? Com certeza, sim; pois também fez com que o menino de Marcos 9 tivesseconvulsões horríveis. Portanto, “surdo e mudo” pode não ser uma referência ao  tipo específico queera, mas uma simples referência a como estava prejudicando certa pessoa. Alguns de nós se tornaram“loucos por categorias” a respeito de demônios, indo além da revelação bíblica. 

Em todo o Velho Testamento, os únicos espíritos específicos que são mencionados, e talvezconsiderados espíritos malignos, são: um “espírito mentiroso” (1 Rs. 22:22-23); um espírito dedesorientação (veja Is. 19:14); e um “espírito de prostituição” (Os. 4:12; 5:4). A respeito   dos doisprimeiros, todos os espíritos malignos podem ser chamados de espíritos de mentira e dedesorientação. A respeito do terceiro, a frase “espírito de prostituição” não é necessariamente umareferência a um espírito maligno, mas a uma atitude predominante. [6] 

Em todo o livro de Atos, a única menção de um espírito maligno específico é em Atos 16:16,onde lemos a respeito de uma jovem que tinha um “espírito pelo qual predizia o futuro”. E em todas asepístolas, o único tipo de espírito maligno específico que é mencionado é “espírito enganador” (1 Tm.4:1) que, novamente, pode ser a descrição de qualquer espírito maligno.

À luz de algumas referências a tipos específicos de demônios na Bíblia, é incrível ler algumas daslistas modernas que contém centenas de vários tipos de demônios que podem habitar pessoas oucontrolar cidades.

Não devemos presumir, portanto, que haja categorização, por pecado específico, de qualquernível elevado de espíritos malignos. É uma inferência dizer: “Por haver tantas apostas naquela cidade,deve haver espíritos de apostas sobre ela”. 

Espíritos do Fumo?

Pense como alguém pareceria tolo se dissesse: “Deve haver muitos espíritos do fumo sobreaquela cidade, porque tantas pessoas lá fumam cigarros”. O que esses espíritos do fumo estavamfazendo antes daquelas cidades existirem? O que eles eram? O que faziam antes do tabaco ser usado

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como fumo? A razão de menos pessoas fumarem agora é porque alguns desses velhos “demônios dofumo” estão morrendo ou mudando para novos territórios? 

É possível ver a tolice de dizer coisas como: “Aquela cidade é controlada pelos e spíritos decobiça, e é por isso que existem tantos prostíbulos lá”? A verdade é que onde as pessoas não servem aCristo, existe um reino de trevas. Muitos espíritos malignos operam no domínio das trevas que incitaseus subordinados a pecar e continuar em sua rebeldia contra Deus. Esses espíritos tentarão aspessoas em todas as áreas para que pequem; em alguns lugares, as pessoas cederão mais a um tipo de

pecado que a outro. Sua única esperança é o evangelho, o qual fomos chamados para proclamar.Mesmo que houvesse tipos específicos de espíritos malignos especializados em certos pecados

e que reinavam sobre certas áreas geográficas, tal conhecimento não nos ajudaria, pois não há nadaque possamos fazer para removê-los. Nossa responsabilidade é orar (de maneira bíblica) pelas pessoasque estão enganadas e lhes anunciar o evangelho.

A única vantagem em saber quais são os pecados predominantes de certa cidade seria parapregarmos mensagens mais condenadoras aos pecadores que moram lá — nomeando especificamenteos pecados dos quais são culpados diante de Deus. Mas não há necessidade de pesquisarmos a históriade uma cidade para determinar isso. Os pecados predominantes logo se tornam evidentes.

Por último, não há exemplo no Novo Testamento de alguém fazendo “mapeamento espiritual”

como meio de preparo para batalhas espirituais e evangelismo. Também não há instruções nasepístolas para que façamos isso. No Novo Testamento, os apóstolos obedeciam o Espírito Santo arespeito de onde deveriam pregar; proclamavam fielmente o evangelho, chamavam as pessoas aoarrependimento, e dependiam do Senhor para confirmar a palavra com sinais. O método delesfuncionava bem.

Mito no 9: “Alguns cristãos precisam ser libertos de maldições

familiares e satânicas”. 

Toda a ideia de “maldições familiares” vem de quatro passagens das Escrituras encontradas noVelho Testamento que dizem, basicamente, a mesma coisa. Elas são Êxodo 20:5; 34:7; Números 14:18e Deuteronômio 5:9. Vamos considerar Números 14:18

O Senhor é muito paciente e grande em fidelidade, e perdoa a iniquidade e a rebelião, se bemque não deixa o pecado sem punição, e castiga os filhos pela iniquidade dos pais até a terceira e quartageração (ênfase adicionada).

Como devemos interpretar essa passagem das Escrituras? Significa que Deus porá umamaldição ou punirá alguém pelos pecados de seus pais, avós, bisavós ou tataravós?Devemos acreditarque Deus pode perdoar alguém pelos seus pecados, uma vez que creu em Jesus, mas ainda o castigarápelos pecados de seus tataravós?

Com certeza não; caso contrário, Deus poderia ser acusado justamente de ser grandementeinjusto e hipócrita. Ele mesmo disse que castigar alguém pelos pecados de seus pais é moralmenteerrado:

“Contudo, vocês *israelitas+ perguntam: ‘Por que o filho não partilha da culpa de seu pai?’ Umavez que o filho fez o que é justo e direito e teve o cuidado de obedecer a todos os meus decretos, comcerteza ele viverá. Aquele que pecar é que morrerá. O filho não levará a culpa do pai, nem o pai levaráa culpa do filho. A justiça do justo lhe será creditada, e a impiedade do ímpio lhe será cobrada” (Ez.18:19-20, ênfase adicionada).

Mais adiante, debaixo da Lei de Moisés, Deus ordenou que nem pai nem filho deve carregar ocastigo pelo pecado do outro:

Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos em lugar dos pais; cada um morrerápelo seu próprio pecado (Dt. 24:16).Não há possibilidade que um Deus de amor e justiça possa amaldiçoar ou punir alguém pelo

pecado de seu ancestral. [7] Então, o que a Bíblia quer que entendamos quando diz que Deus “não

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deixa o pecado sem punição, e castiga os filhos pela inequidade dos pais até a terceira e quartageração”? 

Só pode significar que Deus responsabiliza as pessoas pelos exemplos pecaminosos que dão aosfilhos, e responsabiliza-os parcialmente pelos pecados de seus filhos cometidos por sua influência.Deus as responsabiliza parcialmente por sua má influência, pelos pecados de seus tataranetos! Deus éassim. E ninguém pode dizer que Ele é injusto por fazer isso.

Note que a passagem sob consideração diz que Deus “castiga os filhos pela iniqüidade dos

pais”. É a iniquidade dos pais em seus filhos que está sendo castigada.Portanto, a ideia de “maldição familiar” é uma superstição, e uma má superstição, já que faz

Deus parecer injusto.

Maldições Satânicas?

Mas e as “maldições satânicas”? Em primeiro lugar, a Bíblia nunca diz que Satanás é capaz de “colocar maldições” em alguém, e

também não dá exemplos nos quais o faça. Com certeza, encontramos Satanás afligindo as pessoas na

Bíblia, mas nunca o encontramos “colocando maldições” sobre uma família que resulte em má sortesobre eles e sobre as gerações sequentes.Todos os cristãos são afligidos por Satanás e por espíritos malignos (até certo ponto) durante

toda a vida, mas isso não quer dizer que precisemos “quebrar as maldições satânicas” que forampassadas para nós através de nossos pais. O que precisamos fazer é permanecer na Palavra de Deus eresistir ao Diabo pela fé, como somos instruídos pelas Escrituras (veja 1 Pd. 5:8-9).

Na Bíblia, Deus é quem tem poder para abençoar e amaldiçoar (veja Gn. 3:17; 4:11; 5:29; 8:21;12:3; Nm. 23:8; Dt. 11:26; 28:20; 29:27; 30:7; 2 Cr. 34:24; Sl. 37:22; Pv. 3:33; 22:14; Lm. 3:65; Ml. 2:2;4:6). As pessoas podem nos amaldiçoar com sua bocas, mas suas maldições são inofensivas a nós:

Como o pardal que voa em fuga, e a andorinha que esvoaça veloz, assim a maldição sem motivo justo não pega (Pv. 26:2).

Balaão estava certo quando, depois de ser contratado por Balaque para amaldiçoar os filhos deIsrael, disse: “Como posso amaldiçoar a quem Deus, não amaldiçoou? Como posso pronunciar ameaçascontra quem o Senhor não quis ameaçar?” (Nm. 23:8). 

Alguns crentes se empolgam com a ideia de pessoas amaldiçoando outras, baseadas naspalavras de Jesus em Marcos 11:23: “Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: ‘Levante -see atire-se ao mar’, e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim l he seráfeito”. 

Note, contudo, que não há poder em simplesmente falar as palavras, mas em acreditar decoração nas palavras. De forma alguma uma pessoa pode acreditar que sua maldição possa prejudicaralguém, pois fé é a certeza (Hb. 11:1), e a fé só vem por ouvir a Palavra de Deus (veja Rm. 10:17). Uma

pessoa pode esperar que sua maldição contra alguém traga à pessoa amaldiçoada desgraça, mas nuncapode crer  nisso, pois Deus não deu uma promessa que sustente a fé de amaldiçoar as pessoas.

A única exceção a isso seria se Deus desse a alguém o “dom de fé” juntamente com o “dom deprofecia” (dois dos nove dons do Espírito), que seria usado como forma de abençoar ou amaldiçoar,como vemos que Ele fazia, às vezes, nas vidas de alguns personagens do Novo Testamento (veja Gn.27:27-29, 38-41; 49:1-27; Js. 6:26 com 1 Rs. 16:34; Jz. 9:7-20, 57; 2 Rs. 2:23-24). Mesmo nesses casos,as bênçãos ou maldições vinham de Deus, não de homens. Portanto, a ideia de alguém ser capaz de“amaldiçoar” outra pessoa é somente uma superstição. É por isso que Jesus não nos instruiu a“quebrar maldições que foram feitas contra nós”, mas simplesmente a “amaldiçoar aqueles que nosamaldiçoam”. Não devemos temer as maldições das pessoas. Ter medo das maldições de alguém é

mostrar falta de fé em Deus. Infelizmente, sempre encontro pastores que parecem ter mais fé nopoder de Satanás que no poder de Deus. Mesmo que eu viaje para diferentes países todos os meses

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causando muito dano ao reino de Satanás, não tenho o menor medo dele ou de qualquer maldição quealguém tenha colocado em mim. Não há razão para temer.

Maldições Ocultas?

É possível ter alguma maldição satânica sobre nós por causa de um envolvimento oculto no

passado?Não devemos nos esquecer de que quando renascemos, somos libertos do poder de Satanás edo reino das trevas (veja At. 26:18; Cl. 1:13). Satanás não tem mais poder sobre nós a menos que opermitamos. Mesmo que a Bíblia indique que os cristãos de Éfeso eram bastante envolvidos com magiaantes de sua conversão (veja At. 19:18-19), não há menção de Paulo quebrando “maldições satânicas”ou amarrando o poder de Satanás que os oprimia depois de terem renascido. O motivo é que foramautomaticamente libertos do domínio de Satanás no momento em que creram em Jesus.

Além do mais, quando Paulo escreveu para os cristãos de Éfeso, não deu instruções a respeitode libertar alguém de maldições satânicas ou familiares. Tudo o que disse foi: “não dêem lugar aoDiabo” (Ef. 4:27), e “vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes con tra as ciladas do

Diabo” (Ef. 6:11). Essas são responsabilidades de todos os cristãos. Mas por que, em alguns casos, os cristãos aparentemente foram ajudados quando alguémquebrou uma “maldição familiar” ou “satânica” que estava sobre eles? Provavelmente porque oindivíduo que precisava de ajuda tinha fé que o Diabo fugiria, uma vez que a “maldição” fossequebrada. É a fé que faz o Diabo fugir, e todos os cristãos podem e devem ter fé que, se resistirem aoDiabo, ele fugirá. Contudo, não há necessidade de chamar um “especialista de libertação” para fazercom que o Diabo fuja.

Finalmente, a Bíblia nos diz que Cristo “se tornou maldição em nosso lugar” e fazendo isso, “nosredimiu da maldição da Lei” (Gl. 3:13, ênfase adicionada). Todos estávamos debaixo da ma ldição deDeus, pois todos pecamos, mas quando Jesus assumiu nosso castigo, fomos libertos dessa maldição.Glórias a Deus! Não mais amaldiçoados, podemos nos alegrar, pois agora somos abençoados “comtodas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Ef. 1:3). 

Batalha Espiritual Bíblica

Falamos de vários mitos modernos a respeito de batalhas espirituais. Mas existe uma forma debatalha espiritual que seja bíblica? Sim, e esse será nosso foco principal.

Talvez o primeiro fato que precisamos saber sobre batalha espiritual é que ela não deve sernosso foco na vida cristã. Devemos estar focados em Cristo, em seguir e obedecê-Lo, enquanto nostornamos cada vez mais semelhantes a Ele. Somente uma pequena porção do Novo Testamento se

dirige ao assunto de batalha espiritual, nos indicando que deve ter um papel pequeno na vida cristã.O segundo fato que precisamos saber sobre batalhas espirituais é que a Bíblia nos diz o que

precisamos saber. Não precisamos de discernimento especial (ou de um pregador que diz terdiscernimento especial) nas “profundezas de Satanás”. Batalha espiritual bíblica é simples. Asestratégias de Satanás estão claramente reveladas nas Escrituras. Nossas responsabilidades estãomarcadas de forma direta. Uma vez que você conhece e crê no que Deus disse, tem garantia de servitorioso na batalha espiritual.

De Volta ao Início

Vamos voltar ao livro de Gênesis, onde somos apresentados ao Diabo pela primeira vez. Nosprimeiros capítulos, Satanás aparece na forma de uma serpente. Se houver alguma dúvida de que essa

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serpente é o Diabo, Apocalipse 20:2 a retira: “Ele prendeu o dragão , a antiga serpente, que é o Diabo,Satanás” (ênfase adicionada). 

Gênesis 3:1 diz: “Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o SenhorDeus tinha feito”. Quando paramos para pensar em como algumas das criaturas de Deus são astutas  quando competem para sobreviver e buscar sua presa, entendemos o quanto Satanás deve ser astuto.Por outro lado, ele não é onisciente como Deus, e não devemos assumir que temos uma desvantagemmental em nossa luta contra ele. Jesus nos instruiu a sermos “astutos como as serpentes” (Mt. 10:16,

ênfase adicionada). Paulo disse que não era ignorante das estratégias de Satanás (veja 2 Co. 2:11) eque temos a “mente de Cristo” (1 Co. 2:16). 

Satanás lançou seu primeiro dardo de fogo registrado, questionando Eva sobre o que Deusdisse. Sua resposta revelaria se ele teria a chance de enganá-la para que desobedecesse aDeus. Satanás não tem jeito de enganar ninguém que crê e obedece o que Deus diz, razão porque todaa estratégia gira ao redor de ideias que contradizem a Palavra de Deus. 

Satanás perguntou a ela: “Foi isso mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto dasárvores do jardim’?” (Gn. 3:1). Quase parece uma pergunta inocente de um inquiridor casual, masSatanás sabia exatamente qual era seu objetivo.

Eva respondeu: “Podemos comer do fruto das árvores do jardim, mas Deus disse: ‘Não comam

do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão’” (Gn.3:2-3).

Eva quase acertou. Na verdade, Deus nunca os proibiu de tocar  no fruto do conhecimento dobem e do mal, mas somente os proibiu de comê-lo.

Com certeza, Eva conhecia a verdade o suficiente para reconhecer a mentira da resposta deSatanás: “Certamente não morrerão!” (Gn. 3:4). Isso, é claro, é uma contradição óbvia do que Deusdisse, e é improvável que Eva teria acreditado sem hesitação. Então Satanás disfarçou sua mentira comalguma verdade, como normalmente faz, fazendo mais fácil engoli-la. Ele continuou: “Deus sabe que,no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do beme do mal” (Gn. 3:5). 

Na verdade, Satanás disse três verdades depois de ter mentido. Sabemos que depois de teremcomido do fruto proibido, os olhos de Adão e Eva foram abertos (veja Gn. 3:7) como Satanás disse.Depois, Deus disse que o homem tinha se tornado como Deus e que tinha vindo a conhecer o bem e omal (veja Gn. 3:22). Note: Muitas vezes, Satanás mistura a verdade com o erro para enganar as

 pessoas. Note também que Satanás falou mal do caráter de Deus. Deus não queria que Adão e Eva

comessem do fruto proibido para o próprio bem e felicidade deles, mas Satanás fez parecer que Eleestava mantendo algo bom afastado deles. A maioria das mentiras de Satanás falam mal a respeito docaráter, vontade e motivos de Deus.

Infelizmente, o primeiro casal da Terra rejeitou a verdade para acreditar em uma mentira e

sofreram as consequências. Mas note todos os elementos de batalha espiritual em sua história: a únicamentira de Satanás estava cercada de verdades. Os humanos foram confrontados com a escolha deacreditar no que Deus disse ou no que Satanás dizia. Acreditar na verdade teria sido seu “escudo daverdade”, mas eles nunca o levantaram. 

A Batalha Espiritual de Jesus

Quando lemos a respeito do encontro de Jesus com Satanás durante sua tentação no deserto,vemos rapidamente que Satanás não mudou seus métodos por mais de mil anos. Seu meio de ataqueera desacreditar o que Deus tinha dito, sabendo que o único meio de derrotar seu inimigo era

convencê-Lo a não acreditar na verdade ou desobedecê-La. A Palavra de Deus está novamente nocentro da batalha. Satanás lançava suas mentiras e Jesus as devolvia com a verdade. Jesus acreditou noque Deus disse e O obedeceu. Isso é batalha espiritual bíblica.

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Jesus foi confrontado da mesma forma que Eva, Adão e o resto de nós. Ele teve que decidir seouviria a Deus ou a Satanás. Jesus lutou sua batalha espiritual com a “espada do Espírito”, a Palavra deDeus. Vamos ver o que podemos aprender com Jesus sobre batalha espiritual.

Recontando a segunda tentação de Jesus, Mateus nos diz:Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: “Se és

o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito: “‘Ele dará ordens a seus anjos a seurespeito, e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra’”. Jesus lhe

respondeu: “Também está escrito: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’” (Mt. 4:5-7).Novamente, o assunto central é o que Deus disse. Satanás até citou o salmo 91, mas o torceu

em uma tentativa de fazê-lo significar algo que Deus não intencionou.Jesus respondeu citando uma passagem que trouxe balanceamento ao entendimento da

promessa de proteção de Deus encontrada no salmo 91. Deus nos protegerá, mas não se agirmos mal,“colocando-O à prova”, como diz a nota de margem na minha Bíblia. 

Por isso, é tão importante que não tiremos os versículos do contexto do resto da Bíblia. Cadapassagem deve ser balanceada com o que o resto das Escrituras dizem.

Torcer as Escrituras é uma das táticas mais comuns de Satanás em batalhas espirituais, einfelizmente, ele tem se saído muito bem ao usá-la contra muitos cristãos envolvidos no movimento

moderno de batalha espiritual. Um exemplo clássico disso é a frase “derrubar fortalezas” parasustentar a ideia de derrubar espíritos malignos da atmosfera. Como mostrei mais cedo, essa frase,quando dentro do contexto, não tem aplicação alguma em derrubar espíritos malignos da atmosfera.Mesmo assim, o Diabo adoraria que pensássemos assim, para que perdêssemos nosso tempo gritandocom os poderes e potestades do céu.

No relato de Mateus da terceira tentação de Jesus, lemos:Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o

seu esplendor. E lhe disse: “Tudo isso te darei, se te prostrares e me adorares”. Jesus lhe disse: “Retire-se, Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto’” (Mt. 4:8-10).

Essa foi uma tentação por poder. Se Jesus tivesse adorado Satanás, e se Satanás tivesse, então,

mantido sua promessa, Jesus teria ganhado a segunda posição de comando sobre o reino das trevas.Ele teria reinado sobre todos os seres humanos incrédulos e sobre todos os espíritos malignos, tendoautoridade sobre o mundo como somente Satanás tinha. Só podemos imaginar em nossos pesadelos oque aconteceria se Jesus tivesse cedido àquela tentação.

Note novamente que Jesus refutou a sugestão de Satanás com a Palavra escrita de Deus. Jesussuperou as três tentações dizendo: “Está escrito”. Nós também devemos conhecer a Palavra de Deus ecrer nEla se quisermos evitar sermos enganados e pegos nas armadilhas de Satanás. Isso é batalhaespiritual.

O Campo de Batalha

Em grande parte, o único poder que Satanás e seus demônios têm é de colocar pensamentosnas mentes e corações das pessoas (e mesmo isso é limitado por Deus; veja 1 Coríntios 10:13). Comisso em mente, considere as seguintes passagens:

Então perguntou Pedro: “Ananias, como você permitiu que Satanás enchesse o seu coração, ao ponto de você mentir ao Espírito Santo e guardar para si uma parte do dinheiro que recebeu pela propriedade? ” (At. 5:3, ênfase adicionada). 

Estava sendo servido o jantar, e o Diabo já havia induzido Judas Iscariotes, filho de Simão, a trair Jesus... (Jo. 13:2, ênfase adicionada).

O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos

enganadores e doutrinas de demônios (1 Tm. 4:1, ênfase adicionada).

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O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente enganou Eva com astúcia, a mentede vocês seja corrompida  e se desvie da sua sincera e pura devoção a Cristo (2 Co. 11:3, ênfaseadicionada).

Não se recusem um ao outro, exceto por mútuo consentimento e durante certo tempo, para sededicarem à oração. Depois, unam-se de novo, para que Satanás não os tente por não terem domíniopróprio (1 Co. 7:5, ênfase adicionada).

Por essa razão, não suportando mais, enviei Timóteo para saber a respeito da fé que vocês têm,

a fim de que o tentador não os seduzisse, tornando inútil o nosso esforço (1 Ts. 3:5, ênfase adicionada).O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho

da glória de Cristo, que é a imagem de Deus (2 Co. 4:4, ênfase adicionada).O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás que

engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados à terra (Ap. 12:9, ênfase adicionada).Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida

desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira (Jo. 8:44, ênfase adicionada).

Essas e outras passagens deixam claro que o principal campo das batalhas espirituais bíblicas énossa mente e nossos corações. Satanás nos ataca através do pensamento — sugestões más, ideias

erradas, falsas filosofias, tentações, várias mentiras e assim por diante. Nosso meio de defesa éconhecer a Palavra de Deus, acreditar nEla e agir de acordo com ela.

É de vital importância que você entenda que nem todos os seus pensamentos originamnecessariamente de você mesmo. Satanás tem muitos porta-vozes que o ajudam a plantar seuspensamentos nas mentes das pessoas. Ele trabalha para nos influenciar através de jornais, livros,televisão, revistas, rádio; através de amigos, vizinhos, e até mesmo pregadores. Mesmo o apóstoloPedro foi uma vez inconscientemente usado como porta-voz de Satanás, sugerindo a Jesus que não erada vontade de Deus que Ele morresse (veja Mt. 16:23).

Mas Satanás e os espíritos malignos também trabalham diretamente na mente humana, semqualquer mediador humano, e todos os cristãos se encontrarão, às vezes, sob ataque direto. É aí que a

batalha começa.Lembro-me de uma querida mulher cristã que uma vez veio a mim confessar um problema.

Disse que sempre que orava, pensamentos blasfemos e palavrões vinham a sua mente. Ela era uma dasmulheres mais doces, gentis, queridas e dedicadas de minha igreja, mesmo assim, tinha esse problemacom pensamentos horríveis.

Expliquei a ela que aqueles pensamentos não originavam de dentro dela, mas que estava sendoatacada por Satanás, que estava tentando arruinar sua vida de oração. Então ela me disse que tinhaparado de orar todos os dias, pois tinha medo de ter aqueles pensamentos novamente. Satanás obtevesucesso.

Então eu lhe pedi para recomeçar a orar, e se os pensamentos blasfemos voltassem, ela deveria

refutá-los com a verdade da Palavra de Deus. Se um pensamento lhe viesse como: “Jesus foi só um... ,”ela deveria dizer: “Não, Jesus foi e é o Filho divino de Deus”. Se viesse um pensamento que fosse umpalavrão, ela o recolocaria com um pensamento de louvor a Jesus, e assim por diante.

Também lhe disse que, por ter medo de ter pensamentos errados, ela estava, na verdade, osconvidando, já que medo é, de certa forma, o contrário de fé — ou fé no Diabo. Quando tentamos nãopensar em algo devemos nos esforçar para pensar em outra coisa.

Por exemplo, se eu lhe disser: “Não pense em sua mão direita,” você pensará imediatamentenela enquanto tenta me obedecer. Quanto mais tentar, mais difícil ficará. A única forma de não pensarna mão direita é pensar conscientemente em outra coisa, por exemplo, em seus sapatos. Uma vez queocupar sua mente com os sapatos, não pensará mais em sua mão.

Encorajei aquela querida mulher a “não temer”, assim como a Bíblia diz. E sempre quereconhecesse um pensamento contrário à Palavra de Deus, ela o substituiria por outro com o qualconcordasse.

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Estou feliz em dizer que ela seguiu meu conselho e, mesmo tendo sido atacada mais algumasvezes durante suas orações, ela recebeu a vitória completa sobre seu problema. Ela triunfou sobre abatalha espiritual.

Também foi interessante descobrir, ao pesquisar várias igrejas, que seu problema era bemcomum. Normalmente, mais da metade dos cristãos que avalio dizem que, em certo ponto, tiverampensamentos blasfemos enquanto oravam. Satanás não é muito original.

“Considerem Atentamente o que Vocês estão Ouvindo”

Não podemos impedir que Satanás e espíritos malignos ataquem nossas mentes, mas nãoprecisamos permitir que seus pensamentos se tornem nossos; isto é, não precisamos nos ater a ideiase sugestões demoníacas, tomando posse delas. Como foi dito: “Você não pode impedir que os pássarosvoem sobre sua cabeça, mas pode impedi-los de fazer ninho em seu cabelo”. 

Além do mais, devemos ter cuidado para não sujeitarmos nossas mentes a influências profanassempre que tivermos o controle. Quando nos sentamos na frente da televisão por uma hora ou lemoso jornal, estamos dando as boas vindas para sermos influenciados por pensamentos que podem ser

satânicos. Logo após contar a parábola do semeador e dos solos, Jesus avisou: “Considerematentamente o que vocês estão ouvindo” (Mc. 4:24). Jesus sabia os efeitos destrutivos de ouvirmentiras, permitindo que Satanás plante “sementes” em nossas mentes e corações. Essas sementespodem virar “espinhos” que no fim sufocarão a Palavra de Deus em nossas vidas (veja Mc. 4:7, 18-18).

Pedro na Batalha Espiritual

O apóstolo Pedro entendia sobre a verdadeira batalha espiritual bíblica. Em lugar algum de suasepístolas ele instruiu os cristãos a derrubarem poderes e principados de sobre as cidades. Contudo, elenos instruiu a resistir aos ataques de Satanás contra nossas vidas pessoais, e nos disse exatamentecomo devemos resistir:

Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo eprocurando a quem possa devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãosque vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos (1 Pd. 5:8-9).

Note primeiro que Pedro indicou nossa posição como de defesa, não de ataque. Satanás équem está andando ao redor, não nós. Ele está procurando por nós, não nós por ele. Nosso trabalhonão é atacar, mas resistir.

Em segundo lugar, note que Satanás, como um leão, está procurando alguém para devorar .Pedro quis dizer que Satanás poderia literalmente comer sua carne como um leão comeria?Obviamente, não. A única maneira que Satanás poderia devorar um cristão seria enganando-o;

fazendo-o acreditar em uma mentira que destrói sua fé.Terceiro, note que Pedro nos diz para resistir ao Diabo através de nossa fé. Nossa luta não é

uma batalha física, e não podemos lutar contra Satanás balançando nossos punhos no ar. Ele nos atacacom mentiras e resistimos a essas mentiras permanecendo firmes em nossa fé na Palavra de Deus.Novamente, isso é batalha espiritual bíblica.

Os cristãos a quem Pedro estava escrevendo estavam sofrendo grande perseguição e, portanto,estavam sendo tentados a renunciar sua fé em Cristo. Muitas vezes quando estamos no meio decircunstâncias adversas é que Satanás nos atacará com dúvidas e mentiras. Essa é a hora depermanecermos firmes em nossa fé. Esse é o “dia terrível” do qu al Paulo escreveu quando precisamosvestir “toda a armadura de Deus, para” podermos “ ficar firmes contra as ciladas do Diabo” (Ef. 6:11,

ênfase adicionada).

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Tiago na Batalha Espiritual

O apóstolo Tiago também mencionou algo sobre batalha espiritual em sua epístola. Será queele disse aos cristãos que suas orações poderiam determinar o resultado das batalhas angelicais? Não.Ele lhes mandou que derrubassem fortalezas de espíritos de cobiça, apatia e bebedeira de sobre suascidades? Não. Mandou que estudassem a história de suas cidades para que pudessem determinar que

tipos de espíritos malignos estão lá desde o início? Não.Tiago cria na batalha espiritual bíblica e, portanto, escreveu:Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês (Tg. 4:7, ênfase

adicionada).Novamente, note que a postura dos cristãos é defensiva —  devemos resistir; não atacar.

Quando assim o fazemos, Tiago nos promete que Satanás fugirá. Ele não tem motivo para permanecerao redor de um cristão que não será convencido a acreditar em suas mentiras, seguir suas sugestões ouceder às suas tentações.

Note também que Tiago nos instruiu a primeiramente nos submetermos a Deus. Submetemo-nos a Deus aos nos submetermos a Sua Palavra. Nossa resistência ao Diabo é determinada por nossa

submissão à Palavra de Deus.

João na Batalha Espiritual

O apóstolo João também escreveu sobre batalha espiritual em sua primeira epístola. Será queele nos mandou ir aos lugares altos para destruirmos as fortalezas do Diabo? Não. Mandou queexpulsássemos demônios de raiva dos cristãos que, às vezes, ficam com raiva? Não.

Ao invés disso, João, assim como Pedro e Tiago, só acreditava na batalha espiritual bíblica e,portanto, suas instruções são as mesmas:

Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles

procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. Vocês podem reconhecer oEspírito de Deus deste modo: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne procede deDeus; mas todo espírito que não confessa Jesus não procede de Deus. Esse é o espírito do anticristo,acerca do qual vocês ouviram que está vindo, e agora já está no mundo. Filhinhos, vocês são de Deus eos venceram, porque aquele que está em vocês é maior do que aquele que está no mundo. Eles vêmdo mundo. Por isso, o que falam procede do mundo, e o mundo os ouve. Nós viemos de Deus, e todoaquele que conhece a Deus nos ouve; mas quem não vem de Deus não nos ouve. Dessa formareconhecemos o Espírito da verdade e o espírito do erro (1 Jo. 4:1-6).

Note que todo o discurso de João nesses versículos revolve nas mentiras de Satanás e naverdade de Deus. Devemos testar os espíritos para ver se são de Deus; e o teste é baseado na verdade.

Espíritos malignos não admitirão que Jesus Cristo veio em carne. São mentirosos.João também nos disse que vencemos os espíritos malignos. Isso é, como cidadãos do reino da

luz, não estamos mais debaixo do domínio deles. O maior, Jesus, vive em nós. As pessoas que têmCristo morando nelas não devem temer os demônios.

João também disse que o mundo ouve os espíritos malignos, o que indica que eles devem estarfalando. Sabemos que não estão falando audivelmente, mas estão plantando mentiras nas mentes daspessoas.

Como seguidores de Cristo, não devemos ouvir as mentiras dos espíritos malignos; Joãotambém diz que aqueles que conhecem a Deus nos escutam, pois temos a Verdade; temos a Palavra deDeus.

Novamente, note que a estratégia de Satanás é persuadir as pessoas a acreditarem em suasmentiras. Satanás não pode nos derrotar se conhecemos e acreditamos na verdade. Essa é a batalhaespiritual.

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A Fé é a Chave

Conhecer a Palavra de Deus não é suficiente para vencer uma batalha espiritual. A chave é crerverdadeiramente no que Deus disse. Isso se aplica tanto a resistir ao Diabo quanto a expulsardemônios. Por exemplo, considere novamente um exemplo que vimos anteriormente, quando Jesusdeu aos doze discípulos “autoridade para expulsar espíritos imundos” (Mt. 10:1). Sete capítulos depois,

os encontramos impossibilitados de expulsar um demônio de um garoto epilético. [8] Quando Jesussoube de seu fracasso, lamentou:“Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá-

los?” (Mt. 17:17, ênfase adicionada). Foi a incredulidade deles que Jesus reprovou. Mais tarde, quando Seus discípulos o

interrogaram sobre por que não conseguiram expulsar o demônio, Ele respondeu: “Porque a fé quevocês têm é pequena” (Mt. 17:20). Portanto, vemos que a autoridade para expulsar demônios nãofuncionou longe da fé.

Nosso êxito em expulsar demônios e resistir ao Diabo depende de nossa fé na Palavra de Deus.Se realmente acreditamos no que Deus disse, nossa palavras e ações estarão de acordo. Os cães

seguem as pessoas que correm deles e o mesmo acontece com o Diabo. Se você correr, ele o seguirá;contudo, se permanecer em sua fé, ele fugirá de você (veja Tg. 4:7).Sem dúvida, a falta de fé dos apóstolos teria sido evidente a qualquer observador, enquanto

tentavam e não conseguiam libertar aquele menino de um demônio. Se aquele demônio para Jesus fezo mesmo show que havia feito para os discípulos, lançando o menino em “convulsão” (Lc. 9:42) efazendo-o espumar pela boca (veja Mc. 9:20), é possível que a fé dos discípulos tenha virado medo.Talvez tenham ficado paralisados perante o que presenciaram.

Contudo, aquele que tem fé não é movido pelo que vê, mas somente pelo que Deus diz.“Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos” (2 Co. 5:7, ênfase adicionada). Deus não pode mentir(veja Tt. 1:2); então, mesmo que pareça que as circunstâncias contradizem o que Deus disse, devemospermanecer na fé.

Note que Jesus libertou o menino em apenas alguns segundos. Ele fez isso através da fé. Ele nãoperdeu tempo conduzindo uma “seção de libertação”. Os que têm fé em sua autoridade dada por Deusnão precisam gastar horas para expulsar um demônio.

Além do mais, não há registro que Jesus tenha gritado com o demônio; os que têm fé nãoprecisam gritar. Jesus também não mandou repetidamente que o demônio saísse; uma vez foi osuficiente. Uma segunda vez teria sido uma confissão de dúvida.

Resumindo

O discipulador ensina batalha espiritual bíblica através de seu exemplo e de suas palavras, paraque seus discípulos sejam capazes de permanecer contra as artimanhas de Satanás e andar emobediência aos mandamentos de Cristo. Ele não leva seus discípulos a seguirem “ventos de doutrina”atuais que promovem métodos não-bíblicos de batalha espiritual, sabendo que aqueles que praticamtais métodos têm o foco errado e estão, na verdade, sendo enganados por Satanás, a quem pensamconfrontar vitoriosamente.

* Nota do tradutor: versões em inglês sem correspondentes em português.

* * Nota do tradutor: versículo traduzido do inglês.* Nota do tradutor: versículo traduzido do inglês.

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[1] Esse conceito é discutido de forma mais abrangente em meu livro God’s Tests (Os Testes deDeus), disponíveis para a leitura em inglês em nosso site, www.shepherdserve.org 

[2] A exceção a essa regra seria nos casos em que as pessoas estão tão controladas pordemônios que é impossível comunicarem seu desejo de libertação. Nesses casos, seriam necessáriosdons especiais do Espírito para trazer libertação, que operam como o Espírito deseja.

[3] A descrição de Paulo dos ímpios em Romanos 1:18-32 também suporta esse mesmoconceito.

[4] É  claro que em várias regiões geográficas existem porcentagens maiores ou menores depessoas em um dos reinos.

[5] Os que mantêm a posição “uma vez salvo, sempre salvo” com certeza descordarão. Gostariade encorajá-los a lerem Romanos 11:22; 1 Coríntios 15:1-2; Filipenses 3:18-19; Colossenses 1:21-23 eHebreus 3:12-14, prestando atenção especial à palavra “se” sempre que aparecer. 

[6] O “espírito de ciúmes” mencionado em Números 5:14-30 e o “espírito altivo”, em Provérbios16:18 são bons exemplos dessa palavra sendo usada para expressar certo tipo de atitude, e não para sereferir a um demônio. Em Números 14:24, lemos que Calebe tinha “outro espírito”, que obviamente serefere à boa atitude de Calebe.

[7] Isso não quer dizer que crianças não sofram por causa dos pecados de seus pais, pois muitas

vezes sofrem. Contudo, quando isso acontece, não quer dizer que Deus as está punindo pelos pecadosde seus pais, mas é uma indicação de que as pessoas são tão más que cometem pecados que sabemque fará seus próprios filhos sofrerem. As Escrituras também deixam claro que Deus podemisericordiosamente reter julgamento sobre um indivíduo e que mais tarde a liberará sobre filhos tãomerecedores - ou ainda mais. Da mesma forma, Ele pode misericordiosamente reter julgamento sobreuma geração perversa e liberá-la sobre outra ainda mais merecedora (veja Jr. 16:11-12). Isso é muitodiferente de punir alguém pelos pecados de seus avós.

[8] Devemos ter muito cuidado para não assumir que toda epilepsia é causada por um espíritomaligno.

Capítulo Trinta e Dois

Mordomia

No capítulo sobre o Sermão do Monte, consideramos algumas palavras que Jesus falou a Seusdiscípulos a respeito de mordomia. Ele lhes disse para não acumular tesouros na terra, mas no céu.Mostrou a tolice daqueles que investem em tesouros temporais e também as trevas que há em seus

corações (veja Mt. 6:19-24).O dinheiro é o verdadeiro deus dos que acumulam tesouros na terra, pois lhe servem e ele reina

sobre suas vidas. Jesus declarou que é impossível servir a Deus e ao dinheiro, indicando claramenteque se Deus é nosso verdadeiro Mestre, também é Mestre de nosso dinheiro. O dinheiro, mais quequalquer outra coisa, compete com Deus pelo coração das pessoas. Sem dúvida, é por isso que Jesusensinou que não podemos ser Seus discípulos, a menos que abramos mão de todas as nossas posses(veja Lc. 14:33). Os discípulos de Cristo nada têm; são simplesmente mordomos do que é de Deus, e Elegosta de fazer coisas com Seu dinheiro que reflitam Seu caráter e Seu reino.

Jesus tinha muito a dizer a respeito de mordomia, mas parece que, muitas vezes, Suas palavrassão ignoradas por aqueles que dizem ser Seus seguidores. Ainda mais popular é o torcer das Escrituras

para fabricar a moderna “doutrina da prosperidade” em suas muitas formas, delicada e primitiva.Contudo, o ministro discipulador, deseja ensinar as pessoas a obedecerem a todos os mandamentos deCristo. Portanto, ele ensinará através de seu exemplo e de suas palavras, a mordomia bíblica.

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Vamos considerar o que as Escrituras ensinam sobre a mordomia, e ao mesmo tempo, exporalguns dos exemplos mais comuns de falsos ensinamentos sobre a prosperidade. De forma alguma,esse será um estudo exaustivo. Escrevi um livro inteiro sobre esse assunto que está disponível à leituraem inglês em nosso site (SheperdServe.org). Ele pode ser encontrado abaixo do título “Biblical Topics”e do subtítulo “Jesus on Money”. 

O Supridor das NecessidadesComeçando com algo positivo, lembramos que Paulo, sob a inspiração do Espírito Santo,

escreveu: “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosasriquezas em Cristo Jesus” (Fp. 4:19). Essa promessa familiar é muitas vezes citada e exigida por pessoasque se dizem cristãs; mas qual é o contexto? Quando lemos dentro do contexto, logo descobrimos arazão de Paulo ter sido tão confiante que Deus supriria todas as necessidades dos crentes de Filipo:

Apesar disso, vocês fizeram bem em participar de minhas tribulações. Como vocês sabem,filipenses, nos seus primeiros dias no evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja partilhoucomigo no que se refere a dar e receber, exceto vocês; pois, estando eu em Tessalônica, vocês me

mandaram ajuda, não apenas uma vez, mas duas, quando tive necessidade. Não que eu estejaprocurando ofertas, mas o que pode ser creditado na conta de vocês. Recebi tudo, e o que tenho émais que suficiente. Estou amplamente suprido, agora que recebi de Epafrodito os donativos que vocêsenviaram. São uma oferta de aroma suave, um sacrifício aceitável e agradável a Deus. O meu Deussuprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus (Fp.4:14-19, ênfase adicionada).

Paulo tinha certeza que Jesus realmente supriria as necessidades dos filipenses porque tinhampreenchido a condição de Jesus: Estavam buscando em primeiro lugar o Reino de Deus, o que foiprovado pelas ofertas sacrificiais a Paulo para que pudesse continuar plantando igrejas. Lembre-se queno Sermão do Monte, Jesus disse:

O Pai celestial sabe que vocês precisam delas *“dessas coisas”+. Busquem em primeiro lugar oReino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas (Mt. 6:32-33).

Portanto, vemos que a promessa de Paulo em Filipenses 4:19 não se aplica a todos os cristãosque a citam e a exigem. Ao invés disso, só se aplica àqueles que estão buscando em primeiro lugar oReino de Deus.

Do que Realmente Precisamos?

Há algo mais que podemos aprender da promessa de Jesus em Mateus 6:32-33. Às vezes temosdificuldade em distinguir nossas necessidades de nossas vontades. Contudo, Jesus definiu quais são

nossas necessidades. Ele disse: “O Pai celestial sabe que vocês precisam delas *“dessas coisas”+”. Quais são essas “coisas” das quais Jesus se referiu que seriam acrescentadas àqueles que

buscam primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça? São comida, bebida e roupas. Ninguém pode discutirsobre isso, pois foi isso que Jesus disse antes de fazer a promessa sob consideração (veja Mt. 6:25-31).Comida, bebida e roupas são nossas únicas necessidades materiais. Na verdade, essas são as únicascoisas que Jesus e Seus discípulos viajantes possuíam.

É evidente que Paulo concordava com a definição de Jesus sobre nossas necessidades, já queescreveu a Timóteo:

De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro, pois nada trouxemos para estemundo e dele nada podemos levar; por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com

isso satisfeitos. Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejosdescontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amorao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fée se atormentaram com muitos sofrimentos (1 Tm. 6:6-10, ênfase adicionada).

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Paulo acreditava que as únicas coisas materiais que realmente precisamos são comida e roupas,caso contrário não teria dito que deveríamos ficar satisfeitos com essas coisas somente. Isso nos leva auma perspectiva um pouco diferente a respeito de Sua promessa aos filipenses de que Deus supririasuas necessidades! Pela forma como alguns pregadores explicam esse versículo, daria para pensar queele diz: “O meu Deus suprirá todas as cobiças de vocês”! Além do mais, se devemos nos alegrarsomente com comida e roupas, não devemos nos alegrar muito mais com o que realmente temos, oque para a maioria de nós é muito mais que somente comida e roupas?

Descontentamento

Nosso problema é que pensamos que necessitamos de muito mais do que aquilo que realmenteprecisamos. Considere o fato de que quando Deus criou Adão e Eva eles não possuíam nada, e mesmoassim moravam no paraíso. Obviamente, Deus não planejou que obtivéssemos felicidade por causa dascoisas materiais que juntamos. Você já pensou que Jesus nunca abriu uma torneira ou ficou embaixode um chuveiro em um banheiro? Ele nunca lavou Suas roupas em uma máquina de lavar; nunca abriua porta de uma geladeira. Ele nunca dirigiu um carro ou mesmo andou de bicicleta. Nenhuma vez ouviu

rádio, falou com alguém pelo telefone, usou um fogão ou pregou por meio de um sistema deautofalante. Ele nunca assistiu a um filme ou a um programa de televisão, nunca acendeu umalâmpada ou se refrescou na frente de um ar-condicionado ou ventilador. Ele nunca teve um relógio depulso. Nunca teve um armário cheio de roupas. Como pôde ser feliz?

Nos Estados Unidos (e talvez em seu país também), somos bombardeados com propagandasque nos mostram pessoas felizes enquanto usam seus novos bens materiais. Consequentemente,recebemos uma lavagem cerebral para pensarmos que conseguiremos felicidade se comprarmos mais;mas independente do quanto acumulamos, nunca ficamos felizes. Foi a isso que Jesus se referiu como“o engano das riquezas” (Mt. 13:22). Coisas materiais prometem felicidade, mas raramente cumprem apromessa. E quando nos juntamos à corrida maluca do mundo para adquirir mais bens materiais, naverdade nos tornamos mais idólatras, escravos de Mamom, que se esquecem de Deus e de Seusmandamentos mais importantes que são amar a Ele de todo o coração e ao próximo como a si mesmo.Deus exortou Israel a respeito disso:

Tenham o cuidado de não se esquecer do Senhor, o seu Deus, deixando de obedecer aos seusmandamentos, às suas ordenanças e aos seus decretos que hoje lhes ordeno. Não aconteça que,depois de terem comido até ficarem satisfeitos, de terem construído boas casas e nelas morado, deaumentarem os seus rebanhos, a sua prata e o seu ouro, e todos os seus bens, o seu coração fiqueorgulhoso e vocês se esqueçam do Senhor, o seu Deus, que os tirou do Egito, da terra da escravidão(Dt. 8:11-14).

Da mesma forma, Jesus advertiu que “o engano das riquezas” tem o potencial de sufocar a vidaespiritual de um verdadeiro crente que se permite ser distraído (veja Mt. 13:7, 22). Paulo avisou que “o

amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” e disse que “Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro,desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos” (1 Tm. 6:10). Somos exortados peloautor do livro de Hebreus: “Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocêstêm, porque Deus mesmo disse: 'Nunca o deixarei, nunca o abandonarei'” (Hb. 13:5). Esses sãosomente exemplos das exortações das Escrituras a respeito do perigo das riquezas.

Quando o Dinheiro é o Senhor

Talvez não haja melhor medidor do nosso relacionamento com Deus que nossa relação com o

dinheiro. Ele — o tempo e os meios que usamos para adquiri-lo e o que fazemos com ele — revelamuito sobre nossas vidas espirituais. Dinheiro, quando o temos ou não, é o maior combustível paratentações. Ele pode facilmente entrar em choque com os dois maiores mandamentos, já que pode setornar um deus acima do único Deus, e pode nos tentar a amarmos mais a nós e menos ao nosso

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próximo. Por outro lado, o dinheiro pode ser usado como um meio de provarmos nosso amor a Deus eao nosso próximo.

Uma vez Jesus contou uma parábola sobre um homem que permitiu que o dinheiro, e nãoDeus, reinasse sobre ele:

A terra de certo homem rico produziu muito. Ele pensou consigo mesmo: “O que vou fazer?Não tenho onde armazenar minha colheita”. Então disse: “Já sei o que vou fazer. Vou derrubar os meusceleiros e construir outros maiores, e ali guardarei toda a minha safra e todos os meus bens. E direi a

mim mesmo: 'Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma,beba e alegre-se'”. Contudo, Deus lhe disse: “Insensato! Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida.Então, quem ficará com o que você preparou?” Assim acontece com quem guarda para si riquezas, masnão é rico para com Deus. (Lc. 12:16-21).

Jesus retrata esse homem rico como um tolo. Mesmo sendo abençoado com riquezas, terraprodutiva e habilidades com agricultura, ele não conhecia a Deus, caso contrário não teria pensado emguardar os excessos e se aposentar, tendo uma vida de sossego e prazer egoísta. Ao invés disso, teriabuscado o Senhor a respeito do que deveria fazer com sua bênção, sabendo que era somentemordomo de Deus. Deus, é claro, iria querer que dividisse sua colheita e continuasse trabalhando paraque pudesse continuar a compartilhar. Talvez, a outra (e única) alternativa aceitável seria parar de

cultivar a terra e dedicar o resto de sua vida a um ministério que ele mesmo sustentasse, se fosse esseo chamado de Deus para ele.

O agricultor rico da parábola de Jesus fez um grande erro ao calcular o dia de sua morte. Eleassumiu que tinha muitos anos pela frente, enquanto estava a somente algumas horas da eternidade.O ponto que Jesus quer destacar é inconfundível: Devemos viver cada dia como se fosse o último,sempre prontos para ficarmos diante de Deus e prestar contas.

Duas Perspectivas

A perspectiva de Deus é tão diferente da do homem! O homem rico da parábola de Jesus seriainvejado por quase todos que o conheciam; ainda assim, Deus tinha pena dele. Ele era rico aos olhosdos homens, mas pobre aos olhos de Deus. Ele poderia ter acumulado tesouros no céu, onde seriamsempre dele, mas escolheu acumulá-los na terra onde não tinham o menor valor para ele a partir domomento em que morreu. À luz do que Jesus ensinou sobre pessoas avarentas, não parece provávelque Jesus quisesse que pensássemos que o homem rico foi para o céu quando morreu.

Essa parábola deve nos ajudar a lembrar que tudo o que temos é um presente de Deus e Eleespera que sejamos mordomos fiéis. Ela tem aplicação não somente para os que têm riquezasmateriais, mas para qualquer um que for tentado a dar muita importância às coisas materiais. Jesusdeixou isso bem claro quando continuou falando a Seus discípulos.

Portanto [isso significa que o que Ele diria em seguida era baseado no que tinha acabado de

falar] eu lhes digo: Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer; nem com seupróprio corpo, quanto ao que vestir. A vida é mais importante do que a comida, e o corpo, mais do queas roupas. Observem os corvos: não semeiam nem colhem, não têm armazéns nem celeiros; contudo,Deus os alimenta. E vocês têm muito mais valor do que as aves! Quem de vocês, por mais que sepreocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida? Visto que vocês não podem sequer fazeruma coisa tão pequena, por que se preocupar com o restante? Observem como crescem os lírios. Elesnão trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo,quanto mais vestirá vocês, homens de pequena fé! Não busquem ansiosamente o que comer ou beber;não se preocupem com isso. Pois o mundo pagão é que corre atrás dessas coisas; mas o Pai sabe que

vocês precisam delas. Busquem, pois, o Reino de Deus, e essas coisas lhes serão acrescentadas. Nãotenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino.

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Vendam o que têm e deem esmolas. Façam para vocês bolsas que não se gastem com o tempo,um tesouro nos céus que não se acabe, onde ladrão algum chega perto e nenhuma traça destrói. Poisonde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração (Lc. 12:22-34).

As palavras de Jesus vão contra as dos modernos “pregadores da prosperidade”! Hoje nosdizem que Deus quer que tenhamos mais, enquanto Jesus mandou Seus discípulos venderem o quetinham e dar aos pobres! Ele novamente expôs a tolice dos que acumulam tesouros na terra — ondeesses tesouros são destinados a perecer e onde estão os corações dos que possuem esses tesouros.

Note que Jesus aplicou a lição do tolo rico a pessoas que tinham tão pouco que eram tentadas ase preocupar com comida e roupas. A preocupação com tais coisas mostra que nosso foco está errado.Se confiarmos em nosso Pai provedor como devemos, não vamos nos preocupar, e essa atitudedespreocupada nos libera para focarmos em construir o Reino de Deus.

O Exemplo de Cristo

Jesus tinha muitas outras coisas para dizer a respeito de dinheiro. Contudo, ele ensinou, assimcomo todos os ministros discipuladores devem, através do exemplo. Ele pregava o que praticava. Como

Jesus viveu?Jesus não acumulou tesouros terrenos, mesmo que pudesse ter facilmente explorado Suasituação e se tornado extremamente rico. Muitos ministros abençoados assumem erroneamente que,se seus ministérios estão atraindo dinheiro, é porque Deus quer que eles sejam ricos. Contudo, Jesusnão usou Sua unção para o ganho pessoal.

O dinheiro que Lhe foi dado foi usado para fazer discípulos. E até mesmo supria as necessidadesdos que viajavam com Ele e daqueles que discipulava.[1] Em nossos dias, na maioria das vezes, jovensdiscípulos precisam pagar o transporte para serem ensinados pelos ministros mais velhos em escolasbíblicas. Mas Jesus deixou como exemplo o oposto!

Jesus também levou uma vida de confiança, crendo que Seu Pai supriria todas as Suasnecessidades e o abençoaria para que pudesse suprir as necessidades de outros. Algumas vezes Oconvidavam para jantar em banquetes, e outras vezes O encontramos comendo grãos crus em umcampo (veja Lc. 6:1).

Em pelo menos duas ocasiões Ele providenciou comida para milhares de pessoas que foramouvi-Lo. Isso é tão diferente das conferências cristãs modernas onde todos os que querem ouvir opalestrante precisam pagar uma taxa! Às vezes, até riem de nós que damos comida aos quecomparecem às nossas conferências ministeriais, pois dizem que estamos “pagando as pessoas paraque nos ouçam”. Na verdade, estamos seguindo o modelo do Mestre. 

Jesus também cuidava dos pobres, já que Seu grupo tinha uma bolsa de dinheiro da qualretiravam para dar esmolas. Dar aos pobres era algo tão regular no ministério de Jesus que quando Elemandou Judas fazer rápido o que tinha que fazer, todos os outros discípulos assumiram enquanto ele

saída da última ceia, que estava indo comprar comida para o grupo ou dar dinheiro aos pobres (veja Jo.13:27-30).

Jesus realmente amava Seu próximo como a Si mesmo, portanto, vivia simplesmente ecompartilhava; Ele não precisou se arrepender. A pregação de João Batista dizia: “Quem tem duastúnicas dê uma a quem não tem nenhuma” (Lc. 3:11). Jesus só tinha uma túnica. 

Mas alguns pregadores da prosperidade tentam nos convencer de que Jesus era rico porqueusava uma túnica sem costura (veja Jo. 19:23), algo supostamente usado somente por pessoas ricas. Éincrível os significados que podem ser encontrados em um texto bíblico se alguém quer provar algoque contradiz muitas outras passagens! Podemos também chegar à conclusão igualmente absurda deque Jesus estava tentando esconder  Sua riqueza, já que não usava uma capa sem costura.

Jesus tinha tantas coisas mais para falar sobre dinheiro que não temos espaço para considerá-las. Contudo, vamos dar uma olhada em mais alguns ensinamentos de pregadores modernos daprosperidade que são tão adeptos de torcer as Escrituras e enganar os mais fracos.

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Deus Fez Salomão Rico

Essa é a justificação que muitos pregadores da prosperidade usam para disfarçar sua avareza.Eles esquecem que Deus deu riquezas a Salomão por um motivo. A razão é que quando Deus prometeua Salomão que daria a ele qualquer coisa, Salomão pediu por sabedoria para reinar sobre o povo. Deusficou tão feliz por Salomão não ter pedido por riquezas (entre outras coisas) que juntamente com a

sabedoria também deu riquezas. Contudo, Salomão não usou sua sabedoria como Deus tinhaplanejado e consequentemente se tornou o homem mais tolo que já existiu. Se tivesse sido sábio, teriadado ouvidos ao que Deus disse a Israel na Lei muito antes de ter nascido:

Se quando entrarem na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá, tiverem tomado posse dela, enela tiverem se estabelecido, você disserem: “Queremos um rei que nos governe, como têm todas asnações vizinhas”, tenham o cuidado de nomear o rei que o Senhor, o seu Deus, escolher. Ele deve virdentre os seus próprios irmãos israelitas. Não coloquem um estrangeiro como rei, alguém que não sejaisraelita. Esse rei, porém, não deverá adquirir muitos cavalos, nem fazer o povo voltar ao Egito paraconseguir mais cavalos, pois o Senhor lhes disse: “Jamais voltem por este caminho”. Ele não deverátomar para si muitas mulheres; se o fizer, desviará o seu coração. Também não deverá acumular muita

prata e muito ouro (Dt. 17:14-17).Aqui está outra passagem que os pregadores da prosperidade sempre ignoram, seguindo oexemplo de Salomão, que também a ignorou para sua própria morte. E assim como ele, também setornam idólatras. Lembre-se de que o coração de Salomão foi desviado por suas muitas esposas paraadorar ídolos, esposas que só pôde sustentar por causa do uso impróprio de suas riquezas.

Deus queria que Salomão usasse suas riquezas dadas por Deus para amar seu próximo como asi mesmo, mas Salomão as usou para amar somente a si próprio. Ele adquiriu mais ouro, prata, cavalose esposas para si, desobedecendo diretamente o mandamento de Deus. No fim, ele tinha setecentasesposas e trezentas concubinas, fazendo assim com que mil homens ficassem sem esposas. Ao invés dedar aos pobres, Salomão satisfez a si mesmo. É incrível que pregadores da prosperidade tenhamSalomão como modelo para todos os cristãos da nova aliança em vista de seu egoísmo e idolatria.Nosso objetivo não é nos tornarmos como Cristo?

“Deus Fez de Abraão um Homem Rico e Suas Bênçãos Também se

Estendem a Nós” 

Essa justificação é firmada na palavra de Paulo encontrada no terceiro capítulo de Gálatas.Citarei o versículo, que muitas vezes é mal interpretado, mas dentro do contexto.

Prevendo a Escritura que Deus justificaria os gentios pela fé, anunciou primeiro as boas novas aAbraão: “Por meio de você todas as nações serão abençoadas”.  Assim, os que são da fé são

abençoados junto com Abraão, homem de fé. Já os que se apoiam na prática da Lei estão debaixo de maldição, pois está escrito: “Maldito

todo aquele que não persiste em praticar todas as coisas escritas no livro da Lei”. É evidente que diantede Deus ninguém é justificado pela Lei, pois o justo viverá pela fé. A Lei não é baseada na fé, aocontrário, “quem praticar estas coisas, por elas viverá”. Cristo nos redimiu da maldição da Lei qu andose tornou maldição em nosso lugar, pois está escrito: “Maldito todo aquele que for pendurado nummadeiro”. Isso para que em Cristo Jesus a bênção de Abraão chegasse também aos gentios , para querecebêssemos a promessa do Espírito mediante a fé (Gl. 3:8-14, ênfase adicionada).

A “bênção de Abraão” sobre a qual Paulo escreve no versículo 14 era a promessa de Deus deque todas as nações seriam abençoadas através de Abraão (o que Paulo disse no versículo 8), ou de

forma mais específica, como Paulo explicou alguns versículos mais tarde, através do descendente de Abraão, Jesus (Gl. 3:16). De acordo com o que acabamos de ler, Jesus entregou a bênção prometida atodas as nações ao ser amaldiçoado por Deus, morrendo pelos pecados do mundo na cruz. Então, a

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bênção de Abraão que chega aos gentios não é a respeito de Deus tornar as pessoas ricasmaterialmente como ele, mas a respeito da promessa de Deus a Abraão de abençoar os gentiosatravés de seu descendente — e seu cumprimento por Jesus através de Sua morte na cruz por eles. (Otema predominante de Paulo aqui é que os gentios podem ser salvos, assim como os judeus, pela féem Jesus.)

Outra TorcidaEssa mesma passagem é muitas vezes usada de forma distorcida por pregadores da

prosperidade para justificar sua doutrina. Eles dizem que, porque a Lei prometeu a maldição dapobreza para aqueles que não a cumprissem (veja Dt. 28:30-31, 33, 38-40, 47-48, 51, 68), e porquePaulo escreveu que “Cristo nos redimiu da maldição da Lei” em Gálatas 3:13, nós que estamos emCristo fomos redimidos da maldição da pobreza.

Em primeiro lugar, é questionável que Paulo estivesse pensando nas maldições específicasencontradas em Deuteronômio 28 quando escreveu sobre a “maldição da Lei” da qual Cristo nosredimiu. Note que Paulo não disse que Cristo nos redimiu das “maldições” (plural) da Lei, mas da

“maldição” (singular), talvez dando a entender que toda a Lei era uma maldição aos que tentassemencontrar a salvação cumprindo-a. Uma vez que somos redimidos por Cristo, não cometeríamos maisesse erro e, portanto, estaríamos redimidos da “maldição da Lei”. 

Se Paulo estivesse realmente dizendo que Cristo nos redimiu de todas as coisas desastrosascitadas em Deuteronômio 28, garantindo assim nossa prosperidade material, teríamos que nosperguntar por que Paulo escreveu sobre si mesmo: “Até agora estamos passando fome, sede enecessidade de roupas, estamos sendo tratados brutalmente, não temos residência certa” (1 Co. 4:11).Também teríamos que nos perguntar por que Paulo escreveria:

Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome,ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: “Por amor de ti enfrentamos a morte todos osdias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro” (Rm. 8:35-36).

Obviamente, Paulo não teria escrito essas palavras se todos os cristãos fossem isentos desofrerem perseguição, fome, nudez, perigo ou espada em virtude de Cristo ter nos redimido damaldição da Lei.

Também teríamos que nos perguntar por que Jesus predisse a seguinte cena celestial:Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita? “Venham, benditos de meu Pai! Recebam

como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e vocês mederam de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram;necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, evocês me visitaram”. Então os justos lhe responderão: “Senhor, quando te vimos com fome e te demosde comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos; ou

necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?” O Reiresponderá: “Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos , a mim ofizeram” (Mt. 25:34-40, ênfase adicionada).

Portanto, não há dúvida de que alguns dos crentes que foram redimidos da “maldição da Lei” seencontrarão em circunstâncias não tão prósperas. Note, contudo, que nas circunstâncias que Jesusdescreveu, Deus proveu as necessidades dos crentes que sofriam, e o fez através de outros crentes quetinham mais do que precisavam. Podemos sempre esperar que Deus suprirá nossas necessidades,mesmo que, temporariamente, pareça que não. 

Finalmente, esses pregadores da prosperidade que querem ser ricos como Abraão devem seperguntar com sinceridade se querem morar em uma tenda por toda a vida sem eletricidade ou água

corrente! Deus esperava que aqueles a quem abençoava com riquezas no Velho Testamento usassemsuas riquezas para a Sua glória, compartilhando de sua abundância com outros. Abraão fez isso,fornecendo emprego a centenas de pessoas, o que supria suas necessidades (veja Gn. 14:14). Jó

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também fez isso, e ainda testificou usando sua riqueza cuidando das viúvas e dos órfãos (veja Jó 29:12-13, 31:16-22). Os que têm como dom construir empresas devem se certificar que seu alvo principal éobedecer a Deus e amar seu próximo como a si mesmo.

“As Escrituras Dizem que Jesus se Tornou Pobre Para que Nós nosTornássemos Ricos” 

Realmente, a Bíblia diz:Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por

amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos (2 Co. 8:9).É argumentado que já que essa passagem obviamente diz que Jesus era materialmente rico no

céu e se tornou materialmente pobre na terra, Paulo tinha em mente riqueza material  quandoescreveu que seus leitores podem se tornar ricos através da pobreza de Cristo. Eles dizem que, se Pauloestava falando de riqueza e pobreza materiais na primeira parte do versículo, certamente não falariade riquezas espirituais na segunda parte.

Contudo, se Paulo realmente quis dizer que nos tornaríamos materialmente ricos por causa da

pobreza material de Cristo, devemos nos perguntar por que escreveu alguns versículos mais adiante namesma carta:

Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezesfiquei em jejum; suportei frio e nudez (2 Co. 11:27).

Se em 2 Coríntios 8:9 Paulo quis dizer que Cristo se tornou materialmente pobre para quepudéssemos nos tornar materialmente ricos, então, o propósito de Cristo não estava sendo cumpridona vida de Paulo! Logo, é óbvio que Paulo não quis dizer que Cristo se tornou materialmente pobrepara que pudéssemos nos tornar materialmente ricos nessa terra. Ele quis dizer que nos tornaríamosespiritualmente ricos, “ricos para com Deus”, tomando emprestada uma expressão usada por Jesus(veja Lc. 12:21), e ricos nos céu, onde estão nossos tesouros e nosso coração.

É realmente seguro assumir que, porque Paulo falava de riqueza material  em uma parte de umafrase não poderia falar de riqueza espiritual  em outra parte dessa frase, como os pregadores daprosperidade dizem? Considere as seguintes palavras que Jesus falou a alguns de Seus seguidores nacidade de Esmirna:

Conheço as suas aflições e a sua pobreza; mas você é rico (Ap. 2:9a)!Está claro que Jesus estava falando da pobreza material   que os crentes de Esmirna estavam

enfrentando, e apenas quatro palavras depois falava da riqueza espiritual  desses mesmo crentes.

“Jesus Prometeu Devolver Cem Vezes Mais do que Damos” 

Jesus prometeu dar cem vezes mais para aqueles que fizessem certos sacrifícios. Vamos lerexatamente o que Ele disse:

Digo-lhes a verdade: Ninguém que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, oucampos, por causa de mim e do evangelho, deixará de receber cem vezes mais, já no tempo presente,casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, e com eles perseguição; e, na era futura, a vida eterna(Mc. 10:29-30).

Note que essa não é uma promessa para aqueles que dão dinheiro aos pregadores, como émuitas vezes dito por pregadores da prosperidade. Essa é uma promessa àqueles que deixam casas,campos e família para pregar o evangelho. Jesus prometeu para essas pessoas “cem vezes mais, já notempo presente”. 

Mas Jesus estava prometendo que tais pessoas literalmente se tornariam donas de cem casasou campos como dizem alguns pregadores da prosperidade? Não mais do que prometia que taispessoas teriam literalmente cem mães e cem filhos. Jesus estava simplesmente dizendo que os que

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deixam suas casas e famílias veriam que companheiros cristãos abririam suas casas e os acolheriamcomo família.

Note que Jesus também prometeu perseguição e vida eterna a tais pessoas. Isso nos lembra docontexto da passagem, no qual os discípulos viam um jovem rico que queria a vida eterna sair abatidoenquanto Jesus dizia: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um ri co entrarno Reino de Deus” (Mc. 10:25). 

Os discípulos ficaram chocados com a afirmação de Jesus e se perguntaram sobre suas próprias

chances de entrar no reino de Deus. Eles lembraram Jesus do que tinham deixado para trás para segui-Lo. Foi então que Ele fez a promessa “cem vezes mais”. 

Tudo isso sendo verdade, é inacreditável que qualquer pregador da prosperidade tente nosconvencer de que Jesus estava prometendo um retorno material de literalmente cem vezes mais (oque nos faria incrivelmente ricos em pouco tempo) já que segundos antes tinha dito a um homem ricoque vendesse tudo o que tinha e desse aos pobres se quisesse a vida eterna!

Existem muitas outras passagens que os pregadores da prosperidade torcem além das queconsideramos, mas o espaço nos limita neste livro. Tenha cuidado!

Um Princípio Fundamental para LembrarJoão Wesley, fundador do movimento Metodista na igreja da Inglaterra, criou um princípio

fundamental maravilhoso a respeito da perspectiva que se deve ter do dinheiro: “Faça o quanto puder;guarde o quanto puder; doe o quanto puder”. 

Isto é, primeiro os cristãos devem trabalhar duro, usando suas habilidades e oportunidadesdadas por Deus para fazer dinheiro, mas estando certos de que o façam honestamente e sem violarnenhum dos mandamentos de Cristo.

Em segundo lugar, devem viver de forma econômica e simples, gastando o mínimo possível emsi mesmo, o que os capacita a guardar “o quanto puderem”. 

Finalmente, depois de terem seguido os dois primeiros passos, devem “doar o quantopuderem”, sem se limitarem a um décimo, mas negando a si mesmo o quanto possível para que asviúvas e os órfãos possam ser alimentados e o evangelho proclamado ao redor do mundo.

Com certeza a Igreja primitiva praticava tal mordomia, e compartilhar com os necessitados eraalgo regular na vida do Novo Testamento. Os primeiros cristãos levavam a sério o mandamento deJesus aos Seus seguidores: “Vendam o que têm e deem esmolas. Façam para vocês bolsas que não segastem com o tempo, um tesouro nos céus que não se acabe, onde ladrão algum chega perto enenhuma traça destrói” (Lc. 12:33). Lemos no relato de Lucas da Igreja primitiva: 

Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades ebens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. Da multidão dos que creram, uma era amente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas

compartilhavam tudo o que tinham... e grandiosa graça estava sobre eles. Não havia pessoasnecessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da vendae o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade de cada um (At. 2:44-45, 4:32-35).

As Escrituras também deixam claro que a Igreja primitiva alimentava e provia as necessidadesdas viúvas pobres (veja At. 6:1; 1 Tm. 5:3-10).

Paulo, o maior apóstolo que já viveu, confiado por Deus para levar o evangelho aos gentios,autor humano da grande maioria das epístolas do Novo Testamento, considerou que, prover asnecessidades materiais dos pobres, era uma parte essencial de seu ministério. Entre as igrejas quefundou, Paulo levantou grandes somas de dinheiro para os cristãos pobres (veja At. 11:27-30; 24:17;

Rm. 15:25-28; 1 Co. 16:1-4; 2 Co. 8-9; Gl. 2:10). Pelo menos dezessete anos após sua conversão, Pauloviajou a Jerusalém para submeter o evangelho que tinha recebido ao exame de Pedro, Tiago e João.Nenhum deles encontrou coisa alguma de errado com a mensagem que estava pregando, e como

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Paulo recontou na ocasião em sua carta aos Gálatas, “Somente pediram que nos lembrássemos dospobres, o que me esforcei por fazer” (Gl. 2:10). Na mente de Pedro, Tiago, João e Paulo, mostrarcompaixão aos pobres vinha logo após a proclamação do evangelho.

Resumindo

Com respeito a isso, o melhor conselho a ministros discipuladores vem do apóstolo Paulo, quedepois de advertir Timóteo dizendo que o “amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” e que“algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitossofrimentos”, o exortou: 

Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão (1 Tm. 6:11, ênfase adicionada).

[1] Muitas vezes os pregadores da prosperidade usam esse fato para provar que o ministério de

Jesus era próspero. Não há dúvidas de que Deus supriu as necessidades de Jesus para que pudessecumprir Sua missão. A diferença entre Jesus e os pregadores da prosperidade é que Jesus não eraegoísta e não usou o dinheiro de seu ministério para ficar rico.

Capítulo Trinta e Três

Segredos do Evangelismo

Quando Abraão provou sua disposição em oferecer seu amado filho, Isaque, Deus fez umapromessa a ele:

E, por meio dela [sua descendência], todos os povos da terra serão abençoados, porque vocême obedeceu (Gn. 22:18).

O apóstolo Paulo ressalta que essa promessa foi feita a Abraão e a sua descendência, e essadescendência era Cristo (veja Gl. 3:16). Em Cristo todas as nações, ou mais precisamente, todos osgrupos étnicos da terra seriam abençoados. Essa promessa a Abraão prevê a inclusão de milhares degrupos étnicos gentios ao redor do globo à bênção de estar em Cristo. Esse grupos étnicos são distintosuns dos outros no modo em que vivem em diferentes regiões geográficas, são de diferentes raças, têmculturas diferentes e falam línguas diferentes. Deus quer que todos sejam abençoados em Cristo; porisso, Jesus morreu pelos pecados de todo o mundo (veja 1 Jo. 2:2).

Mesmo Jesus tendo dito que o caminho que leva à vida é estreito, e poucos o encontram (vejaMt. 7:14), o apóstolo João nos deixou uma boa razão para crer que haverá representantes de todos osgrupos étnicos da terra no futuro Reino de Deus:

Depois disso olhei, e diante de mim estava uma grande multidão que ninguém podia contar, detodas as nações, tribos, povos e línguas, em pé, diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas esegurando palmas. E clamavam em alta voz: “A salvação pertence ao nosso Deus, que se assenta notrono, e ao Cordeiro” (Ap. 7:9-10, ênfase adicionada).

Portanto, é com grande antecipação que os filhos de Deus esperam se unir à multidãomultiétnica diante do trono de Deus um dia!

Muitos missionários estrategistas contemporâneos têm colocado grande ênfase em alcançar osmilhares restantes de grupos étnicos “escondidos” ao redor do mundo, com a esperança de plantar

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uma igreja viável em cada um deles. Isso é louvável, já que Jesus nos mandou ir ao mundo e fazer“discípulos de todas as nações (ou literalmente, grupos étnicos)” (Mt. 28:19). Contudo, os planos dohomem, não importa quão bem intencionados sejam, sem a liderança do Espírito Santo, podem fazermais mal que bem. É vital que sigamos a sabedoria de Deus enquanto buscamos construir Seu reino.Ele não nos deu mais informação e instrução a respeito de como fazer discípulos ao redor do mundo anão ser as encontradas em Mateus 28:19.

Talvez o fato mais negligenciado por aqueles que tentam cumprir a Grande Comissão é

que Deus é o maior evangelista de todos e devemos trabalhar com Ele, e não para Ele. Ele se importamuito mais em alcançar o mundo com o evangelho que qualquer outra pessoa, e está se esforçandomuito mais para alcançar esse alvo que qualquer um. Ele foi (e é) tão devoto à causa que morreu porela, e estava pensando nela (e ainda está) antes mesmo de ter criado o homem! Isso écomprometimento!

“Ganhando o Mundo para Cristo” 

É interessante que quando lemos as epístolas do Novo Testamento, não encontramos pedidos

comoventes (como ouvimos hoje) para que os crentes “saiam e conquistem o mundo para Cristo!” NaIgreja primitiva, os cristãos e seus líderes perceberam que Deus estava trabalhando duro para salvar omundo, e o trabalho deles era cooperar com Ele enquanto Ele os guiava. Alguém que sabia bem dissoera o apóstolo Paulo, o qual ninguém “levou ao Senhor”. Ao invés disso, ele se converteu através deum ato direto de Deus enquanto viajava para Damasco. Por todo o livro de Atos, vemos a Igrejaexpandindo, pois pessoas ungidas e guiadas pelo Espírito estavam cooperando com o Espírito Santo. Olivro de Atos, às vezes chamado de “Atos dos apóstolos”, deveria ser chamado de “Atos de Deus”. Naintrodução de Atos, Lucas disse que sua primeira carta (o evangelho que leva o seu nome) era umregistro “de tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar” (At. 1:1, ênfase adicionada). Obviamente,Lucas acreditava que o livro de Atos era um registro do que Jesus continuava a fazer e a ensinar. Eletrabalhava através de servos ungidos e guiados pelo Espírito que cooperavam com Ele.

Se os cristãos da Igreja primitiva não eram encorajados a sair e testemunhar aos seus vizinhos eajudar a ganhar o mundo para Cristo”, qual era sua responsabilidade a respeito de construir o Reino deDeus? Os que não foram chamados especificamente e receberam dons para proclamar o evangelhopublicamente (apóstolos e evangelistas) foram chamados para levar vidas obedientes e santas, e aestarem prontos para responder a qualquer um que questionasse a esperança deles. Pedro, porexemplo, escreveu:

Todavia, mesmo que venham a sofrer porque praticam a justiça, vocês serão felizes. “Nãotemam aquilo que eles temem, não fiquem amedrontados.” Antes, santifiquem Cristo como Senhor emseu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão daesperança que há em vocês. Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa

consciência, de forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porqueestão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias (1 Pd. 3:14-16).

Note que os cristãos a quem Pedro escreveu estavam sofrendo perseguição. Contudo, a menosque os cristãos não sejam diferentes do mundo, ele (é claro) não os perseguirá. Esse é um dos motivosde haver tão pouca perseguição de cristãos em muitos lugares hoje — porque os que se dizem cristãosnão agem de forma diferente do resto do mundo. Não são verdadeiros cristãos, e portanto, ninguémos persegue. Mesmo assim, muitos desses “cristãos” estão sendo exortados nos domingos a“compartilharem sua fé com seus vizinhos”. Quando testemunham aos seus vizinhos, estes ficamsurpresos ao saber que são (supostamente) cristãos renascidos. P ior ainda, o “evangelho” quecompartilham se resume a pouco menos que dizer aos vizinhos que estão errados, por pensarem que

boas obras e obediência a Deus têm algo a ver com a salvação. Tudo o que importa é que “aceitem aJesus como Salvador pessoal”. 

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Em contraste, os cristãos primitivos (de quem Jesus era realmente Senhor) eram como luz nastrevas e, portanto, não precisavam ter aulas de testemunho ou arrumar coragem para dizerem aosseus vizinhos que eram seguidores de Cristo. Tinham muitas oportunidades de compartilhar oevangelho, já que eram questionados e insultados por causa de sua santidade. Só precisaram consagrarJesus com Senhor em seus corações e estar prontos para responder, assim como Pedro disse.

Talvez a maior diferença entre os cristãos modernos e os da Igreja primitiva seja a seguinte:cristãos modernos tendem a pensar que um cristão é caracterizado pelo que conhece e crê — 

chamamos de “doutrina”, e, portanto, focam em aprendê-la. Por outro lado, os cristãos da Igrejaprimitiva criam que um cristão era caracterizado pelo que fazia — e, portanto, focavam na obediênciaaos mandamentos de Cristo. É interessante perceber que pelos primeiros quatorze séculos,praticamente nenhum cristão tinha uma Bíblia pessoal, tornando, assim, impossível que a lesse todosos dias, o que se tornou uma das regras básicas da responsabilidade cristã contemporânea.Certamente, não estou dizendo que cristãos modernos não devem ler a Bíblia todos os dias. Só estoudizendo que muitos cristãos fizeram o estudar a Bíblia mais importante que o obedecê-la. Orgulhamo-nos de ter a doutrina correta (ao contrário dos membros das outras 29.999 denominações que aindanão chegaram ao nosso nível), mas ainda assim, fofocamos, mentimos e acumulamos tesourosterrenos.

Se esperamos amaciar o coração das pessoas para que se tornem receptivas ao evangelho, émais provável que o façamos através de nossas obras e não de nossas doutrinas.

Deus, o Grande Evangelista

Vamos considerar mais detalhadamente o trabalho de Deus na construção de Seu Reino.Quanto melhor entendermos como trabalha, melhor poderemos cooperar com Ele.

Crer em Jesus, é algo que as pessoas fazem com o coração (veja Rm. 10:9-10). Creem no SenhorJesus e, portanto, se arrependem. Elas destronam sua própria vontade e colocam Jesus no trono de suavontade. Crer envolve uma mudança de coração. 

Da mesma forma, não crer em Jesus, é algo que as pessoas fazem com seu corações.Elas resistem a Deus; logo, não se arrependem. Através de uma decisão consciente, mantêm Jesus forado trono de seus corações. A falta de fé envolve um decisão constante de não mudar o coração. 

Jesus indicou que os corações de todos são tão duros que nenhum viria a Ele, a menos quefosse levado pelo Pai (veja Jo. 6:44). Deus é misericordioso e está constantemente atraindo todos aJesus de várias formas; todas tocando em seus corações, através das quais devem decidircontinuamente amolecer ou enrijecer seus corações.

Quais meios Deus usa para tocar os corações das pessoas com a esperança de atraí-las a Jesus?Primeiro, Ele usa Sua criação. Paulo escreveu:Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que

suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles,porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno

 poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisascriadas, de forma que tais homens são indesculpáveis (Rm. 1:18-20, ênfase adicionada).

Note que Paulo disse que os homens “suprimem a verdade” que é “manifesta entre eles”. Istoé, a verdade se manifesta dentro deles e os confronta; mesmo assim, eles a empurram de volta pararesistir a essa convicção interna.

Qual exatamente é a verdade que é internamente evidente a todos? Paulo disse que são asverdades dos “atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina”, revelados através“das coisas criadas”. Internamente as pessoas sabem ao olhar para a criação de Deus   que Ele

obviamente existe, [1] que Ele é extremamente poderoso, surpreendentemente criativo eextremamente inteligente e sábio; para dizer apenas algumas características.

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A conclusão de Paulo, que tais pessoas “são indesculpáveis”, está certa. Deus estáconstantemente gritando a todos, revelando a Si mesmo e tentando fazê-los amaciar seus corações,mas a maioria tapa os ouvidos. Contudo, Deus nunca deixa de gritar durante suas vidas, com umaexibição constante de seus milagres —  através de flores, pássaros, bebês, flocos de neve, bananas,maçãs e um milhão de outras coisas.

Se Deus existe e é tão grande quanto Sua criação revela, obviamente deve ser obedecido. Essarevelação interna grita uma mensagem prioritária: Arrependa-se! Por esse motivo, Paulo diz que todos

 já ouviram o chamado de arrependimento de Deus:Mas eu pergunto: Eles não a ouviram? Claro que sim: “A sua voz ressoou por toda a terra, e as

suas palavras, até os confins do mundo” (Rm. 10:18). Na verdade, Paulo estava citando um versículo conhecido do Salmo 19. O texto mais completo

diz:Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala

disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a suavoz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo  (Sl. 19:1-4a,ênfase adicionada).

Novamente, isso indica que Deus fala a todos, dia e noite, através de Sua criação. Se as pessoas

reagissem da forma correta à mensagem de criação de Deus, cairiam de joelhos e clamariam algocomo: “Grande Criador, você me criou, e obviamente o fez para que eu fizesse a Tua vontade;portanto, me submeto a Ti”. 

Outro Meio pelo qual Deus Fala

Relacionada a essa revelação externa/interna está outra revelação interna, que também é dadapor Deus e que não depende da exposição de alguém ao milagre da criação. Essa revelação interna é aconsciência de cada um, uma voz que revela continuamente a lei de Deus. Paulo escreveu:

(De fato, quando os gentios, que não têm a Lei, praticam naturalmente o que ela ordena,tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a Lei; pois mostram que as exigências da Lei estãogravadas em seu coração. Disso dão testemunho também a sua consciência e os pensamentos deles,ora acusando-os, ora defendendo-os.) Isso tudo se verá no dia em que Deus julgar os segredos doshomens, mediante Jesus Cristo, conforme o declara o meu evangelho (Rm. 2:14-16).

Portanto, todos conhecem o certo e o errado. Para deixar mais claro, todos sabem o que agradaa Deus e o que não O agrada, e Ele responsabilizará cada um no dia do julgamento por por terem feitoo que sabiam que o não O agradava. Quando as pessoas envelhecem, com certeza, se tornam maisperitas em justificar seus pecados e ignorar a voz de sua consciência, mas Deus nunca deixa de pôr Sualei dentro deles.

Um Terceiro Meio

Mas isso não é tudo. Deus, o grande evangelista que está trabalhando para trazer todos aoarrependimento, fala às pessoas através de ainda outro meio. Mais uma vez, lemos as palavras dePaulo:

Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens  quesuprimem a verdade pela injustiça (Rm. 1:18, ênfase adicionada),

Note que Paulo disse que a ira de Deus é revelada, não que será revelada um dia. A ira de Deusé evidente a todos através de muitos eventos lamentáveis e trágicos, grandes e pequenos, que

atormentam a humanidade. Se Deus é todo-poderoso, capaz de fazer e prevenir qualquer coisa, entãotais coisas, quando atingem aqueles que O ignoram, podem ser uma manifestação de Sua ira. Somenteteólogos sem lógica e filósofos tolos podem não perceber isso. Mesmo em Sua ira, a misericórdia eamor de Deus são revelados, já que os objetos de Sua ira normalmente recebem menor ira do que

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merecem, e são, portanto, amavelmente avisados da ira eterna que espera os incrédulos após a morte.Esse é outro meio que Deus usa para chamar a atenção das pessoas que precisam se arrepender.

Um Quarto Meio

Finalmente, Deus não só tenta atrair as pessoas através da criação, da consciência e de

calamidades, mas também através do chamado do evangelho. Como Seus servos, devemos obedecê-loe proclamar as boas novas; a mesma mensagem da criação, da consciência e das calamidades éreafirmada novamente: Arrependam-se! 

É possível perceber que não há comparação entre o que fazemos na evangelização e o que Deusfaz. Ele evangeliza continuamente todas as pessoas em todos os momentos de todos os dias de suasvidas, enquanto outros, mesmo o maior evangelista humano, podem falar a algumas centenas demilhares de pessoas no passar das décadas. E esses evangelistas, normalmente, pregam para umdeterminado grupo de pessoas somente uma vez e por tempo limitado. Na verdade, essa oportunidadeúnica é tudo o que tais evangelistas podem oferecer às pessoas sob a luz do mandamento de Jesus desacudir o pó de seus pés sempre que uma cidade, vila ou casa não os receber (veja Mt. 10:14). Tudo

isso é para dizer que quando comparamos o evangelismo de Deus (que é incessante, universal,dramático e que condena o interior) com o nosso evangelismo limitado, realmente não hácomparação.

Essa perspectiva nos ajuda a entender melhor nossa responsabilidade na evangelização e naconstrução do Reino de Deus. Contudo, antes de considerarmos mais especificamente nossa parte, háoutro fator importante para o qual não podemos fazer vista grossa.

Como foi dito anteriormente, arrepender-se e crer são coisas que as pessoas fazem com seuscorações. Deus deseja que todos se humilhem, amoleçam seus corações, se arrependam e creiam noSenhor Jesus. Para chegar a esse fim, Deus trabalha continuamente nos corações das pessoas nasvárias formas descritas acima.

Deus também conhece, é claro, a condição dos corações das pessoas: Ele sabe quais coraçõesestão sendo amolecidos e quais estão sendo endurecidos; sabe quem está ouvindo Suas mensagensincessantes e quem as está ignorando; sabe quais corações se abrirão e se arrependerão somentequando certo desastre acontecer em suas vidas; sabe também quem possui corações tão duros para osquais não há esperança de arrependimento. (Por exemplo, Deus disse três vezes para não orar porIsrael, pois seus corações estavam além do arrependimento; veja Jr. 7:16; 11:14; 14:11.)[2] Ele sabequais são os corações que estão aquebrantados ao ponto de que somente mais um pouco de convicçãopor Seu Espírito resultará em seu arrependimento.

Mantendo tudo isso em mente, o que podemos aprender sobre a responsabilidade da Igreja deproclamar o evangelho e construir o Reino de Deus?

Princípio no1

Primeiramente, não parece razoável que Deus, o Grande Evangelista, que está fazendo 95% detodo o trabalho e que está gritando incessantemente a todo o mundo todos os dias, provavelmentemandaria Seus servos para proclamar o evangelho àqueles com os corações mais receptivos ao invésde para aqueles menos receptivos? Eu acho que sim.

Também não parece possível que Deus, o Grande Evangelista, que já tem pregado a todos acada momento de suas vidas, possa escolher não se incomodar de mandar o evangelho àqueles queestão ignorando completamente tudo o que Ele tem lhes falado durante anos? Por que Ele se

esforçaria em vão para dizer às pessoas os últimos 5% que gostaria que elas soubessem, se jáignoraram completamente os primeiros 95% do que tentou dizer? Acho que seria mais provável queDeus mandasse julgamento sobre tais pessoas esperando que elas aquebrantassem seus corações. Se e

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quando isso acontecesse, parece lógico que Ele lhes mandaria Seus servos para proclamarem oevangelho.

Alguns podem dizer que Deus mandará Seus servos àqueles que sabe que não irão searrepender para que não tenham desculpas quando comparecerem diante dEle no julgamento.Contudo, mantenha em mente que, de acordo com as Escrituras, tais pessoas já não têm maisdesculpas diante de Deus por causa de Sua revelação incessante de Si mesmo através de Sua criação(veja Rm. 1:20). Portanto, se Deus mandar um de Seus servos a tais pessoas, não é para que se tornem

responsáveis, mas para que sejam responsabilizados ainda mais por seus atos.Se, de fato, é mais provável que Deus leve Seus servos a pessoas mais receptivas, então nós,

Seus servos, devemos pedir através de oração que sejamos levados àqueles que estão prontos para acolheita.

Um Exemplo Bíblico

Esse princípio é belamente demonstrado no ministério de Filipe, o evangelista, como registradono livro de Atos. Filipe tinha pregado a grupos receptivos em Samaria, mas foi mais tarde levado por

um anjo para viajar por uma estrada específica. Nessa estrada ele foi levado a um homemincrivelmente receptivo:Um anjo do Senhor disse a Filipe: “Vá para o sul, para a estrada deserta que desce de Jerusalém

a Gaza”. Ele se levantou e partiu. No caminho encontrou um eunuco etíope, um oficial importante,encarregado de todos os tesouros de Candace, rainha dos etíopes. Esse homem viera a Jerusalém paraadorar a Deus e, de volta para casa, sentado em sua carruagem, lia o livro do profeta Isaías. E o Espíritodisse a Filipe: “Aproxime-se dessa carruagem e acompanhe-a”. Então Filipe correu para a carruagem,ouviu o homem lendo o profeta Isaías e lhe perguntou: “O senhor entende o que está lendo?” Elerespondeu: “Como posso entender se alguém não me explicar?” Assim, convidou Filipe para subir esentar-se ao seu lado. O eunuco estava lendo esta passagem da Escritura:

“Ele foi levado como ovelha para o matadouro, e como cordeiro mudo diante do tosquiador elenão abriu a sua boca. Em sua humilhação foi privado de justiça. Quem pode falar dos seusdescendentes? Pois a sua vida foi tirada da terra”. 

O eunuco perguntou a Filipe: “Diga-me, por favor: de quem o profeta está falando? De sipróprio ou de outro?” Então Filipe, começando com aquela passagem da Escritura, anunciou-lhe asboas novas de Jesus. Prosseguindo pela estrada, chegaram a um lugar onde havia água. O eunucodisse: “Olhe, aqui há água. Que me impede de ser batizado?” Disse Filipe: “Você pode, se crê de todo ocoração”. O eunuco respondeu: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”. Assim, deu ordem paraparar a carruagem. Então Filipe e o eunuco desceram à água, e Filipe o batizou. Quando saíram daágua, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe repentinamente. O eunuco não o viu mais e, cheio dealegria, seguiu o seu caminho (At. 8:26-39).

Filipe foi levado divinamente para pregar a um homem que estava tão faminto espiritualmenteque tinha viajado da África para Jerusalém para adorar a Deus e tinha comprado pelo menos uma parteda cópia dos rolos das profecias de Isaías. Enquanto lia o 53o  capítulo de Isaías, a passagem maisexplícita do Velho Testamento que detalha a expiação do sacrifício de Cristo, e se perguntava de quemIsaías falava, Filipe estava lá, pronto para explicar o que estava lendo! Lá estava um homem prontopara a conversão! Deus conhecia seu coração e mandou Filipe a ele.

Um Caminho Melhor

É tão mais gratificante ser levado pelo Espírito a pessoas receptivas do que se aproximaraleatoriamente ou sistematicamente de pessoas que não são receptivas porque nos sentimos culpadose pensamos que não serão evangelizadas caso contrário. Não se esqueça —  cada pessoa que vocêencontra está sendo evangelizada incessantemente por Deus. Seria melhor se perguntássemos às

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pessoas como está a consciência delas para podermos determinar se estão ou não receptivas a Deus,pois todos lidam com culpa.

Outro exemplo desse mesmo princípio é a conversão da casa de Cornélio sob o ministério dePedro, que foi levado de forma sobrenatural a pregar o evangelho a um grupo muito receptivo degentios. Cornélio estava ouvindo sua consciência e buscando a Deus, como mostrado ao dar esmolas epor sua vida de oração (veja At. 10:2). Deus o ligou a Pedro; ele ouviu a mensagem de Pedro com ocoração aberto e foi salvo.

Seríamos tão mais sábios se orássemos e pedíssemos ao Espírito Santo que nos levasse àquelesque estão com os corações abertos ao invés de fazermos planos grandes e que gastam tempo, paradividir nossas cidades em quadrantes e organizar equipes de testemunho para visitar todas as casas eapartamentos. Se Pedro ficasse comparecendo a reuniões de estratégias missionárias em Jerusalém ouse Filipe tivesse continuado a pregar em Samaria, a casa de Cornélio e o eunuco etíope não teriam sidoalcançados.

Evangelistas e apóstolos, é claro, serão levados a proclamar o evangelho a multidões mistas,com pessoas receptivas e não-receptivas. Mas até mesmo eles devem buscar o Senhor a respeito deonde deverão pregar. Novamente, o registro do livro de Atos é de pessoas levadas e ungidas peloEspírito, cooperando com o Espírito Santo, enquanto Ele constrói o Reino de Deus. Os métodos da

Igreja primitiva eram tão diferentes dos da Igreja moderna. E os resultados, tão diferentes! Por que nãoimitar o que obteve tanto sucesso?

Princípio no2

O que mais os princípios bíblicos considerados na primeira parte desse capítulo nos ajudam aentender a respeito de nossa parte na evangelização e na construção do Reino de Deus?

Se Deus planejou a criação, a consciência e os desastres para chamarem a humanidade aoarrependimento, aqueles que pregam o evangelho devem estar certos de que não estão pregando umamensagem contraditória. Mesmo assim, tantos o fazem! A pregação deles contradiz diretamente tudoo que Deus está tentando dizer aos pecadores! Sua mensagem de graça não-bíblica promove a ideia deque santidade e obediência não são importantes para se obter a vida eterna. Por não mencionar anecessidade de arrependimento para a salvação e por enfatizar que a salvação não é resultado deobras (de uma forma que Paulo nunca quis que fosse entendido), eles estão trabalhando contra Deus,levando as pessoas a uma maior decepção que, muitas vezes, sela sua maldição eterna: elas têmcerteza de que estão salvas quando, na verdade, não estão. Que tragédia! Os mensageiros de Deustrabalhando contra o Deus que dizem representar!

Jesus nos mandou pregar “o arrependimento para o perdão dos pecados” (Lc. 24:47). Essamensagem reafirma o que Deus tem falado ao pecador durante toda a sua vida. A pregação doevangelho corta o coração das pessoas e ofende os que têm o coração duro. Mesmo assim, o

evangelho moderno e suave informa as pessoas sobre o quanto Deus as ama (algo que nenhumapóstolo mencionou quando pregava o evangelho no livro de Atos), iludindo-as a pensar que Deus nãoestá bravo nem ofendido com elas. Muitas vezes, os pregadores só dizem que a pessoa precisa “aceitara Jesus”. Mas o Rei dos reis e Senhor dos senhores não precisa da nossa aceitação. A pergunta não é:“Você aceita a Jesus?” Mas sim: “Jesus te aceita?” E a resposta é, a menos que você se arrependa ecomece a segui-Lo, que você é abominável a Ele e somente Sua misericórdia evita seu destino aoinferno.

Sob a luz do evangelho moderno que barateia a graça de Deus, não posso evitar de perguntar amim mesmo por que tantas nações, dirigidas por líderes que receberam de Deus autoridade parareinar (e isso não é discutível; veja Dn. 4:17, 25, 32, 5:21; Jo. 19:11; At. 12:23; Rm. 13:1), se fecharam

completamente a missionários ocidentais? Poderia ser que Deus está tentando manter o evangelhofalso fora daqueles países?

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Princípio no3

Os princípios considerados anteriormente nesse capítulo também nos ajudam a entendermelhor como Deus vê as pessoas que estão seguindo falsas religiões. Trata-se de pessoas ignorantesdas quais devemos ter piedade, porque nunca ouviram a Verdade? Toda a culpa está aos pés da Igrejapor não as ter evangelizado efetivamente?

Não, tais pessoas não são ignorantes da Verdade. Podem não conhecer tudo o que os crentesque creem na Bíblia conhecem, mas conhecem tudo o que Deus está revelando sobre Si através dacriação, de suas consciências e das calamidades. São pessoas que Deus tem chamado aoarrependimento durante todas as suas vidas, mesmo que nunca tenham visto um cristão ou ouvido oevangelho. Além do mais, ou eles têm amolecido seus corações para Deus ou, endurecido.

Paulo escreveu a respeito da ignorância dos ímpios e revelou a razão da mesma:Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na

inutilidade dos seus pensamentos. Eles estão obscurecidos no entendimento e separados da vida deDeus por causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento do seu coração. Tendo perdidotoda a sensibilidade, eles se entregaram à depravação, cometendo com avidez toda espécie de

impureza (Ef. 4:17-10, ênfase adicionada).Note que a razão de os gentios serem ignorantes é “devido ao endurecimento do seu coração”.Paulo também disse que perderam a “sensibilidade”. Obviamente, estava falando da condição de seuscorações. Calos se desenvolvem nas mãos das pessoas por causa do contato contínuo de materialabrasivo com a pele macia. Pele calosa se torna menos sensível. Da mesma forma, quando as pessoasresistem continuamente ao chamado de Deus através da criação, de suas consciências e decalamidades, seus corações se tornam calosos, fazendo com que se tornem insensíveis ao chamadodivino. É por isso que as estatísticas indicam que normalmente as pessoas se tornam cada vez menosreceptivas conforme envelhecem. Quanto mais velha for uma pessoa, menos provável é que ela searrependa. Evangelistas sábios têm como maior alvo pessoas mais novas. 

A Culpa do Incrédulo

Outra prova de que Deus culpa as pessoas mesmo que nunca tenham ouvido um evangelistacristão é o fato de que Ele os julga efetivamente. Se Deus não os considerasse responsáveis por seuspecados, não os puniria. Contudo, o fato dEle os punir prova que os responsabiliza, e se Ele osresponsabiliza, devem saber que o que estão fazendo O desagrada.

Uma maneira pela qual Deus puni os que resistem ao Seu chamado ao arrependimento é osentregando à sua natureza pecaminosa para que se tornem ainda mais escravos da degradação. Pauloescreveu:

Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, masos seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se. Dizendo-se sábios,tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança dohomem mortal bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis.

Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração,para a degradação do seu corpo entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram eserviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.

Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suasrelações sexuais naturais por outras contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens tambémabandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros.

Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigomerecido pela sua perversão.Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma

disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam. Tornaram-se cheios de toda sorte de

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injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano emalícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos;inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amorpela família, implacáveis. Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticamtais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles queas praticam (Rm. 1:21-32, ênfase adicionada).

Note como Paulo enfatiza os fatos da culpa humana e da prestação de contas perante Deus. Os

pecadores conheciam a Deus, mas “não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças”. Eles“trocaram a verdade de Deus pela mentira”, portanto, devem ter encontrado a verdade de Deus.Assim, “Deus os entregou” à degradação crescente ao ponto em que as pessoas fazem as coisas maisbizarras, pervertidas e anormais enquanto se escravizam cada vez mais no pecado. É como se Deusdissesse: “Você quer servir o pecado da maneira que deveria servir a Mim? Vá em frente. Eu não vou teimpedir e você será cada vez mais escravizado ao deus que ama”. 

Suponho que alguém possa considerar essa forma de julgamento como uma indicação damisericórdia de Deus; assim, seria razoável pensar que enquanto as pessoas se tornam mais perversase pecadoras, elas o perceberiam e acordariam. Pergunto-me por que os homossexuais não se fazemessa pergunta: “Por que me sinto atraído por pessoas do mesmo sexo com as quais não posso ter uma

relação sexual completa e de verdade? Isso é estranho!” De certa forma pode-se argumentar que Deusrealmente os “fez dessa forma” (como, às vezes, argumentam para justificar sua perversão), massomente no sentido permissivo e somente porque Ele espera acordá-los para que possam searrepender e experimentar Sua maravilhosa misericórdia.

Não é somente os homossexuais que devem se fazer essa pergunta. Paulo listou vários pecadosescravizadores que são evidência do julgamento de Deus sobre aqueles que se recusam a servi-Lo.Bilhões de pessoas devem se perguntar sobre sua conduta bizarra. “Por que odeio minha própriafamília?” “Por que gosto de espalhar fofoca?” “Por que nunca estou contente com o que tenho?” “Porque me sinto compelido a olhar cada vez mais pornografia explícita?” Deus os entregou para seremescravizados por seus deuses.

É claro que qualquer um pode amolecer seu coração, se arrepender e crer em Jesus. Alguns dospecadores mais endurecidos da terra fizeram exatamente isso, e Deus os limpou e os libertou de seuspecados! Desde que as pessoas ainda estejam respirando, Deus lhes dá a oportunidade de searrependerem.

Sem Desculpas

De acordo com Paulo, os pecadores não têm desculpa. Eles mostram que conhecem o bem e omal quando condenam outros e, portanto, merecem a condenação de Deus:

Portanto, você, que julga os outros é indesculpável. Pois está condenando a si mesmo naquilo

em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas. Sabemos que o juízo de Deus contraos que praticam tais coisas é conforme a verdade. Assim, quando você, um simples homem, os julga,mas pratica as mesmas coisas, pensa que escapará do juízo de Deus? Ou será que vocês despreza asriquezas da sua bondade, tolerância e paciência, não reconhecendo que a bondade de Deus o leva aoarrependimento? (Rm. 2:1-4).

Paulo disse que a razão da tolerância e paciência de Deus é para dar às pessoas a oportunidadede se arrependerem. Além do mais, enquanto Paulo continuava, revelou que somente os que searrependem e levam vidas santas herdarão o Reino de Deus:

Contudo, por causa da sua teimosia e do seu coração obstinado, você está acumulando iracontra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento. Deus “retribuirá

a cada um conforme o seu procedimento”. Ele dará vida eterna aos que persistindo em fazer o  bem,buscam glória, honra e imortalidade. Mas haverá ira e indignação para os que são egoístas, querejeitam a verdade e seguem a injustiça. Haverá tribulação e angústia para todo ser humano que

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pratica o mal: primeiro para o judeu, depois para o grego; mas glória, honra e paz para todo o quepratica o bem: primeiro para o judeu, depois para o grego (Rm. 2:5-10).

É claro que Paulo não concordaria com aqueles que dizem que as pessoas que simplesmente“aceitam a Jesus como Salvador” têm garantia da vida eterna. Ao invés disso, aqueles que searrependem e “que persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade” são os que atem.

Mas isso não indica que as pessoas podem continuar a praticar outras religiões além do

cristianismo e serem salvas desde que se arrependam e obedeçam a Deus?Não, não há salvação longe de Jesus por vários motivos, um dos quais é que somente Jesus

pode libertar as pessoas de sua escravidão ao pecado.Mas se quiserem se arrepender, como vão saber invocar o nome de Jesus se nunca ouviram

falar dEle?Deus, que conhece o coração das pessoas, Se revelará a qualquer um que O busca com

sinceridade. Jesus prometeu: “busquem, e encontrarão” (Mt. 7:7), e Deus espera que todos Obusquem (veja At. 17:26-27). Quando vê um coração que está respondendo a Sua evangelizaçãoincessante, Ele manda o evangelho àquela pessoa, assim como fez com o eunuco etíope e com a casade Cornélio. Deus não é limitado à participação da Igreja, assim como provou na conversão de Saulo de

Tarso. Se não houver alguém para levar o evangelho a quem O busca com sinceridade, Ele irá! Ouvivários casos atuais nos quais pessoas em países fechados se converteram por causa de visões quetiveram de Jesus.

Por que as Pessoas são Religiosas?

O fato é que a maioria dos que praticam religiões falsas não buscam a verdade com sinceridade.Ao invés disso, são religiosos porque estão somente procurando uma justificação ou proteção paraseus pecados. Enquanto continuam a violar suas consciências, se escondem atrás do pretexto dareligião. Através de sua religiosidade, convencem a si mesmos que não merecem o inferno. Isso seaplica a “cristãos” religiosos (incluindo os cristãos do evangelho da graça barata), assim como abudistas, muçulmanos e hindus. Mesmo enquanto praticam sua religião, sua consciência os condena.

Quando o budista reverencia seus ídolos ou monges que se sentam orgulhosamente diantedele, sua consciência lhe diz que não está certo. Quando o hindu justifica sua falta de compaixão porum mendigo doente, crendo que o mendigo deve estar sofrendo pelos pecados cometidos em umavida anterior, sua consciência o condena. Quando um muçulmano extremista decapita um “infiel” nonome de Alá, sua consciência grita a ele a respeito de sua própria hipocrisia homicida. Quando o“cristão” evangélico acumula tesouros terrenos, assiste regularmente à televisão com sexo explícito ouespalha fofoca sobre membros da igreja, crendo que foi salvo pela graça, seu coração continua acondená-lo. Todos esses são exemplos de pessoas que querem continuar a pecar e que encontram

mentiras religiosas para acreditarem pelas quais podem continuar pecando. A “santidade” dospecadores religiosos não alcança as expectativas de Deus.

Tudo isso é para dizer que Deus não considera as pessoas que seguem falsas religiõesignorantes e merecedoras de piedade por nunca terem ouvido a verdade. E a culpa de sua ignorâncianão cai nos pés da Igreja por não tê-las evangelizado efetivamente.

Novamente, mesmo que saibamos que Deus quer que a Igreja pregue o evangelho por todo omundo, devemos seguir a direção de Seu Espírito a respeito de onde os campos “estão maduros para acolheita” (veja Jo. 4:35), onde as pessoas estão receptivas por estarem com seus corações sensíveis porcausa do esforço incessante de Deus em alcançá-las.

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Princípio no4

Um último princípio que podemos aprender das verdades bíblicas consideradas anteriormenteneste capítulo: Se Deus está julgando pecadores com a esperança de que amoleçam seus corações,devemos esperar que alguns pecadores, depois de passar pelo julgamento de Deus ou ver outrospassarem por ele, amolecerão seus corações. Portanto, depois de calamidades, existem excelentes

oportunidades de alcançar pessoas antes inalcançáveis.Cristãos devem procurar oportunidades de compartilhar o evangelho em lugares onde aspessoas estão sofrendo. Os que recentemente perderam pessoas queridas, por exemplo, podem estarmais abertas para ouvirem o que Deus tem para elas ouvirem. Quando trabalhei como pastor, semprebuscava a oportunidade de proclamar o evangelho em funerais, lembrando o que as Escrituras dizem:“Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todosos homens; e os vivos que o tomem em consideração” (Ec. 7:2, ênfase adicionada).* 

Quando as pessoas sofrem por causa de doenças, perda financeira, quebra de relacionamentos,desastres naturais e muitas outras consequências de pecados e julgamentos sobre pecados, elasprecisam saber que seu sofrimento é um despertador. Através de sofrimentos temporários Deus está

tentando salvar pecadores do julgamento eterno.

Resumindo

Deus faz a maior parte do trabalho de construir Seu Reino. Nossa responsabilidade é cooperarinteligentemente com Ele.

Todos os crentes devem levar vidas santas e obedientes que chamem a atenção dos que estãonas trevas, e devem estar sempre prontos para contar-lhes a razão de sua esperança.

Deus está sempre trabalhando para motivar todos a amolecerem seus corações e searrependerem, falando a eles continuamente através da criação, consciência, calamidades e, às vezes,

através do chamado do evangelho.Os pecadores sabem que estão desobedecendo a Deus e devem dar contas a Ele, mesmo que

nunca tenham ouvido o evangelho. Seu pecado é prova da dureza de seus corações. Sua degradaçãocrescente e escravização ao pecado é uma indicação da ira de Deus para com eles.

Por outro lado, pessoas religiosas não estão necessariamente buscando a verdade. É maisprovável que estejam justificando seus pecados acreditando nas mentiras de sua religião.

Deus conhece a condição do coração de cada um. Mesmo que possa nos levar a compartilhar oevangelho com pessoas não-receptivas, é mais provável que Ele nos leve àqueles que estão receptivosao evangelho. Enquanto Deus trabalha para amolecer os corações das pessoas através de seussofrimentos, devemos buscar essas oportunidades para proclamar o evangelho.

Deus quer levar o evangelho a todo o mundo, mas quer que sigamos Seu Espírito enquantobuscamos cumprir a Grande Comissão, como mostrado no livro de Atos. Ele Se revelará a qualquer umque busca conhecê-Lo com sinceridade. Para tanto, quer que nossa mensagem concorde com Suamensagem.

Um dia haverá representantes de todos os grupos étnicos adorando diante do trono de Deus edevemos fazer nossa parte, cooperando com Deus para chegarmos a esse fim. Assim, todo o povo deDeus deve mostrar o amor de Cristo a todos os membros de todos os grupos étnicos que encontrarem.Deus pode dirigir alguns de Seus servos a ter como objetivo específico pessoas de culturas diferentes,enviando e sustentando plantadores de igrejas ou indo eles próprios. Os que forem enviados devemfazer discípulos, mostrando que são ministros discipuladores!

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