15
Dignidade Humana e Justiça Social Francisco José Vilas Bôas Neto

Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras

Dignidade Humana e Justiça Social

Francisco José Vilas Bôas Neto

Page 2: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras
Page 3: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras

Francisco José Vilas Bôas Neto

Dignidade Humana e Justiça Social

Belo Horizonte

2013

Page 4: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras

Lista de Siglas

1) – CKTM – Construtivismo Kantiano na Teoria Moral

2) – FMC – Fundamentação da Metafísica dos Costumes

3) – TJ – Uma Teoria da Justiça

4) – CR – Constituição da República

Page 5: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras

Sobre O Autor

Francisco José Vilas Bôas Neto:

Mestre em Filosofia pela Faculdade Jesuíta

de Filosofia e Teologia; Especialista em Direito

pela Universidade Cândido Mendes do Rio de

Janeiro; Graduado em Direito pela PUC Minas

– Betim; Professor de Direito Penal e Processo

Penal.

Page 6: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras
Page 7: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras

Resumo

A presente pesquisa tem como objetivo principal

abordar o modelo de argumentação kantiano para deli-

mitação do conceito de dignidade humana, a partir da

concepção de pessoa, apresentando a sua distinção para

outros modelos de argumentação em teoria moral, tais

como o intuicionismo e o utilitarismo. No primeiro capí-

tulo, é definido o conceito de pessoa e, por consequência,

o conceito de dignidade humana ideal para este trabalho.

No segundo capítulo, é demonstrada a versão que Rawls

apresenta do construtivismo kantiano, sob a ótica da teo-

ria da justiça como equidade. No terceiro capítulo, são

apresentadas as concepções-modelos de pessoa moral,

sociedade justa e posição original. Fica claro, durante o

desenvolvimento do trabalho, que a concepção de pessoa

é o elemento central de uma teoria kantiana e que é ne-

cessária para a definição dos princípios que deverão pos-

suir validade na sociedade justa.

Palavras-chaves: Concepção de Pessoa – Dignidade

Humana – Sociedade Justa

Page 8: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras

Abstract

This work has as main objective to approach the

model of argument called Kantian constructivism,

presenting its distinction to other models of

argumentation in moral theory, such as the intuitionism

and utilitarianism. In the first chapter are demonstrated

the features of a Kantian constructivism of type. In the

second chapter is shown the version that Rawls presents

of Kantian constructivism, from the perspective of theory

of Justice as fairness. In the third chapter are presented

the concepts-models of moral person, well-ordered

society and its original position. It becomes clear during

the development of the work that the conception of

person is the central element of a Kantian constructivism

of type.

Keywords: Conception of Person - Dignity Human

- Society Jous

Page 9: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras

Sumário

INTRODUÇÃO 11

O MODELO KANTIANO 17

1. A Representação da Razão 21

2. O que é Dignidade Humana? 35

3. Dignidade Humana e Soberania 42

4. A Concepção da Pessoa é a Chave 51

O CONSTRUTIVISMO KANTIANO DE RAWLS 55

1. A Justificativa para o Construtivismo Kantiano 57

2. A Objetividade do Construtivismo Kantiano 67

3. A Prioridade do Justo Sobre o Bem 83

AS CONCEPÇÕES-MODELOS DO CONSTRUTIVISMO DE RAWLS 89

1. A Concepção-Modelo da Pessoa Moral 90 1.1 - A autonomia 90 1.2 - O razoável e o racional 95 1.3 - A liberdade e a igualdade 103

2. A Concepção-Modelo da Sociedade Justa 110 2.1 - A condição de publicidade 114

Page 10: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras

3. A Concepção-Modelo da Posição Original 126 3.1 - O véu da ignorância 127 3.2 - A motivação dos agentes racionais 131 3.3 - A liberdade e a igualdade na posição original 138 3.4 - Os princípios primeiros de justiça 152

CONCLUSÃO 161

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 165

Page 11: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras
Page 12: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras

Dignidade Humana e Justiça Social

11

Introdução

O artigo primeiro do Texto Constitucional traz, no

seu inciso terceiro, o princípio da dignidade humana co-

mo fundamento do Estado Democrático de Direito e, por

consequência, como fundamento da República Federati-

va do Brasil1.

Por sua vez, o artigo terceiro, inciso primeiro, da

Constituição traz como objetivo fundamental da Repú-

blica construir uma sociedade livre, justa e solidária2.

O presente trabalho tem como finalidade precípua

possibilitar a análise e síntese do modelo de argumenta-

ção em filosofia ética, de forma a demonstrar que a cons-

trução de uma sociedade justa (assim como diz o art. 3º

do texto constitucional) somente é possível se o princípio

da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-

edade. Em outras palavras, é o princípio da dignidade

que daria sustentação para uma sociedade justa, livre e

solidária. Esse modelo de argumentação se aproxima da

teoria denominada por construtivismo kantiano utilizada

por John Rawls na sua filosofia política.

1 O Art. 1º, III, da Constituição da República traz o princípio da dignidade

da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil.

Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Aces-

so em: 11 de abril de 2013.

2 CR/1988, art. 3º, III.

Page 13: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras

Francisco José Vilas Bôas Neto

12

A escolha do tema deve-se a estudos preliminares

da Constituição da República e da obra de John Rawls,

na qual esse propõe um modelo de justiça que possa ser

objetivamente válido para uma sociedade democrática

moderna. A proposta aparece de forma decisiva para

formulação de uma doutrina moral e de um conceito de

justiça, centralizados num parâmetro evidentemente éti-

co, tendo como princípios a liberdade e a igualdade, que

seriam derivados da concepção de dignidade humana.

É imperioso alertar sobre a limitação teórica deste

trabalho. Para esta pesquisa, o único conceito aceitável

para dignidade humana é aquele derivado da concepção

de pessoa formulado por Kant na Fundamentação da

Metafísica dos Costumes. Da mesma forma, a definição

de justiça social a partir do conceito de dignidade huma-

na segue a proposta do construtivismo kantiano de Ra-

wls. Lado outro, permitindo outras teorias ou outros au-

tores, a discussão sobre a fundamentação de uma socie-

dade justa a partir do princípio da dignidade humana

seria inviável e poderia levar a infinitas conclusões.

O trabalho caracteriza o modelo construtivista e a

sua variante kantiana, para assim ser possível a flexibili-

zação desse modelo a partir da importante concepção da

pessoa, como sendo moral, livre e igual – e, por isso

mesmo, digna.

A justificativa do presente trabalho está na necessi-

dade de conceituar o que seria uma sociedade justa con-

forme a proposta constitucional, e como o princípio da

dignidade humana sustentaria esse modelo de sociedade.

Page 14: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras

Dignidade Humana e Justiça Social

13

Por mais, é necessário um resgate ou uma revitali-

zação de discussões referentes à filosofia ética e política,

salientando um vasto interesse no debate filosófico des-

sas questões, enquanto se preocupam de tudo o que é

concernente ao homem.

Quanto à estrutura do trabalho, este não foi deveras

complexo ou rígido, apenas, despretensiosamente, abor-

dou o tema de modo que os capítulos fossem apresenta-

dos de forma organizada por uma tematização mais ge-

ral, chegando a outra mais específica.

O método utilizado para o desenvolvimento da

presente pesquisa consiste, inicialmente, na análise do

princípio da dignidade humana, tendo como parâmetro

a concepção de pessoa apresentada por Kant.

A propedêutica do trabalho se apresenta, portanto,

de forma analítica, com a constatação dos institutos que

determinam o que seria dignidade humana a partir do

entendimento do conceito de pessoa.

No segundo capítulo, a análise é feita demonstran-

do que a concepção da justiça social é aceitável, porque as

razões da justiça adotadas não seriam dadas por concep-

ções pré-existentes, mas sim, definidas por pessoas racio-

nais, dentro de um procedimento de construção. É preci-

so dizer, que o próprio texto da Constituição fala em

“construir uma sociedade justa”.

Na sequência analítica, mostra-se que a concepção

de dignidade humana ocupa um papel central e incondi-

cionado no procedimento de construção para adoção dos

Page 15: Dignidade Humana e Justiça Social - perse.com.br · do texto constitucional) somente é possível se o princípio da dignidade humana fundamentar esse modelo de soci-edade. Em outras

Francisco José Vilas Bôas Neto

14

princípios da justiça que possam ser válidos objetivamen-

te.

Assim, no primeiro capítulo, é demonstrado que o

modelo kantiano de pessoa estabelece que a explicação

dos pressupostos, a organização dos valores e os precei-

tos morais são validados por um procedimento que justi-

fica as máximas das ações adotadas em respeito à lei mo-

ral.

O modelo kantiano consiste na teoria fundamental

para o desenvolvimento de proposições morais que ex-

pliquem os pressupostos e a validação objetiva das ra-

zões da moralidade que possam ser justificadas.

Após a configuração da concepção de dignidade

humana, no segundo capítulo, é feita a análise da varian-

te aceitável para uma concepção de justiça social. A vari-

ante examinada se aproxima do que Rawls chamou de

teoria da justiça como equidade3.

A teoria de John Rawls é chamada de ”Justiça como

Equidade” porque os homens na posição original, duran-

te o procedimento de construção que permite a seleção

dos princípios da justiça que serão válidos numa socie-

dade justa, estão em simetria uns em relação aos outros,

sendo representados apenas como pessoas morais, livres

e iguais. A equidade presente no procedimento de cons-

trução permite, por ela mesma, que os princípios da justi-

ça selecionados sejam equitativamente válidos para todos

os cidadãos da sociedade justa.

3 RAWLS, John, Justiça e Democracia. O Construtivismo na teoria moral,

p. 45. 1ª edição, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2002.