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7/26/2019 Papers Sobre a Ilha de Mocambique http://slidepdf.com/reader/full/papers-sobre-a-ilha-de-mocambique 1/75 Viriato Caetano Dias Ilha de Moçambique - estudo da Fortaleza de São Sebastião e a Capela de Nossa Senhora do Baluarte (séulo !VI a !I!" #$ora% Fe$ereiro & ')

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Viriato Caetano Dias

Ilha de Moçambique - estudo da Fortaleza de São Sebastião e a

Capela de Nossa Senhora do Baluarte

(séulo !VI a !I!"

#$ora% Fe$ereiro & ')

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Abreviaturas

A.N.T.T. - Arquivo Nacional da Torre do Tombo

B. G.U. E. - Biblioteca Geral da Universidade de Évora

B. P. E. - Biblioteca Pública de Évora

Cap. - Capela

C.C. - Corpo Chronoloico

C.M.C. - Centro !ultim"dia Comunit#rio

Cod. - C$diceDoc. - %ocumento

Fig. - &iura

IGESPA - 'nstituto de Gest(o do Patrim$nio Arquitect$nico e Arqueol$ico

Pe. - Padre

S - )(o

S!c. - )"culo

Segs. - )euintes

St" - )anto

UNESC# - *rani+a,(o das Na,es Unidas para a Cincia/ 0duca,(o e Cultura

$. 1 2er ou ve3a

A%e&os'

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Mapas ( P)a%tas

Fig. *+4  5P6ANTA &*7!A %A &*7TA608A %0 !*9A!B':U0; < Tal como no

Atlas de 2iena/ a representa,(o da ilha de !o,ambique/ atribu=da a >o(o Tei?eira/ data de

@ < Biblioteca do &orte de ). >uli(o da Barra < 56vro de Planta Dorma das Dortale+as

da Endia;/ s"c. F2''.

Fig. *,4 5P6ANTA %U &*7T %0 !*8A!B':U0 T'7É %0 &A7'A;/ '.v Cchle <

 bipartida< s"c. F2''' < Arquivo Hist$rico Ultramarino I@J ? @K mmL &aria e )ousa

I@ ML " o conDessado modelo da Planta superior no enquadramento do desenho.

Fig. 4 5CA7TA T*P*G7&'CA %A '6HA %0 !*))A!B':U0 :U0 P*7 

*7%0! %* '66!*. 0F!*. )0NH*7 &7ANC')C* %0 !066* %0 CA)T7*

G*207NA%*7 0 CAP'TA! G0N07A6 T'7*U * CAP'TA! %0 'N&ANTA7'AM 0

0NH0NH0'7* G70GO7'* THAU!ATU7G* %0 B7'T*M N* ANN* %0 @JKQR <

Arquivo Hist$rico Ultramarino IS ? S mmL.

Fig. /' 5P6ANTA %* :UA7T06A!0NT* 0 &*7TA608A %A '6HA %0

!*9A!B':U0Q; < Carlos >os" dos 7eis e Gama/ @S < Arquivo Hist$rico

Ultramarino IK ? RL.

 

Planta %0   de Pedro Barreto de 7esende/ secret#rio do 2ice-7ei 5Cota4 C$d.

CF2 < -@; 1 Biblioteca Pública de Évora I@RKL. 

&otos < 'maens

1o2e%age2 3 I)4a de Mo5a2bi6ue'

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Forta)e7a de S8o Sebasti8o Cape)a de Nossa Se%4ora do

Ba)uarte

 N(o s(o aparentes em ti as marcas de rande+a/ 0recta e inc$lume ao desaDio #spero do vento e da areia/

 Nenhum monumento desDiura %e tudo e de todos oculta/ menos do mar/ breve

*u altera a monotonia sem convulses !ilare alvinitente Dlor da rocha em espuma/

%o teu rosto quase an$nimo )e te Deita/ o sol deslumbra e resvala pelas linhas.

A escasse+ de oivas/ arcobotantes/ Pur=ssimas do teu rosto/ verando a acesa Donte.

7os#ceas/ burilados portais/ cobra-la tu Como naluns raros ob3ectos e?=uos Isonetos

 Na ravidade da terra sombras de Cames/ certos pormenores de &=dias/ pe,as

0 do teu silncio. N(o vem sequer. do artesanato e=pcioL s$ na l=mpida maravilha

%a tua vo+ a opress(o que cerra )inela do teu risco se radua e aDerem

As almas de quantos de ti *s nomes de rior e m"todo. Capela e?trema

)e acercam. N(o demonstras/ 0 recolhida/ antes quem nossa incauta.

 

 N(o aDirmas/ n(o impes. Humanidade se desnuda silente/ humilde

0lusiva e discretamente altiva/ 0 comovida/ que orulhoso e implac#vel

Dala por ti apenas o tempo. %eus/ na terra/ recusaria em ti sua moradaM

Poeta ui 9%op:)i ;*<,<=

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esu2o

* presente trabalho constitui um estudo sobre a ilha de !o,ambique4 &ortale+a de )(o

)ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte/ no per=odo compreendido entre os

s"culos F2' e F'F/ per=odo esse marcado pela domina,(o colonial portuuesa em

!o,ambique.

A importVncia da ilha de !o,ambique come,ou a revelar-se com o

estabelecimento do Tratado da Endia e com os acontecimentos navais no *riente. 0m

@K -@KK/ quando %. >o(o de Castro@ Doi mandado overnar a Endia/ veriDicou/ perante

o suceder das ocorrncias/ da urncia de se levar a eDeito a DortiDica,(o do porto e da ilha

em eral. &oi assim que/ em @KKS/ sob batuta de !iuel de Arruda/ come,a a constru,(o

da &ortale+a de ). )ebasti(o/ a maior da Drica Austral. 0sta Dortale+a era muito importante para Portual/ porque a ilha de !o,ambique

tinha-se tornado o entreposto da permuta de panos e missanas da Endia por ouro/

escravos/ marDim e pau preto de Drica/ e era da ilha que partiam todas as viaens

comerciais para :uelimane/ )oDala/ 'nhambane e 6ouren,o !arques Iactual !aputoL/

mas tamb"m para os principais mercados europeus/ de 6isboa para G"nova/ 2ene+a e

&landres. Para al"m dos portuueses outros concorrentes europeus apareceram na corrida

 pelo controlo das rotas comerciais das especiarias da Endia/ como Doi o caso dos

Dranceses/ inleses e holandeses/ estes inclusive tentaram ocupar a ilha por duas ve+es/

em @J e @S e/ n(o o conseuindo/ devastaram-na pelo Doo.

A Capela de Nossa )enhora do Baluarte Doi constru=da muito antes da &ortale+a

de ). )ebasti(o. %e estilo medieval cl#ssico portuus/ o  Manuelino/ com abobada

cru+adas/ " o ediD=cio mais antio preservado em !o,ambique. Aquando da sua Dunda,(o

em @K/ por %. Pedro de Castro/ a capela tinha como principal ob3ectivo deDender o

canal que d# acesso ao porto da ilha/ mas tamb"m servia de local de culto. %epressa/

@ %. >o(o de Castro 1 membro da mais alta nobre+a/ nasceu em @K/ sendo o W Dilho de %.lvaro de Castro e de 6eonor de Noronha. 'nterado desde cedo no ambiente militar e cultural daCorte/ Doi antio disc=pulo de Pedro Nunes/ liando-se tamb"m Dortemente ao inDante %. 6u=s.Parte para a sua primeira viaem Endia em @KRS/ acompanhando o seu cunhado/ o vice-rei %.Garcia de Noronha. 7eressa a Portual em @K/ partindo em @KK para a Endia como o @RWovernador e depois W vice-rei. Novo %icion#rio Compacto da 6=nua Portuuesa/ (dir) Ant$niode !orais e )ilva/ vol. '/ 6isboa/ 0ditorial ConDluncia/ @XX/ p. R.

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tornou-se a 5espinha dorsal; da coloni+a,(o portuuesa/ atrav"s de campanhas < misses

de submiss(o dos povos aut$ctones locais.

A importVncia econ$mica/ associada a quest(o de nature+a/ Dundamentalmente/

eo-estrat"ica - cidade insular - / determinara escolha da ilha de !o,ambique para a

 primeira capital dos territ$rios de !o,ambique/ directamente subordinada/ de @KX a

@JK/ 3urisdi,(o do vice-rei da Endia at" @SXS/ quando !ou+inho de Albuquerque

transDeriu a capital para 6ouren,o !arques I!aputoL/ devido s maniDestas insuDicincias

da ilha para continuar a desempenhar eDica+mente o papel de capital.

I%trodu58o

* presente trabalho tem como te2a  ilha de !o,ambique/ como ob>ecto  o estudo da

&ortale+a  de )(o )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do BaluarteR/ o aspecto  sua

importVncia hist$rica durante o processo de ocupa,(o e domina,(o colonial portuuesa

em !o,ambique/ nos prim$rdios dos )"culos F2' a F'F.

A perunta de partida "4 que motivos teria Coroa portuuesa para construir a

&ortale+a de ). )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte na ilha de

!o,ambiqueM Como hip$tese temos4 proteia s naus que se deslocavam ao canal que

 Forta)e7a s(o obras de DortiDica,(o permanente 1 torre ou castelo antiamente 1 de menordesenvolvimento que uma pra,a ou cidade DortiDicada/ ocupando menor espa,o e uarnecidae?clusivamente por Dor,as militares. Grande %icion#rio da 6=nua Portuuesa/ (dir) >os" Pedro!achado/ vol. '''/ 6isboa/ AlDa/ ).A/ @XX@/ p. .R Ba)uarte s(o Dormados de muralhas duplas/ atulhadas/ em que assentam as plataDormas daartilharia. No la3eamento primitivo correspondia a cada pe,a uma placa reDor,ada em rampa comdeclive para o e?terior/ para redu+ir o recuo. Aquele que vai ser o elemento central do novo tipo

de DortiDica,(o/ e a única cria,(o arquitect$nica absolutamente nova desde a Antiuidade/ teve princ=pios modestos no Dim da 'dade !"dia. 0mbora a Dorma derive das torres e torrees $ticosadaptados pirobal=stica/ o nome come,a por aplicar-se a estruturas posti,as de madeira e terraencostada ao e?terior dos castelos/ com o Dim de nelas se assentar a artilharia pesada/ que osmuros medievais n(o comportavam4 o “bolwerk” siniDicando 5obra Deito com vias rossas;/tem oriem alem( ou boronhesa Ido neerlands medieval 5bol ; ou do alto 1 alem(o 5bolble;L/donde passou &ran,a IDrancs antio baloart  ou balouart L. 7aDael !oreira/ @XS/ p.@. Naus? s.D Ido cat. NauL. Navio antio de vela de um/ dois ou trs mastros/ que enverava panoredondo no mastro rande e no de proa e s ve+es latino no de r"/ quando tenha os trs mastros.

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condu+ ao porto interior da ilha/ arantia a deDesa da ilha/ bem como - para o caso

concreto da capela  - teria contribu=do/ substancialmente/ na domina,(o e submiss(o

reliiosa dos povos da ilha/ dado que estes eram/ antes da ocupa,(o colonial portuuesa/

na sua maioria/ de relii(o islVmica. Todavia/ a domina,(o reliiosa s$ Doi poss=vel

enquanto durou a presen,a colonial portuuesa na ilha.

* ob3ectivo eral deste trabalho " analisar as linhas mestres que nortearam a ocupa,(o

 portuuesa de !o,ambique/ os espec=Dicos s(o4

- 6ocali+ar e conte?tuali+ar !o,ambique e a ilha do mesmo nome.

- %escrever a importVncia e o impacto s$cio-pol=tico/ econ$mico/ militar e estrutural da

&ortale+a de ). )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte no per=odo

cronol$ico em reDerncia.

 N(o e?iste das biblioraDias consultadas uma única obra que abordasse e?clusivamente a&ortale+a de ). )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte. * que e?iste/ por"m/

s(o obras que espelham/ duma maneira eral/ o papel estrat"ico da ilha de !o,ambique

durante o processo de ocupa,(o e domina,(o colonial portuuesa/ s"culos F2' a F'F/

como " o caso de Cid/ &erra+/ !oreira/ 6obato/ 6ima I2er biblioraDia completaL.

Coube-me/ nesta ordem de ideias/ estudar a importVncia hist$rica da &ortale+a de

). )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte/ por entender que estas duas

DortiDica,es Doram/ durante apro?imadamente cinco s"culos/ a chave da ocupa,(o e

domina,(o colonial portuuesa em !o,ambique. 0sta " no Dundo a principal ra+(o que

me levou a estudar o tema/ esperando que o mesmo se3a de utilidade acad"mica para

todos os que quiserem se debru,ar sobre o assunto.

* presente trabalho est# orani+ado da seuinte maneira4

7esumo

Cap=tulo '

Cap=tulo ''

Conclus(o

BiblioraDia/ e

Ane?o

Podia ser de uerra ou marcante. :ualquer navio ou embarca,(o rande a vela. 'bid. Ip.X@L.

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Cap@tu)o I

I.* oca)i7a58o e co%te&tua)i7a58o'

• !o,ambique• 'lha de !o,ambique

A hist$ria da ilha de !o,ambique no s"culos F2' a F'F/ est# associada cheada de

2asco da GamaK  a !o,ambique em @XS. 0 como n(o poderia de dei?ar de ser/ n(o

obstante o tema de Dundo deste trabalho cinir-se sobre a ilha de !o,ambique/ mais

concretamente a &ortale+a de ). )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte/

 procurarei/ preliminarmente/ situar e conte?tuali+ar !o,ambique dentro do per=odo

cronol$ico em reDerncia e s$ depois/ em paralelo/ me debru,arei sobre a indescrit=vel/

memor#vel e hist$rica bele+a da p"rola do Endico 1 ilha de !o,ambique.

I. Mo5a2bi6ue

K 2asco da Gama ter# nascido em @X/ em )ines/ Dilho de 'sabel )odr" e de 0stv(o da Gama/alcaide-mor de )ines/ antio combatente em !arrocos e Castela/ ao servi,o de %. ADonso 2. Novo %icion#rio Compacto da 6=nua Portuuesa/ (dir) Ant$nio de !orais e )ilva/ vol. '/ 6isboa/0ditorial ConDluncia/ @XX/ p. S. 2e3a-se tamb"m Genevi"re Bouchou/ 5Vasco da Gama;/ @ed/ 6isboa/ editorial Terramar/ @XXS/ preD#cio.

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0ste nome do único estado do *riente aDricano de l=nua oDicial portuuesa Iembora na

lara #rea por que se estende se Dalem mais de de+ l=nuas locaisL era aplic#vel apenas a

uma ilha situada a norte/ latitude de cerca de @KW ) I%. >o(o de Castro/ no seu Roteiro

de 6isboa a Goa/ observou uma ve+ em @ YK e outra ve+ em @YK ) nos dias e K de

Aosto de @KRSL. * primeiro portuus a visitar !o,ambique/ seundo aluns autores/

ter# sido Pro da Covilh( este via3ante/ no desempenho da miss(o de que %. >o(o '' o

encarreara/ passou certamente pelos principais centros comerciais do 'ndost(o IGoa e

Calecute/ por e?emploL/ esteve em *rmu+ e em Ad"m/ mas n(o " seuro/ embora se3a

 prov#vel/ que em seuida tivesse percorrido toda a costa oriental aDricana habitualmente

Drequentada por mercadores #rabes at" ao limite sul de )oDala/ passando/ talve+/ por 

!oad=scio/ !omba,a e !o,ambique.

Tal e?perincia/ remetida possivelmente para 6isboa em relat$rio ho3e desencaminhado/e?plicaria as escalas de 2asco da Gama/ se bem que elas tamb"m pudessem ter sido

aconselhadas pelos pilotos #rabes Ios 5malemos; dos te?tos portuuesesL com que o

Capit(o-!or da chamada armada de descobrimento da navea,(o de 6isboa at" Endia

esteve/ sem dúvida/ em contacto/ e e?actamente a partir de !o,ambique neste sentido/

n(o se pode esquecer que 2asco da Gama n(o procurou/ como mostra a  Relação da sua

viaem/ atribu=da a lvaro 2elho/ Da+er escala em )oDala certamente n(o dei?aria de

tomar esse porto importante do escoamento do ouro e de marDim se dele tivesse

conhecimento.

0ssa primeira armada portuuesa avistou !o,ambique no dia @ de !ar,o de @XS/ mas

s$ ancorou no porto acolhedor que a ilha proporcionava no dia imediato4 loo se deram

conta de que na terra habitavam 5mercadores; e que tratava 5como mouros brancos; as

mercadorias transaccionadas/ na pena e?aerada do autor da  Relação/ eram o ouro e a

 prata/ o cravo e a pimenta/ o enibre e as p"rolas/ a al3ZDar e os rubis supunha ele que

5todas estas coisas;/ salvo o ouro/ 5vinham aqui de carreto;/ tra+idas pelos mouros/ sendo

as pedras/ o al3ZDar e as especiarias em t(o rande quantidade que 5n(o era necess#rio

resat#-las Iisto "/ compr#-lasL/ mas acompanh#-las aos certos;[

)e o com"rcio em !o,ambique nunca ter# sido de tanto vulto que merecesse tal

admira,(o do narrador/ ele e?istia/ e estava nas m(os de mu,ulmanos 2asco da Gama/

loo que Doi identiDicado como intruso/ passou a ser tratado com inimi+ade/ cheando a

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admitir-se relato da viaem que ter# sido em terra Dirme uma con3untura para matar toda a

tripula,(o das ent(o 3# apenas trs naus da armada.

Com o estabelecimento da carreira da Endia/ a ilha de !o,ambique passou a ter 

uma rande importVncia estrat"ica/ n(o s$ por se tornar como um dos luares de

encontro para naus eventualmente tresmalhadas na lona viaem desde 6isboa como

ainda por serem reDor,ados a Dicar a= retidos os navios que se atrasavam e perdiam o

tempo Davor#vel para demandar a Endia Iou se3a/ que perdiam a mon,(oL.

0mbora Dosse reconhecida a insalubridade da ilha/ esta última utili+a,(o que dela

se Da+ia levaria os portuueses a ocuparem-na/ a constru=rem nela uma Dortale+a e um

hospital/ e tamb"m uma Deitoria para estabelecer e Domentar as trocas mercantis. No

decurso do s"culo F2'/ a ilha de !o,ambique era/ por via de rera/ escalada pelas

armadas da Endia/ principalmente na viaem de ida e tamb"m o era pela nau queanualmente vinha de Goa at" )oDala a carrear ouro e marDim/ de que a Coroa procurava

deter o monop$lio/ apesar de nunca ter conseuido erradicar o contrabando/ pois as

sever=ssimas medidas a tal respeito tomadas eram Dacilmente iludidas. Albuquerque

I@XX/ p.JK@L.

* valor desse ponto de apoio aos navios portuueses que sulcavam o *ceano

Endico tornou-se t(o evidente que uma carta Iho3e incompletaL que %. >o(o de Castro

escreveu da= ao rei em Aosto de @KK/ quando se diriia a Goa para assumir o Governo

da Endia Iem que se inclu=a ent(o !o,ambiqueL Castro/ acompanhado dos seus capit(es/

observou ent(o a pequena ilha com toda a minúcia/ e/ concluindo que a Dortale+a velha

estava constru=da no luar 5mais ruim; dela/ aconselhava que se ediDicasse de rai+ uma

nova e mais poderosa/ em local considerado mais conveniente4 assim veio a Da+er-se/ e "

a que ho3e e?iste.

A escala em !o,ambique tornara-se quase obriat$ria para as naus da carreira da Endia

que n(o Di+essem a derrota 5por Dora; da ilha de ). 6ouren,o. No primeiro quarto do

s"culo F2' cheou mesmo a ser pensada/ por um marinheiro que sobre a sua ideia

escreveu em @KK ao reiJ/ como um 5n$; da carreira/ ou se3a/ como local privileiado

 para partir a rota da Endia em duas partes4 uma delas/ servida por uma Drota/ estabelecida

a lia,(o entre 6isboa e !o,ambique a seunda/ com outras embarca,es/ liaria este

 2er %. >o(o de Castro. Obras completas/ C$d. IA.N.T.T.L 1 C.C./ parte '/ ma,o JX/ doc. @R.J Cartas de ADonso de Albuquerque/ vol. ''/ @X.

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 porto ao 'ndost(o. Nesta hip$tese/ !o,ambique Dicava a ser entreposto para a

arma+enaem de mercadorias oriundas da Endia e tamb"m para a repara,(o de navios/

obviando-se aos inconvenientes de lonos meses espera de tempo Davor#vel/ como

sucedia com aluns navios e com as suas tripula,es/ correndo estes s"rios riscos de

epidemias di+imadoras/ como Drequentes ve+es aconteceu.

* mesmo autor enDati+a que uma solu,(o alternativa/ e certamente preDer=vel/ ao

menos do ponto de vista sanit#rio/ Doi apresentada por uns apontamentos que o diplomata

>o(o Pereira %antas mandou ao rei %. >o(o '''S. A ideia que este Didalo prope Doi a ele

substituir o ponto de apoio da ilha de !o,ambique por um outro qualquer/ situado na

Drica do )ul/ onde o rei devia 5mandar; descobrir e buscar luar para Da+er uma

Dortale+a e escala desde o cabo da Boa 0speran,a at" Baia &ormosa/ ou at" Baia da

6aoa/ onde melhor porto e mais sadio/ mais acomodado e mais proveitoso s=tio seachasse.

Pereira %antas alinha muitas ra+es em Davor da sua proposta/ desde o ser atrav"s

dela possivelmente evitado que os navios invernassem em !o,ambique Icom todos os

inconvenientes que da= podiam resultarL at" o aDastar-se a pro3ectada Dortale+a para al"m

do alcance das oDensivas dos turcos e desde a pro?imidades ilha de ). 6ouren,o

incentivar o reconhecimento da sua costa sul Icom poss=veis vantaens econ$micasL at"

circunstVncia de tal Dortale+a n(o pre3udicar )oDala/ por Dicar dela a uma distVncia que

Pereira %antas estima em l"uas.

!as a proposta do marinheiro e a mais Dundamentada suest(o do diplomata n(o

Doram aceites/ e nem sequer sabemos se teriam sido discutidas. !o,ambique continuaria

atrav"s das d"cadas/ at" ao eclipse da carreira da Endia/ a ser porto de escala e apoio dos

navios que a percorriam. Por motivos de 5ordem pol=tica/ econ$mica e social; 1 como

escreveu !aria 0m=lia !adeira )antos -/ mas talve+ tamb"m pelo peso da rotina. I'bid./

 p.JKL.

I. I)4a de Mo5a2bi6ue

S !aria 0m=lia !adeira )antos/ * Car#cter 0?perimental da Carreira da Endia. Um Plano de >o(oPereira %antas com &ortiDica,(o da Drica do )ul/ 6isboa/ s<p/ @XX.

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Ao lono do levantamento dos dados biblior#Dicos deparei-me com a preocupante

ine?actid(o das Dontes Dace a locali+a,(o da ilha de !o,ambique. )e por um lado as

Dontes s(o unVnimes em aDirmar que a ilha Dica situada na prov=ncia de Nampula/ em

!o,ambique por outro lado/ os dados que Da+em a e?tens(o e a larura da ilha

continuam inDeli+mente por esclarecer. &ontes mais recentes inclusive que deveriam

tra+er dados precisos e concisos superD=cie/ tendo em conta as múltiplas Derramentas

dispon=veis actualmente/ estas continuam/ inDeli+mente/ amb=uas. Todavia/ com base no

quadro de relatividade do conhecimento/ as Dontes consultadas n(o dei?am por isso de ser 

v#lidas/ nem t(o-pouco invalidam o presente trabalho. Ao lono deste trabalho

questionarei alumas delas/ sobretudo aquelas que me parecem ser as mais dúbias.

)eundo a p#ina \\\.monumentos.pt/ visitada a I<@@<XL a ilha de !o,ambique Dica

situada a ]m/ no litoral 0. da prov=ncia de Nampula/ tem uma e?tens(o de cerca de R]m de comprimento por a K m de larura. * relevo da ilha " relativamente plano/

variando entre as costas altim"tricas de X e @.@ m/ no interior. A ilha est# interada no

distrito com o mesmo nome/ que se divide em duas localidades4 da ilha Iilha de

!o,ambique e ilhas de )(o 6ouren,o/ a )./ de Goa ou )(o >ore/ e a 0. e )ena ou )(o

Tiao/ a )0.L e do 6umbo/ que constitui a maior parte do territ$rio.

Para Cunha I@XRX/ p.@L a ilha/ situada na costa da Drica *riental portuuesa/

atinindo o Paralelo @KW/ Doi descoberta por 2asco da Gama no dia um de !ar,o de @XS/

na sua loriosa viaem para a Endia. Aqui desembarcou o rande Almirante no dia dois e

recebeu a visita do ?eque Cacue3a/ que a overnava em nome do rei de :uiloa/ no dia

trs. É banhado pelo *ceano Endico/ e est# separada do Continente por um canal de cinco

quil$metros de larura/ tendo um man=Dico porto onde se podem abriar poderosas

armadas. A ilha " Dormada por rochas de coral/ e mede cerca de .K metros de

comprimentos na sua maior laruraX. 

A primeira Donte " aquela que no meu entender Da+ a locali+a,(o e?acta da ilha/

tanto em termos de comprimento como de larura e n(o s$/ mas tamb"m quanto a divis(o

administrativa. %e Dacto a ilha tm duas distintas localidades/ sendo o 6umbo a parte

mais populosa. :uanto a seunda Donte/ embora tenha Deito uma locali+a,(o lobal da

ilha/ peca por aDirmar dubiamente que 2asco da Gama Doi o descobridor da ilha

X )emelhante locali+a,(o " Deita por )antos/ in “Etiopia Oriental” / @S/ p. JS.

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!o,ambique ora esta inDorma,(o n(o s$ " Dalsa como atropela os Dactos hist$ricos.

Conv"m recordar que quando 2asco da Gama aportou pela primeira ve+ ilha de

!o,ambique/ em @XS/ esta 3# era um luar que reunia variadas camadas culturais4

neros/ #rabes/ turcos/ indianos e/ possivelmente/ chineses/ que ai permutavam

mercadorias ou e?ploravam rique+as dos povos aut$ctones.

Albuquerque I@XX/ p. JKL n(o muito distante da descri,(o de Cunha/ talve+ um

 pouco mais e?aerado do ponto de vista das medidas Icomprimento e laruraL/ por"m/

esclarecedor em rela,(o ao povoamento e a importVncia da ilha antes da ocupa,(o

 portuuesa/ situa a ilha na Costa *riental de Drica/ a norte de )oDala/ tem /K ]m de

comprimento e @. ]m de larura e est# a uma distVncia do continente de cerca de K ]m.

Por l# passou 2asco da Gama I@XSL/ mas a ilha s$ Doi ocupada pelos portuueses a partir 

de **. Como estava/ sensivelmente/ a meio caminho entre o cabo da Boa 0speran,a ea Endia/ passa a ser ponto de passaem e de com"rcio/ como nos reDere Drei >o(o dos

)antos4“!" pau-preto #ue $ai para %ortu&al e 'ndia tambm criaç*es de porcos cabras e

 &alinas #ue abastecessem as naus da carreira da 'ndia++” A esta ilha se reDere ainda %. >o(o

de Castro/ di+endo que " um dos melhores portos que tem visto e 5dentro pode aasalhar 

R naus@;.

* mesmo autor acrescenta que na "poca da cheada de 2asco da Gama/ a ilha de

!o,ambique constitu=a-se em uma povoa,(o ,waili  overnada por um ?eque/

subordinado ao sult(o de 8an+ibar. Constitu=a-se ent(o no maior porto islVmico e no

maior centro de constru,(o naval do leste aDricano/ relacionando-se com o !ar 2ermelho/

a P"rsia/ a Endia e as ilhas do Endico. I'demL.

:uem tamb"m escreveu sobre a ilha de !o,ambique e de Dorma bastante suscita

Doi Ale?andre et %ias I@XXS/ p. KSRL que situam praticamente a ilha na linha de 3un,(o

entre as duas pontas@R/ sensivelmente a meio/ e orientada no sentido nordeste-sudoeste. >#

@ N(o " consensual. &onte h# que deDende que a Di?a,(o come,ou em @K/ e que @KJ Doi o

ano em que %uarte de !elo/ primeiro Deitor/ construiu a primeira Dortale+a/ tamb"m chamada de). Gabriel ou 5Torre 2elha;. 2. 6ima I@XSR/ p. RL. A diDeren,a entre o tempo de Di?a,(o e otempo que se levou para construir a Dortale+a pode estar na oriem da quest(o.@@ 50ti$pia *riental;/ Évora/ @X/ livro ''/ cap. '2/ 0d. !elo de A+evedo/ 6isboa/ @SX/ p. J@.@ %. >o(o de Castro/ 5Obras completas”/ vol. '/ Coimbra/ @XS/ p. @.@R Numa das pontas/ no lado )ul/ encontrava-se a comunidade mu,ulmana de )acul no Norte asduas par$quias portuuesas de Cabaceira e !ossuril. 0ste estreito lan,o de terra/ enericamenteconhecido pelo nome de “erra .irme;/ ia apenas at" aos pVntanos/ a menos de um dia de viaem.Para l# deles/ eram os reulados independentes macuas de Uticulo. A 5terra Dirme nunca Doi uma

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Dora da baia encontra-se uma s"rie de ilhas/ das quais as mais importantes s(o a ilha de

)(o >ore 1 ou de Goa 1 e a de )(o Tiao 1 ou de )ena a primeira est# situada a meia

dú+ia de quil$metros a leste da ponta sul da ilha de !o,ambique/ a outra/ lieiramente

aDastada/ na direc,(o de sudeste. Toda a ba=a " acidentada por numerosos bancos de

cereal. Contudo/ numa direc,(o sueste-noroeste/ entre a ilha e a ponta de )(o >o(o/

encontra-se um pequeno canal Ida ordem dos mL cu3a proDundidade atine os m. A

ilha tem uns escassos R ]m de comprimento por RK m de comprimento de larura m"dia

e K m na m#?ima@.

Tamb"m a 'G0)PA7/ p#ina visitada em IS<@<XL dedicou ao tema a sua

aten,(o. %i+ que a ilha " uma cidade insular situada na prov=ncia de Nampula/ na rei(o

norte de !o,ambique/ que deu o nome ao pa=s do qual Doi a primeira capital. %evido

sua rica hist$ria/ maniDestada por um interessant=ssimo patrim$nio arquitet$nico@K/ a ilhaDoi considerada pela UN0)C*/ em @XX@/ Patrim$nio !undial da Humanidade. * seu

nome/ que muitos nativos di+em ser 5 Muipiti”/ parece ser derivado de !ussa-Ben-Bique/

ou !ussa Bin Bique/ ou ainda !ussa Al !bique/ personaem sobre quem se sabe muito

 pouco.

0sta tese " sustentada por Costa I@XR/ s<pL/ naquela que seria o primeiro e/

 provavelmente/ o mais ob3ectivo estudo sobre a oriem do termo “Muipiti”  e?plica a

quest(o a partir de uma hist$ria4

+ona de estabelecimento ou de coloni+a,(o a s"rio mas/ pequena como era/ oDerecia umainter.ace/ de crucial importVncia com os povos do continente aDricano. I'demL. )obre a ilha de!o,ambique no princ=pio do s"culo F'F/ ve3a-se Bartolomeu dos !#rtires/ 5 Memoria/ronolo&ica da %ro$incia ou /apitania de Mossambi#ue na /osta d01.rica Oriental con.ormeo estado em #ue se aca$a no ano de +233;/ editado por 2ir=nia 7au in 5 1spectos tnico-culturais da ila de Moçambi#ue em +233.;@ A ilha de !o,ambique era/ nesse per=odo/ o único estabelecimento que poderia serreconhecido como cidade. %epois dos ataques holandeses de princ=pios do s"culo F2''/ tinhamsido constru=dos nos estreitos limites da ilha/ preciosos ediD=cios reliiosos e seculares. Ale?andreet %ias/ 5O 4mprio 1.ricano +235-+267;/ @XXS/ p. KS.@K 5Q0m todas as +onas da ilha se encontram elementos arquitect$nicos e ambientais

siniDicativos/ no todo con3unto peculiaridades sinelas ou elementos de rande impacto/resultando um con3unto único pela bele+a de monumentos e con3untos ediDicados/ pela qualidadeambiental que envolve o visitante/ pela Dor,a cultural que os testemunhos do passado transmitemou dei?am adivinhar. As reminiscncias do *riente s(o Dlarantes/ sobretudo atrav"s dasconstru,es da cidade/ que lembra %iu/ e onde tamb"m ocorre lembran,a a imaem da paisaem urbana do )ul de Portual. ADiura-se como imprescind=vel ter presente que a realidadeda ilha se estende ao litoral pr$?imo/ aqui se continuando a descobrir elementos de ume?uberante patrim$nio arquitect$nico e cultural que ure preservar ; 6ima/ 5 4la de Moçambi#ue;/ Porto/ @XSR/ p. R.

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5 Muito antes dos portu&ueses na$e&arem no oceano 'ndico um pescador ind8&ena

camado Muipiti atra8do pela abund9ncia de pei:e #ue a$ia em $olta da ila (o;e

 Moçambi#ue) .oi-se l" a instalar e tomar posse dela <Os ind8&enas do continente para a

distin&uir das ilas #ue a rodeiam começaram a desi&n"-la pelo nome do possuidor isto 4la

do Muipiti (em l8n&ua =makua =kisirua ia Muipiti)< >epois para abre$iar o nome cama$am-

le apenas Muipiti< E Muipiti .icou< Mais tarde passou a ila para o &o$erno dum outro

ind8&ena camado M0biki< ,ucedeu-le um .ilo de nome Muça #ue &o$erna$a a ila #uando

Vasco da Gama .undeou em .rente< Estabelecidas as relaç*es com os abitantes os portu&ueses

 per&untaram #uem manda$a na ila< Responderam os interro&ados? -Manda o Muça M0biki< Os

 portu&ueses da8 em diante #uando se re.eriam a ila di@iam? - 1 ila de Muça M0biki< E

ali&eirando a pro$incial destes dois nomes .oram di@endo Moçambiki at #ue se con$erteu no

$ocabul"rio actual “Moçambi#ue”<

 N(o est# documentado em nenhuma Donte biblior#Dica consultada/ mas sabe-se

que a ponte que lia a parte continental I6umboL insular Icidade hist$ricaL da ilha "

relativamente maior que a e?tens(o do seu cumprimento < larura. 0sta constata,(o Doi

revelada pelo Amade 'smael@ a meu pedido.

 Numa outra abordaem/ sob ponto de vista populacional da ilha/ 6obato I@XJ/

s<pL di+-nos que haveria/ seundo o Padre !onclaros/ setenta casados Iou Dam=liasL

 portuueses/ seiscentos caDres e =ndios e uns setenta moradores mouros que habitavam a

 povoa,(o de !uicate@J/ onde tinham mesquita e para onde os >esu=tas ostavam de ir 

conversar com os caci@es. Gente estraneira n(o Daltava e era muita/ Dora a das naus/ que

dava s ve+es trabalhos 1 porque armava brias. A Dei,(o de !o,ambique modiDicou-se

sensivelmente com a estadia da e?pedi,(o de &rancisco Barreto destinada ao

!onomotapa/ e/ seundo o mesmo !onclaros/ teria/ cerca de @KJ/ cem moradores

 portuueses/ uns du+entos caDres e =ndios/ tendo desaparecido a povoa,(o dos mouros/

que decerto a abandonaram transDerindo-se para a Cabeceira Pequena/ que se tornou seu

centro principal durante s"culos@S.

@ Coordenador do C.!.C. da 'lha de !o,ambique 1 &onte *ral.@J 0sta cidade abriava habitualmente uma consider#vel comunidade de Duncion#rios portuueses/ pessoal militar e reliiosos. Ale?andre et %ias/ 5O 4mprio 1.ricano +235-+267;/@XXS/ p. KS.@S A cidade abriava habitualmente uma consider#vel comunidade de Duncion#rios portuueses/ pessoal militar e reliiosos. Ale?andre et %ias/ 5O 4mprio 1.ricano +235-+267;/ @XXS/ p. KS.

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:uais Doram os Dactores que determinaram a ocupa,(o e constru,(o da &ortale+a

de ). )ebasti(o da ilha de !o,ambiqueM Tudo leva a crer que o dese3o ardente de

Portual pelas pepitas de ouro do 'mp"rio de !onomotapa@X  Itamb"m raDado

Me%e2utapa/ Mue%e2utapa/ ou ainda Mo%o2atapa/ que era o t=tulo do seu cheDeL

inDluenciara a Coroa portuuesa a uma s"rie de manobras/ entre as quais/ o Dortalecimento

 para a constru,(o de um entreposto comercial apetrechado IbaluarteL para Da+er Dace a

eventuais instabilidades decorrente desse com"rcio/ sem dúvida rent#vel para Portual. 0

em caso de ataque ou de instabilidade vindo dos territ$rios do 'mp"rio de !onomotapa/ o

chamado 5pulm(o da deDensiva portuuesa; passava/ inevitavelmente/ pela ilha de

!o,ambique.

 &oi assim que/ seundo o autor em reDerncia/ Portual construiu a &ortale+a de

!o,ambique. Para este autor a ocupa,(o da ilha de !o,ambique Dicou a dever-se a doisDactores Dundamentais4 por um lado/ a ilha servia de ponto de apoio para a carreira da

Endia por outro/ era sentida a necessidade de uma base para a e?plora,(o do ouro do

!onomotapa/ tendo sido 3# constru=da/ para esse Dim/ uma Dortale+a em )oDala.

&oi tamb"m assim que/ em @KJ/ o Deitor %uarte de !elo come,ava a levantar a

&ortale+a de ). Gabriel ou 5Torre 2elha;. Para deDender a parte norte da ilha Doram

colocados canhes/ onde mais tarde Dicou a Capela de Nossa )enhora do Baluarte. Com o

incremento oriental Doi nomeado um capit(o/ que se ocupava/ ao mesmo tempo/ de )oDala

e !o,ambique. 0m @KK/ %. >o(o de Castro prope a constru,(o da &ortale+a de ).

)ebasti(o. 0diDicam-se ire3as/ casas reliiosas e um hospital. Uma orani+a,(o

administrativa de certa importVncia Di?ava-se na ilha/ mas subordinada a Goa.

 No s"culo F2''/ " alvo de v#rios ataques holandeses/ na tentativa de a conquistar/

 para se apoderarem do com"rcio da Endia. Neste s"culo cheam os >esu=tas/ sendo este o

rande per=odo de constru,(o de ire3as. 0ntretanto/ na parte continental d#-se um rande

@X &oi um imp"rio que Dloresceu entre os s"culos F2 e F2''' na rei(o sul do rio 8ambe+e/entre o planalto do 8imbab\e e o *ceano Endico/ com e?tenses provavelmente at" ao rio6impopo. U0!/ %epartamento de Hist$ria/ @XS. Hist$ria de !o,ambique 2olume @45 %rimeiras ,ociedades ,edent"rias e 4mpacto dos Mercadores”. Cadernos T0!P*. !aputo. Tinha por ob3ectivo servir de base travessia do Endico. %i+-se que essa Dortale+a era lieira/constru=da maneira dos pequenos castelos portuueses/ isto "/ com torre de menaem. A suavolta sure o povoamento. A vila era chamada de ). )ebasti(o. 6ima/ 5 4la de Moçambi#ue;/Porto/ @XSR/ p. R. &oi este o primeiro passo conducente a Di?a,(o portuuesa na ilha.

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incremento de com"rcio de escravos para o Brasil/ sendo a ilha habitada por numerosos

nereiros. :uando o ne$cio do ouro do !onomotapa come,a a perder importVncia/ a

ilha dei?a de ter valor estrat"ico.

Perdendo o seu valor estrat"ico/ em parte instiado pela concorrncia de outras

 potncias europeias/ a ilha de !o,ambique dei?ou de ser n(o s$ o 5pulm(o; da Coroa

 portuuesa/ como tamb"m dei?ou de estar 5eminada; a Endia. A Holanda/ a &ran,a e a

'nlaterra n(o davam tr"uas a Portual/ nem a &ortale+a de ). )ebasti(o por si Doi capa+

de impedir a quebra do monop$lio portuus nas rotas das especiarias da Endia.

0ste Dacto " sustentado por Noronha/ Is<ano/ p.@L que di+ que “a administração de

 Moçambi#ue separou-se de.initi$amente do Estado da 'ndia em +A53< O primeiro &o$ernador #ue

 &eriu a colBnia com uma relati$a independCncia .oi o capitão-&eneral Francisco de Melo e

Castro  #ue ali se demorou desde a#uele ano at +A52 cinco anos e tal o #ue contrasta$a comas continuas interinidades<”

Brito I@XXJ/ p.RL em concordVncia com Noronha/ conclui que a partir de @KS/ a

ilha passou a ser a capital dos territ$rios de !o,ambique a )oDala/ directamente

subordinada/ de @KX a @JK/ 3urisdi,(o do vice-rei da Endia. 6an,avam-se/ assim/ as

 bases que Dariam da ilha um cadinho de povos/ caracter=stica que ainda ho3e se mant"m.

%urante o Dim do s"culo F2' e principio do s"culo F2''/ a importVncia da ilha vai-se

avolumando@/ quer pelo valor estrat"ico quer pelo in=cio do com"rcio de escravos.

Com o decl=nio do poder militar no *riente d#-se a separa,(o 3ur=dica da ilha em

rela,(o Endia I@JKL. 6oo em @J@ a povoa,(o Doi elevada cateoria de vila 1 

embora esse privil"io s$ viesse a ser concreti+ado em @JR -/ e a @J de )etembro de

@S@S recebeu o estatuto de cidade/ mantendo-se como capital da col$nia. !as em @SXS

!ou+inho de Albuquerque transDere a capital da 'lha de !o,ambique para 6ouren,o

!arques/ devido s maniDestas insuDicincias da ilha para continuar desempenhar 

eDica+mente o papel de capital.

@Al"m dos habitantes permanentes viviam na ilha/ com car#cter transit$rio/ militares ecomerciantes que do reino se diriiam para o *riente Ie vice-versaL. I'demL. A autonomia de !o,ambique Doi decretada/ devido ao Dacto de a col$nia estar em perio deser ocupada por estraneiros e o overno da Endia n(o estar em perio de acudir s prementesnecessidades da sua deDesa militar/ que tinha de ser Deita com dinheiro/ que n(o e?istia no er#riode Goa/ depauperado pelas uerras com o marata e pela perda da prov=ncia do Norte. 2/iualmente/ consulta do Conselho Ultramarino sobre o decreto reDerente separa,(o do overnode !o,ambique do da Endia e com a nomea,(o de &rancisco de !elo de Castro para oovernador e capit(o-eneral de !o,ambique/ 7ios de )ena e )oDala. &erra+/ @XJR/ pp.@-XS.

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I./ - Forta)e7a de S8o Sebasti8o

 

Antes de me debru,ar sobre o poliss"mico e err#tico processo de constru,(o da &ortale+ade ). )ebasti(o na ilha de !o,ambique - 5útero; da domina,(o colonial portuuesa em

!o,ambique -/ talve+ tent#ssemos compreender/ aqui e ali/ as linhas mestres que

nortearam a aventura portuuesa pelo mundo. N(o obstante procura de especiarias para

sustentar o saturad=ssimo mercado europeu/ como corol#rio da iantesca crise dos

s"culo F'2/ os pa=ses europeus como s(o os casos de Portual/ &ran,a/ Holanda/

'nlaterra/ quer sob batuta da ire3a cat$lica/ principal Donte de Dinanciamento dessas

aventuras/ quer tamb"m por orienta,(o pol=tica destes estados/ instiados principalmente

 pelo 7enascimento/ 5rasaram; oceanos/ 5Dundos e mundos;/ pura e simplesmente/ para

acomodar os seus interesses/ econ$micos e sociais/ e a partir da= Da+er Dace crise. Uma

das medidas estrat"icas que a Coroa portuuesa encontrou para apa+iuar eventuais

casos de revolta dos povos aut$ctones Dace a pol=tica de ocupa,(o e domina,(o colonial

tinha/ no meu entender/ duplo eDeito4 por um lado/ visava a cria,(o de Dortes que mais n(o

serviam de suporte militar para a salvauarda dessas pol=ticas/ como visava a intimida,(o

e submiss(o desses povos.

!oreira  I@XS/p.XL  in  !aria 2arela Gomes reDere que a necessidade dos

 portuueses constru=rem sistemas artiDiciais de deDesa IDortale+as/ Dortes/ etc.L est#

intrinsecamente liada ao pr$prio instinto de conserva,(o. 0ste abrane n(o apenas as

vidas humanas/ mas tamb"m os bens que a comunidade/ ou cada um dos seus membros

 possui/ e dos quais/ por ve+es/ depende a sua sobrevivncia. Contudo/ o comple?o

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Den$meno social que era a uerra/ como realidade cultural e pol=tica/ condu+iu o homem

n(o s$ a verdadeiras crises e calamidades/ como ao desenvolvimento de cada ve+ mais

soDisticados mecanismos de deDesa e ataque/ de t#cticas e de estrat"ias diDerentes/

constituindo eDectivo Dactor de evolu,(o/ onde se maniDestam importantes aspectos das

suas potencialidades criadoras.

A estrat"ia militar de Portual/ no reinado de %. !anuel '/ consistia em4

 primeiro/ transDormar o Endico num mar portuus/ criando numa armada poderosa

seundo/ construir pontos de apoio em luares estrat"icos/ que permitissem n(o s$

dominar o mar e impedir as movimenta,es navais e comerciais do *riente para o

*cidente/ mas tamb"m canali+ar o com"rcio no interior das terras para as linhas

comerciais portuuesas/ e ainda transDorm#-los em entrepostos comerciais mar=timas de

rande +onas eor#Dicas/ como !alaca/ por e?emplo.0m seundo luar/ de acordo com o mesmo autor R/ a Dortale+a constitu=a um

núcleo de deDesa e de ataque. 0 curiosamente muito mais de deDesa do que de ataque. *

ataque processava-se no mar em terra deDendia-se as pessoas e os haveres de todos os

que por aquelas parte trabalhavam e comerciali+avam. :uer o Dorte como a Dortale+a/

eram s=mbolos desta deDesa/ transDormando-a numa arte a uerra e luta especial=ssima e

unindo trs Dactores 1 a pr$pria Dortale+a/ o terrorismo e a uerrilha 1 como p$lo de

ac,es iniciadoras/ que muitas ve+es tomavam a Dorma de uerra total/ pois n(o se poder#

esquecer que a luta que se travou entre os portuueses e os rabes/ Persas/ Turcos/

!alaios/ Chineses/ 'ndon"sios/ etc./ se n(o único/ veriDicar que no s"culo F2'/

enquadramento a maioria dos pa=ses n(o ultrapassava as suas Dronteiras/ no m#?imo/ em

um milhar de quil$metros/ Portual radicava-se e lutava contra de+enas de inimios e

de+enas de milhares de quil$metros de distVncia.

A :orta)e7a era? pois? o p)o de irradia58o do Hcastigo do i%i2igo. De)a

partira2 guerri)4eiros? ora por 2ar? ora por terJ? ora e2 patru)4a a%:@bias?

castiga%do 6ue2 2erecia castigos e vo)ta%do de %ovo ao )oca) da partida? a 2es2a

:orta)e7a. Esta tJctica 2i)itar :oi a K%ica e2 toda a 4istria 2i)itar de 6ua)6uer

povo? pois reu%ia %u2a s opera58o 2i)itar todas as tJcticas e todas as di2e%sLes da

guerra. Usa-se o :orte co2o u2 c4a2ari7 para o i%i2igo? passa%do-se da de:esa ao

R !oreira in Brand(o I@XS/ p. @KX-@@L

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ata6ue por terra e por 2ar e? se2pre 6ue poss@ve)? tra%s:or2a%do a bata)4a

terrestre e2 %ava)./

 Nesse sentido/ tal como observou Noronha Is<ano/p.L a ocupa,(o da ilha de

!o,ambique e dos territ$rios Dronteiros De+-se depois de/ ou simultaneamente/ serem

erectas as Dortale+as/ Dortes/ Dortins/ redutos seuiu-se-lhes a Dunda,(o dos conventos que/

seundo as ideias da quadra/ de austero e m=stico missionarismo/ interavam a ocupa,(o.

Assim suriram ali os dois conventos da ordem de ). %ominos/ visto o primeiro ter sido

arrasado pelos holandeses num dos cercos o de ). >o(o de %eus o col"io de ). &rancisco

Favier os templos da !iseric$rdia/ da )" !atri+ da capela da )enhora da )aúde/ al"m

das 3# citadas das duas residncias do bispo da CVmara !unicipal do Hospital das

diversas cisternas/ indispens#veis numa terra onde n(o brota #ua de nascente do padr(o de

). &rancisco Favier do cemit"rio e/ no continente Dronteiro/ o Dorte de ). >os" de !ossurila ire3a da )enhora da Concei,(o e pal#cio do overnador e ainda o templo da )enhora dos

7em"dios/ na Cabaceira Grande.

0 Doi assim que na 'dade !"dia/ particularmente nas duas últimas centúrias 

muitos eram os portuueses que via3aram por terra e por mar/ que 5Da+iam caminhos de

dias/ de aluns meses e at" de anos/ para se entrearem a actividades diversas/ como

resolu,(o de ne$cios ou apenas para se deleitarem com a observa,(o de novas terras e

entes. )ure assim/ em @KKS/ a constru,(o da &ortale+a de !o,ambique/ como

resultado do avan,o t"cnico no Endico.

0st# riorosamente provado e documentado em I)antos/ @XS/ p.XL que4 5a base

 portu&uesa era em primeiro lu&ar um local de irradiação da .< Dunca nos podemos

es#uecer de #ue todo o 4mprio portu&uCs at ao sculo V444 .ora um imprio de

cru@ados em #ue Fs ideolo&ias incluindo a monar#uia na sua m":ima acção de luta e

de descoberta< 1 4&re;a era a pedra #ue simboli@a$a a sublimação desse imprio<35”

Tal como aDirmou 6ima/ %uarte de !elo diriiu a constru,(o em !o,ambique

de uma Dortale+aJ I@KJL/ uma ire3a e um hospital/ dando in=cio ao estabelecimento do

 %estaque no te?to do meu.K )ublinhado no te?to meu. 2. 6ima/ 5 4la de Moçambi#ue;/ Porto/ @XSR/ p. R.J )eundo Noronha Is<ano/ p.RL trata-se de uma deDesa inicial que alumas Dontes/ inDeli+mente/conDundem-na com a actual Dortale+a/ esta sim constru=da em @KKS por !iuel de Arruda. Amesma Donte acrescenta que mandou construir essa deDesa inicial o capit(o de )oDala/ 2asco

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dom=nio portuus nestas paraens e possibilitando a penetra,(o para o interior/

conseuida atrav"s da coloni+a,(o e da missiona,(o.

%e acordo com Noronha Is<ano/p.L a &ortale+a de ). )ebasti(o/ a mais

importante de todas as DortiDica,es antias da prov=ncia de !o,ambique/ assenta na

 ponta nordeste da ilha do mesmo nome/ outrora capital. 0recta sobre rochas/ de nature+a

coral=Dera/ trabalhadas pelo oceano como o mais Dino e delicado ponto de renda de Dama

 pela subtile+a desenvolve-se em cortinas Dlanqueadas por outros tantos baluartes e

abranendo um per=metro de setecentos e oitenta metros.

 0scolheu o local para aDirma,(o do poder de Portual/ %. >o(o de Castro/ em

@KK/ quando invernou na ilha/ em viaem para Goa para o desempenho do caro de

vice-rei da Endia. A constru,(o s$ principiou em @KKS/ no overno de )ebasti(o de )# / e

o seu aproveitamento/ na parte e?terior data de @J a @@/ seundo opini(o do tenente-coronel >oaquim >os" 6apa. *s trabalhos de aperDei,oamento e depois de conserva,(o

nunca cessaram.

Ainda sobre a constru,(o da Dortale+a/ Cid I@XX/ p.@@L escreveu o seuinte4 5 1

 ortale@a de Moçambi#ue situada numa ila na costa oriental de H.rica na re&ião dos /a.res

em altura de #uin@e &rãos da banda sul est" cita na ponta da dita ila da banda do mar #ue e

a de leste .eita em #uadro não per.eito um pouco mais comprida #ue lar&a .;

6obato I@XJ/ s<pL in Me)o de A7evedo/ aDirma que4

5esta .ortale@a uma das maiores .ortes #ue " na 'ndia? .oi traçada assim ela como a e

 >amão por um ar#uitecto de Ira&a >< rei Iartolomeu dos M"rtires da Ordem dos

 %re&adores32J o #ual ar#uitecto sendo mancebo se .oi a landres donde tornou &rande o.icial de

Gomes de Abreu/ perdido mais tarde num nauDr#io no canal de !o,ambique. %iriiu as obras eDoi Deitor da Dortale+a %uarte de !elo/ que principiou os trabalhos em X de !ar,o de @KJ e osconcluiu no iual ms de @KS/ antes de morrer em Anoche numa campanha contra os mouros.

S A #rde2 dos Pregadores Ilatim4 Ordo %rKdicatorum/ *. P.L/ tamb"m conhecida por #rde2dos Do2i%ica%os ou #rde2 Do2i%ica%a/ " uma ordem reliiosa cat$lica que tem comoob3ectivo a prea,(o da mensaem de >esus Cristo e a convers(o ao cristianismo. &oi Dundada emToulouse/ &ran,a/ no ano de @@ por )(o %ominos de Gusm(o/ sacerdote castelhano Iactual0spanhaL/ o qual era oriin#rio de Caleruea. *s dominicanos n(o s(o mones/ mas simreliiosos4 reali+am voto de pobre+a/ castidade e obedincia. 2ivem em comunidade/ que sedesinam por conventos e n(o como abadias ou mosteiros. *s seus conventos s(otradicionalmente 3unto das cidades. http4<<pt.\i]ipedia.or<\i]i<*rdem^dos^PreadoresIR<@<@L.

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ar#uitectura e depois diso .oi mandado F 'ndia pela raina >< /atarina #uando &o$erna$a

erste reino para .a@er estas .ortale@asJ o #ue .oi no ano do ,enor de +552 #uando ><

/onstantino .oi por $ice-rei da 'ndia< E tornando este ar#uitecto da 'ndia .oi-se para /astela

onde tomou o "bito da ordem de ,< LerBnimo e .oi mui aceito a El-Rei ilipe 44 e por sua traça

 se .i@eram muitas obras no Escurial .X; 7eDerindo-se a !iuel de Arruda.

Tal como na locali+a,(o da ilha de !o,ambique por si/ poliss"mica e err#tica/ a &ortale+a

de ). )ebasti(o n(o Doe rera. As duas randes questes que ure colocar neste estudo

Icap=tuloL tem a ver/ primeiro/ com a problem#tica das Dontes em rela,(o a data da

constru,(o Dortale+a e/ por Dim/ quem teria sido o seu verdadeiro construtorM :uem teria

sido na verdade o construtor da dita Dortale+aM É uma quest(o que as Dontes/ na sua

maioria/ diverem as respostas apresentadas s(o de toda a estirpe[

Comecemos por 6obato I@XJ/ s<pL que aDirma o seuinte4 5não se sabe se .oi ou

não o pro;ecto primiti$o desenado na 'ndia em +5N ou por Mi&uel 1rruda 7   se&undo um

documento #ue e:iste< ,abe-se #ue os planos $ieram de Goa tra@idos pelo /apitão-Mor de

,o.ala ernão de ,ousa de "$ora em +52 mas por .alta dum en&eneiro não se iniciaram as

obras #ue sB ti$eram principio em +552 &o$ernando ,ebastião de ,"< O nome da praça

omena&eia o Rei >< ,ebastião.; 

 N(o se pode/ todavia/ esquecer/ que Doi o pr$prio %. >o(o de Castro/ na viaem

 para a =ndia/ que escolheu s=tio conveniente/ determinou materiais e mestres para a obra/meteu m(os a ela/ todos porDia acarretavam pedras/ e a obra lu+iu tanto/ que na vinda

 para a 0uropa Doi saudado pela artilharia que 3# estava colocada em cima da muralhaR@.

)eundo a p#ina \\\.monumentos.pt/ visitada a I<@@<XL  levanta uma s"rie

de dados cronol$icos important=ssimos/ com os quais estou inteiramente de acordo/ sob

 ponto de vista das datas/ principalmente. 7emota a constru,(o da Dortale+a a partir do ano

de @K<@KK durante o vice-reinado de %. >o(o de Castro/ veriDicou-se da necessidade de

X 50ti$pia *riental;/ Évora/ @X/ livro ''/ cap. '2/ 0d. !elo de A+evedo/ 6isboa/ @SX/ p.S.R )eundo 2iterbo I@XSS/ p. JL/ Migue) de Arruda Doi arquitecto do convento de )anta Ana/obra de pouco valor art=stico/ e cu3a nomea,(o prov"m de ter sido dado abrio na sua ire3a aosossos de Cames. !iuel de Arruda devia ter morrido por @KR/ porquanto neste ano/ a K de*utubro/ era nomeado para o substituir/ por seu Dalecimento/ no caro de mestre das obras daBatalha/ seu sobrinho %ion=sio de Arruda/ nome at" aora completamente in"dito/ e que talve+Dosse o último da era,(o art=stica dos Arrudas.R@ 50ti$pia *riental; de &rei >o(o dos )antos/ Évora/ @X/ 6ivro '''/ Cap. '2/ ed. !elo deA+evedo/ 6isboa/ @XS/ p. S.

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se Da+er uma DortiDica,(o na ilha de !o,ambique @KS 1 !iuel Arruda Doi nomeado

mestre de obras @K@ 1 dado o atraso que se reistava nas obras/ o vice rei %.

Constantino de Braan,a mandava que n(o se ediDicasse casa aluma na ilha antes dos

muros da DortiDica,(o estarem conclu=dos @KSR<@KSX 1 i%sc4otte%? no relato da sua

viaem/ reista que a pra,a estava por construir e que tinha pouca artilharia e redu+ida

uarni,(o4 Dortale+a Doi uarnecida por Nuno 2elho Pereira que mandou Da+er arma+"m e

quart"is.

0m @KXK 1 durante o overno de Nuno da Cunha ter-se-ia reistado um avan,o

nas obras principalmente das muralhasR4 @KXJ 1 constru,(o do Dortim de )anto Ant$nio

@J < @S 1 cerco Dortale+a e cidade pelos holandeses @@R 1 obras estariam perto

de estar conclu=das Dortale+a anterior seria destru=da/ ainda que tenha sido dada

Companhia de >esusRR para ai se estabelecer @@<@@S 1 7ui de !elo )ampaio deuin=cio s obras de constru,(o da cisterna @ 1 cisterna estava conclu=da @RK 1 obras

de altera,(o nos baluartes de )(o Gabriel e no de )ena B#rbara @J 1 s(o enviados

 pedreiros e carpinteiros para socorrer a Dortale+a @X 1 DortimR de )(o 6ouren,o Doi

mandado Da+er pelo vice-rei na ilhota do mesmo nome na ponta oposta da Dortale+a @JJ

 1 Dortim de )(o 6ouren,o Doi alvo de obras de beneDicncia @J@ 1 Doi eruido o actual

 portal da Porta de armas.

0m @J<@JK 1 obras de altera,(o no baluarte de )(o Gabriel @JK < @JKS 1 o

 primeiro capit(o-eral mandou construir as baterias rasantes de Nossa )enhora do

Baluarte e de )(o >o(o e a coura,a da Porta de armas @JXR<@JXJ 1 último ataque soDrido

 pela DortiDica,(o perpetrado pelos Dranceses @S 1 obras no Dortim de )anto Ant$nio/

R Mura)4a I)"cs - F2''-F2'''L " a parede ou obra de pedra e cal roda da DortiDica,(o parasustentar as terras do reparo e o seu rande peso/ e para o mesmo reparo resistir ao tempo. Amuralha compreende em si escarpa e talude e?terior/ Dundamento/ ou alicerce/ sapata/ ou cepo/

camisa/ cord(o/ para peito de rondas/ caminho de rondas/ contraDortes e contra-minas. 7aDael!oreira 1pud  A+evedo &ortes/ @XS/ p. @.RR A companhia de >esus " uma conrea,(o reliiosa que Doi criada por Dor,a de uma bula papalde @K/ a instancia de )anto 'nacio de 6oila/ com o ob3ectivo de proteer a D"/ se dedicar aoensino e apoiar os servi,os de saúde. Novo %icion#rio Compacto da 6=nua Portuuesa/ (dir) Ant$nio de !orais e )ilva/ vol. '/ 6isboa/ 0ditorial ConDluncia/ @XX/ p. J.R Fortim (Sécs – XVII-XVIII), entende-se como forte pequeno; fortaleza oucastelo; obra de forticaço, fortaleza! Grande %icion#rio da 6=nua Portuuesa/ IdirL>os" Pedro !achado/ 2ol '''/ 6isboa/ AlDa/ ).A/ @XX@. pp. S/ 

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que lhe conDeriram a sua Dorma actual @SR 1 Doram Deitas as ultimas obras arqueol$icas

reali+adas no chamado >ardim do Comandante revelaram os antios tra,ados do baluarte.

2iterbo I@XSS/ p.XXL  analisou tamb"m  o problema/  dei?ando claro que  Doi

!iuel de Arruda quem Dorneceu a aludida planta para a constru,(o da Dortale+a/

adquirida que Dora a e?perincia alcan,ada com Benedetto de 7evena nas DortiDica,es do

 Norte de Drica e acrescenta4 “oi elle #ue deu a traça para a .ortale@a de Moçambi#ue cu;a

construção >< Loão 444 recomenda a >< Loão de /astro<” 0sta tese " tamb"m sustentada por 

6obato I@XJ/ s<pL que di+ que 5a planta  para a construção da ortale@a de Moçambi#ue .oi

 .ornecida por Mi&uel de 1rruda se bem #ue não se saiba se esta .oi a adoptada ao começarem

as obras em +5525<”

 Nos anos S/ 6ima I@XSR/ p.RJL/ naquela que seria a mais ob3ectiva an#lise do

 problema/ e?plicava a quest(o com base numa carta datada de Almeirim a S de !ar,o de@K/ l-se a este prop$sito o seuinte pararaDo4

“ol&ueP de $er o debu:o #ue me enuiastes da .ortale@a de Moçambi#ue e $ina muP

bem declarado como era necess"rio pCra se poder emtemder? e do sPtio ter tão boa deposição

 pCra se .orti.icar recebo comtemtamentoJ e por#ue e cousa tão importante deueis lo&uo de

ordenar como se .aça pela maneira do debu:o #ue $os a#uP emuPo #ue caa mamdeP .a@er a

 MP&el da 1rruda por ser tão pratico nestas cousas como sabeis? e #uamto mais breuemente esta

obra .or .eita tamto mais meu seruiço ser"J por#ue estamdo asP estaa a muP &rande peri&o ena* se pode descamsar nisoN <”

Pela reDerncia de %. >o(o ''' se v que %. >o(o de Castro conhecia de perto

!iuel de Arruda. 0ste conhecimento Doi sem dúvida travado em Ceuta/ como se prova

do come,o de uma carta do humanista A%dr! de ese%de diriida a @ de !ar,o de

@KJ a %. >o(o de Castro4 “Mi&el da 1rruda stando V< ,< em /epta me deu os primeiros

motiuos de deseiar seruir V< ,< <<A ”

2iterbo I@XSS/ p.XXL  aDirma que  em @KS Doi nomeado mestre das obras dos

muros e Dortale+as/ tanto do continente IreDerindo-se do Dorte de )einalL como do

ultramar/ em aten,(o sua habilidade e e?perincia/ e pela maneira como se continha no

RK %icion#rio dos Arquitectos/ 0nenheiros e Construtores Portuueses/ 2ol. '/ s<ed./@XSS/ pp.@[email protected] 2ida de %. >o(o de Castro/ por >acinto &reire/ anotada por Dr. &rancisco de ). 6ui+/ p. .RJ Boletim de BiblioraDia Portuuesa/ 2ol. '/ p. @K@ 1 A.N.T.T.

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7eimento/ que ent(o lhe Doi mandado passar. * ordenado/ que principiaria a vencer de

>aneiro de @KX em diante/ era de S_K reais anualmente/ seundo documenta a carta

da chancelaria com este teor4

“>om Loam Q a #uantos esta mina carta $irem .aço saber #ue $endo eu como le

necess"rio os muros e .ortale@a #ue at a&ora são .eitos nos lu&ares de meus reinos e senorios

 serem repairados em maneira #ue estem sempre como conuem a meu seruiço e a bem delles E 

como pCra as obras #ue se ouuirem de .a@er nos ditos muros e .ortale@a e asP pCra #uaes #uer 

outros muros e .ortale@as #ue de nouo cumprir #ue se .ação e necess"rio auer mestre das ditas

obras por con.iar de Mi&uel >arruda caualro .i&al&uo da mina casa #ue polla abelidade e

esperiencia #ue tem das ditas obras me seruir" no dito carre&uo de mestre dellas com todo o

cuidado e deli&encia #ue cumpre me apra@ e eP por bem de le .a@er mercC do dito car&uo de

mestre das ditas obras o #ual car&uo elle seruia na maneira conteuda no Re&imento #ue le

 pCra isso mandeP dar e a$er" de ordenado em cada u ano de Laneiro #ue $em de bc Ri: em

diante ()2”

* 2ice-rei do 0stado Portuus da Endia/ %. >o(o de Castro/ em carta ao rei %.

>o(o ''' I@K@-@KKJL/ datada de Aosto de @KK/ ao partir da ilha em direc,(o a Goa/

onde ia assumir as suas Dun,es/ sobre o assunto reDeriu4

`() desta .ortale@a Sde ,ão GabrielT não deue V< 1< de .a@er nenum .umdamento #ue se pode

 &uardar como a&uara esta nem pCra a mamdar .orte.icar asP por ser muPto pe#uena como por 

estar no ma;s roPm sPtPo de toda a 4la e a despesa #ue se nela .i@er per estes dous respeitos

 ser" botada a lom;e por#ue e em sP tam pe#uena #ue com mais $erdade se poder" camar 

bastião ou baluarte #ue castelo e .ortale@a<`RX

Parece n(o haver qualquer dúvida que no luar da actual Dortale+a e?istia uma

outra/ que estava mal posicionada estrateicamente para aquilo que eram os anseios

I5vis(o;L de %. >o(o de Castro/ Dacto que/ ali#s/ o motivou a solicitar verbas ao rei/ neste

caso/ %. >o(o '''/ para a constru,(o de uma nova Dortale+a/ a actual por sinal[ 0 para

sustentar esta tese/ 6ima I@XSR/ p.L escreveu o seuinte4 “>< Loão de /astro re&istara no

 seu - Roteiro de Uisboa a Goa (+52) a reconstituição da orre Vela em relação F #ual

acando #ue essa primeira obra de de.esa mandada le$antar por 1.onso de 1lbu#uer#ue não

RS A respectiva carta encontra-se reistada na chancelaria de %. >o(o '''/ liv. KK/ Dol. @ 1 B.P.0.RX %. >o(o de Castro/ Obras completas/ C$d. - C.C./ parte '/ @ ./ ma,o JX/ doc. @R.

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Dortale+a Doi 0?ner I@XSK/ p. SL aDirmando o seuinte4 “a decisão de construir a ortale@a

de ,ão ,ebastião .oi dada de +55 e ela .oi iniciada em +552< E acrescenta #ue a mesma se

encontra$a ainda terminada #uando em +N7A .oi atacada pelos olandeses mas .oi conclu8da

lo&o a se&uir em +N37< O edi.8cio necessita de manutenção e a /asa dos O.iciais encontra$a-se

 seriamente dani.icada<”

HistorioraDias h# que levantam a hip$tese de ser Fra%cisco Pires o prov#vel construtor 

da Dortale+a. As Dontes consultadas s(o perempt$rias num Dacto4 n(o pode &rancisco

Pires ter sido o construtor da aludida Dortale+a/ porquanto Fer%8o de Sousa em carta a

0l-7ei de de Novembro de @KJ/ este que ia incumbido pelo Governador da Endia de

Da+er a dita Dortale+a/ pediu a &ern(o Pires/ mas respondeu-lhe que n(o lho podia ceder/

 por mandar a *rmu+.

0sta inDorma,(o " Dundamentada por 2iterbo I@XSSL com o seuinte teor4

5,enor o ano passado #uando $im de Malu#uo recebP ua carta de V< 1< em #ue me

mamda #ue tena muito cuidado e pona muita delP&emcia em se acabar com breuidade a

 .ortale@a #ue V< 1< mada .a@er em Momsabi#ue se no trabalo do corpo e do esp8rito esta

acabala eu mais eu mais breumente do #ue V<1< manda ella ser" mui a@ina .eita e V< 1<

 seruido de mim nesta obra o tempo e o #ue nella .i@er mostrarão e pra@a a noso senor #ue

neste seruiço #ue me V< 1< tamto ecomenda #ue le .aça me deP:e seruilo como eu sempredesePeP de .a@er em todalas cousas< Xuamdo .oP tempo eu re#ueri ao &o$ernaudor #ue

mamdase rancisco %ire@ o não pedrePro comi&o para lo&uo compesarmola obra elle me

repomdeo #ue o não podia madar este ano por#ue o mamdaua a orumu@.; Ip. RL.

0sta carta " complementada por 6ima I@XSR/ p.RSL com o seuinte teor4

 “1s ra@*es por #ue elle as escre$eu V< 1<? madoume #ue compesase a;untar todalas

ace&uas necesarias e por l" não a$er cauou#uePro nenu e pela e.ormormação #ue tem da pedra ser ma de tirar me madou dar desaseis cauo#uePros os #uases eu leuo commin&uo no

nauio em #ue $ou com todalas .eramentas necess"rias pCra lo&uo compensar a .a@er pedra e

call e parese #ue estes cauo#uePros #ue leuo abastarão pCra emtanto #ue rancisco %ire@ não

 &rancisco Pires/ Doi o mestre que reconstruiu a &ortale+a de %iu depois do cerco sustentado por %. >o(o de !ascarenhas. 2. 2iterbo/ @XSS/ p. XX.

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$aP com os mais pedrePros e cau#uePros por #ue em Maçabi#ue (sic) na " nenum destes

o.icios+<  ambm me mada o &ouernador #ue $a de camino pela costa de Melide ate

moçabi#ue $emdo se aco o.iciaes e cousas de #ue me posa a;udar pCra se a obra .a@er com

muita breuidade? crea V< 1< #ue alem dos desePos #ue eu teno de o seruir #ue a$ereP por 

 &ramde o.emça $ir nin&um acabar o #ue eu compesar pelo #ue V< 1< pode crer #ue por mimnem por meu trabalo senão dei:ara a .ortale@a de .a@er com muita deli&encia3<;

:uem tamb"m questiona o construtor/ quando e como Doi eruida a &ortale+a de

). )ebasti(o " 6ima I@XSR/ p. @L. %i+ a Donte que v#rias datas indicam hip$teses de

in=cio das obras I@K-K @KJ 1 @KSL. * que nos atesta uma l#pide encontrada na

Dortale+a/ por"m/ " que ela se ter# acabado de construir em @KSR4 5 Duno Velo %ereira #ue

 .oi o primeiro capitão #ue po$oou esta .ortale@a mandou .a@er estes arma@ns e aposentos no

 primeiro ano #ue tomou posse dela em +52< oi empreiteiro desta obra Hl$aro ernandes a#ui

morador<;

* que atesta esta aDirma,(o " o C$d. de Bocarro e 7esendeR/ e?trai-se que/ data

da sua elabora,(o I@RKL/ a Dortale+a se encontrava em Duncionamento pleno/ apresentado

um aspecto construtivo e Dormal sensivelmente coincidente com o !onumento ho3e

e?istente4 “tem esta .ortale@a #uatro baluartes nos #uatro cantos .eitos em .i&ura e .orma de

trian&ulo sB o de ,< Gabriel em espi&ão como da planta se $C nomeados cada um com os nomes

#ue neles estão escritos e posto #ue cada baluarte .ica de.endendo o lanço de muro #ue corre

at ao outro como costume contudo não se pode de.ender um baluarte ao outro como se

costuma na per.eita .orma de .orti.icação<” I'bid./ p.@L.

 N(o h# dúvida que a Dortale+a Duncionava em pleno em @RK/ e Doi decisiva na

tentativa de invas(o holandesa em @J e @S. 2oltando a problem#tica do construtor 

inicial da Dortale+a/ 6obato I@XJ/ s<pL aDirma que o autor do pro3ecto Doi !iuel de

Arruda. * mesmo autor acrescenta que !iuel de Arruda - que em @KS Doi nomeado

mestre das obras da DortiDica,(o do 7eino/ 6uares de Al"m I!arrocosL e Endia -/ Doi

quem pro3ectou a Dortale+a/ em @K/ sobre um plano de %. >o(o de Castro para a deDesa

da ilha/ em que se preconi+ava o entupimento do canal entre a Ponta da 'lha e o )ancul/

obra que na mesma carta o 7ei mandou e?ecutar.

@ )ublinhado meu. B.P.0 1 C. C./ parte '/ @./ ma,o JX/ doc. @R.R C$d. dispon=vel na B. P. 0. Carlos da )ilva 6opes/ em !iuel de Arruda e a &ortale+a de ). )ebasti(o de !o,ambique/6isboa/ @XRS 1 A.N.T.T.

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6obato in Gaspar Correia aDirma que %. >o(o '' n(o se limitou a enviar o pro3ecto e as

ordens/ pois De+ seuir para o e?ecutar/ pela Armada daquele ano/ de 6ouren,o Pires de

T#vora/ “um rancisco %ires &rande mestre de obras”/ isto "/ arquitecto e enenheiro/ para

no caso de invernar em !o,ambique com sua ente ai Di+esse uma Dortale+a que tra+ia 3#

 pintada e ordenada por 0l-7ei/ em que havia de dei?ar ente e artilharia quanta

cumprisse/ em que havia de estar sempre o capit(o de )oDala para que estivesse o porto

seuro de nele estarem rumes/ que ai podiam vir quando a= estivessem as naus do 7eino

e que n(o invernando todavia a= dei?asse o mestre e tudo o necess#rio/ e que o capit(o de

)oDala viesse a= Da+er a Dortale+a.

!as a Armada n(o invernou em !o,ambique/ e Doi por Dora de !ada#scar ter

Endia/ donde o arquitecto prestou imediatamente o urente e man=Dico servi,o de

reconstruir a &ortale+a de %iu que Dicara em ru=nas depois de auentar um poderosocerco. * que Dica esclarecido " que a enveradura dada &ortale+a de !o,ambique

obedecida a necessidade de deDender de uma surpresa turca as naus cheadas da

!etr$pole e espera de mon,(o para a Endia. 0ra preciso n(o perder a posse do porto/

nem correr esse risco.

!ais recentemente/ 6ima I@XSRL abordou tamb"m a quest(o/ aDirmando o seuinte4

“%assandose estas cousas o Gou$ernador estaua com muPto cuidado do principal #ue

era o .a@imento da .ortale@a< ,obre o #ue ou$e conselo com os .idal&os e com todos os o..iciaes

do mester #ue allP auPa #ue mandara l" ir #uantos auia em Goa? onde tambem estaua um

 rancisco %ires &rande mestre dobras #ue .ora ;" com Uourenço %ires de auora #ue ElReP o

mandara com elle pCra se caso .osse #ue enuermase em Moçambi#ue com sua &ente aP .i@esse

uma .ortale@a #ue auia de dei:ar &ente e artelaria #uanta comprisse em #ue estiuesse o

 porto se&uro aP estiuessem as nãos do RePno J e #ue nom enuermando todauia aP deitasse o

mestre e todo o necess"rio e #ue o capitão de Ya.ala $iesse aP .a@er .ortale@a 5(<<<)”(p<6)<

A interpreta,(o que se pode Da+er das cartas acima/ " de que &rancisco Pires n(o Doi

quem construiu a &ortale+a de ). )ebasti(o/ apesar de ter havido uma pretens(o sua e da

reale+a nesse sentido. *s v#rios mestres que intervieram no acabamento da Dortale+a

est(o devidamente identiDicados neste trabalho. * mesmo autor aDirma com base em

K Gaspar Correia/ 5 Uendas da 'ndia”/ tomo '2/ s<ano/ p. KS@ e ses.

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Dactos por si descritos/ que provam que &rancisco Pires n(o est# liado constru,(o da

&ortale+a de ). )ebasti(o/ a saber4

@. &rancisco Pires/ embora n(o se lhe reconhe,a interven,(o na Deitura da &ortale+a

de !o,ambique I). )ebasti(oL/ ter# levado consio para a Endia/ 6ouren,o Pires

de T#vora/ com a e?pressa miss(o de levantar a ediDica,(o/ 5 in$ernasse; aquele

Ino decorrer da viaemL na ilha de !o,ambique/ ou n(o

. * pro3ecto da &ortale+a de !o,ambique estava reali+ado/ seundo planta 53#

 pintada e ordenada por 0l-7ei;

R.  %as lia,es de apre,o de %. >o(o de Castro por &rancisco Pires n(o restam

duvidas/ inDerindo-se que ter# o 2ice-7ei da Endia sido o medianeiro na entrea dorisco da constru,(o e?ecutada por !iuel de Arruda e mandado Da+er por %. >o(o

''' (“se .aça pela maneira do debu:o #ue $os a#ui en$io #ue c" mandei .a@er a Mi&uel 

de 1rruda por ser pr"tico nestas coisas como sabeis.;L

<  * Capit(o-!or de )oDala I&ern(o de )ousa de T#voraL De+ o transporte dos

 planos/ de Goa para !o,ambique/ em @KS/ e tentar# cumprir a ordem real de que

5$iesse a8 .a@er .ortale@a;/ deparando-se-lhe diDiculdades t"cnicas. N(o se sabe/

contudo/ se no número de 5 pedreiros ou cabou#ueiros; que levou da Endia/ seuiu

o reDerenciado 6ouren,o Pires de T#vora/ parecendo todavia certo/ seundo a

carta de @KJ/ que &ern(o de )ousa se ter# equipado capa+mente no *riente e na

costa de !elinde/ de 5 .erramentas necess"rias” () “o.iciais e cousas de #ue me

 possa a;udar para a obra se .a@er com muita bre$idade” () “bastando en#uanto

 rancisco %ires não $ai com os mais pedreiros e cabou#ueiros por#ue em Moçambi#ue

não " nenum destes o.8cios”<

 N(o se pode/ todavia/ esquecer que Doi o pr$prio %. >o(o de Castro/ na viaem para a

Endia/ que 5escolheu sitio conveniente/ determino materiais e mestres para a obra/ meteu

m(os a ela/ todos porDia acarretavam pedras/ e a obra lu+iu tanto/ que na vinda para a

0uropa Doi saudado pela artilharia que 3# estava colocada em cima da muralha;. I'dem/

 p. L.

50thi$pia *riental; de &rei >o(o dos )antos/ Évora/ @X/ livro ''' / Cap. '2./ ed. !elo deA+evedo/ 6isboa/ @SX/ p. S. 

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0/ em paralelo com 6ima/ 2iterbo I@XSS/ p. XXL remete-nos para a seuinte an#lise4

“E #uis >eos #ue tendo isto se nom .e@ por#ue Uourenço %ires nom acando tempo

correo per .ora da ila de ,ão Uourenço #ue ce&ando a /ocPum #ue partio a buscar oGou$ernador nom .oP es#uecido de embarcar este mestre consi&o com #ue o Gou$ernador 

muPto .ol&ou por#ue era omem de muPto saber onde no /onselo com ele e todos .oP

assentado #ue per o tempo ser pou#uo e o trabalo seria &rande se a .ortale@a se ou$esse d 

0alimpar da terra e entulos #ue tina por menos trabalo e mais a$iamento a .ortale@a se

 .i@esse toda .undada per .ora de toda a outra $ela por#ue assP .ica$a maior e a obra se .aria

ais a@ina e com menos trabalo<”

0screveu 6obato I@XJ/ s<pL acrescentando que este arquitecto - Fra%cisco Pires -

retornando da Endia/ Doi-se para Castela/ onde tomou o h#bito da *rdem de ). >er$nimo eDoi mui aceito a 06-7ei &ilipe '' e por sua tra,a se Di+eram muitas obras no 0scurial J.

!as em @K@ a Dortale+a estava consideravelmente atrasada e o 2ice-7ei Conde de

7edondo/ %. &rancisco Coutinho/ ao escalar !o,ambique a caminho da Endia/ teve que

tomar providncias/ aDirmando que4

 “/omo ce&ou de ,o.ala %antaleão de ," disse-le al&umas cousas #ue a$ia de .a@er 

e outras #ue não a$ia de .a@erJ nestas entrou a .ortale@a por#ue não ou$e por ser$iço de

Vossa 1lte@a .a@er-se da#uela maneira< Dão di&o acrescentando nem diminuindo na traça senão

no modo< Mandei somente #ue a;untasse muita pedra e cal e at se não acabar a .ortale@a

nin&um .i@esse casa de perda e cal por#ue com este acan#ue a$ia al&uma .alta nas obras de

Vossa 1lte@a e como ti$esse as ace&as ;untas #ue mo .i@esse saber pera então mandar 

entender na obra com mais bre$idade e menos custo? por#ue &raça di@er-se a .ortale@a #ue .e@

 >< >io&o (de ,ousa) e depois dele &astou trCs anos de Iastião de ," e trCs de %anteleão de ,"2 

e da#ui a seis não pode ser acabada na ordem #ue le$aJ por#ue são perto de $inte braças #ue se

 punam em cator@e não são .eitas mais de seis< /ada braça destas custa a Vossa 1lte@a dous mil 

e #uatrocentos ris< U" le mando a traça do .eito e por .a@er 6<;

J Carlos da )ilva 6opes/ em !iuel de Arruda e a &ortale+a de ). )ebasti(o de !o,ambique/6isboa/ s<p/ @XRS/ deDende que o autor do pro3ecto Doi !iuel de Arruda.S N(o se achou durante a investia,(o o siniDicado do termo 5 %antaleão de ,";. Cheou-se a pensar que Dosse o nome dado a uma embarca,(o/ uma moda que era Drequente na "poca.X %uas cartas *Diciais de 2ice 7eis da Endia escritas em @K@ e @K/ por >os" ic]/ ). >. inIrevistaL )tudia/ n R/ 6isboa/ @XKX/ p. K.

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)eundo a mesma Donte/ em @K as obras da Dortale+a continuavam atrasadas havia oito

anos Ia ser assi2? a data da co%stru58o da Forta)e7a de S. Sebasti8o ! de *+ e %8o

*,? co2o advoga a 2aioria das :o%tesL/ e o 2ice-7ei %. Ant(o de Noronha/ ao passar 

 por !o,ambique/ a caminho de Goa/ tomou tamb"m as suas providncias/ de que

escreveu ao 7ei4

“dei:ei dada a obra da .ortale@a de Moçambi#ue de empreitada a dous omens os

mais abastados da terra por preço a braça de seis cru@ados e um #uartoJ teno custado a #ue

at a&ora .eita per conta da ortale@a e o.iciais de Vossa 1lte@a a mais de de@ e pola ordem e

$a&ar #ue le$a$a não se acabara em $inte anosJ pola #ue eu le dei:ei espero #ue se acabe em

#uatro por#ue le mando a&ora de c" ropas e dar l" tudo o mais necess"rio pera a obra ir 

 sempre correndo e se não dei:ar nunca de trabalar nela<   1inda passariam $inte anos at ser 

 &uarnecida mesmo por acabar<” <

 &oi %. >o(o de Castro quem escolheu o local para a Dortale+a/ em @KK/ mas a

constru,(o/ por diDiculdades v#rias/ s$ principiou em @KKS. 0m rela,(o a provenincia do

material de constru,(o da Dortale+a l-se o seuinte4

5não tem o mais pe#ueno .undamento a a.irmação de #ue .osse a .ortale@a constru8da

com pedra da MetrBpole< %oderiam ter $indo armaç*es de portas e ;anelas em pedras

apareladas como sucedeu para ,o.ala< E se $ieram como me parece .oi certamente da 'ndia

 para a anti&a porta de armas por ser de m" #ualidade a pedra tirada do coral da ila< Mas isso

não autori@a a.irmar-se #ue a .ortale@a .oi .eita com pedra des$anece completamente as dZ$idase " te:tos cate&Bricos #uanto ao arran#ue de perda local para se .a@er a obra<”I'demL.

)eria/ pois/ interessante saber donde veio o material para a constru,(o da

&ortale+a de ). )ebasti(o. )e " verdade que da metr$pole n(o veio as pedras e outros

materiais convencionais ad3acentes abundantes em !o,ambique/ " quase certo que da

metr$pole teria vindo homens Iincluindo militaresL e material de uerra. %a Endia/ muito

 provavelmente aluns ob3ectos de madeira e Derro/ uma ve+ que em !o,ambique IilhaL

n(o havia especialista nessa #reaK. )(o hip$teses[ “Em matria de 1nti&uidade istBrica

disse &ern(o 6opes  precisão a$er não pode<;

A Dortale+a Doi uarnecida em @KSR por Nu%o $e)4o Pereira/ que mandou Da+er 

os arma+"ns e quart"is que serviram nos cercos dos holandeses em @J e @S. ui de

Me)o de Sa2paio ;*+*/-*+*,= come,ou a cisterna rande que se concluiu em @/ e

K )obre este assunto v. tamb"m 4 B. P. 0 - C.C. parte ' @./ ma,o JX/ doc. @R.

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Doi depois renovada nos s"culos seuintes. As obras na Dortale+a Doram por assim di+er 

 permanentes/ como ali#s era de uso para constante adapta,(o s necessidades de servi,o/

mas delas s$ e?iste uma inscri,(o/ de novo arma+"m constru=do em @.

0m @J@ Doi Deito o actual portal da porta de armas que/ todavia/ loo ap$s os

cercos holandeses/ Dora transDerida da muralha que d# para o Campo de ). Gabriel para a

que deita para a praia que servia o ancoradouro das naus/ Dicando pois proteida pelo

saliente do baluarte de ). Gabriel. É o que parece poder dedu+ir-se de antias plantas.

%esta Dorma/ as obras de @J@ na porta de armas ser(o apenas um arran3o est"tico.

I'demL.

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I./.*- Caracter@stica e i2port%cia

A &ortale+a de ). )ebasti(o " uma impressionante obra pela sua imposi,(o arquitect$nica/

 pelo porte altivo e pela admir#vel adapta,(o ao terreno/ al"m da sua apreci#vel dimens(o.0la constitui/ sem dúvida/ o mais representativo monumento da ilha e qui,# do 0stado de

!o,ambique/ colocando-se pelas suas caracter=sticas/ a par das randes obras de

arquitect$nicas militar e a sua "poca. 0?ner I@XSK/ p. SL.

semelhan,a da pra,a-Dorte de !a+a(o/ a &ortale+a de ). )ebasti(o apresenta

 planta no Dormato rectanular com a e?tens(o de cento e de+ metros pelos lados maiores/

com quatro baluarte nos v"rtices/ trs de Dormato trianular e um em Dorma de espi(o/

sob a invoca,(o de )(o >o(o/ de Nossa )enhora/ de )(o Gabriel e de )anta B#rbara.

%eles/ a tra,a do de )(o Gabriel/ o de maiores dimenses/ com vinte e quatro

canhoneiras/ Doi consideravelmente alterada/ tendo sido demolidos dois dos espies que

davam Dortale+a o aspecto de um pol=ono estrelado/ que se observa em ravuras

 Neerlandesas do in=cio do s"culo F2''/ nomeadamente em @RK.

6obato I@XJ/ s<pL enDati+a que4 “a .ortale@a .oi poderoso baluarte lus8ada nesta

 H.rica toda e da#ui sustentou todos os postos a$ançados da /osta e do “Mato” para #ue a

$asta pro$8ncia pudesse um dia $ir a ser totalmente %ortu&al< 1 .ortale@a possui alon&amento

dependCncia ane:os casernas pris*es para uma &uarnição de mil omens e respecti$ao.icialidadeJ depBsito de de&redados #ue ali este$e durante sculos arma@ns paiBis e trCs

cisternas para "&ua da cu$a captada em lar&a super.8cie e com um $olume de li#uido para o

abastecimento de dois anos5+.;

Cid I@XX/ p.@@L naquela que considero ser uma descri,(o eral da Dortale+a/

descreve da seuinte Dorma4

5#ue a porta ordin"ria da .ortale@a esta no mePo do lanço do muro #ue esta entre o

baluarte ,am Loão eo ,am Gabriel e en sima da porta saPe um rebelim #ue a de.ende< E a.ora

esta tem outra porta .alça #ue $ai a Dossa ,enora do Ialuarte #ue  camão o posti&o< %ellabamda de .ora da .ortale@a no lanço de muro #ue corre do baluarte ,am Gabriel at o de ,ancto

K@ 2. Carta do capit(o da &ortale+a de !o,ambique/ >úlio !oni+ da )ilva/ para vice-rei da Endia/>o(o da )ilva Telo de !eneses/ conde de Aveiras/ dando conta de a Dortale+a estar bem provida deartilharia e ente/ com do+e pe,as de bron+e e duas de Derro que se tirar(o do ale(o. &erra+/@XJR/ p.@@. 

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 1ntBnio tem ua ca$a de mar a mar com lu&ar de sua entrada cuberta a #ual nem esta ainda

 .undeada como cobem nem aberta nas pontas por onde le a-de en.rentar o mar por#ue nesta

não trabalão mais #ue os moços dos ca@ados não a #uem se atre$a a abrir a porta por onde

entrar o mar por não saberem em #ue modo se-a-de .a@er nem tambm a obra $ai por diante

con.orme a import9ncia della por#ue se tem esta da co$a pella mais necess"ria #ue se conecede pre:ente para a .orti.icação desta [email protected];

Com esta descri,(o conclui-se que a &ortale+a de ). )ebasti(o Doi/ sem dúvida/ ao

lono do processo de domina,(o colonial portuuesa/ um elemento determinante de

conquista/ mas tamb"m de deDesa. N(o "/ pois/ de se admirar que o com"rcio mar=timo

com a Endia estivesse durante muitas d"cadas nas m(os dos portuueses/ apesar de mais

tarde/ como iremos ver/ este com"rcio haveria de soDrer aluma instabilidade proDunda

devido tentativa de invas(o da Dortale+a pelos holandeses/ principalmente.

semelhan,a de 6obato?  Noronha Is<ano/ p.JL tamb"m dedicou o tema a sua

aten,(o. ADirma que a Dortale+a intera uma pra,a de uerra com duas baterias rasantes.

%entro da parada e?istia a ire3a de ). )ebasti(o/ devorada por um incndio KR. As paredes

aproveitaram-se para outras arruma,es. Em bai:o numa das baterias F .lor da "&ua

al$e;a a /apela de Dossa ,enora do Ialuarte anterior F militari@ação do recinto<

A mesma Donte acrescenta que a Dortale+a viiava/ proteia e deDen dia entrada do

 porto da ilha de !o,ambiqueK.

As DortiDica,es ampliavam-se mais com o Dorte de ). 6ouren,o/ na e?tremidade

oposta da ilha/ a sudeste/ erecto num pequeno ilhote. %i+ a Donte que4 5 as primeiras obras

 .i@eram-se na administração de >< Este$am Los da /osta em +N65< /ontinuaram-nas al&uns dos

 seus sucessores Uui@ Melo de ,ampaio de +N6N a +N62 e Uui@ de Irito reire de +A7N a +A7A .

 Iatia a na$e&ação do canal ali ca$ado entre a ila e as terras de ,ancul e cru@a$a os .o&os com

os da ortale@a de ,< ,ebastião opondo-se a #ual#uer tentati$a de desembar#ue na costa leste

da ila< O .orte a#uartela$a cem omens dispuna de um paiol e ampla cisterna para coler as

"&uas plu$iais.  Dão apresenta$a l"pide nem inscrição apenas se $ia o escudo do tempo por 

cima da porta principal< udo isto ia resistindo o mais &alardamente poss8$el F destruição

ocasionada pelas intempries Znico inimi&o de " sculos<”

K 2. 6ima  “4la de Moçambi#ue” Porto/ @XSR/ p. @.KR )obre o incndio na Dortale+a e para saber mais/ v. 6obato/ @XJ/ s<p.K )ublinhado meu.

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*s quatro baluartes da &ortale+a de ). )ebasti(o4 ). >o(o/ Nossa )enhora/ )anto Ant$nio

e ). Gabriel/ e as suas duas baterias rasantesKK/ constru=das posteriormente/ 5uma delas em

redor da pe#uena capela #ue durante s culos desempenou .unç*es de catedral &o@aram de re -

lati$a tran#uilidade desde +N72 ou +N76 at +NN6 ano em #ue o imane de Mascate atacou a

 .ortale@a com poderosa es#uadra.K; * ataque n(o teve consequncias de maior/ pois a Drota

#rabe teve de retirar com avarias importantes.

Governava ent(o a capitania 'n#cio )armento de Carvalho e comandava a pra,a/

na qualidade de Deitor/ Gaspar de )ousa de 6acerda. %esde ent(o estiveram testa dos

destinos da capitania de !o,ambique/ entre outros4 7ui de !elo )ampaio/ %ioo de

)ousa !eneses/ %. Nuno lvaro Pereira/ de @J a @R@ e Ant$nio de !elo e Castro.

 Nova quadra de repouso. )urem depois os nomes de Ant$nio de !elo e Castro e >o(o

&ernandes de Almeida. I'demL.Ainda em torno de baluartes Iestas 5muralhas de Derro;L/ 6ima I@XSR/p.@L

dedicou ao tema toda a sua aten,(o. &e+/ na minha opini(o/ uma descri,(o cabal dos

 baluartes e?istentes no interior da Dortale+a. Creio que vale a pena debitar uma parte

dessa descri,(o/ o que muito a3udar# a compreender a sua composi,(o e utilidade. %i+ a

Donte que os la,os do muro que correm de baluarte a baluarte/ os mais compridos que s(o

do baluarte ). >o(o at" Nossa )enhora do Baluarte e do de ). Gabriel at" de )tW Ant$nio/

s(o de K bra,as/ aDora os mesmos baluartes que cada um por si " uma pra,a assim na

dita Dorma de triVnulo/ onde poder(o caber mais de @ homens descobertos por cima e

em parte s$ se tem coberta aluma artilharia mas n(o toda IQL/ os outros dois la,os de

KK &oi ele Io capit(o-eneral Pedro de )aldanha de AlbuquerqueL quem acrescentou as duas baterias rasantes de Nossa )enhora e ). >o(o principal Dortale+a da prov=ncia/ bem como a obrae?terior que corre da coura,a da porta principal at" ao baluarte de ). Gabriel/ e um paiol para p$l-vora. Na ocasi(o da sua posse/ DortiDica,es permanentes/ mais ou menos s$lidas/ deDendiam os povoados de )ena/ Tete/ !anica/ )oDala/ 'nhambane/ e 'lha de !o,ambique/ como Dica dito. A ele

se deve/ em rande parte/ o incremento dado # ocupa,(o e coloni+a,(o da prov=ncia. 0m @JKRespalhou arquitectos militares em proDus(o para todo o laro Vmbito da sua erncia. 'ncumbiu-osda miss(o de pZr em estado de servi,o activo quantos Dortes disso careciam e levantar as deDesasnecess#rias. Noronha Is<ano/ p<XL. 0sta inDorma,(o " contrariada por 6obato I@XJ/ s<pL que cita onome de !elo e Castro/ @ capit(o-eral I@JK-@JKSL como tendo sido ele a ordenar coloca,(odas baterias rasantes de N. ). Baluarte e ). >o(o e a coura,a da porta de armas.K Para al"m dos holandeses/ Dranceses/ os 5vi+inhos; de !ascate tamb"m quiseram ocupar aDortale+a/ Dacto que/ seundo o sublinhado no te?to/ desnorteou as Dun,es iniciais do Baluarte de Nossa )enhora.

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muro do baluarte de ). >o(o at" o de ). Gabriel e do Baluarte de Nossa )enhora at" o de

)tW Ant$nio/ tm de comprimento RR bra,as aDora os ditos baluartes.

Assim Dica dentro da Dortale+a uma pra,a conDorme esta capacidade/ estes muros

ter(o altura trs bra,as em altura e todos acham ser muito pouca para semelhante pra,a/ e

todos os quatro lan,os s(o terraplanados dentro que Dicam em mais de duas bra,as de

larura e o de ). Gabriel dobrado de laro.

'mpressionante pela sua composi,(o arquitect$nica/ pelo porte altivo e pela

admir#vel adapta,(o ao terreno/ al"m da sua apreci#vel dimens(o/ a &ortale+a de ).

)ebasti(o Doi/ sem dúvida/ o mais representativo monumento da ilha e qui,# do 0stado de

!o,ambique/ colocando-se/ pelas suas caracter=sticas/ a par das randes obras de

arquitectura militar da sua "poca.

*s princ=pios arquitect$nicos que s(o inerentes obra militar Diliam a Dortale+a noconte?to do 7enascimento/ tanto quanto a esta "poca se associam todos os novos Dactores

civili+acionais do humanismo 3# aDirmado historicamente nos s"culos F2' e F2'' KJ.

Carlos de A+evedo em 5A Arte de Goa? Da28o e Diu;/ aDirma que 5a adop,(o das novas

concep,es renascentistas quanto arquitectura militar se deve rande inDluencia que

ent(o e?erceram em toda a 0uropa os arquitectos e a tratadistas italianos IsicL/ e n(o

devemos esquecer que muitos vieram para Portual/ onde e?erceram caros de

responsabilidade/ indo mesmo para o Ultramar. 6ima I@bid./ p. RKL.

0m concordVncia com 6ima/ est# Cid I@XX/ p. @@L que aDirma o seuinte4 “tem

esta .ortale@a coatro baluarte nos #uatro cantos .eitos em .i&ura e .orma de trian&ulo nomeados

cada um com os seus nomes #ue nelles estão escritos< E posto #ue cada baluarte .ica

de.endendo o laço de muro #ue coree at o outro como e costume contundo não se pode

de.ender um baluarte ao outro como se costuma na per.eita .orma e .orti.icação.;

H# que observar o Dacto desta Dortale+a ter sido constru=da com rande subtile+a/

ou se3a/ no esplendor do con3unto das randes obras de arquitectura portuuesa/ obra esta

=mpar em todo o 5*riente portuus;. %a visita eDectuada Dortale+a/ em >unho de X/ pude observar que de Dacto nos quatro cantos da Dortale+a h# um baluarte em posi,(o de

Doo/ claro/ ho3e rel=quias do passado. Tal estrat"ia de constru,(o visava/ entre outros

ob3ectivos/ deDender o canal que d# acesso ao porto e a ilha em eral.

KJ %estaque no te?to meu.

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Para Noronha Is<ano/ p.JL as suas muralhas assentam na rocha/ deDrontando-se com o mar 

 pelas Daces Norte/ 6este e *este. Apenas a Dace )ul/ voltada para o lado de terra/ permite

um assalto. 0m seu aue/ a Dortale+a disponibili+ava quart"is para tropas/ capela/ hospital

e arma+"ns. As habita,es dos oDiciais eram assobradadas/ sendo o ch(o dos quart"is e

dos arma+"ns coberto de colmo. No seu interior destaca-se a cisterna/ com capacidade

 para cerca de duas mil pipas de #ua. Aberta na d"cada de @KS/ Doi restaurada em @K

 pelo capit(o )ebasti(o de !acedo e/ posteriormente/ em outras "pocas.

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*./. Descri58o' Cister%a e orga%i7a58o 2i)itar

 Nem sempre uma uerra pode ser anha por quem tiver mais armas Ise3a ela de que

especiDicidade e quantidade DorL nem por quem tiver mais homens. No caso que se seue/como iremos ver/ por incr=vel que pare,a/ nem as armas nem os homens podiam ter sido

t(o determinantes como Doi a #uaKS. %evido a Draca precipita,(o Imeses e s ve+es anos

 passavam/ sem que a chuva ca=sse sobre os solos secos da ilhaL/ associado a Draca

salubridade/ o que levou o overno colonial portuus/ vencido pela Dor,a da nature+a/ a

construir cisternas para Da+er Dace ao cr$nico problema da Dalta de #ua. Para o per=odo

cronol$ico em reDerencia/ a nature+a pode ter sido o rande vencedor naquela que seria

a maior tra"dia para os anais da hist$ria dos dois pa=ses/ Portual e !o,ambique e n(o

s$/ massacre seria ho3e lembrado e chorado/ quando os holandeses virara-me vencidos

 por Dalta da #ua nas suas naus para sustentar o cerco que mantiveram durante dias sobre

KS )obre o assunto/ l-se4 “toda esta ila e muPto secaJ não te a&oa doce pCra beber nem lena pera #ueimar< 1 a&oa le $C por mar de ua .onte #ue esta .ora da barra dai a trCs le&oas emua baia camada itan&one muP nomeada Q conecida de todos os marinePros da carreirada 'ndia pela bondade de suas a&oas Q por#ue nella .a@em a&oada todas as nãos de %ortu&alQ da 'ndia<” )antos/ @S/ p. JX.

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a ilha. A #ua Doi um/ de tantos Dactores/ que teria abortado o avan,o mort=Dero dos

holandeses numa das v#rias tentativas de invas(o ilha/ em @J.

 Nos dois lados que Dormam um dos Vnulos est(o os quart"is/ que d(o alo3amento

a dois mil homens/ 3unto deles as casas de arrecada,(o/ armamento/ apetrechos/ muni,es

e mais trem de uerra/ no Vnulo Dronteiro Dicam de um lado os arma+"ns de viveres/ casa

dos conselhos de uerra/ e pris(o/ e do outro o quartel do comandante/ e casa em que

moram os oDiciais da uarni,(o. Al"m da cisterna do centro/ tem outras duas um pouco

mais elevadas/ s(o quase de iual tamanho/ e bem constru=das/ comunicam-se entre si/ e

cada uma tem um cano de boas cantarias/ e todos vm despe3ar em um eral/ que tr#s a

#ua Dora das muralhas/ repartindo-se em trs bocas/ de onde " condu+ida por 

manueiras

KX

  beira mar/ Da+endo auda as lanches com as proas em terra/ e semdesalo3arem o vasilhame.

Ao lado/ ocupado pela antia 're3a de ). )ebasti(o Ia que se encostava a da

!iseric$rdiaL cont"m ainda/ espera/ o arco de conduta de #ua para a 5Cister%a

Pe6ue%a;/ esotando das a,oteias das constru,es que ado,am parte interior da

muralha. N(o se pode dei?ar de mencionar a e?istncia de outras duas cisternas/ al"m da

que se situa na parada4 uma conhecida por 5Cister%a Gra%de;/ constitui um dos

atractivos que neste momento a Dortale+a oDerece.

A Cisterna Grande Doi iniciada em @K/ e teve obras nos anos de @X/ @X e

@JJ/ comportando uma capacidade de @X.KR pipas. 0sta obra Doi concebida e acabada

no ano de @SS/ terminando desta arte a Dadia que dantes havia de virem as vasilhas/

rolando Dor,a de bra,os desde a praia at" boca de bra,os das cisternas/ voltando

depois a ela ainda com maior trabalho. 0sta obra Doi sobremaneira lucrosa &a+enda

Pública/ assim pela auada dos navios da Coroa/ como porque ali acertam de a Da+er os

KX 0ntende-se 5manueira; como 5Canos de pedra;. C$d. Bocarro IB.P.0.L/ menciona a e?istncia de reservat$rios/ quando e?pressamente assinalaque 5tem a .ortale@a dos muros adentro duas cisternas de "&ua a &rande cada palmo tem +37 pipas e não ce&a a ter mais #ue +N at +A palmos a pe#uena cada palmo tem 27 pipas e ter" amesma altura<” 

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navios de uerra das na,es aliadas/ ao mesmo tempo que n(o se traqueia o interior da

Dortale+a/ que conv"m estar sempre recatados@. I6ima/ @XSR/ p. RL.

)obre a importVncia da cisterna e a orani+a,(o militar da &ortale+a de ). )ebasti(o/  C'%

I@XX/ p. @L escreveu o seuinte4

5 Lunto da porta ordin"ria da .ortale@a pe&ado com o muro estão as casas dos capitães

de sobrado com &a@alos bastantes< E assP a muitas outras ca@as pello mePo da .ortale@a em

#ue os soldados $i$em porem de pala #ue con$em muito não o serem pello risco #ue corre a

 .ortale@a assP em #ual#uer de@astre como serco< O pre@idio de soldados #ue ,ua Ma&estade

manda assistam sempre nesta .ortale@a e de tre@entos onde entrão um capitão de in.antaria

um al.eres e um a;udante #ue os adestrão e &o$ernão e ;untamente os condestables< %orem

raro ou nunca esta este numero de soldados assP por#ue se tirão delles pCra a &uerras #ue

ordinariamente a nos rios e pCra as embarcaç*es dos capitães como por#ue a terra muP

doentia #ue os conçome e .as estarem os mais muito doentes< E as $e@es a mus poucos #ue

 possão tomar armas #ue pCra tão importante praça e not"$el risco o #ue se pode e$itar com se

mandarem todos os annos tra@er os doentes #ue não saracem no ospitital le$ando outros em

 seu lu&ar com #ue não a$era receo em #uererem ir pella liberdade de tornarem a $ir e assP não

a nesta .ortale@a mais #ue um condestable #ue le mandou o /onde de Uinares Vi@o-ReP e

 sinco artileiros sem peçoa mais #ue saiba carre&ar ua pessa;.

* trecho mostra claramente qu(o Draca eram as condi,es de salubridade da ilha.

%e um total de R soldados alocados pela Coroa portuuesa para deDender a &ortale+a de

). )ebasti(o Irecorde-se que a Dortale+a tinha a capacidade para mais de mil homensL/

apenas @ " que arantia a uarni,(o da ilha/ devido a dois Dactores4 por um lado/ a

enDermidade dos soldados resultante da Draca salubridade do territ$rio Ia mal#riaL por 

@ !em$ria 0stat=stica sobre os %om=nios Portuueses na Drica *riental/ por )ebasti(o FavierBotelho/ Par do 7eino/ 6isboa/ @SRK/ p. RR. )obre as doen,as da ilha/ )antos/ @S/ p. SX/ relata o seuinte4 IQoutro enero dedoen,as h# somente em !o,ambique/ que vem a muitas pessoas/ sem saber de que procede/ a qual he/ privada da vista de noite/ n(o somente a portuueses/ mas tamb"m aCaDres/ sem lhe causar dor/ ne pena alua/ mais que a de n(o podere ver de noite4 estaceueira lhe come,a ds que se pe o sol/ at" que torna a nascer/ no qual tepo nenhua acousa vem/ ainda que Da,a muito rande mar/ t(o ceos Dic(o/ como se o Dosse de suanascen,a.

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outro/ para anhar as uerras que se impunham nos rios < ribeirinhas com os povos

aut$ctones/ com os #rabes ou com os inimios europeus pelo controlo de aluns postos

comerciais/ era imperioso a presen,a de mais homens. A Dortale+a tinha a obria,(o de

deDender os interesses dos portuueses na rei(o. Como tamb"m eram precisos soldados

 para acompanhar os capit(es nas suas oDensivas.

A mesma Donte acrescenta4

5estão dentro na .ortale@a dous alma@ens um de muniç*es outro de mantimentos #ue

ordinariamente estão pro$idos con.orme o @elo dos Vi@os-RePs e do /apitão da .ortale@a por#ue

como as duas cou@as #ue se metem nelles le ao-de ser mandadas e procuradas de .ora da terra

ora tem muito ora pouca dellas< %or#ue no tocante a moniç*es como esta praça e tão pretendida dos inimi&os da Europa sempre no pre@ente &o$erno esta pro$ida dellas

bastantemente assP pCra #ual#uer serco como pCra pro$er a todas as &uerras #ue tra@emos nos

de /uama e .ortes e po$oaç*es nossas #ue da#ui se pro$em< em a .ortale@a dos muros adentro

duas cisternas de a&uoas? &rande cada palmo tem cento e $inte pipas a pe#uena cada palmo

oitenta pipas e ter" a mesma alturaN<;

%e acordo com  6obato I@XJ/ s<pL h#/ nas vastas constru,es interiores arrumadas s

muralhas/ pedras que est(o ali desde o s"culo F2'/ casas/ quart"is e serventias queabriaram o punhado de soldados/ moradores e mulheres que no s"culo seuinte

recha,aram os holandeses com os seus bra,os/ as suas vi=lias/ as lutas/ ente que De+ o

milare de vencer para que possamos ho3e menospre+ar o seu sacriD=cio/ e as rel=quias

que dessa luta suicida de iantes nos dei?aram.

)eundo nos conta &rei >o(o dos )antos4

“na ponta desta ila F entrada da barra est" a .ortale@a na #ual sempre reside o

capitão com soldados portu&ueses de &uarnição #ue toda a noite e dia $i&iam aos #uartosJ de

dia postos F porta da .ortale@a com suas armas e de noite por cima dos panos do muro e dos

baluartesJ dos #uais tem #uatro .ort8ssimos dois para a banda do mar e dois para a ila donde

R 2. Ale?andre 6obato/ 5 1 !istBria da 4la de Moçambi#ue”/ ns K</ '' s"rie/ @XK/ s<p.

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tambm se descobre o mar de uma parte e da outra e neles estão muitas peças de artilaria

 &rossa e .amosa em #ue entram esperas camelos e colubrinas< >entro da .ortale@a est" uma

cisterna #ue le$a duas mil pipas de "&ua #ue se toma da #ue co$e nos telados e ane:os por 

canos #ue a ela $ão ter< 1#ui dentro estão os arma@ns assim da pBl$ora e coisas necess"rias

 para de.ensas da .ortale@a como de mantimentos de arro@ e milo de #ue sempre est" bem pro$ida< Do meio desta .ortale@a est" mais uma i&re;a no$a ainda por acabar #ue "-de ser$ir 

de , e ;unto dela outra da MisericBrdia.; I'demL.

As Dontes d(o revelo a e?istncia de cisternas na ilha de !o,ambique por estas

terem sido/ dentro do per=odo cronol$ico em estudo/ uma esp"cie de 5boti3a de

o?i"nio; para a administra,(o colonial portuuesa. A #ua passou tamb"m a ser 

comerciali+a para as naus estraneiras e<ou aliadas que escalavam ilha/ como nos

adiantou 6obato I@XJ/ s<pL. H# e?istncia de poucos soldados na ilha 1 cu3a capacidade

" cerca de dois mil homens -/ e?plica-se pela sua condi,(o eo-estrat"ica/ isto "/ uma

ve+ conquistada a ilha em @KJ/ os portuueses constru=ram mecanismos soDisticados de

deDesa IbaluartesL que lhes permitiu/ al"m de mais/ controlar a circula,(o das naus

inimias e de todo o territ$rio da ilha/ mas tamb"m submiss(o levada a cabo por 

mission#rios das companhias reliiosas/ Doram sem dúvida/ uma mais-valia para a Coroa

 portuuesa. É claro que a soDistica,(o do armamento/ desproporcional comparativamente

com a dos seus advers#rios/ Doi de resto um outro Dactor de relevo que teve eDeitos

neativos para os povos aut$ctones. 'sto at" certo ponto/ porque mais tarde/ como iremosver/ Portual viu-se na continncia de aumentar o seu dispositivo militar e 5b"lico; para

Da+er Dace as v#rias tentativas de invas(o holandesa e Drancesa.

  0ntretanto/ Cid I@XXL naquela que considero a mais proDunda an#lise sobre a

orani+a,(o militar portuuesa/ aDirma o seuinte4  5os soldados se pa&a cada mes a cada

um #uatro cru@ados de mantimentos (cada cru@ado ua pataca de #uatrocentos rese cada trCs

me@es de@ de #uartel e o mes #ue le pa&ão #uartel le não pa&ão mantimentos< 1o /apitão de

in.antaria al.eres e a;udante les pa&ão isto dobrado< O /apitão da .ortale@a de Moçambi#ue

tem de ordenado coatrocentos e de@oito mil res cada anno e ao /astelão seiscentos mil e pello

estan#ue do /apitão de Moçambi#ue e ,o.ala de ,ua Ma&estade todos os annos trinta mil 

cru@ados de ouro #ue importão em dineiro da 8ndia /orrenta mil era.ins< 1 artilaria #ue tem

esta .ortale@a de Moçambi#ue são trinta e duas peças entre a #ual a al&uas #uatro ou sinco de

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 .erro de pouco porte #ue não ser$em mais #ue pCra os re$e@es dos baluartes pCra de.ender os

 panos do muro as mais são de do@e ate trinta libras de calibre<” Ip.@RL.

A remunera,(o dos soldados portuueses e a e?istncia de camelos como meio de

transporte leva-nos a duas ila,es4 por um lado/ a Dorma como a Dortale+a estava

estruturada militarmente - para o per=odo cronol$ico em estudo -/ h# que reconhecer/

sem dúvida/ a e?celente orani+a,(o militar colonial portuuesa por outro/ o uso de

camelos como meio de transporte reDlecte o desenvolvimento urban=stico da ilha de

!o,ambique. * camelo siniDicava uma mais-valia para a administra,(o colonial

 portuuesa/ pois " mais resistente do que o boi/ o burro/ o cavalo ou a mula/ e " um

animal propenso ao clima seco Ibai?a precipita,(oL da ilha/ 3# reDerido ao lono deste

trabalho.

)obre a precipita,(o/ 6ima I@XSR/ p. RL? única Donte consultada que apresentadados concretos sobre o clima da ilha Iaten,(o que os dados s(o de @XSL aDirma4 5 O

clima bastante ameno sendo a temperatura mdia anual de 3N +[< Os $entos dominam de DE

de Outubro a e$ereiro e do #uadrante ,ul de Março a ,etembro< 1 umidade re&ista o seu

m":imo no mCs de >e@embro a 1bril os de maior precipitação ($alor m":imo +27 + mm em

 Março) e os restantes de .raca precipitação;.

Ainda sobre a estrutura militar da Dortale+a/ a mesma Donte acrescenta que tra,a oriinal

da Dortale+a soDreu alumas altera,es/ tendo possivelmente a primeira tido luar entre@S e @RK/ respeitante aos baluartes de ). Gabriel e de )anta Barbara I)t Ant$nioL/ a

qual se encontra 3# na descri,(o do C$d. I@RKL K.  *utra altera,(o posterior/ incidindo

especialmente no baluarte de ). Gabriel/ ocorreu em @J-@JK/ mas as transDorma,es

operadas n(o desvirtuaram os princ=pios da ediDica,(o inicial. A Dorma que ho3e subsiste

revela-se de rande pure+a/ inscrevendo-se a DortiDica,(o num quadril#tero irreular 

 proteido por um baluarte em cada canto. *s baluartes/ de 5orelhes;/ s(o muito

caracter=sticos/ sendo o de ). Gabriel o mais interessante da &ortale+a/ inconDund=vel pelo

seu desenho rioroso.

5Q%esde o s"culo F2' que os moradores portuueses da ilha tinham ali instalado planta,ese quintas aDastadas da pesada e suDocante humidade da ilha. Ale?andre et %ias/ 5O  4mprio 1.ricano +235-+267”/ @XXS/ p. KS.K %. >o(o de Castro/ Obras completas/ C$dice - Corpo Chronol$ico/ parte '/ ma,o JX/ doc.@R.

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A meio da costa sueste da ilha/ o capit8o-ge%era) Pedro de Sa)da%4a de

A)bu6uer6ue mandou construir de @JKS a @JR uma bateria/ que contrariava a invas(o da

 praia por aquele lado. * gover%ador Oo8o da Costa de Brito e Sa%c4es/ como se l

numa inscri,(o por cima da porta 5reconstruiu a bateria edi.icou um pe#ueno #uartel e

eri&iu uma #u"si microscBpica capela no recinto da .orti.icação em +237 ;" dedicada a

,anto 1ntBnio< Em +263 o &o$ernador capitão de .ra&ata Ra.ael Lacinto Uopes de

 1ndrade mandou consertar o .orte bastante arruinado o #uartel e a capela e entre&ou

esta " prela@ia a.im de se tornar a sede da anti&a .re&uesia de ,< ,ebastião primiti$a

 parB#uia da cidade<; Noronha Is<ano/ p.@L.

A e?istncia de ire3as no interior da Dortale+a e da ilha em eral mostra qu(o

importante era o papel da relii(o na submiss(o dos povos aut$ctones. %esconhece-se no

entanto a e?istncia de conDlitos reliiosos entre os portuueses e os povos aut$ctonese<ou arabi+ados/ visto que antes da cheada de 2asco da Gama ilha/ em @XS/ a relii(o

dominante era o islamismo. A submiss(o reliiosa Doi um/ no meio de v#rios Dactores/ que

a Coroa portuuesa encontrou para lorar as suas Da,anhas. *s #rabes Icomo se sabeL

 perderam o 5dom=nio; da ilha/ loo ap$s a Di?a,(o colonial portuuesa em @KJ.

 

*./. - # cu)to

># aqui Dalamos da importVncia da relii(o Icat$licaL no processo de domina,(o dos

 povos da ilha. 0 mais adiante/ quando estivermos a Dalar da Capela de Nossa )enhora do

Baluarte/ Dalaremos ainda com pormenor como " que esse processo ocorreu e a sua

vitalidade. Nem sempre o 5poder da ire3a; acompanhou os passos do 5poder do 0stado;/

 porquanto !arques de Pombal numa das suas reDormas decidiu e?pulsar os 3esu=tas de

Portual/ medida que abraneu todas as col$nias portuuesas. Nessa altura/ a relii(o 3#

implantada e aparentemente enDraquecida/ mas nunca abandonada/ teve de se adaptar as

circunstVncias. * culto 3amais Doi inorado ou abandonado.

Bethencourt/ &rancisco/ 5 1 e:pulsão dos ;udeus;/ in O tempo de Vasco da Gama/dir. de %ioo7amada Curto/ 6isboa/ CNP%P 1 Comissariado para o Pavilh(o dePortual 1 0?pofXS 1/ @XXS/ pp. J@-S.

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6obato I@XJ/ s<pL e?plica que por mais ru=nas que houvesse em redor a capelinha

de )anto Ant$nio mantinha-se arrida e Dlorida. No interior s$ se venerava uma imaem4

a de )anto Ant$nio. *s cat$licos europeus n(o eram em rande número e tamb"m n(o

eram demasiado devotos. * culto apost$lico romano e?ercia-se quase e?clusivamente para

ediDica,(o dos reliiosos portuueses naturais da =ndia. Nessa quadra/ e n(o deve ter 

variado muito/ o templo protestante enchia-se de pros"litos/ a mesquita dos maometanos

reo+i3ava de crentes/ e 5baneanes;/ 5bate#s;/ 5co3#s;/ 5budistas;/ conDucionistas/ todas

as inúmeras seitas da sia/ desde o 0uDrates at" ao rio Amur/ contavam ali adeptos que

 praticavam os seus ritos com a maior tolerVncia e liberdade.

 No ano novo de cada uma dessas classes/ Deste3ado com o maior lu+imento

 poss=vel/ no momento das suas Destas mais solenes/ nos actos de importVncia da sua vida

social/ quando aluma Dunda dor os oprimia/ %a co%>u%tura a%gustiosa de perigar ae&ist%cia de a)gu2 e%te 6uerido? e2 6ua)6uer das 2K)tip)as co%se6u%cias e2 6ue a

:raca criatura 4u2a%a? por 2ais ate@s2o 6ue apregoe? %ecessita a2parar-se 3 :or5a

superior de u2a e%tidade supre2a? todos esses adoradores de HBuda? de HMe%eio?

de HCo%:Kcio? de H$ic4%u? de HSivJ? de HGa%es? de HMa:o2a? todos e)es se

dirigia2 e se e%co2e%dava2 36ue)a e&@gua i2age2 de Sa%to A%t%io +/ quase oculta

nos escombros do derru=do baluarte/ pobre/ sem o deslumbramento do túmulo de ).

&rancisco Favier/ em Goa.

Tanto 6obato como Noronha Is<ano/ p.@L aDirmam que na copiosa romaem o

observador/ ainda o de esp=rito mais leve/ sentia-se avassalado/ ao contemplar as

enuDle?es/ o prosternar/ a evoca,(o/ o orar de tantos pa(os/ de reliies t(o diversas/ de

credos t(o anta$nicos e/ acima de tudo/ a sinceridade/ a un,(o/ o Dervor/ a conDian,a/ a

esperan,a/ o ineD#vel consolo que se reDlectia e irradiava dessas Disionomias de

5mon$is;/ de 5p#rias;/ de 5chatrias;/ de 5budas;/ de 5brahmanes;/ de 5t#rtaros;/ de

5malaios;/ de 5de+enas; de 5castas; e de 5ra,as;/ t(o radicalmente diverentes nas suas

oriens/ aspira,es/ direitos e modos de e?istir.

0 insensivelmente/ por mais Dr=volo e irreverente que Dosse o nosso pensar/

J %estaque meu/ para atestar duas an#lises do trecho4 a primeira " que as rela,es entre a ire3acat$lica e as seitas reliiosas descritas/ eram cordiais. Ainda que as pessoas n(o acreditassemverdadeiramente em %eus/ viam nos s=mbolos da ire3a cat$lica/ uma esp"cie de amuleto e desalva,(o/ por isso e?altavam e evocavam os s=mbolos reliiosos pertencentes ire3a cat$licaenquanto relii(o dominante.

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lembramo-nos de quanto Doi s$lida e eDica+ a obra dos nossos antios mission#rios/ que

assim atrav"s dos s"culos/ das pai?es/ das revoltas/ dos mart=rios/ da proD=cua e

inDati#vel catequese alheia reali+aram t(o perdur#vel conquista. Na denomina,(o dos

ediD=cios militares/ civis ou reli iosos/ houve sempre o predom=nio dos nomes de %eus/

da 2irem/ dos )antos/ depois os dos soberanos ou pes soas da Dam=lia real e s$/ a seuir/

com certa raridade/ o de overnadores.

  Q assi2 6ue u%s cro%istas prete%de2 6ue a Forta)e7a de S. Sebasti8o

recebesse essa desig%a58o do rei D. Sebasti8o? e2bora cria%5a ao te2po da sua

edi:ica58o e :osse rege%te a av? rai%4a D. Catari%aR e outros 6ue o baptis2o

proviesse do %o2e do gover%ador da capita%ia? Sebasti8o de SJ? i%iciador da

co%stru58o? e2 *,? o 6ue ! pouco provJve). N8o ! i%oportu%o ace%tuar 2ais u2a

ve7 6ue? ai%da e2 *++? o co%ti%e%te e&pedia para a)i u2 e%ge%4eiro? aco2pa%4adode art@:ices e )eva%do co%sigo :arta cpia de 2ateriais e e%tre os 6uais ia a)ve%aria

apare)4ada? para ter2i%ar as obras da :orta)e7a? pois receava-se 6ue os i%g)eses a

atacasse2. I'demL.

I. As i%vasLes e a prob)e2Jtica das :o%tes

A Dortale+a Doi a primeira ve+ atacada em @J/ a seunda em @S/ pelos holandeses/ e

esteve para s-lo de novo por uma Dorte esquadra alcan,asse o porto. &oi tamb"m ob3ecto

de uma tentativa dos #rabes de !oscate em @X/ e de nova tentativa/ tamb"m #rabe/ em

@J/ ap$s a perda de !omba,a. * último lieiro ataque que soDreu Doi dos Dranceses/

durante as Guerras da evo)u58o ;*<-*<=/ per=odo em que a prov=ncia se viu aDlita

 para se deDender por Dalta de recursos/ tendo-se inventado at" ranada de m(o com

inv$lucros de cocos carreados de metralha. %e todos os cercos e ataques se deDendeu

sempre a Dortale+a. Por"m/ os de @J e @S Doram anustiososS.

*s relatos revelam que os portuueses tentaram incendiar a povoa,(o IsicL assim

que se recolheram Dortale+a/ mas uma chuvada Dorte apaou o Doo que 3# lavrava nos

telhados que eram todos de macuti 1 pormenor curioso sobre a nature+a das constru,es

S 7elato de Ant$nio %ur(o/ soldado antio da Endia/ que neles combateu/ o seu Damoso livroCercos de !o,ambique deDendidos por %om 0stv(o de Ata=de/ Capit(o General e Governador/!adrid/ @RR.

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urbanas/ que eram portanto pobres e Dr#eis/ e?cepto as ire3as e Dortale+as Icasas com

coberturas de palhaL. * convento de ). %ominos devia Dicar a meio caminho entre o

actual e a Dortale+a/ e era Dronteiro. Nele se instalou o quartel-eneral holands. A sua

constru,(o havia sido proibida v#rias ve+es de prosseuir por ser padrasto Dortale+a e

Dacilitar o ataque/ como aconteceu. 0ntre ele e a Dortale+a Dicava a ermida de ). Gabriel/

cheada bastante ao baluarte deste nome/ e que era s$lida constru,(o de paredes rossas.

I6obato/ @XJ/ s<pL.

A mesma Donte acrescenta que os 4o)a%deses c4egara2 a Mo5a2bi6ue e2 ,

de Ou)4o? e? co2pree%de%do 6ue a :orta)e7a %8o estava re%dida? e%trara2 ape%as

co2 6uatro %avios? debai&o de :ogo da :orta)e7a e dese2barcara2 6ui%4e%tos

4o2e%s? ta2b!2 %a 2es2a praia do Ce)eiro 6ue est8o se c4a2aria Mogi%cate. A

ar2ada de *+ de2ora-se u2 dia %o porto a%tes do dese2bar6ue? 2as a de *+,actuou i2ediata2e%te. *s moradores perderam loo todas as Da+endas que entretanto

tinham cheado do 7eino e da Endia/ e uma preciosa cara de vinhos e licores de seu

ne$cio do mato/ realos que os holandeses Doram bebendo medida que avan,avam

 pela povoa,(o deserta.

Aluns portuueses que atravessaram depois pelo meio deles n(o Doram

reconhecidos estavam os holandeses todos bbados. *s seus pr$prios comandos tiveram

que mandar rebentar marreta as pipas de vinho e barris de auardente que ainda

sobraram da bebedeira eral/ e o comando portuus hesitou/ n(o quis correr o risco de

aceitar a suest(o para nessa noite a uarni,(o dar um assalto eral ao campo holands e

acabar com o cerco que ia come,ar.

0ste cerco/ di+ a Donte/ correu-nos pior. Primeiro/ um rapa+ holands que tinha

Dicado de @J/ como reDuiado/ e se tornara colaborador diliente do A)caide-Mor da

Pra5a/ Duiu imediatamente para os holandeses com todas as inDorma,es era aDinal um

espi(o. 0m seundo luar/ houve loo no primeiro dia um princ=pio de incndio na casa

da p$lvora/ e em que morreram de+anove homens. Podia ter ido tudo pelo ar e perder-se a

Dortale+a por Dalta de muni,es.

&oi o pr$prio %. 0stv(o de Ata=de quem com mais aluns homens entrou

arro3adamente na casa da p$lvora/ apaou todo o Doo/ e salvou nesse dia !o,ambique e

os s"culos de hist$ria que se viveram at" ho3e. A artilharia/ que Doi montada pelos

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holandeses nas ru=nas de ). %ominos/ era muito mais poderosa. A muralha cheou a

receber tre+entos tiros por dia e arruinou-se em rande parte entre )anta B#rbara e ).

Gabriel/ - e ainda h# vest=ios da reconstru,(o deDiciente 1 abrindo uma ampla entrada

cu3o assalto/ por"m/ os holandeses n(o tentaram/ tal como descreveu A%t%io Dur8o4

5/omo não pele;a$am senão com artilaria não ousaram subir pela #uebrada do muro

$endo ele os seus $alorosos de.ensores preparados ou a de.ende-los ou a morrer ali;

*s holandeses rasaram-lhe na capela-mor uma canhoeira e nela montaram rossa

 pe,a de bron+e/ a melhor que tinham/ que Dicou assim proteida em reduto blindado. H#

um desenho da "poca que indica/ no seundo cerco/ um desembarque em lanchas na praia

de )anto Ant$nio. %ur(o aDirma que o desembarque em lanche tamb"m se De+ no

!oincate.

As duas armadas Dor,aram a entrar debai?o de Doo/ mas o desembarque n(o podia/ evidentemente/ Da+er-se na praia do porto 3unto Dortale+a. Como consta que

atravessaram a povoa,(o em som de uerra/ Doi o desembarque na altura da praia do

Celeiro/ ponto que ali#s Doi mais tarde deDendido com o chamado Dorte demolido/

desmantelado e vendida a pedra no Dim do s"culo F2'''. I'bidemL.

Uma tese deDendida por Noronha Is<ano/ p.JL contas-nos a hist$ria de outra maneira.

ADirma que4 5a praça de .acto so.reu $"rios ata#ues e cercos< 1ssediaram-na os olandeses por 

duas $e@es em +N7A e +N72< icaram memor"$eis os dois assdios< >e.endeu >< Este$am de

 1ta8de com cento e cin#uenta omensN6< \m estran&eiro creio #ue .rancCs rancisco %Prard

tra@ido por /una Ri$ara dei:ou-nos testemuno compro$ati$o do #ue .oram esses cercos.; 

*s holandeses em uerra com Portual/ e sabendo quando a ilha de !o,ambique

5nos convinha;/ tentaram apoderar-se dela. Tamb"m outras na,es tinham a mesma

 pretens(o. 2arias e?pedi,es Doram cru+adas nesse sentido. 0 em obedincia a um plano

 preconcebido/ os holandeses enviaram ali uma primeira esquadra em @J/ composta por 

oito randes naus. A Dortale+a resistiu ao bombardeamento e a uarni,(o repetiu todas as

X 2er Carta Ic$pia daL %ioo )imes !adeira/ Governador interino de !o,ambique/ para o 7eidando conta da necessidade de verba para sustenta,(o da centena de soldados que conseuiu 3untar e Consulta do Conselho Ultramarino sobre mem$ria do ministro conselheiro/ >ore deAlbuquerque/ reDerente necessidade de enviar soldados nos dois navios que est(o apresentados para ir de socorro a !o,ambique/ para poder Da+er Drente a qualquer incurs(o do inimio/ visto a&ortale+a de !o,ambique ter capacidade para tre+entos soldados e/ presentemente/ n(o ter maisque cinquenta/ e que destes se descontem aluns para socorrer e prover a &ortale+a de )oDala.&erra+/ @XJR/ p. @J e @J. 2er/ iualmente/ Bethencourt et Chaudhuri/ Hist$ria da 0?pans(oPortuuesa/ 2ol. ''/ Navarra/@XXS/ p. JR.

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investidas/ com perdas de considera,(o para os assaltantes. %esesperados estes com a

resistncia/ e por se terem assenhoreado da ilha e da cidade/ aberta/ queimaram-na e

saquearam em duas maniDesta,es de repres#liasJ  .

%a seunda ve+/ escreve Prard que em @X/ mas parece que Doi em @S/ a

Drota de investimentos subia a tre+e alterosas naus. N(o as baDe3ou a sorte com resultados

mais Davor#veis. Nesse tempo a &ortale+a de ). )ebasti(o n(o dispunha dos meios que

contou depois. )$ mais tarde o seu poder militar aumentou/ como o das suas con"nere

da Endia quando o overno de 6isboa se certiDicou da cobi,a que os holandeses/ Dranceses

e inleses assaltouJ@. Nesse último ass"dio o inimio perdeu uma pe,a de rosso calibre e

um dos seus navios nauDraou quando vele3ava a sair do porto. Aconteceu-lhes ainda

outro percal,o. %urante o cerco trs dos seus/ soldados ou marinheiros/ Duiram-lhes para

terra/ descontentes/ e apresentaram-se ao overnador da Dortale+a. *s sitiantes irritaram-se ao m#?imo com esta Dua. )em essa deser,(o talve+ a Dortale+a tivesse sucumbido.

Por6u

*s cercados passavam as maiores priva,es e discutia-se 3# no seu intimo o anustioso

assunto da captura. *s trs trVnsDuas trou?eram-lhes um vislumbre de esperan,a.

'nDormaram-nas que os holandeses se encontravam na carncia absoluta de muni,es/

tanto de uerra como de boca/ e por isso na precis(o inadi#vel de levantarem o cerco. Ao

 passo que Da+iam estas declara,es/ de todo o ponto verdadeiras/ aDirmaram hip$crita e

Dalsamente que o motivo principal da sua deser,(o se baseava no dese3o de terem

acolhida no r"mio cat$lico/ e ainda que os tinham obriado a embarcar/ num acto de

tirVnica Dor,a. Tudo aquilo era Dantasia de trs aventureiros/ da pior esp"cie.

Conta a mesma Donte que os 5nossos; receberam-nos com aparente arado.

0nanadosM Talve+ n(o. *s 3esu=tas apreoaram aos quatro ventos a convers(o/ o que

J H# aqui uma clara contradi,(o com 6obato I3# citado e sublinhadoL que di+ que o aludido DooDoi posto pelos portuueses/ e n(o pelos holandeses como sustenta Noronha neste pararaDo. Atese de Noronha me parece/ contrariamente a de 6obato/ a mais sensata.J@ 0sta tese " tamb"m conDirmada por Bethencourt et Chaudhuri/ @XXS/ p. S/ que advoa quedesde o in=cio do seu com"rcio com as Endias que os holandeses e inleses preDeriram asiniciativas privadas aos planos estatais de orani+a,(o do com"rcio e de instala,(o de colonatosno *ceano Endico.

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lhes convinha para Dins pol=ticos e reliiosos. *s trs meliantes imainavam melhorar de

situa,(o e dar luar =ndole ananciosa. N(o queriam trabalhar e os holandeses

constraniam-nos a um labor e?tenuante. *s do assedio calcularam que esses seus

indese3#veis/ compatriotas ou n(o/ denunciariam quanto ocorria no seu arraial e que as

deDicincias seriam arma muitos umes para os portuueses. 7esolveram vinar-se antes

de retirarem da ilha/ o que se tornava urente. )obreviera a mon,(o e/ com ela/ a

apro?ima,(o da Dor,a portuuesa da Endia/ e isto seria o aniquilamento da esquadra

holandesa.

0sta na sua rota/ para a Drica *riental/ apresara/ pr$?imo da ilha de

!o,ambique/ uma embarca,(o portuuesa/ como depois tomou outra Dundeada em Drente

da Dortale+a. A ambas saquearam e/ por inúteis/ incendiaram. Aprisionaram/ " claro/ as

suas tripula,es e passaeiros/ entre os quais havia oDiciais dos barcos/ pilotos/ mestres/neociantes/ aluns ricos e/ a maior parte/ casados. “Os sitiantes com o intuito de receber os

trCs desertores en$iaram um parlament"rio ao &o$erno da praça >< Este$am de 1ta8de bra$o e

 &alardo .idal&o< O.ereciam-les trocar todos os portu&ueses seis #ue tinam em seu puder

 pelos trCs .u&iti$os”< * overnador respondeu mais ou menos nestes termos4

  - 5Os re&imentos e usos da &uerra pro8bem entre&ar omens nas condiç*es da#ueles<

 1presentaram-se para adoptar a mina reli&ião e ser$ir o meu rei< Dão me .icaria bem reinstitu8-

los ao $osso braço #ue os mataria< ,i&ni.ica$a o mesmo #ue ser eu o al&o@ dela< ,acri.icareis

desse modo os nossos; 1 arumentou o comiss#rio.

- 5Os meus compatriotas em consi&nada são prisioneiros de &uerra e portanto compreendidos

na lei #ue permite res&at"-los pela .orma a;ustada< ,erão mortos F $ossa $ista insistiu o

mensa&eiro;. - 7etorquiu o overnador/ para depois rematar o seuinte4

- ,e os matardes a san&ue .rio não ser" por isso acção di&na de leais ca$aleiros< \m dia inteiro

andou o parlament"rio olandCs para c" e para l" com estes recados< ,em #ue se ce&asse aacordo.; Ao cabo de certo tempo 1 inDinda tortura moral 1 os holandeses e?citados/

dominados pela c$lera Drio dos homens do norte/ Du+ilaram a tiro de arcabu+ os seis

inDeli+es portuueses/ n(o sem que da Dortale+a ca=ssem sobre eles densa saraivada de

 balas de artilharia e metralhas dos bacamartes e espinardes.

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 Neste mesmo dia principiaram os trabalhos de levantamento do cerco. Pouco

depois o inimio tomava o rumo de sonda. %ecorridos sete ou oito dias avistaram de terra

a espada portuuesa da Endia. Por diDeren,a de uma semana/ dei?aram os desditosos

 prisioneiros massacrados de serem condinamente vinados. *s trs desertores

holandeses Doram levados nessa mesma mon,(o para Goa. I'bid/ p.XL.

:uem tamb"m escreveu sobre o ataque holands &ortale+a de ). )ebasti(o Doi

Bethencourt et Chaudhuri I@XXS/p.JRL arumentando que em @S os holandeses

assaltaram e incendiaram a ilha. Teriam queimado as casas 1 que seriam umas -/ pelo

que aos holandeses restou o recurso a constru=rem palhotas de palmaJ.

2oltemos aos ataques.

:uando Doi dos cercos/ a Dortale+a tinha o Deitio de uma estrela. 0st# e?presso em %ur(oque o baluarte de ). Gabriel/ o mais e?posto/ tinha dois espies. Todavia/ quando o

 primeiro cerco come,ou/ a artilharia estava mal montada/ muitos rodados das pe,as

estavam podres/ os baluartes incompletos/ Daltavam Icomo ainda DaltamL parapeitos para a

 protec,(o dos deDensores/ que se cobriram com sacos de terra. Numa noite as mulheres

dos moradores Di+eram dois mil sacos/ eu as Dilhas/ os Dilhos e os velhos encheram e

carrearam para os adarves/ e com que os combatentes 1 quin+e apenas em cada baluarte[

 1 Dormaram os parapeitos. Noronha Is<ano/ [email protected] muralhas/ paredes duplas/ estavam mal cheias e mal calcadas/ e por la3ear/ e

havia buracos periosos para a artilharia/ porque as pe,as quando disparavam saltavam

em ve+ de desli+ar com o recuo/ permitindo-se portanto os cavalos e as rodas. Por"m/

tudo se remediou e improvisou/ e a artilharia acabou por ser eDica+. &altava tamb"m a

 p$lvora/ mas era abundante o armamento individual/ porque todos os moradores estavam

em suas casas bem providos/ e levaram-no todo para a Dortale+a. Uma das tareDas

importantes cometida s mulheres e n(o-combatentes Doi atulhar de terra e pedras os trs

va+ios da porta de armas/ que est(o aora postos a descoberto. Pode ser que as Dendas que

se notam ho3e nas paredes interiores transversais destes v(os datem dos impactos da

artilharia holandesa em @J e @S.

J I!ocquet/ @XX/ p4 KXL.

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Acto cora3oso Doi tamb"m sa=rem uma noite pelo postio da praia de+ homens que

levantaram a ponte levadi,a que havia sobre a cava/ a encostaram escondida no rev"s do

 baluarte ). Gabriel/ e entupiram a porta de armas por Dora com pedra e terra que ali

estava. Havia v=veres para sete meses/ especialmente #ua e milho/ e um bom sortido de

Da+endas da Endia que os portuueses cercados utili+aram quando neociaram com os

caDresJR das Cabaceiras o Dornecimento di#rio Dortale+a de Drescos que vinham pela mar"

va+ia em pequenas almadias que as lanchas holandesas de maior calado n(o podiam

atinir/ mas viam passar.

6obato I@XJ/s<pL aDirma que sobre o Dorte de ). %ominos Doram constru=das trs

trincheiras proteidas/ e em +iue+aues/ at" ermida de ). Gabriel/ e daqui outras trs

at" 7amada/ perto da porta de armas. *s holandeses proteiam-se muito bem com

cobertos/ pali,adas/ mantas de madeira e cestes/ e mascaravam as posi,es da artilhariacom que tentaram abrir brechas na muralha/ o que s$ conseuiram com artilharia mais

 pesada no seundo cerco.

A Donte acrescenta4 “nossos” não dei:a$am apro:imar nin&um e por meio de paus

 salientes com .o&os de alcatrão ilumina$am de noite as muralas< %enosamente conse&uiram os

olandeses .a@er ce&ar F murala mantas de madeira &rossa cobertas de terra molada para

 se prote&erem e conse&uirem picar e minar a murala< oi um momento cr8tico mas os

 portu&ueses numa manã prepararam uma contra-mina e conse&uiram numa sortida peri&osa

e con.usa numa noite desbaratar os olandeses e se&uidamente destruir e incendiar as mantas<

 1s sortidas .a@iam-se pelo camado posti&o da praia #ue de$eria .icar por certo onde o;e a

 porta de armas< = este o Znico lado em #ue a .ortale@a ser$ida por uma praia.;

%e reDerir que4  o au:8lio das /abaceiras .oi importante tal$e@ decisi$o< >e$e-se ao

 pre;u8@o #ue esta$am a so.rer a paralisação do comrcio< %or isso a troco de missan&as e

tecidos os ne&ros e mouros dei:aram de .ornecer .rescos aos olandeses repeliram-nos F mão

armada e passaram a .a@er diariamente a $ia&em da .ortale@a tra@endo .rescos e le$ando

JR 5CaDre;4 rei(o de CaDres na Costa da Drica *riental. &i. !ultid(o de CaDres terra onde n(oh# sen(o ente bo,al/ estúpida/ inorante. Novo %icion#rio Compacto da 6=nua Portuuesa (dir)Ant$nio de !orais e )ilva/ 6isboa/ 0ditorial ConDluncia/ @XX/ p. RR. 5Qa no,(o dos CaDres hea mais barba/ que h# no mundo/ porque nem ador(o a %eos/ nem tem =dolos a que adorem/ nemimaens/ nem templos/ nem vis(o de sacriD=cios/ nem menos tem ministros dedicados ao cultodivino/ cousa que toda a na,(o te/ pelo instinto natural/ que os moue relii(o/ culto sarado/ principalmente tendo noticias da outra vida/ como estes CaDres tem/ assim diDDicilmenteconvertem/ nem aceitam a lei de christo que muitas ve+es ensinamos preamos. )antos I@S/ p. @L.

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e$acuados pessoas não combatentes< 1tribui-se a isto e ao insucesso militar o le$antamento do

cerco ao .im de dois mesesA< *s holandeses propuseram o resate da povoa,(o/ o que n(o

Doi aceite/ e ent(o incendiaram-na toda/ destru=ram os palmares/ cortaram as #rvores. &oi

em J de !aio de @S. Na manh( seuinte os holandeses reembarcam/ mas s$ dei?aram

o porto/ debai?o de Doo/ em @.

*s pre3u=+os Doram considerados totais. As mais quei?osas Doram naturalmente as

mulheres 5#ue $iram #ueimadas e destru8das as casas em #ue nasceram as .ortale@as de

#ue $i$iam e tinam &ran;eado para dotes de suas .ilas< oram toda$ia os moradores

cobrindo lo&o al&umas paredes #ue escaparam com madeiras e outros materiais da

erra irme #ue les .e@ boa $i@inança tanto na pa@ como na &uerra<;

*s holandeses haviam/ por"m/ ido apenas buscar mantimentos s ilhas do Endico e

voltaram. 0ntretanto chearam as naus do 7eino que socorreram !o,ambique/ arrasaramo Convento de ). %ominos e a 0rmida de ). Gabriel/ taparam as cicatri+es da uerra no

campo Dronteiro pra,a. Presentes as naus portuuesas/ os holandeses 3# n(o entraram/ e

 partiram para a Endia. A conquista de !o,ambique Da+ia parte de um plano.

 No ano seuinte viria outra armada para uarnecer convenientemente a Dortale+a

conquistada. 0 veio. Era2 * %aus co2 *,/ 4o2e%s? ca%4Les? .,. ducados

gastos. A espionaem portuuesa que tinha sabido na Holanda dos preparativos de @J/

e disso avisara por terra o 2ice-7ei da Endia/ quer por sua ve+ aviou !o,ambique soube

tamb"m dos preparativos da armada de @S/ e deu iual aviso Endia. Por isso a 5nossa

Drota; que vinha da Endia n(o Doi Da+er auada ilha de )anta Helena/ e n(o Doi apanhada.

%i+ a mesma Donte que “$aleu-nos” a pouca combatibilidade olandesa o #ue lo&o

constou por al&umas deserç*es dos seus #ue ali"s les deram a@o a al&umas barbaridades

como .oi a de arcabu@arem prisioneiros portu&ueses #ue tinam tomado nas naus apresadas

 por#ue >< Este$am se recusou a entre&ar os olandeses .ora&idos #ue di@iam tC-lo .eito por 

 serem catBlicosA5.;

0ntretanto apareceu o ale(o portuus  Iom Lesus  vindo do 7eino/ cento esessenta pessoas a bordo/ uarnecido por aleos/ que n(o combateram e se renderam. *s

holandeses tentaram troc#-los pelos seus desertores/ sob a amea,a de os matarem. %.

0stv(o de Ata=de voltou a n(o transiir/ com rande escVndalo da uarni,(o sitiada. *

J %estaque meuJK )obre a hist$ria da recusa na entrea dos trs Doraidos holandeses v. Noronha/ s<ano/ pp.J-X. 

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almirante holands resolveu/ por"m/ poupar-lhes as vidas e levantar o cerco. 0stava-se a

@X de Aosto de @S. Nesse dia ardeu novamente a povoa,(o/ isto "/ 5tudo o #ue a ila

escapou no incCndio passado não aparecendo em toda ela mais #ue pB e cin@a ;. Pela

calada da noite reembarcaram os holandeses que adiante dei?aram os prisioneiros na ilha

de ). >oreJ. 5/om a partida dos inimi&os $oltaram os cansados moradores a reedi.icar 

a po$oação pobre e mal a&asalados;.

Uma terceira e última hist$ria da invas(o holandesa "-nos contada por )antos I@SL e "/

no meu Dranco entender/ aquela que est# mais pr$?ima da verdade Ise bem que em

 passado hist$rico t(o distante/ n(o h# verdades absolutasL.

%i+ a Donte o seuinte4 5 Aos 29 de Março do anno do Senhor de 1607 chegarão ao porto de

 Moçambi!e oito na!s de "olandeses77   (estando nella por capitão >om EstC$ão de 1ta8de

 .idal&o muP nobre) com cu;a $ista os moradores da ila se acabarão de recoler na .ortale@a por#ue ;" se começauão a recoler por terem aui@o da 'ndia da ida destas naos? Q por essa

cau@a tinão ;" metido nela a principal .a@enda dinePro peças Q mouel de suas ca@as os

 !olandes ao ce&arem F porta da ila lançarão bandeira de &uerra ;untamente lançarão

muPtas lances ao mar #ue tra@ião dentro nas nãos<”(p< 66)<

 N(o se compreende como " que a Endia sabendo do plano holands para invadir

Dortale+a n(o tomou/ ela mesma/ ou o Governo Central/ em 6isboa/ medidas adequadas/ e

 permitir que a Drota holandesa invadisse aquele espa,o portuus/ que " a ilha de !o,ambique.

A mesma Donte acrescenta o seuinte 4

5 Do dia se&uinte #ue .oP sabbado tanto #ue a mar começou a encer se leuou a nao

capitaina Q as mais apo@ ella Q todas in.iadas ua detr"s da outra .orao entrando polla barra

da ila de Moçambi#ue com tanta ousadia como se não ouuesse alli .ortale@a sendo ella ua

das mais .ortes da 'ndia Q ;u&ando ella nestes tempo com muPta Q &rossa artelaria #ue tem

de #ue os inimi&os receberão muPto danno< >omin&o se&uinte pella mana deitarão em terra

#uinentos mol#ueteiros  Q .orão senores della por causa por causa da &ente da .ortale@a ser então pouca em comparacao dos inimi&os #ue não era bastante pCra le de.ender #ue não

J partida percebe-se que os holandeses/ encontrando diDiculdades por via das armas/ pretendiam anhar a uerra com base no eDeito psicol$ico sobre o advers#rio/ mas tamb"m pelocansa,o/ atendendo o lono per=odo que os cercos duravam. A popula,(o da ilha/ tal como se lem destaque/ tamb"m colaborou para que a invas(o holandesa Dosse um Dracasso.JJ %estaque meu.

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desembarcasse por#ue nesse tempo não auia na .ortale@a mais #ue +5 omes etre $elos Q

moços ;

Parece haver unanimidade entre as Dontes num ponto4 a uarni,(o da Dortale+a

estava muito lone do número real para o qual ela podia alberar Icerca de mil a mil e

 picos homensL. As ra+es 3# aqui as enumerei. Precisava-se de homens IsoldadosL/ para

Da+er Dace as constantes instabilidades e contendas com os povos vi+inhos/ para quem a

 presen,a portuuesa na rei(o era um alvo a abater. Aluns povos aut$ctones/ sob

inDluncia #rabe/ impuseram durante d"cadas resistncia coloni+a,(o. !as tamb"m/ a

enDermidade que apreoava os povos da ilha/ incluindo/ claro/ os portuueses/ obriava a

que os soldados portuueses reressassem rapidamente a Portual enDermos.

!ais a hist$ria continua. *cupada Dortale+a os holandeses Di+eram do Convento

de ). %ominos seu 5quartel eneral;. A estrat"ia portuuesa consistia no seuinte4“$endo #ue le .icaua dalli a bateria lon&e começarão a .a@er $alles Q trinceiras do con$ento

at a ermida de ,< Gabriel Q dai outras at ;unto F .ortale@a? onde armarão trCs balluartes co

 .acças Q pipas ceos de terra tão .ortes como de pedra Q calJ Q nellas pu@eram noue peças d 

0artelaria com tanta pressa #ue cada dia le tirauão de oitenta #ue as para cimaJ entre as

#uais um /anão muP &rande Q dous arrataes com o #ual .i@erao muPto danno na .ortale@a<

 Destes cobates .oram continuando por espaço de dous meses #ue a tiuerão do cerco< E a de.esa

dos portu&ueses .oi de .a@er &randes lumin"rias de alcatrão ardendo em caldePras postas em

asteas compridas sobre o muro de modo #ue alluminauão o campo circustante F .ortale@a? por onde os olandeses não on@auão ce&ar perto della por não sere $isto dos nossos #ue $i&iauao

 por cima dos muros Q mortos a espin&ardas< >e manePra #ue os +5 omes #ue auia dentro da

 .ortele@a sempre leuarao a melor dos inimi&os  #ue era dous mil omes pouco mais ou menos

Q sempre le .i@erao suas macinas Q $ierao a tellos em tão pouca conta #ue sairão ua noPte

de .ort@le@a $inte omes Q derao sobre rellas Q matarão muPtos sem al&um dos nossos

 peri&ar? Q pollo discurso do tempo #ue durou este cerco .orão mortos dos inimi&os tre@entos Q

dos nossos somente dous portu&uesesA2 <; I'bid./ p.@L.

A pretens(o dos holandeses IinvasoresL era/ acima de tudo/ ocupar a &ortale+a de). )ebasti(o. Uma ve+ ocupada a Dortale+a/ os holandeses teriam/ diamos/ o controle de

toda a ilha e/ qui,#/ a 5Carreira da EndiaJX;. 0m termos pr#ticos/ os holandeses tomariam

JS )obre a vit$ria dos soldados portuueses e para saber mais/ vide 5 Mapa de artelaria; emane?o.JX A 5carreira;/ a lia,(o anual mar=tima entre 6isboa e Goa/ e vice-versa/ que se iniciou looap$s os 5descobrimentos; do caminho mar=timo para a Endia/ por 2asco da Gama/ em @XJ 1

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de assalto todo o monop$lio portuus nas rotas de especiarias indianas. * que seria/

obviamente/ um atentado econ$mico de propor,es muito dr#sticas para Portual.

)antos I@SL di+ que4

“$endo os inimi&os o pouco .ruPto #ue tinão .eito em tão continua &uerra Q a muPta

 &ente #ue os da .ortale@a le tinão morto? Q tambm por se temerem #ue poderiao ir nossas

nãos deste RePno a#uelle porto (como tem de custume) sem poderem .u&ir tornarão a embarcar 

toda a sua artilaria Q #uerendo se partir .i@erao ua carta ao capitão da .ortale@a em #ue le

diao se #ueria res&atar as i&re;as ca@as Q plamares da ila Q #uintas da terra #ue .ossem

dous omes da .ortale@a tratar disso por terra Q abra@ar com .o&o<” 1 isto .oP respondido #ue

nenum concerto ne res&ate #ueria co elles mais #ue &uerra< O #ue $isto pellos olandeses

como desa.io e puseram lo&o .o&o a toda a cidade co tão &rande incCndio de alcatrão #ue não

 .icu ca.a nem i&ra;a em p< 1llm disso cortaram todos palmare #ue auia na ila #ue erao

muPtos 27< E leuarao u &aleoto do capitãoda .ortale@a #ue tina $indo do /abo das correntes<

 >e manePra #ue todos .oP &eral a perda estimada em mais de cem mil cru@ados< Ip. @L.

0 a mesma Donte conclui o seuinte4

5 >a#ui se .orao os !olandeses Fs ilas do /omoro #ue estao setenta le&oas desta de Moçambi#ue buscar mantimentos cmo depois se soube< Os !olandeses $oltaram a ila de

 Moçambi#ue a cinco de 1&osto e lancarao ancora no .or&idouro #ue est" da ila de ,< Lor&e

 pCra dentro em cu;a ce&ada se tornou a recoler a &ente da ila de Moçambi#ue dentro na

 .ortale@a? Q >< !ieronimo com a sua se .oP pCra as nãos Q assim us como os outros se .i@erao

em orde de pelle;ar com os !olandeses se #uisessem entrar no canal de Moçambi#ueJ o #ue

elles não ou@arao .a@er ante se dei:arão estar no mesmo posto Q dai .i@erao al&umas sa8das

@XX/ veio a ser desinada por 5carreira da Endia;. Geralmente/ o nW de navios da viaem de ida

era em cada ano superior ao daquele que Da+iam o retorno/ e compreende-se porqu4 alumas dasembarca,es que se diriiam Endia iam destinadas a misses de Discali+a,(o ou de uerra adesempenhar no *riente/ e/ por via de rera/ s$ retornavam ao porto de 6isboa os navios com acara de especiarias. Novo %icion#rio Compacto da 6=nua Portuuesa/ (dir) Ant$nio de !oraise )ilva/ vol. '/ 6isboa/ 0ditorial ConDluncia/ @XX/ p. .S Tamb"m )antos enDati+a que Doram os holandeses a incendiarem a ilha/ e n(o os portuuesescomo atesta o coment#rio de 6obato I3# descrito acimaL. Tamb"m/ neste trecho/ Dicamos a saberque os palmares que a ilha Ivide planta W de Pedro Barreto de 7esendeL Doi consumido por esseincendio. :uem ho3e visitar a ilha/ poder# constar este e outros Dactos aqui descritos.

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em suas lances Q de ua se encontrauao com os nossos bateis Q pelle;arao Fs moi#uetadas

at .u&irem pCra as suas nãos< Outra $e@ sairão Q desebarcando na terra .irme tomarão um

 Mouro da ila Q souberao delle como >om !ieronimo tina douis mil omes de pelle;o pella

#ual ra@ão lo&o se resol$erão em ir pCra a 'ndia como .i@erao Q sairão do porto de

 Moçambi#ue aos 3N de 1&osto< Ip. @@L.

Portanto/ como se pode observar/ a vers(o de )antos " totalmente diDerente a de 6obato e

de Noronha/ embora comunuem todos num aspecto Dulcral4 a vitoria portuuesa Doi

anha com poucos e valentes soldados/ contra um verdadeiro e?"rcito holands. %e todas

as tentativas de ocupa,(o holandesa &ortale+a de ). )ebasti(o/ Portual levou sempre

vantaem no campo militar. 0nquanto que 6obato e Noronha Dalam de um trVnsDua/ de

 bebedeiras das tropas holandesas/ do resate e dos incndio Ium primeiro incndio posto

sobre a povoa,(o e outro na dita Dortale+aL )antos pormenori+a a uerra/ a artilharia/ as

 perdas humanas e materiais/ a t#ctica e t"cnica usada pelas duas Dor,as/ do avan,o e recuo

das duas tropas/ da lo=stica/ dos números/ enDim/ Da+ uma narra,(o mais coesa/

ob3ectiva/ relativamente independente e menos sensacionalista/ mas sobretudo " o Dactor 

da data,(o que vai merecer no autor uma aten,(o especial. 0nDim/ s(o no Dundo/ trs

hist$rias diDerentes/ cada uma com a sua importVncia e conte?to/ mas absolutamente

indispens#veis no processo de ensino e aprendi+aem. 

&inalmente/ 6obato I@XJ/ s<pL aDirma que a última descri,(o da Dortale+a como

estabelecimento militar Ia penúltima Dora em @S@/ quando os Dranceses pensaram tomar 

!o,ambiqueL/ por sinal do ano e?acto em que pela última ve+ esteve em p" de uerra

com viias dobradas e as muni,es boca das pe,as/ a todo o momento espera que os

rabes de !ascate viessem tentar conquistar a pra,a/ di+ o seuinte4

“Guarda boca deste canal uma ortale@a de boa cantaria .eita F anti&a na ponta do

nordeste da 4la de.endendo e prote&endo as duas barras &rande e pe#uena cobrindo e

dominando toda a /idade< = edi.icada em pedra $i$a com muralas dobradas da .eição de um

#uadrado re&ular com #uatro baluartes olando dois para o mar sendo $i&ia e de.esa dos

inimi&os por a#uela parte e os outros dominando a terra at o cabo da 4laJ os do mar um

deles camado de Dossa ,enora tem cada um deles uma bateria #ue ;o&a ao lume de "&ua e

#uase se não perde tiro por#ue os na$ios a$endo de entrar por uma &ar&anta #ue ali .a@ o mar 

entre elas e o banco da /abeceira ou ão-de passar cosidos com as muralas dando costado Fs

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balas ou nau.ra&ar no barco< oda esta .ortale@a est" pro$ida de muita e mui boa artilaria e

 &uarnição de soldados competentes2+<” (idem)<

A leitura do trecho permite concluir que os Dranceses tamb"m estavam dispostos a

atacar e conquistar a ilha/ mas o poderio militar da &ortale+a de ). )ebasti(o/ duma ou

doutra maneira/ teria desencora3ado a materiali+a,(o deste plano.

Cap@tu)o II

II.* - Cape)a de Nossa Se%4ora do Ba)uarte

A Capela de Nossa )enhora do Baluarte Doi constru=do loo a seuir ao baluarte de ).

Gabriel ou 5orre Vela;/ como aluns estudiosos lhe chamam/ e at" percebe-se perDeitamente porqu. Porque uma ve+ constru=do o baluarte de ). Gabriel I@KJL/ com

intuito de deDesa/ o passo a seuir seria/ na minha opini(o/ a constru,(o de um centro

reliioso para Dins de culto/ mobili+a,(o e submiss(o/ se necess#rio Dosse/ dos povos

aut$ctones da ilha.

&oi o que se sucedeu com a constru,(o da Cap. de Nossa )enhora do Baluarte em

@K/ sob prete?to de deDesa entrada de nau inimia ao canal da ilha. Nas linhas que se

seuem/ Dalarei da constru,(o e da importVncia da Cap. de Nossa )enhora do Baluarte ao

lono do per=odo cronol$ico em reDerncia/ mais tarde viria a ser reneada ao seundo

 plano pelas autoridades coloniais portuuesas/ n(o s$ em consequncia da e?puls(o dos

 3esu=tas/ mas tamb"m porque a &ortale+a de ). )ebasti(o 5roubo-lhe; espa,o.

S@ Capit(o-General Favier Botelho I@SK-@SXL.

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A Dunda,(o da Cap. de Nossa )enhora do Baluarte data de @K " tida como o

único e?emplar de arquitectura manuelina e?istente no 0stado de !o,ambique. &oi

constru=da num espor(o da ilha/ e s$ tem acesso pelo interior da &ortale+a de ).

)ebasti(o. )eria/ ali#s/ 3# essa/ a disposi,(o da capelaS. A mesma Donte aDirma que 5a

capela edi.icada sobre o baluarte mais anti&o na ponte e:terior da ortale@a de ,< ,ebastião .oi

constru8da em +533< Em estilo medie$al cl"ssico portu&uCs o Manuelino2    com abobada

cru@adas pro$a$elmente o edi.8cio mais anti&o preser$ado em Moçambi#ue;. 0 acrescenta4

5 1 capela - Manuelina $ale como um s8mbolo e .oi durante sculos a roma&em de todos #ue

ce&a$am desde os &rumetes e os soldados aos /apitães-Generais e Vice Reis< em a /apela

 pe#uenas dimens*es paredes de &rande espessura cobertura abobadada rematando um dos

 .ecos com a cru@ de /risto ladeada de #uatro es.eras.;

6obato I@XJ/ s<pL concorda com 6ima e enDati+a que a Cap. de Nossa )enhora do

Baluarte " o mais poderoso monumento de toda a prov=ncia por ser o mais antio/ e al"m

disso o único e?emplar de arquitectura manuelina abobadada que nela e?iste. %ata de

@K e Doi constru=do num espor(o da ilha que Dicou depois inacess=vel pela constru,(o

da Dortale+a. )$ por dentro desta se atine a capela.

* construtor Doi %. Pedro de Castro/ e pode-se ler o seuinte4 5outros #ue ali

in$erna$am .a@endo uma casa de Dossa ,enora #ue se cama do Ialuarte.  Ela de pe#uena dimens*es paredes &rossas uma pe#uenina sacristia de abBbada rom9nica um

S 2. 6ima I@XSRL in &rei >o(o dos )antos/ @XSR/ p. [email protected] Arte arquitect$nica/ interada na Dase Dinal do G$tico/ onde se denotam caracter=sticas liadas e?pans(o mar=tima portuuesa. A desina,(o ̀ arquitectura manuelina` Doi criada por &rancisco2arnhaen/ ao descortinar uma unidade Dormal nas obras reali+adas ao tempo de %. !anuel '/conotadas com o per=odo de e?pans(o mar=tima e imbu=das de e?traordin#rio e?otismo.&acilmente se criou o mito da inDluncia oriental/ embora a partir da publica,(o do opúsculo de>oaquim de 2asconcelos I@SSKL ] %a Architectura !anuelina` tenha surido uma corrente quenea qualquer triunDo de oriinalidade ao estilo/ uma ve+ que se inseria numa cadeia internacional

de Den$menos idnticos4 hispano-Dlameno $tico Dinal Drancs e alem(o/ etc. * !anuelino n(o passava ent(o da Dase Dinal do estilo G$tico interado nas correntes europeias. A arquitecturamanuelina " Druto de um s"rie de variantes4 por um lado/ a continuidade da arte quatrocentistainserida nas correntes internacionais do G$tico por outro/ a introdu,(o de modos europeusdistintos IinDluncia inlesa incorpora,(o do ornato mud"3ar tipoloias mediterrVnicas e do Norte da 0uropa pitoresco espanholL. A envolver o con3unto de modo alo impositivo/ autili+a,(o da her#ldica manuelina/ omnipresente a n=vel decorativo. 0mbora n(o se possa Dalar propriamente de um estilo/ estamos perante uma liberdade criativa sinular que caracteri+ou ae?press(o portuuesa do $tico tardio.; http4<<\\\.inDopedia.pt<manuelino IR<<@L.

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 pesado alpendre tão &rande como toda a capela e possi$elmente al&o posterior por ser 

a capela demasiado pe#uena e para se conse&uir espaço para no$as sepulturas.;

Contrariamente a &ortale+a de ). )ebasti(o/ n(o restam dúvidas que Doi %. Pedro

de Castro quem construiu a Cap. de Nossa )enhora do Baluarte/ em @K. *s Dins para as

quais Doi constru=do tamb"m encontra unanimidade entre as Dontes/ por um lado/ h# os

que remetem para a deDesa do canal que d# acesso ao porto/ ou se3a/ a barra antes que se

Di+esse Dortale+a por outro lado/ a sua constru,(o tinha a ver com Dins reliiosos de que

6obato I@XJ/ s<pL Da+ quest(o de real,ar o seuinte4  “.ora da ortale@a de Moçambi#ue na

 ponta da 4la est" uma ermida da in$ocação de Dossa ,enora do Ialuarte o #ual nome le

 puseram respeito de ser a mesma i&re;a anti&amente um baluarte onde esta$a a artilaria para

de.ender a barra antes #ue se .i@esse a .ortale@aJ a #ual i&re;a de muita roma&em não

 somente dos moradores da terra mas tambm dos mareantes #ue na$e&am por estas costas

assim de %ortu&al como da 8ndia2<” 

&inalmente/ a p#ina monumentos.pt I<@<@L concorda com 6obato quando

di+ que a ermida " de estilo manuelino/ com uma ab$bada imperDeita de dois Dechos/

creditada possivelmente ine?perincia dos construtores. Na sua constru,(o Doram

empreadas cantaria e elementos decorativos tra+idos do 7eino/ certamente destinados

Endia. &oi eruida sobre uma estrutura 3# e?istente no local/ uma bateria de artilharia/ o

que conDeriu caracter=sticas pouco comuns ao ediD=cio. 7ecebeu posteriormente/ acredita-

se que durante o s"culo F2''/ um alpendre como o das ire3as portuuesas da Endia.

Actualmente encontra-se dentro do per=metro da &ortale+a de )(o )ebasti(o.

S !em$ria estat=stica sobre os %om=nios Portuueses na Drica *riental/ por )ebasti(o FavierBotelho. Cita,(o de &rei >o(o dos )antos.

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II. - Descri58o

A Capela de Nossa )enhora do Baluarte tem na parte da Drente uma porta e duas 3anelas

com os precisos ornatos e emblemas manuelinos/ que pela pedra Doram lavrados no

7eino. A pia baptismal " Dora/ sob o alpendre. Tem um único altar e alumas curiosas

Drestas bai?as/ como seteiras/ h# uns vinte anos respostas a descoberto. * Dundo s(o trs

Daces de um oct$ono. * tecto " de abobada de dois Dechos com oito nervuras que

assentam em m=sulasSK nas paredes e rematam nos Dechos/ um deles uma Cru+ de Cristo

SK Uma 2@su)a " um ornato que ressai de uma superD=cie/ eralmente vertical/ e que serve parasustentar um arco de ab$bada/ uma corni3a/ Diura/ busto/ vaso. !uito usado em estruturas de

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ladeada de quatro esDeras e envolvidas em anel de cordame/ o outro/ mais simples/ apenas

um anel encordoado.

A abobada " irreular/ e rudimentar. Pela pequene+ do tempo poderia a ab$bada

ter um Decho único e o tecto uma conDiura,(o mais reular. A e?plica,(o que

tecnicamente possa ter o enima da abobada determinar# se as nervuras Doram lavradas

no local por carpinteiros que Di+essem parte do rupo de mareantes construtores/ ou

vierem 3# lavradas da !etr$poles/ em Dramentos destinados eventual constru,(o de

capelas/ e em virtude de n(o corresponder a constru,(o a qualquer pro3ecto tiveram de ser 

estruturadas com dois Dechos no assentamento.

 Nas paredes est(o duas sepulturas/ uma de cada lado do altar/ ambas do s"culo

F2'. No ch(o est(o mais alumas inscri,es do mesmo s"culo e outra do s"culo F2'''.

 No adro h# sepulturas dos s"culos F2''/ F2''' e F'F. É tudo ente not#vel/ como

)enhoras/ um Bispo/ um 2ice-7ei/ Capit(es e Governadores/ e Governadores-Gerais mais

modernos. 0?cepto as das paredes/ e as do s"culo F'F/ nenhuma das outras inscri,es

est# nos locais primitivos e alumas vieram de outros templos. Na sacristia minúscula

est(o provisoriamente avulsas alumas la3es encontradas em obras diversas/ pela cidade.

Possui ainda a cimalha de Dolhas estili+adas com um alistamento de bolas/ o arco/ os

canhes e carneiros dos alero+es/ as escadas/ as abobadas. 6obato I@XJ/ s<pL.

A descri,(o de Cid I@XX/ p. @@L " perDeita e n(o dei?a marem para dúvida que

estamos perante uma obra-prima de requinte. %escreve da seuinte maneira o baluarte4

“Os lanços de muro #ue corem de baluarte a baluarte os mais compridos #ue são do

baluarte ,am Loão at Dossa ,enora do Ialuarte e do de Gabriel at o de ,ancto 1ntBnio são

de sincroenta braços a.ora os mesmos baluartes #ue cada um por ssP e ua praça assP na

dita .orma de trian&ulo onde poderão caber mais de cem omens descubertos por sima em parte so se tem cuberta al&ua artelaria mas não toda com #ue apodrecem os repairos das

artilaria #ue nelles esta< Os outros dous lanços de muro do baluarte ,am Loão at o de ,ão

Gabriel e do baluarte da Dossa ,enora at o de ,ancto 1ntBnio tem de cumprimento trinta e

trCs braços a.ora os ditos baluartes< O interior da .ortale@a i&ualmente bem distribu8do .a@ na

 bet(o/ na constru,(o civil.

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entrada um recinto ou praça de .i&ura #uadrada com uma &rande cisterna ao centro e a um lado

a$ia a i&re;a de ,< ,ebastião " pouco demolida #ue parB#uia de todos os militares e #ue

con$m reedi.icar em outro sitio #ue " a8 mui asado para este e.eito .icando a praça mais

 .ormosa e desembaraçada2N <;

* e?tenso baluarte raso de Nossa )enhora montava ultimamente @ pe,as/ e

apenas K em @JKS. * municionamento era Deito pelo paiol do baluarte a cavaleiro/ que

e?plodiu em @XR/ Dicando completamente destru=do. A capela/ por"m/ nada soDreu. As

 paredes do baluarte Doram depois simplesmente levantadas/ n(o se tendo completado o

interior nem Deito a cobertura para nele instalar de novo a casa da p$lvora/ Dicando

sempre va+io. &oram tapadas a pedra e cimento alumas cavernas proDundas abertas pelo

mar no coral que Dorma todo este espor(o da ilha/ de modo a preservar a capela. 6obato

I@XJ/ s<pL

II. I2port%cia re)igiosa

*s trabalhos/ perios e anustias das desconDort#veis e muitas ve+es tormentosas viaens

da "poca/ levaram os via3antes cheados a !o,ambique a ir Capela do Baluarte e

aradecer o salvamento 2irem. *rani+avam-se procisses de louvor/ cumpriam-se

 promessas Deitas com a morte diante dos olhos.

S Cita,(o e?tra=da do 5%icion#rio dos Arquitectos/ 0nenheiros e Construtores Portuueses;/vol. '/ s<ed./@XSS/ p. @K-@KJ de )ousa 2iterbo.

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* Padre Go%5a)o da Si)veira/ escreveu/ por e?emplo/ vindo de Goa a caminho de

'nhambane o seuinte4

 

5 Estamos em Moçambi#ue me ocupei em al&umas con.iss*es de omens &rossos #ue

morriam deles da arribada deles de c"< De&oceei por nossa empresa uma procissão com as

rel8#uias das On@e Mil Vir&ens #ue a#ui dei e umas $esporas calmas .rios e sedes nas serras

$ales e barrancos e .inalmente por tudo a#uilo #ue se pode ima&inar contr"rio medono

 pesado triste peri&osos &rande mau desditoso ima&em da morte cruel onde tantos omens

mancebos ri;os e robustos acabaram seus dias dei:ando os ossos insepultos pelos campos e as

carnes sepultadas em alim"rias e a$es pere&rinas e com suas mortes a tantos pais e irmãos a

tantos parentes a tantas muleres e .ilos cobertos de luto neste reino .;

0 h# um outro documento hist$rico da mesma oriem que di+ o seuinte4

5/e&"mos primeiro  #ue todas as naus< ,ur&imos uma l&ua de Moçambi#ue por ser 

assim necess"rio e a#ui dormimos esta noite< 1o dia se&uinte pola manã me pediram todos os

da nau .osse a terra no es#ui.e da nau e #ue pCra isso nos dariam &ente e marineiros #ue nos

le$assem se&uramente pCra #ue em começando a nau a dar F $ela começasse a di@er missa em

 Dossa ,enora do Ialuarte por ela a #ual esta$a de.ronte da nau< /riou-se uma tradição e os

#ue ce&a$am com boa ou m" $ia&em iam todos em roma&em com os da terra render &raças na

 pe#uena capela< 4am da praia todos ;untos lo&o dali com a mais &ente da nau e da terra em

 procissão a Dossa ,enora do Ialuarte a dar-le &raças da ce&ada ale&ando-se todos com

inos e cantos de lou$or di$ino.SJ ;

0stamos perante dois trechos do mesmo documento. * primeiro " o relato do padre

Gon,alo da )ilveira que durante o seu sacerd$cio aDirma ter ouvido conDisses de homens

rossos Ida ilhaL enDermos de cu3a doen,a os condi+ia morte. %i+ ter visto uma situa,(o

avessa ao bem-estar social/ ou se3a/ medonha/ em que os corpos dos homens mortos

 3a+iam sobre os campos para a 5delicia; dos abutres. 2endo isso/ neociou a prociss(o de

rel=quias das *n+e !il 2irens/ provavelmente para quem quisesse e pudesse Ios

escravos n(o tinham qualquer direitoL encontrasse nelas a salva,(o. 0ra tamb"m/ no

Dundo/ a salva,(o do tecido social. * seundo trecho retrata louvores que os homens

SJ  4n >oseph ich/ vol. ''/ 7oma/ @XK/ p. @ 1 A.N.T.T.

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Da+iam/ depois ou quando quisessem via3ar/ correndo bem ou mal a viaem/ o ritual

reliioso Doi sempre uma tradi,(o constante a ter em conta. 0 Cap. de Nossa )enhora do

Baluarte Doi durante laros anos/ tal como se l/ palco de muitos desses louvores e ra,as

de %eus.

0 a perunta que se coloca "4 teriam os escravos acesso Cap. de Nossa )enhora

do BaluarteM A resposta 3# Doi dada acima 1 N(o[ N(o h# nenhum reisto documental de

que os escravos teriam acesso ao culto na capela. Por"m/ a 5instru,(o; reliiosa aos

 povos da ilha era Deita em misses apropriadas para o eDeito. * 5estatuto de escravo; n(o

outorava quem a tivesse IneroL a nenhum direito iual ou superior a dos brancos/ como

" $bvio/ muito menos para a ocupa,(o de caros reliiosos[

Tamb"m n(o est# documentado em nenhuma Donte consultada/ mas " prov#vel

que com a evolu,(o do tempo/ as outras inDra-estruturas reliiosas/ nomeadamente as

Capelas de ). Paulo/ )tW Ant$nio e ). &rancisco as 're3as da )aúde/ !iseric$rdiaSS e de

). )ebasti(o e o Convento de ). %ominos/ poder(o ter recebido neros no seu interior 

 para ora,(oSX. É uma hip$tese[ 0sta hip$tese " baseada num relato de Ant$nio Boccaro/

com o seuinte teor4

 5 1lm destas 4&re;as " na dita po$oação outra camada a MisericBrdia #ue os casados sustentam com um capelão e toda a mais ."brica onde e:ercitam as obras de misericBrdia com

muita caridadeJ nestas casa se a;untam os moradores e casados desta po$oação para tratarem

al&um particular do bem comum por#ue como não tCm casa de Vereação (por#ue em tão

 pe#ueno po$o parece-les não necess"rio) na dita casa se a;untam ou pCra a$isarem ao Viso-

 Rei se a matria o pede e ali se .a@em os almotacs67<”

SS É o único templo que crist(o em que se praticava diariamente o culto. 'dem.SX >escrição dos Estabelecimentos Reli&iosos da /idade de Moçambi#ue e:traida d0ummanuscrito do Iispo de ,< om e %relado de Moçambi#ue >< r< Iartolomeu dos M"rtires em+233 com notas do 1utor do 1lmanack in 1lmanack /i$il Ecclesi"stico !istBrico- 1dministrati$o da %ro$8ncia de Moçambi#ue para o anno de +256por L< V< Gama Moçambi#ue 4mprensa Dacional +256/ p. @X e ses.X 2ias de )ucess(o e Carta do 2ice-7ei !iseric$rdia de !o,ambique/ de @/ in Boletim da&ilmoteca Ultramarina Portuuesa/ nW / 6isboa/ @XK/ pas. SK-S.

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A Donte n(o especiDica/ por"m/ se esses moradores e casados da povoa,(o s(o

ind=enas ou simplesmente pessoas da mesma cor Ibranca ou neraL ou ainda/ se havia

uma misciena,(o de pessoas de ra,as e cores diDerentes[ 0st# documentado a e?istncia

dum alpendre/ desde @K pelo menos/ na seuinte passaem duma carta do Pe. %.

Gon,alo da )ilveira/ escrita de !o,ambique em @ de &evereiro de @K ?

“<<<me desembar#uei num pan&aio com dois cristão de %antalião de ," e me .ui a Dossa

,enora do Ialuarte< E por#ue por certa ocasião se nos molaram as botas e ao omem #ue ia

comi&o descalç"mos e est"$amos .ora depois de .a@er oração a Dossa ,enora no alpendre

tomando .Wle&o descalços e os ps tais #ue;andos< Disto ce&a rancisco Iarreto #ue me $ina

$er 6+<<<”<

 Num outro documento/ ainda em torno da importVncia reliiosa da capela/( 6obato/ @XJ/ s<pL in avier Bote)4o escreveu o seuinte4

#... " no baluarte camado de Dossa ,enora uma Ermida com uma de$ota ima&em

cu;o culto mantido pela piedade de uma con.raria de #ue costumam ser ;u8@es os o.iciais

 superiores da &uarnição e de #ue todos os outros são irmãos . 1 esta Ermida se encaminam os

/apitães-Generais lo&o #ue na , Matri@ acaba a /9mara de les dar posse do Go$erno e ali

recebem o bastão de General #ue est" depositado nas mãos da ,enora donde o trans.ere o

 Iispo >iocesano ou #uem .a@ as suas $e@es para as do General repondo-o outra $e@ no mesmo

 santo depBsito< Este acto con.ira a posse do General no Go$erno da ortale@a pela #ual 

 prestara ;uramento de preito e omena&em nas mãos d El-Rei<<<”

%i+ o te?to acima que a capela era um luar sarado em que conDeria posse aos

membros do Governo Iadministra,(o localL. 'sto atesta que o poder pol=tico estava

intrinsecamente liado relii(o. )en(o ve3amos um outro te?to do mesmo autor com o

seuinte teor4 5 >isse #ue a pe#uena capela da Dossa ,enora do Ialuarte desempenou

 papel de consideração durante sculos< %ro$am-no as lousas #ue ali cobrem os restos

mortais de pessoas ilustres< Era ali #ue os capitães-mores e &o$ernadores iam

completar o in$estimento do seu alto car&o< >epois da cerimonia no pal"cio de ,< %aulo

e na ane:a capela diri&ia-se a numerosa e lu@ida comiti$a para a .ortale@a e entra$am

os #ue l" cabiam.;

X@ >oseph ichi Ivol. '2/ 7oma/ @XK/ p. KRR

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Completamente esquecida/ Doi outrora a Capela de Nossa )enhora do Baluarte o

melhor que h# em toda a Drica portuuesa4 “Visit"mos primeiro a Dossa ,enora do

 Ialuarte a #ual se $Cs de mui lon&eJ a melor casa e i&re;a na terra tem 63”< e o mais

importante e visitado templo da ilha/ romaem obriat$ria de todos que cheavam ou

 passavam/ os que tinham acabado o pesadelo da viaem para come,ar ali o das Debres/ e

os que iam continu#-la pelos escolhos do Endico merc de %eus.

As lonas procisses lentas e cantadas/ cruciDi?os/ imaens e pendes ao alto/ o

sol de chapa/ as litanias no ar ao som de sacabu?os/ trombetas e charamelas/ estendiam-se

da praia capela uiadas pelos sacerdotes que levavam consio aos sermos os Didalos

vistosos de seda e veludos/ os mareantes arridos/ e os p#lidos burueses da terra/

enriquecidos no trato/ consoante os Datos das vistas nos dias solenes.

Perderam-se cento e cinquenta vidas ao despeda,ar-se a nau nauDraada no Cabo/e salvarem-se em 6ouren,o !arques/ trocados por contas ao caDres/ pelo capit(o de um

navio que ali Dora ao resate anual do marDim/ vinte portuueses e trs escravos somente/

de tre+entas e vinte e duas almas que partimos donde a nau deu costa. A mesma Donte

acrescenta que4 “odos .icaram pelo camino e nos lu&ares em #ue esti$emos deles

mortos de di$ersas mortes e desastres e deles cansados deles no po$oado e delas no

deserto se&undo Dosso ,enor era ser$ido6;.

*s sobreviventes chearam a !o,ambique a de Abril de @KKK/ quase um ano

depois do nauDr#io. Por isso/ 5tantos #ue desembarcamos .omos assim ;untos .a@er oração F

i&re;a de ,anto Esp8rito onde a nosso ro&o $eio ter o $i&"rio com os sacerdotes e &ente toda da

 .ortale@a e dali .omos com solene procissão e romaria a Dossa ,enora do Ialuarte< E 

dormindo ali a#uela noite mandamos ao outro cantar a missa #ue t8namos prometida .a@endo

 ;untamente celebrar outros santos sacri.8cios em lou$or e &raças de Dosso ,enor<;

A venera,(o de Nossa )enhora do Baluarte pelos mareantes e passaeiros da Endia

deve-se ao Dacto de ser a capela o único templo da invoca,(o de Nossa )enhora que podia

X Carta do Pe. Gaspar %ias/ ). >./ de Goa/ R de )etembro de @KJ/ in >ocumenta 4ndica Vol<V44 p"&< 32A .

XR  4n !istBria r"&ico Mar8tima compilada por Iernardo Gomes de Irito Do$a

 Edição de >amião %eres Vol< 4 p"&< +72 %orto +6N .

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visitar-se durante a viaem na única escala que a naus Da+iam normalmente de 6isboa

Endia. As vidas no mar corriam tanto risco que o culto mariano era Dervoroso X. I6obato/

@XJ/ s<pL.

 

Co%c)us8o

A elabora,(o deste trabalho permitiu-me aproDundar os conhecimentos at" ent(o

microsc$pica sobre a Hist$ria de !o,ambique4 da ilha de !o,ambique/ mais

concretamente a &ortale+a de )(o )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte.

X )ublinhado meu.

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Um tema vasto/ perple?o sob ponto de vista das Dontes/ interessante pela con3untura e

antiuidade hist$rica.

A primeira conclus(o que se pode tirar deste trabalho/ antes de tudo/ antes mesmo de se

Da+er uma 5autopsia; eral das Dontes/ " que tanto Portual como !o,ambique Ient(o

col$nia portuuesaL Di+eram a hist$ria do !undo durante cerca de K s"culos/ uma

hist$ria/ dita em bom da verdade/ teve como rebento o chamado 5 processo dos

descobrimentos;. 0 " por isso irrevers=vel Dalar da hist$ria do !undo/ sem Dalar da

hist$ria destes dois pa=ses/ que mais n(o tem/ em minha Dranca opini(o/ uma hist$ria

comum.

A crise europeia do s"culo F'2/ instiada por v#rios Dactores/ entre eles destaco a redu,(oda #rea da parcela de terra cultivada por cada Dam=lia camponesa/ o abandono das terras

lim=troDes conquistadas com novos desbravamentos/ sucess(o de intemp"ries e/

consequentemente/ a bai?a produ,(o/ as Domes/ as uerras/ o aumento das tributa,es/ a

crise monet#ria/ a Dalta de m(o-de-obra provocada pela quebra demor#Dica e/ Dinalmente/

a peste nera/ aceleraram o surimento de novas ideias IsociedadeL baseada no

7enascimento e dos 5tempos modernos;/ durante o qual/ e para colmatar as imposi,es

da crise/ os europeus reali+aram intensas e?plora,es oceVnicas do lobo terrestre em

 busca de novas rotas de com"rcio/ para Da+er Dace aos pre3u=+os da crise.

&oi assim que Portual estabeleceu rela,es com Drica e sia/ em busca de uma rota

alternativa para o *riente/ movidos pelo com"rcio de ouro/ prata e especiarias. 0stas

e?plora,es no AtlVntico e =ndico Doram seuidas pelos pa=ses do norte da 0uropa/

&ran,a/ 'nlaterra e Holanda/ que e?ploraram as rotas comerciais portuuesas. &oi

tamb"m assim/ na esteira da viaem e?plorat$ria de 2asco da Gama Endia/ em @XS/

que os portuueses atra=dos Dundamentalmente pelo ouro do reino de !onomotapa/

iniciaram o lono processo de ocupa,(o e domina,(o colonial portuuesa em

!o,ambique/ tendo como ponto de partida a ilha de !o,ambique/ devido a sua

locali+a,(o eo-estrat"ica. &oi Dundamentalmente o ouro que atraiu os portuueses a

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!o,ambique/ pois com ele poderiam comprar as especiarias asi#ticas Icanela/ cravo/

tecidos da Endia/ etc.L/ t(o apreciados na 0uropa.

 No s"culo F2' os portuueses estabelecem-se nesta rei(o Iilha de !o,ambiqueL/ que

Doi sempre considerada estrat"ica na rota do caminho mar=timo para a Endia/ e por ter 

sido um porto seuro navea,(o que se reali+ou no =ndico/ mas tamb"m se deve a

atrac,(o de diDerentes mercadores que ali se Di?aram/ visando o com"rcio do ouro/ do

marDim/ das especiarias e/ muito provavelmente/ de escravos/ ob3ectos de cobi,a e ponto

estrat"ico/ ela Doi por v#rias ve+es sitiada/ invadida/ pilhada e arrasada.

Basta lembrar que por l# passaram os #rabes/ os chineses/ os turcos/ os indianos e outras

nacionalidades. A reac,(o dos #rabes/ indianos e das tribos locais Dace intromiss(o pelos portuueses nos seus ne$cios/ no =ndico/ tornam cada ve+ mais imperiosa a DortiDica,(o.

Come,a ent(o/ em @KKS/ a constru,(o da &ortale+a de )(o )ebasti(o. A conclus(o que

cheo " de que esta Dortale+a/ constru=da por !iuel de Arruda/ n(o s$ deDenderia a ilha

dos invasores/ mas sobretudo os interesses dos portuueses na rota das especiarias

indianas.

7apidamente/ o overno colonial portuus percebeu que a conquista dos povos

aut$ctones passava por via da relii(o. * monote=smo de alumas tribos/ a Drailidade

econ$mica e militar desse povos/ permitiu a uma r#pida instala,(o e implementa,(o da

relii(o cat$lica. Tal s$ Doi poss=vel com a3uda dos 3esu=tas/ 5encapu,ados; de ideias

reliiosas D#cil Doi penetrar e convencer o tecido social ind=ena. )ure assim/ a

constru,(o da Capela de Nossa )enhora do Baluarte/ constru=da por %. Pedro de Castro/

um autntico baluarte reliioso. %a= a necessidade premente dos portuueses estripar os

cultos e costumes #rabes.

Por Dim/ conclui-se que a ilha de !o,ambique teve durante o per=odo cronol$ico em

estudo quatros randes utilidades4 militar/ ber,o da relii(o cat$lica em !o,ambique/

comercial e residencial. 'lha de !o,ambique4 "/ Doi e ser# para sempre um dos ber,os da

hist$ria mundial dos s"culos F2' a F'F.

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