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DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL, REFORMA E GESTÃO PÚBLICA EM ALAGOAS Luciana Santana [email protected]/ Universidade Federal de Alagoas Selefe Gomes [email protected] Universidade Federal de Alagoas . Área temática: Poder Executivo e Governo “Trabalho preparado para sua apresentação no 9º Congresso Latinoamericano de Ciência Política, organizado pela Associação Latino-americana de Ciência Política (ALACIP). Montevidéu, 26 a 28 de julho de 2017”.

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DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL, REFORMA E GESTÃO PÚBLICA EM

ALAGOAS

Luciana Santana

[email protected]/

Universidade Federal de Alagoas

Selefe Gomes

[email protected]

Universidade Federal de Alagoas

.

Área temática: Poder Executivo e Governo

“Trabalho preparado para sua apresentação no 9º Congresso Latinoamericano de Ciência

Política, organizado pela Associação Latino-americana de Ciência Política (ALACIP).

Montevidéu, 26 a 28 de julho de 2017”.

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Resumo

A reforma da administração pública implantada no nível federal na década de 1990

buscou desenvolver programas federais que impulsionaram as unidades subnacionais a

reformarem suas administrações públicas e seus modelos de gestão. Um dos principais focos

desses programas foi aumentar a eficiência da gestão pública, como ocorreu em grande parte

dos estados brasileiros. Esse trabalho busca compreender melhor o desenvolvimento

institucional alagoano, como as instituições operavam antes da Reforma Gerencial e, a partir

da mudança em 2007, quais foram as modificações. Para isso será necessário identificar as

características institucionais da administração pública, bem como de seus gestores, em

Alagoas antes e depois da implementação dessas reformas. E desta forma, será possível

analisar se as mudanças na estrutura do estado podem ter contribuído ou não para melhorar a

gestão pública no estado. A princípio esse trabalho possui um caráter exploratório devido a

precariedade de informações existentes sobre tais mudanças administrativas em Alagoas, mas

com o intuito de reunir informações sobre a formação da burocracia estadual.

Palavras-chave: Instituições, Alagoas, Desenvolvimento institucional.

Introdução

Esse trabalho busca analisar como a reforma administrativa foi instituída em Alagoas,

observando os fatores que provocaram um certo atraso no processo de modernização

comparado a outros estados brasileiros. A pesquisa irá analisar os impactos da reforma no

estado de Alagoas e como essa mudança na administração possibilitou uma mudança nos

índices de desenvolvimento do estado.

A intenção é compreender o processo de implantação da reforma administrativa em

Alagoas em 2007 e como a mudança na gestão administrativa traz melhorias e dificuldades de

profissionalização e funcionamento da administração pública alagoana. Para isso torna-se

necessário conhecer e compreender o processo de profissionalização da administração pública

em Alagoas; Compreender o contexto político e de gestão em Alagoas que levou a

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implantação da reforma; Verificar as mudanças feitas de acordo com o plano diretor da

reforma; Identificar determinados indicadores para avaliar se houve alguma melhora na

administração com a reforma administrativa; Compreender como a administração pública de

Alagoas se profissionaliza e articula seus projetos de melhoria administrativa tendo como

base o plano diretor da reforma.

A partir de palestras e pesquisas produzidas pelo grupo de pesquisa Instituições,

comportamento político e democracia do Instituto de Ciências Sociais da Universidade

Federal de Alagoas, com a participação de pesquisadores renomados, observou-se uma certa

carência de estudos e dados sobre as burocracias estaduais do Nordeste e a necessidade da

abertura de pesquisas e observações sobre Alagoas. A necessidade de trabalhos que visem a

formação e o desenvolvimento das instituições públicas podem trazer novas pesquisas e

auxiliar na construção de referências para futuros estudos sobre o estado e a situação da

administração e organização pública.

A partir dos estudos de Bresser-Pereira (2001) é possível perceber como as instituições

e a reforma gerencial provocaram uma mudança no funcionamento da política administrativa

do Estado e analisar como essas mudanças aconteceram em cada estado é necessária para

avaliar a aplicação e a eficácia da reforma. Esse trabalho poderá ajudar a entender como as

instituições estão funcionando e se a reforma gerencial ajudou ou não a rotina administrativa e

funcional dessa burocracia.

A hipótese aventada para este trabalho é que a demora na execução da reforma

administrativa em Alagoas está relacionada a baixa institucionalização política no estado, bem

como a pouca importância dada para a profissionalização da administração pública e

preocupação com a formação de uma equipe técnica eficiente em todo processo de

formulação e execução das políticas públicas em Alagoas. Em relação aos impactos, a

hipótese é que as mudanças não foram suficientes para garantir alterações estruturais nos

resultados das políticas públicas, pois os quadros do funcionalismo público estadual ainda

precisam ser melhor preparados, treinados e capacitados.

Este artigo relaciona-se a uma etapa inicial de pesquisa com caráter exploratório e

descritivo, necessário para identificar as causas e as circunstâncias do determinado fenômeno

(COOPER, SCHINDLER, 2001). Para conhecer melhor a proposta da reforma administrativa

pública alagoana em 2007 serão utilizados dados secundários provenientes de pesquisa

documental. Fontes como diários oficiais, noticiários, matérias de jornais e campanhas

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políticas com essa pauta ofertarão possibilidades de mensuração na decisão das possíveis

causas e interesses na reforma. Além da pesquisa documental, serão utilizados os índices de

desenvolvimento como produtividade e crescimento econômico sobre a situação econômica e

social de Alagoas nos anos de 2006 comparando o que antecedeu a reforma, 2010 com as

modificações ainda acontecendo e em 2013 com uma estrutura com certa permanência nas

estruturas estatais.

Os dados estatísticos podem ser utilizados para trabalhar mais com as variáveis dos

resultados das políticas públicas no Estado facilitando as decisões na continuidade ou

modificação da ação. O projeto desse trabalho é que depois dessa coleta de informações, a

próxima etapa será a utilização de entrevistas com atores importantes no processo de

realização da reforma na época como políticos, servidores políticos e servidores indicados nas

atividades específicas no processo das mudanças na administração.

O foco da primeira seção é a reforma de estado ocorrida na administração pública

federal nos anos de 1990 e o plano de modernização dos estados e municípios em 2005. A

segunda seção será dedicada a detalhar os principais eixos norteadores da reforma

administrativa no estado de Alagoas, a partir de 2007, considerando a conjuntura política e

econômica alagoana antes e depois da reforma.

Seção I- Reforma de estado no Brasil e Plano de modernização dos estados e

municípios.

O governo brasileiro, desde o início do século XX, sofreu diversas mudanças no

quadro de administração pública devido as diversas modificações de estado e suas reformas.

De início, a burocracia tinha um caráter muito mais oligárquico, ligado a aristocracia

brasileira, onde a administração era algo ligado diretamente aos cargos superiores, políticos e

não havia tanta regulação diante dos cargos e das atividades. Com o processo de

industrialização do país, a república precisava de uma burocracia que tivesse uma função

econômica essencial pois ela que iria coordenar as empresas que estavam surgindo na época

(BRESSER-PEREIRA, 2001).

A burocracia começava a se fortalecer e ter espaço fundamental dentro do

desenvolvimento do país. Foram criados departamentos específicos para a administração

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pública no período em que o Brasil estava se industrializando para organização e

padronização de trabalho, junto do aumento de cargos públicos e profissionalizados.

No período ditatorial, a reforma burocrática teve como foco a administração

descentralizada e sem um caráter de centralidade e de padronização, a burocracia foi facilitada

para as ações governamentais. O governo queria tornar a burocracia mais ágil, mas só a

tornou menos profissionalizada pela diminuição de concursos e pouco desenvolvimento de

carreiras públicas. Por um lado, a burocracia foi vista como algo que precisava ser facilitado e

modificado, mas as reformas realizadas não tiveram esse resultado.

De acordo com Salto (2014), para que o Estado atinja seus objetivos mais gerais de

melhoria de vida para a população, é preciso que uma democracia consolidada se instale e

haja uma organização que controle e organize o ambiente estatal na intenção de realizar os

compromissos com a sociedade. E com a redemocratização de 1988, a administração pública

voltava a ser central e de alta organização com a exigência de concursos públicos. O período

político da época não ajudou muito para o desenvolvimento pois além das mudanças nas

condições políticas, houve crises econômicas e mudanças que não permitiram e só

desvalorizaram a administração pública.

Com o governo de Fernando Henrique Cardoso em 1995, reformas no estado tiveram

prioridade e a burocracia uma atenção especial com a formulação de um ministério, o MARE

– Ministério da Administração e Reforma do Estado, para reformular a nova administração

pública. A partir de exemplos de algumas reformas administrativas de outros países como

Reino Unido e Estados Unidos, a reforma gerencial foi o marco oficial do Plano Diretor da

Reforma de Estado (BAGATOLLI, 2009).

A reforma gerencial foi necessária na tentativa de uma burocracia que trabalhasse com

etapas e buscasse o desenvolvimento de estratégias para alcançar essas etapas construindo

uma administração profissional, com metas e organizada. O interesse era em melhorar e tornar

a administração útil para as ações governamentais junto com alternativas para que as

atividades fossem atingidas junto de resultados claros de melhoria na qualidade de

funcionamento da burocracia brasileira. O estabelecimento de alguns cortes e limites de

gastos também foram importantes da reforma por tentar minimizar a situação de crise que se

encontrava a economia e a política na época.

De acordo com Bresser Pereira (2010), é necessário entender como o Estado foi

notando as mudanças que precisavam ser feitas para um Estado Social consolidado e atuante.

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Nesse estado a prioridade são as necessidades mais vigentes para a população, um bom

funcionamento e uma boa atuação do governo nas áreas que trazem retornos positivos para a

sociedade. O Estado, de acordo com as diferentes posições, foi modificando a máquina

pública e por isso tais informações serão utilizadas para compreender as influências e

parâmetros das mudanças na organização estatal.

Como a reforma gerencial foi constituída a partir de uma necessidade do governo de

ocupar e estabelecer domínio de algumas áreas da sociedade para que houvesse

desenvolvimento e uma democracia forte, a administração pública constitui uma peça

fundamental. Segundo Fortis (2009), na década de 1980, iniciaram essas mudanças da

máquina pública com inspiração no gerenciamento das empresas privadas. O foco se tornou a

otimização, a espera de resultados, aplicação de sistemas, além do planejamento. Para o

trabalho isso se tornará mais claro com a busca de reformas e profissionalização da

administração de Alagoas baseada nesses pilares da reforma.

O Plano Diretor da Reforma do Estado, construído na década de 1990 quando Luiz

Carlos Bresser-Pereira era ministro, foi um marco para o Brasil na época de estruturação de

uma administração pública democrática. A Reforma Gerencial introduziu um caráter

empresarial para as atividades públicas, sem descaracterizá-lo como público, não retira as

metas propostas para toda a sociedade e a projeção de bons resultados apenas com benefícios

para toda a população.

O uso dos seus textos (BRESSER-PEREIRA, 2001, 2002, 2003) são fundamentais

para compreender todas as etapas e procedimentos para aplicação da reforma gerencial, tanto

no âmbito nacional de início, como no caso do Estado de Alagoas que teve uma demora para

aplicação da reforma de cerca de nove anos desde a aplicação dela na camada federal. Até

mesmo com esse atraso é possível perceber se houve uma aplicação efetiva que resultou em

indicadores positivos e políticas públicas mais eficazes. Em Alagoas é preciso ressaltar, após

o levantamento dos dados sobre como ocorreu essa mudança, fica claro que o estado tem uma

burocracia ainda muito tradicional e de baixa profissionalização.

De acordo com Lima e Papi (2015), o programa de modernização do Governo do

Fernando Henrique Cardoso (FHC) não teve tantos resultados positivos, mesmo com uma

base gerencial e apresentando uma nova forma do Estado se apresentar na administração

pública. A proposta foi insuficiente para modernizar e tornar a administração pública mais

eficiente, não atingiu todos os programas planejados. Só apresentou e colaborou com o

crescimento das agências reguladoras para o desenvolvimento das atividades estatais com a

perspectiva de trabalho das empresas privadas.

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O programa do governo FHC foi satisfatório no sentido de avaliar como as políticas

estão sendo empregadas e um planejamento de metas para determinados programas

(ABRUCIO, 2011). Para Abrúcio, mesmo não tendo o resultado esperado sobre a reforma da

administração pública, a tentativa de organização da burocracia brasileira foi, com diversas

modificações, continuada no governo Lula, mas com um teor mais popular, de busca de

desenvolvimento econômico e social.

Com o Plano Diretor da Reforma de Estado implantado a nível federal, alguns estados

depois procuraram também realizar uma reforma gerencial para uma melhor eficiência e

efetividade nas atividades da sua administração pública. Um dos estados que mais teve

sucesso e a realização de fato de mudanças foi o estado de Minas Gerais em 2003,

denominado como Choque de Gestão, a reforma em Minas teve um caráter de reduzir as

despesas, organizar e acompanhar as estratégias e buscar e efetivar os resultados. A primeira

reforma no estado modificou algumas secretarias, ampliou investimentos, organizou as

dívidas, modernizou as comprar governamentais, criou e flexibilizou alguns procedimentos

estatais (DIAS, 2003).

Vários estados também realizaram reformas administrativas baseadas na reforma

gerencial federal, de acordo com Laczynski e Pacheco (2008), a Bahia realizou em 2003 com

os objetivos de restabelecer as condições de governança e governabilidade, adequar o corpo

administrativo com as práticas de gestão e a construção de um governo eficaz. Em

Pernambuco a reforma foi realizada em 1998 com a criação de comissões e secretarias que

buscasse o equilíbrio fiscal, a modernização da administração dos órgãos públicos e uma nova

gestão pública.

Outros estados como Sergipe, Rio de Janeiro e São Paulo realizaram reformas

administrativas de acordo com as necessidades do seu estado, os principais problemas era a

necessidade de modernização da administração pública, a minimização da crise financeira que

passavam alguns estados e a efetivação de uma burocracia eficiente.

No governo Lula, houve a continuação dos processos de modernização junto de novas

estratégias na área de planejamento. Houve o aumento a profissionalização na administração

pública unindo os mecanismos de desenvolvimento social partindo da educação com a

profissionalização e abertura de empregos e diferentes cargos públicos. A situação do país

durante esse governo permitiu esse crescimento e junto do programa de governo que visava o

desenvolvimento social e econômico.

O modelo de governo adotado pelo presidente Lula tinha um caráter diferente, a

preocupação de desenvolvimento era entrelaçada com a questão social, era esse o papel

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central da reforma da administração pública. O plano de gestão do governo Lula tinha como

prioridade o desenvolvimento com inclusão social, uma abordagem diferente no ajuste fiscal

acrescentando políticas compensatórias de contribuição para o desenvolvimento social.

A agenda de reformas tinha como modificações a diminuição de cargos comissionados

com o intuito de melhorar a profissionalização e assim contribuindo com os concursos

públicos, mas ainda sim mantendo os cargos em comissão como possíveis acordos políticos, a

eficiência nos processos dos governos que modificou o modo como os gastos eram calculados

e avaliados. Também a efetividade com a maneira como as políticas públicas funcionam e

quais os resultados obtidos, a coordenação das ações do governo e o por último a

transparência do poder público que servem como melhoria da administração e controle, um

avanço no processo democrático brasileiro.

A forma como os governos colocam seus projetos descritos para a formação de uma

agenda de mandato são pelos Planos Plurianuais, eles descrevem seus objetivos para os

próximos anos e as principais pautas do governo vigente. É uma produção obrigatória para o

governo federal para que as ações sejam organizadas e fique clara as posições do governo

quanto as diretrizes orçamentárias, programas de estado, objetivos desejados e principais

pautas.

O plano Plurianual 2004-2007 foi um programa de compromisso do governo para a

construção de uma sociedade moderna que tinha como resultado a geração de emprego, renda

e justiça social (PPA, 2004-2007, Ministério do Planejamento). O objetivo era o aumento da

capacidade de governança a partir da produção de políticas públicas. Para isso, o aumento de

um governo com conhecimento para a formulação dessas atividades com órgãos próprios para

a regulamentação de cada programa de governo.

A estratégia desse plano era, diagnosticar problemas e demandas social, estabelecer

metas para um programa que possa solucionar tais problemas, adequando ao público-alvo e de

acordo comas ações ornamentarias. O poder executivo era que organizava as atividades e

obrigações para os órgãos, o poder legislativo avaliava os programas e junto do plano

gerencial que tornava as metas dos programas mais dinâmicos, elaboravam o plano para

discussão de orçamento.

A partir do Plano Diretor da reforma, outros programas apareceram para auxiliar a

aplicação da mudança administração dos estados. O Programa Nacional de Apoio à Gestão

Pública e o Programa de Modernização do Controle Externo dos Estados e Municípios

Brasileiros foram criados e mais utilizados pelo governo federal e depois pelos estados como

forma de subsídio para modernizações na máquina pública. Esses programas foram mais

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utilizados durante o Governo Lula que tinham amplo interesse em injetar recursos para

modernização nas instituições públicas.

Uma das discussões centrais no governo Lula durante a produção do PPA 2004-2007

foi uma reconstrução do planejamento nacional priorizando as políticas públicas com as

demandas sociais. O foco não era a conclusão das metas, mas a necessidade de reparar nos

indicadores com os resultados e processo de monitoramento.

O plano de modernização foi em um período de estabilidade econômica e política do

país, por isso os programas de assistência social tiveram a capacidade de beneficiar uma

grande parcela da população. Os programas proporcionaram de maneira tímida vários

investimentos e recursos na área de infraestrutura e crescimento econômico com o aumento

do salário mínimo, o controle da inflação e o aumento dos empregos (Cunha, el al, 2013).

Seção II- Conjuntura política e Reforma administrativa em Alagoas

Até um governo onde produzisse um plano plurianual que priorizasse o

desenvolvimento do estado que começou no governo de Ronaldo Lessa (1999-2003), Alagoas

já tinha passado por uma série de crises que dificultou o desenvolvimento do Estado, de

governos interrompidos até a grandes casos de corrupção. O estado passou por diversas crises

e por governos que não tinham programas para o desenvolvimento institucional, as atividades

tinham como o objetivo de crescimento, mas não houve resultados tão consideráveis em cada

governo com essa pauta para bons índices de desenvolvimento social e econômico do estado.

Em relação ao próprio desenvolvimento institucional, só houve um trabalho do governo

específico no governo Lessa apesar de poucas estatísticas de crescimento na área.

Desde o início da década de 1990 com o governo de Geraldo Bulhões, não houve uma

preocupação com o planejamento de governo para Alagoas, foi um governo onde não houve

metas nem atividades específicas e descritas como fundamentais no plano plurianual para a

mudança e desenvolvimento de Alagoas. Com o início do governo tendo apoio do presidente

da república alagoano, o Estado enfraqueceu no sentindo de produzir estratégias para a

melhoria dos índices.

No período de 1996-1999, quem assume o governo é o deputado Divaldo Suruagy que

ganha as eleições com o plano de melhoria na economia, na política e na administração de

Alagoas. Foi feito um plano de melhorias e investimentos principalmente para área da

economia, mesmo com dificuldades de promover o funcionamento da máquina pública,

principalmente para o pagamento dos salários dos servidores públicos (Cabral, 2005).

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Com uma gestão complicada e problemas causados pelo atraso de um longo período

de pagamento dos servidores públicos, o governador Divaldo Suruagy pede a renúncia e é

sucedido pelo seu vice-governador Manoel Gomes de Barros. No período que ele assumiu até

a conclusão do mandato não houve tantas mudanças, o interesse era evitar a piora na crise

econômica do estado e com uma ação com o governo federal para o equilíbrio das contas

estaduais com a intenção de iniciar um possível retorno ao desenvolvimento do estado após as

crises econômicas e a estagnação dos baixos índices do estado.

Em 1999, assume o governo Ronaldo Lessa, como um representante das forças de

esquerda da política em meio a divergências nos apoios políticos, e com o trabalho de

amenizar os problemas causados pela crise fiscal. O governo realizou diversos esforços para a

recuperação das finanças e desenvolvimento estadual a partir de políticas públicas e sociais.

Para Cabral (2005) mesmo com as dificuldades econômicas encontradas pela concentração de

renda, houve um pequeno aumento em procurar recursos para o crescimento de

estabelecimentos, com o auxílio federal também teve uma pequena melhora no quadro da

educação e da saúde.

O plano plurianual de 2000-2003 foi organizado pela secretaria de planejamento e

desenvolvimento e possuía três bases principais para estratégias de desenvolvimento, o eixo

de ajuste social com ações de melhoria ambiental e de qualidade de vida, o eixo indutor

regulador que visava atividades econômicas e o eixo do ajuste fiscal voltado para captação de

recursos. O plano era separado por duas partes, a de identificação de problemas e objetivos e

no mapeamento de programas e projetos envolvendo a participação de diversos participantes

civis (PPA 2000-2003).

Nas eleições de 2006, devido a uma estrutura de eleição baseada em candidatos

específicos da elite política alagoana, houve um acordo político entre os possíveis candidatos

ao governo de Alagoas para o apoio as eleições do presidente da república e em meio a várias

discussões entre os partidos da base aliada e os candidatos ao senado e a prefeitura devido a

formação de coligações e decisões políticas locais, Teotônio Vilela Filho ganhou no primeiro

turno no Governo de Alagoas (SALDANHA, 2010). Nessa eleição com discussões entre

políticos tradicionais, é apresentada uma proposta com prioridade na educação, no

agronegócio e no turismo.

O plano plurianual feito para o primeiro mandato de Teotônio Vilela teve

similaridades com o plano de modernização feito pelo presidente Lula, como o foco no

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desenvolvimento econômico e bem-estar social. Foi realizado com diversos setores e

diferentes representantes de Alagoas que levantaram um quadro da situação econômica do

estado e pontuaram 35 estratégicas que cobriam a melhoria da qualidade de vida, a redução da

pobreza, crescimento econômica, inovação na gestão pública e mudanças na área cultural.

Foi realizado oficinas em diferentes setores no intuito de mapear os problemas do

estado junto de técnicos que trabalharam para reparar nesses problemas, no total foram 17

oficinas. Essas oficinas tiveram participação de agentes dos três poderes para que o plano

fosse feito com todos os aspectos e detalhes sobre o estado. Esse plano plurianual foi

finalizado com 128 programas para todas as áreas identificadas pelas oficinas para a melhoria

dos índices sociais e econômicos de Alagoas (SEPLAG, 2016).

Foi a partir desse plano, com a diretriz de novas instituições e renovação da gestão

pública que houve o aprofundamento da reforma administrativa, informatização do setor

público, saneamento das finanças públicas, adoção dos princípios da nova gestão pública que

foi inspirada na reforma gerencial de nível federal e um apoio para o desenvolvimento da

gestão municipal. Foi implementado um programa de ajuste fiscal para controle da máquina

pública que limitava os pagamentos da dívida, criava metas de arrecadação de receita,

controle de gastos e metas para previsão de resultados (PPA 2008-2011).

Um dos focos para desenvolvimento interno é a capacidade de gestão do setor público

que é precária e com isso pode dificultar os processos para captação de recurso e qualidade de

serviço. O setor público e a economia em Alagoas possuem grande nível de dependência

devido a precária independência econômica para o funcionamento da administração pública, o

plano priorizou atividades econômicas e administrativas como adoção de uma gestão pública

responsável, obtenção de limites de gastos e efetivação da legislação e transparência para

melhor funcionamento da máquina pública (PPA, 2008-2011). Diferente do governo anterior

ao de Teotônio Vilela Filho, esse plano vinha muito junto das reformas do governo federal,

considerando os mesmos critérios para a burocracia e atividades conduzidas para o

desenvolvimento e mudanças nos índices principais do estado.

No governo de Teotônio Vilela foi onde aconteceu vários planejamentos para reformas

que impulsionassem o crescimento do estado, mas conseguisse ajustar os gastos do estado.

Com o crescimento dos gastos públicos no governo passado, era preciso controlar as dívidas e

conseguir observar o desenvolvimento socioeconômico. Esse desenvolvimento era através de

uma gestão responsável, eficaz e ética (PPA, 2008-2011).

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Os eixos norteadores do plano que promoveu as reformas no governo são descritos no

plano plurianual, como a melhoria da qualidade de vida com a implantação do sistema

integrado de defesa social, integração das políticas públicas e ações de governo, na aplicação

de medidas socioeducativas e no combate à violência, racionalização, ampliação e

descentralização de saúde para otimização dos custos, investimento em habitação e

infraestrutura, melhoria da gestão do meio ambiente e dos recursos hídricos e ampliação e

modernização do sistema prisional. Para a redução da indigência, pobreza e desigualdade

foram pensadas em atividades que promovessem métodos inovadores para redução do

analfabetismo e aumento de escolaridade, ampliação e efetividade dos serviços de atenção

primária à saúde, ampliação de benefícios governamentais e sociais, acesso à justiça e

inclusão digital.

Para o crescimento e desconcentração econômica foram as atividades de

desenvolvimento dos arranjos produtivos locais, expansão e consolidação do turismo, garantia

de desenvolvimento, valorização de material cultural, ampliação nas oportunidades de

negócio, melhoria das empresas, melhoria na agricultura familiar e pecuária e

desenvolvimento nos setores básicos do estado. No desenvolvimento do capital humano

foram produzidas expansões para a qualidade da educação, apoio na educação em nível

municipal, melhoria na educação fundamental e médio e implantação do período escolar

integral. As atividades para a valorização à cultura foram vistas a necessidade de uma melhor

relação do governo com a sociedade, procura por oportunidade e empreendedorismo.

A reforma administrativa em Alagoas se deu por atividades que visavam a melhoria de

um relacionamento do governo com a sociedade devido à falta de credibilidade e dedicação

para a melhor qualidade dos serviços públicos. As atividades promovidas para essa reforma

era a informatização dos setores públicos ajudando os serviços públicos, a organização das

finanças públicas, houve uma procura por parcerias do público e privado, a profissionalização

dos gestores com a ajuda de investimentos pela escola de governo, transparência nas ações

públicas e, inspirado pela reforma gerencial federal, a conclusão de metas orientada por

resultados.

Algumas lideranças políticas e da área administrativa foram chamadas para incentivar

essa reforma além de uma apoio e relação com o governo municipal para que os serviços e a

administração pública em si fossem mais eficazes e de qualidade. O resultado esperado era

apenas a médio e longo prazo visando resultados até o ano de 2022, mas isso já esperando um

atraso e dificuldades de efetivação e conclusão das atividades propostas. A reforma não teve

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tantos resultados esperados, mas como eles prolongaram os resultados, ainda foi possível

observar certas ações e expectativas para os índices.

Com a reeleição do governador, o plano seguinte tinha como metas a continuação e

efetivação das atividades para o desenvolvimento e resultados positivos para o estado. Uma

estruturação e elaboração melhor dos projetos já pontuados no plano anterior, junto de uma

equipe que reparasse nas dificuldades que o estado possui para melhor propor alternativas de

mudança e ações para o governo.

Foi desse ponto que surgiu outro programa para melhor promover o desenvolvimento

do estado junto da sua modernização. O programa recebeu o nome de Alagoas tem Pressa e

foi promovido como um programa facilitador que facilitasse a relação do estado com a

sociedade associado a procura por desenvolvimento e bem-estar social como foi dito na

campanha eleitoral de Teotônio Vilela Filho. Para a gestão foi claro a necessidade de uma

equipe de servidores públicos que monitorasse as atividades e as políticas públicas.

Proposta do Programa Alagoas tem Pressa: Diante desse cenário político e após as

mudanças já ocorridas no primeiro mandato do governador Teotônio Vilela Filho, no seu

plano de governo do segundo mandato foi feito o Plano Plurianual 2012-2015 que tinha seus

planos para os próximos quatro anos. O programa tinha como objetivo consolidar as

conquistas e avançar na qualidade de vida e nos direitos de cidadania junto da continuação do

programa de desenvolvimento com bem-estar social.

A partir do PPA, foi implantado o programa de governo Alagoas Tem Pressa com um

modelo de monitoramento e controle de metas para vários setores. O programa tinha um

caráter empresarial que visava o estabelecimento de metas e estratégias de médio e longo

prazo para alcançar determinados resultados e aumentar alguns indicadores que o Estado

possui como por exemplo, a pobreza. A eficácia da máquina pública era essencial para a

consolidação do programa e das suas atividades (ANJO el al., 2016).

Pelo programa, houve algumas mudanças nas secretarias, a integração de determinadas

pastas para uma secretaria só com o foco de incorporar todo um corpo técnico para produção

e avaliação dessas estratégias junto de outras secretarias. A inovação da gestão pública era

considerada crucial para a realização do programa. Havia toda uma dinâmica de reuniões com

determinados gerentes de projetos com o governador e com outras secretarias para ter o

acompanhamento das atividades e modificações necessárias.

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De acordo com Anjo e outros (2016), o resultado do programa Alagoas Tem Pressa

não foi satisfatório, mesmo sendo um programa de governo e não de estado, pois foi

apresentado como um programa que modificaria índices na área da educação, segurança,

saúde e economia, mas não teve tantos avanços significativos. A principal mudança ocorrida

foi na área da gestão pública, como foi solicitado várias equipes técnicas e uma rotina de

trabalhos baseadas em gerenciamento de empresas, houve uma modificação na estrutura e nos

mecanismos de trabalho da administração pública.

Com toda influência política que envolvia a aplicação desse programa e todos os

problemas na divulgação e publicação de resultados para a sociedade, o programa não foi

aplicado no governo posterior ao de Teotônio Vilela Filho. Houve apenas uma continuação

nas mudanças na administração para uma melhor eficácia e produtividade das atividades do

governo.

Para Anjo e outros (2016), como o programa não foi uma política de estado, mas um

programa de governo que teve diversas influências políticas e da situação econômica, não

teve um resultado positivo e esperado nas metas do programa. A maneira tardia que foi

implantado o programa de reforma administrativa não foi satisfatória e aconteceu de modo

que o uso de mecanismos de uma gestão gerencial não resultou em índices tão positivos.

Desde o início da formulação até a produção do programa, houve algumas falhas na

maioria das áreas para que o programa fosse bem-sucedido, apenas determinadas áreas foram

beneficiadas com algumas atividades do programa. Para a sociedade o programa foi

apresentado como uma reforma que modificaria em áreas como saúde, educação e segurança,

mas no final do mandato do governo de Teotônio ficou claro que só teve uma mudança

significativa na parte interna de poucas secretarias.

As metas não foram alcançadas e Alagoas continuou com os piores índices do Brasil

nas áreas básicas de um estado que procurou pelos programas de governo o desenvolvimento

econômico e social. Na área da administração pública alguns métodos e processos foram

modernizados mas ficou claro a pouca profissionalização dos servidores e das ações públicas.

O programa ajudou na reforma administrativa mas fracassou nos índices em que o estado

possui os números mais graves.

Nesse processo de programas de estruturação e modernização da administração

pública, a quantidade de pastas de governo é importante para observar como os gestores

utilizam das secretarias como instrumento de acordo político e apresentação de trabalho para a

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sociedade. Na tabela abaixo é possível observar como as secretarias foram distribuídas em

cada governo, a quantidade não determina o avanço da administração pública, mas a

distribuição das atividades e os eixos estratégicos dos servidores podem ser indicativos de

progresso.

É mantido um equilíbrio na quantidade de secretarias no governo que iniciou a

reforma gerencial, 2007 no mandato de Teotônio Vilela Filho até o governo atual. O governo

onde apresenta a maior discrepância na quantidade de secretarias é no segundo mandato de

Ronaldo Lessa mas pode ser explicado devido a sua grande coligação com partidos distintos e

o aumento de concursos públicos para aquecer a economia e facilitar a entrada de servidores

públicos, sendo necessário a criação de pastas para possibilitar a governabilidade. Nem em

todos governos houve a secretaria de gestão pública que tinha esse caráter mais específico na

produção de programas, a secretaria de planejamento foi a que mais assumiu as atividades

com essas características. A própria secretaria de planejamento foi a que permaneceu nos

governos, mas em alguns períodos houve a fusão com outros temas como desenvolvimento

econômico, gestão ou patrimônio.

Tabela 1 - Número de secretários estaduais em cada gestão no período de 1995-2014*

Governo Partido Nº de Secretários

Divaldo Suruagy PMDB 18

Ronaldo Lessa PSB 17

Ronaldo Lessa - II PSB 37

Teotônio Vilela Filho PSDB 19

Teotônio Vilela Filho - II PSDB 20

Renan Filho PMDB 22

Fonte: PPALs/AL

*O nº de secretários foi contabilizado a partir da data de publicação de cada um dos PPA de

cada governador. No decorrer do mandato são criadas, fechadas ou unidas uma pasta com

outra, portanto esse número costuma flutuar no decorrer dos mandatos.

Além de observar como os governos distribuíram as secretarias, explorar se houve

algum avanço em determinados aspectos também pode trazer relevância para a efetivação da

reforma. Alagoas continua apresentando os índices mais preocupantes do país e a necessidade

de verificar algum crescimento em determinado setor já pode trazer características que

facilitem esse avanço.

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No período de 2005 e 2006, de acordo com a conjuntura econômica do estado de

Alagoas, o Brasil apresentou um grande progresso econômico que permitiu uma série de

ações desenvolvimentistas para os estados. A economia em Alagoas vai crescendo em todos

os setores, dos que mais possui influência na economia como a agricultura até outros tipos de

agriculturas ainda pequenos conseguem ter significativos resultados, com isso a exportação e

importação de produtos apresenta um crescimento de 37,5% em relação aos anos anteriores. O

nível de emprego cresceu, tanto na indústria quanto no comércio e com essa abertura houve

um incentivo de atividades na área do turismo para que permanecesse o desenvolvimento. O

índice sobre emprego também cresceu 16,05%, impulsionando assim tantos outros índices. O

turismo continua como uma das principais pastas pois tem consequências em uma série de

outros aspectos como, por exemplo, o transporte. O tráfego aéreo e o porto de Maceió tiveram

expressivos índices devido ao turismo e a agricultura. Sobre o superávit e a receita do estado

ainda não tinham tanto crescimento devido ainda as condições do estado.

Após a reforma administrativa de 2007, Alagoas ainda tinha grande dependência com

aspectos externos, mas já havia um critério mais rigoroso as medidas que iam ser tomadas e

como elas seriam realizadas. No ano de 2010, decorrente das crises econômicas

internacionais, há uma queda de 1,91% na produção agrícola, 1,97% na exportação, receita

negativa sobre investimento e de 30% no uso do porto de Maceió. Os aumentos aparecem na

importação devido à desvalorização do dólar com 55,74% e no comércio varejista com 9%

devido as possibilidades de crédito. Com o crescente incentivos econômicos sobre o turismo,

também houve um aumento de 28,15%.

No período de 2013, a reforma já tinha sido implantada, mas alguns aspectos

permaneceram e refletiram nos índices do estado como a dependência da agricultura e do

clima para um bom crescimento, mesmo com incentivos governamentais para assegurar uma

boa economia. O comércio varejista já apresentou um tímido crescimento comparado com os

anos anteriores e uma grande queda de 11,2% no mercado de trabalho. Os incentivos sobre o

turismo garantiram a permanência de bons resultados, mas não de grande avanço causado

também pela situação de estagnação econômica em todo o país.

O Índice de Desenvolvimento Humano de Alagoas, em 10 anos, de 2000 até 2010, deu

um crescimento de 33,97%, mesmo permanecendo um dos menores índices do país

apresentou um considerável desenvolvimento, principalmente por terem sido o avanço de

fatores como educação, longevidade e renda que influenciaram o IDH. O estado passou por

mudanças relevantes desde a implantação e consideração pelas reformas administrativas, mas

Page 17: DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL, REFORMA E GESTÃO …

não expressivas o suficiente para um desenvolvimento geral do estado que continua com os

mais baixos indicadores do Brasil.

Seção 3- Novas etapas da pesquisa e conclusão

O estado de Alagoas teve diversos problemas políticos e econômicos que dificultaram

um investimento sobre a gestão pública. As poucas e ineficientes reformas resultaram em

algumas mudanças e muitas delas associadas a estratégias políticas, o que resultou em

resultados insuficientes. Os resultados ainda são muito associados aos planos de governo

produzidos pelos governadores, não existindo uma continuação ou até uma continuidade de

um projeto de desenvolvimento da gestão pública.

Alagoas tem um histórico de muito controle político na gestão e na programação da

máquina pública, o que resulta em índices de educação, saúde e segurança por exemplo muito

prejudicados pela falta de compromisso dos políticos. Como a educação não é tão valorizada,

não há uma valorização a profissionalização nas pastas e secretarias de estado.

As reformas que aconteceram no estado tiveram influência direta com a situação das

mudanças que aconteceram no governo federal e em outros estados. O atraso pelo qual as

reformas realmente aconteceram em Alagoas, apresentam certa negação aos gestores de

procurarem projetos e de pouca profissionalização nas atividades propostas. Os projetos que

foram propostos para a gestão pública tiveram pouca adesão e falhas na construção das metas

e nos responsáveis pelo monitoramento das atividades.

Ficou claro que a gestão pública e os serviços ofertados através dos servidores

precisam ter qualidade para que o estado possa se desenvolver e resultar em bons índices de

desenvolvimento. A necessidade de uma reforma que priorize a profissionalização e uma

gestão pública é imprescindível devido a pouco interesse em mudança na área burocrática, as

poucas mudanças visualizaram a grande precarização do estado e a carência de novas

atividades que estimulem o desenvolvimento institucional e a profissionalização da burocracia

estadual.

O presente artigo visa compreender como a gestão pública alagoana se

institucionalizou e como ela se processo através dos problemas de desenvolvimento do estado

que apresenta os menores índices de desenvolvimento do país. As reformas que aconteceram

apresentam não só problemas sobre a burocracia de Alagoas, mas a diversos outros problemas

que o estado apresenta.

Page 18: DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL, REFORMA E GESTÃO …

Apresentar todos os dados do estado avaliando como ele progrediu com algumas

atividades das reformas institucionais poderá compreender se foram satisfatórias as mudanças

e quais foram os erros que os gestores cometeram para concluir a reforma. Os próximos

passos desse trabalho será mapear os dados e as atividades que interferiram em alguns

processos para o desenvolvimento do estado. Mapear os resultados da reforma e como em

cada governo os programas para a gestão pública foram progredindo apresentam a situação da

burocracia estadual alagoana e como ela reflete as condições do estado.

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