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DESIGN MAGAZINE 8 – NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

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DESIGN MAGAZINE 8 – NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

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EDITORIAL

Aqui há uns anos um famoso arquitecto português fez questão de mencionar publicamente que era necessário dar espaço a que uma nova geração de profissinais pudes-se entrar nos circuitos que permitem obter reconhimento, ganhar prémios e, sobretudo, divulgar boa obra. A verdade é que nos anos seguintes, este conhecido arquitecto volta-va a inundar esses mesmos circuitos com um sem fim de projectos da sua autoria. Como bem sabemos os jurados destes concursos, na maioria dos casos, preferem apostar sempre nos mesmos “cavalos”, pois é mais seguro para se defenderem enquanto elite pensante e para as empresas também, pois assim promovem-se com esses mesmos pré-mios dando o troféu a alguém com uma relativa visibilidade.Nos dias de hoje constatamos que a vida para os arquitec-tos portugueses não está fácil, não só porque o mercado da construção estagnou em Portugal mas também pelo facto de se tornar mais difícil competir por obras no estrangei-ro. Torna-se mais difícil construir obra no estrangeiro não tanto pelas equivalências académicas e profissionais mas antes porque a concorrência lá fora também não dá tréguas aos menos visíveis. Mas ainda acrescentamos um ponto, o facto de existir há umas boas décadas um estrelato muito específico de empresas de arquitectura que são simples-mente escolhidas para fazer obra pois a grande maioria dos adjudicadores são políticos que usam a arquitectura como marketing turístico dos seus países. Percebemos assim que a disciplina tornou-se mais um desses braços obscuros em que o mundo da finança e da economia se move.Da Bienal de Arquitectura de Veneza não nos chegam gran-des novidades relativas à alteração de comportamentos ou de um novo movimento cultural que assente numa estra-tégia baseada na ética e nos fundamentos mais puros da actividade dos arquitectos. As profundas alterações geopo-líticas do século XXI trazem antigos e novos intervenientes cujo poder económico se sobrepõe a todos os outros. No meio destas mudanças repentinas, haverá sempre aqueles que continuarão ao sabor dos ventos e fazer encaixe sem olhar a valores éticos ou morais.Este é o momento certo para a ruptura, para um regresso da Arquitectura aos seus valores e fundamentos. A inteli-gência com princípios é um recurso infinito e uma chave para a mudança de comportamentos.Votos de um Feliz Natal a todos e que 2013 seja um ano inspirado!

Fotografia da capa da autoria de Rui Gonçalves Moreno.

[email protected]

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Tiago Krusse

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http://www.cosmit.it

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Opinião de Rodrigo Costa Ensaio de Francisco Vilaça Almadesign Há de Haver Entrevista a Lowie Vermeersch

Margarida Valente Pastoe Ricoxete Nomad Soso

Branca-Lisboa Plumen 001 Rodrigo Almeida MADE expo em Milão Clínica em Gondomar

Museu da Imagem em Movimento em Nova Iorque Escola de Música em Manchester Moradia DT Leituras Escutas

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SUMÁRIO

ESTA REVISTA NÃO ESTÁ REDIGIDA NOS TERMOS DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

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http://www.ifdesign.de

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www.revistadesignmagazine.com

DIRECTOR EDITORTIAGO KRUSSE PRODUÇÃO GRÁFICA E DIGITALJOEL COSTA / CÁTIA CUNHA REDACÇÃ[email protected] COLABORADORESANA LOPES (LISBOA)CARLOS PEDRO SANT’ANA (ILHABELA) FRANCISCO VILAÇA (ESTOCOLMO)HELENA ABRIL LANZUELA (VALÊNCIA)JOSÉ LUÍS DE SALDANHA (LISBOA)RODRIGO COSTA (PORTO) FOTOGRAFIAFG+SG – FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURAJOÃO MORGADO – FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURARUI GONÇALVES MORENO

PUBLICIDADEhttp://revistadesignmagazine.com/publicidade/ COMUNICAÇÃONEWSABILITY COMUNICAÇÃO ANA TEIXEIRA ALVES [email protected] ENVIO DE CORRESPONDÊNCIAJARDIM DOS MALMEQUERES, 4, 2 ESQUERDO1675-139 PONTINHA – PORTUGAL

EDITORA ELEMENTOS À SOLTA - DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS MULTIMÉDIA LDARUA ADRIANO CORREIA OLIVEIRA, 153, 1B - 3880-316 OVAR - PORTUGALNIPC: 508 654 858www.elementosasolta.pt PUBLICAÇÃO CRIADA EM 2011PUBLICAÇÃO BIMESTRALREGISTO DA ENTIDADE REGULADORA DA COMUNICAÇÃO 126124

designMAGAZINE

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http://www.projectocasa.exponor.pt

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ERRATA

Na edição Setembro/Outubro de 2012 publicámos o arti-go Villa V, uma moradia na Flandres, na Bélgica. Por uma anormal sequência de gralhas da nossa parte escreve-mos de forma incorrecta o nome da empresa de arquitec-tura, que é Beel & Achtergael Architecten, bem como o do fotógrafo, que é Filip Dujardin. Aos responsáveis pela empresa e ao fotógrafo ficam aqui os nossos sinceros pe-didos de desculpas pelo sucedido bem como aos leitores da revista DESIGN MAGAZINE.

Arquitectura: Beel & Achtergael ArchitectenFotografia: Filip Dujardim

www.achtergael.be

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http://www.elementosasolta.pt

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UM PRESENTE DE NATAL PARA SIhttp://revistadesignmagazine.com/subscreva/

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... Chove como se nunca tivesse chovido ou como se eu nunca tivesse reparado que chovera; como se nunca me tivesse importado o estado do tempo, e me interessasse, apenas, o estado da alma — as estações que a vivificam, que a regeneram e as que a devastam; que, impiedosas, germinam e amadurecem e levam a colher e a saborear os frutos, e a contemplar as folhas que amarelecem e se desprendem, caídas; os ramos desnudados, como dedos de mãos cruas que deram tudo, despojadas de anéis e de brinquedos…Não, não quero saber do meu País. Não quero lembrar-me do berço nem da origem; quero, tão-só, reter os seus lu-gares paradisíacos em que mergulho e me recrio, de onde avisto céus que me transtornam, mas governados por entes que nem descendentes do Diabo são, porque são maus de-mais, para lhe dignificarem a figura.Chama-me apátrida, chama-me o que quiseres, porque res-ponderei que não renego o solo, o espaço, o sol, as nuvens e a chuva; o calor, o frio ou as tempestades que nos asso-lem, porque são mais as vítimas da mediocridade do que dos excessos do tempo e da geografia; são mais as dores da irreflexão do que as da consequência de um deus que nos haja amaldiçoado; porque os deuses são criaturas ocu-padas em refazer-se da sua própria incredulidade.Sim, eu sei que tresmalho, quando tudo aconselha a que sejamos unos; quando tudo sugere a convergência de pas-sos e de ideais — os ideais, primeiro; os passos, depois, na sequência, lógica, de pensamento e acção. Porém, eu ouço, apenas, passos; e vejo trotes, galopes desespera-dos de gente (ir)responsável que não medita; meninos sem berço nem idade; “velhos”, saídos das juventudes partidá-rias, sem governo de si e pretendendo governar o mundo, tratando-se, tão-só, do País que têm depauperado. Parou de chover, como se sempre tivesse chovido ou como se eu nunca tivesse reparado que o chão está seco, enxuto; descarnado. Os ossos, como pedras, desenham-lhe a figura e são alegoria; são o letreiro da mercearia falida, da falta de pão, de senso e de azeite; de tudo o que é alimento e que lubrifica. Exaurida, a nação desfalece, emperra. Desidrata-

da, a sede morre à míngua no meio de tanta água…Não quero cegar a evidência. Não quero roubar, ao meu tempo, o tempo de que me arrependeria, por não haver projectos nem saída, e tudo estar nas mãos do acaso e do interesse ignorante e perverso; da azáfama pela sobrevi-vência, sendo, cada vez menos, os que procuram viver; os que, sentindo, investem na aproximação do corpo e da alma; os que se procuram na busca e na assunção da iden-tidade, porque cada um de nós é, deve ser, bandeira sem medo nem subterfúgios. Difícil, achas que sou difícil. Talvez! E propões-me, a seguir, que redija uma tese que preencha, obrigatoriamente, entre 40 e 50 páginas. Não 30 nem 52, mas entre 40 e 50 pági-nas, mesmo sem saberes sobre o que vou escrever. Dás-me à escolha; e sugeres-me, impões-me, que eu leia e repro-duza o que pensaram e escreveram grandíloquas figuras acerca do assunto; gente que as sociedades consagraram e a quem outorgaram a exclusividade do pensamento… Não te parece ridículo?... Por que me obrigas a ser perifrástico, se te posso respon-der em síntese? Por que me obrigas a prescindir da minha análise e, baralhado, ante as perguntas, achas que devo pensar pela minha cabeça?... Em que ficamos?!...Despe-te, porque é nu que te espero; despido de manuais, de discursos impingidos, sem os quais pouco ou nada di-rias… Não me olhes de lado nem me acuses, que eu sem-pre tenho estado de mãos abertas; mas as mãos com que desenho e abro o meu caminho; sem ponto e sem rede, e sem prescindir de procurar o entendimento.Olha à tua volta, vê! São mais os que votam do que os que, real e decididamente… decidem. Observa o caos, a ruína, e diz-me se há ponta por onde se lhe pegue. Não há, asseguro-te, porque, de há muito, alguém transformou os números em essência; as almas passaram a ser material com defeito, espírito e estorvo capaz de demorar o fracas-so, de retardar o naufrágio.“Não, não vou por aí!” — lembro-me do José Régio — “Pre-firo escorregar nos becos lamacentos, redemoinhar aos ventos; como trapos arrastar os pés sangrentos, a ir por

ESTOU NOUTRA!

OPINIÃORodrigo Costa

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aí!…” … E lembro-me das “florestas virgens” e das “areias inexploradas”; e pergunto-me o que é que a areia tem a ver com sexo; e lembro-me, a seguir, da engrenagem, e as coisas começam a fazer sentido! E há, agora, uma outra janela; abóbada de catedral silves-tre onde orações ecoam, de boca-em-boca, boca-a-boca; os lábios como portas de segredos sagrados em sacrário, como arautos de palavras ditas e de muitas outras que es-tão por dizer e que são a bandeira de um mundo novo, de um outro país; de um país que quero, de facto, meu — es-tou noutra! www.rodrigo-costa.net

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ENSAIOFrancisco Vilaça

LINHA DE MONTAGEM

Lá em baixo, onde impera a anarquia organizada, reina Capitão que grita em silêncio. A sesta dormiu-o e quando acordou, misteriosamente tinha o barco zarpado a bar-lavento. Genuíno. É eterno o vinho que lhe corre nas veias, desliga-o de texturas diferentes das suas, dum mundo que vê pessoas, mas não as olha, e ao invés, cobarde, declama uma ladainha demagógica.Ao alto, as Pombas pavoneiam-se. São Exército Napoleóni-co no fio da navalha, altivas, ostentam com orgulho as suas fardas lustrosas. São Odes à pacata ignorância dum mundo sossegado, que mantém distante a toxicidade deste milé-nio e a vida tranquila, banhada pelo Sol e temperada pelas cores vivas do Mediterrâneo. Outrora, o Poderoso, embalado pelo assombro produzido por dois mundos tão próximos na sua existência, todavia tão distantes na sua essência, viu “deserto”. Certo de suas certezas, não conseguiu compreender a beleza involuntária, uma beleza demasiado diferente da austeridade daquela que resulta do projecto humano, aquela que consegue en-tender e tão bem subjuga.Lá bem em baixo, reinam as ladrilhas altruístas, afagam os pés oferecendo uma energia, que de tão profunda que é, diz o sábio, só poder ser oriunda do núcleo da Terra. O pólen das amendoeiras espalha feitiço que apodera e em todos os cantos e recantos, a vida faz as cores dançar vi-brantes ao som da maresia.

Ao Gonçalo Silva Lopes que tão bem me orienta, com muita paciência e sabedoria. Ao meu Portugal que é tão especial e tanto adoro.

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“O sonho é uma parte de ti como a carne ou a memória.” William Faulkner

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REPORTAGEM

Life, 2011

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A Almadesign é uma empresa portuguesa, criada em 1997, que, em linhas gerais, desenvolve projectos de design e consultadoria. É das poucas empresas portuguesas dedica-das quase exclusivamente ao que pode ser entendido como design industrial, feito em grande escala com uma com-plicada componente tecnológica. No entanto, oferece um pouco mais do que isso. No entender do seu fundador, Rui Macelino, um projecto passa por várias fases – pesquisa, conceito, desenvolvimento, prototipagem, produção e pro-moção – que têm de ser tidas em consideração como geri-das. São valores defendidos em campo pois a Almadesign faz um acompanhamento e gestão total dos seus projectos, desde o conceito até à comercialização.A empresa teve um percurso modesto mas notável. Rui Mar-celino, o co-fundador e actualmente sócio único da empre-sa, foi sempre um apaixonado pelo design automóvel. Aos 14 anos enviou uma carta à Pininfarina para saber como poderia seguir esta paixão, ao que lhe sugeriram um curso de engenharia mecânica seguido de uma pós-graduação em design. Foi o que fez. Depois de concluir os seus estu-dos, o seu percurso no design automóvel começa quando vai trabalhar para a Alfa Romeu em Itália, em 1995. Retor-na a Portugal pouco tempo depois, para participar num pro-jecto do Alfa Pendular, que acabou por não se desenvolver como era esperado. Em 1996 alcança o seu primeiro con-tracto com a Salvador Caetano, e no ano seguinte funda, com 3 ex-sócios, a Almadesign. No início, os projectos eram essencialmente na área dos transportes mas a partir do ano 2000 o espólio da empresa passou a incluir design de pro-duto, mobiliário, ambientes, comunicação e espectáculos. Foi também nesta altura que perceberam que um produto é muito mais que o seu resultado final. Começaram a pres-tar mais atenção ao processo completo do design, onde todos os passos têm importância e devem ser pensados ao pormenor. Ao providenciar serviços que normalmente só se alcançariam trabalhando com diversas empresas especiali-zadas, foi possível desenvolver técnicas especializadas de

prototipagem, de conformação de materiais e de produção. Este envolvimento em áreas diferentes levou a projectos ri-gorosos e de qualidade, ocasionalmente reconhecidos com prémios de excelência em design.O primeiro projecto pelo qual Rui Marcelino mais orgulho tem é o primeiro, o autocarro Enigma, feito em 1996 para a Salvador Caetano. Foi a sua rampa de lançamento para o design industrial português. Este projecto, nascido para comemorar os 50 anos da Salvador Caetano, foi feito em modelação 3D – inovador numa época em que se recorria somente ao 2D e à prototipagem – e acabou por vencer o Prémio Nacional de Design de 1999 pelo Centro Português de Design. Entre outros, distinguem-se também o autocar-ro Levante, de 2005 – uma versão inglesa do autocarro Winner de 2002 que utilizado pela Seleção Nacional do Euro 2004 –, inovador pela capacidade de acomodar deficientes físicos sem que o aspecto exterior do veículo fosse afecta-do; o mini-autocarro Optimo Seven, de 2006, distinguido com o Good Design Award em 2009, e o veículo Move Cy-bercar premiado com o Green Good Design em 2010. Com o Levante surge o conceito de Design Inclusivo, em que todo o projecto é pensado de raiz e não adaptado apenas depois às necessidades que pudessem surgir a posteriori.Embora o design automóvel represente a maioria dos pro-jectos da Almadesign, 15 anos de trabalho trouxeram tam-bém distinções noutras áreas. Entre os variados projectos desenvolvidos contam-se os de mobiliário e produto, como o Tribu, de 2003, uma linha que usou técnicas de confor-mação de madeira inovadoras ou o iSeat, um co-projecto de investigação de 2011 para o desenvolvimento de bancos para o sector ferroviário, e projectos de design de ambien-tes, como a Worten Mobile, de 2007.No entanto, e recente, é o projecto LIFE – Lighter, Integra-ted, Friendly, Eco-eficient Aircraft Cabin – que mais notorie-dade tem dado à empresa, executado em simultâneo com os projectos iSeat e o iBus. O LIFE é vencedor do prestigia-do prémio Cristal Cabin Award de 2012, um design de in-

Fomos ao encontro de Rui Marcelino, um dos fundadores da Almadesign, e descobrimos uma pequena empresa com um sólido percurso produtivo.

Por Ana LopesFotografia: Cortesia da Almadesign

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terior aeronáutico, feito em parceria com a Amorim Cork Composites, Couro azul, INEGI, SET e Embraer, que visa ser uma meta conceptual do interior das aeronaves do futuro. A multidisciplinaridade do projecto resultou numa simbiose entre a natureza e a tecnologia, em que toda a estrutura transmite uma unidade visual, orgânica e flui-da. Utilizam-se materiais naturais e leves, como a cortiça, ao mesmo tempo a que se recorre à tecnologia no uso de leds, fibras ópticas e sensores de movimento por modo a alcançar uma solução técnica industrial e funcional de um interior mais eco-eficiente, mais leve e mais confortável.A caminhar para duas décadas de experiência e um vasto conhecimento nas áreas do design, engenharia e gestão, a Almadesign tem provado a sua qualidade projectual e o seu pragmatismo inovador, ao responder às necessidades de processos cada vez mais exigentes. Como Rui Marce-lino menciona, a Almadesign é uma empresa multiface-tada que, através do trabalho em equipa, se enquadra entre o que a tecnologia permite fazer e o que o mercado espera ter. www.almadesign.pt

Enigma, 1996-98, para a Salvador Caetano

Optimo Seven, 2006-07, para a Toyota Caetano

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Move Cybercar, 2009

iSeat, 2011

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Há de HaverFotografia: Cortesia da Há de Haver

A marca Há de Haver foi lançada em 2011 pelos arquitec-tos Sandra Paulo e Bruno Barbosa. Focada nos trabalhos de arquitectura e design, a marca tem desenvolvido de forma mais visível uma produção de carteiras feitas a partir da reutilização de tampas de plástico. Estruturadas com tampas, malha e forro, as carteiras tem viajado o mundo sendo já exportadas para Espanha, Suíça, Alema-nha, França e Itália.Este ano Sandra Paulo e Bruno Barbosa foram surpreen-didos pela selecção e prémio atribuído pela Bienal Ibero--Americana de Design, a BID’12, que se vai realizar entre os dias 26 e 30 de Novembro em Madrid, Espanha.No que ao conceito das carteiras diz respeito, os dois pro-dutores salientam o seu interesse na exploração do seu carácter industrial, a sua modularidade e a ideia interes-sante de reutilizar as tampas dando-lhes uma nova fun-cionalidade, estrutural e estética também. Cada carteira assume uma forma única e ao nível da qualidade estética surpreendem-nos pela conjugação dos materiais, cores e precisão na produção. Assumem o seu papel de utensílio mas aliam também uma componente artística. Está ex-plícito no conceito destas carteiras a vertente ambiental, pela reutilização inteligente e divertida de recursos mate-riais que são vistos como desperdício. TK

www.hadehaver.pt.vu

“Infanta Dona Constança Sanches”

“Infanta Dona Antónia”

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“Infanta Dona Catarina Micaela”

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ENTREVISTALowie Vermeersch

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Quando é que recebeu o convite para curador da In-terieur 2012?O convite surgiu no Verão do ano passado, o que signifi-ca que tivemos cerca de 18 meses para preparar a bienal. Pode parecer muito tempo mas sabíamos de antemão que todo ele iria ser necessário, pois estávamos conscientes das ínumeras mudanças que iram ser trazidas a palco. Este pe-ríodo permitiu-nos sobretudo ter aquela margem de mano-bra essencial para concretizar todos os objectivos que tra-çámos. Este tempo foi fundamental para os Project Rooms, pois como designer sei o quão importante é termos o tem-po e o espaço para que as ideias resultem. Como curador tive sempre em mente a necessidade de tempo que os de-signers, arquitectos e artistas precisaram para desenvolver os seus conceitos.

Qual foi o enfoque principal da sua missão?Eu penso que a minha missão foi a de criar um todo com muitas camadas. Sei que as realidades acabam por se in-terligar mas um dos meus objectivos foi o de criar para a bienal uma contextualização clara. Daí ter trabalho na definição de todas essas camadas que incluem temas, ce-nografia, extensão à cidade, os project rooms difundidos no todo da bienal e todo o grafismo envolvido. Todos estes aspectos interligados e funcionando como um todo. Penso que foi esta a minha tarefa principal como curador.

A sua abordagem foi efectuada na perspectiva de um designer, um curador ou colocou-se num ponto exterior a essas suas competências?Não posso negar o facto que sou um designer. Toda a ceno-grafia envolvendo a bienal são designs nítidos, desde a ce-nografia aos desenhos das zonas de restauração. Foi todo um processo muito visual que definiu as decisões que tomei e tive sempre a preocupação de dar espaço a cada um dos sete convidados para os project rooms.

E como é que foi trabalhar os project rooms com

uma equipa tão distinta quanto esta?Foi uma experiência fantástica trabalhar com todos eles, Nendo, Ross Lovegrove, Greg Lynn, Makkin& Bey, Troika, David Bowen e Muller Van Severen.Trabalhando eu como designer no meu estúdio em Turim, no qual me dedico ao design automóvel, poderia parecer que os meus convites tivessem alguma relação com a mi-nha vida profissional. Não foi o caso e quanto aos convi-dados não os conhecia pessoalmente. Estive sobre muita pressão pois os temas propostos por cada um abriram um conjunto distinto de tópicos e criaram o ambiente propí-cio para as discussões públicas. Mesmo perante o facto de cada proposta ter a sua própria perspectiva penso que foi possível estabelecer ligações entre elas bem como associá--las a um todo que foi o programa da bienal.

Esta 23.ª edição revelou não só um claro conjunto de intenções como lançou uma nova estratégia para a Interieur. O que se pode esperar nas futuras pro-gramações?No longo historial da Interieur foram feitas consecutivas análises sobre o que correu bem e o que resultou menos bem. Esta bienal abriu um novo ciclo, baseou-se nos fun-damentos e nas orientações primordiais de um evento com mais de 64 anos e juntou-lhe um formato diferente, mais aberto e inclusivo para todos os seus participantes.

Foi uma intenção sua aproximar os diferentes públi-cos do design?O evento capta a atenção de um público vasto e distinto. A intenção clara é usar esta plataforma e ligar todas essas pessoas a projectos, visões e ideias. Através da distribuição dos project rooms pelos pavilhões tornou-se quase impos-sível para o público não participar dessa difusão de temas.

Pensa que existe na Bélgica uma cultura do design muito residual?Não. Penso que a Bélgica tem uma boa cultura do design.

O curador da bienal Interieur 2012, em Kortrijk, na Bélgica, falou-nos do seu trabalho para a 23ª edição, que deu o mote para o início de um novo ciclo no historial de um evento com mais de 64 anos de vida.

Por Tiago KrusseFotografia: Cortesia da Interieur 2012

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O que me parece existir é uma atitude pouco concertada do país na forma como ele se expõe além fronteiras. O país vive uma situação política muito complexa ou seja existem quatro entidades que representam um pequeno território. A percepção que tenho sobre o que os designers belgas estão a fazer é de um trabalho muito prático e bem feito.

Com a China a revelar intenções futuras de reconhe-cer a propriedade intelectual e a vontade conceber os seus próprios produtos, será que o design feito na Europa poderá estar em risco?Não penso que o design feito na Europa esteja em risco. Eu trabalho com a China e nestes últimos 10 anos tenho viajado para lá com bastante regularidade. A minha expei-rência diz-me que é um país que rapidamente apreende de que forma se constroem fábricas, que percebe como se es-quematizam os processos de produção e que tem uma boa noção do que é qualidade. É um país que está a começar do zero no campo do design industrial dos nossos dias. O que a Europa tem de forte é não só toda uma cultura e tradição nos mais diversos campos criativos, é todo um intrinsecado conjunto de valores que dão consistência à sua capacidade de inovar nos mais diversos campos.

Há quanto anos a Interieur distingue o seu designer do ano?Se não estou em erro, penso que a distinção tem dez anos.

Em que moldes se baseia o processo de selecção e distinção?É um processo em que a Interieur está associada a outros parceiros. Tem uma mecânica simples, começa por uma selecção, existe um jurado e termina numa decisão.

Que motivos estiveram na base da eleição de Alain Gilles?

É um designer com um bom conjunto de trabalho, que co-meça a revelar a sua identidade e consegue conciliar fun-cionalidade com estética. Neste ponto de vista eu penso que o Alain Gilles representa também a abordagem belga, bem feita e ao mesmo tempo com a capacidade de nos intrigar.

Como é que define um mau evento de design?Para mim um mau evento de design é aquele que não pos-sui uma escala humana. É um evento em que perdes a perspectiva das coisas e no qual sentes que elas não foram concebidas para ti.

“Para mim um mau evento de design é aquele que não possui uma escala humana.”

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Alguns dos esboços produzidos por Lowie Vermeersch tendo em conta a delineação do programa da Interieur 2012.

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Margarida Valente

Nascida em Lisboa, em 1962, Margarida Valente desenvol-ve há mais de duas décadas actividades ligadas à Galeria Monumental. Da sua formação destaca-se o curso sobre mobiliário e restauro ministrado pela Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva. A sua duradoura envolvência com a galeria levou-a a procurar por mais conhecimento e neste momento frequenta, em recta final, um curso de gestão cultural na Universidade Lusófona.No seu currículo de trabalho destaca o início de actividade em 2003, um conjunto de objectos produzidos nos campos da moda e da joalharia. Nessa altura participou numa série de exposições colectivas, das quais destaca a Galeria Rever-so e a Lous Martin, em Delft, na Holanda. No ano passado é convidada pela Moda Lisboa para designar a iluminação da área VIP daquele evento de moda e surge também um trabalho solicitado por Filipa Lacerda, arquitecta de interio-res, para o projecto de iluminação designado Treehouse de Santos. Este ano, uma das suas peças, um assessório de moda, foi seleccionada para o concurso Projectos Originais Portugueses, os POP’S, organizado pela Fundação de Ser-ralves, bem como é selecionada para o programa Talentos 2012, em Guimarães.Divulgamos aqui dois produtos deste ano, uma linha de cadeiras que se confrontam em termos conceptuais e que utilizam o mesmo tipo de materiais. Saliente-se que em 2008 já tinha sido produzida a “First Chair”, o início de uma aventura no campo do design e que teve agora a sua conti-nuidade. A forma, os materiais e o desígnio destas cadeiras exprimem um pouco da abordagem de Margarida Valente no campo do design de mobiliário. Uma nota final para referir que a designer portuguesa foi seleccionada para a Talents da Ambiente 2013, uma feira da Messe Frankfurt com datas marcadas para os dias de 15 a 19 de Fevereiro. TK

www.margaridavalente.com

“Wow Chair”

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“Nop Chair”

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Pastoe, um século de história

A marca holandesa vai atingir 100 de existência e para celebrar estes seu historial apresentará uma exposição no Kunsthal de Roterdão, de 23 de Fevereiro a 2 de Junho de 2013, onde deixará um testemunho da sua produção e evolução como empresa. Reunimos aqui alguns dos seus mais recentes produtos.

“Leather Lounge Chair”, design de Maarten Van Sveren

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Fotografia: Cortesia da Pastoe

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“Totem”, design de Vincent Van Duysen

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“Matrix System”, design de Shigeru Uchida

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Page 33: DESIGN MAGAZINE 8 – NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012

“SM05”, design de Cees Braakman

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“Low Chair”, design de Maarten Van Sveren e Fabien Schwaerzler

“Vision”, design de Pierre Mazairac e Karel Boonzaaijer

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“A’dammer”, design de Aldo Van Den Nieuwelaar

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José Miguel Amorim

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O mentor da Ricoxete deixa-nos um bom exemplo sobre a essência do design, quer pelos seus aspectos culturais e sociais. A almofada térmica e o boneco Oliveira são reflexos de inteligência e de sensibilidade perante o Mundo.

Texto: Tiago Krusse

Fotografia: Cortesia da Ricoxete

Mais do que justificado este nosso destaque à Ricoxete que, pela mão de José Miguel Amorim, deu origem a dois bons produtos de design. A ideia surge em 2006 e, com espírito criativo e de perseverança de um designer gráfico, o con-ceito passa a produto quatro anos depois. Uma almofada térmica estruturada por um tecido específico e “forrada” a coroços de cereja. O que começou por uma intenção de substituir o tradicional saco de água quente, muito utilizado por pessoas menos novas, acabou por su-perar em inovação e funcionalidade esse costume antigo. A

inovação da almofada consiste no ganho de utilidade e de segurança que ele garante, pois demora menos tempo para ser aquecida – em micro-ondas – e evita as queimaduras que os tradicionais sacos de água quente causam aquando do seu enchimento. Mais do que uma almofada de aque-cimento, José Miguel Amorim descobriu também as suas propriedades terapêuticas, com efeitos de abrandamento de dores abdominias, lombares, cervicais, musculares e ou-tras manifestações de dor física localizada.Seguido ao registo de patente, o designer gráfico comprou

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uma grande quantidade de tecido e caroços de cereja e deparou-se com a necessidade de mão-de-obra. Face aos volumes adquiridos e a falta de verba para o processo de produção, surgiu-lhe a ideia de associar um envolvimento social. Foi por esse intermédio, depois de contactar os res-ponsáveis por estabelecimentos prisionais no nosso País, que conseguiu obter mão-de-obra para a produção das al-mofadas. São reclusas do estabelecimento prisional de Ti-res que aderem ao projecto, tornando-se responsáveis pela costura das almofadas e pela exigente tarefa no processo de limpeza dos caroços de cereja. Com as verbas obtidas na venda dos produtos pagou o trabalho das reclusas e, para além disso, restitui-lhes alguma da confiança para se sentirem de novo úteis à sociedade e vislumbrarem novas oportunidades para as suas vidas futuras.O esforço e a dedicação empregues ao projecto por José Miguel Amorim são uma vez mais recompensados aquando da atribuição, em 2010, de um prémio atribuído pelo IF In-novation Festival, uma iniciativa europeia que envolveu seis regiões: Barcelona, Milão, Kortrijk, Vilnius, Tallinn e Lisboa. O designer refere a importância da coordenação, progra-mação e participação do Centro Português de Design nesta iniciativa promovida pela Europa.

Como a almofada térmica teve origem numa brincadeira de crianças, entre os filhos de José Miguel Amorim, foi com alguma lógica que o designer deu seguimento ao “Oliveira”, o boneco térmico. O mesmo conceito da almofada, agora “forrado” com caroços de azeitona e com uma componente terapêutica e lúdica distinta, pois é direccionado aos mais pequenos.

www.ricoxete.com

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Nomad

Design: Alain GillesFotografia: Cortesia da O’Sun

A marca O’Sun registou a sua actividade no início de 2011, num processo que resultou da associação de vários pro-fissionais que decidiram entregar as suas qualidades a um projecto com o objectivo de produzir uma gama de siste-mas e assessórios de energia solar portátil com uma adap-tabilidade universal. O desígnio é o de providenciar produ-tos de qualidade, combinando solidez e simplicidade, para todas aquelas pessoas que ainda não beneficiam da exis-tência de redes eléctricas públicas, sobretudo nos países menos desenvolvidos. Basta pegarmos no facto de que 1/5 da população mundial vive sem rede eléctrica e de perce-bermos que essa imensidão silenciosa de gente, quando a Terra gira e a noite se instala, os únicos pontos de luz que consegue criar é feito à base de velas, candeeiros a óleo e na maioria dos casos o querosene. As condições de luz pro-videnciadas são de facto medíocres e a exposição as estas formas de iluminação são perigosas em todos os aspectos, do ponto de vista da segurança mas sobretudo o da saúde.

O Nomad é o primeiro produto da O’Sun, o design é de Alian Gilles e a engenharia associada é suíça. Este candeei-ro portátil tem um volume generoso e foi concebido em ma-teriais pouco poluentes, desde a estrutura em ABS, passan-do pelas baterias e diodos emissores de luz (led) chegando por fim ao próprio embalamento, feito de material reciclado e mínimo uso de tinta. A solidez da peça é garantida por um anel de absorção de choque, que confere também es-tabilidade quando poisado numa qualquer superfície. Tem uma pega que permite pendurá-lo numa parede ou noutro suporte. Dispõe de apenas um botão luminoso para escolha de intensidade luminosa, 100, 50 ou 15%. Os 12 led de alto fluxo têm uma performance conjunta equivalente a uma lâmpada incandescente de 40 watts. A iluminação provi-denciada tem um raio de 16 m2 e uma autonomia de 6 ho-ras em modo 100%, 12 horas a 50% e 35 horas a 15%. TK

www.o-sun.net

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Soso

Design: Jean NouvelFotografia: Cortesia da Emeco

A Emeco, emblemática empresa norte-americana especia-lizada na manufactura de cadeiras, apresentou em estreia Mundial na bienal Interieur 2012, em Kortrijk, na Bélgica, a nova colecção Soso cujo design é da autoria de Jean Nouvel. O criativo francês disse em Setembro, em Paris, aquando da antevisão deste lançamento, que apenas tinha mantido o mesmo DNA envolvendo-o numa nova leveza e conforto de cadeira. Para os responsáveis da empresa esta nova associação vem mais uma vez reforçar o espírito e a fi-losofia de sustentabilidade da Emeco. Nos seus 64 anos de actividade, a Emeco faz sobressair os princípios: fazer bons produtos que durem no tempo, aproveitar materiais recicla-dos na produção e causar o menor desperdício possível. Foi assim com a sua primeira peça, a 1006 Navy Chair, produzi-da nos anos 40 para a marinha de guerra norte-amaricana. Esse modelo foi produzido com 80% de alumínio reciclado, soldado à mão e desenhado para um ciclo de vida longo. Os trabalhadores da fábrica Emeco, em Hanover, na Pensil-vânia, tiveram logo reconhecimento pelo seu trabalho e a cadeira tornar-se-ia um ícone do design norte-americano.

A colecção Soso, cadeira e banco, apresentam a mesma consistência conceptual. Para Jean Nouvel parece-nos que o maior desafio foi desenhar os modelos tendo em conta a durabilidade do produto e acima de tudo uma estética neutra, discreta. A Emeco preza muito o facto de nunca ter seguido modas ou tendências. A importância da produção reside de facto no trabalho manual dos seus operários e na capacidade de produzir objectos úteis, duráveis e confortá-veis. E tudo isso se alia ao forte contributo para uma sus-tentabilidade do ambiente, no uso do alumínio reciclado.Ao vermos e tocarmos na nova colecção Soso, percebe-se o gosto pelo perfeccionismo produtivo. É uma produção que revela um muito elevado nível de acabamentos, visível nos detalhes estruturais mais importantes dos modelos e que nos dá a aparência de uma peça feita num só corte. A exce-lência do acabamento do alumínio anodizado dá-lhes um ar muito peculiar, o processo confere-lhes maior durabilidade e uma resistência semelhante à dureza do diamante. TK

www.emeco.net

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REPORTAGEMMarco Sousa Santos

O designer português apresentou em Frankfurt, em Agosto deste ano, a sua nova colecção de mobiliário e iluminação. A gama Branca-Lisboa é composta por 22 peças e foi inspirada pela cidade das sete colinas.

Texto: Ana Lopes

Fotografia: Cortesia de Marco Sousa Santos

A cidade de Lisboa tem sido uma fonte de inspiração ines-gotável para os artistas portugueses. Da pintura ao cinema, passando pela literatura, são várias as obras que se apoiam nos seus atributos. Esta inspiração chega também agora ao design.Branca-Lisboa é a nova coleção de mobiliário e iluminação de Marco Sousa Santos, apresentada pela primeira vez ao público na feira Tendence, em Frankfurt, em Agosto deste ano. A colecção, composta no total por 22 peças diferentes, foi, segundo Marco Sousa Santos, inspirada na luz e no brilho de Lisboa, uma evocação das tantas memórias que o designer guardou de todos os anos que viveu e trabalhou na cidade. O resultado é uma colecção marcada por cores brilhantes e vibrantes, mas também pela luminosidade e uso de materiais e texturas diferentes.Para o designer, esta colecção é o culminar de diferentes experimentações. Há um jogo entre cores, texturas e ma-teriais diferentes, que se entrelaçam numa harmonia vivaz e esteticamente apelativa. As peças foram estruturalmen-te pensadas com cuidado; além da sua qualidade estética, denota-se um estudo em relação à resistência e ergono-mia, complementadas ainda pela combinação de diferentes materiais, como a madeira, a borracha, a espuma de alta densidade, o tecido da Kvadrat ou o aço inoxidável. Estes materiais, abordados de forma experimental, resultaram em peças marcadas sobretudo por linhas racionais e ge-

ométricas, com uma imagem simples, mas forte, que em algumas peças quase faz lembrar a abordagem do movi-mento De Stijl.Esteticamente, é certo, Marco Sousa Santos não se focou apenas na essência dos apelos visuais, em termos de pro-dução o designer teve como propósito cunhar um valor tradicional e cultural nas suas peças. A inovação centra-se sobretudo na produção, onde as peças são criadas por ar-tesãos e pequenas industrias locais, a que se juntou a tec-nologia digital. Desta forma o resultado é algo que, embora não seja novo, continua a ser invulgar. Estamos perante uma estética contemporânea produzida através de técnicas artesanais tradicionais. Para o designer, este é o novo para-digma produtivo, juntar o artesanal com o digital, indo para lá do valor monetário que as peças devem ter e vincando a importância do seu valor cultural, da sua identidade.A colecção Branca-Lisboa continua a fazer a sua divulga-ção em plataformas digitais, tendo ainda participado este ano em diversas feiras e semanas de design, tal como o Oporto Show, a feira do Mobiliário de Estocolmo e a Maison & Objet, em Paris. A colecção tem recolhido boas críticas, sobretudo pelas suas qualidades estéticas e estruturais, e por certo continuará a fazer notícia no circuito do design de mobiliário, nacional e estrangeiro.

www.branca-lisboa.com

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“W.01”

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“W.05”

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Aparador “LaçoK”, conjunto de jarros “Sete” e cadeira “WM.04”

Aparador “LaçoY”, conjunto de jarros “Sete” e cadeira “WR.07”

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Plumen 001

Design: Samuel WilkinsonFotografia: Cortesia da Hulger

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A Hulger é uma marca de boutique que vende produtos de electrónica com um pendor para expressão estética. A mar-ca estabeleceu o negócio em Londres, no Reino Unido, em 2005, e desde logo deu nas vistas pelos produtos arrojados que expunha nas suas montras. De uma série de produtos destacaram-se auscultadores de telefones para telemóveis pouco usuais, computadores e outros tipos de comunica-ções móveis. Em Setembro de 2010 a Hulger lança a Plumen 001, uma curiosa lâmpada que ao invés de esconder dentro da am-pola de vidro os tradicionais filamentos de tungsténio, deixa que os sinuosos tubos de vidro fiquem bem expostos à vista de todos. O design da Plumen 001 é da autoria de Samuel Wilkinson, que para além de desenhar os tubos de vidro de uma forma orgânica e apelativa, teve, com a assistên-cia técnica de Nicolas Roope e Michael-George Hemus, em consideração uma lâmpada cuja performance fosse bem mais eficiente e duradoura do que a velhinha lâmpada in-candescente. A Plumen consome 80% menos de energia e tem uma durabilidade de oito anos. É vendida como um objecto de design e não como um utensílio de necessidade. Esta filosofia reside no interesse da marca em destacar um produto que é feito com materiais de grande qualidade e através de um processo de produção mais elaborado.Um ano depois do seu lançamento, Samuel Wilkinson e toda a equipa da Hulger receberam uma alta distinção, com um Black Pencil, nos prémios de design D&AD. TK

www.plumen.com

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Rodrigo Almeida

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EM FOCO

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Ultrapassou a idade de Cristo, é autodidacta e o seu trabalho tem vindo a merecer o devido reconhecimento dentro e fora do Brasil. Os seus produtos são um reflexo das suas raízes culturais mais profundas combinadas com uma arte de revelar as estruturas. Há também uma proximidade às reflexões e posturas do célebre Studio Alchimia.

Texto: Tiago KrusseFotografia: Imagens gentilmente cedidas por Rodrigo Almeida

Numa ocasião aquando de uma recente edição do Salão Internacional do Móvel de Milão, tive a oportunidade de conversar uns breves minutos com o designer brasileiro Sérgio Rodrigues. Estávamos no expositor da empresa ale-mã ClassiCon, que nesse ano estava a promover a linha Mole. Despois de me sentar naquela confortável cadeira, de aparência elegante e ao mesmo tempo fora de qualquer tendência ou directório estético, foi com naturalidade que perguntei a Sérgio Rodrigues como é que ele tinha che-gado a uma proporção tão boa. Com um sorriso aberto, o conhecido designer disse-me apenas que era carioca e que aquela cadeira era um reflexo de uma certa qualidade de vida do Rio de Janeiro.Nos produtos de Rodrigo Almeida, de uma geração bem mais nova do que a de Sérgio Rodrigues, percebemos essa continuidade na transmissão das raízes culturais do Bra-sil como também um gosto especial em dominar todos os processos de produção. E não é uma transmissão panfle-tária ou propagandista da riquíssima herança cultural em que o Brasil é composto. Na arte de Rodrigo Almeida os impulsos surgem com naturalidade e de uma miscelânea antropológica, com todos os seus aspectos sociais e cultu-rais, surgem peças com uma forte identidade, que carrega todo esse manancial infinito do passado no presente. O designer não foge à idiossincrasia, explora-a de uma for-ma exuberante e confere-lhe uma consistência única. Sem subterfúgios, parece-nos existir uma vertente política no seu trabalho no mesmo modo em que o Studio Alchimia, nos anos 70, decidiu por a ridículo as imposições concep-tuais e estéticas do Good Design. No caso de Rodrigo Al-

meida observamos naturais afinidades com os “radicais” italianos do design, se bem que num contexto diferente do nosso espírito de época. Há nos produtos de Rodrigo Almeida uma força estética de facto única e uma recupe-ração dos bons valores da manufactura e, sobretudo, do carácter individual de cada criação.A cidade de São Paulo exerce uma forte influência nos seus diversos criativos, pois é uma região com uma grande for-ça industrial e uma sociedade bastante dinâmica. Se nas cadeiras de Sérgio Rodrigues vemos essa procura de con-forto associada a um estilo de vida mais relaxado, com um conceito mais formal e descontraído de ver a vida, nas de Rodrigo Almeida percebemos uma abordagem mais infor-mal de conjugar os elementos, não só o estruturais mas essencialmente a força visual, gráfica, do aglomerado em que consiste a cultura brasileira. Temos para nós que Ro-drigo Almeida consegue criar as suas peças de uma forma tão espontânea e rica que não precisa de se preocupar em fugir aos estereótipos de uma certa contemporaneidade.É bom percebermos que a nova geração de designers bra-sileiros está longe de se deixar cair na tentação de enve-redar por uma uniformização de conceitos ou de se render facilmente a uma produção unicamente vocacionada para se distribuir e vender em massa. Não será toda a nova geração a ter estes preocupações e reflexões sobre o pa-pel do designer, mas do Brasil tem-nos sempre chegado grandes exemplos de personalidade e de integridade neste campo.

www.rodrigo-almeida.com

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Nesta página, em cima “La Banquete” e à esquerda o sofá “Atlantic Forest”. Na página à direita os bancos “Trama”.

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REPORTAGEMMade Expo Em Milão

Marcámos presença na MADE expo, a feira italiana do sector da construção, decorrida em Milão, entre os dias 17 e 20 de Outubro. Na sua quinta edição, o evento começa a ganhar um estatuto de referência e de liderança neste segmento de mercado.

Texto: Tiago Krusse

Marcámos presença na MADE expo, a feira italiana do sec-tor da construção, decorrida em Milão, entre os dias 17 e 20 de Outubro. O evento contou com a presença de 1532 expositores entre os quais 213 provenientes do estrangei-ro e que ocuparam uma área com mais de 68 mil m2. Os produtos exibidos, para além dos materiais de construção e uma série de equipamentos ligados às diversas etapas relacionadas com as fases de obra, incluiram também so-luções de design de interiores e arquitectura, urbanismo e paisagismo, energias e instalações, sistemas de software e hardware bem como maquinarias essenciais à edificação.O mercado da construção italiana, segundo valores oficiais fornecidos pela Federconstruzioni, está avaliado em 373 mil milhões de euros e emprega cerca de 3 milhões de pesso-as. Desta soma 206 mil milhões de euros são resultado de construções feitas em solo italiano. É um mercado muito rentável, com um nível muito baixo de importações (3.3%) e um valor alto de exportações. Em pleno momento de cri-se financeira generalizada na Europa, o mercado italiano da construção também se recente destes efeitos e neste últimos anos tem assistido a um decréscimo de valores ten-do em 2011 apresentado uma quebra de 3.4%, para 2012 apresenta uma estimativa para -5.2%.e para 2013 é pre-vista uma estagnação. Todos estes valores são resultado de um relatório às verbas movimentadas pelo mercado italia-no da construção, uma análise compreendida entre 2007 e 2012.

Os aspectos interessantes da MADE expo foram expressos por uma nítida preocupação por parte da organização em promover práticas de uma construção sustentável, a pro-moção de materiais e tecnologias que contribuem para a eficiência energética dos edifícios e uma clara política de erradicação de desperdícios de energia em todas as verten-tes do mercado. Destacaram-se ainda dois espaços dentro da feira, os eventos Green Home Design e a Smart Village. O Green Home Design foi patrocinado pelo Green Building Council e apresentou três instalações, numa área de 1400 m2, cada uma da autoria de Aldo Cibic, Marco Piva e Mas-simo Mandarini. Os arquitectos e designers contaram com a colaboração de impresas mais dinâmicas na pesquisa e desenvolvimento de materiais inteligentes, que cederam os seus produtos para a construção destas instalações. Na Smart Village reuniram-se cerca de 50 empresas, um even-to organizado pela Edilportale e a MADE expo. O propósito da reunião destas empresas foi o de trasmitir uma imagem de um sector que prima pela suas preocupações em pro-dutos com performances que vão ao encontro da eficiência energética, sustentabilidade, esquemas de instalações que visam o design de edifícios com baixos níveis de consumos e o advento de uma rede de cidades inteligentes para o fu-turo. Na Smart Village foi instalado um pequeno anfiteatro onde decorreram algumas palestras sobre palaneamento e urbanismo em que participaram alguns intervenientes de maior relevo da arquitectura italiana da actualidade.

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“Silenzio” com design de Domenico de Palo para a Antoniolupi.

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Os organizadores da MADE expo convidaram 50 arquitec-tos norte-americanos, provenientes de grandes ateliers, e criaram uma programa de actividades com o intuito de es-tabelecer relações comerciais privilegiadas entre eles e as empresas italianas de construção.Foram três movimentados dias de feira, com muito público presente, não só profissionais do sector mas também um elevado número de estudantes de arquitectura e design.Na sua quinta edição, a MADE expo começa a ganhar em Itália um estatuto de referência neste segmento de merca-do tomando uma posição que até ao momento era detida pela SAIE, evento organizado pela Feira de Bolonha. A pró-xima edição da MADE expo está agendada para os dias 2 a 5 de Novembro de 2013.Uma nota final para referir que a FederlegnoArredo com-prou 100% das acções da MADE eventi slr, a empresa que geria todas as actividades ligadas à MADE expo, o que sig-nifica um passo importante para a implementação de uma nova estratégia para este evento.

Nesta página, no topo, “NYA Walls” da colecção de 2012, linhas Tiziano e Prado, da Nya Nordiska, e em cima “Theralith”, o produto de isolamento da Kanuf Insulation.

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Nesta págima, instalação da autoria de Marco Piva para o evento Green Home Design. A fotografia é de Andrea Martiradonna.

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Nestas páginas, instalação da autoria de Aldo Cibic, Tommaso Corà e Chuck Felton com Michele Cecchetto, intitulada “Coltivare una casa”, para o evento Green Home Design. A fotografia é de Francesco De Luca.

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CLÍNICA EM GONDOMARArquitectura: Paulo Merlini ArquitecturaFotografia: João Morgado - Fotografia de Arquitectura

Nos levantamentos de legado arquitectónico do lugar de Gondomar, no Porto, surgem a referência à Igreja, ao Cru-zeiro e às casas senhoriais. As actividades agrícolas de ou-trora são agora quase inexistentes e antigos trabalhos nas minas estão extintos. Como outras freguesias do distrito do Porto, o lugar de Gondomar viu passar as suas activi-dades económicas primárias e secundárias para uma lógica de serviços.O arquitecto Paulo Merlini reformou o programa de uma fracção de um edifício urbano para implantar uma clínica dentária. O espaço encontrado caracterizava-se pelo com-portamento de dois elementos principais, as duas fachadas envidraçadas, a nascente e ponte, e um contraste entre a projecção vertical e a estreiteza de largura. Foram estes os elementos que ajudaram o arquitecto a reformar o desenho do espaço.No piso térreo foram designadas as áreas de recepção e sala de espera. É percebida de imediato uma harmonia pela forma como as proporções dos espaços foram distribuídos. A caixa branca causa o seu impacto e na memória descritiva que nos foi fornecida o arquitecto dâ enfase que “o interior deste grande volume suspenso mimetiza a imagem de um telhado de duas águas, na procura de apelar ao imaginário infantil do indivíduo, remetendo a uma sensação de reco-nhecimento e consequente familiaridade.” As arestas deste volume branco estão bem vincadas e o todo assemelha-se a um origami simples, objectivo. Este bem desenhado vo-lume é também uma resposta a uma necessidade objectiva de controlar as temperaturas altas que se faziam sentir na-quela área no final do dia.

O programa de interiores arruma as principais áreas de tra-balho para a fachada posterior. O arquitecto Paulo Merlini diz-nos que “a grande dimensão da caixa empurra as prin-cipais áreas de trabalho” para os fundos. O propósito foi o de permitir uma boa exposição de luz natural nos espaços de actividades mais sensíveis, optimizando a luminosidade aí existente.A escada, como pudemos verificar noutros trabalhos de Paulo Merlini, é um elemento arquitectónico que parece dar alguma satisfação de realização. E esta clínica apresenta uma elegante escada cujo desenho não só transmite ligei-reza como também acentua o grafismo do piso térreo ao jogar com a parede espelhada que cria a ilusão de uma área mais ampla. O piso superior é marcado pela janela recortada no volume branco, que permite um enfiamento entre os dois pisos e contribui para que os utentes da clínica possam ter uma melhor percepção do espaço.Ao nível das cores os contrastes puros, entre branco, cinza e preto, funcionam com grande sobriedade e tiram partido da exposição à luz natural. A integração de alguns elemen-tos vegetativos tem o propósito de transmitir conforto visu-al e apelar a uma sensação de frescura.Neste trabalho do arquitecto Paulo Merlini há um estilo dis-creto que nos agrada e ao qual se acrescenta o que nos parece ser uma boa capacidade de ordenar o espaço com funcionalidades diversas. TK

www.pm-arquitectura.com

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MUSEU DA IMAGEM EM MOVIMENTO EM NOVA IORQUEArquitectura: Leeser ArchitectureFotografia: Peter Aaron (Cortesia do Museu da Imagem em Movimento) e John Hill

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Fotografia de John Hill

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Fotografia de Peter Aaron

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Fotografia de Peter Aaron

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Fotografia de Peter Aaron

Fotografia de Peter Aaron

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O arquitecto Thomas Leeser e os elementos da sua empre-sa são os responsáveis pelo trabalho de expansão e refor-ma do Museu da Imagem em Movimento, em Nova Iorque, Estados Unidos da América. O projecto, concluído em Ja-neiro de 2011, consistiu na reforma do programa do piso térreo, o acrescento de três novos andares e a construção de um jardim nas traseiras do edifício. O museu localizado na 35.ª Avenida, na zona de Astoria, aumentou o edifício existente para o dobro do tamanho, cerca de 9 mil m2. Esta expansão da antiga estrutura vem dar resposta aos objectivos traçados pelos responsáveis de museu, permitin-do o crecimento das áreas de exposição e uma simultânea introdução de um conjunto de inovações tecnológigas que tiveram em consideração uma oferta mais rica das temáti-cas abordadas. O desígnio foi de apresentar aos visitantes e utilizadores do museu um programa mais vasto e lógico da cultura da imagem de ecrã em todas as suas variantes: filme, televisão e media digital. O espírito arquitectónico da nova estrutura também pretende passar aos visitantes uma experiência dramática, na qual a nova construção se funde com o conceito da imagem em movimento. O novo progra-ma espacial do museu inclui um teatro com 264 lugares

sentados, sala de filme com 68 lugares sentados, anfiteatro para projecção de vídeo, galeria de exposições, centro edu-cativo, acervo, café, loja e um jardim.A empresa de Thomas Leeser é contituída por 15 elemen-tos, entre os quais dois arquitectos licenciados e dois pro-fissionais certificados em LEED. Para o museu foi adoptada um filosofia de energias limpas: no telhado foram integra-dos elementos reflectores; a selecção de materiais recaiu sobre produtos reciclados e locais; integração de disposi-tivos para a medição da qualidade do ar e efeciências de gestão ao nível dos consumos de energia eléctrica e água. Na presente equipa do arquitecto encontra-se um conjunto de pessoas com uma experiência considerável em trabalhos para instituições sem fins lucrativos na área de Nova Iorque. O investimento total desta obra, na ordem do 50 milhões de euros, é proveniente de uma campanha de recolha de fundos liderada à cabeça pela doação da câmara de Nova Iorque e por um conjunto de instituições da cidade. TK

www.leeser.com

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Fotografia de Peter Aaron

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Fotografia de Peter Aaron

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Fotografia de Peter Aaron

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ESCOLA DE MÚSICA EM MANCHESTERArquitectura: Roger Stepheson ArchitectsFotografia: Daniel Hopkinson

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A Escola de Música de Chethman, em Manchester, no Reino Unido, tem a particularidade de ter sio instalada sobre as estruturas preservadas de uma antiga casa senhorial fortifi-cada dos tempos da Idade Média. Para além deste historial patrimonial com 600 anos, importante para as gentes da cidade, a escola de música e todas as suas actividades aca-démicas e lúdicas têm um impacto que se estende a todos os meandros da música britânica. O arquitecto é o autor, entre outros projectos em Manchester, do célebre edifício The Haçienda, a casa que foi o motor cultural e musical de toda cena relacionada com o movimento artístico intitulado de Madchester de onde brotaram uma série de importantes agrupamentos musicais britânicos. O arquitecto Roger Stephenson salientou-nos que este seu projecto “vai para além da simples construção de novas infraestruturas da escola e da biblioteca, ele pretende pre-servar os valores de uma instituição de prestígio e dotá-la de um edifício fora-de-série para gerações futuras.” O estúdio de Roger Stephenson, sedeado em Manchester,

teve a natural e adequada abordagem de preservar o ca-rácter do edifício, quer do ponto vista dos materiais recu-perados quer pela introdução de novos. Um sentido de res-peito pelo edificado e ao mesmo tempo a projecção desse mesmo património arquitectónico às gerações mais novas. Em certa medida, diz-nos Roger Stephenson, o trabalho foi algo escultórico e tentando inserir a nova construção, promovendo reformas no programa pré-existente mas sem nunca comprometer o seu legado histórico”. É interessante salientar a adjudicação de uma produção de 500 mil tijolos feitos à mão que foram ao encontro do imaginário da es-tação de comboio Victoreana e providenciar uma comple-mentaridade com a pedra medieval avermelhada dos edifí-cios administrativos e da biblioteca.Encontramos uma estrutura tripartida pelas suas activida-des internas, todas elas resultantes da forma escultural em que as fachadas exteriores foram desenhadas. O edifício ex-pressa um desenho que vai ao encontro das formas fluídas dos instrumentos musicais, salienta Roger Stephenson. Os

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envidraçados da entrada principal e lateral, num ponto mais elevado, fazem uma analogia às pautas musicais. As esqui-nas curvas do edifício foram ao encontro do desenho urbano do local, integrando-se com naturalidade e indo ao encontro do fluxo de veículos e de pessoas nas redondezas.A nova escola, com sete pisos, inclui todo um conjunto de instalações designadas para o ensino académico da música e cria toda uma atmosfera estimulante para os mais de 250 estudantes, entre os 8 e 18 anos, que a frequentam dia-riamente. O edifício principal está dotado de uma sala de concertos com 350 lugares sentados, uma sala para recitais com 100 lugares sentados e uma escola com mais de 100 espaços vocacionados para o ensino e a prática musical. Junto à biblioteca existente, de 1421, foi erguida uma nova construção que permitiu não só aliviar o fluxo de pessoas na antiga construção como também torná-la mais visível. TK

www.rogerstephenson-architects.com

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MORADIA DT

Arquitectura: Jorge Graça CostaFotografia: FG+SG – Fotografia de Arquitectura

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Em certos países europeus, como o Reino Unido ou a Ho-landa, a área de construção tem diminuído de forma apre-ciável. Por exemplo, recentes dados do Instituto Real de Arquitectos Britânicos dizem que novos edifícios têm uma área habitável de cerca de 75 m2, um decréscimo de 10% relativamente ao que se construía antes de 2012. Na Ho-landa e por outros países do Norte da Europa, a tendência para a procura e construção de habitações mais pequenas, para além de uma tendência de momento, é um reflexo não só da conjuntura financeira mas também uma atitude que deriva de preocupações ecológicas. Fora do espaço europeu e tendo em conta as grandes metrópoles do Mundo, sabe-mos quanto vale cada metro quadrado a mais e o esforço de recursos que representa a volumetria desmesurada dos projectos. Em Portugal a tendência e as atitudes parecem ainda não terem reflexo, muito por culpa de um mercado pouco evoluído, mas não podemos deixar de referir uns quantos arquitectos portugueses, que para lá de qualquer tendência ou até mesmo imposição legal, têm deixado um bom conjunto de obra em que as preocupações com a sus-tentabilidade estão bem presentes.Este bom projecto do arquitecto Jorge Graça Costa, con-cluído em 2008, continuará a ter a sua importância para o mercado da construção nacional, não só pelas caracterís-ticas técnicas associadas à sua edificação como também pelo exemplo deixado pelos donos da obra. Num terreno de 480 m2 construi-se uma moradia com piscina e jardim, em que área construída é de 200 m2. São áreas ainda mui-to superiores quando comparadas aos mais recentes va-lores europeus, mas também não podemos esquecer que uma pequena moradia que apenas se apoia na ideia da dimensão reduzida pode não significar um bom exemplo de sustentabilidade ou de qualquer tipo de preocupação ambiental.Nesta moradia, de dois pisos, desenhada para um casal com preocupações ecológicas, o arquitecto teve em con-sideração todo um conjunto de factores. A localização do

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terreno, com implicações não só ao lugar mas também aos elementos climáticos daquela zona de Oeiras. O desenho da casa, as técnicas construtivas e os materiais selecciona-dos. Estando o terreno numa área de colina, a moradia pro-curou desde logo potenciar, em ambos os pisos, as vistas sobre a paisagem. As características climatéricas do local foram também elas levadas em consideração. A circulação de massas de ar provenientes do mar foram contabiliza-das tendo em conta a performance da construção nas suas diferentes reacções às amplitudes térmicas das estações do ano, bem como o aproveitamento desses fenómenos naturais para colocar em prática toda uma boa gestão de energias. O desenho do edifício tomou em consideração as características do lote, a sua melhor orientação e exposição à luz natural. Os traços revelam o desígnio de uma arquitec-tónica de espírito simples, em que a expressividade reside na vontade de uma percepção clara de toda a estrutura e dos materiais utilizados. As técnicas construtivas focaram--se essencialmente num bom isolamento térmico que se

aliou a orientação da moradia e consequente programa de interiores. Neste campo colocamos os grandes envidraça-dos pois as aberturas à luz natural, para além da harmonia estética, foram decididas com objectivos apontados para uma melhor iluminação nas zonas de maior permanência da moradia. A própria construção da piscina via muito para lá da simples zona de banhos, pois é um elemento que contribui em diversas frentes de todo o projecto. A piscina que serve como reflector do sol, que associada às brisas marítimas funciona como elemento de arrefecimento nos dias mais soalheiros e cuja água, isenta de químicos, é reu-tilizada para regar o jardim. Os principais materiais de cons-trução foram o betão e a madeira, que produzem sempre um harmonioso contraste de texturas e de cor.Foram diversos filósofos que classificaram a arquitectura como uma das mais completas formas de arte, no sentido global em que ela pode servir o Homem. Este bom trabalho de Jorge Graça Costa é uma de muitas provas da abrangên-cia e necessidade da Arquitectura. TK

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LEITURAS

Em “arquitectura dos nossos dias” fica patente, salvo raras excepções, uma filosofia política no que diz respeito à pro-jecção de certos nomes da arquitectura. Nesta edição es-tão alguns dos nomes mais sonantes da actual arquitectura o que não significa que estejam identificadas as melhores obras do novo século. Até porque as boas obras são as que perduram e até percebermos o alcance das mesmas, de-mora, por vezes, uns anos largos. São distintas as formas de perceber o mundo, como são profundamente diferentes as sensibilidades na concepção das obras. Se há os que persistem em franchisar uma assinatura e tornando os lu-gares cada vez mais redundantes, também há aqueles que permanecem iguais a si próprios e percebemos que as suas arquitecturas são reflexo do que lhes é exigido e pretendi-do. Olhando projecto a projecto é fácil repararmos como estão cada vez mais interiorizados os aspectos ligados à utilidade e funcionalidade dos espaços. Até mesmo o uso de novas tecnologias e métodos construtivos inovadores re-alçam atenção a pormenores que até há bem pouco tempo eram ignorados. Poderá ser implicação nossa, mas parece--nos que há uma nítida vantagem daqueles que entendem que a estética se deve sobrepor a tudo o resto, numa clara tendência para a cultura do espectáculo e do fascismo das imagens. As raras excepções de simplicidade e discrição en-contradas nesta selecção dão-nos um certo alento no que ao futuro da construção diz respeito. O facto de constarem nesta selecção é já prova de um possível virar de página nas práticas e lógicas da construção destes últimos 20 anos.

8

Philip Jodidio

Taschen

Distribuição: Caracter Editora

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Em 2014 decorrerá a 23.ª edição do Compasso D’Oro, o prémio que a Associação italiana para o Design Industrial (ADI) atribui a cada três anos. A edição deste ADI Design Index 2012 é a selecção do presente ano e o segundo volu-me no qual são escolhidos os melhores do design italiano. O Observatório de Design Permanente da ADI é constituído por um grupo de trabalho composto por mais 100 peritos que examina todos os novos produtos que seguiram para a linha de produção. A selecção é feita de froma estruturada por comissões que fazem um levantamento territorial e de temáticas que depois são publicadas neste volume. Cada escolha presente é acompanhada de comentários que es-clarecem os motivos que levaram à escolha efectuada pelas comissões. Assim, a cada três anos são elaborados estes volumes que vão ser o ponto de partida para o trabalho de um júri internacional que decidirá os vencedores finais do Compasso D’Oro. A ADI expressa de forma clara que só os produtos publicados nestes volumes podem ser elegíveis para a selecção final do prémio. Ao todo são dez categorias diferentes aquelas que são ana-lisadas pelas diferentes comissões da ADI e neste triénio foi adicionada uma nova categoria destinada a jovens de-signers.O volume de 2012 revela que mesmo com uma crise a afec-tar todo o tecido industrial italiano, o design feito naquele país dá mostras de manter um constante desenvolvimen-to e reforça a sua capacidade de superar as dificuldades económicas com inteligência. Nas épocas mais complicadas para se manter o investimento na pesquisa e no desenvol-vimento de novas técnicas de produção, os empresários ita-lianos assumem o risco de avançar quando muitos decidem recolher-se e esperar por momentos de maior abastança. É desta forma que o design italiano está sempre um passo à frente dos seus principais concorrentes e críticos.

ADI Design Index 2012

Maria Cristina Tommasini (Editora/Curadora)

Corraini Edizioni

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ESCUTAS

O músico Tom Burclay, trompetista de big band, é respon-sável pela mistura e compilação destes 15 temas incluídos na colectânea Compost Brazil Selection Volume 1. No leque de preferências de autores de música brasileiros de Tom estão lendas como João Gilberto, Marcos Valle, Gilberto Gil ou Edu Lobo.Esta compilação foi feita na imensidão de autores e edi-ções da Compost Records, de Munique. A sequência esco-lhida por Tom Burclay leva-nos por diferentes dinâmicas do samba e do Bossa Nova. Da mesma forma que a música popular brasileira não se deixou prender às tradições de composição dos géneros, a colectânea deixa transparecer uma boa série de abordagens de ritmo, linhas melódicas e vocalizações. Junta-se a tudo isto um conjunto de agru-pamentos do mais alto nível do cardápio da Compost. São exploradas tendências mais ao encontro de um registo jazz como as mais elegantes electrónicas. Num ápice passamos do início por A Forest Mighty Black ao sétimo tema, uma remistura de Sweel Session a uma melodia de Ennio Morri-cone do filme O Bom, o Mau e o Vilão. A mistura está bem conseguida pois consegue criar um distinto seguimento de profundidades e balanços musicais. As nossas preferências recaem para as faixas por Trüby Trio, Fauna Flash e Joseph Malik.Não teria sido desproporcionada a inclusão de algumas abordagens ao reportório de Vinicius de Morais ou de Antó-nio Carlos Jobim. Talvez para uma próxima edição a Com-post possa fazer uma abordagem ainda mais peculiar às géneses do Samba e do Bossa Nova. Por agora, fica-nos esta excelente companhia.

Compost Brazil Selection Volume 1

Misturado e compilado por Tom Burclay

Compost Records

http://www.compost-rec.com/

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A voz de Dawna Lee no tema Can I Get A Witness, do ál-bum Encounters, de 2002, dos Sofa Surfers ficou-nos para sempre gravada na memória. E o colectivo austríaco é tudo menos uma daquelas bandas que produz uma única música orelhuda e depois desaparece do mapa. A caminho das duas décadas de existência, os Sofa Surfers vêm deixando um legado musical fascinante e consistente. As camadas sonoras das suas desenhadas melodias nunca foram indiferentes, bem como o gosto que sempre deram às palavras cantadas. Neste Superluminal a força das letras está bem presente e em sintonia com as fotografias mais o design gráfico de Bernd Preiml para o bom embrulho do álbum. Nos versos das canções, magistralmente cantadas por Mani Obeya e Jonny Sass, há um desencanto perante o mundo sombrio, uma escuridão que impera mesmo depois de todas as tensões vividas e ansiedades superadas nos momentos de crise. Porém, há uma carapaça mais forte que lá vai aguentando as diabruras do quotidiano e no ser interior permanece aquela luz ténue que não desiste de sonhar.Não foi em vão que esta edição de Superluminal nos chega, pois somos agarrados de forma envolvente pelos dez temas em que ela se estende. Não há um destaque a fazer, a peça funciona como um todo e o seu dramatismo joga com esse elo entre os cenários. Apurado sentido de composição, efi-cácia nos arranjos e mestria na produção. Um álbum que se ouve com a mesma rapidez que arde um fósforo!

Superluminal

Sofa Surfers

Monoscoped Production / Rough Trade

Distribuído por Let’s Start A Fire

http://www.sofasurfers.info/

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http://revistadesignmagazine.com/subscreva/