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8/19/2019 Dinamica Das Determinantes Da Pobreza Em Mocambique
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Qual foi a dinâmica dos determinantes dapobreza em Moçambique?
Nelson Maximiano, Channing Arndt, Kenneth R Simler
Discussion papers
No.11P
8/19/2019 Dinamica Das Determinantes Da Pobreza Em Mocambique
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O objectivo das publicações é estimular a discussão e troca de ideias sobre questões
pertinentes para o desenvolvimento económico e social de Moçambique.
Existem diferentes opiniões acerca da melhor maneira de fomentar o desenvolvimento
económico e social. As publicações têm como objectivo abordar essa diversidade.
É de realçar que as ideias apresentadas no documento são de inteiraresponsabilidade do respectivo autor e não reflectem necessariamente oposicionamento do Ministério da Planificação e Desenvolvimento ou qualquer
instituição do Governo de Moçambique.
O logo foi gentilmente providenciado pelo artista moçambicano Ndlozy.
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
Os actuais programas governamentais insistem na necessidade do combate à
corrupção e à pobreza absoluta no país... Para o Ex-Presidente da República,
Joaquim Alberto Chissano, não obstante os sucessos alcançados na economia
nacional, os níveis de incidência da pobreza absoluta continuam elevados. Mais
de metade da nossa população continua sobrevivendo abaixo da linha dapobreza, tanto no campo como nas cidades, o que torna óbvio que não se alterou
ainda a natureza dos problemas que o país enfrenta. “Na essência, mantêm-se
válidas as proposições feitas durante a I Sessão do Observatório da Pobreza. A
questão central está em assegurar e aperfeiçoar um ambiente propício para o
florescimento da iniciativa, acção e consequentemente do investimento dos
cidadãos e de todas as suas instituições, em particular das empresas, incluindo as
micro/familiares e de maiores dimensões”. Segundo Armando Guebuza “é um
desafio que temos de prosseguir de forma a facilitar as actividades da população
e ao mesmo tempo permitir que o combate contra a pobreza se acelere”.
Para a Primeira-ministra , Luísa Diogo, a pobreza absoluta no país afecta mais de
metade da população Moçambicana. As causas de pobreza, eram entre outras, o
fraco nível de escolaridade dos cidadãos, a falta de oportunidades de emprego e
o fraco desenvolvimento das infra-estruturas.
Extractos de Discursos de Suas ExciasExtractos de Discursos de Suas ExciasExtractos de Discursos de Suas ExciasExtractos de Discursos de Suas Excias Ex Ex Ex Ex----Presidente da República, Primeira Presidente da República, Primeira Presidente da República, Primeira Presidente da República, Primeira----ministraministraministraministra eeee
Secretário Secretário Secretário Secretário----geral do Partido FRELIMO. 2004.geral do Partido FRELIMO. 2004.geral do Partido FRELIMO. 2004.geral do Partido FRELIMO. 2004.
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
ÍNDICE
LISTA DE TABELAS .................................................................................................... IV
ABSTRACTO................................................................................................................... V
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
2. O MODELO, SUA METODOLOGIA E ESPECIFICAÇÃO.............................. 2
2.1. MODELAÇÃO DOS DETERMINANTES DA POBREZA. .................................. 22.2. ESPECIFICAÇÃO DOS MODELOS...................................................................... 42.3. SELECÇÃO DAS VARIÁVEIS DO MODELO: A QUESTÃO DA EXOGEINEDADE. . 5
2.3.1. A VARIÁVEL DEPENDENTE. ................................................................... 6 2.3.2. VARIÁVEIS INDEPENDENTES................................................................. 7
3. RESULTADOS ......................................................................................................... 8
3.1. DETERMINANTES DE CONSUMO E DA POBREZA NAS ZONAS RURAIS. . 8
3.1.1. DEMOGRAFIA........................................................................................... 8 3.1.2. EDUCAÇÃO ............................................................................................... 9 3.1.3. EMPREGO E FONTES DE RENDIMENTO............................................ 10 3.1.4. VARIÁVEIS COMUNITÁRIAS E ACESSO A SERVIÇOS........................ 11 3.1.5. VARIÁVEIS DISTRITAIS .......................................................................... 11 3.1.6. VARIÁVEIS MENSAIS E DE EFEITOS SAZONAIS ................................ 11
3.2. DETERMINANTES DE CONSUMO E DA POBREZA NAS ZONAS URBANAS....................................................................................................................................... 11
3.2.1. DEMOGRAFIA......................................................................................... 11 3.2.2. EDUCAÇÃO ............................................................................................. 13 3.2.3. EMPREGO E FONTES DE RENDIMENTO............................................ 13 3.2.4. VARIÁVEIS DISTRITAIS. ......................................................................... 14 3.2.5. VARIÁVEIS MENSAIS E DE EFEITOS SAZONAIS. ............................... 15
4. CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES DE POLÍTICA. ............................................. 15
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................. 18
ANEXOS.......................................................................................................................... 21
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Determinantes do consumo e da pobreza nas zonas rurais. .......................... 21 Tabela 2: Determinantes do consumo e da pobreza nas zonas urbanas. ...................... 22 Tabela 3: Sumário estatístico das principais variáveis nas zonas rurais. ...................... 23 Tabela 4: Sumário estatístico das principais variáveis nas zonas urbanas. .................. 24 Tabela 5: Comparação dinâmica dos determinantes da pobreza nas zonas rurais....... 25 Tabela 6: Comparação dinâmica dos determinantes da pobreza nas zonas urbanas. ..26
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
ABSTRACTO
Ao investigar os determinantes da pobreza (com base nos dados de 2002-03) e comparar
os seus resultados com os resultados obtidos em 1996-1997, este relatório aborda a
dinâmica dos determinantes da pobreza durante os seis anos que separam os dois
inquéritos. Estes resultados mostram que há uma consistência e estabilidade dinâmica na
natureza dos determinantes da pobreza em Moçambique. Não obstante, factores como aidade do chefe do agregado familiar, chefe do agregado familiar feminino, tornaram-se
mais negativos e significativos. Para as zonas urbanas, as variáveis de número dos
adultos e anciãos, bem como para deficientes, tornaram-se menos negativas e também
menos significativas.
Factores como o acesso a infra-estruturas sanitárias (na zona sul), localização espacial
intra-provincial (distrital), algumas das variáveis de alfabetização de adultos e todos os
diferentes níveis máximos de educação de todos os elementos do agregado familiar, etc.
contam agora histórias mais ricas sobre a natureza do seu impacto sobre o consumo e a
pobreza. Entretanto, apesar de com menor impacto, o tamanho do agregado familiar
continuar a influenciar as hipóteses que seus membros têm de serem ou não pobres. O
emprego de adultos no sector de comércio e serviços revela-se um dos factores que
contribuem para a melhoria do bem-estar do agregado familiar.
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
1. INTRODUÇÃO
O objectivo do trabalho era responder as questões: (a) Quais serão os actuais
determinantes da pobreza? (b) Qual terá sido a dinâmica dos determinantes da pobreza?
Uma das formas de identificar os factores influenciais do nível de pobreza (no caso
específico, de um agregado familiar) é construindo perfis de pobreza, no entanto esta se
revela incompleta dado que apesar de ser uma importante fonte de informação
principalmente para efeitos de política, as tabulações, gráficos e mapas produzidos pelosperfis de pobreza não nos permitem verificar o impacto em separado de cada uma das
variáveis retirando o impacto das restantes variáveis. O tipo de análise feito neste
relatório indica-nos quais são as características específicas que em separado podem
determinar o facto de um agregado familiar ser pobre ou não.
A produção de análises sobre a pobreza torna-se um vector importante de resolução de
problemas não só de pobreza como também de desenvolvimento de economias
subdesenvolvidas. É importante garantir que os fazedores de política estejam bem
informados não só sobre a evolução da pobreza, como também sobre o seu perfil, bem
como sobre os factores que determinam o estatuto de pobreza de um indivíduo.
Existe uma vasta literatura que discute o tipo de metodologia que melhor se aplica a
regressões que visam captar os efeitos separados de diferentes características do agregado
familiar sobre o seu nível de consumo per capita. No capítulo 2 faz-se uma abordagem à
modelação dos determinantes, a escolha entre um modelo nacional ou modelos regionais,
bem como a especificação do modelo e a selecção das variáveis. No capítulo 3 discutem-
se os resultados por áreas e por grupos de variáveis, sendo que as conclusões aparecem
no capítulo 4 e por último a bibliografia e os anexos.
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
2. O MODELO, SUA METODOLOGIA E ESPECIFICAÇÃO.
2.1. MODELAÇÃO DOS DETERMINANTES DA POBREZA.
Existem várias abordagens que nos permitem modelar os determinantes da pobreza, a
primeira limitação para a definição do modelo a usar e suas especificidades é o tipo de
dados que dispomos. Para o caso em causa trata-se de dados de secção cruzada, que nos
levam a duas abordagens mais usadas e recomendadas, para o processo de construção domodelo de determinantes da pobreza em Moçambique. Os dois tipos importantes de
análise são:
Tal qual se fez em 1996-1997: explicar os níveis de despesa com análises de
regressões multivariadas das despesas de consumo. Após a estimação das despesas deconsumo pode-se não só identificar os maiores determinantes dos padrões de
consumo como também simular os efeitos dos determinantes da pobreza.1
Explicar os diferentes estatutos de medidas de pobreza usando regressões do tipo
logit/probit das variáveis binárias pobre e não-pobre. Ou seja, formular uma relaçãofuncional entre uma determinada posição em relação a linha da pobreza e as
diferentes dimensões sociais que afectam a pobreza.2
Alguns autores recomendam a utilização da segunda abordagem e outros da primeira.
Após uma análise crítica e no sentido de garantir a comparabilidade dos dados, tal como
em 1996-97 a abordagem preferida da modelação dos determinantes da pobreza para
Moçambique em 2002-03 foi a primeira.
Retomando a discussão feita na Primeira Avaliação Nacional da Pobreza (PAN)
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
j j j xc η β +′=ln (1)
em que ln c j é o logaritmo natural do consumo real de agregado familiar j (normalmente
em termos per capita), x j é um conjunto de características do agregado familiar e outros
determinantes, e η j é um termo de erro aleatório. O consumo é normalizado pela via de
índices de preços intra inquérito e espacialmente deflacionado pela linha da pobreza.
Estima-se o logaritmo do consumo porque a sua distribuição se aproxima mais da
distribuição normal do que a distribuição dos níveis de consumo.
Segundo a PAN, esta abordagem contrasta com a segunda que é uma modelação directa
das medições de pobreza a nível de agregado familiar, apresentadas a seguir:
j j j xP α α α η +Ω′= (2)
onde Pα j é calculado pela fórmula: Pα j = [max ((1 - C j / z), 0)] 0 (3)
em que z indica a linha de pobreza e é um parâmetro não-negativo. Os equivalentes do
agregado familiar do índice de pessoas, o índice de pobreza diferencial e o índice do
quadrado de pobreza diferencial obtêm-se quando é 0, 1 e 2, respectivamente.
Esta abordagem directa tem sido usada com frequência. Por exemplo, Bardhan (1984)
versa sobre os factores terra, trabalho e a probabilidade de um individuo ser pobre na
Índia rural, Gaiha (1988) aborda a probabilidade de um agregado familiar ser ou não
pobre na Índia, os relatórios do Banco Mundial (1994, 1995a, 1995b, 1996a) abordam
também o impacto nos níveis de pobreza usando a abordagem probit. Grootaert (1997)
estima um modelo probit para as zonas rurais e urbanas com o objectivo de verificar se
são as características do agregado familiar ou o impacto macroeconômico que influencia
o seu estatuto de pobreza. Tal como é referido na PAN, apesar da popularidade desta
abordagem, há várias razões que demonstram por que a modelação do consumo do
agregado familiar pode ser preferível à modelação dos níveis de pobreza do agregado
familiar.
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
partir do nível de pobreza não é possível determinar o correspondente nível de consumo.
Segundo, o uso dos dados unicamente sobre Pα j é ineficaz. Implica uma perda de
informação porque a informação sobre os padrões de vida dos agregados familiares acima
da linha de pobreza é deliberadamente suprimida. Assim, todos os agregados familiares
que não sejam pobres são tratados da mesma maneira, como dados fora da análise.
Terceiro, existe um elemento de arbitrariedade inerente sobre o nível exacto da linha de
pobreza absoluta, mesmo que as diferenças relativas ao custo de vida, tais como estes são
estabelecidos pelas linhas de pobreza regionais, sejam considerados sólidos. Diferenteslinhas de pobreza implicariam que os dados de consumo de agregado familiar seriam
censurados a diferentes níveis. Os parâmetros estimados do modelo de pobreza na
equação (2) mudariam, portanto, com o nível da linha de pobreza utilizada, dessa forma
estaríamos a ter valores de coeficiente diferentes para diferentes níveis de linha a pobreza
(que é algo arbitrária) fazendo com que esses parâmetros fossem também arbitrários. Amodelação do consumo de forma directa tem a característica, potencialmente atraente, de
pressupor que as estimativas do modelo de consumo são menos dependentes da linha de
pobreza. Quarto, a estimação do modelo de consumo evita a inclusão de pressupostos
restritivos sobre a distribuição dos erros que seriam tipicamente necessárias para os
modelos não-lineares4 de variáveis dependentes limitadas (Powell, 1994).3
Seguindo os argumentos acabados de enumerar, a abordagem utilizada neste estudo
consiste em modelar o consumo de acordo com equação (1).
2.2. ESPECIFICAÇÃO DOS MODELOS
Na construção dos modelos de determinantes dos padrões de bem-estar em Moçambique
é necessário decidir sobre o nível de desagregação do modelo(s). A escolha é entre uma
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
especificação única (nacional) que assume os efeitos marginais dos determinantes do
consumo são constantes entre todos os agregados familiares (chamado o “pooled model”,
ou estimar modelos separados, que permitem os efeitos marginais dos determinantes
variar por região. Dadas as vantagens de uso de cada um dos modelos a opção foi usar a
segunda abordagem.
2.3. SELECÇÃO DAS VARIÁVEIS DO MODELO: A questão da exogeinedade.
Para a identificação das variáveis a serem incluídas no modelo foi definido um conjunto
de instrumentos e processos que permitem verificar se as variáveis reúnem ou não
condições para a integração no modelo.
Um dos pontos mais importantes na análise é garantir que todos os potenciais
determinantes da pobreza seleccionados sejam variáveis exógenas em relação ao
consumo actual. Como o objectivo do trabalho é inferir sobre a causalidade então,
variáveis que podem ser afectadas pelo consumo corrente dentro do agregado familiar
(variáveis endógenas) são excluídas do modelo 4 Desta forma por exemplo, o valor dos
bens duráveis, ou do auto-consumo, foram excluídas do conjunto de variáveis
explicativas pois ambos são componentes do consumo. Da mesma forma, variáveis comocaracterísticas de habitação, posse de aves, etc. não entram no modelo, dado que são
provavelmente determinadas pelos padrões de vida do agregado familiar. Por exemplo,
existe o risco de que as variáveis de categorias de emprego sejam variáveis endógenas
dado que o estatuto de emprego, ou o sector em que um indivíduo adulto se encontra
empregue pode ser resultado do padrão de vida a que este teve acesso antes ou depois deestar em idade de trabalhar. O teste de Hausman é um dos instrumentos econométricos
usados para determinar a endogeneidade ou não do emprego (ou qualquer outra variável)
em relação ao nível de consumo real, para o caso em questão, estes mostraram fortes
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
omitidos no modelo. O ponto aqui é que como a direcção da causalidade é inversa a que
se pretende estudar não faz sentido incluir essas variáveis no modelo.5
A selecção dos potenciais determinantes da pobreza foi também guiada por resultados
passados de perfis da pobreza e determinantes da pobreza, bem como variáveis que se
sabiam de considerável interesse para os fazedores de política económica em
Moçambique. Outro critério complementar foram os resultados de inquéritos em
economias similares tais como, Egipto, Malawi, Tunísia, Burkina-Faso, Nigéria, etc.Algumas das variáveis foram retiradas do modelo pois revelavam nenhum ou quase
nenhum impacto na determinação do nível de consumo real per capita dos AFs.6
Depois de feita a regressão foram também feitos testes de significância conjunta para
verificar se as variáveis testadas são ou não significativas em conjunto.
2.3.1. A VARIÁVEL DEPENDENTE.
As estimativas de pobreza foram calculadas com base nos dados de consumo gerados
pelo IAF. Neste sentido, a variável dependente refere-se às despesas totais de consumo
per capita por dia, sendo que estes valores de consumo são corrigidos para termos reais
mediante os métodos já citados de deflação temporal e espacial. Uma outra alternativa
seria fazer a mensuração do bem-estar das famílias com base nos dados de renda desses
agregados familiares, no entanto a informação sobre consumo e despesas revela-se mais
apropriada por várias razões:
Numa economia agrícola como a Moçambicana a renda é bastante volátil e
encaroçada. Em geral os agregados familiares recebem maior parte da sua renda nos
5 É preciso ter o cuidado de verificar que mesmo depois deste trabalho, a causalidade continua difícil de
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
meses após a colheita Julho, Agosto e Setembro, e muito pouco dinheiro desta fonte
de rendimento nos restantes meses do ano. O ponto é que a renda é muito mais volátil
do que o consumo, logo agregados familiares que durante a presente avaliação foram
considerados como não pobres (e em alguns casos muito acima da linha da pobreza)
podem ser considerados pobres caso tenham sido entrevistados nos meses em que não
recebem nenhuma renda desta fonte de rendimento, quando na realidade gastam tal
rendimento pelos restantes meses do ano. Portanto, consumo e despesas são medidas
mais tranquilas de medição do nível de bem-estar. Consumo e despesas podem ser vistos como bem-estar realizado e efectivo, enquanto
que a renda é uma medida de bem-estar potencial dependendo da alocação inter
temporal que a mesma tiver.
Consumo e despesas não só são dados mais estáveis, como também são dados mais
fiáveis para medição do bem-estar dos agregados familiares. Isto ocorre porque asfamílias estão mais predispostas a reportar a sua verdadeira situação em termos de
despesas e consumo do que em termos de renda, principalmente quando estiverem a
lidar com questionários oficiais e/ou com funcionários governamentais.
Numa economia em que seus agentes estão altamente virados para estratégia de
subsistência, grande parte da renda é derivada de negócios de auto-emprego, ou
produção para auto-consumo. Nestes casos os procedimentos de valorização da renda
são sempre problemáticos.
2.3.2. VARIÁVEIS INDEPENDENTES.
O primeiro passo na definição dos regressores que fariam parte de cada um dos diferentes
grupos de determinantes da pobreza foi no sentido de garantir a comparabilidade dos
resultados actuais com os resultados anteriores, deste modo identificou-se o conjunto de
variáveis que fizeram parte do questionário passado e que fazem parte do recente
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
3. RESULTADOS
3.1. DETERMINANTES DE CONSUMO E DA POBREZA NAS ZONASRURAIS.
3.1.1. DEMOGRAFIA
As cinco variáveis demográficas que medem (quantificam) o número de pessoas no
agregado familiar separadas por idade e género tem (como seria de esperar e tal qual
aconteceu no estudo aos determinantes da pobreza em 1996-97) uma relação negativacom o tamanho do agregado familiar, o que nos sugere claramente que a relação entre o
tamanho do agregado familiar e o seu consumo real per capita é negativa (vide Tabela 1).
No entanto, verifica-se uma relação positiva entre a variável relativa ao termo quadrático
do tamanho do agregado familiar e o consumo real per capita. 9 Isto sugere-nos (tal como
em 1996-97) que o nível de consumo per capita decresce com aumentos no número demembros de agregado familiar, mas a uma taxa diminuindo.
Outro aspecto de notório interesse é que a relação entre estas variáveis demográficas e o
consumo real per capita sugere que os coeficientes ficam menos negativos dos 0-9 para
os 10-17 anos, tornando-se mais negativos para adultos dos 18-59 anos, e ficando mais ou
menos com os mesmos valores para indivíduos com mais de 60 anos.7 O valor de
coeficiente negativo não significa que um adulto/criança adicional dentro do AF reduz o
seu valor de consumo por cabeça, o ponto é que como existem outras características
controladas como por exemplo os níveis de educação, o número de adultos empregues
por sector e ou cruzados com o seu grau de educação, fontes de rendimento, etc., logo, o
acréscimo de um adulto/criança é feito assumindo-se que tal indivíduo é analfabeto, não
deficiente e desempregado.8 Isto significa que estas informações não são totalmente
contra-intuitivas dado que podem ou não divergir da informação descritiva sobre a
pobreza na qual se refere que AFs com maiores índices de dependência tendem a ser mais
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
pobres. O ponto é que o sinal do coeficiente líquido de um adulto empregue depende das
restantes características assumidas.
A variável binária para o adulto feminino como chefe do agregado familiar apresenta
sinal negativo e significância estatística a 1% nas regiões centro e norte. Porém, apenas
na região centro se reporta um impacto mais negativo considerável no nível de consumo
real do AF se o seu líder for do sexo feminino. (Vide Tabela 1Tabela 1).
O número de pessoas com incapacidade física no agregado familiar apenas tem impacto
estatisticamente insignificante para todas as regiões.
3.1.2. EDUCAÇÃO
As variáveis para o número de adultos femininos alfabetizados e adultos masculinosalfabetizados são positivas e significativas no “pooled model”, sendo que nos modelos
regionais a variável para adulto feminino alfabetizado é positiva e significativa na região
centro e sul, sendo que a variável para o adulto masculino alfabetizado é positiva e
significativa nas regiões norte (a 1%) e centro (a 5%). Fazendo uso das restantes
variáveis de educação usadas na pesquisa anterior apenas o adulto masculino com EP1 ou
com EP2 mostram ter algum impacto, sendo este muito mais forte e significativo para o
segundo caso (Vide Tabela 1Tabela 1).
Entre as variáveis de educação, a maioria destas têm a prevista relação positiva com o
consumo per capita, sendo que as variáveis para o nível máximo de educação, EP1 e
outros apenas se mostra significativa a 5% na região sul, sendo nula nas restantes. A
variável para o nível máximo de EP2 e técnico elementar é positiva e significativa a 1%
para a região norte (onde é mais forte), a 5% para a região sul, porém insignificante na
região centro A variável binária para o nível máximo de ESG1 e técnico básico é
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
3.1.3. EMPREGO E FONTES DE RENDIMENTO
Foram construídas nove variáveis para adultos empregados em diferentes sectores da
economia das quais apenas cinco foram usadas para o modelo de determinantes rurais da
pobreza, sendo só duas destas (fontes de rendimento e número de adultos empregues em
outros sectores) são significativas no “pooled model”. Os modelos regionais mostram-
nos que mesmo tendo sempre sinal positivo as fontes de rendimento apenas são
estatisticamente diferentes de zero na região norte ao nível de significância de 1%. A
variável para número de adultos empregues em outros sectores é fortemente positiva e
também significativa em todas as regiões, apresentando em geral significância estatística
ao nível de 5% com a excepção da região norte onde esta ocorre ao nível de 1% (Vide
Tabela 1).
As restantes variáveis que apresentam valor estatístico nulo são: número de adultos
empregues na indústria (com a excepção da região norte onde é positiva e significativa a
5%) e o número de adultos empregues na agricultura, as quais apresentam sinal positivo.
Estes valores nulos para variáveis de emprego são contra-intuitivos dado que, significam
que, mantendo iguais as restantes variáveis o emprego do adulto dependendo da suanatureza, pode levar a um valor de consumo per capita não superior ao consumo referente
ao trabalho não remunerado em casa.9 No entanto, todos os valores dos coeficientes
significativos vão de acordo não só com o esperado como também com os resultados de
1996-1997. Continuam a ser os adultos empregues “noutros” sectores10 os que têm
maiores ganhos incrementais no consumo per capita, no entanto, mesmo estando aaumentar a força de trabalho rural a trabalhar fora da agricultura11 as estimativas desta
variável continuam a ser baseadas num número não muito grande de observações o que
sugere algum cuidado ao lidar com estes números.
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
3.1.4. VARIÁVEIS COMUNITÁRIAS E ACESSO A SERVIÇOS
O índice de infra-estruturas económicas mostra um sinal de coeficiente positivo mas não
significativo (com a excepção da região sul onde é significativo a 1%). A variável dummy
para indicar se a malária é o principal problema de saúde na aldeia revela em geral um
valor estatístico não diferente de zero, sendo que, na região norte esta revela um sinal
esperado contrário significativo. Porém os testes para significância conjunta desta
variável mostram impacto nulo, o qual é confirmado pelo valor estatístico não diferente
de zero para o “pooled model”.
3.1.5. VARIÁVEIS DISTRITAIS
Uma observação atenta às variáveis distritais mostra claramente que a região norte
apresenta maior número de distritos com sinal de coeficiente altamente negativo e
significativo (em geral ao nível de significância de 1%). Segue-se a região centro que
apresenta também um grande número de distritos porém menos negativos e significativos
(em geral entre 1 a 5%). Para a região sul 34% dos distritos têm sinal positivo e altamente
significativo (em geral ao nível de significância de 1%), sendo que os restantes
apresentam sinal menos negativo e significativo (em geral entre 1 a 5%).
3.1.6. VARIÁVEIS MENSAIS E DE EFEITOS SAZONAIS
Todos os valores de coeficiente para as variáveis mensais são estatisticamente não
diferentes de zero. Ou seja, não tem impacto no nível de consumo real per capita.
3.2. DETERMINANTES DE CONSUMO E DA POBREZA NAS ZONAS
URBANAS
3.2.1. DEMOGRAFIA
A Tabela 2 mostra que também nas zonas urbanas as cinco variáveis demográficas que
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
Também existe uma relação positiva e altamente significativa com o termo quadrático do
tamanho do agregado familiar reforçando a hipótese da relação em forma convexa entre o
tamanho do agregado familiar e o nível de consumo real per capita. De forma diferentedo que acontece nas zonas rurais e ao contrário do que ocorreu em 1996-1997, as
variáveis para o número de crianças entre os 0 e os 9 anos são mais negativas, reduzindo-
se o tamanho do coeficiente negativo para crianças/adolescentes dos 10 aos 17 anos,
sendo este ainda mais baixo para adultos masculinos dos 18 aos 59 anos, no entanto para
adultos femininos dos 18 aos 59 anos é mais negativo do que adolescentes dos 10 aos 17anos. Para indivíduos com mais de 60 anos o valor de coeficiente tem em geral a mesma
amplitude que para crianças/adolescentes dos 10 aos 17 anos. Isto significa que se os
retornos para adultos masculinos adicionais, desempregados, analfabetos, não deficientes,
etc. no AF são mais elevados do que para crianças e adolescentes com mesmas
características, estes são mais baixos para adultos femininos adicionais com semelhantescaracterísticas. A variável relativa a idade do chefe do agregado familiar apenas é
positiva e estatisticamente significativa nas pequenas cidades, tornando-se de muitíssimo
pouco impacto e pouco significativa para as grandes cidades. Para o termo quadrático da
idade do chefe do AF o coeficiente continua insignificante para as grandes cidades,
tornando-se no entanto positivo (mas de muitíssimo pouco impacto) e significativo (a
1%) para as pequenas cidades. Isto sugere-nos uma relação não-linear entre a idade do
chefe do agregado familiar e o consumo real per capita nas pequenas cidades.
O género feminino do chefe do agregado familiar tem uma relação negativa e
significativa com o consumo real per capita do agregado familiar (sendo que esta relação
é mais forte nas pequenas cidades).12 Isto significa que o facto de o chefe do agregado
familiar ser um homem contribui para um maior bem-estar dos agregados familiares
urbanos, principalmente nas pequenas cidades (Vide Tabela 2).
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3.2.2. EDUCAÇÃO
As variáveis para adultos femininos alfabetizados e adultos masculinos alfabetizados são
retiradas do “pooled model”, sendo que nos modelos separados por grandes cidades e
pequenas cidades, a variável para adulto feminino alfabetizado é fortemente positiva e
significativa nas grandes e pequenas cidades, sendo que a variável para o adulto
masculino alfabetizado é não significativa para ambas (negativa para as grandes cidades e
positiva para as pequenas). As restantes variáveis de educação usadas no estudo passado
são retiradas do modelo de determinantes urbanos. As variáveis dummy para os níveis
máximos de educação:
EP1, alfabetização e outros.
EP2 e técnico elementar.
ESG1 e técnico básico.
ESG2, técnico médio e formação de professores.
Ensino Superior.
Tal como mostra a Tabela 2 estas variáveis são em geral positivas e significativas (ao
nível de 1%), sendo que apenas a primeira é insignificante. Outro facto de notóriointeresse é que os retornos para o nível máximo de educação são maiores quanto mais
elevado for o nível, sendo que até ESG2, técnico médio e formação de professores o
impacto é mais forte nas grandes cidades, passando a ser mais forte nas pequenas cidades
para o nível de ensino superior.
3.2.3. EMPREGO E FONTES DE RENDIMENTO.
Todas as nove variáveis construídas para categorizar adultos empregados em diferentes
sectores da economia foram usadas para o modelo de determinantes urbanos da pobreza
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No bloco das grandes cidades o número de adultos empregue em outros sectores é
positivo e altamente significativo, o número de adultos masculinos que concluíram o EP1
empregues no sector industrial é negativo e significativo a 10%, o número de adultosfemininos alfabetizados empregue no sector agrícola é negativo e significativo. Das
variáveis usadas para controlar a perca de informação nas observações omissas apenas a
referente ao emprego assalariado tem relação positiva forte e altamente significativa com
o consumo real per capita. Isto significa que vários indivíduos dos quais não se tem
informação se são ou não assalariados, tendem a ter um consumo real per capita elevado. No bloco das pequenas cidades, as variáveis referentes ao número de adultos
empregues no sector agrícola, número de adultos empregues no sector industrial tem
ambas sinal negativo e significativo a 10% e 5% respectivamente. As variáveis para
fontes de rendimento e homens alfabetizados no sector industrial são positivas e
significativas a 5%, sendo que para a primeira a relação é fraca e para a segunda muito
forte. A variável para o número de adultos empregue em outros sectores tem uma relação
positiva forte e significativa com o consumo real per capita (Vide Tabela 2). Das
variáveis usadas para controlar a perca de informação nas observações omissas apenas a
referente às observações omissas de fontes de rendimento tem relação positiva forte e
altamente significativa com o consumo real per capita. Isto significa que vários
indivíduos dos quais não se tem informação se tem ou não fontes de rendimento, tendem
a ter um consumo real per capita elevado. Continuam a ser os adultos empregues
“noutros” sectores os que têm maiores ganhos incrementais no consumo per capita.
3.2.4. VARIÁVEIS DISTRITAIS.
Todas as variáveis distritais para as grandes cidades tem coeficiente negativo, no entanto
apenas cinco destas são negativas. Isto significa que no geral, existem características
distritais inobservadas que contribuem negativamente para o nível de consumo real per
capita dos agregados familiares nas grandes cidades
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
são estatisticamente significativos,13 para os distritos com coeficiente negativo apenas
36.4% são estatisticamente significativos.14
3.2.5. VARIÁVEIS MENSAIS E DE EFEITOS SAZONAIS.
Usando modelos separados entre grandes cidades e pequenas cidades verificamos que:
Para as grandes cidades os meses com tendências negativas de consumo são:
Agosto de 2002, Outubro de 2002 de 2002, Novembro de 2002, Dezembro de 2002,
Fevereiro de 2003, e Abril de 2003. Para as pequenas cidades os meses com tendências negativas de consumo são:
Julho 2002, Setembro de 2002, Janeiro de 2003, Fevereiro de 2003, Março de 2003, Abril
de 2003, Maio de 2003 e Junho de 2003.
No entanto, apenas Abril de 2003, Maio de 2003 e Junho de 2003 tem significância
estatística a 1% de significância para o primeiro e 10% para os restantes.
4. CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES DE POLÍTICA.
A análise dos determinantes da pobreza com base nos dados do IAF 2002-2003 é uma
continuação das pesquisas feitas em 1996-1997 bem como das estimativas sobre a
pobreza apresentadas na segunda avaliação nacional. Este trabalho reflecte um exercício
de aprimoramento da modelação anterior aos determinantes da pobreza, os quais podem
mostrar alterações dinâmicas ao longo do tempo (vide Tabelas 5 e 6).
Verificou-se uma notável melhoria na base de dados do IAF 2002-2003 em relação ao
questionário anterior, com uma assinalável redução de observações omissas, aumentou arobustez da colecta de dados, etc. No entanto, algumas das limitações anteriores
persistem: omissões de potenciais determinantes da pobreza, erros de medição, etc.
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A Dinâmica Dos Determinantes Da Pobreza Em Moçambique
do agregado familiar (soma das variáveis por idade e género) e o género do chefe do
agregado familiar no norte e centro. As variáveis distritais apresentam-se negativas e
significativas, com a excepção de alguns distritos.- Determinantes positivos - As variáveis de educação tem em geral coeficiente positivo
ou nulo, sendo significativas as seguintes variáveis: alfabetização de adultos, nível
máximo de educação (EP2 e técnico elementar, bem como ESG1 e técnico básico),
diversificação de fontes de rendimento (no Norte). As variáveis de emprego são em geral
positivas mas não significativas, sendo significativas as seguintes variáveis: o nº deadultos empregue em outros sectores ou seja, no sector terciário (comércio, serviços,
etc.), a diversificação das fontes de rendimento e o número de adultos empregue no sector
agrícola e industrial no norte. As variáveis comunitárias apresentam coeficientes
positivos porém não significativos com excepção das infra-estruturas sanitárias (no sul) e
da malária no norte.
Para as zonas urbanas – Determinantes Negativos - em geral todas as variáveis
demográficas tem coeficiente negativo, porém, as variáveis significativas são: o tamanho
do agregado familiar (soma das variáveis categóricas por idade e género) e o género do
chefe do agregado familiar. Das variáveis de emprego com coeficiente negativo apenas o
número de adultos empregues na agricultura e indústria nas pequenas cidades, os homens
com EP1 na indústria, bem como as mulheres alfabetizadas na agricultura são
significativos. As variáveis distritais apresentam-se negativas e significativas, com a
excepção de alguns distritos.
- Determinantes Positivos - As variáveis de educação tem em geral coeficiente positivo
ou nulo, sendo significativas as seguintes variáveis: alfabetização de adultos femininos e
todos os níveis máximos de educação classificados. Das variáveis de emprego com
coeficiente positivo apenas o nº de adultos empregues em outros sectores ou seja, no
sector terciário (comércio serviços etc ) os homens alfabetizados na indústria as fontes
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Baixo nível de educação máxima dentro do agregado familiar; Elevadas taxas de
dependência nos AFs; Baixos retornos da actividade económica desenvolvida dentro da
agricultura e indústria, em relação ao comércio e serviços; Baixa diversificação de fontesda renda dos AFs; Localização intra-provincial.
Destas análises pode-se concluir que houve alguma mudança no comportamento dos
factores que determinam a pobreza. Em quase todos os casos não mudou a direcção da
associação entre os regressores e a variável dependente, no entanto, mudou asignificância e o grau de associação (retornos) para com alguns destes coeficientes.15
O tamanho do agregado familiar tem um impacto menos negativo e mais significativo, a
diversificação das fontes de rendimento perdeu algum peso, o que pode ser indicação de
que começam a haver alguns ganhos de especialização, o emprego de adultos na
agricultura e indústria tornou-se mais negativo e significativo. Apesar de estarem a
diminuir, as diferenças de educação por género continuam grandes, entretanto, dos
anteriores factores de educação determinantes da pobreza apenas a alfabetização de
adultos continua tendo impacto positivo relevante. Tem estado a aumentar os retornos
para os níveis máximos de educação de qualquer membro dentro do AF.
Grande parte dos determinantes da pobreza não é sempre significante e estável ao longo
do tempo, isto dá-nos a indicação de poderem existir outros factores que estejam
influenciando o comportamento dos determinantes da pobreza, ou seja, devem existir
outros factores que são os determinantes dos determinantes da pobreza. No entanto, a
estrutura dos determinantes da pobreza não é muito diferente entre zonas urbanas e zonas
rurais. Investimento em educação, em maiores oportunidades nos sectores de agricultura
e indústria fortemente ligados a grandes investimentos em infra-estruturas e
desenvolvimento tecnológico investimento na redução do risco e incerteza parecem ser
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A Di â i D D t i t D P b E M bi
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Tabela 2: Determinantes do consumo e da pobreza nas zonas urbanas.
Grandes Cidades Pequenas Cidades
Estima- Estima-
Variavel Dependente: ln(consumo real per capita) tivas do Estatistica tivas do Estatistica
parametro de t parametro de t
Constante (Grandes Cidades) 10.45 [38.714]*** 0 0
Constante (Pequenas Cidades) 0 0 9.33 [58.487]***
Quadrado do tamanho do agegado familiar 0.01 [7.559]*** 0.01 [7.459]***
Quadrado da idade do chefe do AF 0.00 [0.058] 0.02 [3.190]***
Idade do chefe do AF 0.00 [0.202] 0.00 [3.039]***
Mulher chefe do agregado familiar -0.12 [1.768]* -0.19 [3.356]***Individuos c/ idadee sexo nao classificados 0 0 -1.44 [8.910]***
Individuos dos aos 9 anos de idade -0.28 [11.557]*** -0.31 [17.746]***
Individuos dos 10 aos 17 -0.25 [11.696]*** -0.24 [8.554]***
Individuos masculinos dos 18 aos 59 anos de idade -0.25 [2.825]*** -0.18 [2.307]**
Individuos femininos dos 18 aos 59 anos de idade -0.43 [9.968]*** -0.25 [4.262]***
Individuos c/ nais de 60 anos de idade -0.44 [6.326]*** -0.23 [3.223]***
Individuos c/ idade nao classificada 0.00 [0.057] -0.05 [0.858]
Individuos deficientes 0.02 [0.125] -0.21 [1.122]
Adulto masculino Alfabetizado 0.06 [0.784] -0.08 [1.074]
Adulto feminino Alfabetizado 0.22 [5.260]*** 0.11 [2.393]**
Adulto masculino c/ pelo menos EP1 0 0 0 0
Adulto feminino c/ pelo menos EP1 0 0 0 0
Individuos c/ educacao nao classificada ate Alf. 0 0 0 0
Individuos c/ educacao nao classificada ate EP1 0 0 0 0
Adulto masculino c/ pelo menos EP2 0 0 0 0
Adulto feminino c/ pelo menos EP2 0.18 [1.592] 0.06 [1.378]
Maximo nivel de ed. ate EP1, Alfabetizacao, Outro 0.39 [4.272]*** 0.22 [3.823]***Maximo nivel de ed. ate EP2, Tecnico elementar 0.62 [5.506]*** 0.45 [7.623]***
Max ed: ESG1, Tecnico basico 1.00 [9.602]*** 0.71 [6.902]***
Maximo nivel de ed. ate ESG2, Tecnico medio, Form de Prof 1.64 [10.174]*** 2.10 [8.898]***
Individuos c/ nivel maximo educacao nao classificada ate Alf. 0 0 0 0
Fontes de rendimento -0.01 [0.451] 0.04 [2.055]**
No. de Adultos empregues no sector Agricola 0.01 [0.237] -0.11 [3.050]***
No. de Adultos empregues no sector Industrial 0.12 [1.131] -0.34 [2.330]**
No. de Adultos empregues em "outros sectores" 0.10 [3.856]*** 0.15 [3.970]***
Emprego salariado -0.04 [1.309] 0.02 [0.577]
Trabalha fora do pais 0.12 [1.390] 0.04 [0.287]
Homens alfabetizados no sector industrial/construcao -0.04 [0.327] 0.39 [2.345]**
Homens com ep1 no sector industrial/construcao -0.13 [1.843]* 0.04 [0.284]
Mulheres alabetizadas no sector agricola -0.18 [2.853]*** 0.01 [0.227]
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Tabela 3: Sumário estatístico das principais variáveis nas zonas rurais.
Rural Sul Centro Norte
Variaveis Med DP Med DP Med DP Med DP
Quadrado do Tamanho do HH 29.72 43.24 33.72 54.22 33.87 46.95 20.95 20.34
Chefe AF Feminino 0.27 0.44 0.45 0.50 0.20 0.40 0.20 0.40
Individuos dos 0 aos 9 anos de idade 1.65 1.52 1.57 1.58 1.84 1.58 1.49 1.34
Individuos dos 10 aos 17 0.86 1.09 0.93 1.12 0.00 0.00 0.68 0.92
Individuos masculinos dos 18 aos 59 0.81 0.68 0.64 0.75 0.96 1.16 0.82 0.56
Individuos femininos dos 18 aos 59 1.12 0.77 1.27 0.97 0.91 0.70 0.94 0.47
Individuos c/ mais de 60 0.28 0.55 0.44 0.65 1.15 0.78 0.21 0.49Individuos deficientes 0.07 0.26 0.08 0.29 0.23 0.49 0.06 0.24
Adulto masculino Alfabetizado 0.50 0.66 1.34 1.07 0.07 0.26 0.37 0.54
Adulto feminino Alfabetizado 0.25 0.54 1.16 1.08 0.00 0.00 0.09 0.30
Maximo nivel de ed. ate EP1, Alf., Outro 0.18 0.38 0.28 0.45 0.59 0.70 0.13 0.34
Maximo nivel de ed. ate EP2, T. elementar 0.06 0.23 0.28 0.45 0.18 0.42 0.04 0.19
Max ed: ESG1, Tecnico basico 0.01 0.12 0.12 0.32 0.18 0.38 0.01 0.11Maximo nivel de ed. ate ESG2, T. medio,Prof. 0.00 0.07 0.01 0.09 0.05 0.22 0.00 0.06
Maximo nivel de ed. Ate Ensino Superior 0.00 0.00 0.00 0.00 0.01 0.12 0.00 0.00
Fontes de rendimento 2.06 0.62 1.98 0.68 0.00 0.00 1.95 0.52
No. de Adultos emp. no sector Agricola 1.89 1.02 1.88 1.28 0.00 0.06 1.82 0.68
No. de Adultos emp. no sector Industrial 0.04 0.22 0.08 0.30 0.00 0.00 0.01 0.10
No. de Adultos emp. em "outros sectores" 0.13 0.40 0.21 0.53 2.20 0.62 0.06 0.27
Indice de Infra_estrut. Sanitarias 0.26 0.22 0.31 0.24 1.96 1.04 0.25 0.21
Indice de Infra-estrut. Economicas 0.27 0.17 0.27 0.19 0.04 0.22 0.25 0.16
Malaria 0.72 0.45 0.89 0.32 0.00 0.00 0.84 0.36
Fonte: Cálculos do autor com base nos dados do IAF 2002-03.
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Tabela 4: Sumário estatístico das principais variáveis nas zonas urbanas.
Urbano Grandes Cid. Pequenas Cid.Variaveis Med DP Med DP Med DP
Quadrado do Tamanho do HH 38.1888 42.7419 41.8175 45.8120 35.4712 40.0853
Chefe AF Feminino 0.2772 0.4476 0.2793 0.4488 0.2755 0.4469
Idade nao Identificada 0.0002 0.0158 0.0000 0.0000 0.0004 0.0209
Individuos dos 0 aos 9 anos de idade 1.5885 1.4057 1.4630 1.3536 1.6825 1.4366
Individuos dos 10 aos 17 1.1630 1.1984 1.1767 1.1668 1.1528 1.2217
Individuos masculinos dos 18 aos 59 1.1815 0.9510 1.3604 1.0432 1.0476 0.8515
Individuos femininos dos 18 aos 59 1.3211 0.9077 1.4950 1.0469 1.1908 0.7621
Individuos c/ mais de 60 0.2160 0.4887 0.2268 0.5013 0.2079 0.4789Individuos deficientes 0.0744 0.2709 0.0851 0.2914 0.0664 0.2542
Adulto masculino Alfabetizado 1.1069 0.9711 1.3429 1.0656 0.2755 0.4469
Adulto feminino Alfabetizado 0.8879 0.9449 1.1633 1.0819 0.0004 0.0209
Maximo nivel de ed. ate EP1, Alf., Outro 0.2609 0.4392 0.2787 0.4485 1.6825 1.4366
Maximo nivel de ed. ate EP2, T. elementar 0.2494 0.4327 0.2805 0.4494 0.0000 0.0000
Max ed: ESG1, Tecnico basico 0.1164 0.3207 0.1190 0.3238 1.1528 1.2217Maximo nivel de ed. ate ESG2, T. medio,Prof. 0.0934 0.2910 0.1318 0.3383 0.0646 0.2459
Maximo nivel de ed. Ate Ensino Superior 0.0132 0.1143 0.0286 0.1666 0.0017 0.0418
Fontes de rendimento 1.6976 0.8032 1.4099 0.7306 1.9131 0.7875
No. de Adultos emp. no sector Agricola 0.7818 0.9871 0.3090 0.6410 1.1358 1.0507
No. de Adultos emp. no sector Industrial 0.1630 0.4277 0.2268 0.5036 0.1153 0.3532
No. de Adultos emp. em "outros sectores" 0.9074 0.9216 1.2175 0.9698 0.6751 0.8096
Fonte: Cálculos do autor com base nos dados do IAF 2002-03.
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