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DIREITO ADMINISTRATIVO MÓDULO I Prof. ESP. MÁRCIO TADEU Aula 01 - INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO 01. INTRODUÇÃO ................................................................... 10 02. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA... 14 2.1 - Supremacia do Interesse Público sobre o Privado ................ 14 2.2 Indisponibilidade do Interesse Público.................................. 14 2.3 Legalidade.............................................................................. 16 2.4 - Impessoalidade ..................................................................... 17 2.5 Finalidade.............................................................................. 18 2.6 Isonomia ............................................................................... 18 2.7 Moralidade............................................................................. 19 2.8 Publicidade............................................................................. 20 2.9 Eficiência ............................................................................... 21 2.10 Economicidade..................................................................... 22 2.11 Legitimidade......................................................................... 22 2.12 Devido Processo Legal......................................................... 26 2.13Ampla Defesa e Contraditório.............................................. 26

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DIREITO

ADMINISTRATIVO

MÓDULO I

Prof. ESP. MÁRCIO TADEU

Aula 01 - INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO 01. INTRODUÇÃO ................................................................... 10

02. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA... 14

2.1 - Supremacia do Interesse Público sobre o Privado ................ 14

2.2 – Indisponibilidade do Interesse Público.................................. 14

2.3 – Legalidade.............................................................................. 16

2.4 - Impessoalidade ..................................................................... 17

2.5 – Finalidade.............................................................................. 18

2.6 – Isonomia ............................................................................... 18

2.7 – Moralidade............................................................................. 19

2.8 – Publicidade............................................................................. 20

2.9 – Eficiência ............................................................................... 21

2.10 – Economicidade..................................................................... 22

2.11 – Legitimidade......................................................................... 22

2.12 – Devido Processo Legal......................................................... 26

2.13– Ampla Defesa e Contraditório.............................................. 26

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2.14 – Proibição do Uso de Provas Ilícitas.................................... 26

2.15- Presunção de Inocência ...................................................... 26

2.16- Celeridade Processual ......................................................... 26

2.17 – Motivação ......................................................................... 26

2.18 - Segurança Jurídica ........................................................... 27

2.19 – Razoabilidade e Proporcionalidade ................................. 27

2.20 – Autotulela ........................................................................ 27

2.21 – Princípios do Decreto Lei 200/67 .................................. 28

Exercícios ................................................................. 31

AULA 02 - ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Desconcentração/Descentralização................................................. 41

2.1 - Autarquia ................................................................................ 42

Agência Reguladora................................................................ 44

Autarquia Corporativa........................................................... 44

Agência Executiva ................................................................. 47

Consórcios Públicos .............................................................. 49

Autarquia Territorial.............................................................. 54

2.2 - Fundação Pública ................................................................. 54

2.3 - Sociedade de Economia Mista ............................................. 56

2.4 - Empresa Pública .................................................................. 57

2.5 - Órgão Público ...................................................................... 58

Teorias (Mandato/Representação/Orgão)............................. 58

Classificação dos Órgãos Públicos ...................................... 59

Exercícios ..................................................................... 61

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AULA 03 - PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

3.1 - Uso de Poder .......................................................................... 67

3.2 – Abuso de Poder ..................................................................... 67

3.3 - Poder Vinculado .................................................................... 68

3.4 - Poder Discricionário............................................................... 68

3.5 - Poder Regulametar ................................................................ 68

3.6 - Poder Hierárquico................................................................... 69

3.7 - Poder Disciplinar ... ............................................................... 69

3.8 - Poder de Polícia...................................................................... 70

Exercícios ..................................................................... 72

AULA 04 - ATOS ADMINISTRATIVOS

ATOS ADMINISTRATIVOS.................................................. 76

FATOS ADMINISTRATIVOS............................................... 78

4.1 - Atos Administrativos e a Lei ............................................... 79

4.2 – Ato Perfeito, Válido e Eficaz ................................................ 79

4.3 – Requisitos ou Elementos ....................................................... 79

4.4 - Discricionariedade e Vinculação .......................................... 82

4.5 –Atributos dos Atos Administrativos........................................ 82

4.6 – Extinção dos Atos Administrativos ....................................... 83

4.7 –.invalidação dos Atos Administrativos.................................... 84

4.8 – Convalidação dos Atos Administrativos ............................... 85

4.9 – Classificação dos Atos Administrativos ................................ 86

4.10 – Silência da Administração ................................................... 89

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Exercícios ...................................................................... 90

AULA 05 – RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Ação de Regresso .......................................................................... 95

Teoria da Culpa Administrativa ... ................................................ 96

Teoria do Risco Administrativo .................................................... 96

Teoria do Risco Integral ................................................................ 96

Responsabilidade Subjetiva ou Teoria da Culpa........................... 97

Excludentes........................................... ....................................... 98

Exercícios .................................................................... 100

AULA 06 – AGENTES PÚBLICOS

Classificação ................................................................................. 104

Poderes, Deveres e Prerrogativas .................................................. 104

Cargo, Emprego e Função Pública................................................. 106

Previsão Constitucional ................................................................ 106

Provimento e Vacância ................................................................ 108

Exercícios ........................................................................ 111

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Aula 07 - Controle Administrativo

01. Quanto à extensão do controle................................................ 115

02. Quanto ao momento em que se efetua..................................... 115

03. Quanto à natureza do controle................................................. 116

04. Quanto ao órgão que o exerce.................................................. 117

Atos sujeitos a controle especial........................................... 118

Conforme o órgão que realize o controle administrativo.... 118

Exercícios ........................................................ 119

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AULA DE APOIO – JURISPRUDÊNCIA PERTINENTE

✓ Súmula Vinculante 3 STF - Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-

se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de

ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de

concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

✓ Súmula Vinculante 5, STF: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo

disciplinar não ofende a Constituição.

✓ Súmula Vinculante 13, STF: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,

colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor

da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o

exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na

Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas,

viola a Constituição Federal.

✓ Súmula Vinculante 15, STF: O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público

não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo.

✓ Súmula Vinculante 38, STF: É competente o município para fixar o horário de funcionamento

de estabelecimento comercial.

✓ STF: Súmula Vinculante 37, STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função

legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.

✓ Súmula Vinculante 42, STF: É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de

servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.

✓ Súmula Vinculante 43, STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie

ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinada ao seu

provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.

ENTENDIMENTOS, JULGADOS E INFORMATIVOS STF

O STF, após empate na votação, manteve a validade da Resolução RDC 14/2012-ANVISA, que proíbe

a comercialização no Brasil de cigarros com sabor e aroma. Esta parte do dispositivo não possui eficácia

erga omnes e efeito vinculante. Significa dizer que, provavelmente, as empresas continuarão

ingressando com ações judiciais, em 1ª instância, alegando que a Resolução é inconstitucional e

pedindo a liberação da comercialização dos cigarros com aroma. Os juízes e Tribunais estarão livres

para, se assim entenderem, declararem inconstitucional a Resolução e autorizar a venda. Existem,

inclusive, algumas decisões nesse sentido e que continuam valendo. STF. Plenário. ADI 4874/DF, Rel.

Min. Rosa Weber, julgado em 1º/2/2018 (Info 889).

Plenário do Supremo Tribunal Federal Referência RE 612975/MT e RE 602043/MT (repercussão

geral) - Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a

incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal pressupõe consideração de cada um dos vínculos

formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente

público. (rel. Min. Marco Aurélio. julgados em 26 e 27/4/2017 - repercussão geral - informativo nº

862).

Segundo a posição que prevalece no STF, se a irregularidade no convênio foi praticada pelo gestor

anterior e a gestão atual, depois que assumiu, tomou todas as medidas para ressarcir o erário e corrigir

as falhas (exs: apresentou todos os documentos ao órgão fiscalizador, ajuizou ações de ressarcimento

contra o antigo gestor etc.), neste caso, o ente (Estado ou Município) não poderá ser incluído nos

cadastros de inadimplentes da União. Assim, de acordo esta acepção, o princípio da intranscendência

subjetiva das sanções proíbe a aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão

praticados por administrações anteriores. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. AC 2614/PE, AC 781/PI e AC

2946/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 23/6/2015 (Info 791). Vale ressaltar, no entanto, que o Min.

Marco Aurélio recentemente manifestou-se contrariamente à tese afirmando que: "a inscrição do nome

do Estado-Membro em cadastro federal de inadimplentes em face de ações e/ou omissões de gestões

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anteriores não configura ofensa ao princípio da intranscendência." (STF. 1ª Turma. ACO 732/AP, Rel.

Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2016. Info 825).

Não há nepotismo na nomeação de servidor para ocupar o cargo de assessor de controle externo do

Tribunal de Contas mesmo que seu tio (parente em linha colateral de 3º grau) já exerça o cargo de

assessor-chefe de gabinete de determinado Conselheiro, especialmente pelo fato de que o cargo do

referido tio não tem qualquer poder legal de nomeação do sobrinho. A incompatibilidade da prática

enunciada na SV 13 com o art. 37 da CF/88 não decorre diretamente da existência de relação de

parentesco entre pessoa designada e agente político ou servidor público, mas de presunção de que a

escolha para ocupar cargo de direção, chefia ou assessoramento tenha sido direcionado à pessoa com

relação de parentesco com quem tenha potencial de interferir no processo de seleção. STF. 2ª Turma.

Rcl 18564/SP, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em

23/2/2016 (Info 815).

A necessidade temporária de excepcional interesse público não dependeria de mera escolha

discriminatória da Administração. Ela exigiria o atendimento de um fim próximo e a demonstração da

impossibilidade de consecução desse fim com os recursos humanos de que disporia a Administração.

Na situação dos autos, a lei em debate permitira a contratação de 2.400 policiais temporários, embora

houvesse cerca de 1.400 concursados aprovados em cadastro reserva aguardando convocação. Além

disso, no caso dos contratados em caráter temporário, tratara-se de contratação para atividade

previsível, permanente e ordinária. Assim, seria inconstitucional a lei que, a pretexto de satisfazer o art.

37, IX, da CF, não estabelecesse prazo determinado ou não especificasse a contingência fática que

evidenciasse a situação emergencial. ADI 5163/GO, rel. Min. Luiz Fux, 8.4.2015. (ADI-5163) Íntegra

do Informativo 780

É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes

de seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. STF. Plenário.

ARE 652777/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/4/2015 (repercussão geral) (Info 782)

Plenário do Supremo Tribunal Federal Referência RE 786540/DF Resumo - Os servidores ocupantes

de cargo exclusivamente em comissão não se submetem à regra da aposentadoria compulsória prevista

no art. 40, §1º, II, da CF, a qual atinge apenas os ocupantes de cargo em provimento efetivo, inexistindo

também qualquer idade limite para fins de nomeação a cargo em comissão (relator Min. Dias Toffoli -

julgado em 15/12/16 - informativo 815).

O Plenário, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia a existência de

direito subjetivo à nomeação de candidatos aprovados fora do número de vagas previstas no edital

de concurso público, no caso de surgimento de novas vagas durante o prazo de validade do certame. A

Corte afirmou que, a partir de 1988, com a promulgação da Constituição da República, o concurso

público de provas e títulos teria se consolidado como um primoroso instrumento democrático para a

seleção republicana e impessoal para cargos e empregos públicos. Assim, teria sido estabelecido,

constitucionalmente, o melhor mecanismo para a Administração assegurar, dentre outros, os princípios

da isonomia e da impessoalidade na concorrência entre aqueles que almejassem servir ao Estado.... RE

837311/PI, rel. Min. Luiz Fux, 14.10.2015. (RE-837311). Íntegra do Informativo 803

TEORIA DO FATO CONSUMADO - A teoria do fato consumado não goza de "ampla" aplicação no

direito administrativo, tendo lugar em hipóteses excepcionais. Assim, o candidato em concurso público

nomeado por decisão precária não pode invocar a segurança jurídica quando, na verdade, tinha ciência

da precariedade da decisão judicial. Nesse sentido: "“A jurisprudência deste Tribunal é no sentido da

inaplicabilidade da teoria do fato consumado a casos nos quais se pleiteia a permanência em cargo

público, cuja posse tenha ocorrido de forma precária, em razão de decisão judicial não definitiva.” (RE

405964 AgR, Relator Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, julgado em 24/04/2012".

Dessumiu-se que a sistemática de movimentação de servidor, de acordo com a lei estadual de regência,

seria a da precedência de remoção para, depois, promover-se a investidura. Asseverou-se que candidato

de cadastro de reserva não teria direito líquido e certo, mas apenas expectativa de direito. Por outro

lado, esclareceu-se que o CNJ teria sido extremamente comedido ao manter candidatos concursados já

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empossados. Não se vislumbrou nenhum error in procedendo nem error in judicando do CNJ, o qual

teria adotado solução justa com roupagem jurídica. Destacou-se que, no início da carreira, os récem-

empossados deveriam ser lotados em comarcas mais longínquas. Por fim, rejeitou-se alegação de

nulidade por ausência de citação de litisconsortes. MS 29350/PB, rel. Min. Luiz Fux, 20.6.2012. (MS-

29350) Íntegra do Informativo 671

Na linha da jurisprudência do STF, em relação aos candidatos aprovados dentro do número de vagas

previstas em edital, a Administração poderia, dentro do prazo de validade do processo seletivo, escolher

o momento em que se realizaria a nomeação, mas não poderia dispor sobre a própria nomeação. Essa

última passaria a constituir um direito do concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao

Poder Público. Apesar disso, não se poderia dizer o mesmo daqueles aprovados fora do número de

vagas previstas em edital, ou seja, dentro do cadastro de reserva. Esses candidatos possuiriam mera

expectativa de direito à nomeação, situação que, apenas excepcionalmente, se convolaria em direito

subjetivo. RE 837311/PI, rel. Min. Luiz Fux, 14.10.2015. (RE-837311). Íntegra do Informativo 803

Plenário do Supremo Tribunal Federal Referência - ADIMC 3.854/DF (decisão liminar) Resumo - Os

membros da magistratura estadual não estão submetidos ao subteto de remuneração previsto no art. 37,

XI, CF. (rel. Min. César Peluso, pedido liminar julgado em 28/02/2007)

Supremo Tribunal Federal - Súmula vinculante 44 e AI 758533 (repercussão geral) Resumo SV 44: Só

por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. A exigência

de avaliação psicológica ou teste psicotécnico, como requisito ou condição necessária ao acesso a

determinados cargos públicos de carreira, somente é possível, nos termos da Constituição Federal, se

houver lei em sentido material (ato emanado do Poder Legislativo) que expressamente a autorize, além

de previsão no edital do certame. Ademais, o exame psicotécnico necessita de um grau mínimo de

objetividade e de publicidade dos atos em que se procede.

SÚMULAS NÃO VINCULANTES - STF

✓ Súmula 346, STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

✓ Súmula 473, STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios

que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de

conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os

casos, a apreciação judicial.

✓ Súmula 339, STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar

vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.

✓ Súmula 683, STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em

face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das

atribuições do cargo a ser preenchido.

✓ Súmula 684, STF: É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a

concurso público.

✓ Súmula 330 do STF: "O Supremo Tribunal Federal não é competente para conhecer de

Mandado de Segurança contra atos dos Tribunais de Justiça dos Estados"

✓ Súmula 330 STF - "(...) destaco que o Supremo Tribunal Federal é competente para processar

e julgar originariamente mandados de segurança apenas nas hipóteses previstas no art. 102, I,

"d", da Constituição. Levando em conta essa previsão constitucional, esta Corte possui

orientação no sentido de que não dispõe de competência originária para processar e julgar

mandado de segurança impetrado contra atos ou decisões emanados de outros tribunais ou de

seus presidentes ou órgãos coletivos parciais, no caso, ato do Corregedor-Geral de Justiça do

Estado do Acre, nos termos das Súmulas 330/STF (...) e 624/STF (...).” (MS 28724 AgR,

Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em 30.4.2014, DJe de 16.5.2014)

✓ Súmula 624 do STF: "Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente

de Mandado de Segurança contra atos de outros tribunais”

✓ Súmula 22, STF: O estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo.

✓ Súmula 726 STF: Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo

de serviço prestado fora da sala de aula.

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O PROCON detém Poder De Polícia para impor multas (art. 57 do CDC) decorrentes de transgressão

às regras ditadas pela Lei n.º 8.078/90. Assim, a sanção administrativa aplicada pelo PROCON reveste-

se de legitimidade, em virtude de seu poder de polícia (atividade administrativa de ordenação) para

cominar multas relacionadas à transgressão do CDC. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1594667/MG, Rel.

Min. Regina Helena Costa, julgado em 04/08/2016.

1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça RE 786540/DF (recurso repetitivo) Quando a Administração

Pública interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma

falsa expectativa de que os valores recebidos são legais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra

desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público (relator Min. Benedito Gonçalves - julgado

em 10/10/12).

SÚMULAS STJ

✓ Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência

da União.

✓ Súmula 312-STJ: No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são

necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.

✓ Súmula 467-STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a

pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.

✓ Súmula 266, STJ: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido

na posse e não na inscrição para o concurso público.

✓ Súmula 377, STJ: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso

público, às vagas reservadas aos deficientes.

✓ Súmula 378, STJ: Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais

decorrentes.

✓ Súmula 41 do STJ: "O Superior Tribunal de Justiça não tem Competência para processar e

julgar, originariamente, Mandado de Segurança contra ato de outros tribunais ou dos

respectivos órgãos“

✓ Súmula 434, STJ: O pagamento da multa por infração de trânsito não inibe a discussão judicial

do débito.

✓ Súmula 591, STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar,

desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a

ampla defesa.

✓ Súmula 592, STJ: O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar

só causa nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa.

TEORIA DO FATO CONSUMADO - Os magistrados do STJ possuem um pensamento já consolidado

a respeito do tema e afirmam que "a teoria aplica-se apenas em situações excepcionalíssimas, nas quais

a inércia da administração ou a morosidade do Judiciário deram ensejo a que situações precárias se

consolidassem pelo decurso do tempo", conforme explica o ministro Castro Meira no RMS 34.189.

Norma que impede nepotismo no serviço público não alcança servidores de provimento efetivo - STF.

Plenário. ADI 524/ES, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence, red. p/ o acórdão Min. Ricardo

Lewandowski, julgado em 20/5/2015 (Info 786).

Não haverá nepotismo se a pessoa nomeada possui um parente no órgão, mas sem influência hierárquica

sobre a nomeação - STF. 2ª Turma. Rcl 18564/SP, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão

Min. Dias Toffoli, julgado em 23/2/2016 (Info 815).

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AULA 01 - ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO ÚBLICA: CONCEITOS, ELEMENTOS, FONTES, PODERES E ORGANIZAÇÃO;

NATUREZA, FINS E PRINCÍPIOS.

O Direito Administrativo é fundamental para entendermos a relação entre os indivíduos e o Poder

do Estado e até mesmo regular normas entre os indivíduos. Portanto é de grande importância este

conhecimento, pois a todo o momento sofremos os efeitos jurídicos dos atos administrativos, autorizados

pelo estado e personificados em cada ser que faz parte da administração.

1 - INTRODUÇÃO

CONCEITO DE ESTADO O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que é considerado:

I – corporação territorial dotada de um poder de mando originário;

II – comunidade de homens, fixada sobre um território com poder de mando, ação e coerção;

III – pessoa jurídica territorial soberana;

IV – pessoa jurídica de direito público interno;

V – entidade política, ou seja, pode elaborar as suas próprias leis.

GOVERNO É o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais. É o complexo de funções estatais básicas. É a

condução política dos negócios públicos. Na verdade, o Governo ora se identifica com os Poderes e órgãos

supremos do Estado, ora se apresenta nas funções originárias desses Poderes e órgãos como manifestação

da Soberania. A constante, porém, do Governo é a sua expressão política de comando, de iniciativa, de

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fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente. O Governo atua mediante atos

de Soberania ou, pelo menos, de autonomia política na condução dos negócios públicos.

✓ Sentido formal: conjunto de Poderes e de órgãos

constitucionais.

✓ Sentido material: conjunto de funções estatais básicas.

✓ Sentido operacional: condução política dos negócios

públicos.

Elementos do Estado O Estado é constituído de três elementos originários e indissociáveis: Povo, Território e Governo

soberano.

Povo é o componente humano do Estado;

Território, a sua base física;

Governo soberano, o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poder absoluto de

autodeterminação e auto-organização emanado do Povo.

Não há nem pode haver Estado independente sem Soberania, isto é, sem esse poder absoluto,

indivisível e incontrastável de organizar-se e de conduzir-se segundo a vontade livre de seu Povo e de

fazer cumprir as suas decisões, inlusive, pela força, se necessário. A vontade estatal apresenta-se e se

manifesta através dos denominados poderes de Estado.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A palavra "administrar" significa não só prestar serviço, executá-lo, mas também dirigir, governar,

exercer a vontade com o objetivo de obter um resultado útil; e até, traçar um programa de ação e executá-

lo. Distingue-se da propriedade no sentido de que, na administração, o dever e a finalidade são

predominantes; no domínio, a vontade prevalece.

Conceito Elementar Direito Administrativo significa um conjunto harmônico de regras e princípios que rege os órgãos,

agentes, entidades públicas, desde que exerçam atividades administrativas, realizando de forma direta, de

forma concreta e de forma imediata os fins desejados pelo Estado.

Conceito Material (Amplo, Objetivo ou Funcional) Materialmente falando, Administração Pública compreende a atividade de administração. A doutrina

enumera quatro atividades como próprias da administração em sentido material, a saber:

1) SERVIÇO PÚBLICO - (toda a atividade que a Administração Pública executa, direta ou

indiretamente, para satisfazer a necessidade pública, sob regime predominantemente público);

2) POLÍCIA ADMINISTRATIVA - (restrições ou condicionamentos impostos ao exercício de

atividades privadas em benefício do interesse público; exemplo típico são as atividades de fiscalização);

3) FOMENTO - (incentivo à iniciativa privada de utilidade pública, por exemplo, mediante a

concessão de benefícios ou incentivos fiscais);

4) INTERVENÇÃO - (abrangendo toda atuação do Estado no setor privado, o que inclui a

intervenção na propriedade privada, como a desapropriação, e intervenção no domínio econômico, como o

tabelamento de preços, a formação de estoques reguladores, etc.).

Conceito Formal (Estrito, Subjetivo ou Orgânico) É toda máquina administrativa, conjunto de órgãos, entidades e agentes públicos. A expressão

Administração Pública confunde-se com os sujeitos que integram a estrutura administrativa do Estado, ou

seja, com quem desempenha a função administrativa. Assim, num sentido subjetivo, Administração Pública

representa o conjunto de órgãos, agentes e entidades que desempenham a função administrativa. O conceito

subjetivo representa os meios de atuação da Administração Pública.

Entes, Entidades ou Pessoas: são as pessoas jurídicas integrantes da estrutura da Administração

Direta e Indireta.

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Os Entes Políticos – União, Estados, Distrito Federal e Municípios (todas com personalidade

jurídica de Direito Público).

Os Entes Administrativos – autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de

economia mista (todas com personalidade jurídica de Direito Público e/ou Privado). Nesse caso, temos

entidades integrantes da Administração Pública que não desempenham função administrativa, e sim

atividade econômica, como ocorre com a maioria das empresas públicas e sociedades de economia mista

(CF, art. 173).

Hoje a estrutura e organização da administração pública não se dividi em administração direta

ou indireta somente, encontramos a evolução desta estruturação, encontramos

a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ECONOMICA (Antônio Celso Bandeira de Melo) que é

formada pelas empresas públicas e empresas de economia mista e são estas pessoas jurídicas

de direito privado. Art. 173 par. 1° CRFB/88 . Estas têm a função de exploração da atividade

econômica (agindo com o interesse público), porém, sendo estas pessoas jurídicas de direito

privado toda a sua estrutura e dinâmica de atuação serão de uma empresa privada.

Com isso é que se justifica:

* A proibição de incentivos fiscais se essa não se estender as demais empresas existentes que também

exploram a mesma atividade econômica ( Art 173 p.2° CF/88):

“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo

Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse

coletivo, conforme definidos em lei”.

* a sujeição destas ao princípio da livre concorrência não possibilitando que estas exerçam o monopólio das

atividades que praticam(Art 170 inciso IV CF/88):

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim

assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência”;

* elas também se sujeitam, assim como todo setor privado, a penhora de seus bens, execuções;

*a maioria de seus empregados são celetistas e assim por diante.

Como mencionado, são pessoas jurídicas de direito privado e exercem atividade econômica com

parcela de interesse público e sendo assim deverão proceder a licitação para contratação de serviços,

compras, obras etc. Atualmente todas observam a lei 8666/93 (lei de licitações) tendo somente a Petrobras

e a Eletrobrás uma norma própria para o procedimento licitatório.

Serão estes que compõe a administração pública economia obrigados a proceder a licitação

podendo porém ter regimes licitatórios próprios, legislação própria e por se tratar de pessoas jurídicas de

direito privado podem ter seus bens penhorados em uma eventual execução.

Órgãos Públicos: são centros de competência, despersonalizados, integrantes da estrutura de uma

pessoa jurídica, incumbidos das atividades da entidade a que pertencem. A Lei 9.784/99 os conceitua como

unidades de atuação integrantes da estrutura da Administração Direta ou Indireta. A administração pública

exerce atividades públicas não somente pelos entes e entidades mas também pelos órgãos públicos que são

" repartições públicas sem autonomia, sem personalidade jurídica." São portanto repartições dos entes

públicos e entidades de acordo com o ordenamento jurídico atual. Entes estes que são despersonalizados e

se aplicam a estas a TEORIA DA IMPUTAÇÃO VOLITIVA OU DIRETA (Diógenes Gasparini). Jamais

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responderam por seus atos pois são meros representantes de um ente ou entidade. Ex.: Secretaria Estaduais

/ Secretarias municipais / Hospital Público.

Agentes Públicos: segundo o art. 2º, da Lei 8.429/92, são todos aqueles que exercem, ainda que

transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer forma

de investidura ou vínculo, mandato, emprego ou função pública. Ou seja, são pessoas físicas incumbidas,

definitiva ou transitoriamente, do exercício de alguma função estatal.

Há ainda as Entidades Privadas, não integrantes da Administração Pública formal, que exercem

atividades identificadas como próprias da função administrativa, a exemplo das concessionárias de serviços

públicos (delegação) e das organizações sociais (atividades de utilidade pública). As atividades exercidas

dessas entidades privadas não integram a Administração Pública, uma vez que o Brasil se baseia no critério

formal.

Embora seja certo que a acepção formal ou subjetiva não deva levar em conta a atividade realizada,

é frequente os autores a esta se referirem, identificando a Administração Pública, em sentido subjetivo, com

a totalidade do aparelhamento de que dispõe o Estado para a execução das atividades compreendidas na

função administrativa. Como exemplo temos a definição de Maria Sylvia Di Pietro, “o conjunto de órgãos

e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado”. Fontes Diz-se fonte à origem, lugar de onde provém algo. No caso, de onde emanam as regras do Direito Administrativo. Quatro são as principais fontes:

I – lei; II – jurisprudência; III – doutrina; IV – costumes.

Como fonte primária, principal, tem-se a lei, em seu sentido genérico (“latu sensu”), que inclui, além

da Constituição Federal, as leis ordinárias, complementares, delegadas, medidas provisórias, atos normativos com força de lei, e alguns decretos-lei ainda vigentes no país etc. Em geral, é ela abstrata e impessoal.

Mais adiante, veremos o princípio da legalidade, de suma importância no Direito Administrativo, quando ficará bem claro por que a lei é sua fonte primordial.

As outras três fontes são ditas secundárias. Chama-se jurisprudência o conjunto de decisões do Poder Judiciário na mesma linha, julgamentos

no mesmo sentido. Então, pode-se tomar como parâmetro para decisões futuras, ainda que, em geral, essas decisões não obriguem a Administração quando não é parte na ação. Diz-se em geral, pois, na CF/88, há previsão de vinculação do Judiciário e do Executivo à decisão definitiva de mérito em Ação Declaratória de Constitucionalidade (art. 102, §2º).

A doutrina é a teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direito, materializada em livros, artigos, pareceres, congressos etc. Assim, como a jurisprudência, a doutrina também é fonte secundária e influencia no surgimento de novas leis e na solução de dúvidas no cotidiano administrativo, além de complementar a legislação existente, que muitas vezes é falha e de difícil interpretação.

Por fim, os costumes, que hoje em dia têm pouca utilidade prática, em face do citao princípio da legalidade, que exige obediência dos administradores aos comando legais.

No entanto, em algumas situações concretas, os costumes da repartição podem influir de alguma forma nas ações estatais, inclusive ajudando a produção de novas normas. Diz-se costume à reiteração uniforme de determinado comportamento, que é visto como exigência legal.

Organização

A Administração Pública se organiza em dois ramos : Administração Direita e Administração indireta e com base nos princípios organizacionais da Administração Pública.

Art. 37 CF/88 – “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.

Natureza

A natureza é de um múnus público para que a exerce, ou seja, a de um encargo de defesa, conservação e melhoramento dos bens, serviços e interesse da coletividade. Ao ser investido em uma função ou cargo público, todo o agente assume para com a coletividade o compromisso / dever de bem servi-la.

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4.Atividades públicas A principal atividade da Administração Pública é prestar serviço público (Ver conceito material de

Administração Pública acima).

Fins Quem define os fins, os objetivos do Estado? É o Direito Constitucional. Uma vez definido os fins

desejados, o Direito Administrativo vai realizar esses objetivos definidos pelo Direito Constitucional. É por essa razão que Constitucional e Administrativo andam juntos.

Art. 3º CF-88 “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.

Os fins da Administração pública é alcançar o interesse público. O fim, e não a vontade do

administrador, e sim do povo.

2 - PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Princípios Basilares

Trata-se do conjunto de regras e princípios que estruturam o Direito Administrativo lhe conferindo autonomia enquanto um ramo autônomo da ciência jurídica. Para tanto, necessário será analisar os princípios concernentes ao tema, a fim de melhor compreendê-lo. Devemos primeiro entender Regime Jurídico Administrativo.

Regime Jurídico Administrativo

Na Constituição da República Federativa do Brasil, encontramos um conjunto de princípios e normas, os quais norteiam a atividade desempenhada pelos agentes encarregados de zelar pela coisa pública. Desse modo, conjugando as regras e os princípios que estruturam a Administração Pública Brasileira, tem-se o regime jurídico administrativo.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro ensina que “a expressão regime jurídico administrativo é reservada tão-somente para abranger o conjunto de traços, de conotações que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa. Basicamente pode-se dizer que o regime administrativo resume-se a duas palavras apenas: prerrogativas e sujeições”.

Marçal Justen Filho tem a seguinte definição: “o regime jurídico de direito público consiste no conjunto de normas jurídicas que disciplinam o desempenho de atividades e de organizações de interesse coletivo, vinculadas direta ou indiretamente à realização dos direitos fundamentais, caracterizado pela ausência de disponibilidade e pela vinculação à satisfação de determinados fins”.

Decorre do ensinamento de Celso Antônio Bandeira de Mello que o regime de direito público resulta da caracterização normativa de determinados interesses como pertinentes à sociedade e não aos particulares considerados em sua individuada singularidade.

Juridicamente esta caracterização consiste, no Direito Administrativo, segundo nosso modo de ver, na atribuição de uma disciplina normativa peculiar que, fundamentalmente se delineia em função da consagração de dois princípios ou pedras de toque do Direito Administrativo, dos quais todos os demais princípios da Administração Pública derivam. São eles :

2.1. Princípio da Supremacia do Interesse Público

Significa superioridade, soberania, sobreposição do interesse coletivo em face do interesse particular, individual. No princípio da supremacia prevalecem os interesses da coletividade em face dos interesses dos particulares.

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Esse princípio representa um pressuposto para a vida em sociedade. Em nome da Supremacia da Administração Pública tem algumas prerrogativas (privilégios, vantagens).

Algumas consequências da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado: Autoexecutoriedade do Poder Público é fundamentada no princípio da Supremacia, onde a própria

administração Pública executa seus atos, independente de manifestações do poder judiciário. Exemplo : Prisão em flagrante.

Intervenção - se o Poder Público precisar construir uma escola no seu terreno ele pode desapropriar a sua propriedade em nome do interesse público .O Poder Público vai comprar o seu imóvel com fundamento no Princípio da Supremacia.

Requisição Administrativa - em nome da Supremacia do interesse Público o Poder Público pode requisitar o seu imóvel. Requisição também tem fundamento na supremacia.

Cláusulas Exorbitantes - Poder Público impondo cláusulas exorbitantes altera, rescinde, etc. o contrato administrativo e o particular vai ter de aceitar, também tem que fundamento na Supremacia.

Poder de Polícia - restrições ao direito particular em prol do interesse público

Imperatividade e Coercibilidade dos Atos Administrativos – imposição de condições independente da vontade do particular.

Princípio da Autotutela - a própria Administração Pública anula seus atos ilegais e revoga os inoportunos.

Presunção de Legitimidade - presume-se que tudo que a administração pública faz é lícito até que se prove o contrário.

Em nome da Supremacia o Poder Público pode "quase tudo". Porém, como limitação a essa prerrogativa vamos encontrar o Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público.

2.2.Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público

Conceito de interesse público é o somatório dos interesses individuais dos seres em sociedade, desde que esta represente a vontade da maioria.

Interesse público primário aquilo que quer o povo efetivamente. Interesse público secundário aquilo que quer o Estado enquanto pessoa jurídica. IMPORTANTE: ideal é que o interesse público primário coincida com o interesse público secundário

= a vontade do povo é a vontade do Estado. O procedimento de concurso público representa o interesse público? Sim. E quem contrata sem

concurso, está violando o princípio da indisponibilidade do interesse público. Outras consequências da Indisponibilidade do Interesse Público: • Princípio da Legalidade • Princípio da Impessoalidade • Princípio da Moralidade • Princípio da Eficiência • Princípio da Continuidade • Princípio da Motivação

Princípios Constitucionais

Os princípios da Administração Pública são regras que surgem como parâmetros para a interpretação das demais normas jurídicas. Têm a função de oferecer coerência e harmonia para o ordenamento jurídico. Servem como :

✓ Norma Jurídica ✓ Vetores de Interpretação ✓ Preenchimento de Lacunas legais

Os princípios que a Administração deverá seguir estão dispostos no art. 37, caput, da CF/88. O

disposto no referido artigo constitucional é elenco meramente exemplificativo; logo, existem outros princípios que poderão ser invocados pela Administração, como o princípio da supremacia do interesse público sobre o particular, o princípio da isonomia, entre outros.

Os princípios da Administração abrangem a Administração Pública direta e indireta de quaisquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 37 da CF/88).

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Vale lembrar que cada Estado tem a possibilidade, quando da elaboração de suaConstituição, de acrescentar outros princípios.A previsão dessas regras na Constituição não se limita ao caput do art. 37.

Destinatários dos Princípios

Como regra geral, está submetida a eles não só a Administração Pública , mas também as empresaspúblicas, sociedades de economia mista e, mais recentemente, as agências reguladoras e executivas de todas as esferas de governo.

A aplicabilidade desses princípios recai sobre todas as pessoas integrantes da Administração Pública, independente da atividade que estejam desenvolvendo, prestando serviço público ou explorando atividade econômica.

Princípios Mínimos ou Expressos da Administração Pública e alguns de seus Derivados

Art. 37 CF/88 - “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência ...”.

2.3.Princípio Da Legalidade

“Administrar é aplicar a lei de ofício” Seabra Fagundes. Fundamento Legal

Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5.º, II,

da CF).

Veja o que diz a Lei de Introdução ao Direito Brasileiro em seus artigos 1º e 3 º:

Vacância da lei (Vacation Legis)

´Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias

depois de oficialmente publicada.

Obrigatoriedade do conhecimento da lei Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

Cuidar da legalidade e constitucionalidade dos atos da Administração Pública é um dever. Não se

pode administrar bens e serviços sem os olhos permanentemente voltados para a Constituição e as leis.

Vivemos sob o império da lei. A atuação administrativa está definida pela lei.

O administrador público só pode fazer aquilo que a lei permite. Nada mais. A vontade

da Administração Pública é a vontade da lei.

O princípio da legalidade representa uma garantia para os administrados, pois qualquer ato da

Administração Pública somente terá validade se respaldado em lei. Representa um limite para a atuação do

Estado, visando à proteção do administrado em relação ao abuso de poder (Estado Democrático de Direito).

No Direito Privado, tendo em vista o interesse privado, as partes poderão fazer tudo o

que a lei não proíbe; no Direito Público, diferentemente, existe uma relação de

subordinação perante a lei, ou seja, só se pode fazer o que a lei expressamente autorizar.

Exceções (Situações de Extralegalidade)

Atos do Presidente da República com força de lei.

• Medidas Provisórias: são atos com força de lei, mas o administrado só se submeterá ao previsto em medida provisória se elas forem editadas dentro dos parâmetros constitucionais, ou seja, se presentes os

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requisitos da relevância e da urgência. Vêm sendo considerados fatos urgentes, para efeito de medida provisória, aqueles assuntos que não podem esperar mais que noventa dias.

Art. 62 CF/88 . “Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional”.

• Estado de Sítio e Estado de Defesa: são momentos de anormalidade institucional. Representam restrições ao princípio da legalidade porque são instituídos por um decreto presidencial que poderá obrigar a fazer ou deixar de fazer mesmo não sendo lei.

Art. 136 CF/88. “O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de

Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais

restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente

instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza”.

Art. 137 CF/88.”O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de

Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio...”. Hoje o princípio da legalidade vem sendo aplicado em sentido amplo. Significa que o mesmo deve

obediência à lei, mas também às regras constitucionais. O Princípio da legalidade é um princípio redundante na nossa Constituição Federal. A todo momento

é citado “...na forma da Lei” ou “lei complementar disporá sobre...”, está é a forma que o legislador constituinte encontrou para não afastar este princípio de qualquer ato da administração pública. Exemplos:

Art.5 º CF/88:

“XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor...

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito...

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Art. 37 CF/88 : “XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação ... XX - depende de autorização legislativa (lei), em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada.

2.4.Princípio da Impessoalidade A Administração pública deve tratar todos iguais, sem qualquer distinção de raça, sexo, cor, etnia, religião, ideologia. Este princípio está intimamente ligado a outros como o Princípio da finalidade, da isonomia e o direito a igualdade.

Art. 5º CF-88.” Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade (agir de forma impessoal) à segurança e à propriedade. Princípio da Impessoalidade significa ausência de subjetividade = o administrador não pode

buscar interesses pessoais, tem que agir com ausência de subjetividade. Traduz a ideia de que a Administrativo tem que tratar a todos sem discriminações benéficas ou detrimentosas; favoritismos e perseguições não são toleráveis; simpatias e animosidades pessoais, políticas e ideológicas não podem interferir na atividade administrativa.

Segundo a doutrina tradicional o princípio da finalidade é sinônimo do princípio da

impessoalidade. Hely Lopes Meirelles antes da CF/88 o princípio era chamado de finalidade, com o advento da CF/88 passou a ser chamado de impessoalidade. Portanto, são sinônimos.

Já para a doutrina moderna – (Celso Antonio Bandeira de Melo) o princípio da impessoalidade

significa ausência de subjetividade e o princípio da finalidade significa buscar o espírito da lei, buscar a vontade maior da lei.

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2.5. Princípio da finalidade Doutrina moderna - na verdade o princípio da finalidade está ligado ao princípio da Legalidade a

não ao princípio da impessoalidade. Para a doutrina moderna Legalidade e Finalidade estão ligados. Princípio da finalidade e impessoalidade não são sinônimos. Observando a Lei 9784:

“Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,

motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência”.

O entendimento majoritário atual é de que finalidade e impessoalidade são princípios

distintos, conforme a doutrina moderna. Observação : Existe impessoalidade da Administração Pública em relação à própria Administração Pública: a

responsabilidade dos atos administrativos praticados deve ser imputada não ao agente e sim à pessoa jurídica – Administração Pública direta ou indireta. Segundo o art. 37, § 6.º, da CF “as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa” (estudaremos com mais detalhes este tópico em Responsabilidade Civil do Estado).

2.6.Princípio da Isonomia

Significa que a Administração Pública não poderá atuar discriminando pessoas de forma gratuita, a

não ser aquelas que venham privilegiar o interesse público, ou seja, a Administração Pública deve permanecer numa posição de neutralidade em relação às pessoas privadas.

A atividade administrativa deve ser destinada a todos os administrados, sem discriminação nem favoritismo, constituindo assim um desdobramento do princípio geral da igualdade, art. 5.º, caput, CF.

Ex.: contratação de serviços por meio de licitação – vinculação ao edital – regras iguais para todos que queiram participar da licitação;

Teoria do Órgão: a responsabilidade deve ser imputada ao órgão/pessoa jurídica e não ao agente público.

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2.7.Princípio da Moralidade O ato e a atividade da Administração Pública devem obedecer não só à lei, mas também à moral. O

princípio da moralidade impõe que o administrador público não dispense os preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta. Conforme Decreto 1.171/94:

“O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que

decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal”.

Para a jurisprudência (Poder Judiciário), o conceito de moralidade é um conceito vago,

indeterminado, por isso a sua aplicação, de forma isolada, ainda gera dificuldades. Tipos de Moralidade Moralidade comum = aquela do nosso convívio social, do dia-a-dia. Regras do convívio social,

correção de atitudes, certo e errado dentro do convívio social. Moralidade administrativa = é mais rigorosa do que a moralidade comum porque exige não

correção de atitudes, mas exige também a boa administração. O administrador não vai agir só de forma correta, mas ele tem que ser o melhor administrador possível.

Deve não só averiguar os critérios de conveniência, oportunidade e justiça em suas ações, mas também distinguir o que é honesto do que é desonesto. Vale acrescentar, ainda, que tal forma de conduta deve existir não somente nas relações entre a Administração e os particulares em geral, como também internamente, ou seja, na relação entre a Administração e os agentes públicos que a integram.

A Lei n. 8.429/92, no seu art. 9.º, apresentou, em caráter exemplificativo, as hipóteses de atos de improbidade administrativa; esse artigo dispõe que todo aquele que objetivar algum tipo de vantagem patrimonial indevida, em razão de cargo, mandato, emprego ou função que exerce, estará praticando ato de improbidade administrativa. São exemplos:

• usar bens e equipamentos públicos com finalidade particular; • intermediar liberação de verbas; • estabelecer contratação direta quando a lei manda licitar; • vender bem público abaixo do valor de mercado; • adquirir bens acima do valor de mercado (superfaturamento).

Sanções aplicáveis (art.37, § 4.º, da CF): • suspensão dos direitos políticos; • perda da função pública; • indisponibilidade dos bens; • ressarcimento ao erário. • sem prejuízo das sanções penais cabíveis

Tipos de Improbidade Administrativa (lei 8.429/92)

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Dos Atos de Improbidade Administrativa

Seção I

Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento Ilícito

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de

vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades

mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica,

direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou

indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem

móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de

mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem

público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza,

de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de

servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática

de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou

aceitar promessa de tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre

medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade

ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de

qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou

jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições

do agente público, durante a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer

natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício,

providência ou declaração a que esteja obrigado;

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo

patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades

mencionadas no art. 1° desta lei.

Seção II

Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa

ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres

das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou

jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º

desta lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores

integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades

legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou

assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta

lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das

entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de

mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia

insuficiente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou regulamentares

aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;

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X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do

patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a

sua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de

qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem

como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio

da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)

XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem

observar as formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)

Seção III

Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da Administração Pública

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública

qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições,

e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em

segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;

V - frustrar a licitude de concurso público;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor

de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.

2.8. Princípio da Publicidade

É a obrigação, o dever atribuído à Administração, de dar total transparência a todos os atos que praticar, ou

seja, como regra geral, nenhum ato administrativo pode ser sigiloso. A regra do princípio que veda o sigilo comporta algumas exceções, como quando os atos e atividades

estiverem relacionados com a segurança nacional ou quando o conteúdo da informação for resguardado por sigilo.

Art. 5.º, LX –“ a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”; Art 5.º, LX – “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

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TRANSPARÊNCIA NOS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 37, § 1º, CF/88: “A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.

A publicidade é um dever do administrador e, uma vez descumprido, dá ensejo à responsabilização pela prática de improbidade administrativa

(Lei 8.429/92, art. 11, IV: “Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: (… ) IV- negar publicidade aos atos oficiais.”).

A parte final do § 1º, do art. 37, impede a utilização da publicidade para fins de autopromoção do administrador, que também constitui crime de improbidade administrativa. A questão está no fato de as obras e serviços não serem mais do que uma obrigação do administrador no exercício de sua função, não havendo motivo para sua divulgação com esse caráter promocional. Tampouco se admite a fixação de placas de “agradecimento” da população pelos serviços prestados pelo administrador, exatamente pelo fato

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de que este cumpriu apenas com algo a que estava obrigado, não tendo feito, de maneira alguma, um favor à população. Ressalte-se que o simples fato de constar o nome do então administrador em uma placa relativa a determinada obra não acarreta, automaticamente, em improbidade administrativa. A questão deve ser analisada casuisticamente. Utilizar-se de sua posição para se autopromover constitui violação a todos os princípios mínimos (legalidade, impessoalidade, moralidade, eficiência), além de violar o princípio da isonomia. Cabe ressaltar também que existem atos administrativos que necessitam de publicidade por meios oficiais para condição de sua eficácia (o ato administrativo deve ser perfeito, válido e eficaz). Conforme descreve a lei 9784/99 que o ato de delegação é um deles:

“Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial”. Outro exemplo é a Nomeação de Candidatos em concurso público, que se torna apto a surtir seus

efeitos a partir de sua publicação oficial. 2.9. Princípio da Eficiência

A EC n. 19 trouxe para o texto constitucional o princípio da eficiência, que obrigou a Administração Pública a aperfeiçoar os serviços e as atividades que presta, buscando otimização de resultados e visando atender o interesse público com maior eficiência.

Devemos ressaltar, todavia, que já constava em nossa legislação infraconstitucional o mencionado princípio, a exemplo do Dec. Lei n. 200/67 (arts.13 e 25, V), da Lei de Concessões e Permissões (Lei n. 8987/95, arts. 6.º e 7.º) e do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8078/90, arts. 4.º, VII e 6.º, X e 22).

Este princípio obriga o Poder Público a manter e ampliar a qualidade dos serviços públicos que presta, atendendo, simultaneamente a racionalização das despesas.

Eficiência e Eficácia

Eficiente é a pessoa preocupada em realizar suas tarefa, resolvendo os problemas inerentes a ela da melhor forma, com o melhor tempo e menor custo. Ser eficiente é atingir a meta estabelecida, diária, mensal ou anualmente, explorando ao máximo os recursos disponíveis.

A eficácia, por sua vez, é a característica de quem se preocupa em conseguir bons resultados sem ir além do cumprimento de metas. Ë um conceito ligado a efetividade.

A eficiência significa realizar um trabalho correto, sem muitos erros, por outro lado a eficácia consiste em realizar um trabalho que atinja totalmente o resultado, concluindo o que se propôs a fazer com um bom almejo do resultado. Em um mundo globalizado, torna-se mais inserido e preparado dentro do mercado, o agente público que consegue distinguir o significado destas duas palavras e sabem aproveitá-las e ou utilizá-las quando convier.

“Tratando-se dos níveis de decisões do órgão ou entidade pública, a eficácia está

relacionada ao nível tático (gerencial), e a eficiência ao nível operacional (como realizar as operações com menos recursos – menos tempo, menor orçamento, menos pessoas, menos matéria-prima, etc.).” O princípio da eficiência é um princípio originário da Administração Privada, onde uma instituição precisa ter foco nos alcance dos resultados almejados.

Em resumo: A administração pública deve parecer ao máximo com a Administração Privada quanto ao alcance dos resultados .

Consequências Principais do Princípio da Eficiência A – Contrato de Gestão – Foco no alcance de metas.

Art.37 § 8º CF/88 - A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: I - o prazo de duração do contrato; II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; III - a remuneração do pessoal.

B– Concurso Público

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Art.37 I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.;

C – Licitação Pública

Art. 37, XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

D – Controle dos Gastos Públicos

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

2.10.Princípio da Economicidade

Princípio implícito, diz respeito a melhor utilização dos recursos disponíveis (Princípio do não desperdício). Ë derivado do princípio da eficiência

2.11.Princípio da Legitimidade

As justificativas da Administração Pública devem ser legítimas, verdadeiras, sob pena de anulação do ato administrativo em questão. A relação entre legalidade e legitimidade é muito estreita, a ponto de alguns autores as confundirem. O termo legitimidade interessa precipuamente à ciência política, mas também é importante a todas as ciências humanas.

Correntemente se diz legítimo aquilo que se faz de acordo com as regras da sociedade, o que transportando para o Direito, temos que é legítimo tudo que está na conformidade da lei. Por este viés seria legal aquilo que é feito por determinação da lei, o que em Direito se conhece por vinculação à lei.

Uma outra relação que é comumente feita é a da legitimidade com o poder. Legitimidade é uma qualidade do poder, enquanto legalidade se refere ao exercício do mesmo.

Princípios Constitucionais Implícitos

Já citamos alguns como Legitimidade, Economicidade, Isonomia e Finalidade. Do artigo Quinto podemos citar princípios referentes aos Processo administrativos: 2.12 - Princípio do Devido Processo Legal

Art. 5° CF/88, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

Princípio derivado do princípio da legalidade, observância dos parâmetros legais para os procedimentos

administrativos .

2.13 – Princípio da Ampla Defesa e Contraditório

Art. 5° CF/88, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Para a Administração Pública, a regra é a prática de atos administrativos, os quais têm como condição

de forma, a realização de um processo administrativo que, por sua vez, tem que seguir o modelo constitucional, mediante a observação dos Princípios do Contraditório e Ampla Defesa. Esta é uma posição, hoje, muito clara no âmbito da jurisprudência, inclusive no âmbito do STF.

O Princípio do Contraditório impõe que seja dada ciência à parte da existência de um processo que contra ela corra. Uma vez que este lhe seja levado a conhecimento, deve-se dar à parte a oportunidade de se defender (Princípio da Ampla Defesa).

A professora Odete Medauar faz importantes considerações sobre estes princípios. Defende a autora que, para que a Ampla Defesa seja uma verdadeira oportunidade, devem ser cumpridas algumas exigências/condições:

1ª) A parte tem que ter direito a defender-se previamente, razão pela qual os procedimentos e penalidades devem ser pré-estabelecidos. Caso contrário, a parte não poderia se defender eficazmente, por não saber qual seria o procedimento seguinte ou a penalidade a que estaria sujeita.

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2ª) A parte tem que ter acesso às informações contidas no processo. Embora não seja possível a realização de carga de processos administrativos, deve ser possibilitada à parte, ao menos, a obtenção de cópia destes.

3ª) A parte tem que ter direito à produção de provas. No entanto, além de permitir que a parte as produza, deve-se garantir que as provas produzidas tenham potencial para influenciar no convencimento do julgador, não bastando que sejam produzidas apenas para serem juntadas aos autos do processo.

4ª) A defesa técnica é facultativa. A jurisprudência do STJ, porém, entendia que, pelo fato de a presença de um advogado contribuir para o processo administrativo disciplinar, esta deveria ser garantida aos processados.

5ª) A parte tem que ter direito de recurso: Para que tal direito seja concretizado, é preciso que a parte tenha acesso às respectivas informações, bem como à motivação do ato que pretende impugnar.

2.14 - Princípio Da Proibição De Provas Ilícitas

Art. 5° CF/88, LVI - são inadmissíveis, no processo (Administrativo ou Judicial), as provas obtidas por meios ilícitos;

Provas obtidas por meios ilícitos não podem influir na decisão da autoridade julgadora. O texto

constitucional parece, contudo, jamais admitir qualquer prova cuja obtenção tenha sido ilícita. Entendo, porém, que a regra não seja absoluta, porque nenhuma regra constitucional é absoluta, uma vez que tem de conviver com outras regras ou princípios também constitucionais.

Assim, continuará a ser necessário o confronto ou peso entre os bens jurídicos, desde que constitucionalmente garantidos, a fim de se admitir, ou não, a prova obtida por meio ilícito. Veja-se, por exemplo, a hipótese de uma prova decisiva para a absolvição obtida por meio de uma ilicitude de menor monta.

O entendimento da jurisprudência brasileira tem sido no mesmo sentido do entendimento doutrinário, pugnando pela necessidade de se levar em conta os bens conflitantes no caso concreto sempre à luz do princípio da proporcionalidade.

2.15 – Princípio Da Presunção Da Inocência

Art. 5° CF/88, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

Em termos jurídicos, esse princípio se desdobra em duas vertentes: como regra de tratamento (no

sentido de que o acusado deve ser tratado como inocente durante todo o decorrer do processo, do início ao trânsito em julgado da decisão final) e como regra probatória (no sentido de que o encargo de provar as acusações que pesarem sobre o acusado é inteiramente do acusador, não se admitindo que recaia sobre o indivíduo acusado o ônus de "provar a sua inocência", pois essa é a regra). Trata-se de uma garantia individual fundamental e inafastável, corolário lógico do Estado Democrático de Direito

2.16 – Princípio Da Celeridade Processual

Art. 5° CF/88, LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

Princípio derivado do Princípio da Eficiência e nào se aplica somente no Direito Administrativo, mas

em vários ramos do Direito.No âmbito do Direito Processual Penal é também inegável a vigência do Princípio em exame, não apenas pela previsão do procedimento sumário (art. 531 e ss., Código de Processo Penal), mas também pelas demais disposições constantes da legislação codificada e extravagante, exigindo celeridade no trâmite das causas criminais, sobretudo naquelas hipóteses em que o réu encontra-se privado de sua liberdade.

Tanto no processo civil quanto no penal, o princípio pode ser depreendido, ainda, de disposições como aquelas que impõem sanções aos magistrados, membros do Ministério Público e funcionários, pelo retardamento nos atos que devam praticar (arts. 193, 194, 198, 199 e outros do CPC, arts. 799, 801 e 802 do CPP).

Pode-se afirmar, ainda, que o Princípio da Celeridade vige em sua plenitude em dispositivos como aqueles que prevêem a tutela antecipada (art. 273 CPC), bem como nas ações de cunho mandamental (mandado de segurança, Lei nº 1.533/51 e Lei nº 4.348/64, Habeas Corpus, e.g.).

Na seara do Direito Processual do Trabalho, a Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto-lei nº 5.452/43, já o consagrava:

"Art. 765. Os juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas."

Princípios Legais

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Lei 9784/99 “Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência”. Como já falamos de alguns como legalidade, finalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,

interesse público e eficiência, comentaremos a seguir os demais.

2.17 .Princípio da Motivação

É o princípio mais importante, visto que sem a motivação não há o devido processo legal. Motivar significa: • mencionar o dispositivo legal aplicável ao caso concreto; • relacionar os fatos que concretamente levaram à aplicação daquele dispositivo legal.

Todos os atos administrativos devem ser motivados para que o Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem-se observar os motivos dos atos administrativos.

Lei 9784/99 - Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e

dos fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres,

laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de

concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que,

neste caso, serão parte integrante do ato.

2.18. Segurança Jurídica

Os princípios da segurança jurídica e da proteção à confiança passaram a constar, expressamente,

da legislação infraconstitucional pátria, com o advento da Lei Geral do Processo Administrativo Federal

(Lei nº 9.784/99), em que ficou consignado, no seu artigo 54, que “o direito da Administração de anular os

atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em 5 (cinco) anos,

contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé". A norma, como se pode observar,

conjuga os aspectos de tempo e boa-fé, mas se dirige essencialmente a estabilizar relações jurídicas pela

convalidação de atos administrativos inquinados de ilegalidade.

A jurisprudência aponta alguns casos em que foram convalidadas situações jurídicas ilegítimas, com

a aplicação da teoria do fato consumado. Em certas ocasiões, é melhor convalidar o ato/fato do que suprimi-

lo da ordem jurídica, hipótese em que o transtorno seria de tal modo expressivo que chegaria ao extremo

de ofender o princípio da estabilidade das relações jurídicas. Com a positivação desse princípio, portanto,

tornou-se mais fácil sustentar o fato ilegítimo anterior e, com isso, consolidar situações de fato que se

firmaram ao longo do tempo.

Decorre, portanto, da regra do artigo 54 da Lei 9784/99, a clara intenção de sobrelevar o princípio

da proteção à confiança, de modo que, após cinco anos e desde que tenha havido boa-fé, fica limitado o

poder de autotutela da Administração Pública que, em consequência, não mais poderá apagar os efeitos

favoráveis que o ato produziu para seu destinatário.

“Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. § 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato. Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração”.

2.19. Razoabilidade e Proporcionalidade

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São princípios não só da Administração Pública, mas Princípios Gerais do Direito. O princípio da razoabilidade refere-se às análises de adequação e de necessidade. O requisito adequação obriga o administrador a perquirir se o ato por ele praticado mostra-se efetivamente apto a atingir os objetivos pretendidos (alcançará o ato os resultados almejados?). Se não for adequado é óbvio que não pode ser praticado o ato.

Já o requisito necessidade preocupa-se com a exigibilidade ou não da adoção das medidas restritivas: será que não haveria um meio menos gravoso à sociedade e igualmente eficaz na consecução dos objetivos visados (não está desmedida, excessiva, desnecessária, desproporcional, a medida adotada?).

O princípio da razoabilidade (citado por alguns autores como “princípio da proibição de excesso”) tem por fim aferir a compatibilidade entre os meios e os fins de um ato administrativo, de modo a evitar restrições desnecessárias, arbitrárias ou abusivas por parte da Administração Pública.

O princípio da proporcionalidade representa, em verdade, uma das vertentes do princípio da razoabilidade.

Princípio Jurisprudencial 2.20 – Princípio da Autotutela

No exercício deste poder-dever a Administração, atuando por provocação do particular ou de ofício,

reaprecia os atos produzidos em seu âmbito, análise esta que pode incidir sobre a legalidade do ato ou

quanto ao seu mérito.

Na primeira hipótese - análise do ato quanto à sua legalidade -, a decisão administrativa pode ser no

sentido de sua conformidade com a ordem jurídica, caso em que será o ato terá confirmada sua validade;

ou pela sua desconformidade, caso em que o ato será anulado.

Na segunda hipótese - análise do ato quanto ao seu mérito -, poderá a Administração decidir que o

ato permanece conveniente e oportuno com relação ao interesse público, caso em que permanecerá eficaz;

ou que o ato não se mostra mais conveniente e oportuno, caso em que será ele revogado pela

Administração.

Percebe-se que a autotutela administrativa é mais ampla que a jurisdicional em dois aspectos.

Em primeiro lugar, pela possibilidade de a Administração reapreciar seus atos de ofício, sem

necessidade de provocação do particular, ao contrário do Judiciário, cuja atuação pressupõe

necessariamente tal manifestação (princípio da inércia).

Por segundo, em função dos aspectos do ato que podem ser revistos, já que a Administração poderá

reanálisá-los quanto à sua legalidade e ao seu mérito, ao passo que o Judiciário só pode apreciar, em linhas

gerais, a legalidade do ato administrativo.

O princípio da autotutela sempre foi observado no seio da Administração Pública, e está contemplado

na Súmula nº 473 do STF, vazada nos seguintes termos:

"A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ilegais,

porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,

respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em qualquer caso, a apreciação judicial".

PRINCÍPIO EXPLICAÇÃO

LEGALIDADE

A Administração Pública somente pode agir autorizada por lei.

A Administração Pública deve agir conforme o ordenamento jurídico, ou seja,

respeitando todo o Direito vigente. Confunde-se com o princípio da

LEGITIMIDADE.

Respeito aos princípios da IGUALDADE e ISONOMIA nas ações da

Administração Pública.

Corresponde ao princípio da FINALIDADE, ou seja, a Administração Pública

busca o INTERESSE PÚBLICO.

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IMPESSOALIDADE Veda que o agente público busque fins de interesse pessoal (agir em proveito

pessoal).

MORALIDADE

Exige a CONDUTA ÉTICA da Administração Pública (boa-fé, honestidade,

probidade, etc).

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Confere TRANSPARÊNCIA às ações da Administração Pública, permitindo o

CONTROLE.

Confere VALIDADE a certos (determinados) atos da Administração Pública.

Publicação oficial dos atos.

Admite o SIGILO quando este preservar o interesse público. Ex: investigações

policiais, assuntos de segurança nacional, questões de um concurso público,

propostas de preço na licitação, etc.)

EFICIÊNCIA

Princípio acrescentado ao texto constitucional pela EC n. 19/98. Marca a

mudança de uma Administração Pública burocrática para uma Administração

Pública gerencial.

Busca de RESULTADOS satisfatórios na prestação dos serviços públicos e

equilíbrio entre CUSTO/BENEFÍCIO.

Princípios Implícitos:

Supremacia do Interesse Público: os interesses da coletividade devem prevalecer sobre os interesses

particulares;

Indisponibilidade: os agentes públicos não podem renunciar aos interesses e direitos da Administração

Pública;

Razoabilidade e Proporcionalidade: os atos do Poder Público devem ser realizados em um grau

adequado, razoável e sensato, evitando o uso de medidas abusivas, desproporcionais ou desnecessárias;

Autotutela: a Administração deve controlar seus próprios atos, anulando-os, quando eivados de vícios de

legalidade, ou revogando-os, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos

adquiridos;

Segurança Jurídica: é vedada a aplicação retroativa de nova interpretação de lei no âmbito da

Administração Pública;

Continuidade do Serviço Público: em virtude de sua grande relevância para a sociedade, os serviços

públicos devem ter um caráter contínuo;

Motivação: a Administração deve expor de forma clara e explícita as fundamentações de seus atos, isto é,

suas razões de fato e de direito;

Especialidade: cada órgão e entidade da Administração Pública deve trabalhar somente em seu campo de

atuação, definido em lei, não podendo um órgão exercer atividade estranha à sua missão legalmente

constituída.

2.21 - Princípios Previstos No Decreto-Lei 200/67

Dos Princípios Fundamentais

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Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes princípios fundamentais:

I - Planejamento.

II - Coordenação.

III - Descentralização.

IV - Delegação de Competência.

V - Controle.

CAPÍTULO I DO PLANEJAMENTO

Art. 7º A ação governamental obedecerá a planejamento que vise a promover o desenvolvimento econômico-

social do País e a segurança nacional, norteando-se segundo planos e programas elaborados, na forma do Título III, e

compreenderá a elaboração e atualização dos seguintes instrumentos básicos:

a) plano geral de governo;

b) programas gerais, setoriais e regionais, de duração plurianual;

c) orçamento-programa anual;

d) programação financeira de desembolso.

CAPÍTULO II DA COORDENAÇÃO

Art . 8º As atividades da Administração Federal e, especialmente, a execução dos planos e programas de governo,

serão objeto de permanente coordenação.

§ 1º A coordenação será exercida em todos os níveis da administração, mediante a atuação das chefias individuais,

a realização sistemática de reuniões com a participação das chefias subordinadas e a instituição e funcionamento de

comissões de coordenação em cada nível administrativo.

§ 2º No nível superior da Administração Federal, a coordenação será assegurada através de reuniões do

Ministério, reuniões de Ministros de Estado responsáveis por áreas afins, atribuição de incumbência coordenadora a

um dos Ministros de Estado (art. 36), funcionamento das Secretarias Gerais (art. 23, § 1º) e coordenação central dos

sistemas de atividades auxiliares (art. 31).

§ 3º Quando submetidos ao Presidente da República, os assuntos deverão ter sido previamente coordenados com

todos os setores neles interessados, inclusive no que respeita aos aspectos administrativos pertinentes, através de

consultas e entendimentos, de modo a sempre compreenderem soluções integradas e que se harmonizem com a política

geral e setorial do Governo. Idêntico procedimento será adotado nos demais níveis da Administração Federal, antes

da submissão dos assuntos à decisão da autoridade competente.

Art. 9º Os órgãos que operam na mesma área geográfica serão submetidos à coordenação com o objetivo de

assegurar a programação e execução integrada dos serviços federais.

Parágrafo único. Quando ficar demonstrada a inviabilidade de celebração de convênio (alínea b do § 1º do art.

10) com os órgãos estaduais e municipais que exerçam atividades idênticas, os órgãos federais buscarão com eles

coordenar-se, para evitar dispersão de esforços e de investimentos na mesma área geográfica.

CAPÍTULO III DA DESCENTRALIZAÇÃO

Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal deverá ser amplamente descentralizada.

§ 1º A descentralização será posta em prática em três planos principais:

a) dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-se claramente o nível de direção do de execução;

b) da Administração Federal para a das unidades federadas, quando estejam devidamente aparelhadas e mediante

convênio;

c) da Administração Federal para a órbita privada, mediante contratos ou concessões.

§ 2° Em cada órgão da Administração Federal, os serviços que compõem a estrutura central de direção devem

permanecer liberados das rotinas de execução e das tarefas de mera formalização de atos administrativos, para que

possam concentrar-se nas atividades de planejamento, supervisão, coordenação e controle.

§ 3º A Administração casuística, assim entendida a decisão de casos individuais, compete, em princípio, ao nível

de execução, especialmente aos serviços de natureza local, que estão em contato com os fatos e com o público.

§ 4º Compete à estrutura central de direção o estabelecimento das normas, critérios, programas e princípios, que

os serviços responsáveis pela execução são obrigados a respeitar na solução dos casos individuais e no desempenho

de suas atribuições.

§ 5º Ressalvados os casos de manifesta impraticabilidade ou inconveniência, a execução de programas federais

de caráter nitidamente local deverá ser delegada, no todo ou em parte, mediante convênio, aos órgãos estaduais ou

municipais incumbidos de serviços correspondentes.

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§ 6º Os órgãos federais responsáveis pelos programas conservarão a autoridade normativa e exercerão controle

e fiscalização indispensáveis sobre a execução local, condicionando-se a liberação dos recursos ao fiel cumprimento

dos programas e convênios.

§ 7º Para melhor desincumbir-se das tarefas de planejamento, coordenação, supervisão e controle e com o

objetivo de impedir o crescimento desmesurado da máquina administrativa, a Administração procurará desobrigar-se

da realização material de tarefas executivas, recorrendo, sempre que possível, à execução indireta, mediante contrato,

desde que exista, na área, iniciativa privada suficientemente desenvolvida e capacitada a desempenhar os encargos de

execução.

§ 8º A aplicação desse critério está condicionada, em qualquer caso, aos ditames do interesse público e às

conveniências da segurança nacional.

CAPÍTULO IV DA DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA

Art. 11. A delegação de competência será utilizada como instrumento de descentralização administrativa, com o

objetivo de assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-as na proximidade dos fatos, pessoas ou

problemas a atender.

Art . 12 . É facultado ao Presidente da República, aos Ministros de Estado e, em geral, às autoridades da

Administração Federal delegar competência para a prática de atos administrativos, conforme se dispuser em

regulamento.

Parágrafo único. O ato de delegação indicará com precisão a autoridade delegante, a autoridade delegada e as

atribuições objeto de delegação.

CAPÍTULO V DO CONTROLE

Art. 13 O controle das atividades da Administração Federal deverá exercer-se em todos os níveis e em todos os

órgãos, compreendendo, particularmente:

a) o controle, pela chefia competente, da execução dos programas e da observância das normas que governam a

atividade específica do órgão controlado;

b) o controle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da observância das normas gerais que regulam o exercício

das atividades auxiliares;

c) o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos bens da União pelos órgãos próprios do sistema

de contabilidade e auditoria.

Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado mediante simplificação de processos e supressão de

controles que se evidenciarem como puramente formais ou cujo custo seja evidentemente superior ao risco.

NIVELAMENTO - ACCOUNTABILIY OU PRINCÍPIO DA RESPONSIVIDADE

O termo Accountability, que não apresenta tradução exata para a língua portuguesa, refere-se ao

termo da língua inglesa Account, oriundo do antigo francês acont ou aconter, traduzido inicialmente para

o inglês na forma do antigo verbo reckon (onde a tradução de to reckon para o português significaria

"avaliar, calcular, contar, orçar, considerar, computar, concluir").

Analisando a terminologia em Inglês, a conjugação do verbo transitivo account assume algumas

formas como nos exemplos accounted (passado perfeito do verbo account - calculado, contado,

considerado), accounting (gerundio do verbo account - calculando, computando, avaliando), accounts

(presente na 3ª pessoa do singular do verbo account - calcula, considera, conclui).

Ainda considerando a composição terminológica do termo Account até sua forma 'substantivada',

representada pelo termo Accountability, passamos pela formação do adjetivo Accountable, ou seja

Account-able (onde, neste caso, o sufixo "able" em uma tradução literal significaria "apto a", ou seja,

"Accountable: que pode ser explicado, possível de ser calculado, apto a ser considerado ou avaliado").

A tradução do termo Accountability é frequentemente associada ao termo "Responsabilização" em

português, normalmente aplicada aos domínios da política e da administração, como por exemplo, em

temáticas relacionadas à Governança.

Em se tratando da esfera pública, o termo Accountability encontra-se frequentemente relacionado à

fiscalização, avaliação e, muitas vezes, à ética no trato do bem público, visto que seu significado remete à

obrigação da prestação de contas de membros de um órgão administrativo ou instituição representativa à

instâncias controladoras ou a seus representados.

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Outro termo utilizado nesse contexto é a“responsividade”, em que os governantes responsivos

obedecem aos desejos ou determinações dos cidadãos (o que os levaria a adotar políticas para atender esses

desejos). Os governos são responsivos “quando promovem os interesses dos cidadãos, adotando políticas

escolhidas pelos cidadãos” (Wagner Araujo e Marco Gomes, 2006).

A responsividade não é um termo autônomo, ela vincula-se ao termo accountability, como um de

seus elementos, assim como a responsabilidade. Segundo Lamartine Braga, et al. (2008) o governo

responsivo: “executa fielmente as políticas do dia a dia; satisfaz as necessidades dos grupos de clientes;

comunica-se e toma conselhos; usa políticas atuais que satisfazem as necessidades dos cidadãos

envolvidos”.

Num ambiente democrático há um forte aspecto político no accountability. Para Adam Przeworski

(1996), há accountability nos governos quando “os cidadãos têm possibilidade de discernir aqueles que

agem em seu benefício”, e assim são capazes de lhes conceder aprovação e/ou lhes impor sanções, de forma

que “os governantes que atuam em prol do benefício dos cidadãos sejam reeleitos, e os que não o fazem

sejam derrotados”.

O Accountability Horizontal ocorre através da mútua fiscalização e controle existente entre os

poderes (os freios e contrapesos), ou entre os órgãos, por meio dos Tribunais de Contas ou Controladorias

Gerais e agências fiscalizadoras – pressupõe uma ação entre iguais ou autônomos. Esse accountability

refere-se a “transparência das ações da gestão pública em relação aos agentes que podem fiscalizá-las e

puni-las” (Marcelo Amaral, 2007). O accountability horizontal pressupõem que existam órgãos próprios de

Estado detentores de “poder e capacidade, legal e de fato, para realizar ações, tanto de monitoramento de

rotina quanto de imposição de sanções criminais ou de impeachment, em relação a ações ou omissões ilegais

exercidas por outros órgãos ou agentes do Estado” (O’donel, apud Ana Mota, 2006). A ação entre iguais

ocorre entre os poderes (freios e contrapesos) e a ação entre autônomos se dá mediante as agências e órgãos

(dos poderes ou independentes).

São mecanismos/instrumentos de exercício do accountability horizontal: o sistema de freios e

contrapesos estabelecidos na constituição; a atuação do Ministério Público; os Tribunais de Contas, as

Controladorias Gerais e Agências fiscalizadoras; as Ouvidorias públicas; os Partidos políticos. Há autores

que também incluem a imprensa em geral.

O Accountability Vertical ocorre quando os cidadãos controlam os políticos e governos através de

plebiscito, referendo e voto, ou mediante o exercício do controle social – pressupõe uma ação entre

desiguais. O accountability vertical refere-se à “transparência das gestões em relação aos eleitores que

podem assim fiscalizá-las e puni-las, principalmente através do voto em eleições livres e justas” (Marcelo

Amaral, 2007).

Na teoria da relação agente-principal, os cidadãos são o “principal” e os governos e políticos são o

“agente”. O accountability vertical tem caráter político e pode ser considerado um mecanismo de soberania

popular, incidindo sobre os atos dos políticos e demais agentes públicos. Os principais

mecanismos/instrumentos são o voto e a ação popular.Para O’donel apud Ana Mota (2006) accountability

vertical são “os mecanismos institucionais que possibilitam ao cidadão e à sociedade civil exigir a prestação

de contas pelos agentes públicos, sendo as eleições livres e justas o principal”.aAençãoà Os principais

mecanismos de accountability vertical são o voto e a ação popular.

Accountability Social (Ou Societal), que não está ligado ao cidadão e ao voto, mas ligado às

diversas entidades sociais como associações, sindicatos, ONGs, mídia, etc, que investigam e denunciam

abusos cometidos, e cobram responsabilização.

Segundo Smulovitz e Peruzzotti (2000) o accountability social é um mecanismo de controle não

eleitoral, que utiliza ferramentas institucionais e não institucionais, e envolve múltiplas associações,

movimentos ou mídia, com vistas a expor erros e falhas do governo, incluir novas questões na agenda

pública ou influenciar as decisões políticas.

É uma espécie de controle social realizado pela sociedade civil, que procura alcançar também os

burocratas gestores, e não somente políticos ou governos. Características dessas entidades é a grande

diferença (assimetria) de recursos e a ausência de mandato legal para o exercício de accountability.

O accountability societal é incapaz de aplicar sanções contra os agentes públicos em casos de

transgressões, pois não possui competência/poder legal para isso; e pressupõe a existência de liberdade de

expressão para denunciar os erros/falhas dos governos e gestores públicos. Segundo Luis Miguel (2005)

suas advertências e denúncias ganham efetividade apenas quando sensibilizam alguma instituição de

controle: o Ministério Público, o Tribunal de Contas, ou o eleitorado.

DIREITO ADMINISTRATIVO

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EXERCÍCIOS 01 – (CESPE/MIS/2013) - ( ) - Os costumes, a jurisprudência, a doutrina e a lei constituem as principais fontes do direito administrativo. 02 – (FUNCAB/PC-SE/2013) - No Direito Administrativo contemporâneo, a expressão que define o

núcleo diretivo do Estado, alterável por eleições e responsável pela gerência dos interesses estatais e

pelo exercício do poder político é:

A) Administração Pública.

B) Governo.

C) Poder Público.

D) Controladoria.

E) Gerência Fiscal. 03 – (PC-SP/2013) - O conceito de Direito Administrativo é peculiar e sintetiza-se no conjunto

harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes

a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. A par disso, é fonte

primária do Direito Administrativo

A) a jurisprudência.

B) os costumes.

C) os princípios gerais de direito.

D) a lei, em sentido amplo.

E) a doutrina.

04 – (CESPE/INPI/2013) – ( ) - Pelo critério do Poder Executivo, os atos administrativos praticados

pelos Poderes Legislativo e Judiciário não seriam objetos de estudo do direito administrativo.

05 – (CESPE/INPI/2013) – ( ) - Considerada fonte secundária do direito administrativo, a jurisprudência

não tem força cogente de uma norma criada pelo legislador, salvo no caso de súmula vinculante, cujo

cumprimento é obrigatório pela administração pública.

06 – (CESPE/2013) - Acerca do direito administrativo, assinale a opção correta.

A) A administração pública confunde-se com o próprio Poder Executivo, haja vista que a este cabe, em

vista do princípio da separação dos poderes, a exclusiva função administrativa.

B) A ausência de um código específico para o direito administrativo reflete a falta de autonomia dessa área

jurídica, devendo o aplicador do direito recorrer a outras disciplinas subsidiariamente.

C) O direito administrativo visa à regulação das relações jurídicas entre servidores e entre estes e os órgãos

da administração, ao passo que o direito privado regula a relação entre os órgãos e a sociedade.

D) A indisponibilidade do interesse público, princípio voltado ao administrado, traduz-se pela

impossibilidade de alienação ou penhora de um bem público cuja posse detenha o particular.

E) Em sentido subjetivo, a administração pública confunde-se com os próprios sujeitos que integram a

estrutura administrativa do Estado. 07 – (FVG/2015) - Assinale a opção que indica o princípio que, em caso de risco de danos graves e

degradação ambiental, permite a adoção imediata de medidas preventivas.

DIREITO ADMINISTRATIVO

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A) Princípio da Autotutela

B) Princípio da Eficiência

C) Princípio da Segurança Jurídica

D) Princípio da Indisponibilidade

E) Princípio da Precaução

08 – (FGV/2015) - O processo de aquisição de bens para uma organização pública foi paralisado sob

o argumento de que a aquisição, dada a natureza dos objetos especificados, não estava voltada ao

interesse público. Nesse caso, a paralisação está sustentada no argumento de que o processo fere o

princípio da:

A) eficiência;

B) finalidade;

C) igualdade;

D) publicidade;

E) continuidade.

09 –(FCC/TRE-RR/2015) - O Supremo Tribunal Federal, em importante julgamento ocorrido no ano

de 2011, julgou inconstitucional lei que vedava a realização de processo seletivo para o recrutamento

de estagiários por órgãos e entidades do Poder Público do Distrito Federal. O aludido julgamento

consolidou fiel observância, dentre outros, ao princípio da

A) segurança jurídica.

B) publicidade.

C) presunção de legitimidade.

D) motivação.

E) impessoalidade.

10 – (FCC/2015) - Juscelino, servidor público estadual e responsável pela condução de determinado

processo administrativo, de caráter litigioso, constata causa de impedimento que o inviabiliza de

conduzir o citado processo. No entanto, Juscelino queda-se silente e não comunica a causa de

impedimento, continuando à frente do processo administrativo. Neste caso, configura violação ao

princípio da

A) impessoalidade.

B) publicidade.

C) motivação.

D) supremacia do interesse privado.

E) presunção de veracidade.

Julgue os itens que se seguem à luz dos princípios do direito administrativo.

11- CESPE/2015 – ( ) - Em um Estado democrático de direito, deve-se assegurar o acesso amplo às

informações do Estado, exigindo-se, com amparo no princípio da publicidade, absoluta transparência, sem

espaço para excepcionalidades no âmbito interno.

12- CESPE/2015 – ( ) - De acordo com o princípio da moralidade administrativa, os agentes públicos,

no exercício de suas atribuições, não devem desvirtuar suas funções em prol de interesses privados.

13 - ( ) - No que concerne à administração pública, julgue os itens a seguir.

Na sua acepção formal, entende-se governo como o conjunto de poderes e órgãos constitucionais.

14 – (FGV/2015) - Assinale a opção que indica o princípio que, em caso de risco de danos graves e

degradação ambiental, permite a adoção imediata de medidas preventivas.

A) Princípio da Autotutela

B) Princípio da Eficiência

C) Princípio da Segurança Jurídica

D) Princípio da Indisponibilidade

E) Princípio da Precaução

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16 - (CESPE/INSS/2016) - Na análise da moralidade administrativa, pressuposto de validade de todo ato da

administração pública, é imprescindível avaliar a intenção do agente.

17 – (CONSULPLAN/TRE-MG/2015) - O princípio da legalidade constitui um dos pilares do Estado

Democrático de Direito estabelecendo um claro limite para a atuação do administrador público.

Nessa trilha, é correto afirmar que a lei na administração pública é

A) comando normativo autorizativo.

B) campo para o exercício da vontade individual.

C) passível de lacuna preenchível autoritariamente.

D) desnecessária diante da existência de atos administrativos.

18 – (FCC/TRE-RR/2015) - A Administração Pública Federal, enquanto não concluído e homologado

determinado concurso público para Auditor Fiscal da Receita Federal, alterou as condições do

certame constantes do respectivo edital, para adaptá-las à nova legislação aplicável à espécie. E, assim

ocorreu, porque antes do provimento do cargo, o candidato tem mera expectativa de direito à

nomeação. Trata-se de aplicação do Princípio da

A) Eficiência.

B) Publicidade.

C) Legalidade.

D) Motivação.

E) Supremacia do interesse privado

19 – (FUMARC/2015) - Para o agente público no exercício da função, o princípio da legalidade

determina que

a) deve praticar os atos que a lei determina e não pode praticar atos que a lei não autorize, sob pena de

ilegalidade ou abuso de poder.

b) o agente siga suas convicções morais e políticas.

c) o próprio agente sempre decida qual conduta deve ser praticada.

d) pode praticar toda e qualquer conduta que não esteja proibida em lei.

20 – (CESPE/STJ/2015) - Em um Estado democrático de direito, deve-se assegurar o acesso amplo às

informações do Estado, exigindo-se, com amparo no princípio da publicidade, absoluta transparência, sem

espaço para excepcionalidades no âmbito interno.

21 - De acordo com o princípio da publicidade administrativa,

a) pode haver sigilo de informações administrativas quando tal for imprescindível à segurança do Estado

e da sociedade.

b) não se admite qualquer espécie de sigilo no exercício de funções administrativas.

c) só existem atos administrativos escritos e sua eficácia é sempre condicionada à publicação no Diário

Oficial.

d) o ato administrativo deve ser sempre publicado em sítio do órgão ou entidade pública na Internet.

22 - O princípio da legalidade explicita a subordinação da Administração Pública à lei e é

decorrência natural:

a) do controle administrativo de seus próprios atos.

b) do controle judicial dos atos administrativos.

c) da indisponibilidade do interesse público.

d) do princípio da hierarquia.

23 - A finalidade, enquanto elemento essencial à validade dos atos administrativos, mais se

relaciona com o princípio da:

a) Legalidade;

b) Impessoalidade;

c) Moralidade;

d) Eficiência.

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24 - A exigência de que o serviço público seja eficaz e que atenda plenamente a necessidade para a

qual foi criado e a exigência de que os atos administrativos, para que tenham eficácia, devam ter

divulgação oficial, referem-se, respectivamente, aos princípios da

a) eficiência e impessoalidade.

b) publicidade e eficiência.

c) moralidade e publicidade.

d) eficiência e publicidade.

e) impessoalidade e publicidade.

25 - Em razão do princípio da legalidade, é correto afirmar que a

a) atividade administrativa deve ser exercida com presteza, qualidade e produtividade funcional.

b) Administração Pública tem certa liberdade de atuação, pois pode exercer qualquer atividade, desde que

a lei não proíba.

c) Administração Pública só pode fazer o que a lei determina ou autoriza.

d) Administração Pública fica obrigada a manter uma posição imparcial em relação aos administrados.

e) atividade administrativa somente poderá ser válida, se exercida no limite e intensidade necessária ao

fim proposto.

26 - O princípio que exige objetividade no atendimento do interesse público, vedando a promoção

pessoal de agentes ou autoridades; e aquele que impõe a todo agente público a realização de suas

atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional denominam-se, respectivamente,

a) impessoalidade e eficiência.

b) publicidade e impessoalidade.

c) impessoalidade e moralidade.

d) eficiência e legalidade.

e) publicidade e eficiência.

27 - Com relação aos princípios constitucionais da Administração Pública, considere:

I. A Constituição Federal proíbe expressamente que conste nome, símbolo ou imagens que

caracterizem promoção pessoal de autoridade ou servidores públicos em publicidade de atos,

programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos.

II. Todo agente público deve realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento

funcional.

As afirmações citadas correspondem, respectivamente, aos princípios da

a) impessoalidade e eficiência.

b) publicidade e moralidade.

c) legalidade e impessoalidade.

d) moralidade e legalidade.

e) eficiência e publicidade.

28 - Acerca do princípio da moralidade, é correto afirmar que:

a) refere-se ao respeito aos princípios éticos de razoabilidade e justiça, não sendo, contudo, pressuposto

de validade de todo ato da Administração Pública;

b) exige proporcionalidade entre os meios e os fins a atingir, entre os sacrifícios impostos à coletividade

e os benefícios por ela auferidos, impondo observância aos valores éticos;

c) enquadra-se nos denominados crimes de responsabilidade civil contra a ordem pública a conduta do

administrador em desrespeito ao princípio da moralidade administrativa;

d) não vincula os servidores, mas sim os agentes políticos que detêm discricionariedade para escolha e

tomada de decisão para gestão da coisa pública;

e) exclui-se do controle jurisdicional dos atos administrativos seu exame, em virtude da ausência de

previsão constitucional expressa.

29 - Assinale a alternativa CORRETA:

a) O princípio da moralidade só pode ser aferido pelos critérios pessoais do administrador.

b) São princípios explícitos da Administração Pública, entre outros, os da legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade e eficiência.

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c) O princípio da razoabilidade ou proporcionalidade não é princípio consagrado sequer implicitamente.

d) O princípio da publicidade obriga a presença do nome do administrador nos atos, serviços e campanhas

do Poder Público.

e) O princípio da motivação não exige a indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem

a decisão administrativa.

30 - Apontar os fundamentos de fato e de direito e a correlação existente entre a situação ocorrida

e a providência tomada de forma a manifestar a consonância da conduta administrativa adotada

com a lei correspondente. Tal afirmativa refere-se a qual Princípio Administrativo:

a) Publicidade.

b) Motivação.

c) Razoabilidade.

d) Autoexecutoriedade.

31 - Em razão do princípio da legalidade, é correto afirmar que a

a) atividade administrativa deve ser exercida com presteza, qualidade e produtividade funcional.

b) Administração Pública tem certa liberdade de atuação, pois pode exercer qualquer atividade, desde que

a lei não proíba.

c) Administração Pública só pode fazer o que a lei determina ou autoriza.

d) Administração Pública fica obrigada a manter uma posição imparcial em relação aos administrados.

e) atividade administrativa somente poderá ser válida, se exercida no limite e intensidade necessária ao

fim proposto.

32 - O Prefeito Municipal passou a exibir nas placas de todas as obras públicas a indicação

"GOVERNO TOTONHO FI LHO" . Assim agindo, o governante ofendeu o princípio da

administração pública conhecido como:

a) moralidade.

b)) impessoalidade.

c) autotutela.

d) razoabilidade.

e) publicidade.

33 - Membros da comissão permanente de licitação de determinado Município fraudaram um

certame, para favorecer sociedade empresária cujo sócio administrador é amigo íntimo de um dos

membros da citada comissão. No caso em tela, os agentes públicos envolvidos afrontaram

diretamente o princípio administrativo expresso no art. 37, caput, da Constituição da República.

Trata-se do princípio da:

a) razoabilidade;

b) competitividade;

c) economicidade;

d) isonomia;

e) impessoalidade.

34 – ( ) - (CESPE/STJ/2015) - Em um Estado democrático de direito, deve-se assegurar o acesso amplo

às informações do Estado, exigindo-se, com amparo no princípio da publicidade, absoluta transparência,

sem espaço para excepcionalidades no âmbito interno.

35 – (CESPE/TCE-PR/2016) - O princípio da proteção à confiança da administração pública

A) determina que a administração pública atenda apenas ao que a lei impõe.

B) dá à administração pública o poder da execução imediata das decisões administrativas, possibilitando a

criação de obrigações para o particular.

C) corresponde ao aspecto subjetivo do princípio da segurança jurídica.

D) é considerado uma imposição da limitação à discricionariedade da administração pública.

E) é um dos princípios expressamente arrolados no art. 37 da Constituição Federal de 1988.

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36 – (CESPE/TRE-MT/2015) - Com relação ao regime jurídico-administrativo, assinale a opção

correta.

A) O princípio da segurança jurídica informa a atividade jurisdicional, mas é irrelevante à atividade

administrativa.

B) O princípio da autotutela da administração dispensa o contraditório, ainda que tenham decorrido efeitos

concretos do ato a revogar.

C) O interesse privado sobrepõe-se ao interesse público.

D) À administração é assegurada a livre disponibilidade dos interesses públicos.

E) A legalidade na administração significa conformidade com a lei e autorização da lei como condição da

ação administrativa.

37 – (FCC/TRT/2013) - Os princípios que regem a Administração pública podem ser expressos ou

implícitos. A propósito deles é possível afirmar que

a) moralidade, legalidade, publicidade e impessoalidade são princípios expressos, assim como a eficiência,

hierarquicamente superior aos demais.

b) supremacia do interesse público não consta como princípio expresso, mas informa a atuação da

Administração pública assim como os demais princípios, tais como eficiência, legalidade e moralidade.

c) os princípios da moralidade, legalidade, supremacia do interesse público e indisponibilidade do interesse

público são expressos e, como tal, hierarquicamente superiores aos implícitos.

d) eficiência, moralidade, legalidade, impessoalidade e indisponibilidade do interesse público são princípios

expressos e, como tal, hierarquicamente superiores aos implícitos.

e) impessoalidade, eficiência, indisponibilidade do interesse público e supremacia do interesse público são

princípios implícitos, mas de igual hierarquia aos princípios expressos.

38 – ( ) - O princípio da impessoalidade é corolário do princípio da isonomia.

39 – (VUNESPE/PCCE/2015) - Considere a charge.

A prática de nepotismo, além de ser uma atitude antiética, fere qual dos princípios explícitos da

Administração Pública? E qual é a restrição imposta por esse princípio?

A) Fere o princípio da impessoalidade. Ou seja, ao representante público é proibido privilegiar pessoas

específicas.

B) Fere o princípio do poder. Ou seja, um agente público não pode fazer uso do seu cargo ou função em

benefício de parentes ou conhecidos.

C) Fere o princípio da eficiência. Ou seja, os funcionários públicos devem prezar pelo bem público e pelo

bom uso dos recursos do Estado.

D) Fere o princípio da eficácia. Ou seja, os agentes públicos devem primar pelo interesse coletivo e pelo

bom uso dos recursos do Estado.

E) Fere o princípio da legalidade. Ou seja, o funcionário público em suas funções e atribuições pode, em

determinados casos previsto em Lei, empregar parentes.

40 – ( ) - Dado o princípio da legalidade, os agentes públicos devem, além de observar os preceitos

contidos nas leis em sentido estrito, atuar em conformidade com outros instrumentos normativos

existentes no ordenamento jurídico nacional.

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41 – ( ) (CESPE/INSS/2016) - Em decorrência do princípio da autotutela, não há limites para o poder da

administração de revogar seus próprios atos segundo critérios de conveniência e oportunidade.

42 - (CESPE/INSS/2016) - Assinale a opção correta a respeito dos princípios da administração

pública.

a) A ofensa ao princípio da moralidade pressupõe afronta também ao princípio da legalidade.

b) O princípio da eficiência deve ser aplicado prioritariamente, em detrimento do princípio da legalidade,

em caso de incompatibilidade na aplicação de ambos.

c) Os institutos do impedimento e da suspeição no âmbito do direito administrativo são importantes

corolários do princípio da impessoalidade.

d) A administração deve, em caso de incompatibilidade, dar preferência à aplicação do princípio da

supremacia do interesse público em detrimento do princípio da legalidade.

e) A publicidade, princípio basilar da administração pública, não pode sofrer restrições. As próximas 8

questões deverão ser respondidas à luz da Resolução n.º 198/2014 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

e suas alterações, a qual rege o planejamento estratégico no Poder Judiciário brasileiro para 2020.

43 – (FCC/TRT/2016) - De acordo com o Ato Conjunto CSJT.TST.GP nº 24/2014, o princípio que

pressupõe responsabilizar-se pelas consequências de suas ações e decisões, respondendo pelos seus

impactos na sociedade, na economia e no meio ambiente, principalmente aqueles com consequências

negativas significativas, prestando contas aos órgãos de governança da organização, a autoridades

legais e, de modo mais amplo, às partes interessadas, declarando os seus erros e as medidas cabíveis

para remediá-los é

expressamente o Princípio

a) do meio ambiente interativo.

b) Social Comunicativo.

c) da sustentabilidade vinculada.

d) do impacto ambiental de verificação.

e) Accountability.

44 - ( ) (CESPE/INSS/2016) - Em decorrência do princípio da impessoalidade, as realizações

administrativo-governamentais são imputadas ao ente público e não ao agente político.

45 - FCC/TRT/2016) - O exercício dos poderes inerentes à função executiva e a regular atuação da

Administração pública não estão dissociados da influência dos princípios que regem a Administração

pública em toda sua atuação. Essa relação

a) existente entre o poder disciplinar e o princípio da legalidade informa o poder de tutela exercido sobre

os atos praticados pelos entes que integram a Administração indireta, permitindo que a Administração

central promova a revisão dos mesmos para adequá-los à legalidade.

b) que se forma entre o princípio da legalidade e o poder regulamentar autoriza a edição de atos de natureza

originária nas hipóteses de organização administrativa e, nos demais casos, sempre que houver lacuna ou

ausência de lei.

c) expressa-se, no caso do poder de polícia, à submissão ao princípio da supremacia do interesse público,

que fundamenta a atuação da Administração pública quando não houver fundamento legal para embasar as

medidas de polícia.

d) de subordinação aos princípios da legalidade e da impessoalidade não afasta a possibilidade da

Administração pública adotar medidas administrativas de urgência ou de firmar relações jurídicas

diretamente com alguns administrados, sem submissão a procedimento de seleção público, desde que haja

previsão legal para tanto.

e) que impõe presunção de legitimidade e veracidade aos atos praticados pela Administração pública não

admite revisão administrativa, somente questionamento judicial, cabendo ao administrado o ônus da prova

em contrário.

46 – (CONSULPLAN/TJMG/2016) - Em relação aos princípios que regem a atuação da

Administração Pública no Brasil, analise as afirmações a seguir: I. O poder de polícia é expressão

concretizada do princípio da supremacia do interesse público.

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II. O princípio segundo o qual ao indivíduo é facultado fazer tudo o que a lei não proíbe, ou deixar de fazer

o que a lei não impõe, na órbita privada, é correlato ao princípio da indisponibilidade do interesse público,

que vincula a Administração.

III. São decorrências do princípio da indisponibilidade do interesse público a realização de concurso para

admissão de pessoal permanente e a realização prévia de licitação para celebração de contratos

administrativos.

IV. Ao disciplinar a Administração Pública, a Constituição Federal não explicita os princípios do interesse

público e da indisponibilidade do interesse público.

Está correto o que se afirma em:

a) II e III, apenas.

b) I, II e IV, apenas.

c) I, III e IV, apenas.

d) I, II, III e IV.

47 – (FCC/DPE-RR/2015) - Quando um Prefeito comete um ato relacionado à indistinção entre os

patrimônios público e privado, ele está violando o princípio da

A) impessoalidade.

B) eficiência.

C) publicidade.

D) moralidade.

48 – (VUNESP/PCCE/2015) - Quando a Administração Pública deixa de observar a

proporcionalidade entre os meios de que se utiliza e os fins a que se destina, estará desrespeitando o

princípio da

A) supremacia do interesse público.

B) moralidade.

C) finalidade.

D) impessoalidade.

E) razoabilidade.

49 – (FCC/CNMP/2015) - O Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP é um órgão de Estado,

da Administração Federal, e suas atividades obedecerão aos seguintes princípios fundamentais,

EXCETO:

A) Delegação de Competência.

B) Organização.

C) Controle.

D) Planejamento.

E) Descentralização.

50 - Sobre os princípios de direito administrativo, analise as assertivas abaixo.

I. O princípio de direito administrativo que objetiva o tratamento igualitário aos administrados por

parte da administração, representando um desdobramento do princípio da isonomia, é o princípio

da impessoalidade.

II. O direito de petição e as certidões que registram a verdade dos fatos administrativos representam

dois instrumentos básicos do princípio da publicidade.

III. O princípio segundo o qual cabe à própria Administração rever os possíveis erros na prática de

seus atos intitula-se princípio da autotutela.

É correto o que se afirma em

a) I, apenas.

b) II, apenas.

c) III, apenas.

d) I, II e III.

e) I e III, apenas.

51 – ( ) - A função administrativa é exclusiva do Poder Executivo, não sendo possível seu exercício

pelos outros poderes da República.

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52 - Do ponto de vista da Administração Pública estadual e da doutrina do direito administrativo, o

TJ-GO, integrante do Poder Judiciário federal, é um órgão

a) descentralizado.

b) desconcentrado por colaboração.

c) desconcentrado.

d) descentralizado por colaboração.

e) descentralizado por outorga.

53 – (CESPE/SEDF/2017) – ( ) - A respeito dos princípios da administração pública e da organização

administrativa, julgue o item a seguir. Se uma autoridade pública, ao dar publicidade a determinado

programa de governo, fizer constar seu nome de modo a caracterizar promoção pessoal, então, nesse caso,

haverá, pela autoridade, violação de preceito relacionado ao princípio da impessoalidade.

54– (CESPE/SEDF/2017) – ( ) - Em relação aos princípios da administração pública e à organização

administrativa, julgue o item que se segue. O administrador, quando gere a coisa pública conforme o que

na lei estiver determinado, ciente de que desempenha o papel de mero gestor de coisa que não é sua, observa

o princípio da indisponibilidade do interesse público.

55– (CESPE/TER-BA/2017) – Determinado município, após celebrar com particulares contratos de

promessa de venda e compra de glebas de sua propriedade, passou, sob a gestão do novo prefeito, a

promover anulações contratuais porque os parcelamentos pactuados não estariam regularizados por não

atenderem a requisitos legais. Nessa situação hipotética, para obstar a pretensão do município, será

adequado que o particular prejudicado invoque, em seu favor, o princípio da

a) igualdade.

b) continuidade dos serviços públicos.

c) proporcionalidade.

d) moralidade.

e) confiança legítima.

56 – (COPESE/UFPI/2017) - Relacione as colunas abaixo que tratam dos princípios de controle no

setor público.

(1) Princípio da Universidade

(2) Princípio da Totalidade

(3) Princípio da Legalidade

(4) Princípio da Imparcialidade

(5) Princípio da Autonomia

( ) Submete ao controle a todo o patrimônio público

( ) Mantém uma estreita obediência aos ditames normativos e legais.

( ) Submete ao controle aspectos inerentes da impessoalidade nas ações de controle, sem intromissões

de questões de ordem pessoa ou política.

( ) Permite o pleno exercício do controle, o que lhe atribui competência para realizar, por iniciativa,

processo de auditorias entre outras.

( ) Submete ao controle todos os gestores públicos, da mais alta hierarquia a mais inferior na

responsabilidade.

Assinale a opção que contém a sequência CORRETA.

a) 2, 1, 3, 4, 5

b) 2, 3, 4, 5, 1

c) 1, 3, 4, 2, 5

d) 1, 2, 4, 3, 5

e) 2, 5, 4, 3, 1

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01.V 02.B 03.D 04.F 05.V 06.E 07.E 08.B 09.E 10.A 11.F 12.V 13.V 14.E 15.E 16.F 17.A 18.C 19.A 20.F 21.A 22.C 23.B 24.D 25.C 26.A 27.A 28.B 29.B 30.B 31.C 32.B 33.E 34.F 35.C 36.E 37.B 38.V 39.A 40.V 41.F 42.A 43.E 44.V 45.D 46.D 47.D 48.E 49.B 50.D 51.F 52.C 53.V 54.V 55.E 56.B

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AULA 02 - ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Administração Pública na clássica concepção de Hely Lopes Meirelles: "Em sentido formal, é o

conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do Governo; em sentido material é o

conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral". Para Diógenes Gasparini, "é o encargo

de guarda, conservação e aprimoramento de bens, interesses e serviços da coletividade, que se desenvolve

segundo a lei e a moralidade administrativa." A administração pública no Brasil é definida como órgãos e

entidades que desempenham a atividade administrativa do estado. A organização da administração pública

brasileira divide-se em administração direta e indireta.

Descentralização/Desconcentração

Descentralização, entretanto, significa transferir a execução de um serviço público para terceiros que

não se confundem com a Administração Direta, ou seja para Administração Indireta ou para

Particulares.Desconcentração significa transferir a execução de um serviço público de um órgão para o

outro dentro da Administração Direta , permanecendo esta no centro. Centralização é quando o serviço

público é executado pela Administração Direta (Centralizada). Concentração significa que o serviço

público sendo executada por um só órgão pública.

✓ Nova pessoa

DESCENTRALIZA.

✓ Mesma pessoa

DESCONCENTRA.

Administração Indireta

De acordo com o princípio da especialidade, as entidades estatais não podem abandonar,

alterar ou modificar as finalidades para as quais foram constituídas. Atuarão ditas entidades sempre

vinculadas e adstritas aos seus fins que motivaram sua criação. Dado o grande rol de interesses públicos a

serem atendidos, surgem inúmeros serviços a serem prestados ao cidadão. Daí surgem as entidades da

Administração Pública Indireta.

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São integrantes da Administração indireta as fundações, as autarquias, as empresas públicas e as

sociedades de economia mista. Essas quatro pessoas serão criadas para a prestação de serviços públicos ou

para a exploração de atividades econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de especialidade e

eficiência da prestação do serviço público.

O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a título de exceção em duas situações

previstas na CF/88, no seu art. 173:

• para fazer frente à uma situação de relevante interesse coletivo;

• para fazer frente à uma situação de segurança nacional.

O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando explora atividade econômica. Quando

estiver atuando na atividade econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de igualdade com os

particulares, estando sob o regime do art. 170 da CF/88, inclusive quanto à livre concorrência.

Assim descreve o decreto-lei 200/67:

´Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:

I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica,

patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que

requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira

descentralizada.

II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,

com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de

atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de

conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em

direito. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)

III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de

direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de

sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a

entidade da Administração Indireta. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)

IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,

sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de

atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com

autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e

funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes (Incluído pela Lei nº 7.596,

de 1987)”.

2.1 - Autarquias

CURIOSIDADE:

O termo autarquia surgiu na Itália em 1897 quando Santi Romano discorria sobre o

tema “decentramento amministrativo”, referindo-se às comunas, províncias e outros entes

públicos existentes nos Estados unitários.

No direito positivo brasileiro, as autarquias surgiram no Decreto-lei no 6.016, de 22

de novembro de 1943, como sendo o serviço estatal descentralizado com personalidade de

direito público, explícita ou implicitamente reconhecida por lei.

Em 1949, a Lei no 830, de 23 de setembro, que reorganizou o Tribunal de Contas da

União, regulamentando o artigo 97 da Constituição Federal então vigente, definiu em seu

artigo 139 as entidades autárquicas como sendo:

➢ o serviço estatal, descentralizado, com personalidade jurídica, custeado mediante

orçamento próprio, independente do orçamento geral; e

➢ as demais pessoas jurídicas especialmente instituídas por lei para execução de

serviço de interesse público ou social, custeadas por tributos de qualquer natureza ou por

outros recursos oriundos do Tesouro.

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As autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas para a prestação de serviços públicos,

contando com capital exclusivamente público, ou seja, as autarquias são regidas integralmente por regras

de direito público, podendo, tão-somente, serem prestadoras de serviços públicos e contando com capital

oriundo da Administração Direta (ex.: DETRAN, INSS, DNER, AGETOP,ANATEL,...).

I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica,

patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que

requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira

descentralizada.

A autarquia presta atividade típica de Estado. Em outras palavras, a autarquia pode fazer o mesmo

papel da Administração Direta, atividades típicas de Estado. Pessoa jurídica de direito público que presta

atividade típica, própria do Estado (que só o Estado pode fazer). O regime das autarquias é praticamente o

mesmo da Administração Direta. O que muda é que a Direta é ente político e a autarquia é ente

administrativo, conforme o esquema acima.

Características

1 - Dirigentes Próprios: depois de criadas, as autarquias possuem uma vida independente, contando

com dirigentes próprios.

2 - Patrimônio Próprio.

3 - Liberdade Financeira: as autarquias possuem verbas próprias (surgem como resultado dos

serviços que presta) e verbas orçamentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão liberdade para

manejar as verbas que recebem como acharem conveniente, dentro dos limites da lei que as criou.

4 - Liberdade Administrativa: as autarquias têm liberdade para desenvolver os seus serviços como

acharem mais conveniente (comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos limites da lei que as criou.

Não existe hierarquia ou subordinação entre as autarquias e a Administração Direta.

Embora não se fale em hierarquia e subordinação, há que se falar, entretanto, em um

controle de legalidade.

5 - Criação (art. 37, XIX, CF/88) - São criadas por lei específica de iniciativa do Poder Executivo.

Cada autarquia criada deverá ter uma lei própria, uma lei específica.

6 - Privilégios - As autarquias são dotadas dos mesmos privilégios que a Administração direta. Na

área tributária, reflete como privilégio o art. 150, § 2.º, da CF/88. Na área processual, Em virtude das

prerrogativas processuais da Fazenda Pública temos o artigo 188 do Código de Processo Civil de 1973 que

dispõe:

“Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para

recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.”

Fica evidente o prazo diferenciado que o ente público possui em relação aos particulares, porém

apenas para contestação e recurso.

A nova legislação Lei 13.105 de 16 de Março de 2015, traz no art. 183 uma alteração de expressiva

importância para os prazos processuais previstos para a Fazenda Pública. O art. 183 do Novo CPC

estabelece que:

“Art.183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas

autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas

manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

§1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.

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§2ª Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de

forma expressa, prazo próprio para o ente público.”

O prazo para apresentar contestação será computado em dobro e não mais em quádruplo, como

determina o art. 188 do CPC/73 buscando assim maior celeridade nas demandas judiciais em que atue a

Fazenda Pública como parte.

7 -Responsabilidade - As autarquias respondem pelas dívidas e obrigações contraídas por elas. A

Administração direta tem responsabilidade subsidiária quanto às dívidas e obrigações das autarquias, ou

seja, a Administração Direta somente poderá ser acionada depois de exaurido todo o patrimônio das

autarquias. As autarquias também terão responsabilidade objetiva quanto aos atos praticados pelos seus

funcionários (art. 37, § 6.º, CF/88), respondendo pelos prejuízos que esses causarem a terceiros.

8 - Falência - As autarquias não se submetem ao regime falimentar. Principais características:

9 – Sendo parte em um processo judicial, uma autarquia federal, o processo tramitará perante a justiça

federal, no entanto, em se tratando de uma autarquia estadual ou municipal, o processo tramitará perante a

justiça comum estadual e as autarquias do DF possuem foro perante o TJDFT na vara da fazenda pública.

10 – O regime dos seus trabalhadores é o mesmo que vincula os trabalhadores da administração direta

correspondente (estatutário);

11 – Desenvolvem SEMPRE atividades típicas de estado (serviço público, polícia administrativa,

fomento ou intervenção);

12 – Seus dirigentes são indicados pelo Chefe do Poder Executivo (presidente, governadores,

prefeitos), podendo ou não, conforme a lei que as instituir, serem submetidos a uma sabatina do Poder

Legislativo;

13 – NUNCA exploram atividade econômica;

14 – Seus bens são bens públicos e portanto inalienáveis (não podem ser vendidos), imprescritíveis

(não podem ser objeto de usucapião) e impenhoráveis (não servem como garantia de dívidas);

15– As dívidas de uma autarquia decorrentes de condenações judiciais serão pagas mediante a

emissão de Títulos Escriturários da Dívida Pública (precatórias);

16– Gozam de imunidade Tributária quanto aos seus bens e serviços (imunidade tributária recíproca)

art (150, VI a. CF);

17 – Prescrição quinquenal dos seus créditos;

18 – As Autarquias gozam dos mesmos benefícios processuais os quais assistem à administração

direta, vejamos:

19 – São isentas de despesas processuais (custas processuais);

2.1.1 - AUTARQUIAS ORDINÁRIAS (COMUNS) São autarquias que não possuem qualquer característica capaz de diferenciá-las das demais.

2.1.2 – AUTARQUIA EM REGIME ESPECIAL Autarquia de regime especial é toda aquela em que a lei instituidora conferir privilégios e poderes

específicos e aumentar sua autonomia comparativamente com as autarquias comuns, sem infringir os

preceitos constitucionais pertinentes a essas entidades de personalidade pública. O que posiciona a

autarquia de regime especial são as regalias que a lei criadora lhe confere para o pleno desempenho de suas

finalidades específicas. Sob a forma de autarquias de regime especial, o Estado criou também as agências

reguladoras e agências executivas.

O Banco Central é uma autarquia de regime especial. Por força do art. 21 da CF/88, a competência

para emissão de moedas é da União por meio do Banco Central. Também o Banco Central tem por

finalidade fiscalizar as atividades desenvolvidas pelas instituições financeiras.

2.1.3– AUTARQUIA CORPORATIVA Conselhos de Classe – Conselho de classe (Conselho de Medicina, Conselho de Contabilidade,

Conselho de Administração, etc.). O conselho de classe nasce no ordenamento jurídico brasileiro com

natureza de autarquia.

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OAB –a OAB já vinha trilhando um caminho diferenciado desde o seu estatuto. A OAB diz, no seu

estatuto que a anuidade não tem natureza tributária, considerando que do não-pagamento não cabe execução

fiscal. Será cobrado via execução comum. Consequentemente, já que não tem tributo, aí vem o absurdo, o

Tribunal de Contas não precisa controlar. O Supremo já entendia nesse sentido. E já que não é tributo, a

contabilidade não precisa ser pública. Então, a OAB já escapava do Tribunal de Contas e da contabilidade

pública. O estatuto da OAB diz que quem trabalha lá é celetista (art.79). Concluindo:

A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A

Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das

personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro.

Segundo o STF, “A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União.

A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das

personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro”. E, mais, “A OAB não está

incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem referido como "autarquias

especiais"”. Em decorrência dessa assertiva, ou seja, “por não consubstanciar uma

entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da Administração,

nem a qualquer das suas partes está vinculada”. Prossegue a Corte Suprema, nesse jaez,

“a OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que exercem função

constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração

da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições,

interesses e seleção de advogados”. E enfatiza, “Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão

público”.

2.1.4 – AGÊNCIAS REGULADORAS São figuras muito recentes em nosso ordenamento jurídico. Possuem natureza jurídica de autarquias

de regime especial, são pessoas jurídicas de Direito Público com capacidade administrativa, aplicando-se a

elas todas as regras das autarquias. Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execução de serviços

públicos. Elas não executam o serviço propriamente, elas o fiscalizam.

A Lei 9.986/00 em seu Art. 4º descreve que “As Agências serão dirigidas em regime de colegiado,

por um Conselho Diretor ou Diretoria composta por Conselheiros ou Diretores, sendo um deles o seu

Presidente ou o Diretor-Geral ou o Diretor-Presidente”.

Quarentena - Art. 8º “O ex dirigente fica impedido para o exercício de atividades ou de prestar

qualquer serviço no setor regulado pela respectiva agência, por um período de quatro meses, contados da

exoneração ou do término do seu mandato”.

As agências reguladoras são órgãos governamentais que exercem o papel de fiscalização,

regulamentação e controle de produtos e serviços de interesse público tais como telecomunicações, energia

elétrica, serviços de planos de saúde, entre outros. Além disso, devem garantir a participação do consumidor

nas decisões pertinentes do setor regulado.

Elas são criadas por leis e, entre as principais funções de uma agência reguladora, estão:

✓ o levantamento de dados sobre o mercado de atuação,

✓ elaboração de normas disciplinadoras para o setor regulado,

✓ fiscalização dessas normas,

✓ defesa de direitos do consumidor,

✓ gestão de contratos de concessão de serviços públicos delegados e

✓ incentivo à concorrência, minimizando os efeitos dos monopólios naturais e desenvolvendo

mecanismos de suporte à concorrência.

É preciso entender que as agências reguladoras não solucionam um caso individual como fazem os

Procons, por exemplo. Por outro lado, as denúncias feitas para essas agências são essenciais para tornar o

problema conhecido e melhorar a qualidade dos serviços. Realizadas as reclamações, processos

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administrativos são instaurados e dependendo do caso a empresa poderá ser multada ou sofrer sanções

administrativas, como a suspensão temporária do fornecimento do serviço.

ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações).

É agência regulamentada pela Lei n. 9.472/97. É uma autarquia especial, vinculada ao Ministério das

Telecomunicações. Foi criada para regular e fiscalizar a prestação ou execução de serviços na área de

telecomunicações (art. 21, XI, da CF/88). Dentro da regulação e da fiscalização da prestação de serviço

público, poderá:

• abrir licitações;

• celebrar contratos;

• gerenciar a execução dos contratos;

• aplicar sanções e penalidades pelo descumprimento de seus contratos;

• resolver conflitos de interesses das concessionárias.

Tem-se uma certa estabilidade de seus dirigentes, possuem mandatos fixos , ou seja, somente pode

sair dos cargos de dirigentes por processo administrativo, judicial ou renúncia. Tem-se o poder regulatório,

que é o poder de expedir atos normativos de caráter técnico. Agência reguladora e diferente da executiva

nesta temos uma qualificação atribuída a uma autarquia ou fundação que celebra um contrato de gestão

com a Administração pública e que um plano de reestruturação em andamento.

2.1.5 – AGÊNCIAS EXECUTIVAS

Trata-se de atributo conferido a certas autarquias e fundações por iniciativa da Administração Direta,

visando atingir certas metas em troca de uma maior autonomia gerencial, orçamentária e financeira por

meio de um contrato de gestão. Não se cria uma nova figura, são apenas prerrogativas dadas a autarquias e

fundações temporariamente. O instrumento para conferir essas prerrogativas é o contrato de gestão, que

está previsto em lei. A diferença entre agência reguladora e agência executiva é que a primeira tem

personalidade jurídica de Direito Público, sendo autarquia em regime especial, e a segunda configura um

rótulo dado a autarquias e fundações

Contrato de Gestão

É um contrato administrativo celebrado entre a Administração Direta e a Indireta, visando o

cumprimento de certas metas em troca de uma maior autonomia gerencial, orçamentária e financeira (art.

37, § 8.º, da CF/88).

“A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da

administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser

firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a

fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor

sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - o prazo de duração do contrato;

II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e

responsabilidade dos dirigentes;

III - a remuneração do pessoal.

Conteúdo do contrato de gestão:

• metas que devem ser atingidas;

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• prazos em que as metas serão atingidas;

• instrumentos de controle (exercido pela Administração Direta);

• penalidades a serem aplicadas;

• termos da ampliação da autonomia gerencial, orçamentária e financeira.

DECRETO Nº 2.487, DE 2 DE FEVEREIRO DE 1998.

Dispõe sobre a qualificação de autarquias e fundações como Agências Executivas,

estabelece critérios e procedimentos para a elaboração, acompanhamento e avaliação dos

contratos de gestão e dos planos estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento

institucional das entidades qualificadas e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84,

incisos IV e VI, da Constituição, e de acordo com o disposto nos arts. 51 e 52 da Medida

Provisória nº 1.549-38, de 31 de dezembro de 1997,

DECRETA:

Art. 1º As autarquias e as fundações integrantes da Administração Pública Federal

poderão, observadas as diretrizes do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, ser

qualificadas como Agências Executivas.

§ 1º A qualificação de autarquia ou fundação como Agência Executiva poderá ser

conferida mediante iniciativa do Ministério supervisor, com anuência do Ministério da

Administração Federal e Reforma do Estado, que verificará o cumprimento, pela entidade

candidata à qualificação, dos seguintes requisitos:

a) ter celebrado contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor;

b) ter plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional,

voltado para a melhoria da qualidade da gestão e para a redução de custos, já concluído ou

em andamento.

§ 2º O ato de qualificação como Agência Executiva dar-se-á mediante decreto.

§ 3º Fica assegurada a manutenção da qualificação como Agência Executiva, desde

que o contrato de gestão seja sucessivamente renovado e que o plano estratégico de

reestruturação e de desenvolvimento institucional tenha prosseguimento ininterrupto, até a sua

conclusão.

§ 4º O A desqualificação de autarquia ou fundação como Agência Executiva dar-

se-á mediante decreto, por iniciativa do Ministério supervisor, com anuência do Ministério da

Administração Federal e Reforma do Estado, sempre que houver descumprimento do disposto

no parágrafo anterior.

Art. 2º O plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional das

entidades candidatas à qualificação como Agências Executivas contemplará, sem prejuízo de

outros, os seguintes conteúdos:

I - o delineamento da missão, da visão de futuro, das diretrizes de atuação da

entidade e a identificação dos macroprocessos por meio dos quais realiza sua missão, em

consonância com as diretrizes governamentais para a sua área de atuação;

II - a revisão de suas competências e forma de atuação, visando a correção de

superposições em relação a outras entidades e, sempre que cabível, a descentralização de

atividades que possam ser melhor executadas por outras esferas de Governo;

III - a política, os objetivos e as metas de terceirização de atividades mediante

contratação de serviços e estabelecimento de convênios, observadas as diretrizes

governamentais;

IV - a simplificação de estruturas, compreendendo a redução de níveis hierárquicos,

a descentralização e a delegação, como forma de reduzir custos e propiciar maior proximidade

entre dirigentes e a agilização do processo decisório para os cidadãos;

V - o reexame dos processos de trabalho, rotinas e procedimentos, com a finalidade

de melhorar a qualidade dos serviços prestados e ampliar a eficiência e eficácia de sua

atuação;

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VI - a adequação do quadro de servidores às necessidades da instituição, com vistas

ao cumprimento de sua missão, compreendendo a definição dos perfis profissionais e

respectivos quantitativos de cargos,

Vll - a implantação ou aperfeiçoamento dos sistemas de informações para apoio

operacional e ao processo decisório da entidade;

VIII - a implantação de programa permanente de capacitação e de sistema de

avaliação de desempenho dos seus servidores;

IX - a identificação de indicadores de desempenho institucionais, destinados à

mensuração de resultados e de produtos.

Parágrafo único. As entidades referidas no “caput” promoverão a avaliação do seu

modelo de gestão, com base nos critérios de excelência do Prêmio Nacional da Qualidade,

identificando oportunidades de aperfeiçoamento gerencial, de forma a subsidiar a elaboração

do plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional.

Art. 3º O contrato de gestão definirá relações e compromissos entre os signatários,

constituindo-se em instrumento de acompanhamento e avaliação do desempenho institucional

da entidade, para efeito de supervisão ministerial e de manutenção da qualificação como

Agência Executiva.

§ 1º Previamente à sua assinatura, o contrato de gestão deverá ser objeto de análise

e de pronunciamento favorável dos Ministérios da Administração Federal e Reforma do Estado,

do Planejamento e Orçamento e da Fazenda.

§ 2º Os Ministérios referidos no parágrafo anterior prestarão apoio e orientação

técnica à elaboração e ao acompanhamento dos contratos de gestão.

§ 3º Os titulares dos Ministérios referidos no § 1º deste artigo firmarão o contrato

de gestão na qualidade de intervenientes.

§ 4º O contrato de gestão terá a duração mínima de um ano, admitida a revisão de

suas disposições em caráter excepcional e devidamente justificada, bem como a sua renovação,

desde que submetidas à análise e à aprovação referidas no § 1º deste artigo, observado o

disposto no § 7º do art. 4º deste Decreto.

§ 5º O orçamento e as metas para os exercícios subsequentes serão estabelecidos a

cada exercício financeiro, conjuntamente pelos Ministérios referidos no § 1º deste artigo, o

Ministério supervisor e a Agência Executiva, em conformidade com os planos de ação referidos

nos incisos I e II do art. 4º deste Decreto, por ocasião da elaboração da proposta orçamentária

anual.

§ 6º O valor consignado na proposta orçamentária anual será incorporado ao

contrato de gestão.

Art. 4º O contrato de gestão conterá, sem prejuízo de outras especificações, os

seguintes elementos:

I - objetivos e metas da entidade, com seus respectivos planos de ação anuais, prazos

de consecução e indicadores de desempenho;

II - demonstrativo de compatibilidade dos planos de ação anuais com o orçamento

e com o cronograma de desembolso, por fonte;

III - responsabilidades dos signatários em relação ao atingimento dos objetivos e

metas definidos, inclusive no provimento de meios necessários à consecução dos resultados

propostos;

IV - medidas legais e administrativas a serem adotadas pelos signatários e partes

intervenientes com a finalidade de assegurar maior autonomia de gestão orçamentária,

financeira, operacional e administrativa e a disponibilidade de recursos orçamentários e

financeiros imprescindíveis ao cumprimento dos objetivos e metas;

V - critérios, parâmetros, fórmulas e consequências, sempre que possível

quantificados, a serem considerados na avaliação do seu cumprimento;

VI - penalidades aplicáveis à entidade e aos seus dirigentes, proporcionais ao grau

do descumprimento dos objetivos e metas contratados, bem como a eventuais faltas cometidas;

VII - condições para sua revisão, renovação e rescisão;

VIII - vigência.

§ 1º Os contratos de gestão fixarão objetivos e metas relativos, dentre outros, aos

seguintes itens:

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a) satisfação do cliente;

b) amplitude da cobertura e da qualidade dos serviços prestados;

c) adequação de processos de trabalho essenciais ao desempenho da entidade;

d) racionalização de dispêndios, em especial com custeio administrativo;

e) arrecadação proveniente de receitas próprias, nas entidades que disponham

dessas fontes de recursos.

§ 2º Os objetivos e metas definidos no contrato de gestão observarão a missão, a

visão de futuro e a melhoria do modelo de gestão, estabelecidos no plano estratégico de

reestruturação e de desenvolvimento institucional referido no art. 2º deste Decreto.

§ 3º A execução do contrato de gestão de cada Agência Executiva será objeto de

acompanhamento, mediante relatórios de desempenho com periodicidade mínima semestral,

encaminhados ao respectivo Ministério supervisor e às partes intervenientes.

§ 4º Os relatórios de desempenho deverão contemplar, sem prejuízo de outras

informações, os fatores e circunstâncias que tenham dado causa ao descumprimento das metas

estabelecidas, bem como de medidas corretivas que tenham sido implementadas.

§ 5º O Ministro de Estado supervisor designará a unidade administrativa, dentre as

já existentes na estrutura do respectivo Ministério, incumbida do acompanhamento do contrato

de gestão de que seja signatário.

§ 6º Serão realizadas avaliações parciais periódicas, pelo Ministério supervisor e

pela Secretaria Federal de Controle do Ministério da Fazenda.

§ 7º Por ocasião do termo final do contrato de gestão, será realizada, pelo

Ministério supervisor, avaliação conclusiva sobre os resultados alcançados, subsidiada por

avaliações realizadas pelos Ministérios referidos no § 1º do art. 3º deste Decreto.

§ 8º A ocorrência de fatores externos, que possam afetar de forma significativa o

cumprimento dos objetivos e metas contratados, ensejará a revisão do contrato de gestão.

Art. 5º O plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional, o

contrato de gestão, os resultados das avaliações de desempenho e outros documentos relevantes

para a qualificação, o acompanhamento e a avaliação da Agência Executiva serão objeto de

ampla divulgação, por meios físicos e eletrônicos, como forma de possibilitar o seu

acompanhamento pela sociedade.

§ 1º O contrato de gestão será publicado no Diário Oficial da União, pelo Ministério

supervisor, por ocasião da sua celebração, revisão ou renovação, em até quinze dias, contados

de sua assinatura.

§ 2º A conclusão das avaliações parciais e final relativas ao desempenho da Agência

Executiva será publicada no Diário Oficial da União, pelo Ministério supervisor, sob a forma

de extrato.

Art. 6º Os Ministérios da Administração Federal e Reforma do Estado, da Fazenda

e do Planejamento e Orçamento, no âmbito de suas respectivas competências, adotarão as

providências necessárias à execução do disposto neste Decreto.

Art. 7º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 2 de fevereiro de 1998; 177º da Independência e 110º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

2.1.6 – CONSÓRCIO PÚBLICO Os consórcios públicos são celebrados entre entes federados de mesma espécie ou não. Não haverá,

entretanto, consórcio público constituído unicamente pela União e municípios. Isso porque o art. 1º, § 2º,

da Lei estatui que “a União somente participará de consórcios públicos em que também façam parte todos

os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados”.

Também não pode haver consórcio público celebrado entre um estado e município de outro estado.

Podem ser celebrados, entretanto, consórcios públicos entre o Distrito Federal e municípios

O consórcio público será constituído por contrato, cuja celebração dependerá da prévia subscrição

de protocolo de intenções. Conquanto a Lei nº 11.107/2005 atribui aos consórcios públicos natureza

contratual, determina que “o contrato de consórcio público será celebrado com a ratificação, mediante lei,

do protocolo de intenções” (art. 5º).

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Essa ratificação só é dispensada se o ente da Federação, antes de subscrever o protocolo de intenções,

disciplinar por lei a sua participação no consórcio público (art. 5º, § 4°). Como se vê, em nenhuma hipótese

um consórcio público poderá ser criado sem participação do Poder Legislativo de cada um dos entes

federados consorciados.

A alteração ou a extinção de contrato de consórcio público dependerá de instrumento aprovado pela

assembleia geral, que é a instância máxima dos consórcios públicos, devendo esse instrumento ser

ratificado, também mediante lei, por todos os entes consorciados .

O representante legal do consórcio público obrigatoriamente deverá ser eleito dentre os Chefes do

Poder Executivo dos entes da Federação consorciados.

A forma de sua eleição e a duração do mandato devem estar previstas no protocolo de intenções. O

consórcio público está sujeito à fiscalização contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas

competente para apreciar as contas do Chefe do Poder Executivo representante legal do consórcio.

Associações Públicas: são frutos dos c consórcios públicos (ajustes firmados por entes políticos na

busca de objetivos comuns), é uma espécie de autarquia

Vejamos o que descreve o Código Civil:

“Art. 41. São pessoas jurídicas de direito

público interno:

I - a União;

II - os Estados, o Distrito Federal e os

Territórios;

III - os Municípios;

IV - as autarquias, inclusive as associações

públicas;

V - as demais entidades de caráter público

criadas por lei”.

A Lei prevê a possibilidade de o consórcio público celebrar contrato de gestão ou termo de

parceria, cabendo ao protocolo de intenções determinar as condições para que ele o faça. É cláusula

essencial do protocolo de intenções a autorização para a gestão associada de serviços públicos , isto é,

prestação de serviços públicos sob administração conjunta dos entes consorciados. Nesses casos de gestão

associada de serviços públicos, a Lei prevê, ainda, a celebração dos denominados contratos de programa.

LEI Nº 11.107, DE 6 DE ABRIL DE 2005.

Dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos e dá outras

providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta

e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios contratarem consórcios públicos para a realização de objetivos de

interesse comum e dá outras providências.

§ 1o O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de

direito privado.

§ 2o A União somente participará de consórcios públicos em que também façam

parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados.

§ 3o Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão obedecer aos princípios,

diretrizes e normas que regulam o Sistema Único de Saúde – SUS.

Art. 2o Os objetivos dos consórcios públicos serão determinados pelos entes da

Federação que se consorciarem, observados os limites constitucionais.

§ 1o Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público poderá:

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I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxílios,

contribuições e subvenções sociais ou econômicas de outras entidades e órgãos do governo;

II – nos termos do contrato de consórcio de direito público, promover

desapropriações e instituir servidões nos termos de declaração de utilidade ou necessidade

pública, ou interesse social, realizada pelo Poder Público; e

III – ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da Federação

consorciados, dispensada a licitação.

§ 2o Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança e exercer

atividades de arrecadação de tarifas e outros preços públicos pela prestação de serviços ou

pelo uso ou outorga de uso de bens públicos por eles administrados ou, mediante autorização

específica, pelo ente da Federação consorciado.

§ 3o Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, permissão ou

autorização de obras ou serviços públicos mediante autorização prevista no contrato de

consórcio público, que deverá indicar de forma específica o objeto da concessão, permissão

ou autorização e as condições a que deverá atender, observada a legislação de normas gerais

em vigor.

Art. 3o O consórcio público será constituído por contrato cuja celebração

dependerá da prévia subscrição de protocolo de intenções.

Art. 4o São cláusulas necessárias do protocolo de intenções as que estabeleçam:

I – a denominação, a finalidade, o prazo de duração e a sede do consórcio;

II – a identificação dos entes da Federação consorciados;

III – a indicação da área de atuação do consórcio;

IV – a previsão de que o consórcio público é associação pública ou pessoa jurídica

de direito privado sem fins econômicos;

V – os critérios para, em assuntos de interesse comum, autorizar o consórcio

público a representar os entes da Federação consorciados perante outras esferas de governo;

VI – as normas de convocação e funcionamento da assembleia geral, inclusive

para a elaboração, aprovação e modificação dos estatutos do consórcio público;

VII – a previsão de que a assembleia geral é a instância máxima do consórcio

público e o número de votos para as suas deliberações;

VIII – a forma de eleição e a duração do mandato do representante legal do

consórcio público que, obrigatoriamente, deverá ser Chefe do Poder Executivo de ente da

Federação consorciado;

IX – o número, as formas de provimento e a remuneração dos empregados

públicos, bem como os casos de contratação por tempo determinado para atender a

necessidade temporária de excepcional interesse público;

X – as condições para que o consórcio público celebre contrato de gestão ou termo

de parceria;

XI – a autorização para a gestão associada de serviços públicos, explicitando:

a) as competências cujo exercício se transferiu ao consórcio público;

b) os serviços públicos objeto da gestão associada e a área em que serão

prestados;

c) a autorização para licitar ou outorgar concessão, permissão ou autorização da

prestação dos serviços;

d) as condições a que deve obedecer o contrato de programa, no caso de a gestão

associada envolver também a prestação de serviços por órgão ou entidade de um dos entes

da Federação consorciados;

e) os critérios técnicos para cálculo do valor das tarifas e de outros preços

públicos, bem como para seu reajuste ou revisão; e

XII – o direito de qualquer dos contratantes, quando adimplente com suas

obrigações, de exigir o pleno cumprimento das cláusulas do contrato de consórcio público.

§ 1o Para os fins do inciso III do caput deste artigo, considera-se como área de

atuação do consórcio público, independentemente de figurar a União como consorciada, a

que corresponde à soma dos territórios:

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I – dos Municípios, quando o consórcio público for constituído somente por

Municípios ou por um Estado e Municípios com territórios nele contidos;

II – dos Estados ou dos Estados e do Distrito Federal, quando o consórcio público

for, respectivamente, constituído por mais de 1 (um) Estado ou por 1 (um) ou mais Estados e

o Distrito Federal;

III – (VETADO)

IV – dos Municípios e do Distrito Federal, quando o consórcio for constituído pelo

Distrito Federal e os Municípios;

§ 2o O protocolo de intenções deve definir o número de votos que cada ente da

Federação consorciado possui na assembleia geral, sendo assegurado 1 (um) voto a cada

ente consorciado.

§ 3o É nula a cláusula do contrato de consórcio que preveja determinadas

contribuições financeiras ou econômicas de ente da Federação ao consórcio público, salvo a

doação, destinação ou cessão do uso de bens móveis ou imóveis e as transferências ou cessões

de direitos operadas por força de gestão associada de serviços públicos.

§ 4o Os entes da Federação consorciados, ou os com eles conveniados, poderão

ceder-lhe servidores, na forma e condições da legislação de cada um.

§ 5o O protocolo de intenções deverá ser publicado na imprensa oficial.

Art. 5o O contrato de consórcio público será celebrado com a ratificação,

mediante lei, do protocolo de intenções.

§ 1o O contrato de consórcio público, caso assim preveja cláusula, pode ser

celebrado por apenas 1 (uma) parcela dos entes da Federação que subscreveram o protocolo

de intenções.

§ 2o A ratificação pode ser realizada com reserva que, aceita pelos demais entes

subscritores, implicará consorciamento parcial ou condicional.

§ 3o A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subscrição do protocolo de

intenções dependerá de homologação da assembleia geral do consórcio público.

§ 4o É dispensado da ratificação prevista no caput deste artigo o ente da

Federação que, antes de subscrever o protocolo de intenções, disciplinar por lei a sua

participação no consórcio público.

Art. 6o O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:

I – de direito público, no caso de constituir associação pública, mediante a

vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções;

II – de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil.

§ 1o O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a

administração indireta de todos os entes da Federação consorciados.

§ 2o No caso de se revestir de personalidade jurídica de direito privado, o

consórcio público observará as normas de direito público no que concerne à realização de

licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal, que será regido

pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.

Art. 7o Os estatutos disporão sobre a organização e o funcionamento de cada um

dos órgãos constitutivos do consórcio público.

Art. 8o Os entes consorciados somente entregarão recursos ao consórcio público

mediante contrato de rateio.

§ 1o O contrato de rateio será formalizado em cada exercício financeiro e seu

prazo de vigência não será superior ao das dotações que o suportam, com exceção dos

contratos que tenham por objeto exclusivamente projetos consistentes em programas e ações

contemplados em plano plurianual ou a gestão associada de serviços públicos custeados por

tarifas ou outros preços públicos.

§ 2o É vedada a aplicação dos recursos entregues por meio de contrato de rateio

para o atendimento de despesas genéricas, inclusive transferências ou operações de crédito.

§ 3o Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem como o consórcio

público, são partes legítimas para exigir o cumprimento das obrigações previstas no contrato

de rateio.

§ 4o Com o objetivo de permitir o atendimento dos dispositivos da Lei

Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, o consórcio público deve fornecer as

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informações necessárias para que sejam consolidadas, nas contas dos entes consorciados,

todas as despesas realizadas com os recursos entregues em virtude de contrato de rateio, de

forma que possam ser contabilizadas nas contas de cada ente da Federação na conformidade

dos elementos econômicos e das atividades ou projetos atendidos.

§ 5o Poderá ser excluído do consórcio público, após prévia suspensão, o ente

consorciado que não consignar, em sua lei orçamentária ou em créditos adicionais, as

dotações suficientes para suportar as despesas assumidas por meio de contrato de rateio.

Art. 9o A execução das receitas e despesas do consórcio público deverá obedecer

às normas de direito financeiro aplicáveis às entidades públicas.

Parágrafo único. O consórcio público está sujeito à fiscalização contábil,

operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do

Chefe do Poder Executivo representante legal do consórcio, inclusive quanto à legalidade,

legitimidade e economicidade das despesas, atos, contratos e renúncia de receitas, sem

prejuízo do controle externo a ser exercido em razão de cada um dos contratos de rateio.

Art. 10. (VETADO)

Parágrafo único. Os agentes públicos incumbidos da gestão de consórcio não

responderão pessoalmente pelas obrigações contraídas pelo consórcio público, mas

responderão pelos atos praticados em desconformidade com a lei ou com as disposições dos

respectivos estatutos.

Art. 11. A retirada do ente da Federação do consórcio público dependerá de ato

formal de seu representante na assembleia geral, na forma previamente disciplinada por lei.

§ 1o Os bens destinados ao consórcio público pelo consorciado que se retira

somente serão revertidos ou retrocedidos no caso de expressa previsão no contrato de

consórcio público ou no instrumento de transferência ou de alienação.

§ 2o A retirada ou a extinção do consórcio público não prejudicará as obrigações

já constituídas, inclusive os contratos de programa, cuja extinção dependerá do prévio

pagamento das indenizações eventualmente devidas.

Art. 12. A alteração ou a extinção de contrato de consórcio público dependerá de

instrumento aprovado pela assembleia geral, ratificado mediante lei por todos os entes

consorciados.

§ 1o Os bens, direitos, encargos e obrigações decorrentes da gestão associada de

serviços públicos custeados por tarifas ou outra espécie de preço público serão atribuídos aos

titulares dos respectivos serviços.

§ 2o Até que haja decisão que indique os responsáveis por cada obrigação, os

entes consorciados responderão solidariamente pelas obrigações remanescentes, garantindo

o direito de regresso em face dos entes beneficiados ou dos que deram causa à obrigação.

Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de programa, como

condição de sua validade, as obrigações que um ente da Federação constituir para com outro

ente da Federação ou para com consórcio público no âmbito de gestão associada em que haja

a prestação de serviços públicos ou a transferência total ou parcial de encargos, serviços,

pessoal ou de bens necessários à continuidade dos serviços transferidos.

§ 1o O contrato de programa deverá:

I – atender à legislação de concessões e permissões de serviços públicos e,

especialmente no que se refere ao cálculo de tarifas e de outros preços públicos, à de

regulação dos serviços a serem prestados; e

II – prever procedimentos que garantam a transparência da gestão econômica e

financeira de cada serviço em relação a cada um de seus titulares.

§ 2o No caso de a gestão associada originar a transferência total ou parcial de

encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos, o

contrato de programa, sob pena de nulidade, deverá conter cláusulas que estabeleçam:

I – os encargos transferidos e a responsabilidade subsidiária da entidade que os

transferiu;

II – as penalidades no caso de inadimplência em relação aos encargos

transferidos;

III – o momento de transferência dos serviços e os deveres relativos a sua

continuidade;

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IV – a indicação de quem arcará com o ônus e os passivos do pessoal transferido;

V – a identificação dos bens que terão apenas a sua gestão e administração

transferidas e o preço dos que sejam efetivamente alienados ao contratado;

VI – o procedimento para o levantamento, cadastro e avaliação dos bens

reversíveis que vierem a ser amortizados mediante receitas de tarifas ou outras emergentes

da prestação dos serviços.

§ 3o É nula a cláusula de contrato de programa que atribuir ao contratado o

exercício dos poderes de planejamento, regulação e fiscalização dos serviços por ele próprio

prestados.

§ 4o O contrato de programa continuará vigente mesmo quando extinto o

consórcio público ou o convênio de cooperação que autorizou a gestão associada de serviços

públicos.

§ 5o Mediante previsão do contrato de consórcio público, ou de convênio de

cooperação, o contrato de programa poderá ser celebrado por entidades de direito público

ou privado que integrem a administração indireta de qualquer dos entes da Federação

consorciados ou conveniados.

§ 6o O contrato celebrado na forma prevista no § 5o deste artigo será

automaticamente extinto no caso de o contratado não mais integrar a administração indireta

do ente da Federação que autorizou a gestão associada de serviços públicos por meio de

consórcio público ou de convênio de cooperação.

§ 7o Excluem-se do previsto no caput deste artigo as obrigações cujo

descumprimento não acarrete qualquer ônus, inclusive financeiro, a ente da Federação ou a

consórcio público.

Art. 14. A União poderá celebrar convênios com os consórcios públicos, com o

objetivo de viabilizar a descentralização e a prestação de políticas públicas em escalas

adequadas.

Art. 15. No que não contrariar esta Lei, a organização e funcionamento dos

consórcios públicos serão disciplinados pela legislação que rege as associações civis.

........

Art. 19. O disposto nesta Lei não se aplica aos convênios de cooperação, contratos

de programa para gestão associada de serviços públicos ou instrumentos congêneres, que

tenham sido celebrados anteriormente a sua vigência.

Art. 20. O Poder Executivo da União regulamentará o disposto nesta Lei, inclusive

as normas gerais de contabilidade pública que serão observadas pelos consórcios públicos

para que sua gestão financeira e orçamentária se realize na conformidade dos pressupostos

da responsabilidade fiscal.

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 6 de abril de 2005; 184o da Independência e 117o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

2.1.7 – AUTARQUIA TERRITORIAL

Os Territórios Federais também possuem status de Autarquia (entidade administrativa), pois não

possuem poder legislativo. São Entidades Administrativas.

2.1.8 – AUTARQUIA FUNDACIONAL São as fundações de direito público, que segundo o STF, possuem status de Autarquia. Esta

estudaremos em seguida.

2.2 - FUNDAÇÕES PÚBLICAS

Nas palavras de Maria Sylvia Zanella di Pietro:

DIREITO ADMINISTRATIVO

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De todas as entidades da Administração Indireta, a fundação é, sem dúvida alguma, a que tem

provocado maiores divergências doutrinárias no que diz respeito à sua natureza jurídica e às

consequências que daí decorrem.

Formaram-se, basicamente, duas correntes: de um lado, a que defende a natureza privatística de

todas as fundações instituídas pelo poder público, e, de outro, a que entende possível a existência de

fundações com personalidade pública ou privada, a primeira das quais como modalidade de autarquia.

Após a Constituição de 1988, há quem entenda que todas as fundações governamentais são pessoas

jurídicas de direito público. Colocamo-nos entre os que defendem a possibilidade de o poder público, ao

instituir fundação, atribuir-lhe personalidade de direito público ou de direito privado. Isto porque nos

parece incontestável a viabilidade de aplicar-se, no direito público, a distinção que o Código Civil de 1916

continha entre as duas modalidades de pessoas jurídicas privadas: associação e sociedade, de um lado, e

fundação, de outro; a distinção se mantém no novo Código Civil. (...)

Quando o Estado institui pessoa jurídica sob a forma de fundação, ele pode atribuir a ela regime

jurídico administrativo, com todas as prerrogativas e sujeições que lhe são próprias, ou subordiná-la ao

Código Civil, neste último caso, com derrogações por normas de direito público. Em um e outro caso se

enquadram na noção categorial do instituto da fundação (...).

Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio personalizado, destacado pelo seu

instituidor para atingir uma finalidade específica. As fundações poderão ser tanto de direito público quanto

de direito privado.

IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,

sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de

atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com

autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e

funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes (Incluído pela Lei nº 7.596,

de 1987)”.

Conforme explica a doutrinadora Di Pietro:

“A fundação instituída pelo Poder Público caracteriza-se por ser um patrimônio, total

ou parcialmente público, a que a lei atribui personalidade jurídica de direito público ou

privado, para consecução de fins público; quando tem personalidade pública, o seu regime

jurídico é idêntico ao das autarquias, sendo por isso mesmo, chamada de autarquia

fundacional, em oposição a autarquia corporativa. As fundações de direito privado regem-se

pelo Direito Civil em tudo o que não for derrogado pelo direito público.”

Observa-se assim que há dois tipos de fundação, uma regida pelo Direito Público e outra por normas

privadas.

É cediço na doutrina moderna que a fundação pública é um patrimônio dotado de personalidade

jurídica, assim sendo, para ser criada, é necessária a dotação de um de conjunto de bens.

Essa definição serve para qualquer fundação, inclusive àquelas que não integram a Administração

indireta. No caso das fundações que integram a Administração indireta, quando forem dotadas de

personalidade de direito público, serão regidas integralmente por regras de Direito Público. Quando forem

dotadas de personalidade de direito privado, serão regidas por regras de direito público e direito privado.

Tanto uma quanto outra são compostas por patrimônio personalizado. No caso da fundação pública,

é destacado pela Administração direta, que é o instituidor para definir a finalidade pública. Como exemplo

de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico); Universidade de Brasília;

Fundação Padre Anchieta (TV Cultura).

Características

• liberdade financeira;

• liberdade administrativa;

• dirigentes próprios;

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Patrimônio próprio: patrimônio personalizado significa que sobre ele recaem normas jurídicas que

o tornam sujeito de direitos e obrigações e ele está voltado a garantir que seja atingido a finalidade para

qual foram criadas.

As fundações governamentais, sejam de personalidade de direito público, sejam de direito privado,

integram a Administração Pública. A lei cria e dá personalidade para as fundações governamentais de

direito público. As fundações governamentais de direito privado são autorizadas por lei e sua personalidade

jurídica se inicia com o registro de seus estatutos.

Falência

As fundações não se submetem ao regime falimentar. As fundações governamentais têm patrimônio

público. Se extinta, o patrimônio vai para a Administração indireta, submetendo-se as fundações à ação

popular e mandado de segurança. As particulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem à

ação popular e mandado de segurança, sendo estas fundações são fiscalizadas pelo MP.

Em resumo:

• Consistem num patrimônio personalizado: tem uma destinação especifica. Tem personalidade de

pessoa jurídica de direito público e pode ser de pessoa jurídica de direito privado. Ex. de direito

público: FINASA; de direito privado: TV Cultura

• lei autoriza a instituição : quando tiver personalidade de direito privado. E de acordo a decisão do

STF quando tiver direito público a lei cria e são aplicadas as mesmas regras das Autarquias.

• para desempenho de atividades de ordem social: educação, cultura, pesquisa, saúde

• submetidas a um controle finalístico; é diferente do hierárquico.

Para o STF fundação com personalidade de direito público é igual a uma Autarquia

2.3 -SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA

As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Direito Privado criadas para a prestação

de serviços públicos ou para a exploração de atividade econômica, contando com capital misto e

constituídas somente sob a forma empresarial de S/A.

III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de

direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de

sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a

entidade da Administração Indireta. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)

As sociedades de economia mista são:

• Pessoas jurídicas de Direito Privado.

• Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de serviços públicos.

• Empresas de capital misto.

• Constituídas sob forma empresarial de S/A.

• Alguns exemplos de sociedade mista:

• Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil e Banespa.

• Prestadora de serviços públicos: PETROBRÁS, SABESP, METRÔ,

As sociedades de economia mista têm as seguintes características:

• liberdade financeira;

• liberdade administrativa;

• dirigentes próprios;

• patrimônio próprio.

Privilégios

Quanto aos privilégios, dependem da atividade desenvolvida:

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Sociedade de economia mista exploradora de atividade econômica: não faz jus aos privilégios da

Administração Direta, visto a concorrência com a iniciativa privada (art. 173, § 1.º, II, e § 2.º, e art. 170,

IV, da CF/88). Não se fala em livre concorrência se houver privilégios;

Sociedade de economia mista prestadora de serviço público: na área tributária, goza dos privilégios

da Administração Direta, visto não existir regime de concorrência (art. 150, § 2.º, CF/88). Existe, entretanto,

uma posição minoritária na doutrina que entende que o silêncio da CF significa que não se deve estender

esse privilégio para as sociedades de economia mista. Na área processual, não possuem nenhum privilégio.

Esse é um ponto bem controverso na doutrina: A exploração de atividade econômica está no âmago

da Sociedade de Economia Mista e, portanto, a presença mesmo que minoritária de capital privado estaria

justificada por si só. Uma entidade estatal que explore tão somente uma prestação de serviço público

essencial, não lucrativa, não poderia assumir os mesmos encargos que aquelas cujo objetivo é o lucro.

Neste esteio, o professor e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Mário da Silva Velloso

defendeu a tese de que, nos termos do art. 173, parágrafo 1º da Constituição de 1988, ‘‘a autarquia que

exerce atividade econômica sujeita-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive

quanto às obrigações trabalhistas e tributárias. Da mesma forma, se uma empresa pública ou mista

não exerce atividade econômica, mas é prestadora de serviço público, não está ela sujeita ao regime

próprio das empresas privada.’’ (RE 153.523-7-RGS).

Ou seja, quando se onera uma Sociedade de Economia Mista prestadora de serviço público com todos

os encargos tributários de uma empresa privada, por exemplo, tem-se simplesmente uma transferência de

recursos entre entes da federação e a torna deficitária. Evidentemente que a intenção deste breve estudo não

é a defesa da imunidade tributária das Sociedades de Economia Mista prestadora de serviços públicos, mas

sim, a incongruência em se criar uma S.E.C para prestação de serviços públicos que não exerça atividade

econômica.

Neste ponto, importante um novo destaque ao questionamento já mencionado, qual seja, qual o

interesse do capital privado em uma Sociedade de Economia Mista prestadora de serviços públicos sem

qualquer atividade econômica? O uso político para criação de Sociedades de Economia Mista acabou por

gerar uma nova espécie de entidade estatal, a Sociedade de Economia Mista prestadora de serviços, anômala

a sua própria origem, desvirtuada do próprio objetivo que originou sua criação, tornando estas empresas

deficitárias e por conseguinte, grandes fardos para uma boa gestão da Administração Pública.

Responsabilidade

Necessário distinguir: sociedade de economia mista exploradora de atividade econômica: ela mesma

responde por suas obrigações, mas não na forma do § 6.º do art. 37 da CF/88. Essa responsabilidade é

subjetiva. O Estado não tem responsabilidade alguma, não podendo ser acionado;

Sociedade de economia mista prestadora de serviço público: possui responsabilidade objetiva. Se

enquadra no § 6.º do art. 37 da CF/88. O Estado responde de forma subsidiária, ou seja, depois de exaurido

o patrimônio da sociedade de economia mista.

Falência

Sociedade de economia mista exploradora de atividade econômica: quando explora atividade

econômica, submete-se ao mesmo regime jurídico das empresas privadas, inclusive as comerciais. Logo, a

sociedade mista que explora atividade econômica submete-se ao regime falimentar. Sociedade de economia

mista prestadora de serviço público: não se submete ao regime falimentar, visto que não está sob regime

de livre concorrência.

2.4 - EMPRESAS PÚBLICAS

Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, criadas para a prestação de serviços

públicos ou para a exploração de atividades econômicas que contam com capital exclusivamente público e

são constituídas por qualquer modalidade empresarial. Se a empresa pública é prestadora de serviços

públicos, estará submetida a regime jurídico público. Se a empresa pública é exploradora de atividade

econômica, estará submetida a regime jurídico igual ao da iniciativa privada.

DIREITO ADMINISTRATIVO

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II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com

patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade

econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência

administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. (Redação

dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)

Alguns exemplos de Empresas Públicas:

• BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social): embora receba o nome

de banco, não trabalha como tal. A única função do BNDS é financiar projetos de natureza social. É

uma empresa pública prestadora de serviços públicos.

• EBCT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos): é prestadora de serviço público (art.

21, X, da CF/88).

• Caixa Econômica Federal: atua no mesmo segmento das empresas privadas, concorrendo

com os outros bancos. É empresa pública exploradora de atividade econômica.

• RadioBrás: empresa pública responsável pela “Voz do Brasil”. É prestadora de serviço

público.

Características

• As empresas públicas, independentemente da personalidade jurídica, têm as seguintes

características:

• liberdade financeira: têm verbas próprias, mas também são contempladas com verbas

orçamentárias;

• liberdade administrativa: têm liberdade para contratar e demitir pessoas, devendo seguir as

regras da CF/88. Para contratar, deverão abrir concurso público; para demitir, deverá haver

motivação.

• Poderão adquirir bens, mas deverá haver uma licitação;

• dirigentes próprios;

• patrimônio próprio.

A empresa pública será prestadora de serviços públicos ou exploradora de atividade econômica. A

CF/88 somente admite a empresa pública para exploração de atividade econômica em duas situações (art.

173 da CF/88):

• fazer frente a uma situação de segurança nacional;

• fazer frente a uma situação de relevante interesse coletivo.

A empresa pública deve obedecer aos princípios da ordem econômica, visto que concorre com a

iniciativa privada. Quando o Estado explora, portanto, atividade econômica por intermédio de uma empresa

pública, não poderão ser conferidas a ela vantagens e prerrogativas diversas das da iniciativa privada

(princípio da livre concorrência).

Privilégios

Quanto aos privilégios, são concedidos conforme a atividade desenvolvida:

Empresas públicas exploradoras de atividade econômica: não são dotadas dos mesmos privilégios

da Administração Direta, observado o princípio da livre concorrência, ou seja, não se pode conferir a elas

nenhum privilégio diverso daqueles conferidos às empresas privadas.

O art. 173, § 1.º, II, da CF/88 dispõe que as empresas públicas que exploram atividade econômica

terão as mesmas obrigações civis, trabalhistas, tributárias e comerciais das empresas privadas. Ainda o art.

173, § 2.º, dispõe que as empresas públicas não terão imunidade do art. 150, § 2.º, quando estiverem

exercendo atividade econômica;

Empresas públicas prestadoras de serviço público: não existe livre concorrência. Na área tributária,

ainda que a CF/88 não tenha mencionado, elas possuem os mesmos privilégios da Administração Direta,

visto não estarem em regime de livre concorrência. Na área processual, entretanto, não têm privilégios.

Responsabilidade

Quanto à responsabilidade das empresas públicas, temos que:

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• empresas públicas exploradoras de atividade econômica: a responsabilidade do Estado não

existe, pois, se essas empresas públicas contassem com alguém que respondesse por suas obrigações,

elas estariam em vantagem sobre as empresas privadas. Só respondem na forma do § 6.º do art. 37 da

CF/88 as empresas privadas prestadoras de serviço público, logo, se a empresa pública exerce atividade

econômica, será ela a responsável pelos prejuízos causados a terceiros (art. 15 do CC);

• empresas públicas prestadoras de serviço público: como o regime não é o da livre

concorrência, elas respondem pelas suas obrigações e a Administração Direta responde de forma

subsidiária. A responsabilidade será objetiva, nos termos do art. 37, § 6.º, da CF/88.

Falência

• Empresas públicas exploradoras de atividade econômica: submetem-se a regime

falimentar, fundamentando-se no princípio da livre concorrência.

• Empresas públicas prestadoras de serviço público: não se submetem a regime falimentar,

visto não estarem em regime de concorrência.

2.5 – ÓRGÃOS PÚBLICOS Segundo Helly Lopes Meirelles, Órgãos Públicos são centro de competências instituídos para

desempenhar funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é destinada à pessoa jurídica a que

pertencem.

2.5.1 - TEORIA DO MANDATO Por esta teoria, que toma por base um instituto típico do Direito Privado, a relação entre o Estado e

seus agentes públicos teria por base o contrato de mandato. Mandato, para o Direito Privado, é o contrato

mediante o qual uma pessoa, o mandante, outorga poderes a outra, o mandatário, para que este execute

determinados atos em nome do mandante e sob a responsabilidade deste. O instrumento do contrato de

mandato é a procuração.

Assim, o agente, pessoa física, seria o mandatário da pessoa jurídica, agindo em seu nome e sob a

responsabilidade dela, em razão de outorga específica de poderes.

A principal crítica a esta teoria decorre da impossibilidade lógica de o Estado, que não possui

vontade própria, outorgar o mandato. Não se responde, assim, à questão: quem outorgou o

mandato ao agente público? Outro ponto extremamente importante e não solucionado pela

teoria diz respeito à responsabilização do Estado quando o mandatário exorbitasse dos limites

da procuração.

Se fosse adotada a disciplina jurídica delineada para o instituto do mandato no Direito Privado, o

Estado não responderia perante terceiros quando o mandatário agisse com excesso de poderes, ou seja, além

das atribuições a ele conferidas.

2.5.2 - TEORIA DA REPRESENTAÇÃO A teoria da representação inspirada no instituto da incapacidade civil, figurava o Estado como um

incapaz. Ela afirmava que o agente era o representante legal do Estado, um tutor, curador. O Estado

precisava de alguém que o representasse, de forma a suprir a sua incapacidade, e esse alguém eram os

agentes públicos. Porém, se o Estado era um incapaz, como ele podia escolher os seus agentes? Sabemos

que o incapaz não pode exercer sozinho os atos da vida civil: Essa ideia persiste desde o início do Direito

Civil. Então como o Estado podia escolher os seus agentes se ele era incapaz? Esse argumento sustentado

pelos primeiros administrativistas fez cair por terra a teoria da representação.

2.5.3 - PRINCÍPIO DA IMPUTAÇÃO VOLITIVA O princípio da imputação volitiva, base da teoria do órgão, é um princípio do direito administrativo

que estabelece que as ações cometidas pelos agentes e servidores públicos são atribuídas a pessoa jurídica

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a que ele esteja ligado. Como a responsabilidade é do órgão ou ente público, é ele quem deve sofrer ação

caso a conduta do servidor cause prejuízo a alguém.

2.5.4 - TEORIA DO ÓRGÃO Também conhecida como Teoria do órgão, tem como idealizador o alemão Otto Gierke (1841-1921),

que baseou-se na noção de imputação volitiva. Otto comparou o Estado ao corpo humano, onde cada

repartição estatal funciona como uma parte do todo, semelhante aos órgãos do corpo humano, daí criou-se

o termo "órgão" público. Otto Gierke brilhantemente fez uma analogia entre órgão e corpo humano, onde

a palavra “órgão” foi por ele retirada das ciências biológicas. É tão interessante essa analogia, que Gierke

dizia que assim como nós, seres humanos, temos em nosso corpo, órgãos inferiores e superiores, o Estado

também tinha em seu grande corpo, órgãos inferiores e superiores. É por isso que hoje temos no

ordenamento jurídico órgãos de execução e direção.

E apesar de já ter mais de 100 anos de existência, a teoria do órgão continua vigorando até hoje,

sendo a grande vilã da substituição definitiva das outras duas teorias citadas acima: teorias do mandato e

da representação. Alexandre Mazza ensina que a "personalidade, no corpo, assim como no Estado, é um

atributo do todo, não das partes. Por isso os órgãos públicos não são pessoas, mas partes integrantes da

pessoa estatal."

2.5.5 - CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS: 2.5.5.1 - Quanto a Posição estatal: Órgãos independentes: Representam os Poderes do Estado. Não são subordinados hierarquicamente e somente são

controlados uns pelos outros. Ex.: Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Chefias

do Executivo, Tribunais e Juízes e Tribunais de Contas.

Órgãos autônomos: São os subordinados diretamente à cúpula da Administração. Têm grande autonomia administrativa,

financeira e técnica, caracterizando-se como órgãos diretivos, com funções de planejamento, supervisão,

coordenação e controle das atividades que constituem sua área de competência. Seus dirigentes são, em

geral, agentes políticos nomeados em comissão. São os Ministérios e Secretarias, bem como a AGU

(Advocacia-Geral da União), Ministério Público, Defensoria Pública e as Procuradorias dos Estados e

Municípios.

Órgãos superiores: Possuem poder de direção, controle, decisão e comando dos assuntos de sua competência específica.

Representam as primeiras divisões dos órgãos independentes e autônomos. Ex.: Gabinetes, Coordenadorias,

Departamentos, Divisões, etc.

Órgãos subalternos: São os que se destinam à execução dos trabalhos de rotina, cumprem ordens superiores. Ex.:

portarias, seções de expediente, etc.

CLASSIFICAÇÃO ORGÃO DA UNIÃO INDEPENDENTE PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

AUTÔNOMO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

SUPERIOR DEPATAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL

SUBALTERNO GESTÃO DE PESSOAS DA DPF

2.5.5.2 - Quanto a Composição do órgão público:

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Órgãos simples: Também conhecidos por unitários, são aqueles que possuem apenas um único centro de competência,

sua característica fundamental é a ausência de outro órgão em sua estrutura, para auxiliá-lo no desempenho

de suas funções.

Órgãos compostos: São aqueles que em sua estrutura possuem outros órgãos menores, seja com desempenho de função

principal ou de auxilio nas atividades, as funções são distribuídas em vários centros de competência, sob a

supervisão do órgão de chefia.

2.5.5.3 - Quanto a Forma de atuação funcional: Órgãos singulares: São aqueles que decidem e atuam por meio de um único agente, o chefe. Possuem agentes auxiliares,

mas sua característica de singularidade é desenvolvida pela função de um único agente, em geral o titular.

Órgãos colegiados ou coletivos: São aqueles que decidem pela manifestação de muitos membros, de forma conjunta e por maioria,

sem manifestação de vontade de um único chefe. A vontade da maioria é imposta de forma legal, regimental

ou estatutária.

EXERCÍCIOS

01 – (FUNRIO/PMGO/2017) - Na noção de Administração Pública direta, incluem-se as/os

A) autarquias.

B) empresas públicas.

C) sociedades de economia mista.

D) fundações públicas, tanto de direito público quanto de direito privado.

E) órgãos e secretarias vinculados à chefia do Poder Executivo.

02 – (FUNRIO/PMGO/2017) - Consideram-se pessoas jurídicas de direito público

interno, as/os

A) sociedades.

B) organizações religiosas.

C) partidos políticos.

D) autarquias.

E) empresas individuais de responsabilidade limitada.

03 – (FGV/IBGE/2016) - Associado ao conceito de autarquia, há diferentes tipos de autarquias que

variam em função da natureza de sua atuação nos âmbitos administrativos e econômicos. Uma

autarquia que tem a competência de fiscalização e controle de atividade de setor específico da

economia é denominada:

A) administrativa;

B) agência executiva;

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C) agência reguladora;

D) regional;

E) universitária.

04 – (FCC/PGE-MT/2016) - O Estado X pretende criar estrutura administrativa destinada a zelar

pelo patrimônio ambiental estadual e atuar no exercício de fiscalização de atividades potencialmente

causadoras de dano ao meio ambiente. Sabe-se que tal estrutura terá personalidade jurídica própria

e será dirigida por um colegiado, com mandato fixo, sendo que suas decisões de caráter técnico não

estarão sujeitas à revisão de mérito pelas autoridades da Administração Direta. Sabe-se também que

os bens a ela pertencentes serão considerados bens públicos. Considerando-se as características

acima mencionadas, pretende-se criar uma

A) agência reguladora, pessoa de direito público, cuja criação se dará diretamente por lei.

B) agência executiva, órgão diretamente vinculado ao Poder Executivo, cuja criação se dará diretamente

por lei.

C) associação pública, pessoa de direito privado, cuja criação será autorizada por lei e se efetivará com a

inscrição de seus atos constitutivos no registro competente.

D) agência executiva, entidade autárquica de regime especial, estabelecido mediante assinatura de contrato

de gestão.

E) fundação pública, pessoa de direito privado, cuja criação será autorizada por lei e se efetivará com a

inscrição de seus atos constitutivos no registro competente.

05 – (FUNRIO/PCPA/2016) - Por mais impopular que seja uma decisão embasada por estudo técnico

dos seus servidores, os dirigentes não poderão ser exonerados à vontade do chefe do executivo”

(PINHEIRO MADEIRA, José Maria, Administração Pública, Feitas Bastos, 12ª.Ed.,2014,p.929). Em

relação as entidades que integram a Administração Pública Indireta, nessa citação acima, é correto

afirmar que há referência à (ao):

a) Sociedade de Economia Mista

b) Empresa Pública

c) Fundação

d) Órgão Autônomo

e) Agência Reguladora.

06 - (FUNIVERSA/ SEPLAG-DF/2010) - O art. 173, § 1.º, da Constituição Federal de 1988 dispõe

que as sociedades de economia mista e as empresas públicas que explorem atividade econômica em

sentido estrito estão sujeitas ao regime jurídico próprio das empresas privadas. Nesse contexto,

assinale a alternativa incorreta.

a) A contratação de pessoal das entidades mencionadas deve ser feita por meio de concurso público.

b) Havendo previsão na lei que instituiu a sociedade de economia mista, é dispensável autorização

legislativa para a criação de empresas subsidiárias respectivas.

c) A criação de sociedade de economia mista depende de autorização legislativa.

d) As empresas públicas e as sociedades de economia mista que prestam serviço

público não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.

e) As entidades mencionadas no preceito constitucional submetem-se ao instituto da licitação.

07 - (FUNIVERSA/ADASA/2009) - A autarquia é uma das entidades que compõe Administração

Pública. A respeito do tema, assinale a alternativa correta.

a) A criação de autarquia pode ser feita por ato discricionário do chefe do Poder Executivo.

b) As autarquias, por serem dotadas de personalidade jurídica de direito público compõem a administração

direta.

c) A autarquia deve ter sua área de atuação definida em lei complementar.

d) A autarquia constitui forma de desconcentração administrativa.

e) As agências reguladoras são autarquias de regime especial.

08 - (FUNIVERSA/ADASA/2009) - Assinale a alternativa correta no tocante às empresas públicas e

às sociedades de economia mista.

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a) As empresas públicas são instituídas pelo Poder Público, mediante autorização de lei específica, sob

qualquer forma jurídica e com capital exclusivamente público.

b) As sociedades de economia mista são criadas por lei específica, sob a forma de sociedade anônima, com

participação obrigatória de capital privado e público.

c) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito público, integrantes da Administração Indireta.

d) As sociedades de economia mista que explorem atividade econômica estão sujeitas somente às normas

de direito privado.

e) No entendimento do Supremo Tribunal Federal, as empresas públicas prestadoras de serviços públicos

têm natureza jurídica de fundação pública.

09 - (ESAF/SUSEP/2010) - Para que uma autarquia tenha existência regular, há a necessidade de

observância dos seguintes procedimentos:

a) criação diretamente por lei, com inscrição de seu ato constitutivo na serventia registral pertinente.

b) criação diretamente por lei, sem necessidade de qualquer inscrição em serventias registrais.

c) criação autorizada em lei, com inscrição de seu ato constitutivo na serventia registral pertinente.

d) criação autorizada em lei, sem necessidade de qualquer inscrição em serventias registrais.

e) criação diretamente por lei, ou respectiva autorização legal para sua criação, sendo necessária a inscrição

de seu ato constitutivo em serventias registrais, apenas nesta última hipótese.

10 - (ESAF/CVM/2010) - Assinale a opção que contemple regras aplicáveis tanto às pessoas jurídicas

de direito público, quanto às pessoas jurídicas de direito privado pertencentes à Administração

Pública, independentemente de seu objeto social.

a) Regime jurídico único para os seus servidores.

b) Inalienabilidade e impenhorabilidade de seus bens.

c) Prerrogativas processuais e de foro.

d) Concurso público e licitação.

e) Responsabilização pela teoria objetiva.

11 - (ESAF/CVM/2010) - São características comuns às empresas públicas e às sociedades de economia

mista, exceto:

a) estão sujeitas ao controle finalístico do ente da administração direta que as instituiu.

b) podem ser exploradoras de atividades econômicas ou prestadoras de serviços públicos.

c) criação autorizada por lei específica.

d) na composição do capital social, exige-se a participação majoritária do poder público.

e) embora possuam personalidade jurídica de direito privado, o regime de direito privado a elas aplicável é

parcialmente modificado por normas de direito público.

12 - (ESAF/CVM/2010) - Assinale a opção que contemple regras aplicáveis tanto às pessoas jurídicas

de direito público, quanto às pessoas jurídicas de direito privado pertencentes à Administração

Pública, independentemente de seu objeto social.

a) Regime jurídico único para os seus servidores.

b) Inalienabilidade e impenhorabilidade de seus bens.

c) Prerrogativas processuais e de foro.

d) Concurso público e licitação.

e) Responsabilização pela teoria objetiva.

13 – (FGV/OAB/2012) - Quanto às pessoas jurídicas que compõem a Administração Indireta,

assinale a afirmativa correta.

a) As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei.

b) As autarquias são pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei.

c) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei.

d) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, criadas para o exercício de atividades

típicas do Estado.

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14 – (FGV/OAB/2015) - O Estado XYZ pretende criar uma nova universidade estadual sob a forma

de fundação pública. Considerando que é intenção do Estado atribuir personalidade jurídica de

direito público a tal fundação, assinale a afirmativa correta.

A) Tal fundação há de ser criada com o registro de seus atos constitutivos, após a edição de lei ordinária

autorizando sua instituição.

B) Tal fundação há de ser criada por lei ordinária específica.

C) Não é possível a criação de uma fundação pública com personalidade jurídica de direito público.

D) Tal fundação há de ser criada por lei complementar específica.

15 – (FGV/OAB/2013) - Em relação às entidades que compõem a administração indireta, assinale a

alternativa correta.

A) Para a criação de autarquias, é necessária a edição de uma lei autorizativa e posterior registro de seus

atos constitutivos no respectivo registro como condição de sua existência.

B) Para criação de uma empresa pública, é necessária a edição de uma lei específica sem a exigência de

registro de seus atos constitutivos no respectivo registro por se tratar de uma pessoa jurídica de direito

público.

C) Para criação de uma sociedade de economia mista, é necessária a edição de uma lei autorizativa e

registro de seus atos constitutivos no respectivo registro por se tratar de uma pessoa jurídica de direito

privado.

D) Por serem pessoas jurídicas, todas necessitam ter seus respectivos atos constitutivos registrados no

respectivo registro como condição de sua existência.

16– (FGV/OAB/2012) - O Estado ABCD, com vistas à interiorização e ao incremento das atividades

econômicas, constituiu empresa pública para implantar distritos industriais, elaborar planos de

ocupação e auxiliar empresas interessadas na aquisição dessas áreas. Considerando que esse objeto

significa a exploração de atividade econômica pelo Estado, assinale a afirmativa correta.

A) Não é possível a exploração de atividade econômica por pessoa jurídica integrante da Administração

direta ou indireta.

B) As pessoas jurídicas integrantes da Administração indireta não podem explorar atividade econômica.

C) Dentre as figuras da Administração Pública indireta, apenas a autarquia pode desempenhar atividade

econômica, na qualidade de agência reguladora.

D) A constituição de empresa pública para exercer atividade econômica é permitida quando necessária ao

atendimento de relevante interesse coletivo.

17– (FGV/OAB/2015) - Após autorização em lei, o Estado X constituiu empresa pública para atuação

no setor bancário e creditício. Por não possuir, ainda, quadro de pessoal, foi iniciado concurso público

com vistas à seleção de 150 empregados, entre economistas, administradores e advogados. A respeito

da situação descrita, assinale a afirmativa correta.

a) Não é possível a constituição de empresa pública para exploração direta de atividade econômica pelo

Estado.

b) A lei que autorizou a instituição da empresa pública é, obrigatoriamente, uma lei complementar, por

exigência do texto constitucional.

c) Após a Constituição de 1988, cabe às empresas públicas a prestação de serviços públicos e às sociedades

de economia mista cabe a exploração de atividade econômica.

d) A empresa pública que explora atividade econômica sujeita-se ao regime trabalhista próprio das

empresas privadas, o que não afasta a exigência de concurso público.

18 – (FGV/OAB/2015) - Quatro municípios celebram um consórcio público para desenvolverem um

projeto comum para o tratamento industrial de lixo coletado em suas respectivas áreas, criando uma

pessoa jurídica para gerenciar as atividades do consórcio. À luz da legislação aplicável, assinale a

alternativa correta.

a) Como se trata de atividade tipicamente estatal, essa pessoa jurídica administrativa deverá ser

obrigatoriamente uma autarquia, criada por lei oriunda do maior município celebrante do pacto.

b) O ordenamento jurídico brasileiro admite, no caso, tanto a criação de uma pessoa jurídica de direito

público (a chamada associação pública) quanto de direito privado.

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c) O ordenamento jurídico brasileiro não admite a criação de uma entidade desse tipo, pois as pessoas

jurídicas integrantes da Administração Indireta são apenas as indicadas no art. 5º do Decreto-Lei 200/67.

d) A pessoa jurídica oriunda de um consórcio público não poderá ser, em hipótese alguma, uma pessoa

jurídica de direito privado, pois isso não é admitido pela legislação aplicável.

19 - (ESAF/CVM/2010) - São características comuns às empresas públicas e às sociedades de

economia mista, exceto:

a) estão sujeitas ao controle finalístico do ente da administração direta que as instituiu.

b) podem ser exploradoras de atividades econômicas ou prestadoras de serviços públicos.

c) criação autorizada por lei específica.

d) na composição do capital social, exige-se a participação majoritária do poder público.

e) embora possuam personalidade jurídica de direito privado, o regime de direito privado a elas aplicável é

parcialmente modificado por normas de direito público.

20 - (ESAF/Prefeitura RJ/ 2010) - Não é considerada entidade da Administração Pública Indireta:

a) a autarquia.

b) a sociedade de economia mista.

c) o órgão público.

d) a fundação pública.

e) a empresa pública.

21 - (ESAF/ATRFB/ 2012) - Não compõe a Administração Pública Federal Direta

a) a Secretaria da Receita Federal do Brasil.

b) a Presidência da República.

c) o Tribunal Regional Eleitoral.

d) o Ministério dos Esportes.

e) a Caixa Econômica Federal.

Acerca da teoria do órgão e sua aplicação no direito administrativo, julgue os itens a seguir.

22 - [ ] - A teoria do órgão é um dos fundamentos da teoria da responsabilidade subjetiva do Estado,

buscando explicar como se podem atribuir ao Estado os atos praticados por pessoas físicas que agem em

seu nome.

23 - [ ] - Quando Helly Lopes conceitua os órgãos públicos como centros de competência, instituídos

para o desempenho de funções estatais, por meio de seus agentes, cuja autuação é imputada à pessoa jurídica

a que pertencem, fica claro que o autor adota a teoria do órgão.

24 - [ ] - A teoria do órgão, atualmente adotada no sistema jurídico, veio substituir as teorias do mandato

e da representação.

25- (ESAF/M.T./2014) - Acerca dos Órgãos Públicos, assinale a opção correta.

A) A teoria da representação é a tese atualmente adotada pela doutrina brasileira para legitimar a atuação

do agente público em nome da pessoa jurídica administrativa.

B) Órgão pode integrar a estrutura de uma pessoa jurídica da Administração Indireta.

C) Órgão público possui personalidade jurídica.

D) A criação de um órgão público exemplifica a prática de descentralização administrativa.

E) Não há possibilidade de hierarquia entre órgãos públicos.

26 - [ ] - Entre as teorias que tratam da natureza jurídica da relação entre o Estado e seus agentes, é

amplamente adotada pela doutrina e jurisprudência brasileiras a teoria da representação.

27 - [ ] - Segundo a teoria do mandato, os atos dos agentes são atos da pessoa jurídica estatal que delegou

poderes gerais ou especiais para que o indivíduo atue em seu nome ou administre seus interesses, o que

assegura que o Estado responda pelos atos praticados em excesso dos poderes outorgados.

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28 - [ ] - De acordo com a teoria do órgão, há uma imputação direta dos atos dos agentes ao Estado, com

a vontade havida como sendo própria do Estado e não, de alguém dele distinto, de forma que o que o agente

queira ou faça, no exercício do seu ofício, é o que o Estado quer ou faz.

29 - [ ] - Na chamada desconcentração administrativa, não ocorre a criação de outras pessoas jurídicas

diversas do Estado, mas há atribuição de determinadas competências a serem exercidas no âmbito da mesma

pessoa jurídica.

30 - [ ] - No ordenamento jurídico brasileiro, há órgãos que governam e administram, órgãos que só

administram, órgãos que legislam e órgãos que julgam. Segundo a doutrina, o sistema de órgãos converge

para a mesma função geral, que é o aparelho.

01.E 02.D 03.C 04.A 05.E 06.D 07.E 08.A 09.B 10.D 11.D 12.D 13.A 14.B 15.C 16.D 17.D 18.B 19.D 20.C 21.E 22.F 23.V 24.V 25.B 26.F 27.V 28.V 29.V 30.V

DIREITO ADMINISTRATIVO

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AULA 03 – PODERES ADMINISTRATOS

São poderes conferidos à Administração pelo ordenamento jurídico para que possam atingir a finalidade

única, que é o interesse público. Diversamente dos poderes do Estado, que são estruturais, os poderes da

Administração são instrumentais. Os poderes da Administração Pública são IRRENUNCIÁVEIS. Sendo

necessária a utilização desses poderes, a Administração deverá fazê-lo, sob pena de ser responsabilizada. O

exercício é obrigatório, indeclinável.

O poder administrativo concedido à autoridade pública tem limites certos e forma legal de utilização.

Qualquer ato de autoridade, para ser irrepreensível, deve conformar-se com a lei, com a moral da instituição e

com o interesse público. Sem esses requisitos o ato administrativo expõe-se a nulidade.

3.1 - Uso do Poder É prerrogativa da autoridade. Mas o poder há que ser usado normalmente, sem abuso. Usar normalmente

o poder é empregá-lo segundo as normas legais, mas usado nos justos limites que o bem estar social exigir. A

utilização desproporcional do poder, o emprego arbitrário da força, a violência contra o administrado, constituem

formas abusivas do uso do poder estatal, não toleradas pelo direito e nulificadoras dos atos que as encerram. O

uso do poder é lícito; o abuso, sempre ilícito. Daí porque todo ato abusivo é nulo, por excesso ou desvio de

poder.

3.2 - Abuso de poder Ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, ultrapassa os limites de suas

atribuições ou se desvia das finalidades administrativas. O abuso de poder, como todo ato ilícito, reveste as

formas mais diversas. Ora se apresenta ostensivo como a truculência, às vezes dissimulado como o estelionato,

e não raro encoberto na aparência ilusória dos atos legais. O abuso de poder tanto pode revestir-se de forma

comissiva como omissiva, porque ambas são capazes de afrontar a lei e causar lesão a direito individual do

administrado.

3.2.1 - Excesso de Poder Ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, vai além do permitido e exorbita no

uso de suas faculdades administrativas. Excede, portanto, sua competência legal e, com isso, invalida o ato,

porque ninguém pode agir em nome da Administração fora do que a lei lhe permite.

3.2.2 - Desvio de finalidade Ocorre quando a autoridade, embora atuando nos limites de sua competência, pratica o ato por motivos

ou com fins diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo interesse público. É a violação moral da lei,

colimando o administrador público fins não queridos pelo legislador, ou utilizando motivos e meios imorais para

a prática de um ato administrativo aparentemente legal. Tais desvios ocorrem, p. ex., quando a autoridade pública

decreta uma desapropriação alegando utilidade pública, mas visando , na realidade, a satisfazer interesses

pessoal próprio ou favorecer algum particular com a subsequente transferência do bem expropriado; ou quando

outorga uma permissão sem interesse coletivo.

3.2.3 - Omissão da Administração Pode representar aprovação ou rejeição da pretensão do administrado, tudo dependendo do que dispuser

a norma pertinente. Quando não houver prazo legal, regulamentar ou regimental para decisão, deve-se aguardar

por um tempo razoável a manifestação da autoridade ou do órgão competente, ultrapassado o qual o silêncio da

administração converte-se em abuso de poder, corrigível pela via judicial adequada, que tanto pode ser ação

ordinária, medida cautelar, mandado de injunção ou mandado de segurança.

DIREITO ADMINISTRATIVO

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3.3 - Poder Vinculado

No ato vinculado, o administrador não tem liberdade para decidir quanto à atuação. A lei previamente

estabelece um único comportamento possível a ser tomado pelo administrador no fato concreto; não podendo

haver juízo de valores, o administrador não poderá analisar a conveniência e a oportunidade do ato. Exemplo:

nomeação de candidatos aprovados em concurso público, dentro do número de vagas até o prazo de validade do

mesmo.

Poder Vinculado, também denominado de regrado, é aquele que a lei confere à Administração Pública

para a prática de ato de sua competência, determinando os elementos e requisitos necessários à sua formalização.

Nesses atos, a Administração Pública fica inteiramente "presa" aos dispositivos legais, não havendo opções ao

administrador: diante de determinados fatos, deve agir de tal forma.

Assim, diante de um Poder Vinculado, o particular tem um direito subjetivo de exigir da autoridade a

edição de determinado ato. Como exemplo do exercício do Poder Vinculado, temos a licença para construir. Se

o particular atender a todos os requisitos estabelecidos em lei, a Administração Pública é obrigada a dar a licença.

3.4 - Poder Discricionário O ato discricionário é aquele que, editado debaixo da lei, confere ao administrador a liberdade para fazer

um juízo de conveniência e oportunidade. A diferença entre o ato vinculado e o ato discricionário está no grau

de liberdade conferido ao administrador. Tanto o ato vinculado quanto o ato discricionário só poderão ser

reapreciados pelo Judiciário no tocante à sua legalidade.

Jurisprudência :

Compete ao Presidente da República deliberar sobre a conveniência e a oportunidade dessa

medida de elevado alcance político, cingindo-se o controle do poder judiciário ao que se relaciona

com a legalidade ou constitucionalidade do ato discricionário.

Convém distinguir poder discricionário e poder arbitrário, pois são diametralmente opostos:

DISCRICIONARIEDADE ARBITRARIEDADE ✓ Ação

administrativa

dentro dos limites

estabelecidos pela

lei

✓ Ação

Contrária ou

excedente

da lei

✓ Ato legal e válido

✓ Ato sempre

ilegítimo e

inválido

Segundo Hely Lopes Meirelles a atividade discricionária é justificada em virtude da impossibilidade do

legislador catalogar na lei todos os atos que a prática administrativa exige.

3.5- Poder Regulamentar

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É o poder conferido aos Chefes do Executivo para editar decretos e regulamentos com a finalidade de

oferecer fiel execução à lei. Decorre de disposição constitucional (art. 84, IV, CF/88). “Regulamento é o ato

administrativo geral e normativo expedido privativamente pelo Chefe do Executivo (federal, estadual ou

municipal), através de decreto, com o fim de explicar o modo e forma de execução da lei . O poder regulamentar

é exclusivo do chefe do executivo para fiel cumprimento da lei.

“Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República...

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e

regulamentos para sua fiel execução...”.

“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional...

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou

dos limites de delegação legislativa.”;

IMPORTANTE :

Poder Normativo Não se deve confundir poder regulamentar com poder normativo, apesar de alguns

doutrinadores e bancas de concurso (FCC, CESPE e ESAF) considerarem a mesma coisa. Vale

lembrar que todos os Três Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário possuem como função (típica

ou não) fazer normas, dentro de sua esfera de competência. Por exemplo todo tribunal tem seu

regimento interno, que é feito através de um ato normativo.

3.6 - Poder Hierárquico É o poder conferido à Administração para organizar a sua estrutura e as relações entre seus órgãos e

agentes, estabelecendo uma relação de hierarquia entre eles. Com esse poder, a Administração Pública se

organiza estruturalmente, escalona seus órgãos, define suas competências (na forma da lei) e ainda reparte suas

funções. Do poder hierárquico decorrem algumas prerrogativas como, por exemplo, delegar e avocar

competências (arts. 11/15 da Lei 9784/99), dar ordens, fiscalizar e rever as atividades de órgãos inferiores.

Não se admite a recusa de funções delegadas (dever de obediência), salvo se não permitida ou contrária

à lei. Ao agente que delegou a competência, ademais, não caberá qualquer responsabilização pelo ato praticado,

uma vez que o delegado não age em nome do delegante, mas no exercício de competência que recebeu. Não se

confunde com a delegação de atribuições de um Poder para outro que, inclusive, é vedada pela Constituição.

Vejamos o que diz a lei 9784 :

“Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi

atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

I - a edição de atos de caráter normativo;

II - a decisão de recursos administrativos;

III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.

§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da

atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter

ressalva de exercício da atribuição delegada.

§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.

§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade

e considerar-se-ão editadas pelo delegado.

Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente

justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente

inferior”.

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3.7 - Poder Disciplinar É o poder conferido à Administração para organizar-se internamente, aplicando sanções e penalidades

aos seus agentes por força de uma infração de caráter funcional. Somente poderão ser aplicadas sanções e

penalidades de caráter administrativo (ex.: advertências, suspensão, demissão etc.).

A expressão “agentes públicos” abrange todas as pessoas que se relacionam em caráter funcional com a

Administração, ou seja, os agentes políticos, os servidores públicos e os particulares em colaboração com o

Estado (ex.: jurados, mesários na eleição etc.).

A expressão “servidor público” abrange três pessoas:

• funcionário público: é o servidor que titulariza um cargo, sob regime estatutário;

• empregado público: é o servidor que titulariza um emprego, sob um regime celetista diverso daquele

empregado na iniciativa privada;

• contratado em caráter temporário: são aqueles contratados diante de uma situação excepcional de

interesse público (art. 37, IX, da CF).

Todas as pessoas envolvidas na expressão “agentes públicos”, portanto, estarão sujeitas ao poder

disciplinar da Administração. Só serão submetidos a sanções, entretanto, quando a infração for funcional, ou

seja, infração relacionada com a atividade desenvolvida pelo agente público.

Ao aplicar a sanção, o administrador deve levar em conta os seguintes elementos:

• atenuantes e agravantes do caso concreto;

• natureza e gravidade da infração;

• prejuízos causados para o interesse público;

• antecedentes do agente público.

Esse poder corresponde ao dever de punição administrativa, diante do cometimento de faltas funcionais

ou violação de deveres por agentes públicos. Não permite, assim, que seja sancionada conduta de particulares e

também não se confunde com o exercício do jus puniendi do Estado. É decorrente do poder hierárquico, do

dever de obediência às normas e posturas internas da Administração.

Há doutrinadores que apresentam o poder disciplinar como atividade discricionária da Administração.

Essa ideia, porém, deve ser vista com temperamentos. Há dever na apuração e aplicação de sanção. Porém, é

certo que a discricionariedade incide na escolha da sanção a ser imposta e na sua tipificação.

Sempre que o administrador for decidir se será ou não aplicada a sanção, deverá motivá-la de modo que

se possa controlar a regularidade de sua aplicação. Da mesma forma, o administrador que deixar de aplicar

sanção deverá motivar a não aplicação da mesma.

Vale lembrar que ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o contraditório e a ampla

defesa.

3.8 - Poder de Polícia Poder de Polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso

e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade e do próprio Estado. A polícia

administrativa é inerente e se difunde por toda a Administração Pública, enquanto as demais são privativas de

determinados órgãos ou corporações. O artigo 78 do Código Tributário Nacional descreve :

“Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou

disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em

razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina

da produção e do mercado, ao exercício de atividade econômicas dependentes de concessão ou

autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos

individuais ou coletivos.

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo

órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se

de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder”.

Quanto à abrangência, o poder de polícia se materializa por atos gerais ou atos individuais.

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Ato geral é aquele que não tem um destinatário específico (ex.: ato que proíbe a venda de bebidas

alcoólicas a menores – atinge todos os estabelecimentos comerciais).

Ato individual é aquele que tem um destinatário específico (ex.: autuação de um estabelecimento

comercial específico por qualquer motivo, por exemplo, segurança).

O poder de polícia poderá atuar inclusive sobre o direito da livre manifestação do pensamento. Poderá

retirar publicações de livros do mercado ou alguma programação das emissoras de rádio e televisão sempre que

ferirem os valores éticos e sociais da pessoa e da família (ex.: livros que façam apologia à discriminação racial,

programas de televisão que explorem crianças etc.).

O poder de polícia é um ato administrativo e como tal deverá ter as mesmas características, que são:

✓ Presunção De Legitimidade - presume-se o ato válido até que se prove o contrário;

✓ Auto Executoriedade - pode-se executar o ato sem a autorização do Poder Judiciário,

por conta do interesse público;

✓ Imperatividade - ato unilateral, extroverso.

✓ Coercitividade ou Exigibilidade – obrigatoriedade de cumprimento por parte do

administrado.

Observações:

• A multa de trânsito é uma exceção à regra da auto executoriedade; esta, para ser executada, deverá

aguardar o prazo para a defesa de quem foi multado.

• Em algumas situações, o ato poderá ser vinculado, ou seja, quando a norma legal que o rege estabelecer

o modo e a forma de sua realização. • Não se deve confundir poder de polícia com atividade policial.

Espécies de poder de polícia:

✓ Administrativa – incide sobre os bens, direitos e atividades ;é inerente e se difunde por toda a

Administração Pública.

✓ Judiciária E De Manutenção Da Ordem Pública – atuam sobre as pessoas, individualmente

ou indiscriminadamente; são privativas de determinados órgãos (Polícias Civis) ou corporações

(Polícias Militares).

✓ Geral – cuida genericamente de segurança, da salubridade e da moralidade pública.

✓ Especial – cuida de setores específicos da atividade humana que afetem bens de interesse coletivo

(exs: a construção, a indústria de alimentos, o comércio de medicamentos, o uso de águas, a

exploração das florestas e das minas), para as quais há restrições próprias e regime jurídico

peculiar.

✓ Originário – nasce com a entidade que o exerce; ele é pleno no seu exercício e consectário.

✓ Delegado – provém de outra entidade, através da transferência legal; é limitado aos termos da

delegação e se caracteriza por atos de execução.

Meios De Atuação: age através de “ordens” e “proibições”, mas, e sobretudo, por meio de normas

“limitadoras” e “sancionadoras” da conduta daqueles que utilizam bens ou exercem atividades que possam afetar

a coletividade, estabelecendo as denominadas “limitações administrativas”; para tanto, o Poder Público edita

leis e os órgãos executivos expedem regulamentos e instruções fixando as condições e requisitos para o uso da

propriedade e o exercício das atividades que devem ser policiadas, e após as verificações necessárias é outorgado

o respectivo “alvará de licença” ou autorização, ao qual se segue a fiscalização competente. É o instrumento de

licença ou da autorização para a prática de ato, realização de atividade ou exercício de direito dependente de

policiamento administrativo.

Sanções: é o elemento de coação e intimidação, principiam, geralmente, com a “multa” e se escalonam

em penalidades mais graves como a “interdição de atividade”, o “fechamento de estabelecimento”, a “demolição

de construção”, o “embargo administrativo de obra”, a “destruição de objetos”, a “inutilização de gêneros”, a

“proibição de fabricação ou comércio de certos produtos” etc.

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EXERCÍCIOS

01 – (CESPE/DPU/2015) - [ ] A multa, como sanção resultante do exercício do poder de polícia

administrativa, não possui a característica da autoexecutoriedade.

02 – (CESPE/DPU/2015) - [ ] A hierarquia é uma característica encontrada exclusivamente no exercício da

função administrativa, que inexiste, portanto, nas funções legislativa e jurisdicional típicas.

03 – (CESPE/MPU/2015) - [ ] O poder de polícia administrativa, que incide sobre as atividades, os bens e

os próprios indivíduos, tem caráter eminentemente repressivo.

04– (CESPE/MPU/2015) - [ ] Compete ao Poder Judiciário, como mecanismo de controle judicial, sustar,

de ofício, os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar

05 – (FGV/OAB/2014) - José da Silva é o chefe do Departamento de Pessoal de uma Secretaria de Estado.

Recentemente, José da Silva avocou a análise de determinada matéria, constante de processo

administrativo inicialmente distribuído a João de Souza, seu subordinado, ao perceber que a questão era

por demais complexa e não vinha sendo tratada com prioridade por aquele servidor. Ao assim agir, José

da Silva fez uso

a) do poder hierárquico.

b) do poder disciplinar.

c) do poder discricionário.

d) da teoria dos motivos determinantes.

06 – (FGV/OAB/2014) - Atendendo a uma série de denúncias feitas por particulares, a Delegacia de

Defesa do Consumidor (DECON) deflagra uma operação, visando a apurar as condições dos alimentos

fornecidos em restaurantes da região central da capital. Logo na primeira inspeção, os fiscais constataram

que o estoque de um restaurante tinha produtos com a validade vencida. Na inspeção das instalações da

cozinha, apuraram que o espaço não tinha condições sanitárias mínimas para o manejo de alimentos e o

preparo de refeições. Os produtos vencidos foram apreendidos e o estabelecimento foi interditado, sem

qualquer decisão prévia do Poder Judiciário. Assinale a alternativa que indica o atributo do poder de

polícia que justifica as medidas tomadas pela DECON.

A) Coercibilidade.

B) Inexigibilidade.

C) Autoexecutoriedade.

D) Discricionariedade.

07 – (FGV/OAB/2013) - Oscar é titular da propriedade de um terreno adjacente a uma creche particular.

Aproveitando a expansão econômica da localidade, decidiu construir em seu terreno um grande galpão.

Oscar iniciou as obras, sem solicitar à prefeitura do município "X" a necessária licença para construir,

usando material de baixa qualidade. Ainda durante a construção, a diretora da creche notou que a

estrutura não apresentava solidez e corria o risco de desabar sobre as crianças. Ao tomar conhecimento

do fato, a prefeitura do município "X" inspecionou o imóvel e constatou a gravidade da situação. Após a

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devida notificação de Oscar, a estrutura foi demolida. Assinale a afirmativa que indica o instituto do

direito administrativo que autoriza a atitude do município "X".

A) Tombamento.

B) Poder de polícia.

C) Ocupação temporária.

D) Desapropriação.

08 – (CESPE/OAB/2010) - O poder de polícia, conferindo a possibilidade de o Estado limitar o exercício

da liberdade ou das faculdades de proprietário, em prol do interesse público

A) gera a possibilidade de cobrança, como contrapartida, de preço público.

B) se instrumentaliza sempre por meio de alvará de autorização.

C) afasta a razoabilidade, para atingir os seus objetivos maiores, em prol da predominância do interesse público.

D) deve ser exercido nos limites da lei, gerando a possibilidade de cobrança de taxa.

09 – (CESPE/OAB/2010) - No âmbito do Poder discricionário da Administração Pública, não se admite

que o agente público administrativo exerça o Poder discricionário

A) quando estiver diante de conceitos legais e jurídicos parcialmente indeterminados, que se tornam

determinados à luz do caso concreto e à luz das circunstâncias de fato.

B) quando estiver diante de conceitos legais e jurídicos técnico-científicos, sendo, neste caso, limitado às

escolhas técnicas, por óbvio possíveis.

C) quando estiver diante de conceitos valorativos estabelecidos pela lei, que dependem de concretização pelas

escolhas do agente, considerados o momento histórico e social.

D) em situações em que a redação da Lei se encontra insatisfatória ou ultrapassada.

10 – (CESPE/OAB/2010) - A doutrina costuma afirmar que certas prerrogativas postas à Administração

encerram verdadeiros poderes, que são irrenunciáveis e devem ser exercidos sempre que o interesse

público clamar. Por tal razão são chamados poder-dever. A esse respeito é correto afirmar que:

A) o poder regulamentar é amplo, e permite, sem controvérsias, a edição de regulamentos autônomos e

executórios.

B) o poder disciplinar importa à administração o dever de apurar infrações e aplicar penalidades, mesmo não

havendo legislação prévia.

C) o poder de polícia se coloca discricionário, conferindo ao administrador ilimitada margem de opções

quanto à sanção a ser, eventualmente, aplicada.

D) o poder hierárquico é inerente à ideia de verticalização administrativa, e revela as possibilidades de

controlar atividades, delegar competência, avocar competências delegáveis e invalidar atos, dentre outros.

11 - (FCC/2010/TRE/AM) - Considere os conceitos abaixo, sobre os poderes administrativos. I. Poder que o Direito concede à Administração, de modo explícito ou implícito, para a prática de atos administrativos com liberdade na escolha de sua conveniência e oportunidade. II. Poder de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos e ordenar a atuação dos seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal. III. Faculdade de punir internamente as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. Os conceitos acima se referem, respectivamente, aos poderes : A) regulamentar, vinculado e disciplinar. B) arbitrário, disciplinar e de polícia. C) vinculado, subordinado e hierárquico. D) de polícia, disciplinar e hierárquico. E) discricionário, hierárquico e disciplinar- 12- (PCGO-2008) Na Administração Pública, a transferência do exercício temporário de algumas atribuições originariamente pertencentes ao cargo do superior hierárquico ao subordinado ocorre por meio da: a) desconcentração. b) descentralização. c) delegação. d) avocação.

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13 - (FCC/2010/TRE/AM) Quanto aos poderes administrativos, assinale a opção correta. A) Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à administração pública de editar atos de caráter geral que visam complementar ou alterar a lei, em face de eventuais lacunas e incongruências. B) No exercício do poder disciplinar, cabe à administração apurar e aplicar penalidades aos servidores públicos e às demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa. C) A hierarquia é atribuição exclusiva do Poder Executivo, que não existe na esfera do Poder Judiciário e do Poder Legislativo, pois as funções atribuídas a esses últimos poderes são apenas de natureza jurisdicional e legiferante. D) O poder de polícia administrativa manifesta-se por meio de atos concretos e específicos, mas não de atos normativos, pois estes não constituem meios aptos para seu adequado exercício. E) No exercício do poder de polícia, a administração age sempre com auto executoriedade, não dependendo de outro poder para torná-lo efetivo. (CESPE/2010/PMDF) No que concerne aos princípios, aos poderes e à organização da administração pública, julgue os itens seguintes. 14 - [ ] As secretarias de segurança pública estaduais são consideradas pessoas jurídicas de natureza pública, dotadas de personalidade jurídica própria e com atribuições para atuar em prol do interesse público. 15 - [ ] Considere que o órgão responsável pela fiscalização sanitária de determinado município, ao inspecionar determinado restaurante, tenha constatado que o estabelecimento não atendia aos requisitos mínimos de higiene e segurança para o público. Considere, ainda, que o agente público responsável pela fiscalização tenha aplicado multa e interditado o estabelecimento até que as irregularidades fossem sanadas. Nessa situação, a administração pública exerceu seu poder de polícia. 16 - [ ] Ao apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos, a administração pública exerce o poder hierárquico. 17 - [ ] Segundo a CF, os cargos, os empregos e as funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como, na forma da lei, aos estrangeiros. 18 - [ ] A CF veda expressamente que a publicidade dos atos governamentais caracterize promoção pessoal de autoridades ou de servidores públicos.

19 - (ESAF/2010/ATRF) O poder hierárquico e o poder disciplinar, pela sua natureza, guardam entre si alguns pontos característicos comuns, que os diferenciam do poder de polícia, eis que: A) a discricionariedade predominante nos dois primeiros fica ausente neste último, no qual predomina o poder vinculante. B) entre os dois primeiros pode haver implicações onerosas de ordem tributária, o que não pode decorrer deste último. C) o poder regulamentar predomina nas relações entre os dois primeiros, mas não é exercido neste último. D) os dois primeiros se inter-relacionam, no âmbito interno da Administração, enquanto este último alcança terceiros, fora de sua estrutura funcional. E) não existe interdependência funcional entre os dois primeiros, a qual é necessária neste último, quanto a quem o exerce e quem por ele é exercido. (CESPE/2010/DPE/AL) Julgue o item abaixo, relativo aos poderes da administração. 20- [ ] A relação hierárquica constitui elemento essencial na organização administrativa, razão pela qual deve estar presente em toda a atividade desenvolvida no âmbito da administração pública. 21 – [ ] – (QUADRIX/CFO-DF/2017) - No que se refere a poderes administrativos, julgue o item a seguir. Uma das características do poder de polícia é a coercibilidade, segundo a qual a Administração pode tomar, por vontade própria, providências que modifiquem imediatamente a ordem jurídica, impondo desde logo obrigações aos particulares, com vistas ao interesse coletivo. 22- ( ) - (CESPE/TRE-BA/2017/ADAPTADA) - Segundo a doutrina, ocorrerá desvio de poder se o agente praticar ato buscando alcançar fim diverso daquele determinado pela lei. 23- ( ) - (CESPE/TRE-BA/2017/ADAPTADA) - Segundo a doutrina, ocorrerá desvio de poder se o agente público agir fora dos limites de sua competência administrativa.

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24- ( ) - (CESPE/TRE-BA/2017/ADAPTADA) - Segundo a doutrina, ocorrerá desvio de poder se houver a remoção de um servidor por agente incompetente, como forma de punição daquele. 25- ( ) - (CESPE/TRE-BA/2017/ADAPTADA) - Segundo a doutrina, ocorrerá desvio de poder se a autoridade praticar ato administrativo que vá além do que a lei permita. 26- ( ) - (CESPE/TRE-BA/2017/ADAPTADA) - Segundo a doutrina, ocorrerá desvio de poder se houver violação ao requisito de motivo do ato administrativo, tornando-o arbitrário. 27- ( ) - (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) - O dever-poder de policia pode ser integralmente delegado

a pessoas jurídicas de direito privado.

28- ( ) - (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) - De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o exercício da

competência regulamentadora, no contexto do dever-poder normativo, não é exclusivo do Chefe do Poder

Executivo. Assim, atos normativos podem ser exarados por agências reguladoras ou mesmo por órgãos

colegiados da Administração direta ou indireta.

29- ( ) - (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) - De ordinário, a noção de dever-poder hierárquico

compreende a possibilidade do chefe expedir ordens aos seus subordinados, contudo, este dever-poder não

comporta a possibilidade de controle ou mesmo a revisão de atos do subordinado pelo superior hierárquico.

30- ( ) - (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) - O dever-poder normativo é incompatível com a existência

dos denominados regulamentos autorizados, porque questões técnicas devem ser tratadas por leis e não por

regulamentos expedidos no contexto da função administrativa.

01.V 02.V 03.F 04.F 05.A 06.C 07.B 08.D 09.D 10.D 11.E 12.C 13.B 14.F 15.V 16.F 17.V 18.V 19.D 20.F 21.F 22.V 23.F 24.F 25.F 26.F 27.F 28.V 29.F 30.F

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AULA 04 - ATOS ADMINISTRATIVOS

É inconcebível imaginar, que seria possível compreender a Administração Pública sem o estudo do ato

administrativo e neste contexto faz-se também inconcebível o desconhecimento da ideia de controle destes atos.

Sendo assim pode-se entender que os atos administrativos são a manifestação de vontade do Estado e desta

forma tornaram-se figuras imprescindíveis para criar, modificar, declarar, resguardar, transferir ou extinguir

direitos, atuando de forma complementar a lei, a fim de satisfazer o interesse público.

Primeiramente temos que entender alguns conceitos como:

Ato Administrativo é o ato jurídico praticado pela Administração Pública; é todo o ato lícito, que tenha

por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos; Só pode ser praticado por agente

público competente. Na definição de HELY LOPES MEIRELLES ,

“Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que,

agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar,

extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a sim própria”.

Esta definição deste autor clássico diz respeito a ato administrativo unilateral, onde a vontade da

Administração é manifestada. Difere, portanto, dos atos bilaterais em que além da vontade administrativa, há a

vontade de terceiro, como é o caso dos contratos.

Atos administrativos: espécie de negócio jurídico, em que obrigações são impostas aos particulares pela

Administração Pública. São unilaterais, pois sua existência depende apenas da manifestação da vontade da

Administração Pública. Os atos administrativos geralmente são praticados pelo Poder Executivo (órgãos e

entidades da Administração Direta e da Administração Indireta), mas os outros Poderes podem praticá-los

também, desde que no exercício de uma função administrativa. Ex: provimento de um Tribunal de Justiça, que

regula o funcionamento dos serviços internos. Além disso, os atos administrativos podem ser realizados por

particulares que executam serviços públicos delegados pela Administração Pública, mediante concessão,

permissão ou autorização. Nesses casos, os atos administrativos não são considerados espécies de atos da

Administração.

Ato Jurídico: é um acontecimento material involuntário, que vai produzir consequências jurídicas.

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Atos da Administração: são todos aqueles praticados pela Administração, possuindo um sentido amplo e

abrange:

a) Atos Privados da Administração: são aqueles praticados pela Administração sem valer-se da sua supremacia

em relação ao particular, ou seja, em condições de igualdade com este, de tal sorte que essa atuação é regida pelo regime

de direito privado. Exemplo: locação de um bem imóvel. Nesse caso a Administração vale-se da mesma lei de locações

que um particular utilizaria caso fosse alugar o mesmo imóvel, não se valendo de suas prerrogativas.

b) Atos Materiais: são aqueles que se traduzem na execução material da função administrativa. Ex: demolição de

uma casa, apreensão de uma mercadoria. Aqui, não há declaração de vontade, mas apenas a execução desta.

Entre os Atos da Administração pode-se destacar:

a) Os Atos de Direito Privado, como doação, permuta, compra, venda, locação;

b) Os Atos Materiais da Administração, que não contêm manifestação de vontade, mas que envolvem apenas

execução, como por exemplo a demolição de uma casa, a apreensão de mercadoria, a realização de um serviço;

c) Os chamados Atos de Conhecimento, Opinião, Juízo ou Valor, que também não expressam uma vontade e que,

portanto, também não podem produzir efeitos jurídicos; É o caso dos atestados, certidões, pareceres, votos;

d) Os Atos Políticos, que estão sujeitos ao regime jurídico constitucional;

e) Os Contratos;

f) Os Atos Normativos da administração, abrangendo decretos, portarias, resoluções, regimentos, de efeitos gerais

de abstratos;

Atos da administração pública Ato administrativo

É gênero É espécie de ato da administração

Falta de manifestação de vontade

– ato material

É uma manifestação de vontade

Vontade bilateral – contrato,

convênio e consórcio

administrativo

Unilateral praticada pela

administração pública ou por quem

lhe faça às vezes

Vontade do legislador

constitucional – ato político

Que visa materializar a vontade do

legislador infraconstitucional

Égide do direito privado – ato

privado da administração pública

Praticada pela égide do direito

público

Passível de exame de legalidade pelo

poder judiciário

Para Maria Silvia di Pietro – ato

enunciativo, porque não

transferem, não modificam, não

adquirem e não extinguem

obrigações.

Que altera posições jurídicas,

modificando, resguardando,

adquirindo, transferindo ou

extinguindo direitos e obrigações do

estado ou de particulares atingidos

pela pratica do ato.

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Fato Administrativo: é o acontecimento material da Administração, que produz consequências

jurídicas. No entanto, não traduz uma manifestação de vontade voltada para produção dessas consequências.

Ex.: A construção de uma obra pública; o ato de ministrar uma aula em escola pública; o ato de realizar uma

cirurgia em hospital público. O Fato Administrativo não se destina a produzir efeitos no mundo jurídico, embora

muitas vezes esses efeitos ocorram, como exemplo, uma obra pública mal executada vai causar danos aos

administrados, ensejando indenização. Uma cirurgia mal realizada em um hospital público, que também

resultará na responsabilidade do Estado.

Para Alexandre Mazza os fatos administrativos poderão ser voluntários ou naturais. Os primeiros

derivariam de atos administrativos ou de condutas administrativas. Já os naturais seriam baseados em fenômenos

da natureza com reflexos na órbita administrativa. Como exemplos:

1) De fatos administrativos, voluntários, derivados de atos administrativos, temos:

a) A apreensão de mercadorias;

b) A demolição de edifícios;

c) A interdição de estabelecimentos comerciais;

d) A detenção de delinquentes pela autoridade policial, etc.

2) De fatos administrativos, voluntários, derivados de condutas administrativas temos:

a) A alteração de endereço de repartição pública;

b) Varrição de rua;

c) Cirurgia em hospital público, etc.

3) De fatos administrativos naturais, temos:

a) Raios que destroem bem público;

b) Árvore centenária, que ao cair, danifica praça pública;

c) Enchentes que inutilizam equipamentos públicos etc.

Atos administrativos que não são atos da Administração: Atos administrativos praticados

pelo Poder Legislativo ou Poder Judiciário, na sua função atípica.

Atos da Administração que não são atos administrativos: ✓ Atos atípicos praticados pelo Poder Executivo, exercendo função legislativa ou judiciária. Ex:

Medida Provisória. Atos materiais (não jurídicos) praticados pelo Poder Executivo, enquanto

comandos complementares da lei. Exemplo: Ato de limpar as ruas; Ato de servir um café e etc.

Atos regidos pelo direito privado praticados pelo Poder Executivo. Exemplo: Atos de gestão.

✓ Atos políticos ou de governo praticados pelo Poder Executivo (atos complexos amplamente

discricionários praticados.

Atos De Direito Privado Praticados Pela Administração – a Administração Pública pode

praticar certos atos ou celebrar contratos em regime de Direito Privado (Direito Civil ou Direito

Comercial). Ao praticar tais atos a Administração Pública ela se nivela ao particular, e não com

supremacia de poder. É o que ocorre, por exemplo, quando a Administração emite um cheque ou

assina uma escritura de compra e venda ou de doação, sujeitando-se em tudo às normas do Direito

Privado.

4.1 - Atos Administrativos e a Lei

O ATO NORMATIVO PRIMÁRIO tem a sua forma, materialidade e autonomia, inovando no

ordenamento jurídico (cria, modifica, extingue direitos e obrigações); Já o ato normativo secundário, a princípio,

existe para regulamentar o ato normativo primário.

CRFB Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:

I - emendas à Constituição;

II - leis complementares;

DIREITO ADMINISTRATIVO

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III - leis ordinárias;

IV - leis delegadas;

V - medidas provisórias;

VI - decretos legislativos;

VII - resoluções.

Já Os ATOS ADMINISTRATRIVOS, SÃO NORMATIVOS SECUNDÁRIOS (decretos,

regulamentos, edital, portarias), porque eles tendem a regulamentar o ato normativo primário.

4.2 - Ato Administrativo Perfeito, Válido e Eficaz

Ato Administrativo Perfeito

É o ato concluído, acabado, que completou o ciclo necessário à sua formação.

Ato Administrativo Válido

É o ato praticado de acordo com as normas superiores que devem regê-lo.

Ato Administrativo Eficaz

É aquele ato que está apto a produzir os seus efeitos. As causas que podem determinar a ineficácia do ato

administrativo são três:

• a subordinação do ato a uma condição suspensiva, ou seja, o ato estará subordinado a um fato

futuro e incerto. Enquanto o fato não acontecer, o ato será ineficaz;

• a subordinação do ato a um termo inicial, ou seja, o ato estará subordinado a um fato futuro e

certo. Enquanto o fato não acontecer, o ato será ineficaz;

• a subordinação dos efeitos do ato à prática de outro ato jurídico.

4.3 - Requisitos ou Elementos dos atos Administrativos São as condições necessárias para a existência válida do ato. Nem todos os autores usam a denominação

“requisitos”; podem ser chamados elementos, pressupostos, etc. Do ponto de vista da doutrina tradicional, os

requisitos dos atos administrativos são cinco:

Lei 4.717/65 :

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos

casos de:

a) incompetência;

b) vício de forma;

c) ilegalidade do objeto;

d) inexistência dos motivos;

e) desvio de finalidade.

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Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes

normas:

a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do

agente que o praticou;

b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de

formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;

c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei,

regulamento ou outro ato normativo;

d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se

fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;

e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso

daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.

4.3.1 – Competência ou Sujeito

“Lei 9784 Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que

foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos”.

É o dever-poder atribuído a um agente público para a prática de atos administrativos. O sujeito

competente pratica atos válidos. Para se configurar a competência, deve-se atender a três perspectivas:

• é necessário que a pessoa jurídica que pratica o ato tenha competência;

• é necessário que o órgão que pratica o ato seja competente;

• é necessário que o agente, a pessoa física, seja competente.

4.3.2 - Finalidade

A finalidade é relevante para o ato administrativo. Se a autoridade administrativa praticar um ato fora da

finalidade genérica ou fora da finalidade específica, estará praticando um ato viciado que é chamado “desvio de

poder ou desvio de finalidade”. Normalmente no desvio de poder há móvel ilícito, podendo, entretanto, haver

exceções.

4.3.3 - Forma

• É a maneira pela qual um ato é revelado para o mundo jurídico, é o possível que o ato administrativo

seja praticado por meio de sinais ou de comandos verbais nos casos de urgência e de transitoriedade (p.

ex.: placas de trânsito, farol, apito do guarda, etc.).

• modo pelo qual o ato ganha “vida” jurídica. Normalmente, os atos devem ser praticados por meio de

formas escritas.

Lei 9784/99: Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a

lei expressamente a exigir.

§ 1º Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de

sua realização e a assinatura da autoridade responsável.

§ 2º Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida

de autenticidade.

4.3.4 - Motivo

Motivação: é a justificação escrita, feita pela autoridade que praticou o ato e em que se apresentam as

razões de fato e de direito que ensejaram a prática do ato. Difere do motivo, visto que este é o fato e a motivação

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é a exposição escrita do motivo. Há casos em que a motivação é obrigatória e nesses casos ela será uma

formalidade do ato administrativo, sendo que sua falta acarretará a invalidade do ato.

O motivo determina a validade dos atos administrativos por força da Teoria dos Motivos Determinantes.

Essa teoria afirma que os motivos alegados para a prática de um ato administrativo ficam a ele vinculados de tal

modo que a prática de um ato administrativo mediante a alegação de motivos falsos ou inexistentes determina a

sua invalidade.

A Teoria dos Motivos Determinantes se aplica a todos os atos administrativos, sem exceção, valendo

inclusive para os atos que não tenham motivo legal. Nos casos em que não houver motivo legal, a autoridade,

por meio da motivação, deverá narrar os fatos que a levaram a praticar o ato. Assim, quando na motivação a

autoridade descrever o motivo, este será considerado o motivo legal do ato e, sendo inexistente, o ato será

inválido.

Causa do ato administrativo: há autores que entendem que “causa” seria sinônimo de “motivo”. Há

autores, entretanto, que chamam de causa um outro pressuposto dos atos administrativos, ou seja, a causa seria

um pressuposto diverso do motivo. Causa, então, seria o nexo de pertinência lógica que, obrigatoriamente, deve

existir entre o motivo, o conteúdo e a finalidade do ato administrativo. Se não houver o nexo de pertinência

lógica, o ato será inválido, não pelo motivo e sim porque o fato existente não tem pertinência lógica.

A causa será importante nos casos em que a lei não descrever o fato que vai desencadear o ato

administrativo, ou seja, quando o ato não tiver motivo legal. A motivação deve ser explícita, clara e congruente.

Por razões de praticidade, a lei permite que a motivação consista em declaração de concordância com os

fundamentos de manifestações anteriores, que, nesse caso, serão parte integrante do ato administrativo. Por isso

existe a teoria dos motivos determinantes. Esta teoria vincula o administrador ao motivo declarado. Para que

haja obediência ao que prescreve a teoria, no entanto, o motivo há de ser legal, verdadeiro e compatível com o

resultado. Vale dizer, a teoria dos motivos determinantes não condiciona a existência do ato, mas sim sua

validade.

Assim, vale lembrar a ementa do julgamento proferido nos autos do HC 141925 / DF, relatado pelo

Ministro Teori Zavascki, datado de 2010:

HABEAS CORPUS . PORTARIA DO MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, DETERMINANDO

A EXPULSAO DE ESTRANGEIRO DO TERRITÓRIO NACIONAL EM RAZAO DE SUA

CONDENAÇAO À PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. INEXISTÊNCIA DO FUNDAMENTO.

APLICAÇAO DA TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES, SEGUNDO A QUAL A

VALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO, AINDA QUE DISCRICIONÁRIO, VINCULA-SE AOS

MOTIVOS APRESENTADOS PELA ADMINISTRAÇAO. INVALIDADE DA PORTARIA.

4.3.5 - Objeto ou Conteúdo

De acordo com Hely Lopes Meireles:

"todo ato administrativo tem por objeto a criação, modificação ou comprovação de situações

jurídicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação do Poder Público. Nesse

sentido, o objeto identifica-se com o conteúdo do ato, através do qual a Administração Pública

manifesta seu poder e sua vontade, ou atesta simplesmente situações preexistentes".

Objeto é aquilo que o ato afirma, que o ato declara. O ato administrativo é, por excelência, uma

manifestação de vontade do Estado. O que é declarado no ato será o seu conteúdo. Então o conteúdo é necessário

para a existência do ato. Alguns autores utilizam-se da expressão “objeto” como sinônimos de conteúdo. É nesse

sentido que “objeto” vem descrito nos cinco requisitos utilizados pela doutrinal tradicional.

4.4 - Discricionariedade E Vinculação

No ato vinculado, o administrador não tem liberdade para decidir quanto à atuação. A lei previamente

estabelece um único comportamento possível a ser tomado pelo administrador no fato concreto; não podendo

haver juízo de valores, o administrador não poderá analisar a conveniência e a oportunidade do ato. O ato

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discricionário é aquele que, editado debaixo da lei, confere ao administrador a liberdade para fazer um juízo de

conveniência e oportunidade.

A diferença entre o ato vinculado e o ato discricionário está no grau de liberdade

conferido ao administrador. Tanto o ato vinculado quanto o ato discricionário só poderão ser

reapreciados pelo Judiciário no tocante à sua legalidade.

De maneira bem simples, os atos vinculados são aqueles que são executados em conformidade às

delimitações previamente delineadas pela norma jurídica, ou seja, cujo objeto foi prévia e objetivamente

tipificado de maneira a permitir um único comportamento possível em face de uma situação. Podemos tomar

como exemplo a contratação para cargos públicos: o administrador só poderá fazê-lo mediante concurso

público de provas ou de provas e títulos. Vê-se que a conduta do administrador foi para uma determinada

situação (preenchimento de cargo público), previamente pautada (antevista) pelo legislador.

Já os atos discricionários são aqueles que não foram delimitados pela norma jurídica, permitindo que o

ato administrativo possa ser praticado de acordo com a oportunidade e a conveniência vislumbrada pelo agente.

Em outros termos, a situação para a prática do ato administrativo discricionário não encontra-se prevista

objetivamente e, por isto mesmo, inexiste restrição ou delimitação de conduta estipuladas. Como exemplo de

situação que comporta ação discricionária, podemos citar a decisão de um prefeito de escolher qual pessoa

ocupará uma determinada secretaria municipal.

4.5 - Atributos Do Ato Administrativo 4.5.1 - Presunção de legitimidade (veracidade, validade ou legalidade):

Presunção de legitimidade é a presunção de que os atos administrativos são válidos, isto é, de acordo com

a lei até que se prove o contrário. Trata-se de uma presunção relativa. Ex: Certidão de óbito tem a presunção de

validade até que se prove que o “de cujus” esta vivo.

4.5.2 - Imperatividade: Imperatividade é o poder que os atos administrativos possuem de impor obrigações unilateralmente aos

administrados, independentemente da concordância destes. É sinônimo de PODER EXTROVERSO. Exemplo:

A luz vermelha no farol é um ato administrativo que obriga unilateralmente o motorista a parar, mesmo que ele

não concorde.

4.5.3 - Exigibilidade ou coercibilidade: Exigibilidade é o poder que os atos administrativos possuem de serem exigidos quanto ao seu

cumprimento, sob ameaça de sanção. Vai além da imperatividade, pois traz uma coerção para que se cumpra o

ato administrativo. Exemplo: Presença do guarda na esquina do farol é a ameaça de sanção.

A exigibilidade e a imperatividade podem nascer no mesmo instante cronológico ou primeiro a obrigação

e depois a ameaça de sanção, assim a imperatividade é um pressuposto lógico da exigibilidade.

4.5.4 – Auto Executoriedade ou Executoriedade Auto executoriedade é o poder que os atos administrativos têm de serem executados pela própria

Administração independentemente de qualquer solicitação ao Poder Judiciário. É algo que vai além da

imperatividade e da exigibilidade.

Executar, no sentido jurídico, é cumprir aquilo que a lei pré-estabelece abstratamente. O particular não

tem executoriedade, com exceção do desforço pessoal para evitar a perpetuação do esbulho. Ex: O agente

público que constatar que uma danceteria toca músicas acima do limite máximo permitido, poderá lavrar auto

de infração, já o particular tem que entrar com ação competente no Judiciário.

Requisitos para a auto executoriedade: • Previsão expressa na lei: A Administração pode executar sozinha os seus atos quando existir previsão

na lei, mas não precisa estar mencionada a palavra auto executoriedade. Ex: É vedado vender produtos nas vias

publicas sem licença municipal, sob pena de serem apreendidas as mercadorias.

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• Previsão tácita ou implícita na lei: Administração pode executar sozinha os seus atos quando ocorrer

uma situação de urgência em que haja violação do interesse público e inexista um meio judicial idôneo capaz de

a tempo evitar a lesão. Ex: O administrador pode apreender um carrinho de cachorro-quente que venda lanches

com veneno

A autorização para a auto executoriedade implícita está na própria lei que conferiu competência à

Administração para fazê-lo, pois a competência é um dever-poder e ao outorgar o dever de executar a lei,

outorgou o poder para fazê-lo, seja ele implícito ou explícito.

Princípios que limitam a discricionariedade (liberdade de escolha do administrador) na auto executoriedade:

▪ Princípio da razoabilidade: Administrador deve sempre se comportar dentro do que determina a razão.

▪ Princípio da proporcionalidade: Administrador deve sempre adotar os meios adequados para atingir

os fins previstos na lei, ou seja, deve haver pertinência lógica entre o meio e o fim. A ofensa ao princípio da

proporcionalidade também leva à ofensa do princípio da razoabilidade.

Não há liberdade que não tenha limites e se ultrapassados estes gera abuso de poder, que é uma espécie

de ilegalidade.

4.5.5 – Tipicidade O Ato Administrativo deve obedecer a forma e o tipo previsto na lei de sua produção. Exemplo : Atos

punitivos.

4.6 - Extinção Dos Atos Administrativos

Todo ato existe para gerar efeitos jurídicos ; cumprindo todos os seus efeitos, não terá mais razão de

existir . O ato administrativo permanecerá no mundo jurídico até que seja verificada situação que demonstre

algum vício genético de legalidade ou que simplesmente comprove a sua desnecessidade superveniente. Alguns

atos ao serem elaborados podem vir defeituosos no que tange a sua legalidade. Neste caso, a Administração

Pública ou o Poder Judiciário são legitimados para declarar a sua extinção por meio da anulação.

Por ser um vício verificado desde o seu nascedouro, ao ser declarada a sua anulação os efeitos desta

retroagem a data de sua criação, apagando todos as situações determinadas pelo ato extinto. No entanto, às vezes

o ato ao nascer pode estar de acordo com a legislação, mas deixa de ser conveniente e oportuno com o passar do

tempo. Desta forma, a sua extinção somente poder ser declarada pela Administração Pública através da

revogação.

Apesar de inconvenientes, os atos são considerados legais, ou seja, de acordo com a lei vigente. Porém,

estes atos não trazem mais benefícios para a coletividade. Assim, os efeitos produzidos são mantidos, já que a

revogação passa a valer a partir do momento de sua decretação, não possuindo efeito retroativo.

4.6.1 – Desaparecimento (Perecimento) do Sujeito ou do Objeto do Ato. Alguns atos destinam-se a certos sujeitos ou a certos objetos (bens). Se esse sujeito ou objeto perecer, o

ato será considerado extinto (ex: funcionário sai de férias e vem a falecer durante elas; o ato que as concedeu

será extinto por perecimento do sujeito).

4.6.2 - Retirada

Extinção do ato administrativo em decorrência da edição de outro ato jurídico que o elimina. Existem

diferentes formas de retirada do ato jurídico.

4.6.3 - Anulação

É a retirada do ato administrativo em decorrência de sua invalidade. A anulação pode acontecer por via

judicial ou por via administrativa. Ocorrerá por via judicial quando alguém solicita ao Judiciário a anulação do

ato.

4.6.4 – Revogação

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É a retirada do ato administrativo em decorrência da sua inconveniência ou inoportunidade em face dos

interesses públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado dentro da Lei. A revogação somente poderá

ser feita por via administrativa.

4.6.5 - Cassação É a retirada do ato administrativo em decorrência do beneficiário ter descumprido condição tida como

indispensável para a manutenção do ato.

4.6.6 - Contraposição ou derrubada É a retirada do ato administrativo em decorrência de ser expedido outro ato fundado em competência

diversa da do primeiro.

4.6.7 - Caducidade É a retirada do ato administrativo em decorrência de ter sobrevindo norma superior que torna

incompatível a manutenção do ato com a nova realidade jurídica instaurada.

4.6.8 - Renúncia É a extinção do ato administrativo eficaz em virtude de seu beneficiário não mais desejar a sua

continuidade. A renúncia só tem cabimento em atos ampliativos, ou seja, que concedem privilégios e

prerrogativas.

4.6.9 - Recusa É a extinção do ato administrativo ineficaz em decorrência do seu futuro beneficiário não manifestar

concordância, tida como indispensável para que o ato pudesse projetar regularmente seus efeitos.

4.7 - Invalidação Do Ato Administrativo

São atos inválidos os que estão em desacordo com a lei. HELY LOPES MEIRELLES fala em

invalidação como sendo gênero das espécies de anulação e revogação, sendo inválido o ato ilegal e inoportuno.

Alguns autores, entretanto, entendem que ato inválido é apenas aquele ilegal, utilizando invalidação como

sinônimo de anulação.

4.7.1 - Categorias de Invalidade do Ato Administrativo

Ato administrativo inexistente: é aquele que possui uma aparência de ato administrativo, mas

efetivamente não existe como tal (exemplo : um decreto assinado pelo Presidente da República, mas não

publicado. Tem a aparência de ato, mas não é, visto a falta da publicação). O ato inexistente não traz

consequências jurídicas e não produz efeitos nem obrigações.

Ato administrativo nulo: é um ato que tem um vício que não pode ser convalidado, ou seja, o ato

existe, mas possui um vício que não pode ser corrigido posteriormente. Não há operação jurídica que possa sanar

o vício. Esse ato pode gerar efeitos.

Ato administrativo anulável: é aquele ato que tem um vício que pode ser sanado, ou seja, é um ato

que pode ser convalidado. O vício poderá ser corrigido, posteriormente,

Ato administrativo irregular: chamado por alguns autores de meramente irregular, é o ato que,

embora portando um vício, não traz prejuízo a ninguém, ou seja, o vício é de tal natureza que não traz

consequências nem perdas jurídicas para ninguém. Não há nulidade quando não há prejuízo. Não há necessidade

de se corrigir o vício, visto esse não trazer consequências.

4.8 - Convalidação do Ato Administrativo

É o ato administrativo que, com efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a torná-lo

válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato posterior que sana um vício de um ato anterior, transformando-

o em válido desde o momento em que foi praticado.

Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos atos, sustentando que os atos administrativos

somente podem ser nulos. Os únicos atos que se ajustariam à convalidação seriam os atos anuláveis.

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Existem três formas de convalidação:

• Ratificação: é a convalidação feita pela própria autoridade que praticou o ato;

• Confirmação: é a convalidação feita por autoridade superior àquela que praticou o ato;

• Saneamento: é a convalidação feita por ato de terceiro, ou seja, não é feita nem por quem praticou o

ato nem por autoridade superior.

A lei 9.784, de 29.01.1999, dispõe que :

"Os atos que apresentem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria

Administração em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem

prejuízo a terceiros " (art. 55).

A convalidação, assim, é modalidade de extinção do ato administrativo por meio de retirada pela

administração, ou seja, é uma forma de extinção de um ato administrativo eivado de vícios, ocasionada pela

prática de outro ato administrativo que retira do mundo jurídico o primeiro, sanando os vícios do ato anterior.

De acordo com as lições de Maria Sylvia Zanella de Pietro, a convalidação ou saneamento “é o ato

administrativo pelo qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este

foi praticado”. Para o professor Bandeira de Mello, a convalidação é o suprimento da invalidade de um ato com

efeitos retroativos.

De se notar que a convalidação pode resultar de comportamento do particular ou da própria administração,

mas esta somente poderá ocorrer quando o ato possa ser praticado validamente no presente. Assim, o vício não

pode ser tal a impedir a reprodução válida do ato, a convalidação somente terá lugar quando o ato possa ser

novamente produzido de forma legítima, obedecendo aos preceitos legais.

Um outro requisito, além da possibilidade de o ato poder ser praticado de forma válida novamente, é a

possibilidade de retroação dos efeitos. Em outras palavras, há a prática de um novo ato que convalida os defeitos

do anterior e é necessário que este novo ato possa retroagir seus efeitos válidos.

A doutrina lista, além dos requisitos acima elencados (possibilidade de o ato ser praticado novamente sem

os vícios que o macularam inicialmente e possibilidade de retroação dos efeitos produzidos), limites à

convalidação, são eles a impugnação do ato administrativo viciado seja pela administração, seja pelo poder

judiciário e a ausência de prejuízo a terceiros.

O primeiro limite encontra fundamento em dois argumentos. O ato suscetível de convalidação deixaria de

sê-lo, caso tivesse sido impugnado, pois se ainda que impugnado a administração pudesse convalidá-lo, apenas

prevaleceria a vontade da administração, independente de qualquer impugnação.

O segundo argumento é muito bem explicitado por Jacintho Arruda Câmara, conforme segue.

“A convalidação, além de atender ao princípio da legalidade – na medida em que corrige

o vício do ato -, atende ao princípio da segurança jurídica. Pela convalidação, como foi dito,

são preservadas situações de fato e de direito, já estabelecidas com base em um ato da

administração portador de vício de legalidade. Preservando o ato, ou melhor, seus efeitos, está

se dando segurança, na forma de estabilidade das relações.

A partir do momento em que o ato viciado sofre a impugnação, o princípio da segurança jurídica muda

de lado – não está mais a determinar a preservação dos efeitos do ato viciado, ao contrário, punga por

desconstituí-los.

4.9 - Classificação Dos Atos Administrativos

A classificação dos atos administrativos sofre variação em virtude da diversidade dos critérios adotados.

Serão apresentados abaixo os critérios mais adotados pelos concursos.

Critério nº 1 – classificação quanto a liberdade de ação:

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✓ Atos Vinculados - são aqueles nos quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua

realização. As imposições legais absorvem quase por completo a liberdade do administrador, pois

a ação, para ser válida, fica restrita aos pressupostos estabelecidos pela norma legal.

✓ Atos Discricionários - são aqueles que a administração pode praticar com a liberdade de escolha

de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua oportunidade e do modo de sua realização. Ao praticar

o ato administrativo vinculado a autoridade está presa à lei em todos os seus elementos -

COFIFOMO- Ao praticar o ato discricionário a autoridade é livre - dentro das opções que a

própria lei prevê - quanto a escolha da conveniência e da oportunidade.Não se confunda ato

discricionário com ato arbitrário. Arbitrário é aquilo que é contrário a lei. Discricionário são os

meios e modos de administrar e nunca os fins atingir.

Critério nº 2 - classificação quanto ao modo de execução

✓ Ato Auto Executório - possibilidade de ser executado pela própria Administração.

✓ Ato Não Auto Executório - depende de pronunciamento do Judiciário. Este item já foi estudado

no tópico atributos do ato administrativo.

Critério nº 3 - Classificação quanto à forma de exteriorização :

✓ Decretos – são editados pelos Chefes do Poder Executivo, Presidente, Governadores e Prefeitos

para fiel execução das leis (CF/88,art. 84, IV);

✓ Resoluções – praticados pelos órgãos colegiados em suas deliberações administrativas ,a exemplo

dos diversos , Tribunais (Tribunais Judiciários, Tribunais de Contas ) e Conselhos (Conselhos de

Contribuintes, Conselho Curador do FGTS, Conselho Nacional da Previdência Social) ;

✓ Instruções, Ordens de Serviço, Avisos - utilizados para a Administração transmitir aos

subordinados a maneira de conduzir determinado serviço;

✓ Alvarás - utilizados para a expedição de autorização e licença, denotam aquiescência da

Administração no sentido de ser desenvolvida certa atividade pelo particular.

✓ Ofícios - utilizados pelas autoridades administrativas para comunicarem-se entre si ou com

terceiros. São as “cartas” ofícios, por meio delas expedem-se agradecimentos, encaminham-se

papéis, documentos e informações em geral.

✓ Pareceres - manifestam opiniões ou pontos de vista sobre matéria submetida a apreciação de

órgãos consultivos.

Critério nº 4- Classificação quanto ao conteúdo dos mesmos :

✓ Admissão – É o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta a alguém a inclusão

em estabelecimento governamental para o gozo de um serviço público. Exemplo : ingresso em

estabelecimento oficial de ensino na qualidade de aluno; o desfrute dos serviços de uma biblioteca

pública como inscrito entre seus usuários. O ato de admissão não pode ser negado aos que

preencham as condições normativas requeridas.

✓ Aprovação – é o ato unilateral e discricionário pelo qual a Administração faculta a prática de ato

jurídico (aprovação prévia) ou manifesta sua concordância com ato jurídico já praticado

(aprovação a posteriori).

✓ Licença - é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração consente ao particular o

exercício de uma atividade. Exemplo : licença para edificar que depende do alvará. Por ser ato

vinculado, desde que cumpridas as exigências legais a Administração não pode negá-la.

✓ Autorização - e o ato unilateral e discricionário pelo qual a Administração, analisando aspectos

de conveniência e oportunidade faculta ao particular o exercício de atividade de caráter material.

Numa segunda definição é o ato pelo qual a administração faculta ao particular o uso privativo

de um bem público. Exemplos : autorização de porte de arma, autorização para exploração de

jazida mineral (CF, art. 146, parágrafo único). A diferença em relação a Licença é que a

Administração pode negar a autorização.

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Critério nº 5 – Quanto ao alcance ou efeitos sob terceiros:

✓ Atos Internos: São aqueles que geram efeitos dentro da Administração Pública. Ex: Edição de

pareceres.

✓ Atos Externos: São aqueles que geram efeitos fora da Administração Pública, atingindo terceiros.

Ex: Permissão de uso; Desapropriação.

Critério nº 6 - Quanto à sua formação:

✓ Atos unilaterais: São aqueles formados pela manifestação de vontade de uma única pessoa. Ex:

Demissão - Para Hely Lopes Meirelles, só existem os atos administrativos unilaterais.

✓ Atos bilaterais: São aqueles formados pela manifestação de vontade de mais de uma pessoa. Ex:

Contrato administrativo.

Critério nº 7 - Quanto à sua estrutura:

✓ Atos concretos: São aqueles que se exaurem em uma aplicação. Ex: Apreensão.

✓ Atos abstratos: São aqueles que comportam reiteradas aplicações, sempre que se renove a

hipótese nele prevista. Ex: Punição.

Critério nº 8- Quanto à composição interna:

✓ Atos simples: São aqueles que decorrem da manifestação de vontade de um único órgão

(singular, impessoal ou colegiado). Ex: Demissão de um funcionário.

✓ Atos compostos: São aqueles que decorrem da manifestação de vontade de um único órgão em

situação sequencial. Ex: Nomeação do Procurador-Geral de Justiça.

✓ Atos complexos: São aqueles que decorrem da conjugação de vontades de mais de um órgão no

interior de uma mesmo pessoa jurídica. Ex: Ato de investidura; portaria intersecretarial.

Atos complexos são BILATERAIS ou MULTILATERAIS, onde não existe uma manifestação de vontade

complementar – tal qual a formação do ato composto. Temos aqui uma fusão de vontades de órgãos diversos

que gozam de autonomia, formando um único ato

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Critério nº 9 - Quanto aos destinatários:

✓ Atos gerais: São aqueles editados sem um destinatário específico. Ex: Concurso público.

✓ Atos individuais: São aqueles editados com um destinatário específico. Ex: Permissão para uso

de bem público.

Critério nº 10 - Quanto à esfera jurídica de seus destinatários:

✓ Atos ampliativos: São aqueles que trazem prerrogativas ao destinatário, alargam sua esfera

jurídica. Ex: Nomeação de um funcionário; Outorga de permissão.

✓ Atos restritivos: São aqueles que restringem a esfera jurídica do destinatário, retiram direitos

seus. Ex: Demissão; Revogação da permissão.

Critério nº 11 - Quanto às prerrogativas da Administração para praticá-los:

✓ Atos de império: São aqueles praticados sob o regime de prerrogativas públicas. A

administração de forma unilateral impõe sua vontade sobre os administrados (princípio da

supremacia dos interesses públicos). Ex: Interdição de estabelecimento comercial por

irregularidades.

✓ Atos de expediente: São aqueles destinados a dar andamento aos processos e papéis que

tramitam no interior das repartições.

Critério nº 12 – Espécies ✓ Atos Normativos – são os que contém um comando geral do Executivo, visando correta aplicação

da lei. Exemplos:

Decreto: ato normativo exclusivo do chefe do executivo;

Regulamento: visa especificar mandamentos previstos ou não em leis;

Regimento: tem força normativa interna e visa reger funcionamento de órgãos;

Resolução: expedidos pelas altas autoridades do executivo para

regulamentar matéria exclusiva.

Deliberação: decisões tomadas por órgãos colegiados.

✓ Atos Ordinários – aqueles que visam disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta

funcional de seus agentes. Exemplos:

Instruções: orientação do subalterno pelo superior hierárquico de como desempenhar certa

função;

Circulares: ordem escrita e uniforme expedida para determinados funcionários ou agentes;

Avisos: atos de titularidade de Ministros em relação ao Ministério;

Portarias: atos emanados por chefes de órgãos públicos aos seus subalternos determinando a

realização de atos gerais ou especiais;

Ofícios: Comunicações oficiais realizadas pela Administração a terceiros;

Despachos administrativos: decisões tomadas pela Administração.

✓ Atos negociais : declaração de vontade da Administração coincidente com interesses do

particular.

Exemplos:

Licença: ato vinculado e definitivo (não precário) em que a Administração concede ao

Administrado a faculdade de realizar uma atividade.

Autorização: ato discricionário e precário em que a Administração concede ao administrado a

faculdade de exercer uma atividade.

Permissão: ato discricionário e precário em que a Administração concede ao administrado a

faculdade de exercer certa atividade nas condições estabelecidas por ela;

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Aprovação: análise pela própria administração de atividades prestadas por seus órgãos;

Visto: é a declaração de legitimidade de certo ato praticado pela própria Administração como

forma de exequibilidade; Homologação: análise da conveniência e legalidade de ato praticado pelos seus órgãos como

forma de lhe dar eficácia;

Dispensa: ato administrativo que exime o particular do cumprimento de determinada obrigação

até então exigida por lei. Ex. Dispensa de prestação do serviço militar;

Renúncia: ato administrativo pelo qual o poder Público extingue unilateralmente um direito

próprio, liberando definitivamente a pessoa obrigada perante a Administração Pública. A sua

principal característica é a irreversibilidade depois de consumada.

✓ Atos enunciativos: a Administração certifica ou atesta um fato sem vincular ao seu conteúdo.

Exemplos:

Atestado: são atos pelos quais a Administração Pública comprova um fato ou uma situação de

que tenha conhecimento por seus órgãos competentes;

Certidão: são cópias ou fotocópias fiéis e autenticadas de atos ou fatos constantes em processo,

livros ou documentos que se encontrem na repartição pública;

Pareceres: são manifestações de órgãos técnicos sobre assuntos submetidos à sua consideração.

✓ Atos punitivos: atos que emanam punições aos particulares e servidores.Assim, podem ser

originados do Poder de Polícia ou do Poder Disciplinar.

O ato administrativo é regido pelo regime de direito público, isto é, executado debaixo de

prerrogativas e limites concedidos pelo ordenamento jurídico, em razão de representar interesses

da coletividade (Princípio da supremacia e da indisponibilidade o interesse público). Quem lhe

faça às vezes também esta submetido ao regime de direito público.

Os autores que consideram o ato administrativo de forma ampla, afirmam que o ato

administrativo pode ser regido pelo direito público ou direito privado, com fundamento no ato

administrativo de império (regido pelo direito público) e ato administrativo de gestão (regido

pelo direito privado).

Por exemplo, um Contrato de locação em que o Poder Público é locatário). Para nós os atos

de gestão não são atos administrativos, pois nestes o Estado atua como se pessoa privada fosse.

Os atos de gestão, embora sejam atos da Administração, não são atos administrativos

4.10 – o Silêncio da Administração e o Ato Administrativo

Uma questão interessante que merece ser analisada no tocante ao ato administrativo é a omissão da

Administração Pública ou, o chamado silêncio administrativo. Essa omissão é verificada quando a administração

deveria expressar uma pronuncia quando provocada por administrado, ou para fins de controle de outro órgão

e, não o faz. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o silêncio da administração não é um ato jurídico, mas

quando produz efeitos jurídicos, pode ser um fato jurídico administrativo.

"o silêncio não é ato jurídico. Por isto, evidentemente, não pode ser ato administrativo.

Este é uma declaração jurídica. Quem se absteve de declarar, pois, silenciou, não declarou nada

e por isto não praticou ato administrativo algum. Tal omissão é um 'fato jurídico' e, in casu, um

'fato jurídico administrativo'. Nada importa que a lei haja atribuído determinado efeito ao

silêncio: o de conceder ou negar. Este efeito resultará do fato da omissão, como imputação legal,

e não de algum presumido ato, razão por que é de rejeitar a posição dos que consideram ter aí

existido um 'ato tácito'."

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Marçal Justen Filho distingue manifestação omissiva e ausência de vontade. Para ele,

"a atuação omissiva produzirá um ato administrativo quando consistir em 'manifestação

de vontade'. Se houver ausência de manifestação de vontade, não existirá ato administrativo em

sentido restrito. Poderá existir ato ilícito: se a Administração Pública omitir a manifestação de

vontade quando estava obrigada a atuar, existirá ilicitude e incidirá o regime da

responsabilidade civil."

Neste sentido, explica Maria Sylvia Zanella Di Pietro,

"até mesmo o silêncio pode significar forma de manifestação da vontade, quando a lei

assim o prevê; normalmente ocorre quando a lei fixa um prazo, findo o qual o silêncio da

Administração significa concordância ou discordância."

Desta forma, quando o silêncio é uma forma de manifestação de vontade, produz efeitos de ato

administrativo. Isto porque a lei pode atribuir ao silêncio determinado efeito jurídico, após o decurso de certo

prazo. Entretanto, na ausência de lei que atribua determinado efeito jurídico ao silêncio, estaremos diante de um

fato jurídico administrativo.

Em relação ao direito de petição (art. 5º, XXXIV, "a", da Constituição Federal - clique aqui), cumpre

esclarecer que Poder Público tem o dever de se manifestar acerca das petições dos administrados. Havendo

silencio indevidamente, haverá negligência e afronta ao dever funcional de exercer com zelo e dedicação as

atribuições do cargo, conforme previsto no art. 116, I da Lei nº 8.112/90.

No entanto, se da referida omissão resultar dano ao administrado, poderá tal omissão resultar em

responsabilidade civil do Estado, nos termos do art. 37, §6º da Constituição Federal, além da responsabilidade

penal e administrativa. Assim, cumpre salientar que o silêncio administrativo será considerado infração ao

direito sempre que houver dever de agir pela Administração Pública, configurando-se assim um ato ilícito.

Assim, é possível afirmar que o silêncio administrativo não se configura ato administrativo, com exceção

dos casos em que a lei qualifica a omissão administrativa como manifestação de vontade.

EXERCÍCIOS

01 - Na matéria sobre os elementos do ato administrativo, pode-se dizer que:

a) as competências são derrogáveis e não podem ser objeto de avocação.

b) basta apenas sua capacidade, seja o sujeito agente político ou pessoa pública.

c) a competência decorre sempre da lei, mas no âmbito federal pode ser definida por decreto.

d) o objeto será sempre lícito e moral, mas cabível ou não, certo ou incerto.

e) a finalidade é o efeito jurídico imediato que o ato produz, o objeto é o efeito mediato.

02 - O motivo, um dos requisitos do ato administrativo, pode ser conceituado como o:

a) fim público último ao qual se subordina o ato da Administração, que é nulo na sua ausência.

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b) objeto do ato, que deve coincidir sempre com a vontade da lei.

c) conteúdo intransferível e improrrogável que torna possível a ação do Administrador.

d) pressuposto de fato e de direito em virtude do qual a Administração age.

e) revestimento imprescindível ao ato, visto que deixa visível sua finalidade para ser aferida pelos administrados.

03 - Uma resolução é um ato administrativo que pode ser classificado como:

a) permissivo, podendo ser interno ou externo, quanto aos efeitos.

b) ordinatório e seus efeitos são internos à Administração.

c) normativo, podendo ser interno ou externo, quanto aos efeitos.

d) enunciativo, podendo ser vinculado ou não, conforme a extensão de sua eficácia.

e) punitivo e seus efeitos podem ser a interdição de atividade ou a imposição de multa.

04 - No que tange a invalidação do ato administrativo é certo que:

a) à Administração cabe revogar ou anular o ato, e ao Judiciário somente anulá-lo.

b) ao Judiciário cabe revogar ou anular o ato, e à Administração somente anulá-lo.

c) cabe tanto à Administração como ao Judiciário revogar ou anular o ato.

d) à Administração cabe somente a revogação do ato, enquanto que ao Judiciário apenas sua anulação.

e) ao Judiciário cabe somente a revogação do ato, enquanto à Administração apenas sua anulação.

05 - (VUNESP/PC-CE/2015) - Pode-se apontar como um dos requisitos, dentre outros, dos atos

administrativos,

A) a discricionariedade.

B) o motivo.

C) o caráter normativo.

D) a vinculação.

06 – (MPE/2015) - Prefeito desapropria terreno para a construção de uma escola, atendendo às

formalidades legais. Esse ato administrativo é classificado como ato de :

A) Gestão.

B) Expediente.

C) Constitutivo.

D) Império.

E) Complexo.

07 – (FGV/2015) - No que concerne às características dos atos administrativos, é possível definir uma

autorização comum de uso de um bem público como um ato.

A) vinculado e punitivo.

B) discricionário e unilateral.

C) vinculado e normativo.

D) discricionário e punitivo.

E) vinculado e enunciativo.

08- ( ) - (CESPE/STJ/2015) - Os atos administrativos que digam respeito à organização interna do STJ

dependem da chancela da seção administrativa do Conselho Especial para que sejam considerados válidos.

09 - ( ) - (CESPE/STJ/2015) - O objeto do ato administrativo deve guardar estrita conformação com o que a

lei determina.

10 - ( ) - (CESPE/STJ/2015) - A presunção de legitimidade e veracidade dos atos administrativos é absoluta.

11 - Se um agente público praticar um ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou

implicitamente, na regra de competência, tal ato estará maculado pelo vício de

a) incompetência do agente. b) forma.

c) ilegalidade do objeto. d) inexistência de motivos.

e) desvio de finalidade.

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12 - Considere as espécies de ato administrativo:

I. O Prefeito Municipal confere licença ou autorização para construção de um prédio comercial.

II.O Secretário de Segurança Pública edita ato proibindo a venda de bebida alcoólica durante as

eleições para mandatos políticos.

III. O presidente do Banco Central expede orientação sobre o programa de desenvolvimento de áreas

integradas do Nordeste.

Esses atos referem-se, respectivamente,

a) ao alvará, à resolução e à circular.

b) à resolução, à circular e à instrução.

c) ao alvará, à instrução e ao aviso.

d) à ordem de serviço, à portaria e à resolução.

e) ao alvará, ao aviso e à portaria.

13 - Em relação ao ato administrativo,

I. sua revogação funda-se na ilegalidade do ato e pode ser total ou parcial.

II. a anulação funda-se em razões de oportunidade e conveniência e decorre do processo judicial.

III. sua revogação é ato da própria Administração.

IV. a anulação pode ser ato da própria Administração ou deriva de decisão judicial.

V. a revogação gera efeito ex nunc, enquanto que anulação produz efeito ex tunc.

Está correto APENAS o que se afirma em

a) I, II e III. b) I, IV e V.

c) II, III e IV. d) II, III e V.

e) III, IV e V.

14 - Um dos atributos do ato administrativo é a

a) exigibilidade, segundo a qual a Administração executa unilateralmente suas determinações, que são válidas,

desde que dentro da legalidade.

b) imperatividade, segundo a qual a Administração faz cumprir suas determinações, até com o uso da força, se

necessário.

c) presunção de legitimidade, segundo a qual, até que se faça prova em contrário, é legítimo, conforme à lei, o

ato da Administração.

d) autoexecutoriedade, segundo a qual a Administração impõe suas determinações, com imediatidade.

e) presunção de veracidade, segundo a qual o fato alegado pela Administração é considerado absolutamente

verdadeiro.

15 - Da apreciação da conveniência e oportunidade do ato administrativo pode resultar a

a) revogação. b) nulidade.

c) anulação. d) invalidação.

e) repristinação.

16 - No que diz respeito à discricionariedade, é INCORRETO afirmar que

a) não há um ato inteiramente discricionário, dado que todo ato administrativo está vinculado à lei, pelo menos

no que respeite ao fim e à competência.

b) está presente o juízo subjetivo do administrador quando da escolha da conveniência e da oportunidade.

c) a oportunidade e a conveniência do ato administrativo compõem o binômio denominado pela doutrina de

mérito.

d) mérito é a indagação da oportunidade e da conveniência do ato administrativo, representando a sede de poder

discricionário.

e) o Poder Judiciário pode examinar o ato discricionário, inclusive apreciando os aspectos de conveniência e

oportunidade.

17 - No que tange à vinculação, é correto afirmar que

a) o ato vinculado, por ser decorrente do poder, não está sujeito a qualquer controle.

b) a Administração pode negar o benefício, ainda que

implementada a condição legal.

c) o particular, preenchidos os requisitos, tem o direito subjetivo de exigir a edição do ato.

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d) é prerrogativa do Poder Executivo e seus órgãos, não tendo aplicabilidade aos demais poderes.

e) ela se confunde com a discricionariedade do ato

administrativo, sendo irrelevante a distinção.

18 - (FCC/2016) - No que concerne à classificação dos atos administrativos, a admissão constitui ato

a) bilateral e vinculado.

b) bilateral e discricionário.

c) unilateral e discricionário.

d) unilateral e vinculado.

e) discricionário e enunciativo

19 - (FCC/2016) - Considere as seguintes características dos atos administrativos:

I. vinculado.

II. bilateral e discricionário.

III. negocial.

IV. ordinatório.

No que concerne às características da licença, está correto o que consta APENAS em

a) II e III.

b) I e III.

c) I e IV.

d) II.

e) II e IV.

20 – (CESGRANRIO/2016) - Um Estado realiza a contratação de uma obra que, para ser realizada,

exigirá a intervenção na propriedade privada, vez que inúmeros terrenos particulares deverão ser

utilizados no empreendimento. Caso o Estado não se desincumba dessas intervenções, estará

caracterizada a existência de

a) fato da administração

b) circunstância prevista

c) ato do principado

d) evento real

e) cláusula frustrada

21 - ( ) - (CESPE/SEDF/2017) - Ato praticado por usurpador de função pública é considerado ato irregular.

22 - ( ) - (CESPE/SEDF/2017) – No que se refere aos poderes administrativos, aos atos administrativos e ao

controle da administração, julgue o item seguinte. Situação hipotética: Antônio, servidor que ingressou no

serviço público mediante um ato nulo, emitiu uma certidão negativa de tributos para João. Na semana seguinte,

Antônio foi exonerado em função da nulidade do ato que o vinculou à administração. Assertiva: Nessa situação,

a certidão emitida por Antônio continuará válida.

23 - ( ) - (COMPERVE/MPE-RN/2017/ADAPTADA) – o ato administrativo colegiado será sempre complexo,

por decorrer de várias pessoas.

24 - ( ) - (COMPERVE/MPE-RN/2017/ADAPTADA) – a presunção de legitimidade do ato administrativo

impede que sua nulidade seja decretada pelo Poder Judiciário, cabendo à Administração Pública o poder de

invalidá-lo ou revogá-lo a qualquer tempo. 25- ( ) - (COMPERVE/MPE-RN/2017/ADAPTADA) – a autoexecutoriedade é atributo que permite à

Administração Pública compelir materialmente o administrado, satisfazendo sua pretensão jurídica, sem

necessidade de buscar previamente as vias judiciais.

26- ( ) - (COMPERVE/MPE-RN/2017/ADAPTADA) - o ato administrativo composto é o que resulta da

manifestação de dois ou mais órgãos.

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Os Atos Administrativos podem ser discricionários ou vinculados, deste modo o mérito Administrativo é o juízo

de conveniência e oportunidade que alguns atos possuem, neste sentido permite-se ao Poder Judiciário o ingresso

no Mérito Administrativo em razão do controle da jurisdição.

27- ( ) - (DPE-PR/RN/2017/ADAPTADA) – Atos Administrativos e Atos da Administração se revelam

comportamentos idênticos praticados pela Administração, sendo apenas sinônimos utilizados de forma didática.

28- ( ) - (DPE-PR/RN/2017/ADAPTADA) – Para a doutrina majoritária os atos administrativos possuem

cinco elementos, sendo eles: competência, forma, finalidade, motivação e adequação.

29- ( ) - (DPE-PR/RN/2017/ADAPTADA) – Os Atos Administrativos possuem atributos especiais, como é

o caso da imperatividade que significa que os Atos Administrativos são cogentes, obrigando todos quantos se

encontrem em seu círculo de incidência; presunção de legitimidade no qual há presunção de que os Atos

nasceram em conformidade com as devidas normas legais; e autoexecutoriedade, significa que o ato não depende

da anuência do poder judiciário para que seja efetivamente colocado em eficácia.

30- ( ) - (DPE-PR/RN/2017/ADAPTADA) – Os Atos Administrativos podem ser classificados quanto aos

seus efeitos em: Atos Constitutivos, cuja característica é a de indicarem juízos de valor, dependendo, portanto

de outros Atos de caráter decisório; Atos Declaratórios, são aqueles que alteram uma relação jurídica, criando,

modificando ou extinguindo direitos.

01.C 02.D 03.C 04.A 05.B 06.D 07.B 08.F 09.V 10.F 11.E 12.A 13.E 14.C 15.A 16.E 17.C 18.D 19.B 20.A 21.F 22.V 23.F 24.F 25.V 26.F 27.F 28.F 29.V 30.F

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AULA 05 - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

A responsabilidade objetiva conquistou e consolidou expressivo espaço no Direito brasileiro, mormente

a partir do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e do Código Civil de 2002; chegou primeiro, entretanto, na

responsabilidade civil do Estado, que é objetiva, desde a Constituição de 1946. Nem por isso o tema se mostra

exaurido na sua complexidade.

FUNDAMENTO LEGAL

Art. 37 CF/88 - § 6º - “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras

de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a

terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.

Neste caso se incluem todas as pessoas jurídicas de direito público, independente de sua

atividade.

A responsabilização civil tem por finalidade precípua o restabelecimento do equilíbrio violado pelo dano.

Por isso, há em nosso ordenamento jurídico a responsabilidade civil não só abrangida pela ideia do ato ilícito,

mas também há o ressarcimento de prejuízos em que não se cogita da ilicitude da ação do agente ou até da

ocorrência de ato ilícito, o que se garante pela Teoria do Risco, haja vista a ideia de reparação ser mais ampla

do que meramente o ato ilícito.

Para que seja indenizada, a vítima deve provar que o dano por ela suportado é originado de atuação estatal.

Para isso, é necessária a comprovação dos seguintes requisitos:

1) Ato lesivo - a vítima/administrado deve comprovar que foi o ato praticado por um agente

público na qualidade de servidor, ocasionou o dano. Cumpre ressaltar que o simples fato da pessoa ser

agente público não enseja a responsabilidade do Estado, ele deve praticar o ato no exercício de suas

funções ou a pretexto de exercê-las.

2) Dano - a vítima/administrado deve comprovar que sofreu uma lesão a um direito subjetivo.

No caso acima descrito, o menino sofreu danos à sua moral e danos materiais já que lhe roubaram

pertences de valor pecuniário.

3) Nexo de causalidade - o dano deve ser consequência da atuação do Estado.Como vimos, para

que o Estado indenize a vítima, esta deve provar a existência do ato lesivo, o dano e o nexo de causalidade

entre ato e dano. Por este motivo, a responsabilidade civil do Estado funda-se na ideia de causalidade.

Como a Teoria do Risco Administrativo admite a existência de excludentes e atenuantes

vinculadas à ideia de causalidade, para que o Estado não seja obrigado a indenizar o particular, deve o

mesmo provar que não foi o mesmo que deu causa ao dano (excluindo sua responsabilidade) ou que sua

atividade não foi a única causa do dano (atenuante). O Estado pode alegar como excludentes de

responsabilidade a culpa exclusiva da vítima, o caso fortuito e a força maior.

Ação de Regresso

Cabe ação de regresso do Estado contra o agente causador do dano se provar ter este agido com dolo ou

culpa. Verifica-se que se o agente não participa ou pratica o ato lesivo com culpa ou dolo, não pode ser réu em

ação de regresso. É importante também citar a hipótese do Estado não conseguir identificar o agente público

causador do dano, caso em que não poderá ingressar com ação de regresso.

Teorias da responsabilidade objetiva do Estado (segundo Hely lopes Meirelles):

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A) TEORIA DA CULPA ADMINISTRATIVA: a obrigação do Estado indenizar decorre da ausência

objetiva do serviço público em si. Não se trata de culpa do agente público, mas de culpa especial do Poder

Público, caracterizada pela falta de serviço público.

B) TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO: a responsabilidade civil do Estado por atos comissivos

ou omissivos de seus agentes, é de natureza objetiva, ou seja, dispensa a comprovação de culpa. "Para que se

configure a responsabilidade objetiva do ente público, basta a prova da omissão e do fato danoso e que deste

resulte o dano material ou moral". Em seu Relato o Min. José Delgado continua "A ré (Prefeitura/SP) só ficaria

isenta da responsabilidade civil se demonstrasse - o que não foi feito - que o fato danoso aconteceu por culpa

exlusiva da vítima". Portanto, basta tão só o ato lesivo e injusto imputável à Administração Pública. Não se

indaga da culpa do Poder Público mesmo porque ela é inferida do ato lesivo da Administração. É fundamental,

entretanto, que haja o nexo causal. "Deve haver nexo de causalidade, isto é, uma relação de causa e efeito entre

a conduta do agente e o dano que se pretende reparar. Inexistindo o nexo causal, ainda que haja prejuízo sofrido

pelo credor, não cabe cogitação de indenização". Lembrando que a dispensa de comprovação de culpa da

Administração pelo administrado não quer dizer que aquela esteja proibida de comprovar a culpa total ou parcial

da vítima, para excluir ou atenuar a indenização. Verificado o dolo ou a culpa do agente, cabe à fazenda pública

acionar regressivamente para recuperar deste, tudo aquilo que despendeu com a indenização da vítima.

C) TEORIA DO RISCO INTEGRAL: a Administração responde invariavelmente pelo dano suportado

por terceiro, ainda que decorrente de culpa exclusiva deste, ou até mesmo de dolo. É a exacerbação da teoria do

risco administrativo que conduz ao abuso e à iniquidade social, com bem lembrado por Meirelles.

A Constituição Federal de 1988, em seu Art. 37, § 6º, diz: "As pessoas jurídicas de direito

público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que

seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o

responsável nos casos de dolo ou culpa".

E no Art. 5º, X, está escrito: "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem

das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua

violação"

Vê-se por esse dispositivo que a indenização não se limita aos danos materiais. No entanto, há uma

dificuldade nos casos de danos morais na fixação do quantum da indenização, em vista da ausência de normas

regulamentadoras para aferição objetiva desses danos.

Para Maria Helena Diniz ‘negar indenização pelo estado em qualquer de seus atos que causaram danos a

terceiros é subtrair o poder público de sua função primordial de tutelar o direito’. ‘com isso, a responsabilidade

civil do estado passa para o campo do direito público, com base no princípio da igualdade de todos perante a lei,

pois entre todos devem ser distribuídos equitativamente os ônus e encargos’.

Se o dano foi causado pelo estado, e este atua em nome da sociedade, então a responsabilidade acaba

sendo desta, que deve suportar os custos pelos prejuízos, que, por conseguinte, serão distribuídos, indiretamente,

a cada indivíduo. Assim, a justiça fica restabelecida, uma vez que o dano causado a um terceiro será absorvido

por toda a sociedade.

Segundo Alexandre Mazza, a teoria do risco integral é aplicaval no Brasil em situações excepcionais,

como:

✓ Acidente deTrabalho (infortunística) - relações de emprego público;

✓ Indenização cobrta pelo Seguro DPVAT;

✓ Atentados Terroristas em Aeronaves;

✓ Dano Ambiental;

✓ Dano Nuclear.

A responsabilidade civil apresenta-se sob várias espécies, conforme a perspectiva analisada. São elas:

1. Quanto ao seu fato gerador, poderá ser:

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a)Responsabilidade contratual: proveniente de conduta violadora de norma contratual;

b)Responsabilidade extracontratual ou aquiliana: resultante da violação de um dever geral de

abstenção, de respeito aos direitos alheios legalmente previstos.

2. Quanto ao agente, poderá ser:

a)Responsabilidade direta: proveniente de ato do próprio responsável;

b)Responsabilidade indireta: provém de ato de terceiro, vinculado ao agente ou de fato de animal ou

coisa inanimada sob sua guarda.

3. Quanto ao seu fundamento, poderá ser:

a)Responsabilidade subjetiva: presente sempre o pressuposto culpa ou dolo. Portanto, para sua

caracterização devem coexistir os seguintes elementos: a conduta, o dano, a culpa e o nexo de causalidade entre

a conduta e o dano.

b)Responsabilidade objetiva: não há a necessidade da prova da culpa, bastando a existência do dano,

da conduta e do nexo causal entre o prejuízo sofrido e a ação do agente. A responsabilidade está calcada no risco

assumido pelo lesante, em razão de sua atividade. A responsabilidade objetiva, por ser a adotada para a

responsabilização do Estado por danos causados por seus agentes, será adiante exposta mais detalhadamente.

Responsabilidade Subjetiva ou Teoria da Culpa

O fato é um pressuposto material da existência do direito, sendo um fenômeno perceptível, que resulta de

uma atividade humana ou da natureza, agindo sob o mundo exterior.

Os fatos podem ser naturais ou jurídicos. Fato natural é um acontecimento qualquer, abrangendo os fatos

dependentes e não dependentes da conduta humana, ou seja, que contam ou não com a participação do homem

para sua ocorrência. O fato jurídico é o acontecimento que marca o começo ou o término de relações jurídicas,

possibilitando a conservação, modificação ou extinção de direitos.

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito

e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede

manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons

costumes....

...Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a

repará-lo”.

Os fatos humanos, também chamados de atos jurídicos, são conceituados como sendo todo

comportamento apto a gerar efeitos jurídicos. Dentre eles, há o ato jurídico lícito, ou, simplesmente, ato lícito,

e os atos jurídicos ilícitos ou atos ilícitos.

O ato lícito é causa geradora de obrigação, como o contrato e a declaração unilateral de vontade. O ato

ilícito, a princípio, pressupõe culpa lato sensu do agente, ou seja, a intenção do agente de prejudicar outrem, a

violação de um direito, o prejuízo causado por negligência, imprudência ou imperícia.

Já é pacífico o entendimento de que o ordenamento jurídico brasileiro admite que o Estado possa causar

prejuízos aos seus administrados, através de comportamentos lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos,

resultando-lhe a obrigação de recompor tais danos.

A responsabilidade do Estado obedece a um regime próprio, compatível com sua situação jurídica, pois

potencialmente tem o condão de proporcionar prejuízos macroscópicos. Ademais, os administrados não têm

poderes para diminuir a atuação do Estado, no âmbito de seus direitos individuais.

Para Celso Antônio Bandeira de Mello, a responsabilidade do Estado está implícita na noção do Estado

de Direito, não havendo necessidade de regra expressa para firmar-se isto, posto que no Estado de Direito todas

as pessoas, de direito público ou privado, encontram-se sujeitas à obediência das regras de seu ordenamento

jurídico. Desta forma, presente também está o dever de responderem pelos comportamentos violadores do direito

alheio.

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Hely Lopes Meireles utiliza o termo "responsabilidade da administração", pois entende que o dever de

indenizar se impõe à Fazenda Pública

Excludentes da Responsabilidade do Estado

A responsabilidade civil do Estado será elidida quando presentes determinadas situações, aptas a excluir

o nexo causal entre a conduta do Estado e o dano causado ao particular, quais sejam a força maior, o caso fortuito, o estado de necessidade e a culpa exclusiva da vítima ou de terceiro.

A força maior é conceituada como sendo um fenômeno da natureza, um acontecimento imprevisível,

inevitável ou estranho ao comportamento humano, por exemplo, um raio, uma tempestade, um terremoto. Nestes

casos, o Estado se torna incapacitado diante da imprevisibilidade das causas determinantes de tais fenômenos,

o que, por conseguinte, justifica a elisão de sua obrigação de indenizar eventuais danos, visto que não está

presente aí o nexo de causalidade .

Importante ressaltar que se o Estado deixar de realizar ato ou obra considerada indispensável e sobrevier

fenômeno natural que cause danos a particulares pela falta daquele ato ou obra, portanto conduta omissiva, o

Poder Público será o responsável pela reparação de tais prejuízos, visto que neste caso estará presente o nexo de

causalidade entre o ato omissivo e o dano. Desta forma, a causa do dano não é o fato de força maior, mas o

desleixo do Estado em, sendo possível prever tal fenômeno e suas consequências, nada ter feito para evitá-las.

Já na hipótese de caso fortuito o dano decorre de ato humano, gerador de resultado danoso e alheio à

vontade do agente, embora por vezes previsível. Por ser um acaso, imprevisão, acidente, algo que não poderia

ser evitado pela vontade humana, ocorre, desta forma, a quebra do nexo de causalidade, daí a exclusão da

responsabilidade diante do caso fortuito.

A força maior e o caso fortuito estão previstos no artigo 1058 do antigo Código Civil, bem como no art.

393 do novo Código. Porém, tais normas não os definiram separadamente, o que vem provocando na seara

jurídica uma divergência quanto às suas definições, alguns os conceituando exatamente ao contrário do acima

exposto, que é a posição da corrente dominante.

O estado de necessidade é também causa de exclusão de responsabilidade, pois traduz situação em que

prevalece interesse geral sobre o pessoal e até mesmo individual - princípio da supremacia do interesse público,

caracterizado pela prevalência da necessidade pública sobre o interesse particular. Ocorre quando há situações

de perigo iminente, não provocadas pelo agente, tais como guerras, em que se faz necessário um sacrifício do

interesse particular em favor do Poder Público, que poderá intervir em razão da existência de seu poder

discricionário.

A culpa exclusiva da vítima ou de terceiro é também considerada causa excludente da responsabilidade

estatal, pois haverá uma quebra do nexo de causalidade, visto que o Poder Público não pode ser responsabilizado

por um fato a que, de qualquer modo, não deu causa. Decorre de um princípio lógico de que ninguém poderá

ser responsabilizado por atos que não cometeu ou para os quais não concorreu.

Nos casos em que se verifica a existência de concausas, isto é, mais de uma causa ensejadora do resultado

danoso, praticadas simultaneamente pelo Estado e pelo lesado, não haverá excludente de responsabilidade.

Haverá, sim, atenuação do quantum indenizatório na medida da participação no evento.

DANOS DECORRENTES DE OBRAS PÚBLICAS No caso de Fato da obras, sem irregularidade, a responsabilidade civil é objetiva da Administração Pública

ou do Particular. No caso de má execução da obra, a responsabilidade é objetiva da Administração, com direito

de regresso, e subjetiva do particular.

DANOS DECORENTES DE ATOS LEGISLATIVOS Em regra, se aplica a Irresponsabilidade do Estado.

Ocorre a exceção no caso de Atos Inconstitucionais depende de manifestação do STF (Declaração De

Inconstitucionalidade) e ajuizamento de Ação de Reparação de Danos.

No caso de Leis de efeitos concretos o estado também é responsabilizado.

DANOS DECORRENTES DE ATOS JUDICIAIS Em regra, se aplica a Irresponsabilidade do Estado

Ocorre a exceção no caso de Erro Judiciário que ocasione prisão de inocente ao encarceramento além do

prazo da pena. No caso de prisão cautelar e o réu é absolvido, não constitui erro judicial e sim medida cautelar.

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Em referência a responsabilidade das empresas concessionárias de serviços públicos traz-se a lume alguns

dos posicionamentos adotados pelos Tribunais brasileiros:

RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE TRANSITO.

ATROPELAMENTO PROXIMO A FAIXA DE SEGURANCA. RESPONSABILIDADE

OBJETIVA DA CONCESSIONARIA DE LINHA DE ONIBUS. Ausência de prova a elidir a

culpa do motorista. parcelas integrantes da indenização. diferentes naturezas jurídicas. dano

moral. Adequação para aliviar a dor da vitima e servir como reprimenda para o indenizante. Apelo

improvido.

RESPONSABILIDADE CIVIL. DESABAMENTO DE POSTE. VÍTIMA FATAL.

MÁ CONSERVAÇÃO. AÇÃO PROCEDENTE. - Hipótese em que comprovado de maneira

cabal o estado de má conservação do poste de iluminação. culpa reconhecida da ré. - ademais,

segundo a constituição federal (art. 37, § 6º), a responsabilidade da empresa de energia elétrica,

concessionária de serviço público, é objetiva. recurso especial não conhecido.

Com efeito, assumindo a concessionária o ônus da responsabilidade, é pacífico seu envolvimento com a

teoria dos riscos. Por suposto, como ensina a teoria, todo e qualquer ente que se propõe a desenvolver

determinada atividade, arca, necessariamente, com a obrigação de responder pelos eventuais danos ocorridos. A

este entendimento coaduna-se o previsto no artigo 25 da Lei 8.987/95.

Ademais, é louvável que a concessionária assuma este encargo, pois como ensina Sergio Cavalieri Filho:

[...] quem tem o bônus deve suportar o ônus. Aquele que participa da Administração

Pública, que presta serviços públicos, usufruindo os benefícios dessa atividade, deve suportar os

seus riscos, deve responder em igualdade de condição com o Estado em nome de quem atua.

Afinal, claro está que na esfera administrativa, bem como, cível a empresa concessionária é inteiramente

responsável pela reparação de eventuais danos oriundos da prestação de seus serviços. Depois de muitas

divergências, o STF entendeu que a responsabilidade civil das concessionárias de serviço público é objetiva

tanto para danos causados aos seus usuários, como para terceiros. Veja só:

O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinário interposto contra acórdão prolatado

pelo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco que, com base no princípio da

responsabilidade objetiva (CF, art. 37, § 6º), condenara a recorrente, empresa privada

concessionária de serviço público de transporte, ao pagamento de indenização por dano moral

a terceiro não-usuário, atropelado por veículo da empresa. O Min. Joaquim Barbosa, relator,

negou provimento ao recurso por entender que a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de

direito privado prestadoras de serviço público é objetiva também relativamente aos terceiros

não-usuários do serviço. Asseverou que, em razão de a Constituição brasileira ter adotado um

sistema de responsabilidade objetiva fundado na teoria do risco, mais favorável às vítimas do

que às pessoas públicas ou privadas concessionárias de serviço público, toda a sociedade deveria

arcar com os prejuízos decorrentes dos riscos inerentes à atividade administrativa, tendo em

conta o princípio da isonomia de todos perante os encargos públicos. Ademais, reputou ser

indevido indagar sobre a qualidade intrínseca da vítima, a fim de se verificar se, no caso

concreto, configura-se, ou não, a hipótese de responsabilidade objetiva, haja vista que esta

decorre da natureza da atividade administrativa, a qual não é modificada pela mera

transferência da prestação dos serviços públicos a empresas particulares concessionárias do

serviço. Após os votos dos Ministros Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Carlos Britto que

acompanhavam o voto do relator, pediu vista dos autos o Min. Eros Grau. RE 459749/PE, rel.

Min. Joaquim Barbosa, 8.3.2007. (RE-459749)

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EXERCÍCIOS

01 – (FCC/TCE-CE/2015) - Emengardo sofre acidente de veículo e é levado ao hospital público local. No

hospital, após aguardar 5 horas por atendimento médico sem recebê-lo, Emengardo vem a falecer. Neste

caso, pela morte de Emengardo, o Estado

A) tem responsabilidade solidária.

B) tem responsabilidade integral.

C) não tem responsabilidade.

D) tem responsabilidade subsidiária.

E) tem responsabilidade subjetiva.

(CESPE/STJ/2015) - Tendo em vista que, no Brasil, o Estado é responsável pelos atos praticados por seus

agentes, julgue os próximos itens, a respeito da responsabilidade civil do Estado.

02 – ( ) - A responsabilidade objetiva do Estado por danos causados a terceiros tem sustentação na teoria da

culpa administrativa.

03 - ( ) - A responsabilidade civil do Estado por atos jurisdicionais vem sendo aceita, segundo a jurisprudência

do STF, em caso de comprovada falta objetiva na prestação judiciária.

04 – ( ) - (CESPE/TCE-GO/2015) De acordo com a Constituição Federal, somente as pessoas jurídicas de

direito público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.

05 – ( ) - (CESPE/AGU/2015) - Situação hipotética: Um veículo oficial da AGU, conduzido por servidor

desse órgão público, passou por um semáforo com sinal vermelho e colidiu com um veículo particular que

trafegava pela contramão. Assertiva: Nessa situação, como o Brasil adota a teoria da responsabilidade objetiva,

existirá a responsabilização indenizatória integral do Estado, visto que, na esfera administrativa, a culpa

concorrente elide apenas parcialmente a responsabilização do servidor.

06 ( ) – (CESPE/AGU/2015) - Em consonância com o entendimento do STF, os serviços sociais autônomos

estão sujeitos ao controle finalístico do TCU no que se refere à aplicação de recursos públicos recebidos

(CESPE/TJDFT/2015) - Julgue os itens subsequentes, a respeito da responsabilidade civil do Estado

07 - ( ) - Devido à indisponibilidade do interesse público, não se admite o reconhecimento espontâneo, pela

administração, de sua obrigação de indenizar por ato danoso praticado por um de seus agentes.

08 - ( ) - A prescrição quinquenal da pretensão de reparação de danos contra a administração não se estende

a pessoas jurídicas de direito privado que dela façam parte, como concessionárias de serviço público, por

exemplo.

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09 – ( ) - Devido à indisponibilidade do interesse público, não se admite o reconhecimento espontâneo, pela

administração, de sua obrigação de indenizar por ato danoso praticado por um de seus agentes.

10 - ( ) - A prescrição quinquenal da pretensão de reparação de danos contra a administração não se estende

a pessoas jurídicas de direito privado que dela façam parte, como concessionárias de serviço público, por

exemplo.

11 - ( ) – (CESPE/SEDF/2017) - A exploração e operação de determinado aeroporto foi transferida pelo

governo federal para um consórcio de empresas pelo prazo de vinte anos. Em determinado dia, durante a vigência

da execução desse serviço público pelo consórcio, uma passageira sofreu um acidente grave em esteira rolante

do aeroporto, a qual se encontrava em manutenção devidamente sinalizada. A passageira, por estar enviando

mensagem no aparelho celular, não observou a sinalização relativa à manutenção da esteira. A respeito dessa

situação hipotética e de aspectos legais e doutrinários a ela relacionados, julgue o item subsequente. Caso se

comprove que o acidente decorreu de culpa exclusiva da passageira, o consórcio de empresas não responderá

civilmente pelo acidente.

12- ( ) – (CESPE/SEDF/2017) - A respeito de bens públicos e responsabilidade civil do Estado, julgue o

próximo item. Situação hipotética: Um veículo particular, ao transpassar indevidamente um sinal vermelho,

colidiu com veículo oficial da Procuradoria-Geral do Município de Fortaleza, que trafegava na contramão.

Assertiva: Nessa situação, não existe a responsabilização integral do Estado, pois a culpa concorrente atenua o

quantum indenizatório.

13 - ( ) – (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) – Para a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o

Estado não responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário, salvo quando

os danos decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga. Também entende o Superior Tribunal de Justiça que

o Estado pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que estes estejam amparados

por causa excludente de ilicitude penal.

14- ( ) – (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) - Segundo o Supremo Tribunal Federal, é obrigação do Estado

ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou

insuficiência das condições legais de encarceramento. Para fundamentar esta tese, a Corte Excelsa invocou a

teoria do risco administrativo do tipo integral.

15 - ( ) – (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) – Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,

o Estado não deve ser condenado a indenizar servidores na hipótese de posse em cargo público determinada por

decisão judicial, sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, ainda que seja

comprovada situação de arbitrariedade flagrante. Para o Supremo Tribunal Federal, nas hipóteses de

arbitrariedade flagrante, a indenização deve ser substituída pelo reconhecimento do tempo de serviço.

16 - ( ) – (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) – Segundo o Supremo Tribunal Federal, caso um detento

seja encontrado morto nas dependências de estabelecimento penitenciário e seja comprovado que se tratou de

um suicídio, à luz da teoria do risco administrativo entende-se que não há como se imputar qualquer

responsabilidade ao Estado.

17- ( ) – (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) – O Superior Tribunal de Justiça, em conflito com a

jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, firmou entendimento no sentido de que o Estado deve ser

responsabilizado civilmente caso o inquérito policial instaurado por delegado de polícia seja arquivado

judicialmente após pedido do Ministério Público.

18 - ( ) – (FCC/TRT11O/2017/ADAPTADA) –Em movimentada rua da cidade de Manaus, em que existem

diversas casas comerciais, formou-se um agrupamento de pessoas com mostras de hostilidade. Em razão disso,

um dos comerciantes da rua, entrou em contato com os órgãos públicos de segurança responsáveis, comunicando

o fato. Embora os órgãos de segurança tenham sido avisados a tempo, seus agentes não compareceram ao local,

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ocorrendo atos predatórios causados pelos delinquentes, o que gerou inúmeros danos aos particulares. A

propósito do tema, é correto afirmar que os danos causados por multidões insere-se na categoria de fatos

imprevisíveis, não havendo responsabilidade estatal.

19- ( ) – (FCC/TRT11O/2017/ADAPTADA) –Em movimentada rua da cidade de Manaus, em que existem

diversas casas comerciais, formou-se um agrupamento de pessoas com mostras de hostilidade. Em razão disso,

um dos comerciantes da rua, entrou em contato com os órgãos públicos de segurança responsáveis, comunicando

o fato. Embora os órgãos de segurança tenham sido avisados a tempo, seus agentes não compareceram ao local,

ocorrendo atos predatórios causados pelos delinquentes, o que gerou inúmeros danos aos particulares. A

propósito do tema, é correto afirmar que se trata de danos causados por terceiros, causa excludente da

responsabilidade estatal.

20 - ( ) – (FCC/TRT11O/2017/ADAPTADA) –Em movimentada rua da cidade de Manaus, em que existem

diversas casas comerciais, formou-se um agrupamento de pessoas com mostras de hostilidade. Em razão disso,

um dos comerciantes da rua, entrou em contato com os órgãos públicos de segurança responsáveis, comunicando

o fato. Embora os órgãos de segurança tenham sido avisados a tempo, seus agentes não compareceram ao local,

ocorrendo atos predatórios causados pelos delinquentes, o que gerou inúmeros danos aos particulares. A

propósito do tema, é correto afirmar que o Estado arcará integralmente com os danos causados, haja vista tratar-

se de hipótese de responsabilidade subjetiva.

21- ( ) – (FCC/TRT11O/2017/ADAPTADA) –Em movimentada rua da cidade de Manaus, em que existem

diversas casas comerciais, formou-se um agrupamento de pessoas com mostras de hostilidade. Em razão disso,

um dos comerciantes da rua, entrou em contato com os órgãos públicos de segurança responsáveis, comunicando

o fato. Embora os órgãos de segurança tenham sido avisados a tempo, seus agentes não compareceram ao local,

ocorrendo atos predatórios causados pelos delinquentes, o que gerou inúmeros danos aos particulares. A

propósito do tema, é correto afirmar que o Estado responderá pelos danos, haja vista sua conduta omissiva

culposa, no entanto, a indenização será proporcional à participação omissiva do Estado no resultado danoso.

22 - ( ) – (FCC/TRT11O/2017/ADAPTADA) –Em movimentada rua da cidade de Manaus, em que existem

diversas casas comerciais, formou-se um agrupamento de pessoas com mostras de hostilidade. Em razão disso,

um dos comerciantes da rua, entrou em contato com os órgãos públicos de segurança responsáveis, comunicando

o fato. Embora os órgãos de segurança tenham sido avisados a tempo, seus agentes não compareceram ao local,

ocorrendo atos predatórios causados pelos delinquentes, o que gerou inúmeros danos aos particulares. A

propósito do tema, é correto afirmar que o Estado responderá integralmente pelos danos causados, em razão de

sua responsabilidade objetiva e a aplicação da teoria do risco integral.

23- ( ) – (FCC/DPE-PR/2017/ADAPTADA) – Conforme o estudo da responsabilidade civil do estado, na

hipótese de dano causado a particular por agente público no exercício de sua função, os tribunais superiores

assentaram a possibilidade de ajuizamento pelo lesado de ação de reparação de danos diretamente contra o autor

do fato, devendo nesse caso, ser perquirida apenas a conduta, nexo causal e os prejuízos.

24 - ( ) – (FCC/DPE-PR/2017/ADAPTADA) – Conforme o estudo da responsabilidade civil do estado,

constitui caso de concorrência de culpa o suicídio de detento ocorrido dentro de estabelecimento prisional do

estado, devendo haver redução proporcional do valor da indenização.

25 - ( ) – (FCC/DPE-PR/2017/ADAPTADA) – Conforme o estudo da responsabilidade civil do estado,

afastada a responsabilidade criminal do servidor por inexistência daquele fato ou de sua autoria, restará

automaticamente repelida a responsabilidade administrativa.

26- ( ) – (FCC/DPE-PR/2017/ADAPTADA) – Conforme o estudo da responsabilidade civil do estado,

aplica-se o prazo prescricional quinquenal previsto no Decreto n° 20.910/1932 às ações indenizatórias ajuizadas

contra Fazenda Pública, afastando-se a incidência do prazo trienal previsto no Código Civil em razão do critério

da especialidade normativa.

27- ( ) – (MPE-RN/2017/ADAPTADA) – A reparação por danos ao erário público causados pelo servidor é

persecução fundamental para a manutenção da saúde financeira do ente público e vinculada ao cumprimento

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dos princípios da Administração Pública. Dessa maneira, a reparação deve ser prioridade da Administração.

Nesse contexto, em se tratando de prejuízo resultante de dolo, a indenização é liquidada pelo desconto de

parcelas mensais não superiores à vigésima parte da remuneração.

28 – ( ) - (MPE-RN/2017/ADAPTADA) – A reparação por danos ao erário público causados pelo servidor é

persecução fundamental para a manutenção da saúde financeira do ente público e vinculada ao cumprimento

dos princípios da Administração Pública. Dessa maneira, a reparação deve ser prioridade da Administração.

Nesse contexto, no caso de ato comissivo, desde que doloso, praticado no desempenho do cargo, função ou

emprego, que cause prejuízo ao erário público, haverá responsabilidade civil.

29 – ( ) - (MPE-RN/2017/ADAPTADA) – A reparação por danos ao erário público causados pelo servidor é

persecução fundamental para a manutenção da saúde financeira do ente público e vinculada ao cumprimento

dos princípios da Administração Pública. Dessa maneira, a reparação deve ser prioridade da Administração.

Nesse contexto, em se tratando dano causado a terceiro, o servidor responde perante a Fazenda Pública em ação

regressiva.

30 - (MPE-RN/2017/ADAPTADA) – A reparação por danos ao erário público causados pelo servidor é

persecução fundamental para a manutenção da saúde financeira do ente público e vinculada ao cumprimento

dos princípios da Administração Pública. Dessa maneira, a reparação deve ser prioridade da Administração.

Nesse contexto, no caso de obrigação de indenizar, esta estende-se aos sucessores e contra eles é executada até

o adimplemento integral do prejuízo ao erário público.

01.E 02.F 03.V 04.F 05.F 06.V 07.F 08.F 09.F 10.F 11.V 12.V 13.V 14.F 15.F 16.F 17.F 18.F 19.F 20.F 21.V 22.F 23.F 24.F 25.F 26.V 27.F 28.F 29.V 30.F

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AULA 06 - AGENTES PÚBLICOS

Hely Lopes Meirelles afirma que agentes públicos são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou

transitoriamente, do exercício de alguma função estatal atribuída a órgão ou a entidade da Administração

Pública. São todas as pessoas físicas incumbidas de exercer alguma função estatal, definitiva ou transitoriamente.

Os AGENTES desempenham as funções dos órgãos a que estão vinculados. • os cargos e as funções são

independentes dos agentes.

Cargo é o lugar, criado por lei, ao qual corresponde uma função e é provido por um agente. O cargo,

sendo lugar, é lotado no órgão. Lotação é o número de cargos de um órgão. Os agentes públicos podem ser:

políticos, administrativos, honoríficos e delegados.

✓ Agentes Políticos: exercem atribuições constitucionais. Ocupam os cargos dos órgãos independentes (que

representam os poderes do Estado) e dos órgãos autônomos (que são os auxiliares imediatos dos órgãos

independentes). Exemplos.: Presidente da República, Senadores, Governadores, Deputados, Prefeitos,

Juízes, Ministros, etc. Exercem funções e mandatos temporários; Não são funcionários nem servidores

públicos, exceto para fins penais, caso cometam crimes contra a Administração Pública.

✓ Agentes Administrativos: são os agentes públicos que se vinculam à Administração Pública Direta ou às

Autarquias por relações profissionais. Sujeitam-se à hierarquia funcional; São funcionários públicos com

regime jurídico único (estatutários); Respondem por simples culpa ou dolo pelos atos ilícitos civis, penais

ou administrativos que praticarem; Funcionários de paraestatais: não são agentes administrativos, todavia

seus dirigentes são considerados funcionários públicos; Funcionários das Fundações Públicas: são agentes

administrativos.

✓ Agentes Honoríficos: são os agentes convocados ou nomeados para prestarem serviços de natureza

transitória, sem vínculo empregatício, e em geral, sem remuneração. Constituem os munus publicos

(serviços relevantes). Exemplos.: jurados, comissários de menores, mesários eleitorais; Enquanto

exercerem a função; Submetem-se à hierarquia e são considerados funcionários públicos para fins penais.

✓ Agentes Delegados: são os particulares que exercem funções delegadas da Administração Pública, e que

são os serviços concedidos, permitidos e autorizados. Exs.: os serventuários de Cartório, os leiloeiros

oficiais, os tradutores,, etc. Respondem criminalmente como funcionários públicos pelos crimes que

cometerem no exercício de sua função; A Administração Pública responde pelos danos causados a 3ºs. por

este agente, voltando-se, depois, contra o agente público delegado.

✓ Agentes credenciados: São os que recebem a incumbência da administração para representá-la em

determinado ato ou praticar certa atividade especifica, mediante remuneração do poder público

credenciante. Por exemplo, determinada pessoa recebe atribuição de representar o Brasil em evento

internacional.

Ao estudar a doutrina, verifica-se que cada autor tem sua própria forma de classificar os agentes

públicos. A mais cobrada em concursos públicos é a acima citada do clássico Hely Lopes Meirelles

Servidores Militares

São militares as pessoas físicas que prestam serviços às Forças Armadas (Exército, Marinha e

Aeronáutica), e às Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e Territórios,

com vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, mediante remuneração paga pelo Governo. Vejamos

o que a nossa Constituição Federal descreve sobre estes servidores.

Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares,

instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do

Distrito Federal e dos Territórios......

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela

Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na

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hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-

se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer

destes, da lei e da ordem......

...§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.

§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes,

além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:

I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas

pelo Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou

reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais

membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;

II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil

permanente, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", será transferido

para a reserva, nos termos da lei;

III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou

função pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada

a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", ficará agregado ao respectivo quadro e

somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade,

contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a

reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a

reserva, nos termos da lei;

IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; (Incluído pela Emenda

Constitucional nº 18, de 1998)

V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos;

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com

ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou

de tribunal especial, em tempo de guerra;

VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade

superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento

previsto no inciso anterior;

X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a

estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os

deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares,

consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de

compromissos internacionais e de guerra.

Particulares em Colaboração com o Poder Público

Os particulares em colaboração com o Poder Público não fazem parte do Estado, eles exercem função

pública, entretanto, não deixam de ser particulares. O autor Celso Antônio Bandeira de Mello define estes

particulares em colaboração da seguinte forma: em primeiro lugar, os requisitados, que exercem munus

público e são os recrutados para o serviço militar obrigatório; os jurados e os que trabalham nos cartórios

eleitorais, quando das eleições; os gestores de negócios públicos que assumem a gestão da coisa pública

livremente, em situações anormais e urgentes; os contratados por locação civil de serviços; os concessionários

e os permissionários de serviços públicos, os delegados de função ou ofício público, os que praticam atos que

são de competência do Estado e têm força jurídica oficial.

Poderes, deveres e prerrogativas Poder-dever: O servidor não pode se omitir. Os deveres de eficiência, de probidade e o de prestar contas.

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Deveres: Normalmente vêm previstos nas leis estatutárias, abrangendo, entre outros, os de assiduidade,

pontualidade, discrição, urbanidade, obediência, lealdade.

Prerrogativa: Privilégio atribuído a alguém por seu cargo; - Férias, licenças, vencimento ou remuneração

e demais vantagens pecuniárias (= dinheiro), assistência, direito de petição, disponibilidade e aposentadoria.

Cargo, emprego e função públicos

Os ocupantes de cargo público tem vínculo estatutário e institucional regido por um estatuto funcional

próprio. Em sentido contrário, o ocupante de emprego público tem vínculo trabalhista e contratual regido pela

CLT. Obviamente há algumas diferenças resultantes disso, o vínculo estatutário, por exemplo, não é cabível a

entidades privadas da Administração Pública Indireta; já o vínculo contratual ocorre em ambos os casos, logo

as entidades de direito público podem possuir servidores públicos estatutários ou celetistas.

Sobre a função pública, há as funções atreladas a cargos ou empregos e funções autônomas, como a

função temporária, exercida por servidores temporários, e a função de confiança, exercida exclusivamente por

servidores públicos titulares de cargos efetivos e se destinam apenas às atribuições de direção, chefia e

assessoramento.

✓ Cargo é o posto de trabalho, instituído na organização do funcionalismo, caracterizado por

deveres e responsabilidades, com criação e jornada de trabalho estabelecidas em lei,

denominação própria, número certo e remuneração pelos cofres públicos;

✓ Função é a atribuição ou o conjunto de atribuições específicas que devem ser executadas por

um funcionário na estrutura organizacional, fornecendo elementos para a caracterização,

descrição, classificação e avaliação do cargo;

✓ O Cargo pode ser Isolado ( sem níveis de ascensão funcional, de nível único, como o caso do

cargo de Motorista) ou Em Carreira ( com níveis ou classes para ascensão funcional). Prevê

promoção e progressão;

✓ Progressão horizontal é a variação remuneratória correspondente à passagem do funcionário

de uma para outra referência, dentro da mesma classe, obedecidos os critérios de antiguidade e

merecimento;

✓ Promoção é o provimento na referência inicial de cargo vago de classe imediatamente superior

àquela que ocupa, dentro da mesma série de classes e da mesma categoria funcional a que

pertença, de funcionário efetivo ou estável, que esteja ocupando a última referência horizontal

de sua classe;

✓ A Função pode ser permanente (inerente ao cargo) ou provisória (como funções de chefia).

Previsão Constitucional Relevante (arts. 37,38 e 39 da CF/88):

Art. 37 - I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham

os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso

público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo

ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão

declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por

igual período;

IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em

concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos

concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;

V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo,

e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e

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percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e

assessoramento;

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;

VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; VIII -

a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de

deficiência e definirá os critérios de sua admissão;

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade

temporária de excepcional interesse público;

X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente

poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso,

assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices;

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da

administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos

demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos

cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não

poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,

aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito

Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos

Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos

Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos

por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no

âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos

Procuradores e aos Defensores Públicos;

XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser

superiores aos pagos pelo Poder Executivo;

XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito

de remuneração de pessoal do serviço público;

XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem

acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores;

XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis,

ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e

153, § 2º, I;

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver

compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.

a) a de dois cargos de professor;

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões

regulamentadas;

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,

fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades

controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;

XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de

competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei.

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de

mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 19, de 1998)

I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo,

emprego ou função;

II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe

facultado optar pela sua remuneração;

III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as

vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e,

não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;

IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo

de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;

DIREITO ADMINISTRATIVO

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V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão

determinados como se no exercício estivesse.

Seção II DOS SERVIDORES PÚBLICOS

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política

de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos

respectivos Poderes.

§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório

observará:

I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada

carreira; II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de

1998)

III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o

aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos

requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou

contratos entre os entes federados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX,

XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos

diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir. (Incluído pela Emenda

Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários

Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela

única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de

representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art.

37, X e XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a relação

entre a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o

disposto no art. 37, XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os valores do subsídio

e da remuneração dos cargos e empregos públicos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19,

de 1998)

§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de

recursos orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em cada órgão,

autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e

produtividade, treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e

racionalização do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de

produtividade. (§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser

fixada nos termos do § 4º.

Provimento e Vacância de Cargo Público Provimento é o preenchimento da vaga. PROVIMENTO: Ato administrativo no qual o cargo

público é preenchido, podendo ser provimento efetivo ou em comissão.Segundo a classificação aceita

pelo STF, as formas de provimento são:

1- Originárias: não decorre de qualquer vínculo anterior entre o servidor e a administração (única

forma é a nomeação)

DIREITO ADMINISTRATIVO

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2- Derivadas: decorre de vínculo anterior entre servidor e a administração (são: promoção,

readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução)

Já a vancância, pelo contrário, refere-se a liberação da vaga. È quando o servidor desocupa o seu

cargo. A vacância pode ser:

1- Definitiva: exoneração, demissão e falecimento.

2- Não-Definitiva (forma um novo vínculo): promoção, readaptação, aposentadoria e posse em

outro cargo inacumulável.

Formas de provimentos

1) Nomeação: a nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende

de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de

classificação e o prazo de sua validade. Assim aquele que desejar ser servidor público terá que se submeter

a uma verdadeira maratona.

Conforme preleciona Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo: “Sempre que o provimento decorrer

de concurso público haverá nomeação e o provimento é efetivo e originário. Se fulano ingressou num

hospital federal por concurso como enfermeiro, mais tarde conclui o curso de medicina e deseja exercer

esta profissão no mesmo hospital, terá que fazer novo concurso, para o cargo de médico.

A posse A nomeação é um ato unilateral da administração e a posse é um ato bilateral.

A Posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os

deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados

unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei. A posse ocorrerá

no prazo de trinta dias contados da publicação do ato de provimento e poderá dar-se mediante procuração

específica. É importante deixar claro que só haverá posse nos casos de provimento de cargo por nomeação

e que posse não é forma de provimento.

Nomeação é o ato de provimento. Posse é o ato de investidura

2) Promoção: a promoção é um importante instrumento motivador ela é sem dúvidas, fomentadora

do princípio da eficiência na proporção que garante aos servidores um escalonamento no mesmo cargo

público seja por antiguidade, ou seja, por merecimento.

3) Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades

compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção

médica. Todavia a readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins, respeitada a habilitação

exigida, nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago,

o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.

4) Reversão: imaginemos que este mesmo servidor foi aposentado e situação superveniente fez tal

servidor retornar a Administração Pública. Diz-se reversão o fenômeno de retorno à atividade de servidor

aposentado nas seguintes situações: por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os

motivos da aposentadoria; ou no interesse da administração, desde que:

a)tenha solicitado a reversão;

b) a aposentadoria tenha sido voluntária;

c) estável quando na atividade;

d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores àsolicitação;

e) haja cargo vago.

5) Aproveitamento como dito acima se no momento da reintegração encontrar-se provido o

cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou

aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. Assim, pode o servidor ficar em casa a

disposição do órgão recebem do proporcional ao tempo de serviço até que o órgão central do sistema de

DIREITO ADMINISTRATIVO

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pessoal civil determine o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em vaga que vier a

ocorrer nos órgãos ou entidades da administração pública federal. Este retorno à atividade de servidor em

disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos

compatíveis com o anteriormente ocupado.

6) Reintegração: imaginemos agora que este mesmo servidor foi aposentado ou exonerado de

maneira ilegal e consequentemente invalidada a sua aposentadoria por sentença administrativa ou judicial.

Chamaremos de reintegração a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no

cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou

judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.

7) Recondução: é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá em

duas situações: inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; ou reintegração do anterior

ocupante.

Formas de vacância

1) Exoneração: a exoneração de cargo efetivo dar-se a pedido do servidor, ou de ofício. Neste

último caso a exoneração na hipótese de não satisfeitas s condições do estágio probatório ou ainda quando,

tendo tomadoposse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. Caso haja a nomeação sem

que exista a posse não há o que se falar em exoneração. Nesse caso a nomeação será tida sem efeito. Na

lição Celso Ribeiro Bastos “Exoneração é o desligamento do funcionário sem caráter punitivo. Poder dar-

se a pedido quando se tratar de servidor nomeado em caráter efetivo ou ex officio quando se tratar de

servidor em cargo de confiança”.

2) Demissão: de missão é uma forma vacância em razão de cometimento de uma infração penal

ou administrativa. Honestidade, probidade e idoneidade são pressupostos da atividade administrativa.

Presume-se, portanto, que os atos administrativos praticados pelos agentes sejam legítimos. Quando o

servidor comete falta grave passa a não fazer mais por merecer estes status. Recebe, então, a punição

desde que seja precedida do devido processo legal onde se oportuniza a ampla defesa e o contraditório

que são corolários do estado democrático de direito.

A demissão será aplicada,por exemplo, nos seguintes casos previstos no Art. 132. Da lei 8.112/90:

I - crime contra a administração pública;

II - abandono de cargo;

III - inassiduidade habitual;

IV - improbidade administrativa;

V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;

VI - insubordinação grave em serviço;

VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de

outrem;

VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;

IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;

X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;

XI - corrupção;

XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;

XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.

3) Aposentadoria- ocorre a liberação da vaga para novo servidor da ativa;

4) Posse em outro cargo inacumulável - neste caso, solicita-se a vacância do cargo ao invés da

exoneração para que ocorra, se necessário a recondução ao cargo de origem, se o servidor já for estável neste.

5) Falecimento. - também é forma de vacância do cargo público.

Promoção e Readaptação são formas de provimento e vacância ao mesmo tempo

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EXERCÍCIOS

01 – (IESES/Advogado/2017) - Após a leitura das assertivas abaixo, indique aquelas em que considera

corretas:

I. Eventualmente, os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser

superiores aos pagos pelo Poder Executivo.

II. Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados

para fins de concessão de acréscimos ulteriores.

III. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração

direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,

pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens

pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros

do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos

Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio

dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores

do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal,

em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este

limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.

IV. A proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas

públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou

indiretamente, pelo poder público.

A sequência correta é:

a Somente as assertivas II, III e IV estão corretas.

b Apenas a assertiva III está correta.

c Somente as assertivas I e IV estão corretas.

d Apenas as assertivas I e II estão corretas.

02 – (CONSULPLAN/TJ-MG/2017) - Em relação à acumulação de cargos, funções ou empregos na

Administração Pública, assinale a alternativa correta:

a) Aos mesários e aos jurados aplicam-se as proibições de acumulação de cargos, funções ou empregos, sob

pena de ser violado o princípio da eficiência do serviço público.

b) É vedada a cumulação do cargo de médico de Secretaria Municipal de Saúde com o cargo de perita criminal

do quadro da Polícia Civil, com especialidade em medicina veterinária, ambos obtidos mediante concurso

público.

c) Juízes e membros do Ministério Público, quando em disponibilidade, podem acumular seus cargos com

qualquer outra função pública, além de uma de magistério em instituição pública ou privada.

d) É permitida a cumulação de emprego em duas sociedades de economia mista ou em duas empresas públicas

ou em uma sociedade de economia mista e em uma empresa pública, desde que haja compatibilidade de horários.

03 – (CONSULPLAN/TJ-MG/2017) -Quanto à criação, transformação e extinção de cargos públicos, é

correto afirmar:

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a) As funções de confiança são reservadas exclusivamente aos servidores ocupantes de cargo efetivo enquanto

os cargos em comissão podem ser ocupados por pessoas que não pertencem aos quadros funcionais da

Administração.

b) É constitucional a lei de iniciativa parlamentar que prevê a modificação da estrutura organizacional do quadro

de cargos de apoio administrativo do Tribunal de Contas Estadual.

c) Lei municipal pode autorizar o Prefeito a, por meio de decreto, criar cargos em comissão.

d) Os empregos públicos da Administração Direta, autarquias, fundações de direito público, empresas públicas

e sociedades de economia mista exigem a criação por meio de lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo.

04 – (CONSULPLAN/TJ-MG/2017) - Com relação à acessibilidade aos cargos públicos, é correto afirmar

que:

a) Os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, de Presidente do Senado Federal, de

Presidente da Câmara dos Deputados, da carreira diplomática, de oficial das Forças Armadas e de

Ministro do Supremo Tribunal podem ser preenchidos por brasileiros natos e naturalizados.

b) A Administração Pública, no uso do poder discricionário, pode estabelecer em edital os limites mínimo e

máximo de idade para a inscrição em concurso público para quaisquer cargos.

c) O preenchimento dos cargos de agentes comunitários de saúde e agentes de combates às endemias pressupõe

a submissão a concurso público de provas e títulos.

d) É facultada às universidades, às instituições de pesquisa científica e tecnológica a admissão de professores,

técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.

05 – (FCC/DPE-PR/2017) - Sobre o tema Agentes Públicos,

a) é aplicável a regra da aposentadoria compulsória por idade também aos servidores públicos que ocupem

exclusivamente cargo em comissão, segundo o Superior Tribunal de Justiça.

b) o desconto em folha de pagamento de servidor público, referente a ressarcimento ao erário, depende de prévia

autorização dele ou de prévio procedimento administrativo que lhe assegure a ampla defesa e contraditório,

segundo o Superior Tribunal de Justiça.

c) é inconstitucional a “cláusula de barreira” inserida em edital de concurso público, segundo o Supremo

Tribunal Federal.

d) a extinção da punibilidade pela prescrição de determinada infração administrativa será registrada nos

assentamentos funcionais apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos, segundo

o Superior Tribunal de Justiça.

e) os institutos da estabilidade e do estágio probatório, após alteração promovida pela Emenda Constitucional

n° 19/1998, estão desvinculados, tendo em vista a possibilidade de prorrogação do estágio probatório.

06 – ( ) - (FCC/DPE-PR/2017/Adaptada) - As contas bancárias de entes públicos que contenham recursos

de origem pública prescindem de autorização específica para fins do exercício do controle externo.

07– ( ) - (FCC/DPE-PR/2017/Adaptada) - Os atos punitivos são os atos por meio dos quais o Poder Público

aplica sanções por infrações administrativas pelos servidores públicos. Trata-se de exercício de Poder de Polícia

com base na hierarquia.

08– ( ) - (CESPE/PROCURADOR/FORTALEZA/2017/) - Em razão de incorporações legais, determinado

empregado público recebe uma remuneração que se aproxima do teto salarial constitucional. Nessa situação,

conforme o entendimento do STF, a remuneração do servidor poderá ser superior ao teto constitucional se ele

receber uma gratificação por cargo de chefia.

09 – (COSEAC/UFF/2017) -Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo

ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão

e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os seguintes fatores,

EXCETO:

a) assiduidade.

b) capacidade de iniciativa.

c) disponibilidade

d) produtividade.

e) responsabilidade.

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10 - (FGV/OAB/2013) - Manolo, servidor público federal, obteve a concessão de aposentadoria por

invalidez após ter sido atestado, por junta médica oficial, o surgimento de doença que o impossibilitava

de desenvolver atividades laborativas. Passados dois anos, entretanto, Manolo voltou a ter boas condições

de saúde, podendo voltar a trabalhar, o que foi comprovado por junta médica oficial. Nesse caso, o retorno

do servidor às atividades laborativas na Administração, no mesmo cargo anteriormente ocupado,

configura exemplo de

A) reintegração.

B) reversão.

C) aproveitamento.

D) readaptação.

11 - (FGV/OAB/2014) - Em determinado estado da Federação, o Estatuto dos Servidores Públicos, lei

ordinária estadual, prevê a realização de concurso interno para a promoção de servidores de nível médio

aos cargos de nível superior, desde que preencham todos os requisitos para investidura no cargo, inclusive

a obtenção do bacharelado. A partir da situação descrita e tomando como base os requisitos

constitucionais para acesso aos cargos públicos, assinale a afirmativa correta.

A) A previsão é inválida, pois só poderia ter sido veiculada por lei complementar.

B) A previsão é válida, pois a disciplina dos servidores públicos compete à legislação de cada ente da Federação.

C) A previsão é inválida, por ofensa à Constituição da República.

D) A previsão é válida, desde que encontre previsão na Constituição do estado.

12 - (FGV/OAB/2012) - São considerados agentes públicos todas as pessoas físicas incumbidas, sob

remuneração ou não, definitiva ou transitoriamente, do exercício de função ou atividade pública. Assim,

é correto afirmar que os notários e registradores são

A) agentes públicos ocupantes de cargo efetivo e se aposentam aos 70 (setenta) anos de idade.

B) agentes públicos vitalícios, ocupantes de cargo efetivo, e não se aposentam compulsoriamente.

C) delegatários de serviços públicos aprovados em concurso público.

D) os notários e registradores são delegatários de serviços públicos, investidos em cargos efetivos após

aprovação em concurso.

13 - São considerados agentes públicos todas as pessoas físicas incumbidas, sob remuneração ou não,

definitiva ou transitoriamente, do exercício de função ou atividade pública. Assim, é correto afirmar que

os policiais civis são:

A) agentes públicos ocupantes de cargo efetivo e se aposentam aos 80 (setenta) anos de idade.

B) agentes públicos vitalícios, ocupantes de cargo efetivo, e não se aposentam compulsoriamente.

C) agentes públicos efetivos, em regra.

D) são delegatários de serviços públicos, investidos em cargos efetivos após aprovação em concurso.

14 - São considerados agentes públicos todas as pessoas físicas incumbidas, sob remuneração ou não,

definitiva ou transitoriamente, do exercício de função ou atividade pública. Assim, é correto afirmar que

mesários eleitorais:

A) agentes honoríferos.

B) agentes públicos vitalícios, ocupantes de cargo efetivo, e não se aposentam compulsoriamente.

C) agentes efetivos.

D) são delegatários de serviços públicos, investidos em cargos efetivos após aprovação em concurso.

15 - (FGV/OAB/2013) - As alternativas a seguir apresentam condições que geram vacância de cargo

público, à exceção de uma. Assinale-a.

A) Falecimento.

B) Promoção.

C) Aposentadoria.

D) Licença para trato de interesse particular.

16 - (PCGO/AGENTE/2008) - Exige-se realização de concurso público para a) o cargo de provimento efetivo.

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b) o cargo de provimento em comissão. c) todos os cargos de provimento vitalício. d) o provimento do cargo de conselheiro dos tribunais de contas. 17 - (PCGO/ESCRIVÃO/2008) - Acerca do cargo em comissão, é CORRETO afirmar: a) a exoneração de pessoa que ocupa o cargo em comissão somente pode ocorrer após regular processo administrativo. b) a autoridade nomeante escolhe, por ato administrativo, os cargos que serão providos em comissão. c) os cargos em comissão são criados por lei. d) o provimento ocorre por meio de concurso público, diante da exigência constitucional. 18 - (PMGO/SOLDADO/2010) - Os servidores públicos civis ou militares integram a classe dos agentes públicos que representa o conjunto de pessoas que, a qualquer título, exercem uma função pública como preposto do Estado.Com relação às espécies de provimentos dos agentes públicos, assinale a alternativa correta. A) Através do provimento derivado, o servidor inicia nova relação estatutária com a Administração Pública. B) O provimento derivado materializa-se através do ato de nomeação. C) A readaptação é a forma de provimento originário de transferência do servidor de seu cargo efetivo para outro de igual denominação, situado em quadro funcional diverso. D) Promoção é forma de provimento originário pela qual o servidor deixa o seu cargo e ingressa em outro de classe mais elevada. E) A posse é o ato da investidura pelo qual são atribuídos ao servidor as prerrogativas, os direitos e os deveres do cargo. 19 – (FUNDEP/2017) - Considere a situação hipotética a seguir. Tendo ingressado por concurso público no serviço público federal, Paulo, que nunca ocupou outro cargo público, está se submetendo ao estágio probatório. Caso não seja aprovado no estágio, Paulo será: a) exonerado. b) demitido. c) reconduzido a outro cargo. d) submetido a novo estágio probatório. 20- (IBFT/POLÍCIA CIENTÍFICA-PR/2017) - Considere as regras básicas aplicáveis no Direito Administrativo para assinalar a alternativa correta sobre a associação sindical. a) É direito de livre exercício garantido a qualquer servidor público civil b)É direito vedado a qualquer servidor público civil c) É direito de livre exercício garantido apenas ao servidor público civil da administração indireta d) É direito vedado a qualquer servidor público civil da administração indireta e) É direito vedado a qualquer servidor público civil da administração indireta com menos de 10 anos de serviço

01.A 02.B 03.A 04.D 05.B 06.V 07.F 08.F 09.C 10.B

11.C 12.C 13.C 14.A 15.D 16.A 17.C 18. E 19.A 20.A

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AULA 07 - CONTROLE ADMINISTRATIVO

Por se tratar de cuidado, tutela da coisa pública, a Administração Pública e suas atividades estão

sujeitos a vários tipos de controle. Portanto, Controle da Administração Pública é a faculdade de vigilância,

orientação e correção que UM PODER, ÓRGÃO OU AUTORIDADE exerce sobre a conduta funcional de

outro. Em regra, toda atividade administrativa está sujeita a controle.

Assim descreve o Decreto-lei 200/67:

Art. 13 O controle das atividades da Administração Federal deverá exercer-se em todos os níveis

e em todos os órgãos, compreendendo, particularmente:

a) o controle, pela chefia competente, da execução dos programas e da observância das normas

que governam a atividade específica do órgão controlado;

b) o controle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da observância das normas gerais que

regulam o exercício das atividades auxiliares;

c) o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos bens da União pelos órgãos

próprios do sistema de contabilidade e auditoria.

Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado mediante simplificação de processos e

supressão de controles que se evidenciarem como puramente formais ou cujo custo seja evidentemente

superior ao risco.

Espécies de Controle

01. Quanto à extensão do controle:

✓ CONTROLE INTERNO: é todo aquele realizado pela entidade ou órgão responsável pela atividade

controlada, no âmbito da própria administração.

✓ exercido de forma integrada entre os Poderes

✓ responsabilidade solidária dos responsáveis pelo controle interno, quando deixarem de dar

ciência ao TCU de qualquer irregularidade ou ilegalidade.

✓ CONTROLE EXTERNO: ocorre quando o órgão fiscalizador se situa em Administração DIVERSA

daquela de onde a conduta administrativa se originou.

✓ controle do Judiciário sobre os atos do Executivo em ações judiciais;

✓ sustação de ato normativo do Poder Executivo pelo Legislativo;

✓ CONTROLE EXTERNO POPULAR: As contas dos Municípios ficarão, durante 60 dias, anualmente,

à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a

legitimidade, nos termos da lei.

02. Quanto ao momento em que se efetua:

✓ CONTROLE PRÉVIO OU PREVENTIVO: é o que é exercido antes de consumar-se a conduta

administrativa, como ocorre, por exemplo, com aprovação prévia, por parte do Senado Federal, do

Presidente e diretores do Banco Central.

✓ CONTROLE CONCOMITANTE: acompanha a situação administrativa no momento em que ela se

verifica. É o que ocorre, por exemplo, com a fiscalização de um contrato em andamento.

✓ CONTROLE POSTERIOR OU CORRETIVO: tem por objetivo a revisão de atos já praticados, para

corrigi-los, desfazê-los ou, somente, confirmá-los. ABRANGE ATOS como os de aprovação,

homologação, anulação, revogação ou convalidação.

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03. Quanto à natureza do controle:

✓ CONTROLE DE LEGALIDADE: é o que verifica a conformidade da conduta administrativa com as

normas legais que a regem. Esse controle pode ser interno ou externo. Vale dizer que a Administração

exercita-o de ofício ou mediante provocação: o Legislativo só o efetiva nos casos

constitucionalmente previstos; e o Judiciário através da ação adequada. Por esse controle o ato ilegal

e ilegítimo somente pode ser anulado, e não revogado.

✓ CONTROLE DO MÉRITO: é o que se consuma pela verificação da conveniência e da oportunidade

da conduta administrativa. A competência para exercê-lo é da Administração, e, em casos

excepcionais, expressos na Constituição, ao Legislativo, mas nunca ao Judiciário.

04. Quanto ao órgão que o exerce:

✓ CONTROLE ADMINISTRATIVO: é exercido pelo Executivo e pelos órgãos administrativos do

Legislativo e do Judiciário, sob os ASPECTOS DE LEGALIDADE E MÉRITO, por iniciativa

própria ou mediante provocação.

Meios de Controle: ✓ Fiscalização Hierárquica: esse meio de controle é inerente ao poder hierárquico.

✓ Supervisão Ministerial: APLICÁVEL nas entidades de administração indireta vinculadas a um

Ministério; supervisão não é a mesma coisa que subordinação; trata-se de controle finalístico.

✓ Recursos Administrativos: são meios hábeis que podem ser utilizados para provocar o reexame do

ato administrativo, pela PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Recursos Administrativos: em

regra, o efeito É NÃO SUSPENSIVO.

✓ Representação: denúncia de irregularidades feita perante a própria Administração;

✓ Reclamação: oposição expressa a atos da Administração que afetam direitos ou interesses legítimos

do interessado;

✓ Pedido de Reconsideração: solicitação de reexame dirigida à mesma autoridade que praticou o ato;

✓ Recurso Hierárquico próprio: dirigido à autoridade ou instância superior do mesmo órgão

administrativo em que foi praticado o ato; é decorrência da hierarquia;

✓ Recurso Hierárquico Expresso: dirigido à autoridade ou órgão estranho à repartição que expediu o

ato recorrido, mas com competência julgadora expressa.

✓ CONTROLE LEGISLATIVO: NÃO PODE exorbitar às hipóteses constitucionalmente previstas, sob

pena de ofensa ao princípio da separação de poderes. O controle alcança os órgãos do Poder

Executivo e suas entidades da Administração Indireta e o Poder Judiciário (quando executa função

administrativa).

✓ Controle Político: tem por base a possibilidade de fiscalização sobre atos ligados à função

administrativa e organizacional.

✓ Controle Financeiro: A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e

patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,

legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida

pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada

Poder.

✓ Campo de Controle: Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que

utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais

a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

TCU: é órgão integrante do Congresso Nacional que tem a FUNÇÃO DE auxiliá-lo no controle

financeiro externo da Administração Pública.

Obs.: No âmbito estadual e municipal, aplicam-se, no que couber, aos respectivos Tribunais e

Conselhos de Contas, as normas sobre fiscalização contábil, financeira e orçamentária.

DIREITO ADMINISTRATIVO

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A previsão da possibilidade de controle dos atos do Poder Executivo e do Poder Legislativo

encontra-se no art. 49, X, da CF/88, segundo o qual compete ao Congresso Nacional “fiscalizar e controlar,

diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração

indireta”. Embora a literalidade deste dispositivo pudesse gerar a impressão de que o controle parlamentar

fosse ilimitado, não podemos esquecer a natureza política desse controle, uma vez que não há poder de

hierarquia ou de tutela do Legislativo sobre o Executivo e, sobretudo, repise-se, há que sempre ser respeitada

a independência e a harmonia entre os Poderes, o que não seria possível se relações de subordinação entre

eles houvesse.

O art. 49, V, da CF/88 é estabelece a competência do Congresso Nacional para “sustar os atos

normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação

legislativa”. Esse importantíssimo inciso deve ser interpretado em conjunção com o art. 84, IV, da

Constituição, que declara o Presidente da República competente para editar decretos e regulamentos visando

a assegurar o fiel cumprimento das leis.

A doutrina tradicional costuma dividir os decretos ou regulamentos em “de execução” e

“autônomos”.

Regulamento de execução seria aquele que, estritamente limitado às disposições legais

expressas e implícitas, serviria para explicitar comandos nela contidos, aclarar pontos demasiadamente

genéricos.

Já o regulamento (ou decreto) autônomo seria o expedido para disciplinar situações ainda

não previstas pela lei (sempre respeitadas, obviamente, as matérias expressamente submetidas à

reserva legal, sobre as quais é, incontroversamente, vedada a edição de atos administrativos normativos

autônomos).

O art. 49, inciso V da CF, ao estabelecer a competência exclusiva do Congresso Nacional

para “sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regular ou dos limites de

delegação legislativa” não auxilia no esclarecimento da questão por não deixar claro que limites seriam

esses (que há limites não há dúvida, pois ninguém defende a possibilidade de edição de decreto contra

a lei, nem que amplie ou restrinja suas disposições).

Conforme entendimento do STF, a CPI, que é outra forma de controle legislativo pode, por ato

próprio, desde que motivadamente:

a) convocar investigados e testemunhas a depor, incluindo autoridades públicas federais, estaduais

e municipais;

b) determinar as diligências que entender necessárias (é muito comum a solicitação de diligências

ao Tribunal de Contas da União, à Secretaria da Receita Federal, nas respectivas áreas de competência);

c) requisitar de repartições públicas informações e documentos de seu interesse;

d) determinar a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico das pessoas por ela investigadas;

e) convocar juízes para depor, desde que a respeito de sua situação como administrador público

(função não-jurisdicional).

Por outro lado, entende o STF que a CPI não pode, por autoridade própria:

a) decretar a busca e apreensão domiciliar de documentos;

b) determinar a indisponibilidade de bens do investigado;

c) decretar a prisão de qualquer pessoa, ressalvada a hipótese de flagrância;

d) determinar a intercepção (escuta) telefônica (não confundir com a quebra de sigilo dos registros

telefônicos);

e) impedir a presença de advogados dos investigados nas sessões da CPI;

f) convocar magistrados para depor a respeito de sua atuação típica, na função jurisdicional.

Além das hipóteses de controle parlamentar podemos citar:

1. Ao Congresso Nacional compete julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente e

apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo (art. 49, IX);

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2. Ao Senado Federal compete aprovar a escolha de magistrados, ministros do TCU,

Procurador Geral da República e outras autoridades (art. 52, III).

3. Ao Senado Federal compete autorizar operações externas de natureza financeira, de

interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios (art. 52, V).

4. À Câmara dos Deputados compete proceder à tomada de contas do Presidente da

República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da

sessão legislativa (art. 51, II).

✓ CONTROLE JUDICIAL: é o poder de fiscalização que o Judiciário exerce ESPECIFICAMENTE sobre

a atividade administrativa do Estado. Alcança, basicamente, os atos administrativos do Executivo, mas

também examina os atos do Legislativo e do próprio Judiciário quando realiza atividade

administrativa.

É vedado ao Poder Judiciário apreciar o mérito administrativo e restringe-se ao controle da

legalidade e da legitimidade do ato impugnado.

Esse controle sempre a posteriori, somente relativo à legalidade dos atos administrativos. O controle

judicial é sobretudo, um meio de preservação de direitos individuais dos administrados (nisso diferindo do

controle político, exercido pelo Legislativo). O Poder Judiciário, no exercício de sua atividade jurisdicional,

sempre age mediante provocação do interessado ou do legitimado (em casos como o da ação popular ou a

ação civil pública pode não existir interesse direto do autor relativamente ao bem ou direito lesado).

Mediante o exercício do controle judicial dos atos administrativos pode-se decretar a sua anulação

(nunca a revogação, decorrente do controle de mérito). A anulação ocorre nos casos em que existe ilegalidade

no ato administrativo e, por isso, pode ser feita pela própria Administração (controle interno) ou pelo Poder

Judiciário. A anulação do ato, uma vez que este ofende a lei ou princípios administrativos, opera efeitos

retrospectivos, ex tunc, isto é, retroage à origem do ato, desfazendo as relações dele resultantes. O ato nulo

não gera direitos ou obrigações para as partes, não cria situações jurídicas e não admite convalidação (a

doutrina ortodoxa não admite a existência de atos administrativos anuláveis, os quais seriam passíveis de

saneamento).

Essa regra - o ato nulo não gera efeitos -, porém, há que ser excepcionada para com os terceiros de

boa-fé que tenham sido atingidos pelos efeitos do ato anulado. Em relação a esses, em face da presunção de

legitimidade que norteia toda a atividade administrativa, devem ser amparados os direitos nascidos na

vigência do ato posteriormente anulado. É o caso, p. ex., do servidor que é ilegitimamente nomeado para um

cargo público. Anulada a sua nomeação, deverá ele, em princípio, repor todos os vencimentos percebidos

ilegalmente, mas, em amparo aos terceiros de boa-fé, permanecerão válidos todos os atos por ele praticados

no desempenho (ilegítimo) de suas atribuições funcionais.

Atos sujeitos a controle especial:

✓ - atos políticos;

✓ - atos legislativos;

✓ - atos interna corporis.

Conforme o órgão que realize o controle administrativo, podemos ter:

1. Controle hierárquico próprio: realizado pelos órgãos superiores, sobre os órgãos

inferiores, pelas chefias, sobre os atos de seus subordinados, e pelas corregedorias, sobre os órgãos e

agentes sujeitos à sua correção.

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2. Controle hierárquico impróprio: realizado por órgãos especializados no julgamento de

recursos, como, por exemplo, as Delegacias de Julgamento da Receita Federal e os Conselhos de

Contribuintes do Ministério da Fazenda.

3. Controle finalístico: realizado pela Administração Direta sobre as entidades da

Administração Indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia

mista). É principalmente realizado pelos ministérios sobre as entidades da Administração Indireta a eles

vinculadas (p. ex., o controle exercido pelo Ministério da Previdência e Assistência Social sobre o INSS,

autarquia vinculada). A denominada supervisão ministerial encontra-se prevista no Decreto-Lei nº

200/67 e tem por fundamento relação de vinculação existente entre a Administração Direta, centralizada,

e a Indireta. Não há, aqui, relação hierárquica (de subordinação), uma vez que as pessoas jurídicas

integrantes da Administração Indireta, descentralizada, gozam de autonomia administrativa e financeira.

EXERCÍCIOS

01 – ( ) - (QUADRIX/CFO-DF/2017) - Quanto a controle da Administração Pública, julgue o item

subsequente. O Tribunal de Contas da União é órgão integrante do Poder Legislativo e, no desempenho de

suas funções institucionais, atua sob o controle hierárquico do Congresso Nacional.

02 – ( ) – (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) - O recurso administrativo interposto num processo

administrativo, por dizer respeito apenas ao interessado, não pode ser considerado uma forma de controle da

atividade administrativa, pois esta pressupõe uma abrangência coletiva.

03 – ( ) - (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) - Por configurar ofensa à separação dos poderes, a

Constituição Federal de 1988 veda o controle da administração pelo Poder Legislativo.

04 – ( ) - (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) - Por inexistir hierarquia entre a administração direta e a

administração indireta, há a possibilidade de controle administrativo desta por aquela, e uma dessas formas

de controle é a denominada tutela extraordinária.

05 – ( ) - (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) - No exercício do controle da atividade administrativa, o

Poder Judiciário deve, sempre que possível e por imposição constitucional, substituir-se ao gestor para

valorar os critérios de oportunidade e conveniência que a Administração Pública considerou para editar o ato

administrativo questionado.

06 – ( ) - (IBADE/PC-AC/2017/ADAPTADA) - O Tribunal de Contas, órgão integrante do Poder

Executivo, realiza o controle externo da administração pública por meio de fiscalização contábil, financeira,

orçamentária, operacional e patrimonial.

07 – ( ) - (CESPE/TJ-PR/2017/ADAPTADA) - No que se refere à discricionariedade administrativa e ao

controle judicial dos atos administrativos, assinale a opção correta. Não havendo previsão legal sobre o tema,

o STF tem admitido que o Poder Judiciário determine a atualização da tabela do imposto de renda.

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08 – ( ) - (CESPE/TJ-PR/2017/ADAPTADA) - No que se refere à discricionariedade administrativa e ao

controle judicial dos atos administrativos, assinale. Não se admite o controle judicial dos atos discricionários.

09 – ( ) - (CESPE/TJ-PR/2017/ADAPTADA) - No que se refere à discricionariedade administrativa e ao

controle judicial dos atos administrativos, assinale . Segundo o entendimento do STF, não havendo flagrante

ilegalidade ou inconstitucionalidade, o Poder Judiciário não pode interferir em critérios fixados por banca

examinadora de concurso público.

10 – ( ) - (CESPE/TJ-PR/2017/ADAPTADA) - No que se refere à discricionariedade administrativa e ao

controle judicial dos atos administrativos, assinale . Segundo o STF, a determinação judicial para que a

administração pública realize obras ou reformas emergenciais em presídios fere a separação dos poderes,

mesmo que a melhoria preste-se a garantir a integridade física dos presos.

11 – (FCC/TRT-MS/2017) - Considere duas situações hipotéticas:

I. o Congresso Nacional decide apurar a legalidade de ato administrativo praticado pelo presidente de

autarquia federal;

II. o Congresso Nacional anulou ato normativo do Poder Executivo que exorbitou do poder regulamentar.

No que concerne ao controle legislativo, especificamente ao controle político exercido pelo Poder Legislativo

sobre a Administração pública,

a) ambas as hipóteses estão corretas.

b) ambas as hipóteses estão incorretas, pois extrapolam os limites do controle legislativo exercido sobre os

atos da Administração pública.

c) está correta apenas a primeira hipótese; no item II, cabe ao Congresso tão somente sustar atos normativos

do Executivo que exorbitem do poder regulamentar.

d) está correta apenas a segunda hipótese; no item I, compete exclusivamente ao Congresso Nacional

fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer das Casas, os atos do Poder Executivo, não abrangendo,

no entanto, a administração indireta.

e) ambas as hipóteses estão incorretas, pois foram citadas atribuições exclusivas do Senado Federal no

exercício do controle legislativo.

12- ( ) – (CESPE/TRE-PE/2017) - As ações judiciais que tenham por objeto atos administrativos praticados

por órgãos do Poder Judiciário constituem exemplos de controle externo.

13- ( ) – (CESPE/TRE-PE/2017) - Dada a presunção de legitimidade dos atos administrativos, não se pode

falar em controle preventivo desses atos.

14- ( ) – (CESPE/TRE-PE/2017) - Por força do princípio da eficiência, não cabe falar em controle

concomitante de um ato administrativo, sob risco de entraves desnecessários à consecução do interesse

público.

15- ( ) – (CESPE/TRE-PE/2017) - O recurso administrativo ilustra o chamado controle provocado, que se

opõe ao controle de ofício, por ser deflagrado por terceiro

16- ( ) – (CESPE/TRE-PE/2017) - O controle de legalidade é prerrogativa do controle judicial.

17 - ( ) – (NUCEPE/SEJUS-PI/2017/ADAPTADA) - Os atos políticos não estão sujeitos ao controle pelo

Poder Judiciário.

18 - ( ) – (NUCEPE/SEJUS-PI/2017/ADAPTADA) - O mandado de injunção tem por objeto exclusivo

tanto o conhecimento como a retificação de dados pertinentes ao impetrante, desde que tais informações

figurem em cadastro público.

19 - ( ) – (NUCEPE/SEJUS-PI/2017/ADAPTADA) - A legitimidade para a propositura da ação civil

pública não é restrita ao Ministério Público.

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20 - ( ) – (NUCEPE/SEJUS-PI/2017/ADAPTADA) - Os recursos administrativos tem apenas efeito

devolutivo, sendo descabida a atribuição de efeito suspensivo.

21- ( ) – (NUCEPE/SEJUS-PI/2017/ADAPTADA) - Compete aos Tribunais de Contas, órgãos integrantes

da estrutura do Poder Judiciário, o julgamento dos litígios financeiros entre particulares e o Estado.

22 – (FCC/TRE-SP/2017) - O controle exercido pela Administração direta sobre a Administração

indireta denomina-se

a) poder de tutela e permite a substituição de atos praticados pelos entes que integram a Administração

indireta que não estejam condizentes com o ordenamento jurídico.

b) poder de revisão dos atos, decorrente da análise de mérito do resultado, bem como em relação aos estatutos

ou legislação que criaram os entes que integram a Administração indireta.

c) controle finalístico, pois a Administração direta constitui a instância final de apreciação, para fins de

aprovação ou homologação, dos atos e recursos praticados e interpostos no âmbito da Administração indireta.

d) poder de tutela, que não pressupõe hierarquia, mas apenas controle finalístico, que analisa a aderência da

atuação dos entes que integram a Administração indireta aos atos ou leis que os constituíram.

e) poder de autotutela, tendo em vista que a Administração indireta integra a Administração direta e, como

tal, compreende a revisão dos atos praticados pelos entes que a compõem quando não guardarem fundamento

com o escopo institucional previsto em seus atos constitutivos.

23 – ( ) – (MPE-RS/2017/ADAPTADA) - A extinção do ato administrativo ocorre somente com o

cumprimento de seus efeitos.

24 – ( ) – (MPE-RS/2017/ADAPTADA) - A anulação do ato administrativo compete apenas ao Poder

Judiciário.

25 – ( ) – (MPE-RS/2017/ADAPTADA) - A revogação do ato administrativo pode ser feita pelo Judiciário

e pela própria Administração, enquanto a anulação cabe apenas ao Poder Judiciário.

26 – ( ) - (MPE-RS/2017/ADAPTADA) - A revogação é a extinção de um ato administrativo por razões

de conveniência e oportunidade e opera efeitos ex tunc, ou seja, desde a edição do ato.

27 – ( ) – (MPE-RS/2017/ADAPTADA) - O direito de petição previsto constitucionalmente é meio de

controle e instrumento hábil para provocar a atuação do controle administrativo estatal.

28- ( ) – (CESPE/SEDF/2017) – No que se refere aos poderes administrativos, aos atos administrativos e

ao controle da administração, julgue o item seguinte. O poder de fiscalização que a Secretaria de Estado de

Educação do DF exerce sobre fundação a ela vinculada configura controle administrativo por subordinação. 29 - ( ) – (CESPE/SEDF/2017) – No que se refere aos poderes administrativos, aos atos administrativos

e ao controle da administração, julgue o item seguinte. É garantido ao Poder Judiciário o controle de mérito

administrativo dos atos administrativos, pois lesão ou ameaça a direito não podem ser excluídas da apreciação

de juiz.

30 – (FAUEL/2017) - Compete ao Poder Legislativo, além da atividade legiferante, a realização da

fiscalização da administração pública. O controle legislativo, por vezes chamado de controle

parlamentar, possui limites traçados pelo texto constitucional, aplicados, por simetria, à esfera

municipal. A respeito do tema, é correto afirmar:

a) O parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa, competindo

exclusivamente à Câmara de Vereadores o julgamento das contas anuais do Chefe do Poder Executivo local,

sendo incabível o julgamento ficto das contas por decurso de prazo.

b) O parecer prévio sobre as contas que o Chefe do Poder Executivo deve anualmente prestar, emitido pelo

responsável Tribunal de Contas, só deixará de prevalecer por decisão de dois quartos dos membros da Câmara

Municipal.

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c) O parecer prévio do Tribunal de Contas possui natureza jurídica de decisão quando opine pela

desaprovação das contas de Prefeito, produzindo efeitos imediatos a partir de sua emissão, os quais se tornam

permanentes no caso do silêncio da casa legislativa.

d) O julgamento das contas anuais do Prefeito compete precipuamente ao Tribunal de Contas Municipal

(onde houver) ou ao Tribunal de Contas do Estado em que esteja localizado o município, com o auxílio da

Câmara Municipal.

01.F 02.F 03.F 04.V 05.F 06.F 07.F 08.F 09.V 10.F

11.C 12.F 13.F 14.F 15.V 16.F 17.F 18. F 19.V 20.F

21.F 22.D 23.F 24.F 25.F 26.F 27.V 28.F 29.F 30.A

GABARITO