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Diagnostico Por Imagem
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
1960
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM EM MEDICINA VETERINÁRIA
Carmen Lice Buchmann de Godoy
Luiz Carlos de Pellegrini
Ingrith Mazuhy Santarosa
Gionani Krolikowski
Santa Maria, 2010
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DIAGNÓSTICO POR IMAGEM EM
MEDICINA VETERINÁRIA
CARMEN L.B.DE GODOY, M.V. Dra. Professora Associada do Departamento de Clínica de Grandes Animais
Curso de Medicina Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
Santa Maria, RS
LUIZ CARLOS DE PELLEGRINI, M.V. Professor Adjunto do Departamento de Clínica de Grandes Animais
Curso de Medicina Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
INGRITH MAZUHY SANTAROSA, M.V. M.Sc. Mestre em Clínica Veterinária – Diagnóstico por Imagem
GIOVANI KROLIKOWSKI, M.V. M.Sc. Mestre em Clínica Veterinária - Diagnóstico por Imagem
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D536
Diagnóstico por imagem em medicina veterinária / por
Carmen Lice Buchmann de Godoy ... [et al.] – Santa Maria :
Ed. da Universidade Federal de Santa Maria, 2008. Revisado
em 2010.
131 p. : il. (Caderno didático)
1. Medicina veterinária 2. Radiologia 3. Ultrassonografia
4. Grandes animais 5. Pequenos animais I. Godoy, Carmen
Lice Buchmann de II. Pellegrini, Luiz Carlos de III. Santarosa,
Ingrith Mazuhy IV. Krolikowski, Giovani V. Série
CDU: 619:615.849
Ficha catalográfica elaborada por Luiz Marchiotti Fernandes CRB-10/1160 Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Rurais/UFSM
4
APRESENTAÇÃO
Este caderno didático tem por objetivo proporcionar um guia para o acompanhamento das
aulas de Diagnóstico por Imagem, ministradas aos estudantes do Curso de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria. Não deve ser usado como única fonte
de estudo, uma vez que a literatura existente é rica e ampliará os horizontes do aluno em
busca de conhecimento.
5
SUMÁRIO
CAPÍTULO I: Introdução à Radiologia ............................................................ 6
CAPÍTULO II: Sistema Digestório .................................................................... 12
CAPÍTULO III: Sistema Urinário ..................................................................... 27
CAPÍTULO IV: Sistema Reprodutor ................................................................ 33
CAPÍTULO V: Sistema Respiratório ................................................................ 37
CAPÍTULO VI: Coração e Grandes Vasos ....................................................... 45
CAPÍTULO VII: Introdução à Ultrassonografia
..............................................
49
CAPÍTULO VIII: Ultrassonografia do abdome de pequenos animais ........... 52
CAPÍTULO IX: Introdução à Radiologia Óssea e Articular
...........................
70
CAPÍTULO X: Radiologia do Crânio ................................................................ 72
CAPÍTULO XI: Radiologia da Coluna Vertebral ............................................ 78
CAPÍTULO XII: Radiologia do Aparelho Locomotor ..................................... 87
CAPÍTULO XIII: Introdução ao Estudo Radiográfico do Aparelho
Locomotor de Equinos .........................................................................................
100
CAPÍTULO XIV: Posicionamentos Radiográficos ........................................... 100
CAPÍTULO XV: Anatomia Radiológica
............................................................
106
CAPÍTULO XVI: Alterações Radiológicas ........................................................ 113
6
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO À RADIOLOGIA
HISTÓRICO
Wilhelm Conrad Röentgen nasceu em 1845 na Alemanha. Formou-se engenheiro
mecânico em Zurich, Suíça, onde também obteve grau de doutor em 1869.
Em 1895, Röentgen, professor do Instituto de Física da Universidade de Würzburg,
fazia experiências com uma ampola de Crookes (fig.1.1), quando descobriu os raios-X.
Figura 1.1- Ampola de Crookes.
(Fonte: www.fisica.ufc.br/raiosx,15/09/04)
A ampola de Crookes era de vidro, contendo gás no interior, composta por um
cátodo (pólo negativo), que alimentado por corrente elétrica produzia elétrons e um ânodo
(pólo positivo), para o qual estes eram atraídos e ao se chocarem contra o ânodo e contra as
paredes do tubo produziam raios-X.
Röentgen percebeu que, mesmo envolvendo a ampola em papel grosso preto
(cartolina), esta continuava determinando luminosidade num cartão pintado com substância
fluorescente (platino cianeto de bário), usado para verificar radiações catódicas.
Em 28 de setembro de 1895, o pesquisador apresentou sua descoberta à Sociedade
de Física e Ciências Médicas na Universidade de Würzburg e exibiu a primeira radiografia
da história, a da mão de sua esposa.
IMPORTÂNCIA DOS RAIOS-X EM MEDICINA VETERINÁRIA
- No radiodiagnóstico, pela possibilidade de avaliar estruturas do corpo do indivíduo
sem uso de técnicas invasivas como cirurgias exploratórias.
- Na radioterapia, no tratamento de tumores, por exemplo.
Esta disciplina se restringirá ao radiodiagnóstico.
PRODUÇÃO DOS RAIOS-X
Como visto anteriormente, os raios-X eram produzidos em ampola de Crookes.
Existia, porém, a impossibilidade de controlar a quantidade e a intensidade da radiação
emitida.
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Foi, então, desenvolvida por Coolidge uma ampola (fig. 1.2), que levou o seu nome,
a qual é acoplada a comandos que permitem imprimir corrente elétrica adequada aos fatores
de exposição a serem empregados em cada caso. A ampola, em cujo interior é produzido
vácuo, é de vidro com invólucro de metal, o qual apresenta uma janela de berílio por onde
passa o feixe útil da radiação. Numa das extremidades encontra-se o cátodo (potencial
negativo) com filamento de tungstênio em espiral que alimentado por corrente de baixa
voltagem, medida em miliamperes (mA), é aquecido, fornecendo determinado número de
elétrons que darão origem a proporcional quantidade de raios-X. A quantidade de raios-X é
diretamente proporcional ao tempo, sendo esta relação denominada miliamperes/segundo
(mAs).
Na outra extremidade da ampola encontra-se o ânodo (potencial positivo)
apresentando uma pequena placa de tungstênio. Através do circuito de alta voltagem,
medida em quilovolts (kV), produz-se entre os pólos positivo e negativo da ampola uma
diferença de potencial, fazendo com que os elétrons sejam atraídos pelo ânodo, colidindo
contra o mesmo, produzindo raios-X e calor.
Pelo descrito acima pode-se concluir que a miliamperagem é responsável pela
quantidade de radiação produzida, enquanto a quilovoltagem determina a energia e,
consequentemente, a penetração dos raios.
Figura 1.2- Ampola de ânodo giratório (Fonte: Fundamentos de radiografia –
Kodak).
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Para absorver o calor nas ampolas de ânodo fixo, evitando deterioração do foco, as
mesmas apresentam um sistema de refrigeração, em geral, óleo. Já as ampolas de ânodo
giratório têm o foco preservado, por ser este bombardeado pelos elétrons em pontos
sucessivos, dissipando mais facilmente o calor (fig. 1.2).
DEFINIÇÃO DE RAIOS-X
São ondas eletromagnéticas, semelhantes à luz, diferindo no comprimento de
onda (λ). O comprimento de onda dos raios-X varia entre 100 e 0,01Å (angstrom).
Em radiodiagnóstico, os raios-X mais empregados estão entre 0,5 e 0,4Å, na
dependência da quilovoltagem empregada.
40 a 60 kV.....................................λ = 0,5Å – raios moles
60 a 80 kV.....................................λ = 0,45Å – raios médios
80 a 100 kV...................................λ = 0,4Å – raios duros
Acima de 100 kV obtêm-se raios chamados ultraduros.
Quanto menor o comprimento de onda dos raios-X, ou seja, quanto maior a
quilovoltagem empregada, maior será seu poder de penetração.
PROPRIEDADES DOS RAIOS-X
Os raios-X se propagam em linha reta e na mesma velocidade da luz, no meio.
Por não possuírem massa atravessam os corpos.
Produzem ionização por onde passam por isso impressionam filmes fotográficos (e
radiográficos).
Estimulam substâncias fluorescentes como o platino cianeto de bário e o sulfato de
zinco.
Podem afetar células vivas, produzindo alterações somáticas e / ou genéticas.
INTERAÇÃO DOS RAIOS-X COM A MATÉRIA
Ao interagir com a matéria os raios-X podem sofrer fenômenos:
Radiações Secundárias: parte da energia da radiação é cedida a átomos do corpo
radiografado, os quais podem emitir radiação de comprimento de onda maior que o dos
raios incidentes.
Efeito Compton: parte da energia da radiação é transferida aos átomos e os raios
incidentes continuarão sua trajetória, com comprimento de onda maior.
Raios Dispersos: a radiação é apenas desviada da sua trajetória sem alterar o
comprimento de onda.
Efeito foto-elétrico: os raios-X perdem toda sua energia arrancando elétrons.
RELAÇÃO ENTRE A FONTE DE RADIAÇÃO, O OBJETO RADIOGRAFADO
E O FILME NA IMAGEM RADIOGRÁFICA
A densidade da radiação é inversamente proporcional ao quadrado da distância. À
medida que se afasta o objeto, menor é a quantidade de raios provenientes do foco que o
atinge e, consequentemente, o filme, produzindo imagem menos nítida. A distância ideal
entre o foco e o filme está em torno de 70cm. O objeto a ser radiografado deve estar o mais
próximo possível do filme para que a imagem tenha o tamanho próximo do real. O
posicionamento da estrutura a ser radiografada em relação ao filme e à fonte de radiação é
de suma importância para evitar-se a distorção da imagem.
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DENSIDADES RADIOLÓGICAS
A imagem radiográfica é determinada por sombras do objeto, variando do preto ao
branco, passando por vários tons de cinza, na dependência do peso atômico, da espessura e
da densidade da substância que compõe o objeto radiografado.
Quanto maior o peso atômico, maior dificuldade terão os raios para ultrapassar o
material.
Ex: Radiografando-se uma rolha de cortiça e um cilindro de chumbo com o mesmo
diâmetro, a primeira será atravessada pela radiação produzindo imagem
radiolucente (cinza escuro). Já, o segundo, absorverá a radiação, impedindo a
chegada da mesma ao filme, proporcionando imagem radiopaca (branca).
A espessura também impedirá a passagem da radiação de forma diretamente
proporcional.
Ex: Um cão de porte grande requererá maior poder de penetração dos raios para
imprimir imagem no filme, do que um cão de pequeno porte.
Maior densidade da matéria requer maior força de penetração dos raios.
Ex: Determinado volume de água absorverá mais a radiação do que o mesmo
volume de gelo.
Num mesmo animal verificam-se várias densidades radiológicas, determinando a
imagem radiográfica de seus órgãos na dependência da densidade, espessura e peso
atômico dos mesmos. Os ossos, por exemplo, constituem-se basicamente de cálcio.
Considerando-se que esta substância absorve os raios-X, entende-se porque aquelas
estruturas imprimem imagem radiopaca na radiografia; o brometo de prata que compõe a
emulsão que envolve a película radiográfica, não sendo atingida pela radiação, não se reduz
a prata metálica ao ser mergulhada no revelador. Por outro lado, o ar que enche os pulmões,
oferece menor resistência à passagem das radiações, determinando imagem radiolucente,
pois a radiação impressiona os sais de prata da emulsão, fazendo com que se reduzam a
prata metálica quando o filme é imerso no revelador.
Entre a densidade osso (radiopaca) e a densidade ar (radiolucente), existe a
densidade água que corresponde aos músculos, tendões e sangue (menos radiopaca que o
osso) e a densidade gordura (menos radiopaca que a densidade água).
CONTRASTES
Quando a imagem radiográfica não é diagnóstica, pode-se recorrer ao uso de
contrastes, que são substâncias administradas ao paciente no intuito de melhor definir ou
delimitar estruturas.
Contrastes positivos: são radiopacos.
Ex: Composto à base de sulfato de bário utilizado para estudo do sistema digestório,
à base de iohexol utilizado para mielografia, à base de amidotrizoato de sódio e
amidotrizoato de meglumina utilizado para estudo do sistema urinário e angiografia, entre
outros.
Contrastes negativos: são radiolucentes.
Usualmente utiliza-se ar, podendo-se usar óxido nitroso ou dióxido de carbono.
Ex: Pneumocistografia.
Quando estruturas de mesma densidade se sobrepõem produzem efeito de adição de
imagem. Ex: Dois ossos sobrepostos determinam imagem mais radiopaca que a
determinada por um único osso.
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Quando estruturas de densidades diferentes se sobrepõem determinam efeito de
subtração de imagem. Ex: Porção do duodeno com gases (radiolucente) sobreposto à
imagem do fígado (radiopaco), determina, no ponto de sobreposição, densidade menos
radiopaca que a característica deste órgão.
NOMENCLATURA PARA POSICIONAMENTOS
Ao posicionar o paciente com o propósito de efetuar uma radiografia, deve-se dar
nome a este posicionamento, levando em conta a face do corpo do animal onde incide e a
face onde emerge a radiação.
Assim:
DV Dorso-ventral – o feixe de raios incide no dorso (cabeça, tórax ou abdome) e
emerge na face ventral do animal, atingindo o filme.
VD Ventro-dorsal – o feixe incide na face ventral e emerge dorsalmente.
L ou LL Lateral ou Látero-lateral – o feixe incide em um lado e emerge no outro
(não especifica o lado).
LD Lateral direito – o feixe incide no lado esquerdo e emerge no direito.
LE Lateral esquerdo
Crânio-caudal e caudo-cranial – usado para membros de proximal até a extremidade
distal de rádio e ulna/tíbia e fíbula.
DP Dorso-palmar/plantar ou PD Palmo/planto (ou pálmaro)-dorsal – usado para
membros a partir de carpo/tarso inclusive, para a extremidade.
Lateral flexionada – efetuada com flexão da estrutura avaliada (membros, coluna
cervical).
Obliquadas – são incidências complementares. Usadas com maior freqüência em
extremidades de eqüinos:
DMPLO – Dorsomedial-palmarolateral obliquada/ Dorsomedial-plantarolateral
obliquada – o feixe de raios incide no ângulo formado pelas superfícies dorsal e medial e
emerge no ângulo formado pelas superfícies palmar e lateral/ plantar e lateral do membro.
DLPMO – Dorsolateral-palmaromedial obliquada/ Dorsolateral-plantaromedial
obliquada.
PMDLO – Palmaromedial-dorsolateral obliquada/ Plantaromedial-dorsolateral
obliquada.
PLDMO – Palmarolateral-dorsomedial obliquada/ Plantarolateral-dorsomedial
obliquada.
Skyline – O feixe de radiação incide tangencialmente à estrutura em estudo.
Rostro-caudal – A radiação incide cranialmente à face do paciente, emergindo na
superfície caudal do crânio.
IDENTIFICAÇÃO DE RADIOGRAFIAS
A identificação do paciente (nº da ficha e / ou nome), data do exame, membro E ou
D (quando necessário), são impressos no filme, com tipos de chumbo afixados no chassi no
momento da radiografia ou com identificador eletrônico na câmara escura, após a
radiografia. Quando a incidência for frontal, ou seja, DV, VD, DP, PD a marca deve ser
colocada no lado direito do paciente. No momento da interpretação radiológica, o filme
deve ser colocado no negatoscópio com a identificação para o lado esquerdo do
radiologista.
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Em incidências laterais, a marca deve ficar em local que não atrapalhe a imagem.
Ao negatoscópio, coloca-se a região cranial do corpo do animal para a esquerda do
radiologista.
Quando radiografados os dois membros, a marca deve ser colocada no direito. Nada
impede que se coloque as letras D e E respectivamente.
PROTEÇÃO RADIOLÓGICA
Considerando-se que a radiação é nociva à saúde, procura-se proteger ao máximo as
pessoas envolvidas no exame.
Radiologistas, técnicos e auxiliares devem, sempre, usar avental, luvas, óculos e protetor
de tireóide plumbíferos e dosímetro para medir a radiação recebida durante determinado
período de tempo (normalmente mensal). Quando possível, proteger-se atrás de biombo
de chumbo ou paredes espessas e fazer controle hematológico periodicamente (6 em 6
meses).
Solicita-se ao cliente (proprietário) que auxilie na contenção do paciente.
Colima-se o feixe de radiação através de cones ou diafragmas, dirigindo-o, sempre que
possível, para o chão, utilizando-se a maior quilovoltagem e a menor miliamperagem.
REQUISIÇÃO
Na solicitação do exame radiológico é importante que conste:
A identificação do paciente: Nome, idade,...
Descrição sucinta da história clínica.
Especificação das estruturas a serem radiografadas.
CUIDADOS ANTES E DURANTE O EXAME PARA ADEQUADO ESTUDO
RADIOGRÁFICO
Para exame de abdome fazer a limpeza do trato digestório, sempre que as condições do
paciente o permitirem.
Verificar se pele e pelos estão limpos e livres de pomadas.
Os cascos dos equinos devem ser escovados e, se possível, livres de ferraduras para
exame de 3ª falange. Preencher os sulcos do casco (pode ser com massa de modelar).
Efetuar, sempre, radiografias perpendiculares entre si, já que a radiografia não
proporciona imagem tridimensional (não dá noção de profundidade) (fig. 1.3).
Quando solicitado exame contrastado, efetuar exame simples antes.
INTERPRETAÇÃO RADIOLÓGICA
Observa-se, inicialmente, a radiografia toda, avaliando-se o padrão radiográfico e o
posicionamento. Detém-se, então, à região central do filme, onde deve estar a estrutura a
ser estudada, indicada, em geral, pelo clínico.
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Figura 1.3 – Radiografias em projeção lateral e crânio-caudal de rádio e ulna de
um cão. A primeira sugere que o projétil se encontre entre os
dois ossos. A outra demonstra que está sob a pele, na face lateral
do membro.
Atenta-se para:
Mudança de posição de um órgão ou parte dele. Ex: alças intestinais desviadas para um
lado, por tumor na cavidade abdominal.
Variação no tamanho. Ex: aumento de volume cardíaco.
Variação no contorno ou forma. Ex: bexiga com divertículo.
Alteração na densidade. Ex: rarefação óssea.
Alteração na função. Ex: Rim afuncional (evidenciado na urografia excretora).
Mudança na arquitetura. Ex: neoplasias ósseas.
LAUDO RADIOLÓGICO
Na elaboração do laudo se descreve as alterações observadas, emite-se o
diagnóstico, se possível, ou declara-se não haver alteração detectável ao exame radiológico,
nas estruturas avaliadas.
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CAPÍTULO II
SISTEMA DIGESTÓRIO
CAVIDADE ORAL
Esta estrutura, primeira do sistema digestório, em geral, é avaliada através de exame
direto, dispensando raios-X. Recomenda-se que o clínico abra a boca do paciente, fazendo a
inspeção, em busca de lesões na língua, gengiva, palato, corpos estranhos entre os dentes,
cáries ou dentes quebrados ou frouxos. As estruturas ósseas que limitam a cavidade oral,
dentes e periodonto, fazem parte do capítulo de sistema ósseo.
FARINGE
Nesta região, deve-se analisar a anatomia da mesma (fig. 2.1), palato mole, epiglote
e hióides, levando em conta alteração de volume, continuidade ou densidade. É importante
o conhecimento das estruturas normais, facilitando a identificação de alterações, quando
presentes. Corpos estranhos, linfonodo aumentado e neoplasias são alterações passíveis de
serem detectadas ao exame radiográfico.
Figura 2.1 – Faringe de um cão evidenciando palato mole (seta fina
preta), epiglote (seta grossa preta) e hióides (setas
brancas). Seta descontínua aponta as cartilagens da
laringe.
ESÔFAGO
Esta estrutura estende-se da altura da 2ª vértebra cervical à 10ª torácica. Começa
dorsal à traquéia, passando para o lado esquerdo da mesma na porção cervical caudal, até a
entrada do tórax, onde volta a ser dorsal, chegando ao abdome, onde se une ao cárdia.
O esôfago não é distinguido ao exame radiográfico simples, pois encontra-se,
normalmente, colapsado, não apresentando ar ou conteúdo em sua luz, determinando a
mesma densidade dos tecidos moles da região do pescoço e do mediastino. Discreta porção
de ar (radiolucente) poderá, eventualmente, ser observada na porção inicial do esôfago.
Imagem que não deve se repetir em radiografias sucessivas.
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ESOFAGOGRAMA
É o exame contrastado do esôfago para o qual se usa contraste positivo, em geral,
sulfato de bário. Recomenda-se composto orgânico em caso de suspeita de solução de
continuidade de parede do órgão.
As radiografias são efetuadas em posicionamento lateral, mais esclarecedor e dorso-
ventral ou ventro-dorsal, sendo estes últimos de pouca ajuda pela sobreposição das
vértebras.
TÉCNICA RADIOGRÁFICA
Com auxílio de seringa administra-se, via oral, 5 a 10ml de sulfato de bário.
Imediatamente, coloca-se o paciente em decúbito lateral sobre o filme e efetua-se a
radiografia. Nota: Sempre realizar o exame simples antes do contrastado, para avaliar o
padrão da radiografia e descartar a presença de alteração detectável sem contraste.
IMAGEM
Na ausência de alterações, o contraste passará imediatamente para o estômago,
deixando resíduos entre as pregas do esôfago, determinando imagem de linhas longitudinais
que se estendem até a entrada do abdome ou próximo a este ponto. A não detecção da
coluna de contraste, ou a visualização da mesma até o terço médio do tórax, sem dilatação
do esôfago, não caracteriza alteração. Isto se deve à passagem livre e rápida do contraste
para o estômago (fig. 2.2 A).
No gato, no terço caudal do esôfago, existem pregas transversais além das
longitudinais, determinando uma imagem semelhante a espinha de peixe, quando
preenchidas por contraste (fig. 2.2 B).
Figura 2.2 – Esofagograma. Imagem normal de esôfago de cão (A), de gato (B).
ALTERAÇÕES
As alterações de esôfago classificam-se em intraluminais (ex: corpo estranho, fig.
2.3), intramurais (ex: nódulos de Spirocerca lupi, fig. 2. 6) ou periesofágicas (ex: neoplasia
adjacente ao esôfago, fig. 2.5).
Sinais clínicos: dificuldade de deglutição, regurgitação e, eventualmente, tosse.
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OBSTRUÇÃO ESOFÁGICA POR CORPO ESTRANHO
Os corpos estranhos podem ser radiopacos (Fig. 2.3), ou radiolucentes (Fig. 2.4). Os
primeiros são visualizados ao exame radiográfico simples, já os últimos necessitam de
esofagograma para sua identificação, quando haverá interrupção parcial ou total da coluna
de contraste na trajetória do esôfago, dilatando a luz do mesmo cranialmente ao corpo
estranho.
Os pontos onde mais frequentemente se instalam os corpos estranhos são: porção
terminal de esôfago cervical (pela resistência à distensão na entrada do tórax), anterior à
base do coração (pelas estruturas da região) e na porção terminal do esôfago (pela limitação
proporcionada pelos pilares do diafragma).
Figura 2.3 – Imagens radiográficas de corpos estranhos radiopacos em esôfago de cão.
Figura 2.4 – Imagens de corpo estranho radiolucente (setas) em esôfago de um cão. Exame simples (A) e
esofagograma (B).
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COMPRESSÃO ESOFÁGICA
Pode ocorrer por aumento de volume de linfonodos mediastinais, hipertrofia ou
neoplasia de timo, ou massas adjacentes ao esôfago (fig. 2.5).
Figura 2.5 – Massa comprimindo o esôfago cervical (setas pretas). Exame simples (A) e esofagograma (B).
Contraste impedido de progredir livremente (seta branca).
RUPTURA DE ESÔFAGO
Quando ao exame radiográfico simples for evidenciado ar nos tecidos adjacentes ao
esôfago, deve-se suspeitar de ruptura ou perfuração do mesmo. Utiliza-se, então, composto
orgânico para confirmar o diagnóstico, o que será demonstrado por extravasamento do
contraste para fora da luz esofágica.
DIVERTÍCULO ESOFÁGICO
Não produz sinal clínico, a menos que seja muito grande. Pode ser congênito ou
adquirido. Aparece, ao esofagograma, como uma saculação na parede do órgão.
ESOFAGITE
Diagnóstico pouco comum pelo estudo radiográfico. Pode levar a espessamento da
parede em casos crônicos ou demonstrar irregularidade nas pregas do esôfago.
ESTENOSE ESOFÁGICA
Redução da luz por espessamento da parede, consequente a fibrose após lesão,
tumor ou nódulos de Spirocerca lupi (fig. 2.6).
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Figura 2.6 – Nódulo de Spirocerca lupi em esôfago de cão
(setas), produzindo estenose (não identificada
nesta imagem).
NEOPLASIAS
Não são comuns em cães, sendo diagnosticadas, embora raramente, em gatos. A
imagem radiográfica demonstra irregularidade da parede do esôfago, evidenciada ao
esofagograma.
HÉRNIA DE HIATO
Esta alteração ocorre quando uma porção do estômago passa pelo hiato esofágico e
penetra no tórax. A hérnia pode ser axial ou paraesofágica. A primeira ocorre quando parte
do estômago escorrega intermitentemente para o tórax através do hiato. A segunda, quando
parte do estômago penetra no tórax pelo hiato, lateralmente ao esôfago.
INVAGINAÇÃO GASTRO-ESOFÁGICA
O estômago invagina para o interior do esôfago e, eventualmente, leva junto porção
do duodeno, baço e pâncreas, produzindo uma dilatação esofágica, que apresentará
densidade alterada na porção terminal. Ao esofagograma é possível visualizar o padrão
pregueado da mucosa do estômago na luz do esôfago. Observa-se, também, a ausência de
qualquer imagem correspondente ao estômago na cavidade abdominal (fig. 2.7).
Figura 2.7 – Esofagograma demonstrando intussuscepção gastro-esofágica em cão.
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DILATAÇÃO PARCIAL DE ESÔFAGO
Devido à constrição ou obstrução do esôfago, em determinado ponto, ocorrerá
dilatação do órgão cranialmente a este ponto. Uma das causas mais comuns é o arco aórtico
direito persistente (fig. 2.8).
Figura 2.8 – Esofagograma demonstrando dilatação parcial
de esôfago (setas).
MEGAESÔFAGO
Observa-se aumento da luz do esôfago em toda a sua extensão, até a entrada do
abdome. Às vezes dispensa o exame contrastado (fig. 2.9 A). Para preenchimento do órgão
dilatado, é necessária uma quantidade de contraste bem maior que a recomendada para o
esofagograma (fig. 2.9 B). Megaesôfago pode ser causado por acalasia ou tumor de cárdia,
por exemplo.
Figura 2.9 – Megaesôfago em cão. A- Exame simples demonstrando as paredes do esôfago (setas) e
ar no interior. B- Esofagograma demonstrando quantidade insuficiente de contraste
devido à grande distensão.
ABDOME
Ao avaliar-se o abdome como um todo, deve-se considerar tamanho, densidade e
localização de cada órgão, bem como o conteúdo e o grau de repleção das vísceras ocas.
Para detectar-se alteração, é indispensável ter conhecimento da imagem normal do
organismo animal (fig. 2.10 e 2.11).
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ESTÔMAGO
Este órgão localiza-se na porção cranial do abdome, aparecendo parcialmente
sobreposto ao fígado nas radiografias. Ao exame simples, pode ser facilmente identificado
por conter, usualmente, gás no seu lúmen. Em posição VD, no cão, cárdia e região fúndica
do estômago estão localizados à esquerda da linha média, ficando a região pilórica à direita.
No gato, o estômago está localizado em sua totalidade no lado esquerdo, tendo o piloro na
linha média. Na projeção lateral, dependendo do decúbito, a coleção de gás que tende a
subir, se localizará na região fúndica (decúbito direito) ou na pilórica (decúbito esquerdo).
Figura 2.10 – Abdome normal de cão. Incidência lateral (A) e ventro-dorsal (B). Fígado (seta
longa preta), alça do intestino delgado (seta pequena branca), estômago (seta
grossa branca) e cólon descendente com gases e fezes (seta grossa preta).
Figura 2.11 – Abdome normal de felino. Cólon descendente (seta fina preta), fígado (seta
branca), rins sobrepostos na incidência lateral e rim esquerdo na ventro-
dorsal (seta grossa preta).
GASTROGRAFIA OU GASTROGRAMA
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É o exame contrastado do estômago, sendo o sulfato de bário o meio de contraste
indicado rotineiramente. Diante de suspeita de perfuração de parede, este deve ser
substituído por composto orgânico.
TÉCNICA:
Visando avaliação do estômago, indica-se jejum de 8 horas previamente ao exame,
se as condições do paciente o permitir. Presença de conteúdo no estômago após jejum,
sugere obstrução ou espasmo de piloro.
Com auxílio de seringa, via oral, ou através de sonda diretamente no estômago,
administra-se o meio de contraste na dose de 5 a 12ml.kg-1
de peso do animal.
Imediatamente, efetua-se a primeira radiografia, para avaliar a passagem do contraste para
o duodeno (fig. 2.12), repetindo-se aos 5, 15, 20 e 60 minutos após, avaliando-se as
imagens obtidas, até chegar ao diagnóstico. Indica-se incidências VD, lateral esquerda,
lateral direita e, se necessário, DV e obliquadas.
Nota: É importante que o paciente seja mantido em local tranquilo,
preferencialmente, junto ao proprietário, para que o estresse não interfira na progressão do
contraste.
ALTERAÇÕES
São sinais de desordem gástrica: dor abdominal, vômito, anorexia, podendo chegar
a temperatura elevada, perda de peso, desidratação e fadiga.
CORPO ESTRANHO
Pode ser radiopaco, que será visualizado ao exame simples, ou radiolucente,
evidenciado por pequena quantidade de contraste administrada que o envolverá. Plástico e
vidro são exemplos de corpos estranhos radiolucentes.
Figura 2.12 – Imagem do estômago de cão ao exame contrastado.
TORÇÃO GÁSTRICA
O estômago apresenta-se distendido por gases e / ou conteúdo alimentar e líquidos,
com o piloro deslocado de sua posição normal. Este quadro caracteriza emergência, não
sendo indicado o uso de contraste.
21
DILATAÇÃO GÁSTRICA
O estômago apresenta-se distendido, permanecendo o piloro em sua posição normal
(fig. 2.13).
Figura 2.13 – Dilatação gástrica por obstrução de piloro
em um cão.
TUMORES E ÚLCERAS
Os tumores gástricos são raros em pequenos animais, já as úlceras ocorrem,
especialmente, causadas pelo uso indiscriminado de antiinflamatórios. O diagnóstico
radiológico destas últimas é feito pela constatação de contraste preenchendo-as. Não é de
fácil visualização devido às pregas gástricas que podem levar a erros. O mais indicado, para
o diagnóstico definitivo, é a endoscopia.
INTESTINO DELGADO
EXAME SIMPLES
As alças intestinais serão mais facilmente distinguidas ao exame radiológico quando
apresentarem gás em sua luz ou conteúdo de densidade diferente dos tecidos adjacentes.
Gordura na cavidade peritonial, por ter densidade radiológica diferente das vísceras,
proporciona distinção entre as mesmas. Animais muito magros ou jovens, têm imagem do
abdome bastante homogênea pela ausência de gordura. Ainda, na presença de líquido livre
na cavidade, como em caso de ascite, peritonite, hemoperitônio, ou qualquer efusão
peritonial, haverá uma opacificação homogênea da imagem, dificultando ou impedindo
totalmente a distinção de qualquer estrutura.
TRÂNSITO INTESTINAL
É o exame contrastado das alças intestinais. Deve ser precedido, sempre, por exame
simples.
TÉCNICA
Após preparo com jejum de 24 horas (água sem restrição), efeito de laxante suave e
enema efetuado 6 horas antes do exame, administra-se via oral ou por sonda gástrica, o
sulfato de bário na dose de 8 a 12ml.kg-1
de peso do animal. Dependendo do quadro clínico,
como em casos de anorexia, em que o paciente já vem há dias sem se alimentar, o preparo
será dispensado.
22
Da mesma forma vista na gastrografia, ao fim da administração do contraste, efetua-
se a primeira radiografia, para observar a passagem do mesmo do estômago para o
duodeno. Repete-se a avaliação 15 minutos após e uma hora, novamente, quando em
condições normais, todo o intestino delgado estará delineado pelo contraste. O trânsito
poderá estar acelerado em caso de enterite, ou retardado pelo estresse do animal devido à
manipulação. Três horas após a administração do contraste, pode-se verificar a passagem
do mesmo ao cólon e avaliar o esvaziamento do estômago.
Num paciente adequadamente preparado para o exame, o intestino apresentará
diâmetro uniforme, superfície mucosa relativamente lisa e parede fina, quando em
condições normais de saúde (fig. 2.14 A e B).
Figura 2.14 - Trânsito intestinal normal em cão. A - Intestino delgado em projeção ventro-dorsal
e B - Projeção lateral. Estômago apresenta resíduo do contraste.
ALTERAÇÕES
Os sinais clínicos incluem vômito, diarréia, anorexia, perda de peso, desidratação,
dor abdominal e /ou melena.
OBSTRUÇÃO
A obstrução pode ser completa ou parcial. No primeiro caso, a imagem radiográfica
demonstrará dilatação por gases ou conteúdo alimentar das alças intestinais, anteriores ao
ponto de obstrução (fig. 2.15). No segundo, não haverá retenção significativa de gases,
podendo necessitar contraste para o diagnóstico. Quando a causa for corpo estranho linear,
o contraste proporcionará imagem de franzimento do segmento da alça que o contém (fig.
2.16).
ENTERITE
Radiologicamente diagnosticada pela velocidade aumentada do trânsito intestinal (o
contraste passa muito rapidamente) e/ou por significativa quantidade de gases na luz
A B
23
intestinal, demonstrada por radiolucência. Irregularidade na superfície da mucosa ou
estreitamento do lúmen só será observado em casos crônicos.
DIVERTÍCULO
Pode ser adquirido ou congênito, sendo mais comum o consequente a corpo
estranho. Apresenta-se como uma saculação na parede da alça intestinal.
INTUSSUSCEPÇÃO
Poderá produzir obstrução completa ou incompleta. A invaginação de uma porção
da alça em outra determina, eventualmente, uma imagem de uma estrutura tubular com
densidade água, comparada por alguns autores a uma salsicha. Evita-se a administração de
contraste, dando-se preferência ao exame ecográfico em lugar do contrastado. Quando
causar obstrução completa a imagem será semelhante à vista na figura 2.15.
Figura 2.15 – Radiografia simples: obstrução intestinal em projeção lateral e ventro-dorsal.
Figura 2.16 – Trânsito intestinal em projeção ventro-dorsal e lateral, evidenciando
corpo estranho linear no intestino delgado de um felino.
24
HÉRNIAS
As alças intestinais, com seu conteúdo gasoso ou com contraste, ou outros órgãos,
como fígado, útero, estômago, serão visualizados fora da cavidade abdominal. Ex: Hérnia
diafragmática (vísceras insinuadas no tórax) (fig. 2.17 A), hérnia inguinal (na região
inguinal) (fig. 2.17 B).
Figura 2.17 – Hérnia diafragmática. A - Perda da linha do diafragma, presença de alças intestinais com
gases e estruturas radiopacas insinuadas no tórax. B - Hérnia inguinal em uma cadela
prenhe. Corno uterino com fetos compõe o conteúdo herniário.
INTESTINO GROSSO
O intestino grosso inclui ceco, cólon e reto. Este segmento do intestino é facilmente
identificável ao exame radiológico por sua localização, tamanho e conteúdo. O ceco no cão,
com forma de “C”, cheio de gás, é identificado no lado direito do abdome em projeção
VD. Nesta projeção, observa-se o cólon ascendente no lado direito do abdome, cólon
transverso, da direita para esquerda e descendente no lado esquerdo, descendo até o reto.
Este último é a estrutura intrapélvica, localizada entre a superfície ventral do sacro e o
assoalho da pelve em projeção lateral.
COLONOGRAFIA OU ENEMA BARITADO
É o exame contrastado do intestino grosso.
TÉCNICA
As incidências e o preparo são os mesmos do trânsito intestinal. É aconselhável a
sedação para evitar o desconforto do paciente. Seringa com bico ou sonda é utilizada para
administrar o contraste no reto. A dose indicada é de 5 a 12ml.kg-1
de peso. Imediatamente
efetuam-se as radiografias.
Para exame de duplo contraste, proporciona-se a eliminação do contraste positivo e
administra-se ar na mesma dose do primeiro. As paredes do cólon delineadas pelo contraste
positivo são avaliadas para alterações na mucosa e lesões intramurais.
ALTERAÇÕES
A B
25
São as mesmas que acometem o intestino delgado, mais megacólon e fecaloma (fig.
2.18 A), hérnia perineal (fig. 2.18 B), atresia anal (fig. 2.19) e intussuscepção íleo-cólica
(fig. 2.20).
Figura 2.18 – A- Megacólon com conteúdo fecal, em projeção lateral. B-Hérnia
perineal.
Figura 2.19 – Atresia anal em felino de 4 dias de vida. Alças intestinais
distendidas por gases.
A B
26
Figura 2.20 – Intussuscepção íleocólica em cão. Alças do intestino delgado
apresentam-se distendidas por gases, na projeção lateral. Contraste
usado na colonografia progrediu até o ponto da invaginação, na
junção íleocólica.
MASSAS TUMORAIS
Pode ocorrer o desenvolvimento de massas no abdome, as quais se originam em
qualquer órgão ou mesmo no mesentério, o que é difícil de especificar ao exame
radiográfico. É importante, diante de massas que ocupam grande parte do abdome (fig.
2.21), não se fazer confusão com efusão pleural, observando o limite que aquelas
demonstram, diferentemente das efusões que se distribuem por toda a cavidade. Incidência
VD auxilia a localização das massas, bem como incidência lateral em estação, permite a
observação do líquido colecionado ventralmente nesta posição.
Figura 2.21 – Massa no abdome (tumor no baço) e tórax do mesmo paciente com metástases
pulmonares.
PNEUMOPERITÔNIO
Pode ocorrer como consequência de perfuração em alças intestinais (fig. 2.22).
Radiolucência distribuída em toda a cavidade será observada.
Figura 2.22 – Pneumoperitônio causado por perfuração de alça intestinal em felino.
Imagens cedidas pelas colegas Médicas Veterinárias Cristiane Elise
Teichmann e Anelise Réquia.
27
PNEUMOPERITONIOGRAFIA
É o exame radiográfico no qual se injeta ar ou óxido nitroso na cavidade abdominal,
com a finalidade de melhor avaliar a superfície serosa das vísceras. Exame pouco usado
atualmente, graças à ultrassonografia que proporciona imagem sem invasividade.
ÓRGÃOS ANEXOS
PÂNCREAS
Este órgão não é distinguido ao exame radiológico. Quando aumentado de tamanho,
em geral por pancreatite ou tumor, poderá aparecer como uma massa deslocando as
vísceras adjacentes. A ultrassonografia aqui, bem como no baço, proporcionará
esclarecimento.
FÍGADO
Em projeção VD o fígado se apresenta na radiografia como uma estrutura de
densidade água, homogênea, na região mais cranial do abdome, com forma convexa
limitada pelo diafragma e, irregularmente côncava em sua borda caudal, em contato com o
estômago, duodeno mais à direita e rim direito. Em projeção lateral, este órgão apresenta
forma triangular, limitado pelo diafragma e parede abdominal ventral, tendo sua borda
caudal formando um ângulo bem definido, ultrapassando ligeiramente o último arco costal
(fig. 2.10 e 2.11).
O fígado poderá apresentar-se aumentado de tamanho (fig. 2.23), ultrapassando
significativamente o limite normal, perdendo o aspecto afilado de suas bordas, as quais
aparecem arredondadas. Exemplos de causas de hepatomegalia são neoplasias hepáticas,
carcinoma de ducto biliar, cirrose em sua fase aguda,, intoxicação e congestão por
insuficiência cardíaca direita. Deslocamento caudal das estruturas adjacentes auxiliam no
diagnóstico. Já, o fígado diminuído de tamanho, é característico de cirrose hepática. Com o
exame ultrassonográfico será possível avaliar-se o parênquima e os limites hepáticos,
fazendo diagnóstico o diferencial.
Figura 2.23 – Imagem radiográfica de
hepatomegalia em cão.
28
BAÇO
Apresenta-se na radiografia como estrutura triangular, com a mesma densidade do
fígado, situado no lado esquerdo do abdome, caudal ao estômago em projeção VD e
ventralmente em projeção lateral (fig. 2.24), sendo o decúbito lateral direito preferencial,
pela posição tomada pelo órgão, determinando boa imagem. Poderá estar aumentado de
tamanho quando o paciente estiver sob efeito de anestésico, período pós-vacinal ou em
casos patológicos como linfossarcoma (fig. 2.21).
Figura 2.24 – Radiografia de abdome normal de cão, com evidência do baço (seta).
29
CAPÍTULO III
SISTEMA URINÁRIO
Este sistema compreende rins, ureteres, bexiga e uretra. Ao exame radiológico
simples apenas rins e bexiga são visualizados, sendo que os primeiros são melhor
distinguidos das demais estruturas da cavidade abdominal, quando há gordura no
retroperitônio. A bexiga depende de seu conteúdo para ser identificada.
Para adequada avaliação do sistema urinário é necessário o preparo do animal, que
consiste na limpeza do trato digestório, sempre que as condições do paciente o permitir.
Os rins são móveis, usualmente identificáveis na porção dorsal do abdome, em
projeção lateral, apresentando-se parcialmente sobrepostos (fig. 3.1). No posicionamento
VD observa-se que o rim direito se localiza mais cranialmente que o esquerdo. No cão, os
rins têm, em média, 2,5 a 3,5 vezes o comprimento da 2ª vértebra lombar. No gato, 2 a 3
vezes o tamanho da 4ª vértebra lombar.
Os ureteres se estendem da pelve renal ao trígono da bexiga, na região dorso caudal
desta, necessitando de meio de contraste para serem identificados radiologicamente.
A bexiga é visualizada sobre o assoalho da cavidade abdominal caudal. À medida
que se torna cheia, mais cranialmente se estende (fig.3.1).
A uretra não é visualizada radiologicamente em condições normais, mas no canino
macho o osso peniano indica a posição terminal desta estrutura.
EXAMES CONTRASTADOS
UROGRAFIA EXCRETORA
É a técnica utilizada para melhor avaliação radiológica das estruturas do sistema
urinário. É indicado preparo do paciente com dieta hídrica por 24 horas, laxante suave e, se
necessário, enema morno 6 horas antes do exame, para limpeza completa do trato
digestório. Para maior conforto do animal, o mesmo poderá ser sedado, o que não é
imprescindível.
Após avaliação do preparo e fatores de exposição através do exame simples, inicia-
se o procedimento da urografia excretora: via endovenosa, administra-se composto
orgânico específico para vias urinárias, em geral à base de diatrizoato sódico e diatrizoato
de meglumina, na dose de 3ml.kg-1
. Ao término da administração do contraste efetua-se a
primeira radiografia, nas incidências lateral e VD, seguindo-se de outras aos 2, 5 e 10
minutos. Neste exame observa-se primeiramente os rins opacificados, a seguir os ureteres
que aparecem como duas linhas radiopacas estendendo-se da pelve renal até o trígono da
bexiga, onde se inserem e, finalmente, esta última preenchida por contraste diluído na urina
(fig. 3.2).
30
Figura 3.1 – Radiografia simples do abdome de um felino: rim direito mais cranial e esquerdo caudalmente,
parcialmente sobrepostos (setas pequenas) e bexiga (seta grande).
Figura 3.2 – Urografia excretora em uma cadela, projeção lateral e VD evidenciando rins, ureteres e
bexiga, esta última com defeito de preenchimento causado por neoplasia.
PNEUMOCISTOGRAFIA
Ar ou óxido nitroso na dose de 6 a 12ml.kg–1
é injetado para o interior da bexiga via
cateter adaptado a uma seringa, até que o órgão esteja moderadamente distendido. Pode-se
recorrer a sedação em caso de manifestação de dor, visando conforto do paciente. É
importante a remoção de toda a urina presente na bexiga antes da administração do
contraste negativo (fig. 3.3).
31
Figura 3.3 – Pneumocistografia evidenciando urólitos
radiolucentes e sonda. A imagem foi
delineada por linha pontilhada por ser
de difícil visibilização.
CISTOGRAFIA
Contraste orgânico é diluído a 5% em solução fisiológica e introduzido na bexiga
por meio de uma sonda uretral até que o órgão esteja moderadamente distendido, o que
requer em torno de 6 a 12ml.kg –1
(fig. 3.4 A e B).
Figura 3.4 – Cistografia, em projeção L e VD demonstrando massa tumoral no interior da
bexiga de uma cadela. Diagnóstico comprovado em cirurgia.
CISTOGRAFIA COM DUPLO CONTRASTE
O contraste positivo é introduzido na bexiga em quantidade suficiente para envolver
a mucosa vesical. O excesso é removido, administrando-se, então, ar ou óxido nitroso até
obter moderada distensão do órgão. Este exame proporciona boa avaliação da mucosa.
ALTERAÇÕES
A B
32
RINS
DEFEITOS CONGÊNITOS
Entre os defeitos congênitos, cita-se a aplasia, a ectopia e a hipoplasia renal,
podendo ser este último afuncional. Neste caso, o outro rim pode ser hipertrofiado para
compensar. Estas alterações são melhor demonstradas pela urografia excretora.
HIDRONEFROSE
Usualmente, esta alteração ocorre por obstrução de ureter (fig. 3.5), que pode ser
consequente a massas abdominais, cálculos ou ligadura acidental em cirurgia. Ao exame
radiológico o rim aparecerá como uma grande massa radiopaca de contornos lisos.
CÁLCULO RENAL
Também chamado de urólito, é visto como densidade radiopaca no interior da pelve
renal, algumas vezes preenchendo a mesma. Se os cálculos forem radiolucentes, haverá
necessidade de exame contrastado (urografia excretora) ou ultrassonográfico para
confirmação.
Nota: cálculos radiopacos são compostos de fosfato triplo ou oxalato de cálcio,
enquanto os radiolucentes são formados por urato de amônia ou de cistina.
RUPTURA RENAL
Diagnóstico feito pela urografia excretora, onde haverá extravasamento do
contraste.
NEOPLASIA
Poderá ser observado aumento de tamanho do rim ou irregularidade no contorno.
CISTO RENAL
Usualmente causa distorção no contorno do rim. Por conter líquido no interior, o
cisto não se destaca do parênquima. Ultrassom é o meio ideal para este diagnóstico.
NEFRITE
Diagnosticada por outros meios que não o radiológico. Rim pequeno e nodular
poderá sugerir nefrite crônica ou rim terminal.
INFARTO RENAL
Áreas de infarto poderão ser demonstradas como não funcionais à urografia
excretora, isto é, não opacificadas.
URETERES
Cálculo, ruptura de ureter e hidroureter (fig. 3.5) são alterações passíveis de ocorrer,
sendo que estas últimas são detectadas ao exame contrastado.
33
Figura 3.5 – Hidroureteres demonstrados por
urografia excretora em cão.
BEXIGA
CISTITE
O meio de imagem indicado para este diagnóstico é o ultrassom, uma vez que a
mucosa vesical não é distinguível ao exame radiográfico simples e, mesmo à cistografia ou
pneumocistografia, discreta alteração da mucosa poderá ser imperceptível.
CÁLCULOS
São comuns em cães. Se radiolucentes, poderão depender de contraste negativo para
serem evidenciados. Neste caso, se apresentarão um pouco menos radiolucentes que o ar
(fig. 3.3). Quando radiopacos, são facilmente observáveis (fig. 3.6). Nas fêmeas é comum a
presença de poucos cálculos e grandes, já que os pequenos são facilmente eliminados
através da uretra curta. Nos machos observam-se cálculos de todos os tamanhos e em
grande número pela dificuldade de serem eliminados, muitas vezes sendo evidenciados na
uretra, especialmente na base do osso peniano (fig. 3.6 B).
Em gatos, o meio de imagem mais indicado é o ultra-som, uma vez que a maior
ocorrência é de cristais, difícil, se não impossível, de serem observados na radiografia.
Eventualmente, se poderá observar a trajetória da uretra do macho com acúmulo de cristais.
NEOPLASIA
Não é visualizada ao exame simples. À pneumocistografia aparecerá como uma
massa radiopaca em contraste com a radiolucência do ar administrado. À cistografia a
imagem será de uma massa menos radiopaca que o contraste positivo administrado (fig.
3.4), imagem semelhante à obtida na urografia excretora (fig. 3.2).
34
Figura 3.6 – A- Cálculos radiopacos na bexiga de um cão ao exame radiográfico simples. B- Muitos e
pequenos cálculos preenchendo a bexiga e a uretra de um cão.
DIVERTÍCULO
Pode ser de origem traumática ou ocorrer no ponto onde se fixava o úraco no feto
(estrutura que proporciona comunicação entre a bexiga e o saco alantóide). Poderá não ter
nenhum significado clínico, a não ser em casos de cistite, onde o divertículo colecionará
sedimento, proporcionando recidivas.
RUPTURA
Perceptível apenas ao exame contrastado, quando será visibilizado ar ou contraste
positivo livre na cavidade abdominal. Contraste positivo é o mais indicado por ser mais
facilmente observado ao extravasar (fig. 3.7).
Figura 3.7 – Ruptura de bexiga diagnosticada por
cistografia, onde o contraste extravasou
para a cavidade abdominal.
URETRA
CÁLCULOS
Poderão ser observados na trajetória da uretra de cães e gatos machos, como já
comentado (fig. 3.6 B).
ESTENOSE
A B
35
Fratura de osso peniano no cão é a causa mais comum desta alteração (fig. 3.8),
podendo, também, ser determinada por cálculo ou sondagem.
Figura 3.8 – Fratura de osso peniano em cão (seta).
]
36
CAPÍTULO IV
SISTEMA REPRODUTOR
MACHO
PRÓSTATA
Na maioria das raças de cães e nos gatos, a próstata normal não será identificada na
radiografia, ou o será parcialmente. Localizada caudalmente à bexiga, ao redor da uretra,
tem sua visualização, nos cães, dependente do conteúdo urinário, uma vez que é deslocada
cranialmente quando há repleção vesical (fig. 4.1). Estará aumentada em casos de
neoplasia, prostatite ou hiperplasia prostática benigna. Só a ultrassonografia ou outro meio
de auxílio ao diagnóstico poderá fornecer esclarecimento quanto ao diagnóstico.
Figura 4.1 – Próstata aumentada de volume em cão (seta).
URETRA
Vista no sistema urinário.
TESTÍCULOS
Devem ser investigados por outro meio que não o radiológico.
FÊMEA
O útero consiste em colo, corpo e cornos, estes últimos totalmente dentro do
abdome, enquanto o corpo se encontra no abdome caudal e pelve. Os ovários estão
localizados caudalmente aos rins. Estas estruturas, componentes do sistema reprodutor das
fêmeas, não são identificáveis ao exame radiográfico quando em condições normais de
saúde. Ultrassonografia é o meio de diagnóstico por imagem indicado para avaliá-las,
embora, a radiografia possa ser utilizada na falta deste recurso.
PRENHEZ
Esta condição está entre os casos passíveis de serem diagnosticados
radiograficamente. É importante ter-se conhecimento da história clínica da paciente, uma
vez que até em torno do 42° dia de gestação na cadela e 39° dia na gata, não haverá
37
deposição de cálcio no esqueleto dos fetos, podendo levar à confusão com piometra que
será discutida adiante. Após a calcificação dos esqueletos, se poderá visibilizar cabeça,
coluna e membros, sendo que, em condições normais, a coluna estará distendida ou
suavemente curvada (fig. 4.2) e o crânio apresentará continuidade em seu contorno, exceto
na região da fontanela. A radiografia é um meio confiável para a contagem do número de
fetos, sendo que para este fim, conta-se os crânios.
Figura 4.2 – Gestação em cadela. Presença de feto com
características normais.
ALTERAÇÕES
OVÁRIOS
Quando os ovários estiverem aumentados de tamanho, por exemplo, em caso de
tumoração, poderão ser visualizados como massa densidade água deslocando estruturas
adjacentes, embora o diagnóstico não possa ser afirmado.
ÚTERO
PIOMETRA
Esta alteração, bem como hemometra, mucometra ou hidrometra se caracterizam
por aumento do volume uterino, o qual apresenta-se como uma estrutura de densidade água,
homogênea, partindo da porção caudal do abdome em sentido cranial, variando de
tamanho, conforme o conteúdo do mesmo (fig. 4.3). Durante a involução uterina pós-parto,
também se poderá detectar aumento desta estrutura, podendo haver confusão se não for
conhecida a história da paciente.
38
Figura 4.3 – Radiografia de abdome de cadela com
piometra. Setas apontam os cornos uterinos
distendidos.
FETO MUMIFICADO
Após a morte do feto, não havendo infecção, ocorrerá reabsorção dos tecidos moles,
fazendo com que a estrutura óssea torne-se muito evidente. A coluna se apresentará
dobrada ou enrolada e é possível perceber sobreposição dos ossos do crânio (fig. 4.4 A).
Figura 4.4 – Radiografias de abdome: A- Fetos mumificados. Seta aponta crânio com ossos
sobrepostos. B- Feto enfisematoso, caracterizado pela radiolucência, gás, no
interior e em torno do mesmo.
FETO ENFISEMATOSO
Em caso de infecção, os fetos mortos apresentarão áreas de radiolucência em seu
interior e ao redor, correspondente ao gás produzido (fig. 4.4 B). Havendo morte do
embrião e contaminação, poderá ocorrer evidência só de gás no interior do útero,
caracterizando fisometra (fig. 4.5)
A B
39
Figura 4. 5 – Radiografia de abdome demonstrando fisometra em cadela
PRENHEZ ECTÓPICA
Caracterizada pela localização dos fetos fora dos cornos uterinos. A densidade dos
esqueletos se apresentará semelhante a dos mumificados.
DISTOCIA
Situação na qual o parto normal fica impedido. O exame radiológico é de grande
auxílio, demonstrando apresentação ou tamanho dos fetos, incompatível com parto normal.
40
CAPÍTULO V
SISTEMA RESPIRATÓRIO
FOSSAS NASAIS
O sistema respiratório inicia nas fossas nasais que, em condições normais,
apresentam ar em seu interior determinando radiolucência e evidenciando os cornetos como
linhas radiopacas irregulares (fig. 5.1 A e 5.1 B). A estrutura óssea da região está descrita
no capítulo X.
LARINGE
É a estrutura que se segue à faringe (já estudada no sistema digestório), sendo
identificada radiologicamente pela imagem da epiglote e, muito discretamente, das
cartilagens tiroide, aritnoide e cricoide, contrastando com o ar contido na luz do órgão (fig.
2.1).
Calcificação da laringe ou deslocamento e compressão por massas adjacentes, são
alterações passíveis de serem diagnosticadas.
TRAQUEIA
Estrutura tubular preenchida por ar, radiolucente, que se estende da laringe à carina,
ponto onde se bifurca, originando os grandes brônquios. Ao penetrar no tórax a traqueia
inclina-se ventralmente em direção à base do coração (fig. 5.4 A).
Figura 5.1 – Imagem de fossas nasais de cão. A- Projeção dorso-ventral (DV) e B- lateral. C- Tumor de
Sticker em fossa nasal de cão. Observar a densidade aumentada (seta) e destruição do vômer.
Projeção ventro-dorsal (VD).
ALTERAÇÕES
DESLOCAMENTO TRAQUEAL
B A C
41
Pode ocorrer por compressão por massas mediastinais (fig. 5.2) ou cervicais, ou por
aumento de tamanho do coração, podendo, às vezes, se tornar paralela à coluna torácica
(fig. 6.1).
Figura 5.2 – Imagem de desvio traqueal por massa
mediastinal radiopaca (setas), dorsal à
traqueia em cão. A- Coração.
COLAPSO TRAQUEAL
O colapso traqueal usual ocorre no sentido ventro-dorsal, podendo se restringir à
região cervical ou à torácica, sendo melhor visibilizado em projeção lateral. Para evidenciar
o colapso traqueal cervical, a radiografia deve ser efetuada durante a inspiração. Já, para
identificação do colapso da traqueia torácica, a tomada radiográfica deve ocorrer na fase
expiratória. Cuidado deve ser tomado ao posicionar o paciente, porque, se ocorrer excessiva
extensão do pescoço, haverá diminuição da luz da traqueia, levando a falso diagnóstico de
colapso.
PULMÕES
Os pulmões, normalmente cheios de ar, proporcionam bom contraste para a
visibilização das estruturas intratorácicas.
Para uma boa imagem radiográfica, deve-se cuidar o posicionamento do paciente.
Para a incidência lateral, ele é colocado em decúbito lateral sobre a mesa (filme), com os
membros anteriores tracionados cranialmente. O esterno deve ficar no mesmo plano das
vértebras torácicas, evitando a rotação. O feixe de raios x é centrado na altura da 5ª costela
(fig. 5.3 A e 5.4 A).
Para o posicionamento DV (fig. 5.3 B e 5.4 B), o paciente é colocado em decúbito
esternal, com os membros anteriores puxados para a frente e os cotovelos abduzidos. Os
membros posteriores são flexionados apoiando os joelhos sobre a mesa. As vértebras
devem se sobrepor ao esterno. A cabeça é mantida baixa entre os membros anteriores e o
feixe de radiação centrado na altura da 6ª costela.
Na imagem radiográfica dos pulmões normais não estão evidentes os espaços
aéreos, como brônquios, bronquíolos ou alvéolos, mas uma imagem radiolucente
homogênea, distinguindo-se apenas os vasos pulmonares que se apresentam radiopacos.
Estes vasos são vistos como linhas convergentes em pares e de menor calibre na periferia
do tórax ou como pontos radiopacos que vão diminuindo de tamanho da região do hilo à
periferia.
A
42
Figura 5.3 – Tórax de felino demonstrando pulmões e coração normais, em projeção
L (A) e DV (B).
A radiografia do tórax deve ser feita no final da inspiração, proporcionando melhor
evidência das estruturas radiopacas diante da radiolucência do ar, como a imagem
radiopaca dos vasos pulmonares e do mediastino com coração e grandes vasos. Qualquer
alteração pulmonar, que produza perda de ar, fará com que os vasos tornem-se menos
evidentes. É importante efetuar a radiografia no menor tempo possível, para evitar imagem
tremida pelo movimento respiratório. Quando feita a radiografia durante a inspiração, o
diafragma alcançará 7ª ou 8ª costela, quando na expiração, 5ª ou 6ª costela.
Nota: Atentar para imagens radiográficas estranhas à cavidade torácica, como
pregas cutâneas e mamilos, evitando falso diagnóstico.
Figura 5.4 – Tórax de cão, projeção L (A) e DV (B) demonstrando pulmões e coração
normais. Aorta (seta branca), traqueia (seta preta).
PADRÕES RADIOLÓGICOS PULMONARES
Dependendo da afecção pulmonar, se observará padrão pulmonar correspondente.
A
A B
B
43
PADRÃO ALVEOLAR
É produzido por fluídos ou secreções que preenchem os espaços aéreos,
determinando imagem de manchas radiopacas nos pulmões ou radiopacidade
homogeneamente distribuída em todo o campo pulmonar. Pneumonia bacteriana (fig. 5.5),
hemorragia (fig. 5.6 A), edema pulmonar (fig. 5.9 A) e afogamento são exemplos de
afecções que proporcionam padrão alveolar.
Como dito acima, em condições normais, os espaços aéreos apresentam-se
preenchidos por ar, determinando a imagem radiolucente dos pulmões, sem distinção de
brônquios ou bronquíolos. Em caso de doenças que determinam padrão alveolar, os espaços
aéreos preenchidos por secreção, proporcionam densidade radiopaca, enquanto os livres de
secreção continuam com ar em seu interior, ficando sua imagem evidente, o que caracteriza
o broncograma aéreo ou aerobroncograma (fig. 5.6 B).
PADRÃO INTERSTICIAL
O parênquima pulmonar é muito fino, predominando na radiografia a imagem
radiolucente do ar contido nos espaços aéreos. Quando alguma afecção faz com que o
parênquima se torne espesso ou edemaciado ou, ainda, com formações nodulares, este
passa a ser evidente. Pneumonia viral, pneumonia micótica, edema intersticial (fase inicial
do edema pulmonar) e neoplasia ou metástases pulmonares, determinam o padrão
intersticial, que poderá receber uma classificação mais específica, como intersticial linear
ou reticulado (fig. 5.7 A) e nodular (fig. 5.7 B), pela imagem que apresenta na radiografia.
Diante destas imagens que aparecem radiopacas sobre o campo pulmonar, os vasos, que
normalmente são evidentes, podem se tornar pouco distimtos
.
Figura 5.5 – Imagem radiográfica de tórax de cão evidenciando padrão alveolar.
Diagnóstico de pneumonia bacteriana.
44
Figura 5.6 – Imagem radiográfica de tórax evidenciando padrão alveolar em paciente
com hemorragia pulmonar (A) e pneumonia (B). Setas apontam
broncograma aéreo.
Figura 5.7 – Imagens radiográficas de tórax de cães demonstrando (A) padrão intersticial reticulado e
(B) padrão nodular.
PADRÃO VASCULAR
Os vasos pulmonares têm uma superfície uniforme e um diâmetro compatível com o
tamanho do animal. Em alterações que determinam congestão dos mesmos, como
cardiomiopatia e insuficiência da válvula mitral, os vasos tornam-se ingurgitados e
tortuosos, determinando o chamado padrão vascular aumentado (fig. 5.8 B). Quando, ao
contrário, os vasos tornam-se menos calibrosos, como em caso de hipovolemia, tetralogia
de Fallot e desidratação, determinam o padrão vascular diminuído.
PADRÃO BRONQUIAL
Os brônquios, assim como o parênquima pulmonar, não se distinguem na imagem
radiográfica. Quando ocorrer espessamento da parede bronquial (fig. 5.8 A), como em
casos de bronquite crônica ou em animais muito velhos, esta se tornará evidente, como
estrutura radiopaca circular ou linear, conforme o corte, transversal ou longitudinal.
A B
A B
45
Figura 5.8 – A- Imagem radiográfica ampliada da região do hilo pulmonar evidenciando o padrão
bronquial (setas). B - Radiografia de tórax demonstrando o padrão vascular aumentado
(setas).
AFECÇÕES PULMONARES
PNEUMONIA BACTERIANA
É uma infecção que ocorre pelas vias respiratórias, instalando-se o agente na luz
destas vias, determinando produção de secreção. Neste caso o padrão pulmonar será o
alveolar (fig. 5.5 e 5.6 B), que se distribuirá em todos os lobos ou, o que é mais comum, em
maior concentração a partir do hilo, podendo afetar um lobo mais que outros.
PNEUMONIA VIRAL
Este tipo de infecção determina um padrão intersticial linear ou reticulado (fig. 5.7
A). Na fase inicial da doença ou quando tratada precocemente, é possível que não se
observe alteração pulmonar na radiografia. Outras vezes, bactérias oportunistas podem se
instalar nas vias aéreas de um pulmão já debilitado pela pneumonia viral, determinando um
padrão misto na imagem radiográfica, isto é, intersticial e alveolar.
BRONQUITE
Esta alteração, quando crônica, determinará padrão bronquial e/ou intersticial.
PNEUMONIA FÚNGICA
Neste caso, os pulmões apresentarão um padrão intersticial nodular, que poderá
levar à confusão com metástases pulmonares de pequeno diâmetro e em grande número.
Cultura de lavado traqueal e a história do paciente (presença ou não de tumorações em
outros órgãos), auxiliarão no diagnóstico.
EDEMA PULMONAR
Usualmente associado a insuficiência cardíaca esquerda, determina o padrão
pulmonar alveolar (fig. 5.9 A), com evidência de broncograma aéreo (fig. 5.6 B).
NEOPLASIA PULMONAR
Neoplasia pulmonar primária é relativamente rara em cães. Pode ocorrer como um
nódulo único ou multifocal, como o carcinoma bronquíolo-alveolar multifocal. Outras
A B
46
condições podem causar densidades nodulares solitárias, como abscesso, infarto, cisto ou
granuloma.
Metástases pulmonares se caracterizam por múltiplos nódulos, com tamanhos
variados distribuídas pelo pulmão (fig. 5.7 e 5.9 B). São identificáveis radiologicamente a
partir de 3 a 5mm de diâmetro.
Figura 5.9 – A- Imagem radiográfica de tórax de cão evidenciando edema pulmonar conseqüente a
insuficiência cardíaca esquerda. B- Imagem radiográfica de tórax de cão demonstrando
vários nódulos radiopacos, compatíveis com metástases pulmonares (setas).
PNEUMOTÓRAX
Alteração, em geral, determinada por trauma, se caracteriza por ar no interior da
cavidade torácica, ao redor dos pulmões. É possível visualizar as bordas dos lobos
pulmonares devido à retração dos mesmos em relação à parede costal e diafragma. Na
projeção lateral há um afastamento do coração em relação ao esterno. Isto se deve ao
espaço proporcionado pelo colabamento pulmonar, fazendo com que o coração se desloque
(fig.5.10).
Figura 5.10 – Imagem radiográfica de tórax de cão (A) e gato (B e C) demonstrando pneumotórax.
O pneumotórax pode ser aberto ou fechado:
Aberto, quando há solução de continuidade da parede, entrando o ar exterior para o
tórax.
Fechado, o ar contido no tórax é proveniente dos pulmões.
Obs: A observação da continuidade ou não da parede é feita clinicamente.
A B
A B C
47
ENFISEMA PULMONAR
Em caso de enfisema pulmonar a radiolucência estará exacerbada devido ao excesso
de ar contido nos pulmões. O tórax torna-se distendido, o espaço intercostal aumentado,
determinando imagem semelhante a um barril na radiografia DV e o diafragma deslocado
caudalmente, melhor evidenciado na incidência lateral.
DERRAME PLEURAL
Caracteriza-se pela presença de líquido na cavidade torácica determinando
radiopacidade homogênea ao redor dos lobos pulmonares radiolucentes (fig.5.11). Em caso
de dúvidas, deve-se fazer a radiografia lateral com o paciente em estação, proporcionando
que o líquido desça e incidindo o raio no sentido horizontal. O tipo de líquido não é
identificado radiologicamente, podendo tratar-se de exsudato, transudato, sangue... Como
causa de derrame pleural, pode-se citar a insuficiência cardíaca congestiva, piotórax,
mediastinite, quilotórax, entre outras.
Figura 5.11 – Radiografia de tórax de cão evidenciando derrame pleural.
HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA
O músculo diafragma não é visualizado, mas constata-se a sua integridade pelo
limite bem definido entre cavidade torácica e abdominal, graças à diferença de densidade
entre pulmões radiolucentes e fígado radiopaco.
Quando houver ruptura do diafragma, se desfará a pressão negativa presente no
tórax, fazendo com que as vísceras do abdome, como fígado, estômago ou alças intestinais,
sejam sugadas para o interior daquele, caracterizando a hérnia diafragmática (fig. 5.12). Na
maioria das vezes ocorre um hemitórax, melhor identificado em projeção VD ou DV.
Características do hemitórax:
Lado afetado: desaparecimento da linha do diafragma e áreas de radiodensidade
variável, dependendo das estruturas herniadas.
Lado indene: padrão pulmonar normal, com desvio do mediastino para este lado.
48
Fig.5.12 – Imagem radiográfica evidenciando
hérnia diafragmática, onde vísceras
abdominais se insinuaram no tórax.
49
CAPÍTULO VI
CORAÇÃO E GRANDES VASOS
Para avaliar coração, as projeções recomendadas são lateral direita e dorso-ventral,
com distância foco-filme de 1m a 1,2m, para obter-se imagem proporcional do órgão em
relação ao tórax. Esta distância, aparentemente grande, se faz necessária por ser o coração
volumoso e, ainda, no centro do tórax, levando a um aumento da imagem daquele. Em
pacientes de pequeno porte, a distância foco-filme pode ser mantida em 90cm.
A imagem cardíaca normal (fig. 5.4) em projeção DV apresenta a borda direita mais
arredondada e a esquerda mais aplainada. O eixo do coração é dirigido para o lado
esquerdo, ficando a base do mesmo sobre a linha média e o ápice à esquerda desta. Em
projeção lateral, o ápice cardíaco toca ligeiramente ou nem alcança o esterno. Neste
posicionamento a traqueia, componente do sistema respiratório, que aparece como uma
estrutura radiolucente proveniente da região cervical direcionando-se à base do coração,
forma um ângulo agudo com a coluna torácica. O formato cardíaco varia nas diferentes
raças, sendo mais estreito e posicionado mais verticalmente nas raças de tórax profundo e
mais arredondado e em contato com o esterno nas raças de tórax cilíndrico. É importante
lembrar que o chamado lado direito no coração dos animais, corresponde à porção mais
cranial e ventral, enquanto o lado esquerdo, corresponde à porção mais caudal e dorsal do
mesmo. Cães jovens, até em torno dos 6 meses, têm o tamanho cardíaco maior em relação
ao tórax, quando comparado aos adultos. O coração de gato (fig. 5.3) é relativamente menor
que o de cão e está posicionado mais obliquamente, dentro da caixa torácica.
Para avaliação cardíaca pelo exame radiológico, adota-se meios subjetivos como a
experiência do radiologista, considerando-se o tamanho do coração em relação ao tórax, ou
meios objetivos como o método de Buchanan e Bücheler no qual, com a imagem
radiográfica obtida em projeção lateral, em decúbito direito, mede-se o comprimento do
coração, da base, na borda ventral da carina, até o ápice. Mede-se também a distância
crânio-caudal, usando-se para isso uma linha perpendicular à primeira, no ponto mais largo
do coração, ventralmente à cava caudal. Marca-se a borda cranial da 4ª vértebra torácica e,
a partir daí, ao longo da coluna torácica, toma-se a distância obtida nas mensurações.
Conta-se o número de vértebras abrangidas. Se somarem até 10,5 corpos vertebrais,
considera-se normal o tamanho cardíaco. Ultrapassando este número, o coração será
considerado aumentado de tamanho. Nas raças yorkshireterrier e maltês, tem se percebido
que esta fórmula não confere resultado fidedigno, já que 46,67% dos animais destas raças,
sem sinais clínicos de alteração cardíaca, radiografados em experimento realizado em nossa
instituição, apresentaram imagem cardíaca que seria considerada aumentada.
Na imagem radiográfica, em projeção lateral, a artéria aorta aparece como uma
estrutura linear emergindo da parte superior da borda anterior cardíaca, correndo paralela à
coluna vertebral. A veia cava caudal ou posterior é visualizada com o mesmo padrão da
aorta, porém com menor diâmetro, estendendo-se da imagem do átrio esquerdo ao abdome.
Em projeção DV, estes vasos são pouco visualizados, podendo-se perceber o cajado aórtico
proeminente, cranialmente ao coração e, eventualmente, a sombra deste vaso sobre a
imagem cardíaca.
ALTERAÇÕES
50
DILATAÇÃO CARDÍACA GENERALIZADA
Quando o coração apresentar aumento generalizado, isto é, lado esquerdo e direito
afetados, o coração tomará maior área da cavidade torácica (fig. 6.1). São características
desta alteração:
Em projeção lateral: deslocamento dorsal da traqueia, que em lugar de se apresentar
formando um ângulo agudo com a coluna torácica, estará paralela a esta. Maior contato
do lado direito do coração com o esterno. Lado esquerdo cardíaco perpendicular ao
esterno em vez de arredondado.
Em projeção DV: a silhueta cardíaca aproxima-se da parede costal bilateralmente.
O aumento cardíaco generalizado pode ser resultado de várias condições, incluindo
velhas lesões valvulares e doença do miocárdio, entre outras.
DILATAÇÃO CARDÍACA DIREITA
Em caso de dilatação ventricular direita, na projeção DV, a borda direita estará mais
arredondada e próxima à parede torácica, apresentando, às vezes, a característica imagem
de D invertido (fig. 6.2 A). Na projeção lateral, a borda cranial do coração se apresentará
arredondada e a maior parte do ventrículo direito estará em contato com o esterno (fig. 6.2
B). Dilatação do átrio direito desloca a traqueia dorsalmente e geralmente está associada à
dilatação do ventrículo.
Figura 6.1 – Imagem radiográfica de tórax de cão evidenciando dilatação
cardíaca generalizada e padrão vascular aumentado. Traqueia
deslocada dorsalmente (seta).
Figura 6.2 – Radiografia de tórax de cão evidenciando dilatação cardíaca
direita, em projeção D-V (A) e L (B).
A B
51
DILATAÇÃO CARDÍACA ESQUERDA
Em projeção lateral a borda caudal do coração apresenta-se perpendicular ao esterno
(dilatação ventricular) (fig. 6.3 A). Em caso de aumento do átrio as bordas posterior e
dorsal do coração formam um ângulo reto e não uma curva, como seria normal. O aumento
do átrio esquerdo (fig. 6.3 C) faz com que os grandes brônquios não apareçam sobrepostos
na radiografia, uma vez que desloca o esquerdo dorsalmente.
Em projeção DV observa-se aumento da região caudal esquerda do coração,
correspondente ao ventrículo, com diminuição do espaço entre este e a parede costal (fig.
6.3 B). Nesta incidência o átrio esquerdo dilatado não aparece ou, muito aumentado, pode
produzir dupla sombra onde se sobrepõe ao ventrículo direito.
DILATAÇÃO DA AORTA
Em projeção lateral aparece como uma proeminência na região cranial da silhueta
cardíaca. Na DV causa um aparente aumento no comprimento do coração.
Figura 6.3 – Radiografia de tórax de cão evidenciando dilatação cardíaca esquerda (A e B). Dilatação de
átrio esquerdo (C).
DILATAÇÃO DA ARTÉRIA PULMONAR
Diagnosticada na projeção DV, onde se observa uma proeminência na porção
cranial esquerda do coração (fig. 6.4 A).
HÉRNIA PERITÔNIO-PERICÁRDICA
Alteração congênita na qual há comunicação entre a cavidade peritonial e o saco
pericárdico, proporcionando que estruturas do abdome se insiram entre o coração e o
pericárdio (fig. 6.4 B e C).
A B C
52
Figura 6.4 – Radiografia de tórax de cão evidenciando dilatação de artéria pulmonar (A), hérnia
peritônio pericárdica (B e C).
EFUSÃO PERICÁRDICA
O coração apresenta-se globoso pela presença de líquido no interior do saco
pericárdico, consequente a tumor, por exemplo (6.5).
Figura 6.5 – Efusão pericárdica em cão consequente a tumor no coração.
A B C
53
CAPÍTULO VII
INTRODUÇÃO À ULTRASSONOGRAFIA
BASES FÍSICAS DO ULTRASSOM
O equipamento de ultrassonografia (ecografia) é composto por um transdutor,
também conhecido por sonda ou probe, um monitor e um software. O transdutor contém
um cristal (ou cristais) piezoelétrico que vibra ou pulsa ao receber impulso elétrico,
emitindo ondas de ultrassom. Em íntimo contato com a pele do paciente, o som atravessa as
diferentes interfaces biológicas do mesmo as quais emitem eco que é captado pelo próprio
transdutor. A onda sonora (eco) captada é transformada em pulso elétrico, determinando
imagem em pontos sucessivos na tela do aparelho. A profundidade que o som alcança
depende da frequência do transdutor.
FREQUÊNCIA
É definida como o número de vezes que uma onda é repetida (ciclos) por segundo.
Frequência de milhões de ciclos/s tem um curto comprimento de onda (essencial para uma
boa resolução da imagem).
• 20 000 ciclos/s - 20 kHz (audível pelo ouvido humano)
• 1 ciclo /s - 1 Hz
• 1 000 ciclos/s - 1 kHz
• 1.000.000 ciclos/s - 1 MHz
• Ultrassom: 2 a 15.000.000 ciclos/s ↔ 2 a 15 MHz
COMPRIMENTO DE ONDA
É a distância que a onda percorre durante 1 ciclo.
A frequência e o comprimento de onda são inversamente relacionados. Quanto
menor o comprimento de onda, maior a frequência e melhor a resolução.
A profundidade que o som penetra no tecido é inversamente proporcional à
frequência empregada. Sons de alta frequência são mais atenuados que sons de baixa
frequência, atingindo menor profundidade.
Ex: Transdutores de alta frequência (8 - 10 MHz) são mais indicados para exame
abdominal de estruturas superficiais, felinos e cães de pequeno porte, enquanto os de menor
frequência (3,5 - 7,5 MHz) são mais utilizados para cães de porte grande e médio.
ORIENTAÇÃO DA IMAGEM
Conforme a posição do transdutor na superfície corporal do animal, será
determinada a orientação da imagem. Esta poderá ser longitudinal (sagital) (fig. 7.1 A e B),
ou transversal (fig. 7.2 A e B).
TERMINOLOGIA
• Anecoico-Anecogênico-Transônico: ausência de ecos (preto)
• Ecoico-Ecogênico: presença de ecos (do branco ao cinza)
• Hiperecoico-Hiperecogênico: ecos brilhantes, estruturas altamente reflexivas (branco).
• Hipoecoico-Hipoecogênico: ecos esparsos, reflexão intermediária (cinza).
• Isoecoico-Isoecogênico: estruturas com a mesma ecotextura ou ecogenicidade.
54
Ecogenicidade dos tecidos e fluidos corporais em ordem crescente: Bile/ Urina →
Medula renal → Córtex renal → Fígado → Baço → Próstata
Figura 7.1 A e B – Orientação do transdutor correspondente à imagem do plano sagital do
paciente.
Figura 7.2 A e B – Orientação do transdutor correspondente à imagem do plano
transversal do paciente.
ARTEFATOS
REVERBERAÇÃO: Imagem de linhas ecogênicas sucessivas, paralelas à superfície
da pele, determinadas pela repetição do eco devido a ar ou gás na trajetória do ultrassom
(fig. 7.3 A e B).
- Reverberação externa: quando o contato entre o transdutor e a pele não é total,
determinando a imagem de reverberação desde o topo da imagem ecográfica.
- Reverberação interna: determinada por gases no interior do corpo do paciente.
Figura 7.3 – Linhas hipo e hiperecoicas alternadas demonstrando a
reverberação (setas) externa (A) e interna (B).
LADO DIREITO DORSAL
VENTRAL
A
CRANIAL CAUDAL
DORSAL
VENTRAL
B
CAUDAL CRANIAL
B
LADO DIREITO
A
B A
55
SOMBRA ACÚSTICA: zona anecoica determinada por estrutura hiperecoica que
impede a progressão do ultrassom nos tecidos, refletindo-o completamente (fig. 7.4 A e B).
Ex: Cálculo urinário – hiperecoico (determina sombra limpa), cólon com gases (determina
sombra suja).
Figura 7.4 - Sombra acústica suja causada por gases em cólon (A) e limpa,
causada por cálculo vesical (B) - setas brancas.
REFORÇO POSTERIOR: uma estrutura anecoica (conteúdo líquido) conduz muito
bem o som, fazendo com que este chegue com muita intensidade nos tecidos posteriores à
mesma, determinando imagem hiperecoica (fig. 7.5 A e B). Ex: bexiga com urina.
Figura 7.5 A e B – Reforço acústico posterior (setas).
SOMBRA DE BORDA: sombra acústica distal à estrutura arredondada, causada
pela refração das ondas sonoras (fig. 7.6).
Figura 7.6 – Sombra de borda (setas).
IMAGEM DE ESPELHO: Imagem dupla de uma estrutura, causada por interface
arredondada, altamente reflexiva, como por exemplo, o diafragma em relação aos pulmões,
o que poderá determinar imagem do fígado posterior ao diafragma, além da imagem
normal, anterior ao mesmo.
cólon
B
A B
56
CAPÍTULO VIII
ULTRASSONOGRAFIA DO ABDOME EM PEQUENOS ANIMAIS
BAÇO O baço tem localização intraperitoneal no hipocôndrio esquerdo e geralmente
acompanha a curvatura maior do estômago. O corpo e a cauda são bastante móveis
podendo ser visibilizados em diferentes locais do abdome. Quando está aumentado, pode
cruzar a linha média ventral ou estender-se caudalmente para a região da bexiga.
ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DO BAÇO
Anatomicamente se relaciona com o estômago, intestino delgado, lobo esquerdo do
pâncreas e rim esquerdo. É triangular em seção transversal e situa-se quase paralelo à
curvatura maior do estômago.
O baço é envolto por uma cápsula ecogênica. Possui parênquima homogêneo e é
considerado hiperecogênico em relação à cortical renal e parênquima hepático. A região do
hilo (vasos) é facilmente visibilizada (fig. 8.1 A).
A ultrassonografia detecta a presença de lesões difusas ou focais, sólidas ou
cavitárias.
ALTERAÇÕES DIFUSAS DO PARÊNQUIMA ESPLÊNICO
Por fazer parte do sistema reticuloendotelial, o baço é envolvido em todas as
inflamações sistêmicas, distúrbios hematopoiéticos generalizados e alguns distúrbios
metabólicos. Raramente é o local de doença primária.
ESPLENOMEGALIA
É a alteração mais frequente do baço. O parênquima pode apresentar ecogenicidade
normal ou diminuída. Nos processos crônicos a ecogenicidade pode estar aumentada. A
esplenomegalia difusa pode ser:
Infiltrativa: causada por células neoplásicas (fig. 8.1 B) e por células não neoplásicas
(amiloidose).
Congestiva: associada a condições toxêmicas, torção esplênica, administração de
anestésicos e tranquilizantes, trombos vasculares, insuficiência cardíaca congestiva
direita e hipertensão portal. O aumento do calibre dos vasos é característico de
congestão.
Hiperplásica, Infecciosa e/ou Inflamatória: acompanhando afecções sistêmicas.
ALTERAÇÕES FOCAIS DO PARÊNQUIMA ESPLÊNICO
Podem acompanhar ou não esplenomegalia. As lesões são classificadas como
neoplásicas e não neoplásicas e possuem aparência sonográfica variável, podendo ser
mistas.
57
Figura 8.1 – Imagem ultrassonográfica: A- Baço normal (seta). VL: veia lienal. B- Neoplasia esplênica em
cão. Aspecto rendado.
FÍGADO
O fígado é o maior órgão do abdome, tornando seu completo exame mais difícil.
Imagem normal ao ultrassom, não exclui doença hepática.
ANATOMIA SONOGRÁFICA NORMAL DO FÍGADO
Em cães, o fígado é formado por quatro lobos: lobo esquerdo (subdivide-se em
sublobo medial e lateral), lobo quadrado, lobo direito (subdivide-se em sublobo medial e
lateral) e lobo caudato. A vesícula biliar se localiza, quando repleta, entre o lobo medial
direito e o quadrado, no 7o espaço intercostal na região ventrolateral direita.
A dimensão ecográfica do fígado normal é variável. Em cães e gatos de pequeno
porte o fígado pode ser visibilizado mais facilmente pela localização subcostal. Em cães de
tórax profundo o exame deve ser realizado entre os últimos 3 a 4 espaços intercostais.
A superfície cranial do fígado está delimitada por uma linha ecogênica que
representa o diafragma (fig. 8.2). O padrão sonográfico normal é de ecotextura homogênea
mais grosseira que do baço, contornos lisos e margens de ângulos agudos. A ecogenicidade
hepática é avaliada através da comparação com os órgãos de referência (rins e baço).
Normalmente é levemente hiperecogênica em relação ao córtex renal e hipoecogênica em
relação ao baço.
A avaliação do tamanho hepático é subjetiva. O aumento da distância entre o
estômago e o diafragma, a presença dos lobos hepáticos ultrapassando os limites do gradil
costal ou o deslocamento caudal do rim direito, indicam hepatomegalia.
A ultrassonografia hepática está indicada diante de icterícia e quando há suspeita de
ruptura de diafragma, hepatomegalia, ascite, pesquisa de metástase e para monitorar a
evolução de doenças hepáticas crônicas.
A vesícula biliar possui parede hiperecogênica que pode medir de 1 a 5mm de
espessura. Normalmente o conteúdo é anecogênico (fig. 8.2 A). A lama biliar é um achado
comum nos animais obesos, idosos, sedentários ou endocrinopatas (fig. 8.2 B).
VL
B A
58
Figura 8.2 – Imagem ultrassonográfica: A- Fígado canino normal. VB: vesícula biliar.
Linha do diafragma (seta). B- Vesícula biliar com lama (seta).
ALTERAÇÕES DA VESÍCULA BILIAR
Litíase biliar: geralmente apresenta sombra acústica.
Obstrução de vias biliares: nos processos mais avançados pode-se observar uma
dilatação da vesícula biliar e região de colo alargada e tortuosa (fig. 8.3 A). Achados
sonográficos normais não descartam a presença de obstrução.
Espessamento de parede: pode acompanhar colecistite, hepatite aguda ou crônica e
colangiohepatite, hipoalbuminemia ou congestão passiva (fig. 8.3 B). O espessamento
focal pode estar associado a neoplasias.
Figura 8.3 – Imagem ultrassonográfica: A- Obstrução biliar, duto dilatado (seta ). B- Edema da parede da
vesícula biliar (seta).
ALTERAÇÕES DIFUSAS DO PARÊNQUIMA HEPÁTICO
As alterações difusas são de difícil detecção sonográfica por não provocarem grande
modificação da arquitetura hepática.
Alterações difusas hiperecogênicas (aumentam a ecogenicidade do fígado) incluem:
infiltração gordurosa, hepatopatia por esteroide, diabetes mellitus, linfoma, cirrose e
colangiohepatite crônica (fig. 8.4 A e B). Geralmente a colagiohepatite crônica e a cirrose
apresentam fígado de tamanho reduzido e contornos irregulares. Nas demais patologias o
fígado pode se apresentar com dimensão normal ou aumentada.
VB
A B
A B
59
Figura 8.4 – Imagem ecográfica de região hepática. A- Cirrose hepática e presença de líquido livre no
abdome. B- Colangiohepatite. Seta aponta vesícula biliar com parede irregular e espessada.
Alterações difusas hipoecogênicas (diminuem a ecogenicidade hepática) podem
caracterizar hepatite aguda, linfoma, leucemia e congestão passiva crônica. Nesses casos o
fígado pode apresentar-se com dimensão normal ou aumentada.
ALTERAÇÕES FOCAIS DO PARÊNQUIMA HEPÁTICO
As alterações hepáticas focais podem ser anecogênicas, hipoecogênicas,
hiperecogênicas ou de ecogenicidade mista e são produzidas por hemorragias, hematomas,
cistos, abscessos, hiperplasia nodular, granulomas e neoplasias (fig. 8.5) de origem primária
ou metastática.
Calcificações hepáticas aparecem como pontos hiperecogênicos que produzem
sombra acústica. Granulomas (tuberculose), neoplasias e hematomas podem calcificar.
Figura 8.5 - Imagem ecográfica de neoplasia no
fígado. Parênquima heterogêneo
com áreas hipoecogênicas.
TRATO GASTRINTESTINAL (TGI)
Doenças de origem obstrutiva, inflamatória, neoplásica e que alteram a motilidade
gastrointestinal, podem ser evidenciadas ultrassonograficamente.
A reverberação causada pelo gás pode impossibilitar um exame de planos mais
A B
60
profundos. O preparo prévio do paciente (jejum alimentar) para diminuir o acúmulo de gás
pode ser necessário, exceto em gatos que pode ocasionar evidente contração estomacal
(forma de roseta), limitando a mensuração de sua parede.
O exame ultrassonográfico deve ser realizado anteriormente a exames contrastados
à base de sulfato de bário, para que não haja atenuação da onda sonora. Já os contrastes
iodados, não comprometem o exame.
ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DO TRATO
GASTRINTESTINAL
O estômago (fig. 8.6A) localiza-se no abdome cranial relacionando-se ao
parênquima hepático, baço e rim esquerdo. No peristaltismo normal ocorrem em média de
5 contrações por minuto. Nos cães, o piloro situa-se no lado direito do abdome enquanto
nos gatos está na linha média ou próximo a ela. A espessura normal da parede estomacal
varia de 3-5mm nos cães. Nos gatos a média é de 2mm (entre as pregas) e 4,4mm (na
região das pregas).
A porção proximal do duodeno localiza-se na região cranioventral do abdome e
relaciona-se com o rim direito e lobos hepáticos direitos. A espessura da parede é maior
quando comparada ao restante das alças intestinais e varia de acordo com a raça (3-5mm).
Nos gatos varia de 2-2,4mm. O baço e a bexiga servem de janela acústica para a
visibilização dos demais segmentos intestinais que se localizam na região média do abdome
(fig. 8.6B). A espessura das demais porções do intestino delgado nos cães é de 2-3mm e
nos gatos de 2mm. A avaliação sonográfica da parede do intestino grosso é dificultada pela
quantidade de gás.
Figura 8.6 – Sonograma evidenciando a parede de estômago (A) e alças intestinais(B) com líquido intraluminal.
IDENTIFICAÇÃO DAS CAMADAS DA PAREDE (do lúmen para fora) (fig. 8.7
A e B):
A presença de líquido intraluminal pode favorecer a avaliação da parede gástrica.
A. Superfície mucosa: linha hiperecogênica
B. Mucosa: hipoecogênica
C. Submucosa: hiperecogênica
D. Muscular própria: hipoecogênica
E. Subserosa/serosa: hiperecogênica
A B
61
Figura 8.7– A- Parede do estômago normal de cão. Pregas gástricas (setas).
B- Plano longitudinal do duodeno identificando as camadas (FONTE: CARVALHO, 2004).
ALTERAÇÕES DO TRATO GASTROINTESTINAL
Neoplasias: São formações hipoecogênicas de tamanho variável em que se tornam
indiferenciáveis as camadas da parede gástrica e/ou intestinal.
Obstrução do TGI: sonograficamente pode haver distensão de alças com aumento
do peristaltismo anterior ao ponto de obstrução. Podem ocorrer por causas:
Mecânicas - aderências, hérnias, tumores, corpos estranhos, etc.
Funcionais (denominada íleo funcional) – gastroenterite de origem viral.
Intussuscepção: A imagem sonográfica se caracteriza por camadas de anéis
concêntricos no corte longitudinal e imagem de alvo (conhecido como olho de boi) no corte
transversal que representam as camadas intestinais. O peristaltismo pode estar ausente.
Ocorre comumente em cães jovens com gastroenterite (fig. 8.8 A e B).
Figura 8.8 - Imagem do corte transversal de intussuscepção (alvo), em um gato (A)
e em um cão (B).
Corpos estranhos: sua identificação é dependente do formato, características físicas
e acúmulo de líquido ou gás intestinal. Os corpos estranhos lineares são representados por
uma linha hiperecogênica intraluminal e pelo pregueamento intestinal no segmento
envolvido. Radiografias auxiliam no diagnóstico.
Inflamações gastrointestinais: presença de espessamento da parede do intestino com
preservação de suas camadas e com visibilização da camada submucosa.
Gastrites: espessamento difuso da parede do estômago (maior que 7mm) com
preservação das camadas. O espessamento localizado, que ocorre frequentemente em
úlceras, não pode ser diferenciado de neoplasias através do exame ecográfico.
A B
A B
62
Duodenites: em cães, geralmente, estão associadas a processos inflamatórios no
pâncreas (pancreatite). Há espessamento da porção duodenal com preservação das
camadas.
SISTEMA REPRODUTOR
SISTEMA REPRODUTOR FEMININO
A ultrassonografia do aparelho reprodutor feminino está indicada para pesquisa de
alterações ovarianas e uterinas, evolução gestacional ou distúrbios na gestação como
retenção, morte ou maceração fetal.
OVÁRIOS
ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DOS OVÁRIOS
Os ovários estão localizados caudalmente aos polos caudais dos rins
correspondentes, apresentam forma oval ou arredondada e medem aproximadamente 1,5cm
de comprimento. Demonstram aspecto homogêneo durante o anestro e ecogenicidade
semelhante à córtex renal. Nas demais fases estrais, com a presença de folículos, a
ecogenicidade dos ovários se torna diferenciada em relação aos tecidos adjacentes,
facilitando sua identificação.
ALTERAÇÕES OVARIANAS
As alterações usualmente detectadas nos ovários são: neoplasias, cistos ovarianos e
granulomas por fios de sutura.
Os cistos ovarianos possuem aspecto cavitário. Apresentam-se como estruturas
arredondadas, anecogênicas com reforço acústico posterior. Podem ser únicos ou múltiplos
e estar presentes em um ou ambos os ovários. Ovários policísticos (fig. 8.9) se caracterizam
por estruturas císticas anecogênicas que podem aparecer separadamente ou como um único
cisto, por não se perceber os limites de cada um e aumentar o tamanho ovariano.
As neoplasias são classificadas de acordo com sua origem embriológica.
Sonograficamente possuem aparência variável, mas na rotina tem-se visto tumores com
aspecto de muitos cistos com septação fina entre eles. Pode tomar grandes proporções,
ocupando considerável porção do abdome.
ALTERAÇÕES PÓS-OVARIECTOMIA:
Granulomas por fio de sutura: decorrem da reação ao fio. Normalmente são
heterogêneos, com contornos irregulares ou pouco definidos.
Hidronefrose ou pionefrose: alterações renais consequentes a falhas no
procedimento cirúrgico, como inclusão acidental do ureter no momento de ligar o pedículo
ovariano durante a operação.
63
Figura 8.9 - Ovário normal, hipoecogênico em relação aos tecidos adjacentes (A) e com aspecto
multicavitário (B).
ÚTERO
A ultrassonografia tem importante papel na avaliação uterina principalmente em
doenças de grande ocorrência como a piometra. Na gestação contribui para o diagnóstico
precoce, constatação da viabilidade fetal e estimativa aproximada da idade gestacional.
ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DO ÚTERO
O corpo uterino mede de 2-3 cm e está localizado parcialmente no interior da pelve.
Os cornos variam de 12-15cm de comprimento, localizados no abdome, estendendo-se na
direção de cada rim, com diâmetro menor que 1cm. A bexiga distendida serve de janela
acústica para localizar e avaliar o corpo uterino.
Muitas vezes a visibilização do útero normal, não gravídico, não é possível em
fêmeas jovens em anestro ou pré-púberes, porque os cornos uterinos não possuem conteúdo
em seu lúmen e podem ficar encobertos por gás das alças intestinais. Quando visibilizado
se apresenta como estrutura homogênea hipoecogênica. A ausência de peristaltismo pode
diferenciar os cornos uterinos das alças intestinais.
ALTERAÇÕES UTERINAS
As alterações mais frequentes são piometra, hiperplasia endometrial cística (HEC) e
endometrite. Outras afecções como neoplasia, granuloma e piometra de coto secundários a
ovário-histerectomia também ocorrem.
Piometra: o útero é identificado como estrutura tubular, no plano sagital, ou circular
quando a imagem é obtida com cortes transversais. O conteúdo luminal, em geral, é
anecogênico, podendo apresentar quantidade variável de pontos ecogênicos. Nesta
condição a parede uterina possuirá espessura variável. O exame ecográfico não permite
diferenciar piometra (fig. 8.10) de hemometra, mucometra e hidrometra. Na piometra
de colo aberto, o útero poderá não apresentar conteúdo significativo.
Endometrite: é caracterizada pelo aumento da parede uterina e mucosa irregular. A
quantidade de conteúdo luminal geralmente é pequena.
HEC: ultrassonograficamente se apresenta com múltiplos cistos irregulares na parede
uterina aumentando seu diâmetro.
A B
64
Figura 8.10 – Imagem de ultrassom de útero com
conteúdo anecogênico. Piometra.
GESTAÇÃO
Diagnóstico precoce de gestação, monitoração da fêmea prenhe, idade gestacional
aproximada e viabilidade fetal são informações que o exame ultrassonográfico fornece.
A gestação das cadelas dura em média 64 dias ± 1, enquanto a gestação de gatas
varia de 64-68 dias. Em gatas, devido à ovulação ser induzida pela cobertura, a data do
início da gestação é mais precisa.
ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA GESTACIONAL
As vesículas gestacionais correspondem a formações arredondadas anecogênicas.
Em cães podem ser detectadas após 17 dias do pico de LH. Nas gatas as vesículas
gestacionais podem ser detectadas 11-14 dias após a cobertura.
O embrião só é visibilizado a partir do 22-25o dia (período indicado para a
realização do exame) e se apresenta como uma estrutura ecogênica homogênea projetada
para o interior da vesícula.
IDENTIFICAÇÃO DE ESTRUTURAS FETAIS APÓS PICO DE LH:
21-29 dias - batimentos cardíacos (15-17 dias em gatas)
28-30 dias – movimentos fetais
30-35 dias – início da mineralização óssea
38-42 dias – diferenciação entre pulmões hiperecogênicos e fígado hipoecogênico.
44-45 dias – Rins deixam de ser anecóicos e apresentam córtex e medular distintas.
58-63 dias – Movimento intestinal.
Na espécie canina, a frequência cardíaca média inicial do feto é de 214 bat/min. Aos
40 dias, 238 bat/min., reduzindo próximo ao parto. Na espécie felina a frequência cardíaca
dos fetos se mantém quase constante durante toda a gestação (aproximadamente 228
bat/min.).
O sofrimento fetal é caracterizado pela frequência cardíaca diminuída em relação às
medidas citadas ou quando comparada aos outros fetos.
A morte fetal é caracterizada pela ausência de batimentos cardíacos e perda da
movimentação fetal, podendo ocorrer acúmulo de gás no feto e ao redor do mesmo em caso
de contaminação.
65
CÁLCULOS PARA ESTIMAR A IDADE GESTACIONAL
Cadelas com menos de 40 dias de gestação: (Fig. 8.11 A e B)
IG = (6 x DSG) + 20
Onde: IG = Idade Gestacional
DSG = Diâmetro do saco gestacional
Figura 8.11 – A- Vesícula gestacional. Aproximadamente 24 dias de gestação. B- Medida do
diâmetro do saco gestacional (DSG).
Cadelas com mais de 40 dias de gestação (variação de 3 dias): (Fig. 8.12 A e B)
IG = (15 x DBP) + 20
IG = (7 x DTA) + 29
IG = (6 x DBP) + (3 x DTA) + 30
Gatas com mais de 40 dias de gestação (variação de 2 dias)
IG = (25 x DBP) + 3
IG = (11 x DTA) + 21
Onde: IG = Idade Gestacional
DBP = Diâmetro Biparietal
DTA = Diâmetro Tóraco-abdominal
Figura 8.12 – A- Diâmetro biparietal (DBP). B- Diâmetro tóraco-abdominal (DTA).
A B
A B
66
SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO
Alterações como testículo ectópico, orquites, prostatites, epididimites, neoplasias
prostáticas e cistos paraprostáticos podem ser identificados.
TESTÍCULOS
ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DOS TESTÍCULOS E
EPIDÍDIMO
Os testículos estão localizados no interior da bolsa escrotal, têm contorno ovalado e
medem aproximadamente 3,6cm. Os epidídimos se situam sobre os testículos, sendo que a
cabeça do epidídimo fica na porção cranial do mesmo. As túnicas: vaginal visceral e
albugínea recobrem os testículos formando uma cápsula fibrosa.
Ultrassonograficamente possuem textura homogênea hipo ou isoecogênica em
relação à próstata. A linha do mediastino formada pela invaginação da túnica albugínea é
hiperecogênica (fig. 8.13).
Figura 8.13 – Imagem do testículo com o mediastino
evidente (seta) e o epidídimo (+).
ALTERAÇÕES DOS TESTÍCULOS E EPIDÍDIMOS
Hidrocele: os achados sonográficos incluem uma imagem hipoecogênica ao redor do
testículo, determinada pelo líquido que se acumula na bolsa escrotal (fig. 8.14).
Testículos ectópicos: os testículos podem ficar retidos no tecido subcutâneo pré-
escrotal, na área inguinal ou no abdome. Sonograficamente podem ter aparência
normal, atrofiada ou alterada. Testículos atrofiados se caracterizam pela diminuição de
tamanho, ecogenicidade normal a diminuída e preservação das características da
arquitetura interna. A neoplasia se apresenta com aumento testicular e formação de
massa abdominal complexa.
Orquite e epididimite: é a inflamação do testículo e epidídimo, respectivamente. O
testículo inflamado apresenta-se hipoecogênico, em geral em focos e com contorno
irregular. O epidídimo se apresenta hipoecogênico ou hiperecogênico, com ou sem
mineralizações, podendo a alteração ser focal ou difusa em toda a extensão da
estrutura, o que é mais comum.
67
Neoplasias testiculares representam o segundo tipo mais comum de tumor em cães
idosos. A aparência sonográfica é variável, observando-se heterogeneidade do
parênquima, nódulos ecogênicos ou hipoecogênicos, solitários ou múltiplos.
Figura 8.14 – Hidrocele. Área hipoecogênica ao redor
do testículo (setas).
PRÓSTATA
ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DA PRÓSTATA
A próstata se localiza na porção retroperitoneal circundando a uretra ou o colo da
bexiga. Em cães é bilobulada e seu tamanho é variado, medindo de 1,3 a 3cm nos três
planos (largura/ comprimento e espessura). Nos cães castrados, o tamanho da próstata está
diminuído e os lobos prostáticos não são distinguíveis.
No gato a próstata recobre a uretra dorsolateralmente. Seu comprimento é de
aproximadamente 1cm e possui pouco significado clínico.
Sonograficamente se apresenta com parênquima de ecogenicidade homogênea e
hipoecogênica em relação aos tecidos adjacentes, há simetria dos lobos e bordas lisas (fig.
8.15 A).
ALTERAÇÕES PROSTÁTICAS
Hiperplasia prostática benigna (HPB): é a alteração de próstata mais comum em cães,
principalmente com mais de 6 anos de idade. Ultrassonograficamente há aumento de
volume prostático, parênquima homogêneo, podendo ser visibilizadas estruturas císticas
múltiplas e difusas.
Cistos prostáticos: são áreas cavitárias focais ou multifocais, com conteúdo hipo ou
anecogênico, correspondente a fluido.
Prostatite bacteriana: Na infecção aguda o exame ecográfico mostra áreas cavitárias
preenchidas por líquido com imagem hipoecogênica, resultante de abscesso.
Neoplasias: os achados sonográficos incluem parênquima heterogêneo (fig. 8.15 B),
áreas hipoecogênicas ou hiperecogênicas focais ou difusas sugestivas de mineralização.
68
Figura 8.15 – A- Imagem de próstata normal com limites nítidos (setas) e uretra
prostática evidente (estrutura anecogênica). B- Próstata com parênquima
heterogêneo e contorno irregular. Neoplasia prostática.
SISTEMA URINÁRIO
A ultrassonografia do trato urinário permite a avaliação da forma, do contorno, da
dimensão e da arquitetura interna dos órgãos que o compõem.
RINS
Os rins são órgãos retroperitoneais circundados por tecido adiposo.
ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DOS RINS
O rim direito localiza-se na fossa renal do lobo caudato do fígado e mantém
proximidade com a adrenal direita, lobo direito do pâncreas e duodeno descendente,
enquanto o rim esquerdo relaciona-se à grande curvatura do estômago, baço, lobo esquerdo
do pâncreas e adrenal esquerda. Externamente são revestidos por uma cápsula fibrosa que
produz eco brilhante quando o feixe sonoro incide perpendicularmente. Possui a cortical
ecogênica, a medular (porção mais interna) hipoecogênica em relação àquela e uma região
mais central correspondente à pelve renal que é hiperecogênica (fig. 8.16 A). Na região do
hilo são observáveis a veia e a artéria renais. A dimensão renal em cães está relacionada ao
peso, tamanho e condição corpórea. Porém, dimensões entre 6,0-9,0cm são consideradas
normais no eixo longitudinal. A simetria dos rins é um dado mais útil. Felinos têm o
comprimento renal variando entre 3,8-4,4cm em plano longitudinal.
A avaliação da relação córtico-medular, bem como a ecogenicidade cortical que é
comparada com fígado e baço, servem para indicar alterações renais.
A ultrassonografia do trato urinário é indicada quando há dor na região renal,
hematúria, suspeita de massa abdominal ou doença policística, infecção urinária recidivante
ou quando a função do rim está ausente na urografia excretora ou alterada em dados
laboratoriais. A função renal não está correlacionada com o tamanho ou ecogenicidade dos
rins.
ALTERAÇÕES DIFUSAS DO PARÊNQUIMA RENAL
A ecogenicidade cortical pode encontrar-se aumentada em patologias como nefrite,
necrose, amiloidose, nefrocalcinose (fig. 8.16 B) e doenças renais terminais. Em felinos o
aumento da ecogenicidade cortical também está relacionado a linfossarcoma difuso,
peritonite infecciosa felina (PIF) ou pode ser considerado normal em gatos castrados. O
diagnóstico diferencial é feito através de biopsia renal.
A B
69
Dioctofimose: causada pelo verme Dioctophyma renale, afeta principalmente o rim
direito. Distorção anatômica do rim e presença de várias estruturas circunscritas ou lineares
hiperecogênicas com conteúdo anecogênico podem sugerir a presença do verme (fig. 8.17
A).
Figura 8.16 – A- Imagem de rim de cão sem alteração em corte longitudinal. B- Hiperecogenicidade da
cortical renal indicando nefropatia.
ALTERAÇÕES FOCAIS DO PARÊNQUIMA RENAL
RINS POLICÍSTICOS
Os rins policísticos, como o nome sugere, apresentam múltiplos cistos, que são
estruturas anecogênicas de forma e tamanho variados, podendo ser uni ou bilaterais. A
doença policística renal é mais comum em gatos da raça Persa sendo identificada como
doença autossômica dominante (fig. 8.17 B).
Figura 8.17 – A- Imagem ecográfica de Dioctophyma renale no rim direito de um cão. B- Rins policísticos
em felino.
CALCIFICAÇÃO E CÁLCULO RENAL
As calcificações podem aparecer em diferentes porções do parênquima renal ou
formar linha hiperecogênica na medular ou na junção córtico-medular. Já os cálculos,
independente da composição, são visibilizados ao exame ultrassonográfico na pelve renal e
determinam sombra acústica bem definida (fig. 8.18).
A B
A B
70
Figura 8.18 – Imagem ecográfica de cálculos no rim
esquerdo formando sombra acústica (setas
pequenas).
NEOPLASIAS
Em cães e gatos a metástase renal é mais frequente que o tumor primário. Áreas
heterogêneas são observadas, podendo determinar irregularidade no contorno do rim. A
ecogenicidade é variável, sendo a biopsia renal indicada para o diagnóstico definitivo.
ALTERAÇÕES DE PELVE RENAL
HIDRONEFROSE
É a causa mais comum de aumento renal. Caracteriza-se pela dilatação do sistema
coletor, secundariamente à obstrução. Sonograficamente a arquitetura interna do órgão é
afetada em maior ou menor grau, dependendo da duração da obstrução. Em estágios
avançados da doença, os rins podem apresentar-se como um saco de conteúdo
hipoecogênico ou anecogênico. (fig. 8.19 A e B).
Figura 8.19 – A- Imagem ecográfica de hidronefrose. Pelve renal (P). Em B ocorreu grande
destruição do parênquima.
P
A B
71
BEXIGA
A avaliação ecográfica da bexiga requer conteúdo no interior da mesma.
Recomenda-se manter o paciente sem urinar por um período mínimo de 3 horas.
ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DA BEXIGA
Com o animal em decúbito dorsal, a bexiga é visibilizada cranialmente à pelve. É
utilizada como janela acústica para avaliação de estruturas adjacentes como cólon, útero,
próstata e linfonodos ilíacos.
A bexiga normal apresenta-se como uma estrutura de forma piriforme, com
conteúdo anecogênico (urina) (fig. 8.20 A), podendo tornar-se deformada por estruturas
vizinhas (fig. 8.20 B). A parede é observada como uma camada dupla hiperecogênica,
separada por uma linha hipoecogênica. A camada interna (mucosa) deve ser lisa e contínua.
A espessura normal da parede vesical varia de 0,1 a 0,5cm nos cães e de 0,13 a 0,17cm nos
gatos e deve ser considerada com uma distensão moderada.
Figura 8.20 – A- Imagem ecográfica de bexiga normal. B-Distorção no formato da bexiga causada pelo útero
aumentado de volume (seta).
ALTERAÇÕES DA BEXIGA
CISTITE
Características como irregularidade da mucosa vesical e espessamento da parede
com presença de sedimento podem ser observadas (fig. 8.21 A). O ato de sacudir o
conteúdo vesical com o transdutor (balotamento), promove movimento do conteúdo com
formação de redemoinhos compostos de pontos hiperecogênicos flutuantes (fig. 8.21 B). A
cistite aguda pode não causar alterações sonográficas na parede vesical.
A B
72
Figura 8.21 – A- Imagem ecográfica demonstrando parede vesical espessada, sugerindo
cistite. B- Sedimento vesical após balotamento.
CÁLCULO VESICAL (UROLITÍASE)
Os cálculos urinários possuem forma e tamanho variados (2mm a 10cm) e podem
causar obstrução urinária ou lesão traumática na mucosa. Os machos retém os cálculos na
bexiga devido à uretra mais longa e estreita. Sonograficamente os cálculos são visíveis
independentemente do tamanho e da composição. São observados como estruturas
hiperecogênicas que produzem sombra acústica (fig. 8.22).
NEOPLASIA
Os tumores se apresentam como espessamentos focais de parede que se estendem
para o lúmen vesical ou de forma difusa que causam espessamento uniforme e generalizado
da parede, similar à cistite crônica. O papiloma é a neoplasia benigna mais comum. Ultras-
sonograficamente apresenta-se como formação ecogênica homogênea.
Figura 8.22 - Cálculo vesical (C) formando sombra
acústica (Imagem cedida pela M.V.
Adriane Ilha).
COÁGULOS
Geralmente ocorrem após traumas, neoplasias, infecções ou alterações sanguíneas.
Sonograficamente são irregulares, não formam sombra acústica e têm ecogenicidade mista.
Podem ser móveis ou aderidos à parede vesical.
URETERES
ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DOS URETERES
Os ureteres normalmente não são visibilizados ecograficamente devido ao seu
pequeno diâmetro. Sua porção abdominal é adjacente ao músculo psoas.
A
B
73
ALTERAÇÕES URETERAIS
HIDROURETER OU DILATAÇÃO URETERAL
Obstrução por ligaduras acidentais durante a ovário-histerectomia ou por cálculos e
compressões tumorais são as causas mais comuns de dilatação. Ecograficamente o ureter
dilatado apresenta-se com paredes bem definidas e tortuosas que podem ter luz de 2-3cm de
diâmetro. A sobreposição de alças intestinais com gás pode impossibilitar a visibilização do
trajeto total dos mesmos.
URETER ECTÓPICO E RUPTURA DE URETER
São mais facilmente identificados pelo exame de urografia excretora.
PÂNCREAS
ANATOMIA ULTRASSONOGRÁFICA NORMAL DO PÂNCREAS
O pâncreas situa-se adjacente à curvatura maior do estômago, duodeno, cólon
ascendente e transverso. Sua característica isoecóica à gordura circundante dificulta sua
visibilização, sendo pesquisado em sua topografia habitual (fig. 8.23). A administração via
oral de líquido, pode contribuir por deslocar o gás do piloro, porém, é contra-indicada em
animais com suspeita de pancreatite, podendo induzir ao vômito.
ALTERAÇÕES PANCREÁTICAS
PANCREATITE E NEOPLASIA
As mudanças sonográficas causadas pela pancreatite permitem sua identificação.
Em geral observa-se aumento do órgão e hipoecogenicidade. Tumorações podem ser focais
ou difusas e determinam imagem heterogênea.
Figura 8.23 – Imagem de pâncreas sem alteração.
74
CAPÍTULO IX
INTRODUÇÃO À RADIOLOGIA ÓSSEA E ARTICULAR
A radiografia é um exame complementar essencial para o estudo das afecções que
acometem tanto o sistema ósseo quanto articular. Além de fornecer informações
diagnósticas permite acompanhar a evolução do caso clínico. Algumas afecções necessitam
de um razoável tempo para se manifestarem radiologicamente, até que as reações ósseas
alterem a densidade do tecido, mesmo o paciente apresentando sinais clínicos precoces.
ESTRUTURA ÓSSEA
Os ossos longos são constituidos de diáfise (corpo do osso que contém a medula
óssea), duas epífises (extremidade proximal e distal) e entre elas as metáfises (fig. 9.1).
Em animais jovens, as cartilagens ou placas epifisiárias (linha radiolucente), são
nítidas entre as epífises e as metáfises. Quando as cartilagens estiverem totalmente
substituídas por tecido ósseo, o crescimento cessa. Nos cães, o crescimento se completa em
torno do 10° ao 14°mês de idade (fig. 9.2) (Quadro 1) e nos gatos, mais tardiamente,
principalmente nos castrados. A cortical é a região periférica e mais radiopaca dos ossos e a
medular é a região central. O periósteo recobre a cortical externamente (exceto nas
superfícies articulares) enquanto o endósteo a envolve internamente, ambos promovem o
reparo e a consolidação óssea.
Figura 9.1 – Membro de animal jovem (5 meses de idade) apresentando as fises
abertas (setas) - linhas radiolucentes. D – diáfise. M – metáfise.
E – epífise.
M
E
D
75
Figura 9.2 – Desenvolvimento em dias do membro anterior de cão em projeção dorsopalmar. (FONTE:
SCHEBITZ & WILKENS, 2000).
Quadro 1 - Idade de fechamento epifisário em cães.
Estrutura Idade de Fusão
Tuberosidade Escapular 4-7 meses
Úmero Proximal 10-13 meses
Úmero Distal 6-8 meses
Rádio Proximal 6-11 meses
Rádio Distal 8-12 meses
Ulna Proximal (olécrano) 6-10 meses
Ulna Distal 8-12 meses
Metacarpianos e Metatarsianos 5-7 meses
1a e 2
a Falanges 4-5 meses
Pelve: - Acetábulo 5-6 meses
- Crista Ilíaca 1-2 anos
- Tuberosidade Isquiática 8-10 meses
Fêmur Proximal (cabeça) 7-11 meses
Fêmur Distal 8-11 meses
Tíbia Proximal 6-11 meses
Tíbia Distal 8-11 meses
Tuberosidade Tibial 6-12 meses
Fíbula Proximal 8-12 meses
Fíbula Distal 7-11 meses
Tuberosidade Calcânea 3-8 meses
TIPOS DE RESPOSTAS ÓSSEAS
DIMINUIÇÃO DA DENSIDADE (OSTEOPENIA): a reabsorção ou destruição
óssea podem resultar de traumas, desuso, doença metabólica, infecção e neoplasia.
Alterações radiograficamente identificáveis ocorrem a partir de 50% de perda de conteúdo
mineral dos ossos.
76
AUMENTO DA DENSIDADE: está associado a neoformações ósseas ou aumento
na mineralização, o que pode ser referido como esclerose óssea na imagem radiográfica.
OSTEÓFITOS: são proliferações ósseas em forma de espículas.
OSTEÍTE: é uma reação inflamatória do osso sem o envolvimento da medular.
PERIOSTITE: é uma reação inflamatória do periósteo determinando irregularidade
em sua superfície.
EXOSTOSE: é uma proliferação óssea mais acentuada que a periostite podendo ser
lisa (estacionária) ou irregular (proliferativa).
OSTEOMIELITE: é um processo inflamatório e ou infeccioso com envolvimento
da cortical e medular, decorrente de ferimentos de origem traumática, cirúrgica ou via
hematógena. Radiograficamente observa-se lise e esclerose óssea, com perda do padrão
trabecular normal e reação periosteal.
LUXAÇÃO: é o deslocamento completo entre as superfícies articulares.
SUB-LUXAÇÃO: é o deslocamento parcial entre as superfícies articulares.
FRATURA: é a solução de continuidade de uma estrutura óssea.
ANQUILOSE: é a fusão de duas ou mais estruturas ósseas, podendo ser provocada
por reação inflamatória e / ou infecciosa, ou induzida cirurgicamente por artrodese.
TRIÂNGULO DE CODMAN: ocorre em processos neoplásicos e inflamatórios,
quando há lesão com destruição de cortical, elevação do periósteo e neoformação
subperiosteal, determinando um ângulo.
PROJEÇÕES
Para a análise radiológica precisa, são requeridas no mínimo duas projeções
perpendiculares entre si, sendo que projeções com articulações flexionadas, incidências
obliquadas e skyline contribuem eventualmente.
O uso de sedativos, tranquilizantes ou anestesia geral pode tornar-se necessário para
um posicionamento correto, desde que o estado físico do paciente permita. Para a obtenção
de boa imagem de uma lesão, é recomendável que a mesma esteja o mais próximo possível
do filme.
CAPÍTULO X
RADIOLOGIA DO CRÂNIO
O crânio, dentro do sistema ósseo e articular, constitui uma das partes que oferece
maior dificuldade na interpretação radiográfica, tanto em pequenos quanto em grandes
animais, devido, principalmente, à grande variação entre espécies e, dentro destas, as
características raciais. Por exemplo, a dificuldade dentro de uma mesma espécie é a
diferença entre cães dolicocéfalos, mesocéfalos e braquicéfalos.
Dolicocéfalos: nestes animais o diâmetro antero-posterior da cabeça é longo,
deixando a impressão que a cabeça é estreita em relação ao comprimento. Ex.: Dobermann.
Braquicéfalos: animais com esta característica possuem a cabeça achatada no
sentido antero-posterior, deixando a impressão de que a cabeça é larga em relação ao
comprimento. Ex.: Boxer e Bulldog.
Mesocéfalos: são cães com a medida proporcional de largura e comprimento da
cabeça, sendo intermediária em relação aos anteriores. Correspondem a aproximadamente
75% das raças caninas. Ex.: Rottweiler e Labrador.
O crânio dos felinos tem características uniformes em sua maioria, mas algumas
77
raças apresentam características braquicéfalicas, como os Persas, por exemplo.
A cavidade nasal e os seios frontais são facilmente identificados pela sua
radiolucência. Os ossos turbinados das conchas nasais conferem uma imagem trabeculada
de linhas finas radiopacas no meio radiolucente normal, enquanto o septo nasal divide a
cavidade em duas porções simétricas (esquerda e direita). Afecções relacionadas a esta
região incluem um aumento de radiopacidade, alteração no padrão trabeculado e destruição
ou proliferação óssea. As alterações mais comuns são os processos inflamatórios,
infecciosos, hemorrágicos e tumorais, os quais diminuem a radiolucência da cavidade nasal,
porém, não são diferenciáveis entre si radiograficamente. Radiografias nasais de boa
qualidade ajudam a definir a localização e extensão das lesões. A projeção dorso-ventral
com o filme intra-oral permite visualizar a região trabeculada da cavidade nasal sem
interferência de sobreposição com a mandíbula.
POSICIONAMENTOS
Para as incidências de maxila ou mandíbula com boca aberta e trans-orais, é
necessário que os animais estejam anestesiados.
Os posicionamentos principais são:
Dorso-ventral.
Ventro-dorsal.
Lateral: com a boca aberta ou fechada.
Obliquados.
Trans-oral com boca aberta para avaliar bulas timpânicas.
Skyline, para avaliar seios frontais.
PREPARO
Sempre que possível limpar a região a ser radiografada, para evitar artefatos
como sujidades ou pomadas iodadas.
Quando necessário se faz uso de sedação ou até anestesia geral.
ANATOMIA RADIOGRÁFICA NORMAL (fig. 10.1 e fig. 10.2)
Figura 10.1 – A- Imagem radiográfica normal em projeção lateral de crânio de cão. B- Projeção dorso-
ventral de crânio de cão. C- Projeção dorso-ventral de crânio de gato.
A C B
78
Figura 10.2 – A- Imagem radiográfica em projeção ventro-dorsal com boca aberta evidenciando a
cavidade nasal. B- Projeção Skyline demonstrando os seios frontais radiolucentes.
ALTERAÇÕES RADIOGRAFICAMENTE VISÍVEIS
AFECÇÕES CONGÊNITAS
HIDROCEFALIA
Enfermidade congênita, podendo ser adquirida, a hidrocefalia (fig. 10.3) refere-se
ao acúmulo de líquido na região do neurocrânio, por excesso de produção de líquido
cérebro espinhal ou decréscimo na absorção do mesmo. Afeta principalmente raças toy,
braquicéfalos e Beagles. Os principais sinais clínicos estão relacionados a estado mental
alterado, com convulsões, deficiências visuais, disfunção motora e desenvolvimento
retardado.
Radiograficamente será observado aumento de radiopacidade e homogeneidade na
região do neurocrânio, aumento do vértice craniano, adelgaçamento do osso e retardamento
no fechamento das suturas ósseas.
Figura 10.3 – Imagem radiográfica de hidrocefalia. Aumento da radiopacidade da região
craniana de um cão. A- Projeção lateral. B- Projeção dorso-ventral.
A B
A B
79
AFECÇÕES TRAUMÁTICAS
FRATURA
As fraturas (fig. 10.4), quando grandes, são facilmente evidenciadas, porém, as
pequenas, são de difícil observação, sobretudo na cabeça, pela sobreposição das estruturas.
Em geral decorrem de traumas e quando se estendem à cavidade nasal ou seios frontais,
podem provocar enfisema subcutâneo e / ou processos hemorrágicos. Várias incidências
radiográficas podem ser necessárias para obtenção do diagnóstico.
Figura 10.4 – A- Fratura craniana em felino caracterizada por linha radiolucente (cabeça de seta). B-Projeção
lateral com boca aberta em canino com fratura de ramo mandibular (seta).
LUXAÇÃO
A luxação, geralmente, resulta de traumatismo e caracteriza-se por uma
instabilidade palpável da articulação, determinada por deslocamento entre as estruturas que
se articilam. Na região do crânio e face observam-se luxações na articulação têmporo-
mandibular e na sínfise mandibular, podendo estar associadas a fraturas na mandíbula.
A luxação da articulação têmporo-mandibular, caracteriza-se radiograficamente pelo
afastamento do processo condilóide da mandíbula do seu local anatômico que é a fossa
mandibular do osso temporal, podendo ser uni ou bilateral e ter deslocamento cranial,
caudal ou lateral.
CORPO ESTRANHO
Corpos estranhos podem ser radiopacos ou radiolucentes. Os radiopacos são
facilmente observados, como projéteis que apresentam densidade de metal.
Os radiolucentes nem sempre são visíveis, mas, dependendo da localização, nas
fossas nasais, por exemplo, podem ocasionar reação inflamatória e, neste caso, mostrar
determinada área com aumento de radiopacidade, que poderá ser confundida com outras
afecções.
AFECÇÕES DE ORIGEM METABÓLICA E / OU NUTRICIONAL
HIPERPARATIROIDISMO SECUNDÁRIO RENAL
Também conhecido como Osteíte fibrosa renal, Raquitismo renal, Osteodistrofia
renal ou Mandíbula de Borracha. Em animais velhos a causa principal é a doença renal
A B
80
crônica, enquanto em cães jovens se deve às nefropatias congênitas, resultando em
desmineralização óssea, primeiramente no crânio, afetando maxila e mandíbula que têm a
radiopacidade diminuída. A desmineralização no restante do esqueleto, pode ocorrer, mas é
mais lenta.
Com o desenvolvimento da enfermidade, a mandíbula torna-se maleável, o que
justifica a expressão “mandíbula de borracha”. Os dentes parecem soltos na radiografia
devido à absorção da lâmina dura e a respiração pode estar dificultada devido ao colapso
dos ossos da região das fossas nasais.
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E / OU INFECCIOSAS
SINUSITE
As projeções ventro-dorsal, lateral ou rostro-caudal permitem a avaliação dos seios
frontais. Radiograficamente observa-se aumento de radiopacidade de um ou ambos os seios
frontais. O diagnóstico diferencial de neoplasia deve ser considerado.
ABSCESSO APICAL OU PERIAPICAL
É uma afecção associada à raiz dentária que pode resultar de fraturas, cáries ou
doença periodontal. Radiograficamente evidencia-se uma área de radiolucência
circunscrita, típica também de processos infecciosos. Geralmente é progressiva, há
reabsorção radicular, lise ou esclerose adjacente ao ápice do dente e aumento do espaço
periodontal ao redor da raiz (halo radiolucente). Osteomielite (rarefação óssea) pode
ocorrer nos ossos adjacentes.
OSTEOMIELITE
É uma lesão inflamatória e / ou infecciosa que pode ter origem traumática, cirúrgica
ou hematógena. Radiograficamente evidencia-se áreas características de rarefação (lise) e
esclerose óssea.
OTITE
O conduto auditivo e a bula timpânica são radiolucentes, mas nos casos de otite
crônica, principalmente, as radiografias demonstrarão densidade radiológica aumentada
nestas estruturas. A parede da bula poderá estar espessada.
AFECÇÕES DE ORIGEM DESCONHECIDA
OSTEOARTROPATIA TÊMPORO-MANDIBULAR
Também chamada de Osteopatia Têmporo-mandibular, Osteopatia
Crâniomandibular ou Periostite da Mandíbula, esta afecção é uma osteopatia proliferativa
de cães jovens, que radiograficamente apresenta neoformação óssea envolvendo o osso
occipital, as bulas timpânicas e os ramos da mandíbula, sendo geralmente, bilateral.
81
AFECÇÕES PARASITÁRIAS
OESTROSE
Afecção comum em ovinos, em que as larvas de Oestrus ovis podem localizar-se
nas fossas nasais, seios frontais ou ambos, demonstrando na película de raios-X, um
aumento de radiopacidade, compatível com imagem de sinusite. Neste e em outros casos
sempre é indispensável exame e história clínicos.
CENUROSE
Enfermidade que atinge a região do cérebro em ovinos principalmente, ocasionada
pelo Coenuros cerebralis, com formação de cistos intracranianos. Ao exame radiográfico
simples, é difícil a observação, a não ser em casos crônicos, quando pode-se encontrar
rarefação óssea da calota craniana.
O diagnóstico poderá ser radiológico através de exame contrastado, como a
arteriografia cerebral, ou através da tomografia computadorizada ou da ressonância
magnética.
AFECÇÕES DEGENERATIVAS
CALCIFICAÇÃO DE BULA TIMPÂNICA
A calcificação da bula timpânica (fig. 10.5) decorre de otite crônica média e interna,
e é evidenciada pelo aumento da radiopacidade da região, que normalmente é radiolucente.
Figura 10.5 – Imagem radiográfica demonstrando radiopacidade da bula timpânica (setas).
Projeção ventro-dorsal e trans-oral .
AFECÇÕES NEOPLÁSICAS
As neoplasias de crânio surgem mais comumente a partir de tecidos moles, se
propagando e destruindo os ossos adjacentes. A maxila e a mandíbula são os locais mais
acometidos, sendo o osteossarcoma (maligno) e osteoma, mieloma e tumor venéreo
transmissível (benignos), os mais comuns. Radiograficamente pode ocorrer elevação
periosteal e rarefação óssea em casos de tumores malignos (fig. 10.6) e aumento da
radiopacidade e circunscrição nos tumores benignos. Geralmente os tumores cerebrais não
A B
82
são visualizados pela radiografia simples. A angiografia cerebral (exame contrastado) pode
auxiliar no diagnóstico.
Figura 10.6 – Radiografia craniana de felino em projeção lateral com tumor nasal.
Observar a destruição óssea (seta).
CPÍTULO XI
RADIOLOGIA DA COLUNA VERTEBRAL
As alterações de coluna vertebral tanto em pequenos quanto em grandes animais,
são relativamente frequentes. Algumas poderão ser congênitas outras adquiridas. A
radiologia é fundamental como apoio diagnóstico ao clínico.
A coluna vertebral é dividida em 5 porções, que devem ser radiografadas
separadamente, são elas: cervical (7 vértebras), torácica (13 vértebras), lombar (7
vértebras), sacral (3 vértebras) e coccígea ou caudal (6 a 20 vértebras). O uso de anestesia
geral permite um posicionamento simétrico do paciente para uma interpretação radiográfica
apropriada. Alterações na forma, no tamanho, na densidade e no alinhamento das vértebras,
são os sinais radiográficos fornecidos pelo exame. A definição da medula espinhal não é
obtida pela radiografia simples, sendo necessária a mielografia.
PREPARO PRÉVIO
Limpeza da região a ser radiografada
Coluna lombo-sacra: limpeza do trato digestório.
POSICIONAMENTOS
Ventro-dorsal
Laterais
Obliquadas
83
ANATOMIA RADIOGRÁFICA NORMAL DA COLUNA
Projeção lateral (fig. 11.1)
Figura 11.1 – Coluna lombar de filhote de cão em projeção lateral.
Observar as linhas epifisiárias abertas (setas).
TIPOS DE EXAMES PARA COLUNA VERTEBRAL
Exame Simples
Exames contrastados
- Osteovenografia (pouco utilizada)
Consiste na injeção de contraste especifico no corpo vertebral.
- Mielografia
A mielografia (fig. 11.2) é um exame contrastado da coluna e está indicada quando
a radiografia simples não for conclusiva. A interpretação envolve a avaliação do espaço
subaracnóide preenchido com meio de contraste positivo (colunas de contraste) que pode
demonstrar alterações situadas extra ou subduralmente no canal vertebral (como tumores,
prolapso de disco intervertebral ou do núcleo pulposo ou ainda hematomas). As lesões de
medula espinhal (fig. 11.3) classificam-se em: extradural (coágulos, fraturas consolidadas,
prolapso de disco intervertebral, neoplasias), intradural-extramedular (neoplasias) e
intramedular (neoplasias, edemas, hemorragias).
Figura 11.2 – Projeção lateral evidenciando as colunas paralelas de meio de
contraste e o posicionamento adequado da agulha para
mielografia lombar.
84
Figura 11.3 - Representação esquemáticas das lesões
medulares. (Fonte: WHEELER &
SHARP, 1999)
O preparo prévio dos pacientes é feito com jejum líquido e sólido de 12 horas,
sendo posteriormente, submetidos à anestesia geral. O meio de contraste utilizado para o
procedimento é à base de iohexol, ioversol, iopamidol ou metrizamide na dose de 0,25-
0,5ml.Kg-1
de peso vivo, sua aplicação é feita na cisterna magna ou no espaço subaracnóide
entre L4-L5 ou L5-L6.
ALTERAÇÕES RADIOGRÁFICAS
ALTERAÇÕES CONGÊNITAS
HEMI-VÉRTEBRA
As hemivértebras (fig. 11.4-A) resultam de uma falha na formação de parte do
corpo vertebral, que se apresentam radiograficamente menores, incompletas e geralmente
em forma de cunha, podendo causar desvios da coluna vertebral, dependendo da orientação
da mesma.
Cães das raças Pug, Bulldog e Boston Terrier são as mais comumente afetadas por
esta alteração, sendo que as vértebras torácicas e coccígeas estão mais frequentemente
envolvidas.
ESPINHA BÍFIDA
Afecção com etiologia desconhecida com maior incidência em cães da raça Bulldog
e rara nas demais. Ocorre devido a um defeito no desenvolvimento embrionário o qual
resulta na não fusão do arco vertebral dorsal em uma ou mais vértebras, geralmente em
porção caudal da coluna lombar, sacral ou coccígea, podendo ocorrer também ausência ou
hipoplasia do processo espinhoso dorsal. Os sinais clínicos são compatíveis com alterações
da coluna em segmento L4-S3.
Radiografias simples em projeção ventro-dorsal evidenciam melhor a alteração
85
através da comparação das vértebras normais craniais e caudais às alteradas. Com a
realização da mielografia pode-se evidenciar o extravasamento de contraste para fora do
espaço subaracnóide ou para o exterior, meningocele (coleção de líquido cefalorraquidiano
em uma saculação em forma de bolsa na pele), meningomielocele (protusão de partes da
meninge e medula espinhal através da falha na coluna vertebral) ou ainda mielocele
(protusão de porções de medula para fora do canal medular em função de um defeito na
formação das meninges, além do defeito nos corpos vertebrais) (fig. 11.4-B).
Figura 11.4 – A- Imagem radiográfica de hemivértebra. Vértebra em formato de cunha na regão cervical.
B- Mielografia demonstrando comunicação do canal medular com o meio esterno (espinha bífida).
VÉRTEBRA EM TRANSIÇÃO
É a denominação dada àquela vértebra que assume características anatômicas de sua
adjacente. Um processo transverso poderá assumir a aparência de costela ou vice versa.
Exemplos: radiograficamente evidencia-se ausência de uma ou ambas as costelas de T13
(chamado de lombarização de T13); ausência de processo transverso (uni ou bilateral) de L7,
onde a vértebra une-se com a pelve (chamado de sacralização de L7). Geralmente essa
afecção não possui significado clínico.
SUB-LUXAÇÃO ATLANTOAXIAL
Além de congênita poderá ser também adquirida. A forma congênita está associada
à malformação da articulação com agenesia total ou parcial do processo odontóide.
Acomete principalmente Poodle miniatura, Yorkshire Terrier e Chihuahua. A forma
adquirida decorre de traumas que provocam fratura ou separação do processo odontóide,
podendo também ser causada pela ausência ou ruptura dos ligamentos atlantoaxial e
transverso.
Caracteriza-se por instabilidade e sub-luxação vertebral, a qual permite excessiva
flexão da região, podendo resultar em compressão da medula espinhal. Os sinais clínicos
são variáveis e incluem incoordenação, falta de equilíbrio, dor e quadriplegia.
Radiograficamente observa-se, em projeção lateral, um aumento da distância entre o
arco do atlas e a espinha dorsal do axis além da ausência total ou parcial do processo
odontóide do axis (fig. 11.5-A).
ALTERAÇÕES LIGADAS AO DESENVOLVIMENTO
ESPONDILOMIELOPATIA CERVICAL
Também chamada de Espondilopatia Cervical, Instabilidade Vertebral Cervical,
B A
86
Síndrome de Wobbler e Mal-articulação Vertebral Cervical. O termo síndrome de Wobbler
é usado para nomear uma afecção específica, onde a medula espinhal é lesionada por uma
combinação de anomalias da coluna vertebral cervical. Pode-se dizer que é uma questão
multifatorial, podendo ser congênita ou adquirida.
Alguns fatores importantes que contribuem para o aparecimento desta síndrome,
como causa primária, são estenose do canal vertebral e instabilidade vertebral e, como
causa secundária, hérnia de disco, hipertrofia ligamentosa, proliferação da cápsula articular
e produção de osteófitos. As vértebras C5, C6 e C7 (fig. 11.5-B) são as mais comumente
afetadas e poderá haver protrusão de disco intervertebral associada.
As radiografias simples nem sempre mostram a estrutura do canal vertebral,
necessitando de mielografia, mas, com frequência mostram sub-luxação vertebral da região
cervical. Este quadro é comum aos pequenos animais e especialmente em equinos, quando
se trata de grandes animais.
BLOCO DE VÉRTEBRAS
Poderá ser congênito ou adquirido, observando-se uma imagem de fusão de dois ou
mais corpos vertebrais, formando um bloco. Essa afecção é observada mais frequentemente
na coluna cervical e lombar.
Radiograficamente há uma parcial ou total ausência do espaço intervertebral entre
as vértebras envolvidas (fig. 11.6).
Figura 11.5 – A- Imagem radiográfica demonstrando subluxação atlantoaxial, com aumento da distância
entre o processo espinhoso do axis e arco dorsal do atlas. B- Mielografia cervical com
interrupção da coluna de contraste. Subluxação de C7 com elevação da porção cranial do corpo
vertebral para dentro do canal medular.
Figura 11.6 – Imagem radiográfica demonstrando
fusão de 4ª e 5ª vértebras.
lombares.
A
B A
87
ALTERAÇÕES TRAUMÁTICAS
FRATURA, LUXAÇÃO E SUB-LUXAÇÃO
As fraturas (fig. 11.7-B), luxações (fig. 11.7-A) e subluxações ocorrem comumente
em pequenos animais devido a acidentes (atropelamentos por carro) e podem causar
compressões do cordão espinhal e raízes nervosas subsequentes. A manipulação dos
pacientes mesmo anestesiados deve ser cuidadosa para não causar novos danos durante o
estudo radiográfico.
Os sinais radiográficos incluem descontinuidade de estruturas ósseas, pequeno
desalinhamento entre vértebras e / ou facetas articulares (sub-luxação), desarticulação
completa das superfícies articulares (luxação), descontinuidade do canal vertebral e linhas
de fratura dos corpos vertebrais, processos articulares e apófises.
ALTERAÇÕES DE ORIGEM NUTRICIONAL E / OU METABÓLICA
HIPERVITAMINOSE A DOS FELINOS
Também chamada de Osteodistrofia felina, acomete gatos que recebem dieta com
excesso de vitamina A, encontrada principalmente na alimentação caseira constituída
predominantemente por fígado. O excesso de vitamina A provoca a formação de exostoses
na porção ventral das vértebras cervicais e torácicas. Os sinais clínicos mais evidentes são:
dor, movimentação restrita do pescoço e compressão de medula e raízes nervosas.
A imagem radiográfica caracteriza-se por extensa exostose anquilosante
principalmente na coluna cervical e torácica. Poderá ocorrer a fusão das vértebras,
ocasionando eventualmente compressão das raízes dos nervos espinhais.
Figura 11.7 – Radiografias em projeção lateral. A- Luxação em coluna torácica determinando um degrau
(seta). B- Fratura de corpo vertebral em L3.
HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO NUTRICIONAL
Também chamada de Osteodistrofia Nutricional, Osteodistrofia Juvenil ou
Osteoporose Nutricional, esta enfermidade se caracteriza por uma rarefação óssea em todo
o esqueleto, que apresenta cortical delgada, fazendo com que os ossos tenham uma
densidade semelhante à musculatura. Fraturas patológicas (fratura em talo verde) ocorrem,
sendo que ao afetar os corpos vertebrais, podem causar compressão de medula espinhal.
B A
88
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E / OU INFECCIOSAS
ESPONDILITE
Processo inflamatório e ou infeccioso que atinge os corpos vertebrais, causado pela
infecção bacteriana e / ou fúngica.
Radiograficamente assemelha-se à osteomielite, com destruição dos corpos
vertebrais, lise óssea, perda do padrão trabecular, reação periosteal e esclerose do osso
circunjacente. Mais comumente envolve a porção ventral e lateral do corpo vertebral.
Quando atinge o canal vertebral pode causar mielite e meningite.
DISCOESPONDILITE
Também chamada de Osteomielite intradiscal, Discite, Infecção discal intervertebral
e Espondilite intervertebral. A origem é hematógena e resulta numa infecção do disco
intervertebral de origem não vertebral. As regiões cervicotorácica, tóracolombar e
lombossacra são os locais mais acometidos. Pode ocorrer associada a Brucela canis,
Staphylococcus aureus e alguns tipos de leveduras.
As características radiográficas incluem lise de uma ou ambas as faces articulares
dos corpos vertebrais (placas das extremidades vertebrais), seguidos de diminuição do
espaço intervertebral (fig. 11.8). Com a progressão do processo pode surgir uma margem
esclerótica com proliferação óssea ventral de grau variável. A mielografia permite
estabelecer se há ou não compressão de medula.
Figura 11.8 – Radiografia lateral de um cão com discoespondilite em
L4-L5 evidenciando irregularidade e esclerose das
extremidades dos corpos vertebrais.
ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS
ESPONDILOSE
Também chamada de Espondilo-artrose (fig. 11.9) é um achado radiográfico
comum em cães idosos atingindo mais frequentemente as vértebras torácicas e lombares,
raramente associada a sinais clínicos.
Caracteriza-se por crescimentos ósseos em forma de espículas (osteófitos) que se
desenvolvem nas extremidades dos corpos vertebrais, podendo se fusionar, formando uma
anquilose, sendo chamada espondilose deformante / anquilosante.
PAQUIMENINGITE
A Ossificação da dura-máter, Metaplasia óssea da dura-máter ou Ossificação dural
como também é denominada, caracteriza-se pela formação de placas ósseas na dura-máter e
89
acomete cães de grande porte. Os sinais clínicos dependem do grau de comprometimento
da medula espinhal e raízes nervosas.
Radiograficamente aparece como uma linha radiopaca imediatamente acima e
paralelamente à base do canal medular, sendo melhor visualizada nos espaços
intervertebrais. Não deve-se confundir com calcificação do ligamento longitudinal dorsal
(fig. 11.10).
Figura 11.9 – Espondilose anquilosante (pontes ósseas) na coluna torácica e lombar (setas). A- Projeção
lateral. B- Projeção ventrodorsal.
Figura 11.10 – Detalhe evidenciando calcificação do
ligamento longitudinal dorsal entre os
corpos vertebrais (seta).
SÍNDROME DA CAUDA EQUINA
Também chamada de Estenose lombossacra, Compressão de cauda equina,
Instabilidade ou Espondilose lombossacra. A cauda equina corresponde à porção caudal do
cordão espinhal e suas raízes adjacentes estão localizadas nos corpos vertebrais de L5-L7,
S1-S3 e Cc1-5. Animais de grande porte são acometidos com maior frequência e demonstram
como sinais clínicos a incontinência urinária e fecal, dor à palpação, claudicação, relutância
ao exercício, variando de acordo com o tipo de alteração anatômica.
De origem congênita ou adquirida, é um complexo de sinais neurológicos causados
pela compressão das raízes nervosas da espinha lombossacra. A localização da extremidade
caudal do cordão espinhal varia de acordo com o tamanho dos cães e gatos.
Os sinais radiográficos estão associados com a causa de compressão da cauda
A B
90
equina que podem ser: fraturas, luxações, neoplasias ou infecções, além de protrusão de
disco intervertebral Hansen Tipo II, instabilidade articular entre L7 e sacro, crescimentos
ósseos no interior do canal medular, espondilose anquilosante entre L7 e sacro, proliferação
de tecidos moles (ligamentos e cápsula articular), osteocondrose de sacro e
comprometimento vascular.
HÉRNIA DE DISCO INTERVERTEBRAL
Os discos intervertebrais ocupam os espaços entre uma vértebra e outra desde C2-C3
até S1. Cada disco é composto de um anel externo fibroso e laminado e um núcleo central
chamado de núcleo pulposo. Ao exame radiográfico simples e sem alterações, esses
espaços intervertebrais são radiotransparentes e seu tamanho é aproximadamente igual em
toda a extensão da coluna vertebral. Para se evitar distorções da aparência dos espaços
intervertebrais, segmentos curtos da coluna devem ser radiografados separadamente.
A afecção ocorre pela extrusão (Hansen tipo I) ou protrusão (Hansen tipo II) de
disco intervertebral independente de estar ou não fibrosado ou calcificado. Na extrusão
(mais comum em raças condrodistróficas como Basset e Bulldog): radiograficamente
observa-se calcificações precoces, seguidas de degeneração tanto do núcleo pulposo quanto
do anel fibroso. Caso o anel fibroso se rompa, o material do núcleo se deslocará com muita
força podendo causar compressão medular. Na protrusão (nas demais raças): as alterações
fibróides progridem lentamente à medida que o animal envelhece. Nesse caso, o anel
fibroso origina uma saliência (prolapso) sem romper-se, podendo também causar
compressão medular.
De modo geral, os sinais radiográficos da doença de disco intervertebral incluem
calcificação de um ou mais discos, estreitamento (fig. 11.11-A) ou aparência de cunha do
espaço do disco intervertebral, presença de material mineralizado no forame intervertebral e
compressão medular demonstrada pela mielografia.
CALCIFICAÇÃO DE DISCO INTERVERTEBRAL
A imagem é melhor avaliada em radiografias laterais de coluna. Observa-se
aumento de radiopacidade entre os corpos vertebrais, mas deve-se ter o cuidado de não
confundir com sobreposição de apófises transversas ou costelas.
Os discos poderão estar fibrosados ou calcificados (fig. 11.11-B). Quando
fibrosados não serão observados nas radiografias. Pode ocorrer também somente
calcificação do núcleo pulposo do disco intervertebral.
ALTERAÇÕES NEOPLÁSICAS
As neoplasias de coluna afetam mais comumente cães idosos, porém, tumores como
linfoma podem ocorrer em gatos jovens. Os tumores poderão ser primários ou secundários
e é difícil serem distinguidos de espondilite ou discoespondilite.
Suas principais características radiológicas são: lise óssea, destruição das placas
terminais vertebrais, fraturas patológicas (por compressão), crescimentos ósseos
desordenados e alteração na radiopacidade óssea.
A mielografia fornece dados como localização do tumor e sua posição no canal
vertebral, porém o diagnóstico é definido somente através da biopsia.
91
Figura 11.11 – A- Radiografia demonstrando diminuição do espaço intervertebral entre T12-13.
B- Calcificação de disco intervertebral L6-7 (seta).
CAPÍTULO XII
RADIOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR
Para a avaliação apropriada da condição óssea e articular, pelo menos duas
projeções, realizadas em ângulo reto uma em relação à outra em incidências padronizadas
(crânio-caudal, dorsopalmar/ dorso-plantar e médiolateral) são necessárias. Incidências
obliquadas e flexionadas podem contribuir. É importante o conhecimento da posição dos
centros de ossificação e o período em que as linhas epifisárias se fecham.
Ao se avaliar articulações, pode-se efetuar exames contrastados quando os simples
não forem esclarecedores. Estes exames poderão ser realizados com contraste positivo
denominando-se artrografia, com contraste negativo denominando-se pneumoartrografia
ou, ainda, associando os dois meios de contraste que se chama artrografia de duplo-
contraste. Estas técnicas poderão ser utilizadas para observação de cápsula articular,
superfícies articulares, meniscos, etc... Para realização desses exames deverão ser seguidas
as normas de preparo prévio: limpeza da região, tricotomia, anti-sepsia e sedação ou
anestesia, sendo esta última a mais aconselhada.
Ultrassonografia é meio de imagem indicado para avaliação articular.
ALTERAÇÕES RADIOGRAFICAMENTE VISÍVEIS
ALTERAÇÕES DE ORIGEM TRAUMÁTICA
LUXAÇÃO E SUB-LUXAÇÃO
Alterações já descritas.
RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO
Ocorre por traumatismo, excesso de esforço físico ou ainda por excesso de força na
tração.
Radiograficamente observa-se sub-luxação da articulação fêmoro-tibial, com
deslocamento dos côndilos femorais caudalmente. Poderá ocorrer edema intra-articular, em
casos iniciais e artrose em casos mais avançados.
A B
92
FRATURAS
Poderão ser traumáticas ou patológicas (espontâneas). Caracterizam-se pela
presença de solução de continuidade óssea (fig. 12.1).
A radiografia desempenha importante papel na avaliação das fraturas nas seguintes
etapas: pré, trans e pós-procedimento terapêutico. A primeira etapa comprova a fratura e
avalia os diversos aspectos relacionados à mesma, como sua extensão, alinhamento, etc...
Durante o procedimento terapêutico, permite avaliar a eficácia do método realizado e a
terceira etapa faz o acompanhamento do processo de cicatrização ou reparo ósseo. Com
relação ao reparo ósseo, animais jovens apresentam consolidação mais rapidamente que os
velhos. O método de imobilização da fratura (talas e pinos) e a presença de doença local ou
metabólica afetam a velocidade de consolidação óssea.
Figura 12.1 – A- Fratura de colo femoral direito. B- Fratura distal de metáfise do fêmur.
ALTERAÇÕES LIGADAS AO DESENVOLVIMENTO E / OU DE ORIGEM
DESCONHECIDA
FECHAMENTO EPIFISÁRIO PRECOCE
Principal causa são os traumas. Esta alteração poderá ocorrer em qualquer placa
epifisária, mas o local mais comum é a linha de crescimento distal da ulna. A lesão óssea
poderá não ser percebida na radiografia, observando-se o encurvamento da ulna causando a
deformidade do membro com desvio lateral ou valgus, devido à posição medial do rádio no
carpo que força o membro lateralmente enquanto continua crescendo. No rádio ocorre
arqueamento cranial podendo tornar-se severo durante a evolução do quadro, podendo levar
à sub-luxação da articulação do úmero com a ulna. Aparecimento de doença articular
degenerativa é uma possível consequência dessa enfermidade. Poderá ocorrer o desvio
medial ou varus, se ocorrer lesão na linha epifisária do rádio.
EXOSTOSE CARTILAGINOSA MÚLTIPLA
Também denominada Osteocondromatose e Exostose Hereditária Múltipla, esta
afecção de etiologia desconhecida, poderá ocorrer em todo o esqueleto, principalmente em
ossos longos e menos frequente na coluna. Quando ocorre uma exostose cartilaginosa
isolada, esta é denominada osteocondroma. É uma doença que afeta também outras
A B
93
espécies, principalmente equinos.
As lesões são frequentemente múltiplas, podendo ser císticas ou proliferativas, com
aumento de radiopacidade. Às vezes poderão ser confundidas com neoplasias, como por
exemplo, os osteomas. Por isso torna-se necessária biopsia para diagnóstico diferencial,
embora os osteomas, em geral, não sejam múltiplos.
Radiograficamente caracteriza-se pela imagem de exostoses circulares e regulares,
com bordas escleróticas.
LUXAÇÃO PATELAR
A luxação de patela pode ser medial ou lateral (fig. 12.2-A). As projeções
radiográficas indicadas são a crânio-caudal, médiolateral e skyline da articulação fêmoro-
tíbio-patelar. Radiograficamente a patela se encontrará deslocada lateral ou medialmente.
Na incidência médio-lateral, a patela não se encontra no sulco troclear e está sobreposta aos
côndilos femorais. Outras anormalidades ósseas poderão estar presentes como sulco
troclear raso, rotação e curvatura da porção proximal da tíbia e angulação anormal da
articulação fêmoro-tibial.
Caso a luxação seja intermitente, a patela poderá estar posicionada em seu local
anatômico no sulco troclear, no momento do posicionamento para o exame.
NECROSE ASSÉPTICA DE CABEÇA DO FÊMUR
Também conhecida como Doença de Legg-Perthes, Doença de Legg-Calvé-Perthes
ou Necrose Avascular da Cabeça Femoral, esta enfermidade ocorre geralmente em raças de
pequeno porte, em crescimento, geralmente unilateral. A etiologia, ainda não bem
esclarecida, inclui fatores hereditários, hormonais, conformação anatômica, pressão
intracapsular e infarto da cabeça do fêmur.
Ao exame radiográfico evidencia-se densidade óssea da cabeça do fêmur diminuída
(rarefação óssea), podendo haver fragmentação da mesma e encurtamento do colo femoral
(fig. 12.2-B). Pode-se observar, dependendo do estágio da enfermidade, alterações
degenerativas secundárias, ou seja, osteoartrose.
Figura 12.2 – A- Luxação lateral de patela observada em projeção skyline. B- Necrose asséptica da cabeça
do fêmur, lado esquerdo.
CALCINOSE CIRCUNSCRITA
Também chamada de Calcinose Tumoral e Gota Cálcica. Nesta alteração ocorre
A B
94
deposição de sais de cálcio de aspecto amorfo no tecido mole, tecido subcutâneo, pele e
proeminências ósseas. Radiograficamente se caracteriza como áreas circunscritas com
radiopacidade de tecido ósseo.
OSTEOARTROSE OU MOLÉSTIA ARTICULAR DEGENERATIVA
Observa-se formação de osteófitos em superfícies periarticulares, causando dor e
dificuldade de movimentação, pela diminuição da amplitude do movimento articular.
OSTEOCONDROSE
Caracteriza-se por um distúrbio na ossificação endocondral que leva à formação de
um cisto subcartilaginoso. Frequentemente é bilateral e afeta as articulações escápulo-
umeral, úmero-rádio-ulnar, fêmoro-tíbio-patelar e tarso de cães jovens com crescimento
rápido. A etiologia é multifatorial incluindo o manejo, a genética, sexo, fatores hormonais e
nutrição.
Radiograficamente observa-se área de rarefação óssea circunscrita na região
subcartilaginosa (cisto ósseo) (fig. 12.3-A), podendo às vezes ocorrer erosão de cartilagem
articular e formação de osteófitos periarticulares. Quando há avulsão de um flap de
cartilagem no local do cisto, o qual pode sofrer mineralização, passa a denominar-se
osteocondrite dissecante. A confirmação do diagnóstico pode ser feita através da artrografia
(fig. 12.3-B).
Figura 12.3 – A- Articulação escápulo-umeral de cão jovem com osteocondrose. Área radiolucente na
cabeça do úmero. Fechamento epifisiário precoce (seta). B- Artrografia sem alteração.
PANOSTEÍTE EOSINOFÍLICA
Também conhecida como Panosteíte Canina ou simplesmente Panosteíte, ocorre em
cães jovens e tem etiologia desconhecida. Clinicamente os animais apresentam claudicação
sem história de lesão, podendo ocorrer em um membro e após em outro.
Na imagem radiográfica observa-se aumento de radiopacidade na medula dos ossos
longos, geralmente, mais evidente próximo ao forame nutrício. Poderá ocorrer perda do
padrão trabecular normal do osso. Há casos em que as lesões são tão intensas que chegam a
tomar por completo a cavidade medular. Espessamento endosteal e reação periosteal
regular poderão aparecer independentemente da opacidade da medula (fig. 12.4).
A B
95
Figura 12.4 – Panosteíte. Aumento de radiopacidade
do canal medular da tíbia (seta).
OSTEOARTROPATIA HIPERTRÓFICA PULMONAR
Também chamada Acropaquia ou Osteopatia Hipertrófica Pulmonar, esta doença
está, geralmente, associada a enfermidades pulmonares (fig. 12.5-A) como neoplasias e
tuberculose, doença pulmonar crônica, neoplasias na bexiga ou prostáticas e alterações
metabólicas. Clinicamente os animais afetados apresentam edema na região distal dos
membros, demonstrando dor à palpação e claudicação. Quando a lesão pulmonar é tratada
com sucesso, as alterações ósseas regridem rapidamente.
Características radiográficas incluem grande proliferação periosteal perpendicular à
cortical, a qual permanece íntegra. A reação óssea do tipo osteofitose ou espículas,
geralmente simétrica e generalizada, afeta ossos longos (fig. 12.5-B) e pode estender-se até
as cápsulas articulares, não chegando, porém, a atingir as superfícies articulares.
Figura 12.5 – A- Imagem radiográfica de nódulos pulmonares. B- Membros torácicos de cão. Observar o
novo tecido periosteal formado.
DISPLASIA DA ARTICULAÇÃO DO COTOVELO
É determinada por uma das seguintes alterações:
a) Processo coronóide medial fragmentado
Radiograficamente observa-se alteração articular degenerativa secundária
A B
96
progressiva e, raramente, fratura do processo medial. Na projeção lateral, forma elíptica
anormal e curvatura diminuída da chanfradura troclear ficam evidenciadas pelo aumento do
espaço articular úmero-radial.
b) Osteocondrose
Enfermidade já descrita.
c) Não União do processo ancôneo
Radiograficamente observa-se uma linha radiolucente evidenciando a separação do
processo ancôneo da porção proximal da ulna (fig. 12.6).
Alteração vista somente na projeção lateral flexionada do cotovelo. Frequentemente
com o tempo desenvolve-se doença articular degenerativa (osteoartrose).
d) Não União do epicôndilo medial do úmero
Esta situação é a menos frequente dentre as demais relacionadas.
A alterações radiológica perceptível é a separação de fragmento ósseo na região
caudal do epicôndilo.
Figura 12.6 – Radiografia demonstrando não-união do processo ancôneo.
DISPLASIA COXOFEMORAL
Não existe uma única etiologia definida, sabe-se que está ligada a fator hereditário,
distúrbios hormonais, crescimento rápido, excesso de exercícios físicos, sendo assim
descrita como de etiologia multifatorial, afetando cães de raças grandes, na maioria das
vezes.
O diagnóstico definitivo para a raça pastor alemão e labrador é feito com 1 ano de
idade enquanto que para rottweiler, fila brasileiro, mastif, dogue alemão e demais raças
gigantes, este é feito com 1 ano e seis meses. Para posicionamento ideal para a avaliação da
articulação coxofemoral representado na figura-12.7, é necessário que estejam incluídas na
radiografia as asas do ílio e a extremidade distal dos fêmures. Deve haver perfeita simetria
entre as asas do ílio e forames obturadores, os fêmures devem estar paralelos e as patelas
posicionadas nos sulcos trocleares.
A displasia caracteriza-se por uma instabilidade articular ou sub-luxação da
articulação, podendo estar envolvidos nesta enfermidade: acetábulo, cabeça de fêmur e colo
femoral.
a) Os animais normais apresentam:
Acetábulo profundo, cabeça de fêmur redonda ou esférica, colo femoral delgado,
97
articulação com perfeita congruência e “Ângulo de Norberg” igual ou superior a 105o.
b) Animais em fase de transição:
São animais que apresentam boa articulação e o ângulo levemente inferior a 105o
ou
animais em que a articulação é ligeiramente incongruente e tem o ângulo maior ou igual a
105o.
c) Displasia de grau leve (fig. 12.8-A):
As características são: “Ângulo de Norberg” maior que 100o e menor que 105
o. Sem
sinais de artrose.
d) Displasia de grau médio (fig. 12.8-B):
acetábulo pouco profundo;
cabeça de fêmur poderá estar facetada, achatada, etc.;
colo de fêmur poderá estar levemente engrossado;
aparecem os primeiros sinais de artrose;
perda da congruência ou seja imagem de sub-luxação acentuada;
“Ângulo de Norberg” maior que 90o e menor que 100
o.
e) Displasia de grau grave (fig. 12.8-C):
acetábulo pouco profundo, até plano;
cabeça de fêmur poderá estar afilada, achatada, em forma de cogumelo, etc.;
colo de fêmur geralmente curto e engrossado;
poderá apresentar sub-luxação ou até luxação completa;
artrose geralmente evidente.
“Ângulo de Norberg” inferior a 90o
(só medido em ausência de artrose).
Figura 12.7 – Posicionamento adequado
para avaliação de
displasia coxofemoral.
98
Figura 12.8 – Diferentes graus de displasia coxofemoral. A- Displasia em grau leve. B- Displasia em grau
médio com deformidade de cabeça femoral (facetada) e leve engrossamento de colo femoral.
C- Displasia em grau grave demonstrando subluxação e grande deformidade da cabeça femoral,
arrasamento de acetábulo, engrossamento de colo femoral e artrose – osteófito (seta).
RETENÇÃO DE NÚCLEOS CARTILAGINOSOS ENCONDRAIS
Ocorre na metáfise distal da ulna de cães jovens de raças grandes e gigantes. Sem
etiologia definida, podendo estar associada a problemas vasculares da região metafisária da
ulna.
Radiograficamente é observada como um cone invertido, radiolucente na metáfise
distal da ulna. Sua persistência causa encurtamento da mesma em relação ao rádio,
resultando em uma deformidade do membro, como rotação externa ou arqueamento cranial.
OSTEOCONDRODISPLASIAS
São anormalidades do crescimento e / ou desenvolvimento cartilaginoso ou ósseo.
Aqui se enquadram: nanismo, alterações de número de dedos, etc...
OSTEOPENIA POR DESUSO
Ocorre principalmente devido à inatividade do membro.
Radiograficamente observa-se diminuição da densidade óssea localizada (fig. 12.9)
devido à desmineralização por reabsorção óssea.
Figura 12.9 – Osteopenia por desuso.
A B C
99
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS E/ OU INFECCIOSAS
ARTRITE INFECCIOSA
Esta infecção ocorre via hematógena ou por feridas punctórias. Clinicamente se
observa aumento de volume articular, dor, calor, claudicação e diminuição da amplitude
dos movimentos articulares.
Nos estágios iniciais da enfermidade há um espessamento da membrana sinovial,
distensão da cápsula articular, pequeno alargamento do espaço articular, devido ao aumento
de volume e pressão no interior da articulação. Com o desenvolvimento do processo
observa-se reação periosteal nos ossos envolvidos e destruição das cartilagens articulares.
ARTRITE REUMATÓIDE
É uma enfermidade não infecciosa, sendo aparentemente de ordem imunológica. As
articulações do carpo e tarso são as mais frequentemente atingidas.
A lesão mais evidente é a progressiva destruição do osso subcondral na inserção da
membrana sinovial. Poderá ocorrer estreitamento ou alargamento do espaço articular que é
decorrente da erosão da cartilagem articular e destruição do osso subcondral, situação que
leva à rarefação óssea na articulação.
OSTEOMIELITE SUPURATIVA
Segundo a definição, osteomielite é o processo inflamatório da medular e cortical
óssea. Ocorre devido à invasão bacteriana da estrutura óssea, a qual pode ocorrer por
feridas cirúrgicas ou traumáticas, ou via hematógena.
Observam-se alterações no padrão ósseo com áreas de rarefação e perda dos padrões
trabeculares, lise óssea, esclerose, periostite, áreas de neoformação óssea periosteal,
presença do “Triângulo de Codman” e poderá ocorrer presença de sequestro ósseo. Pode
haver osteopenia por desuso do membro afetado.
OSTEOMIELITE NÃO SUPURATIVA
É uma reação inflamatória não infecciosa ocasionada, em geral, por reação do
organismo a implantes metálicos, sendo comum a metalose.
A característica radiológica da metalose é lise óssea em torno do implante, e reação
periosteal intensa, situação observada, nas reduções de fraturas com pinos transfixados,
dependendo do material utilizado.
ALTERAÇÕES DE ORIGEM METABÓLICA E NUTRICIONAL
Anormalidades metabólicas podem ser refletidas nos ossos e provocar graves
alterações. E para que essas alterações tornem-se radiograficamente evidentes,
aproximadamente 50% do cálcio do osso deve estar reduzido. Deve-se suspeitar de causa
metabólica quando ocorrerem alterações em todo o esqueleto e não lesões isoladas.
HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO NUTRICIONAL
Esta enfermidade também chamada de Osteodistrofia Fibrosa, Osteodistrofia
Nutricional, Osteoporose Nutricional, Osteodistrofia Juvenil (no homem e pequenos
animais) e, no equino de Osteomalácea ou “Cavalo da Cara Inchada”.
100
Esta afecção ocorre em animais em crescimento como cães e gatos jovens e
equinos, pelo desequilíbrio na relação cálcio-fósforo, sendo um mecanismo compensatório
para manter a calcemia. Clinicamente os animais parecem bem nutridos apesar de
apresentarem dificuldade de locomoção, defecação e dor à palpação. É comum que cadelas
e gatas recuperadas apresentem distocia na idade adulta em função do estreitamento da
cintura pélvica ocorrida durante o curso da doença quando jovens. No caso dos equinos,
quando estes são desmamados, passam a receber uma quantidade de grãos maior que a
adequada, em contrapartida pouca quantidade de alimento volumoso, iniciando o
desequilíbrio.
Radiograficamente manifesta-se por rarefação óssea generalizada, cortical delgada
e, possivelmente, fratura patológica chamada de fratura em “talo verde”, onde a cortical
óssea dobra, contudo, não há fratura completa (fig. 12.10).
OSTEODISTROFIA IDIOPÁTICA
Ocorre em animais de raças de grande porte na fase de crescimento, associada a
fatores nutricionais.
Nas radiografias das regiões metafisárias de rádio e ulna, observa-se discreto
aumento de opacidade na metáfise (esclerose) e irregularidade de periósteo. A epífise e a
cartilagem epifisária aparecem normais.
Figura 12.10 – Radiografias de um cão jovem demonstrando diminuição generalizada da densidade óssea e
adelgaçamento de cortical presente na osteodistrofia fibrosa. A- Ingestão de corpos estranhos
para suprir carência alimentar. B- Fratura em talo verde (seta).
RAQUITISMO
Afecção não muito frequente na clínica veterinária.
Sua etiologia é discutida, podendo estar associada ao desequilíbrio dos níveis de
vitamina D e Cálcio. A falta de exposição ao sol também pode ser fator determinante no
processo.
Radiograficamente além do “Rosário Raquítico”, observa-se certo grau de
desmineralização óssea e, na extremidade distal do rádio, linha epifisária e metáfises
aumentadas de largura, proporcionando aspecto de cálice invertido.
A B
101
OSTEODISTROFIA HIPERTRÓFICA
Também chamada de Escorbuto Canino, Escorbuto Esquelético, Osteopatia
Metafisária, Displasia Metafisária e Doença de Moeller-Barlow, esta afecção, cuja etiologia
permanece incerta, causa destruição das trabéculas metafisárias de ossos longos de cães de
grande porte com crescimento rápido. Clinicamente os animais afetados apresentam
aumento de volume nas metáfises, principalmente, de rádio, ulna e tíbia, demonstrando dor
à palpação. As lesões são simétricas e bilaterais.
Radiograficamente, aparenta linha fisária dupla, determinada por uma zona
radiolucente irregular paralela à fise (fig. 12.11). Há edema de tecidos moles junto à
metáfise e calcificação justacortical ao redor da metáfise.
Figura 12.11 – A- Osteodistrofia hipertrófica. Linha radiolucente paralela a fise (seta).
B- Fechamento prematuro da epífise da ulna causado por trauma ocasionando
o encurvamento do rádio.
ALTERAÇÕES NEOPLÁSICAS
TUMORES MALIGNOS
OSTEOSSARCOMA
Este é o mais frequente, representando 50% dos tumores ósseos dos caninos e
felinos, atingindo principalmente ossos longos, podendo ocorrer também em ossos do
crânio, vértebras, escápula e costelas. A idade média de aparecimento dos osteossarcomas é
de 7,7 anos. As raças caninas mais atingidas são as de grande porte como pastor alemão,
dinamarquês, são bernardo, boxer, labrador, doberman e collie. Em felinos, os locais de
maior aparecimento da doença são ossos longos, crânio, vértebras e ossos da pelve. Não
tem etiologia definida, embora acredite-se que agentes químicos (salicato de zinco e
berílio), vírus (vírus do sarcoma de Moloney), radiação e implantes metálicos (placas e
pinos intramedulares) possam estimular. Sua evolução é extremamente rápida.
A B
102
As alterações radiográficas mais importantes do osteossarcoma dos ossos longos
são: destruição da cortical óssea, neoformação óssea e possível progressão para os tecidos
moles adjacentes, os quais poderão apresentar calcificação.
As características mais evidentes destes tumores são o “triângulo de Codman” (fig.
12.12) e o efeito “Sunburst”. O triângulo de Codman é uma elevação do periósteo sobre a
neoformação óssea. O efeito “sunburst” é causado pela proliferação óssea com aspecto que
lembra raios de sol ou explosão.
Deve-se levar em consideração que outras lesões como osteomielite, por exemplo,
poderão ser confundidas com tumor, por isto, se faz necessário uma biopsia para
diagnóstico definitivo. Frequentemente se encontra fratura patológica no osso atingido e
metástases nos pulmões que são achados em quase a totalidade dos casos.
CONDROSSARCOMA
É o segundo tumor ósseo mais encontrado nos cães e gatos, ocorrendo em animais
de meia idade, ou seja, 7 - 8 anos. As raças caninas mais afetadas são o pastor alemão e o
boxer, tendo como locais mais comuns a região nasal, costelas, maxilar e ossos da pelve. Já
nos felinos os locais de maior aparecimento são escápula, tíbia e mandíbula.
O exame radiológico revela um tecido tumoral infiltrativo com destruição cortical
irregular e extensão parcialmente mineralizada com os tecidos moles adjacentes.
As metástases ocorrem em aproximadamente 18% dos casos e se localizam nos
pulmões, coração, rins e linfonodos regionais.
Figura 12.12 – A- Neoplasia afetando carpo e rádio. Triângulo de Codman elevando o periósteo (seta) e
efeito Sunburst (explosão óssea). B- Distal de fêmur. C- Proximal de tíbia.
FIBROSSARCOMA
Ocorre geralmente em animais velhos. Aproximadamente 60% destes tumores estão
associados a ossos do crânio (maxila, mandíbula e osso nasal) e 30% ocorrem em ossos
longos.
Ao exame radiográfico, há tumefação dos tecidos moles e provoca reação osteolítica
dos ossos subjacentes. Na maioria dos cães e gatos, a destruição óssea já é intensa na
ocasião do diagnóstico. Metástases são raras. Possui crescimento lento e tem a
A B C
103
característica de invadir os espaços articulares adjacentes.
TUMORES BENIGNOS
OSTEOMA
São achados radiográficos que, geralmente, aparecem no crânio de cães e gatos. A
neoplasia apresenta características de um processo benigno crônico, usualmente
assintomático.
Radiograficamente os osteomas aparecem em forma de uma massa radiopaca
arredondada, esclerótica e de consistência dura de contorno regular, na superfície dos ossos.
Não há reação periosteal nos ossos adjacentes.
ENCONDROMA
O Encondroma é encontrado nas extremidades dos membros dos cães, geralmente,
nos metacarpos e metatarsos. Estes tumores têm a característica de causar expansão da
córtex óssea, tornando esta mais delgada com a evolução do processo. Podem ocorrer
fraturas patológicas.
OSTEOCONDROMA
É um tumor benigno composto de cartilagem e tecido ósseo. Pode ser único ou
múltiplo, quando múltiplo é denominado Osteocondromatose, Exostose Cartilaginosa
Múltipla ou Exostose Hereditária Múltipla. Geralmente aparecem nas extremidades dos
ossos longos e costelas. Sua patofisiologia é incerta e quanto à etiologia, acredita-se estar
ligada a fatores genéticos com transmissão hereditária.
Pode estar ligeiramente associado à intumescência do tecido mole, contudo esta não
é uma característica marcante. Ainda que a lesão seja insignificante, ela pode interferir com
o osso e tecidos moles adjacentes causando claudicação.
Radiograficamente apresenta-se como uma exostose situada na metáfise óssea
perpendicular à córtex. O osteocondroma tem córtex e cavidade medular comunicada com a
cavidade medular do osso no qual se originou.
104
CAPÍTULO XIII
INTRODUÇÃO AO ESTUDO RADIOGRÁFICO DO APARELHO LOCOMOTOR
EQUINO
O estudo radiográfico é um importante instrumento, juntamente com a anamnese e
exame físico, que o médico veterinário dispõe para diagnosticar alterações no aparelho
locomotor de equinos. Este capítulo tem por objetivo descrever o preparo da região a ser
radiografada, os posicionamentos de rotina, anatomia básica e as principais alterações
detectáveis radiograficamente.
As radiografias em projeção lateral da terceira falange e navicular devem ser obtidas
usando um suporte ou bloco de madeira para apoiar o casco, elevando o mesmo do solo. No
caso de projeções dorso-palmar e palmaroproximal-palmarodistal obliquada, um túnel
(caixa de madeira ou acrílico) é utilizado para proteger o chassi.
As radiografias da falange distal e navicular requerem que todo e qualquer
fragmento ou excesso de casco seja aparado. A ferradura deve ser removida, sempre que
possível, sendo o sulco da ranilha limpo e preenchido com material de densidade de tecidos
moles (sabão ou massa de modelar) a fim de evitar imagem radiolucente do ar, sobreposta à
terceira falange. Nas demais regiões do aparelho locomotor, geralmente, a limpeza eficaz
da região é suficiente, sendo necessário, eventualmente, bloqueio anestésico ou sedação.
CAPÍTULO XIV
POSICIONAMENTOS RADIOGRÁFICOS
Nomenclatura para posicionamentos (fig. 14.1-A e 14.1-B).
Figura 14.1 - Nomenclatura para posicionamentos.
A
105
FALANGE DISTAL
Dorso-palmar
Existem três variações recomendadas da projeção dorso-palmar. Na primeira,
denominada dorsoproximal-palmarodistal obliquada, o casco fica posicionado na vertical,
com a pinça colocada num bloco de madeira com o sulco da ranilha encostado no filme
(fig. 14.2-A). O raio é centrado na coroa do casco perpendicularmente ao filme. Este
posicionamento proporciona boa visualização do corpo, margem da sola e processo palmar
da falange distal. Na segunda, efetua-se a radiografia em projeção dorsopalmar com uma
visualização de cima em relação à coroa, sendo que o animal deverá permanecer em
estação, com a sola sobre o chassi protegido. O raio incidirá com um ângulo
dorsoproximal-palmarodistal de aproximadamente 65º em relação à linha horizontal,
centrado na coroa do casco (fig. 14.2-C). Outra posição é a dorsopalmar que consiste na
colocação da pata sobre um bloco de madeira sendo que o raio é centrado horizontalmente
entre a coroa do casco e superfície da sola, seguindo uma linha traçada entre os bulbos,
garantindo uma posição dorsopalmar correta (fig. 14.2-B).
Figura 14.2 - Variações da projeção dorso-palmar (plantar). A- Dorso-palmar com o casco em pinça.
B- Dorso-palmar com feixe de raios-x na horizontal. C- Dorso-palmar 65ºobliquada.
Palmaroproximal-palmarodistal obliquada
Está indicada para a visualização do processo palmar da terceira falange e osso
navicular, particularmente em suspeita de fratura ou separação da lâmina da parte posterior
do casco. O casco a ser radiografado deverá ficar mais caudal que o contralateral, sobre o
chassi protegido e a ampola é posicionada caudalmente ao membro com o raio centrado
entre os bulbos. O ângulo de incidência do feixe de radiação em relação ao chassi é de 45°
a 70° dependendo da inclinação da quartela e do posicionamento do casco, cuidando para
que o boleto não se sobreponha ao processo palmar da terceira falange (fig. 14.3-B).
Lateromedial
Na projeção lateromedial com a pata sobre um bloco de madeira o feixe principal de
radiação é direcionado na horizontal e centrado na falange distal, próximo à inserção do
tendão flexor profundo perpendicular ao filme (fig. 14.3-A).
As variações do processo extensor ou apófise piramidal, pequenas opacidades
A C B
106
ósseas na porção proximal da terceira falange e, principalmente, rotação de falange distal,
podem ser avaliadas nesta projeção.
Outras projeções
Osteófitos e irregularidades da face dorso-medial e dorso-lateral da falange distal
são melhor vistas em projeções obliquadas flexionadas onde há abertura da articulação
inter-falangeana distal. A extremidade do casco é colocada em bloco com o osso navicular
a fim de que a sola se aproxime da posição vertical, e incide-se o feixe de radiação com
uma projeção 45º dorsolátero-palmaromedial 65º obliquada (fig. 14.3-C) e 45º
mediopálmaro-dorsolateral 65º obliquada.
NAVICULAR
Lateromedial (idem à falange distal)
Dorsopalmar com o casco em pinça (idem à falange distal)
Dorsoproximal 65º-palmarodistal Obliquada (DPr65º-PaDiO) (idem à falange distal)
Palmaroproximal-palmarodistal Obliquada (PaPr-PaDiO) (idem à falange distal)
FALANGE PROXIMAL E MÉDIA
Lateral (idem à falange distal)
Dorsopalmar
Dorsolátero-palmaromedial Obliquada
Dorsomédio-palmarolateral Obliquada
BOLETO (fig. 14.4 e fig. 14.5)
Lateromedial - estendida e flexionada
Dorsopalmar
Dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO)
Dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO)
Lateroproximal-mediodistal obliquada (LPMDO) ou (MPLDO)
Dorsopalmar 125º obliquada ou skyline (estendida e flexionada)
Figura 14.3 – A- Projeção lateral. B- Palmaroproximal-palmarodistal obliquada (PaPrPaDiO). C- Projeção
45ºdorsolátero-palmaromedial 65º obliquada.
A
107
Figura 14.4 – A- Projeção dorsopalmar. B- Dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO).
C- Dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO). D- Lateral flexionada.
Figura 14.5 – A- Projeção lateral estendida. B- Dorsopalmar 125º obliquada estendida. C- Flexionada.
D- Lateroproximal-mediodistal obliquada (LPrMDiO).
CARPO (fig. 14.6 e fig. 14.7)
Lateromedial - estendida e flexionada
Dorsopalmar (DP)
Dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO)
Dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO)
Dorsoproximal-dorsodistal ou skyline (rádio, camada proximal e camada distal)
Figura 14.6 – A- Projeção dorsopalmar. B- Lateral estendida. C- Dorsomédio-palmarolateral obliquada
(DMPLO). D- Dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO).
A B C D
A B C D
A B C D
108
Figura 14.7 – A- Projeção lateral flexionada. B- Skyline ou dorsoproximal-dorsodistal obliquada
(DPrDDiO) da extremidade distal do rádio. C- Camada proximal dos ossos do carpo.
D- Camada distal dos ossos do carpo.
TARSO (fig. 14.8)
Lateromedial (lateral)
Dorsoplantar (DP)
Dorsolátero-plantaromedial obliquada (DLPMO)
Dorsomédio-plantarolateral obliquada (DMPLO)
ARTICULAÇÃO ÚMERO-RÁDIO-ULNAR E ESCÁPULO-UMERAL (fig. 14.9)
Médio-lateral
Crânio-caudal (cotovelo)
Craniomedial-caudolateral obliquada (escápulo-umeral)
ARTICULAÇÃO FÊMORO-TÍBIO-PATELAR (FTP) (fig. 14.10 e fig. 14.11)
Projeção lateromedial
Projeção cranioproximal-craniodistal obliquada ou skyline
Projeção caudal 30º lateral-craniomedial obliquada
Projeção caudo-cranial
Figura 14.8 – A- Projeção lateromedial. B- Dorsoplantar. C- Dorsolátero-plantaromédio obliquada
(DLPMO). D- Dorsomédio-plantarolateral obliquada (DMPLO).
A D C B
A B C D
109
Figura 14.9 - Projeção médio-lateral (A), crânio-caudal (B) da articulação úmero-rádio-ulnar e
médio-lateral da articulação escápulo-umeral (C).
Figura 14.10 - Projeção lateromedial (A), caudal 30º lateral-craniomedial obliquada (B) e caudo-cranial
(C). FONTE (B): SCHEBITZ & WILKENS, 2000.
Figura 14.11 - Projeção tangencial (skyline) da articulação FTP em estação (A) e (B) e em
decúbito (C). FONTE (A e C): BUTLER et. al., 2000.
B
B
110
CAPÍTULO XV
ANATOMIA RADIOLÓGICA
FALANGE DISTAL (fig. 15.1)
Figura 15.1 – Anatomia radiológica da falange distal, nas projeções: (A) lateral, (B) dorso-palmar
65ºobliquada, (C) dorso-palmar com o casco em pinça, (D) dorso-palmar com feixe de
raios-x na horizontal. Legenda: falange proximal (a), falange média (b), falange distal (c),
navicular (d), processo palmar da falange distal (e), processo extensor da falange distal
(f), superfície dorsal da falange distal (g), sulco solar (h), margem solar (i) e canais
vasculares (j). FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html
OSSO NAVICULAR (fig. 15.2)
O sesamóide distal também chamado osso navicular, por sua forma ser semelhante a
um navio, localiza-se na face palmar da articulação interfalangeana distal, estando em
contato com as falanges média e distal.
É comum se encontrar uma série de forames nutrícios na borda inferior do osso
navicular, os quais aumentam de tamanho com a idade e aparecem na radiografia como
uma borda bastante irregular.
111
Figura 15.2 – Anatomia radiológica do osso navicular em projeção lateral (A) e dorso-palmar com o
casco em pinça (B). Legenda: cortical flexora (a), medular óssea (b), processo palmar da
falange distal (c), falange média (d), falange distal (e) e processo extensor da falange distal
(f). FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html
FALANGES MÉDIA, PROXIMAL E ARTICULAÇÃO METACARPO-
FALANGIANA OU METATARSO-FALANGIANA (BOLETO) (fig. 15.3)
Os sesamóides proximais têm a face crânio-proximal articulada com os
metacarpianos ou metatarsianos e a face crânio-distal com a falange proximal. Na imagem
radiográfica o sesamóide lateral tem forma triangular, enquanto que o sesamóide medial
possui uma forma mais arredondada.
METACARPO E METATARSO (fig. 15.3)
Didaticamente não se difere metacarpo de metatarso, embora existam diferenças
anatômicas entre estas estruturas.
CARPO (fig. 15.4)
A articulação do carpo é constituída de sete ossos, divididos em duas linhas. A
primeira é proximal e constitui-se dos ossos: carpo radial, localizado medialmente, carpo
intermédio, carpo ulnar, localizado lateralmente, em forma de bico de flauta e carpo
acessório, localizado na face palmar do carpo ulnar e intermédio. A segunda linha é distal e
constitui-se dos ossos: segundo carpiano localizado medialmente, terceiro carpiano e quarto
carpiano localizado caudolateralmente. Em projeção lateral flexionada, o carpo intermédio
localiza-se levemente proximal em relação ao carpo radial.
112
Figura 15.3 – Anatomia radiológica da articulação do boleto em projeção dorsopalmar
(A), lateral estendida (B), lateral flexionada (C) e dorsolátero-
palmaromedial obliquada (DLPMO) (D). Legenda: 3ºmetacarpiano (a),
sesamóide medial (b), sesamóide lateral (c) e falange proximal (d)
FONTE (E e F): http://www.upei.ca/equinelimbs/html .
113
Figura 15.4 – Projeção dorsopalmar (A), lateral (B) e (C) dorsomédio-palmarolateral obliquada. Legenda:
3ºmetacarpiano (a), sesamóide proximal lateral (b), sesamóide proximal medial (c) e
4ºmetacarpiano (d), 2ºmetacarpiano (e), 4ºcarpiano (f), 2ºcarpiano (g) e 3ºcarpiano (h).
FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html
114
Figura 15.4 – Anatomia radiológica do carpo em projeção dorsopalmar (A), (B) Dorsolátero-palmaromedial
obliquada (DLPMO), (C) dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO), lateral (D) e lateral
flexionada (E) dorsomédio-palmarolateral obliquada (DMPLO). Legenda: rádio (a), carpo
radial (b), intermédio do carpo (c), carpo ulnar (d), acessório do carpo (e), 2º carpiano (f),
3ºcarpiano (g), 4º carpiano (h), 3º metacarpiano (i), 2º metacarpiano (j) e 4º metacarpiano (k). FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html
115
TARSO (fig. 15.5)
Figura 15.5 – Anatomia radiológica do tarso em projeção dorsoplantar (A), lateral
(B), (C) dorsolátero-plantaromedial obliquada (DLPMO) e (D)
dorsomédio-plantarolateral obliquada (DMPLO). Legenda: tíbia (a),
(b) talus (tarso tibial), (c) calcâneo (tarso fibular), 4ºtarsiano (d),
central do tarso (e), 3ºtarsiano (f), 3ºmetatarsiano (g), 2ºmetatarsiano
(h), 4º metatarsiano (i), maléolo medial (j) e maléolo lateral (k), 1º e
2ºtarsianos (m) e tróclea lateral (n). FONTE:
http://www.upei.ca/equinelimbs/html
116
ARTICULAÇÃO ÚMERO-RÁDIO-ULNAR E ESCÁPULO-UMERAL (fig. 15.6)
Figura 15.6 – Anatomia radiológica, em projeção médio lateral, da articulação úmero-
rádio-ulnar (A) e escápulo-umeral (B). Legenda da articulação úmero-
rádio-ulnar: úmero (a), epicôndilo medial do úmero (b), epicôndilo lateral
do úmero (c), côndilo do úmero (d), olécrano (e), ulna (f), rádio (g).
Legenda da articulação escápulo-umeral: escápula (a), traquéia (b), cabeça
do úmero (c), úmero (d) e tubérculo maior (e). FONTE:
http://www.upei.ca/equinelimbs/html
ARTICULAÇÃO FÊMORO-TÍBIO-PATELAR (fig. 15.7)
Figura 15.7 – Anatomia radiológica em projeção caudo-cranial (A) e lateral (B) da articulação
fêmoro-tíbio-patelar. Legenda: fêmur (a), epicôndilo medial do fêmur (b),
côndilo medial do fêmur (c), côndilo lateral do fêmur (d), eminência
intercondilar medial da tíbia (e), eminência intercondilar lateral da tíbia (f), fossa
intercondilar (g), fíbula (h), tíbia (i), tuberosidade da tíbia (j), patela (k), ápice da
patela (l), base da patela (m) tróclea lateral (n) e tróclea medial (o). FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html
117
CAPÍTULO XVI
ALTERAÇÕES RADIOGRAFICAMENTE VISÍVEIS
CRESCIMENTO ÓSSEO PERIOSTEAL DA MARGEM DORSAL DA
TERCEIRA FALANGE
Esta lesão é vista em projeção lateral e indica tensão crônica no periósteo e resulta
em pequena proliferação periosteal (fig. 16.1-A). As causas podem ser determinadas pela
avaliação da extensão e localização específica da lesão. Reação periosteal focal pode ser
provocada por lesões de tendão, ligamento ou cápsula articular. Lesões antigas que levam a
torções de ligamentos ou tendões e estiramento de cápsula articular resultam em
hemorragias ou efusão estimulando crescimento ósseo.
A uniformidade da margem e a extensão da lesão periosteal podem ser usadas para
determinar a agressividade e cronicidade da lesão.
OSTEÍTE PODAL
Radiograficamente, a osteíte podal (fig. 16.1-B) se caracteriza por presença de
espículas ósseas na borda da falange distal em projeção dorso-palmar, irregularidade difusa
criando um aspecto inacabado com aparência rendada quando vista em projeção lateral ou
65° dorsopróximo-palmarodistal obliquado podendo ser indicativo de lesão crônica ou
breve resposta inflamatória. Outra alteração comum refere-se ao remodelamento da
margem solar da falange distal, podendo ter largura aumentada dos canais vasculares e
desmineralização óssea.
Algumas vezes a osteíte podal apresenta-se inativa, onde há, frequentemente,
pequena alteração na irregularidade fisiológica do contorno da margem da sola. Assim, os
sinais clínicos devem ser usados para determinar se uma margem radiograficamente
irregular é um indicador de doença antiga ou recente.
Figura 16.1- Crescimento ósseo periosteal na parede dorsal da falange distal (A). Osteíte Podal, observar a
irregularidade da superfície solar da falange distal (B).
FONTE (A): http://www.upei.ca/equinelimbs/html .
A B
118
DIMINUIÇÃO DA RADIOPACIDADE DA FALANGE DISTAL
Em uma radiografia os fatores de exposição sempre têm que ser avaliados a fim de
descartá-los como os responsáveis pela densidade diminuída. Uma diminuição difusa da
radiopacidade da terceira falange pode ocorrer por desuso. Raramente o desequilíbrio
cálcio-fósforo causa desmineralização do esqueleto apendicular identificável na radiografia.
AUMENTO DE RADIOPACIDADE SUBCONDRAL
Este achado é indicativo de esclerose, possivelmente causada por início de doença
degenerativa articular (DDA) por instabilidade crônica, trauma prévio, ou conformação
pobre, onde um espaço articular diminuído, osteófitos peri-articulares, e intra-articulares
podem ser vistos em DDA avançada.
DOENÇA DEGENERATIVA ARTICULAR (DDA)
A origem desta afecção pode ser, artrite infecciosa, ferimento punctório, infecção
adjacente (abscesso de tecido mole) via hematógena ou iatrogênica (nos casos de
artrocentese ou terapia intra-articular com corticoides). As alterações ósseas representam
osteomielite, necrose do osso subcondral e estreitamento do espaço articular devido à
destruição da cartilagem. Dentre as características radiológicas de DDA crônica (fig. 16.2-
A) e severa pode-se citar, múltiplos pontos radiolucentes subcondrais, osteófitos,
estreitamento irregular do espaço articular e esclerose óssea.
OSTEÍTE INFECCIOSA
A falange distal não tem cavidade medular e, portanto, a infecção deste osso é
chamada osteíte infecciosa e não osteomielite. A infecção do casco é comum e com pouca
frequência atinge a terceira falange. Quando presente, geralmente, envolve a superfície
solar ou dorsal da falange, podendo causar desmineralização, a qual pode ser evidenciada
por radiolucência e irregularidade na margem, havendo raramente esclerose circundante,
embora neoformação usualmente esteja presente (fig. 16.2B).
Figura 16.2 – Doença degenerativa articular (A), observar crescimentos ósseos (setas).
Osteíte infecciosa (B) da falange distal, observar área de radiolucência na
borda da falange distal (setas).
FONTE (A): http://www.upei.ca/equinelimbs/html.
A B
119
Ferimentos penetrantes através da sola podem resultar em osteíte infecciosa, a qual
inicialmente é vista como uma área radiolucente no osso em projeção dorso-palmar com o
casco em pinça. Às vezes, tratamentos com antibióticos resultam em abscessos com pus
espesso originando-se da terceira falange, causando uma radiolucência bem definida,
parecendo uma lesão cística. A osteíte infecciosa pode ser crônica quando estes ferimentos
penetrantes são profundos na sola, especialmente na junção da linha branca e casco, com
drenagem recorrente localizada na coroa do casco ou superfície solar e está associada a
vários graus de claudicação. Com a progressão da infecção ocorre comprometimento do
suprimento sanguíneo da área podendo ou não apresentar sequestro. As anormalidades
radiográficas podem aparecer quatro semanas após o início da lesão.
CALCIFICAÇÃO DAS CARTILAGENS ALARES (COLATERAIS) DA
FALANGE DISTAL
Ocorre mais comumente em raças pesadas, sendo um achado comum em
radiografias da falange distal de animais adultos. Considera-se presente quando a
ossificação estende-se além da margem proximal do navicular.
Um extenso grau de ossificação pode não ter significado clínico se o animal não
demonstra dor à palpação. Ocorre especialmente em cavalos velhos, de tração e com pata
ampla. A calcificação assimétrica pode indicar aumento de estresse na porção mais
ossificada (fig. 16.3). A aparência do navicular também deve ser avaliada, pois a
ossificação da cartilagem alar pode estar acompanhada de uma lesão degenerativa
significante nesta estrutura.
As projeções lateral (lateromedial) e dorso-palmar devem ser feitas para
diagnosticar com exatidão a extensão da alteração, a qual aparece como protusões ósseas
estendendo-se em direção caudal ao processo palmar da terceira falange. Uma linha
radiolucente dividindo a imagem da cartilagem ossificada, geralmente, indica a junção
entre a periferia do centro de ossificação separado e a porção da cartilagem alar que está
calcificada.
Figura 16.3 – Calcificação das cartilagens complementares da falange distal em
projeção dorso-palmar com o feixe da radiação horizontal
(esquerda) e dorso-palmar com o casco em pinça (direita).
A ossificação completa é raramente vista podendo estender-se proximalmente até a
120
articulação inter-falangeana. Fraturas da cartilagem calcificada ocorrem e causam
claudicação aguda e autocura é passível de ocorrer. Uma resposta dolorosa a uma pressão
digital aplicada na coroa do casco justamente na área onde se suspeita de fratura ajuda a
diferenciar esta de uma calcificação incompleta.
IRREGULARIDADE DO PROCESSO EXTENSOR
Um defeito na base do processo extensor ou fragmentação proximal ao processo
pode indicar fratura, ou ossificação incompleta desta estrutura. Fraturas podem ocorrer
devido a anormalidades de tensão do tendão extensor digital comum ou hiper-extensão da
articulação inter-falangeana distal. Por esta condição poder ser bilateral, são consideradas
causas possíveis, um incompleto desenvolvimento e / ou separação do centro de
ossificação.
A linha formada pela ossificação geralmente é irregular e pode ter alteração de
radiopacidade e estrutura trabecular do osso subjacente. Seu significado deve ser avaliado
como sinal clínico de pouca importância, uma vez que as alterações radiográficas persistem
após a resolução da claudicação. Quando a superfície articular está envolvida, a alteração
passa a ser mais importante, podendo levar a osteoartrite secundária da articulação inter-
falangeana distal.
ROTAÇÃO DA TERCEIRA FALANGE
O desvio da terceira falange é comum na ocorrência de laminite crônica, sendo que
os sinais radiográficos de laminite têm sido descritos quando um aumento na espessura do
tecido mole dorsal à falange distal é visto em projeção lateromedial.
A rotação da terceira falange resulta na perda do paralelismo entre a falange distal e
a parede do casco, a ponto de aproximar o osso à sola do casco ocorrendo, à vezes,
perfuração da mesma (fig. 16.4).
Um variável número de causas tem sido proposto, como vasoconstrição das veias
digitais, microtrombose, edema perivascular e shunt arteriovenoso da coroa do casco. A
origem mecânica pode variar conforme a causa inicial e tempo de duração dos estágios
agudos. O resultado da isquemia e necrose da lâmina do casco leva à perda do suporte da
superfície dorsal da terceira falange, que com a perda da junção laminar, o peso do animal
age como alavanca forçando o deslocamento do osso que também é puxado pelo tendão
flexor digital profundo combinado à força mecânica proveniente da parede do casco,
causando rotação.
Figura 16.4 – Linha da superfície dorsal da muralha do casco (1) paralela com
linha da superfície dorsal da terceira falange (2) sem rotação em A
e com rotação, sem paralelismo das linhas em B.
FONTE : http://www.upei.ca/equinelimbs/html .
121
A laminite caracteriza-se pelas seguintes alterações radiográficas na terceira
falange: desvio palmar/plantar, superfície solar irregular, aumento do número de canais
vasculares direcionados à superfície dorsal, fratura patológica, remodelamento da falange
distal e aparência alongada e elevada da falange distal. O grau de rotação tem sido usado
para fornecer um prognóstico para animais com laminite.
Com o progresso da lesão pode aparecer uma leve linha radiolucente entre a falange
e a parede do casco, inicialmente representando uma secreção serosa colecionada entre a
derme e lâmina epidérmica, a qual é vista em radiografias de alta qualidade. Com o passar
do tempo esta área torna-se mais radiolucente dando uma aparência de gás na região. O
aumento do tamanho desta linha indica a progressão da rotação ou necrose laminar. Com a
extensão desta para a sola pode se estabelecer um ponto de contaminação causando osteíte
infecciosa.
Quando há suspeita de rotação progressiva, deve-se realizar radiografias com
intervalos regulares para monitorar este progresso, pois quanto mais marcante for a rotação,
mais rápido for o progresso, pior será o prognóstico e dificilmente o animal retornará à sua
função atlética.
NEOPLASIA
O queratoma é o tipo mais comum de neoplasia benigna encontrado na terceira
falange, visto em projeção dorso-palmar com o casco em pinça ou projeção dorso-palmar
obliquada. É geralmente encontrada na margem solar do osso, aparecendo como uma
chanfradura semicircular, com contorno uniforme e dificilmente há neoformações ósseas
associadas. A crena não deve ser confundida com este tipo de lesão.
Este tipo de neoplasia pode ocorrer em qualquer porção do casco, causando
deformação da parede, sola e linha branca. Pode provocar claudicação quando for ampla e
às vezes está associada a infecções secundárias. Outras neoplasias (fig. 16.5-A e 16.5-B)
podem aparecer, mas são raras, como os neurofibromas, fibrossarcomas. As lesões por
queratomas podem reaparecer após vários anos.
Figura 16.5 – Lesão neoplásica benigna (setas) (A) e maligna (B).
FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html .
SÍNDROME NAVICULAR
Também chamada de “Doença do Navicular”, esta alteração possui patofisiologia
multifatorial, causando claudicação e dor. Se inicia, geralmente, com claudicação
A B
122
intermitente bilateral nos membros anteriores, podendo ocorrer ocasionalmente em
membros posteriores. Possui desenvolvimento progressivo e crônico, causando alterações
na superfície flexora fibrocartilaginosa, no tendão flexor digital profundo, na bursa do
navicular, bem como inserção de ligamentos e cápsula articular.
Não há sinal clínico patognomônico ou teste específico para o diagnóstico, sendo
este realizado através das características do passo do animal, localização da dor e sinais
radiográficos de alterações do osso navicular, bem como eliminação de outras causas de
claudicação.
Dentre os principais sinais radiográficos encontrados na síndrome navicular estão:
osteófitos nas bordas lateral e medial do osso navicular (fig. 16.6-a), alteração nas
invaginações da borda distal (fig. 16.6-b1), irregularidades na borda proximal (fig. 16.6-
b2), formações císticas (fig. 16.6-c1) e esclerose na medular do osso navicular (fig. 16.6-
c2). Podem ainda aparecer pequenos fragmentos ósseos na borda distal, erosões no córtex
flexor e mineralização do tendão flexor digital profundo.
Figura 16.6 – Representação esquemática das principais alterações encontradas na síndrome navicular.
FONTE: DOUGLAS & WILLIAMSON, 1975.
O exame contrastado da bursa do navicular, denominado bursografia, pode ser
utilizado para confirmação das lesões evidenciadas no exame simples, bem como,
demonstrar outras lesões antes não percebidas.
LUXAÇÃO DE PATELA
Anormalidades congênitas são raras na articulação femoro-tíbio-patelar, porém a
mais comum é a luxação, a qual também é chamada de patela ectópica. As patelas podem
ser palpadas em um posicionamento lateral anormal, caudal à borda anterior da tróclea
lateral. A confirmação do diagnóstico é através de radiografias caudocraniais e
craniopróximo-craniodistal obliquada (skyline), as quais permitem visualizar a patela em
posição anormal, ou seja, caudolateral à borda anterior da tróclea lateral e não no local
normal que é o sulco troclear.
A luxação lateral de patela em potros é considerada uma herança genética causada
por um gene recessivo. Em adultos a luxação é provavelmente de origem traumática. Em
função de a tróclea medial ser maior, apenas um trauma severo poderá induzir o
deslocamento medial. Também é causa de luxação a hipoplasia da tróclea lateral, em potros
com conformação aparentemente normal. Esta afecção é mais comumente vista em raças
miniatura, mas tem sido relatado em raças puro sangue e árabes.
Classificação da luxação patelar:
Grau 1: a patela pode ser manualmente luxada e facilmente reduzida;
Grau 2: a patela geralmente está no sulco troclear, mas é luxada intermitentemente;
Grau 3: a patela geralmente está luxada, mas poderá ser reduzida manualmente;
123
Grau 4: a patela estará luxada e não poderá ser manualmente reduzida.
Radiografias pré-operatórias devem ser feitas para avaliar o grau de DDA.
FRAGMENTAÇÃO DA PATELA
Esta alteração é geralmente associada à fixação muito proximal da patela,
manifestada por fragmentação da cartilagem e ápice ósseo da patela. Não pode ser
confundido com condromalácea da patela. Graus variáveis de claudicação são evidenciados
sendo que movimentos de flexão pioram os sinais. Radiograficamente estão presentes
pequenos fragmentos ósseos no ápice da patela, muitas vezes combinado com lise do osso
subcondral e tornando-se irregular ou com osteófitos na superfície cranial do ápice da
patela.
Uma causa potencial destas alterações é a instabilidade e estresse na porção distal da
patela causada por desmotomia medial.
OSTEOCONDROSE (CISTOS ÓSSEOS)
A osteocondrose (fig. 16.7) é uma desordem relativamente comum no animal
jovem. Há falência na maturação da cartilagem, onde a substituição de tecido cartilaginoso
por tecido ósseo não é completa. Por ser frequentemente bilateral, deve ser feito exame
radiográfico do membro contralateral. É um achado acidental em cavalos velhos.
Cistos ósseos podem ocorrer em vários locais, do aparelho locomotor equino, não
sendo detectados radiograficamente quando houver pequeno grau de alteração subcondral.
Projeções obliquadas são importantes para a avaliação destas lesões. Um ligeiro
achatamento da face anterior da tróclea lateral não precisa ser acompanhado de indício
clínico, e é ocasionalmente visto com esclerose do osso subcortical. Quando se apresenta
mais afastado da superfície articular radiolucente se caracteriza como uma área circular ou
ovalada de densidade radiolucente e contorno regular que muitas vezes é cercada por uma
borda radiopaca ou esclerótica.
Figura 16.7 – Osteocondrose na face dorso-medial da falange proximal
A osteocondrose por ter sua borda espessa e arquitetura cística, deve ser distinguida
de outras lesões que causam radiolucência circunscrita no corpo da falange, como a necrose
da cortical óssea, sequestro e defeito congênito.
124
RUPTURA DE LIGAMENTO CRUZADO
As lesões no ligamento cruzado cranial ocorrem quando há hiperextensão ou
rotação súbita com o membro flexionado. O trauma direto na articulação ou alteração
degenerativa no ligamento são alterações que podem ocorrer nos equinos. As lesões do
ligamento cruzado cranial são mais comuns que do ligamento cruzado caudal. Dentre as
alterações radiográficas estão as fraturas da eminência intercondilar da tíbia, neoformação
óssea cranial à eminência intercondilar, reabsorção ou fragmentação óssea na inserção dos
ligamentos cruzados no fêmur, deslocamento cranial da tíbia com a ruptura do ligamento
cruzado cranial e osteoartrite ou mineralização do ligamento associada a lesões crônicas.
Uma discreta radiopacidade cranial e proximal ao local de inserção pode indicar
lesão do ligamento, o qual é visto em projeção lateromedial, mas o melhor posicionamento
é o lateromedial flexionado.
CALCINOSE CIRCUNSCRITA
A calcinose circunscrita ou calcinose tumoral pode aparecer como um nódulo duro,
localizado aleatoriamente. Sem etiologia definida os animais afetados geralmente não
claudicam.
Radiografias evidenciam a lesão como uma massa de contorno distinto no tecido
mole, de opacidade irregular com pequenos grânulos amorfos de radiopacos. A claudicação
pode estar presente ou não.
OSTEÍTE
A osteíte é uma reação inflamatória do córtex ósseo, com envolvimento do
periósteo, sem alterar a medular. Periostite e exostose são características de osteíte.
Didaticamente denomina-se de osteíte quando um processo inflamatório determina grande
reação óssea.
PERIOSTITE E EXOSTOSE
A periostite é uma reação do periósteo, de origem inflamatória, geralmente
ocasionada por trauma direto, porém, pode ocorrer em outras situações, como
osteomielites, lesões em ligamentos adjacentes, neoplasias e consolidação de fraturas. As
reações periosteais podem ser classificadas como periostite laminar (fig. 16.8-a) e
periostite irregular (fig. 16.8-b e 16.9-A). Na maioria das vezes apresenta forma discreta
com tamanho pequeno, sendo demonstrada na radiografia como uma pequena área
irregular, laminar ou lisa de densidade radiopaca. A exostose pode ser lisa (fig. 16.8-c e
16.9-B) ou irregular do tipo Sunburst (fig. 16.9-d). Quando lisa dificilmente tem ruptura de
periósteo, frequentemente encontrada em metacarpianos e / ou metatarsianos, associada a
traumas ou defeitos de aprumos, é também denominada de sobreosso. Na periostite
irregular há ruptura de periósteo, existindo a possibilidade de ser proliferativa e tomar
proporções que pode atingir estruturas adjacentes como ligamentos e tendões. A reação tipo
Sunburst geralmente é exuberante e sua aparência radiográfica se assemelha à imagem de
uma explosão.
A exostose é uma reação periosteal exuberante, também tem origem inflamatória e
difere da periostite apenas pelo seu grau de desenvolvimento.
125
Figura 16.8 – Representação esquemáticas dos tipos de reação periosteal. FONTE: OWENS, 1982.
Figura 16.9 – Imagem radiográfica de periostite em metacarpiano acessório (A), porção distal de terceiro
metacarpiano (B) e exostose em face palmar de falange proximal (C).
ARTRITE
A causa mais comum em potros é pela via umbilical, nas onfaloflebites. Já em
animais adultos pode ocorrer por traumas perfurantes ou infiltrações articulares sem os
devidos cuidados de assepsia.
A imagem radiográfica de artrite consiste em irregularidade de superfícies
articulares, acompanhada, em geral, de edema e calor (fig. 16.10-A).
OSTEOMIELITE
Este termo se aplica aos processos inflamatórios e ou infecciosos, que envolvem a
cortical e a medular, podendo ser causados por traumas, fraturas expostas, feridas
punctórias, cirúrgicas, ou via hematógena. A osteomielite pode ser supurativa ou não,
dependendo da via de infecção e do agente. Os locais mais comuns são os ossos longos,
tarso, carpo, cabeça e mandíbula.
Radiograficamente caracteriza-se por perda da trabeculação e padrão ósseo, áreas de
lise e destruição óssea, diminuição da densidade, neoformações ósseas, sequestro e
esclerose nas bordas.
A B C
126
EPIFISITE OU FISITE
Também denominada Displasia Fisária, refere-se a alterações na linha epifisária ou
placa de crescimento e pode ter origem inflamatória, metabólica, traumática ou, ainda,
infecciosa. Geralmente ocorre em animais jovens em preparo para competição, sendo o
local mais comum a epífise distal do rádio. Apresenta-se na radiografia como uma fise
ampla, irregular com bordas escleróticas. Em alguns casos podem ser evidenciados
osteófitos, nas extremidades da linha epifisária (fig. 16.10-B).
Figura 16.10 – Imagem radiográfica de artrite na articulação matecarpofalangeana (A) e
epifisite distal de rádio (B).
SESAMOIDITE
Esta afecção é evidenciada, com maior clareza de detalhes, em projeções
obliquadas, DLPMO ou DMPLO. Geralmente está associada a alterações degenerativas no
ligamento suspensório e remodelamento de fraturas distais do 2º metacarpiano e 4º
metatarsiano, podendo haver lesão em um ou ambos os sesamóides de uma ou mais
articulações.
Os sinais clínicos e radiológicos não são proporcionais, ou seja, a gravidade do sinal
clínico não corresponde ao grau de severidade do radiográfico. Sinais de doença
degenerativa articular podem estar presentes na forma de osteófitos.
Radiograficamente é demonstrada por alteração da densidade óssea na superfície
não articular proximal dos sesamóides. Estas alterações com densidade radiolucente podem
ser lineares ou císticas, sendo classificadas em três tipos (fig. 16.11) de acordo com a forma
na imagem: na sesamoidite do tipo I as lesões são lineares em número de 1-2 e com largura
menor ou igual a 1mm; na do tipo II as lesões são em número de três ou mais também com
amplitude menor ou igual a 1mm; na sesamoidite do tipo III as lesões têm largura maior do
que 1mm ou apresentam forma cística e irregular.
A B
127
Figura 16.11 – Sesamoidite tipo I (A), tipo II (B) e tipo III (C).
FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html.
HIGROMA DO CARPO
O higroma é uma formação sinovial, também chamada de bursite, localizada na face
dorsal do carpo, resultante de pequenos traumas os quais levam ao desenvolvimento de uma
bolsa com líquido sinovial em seu interior. O aumento de volume e calor local são os
principais sinais clínicos, podendo ocorrer dor e claudicação.
O diagnóstico é feito com radiografias em projeção lateral estendida e flexionada,
onde se evidencia um aumento de volume com densidade água, sem envolvimento ósseo. A
injeção de meio de contraste positivo, à base de iodo, confirma o diagnóstico e descarta
outras alterações articulares, como a formação de massas, por exemplo.
CARPITE
Também chamada de Artrite Traumática do Carpo, esta afecção é uma resposta
inflamatória, aguda ou crônica, na articulação do carpo. Geralmente, compromete a cápsula
articular, ligamentos colaterais e ossos que compõem a articulação. A etiologia mais
comum é o trauma direto na região da articulação, sendo que os animais de salto e corrida
são os mais atingidos. Dentre os sinais clínicos geralmente encontrados estão a dor,
claudicação, aumento de volume e calor na região.
O diagnóstico radiológico pode ser confirmado através de radiografias em projeção
lateral estendida e flexionada, dorsopalmar, DLPMO e DMPLO.
Radiograficamente, nos estágios iniciais, a carpite se apresenta como uma artrite
serosa, com pequena reação periosteal e aumento de densidade radiológica articular. Com
a evolução do quadro desenvolve-se uma osteoartrite severa com maior aumento de volume
e aumento de densidade radiológica, osteófitos, exostoses, além de neoformações ósseas
fora das superfícies articulares como locais de inserção de ligamentos e cápsula articular,
sinais estes característicos de doença degenerativa articular. É comum encontrar fratura
dos ossos carpo radial e terceiro carpiano.
SINOVITE VILONODULAR
A sinovite vilonodular (fig. 16.12-B e 16.12-C) é um processo proliferativo crônico
da cápsula sinovial, que geralmente ocorre nos membros anteriores, onde os principais
sinais clínicos são dor à palpação, claudicação e aumento do volume da articulação,
aumento este caracterizado por ser firme e não flutuante. A demonstração radiográfica se dá
em projeção lateral e a confirmação é feita através de artrografia com meio de contraste
A B C
128
positivo, pela injeção de composto orgânico.
Na radiografia evidencia-se grau médio a severo de erosão da porção dorsal distal
do 3ºmetacarpiano ou metatarsiano, imediatamente após local de inserção da porção
proximal da cápsula articular, o qual se forma devido à necrose que ocorre em função da
pressão exercida pela massa vilonodular (seta). Em alguns casos pode se observar
mineralização da inserção na porção proximal da cápsula articular.
Com a artrografia se visualiza uma área radiolucente na porção interna dorsal do
espaço articular que corresponde à massa vilonodular que ocupa espaço e é quase
totalmente circundada pelo meio de contraste (setas). Estas massas podem aparecer em
outros locais do espaço articular, dependendo do grau de desenvolvimento da afecção.
Figura 16.12 – Equino: Imagem radiográfica da articulação sem alteração (A), sinovite vilonodular em exame
simples (B) e com artrografia (C). FONTE:http://www.upei.ca/equinelimbs/html.
FRATURAS
As fraturas no aparelho locomotor dos equinos advêm de acidentes em competições,
trabalho no campo e traumas nas mais diversas situações. Podem ocorrer em qualquer
estrutura óssea e ter as mais diferentes conformações (fig. 16.13-A a 16.13-G). Quanto
mais grave for a fratura e / ou quanto mais importante for a região fraturada, menos
favorável será o prognóstico.
Radiograficamente as fraturas se apresentam como linhas radiolucentes na estrutura
óssea radiografada.
FRATURA DE PATELA
A patela é o maior sesamóide do corpo, sendo uma porção vital para o grupo
muscular quadríceps, pois sua inserção é feita na face proximal da patela além de agir como
alavanca para extensão da articulação, já que sua porção distal está conectada à
tuberosidade da tíbia.
As fraturas de patela são incomuns e geralmente são resultados do trauma direto do
membro flexionado, no chute ou coice ou ainda no momento do salto. Quando o trauma
direto ocorre, o mais comum é que a fratura seja sagital no aspecto medial da patela, em
função de que a tróclea medial é mais proeminente que a lateral. Fraturas cominutivas e
transversas também podem ocorrer. Os sinais clínicos mais comuns são edema de tecidos
A B C
129
moles, efusão articular e graus variados de claudicação. Os animais podem caminhar
apenas com o outro membro, mantendo a articulação flexionada.
Radiograficamente a avaliação deve incluir projeções caudo-cranial, lateromedial,
lateral flexionada, e skyline. Estas projeções são importantes na avaliação das fraturas
cominutivas, transversas e sagitais.
FRATURA DA EMINÊNCIA INTERCONDILAR DA TÍBIA
A eminência intercondilar medial da tíbia é mais larga e pontiaguda que a lateral.
Estas fraturas são descritas como fraturas por avulsão da inserção do ligamento
cruzado cranial. Por mais que a inserção do ligamento cruzado cranial seja cranial à
eminência, não existe probabilidade de avulsão. Estas fraturas podem ocorrer em função de
trauma no côndilo medial do fêmur e eminência intercondilar.
O diagnóstico é confirmado pelas radiografias em projeções caudo-cranial e lateral
flexionada, onde se evidenciam fragmentos ósseos de vários tamanhos no interior do
espaço articular.
FRATURA E FRAGMENTAÇÃO DA FACE ANTERIOR DAS TRÓCLEAS E
CÔNDILOS FEMORAIS
Esta lesão geralmente é resultado de traumas externos diretos, como saltos que
acertam as cercas, feridas punctórias ou coices. Há claudicação súbita moderada a severa,
com história de trauma agudo, efusão articular, crepitação e dor na flexão. Fragmentos da
articulação fêmoro-patelar são mais comumente vistos na porção distal da tróclea lateral em
projeção lateral ou lateral flexionada. A projeção caudo-cranial é importante para
identificar o posicionamento dos fragmentos, e a skyline é necessária para avaliar a
presença de fraturas de patela.
Fraturas da face caudal dos côndilos do fêmur podem ser demonstradas em projeção
lateromedial obliquada e, geralmente, ocorrem com outras lesões da articulação, tendo seu
prognóstico reservado. Deve-se ter cuidado para não confundir a fabela com fraturas, já que
esta estrutura, quando presente, localiza-se nesta região.
FRATURA DA TUBEROSIDADE DA TÍBIA
A tuberosidade da tíbia é uma estrutura relativamente exposta e suscetível à fratura
por trauma direto, por coice ou colisão com cercas. Estas fraturas não parecem estar
associadas com a placa de crescimento da tuberosidade da tíbia ou com avulsões da
inserção de ligamentos patelares, embora os ligamentos patelares quase sempre estejam
envolvidos. Ocorre uma variedade de configurações desta fratura, com pequenos
fragmentos na face cranial proximal a grandes fraturas estendendo-se distal à crista da tíbia
a proximalmente na articulação fêmoro-tibial.
As fraturas por avulsão da tuberosidade da tíbia são melhor vistas em projeção
caudolateral-craniomedial obliquada. Deve-se ter cuidado, em cavalos com menos de três
anos de idade, para não confundir fraturas com a linha de crescimento.
FRATURA DE FÍBULA
As fraturas da fíbula podem causar claudicação de elevação. Deve-se cuidar para
não interpretar as linhas radiolucentes normais da fíbula como fraturas. Linhas de fratura
tendem a correr obliquamente de um lado a outro na fíbula.
130
Estas fraturas são causadas por trauma direto, o animal apresenta claudicação
moderada a severa e o diagnóstico é feito radiograficamente com projeção caudo-cranial,
que é a mais usada.
Figura 16.13 – Fratura de terceira falange (A e B), primeira falange (C), sesamóides proximais (D), terceiro
metacarpiano (E), tíbia (F) e úmero(G). FONTE: http://www.upei.ca/equinelimbs/html.
FRATURA DE TERCEIRA FALANGE
As fraturas do corpo e processo palmar podem ser de difícil visualização nas
radiografias, mas sete a dez dias após, em função da rarefação que ocorre na linha de
fratura, sua identificação é possível. São melhor visualizadas em projeção dorso-palmar
com o casco em pinça, embora as fraturas do processo palmar possam primeiro ser
identificadas em projeção lateral. Quando se suspeita de uma fratura, pode ser necessário
um número maior de projeções obliquas, a fim de que se possa visualizar claramente uma
ou mais linhas. Uma fratura de processo palmar, por exemplo, pode requerer uma projeção
médio-lateral, látero-medial e palmaroproximal-palmarodistal obliquada para ser
demonstrada. A linha de fratura é melhor vista quando o feixe de radiação é direcionado em
linha com o plano da mesma. Pela comparação cuidadosa das projeções oblíquas
ligeiramente diferentes é possível estabelecer se a fratura é simples ou cominutiva.
Clinicamente este tipo de lesão na falange distal causa claudicação aguda com dor, pressão
e choque do casco.
Uma fratura no processo extensor é melhor evidenciada na projeção lateral, onde
um pequeno fragmento radiopaco próximo ao processo extensor pode representar uma
131
lesão recente, uma fratura antiga, uma separação do centro de ossificação ou uma
mineralização distrófica dentro do tendão extensor, podendo não ter significado clínico.
As fraturas são classificadas em sete tipos (fig. 16.14) em função da configuração
que apresentam, não articulares do processo palmar (tipo I), oblíquas articulares
estendendo-se da linha média à lateral na margem solar medial (tipo II), médio-sagitais
envolvendo ou não a articulação (tipo III), do processo extensor (tipo IV), cominutivas
(tipo V) e da margem da sola (tipo VI). Existe ainda um outro tipo de fratura (tipo VII), que
consistem, em ser não articulares, do processo palmar diferindo do tipo I, pois elas se
originam e terminam na margem da sola, enquanto as do tipo I são transversas e completas
no processo palmar. As fraturas tipo IV podem ser articulares e as do tipo V podem ser
secundárias à osteíte infecciosa e sequestro, podendo ter apresentação e prognóstico
variável.
Figura 16.14 – Esquemas representando os tipos de fraturas da falange distal. FONTE:
BUTLER et. al. 2003.
Fraturas cominutivas da terceira falange não são comuns, mas aparecem
ocasionalmente. Muitas projeções radiográficas podem ser requeridas para se estabelecer,
com precisão, a configuração da fratura e determinar a possibilidade de envolvimento
articular, o que resulta em prognóstico muito reservado. Uma lesão penetrante no casco
pode resultar em fratura de qualquer tipo.
ESPARAVÃO ÓSSEO
Denomina-se esparavão ósseo (fig. 16.15) a afecção que causa uma osteoartrite
progressiva, com periostite e exostose, nas articulações intertarsiana distal e
tarsometatarsiana, comumente resultando em anquilose. Os sinais clínicos mais comuns
são dor e claudicação, podendo também ser evidenciado aumento de volume local.
As causas mais comuns são traumatismos, distúrbios nutricionais, animais com
problemas de desenvolvimento e ainda estresse articular devido ao treinamento precoce ou
muito rigoroso. As alterações de conformação e animais com “jarrete de vaca”, indicam
etiologia hereditária, contudo, não há consenso a respeito da etiologia.
A confirmação do diagnóstico é realizada através de radiografias em projeções:
lateral, dorsopalmar, dorsolátero-palmaromedial obliquada (DLPMO) e dorsomédio-
palmarolateral obliquada (DMPLO). São demonstrados osteófitos e ou exostose,
132
localizadas geralmente na face medial da extremidade proximal do terceiro metatarsiano e a
face medial do terceiro tarsiano e central do tarso. Em casos mais graves poderá ser
evidenciada anquilose destas articulações.
Figura 16.15 – Imagem radiográfica de osteoartrite de tarso em três diferentes graus de lesão. FONTE:
http://www.upei.ca/equinelimbs/html.
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