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De empreendedor(a) para empreendedor(a): os aplicativos, ferramentas e leituras essenciais
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ÍNDICE
“Você nunca está 100% preparado para empreender”, diz cofundador do iFood e da Dog Hero .................................................................2
Veja as indicações de Anderson Ferminiano, fundador da Voxus que tem 22 anos e centenas de ecommerces brasileiros como clientes .....................................................6
Os conselhos de Gabriel Benarrós, o amazonense que foi para Stanford e fundou a Ingresse ainda na faculdade ....................................................................10
As indicações de Ralf Toenjes, que fundou a ONG Renovatio para ajudar brasileiros em situação de vulnerabilidade social ............................................................15
As dicas de Thomaz Srougi, o empreendedor que aplica a cultura “sonho grande” no mundo do impacto social ............................................................21
Veja as indicações de Lucas Mendes, empreendedor por trás do Contratado.me, a plataforma de emprego que seleciona o top 5% dos profissionais .............................26
Apesar das dificuldades – burocráticas, tecnológicas, de capital humano e por aí vai –, o Brasil tem
uma das maiores concentrações de empreendedores do mundo. Da primeira agência brasileira de férias voluntárias do país ao “Airbnb para cães”, passando pelos centros médicos Dr. Consulta e pela maior aceleradora de startups da América Latina, este ebook conta com a colaboração de profissionais que se viram para inovar no país e construir algo grande.
São pessoas como Ronaldo Tenório, que criou em Alagoas o premiado app Hand Talk para surdos, e Gabriel Benarrós, amazonense que voltou de Stanford para se dedicar a sua própria plataforma de venda de ingressos, a Ingresse. “Se todo mundo focasse em gerar valor, ou seja, fazer 2 + 2 = 10, todos estaríamos em um lugar melhor”, resume ele.
Empreender é um pouco de tudo: ousado, inspirador, complexo, difícil. Descobrir a trajetória de
outros empreendedores é, portanto, uma maneira de aprender com eles – sobre os altos e baixos, as dificuldades e os prazeres de colocar seu próprio projeto de pé.
A boa notícia é que – entre aplicativos, sites e leituras – existem diversos recursos, muitos deles gratuitos, para tornar o processo de empreender mais rico e aumentar as suas chances de sucesso.
O Na Prática acaba de lançar o seu próprio aplicativo, disponível para iOS e Android, com o objetivo de levar informação e inspiração para futuros empreendedores e profissionais. Aproveitamos a oportunidade para perguntar aos empreendedores que têm suas histórias retratadas neste ebook quais são as principais ferramentas e aplicativos que eles utilizam na sua jornada empreendedora. Algumas plataformas, como o Slack, e referências como Ben Horowitz são unanimidade. As respostas completas você confere a seguir.
Boa leitura!
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“Você nunca está 100% preparado para empreender”, diz cofundador do iFood e da Dog Hero
Foi apostando no potencial
da economia compartilhada
que Eduardo Baer e o sócio
Fernando Gadotti lançaram, em
2014, a DogHero – marketplace que
funciona como uma espécie de
‘Airbnb’ canino, que conecta donos
que vão se ausentar com amantes
de cachorros dispostos a receber
os animais.
A ideia tomou forma após o MBA de
Eduardo em Stanford, como bolsista
da Fundação Estudar, e surgiu de um
problema pessoal do empreendedor
(que tinha receio de ter um animal
de estimação por viajar muito e não
ter onde deixá-lo) e de uma posterior
pesquisa de mercado que indicava
potencial: o Brasil, segundo ele, tem
o maior mercado pet do mundo e
quase metade dos lares abrigam um
animal de estimação.
Fundada em 2014, a startup de Eduardo Baer funciona como um
AirBnb para animais e arrecadou R$ 12 milhões em sua última
rodada de investimentos
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“Você nunca está 100% preparado para empreender”, diz cofundador do iFood e da Dog Hero
“Eu sempre gostei de fazer coisas”,
conta. Formado em Administração
pela Universidade de São Paulo
(USP) e em Publicidade pela Escola
Superior de Propaganda e Marketing
(ESPM), sua primeira experiência
empreendedora foi ainda aos 13
anos, com um site de download de
músicas em formato mp3 – iniciativa
que, proibida pela lei, teve vida curta.
“Eu nem sabia o que era pirataria,
mas queria construir alguma coisa”,
admite. O site saiu do ar, mas o tino
empreendedor permaneceu.
Durante a faculdade, viveu
experiências empreendedoras na
empresa júnior e trabalhou na
DiskCook, startup recém-criada
e focada no delivery de comidas.
Na época, tinha apenas quatro
funcionários. “Comecei muito com
essa pegada de carregar o piano, ir
fazendo as coisas que precisavam ser
feitas”, conta sobre seus primeiros
trabalhos. Numa época em que o país
era ainda incipiente em investimentos
de venture capital (aportes típicos
para alavancar startups), ficou inseguro
quanto ao destino da empresa e, em vias
de se formar, ingressou na consultoria
estratégica Bain & Company.
“Atuar como consultor foi super bacana,
tive a chance de trabalhar com pessoas
muito inteligentes e disciplinadas, mas
vi que aquilo não era o que eu queria
fazer mesmo”, conta. Na Bain, trabalhou
com projetos de viés empreendedor,
incluindo a criação de uma ONG na
Amazônia, e percebeu que queria
estar do outro lado da mesa: preferia a
perspectiva do seu cliente, que estava
montando algo.
Depois de alguns anos e de uma
vertiginosa curva de aprendizado, saiu
da Bain e voltou para ser sócio do seu
ex-chefe, recomeçando – e reformulando
– a DiskCook. Chamou alguns amigos
para se juntar à empreitada, e assim
nasceu o iFood. O app hoje chega a
receber 2 milhões de pedidos em um
mesmo mês.
Criar o DogHero, no entanto,
seria diferente. Não se tratava
da transformação de um modelo
anterior, mas sim da criação de uma
startup do zero. Já decidido a fundar
a própria empresa, a busca por um
MBA foi exatamente para amadurecer
profissionalmente e se preparar para o
desafio. “Queria aprender com os erros
dos outros”, conta. Também aproveitou
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“Você nunca está 100% preparado para empreender”, diz cofundador do iFood e da Dog Hero
o network proporcionado por Stanford
para levantar capital no exterior e
começar o negócio no Brasil, junto ao
sócio, assim que retornou.
“Pensei se valeria a pena trabalhar
um pouco lá [nos Estados Unidos] e
ganhar experiência, mas queria
começar logo, estava ansioso para fazer
coisas”, Eduardo completa. Com as
taxas do curso para pagar, ver os seus
colegas de MBA recebendo ofertas de
trabalho generosas foi uma espécie de
provação, mas que não o fez adiantar
seus planos. “Você nunca está 100 por
cento preparado para empreender. É
aquele tipo de coisa que você só faz
fazendo. Tem que de fato começar e
fazer”, resume.
Nos primeiros meses da DogHero, época
para validar as primeiras hipóteses do
negócio, os próprios sócios passavam o
dia telefonando para potenciais clientes,
em ligações muitas vezes demoradas,
para detalhar e vender o produto recém-
lançado no país.
Para montar o time, buscaram as
mesmas características que fazem
um empreendedor ter sucesso:
“Um senso de produto e cliente muito
forte e a necessidade de construir algo
que realmente resolva o problema de
um cliente”.
Deu certo. A empresa, que tem crescido
a uma taxa de 20% ao mês, acaba de
levantar R$ 12 milhões em uma rodada
de investimentos envolvendo fundos
e investidores anjos. Já conta com 6
mil anfitriões cadastrados, mais de 20
funcionários (e várias vagas abertas!, e
acaba de expandir para o segundo andar
do sobrado que ocupa, no bairro da Vila
Mariana, em São Paulo. Para Eduardo,
esse ainda é o tímido começo do sonho
grande que ele tem para a companhia.
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“Você nunca está 100% preparado para empreender”, diz cofundador do iFood e da Dog Hero
APLICATIVOS FAVORITOS
Trello para ajudar na organização do time, Todoist para controle de tarefas
e to dos, Gmail pelo melhor serviço de email e Slack para comunicação
entre o time.
FERRAMENTAS FAVORITAS
Iugu para recebimento de pagamentos, Fabric.io para controle de
estabilidade/crashes do aplicativo e Diligence, ferramenta de analytics do
socialcapital.com, para contabilidade de crescimento.
REFERÊNCIAS DE EMPREENDEDORISMO
A16Z.com (do empreendedor Ben Horowitz), Eric Ries, Steve Blank e Irv
Grousbeck, principalmente sua palestra Risk, Reward & Entrepreneurs Path
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Veja as indicações de Anderson Ferminiano, fundador da Voxus que tem 22 anos e centenas de ecommerces brasileiros como clientes
Opaulista Anderson
Ferminiano começou a
programar cedo, aos 12
anos, quando o interesse por um
jogo de videogame online o levou a
fóruns cada vez mais especializados.
Quando viu, já estava programando
sites inteiros sob encomenda.
Um ano depois criou seu primeiro
negócio, um jogo de batalha entre
pokémons, e acumulou mais de 10
mil usuários pelo mundo. Por conta
da propriedade intelectual – os
personagens pertenciam à japonesa
Nintendo –, precisou fechar o site.
O gosto pelo empreendedorismo, no
entanto, ficou.
Ele despertou sua alma de empreendedor cedo e hoje toca sua
empresa de marketing digital, que mistura análise de dados e
publicidade – e ainda sem estar formado
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Veja as indicações de Anderson Ferminiano, fundador da Voxus que tem 22 anos e centenas de ecommerces brasileiros como clientes
Hoje com 22 anos, ele é CEO da Voxus.
TV, empresa de marketing digital que
atua com mais de 100 e-commerces do
Brasil para aumentar a rentabilidade
de mídia através do gerenciamento de
espaços, processamento de dados e
contato direto com publishers.
A empreitada foi fundada em 2014
e eleita tanto como promessa pela
Endeavor quanto pela IBM, que incluiu
Anderson entre seus empreendedores
globais. Antes da Voxus, ele ainda havia
criado um stream brasileiro de música
chamado Plaay e o Estudar nos EUA,
site com informações para interessados
em graduações naquele país.
Foi inclusive como bolsista da
Fundação Estudar que Anderson
mesmo fez as malas para a Babson
College, instituição que é referência
para empreendedores e onde se
formará em 2017.
Trajetória Antes disso, ainda na escola,
Anderson foi trabalhar numa empresa
de desenvolvimento de sites. Contratado
aos 14 anos para descobrir e consertar
erros, descobriu por lá que queria fazer
mais que programar: queria criar ideias
novas e tirá-las do papel.
Aprendeu então como escrever códigos
para iPhone e começou o setor de
inovação da companhia, de onde
saíam jogos e aplicativos. Ao terminar
a escola, comprou uma passagem para
a Califórnia para aprender inglês e
observar os empreendedores do Vale do
Silício de perto.
A experiência foi tão marcante que
ele teve vontade de voltar – e surgiu a
ideia do site, criado com dois amigos
e que chegou a receber patrocínio da
Fundação Lemann.
Quando já estudava nos EUA, em 2014,
Anderson trancou sua matrícula para
se dedicar um pouco mais ao Plaay,
serviço hoje descontinuado. Acabou
vendendo sua parte para o sócio
no meio do caminho, mas já não
dava para voltar atrás e reingressar
nas aulas.
Vendo-se com tempo livre no Brasil
até o semestre seguinte, enviou seu
currículo para o Grupo Mix. “Eu tinha
muita curiosidade de saber como era
trabalhar numa empresa de 50 ou 100
mil funcionários e queria saber como era
ser CEO de uma empresa grande”, disse
ao Portal DRAFT.
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Passou a trabalhar ao lado do CEO
do negócio para analisar e identificar
oportunidades no portfólio do grupo,
que inclui empresas de educação e
mídia como Colégio Objetivo, UNIP,
MixTV e MixFM.
Queria saber onde internet, meios
digitais e análise de dados poderiam agir
para resultar em espaços de publicidade
mais eficazes, uma área conhecida
como mídia programática. Cinco meses
depois, em dezembro de 2014, surgiu a
ideia da plataforma Voxus.TV. Começou
ali mesmo, aprovada e financiada pelos
chefes de Anderson.
Através da plataforma, marcas e
agências de publicidade também podem
veicular seus trabalhos de maneira mais
rentável e atingir uma rede que já tem
cerca de 10 bilhões de views por mês.
As parcerias são fechadas diretamente
com produtores de conteúdo, blogs,
sites e portais com pelo menos 100 mil
visitantes mensais, o que garante a
exclusividade da compra e exibição das
propagandas, que são segmentadas de
acordo com cada público.
Hoje ele lidera uma equipe pequena,
com cerca de 10 funcionários, e sonha
em levar sua empresa para os EUA –
onde, é bom lembrar, ele ainda está na
graduação. “Faço as coisas no tempo que
dá”, disse ao DRAFT. “Ter um time forte
e experiente no Brasil para conseguir me
dar um pouco de sossego faz a diferença.
Ter confiança na equipe é a coisa mais
importante na hora de tocar um negócio.”
Veja as indicações de Anderson Ferminiano, fundador da Voxus que tem 22 anos e centenas de ecommerces brasileiros como clientes
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Veja as indicações de Anderson Ferminiano, fundador da Voxus que tem 22 anos e centenas de ecommerces brasileiros como clientes
APLICATIVOS FAVORITOS
Slack é ótimo pra conversar com o time e organizar as conversas em
tópicos e grupos de pessoas (mini times) e o Zendesk para responder
dúvidas de clientes e entender como está indo o trabalho de atendimento.
FERRAMENTAS FAVORITAS
Hoje temos diversas ferramentas de analytics pra entender a empresa e
comportamento de pessoas em tempo real, uma vez que processamos muitos
dados. O principal é o Loggly, que permite que a gente organize de forma bem
simples quase qualquer dado em formato de timeline com agrupamentos por
infinitas variáveis. Conseguimos saber se ocorreu algum problema em poucos
minutos e resolver também com os alertas que temos configurados
REFERÊNCIAS DE EMPREENDEDORISMO
Sobre startups e negócios: Feitas para durar de Jim Collins, Dobre seus
lucros de Bob Fifer, Predictable Revenue de Aaron Ross e Marylou Tyler, que
é muito bom para novos CEOs ou vendedores, e O lado difícil das situações
difíceis de Ben Horowitz, ótimo para novos CEOs.
Além disso, costumo ler biografias e assistir filmes e documentários sobre
muita gente no tempo livre. Alguns livros legais relacionados são No Better
Time de Molly Knight Raskin, sobre a vida do fundador da Akamai, Danny
Lewin, e Moneyball: O Homem que Mudou o Jogo, de Michael Lewis.
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Os conselhos de Gabriel Benarrós, o amazonense que foi para Stanford e fundou a Ingresse ainda na faculdade
Gabriel Benarrós mudou-se
de Manaus para Palo Alto,
na Califórnia, sem saber ao
certo o que esperar. Pouco antes,
estava desencantado com o curso de
medicina na Universidade Federal
do Amazonas e fora encorajado
pelo padrinho a buscar opções nos
Estados Unidos. Comprou uma
revista especializada, deu uma lida
e aplicou para as vinte melhores
instituições americanas listadas. Foi
aceito em dezessete e escolheu o
primeiro lugar, a Stanford University,
onde foi estudar como bolsista da
Fundação Estudar.
“Nas primeiras semanas, conheci o Mike Krieger, que criou o
Instagram. No ano seguinte, conheci Evan Spiegel, do Snapchat.
Fui vendo as coisas decolarem e quis participar desse meio em
que as pessoas criam produtos”
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Os conselhos de Gabriel Benarrós, o amazonense que foi para Stanford e fundou a Ingresse ainda na faculdade
“Eu não sabia absolutamente nada!”,
ri. “Quando meu irmão mais novo foi
para Yale no ano seguinte, descobri
as diferenças absurdas entre as
universidades e quase caí pra trás”,
diz, citando outra instituição de
ensino de ponta no país.
O amazonense não era expert nas
universidades americanas, mas
tinha um currículo sob medida para
elas, com atividades educacionais
pioneiras, ótimas notas e medalhas
de olimpíadas científicas no currículo.
Até hoje, no entanto, considera ter ido
parar na Califórnia um golpe de sorte.
Isso porque foi ali, no coração do Vale
do Silício, que nasceu a Ingresse, uma
plataforma de compra e venda de
ingressos online que deve movimentar
mais de R$ 150 milhões em transações
até o fim de 2016.
“Ter estudado em Stanford ajudou
em tudo, porque você tem
contato com uma atmosfera
ultraempreendedora”, conta. “Nas
primeiras semanas, conheci o Mike
Krieger, que criou o Instagram. No
ano seguinte, conheci Evan Spiegel,
do Snapchat. Fui vendo as coisas
decolarem e quis participar desse meio
em que as pessoas criam produtos.”
Início “Meu objetivo sempre foi ligado a
entender como as pessoas funcionavam
para conseguir construir coisas que
melhorassem o mundo”, explica ele, que
estudou economia comportamental.
Para tanto, pensou, era preciso c
onhecer seus incentivos. Estudar
economia pura foi decepcionante,
então Gabriel criou sua própria
grade curricular, que misturava os
conhecimentos intuitivos da psicologia
à racionalidade econômica.
Formou-se em 2011, pouco depois
de começar a Ingresse. Seu retorno
ao Brasil foi às pressas. A empresa
já estava crescendo, tinha angariado
investimentos e precisava dele. Deixou
o mestrado inconcluso e mudou-se
para São Paulo.
“Eu estava sempre olhando para
comportamento e tecnologia é apenas
um veículo para influenciá-lo”, explica.
“A visão da Ingresse sempre foi melhorar
a experiência das pessoas que buscam
entretenimento: ajudar a encontrar um
show, uma festa, ter um dia melhor.”
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Desafios A atitude no Vale do Silício,
segundo Gabriel, é quase arrogante,
mas inspiradora. “É pensar: ‘Sei que isso
já existe, mas vou fazer melhor’”, diz.
“Há uma orientação muito forte para
construir, não ficar só na confabulação.”
De volta ao Brasil, a conduta foi
útil na hora de encarar uma
realidade empreendedora diferente
da americana. Além da burocracia
brasileira e da infraestrutura deficitária,
que afeta áreas como comunicação e
internet, Gabriel encontrou dificuldades
em fechar uma equipe especializada,
que estivesse disposta a correr riscos
com um negócio novo e colocar a mão
na massa.
Para colocar o projeto de pé, era um
aspecto fundamental. “No final do dia,
o que diferencia o trabalho da equipe
técnica é a motivação e a paixão pelo
projeto, esse é o diferencial real das
empresas”, explica. “E os melhores
técnicos são atraídos pelo produto e
seu impacto, por isso o recrutamento
é tão importante.”
Outro aspecto de gestão ele também
aprendeu na prática: dizer ‘não’. “Este
é um dos principais desafios. Os bons
gerentes de produtos são focados,
chatos e inflexíveis pois vislumbram
ganhos de base a longo prazo.”
Investidores, pelo menos, viram valor
depressa na proposta. O país é o
segundo maior do mundo em número
de eventos e tem pólos do tipo, como
Florianópolis, Balneário Camboriú, Rio
de Janeiro e Campos do Jordão, além de
ter uma cultura que celebra festivais e
uma população fortemente conectada
às redes sociais.
Vender a ideia de uma plataforma com
tecnologia atual e que privilegiasse a
experiência do usuário foi, portanto,
a parte fácil. “Para quem entende
do mercado, a visão da empresa é
clara e contagiante, então os fundos
de investimento se aproximam
naturalmente”, diz Gabriel.
Entre festas, eventos universitários,
shows e peças, a Ingresse opera hoje
mais de 600 eventos por mês e tem
uma equipe de 40 pessoas, em clima de
startup californiana: pouca gente, muito
trabalho e muito impacto.
A chave, para o fundador, é focar na
geração de valor. “Hoje tem muita
Os conselhos de Gabriel Benarrós, o amazonense que foi para Stanford e fundou a Ingresse ainda na faculdade
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gente querendo virar palestrante,
apresentador, ‘guru’, mentor, outros
focados em ganhar dinheiro e passar
por cima das pessoas ou apertar o
fornecedor”, fala. “Se todo mundo
focasse em gerar valor, ou seja, fazer
2 + 2 = 10, todos estaríamos em um
lugar melhor.”
Os conselhos de Gabriel Benarrós, o amazonense que foi para Stanford e fundou a Ingresse ainda na faculdade
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APLICATIVOS FAVORITOS
A versão corporativa do Uber é uma excelente ferramenta. Alguns
calendários são bastante úteis e hoje acredito que o Google Calendar é o
melhor (tem também o Fantastical). O Inbox app do Google também é um
bom app de email que já sugere, através de interpretação semântica, as
respostas dos emails.
FERRAMENTAS FAVORITAS
Minha principal sugestão que alguns não devem conhecer é o Zoom, que
torna as vídeos e teleconferências mais simples e estáveis. Oferece uma
solução simples e funcional que combina vídeo, web, app e dial-ins.
REFERÊNCIAS DE EMPREENDEDORISMO
Os dois livros que mais me influenciaram foram: O lado difícil das
situações difíceis de Ben Horowitz e Reinvente sua empresa de Jason Fried.
Fiquem ligados nos blogs Both sides of the table, do Mark Suster, Thomas
Tungunz, Platform Thinking, do Sangeet Paul Choudary, e no Medium em
geral. A melhor fonte de conhecimento de dúvidas é o Quora.com – que é
surpreendetemente pouco usado.
Os conselhos de Gabriel Benarrós, o amazonense que foi para Stanford e fundou a Ingresse ainda na faculdade
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As indicações de Ralf Toenjes, que fundou a ONG Renovatio para ajudar brasileiros em situação de vulnerabilidade social
A missão parece enorme –
atacar a vulnerabilidade
social brasileira em geral –,
mas pragmatismo é um dos traços
mais marcantes de Ralf Toenjes.
“Reinserir alguém na sociedade
demora e a pessoa precisa viver
dignamente, ter uma renda”, diz.
“Mas não conseguiríamos empregar
o Brasil inteiro.” O jeito foi cofundar
a ONG Renovatio em 2013, que ele
define como uma plataforma de
modelos de projetos sociais que
tenham impacto social e que sejam
escaláveis a nível nacional.
A ONG toca projetos como o VerBem, que distribui óculos
produzidos por pessoas em situação de risco para quem precisa;
“Se o que fazemos faz sentido e tem impacto, não tem porque não
fazer”, diz Ralf Toenjes
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As indicações de Ralf Toenjes, que fundou a ONG Renovatio para ajudar brasileiros em situação de vulnerabilidade social
A organização nasceu no Insper,
em São Paulo – onde, na época, Ralf
estudava Economia e Administração –
e estabeleceu sua credibilidade com a
primeira iniciativa, o Projeto VerBem.
Criada em parceria com os estudantes
Fabio Rodas Blanco, Bruna Vaz e
Eduardo Bastos Borim, hoje tem três
pessoas em tempo integral na equipe
(incluindo Ralf) e cerca de
15 voluntários.
A missão do Projeto VerBem, por
enquanto o único da Renovatio já
fora do papel, é produzir óculos de
grau de baixo custo, distribuí-los
gratuitamente para quem precisa e
ajudar quem confecciona os pares
no processo, como moradores de rua,
jovens de comunidades carentes e
refugiados. As peças custam entre
25 e 30 reais e são fabricadas em partes
pela ONG alemã OneDollarGlasses,
que tem a Renovatio como
representante brasileira.
Como começou Ralf e Fabio conheceram o
OneDollarGlasses no final de 2013,
na edição mundial de premiação
promovida pela Enactus, organização
social da qual Ralf já fazia parte.
Ficaram impressionado com os
números que a ONG apresentou – 150
milhões de pessoas pelo mundo têm
sérios problemas de visão e não têm
meios para pagar um óculos – e com a
criatividade da solução que propunham,
que envolve arame sueco, plástico
francês e lente chinesa. Para agilizar o
processo de entrega, lentes com os mais
variados graus de miopia acompanham
as armações e podem ser encaixadas
na hora. No caso de astigmatismo, são
enviadas depois do diagnóstico.
Ainda sem o projeto definitivo para
começar a Renovatio no Brasil mas
interessados nessa causa, a dupla foi
pesquisar a situação visual brasileira.
Descobriram que comprometimento
visual é uma das maiores razões para
evasão escolar no país e que 79% dos
municípios não têm oftalmologista
disponível pelo SUS.
Assim, resolveram investir na ideia.
Arrecadaram 45 mil reais em um
crowdfunding e tiveram o Bank of
America como primeiro patrocinador
e começaram a produzir em maio
de 2014. Hoje, contabilizam mais
de 3500 óculos distribuídos em seis
estados brasileiros, com outros 3500 já
16
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financeiramente garantidos por doações
empresariais – tudo confeccionado por
pessoas em situação de vulnerabilidade
social, fechando assim o ciclo virtuoso
que queriam. Se depender de Ralf, no
entanto, ainda há muito chão: ele quer
chegar os 40 milhões de pares.
Mutirões Atualmente há duas unidades de
produção em São Paulo, uma no
Instituto da Visão e outra na comunidade
Vila Nova Esperança. São seis
funcionários, que produzem 140 pares
de óculos por mês. Após passar por
um processo seletivo que inclui testes,
entrevistas e orientação vocacional, os
selecionados criam em conjunto com
os integrantes da ONG uma trilha de
desenvolvimento individual.
“A pessoa trabalha no projeto,
que gera renda para ela, causa
impacto, estuda à noite e participa
dos projetos educacionais aos sábados”,
explica o jovem. Visitas a museus e
universidades fazem parte do roteiro.
“A ideia é tirá-la do ambiente em
que ela está, seja um albergue, uma
comunidade ou um abrigo para
moradores de rua, e mostrar que
existem coisas diferentes.”
A rotina é puxada. Olhando sua
agenda, Ralf não vê nenhum fim de
semana livre até junho. Há pelo menos
um mutirão por semana, quando um
ônibus especial – convertido em dois
escritórios móveis e com oftalmologistas
a postos – passa o dia estacionado em
áreas carentes oferecendo exames e
pares de óculos gratuitos.
A ideia de conceder um item de
necessidade tão simples acaba
conquistando. Mesmo o motorista
do veículo ofereceu uma diária mais
barata a Ralf ao se lembrar da própria
infância, quando ganhou um óculos
do chefe da mãe.
E o próprio ônibus, patrocinado por
uma empresa, custou bem menos que
o preço de mercado, em parte graças às
habilidades de barganha que Ralf vem
desenvolvendo. “Aqui a gente brinca que
é tudo preço ONG, preço de custo ou
preço pro bono”, ri.
Desafios A ideia de empreender sempre esteve na
cabeça dele, que é bolsista da Fundação
Estudar e veio do Rio de Janeiro para
estudar Direito na Universidade de
São Paulo. O background jurídico
As indicações de Ralf Toenjes, que fundou a ONG Renovatio para ajudar brasileiros em situação de vulnerabilidade social
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complementa o diploma duplo em
Economia e Administração, que obteve
no Insper em 2015. “O que me motiva
sempre foi o desafio”, diz ele aos 24 anos.
Entender os meandros de fazer um
negócio social no país, explica, é um
aprendizado contínuo. A falta de uma
legislação específica para esse tipo de
empreitada é um obstáculo na hora de
trazer para produtos, por exemplo, e às
vezes na mesa de reuniões.
“Tudo é um desafio, na verdade: trazer
tecnologia de fora, uma legislação ótica
que é da década de 1930, conseguir
certificações”, diz. “E sempre tem a
desconfiança em relação à uma ONG
com produtos, um negócio social com
lucro revertido, porque o Brasil ainda não
tem essa cultura nem essa legislação.”
O modelo de negócio atual é composto
por doações empresariais e individuais
e pela venda tanto de óculos para o
consumidor de alta renda e quanto de
pacotes para empresas que compram o
serviço de doação e produção dos pares.
As companhias ganham incentivos
fiscais no processo e, quando os mutirões
ocorrem dentro delas, ganham também
em produtividade: o Vision Impact
Institute estima que a produtividade
de um trabalhador pode aumentar 20%
quando um problema de visão é tratado.
Gestão Sem contar estágios em escritórios
de advocacia, a Renovatio é o primeiro
emprego de Ralf, que está aprendendo
a ser funcionário e dono do negócio
ao mesmo tempo e na prática –
e ainda descobriu que precisa de
óculos sem querer, ao ser examinado
em um mutirão.
“Brincamos que já erramos muito e
acertamos muito também: foram horas
de conversa, ajustando modelos e dando
feedback, e fomos aprendendo”, fala
sobre o começo. Ele vê empreender com
sucesso, no entanto, mais como uma
questão de dedicação. “É preciso ter
energia, inteligência, expertise e muito
foco, mas não tem mistério.”
A parte da expertise é especialmente
importante, visto que a Renovatio
investe em várias frentes diferentes –
um restaurante social e uma
metodologia para creches informais
estão nos planos próximos – e pretende
expandir ainda mais suas áreas de
As indicações de Ralf Toenjes, que fundou a ONG Renovatio para ajudar brasileiros em situação de vulnerabilidade social
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atuação. “Não sabemos fazer óculos, não
sabemos fazer restaurante, não sabemos
fazer espaço de desenvolvimento
infantil”, fala. “Então conversamos com
especialistas para aprender.”
Motivação A Renovatio também aposta em estreitar
as relações governamentais para chegar
em rincões cada vez mais distantes.
“Agora podemos nos sentar com o
governo, porque estamos estabelecidos
e conseguimos mostrar que o modelo
funciona mesmo”, diz. “Se o que fazemos
faz sentido, tem impacto e é motivador,
não tem porque não fazer.”
Razões para dormir pouco e não ter
férias não faltam. Da jovem que sonha
em ser médica e era a melhor aluna da
escola mesmo com 8 graus de miopia
– ela copiava a lousa de pertinho, no
intervalo – à senhora que perdeu o medo
de sair de casa porque agora enxerga
os buracos na rua, a equipe traz novas
histórias inspiradoras de cada mutirão.
Ralf se empolga com uma delas em
particular. Às margens de um rio no Pará,
lembra, um senhor colocou os óculos
e começou a chorar. “Ele dizia: ’Eu não
preciso mais subir, eu não preciso mais
As indicações de Ralf Toenjes, que fundou a ONG Renovatio para ajudar brasileiros em situação de vulnerabilidade social
subir’. Era um coletor de açaí e precisava
escalar os dez metros da árvore para ver
se o fruto estava bom”, conta. “E é só um
óculos, sabe?”
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APLICATIVOS FAVORITOS
Trello para acompanhar metas.
REFERÊNCIAS DE EMPREENDEDORISMO
O que estou lendo agora e foi indicação de um grande empreendedor de
Santa Catarina é O que ainda não se ensina em Harvard Business School,
de Mark H. McCormack. Sempre usei muito o apoio de mentores e desde o
começo do Renovatio montamos um Conselho de Empresários, que nos dão
dicas e nos apoiaram em nosso desenvolvimento. Gosto de falar que vamos
para as reuniões para apanhar e melhorar constantemente.
Além disso, junto com outros dois bolsistas da Estudar, João Alkmin e
o Matheus Scwening, fundamos a Liga de Empreendedores do Insper:
um grupo de 20 jovens com alto potencial empreendedor para serem
mentorados pelos maiores empresários do país. Ficamos perto de gente
boa, cada um tem um negócio e apoia os outros.
As indicações de Ralf Toenjes, que fundou a ONG Renovatio para ajudar brasileiros em situação de vulnerabilidade social
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As dicas de Thomaz Srougi, o empreendedor que aplica a cultura “sonho grande” no mundo do impacto social
Thomaz Srougi tem uma visão
prática sobre o problema
do acesso à saúde no Brasil:
o governo tem um modelo falido;
ONGs só conseguem produzir
ganhos incrementais, não em escala;
a resposta, portanto está na ação
das empresas privadas.
Depois de cansar do mundo dos investimentos, Thomaz Srougi se
encontrou nos negócios sociais com o Dr. Consulta, “um misto de
Ambev e Faculdade de Medicina da USP”
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As dicas de Thomaz Srougi, o empreendedor que aplica a cultura “sonho grande” no mundo do impacto social
Com uma visão bem clara de como
combater problemas sociais, foi só
em 2011, quando tinha 35 anos, que
Srougi criou a sua empresa para
agir sobre um deles. Antes disso,
o administrador de empresas já
havia percorrido um longo caminho
no mercado profissional, tendo
trabalhado em empresas como Ambev
e Gafisa, além de ter atuado no
mercado financeiro.
Em 2011 veio o ‘click’. Sentindo-se
pouco motivado, Srougi resolveu abrir
um negócio, criar um novo desafio.
“Um dia encheu e eu pensei em
montar uma operação que tivesse alto
valor social, mas que também desse
dinheiro. Montei o Dr. Consulta, em
2011, e desde então estou lá”, lembra
o empresário.
Um blend de negócios Antes de criar a empresa, Srougi
estava na Galícia Investimentos
e propôs para os sócios que se
juntassem a ele na empreitada.
Ele lembra até hoje como foi: “Eu
vou montar uma empresa, se vocês
quiserem entrar junto vai ser um
prazer, está aqui o que eu vou fazer”.
Criou-se então o grupo, que tinha
como objetivo levar todo o know-how de
gestão para essa nova empreitada. Um
negócio cujo fundador entende como
um “blend” de Ambev com Faculdade de
Medicina da USP.
A filosofia “Sonho Grande” dos
fundadores da Ambev (e também
fundadores da Fundação Estudar) era
sensível no pensamento do grupo: a
ambição era alta, queriam um projeto
gigante, que, se funcionasse, teria
impacto global. “Então eu me joguei
nisso de cabeça e o objetivo sempre foi
montar um negócio que fosse de alto
impacto, replicável, escalável, num
mercado gigante e lucrativo”, afirma
o fundador. A primeira clínica aberta
foi no Heliópolis, em janeiro de 2012.
Os três anos seguintes serviram para
validar o conceito do Dr. Consulta,
garantir que ele fizesse sentido para
um grande número de pessoas e, por
fim, encontrar uma maneira de tornar o
negócio sustentável.
Atualmente o desafio do empreendedor é
gerir o negócio, garantir que ele funcione
como deve. “Os desafios hoje são:
tecnologia, cultura, gente e controle. Não
tem mais nada do que isso, é gestão pura.
Os processos estão desenhados, mas
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eles precisam ser bem executados. Para
serem bem executados, a gente precisa
de gente boa e cultura, e a tecnologia
precisa continuar sendo utilizada para
reduzir custos e atender mais gente
e melhor”, explica, lembrando muito
o raciocínio por trás do crescimento
exponencial da própria Ambev.
Cultura empresarial Para contratar os necessários bons
profissionais a oferta não é a de um
salário alto. Como em outros negócios
sociais, a remuneração costuma ser
abaixo do valor que o mercado oferece
pelas melhores cabeças, mas o Dr.
Consulta tem suas soluções. “A gente
procura pessoas sempre interessadas
no longo prazo, então trabalhamos com
o modelo de stock options e o salário
realmente é bem abaixo da média.
Alguém que quer ganhar dinheiro no
curto prazo, e quer ter uma garantia,
não é o tipo de pessoa que a gente
procura”, afirma o fundador. As stock
options, no caso, são uma espécie de
remuneração variável que premia os
melhores funcionários com uma opção
de compra ou cessão de ações.
Ainda assim, também explica a atração
de bons profissionais o impacto que
um trabalho de cunho social tem no
próprio colaborador. Srougi revela sua
visão sobre a diferença com o mercado
convencional: “Quando eu estava
no mercado financeiro, para que eu
ganhasse, alguém tinha que perder. Se
eu estava comprando barato, alguém
estava vendendo barato. O que a gente
faz hoje é muito diferente, é muito bom.
Porque se eu estou ganhando é porque
alguém está ganhando. Quanto mais
produtivo eu for, melhor eu atendo as
pessoas e ao mesmo tempo, quanto
mais produtivo eu sou, mais eficiente eu
sou sob o ponto de vista financeiro.
É win-win”.
A empolgação do empresário, embora
contrastante com a desmotivação
anterior ao empreendimento, não
significa que há plena satisfação com o
trabalho. Pessoas como Thomaz nunca
estão totalmente satisfeitas, sabem que é
necessário pensar em melhoras e crescer
sempre. Além do mais, o sonho é grande
mesmo. “Foi o maior desafio que eu já
tive na minha vida, a coisa mais difícil
que eu já fiz. Me sinto muito bem porque
a gente conseguiu avançar muito, mas ao
mesmo tempo me sinto ansioso porque
a gente tem muita coisa para fazer,
estamos só no começo”, afirma.
As dicas de Thomaz Srougi, o empreendedor que aplica a cultura “sonho grande” no mundo do impacto social
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“Me sinto satisfeito, mas também muito
insatisfeito, porque a gente só fez 5%
do que tem que ser feito. Tem muitos
atributos da nossa proposta de valor
que não foram implantados ainda e
tem muitas pessoas no Brasil que não
foram atendidas. Esse ano [2015] a
gente já atendeu 250 mil pessoas. Mas
o Brasil tem 150 milhões de pessoas
dependendo do sistema público, que é
fraco. Por esse lado você pensa: ‘cadê os
outros 149.750?’”.
No caminho para conquistas seus
maiores objetivos, Srougi não evita
mostrar que é ambicioso: “O sonho
grande é espalhar pelo Brasil e para
outros países, como os Estados Unidos.
O problema lá é o mesmo, a turma lá
é extremamente eficiente e a gente
sabe que o nosso modelo resolve
o problema deles também. Vamos
dominar Brasil e Estados Unidos, um
passo de cada vez, primeiro São Paulo,
depois outras regiões, depois a gente
pensa lá nos EUA”.
Os conselhos de Gabriel Benarrós, o amazonense que foi para Stanford e fundou a Ingresse ainda na faculdade
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APLICATIVOS FAVORITOS
Uber para ir e vir com agilidade, Citymapper para ir e vir com agilidade
de mêtro e ônibus, Waze para saber quanto tempo levo pra chegar,
Headspace para ajudar a desacelerar no final do dia ou acelerar de
manhã da forma certa.
FERRAMENTAS FAVORITAS
Workable para recrutar talentos, Google Drive para trabalhar e ler
documentos no caminho, Asana para gerenciar rotina e deliverables
do time.
REFERÊNCIAS DE EMPREENDEDORISMO
Os livros Extreme Ownership de Jocko Willink e Leif Babin sobre
liderança, O lado difícil das situações difíceis de Ben Horowitz sobre
empreendedorismo, Let My People Go Surfing de Yvon Chouinard e Naomi
Klein sobre construção de cultura e marca, Um novo jeito de trabalhar de
Laszlo Bock sobre atração e retenção de talentos, Os Axiomas de Zurique
de Max Gunther sobre risco.
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Veja as indicações de Lucas Mendes, empreendedor por trás do Contratado.me, a plataforma de emprego que seleciona o top 5% dos profissionais
Quando Lucas Mendes
chegou na Universidade
Stanford, onde obteve seu
MBA em 2015 e foi bolsista
da Fundação Estudar, percebeu que
a mentalidade ali era diferente. A
veia empreendedora era tão forte
naquele pedaço da Califórnia que,
sem uma empresa mesmo que
falida no currículo, você era menos
bem visto.
Cercado por inovações no Vale do Silício, Lucas Mendes teve a
ideia de facilitar a vida de recrutadores em busca de talentos da
tecnologia e negócios no Brasil
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“Você nunca está 100% preparado para empreender”, diz cofundador do iFood e da Dog Hero
Engenheiro formado pela Escola
Politécnica da Universidade de São
Paulo (Poli-USP) e pela francesa École
Polytechnique, Lucas já chegou com
experiência como empreendedor
na bagagem. Após ter atuado como
analista no Goldman Sachs e consultor
na Bain & Co., criou uma rede de
cabeleireiros e venda de produtos
que mais tarde se fundiu com outra
empresa e resultou no Beleza na Web,
um dos maiores e-commerces do setor
no país.
Foi quando era vizinho do Vale do
Silício, polo de inovação tecnológica
que fica próximo de Stanford que teve
a ideia para sua atual empreitada, a
Contratado.me. A ideia por trás da
plataforma é combinar recrutadores
e profissionais, especialmente da
área de tecnologia e negócios, como
desenvolvedores de software e
consultores estratégicos.
Enquanto consolidava o projeto,
Lucas passou horas semanais
conversando com seu mentor
da Fundação Estudar, um alto
executivo que lhe apresentou pessoas
importantes e facilitou seu sucesso.
O engenheiro também aplicou ao negócio
outra lição que aprendeu em Stanford:
se você tem uma ideia que possa ser
copiada por alguém após uma conversa,
ela não está pronta. Para tanto, utiliza
machine learning e processamento de
dados para interpretar os currículos,
tornando todo o processo de match
mais criterioso e célere: apenas 5% dos
candidatos são aprovados e o banco de
talentos cresce semanalmente.
Os empregadores ainda podem filtrar
por senioridade, conhecimentos,
localização e pretensão salarial,
agendar entrevistas e utilizar os
resultados de testes técnicos. Tamanho
crivo atraiu mais de 600 empresas e
startups, como 99taxi, UOL, Monsanto e
a própria Fundação Estudar.
“É um hub de talentos de alto potencial
para quem quer dar o próximo passo
em sua carreira de negócios ou
tecnologia”, resume ele. “Oferecemos
uma plataforma na qual candidatos
aprovados são abordados por várias
empresas durante um período curto
de tempo, permitindo uma decisão
mais eficiente e bem informada a
respeito de seu próximo emprego.”
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“Você nunca está 100% preparado para empreender”, diz cofundador do iFood e da Dog Hero
APLICATIVOS FAVORITOS
Slack, uma plataforma de comunicação para times que usamos na Contratado.ME e
que é muito fácil de usar e integrar com muitos outros aplicativos. Youcanbook.me
permite que você crie um calendário público, deixando muito mais fácil para pessoas
agendarem compromissos com você – só nos horários que você pode.
FERRAMENTAS FAVORITAS
Trello, gratuito, é para organização de tarefas e projetos. Uso muito para
acompanhar o andamento do trabalho das minhas equipes, além de organizar
meus próprios to dos. Pivotal Tracker é um gerenciador de tarefas mais sofisticado,
que permite que você alinhe as prioridades da sua equipe com as métricas chave
da organização.
REFERÊNCIAS DE EMPREENDEDORISMO
Rápido e devagar: duas formas de pensar, de Daniel Kahneman, é um livro de psicologia
comportamental que oferece insights muito bons sobre como a nossa cabeça funciona e
sobre como às vezes somos vítimas do nosso próprio cérebro. Previsivelmente irracional,
de Dan Ariely, também é sobre psicologia comportamental e mostra como muitas vezes a
gente se engana com a nossa própria cabeça.
Do sonho à realização em 4 passos de Steve Blank é indispensável pra quem quer
empreender. Pra quem gostou de A Startup Enxuta, de Eric Ries, é uma versão mais
detalhada e estruturada.
O lado difícil das situações difíceis, de Ben Horowitz: empreender é feito de altos e
baixos e esse aqui é ótimo para as horas de baixos. O Ben Horowitz, cofundador do
Netscape e da Andreesen Horowitz, conta as partes mais difíceis do percurso dele.
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TEXTOAna Pinho
Pedro Gallo
Rafael Carvalho
EDIÇÃORafael Carvalho
DESIGNDanilo de Paulo
Marcos Torres
Renata Monteiro
FOTOSAcervo pessoal
Reprodução
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